Leia o livro agora - Thesaurus Editora
Transcrição
Leia o livro agora - Thesaurus Editora
or g a n iz a d o r es Maria Rita Garbi Novaes Fernando Lolas Alvaro Quezada Sepúlveda co l a b o r a d o r es Adriana Patricia Acuña Johnson Alberto Herreros de Tejada López Coterilla Aldo Alvarez Risco Ana Victoria Delfino de Faría Claudia Maria Reyes Matheus Dirce Guilhem Edita Fernandez Eduardo Rodríguez Yunta Helena Márcia de Oliveira Moraes Bernadino Jose Ferreira Marcos Marcelo Polacow Bisson Margo Gomes de Oliveira Karnikowski María Elena Sepúlveda Mario Sapag-Hagar Nadja Nara Rehem de Souza Paola Fossa Silvia Storpirtz Soraya Fleischer Teresa Alijaro | SÉRIE SAÚDE | EDIÇÃO EM PORTUGUÊS 3 © by Maria Rita Garbi Novaes, Fernando Lolas e Álvaro Quezada Sepúlveda – 2009 Ficha Técnica Revisão e Tradução Ana Jackeline Licuona, Leticia Garbi Novaes, Maria Rita Garbi Novaes Arte Final da Capa Michelle Cunha Programação Visual Flávio Lopes Supervisão Victor Tagore Impressão Thesaurus Editora ISBN: 978-85-7062-751-3 E84 Ética e farmácia: uma abordagem latinoamericana em saúde / Maria Rita Garbi Novaes, Fernando Lolas, Álvaro Quezada Sepúlveda; [revisão e tradução] Ana Jackeline Licuona, Leticia Garbi Novaes, Maria Rita Garbi Novaes. – Brasília : Thesaurus, 2009. 456 p. Traduzido do espanhol para português. Contém Bibliografia. CDU 615 CDD 615 Todos os direitos em língua portuguesa, no Brasil, reservados de acordo com a lei. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou transmitida de qualquer forma ou por qualquer meio, incluindo fotocópia, gravação ou informação computadorizada, sem permissão por escrito dos Autores. THESAURUS EDITORA DE BRASÍLIA LTDA. SIG Quadra 8, lote 2356 - CEP 70610-480 - Brasília, DF. Fone: (61) 3344-3738 - Fax: (61) 3344-2353 * End. Eletrônico: [email protected] *Página na Internet: www.thesaurus.com.br Composto e impresso no Brasil Printed in Brazil 4 Organizadores Maria Rita Garbi Novaes Farmacêutica, DSc, MSc. Pos-doutorado em Ética em Pesquisa Biomédica e Psicossocial pelo Centro Interdisciplinar de Estudos en Bioética, Universidade do Chile. Professora do Curso de Medicina, Escola Superior em Ciências da Saúde, Governo do Distrito Federal-GDF. Professora Associada da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade de Brasília. Coordenadora do Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos da Secretaria de Saúde-SES-DF/GDF, Brasil. Presidente da Sociedade Brasileira de Farmácia Hospitalar (2004 – 2009). Fernando Lolas Médico, DSC. Coordenador do Centro Interdisciplinar de Estudos en Bioética, Universidade do Chile, Santiago, Chile. Centro Colaborador da Organização Panamericana de Saúde-OPS. Professor da Universidade do Chile. Álvaro Quezada Sepúlveda Filósofo. MSc. Editor Revista Acta Bioethica. Centro Interdisciplinar de Estudos en Bioética, Universidade do Chile, Santiago, Chile. 5 6 Colaboradores Adriana Patricia Acuña Johnson Químico-Farmacéutico, MSc. Membro da Academia de Ciências Farmacêuticas do Chile, Profesor Titular de Farmacologia, Faculdade de Farmacia, Universidade de Valparaíso, Chile Alberto Herreros de Tejada López Coterilla Farmacêutico, DSc. Diretor do Serviço de Farmácia. Hospital 12 de Outubro. Madri. Espanha. Aldo Alvarez Risco Farmacêutico. Coordenador da Rede Sudamericana de Atenção Farmacêutica. Lima. Peru. Ana Victoria Delfino de Faría Farmacêutica. Especialista em Farmácia Hospitalar e Comunitária. Chefe do Serviço de Farmácia. Hospital Central Dr. Miguel Pérez Carreño (IVSS). Caracas, Venezuela. Claudia Maria Reyes Matheus Farmacêutica. Especialista em Farmácia Hospitalar. Diplomada em Atenção Farmacêutica. Professora da Cátedra de Prática Professional Atenção Farmacêutica III. Facudade de Farmácia. Universidade Central da Venezuela, Caracas. 