Jornal n¼ 112 10_08 - Casa do Concelho de Pampilhosa da Serra

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Jornal n¼ 112 10_08 - Casa do Concelho de Pampilhosa da Serra
Sede:Rua das Escolas Gerais, 82 – 1100-220 LISBOA
Tel./Fax 218 861 082 – [email protected]
www.casadapampilhosa.org
Delegação:
Travessa de S. Pedro, nº 4
3320-236 Pampilhosa da Serra
A voz do regionalismo
Director:
César Oliveira
— fundado em 1999 —
A N O V I I I • N . º 1 1 2 • P R E Ç O : € 1 , 1 5 P U B L I C A Ç Ã O M E N S A L A S S I N AT U R A A N U A L : € 1 2 , 5 0 O U T U B R O 2 0 0 8
EDITORIAL
T
erminou de forma muito positiva o 1.º
Encontro de Juristas de Pampilhosa da
Serra. Um facto sublinhado por todos
os participantes de um modo espontâneo e
público.
Assumindo-se, desde a primeira hora, como
o “jornal oficial” do evento, é com toda a naturalidade que a presente edição do “Serras”
dedica o seu espaço nobre ao acompanhamento completo de todo o encontro. Não só
natural, mas também justo face ao resultado
final obtido. O tema, porém, não se esgota no
simples relato factual dos acontecimentos, pois
este encontro representa o verdadeiro paradigma do que deve ser o Regionalismo dos
nossos dias.
Hoje, todos pretendem ter uma opinião
concreta sobre o papel que o Regionalismo
deve ter na sociedade pampilhosense. É um
pouco estranho, mas é verdade. A maioria
opina que nos devemos apenas preocupar
com a cultura e nada de obras; outros afirmam
que nos devemos aproximar das pessoas e das
tradições e nada de obras; alguns pensam que
devemos seguir aquilo que a autarquia faz e
nada de obras; uns, baixinho, dizem que
devemos estar quietos e nada de obras.
Pois bem, na minha opinião, o papel do
Regionalismo é precisamente este, é fazer
acontecer coisas em prol do concelho de Pampilhosa da Serra, sejam elas obras, actos ou
palavras.
Este encontro aconteceu porque no início
do presente ano, quando se falava no novo
Mapa Judiciário do país e na possibilidade da
Pampilhosa ficar sem tribunal, duas pessoas
ligadas ao movimento regionalista ao comentarem esta possibilidade o fizeram mais ou
menos nestes termos: “esta é uma má notícia
para a Pampilhosa e nós temos a obrigação de
fazer qualquer coisa”.
Estava lançada a ideia e o 1.º Encontro de
Juristas de Pampilhosa da Serra começou a ser
minuciosamente preparado, sempre com o
objectivo de mostrar a realidade da justiça no
nosso concelho e a injustiça que seria retirarlhe o tribunal. Como é fácil perceber, não está
em causa a cultura ou a tradição das gentes da
Pampilhosa ou mesmo seguir uma qualquer
ordem da edilidade. O que verdadeiramente
estava (e infelizmente continua a estar) em
causa é apenas e só a PAMPILHOSA.
Houve muito trabalho e de muita qualidade,
trouxe-se ao concelho gente ilustre no meio
judicial português e esse é um património que
jamais pode ser esquecido, tenha ou não este
1.º Encontro continuidade no futuro. Mas o
mérito desta organização vai ainda mais longe
e sem entrar em elogios demagógicos basta
lembrar que encontrou oradores de grande
qualidade (pasme-se, todos eles oriundos da
Pampilhosa!) e envolveu de uma forma participativa o próprio tribunal da Pampilhosa.
É claro que não estivemos sozinhos e,
verdade seja dita, contámos sempre com total
apoio da Câmara Municipal, por isso muito do
êxito obtido passa obviamente por aquilo que
a autarquia foi capaz de oferecer e de disponibilizar a todos quantos honraram a Pampilhosa
com a sua presença. Foi um trabalho colectivo
que envolveu o Regionalismo, o Tribunal e a
Câmara Municipal e que apenas pretendeu fazer brilhar o concelho, por isso afirmo, com
total convicção, é este o caminho do Regionalismo, fazer, fazer… fazer.
Precisamente porque apenas nos resta
“fazer”, no próximo mês, mais concretamente
a 15 de Novembro, voltaremos a estar no Multiusos para lembrar a história da Pampilhosa e
para recordar como este território esculpido
numa das zonas mais duras do país, conseguiu
gerar gente boa, valorosa e humanista. Voltamos a contar com o apoio da edilidade, esperamos poder contar com a vossa presença.
Acima de tudo temos que passar a imagem
que não nos resignamos e que gostamos
demasiado da Pampilhosa para desistir. Os 700
anos têm que continuar presentes na nossa
memória colectiva e iluminar o nosso futuro.
O director
SUCESSO DO 1.º ENCONTRO
DE JURISTAS EXIGE CONTINUAÇÃO
Um evento bem sucedido e um sinal de vitalidade de Pampilhosa da Serra é o balanço retirado do 1.º Encontro de Juristas de Pampilhosa
da Serra que decorreu no auditório municipal da vila pampilhosense nos dias 13 e 14 de Setembro e que reuniu cerca de 80 participantes,
entre inscritos, oradores e convidados. O jornal “SERRAS DA PAMPILHOSA” esteve lá e dá-lhe conta, ao pormenor, do evento cuja
originalidade e sucesso exige brevemente, por parte que quem assistiu, a sua continuação.
páginas 10 a 13
JOSÉ ALBERTO PACHECO BRITO DIAS DIÁSPORA PAMPILHOSENSE
PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE PAMPILHOSA DA SERRA
– EM ENTREVISTA –
“
Temos que continuar
a lutar e não baixar os
braços, essa é a nossa
obrigação. Não podemos ser os profetas da
desgraça, temos que ter
esperança no futuro
FERNANDO ROSA FARINHA
UM ARTESÃO ALVERQUENSE
”
pág. 8 e 9
Eu não tenho
“
nenhum problema
com o vender, só
que tenho uma
amizade às coisas
e custa muito
d e s p re n d e r- m e
delas
pág. 7
BARRAGEM DO ALTO CEIRA VAI SER SUBSTITUÍDA 60 ANOS DEPOIS
LOCAL ONDE VAI NASCER A NOVA BARRAGEM
”
ENCONTRO
DE HISTÓRIA
LOCAL
É JÁ NO
PRÓXIMO
pág. 16
MÊS
Breves
PRAIA DE BUARCOS RECEBE CRIANÇAS
DA SANTA CASA
M
ais uma vez a Casa da Criança promoveu uma colónia de
férias em Buarcos (Figueira da
Foz), desta feita durante os dias 25 e 29
de Agosto.
Um grupo de sete crianças, uma
auxiliar e uma voluntária do curso te-
cnológico de acção social
que estagiou na nossa casa
mostraram que, apesar do
peso da responsabilidade de
quem acompanha estas
crianças, as actividades valem sempre a pena não só
pela animação, mas também pela gratificação que
proporciona
às nossas monitoras.
Para as crianças é sempre uma grande alegria
brincar na praia e tomar
umas “banhocas” com os
amiguinhos. Foi uma se-
mana muito divertida, animada, com
muitos passeios, actividades, brincadeiras, banhos e muito mais.
Para o ano lá estaremos de novo com
a mesma boa disposição! Agora vamos
ao trabalho… Bom ano lectivo para
todos.
VILA VAI TER PRAIA FLUVIAL
A
autarquia de Pampilhosa da Serra
colocou em concurso público a
construção da Praia Fluvial de
Pampilhosa da Serra.
De acordo com o anúncio publicado no
Diário da República de 31 de Julho “o
projecto compreende a requalificação do
leito e das margens do rio Unhais que
atravessa a vila de Pampilhosa da Serra,
recuperação de um antigo lagar para edifício de apoio e a construção de sanitários
e equipamentos de lazer. Prevê-se o tratamento paisagístico das margens, a pavimentação de espaços públicos e a realização das diversas infra-estruturas de
António Amaro Rosa
apoio, de acordo com o mapa de medições, peças desenhadas e demais elementos do projecto e processo”.
O preço base do concurso é de
2.132.913,46 euros (com exclusão do IVA)
e tem um prazo de execução de 330 dias.
Quanto ao financiamento do projecto, vai
ser assegurado pelo orçamento municipal
e por apoios comunitários (QREN) no âmbito do PROVERE, isto é, um instrumento,
especificamente des-tinado aos territórios
com menores oportunidades de desenvolvimento por causa de uma baixa densidade populacional, institucional, de
actividade económica, entre outros.
“TURISMO DO CENTRO” SUCEDE À REGIÃO DE TURISMO DO CENTRO António Amaro Rosa
N
o seguimento do novo regime
jurídico das áreas regionais de
turismo de Portugal Continental, que veio alterar a organização do
planeamento turístico e a própria delimitação das áreas de turismo, foi formalmente constituída a entidade regional de Turismo do Centro de Portugal,
que veio suceder à antiga Região de
Ficha Técnica
Propriedade
Casa do Concelho de Pampilhosa da Serra
Fundada em 1 de Junho de 1941
(D.R. 3.ª Série, n.º 149, de 1995-06-30)
Instituição de Utilidade Pública
(D.R. 2.ª Série, n.º 126, de 1985-06-01)
Sede: Rua das Escolas Gerais, n.º 82,
1100-220 Lisboa
Telefone e Fax: 218 861 082
Internet: www.casadapampilhosa.org
E-mail: [email protected]
Jornal “Serras da Pampilhosa”
Fundado em Junho de 1999
Inscrito no Instituto da Comunicação Social
sob o n.º 123.552
NIF: 501 437 193
Depósito Legal: 228892/05
Redacção: Rua das Escolas Gerais, n.º 82,
1100-220 Lisboa
Telefone e Fax 218 861 082
E-mail: [email protected]
Delegação: Travessa de São Pedro, n.º 4,
3320-236 Pampilhosa da Serra
Turismo do Centro, entidade à qual
Pampilhosa da Serra pertencia desde a
sua criação.
Os estatutos da nova entidade regional de turismo foram conhecidos no dia
15 de Setembro, através da sua publicação no jornal oficial. De acordo com
os mesmos, a recém-constituída entidade tem por missão “a valorização
turística da respectiva área territorial
(…) visando o aproveitamento sustentado dos recursos turísticos, no quadro
das orientações e directrizes da política
de turismo definida pelo Governo e nos
O
planos plurianuais das administrações
central e local”.
Nos termos dos seus estatutos a Turismo do Centro de Portugal compreende o
território correspondente à Nomenclatura
da Unidade Territorial para Fins Estatísticos de Nível II (NUTS II) – Centro, designadamente o território correspondente às
unidades territoriais de Baixo Vouga, Baixo Mondego, Pinhal Interior Norte, Pinhal
Interior Sul, Dão-Lafões e Beira Interior
Sul. Ao fim e ao cabo, o concelho pampilhosense fica permanecendo no mesmo
território turismo.
JOVENS “TRILHOS” VISITAM
CENTRO COMERCIAL
“Projecto Trilhos Com Sentido”, promovido pelo município
de Pampilhosa da Serra, realizou no dia 9 de Setembro uma viagem
a Coimbra, no âmbito da actividade
“Férias Com Sentido”. Nesta acção
participaram 15 jovens com idades
compreendidas entre os 14 e os 19
anos de idade.
Vários jovens tiveram oportunidade
de passar umas horas no Centro
Comercial Fórum e fazer aquilo que
mais sentissem vontade, tal como ir ao
cinema, jogar bowlling, ver as lojas ou
simplesmente ouvir musica e jogar jogos na FNAC. Esta iniciativa surgiu do
facto destes jovens viverem muito isolados e só terem acesso a estes centros
comerciais muito esporadicamente.
Constituiu, assim, uma forma de terminarem as férias de uma maneira pouco
habitual.
Mais uma vez o Projecto proporcionou a estes jovens um contacto directo
com realidades às quais não estão
habituados e estimulou as suas competências sociais, culturais e de responsabilidade.
Director
César Oliveira
E-mail: [email protected]
Redactor
António Amaro Rosa
E-mail: [email protected]
Produção
Vigaprintes – Artes Gráficas, Lda.
Núcleo Emp. Quinta da Portela, n.º 38
Guerreiros – 2670-379 Loures
Telefone: 219 831 849 – Fax: 219 830 784
E-mail: [email protected]
2
assim, para que nesse domingo
estejam presentes representantes
do maior número possível de casas.
Na véspera a SRPM irá organizar
um magusto, que irá ter lugar junto
do bar da colectividade, a partir das
15 horas.
CORREIO DO LEITOR
S
pequenas casas e entregarem-nas ao
turismo para as explorarem?
Temos uma beleza da natureza
natural. Temos a boa comida serrana.
Temos um parque de campismo e
uma praia fluvial lindíssimos. Temos
sobretudo a simpatia da nossa gente.
Os turistas procuram zonas do país
para descansarem, passarem férias e
visitarem o que essas zonas têm de
bonito e de interessante. O turismo
seria bom porque: Traz riqueza ao
concelho, oferece trabalho a muita
gente e desenvolve a região.
O
I
E
R
R
O
C
DO
R
O
T
I
LE
ou de uma pequena aldeia
(Gavião de Cima) e adoro o
Concelho de Pampilhosa da
Serra.
De ano para ano, o nosso concelho
está cada vez mais pobre e todos
sabemos que é preciso investir para
chamar pessoas, mas pergunta-se
“no quê” se não há pessoas e não há
nada que atraia as pessoas cá?
Mando-vos uma sugestão: Com
uma barragem lindíssima (Barragem
de Santa Luzia), porque não a explorarem para o Turismo? Têm lotes de
terreno à venda, porque não construir
Maria Rodrigues
Na entrevista realizada ao empresário António Sérgio Martins pelo nosso colaborador Luís Gonçalves e publicada na
anterior edição do “SERRAS DA PAMPILHOSA” foi, por lapso,
referido que o entrevistado empregava 10 (dez) pessoas,
quando na realidade deveria constar no texto 100 (cem)
pessoas. A Direcção do jornal lamenta essa gralha a apresenta
as suas desculpas aos visados.
Concepção e Grafismo
Beta Vicente e Sérgio Vicente
Ficha de Inscrição
Destaque ou fotocopie este cupão e envie-nos
juntamente com um cheque ou vale de correio para:
Jornal “Serras da Pampilhosa”, Rua das Escolas Gerais,
N.º 82, 1100-220 Lisboa.
Para renovação da assinatura, envie-nos a cinta de papel
que envolve o jornal, juntamente com um novo cheque
ou vale de correio para a mesma morada. Actualize
sempre os seus contactos, utilizando este cupão.
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Cód. Postal __________- _______ ____________________________
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Todos os artigos são da exclusiva responsabilidade dos seus autores e não traduzem a
opinião da Direcção do jornal e/ou dos órgãos
sociais da Casa do Concelho de Pampilhosa
da Serra.
A
Assembleia-Geral da Sociedade Recreativa e Progresso
da Mata (SRPM) vai deliberar
sobre a proposta da Câmara Municipal da Pampilhosa da Serra para
a gestão da água, no dia 2 de
Novembro pelas 9 horas.
A associação regionalista apela,
RECTIFICAÇÃO
Coordenação
Direcção da Casa do Concelho
de Pampilhosa da Serra
Tiragem: 1.500 exemplares
Periodicidade: mensal
Preço avulso: € 1,15
Assinatura anual: € 12,50
ASSOCIAÇÃO DA MATA VAI DECIDIR
ENTREGA DAS ÁGUAS AO MUNICÍPIO
Desejo receber os 12 números do Jornal “Serras da Pampilhosa”, pelo valor de € 12,50.
200__ / ____ / _______ Ass. _________________________________
CASA DO CONCELHO PAMPILHOSA DA SERRA
Cultura
NOTAS DE LEITURA
PELA “TERRA DOS PAMPILHOS”
LITERATURA POPULAR DA BEIRA SERRA
Nuno Marques Figueira
Maria Antónia Neves
“A Moura Encantada de Entre-as-Águas”
“Ninda – os trilhos da angústia”
S
urpresa grande foi saber que o
Aristides Victor tinha publicado
um livro. Qual o título, qual a
editora, onde o encontrar? A minha
curiosidade aguçada pela palavra
mágica “livro” levou-me a correr atrás
das palavras escritas por alguém que
eu conheço há tantos anos e de quem
afinal tão pouco sei.
Já com o livro nas minhas mãos,
estranhei o título: “Ninda?!”, interroguei-me, mas depressa entendi tratarse do nome de um lugar perdido na
selva angolana, bem perto da fronteira
com a Zâmbia.
Os trilhos da angústia foram os caminhos percorridos na guerra do Ultramar
pela personagem Pedro, que personifica as vivências do autor Aristides
Victor, furriel miliciano que integrou o
exército português em 1972, tendo
combatido em Angola até 1975.
Através da sua escrita clara e
acessível, senti-me regredir no tempo
até aquela época que me parece tão
longínqua. Revi-me com dez anos na
companhia da minha família paterna a
assistir ao regresso de um contingente
de tropas de Moçambique para onde o
meu primo Victor Manuel tinha sido
destacado dois anos antes. O Cais da
Rocha a transbordar de gente emocionada, desta vez de alegria, contrastando com o momento da partida que
tinha sido repleto de lágrimas.
Também recordei rapazes conhecidos que não chegaram a voltar, mortos
na lonjura de um país desconhecido e
sem o apoio da família; outros que me
escreviam aerogramas ainda hoje guardados como recordação, mas o que
mais chocou a minha juventude e ainda
hoje relembro com dor, foi uma visita
que fiz com o meu pai e um tio meu,
militar na altura, a umas instalações
militares em Campolide. O edifício
enorme albergava rapazes estropiados da guerra. Atingi o meu
limite do suportável quando os
meus olhos depararam com um
rapaz poucos anos mais velho que
eu, sem pernas, sem um braço e
cego. Fugi dali com vontade de
esquecer, de limpar aquela imagem
que a minha sensibilidade não
conseguia aceitar. Só muitos anos
depois, quando comecei a fazer
voluntariado, consegui encarar com
alguma serenidade o sofrimento
físico, mas naquela época era-me
intolerável.
Quantos desses jovens militares,
mesmo aqueles que regressaram
sem qualquer problema físico,
sofrem ainda hoje de feridas psicológicas de que nunca se conseguiram libertar.
Embora o romance escrito pelo Aristides seja ficcionado, os factos são
verídicos baseados na ansiedade, no
sofrimento, na angústia, no medo, no
isolamento, na morte dos camaradas,
nas saudades da família, nas doenças
(como o paludismo), nas dificuldades
múltiplas que tinham diariamente de
enfrentar, embora misturadas com alguns risos e pequenas alegrias esporádicas. Uma profusão de sentimentos
que serviram igualmente para criar
amizades e um forte companheirismo
que certamente perdura ao longo das
suas vidas. "Ninda – Os trilhos da
angústia" fez-me esquecer o meu
quotidiano e obrigou-me a mergulhar
em acontecimentos que afectaram
muitas pessoas da minha geração.
Quanto a mim, é um livro importante de
ler por ser um testemunho de uma
guerra quase omitida durante anos; e
por nos relatar episódios, alguns deles
muito dolorosos, vividos por milhares
de jovens a cujo desgaste psicológico a
sociedade nem sempre deu a sua real
dimensão.
O livro é dedicado a seus pais, os
meus amigos D. Elvira e Sr. Arnaldo
Victor, que devem sentir um orgulho
imenso não só pelo livro do filho, mas
pelas palavras que ele lhes dirige.
Também eu senti orgulho ao olhar o
livro do nosso Aristides exposto num
dos escaparates da maior livraria do
país, a Byblos, com 3.300 m2 de livros,
filmes, música, videojogos, zonas de
leitura, auditório para lançamento de
obras literárias, cafetaria... em suma,
um espaço inovador extremamente
aliciante para quem aprecia a leitura.
Penso ser também a única livraria com
ecrãs tácteis que nos permitem localizar em segundos qualquer obra e
ainda colher informações sobre a
mesma. Situada no edifício Amoreiras
Square é na realidade uma livraria que
me entusiasma sempre visitar e que
aconselho vivamente por ser um
espaço cultural diferente.
Parabéns ao Aristides Victor pela sua
coragem em escrever as suas memórias de guerra e com elas ensinar aos
jovens de hoje, os trilhos de angústia
que outros jovens percorreram, numa
guerra tão nefasta como são afinal
todas as guerras.
"Ninda – Os trilhos da angústia" é um
livro da autoria do carvalhense Aristides
Victor e editado pela Edições Ecopy
(ecopy.macalfa.pt) com o preço de
venda ao público de € 17,64.
PELA ZONA DO PINHAL
António Amaro Rosa
“Madeirã – Uma freguesia serrana da Beira Baixa”
E
ditado pelo Grupo de Amigos da
Freguesia da Madeira em 2000
“Madeirã – Uma freguesia serrana
da Beira Baixa” é um livro que impressiona simultaneamente pelo seu conteúdo e aspecto gráfico.
Trata-se de um interessante exercício
de reconstituição histórica de uma
freguesia que remonta a 1732, surgida
da desanexação da paróquia de Álvaro,
um antigo concelho hoje reduzido a
uma freguesia do concelho de Oleiros.
É um livro extremamente ilustrado,
com mais de duas centenas de fotografias e imagens, para além da reprodução de documentos, tudo devidamente
acompanhado de um texto de fácil leitura e que revela uma aturada pesquisa
histórica e documental levada a cabo
pela sua autora. Destaca-se a análise
feita aos reputados ‘barbeiros’ da Madeirã, a diáspora do princípio do século
para terras do Brasil e o fenómeno
regionalista.
CASA DO CONCELHO PAMPILHOSA DA SERRA
Dadas as afinidades administrativas
históricas e culturais com a freguesia de
Portela do Fojo, que integra hoje aldeias
que no passado pertenceram àquela
freguesia do concelho de Oleiros, será
certamente uma obra com um conteúdo que, à partida, pouco ou nada dirá
aos restantes pampilhosenses. Porém,
pode e deve servir como um exemplo a
seguir, dada a qualidade desta monografia dedicada a uma pequena freguesia rural portuguesa, como é o caso
da Madeirã, e, ao mesmo tempo, um
trabalho exemplar editado por uma
modesta associação regionalista, que
certamente deve ter representando um
forte investimento financeiro, quantas
vezes sem retorno.
Por fim, a obra representa ainda uma
mais-valia para todos aqueles que se
dedicam ao estudo da genealogia da
região, pois que um dos anexos deste
livro é, nem mais nem menos, do que
uma recolha genealógica das principais
CONTOS, LENDAS & MITOS DOS PADRÕES (Parte II)
famílias da Madeirã.
Em suma, uma obra que muito honra
a Liga de Amigos da Freguesia da
Madeira e, acima de tudo, aquela
freguesia serrana da Beira Baixa.
E
sta história que se
segue está relacionada
com aquilo que foi considerado pelos pampilhosenses
como uma das “7 Maravilhas da
Pampilhosa da Serra”: o local a
que chamam Figueiras Bravas
ou Montrigo (contracção de
Monte de Trigo ou Monte Trigo),
local este que, consoante o
nível das águas da albufeira da
Barragem do Cabril, ora é ilha
ora é península.
Conta-se que em Entre-as-Águas, nome
porque era conhecido o sítio onde o rio
Unhais (também chamado ribeira do Cabril
ou da Pampilhosa) se juntava com o rio
Zêzere (com a barragem do Cabril este local
desapareceu debaixo das águas da albufeira), há muito tempo atrás, ainda no tempo
dos fidalgos, numa manhã de São João,
andava um pastor da quinta com o seu
gado quando vê uma manta estendida no
areal da praia fluvial que na altura existia em
Entre-as-Águas, manta essa coberta com
figos a secar ao sol prestes a transformarem-se em passas. Ora vendo aquilo, o pastor estranhou muito, pois aquilo não era habitual para aqueles lados, ainda relativamente longe da aldeia, mas, mesmo assim,
pegou em três passas e meteu-as ao bolso
e foi-se embora.
Quando já ia no alto do Montrigo começou a estranhar o peso das passas que
tinha guardado no bolso, pelo que pôs a
mão ao bolso e qual não foi o seu espanto
ao perceber que aquilo que já tinham sido
passas agora eram libras de ouro!
Perante isto o pastor pensou «Eh pá!
Tenho que ir buscar mais, pois com tantas
passas que lá havia, se cada uma der uma
libra de oiro…». E ele lá foi a correr,
esbaforido, pelo Montrigo abaixo até Entreas-Águas, mas quando lá chegou, para sua
grande desilusão, nem libras de ouro, nem
figos e nem manta sequer, nada
de nada. Mas eis que, do meio
do bosque, surge uma moura
encantada,
extremamente
bonita, de tez clara e cabelos
negros, compridos e ondulados
que lhe diz «Aproveitaras-te a
tempo!», pelo que proferindo
estas palavras desapareceu.
Depois disto, esta princesa
moura só tornou a ser vista
mais uma vez, há umas décadas atrás, pelo
Ti Preto que no Montrigo, em Entre-asÁguas, andava à resina, e a terá avistado,
tendo sido por ela perseguido, desde aí até
à Cova do Caneiro. Mas este, tendo medo
dela, fugiu a sete pés, não tendo havido
qualquer diálogo entre ambos.
E desde então nunca mais foi vista, talvez
até porque o areal de Entre-as-Águas tenha
desaparecido com a subida das águas da
albufeira do Cabril.
Baseado numa história que nos foi contada por
Arminda Marques Tavares e José Marques Tavares,
dos Padrões (freguesia da Portela do Fojo).
