Lição 3 12 de Janeiro a 18 de Janeiro

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Lição 3 12 de Janeiro a 18 de Janeiro
Lição 3
12 de Janeiro a 18 de Janeiro
A Criação Concluída
Sábado à tarde
SOP: Serviço Cristão - O Chamado de Deus para o Serviço (7)
LEITURA PARA O ESTUDO DA SEMANA: Génesis 1; Salmo 8:3; Romanos 8:19-22; Levítico 11:14-22;
Génesis 2:1-3; Marcos 2:28.
VERSO ÁUREO: “E havendo Deus acabado, no dia sétimo, a Sua obra que tinha feito, descansou no
sétimo dia de toda a Sua obra, que tinha feito” (Génesis 2:2).
A LIÇÃO DESTA SEMANA RECAPITULA a breve descrição bíblica dos últimos três dias da Criação e do
descanso no Sábado. Esta descrição encontra-se em Génesis 1-2:1-3, mas há numerosas referências a ela
noutras partes das Escrituras. Um dos aspetos mais notórios do relato da Criação é a sua divisão em dias
da Criação. Por que razão Deus decidiu criar o ciclo temporal de sete dias a que chamamos uma
semana?
As Escrituras não no-lo dizem diretamente, mas podemos procurar algumas pistas. Talvez o mais
importante indício seja o próprio Sábado, que reserva um tempo especial para a comunhão entre Deus e
a humanidade. Pode ser que Deus tenha estabelecido a semana para proporcionar um período de
tempo adequado ao trabalho habitual, mas com um período de tempo posto à parte como lembrança do
nosso relacionamento com Deus (veja Marcos 2:28). Este período de tempo ajudaria os seres humanos a
lembrarem-se de que Deus é o verdadeiro doador e de que nós estamos totalmente dependentes d’Ele. Seja qual for a razão, torna-se claro que o relato da Criação em Génesis revela uma Criação feita com
extraordinário cuidado e propósito. Nada é deixado ao acaso.
Ano Bíblico: Génesis 37-39. Comentário
Não quereríamos desencorajar a educação, nem dar menos apreço à cultura e disciplina mentais.
Enquanto permanecermos neste mundo, Deus quer que estudemos. Deve-se aproveitar cada
oportunidade para adquirir cultura. As faculdades precisam de ser fortalecidas pelo exercício, a mente
deve ser cultivada e ampliada através de um estudo exigente; mas tudo isso pode ser feito, enquanto o
coração se vai tornando numa presa fácil do engano. É preciso que se comunique à alma a sabedoria do
alto. É a exposição da Palavra de Deus que “dá luz e dá entendimento aos símplices”. Sal. 119:130. A Sua
Palavra é dada para nossa instrução; não há nada que seja imperfeito ou enganoso. A Bíblia não é para
ser provada pelas ideias que os homens têm em relação à Ciência, mas a Ciência deve ser submetida à
prova da infalível norma.
No entanto, o estudo da Ciência não deve ser negligenciado. Devem-se usar livros para isso, mas eles
devem estar em harmonia com a Bíblia, pois essa é a norma. Livros desta natureza devem substituir
muitos dos que andam atualmente nas mãos dos alunos. – Conselhos aos Pais, Professores e Estudantes,
pp. 425 e 426.
SOL, LUA E ESTRELAS
Domingo, 13 de Janeiro.
Leia Génesis 1:14-19. Que atos são mencionados no quarto dia da Criação? Como é que se pode
entender isto, sobretudo considerando a compreensão que temos atualmente sobre o mundo
físico?
O quarto dia tem merecido provavelmente mais discussão do que qualquer dos outros seis dias da
Criação. Se o Sol foi criado no quarto dia, o que foi que determinou os ciclos diários dos primeiros três
dias da Criação? Por outro lado, se o Sol já existia, o que aconteceu no quarto dia?
A incerteza sobre os acontecimentos do quarto dia da Criação não surge de uma contradição lógica, mas
sim de uma pluralidade de possibilidades. Uma delas é que o Sol foi criado no quarto dia, e que a luz dos
primeiros três dias veio da presença de Deus ou de alguma outra fonte, como de uma supernova.
Apocalipse 21:23 é concordante com esta ideia, pois o Sol não é necessário na nova Terra, uma vez que
Deus está lá presente. Uma segunda possibilidade é que o Sol, a Lua e as estrelas tenham adquirido as
suas funções naquela altura. O Salmo 8:3 parece concordante com este ponto de vista. O académico
hebraico C. John Collins escreve que o fraseado hebraico de Génesis 1:14 pode permitir qualquer destas
duas possibilidades. (Veja C. John Collins, Genesis 1-4: A Linguistic, Literary, and Theological Commentary
(Génesis 1-4: Um Comentário Linguístico, Literário e Teológico). Phillispsburg, New Jersey: P&P Publishing
Co., 2006, p. 57.)
Uma terceira possibilidade é que o Sol já existia, mas estava obscurecido por nuvens ou cinzas vulcânicas
e não estava visível ou plenamente funcional antes do quarto dia. Pode comparar-se esta possibilidade
com o planeta Vénus, com o qual ainda hoje ocorre uma situação similar.
O texto não parece apoiar ou excluir claramente qualquer uma destas interpretações, embora isso não
impeça algumas opiniões firmes sobre o assunto. Provavelmente, uma boa regra é não atribuir a uma
questão mais importância do que a própria Bíblia lhe dá, devendo nós reconhecer que a nossa
compreensão é limitada. Este reconhecimento, sobretudo na área da criação, não devia ser difícil de
aceitar. Afinal, pensemos em quantos mistérios científicos existem presentemente; isto é, estão cá para
serem investigados pela Ciência experimental, mas continuam ainda a ser mistérios. Quão mais
misterioso não poderá ser algo escondido num passado tão longínquo?
