Visão 1198

Transcrição

Visão 1198
Este suplemento faz parte integrante da VISÃO nº 1198 e não pode ser vendido separadamente
18 24/2/16
HÁ VIDA
PARA ALÉM
DA ‘BICA’*
Com o “velho” hábito
do café de filtro a ser
recuperado nas novas
cafetarias de Lisboa
e do Porto, a arte da
técnica associa-se ao
prazer de beber com
toda a calma do mundo.
Pressas para quê?
*
Do “cimbalino”, do carioca,
do abatanado, do café duplo,
do cheio e do curto,
do em chávena fria
e em chávena escaldada
e ainda, ufa!, do sem princípio
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O QUE ANDAMOS A GOSTAR (OU NEM POR ISSO) DE DESCOBRIR POR AÍ
P o r I N Ê S B E L O [email protected]
> muitíssimo bom 1…2… 1, 2, 3, 4, 5 MINUTOS DE JAZZ
Só lhe deram cinco minutos para mostrar o melhor do jazz e José Duarte
não se atrapalhou. Neste domingo, 21, o seu programa de rádio faz 50 anos
e a data é assinalada no Hot Clube, em Lisboa, com cinco concertos
(22, 24-27 fev), com os saxofonistas Lou Donaldson e Steve Potts
> bom
SARDINHAS DE LISBOA
Peixes há muitos, mas só a sardinha é a imagem das Festas de
Lisboa. O concurso promovido pela EGEAC, a empresa municipal
responsável pela animação cultural da cidade, já está a decorrer
e até 16 de março é pôr a imaginação a funcionar
> bonzinho
EU QUERO BOMBOCAS
Só o formato lembra as bombocas da nossa
infância, porque estas que a geladaria Santini
vende têm recheio gelado de mascarpone, bolacha
e doce de frutos vermelhos. E que boas que são
> assim-assim
É UM PASSE DE BICICLETA, SE FAZ FAVOR
Trinta e seis euros por ano ou €10 por dia é o valor que a EMEL
prevê que os lisboetas vão ter de pagar para pedalar numa das bicicletas
da rede de uso partilhado. A notícia seria boa se o pudéssemos fazer
já esta primavera, e não ter de esperar pelo ano que vem
> para esquecer
LÁ SE VAI LISBOA
Era daqueles lugares que pareciam eternos,
como eterna era a sua jukebox. Soube-se agora
que o mítico Café Estádio, no Bairro Alto, em Lisboa,
fechou portas, para as reabrir em breve, sob nova
gerência. A notícia fez disparar todas as campainhas:
que ali se mantenha o espírito do Bairro de antigamente
e o Estádio não se renda, como tantos outros,
ao terrível charme das modernices
18 fevereiro 2016 SE7E
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CA PA
No Copenhagen Coffee Lab, em Lisboa,
para fazer os vários cafés de filtro à disposição
usa-se o do Quénia. Os cafés têm os nomes
das máquinas onde são produzidos: pede-se
um V60, um Aeropress ou um French Press
4
SE7E 18 fevereiro 2016
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Café com toda a calma
Não se pede ao balcão, nem se bebe em dois tragos. Sem dizer
adeus ao expresso, as novas cafetarias de Lisboa e do Porto servem
cada vez mais café de filtro, numa experiência para a qual é preciso
tempo, paciência e técnica. Um hábito antigo que, com arte,
se “acomoda” aos dias de hoje
P o r S A N D R A P I N T O * [email protected]
FOTOS: JOSÉ CARIA
O
O cheiro desperta o paladar e embala as conversas. Esqueça-se o expresso pedido ao balcão, tirado num abrir e fechar
de olhos, e em vez disso peça-se um café de filtro, preparado
com precisão e sabedoria. O método traz à memória o
tempo do café comprado a granel e preparado na cafeteira
de metal, perfumando toda a casa. Com o passar dos anos,
as cafeteiras foram perdendo lugar nos armários de cozinha
sendo substituídas por máquinas de pastilhas, mais rápidas
e cómodas. Mas há quem queira voltar às origens. Antes da
leitura, fica o aviso do escritor Miguel Esteves Cardoso, para
levar em consideração: “Pode estragar-lhe a vida. É como
comer lavagante depois de uma vida a comer delícias do mar.
Ou como provar um bom vinho de quinta estando habituado
a beber caixotes de vinho a granel.”
É o caso da Fábrica Coffee Roasters, aberta há oito meses em
Lisboa. E onde tudo gira em torno do café. Há embalagens,
moinhos, cafeteiras e outros utensílios para compra.
A pedido de um cliente, o barista prepara um café de filtro
e o momento pede toda a atenção. Enquanto o jarro aquece
a água até aos 92º centígrados, escolhe-se um utensílio em
vidro composto por duas peças que se encaixam. Chama-se V60 e é uma das cafeteiras que utiliza filtro – nesta
categoria incluem-se ainda a Aeropress, a Kalita e a Chemex.
Depois, faz-se a pesagem do arábica, a única espécie de
café usada, e a moagem. Em seguida põe-se em cima do
filtro, previamente molhado para lhe retirar o sabor a papel.
Acrescenta-se água quente em dois momentos separados por
40 segundos – nesta fase o olhar fica como que enfeitiçado
a ver o café cair e o nariz congratula-se com este aroma.
“Queremos trazer o café de especialidade para Lisboa,
oferecendo o seu sabor puro sem xaropes, chocolates ou
chantillys,” explica Benderschi Stanislav, o proprietário da
Fábrica Coffee Roasters (R. das Portas de Santo Antão, 136),
que só compra café cultivado em solo fértil e colhido à mão
no Brasil, Etiópia, Quénia e Colômbia. Há mais para provar
como expresso, caffe late e cappuccino; e as versões frias,
como affogato, iced coffee, retirados na máquina
La Mozorocco. Mas são as opções de filtro (€3 para uma
pessoa, €5 para duas) que se destacam nesta casa, com
ambiente descontraído e decorada em estilo industrial, que
merecem a nossa atenção – e a nossa prova, claro!
Antes de Stanislav se envolver neste negócio, já as irmãs
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CA PA
Apenas o arábica
é usado nos cafés
de filtro da Fábrica
Coffe Roasters
dinamarquesas Susan e Hellen Jocobsen serviam café numa
carrinha que estacionavam no Terreiro do Paço. Em março
do ano passado, a Copenhagen Coffee Lab encontrou uma
morada fixa junto à Praça das Flores (R. Nova da Piedade,
10). Ali, não têm mãos a medir com tantos pedidos de
expressos e café filtrados, dependendo do gosto e do tempo
que se quer perder (ou ganhar). É importado e torrado
em Copenhaga. Para quem aprecia um café de balão mais
texturado e encorpado, aconselham um French Press (€4 ou
€3 consoante o número de chávenas). Para os apreciadores
de aromas mais subtis, a escolha recai num V60 (€2,50).
Aqui, um café é sempre acompanhado por uma boa conversa
ou por um teclar num tablet ou computador.
Em Lisboa, há mais uma cafetaria a merecer a visita para uma
prova demorada: a Wish, na Lx Factory (R. Rodrigues Faria,
103). “Inspirei-me na minha infância e na altura em que a
minha tia fazia café na cafeteira”, diz Margarida Eusébio, a
responsável pela Wish. Para recriar os sabores que guarda na
memória, procurou a melhor matéria-prima e métodos de
extração. O rápido, para preparar o expresso, capuccino e o
café latte; e o filtro, para as opções de balão. São todos feitos
com a variedade arábica, de origens que variam dependendo
da época do ano ou das melhores colheitas.
No Porto, a Mercearia do Miguel (R. do Passeio Alegre, 130)
é pequena, mas aromática. Muito por causa do café artesanal
Vernazza, moído na hora, e servido de diferentes formas,
da prensa francesa (€1,50 a €3) ao balão (€3). Ao pequeno-almoço, é de acompanhar com torradas de pão alentejano.
Durante o dia, nota Teresa Valle, a proprietária, “há sempre
um doce para servir com o café”. Na Baixa do Porto, é com
muita calma que se entra no Bop Café (R. da Firmeza, 575).
Convém reservar largos minutos para saborear o café de
filtro da casa (€1,30) ou tirado com a técnica japonesa do
Pour Over, com grão selecionado da Colombia e Etiópia
(€3 a €4,50), num dos vários pontos de escuta do vinil.
Preparado no balcão, passo a passo, de maneira a que o
cliente veja.
Embora no Mesa 325 (Av. Camilo, 325), na zona oriental do
Porto, as bebidas quentes se possam levar para beber na rua,
nem tudo é feito atrás do balcão, onde se exibem scones, bolo
de chocolate com beterraba ou gengibre com laranja (€1,20).
Além de capuccino, abatanado, caffè latte e vietnamita,
Leonor Sá e o marido, Mário Espinha, servem cada vez
mais café de filtro (€1,20). “É 100% arábica da Vernazza,
importado do Brasil, Salvador e Etiópia, de qualidade
superior e gosto diferente”, sublinham. Muito usado como
sala de reuniões, escritório e ateliê, no Mesa 325 tudo apela
à calma. Os móveis de madeira, as palavras de parede, a
iluminação suave, o chão de cimento e os cadeirões parecem
ter saído de casa, só por momentos.
É a vida para além do expresso. E, ao que parece, a tendência
não se resume apenas às novas cafetarias da cidade de Lisboa
e do Porto. Encontrar o melhor café levou, por exemplo, o
chefe de cozinha Alexandre Silva, proprietário do restaurante
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O café serve-se puro e, diz
o proprietário da Fábrica Coffee
Roasters, “sem xaropes,
chocolates ou chantillys”
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No restaurante
Loco, o balão
de vidro, a
água quente e a
lamparina chegam
num carrinho.
Para que o cliente
veja o café a ser
preparado
A tendência não se resume apenas
às novas cafetarias. Encontrar o
melhor café levou Alexandre Silva
numa aventura pelas misturas e
provas: “Sabia que não queria servir
um café de pastilhas”, diz o chefe do
restaurante Loco, em Lisboa
Na Wish, tenta-se
recriar o sabor do café
“lá de casa”
Loco, em Lisboa (R. dos Navegantes, 53B), numa aventura
pelas misturas e provas. “Sabia que não queria servir um
café de pastilhas. Queria que fosse um momento especial,
tal como é toda a refeição”, explica Alexandra Silva. Para o
ajudar nesta missão, aconselhou-se com Niccòlo Corallo,
proprietário da loja Bettina & Niccòlo Corallo, também em
Lisboa. Da parceria resultou a criação de um lote exclusivo,
com três variedades de café de balão. “Queríamos que
tivesse acidez, perfume e corpo”, diz, acrescentando ainda
que encontrou estas características nas variedades robusta
(corpo), na arábica do Brasil (perfume) e na arábica do
Ruanda (acidez). A torra de cada uma é feita nas instalações
da loja Bettina & Niccòlo Corallo, normalmente três dias
antes. À mesa, no restaurante Loco, o café moído, o balão
de vidro, a água quente e a lamparina chegam depois num
carrinho para ser preparado em frente ao cliente. O processo
dura cerca de cinco minutos, mas permanecerá muito mais
do que isso nos olhos de quem souber ver.
MÁRIO JOÃO
*Com Susana Silva Oliveira
18 fevereiro 2016 SE7E
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7 FA CTOS SOBR E...
A ver as letras
A 17ª edição do Correntes d'Escritas, o encontro
de autores da Póvoa de Varzim, vai decorrer a partir da
próxima terça, 23, e até ao dia 27, no Cine-Teatro Garrett.
António Lobo Antunes é o escritor homenageado
P OR M Á R I O D A V I D C A M P O S [email protected]
1|
“O farol que a Póvoa
não tem”
A expressão é poética, pertence
ao poeta Ivo Machado e ajuda a explicar
o fenómeno em que se transformou
o Correntes d’Escritas. Para muitos
editores e livreiros, é o festival que
marca o início do ano literário. Em
2000, na sua primeira edição, o
brasileiro João Ubaldo Ribeiro foi um
dos convidados, a par de Manuel Rui,
Germano Almeida, Onésimo Teotónio de
Almeida, Vergílio Alberto Vieira e Carlos
Quiroga, figuras que todos os anos
repetem a presença na Póvoa de Varzim.
2|
Lotação esgotada
Depois de vários anos a
decorrer no hotel Axis Vermar,
em 2015, o festival foi transferido para
o então recentemente renovado CineTeatro Garrett, no centro da cidade. A
aposta resultou em pleno e, desde então,
os 470 lugares quase sempre esgotam.
3|
À volta da mesa
e das escolas
Especialmente concorridas
são as mesas-redondas onde vários
escritores debatem os temas lançados
pela organização. Para além disso,
muitos deles fazem visitas a várias
escolas do concelho.
4|
A revista e os lançamentos
Todos os anos o Correntes
lança uma revista durante o
festival dedicada a um autor. A deste
ano homenageia a obra de António Lobo
Antunes e inclui textos de Ana Paula
Arnaut, Harrie Lemmens, Rui Vieira,
Rui Zink, Norberto do Vale Cardoso,
Vergílio Alberto Vieira, Sérgio Sousa
e Susana Carvalho. Na quarta, 24, às
21h45, será exibido o filme A Morte de
8
Carlos Gardel, de Solveig Nordlund,
baseado no romance homónimo do
autor.
5|
E o prémio vai para...
Lídia Jorge foi a primeira
vencedora do prémio de 20
mil euros, instituído em 2004, em
parceria com o Casino da Póvoa. Este
ano, a autora de O Vento Assobiando
nas Gruas pode, aliás, ser a primeira
a repetir a façanha uma vez que está
entre os finalistas desta edição.
A concurso estiveram 170 obras das
quais o júri, constituído por Carlos
Vaz Marques, Helena Vasconcelos,
Isabel Pires de Lima, João Rios e José
Manuel Fajardo, selecionou 13.
6|
A conferência
de abertura
A conferência de
abertura costuma ser um dos
pontos altos do festival. Nesta
edição, o poeta e ensaísta José
Tolentino Mendonça dissertará
sobre O Silêncio dos Livros, no
dia 24, às 15 horas.
7|
Escrever é
ganhar e
perder
Para além dos
debates e das
conversas
haverá também
sessões de poesia,
lançamentos
de obras, teatro,
exposições e a
feira dos livros, sob o
lema “Escrever é ganhar
e perder, é a catarse da
existência, mas que Nada acaba
no fim”.
SE7E 18 fevereiro 2016
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REMIX
Dos tempos de liceu
Lembra-se dos emblemas cosidos, ou colados com o ferro de engomar,
na roupa que foram moda ali pelos anos 90? Parece que estão de volta,
e não são só para crianças e adolescentes
T-shirt
Bershka
€14,99
Polo
Fred Perry
€85
Camisola
H&M
€39,90
Blusão
Zara
€29,95
Emblema
Karl Lagerfeld
€24
Galochas
Lemon Gelly
€79,90
Joelheiras e cotoveleiras
Dare You Mum
€8 (par)
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O G OSTO DOS OUTROS
Da Ribeira até à Foz Porto
“Gosto de fazer caminhadas a pé para
pensar ou para me inspirar. Vou sozinho,
com amigos ou com o meu cão [o labrador
Gaspar]. Tenho uma grande relação
com a água e gosto de deixar aquele
aglomerado de casas da Ribeira,
passear até Massarelos, olhar
a Afurada e, mais à frente,
chegar ao Atlântico.”
Pedro Lemos
É na cozinha do seu
restaurante no Porto
que o chefe, com uma
Estrela Michelin, passa
a maior parte do dia.
Os lugares por onde
gosta de andar na cidade
quando, mesmo assim,
lhe sobra algum tempo
O Douro
Os dois anos que Pedro Lemos trabalhou
na Quinta da Romaneira são os “culpados”
da sua paixão pelo Douro. “Foi o período
da minha vida em que vivi mais isolado,
mas fiquei a conhecer aquele povo e ganhei
valores mais nobres. Foi lá que ganhei
confiança para abrir o meu restaurante”. E é
ao Douro que vai quando precisa, como diz,
de “paz e serenidade”.
P OR F L O R B E L A A L V E S
[email protected]
A lota de Angeiras Matosinhos
Neto de uma vendedora de peixe, Pedro
Lemos costuma andar pela lota. “Gosto
de ver os barcos a chegar, de falar com os
pescadores. Acabo por levar peixe de que
nem preciso, mas depois invento pratos
com ele. E a lota fica junto à praia da minha
infância, a Agudela, para onde ia
de bicicleta com o meu pai.”
Rua
de Santa Catarina O chefe vive
na Baixa, e é lá que gosta
de comprar roupa e de ir às confeitarias
tradicionais. “Até o meu oculista
fica na Baixa. Sou um bocado conservador
e detesto os shoppings”
Teatro Nacional S. João Porto
Parque da Cidade Sempre que
o restaurante lhe dá descanso, Pedro
Lemos gosta de levar as sobrinhas a
passear junto aos lagos e até leva pão
“para dar de comer aos patos”
10
Pedro Lemos adora ir com a mulher, Joana
Espinheira, ao Teatro Nacional S. João:
“Nem que seja só para ver o edifício”.
“Faz-me viajar no tempo. E depois, quando
saímos, podemos sempre comer um
cachorro no Gazela.”
SE7E 18 fevereiro 2016
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CO MER E BEBER
Clube do Bacalhau Lisboa
Nem é carne, nem é peixe
MÁRIO JOÃO
Uma associação cultural que serve petiscos com música, cinema, poesia, “stand-up comedy”
e “performances”. Sim, um restaurante com muita arte
Desde o início
do século XX, o
edifício onde está o
Clube do Bacalhau
foi uma fábrica de
pão, um armazém,
uma antiga oficina
que reparava
motores de barcos
e, por último, um
bar de heavy metal
Aos cinco sócios, foi fácil arquitetar o
plano. Para Rui, Tiago, Pedro, João e
Clem, todos amigos na casa dos trinta
e poucos anos, o Clube do Bacalhau é
uma associação cultural onde
pretendem explorar a portucalidade,
“incluindo a arte enogastronómica”, como explica
Clem Ferreira, músico, produtor e técnico de som.
“Somos uma casa para as pessoas estarem a beber,
a comer um petisco e a participar em algo
cultural”. Poderá ser uma exposição de fotografia,
de pintura ou de escultura, concertos ou
performances, “nunca nada de forma excêntrica,
mas sim intimista”. Os músicos, por exemplo, serão
desafiados a reinterpretarem os seus temas de
forma mais acústica. A programação começa em
março, com as noites de quarta-feira dedicadas à
stand-up comedy, com humoristas conhecidos,
algo que não descartam para quando organizarem,
logo a seguir, o ciclo de fado. Traçar uma rota de
tasquinhas, onde se come bom bacalhau, será outra
das tarefas a pôr em prática durante este ano.
É numa transversal à Rua do Arsenal, conhecida
pelas lojas de venda de bacalhau, que, desde
2014, Clem – juntamente com Rui Moreno, o
único dos cinco que já trabalhava em restauração,
e João Alves,responsável pela parte comercial
– têm passado os dias. As profissões de Tiago
Cerqueira (músico e compositor) e Pedro Silva
(operador de câmara no Qatar) obrigam-nos
a grandes temporadas fora de Portugal e, por
isso, estão menos presentes. Depois de longos
meses de obras, onde puseram, literalmente, as
mãos na massa para partir paredes, descobrir
abóbadas em pedra e um poço com água potável,
tratar madeiras e decorar com móveis, armários,
cadeiras e mesas de escola comprados na Feira
da Ladra, todos estão satisfeitos com ambiente
conseguido – uma sala a media luz onde apetece
ficar em amena cavaqueira acompanhados de bons
petiscos. Rui Moreno, com os chefes Marco Farias
e Cláudio Martins, elaboraram uma ementa onde
o bacalhau é o ingrediente principal, mas não é o
único. Tudo pode ser partilhado, desde o carpaccio
de bacalhau fumado com queijo da ilha, alcaparras,
paprica e lima (€10), as tibornas de bacalhau com
pasta de azeitona e de queijo de cabra com mel e
alecrim (€4,50/cada), as pataniscas de bacalhau
com maionese de lima (€4), o hambúrguer de
bacalhau (€7), o wrap de bacalhau e legumes (€8).
Nas carnes, difícil será escolher entre tábuas de
presunto de porco preto (€9) ou de enchidos
de porco preto (€14,50), o prego mirandês, com
carne portuguesa certificada (€9,50), moelas no
tacho (€4,50), laminado mirandês com mostarda
à antiga, uma espécie de pica-pau (€9,50) e porco
ao mar, a lembrar a carne de porco à alentejana
(€6,50). No fundo, é um clube onde já abriram
as inscrições para sócios e simpatizantes.
Sónia Calheiros

