Como realizar uma uretrostomia escrotal

Transcrição

Como realizar uma uretrostomia escrotal
Conhecimentos médicos essenciais para cuidados veterinários exemplares
Janeiro/Fevereiro 2015 v Peer-reviewed v Edição Portuguesa
REVISTA BIMESTRAL | PREÇO UNITÁRIO: 5 €
Como realizar uma
uretrostomia escrotal
Intoxicação por algas
Desafios da liderança
Imagiologia em répteis
Cistografia num cão
Queratomas nos cães
Comportamento e bem-estar de gatos
www.esteve.pt
mais perto
NOVTAAÇÃO
N
APRESE
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pesos dos animais
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100 mg A. Clavulânico
4 kg
20 kg
40 kg
Edição Portuguesa
Vol. 17 • Nº 97 Janeiro/Fevereiro 2015
47
Aperfeiçoamento técnico
Como realizar uma uretrostomia
escrotal e acabar com o ciclo dos
cálculos
09
Astenia cutânea num gato
doméstico
Fonseca, Maria João, DVM, MSc
(Doenças Infecciosas Emergentes)
13
Caso toxicológico
O veneno no lago
Intoxicação por algas
azuis-verdes num cão jovem
Safdar A. Khan, DVM, MS, PhD, DABVT
17 Desafios da liderança
A profissão em crise
Um retrato de saúde de
completo
Como cultivar o cumprimento das suas recomendações por parte dos clientes
Artigo preparado pela equipa dvm360.com
Está intrigado pelo facto de os clientes não
seguirem os seus conselhos? Tente estas cinco
ideias e a sua clínica poderá encontrar o
caminho de uma boa saúde para todos.
23
Imagiologia em répteis
Identificação da causa da
anorexia e perda de peso de
um dragão barbudo
Katie W. Delk, DVM, David S. Biller, DVM, DACVR,
James W. Carpenter, DVM, DACZM
Um estudo que incluiu um enema com
contraste ajudou os clínicos a detetar uma
estenose intestinal neste animal de companhia
exótico. Saiba como este exame de diagnóstico o poderá ajudar com outros répteis doentes que manifestem sintomas semelhantes.
Don Waldron, DVM, DACVS
Este procedimento que desvia de forma permanente
o fluxo urinário, pode beneficiar os cães com
problemas de bloqueio uretral recorrente devido
a cálculos urinários.
28
Cistografia com controlo
positivo num cão com uma
rotura da bexiga de deteção difícil
Philip I. Allen, DVM, David S. Biller, DVM, DACVR,
Michael S. Thoesen, DVM, DACVS
Para evitar erros de diagnóstico, assegure-se
que realiza uma investigação profunda
quando usa esta técnica para identificar
uma rotura da bexiga.
32
Queratomas nos cães
Dor nas almofadinhas plantares
Uma revisão dos queratomas
das almofadinhas plantares
dos cães
Steven F. Swaim, DVM, MS, Mark W. Bohling,
DVM, PhD, DACVS, James C. Wright, DVM,
PhD, DACVPM, Ilaria Borghese, MS, MA, OTR/L
Neste trabalho, os peritos referem o facto
de estas lesões dolorosas terem como causa
provável um traumatismo mecânico repetido
e recomendam um plano de tratamento e de
prevenção.
39
Influência de um alimento que contém hidrolisado de α-caseína e L-triptofano no comportamento e bem-estar de gatos
Gonçalo Da Graça Pereira, DVM, MsC, PhD, Dip ECAWBM (BM);, Pier A.Accorsi, DVM, PhD,
Valentina Beghelli, DVM, Michela Mattioli, DVM,
Sara Fragoso, MSc.
VETERINARY MEDICINE Janeiro/Fevereiro 2015
3
Índice
continuação
05
NOTÍCIAS
Atribuição dos Prémios Casos Clínicos em
Dermatologia 2013
Gestão e produção sustentável de bovinos
e equinos debatidos em Évora
Bayer lança Ceffect® Lactação 75 mg
06
UM OLHAR SOBRE A LITERATURA
Existe uma “forma melhor“ para tratar a anemia
hemolítica imunomediada nos cães?
É seguro administrar sangue de cães a gatos?
08
A ENSINAR
Dirofilariose efeitos a longo prazo
E de que forma a revisão das guidelines pode ajudar
Editora: Paula Cordeiro
Calçada de Arroios, nº 16-C, Sala 3
1000-027 Lisboa
Edição Portuguesa
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Dr. António Valadares
Dr. Carlos Bettencourt
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4
Janeiro/Fevereiro 2015 VETERINARY MEDICINE
Os artigos publicados nesta edição da Veterinary Medicine têm direitos reservados
(2015) para a Advanstar Communications,
Inc., Lenexa, KS n66219, USA. Todos os direitos de publicação da Veterinary Medicine
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permission of Advanstar Communications,
Inc., is prohibited.
Nota do editor: Sendo a maioria dos artigos publicados na edição portuguesa da
Veterinary Medicine traduções de originais
da edição americana da mesma revista,
alertamos para o facto de que poderá por
vezes ser referida a utilização de fármacos
não autorizados na União Europeia nas mesmas formulações, posologias e/ou para as
mesmas indicações e/ou espécies.
Notícias
Atribuição dos Prémios
Casos Clínicos em
Dermatologia 2013
Foram entregues os Prémios da 2ª
edição “Casos Clínicos em Dermatologia”, publicados durante o ano de 2013, na Revista Veterinary
Medicine, com o patrocínio da Flyingvet.
Este prémio tem o objetivo de promover a participação ativa
dos Médicos Veterinários, na divulgação das situações decorrentes da prática clínica do dia-a-dia, através da publicação de
casos clínicos que sejam considerados interessantes do ponto
de vista didático, quer pelas suas particularidades, quer pela
sua resolução.
O Júri, composto pelo Prof. Doutor José Henrique Correia, pela
Prof. Doutora Ana Oliveira e pela Prof. Doutora Justina Prada,
avaliou os artigos, tendo atribuído os três prémios previstos no
regulamento desta iniciativa.
O caso clínico “Dermatite eosinofílica num Labrador”, publicado
na edição de maio/junho de 2013, da autoria da Dra. Diana
Coelho, foi o vencedor do 1º Prémio. O 2º Prémio foi atribuído ao
caso publicado na edição de março/abril de 2013, “O diagnóstico e tratamento da straelensiose canina na prática clínica: um
caso”, da autoria dos Drs. Renato Pinho, Marcos Fdez Monzón e
João Simões. As vencedoras do 3º prémio foram a Dra. Augusta
Ferraz e a Doutora Helena Vala com o trabalho “Utilização de
ciclosporina A - Uma nova abordagem no tratamento de eritema
multiforme”, publicado na edição de novembro/dezembro.
A Veterinary Medicine felicita todos os premiados desta edição
e desafia os Médicos Veterinários a enviarem os seus casos para
a edição deste ano.
Gestão e produção sustentável de
bovinos e equinos debatidos em Évora
JORNADAS VETERINÁRIAS INTEGRAM
I FESTIVAL DE ENDURANCE DE ÉVORA
O Hospital Veterinário Muralha de Évora (HVME) em parceria
com a Equimuralha vão realizar nos próximos dias 6 e 7 de Março,
a 7ª edição das Jornadas do Hospital Veterinário Muralha Évora.
Trata-se de um conjunto de seminários e workshops que se
realizam no Évora Hotel e se focam, no primeiro dia, nos temas
“Enfrentar o Futuro da Pecuária: desafios e oportunidades” e
“Técnicas de reabilitação equina”.
Ao longo destes dois dias irão ser abordados diversos temas
de ruminantes e equinos, em diferentes áreas temáticas, que
possibilitem melhorar a produtividade dos sectores, de forma
sustentável, contribuindo para o desenvolvimento rural.
As Jornadas constituem uma oportunidade para que investigadores, técnicos e outros profissionais dos sectores possam
partilhar ideias, analisar e discutir o estado actual do conhecimento e das perspectivas futuras.
A organização das Jornadas foi mais uma vez movida pela
ambição e o desafio de responder às expectativas de todos os
que nos procuram, conjugando elevados padrões de qualidade
nas palestras e inovação.
O painel de oradores que se debruça sobre os ruminantes,
conta com intervenções vindas de várias áreas e com experiências diferentes. Irá manter-se a realização de uma mesa-redonda,
com a presença de diversas entidades.
Na sala dedicada aos equinos, este, ano pretende-se dar
destaque às mais modernas técnicas de reabilitação em equinos.
No segundo dia o programa versa sobre temáticas mais específicas e workshops práticos para médicos veterinários.
Nos ruminantes, irão decorrer diferentes seminários, onde as
Associações de Criadores voltam a ganhar destaque.
As Jornadas do Hospital Veterinário Muralha Évora destinam-se à comunidade em geral, a produtores, criadores, proprietários
de animais de produção e cavalos, mas também a médicos veterinários e estudantes. Na sua última edição teve uma participação
que, superou os 400 participantes, consolidando-se como um
evento de importância nacional.
O Hospital Veterinário Muralha de Évora (HVME) e a Equimuralha são duas entidades de referência na região e entendem
que para além dos serviços médico-veterinários que prestam à
comunidade, devem ter um papel mais interventivo na sociedade
ao nível pedagógico, nomeadamente através do desenvolvimento
de diversas ações de formação.
Para consultar o programa das jornadas veja no site
www.hvetmuralha.pt.
FONTE: HOSPITAL VETERINÁRIO MURALHA DE ÉVORA
Bayer lança Ceffect® Lactação 75 mg
NOVO ANTIBIÓTICO INTRAMAMÁRIO
Um antibiótico intramamário indicado para o tratamento da
mastite clínica em vacas em lactação, causadas por bactérias
Gram + e Gram-.
A Bayer acaba de lançar Ceffect® Lactação 75 mg, um antibiótico intramamário, em pomada, indicado para o tratamento
da mastite clínica em vacas em lactação, causadas por bactérias
Gram + e Gram -, incluindo Escherichia coli, Streptococcus uberis,
Streptococcus dysgalactiae e Staphylococcus aureus, todas elas
sensíveis à cefquinoma.
Ceffect® Latação 75 mg tem como substância ativa uma cefalosporina de 4ª geração, caracterizada pelo seu largo espectro
de actividade, concentração média muito elevada, elevada estabilidade contra as β-lactamases e boa seringabilidade.
Com este novo medicamento, e depois do Ceffect® 2,5%
Injectável, a Bayer amplia assim a sua gama de anti-infecciosos
para o tratamento das mastites em bovinos.
Para mais informações, consulte www.bayervet.bayer.pt
FONTE: BAYER
VETERINARY MEDICINE Janeiro/Fevereiro 2015
7
Um olhar sobre a Literatura
Da bibliografia científica para o seu consultório
PORQUE FOI FEITO
Tendo em conta a variedade de corticosteroides e outros
compostos que tem sido usada para o tratamento da anemia hemolítica imunomediada (IMHA), será útil certamente
dispor de informação sobre os objetivos iniciais e benefícios
do tratamento.
O QUE FOI FEITO
Os autores realizaram uma revisão sistemática da literatura
(1980-2011) para avaliar as evidências atuais sobre o regime imunossupressor ótimo para os cães com IMHA. Foram
incluídos nesta revisão estudos que envolviam casos de IMHA
idiopática primária e que tivessem resultados relativos aos
regimes terapêuticos adotados. Foram excluídos os estudos
em que os dados de sobrevivência estivessem classificados
por tratamento, bem como os que se referiam a menos de
cinco casos.
A evidência apresentada nos estudos foi objeto da seguinte
classificação:
A: Estudo randomizado cego com controlo, comparando duas
intervenções de tratamento
B: Estudo com controlo sem evidência de ser cego ou
randomizado
C: Estudo prospetivo de grupo
D: Estudo prospetivo de caso-controlo
E: Estudo retrospetivo de grupo ou caso-controlo
F: Estudo prospetivo com intervenção única
G: Estudo retrospetivo com intervenção única
1: > 50 casos por grupo
2: 21 a 50 casos por grupo
3: 10 a 49 casos por grupo
4: < 10 casos por grupo
O QUE SE VERIFICOU
Globalmente, foram incluídos na revisão 19 estudos, que
correspondiam a dados de 843 casos de IMHA. Apenas
quatro (21%) dos estudos tinham incluído controlos, com
evidência de grau A ou B. Em quatro estudos, a base para o
diagnóstico de IMHA era pouco clara.
Em termos de tratamento, em nove dos estudos (47%), os
regimes foram classificados como “claramente definidos
mas incompletos”, uma vez que não referiam a duração do
tratamento. As posologias de compostos chave não eram
referidas em dois dos restantes estudos e os regimes de
tratamento adotados não eram claros.
Embora a dose e formulação fossem variáveis, foram usados
corticosteroides em todos os casos de IMHA avaliados. As
doses de prednisona ou prednisolona variaram entre 1 e 8
mg/kg/dia, enquanto a dose de dexametasona variou entre
0.2 a 1 mg/kg/dia. Os três outros compostos mais usados
foram a azatioprina (1 a 2.7 mg/kg/dia), ciclosporina (3 a
8 mg/kg/dia) e ciclofosfamida (1.1 a 3.3 mg/kg/dia ou 50
mg/m2/dia durante quatro dias, ou uma dose inicial de 200
mg/m2 seguida de 50 mg/m2/dia durante três dias).
MENSAGEM A RETER
A evidência de elevada qualidade que permita formular uma
recomendação geral sobre o regime de tratamento “ideal”
para os cães com IMHA é escassa. Os autores salientam
que este problema se deve certamente à baixa incidência da
doença e à dificuldade de recrutar casos em número elevado
para estudos prospetivos.
Swann JW, Skelly BJ. Systematic review of evidence relating to the treatment of immune-mediated hemolytic anemia in dogs. J Vet Intern Med 2013;27(1):1-9.
Getty Images/Norah Levine Photography
Existe uma “forma
melhor“ para tratar
a anemia hemolítica
imunomediada nos cães?
Um olhar sobre a Literatura
continuação
É seguro administrar
sangue de cães a gatos?
MENSAGEM A RETER
PORQUE FOI FEITO
Numa situação de emergência, é possível recorrer às reservas
de sangue canino para realizar uma transfusão a um gato?
O QUE FOI FEITO
Getty Images/Chris Scredon
países como a França, Itália e Austrália. Desde 1962 até
ao presente foram publicados quatro estudos e um caso
clínico sobre a utilização de sangue canino em transfusões
administradas a gatos (no total 62 gatos). Na maioria dos
casos, as transfusões foram bem toleradas, indicando que os
gatos não têm, naturalmente, anticorpos contra os glóbulos
vermelhos do sangue canino.
As reações ligeiras às transfusões incluíram taquipneia e
pirexia, bem como icterícia, na semana seguinte à transfusão.
As transfusões repetidas, administradas mais de sete dias
depois de uma transfusão inicial, resultaram em reações
graves à transfusão (hemoglobinúria, anafilaxia, morte). Por
outro lado, os investigadores verificaram que os glóbulos vermelhos caninos têm uma semivida muito mais curta (menos
de quatro dias) quando são administrados a gatos.
Os autores realizaram uma revisão da literatura sobre a
prática de xenotransfusão – a transfusão de sangue de uma
espécie diferente – em medicina veterinária.
O QUE SE VERIFICOU
A xenotransfusão tem sido documentada na literatura veterinária desde os anos 60 do século passado e, de acordo com
os autores, continua a ser uma prática comum em alguns
Não se deve usar como prática a administração de sangue
completo ou de concentrados de glóbulos vermelhos de cães
nas transfusões a administrar a gatos. A xenotransfusão pode
ser considerada em circunstâncias específicas, quando não
está disponível sangue felino compatível ou um veículo de
oxigénio baseado em hemoglobina e se o animal nunca tiver
sido submetido a uma xenotransfusão. É imprescindível uma
conversa franca com os donos sobre os riscos e benefícios
deste tipo de transfusão.
Bovens C, Gruffydd-Jones T. Xenotransfusion with canine blood in the feline species: review
of the literature. J Feline Med Surg 2013;15(2):62-67.
“Um olhar sobre a literatura” teve a contribuição de Jennifer L. Garcia, DVM, DACVIM, Especialista em Medicina Interna Veterinária no Sugarland Veterinary Specialists em Houston, Texas.
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A ensinar
DIROFILARIOSE
EFEITOS A LONGO PRAZO
E de que forma a revisão das
guidelines pode ajudar
10
Janeiro/Fevereiro 2015 VETERINARY MEDICINE
Todos os dias aprendemos mais sobre a dirofilariose, mas
sabemos já há muito que esta é uma das doenças mais
comuns e evitáveis que ameaçam os nossos doentes.
Mantendo-nos atualizados sobre a doença, informando os
donos e recomendando a realização de tratamentos profiláticos ao longo de todo o ano, podemos fazer a diferença.
As orientações revistas podem ser consultadas em http://
heartwormsociety.org/veterinary-resources/canine-guidelines.html.
Stephen Jones, DVM, é Médico Veterinário no Lakeside Animal Hospital em Monks Corner,
Carolina do Sul. Será Presidente da AHS até setembro de 2017.
Imagem cedida pelo Dr. Stephen Jones
Como médico veterinário na área de Lowcountry da Carolina do Sul (EUA), lido com doentes com dirofilariose quase
diariamente. Assim, tenho um interesse especial sobre os
efeitos que esta doença pode ter a longo prazo. Nos últimos
seis anos, estudei os resultados de necropsia de dezenas
de cães e gatos. Alguns destes tinham infeções ativas na
altura da morte, outros tinham sido tratados para esta doença
durante a sua vida.
O meu estudo ensinou-me que muitos donos e veterinários
não realizam que esta infeção deixa marcas importantes e
afeta a saúde e a qualidade de vida dos doentes, mesmo
depois de os parasitas já não estarem presentes. Estas alterações graves e duradouras acontecem em cães que foram
tratados e também em gatos que eliminaram os parasitas
naturalmente.
Esta perceção levou a que me envolvesse no trabalho da
American Heartworm Society (AHS). Dia após dia, a nossa
mensagem para os médicos veterinários, e também para
os donos dos animais, é que todos animais sensíveis a esta
infeção devem ser tratados preventivamente ao longo de
todo o ano.
Fui eleito presidente da AHS durante o 14º Triennial Heartworm Symposium realizado em setembro de 2013. Durante
esta reunião, foram surgindo novas perspetivas sobre a
prevenção, diagnóstico e tratamento da infeção por Dirofilaria immitis, que levaram a uma revisão das guidelines da
AHS para cães e gatos. Entre os aspetos mais importantes
incluem-se:
• Confirmação científica da resistência à dirofilariose (a discussão dos peritos da AHS sobre este assunto pode ser
visualizada em http://dvm360.com/AHSResistance)
• Maior ênfase na prevenção da dirofilariose e seu valor
relativamente à resistência
• Novas recomendações para testagem de antigénios e de
microfilárias
• Compreensão inovadora sobre os completos antigénio-anticorpo que interferem com os testes
• Significado da administração de doxiciclina e lactonas
macrocíclicas previamente à terapêutica adulticida
• Diagnósticos diferenciais adicionais para a dirofilariose
dos gatos
artigo concorrente
Astenia cutânea num gato doméstico
Fonseca, Maria João, DVM, MSc (Doenças Infecciosas Emergentes)
O
Síndrome de Ehlers-Danlos (EDS), dermatosparaxis
ou astenia cutânea, é uma
doença congénita hereditária rara do
tecido conjuntivo, que consiste numa
deficiência das fibras de colagénio e é
caracterizada por hiperextensibilidade
e flacidez da pele.1, 2, 3 A fisiopatologia
da doença não é completamente
compreendida. A doença está reportada em seres humanos, cães,
gatos, cavalos, ovelhas, coelhos,
ratos e martas.3 Existem poucos casos descritos em gatos e a maioria
dos relatórios disponíveis são descrições de casos individuais.4, 5, 6, 7,
8
As raças Himalaia6 e Domésticos
de pelo curto4, 5, 7, 8 são as únicas
raças felinas reportadas e nenhuma
predisposição sexual foi encontrada.
O diagnóstico é feito com base nos
sinais clínicos, na elasticidade da
pele e biópsia cutânea. O sinal clinico mais frequente é o surgimento de
feridas espontâneas que se parecem
com uma “boca de peixe”. O índice
de elasticidade da pele (IEP), que é
medido calculando o rácio entre a
elasticidade vertical da pele (cm) na
junção dorso-lombar e a distância
entre a crista occipital e a base da
cauda (cm) x 100, está aumentado.
