Jornal n¼ 112 10_08 - Casa do Concelho de Pampilhosa da Serra
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Jornal n¼ 112 10_08 - Casa do Concelho de Pampilhosa da Serra
Sede:Rua das Escolas Gerais, 82 – 1100-220 LISBOA Tel./Fax 218 861 082 – [email protected] www.casadapampilhosa.org Delegação: Travessa de S. Pedro, nº 4 3320-236 Pampilhosa da Serra A voz do regionalismo Director: César Oliveira — fundado em 1999 — A N O V I I I • N . º 1 1 2 • P R E Ç O : € 1 , 1 5 P U B L I C A Ç Ã O M E N S A L A S S I N AT U R A A N U A L : € 1 2 , 5 0 O U T U B R O 2 0 0 8 EDITORIAL T erminou de forma muito positiva o 1.º Encontro de Juristas de Pampilhosa da Serra. Um facto sublinhado por todos os participantes de um modo espontâneo e público. Assumindo-se, desde a primeira hora, como o “jornal oficial” do evento, é com toda a naturalidade que a presente edição do “Serras” dedica o seu espaço nobre ao acompanhamento completo de todo o encontro. Não só natural, mas também justo face ao resultado final obtido. O tema, porém, não se esgota no simples relato factual dos acontecimentos, pois este encontro representa o verdadeiro paradigma do que deve ser o Regionalismo dos nossos dias. Hoje, todos pretendem ter uma opinião concreta sobre o papel que o Regionalismo deve ter na sociedade pampilhosense. É um pouco estranho, mas é verdade. A maioria opina que nos devemos apenas preocupar com a cultura e nada de obras; outros afirmam que nos devemos aproximar das pessoas e das tradições e nada de obras; alguns pensam que devemos seguir aquilo que a autarquia faz e nada de obras; uns, baixinho, dizem que devemos estar quietos e nada de obras. Pois bem, na minha opinião, o papel do Regionalismo é precisamente este, é fazer acontecer coisas em prol do concelho de Pampilhosa da Serra, sejam elas obras, actos ou palavras. Este encontro aconteceu porque no início do presente ano, quando se falava no novo Mapa Judiciário do país e na possibilidade da Pampilhosa ficar sem tribunal, duas pessoas ligadas ao movimento regionalista ao comentarem esta possibilidade o fizeram mais ou menos nestes termos: “esta é uma má notícia para a Pampilhosa e nós temos a obrigação de fazer qualquer coisa”. Estava lançada a ideia e o 1.º Encontro de Juristas de Pampilhosa da Serra começou a ser minuciosamente preparado, sempre com o objectivo de mostrar a realidade da justiça no nosso concelho e a injustiça que seria retirarlhe o tribunal. Como é fácil perceber, não está em causa a cultura ou a tradição das gentes da Pampilhosa ou mesmo seguir uma qualquer ordem da edilidade. O que verdadeiramente estava (e infelizmente continua a estar) em causa é apenas e só a PAMPILHOSA. Houve muito trabalho e de muita qualidade, trouxe-se ao concelho gente ilustre no meio judicial português e esse é um património que jamais pode ser esquecido, tenha ou não este 1.º Encontro continuidade no futuro. Mas o mérito desta organização vai ainda mais longe e sem entrar em elogios demagógicos basta lembrar que encontrou oradores de grande qualidade (pasme-se, todos eles oriundos da Pampilhosa!) e envolveu de uma forma participativa o próprio tribunal da Pampilhosa. É claro que não estivemos sozinhos e, verdade seja dita, contámos sempre com total apoio da Câmara Municipal, por isso muito do êxito obtido passa obviamente por aquilo que a autarquia foi capaz de oferecer e de disponibilizar a todos quantos honraram a Pampilhosa com a sua presença. Foi um trabalho colectivo que envolveu o Regionalismo, o Tribunal e a Câmara Municipal e que apenas pretendeu fazer brilhar o concelho, por isso afirmo, com total convicção, é este o caminho do Regionalismo, fazer, fazer… fazer. Precisamente porque apenas nos resta “fazer”, no próximo mês, mais concretamente a 15 de Novembro, voltaremos a estar no Multiusos para lembrar a história da Pampilhosa e para recordar como este território esculpido numa das zonas mais duras do país, conseguiu gerar gente boa, valorosa e humanista. Voltamos a contar com o apoio da edilidade, esperamos poder contar com a vossa presença. Acima de tudo temos que passar a imagem que não nos resignamos e que gostamos demasiado da Pampilhosa para desistir. Os 700 anos têm que continuar presentes na nossa memória colectiva e iluminar o nosso futuro. O director SUCESSO DO 1.º ENCONTRO DE JURISTAS EXIGE CONTINUAÇÃO Um evento bem sucedido e um sinal de vitalidade de Pampilhosa da Serra é o balanço retirado do 1.º Encontro de Juristas de Pampilhosa da Serra que decorreu no auditório municipal da vila pampilhosense nos dias 13 e 14 de Setembro e que reuniu cerca de 80 participantes, entre inscritos, oradores e convidados. O jornal “SERRAS DA PAMPILHOSA” esteve lá e dá-lhe conta, ao pormenor, do evento cuja originalidade e sucesso exige brevemente, por parte que quem assistiu, a sua continuação. páginas 10 a 13 JOSÉ ALBERTO PACHECO BRITO DIAS DIÁSPORA PAMPILHOSENSE PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE PAMPILHOSA DA SERRA – EM ENTREVISTA – “ Temos que continuar a lutar e não baixar os braços, essa é a nossa obrigação. Não podemos ser os profetas da desgraça, temos que ter esperança no futuro FERNANDO ROSA FARINHA UM ARTESÃO ALVERQUENSE ” pág. 8 e 9 Eu não tenho “ nenhum problema com o vender, só que tenho uma amizade às coisas e custa muito d e s p re n d e r- m e delas pág. 7 BARRAGEM DO ALTO CEIRA VAI SER SUBSTITUÍDA 60 ANOS DEPOIS LOCAL ONDE VAI NASCER A NOVA BARRAGEM ” ENCONTRO DE HISTÓRIA LOCAL É JÁ NO PRÓXIMO pág. 16 MÊS Breves PRAIA DE BUARCOS RECEBE CRIANÇAS DA SANTA CASA M ais uma vez a Casa da Criança promoveu uma colónia de férias em Buarcos (Figueira da Foz), desta feita durante os dias 25 e 29 de Agosto. Um grupo de sete crianças, uma auxiliar e uma voluntária do curso te- cnológico de acção social que estagiou na nossa casa mostraram que, apesar do peso da responsabilidade de quem acompanha estas crianças, as actividades valem sempre a pena não só pela animação, mas também pela gratificação que proporciona às nossas monitoras. Para as crianças é sempre uma grande alegria brincar na praia e tomar umas “banhocas” com os amiguinhos. Foi uma se- mana muito divertida, animada, com muitos passeios, actividades, brincadeiras, banhos e muito mais. Para o ano lá estaremos de novo com a mesma boa disposição! Agora vamos ao trabalho… Bom ano lectivo para todos. VILA VAI TER PRAIA FLUVIAL A autarquia de Pampilhosa da Serra colocou em concurso público a construção da Praia Fluvial de Pampilhosa da Serra. De acordo com o anúncio publicado no Diário da República de 31 de Julho “o projecto compreende a requalificação do leito e das margens do rio Unhais que atravessa a vila de Pampilhosa da Serra, recuperação de um antigo lagar para edifício de apoio e a construção de sanitários e equipamentos de lazer. Prevê-se o tratamento paisagístico das margens, a pavimentação de espaços públicos e a realização das diversas infra-estruturas de António Amaro Rosa apoio, de acordo com o mapa de medições, peças desenhadas e demais elementos do projecto e processo”. O preço base do concurso é de 2.132.913,46 euros (com exclusão do IVA) e tem um prazo de execução de 330 dias. Quanto ao financiamento do projecto, vai ser assegurado pelo orçamento municipal e por apoios comunitários (QREN) no âmbito do PROVERE, isto é, um instrumento, especificamente des-tinado aos territórios com menores oportunidades de desenvolvimento por causa de uma baixa densidade populacional, institucional, de actividade económica, entre outros. “TURISMO DO CENTRO” SUCEDE À REGIÃO DE TURISMO DO CENTRO António Amaro Rosa N o seguimento do novo regime jurídico das áreas regionais de turismo de Portugal Continental, que veio alterar a organização do planeamento turístico e a própria delimitação das áreas de turismo, foi formalmente constituída a entidade regional de Turismo do Centro de Portugal, que veio suceder à antiga Região de Ficha Técnica Propriedade Casa do Concelho de Pampilhosa da Serra Fundada em 1 de Junho de 1941 (D.R. 3.ª Série, n.º 149, de 1995-06-30) Instituição de Utilidade Pública (D.R. 2.ª Série, n.º 126, de 1985-06-01) Sede: Rua das Escolas Gerais, n.º 82, 1100-220 Lisboa Telefone e Fax: 218 861 082 Internet: www.casadapampilhosa.org E-mail: [email protected] Jornal “Serras da Pampilhosa” Fundado em Junho de 1999 Inscrito no Instituto da Comunicação Social sob o n.º 123.552 NIF: 501 437 193 Depósito Legal: 228892/05 Redacção: Rua das Escolas Gerais, n.º 82, 1100-220 Lisboa Telefone e Fax 218 861 082 E-mail: [email protected] Delegação: Travessa de São Pedro, n.º 4, 3320-236 Pampilhosa da Serra Turismo do Centro, entidade à qual Pampilhosa da Serra pertencia desde a sua criação. Os estatutos da nova entidade regional de turismo foram conhecidos no dia 15 de Setembro, através da sua publicação no jornal oficial. De acordo com os mesmos, a recém-constituída entidade tem por missão “a valorização turística da respectiva área territorial (…) visando o aproveitamento sustentado dos recursos turísticos, no quadro das orientações e directrizes da política de turismo definida pelo Governo e nos O planos plurianuais das administrações central e local”. Nos termos dos seus estatutos a Turismo do Centro de Portugal compreende o território correspondente à Nomenclatura da Unidade Territorial para Fins Estatísticos de Nível II (NUTS II) – Centro, designadamente o território correspondente às unidades territoriais de Baixo Vouga, Baixo Mondego, Pinhal Interior Norte, Pinhal Interior Sul, Dão-Lafões e Beira Interior Sul. Ao fim e ao cabo, o concelho pampilhosense fica permanecendo no mesmo território turismo. JOVENS “TRILHOS” VISITAM CENTRO COMERCIAL “Projecto Trilhos Com Sentido”, promovido pelo município de Pampilhosa da Serra, realizou no dia 9 de Setembro uma viagem a Coimbra, no âmbito da actividade “Férias Com Sentido”. Nesta acção participaram 15 jovens com idades compreendidas entre os 14 e os 19 anos de idade. Vários jovens tiveram oportunidade de passar umas horas no Centro Comercial Fórum e fazer aquilo que mais sentissem vontade, tal como ir ao cinema, jogar bowlling, ver as lojas ou simplesmente ouvir musica e jogar jogos na FNAC. Esta iniciativa surgiu do facto destes jovens viverem muito isolados e só terem acesso a estes centros comerciais muito esporadicamente. Constituiu, assim, uma forma de terminarem as férias de uma maneira pouco habitual. Mais uma vez o Projecto proporcionou a estes jovens um contacto directo com realidades às quais não estão habituados e estimulou as suas competências sociais, culturais e de responsabilidade. Director César Oliveira E-mail: [email protected] Redactor António Amaro Rosa E-mail: [email protected] Produção Vigaprintes – Artes Gráficas, Lda. Núcleo Emp. Quinta da Portela, n.º 38 Guerreiros – 2670-379 Loures Telefone: 219 831 849 – Fax: 219 830 784 E-mail: [email protected] 2 assim, para que nesse domingo estejam presentes representantes do maior número possível de casas. Na véspera a SRPM irá organizar um magusto, que irá ter lugar junto do bar da colectividade, a partir das 15 horas. CORREIO DO LEITOR S pequenas casas e entregarem-nas ao turismo para as explorarem? Temos uma beleza da natureza natural. Temos a boa comida serrana. Temos um parque de campismo e uma praia fluvial lindíssimos. Temos sobretudo a simpatia da nossa gente. Os turistas procuram zonas do país para descansarem, passarem férias e visitarem o que essas zonas têm de bonito e de interessante. O turismo seria bom porque: Traz riqueza ao concelho, oferece trabalho a muita gente e desenvolve a região. O I E R R O C DO R O T I LE ou de uma pequena aldeia (Gavião de Cima) e adoro o Concelho de Pampilhosa da Serra. De ano para ano, o nosso concelho está cada vez mais pobre e todos sabemos que é preciso investir para chamar pessoas, mas pergunta-se “no quê” se não há pessoas e não há nada que atraia as pessoas cá? Mando-vos uma sugestão: Com uma barragem lindíssima (Barragem de Santa Luzia), porque não a explorarem para o Turismo? Têm lotes de terreno à venda, porque não construir Maria Rodrigues Na entrevista realizada ao empresário António Sérgio Martins pelo nosso colaborador Luís Gonçalves e publicada na anterior edição do “SERRAS DA PAMPILHOSA” foi, por lapso, referido que o entrevistado empregava 10 (dez) pessoas, quando na realidade deveria constar no texto 100 (cem) pessoas. A Direcção do jornal lamenta essa gralha a apresenta as suas desculpas aos visados. Concepção e Grafismo Beta Vicente e Sérgio Vicente Ficha de Inscrição Destaque ou fotocopie este cupão e envie-nos juntamente com um cheque ou vale de correio para: Jornal “Serras da Pampilhosa”, Rua das Escolas Gerais, N.º 82, 1100-220 Lisboa. Para renovação da assinatura, envie-nos a cinta de papel que envolve o jornal, juntamente com um novo cheque ou vale de correio para a mesma morada. Actualize sempre os seus contactos, utilizando este cupão. Nome ___________________________________________________________________ Morada __________________________________________________________________ Cód. Postal __________- _______ ____________________________ Telef./Telemóvel __________________ E-mail: _________________________ ✂ Todos os artigos são da exclusiva responsabilidade dos seus autores e não traduzem a opinião da Direcção do jornal e/ou dos órgãos sociais da Casa do Concelho de Pampilhosa da Serra. A Assembleia-Geral da Sociedade Recreativa e Progresso da Mata (SRPM) vai deliberar sobre a proposta da Câmara Municipal da Pampilhosa da Serra para a gestão da água, no dia 2 de Novembro pelas 9 horas. A associação regionalista apela, RECTIFICAÇÃO Coordenação Direcção da Casa do Concelho de Pampilhosa da Serra Tiragem: 1.500 exemplares Periodicidade: mensal Preço avulso: € 1,15 Assinatura anual: € 12,50 ASSOCIAÇÃO DA MATA VAI DECIDIR ENTREGA DAS ÁGUAS AO MUNICÍPIO Desejo receber os 12 números do Jornal “Serras da Pampilhosa”, pelo valor de € 12,50. 200__ / ____ / _______ Ass. _________________________________ CASA DO CONCELHO PAMPILHOSA DA SERRA Cultura NOTAS DE LEITURA PELA “TERRA DOS PAMPILHOS” LITERATURA POPULAR DA BEIRA SERRA Nuno Marques Figueira Maria Antónia Neves “A Moura Encantada de Entre-as-Águas” “Ninda – os trilhos da angústia” S urpresa grande foi saber que o Aristides Victor tinha publicado um livro. Qual o título, qual a editora, onde o encontrar? A minha curiosidade aguçada pela palavra mágica “livro” levou-me a correr atrás das palavras escritas por alguém que eu conheço há tantos anos e de quem afinal tão pouco sei. Já com o livro nas minhas mãos, estranhei o título: “Ninda?!”, interroguei-me, mas depressa entendi tratarse do nome de um lugar perdido na selva angolana, bem perto da fronteira com a Zâmbia. Os trilhos da angústia foram os caminhos percorridos na guerra do Ultramar pela personagem Pedro, que personifica as vivências do autor Aristides Victor, furriel miliciano que integrou o exército português em 1972, tendo combatido em Angola até 1975. Através da sua escrita clara e acessível, senti-me regredir no tempo até aquela época que me parece tão longínqua. Revi-me com dez anos na companhia da minha família paterna a assistir ao regresso de um contingente de tropas de Moçambique para onde o meu primo Victor Manuel tinha sido destacado dois anos antes. O Cais da Rocha a transbordar de gente emocionada, desta vez de alegria, contrastando com o momento da partida que tinha sido repleto de lágrimas. Também recordei rapazes conhecidos que não chegaram a voltar, mortos na lonjura de um país desconhecido e sem o apoio da família; outros que me escreviam aerogramas ainda hoje guardados como recordação, mas o que mais chocou a minha juventude e ainda hoje relembro com dor, foi uma visita que fiz com o meu pai e um tio meu, militar na altura, a umas instalações militares em Campolide. O edifício enorme albergava rapazes estropiados da guerra. Atingi o meu limite do suportável quando os meus olhos depararam com um rapaz poucos anos mais velho que eu, sem pernas, sem um braço e cego. Fugi dali com vontade de esquecer, de limpar aquela imagem que a minha sensibilidade não conseguia aceitar. Só muitos anos depois, quando comecei a fazer voluntariado, consegui encarar com alguma serenidade o sofrimento físico, mas naquela época era-me intolerável. Quantos desses jovens militares, mesmo aqueles que regressaram sem qualquer problema físico, sofrem ainda hoje de feridas psicológicas de que nunca se conseguiram libertar. Embora o romance escrito pelo Aristides seja ficcionado, os factos são verídicos baseados na ansiedade, no sofrimento, na angústia, no medo, no isolamento, na morte dos camaradas, nas saudades da família, nas doenças (como o paludismo), nas dificuldades múltiplas que tinham diariamente de enfrentar, embora misturadas com alguns risos e pequenas alegrias esporádicas. Uma profusão de sentimentos que serviram igualmente para criar amizades e um forte companheirismo que certamente perdura ao longo das suas vidas. "Ninda – Os trilhos da angústia" fez-me esquecer o meu quotidiano e obrigou-me a mergulhar em acontecimentos que afectaram muitas pessoas da minha geração. Quanto a mim, é um livro importante de ler por ser um testemunho de uma guerra quase omitida durante anos; e por nos relatar episódios, alguns deles muito dolorosos, vividos por milhares de jovens a cujo desgaste psicológico a sociedade nem sempre deu a sua real dimensão. O livro é dedicado a seus pais, os meus amigos D. Elvira e Sr. Arnaldo Victor, que devem sentir um orgulho imenso não só pelo livro do filho, mas pelas palavras que ele lhes dirige. Também eu senti orgulho ao olhar o livro do nosso Aristides exposto num dos escaparates da maior livraria do país, a Byblos, com 3.300 m2 de livros, filmes, música, videojogos, zonas de leitura, auditório para lançamento de obras literárias, cafetaria... em suma, um espaço inovador extremamente aliciante para quem aprecia a leitura. Penso ser também a única livraria com ecrãs tácteis que nos permitem localizar em segundos qualquer obra e ainda colher informações sobre a mesma. Situada no edifício Amoreiras Square é na realidade uma livraria que me entusiasma sempre visitar e que aconselho vivamente por ser um espaço cultural diferente. Parabéns ao Aristides Victor pela sua coragem em escrever as suas memórias de guerra e com elas ensinar aos jovens de hoje, os trilhos de angústia que outros jovens percorreram, numa guerra tão nefasta como são afinal todas as guerras. "Ninda – Os trilhos da angústia" é um livro da autoria do carvalhense Aristides Victor e editado pela Edições Ecopy (ecopy.macalfa.pt) com o preço de venda ao público de € 17,64. PELA ZONA DO PINHAL António Amaro Rosa “Madeirã – Uma freguesia serrana da Beira Baixa” E ditado pelo Grupo de Amigos da Freguesia da Madeira em 2000 “Madeirã – Uma freguesia serrana da Beira Baixa” é um livro que impressiona simultaneamente pelo seu conteúdo e aspecto gráfico. Trata-se de um interessante exercício de reconstituição histórica de uma freguesia que remonta a 1732, surgida da desanexação da paróquia de Álvaro, um antigo concelho hoje reduzido a uma freguesia do concelho de Oleiros. É um livro extremamente ilustrado, com mais de duas centenas de fotografias e imagens, para além da reprodução de documentos, tudo devidamente acompanhado de um texto de fácil leitura e que revela uma aturada pesquisa histórica e documental levada a cabo pela sua autora. Destaca-se a análise feita aos reputados ‘barbeiros’ da Madeirã, a diáspora do princípio do século para terras do Brasil e o fenómeno regionalista. CASA DO CONCELHO PAMPILHOSA DA SERRA Dadas as afinidades administrativas históricas e culturais com a freguesia de Portela do Fojo, que integra hoje aldeias que no passado pertenceram àquela freguesia do concelho de Oleiros, será certamente uma obra com um conteúdo que, à partida, pouco ou nada dirá aos restantes pampilhosenses. Porém, pode e deve servir como um exemplo a seguir, dada a qualidade desta monografia dedicada a uma pequena freguesia rural portuguesa, como é o caso da Madeirã, e, ao mesmo tempo, um trabalho exemplar editado por uma modesta associação regionalista, que certamente deve ter representando um forte investimento financeiro, quantas vezes sem retorno. Por fim, a obra representa ainda uma mais-valia para todos aqueles que se dedicam ao estudo da genealogia da região, pois que um dos anexos deste livro é, nem mais nem menos, do que uma recolha genealógica das principais CONTOS, LENDAS & MITOS DOS PADRÕES (Parte II) famílias da Madeirã. Em suma, uma obra que muito honra a Liga de Amigos da Freguesia da Madeira e, acima de tudo, aquela freguesia serrana da Beira Baixa. E sta história que se segue está relacionada com aquilo que foi considerado pelos pampilhosenses como uma das “7 Maravilhas da Pampilhosa da Serra”: o local a que chamam Figueiras Bravas ou Montrigo (contracção de Monte de Trigo ou Monte Trigo), local este que, consoante o nível das águas da albufeira da Barragem do Cabril, ora é ilha ora é península. Conta-se que em Entre-as-Águas, nome porque era conhecido o sítio onde o rio Unhais (também chamado ribeira do Cabril ou da Pampilhosa) se juntava com o rio Zêzere (com a barragem do Cabril este local desapareceu debaixo das águas da albufeira), há muito tempo atrás, ainda no tempo dos fidalgos, numa manhã de São João, andava um pastor da quinta com o seu gado quando vê uma manta estendida no areal da praia fluvial que na altura existia em Entre-as-Águas, manta essa coberta com figos a secar ao sol prestes a transformarem-se em passas. Ora vendo aquilo, o pastor estranhou muito, pois aquilo não era habitual para aqueles lados, ainda relativamente longe da aldeia, mas, mesmo assim, pegou em três passas e meteu-as ao bolso e foi-se embora. Quando já ia no alto do Montrigo começou a estranhar o peso das passas que tinha guardado no bolso, pelo que pôs a mão ao bolso e qual não foi o seu espanto ao perceber que aquilo que já tinham sido passas agora eram libras de ouro! Perante isto o pastor pensou «Eh pá! Tenho que ir buscar mais, pois com tantas passas que lá havia, se cada uma der uma libra de oiro…». E ele lá foi a correr, esbaforido, pelo Montrigo abaixo até Entreas-Águas, mas quando lá chegou, para sua grande desilusão, nem libras de ouro, nem figos e nem manta sequer, nada de nada. Mas eis que, do meio do bosque, surge uma moura encantada, extremamente bonita, de tez clara e cabelos negros, compridos e ondulados que lhe diz «Aproveitaras-te a tempo!», pelo que proferindo estas palavras desapareceu. Depois disto, esta princesa moura só tornou a ser vista mais uma vez, há umas décadas atrás, pelo Ti Preto que no Montrigo, em Entre-asÁguas, andava à resina, e a terá avistado, tendo sido por ela perseguido, desde aí até à Cova do Caneiro. Mas este, tendo medo dela, fugiu a sete pés, não tendo havido qualquer diálogo entre ambos. E desde então nunca mais foi vista, talvez até porque o areal de Entre-as-Águas tenha desaparecido com a subida das águas da albufeira do Cabril. Baseado numa história que nos foi contada por Arminda Marques Tavares e José Marques Tavares, dos Padrões (freguesia da Portela do Fojo). POETA DE JANEIRO DE BAIXO LANÇA “A GOLA DO TEMPO” NO DIA 25 T al como o jornal “SERRAS DA PAMPILHOSA” noticiou em edição anterior, o poeta Manuel Dias da Silva prepara-se para lançar publicamente mais um novo livro. Intitulado “A Gola do Tempo”, a nova obra poética do autor natural da freguesia de Janeiro de Baixo será apresentada no dia 25 de Outubro, pelas 15 horas, na Biblioteca Municipal “Dr. Fernando Nunes Barata”, na vila de Pampilhosa da Serra. "A Gola do Tempo" constitui o terceiro livro de poesia de Manuel Dias da Silva e é uma edição de autor, isto é, um livro publicado pelo próprio escritor, sem o apoio de uma editora. “É um livro que radica no nosso interior, onde se alojaram angústias, incertezas, medos e se questionam as opções tomadas ao longo da viagem. Este livro não é mais que a viagem interior, procurando a utopia, a perfeição”, referiu o seu autor ao “SERRAS DA PAMPILHOSA”. Manuel Dias da Silva é licenciado em Engenharia Electrotécnica pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra e traba- António Amaro Rosa lhou vinte anos na indústria cimenteira, na Fábrica de Souselas, após o que foi responsável pela Livraria Bertrand, em Coimbra, durante seis anos. Actualmente é assessor na Fundação João Jacinto de Magalhães (Universidade de Aveiro). Em 1995 publicou “Silêncio e Outros Temas”, o seu primeiro livro de poesia, seguindo-se “Cantos de Amanhecer” em 2000). 