7 Dirce Guilhem Enfermeira, DSc, MSc. Coordenadora do Fórum Latinoamericano de Comitês de Ética em Investigação em Saúde – Flaceis. Professora titular da Universidade de Brasilia, Brasil. Edita Fernandez Farmacéutica, DSc, MSc. Pos-graduação em Bioética e Ética da Investigación Científica no Centro de Salud y Bienestar Humano, UH, Cuba. Professora de Serviços Farmacêuticos, Instituto de Farmácia e Alimentos, Universidade de Havana. Membro do Comitê de Ética de Investigação Hospitalar. Coordenadora do Diplomado em Farmácia Asistencial. Secretaria da Sociedade Cubana de Ciências Farmacêuticas. Eduardo Rodríguez Yunta Biólogo. DSc. Centro Interdisciplinar de Estudos em Bioética, Universidade do Chile. Helena Márcia de Oliveira Moraes Bernadino Farmacêutica. Especialista em Saúde Coletiva. Farmacêutica do Hospital Governador Israel Pinheiro do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais. Professor de Farmacoepidemiologia e Farmácia Hospitalar, Faculdade de Farmácia da Universidade Belo Horizonte - Brasil. Jose Ferreira Marcos Farmacêutico. Especialista em Farmácia Hospitalar; Pos-graduando em Farmácia Hospitalar e Clínica-RACINE; Diretor Tesoureiro da Sociedade Brasileira de Farmácia Hospitalar; Farmacêutico do Hospital da Policia Militar do Estado de São Paulo, Brasil. Marcelo Polacow Bisson Farmacêutico. MSc. DSc. Especialista em Farmácia Hospitalar; Professor da Faculdade Oswaldo Cruz, São Paulo; Vice-presidente do Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo; Brasil. 8 Margo Gomes de Oliveira Karnikowski Farmacêutica, DSc, MSc. Professora Adjunta da Faculdade de Ceilândia da Universidade de Brasília. Brasil. María Elena Sepúlveda Farmacêutica Hospitalar. Chefe do Serviço de Farmácia. Hospital El Salvador, Santiago de Chile. Mario Sapag-Hagar Farmacêutico. Professor da Faculdade de Farmácia. Universidade do Chile. Nadja Nara Rehem de Souza Farmacêutica. Especialista em Farmácia Hospitalar. Farmacêutica da Coordenação de Assistência a Saúde do Servidor Público da Bahia da Secretaria de Administração, Brasil. Consultora em Farmácia Hospitalar. Paola Fossa Farmacêutica Hospitalar. Hospital Dr Gustavo Fricke. Viña del Mar. Chile. Silvia Storpirtz Farmacêutica, DSc. Professora Associada do Departamento de Farmácia da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (USP). Diretora Técnica da Divisão de Farmácia e Laboratório Clínico do Hospital Universitário da USP. Soraya Fleischer Antropóloga, DSc. Professora Adjunta da Faculdade de Ceilândia e do Departamento de Antropologia da Universidade de Brasília. Teresa Alijaro Farmacêutica Hospitalar. Chefe do Serviço de Farmácia. Hospital Dr Gustavo Fricke. Viña del Mar. Chile. 9 10 Sumário Prefácio.............................................................................................. 21 Fernando Lolas Apresentação..................................................................................... 25 Maria Rita Garbi Novaes Capítulo 1 Mario Sapag-Hagar Ética, Bioética, Moral e Lei: Conceitos Básicos............................ 29 1. Introdução.............................................................................. 29 2. Origem e história da bioética apoiada no conhecimento biológico: a ciência da sobrevivência........ 30 3. Conceitos: moral, ética, deontologia e bioética................. 32 4. O exercício profissional farmacêutico(8)........................... 35 5. Saber e fazer no mundo do fármaco e do medicamento.......37 6. Evolução da profissão farmacêutica: conhecimento, verdade e eficácia........................................ 38 6.1. Os princípios do Código de Ética para Farmacêuticos (Vancouver 1997)........................ 39 7. Principais valores humanos relacionados com a farmácia e os medicamentos.................................... 39 11 8. O diálogo: instrumento chave da bioética......................... 40 9. Princípios de um código de ética para farmacêuticos...... 41 10.Pluripotencialidade iluminadora e integradora da bioética........42 11.Fármacos e medicamentos: agentes contraditórios de esperança e temor.................................. 43 11.1.Reações adversas e o risco dos fármacos..................... 45 11.2.Fármaco virtual e “efeito placebo”.............................. 45 11.3.O efeito nocebo............................................................ 46 12.A investigação e o descobrimento de novos fármacos: procedimentos éticos......................... 47 13.As falsificações e o uso indevido de medicamentos(10)........48 14.Medicamentos essenciais, medicamentos órfãos e patentes farmacêuticas........................................... 49 15.Biologia molecular e genética: a biotecnologia e os medicamentos do amanhã........................................... 50 16.Conclusão............................................................................... 