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STONHENGE
...dos menires aos trílitos
Prof. Marco Pádua
“As igrejas da Idade Média eram construídas em torno de duzentos anos e a da Sagrada
Família, em Barcelona, já centenária está inacabada. Insignificante para Stonehenge: Um
Projeto executado em dois mil anos.”
Definição:
Christopher Chippindale define Stonehenge como vindo de "sta-n" derivado do inglês
arcaico que significa "pedra", e "hencg" que significa "dobradiça" (porque as pedras horizontais
se articulariam com as pedras verticais) ou "hen(c)en" que significa "declive" ou "forca",
insinuando um "instrumento de tortura". A forca Medieval consistia em dois mastros unidos por
um travessão, semelhante aos trílitos de Stonehenge, mudando de formato posteriormente, sendo
similar ao L. Esta designação levanta uma dúvida. Seria esta estrutura utilizada realmente para a
tortura em algum momento de sua Historia? Seria aquele complexo usado como fórum ou um
recinto de julgamento na Antiguidade? Vale lembrar que foram encontrados restos de cremação
em toda a área em questão. Para um espaço usado por milhares de anos e por centenas de
gerações, tudo é provável, porém nada comprovado, ficando somente no terreno das
especulações.
A configuração do monumento pertence a uma classe conhecida como henge.
Arqueólogos definem henges como sendo terraplenagens resultando em uma elevação circular
onde eram erigidos os menires e um fosso interno. Como frequentemente acontece em
terminologia arqueológica, este é um termo genérico e Stonehenge não seria um henge
verdadeiro, pois está contido em seu próprio fosso. Do ponto de vista construtivo seria um
recurso utilizado para posicionar enormes blocos de rocha, ou seja, os mesmos seriam arrastados
até a borda do fosso e em seguida seriam lançados e apoiados no fundo. Dessa maneira seria
mais fácil colocá-los na vertical. Recurso este, brilhante considerando a época em questão.
Apesar de ser contemporâneo de outros henges Neolíticos e círculos de pedra, Stonehenge é de
certa forma atípico. Por exemplo, os trílitos (conjunto de três blocos de rocha) existentes não se
repetem em nenhum outro local. Pergunta-se: Haveria outros monumentos semelhantes e que
vieram a ser demolidos em consequência das colonizações? Ainda hoje são restaurados alguns
exemplares restantes da Arquitetura Neolítica por estarem em péssimas condições. Stonehenge
tem apenas alguma semelhança com outros círculos de pedras nas Ilhas britânicas, como o Anel
de Brodgar.
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Ring_of_Brodgar – ESCÓCIA
Função e construção:
Stonehenge foi produzido por uma cultura sem idioma escrito, impossibilitando
estabelecer parâmetros concretos como acontece com outras culturas que registraram seus
eventos. Muitos aspectos de Stonehenge permanecem sujeitos a debate. Esta multiplicidade de
teorias, algumas delas fantasiosas, é chamada freqüentemente de "o mistério de Stonehenge."
Há pouca ou nenhuma evidência direta com relação às técnicas de construção usadas por
seus construtores. Durante anos, foram sugeridos por vários autores, métodos sobrenaturais ou
anacrônicos para sua execução, alegando ser impossível mover blocos de rocha daquele porte.
Porém, as técnicas convencionais usadas no Período Neolítico, hoje são demonstradas,
mostrando-se capazes de mover e elevar as pedras. Quanto às funções propostas para o local,
variam de observatório astronômico a cunho religioso. Outras teorias avançaram em explicações
sobrenaturais ou simbólicas para a construção. Devido ao longo tempo de utilização e passando
por várias fases de complementação é possível que o monumento tenha se desviado de sua
função inicial.
