Antana áudio do carro

Transcrição

Antana áudio do carro
VidaBosch
Rachel Guedes
Novembro | Dezembro de 2006 • nº 8
Tamanho é documento
Para Claudia Raia, 1,80 metro,
carro tem de ser espaçoso e confortável
Seca ou desidratada, mas com vida
Frutas como avelã, noz e pistache
são fonte de energia
Bom pra cachorro
Mercado de produtos para animais de
estimação cresce e se diversifica
Boa leitura!
Ellen Paula
32
Rachel Guedes
38
Divulgação
Na série de edições da VidaBosch,
você tem conhecido cada vez mais o
leque amplo de atuação da Bosch. Esta
edição é uma clara demonstração disso. Veja, caro leitor, o sumário ao lado.
Num único exemplar, você poderá ler
desde uma reportagem sobre o encanto
das cavernas do Petar (entre o norte
do Paraná e o sul de São Paulo), até um
texto sobre uma, digamos, paixão nacional: os animais de estimação.
Isso está especialmente espelhado na
seção eu e meu carro, que traz uma entrevista com uma personalidade por si
mesmo bastante diversa: Cláudia Raia.
Atriz, dançarina e – você verá na matéria
– apaixonada por automóveis, ela mal
saiu da novela “Belíssima” e já estrelou
o musical “Sweet Charity“, do qual a
Bosch é uma das patrocinadoras.
Por trás desses temas, e dos outros
abordados nas próximas páginas, há
a diversidade de atuação da Bosch: de
faróis a furadeira, de apoio a projetos
de pesquisa em cavernas a desenvolvimento de tecnologias menos poluentes,
de geladeira a uma microrretífica que
pode ser usada para cortar unhas de
animais de estimação.
Trata-se, porém, de uma diversidade
com alguma unidade: todos esses assuntos encontram abrigo sob um único
guarda-chuva: o universo da Bosch. Da
mesma maneira, nossa diversidade de
produtos é marcada também por uma
unidade: o padrão Bosch de inovação,
qualidade e confiança.
Assim também torcemos que seja seu
fim de ano e seu 2007 – diversidade de
experiências, mas todas elas com algo
em comum: a felicidade.
18
Rachel Guedes
Diversidade para
o seu dia-a-dia
12
Getty Imagens
editorial
Sumário
02 viagem | Nas cavernas do Petar, resquícios de épocas longínquas
08 eu e meu carro | Cláudia Raia se mostra uma apaixonada por carrões
10 torque e potência | Tem conforto de carro e luxo de carro, mas é caminhão
12 casa e conforto | Como fazer para o “cantinho da bagunça” ficar bonito
18 saudável e gostoso | A história e as propriedades das frutas secas
24 tendências | Os combustíveis que podem substituir o petróleo
28 grandes obras | Na Vila Pan-americana, quartos sob medida para atletas
32 Brasil cresce | Ao mimar cães e gatos, donos alimentam a economia
38 atitude cidadã | Produtos indígenas: da aldeia para a loja da esquina
42 aquilo deu nisso | Alunos não economizam idéias para economizar gasolina
46 áudio | O que seu CD player tem a ver com Machado de Assis
Expediente
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2 | VidaBosch |
viagem
| Por Bruno Sellmer
Reinaldo Minillo/SambaPhoto
Com mais de 300 cavernas, região do Alto Ribeira, no sul de São Paulo,
permite contato com um mundo formado há milhões de anos
Gruta do Morro Preto
A
viagem | VidaBosch | 5
viagem
trilha segue por um vale de paredes
bastante íngremes; árvores grossas e
altas estão em toda a parte. No chão, a vegetação é rala, mal cobrindo a terra repleta
de folhas secas. Aqui, cerca de 30 metros
abaixo da copa cerrada das árvores, o sol
raramente chega. Estamos no Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira (Petar),
ao sul de São Paulo, quase na divisa com
o Paraná.
O parque é um pequeno pedaço daqueles 5% que sobraram da Mata Atlântica,
que antes cobria boa parte da costa brasileira, do Rio Grande do Sul à Bahia. Mas
sua maior atração vem do fato de reunir
uma das três mais importantes concentrações de cavernas do país — mais de 300 já
foram exploradas, de todos os tamanhos,
desde pequenos buracos com não mais
de 50 metros de comprimento, até imensos labirintos com mais de 5 quilômetros
de extensão.
Muitas pessoas comparam entrar numa
caverna a entrar numa grande catedral. É
um momento solene. A boca de uma caverna é uma fronteira entre dois mundos.
De um lado, o mundo do frio e calor, dos
barulhos e da luz; do outro, o mundo do
silêncio, da temperatura constante e da
escuridão. Fora da caverna tudo acontece
muito rapidamente. Dentro, tudo é milenarmente lento. Basta imaginar que qualquer estalactite com mais de 10 centímetros
provavelmente já estava lá quando o Brasil
foi descoberto, há 500 anos.
A história dessas cavernas começou há
cerca de 600 milhões de anos, muito antes dos dinossauros ocuparem o planeta.
Nessa época, quando nem os continentes
ainda estavam formados do modo como os
conhecemos, uma gigantesca colônia de
corais crescia num mar cheio de criaturas
primitivas. Com o movimento das placas
continentais, essa colônia foi lentamente
engolida pela terra, submergindo na crosta
terrestre. Sob a pressão de quilômetros de
terra, ela foi lentamente se transformando
numa rocha, o calcário metamórfico.
Mas a crosta terrestre não descansa. Esse
bloco rochoso continuou a ser empurrado,
agora para cima, até que voltou a aparecer,
não mais sob o mar, mas sob um céu carregado de intempéries. As rachaduras cau-
Alex Uchôa
Entrar numa caverna é como entrar
numa catedral; é um momento
solene. A boca de uma caverna é uma
fronteira entre dois mundos
sadas por milhões de anos de movimento
irregular começaram a servir de caminho
para a água das chuvas. A água carregada
de ácido começou a dissolver as paredes
dessas rachaduras. Cada vez mais largas e
espaçosas, elas deram origem às cavernas
que tanta fama dão ao Petar.
Núcleo Santana
Petar abriga
desde cavernas
com menos de
50 metros de
comprimento,
até imensos
labirintos com
mais de
5 quilômetros
de extensão
O Petar possui dois núcleos principais: Núcleo Santana e Núcleo Caboclos. No Santana, o turista não fica desamparado. Há
dezenas de pousadas e campings espalhados pelo bairro. Nos feriados prolongados,
quase toda porta vira restaurante ou pouso
para viajantes. Mais longe do improviso,
há pousadas muito bem estruturadas, que
oferecem tudo o que um turista pode precisar – de quartos confortáveis a comida
farta e saborosa.
O acesso ao Núcleo Santana é feito pela
Régis Bittencourt (BR-116). Em Jacupiranga,
entra-se rumo a Eldorado e daí para Iporanga. A ida ou a volta da viagem é tão bela
que deve ser feita durante o dia. A estrada
serpenteia entre o majestoso rio Ribeira de
Iguape (que forma o Vale do Ribeira) e montanhas cobertas de vegetação densa.
A estrada requer atenção. Ela alterna
trechos de asfalto em excelente estado e
trechos onde o asfalto já foi levado pelas
chuvas. Um dos pontos altos desta estrada
fica entre Eldorado e a Caverna do Diabo:
uma figueira centenária envolve a estrada
num túnel de galhos e folhas. Vale a pena
parar e ver de perto como suas raízes se
abrem e ramificam.
Logo se chega ao pequeno município de
Iporanga, com mais de 400 anos. De Iporanga são mais 20 quilômetros até o Bairro
da Serra – que não tem mercado, farmácia
ou qualquer outro comércio que não sejam
bares rústicos. Durante as temporadas de
maior movimento, notadamente feriados
e julho, eventualmente alguém abre uma
pizzaria ou algo parecido. Se for ficar por
aqui, portanto, previna-se e leve tudo de
que necessita. Mais um pouco e chega-se
ao Núcleo Santana.
É nesse núcleo que fica a principal e
mais famosa caverna do parque, a Gruta
Santana, a poucos metros do estacionamento onde se deixa o carro. Sua entrada
é a única fechada por um portão de ferro. E
há motivo para isso: suas galerias guardam
algumas das mais belas formações do Brasil. Se o Louvre é o grande museu de artes
da França, a gruta de Santana é a guardiã
de formações de centenas de milhares de
anos tão delicadas que a simples mudança
de temperatura causada por uma visitação
mais intensa poderia destruí-las.
Alguns de seus salões mais recônditos
e espetaculares ficam a mais de 6 horas de
caminhada da boca da caverna, num local
a que apenas espeleólogos de grande experiência conseguem chegar. Mas o início
da caverna, preparado especialmente para
receber a visita de turistas, também guarda obras espetaculares. Num labirinto de
galerias, sempre guiado por monitores do
parque, o visitante pode se maravilhar com
salões cujas paredes são completamente
recobertas de estalactites, algumas absolutamente brancas. Um olhar mais atento
pode encontrar entre elas, em lugares mais
úmidos, delicados cristais com formas bizarras e curiosas.
Há ainda a gruta da Água Suja, que não
tem nada de suja – ao contrário, sua água
absolutamente transparente é a linha-guia
na visita da caverna. Já no início botamos o
pé na água e seguimos por ela até o fim da
caverna, ora atravessando lagos, ora subindo cachoeiras. Talvez um dos pontos mais
belos desta caverna seja aquele em que as
estalactites descem do teto quase se encostando ao chão. Não fosse a água do rio, que
mantém aparadas as pontas das estalactites, a passagem já teria fechado.
A gruta do Morro Preto é especial. Sua
entrada é monumental, um grande salão
com um chão de areia onde grupos préhistóricos faziam suas fogueiras. Quando
for visitar essa gruta, peça a seu guia para
levá-lo à janela – um lugar alto de onde se vê
a boca da caverna de dentro para fora.
A Alambari de Baixo não é muito ornamentada, mas o rio que a atravessa é fantástico: suas águas calmas cruzam o morro de
A Bosch na sua vida
Arquivo Bosch
Arquivo Bosch
4 | VidaBosch |
Segurança até debaixo d’água
“Sob chuva, reduza a velocidade”, advertem as placas nas estradas que levam ao
Petar. A pista molhada e a redução da visibilidade exigem do motorista atenção
redobrada. Mas só cautela não basta. A
segurança depende em grande parte do
estado de manutenção e dos recursos
do veículo. Por isso, antes de viajar, é
importante checar itens como palhetas,
sistemas de sinalização (faróis, lanternas e setas) e freios, além dos pneus. “A
revisão do sistema de freio inclui pastilhas, discos, lonas tambores e o fluido de
freio. Sinalização, palhetas e extintor de
incêndio também precisam ser verificados”, afirma Heraldo Akira, proprietário
do Centro Automotivo Estrela, ligado à
rede Bosch Car Service. Nas oficinas
da rede, é possível revisar num só local
todos os itens do veículo.
Outro acessório que contribui para segurança é a luz de neblina, que ajuda a
evitar uma colisão em situações de pouca
visibilidade. “É um recurso bom porque
permite que o carro seja visto a uma distância maior”, destaca.
A Bosch disponibiliza no Brasil a linha de
faróis auxiliares Compass 2000 (foto),
nas versões xenon e halógeno. O produto é feito em alumínio fundido com
lentes transparentes, o que lhe garante
um design moderno. Além disso, quando equipado com lâmpadas xenon é 2,5
vezes mais eficiente que os faróis convencionais.
6 | VidaBosch |
viagem | VidaBosch | 7
viagem
A Bosch na sua vida
Arquivo Bosch
Arquivo Bosch
Mergulho ao fundo da terra
A caverna do Juvenal, no Petar, é o maior
abismo em rocha calcária do Brasil. Explorar os 24 metros que separam a entrada da caverna de seu ponto mais profundo – desnível equivalente ao de um
prédio de 80 andares – é uma aventura
reservada a profissionais.
Uma das primeiras expedições caverna
adentro foi realizada em 977, por um
grupo da USP. Mas um dos lados ficou
inexplorado até 200, quando o espeleólogo Luiz Eduardo Spinelli organizou
um grupo e fundou o Projeto Juvenal,
com o objetivo de desvendar as partes
ainda desconhecidas da caverna.
O primeiro passo foi vasculhar a mata
nos arredores do Juvenal para verificar
se existiam outros acessos ao abismo.
Nessa busca foram descobertos três novos abismos, dois deles com fósseis de
animais extintos (um toxodom, mamífero pré-histórico parecido com o rinoceronte, e uma preguiça gigante). Além
disso, encontraram, dentro do Juvenal,
uma galeria estreita com cerca de 20
metros de altura.
A etapa seguinte começou em 2003, com
prospecções no interior do Juvenal. Para descer pelos paredões e vãos estreitos da caverna, os exploradores usaram
produtos da Bosch, como marteletes de
perfuração a bateria (GBH 24V) – o fato
de não ter fio foi fundamental. Nessa expedição, descobriu-se uma nova galeria,
batizada de salão do Menin.
Os exploradores formaram ainda uma
terceira excursão, que permitiu mapear o
lado ainda desconhecido da caverna.
Alex Uchôa
lado a lado, e é possível chegar por um lado
e sair pelo outro. Excelente passeio para
domingo de manhã, antes de ir embora.
Outro grande passeio é a Cachoeira da
Andorinha, algumas horas rio Betary acima.
Encravada em cânion de rochas de calcário
negro, é o local preferido dos apreciadores
de cachoeiras.
Leonardo Papini/SambaPhoto
Núcleo Caboclos
O Núcleo Caboclos não possui qualquer
infra-estrutura a não ser um camping com
banheiros bastante rústicos. Tudo deve ser
levado. Secador de cabelos e celular podem
ser dispensados: não há eletricidade nem
sinal de celular. Um verdadeiro paraíso.
O acesso é feito pela rodovia Raposo
Tavares. Seguindo por ela passam Sorocaba, Itapetininga e Capão Bonito. A Raposo a partir deste ponto desvia-se para o
norte do Paraná. Nós seguimos em frente,
atravessamos Capão Bonito em direção a
Guapiara. Melhor abastecer aqui. Depois
de Guapiara, 33 quilômetros à esquerda
há uma pequena estrada de terra. Mais 16
quilômetros por ela e chega-se ao Núcleo
Caboclos.
Aqui há grandes atrações, mas em geral
estão mais afastadas que as do Núcleo Santana. As grutas do Chapéu, Aranhas e Chapéu
Mirim 1 e 2 são exceções. Ficam a poucos
minutos de caminhada, mas são pequenas
– ideais para visitar com crianças.
Os pontos mais importantes são as
grutas da Pescaria, Monjolinho, Arataca
e Água Sumida. As Cachoeiras do Maxminiano e Sete Reis completam o quadro
das atrações abertas ao público nesta área
do parque.
