Substituição do Leite in Natura Pela Silagem de
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Substituição do Leite in Natura Pela Silagem de
SUBSTITUIÇÃO DO LEITE IN NATURA PELA SILAGEM DE COLOSTRO NA CRIAÇÃO DE BEZERROS LEITEIROS Marcos Hubert1; Ricael Brunetto2; Cláudio Eduard Neves Semmelmann3; Juliano Cesar Dias4 RESUMO - A criação do animal jovem é o passo inicial para o sucesso de uma exploração leiteira devendo ter uma relação custo-benefício positiva obtida por técnicas de manejo adequadas. A utilização do colostro excedente em substituição ao leite pode ser uma alternativa viável e de baixo custo, e uma opção para o seu armazenamento poderia ser a fermentação desse produto, obtendo-se a silagem de colostro. Objetivou-se avaliar o efeito da substituição do leite in natura pela silagem de colostro, no desempenho de bezerros leiteiros. Foram utilizados cinco bezerros não castrados, da raça Holandesa, distribuídos ao acaso entre os tratamentos (leite in natura – LN vs silagem de colostro – SC). O colostro foi coletado de vacas do primeiro ao terceiro dia pós-parto e armazenado em garrafas descartáveis de dois litros devidamente identificadas, previamente higienizadas, em ausência de ar para que ocorresse fermentação anaeróbica, sendo guardadas em locais limpos, secos, livres de incidência de raios solares e sem refrigeração, durante pelo menos 21 dias. Após a fase inicial de três dias de vida recebendo o colostro da mãe, dois bezerros passaram a receber a SC que foi administrada até o desmame (60 dias). Previamente à sua administração, a SC foi diluída em água limpa e a mistura devidamente homogeneizada (proporção 1:1). A administração foi realizada da seguinte forma: primeiro dia 25% da mistura + 75% de leite; segundo dia 50% da mistura + 50% de leite; terceiro dia 75% da mistura + 25% de leite; quarto dia em diante 100% da mistura (SC + água) até o desmame. Os animais foram alimentados duas vezes ao dia, manhã e tarde, recendo dois litros de LN ou SC (mistura) em cada aleitamento. As pesagens e coleta das medidas corporais (altura de cernelha e perímetro torácico) foram realizadas a cada 14 dias; sendo as pesagens realizadas com auxílio de balança individual e as medidas corporais por meio de fita métrica. O peso corporal médio dos bezerros após o nascimento foi de 40,0 e 41,3 kg para os tratamentos LN e SC, respectivamente. Os pesos corporais dos bezerros do tratamento LN nos dias 15, 29, 43 e 60 foram, respectivamente, 44,0; 49,0; 67,2 e 80,5 kg. Para o tratamento SC os pesos corporais, nas mesmas idades, foram 41,5; 45,8; 50,5 e 57,0 kg. A altura de cernelha ao nascimento, 15, 29, 43 e 60 dias, dos animais do tratamento LN, foram 77,5; 78,5; 79,5; 82,0 e 88,5 cm; para os animais do tratamento SC as medidas foram 74,0; 76,3; 77,2; 78,8 e 80,5 cm. O perímetro torácico ao nascimento, 15, 29, 43 e 60 dias, dos animais do tratamento LN, foram 78,0; 83,0; 86,0; 94,5 e 99,5 cm; para os animais do tratamento SC as medidas foram 74,0; 77,0; 80,0; 85,0 e 88,5 cm. Os resultados sugerem não ser viável a utilização da SC na criação de bezerros leiteiros. Novos estudos são necessários para melhor esclarecer os feitos da utilização da silagem de colostro na criação de bezerros. Palavras-chave: bezerros, colostro, peso corporal, medidas. 1 Aluno. Curso Técnico em Agropecuária. Instituto Federal Catarinense – campus Concórdia. [email protected] 2 Aluno. Curso Técnico em Agropecuária. Instituto Federal Catarinense – campus Concórdia. [email protected] 3 Professor Orientador. Instituto Federal Catarinense – campus Concórdia. [email protected] 4 Professor Co-orientador. Universidade Federal da Fronteira Sul – campus Laranjeiras do Sul, PR. juliano.dias@UFFS. laranjeiras.edu.br 1 INTRODUÇÃO A atividade leiteira é uma forma de exploração pecuária complexa, que deve ser administrada com profissionalismo e, entre tantas variáveis, a criação de bezerras é fator essencial para o equilíbrio da atividade. A criação de bezerras, principalmente do nascimento ao desmame, exige boas práticas de manejo, desta forma