Citando um exemplo dos nossos dias: A Pinacoteca do Estado que hoje é um museu de
arte já abrigou uma escola de nível superior, sendo que, originariamente foi construída por
Ramos de Azevedo para sediar o Liceu de Artes e Ofícios. A Sala São Paulo conhecida por seus
concertos de música erudita, foi estruturada numa estação ferroviária desativada. Estamos
usando exemplos com um período de uso em torno de cem anos apenas. Considerando
Stonehenge são estimados dois mil anos de construção e seis mil de uso. É natural que suas
funções tenham um ritmo bastante dinâmico ao longo do tempo.
Localização:
Stonehenge é um monumento pré-histórico localizado no município inglês de Wiltshire,
distando aproximadamente 3,2 Km a oeste de Amesbury e 13 Km ao norte de Salisbury. Sendo
um dos locais pré-históricos mais famosos no mundo, está disposto em um terreno devidamente
aplainado, ressaltando um círculo de grandes pedras em forma de pórtico. Arqueólogos
acreditam que este ícone de pedras foi erguido em 2.500 a.C., porém não sendo a primeira
estrutura nesse local (como descrito abaixo). O aterro circular circunvizinho e o fosso constituem
uma fase anterior ao monumento, datando ao redor de 3.100 a.C.
O monumento foi acrescentado à lista da Unesco de Patrimônio Cultural da Humanidade
em 1.986, junto ao henge de Avebury, também legalmente protegido. Stonehenge é propriedade
da Coroa Britânica que o administra por herança, enquanto as terras circunvizinhas pertencem a
Nação.
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Há evidências arqueológicas recentemente descobertas, indicando que Stonehenge serviu
como local de atividades fúnebres em seus primórdios. Os vestígios originados da cremação ali
encontrados datam de 3.000 a. C., quando os primeiros fossos estavam sendo construídos ao
redor do monumento. Estas atividades continuaram por aproximadamente 500 anos, até que as
pedras gigantescas que marcam o monumento foram elevadas as posições hoje conhecidas, de
acordo com Professor Mike Parker Pearson, chefe do Projeto de Estudos.
Essa prática fúnebre teve seu apogeu na metade do terceiro milênio a.C. Os vestígios
encontrados demonstram que o local teve esta finalidade durante a fase de pedra, continuando
também por longo período apos sua conclusão, ressaltando assim como sendo sua principal
função.
O complexo de Stonehenge foi construído em várias fases atravessando 1.500 anos pelo
menos, embora haja evidências anteriores e posteriores para estas atividades, estendendo seu
prazo talvez há 6.500 anos.
Datar e entender as várias fases de Stonehenge não é uma tarefa simples. A dificuldade
resulta da imprecisão nas datas científicas que determinariam os primeiros registros. Esses dados
são afetados pelas transformações fosseis através dos tempos, principalmente durante a era
glacial. As fases aceitas pela maioria dos arqueólogos são detalhadas abaixo.
Antes do monumento (8.000 a.C):
Alguns arqueólogos acharam quatro (ou possivelmente cinco, embora este último possa
ter brotado naturalmente) troncos da era Mesolítica que datam ao redor de 8.000 a.C, próximo ao
parque turístico moderno. Estes postes píneos (madeira) têm ao redor de 75 cm de diâmetro e se
mostram apodrecidos no local. Três dos postes (e possivelmente quatro) estavam em um
alinhamento de leste-oeste (sol nascente e poente) e pode ter tido um significado ritual; não se
assemelha com nenhum conhecido da Inglaterra, mas foram achados alguns semelhantes na
Escandinávia. Nesta época a Planície de Salisbury era ainda arborizada, mas quatro mil anos
depois, durante o final do Neolítico, alguns monumentos foram construídos nos arredores e
descobertos por fazendeiros que desmatavam a região.
Stonehenge 1 (3.100 a.C):
O primeiro monumento consistiu em um aterro circular contendo um fosso, medindo
110 m de diâmetro com uma grande entrada com face nordeste e outra menor para o sul. Foram
encontrados ossos de animais no fundo do fosso assim como alguns em forma de ferramentas. A
disposição dos achados sugere um arranjo e um cuidado na execução. Existe também uma
diferença acentuada na idade desses achados. O material escavado no fosso servia para aterrar as
laterais produzindo um grande anel elevado. Esta primeira fase é datada ao redor de 3.100 a.C
depois da qual o fosso começou a entupir naturalmente e não pelos construtores.
