mahashivaratri - a grande noite de shiva

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mahashivaratri - a grande noite de shiva
Organização Sri Sathya Sai do Brasil
www.sathyasai.org.br
MAHASHIVARATRI - A GRANDE NOITE DE SHIVA
Data: 14/02/69 – Ocasião: Mahashivaratri - A Grande Noite de Shiva - Local: Prasanthi Nilayam
Muitas histórias são contadas nas escrituras hindus (Shastras), para explicar a origem e o significado do
Festival de Mahashivaratri. Bharat (Índia), o nome para esta terra, usado desde os tempos antigos,
significa 'a terra daqueles que têm Amor (rathi) para com Bha (Luz ou Bhagavan)'. Assim, para as
pessoas desta terra, todos os dias são sagrados; cada momento é precioso. O Ganges é sagrado da
nascente até o mar, mas ainda há alguns lugares em suas margens, associados com algum sábio ou
templo, a confluência de um afluente ou um incidente histórico, que são mais venerados por gerações.
Tais lugares são: Hardwar, Varanasi, Prayag, Rishikesh. Do mesmo modo, entre todos os dias do ano,
alguns são marcados como mais sagrados, quando um esforço especial é feito por um aspirante para
contatar a fonte e o oceano, a realidade por detrás deste espetáculo passageiro. Alguns momentos,
como aquele durante o qual o Lingam (representação de Shiva em forma de pedra oval) emerge do
Avatar são considerados ser especialmente significativos para os indivíduos que o presenciam e para o
mundo que é, desse modo, abençoado.
Alguns atribuem a santidade deste dia ao fato de ser aniversário de Shiva, como se Shiva tivesse
nascido e morrido como qualquer mortal. A história que exalta a salvação alcançada por um caçador
que, sentado numa árvore de bilva à espreita de animais para matar, e sem nenhuma intenção de
adoração, inconscientemente, deixou cair algumas folhas de bilva em um Lingam colocado ao pé da
árvore, não deixa claro porque este Dia é especialmente sagrado. Outra história é que este é o dia no
qual Shiva dançou a dança Cósmica (Thandava) no êxtase de sua Natureza Inata, com todos os deuses
e sábios compartilhando e presenciando esta consumação cósmica. Quando Ele consumiu o veneno
halahala que emergiu da agitação do oceano e que ameaçou destruir o Universo, o calor da fumaça foi
quase insuportável, mesmo para Ele. Assim, o Ganges fluiu ininterruptamente nos seus cabelos
emaranhados; mas, isto deu a Ele somente um alívio parcial. A lua foi colocada sobre a cabeça. Isto foi
de grande ajuda. Então, Shiva dançou a Thandava com todos os deuses e sábios. Tudo isto, dizem ter
acontecido no mesmo dia, e assim, Shivaratri, é celebrado em comemoração a esta ocasião.
O Objetivo de Toda Disciplina Espiritual é Eliminar a Mente
Nós não temos somente o Mahashivaratri uma vez por ano, temos um Shivaratri a cada mês, dedicado à
adoração de Shiva. E por que a noite é tão importante? A noite é dominada pela lua. A lua tem 16
frações de glória divina (kalas) e, a cada dia, ou melhor, noite, durante a quinzena escura do mês, uma
fração é reduzida, até que a lua inteira é aniquilada na noite de lua nova. A partir de então, a cada noite,
uma fração é adicionada, até que a lua seja um círculo completo na noite de lua cheia. A lua (chandra) é
a deidade que rege a mente; a mente cresce e mingua como a Lua. “A lua nasceu da mente do Ser
Supremo” (Verso em Sânscrito).
Deve ser lembrado que o objetivo de todo esforço espiritual é eliminar a mente para tornar-se Amanaska (sem mente). Somente, então, os véus da ilusão podem ser rasgados e a realidade revelada.
Durante a quinzena escura do mês, a prática espiritual tem que ser feita para eliminar a cada dia uma
fração da mente, pois a cada dia uma fração da lua também está sendo eliminada da percepção. Na
noite de Chaturdhasi, o 14º dia, a noite de Shiva, somente uma fração permanece. Se algum esforço
especial for feito esta noite, através de prática espiritual mais intensa e vigilante, como rituais de
adoração, repetição de nome ou mantra sagrado e meditação, o sucesso será assegurado. Deve-se
meditar somente sobre Shiva durante esta noite, sem a mente vagar em pensamentos sobre sono ou
alimento. Isto tem que ser feito todo mês; uma vez por ano, no Mahashivaratri, um esforço especial de
atividade espiritual é recomendado, assim o que é cadáver (shavam) torna-se Deus (Shivam), pela
consciência perpétua de seu Divino Morador.
Linga é a Forma Símbolo de Deus
Este é o dia dedicado a Shiva que está em cada um de vocês. Do Himalaia estende-se ao Cabo
Kanyakumari, toda a terra hoje ressoa a declaração original “Eu Sou Deus" (Shivoham – Eu sou Shiva) e
para a adoração "Om Namashivaya". Uma vez que milhares oram aqui e em outras partes, aos milhares
e milhões, o Lingam é emanado de Mim, assim vocês podem receber a Bem-aventurança que permeia o
mundo através da materialização do Lingam (Lingodhbhava).