A gruta da Pescaria fica a cerca de duas
horas de caminhada. Portanto, só se aventure se estiver em boa forma. Formada pelo
rio da Pescaria, é bem ornamentada. As do
Monjolinho e Arataca estão entre as mais
antigas da região. Ambas já não têm mais
rios passando por dentro, portanto estão
“mortas”. A caminhada de uma hora até
elas é feita por uma bela e preservada mata com muitos pés de palmito juçara, em
extinção.
A gruta Água Sumida é bela, mas aventurosa. À medida que se desce o rio que a
forma, paredes verticais vão subindo em
Não só as
cavernas são
atração no Petar:
o parque tem
uma porção
preservada de
Mata Atlântica e
várias cachoeiras
Para aproveitar melhor os passeios
no Petar é importante levar uma
mochila com lanterna, roupa extra,
lanche e sacos de lixo
ambas as margens, até que o rio se encaixe
num cânion de rochas e paredes verticais.
Após uma curva abrupta, vê-se de repente a gigantesca boca que sobe rasgando a
parede de rocha e engolindo o rio. Muitas
vezes, andorinhões saem e entram pela
boca. Segue-se o tempo todo pelo rio, ora
atravessando lagos hora descendo por cachoeiras. Na saída estreita, muitas vezes
é possível ver troncos de árvore presos
no teto – o que mostra o quanto a caverna
enche durante as tempestades.
Mas, sem dúvida, a grande atração deste
núcleo são as cachoeiras do Maxminiano
e Sete Reis. O rio caudaloso vem descendo
por entre paredes até que em dois lances
belíssimos cai em um lago. O rio continua
após o lago, mas com o leito seco, repleto
de pedras. Aos poucos a água vai retornando ao leito, mas não no mesmo volume de
antes. Poucos quilômetros rio abaixo, ela
reaparece de uma só vez, numa gigantesca
cachoeira, a dos Sete Reis.
Preparando a mochila
Ao planejar uma viagem ao Petar, é bom ter
em mente que ela será ponteada constantemente por água, seja embaixo da terra
seja na superfície. Praticamente todos os
atrativos estão a pequenas caminhadas de
distância do carro. É essencial uma mochila
com lanterna (para usar dentro das cavernas e, eventualmente, na volta pelas trilhas),
roupa extra (para ser trocada depois de se
atravessar alguma caverna com água), lanche
(para repor a energia após longas aventuras)
e sacos de lixo (para embalar aquilo que não
pode ser molhado e para trazer de volta o
lixo que você produzirá pelo caminho). Se
você for do tipo que gosta de água, não esqueça a roupa de banho e a toalha. No Petar,
a toda hora há um rio ou cachoeira.
A roupa para o dia deve ser resistente,
mas confortável. Não use bermudas, mas
calças (preferencialmente não as jeans, que
são duras e, às vezes, causam assaduras
depois de molhadas). O calçado, é melhor
que seja cano alto. O uso de duas meias, uma
fina por baixo e uma grossa por cima, evita
bolhas. Camiseta é uma boa pedida, mas
um moletom extra na mochila é importante,
pois as cavernas são muito úmidas, e em
pouco tempo podem ser frias.
Mais informações
Onde comer e se hospedar
• Pousada do Quiririm
Tel.: (15) 3556-1273
ou (11) 6693-3578
www.pousadadoquiririm.com.br
• Pousada das Cavernas
Tel.: (11) 3814-9153
www.pousadadascavernas.com.br
• Pousada da Diva
Tel.: (15) 3556-1224
www.pousadadiva.com.br
8 | VidaBosch |
eu e meu carro
| Por Ricardo Lopes
Rachel Guedes
Com 1,80 metro, fã
de automóveis desde
a infância, Cláudia Raia
prefere veículos
confortáveis e espaçosos
H
Grande apaixonada por carros grandes
ouve uma época em que carro era conversa só de homens. Não mais, como
prova um bate-papo com Maria Cláudia
Motta Raia, mais conhecida apenas por
Cláudia Raia. Bailarina e dançarina em atividade há mais de 25 anos, atriz cada vez
mais elogiada, ela revela ter em suas veias
uma forte paixão pelas quatro rodas.
Desde menina já havia interesse em dirigir por parte da pequena, ou melhor, da
grande Cláudia – grande, sim: aos 13 anos,
quando tinha 1,70 metro, chegou a fazer tratamento para controlar o excesso de altura.
Quando ainda não era tão alta, costumava
andar de carro no colo da mãe, dona Odete,
pelas ruas próximas da casa onde moravam,
em Campinas (SP). “Eu sempre quis dirigir,
desde menina. Me considero uma grande
apaixonada por carro”, revela.
Seu primeiro carro foi um Ford Escort 84,
vermelho. Foi com ele que tirou a carteira
de habilitação. “Até me lembro do nome da
auto-escola lá em Campinas, Fom Fom”,
diz ela, divertindo-se.
Depois, teve vários modelos. Mas sempre
preferiu os mais modernos e também confortáveis – não é para menos, com seu 1,80
metro o conforto sempre foi a prioridade.
Cláudia deixa evidente que gosta de sentir
o controle do carro em suas mãos, mas conta que é adepta de automóveis equipados
com câmbio automático. “O brasileiro ainda
não tem esse hábito, mas depois que você
se acostuma é uma maravilha”, elogia.
Mas nem tudo é paixão nessa sua história
com automóveis. Um dos casos envolveu
um trauma. Ela foi vítima de um assalto,
quando parou em um cruzamento e um
bandido colocou uma arma na sua cabeça,
no Rio de Janeiro, em 2000. Foi um choque.
Não levaram apenas seu Mercedes-Benz
ML, levaram também sua paz. Depois disso,
não quis saber de dirigir. “A partir daquele
momento, para mim não dava para ter um
carro bacana no Brasil”, conta. “Aí travei.
Não queria saber de carro, já tinha se transformado em pânico”, desabafa.
Foi então que o amigo Fausto Silva
convenceu-a a voltar atrás e incentivoua a ter seu carro dos sonhos, um Cadillac:
“Ele ficou me dizendo por um bom tempo:
Cláudia, você é louca por carro, deixa essa
bobeira para lá”. E assim ela fez. Hoje, na
sua garagem do Rio de Janeiro está um SRX
Crossover ano 2006, o modelo dos seus
sonhos. “É o carro que eu queria. Tem todo um requinte, muito conforto e detalhes
impressionantes. O que eu curto também
é o teto de vidro”, enfatiza. Também tem
especial paixão por Jaguar e Ferrari. Se
fosse para trocar seu carro atual, teria de
ser por algum de uma dessas marcas.
Cláudia tem também uma casa em São
Paulo, mas não mantêm um carro fixo por
muito tempo nessa garagem. Normalmente
usa um Mercedes-Benz Sedan Classe C, ao
lado do qual fez as fotos para VidaBosch,
durante a temporada paulistana da peça
Sweet Charity. Mas, como só vem à capital paulista para compromissos, precisa
de praticidade: geralmente abre mão do
volante e aprecia o confortável banco de
trás. “Para dar conta da agenda e da correria, gosto de ter um motorista”, diz. Mas
ela faz questão de afirmar que é apenas
por praticidade.
Cláudia tende a preferir os carros mais
altos, principalmente se for para usar no
Rio de Janeiro. “A cidade fica inundada facilmente, e só um carro mais alto dá tranqüilidade para enfrentar essas situações”,
explica. É o caso do automóvel de seu marido, o ator Edson Celulari: um Toyota Prado,
que segundo ela é perfeito para a família.
Para Cláudia, uma das piores coisas que
podem acontecer com um carro é dar a
partida e ele não funcionar. “Creio que a
confiança no automóvel é muito importante. O carro é uma máquina, e como tal
pode falhar, pode quebrar. Se você não cuida, estará sempre sujeito a ficar na mão”,
afirma. Não é o caso dela, que diz nunca
ter sofrido com problemas mecânicos em
seus automóveis. É que ela sabe se precaver. No seu Cadillac, por exemplo, só mexe
um mecânico de confiança em São Paulo,
que é especializado na marca.
A Bosch na sua vida
Arquivo Bosch
O empurrão inicial
A situação tão temida por Cláudia Raia
– dar a partida e o carro não funcionar
– está relacionada à bateria e a um
item menos conhecido do motorista:
o motor de partida (também conhecido como motor de arranque). Seu
nome já indica do que se trata. É um
motor elétrico que só é acionado na
hora da partida – depois que o veículo
começa a funcionar, ele desliga.
Assim que o motorista gira a chave
de ignição, a bateria alimenta o motor de partida, que gira uma engrenagem chamada cremalheira – e é ela
que movimenta os pistões do motor a
combustão. O motor de partida, portanto, transforma a energia elétrica da
bateria em energia mecânica, que vai
fazer o motor rodar.
Nos motores de carros até 1,6 litro,
o motor de partida tem acionamento
direto. Nos mais possantes, como os
de Cláudia Raia, ele é composto de
um sistema que aumenta o torque para poder acionar esses motores mais
pesados. O motor de partida não requer manutenção periódica. Mas para evitar danificá-lo o motorista não
deve girar a chave quando o carro já
está ligado, alerta o chefe de Engenharia de Motor de Partida da Bosch,
Alfredo Catini.
A Bosch é líder de mercado nesse
segmento no Brasil. O produto, que
é exportado para Europa e Austrália, é
compacto e leve, mas resistente: funciona mesmo em temperaturas muito
baixas (até 25 graus abaixo de zero) ou
muito altas (acima de 100 graus).
10 | VidaBosch |
torque e potência
| Por Rosangela de Moura
Divulgação Volvo do Brasil
de emissão de dados, equipamento para
emissão de pedidos e notas fiscais. Como
a cabine com tomada elétrica de 12 volts,
porta-objetos para celular, carteira e canetas, ela pode virar uma espécie de escritório ambulante.
Sozinho ou acompanhado
Caminhão da
linha FH, da
Volvo: câmbio
automático,
travas e vidros
elétricos, air bag
e computador
de bordo
com 70 funções
Conforto de carrão
DVD, computador de bordo,
desembaçador de retrovisor,
sistema de rastreamento,
frigobar – tudo isso
dentro de um caminhão
I
magine um local com DVD, CD, internet,
frigobar, duas camas, mesa, poltronas e
ar-condicionado. Se imaginou um confortável quarto de hotel, você errou. Esses
itens fazem parte de uma nova geração de
caminhões que invadiram o mercado. Os
sinais são de que não se trata de uma aposta
extravagante apenas para reforçar a imagem das marcas: as ofertas desses veículos
com conforto semelhante ou superior ao
de alguns carrões de luxo envolvem vários
segmentos e várias montadoras.
Alguns acessórios são semelhantes aos
que equipam automóveis de padrão um
pouco mais alto: freios ABS, direção hidráulica, trava elétrica, air bag, espelho
retrovisor com regulagem elétrica e um
sistema de som que vai muito além do rádio.
Outros são bem específicos de quem chega
a percorrer 500 quilômetros de estradas
por dia — caso dos dispositivos de rastreamento, das camas e mesas e do frigobar,
por exemplo. E ainda há sofisticações raras
mesmo nos carrões, como desembaçador
de retrovisor e computador de bordo com
quase uma centena de funções.
Há alguns modelos, como os da linha
Constelation, da Volkswagen, que permitem que o motorista fique de pé na cabine.
O modelo top de linha lançado há um ano, o
Titan Tracktor Constelation 19320, traz cama, ar-condicionado, banco com suspensão
pneumática, freios ABS, freios auxiliares,
tanque de combustível com capacidade para 620 litros e um sistema que não permite
que a carroceria ou a cabine seja levantada
sem a autorização do motorista.
Mas, segundo Júlio Steg, analista de marketing da Volkswagen, ainda é possível colocar CD, DVD, frigobar e o sistema Volksnet
– que é capaz de monitorar automaticamente
várias informações do veículo. “É um maior
benefício tanto para o caminhoneiro como
para o frotista, que pode gerenciar de uma
forma mais inteligente toda sua frota”.
De olho nesse nicho, a Ford tem uma linha
de caminhões (Cargo) com modelos que saem
de fábrica com banco-leito, piloto automático, ar-condicionado, banco com suspensão
pneumática e direção hidráulica.
Ainda é possível ter o gerenciamento
eletrônico dentro da cabine, que funciona
também como manutenção preventiva e
como um rastreador por GPS, afirma o gerente de engenharia de vendas da montadora, Straus Rossi. “Possíveis falhas podem
ser gerenciadas da própria cabine, diminuindo o tempo de parada e o consumo
de combustível”, destaca. Conseqüentemente, completa, isso vai gerar ao motorista mais disposição no final da viagem.
“A importância do conforto para o caminhoneiro brasileiro aumentou nos últimos
anos”, avalia.
Atenta a outro mercado – o de caminhões
leves e urbanos –, a DaimlerChrysler do
Brasil lançou o Mercedes-Benz Accelo, que
possui motorização eletrônica e direção
hidráulica. Entre os itens opcionais estão
chave geral do sistema elétrico, espelhos
retrovisores com desembaçador e regulagem elétrica e ar-condicionado.
Uma das atrações está no segundo dos
três bancos da cabine, o do meio: seu encosto é rebatível, podendo ser transformado em mesa de trabalho para acomodar,
por exemplo, prancheta, laptop, teclado
Para aqueles que viajam em dupla e fazem
do caminhão a sua segunda casa, a Volvo
lançou a linha FH – no modelo top de linha,
a cabine mede 1,93 metro de altura e tem beliche, controle de rádio no volante, câmbio
automático, air bag, travas e vidros elétricos
e computador de bordo com 70 funções.
“Quanto mais confortável, mais será
produtivo o trabalho do motorista. Por
isso, produzimos todos caminhões com
o mesmo conceito de carro de passeio”,
destaca o gerente de engenharia de vendas,
Álvaro Menoncin. O FH Top Class ainda
possui tomadas, vidros e travas elétricas,
além do volante ajustável e é apto a receber frigobar, laptop e demais tecnologias
para automóvel existentes no mercado.
Mas, se o caminhoneiro viaja sozinho, essa linha ainda permite que uma das camas
seja adaptada com o kit office, composto
de mesa e duas poltronas.
Mas por que comprar veículos que custam R$ 350 mil, como o FH da Volvo repleto
de opcionais? Jaílson Rosa, gerente de frota
do Centro Logístico Einchenberg, de Porto Alegre, explica: a peça fundamental do
caminhão ainda é o motorista e, por isso,
optou por conforto e design moderno ao
aumentar sua frota com um top de linha da
Volkswagen. “Além de muito confortável, o
novo modelo possui uma média de consumo
menor e permite que o próprio motorista
controle a manutenção”, declara.
Fernando Lucca, gerente de operações
da Primacs Transportes Pesados, comprou
caminhões da linha da Volvo, inclusive o
novo modelo FH. “O que me chamou a atenção foi o design moderno e o conforto oferecido ao motorista que faz longas viagens,
que apresenta um rendimento muito maior
no final do seu trajeto”, destaca.
“Costumamos brincar que esse modelo de caminhão, em relação ao conforto, é
um carro luxuoso com proporções maiores”, comenta.