POETA DE JANEIRO DE BAIXO LANÇA
“A GOLA DO TEMPO” NO DIA 25
T
al como o jornal “SERRAS DA
PAMPILHOSA” noticiou em edição anterior, o poeta Manuel Dias
da Silva prepara-se para lançar publicamente mais um novo livro. Intitulado
“A Gola do Tempo”, a nova obra poética do autor natural da freguesia de
Janeiro de Baixo será apresentada no
dia 25 de Outubro, pelas 15 horas, na
Biblioteca Municipal “Dr. Fernando
Nunes Barata”, na vila de Pampilhosa
da Serra.
"A Gola do Tempo" constitui o terceiro livro de poesia de Manuel Dias
da Silva e é uma edição de autor, isto
é, um livro publicado pelo próprio escritor, sem o apoio de uma editora. “É
um livro que radica no nosso interior,
onde se alojaram angústias, incertezas, medos e se questionam as opções tomadas ao longo da viagem.
Este livro não é mais que a viagem interior, procurando a utopia, a perfeição”, referiu o seu autor ao “SERRAS
DA PAMPILHOSA”.
Manuel Dias da Silva é licenciado
em Engenharia Electrotécnica pela
Faculdade de Ciências e Tecnologia
da Universidade de Coimbra e traba-
António Amaro Rosa
lhou vinte anos na indústria cimenteira, na Fábrica de Souselas, após o
que foi responsável pela Livraria Bertrand, em Coimbra, durante seis anos.
Actualmente é assessor na Fundação
João Jacinto de Magalhães (Universidade de Aveiro). Em 1995 publicou
“Silêncio e Outros Temas”, o seu primeiro livro de poesia, seguindo-se
“Cantos de Amanhecer” em 2000).
3
Regionalismo
Opinião
ACTIVIDADES DA CASA DO CONCELHO EM SETEMBRO
D
epois da animação de Agosto, na
vila e nas aldeias do concelho da
Pampilhosa da Serra, quem fica
regressa à calma habitual, mas quem parte
retoma o stress habitual das grandes zonas
urbanas. Neste contexto, o associativismo
pampilhosense pode dar um contributo
importante para aproximar os dois mundos,
proporcionando ao longo do ano os contactos entre pampilhosenses, residentes e
não residentes, naturais e descendentes.
É o que fazem as colectividades regionalistas sempre que organizam almoços, piqueniques, excursões, actividades desportivas e outros eventos. É também isso que
a Casa do Concelho tem procurado fazer
com as mais diversas actividades.
No passado mês de Setembro destacamos 3 eventos, cujo sucesso foi inquestionável:
Jogo de Futebol entre a Selecção de
Filiadas e o GDP / Almoço Convívio na
empresa Aires Fernandes Almeida Lda.
Conforme divulgámos, convidámos o
Grupo Desportivo Pampilhosense (GDP)
para vir a Lisboa defrontar a Selecção de
Filiadas da Casa do Concelho. Este segundo jogo de confraternização entre as duas
equipas realizou-se no Parque Desportivo
do Atlético Clube do Cacém, no dia 7 de
Setembro, verificando-se mais uma vez um
resultado equilibrado (5-4) a favor dos
nossos convidados.
de sucesso ligados a Pampilhosa da Serra,
para que, dentro das suas possibilidades,
sigam este exemplo, pois só assim será
possível atingir os objectivos de desenvolvimento e solidariedade que todos ansiamos.
1.º Encontro de Juristas Pampilhosenses
Quando um grupo de associados propôs
à Casa do Concelho de Pampilhosa da
Serra a organização deste encontro, confesso que tive algumas dúvidas sobre a
adesão e possibilidades de mobilização
dos oradores que a comissão organizadora
iria convidar. Mas, obviamente, que a competência e vontade do António Rosa, do
João Ramos e do César Oliveira só poderiam merecer o nosso apoio, mesmo nos
momentos em que chamámos a atenção
para a eventual necessidade de maior
divulgação do evento.
Depois de termos acompanhado este encontro, na função institucional que nos competia, não temos quaisquer dúvidas em afirmar que, depois do 2.º Congresso Pampilhosense esta terá sido a realização da
CCPS mais bem conseguida. Sendo inferior
em número de participantes (como é normal), terá sido superior na qualidade de algumas intervenções, gerando um consenso
unânime que não deixará de dar os seus
frutos.
Estão de parabéns os organizadores e os
aplausos e incentivos que receberam, criando desde a já a responsabilidade de pensa-
Mas o melhor da festa foi sem dúvida o
extraordinário almoço convívio oferecido a
todos os participantes e assistentes nas
instalações da empresa Aires Fernandes de
Almeida, Lda. A variedade e qualidade das
iguarias apresentadas pelo Sr. Aires, pela D.
Armandina, pelo Leonel e restante família
não é descritível por palavras. O exemplo
que esta família continua a dar a todos os
pampilhosenses e que extravasa o âmbito
do nosso concelho, como foi bem visível
nas instalações do Atlético Clube do Cacém e pela forma como os dirigentes desta
instituição demonstraram o seu reconhecimento. O sucesso empresarial e todo este
espírito de mecenato irão mesmo ter, no
próximo dia 25 de Outubro, a justa homenagem da Câmara Municipal de Sintra e da
Junta de Freguesia do Cacém.
Pela nossa parte, só temos que agradecer mais uma vez todo os apoio que o Sr.
Aires e a sua família têm prestado à Casa do
Concelho, às outras associações do nosso
concelho e aos pampilhosenses em geral.
Ao mesmo tempo, lançamos um apelo aos
restantes empresários, mulheres e homens
rem num segundo Encontro. Outra alternativa, sugerida por um dos participantes mais
ilustres, poderá ser o alargamento da iniciativa a outras profissões liberais, de forma a
que cada pampilhosense possa, também
no mundo das profissões, contribuir com as
suas experiências e influências para o desenvolvimento do nosso concelho.
6.ª Festa do Folclore da Freguesia de
Santo Estêvão
Nas últimas décadas o Bairro de Alfama
esteve intimamente ligado à vida dos
pampilhosenses. A actividade portuária e a
restauração são apenas dois exemplos duma relação que já vai na 4.ª geração e que
ainda hoje nos surpreende quando os
autarcas de Santo Estêvão nos dizem que
cerca de 60% da população desta freguesia é originária do nosso concelho.
Todos sabemos que não foi por acaso
que a Casa do Concelho localizou a sua
sede nesta zona da cidade de Lisboa, logo
nos primeiros tempos da sua existência.
Por isso, sem prejuízo das ideias que temos
para o futuro, deveremos sempre apoiar e
promover actividades conjuntas com a
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Telef.: 213 969 579
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1300 Lisboa
4
Junta de Freguesia de Santo Estêvão, cuja
colaboração com a nossa instituição também tem sido exemplar.
Assim, foi com a maior alegria e empenho que o Rancho Folclórico da Casa do
Concelho de Pampilhosa da Serra colaborou com esta autarquia na organização de
mais uma Festa do Folclore, que já vai na
sua 6.ª edição.
Participaram na festa, além do nosso
rancho, mais sete agrupamentos, com destaque para o Rancho Folclórico de Pampilhosa da Serra, o que desta forma possibilitou uma dupla e variada representação das
raízes musicais do nosso concelho, juntando também os pampilhosenses pela via da
cultura. Completaram o elenco o Rancho
da Casa do Concelho de Castro Daire, o
Grupo Etnográfico “Raízes de Sobral Gordo”, o Grupo Etnográfico da Cova da Piedade, o Grupo de Cavaquinhos “Os Portáteis”, o Grupo Coral Alentejano “Os Populares do Cacém” e o Rancho Folclórico e
Etnográfico do Cabeço de Montachique.
Depois da concentração junto à Casa do
Concelho e do desfile pelas principais ruas
do bairro, seguiu-se a actuação em palco
no Largo do Chafariz de Dentro, com a
apresentação do director e ensaiador do
nosso rancho, Luis Margarido, perante uma
assistência que encheu o recinto e que se
manteve até cerca das 20 horas. Foi uma
alegria ver o entusiasmo do público onde
era bem visível uma vibração especial com
as modas do folclore da nossa região.
O José Alexandre e a D. Lurdes não tiveram, mais uma vez, mãos a medir para preparar o lanche que foi servido aos elementos dos diversos grupos, nas instalações da
Casa, com a colaboração dos membros do
nosso rancho. Estão todos de parabéns, a
começar pelo Luís, que conseguiu mobilizar
a sua equipa e representar dignamente a
CCPS.
E desta vez ficamos por aqui, chamando
no entanto a atenção para três situações
importantes:
1.º – Obras na Sede:
Quando receberem esta notícia, muito
provavelmente a nossa sede voltará a estar
em obras, que desta vez não serão custeadas por nós, mas pelo proprietário do piso
superior (Sr. Helder Bataglia), dando seguimento a um acordo que já tem alguns anos
para o reforço do tecto do salão principal da
nossa Casa. Prevê-se que estas obras se
possam prolongar até perto do final do ano,
pelo que, até lá, todas as colectividades ou
associados poderão programar as suas
actividades nas Casas das Comarcas de
Arganil ou da Sertã ou na Casa do Concelho de Góis, em condições idênticas às que
teriam na nossa sede. Também a própria
CCPS terá que seguir esse exemplo, designadamente com os ensaios do rancho e
com a habitual sessão plenária do Conselho Regional.
2.º – Delegação em Pampilhosa da
Serra:
Depois da nova constituição da Delegação (Esmeralda, Ruas Mendes, Gonçalo
Barateiro, Luis Estevão e Luis Moreira Dias),
estamos a tratar da aquisição de equipamentos para a Delegação em Pampilhosa
da Serra. Solicitamos a todos os associados e filiadas que se queiram dirigir ao local
para irem contactando os nossos delegados, a Direcção ou a nossa sede para saberem mais informações. No próximo número, contamos poder apresentar mais novidades.
3.º – Eleições em Janeiro de 2009:
O mandato dos actuais corpos sociais
termina no próximo mês de Janeiro, pelo
que alertamos todos os associados e diri-
Anselmo Lopes
gentes de filiadas que estejam interessados
em se organizar, no sentido de apresentarem candidaturas ou sugerir nomes para
o efeito, o favor de o fazerem quanto antes.
Em nossa opinião, a Casa do Concelho de
Pampilhosa da Serra só terá a ganhar com
essas iniciativas, pois só uma dinâmica que
envolva pampilhosenses de diversas sensibilidades, competências e motivações
pode relançar o movimento regionalista
para fazer face aos novos desafios do
século XXI.
Saudações Pampilhosenses
CALCORREANDO PELAS ORIGENS Aristides Batista Victor
F
oi com agradável surpresa que tomei
contacto com o jornal “SERRAS DA
PAMPILHOSA” e, a partir daí, fiz questão de me tornar assinante. Na minha modesta opinião é, sem dúvida, um excelente
meio de divulgação do pulsar serrano, que
gravita um pouco por todo este nosso
universo telúrico.
A imperiosa azáfama de cada dia, transporta-nos para longe do mundo que nos é
caro, mas mais cedo ou mais tarde, movidos ou não por rasgos de nostalgia, acabamos por despertar para o que resta das nossas origens e para aquilo que nos é querido.
Infelizmente, em cada regresso, somos confrontados com uma progressiva degradação daquele mundo puro, já não somos
atraídos aos pequenos socalcos que há
muito deixaram de dar pão, agora repletos
de arbustos daninhos, mas ainda respiramos um sentimento de liberdade inquestionável. Pena é, que a ingratidão destes tempos vorazes não nos permita uma vivência
plena de permanente êxtase, para calcorrear os montes ledos, escutar os silêncios
originais, respirar o ar puro, contemplar as
maravilhosas paisagens e viver a tranquilidade serrana a par de alguma segurança.
Digo alguma, porque os actos de delinquência não são exclusivos dos meios urbanos,
também já começam a ensombrar os meios
rurais: residências, veículos, áreas de lazer e
naturalmente outros locais onde habita um
maior isolamento. Longe vão os tempos em
que nas nossas aldeias se podiam deixar as
portas abertas ou um automóvel na via pública sem as mínimas preocupações. Hoje,
mesmo com fechaduras de alta segurança,
por vezes nada está seguro.
Numa das últimas deslocações à freguesia da Pampilhosa, “tegúrio” onde ainda tenho raízes, retemperando energias que a
marcha imparável do tempo se vai encarre-
gando de consumir, fui confrontado com
uma situação de delinquência pouco habitual na nossa pacata serrania. Sinais destes
tempos modernos que não param de nos
surpreender, dirão alguns, crise económica
aliada à justiça branda que teima em dar
maiores garantias ao prevaricador, ignorando os legítimos direitos das vítima, dirão
outros. Ambos os pontos de vista são verdadeiros. Mas a tudo isto, acresce, talvez o
pior de todos os males: o efectivo sentimento de impunidade que grassa e corrompe
esta democracia. Como dizia o meu avô,
que aqui recordo com saudade, “a justiça
branda faz o povo rebelde”. Partindo desta
análise, conclui-se que tinha razão e os resultados ilustram bem a teoria que usava
com enlevo. É urgente separar o trigo do
joio. A segurança é um bem comum e sem
ela não há plena liberdade.
Noutros tempos, a segurança e a tranquilidade não eram preocupação. No entanto, a maioria dos jovens, onde me incluo,
para tentarem fugir à penúria que não parava de os molestar, deixaram a natureza rude
e agreste na busca de um mundo mais
próspero, com menor esforço e maiores ganhos, deixando assim as suas origens onde
agora apenas se arrastam corajosamente
os mais velhos. Longe da urbe agitada e por
vezes desumanizada, esperam um final
tranquilo nas suas portelas, depois de também eles terem desbravado outros caminhos, quiçá, revestidos também de incontáveis sacrifícios e norteados na esperança
de um regresso à origem.
Apesar de alguns sintomas que começam a ensombrar a pacatez do povo serrano, esperamos que, para bem de todos nós,
esses focos de instabilidade rapidamente se
esfumem e o sossego perdure por muitos e
longos anos.
O PAULO DO TALHO
De: João Paulo Ramos Simões
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Opinião
Actualidade
ALEGRIA REINOU NA FESTA
DE SOBRAL DE BAIXO
FESTA DE VALE SERRÃO UNE ALDEIA
Hélder Almeida
N
os dias 22 a 25 de Agosto tivemos
em Sobral de Baixo a nossa festa
em honra de Nossa Senhora da
Nazaré.
Foi uma festa com muita animação, na
qual tivemos como artistas no dia 22 os
Bota Vinhos, um grupo de Secarias (Arganil). No dia 23 foi a vez dos Bombos do
Sobral de Baixo no peditório. Pelas 10 horas realizou-se a missa e às 22 horas tivemos o imparável conjunto musical Lamiré,
da Malhada do Rei, que nos animou até de
madrugada.
No dia 23 realizou-se o tradicional almoço com a presença do vice-presidente da
Câmara Municipal de Pampilhosa da
Serra, Jorge Custódio, da Sr.ª Fernanda,
tesoureira da Junta de Freguesia de Pampilhosa da Serra, e cerca de 120 sobralenses e amigos, a par da agradável e sempre bem-vinda presença dos nossos
conterrâneos Aires Fernandes de Almeida,
seu irmão Jorge Fernandes de Almeida e
respectivas esposas. Estes senhores, por
motivos profissionais, estiveram na iminência de não poderem estar presentes, mas
como são pessoas que estimam e adoram
a aldeia que os viu nascer fizeram todos os
possíveis para estarem entre os seus conterrâneos e amigos, dando a esta Direcção
um enorme prazer e satisfação. Obrigado
pelo esforço que fizeram em terem desmarcado alguns compromissos importantes, para estarem presentes. Depois do almoço tivemos a presença dos acordeonistas Sónia e Michel Neves de Pedrógão
Grande e à noite a sempre agradável ac-
tuação do Rancho Folclórico de Pampilhosa da Serra.
Como já disse, esta foi uma festa muito
agradável, não só pelos artistas que tivemos, como principalmente pelo convívio
entre todos os sobralenses e amigos. É
sempre um prazer rever todos aqueles
amigos que, tal como esta Direcção, adoram esta pequena, mas bonita aldeia do
Sobral de Baixo.
Obrigado a todos aqueles que contribuíram com o seu esforço para que esta
festa fosse um êxito. As fotos demonstraram a alegria que houve nesta nossa aldeia
nos dias de festa.
CONCELHO JÁ TEM
ASSOCIAÇÃO DE PAIS
António Amaro Rosa
P
ampilhosa da Serra conta
finalmente com uma associação de pais. Denominada
Associação de Pais e Encarregados de Educação do Agrupamento Vertical Escalada de Pampilhosa da Serra, a mesma foi
constituída por escritura no dia 4
de Agosto.
De acordo com os seus estatutos
sociais (disponíveis gratuitamente
em http://publicacoes.mj.pt), a
recém-criada associação de pais
pampilhosenses tem como fins
contribuir para que pais e encarregados de educação possam
contribuir integralmente a sua
missão de educadores, contribuir
para o desenvolvimento equilibrado da personalidade do aluno
e propugnar por uma política de
ensino que respeite e promova os
valores fundamentais da pessoa
humana.
A Associação de Pais e Encarregados de Educação do
Agrupamento Vertical Escalada
de Pampilhosa da Serra está
sedeada nas instalações da
escola-sede, local, recorde-se,
onde há alguns meses atrás
decorreu um protesto que reclamava, entre outras medidas, a
legítima constituição da associação agora criada.
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587
794
590
947
129
585
619
515
886
105
Barata Lopes
A
festa anual de Vale Serrão ocorreu nos
dias 23 e 24 do mês de Agosto. Esta
festa, que faz parte das tradições desta
pequena aldeia, foi mais uma vez realizada
pela Direcção da União Progressiva de Vale
Serrão (UPVS), que em boa hora meteu mãos
à obra e voltou a reafirmar que a tradição que
a todos nos une e junta não se deve perder.
Embora com um orçamento reduzido, pois
os tempos não são de vacas gordas, a festa
para nós, Direcção, foi um sucesso. Foi bonito
de ver, como atestam as fotos, jovens e
menos jovens a divertirem-se cheios de
entusiasmo, em especial quando as modas
da nossa terra eram tocadas.
Podemos dizer, a título de comentário, que
foi com muito agrado que contribuímos para
a sua realização e com a resposta que
recebemos dos valserrenses ficamos com a
certeza de que o povo as quer. As tradições
são para manter e enquanto por aqui andarmos não as vamos deixar morrer. No próximo
ano pensamos poder abalançar-nos a realizar
uma festa de três dias. Queremos fazer cada
vez mais e melhor, não esquecendo, claro,
que as limitações orçamentais são grandes e
que só podemos ir até onde estas nos
permitirem.
No dia 23 tivemos a actuação do Rancho
Folclórico da Pampilhosa da Serra, já nossos
velhos conhecidos e que recebemos sempre
com muito carinho e entusiasmo. O recinto
estava cheio, vimos alegria nas pessoas, foi
muito gratificante para a Direcção a resposta
e as manifestações de carinho que
recebemos. Depois da actuação do rancho
ficou a “tocata” do rancho a actuar para que
as pessoas se divertissem e dançassem.
Houve também toque de concertina por
alguns locais que contribuíram para que este
dia fosse um sucesso. Aqui os nossos agradecimentos ao António Pereira mais
conhecido por “Tonho do Adelino” que
juntamente com um seu amigo encantaram
os presentes na difícil arte do toque da
concertina.
No dia 24 tivemos a actuação do conjunto
“Sons do Zêzere”, com o nosso amigo Joel a
mostrar que está em forma e preparado para
voos mais altos. Tivemos também os nossos
tocadores de guitarra portuguesa, muito do
agrado do nosso povo, em especial no “vira”,
“fado” e “baile mandado”. Alguns deles,
embora de saúde débil, surpreenderam-nos
com o seu entusiasmo e juventude, ficandonos a nós a pergunta: afinal onde estão os
jovens?
Ao Sr. António Garcia, que nos forneceu a
sua aparelhagem e demais artefactos ornamentais para as ruas e recinto, queremos
também agradecer pelo seu profissionalismo
e dedicação.
Integrado no programa das festas tivemos
também a honra de efectuar em conjunto
com a Câmara Municipal e Junta de Freguesia de Pampilhosa da Serra a inauguração
de dois melhoramentos que só foram
possíveis com o esforço conjunto das três
entidades e do povo de Vale Serrão que
quando foi chamado a colaborar não virou as
costas. O nosso bem-haja a todos os que
tornaram estas pequenas obras possível, que
embora pequenas são grandes em esforço,
dedicação e amor à nossa terra.
Foram inauguradas as placas toponímicas
das ruas de Vale Serrão pelo presidente da
Junta de Freguesia de Pampilhosa da Serra,
Sr. Albino Barata. Foi um momento de alguma
comoção, as palavras foram poucas, mas
sentidas e do coração, e quando assim é
naturalmente que, como seres humanos
sensíveis que somos, toca-nos fundo.
Procedeu-se também à inauguração da
dependência que construímos, na casa de
convívio, e que se destina a um pequeno escritório para a colectividade. Esta inauguração
foi feita pelo Sr. vereador João Alves em
representação do presidente da Câmara, que
por motivos pessoais não pôde estar
presente.
Por último, não queremos deixar de
agradecer à D. Graça Bação, que tem sido
nestas realizações uma colaboradora de alto
gabarito, alentejana de nascimento, mas
valserrense de coração e que nos surpreende
sempre com os seus poemas espontâneos e
cheios de sentimento. Temos aqui um António
Aleixo em Vale Serrão e desconhecíamos.
Não resistimos a transcrever o poema dito
durante a pequena confraternização que
fizemos na nossa casa de convívio, poema
este cheio de emoção, sentimento e sem
nenhuma intenção subjacente, que não a
provocada pela emoção de momento:
Vale Serrão é aldeia
Bem bonita é verdade
Mas o nosso presidente
Não lhe tem muita vontade
Agradeço ao Sr. Vereador
Pela sua amabilidade
Mesmo não nos conhecendo
Brindou-nos de boa vontade
Ao Sr. Albino quero dizer
Muito obrigado por tudo
Mesmo com pouca manobra
Dá sempre um jeito para tudo
Sinto que ele gosta
Também desta povoação
Mesmo não sendo daqui
Tem-na no seu coração
À nossa comissão
Eu digo muito obrigado
Tem trabalhado muito
E com bom resultado
É verdade que nem tudo são rosas
Pois existem as roseiras
Não fazemos tudo bem
Também fazemos asneiras
E com asneiras se aprende
A ter um povo contente
Eu digo muito obrigado
Aqui a toda esta gente
Pela parte que nos toca, o nosso muito
obrigado D. Graça, nós é que agradecemos a
sua disponibilidade, embora não sendo nativa
da nossa terra é um grande exemplo para
todos nós. Esperamos tê-la durante longos
anos a colaborar connosco. Quando as
pessoas fazem tudo isto desinteressadamente e por amor devemos ter, no mínimo,
uma palavra de reconhecimento e de carinho.
Nestas coisas do trabalho em prol da
comunidade, lembro-me sempre da máxima
do grande presidente americano J.F.
Kennedy: “não perguntes o que o teu país
pode fazer por ti, pergunta antes o que podes
fazer pelo teu país”.
E para fechar esta página, os nossos
agradecimentos ao Manuel do “Açor”, filho e
sua esposa Ilda que nos brindaram com uma
magnífica quermesse, trabalho da sua autoria
e que nos deixou agradavelmente surpreendidos, pois não estava nos nossos
planos. É precisamente isto que a Direcção
quer, as iniciativas têm de ser espontâneas e
livres, neste tipo de trabalho não pode haver
imposições, todas elas serão acarinhadas e
bem vindas. Bem-haja.
Deixo aqui um apelo sentido uma vez mais:
não deixem que as tradições morram. Um
povo sem tradições perde a sua identidade
própria e morre. Queremos e precisamos da
colaboração de todos vós. Só trabalhando
em equipa, poderemos levar a nau a bom
porto. A todos os que colaboraram para que
a festa fosse possível, queríamos agradecer e
dizer-lhes que contamos sempre com eles
para o melhor e para o pior. A todos vós o
nosso bem-haja.
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5
Actualidade
FESTAS DE CAMBA REPETEM ÊXITO
Carlos Simões
Direcção da LMFC
A
A
pesar dos tempos de crise que vivemos e do infortúnio do desaparecimento de alguns cambenses,
voltou a cumprir-se a tradição na “Princesa
do Alto Ceira”, com a realização nos dias 8,
9, 10 e 14 de Agosto, das Festas de Verão
Camba 2008, em honra e louvor a Santa
Eufêmea e Nossa Senhora de Fátima, e
ainda de uma festa e actividades da colectividade local.
Os festejos iniciaram-se na sexta-feira,
dia 8, pelas 11 horas, onde foi hora de rezar
o Terço na capela de Camba em honra e
louvor a Santa Eufêmea, sob a coordenação da conterrânea Aldina, seguindo-se
um leilão de oferendas no adro da capela.
Pela tarde, tiveram início as provas desportivas e os mais novos aproveitaram ainda
para se refrescarem no rio Ceira, nas águas
da piscina fluvial de Camba. Após o jantar
e o café na casa de convívio, o ponto de
animação foi a actuação do organista Sérgio Gonçalves, de Brejo de Baixo. Apesar
dos poucos dançarinos, o baile durou até
às tantas da manhã. Durante o bailarico
ouve lugar à “hora da loira” com uma hora
de “imperial” a preço reduzido e onde os
“técnicos da matéria” puderam mostrar os
seus dotes. O bar esteve sempre a funcionar com saborosas bifanas, entremeada,
cachorros e muita cerveja, entre outros.