Ano Bíblico: Génesis 40-42. Comentário
Deus é o autor da Ciência. As pesquisas científicas abrem ao espírito um vasto campo de ideias e
informações, habilitando-nos a ver Deus nas Suas obras criadas. A ignorância pode tentar apoiar o
ceticismo, apelando para a Ciência; em vez de o sustentar, porém, a verdadeira Ciência contribui com
novas provas da sabedoria e do poder de Deus. Devidamente compreendidas, a Ciência e a Palavra
escrita concordam entre si, lançando luz uma sobre a outra. Juntas, conduzem-nos para Deus, ensinandonos algo das sábias e benéficas leis através das quais Ele opera. – Conselhos aos Pais, Professores e
Estudantes, p. 426.
O conhecimento e a Ciência devem ser vitalizados pelo Espírito de Deus para que possam servir os
propósitos mais nobres. Só o cristão pode fazer o devido uso do conhecimento. A Ciência, para ser bem
apreciada, deve ser considerada do ponto de vista religioso. Então todos adorarão o Deus da Ciência. O
coração enobrecido pela graça de Deus poderá compreender melhor o verdadeiro valor da educação. Só
quando temos um conhecimento do Criador, é que podemos apreciar os atributos de Deus. ... O
conhecimento só é poder quando está unido à verdadeira piedade. A alma que se esvaziou do eu será
nobre. Habitando Cristo pela fé no nosso coração, tornar-nos-á sábios à vista de Deus. – Testemunhos
Para Ministros e Obreiros Evangélicos, pp. 196 e 197.
O homem não terá desculpa. Deus deu evidências suficientes em que basear a fé, se quiser crer. Nos
últimos dias, a Terra estará quase destituída de verdadeira fé. Pelo mais insignificante pretexto, a Palavra
de Deus será considerada indigna de confiança, ao passo que se aceitarão os argumentos humanos,
embora estejam em oposição aos factos claros das Escrituras. Os homens procurarão explicar a obra da
Criação, que Deus nunca revelou, pelas causas naturais. Contudo, a Ciência humana não pode
esquadrinhar os segredos do Deus do Céu e explicar as estupendas obras da Criação, que constituíram
um milagre do poder do Omnipotente, tal como é incapaz de mostrar como Deus veio à existência.
“As coisas encobertas são para o Senhor, nosso Deus; porém as reveladas são para nós e para nossos
filhos, para sempre” (Deut. 29:29). Os caminhos de Deus não são como os nossos caminhos, nem os Seus
pensamentos como os nossos pensamentos. A Ciência humana nunca poderá explicar as Suas obras
prodigiosas. – Spiritual Gifts, vol. 4, pp. 94 e 95.
A CRIAÇÃO DOS ANIMAIS AÉREOS E AQUÁTICOS
Segunda, 14 de Janeiro.
Leia Génesis 1:20-23. Que evidência existe nos textos, se é que há alguma, que insinue
casualidade? As águas e a atmosfera foram povoadas no quinto dia da Criação. Há quem veja uma relação entre o
segundo e o quinto dias da Criação. As águas foram separadas pela atmosfera no segundo dia, e ambos
os ambientes se encheram de criaturas no quinto dia. Os acontecimentos da Criação parecem ter
ocorrido numa sequência que reflete um esquema intencional, revelando o cuidado e a sequência
ordenada da atividade de Deus. Noutras palavras, nada no relato da Criação deixa espaço para a
casualidade. Repare-se que tanto as criaturas da água como as criaturas do ar são mencionadas no plural, indicando
que uma diversidade de organismos foi criada no quinto dia. Cada uma das criaturas foi abençoada com
a capacidade de ser fértil e de se multiplicar. A diversidade esteve presente logo desde o início. Não
houve nenhum antepassado único a partir do qual todas as outras espécies descenderam, mas cada
espécie parece ter sido dotada da possibilidade de produzir variedades de indivíduos. Por exemplo, mais
de 400 raças identificadas desenvolveram-se a partir do pombo vulgar, e conhecem-se pelo menos 27
espécies de peixes dourados. Aparentemente, Deus concedeu a cada uma das Suas criaturas o potencial
de produzir uma grande variedade de descendentes, aumentando ainda mais a diversidade da Criação.
No versículo 21, Deus viu que as criaturas que fizera eram boas. Isto pressupõe que eram bem
planeadas, atrativas aos olhos, isentas de defeitos e que participavam harmoniosamente no propósito da
criação.
Poucas criaturas vivas despertam mais a nossa imaginação e admiração do que as aves. As aves são
realmente criaturas admiráveis e são maravilhosamente planeadas. As suas penas são leves, mas fortes e
rijas, ainda que flexíveis. As partes das penas do voo são ligadas por conjuntos complexos de minúsculos
filamentos que proporcionam um suporte seguro, mas muito leve. Os pulmões das aves estão planeados
de tal modo que podem absorver oxigénio na inalação e na exalação. Isto proporciona altos níveis de
oxigénio requeridos para voos exigentes. Esta condição resulta da presença de sacos de ar nalguns dos
ossos. Os sacos servem para manter o fluxo de oxigénio e, simultaneamente, para aligeirar o corpo da
ave, tornando mais fácil manter e controlar o voo. As aves estão espantosamente estruturadas.
Tendo tudo isto em mente, leia Mateus 10:29-31. Que conforto encontra nestas palavras?
Ano Bíblico: Génesis 43-45. Comentário
Numa das Suas mais impressionantes lições, Cristo diz: “Olhai para as aves do céu, que nem semeiam,
nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não tendes vós muito mais valor
do que elas? E qual de vós poderá, com todos os seus cuidados, acrescentar um côvado à sua estatura?”
(Mat. 6:27). O grande Mestre está aqui a levar as mentes a compreenderem o cuidado e o amor paternais
que Deus tem pelos Seus filhos. Ele condu-los a observarem os pássaros que voam de árvore em árvore,
ou que passam sobre a superfície de um lago, sem qualquer indício de desconfiança ou medo. O olhar de
Deus está sobre estas pequenas criaturas; Ele dá-lhes alimento, satisfaz todas as suas simples
necessidades. Jesus pergunta: “Não tendes vós muito mais valor do que elas?” Então porquê desesperar
ou olhar para o futuro com tristeza e apreensão?