A Bosch na sua vida
Conforto embaixo do capô
Conforto é bom e todo mundo quer.
Mas de pouco adiantam os itens de
luxo se o caminhão anda aos sacolejos e se o motor é barulhento. Um
dos componentes que mais contribuem para um rodar macio e sem
ruídos – e portanto para o conforto
do motorista – é o sistema de injeção, responsável por coordenar o
funcionamento do motor.
Entre os sistemas de injeção diesel de alta precisão disponíveis no
mercado brasileiro está o Common
Rail, produzido pela Bosch. Ele controla eletronicamente a quantidade
e o tempo de injeção de combustível no motor. Dessa forma, injeta
combustível antes da combustão,
o que permite combustões mais
homogêneas e resulta na redução
da vibração e do ruído do motor.
Além disso, o sistema realiza injeção de diesel após a combustão,
o que contribui para a diminuição
da poluição, atendendo às futuras
normas sobre a emissão de gases
tóxicos.
Arquivo Bosch
12 | VidaBosch |
casa e conforto
| Por Katia Cardoso
Rachel Guedes
Mãos à obra!
Bricoleiros, artesãos ou mesmo quem faz pequenos consertos
em casa podem montar seu ateliê, com ou sem ajuda profissional.
Quer se inspirar? Veja as idéias apresentadas nestas páginas
14 | VidaBosch |
casa e conforto | VidaBosch | 15
casa e conforto
Marc Romanelli/Getty Images
minam o ambiente e, com auxílio de espelhos, aumentam a profundidade. “Não está
descartado o uso de uma cor mais quente
em uma parede ou outra para descontrair
o ambiente”, pondera Paula Rebello, arquiteta do escritório paulistano Lia Carbonari. Tudo vai depender da vontade e da necessidade do cliente. Paula cita um projeto
criado recentemente para uma designer de
jóias: o quarto de empregada virou ateliê e
o projeto foi feito sob medida, ganhando até
um pequeno ponto de água – necessidade
da designer. “Como trabalhava com objetos
muito pequenos e ferramentas, algumas
pesadas, tivemos que escolher um piso de
granilite polido, que suporta o peso de um
objeto que caia sobre ele. Na marcenaria,
gavetas foram usadas para encaixar peças
de todos os tamanhos”.
Iluminação
O “cantinho
do conserto”
pode ser simples,
mas convém
que ele reflita os
hábitos e
gostos do dono
Q
uase não existem regras quando o assunto é decoração. Boa parte vai depender do gosto de cada pessoa, de quanto está
disposta a investir e se vai ou não recorrer
à ajuda profissional. Para os que gostam
de se aventurar e colocar a mão na massa,
esse pode ser um exercício bem divertido,
principalmente se o objetivo é montar um
cantinho da casa destinado a hobbies como
bricolagem, artesanato ou pequenos consertos. E, ao contrário do que se pensa, esses
espaços podem ser planejados – com ou sem
a ajuda de um arquiteto ou decorador.
É verdade que a orientação profissional é sempre bem-vinda, pois pode livrar
o morador de um espaço mal planejado e
que, no lugar de relaxá-lo, cause-lhe mais
dores de cabeça. Tomando alguns cuidados básicos, dá para organizar sozinho um
ambiente agradável, prático e, sobretudo,
funcional. O primeiro passo é escolher bem
o local reservado à atividade – um quarto
vazio, um canto na garagem, na varanda
ou até um corredor.
Com a planta nas mãos e todas as medidas
anotadas, defina os móveis, equipamentos e
acessórios de que você vai precisar, de acordo com a atividade que será desempenhada
no local. Mesas, cadeiras, armários e gaveteiros, em geral, são opções indispensáveis.
Se esse é o seu caso, prefira os de cor clara,
pois não deixam o ambiente pesado.
Havendo espaço para cadeiras maiores,
sofás pequenos ou estantes, tanto melhor.
Você pode criar um lugar aconchegante para a leitura, por exemplo. “Dependendo da
atividade ou do hobby praticado, verifica-se
tudo de que a pessoa vai precisar e aí então
projetamos o espaço com toda a ergonomia
possível, para garantir o conforto e uma boa
circulação entre os móveis”, afirma Carlos
Henrique Oliveira, da Duo Arquitetura, empresa de Campinas (SP).
O ambiente pode ser simples, mas precisa
refletir os hábitos e gostos do dono. Assim,
vale espalhar objetos pessoais que dêem
identidade ao espaço, caixas coloridas (revestidas de couro ou tecido), que servem
para guardar pequenos objetos, e até retratos. “As caixas deixam tudo em ordem.
Já os artigos pessoais ou da família, como
Mesas, cadeiras, armários
e gaveteiros são quase sempre
indispensáveis; nesse caso,
dê preferência aos de cores
claras, pois não deixam o
ambiente pesado
fotos, tornam o espaço mais aconchegante”,
observa Carlos Henrique. Há quem prefira
instalar também pequenos aparelhos de
som e de TV – pois, de tão agradável, o lugar se torna um refúgio para os momentos
de folga e de lazer.
Outro cuidado importante é com as cores
escolhidas para as paredes. As claras ilu-
Esse é um item que merece atenção especial,
pois pode comprometer o projeto caso seja
mal executado. Por exemplo: se você escolher lâmpadas incandescentes, tenha certeza
de que vai sentir o ambiente mais quente e
a vista bem mais cansada ao fim de um dia
de atividades. Por isso, a dica do arquiteto
Maurício Arruda, do departamento de arquitetura da Galvez & De Vitto Interiores,
de São Paulo, é usar lâmpadas fluorescentes com adequado índice de reprodução de
cor (IRC), que consumam pouca energia e
sejam voltadas diretamente para o local de
trabalho – seja mesa ou bancada.
“Outros tipos de lâmpadas também podem entrar na composição para dar mais
estilo à decoração, mas essas são as ideais”,
comenta ele. Ao compor o ambiente, e para não deixar que a luz externa interfira,
pense em persianas – uma solução prática
e muito fácil de limpar. O mesmo vale para as paredes: prefira os revestimentos ou
tintas que, com uma esponja leve e sabão
neutro, ficam tinindo. “O ideal é que o ambiente seja realmente funcional e de fácil
manutenção”, ensina Paula.
Os fios das luminárias e de outros equipamentos, como som e TV, atrapalham?
Tranqüilize-se. Eles podem ser “escondidos” por canaletas de madeira, produzidas por marceneiros. Se preferir, recorra
ao mercado, e você vai encontrar modelos
de plástico ou móveis planejados que têm
espaço para guardar a fiação. Isso ajuda a
deixar seu ambiente bem arrumado.
Aliás, quando o assunto é organização, a
campineira Kerler Inácio é expert. Estudante
do curso de Desenvolvimento de Web, nas
horas de folga ela se dedica a uma paixão:
o mosaico. Desde 98, Kerler se vê às voltas
com pedaços de azulejos que, pouco a pouco, vão se transformando em peças bonitas
e funcionais. Como mudou recentemente
para uma casa, está ocupando um espaço
improvisado. “Mas não vejo a hora de começar a construção do meu ateliê, que já
está projetado”, conta.
Mesmo no local improvisado, ela não abre
mão de deixar tudo em seu respectivo lugar.
“Tenho prateleiras e uma bancada central. É
nessa bancada que espalho as ferramentas
e as tesselas (pequenos pedaços de louça,
tela, vidro) usadas no mosaico”, afirma. As
prateleiras estão reservadas para o material
de estoque e para o que vai ser reciclado.
Tudo está devidamente separado e identificado. “Assim, consigo saber sempre a
quantidade de material disponível e evito
gastos desnecessários”, comenta. Para manter o lugar impecável, ela tem uma tranca na
porta – o que impede o acesso das crianças
ao local, evitando acidentes.
Com a cara do dono
Quem também se dedicou com esmero à
criação de um ateliê foi o paulista Marco
Signorette, 24 anos. Pintor e designer, Marco
morava com os pais em uma espaçosa casa
com edícula nos fundos. Foi lá que montou
seu ateliê. Trocou o piso por um de cerâmica, mais fácil de limpar, colocou prateleiras
para dispor telas, pincéis e tintas. Tudo foi
planejado com carinho – até a textura que
ele mesmo fez em uma das paredes. “O lugar
ficou com a minha cara. Como era separado,
me dava privacidade”, conta. Agora que se
mudou, ele tem planos para criar um espaço, embora menor, tão agradável quanto o
antigo ateliê.
Quando a criatividade e a conta bancária
não têm limites, a imaginação corre solta.
Prova disso foi o espaço criado pelas arquitetas Adriana Ribeiro de Mendonça e Aline
Cremonini Constantino para a garagem da
edição paulistana da Casa Cor 2006, maior
16 | VidaBosch |
casa e conforto | VidaBosch | 17
casa e conforto
Rachel Guedes
A garagem da
Casa Cor São
Paulo, que usou
ferramentas da
Dremel, marca
do Grupo Bosch:
exemplo de que
espaço para ateliê
ou consertos pode
ser agradável e
organizado
Fios das luminárias e de
outros equipamentos, como
som e TV, podem ser escondidos
por canaletas de madeira
ou de plástico, ou em móveis
que têm espaço
para guardar a fiação
evento de decoração do país, realizado de
maio a julho.
Como receberam o desafio de criar um
ambiente agradável para a garagem e esse
espaço estava reservado para um carro de
alto luxo, as arquitetas não mediram esforços
para criar um ambiente no qual um homem
sofisticado se sentiria absolutamente confortável. Por isso, imaginaram que tipo de
hobby ele teria e que “brinquedos de gente
grande” gostaria de possuir. “Escolhemos
um apreciador de aeromodelismo e de golfe,
por exemplo. Assim, decoramos o ambiente com peças e ferramentas ligadas a essas
atividades”, explica Adriana.
As peças de aeromodelismo e as ferramentas ficaram dispostas sobre uma bancada de fórmica preta, dando a dica de que
ele fabrica os próprios aviões. Plaquetas
identificavam cada acessório, mostrando
alguém cuidadoso e muito atento aos detalhes. O piso foi de cimento queimado com
pintura de epóxi de alta performance. “Não
era uma garagem para um homem que mexe
em motores, mas para uma pessoa que gosta
de objetos de arte”, confirma Aline.
A arquiteta Adriana explica que, embora
o espaço da garagem da Casa Cor seja sofisticado, é possível extrair algumas idéias
desse projeto e adequá-las à sua realidade
de espaço e de bolso. “No mercado, sobretudo o de São Paulo, há soluções criativas
para todo o tipo de problema ou situação.
Os preços variam, no caso de tecidos, por
exemplo, de R$ 5 a R$ 400 o metro. Portanto, se você abrir mão de um arquiteto ou
decorador, busque uma boa idéia e comece então uma boa pesquisa para torná-la
viável”. Ou seja: com bom gosto e criatividade, você deixa seu cantinho funcional e
muito simpático.
A Bosch na sua vida
Fotos Arquivo Bosch
Indispensável dentro de casa
O primeiro passo para quem quer montar um ateliê, um canto de artesanato
ou bricolagem é adquirir um aparato
de ferramentas que permita executar a
maior parte possível de serviços, como
furar, lixar, polir e parafusar.
A Skil disponibiliza no mercado brasileiro alguns produtos essenciais nessa
área. Essa é a marca do Grupo Bosch
voltada justamente para o mercado do
“Faça Você Mesmo”. Há mais de 80 anos
no mercado, adquirida pela Bosch em
1997, a Skil é pioneira na fabricação de
várias ferramentas (lançou a primeira
serra elétrica portátil, em 1928). A tradição junta-se à comodidade e à segurança: só no Brasil ela conta com 350
oficinas de assistência técnica.
Para montar ou incrementar o ateliê,
um equipamento que não pode faltar
é a furadeira, útil tanto para trabalhos
simples, como pendurar um quadro na
parede, quanto em projetos um pouco
mais complexos, como montar armários
e estantes. A furadeira 6642, da Skil,
tem duas velocidades de perfuração
e 470 watts de potência.
A ferramenta vem num kit com uma
broca de 6 milímetros para concreto,
quatro discos de lixas e um disco de
pele para polir. Ela é capaz de perfurar 10 milímetros em aço, 10 milímetros em concreto e 20 milímetros em
madeira. Com um botão, o usuário
seleciona se quer perfurar com impacto (para trabalhos em alvenaria e
concreto) ou sem (para trabalhos em
aço e madeira).
A peça vem em uma maleta de plástico, o que contribui para a conservação da furadeira e ajuda a manter
organizada aquela parte da casa que
teima em ser chamada de “cantinho
da bagunça”.
Outra opção para aqueles que preferirem ter à mão um grande leque de
recursos é o Jogo Para Fixar e Aparafusar, também da Skil. O kit vem
com 117 peças e inclui desde uma
chave de catraca (que permite que o
usuário parafuse sem desencostar a
chave do parafuso) até adaptadores
de soquete (que permitem rosquear
porcas de diferentes tamanhos).
O jogo ainda conta com 21 brocas, de
diferentes medidas, adequadas para
madeira, metal, plástico e concreto, e
40 pontas para chaves de fenda, philips,
pozidriv, quadradas, torx e allen.
Com tantas peças assim, o usuário
não poderia correr o risco de perdêlas pelos diversos cantos da oficina.
Por isso, todos os acessórios vêm em
um estojo de plástico, que protege
as peças da umidade e da poeira e
permite que o usuário mantenha tudo
organizado.
Além disso, o estojo serve também
como maleta.
Rachel Guedes
| VidaBosch| saudável
| saudáveleegostoso
gostoso
1818| VidaBosch
Vidas secas
Frutas desidratadas ou naturalmente secas são fonte rica de energia e vitamina
| Por Carolina Chagas
20 | VidaBosch |
saudável e gostoso | VidaBosch | 21
saudável e gostoso
O
homem conhece as frutas secas desde
quando era nômade. Isso faz muito
tempo. Historiadores garantem que foi na
Era Mesolítica que nossos antepassados começaram a colher frutas secas e de lá extrair
castanhas. Sabe-se que esse tipo de alimento
– rico em gordura e proteínas – era fonte de
energia para longas caminhadas. Outra característica importante: custava a estragar.
Por isso podia ser armazenado para caminhadas em terrenos mais áridos.
Escritos de tempos menos remotos indicam a presença de nozes nos túmulos de
Cartago (hoje Tunísia) e Marsala (na região
da Sicília, na Itália). Escavações feitas no
deserto egípcio também descobriram resquícios de nozes, avelãs, pinhões e amêndoas. As amêndoas e os pistaches são as
castanhas mais citadas na Bíblia.
A avelã, por sua vez, era popular na China. Historiadores registram seu consumo
naquela região há mais de 5 mil anos.
Em Roma, as nozes eram presentes muito
comuns, sobretudo para crianças. Entre os
mais ricos, era costume cobri-las de ouro
antes de serem entregues como dádivas. Nos
grandes banquetes, onde o vinho era abundante, serviam-se amêndoas para amenizar
os efeitos do álcool. Sabe-se também que os
romanos acreditavam que as avelãs protegiam contra a fome e que uma boa safra de
nozes era indício de ano próspero.