Travessa do Cotovelo, 12, Lisboa > T. 21 342 0737
> ter-sáb 12h-24h (cozinha), sex-sáb até 2h
18 fevereiro 2016 SE7E
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CO MER E BEBER
Adega Vila Meã Porto
Discreto e agradável
Quem anda atrás da moda pode não dar pelo restaurante, embora este não passe de moda
POR
MANUEL
G O N ÇA LV E S
D A S I LVA
LUCÍLIA MONTEIRO
comer&[email protected]
É a verdade que
manda insistir
nesta nota: na
Adega Vila Meã,
a comida é feita
como em casa:
simples, farta e
muito saborosa
12
Atraídos pelo eco das inaugurações e
pela novidade das cozinhas de autor,
corremos o risco de esquecer o que é
tradicional, genuíno e nosso, como o
restaurante Adega Vila Meã, que está
instalado num prédio antigo de uma
rua estreita do centro do Porto, junto do Largo dos
Lóios, entre os Clérigos e S. Bento, e passaria
despercebido se não tivesse a fama se servir boa
comida portuguesa em doses generosas. É isso que
atrai e fideliza os clientes, desde que Armando
Sousa Santos tomou conta da casa, há 40 anos.
Tem uma sala acolhedora com lambris de azulejo,
decoração singela com objetos variados nas
paredes, toalhas brancas sobre outras coloridas e
ambiente familiar. A comida é feita como em casa:
simples, farta – é a verdade que manda insistir
nesta nota – e muito saborosa.
A ementa é estável e abrangente, tendo
referências que não se podem ignorar. Nas
entradas, o presunto, o queijo da Serra e as
alheiras (de Vinhais e de caça) impõem-se, devido
à qualidade dos produtos. Nos pratos principais
destacam-se os que têm dia fixo: pataniscas de
bacalhau, à segunda-feira; filetes de polvo com
arroz do mesmo e polvo assado no forno, à terça;
filetes de polvo e rojões à moda do Minho, à
quarta; cozido à portuguesa, à quinta; vitela e
cabrito assados no forno, à sexta; filetes de polvo
e tripas à moda do Porto, ao sábado. São tão bem
feitos como bem servidos. Mas há outros a ter em
conta, como o bacalhau escachado, talvez o prato
mais pedido e emblemático da casa (grelhado,
lascado e regado com azeite e alho); os filetes de
pescada (pescada fresca com o polme suave e a
fritura correta, em boa companhia de arroz de
legumes); o peixe do dia grelhado (lulas, garoupa,
o melhor da praça); as febras de salpicão (carne do
lombo com o tempero do salpicão, que é vinhad’alhos, cortada em febras e frita); a posta de
vitela à moda da casa (semelhante à mirandesa),
rojões à portuguesa (muito bons, mesmo sem o
fígado, o sangue e a tripa enfarinhada dos rojões
à minhota das quartas-feiras); a língua de vitela
com ervilhas; os lombinhos de vitela ou as plumas
e os miminhos de “porco preto” na grelha. Boa
doçaria, sobressaindo o leite-creme, as musses,
em especial as de chocolate e de morango, e o
toucinho do céu. Garrafeira adequada. Serviço
eficiente.