3 Regionalismo Opinião ACTIVIDADES DA CASA DO CONCELHO EM SETEMBRO D epois da animação de Agosto, na vila e nas aldeias do concelho da Pampilhosa da Serra, quem fica regressa à calma habitual, mas quem parte retoma o stress habitual das grandes zonas urbanas. Neste contexto, o associativismo pampilhosense pode dar um contributo importante para aproximar os dois mundos, proporcionando ao longo do ano os contactos entre pampilhosenses, residentes e não residentes, naturais e descendentes. É o que fazem as colectividades regionalistas sempre que organizam almoços, piqueniques, excursões, actividades desportivas e outros eventos. É também isso que a Casa do Concelho tem procurado fazer com as mais diversas actividades. No passado mês de Setembro destacamos 3 eventos, cujo sucesso foi inquestionável: Jogo de Futebol entre a Selecção de Filiadas e o GDP / Almoço Convívio na empresa Aires Fernandes Almeida Lda. Conforme divulgámos, convidámos o Grupo Desportivo Pampilhosense (GDP) para vir a Lisboa defrontar a Selecção de Filiadas da Casa do Concelho. Este segundo jogo de confraternização entre as duas equipas realizou-se no Parque Desportivo do Atlético Clube do Cacém, no dia 7 de Setembro, verificando-se mais uma vez um resultado equilibrado (5-4) a favor dos nossos convidados. de sucesso ligados a Pampilhosa da Serra, para que, dentro das suas possibilidades, sigam este exemplo, pois só assim será possível atingir os objectivos de desenvolvimento e solidariedade que todos ansiamos. 1.º Encontro de Juristas Pampilhosenses Quando um grupo de associados propôs à Casa do Concelho de Pampilhosa da Serra a organização deste encontro, confesso que tive algumas dúvidas sobre a adesão e possibilidades de mobilização dos oradores que a comissão organizadora iria convidar. Mas, obviamente, que a competência e vontade do António Rosa, do João Ramos e do César Oliveira só poderiam merecer o nosso apoio, mesmo nos momentos em que chamámos a atenção para a eventual necessidade de maior divulgação do evento. Depois de termos acompanhado este encontro, na função institucional que nos competia, não temos quaisquer dúvidas em afirmar que, depois do 2.º Congresso Pampilhosense esta terá sido a realização da CCPS mais bem conseguida. Sendo inferior em número de participantes (como é normal), terá sido superior na qualidade de algumas intervenções, gerando um consenso unânime que não deixará de dar os seus frutos. Estão de parabéns os organizadores e os aplausos e incentivos que receberam, criando desde a já a responsabilidade de pensa- Mas o melhor da festa foi sem dúvida o extraordinário almoço convívio oferecido a todos os participantes e assistentes nas instalações da empresa Aires Fernandes de Almeida, Lda. A variedade e qualidade das iguarias apresentadas pelo Sr. Aires, pela D. Armandina, pelo Leonel e restante família não é descritível por palavras. O exemplo que esta família continua a dar a todos os pampilhosenses e que extravasa o âmbito do nosso concelho, como foi bem visível nas instalações do Atlético Clube do Cacém e pela forma como os dirigentes desta instituição demonstraram o seu reconhecimento. O sucesso empresarial e todo este espírito de mecenato irão mesmo ter, no próximo dia 25 de Outubro, a justa homenagem da Câmara Municipal de Sintra e da Junta de Freguesia do Cacém. Pela nossa parte, só temos que agradecer mais uma vez todo os apoio que o Sr. Aires e a sua família têm prestado à Casa do Concelho, às outras associações do nosso concelho e aos pampilhosenses em geral. Ao mesmo tempo, lançamos um apelo aos restantes empresários, mulheres e homens rem num segundo Encontro. Outra alternativa, sugerida por um dos participantes mais ilustres, poderá ser o alargamento da iniciativa a outras profissões liberais, de forma a que cada pampilhosense possa, também no mundo das profissões, contribuir com as suas experiências e influências para o desenvolvimento do nosso concelho. 6.ª Festa do Folclore da Freguesia de Santo Estêvão Nas últimas décadas o Bairro de Alfama esteve intimamente ligado à vida dos pampilhosenses. A actividade portuária e a restauração são apenas dois exemplos duma relação que já vai na 4.ª geração e que ainda hoje nos surpreende quando os autarcas de Santo Estêvão nos dizem que cerca de 60% da população desta freguesia é originária do nosso concelho. Todos sabemos que não foi por acaso que a Casa do Concelho localizou a sua sede nesta zona da cidade de Lisboa, logo nos primeiros tempos da sua existência. Por isso, sem prejuízo das ideias que temos para o futuro, deveremos sempre apoiar e promover actividades conjuntas com a Cervejaria - Restaurante VERDE GAIO Telef.: 213 969 579 Rua Francisco Metrass, 18-B 1300 Lisboa 4 Junta de Freguesia de Santo Estêvão, cuja colaboração com a nossa instituição também tem sido exemplar. Assim, foi com a maior alegria e empenho que o Rancho Folclórico da Casa do Concelho de Pampilhosa da Serra colaborou com esta autarquia na organização de mais uma Festa do Folclore, que já vai na sua 6.ª edição. Participaram na festa, além do nosso rancho, mais sete agrupamentos, com destaque para o Rancho Folclórico de Pampilhosa da Serra, o que desta forma possibilitou uma dupla e variada representação das raízes musicais do nosso concelho, juntando também os pampilhosenses pela via da cultura. Completaram o elenco o Rancho da Casa do Concelho de Castro Daire, o Grupo Etnográfico “Raízes de Sobral Gordo”, o Grupo Etnográfico da Cova da Piedade, o Grupo de Cavaquinhos “Os Portáteis”, o Grupo Coral Alentejano “Os Populares do Cacém” e o Rancho Folclórico e Etnográfico do Cabeço de Montachique. Depois da concentração junto à Casa do Concelho e do desfile pelas principais ruas do bairro, seguiu-se a actuação em palco no Largo do Chafariz de Dentro, com a apresentação do director e ensaiador do nosso rancho, Luis Margarido, perante uma assistência que encheu o recinto e que se manteve até cerca das 20 horas. Foi uma alegria ver o entusiasmo do público onde era bem visível uma vibração especial com as modas do folclore da nossa região. O José Alexandre e a D. Lurdes não tiveram, mais uma vez, mãos a medir para preparar o lanche que foi servido aos elementos dos diversos grupos, nas instalações da Casa, com a colaboração dos membros do nosso rancho. Estão todos de parabéns, a começar pelo Luís, que conseguiu mobilizar a sua equipa e representar dignamente a CCPS. E desta vez ficamos por aqui, chamando no entanto a atenção para três situações importantes: 1.º – Obras na Sede: Quando receberem esta notícia, muito provavelmente a nossa sede voltará a estar em obras, que desta vez não serão custeadas por nós, mas pelo proprietário do piso superior (Sr. Helder Bataglia), dando seguimento a um acordo que já tem alguns anos para o reforço do tecto do salão principal da nossa Casa. Prevê-se que estas obras se possam prolongar até perto do final do ano, pelo que, até lá, todas as colectividades ou associados poderão programar as suas actividades nas Casas das Comarcas de Arganil ou da Sertã ou na Casa do Concelho de Góis, em condições idênticas às que teriam na nossa sede. Também a própria CCPS terá que seguir esse exemplo, designadamente com os ensaios do rancho e com a habitual sessão plenária do Conselho Regional. 2.º – Delegação em Pampilhosa da Serra: Depois da nova constituição da Delegação (Esmeralda, Ruas Mendes, Gonçalo Barateiro, Luis Estevão e Luis Moreira Dias), estamos a tratar da aquisição de equipamentos para a Delegação em Pampilhosa da Serra. Solicitamos a todos os associados e filiadas que se queiram dirigir ao local para irem contactando os nossos delegados, a Direcção ou a nossa sede para saberem mais informações. No próximo número, contamos poder apresentar mais novidades. 3.º – Eleições em Janeiro de 2009: O mandato dos actuais corpos sociais termina no próximo mês de Janeiro, pelo que alertamos todos os associados e diri- Anselmo Lopes gentes de filiadas que estejam interessados em se organizar, no sentido de apresentarem candidaturas ou sugerir nomes para o efeito, o favor de o fazerem quanto antes. Em nossa opinião, a Casa do Concelho de Pampilhosa da Serra só terá a ganhar com essas iniciativas, pois só uma dinâmica que envolva pampilhosenses de diversas sensibilidades, competências e motivações pode relançar o movimento regionalista para fazer face aos novos desafios do século XXI. Saudações Pampilhosenses CALCORREANDO PELAS ORIGENS Aristides Batista Victor F oi com agradável surpresa que tomei contacto com o jornal “SERRAS DA PAMPILHOSA” e, a partir daí, fiz questão de me tornar assinante. Na minha modesta opinião é, sem dúvida, um excelente meio de divulgação do pulsar serrano, que gravita um pouco por todo este nosso universo telúrico. A imperiosa azáfama de cada dia, transporta-nos para longe do mundo que nos é caro, mas mais cedo ou mais tarde, movidos ou não por rasgos de nostalgia, acabamos por despertar para o que resta das nossas origens e para aquilo que nos é querido. Infelizmente, em cada regresso, somos confrontados com uma progressiva degradação daquele mundo puro, já não somos atraídos aos pequenos socalcos que há muito deixaram de dar pão, agora repletos de arbustos daninhos, mas ainda respiramos um sentimento de liberdade inquestionável. Pena é, que a ingratidão destes tempos vorazes não nos permita uma vivência plena de permanente êxtase, para calcorrear os montes ledos, escutar os silêncios originais, respirar o ar puro, contemplar as maravilhosas paisagens e viver a tranquilidade serrana a par de alguma segurança. Digo alguma, porque os actos de delinquência não são exclusivos dos meios urbanos, também já começam a ensombrar os meios rurais: residências, veículos, áreas de lazer e naturalmente outros locais onde habita um maior isolamento. Longe vão os tempos em que nas nossas aldeias se podiam deixar as portas abertas ou um automóvel na via pública sem as mínimas preocupações. Hoje, mesmo com fechaduras de alta segurança, por vezes nada está seguro. Numa das últimas deslocações à freguesia da Pampilhosa, “tegúrio” onde ainda tenho raízes, retemperando energias que a marcha imparável do tempo se vai encarre- gando de consumir, fui confrontado com uma situação de delinquência pouco habitual na nossa pacata serrania. Sinais destes tempos modernos que não param de nos surpreender, dirão alguns, crise económica aliada à justiça branda que teima em dar maiores garantias ao prevaricador, ignorando os legítimos direitos das vítima, dirão outros. Ambos os pontos de vista são verdadeiros. Mas a tudo isto, acresce, talvez o pior de todos os males: o efectivo sentimento de impunidade que grassa e corrompe esta democracia. Como dizia o meu avô, que aqui recordo com saudade, “a justiça branda faz o povo rebelde”. Partindo desta análise, conclui-se que tinha razão e os resultados ilustram bem a teoria que usava com enlevo. É urgente separar o trigo do joio. A segurança é um bem comum e sem ela não há plena liberdade. Noutros tempos, a segurança e a tranquilidade não eram preocupação. No entanto, a maioria dos jovens, onde me incluo, para tentarem fugir à penúria que não parava de os molestar, deixaram a natureza rude e agreste na busca de um mundo mais próspero, com menor esforço e maiores ganhos, deixando assim as suas origens onde agora apenas se arrastam corajosamente os mais velhos. Longe da urbe agitada e por vezes desumanizada, esperam um final tranquilo nas suas portelas, depois de também eles terem desbravado outros caminhos, quiçá, revestidos também de incontáveis sacrifícios e norteados na esperança de um regresso à origem. Apesar de alguns sintomas que começam a ensombrar a pacatez do povo serrano, esperamos que, para bem de todos nós, esses focos de instabilidade rapidamente se esfumem e o sossego perdure por muitos e longos anos. O PAULO DO TALHO De: João Paulo Ramos Simões CARNES VERDES E FUMADAS ENCHIDOS CASEIROS E AVES Tel. 235 594 855 – Telem. 968 333 697 Praça Barão Louredo - 3320 PAMPILHOSA DA SERRA CASA DO CONCELHO PAMPILHOSA DA SERRA Opinião Actualidade ALEGRIA REINOU NA FESTA DE SOBRAL DE BAIXO FESTA DE VALE SERRÃO UNE ALDEIA Hélder Almeida N os dias 22 a 25 de Agosto tivemos em Sobral de Baixo a nossa festa em honra de Nossa Senhora da Nazaré. Foi uma festa com muita animação, na qual tivemos como artistas no dia 22 os Bota Vinhos, um grupo de Secarias (Arganil). No dia 23 foi a vez dos Bombos do Sobral de Baixo no peditório. Pelas 10 horas realizou-se a missa e às 22 horas tivemos o imparável conjunto musical Lamiré, da Malhada do Rei, que nos animou até de madrugada. No dia 23 realizou-se o tradicional almoço com a presença do vice-presidente da Câmara Municipal de Pampilhosa da Serra, Jorge Custódio, da Sr.ª Fernanda, tesoureira da Junta de Freguesia de Pampilhosa da Serra, e cerca de 120 sobralenses e amigos, a par da agradável e sempre bem-vinda presença dos nossos conterrâneos Aires Fernandes de Almeida, seu irmão Jorge Fernandes de Almeida e respectivas esposas. Estes senhores, por motivos profissionais, estiveram na iminência de não poderem estar presentes, mas como são pessoas que estimam e adoram a aldeia que os viu nascer fizeram todos os possíveis para estarem entre os seus conterrâneos e amigos, dando a esta Direcção um enorme prazer e satisfação. Obrigado pelo esforço que fizeram em terem desmarcado alguns compromissos importantes, para estarem presentes. Depois do almoço tivemos a presença dos acordeonistas Sónia e Michel Neves de Pedrógão Grande e à noite a sempre agradável ac- tuação do Rancho Folclórico de Pampilhosa da Serra. Como já disse, esta foi uma festa muito agradável, não só pelos artistas que tivemos, como principalmente pelo convívio entre todos os sobralenses e amigos. É sempre um prazer rever todos aqueles amigos que, tal como esta Direcção, adoram esta pequena, mas bonita aldeia do Sobral de Baixo. Obrigado a todos aqueles que contribuíram com o seu esforço para que esta festa fosse um êxito. As fotos demonstraram a alegria que houve nesta nossa aldeia nos dias de festa. CONCELHO JÁ TEM ASSOCIAÇÃO DE PAIS António Amaro Rosa P ampilhosa da Serra conta finalmente com uma associação de pais. Denominada Associação de Pais e Encarregados de Educação do Agrupamento Vertical Escalada de Pampilhosa da Serra, a mesma foi constituída por escritura no dia 4 de Agosto. De acordo com os seus estatutos sociais (disponíveis gratuitamente em http://publicacoes.mj.pt), a recém-criada associação de pais pampilhosenses tem como fins contribuir para que pais e encarregados de educação possam contribuir integralmente a sua missão de educadores, contribuir para o desenvolvimento equilibrado da personalidade do aluno e propugnar por uma política de ensino que respeite e promova os valores fundamentais da pessoa humana. A Associação de Pais e Encarregados de Educação do Agrupamento Vertical Escalada de Pampilhosa da Serra está sedeada nas instalações da escola-sede, local, recorde-se, onde há alguns meses atrás decorreu um protesto que reclamava, entre outras medidas, a legítima constituição da associação agora criada. ARMAZÉNS R A M O S A nossa experiência é a sua segurança Mais de 25 anos ao serviço dos nossos clientes Rua Mouzinho de Albuquerque, 4-A - DAMAIA Rua Bernardo Francisco da Costa, 24-D - ALMADA Rua do Município, 101 - BRANDOA Rua Tomás da Anunciação, 49-A - LISBOA Alameda das Linhas de Torres, 256-A - LISBOA Praça S. João, lote 15, loja C - PONTINHA Rua 5 de Outubro, 16-A - PÓVOA DE SANTA IRÍA CASA DO CONCELHO PAMPILHOSA DA SERRA ✆ ✆ ✆ ✆ ✆ ✆ ✆ 214 212 214 213 217 214 219 970 764 747 858 587 794 590 947 129 585 619 515 886 105 Barata Lopes A festa anual de Vale Serrão ocorreu nos dias 23 e 24 do mês de Agosto. Esta festa, que faz parte das tradições desta pequena aldeia, foi mais uma vez realizada pela Direcção da União Progressiva de Vale Serrão (UPVS), que em boa hora meteu mãos à obra e voltou a reafirmar que a tradição que a todos nos une e junta não se deve perder. Embora com um orçamento reduzido, pois os tempos não são de vacas gordas, a festa para nós, Direcção, foi um sucesso. Foi bonito de ver, como atestam as fotos, jovens e menos jovens a divertirem-se cheios de entusiasmo, em especial quando as modas da nossa terra eram tocadas. Podemos dizer, a título de comentário, que foi com muito agrado que contribuímos para a sua realização e com a resposta que recebemos dos valserrenses ficamos com a certeza de que o povo as quer. As tradições são para manter e enquanto por aqui andarmos não as vamos deixar morrer. No próximo ano pensamos poder abalançar-nos a realizar uma festa de três dias. Queremos fazer cada vez mais e melhor, não esquecendo, claro, que as limitações orçamentais são grandes e que só podemos ir até onde estas nos permitirem. No dia 23 tivemos a actuação do Rancho Folclórico da Pampilhosa da Serra, já nossos velhos conhecidos e que recebemos sempre com muito carinho e entusiasmo. O recinto estava cheio, vimos alegria nas pessoas, foi muito gratificante para a Direcção a resposta e as manifestações de carinho que recebemos. Depois da actuação do rancho ficou a “tocata” do rancho a actuar para que as pessoas se divertissem e dançassem. Houve também toque de concertina por alguns locais que contribuíram para que este dia fosse um sucesso. Aqui os nossos agradecimentos ao António Pereira mais conhecido por “Tonho do Adelino” que juntamente com um seu amigo encantaram os presentes na difícil arte do toque da concertina. No dia 24 tivemos a actuação do conjunto “Sons do Zêzere”, com o nosso amigo Joel a mostrar que está em forma e preparado para voos mais altos. Tivemos também os nossos tocadores de guitarra portuguesa, muito do agrado do nosso povo, em especial no “vira”, “fado” e “baile mandado”. Alguns deles, embora de saúde débil, surpreenderam-nos com o seu entusiasmo e juventude, ficandonos a nós a pergunta: afinal onde estão os jovens? Ao Sr. António Garcia, que nos forneceu a sua aparelhagem e demais artefactos ornamentais para as ruas e recinto, queremos também agradecer pelo seu profissionalismo e dedicação. Integrado no programa das festas tivemos também a honra de efectuar em conjunto com a Câmara Municipal e Junta de Freguesia de Pampilhosa da Serra a inauguração de dois melhoramentos que só foram possíveis com o esforço conjunto das três entidades e do povo de Vale Serrão que quando foi chamado a colaborar não virou as costas. O nosso bem-haja a todos os que tornaram estas pequenas obras possível, que embora pequenas são grandes em esforço, dedicação e amor à nossa terra. Foram inauguradas as placas toponímicas das ruas de Vale Serrão pelo presidente da Junta de Freguesia de Pampilhosa da Serra, Sr. Albino Barata. Foi um momento de alguma comoção, as palavras foram poucas, mas sentidas e do coração, e quando assim é naturalmente que, como seres humanos sensíveis que somos, toca-nos fundo. Procedeu-se também à inauguração da dependência que construímos, na casa de convívio, e que se destina a um pequeno escritório para a colectividade. Esta inauguração foi feita pelo Sr. vereador João Alves em representação do presidente da Câmara, que por motivos pessoais não pôde estar presente. Por último, não queremos deixar de agradecer à D. Graça Bação, que tem sido nestas realizações uma colaboradora de alto gabarito, alentejana de nascimento, mas valserrense de coração e que nos surpreende sempre com os seus poemas espontâneos e cheios de sentimento. Temos aqui um António Aleixo em Vale Serrão e desconhecíamos. Não resistimos a transcrever o poema dito durante a pequena confraternização que fizemos na nossa casa de convívio, poema este cheio de emoção, sentimento e sem nenhuma intenção subjacente, que não a provocada pela emoção de momento: Vale Serrão é aldeia Bem bonita é verdade Mas o nosso presidente Não lhe tem muita vontade Agradeço ao Sr. Vereador Pela sua amabilidade Mesmo não nos conhecendo Brindou-nos de boa vontade Ao Sr. Albino quero dizer Muito obrigado por tudo Mesmo com pouca manobra Dá sempre um jeito para tudo Sinto que ele gosta Também desta povoação Mesmo não sendo daqui Tem-na no seu coração À nossa comissão Eu digo muito obrigado Tem trabalhado muito E com bom resultado É verdade que nem tudo são rosas Pois existem as roseiras Não fazemos tudo bem Também fazemos asneiras E com asneiras se aprende A ter um povo contente Eu digo muito obrigado Aqui a toda esta gente Pela parte que nos toca, o nosso muito obrigado D. Graça, nós é que agradecemos a sua disponibilidade, embora não sendo nativa da nossa terra é um grande exemplo para todos nós. Esperamos tê-la durante longos anos a colaborar connosco. Quando as pessoas fazem tudo isto desinteressadamente e por amor devemos ter, no mínimo, uma palavra de reconhecimento e de carinho. Nestas coisas do trabalho em prol da comunidade, lembro-me sempre da máxima do grande presidente americano J.F. Kennedy: “não perguntes o que o teu país pode fazer por ti, pergunta antes o que podes fazer pelo teu país”. E para fechar esta página, os nossos agradecimentos ao Manuel do “Açor”, filho e sua esposa Ilda que nos brindaram com uma magnífica quermesse, trabalho da sua autoria e que nos deixou agradavelmente surpreendidos, pois não estava nos nossos planos. É precisamente isto que a Direcção quer, as iniciativas têm de ser espontâneas e livres, neste tipo de trabalho não pode haver imposições, todas elas serão acarinhadas e bem vindas. Bem-haja. Deixo aqui um apelo sentido uma vez mais: não deixem que as tradições morram. Um povo sem tradições perde a sua identidade própria e morre. Queremos e precisamos da colaboração de todos vós. Só trabalhando em equipa, poderemos levar a nau a bom porto. A todos os que colaboraram para que a festa fosse possível, queríamos agradecer e dizer-lhes que contamos sempre com eles para o melhor e para o pior. A todos vós o nosso bem-haja. Saudações valserrenses Manufacturas ROMA de: Martins d’Almeida & Rodrigues, Lda. Dossiers - Bolsas - Separadores Material de Escritório Rua do Mirante, 20-22 1196 LISBOA Codex Tels.: 218 151 800/1/2 - 218 154 342 Telex: 63513 M. ROMA - Telefax: 218 150 930 es s t r A fica Grá de: Sérgio Vicente e António Paulo Núcleo Empresarial Quinta da Portela, Pav. 38 Guerreiros 2670-379 Loures Tel.: 219831849 Fax: 219830784 Email: [email protected] 5 Actualidade FESTAS DE CAMBA REPETEM ÊXITO Carlos Simões Direcção da LMFC A A pesar dos tempos de crise que vivemos e do infortúnio do desaparecimento de alguns cambenses, voltou a cumprir-se a tradição na “Princesa do Alto Ceira”, com a realização nos dias 8, 9, 10 e 14 de Agosto, das Festas de Verão Camba 2008, em honra e louvor a Santa Eufêmea e Nossa Senhora de Fátima, e ainda de uma festa e actividades da colectividade local. Os festejos iniciaram-se na sexta-feira, dia 8, pelas 11 horas, onde foi hora de rezar o Terço na capela de Camba em honra e louvor a Santa Eufêmea, sob a coordenação da conterrânea Aldina, seguindo-se um leilão de oferendas no adro da capela. Pela tarde, tiveram início as provas desportivas e os mais novos aproveitaram ainda para se refrescarem no rio Ceira, nas águas da piscina fluvial de Camba. Após o jantar e o café na casa de convívio, o ponto de animação foi a actuação do organista Sérgio Gonçalves, de Brejo de Baixo. Apesar dos poucos dançarinos, o baile durou até às tantas da manhã. Durante o bailarico ouve lugar à “hora da loira” com uma hora de “imperial” a preço reduzido e onde os “técnicos da matéria” puderam mostrar os seus dotes. O bar esteve sempre a funcionar com saborosas bifanas, entremeada, cachorros e muita cerveja, entre outros. No sábado, dia 9, pelas 15 horas foi celebrada missa em honra e louvor a Nossa Senhora de Fátima pelo Sr. padre Prior, que foi muito do agrado e devoção dos inúmeros cambenses e amigos que ali se deslocaram, ao que se seguiu o leilão de oferendas no adro da capela. Pela tarde realizaram-se as provas desportivas, continuando o ambiente festivo com confraternização entre todos os cambenses, que culminou com o grandioso arraial abrilhantado pelo já famoso “Tiago Silva”, de Dornelas do Zêzere. Foi do agrado de todos a sua boa música, que durou até altas horas da madrugada. Conforme o dia anterior, o bar continuou bastante concorrido e com a cambenses puderam saborear um delicioso caldo verde e um excelente bacalhau assado na brasa, superiormente confeccionado e servido pelos cambenses que deram uma grande colaboração, como foi o caso do Filipe Gonçalves e irmã Olinda, a Graça, a Isabel e outros, para além dos membros da Direcção que serviram à mesa. Presidiu ao jantar o Sr. José Luís Nunes Pereira, presidente da Assembleia-Geral da colectividade, que se fazia acompanhar na mesa por Mário Gonçalves, presidente da delegação em Camba, por Carlos Simões, presidente da Direcção, por Hélder Almeida, presidente da Liga Melhoramentos de Sobral de Baixo, por Fernando Pereira, da congénere de Ceiroco, e pelo Sr. Morgado, de Malhada Chã. Antes de se iniciar o jantar, o presidente da mesa deu as boas vindas às cerca de 70 pessoas presentes, tendo logo após a refeição Carlos Simões, presidente da Direcção, agradecido a presença de todos e recordou os 53 anos de fundação e a obra da colectividade desde a sua fundação. Passou de seguida a referir-se à próxima Assembleia-Geral, apelando para a presença de todos, especialmente para discutir o assunto da entrega da rede de abaste- esplanada sempre cheia e a equipa do balcão sempre a aviar. Apesar de tempo fresco, a chuva não apareceu e a temperatura até ficou agradável e proporcionou a que na “hora da loira” o balcão do bar estivesse repleto e o recinto bem composto. No domingo, dia 10, foi o dia da festa da Comissão Associativa de Melhoramentos de Camba (CAMC), continuando as comemorações do 53.