Na extremidade exterior da área em questão foram cavadas 56 covas acompanhando o
círculo existente, com diâmetro aproximado de 1 m, conhecido como aberturas Aubrey depois de
John Aubrey, antiquário reconhecido identificou-os primeiro. As covas podem ter tido troncos
de madeiras verticalmente posicionadas, porém não há evidências. Esses elementos são
conhecidos como menir e podem ser encontrados isoladamente ou em conjunto. Quando
agrupados, os menires geralmente formam círculos ou agrupamentos circulares. Uma recente
escavação sugeriu que estas covas possam ter sido usadas para erguer as famosas “pedras azuis”
(classificado como menir) formando o primeiro círculo usando rochas. Se isto se confirmar
avançaria a fase do uso da pedra no monumento em pelo menos 500 anos. Um aterro exterior
pequeno além do fosso também poderia ser deste período.
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Stonehenge 2 (3.000 a.C.):
Não parece haver um tempo maior para esta segunda intervenção no monumento. Nesta
fase foram posicionados troncos de madeira dentro do fosso. Há vestígios dessa época. Mais
adiante foram colocados troncos de madeira à entrada nordeste e um alinhamento paralelo de
postes após a entrada sulista. Estes elementos são menores que os das aberturas Aubrey, tendo
ao redor 40 cm de diâmetro e mais próximos. A diferença entre o aterro e o fosso parece menor,
significando seu entupimento. Os restos de cremação são encontrados em pelo menos 25 covas
Aubrey datados de dois séculos após o início de atividades do monumento.
Assim existe outra questão a ser levantada. Se o complexo já existia de longa data, de
que forma era utilizado? É possível que estas aberturas chamadas Aubrey tenham ganhado outra
finalidade, diferente das originais, tornando-se um cemitério de cremações, assim como todo o
monumento. Há vestígios também desses achados dentro do fosso central denotando Stonehenge
como sua principal função ao longo do tempo. Sendo assim seria o mais antigo que se tem
notícia nas Ilhas britânicas. Fragmentos de ossos humanos também foram achados no fosso,
junto a cerâmica de característica Neolítica, ressaltando esta fase.
É interessante observar esta contradição com relação ao tratamento dado aos mortos,
pois as edificações conhecidas como dólmen, também da cultura Neolítica, encontradas
principalmente em Portugal, tinham como finalidade acondicionar os mortos acompanhados de
um aparato fúnebre peculiar. Daí a questão: seria Stonehenge construído para esta finalidade, a
de cremação dos mortos ou serviu para estimular uma mudança de habito? Se os achados mais
antigos denotam serem mais recentes que o monumento, que já existia há centenas, talvez
milhares de anos, inclusive com outra configuração, seria lógico aceitar a segunda questão.
Menir Almendres - PORTUGAL (h = 3,5 m)
Stonehenge 3 (2.600 a.C.):
As escavações arqueológicas indicam que ao redor 2.600 a.C., a madeira foi abandonada
em favor de pedra e novas movimentações de terra foram executadas, ampliando o monumento
agora com 80 blocos de rocha. As chamadas “pedras azuis” que até o século passado se pensava
terem sido trazidas das Colinas de Preseli, hoje se tem novas proposições. Essa colina está a 250
Km de distância, o que dificultaria em muito o transporte dessas pedras. Nova teoria diz que elas
foram trazidas de um depósito glacial mais próximo do local.
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Algumas pedras verticais podem ter sido usadas depois como travessas formando
pórticos. Existem rochas ígneas e calcárias dessa fase que pesam em torno de quatro toneladas.
Elas medem 2 m de altura, largura de 1 m a 1,5 m e 80 cm de espessura. Supostamente haveria
nesta fase um bloco maior isolado conhecido como Pedra de Altar, orientado pelo lado Sul.
