Artigo Completo - LivrosOdonto.com.br

Transcrição

Artigo Completo - LivrosOdonto.com.br
Coluna Prótese Total
Reparo clínico de base de prótese total fraturada
Clinical repair of fractured complete denture base
Analucia Philippi1
Elisa Oderich2
Luis André Mezzomo3
Cláudia Maziero Volpato2
Resumo
O sucesso no reparo de uma base fraturada de prótese total em consultório deve
contemplar uma avaliação criteriosa. É necessário identificar-se a causa da fratura, assim como compor um protocolo rígido de procedimentos químicos e mecânicos para
viabilizar o conserto imediato da prótese.
Descritores: Bases de dentadura, ajuste de prótese, desenho de prótese, reparação
em dentadura.
Abstract
The success of the chairside repairing of fractured complete denture base must
consider careful evaluation. The correct diagnosis of the cause, as well as the adoption
of a rigid chemical and mechanical procedure protocol to enable immediate repair are
necessary.
Descriptors: Denture base, prostheses fit, prostheses design, denture repair.
Mª. – UFSC, Profª. de Prótese Total – UFSC.
Drª., Profª. de Prótese Parcial – UFSC.
3
Dr. – UFSC, Prof. de Prótese Total – UFSC.
1
2
E-mail do autor: [email protected]
Recebido para publicação: 27/04/2015
Aprovado para publicação: 15/05/2014
182
PROSTHESIS
S C I E N C E
L
A
B
O
R
A
T
O
R
Y
i
n
Prosthes. Lab. Sci. 2015; 4(15):182-186.
A fratura da base de próteses totais é uma
ocorrência frequente após alguns anos de uso2,3. A
falta de destreza manual ou até mesmo o desconhecimento por parte dos usuários contribui para
a maior assiduidade deste tipo de complicação. A
indicação do conserto depende do bom senso do
profissional, que deve, primeiramente, observar as
condições da prótese.
As principais causas da fratura relacionadas à
prótese são bases muito finas, problemas na polimerização, adaptação inadequada da base, defeito
no alinhamento dental e dentes naturais antagonistas. Já as causas relacionadas ao paciente incluem
apertamento dentário e acidentes decorrentes de
tosse, espirro e queda2,7,8.
Diante do problema, o conserto é uma alternativa imediata e eficiente, que proporcionará conforto
ao paciente enquanto a confecção de uma nova
prótese é um procedimento demorado e oneroso.
Em muitas situações, mesmo com a solução proporcionada, a confecção de uma nova prótese é indicada após a realização de um reparo. Esta decisão
dependerá do tempo de uso da prótese e da causa
da fratura.
De maneira a aumentar a longevidade de um
reparo, alguns aspectos clínicos devem ser considerados:
Quando a fratura da prótese acontece em função mastigatória, normalmente ela ocorre sobre
a linha mediana. Neste caso, ao exame clínico o
profissional deve observar a presença de dentes
posteriores naturais antagonistas, próteses fixas
sobre dentes ou sobre implantes. A associação de
dentes posteriores antagonistas onde não houve
regularização do plano oclusal ou o ajuste oclusal
está incorreto e o hábito de apertamento dentário
do paciente certamente resultará na recorrência da
fratura. O paciente deve ser alertado quanto a esta
condição previamente. Em geral, este problema somente terá solução definitiva com a confecção de
uma nova prótese que possua uma infraestrutura
metálica fundida inserida em sua base.
A sobrevida do conserto, por outro lado, é mais
previsível nos casos onde a fratura da prótese ocorreu em razão de uma queda. Neste caso, além de
promover o conserto, o paciente deve ser instruído
a colocar a mão na frente da boca ao tossir ou espirrar. Se a queda ocorreu durante sua higienização, uma opção é manter a pia com água ou deixar
uma toalha sobre a pia.
O material comumente utilizado para realizar
o reparo é a Resina Acrílica Ativada Quimicamente (RAAQ). Os reparos realizados com este material
apresentam 60% da resistência original1. A resina
tem coloração apropriada e é de utilização rápida
e fácil7.
Procedimentos clínicos
Una as partes fraturadas com cola Super Bonder4 (Loctite®, Brasil) (Figuras 1 e 2).
A prótese colada deve ser colocada dentro de
um anteparo feito com silicone pesado polimerizado por condensação, de utilização laboratorial (Zetalabor®, Zhermak).
Remova a prótese do anteparo, separe novamente e desgaste a região da fratura até que ela
apresente uma distância de 1,5 a 3 mm entre as
partes9. Alguns autores recomendam a adição de
fios metálicos5,7, estruturas de CoCr5 e fibra de vidro10 para aumentar a resistência do reparo. Caso
for optado por utilizar algum tipo de reforço, o desgaste para proporcionar o seu acondicionamento
deve ser realizado neste momento.
As partes a serem consertadas devem ser condicionadas com acetona por 30 segundos9 ou monômero por 3 minutos11.
A seguir, as partes fraturadas são reposicionadas
dentro do anteparo. A resina acrílica para o reparo
é manipulada de acordo com as recomendações do
fabricante e o desgaste totalmente preenchido (Figura 6).
Espere a resina entrar na fase plástica. Cubra o
reparo com vaselina para impedir a evaporação do