a saúde e o crescimento desses animais são dependentes de fatores que ocorrem antes, durante e no período imediatamente após o parto. No entanto, mesmo que as fazendas leiteiras a cada ano introduzam novas tecnologias para alimentação e produção de leite elas continuam com sistemas de criação que desafiam os animais e provocam grandes perdas econômicas fazendo com que o risco financeiro desta etapa seja alto e venha a ter uma grande participação no custo da atividade leiteira (Coelho, 2005). Portanto, a criação do animal jovem é o passo inicial para o sucesso de uma exploração leiteira devendo ter uma relação custo-benefício positiva obtida por meio da redução na freqüência de tratamentos curativos e na priorização de métodos preventivos das enfermidades, da obtenção de taxas reduzidas de morbidade e mortalidade, da incorporação ao plantel de animais geneticamente superiores e da venda de animais mais precoces e valorizados, do fornecimento de alimentação que permita um desenvolvimento adequado (Oliveira et al., 2005). Na maioria das explorações leiteiras do país, os bezerros recebem o colostro, primeira secreção produzida pela vaca após o parto até o 5o dia de lactação, passando a partir de então a serem alimentados com leite normal. O colostro possue características químicas e nutritivas semelhantes ao leite normal, diferindo deste último principalmente por sua alta concentração de proteínas, dentre estas as imunoglobulinas ou anticorpos, minerais, vitaminas, gordura, sólidos totais e cinzas. Em média, os produtores de leite gastam em torno de 200 litros de leite para criar um bezerro até a sua desmama, leite este que poderia ser comercializado, caso alternativas viáveis pudessem ser implementadas, já que os produtores muitas vezes, pela necessidade de comercialização, acabam alimentando os bezerros de forma incorreta, obtendo prejuízos no desenvolvimento final de suas futuras vacas leiteiras. 2 OBJETIVOS Sendo assim, objetivou-se avaliar o efeito da substituição do leite in natura pela silagem de colostro, no desempenho de bezerros leiteiros como alternativa que podem ser adotadas para que o produtor diminua os custos de produção na criação das bezerras no seu rebanho. 3 MATERIAIS E MÉTODOS O trabalho foi desenvolvido na Unidade de Bovinocultura de Leite do Instituto Federal Catarinense – campus Concórdia, em Concórdia – SC. Foram utilizados cinco bezerros não castrados, da raça Holandesa, distribuídos ao acaso entre os tratamentos (leite in natura – LN vs silagem de colostro – SC). O colostro foi coletado de vacas do primeiro ao terceiro dia pósparto e armazenado em garrafas descartáveis de dois litros devidamente identificadas, previamente higienizadas, em usência de ar para que ocorresse fermentação anaeróbica, sendo guardadas em locais limpos, secos, livres de incidência de raios solares e sem refrigeração, durante pelo menos 21 dias (Saafeld, 2008). Após a fase inicial de três dias de vida recebendo o colostro da mãe, dois bezerros passaram a receber a SC que foi administrada até o desmame (60 dias). Previamente à sua administração, a SC foi diluída em água limpa e a mistura devidamente homogeneizada (proporção 1:1), conforme recomendação de Saafeld (2008). Os animais passaram por um período de adaptação à silagem de colostro de três dias, necessários para um consumo adequado do produto. Os outros três animais foram submetidos a dieta normal (leite in natura) adotada na Unidade. A adaptação foi realizada da seguinte forma: primeiro dia 25% da mistura + 75% de leite; segundo dia 50% da mistura + 50% de leite; terceiro dia 75% da mistura + 25% de leite; quarto dia em diante 100% da mistura (SC + água) até o desmame. Os animais foram alimentados duas vezes ao dia, manhã e tarde, recebendo dois litros de LN ou SC (mistura) em cada aleitamento. As pesagens e coleta das medidas corporais (altura de cernelha e perímetro torácico) foram realizadas a cada 14 dias; sendo as pesagens realizadas com auxílio de balança individual e as medidas corporais por meio de fita métrica. Os dados foram analisados de forma descritiva. 