research and networks in health - Plataforma de Revistas do IPLeiria

Transcrição

research and networks in health - Plataforma de Revistas do IPLeiria
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
TABLE OF CONTENTS - VOLUME 1| NUMBER 1 – 2015 | ISSN 2183-6841
RESEARCH ARTICLES
EVALUATION & INTERVENTION IN HEALTH
Excessive Daytime sleepiness in Drivers of Heavy Vehicles
Paulo Nunes, Lucinda Carvalho, Alexandre Pereira
Does the 6-minute walk test predicts functional capacity in a sample of elderly women? A pilot-study.
Andreia Garcia, Ana Marta Santos, Elisabete Carolino, Beatriz Fernandes, Maria Teresa Tomás
Psychostimulants and brain edema
Ricardo Alexandre Leitão, Ana Paula Martins
HEALTH POLICY & MANAGEMENT
A look into the intervention of clowns in paediatric context: a hospital professional’s perspective
Carmen Moreira, Hiolanda Esteves, Susana Caires
The history of health policies in Portugal: a look at recent trends
Teresa Maneca Lima
HEALTH EDUCATION & TRAINING
Music in hospitalized patients: changes in heart rate
Gui Rego, Patrícia Coelho, Alexandre Pereira
Quality of life in ovarian cancer survivors
Vânia Gonçalves
CONFERENCE ABSTRACTS
SILVER STORIES INTERNATIONAL CONFERENCE – 2015
History in our hands - exploring elders life stories with digital storytelling and ceramics
Alex Henry
Digital storytelling with people with dementia in long-term care: place, home and community
Andrea Capstick
Developing documentary practices for sensitive contexts – Video Ethnography in the UK Hospice
Sector
Tom McGorrian
Bioethics through cinema lenses
Francielle Maciel Silva
The Authentic Voice: Digital stories and the organization
Catherine Theodosius
Helping tomorrow’s doctors to become reflective practitioners through digital storytelling
Tony Sumner, Pip Hardy
“Closer Together”: Using digital storytelling to chart how Melbourne’s aging Irish community uses
social media
Liam Burke
Our Day Out
Sue Potts, Ian Bradley
On the Edge of a digital society – Using digital storytelling for empowering digitally excluded groups
Nikoline Lohman
Digital Aging in Romanian Public Libraries
Camelia Crisan, Ramona Sinca
Critical Evaluation and Cultural Values
Alison Rooke, Claire Levy
Gender Influence in the Transition to Retirement: A qualitative study
Ana Teresa Pedreiro
The power of ambiguity: The collaborative story of a radical intervention located within a sheltered
workshop in the United States
Emese Ilyes
Shared Inclusive Reading Project: a different way of reading
Catarina Frade Mangas, Célia Aguiar de Sousa
Reflexões sobre Kontakthof com idosos: Perguntas e Propostas de Estudo
Camilla Rodrigues Gomes
Narrativas Dinâmicas Online
Maria Eduarda Moreira Abrantes Ferreira da Silva
i
Sacred stories: digital storytelling to preserve the stories of vocation and calling of retired nuns
Tony Sumner, Pip Hardy
REATIVA: um programa promotor de um envelhecimento ativo
Helena Maria Almeida Macedo Loureiro
Who are the Oldest Old?: Narrative insights from European Nonagenarian Siblings
Rea Irene Maeve
Digital storytelling: A method to raise awareness about health conditions to the older individuals
Elis Angela Batistella
Nas tuas palavras descubro o meu quotidiano
Catarina Inês Costa Afonso
CONFERENCE ABSTRACTS
ENNIS & IMNRH MEETING – 2015
Análise comparativa do "Evaluation on Ayres Sensory Integration" versus "Sensory Integration and
Praxis Test"
Helena Reis, Elsa Almeida, Patrícia Marcelino
Transição para o Papel Maternal: A Experiencia Vivida de Mulheres com Problemas de Adição a
Substâncias Psicoativas
Carolina Henriques, Maria Antónia Botelho, Helena da Conceição Borges Catarino
A Influência da Evidência Científica no Processo da Formulação de Políticas de Recursos Humanos
Em Saúde: estudo de caso múltiplo
Ana Paula Cavalcante de Oliveira, Gilles Dussault, Mário Roberto Dal Poz, Ulysses Barros
Panisset
Práticas de avaliação dos Terapeutas da Fala em Portugal com crianças no período pré-linguístico
Ana Graça, Gisele Tessarolo, Mónica Rema, Susana Samgy, Etelvina Lima, Andreia Salvador
Impacto do isolamento familiar no uso de Medicamentos Potencialmente Inapropriados nos idosos:
um estudo exploratório
Irene Constantino, Alda Mourão, Dina Tavares
Kidney Injury in Type 2 Diabetic: The Role of Berberine Treatment
Teresa Louro
A experiência vivida de se tornar um Terapeuta Ocupacional
Fabiana Santos, Ana Rita Almeida, Lídia Ribeiro Ferreira, Jaime Ribeiro
Perfil de habilidades comunicativas para indivíduos com afasia e seus cuidadores
Ana Lúcia Mano, Joana Pinheiro, Andreia Amaro, Elsa Soares, Sónia Pós de Mina
Effect of Acupuncture on post-operative pain in Lumbar surgery
Fatine Hamza, Ana Alexandra Anjos, Jorge Machado, Manuel Laranjeira, Henry Johannes Greten
Avaliação nutricional e qualidade de vida em idosos institucionalizados e não-institucionalizados
Ana Rita Henriques, Mónica Serra
Determinação da idade crítica para o aparecimento de obesidade infantil
Cátia Braga-Pontes, Sara Simões-Dias, Maria Pedro Guarino
Avaliação da Discriminação Auditiva em Crianças com idades compreendidas entre os 4 anos e os 4
anos e 11 meses
Diana Fernandes, Joana Marques, Etelvina Anete Lima
Atenção às condições crónicas de saúde na Região centro de Portugal: Trajetórias de saúde dos
utentes
Marta Costa, Ana Santos, Beatriz Mendonça, Daniela Francisco
Promoção da saúde oral na idade pré-escolar: Estudo de intervenção comunitária numa amostra de
recém-mães
Fátima Vitorino, José Frias-Bulhosa, Alice Martins
Presença de alterações vocais e autoperceção das mesmas em professores do 1º ciclo do Ensino
Básico
Adriana Souto, Daniela Cartaxo, Liliana Dias, Paula Meireles, Elsa Soares, Sónia Pós de Mina
O desenvolvimento do vocabulário numa aluna com Paralisia Cerebral: uma intervenção com o
Projecto BIA
Mariana Nunes, Catarina Martins, Célia Ribeiro
Comprimento médio do enunciado (CME) em crianças dos 3A:6M aos 4A, sem patologia da
linguagem
Cláudia Clara, Cristiana Couto, Ana Maria Silva, Nance Quinta
Sentido de vida dos estudantes do primeiro ano do Instituto Politécnico de Leiria
David Silva, Luís Seiça, Raquel Soares, Ricardo Mourão
ii
Page 1 de 13
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
Health Research Unit (UIS)
School Of Health Sciences (ESSLei)
Polytechnic Institute of Leiria
Morro do Lena – Alto do Vieiro
2411-901 Leiria, Portugal
RESEARCH ARTICLE
Excessive Daytime sleepiness in Drivers of Heavy
Vehicles
Sonolência Diurna Excessiva em Condutores de Veículos
Pesados
Paulo Nunes1, Lucinda S.A.Carvalho1, Alexandre J.M.Pereira1,2
1
Departamento Fisiologia Clínica/ Cardiopneumologia, Escola Superior de Saúde Dr. Lopes Dias, Instituto
Politécnico de Castelo Branco; Av. do Empresário, 6000-767 Castelo Branco
2
Centro Hospitalar Cova da Beira, Quinta do Alvito, 6200-251 Covilhã
Citation: Nunes, P., Carvalho,
L. S. A. & Pereira, A. J. M.
(2015). Excessive Daytime
sleepiness in Drivers of Heavy
Vehicles. Res Net Health 1, e113.
Received: 21st january 2015
Accepted: 16th september 2015
Published: 20th november 2015
Corresponding Author:
Paulo Nunes
[email protected]
Abstract
Introduction: Excessive daytime sleepiness is an entity that has a negative impact on physical
and cognitive performance, since it reduces the individual's ability to respond to stimuli.
Professional drivers are undoubtedly a class exposed to this entity, endangering their life and
others.
Objective: To investigate the prevalence of Excessive Daytime Sleepiness in drivers of heavy
trucks and passenger vehicles, comparing it with accidents/near misses accidents and also to relate
these variables with the type of vehicle.
Methods: This study evaluated 148 drivers, of which 68 were drivers of heavy trucks vehicles, 58
of passenger vehicles and 22 of both types of trucks. Both Epworth Sleepiness Scale and a
questionnaire to assess sleeping habits and driving habits were used.