R. dos Caldeireiros, 62, Porto > T. 22 208 29 67 > seg-sáb
12h-15h; 19h-22h30 > €20 (preço médio)
SE7E 18 fevereiro 2016
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LUCÍLIA MONTEIRO
PROVA CEGA
Arinto dos Açores
Branco 2014 D.O.
Pico Açores
Toledo Lisboa
Vamos a certos restaurantes
com a expetativa de sermos
surpreendidos e a outros com
a certeza de encontrarmos
exatamente o que pretendemos,
como o Toledo, ao Lumiar,
restaurante sem outras
pretensões que não sejam as
de receber e servir bem os
clientes. Tem uma sala ampla
com mesas cómodas, decoração
sóbria, sobressaindo uma
armadura que provavelmente
tem a ver com o nome, montras
de carne e de peixe onde se
exibem bons produtos. A
gastronomia é portuguesa com
base no receituário tradicional.
A extensão da ementa não
é motivo de preocupação,
porque a afluência de clientes
garante a conveniente rotação
dos produtos, bem como a sua
frescura. Já não vêm à mesa os
salgados e outros petiscos que
eram sugeridos para entrada.
Em vez disso, trazem pão,
manteiga e queijinho fresco
para entreter, mas vale a pena
pedir os rissóis ou os pastéis
de bacalhau. Depois, preste-se
atenção aos pratos do dia,
que são diversificados, bons
e a preços muito acessíveis.
Assim, na segunda-feira
temos: bacalhau à Brás, cabrito
assado no forno e feijoada
à transmontana; na terça:
garoupa (ou pargo) no forno,
arroz à valenciana e dobrada;
na quarta: polvo à lagareiro,
cozido à portuguesa e borrego
no forno à padeiro; na quinta:
bacalhau à Gomes de Sá, favas
à portuguesa e rancho à moda
da Beira; na sexta: línguas de
bacalhau com grão, língua de
novilho estufada e pato com
arroz; e no domingo: polvo à
lagareiro, cozido à portuguesa e
cabrito assado no forno. Doçaria
diversificada com destaque
para o bom leite-creme feito na
casa. Garrafeira adequada com
apreciável número de meias
garrafas. Serviço profissional.

R. Alexandre Ferreira, 34-A, Lisboa
> T. 21 759 3760 > dom-sex 12h-15h;
20h-23h > €15 (preço médio)
Vinhos dos Açores
Uma história singular
O Pico deu-lhes a fama internacional
que o tempo foi apagando, mas o futuro
promete voltar a sorrir-lhes
A cultura da vinha nos Açores começou
com o povoamento das ilhas e conheceu
tempos de glória, quando o Vinho do Pico
– um licoroso branco seco –, era
requisitado pela nobreza do Norte da
Europa, dando fama e proveito ao
arquipélago. Depois decaiu, na segunda metade século
XIX, com os sucessivos ataques do oídio, do míldio e da
filoxera, embora tenha sobrevivido, como demonstra a
extraordinária Paisagem da Cultura da Vinha da Ilha do
Pico. Os “currais” e “curraletas” do Lajido da Criação
Velha e do Lajido de Santa Luzia são exemplos
admiráveis do esforço e do engenho dos picoenses. Em
1974 deu-se início à Reconversão Vitivinícola dos
Açores e 20 anos mais tarde surgiram as Regiões
Vitivinícolas das ilhas Graciosa, Terceira e Pico.
A casta plantada no Pico que deu origem a um dos
vinhos mais célebres do mundo foi a Verdelho, que
o enólogo António Maçanita procura para preservar,
bem como outras castas indígenas e exclusivas dos
Açores. Líder do projeto Fita Preta Vinhos, no Alentejo,
com uma produção anual superior a 200 mil garrafas,
António Maçanita tem uma costela açoriana que o
chamou às ilhas, em 2010, com a convicção de que
“existia um grande potencial de qualidade, tendo em
conta as castas, o terroir e os vinhos já existentes”. E
conta: “Confirmámos que, quando juntámos o que
sabíamos à experimentação do que desconfiávamos,
o resultado são vinhos colocados num patamar que
ninguém se atreveria a sonhar para os Açores há bem
pouco tempo.” Em 2014 nasceram os primeiros vinhos
da Azores Wine Company (empresa que partilha com
mais dois sócios): os brancos monocastas Verdelho,
Arinto dos Açores e Terrantez do Pico, o Rosé
Vulcânico e o Tinto Vulcânico. O êxito foi imediato
com os monocastas a conseguirem excelentes críticas.
Encontram-se nas boas garrafeiras, wine bars e
restaurantes. É deles que aqui falamos.
Cem por cento Arinto
dos Açores, uma casta
autóctone e exclusiva
do arquipélago,
plantada nas fendas da
rocha vulcânica, junto
ao mar, protegida por
muros que formam os
“currais”, este vinho
de aroma mineral com
notas cítricas, paladar
fresco, mineral, salino,
com acidez marcante,
tem uma personalidade
bem definida, forte,
única.
€23,90
Terrantez do Pico
Branco 2014 I.G.
Açores
Deste vinho foram
produzidas apenas
380 garrafas, o que
quer dizer que é uma
curiosidade para os
consumidores comuns
e um desafio para
os enófilos. Tem um
aroma mais fresco
com notas de frutos
tropicais e cítricas, a
que se junta um toque
de iodo. O paladar é
cheio com apreciável
textura, muito boa
acidez e cativante
componente salina.
€40
Verdelho O Original
Branco 2014 D.O.
Pico Açores
Tem o nome da casta
única de que é feito,
Verdelho, muitas
vezes confundida com
as castas Gouveio e
Verdejo, razão pela
qual se acrescenta
“O Original”: é o
Verdelho das ilhas.
As suas principais
caraterísticas são o
aroma exuberante
com notas tropicais e o
paladar fresco, mineral
e salino.
€23,90
© Todos os direitos reservados. A cópia ou distribuição não autorizada é proibida. Ficheiro gerado para o utilizador 1194957 - [email protected] - 95.93.235.242 (18-02-16 09:44)
CO MER E BEBER
Está-se bem Porto
Ribeira com pronúncia
MÁRIO JOÃO
Uma taberna moderna com raízes tradicionais,
onde o barman do ano Carlos Santiago serve cocktails
LUCÍLIA MONTEIRO
Pão de Chocolate Lisboa
Nas oito mesas
do Está-se Bem
servem-se
petiscos que
querem reavivar
as tradições
do Porto
Ainda há quem se lembre do Está-se Bem,
do Sr. Adriano e da D. Carminho, onde se bebia
traçadinho e ginginha: uma casa de grandes
portas verdes, quase à entrada da Rua da Fonte
Taurina, uma das artérias mais antigas do Porto.
Depois de um encerramento temporário, os
petiscos estão de volta, numa versão atualizada. “É uma
taberna moderna com raízes tradicionais”, descreve Cristóvão
Sousa, o proprietário, garantindo ter uma carta “altamente
fiável e de cair para o lado”. E justifica, dando exemplos,
como o do bife da vazia (400 gr), grelhado apenas com sal à
vista do cliente, com carne de animais criados ao ar livre. As
alheiras, o salpicão e a tábua de fumados são de porco bísaro
(€4 a €18), e ali serve-se queijo Canada, dos Açores e
azeitonas de Freixo de Numão. Todos os dias há tripas à
moda do Porto com arroz branco, bem como prego de lombo
no pão, covilhete de Vila Real com puré de maça e caldo
verde com broa de Avintes (€3 a €7). “Não vamos copiar ou
replicar o que outros fazem, mas mostrar e reavivar as
tradições do Porto”, diz Cristóvão Sousa.
A acompanhar, propõem-se vinhos do Alentejo, Douro,
Bairrada e da região dos verdes. Mas não só. Carlos Santiago,
o barman do ano 2015, aceitou o desafio de “implementar
o cocktail na cidade” e deu aqui o primeiro passo com
o mojito Está-se Bem, ao qual se devem seguir “outras
harmonizações” em colaboração com o chefe de cozinha José
Carlos (€6 a €9). Carlos Santiago promete até criar bebidas
ao gosto do cliente, para que ninguém reclame que aqui não
se está mesmo bem. S.S.O.

Está-se bem > R. da Fonte Taurina, 70, Porto > T. 22 090 0900 > ter-dom
12h-23h (a partir de março abre também à segunda)
14
Mal abriu, há apenas dois
meses, e já a nova pastelaria
de Benfica tem planos para o
futuro: “Vamos acrescentar a
loja do lado à Pão de Chocolate
e passar a servir brunch aos
fins de semana e feriados. Vai
estar pronto antes do verão”, diz
Diogo Serra Branco que, com
as irmãs Raquel e Vera Lopes,
formam o trio de sócios do
projeto. Enquanto se espera pelo
brunch há que usufruir do que
já está disponível, 28 lugares
sentados no interior mais oito
na esplanada, prontos a receber
os apreciadores do fabrico
próprio. Desde a abertura que
a Pão de Chocolate tem vindo a
conquistar clientes – aos fiéis,
Vera e Raquel já lhes conhecem
os gostos, os outros entram
à descoberta. Nas vitrinas há
queques, napolitanas e tranças
de chocolate, chausson de
maçã, roulette de cheesecake
e bolas de Berlim, grandes e
pequenas, recheadas de doce
de ovos ou de Nutella. Faltam
acrescentar os croissants
franceses de massa fofa,
generosamente recheados no
momento com doce de ovos
ou Nutella. O fabrico próprio
inclui ainda bolos à fatia, como
a delícia de chocolate ou a
montanha de profiteroles, e
alguns salgados, como as
fatias de quiches que também
compõem um dos dois menus
de almoço disponíveis. Quanto
ao Pão de Chocolate, esse,
ainda está a afinar a receita, é ir
passando e experimentando o
que já lá está. S.L.F.

Estr. de Benfica, 591 A, Lisboa
> T. 21 716 1337 > seg-dom 8h-19h
SE7E 18 fevereiro 2016
© Todos os direitos reservados. A cópia ou distribuição não autorizada é proibida. Ficheiro gerado para o utilizador 1194957 - [email protected] - 95.93.235.242 (18-02-16 09:44)
S AIR
Visitas Guiadas Lisboa
Seguir a bandeirinha
Ciclo Menina Paulinha
Cascais
MARCOS BORGA
No Dia Internacional do Guia-Intérprete, há visitas gratuitas,
em português, às igrejas de São Domingos, São Roque, Sé de Lisboa
e Convento de São Pedro de Alcântara
A celebração
do Dia
Internacional
do GuiaIntérprete
acontece
também no
Porto, com
uma visita a
pé pela zona
histórica
da cidade
(gratuita, sem
inscrição), em
português,
inglês, francês
e castelhano,
com uma
duração de
duas horas. A
partida está
marcada para
as 10 horas,
na Praça da
Liberdade
(Avenida dos
Aliados).
Marta Martins é uma
das profissionais
voluntárias nas
comemorações do Dia
Internacional do
Guia-Intérprete, que
se celebra, no próximo domingo,
21, com uma jornada de visitas
guiadas gratuitas às igrejas de São
Domingos e São Roque, à Sé e ao
Convento de São Pedro de
Alcântara, em Lisboa. O objetivo
da iniciativa, assinalada na cidade
desde 2013, “é chamar a atenção
para a profissão e sensibilizar as
pessoas relativamente ao trabalho
desenvolvido pelos guias e a
importância para o turismo e para
os turistas”, afirma Marta Martins,
que faz parte da comissão
organizadora das comemorações.
Este ano, as visitas terão a duração
de 45 minutos e cada guiaintérprete voluntário fará o
enquadramento histórico e
arquitetónico destas igrejas, dando
o seu toque pessoal à apresentação.
Faladas apenas em português, serão
também uma tentativa de levar
mais portugueses a descobrir o seu
património. Para participar não é
necessária qualquer inscrição
prévia, basta chegar às igrejas e,
ainda no exterior, procurar por
estes profissionais facilmente
identificáveis pelos crachás
colocados ao peito. Cada grupo terá
no máximo 15 pessoas, para facilitar
a comunicação entre guia e
visitantes. Na Igreja de São
Domingos vai ser possível aceder à
sacristia (14h30, 15h30, 16h40) e na
Igreja de São Roque será incluída
uma passagem pelo museu (10h30,
15h30, 16h30). Na Sé de Lisboa
serão explicados os vários estilos
arquitetónicos do monumento
(10h30, 15h30, 16h30) e, no
Convento de São Pedro de
Alcântara, o destaque irá para os
painéis de azulejos (11h30, 15h30,
16h30). Quem tiver dúvidas, não
deve acanhar-se de fazer perguntas
– afinal, dar-lhes resposta é uma
das competências dos guiasintérpretes e essa é, sem dúvida,
uma das mais-valia destas visitas
acompanhadas. S.L.F.
O concerto da banda
10 000 Russos, na
próxima sexta-feira,
19, dá início ao
novo Ciclo Menina
Paulinha, na SMUP
– Sociedade Musical
União Paredense,
na Parede. O trio
composto por Pedro
Pestana, João Pimenta
e André Couto desce do
Porto para inaugurar
a programação de
concertos de música
rock, batizada em
honra de Paula
Teixeira, que trabalha
no bar da SMUP e de
quem partiu a ideia
do ciclo (será ela a
escolher mensalmente
os grupos que ali
vão tocar). No salão
nobre, os 10 000
Russos – que no dia
anterior, quinta-feira,
18, atuam no Sabotage
Club, em Lisboa –
irão apresentar o
álbum de estreia
homónimo, lançado
no ano passado. O
Ciclo Menina Paulinha
há de prosseguir,
a 4 de março (data
que coincide com o
aniversário dos 117
anos da SMUP) com
os Case Story, um
concerto que terá
uma primeira parte
assegurada por Izzy
Bunny. Noites de rock
para juntar a uma
programação regular
que já conta com
sessões de teatro, baile
(no primeiro domingo
de cada mês), oficinas
e um ciclo de jazz com
curadoria da editora
Clean Feed. S.L.F.