º aniversário da fundação da colectividade. Durante o dia realizaramse os torneios de tiro ao alvo e de sueca e pelas 17:30 horas entrou em Camba o Grupo de Bombos de Sobral de Baixo, que deu uma volta à aldeia, terminando no recinto de festas. O som dos bombos e tambores ecoava por aquelas ruas, constituindo uma manifestação da cultura e tradições pampilhosenses, algo de novo para quem vive na cidade. Pelas 20:30 horas iniciou-se um grande jantar convívio da CAMC, no Recinto da Eira, onde muitos cimento de águas à Câmara Municipal. Agradeceu a colaboração dos voluntários da cozinha pedindo uma salva de palmas. O Sr. António ”da Partida”, de Sobral de Baixo, pediu a palavra para rasgar forte elogio à colectividade e destacar a grande beleza da aldeia de Camba e da região do Alto Ceira. Disse que os cambenses são privilegiados por ter uma aldeia tão bonita, pelo tudo devem fazer para a preservar e disse sentir-se muito feliz por ter sido convidado a ali estar. Usou da palavra José Luís Nunes Pereira, que teceu palavras de agradecimento a todos os que ali estavam presentes, lamentando a ausência de alguns que poderiam ali estar. Referiu-se ao trabalho da Direcção com apreço e à capacidade de organizar eventos como aquele para juntar as pessoas, focando também a importância da próxima Assembleia-Geral e ao problema da administração da rede de águas. 6 DESPORTO E MEMÓRIA HISTÓRICA MARCAM VERAO CABRILENSE Reforçou que a Direcção fará tudo o que for possível pelo bem da aldeia, mas todos têm o direito à sua opinião pelo que deveriam estar presentes no dia seguinte na reunião magna da colectividade. Explicou que na aldeia moram poucas pessoas e já com alguma idade, que não têm já forças para andar a subir e descer as encostas da serra para efectuar a manutenção das nascentes, pelo que é urgente que se repense esta situação. Após a série de intervenções, foi tempo de tomar café e arrumar o recinto, porque logo a seguir iniciou-se a actuação de Sérgio Gonçalves, teclista e vocalista, que animou os presentes com a sua música, fazendo com que rapidamente se formasse um grande bailarico. Paralelamente, na zona do bar do recinto realizou-se um grande torneio de jogo da moeda, que foi bastante participado por grandes jogadores que dominam a arte de adivinhar as moedas do adversário. Com a participação de atletas de “palmo e meio”, realizou-se ao início da noite o sempre animado jogo do saco, onde os pequenotes deram o seu melhor em disputa renhida e divertida. De seguida, procedeu-se à entrega dos troféus relativos às provas até aí realizadas e do Torneio de Futsal Inter-aldeias, realizado durante o fim-de-semana, no polidesportivo de Camba, com a participação das equipas de Covanca, Meãs e Camba. Venceu o torneio a equipa da casa com duas vitórias, ficando em 2.º lugar a Covanca e em 3.º as Meãs. Na Segunda-Feira, dia 11, foi dia de Assembleia-Geral e ocasião para descontrair, porque a noite anterior foi longa, mas mesmo assim muitos ainda se juntaram no recinto de festas para um lanche ajantarado. Para o dia 14, quinta-feira, véspera de feriado, estava já anunciada uma actividade inédita em Camba. Um desporto radical ao qual se chamou “A Rota dos Túneis”. Esta actividade, consistiu num passeio pedonal percorrendo a ligação subterrânea desde a Barragem do Alto Ceira à Barragem de Santa Luzia (Malhada do Rei). Esta ligação em túnel talhado na rocha, com uma abertura em Ceiroco, tem uma extensão total de 6,945 km. Construído na década de 40, este túnel efectua o transvaze de água da bacia do rio Ceira para a bacia do rio Unhais, vindo a ser aproveitada na Barragem de Santa Luzia. Como nesta altura do ano o túnel não transporta muita água devido ao abaixamento do nível de água na barragem, estavam reunidas as condições de segurança para esta aventura subterrânea. Pelas 9:30 horas estavam junto à entrada do túnel no Alto Ceira mais de 20 pessoas munidas de lanternas e de boa disposição para enfrentar a escuridão. Alguns mais apreensivos outros mais deste- Liga de Melhoramentos da Freguesia de Cabril (LMFC) promoveu na segunda semana de Agosto a 20.ª edição da Semana Desportiva, evento que tem como principal objectivo proporcionar a toda a população, em ambiente descontraído, a prática de actividades desportivas e de lazer. Entre as várias modalidades propostas salientaram-se, pelo número de participantes, as seguintes: Sueca (10 equipas), Damas (12), Dominó (10), Ténis de Mesa (18), Futsal (4 equipas masculinas e duas femininas, num total de 36 participantes), Passeio Pedestre (25) e Atletismo (56). No torneio de Futsal conseguiu-se um bom nível competitivo tendo vencido, na vertente masculina, a Equipa CABRIL-A. A final da competição feminina foi presenciada por uma assistência de mais de 200 pessoas que vibraram com o desempenho das atletas tendo saído vencedora a equipa “As Ribeirenses”. Os 25 participantes do Passeio Pedestre efectuaram um percurso muito pitoresco que, do Cabril, os levou pelos Lameiros, Serra de S. Domigos, Portelinho, Cuzamento do Vidual, Vidual de Baixo, Santa Luzia, Vale Grande, Poio, Conhada e novamente Cabril. No conjunto de todos os escalões das provas de Atletismo, desde os infantis aos veteranos, participaram 56 atletas. Na prova aberta, na distância de 7 mil metros, participaram 26 atletas sendo que os atletas representantes da Fornea, Relvas e Amoreira, pelo seu bom desempenho desportivo, contribuíram para que se tivesse atingido um elevado nível competitivo. Para encerramento da 20.ª Semana Desportiva foi organizado um jantar convívio, aberto a toda a população, no dia 16 de Agosto, pelas 19 horas. A ementa, constituída por arroz de feijão (primorosamente preparado pelo trio Armindo Tavares, Carlos Nunes e Júlio Teodoro) e porco assado no espeto, este da responsabilidade do Paulo do Talho, agradou aos mais de 250 participantes que não se cansaram de manifestar a sua satisfação pela alta qualidade do repasto que lhes foi servido. Durante o jantar foram entregues lembranças aos 170 participantes nas activi- dades da Semana Desportiva e foram entregues troféus a cada um dos vencedores das diversas modalidades. A organização dum evento desta natureza e com a dimensão que atinge exige a mobilização de recursos que não estão ao alcance da Liga. Assim e porque a organização desta Semana Desportiva, nos moldes em que ocorreu, só foi possível graças aos apoios recebidos, queremos aqui manifestar os nossos agradecimentos à Câmara Municipal da Pampilhosa, à Junta de Freguesia de Cabril, à Caixa Geral de Depósitos, aos associados e amigos Maria Adelaide, Vítor Custódio e Luís Gonçalves, ao restaurante “O Petisco de Alvalade” e ainda a todos os cabrilenses que anónima e desinteressadamente colaboraram na organização das actividades. Área envolvente do Centro Social Na área envolvente ao Centro Social a LMFC promoveu, em Julho, a construção de dois pequenos monumentos destinados a preservar a memória histórica e cultural da freguesia. Foi construído um pequeno monumento alusivo à produção de azeite, utilizando algumas das pedras centenárias do velho lagar do Vale Pereiro, demolido na década de 60 do século passado, aquando da construção do novo lagar aos Alqueves. A produção de azeite foi sempre uma actividade económica importante da freguesia de Cabril e na qual tinha vantagens comparativas relativas às freguesias vizinhas. Porque o Centro Social está construído no local onde, no século XVII, foi construída a primitiva igreja paroquial, da qual actualmente resta apenas a torre sineira, foi ali construído agora um painel de azulejos reproduzindo a antiga igreja de modo a preservar a memória daquele templo. O painel de azulejos foi desenhado pelo artista, de raízes cabrilenses, Paulo Nogueira, que desde há vários anos tem vindo a realizar trabalhos neste domínio, com particular destaque nos vitrais. A realização destas obras só foi possível porque o nosso associado, benemérito e amigo, José Teodoro Martins, generosamente suportou os encargos financeiros delas resultantes sendo, por isso, credor dos nossos reconhecidos agradecimentos. midos, todos avançaram rumo a Ceiroco no primeiro troço, onde vê a luz do sol, e depois rumo a Malhada do Rei no troço final. Lá dentro no escuro via-se uma luz ao fundo do túnel e a motivação para chegar ao final era acrescida porque todos sabiam que, entretanto, por estrada saiu de Camba a segunda equipa em viaturas transportando um apetecível petisco. Utilizando o parque de merendas de Malhada do Rei, junto à saída do túnel, todos se juntaram para um excelente piquenique onde não faltaram as sardinhas, as febras e entremeadas, tudo bem regado, não pela água da barragem, mas pelo bom tinto para aquecer, porque no túnel estava fresco. Foi um dia diferente para todos os participantes, cambenses e amigos do Sobral de Baixo e Trinhão que também nos acompanharam e, no final, todos pudemos ainda desfrutar do recinto e piscina fluvial de Malhada do Rei, gentilmente cedido pela comissão de melhoramentos local, a quem os cambenses agradecem. Durante estes dias, houve muita alegria e grande convívio onde mais uma vez a Camba esteve no seu melhor. Em Agosto de 2009 não faltes em Camba, porque a festa promete. CASA DO CONCELHO PAMPILHOSA DA SERRA Entrevista Diáspora Pampilhosense FERNANDO ROSA FARINHA, UM ARTESÃO ALVERQUENSE “O que eu gostava era de encontrar na nossa terra um espaço para se exporem estas coisas e até outras. Mas actualmente a nossa terra está perdida no deserto…” – “É um erro nós pararmos”, começa por referir o nosso entrevistado. E de facto, Fernando Farinha é um daqueles raros exemplos de constante actividade, não só em prol de si mesmo como também em benefício das comunidades nas quais se tem inserido ao longo da sua vida: fundador de uma associação de portugueses na Alemanha, membro activo da Liga de Melhoramentos de Portela do Fojo e, actualmente, um — António Amaro Rosa — artesão alverquense cioso do seu anonimato, mas que gostaria de ver salvaguardado o seu espólio na sua freguesia natal. Serras da Pampilhosa – Apesar de ser natural da aldeia do Vilar da Amoreira a sua vida profissional começou e acabou muito longe dali… Fernando Farinha – Sim, quando acabei a escola primária fui para Lisboa e por ali fiquei durante algum tempo. Fui trabalhar, como merceeiro, numa casa que pertencia a pessoa de família, a minha madrinha de baptismo que ainda hoje é viva. Estive em casa dela até ir para a vida militar e nessa altura prometeram dar-me sociedade e tive sempre confiança de que quando eu viesse da tropa iria ser sócio, mas depois apresentaram-me condições que não me interessavam e eu acabei por desistir. Arranjei, então, um trabalho na CUF Sanders onde andei no duro, a carregar sacos de farinha. Entretanto fui saltando de trabalho em trabalho. Havia lá uma pessoa nos serviços sociais, que não era uma pessoa conhecida, mas que me deu também uma ajuda muito boa. Assim fui para os serviços de géneros alimentares. Havia por lá uns senhores que foram despedidos porque naquela altura não tinham mostrado honesti- dade e eu fui ocupar o lugar deles, onde fiquei como fiel de armazém algum tempo. Tive então um conterrâneo, o Júlio Marques, que estava já na República Federal da Alemanha há uns meses. Ele escreveume contando-me que estava muito bem na Alemanha, que aquilo era muito bom e que eu deveria seguir o caminho que ele tinha seguido. E assim foi. Estávamos em 1965. Cheguei lá, mas eu não estava habituado àquele trabalho, um trabalho duro na metalomecânica, mais propriamente nos perfis de alumínio. Comecei a adaptar-me e ali fiquei durante 10 meses. Ao fim daqueles meses vim de férias a Portugal, onde casei, e no regresso à Alemanha fui para outra secção onde melhorei a minha situação e por lá fiquei durante 17 anos. SP – Foi nessa altura que surgiu o gosto por trabalhar a madeira ou esse passatempo começou mais tarde? FF – Não. Eu vinha a Portugal todos os anos passar as férias e houve um ano em que ao ter subido a uma figueira para apanhar figos caí e, infelizmente, caí mal, pois CASA DO CONCELHO PAMPILHOSA DA SERRA sofri uma fractura de vértebras. Fui para o hospital de Coimbra onde fui operado, depois engessado e mais tarde colocaram um aparelho. Ao voltar para a Alemanha tive um problema com o seguro, pois não me queria pagar alegando que eu era ainda muito jovem e assim não me queriam dar as regalias a que eu tinha direito. Mas eu lutei em tribunal e eles acabaram por que reformar. Durante essa luta fui várias vezes internado porque na Alemanha, quando uma pessoa é reformada, não é um médico vai decidir, são diversas juntas médicas que vão dar a decisão. Estive então internado num hospital e foi nessa altura que eu comecei a fazer pequenas coisas na oficina que por lá havia e a partir dali comecei a ter um pouco mais de interesse. Houve uma médica que viu o meu trabalho e deulhe tal apreço que fiquei assim um bocadinho vaidoso com o elogio. E foi esse o começo. Após a reforma acabei por regressar a Portugal e vim para Alverca do Ribatejo em 1980, onde me estabeleci com um negócio de sapatos e comecei a fazer umas coisi- nhas para levar para a montra da loja e juntar aos sapatos. As pessoas quando viam os meus trabalhos em madeira diziam para eu continuar e até tentar a pintura, mas o tempo não dava para muito. Reformei-me 1998 e entretanto deixei o estabelecimento comercial por motivos de idade e de saúde. Fiquei então com muito mais tempo livre e para mim foi muito difícil enfrentar essa situação, porque eu estava habituado a trabalhar, a ter contactos com as pessoas e, de repente, vi-me aqui isolado em casa sem nada ter para fazer. Foi então que pensei que estes trabalhos em madeira e em pedra seriam uma maneira terapêutica de eu conseguir ocupar o tempo. Ainda hoje penso que as pessoas devem ter algo para fazer, mesmo com estas idades. É um erro nós pararmos. SP – Como define a sua arte? FF – Eu aproveito a natureza e dou-lhes alguns retoques. Aproveito muito os troncos. Quando vou à terra tudo me parece que tem utilidade; se tivermos um bocadinho de imaginação e se quisermos, conse- guimos sempre arranjar muita coisa sem trabalho. Não é preciso ir à procura dos materiais, por exemplo, quando me desloco à praia trago duas ou três pedras num saco, pois para mim têm um certo valor. Depois, com algum trabalho, acabam por se tornar nestas pequenas coisas. Eu vou fazendo as coisas à medida que vou tendo a possibilidade de arranjar os materiais. Se eu for à terra e trouxer três paus, já sei que dali vai nascer qualquer coisa, mas se não arranjar, também não vou à procura, por exemplo, de sobras numa carpintaria. Voume servindo daquilo que vou encontrando. Um dia destes eu ia pelo passeio fora, encontrei umas raízes e fiz uma peça. Tenho aqui uma pedra que trouxe debaixo da Ponte da Amoreira, ali outra que trouxe do rio de Góis e ainda outra que veio do Algarve. SP – Ao observar os seus trabalhos, parece que a sua arte parece ter várias fases… FF – De facto, comecei pelos rostos e depois os motivos religiosos, mas ultimamente tenho feito bustos. Eu até já ofereci algumas coisas para a casa mortuária de Portela do Fojo, nomeadamente um crucifixo, onde não havia nada. Na minha aldeia, na Amoreira, tenho lá uma casa com duas ‘lojas’ na qual estão vários artigos como estes que aqui estão aqui em Alverca. SP – O senhor faz todas estas obras, mas depois elas ficam aqui guardadas na sua garagem particular. Porque não vende algumas? FF – Eu não vendo as minhas obras. De facto, já ofereci alguns trabalhos a algumas pessoas e tenho dois trabalhos meus no museu de Pampilhosa da Serra. Inclusivamente já me convidaram para a Feira de Artesanato de Vila Franca de Xira que se realiza todos os anos e eles até me davam uma ajuda para essa mostra, mas eu não estou para ter esse trabalho de tirar as coisas daqui e ir para a feira com isto quando a intenção não é vender. Agora oferecer, já tenho oferecido. Eu não tenho nenhum problema com o vender, só que tenho uma amizade às coisas e custa muito desprender-me delas. Por outro lado, não tenho aquela necessidade de obter 10 ou 15 euros por uma determinada peça, porque felizmente não tenho dificuldades financeiras e tenho o suficiente para poder viver. Ainda há dias veio aqui um senhor e pediume para lhe vender uma peça. Eu não lhe vendi, mas prometi-lhe fazer uma outra igual. SP – Já realizou alguma exposição? FF – Olhe, há tempos estiveram aqui uns senhores do Museu de Alverca do Ribatejo que tiraram várias fotografias e ficaram de me pedir algumas peças para levarem para lá e fazerem uma exposição. Eu disse-lhes que levassem o que quisessem. Aconselharam-me mesmo a fazer uma exposição, mas eu penso que não teria interesse, porque só me daria mais trabalho. Eu penso que as pessoas que fazem exposições têm interesse em fazê-las para adquirirem nome e depois para venderem as peças. Mas não é esse o meu caso: eu só faço isto por uma questão de gosto e nada mais. SP – Então, tirando as duas peças que estão no Museu Municipal de Pampilhosa da Serra e o crucifixo que está na casa mortuária de Portela do Fojo, como é que o cidadão comum pode apreciar os seus trabalhos? FF – Bom, não existem outros locais. O que eu gostava era de encontrar na nossa terra um espaço para se exporem estas coisas e até outras. Mas actualmente a nossa terra está perdida no deserto… SP – Mas já contactou formalmente a Junta de Freguesia ou até a Liga de Melhoramentos da Freguesia de Portela do Fojo propondo isso mesmo? FF – Não, não o fiz por razões pessoais. SP – Tem confiança de que no futuro os seus filhos vão preservar este seu espólio? FF – Não, eles não ligam muito a isto. Hoje eles não apreciam, o que não significa que daqui a algum tempo eles não venham a gostar. SP – A criação artística a que dedica nesta fase não é o único ponto de destaque na sua vida, pois o Sr. Farinha também possui um currículo considerável em termos associativos. Para além de ter feito parte da Liga de Melhoramentos da Freguesia de Portela do Fojo, chegou a fundar uma associação de portugueses na Alemanha… FF – Eu fui uma espécie de assistente social na Alemanha para os emigrantes, pois sabia falar e escrever alemão, aliás ainda hoje correspondo-me com alemães. Estive numa escola e depois fui para uma firma onde evoluí um pouco mais, chegando mesmo a fazer a sua escrita. Eu recebia telefonemas de Itália e outros países e fazia as traduções. Cheguei a ser colaborador da Caixa Geral de Depósitos na Alemanha e fazia-lhes os contratos com os nossos emigrantes. Naquela altura, em seis meses enviei de lá um milhão e seiscentos mil Marcos alemães. Por ser dos poucos que falava alemão ia quase diariamente com os portugueses ao médico, de tal maneira que havia lá um médico que no seu consultório tinha uma bata branca para ele e uma outra para mim. Até mulheres eu lá levava e elas, coitadas, tinham algum pudor. De facto, fui um dos fundadores e presidente do Centro Cultural Português de Ludenscheid, uma associação composta por cerca de 250 portugueses daquela cidade alemã. Fazíamos festas e tínhamos um grupo musical, pois havia uma casa apropriada para isso. Os portugueses eram ali mais amigos do que as pessoas daqui, convivíamos mais e eram mais unidos. A união era mais forte, havia uma amizade maior e além disso as pessoas também não tinham para onde ir. Os alemães não conviviam muito com os portugueses e a alimentação deles era muito diferente da nossa, por isso a gente nunca alinhava muito em ir com eles para uma cervejaria ou para um restaurante. Cheguei a ser presidente do Centro Português e durante esse tempo nunca tive dissabores. Logo no início da actividade falava-se na necessidade de termos uma televisão. Pensouse então em fazer uma subscrição para adquirir um aparelho. Ora, passado uma hora eu já tinha o dinheiro suficiente para ir comprar uma televisão. Tive muito apoio e tudo correu sempre bem, aliás tenho guardadas várias cartas e notícias de jornais que falam de mim. Só tive louvores e ainda hoje está lá uma grande fotografia minha no Centro Cultural Português de Ludenscheid, passados todos estes anos. PERFIL F ernando Rosa Farinha nasceu a 12 de Novembro de 1939 no antigo Vilar da Amoreira (freguesia de Portela do Fojo), uma aldeia hoje sepultada nas águas da albufeira gerada pela Barragem do Cabril. É filho de Felisberto Lopes Farinha, um reputado sapateiro local, e de Zulmira de Jesus Rosa. Concluiu o ensino primário na aldeia de Amoreira Cimeira. Foi fundador e presidente do Centro Cultural Português de Ludenscheid (Westfalen, Alemanha). Em termos regionalistas, integrou por diversas vezes os corpos sociais da Liga de Melhoramentos da Freguesia de Portela do Fojo e fez parte de algumas comissões de festas em honra de Nossa Senhora da Paz, padroeira da freguesia. Após o regresso a Portugal e a passagem à reforma, tornou-se um artesão, realizando diversos trabalhos em pedra, mas sobretudo em madeira. Apesar de não ter realizado quaisquer exposições, a qualidade dos seus trabalhos tem ultrapassado o anonimato a que elas se encontram actualmente votadas numa garagem na cidade de Alverca do Ribatejo, nos subúrbios de Lisboa. Prova disso são as reportagens de que foi objecto nos jornais “Vida Ribatejana” (edição de 2002-12-11) e “Despertar” (edição de Maio de 2001), para além dos vários convites que já recebeu para feiras de artesanato e exposições. 