Results: The prevalence of sleepiness in drivers is 37,8 % and it was correlated with the total time
in bed (r = -0.169, p = 0.040) and with the time of driving of heavy trucks (r = 0.151, p = 0.068).
It was found that 14.2 % of accidents and 27.8 % of near misses accidents were due to sleepiness.
Highly significant differences in sleepiness and near misses were found (p < 0.001). There was
dependence between the type of vehicle and accidents (p = 0.046).
Conclusion: In the group of evaluated drivers there is Excessive Daytime Sleepiness, which leads
to the significantly increasing risk of accidents/near misses accidents, as well as a higher
incidence of accidents in truck drivers compared to drivers of passenger vehicles.
Keywords: Excessive Daytime Sleepiness; heavy trucks drivers; accidents; Epworth Sleepiness
Scale.
Introdução
A sinistralidade rodoviária é causa direta de um número quase incontável de feridos,
vítimas mortais e elevados danos materiais. Assume-se que os acidentes rodoviários são
resultantes da interação de vários factores entre os quais se encontram o ambiente físico,
o veículo e o condutor. Sublinha-se que o comportamento do condutor é a principal causa
inerente ao grande número de acidentes (Oliveira, 2006).
Daytime sleepiness in heavy vehicle drivers/Sonolência diurna em condutores de pesados
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
Page 2 de 13
O sono é um estado fisiológico cíclico, caracterizado por um período de repouso e outro
de atividade, originando o ciclo sono-vigília (Aguiar et al., 2009). A necessidade de sono
difere de pessoa para pessoa, porém existem fatores que podem modificar o padrão de
sono, diminuindo o seu tempo e a sua eficiência (Inocente, Inocente, Inocente, &
Reimão, 2009; Sabbagh-Ehrlich, Friedman, & Richter, 2005).
Variações deste ciclo favorecem o desenvolvimento de distúrbios do sono, com
inevitáveis repercussões na qualidade de vida, dos quais se destaca a SDE (Sonolência
Diurna Excessiva) (Danda, Ferreira, Azenha, Souza, & Bastos, 2005). Esta caracteriza-se
por um estado objetivo e subjetivo de redução fisiológica da vigília, baseando-se numa
propensão aumentada ao sono que se traduz numa compulsão subjetiva para dormir,
mesmo que involuntariamente (Franzoi & Franzoi, 2006; Inocente, Inocente, Inocente, &
Reimão, 2009).
A SDE tornou-se numa entidade eventualmente patológica comum e transversal a uma
grande parte da população mundial (Berg, 2009; Licati, Brito, Costa, Silva, & Araújo,
2010; Martins, Tufik, & Moura, 2007). Os motoristas profissionais não são exceção.
Durante a condução o ser humano é sujeito a um conjunto de processos externos,
internos, conscientes e inconscientes, tornando-a numa prática ativa dependente de
condições ambientais e/ou distrações, forçando o motorista a focalizar os estímulos sem
perder informações pertinentes que exigem a sua atenção durante a condução (Oliveira,
2006; Pinho et al., 2006; Souza, Paiva, & Reimão, 2008).
A presença de SDE conduz a uma diminuição do tempo de reacção e da capacidade de
concentração, aumento de erros e da distração por parte dos condutores, culminando por
vezes em acidentes. Por definição padrão entende-se por acidente, a colisão entre o
veículo com qualquer objeto móvel ou parado. Salienta-se ainda o facto dos condutores
sonolentos apresentarem um grande número de quase-acidentes, situações em que o
condutor se desvia da faixa de rodagem e/ou “quase colide”, o que sugere que eles tem a
perceção dos riscos da sua condução (Oliveira, 2006; Pinho, et al., 2006; Souza, Paiva, &
Reimão, 2008).
Perante este facto, estabeleceram-se leis que regulamentam os tempos de condução dos
motoristas, sendo que o tempo diário de condução não deve exceder as 9 horas. No
entanto, este pode ser alargado até um máximo de 10 horas, duas vezes por semana,
incluindo condução em países estrangeiros (Bohm et al., 2012).
Ainda que com algum grau de subjetividade, a avaliação da sonolência pode ser estimada
através da aplicação de escalas de sonolência. Estas são usadas frequentemente em
estudos epidemiológicos e em pesquisa clínica (Aguiar, et al., 2009; BoariI, CavalcantiII,
BannwartIII, Sofia, & Dolci, 2004). A autoavaliação de mudanças de comportamento
através da Escala de Sonolência de Epworth (ESE) fornece uma estimativa do nível de
sonolência diurna e tem sido aplicada para a avaliação da privação do sono (Gus, Silva,
Fernandes, Cunha, & Sant'anna, 2002; Knutson, Rathouz, Yan, Liu, & Lauderdale,
2006).
Apesar de amplamente divulgados os efeitos nocivos da sonolência e a consequente
sinistralidade, existem algumas classes profissionais que permanecem subinvestigadas,
sendo os motoristas de pesados um dos grupos menos estudados (Aguiar et al., 2009;
Vennelle, Engleman, & Douglas, 2010). É ainda difícil definir com exatidão a magnitude
Daytime sleepiness in heavy vehicle drivers/Sonolência diurna em condutores de pesados
Page 3 de 13
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
da SDE, subjacente ao elevado número de acidentes rodoviários envolvendo motoristas
(Teixeira & Fischer, 2008; Viegas & de Oliveira, 2006).
O presente estudo foca-se na investigação da prevalência de sonolência diurna excessiva
em motoristas de pesados de mercadorias e passageiros, comparando-a com os
acidentes/quase acidentes e relacionar estas variáveis com o tipo de veículo.
Materiais e Métodos
O estudo é do tipo transversal descritivo-correlacional, investigando motoristas de
veículos pesados de mercadorias e de passageiros habilitados com carta de condução C,
D, C+E e/ou D+E e subcategorias, de nacionalidade portuguesa. A amostra foi recolhida
entre novembro de 2011 e fevereiro de 2012, em várias estações de serviço das
autoestradas e centrais rodoviárias, em diferentes pontos do país (Aveiro, Bragança,
Castelo Branco, Coimbra, Covilhã, Évora, Guarda, Lisboa, Vila Real e Viseu), num total
de 152 indivíduos.
As informações foram obtidas através de um questionário, que permitiu avaliar dados
antropométricos, hábitos tabágicos e de sono, tipo de veículo conduzido, definição do
tipo de motorista (longo ou curto curso) e se realiza viagens além das fronteiras de
Portugal, o número de horas de condução bem como as sestas entre o período de
condução e a existência de acidentes ou “quase-acidentes”. Aplicou-se a ESE que
abrange 8 questões relativamente a atividades do dia-a-dia que podem causar sonolência,
que permitem quantificá-la em: normal (0-8), ligeira (8.1-12), moderada (12.1-16) e
grave ( > 16) (Santos, 2001).
A dimensão total da amostra foi de 152 do sexo masculino, sendo que 4 dos inquiridos
foram excluídos por existência de patologias do sono conhecidas. O total da amostra foi
de 148 motoristas, sendo 68 motoristas de pesados de mercadorias (45.9 %), 58
motoristas de pesados de passageiros (39.2 %) e 22 que conduziam ambos os tipos de
veículos (14.9 %). Os dados relativos à idade, peso e altura encontram-se descritos na
tabela 1.
Tabela 1 - Caracterização da Amostra.
Média
42.0
Idade (anos)
80.4
Peso (Kg)
172.6
Altura (cm)
Desvio Padrão
9.3
12.8
7.4
Mínimo
22
59
150
Máximo
64
125
192
Para a formação, análise da base de dados e cálculos estatísticos, foi utilizado o programa
SPSS® 19.0 (Statistical Package for the Social Sciences). Foi feita uma análise
descritiva simples para a caracterização da amostra tendo sido avaliada a normalidade
das variáveis com o teste de Kolmogorov-Smirnov e a homogeneidade das variâncias
pelo teste de Levene. Para determinação da independência entre as variáveis foi usado o
teste qui-quadrado da independência ou exato de Fisher. Para determinar a correlação
entre variáveis contínuas foi usada a correlação de Spearman e na comparação de médias
foi utilizado o teste t-Student (2 grupos) e o teste não paramétrico de Kruskal-Wallis (3
ou mais grupos), com nível de significância de 5 % (p ≤ 0.05). Os dados recolhidos têm
apenas fins estatísticos e académicos, sendo mantido o anonimato e confidencialidade
Daytime sleepiness in heavy vehicle drivers/Sonolência diurna em condutores de pesados
Page 4 de 13
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
dos dados obtidos, os mesmos só foram recolhidos após o consentimento informado e
assinado do entrevistado.
Resultados
Da amostra de 148 indivíduos, o IMC teve média de 26.96 kg/m2 com valor mínimo de
20.57 kg/m2 e máximo de 42.25 kg/m2. No que refere aos hábitos tabágicos 46.6 % não
fuma, 38.8 % fuma e 19.6 % são ex-fumadores.