SMUP – Sociedade
Musical União Paredense
> R. Marquês de Pombal,
319, Parede
> T. 21 457 1325
> 19 fev, sex 22h
> €8, €6 (sócios)
18 fevereiro 2016 SE7E
15
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S AIR
POR
LISBOA
Da Chick e Xinobi Guimarães
Boas vibrações
Por ROSA RUELA
Crânios, cáries
e um crocodilo
Dançar, dançar muito – eis o lema da festa que pretende pôr
toda a gente no palco do Centro Cultural Vila Flor
DR
Podia escrever sobre os
ossos de um hipopótamo
encontrados em Condeixaa-Velha ou os de um
urso que terá morrido na
Gruta das Fontainhas,
em plena serra de
Montejunto. Também
daria uma boa história a
cabeça de um leopardo
com toda a probabilidade
A cantora
portuguesa
Da Chick – isto
é, Teresa de
Sousa – atua no
Centro Cultural
Vila Flor depois
de em janeiro
ter participado
no Eurosonic
Noorderslag,
por onde passou
também o Westway
Lab Festival, criado
em Guimarães
É muito mais o
que une Da Chick
e Xinobi do que o
que os separa. Os
dois músicos,
provenientes da
companhia discográfica
Discotexas, gostam de funk,
eletro e disco e vão tomar
conta do palco do Centro
Cultural Vila Flor, em
Guimarães, esta sexta, 19,
numa noite que promete ser
uma espécie de balão de
ensaio para outras noites
“mais dançáveis”. “Utilizar o
edifício numa perspetiva
diferente, dirigida a um
público mais jovem e
enérgico”, é, segundo o
assistente de programação do
centro, Rui Torrinha, a génese
deste modelo que junta duas
bandas e que deverá repetir-se
ao longo do ano. “A ideia é
levar o público para cima da
caixa de palco”, transformando
o grande auditório “numa
enorme sala de concertos”, diz.
Para o primeiro espetáculo,
os artistas não vieram ao
acaso. Da Chick, ou melhor
Teresa de Sousa, abre a pista
de dança, dias depois de ter
representado Portugal no
Eurosonic, em Groningen,
Holanda, na enorme montra
europeia de novos talentos.
Chick to Chick, o seu primeiro
álbum, revela influências
americanas dos anos 70 a
90, recuperando a época da
Nova Iorque com a música
disco, eletro e hip-hop a
correr nas ruas. Xinobi, ou
Bruno Cardoso, produtor e
músico (1975 foi o seu álbum
de estreia) que animou, há
dias, o Carnaval de Ovar,
juntamente com Moullinex,
entra em palco logo a seguir,
prometendo uma catarse entre
o funk e o deep com Miami e
Berlim no horizonte. F.A.

Centro Cultural Vila Flor > Av. D. Afonso Henriques, 701, Guimarães
> T. 253 424 700 > 19 fev, sex 22h > €7,50
16
caçado no planalto de
Porto de Mós. Hmm… E
se me concentrasse na
trepanação, confirmada
na Gruta da Furninha,
em Peniche, e nos outros
crânios alinhados nas
vitrinas do Museu Geológico
que nos lembram a finitude
disto tudo e ainda trazem as
cáries que moeram fininho
antes do “ai” final?
Pensando depressa, podia
escrever apenas que neste
museu sem touchscreens
dá gozo aprender. Mas
como resistir a acrescentar
que, no segundo andar do
mesmo Convento de Jesus
onde levitam os doutos da
Academia das Ciências de
Lisboa, há peças que nos
trazem a espuma dos dias
da Pré-História portuguesa?
Antes de reparar num
canino de lobo com furinho
e numa pulseira com pedras
verdes, passo pela sola de
uma alpergata, um gorro e
um cesto de transporte de
minério (os três de esparto,
encontrados em Aljustrel)
e espanto-me – são do séc.
I d.C.!, como é a tábua de
bronze com leis romanas.
Mas ainda antes disso tudo
já parara junto a um crânio
sorridente de um bicho
enorme que há 12 milhões
de anos andava por Lisboa.
Lindo, este “Crocodilo de
Chelas”, não é?
SE7E 18 fevereiro 2016
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CO MP RAR
Respiga Parede
Nada se perde, tudo se transforma
MÁRIO JOÃO
Nesta loja-oficina não há duas peças iguais. Do mobiliário aos objetos de decoração,
tudo é feito a partir de materiais reciclados, com design simples e intemporal
A equipa
da Respiga
aceita
encomendas
de móveis
por medida e
faz projetos
para aquela
cómoda ou
aparador
antigo a que
gostaria de
dar outro
uso.
Reconheça-se o mérito de Cláudia
Martins, Luís Carvalho e Rui Bispo
por quererem contrariar esta ideia
dos tempos modernos do comprausa-e-deita-fora. Na Respiga, a loja
aberta por este trio de arquitetos no
centro da Parede, na Linha de Cascais, tudo o que
está à venda não tem par igual e é feito para durar
no tempo. Falamos dos aparadores, arquivadores,
estantes e cadeirões, com design simples e
intemporal, redesenhados a partir de móveis
antigos, gavetas ou caixas de madeira maciça
encontradas por aí. “O que fazemos não é
restauro”, esclarece Rui Bispo. “Apanhamos o que
supostamente é ‘lixo’ e reutilizamos a matériaprima para fazer mobiliário novo.” Acrescentemse aqui os candeeiros com abajures revestidos a
bolotas de cedro, cascas de caracóis ou ouriçosdo-mar perdidos na areia. Os mesmos que usam
também para dar largas à imaginação em quadros
que ficam bem na parede lá de casa.
Aberta há dois meses, a Respiga ocupa o piso
térreo de um edifício de meados do século XIX.
“Estava praticamente em ruína”, conta Cláudia
Martins. “Mas tinha tudo a ver com o nosso
projeto e decidimos que tinha que ser aqui”.
As obras de reabilitação duraram um ano e do
que encontraram no antigo armazém de mini
mercado, que já tinha sido uma vacaria, ainda
se aproveitaram algumas coisas para decorar
a loja. Como as garrafas, penduradas sobre o
balcão, a servir agora de candeeiro ou as caixas
(de madeira!) da Sumol, Schweppes e Águas
do Areeiro que forram uma das paredes. Aos
respigadores juntou-se entretanto Luís Andrade,
marceneiro experiente a quem está entregue a
oficina a funcionar mesmo ali ao lado e aberta à
curiosidade de quem entra.
Além dos móveis com a assinatura dos
“respigadores”, há outras marcas (portuguesas)
à venda, que em comum têm a reutilização
de materiais. A Rewashlamp, por exemplo,
transforma tambores de máquina de lavar
em candeeiros; a De Raiz faz bancos a partir
de troncos de árvores; e na Incógnita Ateliê
reaproveita-se restos de embarcações e objetos
resgatados ao mar para criar esculturas. E se
Margarida Valente teve a ideia de forrar cadeiras
com elásticos de meias velhas, já Maria Boavida
salva caixas de vinho em madeira de um destino
quase certo, para as transformar em bonitas
caixas de luz. Muitas, e boas, ideias lá para
casa, numa rua do centro histórico da Parede, à
procura também de se reabilitar. Inês Belo

R. José Elias Garcia, 29, Parede > T. 21 457 3198 > seg-sáb 10h-12h30, 13h30-20h
18 fevereiro 2016 SE7E
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D.R.
VER
Rescaldo Lisboa
‘Best of’ alternativo
Lisboa recebe mais uma edição deste festival, criado para promover projetos de vanguarda
em foco no ano anterior, ao mesmo tempo que lança pistas para o futuro
Surgido
em 2007, o
Rescaldo tem
como objetivo
dar a conhecer
as novas
linguagens
da música
nacional, em
áreas tão
diversas como
eletrónica,
improvisação e
eletroacústica,
bem como as
franjas mais
alternativas
do rock ou do
jazz.
18
Ao todo serão 11 os concertos
incluídos no programa deste ano do
Rescaldo, um festival dedicado às
“músicas sem rede e sem género do
panorama nacional”, como é
apresentado pelos seus organizadores,
que este ano se divide por duas salas da capital, a
Culturgest e a ZDB, durante outros tantos fins de
semana. O concerto inaugural de esta sexta, 19, à
noite, estará a cargo do guitarrista lisboeta Filipe
Felizardo, que apresenta Volume IV – The
Invading Past and Other Dissolutions, o mais
recente capítulo da sua leitura muito própria da
tradição do blues. Na mesma noite toca ainda a
dupla OZO, que junta o piano clássico de Paulo
Mesquita com a bateria de Pedro Oliveira, também
músico dos Peixe:Avião, numa junção de universos
explicada pelos próprios como “pós-rock de
câmara”. O dia seguinte, sabádo, 20, será dedicado
à guitarra, primeiro com o espetáculo do projeto
Timespine, um trio composto por Tó Trips,
Adriana Sá e John Klima, cuja música remete para
a tradição hindustani, para a kora oeste-africana,
para o koto japonês e para a tradição de seis
cordas do sul norte-americano. Em seguida, sobe
ao palco Norberto Lobo, um dos mais aclamados
guitarristas nacionais, que no ano passado editou,
em conjunto com o baterista João Lobo, o
aclamado álbum Oba Loba.
O festival continua na semana seguinte, a 25,
na galeria ZDB, com os Acid Acid, um projeto
do radialista Tiago Castro, criado à volta de uma
guitarra, de um sintetizador e de samples, que tem
como referências o psicadelismo e o krautrock das
décadas de 60 e 70, seguindo-se o sludge-funk
dos Plus Ultra, trio formado por Gon (Zen), Kino
(Ornatos Violeta) e Azevedo (Mosh). Nos dois dias
seguintes, os espetáculos regressam à Culturgest, no
novo espaço da Garagem. Primeiro com os Papaya,
um verdadeiro supergrupo da cena indie nacional,
composto por Ricardo Martins (ex-Lobster) na
bateria, Óscar Silva (Jibóia) na guitarra e Bráulio
Amado (Adorno) na voz e baixo, que antecedem
um dos concertos mais aguardados da edição
deste ano: o encontro entre o rock psicadélico
dos portugueses Black Bombain e o free-jazz do
saxofonista alemão Peter Brötzmann. Na última
noite atuam ainda HHY & The Macumbas, Tren Go!
Soundsystem e Gala Drop. Miguel Judas

Culturgest > R. Arco do Cego, Lisboa > T. 21 790 5155
ZDB > R. da Barroca 59, Lisboa > T. 21 343 0205
> 19 a 27 fev, 21h30 > €6 e €5
SE7E 18 fevereiro 2016
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Paulo Flores Porto
Semba de intervenção
Uma das principais referências na música de Angola, o compositor,
músico e cantor comemora em palco 28 anos de carreira
Myles Sanko Lisboa e Porto
Veterano de vários clubes londrinos
de referência, o cantor de soul
britânico apresenta em Portugal
os álbuns Forever Dreaming (2013)
e Born In Black and White (2015),
que lhe valeram um convite
para acompanhar a digressão
europeia do norte-americano
Gregory Porter.
Assume-se como um “defensor incansável” do Semba, um dos ritmos
mais populares de Angola, que reinventou ao acrescentar-lhe uma
vertente social e de protesto, com canções sobre o quotidiano
angolano e referências a temas como a guerra civil ou a corrupção. Ao
longo de mais de um quarto de século, a sua música acabou assim por
funcionar como uma espécie de crónica do dia a dia angolano, com
uma linguagem transparente e sem preconceitos. Nascido em Angola, foi em
Portugal, para onde veio com os pais, que passou a infância. Entre as muitas
viagens a Luanda, onde se deslocava habitualmente para visitar os avós, começa a
tomar contacto com a realidade do país natal, despertando em si o desejo de se
tornar músico e contar, através das canções, tudo aquilo que via. Aos 16 anos, grava
o primeiro disco, Kapuete Kamundanda, que marca a estreia do novo género
musical kizomba. Desde então, conta com uma quinzena de discos em nome
próprio, nos quais sempre assumiu uma faceta social e interventiva muito forte,
que se tornou a sua imagem de marca também para além da música, enquanto
Embaixador da Boa Vontade da ONU em Angola. M.J.