7 Entrevista JOSÉ ALBERTO PACHECO BRITO DIAS “Aqueles que pensam que os gastos nestas festas foram uma despesa podem ter a certeza que são um investimento, porque em primeiro lugar divulgamos o nosso concelho e em segundo lugar fica retorno” 2008 será sem sombra de dúvida um ano importante para o concelho de Pampilhosa da Serra. Com as comemorações dos 700 anos da vila assistiu-se a um desfiar de actividades e iniciativas como nunca se tinha assistido, mas foi também o ano em que os pampilhosenses ficaram a saber que, mais uma vez, o Poder Central pouco pensa nas terras do Interior. Basta para tanto observar com atenção a concessão do Pinhal Interior. Foi pensando Pampilhosa da Serra à luz desta realidade que ouvimos o senhor presidente da Câmara Municipal, José Alberto Pacheco Brito Dias. Pretendemos com esta entrevista auscultar quem, por inerência do cargo que ocupa, melhor pode informar todos os que de uma ou outra forma se preocupam — Luís Gonçalves — com as serras da Pampilhosa. Serras da Pampilhosa – 2008, o ano das Comemorações Oficiais dos 700 anos de História da Vila de Pampilhosa da Serra, tem sido, no nosso entender, um ano de profunda alteração na dinâmica do concelho e é certamente um ano de muito trabalho. Como se chegou até aqui? José Brito – Na verdade 2008 foi um ano muito importante para o nosso concelho porque comemorar 700 anos deve ficar devidamente registado e nesse sentido o Município fez um grande esforço para, ao longo de todo o ano, promover uma série de eventos que registassem as comemorações. Teve dois pontos altos, que foram a comemoração do nosso feriado municipal, no dia 10 de Abril, e a Feira de Artesanato e Gastronomia, coincidente com as Festas do Concelho no chamado 15 de Agosto. Chegámos a estas comemorações com muito trabalho e envolvimento de muita gente a dar o seu melhor em prol do desenvolvimento do nosso concelho durante estes 700 anos e também ainda com muitos problemas por resolver. SP – Quais as dificuldades inerentes à realização de um programa tão vasto e diversificado? JB – Este programa muito diversificado tem actividades ao longo de todos os meses. Realçava algumas delas: as exposições das freguesias em que cada uma tem o seu mês na Pampilhosa, para expor aquilo que de mais característico tem; e o facto de ter-mos levado o teatro a cada uma das sedes de freguesia e continuarmos a ter no final de cada mês uma peça de teatro aqui na Pampilhosa. Todas estas actividades foram baseadas no envolvimento geral de todas as pessoas porque entendemos que isso é fundamental para que as iniciativas tenham sucesso. Tentámos envolver toda a gente. As exposições das freguesias têm demonstrado esse envolvimento. Como já presenciou na abertura de cada exposição, vem quase a freguesia inteira à vila. É muito importante porque assim consegue motivar-se toda a população no sentido de darem o seu melhor na exposição que apresentam. Nestas actividades temos a colaboração das pessoas e dessa forma conseguimos eventos a baixo custo. Mesmo as peças de teatro, muitas delas são gratuitas. O 8 Município paga apenas os transportes e a alimentação. A maior parte são feitas por grupos amadores, diria mesmo quase na totalidade, e se por um lado promovemos quem precisa de ser promovido e mostrar o seu trabalho, por outro permite-nos fazer muito trabalho com pouco dinheiro. Para além disso, em todos estes eventos, conseguimos envolver outras associações que podem dar o seu contributo nas diversas iniciativas consoante o âmbito das mesmas. Foi possível chegar a um programa destes sem esquecer que somos um concelho com dificuldades e por isso a necessidade de promover iniciativas à nossa dimensão. Procurámos apenas que as festas da vila tivessem mais gente e fossem um marco importante na vida dos pampilhosenses. Fizemos algum investimento, superior ao habitual, mas que está devidamente compensado naquilo que ficou na Pampilhosa. Quando se pensa num investimento deste género, temos que pensar sempre no que é que fica, qual é o retorno. Ficou alguma coisa no concelho? Claro que sim e isso é para mim muito importante. Ver na Pampilhosa, 15 ou 20 mil pessoas, ver que todos os estabelecimentos comerciais superlotaram, venderam bem e alguns esgotaram. Foi gratificante. Quanto a mim a Pampilhosa da Serra ganhou em todos os aspectos. SP – Mas já ouvimos dizer que por essa altura na vila alguns restaurantes estariam encerrados e a Pampilhosa teria poucas condições para servir uma refeição decente. Isso é verdade ou são apenas especulações de algumas pessoas menos bem informadas? JB – Eu penso que isso é mentira, pois as informações que tenho é de que os restaurantes estiveram abertos. Havia inclusive alguns compromissos para prestar apoio aos vários grupos e isso decorreu normalmente. O que se verificou é que as pessoas eram, felizmente, tantas que grande parte deles não conseguiu dar resposta suficiente. Mas como complemento existiam as tasquinhas na nossa feira de gastronomia. Foram uma boa alternativa, não só na divulgação da nossa boa gastronomia, como também na possibilidade de fazer com que o dinheiro ficasse aqui no nosso concelho. Optámos para o sector da gastronomia e das bebidas, não permitir que se instalassem pessoas de fora. Isto é, era fundamental que o dinheiro ficasse no concelho. Só permitiríamos a vinda de comerciantes externos caso não houvesse interesse por parte dos nossos. SP – E os locais responderam positivamente? JB – Os locais responderam muito bem a este chamamento. Perceberam qual era a intenção do Município. A meu ver, descuraram um aspecto: não calcularam a dimensão da enchente no dia 15 de Agosto, apesar de terem sido alertados pela Câmara que iria haver um movimento enorme à volta das Marchas e que o Tony Carreira, por ser da terra e por estar no auge da sua carreira, movimentaria muita gente, mesmo multidões. Nesse dia tivemos entre 15 e 20 mil pessoas aqui na vila, o que de facto é excepcional. Portanto aqueles que pensam que os gastos nestas festas foram uma despesa, podem ter a certeza que foram um investimento, porque em primeiro lugar divulgámos o nosso concelho e em segundo lugar ficou um retorno superior ao investimento efectuado. Os nossos comerciantes bem precisam destas alavancas, para enfrentarem aquelas fases do ano em que o comércio está mais parado. O Município tem também esta função, que é promover estas iniciativas e fazer com que os nossos comerciantes aproveitem. SP – Em termos de planeamento estamos praticamente no fim do ano. Supomos que os próximos eventos estarão já programados. E para o ano que vem, será de esperar continuidade nesta dinâmica de realizações? JB – No caso das iniciativas culturais e desportivas, estas podem não ter a mesma intensidade, mas são para continuar. Nesse aspecto há que manter aquilo que tem sucesso, aquilo que de alguma forma estava, não digo esquecido, mas com uma dinâmica inferior ao que devia. Queremos manter algumas e porventura promover outras. Até porque já fizemos algumas, como é o caso das primeiras Jornadas da História Local e as primeiras pressupõem sempre umas segundas e umas terceiras. Foi uma iniciativa muito importante, pois permitiu a muita gente conhecer coisas que nem sequer imaginavam acerca do nosso concelho e das nossas raízes. Há uma série de iniciativas que têm que continuar. O teatro, por exemplo é fundamental que se mantenha na vila. SP – Mas o teatro não tem raízes na nossa cultura. Como vai captar o interesse? Por exemplo, como reagem as pessoas da vila ao teatro? Umas das poucas peças a que tivemos oportunidade de assistir era uma peça excelente e estavam meia dúzia de pessoas na plateia. Pelo que sabemos, nas iniciativas que envolvem as gentes das aldeias não é assim, há uma enorme adesão. Que comentário lhe merece esta questão? JB – Realmente verificámos que por ve- zes as pessoas de vila não aderem da forma que pretendíamos. Nalgumas ocasiões as pessoas alheiam-se um pouco do que se passa à sua volta e muitas vezes nem sequer aproveitam aquilo que podem e têm de bom na sua terra. Mas verificou-se uma atitude que quero realçar: o facto de nalguns casos na plateia vermos pouca gente pode parecer desanimador e desmotivador, mas no nosso caso isso não tem acontecido. O que temos feito é persistir e insistir nestas iniciativas, fazendo ver às pessoas que elas são importantes e que só têm a ganhar se estiverem presentes. O que eu verifico é que, a pouco e pouco, as pessoas vão aderindo cada vez mais também aqui na vila. Veja-se o caso de sucesso que foi o concurso “Vila Florida”. Aquilo que referiu relativamente ao teatro em cada freguesia foi um facto. Não há dúvida nenhuma que levar o teatro a cada freguesia foi um sucesso. O engraçado é que íamos contando as pessoas e, de freguesia para freguesia, tínhamos cada vez mais gente. Se havia 100 pessoas numa delas, na seguinte tínhamos 120, e noutras 140 ou mesmo 150. Isso pode levar-nos também a levar o teatro às freguesias, sem deixar de ter na vila uma vez por mês uma peça de teatro. Há apenas um senão: algumas sedes de freguesia ainda não têm as condições ideais para que possamos ter uma peça de teatro com os requisitos que normalmente são necessários para que ela seja possível, embora os actores que vêm fazer essas peças, muitas das vezes amadores, são extremamente eficazes, adaptando-se facilmente às condições que têm. Nesse aspecto são incansáveis e fazem com que tudo corra bem dentro daquilo que têm. A presença aqui na vila de tanta gente das aldeias aquando das exposições de cada freguesia foi coisa que não se verificou tanto na exposição da freguesia da Pampilhosa. Eu tenho dificuldade em explicar por que é que isso acontece, mas o que é facto é que isso é verdade. As pessoas aqui da vila alheiam-se um pouco desse tipo de coisas, enquanto que das outras freguesias agarram estas iniciativas com mais força, provavelmente porque não têm tantas oportunidades. SP – No novo plano de estradas para a Zona do Pinhal Interior ficamos com a sensação de que Pampilhosa da Serra continua num autêntico “buraco geográfico”. Qual a posição da Câmara Municipal face a esta realidade que teima em não mudar? JB – Nesse aspecto, o nosso concelho que tem tantas potencialidades para inverter este ciclo precisa de ter aqui uma grande acessibilidade e eu manifestei isso mesmo ao Sr. Secretário de Estado das Obras Públicas. Não só eu, mas todos os presidentes que fazem parte da Comunidade Intermunicipal do Pinhal que inclusivamente deram como prioritário a abertura de uma grande via que atravesse este território ligando o IC8 ao futuro IC31, que vem de Monfortinho ligar à A23. É importante verificar, e o nosso país tem que entender, que sendo a Figueira da Foz o porto de mar mais próximo de Madrid, criar-lhe uma boa acessibilidade é fundamental, não só para esta região como também para o país. De facto, Madrid já tem auto-estrada até Monfortinho, o IC31 é já uma realidade, pois a obra está prestes a ser lançada. Falta fazer a ligação, cujo traçado mais curto será pelo Vale do Zêzere, beneficiando a parte Sul do Fundão, o lado Norte de Castelo Branco, Pampilhosa da Serra e Oleiros e todos os outros municípios que nesta linha iriam beneficiar deste eixo, fundamental para esta região e também para o país. Foi prometido pelo Sr. Secretário de Estado que iria fazer os respectivos estudos, porque entendeu perfeitamente o que está em causa com a construção desta grande via. Como nós sabemos, é uma obra que terá custos elevados, mas o concelho de Pampilhosa da Serra faz parte do todo nacional e para progredir, para se desenvolver, precisa de uma grande via. Como tenho dito várias vezes, o nosso país não é assim tão grande para que os nossos governantes se possam dar ao luxo de desperdiçar território. Das duas uma: ou apostam nesta região, pois temos aqui uma ilha sem acessibilidades e potenciam as riquezas que temos, ou então o progresso deste nosso território torna-se mais difícil de atingir. O que eu costumo dizer é que temos de continuar a lutar e não baixar os braços. Essa é a nossa obrigação. Não podemos dizer que tudo vai morrer, que é o “concelho dos incêndios” e que já estamos condenados. Não podemos ser os profetas da desgraça, temos que ter esperança no futuro. Eu tenho. SP – Mas que melhorias estão previstas para Pampilhosa da Serra? JB – O que ficou previsto em termos de concessão foi a melhoria da N2 entre a Portela do Vento e a Portela de Góis e o encaixe na futura N342, Lousã, Góis, Arganil, que ligará ao IC3 em Miranda do Corvo. Essa que é uma grande via à qual teremos acesso directo vai ser porventura uma alternativa à chamada Estrada da Beira (EN17). Depois dessas ligações feitas chegaremos com maior rapidez a Coimbra através do IC3. Consegui aqui na Pampilhosa, durante o anúncio da concessão, a rectificação entre Pampilhosa da Serra e o cruzamento de Maria Gomes, depois de já o ter exposto em Lisboa e não ter sido atendido, porque eu sempre pedi também a rectificação da N344 entre Pedrógão Grande e Pampilhosa da Serra, SP – Podemos então depreender que a Câmara Municipal de Pampilhosa da Serra não está conformada com a situação actual? JB – Eu não me conformo, já o disse várias vezes. Estas melhorias, tenho de reconhecer, são importantes, mas não são aquilo que a Pampilhosa precisa. Nós não podemos pensar só na Pampilhosa. CASA DO CONCELHO PAMPILHOSA DA SERRA Entrevista PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE PAMPILHOSA DA SERRA “O Município está a equacionar apoiar os proprietários no levantamento cadastral” Este investimento tem que ser pensado tendo em conta o que toda esta região precisa. É um investimento necessário para desenvolver toda esta região do Pinhal. Não é só importante para a região do Pinhal Interior Norte, mas também para a região do Pinhal Interior Sul, pois irá potenciar todos os recursos que temos neste território, atrair mais empresários e consequentemente criar mais postos de trabalho. Nesse aspecto as acessibilidades são fundamentais para incrementar o investimento que possa criar postos de trabalho e fixar pessoas. SP – A floresta foi recentemente alvo de atenção especial aquando da promoção do concelho na Feira Comercial e Industrial de Coimbra e na Feira Internacional de Artesanato de Lisboa. No entanto, não assistimos no terreno a mudanças significativas tendentes a debelar o resultado da tragédia de 2005. O que pensa deste assunto e o que podem os visitantes e pampilhosenses encontrar de novo no terreno? JB – A floresta é um sector fundamental do nosso concelho que está muito ligado a todas as outras potencialidades que nós temos. Por exemplo, não é possível pensar em turismo sem floresta. A floresta é importante por si própria, pela riqueza que gera e também pelo facto de potenciar outras actividades. Após os incêndios de 2005 gerou-se uma grande expectativa pelo que nos foi prometido na altura. A ideia era que este território tivesse um tratamento adequado no sentido de se evitarem situações idênticas. Desde logo pensámos que o ordenamento iria ser uma realidade, que as infra-estruturas de defesa iriam ser feitas e que tudo iria funcionar de forma diferente. O facto é que, por parte da Administração Central, a única resposta quanto a planeamento foram as chamadas Zonas de Intervenção Florestal (ZIF). Essas ZIF foram muito divulgadas pelo Município, nomeadamente em acções de sensibilização em cada uma das freguesias, e uma na Casa do Concelho de Pampilhosa da Serra, em Lisboa, numa acção para os pampilhosenses residentes na capital. A ideia foi dizer-lhes o que era este instrumento e quais eram as condições que existiam para que fosse possível criar estas ZIF. Andámos pelas freguesias todas divulgando e anunciando que era a única resposta a que os proprietários deviam aderir. Nessa informação foi anunciado que iriam ser criadas equipas técnicas que estudariam os terrenos, quais os tipos de árvores que eram adequadas a cada local e com isso gerariam maior riqueza aproveitando desta forma o território vasto do nosso concelho. Foi explicado como funcionava, que cada pessoa entrava com o seu terreno e que no final a percentagem na distribuição dos lucros era feita de acordo com a proporção do que cada um detinha. Mas as pessoas são muito ávidas do que é seu e como não gostam de ver outros a gerir o que é deles no final o que se verificou foi falta de adesão. Houve de facto muito pouca adesão, estando apenas em curso a formação de uma ou duas ZIF. SP – O modelo proposto não estaria errado para o território pampilhosense? Não seriam demasiados hectares e demasiados proprietários? CASA DO CONCELHO PAMPILHOSA DA SERRA JB – Esse modelo era o possível, tendo em conta o custo da equipa técnica. Isto é, a ZIF pressupunha à partida uma grande área para ser rentável. SP – Mesmo em Pampilhosa da Serra? JB – Mesmo em Pampilhosa da Serra – e nós que temos aqui 400 Km2 – tínhamos hipótese de criar muitas ZIF. É evidente que criando áreas tão grandes e exigindo tão grande número de proprietários dificulta muito mais as tarefas. Perante tais dificuldades, o Município tomou a decisão no Executivo no sentido de licenciar os pedidos de reflorestação com algumas condições de defesa, designadamente a densidade de árvores junto aos caminhos ser muito menor e o afastamento relativamente a esses caminhos serem uma realidade. Em suma, uma série de obrigações que as pessoas têm que cumprir de forma a aumentar a defesa contra incêndios. SP – Nessas obrigações entravam também as espécies a plantar? JB – Também, como é evidente. Nos vales, nas zonas mais húmidas a obrigatoriedade de plantar folhosas, já que sabemos que estas espécies funcionam quase como aceiros naturais. Há, no entanto, licenciamentos em que o Município não intervém. Dependem da circuncisão florestal. As plantações que têm mais que 50 hectares não têm qualquer licenciamento por parte do Município. A par de tudo isto, devo dizer que continuamos com duas niveladoras nos caminhos florestais e promovemos algumas iniciativas que vão impedir que alguns fogos se transformem em incêndios. Com as equipas de primeira intervenção, com as equipas dos bombeiros, com os GIPS da GNR, com os sapadores florestais, com as viaturas das empresas que têm interesses aqui na floresta, com a oferta de viaturas às Juntas de Freguesia como complemento do kit de intervenção rápida entregue pela Administração Central e com o helicóptero aqui sedeado conseguimos criar uma rede de vigilância e intervenção rápida muito apertada e eficaz. SP – Espera com isto eliminar a possibilidade de incêndios? JB – Vamos com certeza eliminar alguns fogos, já o conseguimos este ano. SP – Este ano, pelo que temos conhecimento, todos. Estamos certos? JB – É evidente que as temperaturas não foram muito elevadas no mês de Agosto. O S. Pedro tem de alguma forma colaborado este ano. Os problemas que tivemos foram extintos imediatamente após o seu início, isto porque são detectados com rapidez e toda esta gente conjugada através do nosso gabinete de defesa da floresta, em que cada um tem o seu ponto de vigilância, conseguimos criar uma rede apertadíssima. Por outro lado, esta vigilância tem outro efeito. Todos sabemos que muitos dos incêndios têm origem criminosa, têm a mão de malfeitores. Penso que o facto de saberem que temos no terreno uma vigilância apertada tem um efeito dissuasor. Há outro aspecto importante: após os incêndios de 2003, que afectaram a zona do Machio e da Portela do Fojo, o concelho de Pampilhosa da Serra foi indicado como concelho piloto para a criação das redes primárias. Isto é, são definidas as vias principais, ou seja, os locais mais apropriados para conseguirmos fazer a extinção de um incêndio. Geralmente são vias que se desenvolvem ao longo das estradas de maior dimensão e onde vão ser implementadas já este ano. Já foi feita uma parte, junto à estrada N112, esta no âmbito do programa AGRIS, onde a candidatura teve a sua acção principal na zona da freguesia de Pessegueiro. Mas esse trabalho vai ser agora complementado pela Direcção-Geral dos Recursos Florestais com a feitura destas redes primárias de defesa. O resultado final será a existência de grandes linhas de contenção, grandes linhas que vão ser limpas, de forma a permitirem a extinção de incêndios com maior facilidade. SP – Acredita que em 2005 tudo teria sido diferente se essa linha de contenção estivesse já a funcionar? JB – Acredito plenamente e gostaria de dizer o seguinte: eu vivi intensamente esse problema, pois na altura era comandante dos Bombeiros Voluntários de Pampilhosa da Serra. Como é sabido, tive que abandonar por causa do acidente que sofri e vi acontecer o que nunca mais pode acontecer. O incêndio era tão extenso, com fogo em todo o lado, que a determinada altura, os bombeiros já só defendiam as populações. As frentes de fogo andavam quase “à vontade”. Com a mudança constante dos ventos anormalmente fortes e temperaturas elevadíssimas era uma coisa louca, nunca ninguém tinha visto tal. A conclusão que podemos tirar é que os aceiros por si só não bastam. Acredito que a resolução de muitos problemas passa concerteza por esta vigilância, uma primeira intervenção muito rápida e pela rede primária que vai ser implementada. SP – E em termos de futuro, o que se pode esperar em termos de futuro para a floresta? JB – O futuro da floresta, tendo em conta que as pessoas não aderiram às ZIF, depende um pouco das iniciativas privadas. Aqui há um papel que é fundamental e que o Município está a equacionar: apoiar os proprietários no levantamento cadastral. Será importantíssimo para o futuro, não só para aqueles que são proprietários e muitas vezes nem sequer sabem onde ficam as “extremas” dos seus terrenos, mas também por questões de ordenamento. Estamos a pensar seriamente no assunto. A nossa associação florestal, bem como o Município, estão munidos de GPS. Vamos tentar que os proprietários também participem neste trabalho, pois é importantíssimo para eles. Outro aspecto importante é o facto da floresta no futuro ter cada vez mais valor. Não nos podemos esquecer que as quotas de dióxido de carbono que as empresas vão ter necessidade de adquirir para que possam continuar a laborar têm de ser compensadas por este território florestado. A floresta vai ser uma mais-valia para além do valor que encerra em si. Dentro de poucos anos vai ter um rendimento acrescido para os seus proprietários. SP – Acredita que no futuro o rendimento obtido com a venda das quotas de dióxido de carbono será minimamente aplicado nos territórios florestados? JB – Acredito nessa necessidade. Os proprietários de grande dimensão já perceberam isso. Têm que plantar cada vez mais. O que se verifica actualmente é que há muitas empresas a comprar e a alugar terrenos, para fazerem as plantações e assim retirarem, para além do rendimento esperado, também esta possibilidade que é a de negociar as cotas das emissões. Aqui os proprietários particulares estão um pouco desmotivados na reflorestação, porque de facto aquilo que verificam é que o nosso concelho tem sido vítima constante de incêndios e por vezes vêm o seu investimento arder. Isto tem sido desmotivador. O que é importante referir é que está a haver uma atenção cada vez maior na defesa da nossa floresta e que os proprietários têm de continuar a acreditar. Nós, enquanto Município, ajudaremos dentro do que for possível uma vez que não podemos interferir no que é particular. Temos, sim, uma obrigação: criar condições e motivar as pessoas. Isso nós tentamos fazer não só com a ajuda do nosso gabinete florestal, mas também das nossas máquinas que estão constantemente na floresta a abrir e limpar estradas e aceiros durante todo o ano. SP – Gostaríamos agora de dar uma pequena volta pelo concelho. Começava desde logo pelo projecto-âncora da Portela de Unhais, a fábrica de briquets. Que novidades nos pode dar quanto a este importante projecto empresarial? JB – O projecto anunciado e divulgado para a Portela de Unhais está a provocar muitas preocupações a mim e a todo o Executivo. De facto, a PineWells, foi recentemente adquirida pela Visabeira na maioria do seu capital e esta empresa começou imediatamente a lançar muitas reticências quanto à localização deste investimento. Visto ser necessário trabalhar também com serradura e estilha, o vento e o afastamento a boas acessibilidades foram as principais dificuldades apresentadas. Perante este cenário, imediatamente foi indicado outro local, na zona de Portela do Fojo, que pudesse dar resposta a estes problemas técnicos, indicados como impeditivos da localização anteriormente apontada. Não tenho ainda qualquer resposta formal relativamente à decisão final da Visabeira, mas estou muito céptico quanto à instalação desta empresa e vou desde já manifestar na próxima assembleia municipal esta preocupação e todas as diligências que entretanto fiz junto do Sr. Governador Civil, do IAPMEI, da Visabeira e da Caixa Geral de Depósitos, no sentido de que este investimento se concretize no nosso Concelho. SP – Nesta nossa viagem pela actualidade do concelho não podia de forma alguma deixar escapar a oportunidade para falar num projecto que a nosso ver é emblemático. Estamos a falar do novo Centro Escolar de Dornelas do Zêzere. Houve algum estudo prévio? Que razões levaram à aposta naquela freguesia? JB – O Centro Escolar de Dornelas do Zêzere está previsto na nossa Carta Educativa. A propósito deste Centro Educativo gostaria de dizer-lhe o seguinte: acredito que a educação e a formação são fundamentais para o bem-estar e o progresso do nosso concelho. Nesse sentido, temos de apostar cada vez mais neste sector. Elaborámos a Carta Educativa de acordo com aquilo que a lei previa e de acordo com aquilo que eram as nossas necessidades. Foram ouvidas todas as pessoas que estão ligadas a este sector que têm conhecimento da matéria e assim se concluiu da necessidade de construção do centro educativo nesta localidade. Mas a principal razão foi que aquela zona dista da sede de concelho cerca de 35 km. Em Pampilhosa da Serra temos de medir as distâncias não pelos quilómetros, mas pelo tempo que demora a chegar à sede de concelho. É importante referir que é violento deslocar crianças de 6 anos em tão longas distâncias. Mais: nenhum pai permite que o filho de seis anos se levante às seis da manhã e chegue a casa às sete da noite. É muitíssimo importante referir isto, pois para as crianças nestas idades é uma violência tremenda sujeitá-las a um percurso deste género. Por outro lado, o Centro Educativo para além de ir acolher as crianças das freguesias de Dornelas, Janeiro de Baixo, Unhais, e Vidual, vai permitir outro aspecto importante: mais ano menos ano, e segundo o parecer do Conselho Nacional de Educação, o 1.