54 Capítulo 2 Adriana Patrícia Acuña Johnson História da Farmácia e da Profissão Farmacêutica na Perspectiva do Medicamento.................................................... 59 1. Introdução.............................................................................. 59 2. As origens da farmácia......................................................... 61 3. O mundo arcaico................................................................... 62 3.1. Mesopotâmia............................................................... 62 3.2. Egito............................................................................. 64 3.3. As civilizações orientais: China.................................. 66 4. O mundo clássico.................................................................. 67 4.1. Grécia........................................................................... 67 4.2. Roma............................................................................ 69 5. A farmácia árabe................................................................... 71 6. A Idade Média na Europa ocidental................................... 74 12 7. O Renascimento.................................................................... 77 8. A farmácia do Novo Mundo................................................ 78 9. A farmácia na Idade Moderna............................................. 79 10.A farmácia do século XIX.................................................... 82 11.A industrialização do medicamento e a prática da farmácia.......................................................... 84 12.O desenvolvimento da ciência, tecnologia e farmácia..... 87 Comentários finais...................................................................... 89 Capítulo 3 Maria Rita Garbi Novaes; Claudia M. Reys Matheus; Ana Victoria D. de Faría Ética na Farmacoterapia e Correntes da Medicina Contemporânea......................................................... 93 1. Conceitos gerais e divisões nas ciências farmacêuticas e farmacológicas........................................... 93 2. Farmacoterapia de grupos especiais................................... 95 2.1. Farmacoterapia em pacientes geriátricos................... 95 2.2. Farmacoterapia de pacientes pediátricos e recém-nascidos.......................................................... 98 2.3. Farmacoterapia na gravidez....................................... 99 3. Problemas relacionados com os medicamentos............... 102 Identificação sistemática de resultados clínicos negativos da farmacoterapia..................................... 106 O acesso aos medicamentos e à saúde dos grupos sociais desfavorecidos.......................................... 107 A farmácia como estabelecimento de saúde que fomenta as desigualdades sociais.................................... 110 Aspectos bioéticos da decisão terapêutica............................. 112 Medicina baseada em evidências............................................ 113 Responsabilidade legal por engano e má praxe médica e farmacêutica.......................................... 117 Efeitos simbólicos dos medicamentos................................... 119 Emprego de nocebos e placebos na terapêutica.................... 122 13 Capítulo 4 Maria Rita G. Novaes; Helena Márcia de O. M. Bernardino; Nadja M. R. Souza Ética e Qualidade na Preparação de Medicamentos.................. 131 1. Introdução............................................................................ 131 2. Boas práticas na preparação dos medicamentos alopáticos......132 2.1 Terapia nutricional parenteral..................................... 132 2.1.1. Atribuções e ética do farmacêutico na preparação de nutrição parenteral............. 133 2.1.1.1.Aquisição de medicamentos, nutrientes e produtos para a saúde..... 133 2.1.1.2.Saúde, higiene e vestuário dos funcionários................................... 134 2.1.1.3.Infra-estrutura..................................... 135 2.1.1.4. Manipulação da nutrição parenteral.....135 2.1.1.5.Controle de qualidade da nutrição parenteral......................... 137 2.1.1.6. Comunicação e seguimento do paciente pelo farmacêutico.................. 138 2.2. Citostáticos.................................................................. 