Introdução à filosofia: programa do II ciclo

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Introdução à filosofia: programa do II ciclo
Ficha Técnica
Título: Introdução à Filosofia, Programa do II Ciclo
Edição: ©INDE/MINED - Moçambique
Autor: INDE/MINED – Moçambique
Capa, Composição, Arranjo gráfico: INDE/MINED - Moçambique
Arte final: INDE/MINED - Moçambique
Tiragem: 350 Exemplares
Impressão: DINAME
Nº de Registo: INDE/MINED – 6267/RLINLD/2010
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Prefácio
Caro Professor
É com imenso prazer que colocamos nas suas mãos os Programas do Ensino Secundário
Geral.
Com a introdução do Novo Currículo do Ensino Básico, iniciada em 2004, houve
necessidade de se reformular o currículo do Ensino Secundário Geral para que a
integração do aluno se faça sem sobressaltos e para que as competências gerais, tão
importantes para a vida continuem a ser desenvolvidas e consolidadas neste novo ciclo
de estudos.
As competências que os novos programas do Ensino Secundário Geral procuram
desenvolver, compreendem um conjunto de conhecimentos, habilidades, atitudes
e
valores necessários para a vida que permitam ao graduado do Ensino Secundário Geral
enfrentar o mundo de trabalho numa economia cada vez mais moderna e competitiva.
Estes programas resultam de um processo de consulta à sociedade. O produto que hoje
tem em mãos é resultado do trabalho abnegado de técnicos pedagógicos do INDE e da
DINEG, de professores das várias instituições de ensino e formação, quadros de diversas
instituições públicas, empresas e organizações, que colocaram a sua sabedoria ao serviço
da transformação curricular e a quem aproveitamos desde já, agradecer.
Aos professores, de que depende em grande medida a implementação destes programas,
apelamos ao estudo permanente das sugestões que eles contêm e que convoquem a
vossa criatividade e empenho para levar a cabo a gratificante tarefa de formar hoje os
jovens que amanhã contribuirão para o combate à pobreza.
Aires Bonifácio Baptista Ali.
Ministro da Educação e Cultura
2
1. Introdução
A Transformação Curricular do Ensino Secundário Geral (TCESG) é um processo que se
enquadra no Programa Quinquenal do Governo e no Plano Estratégico da Educação e
Cultura e tem como objectivos:
•
•
•
•
Contribuir para a melhoria da qualidade de ensino, proporcionando aos alunos
aprendizagens relevantes e apropriadas ao contexto socioeconómico do país.
Corresponder aos desafios da actualidade através de um currículo diversificado,
flexível e profissionalizante.
Alargar o universo de escolhas, formando os jovens tanto para a continuação dos
estudos como para o mercado de trabalho e auto emprego.
Contribuir para a construção de uma nação de paz e justiça social.
Constituem principais documentos curriculares:
• O Plano Curricular do Ensino Secundário (PCESG) – documento orientador que
contém os objectivos, a política, a estrutura curricular, o plano de estudos e as
estratégias de implementação;
• Os programas de ensino de cada uma das disciplinas do plano de estudos;
• O regulamento de avaliação do Ensino Secundário Geral (ESG);
• Outros materiais de apoio.
1.1. Linhas Orientadoras do Currículo do ESG
O Currículo do ESG, a ser introduzido em 2008, assenta nas grandes linhas orientadoras
que visam a formação integral dos jovens, fornecendo-lhes instrumentos relevantes para
que continuem a aprender ao longo de toda a sua vida.
O novo currículo procura por um lado, dar uma formação teórica sólida que integre uma
componente profissionalizante e, por outro, permitir aos jovens a aquisição de
competências relevantes para uma integração plena na vida política, social e económica
do país.
As consultas efectuadas apontam para a necessidade de a escola responder às exigências
do mercado cada vez mais moderno que apela às habilidades comunicativas, ao domínio
das Tecnologias de Informação e Comunicação, à resolução rápida e eficaz de problemas,
entre outros desafios.
Assim, o novo programa do ESG deverá responder aos desafios da educação,
assegurando uma formação integral do indivíduo que assenta em quatros pilares, assim
descritos:
Saber Ser que é preparar o Homem moçambicano no sentido espiritual, crítico e
estético, de modo que possa ser capaz de elaborar pensamentos autónomos,
críticos e formular os seus próprios juízos de valor que estarão na base das
decisões individuais que tiver de tomar em diversas circunstâncias da sua vida;
Saber Conhecer que é a educação para a aprendizagem permanente de
conhecimentos científicos sólidos e a aquisição de instrumentos necessários para a
compreensão, a interpretação e a avaliação crítica dos fenómenos sociais,
económicos, políticos e naturais;
Saber Fazer que proporciona uma formação e qualificação profissional sólida, um
espírito empreendedor no aluno/formando para que ele se adapte não só ao meio
produtivo actual, mas também às tendências de transformação no mercado;
3
Saber viver juntos e com os outros que traduz a dimensão ética do Homem,
isto é, saber comunicar-se com os outros, respeitar-se a si, à sua família e aos
outros homens de diversas culturas, religiões, raças, entre outros.
Agenda 2025:129
Estes saberes interligam-se ao longo da vida do indivíduo e implicam que a educação se
organize em torno deles de modo a proporcionar aos jovens instrumentos para
compreender o mundo, agir sobre ele, cooperar com os outros, viver, participar e
comportar-se de forma responsável.
Neste quadro, o desafio da escola é, pois, fornecer as ferramentas teóricas e práticas
relevantes para que os jovens e os adolescentes sejam bem sucedidos como indivíduos, e
como cidadãos responsáveis e úteis na família, na comunidade e na sociedade, em geral.
1.2. Os desafios da Escola
A escola confronta-se com o desafio de preparar os jovens para a vida. Isto significa que
o papel da escola transcende os actos de ensinar a ler, a escrever, a contar ou de
transmitir grandes quantidades de conhecimentos de história, geografia, biologia ou
química, entre outros. Torna-se, assim, cada vez mais importante preparar o aluno para
aprender a aprender e para aplicar os seus conhecimentos ao longo da vida.
Perante este desafio, que competências são importantes para uma integração plena na
vida?
As competências importantes para a vida referem-se ao conjunto de recursos, isto é,
conhecimentos, habilidades atitudes, valores e comportamentos que o indivíduo mobiliza
para enfrentar com sucesso exigências complexas ou realizar uma tarefa, na vida
quotidiana. Isto significa que para resolver um determinado problema, tomar decisões
informadas, pensar critica e criativamente ou relacionar-se com os outros um indivíduo
necessita de combinar um conjunto de conhecimentos, práticas e valores.
Naturalmente que o desenvolvimento das competências não cabe apenas à escola, mas
também à sociedade, a quem cabe definir quais deverão ser consideradas importantes,
tendo em conta a realidade do país.
Neste contexto, reserva-se à escola o papel de desenvolver, através do currículo, não só
as competências viradas para o desenvolvimento das habilidades de comunicação, leitura
e escrita, matemática e cálculo, mas também, as competências gerais, actualmente
reconhecidas como cruciais para o desenvolvimento do indivíduo e necessárias para o seu
bem estar, nomeadamente:
a) Comunicação nas línguas moçambicana, portuguesa, inglesa e francesa;
b) Desenvolvimento da autonomia pessoal e a auto-estima; de estratégias de
aprendizagem e busca metódica de informação em diferentes meios e uso de
tecnologia;
c) Desenvolvimento de juízo crítico, rigor, persistência e qualidade na realização e
apresentação dos trabalhos;
d) Resolução de problemas que reflectem situações quotidianas da vida económica
social do país e do mundo;
e) Desenvolvimento do espírito de tolerância e cooperação e habilidade para se
relacionar bem com os outros;
f) Uso de leis, gestão e resolução de conflitos;
g) Desenvolvimento do civismo e cidadania responsáveis;
h) Adopção de comportamentos responsáveis com relação à sua saúde e da
comunidade bem como em relação ao alcoolismo, tabagismo e outras drogas;
i) Aplicação da formação profissionalizante na redução da pobreza;
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j) Capacidade de lidar com a complexidade, diversidade e mudança;
k) Desenvolvimento de projectos estratégias de implementação individualmente ou
em grupo;
l) Adopção de atitudes positivas em relação aos portadores de deficiências, idosos e
crianças.
Importa destacar que estas competências encerram valores a serem desenvolvidos na
prática educativa no contexto escolar e extra-escolar, numa perspectiva de aprender a
fazer fazendo.
(...) o aluno aprenderá a respeitar o próximo se tiver a oportunidade de experimentar
situações em que este valor é visível. O aluno só aprenderá a viver num ambiente limpo se a
escola estiver limpa e promover o asseio em todos os espaços escolares. O aluno cumprirá as
regras de comportamento se elas forem exigidas e cumpridas por todos os membros da
comunidade escolar de forma coerente e sistemática.
PCESG:27
Neste contexto, o desenvolvimento de valores como a igualdade, liberdade, justiça,
solidariedade, humildade, honestidade, tolerância, responsabilidade, perseverança, o
amor à pátria, o amor próprio, o amor à verdade, o amor ao trabalho, o respeito pelo
próximo e pelo bem comum, deverá estar ancorado à prática educativa e estar presente
em todos os momentos da vida da escola.
As competências acima indicadas são relevantes para que o jovem, ao concluir o ESG
esteja preparado para produzir o seu sustento e o da sua família e prosseguir os estudos
nos níveis subsequentes.