º ciclo deve ter agregado o 2.º. O 5.º e 6.º anos devem estar junto dos 1.º, 2.º, 3.º, e 4.º e apenas com um professor para a parte de Letras e outro para a parte de Ciências, tornando mais leve a estrutura técnica necessária. É importantíssimo que o Centro Educativo de Dornelas tenha essa resposta rapidamente, precisamente para evitar esta sangria que temos verificado no dia-a-dia. Os alunos daquela zona fazem o 1.º ciclo e normalmente não vêm para a sede de concelho, vão principalmente para o concelho vizinho. SP – Mas isso é um drama? JB – Não é que seja um drama, mas é com toda a certeza mais um factor de desertificação. Normalmente esses alunos nunca mais regressam, porque criam liga (Continua na pág. 13) 9 Destaque SUCESSO DO 1.º ENCONTRO DE JURISTAS EXIGE CONTINUAÇÃO U m evento bem sucedido e um sinal de vitalidade de Pampilhosa da Serra é o balanço retirado do 1.º Encontro de Juristas de Pampilhosa da Serra que decorreu no auditório municipal da vila pampilhosense nos dias 13 e 14 de Setembro e que reuniu cerca de 80 participantes, entre inscritos, oradores e convidados. Organizado pela Casa do Concelho de Pampilhosa da Serra, dezenas de operadores judiciários e de juristas naturais e oriundos dos concelhos de Arganil, Covilhã, Fundão, Góis, Oleiros, Lousã e, naturalmente, do concelho anfitrião reuniram-se numa jornada de convívio e de trabalho, a qual ficou ainda marcada pela presença das principais instituições judiciárias portuguesas, como o Supremo Tribunal de Justiça, a ProcuradoriaGeral Distrital de Coimbra e a Ordem dos Advogados. O jornal “SERRAS DA PAMPILHOSA” esteve lá e dá-lhe conta, ao pormenor, do evento cuja originalidade e sucesso exige brevemente, por parte que quem assistiu, a sua repetição. Primeiro dia de Encontro O primeiro dia do Encontro contou desde logo com a representação das três grandes entidades judiciárias portuguesas: o Supremo Tribunal de Justiça, representado na pessoa do seu vicepresidente, António Gaspar Henriques; a Procuradoria-Geral Distrital de Coimbra, representado na pessoa do procurador da república Pedro Branquinho; e o Conselho Distrital de Coimbra da Ordem dos Advogados, na pessoa do seu presidente Daniel Andrade. Inicialmente agendada para as 9:30 horas, a sessão de abertura do encontro apenas ocorreu já perto das 10 horas, em virtude do atraso registado na acreditação dos inscritos. Com o apoio do grupo editorial Vida Económica e da autarquia pampilhosense, aos cerca de 80 participantes foram entregues sacos com documentação relacionada com o encontro, a par de material de escrita e várias publicações periódicas jurídicas e não jurídicas. A abertura do evento coube a um representante da Comissão Organizadora do 1.º Encontro de Juristas de Pampilhosa da Serra, seguido dos discursos do edil José Brito, na qualidade anfitrião, e de Anselmo Lopes, na qualidade de dirigente da associação organizadora (VER CAIXAS DOS DISCURSOS). O presidente da Câmara Municipal de Pampilhosa da Serra, depois de desejar as boas-vindas a todos os presentes, realçou a importância da existência de um tribunal no concelho, salientando as graves dificuldades que podem surgir da eventual extinção da comarca judicial, dada a ausência de alternativas viáveis, decorrente da falta de acessos e da inexistência de uma rede de transportes públicos. Entretanto, no exterior do Edifício Multiusos juntavam-se os acompanhantes de diversos juristas presentes no auditório municipal. À sua espera estavam duas carrinhas cedidas pelo município pampilhosense e destinadas a proporcionar-lhes uma visita guiada por grande parte do concelho. Intitulada “Rota das Aldeias de Xisto Pampilhosenses”, a actividade turística paralela ao encontro de juristas possibilitou a 11 acompanhantes, durante quase todo o dia, a visita a diversos locais emblemáticos como Fajão, Janeiro de Baixo, Casal da Lapa, Barragem de Santa Luzia e Pessegueiro (ver caixa “ALGUNS COMENTÁRIOS RECEBIDOS PELA ORGANIZAÇÃO DO ENCONTRO”). Finda a sessão de abertura, passou a ser apresentada a primeira de oito comunicações. Partindo do passado em direcção ao futuro, coube ao docente da Faculdade de Direito da Universidade Professor José Duarte Nogueira Clássica de Lisboa, José Artur Anes Duarte Nogueira, um especialista na História do Direito Português, apresentar a sua locução subordinada ao tema “Juristas setecentistas e oitocentistas com ligação à freguesia de Dornelas”. O referido professor catedrático começou desde logo por referir a sua satisfação por participar no evento. “Não posso deixar de endereçar felicitações à Comissão Organizadora e a todos os demais que colaboraram, autoridades e privados. Faço-o com plena consciência do esforço que representou colocá-lo de pé. Estou há muito ligado a instituições onde eventos deste tipo ocorrem e é por José Brito na sessão de abertura do encontro 10 experiência própria que conheço as dificuldades da respectiva montagem e do empenho necessário para as superar. Como certamente em relação à maioria dos presentes, unem-me laços ancestrais a muitos locais da região, alguns hoje integrados no concelho, outros que deixaram de o ser ou apenas limítrofes. (...) Se outras razões não existissem essa seria suficiente para não poder deixar de estar aqui”. Ao longo da sua comunicação José Duarte Nogueira trouxe à lembrança juristas naturais da região que muito antes do século XX obtiveram graduação em Direito e de que tipo de famílias eram oriundos “sobressaindo por isso numa massa humana na qual a formação erudita por via universitária foi durante muito tempo rara e que por estas terras apenas nos finais da década de trinta do século XX começou lentamente a conhecer maior difusão”. Foi uma intervenção essencialmente centrada nas biografias de Bento Dias de Carvalho e Teodoro Meireles Cardoso Gramaxo de Carvalho que cativou a plateia, sempre ávida em saber quais as origens das populações do concelho, numa terra onde a figura dos “contos de homens e de actos” não teve significa- do, é natural que os homens do exército, os capitães, tenham visto nestas paragens um espaço, por excelência, para se afirmarem e se instalarem, recrutando os seus soldados para os colocar ao serviço do reino se e quando necessário. Já em período de debate, e contrariando a lenda de que muitos fugitivos da justiça tenham procurado refúgio por terras pampilhosenses, o orador preferiu identificar algumas razões naturais que possam ter favorecido o povoamento de certos lugares em detrimento de outros, tais como acesso à água, a riqueza dos solos do ponto de vista agrícola, caracterizando a sociedade pampilhosense como essencialmente rural, num concelho que, até ao século XVI, se caracterizou por um despovoamento generalizado, apenas com duas paróquias, Pampilhosa e Dornelas (e, eventualmente, Fajão). Após o debate foi dada a palavra a António Henriques Gaspar, ele próprio um filho do concelho, mas aqui na qualidade de representante do Supremo Tribunal de Justiça, o qual aproveitou a oportunidade para congratular a entidade organizadora do encontro pela oportunidade e qualidade do evento e, mais importante, sugerir que na sequência deste encontro possa emergir um núcleo ou associação de juristas pampilhosenses a apoiar o próprio concelho de Pam- António Amaro Rosa e João Ramos Conselheiro Benjamim Silva Rodrigues pilhosa da Serra. Em declarações posteriores à Agência Lusa, o juiz pampilhosense referiu que o encontro de juristas foi “uma mensagem de preocupação para com o interior” que sofre um “processo acelerado de erosão populacional. Vejo a desertificação com muita preocupação e não sei como o processo vai evoluir”, referiu o vice-presidente do Supremo Tribunal, apontando a pobreza do território como um factor do êxodo populacional. “A desertificação é um problema social e sociológico que tem a ver, sobretudo, com a estrutura, a geografia, a economia e com política, que aqui virá em último lugar”, acrescentou. Seguiu-se depois a intervenção de Benjamim Silva Rodrigues, juiz conselheiro do Tribunal Constitucional, subordinada ao tema “A desigualdade dos municípios e dos munícipes portugueses perante a Lei das Finanças Locais”. À semelhança do anterior orador, o magistrado judicial principiou a sua comunicação afirmando o “(...) quanto me é grato estar aqui no meu concelho, no concelho onde nasci, onde vivi a minha juventude e onde tenho muitos familiares e amigos. Concelho cuja existência quase se perde na bruma dos tempos, mas onde, apesar disso, as gentes continuam a orientar-se pelos verdadeiros princípios e valores que emprestam ao Homem a dignidade indeclinável de pessoa. Terra onde a “palavra” é ainda sinónimo de respeito, honra, compromisso, dever de cumprimento”. Foi uma comunicação centrada na análise da Lei das Finanças Locais, cuja constitucionalidade foi sindicada pelo Tribunal Constitucional, recolhendo, então, o parecer negativo de Benjamim Silva Rodrigues. Para o juiz conselheiro, é uma falácia o princípio geral que consagra a afectação de 5% do Imposto Sobre o Rendimento das Pessoas Singulares (IRS) que se cobra em cada município nas respectivas receitas, esquecendo que existem municípios, como os da Pampilhosa, em que aquele valor é irrisório, tendo em conta a população activa, criando-se, deste modo, desigualdades fácticas na distribuição dos recursos públicos. A luta que se trava dia a dia no município para se conseguir atrair investimentos privados, nomeadamente afastando a cobrança de qualquer derrama, diminuindo até ao limite mínimo permitido pela lei o Imposto Municipal Sobre Imóveis (IMI), foram alguns dos exemplos referidos no debate participativo que se estabeleceu. Há uma clara violação da solidariedade nacional em detrimento de municípios com as características do pampilhosense foi, em termos gerais, a conclusão sufragada por todos os presentes. Posterior- DISCURSO DE ABERTURA DO 1.º ENCONTRO DE JURISTAS Exmo. Senhor Vice-Presidente do Supremo Tribunal de justiça Exmo. Senhor Representante da Procuradoria Distrital de Coimbra Exmo. Senhora Juíza de Direito da Comarca de Pampilhosa da Serra Exmo. Senhor Presidente do Conselho Distrital de Coimbra da Ordem dos Advogados Exmo. Senhor Presidente da Câmara Municipal de Pampilhosa da Serra Exmo. Senhor Presidente da Casa do Concelho de Pampilhosa da Serra Exmos. Senhores Oradores, Minhas Senhoras e meus Senhores, Meus Caros Colegas e Amigos: Em nome da Comissão Organizadora sejam bem vindos ao 1.º Encontro de Juristas de Pampilhosa da Serra. No ano em que o concelho comemora 700 anos sobre a sua suposta fundação é com orgulho que, com este evento, nos associamos a tal efeméride através da realização deste encontro que também pretende marcar positivamente o panorama judicial da Beira Serra. Sem falsas modéstias, cremos que esse objectivo foi plenamente alcançado. A vossa presença, aqui, neste auditório, vem coroar um longo trabalho iniciado há nove meses, pelo que vos expressamos o nosso profundo agradecimento. A autonomia deste concelho em 1385 esteve intimamente ligada à questão da aplicação da Justiça, face às instâncias judiciais do vizinho concelho da Covilhã, pelo que não é de espantar a vocação dos pampilhosenses e dos seus descendentes para o intrincado, mas sempre fascinante mundo do Direito. Vossas excelências são disso mesmo a prova viva. Ao longo de 669 anos este concelho acolheu juízes ordinários, juízes de vintena, juízes de paz e juízes municipais. Apenas desde há 29 anos a esta parte é que Pampilhosa conta com a presença de uma verdadeira magistratura judicial e a inerente elevação a comarca. Porém, se é certo que o caminho foi longo e duro, nada é absoluto, como assim parece indiciar a Reforma do Mapa Judiciário publicada há escassas semanas. O desaparecimento de uma magistratura pampilhosense, seja ela popular ou judicial, é algo que nenhum pampilhosense, seja ele jurista ou não, pode conceber face à específica realidade do nosso concelho. Não tem este modesto encontro a pretensão de salvar uma comarca que, mercê da sua baixa pendência, esteve sempre nos primeiros lugares dos diversos estudos relativos ao possível encerramento de dezenas e dezenas de tribunais judiciais. Entendam-no tão-só como mais uma prova da afeição que temos pela Justiça de Proximidade, como assim demonstra a resposta massiva dos juristas pampilhosenses aqui presentes. Hoje, em Pampilhosa da Serra, ou amanhã na Comarca do Baixo Mondego, seremos sempre cidadãos conscientes. E não vos querendo maçar com mais palavras - até porque o programa é vasto e ambicioso quanto baste - desejamos-lhes um óptimo trabalho e que as comunicações que irão ser aqui apresentadas possam contribuir minimamente para as diversas profissões que abraçamos. (António Amaro Rosa - Comissão Organizadora do 1.º Encontro de Juristas de Pampilhosa da Serra) CASA DO CONCELHO PAMPILHOSA DA SERRA Destaque SUCESSO DO 1.º ENCONTRO DE JURISTAS EXIGE CONTINUAÇÃO mente, perante a comunicação social, o juiz conselheiro Benjamim Silva Rodrigues afirmou que “a existência de uma comarca, de um tribunal e de funcionários judiciais é a expressão de uma extensão do Estado na sua função de administração da Justiça e também um elo entre a comunidade local e o todo nacional”. Após a apresentação da comunicação do magistrado natural da freguesia de Portela do Fojo e do concorrido debate que se lhe seguiu, foi tempo de todos os participantes se dirigirem, no autocarro disponibilizado pela autarquia, para o almoço colectivo que ia ser servido na antiga Resineira com o apoio do Município de Pampilhosa da Serra. O período da tarde foi inaugurado com a primeira de duas comunicações locais, a qual esteve a cargo do procurador da república Pedro Manuel DISCURSO DO PRESIDENTE DA CASA DO CONCELHO DE PAMPILHOSA DA SERRA NA SESSÃO DE ABERTURA DO 1.º ENCONTRO DE JURISTAS Fundada no início da década de 40 do século XX, já nessa época a Casa do Concelho de Pampilhosa da Serra (CCPS) prestou o seu auxílio contra o rumor da extinção do seu antigo Julgado Municipal. Por isso, ontem como hoje, aqui estamos para ajudar a mobilizar toda a comunidade pampilhosense, sobretudo os não residentes, para o objectivo comum de desenvolvimento do nosso concelho. Na última década organizámos dois congressos, cujas conclusões estão editadas em livro, e, no âmbito do Conselho Regional (órgão consultivo da Casa), temos levado a cabo diversas sessões sobre os principais temas da actualidade, que interessam ao nosso concelho. A CCPS tem desenvolvido actividades culturais, recreativas e desportivas para unir sobretudo os jovens do nosso concelho, tem mantido um jornal mensal com larga expansão para a divulgação de tudo o que de mais importante se passa na Pampilhosa da Serra e estamos a incentivar os empresários pampilhosenses para a criação duma associação. Neste contexto, graças ao excelente trabalho da comissão organizadora deste evento, que desde já agradecemos e louvamos, também é legítimo esperar que os juristas pampilhosenses se unam em torno do mesmo ideal de desenvolvimento. A participação num evento similar no Litoral, designadamente em Lisboa, certamente implicaria o pagamento de muitas dezenas, senão centenas de euros a cada participante, como tantas vezes sucede nos encontros, seminários e simpósios organizados por entidades públicas e privadas no eixo Lisboa-CoimbraPorto. Não foi esse o caso no 1.º Encontro de Juristas de Pampilhosa da Serra, onde apenas solicitámos uma quantia quase simbólica. E foi assim porque, mais uma vez, a CCPS entendeu que devia prestar o seu melhor contributo na divulgação da comarca e do concelho de Pampilhosa da Serra. Este encontro representou um grande sacrifício pessoal para os organizadores e patrimonial para a CCPS, pois se é certo que somos uma associação sem fins lucrativos, não é menor a obrigação que temos perante os nossos mais de 500 associados de não apresentarmos prejuízos que ponham em causa a manutenção desta instituição. Naturalmente que este encontro também só foi possível graças a alguns apoios externos, sendo de destacar o grande contributo prestado pela Câmara Municipal, que desde o início viu o valor deste original evento em Pampilhosa da Serra, o que demonstra que a única coisa que pode separar a Casa do Concelho do município pampilhosense é uma distância inferior a 250 quilómetros. Obrigado a todos pela vossa participação e bom trabalho. (Anselmo Lopes CASA DO CONCELHO PAMPILHOSA DA SERRA Procurador Pedro Branquinho Dias Branquinho Ferreira Dias. “Delinquência juvenil e protecção de menores” foi o tema escolhido pela Procuradoria-Geral Distrital de Coimbra para este 1.º Encontro de Juristas e apresentado pelo referido magistrado do Ministério Público com larga experiência junto do Tribunal de Família de Coimbra, tribunal este com jurisdição sobre o nosso concelho. De acordo com Pedro Branquinho, o absentismo escolar é uma realidade, ou não estivéssemos perante uma sociedade essencialmente rural, à qual estão ligados outros problemas, tais como o consumo elevado de álcool, a falta de estímulo da família, a necessidade de participar bastante cedo no orçamento familiar, tudo fenómenos apontados, ainda que, sem sinais preocupantes. Por outro lado, foi assinalado o bom funcionamento da Comissão de Menores, na qual as principais forças sociais concelhias têm assento, sendo de realçar a possibilidade de, face às características do concelho, um conhecimento e um acompanhamento muito próximos dos principais casos carentes de intervenção das autoridades. A idade da imputabilidade, actualmente 16 anos, foi um dos temas mais abordados pela assistência. Maria Barata de Brito, natural da vila pampilhosense, dando testemunho público da sua vastíssima experiência neste tipo de provas. As presunções fiscais, as perícias, os “mega processos” foram temas pormenorizadamente tratados no âmbito da sua intervenção intitulada “A produção de prova em julgamento nos crimes fiscais e na corrupção”, não sendo, pois, de espantar a reacção da plateia, colocando inúmeras questões processuais, todas elas doutamente analisadas e respondidas. Apresentadas que ficaram as primeiras quatro comunicações, seguiu-se uma das duas actividades externas alusivas ao 1.º Encontro de Juristas de Pampilhosa da Serra. Com efeito, algumas dezenas de participantes rumaramse, então, para a Igreja Matriz de Pampilhosa da Serra, onde teve lugar, pelas 18 horas, uma missa em memória dos operadores judiciários e juristas pampilhosenses já falecidos. Foi uma cerimónia também bastante participada pela população local, aprimorada com uma boa prestação vocal do coro da paróquia, e conduzida por D. Eurico Nogueira, arcebispo emérito de Braga (VER CAIXA DE ALUCUÇÃO A SANTA CRUZ). Desembargadora Ana Brito À semelhança dos oradores antecedentes e dos que se lhe seguiram, também o edil pampilhosense entregou várias ofertas ao magistrado conimbricense, no que foi seguido por representantes da Casa do Concelho de Pampilhosa da Serra, que conferiram ao procurador da república um diploma de reconhecimento devidamente emoldurado e acompanhado por várias publicações editadas pela associação regionalista. Depois da criminalidade dos menores, seguiu-se a dos “maiores” e, sobretudo, a ligada a fenómenos de corrupção e tributária, nomeadamente a de fraudes e a de burlas fiscais, e a especificidade dos meios de prova inerentes a essas actividades. Esse foi o tema escolhido pela juíza desembargadora, Ana Segundo dia de Encontro O segundo dia de trabalho e de convívio entre juristas da Beira Serra iniciouse logo pelas 9 horas com a realização de uma visita guiada ao edifício do Tribunal Judicial de Pampilhosa da Serra pela mãos da própria juíza titular da comarca judicial e do novo secretário de justiça. Assim, quase duas dezenas de participantes tiveram a oportunidade única de conhecer, por dentro e ao pormenor, a forma como funciona o tribunal pampilhosense. Os visitantes ficaram com a impressão, depois confirmada pela magistrada judicial Mónica Bastos Dias, de que o edifício reúne boas e dignas condições de trabalho a quem nele presta funções, o que contrasta com o panorama vivido em grande parte dos tribunais ALOCUÇÃO DE SANTA CRUZ no Natal, a Redenção pelo sacrifício do Calvário, na Páscoa e a instituição da Igreja com os Apóstolos, no Pentecostes. Este foi assinalado pela presença do Espírito Santo, sendo aquela destinada a perpetuar Cristo e o seu Evangelho no tempo e no espaço, proclamando a ‘Boa Nova’, conservada no escrito, de que é sinónimo. Em meio ano, sobressaem o Natal, a Páscoa e o Pentecostes: são os denominados ‘Tempos fortes’. O outro meio, dedicado à pregação de Cristo, é o ‘Tempo comum’. Este vai do Pentecostes ao Advento, precisamente aquele em que nos encontramos. O sacerdote que oficia deve acentuar isso mesmo, na homilia que faz (Proferida missa realizada na Igreja Matriz parte integrante da celebração dominical. de Pampilhosa da Serra em memória dos opeIV - Estamos no 24.