139 2.2.1. Atribuições éticas do farmacêutico na preparação de citostáticos........................... 140 2.2.2. Organização do setor........................................ 142 2.2.2. Aquisição de medicamentos, produtos farmacêuticos e produtos para a saúde............ 143 2.2.3. Saúde, higiene e vestuário dos funcionários.... 143 2.2.4. Infra-estrutura.................................................. 144 2.2.5. Manipulação de citostáticos............................. 145 2.2.6. Controle de qualidade na preparação de citostáticos.................................................... 146 2.2.7. Comunicação e Seguimento Ético do Paciente pelo Farmacêutico......................... 147 14 2.3. Preparações não estéreis............................................ 148 Preparação de fórmulas magistrais........................................ 148 2.3.1. Requisitos estruturais e físicos.......................... 149 2.3.2. Controle de qualidade...................................... 150 2.3.3. Recursos humanos e organização.................... 151 2.4. Boas práticas para unitarizar doses de medicamento(28, 40-53)............................. 153 Capítulo 5 Silvia Storpirtis Ética na Qualidade dos Medicamentos e sua Relação com Parâmetros de Biodisponibilidade, Segurança e Eficácia.......... 159 1. Introdução............................................................................ 159 2. O controle de qualidade dos produtos farmacêuticos.... 160 3. Boas práticas na fabricação, conservação e promoção dos medicamentos......................................... 162 4. Desenvolvimento e fabricação de medicamentos genéricos: aspectos biofarmacêuticos e sua implicação na intercambiabilidade......................... 166 5. Equivalência farmacêutica e terapêutica, biodisponibilidade e bioequivalência de medicamentos................................................................ 169 5.1 Equivalência farmacêutica........................................ 170 5.2 Biodisponibilidade..................................................... 171 5.3 Biodisponibilidade absoluta e relativa: aplicação a medicamentos novos (inovadores), genéricos e similares.................................................. 173 5.4 Bioequivalência......................................................... 175 Etapa clínica............................................................................... 175 Etapa analítica: validação de métodos bioanalíticos............ 177 Etapa estatística......................................................................... 179 6. Casos em que não se requer estudos de bioequivalência.......179 15 7. Casos em que estudos in vitro substituem estudos in vivo de bioequivalência: bioisenções e o sistema de classificação biofarmacêutica....................................... 180 8. Medicamentos de referência e o contexto de equivalência terapêutica................................................ 182 9. Legislação e testes. A realidade latino-americana........... 184 10.A necessidade de comercializar medicamentos genéricos de qualidade e acessíveis................................... 187 11.Economias potenciais como resultado de substituir medicamentos de marca (originais ou inovadores) por genéricos....................................................................... 188 Capítulo 6 Teresa Alijaro; Paola Fossa; María Elena Sepúlveda Farmacovigilância e a Prevenção do Risco................................. 195 Introdução....................................................................................... 195 1. Farmacovigilância (FV)...................................................... 196 2. Reações adversas aos medicamentos................................ 198 3. Farmacovigilância e princípios do BIOÉTICA............... 200 4. Relação farmacêutico-paciente ........................................ 204 5. Qualidade, uso seguro dos medicamentos e conciliação terapêutica.................................................... 205 6. Regulação dos medicamentos........................................... 211 Capítulo 7 Dirce Guilhem; Maria Rita Garbi Novaes Ética e Investigação em Seres Humanos...................................... 219 1. Introdução............................................................................ 219 2. Ensaios clínicos: pautas e guias internacionais............... 