Perspectiva-se que o jovem seja capaz de lidar com economias em mudança, isto é,
adaptar-se a uma economia baseada no conhecimento, em altas tecnologias e que
exigem cada vez mais novas habilidades relacionadas com adaptabilidade, adopção de
perspectivas múltiplas na resolução de problemas, competitividade, motivação,
empreendedorismo e a flexibilidade de modo a ter várias ocupações ao longo da vida.
1.3. A Abordagem Transversal
A transversalidade apresenta-se no currículo do ESG como uma estratégia didáctica com
vista um desenvolvimento integral e harmonioso do indivíduo. Com efeito, toda a
comunidade escolar é chamada a contribuir na formação dos alunos, envolvendo-os na
resolução de situações-problema parecidas com as que se vão confrontar na vida.
No currículo do ESG prevê-se uma abordagem transversal das competências gerais e dos
temas transversais. De referir que, embora os valores se encontrem impregnados nas
competências e nos temas já definidos no PCESG, é importante que as acções levadas a
cabo na escola e as atitudes dos seus intervenientes sobretudo dos professores
constituam um modelo do saber ser, conviver com os outros e bem fazer.
Neste contexto, toda a prática educativa gravita em torno das competências acima
definidas de tal forma que as oportunidades de aprendizagem criadas no ambiente
escolar e fora dele contribuam para o seu desenvolvimento. Assim, espera-se que as
actividades curriculares e co-curriculares sejam suficientemente desafiantes e estimulem
os alunos a mobilizar conhecimentos, habilidades, atitudes e valores.
O currículo do ESG prevê ainda a abordagem de temas transversais, de forma explícita,
ao longo do ano lectivo. Considerando as especificidades de cada disciplina, são dadas
indicações para a sua abordagem no plano temático, nas sugestões metodológicas e no
texto de apoio sobre os temas transversais.
O desenvolvimento de projectos comuns constitui-se também com uma estratégias que
permite estabelecer ligações interdisciplinares, mobilizar as competências treinadas em
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várias áreas de conhecimento para resolver problemas concretos. Assim, espera-se que
as actividades a realizar no âmbito da planificação e implementação de projectos,
envolvam professores, alunos e até a comunidade e constituam em momentos de ensinoaprendizagem significativos.
1.4 As Línguas no ESG
A comunicação constitui uma das competências considerada chave num mundo
globalizado. No currículo do ESG, são usados a língua oficial (Português), línguas
Moçambicanas, línguas estrangeiras (Inglês e Francês).
As habilidades comunicativas desenvolvem-se através de um envolvimento conjugado de
todas as disciplinas e não se reserva apenas às disciplinas específicas de línguas. Todos
os professores deverão assegurar que alunos se expressem com clareza e que saibam
adequar o seu discurso às diferentes situações de comunicação. A correcção linguística
deverá ser uma exigência constante nas produções dos alunos em todas as disciplinas.
O desafio da escola é criar espaços para a prática das línguas tais como a promoção da
leitura (concursos literários, sessões de poesia), debates sobre temas de interesse dos
alunos, sessões para a apresentação e discussão de temas ou trabalhos de pesquisa,
exposições, actividades culturais em datas festivas e comemorativas, entre outros
momentos de prática da língua numa situação concreta. Os alunos deverão ser
encorajados a ler obras diversas e a fazer comentários sobre elas e seus autores, a
escrever sobre temas variados, a dar opiniões sobre factos ouvidos ou lidos nos órgãos
de comunicação social, a expressar ideias contrárias ou criticar de forma apropriada, a
buscar informações e a sistematizá-la.
Particular destaque deverá ser dado à literatura representativa de cada uma das línguas
e, no caso da língua oficial e das línguas moçambicanas, o estudo de obras de autores
moçambicanos constitui um pilar para o desenvolvimento do espiríto patriótico e
exaltação da moçambicanidade.
1.5. O Papel do Professor
O papel da escola é preparar os jovens de modo a torná-los cidadãos activos e
responsáveis na família, no meio em que vivem (cidade, aldeia, bairro, comunidade) ou
no trabalho.
Para conseguir este feito, o professor deverá colocar desafios aos seus alunos,
envolvendo-os em actividades ou projectos, colocando problemas concretos e complexos.
A preparação do aluno para a vida passa por uma formação em que o ensino e as
matérias leccionadas tenham significado para a vida do jovem e possam ser aplicados a
situações reais.
O ensino - aprendizagem das diferentes disciplinas que constituem o currículo fará mais
sentido se estiver ancorado aos quatro saberes acima descritos interligando os conteúdos
inerentes à disciplina, às componentes transversais e às situações reais.
Tendo presente que a tarefa do professor é facilitar a aprendizagem, é importante que
este consiga:
•
organizar tarefas ou projectos que induzam os alunos a mobilizar os seus
conhecimentos, habilidades e valores para encontrar ou propor alternativas de
soluções;
6
•
•
•
•
encontrar pontos de interligação entre as disciplinas que propiciem o
desenvolvimento de competências. Por exemplo, envolver os alunos numa
actividade, projecto ou dar um problema que os obriga a recorrer a
conhecimentos, procedimentos e experiências de outras áreas do saber;
acompanhar as diferentes etapas do trabalho para poder observar os alunos,
motivá-los e corrigi-los durante o processo de trabalho;
criar, nos alunos, o gosto pelo saber como uma ferramenta para compreender o
mundo e transformá-lo;
avaliar os alunos no quadro das competências que estão a ser desenvolvidas,
numa perspectiva formativa.
Este empreendimento exige do professor uma mudança de atitude em relação ao saber,
à profissão, aos alunos e colegas de outras disciplinas. Com efeito, o sucesso deste
programa passa pelo trabalho colaborativo e harmonizado entre os professores de todas
as disciplinas. Neste sentido, não se pode falar em desenvolvimento de competências
para vida, de interdisciplinaridade se os professores não dialogam, não desenvolvem
projectos comuns ou se fecham nas suas próprias disciplinas. Um projecto de recolha de
contos tradicionais ou da história local poderá envolver diferentes disciplinas. Por
exemplo:
- Português colaboraria na elaboração do guião de recolha, estrutura, redacção
e correcção dos textos;
- História ocupar-se-ia dos aspectos técnicos da recolha deste tipo de fontes;
- Geografia integraria aspectos geográficos, físicos e socio-económicos da
região;
- Educação Visual ficaria responsável pelas ilustrações e cartazes.
Com estes projectos treinam-se habilidades, desenvolvem-se atitudes de trabalhar em
equipa, de análise, de pesquisa, de resolver problemas e a auto-estima, contribuindo
assim para o desenvolvimento das competências mais gerais definidas no PCESG.
As metodologias activas e participativas propostas, centradas no aluno e viradas para o
desenvolvimento de competências para a vida pretendem significar que, o professor não
é mais um centro transmissor de informações e conhecimentos, expondo a matéria para
reprodução e memorização pelos alunos. O aluno não é um receptáculo de informações e
conhecimentos. O aluno deve ser um sujeito activo na construção do conhecimento e
pesquisa de informação, reflectindo criticamente sobre a sociedade.
O professor deve assumir-se como criador de situações de aprendizagem, regulando os
recursos e aplicando uma pedagogia construtivista. O seu papel na liderança de uma
comunidade escolar implica ainda que seja um mediador e defensor intercultural,
organizador democrático e gestor da heterogeneidade vivencial dos alunos.
As metodologias de ensino devem desenvolver no aluno: a capacidade progressiva de
conceber e utilizar conceitos; maior capacidade de trabalho individual e em grupo;
entusiasmo, espírito competitivo, aptidões e gostos pessoais; o gosto pelo raciocínio e
debate de ideias; o interesse pela integração social e vocação profissional.
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2. O Ensino-aprendizagem na disciplina de Introdução à Filosofia
O Programa de Introdução à Filosofia, como se caracteriza a seguir, é essencialmente um
conjunto de noções que educam o aluno a saber, no sentido mais profundo do termo; isto é,
através dela, o aluno sabe ser, estar, estar com o outro e fazer. Neste sentido, a Introdução à
Filosofia é a disciplina onde o aluno, por excelência, “busca” as competências que precisa
para a vida.
Historicamente atribuem-se três funções à Filosofia, a saber: a contemplativa, a prática e a
analítica1. E, se bem que a função contemplativa orientou quase toda a Época Grega, Platão
insiste em aliar a contemplação à acção na Filosofia; fazer com que a Filosofia seja um
“instrumento” para transformar o mundo2 (para Platão, a “polis”= cidade-estado deveria ser
governada por filósofos). A função analítica, entretanto, não menos importante, caracteriza a
Filosofia dos nossos dias, confrontada, sobretudo, com os recentes desenvolvimentos da
Lógica, das Matemáticas, às ambivalências da Linguagem3 procurando-lhes os fundamentos.
Julgamos, pois, que a leccionação da Filosofia, no Ensino Secundário Geral do 2º Ciclo (ESG
2), como é o propósito desta abordagem, não pode, nem de longe, pretender esgotar o universo
das questões que ela levanta. Continuamos, a este respeito, com os mesmos objectivos
traçados no programa, ora em revisão, o qual vigorou durante uma década (1998 – 2008).