Fonseca, Maria João, DVM, MSc
(Doenças Infecciosas Emergentes)
Hospital do Gato, Lisboa, Portugal
1. Aspeto geral da pele mostrando escassez e desorganização das fibras de colagénio afetando a totalidade da espessura da derme, sendo mais intensa na derme profunda. Identifica-se
discreta infiltração de células inflamatórias mononucleadas regularmente dispersas na derme.
A epiderme e os folículos pilosos não exibem alterações significativas (H&E, x40).
Cortesia da Prof.ª Doutora Peleteiro C. (VETPAT).
Um gato saudável apresenta um IEP
máximo de 19%.1, 2 Os sinais dermatológicos podem coexistir com extremidades aumentadas, alterações
oculares (como luxação do cristalino), laxidão dos ligamentos e outras
alterações, como um caso relatado
de hérnias.5 Estas manifestações
secundárias da doença agravam o
prognóstico já de si reservado.3 Não
existe tratamento específico para
essa condição, mas com um bom
acompanhamento é possível que
os gatos afetados tenham uma boa
qualidade de vida.
CASO CLINICO
A Nina é uma gata de 2 meses de
idade, doméstica de pelo curto, que
se apresentou à consulta devido a
uma ferida. A Nina havia sido resgatada da rua há duas semanas, tendo
sido mantida em casa desde então.
A ferida apareceu três dias antes
da comparência à consulta e estava
progressivamente maior. Os donos
não reportaram qualquer outra alteração. O exame físico da Nina foi
normal com exceção de uma ferida
cervical de aspeto exsudativo com
quase um centímetro. Realizou-se
um teste rápido de ELISA para vírus
da imunodeficiência felina (FIV) e
vírus da leucemia felina (FeLV) cujo
resultado foi negativo. Foi estabelecido o diagnóstico provável de
uma ferida traumática. A Nina foi
desparasitada com milbemicina e
tratada com amoxicilina/ac. clavulânico, uma pomada cicatrizante e
VETERINARY MEDICINE Janeiro/Fevereiro 2015
11
artigo concorrente (continuação)
2. Detalhe da imagem anterior, que permite verificar a desorganização das fibras de colagé-
nio que surgem de comprimento e espessura variáveis. A acidófila das fibras é igualmente
variável. Na derme mais profunda aumento o espaço livre entre as fibras (H&E, x100).
Cortesia da Prof.ª Doutora Peleteiro C. (VETPAT).
3. Índice de extensibilidade da pele de 24%
um colar isabelino.
Após uma semana, a ferida tinha-se agravado, apresentando agora
cerca de 2 cm. Realizou-se um
hemograma completo bem como
análises bioquímicas cujos resultados
se encontravam dentro dos valores
de referência. Procedeu-se à limpeza
cirúrgica e sutura da ferida. Durante
a cirurgia, observou-se que a pele
12
era frágil e difícil de suturar porque
se “rasgava” com muita facilidade.
As margens da ferida foram enviadas
para exame histopatológico. Nesta altura mediu-se o IEP que era de 24%.
Os achados histopatológicos (Figura 1 e Figura 2) foram compatíveis
com a suspeita clínica de astenia
cutânea. Os proprietários foram instruídos a manter a Nina sempre den-
Janeiro/Fevereiro 2015 VETERINARY MEDICINE
tro de casa, e a proteger eventuais
fontes de trauma como por exemplo
proteger os cantos das mesas. Também foi recomendado um controlo
estrito de parasitas externos, para
reduzir eventuais causas de prurido.
De modo a promover a síntese de
colagénio, foi prescrito vitamina C
(50 mg/dia).1 Após uma semana a
ferida estava cicatrizada.
O segundo episódio aconteceu
30 dias depois e aproximadamente
todos os meses a Nina comparecia
com novas feridas, principalmente nas região da cabeça e região
lombo-sacra, que necessitaram
tratamento cirúrgico. Com um ano
de idade optou-se por realizar a
extração de todas as unhas de modo
a proteger a Nina de auto traumatismos. Desde então as feridas são menos frequentes, mas ainda ocorrem
sensivelmente a cada quatro meses.
Devido ao risco cirúrgico associado,
a Nina não foi ovariohisterectomizada e quando em estro apresenta
mais feridas. As feridas após suturadas cicatrizam normalmente. Este
dado está de acordo com o que é
descrito em veterinária, ao contrário
do que acontece no Homem.3 O
índice de elasticidade permaneceu
24%. (Figura 3)
Anualmente é realizado um check-up cujos resultados se encontram
sempre dentro dos valores de referência. Existem cuidados internos
no hospital para tratar a Nina, de
modo a evitar traumas iatrogénicos:
•Manusear com cuidado especial
e usar proteger toda a box com
camas muito macias;
•Nunca utilizar máquina de tosquia, o pelo deve ser cuidadosamente cortado com tesoura;
•Evitar medicação injetável, incluindo aplicação de cateter intravenoso (que no passado foi causa
de feridas);
•A vacinação é realizada na cauda
(a pele não é tão frágil);
•Utilizar cola cirúrgica e fios de sutura monofilamentosa com agulha
redonda, circular 5/0 ou 6/0.
Este caso representa uma variante incomum
de astenia cutânea, pela qualidade de vida que o
animal apresenta durante pelo menos 4 anos. Do
conhecimento da autora, este é o primeiro relato
de astenia cutânea em gatos em Portugal.
...Para que
quando
ele começa
assim...
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Scott DW, Miller WH, Griffin CE. In: Veterinary Dermatology. W B. Saunders
Company Philadelphia; 2001: 979.
2. Paterson S. Skin disease of the cat. Blackwell Science 2000; 178-180.
3. Pope M, Burrows N. Ehlers-Danlos syndrome has varied molecular mechanisms.
J Med Genet 1997; 34:400-410.
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in cats. Bull Vet Inst Pulawy 2006; 50: 609-612.
5. Benitahn N, Matousek JL, Barnes RF, Lichtensteiger CA, Campbell KL. Diafragmatic
and perineal hernias associated with cutaneous asthenia in a cat. Journal of American
Veterinary Association 2004; 224, n. 5: 706-709.
6. Counts DF, Byers PH, Helbrook KA, Hegreberg GA. Dermatosparaxis in a Himalayan cat: I. Biochemical studies of dermal collagen. J Invest Dermatol 1980; 2: 96-99.
7. Sequeira JL, Rocha NS Bandarra LM, Figueiredo LM, Eugenio FR. Collagen dysplasia
(cutaneous asthenia) in a cat. Veterinary Pathology 1999; 36 (6) :603-606.
8. Silvia FA, Raimundo AT, Osimar S, Alessandra M, Rosa MB, Siha FV. Astenia
cutânea em gato (relato de caso). Ciência Animal Brasileira.
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Melhor artigo publicado
em 2015 na revista
Veterinary Medicine
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CASO TOXICOLÓG ICO
O VENENO NO LAGO
Intoxicação por algas azuis-verdes
num cão jovem
Safdar A. Khan, DVM, MS, PhD, DABVT
HISTÓRIA
Antes da ida à clínica, a dona tinha
levado a cadela a passear sem ter
notado quaisquer alterações. Depois
do passeio, o animal foi deixado
no jardim de casa sem supervisão,
durante cerca de 30 minutos, tendo
entrado em casa em seguida. Nesta
altura, a dona notou que a cadela
revirava os olhos e que os seus movimentos não estavam coordenados.
Além disso, a cadela defecou dentro
de casa.
EXAME FÍSICO
Na apresentação, o animal estava
atáxico, ofegante e com hipersiália.
A sua temperatura corporal era de
39.7ºC. Durante o exame físico não
foram detetadas outras alterações.
Na sala de consulta, começou a
ter convulsões e chegou a vomitar
várias vezes. O material vomitado
continha um saco de plástico e uma
Safdar A. Khan, DVM, MS, PhD,
DABVT
ASPCA Animal Poison Control Center
1717 S. Philo Road, Suite 36
Urbana, IL 61802
grande quantidade de água com algas verdes filamentosas viscosas. A
dona confirmou que nesse dia tinha
removido algas de um lago existente
no jardim e que as tinha colocado
num saco de plástico.
TRATAMENTO INICIAL
Tendo em consideração a grande
quantidade de algas presente no
vómito e o início rápido de sintomas
neurológicos graves, suspeitou-se
de intoxicação por algas azuis-verdes.
A cadela foi tratada com diazepam
(0.5 mg/kg por via intravenosa) e
fluidoterapia intravenosa (solução
salina a 0.9% numa taxa e 60 mL/
kg/dia). Foi também administrada
uma dose de carvão ativado (2 g/kg,
por via oral) através de uma sonda
gástrica. Os resultados do eletrocardiograma, hemograma completo
e perfil analítico sérico realizados
nesta altura, foram normais.
Inicialmente, a cadela respondeu
bem ao diazepam. No entanto, passados cerca de 30 minutos, voltou a
ter convulsões e o diazepam tinha
um efeito diminuto no seu controlo.
Durante estes episódios o animal
deixava de respirar. Foi colocado
de imediato um tubo endotraqueal e
iniciadas manobras de ressuscitação
cardiopulmonar. Um eletrocardiograma revelou contrações ventriculares prematuras que progrediram
para uma linha reta.
Foi administrada atropina (0.02
mg/kg) por via intravenosa junto
com 2.9 mg/kg de doxapram para
estimular a respiração, seguindo-se
uma outra dose de doxapram (1.45
mg/kg) para continuar a otimizar
a respiração. O animal melhorou
rapidamente. A oximetria de pulso
revelou uma saturação de oxigénio
de 94% a 98%. O traçado eletrocardiográfico (ECG) e os valores
da pressão sanguínea voltaram ao
normal. Depois de ser submetida a
ventilação manual (12 movimentos/
minuto) durante cerca de 90 minutos, a cadela começou a respirar
espontaneamente.
TRATAMENTO ADICIONAL
Cerca de três horas depois da apresentação, antes de o animal ser enviado para cuidados intensivos, teve
um novo episódio de convulsões.
Foi administrado diazepam (0.5 a 1
mg/kg por via intravenosa até obter
efeito) seguido de propofol (3 mg/
kg por via intravenosa) e o animal
foi transportado sob sedação.
Quinze minutos depois de ter
chegado à unidade de cuidados
intensivos, a cadela voltou a ter convulsões e entrou em paragem respiratória. Foi intubada com um tubo
endotraqueal com cuff e submetida
de imediato a ventilação de pressão
positiva (8 a 20 movimentos/minuto). Para controlar as convulsões
foi administrado diazepam (0.5 a
VETERINARY MEDICINE Janeiro/Fevereiro 2015
15
Getty Images / Karen Hermann
U
ma cadela cruzada de Pastor Alemão, de 9 meses de
idade e 27.5 kg, castrada, foi
conduzida a uma clínica veterinária,
deitada e sem conseguir andar.
Intoxicação por algas
1 mg/kg por via intravenosa até
obter efeito) e fenobarbital (2 mg/
kg bolus intravenoso). A cadela foi
mantida sob sedação com fentanil
(bolus de 5 μg/kg seguido de 5 a 7
μg/kg/hora, numa taxa de infusão
constante [CRI]) e propofol (0.1 a
0.6 mg/kg/minuto CRI) e continuou
em ventilação mecânica.
Foi realizada uma radiografia
torácica, que revelou uma pneu-
DISCUSSÃO
As algas azuis-verdes fazem parte
do filo das cianobactérias. Algumas
espécies de cianobactérias podem
produzir toxinas. São organismos microscópicos que formam colónias visíveis na água quando em condições
favoráveis (água estagnada, derrame
de fertilizantes), principalmente durante os meses mais quentes. O caso
descrito ocorreu no mês de julho.
O vento empurra as algas tóxicas
para a borda, sendo os animais expostos
quando bebem água contaminada por
algas azuis-verdes.
monia por aspiração ligeira (com
envolvimento de cerca de 5% do
lobo pulmonar anterior). O animal
continuou a receber fluidoterapia
intravenosa e antibióticos (ampicilina 250 mg/mL e sulbactam 125 mg/
mL; 20 mg/kg por via intravenosa,
de oito em oito horas durante três
dias e posteriormente por via oral
durante mais sete).
RESULTADO DO CASO
Depois de ter estado sob ventilação
mecânica durante cerca de 18 horas,
a cadela começou a respirar espontaneamente, sendo então retirada do
ventilador. Durante este período, a
pressão arterial, a frequência cardíaca e o ECG mantiveram-se normais.
As únicas alterações sanguíneas
detetadas nas 24 horas posteriores
à apresentação foram aumentos
ligeiros das atividades da alanina
transaminase (197 IU/L; normal =
20 a 100 IU/L) e da fosfatase alcalina (236 μmol/L; normal = 0 a 212
μmol/L).
A cadela continuou a melhorar e
teve alta hospitalar três dias depois
da exposição. Cinco dias mais tarde,
o dono comunicou que o animal
estava completamente normal.
16
Nos lagos, lagoas e rios podem
ocorrer grandes acumulações de
algas azuis-verdes. Normalmente,
estes aglomerados têm uma coloração verde escura ou, por vezes,
vermelha acastanhada. O vento empurra as algas tóxicas para a borda,
sendo os animais expostos quando
nadam e bebem água contaminada
ou quando ingerem algas produtoras de toxinas.1
Toxicidade
Os géneros de cianobactérias produtoras de toxinas incluem Icrocystis,
Anabaena, Oscillatoria, Aphanizomenon, Nodularia e Nostoc. São
conhecidos quatro tipos de toxinas
produzidas pelas cianobactérias,
mas os dois tipos principais são as
hepatotoxinas e as neurotoxinas.
Os péptidos hepatotóxicos (heptapéptidos ou pentapéptidos) são a
causa mais comum de intoxicação
por algas azuis-verdes nos animais.1
A hepatotoxicidade por péptidos
hepatotóxicos é caracterizada por
vómitos, diarreia, anorexia, letargia,
hepatopatia, insuficiência hepática
aguda e morte.
As neurotoxinas mais comuns produzidas pelas cianobactérias são os
Janeiro/Fevereiro 2015 VETERINARY MEDICINE
alcaloides anatoxina-a e anatoxin-a(s). A anatoxin-a é a neurotoxina
mais comum. Trata-se de um composto bloqueador neuromuscular
despolarizante pós-sináptico forte,
que afeta os recetores muscarínicos
e nicotínicos da acetilcolina. A anatoxin-a(s) inibe de forma irreversível
a colinesterase periférica. As algas
azuis-verdes interferem com a neurotransmissão entre os neurónios
ou nas junções neuromusculares,
provocando sinais associados ao
sistema nervoso central (SNC) e
morte por paragem respiratória.1-3
A neurotoxicidade devida às algas
azuis-verdes é potencialmente letal,
embora estejam descritos poucos
casos na América do Norte.2 A dose
letal nos cães não é conhecida. Nos
ratos, a DL50 oral da anatoxina-a é
aproximadamente de 5 mg/kg. Nos
cães, a ingestão de anatoxin-a é
uma causa conhecida de fasciculação muscular, convulsões, colapso,
debilidade, paragem respiratória e
morte num prazo de 10 minutos a
poucas horas depois da exposição.2,3
O aumento ligeiro da fosfatase
alcalina detetado no caso descrito
pode ter sido consequência de atividade ou anoxia muscular durante
as convulsões, enquanto o aumento
ligeiro da atividade da alanina transaminase pode ter sido devido à
administração de fenobarbital.
Diagnósticos diferenciais
Em casos semelhantes ao descrito,
os diagnósticos diferenciais possíveis devem incluir envenenamento
por cogumelos, metaldeído ou
estricnina; intoxicação por água;
envenenamento por pesticidas
(organofosforados, carbamatos
ou organoclorados, piretrinas ou
piretroides); doença infecciosa ou
metabólica e traumatismo craniano.
Diagnóstico
O diagnóstico presumível baseia-se
na existência de história de possível
exposição (nadar ou beber água de
Intoxicação por algas
um lago ou lagoa, presença de algas
na pelagem, focinho ou material
vomitado) e no início rápido de
sinais neurológicos (vómitos, ataxia,
convulsões, paragem respiratória) ou
morte.1
Inicialmente, os sinais clínicos
iniciais associados a envenenamento por algas azuis-verdes nos cães
devido a hepatotoxicidade ou a neurotoxicidade podem ser semelhantes.
No entanto, com a hepatotoxicidade,
no prazo de poucas horas depois
da exposição, ocorrem sinais de
insuficiência hepática acompanhados por aumentos significativos da
atividade das enzimas hepáticas,
como a alanina aminotransferase,
aspartato aminotransferase e fofatase
alcalina, e coagulopatia (aumento do
tempo de protrombina e do tempo
de tromboplastina parcial ativada).
No caso de neurotoxicidade, não
se regista aumento da atividade das
enzimas hepáticas durante a evolução
da doença.
Infelizmente não estão disponíveis
testes rápidos e baratos que permitam
confirmar uma intoxicação por algas
azuis-verdes.4 Para o diagnóstico
definitivo, uma vez o animal tratado,
deve ser realizada uma pesquisa microscópica de algas tóxicas na água
bebida ou no conteúdo gástrico. As
amostras (um a dois litros de algas
obtidas coando através de um tecido
fino) podem ser enviadas para um
laboratório de diagnóstico para identificação, purificação e quantificação
de toxinas, bioensaio em animais de
laboratório ou doseamento por enzyme-linked immunosorbent assay.1
Num trabalho publicado recen-
temente, foi detetada anatoxina-a
na urina e bílis de um cão abatido
devido a exposição neurotóxica por
algas azuis-verdes.2 No caso presente
não se confirmou a presença de algas
azuis-verdes neurotóxicas.
Tratamento
Nos casos em que se suspeite de
intoxicação deve ser realizado um
tratamento rápido e agressivo antes
de ser formulado um diagnóstico
definitivo. Os principais objetivos do
tratamento são a descontaminação,
controlo de convulsões, suporte
respiratório e prestação de cuidados
de suporte.
Devido ao início rápido dos sinais
clínicos, a indução do vómito pode
não ser possível ou prática. No entanto, nos cães assintomáticos, o vómito
pode ser induzido com peróxido de
hidrogénio (2.2 mL/kg por via oral,
repetindo uma vez caso a primeira
administração não tenha sucesso) ou
com apomorfina (0.04 mg/kg por via
intravenosa ou dissolver parte de um
comprimido e instilar por via subconjuntival e lavar depois da emese
ocorrer) seguida de carvão ativado
(2 a 4 g/kg).
Para controlar as convulsões pode
ser usado diazepam (0.5 a 2 mg/
kg por via intravenosa), propofol
(3 a 6 mg/kg por via intravenosa
ou 0.1 a 0.6 mg/kg/minuto CRI),
ou fenobarbital (2 a 5 mg/kg por
via intravenosa). No entanto, caso o
sistema respiratório esteja envolvido,
deve ser evitado o tratamento com
fenobarbital ou com propofol. Se for
necessário, como aconteceu no caso
descrito, deve ser colocado um tubo
endotraqueal com cuff e realizada
respiração assistida.
Para controlar os sinais muscarínicos, como a hipersiália, bradicardia
e aumento das secreções brônquicas,
deve ser administrado sulfato de atropina (0.04 a 0.1 mg/kg por via intravenosa). Se necessário, podem ainda
ser usados antieméticos (maropitant 1
mg/kg por via subcutânea, uma vez/
dia) e antibióticos de largo espetro.
Seguimento
Deve ser realizado um hemograma e
um perfil analítico sérico na apresentação e a cada 24 horas durante dois
ou três dias, ou durante o período
de tempo necessário. Nos casos sintomáticos, deve ser monitorizada a
concentração sanguínea de glucose,
o hematócrito e os gases sanguíneos.
RESUMO
Depois da ingestão de algas azuis-verdes neurotóxicas, os cães desenvolvem rapidamente sintomas
clínicos associados a risco de vida.
O suporte ventilatório a estes cães
durante períodos prolongados pode
ser crítico para que os tratamentos
tenham êxito.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Clinical veterinary advisor: dogs and cats. St Louis, Mo:
Mosby Elsevier, 2007;138-140.
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dog with fulminant neurological deterioration due to anatoxin-a intoxication. J Vet Emerg Crit Care 2010;20(5):518-522.
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2007;48(2):147.
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cyanobacterial (microcystin) toxicosis using oral cholestyramine: case report of a dog from Montana. Toxins
2013;5(6):1051-1063.
