A eletrodiálise é uma operação unitária na qual a separação parcial
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A eletrodiálise é uma operação unitária na qual a separação parcial
OBTENÇÃO DE ÁGUA PARA FINS DE ANÁLISES ATRAVÉS DE UM SISTEMA COMPOSTO POR MEMBRANAS ELETRODIALÍTICAS E RESINAS TROCADORAS DE ÍONS José Izaquiel Santos da Silva1 [email protected] Edilailsa Januário de Melo2 [email protected] Kepler Borges França3 [email protected] 1 Discente do curso de Engenharia Química - UFCG Discente do curso de Engenharia Química - UFCG 3 Professor da Unidade Acadêmica de Engenharia Química - UFCG 2 RESUMO A eletrodiálise é uma operação unitária na qual a separação parcial dos componentes de uma solução iônica é induzida por uma corrente elétrica em função da quantidade de íons dissolvidos no meio. O seu princípio baseia-se numa série de membranas catiônicas e aniônicas arranjadas alternadamente entre dois eletrodos. Cada membrana é separada, uma da outra, por espaçadores formando compartimentos individuais. Quando uma solução iônica é bombeada através desses compartimentos sob efeito de uma diferença de potencial entre os eletrodos, os cátions migrarão para o cátodo, atravessando a membrana catiônica e em seguida serão retidos pela membrana aniônica. Por outro lado, os ânions tomam o caminho oposto em direção ao ânodo, após atravessar a membrana aniônica, ficarão retidos pela membrana catiônica. O resultado final será um aumento da concentração de íons em compartimentos alternados e uma redução na concentração dos íons nos compartimentos restantes, resultando na formação de duas correntes: uma diluída e outra concentrada. A purificação de água através de resinas de troca iônica é chamada de desmineralização. Esse processo remove praticamente todos os íons presentes em uma água, através de resinas catiônicas e aniônicas. As resinas possuem a capacidade de trocar cátions e ânions dissolvidos na água de alimentação por íons H+ e ânions OH- encontrados nas resinas. Quando a troca ocorre, os íons H+ e OH- são liberados na água que se encontra em contato com a resina e reagem entre si como forma de neutralizar a água purificada formando, a cada instante, uma nova molécula de água. O objetivo desse trabalho foi produzir água de baixa condutividade elétrica para fins de análises laboratoriais, onde o mesmo foi desenvolvido no Laboratório de Referência em Dessalinização (LABDES) da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG). Os resultados mostraram que o reator teve um bom desempenho. A condutividade elétrica do concentrado permaneceu sempre maior do que a do produto em todos os casos estudados. Verificou-se que a densidade de corrente procurou manter-se constante ou tendia ao aumento do seu valor. Verificou-se que o pH do produto tendeu a ficar constante. Palavras-Chave: membranas, resinas, água, dessalinização. GETTING WATER FOR ANALYSIS BY A SYSTEM COMPOSED OF MEMBRANES ELECTRODIALYSIS AND ION EXCHANGE RESINS ABSTRACT The electrodialysis is a unit operation in which the partial separation of the components of an ionic solution is driven by an electric current depending on the amount of dissolved ions in the middle. Its principle is based on a series of cationic and anionic membranes alternately arranged between two electrodes. Each membrane is separate from one another by spacers forming individual compartments. When an ionic solution is pumped through these compartments under the influence of a potential difference between electrodes, the cations migrate to the cathode across the cation membrane and then be retained by the anion membrane. Furthermore, the anions take the opposite path toward the anode, after crossing the membrane anion, will be retained by the cationic membrane. The end result will be an increased concentration of ions in alternating compartments and a reduction in the concentration of ions in other compartments, resulting in the formation of two streams: one dilute and one concentrate. Water purification through ion exchange resins is called demineralization. This process removes virtually all ions present in a water through cationic and anionic resins. The resins have the ability to exchange cations and anions dissolved in water supply by H + and OH-anions found in the resins. When the exchange occurs, the H + and OH-are released into the water that is in contact with the resin and react with each other as a way to neutralize the purified water to form, at every moment, a new water molecule. The aim