Aquando da primeira fase de introdução da Filosofia em Moçambique, o País acabava de sair
da guerra dos dezasseis anos. Era urgente a inculcação de valores de reconciliação, tolerância,
bem comum. Não obstante, a construção destes valores continua sendo uma necessidade na
nossa sociedade. Contudo, hoje impõem-se outras interrogações resultantes da conjuntura
actual, tal como a difusão e uso em massa das Tecnologias de Informação e Comunicação, que
nos apontam para aqueles e outros valores a cultivar, tais como: discernimento,
responsabilidade, engajamento sócio-político para o desenvolvimento e participação na vida
pública do País, entre outros. Com efeito, “a pertinência da Filosofia e do ensino da Filosofia
nas nossas escolas, reside na sua capacidade de responder às questões que se lhe colocam...”4.
1
Cf. L.MATTEI, IMC; Introduction to Philosophy, Consolata Institute of Philosophy, NAIROBI, 2001, pp.21 –
22.
2
Cf. PLATÃO, A República – Diálogos I, Publicações Europa-América, 1998, p.42s; p.52ss.
3
Cfr. IDEM, p.23.
4
NGOENHA, S.E. in CHAMBISSE, D. E et ali., A Emergência do Filosofar, Moçambique Editora, 2003, p.5.
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Hoje, a grande questão que se coloca às nossas escolas e ao ensino em geral é o desafio de
não instruir apenas mas, sobretudo formar integralmente o aluno, dotando-o de competências
para a vida.
Portanto, a Filosofia é a disciplina por meio da qual o aluno adquire consciência de cidadania
responsável, isto é, motivado e empenhado no exercício das suas capacidades, com abnegação
e sentido pleno da sua existência no tempo e no espaço.
Os objectivos gerais da disciplina são:
a) Reduzir o déficit epistemológico e abstractivo dos estudantes, para a sua inserção no
mercado de trabalho, no Ensino Superior e desenvolver a atitude autodidáctica;
b) Suprir o déficit ético-moral que se vive em Moçambique, na região e no mundo;
c) Responder aos desafios impostos pela globalização e pelos interesses da construção da
moçambicanidade.
3. Competências a desenvolver no ciclo
O Plano Curricular do Ensino Secundário Geral (PCESG) definiu um perfil de doze (12)
competências gerais a serem desenvolvidas pelos alunos neste subsistema de ensino no âmbito
do processo ensino – aprendizagem. No que concerne à Introdução à Filosofia, foram
derivadas competências específicas relativas a cada uma das doze, conforme a descrição que
se segue:
•
•
•
Discute os assuntos da vida da comunidade, do país e do mundo, recorrendo a
correntes e categorias filosóficas;
Apresenta oralmente e por escrito os resultados dos trabalhos de investigação usando
linguagem apropriada;
Traduz dados de um problema de uma linguagem para outra (verbal e simbólica).
9
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
Procura informação sobre o assunto de pesquisa na comunidade, na Biblioteca, na
Internet, usando métodos apropriados;
Produz, organiza e divulga o conhecimento, usando métodos e tecnologias
apropriadas.
Usa a lógica do conceito, do juízo e do raciocínio na análise e resolução de problemas
concretos com rigor;
Age de forma livre e responsável.
Sensibiliza as pessoas na busca de soluções adequadas a problemas que inquietam a
comunidade, o país e o mundo;
Propõe soluções através da identificação das causas.
Promove acções (debates, exposições, eventos) que contribuam para a convivência
pacífica com o outro e com o ambiente;
Promove o outro como um fim e não como um meio.
Promove a resolução pacífica de conflitos através da difusão e aplicação da lei;
Dramatiza situações que apelam a um ambiente de diálogo, tolerância, respeito e de
pluralismo sociopolítico.
Reconhece e respeita as instituições e símbolos nacionais;
Participa activa e conscientemente na vida do país (ex. Pagamento de impostos,
participação no processo eleitoral e SMO).
Questiona os fundamentos das estratégias traçadas no combate às epidemias (HIVSIDA, malária, cólera, diarreias, etc.) e propõe soluções;
Organiza e promove campanhas de consciencialização e sensibilização quanto ao
valor da saúde e à tomada de atitudes responsáveis.
Aplica teorias e leis da ciência no desenvolvimento de iniciativas tendentes à redução
da pobreza;
Analisa os diferentes mecanismos de auto sustentabilidade;
Interpreta adequadamente as leis e tendências actuais do Mercado e interage com
resultados;
Dinamiza e mobiliza a comunidade sobre o valor do trabalho.
Adopta uma postura crítica positiva face à realidade histórica e sabe ser flexível à
mudança;
Age de forma eclética, reconhecendo valor nas contribuições dos diferentes actores
sociais e históricos;
Contribui na (trans)formação da consciência e mentalidade do cidadão face aos
desafios da globalização (regional e mundial);
Discute o papel e a contribuição dos diferentes grupos sociais.
Estuda as potencialidades locais para explorar certas áreas de interesse económico;
Sensibiliza a comunidade sobre a importância das associações socioeconómicas.
Age democraticamente como um defensor dos direitos dos portadores de deficiência,
idosos e crianças;
Organiza e participa em campanhas de solidariedade para reinserção social das
camadas vulneráveis.
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4. Objectivos Gerais do Ciclo
Ao terminar o 2º Ciclo do ESG na disciplina de Introdução à Filosofia, os alunos devem:
•
Possuir um quadro conceptual abrangente para interpretar a realidade ao seu redor;
•
Reflectir sobre a realidade, relacionar e problematizar diferentes formas de interpretar
o mundo;
•
Desenvolver uma visão crítica, holística, autónoma e profunda da realidade;
•
Desenvolver a consciência de cidadania responsável agindo de forma ética e
equilibrada com outros actores sociais em resposta aos problemas quotidianos;
•
Desenvolver a capacidade de inventar, inovar, transformar e intervir na sua
comunidade, sociedade, país e Mundo.
5. Visão geral dos conteúdos do ciclo
11ª CLASSE
12ª CLASSE
Unidade 1: Introdução à filosofia: A
emergência do filosofar
Unidade 1: Introdução à Lógica II
Unidade 2: A Pessoa como Sujeito Moral
Unidade 2: A Convivência Política entre os
Homens
Unidade 3: Teoria do Conhecimento
Unidade 3: Filosofia Africana
Unidade 4: Introdução à Lógica I
Unidade 4: Metafísica e Estética
11
11ª
classe
12
6. Objectivos da 11ª classe
Ao terminar a 11ª classe, os alunos devem:
•
Identificar os aspectos práticos e teoréticos da filosofia e a sua diferenciação em campos
de aplicação;
•
Conhecer as disciplinas da filosofia e saber o seu objecto de estudo;
•
Conhecer a importância da utilização do método na acção humana;
•
Fazer um estudo comparativo dos métodos da filosofia destacando-os dos das outras
ciências;
•
Agir como sujeito moralmente são e eticamente emancipado, assumindo os próprios actos
com consciência e responsabilidade;
•
Aplicar o conhecimento científico na resolução de problemas;
•
Dominar as primeiras noções de Lógica.
13
7. Visão geral dos conteúdos da 11ª classe
Trimestre
Unidade Temática
Unidade 1:
Introdução à filosofia
1º
Conteúdo
1 Introdução à filosofia:
1.1 A emergência do filosofar
1.2 Tentativas de Definição da Filosofia
1.3 Universalidade e particularidade da filosofia
1.4 Funções da Filosofia
1.5 Métodos da Filosofia
1.6 A Atitude filosófica e a demanda da Verdade
1.7 A natureza das questões filosóficas
1.8 Disciplinas da Filosofia
1.9 A Filosofia e outras ciências
1.10 Breve contextualização histórica da filosofia
Unidade 2:
2: A Pessoa como Sujeito Moral
2.1 Noções Básicas
A Pessoa como Sujeito 2.2 Características da Pessoa
2.3 A consciência Moral
Moral
2.4 Acção Humana e Valores
2.5 A Pessoa como um Ser de Relações
2.6 Aspectos da Bioética
2º
Unidade 3:
Teoria do
Conhecimento
3º
Unidade 4:
Introdução
à Lógica I
3. Teoria do Conhecimento
3.1 Noções Básicas
3.2 Perspectivas de análise do conhecimento
3.3 Problemas e correntes filosóficas da Teoria do
Conhecimento
3.4 Níveis de conhecimento
3.5 Divisão e classificação das ciências
3.6 A questão da Verdade
3.7 A Epistemologia contemporânea e o problema da
possibilidade ou não do conhecimento
4. 1. Introdução à Lógica I
4.1 Conceito e objecto
4.2 A linguagem como fundamento da condição
humana
4.3 Os novos domínios da Lógica e suas implicações
4.4 Os Princípios da Razão
4.5 Lógica do Conceito/Termo
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Unidade temática 1. Introdução à Filosofia
Objectivos específicos
O aluno deve ser capaz de:
Conteúdos
Competências básicas
O aluno:
•
Tomar consciência do carácter 1. Introdução à filosofia
1.1 A emergência do filosofar
plural do conceito “Filosofia”;
Explica o carácter pluralista do
conceito Filosofia;
•
Comparar
criticamente
as 1.2 Tentativas de Definição da Filosofia
diferentes posições sobre o
1.3 Universalidade e particularidade da
conceito “Filosofia”;
filosofia
Identificar criticamente algumas
posições sobre a “Filosofia” e o 1.4 Funções da Filosofia (aspectos práticos e
teóricos).
seu entrosamento;
Equipara a problemática da definição
da filosofia com o carácter
democrático;
•
•
Avaliar aspectos da vida prática 1.5 Métodos da Filosofia: justificação lógiconas perspectivas teórica e prática; racional e análise crítica.