Ao que tudo indica, a fruta seca mais antiga na terra é a noz, com mais de 15 espécies
oriundas da Ásia, Europa e Américas (a noz
tipo pecã). Por aqui, também nasceram as
primeiras castanhas de caju e do Pará, que
em algumas partes do mundo são chamadas de castanha ou noz brasileira.
Secas e desidratadas
E aqui vale um parêntese: fruta seca já nasce com casca dura e castanha comestível no
meio. As passas ou frutas desidratadas são
outro capítulo da história da alimentação.
O processo de desidratação das frutas foi
desenvolvido bem depois, no Império Romano. Nessa época, elas eram submetidas à
secagem natural, com exposição ao sol.
A primeira máquina para desidratar frutas foi construída na França, em 1795, mas
só durante a Primeira Guerra ela passou a
ser usada com mais freqüência. À época da
Fotos Rachel Guedes
A Bosch na sua vida
Frutas secas,
como avelãs,
nozes, pinhões
e amêndoas,
são há muito
tempo boas
companheiras
dos homens:
já eram
conhecidas
mais de mil
anos antes
de Cristo
Segunda Guerra, já eram conhecidas técnicas para a desidratação de mais de 160 espécies de vegetais e frutos – damasco, uva,
banana, maçã, ameixa, figo... Nos últimos 50
anos, esses processos foram aprimorados.
“No Brasil, as técnicas de desidratação de
alimentos se popularizaram nos anos 80”,
conta a nutricionista Ruth de Macedo Andrade, que há dez anos desenvolve pesquisas com frutas secas e desidratadas. “Hoje
o país está entre os três maiores exportadores de frutas frescas e desidratadas, mas
ainda tem muito a crescer na exportação
de frutas secas”, comenta.
A macadâmia, segundo ela, é a novidade do mercado nacional. “Mas ainda tem
produção muito pequena”. Originário da
Austrália, esse tipo de noz se adaptou em
algumas regiões do Brasil. Na Europa, ele
é muito usado na culinária, especialmente
em doces, e o óleo dele extraído também faz
muito sucesso na indústria cosmética.
Na culinária, muito antes da descoberta
das manteigas, as frutas secas eram usadas
para amolecer massas de todos os tipos.
“A farinha de amêndoas é a base da confeitaria desde muitos anos atrás”, conta o
chef Fabrice Lenud, da pâtisserie Douce
France, uma das mais sofisticadas de São
Paulo. Francês de nascença, Lenud morou
em Marrakech (Marrocos) e é fã das frutas
secas. “Elas são ingredientes muito especiais
na culinária de um modo geral”, diz.
Alto valor calórico
De fácil conservação, e alto valor calórico,
as frutas secas e desidratadas são muito
consumidas em países de inverno rigoroso – daí serem bastante comuns no Natal,
tradição que também foi incorporada por
várias famílias brasileiras. “Por aqui, seu
consumo também é aconselhado porque
têm muitas qualidades nutricionais, mas
deve-se preocupar com a quantidade, já que
são extremamente calóricas”, diz Ruth.
Ricas em fibras, vitamina A e minerais
como potássio, ferro e cálcio, elas são ótimas alternativas para quem precisa repor
energias rapidamente – esportistas e crianças em fase de crescimento, por exemplo.
“Frutas secas e desidratadas deviam estar
sempre presentes nas lancheiras de escola”, brinca Ruth. Segundo ela, as duas são
importantes na alimentação, mas as frutas
secas são menos ricas em açúcares e, por
isso, mais saudáveis. “Além de ricas em ácidos graxos, que diminuem o HDL [colesterol ‘ruim’], também são fontes de outros
nutrientes que agem como antioxidantes
em nosso organismo”, explica.
Mais espaço
Colocar uma travessa de doce na geladeira é sempre um desafio. Todos
os alimentos do interior do refrigerador são deslocados para encaixar
aquele pavê de amêndoas, aquela
torta de nozes ou o bolo gelado da
sobremesa. Nas festas de final de
ano, a tarefa é ainda mais difícil, já
que a competição por espaço envolve pesos-pesados como o peru
e o pernil da ceia. Resolver esses
problemas de acomodação ficou
mais fácil na nova linha de refrigeradores Bosch Space.
Eles são os maiores da categoria
— com até 34 litros a mais que os
outros. Os 12 modelos, nas versões
branca e aço inox, têm entre 403
e 467 litros. Isso não significa, porém, que ocupem mais espaço na
cozinha.
Os engenheiros da BSH Continental
— empresa que detém as marcas
Bosch e Continental de eletrodomésticos — desenvolveram um dispositivo inovador para refrigerar o
aparelho: o Evaporador Flat, que,
ao contrário dos convencionais,
fica em posição horizontal (entre
o refrigerador e o compartimento
do freezer), ampliando a área a ser
utilizada pelo consumidor. “Com
o lançamento dos modelos Bosch
Space iniciamos uma nova etapa
no mercado nacional”, comenta
Michael Traub, presidente da BSH
Continental.
Outros dispositivos ajudam a armazenar melhor os produtos, de acordo com a necessidade de cada um.
No freezer, uma prateleira retrátil
permite que o usuário faça os ajustes que quiser para armazenar produtos de diferentes tamanhos. Nas
portas, uma prateleira flexível pode
ser regulada sem a necessidade de
retirar os produtos já armazenados.
Além disso, a nova linha torna mais
Arquivo Bosch
fácil a organização das bebidas, por
possuir um suporte especial para
vinhos, recipientes para seis latinhas e prateleiras que comportam
garrafas de 2,5 litros.
Outra característica da Bosch Space é que ela usa um tipo de gás
chamado Isobutano R-600a, que
não prejudica o meio ambiente: não
afeta a camada de ozônio (como o
gás CFC) nem agrava o efeito estufa
(como o gás HFC).
O produto também contribui com o
meio ambiente ao trazer um dispositivo que reduz o consumo de energia
nos períodos de menor utilização.
Trata-se da função Férias Automática,
que significa também uma economia
para o bolso do consumidor.
22 | VidaBosch |
saudável e gostoso
| Por Carolina Chagas
Paraíso das castanhas
Fotos Rachel Guedes
Macarrons
Base da confeitaria
tradicional, castanhas imperam
nas receitas da pâtisserie
Douce France
P
ouca gente desconfia, mas mais da
metade dos doces que enfeitam a vitrine das duas unidades da pâtisserie Douce France, do confeiteiro francês Fabrice Lenud, em São Paulo, têm castanha na
receita. Conhecida há alguns milênios, a
farinha de amêndoas, por exemplo, é ingrediente básico da confeitaria. “Está em
todas as tortinhas”, ensina Lenud. Castanhas também são a base dos marrons (o
mais popular entre nós é o marrom-glacê)
e dos cremes de gianduia (em que impera
o gosto de chocolate).
Para os cozinheiros menos experientes, a
melhor notícia: não há segredos para a manipulação de castanhas: “É muito difícil errar
uma receita à base desses ingredientes. Eles
são resistentes às pequenas barbeiragens
dos iniciantes”, brinca Lenud.
O confeiteiro começou a trabalhar com
castanhas ainda na França, quando ingressou
em uma escola de pâtisserie. De lá, seguiu
para endereços glamurosos, como a confeitaria de Paul Bocuse, em Lyon, e a rede
de doces Delloyau, em Paris. Depois, teve
uma breve passagem pelo Rio de Janeiro.
Em seguida, foi transferido para Marrocos.
“Lá aprendi a apreciar ainda mais as frutas
secas”. Em 1997, voltou ao Brasil, dessa vez
para trabalhar para a rede de hotéis Sofitel,
em São Paulo.
Depois de casar-se com uma brasileira,
fez da cidade seu endereço definitivo, onde
fundou seu próprio negócio – a Douce France
–, em março de 2001. Seus planos agora incluem uma sorveteria tipicamente francesa
e uma padaria. Mas sem perder o foco nos
doces. “São minha grande paixão”.
Pâtisserie Douce France
É difícil errar uma receita à base de castanhas, garante o chef
Fabrice Lenud, da confeitaria Douce France
Al. Jaú, 554 | Jardins | São Paulo| Tel.: (11) 3262-3542
e Morumbi Shopping, área gourmet fashion
Brooklin Novo | São Paulo | Tel.: (11) 5189-4584
Massa básica
Ingredientes
280 gramas de açúcar de confeiteiro
160 gramas de farinha de amêndoas
130 gramas de claras de ovos
30 gramas de açúcar comum
Recheio de creme de manteiga
Ingredientes
200 gramas de clara
400 gramas de açúcar
600 gramas de manteiga, em
cubos
Modo de preparo
Peneire juntos o açúcar de confeiteiro e a farinha
de amêndoas. Bata as claras com açúcar até
obter um suspiro bem firme. Aos poucos, e com
delicadeza, incorpore a mistura peneirada. Coloque
uma folha de silpat sobre uma assadeira e ponhaa dentro de outra. Com um saco de confeitar e
bico liso médio, pingue a massa com distância
de 5 cm entre os macarrons. Leve imediatamente
ao forno pré-aquecido, com fogo moderado
(220ºC) durante 10 minutos.
Retire a assadeira de baixo e asse mais 5
minutos. Retire e deixe esfriar. Com espátula,
tire os macarrons da assadeira e recheie com o
creme. Os macarrons já recheados poderão ser
conservados no congelador por uma semana.
Rendimento: 60 unidades
Modo de preparo
Aqueça o açúcar em 150 ml de
água até atingir o ponto de bala.
Enquanto isso, bata as claras. Assim
que conseguir o ponto, acrescente a
calda de açúcar à batedeira e bata até
a mistura esfriar. Batendo sempre,
junte, aos poucos, os pedacinhos
de manteiga. Acrescente então o
sabor desejado:
Para pistache: 300 gramas do creme,
50 gramas de pasta de pistache.
Para avelã: 300 gramas do creme e
50 gramas de pasta de avelã.
Torta de nozes
Recheio
Ingredientes
4 ovos
200 gramas de açúcar
200 gramas de manteiga
300 gramas de nozes picadinhas
Modo de preparo
Misture bem os ovos e o açúcar.
Junte a manteiga, misture e reserve.
Massa Doce
Ingredientes
250 gramas de farinha de trigo
1 ovo
100 gramas de açúcar
100 gramas de manteiga
25 gramas de farinha de amêndoas
1 pitada de canela em pó
Modo de preparo
Misture a farinha de trigo e a manteiga
até obter uma farofa. Numa tigela,
misture muito bem o ovo ao açúcar e
à farinha de amêndoas. Junte as duas
misturas e a canela em pó e bata até
obter uma massa lisa e homogênea.
Reserve na geladeira até o uso.
Montagem
Abra a massa na forma, deixando
a espessura de 2 mm, e forre o
fundo. Cubra a massa com o recheio
reservado e, por cima, coloque as
nozes. Asse em forno médio por 30
minutos ou até que o recheio fique
firme e a massa levemente dourada.
Após esfriar, polvilhar com açúcar
de confeiteiro.
tendências
Mark Viker/GettyImages
24 | VidaBosch |
| Por Fernando Nakagawa
Nas pesquisas por combustíveis menos
poluentes que os derivados do petróleo,
especialistas apostam em álcool,
biodiesel e, principalmente, hidrogênio
U
Um substituto ao ouro negro
ma revolução está para acontecer bem à sua frente. Nas
próximas décadas, aquele motor que está a poucos metros do volante de seu carro vai ser substituído por outro, silencioso e limpo. Não será como nos “Jetsons”, onde carros
voam pelas aerovias, mas a mudança promete ser drástica.
Alguns passos na direção de veículos menos poluentes já
foram dados com a introdução de combustíveis renováveis,
como álcool e biodiesel. Mas há um trajeto importante a percorrer, em que, em vez de fazer a combustão, os carros serão
movidos pela eletricidade gerada por células de hidrogênio.
Sem poluição, sem barulho. Pesquisadores do mundo pisam
no acelerador para tentar tornar essa tecnologia viável comercialmente.
Pode-se identificar o início desse processo na crise do
petróleo dos anos 70, que abriu os olhos do mundo para algo que parecia muito distante: sem o combustível fóssil que
produz a gasolina, o nafta e o diesel, o planeta pára. Antes,
com os preços baixos e a rápida expansão da indústria automobilística no século 20, poucos se empenhavam em tentar
desenvolver novas tecnologias que pudessem substituir o
ouro negro. Nem mesmo a possibilidade de término das reservas mundiais de petróleo parecia preocupar.
Na época, o Brasil lançou, timidamente, um programa que
acabou se tornando referência mundial: o Proálcool. A iniciativa tinha como objetivo produzir um combustível a partir da
cana-de-açúcar para uso em automóveis. O tempo passou, o
álcool enfrentou crises, mas resistiu. E agora, na esteira do
Protocolo de Quioto e com a necessidade de reduzir a emissão
de poluentes, inúmeros países se voltam para a experiência
brasileira de produzir um combustível verde.
“Isso permitiu ao Brasil ter certa independência do petróleo, o que realmente acabou virando realidade com o surgimento dos bicombustíveis”, diz o diretor da Associação
Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA), Henry Joseph
Júnior. O consumidor percebeu isso. Atualmente, conforme
dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos
Automotores (Anfavea), 77% dos veículos novos vendidos
no Brasil têm a tecnologia flex fuel.
O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior, Luiz Fernando Furlan, tem destacado também um
outro ponto: a cultura da cana-de-açúcar, o processamento
e a fabricação do álcool são atividades com uso extensivo de
mão-de-obra, o que gera quantidade expressiva de novos empregos e que pode mudar a realidade de milhares de pessoas,
principalmente nos países em desenvolvimento.
26 | VidaBosch |
tendências
A experiência brasileira é considerada
o primeiro passo dessa revolução dos combustíveis. O uso de matéria-prima renovável
em motores a combustão é tido como uma
evolução ao modelo da gasolina, que imperou
por décadas. A evolução continua, e novas
tecnologias são agregadas pela indústria
automobilística em todo o planeta.
Mas não é preciso cruzar mares para
encontrar tais experiências. É possível encontrar novas tecnologias de ônibus, literalmente. Em São Bernardo do Campo, na
região do ABC paulista, uma empresa de
médio porte criou o primeiro ônibus brasileiro que opera com motor elétrico ou
com diesel. Os chamados veículos híbridos permitem que se trafegue com eletricidade – produzida por motor no próprio
ônibus, e não em redes como nos trólebus
– e/ou combustíveis tradicionais, como o
diesel ou biodiesel. Assim, em um túnel,
por exemplo, é possível rodar com poluição zero e baixo ruído. A Electra já vende
veículos para várias prefeituras do Brasil,
entre elas a de São Paulo.
tendências | VidaBosch | 27
“Isso mostra que já estamos entrando
em uma etapa intermediária, entre as tecnologias atuais e os motores que usarão
hidrogênio”, avalia o professor da Escola
Politécnica da Universidade de São Paulo
e pesquisador do Instituto de Pesquisas
Tecnológicas (IPT) Maurício Trielli. Na
Europa, Estados Unidos e Japão, algumas
montadoras já oferecem ao consumidor
final a possibilidade de comprar um carro
híbrido. Nesta etapa, também estão sendo
aperfeiçoadas tecnologias com os atuais
combustíveis.