221 3. Ensaios clínicos: marco regulatório em distintos países.............................................................. 226 4. Comitês de ética em investigação: estrutura, função e aplicabilidade..................................... 232 16 5. A responsabilidade moral dos investigadores e dos integrantes do comitê de ética em investigação.............. 237 6. Vínculos sociais e investigação em saúde: compartilhando responsabilidades................................... 241 Capítulo 8 Fernando Lolas Ética e Ensaios Clínicos: Perguntas e Dilemas........................... 251 Justificação e finalidades do controle ético da investigação......251 O ensaio clínico aleatorizado.................................................. 254 As fases da investigação clínica farmacológica..................... 256 Mal-entendido terapêutico...................................................... 257 Estudos multicêntricos............................................................. 258 Efeitos secundários e a proteção dos participantes.............. 259 Benefícios para a comunidade................................................ 259 Conflito de interesse................................................................. 261 Princípios e virtudes: resolução versus prevenção de conflitos e dilemas............................................ 262 Capítulo 9 Alberto Herreros de Tejada López Coterilla Ética na Investigação de Novos Fármacos.................................. 265 Capítulo 10 José Ferreira Marcos; Marcelo Polacow Bisson Ética e Indústria Farmacêutica: Patentes, Publicidade e Saúde......275 Capítulo 11 Aldo Álvarez Risco Aspectos Éticos e Legais do Desenvolvimento de Produtos Farmacêuticos e a Contaminação do Meio Ambiente............... 307 1. Ética e meio ambiente......................................................... 307 2. Riscos associados aos resíduos químico-farmacêuticos......309 17 Biomarcadores........................................................................... 310 Prevenção do risco e proteção da saúde(17)........................... 311 Os princípios ativos como agentes químicos........................ 312 A produção de fármacos e seu entorno................................. 312 Outros aspectos......................................................................... 313 Medidas preventivas................................................................. 314 Exposição................................................................................... 314 Exposição crônica..................................................................... 317 Periculosidade dos fármacos e os riscos para a saúde......... 318 3. Manejo dos resíduos pela indústria farmacêutica.......... 320 Disposição de medicamentos caducos................................... 320 3) Resíduos hospitalares: uma discussão ética e legal.......... 322 Capítulo 12 Eduardo Rodríguez Yunta Ética em Inovação Tecnológica e Farmacogenômica................ 331 Introdução................................................................................. 331 Avanços e iniciativas em investigação farmacogenômica...... 334 Princípios e regras éticas aplicáveis à investigação farmacológica e genética................................ 337 Princípio de respeito à autonomia.......................................... 337 Princípios de beneficência e não maleficência...................... 344 Princípio de justiça................................................................... 345 Implicações éticas, legais e sociais.......................................... 345 Ética e patentes de genes.......................................................... 349 Capítulo 13 Margo Gomes de Oliveira Karnikowski; Soraya Fleischer Ética e Reposição Hormonal: Questões para o Debate............. 355 1. A “menopausa” como uma construção sócio-cultural.... 355 2. A menopausa e sua associação com o envelhecimento e a medicalização................................. 359 18 3. Sintomas e enfermidades na menopausa........................... 363 4. Terapia Hormonal da Menopausa...................................... 366 5. Algumas observações bioéticas sobre a terapia de reposição hormonal e a qualidade de vida nas mulheres.................................. 