ASPECTOS HISTÓRICOS DO IMPÉRIO DO MALI: (SÉCS. XIII

Transcrição

ASPECTOS HISTÓRICOS DO IMPÉRIO DO MALI: (SÉCS. XIII
209
ASPECTOS HISTÓRICOS DO IMPÉRIO DO MALI: (SÉCS. XIII- XVI)
Adriano Luiz Amaral/[email protected]
Guilherme Bertolin Silva/[email protected]
Eliabe Pereira/[email protected]
Maithê Ribeiro da Silva – [email protected]
Ricardo Tadeu Caires Silva/[email protected]
Isabela Candeloro Campoi/ [email protected]
UNESPAR, Campus Paranavaí
Resumo. O objetivo desse texto é abordar alguns aspectos históricos do Império Mali, localizado na
África Ocidental, perto do rio Níger, que predominou nesta região entre os séculos XIII e XIV. Com tal
atividade pretende-se elaborar um conjunto de aulas para serem aplicadas no Ensino Fundamental
da Escola Curitiba e do Colégio Leonel Franca, na cidade de Paranavaí- Pr. Assim como os demais
reinos africanos, o reino do Mali é pouco abordado no conteúdo programático e na proposta
pedagógica das escolas. Tal fato decorre da pouca importância dada historicamente à História da
África nos currículos escolares. Contudo, a partir da aprovação da lei 10.639/03, que instituiu a
obrigatoriedade do ensino da História e cultura africana e afro-brasileira nas escolas do ensino
fundamental e médio, está situação tem se modificado e as pesquisas sobre os povos africanos vem
ganhando espaço nos meios acadêmicos do país. Dessa forma, esse texto tem por objetivo
problematizar os principais aspectos da história do império do Mali com vistas à produção de material
didático para subsidiar aulas e oficinas sobre a História da África. Tal atividade faz parte do Projeto
História e Cultura afro brasileira: conhecendo nossas raízes, vinculado ao PIBID – História da
Unespar, Campus de Paranavaí-Pr. A partir da leitura e exame das principais obras sobre a História
da África, almejamos produzir materiais didáticos – planos de aula, oficinas, textos de apoio, etc. –
bem como resenhas, fichamentos e artigos científicos para subsidiar os professores nas aulas sobre
este importante reino africano.
Palavras-chave: Império do Mali; África; História; Pibid.
Introdução
O Império do Mali foi um Estado que existiu na África Ocidental entre 1230 a 1600
d.c. Localizado na savana ocidental, na região do Alto Níger, tinha por capital a
cidade de Niani. O mapa abaixo ilustra o reino Mali durante nos séculos XIII-XVI e a
localização atual do país com o mesmo nome:
210
Como se pode perceber na observação do mapa acima, o império do Mali abrangia
um vasto território, importante nas transações comerciais que envolviam o vale do
rio Niger, o deserto do Saara, Sael, Jenné na região do rio Bani, um grande centro
agropecuário que ligava savana, cerrado e florestas. Assim o comércio interno
prosperou muito entre os séculos XIII e XIV. Segundo MUNANGA (2009: p. 58-59),
as histórias do império Mali, narradas através da epopeia mandinga, “estão ligadas a
Sundiata, uma criança enferma que escapou com vida quando seu pai, o soberano
do pequeno reino do Mali, foi massacrado com seus filhos pelo rei do Sosso do
então império de Gana. Segundo a epopeia, a criança Sundiata foi curada por
milagre, depois de ter tocado no bastão do cetro real. Recuperada a força de suas
pernas, ele foi vingar sua família dos Keita, atacando e vencendo, em 1235, o reino
Sumaguro, de Gana, assassino de seu pai e seus irmãos. Além de pilhar a capital,
Kinbi-Saleh, entre conquistas e anexações, ele fundou um vasto império do qual se
tornou o rei Mansa e passou a reinar depois no palácio de Niani, sua nova capital”.
O conhecimento do reino do Mali nos foi permitido sobretudo graças aos relatos dos
viajantes estrangeiros, como Ibn Battuta.
A sociedade e política
A população o Mali era composta de várias etnias, sendo os mandingas (Malinké ou
Mande) a principal delas. Além destes, havia também os jalofos, sereres, tucolores,
fulas, bambaras, soninquês, dentre outros povos. Por sua vez, a sociedade dividiase de forma hierárquica, estando no topo o rei do Mali, denominado Mansa, seguido
da linha real, do clã dos Quietas, de nação mandinga e das demais nações. O
império do Mali era uma sociedade hierarquizada onde estava no topo o rei
denominado como o mansa, Sundiata ou o mansa era de um grupos étnicos de
negros denominados de mandingos que existem até hoje na região, mas mesmo
com a existência de um rei a responsabilidade de determinados assuntos era dos
anciões.
211
A economia
As principais transações econômicas do império do Mali giravam em torno das
atividades comerciais e da tributação das comunidades aldeãs. Segundo MAESTRI
(1988: p.31) o império do Mali constituiu uma formação tributária, no qual, a classe
dominante-administrativa, ainda cimentada por laços clânicos e consagüíneos (os