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Pirantel e 20 mg de Praziquantel Os comprimidos podem ser divididos em metades iguais. Indicações Para o tratamento de infeções mistas causadas por nemátodes (Toxocara cati, Toxascaris leonina),e céstodes gastrointestinais (Dipylidium caninum, Taenia taeniaeformis, Echinococcus multiloculares). Contraindicações Não administrar simultaneamente com compostos piperazínicos. Não administrar em gatinhos com menos de 6 semanas de idade. Não administrar
a animais com hipersensibilidade conhecida às substâncias ativas ou a algum dos excipientes. Advertências As pulgas são hospedeiros intermediários de um céstode comum – Dipylidium caninum. A reinfestação por céstodes irá ocorrer
caso não sejam tomadas medidas de controlo dos hospedeiros intermediários, tais como pulgas, ratos, Os parasitas poderão desenvolver resistência a uma determinada classe de anti-helmínticos após a administração frequente e repetida
de um anti-helmíntico dessa classe. Precauções especiais a adotar pela pessoa que administra o medicamento veterinário aos animais Por medida de higiene, as pessoas que administram os comprimidos diretamente ao gato,
ou que os adicionam à comida do gato, devem lavar as mãos depois de manusear os comprimidos. Em caso de ingestão acidental, dirija-se a um médico e mostre-lhe o folheto informativo. Reações adversas Desconhecidas. Utilização
durante a gestação e a lactação Não administrar durante a gestação mas pode ser administrado durante a lactação. Interações medicamentosas e outras formas de interação Não administrar simultaneamente com compostos
piperazínicos. Posologia e via de administração De forma a assegurar a administração da dose correta, o peso corporal deverá ser determinado da forma mais exata possível. A dose recomendada é equivalente a 1 comprimido por
4 Kg de peso corporal. Administração única por via oral. Os comprimidos podem ser administrados diretamente ao gato ou, se necessário, misturados com os alimentos. Em infeções por ascarídeos, especialmente em gatinhos, não se
espera a eliminação completa dos parasitas, e por isso existe o risco de infeção aos humanos. Como tal, devem ser administrados tratamentos repetidos com um medicamento apropriado contra os nemátodos, com 14 dias de intervalo
até 2-3 semanas após o desmame. Sobredosagem Foram observados sinais de intolerância, tais como vómito, após administrações superiores a 5 vezes a dose recomendada. Prazo de validade do medicamento veterinário tal como
embalado para venda: 4 anos. Não necessita de quaisquer precauções especiais de conservação. Eliminar as metades de comprimidos não administradas. O medicamento veterinário não utilizado ou os seus desperdícios
devem ser eliminados de acordo com a legislação em vigor. Natureza e composição do acondicionamento primário Blisters individuais de PVC/PE/PCTFE copolímero branco opaco e folha de alumínio termoselada de 20 μm ou
Blisters individuais com folha de PCV/alumínio/poliamida de 45 μg e 20μg de folha de alumínio termoselada Apresentações: blisters embalados em caixas de cartão contendo 2 ou 24 comprimidos. Titular AIM:Chanelle Pharmaceuticals
Manufacturing Ltd., Irlanda Representante do titular da AIM: Zoetis Portugal Lda Lagoas Park- Ed 10 2740-271 Porto Salvo AIM nº 773/01/14DFVPT em 18 de Fevereiro de 2014
DESAFIOS DA LI DE RANÇA
A profissão em crise
UM RETRATO DE SAÚDE COMPLETO
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recomendações por parte dos clientes
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de modo a que os clientes tenham
a certeza de que sabe exatamente
o que cada um dos seus animais
precisa, bem como garantir que
os acompanhará assegurando que
todas as peças se mantêm ligadas.
“Os clientes dos contos de fadas,
que estão 100% de acordo com
todas as recomendações que lhes
transmitimos, são uma verdadeira
raridade” diz Michael Paul, médico
veterinário, antigo diretor executivo
do Companion Animal Parasite
Council e presidente da American
Animal Hospital Association e
atualmente o principal responsável
da Magpie Veterinary Consulting.
Artigo preparado pela equipa
dvm360.com
“É curiosa a forma como levamos
para o lado pessoal quando os clientes não cumprem ou não aderem
às recomendações que lhes damos
para os seus animais. Alguma coisa
deve estar errada. Fazemos as nossas recomendações com base nos
conhecimentos atuais relativamente
a cuidados de saúde preventivos e
poucos clientes parecem aceitá-las
ou mesmo segui-las a longo prazo.
Grande parte desta lacuna é da
nossa responsabilidade”.
Neste trabalho apresentamos cinco pontos para estimular os clientes
a seguirem as suas recomendações.
Associámos estes pontos a cinco
áreas em que o cumprimento das
recomendações pode ser particularmente difícil.
Lembre-se que cada um destes
pontos pode ser aplicado a qualquer um dos cinco exemplos que se
apresentam, bem como a qualquer
área em que tenha problemas de
cumprimento por parte dos clientes. Lembre-se também que um
bom nível de cumprimento é excelente para a sua atividade mas, mais
importante ainda, é vital para a saúde e bem-estar dos seus doentes.
VETERINARY MEDICINE Janeiro/Fevereiro 2015
19
Desafios da liderança
1. Faça uma
recomendação
consensual
Exemplo: Prevenção
da dirofilariose
P
ara encorajar os clientes a
que os seus animais realizem
a medicação preventiva da
dirofilariose, é importante que toda
a equipa clínica faça a mesma recomendação e que todos os colaboradores defendam essa recomendação
em qualquer circunstância durante
a consulta. A American Heartworm
Society (AHS) fez algumas recomendações recentes sobre este assunto,
entre as quais se salientam as a
seguir indicadas.
A REGRA DOS TRÊS
Os veterinários e a restantes colaboradores do Animal Center West
em Zachary, La., seguem a “regra
dos três” para informar os clientes
sobre a dirofilariose. O objetivo é
transmitir uma mensagem com três
pontos principais por três membros
da equipa.
1. Os parasitas cardíacos representam um perigo real.
São uma ameaça importante para
a saúde dos cães e dos gatos e
são transmitidos por mosquitos.
2. A dirofilariose é difícil de tratar.
Esta infestação parasitária é de
tratamento difícil e dispendioso.
Nos EUA não existe um tratamento aprovado para os gatos.
3. A dirofilariose é fácil de prevenir.
Os medicamentos preventivos
são eficazes e a sua administração
é simples.
O rececionista é o primeiro a
introduzir a mensagem, disponibilizando material escrito sobre o
assunto quando o cliente chega.
20
O técnico é o mensageiro seguinte, repetindo as três mensagens
no ambiente calmo da sala de
consulta, enquanto colhe uma
amostra de sangue para análise.
Finalmente, o veterinário valida
as mensagens anteriores quando
prescreve a medicação preventiva.
IDEIAS TESTADAS
E VERDADEIRAS
Sheldon Rubin, médico veterinário,
diretor emérito do Blum Animal
Hospital em Chicago e anterior
presidente da AHS, também partilha algumas ideias que verificou
serem eficazes para aumentar o
cumprimento dos clientes relativamente à medicação preventiva da
dirofilariose:
1. Use recursos visuais.
Prepare um frasco com parasitas
e coloque-o num local visível e
protegido na receção para estimular a formulação de questões.
2. Fale e escute.
Peça aos membros da equipa
que assinalem no registo clínico
quando um doente não está a fazer medicação preventiva para a
dirofilariose, recordando-o assim
que deve abordar este assunto
com o cliente. Esta altura também
é boa para lembrar os donos
que a maioria destas medicações
protege também contra parasitas
gastrointestinais.
Janeiro/Fevereiro 2015 VETERINARY MEDICINE
3. Não seja tímido.
Não hesite em abordar o assunto dos custos integrado na sua
mensagem sobre a “importância
da prevenção”. Faça com que os
clientes saibam que os seus preços são competitivos com os das
farmácias online.
4. Envie mensagens.
Prepare o programa informático
da sua clínica para que lembre
automaticamente os seus clientes
que devem adquirir medicação
preventiva da dirofilariose quando se aproxima a data, com base
no tipo e quantidade de medicamentos adquiridos originalmente.
5. Torne os procedimentos simples.
Quando mais simples a compra
da medicação for para os clientes, melhor (p. ex. disponibilize
encomendas online sem custos
adicionais). Informe os clientes
que podem aderir ao seu serviço
de informações online que os relembrará que devem administrar
a medicação ao longo de todo o
ano.
Desafios da liderança
2. Seja simples, direto
e faça as suas melhores
recomendações
Exemplo: Diagnóstico preventivo
A
realização de exames de
diagnóstico de rotina é uma
medida necessária não só
para a deteção precoce de doenças,
como também para estabelecer valores basais indicadores do estado
de saúde dos animais. No entanto,
será que os clientes concordam
com esta afirmação? Não é uma
tarefa fácil, especialmente quando
os animais aparentemente estão
saudáveis.
Falámos com Fred Metzger, médico
veterinário, proprietário do Metzger
Animal Hospital em State College,
Penn., relativamente a ideias e conselhos sobre a forma de ultrapassar
este obstáculo no dia-a-dia.
1. Diga a verdade.
O Dr. Metzger é claro e direto
quando recomenda cuidados de
saúde para os seus doentes. Se
um animal não necessita de ser
vacinado anualmente, é isso que
ele diz ao seu dono. No entanto,
relativamente aos exames de
diagnóstico de rotina anuais, são
recomendações “obrigatórias”
para todos, salienta.
Fale com os clientes sobre as
várias doenças que os animais
podem ter antes de manifestarem
sinais clínicos, ou dos achados
do exame físico serem evidentes, referindo também os custos
elevados que podem estar associados quando uma doença não
foi detetada precocemente.
2. Pratique aquilo que defende.
Realiza avaliações anuais de
saúde do seu animal? Conte isso
>45
aos seus clientes. Detetou recentemente qualquer alteração num
49
animal aparentemente saudável
num exame de rotina? Conte
56
também essas histórias aos seus
clientes.
64
As histórias da vida real têm frequentemente um efeito superior
71
ao dos indicadores estatísticos e
os clientes gostam dessa partilha
78
de informações pessoais.
Peso adulto em quilogramas
Idade 0-10
10-25
25-45
6
40
42
45
7
44
47
50
8
48
51
55
9
52
56
61
10
56
60
66
11
60
65
72
86
12
64
69
77
93
13
68
74
82
101
14
72
78
88
108
15
76
83
93
115
16
80
87
99
123
17
84
92
104
18
88
96
109
19
92
101
115
20
96
105
120
Idade relativa do seu animal em anos
humanos
■ Sénior ■ Idoso
3. Faça relações relativamente
às necessidades humanas.
Todos conhecemos a importância dos exames de diagnóstico
de rotina em medicina humana. Os médicos recomendam
repetidamente que devem ser
feitas avaliações anuais de saúde,
particularmente à medida que
a nossa idade avança. Por que
razão os nossos animais devem
ser diferentes? Para fazer alguma
analogia, o Dr. Metzger mostra
aos clientes uma tabela que estima a idade dos animais em anos
humanos em função da idade real
e do peso. Saber que um cão de
9 anos de idade está realmente
próximo dos 60 anos humanos,
muitas vezes faz com que os
donos compreendam melhor a
necessidade de cumprir as suas
recomendações.
VETERINARY MEDICINE Janeiro/Fevereiro 2015
21
Desafios da liderança
3. Transforme os cuidados
num assunto pessoal
Exemplo: Cuidados dentários
T
al como os exames de diagnóstico de rotina, a realização
regular de exames dentários
pode ajudar a detetar precocemente
problemas antes de se tornarem
graves, em muitos casos com risco
de vida. Caso pretenda estimular o
cumprimento por parte dos clientes
relativamente a cuidados dentários,
faça com que estes sintam que se
trata de assunto pessoal. Brett Beckman, médico veterinário, dá três
ideias para ajudar a implementar
essas medidas.
1. Estabeleça confiança de
imediato
- Entre na sala de consulta com
um sorriso, aperte a mão do
cliente e apresente-se.
- Agradeça ao animal verbalmente e através de contacto físico,
pegando-lhe ou fazendo-lhe uma
festa.
- Durante o exame use o nome
do cliente e o nome do animal.
- Se o cliente estiver acompanhado por uma criança, agradeça-
-lhe e cumprimente-a. Muitos
clientes não procurarão alguém
que não deixa entrar as suas
crianças na sala.
2. Use vários sentidos.
Envolva o cliente no exame
dentário, usando tantos sentidos
quando possível para ajudar
as explicações que lhe dá. Por
exemplo, mostre ao cliente a
boca do animal e faça com que
realize uma observação próxima.
Peça ao cliente que cheire a boca
do animal ou peça-lhe que sinta
com um dedo um dente que
abana. Toque uma área inflamada com um aplicador com uma
ponta de algodão para detetar a
presença de dor.
3. Use imagens.
Tire uma fotografia da boca do
animal e compare-a com uma
fotografia de outro animal com
um estado de desenvolvimento
de doença periodontal semelhante. Pode usar uma câmara digital
e depois mostrar a imagem num
monitor de computador ou na
televisão, conforme o que tenha
disponível na sala de consulta. As
fotografias, as radiografias correspondentes de dentes fraturados,
lesões de reabsorção nos felinos,
estomatite, dentes em falta, entre
outros, podem ser usados para
explicar a patogénese no caso
específico do animal de cada
cliente.
Dê também aos clientes um folheto informativo personalizado.
Este pode incluir uma fotografia
do animal, uma imagem da sua
doença oral, uma descrição da
doença que refira a extensão do
problema e imagem de radiografia da área atingida.
Mesmo quando apesar dos seus
esforços, os clientes saem da clínica sem agendar o procedimento
que lhes recomendou, encontrarão em casa o folheto personalizado e a exposição repetida pode
levá-los a mudar de ideias e a
agendar o procedimento.
Nome do medicamento veterinário Profender 30 mg/7,5 mg solução para unção punctiforme para gatos pequenos. Profender 60 mg/15 mg solução para unção punctiforme para gatos médios. Profender 96 mg/24 mg solução para
unção punctiforme para gatos grandes. Titular da AIM: Bayer Animal Health GmbH, D-51368 Leverkusen, Alemanha. Profender contém emodepside 21,4 mg/ml e praziquantel 85,8 mg/ml. Espécie alvo: Felina. Indicações de utilização
Para gatos sofrendo de, ou em risco de, infeções parasitárias mistas causadas por nemátodos e céstodos das seguintes espécies: Vermes redondos (nemátodos) Toxocara cati (adultos maduros, adultos imaturos, L4 e L3) Toxascaris
leonina (adultos maduros, adultos imaturos e L4) Ancylostoma tubaeforme (adultos maduros, adultos imaturos e L4) Vermes achatados (céstodos) Dipylidium caninum (adultos) Taenia taeniaeformis (adultos) Echinococcus multilocularis
(adultos) Posologia e via de administração Dosagem e Esquema de tratamento As doses mínimas recomendadas são de 3 mg de emodepside / kg peso vivo e de 12 mg de praziquantel / kg peso vivo, equivalentes a 0,14 ml de Profender / kg peso vivo. Uma única administração por tratamento é eficaz. Modo de administração Exclusivamente para uso externo. Remover uma pipeta da embalagem. Segurar a pipeta na posição vertical, torcer e retirar a tampa. Usar a
extremidade oposta da tampa para partir o selo da pipeta. Afastar o pêlo do pescoço, na base da nuca do gato, até a pele ser visível. Colocar a ponta da pipeta sobre a pele e apertar a pipeta várias vezes com firmeza, de modo a esvaziar
o conteúdo directamente na pele. A aplicação na base da nuca minimizará a possibilidade do gato lamber o produto. Contraindicações Não administrar a gatinhos com menos de 8 semanas de idade ou peso inferior a 0,5 kg. Reações
adversas Em casos muito raros, podem ocorrer salivação e vómitos. A ocorrência destes efeitos é considerada como uma consequência do gato lamber o local de aplicação imediatamente após o tratamento. Em casos muito raros, após
a administração do Profender foram observados transitoriamente alopecia, prurido e/ou inflamação no local de aplicação. A frequência dos eventos adversos é definida utilizando a seguinte convenção: - Muito comum (mais de 1 em 10
animais apresentando evento(s) adverso(s) durante o decurso de um tratamento) - Comum (mais de 1 mas menos de 10 animais em 100 animais) - Pouco frequentes (mais de 1 mas menos de 10 animais em 1.000 animais) - Raros (mais
de 1 mas menos de 10 animais em 10.000 animais) - Muito rara (menos de 1 animal em 10.000 animais, incluindo relatos isolados). Advertências especiais A lavagem com champô ou imersão do animal em água imediatamente após
o tratamento pode reduzir a eficácia do medicamento veterinário. Assim, animais tratados não devem ser lavados até a solução secar. Os parasitas podem desenvolver resistência a qualquer classe de anti-helmínticos após a utilização
frequente e repetida de um anti-helmíntico dessa mesma classe. Número de autorização: EU/2/05/054/001-016 Data da autorização: 27/07/2005 Medicamento veterinário sujeito a receita médico-veterinária.
Desafios da liderança
4. Comunique regularmente
com os clientes
Exemplo: Controlo do peso
corporal
C
omunicar com os clientes
significa, por vezes, ter de
falar sobre temas sensíveis.
O controlo do peso corporal dos
animais é um destes temas. Com a
obesidade dos cães e dos gatos a
atingir novos limites, as orientações
nutricionais devem fazer parte de
todas as conversas com os clientes.
Para conhecer alguns aspetos práticos, falámos com Ernie Ward, médico veterinário na Seaside Animal
Care em Calabash, N.C. e autor do
livro Chow Hounds: Why Our Dogs
Are Getting Fatter.
1. Seja consistente.
O Dr. Ward salienta que a pesagem e a avaliação da condição
corporal dos animais não devem
ser apenas esporádicas, mas sim
realizadas sempre que o animal
vem à clínica. E em cada uma
destas visitas, os resultados devem ser revistos com os clientes.
Comparar as alterações do peso
e da condição corporal de uma
visita para a seguinte é um tema
de conversa inestimável com os
clientes.
2. Tome notas.
Pode julgar que os clientes estão
a ouvir o que lhes indica na sala
de consulta. No entanto, por
vezes ouvem apenas parte e a
questão do peso dos seus animais
pode ser um dos aspetos que esquecem mais rapidamente, logo
que se deixam a clínica.
Para contrariar este problema, o
Dr. Ward dá a cada cliente um
cartão onde regista o peso e a
condição corporal do animal
em cada visita, bem como recomendações específicas sobre
a alimentação e outras medidas
para controlo do peso e condição
corporal.
3. Faça um trabalho de equipa.
A sua mensagem para os clientes
terá muito mais impacto quando
toda a equipa também a transmite. Assim, assegure-se que todos
estão dentro da filosofia adotada
relativamente ao controlo nutricional e ao peso e condição
corporal dos animais.
O Dr. Ward recomenda a formação
da equipa sobre o cálculo das necessidades calóricas para os cães
e gatos, a importância de manter
um peso saudável e a interpretação e ajuda prestada aos clientes
sobre os dizeres da rotulagem dos
alimentos e guloseimas.
“Nunca comparo o que é melhor
para o animal com o que é mais
económico”, refere. “Quero que os
meus clientes monitorizem o peso
dos seus animais porque investiram
na sua saúde e bem-estar e não porque vão receber uma recompensa”.
DR. WARD: O QUE NÃO
FUNCIONA PARA MIM
De acordo com a experiência do
Dr. Ward, os incentivos financeiros ou materiais não estimulam o
cumprimento por parte dos clientes
quando se trata de monitorizar e
controlar o peso corporal. O que
funciona é uma comunicação simples e aberta com os clientes.
VETERINARY MEDICINE Janeiro/Fevereiro 2015
23
Desafios da liderança
5. Mostre o seu valor
Exemplo: Prevenção
de pulgas e carraças
A
tualmente, as infestações por
pulgas e carraças são quase
completamente evitáveis
com uma variedade de produtos
disponíveis e adaptados a diversos
estilos de vida. No entanto, estas
infestações ainda acontecem. Como
é que isto é possível?
O Dr. Paul refere que as pessoas
não entendem os ciclos de vida dos
parasitas e, mais importante, não
usam os produtos corretamente.
Assim, os animais continuam a ter
problemas com pulgas, carraças e
parasitas internos, que provocam
infestações e infeções duradouras
e que são evitáveis.
As pulgas e carraças são muito
mais do que pragas. Podem transmitir doenças tanto aos animais como
ao homem. Assim, como poderá
assegurar que os clientes realizam
os tratamentos preventivos com a
regularidade necessária? E como
poderá assegurar que usam os
produtos adequados, aplicados da
forma correta? É esta a ocasião para
mostrar o seu valor aos clientes.
“A sua formação transforma-o
num perito em assuntos relacionados com os animais”, refere o
Dr. Paul. “Conheça os ciclos de
vida dos vários parasitas. Saiba dar
conselhos adicionais relativamente
à prevenção”.
Na realidade, o Dr. Paul pensa que
a palavra Doutor deve ser definida
como Professor. “Assumir este papel
representa uma grande vantagem
competitiva”, indica. “Faça uma
recomendação específica para um
produto específico e defenda esse
produto com base na sua experiência e conhecimentos. Não encoraje
os clientes a tomar as decisões com
base na imagem da embalagem.