370 Capítulo 14 Álvaro Quezada Sepúlveda Perspectiva Ética da Publicação Biomédica................................ 377 Ética na investigação científica............................................... 377 Investigação e publicação........................................................ 378 Ética da publicação científica.................................................. 380 Tipos mais frequentes de fraude............................................. 382 Requisitos de uniformidade para manuscritos enviados a revistas biomédicas............................................... 383 Capítulo 15 Edita Fernández Manzano; Maria Rita Garbi Novaes A Comunicação e o Diálogo: Uma Tarefa Urgente dos Farmacêuticos para Fomentar a Saúde................................. 391 Introdução................................................................................. 391 Ética e diálogo em saúde coletiva........................................... 392 Vínculo com o paciente, a relação clínica e confidencialidade das informações..................................... 395 Atenção farmacêutica: prática para favorecer as necessidades farmacoterapêuticas dos pacientes............. 401 Intervenções para melhorar a aderência dos pacientes aos tratamentos e diminuir a prática da automedicação..... 404 Considerações finais................................................................. 410 Capítulo 16 Adriana Patrícia Acuña Johnson; Maria Rita Garbi Novaes Educação Farmacêuticae a Formação Ética do Profissional..... 415 1. Introdução............................................................................ 415 19 2. As universidades e a formação dos profissionais............ 417 3. A formação do farmacêutico............................................. 418 3.1. Metodologias tradicionais e inovadoras de ensino e aprendizagem......................................... 422 3.2. Ensino da bioética em Farmácia: importância e antecedentes históricos...................... 424 Códigos de ética dos farmacêuticos....................................... 427 3.3. Algumas experiências e modelos interdisciplinares e transdisciplinares para a inserção da ética e a BIOÉTICA em um plano de carreiras da saúde......431 3.4 O relato de caso de um curso de Medicina brasileiro com metodologia ativas de ensino-aprendizagem........................................... 434 4. A investigação em Farmácia.............................................. 439 5. Proposta para integrar a ética e a BIOÉTICA em forma interdisciplinar ao currículo de Farmácia...... 440 6. Considerações finais............................................................. 443 Índice Remissivo........................................................................... 449 20 Prefácio A recuperação da saúde ocorre sobre três ferramentas terapêuticas: a palavra, o fármaco e o bisturi. Esses três elementos são usados de forma conjunta. Entre a aparente reversibilidade da palavra e a total irreversibilidade do bisturi, o fármaco ocupa um lugar intermediário. É desejável que seus efeitos sejam tão específicos que somente ataquem o que deve ser destruído (germem, célula tumoral, toxina), e que desapareçam mantendo a cura da doença. As pastilhas mágicas (magic bullets) infelizmente são escassas e o mais perfeito preparado nem sempre cumpre com todos os requisitos de eficácia ideais. A preparação, a distribuição e a apropiada indicação são fatores individuais e contextualizados que podem afetar o seu uso. A palavra não é um fator terapêutico inteiramente reversível. Seus efeitos sobre a saúde foram sempre reconhecidos, receberam validade científica com do século XX. Seu poder curativo recebeu um aporte substancial psicanálise e de outras terapias verbais, reconhecendo-se o potencial deletério que exige domínio da técnica. 