•
Destacar a importância da 1.6 A Atitude filosófica e a demanda da
utilização do método na acção Verdade;
humana;
1.7 A natureza das questões filosóficas
•
•
Diferenciar os métodos da
filosofia com os das outras 1.8 Disciplinas da Filosofia: Psicologia
experimental, Lógica, Moral/Ética,
ciências;
Estética, Teoria do conhecimento,
Metafísica geral (Ontologia) e Especial
Identificar o lugar da filosofia no
(Cosmologia, Psicologia racional e
universo das ciências.
Teodiceia), Antropologia Filosófica.
Carga horária
20 Horas
Interpreta a função teórica e prática da
filosofia;
Reconhece o potencial das disciplinas
da filosofia no desenvolvimento do
Homem;
Situa o lugar da filosofia no universo
das outras ciências;
Aplica métodos próprios e críticos na
realização das suas actividades;
Valoriza e interpreta criticamente os
mitos locais;
Faz uma ponte entre o pensamento
mítico e o racional
1.9 A Filosofia e outras ciências
1.10 Breve contextualização histórica da
filosofia
1.10.1 Do Mito à reflexão racional
1.10.2 Etapas da Filosofia Grega clássica:
a Cosmológica e a Antropológica
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Sugestões metodológicas
Ao introduzir a disciplina de Introdução à Filosofia sugere-se ao professor que faça uma alusão ao historial do surgimento da mesma, situar a
filosofia no mundo das ciências e explicar aos alunos a pertinência da disciplina de Introdução à Filosofia.
Os alunos situam a filosofia no mundo das ciências e compreendem a razão da sua introdução no ESG 2, sendo estimulados a adoptar/cultivar
uma postura crítica e reflexiva, problematizando a realidade das coisas. É importante que exercitem a tolerância mútua, respeitando o
pensamento de cada um porém, sem lesar a sua autonomia no pensar e no agir individual.
O professor tem que mostrar que a diversidade da definição de Filosofia não é um caos; há uma ordem a que obedece o carácter pluralista da
Filosofia. Pode ainda apresentar definições de autores africanos tais como Paulin Hountondji, Ngoenha, para além das que constam na
Emergência do Filosofar e em Batista Mondin, Vol 1, entre outras fontes bibliográficas.
O professor pode pedir os alunos para indicarem outras correntes filosóficas que constam da História de Filosofia, para além das que são objecto
de estudo neste programa, porém, tais não serão necessariamente objecto de avaliação.
As funções da Filosofia devem ser exploradas com alguma actividade prática (problema ou ficha de trabalho).
A introdução ao estudo sobre os métodos deve partir também dum problema, ouvindo alguns alunos sobre actividades que tenham realizado com
sucesso usando método e daí tentar diferenciar os métodos da Filosofia com os de outras ciências, o que lhe leva a resolver os seus problemas
aplicando vários métodos.
16
Sobre os conteúdos 1.9 e 1.10, o professor deve orientar os alunos para a resolução e sistematização de uma ficha de trabalho previamente
distribuída, o estudante deve ser orientado a ler textos dos filósofos clássicos por exemplo, Aristóteles e outros expoentes.
Temas Transversais: Género e Equidade; Agricultura e Género
O professor insere, a dado passo, os conceitos ou perspectivas de género, a partir de perguntas ou questionamento curiosos, por exemplo, “que
nome de mulher aparece entre os primeiros filósofos; qual era o lugar reservado à mulher na cultura grega clássica; Será que a filosofia só pode
ser feita por homens?”, etc. e conduz os seus alunos a uma crítica objectiva aos preconceitos. Será oportuno fazer um levantamento dos
preconceitos mais dominantes na realidade cultural onde a escola está inserida. É preciso que os alunos entendam claramente que o espírito
filosófico é contrário, por sua vocação natural, aos preconceitos relativos ao género. Enquanto abordar sobre o “milagre grego”, pode levantar um
questionamento sobre porque é que a maior parte da população grega ocupada na agricultura era constituída por mulheres, enquanto permanecia
uma minoria de filósofos “ociosos” só entregues à indagação metafísica.
Indicadores de desempenho
•
•
•
•
•
•
•
•
Reconhece o carácter pluralista de Filosofia;
Problematiza a origem de Filosofia
Explica o papel dos primeiros filósofos em relação a origem do universo;
Relaciona o saber filosófico com outros saberes;
Explica as condições “históricas” do surgimento da filosofia;
Aplica conhecimentos relacionados com as disciplinas de Filosofia;
Discute os problemas da emergência da Filosofia;
Interpreta a passagem do conhecimento mítico ao conhecimento racional.
17
Unidade temática 2. A Pessoa como Sujeito Moral
Objectivos específicos
O aluno deve ser capaz de:
•
•
Conteúdos
Competências básicas
O aluno:
2. A Pessoa como Sujeito Moral
Constrói a própria concepção do ser pessoa perante si
mesmo, os outros e a sociedade;
Apreender o conceito de
“pessoa” e reconhecer-se 2.1 Noções básicas de Pessoa, Moral, Ética,
Sujeito Moral, Liberdade, Responsabilidade,
como tal;
Dever, Mérito, Justiça, Sanção
Reconhecer as diferentes
formas que as suas relações 2.2 Características da Pessoa: Singularidade,
com as outras pessoas e com somaticidade, Interioridade, Autonomia, Valor
o meio ambiente podem em si, Projecto
assumir, assim como as suas
2.3 A consciência Moral: Etapas do seu
implicações éticas;
desenvolvimento (Piaget e Kohlberg)
•
Assumir que o acto humano é
o momento essencial da
manifestação do Ser Pessoa
como unidade indivisível;
•
Reconhecer-se como pessoa
singular, com dignidade e
autonomia próprias;
•
Assumir o que a liberdade
comporta em termos de
responsabilidade;
•
Reflectir
sobre
a
sua
consciência e reconhecer o
valor, a consciência do outro;
Apreender a ideia do Bem em
Sócrates.
Carga
horária
20 Horas
Constrói a sua própria personalidade a partir das experiências
no seu mundo;
Sabe que a consciência determina a imputabilidade moral;
Desenvolve de forma criativa interacções positivas com o
mundo exterior (na escola, na comunidade e na futura
profissão);
Harmoniza a sua percepção de liberdade com a demanda
2.4 Acção Humana e Valores: Actos voluntários universal da responsabilidade em todos os actos da vida
e actos involuntários; Divisão e Caracterização quotidiana;
dos Valores; Relatividade dos Valores;
Toma um posicionamento lúcido e coerente face aos desafios
Qualificação Moral da acção humana
ético-morais do campo da bioética;
2.5 A Pessoa como um Ser de Relações
Age como um sujeito moralmente são e eticamente
2.5.1 A Relação consigo próprio
emancipado;
2.5.2 A Relação com os outros
2.5.3 A Relação com o Trabalho
Cria equilíbrio entre o homem e a natureza reconhecendo o
2.5.4 A Relação com a natureza
direito de proteger e cuidar dos animais e plantas;
2.6 Aspectos da Bioética: Questões Morais
Participa e sensibiliza a comunidade sobre a necessidade de
relativos ao aborto, à eutanásia, a venda de
uso sustentável dos recursos naturais;
órgãos humanos, o uso do corpo humano no
tráfico de drogas; a transfusão sanguínea e do
Avalia criticamente comportamentos de risco e propõe
plasma.
estratégias e acções que levem a tomar decisões informadas
sobre a sexualidade e saúde reprodutiva;
Descreve e divulga medidas de prevenção e combate ao HIVSIDA e estratégias de convivência com as pessoas doentes e
afectadas.
18
Sugestões metodológicas
Nesta unidade, o professor pode iniciar o tema levando os alunos a tomarem consciência dos problemas morais que vivem dia a dia, nas suas
relações com os outros e no meio em que se encontram, através de registo de informações nos jornais ou Tv. Problematizar a questão dos temas
como: roubo; a sua experiência de violência; da guerra; linchamentos, burla se possível assuntos relacionados com fraude académica para
consciencializa-los a cerca do perigo e mal que isso leva para o seu dia a dia.
O professor pode partir da máxima socrática “conhece-te a ti mesmo” para o aluno iniciar a indagação sobre si mesmo. Cada aluno deve fazer um
breve auto-retrato.
O aluno descobre-se como um sujeito moral, um ser pensante e manifesta-se como um ser de relações
O professor não deve tomar partido nas suas respostas às questões levantadas pelos alunos, uma vez que os assuntos a tratar são abertos, o
professor deve saber estimular os alunos para uma descrição mais próxima de si. O aluno deve discutir, argumentar e posicionar-se perante o
debate.
A partir desta unidade, o aluno ganha o espírito de auto-estima, convivência com o outro, a responsabilidade para com ele mesmo, para com a
escola, a comunidade e a pátria e mostrar em que circunstâncias se considera alguém moralmente responsável e a necessidade de juízo moral.
Os alunos vão apresentar as perspectivas da Liberdade (Personalismo, Marxismo e Existencialismo), assim como as espécies de Justiça (justiça
como equidade, justiça distributiva), usando textos seleccionados para leitura e discussão na sala de aulas.