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A manifestação do Lingam é parte de Minha Natureza. Estes eruditos (Pandits) o explicam como
reminiscente de um célebre evento no passado quando Shiva desafiou Brahma e Vishnu a medir
exatamente a altura e profundidade da forma de Lingam que Ele assumiu. Eles falharam e tiveram que
aceitar a derrota, mas o Lingam emerge como resultado da oração e da graça. Vocês têm que
reconhecer neste evento um vislumbre da Divindade, um sinal de infinita graça. Assim como o Om é o
som-símbolo de Deus, o Linga é a forma-símbolo ou o símbolo visível de Deus, o mais significativo, o
mais simples e o menos dotado com suplementos de atributos. Lingam significa, aquilo em que este
mundo transitório (jagath) se funde ou se dissolve. Todas as Formas se fundem finalmente no SemForma. Shiva é o Princípio da Destruição de todos os nomes e formas, de todas as entidades e
indivíduos. Assim, o Lingam é o símbolo mais simples da criação e da dissolução.
Vivam na Constante Presença de Shiva
Cada forma concebida no ensinamento e nas escrituras sagradas tem um profundo significado. Shiva
não monta um animal chamado touro, na linguagem humana. O touro é o símbolo da estabilidade,
sustentada nas quatro patas, verdade, retidão, paz e amor. Shiva é descrito como tendo três olhos, olhos
que vêem o passado, o presente e o futuro. A pele de elefante que forma seu manto é um símbolo dos
traços animalescos primitivos que Sua Graça destrói. De fato, Ele os parte em pedaços, os descasca e
eles se tornam totalmente inúteis. Suas quatro faces simbolizam equanimidade (Shantham), terror
(Roudhram), graça (Mangalam) e energia elevada (Uthsaham). Enquanto adoram o Linga neste dia de
Lingodhbhava, vocês precisam meditar nestas verdades de Shiva que o Lingam representa.
Não é só esta noite que vocês devem passar no pensamento de Shiva; toda a sua vida deve ser vivida
na constante presença do Senhor. Empenho: isto é o principal; isto é a consumação inexorável para
todos os mortais. Mesmo aqueles que negam a Deus terão que trilhar a estrada do peregrino,
dissolvendo seus corações em lágrimas de trabalho árduo. Se vocês fazem o mais leve esforço para se
moverem ao longo do caminho de suas próprias liberações, o Senhor os ajudará cem vezes. Esta é a
esperança que o Mahashivaratri transmite a vocês. O homem é assim chamado porque tem a habilidade
para fazer manana; manana significa meditação profunda sobre o significado e importância daquilo que
se ouviu. Mas vocês ainda não saíram do estágio de ouvir! Todo o contentamento que desejam está em
vocês, mas, tal qual o homem que possui vastas riquezas em um cofre de ferro, mas não tem idéia de
onde está a chave, vocês sofrem. Ouçam corretamente as instruções, dêem ênfase a elas no silêncio da
meditação, pratiquem o que ficou claro disso; então, vocês podem segurar a chave, abrir o cofre e serem
ricos em contentamento.
Visualizem Shiva como o Poder Interno de Todos
Vocês desistiram até da pequena disciplina espiritual que o Shivaratri requer. Em tempos antigos, as
pessoas não colocavam nem uma gota de água em suas línguas neste dia. Agora, aquele rigor se foi.
Eles costumavam manter vigília à noite, a noite inteira, sem um instante de sono, repetindo Om
Namashivaya, sem interrupção. Agora, o nome Shiva não está na língua de ninguém, mas aqueles que
negam a Deus estão somente negando a si próprios e suas glórias. Todos têm amor dentro de si, em
uma forma ou outra, para com um ou outro, para com seus trabalhos ou objetivos. Este amor é Deus,
uma centelha de Deus neles. Eles têm bem-aventurança, entretanto, pequena e temporária, e esta é
outra centelha do Divino. Eles têm paz interior, desapego, discernimento, simpatia e espírito de serviço.
Estes são Deus no espelho de suas mentes.
Resolva, neste sagrado Shivaratri, na presença de Shiva Sai, visualizar Shiva como o poder interno de
todos. Com cada respiração, vocês estão, agora mesmo, afirmando "Soham", "Eu Sou Ele," não só
vocês, mas todo ser que respira, todo ser que vive, tudo o que existe. É um fato que vocês têm ignorado
até agora. Acreditem nisto de agora em diante. Quando observam suas respirações e meditam sobre
esta magnífica verdade, devagar, o Eu e o Ele se atrairão para mais próximo e perto, até que o
sentimento de separação desaparecerá e o Soham será transformado em OM, o pranava, o som
primordial, a fórmula fundamental para Deus. Este OM é a Realidade por detrás desta "realidade
relativa".
Publicação Original: Sathya Sai Speaks - Vol. 09 - Discurso 03 - 12/1969
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