Musicbox > R. Nova do Carvalho 24,
Lisboa > T. 21 347 3188 > 18 fev, sex
22h > €10
Casa da Música > Av. da Boavista
604-610, Porto > T. 22 012 0220 > 19
fev > €20
Lou Donaldson Lisboa
O lendário saxofonista é o
convidado de honra da festa do
50.º aniversário do programa
de rádio Cinco Minutos de Jazz,
do qual é autor e intérprete do
célebre indicativo musical. O
músico americano, atualmente
com 89 anos, surgirá acompanhado
de um coletivo composto pelos
portugueses Filipe Melo (piano),
Bruno Santos (guitarra), Carlos
Barreto (contrabaixo) e André
Sousa Machado (bateria).
MARCOS BORGA

Hot Clube de Portugal > Pç. da Alegria,
48, Lisboa > T. 21 346 03 05 > 22 a 24
fev, seg a qua 22h30 > €10

Casa da Música > Av. da Boavista 604-610, Porto > T. 22 012 02 20 > 20 fev, sáb 22h > €15
18 fevereiro 2016 SE7E
19
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VER
Bom Porto – Concerto
pelos Sem Abrigo Porto
Um espetáculo
solidário, cujas
receitas se destinam à
angariação de fundos
para os sem-abrigo da
cidade do Porto, com
a presença de nomes
como As 3 Marias,
Cabaret Fortuna, Manel
Cruz, O Incrível Homem
Bomba, Osso Vaidoso,
Plaza, Rui David e os
Som da Rua.
D.R.

Casa da Música > Av. da
Boavista 604-610, Porto
> T. 22 012 02 20 > 20 fev,
sáb 22h30 > €10
Filho da Mãe e Ricardo Martins Lisboa e Porto
De volta à eletricidade
O guitarrista e o baterista apresentam o álbum de estreia
“Tormenta”
Neste seu
novo projeto,
Rui Carvalho,
isto é, Filho da
Mãe, junta-se
ao baterista
Ricardo Martins,
também ligado às
sonoridades mais
alternativas
Com um passado feito em bandas de punk-hardcore,
poucos imaginariam Rui Carvalho a tocar a solo, apenas
com uma guitarra acústica nas mãos, mas foi assim que o
Filho da Mãe, o nome deste seu alter-ego musical, se tornou
num dos mais aclamados guitarristas nacionais, com os
discos Palácio e Cabeça. Neste novo projeto, que o junta ao
baterista Ricardo Martins, músico com um passado também ligado às
sonoridades mais alternativas, em projetos como Lobster, Cangarra ou
Adorno, voltou a ligar a guitarra à ficha da eletricidade, para um dos
mais belos exercícios musicais dos últimos tempos em Portugal. A prova
está aí, no recentemente editado Tormenta, onde a criatividade e
virtuosismo do Filho da Mãe e de Rui Carvalho ganha toda uma nova
dimensão, como agora pode ser comprovado ao vivo em Lisboa e no
Porto, nos dois espetáculos de apresentação do disco. M.J.
Amigo Paredes Lisboa
Mais que um
mero concerto de
homenagem, este
espetáculo pretende
antes celebrar a
genialidade da obra
de Carlos Paredes,
juntando em palco
amigos, admiradores e
antigos companheiros
do mestre da guitarra
portuguesa, como
Luísa Amaro (guitarra
portuguesa), Gonçalo
Lopes (clarinete), Paulo
Sérgio (piano) e António
Estáquio (guitolão).
Teatro Tivoli > Av. da
Liberdade, 182 A, Lisboa
> T. 21 315 1050 > 24 fev,
qua 21h30 > €10

Musicbox > R. Nova do Carvalho 24, Lisboa > T. 21 347 3188 > 19 fev, sex 23h > €10
Maus Hábitos > R. de Passos Manuel 178, 4º, Porto > T. 22 208 72 68 > 20 fev, sáb 22h30
> €10
20
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UUPI TIRRONEN E ZODIAK
CENTER FOR NEW DANCE
A Noite da Dona Luciana Lisboa
Quem matou a senhora da limpeza?
O Teatro do Elétrico brinca em palco com o surrealismo do dramaturgo
argentino Copi
ALÍPIO PADILHA
Jaguar Lisboa
Zé Rafael, o assistente deste teatro, não é um, mas dois: barba,
camisola às riscas azuis e brancas, calças brancas e ténis azuis escuros,
ali nascido(s) e criado(s), neto(s) de um palhaço que andou na marinha.
Falam em coro, como se fossem apenas um, e vêm dar a contra-regra.
É de noite e estamos num ensaio de uma peça (nós que assistimos,
sim, mas também eles lá no palco): o assistente, o encenador, a atriz
célebre e um rato-fantoche. Há-de chegar ainda Vicky Mancha Negra para
completar esta trama e ajudar a desvendar o autor do crime que entretanto se dá:
Quem matou D. Luciana, a senhora da limpeza? E será mesmo que ela morreu?
Com a linguagem desbragada e o humor surreal que o caracterizou, Copi,
dramaturgo, ator, escritor e cartunista argentino a viver em Paris, escreveu em 1985
A Noite da Dona Luciana, que agora o Teatro do Elétrico leva ao palco, com
encenação de Ricardo Neves-Neves. O teatro dentro do teatro com que o próprio
Copi goza, numa peça histriónica e delirante, como era o seu autor, sempre
vanguardista e sem travão, ícone de uma certa contracultura nos anos 70 e 80.
“Esta peça tem o lado perverso que costumam ter as peças de Copi, mas é mais
brincada”, nota Ricardo Neves-Neves. “E é exatamente por isso que me identifico
com ela. Não sei se é um tique ou uma fase, mas o que me apetece fazer no teatro é
brincar. Quero fazer teatro pelo teatro. Não tenho nenhuma missão, não quero
denunciar nada”, acrescenta, reconhecendo que, apesar disso, muito se passa ali
nas entrelinhas, nomeadamente sobre o papel do artista e o seu poder (ou falta
dele) dentro dos teatros. Em cena, apenas os atores, uma cortina de fundo e muitos
sons a deixarem-nos ainda mais livre a imaginação do que já o consegue o texto de
Copi, sempre a tirar-nos o tapete e a fazer-nos rir. “No teatro tudo é falso”, dirá
um dos personagens. E que bom que isso é, dizemos nós. Gabriela Lourenço
No palco está a escultura de um
enorme cavalo branco. É essa a cor
das roupas dos bailarinos Marlene
Monteiro Freitas e Andreas Merk:
t-shirt, calções curtinhos, meias
e sapatilhas. Ela de fita verde na
testa, ele de fita vermelha e laranja,
ambos de toalhas turcas azuis ao
pescoço e uns estranhos óculos
escuros. Só isto já nos deixaria
curiosos para ver esta coreografia.
“Jaguar é o nome dado a alguns
cavalos, uma peça de dança e
um espetáculo de marionetas
(…). Jaguar é um excerto, uma
cena de caça, ou ainda, uma cena
de caça assombrada”, escreveu
Marlene Monteiro Freitas sobre
o seu trabalho mais recente,
criado com o alemão Andreas
Merk. Quando a coreografia se
estreou em Helsínquia, em outubro
passado, o crítico de dança Niko
Hallikainen não poupou nos elogios:
“Cada peça é um navio pirata a
disparar todos os seus canhões
ao mesmo tempo. (…) Freitas
cria um dos seus trabalhos mais
estranhos até à data: um circo do
subconsciente (…). Um excesso
emocional no volume máximo, uma
descarga total.” Basta pensarmos
também nos seus espetáculos
mais recentes – Paraíso (2012) e
de marfim e carne – as estátuas
também sofrem (2014) – para
confirmarmos a curiosidade por
este que agora se estreia em Lisboa
e que já tem presença confirmada
no Porto e em várias cidades
europeias. G.L.

Teatro Municipal Maria Matos
> R. Frei Miguel Contreiras, 52, Lisboa
> T. 21 843 8800 > 18-20 fev, qui-sáb
21h30 > €6 a €12

Teatro da Politécnica > R. da Escola Politécnica, 54, Lisboa > T. 96 196 0281 > 24 fev-19 mar, ter-qua
19h, qui-sex 21h, sáb 16h e 21h > €6, €10
18 fevereiro 2016 SE7E
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@MV
VER
Uma Gaivota Porto e Lisboa
Isto é (mesmo!) um clássico
O coletivo Estrutura expõe em palco o confronto com “A Gaivota”,
de Tchekhov, numa coprodução entre o Teatro Municipal do Porto
e o Teatro São Luiz
O dispositivo
cénico da
peça Uma
Gaivota expressa a luta
dos criadores
na abordagem ao texto
de Tchekhov:
entre a
entrega às
palavras do
clássico e
todo o ruído
contemporâneo, entre
a crítica e
autocrítica.
Mal tinham começado a desbravar terreno e sentiram
imediatamente o peso das expetativas. Era a primeira vez
que Cátia Pinheiro e José Nunes, o casal fundador do
coletivo Estrutura, decidiam adotar um texto canónico da
literatura dramática como ponto de partida para um
espetáculo. Escolheram A Gaivota, de Tchekhov, que lida
com temas que lhes são caros: o teatro e o amor. Deveriam respeitar o
texto e a estrutura dramatúrgica? Envergar figurinos de época?
Respeitar as indicações do autor para o cenário? “Sentimo-nos numa
armadilha, como se tivéssemos acabado de fazer a nós próprios uma
encomenda”, contam.
Com a ajuda de Pedro Zegre Penim, cocriador deste Uma Gaivota
(transformada em pomba numa das imagens de divulgação, à maneira
de Ceci n'est pas une pipe, de Magritte), decidiram partilhar com o
público todas as questões subjacentes ao ato de criação a partir de
textos clássicos. Fazem-no através de um dispositivo cénico, composto
por duas caixas de ferro e acrílico colocadas lado a lado. Na da esquerda,
os atores entregam-se às palavras de Tchekhov (acreditando que, tal
como afirmava Italo Calvino, “um clássico é um livro que nunca acabou
de dizer o que tem a dizer”), envoltos naquilo que é descrito como um
“nevoeiro atemporal”, mal se percecionando os seus gestos
e expressões. “Obrigamos os espectadores a imaginar o que está
acontecer sem artifícios de interpretação, trabalhamos apenas com a
voz”, diz Cátia Pinheiro. Na da direita, os atores aguardam a entrada
em cena numa espécie de sala de espera e, à superfície, são projetadas
diversas informações, criando um ruído contemporâneo. Ali há lugar
para a crítica e autocrítica, multiplicam-se as referências e as citações,
discute-se a necessidade de resgatar os clássicos, dá-se largas
ao humor e dessacraliza-se o texto de Tchekhov. Afinal, como se diz
nesta coprodução com o Teatro Municipal do Porto e o Teatro
São Luiz Teatro, “onde uns conseguem ver uma pomba, nós vemos
uma gaivota”. Joana Loureiro

Teatro Municipal Rivoli > Pç. D. João I, Porto > T. 22 339 2201 > 18-20 fev, qui-sex 21h30,
sáb 19h > €5 > Teatro Municipal São Luiz > R. António Maria Cardoso, 38, Lisboa > T. 21
325 7640 > 4-13 mar, sex-sáb 21h, dom 17h30 > €5 a €12
22
Universos Paralelos
Porto e Lisboa
Três seguranças
entram em funções
numa empresa
enigmática. Como as
monótonas imagens
de vigilância não
lhes satisfazem os
instintos voyeuristas,
decidem investigar
e descobrem que ali
se produzem réplicas
digitais do nosso
mundo, submetidas a
terríveis experiências
para criar um mundo
(supostamente)
perfeito. A partir
das informações
recolhidas, a
equipa questiona a
“realidade” destes
Universos Paralelos.
“Aproveitamos para
tratar de grandes
temas, da religião
à ciência, embora
dentro do registo da
filosofia de algibeira
dos seguranças”, conta
Jorge Andrade, autor
e encenador desta
peça da Mala Voadora,
companhia da qual
também é diretor
artístico. O espetáculo
de ficção científica
pisca o olho aos
adolescentes e propõese abrir brechas
na sua introspeção
característica. Diz
Jorge Andrade:
“Queremos que
abane o mundo dos
adolescentes, como se
fosse um óvni que lhes
aparecesse no quintal
e que os resgatasse do
mundo fechado em que
vivem”. J.L.