19
No que concerne à Somaticidade, a mesma pode ser tratada como Abertura e Unicidade. Para o tema sobre características da pessoa, o professor
coloca situações em que o aluno descobre a sua identidade e a dos outros, e deste modo fazem um resumo incidindo nos conceitos de abertura e
unidade, sem se esquecer da origem teónoma, autónoma e heterónoma da consciência moral.
Será oportuno tratar com os alunos questões actuais da relação com o meio ambiente. Os alunos vão fazer um levantamento dos problemas gerais
e das respostas do homem para a crise ambiental que se vive hoje. Recomenda-se como bibliografia inicial a Emergência do Filosofar, para além
de outros materiais recolhidos na Internet.
Temas Transversais: Ambiente, Saúde e Nutrição e Saúde Reprodutiva, HIV-SIDA, Prevenção contra drogas, tabaco e álcool
O professor pode levantar questões pertinentes sobre as condições locais e do comportamento das pessoas quanto ao uso sustentável dos recursos
ambientais. É importante exemplificar para que os alunos tenham uma ideia clara do significado desse conceito.
Outras questões curiosas a levantar referem-se aos deveres de cada um para consigo próprio, para com os outros e para com a pátria e, daí
discutir com os alunos a importância e valor da saúde, a necessidade de adopção de comportamentos exemplares em relação à nutrição e à saúde
reprodutiva e o porquê da condenação do uso de drogas, tabaco e álcool. Levar os alunos a perceberem que a consciência sã (moralmente)
previne contra os riscos que levariam ao vício e estimula atitudes positivas de respeito para com a dignidade da pessoa humana.
É oportuno nesta unidade adoptar uma postura de intervenção, sem preconceitos, em relação ao HIV-SIDA. Questionar com naturalidade os
alunos se têm conhecidos, familiares e outros próximos vivendo com HIV-SIDA; explorar a sensibilidade dos alunos quanto ao apoio e atitude
20
face a tais pessoas, discutir com os alunos sobre a eficácia e importância das mensagens contra o HIV-SIDA e sugeri-los a criar novas formas de
consciencializar a comunidade contra a pandemia do século e outras endemias. O testemunho dos alunos do núcleo escolar do Projecto Escola
Sem HIV (ÊSH) será muito importante para estes objectivos.
Indicadores de desempenho
•
•
•
•
•
Reconhece a pessoa como um sujeito moral;
Analisa criticamente a origem da consciência moral;
Ilustra com exemplos os problemas e as consequências da bioética;
Identifica no seu meio os problemas ambientais;
Trata a pessoa como um ser de relações;
21
Unidade temática 3. Teoria do Conhecimento
Objectivos específicos
o aluno deve ser capaz de:
•
•
•
•
•
Conteúdos
Competências básicas
O aluno:
Carga horária
30 horas
Cultiva o conhecimento;
3. Teoria do Conhecimento
3.1 Noções Básicas: Conhecimento,
Conceito e Realidade, Elementos do Aceita diferentes perspectivas da construção do
conhecimento,
Faculdades
de conhecimento;
conhecimento.
Situa-se no debate com ideias claras sobre a matéria;
Valorizar a relatividade do 3.2 Perspectivas de análise do
Posiciona-se como um sujeito com coerência crítica e
conhecimento em diferentes Conhecimento: filogenética,
hierarquiza seus próprios saberes face às vantagens e
Ontogenética e Fenomenológica.
situações
desvantagens da aplicação do conhecimento científico;
3.3 Problemas e Correntes filosóficas da
Conduz o seu espírito sempre à verdade.
Identificar os elementos do Teoria do Conhecimento:
processo do conhecimento e
3.3.1 A (Im)Possibilidade do
explicar a dialéctica do acto
conhecimento sob: cepticismo e
cognitivo
dogmatismo
Analisar
criticamente
a
3.3.2 A Origem do Conhecimento
complexidade das estruturas
sob: Empirismo e Racionalismo;
cognitivas e seu papel na
Intelectualismo e Construtivismo
configuração do real
Construir os seus próprios
caminhos de chegar ao
conhecimento e estar em
condições de reflectir sobre
eles
Enquadrar as suas próprias
formas de conhecimento nas
perspectivas filosóficas
•
Reconhecer por si próprio que
as impressões sobre uma
mesma coisa se diferenciam
de indivíduo para indivíduo
•
Reconhecer por si mesmo que
as suas impressões também
são determinadas pelo objecto
do conhecimento
3.3.3 A Natureza do Conhecimento
sob: Realismo e Idealismo
3.3.4 Valor do Conhecimento sob:
Absolutismo e Relativismo
22
(Continuação da Unidade Temática 3: Teoria do Conhecimento)
Objectivos específicos
O aluno deve ser capaz de:
•
•
•
•
Conteúdos
Explicar a essência da crítica
Kantiana e o seu significado na 3.4. Níveis de Conhecimento:
• Senso comum, Conhecimento Científico e
teoria do conhecimento
Conhecimento filosófico
Explicar as diferentes formas de se
• Importância, limites e perigos do conhecimento
chegar ao conhecimento
científico
Descrever as características do
conhecimento
científico,
sua 3.5 Divisão e Classificação das Ciências (segundo Comte)
profundidade assim como sua
importância e perigos da sua 3.6 A Questão da Verdade Estados de espírito face ao
verdadeiro
aplicação na sociedade
Competências básicas
O aluno:
Carga
horária
Confia na própria razão, ganha auto-estima e
propõe
ideias
concretas
para
o
desenvolvimento da sua comunidade;
Distingue diferentes níveis de conhecimento
(filosófico, científico, senso comum);
Aplica a técnica para o bem da população;
Reconhece que qualquer conhecimento é
susceptível de ser questionado.
Reconhecer o valor cognitivo do 3.7 A Epistemologia Contemporânea e o problema da
pensamento mitológico diferenciá- possibilidade ou não do conhecimento.
lo do pensamento científico
Sugestões metodológicas
O professor começa a terceira unidade didáctica partindo dum questionamento sobre o conhecimento, como por exemplo: Quem conhece e Como
conhece; O que é conhecimento? (levar o aluno a “viajar” em busca de um conhecimento que lhe é familiar). Como aplicar o conhecimento para
23
produzir riqueza, etc. Em seguida vai realçar as ideias fundamentais e para tal pede aos alunos para anotá-las no quadro. E finalmente o professor
leva o aluno a fazer um percurso histórico com finalidade de visualizar as três perspectivas sobre o conhecimento; sendo a perspectiva
fenomenológica a mais importante. A origem do conhecimento, as correntes filosóficas e os diferentes níveis de conhecimento. O professor deve
explicar a relação entre os níveis do conhecimento, tomando o do Senso Comum como ponto de partida. Lembrando-se sempre de centrar a aula
no aluno e nos conteúdos com a finalidade de incentivá-lo a criar um espírito de investigação, produção e aplicação de conhecimentos na vida
comunitária.
O professor poderá dividir a turma em três grupos, dos quais o primeiro enumera e defende as vantagens concretas da ciência e o segundo
enumera e defende as desvantagens e o terceiro funciona como árbitro. E este terceiro grupo que vai tirar as ilações do debate resumidas no
quadro.
O professor explica que existem conceitos que, segundo Kant, não são cognoscíveis em termos científicos (como Deus, alma, mundo e liberdade
devido à sua extensão e universalidade). O professor pode recorrer ao texto das antinomias da razão em Kant no seu livro A crítica da razão pura
para aprofundar o tema.
Destacar a relatividade do conhecimento e o carácter dinâmico do conhecimento (mostrar, por exemplo, como surgiu e como funciona a tabela
periódica dos elementos químicos na natureza – Mendelev. Ver o programa da disciplina de Química, 8ª a 10ª classe). Será vantajoso seleccionar
textos de Piaget, Popper, Augusto Saraiva e Bonifácio Ribeiro para uso na sala de aulas. Será preciso aceitar outras classificações. Sugere-se aqui
cruzar as perspectivas de Spinoza e Descartes, assim como fazer menção ao contra-método de Thomas Kuhn. Na realização destas actividades o
aluno conclui que o conhecimento é relativo e dinâmico.
24
Temas Transversais: Desastres Naturais e Segurança Rodoviária
O professor pode tomar um exemplo qualquer que reportem desastres na natureza ou acidentes rodoviários. Deve levantar questionamentos sobre
como tais fenómenos poderiam ser explicados por diferentes sujeitos, de acordo com o seu nível de aprofundamento das coisas; isto é, um
mesmo facto pode ser explicado de diferentes maneiras e ter significados diversos. É preciso mostrar todavia que esses conhecimentos têm sua
razão de ser e que o seu uso depende muitas vezes da complexidade dos problemas a que se destinam resolver.
Será oportuno por os alunos em contacto com as normas e procedimentos a observar em relação a situações de desastres naturais (segundo o
INGC e CVM) e sobre a segurança rodoviária (segundo o INAV), através da dramatização, debates, produção de pequenos panfletos exortativos.
O professor pode ainda convidar uma personalidade do INGC e CVM para falar da prevenção e gestão de calamidades.