Hábitos de condução
Em relação ao tipo de viagens verifica-se que 59.5 % afirma ser motorista de longo curso
e 56.8 % executa viagens internacionais. No que concerne aos hábitos de condução
verifica-se que a média das horas de condução profissionais é de 8.03 horas, sendo o
mínimo 3 horas e o máximo 11 horas, ao qual se acresce o tempo de condução de outros
veículos não pesados que é de 41.64 minutos. Da totalidade da amostra verificou-se que
21.6 % realiza sestas durante as pausas de condução com duração média de 46.34
minutos.
Comportamentos/Perfil do Sono
Em relação ao consumo de bebidas alcoólicas 23.6 % refere consumi-las antes de se
deitar. Verificou-se através do estudo dos hábitos de sono que 16.2 % deita-se após as 23
horas enquanto 83.8 % deita-se durante essa hora, ou antes. 4.7 % afirma levantar-se
antes das 5 horas e 95.3 % levanta-se durante ou após essa hora, a média do TTC (Tempo
Total na Cama) da amostra é de 7.92 horas. No que concerne à auto avaliação de cada
um dos inquiridos em relação à qualidade do seu sono, a amostra divide-se em: 54.7 %
caracteriza o seu sono como bom, 38.5 % como regular e 6.8 % classifica-o como mau.
Do total da amostra 25.7 % refere acordar frequentemente durante a noite e 30.4 % relata
acordar com a boca seca e/ou com cefaleias matinais, 23.6 % afirma que o sono não é
reparador e/ou acorda cansado, sendo que 22.3 % confirma ter muita sonolência durante
o dia (Tabela 2).
A relação entre auto-avaliação do sono e a noção de sono não reparador/acordar cansado,
permitiu verificar que existe uma elevada evidência significativa (p = 0.000), calculado
através do teste do qui quadrado. Avaliou-se ainda, se existiam diferenças significativas
na ordenação média da ESE em função da auto-avaliação do sono, confirmou-se uma
evidência estatística significativa (p = 0.007), recorrendo ao teste não paramétrico
Kruskal-Wallis demostrando que o mau sono apresenta um valor de ESE superior ao
bom sono.
Análise estatística em função da ESE
Em relação à SDE avaliada pela ESE verificou-se que 62.2 % não apresenta sonolência,
23.6 % sonolência leve, 10.8 % sonolência moderada e 3.4 % sonolência grave (Figura
1). Verificou-se que existe uma correlação negativa fraca (r = -0.169) entre o TTC e o
valor da ESE, mas estatisticamente significativa (p = 0.040), através da análise de Rho
spearman (Tabela 3).
Daytime sleepiness in heavy vehicle drivers/Sonolência diurna em condutores de pesados
Page 5 de 13
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
Tabela 2 - Descrição geral dos comportamentos/perfil do sono.
Consumo de bebidas alcoólicas
Classificação do sono
Posição de dormir
Ressonar
Bom
Regular
Mau
Decúbito lateral
Decúbito dorsal
Decúbito ventral
Não
Sim, mas pouco
Sim, bastante
Sim, muito
Sensação de falta de ar
Paragens respiratórias
Despertares frequentes
Boca seca/cefaleias matinais
Sensação de sono não reparador/cansaço
Sensação de sonolência diurna
N
35
81
57
10
104
28
16
42
56
36
14
7
10
38
45
35
33
%
23.6
54.7
38.5
6.8
70.3
18.9
10.8
28.4
37.8
24.3
9.5
4.7
6.8
25.7
30.4
23.6
22.3
Tabela 3: Análise da Correlação de Spearman e valor do p nas variáveis estudadas na amostra
Variáveis
Sinal
p
Tempo Total de Condução e SDE
+
0.068
Tempo Total de Cama e ESE
-
0.040*
*p < 0.05 estatisticamente significativo
Figura 1 - Classes de sonolência de Epworth.
Para verificar se existe associação entre o tempo de condução e a SDE recorreu-se á
análise de Rho de Spearman, verificando-se que existia uma fraca correlação (r = 0.151)
com um nível de fraca evidência significativa (p = 0.068).
A média da ESE dos indivíduos que executa viagens internacionais é de 8.24 ± 5.036,
enquanto a dos que não executa é de 5.94 ± 3.576, as diferenças são estatisticamente
significativas (p = 0.001) de acordo com teste paramétrico, verificou-se que os indivíduos
que realizam viagens internacionais têm em média mais 2.30 ± 0.741 valores na ESE
(Figura 2). O mesmo se verificou quando comparados os motoristas de longo curso com
Daytime sleepiness in heavy vehicle drivers/Sonolência diurna em condutores de pesados
Page 6 de 13
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
os que não eram, apresentando médias de 8.39 ± 4.876 e 5.57 ± 3.567 respetivamente,
sendo as diferenças altamente significativas (p = 0.000), verifica-se que os primeiros
apresentam em média mais 2.82 ±0.736 valores na ESE (Figura 2), aferido através do
teste t- Student.
Figura 2 – Relação entre Motorista de longo curso e Viagens internacionais com a ESE.
Análise estatística em função dos acidentes
No que refere aos acidentes de condução por sonolência 14.2 % refere ter sofrido
acidente e 37.8 % menciona ter sofrido um quase acidente de condução.
A relação dos acidentes por sonolência com a auto-avaliação do sono, apresentou uma
fraca evidência estatística (p = 0.071), já em relação aos quase acidentes verificou-se
uma evidência estatística significativa (p = 0.010), para a análise destas associações
utilizou-se o teste do Qui-Quadrado ou exato de Fisher (Tabela 4).
Tabela 4: Relação entre a autoavaliação do sono e a probabilidade de ter acidentes, ou quase
acidentes e respetivo valor p.
Autoavaliação Sono
Bom
Regular
Mau
Valor p
Quase Acidentes (n/%)
23 / 41.1 %
26 / 46.4 %
7 / 12.5 %
0.010*
Acidentes (n/%)
11 / 52.4 %
6 / 28.6 %
4 / 19.0 %
0.071
Teste Exato de Fisher. * p < 0.05 estatisticamente significativo
Quando relacionados os acidentes por sonolência com o valor da ESE, observou-se que a
média dos indivíduos com acidente era de 12.14 ± 4.126 e dos indivíduos sem acidente
6.43 ± 4.304, sendo as diferenças altamente significativas (p < 0.001), apurando-se ainda
que os indivíduos com acidente têm em média mais 5.71 ± 0.978 valores na ESE (Figura
3). O mesmo acontece para os indivíduos que referem quase acidentes com média de
Daytime sleepiness in heavy vehicle drivers/Sonolência diurna em condutores de pesados
Page 7 de 13
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
10.29 ± 3.422 em comparação com a média de 4.59 ± 3.019 dos indivíduos sem acidente,
verificando-se diferenças altamente significativas (p = 0.,000) (Figura 3), estas relações
foram calculadas através do teste estatístico de t student controlado pelo teste de Levene.
Procedeu-se posteriormente à criação de uma variável que engloba-se três categorias:
acidentes, quase acidentes e ausência de acidentes. Para análise estatística considerou-se
que motoristas que apresentassem duas categorias seriam incluídos dentro daquela que
apresentasse maior risco, relacionou-se esta nova variável em função da ESE.
Demostrou-se que os acidentes exibem uma ordenação média (12.14 ± 4.304) maior que
os quase-acidentes (10.29 ± 3.422) e muito superior á média dos sem acidentes (4.59 ±
3.019) em função da ESE (p = 0.000, tal como se observa na Figura 4, estas categorias
foram comparadas através do teste do qui-quadrado.
Figura 3 – Relação entre acidentes e quase-acidentes com a ESE.
p<0,001
Figura 4 – Relação da nova variável “acidentes” com a ESE.
Análise estatística em função do tipo de veículo
A avaliação de diferenças na ordenação média do tipo de veículo e da ESE, não
apresentou evidência estatisticamente significativa (p = 0.425), através do teste
Daytime sleepiness in heavy vehicle drivers/Sonolência diurna em condutores de pesados
Page 8 de 13
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
qui quadrado A análise do tipo de veículo com os acidentes por sonolência,
apresentou relação significativa (p = 0.046), com 22.1 % de acidentes por
sonolência nos motoristas pesados de mercadorias e de 8.6 % nos pesados de
passageiros (Tabela 5). O contrário verificou-se, em relação ao tipo de veículo e
os quase acidentes, onde as variáveis não apresentavam relação (p = 0.180). A
análise estatística em função do veículo realizou-se através do teste exato de
Fisher.
Tabela 5 – Relação entre o tipo de veículo e os acidentes.
Acidentes por sonolência
Não
Sim
77.90 %
22.10 %
Pesados de mercadorias
91.40 %
8.60 %
Pesados de passageiros
95.50 %
4.50 %
Ambos os pesados
p
p = 0.046
Discussão
A Sonolência Diurna Excessiva é descrita na literatura como fator propiciador de
acidentes de condução (Mahachandra & Sutalaksana, 2011; Viegas & de Oliveira, 2006).