No sábado, dia 9, pelas 15 horas foi celebrada missa em honra e louvor a Nossa
Senhora de Fátima pelo Sr. padre Prior, que
foi muito do agrado e devoção dos inúmeros cambenses e amigos que ali se deslocaram, ao que se seguiu o leilão de oferendas no adro da capela. Pela tarde realizaram-se as provas desportivas, continuando o ambiente festivo com confraternização entre todos os cambenses, que culminou com o grandioso arraial abrilhantado
pelo já famoso “Tiago Silva”, de Dornelas
do Zêzere. Foi do agrado de todos a sua
boa música, que durou até altas horas da
madrugada. Conforme o dia anterior, o bar
continuou bastante concorrido e com a
cambenses puderam saborear um delicioso caldo verde e um excelente bacalhau
assado na brasa, superiormente confeccionado e servido pelos cambenses que
deram uma grande colaboração, como foi
o caso do Filipe Gonçalves e irmã Olinda, a
Graça, a Isabel e outros, para além dos
membros da Direcção que serviram à mesa. Presidiu ao jantar o Sr. José Luís Nunes
Pereira, presidente da Assembleia-Geral
da colectividade, que se fazia acompanhar
na mesa por Mário Gonçalves, presidente
da delegação em Camba, por Carlos Simões, presidente da Direcção, por Hélder
Almeida, presidente da Liga Melhoramentos de Sobral de Baixo, por Fernando Pereira, da congénere de Ceiroco, e pelo Sr.
Morgado, de Malhada Chã.
Antes de se iniciar o jantar, o presidente
da mesa deu as boas vindas às cerca de
70 pessoas presentes, tendo logo após a
refeição Carlos Simões, presidente da Direcção, agradecido a presença de todos e
recordou os 53 anos de fundação e a obra
da colectividade desde a sua fundação.
Passou de seguida a referir-se à próxima
Assembleia-Geral, apelando para a presença de todos, especialmente para discutir o assunto da entrega da rede de abaste-
esplanada sempre cheia e a equipa do balcão sempre a aviar. Apesar de tempo fresco, a chuva não apareceu e a temperatura
até ficou agradável e proporcionou a que
na “hora da loira” o balcão do bar estivesse
repleto e o recinto bem composto.
No domingo, dia 10, foi o dia da festa da
Comissão Associativa de Melhoramentos
de Camba (CAMC), continuando as comemorações do 53.º aniversário da fundação
da colectividade. Durante o dia realizaramse os torneios de tiro ao alvo e de sueca e
pelas 17:30 horas entrou em Camba o Grupo de Bombos de Sobral de Baixo, que
deu uma volta à aldeia, terminando no recinto de festas. O som dos bombos e tambores ecoava por aquelas ruas, constituindo uma manifestação da cultura e tradições pampilhosenses, algo de novo para
quem vive na cidade. Pelas 20:30 horas iniciou-se um grande jantar convívio da
CAMC, no Recinto da Eira, onde muitos
cimento de águas à Câmara Municipal.
Agradeceu a colaboração dos voluntários
da cozinha pedindo uma salva de palmas.
O Sr. António ”da Partida”, de Sobral de
Baixo, pediu a palavra para rasgar forte
elogio à colectividade e destacar a grande
beleza da aldeia de Camba e da região do
Alto Ceira. Disse que os cambenses são
privilegiados por ter uma aldeia tão bonita,
pelo tudo devem fazer para a preservar e
disse sentir-se muito feliz por ter sido convidado a ali estar.
Usou da palavra José Luís Nunes Pereira, que teceu palavras de agradecimento a
todos os que ali estavam presentes, lamentando a ausência de alguns que poderiam ali estar. Referiu-se ao trabalho da Direcção com apreço e à capacidade de organizar eventos como aquele para juntar
as pessoas, focando também a importância da próxima Assembleia-Geral e ao problema da administração da rede de águas.
6
DESPORTO E MEMÓRIA HISTÓRICA
MARCAM VERAO CABRILENSE
Reforçou que a Direcção fará tudo o que
for possível pelo bem da aldeia, mas todos
têm o direito à sua opinião pelo que deveriam estar presentes no dia seguinte na
reunião magna da colectividade. Explicou
que na aldeia moram poucas pessoas e já
com alguma idade, que não têm já forças
para andar a subir e descer as encostas da
serra para efectuar a manutenção das nascentes, pelo que é urgente que se repense
esta situação.
Após a série de intervenções, foi tempo
de tomar café e arrumar o recinto, porque
logo a seguir iniciou-se a actuação de
Sérgio Gonçalves, teclista e vocalista, que
animou os presentes com a sua música,
fazendo com que rapidamente se formasse um grande bailarico. Paralelamente,
na zona do bar do recinto realizou-se um
grande torneio de jogo da moeda, que foi
bastante participado por grandes jogadores que dominam a arte de adivinhar as
moedas do adversário.
Com a participação de atletas de “palmo e meio”, realizou-se ao início da noite o
sempre animado jogo do saco, onde os
pequenotes deram o seu melhor em disputa renhida e divertida. De seguida, procedeu-se à entrega dos troféus relativos às
provas até aí realizadas e do Torneio de
Futsal Inter-aldeias, realizado durante o
fim-de-semana, no polidesportivo de Camba, com a participação das equipas de Covanca, Meãs e Camba. Venceu o torneio a
equipa da casa com duas vitórias, ficando
em 2.º lugar a Covanca e em 3.º as Meãs.
Na Segunda-Feira, dia 11, foi dia de
Assembleia-Geral e ocasião para descontrair, porque a noite anterior foi longa, mas
mesmo assim muitos ainda se juntaram no
recinto de festas para um lanche ajantarado.
Para o dia 14, quinta-feira, véspera de
feriado, estava já anunciada uma actividade inédita em Camba. Um desporto radical
ao qual se chamou “A Rota dos Túneis”.
Esta actividade, consistiu num passeio pedonal percorrendo a ligação subterrânea
desde a Barragem do Alto Ceira à Barragem de Santa Luzia (Malhada do Rei). Esta
ligação em túnel talhado na rocha, com
uma abertura em Ceiroco, tem uma extensão total de 6,945 km. Construído na década de 40, este túnel efectua o transvaze de
água da bacia do rio Ceira para a bacia do
rio Unhais, vindo a ser aproveitada na Barragem de Santa Luzia. Como nesta altura
do ano o túnel não transporta muita água
devido ao abaixamento do nível de água
na barragem, estavam reunidas as condições de segurança para esta aventura
subterrânea.
Pelas 9:30 horas estavam junto à entrada do túnel no Alto Ceira mais de 20 pessoas munidas de lanternas e de boa
disposição para enfrentar a escuridão. Alguns mais apreensivos outros mais deste-
Liga de Melhoramentos da Freguesia de Cabril (LMFC) promoveu
na segunda semana de Agosto a
20.ª edição da Semana Desportiva, evento
que tem como principal objectivo proporcionar a toda a população, em ambiente
descontraído, a prática de actividades
desportivas e de lazer.
Entre as várias modalidades propostas
salientaram-se, pelo número de participantes, as seguintes: Sueca (10 equipas), Damas (12), Dominó (10), Ténis de Mesa (18),
Futsal (4 equipas masculinas e duas femininas, num total de 36 participantes),
Passeio Pedestre (25) e Atletismo (56).
No torneio de Futsal conseguiu-se um
bom nível competitivo tendo vencido, na
vertente masculina, a Equipa CABRIL-A. A
final da competição feminina foi presenciada por uma assistência de mais de 200
pessoas que vibraram com o desempenho
das atletas tendo saído vencedora a
equipa “As Ribeirenses”.
Os 25 participantes do Passeio Pedestre
efectuaram um percurso muito pitoresco
que, do Cabril, os levou pelos Lameiros,
Serra de S. Domigos, Portelinho, Cuzamento do Vidual, Vidual de Baixo, Santa
Luzia, Vale Grande, Poio, Conhada e novamente Cabril.
No conjunto de todos os escalões das
provas de Atletismo, desde os infantis aos
veteranos, participaram 56 atletas. Na
prova aberta, na distância de 7 mil metros,
participaram 26 atletas sendo que os atletas representantes da Fornea, Relvas e
Amoreira, pelo seu bom desempenho desportivo, contribuíram para que se tivesse
atingido um elevado nível competitivo.
Para encerramento da 20.ª Semana
Desportiva foi organizado um jantar convívio, aberto a toda a população, no dia 16
de Agosto, pelas 19 horas. A ementa,
constituída por arroz de feijão (primorosamente preparado pelo trio Armindo Tavares, Carlos Nunes e Júlio Teodoro) e porco
assado no espeto, este da responsabilidade do Paulo do Talho, agradou aos mais de
250 participantes que não se cansaram de
manifestar a sua satisfação pela alta qualidade do repasto que lhes foi servido.
Durante o jantar foram entregues lembranças aos 170 participantes nas activi-
dades da Semana Desportiva e foram entregues troféus a cada um dos vencedores
das diversas modalidades.
A organização dum evento desta natureza e com a dimensão que atinge exige a
mobilização de recursos que não estão ao
alcance da Liga. Assim e porque a organização desta Semana Desportiva, nos moldes em que ocorreu, só foi possível graças
aos apoios recebidos, queremos aqui manifestar os nossos agradecimentos à Câmara Municipal da Pampilhosa, à Junta de
Freguesia de Cabril, à Caixa Geral de Depósitos, aos associados e amigos Maria
Adelaide, Vítor Custódio e Luís Gonçalves,
ao restaurante “O Petisco de Alvalade” e
ainda a todos os cabrilenses que anónima
e desinteressadamente colaboraram na
organização das actividades.
Área envolvente do Centro Social
Na área envolvente ao Centro Social a
LMFC promoveu, em Julho, a construção
de dois pequenos monumentos destinados a preservar a memória histórica e
cultural da freguesia.
Foi construído um pequeno monumento
alusivo à produção de azeite, utilizando
algumas das pedras centenárias do velho
lagar do Vale Pereiro, demolido na década
de 60 do século passado, aquando da
construção do novo lagar aos Alqueves. A
produção de azeite foi sempre uma actividade económica importante da freguesia
de Cabril e na qual tinha vantagens comparativas relativas às freguesias vizinhas.
Porque o Centro Social está construído
no local onde, no século XVII, foi construída
a primitiva igreja paroquial, da qual actualmente resta apenas a torre sineira, foi ali
construído agora um painel de azulejos reproduzindo a antiga igreja de modo a preservar a memória daquele templo. O painel
de azulejos foi desenhado pelo artista, de
raízes cabrilenses, Paulo Nogueira, que
desde há vários anos tem vindo a realizar
trabalhos neste domínio, com particular
destaque nos vitrais.
A realização destas obras só foi possível
porque o nosso associado, benemérito e
amigo, José Teodoro Martins, generosamente suportou os encargos financeiros
delas resultantes sendo, por isso, credor
dos nossos reconhecidos agradecimentos.
midos, todos avançaram rumo a Ceiroco
no primeiro troço, onde vê a luz do sol, e
depois rumo a Malhada do Rei no troço
final. Lá dentro no escuro via-se uma luz ao
fundo do túnel e a motivação para chegar
ao final era acrescida porque todos sabiam
que, entretanto, por estrada saiu de Camba a segunda equipa em viaturas transportando um apetecível petisco. Utilizando o
parque de merendas de Malhada do Rei,
junto à saída do túnel, todos se juntaram
para um excelente piquenique onde não
faltaram as sardinhas, as febras e entremeadas, tudo bem regado, não pela água
da barragem, mas pelo bom tinto para
aquecer, porque no túnel estava fresco.
Foi um dia diferente para todos os participantes, cambenses e amigos do Sobral
de Baixo e Trinhão que também nos acompanharam e, no final, todos pudemos ainda
desfrutar do recinto e piscina fluvial de
Malhada do Rei, gentilmente cedido pela
comissão de melhoramentos local, a quem
os cambenses agradecem.
Durante estes dias, houve muita alegria
e grande convívio onde mais uma vez a
Camba esteve no seu melhor. Em Agosto
de 2009 não faltes em Camba, porque a
festa promete.
CASA DO CONCELHO PAMPILHOSA DA SERRA
Entrevista
Diáspora Pampilhosense
FERNANDO ROSA FARINHA, UM ARTESÃO ALVERQUENSE
“O que eu gostava era de encontrar na nossa terra um espaço para se exporem
estas coisas e até outras. Mas actualmente a nossa terra está perdida no deserto…”
– “É um erro nós pararmos”, começa por referir o nosso entrevistado. E de facto, Fernando Farinha é um daqueles raros exemplos de constante actividade, não só em prol de si mesmo como também em benefício
das comunidades nas quais se tem inserido ao longo da sua vida: fundador de uma associação de portugueses na Alemanha, membro activo da Liga de Melhoramentos de Portela do Fojo e, actualmente, um
— António Amaro Rosa —
artesão alverquense cioso do seu anonimato, mas que gostaria de ver salvaguardado o seu espólio na sua freguesia natal.
Serras da Pampilhosa – Apesar de ser natural da aldeia do Vilar da Amoreira a sua vida
profissional começou e acabou muito longe
dali…
Fernando Farinha – Sim, quando acabei a
escola primária fui para Lisboa e por ali
fiquei durante algum tempo. Fui trabalhar,
como merceeiro, numa casa que pertencia
a pessoa de família, a minha madrinha de
baptismo que ainda hoje é viva. Estive em
casa dela até ir para a vida militar e nessa
altura prometeram dar-me sociedade e tive
sempre confiança de que quando eu viesse da tropa iria ser sócio, mas depois apresentaram-me condições que não me interessavam e eu acabei por desistir. Arranjei,
então, um trabalho na CUF Sanders onde
andei no duro, a carregar sacos de farinha.
Entretanto fui saltando de trabalho em trabalho. Havia lá uma pessoa nos serviços
sociais, que não era uma pessoa conhecida, mas que me deu também uma ajuda
muito boa. Assim fui para os serviços de
géneros alimentares. Havia por lá uns senhores que foram despedidos porque naquela altura não tinham mostrado honesti-
dade e eu fui ocupar o lugar deles, onde
fiquei como fiel de armazém algum tempo.
Tive então um conterrâneo, o Júlio Marques, que estava já na República Federal
da Alemanha há uns meses. Ele escreveume contando-me que estava muito bem na
Alemanha, que aquilo era muito bom e que
eu deveria seguir o caminho que ele tinha
seguido. E assim foi. Estávamos em 1965.
Cheguei lá, mas eu não estava habituado
àquele trabalho, um trabalho duro na metalomecânica, mais propriamente nos perfis
de alumínio. Comecei a adaptar-me e ali
fiquei durante 10 meses. Ao fim daqueles
meses vim de férias a Portugal, onde casei,
e no regresso à Alemanha fui para outra
secção onde melhorei a minha situação e
por lá fiquei durante 17 anos.
SP – Foi nessa altura que surgiu o gosto por
trabalhar a madeira ou esse passatempo
começou mais tarde?
FF – Não. Eu vinha a Portugal todos os
anos passar as férias e houve um ano em
que ao ter subido a uma figueira para apanhar figos caí e, infelizmente, caí mal, pois
CASA DO CONCELHO PAMPILHOSA DA SERRA
sofri uma fractura de vértebras. Fui para o
hospital de Coimbra onde fui operado, depois engessado e mais tarde colocaram
um aparelho. Ao voltar para a Alemanha
tive um problema com o seguro, pois não
me queria pagar alegando que eu era ainda
muito jovem e assim não me queriam dar
as regalias a que eu tinha direito. Mas eu
lutei em tribunal e eles acabaram por que
reformar. Durante essa luta fui várias vezes
internado porque na Alemanha, quando
uma pessoa é reformada, não é um médico vai decidir, são diversas juntas médicas
que vão dar a decisão. Estive então internado num hospital e foi nessa altura que eu
comecei a fazer pequenas coisas na oficina que por lá havia e a partir dali comecei
a ter um pouco mais de interesse. Houve
uma médica que viu o meu trabalho e deulhe tal apreço que fiquei assim um bocadinho vaidoso com o elogio. E foi esse o
começo.
Após a reforma acabei por regressar a
Portugal e vim para Alverca do Ribatejo em
1980, onde me estabeleci com um negócio
de sapatos e comecei a fazer umas coisi-
nhas para levar para a montra da loja e
juntar aos sapatos. As pessoas quando
viam os meus trabalhos em madeira diziam
para eu continuar e até tentar a pintura,
mas o tempo não dava para muito.
Reformei-me 1998 e entretanto deixei o
estabelecimento comercial por motivos de
idade e de saúde. Fiquei então com muito
mais tempo livre e para mim foi muito difícil
enfrentar essa situação, porque eu estava
habituado a trabalhar, a ter contactos com
as pessoas e, de repente, vi-me aqui isolado em casa sem nada ter para fazer. Foi
então que pensei que estes trabalhos em
madeira e em pedra seriam uma maneira
terapêutica de eu conseguir ocupar o
tempo. Ainda hoje penso que as pessoas
devem ter algo para fazer, mesmo com
estas idades. É um erro nós pararmos.
SP – Como define a sua arte?
FF – Eu aproveito a natureza e dou-lhes
alguns retoques. Aproveito muito os troncos. Quando vou à terra tudo me parece
que tem utilidade; se tivermos um bocadinho de imaginação e se quisermos, conse-
guimos sempre arranjar muita coisa sem
trabalho. Não é preciso ir à procura dos
materiais, por exemplo, quando me desloco à praia trago duas ou três pedras num
saco, pois para mim têm um certo valor.
Depois, com algum trabalho, acabam por
se tornar nestas pequenas coisas. Eu vou
fazendo as coisas à medida que vou tendo
a possibilidade de arranjar os materiais. Se
eu for à terra e trouxer três paus, já sei que
dali vai nascer qualquer coisa, mas se não
arranjar, também não vou à procura, por
exemplo, de sobras numa carpintaria. Voume servindo daquilo que vou encontrando.
Um dia destes eu ia pelo passeio fora,
encontrei umas raízes e fiz uma peça.
Tenho aqui uma pedra que trouxe debaixo
da Ponte da Amoreira, ali outra que trouxe
do rio de Góis e ainda outra que veio do
Algarve.
SP – Ao observar os seus trabalhos, parece
que a sua arte parece ter várias fases…
FF – De facto, comecei pelos rostos e
depois os motivos religiosos, mas ultimamente tenho feito bustos. Eu até já ofereci
algumas coisas para a casa mortuária de
Portela do Fojo, nomeadamente um crucifixo, onde não havia nada. Na minha aldeia,
na Amoreira, tenho lá uma casa com duas
‘lojas’ na qual estão vários artigos como
estes que aqui estão aqui em Alverca.
SP – O senhor faz todas estas obras, mas
depois elas ficam aqui guardadas na sua garagem particular. Porque não vende algumas?
FF – Eu não vendo as minhas obras. De
facto, já ofereci alguns trabalhos a algumas
pessoas e tenho dois trabalhos meus no
museu de Pampilhosa da Serra. Inclusivamente já me convidaram para a Feira de
Artesanato de Vila Franca de Xira que se
realiza todos os anos e eles até me davam
uma ajuda para essa mostra, mas eu não
estou para ter esse trabalho de tirar as coisas daqui e ir para a feira com isto quando
a intenção não é vender. Agora oferecer, já
tenho oferecido. Eu não tenho nenhum
problema com o vender, só que tenho uma
amizade às coisas e custa muito desprender-me delas. Por outro lado, não tenho
aquela necessidade de obter 10 ou 15
euros por uma determinada peça, porque
felizmente não tenho dificuldades financeiras e tenho o suficiente para poder viver.
Ainda há dias veio aqui um senhor e pediume para lhe vender uma peça. Eu não lhe
vendi, mas prometi-lhe fazer uma outra
igual.
SP – Já realizou alguma exposição?
FF – Olhe, há tempos estiveram aqui uns
senhores do Museu de Alverca do Ribatejo
que tiraram várias fotografias e ficaram de
me pedir algumas peças para levarem para
lá e fazerem uma exposição. Eu disse-lhes
que levassem o que quisessem. Aconselharam-me mesmo a fazer uma exposição,
mas eu penso que não teria interesse, porque só me daria mais trabalho. Eu penso
que as pessoas que fazem exposições têm
interesse em fazê-las para adquirirem nome e depois para venderem as peças. Mas
não é esse o meu caso: eu só faço isto por
uma questão de gosto e nada mais.
SP – Então, tirando as duas peças que estão
no Museu Municipal de Pampilhosa da Serra e
o crucifixo que está na casa mortuária de Portela do Fojo, como é que o cidadão comum pode apreciar os seus trabalhos?
FF – Bom, não existem outros locais. O
que eu gostava era de encontrar na nossa
terra um espaço para se exporem estas
coisas e até outras. Mas actualmente a
nossa terra está perdida no deserto…
SP – Mas já contactou formalmente a Junta
de Freguesia ou até a Liga de Melhoramentos
da Freguesia de Portela do Fojo propondo isso
mesmo?
FF – Não, não o fiz por razões pessoais.
SP – Tem confiança de que no futuro os seus
filhos vão preservar este seu espólio?
FF – Não, eles não ligam muito a isto.
Hoje eles não apreciam, o que não significa
que daqui a algum tempo eles não venham
a gostar.
SP – A criação artística a que dedica nesta
fase não é o único ponto de destaque na sua
vida, pois o Sr. Farinha também possui um currículo considerável em termos associativos.
Para além de ter feito parte da Liga de Melhoramentos da Freguesia de Portela do Fojo, chegou a fundar uma associação de portugueses
na Alemanha…
FF – Eu fui uma espécie de assistente
social na Alemanha para os emigrantes,
pois sabia falar e escrever alemão, aliás
ainda hoje correspondo-me com alemães.
Estive numa escola e depois fui para uma
firma onde evoluí um pouco mais, chegando mesmo a fazer a sua escrita. Eu recebia
telefonemas de Itália e outros países e fazia
as traduções. Cheguei a ser colaborador
da Caixa Geral de Depósitos na Alemanha
e fazia-lhes os contratos com os nossos
emigrantes. Naquela altura, em seis meses
enviei de lá um milhão e seiscentos mil
Marcos alemães. Por ser dos poucos que
falava alemão ia quase diariamente com os
portugueses ao médico, de tal maneira que
havia lá um médico que no seu consultório
tinha uma bata branca para ele e uma outra
para mim. Até mulheres eu lá levava e elas,
coitadas, tinham algum pudor.
De facto, fui um dos fundadores e presidente do Centro Cultural Português de
Ludenscheid, uma associação composta
por cerca de 250 portugueses daquela
cidade alemã. Fazíamos festas e tínhamos
um grupo musical, pois havia uma casa
apropriada para isso. Os portugueses eram
ali mais amigos do que as pessoas daqui,
convivíamos mais e eram mais unidos. A
união era mais forte, havia uma amizade
maior e além disso as pessoas também
não tinham para onde ir. Os alemães não
conviviam muito com os portugueses e a
alimentação deles era muito diferente da
nossa, por isso a gente nunca alinhava
muito em ir com eles para uma cervejaria
ou para um restaurante. Cheguei a ser
presidente do Centro Português e durante
esse tempo nunca tive dissabores. Logo
no início da actividade falava-se na necessidade de termos uma televisão. Pensouse então em fazer uma subscrição para
adquirir um aparelho. Ora, passado uma
hora eu já tinha o dinheiro suficiente para ir
comprar uma televisão. Tive muito apoio e
tudo correu sempre bem, aliás tenho guardadas várias cartas e notícias de jornais
que falam de mim. Só tive louvores e ainda
hoje está lá uma grande fotografia minha
no Centro Cultural Português de Ludenscheid, passados todos estes anos.
PERFIL
F
ernando Rosa Farinha nasceu a
12 de Novembro de 1939 no
antigo Vilar da Amoreira (freguesia de Portela do Fojo), uma aldeia
hoje sepultada nas águas da albufeira
gerada pela Barragem do Cabril. É
filho de Felisberto Lopes Farinha, um
reputado sapateiro local, e de Zulmira
de Jesus Rosa. Concluiu o ensino primário na aldeia de Amoreira Cimeira.
Foi fundador e presidente do Centro Cultural Português de Ludenscheid (Westfalen, Alemanha). Em termos regionalistas, integrou por diversas vezes os corpos sociais da Liga
de Melhoramentos da Freguesia de
Portela do Fojo e fez parte de algumas comissões de festas em honra
de Nossa Senhora da Paz, padroeira
da freguesia.
Após o regresso a Portugal e a
passagem à reforma, tornou-se um
artesão, realizando diversos trabalhos em pedra, mas sobretudo em
madeira. Apesar de não ter realizado
quaisquer exposições, a qualidade
dos seus trabalhos tem ultrapassado
o anonimato a que elas se encontram
actualmente votadas numa garagem
na cidade de Alverca do Ribatejo, nos
subúrbios de Lisboa. Prova disso são
as reportagens de que foi objecto nos
jornais “Vida Ribatejana” (edição de
2002-12-11) e “Despertar” (edição de
Maio de 2001), para além dos vários
convites que já recebeu para feiras de
artesanato e exposições.