Indicadores de desempenho
• Define o conhecimento;
• Descreve o processo de aquisição de conhecimento;
• Diferencia os níveis de conhecimento;
• Reconhece a atitude filosófica nas diferentes correntes;
• Explica a relatividade do conhecimento;
• Interpreta as perspectivas do conhecimento;
• Discute problemas sobre a relatividade da verdade;
• Formula hipóteses sobre a origem do conhecimento;
25
Unidade temática 4. Introdução à Lógica I
Objectivos específicos
O aluno deve ser capaz de:
•
•
•
Conteúdos
Competências básicas
o aluno:
Carga
horária
4. Introdução à Lógica I
Identificar
os
elementos
organizacionais na formulação 4.1 Conceito e objecto da Lógica
de um discurso
4.2 A linguagem como fundamento da condição
Avaliar as condições da humana
4.2.1 Linguagem e comunicação
coerência das operações do
4.2.2 Linguagem, pensamento e discurso (uma
pensamento enquanto aplicado
relação triádica)
em discurso
Explicar as várias dimensões de
um discurso humano, assim
como os vários campos da
aplicação da lógica
4.2.3 As dimensões dos discursos humanos: (i)
fundamentais (Sintáctica, Semântica e
Pragmática); (ii) Acessórias (linguística, textual
lógico-racional, expressiva/ subjectiva,
intersubjectiva/ comunicacional, argumentativa,
apofântica, comunitária e institucional, ética)
•
Explicar as noções básicas da
lógica (conceito, juízo e
raciocínio) e poder operar com 4.3 Os novos domínios da Lógica e suas implicações
elas na organização do discurso sobre o homem e a sociedade (Informática,
Cibernética e Inteligência Artificial)
e crítica de textos
•
Avaliar
criticamente
condições (regras) de
definição como síntese
30 horas
Analisa a realidade nos seus esquemas
pensamento usando princípios lógicos
de
Interpreta textos de diferentes linguagens respeitando
todas as dimensões do discurso
Desenvolve consciência crítica quanto ao valor
epistemológico e social das TIC´s
Analisa e hierarquiza a complexidade do universo
dos conceitos
Aplica os conhecimentos da lógica na interacção com
a realidade
as 4.4 Os Princípios da Razão: Identidade, Nãouma contradição, Terceiro Excluído e Razão Suficiente
4.5. Lógica do Conceito/Termo: O conceito e o termo;
a relação entre a extensão e a compreensão do
conceito; Classificação dos conceitos e dos termos. A
definição: tipos e regras
26
Sugestões metodológicas
Esta é a unidade do programa de Filosofia em que o aluno deve lidar especificamente com as ferramentas do pensamento e do raciocínio. Assim,
sugere-se primeiro ao professor que tenha em consideração que os alunos já têm conhecimento do fenómeno da comunicação. E o professor
poderá aproveitar este facto para convidá-los a exporem este conhecimento e finalmente fazer uma ponte entre os conhecimentos da Língua
Portuguesa e da lógica.
O aluno compreende a interdisciplinaridade que existe entre a disciplina de Língua Portuguesa e a Lógica e usa as regras da gramática para
aplicá-las no raciocínio coerente.
Será preciso fazer um breve historial do surgimento da Lógica, sem que para tal haja um conteúdo especial. (Será proveitoso que os alunos façam
observação do modo de funcionamento de roldanas ou alavancas combinadas, ponto de partida da lógica clássica de Arquimedes.)
Interagir com professores de língua portuguesa, para questões de textos sugestivos e, sobretudo, explorar os conhecimentos anteriores dos alunos
quanto ao fenómeno da comunicação particularmente nos domínios da semântica, da sintáctica e da pragmática;
O professor poderá criar perspectivas no sentido de os alunos concretizarem na relação lógica e gramática, ao se abordarem as três dimensões do
discurso lógico já referidas, assim como procurar definir a função da linguagem no desenvolvimento do pensamento.
Temas Transversais
Nesta unidade pode ser retomado qualquer dos temas anteriormente tratados ou introduzir novos. O importante é utilizar textos devidamente
seleccionados que reportem situações que podem ser objecto de análise, em todas as suas dimensões, a fim de descobrir seu pleno sentido.
Indicadores de desempenho
• Reconhece a relação existente entre os conceitos lógicos;
• Reconhece a linguagem como fundamento da condição humana;
• Identifica os novos domínios da lógica;
• Aplica conhecimentos sobre os princípios da razão;
• Argumenta os princípios da razão;
• Elabora um discurso lógico;
27
12ª classe
28
Programa de Introdução à Filosofia da 12ª classe
8. Objectivos gerais da Introdução à Filosofia na 12ª classe
Ao terminar a 12ª classe, o aluno deve:
•
Ter a capacidade de formular um discurso lógico, coerente e crítico.
•
Desenvolver a capacidade de inventar, inovar, transformar e intervir sobre a realidade;
•
Assumir uma postura patriótica com consciência de cidadania responsável;
•
Posicionar-se no debate em torno do pensamento africano (seus pensadores e correntes);
•
Ser tolerante, homem de diálogo, negociação e saber gerir conflitos;
•
Criar uma personalidade consistente e com sentido de existência;
•
Conhecer a linguagem artística;
•
Descobrir nas manifestações artísticas os valores ético-morais que intervêm na
construção da identidade cultural para a intervenção sociopolítica.
29
9. VISÃO GERAL DOS CONTEÚDOS DA 12ª CLASSE
Trimestre
Unidade
Temática
Conteúdo
Unidade 1:
1. Introdução à Lógica II
1.6 Lógica e argumentação
1.7 Lógica do Juízo/Proposição
1.8 Lógica do raciocínio/Discurso
1.9 Relação entre Raciocínios Categóricos e Raciocínios
Hipotéticos
1.10 Lógica proposicional
Introdução
à Lógica II
1º
2º
3º
Unidade 2:
A Convivência
Política entre os
Homens
2 A Convivência Política entre os Homens
2.1 Noções Básicas
2.2 A Filosofia Política na História
2.3 Formas de Sistemas Políticos
2.4 Filosofia Política em África
Unidade 3:
A Filosofia
Africana
3. A Filosofia Africana
3.1 Contextualização do debate sobre a Filosofia africana
3.2 As principais correntes filosóficas africanas e seus
expoentes
Unidade 4:
Metafísica e
Estética
4. Metafísica e Estética
Metafísica
4.1 Ontologia. O conceito de Ser
4.2 O acto e a potência
4.3 A essência e a existência
4.4 Causas
4.5 A Metafísica e o fim último do Homem
Estética
4.6 O Belo. A Essência do Belo
4.7 O Belo como fundamento da arte
4.8 As artes belas
4.9 Significado e valor social das produções artísticas
4.10 A arte e a Moral (Relação mútua)
30
UNIDADE TEMÁTICA 1: INTRODUÇÃO À LÓGICA II
OBJECTIVOS ESPECÍFICOS
O aluno deve ser capaz de:
•
•
•
•
•
•
CONTEÚDOS
COMPETÊNCIAS BÁSICAS
O aluno:
CARGA
HORÁRIA
30 horas
Operar criticamente com a relação
funcional entre o juízo e a proposição
Articular os próprios raciocínios segundo
as etapas e princípios do argumento
Distinguir com clareza os raciocínios
quanto à sua natureza (indutivos,
dedutivos e analógicos)
Sistematizar a complexidade do universo
dos raciocínios: imediatos e mediatos;
categóricos e hipotéticos; regulares e
irregulares
Distinguir raciocínios coerentes dos
incoerentes
Explicar a importância da aplicação dos
princípios das operações lógicas na
interpretação dos factos
1. Introdução à Lógica II
1.1 Lógica e Argumentação
Constrói um pensamento coerente
aplicando as regras da linguagem
lógica
1.2 Lógica do Juízo/Proposição: O juízo Redige discursos lógicos e coerentes e
e a proposição. Classificação dos juízos faz uso criativo da diversidade das
dimensões dos discursos
e das proposições.
1.3 Lógica do Raciocínio/Discurso:
Noção e divisão do raciocínio.
Fundamentos
do
raciocínio.
As
inferências (simples ou imediatas,
complexas ou mediatas). Silogismo e
Falácias (Sofismas)
Explica os erros de raciocínio nos
diversos contextos da manifestação do
pensamento
Articula de modo criativo e pessoal
discursos categóricos e hipotéticos, em
diferentes contextos situacionais
1.4
Relação
entre
Raciocínios
Formular juízos e raciocínios usando
Categóricos e Raciocínios Hipotéticos
linguagem simbólica
1.5 Lógica proposicional: As cinco
operações lógicas basilares (negação, Aplica os princípios das operações
conjunção, disjunção, implicação e lógicas na consolidação do raciocínio
coerente autónomo
equivalência)
31
Sugestões metodológicas
O professor distribui textos seleccionados aos seus alunos, a partir dos quais fazem exercícios de identificação do discurso lógico, coerente e do
argumento.
O professor autoriza os voluntários para escreverem no quadro os juízos categóricos e hipotéticos, as proposições e, de seguida fazem a análise, a
compreensão, a diferenciação e a classificação. Orienta-os a aproximarem juízos categóricos aos hipotéticos e vice-versa, para permitir a
necessária consolidação dos conteúdos.
Em grupos, os alunos vão discutir textos, notícias de jornais ou ainda factos do quotidiano com o intuito de descobrir a sua coerência, logicidade
ou ilogicidade. Os textos distribuídos devem traduzir a realidade moçambicana, conforme as possibilidades existentes em cada escola. Nestas
actividades, o aluno pensa coerentemente e manifesta-o através das suas produções escritas e orais, adquire ferramentas lógicas que lhe
possibilitam descobrir os erros que interferem no discurso humano.