21 M A R I A R I TA G A R B I N O VA E S | F E R N A N D O L O L A S | Á LVA R O Q U E Z A D A S E P Ú LV E D A Nem mesmo o que é cortado pelo bisturi permanece cortado para sempre. A cirurgia estabeleceu técnicas reconstrutivas surpreendentes e os “bisturis” atuais não são como simples facas que cortam e desgarram e sim finas lâminas de raio laser. Estas observações destacam o papel central do fármaco, ou da substância química, como fator terapêutico. Freud aspirava um futuro em que não seria necessário intervir sobre o cérebro indiretamente mediante a palavra, mas diretamente mediante substâncias curativas. Os herbários europeus medievais apresentam indicações e prescrições para o emprego de plantas e Paracelso consolidou a tradição iatroquímica ao agregar os metais a farmacopéia. A tradição demonstra que substâncias de origem animal, vegetal ou mineral podem constituir-se um fármaco se as motivações para seu emprego seja a proteção ou a recuperação da saúde. Muitas substâncias consideradas como drogas nocivas ou venenos encontram emprego terapêutico em certos contextos. A oportunidade, a intenção, a posologia e o contexto determinam se são obtidos efeitos benéficos e se evitam os colaterais ou indesejados. Rotular uma substância de droga, de medicamento, de suplemento nutricional, de aditivo ou excipiente tem consequências legais, morais e estéticas. Há muitos temas na interface entre a prática da farmácia, a farmacologia básica e a clínica, a terapêutica, o direito e a ética. Este livro, ao abordar alguns destes temas, aguarda leitores críticos que apreciem sua relevância no contexto da nossa região geográfica (Latinoamérica e o Caribe). A ética profissional na farmácia tem igual importância que em outras profissões que lidam com pessoas (por isso se chamam 22 É T I C A E FA R M Á C I A . U M A A B O R D A G E M L AT I N O A M E R I C A N A E M S A Ú D E “profissões éticas”). O conflito entre profissões, especialmente aquelas que compartem una base científica comum exige uma cuidadosa análise ética. Em qualquer âmbito, a ética, a moral e o poder devem ser examinados em conjunto. O poder profissional, derivado do poder da ciência, é importante nesta era de “expertocracias”. A agenda para uma análise ética da relação entre profissões que inclua a farmácia e os farmacêuticos no contexto da investigação e da assistência sanitária está ainda aberta. Há mudanças no perfil das profissões, em seu poder relativo e em sua base cognitiva que obriguem uma permanente revisão de suas competências e limites. Outro tema importante são os conflitos de interesses que surgem do choque entre a racionalidade pecuniária, própia de empresas produtivas, e outras racionalidades, como a magistral, a profissional e a assistencial. Sem dúvida, práticas empresariais aceitas em esferas adquirem particularidades no terreno sanitário. No trabalho do Programa de Bioética OPS/OMS e de seus Centros Colaboradores (Toronto, Santiago, Miami) se reconhece a importância do diálogo como fundamento do comportamento moral, porque permite formular, fundamentar, justificar e aplicar princípios que propiciem a convivência e a melhora da vida. A tarefa do diálogo, propiciado pela bioética, no sentido em que empregamos esta palavra, é fazer que se confrontem argumentos razoáveis. Por melhor que sejam as intenções, o procedimento é o que importa para a sua legitimidade. Isso não representa a idéia de ter que aceitar, erroneamente, que “vale tudo”; ou ainda relativismos em matéria moral. Somente com a necessária tolerância de intenção e 23 M A R I A R I TA G A R B I N O VA E S | F E R N A N D O L O L A S | Á LVA R O Q U E Z A D A S E P Ú LV E D A de realização é possível constituir comunidades em que se impere a comunicação, no sentido de Habermas quando fala de uma “prática comunicativa”. O diálogo ocorre como uma base da convivência e os interlocutores se reconhecem como tais em propriedade. Este livro: ‘’Ética e Farmácia. Uma Abordagem Latinoamericana em Saúde’’ inspirará a pessoas, profissionais de distintas áreas, que desejem desenvolver temas que recentemente aparecem na consciência pública, principalmente porque as economias modernas e a vida em sociedade requerem cada vez mais uma “ilustração tecnológica” que somente a reflexão e o diálogo podem desenvolver. O aforismo do médico espanhol Letamendi: “quem sabe somente medicina, nem medicina sabe” pode aplicarse também a farmácia. Não basta o conhecimento técnico se este não está inspirado e renovado pela consciência de seu valor social. Ciência sem consciência não propicia o bem e sim o mal. As profissões, como respostas institucionalizadas a demandas sociais, não cumprem simplesmente o papel de oferecer serviços ou resolver necessidades. Devem contribuir com a convivência e a melhora da qualidade de vida. Finalmente, o conhecimento especializado, independentemente