Não é o pensamento nem a ansiedade do homem que satisfazem os seus desejos e o levam a crescer na
juventude e a desenvolver força; mas Deus está silenciosamente a fazer o Seu trabalho pelo homem,
aumentando a sua estatura à medida que progride até à maturidade, e abrindo a sua mente ao
conhecimento.
Mais uma vez Ele diz: “Não se vendem dois passarinhos por um ceitil? e nenhum deles cairá em terra sem
a vontade do vosso Pai. E até mesmo os cabelos da vossa cabeça estão todos contados. Não temais, pois:
mais valeis vós do que muitos passarinhos” (Mat. 10:29-31).
Se Deus cuida e preserva os passarinhos, não terá muito mais amor e cuidado pelas criaturas que
formou à Sua imagem? – Panfleto: The Sanitarium Patients at Goguac Lake, pp. 14–16. “Não se vendem dois passarinhos por um ceitil? e nenhum deles cairá em terra sem a vontade do vosso
Pai” (Mat. 10:29). Pense nisto, nem sequer um destes pequeninos pardais castanhos que estão a entoar
os seus louvores a Deus cairá ao chão sem o conhecimento do Pai celestial. Nem sequer um destes
pequeninos pardais castanhos que os rapazes matam com tanta crueldade,cai ao chão sem que Ele veja
a sua queda. “E até mesmo os cabelos da vossa cabeça estão todos contados” (Mat. 10:30). Se Deus cuida
de um pardal que não tem alma, quanto mais cuidará dos adquiridos pelo sangue de Cristo? Uma alma
vale mais do que todo o mundo. Por uma alma Jesus teria passado pela agonia do Calvário para que essa
alma pudesse ser salva para o Seu reino. “Não temais, pois: mais valeis vós do que muitos passarinhos”
(Mat. 10:31). – Review and Herald, 3 de maio de 1892.
No Seu Sermão da montanha, Cristo ensinou preciosas lições aos discípulos a respeito da necessidade de
confiar em Deus. Estas lições destinavam-se a animar os filhos de Deus em todas as épocas, e elas
chegaram até ao nosso tempo plenas de instrução e conforto. O Salvador apontou aos Seus seguidores
as aves do ar, enquanto chilreavam nos seus gorjeios de louvor, desembaraçadas de pensamentos de
inquietação, “que nem semeiam, nem segam”. E, no entanto, o grande Pai providencia para as suas
necessidades. O Salvador pergunta: “Não tendes vós muito mais valor do que elas?” Mat. 6:26. O grande
Fornecedor dos homens e animais abre a Sua mão e supre todas as Suas criaturas. As aves do céu não
estão fora do Seu olhar. Ele não lança o alimento nos seus bicos, mas providencia para as suas
necessidades. Elas devem colher as sementes que Ele espalhou para elas. Devem preparar o material
para os seus pequenos ninhos. Devem alimentar os seus filhotes. Elas saem para o seu labor a cantar,
porque o “vosso Pai celestial as alimenta”. E “não tendes vós muito mais valor do que elas?” Não sois vós,
como adoradores inteligentes e espirituais, de mais valor do que as aves do céu? Não proverá o Autor do
nosso ser, o Preservador da nossa vida, Aquele que nos formou à Sua própria imagem, às nossas
próprias necessidades se simplesmente confiarmos n’Ele? – Aos Pés de Cristo, p. 148 (Ed. P. SerVir).
A CRIAÇÃO DOS ANIMAIS TERRESTRES
Terça, 15 de Janeiro.
Génesis 1:24-31 relata a criação dos animais terrestres e dos seres humanos no sexto dia. Assim como há
uma correlação entre o segundo e o quinto dias, também se percebe uma correlação entre a divisão da
terra e do mar no terceiro dia e o povoamento da terra no sexto dia. Isto faz lembrar uma vez mais a
sequência ordenada e objetiva dos acontecimentos da Criação, o que é consistente com um Deus de
ordem (compare com I Cor. 14:3).
A exemplo dos seres criados no quinto dia, o discurso do texto indica que foi criada uma pluralidade de
tipos no sexto dia da Criação. Também foi criada uma diversidade de animais selvagens e domésticos,
gado e répteis. Não há nenhum antepassado único para todos os animais terrestres; pelo contrário, Deus criou muitas
linhagens distintas e separadas.
Repare-se na expressão “conforme a sua espécie”, ou expressões similares em Gén, 1:11, 21, 24 e 25.
Alguns indivíduos tentaram usar esta expressão para apoiar a ideia de “espécies” fixas, uma ideia que
vem da filosofia grega. Os gregos da antiguidade pensavam que cada indivíduo era uma expressão
imperfeita de um ideal inalterável, conhecido como tipo. No entanto, a rigidez de espécies não está de
acordo com o ensino bíblico de que toda a Natureza sofre sob a maldição do pecado (Rom. 8:19-22).
Sabemos que as espécies passaram por mudanças, como se expressa nas maldições de Génesis 3 (Ellen
G. White escreveu sobre a “maldição tripla” lançada sobre a Terra – a maldição depois da Queda, depois
do pecado de Caim e depois do Dilúvio), e como se vê nos parasitas e predadores que causam tanto
sofrimento e violência. O significado da expressão “conforme a sua espécie” compreende-se melhor
analisando-se o contexto em que a mesma é utilizada.
Leia Génesis 6:20; 7:14; Levítico 11:14-22. De que modo a expressão “conforme a sua espécie” ou
uma expressão equivalente é aí aplicada? Até que ponto estes exemplos nos ajudam a
compreender a expressão usada em Génesis 1?