º Domingo desse temradores judiciários e juristas pampilhosenses já po. As leituras que lhe competem são tiradas falecidos) do livro de Ben Sirá, no Velho Testamento; da I - A minha primeira palavra é uma Carta de S. Paulo aos Romanos e do Evangesaudação muito cordial aos conterrâneos e lho de S. Mateus, no Novo. Aludem, a primeira demais congressistas e de viva congratulação à reprovação do rancor, ira e vingança; a secom os organizadores do auspicioso aconte- gunda acentua que não vivemos para nós cimento, de que todos somos protagonistas. mesmos, mas para Deus, pois só na sua persEla torna-se extensiva aos incansáveis autar- pectiva a vida e a morte têm pleno sentido; e a cas - com feliz destaque para o presidente do terceira, que para o perdão não há limites, não Município - que souberam programar e estão podendo reduzir-se a um número fixo de ofena levar a feliz êxito, uma impressionante, multi- sas. Aponta, como belo exemplo pedagógico, facetada e exemplar comemoração do sétimo o credor que perdoa, ao invés do que procede centenário da outorga do foral à Pampilhosa, contrariamente. agora da Serra. No passado Domingo emergiu o caso da II - Um grupo de juristas, oriundos do con- Madalena pecadora, mas arrependida, para celho, teve o arrojo de projectar este con- aconselhar a compreensão e o perdão, pois só gresso ou encontro de colegas, invulgarmente Deus sabe o íntimo de cada qual. Hoje - na concorrido e de elevado nível, apesar da missa dominical por antecipação na tarde de modéstia e limitações daquele. É um exemplo Sábado, como é da praxe - a liturgia dá priorique merece destaque. dade a uma celebração específica: a ‘ExaltaQuiseram os persistentes organizadores in- ção da Santa Cruz’. Assim sucede de quando cluir no programa esta missa, o que me causou em quando, para quebrar uma certa monotonia alguma surpresa inicial. Supus mesmo expli- celebrativa, neste longo período e destacar alcar-se a ideia pela circunstância esporádica de, gum acontecimento, santo ou símbolo espeentre os intervenientes, se encontrar um bispo, cial. também ele jurista e pampilhosense, o que não É o que sucede neste momento com a festa parecia ser motivo suficiente. Reflectindo me- solene da Santa Cruz, símbolo do sacrifício relhor, acabei por compreender e aceder. dentor do Calvário. Desde que nela morreu JeOcupando o auspicioso evento todo um sus, transformou-se, de instrumento ignomifim-de-semana e estando naturalmente alguns nioso, em sinal de redenção: a ‘Cruz gloriosa’. dos intervenientes - a começar por mim e Esta passou a encimar os templos cristãos, a meus familiares presentes - habituados a embelezar cimos de montanhas e encruzilhadedicar nele algum tempo à participação na das de caminho, a adornar e marcar os crenmissa do-minical, desejaram facilitar-lhes essa tes, presas no vestuário ou dependuradas ao oportunidade. pescoço, a traçar-se com a mão sobre eles Por outro lado, é frequente em encontros mesmos e sinal de bênção. deste género - dada a herança cultural de maA religião lança mão de símbolos expressitriz cristã dos portugueses - incluir neles um vos, facilmente manuseáveis e acessíveis à momento de oração, em acção de graças pelo mentalidade dos seus fiéis. Não fazem o mesevento e sufrágio pelos falecidos, de algum mo os judeus com a ‘Estrela de David’ e os modo com ele relacionados. Destes, permito- muçulmanos com o ‘Crescente’? Assim suceme evocar os nomes de alguns juristas que de precisamente com as três grandes religiões estão vivos na minha memória: os Drs. Bento monoteístas, seguidas por metade da HumaDias de Carvalho e Teodoro Meireles de Carva- nidade em contínua expansão que, irmanadas lho, do Carregal, terra dos meus antepassados na aceitação do Pentateuco moisaico, se paternos, nos séculos XVIII e XIX, respectiva- revêem em Abraão. mente; na passagem de um para o outro, o Dr. Já insinuada pela serpente de bronze - erJosé Acúrsio Nogueira Neves, de Cavaleiros guida por Moisés na longa travessia do Egipto (Fajão), terra do meu avô materno; no século até à ‘Terra da Promessa’ - sarava os israelitas passado, os bons amigos Drs. Cipriano e so- das mordeduras mortais, como disso o livro brinho José F. Nunes Barata, de Pampilhosa, e dos Números (21,4-9), emerge agora a Cruz o malogrado juiz Américo Simão Tomás de Al- redentora do Calvário. meida, de Janeiro de Baixo, meu companheiro Sendo de condição divina - como se lê na de juventude; e já neste, o meu irmão embaixa- Carta Paulina aos Coríntios (2, 6-11) - Cristo dor Artur Nogueira, de Dornelas do Zêzere, e o aniquilou-se a Si próprio; assumindo a condipresidente do Supremo Tribunal de Justiça, ção de servo, tornou-se semelhante aos hoconselheiro Octávio Dias Garcia, oriundo de mens, aceitando a morte na cruz; por isso, foi Janeiro de Baixo. Todos de feliz memória. exaltado acima de todos os homens e toda a Por isso aceitei, de bom grado, o convite língua proclamará que Ele é o Senhor. para esta celebração. O trecho do Evangelho de S. João (3, 13-17) III - A missa dominical é um ponto alto na alude à referência de Cristo à serpente do devivência religiosa dos cristãos. serto, na conversa com Nicodemos, concluinNo período de descontracção e repouso, do: “Deus não enviou o seu Filho ao mundo pafixado na sucessão das semanas, reserva-se ra o condenar, mas para que seja salvo por Ele”. um momento para salutar encontro com nós V - A devoção popular à Santa ou Vera Cruz mesmos, os irmãos em Cristo e o próprio radicou-se de tal modo na nossa história e culDeus, em ambiente de oração e intimidade tura que até levou os arrojados descobridores familiar, ao mesmo tempo que se reflecte no de há cinco séculos a crismar, com essa mistério da Redenção, concluído com a Última designação, as portentosas e promissoras terCeia e o Calvário. ras, encontradas a Ocidente, que hoje dão Enquanto se reza comunitariamente e com- pelo nome de Brasil e são motivo de orgulho partilha o pão eucarístico, escuta-se a men- para todos nós. sagem divina, contida na revelação do Antigo Congratulemo-nos com isso e prossigamos e Novo Testamentos. As três leituras, tiradas fiéis à herança espiritual dos nossos avós, no dos livros sagrados, lembram-nos a história da culto e veneração da Santa Cruz. Salvação, centrada nos seus momentos mais (Eurico Dias Nogueira altos: a Incarnação do Filho de Deus, evocada Arcebispo Emérito de Braga) 11 Destaque SUCESSO DO 1.º ENCONTRO DE JURISTAS EXIGE CONTINUAÇÃO Visita guiada ao tribunal de Pampilhosa da Serra portugueses. A existência de diversas divisões, uma ampla sala de audiências, o bom estado da construção, um arquivo organizado e, inclusivamente, uma cela que, abstraindo as grades, não o aparenta ser, foram aspectos que muito agradaram os presentes, a par das pertinentes explicações e comentários proporcionados pela juíza que acumula há vários anos os tribunais de Pampilhosa da Serra e de Arganil. Pelas 10 horas os participantes dirigiram-se ao auditório municipal no qual iriam ser apresentadas, à semelhança do que havia sucedido na véspera, outras quatro comunicações. A adesão continuou a ser grande, com cerca de 70 participantes, entre oradores, convidados e inscritos. O dia ficou ainda marcado pela presença de António Marinho e Pinto, bastonário da Ordem dos Advogados, e alguns órgãos de comunicação social (Agência Lusa e Antena 1). A primeira intervenção coube a Vasco Rodrigo Duarte de Almeida e teve por mote “O cânone constitucional português”. Tratou-se de uma viagem brilhantemente guiada pelo docente universitário oriundo da aldeia da Póvoa (freguesia de Pampilhosa da Serra) pela história do constitucionalismo português, dando conta das diversas concepções e dos princípios filosóficos que caracterizaram as sucessivas constituições desde o século XIX até à surgida depois do 25 de Abril de 1974. Excelentemente apresentado, o tema suscitou inúmeras questões, não sendo de estranhar os diversos pedidos de acesso à intervenção escrita do orador que prontamente a disponibilizou. Logo a seguir foi dada a palavra ao bastonário da Ordem dos Advogados, o ções à comunicação social, António Marinho e Pinto considerou que o 1.º Encontro de Juristas de Pampilhosa da Serra constituiu “um sinal de vitalidade, atendendo às circunstâncias da Interioridade”. Realidade pouco conhecida, o mundo dos tribunais eclesiásticos, sobretudo na vertente do julgamento de causas de nulidade do casamento canónico, foi aberta pela palavra sábia de D. Eurico Dias Nogueira, arcebispo emérito de Braga natural de Dornelas do Zêzere. Quais as principais causas de nulidade, qual o formalismo processual adoptado, quais os tribunais competentes para as apreciar foram, em traços gerais, explicados à assistência, com exemplos concretos que a motivaram, lançando-a para um amplo debate que prolongou muito além da hora prevista. Finda a comunicação de D. Eurico Nogueira foi altura dos participantes se reunirem à mesma mesa no almoço colectivo ofertado pelo Município de Pampilhosa da Serra, novamente servido no D. Eurico Dias Nogueira Juiza Mónica Bastos Dias suportada numa análise estatística referente desde o ano de 2001 ao 1.º semestre de 2008, a oradora demonstrou que os crimes de ofensas corporais simples, de injúria e de furto simples são os que mais chegam ao conhecimento das autoridades judiciárias e policiais, e neles o perdão, inerente à desistência de queixa, é solução maioritariamente encontrada para a resolução do conflito social. Por outro lado, a criminalidade ligada ao consumo do álcool tem, infelizmente, números elevados, com a particularidade de serem os meses de Verão os que mais casos apresentam, envolvendo gente que apenas está de visita ao concelho. em sete anos de titularidade da comarca, continua a ter plena actualidade a descrição dos pampilhosenses feita num ofício confidencial datado de 12 de Julho de 1855: os habitantes do concelho de Pampilhosa da Serra são pacíficos e laboriosos e os crimes são muito raros, quando comparados com a vizinha comarca de Arganil, que engloba os concelhos de Arganil e de Góis. Em declarações à Agência Lusa, que acompanhava o 2.º dia do evento, a juíza Mónica Bastos Dias destacou o Encontro de Juristas como “um bom impulso para uma região que está votada ao esquecimento”, considerando a iniciativa “um exemplo a seguir por outras comarcas”. Juiz Luis Lameiras qual aproveitou a oportunidade para fazer uma breve alocução sobre as características que, a seu ver, devem encontrar-se subjacentes ao advogado de hoje, alocução essa que cativou os presentes a arrancou fortes aplausos da audiência. Posteriormente, em declara- Mestre Duarte Almeida restaurante social instalado na antiga Resineira. Mas afinal, e quanto às nossas gentes e quais os principais crimes cometidos, foi o tema abordado pela juíza de direito titular da comarca judicial, a magistrada Mónica Bastos Dias. Sob o título “Crime e castigo nas serras da Pampilhosa” e Evolução dos processos-crime 2001-2007 Ainda assim, e com base na experiência pessoal de Mónica Dias alicerçada Como último tema, foi apresentado por Luís Lameiras, magistrado judicial e docente do Centro de Estudos Judiciários oriundo das Aldeias (freguesia de Pampilhosa da Serra) “O Novo Regime Processual Civil Experimental”. Com uma análise muito crítica ao formalismo surgido com este novo regime, assinalou as principais deficiências, expressando o seu desejo de que não venha a ser adoptado com carácter geral e nacional, opinião partilhada por vários intervenientes no debate que se lhe seguiu. Finda a apresentação e os agradecimentos da comissão organizadora, os participantes foram convidados pela vereadora Alexandra Tomé a visualizar um vídeo promocional sobre o concelho de Pampilhosa da Serra. ALTOCEIRA RESTAURANTE CERVEJARIA ALMOÇOS • JANTARES • PETISCOS VARIADOS RUA GUILHERMINA SUGGIA, 21 - A – 1700 LISBOA TEL. 21 849 94 58 12 CASA DO CONCELHO PAMPILHOSA DA SERRA Destaque Entrevista SUCESSO DO 1.º ENCONTRO DE JURISTAS EXIGE CONTINUAÇÃO ALGUNS COMENTÁRIOS RECEBIDOS PELA ORGANIZAÇÃO DO ENCONTRO: O vice-presidente do Supremo Tribunal e o Bastonário da Ordem dos Advogados Foi com muito gosto que tive esta oportunidade que suplantou em muito as minhas expectativas pelo que deixo aqui expressos os meus parabéns sinceros. (advogada covilhanense) Parabéns pela iniciativa. Foi um encontro que claramente contribuiu para aproximar pessoas, para além da importância subjacente aos temas tratados. (docente convidado) Pelo encontro em si - houve pessoas presentes que há 10 anos que não iam à Pampilhosa pela reunião de um conjunto significativo de pessoas, da mesma base geográfica, que têm o mesmo interesse profissional (e muitas delas, a maioria, não se conhecia), foi uma excelente realização, com uma boa organização. (...) Talvez no futuro possa pensar-se em matérias de interesse mais específico para o concelho e talvez com um orador convidado e consagrado, de fora. Mas entendo que a eficácia mediata do Encontro pressupõe a sua continuação (caso contrário terá sido um evento isolado e sem grandes consequências), anualmente (seria preferível) ou de 2 em 2 anos, e a realizar-se na mesma altura do ano. Isto porque seria um “encontro” que se tornava adulto e com aptidão para marcar a agenda “jurídica”, mesmo a nível nacional, porque não? Em conclusão, endereço à Comissão Organizadora os meus parabéns (aliás, é o sentido de todos os que estiveram presentes), pela ideia e organização. (advogado pampilhosense) A meu ver o balanço do 1.º Encontro de Juristas é muitíssimo positivo. A par da excelência da organização, tem também de se realçar a excelência dos resultados. A cordialidade com que decorreram os dois dias de trabalho, a participação activa do auditório, o interesse das comunicações, a qualidade da actividade turística e o acompanhamento cuidado dos organizadores são tudo aspectos - a meu ver - de sublinhar. Em síntese, para um 1.º Encontro creio que não podia ter corrido melhor. A organização está, por isso, de parabéns. (magistrado oriundo da Pampilhosa) No que respeita ao conteúdo das intervenções, nunca assisti a um encontro com tão elevado nível. A organização, se tal economicamente lhe for possível, deve publicar todas estas autênticas lições; no que concerne ao apoio durante o encontro considero-o excelente, embora me pareça que faltou uma relação com os empresários da restauração da vila que, para futuro, deve ser tentado acautelar-se. Estas iniciativas dignificam o verdadeiro regionalismo. (advogadoestagiário pampilhosense) Dou os parabéns à organização do encontro, incluindo aqui também a prestimosa colaboração do município, e relevo o elevado nível alcançado nas comunicações e na discussão dos temas. Apraz-me ainda registar a oportunidade que este encontro constituiu para unir vontades e saberes de tantos juristas e técnicos do direito em prol desta região e que com elevada qualidade e dignidade têm vindo a dedicar ao país e nas respectivas profissões. (advogado pampilhosense) Muitos parabéns pela iniciativa pioneira de um encontro de juristas, aglutinador de ideias e pessoas. Foi um bom espaço para, na “Capital do Sossego”, aprender determinados conceitos jurídicos e debater “assuntos do dia”. Espero pela realização do 2.º Encontro. (magistrada judicial) Iniciativa relevante, a continuar, face à necessidade de discussão de temas relevantes para a nossa sociedade. (advogado) A “Rota das aldeias de Xisto Pampilhosenses” teve lugar durante o dia 13 de Setembro de 2008 (sábado). Gostaríamos de agradecer o belíssimo dia que a Casa do Concelho de Pampilhosa da Serra, em colaboração com a Câmara Municipal de Pampilhosa da Serra, nos proporcionaram. O passeio às aldeias de xisto foi muito bem organizado. Gostámos muito de visitar o museu de Fajão, de andar nas ruelas antigas pelo meio das casas pitorescas em xisto, e do belíssimo almoço com iguarias tradicionais da região, que pudemos degustar. Também a visita à barragem de Santa Luzia foi interessante. E igualmente interessante foi a visita à praia fluvial de Janeiro de Baixo. Por fim, visitámos as piscinas fluviais de Pessegueiro, com a sua tranquilidade e beleza. O transporte foi muito bom e os condutores que nos acompanharam foram muito simpáticos e prestáveis, pois tentaram sempre explicar-nos os aspectos mais importantes do passeio. Ficámos a conhecer um pouco melhor este concelho e algumas das belezas naturais que ele tem. Mais uma vez gostaríamos de agradecer à Comissão Organizadora do 1.º Encontro de Juristas de Pampilhosa da Serra por nos terem proporcionado este dia fantástico. A todos, o nosso muito obrigado! (quatro participantes da “Rota das Aldeias de Xisto Pampilhosenses”) Participantes da Rota das Aldeias de Xisto Pampilhosenses restaurante self-service B o rg e s Restaurante com um magnífico salão no 1º andar próprio para servir almoços regionais, banquetes, casamentos, lanches e baptizados Situado no recinto do Estádio Universitário de Lisboa (Frente ao Hospital de Sta. Maria) Com parque de estacionamento Rua Dr. João Soares, 6-A 1600-062 LISBOA TEL./FAX: 217 977 674 Av. Prof. Egas Moniz – 1600 Lisboa Tel/Fax: 21 796 68 71 Restaurante • Cervejaria CASA DO CONCELHO PAMPILHOSA DA SERRA JOSÉ ALBERTO PACHECO BRITO DIAS (Continuação na pág. 9) ções a outros locais e isso faz com que esta fuga seja um factor de desertificação. Com a criação do Centro Educativo de Dornelas, que vai ter todas as condições que a escola sede tem, vamos ter no futuro a funcionar, apenas o Centro de Dornelas e a Escola Básica Integrada na sede do concelho. SP – Tem alguma esperança que o actual fluxo “de dentro para fora” se inverta nesta zona? JB – Eu pessoalmente tenho muita esperança nisso. Em Dornelas vamos ter um centro educativo com excelentes instalações composto de ginásio, refeitório, biblioteca e cozinha, entre outras mais-valias. Penso que tudo isso vai fazer com que as populações ali à volta pensem duas vezes. A uma das povoações até lhes basta atravessar a ponte sobre o rio Zêzere. Estou convencido que vamos atrair essas crianças. Faz todo o sentido a criação do Centro Educativo em Dornelas do Zêzere e penso ser fundamental para o futuro daquela região. SP – Continuando pelo concelho e falando agora da saúde: para quando a construção do novo Centro de Saúde de Pampilhosa da Serra? JB – A construção do novo centro de saúde não depende de nós, mas tenho tido uma luta muito grande para que isso seja uma realidade. O actual centro de saúde não tem as condições ideais para o serviço que presta e precisa de obras. A Administração Regional de Saúde (ARS) diz que não faz obras em edifícios que não sejam da sua propriedade. Como o edifício é da Santa Casa a proposta que fizeram foi construir um novo centro de saúde na Pampilhosa, para o qual já pediram terreno à autarquia. A Câmara já decidiu ceder o terreno e já o comunicou, juntando o respectivo levantamento topográfico. As informações que tenho neste momento é de que está já a ser feito o projecto, havendo a dúvida de o conseguir inscrever no PIDDAC para o próximo ano. A perspectiva mais provável que me deram foi de que o será em 2010, mas com a promessa do presidente da Administração Regional de Saúde fazer todos os possíveis para o incluir no próximo ano. Mas esta questão do centro de saúde tem outra implicação muito importante, será de certa forma substituir os internamentos, pelos cuidados continuados que a Santa Casa vai prestar com o novo edifício. Penso que a Santa Casa tem dois pisos previstos para os cuidados continuados no novo edifício. Assim sendo, teremos no novo centro de saúde a convalescença e os cuidados continuados serão entregues à Santa Casa com um acordo que farão com a ARS. A saúde é fundamental para que haja pessoas, ninguém vive onde sabe não haver resposta imediata a qualquer problema que tenha. SP – Já falámos de cultura, estradas, floresta, de educação, de saúde, chegou a vez do lazer. Para quando a construção ou reestruturação da praia fluvial da vila? JB – A praia fluvial de Pampilhosa da Serra, ou seja, a requalificação do rio Unhais dentro da vila foi a concurso e foram agora abertas as propostas. São concursos demorados e talvez a adjudicação ocorra dentro de quatro cinco meses, provavelmente para o princípio do próximo ano. SP – Teremos a vila mais bonita nas próximas festas do concelho? JB – Não creio, mas estaremos em obra com certeza. Já que falamos nisso, devo dizer-lhe que toda esta zona da vila vai ter uma intervenção importantíssima para lhe dar outro aspecto, não só à vila, mas também a outros espaços que a envolvem. Refiro-me concretamente aos lagares que o Município está em vias de adquirir. Já foram adquiridas algumas partes, como sabe os lagares por tradição são de vários proprietários, e em alguns casos ainda não formalizámos o negócio, apesar de verbalmente estar feito com todos. Também estamos a negociar os moinhos antigos e temos de adquirir duas casas que estão junto do lagar, aqui na zona dos bombeiros, de forma a requalificar todos esses espaços. A Câmara também adquiriu recentemente um sítio chamado o “Cabecinho”, na parte debaixo do açude onde é feita a represa da água, e estamos a fazer o projecto para essa zona. Outra aquisição foi a antiga residência de estudantes, cuja obra já foi lançada. Foram abertas as propostas e a empreitada foi já adjudicada, estando apenas a decorrer os trâmites necessários ao início da mesma. SP – No recente Encontro de Juristas de Pampilhosa da Serra a Câmara Municipal fezse representar de forma inequívoca, tendo o senhor pessoalmente assegurado tal representação praticamente todo o primeiro dia. Aprendeu algo sobre as “coisas da Justiça”? Qual a sua opinião quanto a este encontro? JB – Aprendi bastante e quero desde já endereçar os parabéns à Casa do Concelho por esta iniciativa, à qual o Município se ligou e continuará a ligar, pois penso que foi a primeira de muitas outras que se vão seguir neste âmbito. Tive a oportunidade de assistir durante todo o primeiro dia e para pena minha não me foi possível assistir ao segundo dia devido a compromissos que haviam já sido assumidos. Realmente foi muito bom verificar que não só Pampilhosa da Serra é muito rica no número de juristas e na qualidade dos mesmos, mas também nas excelentes intervenções e aqui não quero realçar nenhuma em particular, para não ferir susceptibilidades. Como tive hipótese de referir no início, este encontro para além do convívio que gerou entre juristas do nosso concelho, da troca de experiências e conhecimentos, proporcionou outro aspecto que é fundamental para o concelho de Pampilhosa da Serra: apesar de saberemos que nenhum tribunal vai encerrar, ficamos na dúvida quanto à resposta que o nosso tribunal vai dar às necessidades das nossas populações. Como este Mapa Judiciário prevê 39 comarcas com 3 comarcaspiloto a funcionar até 2010, significa que estas estarão a funcionar para que se tirem conclusões de acordo com as experiências obtidas. Depois destas 3 comarcas-piloto tirarem as suas ilações, segundo a informação que tenho, vão ser ouvidos a Ordem dos Advogados, o Conselho Superior da Magistratura, o Conselho Superior do Ministério Público, a Câmara dos Solicitadores e o Conselho dos Oficiais de Justiça. Isto quer dizer que o Mapa Judiciário não é definitivo. No Encontro de Juristas, o meu pedido a todos foi de que no seu trabalho, nas funções que desempenham, fizessem sentir que aqui também há pessoas que têm direitos e um deles é o acesso à justiça. Estamos num concelho onde tudo é longe e, por outro lado, não temos uma rede de transportes que facilite a vida a quem precisa de aceder a tais serviços. Em suma, seria fundamental que o nosso tribunal tivesse aqui uma resposta de média instância, tanto cível como criminal, até porque temos excelentes condições no edifício construído há poucos anos para o efeito. Poderia até ser pensada outra situação: porque é que o juiz da Pampilhosa e os funcionários judiciais não hão-de fazer com que o tribunal de Oleiros funcione estando dois dias num lado e três no outro, já que não são necessários aqui nos cinco dias da semana? Poderiam aproveitar-se estes recursos, embora Oleiros fique em comarca diferente. Como o actual mapa não é definitivo este aspecto podia muito bem ser corrigido. Esta era uma forma de rentabilizar recursos e ao mesmo tempo dar resposta às nossas necessidades. SP – Para terminar, gostaríamos de referir a recente entrevista do empresário António Sérgio, na qual são tecidas algumas considerações acerca do actual momento que se vive no concelho de Pampilhosa da Serra. Que comentário lhe merecem tais considerações? JB – Não é tempo para comentar insinuações sem qualquer fundamento, sobre pessoas de grande capacidade de trabalho e de uma ampla visão estratégica de desenvolvimento, que trabalham comigo com toda a garra. Nós não somos de memória curta. Não é admissível, nem justo que, de repente, só porque têm ideias próprias, alguém os passe de “bestiais a bestas”. Este é ainda um tempo de trabalho pela Pampilhosa da Serra. Estamos a um ano de eleições. No tempo próprio, colocaremos em cima da mesa o “deve e o haver” e os pampilhosenses decidirão. Como são inteligentes, reconhecerão que há pessoas que com uma entrega total se dedicam em exclusividade à defesa do progresso do nosso concelho. Outras opções são por nós respeitadas, apoiadas e dignas de registo, desde que legítimas. Os pampilhosenses bem sabem quem tudo confunde e quem tudo mistura. 13 Actualidade REGRESSO ÀS AULAS MOTIVA DEBATE JUVENIL FINALISTAS VIVEM SERVIÇO SOCIAL POR UM DIA O “Projecto Trilhos Com_Sentido” realizou no dia 17 de Setembro, em parceria com o Município de Pampilhosa da Serra, na sede do Agrupamento Vertical Escalada de Pampilhosa da Serra, um debate juvenil temático sobre o regresso às aulas. Procurou-se saber junto dos jovens como correu o regresso às aulas, quais as expectativas destes para o novo ano lectivo de 2008/2009 e quais as relações entre alunos e professores. O “Projecto Trilhos Com_Sentido” aproveitou o momento para mostrar aos jovens as actividades realizadas nas férias escolares, através do visionamento de um powerpoint com várias fotos. Esta actividade foi avaliada como positiva tendo em conta a participação activa dos alunos. INCLUSÃO DIGITAL PROMOVIDA ATRAVÉS DE TORNEIO EM LINHA O “Projecto Trilhos Com_Sentido”, promovido pelo Município de Pampilhosa da Serra, realizou no dia 17 de Setembro, no Centro de Inclusão Digital, um Torneio Intercâmbio Online. Esta actividade pretendeu promover a inclusão digital usando recursos disponíveis na Internet e promover a familiarização e utilização da língua inglesa, O “Projecto Trilhos Com_Sentido”, promovido pelo Município de Pampilhosa da Serra, desenvolveu no dia 24 de Setembro a actividade "Um dia na vida de... um técnico superior de serviço social". Assim, os alunos do 12.