of this work was to produce water of low electrical conductivity for laboratory analysis, where it was developed in the Reference Laboratory for Desalination (LABDES), Federal University of Campina Grande (UFCG). The results showed that the reactor had a good performance. The electrical conductivity of the concentrate was always greater than the product in all cases studied. It was found that the current density sought to remain constant or tended to increase in value. It was found that the pH of the product tended to be constant. Keywords: membranes, resins, water, desalination. INTRODUÇÃO A eletrodiálise é um processo de separação eletroquímica no qual, membranas semipermeáveis e uma diferença de potencial são usadas para separar espécies iônicas de uma solução aquosa. Presentemente, este processo é amplamente utilizado para dessalinizar águas salobras. Estimuladas pelo desenvolvimento de novas membranas com melhor seletividade, baixa resistência elétrica, e melhores propriedades térmicas, químicas e mecânicas, outras aplicações da eletrodiálise tem obtido um amplo campo de interesse mundial (Escudier, Cottereau, & Moutounet, 1989). 2 Trata-se de uma tecnologia de separação que, em geral, não envolve mudança de fase, o que significa uma economia no consumo de energia, principalmente se comparado aos processos tradicionais. A dessalinização de águas através da eletrodiálise ocorre devido a uma diferença de potencial elétrico nas superfícies de membranas bipolares. Esse tipo de membrana promove eletricamente a difusão acelerada de cátions e ânions através das superfícies das membranas gerando durante o processo, dois efluentes: um com elevada concentração de sais (água concentrada) e outro com uma baixa concentração de sais (água diluída ou dessalinizada). A purificação de água através de resinas de troca iônica é chamada de desmineralização. Este processo remove praticamente todos os íons presentes em uma água, através de resinas catiônicas e aniônicas (Filho, 1983). A aplicação de resinas tem se difundido bastante devido a sua gama de aplicabilidade. As resinas são bastante utilizadas em indústrias, na purificação de águas para a alimentação de caldeiras, obtenção de água pura para química fina, extração de materiais orgânicos, extração de colóides, dessalinização de águas, extração de metais pesados (Pohl, 2006). O desenvolvimento tecnológico da qualidade das resinas catiônicas e aniônicas com relação à seletividade e sua capacidade de troca têm sido estudados e cada vez mais difundidos (Applebaum, 1969). A extração de sais por resinas de troca iônica é uma tecnologia que não envolve mudança de fase, o que significa uma economia no consumo de energia, principalmente comparada aos processos tradicionais (Silva, 2004), toda a água que alimenta o sistema é convertida em água purificada, eliminando a possibilidade de produção de um subproduto não desejado e seu processo de recuperação é simples e barato. O princípio da eletrodiálise baseia-se numa série de membranas catiônicas e aniônicas arranjadas alternadamente entre dois eletrodos, como é mostrado na Figura 01. Cada membrana é separada, uma da outra, por espaçadores formando compartimentos individuais. Quando uma solução iônica é bombeada através desses compartimentos sob efeito de uma diferença de potencial entre os eletrodos, os cátions migrarão para o cátodo, atravessando a membrana catiônica e em seguida serão retidos pela membrana aniônica. Por outro lado, os ânions tomam o caminho oposto em 3 direção ao ânodo, após atravessar a membrana aniônica, ficarão retidos pela membrana catiônica. O resultado final será um aumento da concentração de íons em compartimentos alternados e uma redução na concentração dos íons nos compartimentos restantes, resultando na formação de duas correntes: uma diluída e outra concentrada (Strathmann, 1992). Figura 01: Sistema eletrodialítico convencional (C = membrana catiônica e A = membrana aniônica). As membranas seletivas são as partes mais sensíveis do sistema eletrodialítico e requerem cuidados especiais. As membranas seletivas aos cátions têm a sua matriz geralmente feita de poliestireno de cadeia cruzada que é sulfonada com grupos sulfônicos presos ao polímero. As membranas aniônicas são de poliestireno de cadeia cruzada contendo grupos de amônia quaternária presos ao polímero. As membranas bipolares têm se destacado recentemente como uma eficiente ferramenta para produção de ácidos e bases a partir de seus correspondentes sais, devido à