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO O peso corporal médio dos bezerros ao nascimento foi de 40,0 e 41,3 kg para os tratamentos LN e SC, respectivamente, estando de acordo com os relatados por Almeida Júnior et al. (2008). Os pesos corporais dos bezerros do tratamento LN nos dias 15, 29, 43 e 60 foram, respectivamente, 44,0; 49,0; 67,2 e 80,5 kg. Para o tratamento SC os pesos corporais, nas mesmas idades, foram 41,5; 45,8; 50,5 e 57,0 kg. Sugere-se diferença nos desenvolvimento dos bezerros entre os tratamentos, com os bezerros do tratamento LN apresentando desempenho superior. A média de ganho de peso diário dos bezerros do tratamento LN foi de 675 gramas, superiores ao relatado por Almeida Júnior et al. (2008), porém semelhantes aos relatados por Signoretti et al. (1999). Para os animais do tratamento SC a média diária de ganho de peso foi de 261 gramas, inferior aos encontrados na literatura Almeida Júnior et al., 2008; Signoretti et al., 1999) e inferiores ao valores recomendados para a raça (Godden e McGuirk, 2008; Naylor e Ralston, 1991). A altura de cernelha ao nascimento, 15, 29, 43 e 60 dias, dos animais do 8,5; 79,5; 82,0 e 88,5 cm; para os animais do tratamento SC as medidas foram 74,0; 76,3; 77,2; 78,8 e 80,5 cm. Os animais do tratamento LN apresentaram altura de cernelha semelhante aos valores citados na literatura (Almeida Júnior et al., 2008; Modesto et al., 2002). Os animais do tratamento SC apresentaram altura de cernelha menor que os animais do tratamento LN, reforçando aos achados anteriores que caracterizaram um menor desempenho dos animais alimentados com SC. O perímetro torácico ao nascimento, 15, 29, 43 e 60 dias, dos animais do tratamento LN, foram 78,0; 83,0; 86,0; 94,5 e 99,5 cm; para os animais do tratamento SC as medidas foram 74,0; 77,0; 80,0; 85,0 e 88,5 cm, reforçando ainda mais os dados anteriores que indicaram que bezerros alimentados com SC em substituição ao LN, apresentaram baixo desempenho. 5 CONCLUSÃO Os resultados sugerem não ser viável a utilização da silagem de colostro na criação de bezerros leiteiros. Novos estudos são necessários para melhor esclarecer os feitos da utilização da silagem de colostro na criação de bezerros. 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA JÚNIOR, G.A.; COSTA, C.; CARVALHO, S.M.R.; PANICHI, A.; PERSICHETTI JÚNIOR, P. Desempenho de bezerros holandeses alimentados até o desaleitamento com silagem de grãos úmidos ou grãos secos de milho ou sorgo. Rev. Bras. Zootec., v.37, n.1, p.140-147, 2008. COELHO, S.G. Criação de bezerros. In: SIMPÓSIO MINEIRO DE BUIATRIA, 2, 2005, Belo Horizonte. Anais... Belo Horizonte: ABMG, 2005. 15p. (CD-ROM) GODDEN, S.; MCGUIRK, S.M. Veterinary clinics of North America: Food animal practice. Dairy Heifer Management. Philadelphia: Elsevier Saunders, 2008. MODESTO, E.C.; MANCIO, A.B.; MENIN, E.; CECON, P.R.; DETMANN, E. Desempenho produtivo de bezerros desmamados precocemente alimentados com diferentes dietas líquidas com utilização de promotor de crescimento. Rev. Bras. Zootec., v.31, n.1, p.283-292, 2002 (supl.). NAYLOR, J.M.; RALSTON, S.L. Large Animal: clinical nutrition. St. Louis: Mosby year book, 1991. OLIVEIRA, A.A.; AZEVEDO, H.C.; MELO, C.B. Criação de bezerras em sistemas de produção de leite. EMBRAPA – CPPSE, 2005. 09p. (Embrapa – CPPSE. Circular Técnica 38). SAALFELD, M.H. Uso da silagem de colostro como substituto do leite na alimentação de terneiras leiteiras. A Hora Veterinária, n.162, p.59-62, 2008. SIGNORETTI, R.D.; ARAÚJO, G.G.L.; SILVA, J.F.C.; VALADARES FILHO, S.C.; CECON, P.R. Composição física da carcaça de bezerros da raça holandesa alimentados com dietas contendo diferentes níveis de concentrado. Rev. Bras. Zootec., v.28, n.4, p.883-888, 1999. AGRADECIMENTO O presente trabalho foi realizado com apoio do CNPq, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – Brasil, pelo Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica e Tecnológica PIBIC para o Ensino Médio- PIBIC-EM/CNPq/IFC.
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