7
Entrevista
JOSÉ ALBERTO PACHECO BRITO DIAS
“Aqueles que pensam que os gastos nestas festas foram uma despesa podem ter a
certeza que são um investimento, porque em primeiro lugar divulgamos o nosso
concelho e em segundo lugar fica retorno”
2008 será sem sombra de dúvida um ano importante para o concelho de Pampilhosa da Serra. Com as comemorações dos 700 anos da vila assistiu-se a um desfiar de actividades e
iniciativas como nunca se tinha assistido, mas foi também o ano em que os pampilhosenses ficaram a saber que, mais uma vez, o Poder Central pouco pensa nas terras do Interior. Basta
para tanto observar com atenção a concessão do Pinhal Interior. Foi pensando Pampilhosa da Serra à luz desta realidade que ouvimos o senhor presidente da Câmara Municipal, José
Alberto Pacheco Brito Dias. Pretendemos com esta entrevista auscultar quem, por inerência do cargo que ocupa, melhor pode informar todos os que de uma ou outra forma se preocupam
— Luís Gonçalves —
com as serras da Pampilhosa.
Serras da Pampilhosa – 2008, o ano das
Comemorações Oficiais dos 700 anos de História da Vila de Pampilhosa da Serra, tem
sido, no nosso entender, um ano de profunda
alteração na dinâmica do concelho e é
certamente um ano de muito trabalho. Como
se chegou até aqui?
José Brito – Na verdade 2008 foi um ano
muito importante para o nosso concelho
porque comemorar 700 anos deve ficar
devidamente registado e nesse sentido o
Município fez um grande esforço para, ao
longo de todo o ano, promover uma série
de eventos que registassem as comemorações. Teve dois pontos altos, que foram
a comemoração do nosso feriado
municipal, no dia 10 de Abril, e a Feira de
Artesanato e Gastronomia, coincidente
com as Festas do Concelho no chamado
15 de Agosto. Chegámos a estas comemorações com muito trabalho e envolvimento de muita gente a dar o seu melhor
em prol do desenvolvimento do nosso
concelho durante estes 700 anos e
também ainda com muitos problemas por
resolver.
SP – Quais as dificuldades inerentes à realização de um programa tão vasto e diversificado?
JB – Este programa muito diversificado
tem actividades ao longo de todos os meses. Realçava algumas delas: as exposições das freguesias em que cada uma
tem o seu mês na Pampilhosa, para expor
aquilo que de mais característico tem; e o
facto de ter-mos levado o teatro a cada
uma das sedes de freguesia e continuarmos a ter no final de cada mês uma peça
de teatro aqui na Pampilhosa. Todas estas
actividades foram baseadas no envolvimento geral de todas as pessoas porque
entendemos que isso é fundamental para
que as iniciativas tenham sucesso. Tentámos envolver toda a gente. As exposições
das freguesias têm demonstrado esse
envolvimento. Como já presenciou na
abertura de cada exposição, vem quase a
freguesia inteira à vila. É muito importante
porque assim consegue motivar-se toda a
população no sentido de darem o seu melhor na exposição que apresentam.
Nestas actividades temos a colaboração
das pessoas e dessa forma conseguimos
eventos a baixo custo. Mesmo as peças
de teatro, muitas delas são gratuitas. O
8
Município paga apenas os transportes e a
alimentação. A maior parte são feitas por
grupos amadores, diria mesmo quase na
totalidade, e se por um lado promovemos
quem precisa de ser promovido e mostrar
o seu trabalho, por outro permite-nos
fazer muito trabalho com pouco dinheiro.
Para além disso, em todos estes eventos,
conseguimos envolver outras associações que podem dar o seu contributo
nas diversas iniciativas consoante o
âmbito das mesmas. Foi possível chegar
a um programa destes sem esquecer que
somos um concelho com dificuldades e
por isso a necessidade de promover
iniciativas à nossa dimensão. Procurámos
apenas que as festas da vila tivessem
mais gente e fossem um marco importante na vida dos pampilhosenses.
Fizemos algum investimento, superior ao
habitual, mas que está devidamente
compensado naquilo que ficou na
Pampilhosa. Quando se pensa num investimento deste género, temos que pensar
sempre no que é que fica, qual é o
retorno. Ficou alguma coisa no concelho?
Claro que sim e isso é para mim muito
importante. Ver na Pampilhosa, 15 ou 20
mil pessoas, ver que todos os estabelecimentos comerciais superlotaram, venderam bem e alguns esgotaram. Foi gratificante. Quanto a mim a Pampilhosa da
Serra ganhou em todos os aspectos.
SP – Mas já ouvimos dizer que por essa
altura na vila alguns restaurantes estariam encerrados e a Pampilhosa teria poucas condições para servir uma refeição decente. Isso é
verdade ou são apenas especulações de
algumas pessoas menos bem informadas?
JB – Eu penso que isso é mentira, pois
as informações que tenho é de que os
restaurantes estiveram abertos. Havia
inclusive alguns compromissos para
prestar apoio aos vários grupos e isso
decorreu normalmente. O que se verificou
é que as pessoas eram, felizmente, tantas
que grande parte deles não conseguiu dar
resposta suficiente. Mas como complemento existiam as tasquinhas na nossa
feira de gastronomia. Foram uma boa
alternativa, não só na divulgação da nossa
boa gastronomia, como também na
possibilidade de fazer com que o dinheiro
ficasse aqui no nosso concelho. Optámos
para o sector da gastronomia e das
bebidas, não permitir que se instalassem
pessoas de fora. Isto é, era fundamental
que o dinheiro ficasse no concelho. Só
permitiríamos a vinda de comerciantes
externos caso não houvesse interesse por
parte dos nossos.
SP – E os locais responderam positivamente?
JB – Os locais responderam muito bem
a este chamamento. Perceberam qual era
a intenção do Município. A meu ver, descuraram um aspecto: não calcularam a dimensão da enchente no dia 15 de Agosto,
apesar de terem sido alertados pela Câmara que iria haver um movimento
enorme à volta das Marchas e que o Tony
Carreira, por ser da terra e por estar no
auge da sua carreira, movimentaria muita
gente, mesmo multidões. Nesse dia
tivemos entre 15 e 20 mil pessoas aqui na
vila, o que de facto é excepcional.
Portanto aqueles que pensam que os
gastos nestas festas foram uma despesa,
podem ter a certeza que foram um
investimento, porque em primeiro lugar
divulgámos o nosso concelho e em
segundo lugar ficou um retorno superior
ao investimento efectuado. Os nossos
comerciantes bem precisam destas
alavancas, para enfrentarem aquelas
fases do ano em que o comércio está
mais parado. O Município tem também
esta função, que é promover estas
iniciativas e fazer com que os nossos
comerciantes aproveitem.
SP – Em termos de planeamento estamos
praticamente no fim do ano. Supomos que os
próximos eventos estarão já programados. E
para o ano que vem, será de esperar continuidade nesta dinâmica de realizações?
JB – No caso das iniciativas culturais e
desportivas, estas podem não ter a
mesma intensidade, mas são para
continuar. Nesse aspecto há que manter
aquilo que tem sucesso, aquilo que de
alguma forma estava, não digo esquecido, mas com uma dinâmica inferior ao
que devia. Queremos manter algumas e
porventura promover outras. Até porque
já fizemos algumas, como é o caso das
primeiras Jornadas da História Local e as
primeiras pressupõem sempre umas
segundas e umas terceiras. Foi uma
iniciativa muito importante, pois permitiu a
muita gente conhecer coisas que nem
sequer imaginavam acerca do nosso
concelho e das nossas raízes. Há uma
série de iniciativas que têm que continuar.
O teatro, por exemplo é fundamental que
se mantenha na vila.
SP – Mas o teatro não tem raízes na nossa
cultura. Como vai captar o interesse? Por
exemplo, como reagem as pessoas da vila ao
teatro? Umas das poucas peças a que tivemos
oportunidade de assistir era uma peça excelente e estavam meia dúzia de pessoas na plateia. Pelo que sabemos, nas iniciativas que
envolvem as gentes das aldeias não é assim,
há uma enorme adesão. Que comentário lhe
merece esta questão?
JB – Realmente verificámos que por ve-
zes as pessoas de vila não aderem da forma que pretendíamos. Nalgumas
ocasiões as pessoas alheiam-se um
pouco do que se passa à sua volta e
muitas vezes nem sequer aproveitam
aquilo que podem e têm de bom na sua
terra. Mas verificou-se uma atitude que
quero realçar: o facto de nalguns casos na
plateia vermos pouca gente pode parecer
desanimador e desmotivador, mas no
nosso caso isso não tem acontecido. O
que temos feito é persistir e insistir nestas
iniciativas, fazendo ver às pessoas que
elas são importantes e que só têm a
ganhar se estiverem presentes. O que eu
verifico é que, a pouco e pouco, as
pessoas vão aderindo cada vez mais
também aqui na vila. Veja-se o caso de
sucesso que foi o concurso “Vila Florida”.
Aquilo que referiu relativamente ao teatro
em cada freguesia foi um facto. Não há
dúvida nenhuma que levar o teatro a cada
freguesia foi um sucesso. O engraçado é
que íamos contando as pessoas e, de
freguesia para freguesia, tínhamos cada
vez mais gente. Se havia 100 pessoas
numa delas, na seguinte tínhamos 120, e
noutras 140 ou mesmo 150. Isso pode
levar-nos também a levar o teatro às freguesias, sem deixar de ter na vila uma vez
por mês uma peça de teatro. Há apenas
um senão: algumas sedes de freguesia
ainda não têm as condições ideais para
que possamos ter uma peça de teatro
com os requisitos que normalmente são
necessários para que ela seja possível,
embora os actores que vêm fazer essas
peças, muitas das vezes amadores, são
extremamente eficazes, adaptando-se
facilmente às condições que têm. Nesse
aspecto são incansáveis e fazem com que
tudo corra bem dentro daquilo que têm. A
presença aqui na vila de tanta gente das
aldeias aquando das exposições de cada
freguesia foi coisa que não se verificou
tanto na exposição da freguesia da
Pampilhosa. Eu tenho dificuldade em
explicar por que é que isso acontece, mas
o que é facto é que isso é verdade. As
pessoas aqui da vila alheiam-se um
pouco desse tipo de coisas, enquanto
que das outras freguesias agarram estas
iniciativas com mais força, provavelmente
porque não têm tantas oportunidades.
SP – No novo plano de estradas para a Zona
do Pinhal Interior ficamos com a sensação de
que Pampilhosa da Serra continua num autêntico “buraco geográfico”. Qual a posição da
Câmara Municipal face a esta realidade que
teima em não mudar?
JB – Nesse aspecto, o nosso concelho
que tem tantas potencialidades para
inverter este ciclo precisa de ter aqui uma
grande acessibilidade e eu manifestei isso
mesmo ao Sr. Secretário de Estado das
Obras Públicas. Não só eu, mas todos os
presidentes que fazem parte da Comunidade Intermunicipal do Pinhal que
inclusivamente deram como prioritário a
abertura de uma grande via que atravesse
este território ligando o IC8 ao futuro IC31,
que vem de Monfortinho ligar à A23. É
importante verificar, e o nosso país tem
que entender, que sendo a Figueira da Foz
o porto de mar mais próximo de Madrid,
criar-lhe uma boa acessibilidade é
fundamental, não só para esta região
como também para o país. De facto,
Madrid já tem auto-estrada até Monfortinho, o IC31 é já uma realidade, pois a
obra está prestes a ser lançada. Falta
fazer a ligação, cujo traçado mais curto
será pelo Vale do Zêzere, beneficiando a
parte Sul do Fundão, o lado Norte de
Castelo Branco, Pampilhosa da Serra e
Oleiros e todos os outros municípios que
nesta linha iriam beneficiar deste eixo,
fundamental para esta região e também
para o país. Foi prometido pelo Sr.
Secretário de Estado que iria fazer os
respectivos estudos, porque entendeu
perfeitamente o que está em causa com a
construção desta grande via. Como nós
sabemos, é uma obra que terá custos
elevados, mas o concelho de Pampilhosa
da Serra faz parte do todo nacional e para
progredir, para se desenvolver, precisa de
uma grande via. Como tenho dito várias
vezes, o nosso país não é assim tão
grande para que os nossos governantes
se possam dar ao luxo de desperdiçar
território. Das duas uma: ou apostam
nesta região, pois temos aqui uma ilha
sem acessibilidades e potenciam as
riquezas que temos, ou então o progresso
deste nosso território torna-se mais difícil
de atingir. O que eu costumo dizer é que
temos de continuar a lutar e não baixar os
braços. Essa é a nossa obrigação. Não
podemos dizer que tudo vai morrer, que é
o “concelho dos incêndios” e que já
estamos condenados. Não podemos ser
os profetas da desgraça, temos que ter
esperança no futuro. Eu tenho.
SP – Mas que melhorias estão previstas
para Pampilhosa da Serra?
JB – O que ficou previsto em termos de
concessão foi a melhoria da N2 entre a
Portela do Vento e a Portela de Góis e o
encaixe na futura N342, Lousã, Góis, Arganil, que ligará ao IC3 em Miranda do
Corvo. Essa que é uma grande via à qual
teremos acesso directo vai ser porventura
uma alternativa à chamada Estrada da
Beira (EN17). Depois dessas ligações
feitas chegaremos com maior rapidez a
Coimbra através do IC3. Consegui aqui na
Pampilhosa, durante o anúncio da concessão, a rectificação entre Pampilhosa
da Serra e o cruzamento de Maria Gomes,
depois de já o ter exposto em Lisboa e
não ter sido atendido, porque eu sempre
pedi também a rectificação da N344 entre
Pedrógão Grande e Pampilhosa da Serra,
SP – Podemos então depreender que a
Câmara Municipal de Pampilhosa da Serra
não está conformada com a situação actual?
JB – Eu não me conformo, já o disse
várias vezes. Estas melhorias, tenho de
reconhecer, são importantes, mas não
são aquilo que a Pampilhosa precisa. Nós
não podemos pensar só na Pampilhosa.
CASA DO CONCELHO PAMPILHOSA DA SERRA
Entrevista
PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE PAMPILHOSA DA SERRA
“O Município está a equacionar apoiar os proprietários
no levantamento cadastral”
Este investimento tem que ser pensado
tendo em conta o que toda esta região
precisa. É um investimento necessário
para desenvolver toda esta região do
Pinhal. Não é só importante para a região
do Pinhal Interior Norte, mas também para
a região do Pinhal Interior Sul, pois irá
potenciar todos os recursos que temos
neste território, atrair mais empresários e
consequentemente criar mais postos de
trabalho. Nesse aspecto as acessibilidades são fundamentais para incrementar o
investimento que possa criar postos de
trabalho e fixar pessoas.
SP – A floresta foi recentemente alvo de
atenção especial aquando da promoção do
concelho na Feira Comercial e Industrial de
Coimbra e na Feira Internacional de Artesanato de Lisboa. No entanto, não assistimos
no terreno a mudanças significativas tendentes a debelar o resultado da tragédia de
2005. O que pensa deste assunto e o que
podem os visitantes e pampilhosenses
encontrar de novo no terreno?
JB – A floresta é um sector fundamental
do nosso concelho que está muito ligado
a todas as outras potencialidades que nós
temos. Por exemplo, não é possível
pensar em turismo sem floresta. A floresta
é importante por si própria, pela riqueza
que gera e também pelo facto de
potenciar outras actividades. Após os
incêndios de 2005 gerou-se uma grande
expectativa pelo que nos foi prometido na
altura. A ideia era que este território
tivesse um tratamento adequado no
sentido de se evitarem situações idênticas. Desde logo pensámos que o
ordenamento iria ser uma realidade, que
as infra-estruturas de defesa iriam ser
feitas e que tudo iria funcionar de forma
diferente. O facto é que, por parte da
Administração Central, a única resposta
quanto a planeamento foram as
chamadas Zonas de Intervenção Florestal
(ZIF). Essas ZIF foram muito divulgadas
pelo Município, nomeadamente em
acções de sensibilização em cada uma
das freguesias, e uma na Casa do
Concelho de Pampilhosa da Serra, em
Lisboa, numa acção para os pampilhosenses residentes na capital. A ideia
foi dizer-lhes o que era este instrumento e
quais eram as condições que existiam
para que fosse possível criar estas ZIF.
Andámos pelas freguesias todas divulgando e anunciando que era a única
resposta a que os proprietários deviam
aderir. Nessa informação foi anunciado
que iriam ser criadas equipas técnicas
que estudariam os terrenos, quais os tipos
de árvores que eram adequadas a cada
local e com isso gerariam maior riqueza
aproveitando desta forma o território
vasto do nosso concelho. Foi explicado
como funcionava, que cada pessoa
entrava com o seu terreno e que no final a
percentagem na distribuição dos lucros
era feita de acordo com a proporção do
que cada um detinha. Mas as pessoas
são muito ávidas do que é seu e como
não gostam de ver outros a gerir o que é
deles no final o que se verificou foi falta de
adesão. Houve de facto muito pouca
adesão, estando apenas em curso a
formação de uma ou duas ZIF.
SP – O modelo proposto não estaria errado
para o território pampilhosense? Não seriam
demasiados hectares e demasiados proprietários?
CASA DO CONCELHO PAMPILHOSA DA SERRA
JB – Esse modelo era o possível, tendo
em conta o custo da equipa técnica. Isto
é, a ZIF pressupunha à partida uma
grande área para ser rentável.
SP – Mesmo em Pampilhosa da Serra?
JB – Mesmo em Pampilhosa da Serra –
e nós que temos aqui 400 Km2 – tínhamos
hipótese de criar muitas ZIF. É evidente
que criando áreas tão grandes e exigindo
tão grande número de proprietários
dificulta muito mais as tarefas. Perante
tais dificuldades, o Município tomou a
decisão no Executivo no sentido de
licenciar os pedidos de reflorestação com
algumas condições de defesa, designadamente a densidade de árvores junto
aos caminhos ser muito menor e o
afastamento relativamente a esses
caminhos serem uma realidade. Em
suma, uma série de obrigações que as
pessoas têm que cumprir de forma a
aumentar a defesa contra incêndios.
SP – Nessas obrigações entravam também
as espécies a plantar?
JB – Também, como é evidente. Nos
vales, nas zonas mais húmidas a obrigatoriedade de plantar folhosas, já que
sabemos que estas espécies funcionam
quase como aceiros naturais. Há, no
entanto, licenciamentos em que o
Município não intervém. Dependem da
circuncisão florestal. As plantações que
têm mais que 50 hectares não têm
qualquer licenciamento por parte do
Município. A par de tudo isto, devo dizer
que continuamos com duas niveladoras
nos caminhos florestais e promovemos
algumas iniciativas que vão impedir que
alguns fogos se transformem em
incêndios. Com as equipas de primeira
intervenção, com as equipas dos bombeiros, com os GIPS da GNR, com os sapadores florestais, com as viaturas das empresas que têm interesses aqui na
floresta, com a oferta de viaturas às
Juntas de Freguesia como complemento
do kit de intervenção rápida entregue pela
Administração Central e com o
helicóptero aqui sedeado conseguimos
criar uma rede de vigilância e intervenção
rápida muito apertada e eficaz.
SP – Espera com isto eliminar a possibilidade de incêndios?
JB – Vamos com certeza eliminar alguns
fogos, já o conseguimos este ano.
SP – Este ano, pelo que temos conhecimento, todos. Estamos certos?
JB – É evidente que as temperaturas
não foram muito elevadas no mês de
Agosto. O S. Pedro tem de alguma forma
colaborado este ano. Os problemas que
tivemos foram extintos imediatamente
após o seu início, isto porque são
detectados com rapidez e toda esta gente
conjugada através do nosso gabinete de
defesa da floresta, em que cada um tem o
seu ponto de vigilância, conseguimos
criar uma rede apertadíssima. Por outro
lado, esta vigilância tem outro efeito.
Todos sabemos que muitos dos incêndios
têm origem criminosa, têm a mão de
malfeitores. Penso que o facto de saberem que temos no terreno uma vigilância
apertada tem um efeito dissuasor. Há
outro aspecto importante: após os incêndios de 2003, que afectaram a zona do
Machio e da Portela do Fojo, o concelho
de Pampilhosa da Serra foi indicado
como concelho piloto para a criação das
redes primárias. Isto é, são definidas as
vias principais, ou seja, os locais mais
apropriados para conseguirmos fazer a
extinção de um incêndio. Geralmente são
vias que se desenvolvem ao longo das
estradas de maior dimensão e onde vão
ser implementadas já este ano. Já foi feita
uma parte, junto à estrada N112, esta no
âmbito do programa AGRIS, onde a
candidatura teve a sua acção principal na
zona da freguesia de Pessegueiro. Mas
esse trabalho vai ser agora complementado pela Direcção-Geral dos
Recursos Florestais com a feitura destas
redes primárias de defesa. O resultado
final será a existência de grandes linhas
de contenção, grandes linhas que vão ser
limpas, de forma a permitirem a extinção
de incêndios com maior facilidade.
SP – Acredita que em 2005 tudo teria sido
diferente se essa linha de contenção estivesse
já a funcionar?
JB – Acredito plenamente e gostaria de
dizer o seguinte: eu vivi intensamente
esse problema, pois na altura era
comandante dos Bombeiros Voluntários
de Pampilhosa da Serra. Como é sabido,
tive que abandonar por causa do acidente
que sofri e vi acontecer o que nunca mais
pode acontecer. O incêndio era tão
extenso, com fogo em todo o lado, que a
determinada altura, os bombeiros já só
defendiam as populações. As frentes de
fogo andavam quase “à vontade”. Com a
mudança constante dos ventos
anormalmente fortes e temperaturas
elevadíssimas era uma coisa louca, nunca
ninguém tinha visto tal. A conclusão que
podemos tirar é que os aceiros por si só
não bastam. Acredito que a resolução de
muitos problemas passa concerteza por
esta vigilância, uma primeira intervenção
muito rápida e pela rede primária que vai
ser implementada.
SP – E em termos de futuro, o que se pode
esperar em termos de futuro para a floresta?
JB – O futuro da floresta, tendo em
conta que as pessoas não aderiram às
ZIF, depende um pouco das iniciativas
privadas. Aqui há um papel que é
fundamental e que o Município está a
equacionar: apoiar os proprietários no
levantamento cadastral. Será importantíssimo para o futuro, não só para aqueles
que são proprietários e muitas vezes nem
sequer sabem onde ficam as “extremas”
dos seus terrenos, mas também por
questões de ordenamento. Estamos a
pensar seriamente no assunto. A nossa
associação florestal, bem como o
Município, estão munidos de GPS. Vamos
tentar que os proprietários também participem neste trabalho, pois é importantíssimo para eles. Outro aspecto importante é o facto da floresta no futuro ter
cada vez mais valor. Não nos podemos
esquecer que as quotas de dióxido de
carbono que as empresas vão ter
necessidade de adquirir para que possam
continuar a laborar têm de ser compensadas por este território florestado. A
floresta vai ser uma mais-valia para além
do valor que encerra em si. Dentro de
poucos anos vai ter um rendimento
acrescido para os seus proprietários.
SP – Acredita que no futuro o rendimento
obtido com a venda das quotas de dióxido de
carbono será minimamente aplicado nos
territórios florestados?
JB – Acredito nessa necessidade. Os
proprietários de grande dimensão já
perceberam isso. Têm que plantar cada
vez mais. O que se verifica actualmente é
que há muitas empresas a comprar e a
alugar terrenos, para fazerem as
plantações e assim retirarem, para além
do rendimento esperado, também esta
possibilidade que é a de negociar as
cotas das emissões. Aqui os proprietários
particulares estão um pouco desmotivados na reflorestação, porque de facto
aquilo que verificam é que o nosso
concelho tem sido vítima constante de
incêndios e por vezes vêm o seu investimento arder. Isto tem sido desmotivador.
O que é importante referir é que está a
haver uma atenção cada vez maior na
defesa da nossa floresta e que os
proprietários têm de continuar a acreditar.
Nós, enquanto Município, ajudaremos
dentro do que for possível uma vez que
não podemos interferir no que é particular.
Temos, sim, uma obrigação: criar condições e motivar as pessoas. Isso nós
tentamos fazer não só com a ajuda do
nosso gabinete florestal, mas também das
nossas máquinas que estão constantemente na floresta a abrir e limpar
estradas e aceiros durante todo o ano.
SP – Gostaríamos agora de dar uma pequena volta pelo concelho. Começava desde logo
pelo projecto-âncora da Portela de Unhais, a
fábrica de briquets. Que novidades nos pode
dar quanto a este importante projecto empresarial?
JB – O projecto anunciado e divulgado
para a Portela de Unhais está a provocar
muitas preocupações a mim e a todo o
Executivo. De facto, a PineWells, foi
recentemente adquirida pela Visabeira na
maioria do seu capital e esta empresa
começou imediatamente a lançar muitas
reticências quanto à localização deste
investimento. Visto ser necessário
trabalhar também com serradura e estilha,
o vento e o afastamento a boas
acessibilidades foram as principais
dificuldades apresentadas. Perante este
cenário, imediatamente foi indicado outro
local, na zona de Portela do Fojo, que
pudesse dar resposta a estes problemas
técnicos, indicados como impeditivos da
localização anteriormente apontada. Não
tenho ainda qualquer resposta formal relativamente à decisão final da Visabeira,
mas estou muito céptico quanto à
instalação desta empresa e vou desde já
manifestar na próxima assembleia
municipal esta preocupação e todas as
diligências que entretanto fiz junto do Sr.
Governador Civil, do IAPMEI, da Visabeira
e da Caixa Geral de Depósitos, no sentido
de que este investimento se concretize no
nosso Concelho.
SP – Nesta nossa viagem pela actualidade
do concelho não podia de forma alguma
deixar escapar a oportunidade para falar num
projecto que a nosso ver é emblemático.
