baixa - Agrocursos
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PROGRAMA TURISMO RURAL “AGREGANDO VALOR À PROPRIEDADE” O DA AGRIC ÇÃ UL ES P A DO FAESP TA D O A TUR UL FEDE RA TURISMO RURAL Resgate Gastronômico Local O D E SÃ O SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL Administração Regional do Estado de São Paulo SENAR SÃO PAULO FEDERAÇÃO DA AGRICULTURA DO ESTADO DE SÃO PAULO Gestão 2008-2011 Fábio de Salles Meirelles Presidente AMAURI ELIAS XAVIER Vice-Presidente EDUARDO DE MESQUITA Vice-Presidente JOSÉ CANDÊO Vice-Presidente MAURÍCIO LIMA VERDE GUIMARÃES Vice-Presidente LENY PEREIRA SANT’ANNA Diretor 1º Secretário JOSÉ EDUARDO COSCRATO LELIS Diretor 2º Secretário ARGEMIRO LEITE FILHO Diretor 3º Secretário LUIZ SUTTI Diretor 1º Tesoureiro IRINEU DE ANDRADE MONTEIRO Diretor 2º Tesoureiro ANGELO MUNHOZ BENKO Diretor 3º Tesoureiro SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL Administração Regional do Estado de São Paulo Conselho Administrativo Fábio de Salles Meirelles Presidente DANIEL KLÜPPEL CARRARA Representante da Administração Central BRAZ AGOSTINHO ALBERTINI Presidente da FETAESP EDUARDO DE MESQUITA Representante do Segmento das Classes Produtoras AMAURI ELIAS XAVIER Representante do Segmento das Classes Produtoras Mário Antonio de Moraes Biral Superintendente Sérgio Perrone Ribeiro Coordenador Geral Administrativo e Técnico PROGRAMA TURISMO RURAL “AGREGANDO VALOR À PROPRIEDADE” TURISMO RURAL Resgate Gastronômico O DA AGRIC ÇÃ UL ES P A DO FAESP TA D O A TUR UL FEDE RA São Paulo, 2006 O D E SÃ O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural Administração Regional do Estado de São Paulo SENAR SÃO PAULO © SENAR-AR/SP – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – Administração Regional do Estado de São Paulo Rua Barão de Itapetininga, 224 - CEP 01042-907 - São Paulo, SP - www.faespsenar.com.br PROJETO DA OBRA SENAR-AR/SP – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – Administração Regional do Estado de São Paulo Idealização: Fábio de Salles Meirelles - Presidente do Sistema FAESP - SENAR-AR/SP Supervisão Geral do Programa Turismo Rural: Jair Kaczinski - Chefe da Divisão Técnica do SENAR-AR/SP Responsável Técnico: Teodoro Miranda Neto - Chefe Adjunto da Divisão Técnica do SENAR-AR/SP Elaboração do Texto: Ângela Cristina Barbieri do Amaral Nigro, Edgar William dos Santos, Íris de Fátima Garcia Camargo, Janaina Britto e Maria Aparecida Brandão PRODUÇÃO EDITORIAL FUNPEC – Fundação de Pesquisas Científicas de Ribeirão Preto Coordenação Editorial: Mirian Rejowski Revisão Técnica: Cintia Sugino, Janaina Britto e Marcelo Traldi Fonseca Pesquisa Iconográfica: Janaina Britto, Graziela Castilho Sabino Greco e Luiz Mapelli Revisão de Texto: Edison Mendes de Rosa Projeto Gráfico: Janaina Britto Editoração Eletrônica: Reynaldo Trevisan e Tathyana Borges T938 Turismo rural: resgate gastronômico local / Serviço Nacional de Aprendizagem Rural. Administração Regional de São Paulo. -- São Paulo : SENAR-AR/SP, 2006. (Programa Turismo rural “Agregando valor à propriedade”, 9) ISBN 85 - 99965 - 09 - 3 1. Turismo rural – Manual 2. Turismo gastronômico (Zona rural) – São Paulo 3. Métodos e técnicas de cocção – São Paulo I. Serviço Nacional de Aprendizagem Rural. Administração Regional de São Paulo II. Série CDD 338.4791 910.98161 Ficha catalográfica elaborada por: Maria Elizabete de Carvalho Ota – CRB - 8/5050 É proibida a reprodução total ou parcial deste manual por qualquer processo, sem a expressa e prévia autorização do SENAR-AR/SP. SUMÁRIO APRESENTAÇÃO, 5 CAPÍTULO 1 – VALORIZAção dA GASTRONOMIA local, 7 Alimento: Fonte de Vida, Fonte de Alegria, 8 Hábitos Alimentares, 8 Receita Local, 10 Cozinha, 15 Conservação e Armazenamento, 22 Aromas e Sabores, 26 Fundos, Caldos e Molhos, 28 Revisão, 30 CAPÍTULO 2 – PREPARAção COM ARTE E SABOr, 31 Pré-Preparo, 32 Métodos de Cocção, 39 Massas, 42 Revisão, 46 CAPÍTULO 3 – REALIZAção dO FESTIVAL CULTURAL, 47 Operacionalização das Ações, 48 Realização do Festival, 49 Avaliação do Evento, 52 Revisão, 57 Bibliografia, 58 Anexo, 60 APRESENTAÇÃO Seja bem-vindo ao Programa de Turismo Rural “Agregando Valor à Propriedade” do SENAR-AR/SP. Esse Programa visa a ampliar o olhar sobre a propriedade rural, fornecendo ferramentas para identificar e implantar negócios de Turismo, de acordo com os recursos encontrados no meio, aliados às habilidades e vocações do produtor rural e de sua família. Idealizado a partir de experiências no campo, direciona-se ao objetivo final de fixar o homem à terra e de consolidar a agricultura no Brasil, país continental. Esta Cartilha foi elaborada para lhe fornecer subsídios no tocante ao Resgate Gastronômico e sua importância para o desenvolvimento do Turismo Rural. Nela, você vai aprender a valorizar a gastronomia, a preparar os alimentos com arte e sabor e a realizar um Festival Cultural no seu Município. Acreditamos que esta Cartilha, além de ser um recurso de fundamental importância para os profissionais de Turismo Rural, constitui, certamente, um valioso instrumento para o sucesso da aprendizagem proposta pelo SENAR-AR/SP. Fábio de Salles Meirelles Presidente do Sistema FAESP-SENAR-AR/SP 1º Vice-Presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil – CNA VALORIZAÇÃO DA GASTRONOMIA LOCAL Neste Capítulo, você vai: • compreender o processo de construção dos diversos hábitos alimentares; • perceber a importância da gastronomia no Turismo Rural; • conhecer e valorizar a equipe de trabalho e os métodos e cuidados para uma produção gastronômica de qualidade. ALIMENTO: FONTE DE VIDA, FONTE DE ALEGRIA Nós, seres vivos, não importa a espécie, dependemos do acesso constante a nutrientes fundamentais para a manutenção da vida. “Alimentar-se para sobreviver” é uma frase que, à primeira vista, poderia ser utilizada para classificar qualquer ser vivo do planeta. No entanto, há uma diferença primordial entre o ser humano e os demais seres quanto à alimentação. O galo e a galinha, por exemplo, não buscam um cantinho romântico à luz de velas para devorar seus grãos de milho. E quem já viu um cão reservar a melhor peça de carne para consumi-la com parentes no churrasco do fim-desemana? Apenas o ser humano se alimenta em cerimônias e faz da refeição um momento especial, quase um ritual. Somente nós buscamos, além da saúde, também o prazer na comida. A sensação de bem-estar momentâneo que chamamos de prazer é a mesma que o turista procura em uma viagem. Ele vivenciará tal sensação em Quais manifestações podem ser “servidas” com os alimentos? meio ao verde que se opõe ao cinza da metrópole, quando, esparramado numa rede, ouvir um causo de assombração ou saborear aquela comidinha feita no fogão à lenha. Fotografias e filmagens ajudam o viajante a relembrar momentos do passeio. No entanto, a sensação boa ou má proporcionada por um prato típico fica sempre na memória. Assim, a alimentação é um dos fatores determinantes para que o turista se sinta satisfeito, retorne e recomende o local aos amigos. No Turismo Rural, a cozinha não se resume a “apenas” uma cozinha; transforma-se em espaço de fazer arte, onde se produzem sensações marcantes que ficarão gravadas na memória. HÁBITOS ALIMENTARES Das Oferendas às Festas de Aniversário Poderia ser um templo, mas é o próprio lar. Assim como nos espaços Residências como religiosos, as residências se apresentam como importante local de realização locais de rituais de rituais. Ritual, aqui entendido como a repetição de certos procedimentos transmitidos geração após geração que expressam a identidade cultural de um povo. Dentre os ritos familiares, os mais comuns são aqueles relacionados à alimentação. Sejam em ocasiões especiais ou cotidianas, alguns são pratica- Turismo Rural: Resgate Gastronômico FAESP SENAR-AR/SP dos sem que os percebamos como ritual, tamanha a incorporação destes às nossas tradições. Basta lembrar das festas de aniversário. Quantas formalidades devem ser cumpridas para que possamos saborear um bolo confeitado? Comê-lo antes Festas de aniversário e suas “formalidades” do “Parabéns pra Você”, nem pensar. Há também as velinhas, que precisam ser apagadas assim que o homenageado mentalizar um pedido. Somente então o aniversariante escolhe uma pessoa, aquela que mais ama, para servir o primeiro pedaço de bolo, cortado por ele próprio de baixo para cima. Pronto! As crianças ficam eufóricas; afinal, agora sim os convidados já podem receber as suas fatias. Eventos festivos, almoços de negócios e oferendas para santos, por exemplo, são ocasiões em que o alimento não se restringe a um papel de suprimento ao corpo, mas desempenha uma importante função social. Alimentar-se significa acolher, compartilhar e confraternizar. Resgate dos Valores Rurais na Cozinha A História nos mostra que desde os primórdios da humanidade o homem A refeição é um ritual? ritualiza o momento da refeição, sendo a descoberta do fogo um marco na sua relação com a comida. O fogo proporcionou a ingestão de assados e cozidos, permitiu a invenção da cerâmica e, conseqüentemente, a realização de diversos experimentos culinários. Desde então, foram dados os primeiros passos para o que hoje conhecemos por gastronomia. Como já vimos no Módulo 5 - “Meios de Alimentação”, das aldeias primitivas às atuais nações, cada povo ritualiza e constrói o seu hábito alimentar a partir dos costumes transmitidos pelos antepassados, pela disponibilidade local de alimentos ou pelo intercâmbio cultural com outros povos. Nas metrópoles, porém, a função agregadora da refeição perdeu espaço para o ritmo frenético dos fast foods, para os horários pouco convencionais e até mesmo para a televisão, que “exige” atenção exclusiva e desloca o jantar em família para o sofá da sala. Como reação a esse modelo, surge uma tendência de Fast Food: palavra de origem inglesa que quer dizer comida rápida. busca às origens e a valores mais “humanizados”, refletidos, por exemplo, em dietas saudáveis e na apreciação de belezas naturais. O Turismo Rural proporciona a satisfação dessa busca, quando a identidade caipira se expressa também nas suas receitas, na utilização de produtos locais e na valorização dos seus