A entrada norte foi alargada nesta fase fazendo uma composição com o amanhecer do solstício
de verão e pôr-do-sol do solstício de inverno do período. Esta complementação do monumento é
abandonada em estado inacabado com as pedras verticais aparentemente afastadas. Mesmo
assim o monumento parece ter eclipsado em importância outro próximo conhecido como
Avebury. É possível também ser desta fase o posicionamento do portal Norte composto de dois
blocos verticais e um terceiro fechando horizontalmente em forma de batente. Agora caído um
desses blocos tem 4,9 m de comprimento. São executados também, fossos paralelos e área
central elevada como se fosse um arruamento, distando cerca de três quilômetros e culminando
próximo a um rio. Outras pedras que se destacam no monumento são desta fase.
Stonehenge 3 II (2.600 a.C. a 2.400 a.C.):
A próxima fase principal de atividade ao final do 3º milênio a.C. compreende ao
posicionamento de 30 blocos verticais trazidos de uma pedreira distante cerca de 40 quilômetros
ao norte de Stonehenge, em uma região conhecida como Marlborough Downs. Outras pedras
foram talhadas e dotadas de encaixes tipo macho e fêmea. Foram elevadas e assentadas como se
fossem vigas, sobre as verticais formando um circulo de aproximadamente 33 m de diâmetro.
Cada pedra vertical parcialmente enterrada está visível cerca de 4 m de altura e tem peso
aproximado de 25 tons. Parecem ter sido trabalhadas quanto a sua largura de modo que
visualmente pareça uniforme considerando sua perspectiva. Será este fato coincidência ou
realmente uma preocupação com a estética já naqueles dias? As horizontais também receberam
um tratamento para que produzissem um efeito curvilíneo. Demonstrando a intenção de produzir
uma concordância entre as peças obtendo um circulo perfeito. As pedras verticais possuem faces
mais lisas internamente do que externamente. A espessura comum destas pedras é 1,1 m e a
distância comum entre elas é 1 m. Seria necessário um total de 74 blocos de pedra para
completar o círculo, mantendo-se o mesmo espaçamento. Aparentemente esta estimativa não
parece ter sido completada. As pedras horizontais tipo viga, tem ao redor de 3,2 m de
comprimento, 1 m de largura e 80 cm de espessura. Essas rochas-vigas estão a uma altura de 4,9
m do chão.
STONEHENGE – Fase de pedra
Dentro deste círculo há cinco trílitos de pedra organizados em forma de ferradura com
13,7 m de comprimento com sua abertura voltada para Nordeste. Estas pedras enormes
consistem em dez totens unidos por cinco rochas viga, pesando até 50 toneladas cada, tendo
como elo um complexo sistema de encaixe. Eles estão organizados simetricamente sendo que o
par menor de trílitos possui ao redor 6 m de altura.
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O próximo par é um pouco mais alto e largo. O trílito maior, isolado no lado sudoeste
teria 7,3 m de altura. Somente uma peça vertical do grande trílito está de pé. Sendo visível 6,7
m, possui outros 2,4 m debaixo do chão.
Sistema de encaixe
Esta fase expressiva é datada pelo processo do radio carbono entre 2.600 e 2.400 a.C.
Ao mesmo tempo foi construído outro círculo onde foram usados postes de madeira cujo
diâmetro está em torno de 500 m, distando cerca de 3,2 Km de Stonehenge. Este novo complexo
situa-se nas proximidades do Rio Avon, hoje conhecido como Durrington Walls. Opondo-se aos
alinhamentos solares de Stonehenge, o círculo foi orientado para o sol nascente no solstício de
inverno e uma avenida ligava o rio ao círculo em um alinhamento para o pôr do sol no solstício
de verão. Há evidências de que duas avenidas uniam ambos os círculos, contendo o Rio Avon
entre os dois monumentos, sendo que as mesmas serviam talvez, como rota de procissão usada
nos dias mais longos e mais curtos do ano. Parker Pearson especula que o círculo de madeira de
Durrington Walls seria considerado um “lugar da vida” e o círculo de pedras representava um
“lugar da morte”. O Rio Avon seria como uma viagem entre os dois.