Estamos a falar do novo Centro Escolar de
Dornelas do Zêzere. Houve algum estudo
prévio? Que razões levaram à aposta naquela
freguesia?
JB – O Centro Escolar de Dornelas do
Zêzere está previsto na nossa Carta Educativa. A propósito deste Centro Educativo gostaria de dizer-lhe o seguinte:
acredito que a educação e a formação
são fundamentais para o bem-estar e o
progresso do nosso concelho. Nesse
sentido, temos de apostar cada vez mais
neste sector. Elaborámos a Carta
Educativa de acordo com aquilo que a lei
previa e de acordo com aquilo que eram
as nossas necessidades. Foram ouvidas
todas as pessoas que estão ligadas a este
sector que têm conhecimento da matéria
e assim se concluiu da necessidade de
construção do centro educativo nesta
localidade. Mas a principal razão foi que
aquela zona dista da sede de concelho
cerca de 35 km. Em Pampilhosa da Serra
temos de medir as distâncias não pelos
quilómetros, mas pelo tempo que demora
a chegar à sede de concelho. É
importante referir que é violento deslocar
crianças de 6 anos em tão longas distâncias. Mais: nenhum pai permite que o filho
de seis anos se levante às seis da manhã
e chegue a casa às sete da noite. É
muitíssimo importante referir isto, pois
para as crianças nestas idades é uma
violência tremenda sujeitá-las a um
percurso deste género. Por outro lado, o
Centro Educativo para além de ir acolher
as crianças das freguesias de Dornelas,
Janeiro de Baixo, Unhais, e Vidual, vai
permitir outro aspecto importante: mais
ano menos ano, e segundo o parecer do
Conselho Nacional de Educação, o 1.º
ciclo deve ter agregado o 2.º. O 5.º e 6.º
anos devem estar junto dos 1.º, 2.º, 3.º, e
4.º e apenas com um professor para a
parte de Letras e outro para a parte de
Ciências, tornando mais leve a estrutura
técnica necessária. É importantíssimo que
o Centro Educativo de Dornelas tenha
essa resposta rapidamente, precisamente
para evitar esta sangria que temos
verificado no dia-a-dia. Os alunos daquela
zona fazem o 1.º ciclo e normalmente não
vêm para a sede de concelho, vão
principalmente para o concelho vizinho.
SP – Mas isso é um drama?
JB – Não é que seja um drama, mas é
com toda a certeza mais um factor de desertificação. Normalmente esses alunos
nunca mais regressam, porque criam liga (Continua na pág. 13)
9
Destaque
SUCESSO DO 1.º ENCONTRO DE JURISTAS
EXIGE CONTINUAÇÃO
U
m evento bem sucedido e um
sinal de vitalidade de Pampilhosa da Serra é o balanço
retirado do 1.º Encontro de Juristas de
Pampilhosa da Serra que decorreu no
auditório municipal da vila pampilhosense nos dias 13 e 14 de Setembro e
que reuniu cerca de 80 participantes,
entre inscritos, oradores e convidados.
Organizado pela Casa do Concelho
de Pampilhosa da Serra, dezenas de
operadores judiciários e de juristas naturais e oriundos dos concelhos de Arganil, Covilhã, Fundão, Góis, Oleiros, Lousã e, naturalmente, do concelho anfitrião
reuniram-se numa jornada de convívio e
de trabalho, a qual ficou ainda marcada
pela presença das principais instituições
judiciárias portuguesas, como o Supremo Tribunal de Justiça, a ProcuradoriaGeral Distrital de Coimbra e a Ordem
dos Advogados.
O jornal “SERRAS DA PAMPILHOSA”
esteve lá e dá-lhe conta, ao pormenor,
do evento cuja originalidade e sucesso
exige brevemente, por parte que quem
assistiu, a sua repetição.
Primeiro dia de Encontro
O primeiro dia do Encontro contou
desde logo com a representação das
três grandes entidades judiciárias portuguesas: o Supremo Tribunal de Justiça,
representado na pessoa do seu vicepresidente, António Gaspar Henriques; a
Procuradoria-Geral Distrital de Coimbra,
representado na pessoa do procurador
da república Pedro Branquinho; e o
Conselho Distrital de Coimbra da Ordem
dos Advogados, na pessoa do seu presidente Daniel Andrade.
Inicialmente agendada para as 9:30
horas, a sessão de abertura do encontro
apenas ocorreu já perto das 10 horas,
em virtude do atraso registado na acreditação dos inscritos. Com o apoio do
grupo editorial Vida Económica e da
autarquia pampilhosense, aos cerca de
80 participantes foram entregues sacos
com documentação relacionada com o
encontro, a par de material de escrita e
várias publicações periódicas jurídicas e
não jurídicas.
A abertura do evento coube a um
representante da Comissão Organizadora do 1.º Encontro de Juristas de Pampilhosa da Serra, seguido dos discursos
do edil José Brito, na qualidade anfitrião,
e de Anselmo Lopes, na qualidade de
dirigente da associação organizadora
(VER CAIXAS DOS DISCURSOS).
O presidente da Câmara Municipal de
Pampilhosa da Serra, depois de desejar
as boas-vindas a todos os presentes,
realçou a importância da existência de
um tribunal no concelho, salientando as
graves dificuldades que podem surgir da
eventual extinção da comarca judicial,
dada a ausência de alternativas viáveis,
decorrente da falta de acessos e da
inexistência de uma rede de transportes
públicos.
Entretanto, no exterior do Edifício Multiusos juntavam-se os acompanhantes
de diversos juristas presentes no auditório municipal. À sua espera estavam
duas carrinhas cedidas pelo município
pampilhosense e destinadas a proporcionar-lhes uma visita guiada por grande
parte do concelho. Intitulada “Rota das
Aldeias de Xisto Pampilhosenses”, a actividade turística paralela ao encontro de
juristas possibilitou a 11 acompanhantes, durante quase todo o dia, a visita a
diversos locais emblemáticos como
Fajão, Janeiro de Baixo, Casal da Lapa,
Barragem de Santa Luzia e Pessegueiro
(ver caixa “ALGUNS COMENTÁRIOS RECEBIDOS PELA ORGANIZAÇÃO DO ENCONTRO”).
Finda a sessão de abertura, passou a
ser apresentada a primeira de oito comunicações. Partindo do passado em
direcção ao futuro, coube ao docente da
Faculdade de Direito da Universidade
Professor José Duarte Nogueira
Clássica de Lisboa, José Artur Anes
Duarte Nogueira, um especialista na História do Direito Português, apresentar a
sua locução subordinada ao tema “Juristas setecentistas e oitocentistas com
ligação à freguesia de Dornelas”. O referido professor catedrático começou
desde logo por referir a sua satisfação
por participar no evento. “Não posso
deixar de endereçar felicitações à Comissão Organizadora e a todos os demais que colaboraram, autoridades e
privados. Faço-o com plena consciência
do esforço que representou colocá-lo de
pé. Estou há muito ligado a instituições
onde eventos deste tipo ocorrem e é por
José Brito na sessão de abertura do encontro
10
experiência própria que conheço as dificuldades da respectiva montagem e do
empenho necessário para as superar.
Como certamente em relação à maioria
dos presentes, unem-me laços ancestrais a muitos locais da região, alguns
hoje integrados no concelho, outros que
deixaram de o ser ou apenas limítrofes.
(...) Se outras razões não existissem essa
seria suficiente para não poder deixar de
estar aqui”. Ao longo da sua comunicação José Duarte Nogueira trouxe à lembrança juristas naturais da região que
muito antes do século XX obtiveram graduação em Direito e de que tipo de famílias eram oriundos “sobressaindo por
isso numa massa humana na qual a formação erudita por via universitária foi
durante muito tempo rara e que por
estas terras apenas nos finais da década
de trinta do século XX começou lentamente a conhecer maior difusão”.
Foi uma intervenção essencialmente
centrada nas biografias de Bento Dias
de Carvalho e Teodoro Meireles Cardoso
Gramaxo de Carvalho que cativou a plateia, sempre ávida em saber quais as origens das populações do concelho, numa terra onde a figura dos “contos de
homens e de actos” não teve significa-
do, é natural que os homens do exército,
os capitães, tenham visto nestas paragens um espaço, por excelência, para
se afirmarem e se instalarem, recrutando
os seus soldados para os colocar ao
serviço do reino se e quando necessário.
Já em período de debate, e contrariando a lenda de que muitos fugitivos
da justiça tenham procurado refúgio por
terras pampilhosenses, o orador preferiu
identificar algumas razões naturais que
possam ter favorecido o povoamento de
certos lugares em detrimento de outros,
tais como acesso à água, a riqueza dos
solos do ponto de vista agrícola, caracterizando a sociedade pampilhosense
como essencialmente rural, num concelho que, até ao século XVI, se caracterizou por um despovoamento generalizado, apenas com duas paróquias, Pampilhosa e Dornelas (e, eventualmente,
Fajão).
Após o debate foi dada a palavra a
António Henriques Gaspar, ele próprio
um filho do concelho, mas aqui na qualidade de representante do Supremo Tribunal de Justiça, o qual aproveitou a
oportunidade para congratular a entidade organizadora do encontro pela oportunidade e qualidade do evento e, mais
importante, sugerir que na sequência
deste encontro possa emergir um núcleo
ou associação de juristas pampilhosenses a apoiar o próprio concelho de Pam-
António Amaro Rosa e João Ramos
Conselheiro Benjamim Silva Rodrigues
pilhosa da Serra. Em declarações posteriores à Agência Lusa, o juiz pampilhosense referiu que o encontro de juristas
foi “uma mensagem de preocupação
para com o interior” que sofre um “processo acelerado de erosão populacional.
Vejo a desertificação com muita preocupação e não sei como o processo vai
evoluir”, referiu o vice-presidente do
Supremo Tribunal, apontando a pobreza
do território como um factor do êxodo
populacional. “A desertificação é um
problema social e sociológico que tem a
ver, sobretudo, com a estrutura, a geografia, a economia e com política, que
aqui virá em último lugar”, acrescentou.
Seguiu-se depois a intervenção de
Benjamim Silva Rodrigues, juiz conselheiro do Tribunal Constitucional, subordinada ao tema “A desigualdade dos
municípios e dos munícipes portugueses perante a Lei das Finanças Locais”.
À semelhança do anterior orador, o magistrado judicial principiou a sua comunicação afirmando o “(...) quanto me é grato estar aqui no meu concelho, no concelho onde nasci, onde vivi a minha juventude e onde tenho muitos familiares
e amigos. Concelho cuja existência quase se perde na bruma dos tempos, mas
onde, apesar disso, as gentes continuam a orientar-se pelos verdadeiros
princípios e valores que emprestam ao
Homem a dignidade indeclinável de
pessoa. Terra onde a “palavra” é ainda
sinónimo de respeito, honra, compromisso, dever de cumprimento”.
Foi uma comunicação centrada na
análise da Lei das Finanças Locais, cuja
constitucionalidade foi sindicada pelo
Tribunal Constitucional, recolhendo, então, o parecer negativo de Benjamim
Silva Rodrigues. Para o juiz conselheiro,
é uma falácia o princípio geral que consagra a afectação de 5% do Imposto
Sobre o Rendimento das Pessoas Singulares (IRS) que se cobra em cada
município nas respectivas receitas, esquecendo que existem municípios, como os da Pampilhosa, em que aquele
valor é irrisório, tendo em conta a população activa, criando-se, deste modo,
desigualdades fácticas na distribuição
dos recursos públicos. A luta que se trava dia a dia no município para se conseguir atrair investimentos privados, nomeadamente afastando a cobrança de
qualquer derrama, diminuindo até ao limite mínimo permitido pela lei o Imposto
Municipal Sobre Imóveis (IMI), foram
alguns dos exemplos referidos no debate participativo que se estabeleceu. Há
uma clara violação da solidariedade nacional em detrimento de municípios com
as características do pampilhosense foi,
em termos gerais, a conclusão sufragada por todos os presentes. Posterior-
DISCURSO DE ABERTURA
DO 1.º ENCONTRO DE JURISTAS
Exmo. Senhor Vice-Presidente do Supremo
Tribunal de justiça
Exmo. Senhor Representante da Procuradoria Distrital de Coimbra
Exmo. Senhora Juíza de Direito da Comarca de Pampilhosa da Serra
Exmo. Senhor Presidente do Conselho
Distrital de Coimbra da Ordem dos Advogados
Exmo. Senhor Presidente da Câmara
Municipal de Pampilhosa da Serra
Exmo. Senhor Presidente da Casa do
Concelho de Pampilhosa da Serra
Exmos. Senhores Oradores,
Minhas Senhoras e meus Senhores,
Meus Caros Colegas e Amigos:
Em nome da Comissão Organizadora sejam
bem vindos ao 1.º Encontro de Juristas de
Pampilhosa da Serra.
No ano em que o concelho comemora 700
anos sobre a sua suposta fundação é com orgulho que, com este evento, nos associamos a
tal efeméride através da realização deste encontro que também pretende marcar positivamente o panorama judicial da Beira Serra.
Sem falsas modéstias, cremos que esse objectivo foi plenamente alcançado. A vossa presença, aqui, neste auditório, vem coroar um longo trabalho iniciado há nove meses, pelo que
vos expressamos o nosso profundo agradecimento.
A autonomia deste concelho em 1385 esteve intimamente ligada à questão da aplicação
da Justiça, face às instâncias judiciais do vizinho concelho da Covilhã, pelo que não é de
espantar a vocação dos pampilhosenses e dos
seus descendentes para o intrincado, mas
sempre fascinante mundo do Direito. Vossas
excelências são disso mesmo a prova viva.
Ao longo de 669 anos este concelho acolheu juízes ordinários, juízes de vintena, juízes
de paz e juízes municipais. Apenas desde há
29 anos a esta parte é que Pampilhosa conta
com a presença de uma verdadeira magistratura judicial e a inerente elevação a comarca.
Porém, se é certo que o caminho foi longo e
duro, nada é absoluto, como assim parece indiciar a Reforma do Mapa Judiciário publicada
há escassas semanas. O desaparecimento de
uma magistratura pampilhosense, seja ela popular ou judicial, é algo que nenhum pampilhosense, seja ele jurista ou não, pode conceber
face à específica realidade do nosso concelho.
Não tem este modesto encontro a pretensão
de salvar uma comarca que, mercê da sua baixa pendência, esteve sempre nos primeiros lugares dos diversos estudos relativos ao possível
encerramento de dezenas e dezenas de tribunais judiciais. Entendam-no tão-só como mais
uma prova da afeição que temos pela Justiça
de Proximidade, como assim demonstra a resposta massiva dos juristas pampilhosenses
aqui presentes. Hoje, em Pampilhosa da Serra,
ou amanhã na Comarca do Baixo Mondego,
seremos sempre cidadãos conscientes.
E não vos querendo maçar com mais palavras - até porque o programa é vasto e ambicioso quanto baste - desejamos-lhes um óptimo trabalho e que as comunicações que irão
ser aqui apresentadas possam contribuir minimamente para as diversas profissões que
abraçamos.
(António Amaro Rosa - Comissão Organizadora do
1.º Encontro de Juristas de Pampilhosa da Serra)
CASA DO CONCELHO PAMPILHOSA DA SERRA
Destaque
SUCESSO DO 1.º ENCONTRO DE JURISTAS EXIGE CONTINUAÇÃO
mente, perante a comunicação social, o
juiz conselheiro Benjamim Silva Rodrigues afirmou que “a existência de uma
comarca, de um tribunal e de funcionários judiciais é a expressão de uma extensão do Estado na sua função de
administração da Justiça e também um
elo entre a comunidade local e o todo
nacional”.
Após a apresentação da comunicação do magistrado natural da freguesia
de Portela do Fojo e do concorrido
debate que se lhe seguiu, foi tempo de
todos os participantes se dirigirem, no
autocarro disponibilizado pela autarquia,
para o almoço colectivo que ia ser
servido na antiga Resineira com o apoio
do Município de Pampilhosa da Serra.
O período da tarde foi inaugurado
com a primeira de duas comunicações
locais, a qual esteve a cargo do
procurador da república Pedro Manuel
DISCURSO DO PRESIDENTE DA CASA DO
CONCELHO DE PAMPILHOSA DA SERRA NA
SESSÃO DE ABERTURA
DO 1.º ENCONTRO DE JURISTAS
Fundada no início da década de 40 do século XX, já nessa época a Casa do Concelho
de Pampilhosa da Serra (CCPS) prestou o seu
auxílio contra o rumor da extinção do seu antigo Julgado Municipal. Por isso, ontem como
hoje, aqui estamos para ajudar a mobilizar toda
a comunidade pampilhosense, sobretudo os
não residentes, para o objectivo comum de desenvolvimento do nosso concelho.
Na última década organizámos dois congressos, cujas conclusões estão editadas em
livro, e, no âmbito do Conselho Regional (órgão
consultivo da Casa), temos levado a cabo diversas sessões sobre os principais temas da
actualidade, que interessam ao nosso concelho.
A CCPS tem desenvolvido actividades culturais, recreativas e desportivas para unir sobretudo os jovens do nosso concelho, tem
mantido um jornal mensal com larga expansão
para a divulgação de tudo o que de mais importante se passa na Pampilhosa da Serra e
estamos a incentivar os empresários pampilhosenses para a criação duma associação.
Neste contexto, graças ao excelente trabalho
da comissão organizadora deste evento, que
desde já agradecemos e louvamos, também é
legítimo esperar que os juristas pampilhosenses se unam em torno do mesmo ideal de
desenvolvimento.
A participação num evento similar no Litoral,
designadamente em Lisboa, certamente implicaria o pagamento de muitas dezenas, senão
centenas de euros a cada participante, como
tantas vezes sucede nos encontros, seminários e simpósios organizados por entidades
públicas e privadas no eixo Lisboa-CoimbraPorto.
Não foi esse o caso no 1.º Encontro de Juristas de Pampilhosa da Serra, onde apenas
solicitámos uma quantia quase simbólica. E foi
assim porque, mais uma vez, a CCPS entendeu que devia prestar o seu melhor contributo
na divulgação da comarca e do concelho de
Pampilhosa da Serra.
Este encontro representou um grande sacrifício pessoal para os organizadores e patrimonial para a CCPS, pois se é certo que somos
uma associação sem fins lucrativos, não é menor a obrigação que temos perante os nossos
mais de 500 associados de não apresentarmos prejuízos que ponham em causa a manutenção desta instituição.
Naturalmente que este encontro também só
foi possível graças a alguns apoios externos,
sendo de destacar o grande contributo prestado pela Câmara Municipal, que desde o início
viu o valor deste original evento em Pampilhosa da Serra, o que demonstra que a única coisa que pode separar a Casa do Concelho do
município pampilhosense é uma distância
inferior a 250 quilómetros.
Obrigado a todos pela vossa participação e
bom trabalho.
(Anselmo Lopes
CASA DO CONCELHO PAMPILHOSA DA SERRA
Procurador Pedro Branquinho Dias
Branquinho Ferreira Dias. “Delinquência
juvenil e protecção de menores” foi o
tema escolhido pela Procuradoria-Geral
Distrital de Coimbra para este 1.º
Encontro de Juristas e apresentado pelo
referido magistrado do Ministério Público com larga experiência junto do Tribunal de Família de Coimbra, tribunal este
com jurisdição sobre o nosso concelho.
De acordo com Pedro Branquinho, o
absentismo escolar é uma realidade, ou
não estivéssemos perante uma sociedade essencialmente rural, à qual estão ligados outros problemas, tais como o
consumo elevado de álcool, a falta de
estímulo da família, a necessidade de
participar bastante cedo no orçamento
familiar, tudo fenómenos apontados,
ainda que, sem sinais preocupantes. Por
outro lado, foi assinalado o bom funcionamento da Comissão de Menores, na
qual as principais forças sociais concelhias têm assento, sendo de realçar a
possibilidade de, face às características
do concelho, um conhecimento e um
acompanhamento muito próximos dos
principais casos carentes de intervenção
das autoridades. A idade da imputabilidade, actualmente 16 anos, foi um dos
temas mais abordados pela assistência.
Maria Barata de Brito, natural da vila
pampilhosense, dando testemunho
público da sua vastíssima experiência
neste tipo de provas. As presunções
fiscais, as perícias, os “mega processos”
foram temas pormenorizadamente tratados no âmbito da sua intervenção intitulada “A produção de prova em julgamento nos crimes fiscais e na corrupção”, não sendo, pois, de espantar a
reacção da plateia, colocando inúmeras
questões processuais, todas elas doutamente analisadas e respondidas.
Apresentadas que ficaram as primeiras quatro comunicações, seguiu-se
uma das duas actividades externas alusivas ao 1.º Encontro de Juristas de
Pampilhosa da Serra. Com efeito, algumas dezenas de participantes rumaramse, então, para a Igreja Matriz de Pampilhosa da Serra, onde teve lugar, pelas
18 horas, uma missa em memória dos
operadores judiciários e juristas pampilhosenses já falecidos. Foi uma cerimónia também bastante participada pela
população local, aprimorada com uma
boa prestação vocal do coro da paróquia, e conduzida por D. Eurico Nogueira, arcebispo emérito de Braga (VER
CAIXA DE ALUCUÇÃO A SANTA CRUZ).
Desembargadora Ana Brito
À semelhança dos oradores antecedentes e dos que se lhe seguiram, também o edil pampilhosense entregou várias ofertas ao magistrado conimbricense, no que foi seguido por representantes da Casa do Concelho de Pampilhosa da Serra, que conferiram ao procurador da república um diploma de reconhecimento devidamente emoldurado e
acompanhado por várias publicações
editadas pela associação regionalista.
Depois da criminalidade dos menores, seguiu-se a dos “maiores” e, sobretudo, a ligada a fenómenos de corrupção e tributária, nomeadamente a de
fraudes e a de burlas fiscais, e a especificidade dos meios de prova inerentes a
essas actividades. Esse foi o tema escolhido pela juíza desembargadora, Ana
Segundo dia de Encontro
O segundo dia de trabalho e de convívio entre juristas da Beira Serra iniciouse logo pelas 9 horas com a realização
de uma visita guiada ao edifício do Tribunal Judicial de Pampilhosa da Serra pela
mãos da própria juíza titular da comarca
judicial e do novo secretário de justiça.
Assim, quase duas dezenas de participantes tiveram a oportunidade única
de conhecer, por dentro e ao pormenor,
a forma como funciona o tribunal pampilhosense. Os visitantes ficaram com a
impressão, depois confirmada pela magistrada judicial Mónica Bastos Dias, de
que o edifício reúne boas e dignas condições de trabalho a quem nele presta
funções, o que contrasta com o panorama vivido em grande parte dos tribunais
ALOCUÇÃO DE SANTA CRUZ
no Natal, a Redenção pelo sacrifício do Calvário, na Páscoa e a instituição da Igreja com os
Apóstolos, no Pentecostes. Este foi assinalado
pela presença do Espírito Santo, sendo aquela
destinada a perpetuar Cristo e o seu
Evangelho no tempo e no espaço, proclamando a ‘Boa Nova’, conservada no escrito, de
que é sinónimo.
Em meio ano, sobressaem o Natal, a Páscoa
e o Pentecostes: são os denominados ‘Tempos
fortes’. O outro meio, dedicado à pregação de
Cristo, é o ‘Tempo comum’. Este vai do Pentecostes ao Advento, precisamente aquele em
que nos encontramos. O sacerdote que oficia
deve acentuar isso mesmo, na homilia que faz
(Proferida missa realizada na Igreja Matriz parte integrante da celebração dominical.
de Pampilhosa da Serra em memória dos opeIV - Estamos no 24.º Domingo desse temradores judiciários e juristas pampilhosenses já po. As leituras que lhe competem são tiradas
falecidos)
do livro de Ben Sirá, no Velho Testamento; da
I - A minha primeira palavra é uma Carta de S. Paulo aos Romanos e do Evangesaudação muito cordial aos conterrâneos e lho de S. Mateus, no Novo. Aludem, a primeira
demais congressistas e de viva congratulação à reprovação do rancor, ira e vingança; a secom os organizadores do auspicioso aconte- gunda acentua que não vivemos para nós
cimento, de que todos somos protagonistas. mesmos, mas para Deus, pois só na sua persEla torna-se extensiva aos incansáveis autar- pectiva a vida e a morte têm pleno sentido; e a
cas - com feliz destaque para o presidente do terceira, que para o perdão não há limites, não
Município - que souberam programar e estão podendo reduzir-se a um número fixo de ofena levar a feliz êxito, uma impressionante, multi- sas. Aponta, como belo exemplo pedagógico,
facetada e exemplar comemoração do sétimo o credor que perdoa, ao invés do que procede
centenário da outorga do foral à Pampilhosa, contrariamente.
agora da Serra.