capacidade de promover eletricamente uma acelerada dissociação da molécula da água (Strathmann, 1992). O processo que já é bastante difundido é economicamente viável e tem um grande número de interessantes aplicações técnicas (Liu, Chlanda & Nagasubramanian, 1977). Até o momento, entretanto, o uso de membranas bipolares em larga escala técnica tem sido até certo ponto limitado pela disponibilidade de membranas eficientes. A principal estrutura de uma membrana bipolar e sua função é ilustrada na Figura 02. Esta figura mostra uma membrana catiônica e uma membrana aniônica dispostas em paralelo entre dois eletrodos, semelhante à eletrodiálise 4 convencional. Se uma solução de cloreto de sódio é colocada entre estas membranas e uma diferença de potencial é aplicada, todas as espécies iônicas serão removidas da solução. Quando não houver íons sódio e cloro na solução o transporte de cargas elétricas através das membranas é realizado exclusivamente pelos prótons e, íons hidroxila, os quais estão dispostos na água pura numa concentração de 10-7 mol/l, devido ao equilíbrio de dissociação da água. A condutividade da água deionizada é muito baixa e para reduzir a alta resistência elétrica das camadas entre as duas membranas de troca iônica é necessário aproximar uma da outra, formando a membrana bipolar como ilustrado na Figura 02. Figura 02: Princípio da membrana bipolar (mtc – membrana de troca catiônica, mta – membrana de troca aniônica) (Krol, 1997). Os íons prótons e hidroxilas migram em direções opostas para fora da membrana bipolar sob a influência de um campo elétrico aplicado. Íons prótons e hidroxilas, removidos da interfase, são regenerados de acordo com o equilíbrio de dissociação da água. Água removida da interface é reabastecida pela difusão da água da solução externa através das camadas carregadas se encontram. A característica importante da membrana bipolar é que a dissociação da água ocorre muito mais rápida do que o esperado pelo equilíbrio ordinário de dissociação da água (Krol, 1997). Se a dissociação da água for contínua, uma solução alcalina é formada do lado da membrana 5 aniônica e uma solução ácida é formada do lado da membrana catiônica, na membrana bipolar. As membranas bipolares podem ser preparadas pela simples justaposição das convencionais membranas catiônica e aniônica, dispostas uma atrás da outra (Leitz, 1972). A diferença de potencial total depende da densidade de corrente aplicada, da resistência das duas membranas e da resistência da solução entre elas. Devido à resistividade da água destilada ser muito alta, a distância entre as membranas de polaridades opostas deve aproximar-se de zero. As membranas bipolares, freqüentemente, não apresentam uma estabilidade química satisfatória para altos valores de pH e algumas vezes a capacidade de dissociação da molécula da água decresce (Strathmann, 1992). Existem dois tipos de membranas bipolares produzidas atualmente: a membrana bipolar simples e a de múltiplas camadas. As membranas bipolares simples são preparadas mediante a aplicação de uma cobertura seletiva a cátions numa membrana aniônica previamente preparada (Bauer, Gerner & Strathmann, 1988). As membranas bipolares com múltiplas camadas são fabricadas através da junção das membranas catiônicas e aniônicas. Uma camada especial na interface conduz a uma perfeita membrana bipolar (Leitz, 1972). A distribuição da corrente elétrica sobre a área ativa das células eletrodialíticas é realizada pelos eletrodos colocados nas extremidades do reator. A área efetiva da membrana está relacionada com a área disponível do eletrodo, ou seja, ambas devem possuir a mesma área. Normalmente os eletrodos são de metal liso ou flocos de carbono. Entre cada eletrodo e a primeira membrana bipolar ocorre a formação de um compartimento, que se denomina como compartimento eletródico ou de lavagem. Onde, durante o processo da eletrodiálise, uma solução de ácido nítrico passa através de um processo contínuo, com o objetivo de carrear os íons que possam atravessar as membranas e os gases formados (Howe, 1974). A corrente elétrica que flui externamente é devido ao fluxo de elétrons nos fios condutores, enquanto que, no interior do reator a corrente é eletrolítica, ou seja, devido à migração dos íons na solução. Essa transferência de elétrons 6 do circuito externo para os íons na solução é realizada através das reações que ocorrem nos eletrodos (Davis, 1988). As reações anódicas causam a dissolução ou oxidação do eletrodo, reduzindo a sua eficiência