Existem estudos que sustentam que a redução ou aumento do tempo de sono afeta o
apetite através da desregulação das hormonas leptina e da grelina (Bjorvatn et al., 2007;
Crispim et al., 2007; Kohatsu et al., 2006), verificou-se a existência de uma relação entre
o sono e o IMC no formato de “U” invertido, sendo que os indivíduos que dormiram
menos de 7.7 horas apresentavam um aumento do IMC (Taheri, Lin, Austin, Young, &
Mignot, 2004). Os resultados do estudo e da higiene de sono referidos anteriormente
podem explicar parcialmente a presença de 68.2 % de motoristas com excesso de peso.
Por outro lado, o consumo de álcool antes de deitar, bem como os hábitos tabágicos
potenciam alterações na arquitetura normal do sono (Castaneda, Sussman, Levy,
O'Malley, & Westreich, 1998). O álcool aumenta a probabilidade de roncopatia e a
ocorrência de eventos apneicos mesmo em indivíduos sem história prévia destes eventos
(Castaneda, et al., 1998; Lobo & Tufik, 1997; Lucchesi, Pradella-Hallinan, Lucchesi, &
Moraes, 2005). O tabaco promove o aumento da dificuldade em iniciar o período de sono
sendo este efeito comparável ao da ingestão de cafeina (Balbani & Montovani, 2005;
Mesquita, Ferreira, Rossini, Soares, & Reimão, 2011; Phillips & Danner, 1995). Na
amostra verificou-se uma significativa prevalência destes fatores de risco. Foi possível
aferir que do total da amostra 71.6 % ressona, sendo que os sinais/sintomas que referem
mais frequentemente são: boca seca/cefaleias matinais, despertares frequentes e sensação
de sono não reparador/cansaço. De acordo com os dados recolhidos relativamente ao
tempo de condução da amostra, 3.4 % dos motoristas inquiridos não cumpre a legislação
em vigor, podendo-se ter assistido a uma omissão de informação por parte dos
condutores, justificada em parte pelo receio de estar a desobedecer a uma lei do trabalho
(Bohm, et al., 2012). É importante ainda referir o facto de que o motorista pode conduzir
outros veículos, sem que o seu tempo seja contabilizado, podendo ele conduzi-lo por
longos períodos de tempo, neste caso verificou-se que a média das horas de condução
profissionais é de 8.03 horas, acrescido de 41.64 minutos em veículos não pesados.
A nível profissional mais de metade da amostra era motorista de longo curso, exercendo
intensivamente a prática de condução do veículo pesado. Comprovou-se no presente
estudo, através da existência de uma correlação entre o tempo de condução e a SDE, que
Daytime sleepiness in heavy vehicle drivers/Sonolência diurna em condutores de pesados
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
Page 9 de 13
um aumento da prática de condução aumenta a SDE. Esta circunstância é suportada pelo
facto de motoristas de longo curso apresentarem em média mais 2.82 ± 0.736 de ESE em
comparação com os motoristas de curto curso. Num estudo entre Portugal e Brasil
relataram que os motoristas brasileiros conduziam mais horas e como consequência
apresentavam mais acidentes, comparado com os portugueses (Souza, et al., 2008). Estes
fatores permitem explicar uma prevalência de SDE em 37.8 % da amostra, mesmo que
esta análise seja feita pela avaliação de uma escala subjetiva e sujeita a viés de memória.
Esta realidade é transversal na bibliografia analisada, artigos publicados em 2005 e 2006
apresentavam uma prevalência de SDE de 27.5 % e de 28.0 %, respectivamente (Canani,
John, Raymundi, Schonwald, & Menna Barreto, 2005; Viegas & de Oliveira, 2006). Em
2002 é publicado um artigo que apresenta 15% de motoristas de mercadorias com ESSE
> 11 e 0.8% com ESSE > 16 (Philip et al., 2002). A presença de uma correlação negativa,
entre o TTC e o grau de SDE, mostra que quanto menos tempo o individuo passa na
camam, mais sonolência apresenta. O facto de existir uma ordenação da autoavaliação do
mau sono maior que o bom sono em função da ESE consubstancia ainda mais esta
realidade. A existência de indivíduos que referem sono não reparador e/ou acordam
cansados, bem como aqueles que afirmam ter muita sonolência durante o dia, reflete-se
nos resultados anteriores. O presente estudo teve a preocupação de verificar se as
respostas dadas ao questionário eram verosímeis, tal facto foi comprovado pela
autoavaliação do sono e a relação com a noção do sono não reparador/acordar cansado.
Deslocações para o estrangeiro são frequentes em mais de metade da amostra, o que
traduz hábitos de sono inapropriados, ambiente físico adverso onde o sono é realizado,
com variações de temperaturas, luz e som(Rotenberg, Portela, Marcondes, Moreno, &
Nascimento, 2001). Os indivíduos que realizam viagens internacionais apresentam em
média um grau de sonolência ligeira (8.24 ± 5.04), como provável reflexo das más
condições do local de sono. Um estudo relatou que 12.5 % dos motoristas referiam
problemas diários em encontrar locais para descansar, este facto traduzia-se por um
aumento acrescido da fadiga em comparação com os que não tinham essa
dificuldade(Sabbagh-Ehrlich, et al., 2005). A avaliação dos horários permite verificar que
20.9 % dos motoristas se levanta antes das 5 horas e/ou se deita após a 23 horas. As
pessoas veem-se forçadas a trabalhar em horários inapropriados, o que conduz a uma
maior propensão para desenvolver alterações do ritmo sono-vigília, além de
apresentarem maiores dívidas de sono e sono de má qualidade (Inocente, Inocente,
Inocente, & Reimão, 2009). De acordo com estes dados é evidente que os motoristas em
estudo encontram-se na prática profissional nos períodos referidos, principalmente no
horário da tarde, já no horário da manhã é plausível afirmar-se que os 4.7 % que se
levantam antes das 5 horas já se encontrem a conduzir neste período mais propício para
acidentes por sonolência. Verificou-se uma significativa prevalência de acidentes de
condução por sonolência e, uma ainda maior prevalência a nível dos quase-acidentes.
Sagberg detetou que 3.9 % dos condutores referia ter sofrido um acidente por sonolência
(Sagberg, 1999). Em 2010, foi relatado que 12 % dos motoristas adormeceram ao volante
pelo menos uma vez por mês, sendo que 7 % relatou ter um acidente de condução por
sonolência e 18 % teve um quase acidente por sonolência (Vennelle, et al., 2010).
Verificou-se relação entre a autoavaliação do sono em função dos acidentes, indivíduos
que referiam sono de pior qualidade apresentavam maior taxa de acidentes, o mesmo se
verificou em relação aos quase-acidentes. Um estudo de 2009 mostrou que indivíduos
que referiam acidentes e/ou quase acidentes apresentavam valores de ESE
significativamente mais elevados 17.6 em comparação com o grupo com ausência de
acidentes e/ou quase acidentes 12.3 (p < 0.001) (Aguiar, et al., 2009). Os resultados do
Daytime sleepiness in heavy vehicle drivers/Sonolência diurna em condutores de pesados
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
Page 10 de 13
estudo vão de encontro aos descritos na literatura. Verificou-se que existem valores de
sonolência classificados pela ESE superiores nos motoristas que sofreram acidente
(12.14 ± 4.304), comparativamente aos que não os referiam (6.43 ± 4.126), sendo ainda
que existiu uma grande diferença entre estas médias (5.71 ± 0.978). O mesmo se
confirmou nos indivíduos que referem quase acidentes, sendo a média dos que não tem
acidentes de 4.59 ± 3.019 e dos que tem quase-acidentes de 10.29 ± 3.422. Tendo em
conta a presença de significado estatístico nas relações entre a sonolência e os acidentes e
os quase-acidentes por sonolência, achou-se pertinente o estudo de uma variável que
englobasse as três entidades acidentes, quase acidentes e ausência de acidentes. Os
resultados estão de acordo com a bibliografia, verificou-se uma média de 7.55 ± 0.8 ESE
vezes maior em indivíduos com acidente em relação há ausência de acidente, já no caso
dos quase acidentes verificou-se uma diferença média menos acentuada mas importante
de 1.85 ± 0.9 ESE em relação aos acidentes (p = 0.05), utilizou-se a Análise de
Variância (ANOVA), seguida do teste de Tukey.
Esta é uma realidade visível no presente estudo, se verificarmos o valor médio dos
profissionais com quase acidente (10.29 ± 3.4), que apresentam nível de sonolência
ligeira, podemos indiretamente aferir que o valor de SDE apesar de diminuto é
potenciador do aumento do risco de desenvolvimento de um quase acidente. Os
resultados suportam ainda o facto de que pequenos aumentos no valor de ESE, aumentam
significativamente o risco de sofrer um quase acidente para um acidente, ou seja, mesmo
que ligeira a SDE a probabilidade de acidente é elevada. A fim de se preencher a lacuna
de informação existente na bibliografia pesquisada o presente estudo analisou as
possíveis diferenças entre os dois tipos de motoristas (pesados de mercadorias e
passageiros), quando analisados em função da ESE não se encontrou qualquer relação, o
que poderá ser explicado pelo facto dos horários de trabalho serem os mesmos, estarem
sujeitos às mesmas condições de trabalho e às mesmas leis laborais. Por outro lado
quando avaliada a relação de dependência entre o tipo de veículo e os acidentes de
condução por sonolência, apurou-se que os motoristas de pesados de mercadorias tinham
maior prevalência de acidente em comparação com os motoristas pesados de passageiros.