Motor do futuro
Porém, a fase atual é apenas uma transição,
avaliam os especialistas. No futuro, carros
devem transitar com poluição zero e pouquíssimo barulho, graças a motores que
usarão o hidrogênio para produzir energia
elétrica. Esse motor do futuro é chamado
de célula combustível. Ela produz energia
a partir de uma reação eletroquímica entre
hidrogênio e oxigênio. Do escapamento,
sai apenas vapor e água.
Divulgação
Além não produzir poluentes,
motor a hidrogênio
também combate a poluição
sonora, pois é mais silencioso
Entre os pesquisadores, há dúvidas sobre
quando isso pode ocorrer. A maioria das
apostas prevê que os primeiros carros com
células podem ser produzidos em período
de 10 a 20 anos. “Acompanho esse tema há
cerca de 30 anos. Muita coisa foi melhorada,
mas ainda é preciso avançar”, diz Trielli.
Alguns especialistas defendem o uso do
hidrogênio como combustível primário,
como a gasolina e o álcool são atualmente.
Outros preferem a utilização de combustíveis tradicionais para produzir hidrogênio,
e a partir daí gerar energia elétrica.
Independentemente da tecnologia a ser
usada, um dos principais benefícios das células é que a eficiência do motor aumenta
drasticamente. O rendimento de um motor
é uma relação entre a energia que “entra”
– o combustível – e a que “sai” – a energia
Os combustíveis
à base de
petróleo, como
gasolina e
diesel, reinaram
durante todo
século 20; alta
do preço do
barril fez soar
o alarme e
incentivou
pesquisas por
alternativas
gerada, seja elétrica, mecânica ou térmica. O problema é que boa parte do potencial energético do combustível se perde na
forma de calor ou radiação. Nos motores
a combustão, o rendimento é de cerca de
25%; com hidrogênio, revelam alguns estudos, a eficiência atinge patamar mínimo
entre 50% e 60%. Assim, o “desperdício”
com a nova tecnologia seria reduzido de
maneira expressiva.
Outra vantagem amplamente conhecida é a diminuição dos níveis de poluição. A
emissão de gases pelas células é zero se o
combustível for o hidrogênio. Além disso,
esses motores são silenciosos, o que poderia reduzir a poluição sonora.
As montadoras já se preparam. Em meados do ano, a Volvo lançou o primeiro carro
pentacombustível do mundo: a perua de
luxo V70 foi apresentada em uma feira na
França e pode operar – anote para não esquecer – com gasolina, bioetanol (mistura
do etanol ou álcool com gasolina), gás natural, biometano (gás natural orgânico) e
o novo hitano (mistura de 10% de hidrogênio e 90% de metano). Na apresentação, os
técnicos da montadora afirmaram que os
testes mais eficientes foram exatamente
com a mistura que leva hidrogênio.
Com o desenvolvimento das células de
hidrogênio, parece até que o mundo científico ignora as demais tecnologias. Isso não é
verdade. Vira e mexe, ouve-se falar de pesquisadores que anunciam carros movidos
com pequenos reatores nucleares, vapor
ou até mesmo água. “Essas pesquisas existem, não podemos negar. Mas infelizmente
têm chance zero de se tornarem viáveis”,
avalia Trielli, da USP e do IPT.
A Bosch na sua vida
Fotos Arquivo Bosch
Dos laboratórios para as ruas
A pesquisa de tecnologia em combustíveis é tão importante
para a Bosch do Brasil que a empresa tem uma divisão cuja
principal função é essa: a Unidade de Sistemas a Gasolina – que,
apesar do nome, também trabalha com outros combustíveis.
Ela é fruto da criação, no início dos anos 80, de uma equipe
de especialistas em sistemas de injeção. “Ela foi criada já se
prevendo uma mudança na matriz de combustíveis, que exigiria
componentes diferenciados”, conta o chefe do Departamento
de Engenharia de Desenvolvimento, Marcelo Brandão.
Foi daí que surgiram algumas das principais inovações em combustíveis alternativos no Brasil. A Bosch, que, no embalo do Proálcool,
já fabricava peças para os automóveis movidos a álcool, fez em 1993
o primeiro sistema de injeção multiponto para um carro a álcool (o
Omega 2.0). Essa mesma unidade foi pioneira no desenvolvimento
do sistema que funciona com álcool e gasolina – o flex fuel, que
deflagrou o sucesso dos carros com motor flex no Brasil.
Mas não é só com álcool e gasolina que a Bosch do Brasil trabalha. A Unidade de Sistemas a Gasolina produz componentes
para carros movidos a gás natural veicular (GNV) e fabricou o
primeiro sistema trifuel, que opera com os três combustíveis para automóveis vendidos no Brasil: álcool, gasolina e GNV. O primeiro carro com esse mecanismo, o Chevrolet Astra Multipower,
lançado em setembro de 2004, usa sistema Bosch.O empenho
na pesquisa de componentes para motores com combustíveis
alternativos faz parte da filosofia da empresa no mundo todo. Na
Alemanha, a Bosch tem feito pesquisas com hidrogênio. Ainda
que em estágio embrionário, os estudos já mostram as vantagens
– e os desafios – dessa matéria-prima.
Entre os pontos positivos está o fato de ser versátil: pode ser usado
em motor a combustão ou elétrico. Além disso, pode ser obtido
de várias fontes, como gás natural, petróleo, água e até ar. Não
libera gás carbônico e, em motores elétricos, é mais eficiente
que a gasolina. Mas ainda há diversos problemas que precisam
ser superados, apontam as pesquisas da Bosch. Armazenar
hidrogênio é caro (ele precisa ficar em temperaturas muito baixas e sob pressão muito alta). O custo para obtê-lo de fontes
renováveis também é alto. Além disso, nenhum país tem hoje
estrutura de produção e abastecimento desse combustível. “É
algo para o médio prazo, no mínimo”, resume Brandão.
grandes obras
| Por Bernardo Calil
Divulgação Agenco
28 | VidaBosch |
A república
dos atletas
Vila para os competidores dos Jogos
Pan-americanos, no Rio de Janeiro, é
construída para abrigar desde
os grandalhões do basquete até os
esportistas com necessidades especiais
A
As obras da Vila
Pan-americana,
na Barra
da Tijuca:
17 prédios de
dez andares
para abrigar
5.500 atletas
de 42 países
ginasta mexicana ficará impressionada quando vir a altura das portas de seu apartamento. O jogador de basquete
canadense vai sorrir. O venezuelano com sua cadeira de rodas
vai agradecer pelos centímetros a mais de largura. Quando os
cerca de 5.500 atletas, de 42 países, desembarcarem na Vila PanAmericana, construída para os Jogos do Rio de Janeiro, em 2007,
descobrirão que o espaço foi feito sob medida para eles – para
todas as necessidades e tamanhos.
Localizada na Barra da Tijuca, bairro nobre carioca para onde se direciona o crescimento da cidade, a Vila do Pan é uma das
principais obras para os Jogos Pan-americanos, conhecidos como a Olimpíada das Américas, a serem realizados de 13 a 29 de
julho de 2007. O Brasil será sede pela segunda oportunidade.
Desde 1951, e de quatro em quatro anos, o Pan reúne disputas
de diversas modalidades esportivas em uma cidade de uma das
três regiões do continente. Em 1963, foi São Paulo. Depois de 44
anos, o Rio receberá mais de três vezes o número de atletas da
década de 60, provenientes de cerca de o dobro de países participantes naquela ocasião.
A responsabilidade aumenta na mesma proporção. É o primeiro projeto desse molde na história do país, e segue os padrões
do Comitê Olímpico Internacional (COI) e das vilas olímpicas
mais bem-sucedidas ao redor do mundo – ainda que tenha apenas metade da capacidade destas.
Para satisfazer os hóspedes, 17 prédios de dez andares de apartamentos, mais a portaria, o subsolo e um andar de serviços, estão
dispostos num terreno de 420 mil m2, com cerca de 90 mil m2 de
área verde, divididos em dois grandes parques. No parque América do Sul, estão os prédios com imóveis de três e quatro suítes,
totalizando sete construções. No América do Norte, unidades de
30 | VidaBosch |
grandes obras | VidaBosch | 31
grandes obras
Estrutura de lazer para os atletas
vai incluir piscina, discoteca,
salas de computador, restaurante
e serviços médicos
uma ou duas suítes, totalizando dez construções. São 1.480 apartamentos ao todo. O
prédio fica dentro do raio de 10 quilômetros
que abrigará 60% das competições.
Desde as Olimpíadas de Barcelona, em
1992, uma vila olímpica ou vila pan-americana não tinha construções com mais de
quatro andares. Nos próximos Jogos Olímpicos, entretanto, o formato em Pequim
será semelhante ao escolhido no Rio.
O projeto inclui ainda medidas de proteção ao meio ambiente, como uma estação de tratamento de esgoto. Também
haverá captação de energia solar, mas o
índice de utilização não chega nem perto
da experiência da Vila Olímpica de Sydney,
em 2000. Naquela oportunidade, 100% da
energia usada era deste tipo. No Rio, não
chegará a 20%.
Todo o estacionamento é subterrâneo.
O complexo contará ainda com lagos artificiais, pomar, pista de cooper, ciclovia
externa de 3 quilômetros e piscinas.
Depois dos atletas, moradores
Orçada inicialmente em R$ 209 milhões,
dos quais R$ 198 milhões financiados pela
Caixa Econômica Federal, a Vila do Pan será
uma antes e outra depois das competições.
Desde o lançamento da pedra fundamental,
em outubro de 2003, passando pelo início
das obras, em novembro de 2004, e até a
entrega total, em fevereiro de 2007 – dois
meses depois do previsto inicialmente –, o
foco tem sido e será a recepção dos atletas.
Os moradores temporários da Vila terão
até 48 horas depois do término das competições para deixar o local.
Após os Jogos Pan-americanos, haverá ainda os Parapan-americanos, com
duração de uma semana e término em 19
de agosto de 2007. Depois disso, o projeto receberá algumas modificações para
transformar-se num bairro residencial e
ser usado por moradores de fato, a partir
de finais de 2008.
A estrutura inicial está sendo construída para os esportistas, de modo que portas e camas, por exemplo, possam servir
comodamente mesmo aos grandalhões do
basquete. Os apartamentos dos atletas não
terão telefone – benefício oferecido apenas
aos delegados das equipes. Cada bloco terá um espaço com dez computadores com
acesso à internet. O Brasil terá direito a três
blocos – um deles será ocupado por homens,
outro por mulheres, e o terceiro será misto,
dividido com outra delegação.
Para os atletas do Parapan, serão destinados 120 apartamentos projetados para atender a suas necessidades. Onde nos
quartos convencionais é a cozinha, nesses
apartamentos ficará o banheiro, para que
Fotos Arquivo Bosch
A Bosch na sua vida
Serra pra toda obra
A meta de concluir em tempo hábil a estrutura planejada para os Jogos Pan-americanos
de 2007 exige que os profissionais envolvidos na obra trabalhem em ritmo acelerado.
A agilidade, no entanto, depende em boa parte dos equipamentos usados.
Entre as ferramentas escolhidas para garantir qualidade e rapidez no acabamento
dos complexos esportivos e da Vila do Pan estão duas fabricadas pela Bosch: a Serra
Mármore GDC 14-40 (ao lado) e a Serra Circular 7 (abaixo). As duas se diferenciam
no mercado pela relação potência e peso e por recursos como ajuste para corte inclinado e mecanismos de proteção do usuário.
A Serra Mármore é voltada principalmente para uso em marmorarias e vidraçarias ou
para profissionais liberais que atuam como pedreiros, azulejistas, encanadores e eletricistas. Ela faz cortes de até 40 milímetros de profundidade com o disco circular, o
que facilita o trabalho de quem precisa passar tubulações ou fiação elétrica pela parede. O equipamento é o mais leve e eficiente do mercado (2,6 quilos e 1.400 watts
de potência), o que permite cortes mais rápidos. Seu sistema de ajuste possibilita a
realização de cortes em ângulos de até 45 graus.
A Serra Circular é mais recomendada a profissionais que trabalham com madeira.
Sua principal vantagem é permitir cortes mais precisos, já que possui um design que
facilita a visualização do disco — com marcas para orientar a direção do corte — e uma
empunhadeira auxiliar que garante mais firmeza ao usuário. O equipamento tem uma
saída para extração de poeira, que ajuda a reduzir o volume de detritos durante o uso.
Além disso, a máquina traz como opcional um adaptador para aspirador de pó.
Com 1.450 watts de potência e 4 quilos, a serra é capaz de realizar cortes de até 66
milímetros de profundidade na posição vertical e de até 51 milímetros a 45 graus.
seja maior e de acesso mais fácil. A entrada dos quartos é 10 centímetros maior. Os
elevadores também terão portas maiores
e haverá comunicação em braile, além de
sonorização e rampas de acesso, atendendo
às exigências de órgãos internacionais.
O complexo terá ainda infra-estrutura
de segurança e de serviços médicos. Além
disso, os competidores terão à sua disposição um restaurante com capacidade para
atender a até 4 mil pessoas simultaneamente.
A Vila receberá até 8 mil pessoas durante
o período dos Jogos, que poderão usufruir
também de uma discoteca. Os técnicos já
se preparam para os puxões de orelha nos
baladeiros de plantão.
Após o fim do evento, quando os atletas
saírem, os apartamentos terão modificações
na estrutura e na decoração, para receber
os moradores definitivos. Mais de 90% dos
apartamentos já estão vendidos. Está prevista a construção de um centro esportivo
após o Pan, junto à Vila, com três quadras
de tênis, duas quadras polivalentes, duas
quadras de vôlei de praia, campo de futebol
e pista de corrida para os moradores.
A construtora AGENCO, responsável pelo
empreendimento, recebeu cerca de R$ 25
milhões de aluguel do Comitê Organizador
do Pan (CO-Rio). O valor vem sendo investigado pelo Tribunal de Contas da União
(TCU), já que pode estar até R$ 11 milhões
acima do valor de mercado.
Ilustrações divulgação
Depois das competições, a Vila Pan-americana, na Barra da Tijuca, vai virar um bairro
residencial; mais de 90% dos 1.480 apartamentos já estão vendidos
Reta final
Já na reta final da construção, as obras das
fundações, a parte estrutural e a alvenaria
estão concluídas. As instalações elétricas e
o acabamento ficam prontos em dezembro,
quando os responsáveis pelo urbanismo e
paisagismo esperam ter mais da metade
do trabalho feito. Restará então finalizar
a decoração, o Habite-se e a entrega, em
fevereiro.