costumes. A hospitalidade rural alimenta com emoções o visitante estafado da vida urbana. FAESP SENAR-AR/SP Valorização da Gastronomia RECEITA LOCAL Nem sempre há um prato típico do município. No entanto, ao analisar as origens históricas e culturais da região e a sua produção agropecuária, podemos descobrir a existência de receitas diferenciadas ou peculiares. Esse Mas que receita será essa? processo de análise nos ajuda a criar ou a resgatar o “prato turístico” local, aquele que provocará sensações inigualáveis ao visitante. No Módulo II - Identidade e Cultura, vestimos nossa “capa de detetive” e começamos a investigar, iniciando três passos para começar a responder esse enigma. Para tanto, vamos rever quais foram esses passos e nos aprofundar em suas questões: • 1º passo – História da cidade -Qual a origem e formação da cidade? -Qual a etnia dos antepassados? -Quais os fatos históricos mais importantes ou marcantes? • 2º passo – Receitas bem difundidas no município -O que a comunidade come normalmente? -O que se costuma comer em ocasiões festivas em suas casas? -O que se come em festas religiosas, quermesses, eventos, feiras etc.? -Existe algum prato que seja diferente, não comum a outras regiões? -Vocês conhecem receitas de família que não sejam mais elaboradas atualmente, mas que já foram muito apreciadas e que deixaram saudade? • 3º passo – Produção agropecuária -Quais os produtos agropecuários de maior expressão? -Qual a base da economia local? -Que produções agropecuárias são favorecidas pelas condições climá- Atenção ticas? -Quão próximo o município está de importantes centros de produção Veja o projeto do Festival delineada no Módulo 2 Identidade e Cultura -, e outras ações definidas nos Módulos 3, 4, 5, 6 e 8. 10 agropecuária? As respostas dessas questões começaram a ser trabalhadas no Módulo 2 - Identidade e Cultura. Retomando essas questões, podemos agora definir qual ou quais pratos serão trabalhados. Vamos, então, elaborar as fichas técnicas desses pratos e a lista de compras para eles. Turismo Rural: Resgate Gastronômico FAESP SENAR-AR/SP Ficha Técnica (frente) Item (nome do prato): Quantidade de Porções: Ingredientes Peso bruto Preço/Receita: R$ Unid (kg/ l) Porcentagem de rendimento ou fator de correção Preço/porção: R$ Peso líquido Custo bruto por unidade (1 kg ou l) Custo Total líquido Ficha Técnica (verso) Modo de fazer:______________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ Foto do Prato FAESP SENAR-AR/SP Valorização da Gastronomia 11 Ficha Técnica (frente) Item (nome do prato): Quantidade de Porções: Ingredientes Peso bruto Preço/Receita: R$ Unid (kg/ l) Porcentagem de rendimento ou fator de correção Preço/porção: R$ Peso líquido Custo bruto por unidade (1 kg ou l) Custo Total líquido Ficha Técnica (verso) Modo de fazer:______________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ Foto do Prato 12 Turismo Rural: Resgate Gastronômico FAESP SENAR-AR/SP Ficha Técnica (frente) Item (nome do prato): Quantidade de Porções: Ingredientes Peso bruto Preço/Receita: R$ Unid (kg/ l) Porcentagem de rendimento ou fator de correção Preço/porção: R$ Peso líquido Custo bruto por unidade (1 kg ou l) Custo Total líquido Ficha Técnica (verso) Modo de fazer:______________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ Foto do Prato Com a definição e o detalhamento da elaboração dos pratos, temos que realizar as compras dos ingredientes para eles. Vejamos, a seguir, alguns exemplos de listas de compras. FAESP SENAR-AR/SP Valorização da Gastronomia 13 Alimentos Não-PerEcíveis Artigo Qtde. Preço Artigo Atum em lata Ervilha em lata Farinha de mandioca Farinha de rosca Farinha de trigo Azeite Feijão Açúcar Água mineral Arroz Qtde. Preço Artigo Massas Milho verde Mostarda Óleo Refrigerante Cerveja Goiabada Sal Chocolate em pó Coco ralado Creme de leite Leite condensado Leite de coco Café Preço Maionese Fermento em pó Gelatina em pó Azeitonas Qtde. Palmito Sardinha Vinagre Macarrão Alimentos PerEcíveis Artigo Qtde. Preço Artigo Qtde. Preço Artigo Abacate Frango Melão Abacaxi Frios Ovos Abobrinha Hambúrguer Pão Alface Iogurte Peixe Alho Kiwi Pepino Banana Laranja Pêra Batata Leite Pimentão Berinjela Limão Queijo Beterraba Linguiça Requeijão Carne Maçã Salsicha Cebola Mamão Tomate Cenoura Manteiga Uva Chuchu Maracujá Vagem Couve-Flor Margarina Verduras 14 Turismo Rural: Resgate Gastronômico Qtde. Preço FAESP SENAR-AR/SP Outros produtos Artigo Qtde. Preço Artigo Papel alumínio Papel toalha Papel manteiga Guardanapo Papel filme Palitos Qtde. Preço Artigo Qtde. Preço Canudos Copo descartável Pote descartável COZINHA Culinária é Arte O artista-pintor tem na sua aquarela uma gama de cores a escolher; ele utiliza uma infinidade de pincéis para transformar a tela branca em uma obra de arte. O artista-cozinheiro não é diferente; somente ele, com o seu dom e os conhecimentos adquiridos dos antepassados, transforma alimentos crus em pratos capazes de provocar um imenso prazer em quem os saboreia. Na aquarela do cozinheiro há o fogo, as especiarias, os utensílios e a sabedoria Foto de Luiz Mapelli Foto de Luiz Mapelli que equilibra todos os elementos de uma cozinha. Utensílios do Cozinheiro Arte Culinária - Fogão à lenha A cozinha é o atelier da arte culinária, o espaço mágico da metamorfose que faz do ato de comer uma maneira sublime de resgatar cheiros e gostos de momentos agradáveis. Naturalmente, um lugar tão especial deve receber cuidados à altura de sua importância. A seguir, descrevemos alguns aspectos que devem sempre ser levados em conta no dia-a-dia da sua cozinha. FAESP SENAR-AR/SP Valorização da Gastronomia 15 Foto de Luiz Mapelli Foto de Luiz Mapelli Pratos típicos - Fazenda do Chocolate, Itu (SP) Farofa c/ banana e outros pratos - Faz. do Chocolate, Itu (SP) Funções e Atribuições O bom funcionamento da cozinha depende do cumprimento de tarefas diárias, relacionadas tanto com a manutenção do espaço quanto com a preparação das receitas. Assim, organizar a divisão do trabalho é fundamental. No meio rural, por razões diversas, há limitações quanto à disponibilidade de mão-de-obra especializada, o que acarreta um acúmulo de tarefas e funções ao dono do estabelecimento e seus familiares. O importante é que, acumuladas ou não, subdivididas ou não, as tarefas diárias sejam cumpridas de forma pré-definida, seguindo uma rotina determinada. A equipe de trabalho de uma cozinha depende de alguns fatores, como: tamanho do estabelecimento, tipo e categoria do restaurante, instalações existentes, cardápio, sistemas de serviço e organização. A seguir, o organograma das funções e da hierarquia de uma cozinha de porte médio: Chefe de Cozinha Gerente Cozinheiro Ajudante 1 Ajudante 2 Auxiliar 16 Turismo Rural: Resgate Gastronômico FAESP SENAR-AR/SP atribuições do chefe de cozinha • Organizar o funcionamento de equipamentos e utensílios. • Ser o “cartão de apresentação” do estabelecimento, por sua educação, boas maneiras e talento. • Elaborar os cardápios e fichas técnicas. • Distribuir os horários de trabalho de sua equipe. • Treinar o seu pessoal. • Supervisionar a apresentação dos pratos e das travessas. • Supervisionar os produtos estocados na cozinha. • Organizar os inventários e controles. atribuições do gerente • Realizar o controle administrativo, financeiro e bancário. • Criar estratégias de divulgação. • Recrutar, admitir e chefiar pessoal. • Organizar e planejar escalas de trabalho. • Efetuar pagamentos. • Zelar pela qualidade do serviço prestado. • Comprar itens e supervisionar o recebimento de todas as mercadorias. atribuições do cozinheiro • Cuidar da praça de trabalho (“mise en place”). • Atender aos pedidos dos clientes. • Orientar a sua equipe de trabalho. • Zelar pela manutenção dos equipamentos e utensílios. • Fechar o serviço de restaurante. • Substituir o chefe de cozinha quando necessário (ausência, afastamento). atribuições do ajudante de cozinha 1 “Mise en place”: na tradução literal, quer dizer colocar no lugar. Na cozinha, refere-se à preparação do ambiente para a confecção da comida e dos pratos, dos ingredientes que serão utilizados, utensílios e serviços necessários. Já no restaurante refere-se à preparação dele e das mesas para servir determinado tipo de comida e/ou serviço (à francesa, à inglesa e outros). Preparar: • Patês • Sopas • Cremes • Saladas FAESP SENAR-AR/SP • Massas Valorização da Gastronomia 17 atribuições do ajudante de cozinha 2 Preparar: • Pães • Bolos • Sobremesas atribuições do Auxiliar Responsável pela: • manutenção da higiene e limpeza na cozinha; • lavagem dos equipamentos e utensílios; • preparação do “mise en place”. Procedimentos Rotineiros Atenção Todos os membros da equipe são importantes e devem trabalhar de forma integrada e em harmonia. O sucesso depende de todos! A cozinha forma um conjunto ordenado de equipamentos e instalações, perfeitamente integrados para a produção de refeições. Como uma unidade de produção, exige um estudo detalhado de suas instalações, materiais, disposição dos locais, métodos de trabalho e procedimentos rotineiros apropriados, tornando-se altamente produtiva e qualificada. No seu planejamento, tudo é importante e merece estudo. Para que a cozinha esteja sempre bem cuidada, uma rotina de procedimentos diários se faz necessária. Abaixo, treze pontos que devemos observar atentamente: 1. Averiguar a higiene do local, dos móveis e dos utensílios de trabalho. 2. Verificar a conservação e necessidade de reparos em equipamentos. 3. Conferir cardápios previamente elaborados e suas fichas técnicas. 4. Programar as atividades do dia. 5. Conferir o estoque de mercadorias antes da elaboração das receitas. Os 13 procedimentos diários na cozinha 6. Limpar o setor de trabalho sempre que terminar uma tarefa. 7. Armazenar adequadamente os alimentos ao final do dia. 8. Destinar corretamente o lixo acumulado no dia. 9. Deixar o local e os utensílios limpos no encerramento do trabalho. 10. Verificar se todos os equipamentos estão desligados. 11. Fechar as válvulas de gás. 12. Apagar as luzes. 13. Deixar janelas e portas bem fechadas. 