Estes são aspetos que não podem
ser abordados por um vendedor”.
Acima de tudo, o Dr. Paul salienta
uma palavra-chave que é necessário
recordar: conhecimento. Conheça
bem um produto ou um serviço que
recomenda, para que os clientes
tenham a perceção do seu valor.
Considerando-o a si e à sua
equipa como peritos em cuidados
prestados aos animais, os clientes
voltarão quando tiverem problemas
ou outras questões. Numa grande
superfície ou numa loja online não
é possível voltar para uma ajuda
personalizada. Assegure-se que os
seus clientes sabem isso.
ACALMA® anti-histamínico para cães e gatos. COMPOSIÇÃO QUALITATIVA E QUANTITATIVA: Substância(s) activa(s): Cloridrato de hidroxizina 25 mg, Maleato de clorfeniramina 1 mg; Adjuvante(s): n.a.; Excipientes:
lactose, talco, estearato de magnésio, bálsamo de Tolu para verniz, goma laca, Goma arábica, peliculante de cor vermelha: q.b. 1 comprimido de 200 mg; FORMA FARMACÊUTICA: Comprimidos vermelhos revestidos por
película; INFORMAÇÕES CLÍNICAS: Espécie(s)alvo: Cães e gatos; Indicações de utilização, especificando as espécies-alvo: Dermatites eczematiformes; Processos pruriginosos, em cães e gatos.; Contra-indicações - Não
administrar a fêmeas gestantes.; Advertências especiais para cada espécie-alvo - Não foram assinaladas outras advertências para além das já assinaladas nas “Precauções especiais de utilização”.; Precauções especiais
de utilização: em animais - Respeitar a posologia. Não utilizar em fêmeas gestantes. Não utilizar depois de expirado o prazo de validade indicado na embalagem. Manter fora do alcance e da vista das crianças.; Efeitos
indesejáveis - ACALMA®, é dotado de alguns efeitos teratogénicos, ligados ao metabolismo do cloridrato de hidroxizina, bem como de toxicidade fetal com doses elevadas.; Precauções especiais a adoptar pela pessoa que
administra o medicamento aos animais - As pessoas com hipersensibilidade conhecida aos princípios activos devem evitar o contacto com o medicamento veterinário. - Em caso de acidente contactar o centro Anti Venenos
tel: 808250143; Reacções adversas (frequência e gravidade) - Não descritas.; Utilização durante a gestação e a lactação - ACALMA®, administra-se por via oral, directamente ou misturados nos alimentos, numa toma
diária única, segundo o esquema posológico indicado: - Gatos e cães de raça anã (menos de 5 kg de peso): ½ comprimido diário; - Gatos e cães de pequeno porte (5 a 10 kg de peso): 1 comprimido diário.; - Cães de médio
porte (10 a 15 kg de peso): 1 a 2 comprimidos.; - Cães de grande porte (mais de 15 kg de peso): 2 a 3 comprimidos diários. - Estas doses podem, regra geral, ser administradas durante 8 dias, podendo, segundo critério do
clínico, ser prolongado até aos 15 dias.; Sobredosagem (sintomas, procedimentos de emergência, antídotos), (se necessário): Não mencionadas.; Intervalo(s) de segurança: Não aplicável, por se destinar aos carnívoros
domésticos (cães e gatos).; PROPRIEDADES FARMACOLÓGICAS: Grupo farmacoterapêutico: I-19.4 – antipruriginosos e antialérgicos, Código ATCVet: PO1B01 – Anti-Histamínicos; Propriedades farmacodinâmicas - ACALMA® , possui dois tipos de acções farmacológicas correspondentes aos seus dois princípios activos que, além de uma acção individual, actuam como potencializadores um do outro, assim: O cloridrato de hidroxizina é um
tranquilizante também dotado de acção sedativa e anti-histamínico, isto por competição ao nível dos receptores celulares da histamina.; Propriedades farmacocinéticas - A hidroxizina é rapidamente absorvida ao nível do
tubo digestivo, sendo a sua eliminação feita através da urina e das fezes (na bílis) nas 64 horas seguintes à sua eliminação. A sua absorção gastrointestinal do maleato de clorfeniramina é rápida e completa, sendo assim
como a sua difusão tecidular. A sua excreção é razoável nas primeiras 24 horas e total ao fim de 4 dias e faz-se através da urina e das fezes (bílis).; Impacto ambiental - Não mencionado.; Incompatibilidades - Não aplicável.;
Prazo de validade - Prazo de validade do medicamento veterinário tal como embalado para venda: 4 anos; Precauções especiais de conservação - Conservar a temperatura a 25ºC. e proteger da humidade. Não utilizar
depois de expirar o prazo de validade indicado na embalagem. MANTER FORA DO ALCANCE E DA VISTA DAS CRIANÇAS.; Natureza e composição do acondicionamento primário: O produto apresenta-se acondicionado em
frasco de plástico de cor branca, com tampa inviolável no mesmo material, contendo 16 comprimidos e embalado em cartonagem apropriada.; Precauções especiais para a eliminação de medicamentos veterinários não
utilizados ou de desperdícios derivados da utilização desses medicamentos: O medicamento veterinário não utilizado ou os seus desperdícios devem ser eliminados de acordo com os requisitos nacionais. NÚMERO(S)
DA AUTORIZAÇÃO DE INTRODUÇÃO NO MERCADO - Nº de registo: 51006 P no INFARMED; DATA DA PRIMEIRA AUTORIZAÇÃO/RENOVAÇÃO DA AUTORIZAÇÃO - 07 de Junho de 1993 / 04 de Setembro de 2000; DATA
DA REVISÃO DO TEXTO – Agosto de 2010; PROIBIÇÃO DE VENDA, FORNECIMENTO E/OU UTILIZAÇÃO: Só pode ser vendido mediante receita médico-veterinária.. // TITULAR DA AUTORIZAÇÃO DE INTRODUÇÃO NO
MERCADO: Laboratoires Moureau (ARRIGONI Patrice) - 33, Rue Charles de Gaulle - 95270 Luzarches, France; e-mail: [email protected] // Fabricante: SOGEVAL – Route Mayenne, ZI DES TOUCHES – 53000
LAVAL – France // NÚMERO(S) DA AUTORIZAÇÃO DE INTRODUÇÃO NO MERCADO: Nº de registo: 51015 P no INFARMED // DATA DA PRIMEIRA AUTORIZAÇÃO/RENOVAÇÃO DA AUTORIZAÇÃO: 07 de Junho de 1993 / 04
de Setembro de 2000 // DATA DA REVISÃO DO TEXTO: Agosto de 2010.
v I MAG IOLOG IA E M RÉPTE IS PE E R-R EVI EWE D
Identificação da causa da
anorexia e perda de peso
de um dragão barbudo
Um estudo que incluiu um enema com contraste
ajudou os clínicos a detetar uma estenose intestinal
neste animal de companhia exótico. Saiba como este
exame de diagnóstico o poderá ajudar com outros
répteis doentes que manifestem sintomas semelhantes.
Katie W. Delk, DVM, David S. Biller, DVM, DACVR,
James W. Carpenter, DVM, DACZM
A
anorexia e a obstipação nos
répteis podem ter múltiplas
causas, incluindo parasitismo, ingestão de corpos estranhos,
práticas de maneio deficientes, neoplasias e alterações metabólicas.1,2
Muitas vezes, é difícil determinar
a causa daqueles sinais clínicos
nos répteis e a radiografia pode
ser um instrumento de diagnóstico
valioso. A utilização de radiografias com contraste, normalmente
estudos com contraste de bário do
trato gastrointestinal (GI) superior,
ajuda a avaliar o tempo de trânsito
digestivo e a detetar a presença de
corpos estranhos.3-5
No presente trabalho, discute-se a
utilização de um método diferente
de radiografia com contraste – um
enema parcial com iohexol – para
diferenciar o intestino delgado e
o intestino grosso e diagnosticar
uma estenose intestinal num dragão
barbudo.
Thinkstock
Katie W. Delk, DVM
David S. Biller, DVM, DACVR
James W. Carpenter, DVM, DACZ
Department of Clinical Sciences
College of Veterinary Medicine
Kansas State University
Manhattan, KS 66506
HISTÓRIA DO DOENTE
Um macho dragão barbudo (Pogona vitticeps), adulto, inteiro, com
um peso corporal de 419 g, foi
conduzido ao Kansas State University Zoological Medicine Service
para avaliação de uma história de
anorexia e perda de peso com duas
semanas de evolução. A radiografia
corporal integral realizada pelo
veterinário referenciador tinha revelado uma área focal de opacidade
mista na cavidade celómica caudal,
que parecia localizar-se no trato
digestivo.
Um estudo do trato GI superior com contraste de bário tinha
revelado um fluxo de contraste
normal através do estômago e do
intestino, mas que se acumulava
numa posição anterior a uma massa heterogénea localizada no trato
GI distal. Pequenas quantidades
de bário conseguiam ultrapassar a
massa e eram excretadas, embora o
débito fecal estivesse marcadamente
diminuído.
AVALIAÇÃO E TRATAMENTO
INICIAL
No exame físico, o doente estava
emaciado, mas desperto e alerta.
A sua condição corporal era de
2/5. Os resultados do hemograma
DADOS PRINCIPAIS
Identificação
> Macho dragão barbudo
(Pogona vitticeps) adulto, inteiro
História e queixas na
apresentação
> Anorexia e perda de peso com
duas semanas de evolução
> Radiografia corporal integral: área
focal de opacidade mista na cavidade celómica caudal, localizada
provavelmente no trato digestivo
> Estudo com contraste de bário:
contraste a fluir normalmente
através do estômago e intestino
delgado, mas a acumular-se numa
posição anterior a uma massa heterogénea no trato digestivo distal
Achados da avaliação
> Condição corporal fraca, de 2/5;
doente desperto e alerta
> Hemograma completo e perfil analítico sérico: anemia ligeira
Tratamento inicial
> Terapêutica médica conservadora
ineficaz
completo e do perfil analítico sérico
revelaram uma anemia ligeira com
um hematócrito baixo (14%; valores
de referência = 19% a 40%), sem
outras alterações relevantes.6,7
Dada a condição corporal fraca
VETERINARY MEDICINE Janeiro/Fevereiro 2015
25
Imagiologia em répteis
dos (45 mL/kg de solução de lactato de Ringer
com 2.5% dextrose e 0.05 mL de vitaminas do
complexo B) por via subcutânea e colocação
do doente numa tigela rasa com água morna
durante 20 minutos, três vezes por dia, para
absorver água através da cloaca.
Passadas 24 horas de terapêutica, não era
evidente qualquer melhoria clínica e a massa
continuava a ser palpável no abdómen. A repetição das radiografias confirmou a acumulação
de material heterogéneo misturado com bário,
o que era consistente com uma obstrução do
trato GI, não sendo claro se envolvia o intestino
delgado ou o intestino grosso.
1. lmagens de uma fluoroscopia com contraste, revelando uma estenose na jun-
ção ileocolónica num dragão barbudo. O bário acumula-se no íleo dilatado (l), o
iohexol preenche o cólon normal (C) e a estenose é visível entre ambos. Note-se
o estreitamento no cólon (ponta de seta branca), o estreitamento no íleo (seta
branca) e a estenose (setas pretas).
e o risco anestésico, foi iniciada
uma terapêutica conservadora para
aliviar a obstrução. Esta terapêu-
FLUOROSCOPIA E RADIOGRAFIA COM
CONTRASTE
Foi realizada uma avaliação fluoroscópica para
determinar a localização da massa. Foi tentado
um pneumocolonograma sob fluoroscopia,
usando um cateter de borracha vermelha número 8, para atingir o cólon a partir da cloaca,
mas foi inconclusivo.
Posteriormente, foi realizado um enema com
contraste usando fluoroscopia e 10 mL de iohexol não diluído administrado através de cateter
da cloaca. O meio de contraste atravessou o cólon descendente até uma área estreita e irregular
do cólon ascendente.8 Era evidente um estreitamento do lúmen do intestino delgado distal
ao bolus de ingesta. Nesta área, que parecia
ser a junção ileocolónica não passava qualquer
contraste (Figura 1). Com base neste estudo
radiográfico, suspeitou-se de uma estenose.
TRATAMENTO E RESULTADOS
Devido à má condição do animal e à estenose que não era possível
resolver com terapêutica médica, foi
realizada uma celiotomia exploradora.
O doente foi pré-medicado com uma
associação de quetamina (10 mg/kg),
medetomidina (0.1 mg/kg) e morfina
(1.5 mg/kg), administradas por via intramuscular e, em seguida, foi intubado
com um tubo endotraqueal de 2 mm
e mantida a anestesia com isoflurano
com ventilação de pressão positiva.
Durante a cirurgia, notou-se um espessamento da junção ileocolónica e a presença de uma banda de tecido
fibroso branco com 3 mm. No lado oral da banda, um grande volume
de ingesta distendia o intestino delgado. A parede do intestino delgado
adjacente ao local da estenose estava difusamente fina e friável, enquanto
a parede do cólon era espessa e aparentemente normal.
Pequenas quantidades de bário
conseguiam ultrapassar a massa
e eram excretadas, embora o débito
fecal estivesse marcadamente diminuído.
tica consistiu de enemas de água
morna com lubrificação estéril,
administração de líquidos (água)
por via oral através de uma sonda
orogástrica, administração de flui-
26
Janeiro/Fevereiro 2015 VETERINARY MEDICINE
Imagiologia em répteis
Os vasos que irrigavam a banda fibrosa foram
laqueados com polidioxanona (PDS) 5-0 e com
um cautério bipolar. Os tecidos doentes, com um
comprimento de cerca de 9 cm, foram removidos e a anastomose das extremidades saudáveis
foi realizada cm PD 5-0 e um padrão de pontos
simples interrompidos.
Infelizmente ocorreu uma deiscência da anastomose e o intestino delgado neste local começou
a deteriorar-se a partir dos pontos de sutura. A
anastomose foi removida, foi realizada uma excisão adicional de tecidos e uma nova anastomose,
tentando minimizar a manipulação dos tecidos.
No entanto, ocorreu uma nova deiscência e deterioração dos tecidos em redor. Considerando o
prognóstico grave, o doente foi sacrificado com 2
mL de pentobarbital injetados na veia abdominal
ventral.
NECROPSIA E EXAME HISTOPATOLÓGICO
O exame macroscópico pós-morte não revelou
outras lesões. Os tecidos excisados foram conservados em formalina e submetidos para avaliação
histopatológica.
Determinou-se que a estrutura fibrosa era
uma estenose na junção ileocolónica, com uma
inflamação granulomatosa extensa no intestino
delgado e intestino grosso (Figura 2). Notava-se ainda uma ulceração e atrofia graves das
vilosidades do intestino delgado e as camadas
submucosa e muscular da parede do intestino
delgado estavam expandidas por bainhas de
macrófagos espumosos. Não foram identificados
microrganismos causais.
As causas possíveis da estenose incluíram uma
penetração prévia da parede intestinal por um
corpo estranho ou uma causa infecciosa de colite,
que não foi possível identificar com colorações
especiais. A parede intestinal fina e friável poderia
ser atribuída à anorexia e anemia prolongadas.
DISCUSSÃO
No caso descrito, o enema parcial (o cólon não foi
completamente distendido) com iohexol usando
fluoroscopia, determinou a localização da obstrução e identificou uma estenose da junção ileocolónica. Os estudos com contraste, normalmente
do trato GI superior usando bário, têm sido muito
usados para o diagnóstico de doenças digestivas
nos répteis.3,4 O enema com iohexol foi mais vantajoso neste doente do que o estudo do trato GI
superior, porque a estenose ocluía completamente
o lúmen intestinal, tornando impossível avaliar
Programas de
Formação Contínua
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ACVD); Marta Costa (DVM MSc MRCVS); Fernando Tecles (DVM, PhD); Raquel Monteiro (DVM
DiplECVN MRCVS); Maria Camps (DVM, DACVIM (Internal Medicine & Oncology); José Miguel Novo
Matos (DVM, DECVIM (Cardiology)); Dolores Pérez Alenza (DVM, PhD); Albert Lloret (DVM residencia
ECVIM); Nuno Félix (LVM); Cristina Seruca (DVM, Dip ECVO, MRCVS, European Specialist in Veterinary
Ophthalmology); Rosa Novellas (DVM, PhD, Dip ECVDI).
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Annick Hamaide (DVM, PhD, DipECVS, MACVSc, CertSAS); Esteban Pujol (DVM, DipECVS);
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Pilar Lafuente (DVM, PhD, DipACVS/ECVS, MRCVS); Raquel Monteiro (DVM DipECVN MRCVS).
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Daniel Gonçalves (DVM); Cátia Mota e Sá (DVM, CCRP, Dipl. Quiropráctica Animal).
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Imagiologia em répteis
cirúrgica, dado que
os animais submetidos a mais do que
um procedimento
intestinal têm uma
maior mortalidade.13
CONCLUSÃO
O enema com iohexol é um procedimento válido e relativamente simples,
mas que é pouco
usado no diagnóstico de lesões intestinais nos répteis. É
muito útil quando
2. Peça operatória do dragão barbudo. Note-se o intestino delgado dilatado (a) e o cólon normal (b), que estão combinado com um
estudo do trato GI
separados por uma banda espessa de tecido fibroso na junção ileocolónica (seta preta).
superior. Esta téco cólon usando meio de contraste minutos.
nica de imagem é
administrado por via oral. Embora
A utilização de procedimentos de implantação fácil em qualquer
os dois estudos tivessem sido reali- radiográficos com contraste para o clínica em que o acesso a técnicas
zados neste caso em conjunto com diagnóstico de doenças intestinais mais avançadas, como a ressofluoroscopia, também podem ser nos animais domésticos tem sido, nância magnética e a tomografia
usadas radiografias simples para o com frequência, substituída por computorizada, é limitado. A utiGI superior ou para os enemas com endoscopia. No entanto, esta técnica lização de enemas com contraste
contraste nos répteis.
é difícil de realizar em répteis de deve ser estimulada quando se
Há outras situações em que o ene- pequeno porte. A ecografia é muito realizam radiografias a répteis com
ma com iohexol pode ser preferido usada no diagnóstico de doenças doenças GI.
relativamente ao estudo do trato GI do trato GI superior nos mamífesuperior com bário. Por exemplo, ros, mas menos no caso do cólon, Agradecimentos
caso se suspeite de uma perfuração devido às sombras acústicas gasosas Os autores agradecem aos Drs. Matt
GI, o bário está contraindicado pois no lúmen.12
Sherwood e Marian Benitez (DepartA determinação da localização ment of Clinical Sciences, College of
pode causar uma peritonite com
risco de vida.9 No entanto, o iohe- exata de uma lesão GI é muito Veterinary Medicine, Kansas State
xol é hidrossolúvel e muito menos importante quando se planeia uma University), por terem realizado a
irritante para o peritoneu, tornando cirurgia e para determinar o prog- intervenção cirúrgica, e ao Dr. Jamie
a sua utilização mais segura quando nóstico. Nos cães e nos gatos, o Henningson (Department of Diagse suspeita de uma perfuração.10 prognóstico não é diferente para nostic Medicine & Pathobiology, ColTambém, quando é necessário um a cirurgia do intestino delgado ou lege of Veterinary Medicine, Kansas
diagnóstico rápido, um estudo do do intestino grosso. No entanto, State University), que disponibilizou
trato GI superior com bário não é as intervenções que envolvem a o relatório histopatológico. v
o mais adequado, pois o tempo de excisão de tecidos e a anastomose REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Continuação da página 38
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v CISTOG RAFIA COM CONTROLO POSITIVO PE E R-R EVI EWE D
Cistografia com controlo positivo num cão
com uma rotura da bexiga de deteção difícil
Para evitar erros de diagnóstico, assegure-se que realiza uma investigação profunda quando usa
esta técnica para identificar uma rotura da bexiga.
Philip I. Allen, DVM, David S. Biller, DVM, DACVR, Michael S. Thoesen, DVM, DACVS
U
ma cadela Cavalier King
Charles Spaniel, de 10 meses
de idade e 6.7 kg, castrada,
foi conduzida ao Kansas State University Veterinary Health Center (KSU
VHC) para avaliação na sequência
de um traumatismo provocado por
um veículo.