A construção chegou a ter 2.500 operários trabalhando simultaneamente, mas o
número diminuiu no segundo semestre. O
único acidente mais grave registrado até
meados do segundo semestre foi o atropelamento seguido de morte de um funcionário que chegava para trabalhar de
manhã. Após uma manifestação, a Prefeitura viabilizou uma passarela e deslocou
profissionais para cuidar do trânsito, que
se torna caótico nas horas de rush.
Como uma das obras mais adiantadas
de todo o planejamento para o Pan-americano, a Vila do Pan vem recebendo elogios
em todas as vistorias, dos mais diversos
profissionais envolvidos nas obras e nas
competições. Tornou-se a menina dos olhos
da organização, que faz questão de compará-la à última experiência, em 2003, no
Pan de Santo Domingo (República Domini-
cana). Na oportunidade, os atletas chegaram e os canteiros de obras ainda estavam
a pleno vapor.
Desta vez, promete o Comitê Olímpico
Brasileiro, a obra será entregue com cinco meses de antecedência, plantando a
semente para o sonho de organizar uma
Olimpíada. A ginasta mexicana, o jogador
de basquete canadense, o venezuelano
com sua cadeira de rodas e os brasileiros
agradecem.
brasil cresce
Gary Randall/Getty Images
32 | VidaBosch |
| Por Maria Finetto
amigo
Tudo pelo melhor
Donos aumentam os gastos, e
mercado de produtos para cães e
gatos salta 20% ao ano no Brasil
Cada brasileiro
gasta, em
média, R$ 380
por ano com
animais de
estimação.
País tem 29,7
milhões de
cães e
14 milhões
de gatos
34 | VidaBosch |
brasil cresce | VidaBosch | 35
brasil cresce
Marcelo Enderle/Getty Images
População
brasileira de
animais de
estimação é a
segunda maior do
mundo, só inferior
à dos Estados
Unidos
N
ão é difícil encontrar animais de estimação que tenham hábitos de grãfino: caminhadas pela manhã, banho com
óleos relaxantes, uso de óculos escuros,
almoço light (como ração elaborada à base
de salmão). Com mais ou menos mordomias, eles são parte dos 29,7 milhões de
cães e 14 milhões de gatos do Brasil, uma
população responsável por fazer o mercado pet no país crescer, em média, 20%
ao ano desde 1995.
São bilhões gastos por ano com os bichinhos de estimação, que se alimentam, usam
acessórios, cuidam da saúde e se servem
de outros serviços. Cada brasileiro gasta,
em média, R$ 380 por ano com animais do-
mésticos, segundo cálculos da Associação
Brasileira do Mercado Animal (ABMA). A
população de pets no país é a segunda maior
do mundo, só inferior à dos Estados Unidos.
Esses e outros números constam de estudo
realizado pelo consultor Sergio Diniz, do
escritório paulista do Serviço Brasileiro
de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
(Sebrae).
A pesquisa mostra, com dados, o crescimento e a diversificação que há muito são
perceptíveis nas prateleiras das lojas do
ramo ou dos supermercados. Diniz aponta
que o carro-chefe do mercado pet é a ração
para animais domésticos. É o que engorda o
setor: nada menos que 51% do faturamento
Mercado pet ampliou-se
e diversificou-se
no Brasil: inclui brinquedos,
coleiras, almofadas, roupas,
perfumes, óculos escuros,
rações especiais, chocolates,
refrigerantes...
bruto vêm da pet food. As principais redes
de varejo perceberam o grande filão desse
mercado e dispõem em suas prateleiras de
uma grande variedade de produtos. A ração
já divide espaço no carrinho de compras.
O hábito de dar restos de comida é cada
vez mais coisa do passado.
Duvida? O Brasil é o segundo maior produtor mundial de pet food. Só fica atrás dos
Estados Unidos. Em 2005, o país produziu
1,562 milhão de toneladas de alimentos para
cães e gatos, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Alimentação para
Animais de Estimação (Anfal Pet). Isso corresponde a um faturamento de US$ 1,886
bilhão, com uma projeção de crescimento
de mais de 8% este ano. Parece muito? Apenas 37% consomem rações industrializadas:
24% dos cães e 6,4% dos gatos, percentuais
muito abaixo do de países europeus, como
o Reino Unido, onde 60% dos animais de
estimação consomem rações, e da França,
onde o percentual chega a 80%.
Os fabricantes de ração acreditam que
o mercado brasileiro pode ir muito além
dos resultados conquistados. A estimativa
é que somente cães e gatos têm potencial
para consumir 3,63 milhões de toneladas
por ano e gerar um faturamento de quase
US$ 4,3 bilhões. As empresas trabalham com
ociosidade (de 50% da capacidade instalada) e empregam em torno de 30 mil pessoas. A rede é formada por 120 fábricas de
pequeno, médio e grande porte, além de
milhares pontos de vendas especializados
em produtos para animais, como clínicas
veterinárias, pet shops, agropecuárias e
franquias com serviços, inclusive em shopping centers.
Essas lojas, claro, não comercializam
apenas ração. Há acessórios (brinquedos,
casas, coleiras, almofadas, roupas) – que
respondem por 4% das vendas do setor – e
supérfluos (perfumes, chocolates, refrigerantes...), além de serviços como banho,
tosa, canis, hotéis para animais e atendimento clínico.
Um setor também importante é o de medicamentos – que representa 4% do setor.
O faturamento foi de R$ 2,12 bilhões em
2005. Desse total, cerca de 10% referemse aos produtos de saúde (especialmente
vacinas e produtos farmacêuticos) para
animais de companhia, segundo o Sindicato
Nacional de Produtos para Saúde Animal
(Sindan). E o ritmo de crescimento é baixo no Brasil se comparado ao dos demais
segmentos e aos demais países onde esse
mercado se destaca. Caso dos EUA, onde
o chamado companion animal representa
cerca de 40% do setor.
Esses números todos, destaca o consultor Sergio Diniz, são uma evidência de que
a proximidade entre o dono e seu bicho
de estimação traz benefícios não só para
a sociedade, mas também para as empresas da cadeia, para os veterinários e outros
profissionais atuantes no setor. “As pessoas
que adquirem um animal para resolver um
problema, seja afetivo, de segurança, de
solidão, precisam ser conscientizadas que
têm de estar bem relacionadas com o animal. Quando estão cientes disso, da posse responsável, passam a cuidar mais do
animal, o consumo de produtos e serviços
aumenta”, resume.
A Bosch na sua vida
Rachel Guedes
Alimento saudável e saboroso
Está com os dias contatos o tempo
em que a comida dos cães e gatos é
as sobras dos donos. Os produtos
para animais de estimação tornaram-se tão sofisticados que há petiscos como salgadinhos, biscoitos
e até panetones especiais, para os
cachorros fãs das guloseimas natalinas. Apesar de toda essa variedade,
é preciso tomar cuidado para não
causar estrago à saúde dos animais.
O exagero pode trazer problemas
como a obesidade, por exemplo.
Por isso, o ideal é oferecer rações
industrializadas que, além de serem
práticas para os donos, são balanceadas em cálcio, fibras, fósforo e
sais minerais. A qualidade e o sabor
desses alimentos são essenciais para que os animais gostem deles e,
para garantir essa característica, é
preciso que as embalagens sejam
seguras.
A Bosch faz máquinas de embalagens para o setor que contam com um
sistema que garante essa segurança,
como a SVB 2510 AT (Twin). Elas
formam o invólucro, transportam e
dosam o produto, seguindo as normas
para manuseio de alimentos vigentes
no Brasil. O pacote recebe ração e é
imediatamente fechado, o que evita contaminação com o ambiente. A
SVB 2510 AT embala 140 pacotes
por minuto.
36 | VidaBosch |
brasil cresce | VidaBosch | 37
brasil cresce
Fotos Rachel Guedes
Gisele Bündchen das felinas
Um ícone desse mercado é a gata Nikole
Secchi Mickaylowski, a Gisele Bündchen
das felinas. Os mimos que recebe incluem
banhos de ofurô, corretivos para os olhos
e musses perfumados. Filha de um macho
persa pet branco e mãe SRD (sem raça definida, um jeito chique de dizer vira-lata),
Nikole é a fotografia da sofisticação do mercado fashion pet. Não sai sem a sua tiara e
seu protetor para unhas. Freqüenta spas,
sessões de acupuntura e outras mordomias que confirmam a forte tendência de
humanização dos animais.
“Nikole é cat model de uma linha de produtos criada exclusivamente para respeitar
as características dos gatos”, conta Cecy
Passos, que, além de ser dona da gata, é
gerente de relacionamentos, criadora, consultora e professora de estética para gatos
de duas empresas: a Pet Society (cosmética) e a Dal Pet (nutrição).
Cecy conheceu Nikole numa viagem à
casa da sua avó, em Franca (SP). Enfrentava
uma forte depressão após deixar o cargo
Cão ou gato pode ser bom amigo,
mas não deve substituir
relação humana, adverte a
psicóloga clínica Denise Gimenez
Ramos, da PUC-SP
A gata Nikole
Mickaylowski
no colo
da dona,
Cecy Passos
(página ao lado)
e fazendo
pose
(à direita):
a Gisele
Bündchen
das felinas
de executiva na área de telecomunicações.
Não gostava de gato, mas Nikole grudou na
sua perna e, uma semana depois, estava em
sua casa. “Levava-a para passear e fiquei
conhecida como a mulher da gata. Nikole
chamava muita atenção e com o tempo passou a ser convidada como garota propaganda. Hoje é presença marcante em eventos
sociais, desfiles, feiras e congressos”.
Cecy não revela quanto a modelo fatura, mas garante “que a renda equivale ao
salário de um executivo”. Nikole é garota
propaganda de uma linha exclusiva de nutrição, de higiene e, mais recentemente, de
uma linha de granulados. Foi eleita dois
anos consecutivos a segunda melhor gata
doméstica do Clube Brasileiro do Gato. “Ela
só não ficou com o primeiro lugar porque
não é 100% pura”, justifica Cecy. Sua agenda é cheia. Tem blog, perfil no Orkut, site, e
ainda acompanha Cecy nas palestras que faz
por todo o Brasil. “Com a Nikole descobri
um nicho de mercado fantástico”.
Apoio afetivo
Mas como explicar tamanho amor a bichinhos? Redução do número de filhos nas famílias, falta de segurança, envelhecimento da
população e, especialmente, maior carência
afetiva das pessoas, que vivem ilhadas em si
mesmas, nos centros urbanos. Para Denise
Gimenez Ramos, psicóloga clínica e professora da PUC-SP, o aumento de animais de
estimação nos lares brasileiros é reflexo da
cisão das famílias – que antes eram maiores,
com irmãos, primos, tios. Reduzidas, elas
já não atendem às necessidades de apoio e
carinho. Não por acaso, aponta, a solidão é
a maior causadora da depressão do século
21. Com o que a psicóloga chama de “menos
recursos afetivos”, muitas pessoas buscam
animais de estimação para preencher o vazio dos familiares.
Os animais de estimação, segundo ela,
são bons amigos, estáveis, apaziguadores
e companheiros. Podem ser mediadores
de terapias com crianças, jovens, adultos
e idosos. Mas, ressalva Denise, eles não
contestam e nem ajudam no crescimento
pessoal como um amigo, por exemplo. A
psicóloga também chama a atenção para
os casos em que animais são tratados como
filhos. “Não é saudável”, adverte.
A Bosch na sua vida
Arquivo Bosch
Arranhar os tapetes, nunca mais
Quando o cão e o gato são novinhos, é comum que eles raspem
as unhas nos tapetes e pisos para
lixá-las — é uma forma de o animal
manter as unhas aparadas e evitar
que elas encravem ou o machuquem
na hora em que ele for se coçar. Ainda assim, as unhas dos cachorros
e gatos devem receber cuidados
periodicamente. Cortá-las é trabalhoso e requer atenção redobrada
para não ferir os bichinhos – a região possui vasos sanguíneos que,
ao serem rompidos, causam dor e
sangramento. Uma forma de evitar
o sofrimento do animal é lixá-las
de forma rápida com a ferramenta Dremel Alcalina 6 V, da Dremel,
marca do Grupo Bosch. A microrretífica é leve (300 gramas) e tem
formato ergonômico, o que facilita
a precisão dos movimentos. Ela não
é movida a eletricidade, e por isso
evita o perigo de choques ou acidentes com o fio. Além disso, vem
acompanhada de um kit com cinco
acessórios (disco de feltro, suporte
para lixa, ponta para desbastagem,
haste adaptadora e tubo de lixa)
e outros 150 opcionais, úteis para consertos da casa e atividades
artesanais, como o polimento de
superfícies e gravação em vidros,
madeira e cerâmica.
38 | VidaBosch |
atitude cidadã
| Por Marília Juste e Ricardo Meirelles
Carlos Terrana/kino.com.br
Jefferson Rudy
Consumo consciente e
responsabilidade social
impulsionam
venda de produtos
indígenas no Brasil
N
Das aldeias para o mercado
o imaginário popular, a palavra “índio” quase sempre remete a um grupo
de pessoas que vivem com pouca roupa em
algum lugar longínquo e que, quando muito, têm contato só com seringueiro, madeireiro e garimpeiro. Trata-se, claro, de uma
simplificação. Primeiro, porque há várias
comunidades indígenas próximas de grandes centros urbanos – como Belo Horizonte
e São Paulo. Além disso, os indígenas têm
tido contato cada vez mais freqüente com
empresas, o que acaba trazendo uma parte maior de sua cultura para o consumidor
das metrópoles.
Que a cultura brasileira tem forte influência indígena é indiscutível. As raízes se manifestam na conversa do dia-a-dia (“abacaxi”, “amendoim”, “jacaré”, “xará”, “pipoca”,
“carioca” – todas são derivadas do tupi), nos
hábitos alimentares (mandioca, palmito, guaraná, moquecas) e até na rede da varanda
(sim, dormir em rede é um delicioso costume
herdado das tribos brasileiras).
A essas práticas já arraigadas no cotidiano brasileiro juntou-se uma tendência
de difusão de produtos indígenas – e da
imagem indígena – em diversos ramos. Não
é difícil encontrar em lojas e supermerca-
dos mercadorias produzidas por índios ou
inspiradas em sua cultura. A pesquisadora Rosely Risuenho Viana, da Universidade Federal do Pará, destaca a presença de
elementos indígenas em itens especiais de
culinária, artesanato e, principalmente,
produtos de beleza.
“Se a expansão da indústria turística, particularmente no segmento de ecoturismo,
tem sido uma das principais motivações da
vontade de desvendar a Amazônia, podemos
afirmar que a versatilidade da indústria da
beleza (em especial cosméticos, perfumaria e higiene pessoal) é responsável pelo
despertar de valores cada vez mais eufóricos ligados às essências ou ativos extraídos da região”, afirma ela em um trabalho
sobre o tema.