18 Turismo Rural: Resgate Gastronômico FAESP SENAR-AR/SP Foto de Luiz Mapelli Limpeza do local de trabalho - São Bento do Sapucaí, (SP) Higienização A higiene nos ambientes internos e externos da cozinha é fundamental para que a qualidade dos alimentos seja preservada, assim como a postura adequada do manipulador de alimentos. Portanto, o processo de higienização envolve desde cuidados pessoais até a limpeza de equipamentos e utensílios. Além do sabor dos pratos elaborados, devemos sempre lembrar que a apresentação e a higiene são os melhores cartões de visita de uma cozinha. Assim, algumas regras devem ser observadas. AMBIENTE EXTERNO DA COZINHA Dica Lembre-se da lei que torna obrigatório o franqueamento à visitação da cozinha e das dependências afins de restaurantes, bares, hotéis e similares aos seus usuários. Portanto, esteja sempre preparado para um “visita surpresa”! • Evitar a circulação de animais domésticos ou a proximidade com currais e estábulos. • Acondicionar e destinar adequadamente o lixo produzido na cozinha. • Não acumular lixo por mais de um dia, em especial, lixo orgânico. • Manter o lixo tampado durante o período de trabalho. • Evitar proximidade de mato e plantações. AMBIENTE INTERNO DA COZINHA • Manter sempre limpos portas, paredes, janelas, pisos, armário e teto. • Não utilizar produtos de limpeza que deixem odor forte, ainda que agradável. FAESP SENAR-AR/SP Valorização da Gastronomia 19 • Adquirir somente produtos de limpeza de procedência conhecida. • Não acumular lixo por mais de um dia, em especial, lixo orgânico. Alerta Devido ao longo período em que ficam expostos, os equipamentos utilizados devem ser limpos antes e depois do uso, principalmente aqueles que são usados esporadicamente. • Fazer dedetização e controle de roedores, periodicamente, de forma segura. EQUIPAMENTOS Periodicidade Procedimentos 1. Desmontar totalmente Fogões, Chapas, 2. Deixar de molho em solu- Batedeiras ção com detergente Semanal Equipamentos Fritadeiras 3. Esfregar Boilers 4. Enxaguar Amaciadores 5. Passar em solução clorada Processadores 6. Cobrir com filme plástico Liquidificadores Bancadas Mesas de apoio Outros Boilers: equipamentos apropriados para o preparo de pratos em banho-maria. Quinzenal Limpeza minuciosa Coifas, exaustores UTENSÍLIOS • Devem permanecer livres de resíduos de alimentos. • Devem ser higienizados todos os dias, antes e após uso. • Lavar com detergente líquido e neutro para evitar odores; não usar sabão em barra. • Enxaguar bem com água limpa. • Usar solução desinfetante à base de cloro. Preparo da solução: Para 10l de água limpa, acrescentar 100 ml de água sanitária sem perfume, ou 30ml de cloro líquido. 20 Turismo Rural: Resgate Gastronômico FAESP SENAR-AR/SP Modo de usar: • Após lavar e enxaguar, passar a solução em mesas, equipamentos e bancadas com o auxílio de um pano de limpeza. • Deixar vasilhames plásticos, suportes para corte e pequenos utensílios em imersão durante a noite. Precauções: • Sempre usar luvas. • Tomar cuidado para jamais ingerir qualquer quantidade da solução. Precauções: • Não lavar com água limpa após o uso da solução. • Não usar a solução para higienizar alimentos; há produtos específicos para esse fim. higiene pessoal durante o trabalho • Trabalhar com os cabelos sempre limpos, presos e cobertos por touca. • Não usar brincos, pulseiras, relógio, anéis ou colares. • Não usar barba ou bigode. • Vestir avental, uniforme e roupas limpas. • Usar sapatos fechados. • Lavar freqüentemente as mãos com sabonete líquido e neutro. • Manter unhas curtas e sem esmalte. Escová-las durante a higienização das mãos. • Sempre usar toalhas descartáveis. • Sempre retirar o avental ou jaleco para usar o banheiro. Dica Muitas pessoas simples têm resistência a adotar essas posturas de higiene pessoal. 1. Destaque os benefícios pessoais dessas posturas. 2. Mostre que você acredita na capacidade e no potencial de cada pessoa em realizar um ótimo trabalho no seu empreendimento rural. • Sempre usar luvas descartáveis para manipular carnes frescas, saladas e sanduíches. • Sempre usar luvas descartáveis quando houver qualquer tipo de ferimento nas mãos. • Sempre retirar as luvas ao sair da cozinha. • Evitar transmissão de bactérias através da saliva e do hálito em conversas. • Usar máscara descartável em casos de gripe ou tosse. Não tocá-la freqüentemente. • Não utilizar pano de prato. Trata-se de um veículo de contaminação na cozinha. FAESP SENAR-AR/SP Valorização da Gastronomia 21 O cumprimento das regras estabelecidas deve ser observado diariamente. Check List: Listagem de controle. Para tanto, devemos elaborar um check-list, conforme modelo a seguir: Check list diário para verificação de pessoal que manipula ou comercializa alimentos Requisitos Sim Não Cabelos limpos Proteção de cabelos Uniformes completos Troca diária de uniformes Uniformes limpos e passados Barba feita diariamente Unhas limpas e curtas Unhas sem esmalte Utilização de adornos e acessórios Visite Nossa Cozinha Atenção Higienize as mãos antes de iniciar uma atividade; após fumar; após usar o sanitário; após tossir ou espirrar; ao trocar de atividade; ao manipular alimentos crus. A abertura da cozinha para a visitação de clientes com o intuito de apresentar a qualidade das instalações e dos serviços prestados é uma prática recomendada, desde que realizada com os seguintes cuidados: • Definição de um número máximo de pessoas por visita; • Fornecimento de avental, touca e máscaras descartáveis aos visitantes; • Precaução contra acidentes (quedas, ferimentos, queimaduras); • Acompanhamento do cliente na visita. CONSERVAÇÃO E ARMAZENAMENTO Alimentos Não-Perecíveis ou Estocáveis São aqueles que não necessitam de refrigeração para ser conservados. No entanto, eles têm a vida útil ampliada quando refrigerados. Os cuidados essenciais com alimentos não-perecíveis são os seguintes: • Limpar freqüentemente a área de armazenamento com pano de chão e detergente e, posteriormente, pano com água. Não se deve varrer. • Manter as prateleiras limpas, afastadas das paredes, livres de resíduos e insetos. • Armazenar sacarias em cruz sobre estrados, mantendo distância mínima de 15 cm do chão. 22 Turismo Rural: Resgate Gastronômico FAESP SENAR-AR/SP • Armazenar os alimentos por classes (latarias, potes plásticos, sacos, Cuidados com os alimentos não perecíveis caixas etc.). • Manter produtos de limpeza distantes de alimentos e produtos descartáveis. • Não deixar objetos indevidos no estoque (peças quebradas, objetos de uso pessoal etc.). • Controlar a data de validade dos produtos, inclusive dos produtos de limpeza. • Sempre verificar as referências do produto na embalagem (tipo, fornecedor e validade). • Efetuar o rodízio de mercadorias PEPS. na hora de estocar Primeiro que Entra Primeiro que Sai Alimentos Perecíveis São aqueles que necessitam de refrigeração para sua conservação. Vejamos alguns cuidados com os vários tipos desses alimentos a seguir. Hortaliças ou Hortifrutigranjeiros • Fazer uma pré-seleção logo que descarregados ou colhidos. • Pré-lavar em água corrente. • Retirar das caixas do fornecedor e acondicionar em caixas limpas. • Encaminhar para refrigeração ou pré-preparo no caso de uso posterior. • Refrigerar em temperatura de 8 a 10°C para ampliar a vida útil. Carnes, Pescados e Aves Leite, Laticínios e Embutidos Atenção Controle as datas de validade dos alimentos. 1. O leite tem prazo de validade curto e costuma ser entregue diariamente. 2. Os frios costumam perder sua validade quando a sua embalagem é aberta. • Verificar as condições do entregador (caminhão, uniformes, caixas etc.). • Medir a temperatura de todas as caixas (temperatura ideal até 7°C). FAESP SENAR-AR/SP Valorização da Gastronomia 23 • Acondicionar produtos em caixas ou monoblocos limpos cobertos com filme plástico e devidamente identificados (nome, data de entrega, Dicas 1. Cebola e alho germinam mais rapidamente na geladeira; armazenar o alimento ainda quente na geladeira não o danifica, mas o consumo de energia aumenta; não tampe e nem embale o alimento quente ou morno colocado na geladeira, pois estraga. 2. O congelador de uma geladeira não oferece a mesma eficácia de um freezer; a tempreratura do congelador é de cerca de -4º C, enquanto a do freezer é de -20º C. 3. O uso de gerador é recomendável em regiões de grande oscilação no fornecimento da energia elétrica. fornecedor). • Retirar amostras (100 a 120g) no momento de utilização do produto. • Acondicionar as amostras em saquinhos transparentes etiquetados. • Guardar as amostras por 72h após a utilização do produto. • Acondicionar em caixas ou monoblocos limpos e cobrir com filme plástico, identificando o produto, a data de entrega e o fornecedor. Refrigeração • Lavar a geladeira com água e sabão. Terminar com solução clorada. • Manter prateleiras limpas e sem resíduos. Retirá-las para lavar. • Dispor os produtos sem aglomeração, para facilitar a circulação de ar. • Dispor os alimentos de acordo com a durabilidade de cada um. • Separar alimentos crus de cozidos. • Colocar alimentos menos perecíveis próximos à porta. • Não colocar caixas de madeira nas câmaras ou geladeiras. • Controlar a data de validade dos produtos. • Quando retirada a embalagem, os produtos devem ser etiquetados. • Controlar a temperatura e manutenção das geladeiras. • Nunca manter a porta da geladeira fechada quando desligada. • Efetuar o rodízio de mercadorias PEPS. • Nunca guardar legumes, frutas e folhas em sacos plásticos fechados. • Nunca fechar hermeticamente recipientes guardados em geladeira. • Dividir os alimentos em geladeiras diferentes, de acordo com o tipo. Congelamento Alerta O congelamento conserva tanto o valor nutritivo, como as bactérias presentes no alimento. Cuidado, pois algumas são capazes de se desenvolver mesmo no alimento congelado! O congelamento mantém as qualidades nutricionais dos alimentos quase inalteradas. O uso desse método de conservação possibilita trabalhar de forma segura e sem desperdícios. • Controlar possíveis alterações de temperatura dentro do freezer, provocada por queda de energia, comum no espaço rural. Há termômetro específico para essa finalidade. • A temperatura de congelamento é de -18º (dezoito graus negativos). • Congelar utilizando a técnica adequada para cada tipo de alimento. • Utilizar técnicas adequadas de descongelamento. 