Israel

Transcrição

Israel
iSRAEL
CONFISSÕES
RELIGIOSAS
Judeus72,5%
Muçulmanos19,3%
Cristãos2,4%
Agnósticos4,8%
Outros1%
Cristãos
408.900
Católicos
133.000
Circunscrições
eclesiásticas
9
SUPERFÍCIE
20.770km2
POPULAÇÃO
7.285.000
REFUGIADOS
17.736
DESALOJADOS
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Vários meses após a visita do Papa Bento XVI à Terra Santa, em
Maio de 2009, o Monsenhor Fouad Twal, Patriarca Latino de Jerusalém, declarou, numa reunião organizada pela AIS em Londres, que a
peregrinação do pontífice não reduziu o número de actos de opressão contra as minorias. “A discriminação, sempre presente em Israel,
ameaça tanto os cristãos como os muçulmanos”, disse ele. Mais, “Se
somarmos as restrições às suas deslocações, a falta de consideração
por onde eles vivem, os impostos e as violações dos seus direitos de
residência”, percebe-se então a razão pela qual “os cristãos palestinianos não sabem o que fazer. [. . .] Temos uma nova geração de cristãos
que não podem visitar os lugares santos da sua fé, os quais se situam
a apenas alguns quilómetros do local onde vivem”, declarou.
Nesta mesma ocasião, o Monsenhor Fouad Twal expressou preocupação pelo futuro do Cristianismo na Terra Santa, dado o declínio no
número de cristãos.
Para Rafik Koury, padre do Patriarcado Latino de Jerusalém, os cristãos israelitas também enfrentam um grave problema de identidade.
Questionam, cada vez mais, a sua cidadania num estado que “se vira
cada vez mais para o exclusivismo, ou seja, um estado para judeus” no
qual “Israel trata os não judeus como entidades separadas, sem uma
identidade nacional específica”.
Em Israel, as Igrejas e os Cristãos têm de enfrentar uma cada vez
maior burocracia por parte das autoridades. O Governo, e especialmente o Ministério do Interior, torna a aquisição de um visto cada vez
mais difícil para os padres e os religiosos estrangeiros. Embora o problema sempre tenha existido, ele piorou como a chegada à liderança
do ministério de Eli Yishai, líder do Partido Shas, predominantemente
religioso e Sefardita-Mizrahim. Agora um visto só é válido durante um
ano em vez de dois.
“É difícil debater esta situação dado que alguns vistos são emitidos,
enquanto outros o não são ou o seu pedido ainda se encontra pendente”, declarou o P. Pierbattista Pizzaballa, Custódio Franciscano da
Terra Santa. “Há um pouco de confusão. Não sabemos se reflecte a
política ministerial ou se é devida ao facto de determinados funcionários serem muito lentos. Se calhar, trata-se de uma ambiguidade
propositada”.
Para o Custódio, assim como para o P. António Franco, Núncio Apostólico em Israel, tais restrições são prejudiciais ao trabalho pastoral
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regular da Igreja. “É difícil para as Igrejas planearem o seu trabalho, não sabendo se as religiosas ou os padres podem vir ou não”, explicou o P. Pizzaballa.
No caso da Custódia, “Este ano, tivemos vistos emitidos para religiosos que vêm de países
árabes, mas não de África. Dois irmãos do Congo não obtiveram os vistos. Dantes era ao
contrário”, explicou ele. “Vivemos, assim, na incerteza, e a burocracia ficou mais complexa”.
“É claro que a Igreja reconhece o direito do Estado em assegurar a segurança dos seus cidadãos, e que tal significa, no contexto presente, que o Estado pode, de boa fé, recusar-se a permitir a entrada de indivíduos que poderiam colocar a segurança pública em risco”. Porém, “o
Estado não pode, por outro lado, substituir o seu bom senso pelo da Igreja, isto em relação ao
pessoal que a Igreja deseja distribuir a partir de um qualquer lugar no mundo para as suas
próprias instituições, para os seus próprios propósitos”, declarou o P. franciscano David Jaeger,
perito na relação entre o Estado e a Igreja em Israel, à agência AsiaNews.
O problema dos vistos é ainda pior em relação a futuros padres que estão a ser formados
para o patriarcado latino, cuja jurisdição se estende a Israel, aos Territórios Palestinianos, à
Jordânia e ao Chipre. Os futuros padres estudam no Seminário Beit Jala, perto de Belém. Estão
sujeitos às decisões arbitrárias do Ministério do Interior de Israel, que decide sobre todos os
assuntos que afectam os não-palestinianos nos Territórios Ocupados. Neste momento, as
restrições estão a aumentar, especialmente para os jordanos, os quais constituem dois terços dos seminaristas. O seu visto é muito frequentemente válido apenas para uma única
entrada, quando costumava ser válido para entradas múltiplas, o que lhes permitia visitar a
família três ou quatro vezes por ano. Tal medida é sentida como ainda mais injusta uma vez
que a Jordânia e Israel assinaram um tratado de paz em 1994.
No dia 17 de Fevereiro de 2009, o “Canal 10” de Israel difundiu um programa que atacava a
fé cristã, em especial Cristo e a Virgem Maria. Num comunicado à imprensa datado de 19 de
Fevereiro, os bispos católicos da Terra Santa criticaram fortemente o programa, que “dirigiu
os seus ataques” contra “as figuras mais sagradas da nossa fé cristã, numa tentativa, como
declarou especificamente o próprio realizador do programa, de destruir” o Cristianismo. “Ao
fazê-lo, o ‘Canal 10’” profanou “as figuras mais sagradas do” Cristianismo “ofendendo centenas de milhares de cidadãos israelitas cristãos” assim como “milhões de cristãos no mundo
inteiro”.
“Facto ainda mais importante, os líderes das Igrejas inserem este recente incidente no contexto maior dos contínuos ataques contra cristãos em Israel ao longo dos anos”. Por isso, eles
“pedem que o ‘Canal 10’ reconheça a sua responsabilidade e […] oficial e publicamente apresente as suas desculpas por este incidente e nunca […] permita a sua repetição”.
Por último, os bispos pediram às autoridades que “tomassem as medidas apropriadas contra
tais ofensas inaceitáveis e aqueles que as causaram”.
Enquanto lamentava os ensinamentos odiosos encontrados em alguns livros não cristãos, o
Monsenhor Twal declarou que estava surpreendido pela falta de confiança de Israel na Igreja,
a qual é, afinal de contas, um “elemento de moderação e de reconciliação” que pode servir a
causa da paz.
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