EXAMES DE DIAGNÓSTICO
INICIAIS E TRATAMENTO
No exame físico, o animal estava
em choque cardiovascular, com uma
pressão sanguínea diastólica baixa,
taquicardia, membranas mucosas
pálidas, hipotermia (36.3ºC), sem
sinais de disfunção neurológica
central, com uma paresia ligeira dos
membros posteriores e uma laceração abdominal longitudinal que não
penetrava a cavidade abdominal. O
perfil analítico sérico revelou que
o animal estava azotémico, com
um aumento das concentrações de
ureia e azoto sanguíneo (45 mg/dL;
valores de referência 10 a 28 mg/dL)
e creatinina (2.03 mg/dL; valores de
referência = 0.3 a 1.5 mg/dL), hipo-
Philip I. Allen, DVM
David S. Biller, DVM, DACVR
Department of Clinical Sciences
College of Veterinary Medicine
Kansas State University
Manhattan, KS 66506
Michael S. Thoesen, DVM, DACVS
MidWest Veterinary Specialty Hospital
9706 Mockingbird Drive
Omaha, NE 68127
30
proteinémico (3.4 g/dL; valores de
referência = 5.4 a 7.4 g/dL) e com
um aumento da atividade da desidrogenase láctica (194 IU/L; valores
de referência < 175 IU/L).
A cadela foi estabilizada com um
bolus de 150 mL de solução de lactato de Ringer seguida da infusão
intravenosa (50 mL/hora durante a
noite) da mesma solução. O tratamento adicional incluiu suplementação de oxigénio e administração
de prednisolona (10 mg por via oral)
e de hidromorfona (0.3 mg por via
intravenosa).
A laceração da pele foi inspecionada, limpa e encerrada com
agrafos cutâneos. Na noite após a
apresentação, o animal continuou em
hipotermia e foi notada a presença
de sangue no termómetro tanto na
apresentação com na reavaliação da
temperatura retal duas horas depois,
problema que já não acontecia no dia
seguinte. Foram realizadas radiografias abdominais ortogonais.
ACHADOS RADIOLÓGICOS
Foram identificadas diversas fraturas pélvicas, incluindo uma fratura
ao longo do eixo maior do corpo
ilíaco direito com deslocação cranial
e abaxial, fraturas isquiais direitas
caudais ao acetábulo com deslocação
lateral e fratura do ramo acetabular
direito do púbis (Figuras 1A e 1B). O
abdómen parecia pendular e estava
presente perda do detalhe abdominal
(mais grave na região direita caudal
e caudoventral), incapacidade de
visualização da bexiga e presença de
estrias na área retroperitoneal dorsal.
Janeiro/Fevereiro 2015 VETERINARY MEDICINE
Adicionalmente, as margens renais
não se distinguiam. Os diagnósticos
diferenciais para a perda de detalhe
das margens renais e área retroperitoneal dorsal foram hemorragia,
perda de urina ou peritonite.
Cistografia com contraste positivo: primeira tentativa
Foi realizada uma cistografia retrógrada com contraste positivo para
avaliar a integridade da bexiga, uma
vez que não tinha sido visualizado
este órgão nas radiografias simples
e que estavam presentes fraturas
pélvicas, perda do detalhe da serosa
peritoneal com estrias, especialmente
no espaço retroperitoneal caudal e
azotemia consistente com uma rotura
da bexiga. Foi colocado um cateter
balão no colo da bexiga e esta foi distendida com 14 mL de um agente de
contraste positivo (Figura 2A). Não
foi observada perda do contraste.
Cistografia com contraste positivo: segunda tentativa
Dada a elevada suspeita de rotura da
bexiga, foi realizada a deflação do
cateter balão e administrados 9 mL
de agente de contraste (Figura 2B). O
contraste foi visualizado sobreposto
à área retroperitoneal e na área do
canal pélvico, imagens consistentes
com uma rotura do colo da bexiga
ou da uretra proximal. Verificou-se
também perda de contraste na região
abdominal caudal. A exploração
cirúrgica confirmou uma rotura do
colo da bexiga. Foi realizada a sua
reparação cirúrgica e o animal recuperou sem intercorrências.
Cistografia
1A. Radiografia lateral direita da cadela cujo caso é descrito. As estrias na área
retroperitoneal dorsal são indicadas pela seta.
DISCUSSÃO
A rotura da bexiga pode ter diversas causas, incluindo traumatismo
agudo, cateterização traumática, sobredistensão iatrogénica, obstrução
uretral e cistite necrosante.1,2
Anatomia da bexiga
A posição anatómica da bexiga
depende da distensão e da idade e
espécie do doente. Nos cães, quando
vazia, a bexiga localiza-se, na maioria
dos casos, na cavidade pélvica. Nos
gatos, uma bexiga normal é intra-abdominal em posição 2 a 3 cm
cranial ao púbis.3
Nos cães e nos gatos, o peritoneu
cobre a bexiga cranialmente à entrada ureteral no trígono. No trígono,
os ureteres percorrem a distância
retroperitoneal para intraperitoneal
à medida que passam as duas ca-
madas do peritoneu que formam o
ligamento lateral da bexiga.4 Na bolsa
retrovesical, a reflexão peritoneal
dorsal no colo da bexiga comunica
com a superfície adventícia da porção proximal da uretra. Nos machos,
a uretra é completamente envolvida
pela próstata ventralmente no espaço
retroperitoneal; nas cadelas e nas
gatas penetra a cavidade retroperitoneal em posição imediatamente distal
ao trígono.5 Devido às características
anatómicas e comunicação com
múltiplos espaços no organismo,
uma rotura no colo da bexiga pode
levar a diversas imagens associadas
a perda de contraste.
1B. Radiografia ventrodorsal do mesmo
animal. Os agrafos cutâneos foram usados
para encerramento da lesão da pele.
para confirmar uma rotura da bexiga
ou da uretra pélvica na sequência
de radiografias simples que detetem
perda de detalhe da serosa abdominal ou estrias retroperitoneais.6
Outras indicações incluem a manifestação de sinais clínicos associados
a uma possível rotura da bexiga,
como anúria, hematúria ou disúria,
ou doentes em que a bexiga não é
Procedimento para a cistografia visível em radiografias simples, com
ou sem aparência indistinta de outras
com contraste positivo
A cistografia com contraste positivo estruturas abdominais.7 Na sequência
é o exame de diagnóstico de eleição de uma rotura da bexiga, a urina
acumula-se de
imediato no abdómen ventral
posterior e, em
poucas horas,
espalha-se na
cavidade abdominal.3
Recomenda-se o cumprimento de um
período de jejum de 24 horas
2A. Radiografia abdominal lateral do mesmo
2B. Radiografia abdominal lateral do mesmo animal, obtida antes de realizar
animal, obtida depois da administração inicial de
depois da deflação e deslocação cranial do cateter balão e da uma cistografia
contraste.
com contraste
segunda infusão de contraste.
VETERINARY MEDICINE Janeiro/Fevereiro 2015
31
Cistografia
3. Técnica de cistografia com contraste positivo realizada num cão avaliado no KSU VHC.
(A) Dilatar o balão no colo da bexiga e administrar o contraste.
(B) Proceder à deflação incompleta do balão (seta a tracejado).
(C) Deslocar cranialmente o balão afastando-o do colo da bexiga (seta a cheio).
positivo, mas isso não é possível
nem recomendável em doentes que
sofreram um traumatismo agudo ou
em situação instável.8
Antes da colocação do cateter, os
órgãos genitais externos devem ser
limpos. Sugere-se que o procedimento seja realizado sob sedação
ou anestesia geral, para facilitar a
colocação do cateter e reduzir a
probabilidade de lesões da mucosa
do trato urinário, mas, frequentemente, não é necessário.9 Quando
se coloca o cateter deve ser usado
um lubrificante estéril e um cateter
radiopaco. Muitos possuem um balão
insuflável na extremidade, embora
essa estrutura possa interferir com o
diagnóstico, tal como é explicitado
mais adiante. Para reduzir os estímulos dolorosos, podem ser infundidos
2 a 5 mL de lidocaína a 2% antes do
agente de contraste, usando as doses
mais baixas nos gatos e nos cães de
pequeno porte e as doses maiores
nos cães de grande porte. 10 Na
cistografia retrógrada só podem ser
usados compostos iodados orgânicos
hidrossolúveis.6,11
Dependendo da dimensão e localização da laceração, podem ocorrer
níveis variáveis de perda de contraste. As lacerações grandes ou ventrais
apresentam uma probabilidade
superior de originar perdas pouco
depois da administração do contraste
do que as que têm uma localização
dorsal ou os pequenos defeitos num
doente em estação. Assim, os pequenos defeitos ou as lacerações de
localização dorsal podem necessitar
de um volume superior de agente
de contraste, de um maior período
de tempo entre a administração e
a obtenção das imagens ou de alterações de posicionamento, como
a colocação em decúbito lateral,
se o estado de estabilidade ou as
comorbilidades (p. ex. fraturas pélvicas) assim permitirem, uma vez
que a perda de
contraste é influenciada pela
gravidade.
Tal como se
verificou no
caso descrito,
deve ser realizada a deflação
do cateter balão
antes de se confirmar a integridade da bexiga, pois
um balão cheio em qualquer posição
dentro da bexiga pode selar o defeito e portanto impedir a perda de
agente de contraste para os espaços
peritoneal ou retroperitoneal. Adicionalmente, é importante salientar
que devido à posição anatómica da
uretra proximal na entrada pélvica,
o cateter deve ser movido para prevenir a selagem de uma laceração da
uretra e, subsequentemente, um erro
de diagnóstico.
Num outro caso diagnosticado e
tratado no KSU VHC, um cão com
uma história semelhante de traumatismo provocado por um veículo
realizou uma cistografia com contraste positivo por suspeita de rotura
da bexiga. Depois da administração
do agente de contraste, foi realizada
uma deflação incompleta do cateter
balão e este foi posicionado mais
cranialmente para evitar a selagem
de uma potencial rotura do colo da
bexiga que teria indicado errada-
CLAVUBACTIN® 50/12,5 mg comprimidos para cães e gatos: Amoxicilina 50 mg, ácido clavulânico 12,5 mg. CLAVUBACTIN® 250/62,5 mg comprimidos para cães: Amoxicilina 250 mg, ácido clavulânico 62,5 mg. CLAVUBACTIN®
500/125 mg comprimidos para cães: Amoxicilina 500 mg, ácido clavulânico 125 mg. Espécie(s)-alvo: Caninos e Felinos(cães e gatos). Indicações de utilização: Tratamento de infecções em cães e gatos provocadas por bactéria
sensível à amoxicilina em combinação com o ácido clavulânico, em especial: Infecções dérmicas (incluindo piodermite superficial e profunda) associadas aos estafilococos (incluindo estirpes produtoras de betalactamase) e estreptococos.
Infecções do tracto urinário associadas aos estafilococos (incluindo estirpes produtoras de betalactamase), estreptococos, Escherichia coli (incluindo estirpes produtoras de betalactamase), Fusobacterium necrophorum e Proteus spp.
Infecções do tracto respiratório associadas aos estafilococos (incluindo estirpes produtoras de betalactamase), estreptococos e Pasteurellae. Enterite associada a Escherichia coli (incluindo estirpes produtoras de betalactamase) e Proteus
spp. Infecções da cavidade oral (mucosa) associadas a Clostridia, Corynebacteria, estafilococos (incluindo estirpes produtores de betalactamase), estreptococos, Bacteroides spp (incluindo estirpes produtoras de betalactamase), Fusobacterium necrophorum e Pasteurellae. Contra-indicações: Não administrar em animais com hipersensibilidade conhecida à penicilina ou outras substâncias do grupo betalactâmico. Não administrar em disfunção renal grave acompanhada
por anúria e oligúria. Não administra em coelhos, porquinhos-da-índia, hamsters ou gerbilos. Precauções especiais para utilização em animais devem ser tidas em conta as normas e práticas veterinárias nacionais relativas ao uso de
antibióticos de largo espectro. Não utilizar em caso de bactérias sensíveis a penicilinas de curto espectro ou à amoxicilina como substância única. É aconselhável que, ao iniciar a terapia, sejam realizados testes de sensibilidade adequados
e apenas se dê seguimento ao tratamento após ter sido estabelecida a susceptibilidade à combinação. O uso inadequado do medicamento veterinário poderá aumentar a predominância da bactéria resistente e diminuir a sua eficácia. Em
animais com insuficiência hepática e renal, o regime de dosagem deve ser cuidadosamente avaliado. Precauções especiais que devem ser tomadas pela pessoa que administra o medicamento aos animais As penicilinas e cefalosporinas
podem provocar reacções de hipersensibilidade (alergia) na sequência da injecção, inalação, ingestão ou contacto com a pele. A hipersensibilidade às penicilinas pode levar a reacções cruzadas às cefalosporinas e vice versa. As reacções
alérgicas a estas substâncias podem ocasionalmente ser graves. Não manuseie este medicamento veterinário se sabe que lhe é sensível ou se foi aconselhado a não lidar com este tipo de preparações. Ao manusear o medicamento
veterinário, evite o contacto com a pele e olhos. Se desenvolver sintomas na sequência da exposição, tais como uma erupção cutânea, deve procurar aconselhamento médico e mostrar ao médico este aviso. O inchaço da face, lábios ou
olhos ou dificuldades respiratórias são sintomas mais graves e exigem atenção médica urgente. Lave as mãos após a utilização. Reacções adversas (frequência e gravidade). Sintomas gastrointestinais ligeiros (diarreia, náuseas e vómitos)
podem ocorrer após a administração do medicamento veterinário. Reacções alérgicas (reacções cutâneas, anafilaxia) podem ocorrer ocasionalmente. Utilização durante a gestação, a lactação. Usar apenas de acordo com a avaliação de
risco-benefício do veterinário responsável. Interacções medicamentosas e outras formas de interacção. O cloranfenicol, macrolidos, sulfonamidas e tetraciclinas poderão inibir os efeitos antibacterianos da penicilina. Posologia e via de
administração: Administração oral em cães e gatos. Para garantir uma dosagem correcta deve determinar-se o peso corporal o mais exactamente possível. Dose: A dose recomendada é de 12,5 mg de substância activa combinada (=10
mg de amoxicilina e 2,5 mg de ácido clavulânico) por quilo de peso corporal, duas vezes ao dia. Em casos de infecções cutâneas resistentes, é recomendada uma dose dupla (25 mg por kg de peso corporal, duas vezes ao dia). Duração
do tratamento . A maioria dos casos de rotina reage ao fim de 5-10 dias de tratamento. Em casos crónicos, recomenda-se um tratamento mais longo, como descrito a seguir: Infecções cutâneas crónicas 10-30 dias ou mais em casos
clínicos resistentes ou de piodermite bacteriana profunda (até 6-8 semanas) dependendo da resposta clínica. Cistite crónica 10-28 dias. Sobredosagem (sintomas, procedimentos de emergência, antídotos). Sintomas gastrointestinais
ligeiros (diarreia, náuseas e vómitos) podem ocorrer mais frequentemente após sobredosagem do medicamento veterinário. Prazo de validade do medicamento tal como embalado para venda. 2 anos. Prazo de validade dos quartos de
comprimido: 12 horas. Precauções especiais de conservação: Conservar a temperatura inferior a 25ºC. Conservar na embalagem de origem. Conservar fora do alcance das crianças. Os quartos de comprimido devem ser repostos
na embalagem blister aberta e conservados no frigorifico. Natureza e composição do acondicionamento primário. Bolsas de folhas de alumínio com 10 comprimidos, numa embalagem de cartão com 10 bolsas. Qualquer medicamento
não utilizado ou resíduos derivados desses medicamentos veterinários devem ser eliminados de acordo com a legislação em vigor. TITULAR DA AUTORIZAÇÃO DE INTRODUÇÃO NO MERCADO: Le Vet B.V., Wilgenweg 7. NL - 3421 TV
Oudewater. Países Baixos. Apresentações comerciais/N.º de registo: CLAVUBACTIN 50/12,5 mg - 100 comprimidos para cães e gatos/ 51479 de 24 de Abril de 2007. CLAVUBACTIN 250/62,5 mg -100 comprimidos para cães/51480 de
24 de Abril de 2007. CLAVUBACTIN 500/125 mg - 100 comprimidos para cães/51481 de 24 de Abril de 2007. Representante em Portugal. Esteve Farma Lda. Av. do Forte, 3 - Edif. Suécia IV, Piso 0 - Escritório 0.0.4. 2794-044 Carnaxide.
Cistografia
mente estar-se perante uma bexiga
intacta (Figura 3). Esta técnica tem
vantagens, não só porque afasta
o cateter do colo da bexiga para
permitir a perda de contraste em
qualquer local de rotura nesta área,
mas também porque permite manter
o cateter patente se for necessário
realizar outros testes ou tratamentos.
Adicionalmente, o contraste extravasado da uretra para a região pélvica,
perineal ou para os tecidos da região
superior dos membros pélvicos pode
ser detetada com roturas uretrais, tal
como aconteceu neste doente.9
CONCLUSÃO
Quando se suspeita de perda de integridade da bexiga, especialmente em
doentes com história de traumatismo,
com ou sem sinais clínicos de anúria,
hematúria ou distensão abdominal, a
cistografia com contraste positivo é o
exame de eleição para diagnosticar
uma rotura da bexiga. Embora se
recomende a utilização de um cateter
balão para assegurar a passagem do
agente de contraste, este dispositivo
pode ocluir qualquer defeito, especialmente as lacerações da parede
da bexiga, resultando num resultado
falso negativo.12 As lacerações nas estruturas mais delicadas como a uretra
pélvica e o colo da bexiga são particularmente suscetíveis ao bloqueio,
devido à forma como o cateter balão
fica posicionado circunferencialmente em redor da comunicação entre
estas duas estruturas.
Num exame completo, deve ser
realizada a deflação do balão e o
cateter deve ser movido cranialmente
depois da infusão inicial de contraste para permitir a avaliação do
trígono e da uretra proximal. Antes
de diagnosticar uma bexiga intacta,
deve ser realizado outro conjunto
de radiografias depois da deflação e
posicionamento cranial do balão e da
administração de contraste adicional,
aguardando um período de tempo
suficiente para que este saia da bexiga através de qualquer defeito. v
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Estudo de prevalência de Bartonella em gatos
e respetiva importância e prevalência zoonótica
ANIMAIS DE COMPANHIA
2015
O valor monetário do
prémio é de 1.500fl
Consulta de regulamento no site
www.admedic.pt
ou www.bayervet.com.pt
Agência: Ad Médic
Geral CAP 10/2015
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v QU E RATOMAS NOS CÃES PE E R-R EVI EWE D
DOR NAS ALMOFADINHAS PLANTARES
Uma revisão dos queratomas das
almofadinhas plantares dos cães
Neste trabalho, os peritos referem o facto de estas lesões dolorosas terem como causa provável
um traumatismo mecânico repetido e recomendam um plano de tratamento e de prevenção.
Steven F. Swaim, DVM, MS, Mark W. Bohling, DVM, PhD, DACVS, James C. Wright, DVM, PhD, DACVPM,
Ilaria Borghese, MS, MA, OTR/L
O
s Sight Hounds, especialmente os Greyhounds, desenvolvem com frequência
lesões dolorosas nas almofadinhas
plantares, que se assemelham a grãos
de milho. Estas lesões de hiperqueratose, circunscritas e bem demarcadas,
possuem uma região central de queratina que habitualmente tem uma
forma cónica. Macroscopicamente,
as lesões têm o aspeto de um tecido
fibroso cicatricial e são causa de dor
e inflamação local.1-4 Têm sido designadas grãos de milho,5-9 queratomas3,4 e queratose das almofadinhas
plantares (hiperqueratose ortoqueratótica).10 As lesões são semelhantes
às que ocorrem nas plantas dos pés
Steven F. Swaim, DVM, MS
Scott-Ritchey Research Center and
Department of Clinical Sciences
College of Veterinary Medicine
Auburn University
Auburn, AL 36849
Mark W. Bohling, DVM, PhD,
DACVS
Regional Institute for Veterinary
Emergencies and Referrals
2132 Amnicola Highway
Chattanooga, TN 37406
Getty Images/Elke Vogelsang
James C. Wright, DVM, PhD,
DACVPM
Department of Pathobiology
College of Veterinary Medicine
Auburn University
Auburn, AL 36849
Ilaria F. Borghese, MS, MA, OTR/L
Thera-Paw, Inc.
36 Hill and Dale Road
Lebanon, NJ 08833
34
humanos (heloma durum), que estão associadas à pressão ou abrasão
crónica e que cobrem proeminências
ósseas em locais em que os tecidos
moles entre a pele e o osso se encontram em quantidade
diminuta.2,3
Os queratomas podem ocorrer nas almofadas metatársicas,
metacarpos ou dedos,
principalmente nos
Greyhounds, mas a
maioria ocorre nas almofadinhas plantares
digitais. Desenvolvem-se principalmente nos
Greyhounds de competição, ativos ou retirados, de meia-idade
ou idosos.3,4,8-11
SINAIS CLÍNICOS
Os sinais clínicos associados aos queratomas incluem dor à
palpação e relutância
em andar sobre superfícies duras, ações
estas que forçam os
queratomas para os
tecidos subdérmicos.