e destruindo sua estrutura rapidamente. O uso de metais resistentes às condições oxidativas como a platina, evitam o desgaste do eletrodo. Como a platina possui um alto custo, outros tipos de materiais podem ser usados, como o titânio ou o tântalo com uma camada de platina sobre a superfície do metal. As membranas são separadas umas das outras por espaçadores. A distância entre as membranas e a espessura da célula precisa ser tão pequena quanto possível, para minimizar os efeitos da resistência elétrica (Strathmann, 1992). A maioria dos reatores industriais apresenta uma distância entre as membranas na faixa de 0,5 a 2,0 mm (Mintz, 1963). Segundo Howe (1974), há dois modelos de espaçadores por onde a solução pode fluir pela superfície da membrana: ÎO de fluxo linear ou “flow sheet” ÎO de fluxo tortuoso Nos espaçadores de fluxo tortuoso a solução percorre pela membrana na forma de labirinto. A solução toma várias curvas de 180o entre a entrada e a saída, localizadas em pontos opostos ou no centro. Estes espaçadores possuem tiras cruzadas nos canais de fluxo que promovem a turbulência. Nos espaçadores de fluxo linear uma rede plástica ou tela promove a turbulência. A solução flui em uma linha reta relativa a partir da entrada até a saída, que estão localizadas em lados opostos (Applegate, 1984). O reator eletrodialítico em estudo possui espaçadores de fluxo linear entre as membranas eletrodialíticas. A densidade de corrente J (A/cm2) provocada pelo movimento das espécies químicas no interior do reator durante a eletrodiálise é igual à soma das parcelas correspondentes a todas as espécies iônicas presentes, e pode ser fornecida através da Equação (1): J= I Ae (1) Onde: I = corrente lida durante a dessalinização em Ampéres. 7 Ae = área efetiva da membrana em cm2. A resistência de um par de células é devido basicamente à resistência da solução salina e à resistência das membranas. A resistência da membrana é uma função da natureza dos íons envolvidos, da concentração média desses íons na solução próximos da membrana, bem como da temperatura do sistema (Winger, 1955). A resistência elétrica da membrana bipolar por sua vez seria a soma das resistências das camadas de cargas opostas (aniônica e catiônica) e a resistência da interface entre as membranas (Mani, 1988). De uma forma geral, a resistência total de um sistema eletrodialítico pode ser determinada pela lei de Ohm, onde o potencial de um sistema elétrico é igual ao produto da corrente e da resistência do sistema (Meller, 1984), como a Equação (2): Rt = V I (2) Onde: Rt = resistência total do sistema em ohm. V = potencial elétrico aplicado aos eletrodos em volts. I = corrente lida em ampéres. Um trocador iônico é constituído por um material poroso inerte, natural e sintético, praticamente insolúvel em água e em solventes orgânicos, que apresenta cargas elétricas em sua estrutura, contrabalanceadas por íons de carga oposta (Almeida, 1999). A troca de íons entre a resina e a solução externa é relativamente rápida, onde o volume de equilíbrio tem sido medido e utilizado para avaliar a capacidade e a afinidade de troca com íons (Tamura, 2004). Mas é preciso observar que a capacidade de troca da resina depende das condições de operação do sistema, da qualidade da água que entrará em contato com a resina e com a qualidade da água desejada. Os grupos funcionais iônicos que irão ser substituídos posteriormente pelos íons a serem retirados do efluente são geralmente introduzidos por reação da matriz polimérica com um composto químico que contenha o grupo 8 desejado. A capacidade de troca é determinada pelo número de grupos funcionais por unidade de massa da resina. O desempenho e economia da troca iônica estão relacionados com a capacidade da resina para captar íons e com a quantidade de regenerante requerida. A Foto 01, logo a seguir, mostra uma quantidade de uma resina do tipo gel pronta para ser utilizada. Foto 01. Resina de troca iônica tipo gel convencional. Foto retirada do site: http://www.power-technology.com/contractors/environmental/graver2/graver25.html acessado em 14/04/2006 O processo de troca iônica é simples, os grupos funcionais encontrados na resina são transferidos para a água enquanto os íons dissolvidos na mesma ficam retidos nas superfícies da resina. A Figura 03 mostra uma diagramação simples desse processo durante a purificação da água. Figura 03. Processo de troca iônica em uma resina catiônica e em uma resina aniônica. 