de sua origem, quando é aplicado se torna um bem público, em cuja custódia e emprego os profissionais devem consultar outros membros da sociedade e, com tolerância, aceitar que haja muitos tipos de interesses. O diálogo ético se consolidou como a forma de expressá-lo, harmonizá-lo e aperfeiçoá-lo. Fernando Lolas 24 Apresentação A farmacoterapia dos pacientes deve considerar as características individuais e específicas de cada população que afetam a farmacocinética e a farmacodinâmica do medicamento. Existem pacientes mais suscetíveis de serem afetados por estes fatores. Entre eles podemos destacar os pacientes geriátricos, pediátricos, recém-nascidos e as gestantes, que, em comparação a um adulto normal, apresentam variações importantes relacionadas ao volume corporal, distribuição de gordura, proteínas, alteração das enzimas hepáticas e da função renal e por isso merecem uma investigação criteriosa antes da decisão terapêutica e um segmento clínico contínuo do paciente em uso de medicamentos para evitar Problemas Relacionados a Medicamentos (PRM). O PRM pode ocorrer relacionado à indicação como o uso de medicamentos dos quais o paciente não necessita ou que ainda não foi tratado, que podem requerer tratamento farmacológico novo; à efetividade quando o tratamento pode não alcançar os objetivos terapêuticos para o qual foi prescrito como quando o mdeciamento não possui quali25 M A R I A R I TA G A R B I N O VA E S | F E R N A N D O L O L A S | Á LVA R O Q U E Z A D A S E P Ú LV E D A dade, é indeficiente ou a dosagem foi insuficiente; à segurança quando se relaciona ao risco do paciente apresentar um problema de saúde devido a uma reação adversa ou a toxicidade; ao cumprimento da farmacoterapia ou adesão se referem àqueles cuja solução para o problema de saúde é cumprir o tratamento como foi prescrito, em função da atitude do paciente com relação aos medicamentos. Discutindo os principais aspectos éticos referentes ao medicamento, este livro aborda diversas questões que interessarão não somente os profissionais farmacêuticos, mas também médicos, farmacologistas, enfermeiros, pesquisadores e especialistas em terapêutica e bioética. O livro foi escrito por dezenove profissionais, de seis nacionalidades, e teve o apoio do Programa de Bioética da Organização Panamericana de Saúde – OPS/OMS, do Centro Interdisciplinar de Estudos de Bioética da Universidade do Chile, do Conselho Federal de Farmácia e do Conselho Regional de Farmácia do Distrito Federal. O tema proposto no livro visa abordar os aspectos da ética em distintas situações relacionadas ao medicamento, entre eles: a pesquisa científica com novos fármacos, a condução dos ensaios clínicos, as boas práticas na investigação, genômica, ética na logística farmacêutica, manipulação de medicamentos estéreis e não estéreis, terapia de reposição hormonal, a relação do comprador e consumidor com a indústria farmacêutica, a ética do mercado, o acesso aos medicamentos por países em desenvolvimento, a equidade na distribuição dos benefícios, o balanço apropiado entre o lucro e o serviço, a garantia na obtenção dos medicamentos e a Declaração Universal de Bioética e 26 É T I C A E FA R M Á C I A . U M A A B O R D A G E M L AT I N O A M E R I C A N A E M S A Ú D E Direitos Humanos, aspectos éticos na comunicação científica, além de discutir importantes aspectos da educação profissional, cada dia mais exigente e os conflitos bioéticos em um mundo globalizado. Esta obra de grande relevância na atuação profissional está sendo publicada nos idiomas português e espanhol, possibilitando a sua ampla divulgação nos países latinoamericanos. Esperamos que este livro possa trazer reflexões de forma a colaborar com a construção de uma sociedade mais crítica, ética e humanizada. Maria Rita Garbi Novaes 27 28
Documentos relacionados
Padroes Minimos 2008
Após dez anos da publicação da 1ª edição dos Padrões Mínimos para Farmácia Hospitalar pela SBRAFH, foi realizada a revisão do material durante o VI Congresso Brasileiro de Farmácia Hospitalar, real...
Leia maisFarmácia Hospitalar - CRF-SP
O mercado de trabalho neste segmento encontra-se em franca expansão por uma série de razões, dentre as quais a necessidade de adequação às normas legais, busca por selos de certificação e, principa...
Leia mais