24 Turismo Rural: Resgate Gastronômico FAESP SENAR-AR/SP • Somente recongelar o alimento cozido ou transformado. Descongelamento Descongelando na Geladeira Para descongelar na geladeira, é preciso planejamento; afinal, um tempo longo será envolvido no processo. Mesmo pequenas quantidades de alimentos, como 500g de carne moída, por exemplo, não descongelam em menos de 8h. Nesse método de descongelamento, devemos levar em conta que algumas áreas do refrigerador podem manter o alimento mais frio que outras áreas e, portanto, interferem no tempo de descongelamento. Descongelando em Água Fria Esse processo de descongelamento tem a vantagem de ser mais rápido Atenção que o feito em geladeira; no entanto, pede maior atenção. Deve haver um cuidado especial ao se embalar os alimentos, para que não haja vazamentos. Embala-se como uma bolsa, que deve ficar submersa em água fria e corrente da torneira até o descongelamento. Descongelando no Microondas Para o descongelamento em microondas é necessário ficarmos atentos às quantidades exatas de alimentos que serão consumidos. Nesse método, a cocção precisa ser feita logo após o descongelamento. Com o aquecimento no microondas, pode ocorrer um cozimento parcial e, conseqüentemente, um ambiente favorável para o crescimento de bactérias presentes no alimento. Outros Processos de Conservação método aplicação Salga Produção de carne seca, charque Adição de açúcar Produção de doces em pasta ou corte, doces cristalizados Concentração (retirada de água) Produção de queijos Fermentação Produção de vinho caseiro, coalhada Retirada de ar Carne na banha (carne cozida e guardada na banha) FAESP SENAR-AR/SP Valorização da Gastronomia 25 Secagem Atenção 1. Qualquer método de conservação usado de forma caseira deve ser feito com critério, de forma segura e com técnicas adequadas. 2. A comercialização de produtos processados artesanalmente é mais um atrativo a ser oferecido ao turista (veja o Anexo do suplemento “Legislação e Turismo Rural”). Folhas, ervas, condimentos, banana, passas, tomate seco, etc. Pasteurização Conservas caseiras e queijos Uso de vinagre Picles AROMAS E SABORES Sensibilidade dos Sentidos O sentir compõe a existência humana. Sentimos amor, ódio, prazer ou qualquer outro sentimento, bom ou ruim, que geralmente associamos ao coração. É comum esquecermos que todo o nosso corpo serve de instrumento receptor das sensações que provocam os sentimentos. O corpo humano absorve os estímulos que buscam em nossa memória ou outro canto do cérebro motivos que nos fazem rir ou chorar. A música da nossa vida, o perfume dela (dele), a vista do mirante, o abraço ou o bolinho da vovó nos provocam lembranças e sonhos a partir dos cinco sentidos que conhecemos: audição, olfato, visão, tato e paladar. Quanto ao paladar, podemos dizer que é o principal responsável pela sen- Sensibilidade dos sação de prazer que sentimos na gastronomia, mas não o único. O sabor é o cinco sentidos na alimentação elemento que finaliza um prazer iniciado com outros elementos de percepção. Lembremos o som da pipoca, o cheirinho do café e da maçã bem vermelha que estimulam a nossa imaginação e nos enchem de desejo. Com os vários sentidos “trabalhando num mesmo prato”, somos levados, após a experimentação do paladar, a um sexto sentido de êxtase pleno. A cozinha rural, com as suas histórias, cores e jeitos, reúne as condições necessárias para que o turista vivencie uma experiência gastronômica que seja única, Foto de Graziela que transcenda o limite do alimentar o corpo. A comida “pode falar à alma”. Pratos dispostos sobre um fogão a lenha 26 Turismo Rural: Resgate Gastronômico FAESP SENAR-AR/SP Temperos e Condimentos Os temperos e condimentos realçam o sabor dos alimentos, ajudam na digestão e melhoram o aspecto da comida. Os temperos e ervas mais conhecidos são apresentados no quadro a seguir. RELAÇÃO DE ERVAS E TEMPEROS Alecrim Cidreira de árvore Manjericão italiano roxo Alecrim macho Citronela Manjericão miúdo Alecrim rasteiro Coentro Manjericão roxo Alfavaca Confrei Manjerona Alfazema Dente de leão Marcela Alfazema de caboclo Endro (Dill / Aneto ) Melissa Anador Erva de gato Menta Aniseto Erva de Santa Maria Mil em rama (Novalgina) Arnica do mato Espada de São Jorge Nirá / Alho japonês Arruda Estragão Ora-pro-nóbis Artemísia Funcho Orégano Árvore da felicidade Gervão Pariparoba Aveloz Guaco Patcholy Babosa Guiné Pimenta cayena Bálsamo Hera terrestre Pimenta malagueta Bardana Hissopo Poejo Boldo africano Hortelã Poejo fino Boldo indígena (alumã) Hortelã branca Quebra demanda Boldo miúdo Hortelã do norte Sabugueiro Calêndula Hortelã pimenta Saião Camomila Hortelã portuguesa Salsa crespa Cana do brejo Incenso / Mirra Salsa lisa Cânfora Insulina Sálvia Capim limão Levante Segurelha Capuchinha / Chagas Losna Stevia Carqueja Malva Tansagem Cavalinha Malva branca Tomilho Cebolinha comum Manjericão Tomilho limão Cebolinha francesa Manjerião italiano Trevo de quatro folhas Cheiro de mulata FAESP SENAR-AR/SP Valorização da Gastronomia 27 Aromáticos São composições à base de legumes, ervas e especiarias que são adicionadas a fundos, sopas e molhos com a finalidade de realçar e acentuar o sabor. Eles estão listados a seguir. Aromáticos Atenção “Mirepoix” Cenoura, cebola e salsão, cortados em cubos. São utilizados para aroma- Na culinária, muitos nomes são usados em francês, sem tradução para o português. tizar fundos, molhos, sopas, braseados. Normalmente, a proporção é de 1/4 de cenoura, 1/4 de salsão e 2/4 de cebola. “Bouquet garni” Composto basicamente de salsão, cenoura, salsinha e funcho (erva-doce) amarrados. Retira-se após fornecer ao fundo, ao molho ou à sopa o sabor desejado; os ingredientes podem variar de acordo com a região. “Sachet d’ épices” Dente de alho, folha de louro, pimenta em grão e talo de salsinha envoltos em pano fino ou “étamine”; do mesmo que no bouquet garni, é retirado após a utilização. Cebola “brulée” Cebola cortada ao meio e tostada na chapa ou frigideira; além de aromatizar, acentua a cor dos fundos escuros e molhos escuros. Cebola “piquée” Cebola descascada, cortada ao meio e “cravejada” (espetada com cravos). FUNDOS, CALDOS E MOLHOS Fundos e Caldos Os fundos, que são a base dos caldos, são também os responsáveis pelo sabor característicos deles. Os caldos são o resultado da cocção dos fundos, e usados para a preparação de vários pratos, como sopas, consomés, molhos etc., além de servir para cozinhar carnes, aves, peixes, arroz, feijão, legumes, enfim, uma infinidade de pratos do nosso dia-a-dia. Pode existir uma certa confusão em relação às denominações, pois em francês não existe essa diferenciação das palavras. Portanto, o termo “fonds de cuisine” é usado para designar as duas etapas (base e cocção). 28 Turismo Rural: Resgate Gastronômico FAESP SENAR-AR/SP Componentes básicos dos fundos: • Nutritivos ou de base - ossos, aparas, carcaças, espinhas de peixe e legumes; • Aromáticos - feitos à base de ervas, legumes e especiarias, realçam o sabor dos alimentos; • Líquidos - usa-se água, geralmente, ou vinho, eventualmente. tipos de caldos • Caldos claros • Caldos de legumes • Caldos escuros • Caldos de caça • Caldos de aves • Caldos de vitela • Caldos de peixe • Outros Atenção Não se preocupe em diferenciar fundo de caldo. Use o termo caldo, que é mais comum. A utilização dos caldos caseiros é uma maneira de preparar os alimentos de forma mais natural e saudável. Embora seja mais trabalhosa, nos dá a vantagem de servir alimentos livres de conservantes, flavorizantes e “toda a química” que desvirtua o sabor de uma boa comida caseira. Molhos Os molhos são preparações culinárias que realçam o sabor e a aparência dos pratos, como carnes, massas, saladas e sanduíches. São chamados básicos os molhos que servem de base para outros molhos, além de serem utilizados como acompanhamento ou complemento de cocção. De acordo com a sua composição, os molhos podem ser ainda divididos em : • Base escura • Base clara • Emulsionados (frios e quentes) • Líquidos (frios) • Especiais (frios e quentes) • Contemporâneos Atenção A culinária contemporânea divide os molhos, de acordo com a temperatura, em frios ou quentes. • Manteigas compostas FAESP SENAR-AR/SP Valorização da Gastronomia 29 REVISÃO • Alimento: Fonte de Vida, Fonte de Alegria • Hábitos Alimentares • Receita Local • Cozinha • Conservação e Armazenamento • Aromas e Sabores • Fundos, Caldos e Molhos Até aqui, você conheceu a importância da cozinha no Turismo Rural e os principais procedimentos e os responsáveis pela arte culinária. Agora, vamos passar para a prática desses conceitos na elaboração de pratos típicos e turísticos. 30 Turismo Rural: Resgate Gastronômico FAESP SENAR-AR/SP PREPARAÇÃO COM ARTE E SABOR Neste Capítulo, você vai: • aplicar os conceitos do Capítulo 1, adequando as receitas à realidade local; • conhecer os métodos tradicionais de cocção e receber dicas de como utilizá-los; • elaborar os pratos típicos resgatados e os pratos “turísticos”. PRÉ-PREPARO O pré-preparo é uma etapa de extrema importância na elaboração dos pratos, pois agiliza o trabalho de todos na cozinha. Legumes, carnes, aves, suínos, peixes e outros alimentos recebem no pré-preparo os cortes adequados Foto de Luiz Mapelli Foto de Luiz Mapelli para a posterior transformação. Pré-Preparo do Tutu de Feijão - São Bento do Sapucaí, (SP) Pré-Preparo do Tutu de Feijão - São Bento do Sapucaí, (SP) Legumes Os legumes podem ser de folha, flor, talo, fruto, bulbo, raiz ou tubérculo. Atenção São preparados crus, cozidos, fritos, assados ou recheados. Os cortes devem ser apropriados ao tipo de legume e modo de preparo, para que haja sempre um padrão nos procedimentos e na aparência. Os tipos de corte em legumes (e frutas) comumente usados na gastronomia nacional e internacional são listados a seguir. www.brchef.com.br Um determinado corte de legumes pode valorizar um prato simples. Cenoura Brunoise acompanhando e decorando o prato principal 32 Turismo Rural: Resgate Gastronômico FAESP SENAR-AR/SP • Corte “Brunoise”: é o corte dos legumes ou das frutas em cubos homogêneos, bem pequenos, com no máximo 3mm de lado. Os alimentos Atenção assim cortados servem de fundo para molhos e decoração de pratos requintados. • Corte “Julienne”: é um termo em francês para esse tipo de corte, que consiste em fazer finos palitos de vegetais ou frutas. Estes podem ser usados de forma decorativa para vários pratos. • Corte “Chiffonade”: esse corte é muito usado para folhas de alface, 1. No corte “Julienne” ,a faca deve estar bem afiada! 