º ano da área Técnico de Acção Social tiveram oportunidade de conhecer o trabalho de um técnico superior de serviço social no terreno, de forma a ficarem mais esclarecidos sobre esta profissão e, ao mesmo tempo, motivados para a progressão escolar. A concretização da acção contou com o apoio da Câmara Municipal de Pampilhosa da Serra, que disponibilizou duas técnicas de serviço social (Cláudia Almeida e Verónica Marques), e do Agrupamento Vertical Escalada de Pampilhosa da Serra, sendo que os alunos fizeram-se acompanhar pela respectiva directora de turma, a professora Ana Paula Charruadas. Para além disso, o “Projecto Trilhos Com_Sentido”, dinamizou no dia 25 de Setembro, no bar da escola-sede, uma acção de sensibilização sobre primeiros socorros dirigida aos alunos do 1.º e 2.º ciclos. Esta acção foi orientada por três técnicos, Carlos Carvalho, Paula e Dora, cedidos pelo Município de Pampilhosa da Serra e pela Cáritas Diocesana de Coimbra (parceira deste projecto), que, para além de serem funcionários destas instituições, são também bombeiros voluntários com experiência na área de primeiros socorros. (o Projecto Trilhos Com_Sentido”, o “Projecto Intervir.com”; o “Projecto Interligar” e o “Projecto Terço em Movimento”), produzindo um total de 34 jovens que disputaram duas modalidades, snooker e damas. Decorrendo o torneio numa plataforma online, facilmente o mesmo aliciou os jovens a participarem, tendo os vencedores recebido como prémio jogos de computador. TI LUÍS PROMETE PORCO SE SPORTING FOR CAMPEÃO EM 2009 Carlos Simões F a comunicação interpares, bem como a competição saudável usando plataformas de jogos online. O torneio envolveu quatro projectos financiados pelo “Programa Escolhas” 14 Esta actividade pontua-se muito positiva, uma vez que permitiu aos jovens comunicarem entre si e trocarem algumas experiências. undado a 11 de Agosto de 2004 e já com tradições, o Núcleo Sportinguista de Camba (Fajão), levou a efeito mais um almoço convívio de aniversário, onde os sportinguistas de Camba e das aldeias da região se reuniram para confraternizar e “rugir” em torno da mesma mesa. Foi no dia 12 de Agosto, pelas 13 horas, que mais de 40 “leões e leoas” devoraram deliciosos leitões assados à Bairrada e outras iguarias, onde não faltaram as tradicionais sobremesas da região, confeccionadas pelas leoas cambenses. Para além dos leões da terra, estiveram ainda neste convívio sportinguistas de Ponte de Fajão, Covanca, Ceiroco, Fajão e Coja. Após o repasto o “Leão Presidente”, Ti Luís Gonçalves, dirigiu-se aos presentes apesar de ter alguns problemas de saúde, e enalteceu o espírito salutar daquele convívio, que vem aumentando de participantes a cada ano que passa. Saudou especialmente os sportinguistas que vieram de outras al- deias e deixou a promessa de que se o Sporting for campeão, para o ano, oferece um porco para o almoço do Núcleo em 2009. Fortemente aplaudido, ouviram-se “vivas” ao Sporting. Logo de seguida foram entregues cartões de sócio aos novos elementos. Houve ainda intervenções de outros leões presentes de Ponte de Fajão e Fajão, reforçando a amizade e devoção leonina. Logo de seguida, no salão da casa de convívio de Camba, iniciou-se a actuação dos artistas presentes com destaque para a concertina do “Leão Presidente” e exibição de fado serrano e “leonino”. Ficou marcado novo encontro para 2009, todos com fé numa boa época e votos para que o Ti Luís Gonçalves pague o porco como prometido. Esforço, dedicação, devoção e glória, eis os sportinguistas do Alto Ceira. CASA DO CONCELHO PAMPILHOSA DA SERRA Opinião Cultura FAJÃO AUMENTA A OFERTA DE CAMAS NO CONCELHO O POMO DA DISCÓRDIA II P or motivos da minha vida profissional, raramente tenho oportunidade de contactar com a realidade concreta das gentes do nosso concelho e de me aperceber da dimensão e natureza dos seus problemas. Para minimizar esta situação e poder acompanhar o que se vai passando, socorrome do “SERRAS DA PAMPILHOSA”, principalmente, através das notícias sobre as reuniões anuais das associações regionalistas, que são afinal, e muito bem, um convívio comemorativo de mais um aniversário. Só o que não me parece muito razoável é que a notícia, de reuniões deste cariz, pouco mais nos relate, além dos encómios de circunstância, que foi lida a acta da reunião anterior, que é preciso não deixar morrer a colectividade e, às vezes, quando há eleições, os novos corpos sociais. Já é alguma coisa, mas se o que é dito foi tudo o que de importante aconteceu ao longo do ano, sendo o espelho da actividade da associação, então, estamos perante um enorme marasmo, pelo que não devemos estranhar que cada vez menos pessoas se interessem pelo regionalismo. O que eu gostaria de ver nestas notícias era, não tanto as referências à qualidade do repasto e à aprovação das contas, por unanimidade e aclamação – indício seguro de que ninguém se debruçou sobre o respectivo relatório, para poder aplaudir, ou criticar, baseado no conhecimento reflectido das realidades – mas antes a descrição das actividades, realmente desenvolvidas, que percentagem do plano de actividades foi cumprido, quais as dificul- CASA DO CONCELHO PAMPILHOSA DA SERRA Manuel Dias da Silva dades e explicações pelo não cumprimento integral daquele. Seria, igualmente, interessante saber-se que acções estão previstas para o(s) próximo(s) ano(s), bem com a respectiva orçamentação e calendarização. Habituemo-nos a ser rigorosos e intelectualmente sérios: trace-se um plano, discuta-se, veja-se a viabilidade do mesmo, procurem-se os apoios e depois atiremo-nos à obra. Coisas vagas, indefinidas e mal, ou nada, preparadas, é o que muitos políticos (maus) nos prometem, sem terem qualquer intenção de cumprir. A missão nunca está acabada, embora, às vezes, tenhamos essa ilusão. É por isso que Ulisses, herói dos poemas homéricos, seja entendido como a imagem da vida. Depois de concretizado o objectivo da conquista de Tróia, após longos e duros anos de combate, e quando esperava ter chegado o descanso do guerreiro, eis que novos trabalhos o esperavam no regresso à pátria. E durante dez terríveis anos, cheios de incertezas, trabalhos e medos, vagueia errante, por vontade e castigo dos deuses, até que, finalmente, chega a Ítaca, a sempre sonhada, pronto para descansar. Mas nem agora era hora de repouso. Havia, ainda, que enfrentar os pretendentes ao seu trono. Esta é que é a verdadeira realidade: concluído um objectivo, logo outro se levanta, sempre com novas dificuldades. Nunca há descanso para o guerreiro. Não nos acomodemos: só com audácia e persistência poderemos defender o regionalismo. A Casa da Moita situase em Fajão, uma antiga aldeia do concelho de Pampilhosa da Serra, encaixada numa pitoresca concha da Serra do Açor, alcandorada sobre o rio Ceira, perto da sua nascente, entre altos e gigantescos penedos de quartzito, cuja configuração faz lembrar antigos castelos naturais. Casa da Moita reflecte o tipo de construção centenária tradicional da região, em xisto, pedra local e madeira de castanheiro, e foi completamente reconstruída em 2004. A construção, mobiliário e o equipamento encontram-se em perfeita harmonia e garantem um alto padrão de conforto. A casa dispõe de uma ampla sala com lareira e sofá, um quarto de casal, um quarto com uma cama de solteiro com gavetão (para duas pessoas), cozinha, WC e quarto de banho. A sala, esculpida na rocha de xisto, dispõe de uma lareira moderna. 15 Actualidade BARRAGEM DO ALTO CEIRA VAI SER SUBSTITUÍDA 60 ANOS DEPOIS C omeçou a ser construída em 1939 e foi inaugurada em 1949. A Barragem do Alto Ceira foi uma obra da responsabilidade da então Companhia Eléctrica das Beiras, com projecto elaborado por Sir William Halcrow & Partners. Implantada no limite Norte do concelho de Pampilhosa da Serra, freguesia de Fajão, na divisão com a freguesia de Piódão, concelho de Arganil, local de confluência entre o rio Ceira e a ribeira de Fórnea, esta barragem com os seus 36,5 metros de altura, está inserida no aproveitamento hidroeléctrico de Santa Luzia. Armazena água da bacia hidrográfica do rio Ceira a montante, recebendo água também das ribeiras da Castanheira e do Tojo, através de cerca de 3,3 quilómetros de túneis. A água armazenada é transferida para a albufeira de Santa Luzia, já na bacia do Rio Unhais, também por túnel com uma extensão de cerca de 7,0 quilómetros, túnel este que tem ainda uma abertura para aproveitamento de água da ribeira de Ceiroco e da vala da Serra da Rocha. Construção arrojada para a época, ainda hoje esta rede de túneis representa uma das mais extensas do país com esta finalidade. A construção da barragem caracteriza-se por um dique em arco estreito, com fundações em xisto e estrutura em betão, tendo sido utilizada alguma matéria-prima da região, principalmente os seixos que eram recolhidos nas encostas circundantes. À semelhança de outras construções similares, que naquela época recorreram à mesma tecnologia de construção, a estrutura da barragem foi revelando algumas anomalias, logo após o seu enchimento inicial, nomeadamente várias fissuras e deslocamentos horizontais para montante e verticais ascendentes, assim como expansão e reacções químicas alcalinas no próprio betão. Já há alguns anos que esta situação tem sido acompanhada por técnicos do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), que tem desenvolvido técnicas e realizado a monitorização do comportamento da estrutura, verificando-se que o seu estado se tem vindo a agravar progressivamente. Tendo em conta os elevados custos de recuperação da estrutura existente e tendo em conta a importância desta barragem no contexto do aproveitamento hidroeléctrico de Santa Luzia, a EDP – Electricidade de Portugal, lançou concurso público, em finais de 2007, para a execução da empreitada de “Construção da Nova barragem do Alto Ceira”. O projecto consiste na construção de uma nova barragem, no lugar de Lameirinhos, Camba, cerca de 200 metros abaixo da já existente. Pelas informações disponíveis on-line para consulta do público em geral, designadamente no Estudo de Impacte Ambiental elaborado pela EDP, o prazo de construção da nova barragem do Alto Ceira está estimado em cerca de dois anos, admitindo-se que em Abril de 2009 possam vir a estar reunidas as condições para o arranque da obra. A nova barragem substituirá a actual, que será parcialmente demolida e ficará submersa na nova albufeira, eliminando o actual problema de segurança estrutural a ela associado. A nova estrutura terá exactamente as mesmas funções que a barragem existente; a sua albufeira servirá apenas como reservatório e a água aí acumulada é enviada através do túnel – cujo funcionamento se manterá – até à localidade de Malhada do Rei, já na albufeira de Santa Luzia, a cerca de sete quilómetros de distância. A estrutura projectada será construída em betão e será uma abóbada de dupla curvatura, com a altura teórica máxima acima das fundações de 41 metros, com um coroamento com cerca de 100 metros. Garante o Nível de Pleno Armazenamento à cota (665,40), valor idêntico ao existente, acrescentando 1,7 hectares à superfície de terreno inundada que actualmente é de cerca de 12 hectares. A descarga dos caudais de cheia será feita através de um descarregador de cheias não controlado (sem comportas) de lâmina livre, cuja soleira será dividida em sete vãos separados por seis pilares que servem de apoio ao viaduto. Está prevista, na continuação do soco de jusante da barragem e na zona de influência do descarregador, uma bacia em betão para protecção das encostas e para dissipação da energia dos caudais descarregados. No corpo da barragem, com eixo à cota (635,35), situa-se a descarga de fundo equipada com uma válvula dispersora a jusante, sendo utilizado o equipamento de comando instalado na barragem antiga, por se encontrar em bom estado. Considerando os objectivos sociais e ambientais a que se destina a água a libertar na barragem do Alto Ceira, será necessário manter um caudal mínimo descarregado pela barragem, designado de “caudal ambiental”. O caudal ambiental de 30 litros por segundo, determinado na concessão do aproveitamento (Diário do Governo, II Série – n.° 43 de Fevereiro de 1957), ficará assim assegurado por circuito próprio, restituindo a água para a bacia de dissipação do descarregador de cheias. Associada a esta construção realizar-seão um conjunto de obras auxiliares, pelo que será necessário dispor de uma área destinada ao estaleiro industrial, onde serão instalados escritórios, armazéns, pequenas oficinas, parqueamento e outras estruturas associadas; e uma outra destinada às instalações sociais do empreiteiro, nomeadamente dormitórios e refeitório, na envolvente próxima das aldeias de Camba e Porto da Balsa. Relativamente a acessos, sobre o coroamento da barragem está prevista a realização dum viaduto cujo perfil transversal terá 3 metros de faixa de rodagem que, além de facilitar a interligação entre as margens do Ceira, permite garantir o acesso de viaturas de carga com porte ligeiro ao edifício de manobra onde se localiza o equipamento de comando da comporta de segurança da descarga de fundo. O acesso à barragem será efectuado a partir do Caminho Municipal n.º 1.401 por um troço novo de estrada com 508 metros de extensão, com perfil transversal tipo com 5 metros de largura e bermas com largura de 0,50 metros. Devido à adversidade topográfica do local e com a finalidade de reduzir a altura dos muros de suporte necessários, o projecto prevê a uma ripagem do Caminho Municipal n.º 1.401 para o interior da encosta numa extensão total de 525 metros, o que sob o ponto de vista de integração ambiental, geotécnico e económico, se encontrou como a solução mais vantajosa No que diz respeito à barragem antiga, a solução encontrada considerou ser suficiente proceder à demolição da zona superior da abóbada existente, entre encontros, até à cota (659,50), isto é, dois metros abaixo do nível mínimo de exploração da albufeira (661,5). Fica assim garantida a livre circulação superficial de água entre as zonas da nova albufeira a montante e a jusante da barragem existente, numa altura mínima de dois metros. Em profundidade, ficará uma abertura a uma cota superior à da actual descarga de fundo, de forma aproximadamente circular, com 2,5 metros de raio e com eixo localizado à cota (645,00). De acordo com o Programa de Trabalhos a que tivemos acesso, que tem por base a experiência adquirida em outros projectos similares, prevê-se para o tempo de realização da obra um prazo global de cerca de dois anos para a construção da nova barragem. Em relação aos meios humanos estimase que seja necessário mobilizar para o local um número considerável de trabalhadores, distribuídos pelas diversas categorias profissionais e pelos diversos adjudicatários, que, no pico da construção, poderá atingir valores próximos das 100 pessoas. A realização desta empreitada inclui a execução de todas as obras de engenharia civil e fornecimento dos equipamentos da nova barragem. O projecto envolve a colocação de cerca de 20 mil metros quadrados de betão. Compreende também todos os trabalhos acessórios e complementares, entre os quais a construção do edifício destinado aos equipamentos eléctricos, a execução dos acessos, as demolições necessárias e a recuperação paisagística. O consórcio vencedor é constituído pelas empresas CONDURIL – Construtora Duriense, S.A. e ENSULMECI – Gestão de Projectos de Engenharia, S.A. com participações de 55 e 45% respectivamente. De acordo com informação recolhida no sítio da empresa atrás referida, prevê-se para este projecto um prazo de execução de 26 meses, num valor total de cerca de nove milhões de euros. Para as gentes daquela região vão ser dois anos de grande azáfama e possivel- Carlos Simões mente alguns transtornos relacionados com a construção e movimentação de máquinas, contudo trará certamente mais pessoas que deixam riqueza no comércio local. Quando nos lembramos da construção da primeira barragem e dos túneis no final dos anos 30 e década de 40 do século XX, vem-nos à memória o trabalho árduo e sem condições que muitos naturais das aldeias da região sofreram. Sem a segurança de hoje, foi motivo de doenças graves (silicose e outras), causando morte prematura para um grande número de homens daquelas aldeias, principalmente para quem trabalhou dentro dos túneis. Vieram muitos trabalhadores de outras zonas do país, em que parte deles acabaram por se fixar na região constituindo famílias que ainda hoje por ali se mantêm. Seria bom que a nova barragem, para além de melhorar a segurança da existente, também servisse para chamar gente para a região. Quem sabe… Esta região já acolhe grandes parques eólicos, implantados em terrenos que eram pertença dos habitantes destas aldeias, inundaram e inundam os vales com barragens onde tinham os seus lameiros e moinhos, tudo em nome da produção de energia limpa. É certo que não polui, mas é cara e sai cara à população que recebe uma mão cheia de quase nada, pelo que lhe pertence por direito. Pode ser que a luz limpa que por aqui é produzida ilumine algumas mentes e consigam ver melhor esta região, onde há gente que também merece receber os ventos do progresso com qualidade de vida. SWappy System® Electrónica e Profissional Aspiração e Vapor FÁBRICA DE ARTIGOS DE PAPELARIA Rodrigues de Almeida, Lda. Rua Edifício Cartune - Quinta do Figo Maduro - 2685 SACAVÉM Tels. 219 424 546 - 219 424 596 – Fax 219 420 345 JOSÉ AUGUSTO PEREIRA DE ALMEIDA & IRMÃO, LDA. (Zé das Moradias) COMÉRCIO GERAL RUA RANGEL DE LIMA • TEL. 235 594 150 3320 PAMPILHOSA DA SERRA 16 R. Consiglieri Pedroso, 80 - Queluz Park, Lt. 3, A8 Queluz de Baixo – 2745-553 BARCARENA Tel.: 21434 44 91/2 Fax: 21 435 48 25 Email: [email protected] R. Francisco Sanches, 123-R/C - 4050-282 PORTO Tel.: 228 301 233 Fax: 228 301 235 Gesal – Gestão Empresarial, Lda. Luís Manuel Gonçalves Barata Sócio Gerente Camba - Fajão Sede: Rua Pedro Nunes, 11-2º Esq. - 1050 Lisboa Tel. 213 52 95 19/20 Escritório: Rua José Afonso, 1-1º Dto. - 2810 Laranjeiro Tels. 212 594 564/212 594 672 - Fax 212 591 984 CASA DO CONCELHO PAMPILHOSA DA SERRA Regionalismo Desporto FUTEBOL UNE PAMPILHOSENSES NA 1.ª EDIÇÃO DA “TAÇA AIRES FERNANDES DE ALMEIDA” N o dia 8 de Junho, em Pampilhosa da Serra, realizou-se um encontro amigável de futebol entre o Grupo Desportivo Pampilhosense (GDP) e uma Selecção de Filiadas da Casa do Concelho de Pampilhosa da Serra (CCPS), integrado nas comemorações do 67.º aniversário da casa concelhia. Nesse encontro, a equipa local que tinha vencido recentemente o torneio de encerramento da Associação de Futebol de Coimbra, venceu a partida por tangencial 2–1, salientando-se acima de tudo a salutar disputa e confraternização entre pampilhosenses e ficando desde logo o convite ao GDP para um segundo encontro a realizar na região da Grande Lisboa. O GDP respondeu afirmativamente e dando início à pré-época de preparação para disputar a 1.ª Divisão do Campeonato Distrital 2008/09 foi agendado para o dia 7 de Setembro um segundo encontro amigável, que se realizou no relvado sintético do estádio do Atlético Clube do Cacém (Sintra). A este encontro amigável chamou-se “Taça Aires Fernandes de Almeida”, por ser patrocinador de ambas as equipas e patrocinador do clube local. Chegou com algum atraso o autocarro vindo de Pampilhosa da Serra, porque “caparam alguns chibos”, mas chegaram e foi com enorme prazer que vimos os atletas e as cores do Pampilhosense a sair do autocarro e ainda o reencontro de vários familiares que ali os esperavam. A comitiva do GDP, chefiada pelo seu presidente António Caetano, foi recebida pela Direcção da casa concelhia, pela Direcção do Atlético Clube do Cacém e pelo Sr. Leonel, em representação de seu pai Aires Fernandes Almeida. Como o tempo “voava”, rapidamente as equipas se encaminharam para os balneários. O jogo teve início já perto das 12:00 horas, alinhando as equipas com o seu equipamento composto de camisola amarela e calção verde, no caso da Selecção da CCPS, e o GDP com o seu equipamento oficial, com camisola verde e preta com listas verticais e calção preto. Para saudar os espectadores, as duas equipas perfilaram frente à tribuna, tal como a equipa de arbitragem, inscrita na Associação de Futebol de Lisboa, chefiada também por um árbitro oriundo do concelho. Nas bancadas, um considerável número de pampilhosenses marcava presença e aplaudiu os atletas, de princípio ao fim do encontro. Dentro das quatro linhas, o calor apertava e os jogadores entregaram-se ao jogo de alma e coração, resultando em jogadas de excelente qualidade. O GDP fez alinhar o seu plantel disponível, a experiência de competição fazia alguma diferença, salientando-se a participação do seu treinador Carlos Alegre, que se cotou como um dos melhores elementos em campo. Por parte da CCPS, a falta de ritmo e entrosamento estava patente. Incitados pelo treinador Nuno Pereira, “os da Casa” estavam a dar boa conta do recado, registando-se excelentes jogadas proporcionadas pelos atletas mais dotados e treinados. Se por um lado a equipa do GDP denotava falhas típicas de início de época, da equipa da CCPS transparecia a ideia que com uns treinos regulares, aquela equipa poderia “fazer umas flores”. Apesar de pela CCPS no final do jogo alinharem algumas “barrigas”, o resultado final demonstra bem a disputa e o equilíbrio que se verificou em grande parte da partida, tendo o GDP vencido por 3–4. Foi mais uma jornada do desporto pampilhosense, tendo todos os participantes saído vencedores e, acima de tudo, saiu reforçado o intercâmbio entre instituições. Não foi certamente “os de cá” contra “os de lá”, mas sim um momento de união e convívio entre pampilhosenses. Após um merecido banho, como estava mais que na hora de almoço, todos partiram rumo às instalações da empresa Aires Fernandes de Almeida, Lda., localizadas ali bem próximo no Cacém, onde esperava um excelente manjar, gentilmente oferecido pelo grande amigo e grande pampilhosense Aires Fernandes Almeida e sua família, para todos os atletas, técnicos, dirigentes, árbitros e todos os espectadores que quisessem estar presentes neste convívio, Ficou patente na opinião de todos, uma grande admiração e agradecimento por aquele bonito gesto. Confortados os estômagos de atletas, espectadores e amigos das instituições participantes e organizadoras, seguiram-se PENALTY NA 2.ª PARTE FOI DECISIVO NA DERROTA DOS SERRANOS 1.ª Jornada da 1.