monômero (Figura 7). Espere a completa polimerização do material. Uma vez terminada a polimerização, dê acabamento e polimento.
No caso ilustrado, foi necessário o reassentamento da base sobre a barra. Este procedimento
pode ser realizado colocando-se uma fina camada
de material de moldagem na face interna da prótese e desgastando-se a área exposta6 (Figura 8).
Após o assentamento correto da base com o clipe, o mesmo pode ser facilmente capturado. Condicione a base da prótese com monômero por 3
minutos (Figura 9). Posicione o clipe sobre a barra,
leve a prótese em boca e adicione RAAQ. Espere a
polimerização da resina e remova o conjunto (Figura 10). Neste caso, foi necessário o acréscimo de
RAAQ para o acabamento das bordas (Figura 11). O
acompanhamento da paciente confirma o sucesso
do tratamento (Figuras 12 e 13).
PROSTHESIS
S C I E N C E
L
Prosthes. Lab. Sci. 2015; 4(15):182-186.
A
B
O
R
A
T
O
R
Y
i
n
Philippi A, Oderich E, Mezzomo LA, Volpato CM.
Introdução
183
Figura 1 – Fratura da overdenture resultante de uma queda.
184
Figura 2 – Une-se as partes com uma fina camada de super
bonder.
Figura 3 – Prótese dentro do anteparo de silicone pesado.
Figura 4 – Desgasta-se a região da fratura, deixando uma distância de até 3 mm entre os fragmentos para aumentar a resistência
do conserto. Observa-se que o desgaste não alcança a face externa da prótese para diminuir o comprometimento estético.
Figura 5 – Condicionamento da resina da base com monômero
por 3 minutos. Observa-se que os fragmentos encontram-se separados para favorecer o condicionamento.
PROSTHESIS
S C I E N C E
L
A
B
O
R
A
T
O
R
Y
i
n
Prosthes. Lab. Sci. 2015; 4(15):182-186.
Philippi A, Oderich E, Mezzomo LA, Volpato CM.
Figura 6 – Resina colocada dentro do reparo.
Figura 7 – Colocação de vaselina.
Figura 8 – Observa-se a exposição da base na região do reparo,
indicando a necessidade de desgaste.
Figura 9 – Base sendo condicionada. Observa-se a necessidade
de acréscimo de resina na borda da prótese sobre a região do
reparo.
Figura 10 – Prótese após a captura do clip.
Figura 11 – Após o reparo das bordas.
PROSTHESIS
S C I E N C E
L
Prosthes. Lab. Sci. 2015; 4(15):182-186.
A
B
O
R
A
T
O
R
Y
i
n
185
12
13
Figuras 12 e 13 – Conserto após 30 dias. Realizado pela CD Flavia Bitencourt no Curso de Especialização em Prótese Dentária - Zenith
Educação Continuada - Florianópolis.
Conclusão
O reparo da base da prótese total fraturada é
um procedimento imediato e eficiente que devolve
o conforto ao paciente e aumenta a longevidade de
sua prótese.
11. Vallittu PK, Lassila VP, Lappalainen R. Wetting the repair surface with methyl methacrylate affects the transverse
strength of repaired heat-polymerized resin. J Prosthet Dent.
1994; 72(6):639-43.
Referências
1.
Berge M. Bending strength of intact and repaired denture base resins. Acta Odontol Scand. 1983; 41(3):187-91.
2. Beyli MS, Von Fraunhofer JA. An analysis of causes
of fracture of acrylic resin dentures. J Prosthet Dent. 1981;
46(3):238-41.
3.
Darbar UR, Huggett R, Harrison A. Denture fracture a survey. Br Dent J. 1994; 176(9):342-5.
4.
Goiato MC, Pesqueira AA, Vedovatto E, Santos DM,
Gennari Filho H. Effect of different repair techniques on the
accuracy of repositioning the fractured denture base. Gerodontology. 2009; 26(3):237–41.
5. Minami H, Suzuki S, Kurashige H, et al. Flexural
strengths of denture base resin repaired with autopolymerizing resin and reinforcements after thermocycle stressing. J
Prosthodont. 2005; 14(1):12-8.
6.
Philippi A, Mezzomo LA, Oderich E, VolpatoC, Teixeira
KN. O passo a passo da instalação dos components para retenção de overdentures. Prosthes. Lab. Sci. 2015; 4(14):108115.
7. Polyzois GL, Andreopoulos AG, Lagouvardos PE.
Acrylic resin denture repair with adhesive resin and metal
wires: effects on strength parameters. J Prosthet Dent. 1996;
75(4):381-7.
8. Polyzois GL, Tarantili PA, Frangou MJ et al. Fracture
force, deflection at fracture, and toughness of repaired
denture resin subjected to microwave polymerization or
reinforced with wire or glass fiber. J Prosthet Dent. 2001;
86(6):613-9.
9. Seó RS, Neppelenbroek KH, Filho JN. Factors affecting the strength of denture repairs. J Prosthodont. 2007;
16(4):302-10.
10. Vallittu PE. Glass fiber reinforcement in repaired acrylic resin removable dentures: preliminary results of a clinical
study. Quintessence Int 1997; 28(1):39-44.
186
PROSTHESIS
S C I E N C E
L
A
B
O
R
A
T
O
R
Y
i
Como citar este artigo:
Philippi A, Oderich E, Mezzomo LA, Volpato CM. Reparo clínico de base de prótese total fraturada. Prosthes. Lab. Sci. 2015,
4(15):182-186.
n
Prosthes. Lab. Sci. 2015; 4(15):182-186.

Documentos relacionados

RBO vl 66- nº2-2009_Págs 144

RBO vl 66- nº2-2009_Págs 144 5. EMTIAZ, S., TARNOW, D. P. Processed acrylic resin provisional restoration with lingual cast metal framework. J. Prosth. Dent. , v. 79, n. 4, p. 484-8, Apr., 1998. 6. EISENBURGER, M., RIECHERS, J...

Leia mais