No passado Domingo emergiu o caso da
II - Um grupo de juristas, oriundos do con- Madalena pecadora, mas arrependida, para
celho, teve o arrojo de projectar este con- aconselhar a compreensão e o perdão, pois só
gresso ou encontro de colegas, invulgarmente Deus sabe o íntimo de cada qual. Hoje - na
concorrido e de elevado nível, apesar da missa dominical por antecipação na tarde de
modéstia e limitações daquele. É um exemplo Sábado, como é da praxe - a liturgia dá priorique merece destaque.
dade a uma celebração específica: a ‘ExaltaQuiseram os persistentes organizadores in- ção da Santa Cruz’. Assim sucede de quando
cluir no programa esta missa, o que me causou em quando, para quebrar uma certa monotonia
alguma surpresa inicial. Supus mesmo expli- celebrativa, neste longo período e destacar alcar-se a ideia pela circunstância esporádica de, gum acontecimento, santo ou símbolo espeentre os intervenientes, se encontrar um bispo, cial.
também ele jurista e pampilhosense, o que não
É o que sucede neste momento com a festa
parecia ser motivo suficiente. Reflectindo me- solene da Santa Cruz, símbolo do sacrifício relhor, acabei por compreender e aceder.
dentor do Calvário. Desde que nela morreu JeOcupando o auspicioso evento todo um sus, transformou-se, de instrumento ignomifim-de-semana e estando naturalmente alguns nioso, em sinal de redenção: a ‘Cruz gloriosa’.
dos intervenientes - a começar por mim e Esta passou a encimar os templos cristãos, a
meus familiares presentes - habituados a embelezar cimos de montanhas e encruzilhadedicar nele algum tempo à participação na das de caminho, a adornar e marcar os crenmissa do-minical, desejaram facilitar-lhes essa tes, presas no vestuário ou dependuradas ao
oportunidade.
pescoço, a traçar-se com a mão sobre eles
Por outro lado, é frequente em encontros mesmos e sinal de bênção.
deste género - dada a herança cultural de maA religião lança mão de símbolos expressitriz cristã dos portugueses - incluir neles um vos, facilmente manuseáveis e acessíveis à
momento de oração, em acção de graças pelo mentalidade dos seus fiéis. Não fazem o mesevento e sufrágio pelos falecidos, de algum mo os judeus com a ‘Estrela de David’ e os
modo com ele relacionados. Destes, permito- muçulmanos com o ‘Crescente’? Assim suceme evocar os nomes de alguns juristas que de precisamente com as três grandes religiões
estão vivos na minha memória: os Drs. Bento monoteístas, seguidas por metade da HumaDias de Carvalho e Teodoro Meireles de Carva- nidade em contínua expansão que, irmanadas
lho, do Carregal, terra dos meus antepassados na aceitação do Pentateuco moisaico, se
paternos, nos séculos XVIII e XIX, respectiva- revêem em Abraão.
mente; na passagem de um para o outro, o Dr.
Já insinuada pela serpente de bronze - erJosé Acúrsio Nogueira Neves, de Cavaleiros guida por Moisés na longa travessia do Egipto
(Fajão), terra do meu avô materno; no século até à ‘Terra da Promessa’ - sarava os israelitas
passado, os bons amigos Drs. Cipriano e so- das mordeduras mortais, como disso o livro
brinho José F. Nunes Barata, de Pampilhosa, e dos Números (21,4-9), emerge agora a Cruz
o malogrado juiz Américo Simão Tomás de Al- redentora do Calvário.
meida, de Janeiro de Baixo, meu companheiro
Sendo de condição divina - como se lê na
de juventude; e já neste, o meu irmão embaixa- Carta Paulina aos Coríntios (2, 6-11) - Cristo
dor Artur Nogueira, de Dornelas do Zêzere, e o aniquilou-se a Si próprio; assumindo a condipresidente do Supremo Tribunal de Justiça, ção de servo, tornou-se semelhante aos hoconselheiro Octávio Dias Garcia, oriundo de mens, aceitando a morte na cruz; por isso, foi
Janeiro de Baixo. Todos de feliz memória.
exaltado acima de todos os homens e toda a
Por isso aceitei, de bom grado, o convite língua proclamará que Ele é o Senhor.
para esta celebração.
O trecho do Evangelho de S. João (3, 13-17)
III - A missa dominical é um ponto alto na alude à referência de Cristo à serpente do devivência religiosa dos cristãos.
serto, na conversa com Nicodemos, concluinNo período de descontracção e repouso, do: “Deus não enviou o seu Filho ao mundo pafixado na sucessão das semanas, reserva-se ra o condenar, mas para que seja salvo por Ele”.
um momento para salutar encontro com nós
V - A devoção popular à Santa ou Vera Cruz
mesmos, os irmãos em Cristo e o próprio radicou-se de tal modo na nossa história e culDeus, em ambiente de oração e intimidade tura que até levou os arrojados descobridores
familiar, ao mesmo tempo que se reflecte no de há cinco séculos a crismar, com essa
mistério da Redenção, concluído com a Última designação, as portentosas e promissoras terCeia e o Calvário.
ras, encontradas a Ocidente, que hoje dão
Enquanto se reza comunitariamente e com- pelo nome de Brasil e são motivo de orgulho
partilha o pão eucarístico, escuta-se a men- para todos nós.
sagem divina, contida na revelação do Antigo
Congratulemo-nos com isso e prossigamos
e Novo Testamentos. As três leituras, tiradas fiéis à herança espiritual dos nossos avós, no
dos livros sagrados, lembram-nos a história da culto e veneração da Santa Cruz.
Salvação, centrada nos seus momentos mais
(Eurico Dias Nogueira
altos: a Incarnação do Filho de Deus, evocada
Arcebispo Emérito de Braga)
11
Destaque
SUCESSO DO 1.º ENCONTRO DE JURISTAS EXIGE CONTINUAÇÃO
Visita guiada ao tribunal de Pampilhosa da Serra
portugueses. A existência de diversas
divisões, uma ampla sala de audiências,
o bom estado da construção, um arquivo organizado e, inclusivamente, uma
cela que, abstraindo as grades, não o
aparenta ser, foram aspectos que muito
agradaram os presentes, a par das
pertinentes explicações e comentários
proporcionados pela juíza que acumula
há vários anos os tribunais de Pampilhosa da Serra e de Arganil.
Pelas 10 horas os participantes dirigiram-se ao auditório municipal no qual
iriam ser apresentadas, à semelhança
do que havia sucedido na véspera,
outras quatro comunicações. A adesão
continuou a ser grande, com cerca de
70 participantes, entre oradores, convidados e inscritos. O dia ficou ainda marcado pela presença de António Marinho
e Pinto, bastonário da Ordem dos
Advogados, e alguns órgãos de
comunicação social (Agência Lusa e
Antena 1).
A primeira intervenção coube a Vasco
Rodrigo Duarte de Almeida e teve por
mote “O cânone constitucional português”. Tratou-se de uma viagem
brilhantemente guiada pelo docente
universitário oriundo da aldeia da Póvoa
(freguesia de Pampilhosa da Serra) pela
história do constitucionalismo português, dando conta das diversas
concepções e dos princípios filosóficos
que caracterizaram as sucessivas
constituições desde o século XIX até à
surgida depois do 25 de Abril de 1974.
Excelentemente apresentado, o tema
suscitou inúmeras questões, não sendo
de estranhar os diversos pedidos de
acesso à intervenção escrita do orador
que prontamente a disponibilizou.
Logo a seguir foi dada a palavra ao
bastonário da Ordem dos Advogados, o
ções à comunicação social, António Marinho e Pinto considerou que o 1.º Encontro de Juristas de Pampilhosa da
Serra constituiu “um sinal de vitalidade,
atendendo às circunstâncias da Interioridade”.
Realidade pouco conhecida, o mundo
dos tribunais eclesiásticos, sobretudo na
vertente do julgamento de causas de
nulidade do casamento canónico, foi
aberta pela palavra sábia de D. Eurico
Dias Nogueira, arcebispo emérito de
Braga natural de Dornelas do Zêzere.
Quais as principais causas de nulidade,
qual o formalismo processual adoptado,
quais os tribunais competentes para as
apreciar foram, em traços gerais, explicados à assistência, com exemplos
concretos que a motivaram, lançando-a
para um amplo debate que prolongou
muito além da hora prevista.
Finda a comunicação de D. Eurico
Nogueira foi altura dos participantes se
reunirem à mesma mesa no almoço colectivo ofertado pelo Município de Pampilhosa da Serra, novamente servido no
D. Eurico Dias Nogueira
Juiza Mónica Bastos Dias
suportada numa análise estatística referente desde o ano de 2001 ao 1.º semestre de 2008, a oradora demonstrou
que os crimes de ofensas corporais
simples, de injúria e de furto simples são
os que mais chegam ao conhecimento
das autoridades judiciárias e policiais, e
neles o perdão, inerente à desistência de
queixa, é solução maioritariamente encontrada para a resolução do conflito
social. Por outro lado, a criminalidade ligada ao consumo do álcool tem, infelizmente, números elevados, com a particularidade de serem os meses de Verão
os que mais casos apresentam, envolvendo gente que apenas está de visita
ao concelho.
em sete anos de titularidade da comarca, continua a ter plena actualidade a
descrição dos pampilhosenses feita
num ofício confidencial datado de 12 de
Julho de 1855: os habitantes do concelho de Pampilhosa da Serra são pacíficos e laboriosos e os crimes são muito
raros, quando comparados com a vizinha comarca de Arganil, que engloba os
concelhos de Arganil e de Góis. Em declarações à Agência Lusa, que acompanhava o 2.º dia do evento, a juíza Mónica Bastos Dias destacou o Encontro
de Juristas como “um bom impulso para
uma região que está votada ao esquecimento”, considerando a iniciativa “um
exemplo a seguir por outras comarcas”.
Juiz Luis Lameiras
qual aproveitou a oportunidade para fazer uma breve alocução sobre as características que, a seu ver, devem encontrar-se subjacentes ao advogado de hoje, alocução essa que cativou os presentes a arrancou fortes aplausos da audiência. Posteriormente, em declara-
Mestre Duarte Almeida
restaurante social instalado na antiga
Resineira.
Mas afinal, e quanto às nossas gentes
e quais os principais crimes cometidos,
foi o tema abordado pela juíza de direito
titular da comarca judicial, a magistrada
Mónica Bastos Dias. Sob o título “Crime
e castigo nas serras da Pampilhosa” e
Evolução dos processos-crime 2001-2007
Ainda assim, e com base na experiência pessoal de Mónica Dias alicerçada
Como último tema, foi apresentado
por Luís Lameiras, magistrado judicial e
docente do Centro de Estudos Judiciários oriundo das Aldeias (freguesia de
Pampilhosa da Serra) “O Novo Regime
Processual Civil Experimental”. Com
uma análise muito crítica ao formalismo
surgido com este novo regime, assinalou
as principais deficiências, expressando o
seu desejo de que não venha a ser adoptado com carácter geral e nacional, opinião partilhada por vários intervenientes
no debate que se lhe seguiu.
Finda a apresentação e os agradecimentos da comissão organizadora, os
participantes foram convidados pela vereadora Alexandra Tomé a visualizar um
vídeo promocional sobre o concelho de
Pampilhosa da Serra.
ALTOCEIRA
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12
CASA DO CONCELHO PAMPILHOSA DA SERRA
Destaque
Entrevista
SUCESSO DO 1.º ENCONTRO DE
JURISTAS EXIGE CONTINUAÇÃO
ALGUNS COMENTÁRIOS RECEBIDOS PELA ORGANIZAÇÃO DO ENCONTRO:
O vice-presidente do Supremo Tribunal e o Bastonário da Ordem dos Advogados
Foi com muito gosto que tive esta oportunidade que suplantou em muito as minhas expectativas pelo que deixo aqui expressos os meus
parabéns sinceros. (advogada covilhanense)
Parabéns pela iniciativa. Foi um encontro que
claramente contribuiu para aproximar pessoas,
para além da importância subjacente aos temas
tratados. (docente convidado)
Pelo encontro em si - houve pessoas presentes que há 10 anos que não iam à Pampilhosa pela reunião de um conjunto significativo de pessoas, da mesma base geográfica, que têm o
mesmo interesse profissional (e muitas delas, a
maioria, não se conhecia), foi uma excelente realização, com uma boa organização. (...) Talvez no
futuro possa pensar-se em matérias de interesse
mais específico para o concelho e talvez com um
orador convidado e consagrado, de fora. Mas
entendo que a eficácia mediata do Encontro pressupõe a sua continuação (caso contrário terá sido
um evento isolado e sem grandes consequências), anualmente (seria preferível) ou de 2
em 2 anos, e a realizar-se na mesma altura do
ano. Isto porque seria um “encontro” que se tornava adulto e com aptidão para marcar a agenda
“jurídica”, mesmo a nível nacional, porque não?
Em conclusão, endereço à Comissão Organizadora os meus parabéns (aliás, é o sentido de
todos os que estiveram presentes), pela ideia e
organização. (advogado pampilhosense)
A meu ver o balanço do 1.º Encontro de
Juristas é muitíssimo positivo. A par da
excelência da organização, tem também de se
realçar a excelência dos resultados. A
cordialidade com que decorreram os dois dias de
trabalho, a participação activa do auditório, o
interesse das comunicações, a qualidade da
actividade turística e o acompanhamento
cuidado dos organizadores são tudo aspectos - a
meu ver - de sublinhar. Em síntese, para um 1.º
Encontro creio que não podia ter corrido melhor.
A organização está, por isso, de parabéns. (magistrado oriundo da Pampilhosa)
No que respeita ao conteúdo das intervenções, nunca assisti a um encontro com tão
elevado nível. A organização,
se tal economicamente lhe for
possível, deve publicar todas
estas autênticas lições; no que
concerne ao apoio durante o
encontro considero-o excelente, embora me pareça que faltou uma relação com os empresários da restauração da
vila que, para futuro, deve ser
tentado acautelar-se. Estas
iniciativas dignificam o verdadeiro regionalismo. (advogadoestagiário pampilhosense)
Dou os parabéns à organização do encontro, incluindo aqui
também a prestimosa colaboração do município, e relevo o elevado nível alcançado nas comunicações e na discussão dos
temas. Apraz-me ainda registar a oportunidade
que este encontro constituiu para unir vontades e
saberes de tantos juristas e técnicos do direito em
prol desta região e que com elevada qualidade e
dignidade têm vindo a dedicar ao país e nas respectivas profissões. (advogado pampilhosense)
Muitos parabéns pela iniciativa pioneira de um
encontro de juristas, aglutinador de ideias e
pessoas. Foi um bom espaço para, na “Capital
do Sossego”, aprender determinados conceitos
jurídicos e debater “assuntos do dia”. Espero pela
realização do 2.º Encontro. (magistrada judicial)
Iniciativa relevante, a continuar, face à
necessidade de discussão de temas relevantes
para a nossa sociedade. (advogado)
A “Rota das aldeias de Xisto Pampilhosenses”
teve lugar durante o dia 13 de Setembro de 2008
(sábado). Gostaríamos de agradecer o belíssimo
dia que a Casa do Concelho de Pampilhosa da
Serra, em colaboração com a Câmara Municipal
de Pampilhosa da Serra, nos proporcionaram. O
passeio às aldeias de xisto foi muito bem
organizado. Gostámos muito de visitar o museu
de Fajão, de andar nas ruelas antigas pelo meio
das casas pitorescas em xisto, e do belíssimo
almoço com iguarias tradicionais da região, que
pudemos degustar. Também a visita à barragem
de Santa Luzia foi interessante. E igualmente
interessante foi a visita à praia fluvial de Janeiro de
Baixo. Por fim, visitámos as piscinas fluviais de
Pessegueiro, com a sua tranquilidade e beleza. O
transporte foi muito bom e os condutores que nos
acompanharam foram muito simpáticos e prestáveis, pois tentaram sempre explicar-nos os
aspectos mais importantes do passeio. Ficámos
a conhecer um pouco melhor este concelho e
algumas das belezas naturais que ele tem. Mais
uma vez gostaríamos de agradecer à Comissão
Organizadora do 1.º Encontro de Juristas de
Pampilhosa da Serra por nos terem proporcionado este dia fantástico. A todos, o nosso muito
obrigado!
(quatro participantes da
“Rota das Aldeias de Xisto Pampilhosenses”)
Participantes da Rota das Aldeias de Xisto Pampilhosenses
restaurante self-service
B o rg e s
Restaurante com um magnífico salão no 1º
andar próprio para servir almoços regionais,
banquetes, casamentos, lanches e baptizados
Situado no recinto do Estádio Universitário de
Lisboa (Frente ao Hospital de Sta. Maria)
Com parque de estacionamento
Rua Dr. João Soares, 6-A
1600-062 LISBOA
TEL./FAX: 217 977 674
Av. Prof. Egas Moniz – 1600 Lisboa
Tel/Fax: 21 796 68 71
Restaurante • Cervejaria
CASA DO CONCELHO PAMPILHOSA DA SERRA
JOSÉ ALBERTO PACHECO BRITO DIAS
(Continuação na pág. 9)
ções a outros locais e isso faz com que
esta fuga seja um factor de desertificação.
Com a criação do Centro Educativo de
Dornelas, que vai ter todas as condições
que a escola sede tem, vamos ter no
futuro a funcionar, apenas o Centro de
Dornelas e a Escola Básica Integrada na
sede do concelho.
SP – Tem alguma esperança que o actual
fluxo “de dentro para fora” se inverta nesta
zona?
JB – Eu pessoalmente tenho muita
esperança nisso. Em Dornelas vamos ter
um centro educativo com excelentes
instalações composto de ginásio, refeitório, biblioteca e cozinha, entre outras
mais-valias. Penso que tudo isso vai fazer
com que as populações ali à volta
pensem duas vezes. A uma das povoações até lhes basta atravessar a ponte
sobre o rio Zêzere. Estou convencido que
vamos atrair essas crianças. Faz todo o
sentido a criação do Centro Educativo em
Dornelas do Zêzere e penso ser fundamental para o futuro daquela região.
SP – Continuando pelo concelho e falando
agora da saúde: para quando a construção do
novo Centro de Saúde de Pampilhosa da
Serra?
JB – A construção do novo centro de
saúde não depende de nós, mas tenho
tido uma luta muito grande para que isso
seja uma realidade. O actual centro de
saúde não tem as condições ideais para o
serviço que presta e precisa de obras. A
Administração Regional de Saúde (ARS)
diz que não faz obras em edifícios que
não sejam da sua propriedade. Como o
edifício é da Santa Casa a proposta que
fizeram foi construir um novo centro de
saúde na Pampilhosa, para o qual já
pediram terreno à autarquia. A Câmara já
decidiu ceder o terreno e já o comunicou,
juntando o respectivo levantamento
topográfico. As informações que tenho
neste momento é de que está já a ser feito
o projecto, havendo a dúvida de o
conseguir inscrever no PIDDAC para o
próximo ano. A perspectiva mais provável
que me deram foi de que o será em 2010,
mas com a promessa do presidente da
Administração Regional de Saúde fazer
todos os possíveis para o incluir no
próximo ano. Mas esta questão do centro
de saúde tem outra implicação muito
importante, será de certa forma substituir
os internamentos, pelos cuidados
continuados que a Santa Casa vai prestar
com o novo edifício. Penso que a Santa
Casa tem dois pisos previstos para os
cuidados continuados no novo edifício.
Assim sendo, teremos no novo centro de
saúde a convalescença e os cuidados
continuados serão entregues à Santa
Casa com um acordo que farão com a
ARS. A saúde é fundamental para que
haja pessoas, ninguém vive onde sabe
não haver resposta imediata a qualquer
problema que tenha.
SP – Já falámos de cultura, estradas,
floresta, de educação, de saúde, chegou a vez
do lazer. Para quando a construção ou reestruturação da praia fluvial da vila?
JB – A praia fluvial de Pampilhosa da
Serra, ou seja, a requalificação do rio
Unhais dentro da vila foi a concurso e foram agora abertas as propostas. São concursos demorados e talvez a adjudicação
ocorra dentro de quatro cinco meses,
provavelmente para o princípio do
próximo ano.
SP – Teremos a vila mais bonita nas
próximas festas do concelho?
JB – Não creio, mas estaremos em obra
com certeza. Já que falamos nisso, devo
dizer-lhe que toda esta zona da vila vai ter
uma intervenção importantíssima para lhe
dar outro aspecto, não só à vila, mas
também a outros espaços que a
envolvem. Refiro-me concretamente aos
lagares que o Município está em vias de
adquirir. Já foram adquiridas algumas
partes, como sabe os lagares por tradição
são de vários proprietários, e em alguns
casos ainda não formalizámos o negócio,
apesar de verbalmente estar feito com
todos. Também estamos a negociar os
moinhos antigos e temos de adquirir duas
casas que estão junto do lagar, aqui na
zona dos bombeiros, de forma a
requalificar todos esses espaços. A
Câmara também adquiriu recentemente
um sítio chamado o “Cabecinho”, na
parte debaixo do açude onde é feita a
represa da água, e estamos a fazer o
projecto para essa zona. Outra aquisição
foi a antiga residência de estudantes, cuja
obra já foi lançada. Foram abertas as
propostas e a empreitada foi já adjudicada, estando apenas a decorrer os trâmites necessários ao início da mesma.
SP – No recente Encontro de Juristas de
Pampilhosa da Serra a Câmara Municipal fezse representar de forma inequívoca, tendo o
senhor pessoalmente assegurado tal
representação praticamente todo o primeiro
dia. Aprendeu algo sobre as “coisas da
Justiça”? Qual a sua opinião quanto a este
encontro?
JB – Aprendi bastante e quero desde já
endereçar os parabéns à Casa do Concelho por esta iniciativa, à qual o Município
se ligou e continuará a ligar, pois penso
que foi a primeira de muitas outras que se
vão seguir neste âmbito. Tive a
oportunidade de assistir durante todo o
primeiro dia e para pena minha não me foi
possível assistir ao segundo dia devido a
compromissos que haviam já sido
assumidos. Realmente foi muito bom
verificar que não só Pampilhosa da Serra
é muito rica no número de juristas e na
qualidade dos mesmos, mas também nas
excelentes intervenções e aqui não quero
realçar nenhuma em particular, para não
ferir susceptibilidades. Como tive
hipótese de referir no início, este encontro
para além do convívio que gerou entre
juristas do nosso concelho, da troca de
experiências e conhecimentos, proporcionou outro aspecto que é fundamental
para o concelho de Pampilhosa da Serra:
apesar de saberemos que nenhum
tribunal vai encerrar, ficamos na dúvida
quanto à resposta que o nosso tribunal vai
dar às necessidades das nossas
populações. Como este Mapa Judiciário
prevê 39 comarcas com 3 comarcaspiloto a funcionar até 2010, significa que
estas estarão a funcionar para que se
tirem conclusões de acordo com as
experiências obtidas. Depois destas 3
comarcas-piloto tirarem as suas ilações,
segundo a informação que tenho, vão ser
ouvidos a Ordem dos Advogados, o
Conselho Superior da Magistratura, o
Conselho Superior do Ministério Público,
a Câmara dos Solicitadores e o Conselho
dos Oficiais de Justiça. Isto quer dizer que
o Mapa Judiciário não é definitivo. No
Encontro de Juristas, o meu pedido a
todos foi de que no seu trabalho, nas
funções que desempenham, fizessem
sentir que aqui também há pessoas que
têm direitos e um deles é o acesso à
justiça. Estamos num concelho onde tudo
é longe e, por outro lado, não temos uma
rede de transportes que facilite a vida a
quem precisa de aceder a tais serviços.
Em suma, seria fundamental que o nosso
tribunal tivesse aqui uma resposta de
média instância, tanto cível como criminal,
até porque temos excelentes condições
no edifício construído há poucos anos
para o efeito. Poderia até ser pensada
outra situação: porque é que o juiz da
Pampilhosa e os funcionários judiciais não
hão-de fazer com que o tribunal de
Oleiros funcione estando dois dias num
lado e três no outro, já que não são
necessários aqui nos cinco dias da
semana? Poderiam aproveitar-se estes
recursos, embora Oleiros fique em comarca diferente. Como o actual mapa não é
definitivo este aspecto podia muito bem
ser corrigido. Esta era uma forma de
rentabilizar recursos e ao mesmo tempo
dar resposta às nossas necessidades.
SP – Para terminar, gostaríamos de
referir a recente entrevista do empresário
António Sérgio, na qual são tecidas
algumas considerações acerca do actual
momento que se vive no concelho de
Pampilhosa da Serra. Que comentário lhe
merecem tais considerações?
JB – Não é tempo para comentar insinuações sem qualquer fundamento,
sobre pessoas de grande capacidade de
trabalho e de uma ampla visão estratégica
de desenvolvimento, que trabalham
comigo com toda a garra. Nós não somos
de memória curta. Não é admissível, nem
justo que, de repente, só porque têm
ideias próprias, alguém os passe de
“bestiais a bestas”. Este é ainda um
tempo de trabalho pela Pampilhosa da
Serra. Estamos a um ano de eleições. No
tempo próprio, colocaremos em cima da
mesa o “deve e o haver” e os
pampilhosenses decidirão. Como são
inteligentes, reconhecerão que há
pessoas que com uma entrega total se
dedicam em exclusividade à defesa do
progresso do nosso concelho. Outras
opções são por nós respeitadas,
apoiadas e dignas de registo, desde que
legítimas. Os pampilhosenses bem
sabem quem tudo confunde e quem tudo
mistura.
13
Actualidade
REGRESSO ÀS AULAS MOTIVA DEBATE JUVENIL FINALISTAS VIVEM SERVIÇO SOCIAL POR UM DIA
O
“Projecto Trilhos Com_Sentido”
realizou no dia 17 de Setembro,
em parceria com o Município de
Pampilhosa da Serra, na sede do
Agrupamento Vertical Escalada de
Pampilhosa da Serra, um debate juvenil
temático sobre o regresso às aulas.
Procurou-se saber junto dos jovens
como correu o regresso às aulas, quais as
expectativas destes para o novo ano
lectivo de 2008/2009 e quais as relações
entre alunos e professores.
O “Projecto Trilhos Com_Sentido”
aproveitou o momento para mostrar aos
jovens as actividades realizadas nas férias
escolares, através do visionamento de um
powerpoint com várias fotos.
Esta actividade foi avaliada como
positiva tendo em conta a participação
activa dos alunos.