A expressão “conforme a sua espécie”, ou equivalente, não deve ser interpretada como uma regra de
reprodução. Em vez disso refere-se ao facto de haver diversos tipos de criaturas envolvidos nas
respetivas histórias. Algumas traduções usam a expressão “de várias espécies” [a versão TIC diz:
“conforme as suas diferentes espécies”], o que parece mais consentâneo com o contexto. Em vez da
fixidez das espécies, a expressão refere a diversidade de criaturas criadas no sexto dia. Depois do
momento da Criação, tem havido muitos tipos de plantas e animais.
Ano Bíblico: Génesis 46 e 47. Comentário
Homens do mais elevado intelecto não podem compreender os mistérios de Jeová tal como estão
revelados na Natureza. A inspiração divina faz muitas perguntas a que o erudito mais sagaz não
consegue responder. Estas perguntas não foram feitas para que lhes respondêssemos, mas para chamar
a nossa atenção para os profundos mistérios de Deus, e fazer os homens compreenderem que a sua
sabedoria é limitada, que nas coisas comuns da vida diária há mistérios que estão para lá do
entendimento das mentes finitas; que o discernimento e os propósitos de Deus não se podem decifrar, a
Sua sabedoria é imperscrutável. Se Ele Se revela ao homem, fá-lo rodeando-Se numa espessa nuvem de
mistério. O propósito de Deus é ocultar mais de Si do que aquilo que torna conhecido aos homens. Se o
homem pudesse compreender totalmente os meios e as obras de Deus, não iria então aceitar que Ele é o
Infinito. Ele não é para ser compreendido pelo homem na sua sabedoria, razões e propósitos. “Quão
inexcrutáveis os Seus caminhos!” (Rom. 11:33). O Seu amor nunca pode ser explicado por princípios
naturais. Se isto pudesse ser feito, não sentiríamos que Lhe poderíamos confiar os interesses da nossa
alma. Os céticos recusam-se a crer, porque com a sua mente finita não podem compreender o poder
infinito através do qual Ele Se revela aos homens. Até o funcionamento do corpo humano não pode ser
totalmente compreendido; ele apresenta mistérios que confundem os mais inteligentes. No entanto,
como a Ciência humana não pode,por meio das suas pesquisas, explicar os meios e as obras do Criador,
o homem duvidará da existência de Deus, e atribuirá poder infinito à Natureza. A existência de Deus, o
Seu caráter, a Sua lei, são factos que nenhum raciocínio humano das mais elevadas capacidades pode
contestar. Eles negam os requisitos de Deus e negligenciam os interesses da sua alma, pois não podem
compreender os Seus meios e as Suas obras. Porém, Deus procura sempre instruir os homens finitos,
para que possam exercer a fé n’Ele, e entregarem-se totalmente nas Suas mãos. Cada gota de chuva ou
floco de neve, cada haste de erva, cada folha, flor e arbusto testificam de Deus. Estas pequenas coisas,
tão comuns à nossa volta, ensinam-nos a lição de que nada escapa à observação do Deus infinito, nada é
demasiado pequeno para ser alvo da Sua atenção. – Healthful Living, pp. 294 e 295.
A CRIAÇÃO CONCLUÍDA
Quarta, 16 de Janeiro.
Depois de concluída a Criação em seis dias (estudaremos mais tarde a criação da humanidade)
encontramos a primeira menção do sétimo dia na Bíblia.
Leia Génesis 2:1-3. Repare-se principalmente no versículo 1, que realça a conclusão de tudo o que
Deus tinha feito. Por que razão isto é tão importante para a nossa compreensão do significado e
importância do sétimo dia?
A palavra hebraica para descanso neste texto é shabath, a qual se relaciona de perto com a palavra para
Sábado. Indica uma interrupção do trabalho depois da conclusão de um projeto. Deus não estava
cansado e necessitado de descanso; Ele concluíra o Seu trabalho de criação e, por isso, parou. Há uma
bênção especial que Deus faz repousar sobre o sétimo dia. O dia não é só “abençoado”, mas é também
“santificado”, o que envolve a ideia de ser separado e especialmente dedicado a Deus. Assim sendo, Deus
atribuiu uma importância especial ao Sábado no contexto do relacionamento entre Deus e os seres
humanos.
Leia Marcos 2:27 e 28. Segundo Jesus, qual foi o propósito do Sábado?
Repare-se que o Sábado não foi feito por Deus ter uma necessidade, mas porque o homem tinha uma
necessidade, para a qual Deus fez uma provisão. No final da primeira semana, Deus descansou dos Seus
atos de criação e dedicou esse Seu tempo ao relacionamento com as Suas criaturas. Os seres humanos
precisavam de comunhão com o seu Criador, a fim de compreenderem qual é o seu lugar no Universo.
Imagine-se a alegria e o espanto que Adão e Eva tiveram ao conversarem com Deus e ao contemplarem o
mundo que Ele criara. A sabedoria por detrás desta provisão de descanso tornou-se ainda mais evidente
depois do pecado. Precisamos do descanso do Sábado a fim de nos impedir de perdermos Deus de vista
e de ficarmos apanhados no materialismo e no excesso de trabalho.
Deus ordena-nos que dediquemos um sétimo da nossa vida à lembrança do ato da Criação. O que
é que isso nos diz sobre a importância deste ensino? De que modo se aprende a ter uma
experiência mais profunda e mais rica com o Senhor por meio do descanso no Sábado, tal como
Ele próprio fez?
Leitura Bíblica: Génesis 48-50
Comentário
E havendo Deus acabado, no dia sétimo, a Sua obra que tinha feito, descansou no sétimo dia de toda a
Sua obra, que tinha feito. E abençoou Deus o dia sétimo, e o santificou; porque nele descansou de toda a
Sua obra, que Deus criara e fizera. Gén. 2:2 e 3.
O grande Jeová tinha lançado os fundamentos da Terra. Tinha ornamentado o mundo inteiro com tudo
quanto é belo, e tinha-o enchido de coisas úteis ao homem. Tinha criado todas as maravilhas da terra e
do mar. Em seis dias a grande obra da Criação tinha-se cumprido.