ª Divisão Distrital Série A da Associação de Futebol Coimbra Estádio: Campo Pampilhosense, em Pampilhosa da Serra Assistência: cerca de 80 espectadores Árbitro: Pinto Nunes Auxiliares: Alexandre Pinto e Filipe Rainha Resultado ao intervalo: 0-1 Alinhamento do Grupo Desportivo Pampilhosense: Rui Olivença, Ricardo Marques, Isidro (Piri 59m), Pedro Barata, Samuel (Laranjeiro 80m), Rodrigo, Filipe Brito, Marco Alegre, Rabeca, Alegre e Paulo Marques. Suplentes: Capitão, Deco, Laranjeiro e Piri. Treinador: Carlos Alegre C oube ao COJA “apadrinhar” a estreia oficial do Grupo Desportivo Pampilhosense (GDP) na temporada de 2008/2009. A equipa serrana sabia das dificuldades que iria encontrar, mas também os homens de Coja tinham consciência de que, em Pampilhosa da Serra, é difícil alguma equipa levar os três pontos. Os homens da casa até entraram bem no desafio, mantendo algum domínio sobre o adversário, mas a formação do COJA equilibrou à passagem do quarto de hora, dispondo da primeira flagrante oportunidade de golo, o avançado visitante, solto de marcação na esquerda, tenta o chapéu ao guardião serrano, mas a bola sai por cima. O aviso estava dado e aos 26 minutos o conjunto vizinho, de Coja, chega à vantagem, na sequência de um pontapé de canto, com o jogador visitante a cabeCASA DO CONCELHO PAMPILHOSA DA SERRA cear para o fundo das redes pampilhosense. A resposta do GDP foi positiva, mas faltava entendimento dos jogadores pampilhosenses na hora de finalizar. Por três situações a bola rondou com perigo a baliza dos de Coja, mas sem surgir nenhum jogador da turma da casa para a conclusão. Em cima do intervalo seria o COJA a ficar muito próximo de ampliar a vantagem, em mais um chapéu que saiu por cima da baliza pampilhosense. No final dos primeiros 45 minutos o placar registava a vantagem de um golo a favor dos visitantes. No reatamento o GDP entra disposto a alterar o rumo dos acontecimentos. A partir dos 53 minutos a equipa visitante fica reduzida a menos um elemento, um jogador que tinha entrado segundos antes agride Isidro. O árbitro auxiliar informa o seu chefe de equipa que expulsa com vermelho directo o atleta do COJA. A partir daqui o domínio do Pampilhosense foi mais intenso, com mais posse de bola a turma da casa tentava desenhar jogadas de ataque, que permitissem chegar ao tão ambicionado golo. Paulo Marques tem duas boas iniciativas na direita, que só por mero azar não resultam em golo. O COJA tentava responder em contra-ataque e assim resolver, de vez, o desafio a seu favor, e até esteve perto, num livre da direita com o jogador visitante a cabecear para uma grande defesa do guardião da casa. Aos 70 minutos, numa jogada de puro contra ataque, que vai nascer o segundo tento para os visitantes. O Carlos Simões e António Amaro Rosa então os discursos. António Caetano, pelo GDP, elogiou as organização e a forma amigável como decorreu o evento desportivo, manifestando a disponibilidade do clube serrano para repetir novos encontros semelhantes no futuro, como forma de reforçar os laços entre os pampilhosenses residentes e os não residentes. Pelo mesmo diapasão se pronunciou Anselmo Lopes, enquanto dirigente da CCPS, declarando ainda que o actual regionalismo não é algo inventado pelos “doutores e engenheiros lá de Lisboa”, mas um movimento que deve servir os pampilhosenses “de lá” e os “de cá”, seja à luz do desporto, seja à luz da cultura ou de outros aspectos. Jorge Ramos A equipa de arbitragem esteve a bom nível. Dá-se-lhe o benefício da dúvida na jogada que dita a grande penalidade para o COJA e a expulsão do guardião pampilhosense. Na falta ficou a dúvida se dentro ou fora da área e o cartão vermelho para o jogador serrano talvez tenha sido demasiado excessivo. Como nota final e pela negativa, os desacatos causados por um jogador do COJA no balneário. A atitude é no mínimo lamentável e irracional… Resultados: SP Alva 3-1 Arouce Praia Académica SF 2-2 Eirense Pampilhosense 0-2 COJA Lagares Beira 1-0 Lamas Idosos 1-0 Mocidade árbitro da partida entende que o guarda-redes pampilhosense derruba, em falta, o avançado contrário assinalando grande penalidade, resultando daí o golo do COJA e a expulsão do guardião serrano. Neste lance fica a sensação que a falta surge fora da área e numa zona em que já seria difícil o jogador visitante concluir com êxito a sua jogada. Resta referir que o GDP, sem guardaredes suplente, foi forçado a recorrer a Filipe Brito para a baliza. A partir daqui, com as duas equipas em igualdade numérica, a partida ficou mais equilibrada, com mais espaço na zona intermediária, e com o GDP a arriscar tudo para poder, ainda, discutir os pontos que estavam em jogo. Mas a única jogada que merece destaque surge já na recta final, com Paulo Marques a surgir isolado, em zona frontal, mas a perder algum tempo e a permitir a intervenção do defesa do COJA. O conjunto visitante leva para Coja os três pontos, enquanto o Pampilhosense entra na temporada de 08/09 da pior forma, com uma derrota. Os de Coja tiveram melhor na primeira parte, dominando os acontecimentos por um maior período de tempo, mas na etapa complementar o GDP esteve muito próximo de igualar o desafio, isto até ao segundo golo contrário. Depois desse momento o jogo ficou quase que decidido. Próxima Jornada: Arouce Praia – Idosos Eirense – SP Alva Góis – Académica SF Ag. Lamas – COJA Mocidade – Lagares Beira 17 Opinião Cultura LIGA DE SOBRAL DE BAIXO REALIZA CONVÍVIO REGIONALISTA A Liga de Melhoramentos do Sobral de Baixo é uma das mais antigas colectividades regionalistas do concelho de Pampilhosa da Serra. Fundada no dia 27 de Maio de 1945, por iniciativa de José Maria Pedro, Manuel Carreiras e Urbano das Neves, a que outros dedicados sobralenses logo se agregaram, esta agremiação, ao longo dos seus 63 anos de actividade, é protagonista duma história cheia de iniciativas e de realizações que muito contribuíram para a valorização da aldeia com naturais reflexos na qualidade de vida da sua gente. Em breve conversa com o presidente da Direcção desta colectividade, Hélder Santos Almeida deu-nos a conhecer algumas das mais relevantes iniciativas concretizadas pela Liga ao longo da sua actividade em benefício do Sobral de Baixo. Assim, entre outras realizações de interesse local, ficámos a saber que, num tempo em que a fé cristã e o desejo de aprender marcavam as aspirações da gente da serra, a colectividade construiu uma capela e uma escola, ou seja, um equipamento colectivo para rezar outro para aprender; para dotar a aldeia dum espaço onde as pessoas se pudessem encontrar edificou uma casa de convívio, construiu um recinto de festas com cobertura do palco e uma churrasqueira abrigada da chuva; construiu um largo em frente à casa de convívio a que, muito justamente, deu o nome de Aires Fernandes de Almeida, ofertante do terreno para tal efeito; construiu a estrada e ergueu chafarizes, melhoramentos de grande utilidade na altura em termos de mobilidade e de saúde e introduziu melhorias na fonte velha, tudo isto à custa de muito querer, de muitos sacrifícios certamente, mas sempre no sentido de facilitar a vida das pessoas. De momento, nesta fase em que o regionalismo se orgulha do passado mas pensa fundamentalmente no futuro, a Liga tem em carteira levar a água canalizada para as O FILÓSOFO QUÃO TERNO SENTIR ENCERRA Curioso e pensativo O Ti Manel Matutava, matutava… “Qual terá sido A causa primeira? Sim, para ter havido Um efeito Terá de ter havido Uma causa”. Precoce adolescente Numa rota ascendente Persegue fim almejado Tenra é sua idade Fruto de rija vontade Tem campo arroteado Ao nono ano chegado Há que ser felicitado Pela acção desenvolvida Parabéns pampilhosenses Tendes em vossos pertences Riqueza bem produzida - Que te parece, Maria? - Que coisa, Manel, Lá vens tu Com as tuas Maluqueiras! José Teodoro Mendes HAI-KAI Que há entre mim e a vida Se ao menos uma Fada me provasse que aquela não é uma loucura Manuel Dias da Silva, Íntimo Canto (inédito) No SERRAS está contida Seja p’ra sempre mantida Na história da sua Terra De concelho adjacente Pampilho por descendente Nosso bem a Beira Serra Fonte de alma e vida De bem fazer imbuída Quão terno sentir encerra. PENSAMENTO …custoso exteriorizar!!!... …contornos dum sentimento!!!... …???... ERRO Almas e a iluminação do caminho, assuntos que aguardam pelo apoio da autarquia. Esta laboriosa colectividade, para assinalar a passagem de mais um aniversário, acaba de reunir num almoço muitos dos seus amigos, dando uma prova de vitalidade que continua a ser fundamental no prosseguimento da vida regionalista em direcção ao futuro. E dificilmente poderia haver melhor cenário para a realização deste encontro do que aquele onde decorreu, o amplo salão do restaurante “Museu do Pão”, situado no complexo do Estádio da Luz, com as mesas dispostas com gosto, muita animação e ambiente agradável. E muitos regionalistas ali marcaram presença, com destaque para vários elementos dos corpos sociais da Casa do Concelho de Pampilhosa da Serra (CCPS). Servido com o requinte e a qualidade do serviço que este conceituado restaurante presta aos seus clientes, também houve, como é próprio destes almoços regionalistas, um tempo para algumas intervenções. O primeiro orador foi, naturalmente, o presidente da Direcção da Liga de Melhoramentos do Sobral de Baixo, Hélder Santos Almeida, para envolver os presentes num abraço de amizade, agradecer a sua participação no convívio e os apoios recebidos para a realização do almoço, saudando especialmente o associado Aires Fernandes de Almeida, benemérito e verdadeira alma da colectividade sobralense, pelo seu generoso contributo para esse efeito. Entretanto, provocando grande animação, deu entrada no salão do restaurante a célebre Vitória, a águia do Benfica, levada pelo seu dono e tratador. Não voou espectacularmente sobre o relvado, ali ao pé, como faz tantas vezes, mas deu uma grande alegria aos benfiquistas presentes e até aqueles que militam noutras cores não deixaram de aplaudir tão representativa figura do universo benfiquista. Foi de facto uma nota interessante no meio da animação que se vivia. A intervenção seguinte coube a Manuel Gonçalves Xavier, não, evidentemente, por razões de afectividade clubista, mas por ser o dinâmico regionalista que todos conhecemos e vice-presidente da Direcção da CCPS. Após uma palavra de agradecimento dirigida a Aires Fernandes de Almeida pelo convite que lhe dirigiu, teve palavras elogiosas para a família deste destacado empresário sobralense e para José Manuel Gonçalves de Almeida, recentemente alvo de uma homenagem promovida pela CCPS, considerando-o “um pampilhosense de eleição, um dos maiores regionalistas do con- celho das últimas décadas”, terminando por lhe fazer entrega duma lembrança da parte da firma Aires Fernandes de Almeida, Lda. e da Liga dos Amigos de Sobral Bendito, significativa de muita estima e consideração. O presidente da Assembleia-geral da Liga falou seguidamente para se referir à participação alargada neste almoço, que “saiu do meio local, circunscrito à aldeia, para se projectar para o concelho”. Referindo-se a Aires Fernandes de Almeida, agradeceu o seu empenho nas actividades da Liga, considerando a sua ajuda fundamental para o prosseguimento dos objectivos da colectividade. O presidente da Direcção da CCPS, Anselmo Lopes, na sequência da série de intervenções, considerou o momento que ali se estava a viver “muito importante, pois quando se diz que o regionalismo está a acabar, juntar aqui 190 pessoas é a resposta que vem ao encontro do objectivo primordial da Direcção da Casa no seu esforço de unir as pessoas e servir a Pampilhosa”. Referindo que a nível geral deverá existir sempre a preocupação de valorizar aquilo que nos deixam, enfatizou o princípio de que “nunca faremos nada contra o nosso concelho, queremos vê-lo no mapa, deixem-nos participar, ninguém tenha medo do regionalismo” já que este movimento foi criado para servir e ajudar o desenvolvimento. Realçando o contributo que Aires Fernandes de Almeida tem dado ao regionalismo, afirmou ainda o grande desejo de um dia possuirmos uma Casa da Pampilhosa em Lisboa onde os pampilhosenses se possam juntar durante todo o ano. Seguiram-se outras intervenções. Aníbal Pacheco, vindo expressamente do Porto, agradeceu o convite que Aires Fernandes de Almeida lhe fez e disse da sua satisfação por se encontrar junto da gente duma aldeia pampilhosense que tanto tem contribuído para o seu desenvolvimento, para a seguir considerar que o regionalismo sempre foi um “movimento de progresso que se baseia na união e na solidariedade, dois factores essenciais que estão na génese do trabalho e dos objectivos a alcançar”. Afirmando que ambas essas virtudes se encontram presentes neste convívio, a união dos sobralenses à volta da sua colectividade e a solidariedade bem expressa ao longo de 63 anos e que tem a máxima expressão na dedicação e na generosidade de Aires Fernandes de Almeida, enaltecendo o seu exemplo de trabalho que o levou a alcançar um sólida posição empresarial mas nunca esqueceu a sua terra nem se Aníbal Pacheco alheou do desenvolvimento do concelho onde nasceu, terminando por sublinhar que o regionalismo sempre se dignifica quando homenageia quem o merece. Carlos Simões, presidente da Liga de Melhoramentos da Camba e integrante duma nova geração de regionalistas apostada em prosseguir o trabalho dos seus antecessores, à luz das novas necessidades e problemas, saudou os participantes e dirigiu um convite ao Grupo de Bombos do Sobral de Baixo para irem abrilhantar as festas da Camba no mês de Agosto, anunciando ainda que no dia 14 de Agosto se vai realizar a travessia do túnel do rio Ceira para a Malhada do Rei, um passeio inédito e que terá certamente elevado número de participantes. O presidente da Liga de Melhoramentos de Covões, José Alexandre, falou do encontro de concertinas realizado pela sua colectividade no dia anterior, ofertando a Aires Fernandes de Almeida e a Leonel Fernandes de Almeida, seu filho e sócio na empresa, duas t-shirts alusivas a tal manifestação de raiz cultural, terminando por se manifestar grato àquele empresário, despedindo-se com um abraço de amizade. Finalmente, a encerrar o capítulo das intervenções, Aires Fernandes de Almeida teve palavras de muita amizade para José Manuel Gonçalves de Almeida, referindo-se-lhe como “um irmão, um homem que sabe fazer e ensinar, com quem muito aprendi”. Aludiu também à presença de Aníbal Pacheco, manifestandolhe o seu agradecimento por se ter deslocado do Porto expressamente para ali estar, e dirigiu palavras de agradecimento à CCPS, aos amigos do Cacém e a todos os presentes, adiantando “que tem feito apenas o que lhe tem sido possível pela sua terra e pelo regionalismo”, acabando por sugerir à Casa Concelhia uma concentração dos pampilhosenses no próximo ano nas suas amplas instalações do Cacém. E em jeito de merecida consagração a um homem que tanto tem contribuído para colocar o Sobral de Baixo no mapa das aldeias mais desenvolvidas do concelho e que estende a sua generosidade para além dos limites da sua terra, um facto que ficou bem patente, uma vez mais, nesta organização da Liga de Melhoramentos, a festa regionalista do Sobral de Baixo terminou com uma sentida homenagem a toda a família de Aires Fernandes de Almeida ali presente, sua esposa D. Armandina, filho Leonel, nora Luísa e netos, todos eles, pelo que fazem em prol das nossas terras, bem justificam merecido agradecimento. O MIRADOURO DO POETA CAÇADOR DE INSTANTES Já não sou mais que um caçador de instantes. Ouço na rua os passos de quem passa; já não procuro a minha caça por montes e valados como dantes. Se o tempo fora outro, entretanto, de nada serviria. Pois nada neste mundo pagaria este sereno e fugas encanto que espalhas, ao beijar a luz do dia. António Ramos de Almeida 18 MISTÉRIO Os olhos do sol estão cerrados a lua lança os seus primeiros gritos de dor… as estrelas dançam ao som do mórbido vento… sombras que cobrem as nossas faces ocultando toda a nossa identidade braços gélidos que abraçam o fogo lobos que uivam ao nascer do sol… tudo tem um mistério até Tu… aquele que me consome, tens um mistério… mistério esse que eu desejava conhecer um dia, ou talvez não, talvez esse mistério nunca se desvendará talvez se esconda no oculto da noite tal como eu me tento esconder… Vera Carmo CASA DO CONCELHO PAMPILHOSA DA SERRA SEDE: Alto da Bela Vista • 2735-344 CACÉM Telefs.: 214 263 729 / 214 265 531 • Fax: 214 261 638 [email protected] • www.airesfernandesdealmeida.com Aires Fernandes de Almeida e Leonel Nunes de Almeida, naturais de Sobral de Baixo - Pampilhosa da Serra CASA DO CONCELHO PAMPILHOSA DA SERRA 19 Actualidade JÚLIO CORTÊS FERNANDES REFORÇA ELENCO DO ENCONTRO CULTURAL J úlio Cortês Fernandes é o mais recente nome a juntar aos já quatro conhecidos oradores do Encontro Cultural de Pampilhosa da Serra, um evento a realizar no dia 15 de Novembro, no auditório municipal sito naquela vila da Beira Serra. Ascende assim a cinco o número de oradores que vão apresentar outras tantas comunicações inéditas sobre aspectos concretos da história do concelho que, fazendo fé na placa existente no antigo edifício dos paços do concelho, comemora em 2008 o seu sétimo século de existência. O reputado investigador da história local pampilhosense prepara-se para abordar um tema raramente abordado na historiografia local: os antigos locais de detenção e de castigo existentes na vila de Pampilhosa da Serra, o mesmo é dizer a localização da antiga cadeia e da forca. Alicerçado na toponímia e com base em alguns documentos históricos, Júlio Cortês Fernandes – que é objecto de uma entrevista na presente edição do “SERRAS DA PAMPILHOSA” – promete trazer relevantes dados sobre este património penitenciário António Amaro Rosa edificado entretanto obsoleto ou desaparecido. Depois do sucesso que representou o “1.º Encontro de Juristas de Pampilhosa da Serra”, que reuniu várias dezenas de juristas e licenciados em Direito na “Capital do Sossego”, entre os dias 13 e 14 de Setembro, numa tentativa de dar visibilidade à comarca judicial de Pampilhosa da Serra, a Casa do Concelho de Pampilhosa da Serra, enquanto entidade organizadora, vira agora a sua atenção para os aspectos histórico-culturais do concelho que lhe dá nome, associando-se desta forma à comemoração dos 700 anos da “terra dos pampilhos”. Dedicado à História Local de Pampilhosa da Serra, o evento vai ocorrer no dia 15 de Novembro e está aberto gratuitamente a toda a população interessada em conhecer um pouco mais sobre o percurso histórico do concelho de Pampilhosa da Serra. Após a realização do encontro, a Casa do Concelho de Pampilhosa da Serra procurará editar em livro as intervenções dos oradores convidados, com o objectivo de divulgar e tornar acessível a todos os interessados as suas conclusões. NOVO ANO LECTIVO NOVO ANO LECTIVO CELEBRADO COM CELEBRADO COM OFERTA DE LIVROS OFERTA DE LIVROS PELO MUNICÍPIO PELO MUNICÍPIO F oi a pensar no futuro dos mais pequenos do concelho que o executivo camarário desenvolveu mais uma acção inédita no que se refere à educação. Assim, no dia 12 de Setembro, em articulação com o Agrupamento Vertical Escalada de Pam-pilhosa da Serra, a edilidade realizou uma visita a todas as escolas do concelho entregando mochilas e estojos a todos os alunos do concelho (cerca de 380) e também livros escolares aos 112 alunos do 1.º Ciclo do Ensino Básico. Os elementos que constituem o executivo camarário foram a todas as salas do 1.º Ciclo da escolasede, seguindo para a EB1 Amoreira. Da parte da tarde foram contempladas a EB1 Unhais-oVelho e a EB1 Dornelas do Zêzere. Nesta escola, o presidente da câmara anunciou e apresentou a todos os alunos, pais e encarregados de educação presentes a maqueta do novo Centro Educativo que irá ter o início da sua construção já em Outubro prevendo-se o seu funcio-namento no ano lectivo de 2009/2010. Tratase de um esforço da autarquia, uma vez que o financiamento do Gover-no é apenas de 400.000 euros num investimento total de 1.300.000 euros, sendo a diferença suportada pelo município pampilhosense. O presidente da autarquia referiu ainda que este esforço financeiro se justificava porque é através do progresso e desenvolvimento que se prepara o futuro do concelho, o futuro das crianças. NOVO ANO LECTIVO CELEBRADO COM OFERTA DEDA LIVROS PELO MUNICÍPIO CAMBENSES DISCUTEM ENTREGA REDE DE ÁGUA Carlos Simões R euniu em Camba, no dia 11 de Agosto pelas 16 horas, a Assembleia-Geral ordinária da Comissão Associativa de Melhoramentos da Camba. Sob a presidência de José Luís Nunes Pereira, os trabalhos desenrolaram-se com normalidade, constando da ordem de trabalhos quatro pontos: apreciação, discussão e votação do relatório e contas do exercício de 2007/08; apresentação, discussão e votação do plano de actividades e orçamento para 2008/09; deliberar sobre a entrega da rede de abastecimento de água a Camba à Câmara Municipal de Pampilhosa da Serra; e, por fim, apresentação de outros assuntos de interesse para a Camba. O relatório e contas foi apresentado pela Direcção e emitido parecer pelo Conselho Fiscal, tendo sido aprovado por unanimidade. Salienta-se deste relatório a realização de vários eventos e angariação de fundos, o que permitiu diminuir significativamente o montante em dívida ao construtor dos recentes melhoramentos. Relativamente ao segundo ponto da ordem de trabalhos, a Direcção apresentou o plano de actividades e orçamento para o próximo ano de mandato, nos capítulos do desporto, da cultura, dos melhoramentos e da organização, tendo informado que alguns dos melhoramentos e actividades ali previstas já estavam em execução, como por exemplo, a instalação de mais cinco bocas de incêndio que já se encontram a funcionar, bem como a reparação de algumas escadarias e caminhos que já estão executadas. Quando ao terceiro ponto e na sequência de reunião prévia com a Câmara Municipal de Pampilhosa da Serra, a Direcção foi informada que decorre da lei que a administração da rede de abastecimento público de água deve ser entregue à autarquia, pelo que esta questão foi colocada à discussão dos associados presentes. Vários associados usaram da palavra, salientando-se a opinião unânime que não é totalmente justo, visto que, tratando-se de uma rede que está em bom estado e que foi construída na sua grande maioria com fundos dos cambenses, é com alguma mágoa e muita dificuldade que se aceita de bom grado a entrega da rede e consequente instalação de contadores nas habitações. Ou seja, construímos uma rede da qual pagámos a maior parte e agora vamos ter de pagar a água. Foram explicados pela Direcção e pela mesa da Assembleia-Geral alguns aspectos da lei, principalmente no que se refere ao cumprimento das obrigações legais na garantia da qualidade da água, nomeadamente as análises, tratamentos e elaboração de relatórios que actualmente está a ser feito pela autarquia e que também suporta os custos. A Direcção manifestou a opinião de que deveria ser entregue à autarquia, visto que a colectividade não tem capacidade financeira nem técnica para cumprir os requisitos legais e ainda efectuar a manutenção da funcionalidade. Surgiram outras opiniões, principalmente relacionadas com a falta de saneamento básico que, no caso de rede de águas ser entregue à Câmara, poderia ser uma obra a executar nessa altura. Por surgirem várias dúvidas relativamente a este processo, a Direcção propôs à mesa da Assembleia-Geral o adiamento da deliberação, até que alguém da autarquia se deslocasse a Camba, a fim de tirar todas as dúvidas e prestar todos esclarecimentos necessários à população. A proposta da Direcção foi aprovada por maioria. No último ponto da ordem de trabalhos foi dada a palavra aos associados para se pronunciarem acerca de qualquer assunto de interesse para a colectividade e para a Camba, tendo sido abordada a obra de substituição do telhado da casa de convívio, ao que a Direcção informou que a obra se vai iniciar já em Setembro. O plano de actividades prevê a construção de um armazém na zona da piscina fluvial, para guardar no Inverno o material daquele recinto, tendo surgido a ideia de se prever nas dimensões e estrutura desse armazém a implantação de um bar de apoio à piscina e para ser usado no caso de se realizar ali uma festa. Foi ainda sugerido à Direcção que tente junto das autarquias um subsídio para pagamento da mãode-obra da instalação das bocas de incêndio, visto que o custo do material vai ser suportado pela Câmara Municipal, mas a colectividade tem dificuldade em financiar o restante. Foi aprovado um voto de pesar e guardado um minuto de silêncio pelos sócios e familiares falecidos e aprovados votos de agrade- cimento às seguintes entidades e personalidades: Câmara Municipal de Pampilhosa da Serra, Junta de Freguesia de Fajão, Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Pampilhosa da Serra, Santa Casa da Misericórdia de Pampilhosa da Serra, Construções Moura & Filhos, Lda., jornais “A Comarca de Arganil”, “Jornal de Arganil” e “Serras da Pampilhosa”, membros da delegação da colectividade em Camba, Luís Gonçalves (webmaster da página na Internet), José Costa Alves (pelo empréstimo concedido sem juros) e Américo de Almeida (pelo trabalho de manutenção e gerência da casa de convívio e apoio no posto médico). Para todos um bom ano de trabalho e votos de muita saúde e felicidade. Nota da Redacção – a Direcção do jornal “Serras da Pampilhosa” agradece reconhecidamente (e retribui) o voto de louvor feito para Assembleia-Geral da Comissão Associativa de Melhoramentos da Camba e reafirma, uma vez mais, a sua disponibilidade para continuar ser a “Voz do Regionalismo Pampilhosense”, quer relativamente à aldeia e colectividade de Camba quer relativamente às restantes aldeias e associações (regionalistas ou não) do concelho de Pampilhosa da Serra, e que são, ao fim e ao cabo, a sua razão de existir.