Durrington walls – INGLATERRA
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Stonehenge 3 III:
Depois na Idade de Bronze, as “pedras azuis” parecem ter sido reerguidas, embora os
detalhes exatos deste período ainda estejam obscuros. Elas foram colocadas dentro do círculo
exterior. Algumas têm cortes sugerindo que possam ter tido em algum momento rochas vigas
sobre elas.
Stonehenge 3 IV (2.280 a.C. a 1.930 a.C.):
Esta fase consiste em um rearranjo adicional de “pedras azuis” colocadas em um círculo
entre os já existentes e um oval no centro. Alguns arqueólogos discutem se algumas dessas
rochas fariam parte de um segundo grupo trazido de Gales. Todas as pedras estavam bem
espaçadas e sem quaisquer peça horizontal unindo-as deduzido em Stonehenge 3 III. A Pedra de
Altar pode ter sido movida dentro do oval e colocada de pé. Embora esta fase pareça ser mais
importante do trabalho, Stonehenge 3 IV era fragilmente construído comparado aos seus
antecessores. Os “bluestones” recentemente reinstalados não possuíam fundações adequadas e
vieram abaixo. Nota-se uma melhoria no acabamento das peças, porem a questão estrutural
parece não ter evoluído. A partir daí as mudanças introduzidas ao monumento são consideradas
secundarias.
Stonehenge 3 V (2.280 a.C. a 1.930 a.C.):
Logo depois, a seção norte oriental da Fase 3 IV, formada pelo círculo de “Bluestones”
era afastada, gerando uma nova ferradura. Isto ressaltou os trílitos centrais. Esta fase é
contemporânea com outro local famoso conhecido como Seahenge em Norfolk.
Depois do monumento (1.600 a.C.):
A última modificação conhecida em Stonehenge data de 1.600 a.C. e o uso provável
seria durante a Idade do Ferro. Moedas romanas e artefatos medievais têm sido achados dentro e
ao redor do monumento, mas é desconhecido o período de uso ao longo da sua História e
exatamente de que forma. Vale ressaltar melhoramentos executados durante o 7º e 6º século a.C.,
já na Idade do Ferro, em uma região próxima conhecida como acampamentos romanos de
Vespasiano, situados nas margens do Rio Avon. O local se tornou conhecido por pesquisadores
durante a Idade Média e desde então vem sendo estudado por diversas áreas.
Conclusão:
O local parece ser muito especial, pois congrega vários monumentos importantes
para seus construtores e usuários. Stonehenge em si se mostra um caso peculiar por
atravessar praticamente todas as fases conhecidas e que caracterizam a Arquitetura
Neolítica. Pode ter começado apenas como um menir isolado, solitário, cuja finalidade
sugere um longo debate, pois só teria sentido para quem o fez. Desse exemplar embrião
teriam surgido outros, erigidos desordenadamente. A partir de certa época uma
reorganização pode ter havido com o objetivo de criar um lugar diferente da amplidão
típica da planície. Lembrando que houve a troca da madeira por rocha com a evolução
das técnicas construtivas. Noutra fase de remodelação os blocos são dispostos
equidistantes e em círculo, gerando um espaço restrito. Para agregar maior valor ao
espaço outros círculos são construídos. Já nesta fase o terreno é preparado com
escavações e movimentações de terra criando platôs e depressões (covas e fosso)
ressaltando aquela área em especial. Com a suntuosidade que aparentava é evidente que
deveria servir para situações especiais. Então o novo espaço criado adquiriu uma função
após sua conclusão, difícil aceitar o contrário.