Para identificar corretamente sinais de dor,
é importante aplicar
pressão durante a palpação.
Pode estar presente
um crescimento ex-
Janeiro/Fevereiro 2015 VETERINARY MEDICINE
cessivo das unhas na pata afetada,
resultando da diminuição do desgaste, pois o animal tenta colocar a
carga de peso sobre os metacarpos
e metatarsos e não sobre as almofa-
Queratomas nos cães
Queratoma
Pele da almofadinha plantar
Tecido fibroadiposo
da almofadinha plantar
Articulação interfalângica distal
2. Representação de uma secção de um queratoma.
1. Um queratoma numa almofadinha plantar
de um Greyhound.
dinhas plantares digitais.3 Quando se
realiza um exame ortopédico de um
cão com claudicação, especialmente
quando se trata de um Greyhound,
deve ser incluída uma avaliação das
almofadinhas plantares.
TEORIAS SOBRE
A ETIOPATOGÉNESE
Existem três teorias sobre a causa dos
queratomas:
1.Tecido cicatricial e corpos esOmnicondroVetMedicineRod.pdf 2 12/01/2015 11:56:55
tranhos. Uma das teorias refere
que os cortes e pequenas lesões
nas almofadinhas plantares resultam numa acumulação de tecido
cicatricial.6,7,9,12,13 A presença de um
pequeno corpo estranho numa almofadinha plantar está relacionada
com esta teoria. Neste caso, o tecido
cicatricial acumula-se no local da lesão à medida que o organismo tenta
isolar o corpo estranho. O tecido
cicatricial desenvolve-se formando
um queratoma espesso e duro na
almofadinha plantar.3,7,9,12,13
2. Infeção pelo papiloma vírus. A
segura teoria defende que a lesão resulta de uma infeção pelo papiloma
vírus.3,6,7,9 Em consequência da pressão e abrasão associadas à deambu-
lação, o papiloma não se desenvolve
na superfície da almofadinha plantar.
Pelo contrário, o desenvolvimento
da lesão ocorre nas camadas mais
profundas, resultando numa área
circular, achatada (semelhante a um
grão de milho) e dolorosa, que é
visível na superfície da almofadinha
plantar (Figura 1).6
3. Pressão e abrasão. A terceira
teoria para o desenvolvimento de
queratomas refere que o traumatismo mecânico repetido na forma de
pressão ou abrasão leva ao desenvolvimento das lesões (Wright JC,
Borghese IF, Swaim SF, College of
Veterinary Medicine, Auburn University, Ala: dados não publicados,
2003).3,7,9,10 Estas forças traumáticas
Queratomas nos cães
QUADRO 1
Distribuição de queratomas nas patas de membros anteriores e posteriores de 121
Greyhounds*
Membro
Anterior direito
Anterior esquerdo
Posterior direito
Posterior esquerdo
Almofadinha
plantar nº
Número de
queratomas
por pata
2
11
3
26
4
32
5
3
2
10
3
27
4
34
5
3
2
4
3
24
4
16
5
3
2
4
3
25
4
10
5
5
Número de queratomas Número total de
por membro nas almofa- queratomas nas
dinhas plantares 3 e 4
almofadinhas plantares
3 e 4 dos membros
anteriores vs posteriores
58
119
61
40
75
35
*Fonte: Wright JC, Borghese IF, Swaim SF, College of Veterinary Medicine, Auburn University, Ala: dados não publicados, 2003. A informação usada neste estudo foi fornecida
pelos donos.
estão presentes nos Greyhounds de
competição. Está descrito11 e foi já
observado pelos autores, que estas
lesões são relativamente comuns
nos Greyhounds de competição,
ativos ou retirados. No entanto, estas
lesões também estão descritas nos
Whippets e nos Lurchers.3
Uma apreciação das teorias
As teorias do tecido cicatricial, tecido
cicatricial e corpos estranhos e papiloma vírus não são provavelmente,
por diversas razões, a causa da maioria dos queratomas nos Greyhounds.
Recorrência. A remoção cirúrgica
do queratoma resulta geralmente
36
em alívio dos sintomas de dor. Alguns cães podem ficar curados e,
na maioria, não há novo desenvolvimento durante mais de seis meses.3
Pode haver recorrência devido a
má técnica cirúrgica, mas, mais provavelmente, será devida a fatores
mecânicos que não foram corrigidos
(p. ex. pressão crónica de baixo grau
sobre o local).3 O mesmo se aplica à
teoria relativa a corpos estranhos e
tecido cicatricial. Se o corpo estranho
tiver sido removido, a recorrência e
reação não deverão acontecer, mas
por vezes ocorrem.
Ausência de evidência. A avaliação por microscopia eletrónica de
Janeiro/Fevereiro 2015 VETERINARY MEDICINE
queratomas removidos não revelou
a presença de papiloma vírus.9 Também a coloração imunohistoquímica
e a análise por reação em cadeia da
polimerase não revelaram evidência
de etiologia viral em queratomas
removidos em 18 Greyhounds.1
Particularidades anatómicas. Diversos fatores sugestivos suportam a
teoria da pressão como uma causa
importante de queratomas. Um dos
fatores são as particularidades anatómicas da pata dos animais desta
raça. As patas são longas e estreitas,
com uma distância reduzida entre
as almofadinhas plantares, o que
resulta numa força de reação do solo
Queratomas nos cães
superior à que ocorre nos cães com as patas mais
largas.14 A velocidade média de um Greyhound de
competição é de 36 milhas por hora (valor extrapolado a partir de registos existentes), e as evidências
fotográficas mostram que durante o galope, o cão
está no ar e, numa superfície de areia firme, aterra
inicialmente na pata estendida de um membro
torácico. Em consequência, a força de reação do
solo é elevada.3
Escassez de tecido. Foi também colocada a hipótese de pelo facto de os Greyhounds terem pouco
tecido adiposo corporal, o mesmo poderia acontecer
nas almofadinhas plantares. Assim, a articulação
interfalângica distal estaria mais próxima da derme
da pele da almofadinha plantar. Assim, quando o
cão anda, a pressão na almofadinha plantar com
origem na articulação induz a formação de lesões
semelhantes aos queratomas.3,7,9,10
Alterações anatómicas. A teoria mecânica é suportada pela presença de alterações anatómicas, que
resultam numa carga de peso anormal nas patas. A
rotura ou o estiramento do tendão flexor profundo
dos dedos é um achado comum. Por outro lado,
se a alteração anatómica for corrigida, o queratoma
desaparecerá.3
Os dedos que suportam o peso são os mais
afetados. Um outro fator que suporta a teoria da
pressão é o facto de os dedos 3 e 4, que são os
responsáveis pelo maior suporte de peso, serem os
mais afetados. Num estudo que envolveu 30 cães
com um total de 40 queratomas, 36 localizavam-se nos dedos 3 e 4 dos membros torácicos. Num
outro estudo que envolveu 24 cães, 18 dos quais
eram Greyhounds, 24 de 26 queratomas estavam
nos dedos 3 e 4.1
Num levantamento epidemiológico nacional americano, foram avaliados 275 Greyhounds machos e
209 fêmeas relativamente à presença de queratomas
(Wright JC, Borghese IF, Swaim SF, College of Veterinary Medicine, Auburn University, Ala: dados não
publicados, 2003). A mediana do peso dos cães era
de 31.8 kg, com uma amplitude de 20 a 47.3 kg.
Cento e setenta e cinco donos referiram que os seus
animais tinham lesões semelhantes a queratomas e
121 donos indicaram que a localização dessas lesões
eram os dedos. O questionário pedia aos donos
dos Greyhounds que referissem quaisquer lesões
associadas a competições, caso fossem conhecidas.
As respostas indicaram que não havia lesões de
competições significativas associadas à ocorrência
de queratomas.
Os queratomas não apresentaram qualquer associação com o sexo ou peso dos cães, e não se
250
ml
100
ml
C
M
Y
CM
MY
CY
CMY
K
EUTHASOL 400 mg/ml SOLUÇÃO INJECTÁVEL. Composição: Pentobarbital (como sal de sódio) 362,9 mg, equivalente a
400 mg de pentobarbital sódico. Espécies-alvo: Cães, gatos, roedores, coelhos,bovinos, ovinos, caprinos, equinos e visons.
Indicação de utilização: Eutanásia. Posologia modo e via de administração: Uma dose de 140 mg/kg, equivalente a 0,35
ml/kg, é considerada suficiente para todos os modos de administração indicados. A via de administração intravenosa deve ser
a primeira escolha, devendo-se aplicar uma sedação adequada se o médico veterinário a considerar necessária. Para cavalos e
bovinos a pré-medicação é obrigatória. Quando a administração intravenosa for difícil, e só após uma profunda sedação ou
anestesia, o medicamento veterinário pode ser administrado pela via intracardíaca. Alternativamente, e apenas em pequenos
animais, pode-se administrar o medicamento veterinário por via intraperitonial, mas só após uma sedação adequada. A
injecção intravenosa em animais de estimação deve ser realizada com uma velocidade de injecção contínua até o animal ficar
inconsciente. Em cavalos e bovinos, o pentobarbital deve ser injectado rapidamente. A rolha não deve ser perfurada mais de
20 vezes. Contraindicação: Não utilizar como anestésico. Reacções adversas: Podem ocorrer pequenas contracções
musculares após a injecção. A morte pode demorar mais tempo se a injecção for administrada perivascularmente ou em
órgãos/tecidos com baixa capacidade de absorção. Os barbitúricos podem ser irritantes quando são administrados
perivascularmente. O pentobarbital sódico tem a capacidade de produzir excitação durante a indução. A pré-medicação /
sedação reduz significativamente o risco de sofrer excitação durante a indução. Muito ocasionalmente, ocorrem uma ou várias
respirações ofegantes após a paragem cardíaca. Nesta fase o animal já está clinicamente morto. Advertências: A injecção
intravenosa de pentobarbital pode causar excitação durante a indução em várias espécies de animais, devendo-se aplicar uma
sedação adequada se o médico veterinário a considerar necessária. Devem ser tomadas medidas para evitar a administração
perivascular (utilizando, por exemplo, um cateter intravenoso). - A via de administração intraperitoneal pode provocar um início
prolongado da acção, com um risco aumentado de excitação durante a indução. A administração intraperitoneal só pode ser
utilizada após uma sedação adequada. Devem ser tomadas medidas para evitar a administração no baço ou em órgãos/tecidos
com baixa capacidade de absorção. Este modo de administração só é adequado para pequenos animais. - A injecção
intracardíaca só pode ser utilizada se o animal estiver profundamente sedado, inconsciente ou anestesiado. Para reduzir o risco
de excitação durante a indução, a eutanásia deve ser realizada numa área sossegada. Em cavalos e bovinos, é necessário
efectuar uma pré-medicação com um sedativo adequado para produzir uma profunda sedação antes da eutanásia,
devendo-se ter disponível um método alternativo de eutanásia. Intervalo(s) de segurança: Devem-se tomar medidas
adequadas para garantir que as carcaças de animais tratados com este medicamento veterinário e os seus subprodutos não
entrem na cadeia alimentar e não sejam usados para consumo humano ou animal. Número da autorização de introdução
no mercado: 378/01/11DFVPT de 24 de Outubro de 2011. Titular da autorização de introdução no mercado: Le Vet B.V.
Wilgenweg 7. 3421 TV Oudewater. Países Baixos. Titular da autorização de comercialização: Esteve Farma Lda. Av. Do Forte,
3 – Edif. Suécia III, 1º 2794-044 Carnaxide.
Só pode ser vendido mediante requisição especial ou receita médico-veterinária especial. Só pode ser administrado pelo
médico veterinário.
www.esteve.pt
Queratomas nos cães
Opções de tratamento
potenciais para
os queratomas
das almofadinhas
plantares
REMOÇÃO MECÂNICA OU
CIRÚRGICA DOS QUERATOMAS
• Abrasão (instrumento elétrico,
pedra-pomes, lima de unhas, lixa)
• Avulsão (elevador de raízes dentárias,
cureta pequena)
• Expulsão (infiltração, pressão manual)
• Cirurgia
– Bisturi, punch de biopsia cutânea,
criocirurgia
– Amputação digital total
– Amputação digital parcial
(ostectomia digital distal)
– Neurectomia digital
APLICAÇÃO DE TRATAMENTOS
TÓPICOS
• Emolientes, p. ex sulfato de hidroxiquinolina e lanolina petrolato, proteína
de colagénio natural, palmitato de
isopropilo, álcool estearílico, lanolina
e dimeticone, mistura de óleo e água,
óleo de castor e bicarbonato de sódio
e outras formulações comerciais.
• Queratolíticos, p. ex. ácido salicílico,
lactato de sódio, propilenoglicol
ADMINISTRAÇÃO DE
ANTIVIRAIS
•
•
•
•
Valaciclovir
Álcool behénico
Interferão
Povidona-iodo (aplicado após a expulsão da lesão para destruir vírus
residuais)
• Estimulantes imunológicos
PREVENIR A PRESSÃO
SOBRE AS ALMOFADINHAS
PLANTARES
• Evitar andar sobre superfícies duras
• Proporcionar acolchoamento, usando botas acolchoadas ou partículas
de gel de silicone em blocos injetados subdermicamente.
38
registaram diferenças significativas
na localização entre as quatro patas
(Wright JC, Borghese IF, Swaim SF,
College of Veterinary Medicine, Auburn University, Ala: dados não publicados, 2003). No entanto, os dedos
3 e 4 apresentavam uma ocorrência
de lesões significativamente superior
(Quadro 1). Assim, numa vasta área
geográfica e numa população de
Greyhounds de dimensão apreciável
era evidente o mesmo fenómeno: a
predominância de queratomas nos
dedos com maior intervenção no
suporte do peso.
Parece existir uma predileção para
a ocorrência de queratomas nas
patas dos membros torácicos. Esta
tendência foi notada no levantamento
epidemiológico realizado junto dos
donos dos Greyhound (Quadro 1) e
pode estar relacionada com as forças
de reação do solo.3 Nos cães, as forças
verticais aplicadas sobre as patas dos
membros torácicos durante o andamento são 1.1 vezes o peso corporal.
Por seu lado, nas patas dos membros
pélvicos, essa força é de 0.8 vezes o
peso corporal.15
OPÇÕES DE TRATAMENTO
E PREVENÇÃO
Um dos autores (Dr. Swaim) verificou
que o número de tratamentos descritos para uma determinada condição é
um indicador da sua natureza problemática. Os queratomas das almofadinhas plantares são um exemplo deste
fenómeno. São referidos diversos
tratamentos para os queratomas (consultar o texto “Opções de tratamento
potenciais para os queratomas das
almofadinhas plantares”). No entanto,
poucos são os que estão publicados
na literatura científica.
Dois dos autores (Dr. Swaim e Dr.
Bohling) recorrem à excisão cirúrgica
do queratoma como fase inicial do
tratamento. Usam uma lâmina de
bisturi nº 15 para fazer uma incisão
elíptica em redor do queratoma. Este
é removido com dissecção romba
e cortante. Uma vez que os quera-
Janeiro/Fevereiro 2015 VETERINARY MEDICINE
tomas são formados por um tecido
denso semelhante a tecido cicatricial
e que estão confinados à derme da
almofadinha plantar, os seus bordos
são bem definidos e facilitam a remoção (Figura 2). É usada pressão
digital para realizar a hemostase. O
encerramento do defeito resultante
é realizado com uma sutura em oito
usando fios de polipropileno ou
nylon monofilamento 3-0.
Em seguida é aplicado na pata um
penso de alívio da pressão. A pata é
primeiramente ligada da forma corrente. Em seguida é colocada sob o
penso uma peça triangular de espuma
com o tamanho da almofadinha plantar metacárpica ou metatársica. Sobre
a espuma é aplicada uma porção de
dimensão adequada do corpo de
uma tala de Mason, fixando o penso.
Esta estrutura eleva as almofadinhas
plantares e alivia a pressão aplicada
à medida que a incisão cicatriza.16
O penso é mudado periodicamente
durante o período de cicatrização
de 14 dias. Os pontos de sutura são
retirados 14 dias depois da cirurgia.
A prevenção da pressão pode também ser conseguida aconselhando os
donos a evitarem que os cães andem
sobre superfícies rígidas e a colocarem botas acolchoadas nas patas.
OPÇÕES DE TRATAMENTO
FUTURAS
Devem ser consideradas duas abordagens para aliviar a pressão local:
proporcionar acolchoamento local e
remover pontos de pressão.
Nas pessoas, o acolchoamento
local é conseguido com almofadas
de borracha em forma de anel, com
uma das superfícies adesivas e com o
orifício central colocado sobre a proeminência do queratoma. No entanto,
os cães raramente toleram este tipo
de intervenção e a sua durabilidade
não seria suficiente.
Também nas pessoas, a injeção
de silicone líquido sob os pontos
de pressão tem resultado em alívio
da pressão plantar.17,18 Foi feita uma
Ilumine as suas vidas.
Que as mudanças não anulem a sua alegria.
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FICAR SOZINHO
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NA FAMÍLIA
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com os seus altos e baixos.
Queratomas nos cães
avaliação pré-clínica desta técnica
aplicada em cães. Foram implantadas partículas de gel silicone em
blocos na região subdérmica sob as
almofadinhas plantares. A análise
da pressão de contacto com o solo
revelou uma diminuição da pressão
três meses depois da implantação;
no entanto, ocorreu alguma migração das partículas.9
Num ensaio clínico realizado por
um dos autores (Dr. Bohling; dados
não publicados), foram tratados
cinco Greyhounds com queratomas
usando a técnica referida. Todos os
animais apresentaram uma resolução completa dos sinais de dor
e claudicação. No entanto, com a
carga de peso, os implantes migraram da área de maior pressão e seis
meses após a colocação dos implantes os queratomas tinham regredido
em todos os animais.
Este resultado levou ao desenvolvimento de um implante em que as
partículas de gel de silicone em bloco fossem encapsuladas. Os ensaios
clínicos preliminares foram já realizados em cinco cães (Dr. Bohling;
dados não publicados). Um dos
animais rejeitou os implantes e num
dos restantes as partículas migraram
por alteração do implante. Em três
cães não ocorreram complicações e
estavam clinicamente normais (sem
dor e sem claudicação) no último
contacto realizado, dois anos depois
da colocação do implante.
Para continuar a comprovação da
teoria de que é a pressão da articulação interfalângica distal na pele que
causa o problema, deve ser melhorada a técnica de encapsulamento
das partículas de gel de silicone em
bloco e desenvolvida uma técnica
de artroplastia em que a articulação seja removida e substituída por
material de acolchoamento (p. ex.
silicone de grau médico).
RESUMO
Quando são examinados cães
com claudicação, especialmente
quando se trata de Greyhounds, é
imprescindível examinar as patas.
Encontrar um queratoma doloroso
à aplicação de pressão é um facto
importante e que deve ser avaliado. Dois trabalhos publicados1,3 e
o estudo realizado no College of
Veterinary Medicine da Auburn
University (Wright JC, Borghese
IF, Swaim SF, College of Veterinary
Medicine, Auburn University, Ala:
dados não publicados, 2003) indicam que a remoção do queratoma
e a prevenção da ocorrência de
pressão durante o processo de
cicatrização é o tratamento mais
eficaz.1,3 É necessário realizar mais
trabalho para aperfeiçoar e desenvolver técnicas de prevenção da
pressão.
Nota do editor: Ilaria F. Borghese é
presidente da Thera-Paw, Inc., e CEO
do Symposium on Therapeutic Advances in Animal Rehabilitation. v
Continua na página 27
Nome do medicamento veterinário Seresto, coleira 1,25 g + 0,56 g para gatos e cães ≤ 8 kg. Número de autorização: 365/03/11DFVPT. Data da autorização: 8 de Agosto de 2011. Espécies alvo Felinos (gatos), caninos (cães ≤ 8
kg). Para cães > 8 kg utilizar Seresto, coleira 4,50 g + 2,03 g para cães > 8 kg (ver “Posologia e via de administração”). Indicações terapêuticas Gatos: Tratamento e prevenção de infestações por pulgas (Ctenocephalides felis) durante 7 a 8 meses. Protege o ambiente envolvente do animal contra o desenvolvimento das larvas de pulga durante 10 semanas. O medicamento veterinário pode ser utilizado como parte de uma estratégia de tratamento para o controlo
da Dermatite Alérgica a Picada de Pulga (DAPP). O medicamento veterinário tem uma eficácia acaricida (mata) (Ixodes ricinus, Rhipicephalus turanicus) e repelente (impede a alimentação) persistente contra infestações por carraças (Ixodes ricinus) durante 8 meses. É eficaz contra larvas, ninfas e carraças adultas. As carraças já presentes no gato antes do tratamento podem não morrer nas 48 horas após a colocação da coleira, podendo permanecer fixadas e visíveis.