9 Para fins de “amolecimento” (softening) da água, algumas resinas de troca iônica funcionam apenas para retirarem a dureza da água com relação às concentrações de cálcio e magnésio trocando-os por íons sódio [Applebaum 1969 & Wikipedia, 2006]. Esses tipos de resina foram as primeiras a serem comercializadas para fins industriais e domésticos. MATERIAIS E MÉTODOS Para o Sistema de Eletrodiálise: Policloreto de Vinila (PVC) de 1(um) cm de espessura; Teflon de 1 mm de espessura; Placas de Titânio de 1 mm de espessura; Parafusos de Cobre de 3/8 polegada; Membranas eletrodialíticas do tipo K-101 (catiônicas) e A-201 (aniônicas) da ASAHI CHEMICAL CO., Japão. ; Válvulas de passagem DECA ½ polegada; Tubos e conexões em PVC de ½ polegada; Tubos plásticos; Recipientes de plásticos com capacidade de 10, 20 e 50 litros; Recipientes plásticos com cerca de 40 ml para amostragens; Vidrarias para análise físicoquímica. Para a Coluna de Resina Mista: Tubulações de Policloreto de Vinila (PVC) de (1/2) cm de espessura de 8 cm de diâmetro; Válvulas de passagem DECA ½ polegada; Tubos e conexões em PVC de ½ polegada; Tubos plásticos; mangueiras de plásticos de ¼ de polegada; Recipientes plásticos com cerca de 40 ml para amostragens; vidrarias para analise físico-química. INSTRUMENTAÇÃO Para o Sistema de Eletrodiálise: Fonte retificadora modelo 6545A (0-120V/ 0-1,5ª) da Agilent; Condutivímetro modelo 600 da Analyser; Cronômetro; Rotâmetros; pHmetro digital PG1000 da GEHAKA; Bombas centrífugas 1/20 HP modelo 1.5 Sulplastic; Bomba de imersão 1/200 HP modelo Better – 650. 10 Para a Coluna de Resina Mista: Bomba de água ½ HP da DANCOR; Condutivímetro modelo 600 da Analyser; Cronômetro; Rotâmetros; pHmetro digital PG1000 da GEHAKA. Produtos químicos Ácido Nítrico da CHEMCO Água dessalinizada Água deionizada Cloreto de Sódio (NaCl) P.A da MERCK METODOLOGIA Sistema Eletrodialítico O sistema eletrodialítico é constituído pelo reator eletrodialítico, fonte de alimentação elétrica, sistema hidráulico e equipamentos de medidas e registros de dados, de acordo com a Figura 04. Para esta etapa do projeto, trabalhamos apenas com membranas monopolar. Figura 04. Sistema eletrodialítico. O Sistema eletrodialítico é composto das seguintes unidades: Fonte elétrica, R-reator eletrodialítico, TA-tanque de alimentação (NaCl), TL – tanque de lavagem, TP – tanque do produto, TC – tanque do concentrado, Rt – rotâmetros, A – amperímetro, V – voltímetro. O reator eletrodialítico é o principal componente deste sistema, contendo um total de dez membranas, sendo cinco catiônicas e cinco aniônicas. As membranas são dispostas alternadamente entre dois eletrodos do reator na seguinte ordem: catiônica e aniônica. Entre cada membrana são colocados os 11 espaçadores de PVC e o teflon, que conduzem o fluxo liquido por entre as membranas eletrodialíticas, proporcionando uma área de troca iônica de 330 cm2. Entre as membranas ocorre a entrada da solução de cloreto de sódio, NaCl, impulsionada por bombas centrifugas dos tanques de entrada. Durante a eletrodiálise, formam-se os seguintes compartimentos: água dessalinizada ou diluída e o concentrado. Os eletrodos utilizados para o cátodo e o ânodo são feitos com placas de titânio com um milímetro de espessura, revestidos por uma camada de cinco milímetros de platina. O conjunto formado por eletrodos, membranas e espaçadores é pressionado entre placas de PVC de 10 mm de espessura, por parafusos de cobre. Entre cada eletrodo e a membrana vizinha existe um compartimento denominado de compartimento eletródico, com a finalidade de receber um fluxo continuo de uma solução de ácido nítrico (pH = 3), com o objetivo de lavar as paredes dos eletrodos, evitando a formação de incrustações e para aumentar a densidade de corrente nos mesmos e também carrear gases hidrogênio e cloro formados no cátodo e ânodo, respectivamente. O reator em estudo apresenta, inicialmente, duas entradas e duas saídas, onde uma delas é dirigida para o produto diluído ou água dessalinizada e a outra para a solução salina de NaCl. Coluna de Resina de Troca Iônica Após o processo de dessalinização por eletrodiálise, a água dessalinizada produzida passou por um “polimento” em uma coluna de resina mista de troca iônica, obtendo-se uma água com elevada pureza para aplicações em procedimentos analíticos laboratoriais. O Concentrado produzido no processo de eletrodiálise foi reaproveitado em um sistema de reciclo do concentrado para a alimentação do eletrolizador. A Figura 05 ilustra uma visão geral de como ocorre o processo de dessalinização das soluções de NaCl e o “polimento” na água produzida. 