Indicadores de desempenho
•
•
•
•
•
Usa procedimentos lógicos para apresentar um discurso coerente;
Identifica as falácias no raciocínio;
Descreve a relação entre raciocínios categóricos e hipotéticos;
Produz um discurso a partir da lógica do raciocínio e do juízo;
Formula novas hipóteses sobre a lógica proposicional.
32
UNIDADE TEMÁTICA 2: A CONVIVÊNCIA POLÍTICA ENTRE OS HOMENS
OBJECTIVOS ESPECÍFICOS
O aluno deve ser capaz de:
•
Relacionar a filosofia com a
política
•
Explicar que os problemas
políticos
sempre
foram
preocupação dos filósofos
•
Diferenciar as ideias políticas de
Platão e Aristóteles quanto às
questões “quem deve governar?”
e “qual é a melhor forma de
organização social para o
homem?”
•
Explicar as teorias do contrato
social no pensamento moderno
•
Articular
os
conceitos
de
cidadania,
Liberdade,
Responsabilidade, Estado de
direito e Soberania
•
Descrever as correntes políticofilosóficas
da
idade
contemporânea
•
Identificar os princípios da Ética
política
•
Relacionar os conceitos gerais e
as perspectivas do debate
filosófico-político no contexto
situacional da África
CONTEÚDOS
2 A Convivência Política entre os Homens
2.1 Noções Básicas:
2.1.1 Política e Filosofia política
2.1.2 Relação Filosofia-Política
2.1.3 A Ética Política
2.1.4 Estado / Nação. Elementos do Estado:
Governantes, Governados, Constituição(caso da
Constituição de Moçambique), Soberania,
Símbolos nacionais.
2.1.5 Participação política dos cidadãos
2.1.6 Direitos Humanos e Justiça social
2.1.7 Estado de Direito e suas funções
2.2 A Filosofia Política na História
2.2.1 A Filosofia Política na Antiguidade (Platão
e Aristóteles)
2.2.2 A Filosofia Política na Idade Média (Sto.
Agostinho)
2.2.3 A Filosofia Política na Idade Moderna
(Machiavelli, Hobbes, Locke e Rosseau e
Montesquieu)
2.2.4 A
Filosofia
Política
na
Idade
Contemporânea
• John Rawls
• Karl Popper
2.3 Formas de Sistemas Políticos: Monocráticas e
Pluricráticas. A Democracia
2.4 Filosofia Política em África
2.4.1 Debate histórico. Génese dos nacionalismos
2.4.2 Panafricanismo vs Negritude
2.4.3 Renascimento Africano
2.4.4 Esforços de integração político-regional ao
nível da União Africana e SADC (A questão da
NEPAD)
COMPETÊNCIAS BÁSICAS
O aluno:
CARGA
HORÁRIA
Interage como sujeito no panorama sociopolítico;
20 horas
Analisa os fundamentos do Estado e a sua
relação com os conceitos de soberania e
cidadania;
Encara o espírito filosófico como força motriz do
dinamismo político;
Relaciona-se com consciência e habilidade com
elementos do Estado (ex. Artigos da Constituição
da República e Símbolos do patriotismo);
Cultiva um pensamento auto-crítico face às
evidências históricas do exercício do poder
político;
Sugere, criativa e coerentemente, suas propostas
de organização socio-política;
Assume uma postura patriótica de cidadania
responsável;
Fundamenta com liberalidade as suas opções
políticas
Age de forma responsável para tranformar a
mentalidade social no concernente às práticas
adversas aos Direitos Humanos no plano local,
nacional, regional e universal
33
Sugestões metodológicas
O professor pede aos alunos para fazerem uma revisão do conceito de Filosofia procurando trazer os aspectos práticos da mesma. O professor
orienta os alunos para apresentarem uma pequena peça teatral com intuito de mostrar a importância da participação colectiva dos indivíduos na
construção do país, na limpeza da escola e/ou da cidade, na abertura dum furo de água na comunidade. De seguida, vai se introduzir os conceitos
básicos da política. Estes pressupostos levarão o aluno reconhecer que ele sozinho não se basta e que a sua existência tem sentido na relação com
os outros.
O professor parte dum breve historial do surgimento da política e da filosofia política, de modo que os alunos reconhecem a sua importância para
o desenvolvimento da sociedade. A partir da confrontação dos textos sugeridos pelo professor, os alunos mostram a correlação existente entre a
Filosofia e a política ao longo da História e concluem que a filosofia e a política estudam o homem e a sua realização; descobrem também que as
relações entre ambas nem sempre são pacíficas.
Será preciso olhar para a organização política do Estado moçambicano. Tomar em consideração o texto da Constituição da República de
Moçambique, assim como outras fontes escritas do Direito. Os alunos podem procurar em diferentes fontes as características do Estado de
Direito e o professor insere, necessariamente, uma breve introdução sobre o percurso histórico da filosofia política, de forma que os alunos
conheçam os fundamentos de um estado de direito.
Nesta unidade, o professor pode iniciar o tema fazendo uma revisão sobre a pluralidade do conceito filosofia. Pode, de seguida, pedir alguns
alunos para narrar um episódio relacionado com a questão da escravatura e da colonização (ver alguns conteúdos de História e pode-se
desenvolver actividades sobre a escravatura, que englobem as duas disciplinas). Por outro lado, o aluno compara e percebe que o debate em torno
da filosofia política tem como factores espaço e tempo.
Temas transversais: Género e Equidade; Cultura de Paz Direitos Humanos e Democracia; Educação Fiscal
Sugere-se que o professor oriente os alunos a explorarem nos suportes jurídicos (Constituição da República, Lei da Família, Lei contra a
violência e abuso, Declaração Universal dos Direitos Humanos, etc.) questões relativas à cooperação e desenvolvimento; respeito, tolerância e
outros conteúdos dos direitos fundamentais da cidadania assim como o significado adequado do conceito cultura de paz. Os alunos devem relatar
as suas experiências locais e não só, os seus sonhos e expectativas como cidadãos moçambicanos.
34
É preciso que os alunos compreendam a importância da educação fiscal para o fortalecimento da soberania nacional. Pode-se partir do exemplo
paradigmático do que acontece numa família em que cada membro contribui a seu nível para acumulação do património que sustenta a vida
familiar e mostrar assim, que a soberania do Estado depende muito da contribuição dos cidadãos através impostos, cuja a finalidade é assegurar
os gastos do governo na promoção da saúde, subsistência alimentar, educação, segurança social, entre outros, a bem de todos os cidadãos.
Indicadores de desempenho
• Reconhece a essência da política;
• Identifica os diferentes tipos de Estado;
• Compara as diferentes formas e sistemas políticos;
• Reconhece conhecimentos sobre a filosofia política africana;
• Ilustra com exemplos as diferentes formas de Estado;
• Analisa criticamente as democracias emergentes;
• Interpreta a filosofia política na história;
• Discute as várias formas de sistemas políticos;
• Organiza dossier dos filósofos (os mais representativos do debate filosófico-político);
• Participa em debates com autonomia de pensamento.
35
Unidade Temática 3: A Filosofia Africana
OBJECTIVOS ESPECÍFICOS
O aluno deve ser capaz de:
•
•
•
•
CONTEÚDOS
Identificar a abordagem em 3. A Filosofia Africana
torno do debate sobre a
3.1 Contextualização do debate sobre a Filosofia
filosofia africana
africana: Filosofia em África ou Filosofia
Descrever as correntes africana? Que implicações?
político-filosóficas africanas
que determinam as tendências 3.2 As principais correntes filosóficas africanas
3.2.1 A Etnofilosofia. A oralidade e a
actuais do debate
literalidade na filosofia africana
3.2.2 A Filosofia Política: A relação entre a
Explicar a necessidade da
Filosofia e a Política, o Panafricanismo, a
reflexão
em
ordem
à
Negritude, a Filosofia dos movimentos de
maturidade da consciência
libertação O “Black Renaissance” e o
política africana
“African Renaissance”
3.2.3 Filosofia Profissional e Académica:a
Analisar as condições
africanidade da filosofia
culturais locais capazes de
estimular a consciência de
cidadania
COMPETÊNCIAS BÁSICAS
O aluno:
CARGA
HORÁRIA
Analisa o papel histórico e a importância da 20 horas
Filosofia em África e posiciona-se na
controvérsia;
Discute os fundamentos das propostas de
estados ideais segundo pensadores africanos
Situa-se criticamente no debate acerca da
existência ou não da filosofia africana
Decifra alguns traços da africanidade da
filosofia africana a partir de textos
Desenvolve consciência política com cariz
identitário como actor político africano,
moçambicano, local
Questiona-se sobre a alienação política e
propõe respostas objectivas
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Sugestões metodológicas
O debate em torno da filosofia africana prende-se desde o começo à questão da sua existência ou não, polémica que remete às páginas da História
Geral da África. Será de muito interesse e proveitoso interagir com os professores de História e retomar os fundamentos das correntes euro
centrista e africanista, além de realçar os conhecimentos anteriores dos alunos e as suas opiniões pessoais, de modo que os alunos participem no
debate sobre a filosofia africana.
A despeito da existência de várias orientações de pensamento na filosofia africana, maior enfoque recai sobre a filosofia política africana,
nomeadamente pelo uso específico que se lhe atribui como instrumento de libertação e emancipação política, económica e cultural do continente.