2. Esses nomes de cortes com termos em francês não são traduzidos para o português. espinafre ou repolho. Também pode ser usado para ervas frescas, como o manjerição. Consiste no corte fino, vertical, no sentido contrário ao das folhas enroladas, resultando em tiras muito finas. Corte bastante conhecido na cozinha brasileira, muito usado para fazer a couve da feijoada. • Corte Boleado: corte realizado com o boleador, uma ferramenta utilizada exclusivamente para fins estéticos. É a maneira correta para se preparar bolinhas de frutas e legumes. Tecnicamente, esse formato é chamado de parisiene. Os ingredientes ideais para serem boleados são batatas, cenouras, abobrinhas, melão, mamão, maçãs e pera, entre outros. Carne Bovina Os cortes da carne bovina, no Brasil, seguem o esquema demonstrado no desenho a seguir. Principais cortes de carne bovina FAESP SENAR-AR/SP Preparação com Arte e Sabor 33 Cortes Características Preparo A Aba do boi Carne mais rija, cozimento longo Ensopados, picadinhos, moída B Fraldinha Corte pequeno, fibras longas, pouco Caldos, molhos, cozidos macia C Ponta de agulha Músculos, fibras grossas e compridas Ensopados, cozidos, sopas 1 Coxão duro Fibras duras, cozimento lento Assados de panela 2 Patinho Menos macio que a alcatra Bife à milanesa, quibe cru 3 Picanha Parte macia, marmorizada com gor- Churrasco dura 4 Alcatra Mais macia que o coxão mole Bifes 5 Maminha A parte mais macia da alcatra Bifes (com mais gordura) 6 Coxão mole Carne macia Bifes, enroladinhos 7 Contrafilé Possui gordura lateral saborosa e Bifes, rosbifes, assados úmida 8 Lagarto Cor mais clara, forma alongada e de- Carne de panela finida 9 Filé mignon O corte mais macio da carne bovina Escalopes, rosbifes 10 Filé de costela Fibras mais duras Churrascos, cozidos 11 Capa de filé Textura desigual, grande quantidade Ensopados, picadinhos de nervos 12 Acém Pedaço maior e mais macio da dian- Assados, cozidos teira 13 Braço / Paleta Mais musculoso que o acém, sabo- Molhos, ensopados, cozidos roso 14 Peito Músculos, fibras duras Enrolado, assado 15 Pescoço Continuação do peito, corte mais ba- Enrolado, assado rato 16 Músculo Muito saboroso Ensopados, carnes de panela 17 Ossobuco Músculo com o osso, fatias de 3cm Ensopados, carnes de panela Carne suína Os cortes da carne suína seguem o esquema demonstrado no desenho a seguir. 34 Turismo Rural: Resgate Gastronômico FAESP SENAR-AR/SP Principais cortes de carne suína Dicas cORTE pREPARO 1 Cabeça Assados, salsicha, frios 2 Paleta Assados, churrascos 3 Lombo / Lombinho Assados 4 Pernil Assados 5 Barriga Embutidos, conservas 6 Perna dianteira Assados, cozidos 7 Pé / Orelha / Rabo Feijoada Você pode usar ainda o filé mignon, a bisteca e a costela suína de várias formas. Bem preparados, ficam uma delícia! Carne de Aves As aves vendidas em supermercados, em sua maioria, são provenientes de granjas de confinação e caracterizam-se por um sabor suave. A cozinha rural, portanto, deve preferir as aves criadas soltas no campo, que são mais saborosas e identificadas pelo turista como a legítima comida da roça. As aves mais utilizadas: galeto, frango, galinha d’angola, peru, perdiz, pato, codorna, ganso e faisão. Na pãgina seguinte, alguns cortes e preparos. • galeto • pato • frango • codorna • galinha d’angola • ganso • peru • faisão • perdiz FAESP SENAR-AR/SP Preparação com Arte e Sabor 35 Desenho de Janaína Britto, 2006 Principais cortes de carne de frango cORTE Aves - Cortes e Usos 1 Asa pREPARO Assado e grelhado 2 Peito Grelhado, à milanesa, recheado, sauté 3 Coxa Guisada, recheada, assada e grelhada 4 Dorso Vários A partir desses cortes originam-se outros, mais específicos a determinados tipos de pratos, como apresentamos no quadro seguinte. outros cortes de aves • Cabeça • Sobrecoxas • Pés • Filé de sobrecoxas • Pescoço • Sambiquira, Sobre ou Curan- • Meio peito 36 xim • Filezinho (Sassami) • Asas • Peito com dorso • Coxinhas das asas (Drumette) • Dorso • Meio das asas (Tulipa) • Dorso com pescoço • Pontas das asas • Filé de coxa • Asas sem osso Turismo Rural: Resgate Gastronômico FAESP SENAR-AR/SP Ao utilizar as carnes bovinas e suínas e as variadas aves que compõem a culinária brasileira, oriundas das nossas propriedades rurais ou daquelas situadas na região, estaremos assegurando, além de segurança e sabor, o retorno social e financeiro desses produtores. Dessa forma, estaremos agregando valor às receitas e à culinária rural local. Carne de Pescados Em algumas regiões do Estado, ou até na sua propriedade, temos acesso a diversos pescados (peixe, camarão, crustáceos etc.). Logo, esse produto pode ser a base de produções culinárias. No entanto, devemos sempre optar Alerta pelo produto fresco. Peixe fresco é sinônimo de: • Brânquias (guelras) bem vermelhas e íntegras; • Olhos e pele brilhantes; • Coloração natural da espécie; • Vísceras limpas; • Sangue bem vermelho. Quando o peixe não apresenta essas características ou exala um odor forte, pode significar que ele não está fresco ou que foi armazenado de forma inadequada. Fique atento! Quando compramos o peixe, devemos comprá-lo inteiro, descamá-lo na hora e cortá-lo de acordo com a necessidade (filé, posta ou inteiro, para rechear). Podemos aproveitar as aparas e a cabeça para preparar fundos e caldos. Pesos e Medidas no Dia-a-Dia Em cada receita, iremos encontrar valores das porções de ingredientes utilizadas no preparo dos mais variados pratos da culinária brasileira. Os pesos, os volumes e as medidas utilizados no Brasil são os seguintes: • 1 Xícara de Chá = 200ml • 1 Copo = 200 ml • 1 Copo Duplo = 250 ml • 1 Copo Americano = 150 ml ou 180 ml (cheio até a boca) • 1 Colher de Sopa = 15 ml • 1 Colher de Sobremesa = 7,5 ml • 1 Colher de Chá = 5ml • 1 Colher de Café = 2,5ml FAESP SENAR-AR/SP Preparação com Arte e Sabor 37 aLIMENTO mEDIDA PESO EQUIVALENTE (g) Açúcar cristal Açúcar refinado Canjica Creme de milho Dicas Há medidores com várias unidades (xícara, grama, litro etc.) que facilitam o seu trabalho na cozinha. Adquira os que mais lhe convêm. Fermento em pó aLIMENTO 1 xícara (chá) 207,5 ½ xícara (chá) 101,1 ¼ xícara (chá) 66,0 1 colher (sopa) 14,0 1 xícara (chá) 181,0 ½ xícara (chá) 87,0 ¼ xícara (chá) 44,0 1 colher (sopa) 12,0 1 xícara (chá) 189,0 ½ xícara (chá) 99,5 1 xícara (chá) 127,0 ½ xícara (chá) 61,5 ¼ xícara (chá) 30,5 1 colher (sopa) 8,0 1 colher (sopa) 11,0 mEDIDA PESO EQUIVALENTE (g) 1 xícara (chá) 123,0 ½ xícara (chá) 61,5 ¼ xícara (chá) 31,0 1 colher (sopa) 8,0 1 xícara (chá) 120,0 Fubá integral de ½ xícara (chá) 60,0 milho ¼ xícara (chá) 30,0 1 colher (sopa) 8,0 1 xícara (chá) 112,0 ½ xícara (chá) 53,0 ¼ xícara (chá) 26,0 1 colher (sopa) 7,1 1 xícara (chá) 219,0 ½ xícara (chá) 103,0 ¼ xícara (chá) 51,0 1 colher (sopa) 15,0 Farinha de trigo Maizena Margarina 38 Turismo Rural: Resgate Gastronômico FAESP SENAR-AR/SP Métodos de Cocção O artista-pintor transforma a tela branca em obra-de-arte a partir da escolha entre diferentes pincéis, tintas e cores. Do mesmo modo, o artista-cozinheiro transforma alimentos crus em pratos apetitosos, utilizando variadas técnicas e instrumentos. Chamamos de COCÇÃO todo preparo de alimento realizado por meio da ação do calor. O fogo não é um elemento estático na cozinha. Ao contrário, é um elemento ativo que deve ser controlado com habilidade pelo cozinheiro, para a conquista do melhor resultado possível em suas receitas. Podemos, assim, dizer que o sucesso na cozinha está intimamente ligado ao domínio dos métodos de cocção. Como obter a textura e o sabor esperados nos pratos? Questões sobre a textura, o sabor, o tempo, a temperatura, se assar ou grelhar etc. são facilmente respondidas quando se conhece plenamente as diferentes possibilidades de preparo, além daquelas transmitidas na família a cada geração. A exposição do alimento ao fogo pode ser feita de maneira direta ou indireta, sendo que o calor aplicado classifica-se em CALOR SECO, CALOR ÚMIDO e CALOR MISTO OU COMBINADO. Calor Seco (sem gordura) Exposição ao ar seco sem acréscimo de qualquer líquido: assar ou grelhar. • Assar: método realizado em forno pré-aquecido com monitoramento do Assar, grelhar ou fritar? tempo e da temperatura adequados, para que o forte calor penetre no alimento a ponto de liberar os sucos necessários para mantê-lo úmido (à medida que o preparo ganha em cor, perde em umidade). O peso e as características do alimento determinam o tempo de permanência no forno. Utiliza-se essa forma de cocção na preparação de carnes, legumes, massas, pães e sobremesas. Para melhor aproveitamento do forno e fogão A lenha • Utilize sempre madeira seca de eucalipto; • Mantenha o forno sempre limpo após a utilização, para evitar o aparecimento de insetos e roedores; • Faça manutenção mensal na chaminé, para evitar o retorno da fumaça dentro da cozinha ou do salão; FAESP SENAR-AR/SP Preparação com Arte e Sabor 39 • Para economizar energia elétrica, aqueça a água que alimenta as torneiras da pia da cozinha e os chuveiros por meio de um sistema de Dica 1. Entenda com detalhes o funcionamento dos equipamentos disponíveis na sua cozinha. Isso é fundamental. 2. Aplique no fundo (externo) da panela ainda fria uma camada de sabão, para que não grudem a fuligem e a fumaça. serpentina instalado dentro do fogão. tipo de panela • Pode-se utilizar quase todos os tipos de panelas de ferro, alumínio, pedra, barro. • Deve ser de material resistente a temperaturas elevadas e estar em boas condições de uso. • Dê preferência às fabricadas na região, pois valorizará ainda mais sua produção gastronômica. tipo de madeira • Dê preferência às madeiras de eucalipto, que não tenham nenhum resíduo ou produtos químicos, tais como resinas, tinta, graxa etc. • Grelhar: método utilizado para preparações rápidas, em que há a exposição direta e uniforme ao calor seco e forte com o uso de uma grelha ou chapa. Essa técnica preserva os nutrientes naturais, o sabor e a suculência dos alimentos; no entanto, recomenda-se o uso de carnes bem macias. Calor Seco (com gordura) Dica 1. Corte os alimentos em pedaços iguais. 