Assim, é recomendada a remoção das carraças presentes no gato no momento da colocação. A prevenção de novas infestações por carraças inicia-se nos dois dias após a colocação da coleira. Preferencialmente, a coleira deve ser colocada antes do início da época das pulgas ou carraças. Cães: Tratamento (Ctenocephalides felis) e prevenção de infestações por pulgas (Ctenocephalides felis, C. canis) durante 7 a 8 meses. Protege o ambiente envolvente do animal
contra o desenvolvimento das larvas de pulga durante 8 meses. O medicamento veterinário pode ser utilizado como parte de uma estratégia de tratamento para o controlo da Dermatite Alérgica a Picada de Pulga (DAPP). O medicamento
veterinário tem uma eficácia acaricida (mata) contra infestações por carraças (Ixodes ricinus, Rhipicephalus sanguineus, Dermacentor reticulatus) e uma eficácia repelente (impede a alimentação) persistente contra infestações por carraças (Ixodes ricinus, Rhipicephalus sanguineus) durante 8 meses. É eficaz contra larvas, ninfas e carraças adultas. As carraças já presentes no cão antes do tratamento podem não morrer nas 48 horas após a colocação da coleira, podendo permanecer fixadas e visíveis. Assim, é recomendada a remoção das carraças presentes no cão no momento da colocação. A prevenção de novas infestações por carraças inicia-se nos dois dias após a colocação da coleira. O
medicamento veterinário oferece proteção indireta contra a transmissão dos agentes patogénicos Babesia canis vogeli e Ehrlichia canis pela carraça vetor Rhipicephalus sanguineus, reduzindo assim o risco de babesiose canina e erliquiose canina durante 7 meses. Tratamento de infestação por piolhos mastigadores (Trichodectes canis). Preferencialmente, a coleira deve ser colocada antes do início da época das pulgas ou carraças. Precauções especiais para utilização em animais O medicamento veterinário é resistente à água; mantém-se eficaz se o animal se molhar. No entanto, deve evitar-se a exposição intensa e prolongada à água ou numerosos banhos com champô, porque a duração da
atividade pode ser reduzida. Estudos mostraram que o banho mensal com champô ou a imersão em água não reduz significativamente a duração da eficácia de 8 meses para as carraças após a redistribuição das substâncias ativas no
pelo, enquanto que a eficácia do medicamento veterinário contra as pulgas diminui gradualmente a partir do 5º mês. Precauções especiais a adoptar pela pessoa que administra o medicamento aos animais Manter o saco com a
coleira dentro da embalagem exterior até à utilização. Como para qualquer medicamento veterinário, não deixar as crianças pequenas brincar com a coleira ou colocá-la na boca. Os animais que usam a coleira não devem dormir na cama
com os seus donos, especialmente as crianças. As pessoas com hipersensibilidade conhecida aos componentes da coleira devem evitar o contacto com a mesma. Deitar fora imediatamente quaisquer restos ou pedaços cortados da
coleira (ver “Posologia e via de administração”). Lavar as mãos com água fria após a colocação da coleira. Posologia e via de administração Uso cutâneo. Uma coleira por animal que deve ser colocada à volta do pescoço. Para gatos
e cães pequenos até 8 kg de peso corporal utilizar uma coleira de 38 cm de comprimento. Cães com mais de 8 kg utilizar uma coleira Seresto para cães > 8 kg de 70 cm de comprimento. Apenas para uso externo. Antes da utilização
retirar diretamente a coleira do saco. Desenrolar a coleira e verificar que não há restos das tiras de ligação de plástico agarrados à parte interna da coleira. Ajustar a coleira à volta do pescoço do animal sem apertar demasiado (como
orientação, deve deixar-se uma folga suficiente de modo a que entre o pescoço e a coleira caibam 2 dedos). Puxar a coleira pela presilha e cortar o excesso do comprimento deixando 2 cm a seguir à presilha. A coleira deve ser usada
continuamente durante o período de proteção de 8 meses e deve ser removida após o período de tratamento. Verificar periodicamente e ajustar se necessário, principalmente quando os gatinhos/cachorros crescem rapidamente.
Esta coleira foi desenhada com um mecanismo de fecho de segurança. Na remota possibilidade de um gato ficar
preso, a própria força do gato é suficiente para alargar a coleira permitindo a rápida libertação. Propriedades
farmacodinâmicas O imidaclopride é um ectoparasiticida que pertence ao grupo dos compostos cloronicotinilos.
Quimicamente, pode ser classificado como uma nitroguanidina cloronicotinilo. O imidaclopride é ativo contra as
pulgas adultas e seus estadios larvares e piolhos. A atividade contra C. felis começa imediatamente após a colocação da coleira, enquanto que a eficácia adequada contra C. canis começa na primeira semana após a colocação da coleira.
Para além das indicações listadas em “Indicações terapêuticas” foi demonstrada uma ação contra as pulgas Ctenocephalides canis e Pulex irritans.O imidaclopride possui uma elevada afinidade para os recetores nicotinérgicos da
acetilcolina da região pós-sináptica do sistema nervoso central (SNC) da pulga. A subsequente inibição da transmissão colinérgica nos insetos, resulta em paralisia e morte do parasita. Devido à fraca natureza da interação com os recetores
nicotinérgicos dos mamíferos e à postulada fraca passagem através da barreira hemato-encefálica dos mamíferos, não tem virtualmente efeito sobre o SNC dos mamíferos. Imidaclopride exerce uma atividade farmacológica mínima nos
mamíferos. A flumetrina é um ectoparasiticida do grupo piretróide de síntese. De acordo com o conhecimento atual os piretróides de síntese interferem com os canais de sódio das membranas celulares nervosas, retardando a repolarização do nervo e resultando na morte do parasita. Em estudos sobre a relação estrutura-atividade observou-se como resultado a interferência de um número de piretróides com os recetores de uma certa configuração quiral causando uma
atividade seletiva sobre os ectoparasitas. Com estes compostos não foi observada nenhuma atividade anti-colinesterase. A flumetrina é responsável pela atividade acaricida do medicamento veterinário, impedindo também a produção de
ovos férteis pelo seu efeito letal sobre as carraças fêmeas. Num estudo in-vitro 5 a 10 % das carraças Rhipicephalus sanguineus expostas a uma dose subletal de 4 mg de flumetrina/L depositaram ovos com um aspeto alterado (enrugado, baço e seco) indicando um efeito esterilizante. Para além das espécies de carraças referidas em “Indicações terapêuticas”, foi demonstrada em gatos atividade contra Ixodes hexagonus e a espécie de carraça não encontrada na
Europa Amblyomma americanum, e em cães contra I. hexagonus, I. scapularis e as espécies de carraças não encontradas na Europa Dermacentor variabilis e I. holocyclus, a carraça Australiana que causa paralisia. O medicamento veterinário tem atividade repelente (impede a alimentação) contra as carraças indicadas, prevenindo assim a ingestão de sangue pelos parasitas repelidos, e deste modo ajuda indiretamente a reduzir o risco de doenças transmitidas por
vetores. Para os gatos, proteção indireta contra a transmissão de Cytauxzoon felis (transmitido pelas carraças Amblyomma americanum) foi demonstrada num estudo laboratorial com um pequeno número de animais, 1 mês após o
tratamento, reduzindo assim o risco de doenças causadas por este agente patogénico, nas condições do estudo. Para os cães, em adição aos agentes patogénicos referidos na em “Indicações terapêuticas”, proteção indireta contra a
transmissão de Babesia canis canis (por carraças Dermacentor reticulatus) foi demonstrada num estudo de laboratório no dia 28 após tratamento, e proteção indireta contra a transmissão de Anaplasma phagocytophilum (por carraças
Ixodes ricinus) foi demonstrada num estudo de laboratório aos 2 meses após tratamento, reduzindo assim o risco de doenças causadas por estes agentes patogénicos, nas condições destes estudos. Na infestação por Sarcoptes scabiei,
as coleiras foram capazes de promover uma melhoria em cães pré-infestados, levando à cura completa após três meses. Medicamento não sujeito a receita médico-veterinária. Leia cuidadosamente as informações constantes
do acondicionamento secundário e do folheto informativo e, em caso de dúvida ou persistência dos sintomas, consulte o médico veterinário.
Influência de um alimento que contém
hidrolisado de α-caseína e L-triptofano
no comportamento e bem-estar de gatos
Gonçalo Da Graça Pereira, DVM, MsC,PhD, Dip ECAWBM (BM), Pier A.Accorsi, DVM, PhD, Valentina Beghelli, DVM, Michela
Mattioli, DVM, Sara Fragoso, Bióloga MSc.
Foi desenhado um estudo duplo-cego, controlado por placebo, com
o objetivo de avaliar a eficácia de
um alimento que contém hidrolisado de α-caseína e L-triptofano
na redução dos sinais de stresse
em gatos que vivem em casas com
vários conspecíficos, utilizando um
indicador fisiológico e indicadores
comportamentais. Vinte e seis gatos
foram avaliados em visitas efetuadas
ao domicílio. Do número total de gatos avaliados, 7 foram incluídos no
Gonçalo Da Graça Pereira, DVM,
MsC, PhD, Dip ECAWBM (BM);
Faculdade de Medicina Veterinária,
Universidade Lusófona de Humanidades
e Tecnologias, Campo Grande, 376,
1749-024 Lisboa, Portugal
Instituto de Ciências Biomédicas Abel
Salazar, Universidade do Porto,
Rua Jorge Viterbo Ferreira, 228,
4050, Porto, Portugal
Pier A.Accorsi, DVM, PhD;
Dipartimento di Morfofisiologia Veterinaria
e Produzioni Animali, Via Tolara di Sopra,
50, 40064, Ozzano Emilia (BO), Itália
Valentina Beghelli, DVM;
Dipartimento di Morfofisiologia Veterinaria
e Produzioni Animali, Via Tolara di Sopra,
50, 40064, Ozzano Emilia (BO), Itália
Michela Mattioli, DVM;
Dipartimento di Morfofisiologia Veterinaria
e Produzioni Animali, Via Tolara di Sopra,
50, 40064, Ozzano Emilia (BO), Itália
Sara Fragoso, Bióloga MSc.
Instituto de Ciências Biomédicas Abel
Salazar, Universidade do Porto,
Rua Jorge Viterbo Ferreira, 228,
4050, Porto, Portugal
grupo controlo. O grupo tratamento
recebeu um alimento que continha
hidrolisado de α-caseína e L-triptofano após 6 semanas do início do
estudo. O grupo controlo recebeu
o mesmo alimento durante todo o
estudo. O alimento placebo continha
o mesmo teor proteico do alimento
em estudo. Foram realizadas observações focais contínuas 5 dias por
semana, durante 14 semanas. Ao
longo do estudo, para medição do
cortisol, fizeram-se 4 recolhas de pelo
por indivíduo. No grupo controlo, os
comportamentos analisados não demonstraram diferenças estatísticas
entre as diferentes fases do estudo.
No grupo tratamento, a frequências
de comportamento de ameaça, fuga
e luta diminuíram. Em relação aos
valores médios de cortisol, o grupo
controlo não demonstrou qualquer
diferença, enquanto no grupo
tratamento observou-se uma diminuição significativa. Os resultados
mostraram que os comportamentos
relacionados com o stresse (interação agonística, ameaça, fuga e
luta) diminuíram no grupo tratamento. Os resultados sugerem que
este alimento pode ser benéfico para
reduzir comportamentos relacionados com a ansiedade, melhorar
o bem-estar dos animais e oferecer
uma ferramenta útil para ajudar os
donos a resolver algumas alterações
comportamentais dos seus animais.
INTRODUÇÃO
Atualmente, cada vez mais gatos
vivem confinados ao interior de
uma casa, tendo um acesso ao
exterior muito limitado ou mesmo
inexistente. Este acesso ao exterior
é um recurso relevante que, quando
é limitado, pode originar distúrbios
físicos e comportamentais. A falta
de atividade e de enriquecimento
ambiental são duas das principais
causas de stresse. Além disso, os
gatos que vivem num ambiente
restrito podem não ter um espaço
físico suficiente que lhes permita
manter uma distância aceitável de
estímulos stressores. Sabendo que
as relações sociais entre gatos do
mesmo grupo são essenciais para
estes animais1,2,3, esta limitação é
exacerbada por um aumento do
número de gatos que vivem na
mesma casa, pois não é permitida a
fuga. Um contacto inadequado com
pessoas e um acesso descontrolado
a outros gatos, foram mencionados
como fatores de stresse para esta
espécie.4 As respostas criadas pela
antecipação dos fatores de stresse
são uma parte importante na origem
de uma grande variedade de doenças comportamentais em animais de
companhia.5,6,7,8 Embora diferentes
estudos apresentem definições e
manifestações de ansiedade felina
distintas, todos os autores concordam que a ansiedade existe em
gatos e, uma vez que estes animais
têm uma excelente capacidade para
esconder o seu estado emocional,
os sinais que apresentam podem ser
muito subtis. No entanto, o stresse
e a ansiedade podem manifestar-se
através da marcação com urina, lam-
VETERINARY MEDICINE Janeiro/Fevereiro 2015
41
Comportamento e bem-estar de gatos
QUADRO 1
Sistema de classificação comportamental*
Comportamento social
Interação
afiliativa
Interação pacífica com ou sem contacto físico: rolar, toques com o
nariz, roçar-se, amassar, farejar, brincar
Allogrooming
Um gato higieniza outro: lambe ou morde com o aparente
objectivo de limpeza
Evitação
Movimento que mantém ou aumenta a distância individual
de um gato que se aproxima ou quando um indivíduo cede
ao desejo de outros sem qualquer resistência
Ameaça
Linguagem comportamental para aumentar a distância individual
Luta
A mais alta intensidade de comportamento agonístico que inclui
luta ou perseguição-fuga
Comportamento individual
Locomoção
Deslocação direcionada
Descanso
Períodos de repouso tranquilo: deitado ou sentado, tanto acordado
como a dormir
Alimentação
Ingestão de comida ou água
Brincar
Atividades com brinquedos ou outros utensílios diferentes
Arranhar
“Afiar” as unhas
Self-grooming
Higienização pessoal: lambe ou morde com o aparente objectivo
de limpeza
Atividade
deslocada
Comportamento fora do contexto, o qual é inapropriado para o
estímulo que o provocou: bocejar, lamber o nariz, abanar a cabeça
Olhar
Olhar fixamente
Explorar
Aproximar e procurar estímulos presentes no ambiente
Vocalizar
Vários tipos de vocalização: miar, ronronar, silvar, rosnar
*Para informações mais detalhadas sobre as categorias comportamentais, por favor contactar os autores
bedura compulsiva e manifestações
agressivas.9 A alteração significativa
do ambiente onde vivem também
pode estar associada a diversas
condições relacionadas com a ansiedade.10 A ansiedade não é apenas
um fator psicológico. Esta pode
aumentar o risco de várias doenças,
agravar problemas de saúde e redu-
42
zir a expressão de comportamentos
associados a um estado emocional
positivo. Portanto, a gestão eficaz
da ansiedade é essencial para reduzir a vulnerabilidade a doenças
e para melhorar a qualidade de
vida. Tanto a gestão da ansiedade
como de outros problemas comportamentais, pode necessitar de um
Janeiro/Fevereiro 2015 VETERINARY MEDICINE
tratamento específico que inclua
modificação comportamental e
programas de redução de stresse.
Além da terapia comportamental,
foram desenvolvidos medicamentos
para promover e acelerar a taxa de
recuperação.11 Existem inúmeros
fármacos utilizados atualmente
como ansiolíticos, no entanto, os
tutores demonstram preocupação
em administrar aos seus animais fármacos psicotrópicos. Devido a este
facto, os nutracêuticos veterinários
aparecem como uma opção “natural” que pode ser recomendada aos
animais quando os donos não dão
consentimento para um tratamento
farmacológico. Estes componentes
“naturais” são amplamente reconhecidos por terem poucos ou nenhuns
efeitos secundários12, por isso, os
tutores podem ter mais facilidade
em aceitar esta opção.
Foram descobertos muitos peptídeos de origem vegetal e animal
com potencial bioativo relevante.13
Um dos péptidos é a α-casozepina.
Este péptido bioativo, composto
por dez aminoácidos, tem um efeito
neurotrópico12,14,15 e uma afinidade
específica para os locais de ligação
das benzodiazepinas, os recetores
GABA-A, que têm um efeito ansiolítico.14 Foi estudado no Homem
em vários modelos clássicos de
ansiedade15,16 e sobre diversas condições indutoras de stresse.17,18,19 A
α-casozepina também provou ser
eficaz na diminuição da ansiedade
em gatos com fobias sociais20 e no
controlo do stresse em cães21, com
efeitos semelhantes a alguns fármacos ansiolíticos vulgarmente utilizados.11 As proteínas hidrolisadas
são absorvidas de forma mais eficaz
do que as proteínas intactas ou os
aminoácidos.22,23 A utilização de um
hidrolisado de caseína pelos fabricantes de “alimentos funcionais” é
cada vez mais comum.24 Existe uma
fórmula específica para consumo
humano, que contém hidrolisado
tríptico de α S1-caseína, que ajuda
Comportamento e bem-estar de gatos
QUADRO 2
Teste Friedman ANOVA usado para avaliar as diferenças das frequências comportamentais entre as 3 fases,
tanto no grupo tratamento como no controlo.
Grupo tratamento
Grupo controlo
Comportamento
X2
df
p
X2
df
p
Interação afilitiva
2,333
2
0,311
1,182
2
0,554
Allogrooming
0,311
2
0,856
2,000
2
0,368
Evitação
2,769
2
0,250
2,333
2
0,311
Ameaça
7,043
2
0,030
5,250
2
0,072
Luta
3,941
2
0,139
0,700
2
0,705
Locomoção
0,778
2
0,678
2,000
2
0,368
Descanso
1,263
2
0,532
0,667
2
0,717
Alimentação
3,246
2
0,197
7,154
2
0,028
Brincar
3,111
2
0,211
5,444
2
0,066
Arranhar
0,933
2
0,627
3,130
2
0,209
Self-grooming
1,680
2
0,432
2,083
2
0,353
Atividade deslocada
0,316
2
0,856
4,222
2
0,121
Olhar
3,429
2
0,180
4,353
2
0,113
Explorar
2,716
2
0,257
0,609
2
0,738
Vocalizar
0,074
2
0,964
7,600
2
0,022
Outros
0,276
2
0,871
5,778
2
0,056
a regular os sintomas de stresse no
Homem. No mercado de alimentos
para animais também existe um
alimento que contém hidrolisado
de α-caseína e que é suplementado
com L-triptofano. Quando o teor de
triptofano fornecido pelo alimento
é elevado permite que o excesso,
que não é utilizado para síntese
proteica, possa ser utilizado como
um suplemento terapêutico, aumentando os níveis de serotonina
e a neurotransmissão inibitória no
sistema nervoso central.25 Palestrini
e os seus colegas21 publicaram um
estudo que forneceu evidências de
que o hidrolisado de caseína pode
ser utilizado como um nutriente
funcional útil para reduzir o stresse
em cães.
O objetivo deste estudo duplo-cego, controlado por placebo, foi
avaliar a eficácia de um alimento
que contém hidrolisado de caseína
e L-triptofano, na redução dos sinais de stresse em gatos que vivem
em casas com vários conspecíficos,
utilizando um indicador fisiológico
e indicadores comportamentais.
Existem diferentes métodos para
avaliar os indicadores fisiológicos,
mas os mais utilizados incluem a
avaliação do cortisol fecal, urinário
ou salivar. 26 Diversos autores 27,28
utilizam o pelo como um substrato
alternativo para medir o cortisol.
Um estudo 29 encontrou uma associação positiva, significativa,
entre a concentração de cortisol
determinada nos pelos e nas fezes.
A decisão de utilizar uma técnica
não invasiva para avaliar o controlo
da atividade do eixo Hipotálamo-Hipófise-Adrenal em animais
pode ser essencial (razões éticas),
imperativa (razões logísticas) e
influenciada por considerações
experimentais. A contenção e o
maneio necessários para a recolha de sangue podem ser fatores
de stresse, que podem provocar
um aumento da concentração
periférica de glucocorticóides em
alguns minutos.4,30,31 A análise das
hormonas esteróides no pelo é útil
para os estudos de stresse crónico
e bem-estar, que requerem uma
monitorização da função adrenal
por longos períodos de tempo.29
Com base nesta evidência, o pelo
foi utilizado como um meio para
medir os níveis de cortisol dos gatos durante as diferentes fases do
estudo. Colocámos a hipótese de
que os gatos alimentados com uma
dieta enriquecida com L-triptofano
e hidrolisado de caseína vão demonstrar uma redução significativa
dos sinais comportamentais de
stresse, bem como uma diminuição
dos níveis de cortisol no pelo.