Teatro Municipal Campo
Alegre > R. das Estrelas,
Porto > T. 22 606 3000
> 19-21 fev, sex 15h, sábdom 17h > €5 > Teatro
Nacional D. Maria II
> Pç. D. Pedro V, Lisboa
> T. 21 325 0800 > €5 a
€17
SE7E 18 fevereiro 2016
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CRÉDITO FOTO
Who Wrote That? Lisboa
Decifra os meus códigos ou devoro-te
Guy de Cointet, artista francês que os museus mundiais estão a ressuscitar do
esquecimento “post mortem”, tem a sua primeira exposição retrospetiva em Portugal
espelho, uma técnica por ele amplamente
usada.
Este corpo de trabalho assenta em
desenhos e em performances teatrais,
associadas à exploração da linguagem, do
texto, das formas (cali)gráficas que este
assume, dos códigos. Respigador de matéria-prima da cultura popular, das conversas
quotidianas, da literatura, e até das novelas
televisivas, Cointet editava-a, adicionava-lhe
termos díspares, reconfigurava, escondia,
disfarçava... Texto, forma, cor, eram uma
trindade a que o artista aplicava sentido de
humor, ritmo, elegância formal, enigmas.
As peças teatrais (cinco das quais serão
apresentadas no auditório da Culturgest:
My Father's Diary, Two Drawings, Going
to the Market e At Sunrise a Cry was Heard
(or) The Halved Paint, no dia 5 de março;
De Toutes les Couleurs, a 19 do mesmo
mês) usavam os desenhos como fulcro da
ação ou adereços. Por vezes, a protagonista
lia-os como se fossem um guião inteligível.
Uma curiosidade: um dos seus desenhos,
pertencente à coleção do Moma, é um
divertimento gráfico, revelando aparentes
sinais de pontuação, revirados em todas as
direções, numa obra intitulada
A Captain from Portugal (1972).
João Grama observou
os ritos e as linguagens
dos marisqueiros de
Vila do Bispo e de
Sagres, durante quatro
anos. Dessa espécie de
expedição etnográfica,
transfigurada pela
exploração da imagem
do mar e das vozes
anoitecidas, o artista
(que integrou a seleção
de Jovens Artistas
Prémio EDP 2015)
apresenta agora um
vídeo – isto é, um
imaginário.

Museu Nacional de Arte
Contemporânea do
Chiado > R. Serpa Pinto,
4, Lisboa > T. 21 343 2148
> 18 fev-1 mai, ter-dom
10h-18h > €4,50
Nishikigoi Lisboa
O fotógrafo belga Yves
Callewaert estudou
cinema e tem um
currículo construído, e
premiado, na publicidade.
As sete imagens agora
apresentadas são de
outra ordem, mais
contemplativa, menos
artificiosa: uma série
fotográfica dedicada
às carpas koi, símbolo
oriental de boa fortuna,
num registo figurativo que
evoca a pintura. Do fundo
negro, aquoso, emergem
delicadas manchas de cor
numa coreografia fluida.
Sílvia Souto Cunha
D.R.
O comissário Miguel
Wandschneider continua a fazer
apostas fora da caixa dos nomes
previsíveis. Desta vez, escolheu
um artista francês, radicado na
Califórnia, colega de liceu de
Yves Saint Laurent, ex-ilustrador na Vogue e
ex-assistente do escultor americano Larry
Bell, antes de se reinventar como criador
singular. Guy de Cointet (1934-1983), artista
conceptual, tem o seu quê de calígrafo
alucinado e performer obsessivo. Os seus
desenhos mostram frases desconexas ou
desviadas noutra direção, expressões
quotidianas e sopas de letras sem nexo - como
um código aleatório que é preciso decifrar,
mas que resiste ainda e sempre. Há parágrafos
cortados, como se a obra fosse uma espécie de
palavras cruzadas sem soluções para consulta
posterior. Na exposição Who Wrote That?,
revelam-se mais de 100 desenhos, três
conjuntos de objetos para peças teatrais, cinco
livros e dez dos cadernos de notas de Cointet,
e ainda registos fílmicos e peças teatrais. Mas
o mistério reside sobretudo no papel. Alguns
trabalhos exploram linhas geométricas,
criando padrões na superfície branca – um
morse bidimensional. Outros, deixam frases a
flutuarem no meio de símbolos. E há texto
perceptível apenas quando escrito/lido em
Hoje o Mar não Deixa
Lisboa

Ocupart Chiado > Cç. do
Sacramento, 15, Lisboa >
T. 92 756 9362 > 19 fev-18
mar, seg-sáb 14h-19h

Culturgest > Arco do Cego, Lisboa > T. 21 790 5155 > 20 fev-15 mai, ter-sex 11h-18h, sáb-dom 11h-19h > €2
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VER
Less than objects
Lisboa
Habitar Portugal 12-14 Porto
Para lá da 'troika'
A 5ª edição do projeto reúne 80 obras de arquitetos portugueses
realizadas nos últimos três anos e, segundo os comissários,
pretende discutir o atual estado da arte
Paralelamente à exposição, além de
conferências
com oradores como
Álvaro Siza e
Luísa Penha
(no dia 9 de
março, às 19
horas), famílias e escolas
podem fazer
uma visita-oficina
sobre temas
como escalas e usos,
projeto e
lugar, formas
de ver e
analisar
uma obra de
arquitetura.
O que acontece à arquitetura “quando tudo muda”? O
projeto Habitar Portugal 12-14, iniciativa da Ordem dos
Arquitetos, pretende “provocar uma reflexão crítica”. Bruno
de Campos Baldaia, que integra a equipa de comissários
com Luís Tavares Pereira e Magda Seifert, sublinha os
exemplos de arquitetura de excelência, reunidos no último
triénio, para pôr em perspetiva a disciplina perante o cenário de crise.
“As obras são motivo para discutir o estado atual da arquitetura no País e da
arquitetura que é feita lá fora por arquitetos portugueses”, conta. Assim,
a 5ª edição do Habitar Portugal 12-14 – que, pela primeira vez, e ainda por
iniciativa de Paulo Cunha e Silva, inaugura na Galeria Municipal do Porto,
esta quinta-feira, 18 – reúne uma seleção de 80 obras, dando a conhecer
não só a identidade dos projetos, bem como cada etapa das construções na
vizinhança do lugar onde se expõem. “O objetivo é levar as pessoas a visitar
as próprias obras”, explica o comissário.
É através de um sistema de andaimes, flexível, desenvolvido pelos
arquitetos Nelson João, Ivo Gouveia Carvalho e Rodrigo Seixas, que se
articula o núcleo central da exposição, dividida por várias regiões, como
as áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, Ilhas e Fora de Portugal.
Exibidas de forma sintética, todas as obras são visíveis em fotografias,
desenhos, alguns registos vídeo de etapas da construção e pequenas
memórias descritivas. Na Galeria Municipal do Porto, em destaque,
encontra-se, por exemplo, a intervenção regeneradora da vida no
Bairro do Lagarteiro, de Paulo Tormenta Pinto, a reabilitação das Caves
Graham's 1890, de Luís Loureiro, o Quartel dos Bombeiros de Santo
Tirso, de Álvaro Siza e as Casas da Praça de Liêge, de Luísa Penha.
Deste “habitar” nacional nasceu a exposição, que até final de dezembro
de 2017 vai andar a correr o País, tendo já confirmada a instalação em
Lisboa, Coimbra e Viseu. Susana Silva Oliveira
Mapas, sinais da
passagem do tempo em
paredes manchadas e a
descascar tinta, efeitos
de luz, representações
abstratas, jogos de
textura e até grafittis
minimais. Todas estas
possibilidades podem
ser pistas, portas de
entrada para as telas
de linho trabalhadas
por Pedro Matos.

Galeria Underdogs > R.
Fernando Palha, Armazém
56, Lisboa > T. 21 868
0462 > 19 fev-2 abr, tersáb 14h-20h
Paperworks III.
Paisagem sem
Paisagem Lisboa
Fotografia, filme e
vídeo são os meios
trabalhados pelos
quatro artistas desta
coletiva: o fotógrafo
brasileiro C.B. Aragão, a
alemã Claudia Fischer,
e os portugueses João
Grama e Marta Alvim.
O acaso, o objeto, a
natureza, o tempo e a
condição humana são
temas explorados.

Galeria Belo-Galsterer
> R. Castilho, 71, Lisboa >
T. 21 38159 14 > 19 fev-30
abr, ter-sex 12h-19h, sáb
14h-19h

Galeria Municipal do Porto > Jardins do Palácio de Cristal, R. D. Manuel II, Porto
> T. 22 012 0220 > 18 fev-25 abr, ter-sáb 10h-17h45, dom-seg 14h-17h45
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Southpaw
A vida entre murros
Córtex Sintra
D.R.
Um filme de boxe sem “punch” com Jake Gyllenhaal em boa forma
Enquanto se espera que Sylvester Stallone ganhe um Oscar pela
reinvenção de Rocky em Creed, outro filme sobre boxe chega às salas
portuguesas, sem grandes variações sobre o género. Southpaw é um
reciclar de clichés, com sobrolhos rasgados e muito sangue a escorrer
pela boca e pelo nariz. Chega ao absurdo piroso de chamar ao
personagem principal Billy Hope e tudo é tão previsível quanto a
esperança que podemos depositar nele. Vale essencialmente por uma boa
interpretação de Jake Gyllenhaal – diz-se que o papel estava para ser entregue a
Eminem, mas este recusou, ainda assim encontramos o rapper 50 Cent no elenco.
Enquanto pugilista, Billy Hope tem como característica principal – onde é que já
vimos isto? – deixar-se encostar às cordas, arriscar o KO, para, no último assalto,
renascer das cinzas, com uma vitalidade tonificante e derrotar o seu adversário por
KO, com dois socos certeiros. Claro que nos perguntamos: se era assim tão fácil,
porque é que não fez isto antes? A sua mulher – uma exuberante mas subaproveitada
Rachel McAdams – desaprova o estilo, mas compensa-o com uma noite de paixão.
Se esta é a estratégia de combate de Billy Hope, acaba por, involuntariamente,
se tornar também a sua estratégia de vida. Southpaw é um filme em “u”. Bate
no fundo para subir outra vez. Poderia ter o subtítulo: queda e ascensão de uma
glória do boxe americano. E é tão hiperbólico na caracterização do êxito, onde
nada falta a Hope – uma mulher bonita, uma filha carinhosa, uma mansão de luxo,
amigos leais – como na sucessão de acontecimentos que o levam à tragédia moral,
sentimental, financeira e, claro, profissional.
Por ironia, Antoine Fuqua (Dia de Treino), um realizador negro potencialmente
oscarizável (colmatando a lacuna/discriminação na cerimónia de 2016, em que
não há qualquer negro nomeado para as principais categorias), faz um filme
de boxe com um herói branco, em que o principal antagonista é um latinoamericano. Manuel Halpern
O Córtex faz seis anos – e é
também aos seis anos que as
crianças entram na escola e
ganham outra responsabilidade.
Quem faz esta analogia é Michel
Simeão, que, com José Chaíça,
assume a direção artística do
Festival de Curtas-Metragens
de Sintra, que este ano tem a
infância como tema. “Também
nós sentimos uma grande
responsabilidade enquanto
promotores de cinema”,
justifica. A partir desta sexta,
18, e até domingo, 21, o Centro
Cultural Olga Cadaval recebe 30
curtas-metragens, nas secções
nacional e internacional, bem
como uma secção para os
mais pequenos, o Minicórtex.
A trilogia de Terence Davies
(Children, Madonna and Child
e Death and Transfiguration),
sobre a passagem da infância
para a vida adulta, traumas e
descobertas associadas, abrirá
o festival. Entre os filmes em
competição, estarão Everything
Will Be Okay e A História de um
Urso, ambos nomeados para os
Oscars de 2016. Organizado em
colaboração com a MONSTRA –
Festival de Animação de Lisboa,
o Minicórtex apresentará ainda
quatro sessões gratuitas, nas
escolas de Sintra, esta quinta,
18, e domingo, 21, seguidas
de um workshop de cinema de
animação para pais e filhos.
I.Rosado