As diferenças destas variáveis podem justificam-se em parte pelo facto de que, se
tivermos em consideração que os motoristas de passageiros por regra realizam as viagens
aos pares. Esta forma de atuação minimiza alguns dos riscos, uma vez que na presença de
SDE o condutor pode alertar e trocar de posição com o colega. A inexistência de
qualquer relação entre os dois tipos de condutores também se verificou em relação aos
quase acidentes por sonolência, uma das explicações para este facto é a perceção de que é
um quase acidente, por outro lado esta variável está dependente da memória e da
gravidade associada que é manifestamente menor, o que leva a uma omissão. A
existência de um colega de condução pode servir como barómetro de avaliação do tipo de
condução que está a ser realizada, impedindo a ocorrência de acidentes devido á
intervenção do colega, mas não sendo capaz de impedir um quase acidente, dada a sua
maior espontaneidade. O método de eleição que deve ser mais utilizado contra SDE, para
redução ou mesmo eliminação de sintomas deteriorantes que esta causa, como baixo
desempenho cognitivo e a diminuição da vigília é a adoção de uma boa higiene do sono,
potencializando a qualidade e quantidade do sono (Oliveira, 2006; Sabbagh-Ehrlich, et
al., 2005). Desta forma pode afirmar-se que a população estudada tem consciência do
risco inerente à SDE, pois 22.3 % reconhecem a presença da sensação de sonolência
diurna e 21.6 % adota um comportamento de realizar sestas como medida para contrariar
os efeitos nefastos da SDE. Foram encontradas limitações na execução deste estudo, uma
delas está dependente da memória inerente à aplicação de um questionário que se refere a
Daytime sleepiness in heavy vehicle drivers/Sonolência diurna em condutores de pesados
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
Page 11 de 13
um tempo passado. A perceção de risco associada aos quase acidentes poderá
inadvertidamente ter sido negligenciado, e por último importa referir que o recurso a uma
escala de avaliação de sonolência implica subjetividade. A alteração da arquitetura
normal do sono inerente ao exercício desta profissão, reforça a necessidade de avaliar
esta população não apenas através de questionários mas também através do estudo
polissonográfico.
Conclusão
O presente estudo encontra paralelismo na bibliografia, demonstrando uma elevada
prevalência de acidentes e quase acidentes de condução por SDE em motoristas de
pesados. Salienta-se, que mesmo valores ligeiros de SDE são um importante fator com
predisposição para acidentes de condução, assim como pequenas variações deste valor,
podem aumentar substancialmente o risco e danos, passando-se do nível de quase
acidente, para acidente. Torna-se assim imperativo a revisão e estudo das leis em vigor,
bem como um maior controle dos horários de condução e simultaneamente insistir na
importância de rastreios de sonolência e posteriormente proceder-se ao despiste de
patologia do sono associada.
Referências
Aguiar, M., Valença, J., Felizardo, M., Caero, F., Moreira, S., Staats, R., & Almeida, A. A. B. d.
(2009). Obstructive sleep apnoea syndrome as a cause of road traffic accidents. Revista
Portuguesa de Pneumologia, 15(3), 419-431.
Balbani, A. P. S., & Montovani, J. C. (2005). Methods for smoking cessation and treatment of
nicotine dependence. Rev Bras Otorrinolaringol., 71(6), 820-827.
Berg, J. v. d. (2009). An Overview of Sleepiness Aspects Reflected in Balance Scale Model. The
Open Sleep Journal, 2, 33-42.
Bjorvatn, B., Sagen, I. M., Oyane, N., Waage, S., Fetveit, A., Pallesen, S., & Ursin, R. (2007).
The association between sleep duration, body mass index and metabolic measures in the
Hordaland Health Study. J. Sleep Res., 16, 66-76.
BoariI, L., CavalcantiII, C. M., BannwartIII, S. R. F. D., Sofia, O. B., & Dolci, J. E. L. (2004).
Evaluation of Epworth Sleepiness Scale in patients with obstructive sleep apnea-hypopnea
syndrome. Rev. Bras. Otorrinolaringol., 70(6), 752-756.
Bohm, M., Cotton, D., Foster, L., Custodis, F., Laufs, U., Sacco, R., . Diener, H. C. (2012).
Impact of resting heart rate on mortality, disability and cognitive decline in patients after
ischaemic stroke. Eur Heart J, 33(22), 2804-2812.
Canani, S. F., John, A. B., Raymundi, M. G., Schonwald, S., & Menna Barreto, S. S. (2005).
Prevalence of sleepiness in a group of Brazilian lorry drivers. Public Health, 119(10), 925-929.
Castaneda, R., Sussman, N., Levy, R., O'Malley, M., & Westreich, L. (1998). A review of the
effects of moderate alcohol intake on psychiatric and sleep disorders. Plenum Press, 14, 197-226.
Crispim, C. A., Zalcman, I., Dáttilo, M., Padilha, H. G., Tufik, S., & Mello, M. T. d. (2007).
Relação entre sono e obesidade: uma revisão da literatura. Arq Bras Endocrinol Metab, 51(7),
1041-1049.
Danda, G. J. d. N., Ferreira, G. R., Azenha, M., Souza, K. F. R. d., & Bastos, O. (2005). Sleepwake cycle pattern and excessive daytime sleepiness in medical students. Jornal Brasileiro de
Psiquiatria, 54(2), 102-106.
Daytime sleepiness in heavy vehicle drivers/Sonolência diurna em condutores de pesados
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
Page 12 de 13
Franzoi, M., & Franzoi, A. C. (2006). Diurnal somnolences a measure of sleep disturbance in a
group of adolescents using Milwaukee corset. COLUMNA, 5(3), 181-183.
Gus, M., Silva, D. N., Fernandes, J., Cunha, C. P., & Sant'anna, G. D. (2002). Epworth's
sleepiness scale in outpatients with different values of arterial blood pressure. Arq. Bras. Cardiol,
78(1),17-24.
Inocente, C. O., Inocente, J. J., Inocente, N. J., & Reimão, R. (2009). The Effects of Sleep
Deprivation in Young and Adult Subjects: Cognitive Performance, Sustained Attention, and
Motor-Driving. Neurobiologia, 72(2), 89-99.
Knutson, K. L., Rathouz, P. J., Yan, L. L., Liu, K., & Lauderdale, D. S. (2006). Stability of the
Pittsburgh Sleep Quality Index and the Epworth Sleepiness Questionnaires over 1 year in early
middle-aged adults: the CARDIA study. Sleep, 29(11), 1503-1506.
Kohatsu, N.D., Tsai R., Young T., et al. (2006). Sleep duration and body mass index in a rural
population. Arch Intern Med, 166(16), 1701–1705.
Licati, P. R., Brito, L. M. T. d., Costa, F. L., Silva, E. d. A., & Araújo, M. F. d. (2010).
Ferramenta de apoio ao gerenciamento de risco da fadiga para pilotos da aviação comercial
brasileira. Revista Conex. SIPAER, 1(2), 112-126.
Lobo, L., & Tufik, S. (1997). Effects of alcohol on sleep parameters of sleepdeprived healthy
volunteers. Sleep, 20(1), 52-59.
Lucchesi, L. M., Pradella-Hallinan, M., Lucchesi, M., & Moraes, W. A. d. S. (2005). Sleep in
psychiatric disorders. Rev Bras Psiquiatr, 27(supl I), 27-32.
Mahachandra, Y. M., & Sutalaksana, K. S. I. Z. (2011). Sleepiness pattern of indonesian
professional driver based on subjective scale and eye closure activity. International Journal of
Basic & Applied Sciences, 11(6), 87-96.
Martins, A. B., Tufik, S., & Moura, S. M. (2007). Physiopathology of obstructive sleep apneahypopnea syndrome. J Bras Pneumol, 33(1), 93-100.
Mesquita, G., Ferreira, S., Rossini, S., Soares, E. A., & Reimão, R. (2011). Effects of tobacco and
alcohol consumption on sleep quality of university students. Neurobiologia, 74(1), 19-27.
Oliveira, H. W. d. (2006). Avaliação do grau de hipersonolência em motoristas com carteira
nacional de habilitação D. Série: Textos de Alunos de Psicologia Ambiental, Brasília, DF:UnB,
Laboratório de Psicologia Ambiental, 11, 1-5.
Philip, P., Taillard, J., Leger, D., Diefenbach, K., Akerstedt, T., Bioulac, B., & Guilleminault, C.