12 Coluna de resina mista Taque de alimentação (Água dessalinizada). pelo processo de eletrodiálise) Sistema de eletrodiálise Tubulação Água dessalinizada Alimentação Sentido do fluxo de alimentação Concentrado Suporte da coluna Taque de Água deionizada Válvula Bomba centrífuga Figura 05. Sistema híbrido de dessalinização de águas. Procedimento Experimental Foram realizadas várias bateladas com várias concentrações. Neste trabalho enfatizamos os resultados referentes à bateladas com a solução de concentração 2000 mg/L. A qual foi realizada sob um efeito de um potencial elétrico de 12 volts à temperatura ambiente. Ao final de cada batelada, o reator eletrodialítico foi lavado com água deionizada As amostras foram submetidas à passagem pela coluna de resinas de troca iônica para, assim, fosse obtida água com condutividade elétrica baixa, de valores próximos de zero. RESULTADOS E DISCUSSÕES Efeito da condutividade elétrica O gráfico 01 representa o comportamento da condutividade elétrica do efluente do produto e do concentrado em função do tempo, com o reator trabalhando em bateladas realizadas com uma de NaCl de 2000 mg/L. Pode-se observar que a condutividade elétrica do concentrado é sempre maior do que a condutividade elétrica do produto em todos os casos 13 estudados. Em função do potencial elétrico aplicado ocorre o transporte iônico para os compartimentos do produto e concentrado. 200 180 K (µS) 160 140 Concentrado 120 Produto 100 0 50 100 t (min) Gráfico 01 – Condutividade elétrica em função do tempo, para a batelada realizada com uma solução de NaCl a 2000 mg/L e V = 12 V. Efeito da densidade de corrente A densidade de corrente é um parâmetro que representa o potencial do transporte iônico no interior do reator, o qual pode decrescer ou crescer em função do caminho hidrodinâmico oferecido pelos compartimentos, pela diferença de potencial aplicada e também pela concentração das espécies iônicas presentes [Strathmann, 1992]. O gráfico 02 representa o comportamento da densidade de corrente em função do tempo. 1 5 1 4 1 3 1 1 1 0 9 8 7 (1 0 6 5 J -4 A /c m 2 ) 1 2 3 4 2 1 0 0 2 0 4 0 T e m 6 0 p o ( m 8 0 1 0 0 in ) Gráfico 02 - Densidade de corrente elétrica em função do tempo, para a batelada realizada com uma solução de NaCl a 200 mg/L e V = 12 V. À medida que o transporte iônico ocorre entre as membranas eletrodialíticas, a densidade de corrente tende a aumentar. 14 Considerações sobre o efeito do pH O gráfico 03 é referente ao potencial hidrogeniônico em função do tempo para a corrente do concentrado e o produto. Com o aumento da concentração de NaCl, ou seja, da solução de alimentação, o pH para a corrente do produto e do concentrado sofre pequenas variações. Observa-se que o valor do pH tende a aumentar para o produto e diminuir para o concentrado. 1 0 8 6 p H c o n c e n t r a d o p r o d u t o 4 2 0 0 1 0 2 0 3 0 T e m 4 0 p o 5 0 ( m 6 0 7 0 8 0 in ) Gráfico 03 – Potencial hidrogeniônico em função do tempo, para a batelada realizada com uma solução de NaCl a 2000 mg/L e V = 12 V. Considerações sobre as resinas A solução, depois de submetida às resinas, passou a possuir pH constante em torno de 7. Bem como, apresentou condutividade baixíssima, com valores abaixo de 0,3mS. CONCLUSÕES Concluise, portanto, que a variação da condutividade elétrica do produto e do concentrado depende da concentração inicial da solução. A densidade de corrente para o caso estudado tem seu valor aumentado em função da concentração. A variação do pH do produto e do concentrado depende da concentração da solução de alimentação, da velocidade da solução no interior do reator e conseqüentemente do potencial aplicado durante o processo. 15 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. ALMEIDA, ALEX M. DE, A Resina de Troca Iônica Como Extrator Multielementar em Análise de Solos Para Fins de Fertilidade. 1999. Dissertação (Mestrado no Instituto de Química, Departamento de Química Analítica), Universidade Estadual de Campinas, São Paulo. 122p. 2. APPLEGATE, L., Electrodialysis , Chemical Engineering, 21 (12), 77-88, junho,1984. 3. APPLEBAUM, SAMUEL B., Demineralization By Íon Exchange In Water Treatmente Ande Chemical Processing Of Other Liquids, Ed. Academi Press, New York and London. p. 1-5. Second printing 1969. 4. BAUER, B., GERNER, F. J. & STRATHMANN, H., Development of bipolar membranes, Desalination, v 68, p 279-292, 1988. 5. 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