Centro Cultural Olga Cadaval > Av. D.
Francisco de Almeida, Sintra > T. 21
910 7110 > 18-21 fev > €3 a €15

De Antoine Fuqua, com Jake Gyllenhaal, Rachel McAdams, Forrest Whitaker, 50 Cent > 124 min
18 fevereiro 2016 SE7E
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VER
Scianema Festival Faro
Fantasporto Porto
‘Soy loco por ti, América’
Micho
Manchevski
abre e fecha o
Fantas. Além
da exibição
de Dust, o
primeiro de
quatro filmes
do realizador
macedónio,
que vai ao
Porto receber
o prémio
carreira,
poderemos
ver também
Before the
Rain, de
1994, que
conquistou o
Leão de Ouro
em Veneza.
Do cinema da América Latina aos filmes portugueses,
são cerca de 200 as películas inéditas para ver na 36ª edição
do festival
O Fantasporto – Festival Internacional de Cinema
do Porto está de regresso, mas, desta vez, traz
cinema sem película. “Está tudo dentro de uma
caixinha. Como é feito em digital, uma simples pen
resolve o problema”, diz Mário Dorminsky, diretor
do festival, explicando a redução de custos e
lembrando que, durante anos, os maiores gastos eram os do
transporte de filmes.
Contas e polémicas à parte, a 36ª edição começa no Teatro
Municipal Rivoli na próxima segunda-feira, 22, e por lá vai ficar
até 6 de março. O festival volta ao cinema da América Latina,
onde se encontram “os novos nomes do cinema”, sublinha
Dorminsky, e mostra também filmes de alguns países da Europa
de Leste, que “voltam a ter presença significativa”. A antestreia
mundial de Gelo, dos portugueses Luís e Gonçalo Galvão Teles,
marca a noite da abertura oficial, quatro dias depois, na sexta-feira, 26. Realizado “a quatro mãos” ou “de forma bicéfala”,
como foi apresentado, e tendo a espanhola Ivana Baquero
(Labirinto de Fauno, de Guilhermo del Toro) como protagonista,
Gelo é “um filme de atores, de imaginação e descoberta, que
pede ao espectador que viva duas vidas numa só”. Nicolau
Breyner, “um homem de cinema”, descreveu Beatriz Pacheco
Pereira, será a personalidade do ano, a receber a homenagem do
festival.
Na programação estão presentes 40 países, com cerca de
200 filmes inéditos, sobre temas atuais como a violência, o
desenraizamento social, a juventude e as migrações, como
Anti-Social, de Reg Traviss, e Bridgend, de Jeppe Ronde.
Nesta maratona cinéfila, são 63 os filmes de produção nacional,
entre muitas curtas e uma longa-metragem: Cru, de João
Camargo. S.S.O.
Em 2013, a Associação de
Ciências Marinhas e Cooperação
(Sciaena) replicou para Portugal
o festival itinerante Beneath The
Waves. Mas “a necessidade de
aplicar o modelo à realidade
portuguesa”, como explica
Gonçalo Carvalho, responsável
da associação, impulsionou a
criação do Scianema Festival,
que tem início esta quinta, 18.
O modelo é semelhante:
projeção de filmes sobre os
oceanos, seguida de debates em
escolas e auditórios espalhados
pela cidade de Faro. Os grandes
destaques desta edição, que
decorrerá até segunda, 22, são
os documentários Sandgrains
(19 fev, sex 21h, Auditório IPDJ),
sobre a pesca local, e Lubejob
(20 fev, sáb 16h, Auditório IPDJ),
sobre a exploração de petróleo
no Louisiana, uma questão
cada vez mais atual no Algarve.
Em português, haverá uma
seleção de documentários sobre
pesca local cofinanciados pela
Rede da Comissão Europeia
dos Gabinetes de Ação Local
(19 fev, sex 16.30h, Anfiteatro
Verde). Para as crianças, o
foco da programação será o
lixo marinho, com uma minipalestra intitulada O Que São
os Microplásticos? (19 fev, sex
14.30h, na Escola Secundária
Pinheiro e Rosa; 21 fev,
dom 11h, no Centro Náutico
Praia de Faro). I.Rosado

Anfiteatro Verde > Escola Básica da
Ilha do Ancão > Escola Secundária
Pinheiro e Rosa > Auditório da
Escola Superior de Gestão, Hotelaria
e Turismo > Auditório Instituto
Português do Desporto e Juventude
> Centro Naútico Praia de Faro >
Faro > 18-22 fev > entrada livre

Teatro Municipal Rivoli > Pç. D. João I, Porto > T. 22 339 2201 > 22 fev-6 mar >
€5/sessão; €100/livre trânsito
26
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LIVRO S E DISCOS
A Poeira Que Cai Sobre a Terra
Francisco José Viegas
Mulheres na vida dele
O inspetor Jaime Ramos, anti-herói que marcou o género policial
escrito em português, cumpre 25 anos – lúcidos e com poucas
rugas
Oculta Héctor Abad
Faciolince Depois do
êxito do livro Somos
GONÇALO ROSA DA SILVA
o Esquecimento que
Seremos, o colombiano
Cinco histórias
da vida de Jaime
Ramos, datadas
entre 2000 e 2014,
estão arrumadas
em A Poeira Que
Cai Sobre a Terra
(Porto Editora, 256
págs., €15,50). A
que empresta o
título ao volume
foi escrita para a
VISÃO e publicada
originalmente em
2006
Em tempos dominados pelo chamado procedure televisivo,
com aparato CSI, pipetas laboratoriais, maquinetas
metediças, gráficos holográficos, conclusões espetaculares a
partir das providenciais “fibras”, e piadas redondas a
rematarem os cliffhangers-vejam-os-próximos-episódios,
sabe bem reencontrar um clássico: um personagem sóbrio,
céptico, funcionário existencial com contas a ajustar, desconfiado da
doçura das coisas e avesso às perigosidades do amor, susceptível à
preguiça e aos entardeceres, recortado no molde (menos cínico, é certo)
dos detetives literários com spleen à cintura. Alguém que demora o seu
tempo a seguir as pistas, ali em redor do Porto, estrada de Valongo e
pinhais ardidos incluídos, reparando nas paisagens, que, aqui, são
estados de alma e personagens. Uma sentinela cansada que, malgré tout,
Maigret descontado, ainda repara nos corpos – dos vivos e dos mortos.
Jaime Ramos, inspetor surgido em 1991, à boleia de uma Morte
no Estádio, é, hoje, isso mesmo: um clássico. O personagem escrito
por Francisco José Viegas, há 25 anos, protagonizou oito romances,
incluindo o marcante Longe de Manaus (2005), e, pelo caminho,
reparou na gastronomia e na arquitetura, nos sinais da nova riqueza e
na humanidade do seu protegido-protetor (o inspetor Isaltino, que lhe
arrumou os dias), nos sorrisos dos médicos, na curva dos ombros das
mulheres, e até na literatura, ou quase: a dada página, acha o rosto de
uma mulher parecido ao de Virginia Wolf, mas é porque o tinha visto na
capa de um livro... Jaime Ramos reconfigurou o género policial escrito
em português. Não é pouca coisa. Nas cinco histórias que integram
A Poesia que Cai Sobre a Terra, com tamanhos e profundidade diversas,
reunidas para soprar as velas da meia idade, colamo-nos mais à sua
sombra, e à das mulheres, que aqui assumem (finalmente) maior
protagonismo (a investigadora Olívia, a médica legista Luísa...). S.S.C.
Héctor Abad Faciolince
caiu, diz, na tentação
das pessoas com êxito
ou genealogia rural:
comprou uma fazenda.
Um dado biográfico
ecoado em Oculta
(Quetzal, 360 págs.,
€18,80), romance-retrato
de uma família e de um
país, que abre com um
telefonema para Nova
Iorque: a matriarca
Anita “amanheceu
morta”. Os três filhos
– a bem comportada
Pilar, a destemida
Eva e o homossexual
António/Toño – são
transportados, no tempo
e no espaço, para a finca
da infância, em Jericó.
Um éden que já não o
é: La Oculta é visitada
por narcotraficantes,
guerrilheiros,
advogados, padres
preconceituosos,
capitalistas, memórias
difíceis, outros sonhos
americanos. Tudo
contado através de
três monólogos, os dos
irmãos, e da linguagem
sensorial de Abad.
“Renunciar a uma quinta
como La Oculta é como
renunciar a alguém
que, a dada altura,
acreditámos ser o amor
da nossa vida. O que era
a quinta? Uma pequena
promessa cumprida do
que se dizia que era a
América e que em geral
é mentira: um lugar onde
se podia conquistar um
pedaço de terra se se
trabalhasse arduamente.
O que era o amor?
Algo que receberíamos
sempre, se sempre
o déssemos. Algo
onde semear, colher
e morrer.” S.S.C.
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LIVRO S E DISCOS
DR
Passeio das Virtudes Salto
Adore Life Savages
Uma no cravo outra na ferradura
Salto seguro para o segundo
disco desta banda portuense
que cresceu de duo para
grupo de quatro elementos.
Enquadram-se numa tendência
de bandas nacionais que
apanham um certo ar do tempo,
com influências mais ou menos
óbvias (é fácil encontrar aqui
pinceladas do neo psicadelismo
à la Tame Impala, por exemplo),
e criam um pop escorreito,
cantado em português. Este
Passeio das Virtudes mostra que
levam a sua tarefa muito a sério
e têm margem para crescer
ainda mais.
As Savages estão menos selvagens?
O vídeo de The
Answer, o primeiro
single a sair do
álbum Adore Life,
foi gravado em
Lisboa, evocando
o ambiente onde
as londrinas se
sentem mais
confortáveis:
um palco muito
próximo da plateia
28
“Musculado” é um adjetivo apropriado ao rock
das Savages. A linha rítmica baixo/bateria é quase
sempre potente, grave, nervosa, ribombante. As
guitarras criam, a tempos, uma sólida parede
sonora. Estas quatro mulheres reivindicam para
si um dos elementos mais importantes da
história do rock genuíno: o sentido de urgência. No que se
canta (“I need something new!”, grita a vocalista Jehnny Beth),
na forma como se canta, no descontrolo livre e selvagem das
guitarras elétricas...
É ao vivo que melhor se sente e entende a música das
Savages e o público português já teve mais do que uma
oportunidade para o comprovar (e terá, pelo menos, mais
uma em junho deste ano no cartaz do festival Primavera
Sound, no Porto). O som é muito alto, a presença austera,
entre fumos e sombras. Jehnny Beth (nome artístico da
francesa Camille Berthomier) e as londrinas Gemma, Ayse
e Fay levam-se a sério. Há aqui ecos da new wave mais
ruidosa e do pós-punk dos anos 80, uma clara filiação de
uma linhagem do rock, mas as Savages, mesmo que os
seus elementos tenham nascido nessa década, nunca se
assumiriam como uma homenagem ao passado. Elas são de
agora. O rock é sempre do momento presente.
As Savages no seu melhor são tudo isso: a energia do
rock que sempre se sabe reerguer, livrando-se duma morte
várias vezes, e sempre exageradamente, anunciada. Ao
segundo disco, sucessor de Silence Yourself (2013), parecem
ligeiramente mais domesticadas e controladas, quase
flirtando (nomeadamente em Adore) com a ideia de feel good
song... Aguardem-se os passos seguintes para percebermos
para onde caminham as Savages. P.D.A.
Moth Chairlift
Têm um pé no pop mais
mainstream para o grande
público – e só assim se explica
que tenham participado no disco
de 2013 de Beyoncé, com o tema
No Angel – e ao mesmo tempo
alimentam o imaginário indie de
quem esteve a fazer música a
partir de Brooklyn no momento
certo, ao lado de nomes como os
MGMT ou os Vampire Weekend.
O novo disco vive como uma
permanente ponte entre esses
dois mundos. O concerto do ano
passado (no Coliseu de Lisboa,
integrado no Vodafone Mexefest)
não entusiasmou muito, mas
uma produção meticulosa, com
belos pormenores à espreita
nas esquinas de cada canção,
valoriza mais a música dos
Chairlfit em disco. P.D.A.
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TV
O Gerente da Noite AMC
O dr. House agora trafica armas
Girls
DR
Versão contemporânea da obra de espionagem
de John le Carré em seis episódios
Em Chance,
um thriller
psicológico,
baseado
no livro de
Kem Nunn,
o ator Hugh
Laurie volta
a interpretar
o papel de
médico, desta vez o neuropsiquiatra
forense Eldon Chance.
A série, por
enquanto, só
está disponível no canal
de streaming Hulu
e tem duas
temporadas
garantidas.
Primavera Árabe, início de 2011. É num ambiente
de tensão política na praça Tahrir, a maior praça
pública do Cairo, no Egito, que a ação de O
Gerente da Noite começa. Jonathan Pine trabalha
na receção de um hotel onde uma das hóspedes,
Sophie Alekan, lhe faz chegar às mãos uma lista
com uma encomenda de material de guerra que o antigo
soldado inglês não hesita em enviar para a embaixada em
Londres e para o MI6. Estão lançados os dados para um
intenso e curto romance que vai toldar a missão de Pine.
A personagem é interpretada pelo ator britânico Tom
Hiddleston, o Loki de Thor e depois de Os Vingadores,
enquanto Aure Atika é uma atriz nascida, curiosamente,
em Portugal, no Monte Estoril.
É com a ação a decorrer numa Suíça coberta de neve que
Pine é recrutado pela agente secreta Angela Burr (Olivia
Colman) e terá de se infiltrar no círculo de confiança de
Richard Onslow Roper, um poderoso empresário e traficante
de armas. Mas para fazer o que considera correto, terá de
converter-se num criminoso. Nesta produção de espionagem,
com seis episódios, o vilão Roper é interpretado por Hugh
Laurie, ainda (e para sempre?) associado ao papel do médico
viciado em Vicodin que interpretou em House. Depois de
oito anos, entre 2004 e 2012, a resolver os mais estranhos
casos de doenças, o ator britânico de 56 anos continua
também em tournée com a sua banda The Copper Bottom.
John le Carré, atualmente com 84 anos, que escreveu esta
obra em 1993, com a ação passada no pós-Guerra Fria, é
também um dos produtores executivos da série. Escrita por
David Farr, conta com a realização de Susanne Bier, premiada
com o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, em 2011, com
Num Mundo Melhor (Dinamarca). Sónia Calheiros
Será revelada ao mundo, em
simultâneo, a quinta temporada
de uma das joias da coroa da
HBO. Lena Dunham, autora,
realizadora, produtora executiva
e protagonista de Girls,
continua uma louca saudável.
Nos novos episódios contará
com a companhia da mãe,
Loreen (Becky Ann Baker), que
depois do divórcio quer alinhar
com Hannah nas loucuras da
juventude. Ao mesmo tempo,
Hannah tem um namorado
novo, Fran (Jake Lacy), e todas
as amigas lhe pedem para não
estragar tudo, como é costume.
Quanto às outras girls: Marnie
(Allison Williams) casou-se,
mesmo sem a aprovação do
grupo e sente-se sufocada;
Jessa (Jemima Kirke), a antiga
espalha brasas, quer ser a
certinha do grupo, apostando
na carreira como terapeuta,
e Shoshanna (Zosia Mamet)
entra num jogo de sedução com
o patrão no Japão, enquanto
mantém o namorado nos
Estados Unidos. S.C.