(2002). Work and rest sleep schedules of 227 European truck drivers. Sleep Med, 3(6), 507-511.
Phillips, B. A., & Danner, F. J. (1995). Cigarette smoking and sleep disturbance. Arch Intern Med,
155(7), 734-737.
Pinho, R. S., Silva-Junior, F. P., Bastos, J. P., Maia, W. S., Mello, M. T., Bruin, V. M., & Bruin,
P. F. (2006). Hypersomnolence and accidents in truck drivers: A cross-sectional study.
Chronobiol Int, 23(5), 963-971.
Rotenberg, L., Portela, L. F., Marcondes, W. B., Moreno, C., & Nascimento, C. d. P. (2001).
Gender and night work: sleep, daily life, and the experience of night shift workers. Cad. Saúde
Pública, 17(3), 639-649.
Sabbagh-Ehrlich, S., Friedman, L., & Richter, E. D. (2005). Working conditions and fatigue in
professional truck drivers at Israeli ports. Inj Prev, 11(2), 110-114.
Sagberg, F. (1999). Road accidents caused by drivers falling asleep. Accid Anal Prev, 31(6), 639649.
Santos C., Ferreira P.L., Moutinho J. (2001). Avaliação da sonolência diurna excessiva: adaptação
cultural e linguística da escala de sonolência de Epwoth para a população portuguesa. Dissertação
Daytime sleepiness in heavy vehicle drivers/Sonolência diurna em condutores de pesados
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
Page 13 de 13
de Licenciatura em Neurofisiologia; Escola Superior de Tecnologia da Saúde do Porto.
Souza, J. C., Paiva, T., & Reimão, R. (2008). Sleep, quality of life and accidents in the lives of
Brazilian and Portuguese truck drivers Psicologia em Estudo, 13(3), 429-436.
Taheri, S., Lin, L., Austin, D., Young, T., & Mignot, E. (2004). Short sleep duration is associated
with reduced leptin, elevated ghrelin, and increased body mass index. PLOS Medicine, 1(3), 210217.
Teixeira, M.L.P.; Fischer, F.M. Acidentes e doenças do trabalho notificadas, de motoristas
profissionais do Estado de São Paulo. São Paulo Perspectiva, São Paulo, Fundação Seade, v. 22,
n. 1, jan-jun, 2008, p. 66-78.
Vennelle, M., Engleman, H. M., & Douglas, N. J. (2010). Sleepiness and sleep-related accidents
in commercial bus drivers. Sleep Breath, 14(1), 39-42.
Viegas, C. A., & de Oliveira, H. W. (2006). Prevalence of risk factors for obstructive sleep apnea
syndrome in interstate bus drivers. J Bras Pneumol, 32(2), 144-149.
Daytime sleepiness in heavy vehicle drivers/Sonolência diurna em condutores de pesados
Page 1 de 9
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
RESEARCH ARTICLE
Does the 6-minute walk test predicts functional capacity
in a sample of elderly women?: A pilot-study.
Andreia Garcia1; Ana Marta Santos1; Elisabete Carolino1; Beatriz Fernandes1; Maria
Teresa Tomás1
1
Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa (ESTeSL)
Av. D. João II, Lote 4.69.01, 1990 - 096 Lisboa, Portugal
Citation: Garcia, A., Santos, A.
M., Carolino, E., Fernandes, B.
& Tomás, M. T. (2015). Does
the 6-minute walk test predicts
functional capacity in a sample
of elderly women?: A pilotstudy. Res Net Health 1, e1-9.
Received: 30th March 2015
Accepted: 5th October 2015
Published: 20th November
2015
Corresponding Author:
Maria Teresa Tomás
[email protected]
Abstract
Introduction: Functional capacity is the capacity to conduct daily activities in an independent
way. It can be estimated with the 6-minutes’ walk test (6MWT) and other validated functional
tests.
Objectives: Verify associations between functional capacity measured with two different
instruments (6MWT and Composite Physical Function (CPF) scale) and levels of physical activity
and between those and characterization variables.
Methods: This sample consisted of 30 apparently healthy elderly women from Loures
municipality. Essentially they should be independent and community-dwelling. Characterization
data were collected, containing characterization of physical activity levels and anthropometric
data. Functional capacity was assessed with CPF scale and distance walked by the 6MWT.
Results were analysed using a SPSS v21.0 through correlation tests.
Results: The walked distance in 6MWT was positively associated with height (r = 0.406; p =
0.026), physical activity level (r = 0.594; p = 0.001) and functional capacity (r = 0.682; p =
0.000). For each point more obtained in CPF, the distance walked increases on average by 7.5
meters. Relatively to sedentary participants, being insufficiently active increases, on average, the
distance walked in 85.8 meters; and being active increases, on average, the distance walked in
108.8 meters. No other associations were observed in our sample.
Conclusion: Based on the collected sample, walked distance in 6MWT has a high correlation
with results in CPF scale, so this test can be used to predict functional capacity. More attention
should be taken to promote strategies to increase walking in older adults.
Keywords: 6-minute walk test; Composite Physical Function scale; elderly people; functional
capacity; walked distance.
Introduction
According to 2011 Census, Portugal presents a quite marked aging, with elderly
population (persons aged 65 years and over) counting of 19.2 % versus 14.9 % of
younger population (persons under 14 years old). (Direcção Geral da Saúde, 2004)
6MWT & functional capacity in elderly women
Page 2 de 9
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
Active aging is an aging pattern described by the World Health Organization (WHO)
(World Health Organization (WHO), 2002) as “the process of optimizing opportunities
for health, participation and security, in order to enhance quality of life as people age”
(page 12). This definition is associated with autonomy, self-determination and
preservation of mental and physical independence, promotion of healthy aging and
maintenance of functional capacity.
Functional Capacity has been defined as the ability to perform activities within a sociocultural and physical environment usually necessary for independent living in the
community. Assess elderly functional capacity is important in order to find strategies to
prevent or delay the onset of physical weakness that occurs in advanced age (Barata,
Gastaldi, Mayer, & Sologuren, 2005; Lord & Menz, 2002; Troosters, Gosselink, &
Decramer, 1999).
Walking tests are used in clinical practice to evaluate physical fitness and functional
capacity (ATS, 2002; Enright, 2003). The 6-minutes’ walk test (6MWT) is a simple and
well tolerated test , uses activity of daily living (the gait) and has been commonly used to
assess physical performance in various clinical conditions. It is considered a functional
test and a submaximal exercise for healthy elderly. (ATS, 2002; Singh et al., 2014).
Total distance in 6MWT is an indicator of functional independence and an indirect
measure of balance, strength, cognitive function, vision and related with the presence or
absence of chronic pain (Lord & Menz, 2002). Although the test is a good indicator of
functional capacity and even the equations to predict the expected value are already
studied, several factors such as age, gender, height, weight, presence of disability and
illness, medication, motivation and others, could influence this test (ATS, 2002; Singh et
al., 2014; Spruit et al., 2013). Studies by Casanova et col. showed that factors such as
perception of maximum speed, lifestyle, humour, attitude and motivation can influence
the test results (Casanova et al., 2011)
Difficulties in performing daily living activities, gait and balance deficits are identified as
important risk factors for falls and for disability. Hence, it is important to quantify the
perception of performing daily living activities. The CPF (Composite Physical Function)
scale contains twelve self-report items designed to assess the perception of the individual
about their ability to perform basic and complex instrumental daily living activities (Rikli
& Jones, 1999).
In literature the importance of 6MWT has already been widely described as a test to
assess functional status in patients following different interventions and to predict
morbidity and mortality in heart and lung patients. However, according literature review,
there were no enough studies that assess associations between walked distance in 6MWT
and the results of questionnaire of daily living activities (Soares & Pereira, 2011).
The aim of this study was to verify the associations between functional capacity
(measured with two different instruments: 6MWT and CPF scale), levels of physical
activity and anthropometric variables.
Materials and Methods
This study is descriptive, quantitative and cross-sectional design.
6MWT & functional capacity in elderly women
Page 3 de 9
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
Our sample consisted of 30 community-dwelling women aged 65 years and older, from
Loures Municipality with ability to move independently to the assessment place (Loures
Senior University). Assessment protocol was explained to each subject individually and a
verbal informed consent was obtained.
The exclusion criteria were inability to ambulate independently or any musculoskeletal
condition that may affect the tests. Characterization data were collected in a structured
interview.
The study was approved by scientific committee of Lisbon Higher School of Health
Technologies and Loures Municipality.
Anthropometric Data. Weight and height were assessed using a digital balance with a
stadiometer (SECA). Body Mass Index (BMI) or weight-to-height ratio was calculated
comparing individual’s weight (in kg) to his or her height (in meters squared) (kg/m2).
Waist circumference was measured with an anthropometric tape at smallest
circumference above the umbilicus and below the xiphoidal process (American College
of Sports Medicine, 2010)
Levels of Physical Activity. Physical activity levels were assessed and subjects were
classified in sedentary/inactive, insufficiently active or active according classification of
physical activity behaviour (American College of Sports Medicine, 2010).