2. Jamais use recipientes frios. 3. Seque bem o alimento antes do cozimento. Exposição ao ar seco com o acréscimo de gordura: saltear ou fritar. • Saltear: cozimento em pequenas quantidades com gordura muito quente, em fogo alto, e movimento constante da frigideira. Essa técnica é adequada para alimentos naturalmente macios ou amolecidos em cocção prévia. • Fritar: as frituras podem ser feitas de duas maneiras: em FRIGIDEIRA ou por IMERSÃO. - Fritura em frigideira: o alimento é coberto parcialmente pela gordura, e a cocção é desenvolvida em dois momentos, proporcionando uma coloração dourada uniforme em ambos os lados do produto. - Fritura por imersão: o alimento é submerso em grande quantidade de gordura quente, com a utilização de frigideiras ou fritadeiras. Dois processos podem ser aplicados nessa técnica: cesta ou pesca. No primeiro, os alimentos são colocados em cestas de metal e mergulhados na gordura, 40 Turismo Rural: Resgate Gastronômico FAESP SENAR-AR/SP até o ponto de cocção; no segundo, são imersos diretamente e “pescados” com o auxílio de uma escumadeira. Calor Úmido Exposição ao calor úmido com o contato direto do produto com o líquido, por meio dos seguintes métodos: branquear ou escalfar. • Branquear: pré-cozimento que consiste em mergulhar o alimento em água fervente, aplicar choque térmico com água gelada e escorrer em seguida. Esse processo auxilia na inativação de enzimas e inibição de microorganismos. • Escalfar: cozimento em líquido, sem tampar o recipiente, de forma lenta e delicada até o ponto de ebulição e antes de levantar fervura. O ovo poché é um exemplo de alimento escalfado. É também muito utilizado para cozinhar peixes e aves que são cozidos em um líquido (água, caldo, molho, entre outros). Cocção no Vapor Esse método é utilizado tendo a água como fonte de calor, mas sem o contato direto do produto com o líquido. O cozimento pode ser feito com ou sem pressão, sendo que no primeiro modo se utilizam panelas especiais; no segundo, utiliza-se um recipiente com água até o nível de uma grelha ao fundo, na qual são colocados os alimentos. Calor Misto ou Combinado Dica Um dos temperos ideais para a cocção no vapor é o alho, que no processo, tem uma parte significativa de seu gosto acre removida. Exposição ao calor misto ou combinado, utilizando os seguintes métodos: brasear, estufar, guisar. • Brasear: técnica que consiste em mergulhar o alimento em água fervente por poucos minutos, escorrer e imediatamente mergulhar água com gelo por igual período. O choque térmico provocado tem a função de: inativar enzimas que provocam o escurecimento, fixar as vitaminas, fixar e realçar a cor dos alimentos e melhorar a textura. Dica • Estufar: método lento de cocção. No passado, os estufados eram preparados em panelas de barro refratário hermeticamente fechadas e seladas com uma pasta feita à base de farinha de trigo e água, posteriormente substituída pela folha de papel alumínio. FAESP SENAR-AR/SP Preparação com Arte e Sabor Algumas carnes estufadas podem dispensar o douramento prévio, devendo ser cozidas lentamente por 5h, aproximadamente. 41 • Guisar: método que consiste em refogar e cozer o alimento em pouco líquido, para que se forme um molho grosso e gorduroso. Esse processo é utilizado em carnes mais duras, com camadas de gordura, cortadas em pequenos pedaços. Massas Macarrão: A palavra “macarrão” vem do grego “makária”, um caldo de carne enriquecido por pelotinhas de farinha de trigo e cereais que apareceu por volta do século V a.C. Quando falamos em massas, imediatamente nos lembramos do macarrão. Em relação à história do macarrão, existem algumas divergências. A versão mais aceita pelos historiadores aponta os árabes como os “pais do macarrão”. No entanto, foram os italianos que difundiram seu consumo, a partir do século XIII. No Brasil, não foi diferente. Sendo um prato de fácil preparo, econômico e saboroso, com vários acompanhamentos, logo se tornou extremamente popular. Hoje, é considerado o alimento mais conhecido do mundo. Os tipos de macarrão mais conhecidos são descritos no quadro a seguir. Tipo do macarrão Macarrão Caseiro características Elaborado de forma artesanal, a massa é laminada, apresentando maior porosidade e absorção do molho Macarrão de Sêmola Farinha de trigo especial, que torna o produto mais claro Macarrão com Ovos Adição de três ovos por quilo de farinha Macarrão Comum Farinha de trigo e água, com preço acessível Macarrão Caseiro Artesanal, massa laminada, maior porosidade e absorção do molho Durum: trigo especial para massas. São largamente cultivados nos dias de hoje, altamente prático e traz na sua composição o glúten. Macarrão Grano Duro Trigo especial durum, naturalmente “al dente”, consistente Macarrão Integral Mais fibra em sua composição, ideal para dietas especiais Há vários formatos de macarrão usados para sopas, macarronadas e diferentes pratos, além de outras massas. 42 Turismo Rural: Resgate Gastronômico FAESP SENAR-AR/SP www.hormel.com Formatos de Macarrão www.hormel.com www.hormel.com Massas curtas para sopas www.hormel.com Massas curtas www.hormel.com Massas longas Outras massas (macarrão asiático) Massas Caseiras No Turismo Rural, as massas caseiras são mais atrativas do que as industrializadas. Vamos ver, então, o processo de conservação e preparação do macarrão. FAESP SENAR-AR/SP Preparação com Arte e Sabor 43 Conservação A massa caseira ou artesanal necessita de cuidados adequados à sua conservação, a fim de que sua preparação seja “perfeita”. Basicamente, temos quatro processos (formas) de conservação para massas caseiras: refrigeração, secagem, congelamento e descongelamento. • Refrigeração: devemos guardar sob refrigeração por no máximo 48h, devido a dois fatores importantes: a ocorrência de mofos, que alteram o sabor e a cor da massa, e a presença de salmonela, que se desenvolve sob refrigeração. Dica 1. Conserve a massa fresca sob refrigeração, por períodos superiores a 48 h, e adicione conservantes químicos. 2. Não use a secagem para massas com recheio. • Secagem: a secagem aumenta sensivelmente o tempo de conservação das massas caseiras, levando-se em conta: qualidade da farinha, higiene na manipulação, ambiente onde ocorre a secagem e tipo de embalagem. No processo de secagem, devemos deixá-la em local fresco (sem sol direto), bem ventilado (sem corrente de vento) e coberta com tecido leve e fino. Depois de seca, devemos embalar em sacos de polietileno, fechar bem (para evitar entrada de umidade) e armazenar fora da geladeira, em local fresco e ventilado. A perda da validade é observada pelo aparecimento de bolores (mofos) na superfície das massas. • Congelamento: é o processo mais eficiente e que garante maior validade. Como referência, devemos trabalhar com prazos de validade de 6 meses para massas sem recheio e 3 meses para massas com recheio. As suas etapas são: - laminar a massa; - sobrepor as lâminas, separando uma a uma com a utilização de plástico (polietileno); Atenção Congelador simples de geladeira não oferece essa condição. No caso de freezer, que funciona como refrigerador e congelador, certifiquese de que o termostado esteja regulado para freezer (máximo). - congelar as lâminas abertas ou enrolá-las, obtendo um rolo como rocambole, embalar e congelar. Para massas recheadas ou montadas, temos a opção de fazer o pré-cozimento e depois o congelamento. Devem ficar armazenadas em temperatura igual ou inferior a -18°C. • Descongelamento: o descongelamento deve ser feito mantendo-se a massa embalada, podendo acontecer dentro ou fora da geladeira. As massas que foram congeladas abertas (pequenas unidades) devem ser descongeladas também abertas, para que não grudem ao descongelar.Quando houver pressa, pode-se descongelar uma massa diretamente em água 44 Turismo Rural: Resgate Gastronômico FAESP SENAR-AR/SP fervente, tomando o cuidado de usar maior proporção de água do que se usaria no caso de massa não congelada. Massas congeladas pré-cozidas e recheadas podem ser descongeladas mais rapidamente se colocadas diretamente no forno. Nesse caso, tire a embalagem plástica e cubra-a com papel alumínio. Deve-se tirar o alumínio somente para gratinar. Preparação da Massa Calcule um ovo inteiro para cada 100g de farinha de trigo. Espalhe a farinha em uma superfície lisa e limpa. 1. Abra um buraco no centro, no formato de um vulcão, ponha os ovos ligeiramente batidos e com as pontas dos dedos comece a incorporar a farinha, puxando-a da parede para o centro. 2. Misture bem até que os ovos sejam bem absorvidos pela farinha. A massa deve ficar úmida, sem grudar na mão. 3. Comece a amassar rasgando a massa, ou seja, uma mão segura e a outra empurra para a frente, com a base da mão. Proceda até que a massa fique lisa e bem elástica. 4. Cubra a massa com um pano limpo (se o dia estiver muito quente, umedeça levemente o pano) e deixe descansar por 20 minutos. 5. Essa massa pode ser aberta tanto manualmente, com ajuda de um rolo, Atenção No caso de ser embalada crua, essa massa precisa estar bem seca. Espalhe um pouco de fubá bem fino, que ajuda a secar sem grudar. Não adicione sal no preparo da massa fresca; adicione sal somente na água, durante o cozimento. Para congelar, adicione sal na massa, para conservá-la melhor. como com um cilindro. 