TVSéries > estreia mundial 21 fev,
dom 3h, qui 23h

Estreia 24 fev, qua 22h10
18 fevereiro 2016 SE7E
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ESCA PAR
Santa Luzia Arthotel Guimarães
Nascido no berço
RUI DUARTE SILVA
Numa rua típica de Guimarães, ergue-se um novo hotel – no topo do edifício, é possível
ter uma vista de 360 graus da cidade e, quando o tempo o permitir, dar umas braçadas
numa piscina de 46 metros
Os bordados
e o ferro forjado
das varandas
de Guimarães
são invocados
em apontamentos
decorativos
do hotel
Antiga e com caráter, a Rua Francisco
Agra tem-se mantido longe das rotas
turísticas, apesar de estar muito perto
do centro histórico de Guimarães,
classificado como Património da
Humanidade pela Unesco. É,
sobretudo, apreciada pelos locais, que a conhecem
como Rua de Santa Luzia, graças à capela
dedicada à santa protetora dos olhos ali situada.
Quem caminha pela sua calçada estreita e alcança
o Santa Luzia Arthotel, fica logo surpreendido
pela arquitetura moderna da entrada principal,
em ferro laminado, em contraste com o fachada
de lousa da casa senhorial recuperada. Mas não
imagina que a restante área esteja ocupada por
esta nova unidade hoteleira de quatro estrelas,
com 99 quartos, inaugurada no final de 2015.
Parte do empreendimento foi construído de
raiz, seguindo o projeto do Ateliê Imago. À volta
de um espelho de água interior, erguem-se as
diferentes alas do edifício, configuração que
alivia o peso da dimensão do hotel. No átrio,
com muita luz e uma lareira, ou na saleta mais
reservada, ideal para ler um livro, procurou-se o
conforto. A decoração de Teresa Mendanha joga
com as madeiras e os tons neutros das paredes,
acrescentando apontamentos de cor e ligações
discretas à arquitetura e artesanato da cidade
(desde os bordados ao ferro das varandas). Pelas
áreas comuns, abundam os recantos, com muitos
quadros a reforçar o nome de Arthotel.
Brevemente, o Santa Luzia deverá abrir um
spa, com uma série de tratamentos com uma
linha de produtos orgânicos. Para já, os hóspedes
têm à disposição uma piscina interior, sauna e
jacuzzi. No topo do edifício, com uma vista de
360 graus, outra surpresa: uma piscina com 46
metros de comprimento para dar umas boas
braçadas.
O hotel irá manter-se de portas abertas para
a cidade, com uma pequena loja de produtos
portugueses (da gastronomia ao design), um
bar e um restaurante de cozinha regional, com
apresentação mais requintada, liderado por Nuno
Merêncio (durante a semana há menus de almoço
por €12,50). O hotel pretende ainda reforçar o
interesse cultural de Guimarães, apostando numa
agenda com exposições e concertos. “Queremos
aproveitar a dinâmica que a cidade tem, com um
forte movimento associativo”, diz Cidália Castro,
a diretora do Santa Luzia. E assim o berço ganha
um novo palco. Joana Loureiro

R. Francisco Agra, 100, Guimarães > T. 253 071 800 > quatro duplo a partir de €120
30
SE7E 18 fevereiro 2016
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1194957
JO G OS
Palavras cruzadas
>> Q U I Z >> 1. C. // 2. B // 3. A // 4. C // 5. C // 6. B // 7. B // 8. C // 9. C // 10. C
>> HO R I ZO NTA I S >> 1. Mosquito, Dm // 2. Vá, Cri // 3. Sarau, Sorar // 4. Csi, Id, Cimo // 5. Apor, Eros // 6. Ta, Essa, Te // 7. PC, Angana //
8. Barbie, Som // 9. Erguer, Do // 10. Tia, Laminar // 11. Coro, Rutura >> VE RTICAIS >> 1. Moscata, Etc // 2. Aspa, Brio // 3. Sírio, Pagar //
4. Recru // 5. Ui, Bel // 6. IV, Desairar // 7. Tás, Rane, Mu // 8. Oco, Bit // 9. Cristas, Nu // 10. Dram, Enodar // 11. Mirou, Amora
SOLUÇÕES
> > HOR IZON TAIS >> 1. Morrem 725 mil pessoas por ano devido a doenças
transmitidas pela picada do (...) – a situação tende a piorar com o aquecimento global
e Portugal, dentro em breve, terá de lidar com surtos de dengue e malária. Decímetro
(abrev.) // 2. Designa cautela (interj.). Presumi // 3. Concerto musical de noite. Converter
em soro // 4. Letra grega correspondente ao X. Nome com que se designa o aspeto
inconsciente da personalidade. Cume // 5. Acrescentar. entre os Gregos, na mitologia,
era o filho de vénus e deus do Amor // 6. Contr. do pron. te e a. Catafalco. A ti //
7. Computador Pessoal (sigla). Pátio à frente da casa, na Índia // 8. A nova silhueta
da (...) – a Mattel viu as vendas da boneca mais famosa do mundo caírem a pique
nos últimos anos, afetada pelos estudos que demonstraram a sua má influência na
autoestima das raparigas – agora tenta reinventar-se. emissão de voz // 9. erigir. Contr.
da prep. de com o art. def. o // 10. Mulher do tio. reduzir a lâmina(s) // 11. Grupo de
pessoas que cantam juntamente. rompimento.
> > V ERTICAIS >> 1. Género de pólipos. e assim por diante // 2. Cruz de pano que
se punha nos sambenitos. Sentimento de dignidade, pundonor // 3. Quatro meses
depois de chegar a Portugal, o (...) Ali Alkhamis mora em ovar e trabalha numa pequena
empresa têxtil – com as três filhas bem adaptadas na escola, já só pensa em ficar
definitivamente. remunerar // 4. Muito cru // 5. Designa dor, admiração, repugnância
(interj.). o m. q. belo // 6. Quatro em numeração romana. Humilhar // 7. Pequena bigorna
de aço, sem hastes. indivíduo pertencente a uma casta nobre (Índia). Mulo // 8. vazio.
Unidade binária de quantidade de informação // 9. Na estrada com a “engraçadinha” da
direita – acompanhámos Assunção (...) na primeira incursão da sua volta pelo País – até
dia 12, andará on de road, a ouvir militantes e simpatizantes do CDS – qual o seu estilo
e que diferenças vai impor na era pós-Portas? Despido // 10. Unidade monetária da
Arménia. Atar com nós // 11. fitou a vista em. fruto da amoreira e de algumas espécies
de silvas.
Sudoku
DIFÍCIL
Quiz
POR PEDRO DIAS DE ALMEIDA
1. Quem era homenageada no desfile
vencedor do Carnaval do Rio de
Janeiro 2016?
A. Carmen Miranda
B. Gal Costa
C. Maria Bethânia
2. No jogo inaugural do Estádio José
Alvalade, em 1956, o Sporting perdeu
2-3 com que equipa brasileira?
A. Botafogo
B. Vasco da Gama
C. Fluminense
3. Qual destas canções não é dos
Xutos & Pontapés?
A. Oub'Lá
B. Quem é Quem
C. Sexta-Feira 13
DÊ-NOS NOTÍCIAS > T.21 469 8101 > T. 22 043 7025
> [email protected]
6. Em que cidade argentina nasceu o
futebolista Lionel Messi?
A. Córdoba
B. Rosário
C. La Plata
7. No espaço museológico dedicado a
Jimi Henrix em Londres encontra-se
uma garrafa de...
A. Casal Garcia
B. Mateus Rosé
C. Licor Beirão
8. Cozinha da Casa de Manhufe é o
título de um célebre quadro de...
A. Júlio Pomar
B. Graça Morais
C. Amadeo de Souza-Cardoso
4. De que ano é o romance A Cidade e
as Serras, de Eça de Queiroz?
A. 1875
B. 1889
C. 1901
9. Em que ano nasceu o guitarrista
Santana que vai atuar em julho em
Portugal?
A. 1939
B. 1942
C. 1947
5. A empresa Meireles, especializada
em fogões, foi fundada, em 1931, em
que cidade?
A. Aveiro
B. Albergaria-a-Velha
C. Porto
10. Onde fica o Museu Municipal
Santos Rocha?
A. Anadia
B. Nazaré
C. Figueira da Foz
18 fevereiro 2016 SE7E
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