“No momento, temos os índios kayapó,
no sudoeste do Pará, que estão produzindo
óleo de castanha para uma grande empresa
produtora de cosméticos. No Amazonas,
temos também os sateré-mawé – que são
a tribo de origem do guaraná, a planta faz
parte da lenda que conta o surgimento do
povo –, que formaram uma parceria com
uma empresa de Manaus para distribuir
guaraná, mel e óleo de andiroba”, conta Luiz
Villares, gerente-geral do projeto Balcão
de Negócios Sustentáveis da organização
não-governamental Amigos da Terra. Segundo ele, essa tendência tende a crescer.
“De fato, são poucas as iniciativas firmadas que temos que ocorrem dessa maneira. Mas são ações importantes, que estão
abrindo novos caminhos. O potencial de
crescimento é imenso”, diz.
Esse movimento começou a tomar corpo
no final da década de 80, avalia Rosely, na
esteira das idéias sobre desenvolvimento
sustentável. Na década passada, empresas
e consumidores passaram a procurar mais
produtos com certificado ambiental – uma
prática que ganhou adeptos na Europa,
nos Estados Unidos e, mais recentemente, no Brasil.
Múltiplos benefícios
Para as empresas, o trabalho pode trazer
uma vantagem financeira. Empresas que
comercializam produtos indígenas vendem
uma mercadoria diferenciada, atraente para
o consumidor. Com isso, levam renda para
as tribos e para si própria. E há o retorno em
imagem. “Uma empresa com um trabalho
do tipo é vista pela sociedade como uma
40 | VidaBosch |
atitude cidadã
atitude cidadã | VidaBosch | 41
José Medeiros
Disseminação de produtos
indígenas tornou familiares palavras
que antes eram vistas com
estranheza, como priprioca,
andiroba, murumuru, breu-branco,
cupuaçu e copaíba
companhia séria e responsável socialmente”, diz Villares.
Há um interesse especial, avalia Rosely,
por “matéria-prima natural da Amazônia”.
“Nomes de frutos, cascas e plantas (priprioca, andiroba, murumuru, breu-branco,
cupuaçu, copaíba) da região, antes considerados no mínimo impronunciáveis, tornaram-se repentinamente tão familiares que
desconhecê-los é atualmente quase uma
gafe na cena mais atuante da indústria da
beleza”, escreve ela.
Um dos destaques nesse ramo é a Natura,
que mantém contato com comunidades que
fornecem “ativos da biodiversidade brasileira para a preparação dos insumos cosméticos”, segundo a definição da empresa.
A linha Ekos, por exemplo, traz produtos
provindos dessas comunidades. “Desde as
primeiras campanhas nas quais os produtos
são retratados em meio à paisagem natural
(configurações geofísicas ou botânicas produzidas pela ação da natureza) e humana
(a presença e modos de vida dos ‘povos da
floresta’ em sintonia ‘perfeita’ com a natureza), até a aposta atual de expor os produtos
entre índices já culturalizados (cestos, pa-
lhas e outros artefatos artesanais), as peças
publicitárias da linha Natura Ekos tornaram
a Amazônia um fenômeno contemporâneo
de consumo”, avalia Rosely.
O apelo amazônico também aparece em
um setor bem diferente, a cestaria. Na rede
de lojas Tok&Stok, é possível encontrar cestos feitos pelos índios baniwa em aldeias na
região do rio Negro. Chamada de Urutu, a
linha de produtos é feita a partir da arumã,
um tipo de palmeira. O trabalho de confecção
é tradicionalmente de responsabilidade dos
homens e inclui grafismos que fazem parte
de uma tradição milenar da tribo.
O projeto Arte Baniwa foi impulsionado
pela Organização Indígena da Bacia do Içana,
pela Federação das Organizações Indígenas
do Rio Negro e pelo Instituto Sócio-Ambiental.
O objetivo é valorizar o patrimônio cultural,
estimular a reciclagem e a disseminação
dessa tradição milenar, identificar nichos
de mercado compatíveis com a capacidade de produção das comunidades e gerar
renda para os indígenas.
Essas cestarias também podem ser encontradas em lojas do Grupo Pão de Açúcar. A empresa tem um programa chamado
Caras do Brasil, que envolve comunidades
tradicionais, não apenas indígenas, de todo
o país. O Pão de Açúcar compra produtos
dessas comunidades, em quantidades estabelecidas por elas próprias, e vende em uma
área especial de suas lojas. Todo o dinheiro
é usado para cobrir os gastos da iniciativa
e pagar os fornecedores. O supermercado
afirma que não lucra com essa ação.
Fazem parte do projeto, por exemplo, bebidas, enlatados, doces, farináceos, açúcar,
condimentos, biscoitos, mel, produtos de
higiene pessoal, utensílios para casa e cozinha, artigos de decoração e têxteis. Um dos
produtos que já estiveram nessas prateleiras
especiais é um mel orgânico produzido por
tribos do Parque Indígena do Xingu.
Divulgação
Vantagens
O consumidor sai ganhando com essa proximidade maior com produtos indígenas.
Mas os índios também. “Uma ação desse
tipo [parcerias com empresas] muda completamente a vida de um grupo indígena.
Leva dinheiro onde antes só havia miséria”,
diz Villares, do projeto Balcão de Negócios
Sustentáveis.
O principal interesse das tribos nesse tipo de parceria é financeiro. “O governo não
tem dado conta de oferecer uma qualidade
de vida mínima para esses povos”, afirma
Villares. “A maioria dos índios do Brasil vive na miséria, sobrevivendo da venda de
pequenos artesanatos”.
Trabalhar com as tribos, portanto, não
é apenas uma questão interessante economicamente para as empresas. Incentivando
as parcerias, elas geram renda nas comunidades, tiram as pessoas da miséria e evitam
a destruição do meio ambiente.
Fotos Divulgação
Consumo
consciente
beneficia
quem compra,
porque
adquire um
produto
diferenciado,
mas também
as tribos,
que usam
a produção
para
ajudar na
subsistência
A Bosch na sua vida
Brincadeira de índio
A política social da Bosch é baseada em
três pilares: educação, meio ambiente e incentivo à cultura. Para comemorar seus 50
anos no país, em 2004, a empresa decidiu
combinar esses elementos e patrocinar o
projeto Jogos Indígenas do Brasil. A iniciativa foi executada pela Origem Jogos e
Objetos, uma fabricante de produtos artesanais, e abrangeu visitas a diversas aldeias
brasileiras para registrar as brincadeiras
tradicionais praticadas pelos índios e divulgar o material coletado.
O levantamento foi feito de outubro de 2003
a janeiro de 2004. Nesse período, uma equipe percorreu cinco Estados brasileiros para
visitar oito aldeias indígenas das etnias guarani (no litoral sul de São Paulo); camaiurá,
bororo e pareci (no Mato Grosso); canela
(no Maranhão); ticuna e maioruna (no Amazonas); e manchineri (no Acre). Para o desenvolvimento das técnicas de pesquisa de
campo e a análise dos resultados, a iniciativa teve o auxílio do especialista em jogos
Alex de Voogt, professor da Universidade
de Leiden (Holanda), e de Irving Finkel, do
Museu Britânico.
Foram observados 40 jogos, brincadeiras e
brinquedos, um “universo lúdico nunca antes
registrado”, afirma o coordenador do projeto,
Maurício Lima. Entre eles, petecas feitas de
palha e penas, bonecas de cabaça, jogos
de estratégia e de aposta em que são feitas
trocas de mercadorias ou comidas, boliche,
pião, quebra-cabeça, bilboquê, dobraduras,
gude com bolas de barro e dramatizações
de lutas entre animais (alguns desses jogos
aparecem nas fotos que ilustram essa reportagem). “Essa pesquisa preenche uma
lacuna no conhecimento da história das civilizações que existiam no Brasil antes da
chegada dos portugueses. Felizmente, conseguimos registrar uma parcela. Mas cabe
lembrar ainda que existe uma tendência
mundial de desaparecimento dessas atividades”, diz o coordenador.
Uma das maiores surpresas para os pesquisadores foi a descoberta da prática de uma
atividade chamada Jogo da Onça, similar ao
xadrez e à dama. A brincadeira é disseminada entre os povos indígenas e pode indicar o
contato dos nativos brasileiros com o povo
inca, já que há registros da existência de um
jogo parecido em regiões do Peru e do Equador em um dicionário do século 16.
O material foi entregue ao Ministério da
Educação, que o encaminhou a escolas
públicas. Foram distribuídos 20 mil kits
didáticos – com um livro, um jogo e um
guia explicativo para os professores – e 500
cópias de um documentário que registra a
experiência. O objetivo é usá-los com alunos
de 3ª a 6ª séries do ensino fundamental
para abordar temas como meio ambiente,
diversidade cultural, cidadania, história e
geografia.
“O projeto não buscou apenas o resgate
histórico da cultura indígena, mas também
teve uma aplicação pedagógica importante”,
conta o gerente de Relações Corporativas
da Bosch, Carlos Abdalla. “O patrocínio vem
para reconhecer a importância de resgatar
o universo lúdico dos índios e permitir que
os resultados desse levantamento sejam
estendidos como forma de preservação da
cultura nacional”, diz.
42 | VidaBosch |
aquilo deu nisso
| Por Manuel Alves Filho
Estudantes usam roda de
bicicleta, motor de roçadeira e
massa epóxi para construir carros
que fazem até 600 quilômetros
com um litro de gasolina
Para gastar quase nada,
vale tudo
Divulgação
O
Os minicarros
desenvolvidos
pelos estudantes:
prova estimula
futuros engenheiros
a pesquisar
modelos mais
econômicos
s mais jovens possivelmente não assistiram ao seriado de televisão “MacGyver”, exibido pela Rede
Globo entre as décadas de 80 e 90. A produção contava
as aventuras de um agente secreto com características
especiais. Ao contrário de seus colegas, o personagem
que dava título à série não usava armas, mas conhecimentos científicos objetos e substâncias prosaicas em
recursos de alta tecnologia para livrá-lo dos mais graves apuros. Estudantes de 12 universidades brasileiras
exercitaram a sua porção MacGyver em um evento que
os estimulou a construir protótipos que primassem pela
economia de combustível. Eles não pouparam a criatividade. Usaram desde rodas de bicicleta até pedaço de
lona, passando pela resina epóxi. Os resultados foram
surpreendentes.
O objetivo central da competição – chamada 3ª Maratona de Eficiência Energética, supervisionada pela Confederação Brasileira de Automobilismo e patrocinada pela
Bosch – foi estimular os futuros engenheiros e projetistas
a desenvolver conceitos e tecnologias que concorressem
para a redução do consumo de combustível. O desafio
exigiu uma alta dose de inventividade por parte dos competidores. Afinal, não bastava que os carros, movidos a
gasolina e eletricidade (estes, com motores cedidos pela
Bosch), fossem econômicos. Eles também precisavam
apresentar leveza e resistência, visto que teriam de suportar o percurso da prova e o peso dos motoristas. Na
maioria dos casos, essas características foram asseguradas graças à substituição de peças e equipamentos
convencionais por materiais alternativos.
Um exemplo nesse sentido foi o carro concebido pelo
grupo da Universidade Estadual de Minas Gerais. Batizado de Sabiá 5 Bis, o protótipo tinha um ar futurista.
Ao contrário dos automóveis que circulam pelas vias
brasileiras, a estrutura do veículo foi confeccionada em
aço tubular. No lugar de chapas de aço, a carenagem era
composta por lâminas de alumínio com apenas 0,5 milímetro de espessura. “Optamos por essa solução porque
ela deixa o carro mais resistente, leve e bonito”, explicou
Matheus Andrade, um dos membros da equipe formada
por outros 12 alunos e dois professores.
aquilo deu nisso | VidaBosch | 45
aquilo deu nisso
Fotos Neldo Cantanti/Unicamp
O protótipo
desenvolvido
pelos alunos da
Unicamp: por
fora, fibra de
vidro e carbono;
por dentro,
motor de
roçadeira
adaptado.
No caso do Sabiá 5 Bis, o conceito de eficiência energética foi até mais amplo do que
o proposto pela maratona. “Consideramos
a economia de combustível importante,
mas acreditamos que ela deve vir acompanhada de outras propostas que ajudem
a reduzir o consumo energético. Por isso,
tivemos a preocupação de construir o carro
com materiais recicláveis. Ou seja, todas
as peças do veículo podem ser reaproveitadas”, destacou o estudante.
Da pia para o carro
A Fundação Educacional Inaciana (FEI)
participou do evento com três protótipos,
sendo dois movidos a gasolina e um a eletricidade. Um deles, batizado de FEI X-16,
foi construído segundo o conceito de monobloco, o que faz com que até o banco do
motorista integre a estrutura do veículo.
Para tornar o carro mais leve (cerca de 40
quilos), os estudantes o produziram em
resina epóxi, a mesma usada para vedar o
cano furado da pia da cozinha. Depois, reforçaram a “carcaça” com fibras de carbono
e de vidro. Outro, denominado FEI X-18,
teve os sistemas de direção e transmissão
montados com componentes fabricados
em alumínio aeronáutico.
O time da Universidade de Design Mauá
também inscreveu três protótipos na ma-
uso de uma bateria de 12 volts e 6 ampérehora, fornecida igualmente para todos os
concorrentes pela organização da prova.
Em segundo e terceiro lugares ficaram,
respectivamente, a Fundação Armando
Álvares Penteado (FAAP), com 107 quilômetros, e Mackenzie, com 96 quilômetros.
Os vencedores de cada categoria ganharam automóveis Chevrolet utilizados em
testes pela General Motors e seis kits de
ferramentas da Dremel, marca do Grupo
Bosch, que auxiliarão no aprendizado e
pesquisas feitas nas universidades.
Peso pluma
ratona (dois a gasolina e um elétrico). Um
deles foi construído com materiais pouco
conhecidos do grande público, como o spectar, uma espécie de parente do acrílico. Já a
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) optou por associar equipamentos
relativamente banais com dispositivos de
avançada tecnologia em seus dois carros,
um a gasolina e outro elétrico. Ambos, com
peso aproximado de 35 quilos, foram produzidos com fibras de carbono e de vidro.
Já o motor do veículo a gasolina, que sofreu
pequenas adaptações, foi emprestado de
uma simples roçadeira, do tipo que as pessoas utilizam para cortar a grama do quintal. “Escolhemos esse motor porque ele
apresentou duas características essenciais:
economia e capacidade de impulsionar o
carro”, justificou Leonardo Lopes, um dos
dez integrantes da equipe.
Outro membro do grupo, Pedro Guerra,
destacou que o “bólido” da universidade
apresentava um diferencial importante se
comparado aos concorrentes. Um componente eletrônico cuidava de acelerar e desacelerar o protótipo de forma automática.
Quando o veículo atingia 40 km/h, o motor era desligado. Assim que a velocidade
caía para 10 km/h, o motor era novamente
acionado até atingir outra vez os 40 km/h.