keitas), assentava seu poder sobre a extração de excedente (sob a forma de
tributos) das comunidades aldeãs, das populações submetidas diretamente aos
mansas e do comércio transaariano.
Além disso, a economia do Mali também se desenvolveu graças ao controle do
acesso ao ouro e aos africanos que seriam escravizados para as Américas. O
império tinha relações comerciais com o sul do Marrocos, com a atual Líbia e o
Egito. Dentre as principais cidades mercantis destacam-se Djenne e Tombuctu. A
imagem abaixo mostra uma caravana árabe nas imediações desta última cidade:
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Berber_Trade_with_Timbuktu_1300s.jpg
Por Tombuctu circulavam sal e ouro das minas do Império do Mali, tecidos, grãos e
noz-de-cola das flores, além de peles, plumas, marfim e instrumentos de metal. Ao
longo do século XIV, Tombuctu se transformou num importante centro intelectual do
mundo, reunindo cerca de 150 escolas com muitos estudantes oriundos de outras
partes do território africano.
A política
A organização política do Mali emana da Carta de Kurukan Fuga, também chamada
de Carta de Manden. Segundo a tradição oral malinesa, este instrumento se tornou a
Constituição do Império do Mali durante a Grande Assembleia (Gbara) que se seguiu
à Batalha de Kirina (c. 1235) [Nota] O chefe supremo era o Mansa Musa, uma espécie
de rei ou imperador.
212
Mansa Musa. Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Mansa_Musa.jpg
A religião
A religião ocupou um papel central na história do império de Mali, haja vista que para
entender a formação deste reino é preciso colocá-lo no contexto da expansão
islâmica no norte da África, ocorrida a partir de meados do século VII. No início do
século XI, o chefe local, convertido ao islamismo, domina os súditos com o auxílio
dos Almorávidas. A partir de relatos muçulmanos, o chefe local, dito Keita, faz a
peregrinação até Meca e em 1050 recebe o título de sultão.
A decadência
O reino do Mali entrou em decadência em no início do século XV devido aos
sucessivos conflitos dinásticos, aliada às constantes invasões de seus territórios por
rivais ambiciosos. Ataques vindos do sul, feitos pelos Mossi, e do norte, feitos pelos
Tuaregs, debilitam o que já era um reino enfraquecido pelos maus governantes
Nestes anos sofreu a continua pressão do império Gao, quando os portugueses
chegaram às costas do império. Quando os portugueses contatam com o Mali, o
reino já está decadente e, no século XVI, o rei Mamadou II pede, inutilmente, ajuda
aos portugueses para resistir aos inimigos, pois já havia perdido inclusive Tombuctu
para os Tuaregs – Tombuctu que era grande centro do comércio de longa distância,
de instalação de monopólios reais e de tributação e fornecia importante fonte de
renda para o reino. Era a decadência do reino do Mali, que subsistiria como reino
menor até o século XVIII.
Considerações finais
O propósito deste trabalho foi de apresentar como o Império Mali se tornou um
grande império da África Ocidental, que controlava o comércio do sal, do ouro,
matérias-primas e outros bens preciosos.. Durante mais de três séculos, no Mali,
213
diversas etnias conviveram mantendo sua língua e sua cultura, sob a autoridade dos
Mansas. Os sucessores de Mansa, os Mussa tiveram dificuldades em manter o
controle de um território tão grande, além do interesse de outros povos na riqueza
da terra. Dessa forma, o reino de Songhai, povo originário do noroeste da Nigéria,
começou a anexar as províncias do Mali até tomar Djenne, uma das principais
cidades.
Referências
LY-TALL, Madina. História Geral da África - A África do século XII ao século XVI.
UNESCO. Ática,1985
MAESTRI, Mario. História da África negra pré-colonial. Porto Alegre: Mercado
Aberto, 1988.
MUNANGA, Kabengele. Origens africanas. Histórias, línguas, culturas e civilizações.
São Paulo: Global, 2009.
KI-ZERBO, Joseph, História da África negra Vol-I 2ª ed.Trad. Américo de Carvalho.
Paris:Europa-América,1972.
SILVA, Alberto da Costa e. A enxada e a lança: a África antes dos portugueses. Rio
de Janeiro: Nova Fronteira; São Paulo: EDUSP,1992.

Documentos relacionados

IMPÉRIO MALI Entre muitos laços que unem à África e aos

IMPÉRIO MALI Entre muitos laços que unem à África e aos localizado ao sul de Mali. Da capital Niani partiram duas grandes estradas, uma direcionada ao norte e outra ao noroeste do continente africano. Da capital Niani do novo império a estrada direciona...

Leia mais

Aula 2 – Os Reinos Africanos

Aula 2 – Os Reinos Africanos ouro do Brasil chegou a Europa. Em relatos de viajantes do Século XI, consta que o ouro estava presente em toda corte e palácio real, em pulseiras, armas, escudos, até nas coleiras de cães. Gana n...

Leia mais