E Deus “descansou no sétimo dia de toda a Sua obra, que tinha feito. …” Deus olhou com satisfação para
a obra das Suas mãos. Tudo era perfeito, digno do seu Autor divino. E Ele descansou, não como alguém
que estivesse cansado, mas satisfeito com os frutos da Sua sabedoria e bondade, e com as
manifestações da Sua glória.
Depois de repousar no sétimo dia, Deus santificou-o, ou, pô-lo à parte, como um dia de repouso para o
homem. Seguindo o exemplo do Criador, o homem deveria repousar neste santo dia, a fim de que, ao
olhar para o céu e para a Terra, pudesse refletir na grande obra da Criação de Deus, e para que, ao
contemplar as provas da sabedoria e da bondade de Deus, o seu coração se enchesse de amor e
reverência para com o seu Criador. …
Deus viu que, mesmo no Paraíso, era essencial, para o homem, ter um Sábado. Ele necessitava de pôr de
lado os seus próprios interesses e ocupações durante um dia dos sete, para, de uma maneira mais
ampla, poder contemplar as obras de Deus, e meditar no Seu poder e bondade. Necessitava de um
Sábado para, de uma maneira mais real, se lembrar de Deus, e fazer despertar a sua gratidão, visto que
tudo o que ele usufruía e possuía tinha vindo das bondosas mãos do Criador. Quando foram postos os fundamentos da Terra, … foi então lançado o fundamento do Sábado. Bem
pode esta instituição reclamar a nossa reverência. Não foi ordenada por nenhuma autoridade humana, e
não repousa sobre as tradições humanas. Foi estabelecida pelo Ancião de dias e ordenada pela Sua
eterna Palavra. – A Fé Pela Qual Eu Vivo (Meditações Matinais, 2006), p. 30 (Ed. P. SerVir).
O Sábado foi santificado na Criação. Instituído para o homem, teve a sua origem quando “as estrelas da
alva juntas alegremente cantavam, e todos os filhos de Deus rejubilavam” (Job 38:7). Pairava sobre o
mundo a paz; pois a Terra estava em harmonia com o Céu. “Viu Deus tudo quanto tinha feito, e eis que
era muito bom” (Génesis 1:31); e Ele repousava na alegria pela Sua obra concluída.
Porque Ele repousou no Sábado, “abençoou Deus o dia sétimo, e o santificou” – separou-o para uso
santo. Deu-o a Adão como dia de repouso. Era um memorial da obra da Criação e, assim, um sinal do
poder de Deus e do Seu amor. Diz a Escritura: “Fez lembradas as Suas maravilhas.” As “coisas que estão
criadas” declaram “as Suas coisas invisíveis, desde a fundação do mundo”, “tanto o Seu eterno poder,
como a Sua divindade” (Génesis 2:3; Salmo 111:4; Romanos 1:20).
Todas as coisas foram criadas pelo Filho de Deus. “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus.
... Todas as coisas foram feitas por Ele, e sem Ele nada do que foi feito se fez.” João 1:1-3. E uma vez que o
Sábado é um memorial da obra da Criação, é um sinal do amor e do poder de Cristo.
O Sábado conduz os nossos pensamentos para a Natureza e põe-nos em comunhão com o Criador. No
canto do pássaro, no sussurro das árvores e na música do mar, podemos ouvir ainda a Sua voz, a voz que
falava com Adão no Éden, ao cair do dia. E, ao contemplarmos o Seu poder na Natureza, encontramos
conforto, pois a palavra que criou todas as coisas é a mesma que nos comunica vida. Aquele “que disse
que das trevas resplandecesse a luz é quem resplandeceu em nossos corações, para iluminação do
conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo” (II Coríntios 4:6). – Review and Herald, 18 de
agosto de 1910.
O DIA LITERAL
Quinta, 17 de Janeiro.
Leia Génesis 1:5, 8, 31. Que partes compõem um dia da Criação? Há alguma coisa nos versículos
que dê a entender que estes não são dias literais de 24 horas, tal como os temos hoje em dia?
Muita discussão tem havido sobre o tema da natureza dos dias da Criação. Há quem questione se estes
dias foram dias vulgares ou se poderão representar períodos de tempo muito mais longos. A descrição
que o texto faz dos dias da Criação dá a resposta a esta questão. Os dias compõem-se da tarde (período
escuro) e da manhã (período claro) e são numerados consecutivamente. Isto é, os dias são referidos de
uma maneira que demonstra claramente que são dias exatamente como os que temos presentemente,
uma noite e uma manhã, um período com escuridão e um período com luz. É difícil imaginar como é que
a afirmação poderia ser mais clara ou explícita na descrição dos dias de uma semana. A expressão
repetida “e foi a tarde e a manhã” enfatiza o aspeto literal de cada um dos dias.
Leia Levítico 23:3. Que indicação temos aqui de que todos os sete dias da semana da Criação foram
dias do mesmo tipo dos que temos atualmente?
Os antigos hebreus não tinham qualquer dúvida quanto à natureza do dia de Sábado. Era um dia de
duração normal, mas continha uma bênção especial de Deus. Repare-se na comparação explícita da
semana de seis dias do trabalho de Deus com a nossa semana de trabalho de seis dias, e a
correspondente comparação do dia de descanso de Deus e do nosso (veja também Êxo. 20:9 e 11). Até
muitos eruditos que rejeitam a ideia de estes serem dias literais admitem frequentemente que os
escritores da Bíblia entendiam que se tratava de dias literais.
Para o nosso relacionamento com Deus é essencial a nossa confiança em Deus e na Sua Palavra. Se
não pudermos ter confiança na Palavra de Deus a respeito de algo tão fundamental e tão
explicitamente declarado, como é a Criação no livro de Génesis em seis dias literais, em que é que
podemos confiar n’Ele?
Leitura Bíblica: Êxodo 1-4.