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Considerando que esses personagens viviam em habitações rudimentares, recémsaído das cavernas, sem nenhuma tecnologia, com ferramentas de pedras, sem meios de
transporte ou equipamentos, não teriam conhecimentos suficientes para criar um espaço
destinado a uma atividade qualquer. Mesmo considerando a fase em que o monumento
atravessa a Idade do cobre e do bronze, cujo efeito é sentido no acabamento dos blocos
de pedra, percebemos que o formato original de formas circulares é mantido. As
melhorias são apenas estéticas. Inicialmente essas edificações podem ter começado sem
nenhuma finalidade. Evidentemente que com o passar do tempo a evolução se torna
sutil. Daí sim nota-se um refinamento nos empreendimentos que se sucederam. É
interessante ressaltar que a época áurea de Stonehenge onde vemos a utilização de
blocos de rocha com até 50 tons. coincide com a fase de construção das pirâmides do
Egito, há milhares de quilômetros dali, onde também foram usados blocos desse porte
(Quéops). Certamente a diferença entre o porte das edificações estaria no maior número
de operários envolvidos. Apesar de menor em dimensões, os construtores de Stonehenge
são precursores na técnica de transportar peças tão grandes, assim como na utilização de
ferramentas para seu acabamento, já na Idade do Bronze. Por estar numa condição
impar, sem comparações e na incerteza de outras realizações, os trílitos de
Stonehenge podem ser considerados como a primeira grande criação da
Arquitetura, precedendo os pilares e vigas que usamos na atualidade.
STONEHENGE – Concepção Artística
Os meios utilizados para o transporte dos blocos são temas de constante debate.
Arrastados sobre toras de madeira e puxados por força humana, assim como força
animal, pois já eram domesticados. Puxado por bois ou cavalos, arrastados pela planície
e trançando inconscientemente as primeiras estradas que se tem notícia. Dezenas de
homens, voluntariamente ou por imposição, por “hobby” ou por competição, pelo
sustento próprio ou pela fé em algo incompreensível, são motivos também
questionáveis. Várias teorias poderiam ser aceitas, porém a questão crucial está na
elevação de blocos de rocha de várias toneladas a 6 ou 7 m de altura sem nenhum
equipamento.
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Poderíamos arriscar uma solução. Ora, considerando que esses construtores
executavam movimentações de terra para criarem fosso e anel elevado, podemos deduzir
que dispunham de ferramentas adequadas para esse trabalho. Portanto o recurso mais
apropriado seria a rampa de terra, tornando possível arrastar os blocos sobre os menires
verticalmente posicionados. Depois bastaria desmontar a rampa de terra e expor o
trabalho. Este recurso pode não servir para Stonehenge, pois o mesmo foi construído em
várias etapas, necessitando de um planejamento para sua execução.
Se hoje se mostram rústicos, banais e sem sentido, imagino a euforia de seus
construtores admirando o trabalho realizado. Devia ser motivo para comemorações com
fogueira, carne de caça assando e até dança. Imagino esse feito como troféu, como um
bem inestimável, fruto de árduo trabalho. Imagino lutas intensas para preservar esses
espaços tão importantes para a época. Não é aceitável que este empreendimento tão
antigo e de longo período de uso, seja remodelado várias vezes pelos mesmos
idealizadores. Muitos povos o detiveram e muitos o reconstruíram, motivados pelo
fascínio de sua Arquitetura. Stonehenge é um monumento especial onde podemos
admirar toda a evolução da Arquitetura Neolítica, passando por todas as suas fases. A
arte até então reservada às cavernas ganha três dimensões representado pelos menires
cuja evolução resulta no conhecido Stonehenge, último degrau de uma longa escala
evolutiva. Quando vemos a configuração circular do Coliseu Romano ou das antigas
arenas, quando admiramos as arquitraves do Parthenon em Atenas, ou o arco de Trajano
em Roma, sentimos uma semelhança com Stonehenge. Sentimos uma melhoria a partir
de algo já explorado e muito mais antigo. Desafortunadamente seus autores não
desfrutam de nenhum reconhecimento, pois a pergunta continua: Quem construiu
Stonehenge?
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