INCLUSÃO DIGITAL PROMOVIDA
ATRAVÉS DE TORNEIO EM LINHA
O
“Projecto Trilhos Com_Sentido”,
promovido pelo Município de
Pampilhosa da Serra, realizou
no dia 17 de Setembro, no Centro de
Inclusão Digital, um Torneio Intercâmbio
Online.
Esta actividade pretendeu promover
a inclusão digital usando recursos disponíveis na Internet e promover a familiarização e utilização da língua inglesa,
O
“Projecto Trilhos Com_Sentido”, promovido pelo Município de Pampilhosa da Serra, desenvolveu no dia 24 de Setembro a actividade "Um dia na vida de... um técnico superior de serviço social".
Assim, os alunos do 12.º ano da
área Técnico de Acção Social tiveram oportunidade de conhecer o
trabalho de um técnico superior de
serviço social no terreno, de forma
a ficarem mais esclarecidos sobre
esta profissão e, ao mesmo tempo,
motivados para a progressão escolar.
A concretização da acção contou
com o apoio da Câmara Municipal
de Pampilhosa da Serra, que disponibilizou duas técnicas de serviço social (Cláudia Almeida e Verónica Marques), e do Agrupamento
Vertical Escalada de Pampilhosa da
Serra, sendo que os alunos fizeram-se acompanhar pela respectiva directora de turma, a professora
Ana Paula Charruadas.
Para além disso, o “Projecto Trilhos Com_Sentido”, dinamizou no
dia 25 de Setembro, no bar da escola-sede, uma acção de sensibilização sobre primeiros socorros dirigida aos alunos do 1.º e 2.º ciclos.
Esta acção foi orientada por três
técnicos, Carlos Carvalho, Paula e
Dora, cedidos pelo Município de
Pampilhosa da Serra e pela Cáritas
Diocesana de Coimbra (parceira
deste projecto), que, para além de
serem funcionários destas instituições, são também bombeiros voluntários com experiência na área
de primeiros socorros.
(o Projecto Trilhos Com_Sentido”, o
“Projecto Intervir.com”; o “Projecto
Interligar” e o “Projecto Terço em Movimento”), produzindo um total de 34 jovens que disputaram duas modalidades, snooker e damas. Decorrendo o
torneio numa plataforma online, facilmente o mesmo aliciou os jovens a participarem, tendo os vencedores recebido como prémio jogos de computador.
TI LUÍS PROMETE PORCO SE SPORTING
FOR CAMPEÃO EM 2009
Carlos Simões
F
a comunicação interpares, bem como a
competição saudável usando plataformas de jogos online.
O torneio envolveu quatro projectos
financiados pelo “Programa Escolhas”
14
Esta actividade pontua-se muito
positiva, uma vez que permitiu aos
jovens comunicarem entre si e trocarem
algumas experiências.
undado a 11 de Agosto de
2004 e já com tradições, o
Núcleo Sportinguista de
Camba (Fajão), levou a efeito
mais um almoço convívio de aniversário, onde os sportinguistas
de Camba e das aldeias da
região se reuniram para confraternizar e “rugir” em torno da
mesma mesa. Foi no dia 12 de
Agosto, pelas 13 horas, que
mais de 40 “leões e leoas” devoraram deliciosos leitões assados
à Bairrada e outras iguarias,
onde não faltaram as tradicionais sobremesas da região, confeccionadas pelas leoas cambenses. Para além dos leões da
terra, estiveram ainda neste
convívio sportinguistas de Ponte
de Fajão, Covanca, Ceiroco, Fajão e Coja.
Após o repasto o “Leão Presidente”, Ti Luís Gonçalves, dirigiu-se aos presentes apesar de
ter alguns problemas de saúde,
e enalteceu o espírito salutar
daquele convívio, que vem aumentando de participantes a
cada ano que passa. Saudou
especialmente os sportinguistas que vieram de outras al-
deias e deixou a promessa de
que se o Sporting for campeão,
para o ano, oferece um porco
para o almoço do Núcleo em
2009. Fortemente aplaudido,
ouviram-se “vivas” ao Sporting.
Logo de seguida foram entregues cartões de sócio aos novos elementos. Houve ainda
intervenções de outros leões
presentes de Ponte de Fajão e
Fajão, reforçando a amizade e
devoção leonina.
Logo de seguida, no salão da
casa de convívio de Camba, iniciou-se a actuação dos artistas
presentes com destaque para a
concertina do “Leão Presidente” e exibição de fado serrano e
“leonino”.
Ficou marcado novo encontro
para 2009, todos com fé numa
boa época e votos para que o Ti
Luís Gonçalves pague o porco
como prometido. Esforço, dedicação, devoção e glória, eis os
sportinguistas do Alto Ceira.
CASA DO CONCELHO PAMPILHOSA DA SERRA
Opinião
Cultura
FAJÃO AUMENTA A OFERTA DE
CAMAS NO CONCELHO
O POMO DA DISCÓRDIA II
P
or motivos da minha vida profissional, raramente tenho oportunidade de contactar com a realidade concreta das gentes do nosso concelho e de me aperceber da dimensão e
natureza dos seus problemas. Para minimizar esta situação e poder acompanhar o que se vai passando, socorrome do “SERRAS DA PAMPILHOSA”,
principalmente, através das notícias
sobre as reuniões anuais das associações regionalistas, que são afinal, e
muito bem, um convívio comemorativo
de mais um aniversário.
Só o que não me parece muito razoável é que a notícia, de reuniões deste
cariz, pouco mais nos relate, além dos
encómios de circunstância, que foi lida
a acta da reunião anterior, que é preciso
não deixar morrer a colectividade e, às
vezes, quando há eleições, os novos
corpos sociais.
Já é alguma coisa, mas se o que é
dito foi tudo o que de importante aconteceu ao longo do ano, sendo o espelho
da actividade da associação, então,
estamos perante um enorme marasmo,
pelo que não devemos estranhar que
cada vez menos pessoas se interessem
pelo regionalismo.
O que eu gostaria de ver nestas notícias era, não tanto as referências à qualidade do repasto e à aprovação das
contas, por unanimidade e aclamação –
indício seguro de que ninguém se
debruçou sobre o respectivo relatório,
para poder aplaudir, ou criticar, baseado no conhecimento reflectido das
realidades – mas antes a descrição das
actividades, realmente desenvolvidas,
que percentagem do plano de actividades foi cumprido, quais as dificul-
CASA DO CONCELHO PAMPILHOSA DA SERRA
Manuel Dias da Silva
dades e explicações pelo não cumprimento integral daquele. Seria, igualmente, interessante saber-se que
acções estão previstas para o(s) próximo(s) ano(s), bem com a respectiva
orçamentação e calendarização.
Habituemo-nos a ser rigorosos e
intelectualmente sérios: trace-se um
plano, discuta-se, veja-se a viabilidade
do mesmo, procurem-se os apoios e
depois atiremo-nos à obra. Coisas vagas, indefinidas e mal, ou nada, preparadas, é o que muitos políticos (maus)
nos prometem, sem terem qualquer
intenção de cumprir.
A missão nunca está acabada, embora, às vezes, tenhamos essa ilusão. É
por isso que Ulisses, herói dos poemas
homéricos, seja entendido como a imagem da vida. Depois de concretizado o
objectivo da conquista de Tróia, após
longos e duros anos de combate, e
quando esperava ter chegado o descanso do guerreiro, eis que novos
trabalhos o esperavam no regresso à
pátria. E durante dez terríveis anos,
cheios de incertezas, trabalhos e medos, vagueia errante, por vontade e
castigo dos deuses, até que, finalmente, chega a Ítaca, a sempre sonhada,
pronto para descansar. Mas nem agora
era hora de repouso. Havia, ainda, que
enfrentar os pretendentes ao seu trono.
Esta é que é a verdadeira realidade:
concluído um objectivo, logo outro se
levanta, sempre com novas dificuldades. Nunca há descanso para o
guerreiro. Não nos acomodemos: só
com audácia e persistência poderemos
defender o regionalismo.
A
Casa da Moita situase em Fajão, uma
antiga aldeia do
concelho de Pampilhosa
da Serra, encaixada numa
pitoresca concha da Serra
do Açor, alcandorada sobre o rio Ceira, perto da
sua nascente, entre altos e
gigantescos penedos de
quartzito, cuja configuração faz lembrar antigos castelos naturais.
Casa da Moita reflecte o
tipo de construção centenária tradicional da região,
em xisto, pedra local e
madeira de castanheiro, e
foi completamente reconstruída em 2004.
A construção, mobiliário e o equipamento encontram-se
em perfeita harmonia
e garantem um alto
padrão de conforto.
A casa dispõe de
uma ampla sala com
lareira e sofá, um
quarto de casal, um
quarto com uma cama de solteiro com
gavetão (para duas
pessoas), cozinha,
WC e quarto de banho. A sala, esculpida na rocha de xisto,
dispõe de uma lareira moderna.
15
Actualidade
BARRAGEM DO ALTO CEIRA VAI SER SUBSTITUÍDA 60 ANOS DEPOIS
C
omeçou a ser construída em
1939 e foi inaugurada em 1949.
A Barragem do Alto Ceira foi
uma obra da responsabilidade da então
Companhia Eléctrica das Beiras, com
projecto elaborado por Sir William
Halcrow & Partners.
Implantada no limite Norte do concelho de Pampilhosa da Serra, freguesia
de Fajão, na divisão com a freguesia de
Piódão, concelho de Arganil, local de
confluência entre o rio Ceira e a ribeira de
Fórnea, esta barragem com os seus 36,5
metros de altura, está inserida no
aproveitamento hidroeléctrico de Santa
Luzia.
Armazena água da bacia hidrográfica do
rio Ceira a montante, recebendo água
também das ribeiras da Castanheira e do
Tojo, através de cerca de 3,3 quilómetros de
túneis. A água armazenada é transferida
para a albufeira de Santa Luzia, já na bacia
do Rio Unhais, também por túnel com uma
extensão de cerca de 7,0 quilómetros, túnel
este que tem ainda uma abertura para
aproveitamento de água da ribeira de
Ceiroco e da vala da Serra da Rocha.
Construção arrojada para a época, ainda
hoje esta rede de túneis representa uma das
mais extensas do país com esta finalidade.
A construção da barragem caracteriza-se
por um dique em arco estreito, com fundações em xisto e estrutura em betão, tendo
sido utilizada alguma matéria-prima da
região, principalmente os seixos que eram
recolhidos nas encostas circundantes.
À semelhança de outras construções
similares, que naquela época recorreram à
mesma tecnologia de construção, a estrutura da barragem foi revelando algumas
anomalias, logo após o seu enchimento
inicial, nomeadamente várias fissuras e
deslocamentos horizontais para montante e
verticais ascendentes, assim como
expansão e reacções químicas alcalinas no
próprio betão.
Já há alguns anos que esta situação tem
sido acompanhada por técnicos do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC),
que tem desenvolvido técnicas e realizado a
monitorização do comportamento da estrutura, verificando-se que o seu estado se
tem vindo a agravar progressivamente.
Tendo em conta os elevados custos de
recuperação da estrutura existente e tendo
em conta a importância desta barragem no
contexto do aproveitamento hidroeléctrico
de Santa Luzia, a EDP – Electricidade de
Portugal, lançou concurso público, em
finais de 2007, para a execução da empreitada de “Construção da Nova barragem
do Alto Ceira”. O projecto consiste na
construção de uma nova barragem, no
lugar de Lameirinhos, Camba, cerca de 200
metros abaixo da já existente.
Pelas informações disponíveis on-line
para consulta do público em geral, designadamente no Estudo de Impacte Ambiental
elaborado pela EDP, o prazo de construção
da nova barragem do Alto Ceira está estimado em cerca de dois anos, admitindo-se
que em Abril de 2009 possam vir a estar
reunidas as condições para o arranque da
obra. A nova barragem substituirá a actual,
que será parcialmente demolida e ficará
submersa na nova albufeira, eliminando o
actual problema de segurança estrutural a
ela associado.
A nova estrutura terá exactamente as
mesmas funções que a barragem existente;
a sua albufeira servirá apenas como
reservatório e a água aí acumulada é
enviada através do túnel – cujo funcionamento se manterá – até à localidade de
Malhada do Rei, já na albufeira de Santa
Luzia, a cerca de sete quilómetros de
distância.
A estrutura projectada será construída
em betão e será uma abóbada de dupla
curvatura, com a altura teórica máxima
acima das fundações de 41 metros, com
um coroamento com cerca de 100 metros.
Garante o Nível de Pleno Armazenamento à
cota (665,40), valor idêntico ao existente,
acrescentando 1,7 hectares à superfície de
terreno inundada que actualmente é de
cerca de 12 hectares.
A descarga dos caudais de cheia será
feita através de um descarregador de
cheias não controlado (sem comportas) de
lâmina livre, cuja soleira será dividida em
sete vãos separados por seis pilares que
servem de apoio ao viaduto. Está prevista,
na continuação do soco de jusante da
barragem e na zona de influência do
descarregador, uma bacia em betão para
protecção das encostas e para dissipação
da energia dos caudais descarregados. No
corpo da barragem, com eixo à cota
(635,35), situa-se a descarga de fundo equipada com uma válvula dispersora a jusante,
sendo utilizado o equipamento de comando
instalado na barragem antiga, por se encontrar em bom estado.
Considerando os objectivos sociais e
ambientais a que se destina a água a
libertar na barragem do Alto Ceira, será
necessário manter um caudal mínimo
descarregado pela barragem, designado de
“caudal ambiental”. O caudal ambiental de
30 litros por segundo, determinado na
concessão do aproveitamento (Diário do
Governo, II Série – n.° 43 de Fevereiro de
1957), ficará assim assegurado por circuito
próprio, restituindo a água para a bacia de
dissipação do descarregador de cheias.
Associada a esta construção realizar-seão um conjunto de obras auxiliares, pelo
que será necessário dispor de uma área
destinada ao estaleiro industrial, onde serão
instalados escritórios, armazéns, pequenas
oficinas, parqueamento e outras estruturas
associadas; e uma outra destinada às instalações sociais do empreiteiro, nomeadamente dormitórios e refeitório, na envolvente próxima das aldeias de Camba e
Porto da Balsa.
Relativamente a acessos, sobre o coroamento da barragem está prevista a realização dum viaduto cujo perfil transversal terá
3 metros de faixa de rodagem que, além de
facilitar a interligação entre as margens do
Ceira, permite garantir o acesso de viaturas
de carga com porte ligeiro ao edifício de
manobra onde se localiza o equipamento
de comando da comporta de segurança da
descarga de fundo.
O acesso à barragem será efectuado a
partir do Caminho Municipal n.º 1.401 por
um troço novo de estrada com 508 metros
de extensão, com perfil transversal tipo com
5 metros de largura e bermas com largura
de 0,50 metros.
Devido à adversidade topográfica do
local e com a finalidade de reduzir a altura
dos muros de suporte necessários, o projecto prevê a uma ripagem do Caminho
Municipal n.º 1.401 para o interior da
encosta numa extensão total de 525
metros, o que sob o ponto de vista de integração ambiental, geotécnico e económico, se encontrou como a solução mais
vantajosa
No que diz respeito à barragem antiga, a
solução encontrada considerou ser suficiente proceder à demolição da zona
superior da abóbada existente, entre
encontros, até à cota (659,50), isto é, dois
metros abaixo do nível mínimo de exploração da albufeira (661,5). Fica assim garantida a livre circulação superficial de água
entre as zonas da nova albufeira a montante
e a jusante da barragem existente, numa
altura mínima de dois metros. Em profundidade, ficará uma abertura a uma cota
superior à da actual descarga de fundo, de
forma aproximadamente circular, com 2,5
metros de raio e com eixo localizado à cota
(645,00).
De acordo com o Programa de Trabalhos
a que tivemos acesso, que tem por base a
experiência adquirida em outros projectos
similares, prevê-se para o tempo de realização da obra um prazo global de cerca de
dois anos para a construção da nova
barragem.
Em relação aos meios humanos estimase que seja necessário mobilizar para o
local um número considerável de trabalhadores, distribuídos pelas diversas categorias profissionais e pelos diversos adjudicatários, que, no pico da construção,
poderá atingir valores próximos das 100
pessoas.
A realização desta empreitada inclui a
execução de todas as obras de engenharia
civil e fornecimento dos equipamentos da
nova barragem. O projecto envolve a colocação de cerca de 20 mil metros quadrados
de betão. Compreende também todos os
trabalhos acessórios e complementares,
entre os quais a construção do edifício
destinado aos equipamentos eléctricos, a
execução dos acessos, as demolições
necessárias e a recuperação paisagística.
O consórcio vencedor é constituído pelas
empresas CONDURIL – Construtora Duriense, S.A. e ENSULMECI – Gestão de
Projectos de Engenharia, S.A. com participações de 55 e 45% respectivamente. De
acordo com informação recolhida no sítio
da empresa atrás referida, prevê-se para
este projecto um prazo de execução de 26
meses, num valor total de cerca de nove
milhões de euros.
Para as gentes daquela região vão ser
dois anos de grande azáfama e possivel-
Carlos Simões
mente alguns transtornos relacionados com
a construção e movimentação de máquinas, contudo trará certamente mais
pessoas que deixam riqueza no comércio
local.
Quando nos lembramos da construção
da primeira barragem e dos túneis no final
dos anos 30 e década de 40 do século XX,
vem-nos à memória o trabalho árduo e sem
condições que muitos naturais das aldeias
da região sofreram. Sem a segurança de
hoje, foi motivo de doenças graves (silicose
e outras), causando morte prematura para
um grande número de homens daquelas
aldeias, principalmente para quem trabalhou dentro dos túneis.
Vieram muitos trabalhadores de outras
zonas do país, em que parte deles acabaram por se fixar na região constituindo
famílias que ainda hoje por ali se mantêm.
Seria bom que a nova barragem, para além
de melhorar a segurança da existente,
também servisse para chamar gente para a
região. Quem sabe…
Esta região já acolhe grandes parques
eólicos, implantados em terrenos que eram
pertença dos habitantes destas aldeias,
inundaram e inundam os vales com barragens onde tinham os seus lameiros e
moinhos, tudo em nome da produção de
energia limpa. É certo que não polui, mas é
cara e sai cara à população que recebe uma
mão cheia de quase nada, pelo que lhe
pertence por direito.
Pode ser que a luz limpa que por aqui é
produzida ilumine algumas mentes e consigam ver melhor esta região, onde há gente
que também merece receber os ventos do
progresso com qualidade de vida.
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CASA DO CONCELHO PAMPILHOSA DA SERRA
Regionalismo
Desporto
FUTEBOL UNE PAMPILHOSENSES NA 1.ª EDIÇÃO DA “TAÇA AIRES FERNANDES DE ALMEIDA”
N
o dia 8 de Junho, em Pampilhosa da Serra, realizou-se um encontro amigável de futebol entre
o Grupo Desportivo Pampilhosense (GDP)
e uma Selecção de Filiadas da Casa do
Concelho de Pampilhosa da Serra (CCPS),
integrado nas comemorações do 67.º aniversário da casa concelhia. Nesse encontro, a equipa local que tinha vencido recentemente o torneio de encerramento da
Associação de Futebol de Coimbra, venceu a partida por tangencial 2–1, salientando-se acima de tudo a salutar disputa e
confraternização entre pampilhosenses e
ficando desde logo o convite ao GDP para
um segundo encontro a realizar na região
da Grande Lisboa.
O GDP respondeu afirmativamente e
dando início à pré-época de preparação
para disputar a 1.ª Divisão do Campeonato
Distrital 2008/09 foi agendado para o dia 7
de Setembro um segundo encontro amigável, que se realizou no relvado sintético do
estádio do Atlético Clube do Cacém (Sintra). A este encontro amigável chamou-se
“Taça Aires Fernandes de Almeida”, por ser
patrocinador de ambas as equipas e
patrocinador do clube local.
Chegou com algum atraso o autocarro
vindo de Pampilhosa da Serra, porque
“caparam alguns chibos”, mas chegaram e
foi com enorme prazer que vimos os atletas e as cores do Pampilhosense a sair do
autocarro e ainda o reencontro de vários
familiares que ali os esperavam. A comitiva
do GDP, chefiada pelo seu presidente
António Caetano, foi recebida pela Direcção da casa concelhia, pela Direcção do
Atlético Clube do Cacém e pelo Sr. Leonel,
em representação de seu pai Aires
Fernandes Almeida. Como o tempo “voava”, rapidamente as equipas se encaminharam para os balneários.
O jogo teve início já perto das 12:00
horas, alinhando as equipas com o seu
equipamento composto de camisola amarela e calção verde, no caso da Selecção
da CCPS, e o GDP com o seu equipamento oficial, com camisola verde e preta com
listas verticais e calção preto. Para saudar
os espectadores, as duas equipas perfilaram frente à tribuna, tal como a equipa de
arbitragem, inscrita na Associação de
Futebol de Lisboa, chefiada também por
um árbitro oriundo do concelho. Nas bancadas, um considerável número de pampilhosenses marcava presença e aplaudiu
os atletas, de princípio ao fim do encontro.
Dentro das quatro linhas, o calor apertava e os jogadores entregaram-se ao jogo
de alma e coração, resultando em jogadas
de excelente qualidade. O GDP fez alinhar
o seu plantel disponível, a experiência de
competição fazia alguma diferença, salientando-se a participação do seu treinador
Carlos Alegre, que se cotou como um dos
melhores elementos em campo. Por parte
da CCPS, a falta de ritmo e entrosamento
estava patente. Incitados pelo treinador
Nuno Pereira, “os da Casa” estavam a dar
boa conta do recado, registando-se excelentes jogadas proporcionadas pelos atletas mais dotados e treinados. Se por um
lado a equipa do GDP denotava falhas
típicas de início de época, da equipa da
CCPS transparecia a ideia que com uns
treinos regulares, aquela equipa poderia
“fazer umas flores”.
Apesar de pela CCPS no final do jogo
alinharem algumas “barrigas”, o resultado
final demonstra bem a disputa e o equilíbrio que se verificou em grande parte da
partida, tendo o GDP vencido por 3–4. Foi
mais uma jornada do desporto pampilhosense, tendo todos os participantes saído
vencedores e, acima de tudo, saiu reforçado o intercâmbio entre instituições. Não
foi certamente “os de cá” contra “os de lá”,
mas sim um momento de união e convívio
entre pampilhosenses.
Após um merecido banho, como estava
mais que na hora de almoço, todos
partiram rumo às instalações da empresa
Aires Fernandes de Almeida, Lda., localizadas ali bem próximo no Cacém, onde
esperava um excelente manjar, gentilmente
oferecido pelo grande amigo e grande
pampilhosense Aires Fernandes Almeida e
sua família, para todos os atletas, técnicos,
dirigentes, árbitros e todos os espectadores que quisessem estar presentes neste
convívio, Ficou patente na opinião de todos, uma grande admiração e agradecimento por aquele bonito gesto.
Confortados os estômagos de atletas,
espectadores e amigos das instituições
participantes e organizadoras, seguiram-se
PENALTY NA 2.ª PARTE FOI DECISIVO
NA DERROTA DOS SERRANOS
1.ª Jornada da 1.ª Divisão Distrital Série A
da Associação de Futebol Coimbra
Estádio: Campo Pampilhosense, em
Pampilhosa da Serra
Assistência: cerca de 80 espectadores
Árbitro: Pinto Nunes
Auxiliares: Alexandre Pinto e Filipe Rainha
Resultado ao intervalo: 0-1
Alinhamento do Grupo Desportivo
Pampilhosense: Rui Olivença, Ricardo
Marques, Isidro (Piri 59m), Pedro Barata,
Samuel (Laranjeiro 80m), Rodrigo, Filipe
Brito, Marco Alegre, Rabeca, Alegre e Paulo
Marques.
Suplentes: Capitão, Deco, Laranjeiro e Piri.
Treinador: Carlos Alegre
C
oube ao COJA “apadrinhar” a estreia oficial do Grupo Desportivo
Pampilhosense (GDP) na temporada de 2008/2009. A equipa serrana
sabia das dificuldades que iria encontrar, mas também os homens de Coja
tinham consciência de que, em Pampilhosa da Serra, é difícil alguma equipa
levar os três pontos.
Os homens da casa até entraram
bem no desafio, mantendo algum domínio sobre o adversário, mas a formação
do COJA equilibrou à passagem do
quarto de hora, dispondo da primeira
flagrante oportunidade de golo, o avançado visitante, solto de marcação na
esquerda, tenta o chapéu ao guardião
serrano, mas a bola sai por cima. O aviso estava dado e aos 26 minutos o conjunto vizinho, de Coja, chega à vantagem, na sequência de um pontapé de
canto, com o jogador visitante a cabeCASA DO CONCELHO PAMPILHOSA DA SERRA
cear para o fundo das redes pampilhosense.
A resposta do GDP foi positiva, mas
faltava entendimento dos jogadores
pampilhosenses na hora de finalizar.
Por três situações a bola rondou com
perigo a baliza dos de Coja, mas sem
surgir nenhum jogador da turma da casa para a conclusão. Em cima do intervalo seria o COJA a ficar muito próximo
de ampliar a vantagem, em mais um
chapéu que saiu por cima da baliza
pampilhosense. No final dos primeiros
45 minutos o placar registava a vantagem de um golo a favor dos visitantes.
No reatamento o GDP entra disposto
a alterar o rumo dos acontecimentos. A
partir dos 53 minutos a equipa visitante
fica reduzida a menos um elemento, um
jogador que tinha entrado segundos antes agride Isidro. O árbitro auxiliar informa o seu chefe de equipa que expulsa
com vermelho directo o atleta do COJA.