Functional Capacity. Composite Physical Function scale (CPF) was used to assess
functional ability to perform some daily life tasks, referred by subjects. Results were
classified in three classes according Rikli & Jones (Rikli & Jones, 1999): high level with
24 points; moderate level between 14 and 23 points and low level of functionality with a
classification equal or low than 13 points. This scale has three possible answers for each
example of daily life activity: Cannot do (score 0), can do with difficulty or with help
(score 1) and can do without any help (score 2). Final score is obtained by the sum of the
12 items points.
6-minutes’ Walk Test (6MWT). The 6MWT was used to measure walked distance,
according ATS (2002) guidelines (ATS, 2002; Singh et al., 2014; Spruit et al., 2013).
The test purpose was explained and was mentioned that if necessary they could stop or
decrease gait speed.
Statistical analysis was performed using SPSS (Statistical Package for Social Sciences)
v21.0.
In characterizing the sample was used descriptive statistics (frequencies, means, standard
deviations, graphical representations appropriate to the nature of the data). To study the
relationship between the walked distance and the age, weight, height, waist
circumference, BMI, physical activity level and functional capacity (results obtained by
CPF scale), the multiple linear regression analysis was used. First, it was examined
which variables that would be more related to the distance, through the Pearson and
Spearman correlation coefficients, as well as the analysis of scatter plots to assess the
existence of a linear trend.
To test the normality of the residuals, the Shapiro-Wilk test was used.
6MWT & functional capacity in elderly women
Page 4 de 9
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
Results
The sample consisted of 30 women, aged between 65 and 70 years, with a mean age of
68 ± 2 years, with an average height of 1.54 ± 0.06 m (range 1.44 – 1.66 m), an average
weight of 70.1 ± 11.6 kg (range 58.8 – 105.6 kg), mean waist circumference 90.8 ± 11.9
cm (range 68 – 108 cm) and a BMI average 29.4 ± 4.5 kg/m2 (range 21.42 – 38.3 kg/m2).
Considering the classification of the physical activity level, 9 women were classified as
active (30.00 %), 14 as insufficiently active (46.67 %) and 7 as inactive (23.33 %).
As for the measurement of functional capacity, the average results obtained by applying
the CPF scale was 19.5 points, with a maximum of 24 points and a minimum of 3 points.
Of the 30 women evaluated, nine were classified as high functional capacity level, 17 as
moderate functional capacity level and 4 as low functional capacity level.
The average distance covered in 6MWT ranged between 200.70 m and 561.20 m (418.92
± 92.99 m). None of the participants interrupted or abandoned test.
When we analysed the average distance walked in 6MWT in each sub-group of physical
activity, it was found that active women walked 472.2 m, insufficiently active women
walked 434.4m and inactive women walked 307.5m on average (Figure 1). That means
the average distance decreases with lower levels of physical activity.
Figure 1 - Walked distance and physical activity level
To study the relationship between the walked distance and the age, weight, height, waist
circumference, BMI, physical activity level and functional capacity (results obtained by
CPF scale) the multiple linear regression analysis, where first it was examined which
variables that would be more related to the distance, through the Pearson and Spearman
correlation coefficients, as well as the analysis of scatter plots to assess the existence of a
linear trend.
Analysing the correlation coefficients shown in Table 1 and 2, there is a statistically
significant positive correlation with moderate intensity between walked distance and
6MWT & functional capacity in elderly women
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
Page 5 de 9
height (r = 0.406, p = 0.026), and strong intensity between walked distance and
functional capacity (r = 0.682, p = 0.000). Regarding the physical activity level, also
obtained a significant positive correlation with strong intensity (r = 0.594, p = 0.001).
There was no statistically significant correlation between age, weight, waist
circumference, body mass index and the walked distance in 6MWT.
Table 1: Pearson Correlation Coefficient between walked distance in 6MWT and age, weight,
height waist circumference, functional capacity and BMI.
Waist
Weight
Height circumference Functional
Age
(Kg)
(meters)
(cm)
capacity
BMI
Pearson
Walked
-.195
.682**
-.150
Correlation
-.258
.081
.406*
distance
in 6MWT Coefficient
(meters)
p
.168
.671
.026
.301
.000
.429
n
30
30
30
30
30
30
**. Correlation is significant at the 0.01 level (2-tailed).
*. Correlation is significant at the 0.05 level (2-tailed).
Table 2: Spearman Correlation Coefficient between walked distance in 6MWT and physical
activity level
physical activity
level
Walked distance in 6MWT (meters)
Spearman Correlation Coefficient
.594**
P
.001
N
30
**. Correlation is significant at the 0.01 level (2-tailed).
Analysis of the scatter plots (Figure 2, 3 and 4) it appears that there is a linear trend in a
positive direction between the walked distance in 6MWT and the height, functional
capacity and physical activity level.
Based on the obtained values of the correlation coefficients, we chose to put in multiple
linear regression the height, physical activity level and functional capacity as
independent variables. Concerning the physical activity level of, dummy variables were
created to better understand the results, considering the reference category being
sedentary. The obtained model is significant (F4, 25 = 11.275, p = 0.000) and explained
64.3 % of the variation in the walked distance. From the analysis of Table 3 it can be
seen that the height is not significant for explaining the variation of the walked distance.
However, the functional capacity, being insufficiently active and being active contributes
significantly for this variation. We also see that the functional ability and being active are
the ones that contribute most to the explanation of the variation of the walked distance in
6MWT.
6MWT & functional capacity in elderly women
Page 6 de 9
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
Figure 2 - Association between walked
distance in 6MWT and height
Figure 3 - Association between walked
distance in 6MWT and functional
Figure 4 - Association between walked
distance in 6MWT and physical activity
Table 3 - Results of multiple regression analysis: dependent variable - walked distance,
independent variables - height, functional ability, insufficiently active and active.
Coefficientsa
Model
a.
Unstandardized
Coefficients
t
p
B
Std. Error
(Constant)
-12.162
284.505
-.043
.966
Functional
capacity
7.530
2.450
3.074
.005
Height
(meters)
1.350
1.937
.697
Insufficiently
Active
85.840
29.917
Active
108.779
34.002
Partial
Correlations
Collinearity
Statistics
Tolerance
VIF
.524
.708
1.413
.492
.138
.813
1.231
2.869
.008
.498
.532
1.879
3.199
.004
.539
.488
2.048
Dependent Variable: Walked distance in 6MWT (meters)
6MWT & functional capacity in elderly women
Page 7 de 9
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
The obtained regression model has a power of 0.9999, which is obtained from the
expression
=1− (
FALSE),
(1 − ,
1,
2 ,
1,
2,
, lower. tail = TRUE, log. p =
(1 − , 1, 2 is the 1 − quantil of the F distribution,
1 is the
Where
number of explanatory variables in the model, 2 is given by ( − 1 − 1 ,
is the
non-centrality parameter given by )
*+
,,
*+
where - . = 0,643. Therefore,
= 1 − (2,75871047, 4, 25, 54,03361, lower. tail = TRUE, log. p =
FALSE = 0,9999.
The obtained model also checks the Gauss-Markov conditions, i.e. the residuals has
average equal to zero, the residuals has constant variance and the assumption of
normality of residuals is verified. The existence of multicollinearity between the
independent variables does not exist, as can be seen from the tolerance values (close to 1)
or the VIF values (below 10). In summary, we can consider the obtained model is a good
model.
Discussion
The Functional ability is the individual capacity to carry out daily living activities
independently. Most of these activities are developed at a submaximal level. Since
6MWT is performed at submaximal level it has been described as a predictor of
functional capacity (Lord & Menz, 2002).
Results presented in this study show a positive correlation between height, physical
activity level, functional capacity and distance during 6MWT.
Height is associated with a higher step by increased leg length, a fact that makes the most
efficient gait. Hence the taller women walk greater distances. Furthermore, Callisaya and
col. (2008) reported that the stride length and cadence are determinants of speed
(Callisaya, Blizzard, Schmidt, McGinley, & Srikanth, 2008). Bone and muscle mass are
decreased in elderly people, and when associated with the decline of cardiorespiratory
function, all together may lead to a reduction in functional capacity. Regular physical
activity can reduce the negative effects of aging which explain the best results in 6MWT
by more active persons in our sample. Different studies show, in fact, that women who
engage in regular physical activity have a greater walked distance (ATS, 2002).
In our pilot study, it seems that there is a positive and high correlation between the
results obtained in a specific functional capacity scale and the walked distance in 6MWT.
It seems also that the walked distance is more associated with CPF scale than the height
or physical activity level.
In this pilot study with elderly women, anthropometric variables such as weight, age, and
waist circumference, by themselves were not sufficient to influence the walked distance.
For example, lean body mass was not assessed, and this is considered a predictor of
exercise capacity.