Assim, será muito vantajoso partir dos exemplos mais próximos de personalidades que encarnaram e difundiram estes ideais de libertação a partir
do país (Mondlane, Machel, entre outros), da região (Nyerere, Mandela) e da África em geral (N´Krumah, Keniatta, Blyden, Senghor, Kadafi),
discutindo os seus pensamentos a partir de textos seleccionados e/ou adaptados pelo professor. Com base nisto, os alunos apropriem os
pensamentos dos filósofos africanos e posicionam-se duma forma crítica.
Em relação à africanidade da filosofia africana, torna-se importante cativar os alunos a discutirem sobre os mitos, fábulas, contos da tradição oral
das comunidades locais, questionando-se sobre seu sentido e valor epistemológico, a fim de que os alunos possam interpretar a filosofia africana
a partir de mitos, fábulas, contos da tradição oral.
O Dia de África constitui um tema que pode servir de base para um trabalho interdisciplinar a partir da Introdução à Filosofia, História,
Geografia e Introdução à Psico-pedagogia.
Temas transversais
Pode retomar questões do Género e Equidade; Cultura de Paz Direitos Humanos e Democracia, explorando dos contextos locais as diversas
concepções ou interpretações, como forma de mostrar a função pedagógica da filosofia; o uso da filosofia como instrumento de emancipação,
desalienação e construção da identidade cultural.
Indicadores de desempenho
• Argumenta as posições sobre o debate da existência ou não da filosofia africana;
• Identifica as principais correntes filosóficas africanas e seus expoentes;
37
•
•
•
Relaciona o debate político e cultural da filosofia africana;
Emite opinião própria sobre os novos debates políticos africanos;
Organiza dossier dos filósofos (Filósofos africanos de diferentes correntes);
38
UNIDADE TEMÁTICA 4: METAFÍSICA E ESTÉTICA
OBJECTIVOS ESPECÍFICOS
O aluno deve ser capaz de:
CONTEÚDOS
Explicar as noções de 4: Metafísica e Estética
ser, substância e acidente acto e
Metafísica
potência
•
Apresentar a cadeia 4.1 Definição do conceito – Ontologia
lógica das causas na estrutura O conceito de Ser-enquanto-ser
da realidade
4.2 O acto e a potência
Reflectir
sobre
o
destino do Homem a luz da 4.3 A essência e a existência
Metafisica
4.4 A cadeia Aristotélica das causas; São Tomás de
Interpretar noções do Aquino- as 5 vias
Belo; beleza artística; obra de
arte; e não-arte; inspiração 4.5 A Metafisica e o fim último do Homem- a
interpretação religiosa
artística
•
CARGA
HORÁRIA
30 horas
•
•
COMPETÊNCIAS BÁSICAS
O aluno:
•
Explicar
o Estética
valor/significado social duma 4.6 O Belo. A Essência do Belo
obra artística
4.7 O Belo como fundamento da arte
•
Reconhecer que toda a
actividade humana tem/deve ter 4.8 Divisão e classificação das artes (as artes belas)
uma face artística
4.9 Significado e valor social das produções artísticas
•
Reconhecer
vínculos
4.10 A arte e a Moral (Relação mútua)
entre arte e moral; o belo e a
• A contribuição de alguns filósofos: Kant e
verdade
Platão
Aplica as noções de ser, substância e
acidente na interpretaçao da experiência;
Classifica as causas nas suas relações com
fenómenos do mundo real;
Usa as interpretações metafísicas na
concretização da sociedade e capta os signos
artísticos;
Estimula e desenvolve o seu lado artístico
num dos campos com que melhor se
identifica;
Contribui no debate sobre as manifestações
artísticas/ culturais pela sua crítica ou
opiniões reflectidas;
Interpreta e valoriza obras de arte (textos
literários, objectos esculpidos, quadros de
pintura, música, etc.);
Cria e usa a manifestação artística na
educação da sociedade;
Discute e defende a identidade cultural na
obra de arte.
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Sugestões metodológicas
Os conteúdos desta unidade temática tocam de maneira especial com a sensibilidade do aluno, colocando-lhe o desafio da abstracção em busca
dos mais elevados valores da ordem da transcendência. A experiência metafísica, parte do contacto com a realidade do Ser (ontos) nas suas
manifestações mais próximas (as coisas particulares e finitas) e projecta para o infinito em busca da máxima perfeição ideal (o sublime) que
confere sentido às coisas, à existência em si, além do seu valor catársico. O professor inicia a sua aula convidando os alunos a exporem as suas
experiências.
O aluno revela um certo domínio de si e do mundo; valoriza os recursos naturais que o meio proporciona. A criatividade e a naturalidade na
atitude do professor e dos alunos têm de constituir as notas dominantes; discutir nas suas aulas o significado e o valor das produções artísticas.
O aluno reconhece e capta o valor e o significado das artes. Caberá ao professor oferecer oportunidades para os seus alunos exprimirem as
experiências próprias relativamente ao Ser e ao Belo; sugere-se que, durante as aulas, sejam utilizadas como meios auxiliares peças/obras de
música, quadros de pintura, esculturas, entre outros artefactos do mosaico cultural universal, nacional e/ou local. O aluno interpreta e explica
porque é que o Belo é Belo, quando não o possui, partindo da visão Kantiana de que o Belo é para a contemplação.
Visitas a locais de produção artística ou museus de arte com roteiros predefinidos; entrevistas ou palestras com artistas locais e outros de renome,
serão um estímulo para que o aluno desenvolva atitudes positivas face às artes, concedendo-as especial valor como meios de expressão do
sentimento humano, da moral e da construção da identidade. Para tal, pode-se elaborar um projecto que envolva as disciplinas de Introdução à
Filosofia, Educação Visual e História (ou Introdução à Filosofia, e Educação Visual), a fim de estudar as produções artísticas locais ou
universais.
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Tema Transversal: Cultura e Desenvolvimento
Aqui é preciso mostrar que o desenvolvimento depende muito das condições culturais, isto é, o modo como o homem ou a comunidade se
relaciona com a natureza e os valores que cria, defende e promove. Será interessante levar os alunos a perceberem, através de exemplos de outros
povos que apostaram em tal experiência, porque a criação de uma identidade cultural própria e a defesa do seu património cultural se torna na
condição fundamental do desenvolvimento sustentável local e nacional.
Indicadores de desempenho
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
Identifica os novos debates da Metafísica;
Reconhece os fundamentos da existência humana;
Mostra com exemplos os problemas metafísicos actuais;
Relaciona o acto e a potência;
Encontra fundamentos da existência humana;
Formula hipóteses sobre a existência humana;
Discute os conceitos de acto e potência;
Interpreta a arte e a moral na vida quotidiana;
Descreve o belo como fundamento da arte;
Reconhece o valor social das produções artísticas;
Representa o belo nas várias actividades;
Organiza o dossier dos filósofos (da Filosofia da Arte/Estética e da Metafísica);
Faz pesquisa de elementos artísticos.
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Avaliação
Os conteúdos do presente Programa visam, essencialmente, desenvolver competências nos alunos.
O Professor é, nesta perspectiva, um facilitador do processo de ensino e aprendizagem. A
avaliação é um momento de verificação, por parte do Professor, dos resultados parciais ou finais da
sua actividade. Assim, quando realizada parcialmente, a avaliação deve permitir ao Professor o
reajuste de metodologias, em função das necessidades educativas que constata, sem perder de vista
o objectivo geral deste processo, que se resume em fazer com que o aluno demonstre ser um
sujeito de acção.
Os diversos intervenientes da avaliação (professores, alunos, encarregados de educação, membros
do conselho de escola, a direcção da escola e os técnicos da Educação a vários níveis) devem
conjugar esforços para que este processo resulte na garantia da qualidade da educação no País. E,
para salvaguardar a qualidade da educação, é indispensável que o Professor, em particular, realize
as três modalidades da avalição, a saber: a diagnóstica, a formativa e a sumativa5.
A avaliação não se resume às provas ou exames regulamentados, mas é uma actividade que, antes
de mais, deve ''informar'' ao Professor sobre as aptidões ou fraquezas dos alunos que lhe são
confiados (modalidade diagnóstica); e, sucessivamente, a avaliação deve, no processo educativo,
''informar'', igualmente, ao Professor sobre o grau de assimilação dos conteúdos que transmite,
permitindo-o a adopção de metodologias cada vez mais diversificadas, em vista aos objectivos préestabelecidos (modalidade formativa), finalmente, o mesmo proceso avaliativo deve permitir
“informar”, no final de cada período lectivo, de cada ano lectivo ou de cada ciclo, sobre o grau de
progressão das aprendizagens e competências previamente estabelecidas (modalidade sumativa).
Entretanto, no que diz respeito ao controlo contínuo e periódico dos conteúdos do presente
Programa, o professor deverá seguir o regulamento específico referente ao Segundo Cíclo do ESG
(Ensino Secundário Geral). Prestando especial atenção aos conteúdos programáticos, o professor
deve recorrer a outros métodos de avaliação tais como:
ƒ
Controlo do nível de articulação linguística e lógica discursiva nos debates que os alunos
deverão fazer;
ƒ
Controlo da correcção gramatical nos discursos orais feitos pelos alunos nas actividades
programadas;
5Cf; Artigos 53, 54 e 55 do Regulamento Geral da Avalição. (...)
42
ƒ
Controlo das competências que os alunos apresentam nas pesquisas bibliográficas
orientadas (artigos nos jornais e revistas; documentos oficiais: Constituição da República,
Declaração Universal dos Direitos Humanos, entre outros).
43

Documentos relacionados