Comentário
Tal como o Sábado, a semana teve a sua origem na Criação, e foi preservada e trazida até nós através da
história bíblica. O próprio Deus organizou a primeira semana como um modelo para as semanas
sucessivas até ao final do tempo. Como todas as outras, ela consistiu de sete dias literais. Seis dias foram
usados na obra da Criação; no sétimo dia Deus repousou, abençoando-o e separando-o como o dia de
descanso para o homem.
Na lei dada no Sinai, Deus confirmou a semana, e os factos em que ela se baseava. Depois de dar o
mandamento: “Lembra-te do dia de Sábado para o santificar”, e especificar o que deve ser feito nos seis
dias e o que não deve ser feito no sétimo, refere a razão para observar a semana dessa forma,
apresentando o Seu próprio exemplo: “Porque em seis dias fez o Senhor os céus e a terra, o mar e tudo o
que neles há, e ao sétimo dia descansou: portanto abençoou o Senhor o dia de Sábado e o santificou”
(Êxodo 20:8-11). Esta parece uma bela razão e impõe-se quando compreendemos que os dias da Criação
são literais. Os seis primeiros dias de cada semana são dados ao homem para o trabalho, pois Deus
empregou o mesmo período da primeira semana na obra da Criação. No sétimo dia deve abster-se do
trabalho, em comemoração do repouso do Criador. – Christian Education, p. 190.
A primeira semana, em que Deus realizou a obra da Criação em seis dias e descansou no sétimo dia, foi
igual a qualquer outra semana. O grande Deus, nos dias da Criação e no dia de descanso, definiu o
primeiro ciclo como uma amostra das semanas que se sucederiam até ao fim do tempo. “Estas são as
gerações do céu e da terra quando foram criados” (Gén. 2:4, TB10). Deus dá-nos o resultado da Sua obra
de cada um dos dias da Criação. Cada dia foi considerado por Ele como uma geração, porque em cada
dia Ele gerou, ou produziu, alguma parte nova da Sua obra. No sétimo dia da primeira semana, Deus
descansou do Seu trabalho, e depois abençoou o dia de descanso, e separou-o para uso do homem. O
ciclo semanal de sete dias literais, seis para trabalhar e o sétimo para descansar, que foi preservado e
trazido até nós através da história bíblica, teve origem nos grandes factos dos primeiros sete dias. …
Mas, a pagã suposição de que os eventos da primeira semana precisaram de sete vastos e indefinidos
períodos para que se realizassem, ataca diretamente a fundação do Sábado do quarto mandamento.
Torna indefinido e obscuro aquilo que Deus deixou bem claro. É o pior tipo de infidelidade; pois, para
muitos dos que professam crer no registo da Criação, é infidelidade disfarçada. Acusa Deus de ordenar
aos homens que observem a semana dos sete dias literais como comemoração de sete períodos
indefinidos, o que difere do seu modo de relacionamento com os mortais, e é uma contestação da Sua
sabedoria.
Os geólogos descrentes dizem que o mundo é muito mais velho do que o registo bíblico indica. Eles
rejeitam o relato bíblico devido a certas coisas que para eles são evidências, da própria Terra, de que o
mundo existe há dezenas de milhares de anos. E muitos dos que professam crer no relato da Bíblia não
sabem como explicar as coisas maravilhosas que se encontram na Terra, com o conceito de que a
semana da Criação consistiu apenas em sete dias literais e de que o mundo tem agora apenas cerca de
seis mil anos. Estes, para se livrarem das dificuldades que encontram pelo caminho por parte dos
geólogos descrentes, adotam a ideia de que os seis dias da Criação foram seis períodos vastos e
indefinidos, e de que o dia do descanso de Deus foi outro período indefinido; fazendo com que o quarto
mandamento não tenha qualquer sentido na santa lei de Deus. Alguns aceitam zelosamente esta
posição, pois destrói a força do quarto mandamento, e sentem-se livres dos reclamos que estão sobre
eles. – Signs of the Times, 20 de março de 1879.
Sexta, 18 de Janeiro.
ESTUDO ADICIONAL: Como foi dito anteriormente, os dias da semana da Criação estão numerados e
identificados como compondo-se de um período escuro, a tarde [ou noite], e um período iluminado, a
manhã [ou o dia com sol]. Não há nenhuma maneira racional de interpretarmos estes dias a não ser
considerando-os semelhantes aos dias que temos hoje. Alguns têm apelado a textos como Salmo 90:4 e
II Pedro 3:8 na argumentação de que cada dia da Criação representa de facto 1 000 anos. O texto não
sugere esta conclusão, nem ela contribui nada para a resolução da questão criada por aqueles que
pensam que estes dias representam milhares de milhões de anos.
Além disso, se os dias em Génesis representassem longas épocas, seria de esperar encontrar uma
sucessão de registos fósseis correspondentes à sucessão dos organismos vivos criados nos sucessivos
seis “dias” da Criação. Se assim fosse, os primeiros fósseis deveriam ser de plantas, as quais foram
criadas no terceiro “dia”. A seguir viriam os primeiros animais da água e os animais do ar. Por fim
encontraríamos os primeiros animais da terra seca. O registo dos fósseis não corresponde a esta
sequência. Os animais da água surgem antes das plantas, os animais da terra vêm antes dos seres do ar.
Os primeiros fósseis de árvores de fruto e de outras plantas que dão flores aparecem depois de todos os
outros grupos. O único ponto de similitude é os seres humanos aparecerem em último lugar em ambos
os relatos. “De cada dia consecutivo da criação, declara o registo sagrado que consistiu de tarde e manhã, como
todos os outros dias que se seguiram.” – Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 112 (CPB).
“Mas a suposição infiel de que os acontecimentos da primeira semana ocuparam sete longos e
indefinidos períodos para a sua realização, atinge diretamente o fundamento do Sábado do quarto
mandamento. Torna indefinido e obscuro aquilo que Deus fez muito claro. Este é o pior tipo de
infidelidade; para muitos dos que professam acreditar no relato da criação, isto é infidelidade
disfarçada.” – Ellen G. White, Spiritual Gifts (Dons Espirituais), vol. 3, p. 91.