“Dessa forma, nós conseguimos economizar
Vencedores da prova fizeram
598 quilômetros com um
litro de gasolina e 135 quilômetros
com um carro elétrico
gasolina e manter uma velocidade média
de 24 km/h, como exige o regulamento”,
comentou o universitário.
Forma de gota
A inspiração dos estudantes da Universidade Estadual de Maringá para a construção dos dois protótipos que participaram
da maratona – um a gasolina e um elétrico
– foi uma gota. “Achamos que, se os carros
se aproximassem desse formato, nós conseguiríamos reduzir significativamente a
resistência do ar”, disse Bruno Goulart,
um dos integrantes do time.
Para chegar a essa solução aerodinâmica, os universitários também usaram
materiais alternativos como fibra de vidro
e de carbono. No caso do modelo a gasolina, o motor, mais uma vez, veio de uma
roçadeira. O peso dos veículos (perto de
30 quilos) foi ainda mais reduzido graças
a uma alternativa engenhosa. O banco do
motorista não era em couro ou mesmo almofadado, como nos automóveis comerciais, mas feito a partir de um pedaço de
lona. Quanto às rodas, estas foram emprestadas de uma bicicleta.
Na avaliação dos competidores, eventos
como a 3ª Maratona de Eficiência Energética
são importantes não só por gerar tecnologias que possam ser eventualmente aproveitadas pela indústria automobilística.
Eles também servem de estímulo para que
os futuros profissionais do setor ampliem
a consciência acerca da necessidade de
desenvolver veículos cada vez mais econômicos, princípio que tem reflexo direto na conservação da natureza. “Sob esse
aspecto, todos nós saímos da competição
como vencedores”, avaliou o estudante João
Simões, da equipe da Unicamp.
Ao final da prova – ocorrida em julho no
campo de provas da General Motors, em
Indaiatuba, interior de São Paulo –, a campeã na categoria gasolina foi a Universidade
Federal de Minas Gerais (UFMG), com um
carro que percorreu 598,856 quilômetros
com apenas um litro de combustível, distância semelhante à que separa São Paulo
de Belo Horizonte. Em seguida, vieram os
veículos projetados pelas universidades
Mackenzie (200,342 km/l) e Anhembi Morumbi (199,128 km/l).
Entre os carros da classe elétrica, o título ficou com a FEI, que alcançou a marca de 135 quilômetros percorridos com o
Entre as inúmeras exigências do regulamento da 3ª Maratona de Eficiência Energética, uma deu especial trabalho aos
competidores: a de que o condutor do
protótipo fosse estudante da universidade participante da competição. Assim, as
equipes tiveram que percorrer os campi
para encontrar alguém que coubesse no
diminuto cockpit dos carros. Detalhe: o
piloto teria necessariamente que possuir
carteira de habilitação. No caso do pessoal
da Unicamp, a estratégia foi fazer vigília no
restaurante universitário, na tentativa de
identificar possíveis voluntários. A tática
não poderia ter sido mais eficaz.
Juliana José, que faz pós-doutorado em
Biologia, e Mirelle Oliveira, aluna de graduação em Engenharia de Alimentos, foram abordadas pelos “olheiros” do time enquanto
faziam suas refeições. Convencidas, elas
aceitaram dirigir os protótipos durante a
prova. Cada uma tem, aproximadamente,
35 quilos, peso semelhante ao dos veículos
que conduziram. “Dirigir o carro não tem
mistério. Mas confesso que na primeira vez
fiquei com medo, pois ele balança muito”,
contou Juliana.
Para Mirelle, o mais complicado é agüentar a gozação dos colegas, que vivem implorando para que elas não engordem. “Eles
praticamente monitoram nossa dieta”, brincou. No dia que antecedeu a competição, o
menu principal do restaurante do campo
de provas da General Motors foi feijoada.
Como convém aos atletas conscientes de
suas responsabilidades, as motoristas da
equipe da Unicamp tiveram um comportamento franciscano à mesa.
A Bosch na sua vida
Divulgação
44 | VidaBosch |
Inovação e economia
O patrocínio da Bosch à Maratona de
Eficiência Energética é fundamentado
em duas principais razões, ambas ligadas aos pilares da atuação da empresa:
o incentivo à formação de profissionais
inovadores e o investimento em pesquisa
de ponta na área de combustível.
A tarefa das 22 equipes de universitários,
no campo de provas da General Motors,
em Indaiatuba (SP), foi aliar economia
de combustível a um bom rendimento
dos pequenos veículos. As adaptações
que os estudantes fizeram de dispositivos de outras áreas para o uso automotivo indicam o grau de inventividade
que a competição exige. “Para a Bosch
é muito importante apoiar ações que
incentivem a criatividade, a inovação
e o desenvolvimento dos futuros engenheiros automotivos”, diz Humberto
Gavinelli, gerente de vendas, projetos
e aplicações da Unidade de Sistemas
a Gasolina da Robert Bosch.
Os estudos que buscam aumentar o rendimento dos veículos estão diretamente
ligados a uma das metas da Bosch, que
é desenvolver veículos mais seguros e
confortáveis, mais econômicos e menos
poluentes, segundo Gavinelli. A questão
da economia, por exemplo, faz parte da
diretriz mundial da empresa, sintetizada
no Programa 3S — uma referência a três
palavras que, em alemão, começam com
“s”: Sicher (seguro), Sauber (limpo, nãopoluente) e Sparsam (econômico).
Além de patrocinar a competição, a
Bosch forneceu motores elétricos para
a competição: foram 20 motores com
305 watts de potência e 2.600 rpms.
46 | VidaBosch |
áudio
| Por Ulysses Borges Lima
Ouça esse livro
Rachel Guedes
Editoras apostam que febre do MP3 pode contagiar
um mercado ainda incipiente no Brasil: o de audiolivros
A
tecnologia digital chegou para ficar e
revolucionar o modo de vida de muita gente. Vários hábitos foram mudados. O
CD significou um grande avanço na qualidade de áudio e também na capacidade
de armazenar dados. Logo depois veio a
onda do MP3, padrão de arquivos de áudio compactado, que chegou ao mercado
como um tsunami, abalando seriamente o
reinado absoluto do CD. Os tocadores de
MP3, com a capacidade de armazenamento
de informação aumentando dia após dia
e o tamanho trilhando o sentido contrário, entraram com grande alarde e rapidamente arrebanharam uma fiel legião de
fãs pelo planeta.
Mas não foi só a música que ganhou espaço no mundo da digitalização e festejou
a chegada dos bites. Os livros também estão pegando uma carona nessa onda. O
audiolivro, que nos primórdios utilizava
as jurássicas fitas k-7, também entrou na
era digital. Atualmente, vários sites oferecem títulos em CD ou no formato MP3,
para ser baixados na rede.
O diretor-executivo da Câmara Brasileira do Livro, Armando Antongini, acredita que o mercado tem grande potencial
de crescimento, tendo como termômetro
a venda dos aparelhos reprodutores de
áudio, que vem aumentando consideravelmente. Outro indicador são as empresas
que estão investindo em livrarias virtuais
para download de audiolivros.
No mercado nacional, já existem editoras
exclusivamente voltadas para a produção e
a venda desse produto, como a VOolume e
a Audiolivro. A Quadrante, editora de livros
impressos que atua na área de espiritualidade, conhecimento, doutrina católica,
entre outros, também tem sua carteira de
títulos em CD. A oferta de temas cobre vá-
rias áreas de interesse, do humor ao sexo,
passando pela auto-ajuda, filosofia e religião, enveredando pelo turismo, pela ficção
etc. Machado de Assis, Oscar Wilde, Dan
Brown, J. R. R. Tolkien e Fernando Pessoa
têm suas obras disponíveis em CD.
Para as crianças, os audiolivros também são uma alternativa. Quem hoje está
na casa dos 40 anos e não se lembra das
historinhas de João e Maria, que vinham em
discos de vinil pequenos, os compactos, e
coloridos? Algumas coleções vinham ainda
acompanhadas de slides. A narração e os
efeitos sonoros, sem o auxílio dos slides,
já davam o toque de suspense da história,
jamais esquecida. Hoje, a gurizada pode
curtir a coleção do filósofo e educador Rubem Alves, intitulada “Rubem Alves Conta
Estórias”, tendo entre os temas a clássica
fábula dos Três Porquinhos.
Narradores célebres
Há audiolivros que são narrados por celebridades, como o “Ash Wednesday”, livro
escrito e lido pelo ator americano Ethan
Hawke (de “Sociedade dos Poetas Mortos”
e “Senhor das Armas”), com direito a trilha sonora da pesada, com Rolling Stones,
Beck, Nina Simone, Willie Nelson, ACDC e
outros grandes representantes da música.
Há textos que são dramatizados e ilustrados
com efeitos sonoros, para enriquecer a narrativa, como é o caso do título de mistério,
lançado pela AudioLivros, “As Sete Sombras do Gato”, de Jeanette Rozsas. Nessa
obra, a leitura é feita por profissionais, que
interpretam as 29 vozes da história. O livro
vem numa caixa com seis CDs, totalizando
5 horas e 36 minutos de gravação.
A Publifolha também entrou nesta briga, e tem em seu catálogo de audiolivros a
coleção Folha Explica, que aborda assun-
Para
acalmar as
crianças
no carro,
audiolivro
oferece
histórias
infantis
áudio
Livros para ouvir
incluem de “Pinocchio” ao
“Manifesto Comunista”, passando
por “Senhor dos Anéis”
e clássicos da literatura brasileira
tos de diferentes áreas. A coleção traz temas atuais, como “Marketing Eleitoral” e
“A Democracia”. Tem ainda “Nietzsche”,
“DNA”, entre outros. O preço fica em torno de R$ 12.
Companheiro em congestionamentos
A aposta dessas editoras é que o audiolivro
se encaixa bem na vida corrida que muitas
pessoas levam. Ele pode ser, por exemplo,
um companheiro nas intermináveis horas
de trânsito parado. As caminhadas pelo
parque podem ser embaladas por livros
de auto-ajuda, e as filas serão menos penosas com a companhia de Fernando Pessoa
tocando no seu player. Numa viagem, um
estudante pode unir o útil ao agradável ouvindo Machado de Assis. Outra vantagem
é a liberdade de poder se dedicar a outra
atividade enquanto o livro está tocando — é
impossível, por exemplo, dirigir e ler um
livro de papel ao mesmo tempo.
O audiolivro é, também, um grande aliado
para quem está investindo no aprendizado de uma língua estrangeira. Ler o livro
e ouvi-lo ajuda a melhorar a pronúncia,
aperfeiçoar o vocabulário e aumentar o
nível de compreensão do idioma estudado.
O contato com diferentes sotaques ajuda a
treinar os ouvidos, melhorando sensivelmente a proficiência na língua escolhida.
“Sempre é muito útil para a aprendizagem
de uma língua estrangeira a atividade de
ouvir gravações de histórias na língua em
foco”, afirma a gerente pedagógica da Cultura Inglesa, Lizika Goldcheleger.
Para quem tem domínio da língua inglesa, a oferta de títulos é farta. Digitando “audiobook” em algum site de busca,
como o Google e o Yahoo, por exemplo,
vários endereços pipocarão na sua tela.
Alguns oferecem o download ilimitado de
obras, mediante cobrança de uma taxa. O
arquivo é baixado no computador e, posteriormente, pode ser transferido para o
CD ou armazenado num tocador de MP3.
Alguns sites oferecem a possibilidade de
baixar um livro em sua totalidade ou somente os capítulos que interessarem ao
leitor. Sendo assim, paga-se somente pelos
arquivos desejados.
Não se esqueça de que o computador
usado para baixar esses arquivos precisa ter
uma configuração mínima, que é especificada nos sites. A conexão de alta velocidade
também é um requisito básico — conexão
discada, nem pensar. Não se esqueça de
que, para baixar conteúdo pago de algumas lojas virtuais, é preciso ter cartão de
crédito internacional. Para que arquivos
em MP3 sejam baixados, é preciso ter instalado no computador software apropriado,
como iTunes ou Juice. Basta, então, escolher o arquivo, clicar com o botão direito
do mouse, no caso do PC, e decidir se quer
abri-lo ou gravá-lo. Gravando primeiro no
computador, depois é só escolher entre ouvir no próprio computador, salvar o livro
no tocador de MP3 ou em um CD.
Nas lojas virtuais estrangeiras, é comum
classificarem os audiolivros como unabridged, que permite a audição integral da obra,
e abridge, que permite ouvir trechos editados. O www.librivox.org oferece uma infinidade de títulos gratuitamente — de “Alice
no País das Maravilhas” e “Pinocchio” ao
“Manifesto Comunista” de Marx e Engels.
É que eles desenvolvem todo o trabalho
com leitores voluntários. Essa rede se estende pelo mundo, sendo assim, há livros
em mais de 30 idiomas — incluindo o português, mas é preciso dar uma busca para
garimpar os títulos. O site tem uma página em português, o que facilita a leitura e
a navegação. Vale a pena uma visita. Eles
alertam ao usuário que, antes de baixar o
conteúdo, veja o que diz a lei de copyright
no seu país.
Enquanto na rede mundial a oferta de
títulos é bem farta, as grandes livrarias seguem outro caminho. A livraria Cultura, que
possui mais de 1,6 milhão de títulos em seu
catálogo, tem uma carteira de audiolivro
pequena. A empresa não vê nesse nicho
um mercado que vá se expandir — ela avalia
que, culturalmente, o brasileiro não tem o
hábito de ouvir audiolivros. Em duas grandes livrarias de São Paulo, a reportagem
não encontrou esse tipo de produto.
A Bosch na sua vida
Arquivo Bosch
48 | VidaBosch |
Para colocar a leitura em dia
O trânsito intenso das grandes cida­des
faz o motorista perder várias horas todos os dias nos trajetos para o trabalho,
para a escola dos filhos, para a academia. Com uma agenda tão lotada de
obrigações, quem tem tempo para ler
um bom livro? Uma alternativa são os
audiolivros. Com uma grande variedade
de títulos disponíveis para download na
internet, é possível armazenar as obras
em um MP3 player portátil e, com um
cabo especial, conectá-lo ao CD player
do carro. Assim, o sinal sonoro que antes ia para os fones do aparelho passa
a ser reproduzido pelos alto-falantes
do veículo. O único inconveniente é
que a mudança de faixas e de volume
deve ser feita nos próprios botões do
aparelho portátil.
Para facilitar a vida do motorista e evi­
tar acidentes, a Blaupunkt, marca do
Grupo Bosch, criou a Interface iPod,
um cabo que conecta o MP3 player da
Apple (o mais popular da categoria)
a qualquer modelo de som automotivo 2006/2007 da marca. Com ele, é
possível realizar as ações teclando no
próprio aparelho do carro. “Nossa inteface permite ao CD player comandar
as principais funções: o volume, a troca
de faixa e de pasta e o mute. Ela traz ao
usuário a segurança no acesso, além
de uma rápida visualização dos comandos”, diz o coordenador de assistência
da Blaupunkt, Wanderley Galle.

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