A partir daqui o domínio do Pampilhosense foi mais intenso, com mais posse
de bola a turma da casa tentava desenhar jogadas de ataque, que permitissem chegar ao tão ambicionado golo.
Paulo Marques tem duas boas iniciativas na direita, que só por mero azar
não resultam em golo. O COJA tentava
responder em contra-ataque e assim
resolver, de vez, o desafio a seu favor, e
até esteve perto, num livre da direita
com o jogador visitante a cabecear para
uma grande defesa do guardião da
casa.
Aos 70 minutos, numa jogada de
puro contra ataque, que vai nascer o
segundo tento para os visitantes. O
Carlos Simões e
António Amaro Rosa
então os discursos. António Caetano, pelo
GDP, elogiou as organização e a forma
amigável como decorreu o evento
desportivo, manifestando a disponibilidade
do clube serrano para repetir novos encontros semelhantes no futuro, como
forma de reforçar os laços entre os pampilhosenses residentes e os não residentes.
Pelo mesmo diapasão se pronunciou
Anselmo Lopes, enquanto dirigente da
CCPS, declarando ainda que o actual
regionalismo não é algo inventado pelos
“doutores e engenheiros lá de Lisboa”,
mas um movimento que deve servir os
pampilhosenses “de lá” e os “de cá”, seja
à luz do desporto, seja à luz da cultura ou
de outros aspectos.
Jorge Ramos
A equipa de arbitragem esteve a bom
nível. Dá-se-lhe o benefício da dúvida
na jogada que dita a grande penalidade
para o COJA e a expulsão do guardião
pampilhosense. Na falta ficou a dúvida
se dentro ou fora da área e o cartão
vermelho para o jogador serrano talvez
tenha sido demasiado excessivo.
Como nota final e pela negativa, os
desacatos causados por um jogador do
COJA no balneário. A atitude é no
mínimo lamentável e irracional…
Resultados:
SP Alva 3-1 Arouce Praia
Académica SF 2-2 Eirense
Pampilhosense 0-2 COJA
Lagares Beira 1-0 Lamas
Idosos 1-0 Mocidade
árbitro da partida entende que o guarda-redes pampilhosense derruba, em
falta, o avançado contrário assinalando
grande penalidade, resultando daí o
golo do COJA e a expulsão do guardião
serrano. Neste lance fica a sensação
que a falta surge fora da área e numa
zona em que já seria difícil o jogador visitante concluir com êxito a sua jogada.
Resta referir que o GDP, sem guardaredes suplente, foi forçado a recorrer a
Filipe Brito para a baliza. A partir daqui,
com as duas equipas em igualdade numérica, a partida ficou mais equilibrada,
com mais espaço na zona intermediária, e com o GDP a arriscar tudo para
poder, ainda, discutir os pontos que
estavam em jogo. Mas a única jogada
que merece destaque surge já na recta
final, com Paulo Marques a surgir isolado, em zona frontal, mas a perder algum tempo e a permitir a intervenção
do defesa do COJA.
O conjunto visitante leva para Coja os
três pontos, enquanto o Pampilhosense
entra na temporada de 08/09 da pior
forma, com uma derrota. Os de Coja tiveram melhor na primeira parte, dominando os acontecimentos por um maior
período de tempo, mas na etapa complementar o GDP esteve muito próximo
de igualar o desafio, isto até ao segundo golo contrário. Depois desse momento o jogo ficou quase que decidido.
Próxima Jornada:
Arouce Praia – Idosos
Eirense – SP Alva
Góis – Académica SF
Ag. Lamas – COJA
Mocidade – Lagares Beira
17
Opinião
Cultura
LIGA DE SOBRAL DE BAIXO REALIZA CONVÍVIO REGIONALISTA
A
Liga de Melhoramentos do Sobral de
Baixo é uma das mais antigas colectividades regionalistas do concelho
de Pampilhosa da Serra. Fundada no dia 27 de
Maio de 1945, por iniciativa de José Maria
Pedro, Manuel Carreiras e Urbano das Neves, a
que outros dedicados sobralenses logo se
agregaram, esta agremiação, ao longo dos
seus 63 anos de actividade, é protagonista duma história cheia de iniciativas e de realizações
que muito contribuíram para a valorização da
aldeia com naturais reflexos na qualidade de
vida da sua gente.
Em breve conversa com o presidente da
Direcção desta colectividade, Hélder Santos
Almeida deu-nos a conhecer algumas das mais
relevantes iniciativas concretizadas pela Liga ao
longo da sua actividade em benefício do Sobral
de Baixo. Assim, entre outras realizações de
interesse local, ficámos a saber que, num tempo em que a fé cristã e o desejo de aprender
marcavam as aspirações da gente da serra, a
colectividade construiu uma capela e uma escola, ou seja, um equipamento colectivo para
rezar outro para aprender; para dotar a aldeia
dum espaço onde as pessoas se pudessem
encontrar edificou uma casa de convívio, construiu um recinto de festas com cobertura do
palco e uma churrasqueira abrigada da chuva;
construiu um largo em frente à casa de convívio
a que, muito justamente, deu o nome de Aires
Fernandes de Almeida, ofertante do terreno
para tal efeito; construiu a estrada e ergueu
chafarizes, melhoramentos de grande utilidade
na altura em termos de mobilidade e de saúde
e introduziu melhorias na fonte velha, tudo isto
à custa de muito querer, de muitos sacrifícios
certamente, mas sempre no sentido de facilitar
a vida das pessoas. De momento, nesta fase
em que o regionalismo se orgulha do passado
mas pensa fundamentalmente no futuro, a Liga
tem em carteira levar a água canalizada para as
O FILÓSOFO
QUÃO TERNO SENTIR
ENCERRA
Curioso e pensativo
O Ti Manel
Matutava, matutava…
“Qual terá sido
A causa primeira?
Sim, para ter havido
Um efeito
Terá de ter havido
Uma causa”.
Precoce adolescente
Numa rota ascendente
Persegue fim almejado
Tenra é sua idade
Fruto de rija vontade
Tem campo arroteado
Ao nono ano chegado
Há que ser felicitado
Pela acção desenvolvida
Parabéns pampilhosenses
Tendes em vossos pertences
Riqueza bem produzida
- Que te parece,
Maria?
- Que coisa,
Manel,
Lá vens tu
Com as tuas
Maluqueiras!
José Teodoro Mendes
HAI-KAI
Que há entre mim e a vida
Se ao menos uma Fada me provasse
que aquela não é uma loucura
Manuel Dias da Silva,
Íntimo Canto (inédito)
No SERRAS está contida
Seja p’ra sempre mantida
Na história da sua Terra
De concelho adjacente
Pampilho por descendente
Nosso bem a Beira Serra
Fonte de alma e vida
De bem fazer imbuída
Quão terno sentir encerra.
PENSAMENTO
…custoso exteriorizar!!!...
…contornos dum
sentimento!!!...
…???...
ERRO
Almas e a iluminação do caminho, assuntos
que aguardam pelo apoio da autarquia.
Esta laboriosa colectividade, para assinalar a
passagem de mais um aniversário, acaba de
reunir num almoço muitos dos seus amigos,
dando uma prova de vitalidade que continua a
ser fundamental no prosseguimento da vida regionalista em direcção ao futuro. E dificilmente
poderia haver melhor cenário para a realização
deste encontro do que aquele onde decorreu, o
amplo salão do restaurante “Museu do Pão”,
situado no complexo do Estádio da Luz, com
as mesas dispostas com gosto, muita animação e ambiente agradável. E muitos regionalistas ali marcaram presença, com destaque para
vários elementos dos corpos sociais da Casa
do Concelho de Pampilhosa da Serra (CCPS).
Servido com o requinte e a qualidade do
serviço que este conceituado restaurante presta aos seus clientes, também houve, como é
próprio destes almoços regionalistas, um tempo para algumas intervenções. O primeiro orador foi, naturalmente, o presidente da Direcção
da Liga de Melhoramentos do Sobral de Baixo,
Hélder Santos Almeida, para envolver os presentes num abraço de amizade, agradecer a
sua participação no convívio e os apoios recebidos para a realização do almoço, saudando
especialmente o associado Aires Fernandes de
Almeida, benemérito e verdadeira alma da
colectividade sobralense, pelo seu generoso
contributo para esse efeito.
Entretanto, provocando grande animação,
deu entrada no salão do restaurante a célebre
Vitória, a águia do Benfica, levada pelo seu dono e tratador. Não voou espectacularmente sobre o relvado, ali ao pé, como faz tantas vezes,
mas deu uma grande alegria aos benfiquistas
presentes e até aqueles que militam noutras
cores não deixaram de aplaudir tão representativa figura do universo benfiquista. Foi de facto
uma nota interessante no meio da animação
que se vivia.
A intervenção seguinte coube a Manuel
Gonçalves Xavier, não, evidentemente, por razões de afectividade clubista, mas por ser o
dinâmico regionalista que todos conhecemos e
vice-presidente da Direcção da CCPS. Após
uma palavra de agradecimento dirigida a Aires
Fernandes de Almeida pelo convite que lhe dirigiu, teve palavras elogiosas para a família deste
destacado empresário sobralense e para José
Manuel Gonçalves de Almeida, recentemente
alvo de uma homenagem promovida pela
CCPS, considerando-o “um pampilhosense de
eleição, um dos maiores regionalistas do con-
celho das últimas décadas”, terminando por lhe
fazer entrega duma lembrança da parte da
firma Aires Fernandes de Almeida, Lda. e da
Liga dos Amigos de Sobral Bendito, significativa de muita estima e consideração.
O presidente da Assembleia-geral da Liga falou seguidamente para se referir à participação
alargada neste almoço, que “saiu do meio local,
circunscrito à aldeia, para se projectar para o
concelho”. Referindo-se a Aires Fernandes de
Almeida, agradeceu o seu empenho nas actividades da Liga, considerando a sua ajuda fundamental para o prosseguimento dos objectivos da colectividade.
O presidente da Direcção da CCPS, Anselmo Lopes, na sequência da série de intervenções, considerou o momento que ali se estava
a viver “muito importante, pois quando se diz
que o regionalismo está a acabar, juntar aqui
190 pessoas é a resposta que vem ao encontro
do objectivo primordial da Direcção da Casa no
seu esforço de unir as pessoas e servir a Pampilhosa”. Referindo que a nível geral deverá
existir sempre a preocupação de valorizar aquilo que nos deixam, enfatizou o princípio de que
“nunca faremos nada contra o nosso concelho,
queremos vê-lo no mapa, deixem-nos participar, ninguém tenha medo do regionalismo” já
que este movimento foi criado para servir e
ajudar o desenvolvimento. Realçando o contributo que Aires Fernandes de Almeida tem dado
ao regionalismo, afirmou ainda o grande desejo
de um dia possuirmos uma Casa da Pampilhosa em Lisboa onde os pampilhosenses se
possam juntar durante todo o ano.
Seguiram-se outras intervenções. Aníbal Pacheco, vindo expressamente do Porto, agradeceu o convite que Aires Fernandes de Almeida
lhe fez e disse da sua satisfação por se encontrar junto da gente duma aldeia pampilhosense
que tanto tem contribuído para o seu desenvolvimento, para a seguir considerar que o regionalismo sempre foi um “movimento de progresso que se baseia na união e na solidariedade,
dois factores essenciais que estão na génese
do trabalho e dos objectivos a alcançar”. Afirmando que ambas essas virtudes se encontram presentes neste convívio, a união dos sobralenses à volta da sua colectividade e a solidariedade bem expressa ao longo de 63 anos e
que tem a máxima expressão na dedicação e
na generosidade de Aires Fernandes de Almeida, enaltecendo o seu exemplo de trabalho que
o levou a alcançar um sólida posição empresarial mas nunca esqueceu a sua terra nem se
Aníbal Pacheco
alheou do desenvolvimento do concelho onde
nasceu, terminando por sublinhar que o regionalismo sempre se dignifica quando homenageia quem o merece.
Carlos Simões, presidente da Liga de Melhoramentos da Camba e integrante duma nova
geração de regionalistas apostada em prosseguir o trabalho dos seus antecessores, à luz das
novas necessidades e problemas, saudou os
participantes e dirigiu um convite ao Grupo de
Bombos do Sobral de Baixo para irem abrilhantar as festas da Camba no mês de Agosto,
anunciando ainda que no dia 14 de Agosto se
vai realizar a travessia do túnel do rio Ceira para
a Malhada do Rei, um passeio inédito e que terá
certamente elevado número de participantes.
O presidente da Liga de Melhoramentos de
Covões, José Alexandre, falou do encontro de
concertinas realizado pela sua colectividade no
dia anterior, ofertando a Aires Fernandes de
Almeida e a Leonel Fernandes de Almeida, seu
filho e sócio na empresa, duas t-shirts alusivas
a tal manifestação de raiz cultural, terminando
por se manifestar grato àquele empresário,
despedindo-se com um abraço de amizade.
Finalmente, a encerrar o capítulo das intervenções, Aires Fernandes de Almeida teve palavras de muita amizade para José Manuel
Gonçalves de Almeida, referindo-se-lhe como
“um irmão, um homem que sabe fazer e ensinar, com quem muito aprendi”. Aludiu também
à presença de Aníbal Pacheco, manifestandolhe o seu agradecimento por se ter deslocado
do Porto expressamente para ali estar, e dirigiu
palavras de agradecimento à CCPS, aos amigos do Cacém e a todos os presentes, adiantando “que tem feito apenas o que lhe tem sido
possível pela sua terra e pelo regionalismo”,
acabando por sugerir à Casa Concelhia uma
concentração dos pampilhosenses no próximo
ano nas suas amplas instalações do Cacém.
E em jeito de merecida consagração a um
homem que tanto tem contribuído para colocar
o Sobral de Baixo no mapa das aldeias mais
desenvolvidas do concelho e que estende a sua
generosidade para além dos limites da sua
terra, um facto que ficou bem patente, uma vez
mais, nesta organização da Liga de Melhoramentos, a festa regionalista do Sobral de Baixo
terminou com uma sentida homenagem a toda
a família de Aires Fernandes de Almeida ali presente, sua esposa D. Armandina, filho Leonel,
nora Luísa e netos, todos eles, pelo que fazem
em prol das nossas terras, bem justificam
merecido agradecimento.
O MIRADOURO DO POETA
CAÇADOR
DE INSTANTES
Já não sou mais que um caçador de
instantes.
Ouço na rua os passos de quem passa;
já não procuro a minha caça
por montes e valados como dantes.
Se o tempo fora outro, entretanto,
de nada serviria.
Pois nada neste mundo pagaria
este sereno e fugas encanto
que espalhas, ao beijar a luz do dia.
António Ramos de Almeida
18
MISTÉRIO
Os olhos do sol estão cerrados
a lua lança os seus primeiros gritos de dor…
as estrelas dançam ao som do mórbido
vento…
sombras que cobrem as nossas faces
ocultando toda a nossa identidade
braços gélidos que abraçam o fogo
lobos que uivam ao nascer do sol…
tudo tem um mistério
até Tu… aquele que me consome,
tens um mistério…
mistério esse que eu desejava conhecer um dia,
ou talvez não, talvez esse mistério nunca se
desvendará
talvez se esconda no oculto da noite
tal como eu me tento esconder…
Vera Carmo
CASA DO CONCELHO PAMPILHOSA DA SERRA
SEDE: Alto da Bela Vista • 2735-344 CACÉM
Telefs.: 214 263 729 / 214 265 531 • Fax: 214 261 638
[email protected] • www.airesfernandesdealmeida.com
Aires Fernandes de Almeida e Leonel Nunes de Almeida, naturais de Sobral de Baixo - Pampilhosa da Serra
CASA DO CONCELHO PAMPILHOSA DA SERRA
19
Actualidade
JÚLIO CORTÊS FERNANDES REFORÇA ELENCO DO ENCONTRO CULTURAL
J
úlio Cortês Fernandes é o mais recente
nome a juntar aos já quatro conhecidos
oradores do Encontro Cultural de
Pampilhosa da Serra, um evento a realizar no dia
15 de Novembro, no auditório municipal sito
naquela vila da Beira Serra. Ascende assim a
cinco o número de oradores que vão apresentar
outras tantas comunicações inéditas sobre
aspectos concretos da história do concelho que,
fazendo fé na placa existente no antigo edifício
dos paços do concelho, comemora em 2008 o
seu sétimo século de existência.
O reputado investigador da história local
pampilhosense prepara-se para abordar um
tema raramente abordado na historiografia
local: os antigos locais de detenção e de
castigo existentes na vila de Pampilhosa da
Serra, o mesmo é dizer a localização da antiga
cadeia e da forca. Alicerçado na toponímia e
com base em alguns documentos históricos,
Júlio Cortês Fernandes – que é objecto de uma
entrevista na presente edição do “SERRAS DA
PAMPILHOSA” – promete trazer relevantes
dados sobre este património penitenciário
António Amaro Rosa
edificado entretanto obsoleto ou desaparecido.
Depois do sucesso que representou o “1.º
Encontro de Juristas de Pampilhosa da Serra”,
que reuniu várias dezenas de juristas e
licenciados em Direito na “Capital do Sossego”,
entre os dias 13 e 14 de Setembro, numa
tentativa de dar visibilidade à comarca judicial de
Pampilhosa da Serra, a Casa do Concelho de
Pampilhosa da Serra, enquanto entidade organizadora, vira agora a sua atenção para os
aspectos histórico-culturais do concelho que lhe
dá nome, associando-se desta forma à comemoração dos 700 anos da “terra dos pampilhos”.
Dedicado à História Local de Pampilhosa da
Serra, o evento vai ocorrer no dia 15 de Novembro e está aberto gratuitamente a toda a
população interessada em conhecer um pouco
mais sobre o percurso histórico do concelho de
Pampilhosa da Serra. Após a realização do
encontro, a Casa do Concelho de Pampilhosa
da Serra procurará editar em livro as intervenções dos oradores convidados, com o
objectivo de divulgar e tornar acessível a todos
os interessados as suas conclusões.
NOVO ANO LECTIVO
NOVO
ANO LECTIVO
CELEBRADO
COM
CELEBRADO
COM OFERTA
DE LIVROS
OFERTA DE
LIVROS
PELO MUNICÍPIO
PELO
MUNICÍPIO
F
oi a pensar no futuro dos mais
pequenos do concelho que o
executivo
camarário
desenvolveu mais uma acção
inédita no que se refere à educação.
Assim, no dia 12 de Setembro, em
articulação com o Agrupamento
Vertical Escalada de Pam-pilhosa da
Serra, a edilidade realizou uma visita
a todas as escolas do concelho
entregando mochilas e estojos a
todos os alunos do concelho (cerca
de 380) e também livros escolares
aos 112 alunos do 1.º Ciclo do
Ensino Básico.
Os elementos que constituem o
executivo camarário foram a todas
as salas do 1.º Ciclo da escolasede, seguindo para a EB1
Amoreira. Da parte da tarde foram
contempladas a EB1 Unhais-oVelho e a EB1 Dornelas do Zêzere.
Nesta escola, o presidente da
câmara anunciou e apresentou a
todos
os
alunos,
pais
e
encarregados
de
educação
presentes a maqueta do novo
Centro Educativo que irá ter o início
da sua construção já em Outubro
prevendo-se o seu funcio-namento
no ano lectivo de 2009/2010. Tratase de um esforço da autarquia,
uma vez que o financiamento do
Gover-no é apenas de 400.000
euros num investimento total de
1.300.000 euros, sendo a diferença
suportada
pelo
município
pampilhosense. O presidente da
autarquia referiu ainda que este
esforço financeiro se justificava
porque é através do progresso e
desenvolvimento que se prepara o
futuro do concelho, o futuro das
crianças.
NOVO ANO LECTIVO
CELEBRADO COM
OFERTA DEDA
LIVROS
PELO MUNICÍPIO
CAMBENSES
DISCUTEM
ENTREGA
REDE
DE ÁGUA
Carlos Simões
R
euniu em Camba, no dia
11 de Agosto pelas 16
horas, a Assembleia-Geral
ordinária da Comissão Associativa
de Melhoramentos da Camba.
Sob a presidência de José Luís
Nunes Pereira, os trabalhos
desenrolaram-se com normalidade, constando da ordem de
trabalhos quatro pontos: apreciação, discussão e votação do
relatório e contas do exercício de
2007/08; apresentação, discussão
e votação do plano de actividades
e orçamento para 2008/09;
deliberar sobre a entrega da rede
de abastecimento de água a
Camba à Câmara Municipal de
Pampilhosa da Serra; e, por fim,
apresentação de outros assuntos
de interesse para a Camba.
O relatório e contas foi apresentado pela Direcção e emitido
parecer pelo Conselho Fiscal,
tendo sido aprovado por unanimidade. Salienta-se deste relatório a realização de vários
eventos e angariação de fundos, o
que permitiu diminuir significativamente o montante em dívida
ao construtor dos recentes
melhoramentos.
Relativamente ao segundo ponto
da ordem de trabalhos, a Direcção
apresentou o plano de actividades
e orçamento para o próximo ano
de mandato, nos capítulos do
desporto, da cultura, dos melhoramentos e da organização, tendo
informado que alguns dos melhoramentos e actividades ali
previstas já estavam em execução, como por exemplo, a
instalação de mais cinco bocas de
incêndio que já se encontram a
funcionar, bem como a reparação
de
algumas
escadarias
e
caminhos
que
já
estão
executadas.
Quando ao terceiro ponto e na
sequência de reunião prévia com
a
Câmara
Municipal
de
Pampilhosa da Serra, a Direcção
foi informada que decorre da lei
que a administração da rede de
abastecimento público de água
deve ser entregue à autarquia,
pelo que esta questão foi
colocada à discussão dos associados presentes. Vários associados usaram da palavra,
salientando-se a opinião unânime
que não é totalmente justo, visto
que, tratando-se de uma rede que
está em bom estado e que foi
construída na sua grande maioria
com fundos dos cambenses, é
com alguma mágoa e muita
dificuldade que se aceita de bom
grado a entrega da rede e
consequente
instalação
de
contadores nas habitações. Ou
seja, construímos uma rede da
qual pagámos a maior parte e
agora vamos ter de pagar a água.
Foram explicados pela Direcção e
pela mesa da Assembleia-Geral
alguns aspectos da lei, principalmente no que se refere ao
cumprimento das obrigações
legais na garantia da qualidade da
água, nomeadamente as análises,
tratamentos e elaboração de
relatórios que actualmente está a
ser feito pela autarquia e que
também suporta os custos.
A Direcção manifestou a opinião
de que deveria ser entregue à
autarquia,
visto
que
a
colectividade não tem capacidade
financeira nem técnica para
cumprir os requisitos legais e
ainda efectuar a manutenção da
funcionalidade. Surgiram outras
opiniões, principalmente relacionadas
com
a
falta
de
saneamento básico que, no caso
de rede de águas ser entregue à
Câmara, poderia ser uma obra a
executar nessa altura. Por
surgirem várias dúvidas relativamente a este processo, a Direcção
propôs
à
mesa
da
Assembleia-Geral o adiamento da
deliberação, até que alguém da
autarquia se deslocasse a Camba,
a fim de tirar todas as dúvidas e
prestar todos esclarecimentos
necessários à população. A proposta da Direcção foi aprovada
por maioria.
No último ponto da ordem de
trabalhos foi dada a palavra aos
associados para se pronunciarem
acerca de qualquer assunto de
interesse para a colectividade e
para a Camba, tendo sido
abordada a obra de substituição
do telhado da casa de convívio,
ao que a Direcção informou que a
obra se vai iniciar já em Setembro.
O plano de actividades prevê a
construção de um armazém na
zona da piscina fluvial, para
guardar no Inverno o material
daquele recinto, tendo surgido a
ideia de se prever nas dimensões
e estrutura desse armazém a
implantação de um bar de apoio à
piscina e para ser usado no caso
de se realizar ali uma festa. Foi
ainda sugerido à Direcção que
tente junto das autarquias um
subsídio para pagamento da mãode-obra da instalação das bocas
de incêndio, visto que o custo do
material vai ser suportado pela
Câmara Municipal, mas a
colectividade tem dificuldade em
financiar o restante.
Foi aprovado um voto de pesar e
guardado um minuto de silêncio
pelos sócios e familiares falecidos
e aprovados votos de agrade-
cimento às seguintes entidades e
personalidades: Câmara Municipal de Pampilhosa da Serra, Junta
de Freguesia de Fajão, Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Pampilhosa
da Serra, Santa Casa da Misericórdia de Pampilhosa da Serra,
Construções Moura & Filhos,
Lda., jornais “A Comarca de
Arganil”, “Jornal de Arganil” e
“Serras da Pampilhosa”, membros da delegação da colectividade em Camba, Luís Gonçalves (webmaster da página na
Internet), José Costa Alves (pelo
empréstimo concedido sem juros)
e Américo de Almeida (pelo
trabalho de manutenção e
gerência da casa de convívio e
apoio no posto médico).
Para todos um bom ano de
trabalho e votos de muita saúde e
felicidade.
Nota da Redacção – a Direcção do jornal
“Serras
da
Pampilhosa”
agradece
reconhecidamente (e retribui) o voto de louvor
feito para Assembleia-Geral da Comissão
Associativa de Melhoramentos da Camba e
reafirma, uma vez mais, a sua disponibilidade
para continuar ser a “Voz do Regionalismo
Pampilhosense”, quer relativamente à aldeia
e colectividade de Camba quer relativamente
às restantes aldeias e associações
(regionalistas ou não) do concelho de
Pampilhosa da Serra, e que são, ao fim e ao
cabo, a sua razão de existir.

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