6. Depois de aberta, a massa poderá ser usada para a produção de talharim, lasanha, canelone e uma infinidade de outros formatos. Preparação do Macarrão • Massas secas: calcule 1,5l de água para cada 100 gramas de massa. Adicione sal a gosto e um fio de óleo. Quando a água estiver em franca ebulição, adicione a massa. Mexa suavemente com um garfo, apenas para separar os ninhos. Cozinhe por cerca de 4 minutos ou até que a massa esteja al dente. Escorra a massa, regue com um fio de azeite, acrescente o molho de sua preferência e sirva em seguida. • Massas pré-cozidas: distribua um pouco de molho no fundo da travessa. Acrescente a massa, cobrindo com o restante do molho. Escolha uma das maneiras de aquecer. No forno: cubra com papel alumínio e leve ao Dica Se não for servir a massa na hora, após o cozimento mergulhe-a em uma panela com água fria ou gelada e um pouco de óleo. Isso interrompe o processo de cozimento. Escorra a massa, regue-a com o óleo, misturando para que não grude, e reserve até o momento de servir. forno pré-aquecido, em temperatura baixa, por cerca de 20 minutos. No FAESP SENAR-AR/SP Preparação com Arte e Sabor 45 microondas: aqueça por 2 a 3min em potência alta (o tempo pode variar em função de diferenças de modelo e marca de microondas). Em banhomaria: coloque uma assadeira com três dedos de água sobre a chama do fogão; coloque dentro a travessa coberta com papel alumínio; aqueça por cerca de 10min. Combinações O sucesso de um prato depende muito da escolha adequada do molho. Apesar das preferências por sabores serem de caráter pessoal, algumas combinações tendem a agradar um maior número de pessoas. Dica 1. Após o cozimento, o macarrão triplica o seu volume; portanto, fique atento às quantidades. 2. Jamais aqueça o macarrão após o cozimento. 3. Não quebre o espaguete para colocar na água. 4. O macarrão deve ser servido, de preferência, imediatamente após o cozimento. molhos exemplos Forte, condi- “Cosa nostra”, mentado Massas Neutra “pesto”, bolonhesa exemplos Nhoque, “fettuccine”, “cappelletti” Cremoso Neutro Quatro queijos, rosé Sugo, “balsamella” Massa rechea- Ravioli de da com queijo, ricota e tomate massa de forno seco Todos os tipos Rondelli de massa REVISÃO • Pré-Preparo • Métodos de Cocção • Massas Até aqui, você conheceu algumas técnicas e métodos que podem ser adaptados à culinária rural. No próximo Capítulo, vamos aplicar todo esse conhecimento no Festival Cultural. 46 Turismo Rural: Resgate Gastronômico FAESP SENAR-AR/SP realização do festival cultural Neste Capítulo, você vai: • revisar o planejamento do Festival Cultural iniciado no Módulo 2; • organizar, implantar e realizar o Festival; • avaliar os seus resultados quanto ao resgate cultural e gastronômico. FAESP SENAR-AR/SP Preparação com Arte e Sabor 47 OPERACIONALIZAÇÃO Das ações O planejamento da logística do Festival ou sua operacionalização consiste na ordenação de todas as providências referentes a ele e a fixação das responsabilidades individuais em relação a cada uma das atividades. Uma vez definido, ao longo do programa, o nome do Festival, a data, o local o público-alvo, o cardápio, as atrações, entre outros, é chegada a hora de realizarmos o evento. Todas as providências já devem ter sido tomadas e com o auxílio do check-list fornecido no Módulo 2. A partir de agora estaremos operacionalizando o Festival. As equipes devem ser formadas e preparadas por divisão de tarefas nos vários setores: Formação de equipes e divisão de tarefas • Cozinha - produção e apresentação dos alimentos. • Decoração - ambientação dos espaços de realização do Festival (utilização de móveis, utensílios, equipamentos e vestimentas características da cultura resgatada), utilizando-se a lista a seguir. - Transporte e organização de móveis, equipamentos, utensílios, matéria-prima (bambu, feno, folhas, entre outros) para ambientação; - Montagem e decoração de mesas e de aparadores, no que tange aos espaços definidos para a área de alimentação; - Montagem e decoração de espaços para lazer e entretenimento; - Montagem e decoração para os pontos de venda de produtos; - Definição e providências para as vestimentas (uniformes); - Definição e providências para a sinalização do local e folheteria (cra- Dica Você deve estabelecer um controle das entradas em dinheiro, se forem cobrados ingressos, vendidos produtos caseiros e/ou artesanais etc. 1. Escolha duas pessoas responsáveis, ágeis e que saibam fazer contas para se revesarem no caixa. 2. Faça uma ficha de controle do dinheiro na abertura do caixa (troco), nas retiradas (a cada uma hora) e no encerramento. 48 chás, plaquinhas com nome dos pratos, etc.); - Desmontagem, organização e devolução de materiais/objetos ao Sindicato e às empresas/pessoas que os emprestaram. • Recepção e atendimento - recepcionar os visitantes e demais integrantes do grupo, bem como servir os alimentos e as bebidas; fazer a retirada dos utensílios sujos e reposição, bem como a manutenção da limpeza. • Exposição e venda de produtos - embalagem, rótulos e preços dos produtos a serem comercializados; recebimento e fluxo de caixa (troco, retirada das entradas a cada uma hora etc.). • Atividades e atrativos - atividades de lazer e entretenimento: apresentação de músicas típicas, danças folclóricas etc. Turismo Rural: Resgate Gastronômico FAESP SENAR-AR/SP REALIZAÇÃO DO FESTIVAL O momento da realização do Festival propriamente dito é o momento da montagem e organização final dos espaços, do transporte dos participantes, enfim, de toda a logística e produção durante o evento, inclusive assessoria e controle permanente da equipe no local ou locais onde o evento estará acontecendo. Responsabilidades da Equipe Sugestão de Procedimento • Cozinha - Conferência de produtos de acordo com a lista de compras. - Organização e acondicionamento dos produtos. - Limpeza e higienização da cozinha e dos equipamentos e utensílios. - Pré-preparo: legumes, aves, carnes suína ou bovina. - Pré-preparo do cardápio. - Preparo dos pratos do cardápio. - Apresentação dos pratos. Foto do Luiz Mapelli Foto do Luiz Mapelli - Fechamento da cozinha – limpeza. Preparação da sobremesa - São Bento do Sapucaí, (SP) Arrumação dos pratos de sobremesa - São Bento do Sapucaí, (SP) FAESP SENAR-AR/SP Realização do Festival Cultural 49 Foto do Luiz Mapelli Foto do Luiz Mapelli Arrumação da mesa principal - São Bento do Sapucaí (SP) Disposição do serviço de buffet - São Bento do Sapucaí (SP) • Recepção e atendimento - Recepção dos convidados e demais integrantes do grupo. - Servir alimentos e bebidas. - Manter limpo os locais do Festival (lixo, utensílios sujos etc). Dica - Fazer a reposição dos utensílios, bem como dos alimentos e das bebidas. - Despedida. Foto de Graziela Castilho Sabino, 2005 1. Devemos convidar para o nosso Festival todos que compõem a rede de cooperação turística local. Dessa forma, estaremos sensibilizando a sociedade para o desenvolvimento do Turismo Rural no Município. 2. Ao final, devemos agradecer de forma amável e atenciosa todos os que trabalharam com você na realização do Festival. Grupo de Recepção ao Turista. Empório Shitake, Piquete (SP) • Exposição e venda de produtos - Criar embalagens e rótulos personalizados, em que imagem e identidade estejam em sintonia com a proposta do Festival. - Com o planejamento financeiro, definir os preços de venda dos produtos a serem comercializados. - Definir quem dará informações e venderá os produtos. - Auxiliar a equipe de decoração no que se refere ao espaço destinado para a exposição dos produtos. 50 Turismo Rural: Resgate Gastronômico FAESP SENAR-AR/SP Foto do Luiz Mapelli, 2005 Atenção Com criatividade e dedicação, você pode organizar os espaços de venda sem precisar de muito dinheiro! Disposição de produtos - Fazenda do Chocolate, Itu (SP) • Atividades e atrativos - Planejar atividades e atrativos que estejam em sintonia com a proposta do Festival Cultural. - Definir os responsáveis pelas atividades e pelos atrativos. - Auxiliar a equipe de decoração no que se refere ao espaço destinado para as apresentações ou atividades. - Providenciar equipamentos e materiais necessários para desenvolver Foto do Luiz Mapelli, 2005 as atividades. Entretenimento - Violeiros, Avaré (SP) Atenção • Todos os participantes devem: - ao final do evento, realizar a limpeza e o fechamento do local; - aplicar o sistema de avaliação iniciado no Módulo 2, completando com as indicações apontadas a seguir. FAESP SENAR-AR/SP Realização do Festival Cultural Recupere e aprimore o sistema de avaliação do Festival proposto no Módulo 2. 51 AVALIAÇÃO DO EVENTO É necessário prever alguma forma de avaliar o evento e os resultados obtidos, visando ao seu aprimoramento na próxima edição. Podemos, por exemplo, fazer uma pesquisa com visitantes, fornecedores, expositores, organizadores; reunir representantes de todos os envolvidos e fazer uma reunião etc. Não é comum dar importância à fase normalmente conhecida por pósDica Faça uma revisão na Cartilha do Aluno do Módulo 2 sobre a fase de fechamento do evento. evento. Para muitos, o término do evento representa apenas a finalização de mais um trabalho, quando na verdade essa fase, como as anteriores, é de vital importância e contribui para garantir o sucesso das próximas realizações do mesmo. Neste momento de análise dos resultados são apontados os acer- tos e erros (que embora minimizados, acontecem) e traçadas as diretrizes e estratégias de atuação para um próximo evento dentro do nosso município. Basicamente, são quatro os aspectos principais que são desenvolvidos nesta fase: •Fechamento contábil. •Avaliação técnica e financeira. • Controle e avaliação final. •Providências finais de expediente. O fechamento contábil se refere, basicamente, aos pagamentos que deFechamento vem ser efetuados - locação, aquisição, salários e pró-labores - e à avaliação Contábil de receita. O balanço financeiro deverá ser realizado e a relação custo x receita, analisada. O relatório final de todo o quadro financeiro deverá apresentar, desde a fase do planejamento do evento até sua avaliação final, todas as entradas e saídas, em ordem cronológica, os responsáveis e o saldo final. A avaliação técnica e financeira do evento corresponde à análise de todos os momentos do evento. São avaliadas as informações recebidas e as Avaliação ações de cada grupo, com a finalidade de identificarmos as falhas (como dito Técnica e Financeira anteriormente), dificuldades e sucessos, como também o comportamento do público-alvo, a dimensão alcançada com este público e sua recripocidade à realização de outros eventos semelhantes na região. Alguns instrumentos de controle devem ser utilizados nesta fase de