VETERINARY MEDICINE Janeiro/Fevereiro 2015
43
Comportamento e bem-estar de gatos
Evitação
0,16
0,14
0,12
0,1
Grupo Tratamento
0,08
Grupo Controlo
0,06
0,04
0,02
0
Fase I
Fase II
Fase III
1. Comportamento de Evitação: as barras indicam a frequência média de ocorrência do
comportamento nas fases I, II e III.
Luta
0,16
0,14
0,12
0,1
Grupo Tratamento
0,08
Grupo Controlo
0,06
0,04
0,02
0
Fase I
Fase II
Fase III
2. Comportamento de Luta: as barras indicam a frequência média de ocorrência do comportamento nas fases I, II e III.
MATERIAIS E MÉTODOS
Neste estudo participaram no total
26 gatos (média=5,5 anos, dos 1,1
aos 11 anos), 23 Europeus de pelo
curto, 2 Bosques da Noruega e 1
Siamês. Onze eram machos e 15
fêmeas, todos esterilizados. Todos
os gatos viviam em casas com
outros conspecíficos, partilhavam
comedouros e bebedouros, locais
de descanso e caixas de areia. Os
donos foram selecionados, de forma
aleatória, de uma base de dados de
44
clientes de uma clínica privada, que
eram donos de vários gatos e assinaram um consentimento informado.
Todos os animais foram submetidos
a uma avaliação do seu estado de
saúde geral, antes do início do estudo e após o término do mesmo. Os
parâmetros laboratoriais analisados
incluíram tiroxina total (T4), ureia
e creatinina séricas, alanina transaminase, aspartato aminotransferase,
fosfatase alcalina sérica, hemograma
e análise de urina. Não foram de-
Janeiro/Fevereiro 2015 VETERINARY MEDICINE
tetadas alterações aos parâmetros
fisiológicos nos resultados preliminares dos exames complementares.
O protocolo experimental estava em
concordância com as linhas orientadoras das Boas Práticas Clínicas
(Diretiva Europeia 92/18/CEE e
Diretiva Europeia III/3767/92).
Dos 26 gatos, 7 (4 machos e 3
fêmeas) viviam na mesma casa e
constituíram o grupo controlo. Este
grupo não teve alteração da sua
alimentação durante todo o período
do estudo. O grupo tratamento era
constituído por 19 gatos de duas casas diferentes (3 machos e 7 fêmeas
de uma casa, e 4 machos e 5 fêmeas
de outra casa). O alimento placebo
tinha a seguinte composição (por
100g de alimento): proteína – 40g;
gordura – 10g; hidratos de carbono
– 22,8g; fibra alimentar – 11,6g e
energia metabolizável – 326,9 kcal.
O alimento em estudo (alimento
CALM® da Royal Canin), que contém
hidrolisado de α-caseína e L-triptofano, tem uma composição similar
(por 100g de alimento), sendo constituído por: proteína – 36g; gordura
– 11g; hidratos de carbono – 28,8g;
fibra alimentar – 10,8g e energia
metabolizável – 385,4 kcal. Como
este era um estudo duplamente
cego, apenas o coordenador do
estudo tinha conhecimento de qual
era o alimento fornecido a cada animal: os donos e o observador não
tinham esta informação. O alimento
foi colocado dentro de contentores
identificados pelas letras A e B.
O estudo foi dividido em 4 fases
distintas:
Fase 0 – Habituação ao observador e definição do sistema
de classificação
Os gatos e os donos foram habituados à presença do observador
durante as 2 primeiras semanas
do estudo. Foi também realizada
uma amostragem ad libitum32 que
permitiu finalizar o sistema de clas-
Comportamento e bem-estar de gatos
sificação (Quadro 1). O período de
observação utilizado para este fim
foi de aproximadamente 50 horas.
Interações agonísticas
Fase I – Registo de dados
antes da introdução do
alimento em estudo
Após o período de habituação ao
observador começou a observação
sistemática que decorreu durante
4 semanas antes da administração
do alimento em estudo. Durante
esta fase, ambos os grupos foram
alimentados com o alimento placebo, por forma a assegurar o mesmo
teor proteico.
Fases II e III – Introdução do
alimento em estudo e registo
de dados
Cada fase teve a duração de 4 semanas, num total de 8 semanas. Nas
Fases II e III foi aplicado exatamente
o mesmo procedimento. A divisão
nestas fases realizou-se porque
poderia ser necessário um período
para a suplementação começar a ter
efeito, como acontece com alguns
fármacos ansiolíticos. O grupo tratamento recebeu o alimento que
contém hidrolisado de α-caseína
e L-triptofano, enquanto o outro
grupo recebeu o alimento placebo
(com o mesmo teor proteico).
Durante as fases I, II e III realizou-se uma observação e registo
adicionais de todas as interações
agonísticas e marcação com urina.
A colheita de pelo realizou-se no
fim de cada fase.
Os gatos foram observados, 5 dias
por semana, por um observador
que seguiu uma ordem aleatória
previamente definida. Cada registo
teve a duração de 10 minutos, durante o qual se fez uma observação
focal contínua por gato.32 Para cada
categoria de comportamento (Quadro 1), registou-se a sua frequência
e duração. O controlo possível das
variáveis externas e as variações
decorrentes do ciclo circadiano
realizou-se através de observações
Fase I
Fase II
Fase III
Grupo Tratamento
Grupo Controlo
3. Interações agonísticas no grupo: as barras indicam a frequência média de ocorrência do
comportamento nas fases I, II e III.
Níveis médios de cortisol
2,5
2
Grupo Tratamento
1,5
Grupo Controlo
1
0,5
0
Início
Fim
4. Níveis médios de cortisol no início e no fim do estudo.
diárias, excetuando os fins de semana, e à mesma hora do dia.
Todas as sessões de registo de
dados seguiram exatamente os
mesmos procedimentos, a fim de
permitir a comparação entre as
diferentes fases. O contacto entre o
observador, os gatos e os donos foi
reduzido, mesmo durante o período
de habituação (fase 0), por forma
a reduzir o efeito das dinâmicas
sociais.
Recolheu-se um total de 4 amostras de pelo para medição do cortisol: início e fim das fases I, II e III.
As amostras de pelo foram recolhidas por um investigador imparcial.
O pelo foi recolhido na região
externa da anca (uma área com um
diâmetro de cerca de 10 cm) e colheu-se mais de 60 mg, a quantidade
necessária para realizar a análise. O
pelo foi recolhido utilizando uma
máquina de tosquia silenciosa, um
método pouco invasivo. Uma nova
amostra foi recolhida na mesma
região anatómica. O pelo recolhido foi colocado num recipiente de
plástico hermeticamente fechado,
etiquetado e armazenado a -20°C
VETERINARY MEDICINE Janeiro/Fevereiro 2015
45
Comportamento e bem-estar de gatos
até à análise. A extração de cortisol a
partir da amostra de pelo, realizou-se
de acordo com o descrito por Accorsi
e colegas.29 A amostra de pelo foi
cortada em fragmentos de 1-3 mm
de comprimento e colocada dentro
de um frasco de vidro. Adicionou-se
metanol aos frascos de vidro que
foram a incubar a 50ºC durante 18h
com uma agitação suave. Posteriormente, filtrou-se o conteúdo do frasco para separar a fase líquida. Esta
última foi evaporada até desidratação
numa câmara de fluxo de ar a 37ºC.
O resíduo foi dissolvido em PBS
0.05M, pH 7.5. O teste no pelo foi
realizado de acordo com Tamanini e
colegas.33 A análise foi realizada em
duplicado. Os parâmetros para validação da análise foram: sensibilidade
0.26 pg/mg, variabilidade do teste
6.8%, variabilidade entre testes 9.3%.
Análise de dados
Para testar a eficiência do alimento
em gatos, comparou-se a duração
e frequência dos comportamentos
presentes no sistema de classificação,
nos grupos controlo e tratamento nas
diferentes fases do estudo. Os dados
foram analisados estatisticamente por
SPSS (Statistical Package for the Social Sciences), versão 13.0. Porque os
dados não cumprem os pressupostos
para o uso de testes paramétricos
(distribuição normal e homogeneidade de variâncias), realizaram-se testes
não paramétricos. Utilizou-se o teste
Friedman ANOVA para avaliar as diferenças entre as fases I, II e III. Para
comparar os níveis de cortisol basal
e final utilizou-se o teste Wilcoxon
Signed-Rank. A probabilidade resultante de cada teste foi considerada
estatisticamente significativa quando
p<0,05.
RESULTADOS
Registo focal
No grupo controlo, todos os dados
comportamentais analisados não demonstraram diferenças significativas
entre as 3 fases (Quadro 2).
No grupo tratamento, a frequência
do comportamento de ameaça diminuiu e a diferença é estatisticamente
significativa (Quadro 2). Apesar de
não existirem diferenças estatisticamente significativas, o comportamento de fuga também demonstrou uma
tendência decrescente (Figura 1).
Tal como na situação anterior, a
frequência dos comportamentos de
luta também demonstrou uma tendência decrescente (Figura 2), sem
significância estatística.
Observações e registos
adicionais
Os registos relacionados com as
interações agonísticas (Figura 3)
diminuíram no grupo tratamento e
a diferença foi estatisticamente significativa (X2=6,100, df=2, p=0,047). No
grupo controlo não houve diferenças
estatisticamente significativas.
A análise dos dados recolhidos
sobre o comportamento de marcação
PRÉMIO BAYER SAÚDE ANIMAL
Métodos e importância da avaliação da condição
corporal em bovinos
ANIMAIS DE PRODUÇÃO
2015
O valor monetário do
prémio é de 1.500fl
Apoio:
Agência: Ad Médic
Geral FAP 11/2015
Consulta de regulamento no site
www.admedic.pt
ou www.bayervet.com.pt
Calçada de Arroios, 16 C, Sala 3. 1000-027 Lisboa
T: +351 21 842 97 10 | F: +351 21 842 97 19
E: [email protected] | W: www.admedic.pt
Comportamento e bem-estar de gatos
com urina, registou uma diminuição
deste comportamento no grupo
tratamento. No entanto, a diferença
não foi estatisticamente significativa.
Avaliação do cortisol
Realizou-se uma comparação entre
os valores médios de cortisol das
duas primeiras amostras de pelo
(média 1) com os valores médios
das duas últimas amostras recolhidas (média 2). No grupo controlo
não se verificaram diferenças nos
valores médios de cortisol (Wilcoxon Signed-RankTest: Z=-0,169,
n=7, p=0,866 two-sided), enquanto
no grupo tratamento obteve-se uma
diminuição significativa no valor
médio de cortisol (Wilcoxon Signed-RankTest: Z=-2,254, n=19, p=0,024
two-sided) (Figura 4).
DISCUSSÃO
Os resultados demonstraram que
alguns dos comportamentos relacionados com o stresse (interações
agonísticas, medo, fuga e luta) diminuíram no grupo tratamento. No entanto, por vezes, as diferenças entre
as fases não foram estatisticamente
significativas. Este facto pode estar
relacionado com a necessidade de
utilizar testes não paramétricos. Estes
testes têm a desvantagem de ser, tendencialmente, muito menos sensíveis
do que os testes paramétricos e, por
isso, podem falhar na deteção de
diferenças que na realidade existem
entre os grupos. Da mesma forma,
outros comportamentos relacionados
com o stresse que se verificaram
apenas num animal podem ser mal
interpretados, porque se diluem na
análise geral do grupo.
O cortisol foi utilizado como um
indicador fisiológico de stresse. A
diminuição dos valores de cortisol no
pelo do grupo tratamento ao longo
do estudo, está em concordância
com os resultados obtidos através
dos indicadores comportamentais.
No grupo controlo não se verificaram
diferenças.
O facto dos gatos deste estudo se-
48
rem animais de companhia, vivendo
com os tutores, possibilitou a avaliação da eficácia do alimento num ambiente muito próximo da realidade.
Serão os tutores, que nestas mesmas
circunstâncias, vão considerar esta
opção como uma solução que os
poderá ajudar a resolver as alterações
comportamentais dos seus animais de
companhia. A ideia de um alimento
que possa ser utilizado para reduzir
a ansiedade em animais é bastante
útil. Poderá ser ainda mais importante
em gatos, nos quais a administração
de fármacos pode ser difícil e originar um aumento da ansiedade em
relação ao dono. Estes resultados
sugerem que um alimento com hidrolisado de α-caseína e L-triptofano tem
um efeito na alteração da frequência
de alguns comportamentos relacionados com a ansiedade. Desta forma,
ao reduzir comportamentos relacionados com a ansiedade, melhorará o
bem-estar dos animais e poderá ser
uma ferramenta útil na terapêutica
comportamental de resolução de
alterações comportamentais.
Agradecimentos
Os autores agradecem à Royal Canin
pela oferta de alimento para o estudo.
Também querem agradecer a todos
os tutores dos gatos incluídos no
estudo. Por fim, os autores gostariam
de agradecer à Theresa De Porter pela
ajuda na revisão e pelos comentários
e também à Inês Barbosa pela disponibilidade e apoio desde o início
do estudo.
Conflito de interesses
Nenhum dos autores tem um conflito
de interesses atual ou potencial.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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v PE E R-R EVI EWE D
APERFEIÇOAMENTO TÉCNICO
Como realizar uma uretrostomia
escrotal e acabar com o ciclo dos cálculos
Este procedimento que desvia de forma permanente o fluxo urinário, pode beneficiar os cães
com problemas de bloqueio uretral recorrente devido a cálculos urinários.
Don Waldron, DVM, DACVS
A
Getty Images/Chad Latta
uretrostomia escrotal é um
procedimento em que se
realiza um desvio definitivo
do fluxo urinário. Pode ser feito em
cães com bloqueio uretral recorrente
devido a cálculos urinários. Nos cães
machos, os cálculos uretrais podem
causar uma obstrução parcial ou
completa da uretra, alojando-se neste
local, normalmente na base do pénis.
Outras indicações menos comuns
para a uretrostomia incluem estenose
uretral devido a cirurgia ou cálculos
anteriores, neoplasia peniana ou
prepucial ou traumatismo grave que
exija uma amputação peniana ou
prepucial.
Nos cães inteiros, a uretrostomia
escrotal requer uma ablação do escroto e castração. As complicações
da uretrostomia nos cães incluem
hemorragia da uretra durante o período pós-operatório imediato e aumento do risco de infeções urinárias
a longo prazo. A estenose no local de
intervenção é rara, devido à largura
da uretra a este nível. Tanto o risco
de hemorragia como de estenose
podem ser minimizados com uma
aposição correta da mucosa uretral
na pele.
Don R. Waldron, DVM, DACVS
Chief Veterinary Medical Officer
Western Veterinary Conference
2425 E. Oquendo Road
Las Vegas, NV 89120
AVALIAÇÃO E PREPARAÇÃO
PRÉ-OPERATÓRIA
Antes da intervenção devem ser
realizadas análises de sangue para
assegurar a estabilidade do doente,
com especial relevância para os
valores dos indicadores da função
renal e dos eletrólitos. Devem também ser realizadas radiografias ou
ecografias abdominais e perineais,
procurando identificar a presença
de cálculos em todas as estruturas
do aparelho urinário. Depois da
indução da anestesia, posicionar
o animal em decúbito dorsal e
realizar a preparação cirúrgica
da região abdominal posterior,
incluindo o prepúcio e o escroto,
procedendo à tricotomia e preparação assética.
Se o doente tiver a uretra obstruída, o cálculo pode ser propulsionado novamente para a bexiga,
por retropulsão, o que envolve
a cateterização e fluxo de líquido cuidadoso, com o doente já
anestesiado, mas antes de iniciar
o procedimento de uretrostomia
para remover todos os cálculos
vesicais. Se for possível, o cateter
uretral deve ser mantido durante
a uretrostomia. Esta é realizada
antes de as paredes da bexiga e
abdominal serem encerradas, para
permitir a passagem do cateter e
lavagem através deste nos dois
sentidos, assegurando a permeabilidade uretral.
CUIDADOS
PÓS-OPERATÓRIOS
Uma vez terminada a intervenção
cirúrgica, o cateter uretral é removido. É colocado no animal um colar
isabelino e os donos devem ser
aconselhados a não o retirar durante
uma semana. Pode ser observado um
gotejamento ocasional de sangue,
coincidente ou não com o final da
micção, durante os primeiros três a
quatro dias depois da intervenção. As
suturas não absorvíveis são removidas duas semanas depois da cirurgia,
com o doente sedado. As suturas absorvíveis cairão espontaneamente.
Leia um guia passo-a-passo sobre
a realização deste procedimento nas
páginas seguintes.
Como realizar uma uretrostomia
COMO REALIZAR UMA URETROSTOMIA
ESCROTAL: UM GUIA PASSO-A-PASSO
PASSO 1
Nos cães inteiros, fazer uma incisão elíptica junto à base
do escroto, mantendo cerca de 1 cm de pele de cada
lado (a cabeça do cão está do lado esquerdo). Remover
a pele escrotal e castrar o animal, usando uma técnica
aberta ou fechada. Nos cães castrados, remover o escroto
remanescente ou fazer uma incisão na linha média sobre a
região caudal do corpo peniano, prolongando caudalmente
até ao local onde a uretra começa a curvar dorsalmente.
PASSO 2
Fazer uma incisão da gordura subcutânea para expor a
região ventral do corpo peniano e o músculo retrator do
pénis ligado a este. Elevar o músculo retrator do pénis
e deslocá-lo para cada lado, expondo a uretra. A uretra
tem uma coloração púrpura e localiza-se na linha média
ventral do pénis.
PASSO 3
Usar o dedo polegar e o dedo indicador da mão não dominante e elevar o pénis da incisão, antes de fazer a incisão
da uretra, para diminuir a hemorragia consequente à
incisão do tecido do corpo esponjoso que envolve a uretra.
C
M
Y
CM
MY
CY
CMY
K
50
Janeiro/Fevereiro 2015 VETERINARY MEDICINE
Como realizar uma uretrostomia
PASSO 4
Fazer a incisão da uretra, com uma lâmina de bisturi
nº 11 ou nº 15, na linha média, sobre o cateter uretral
previamente colocado. Depois de penetrar o lúmen uretral,
usar uma tesoura de íris ou tenotomia para prolongar a
incisão da mucosa, atingindo um comprimento total de 3
a 4 cm (ver primeira foto ao lado).
Com os dedos, elevar a uretra para diminuir a hemorragia.
A sucção pode melhorar a visibilidade do lúmen uretral
e, especialmente, do bordo da mucosa uretral, que tende
a retrair afastando-se do corpo peniano (ver segunda
foto ao lado).
HDOVetMedicineRod.pdf 1 12/01/2015 10:57:53
Como realizar uma uretrostomia
PASSO 5
Usar um fio de polipropileno 4/0 numa agulha cónica e
suturar as extremidades cranial e caudal da incisão uretral à pele, para estabelecer os limites da uretrostomia.
Salienta-se que a sutura da mucosa uretral à pele deve
ser realizada cuidadosamente. Inicialmente, são colocados
pontos de fixação para imprimir tensão nas extremidades da incisão, que serão fechados posteriormente (ver
imagens).
A sequência da sutura da uretrostomia é a seguinte: primeiro incorporar na agulha 2 a 3 mm apenas de mucosa
uretral, em seguida uma pequena espessura de tunica
albuginea (tecido peniano branco de aparência fibrosa)
e, finalmente, a pele escrotal. Esta pele envolve apenas a
derme e a epiderme. A incorporação separada dos tecidos
minimiza o traumatismo sobre a mucosa. Esta sequência
de passagem da agulha produz compressão do corpo
esponjoso e reduz a hemorragia pós-operatória associada
à incisão dos tecidos.
Após a sutura dos cantos, usar um padrão simples
contínuo entre as suturas cranial e caudal de cada lado.
Terminar esta sutura simples contínua envolvendo os
pontos de fixação referidos anteriormente.
As modificações desta técnica incluem a utilização de
material absorvível, como o poliglecaprone 25 ou glicomer 631. Podem ser usados pontos interrompidos para
construção do estoma de uretrostomia, com a ponta
medial cortada curta.
PASSO 6
Uma vez terminado o procedimento, deve ser possível
passar facilmente um cateter com um calibre de 8 a
10-F desde o estoma uretral até à bexiga (não visível
na imagem).
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Janeiro/Fevereiro 2015 VETERINARY MEDICINE
“Um
l
e ser feliz”
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a
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