PERGUNTAS PARA REFLEXÃO:
Mesmo partindo de uma interpretação não literalista do Génesis, há dois pontos que são óbvios:
nada no ato da Criação foi ao acaso, e não houve nenhum antepassado comum para as espécies.
Mas surge a evolução darwinista, a qual, nas suas variadas versões, ensina duas coisas:
casualidade e um antepassado comum para todas as espécies. Como é que, então, se interpreta o
Génesis por meio de uma teoria que, no seu ponto mais básico, contradiz o Génesis no seu ponto
mais básico?
Por que razão é importante compreender que a Ciência, com todo o bem que faz, continua apenas
a ser um mero empreendimento humano?
Tudo o que a Ciência tem para estudar é um mundo caído, o qual é muito diferente, em muitos
aspetos, da Criação original. Por que razão é importante ter sempre diante de nós esta verdade?
Leitura Bíblica: Êxodo 5-8.
Moderador
Texto-Chave: Génesis 1
Com o Estudo desta Lição o Membro da Classe Vai:
Aprender: A analisar as evidências textuais que demonstram que Génesis 1 foi escrito como uma
narrativa histórica.
Sentir: Apreço pela importância das diferentes maneiras de se abordar o texto bíblico.
Fazer: Tentar abordar o texto bíblico seguindo apenas aquilo que ele diz, sem importar para o processo
interpretativo ideias não bíblicas.
Esboço da Aprendizagem:
I. Aprender: A Autenticidade Histórica de Génesis 1
Algumas pessoas questionam se o género literário em Génesis 1 é uma narrativa histórica ou algo mais
simbólico, tal como poesia. Que evidências em Génesis 1 ajudam a responder a esta questão?
Até que ponto a palavra hebraica para “dia” ajuda a responder a esta questão?
De que modo a conjunção copulativa Waw em hebraico (com o significado de “mas” ou de “e”) ajuda a
responder a esta questão?
II. Sentir: Reverência na Abordagem à Palavra
Porque é que é tão importante a maneira como abordamos o texto bíblico?
De que modo se cultiva um sentimento de reverência e de admiração por Deus na abordagem ao texto
bíblico?
III. Fazer: Interpretar a Escritura com a Escritura
Qual a melhor forma de abordar o texto bíblico sem corromper a mensagem com ideias importadas do
exterior?
De que maneira se pode abordar e interpretar a Bíblia seguindo apenas aquilo que ele diz?
Sumário:
A forma como abordamos a história da Criação marca o tom da forma como abordamos o resto da
Bíblia. Métodos de reinterpretação, destinados a fazer do Génesis algo mais agradável à mentalidade
moderna, mostram, por vezes, semelhanças com a maneira como alguns cristãos reinterpretam o texto
bíblico para tornar o Sábado mais agradável a uma sociedade orientada para a guarda do domingo. A
interpretação da Bíblia não deve ser movida ou influenciada pelo desejo humano, mas deve centrar-se
em deixar que as Escrituras interpretem as Escrituras.
CICLO DA APRENDIZAGEM
1.º PASSO – MOTIVAR!
Conceito-Chave para Crescimento Espiritual: Como tratamos nós o texto bíblico? Devem as Escrituras
interpretar as Escrituras, ou devemos importar ideias da sociedade moderna a fim de tornar a
mensagem mais agradável?
Só para o Moderador: A sua tarefa é ajudar os membros da classe a compreenderem quão importante a
interpretação correta das Escrituras é para a sua fé e para o seu desenvolvimento espiritual.
A maneira como abordamos um texto pode ter um grande impacto no significado atribuído à mensagem
recebida. Até que ponto a forma como se trata Génesis 1 afeta a sua mensagem para nós nos dias de
hoje?
Se tratássemos textos, e-mails e cartas dos nossos cônjuges ou companheiros de trabalho com a mesma
indiferença ou desrespeito com que algumas pessoas tratam o texto de Génesis 1, como estariam o
nosso casamento e a nossa carreira profissional? Jesus levantou uma questão semelhante quando
perguntou: “E qual o pai de entre vós que, se o filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou também, se
lhe pedir peixe, lhe dará por peixe uma serpente?” (Lucas 11:11 e 12). Se acreditamos que Deus inspirou
as mensagens dos autores bíblicos, que liberdade criativa podemos ter na tarefa de interpretação de
Génesis 1? Deverão os dias em Génesis 1 ser reinterpretados da maneira como o pai, na ilustração dada
por Jesus, “reinterpretou” um peixe como sendo uma serpente? Ou devemos procurar as evidências
internas da intenção do autor sobre a forma de compreender Génesis 1?
Atividade de Abertura para Troca de Opiniões: Já alguma vez pensou que tinha comunicado qualquer
coisa muito claramente para vir simplesmente a descobrir que o recetor fez uma interpretação muito
criativa a fim de contornar o objetivo que você tinha em mente? Como é que se sentiu com essa
interpretação criativa da sua mensagem?
2.º PASSO – ANALISAR!
Só para o Moderador: Génesis 1 proporciona-nos um teste útil e conveniente para analisarmos a
questão de como abordamos e interpretamos o texto bíblico.
COMENTÁRIO BÍBLICO
I. Factos Flexíveis Versus Verdade Estabelecida: O Desafio da Evolução à Crença na Criação da
Jovem Terra
(Leia com a classe Génesis 1.)
Os criacionistas crentes numa Terra jovem tratam Génesis 1 como um relato histórico direto, que
apresenta a forma como Deus criou o mundo em seis dias literais, consecutivos e contíguos. A atual
teoria científica levanta dificuldades a este ponto de vista. Em resultado disso, alguns cristãos tentam
resolver essa dissonância.