avaliação, tais como: Instrumentos de Controle • formulários de procedimentos; • “check-list”; • relatórios periódicos; 52 Turismo Rural: Resgate Gastronômico FAESP SENAR-AR/SP • relatório final por supervisão; • atas de reunião e outros. No nosso caso, podemos aplicar junto ao público-alvo, uma pesquisa de opinião - questionário - com perguntas fechadas e observações em aberto, durante a fase de realização do evento propriamente dita. Geralmente o questionário é aplicado no horário final das atividades do evento. Nos casos de eventos com duração maior que 1 dia, recomenda-se a aplicação da pesquisa no final do último dia e a consideração de uma margem de Atenção Adapte o modelo de questionário de avaliação de acordo com o evento e o público. erro na amostragem, já que nem todos os participantes presenciam o evento em toda a sua extensão de duração ou se dispõem a avaliá-lo. Algumas sugestões de tópicos podem ser indicados para as avaliações técnica e mercadológica, conforme modelo abaixo. modelo de questionário de avaliação 1. Como você qualifica o evento quanto a: Programação Ótimo Bom Regular Fraco Ótimo Bom Regular Fraco Temas/ Assuntos Mediadores Carga Horária Operacionalização Secretária Recepção Manutenção Limpeza Segurança Apoio Sinalização Instalações Climatização Informações Folheteria/ Material Pontualidade Multimeios Equipamentos em geral Atrações locais FAESP SENAR-AR/SP Realização do Festival Cultural 53 Serviços Ótimo Bom Regular Fraco Transportes de acesso Translados Hotel Alimentação 2. Na sua opinião: Qual foi o ponto forte do evento? Qual foi o ponto fraco do evento? 3. Como você tomou conhecimento do evento? Folheto ( ) Cartaz ( ) Mala direta ( Televisão ( Jornal ( ) ) Revista ( Rádio ( ) ) ) Home-Page ( ) Indicação Pessoal ( Outros ( ) Emissora ( ) Nome ( ) Nome ( ) Nome ( ) Nome ( ) ) Quais? ( ) 4. Qual marca da empresa ou entidade lhe chamou mais atenção e por que? 54 Turismo Rural: Resgate Gastronômico FAESP SENAR-AR/SP 5. Quais sugestões você daria para um próximo evento dentro desta área, em relação a: Tema: Localidade: Formato do evento: 6. Observações e Sugestões: Algumas tarefas de expediente ainda precisam ser realizadas tais como: •elaboração e envio de ofícios de agradecimento; •separação, catalogação e arquivo de correspondência; •envio ou entrega dos Certificados (quando for o caso); •catalogação e arquivo dos artigos publicados; •organização da desmontagem das instalações e equipamentos; Providências Finais de Expediente •organização do transporte dos equipamentos; •envio de cheques (quando necessário); •elaboração e envio de atestados (quando necessário); •devolução de itens consignados; •planejamento de reunião de encerramento e liquidação de pendências. FAESP SENAR-AR/SP Realização do Festival Cultural 55 Em face do exposto, devemos considerar a fase de controle e avaliação final como mais uma etapa no processo de realização do evento, passível da mesma importância e profissionalismo que as demais. Esta postura garante a consolidação dos contatos e do próprio evento perante públicos específicos. ENCERRAMENTO DO eVENTO E aVALIAÇÃO Valor Descrição Quantidade Unitário Valor Total (R$) Prestação de contas Atenção O “clima” do evento deve ser ótimo do início ao final, ou seja, até seu encerramento e avaliação. Pesquisa de qualidade Relatório final Oficios de agradecimento Álbum de fotografia Edição de vídeo Pagamento de pessoal Pagamento locação de espaço Pagamento locação de serviços Pagamento locação de uso Subtotal Total final 56 Turismo Rural: Resgate Gastronômico FAESP SENAR-AR/SP REVISÃO • Operacionalização das Ações • Realização do Festival • Avaliação do Evento Você realizou o Festival e resgatou a cultura e a gastronomia local e/ou regional. Aproveite todas as dicas para melhorar o seu empreendimento. No próximo Módulo, você conhecerá algumas estratégias de marketing, avaliará as ações realizadas até agora e corrigirá os rumos do seu empreendimento rural. FAESP SENAR-AR/SP Realização do Festival Cultural 57 BIBLIOGRAFIA Nestas referências, você vai: • encontrar todas as fontes que foram consultadas para escrever esta Cartilha; • selecionar as obras para você aprofundar seu conhecimento. 58 Turismo Rural: Resgate Gastronômico Turismo Rural: Resgate Gastronômico Local FAESP SENAR-AR/SP BRITTO, Janaina; FONTES, Nena. Estratégias para eventos – uma ótica do marketing e do Turismo. São Paulo: Aleph, 2005. FERNANDES, Caloca. A culinária paulista tradicional nos hotéis SENAC. São Paulo: SENAC, 1998. FLORENÇANO, Paulo C; ABREU, Maria M. de. Culinária tradicional do Vale do Paraíba. Taubaté: CERED, 1997. GÂNDARA, José Manoel; SCHLÜTER, Regina. Gastronomia y turismo. Una introducción. Buenos Aires: CIET, 2004. LACANAU, Gloria C; NORRILD, Juana A. Gastronomía y turismo – Cultura al plato. Buenos Aires: CIET, 2003. SCHLÜTER, Regina.Gastronomia e turismo. São Paulo: Aleph, 2003 (Coleção ABC do Turismo). SCHÜTER, Regina. Turismo y patrimônio gastronómico. Buenos Aires: CIET, 2003. SCHÜTER, Regina (coord.). Gastronomía y turismo – Histórias detrás de las recetas. Buenos Aires: CIET, 2004. www.gastronomiabrasil.com www.culinariaterra.com.br FAESP SENAR-AR/SP RealizaçãoBibliografia do Festival Cultural 59 anexo 60 Turismo Rural: Resgate Gastronômico Local FAESP SENAR-AR/SP INCENTIVOS GOVERNAMENTAIS À cultura A partir da criação da Lei Roaunet, em 1990, iniciou-se um processo de difusão de leis culturais de incentivo no País. Hoje, um grande número de cidades brasileiras, estados e o próprio Governo Federal possuem mecanismos semelhantes, que se refletem em um significativo volume de recursos para a cultura. O Ministério da Cultura pode apoiar projetos de pessoas físicas, pessoas jurídicas privadas ou estados, municípios e outras entidades de uma ou por uma combinação das seguintes formas: • Convênio para o repasse de recursos a fundo perdido, ainda que com a exigência de contrapartida por parte do proponente; • Aprovação para a captação de doações e/ou patrocínios sob os auspícios da Lei Rouanet; • Aprovação para emissão de Certificados de Investimento referentes a obras cinematográficas e outros investimentos incentivados pela Lei do Audiovisual; • Concessão de passagens para eventos de difusão cultural; • Aprovação de empréstimo reembolsável em condições favorecidas; • Concessão de Bolsa Virtuose; • Doação de instrumentos musicais - Programa de Apoio a Bandas de Músicas. Especificamente no âmbito estadual, conta-se com a Lei de Incentivo à Cultura – LIC (Lei Estadual nº 8.819), que criou o Programa Estadual de Incentivo à Cultura e instituiu o Conselho de Desenvolvimento Cultural, responsável pela análise dos projetos. A lei não pode destinar recursos superiores a 80% do custo total dos projetos. FAESP SENAR-AR/SP Bibliografia Anexo 61 VALORIZAR QUALIDADES “Contam que na carpintaria houve uma vez uma estranha assembléia. Foi uma reunião de ferramentas para acertar suas diferenças. Um martelo exerceu a presidência, mas os participantes o notificaram de que teria que renunciar. A causa? Fazia demasiado barulho; e além do mais, passava todo o tempo golpeando. O martelo aceitou sua culpa, mas pediu que também fosse expulso o parafuso, dizendo que ele dava muitas voltas para conseguir algo. Diante do ataque, o parafuso concordou, mas por sua vez pediu a expulsão da lixa. Dizia que ela era muito áspera no tratamento com os demais, entrando sempre em atritos. A lixa acatou, com a condição de que se expulsasse o metro, que sempre media os outros segundo a sua medida, como se fosse o único perfeito. Nesse momento entrou o carpinteiro, juntou o material e iniciou o seu trabalho. Utilizou o martelo, a lixa, o metro e o parafuso. Finalmente, a rústica madeira converteu-se num fino móvel. Quando a carpintaria ficou novamente só, a assembléia reativou a discussão. Foi então que o serrote tomou a palavra e disse: – Senhores, ficou demonstrado que temos defeitos, mas o carpinteiro trabalha com nossas qualidades, com nossos pontos valiosos. Assim, não pensemos em nossos pontos fracos, mas sim em nossos pontos fortes. A assembléia entendeu que o martelo era forte, o parafuso unia e dava força, a lixa era especial para limar e afinar asperezas e o metro era preciso e exato. Sentiram-se, então, como uma equipe capaz de produzir móveis de qualidade. Sentiram alegria pela oportunidade de trabalhar juntos. Ocorre o mesmo com os seres humanos. Basta observar e comprovar. Quando uma pessoa busca defeitos em outra, a situação torna-se tensa e negativa; ao contrário, quando se busca com sinceridade os pontos fortes dos outros, florescem as melhores conquistas humanas. É fácil encontrar defeitos, qualquer um pode fazê-lo. Mas encontrar qualidades... Isso é para os sábios!” www.danny.hpgvip.ig.com.br O SENAR - Serviço Nacional de Aprendizagem Rural é uma entidade de direito privado sem fins lucrativos. Criado pela Lei n.º 8.315, de 23 de dezembro de 1991, e regulamentado em 10 de junho de 1992, teve a Administração Regional de São Paulo criada em 21 de maio de 1993. Instalado no mesmo prédio da Federação da Agricultura do Estado de São Paulo, o SENAR-AR/SP tem como objetivo organizar, administrar e executar, em todo o Estado de São Paulo, o ensino da Formação Profissional e da Promoção Social Rurais, dirigido a pequenos produtores, trabalhadores rurais e seus familiares. SENAR SÃO PAULO PROGRAMA TURISMO RURAL “AGREGANDO VALOR À PROPRIEDADE” 1. Turismo Rural: Oportunidades de Empreendimentos 2. Turismo Rural: Identidade e Cultura 3. Turismo Rural: Gestão de Empreendimentos 4. Turismo Rural: Ponto de Venda de Produtos Módulos 5. Turismo Rural: Meios de Hospedagem Específicos 6. Turismo Rural: Meios de Alimentação 7. Turismo Rural: Atividades Turísticas em Áreas Naturais 8. Turismo Rural: Atendendo e Encantando o Cliente Módulos Introdutórios Módulos de Consolidação 9. Turismo Rural: Resgate Gastronômico 10. Turismo Rural: Consolidação do Programa SUPLEMENTOS Roteiro de Inventário Turístico Legislação e Turismo Rural FAESP – Federação da Agricultura do Estado de São Paulo SENAR-AR/SP – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural Administração Regional do Estado de São Paulo