Uma alternativa é negar a inspiração das Escrituras, relegando histórias, como Génesis 1, para o estatuto
de relíquias do passado pré-científico da humanidade. Ainda que concordando que o autor de Génesis
teve a intenção de ensinar sobre uma semana literal de sete dias de criação, afirmam os defensores
desta alternativa que o autor estava cientificamente errado. Outros procuram declarar simultaneamente
a inspiração das Escrituras e a autoridade da atual teoria científica. Uma tática habitual é afirmar que
Génesis é um tipo de género literário diferente de uma narrativa histórica, concedendo-nos margem para
compreender os dias da Criação como não literais e em harmonia com longas cronologias. Essas
afirmações, porém, apresentam algumas dificuldades quando se observa o texto em si.
Primeira, quando a palavra hebraica para dia (yom) aparece no Velho Testamento com um numeral
ordinal (primeiro, segundo, e assim por diante), esta combinação descreve sempre um dia literal. Mais
ainda, a presença dos vocábulos tarde e manhã em Génesis 1 torna difícil fugir ao óbvio: o autor tinha
claramente a intenção de que o texto fosse lido como relato de uma história cronológica fundamental,
com dias reais como os dias que vivemos hoje.
Segunda, há uma construção gramatical em hebraico chamada “consecutiva waw”, que é uma marca
distintiva na narrativa histórica hebraica. (Waw é uma conjunção geralmente equivalente aos nossos “e”
ou “mas”. Esta consecutiva waw é aplicada numa história que pretende relatar sequências de eventos
consecutivos nas narrativas históricas.)
Todas as histórias clássicas em Génesis, incluindo o Dilúvio e o sacrifício de Isaac, estão salpicadas
abundantemente com consecutivas waw. Em contrapartida, a consecutiva waw raramente é utilizada em
géneros poéticos, como Salmos e a literatura de sabedoria. Com Génesis 1 a empregar mais de quarenta
vezes a consecutiva waw, temos uma forte evidência de que o autor sentia que estava a escrever uma
narrativa histórica. Por que razão, então, pode isto ser importante?
A reinterpretação de Génesis 1 procura tornar a história da Criação mais aceitável à mente moderna,
sacrificando a leitura mais óbvia do texto, o que põe em causa a autoridade bíblica. De igual modo, há
alguma semelhança nas tentativas de reinterpretar o significado claro do Sábado, sobretudo o aspeto do
sétimo dia, a fim de tornar um dos mandamentos de Deus mais aceitável junto de uma sociedade
voltada para o domingo. Os defensores do “literal-mas-errado” imitam o método do Catolicismo
medieval, que admitia que a Bíblia ensinava a guarda do Sábado do sétimo dia, mas afirmando que havia
uma autoridade acima da das Escrituras, a qual permitia uma mudança da interpretação. Há outros
cristãos que, procurando simultaneamente afirmar a autoridade bíblica e tornear a dimensão do sétimo
dia na guarda do dia de Sábado, introduzem variadas reinterpretações textuais muito semelhantes às
atuais tentativas de reinterpretação de Génesis 1. Aqueles que tentam afirmar a autoridade do texto ao
mesmo tempo que procuram apresentar uma reinterpretação mais agradável podem ter mais
dificuldade em reconhecer o sentido claro do texto do que aqueles que negam diretamente a inspiração
e a autoridade da Bíblia.
Pense Nisto: O conhecimento científico está permanentemente sujeito a revisão e, consequentemente,
nunca é fixo nem absoluto. Em contrapartida, nós acreditamos que Deus e, obviamente, a Sua Palavra, é
eternamente verdadeiro e imutável. Analisem a ironia realçada nesta pergunta: Por que razão alguns
cristãos invertem os conceitos, tratando o conhecimento científico flexível como se fosse verdade fixa e
absoluta, ao mesmo tempo que tratam as Escrituras como se fossem relativas e passíveis de revisão?
Embora este tipo de atitude pareça ser um ataque à autoridade das Escrituras, o que é que a resposta
àquela pergunta revela sobre aquilo que está realmente visado nesse ataque?
3.º PASSO – PRATICAR!
Só para o Moderador: Uma boa parte da lição desta semana gira à volta do conceito de princípios de
interpretação. Qual é a forma como devemos abordar o texto? Deixamos que sejam as Escrituras a
apontar as normas e regras interpretativas, ou devemos importar outras ideias, sobretudo as retiradas
da nossa própria cultura e época, para nos auxiliarem a compreender melhor o texto? A maneira como se
dá resposta a estas interrogações tem grandes implicações sobre o significado da autoridade bíblica na
vida do aluno.
Perguntas:
A nossa lição presta atenção às ligações a Génesis 1 encontradas em Job, nos Salmos, nos profetas
hebreus e nos ensinos de Jesus.
1. Em Génesis 1, que evidências vê no texto que nos dão a entender a intenção que o autor teve sobre a
forma como a história deve ser compreendida?
2. De que modo a sua abordagem interpretativa de Génesis 1 afeta a sua atitude interpretativa pessoal
para com outras áreas do ensino bíblico, sobretudo quando essas áreas entram em conflito com as
ideias e o estilo de vida modernos?
3. Que razões levam a que Génesis 1 deva ser aceite seguindo apenas o que ele diz, em vez de se
andarem a misturar ideias externas à sua estrutura própria?
4.º PASSO – APLICAR!
Só para o Moderador: Esta é a última oportunidade para realçar diante da classe a importância de
deixar que sejam as Escrituras a interpretar as Escrituras.
Atividade: Compare e contraste as maneiras como algumas pessoas tentam rodear a historicidade da
Criação com as maneiras como alguns indivíduos tentam rodear elementos da verdade do Sábado ou da
natureza do ser humano na morte. Que semelhanças vê nas maneiras como o texto bíblico é
manipulado? Consegue ver também algumas diferenças nas maneiras como o texto bíblico é
manipulado? O que é que isto nos ensina sobre a importância da forma de abordar o texto das
Escrituras?

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