6MWT & functional capacity in elderly women
Page 8 de 9
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
Unlike other studies age was not a significant predictor of walked distance. Since our
sample is a fairly homogeneous (aged between 65 and 75 years) could not in fact
influence greatly distance walked. Results on 6MWT were similar to other studies with a
similar group (elderly women)(Gouveia et al., 2013)
A limitation of our study is the small sample size. This limitation should be considered in
further studies in order to achieve strongest conclusions. However is an objective study
for a specific group of population (elderly women) in a specific region (Loures
municipality).
Conclusion
The results of this study lead to that to be regarded as the walked distance in 6MWT has
a good correlation with the obtained results in the CPF scale, confirming that this
submaximal test is representative of functional capacity and can be used for its
prediction. It can be said even for each unit more in functional capacity, the distance
walked increases on average by 7.53 meters; relative to sedentary participants, being
insufficiently active increases, on average, the distance walked in 85.84 meters; and
being active increases, on average, the distance walked in 108.78 meters.
In summary, it can be concluded that the functional capacity and physical activity level
influence the distance walked in this small sample. However, further studies will be
needed to identify objectively associations between functional capacity measured
subjectively by the CPF scale and objectively by 6MWT and physical activity level in a
larger sample.
References
American College of Sports Medicine. (2010). ACSM’s Health-Related Physical Fitness
Assessment Manual. (L. Kaminsky, Ed.) (Third Edit). Baltimore: Wolters Kluwer, Lippincott
Williams & Wilkins.
ATS. (2002). ATS Statement: Guidelines for the Six-Minute Walk Test. Am J Respir Crit Care
Med, 166, 111–117.
Barata, V., Gastaldi, A., Mayer, A., & Sologuren, M. (2005). Avaliação das equações de
referencia para predição da distancia percorrida no teste de caminhada de seis minutos em idosos
saudáveis brasileiros. Revista Brasileira de Fisioterapia, 9(2), 165–171.
Callisaya, M. L., Blizzard, L., Schmidt, M. D., McGinley, J. L., & Srikanth, V. K. (2008). Sex
modifies the relationship between age and gait: a population-based study of older adults. The
Journals of Gerontology. Series A, Biological Sciences and Medical Sciences, 63(2), 165–170.
Casanova, C., Celli, B., Barria, P., Casas, A., Cote, C., Torres, J., & Jardim, J. (2011). The 6-min
walk distance in healthy subjects: reference standards from seven countries. European
Respiratory Journal, 37, 150–156.
Direcção Geral da Saúde. (2004). Programa Nacional para a Saúde das Pessoas Idosas.
Retrieved from http://www.portaldasaude.pt/portal.
Enright, P. L. (2003). The six-minute walk test. Respir Care, 48, 783–785.
6MWT & functional capacity in elderly women
Page 9 de 9
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
Gouveia, É. R., Maia, J. A., Beunen, G. P., Blimkie, C. J., Fena, E. M., & Freitas, D. L. (2013).
Functional fitness and physical activity of portuguese community-residing older adults. Journal of
Aging and Physical Activity, 21(1), 1–19.
Lord, S. R., & Menz, H. B. (2002). Physiologic, psychologic, and health predictors of 6-minute
walk performance in older people. Archives of Physical Medicine and Rehabilitation, 83(7), 907–
911.
Rikli, R., & Jones, C. (1999). Development and validation of a functional fitness test for
community-residing older adults. Journal of Aging and Physical Activity, 7, 129–161.
Singh, S. J., Puhan, M. A., Andrianopoulos, V., Hernandes, N. A., Mitchell, K. E., Hill, C. J., …
Holland, A. E. (2014). An official systematic review of the European Respiratory
Society/American Thoracic Society: measurement properties of field walking tests in chronic
respiratory disease. European Respiratory Journal, 44, 1447–1478.
Soares, M., & Pereira, C. (2011). Six-minute walk test: reference values for healthy adults in
Brazil. Jornal Brasileiro de Pneumologia, 37, 576–583.
Spruit, M. A., Singh, S. J., Garvey, C., Zu Wallack, R., Nici, L., Rochester, C., … Wouters, E. F.
M. (2013). An official American thoracic society/European respiratory society statement: Key
concepts and advances in pulmonary rehabilitation. American Journal of Respiratory and Critical
Care Medicine, 188.
Troosters, T., Gosselink, R., & Decramer, M. (1999). Six minute walking distance in healthy
elderly subjects. European Respiratory Journal, 14(2), 270–274.
World Health Organization (WHO). (2002). Active Ageing: A policy framework.
6MWT & functional capacity in elderly women
Page 1 de 9
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
Health Research Unit (UIS)
School Of Health Sciences (ESSLei)
Polytechnic Institute of Leiria
Morro do Lena – Alto do Vieiro
2411-901 Leiria, Portugal
INVITED RESEARCH ARTICLE
Psychostimulants and brain edema
Ricardo Alexandre Leitão1,2; Ana Paula Silva1,2
1
Laboratory of Pharmacology and Experimental Therapeutics, Faculty of Medicine, University of
Coimbra, Coimbra, Portugal
2
Institute for Biomedical Imaging and Life Sciences (IBILI), Faculty of Medicine, University of
Coimbra, Coimbra, Portugal
Citation: Leitão, R. A. & Silva,
A. P. (2015). Psychostimulants
and brain edema. Res Net
Health 1, e-1-9.
Published: 20th November
2015
Corresponding Author:
Ana Paula Martins
[email protected]
Abstract
Psychostimulants consumption is a serious social and health problem worldwide. The increase in
drug abuse has a huge socio-economic impact in society, and more precisely carries great costs in
health treatments. In fact, it is well known that cocaine, 3,4-methylenedioxymethamphetamine
(MDMA), amphetamine (AMPH) and methamphetamine (METH) have several neurotoxic
effects, such as neurodegeneration, neuroinflammation and blood-brain barrier (BBB) disruption.
Additionally, the increase of brain water content, a pathological condition also known as brain
edema, has been associated with drugs use. Disturbances in the well-regulated water homeostasis
may occur under several pathological conditions leading to severe alterations in brain function.
Although several studies demonstrated a link between the abuse of psychostimulants and brain
edema, very little is known about the underlying mechanisms that explain such brain alterations.
The water transport across cell membrane is regulated by bi-directional water channels called
aquaporins (AQPs). Noteworthy, the AQP4 channel has an important role in water transport
across BBB, being one of the most important at the Central Nervous System (CNS). In fact,
alterations in AQP4 can originate cerebral edema due to abnormal increase in water content and
consequent brain swelling. Furthermore, inflammatory mediators also seem to have a role in brain
edema formation since the modulation of their action has a beneficial impact in brain edema
outcome.
With the present review, we aim to summarize relevant information regarding the impact of
psychostimulants on brain edema. Nevertheless, it is also evident that many questions remain
unanswered. Thus, in order to improve the clinical outcome of human abusers, it is of crucial
importance to understand what the role of AQP4 is.
Keywords:
Brain
edema,
cocaine,
methylenedioxymethamphetamine
methamphetamine,
water
imbalance,
3,4-
Introduction
The consumption of psychostimulants has been increased over the last years. In
accordance with the last report from United Nations Office on Drugs and Crime
(UNODC, 2014), cocaine is the second most abused drug, followed by amphetamines.
It is well described the deleterious brain effects of the abovementioned drugs, including
neurodegeneration, neuroinflammation, oxidative stress, and BBB dysfunction (Silva et
al., 2010; Gonçalves et al., 2014). However, the impact of these drugs in brain water
homeostasis remains to be fully clarified.
Psychostimulants and brain edema
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
Page 2 de 9
Brain edema
Brain edema formation in several brain pathologies, including drug addiction, is well
documented. However, the cellular and molecular pathways responsible for this
phenomenon remain unclear, which highlight the importance of unraveling such
mechanisms in order to identify new approaches to tightly control brain water
homeostasis. The increase in brain water content can occur in either extracellular or
intracellular space, and this water imbalance is usually accompanied by an increase in
intracranial pressure, which is a serious medical condition. Since the skull has very little
space to expand, the brain swelling can lead to a squeezing of brain microvasculature and
consequently to a drastic decrease in oxygen and nutrients supply followed by brain cell
death (Adeva et al., 2012; Papadopoulos and Verkman, 2013).
Brain edema can be divided in four categories: vasogenic, cytotoxic, osmotic and
hydrostatic edema. The difference between all categories is the pathological condition
that triggers the water accumulation. Interestingly, in some conditions like infarct, two
types of brain edema may co-exist being the cytotoxic edema the first to appear followed
by the vasogenic edema, which can be present during several days (Hackett, 1999). The
vasogenic edema begins with the disruption of the brain microvasculature that will allow
the accumulation of water in the extracellular space. In this type of brain edema the white
matter seems to be the first and the major area affected, and can be caused by different
conditions such as brain trauma, tumors, focal inflammation, ischemia and hypertensive
encephalopathy (Adeva et al., 2012). On the other hand, in the cytotoxic edema the brain
microvasculature stays intact and the accumulation of water occurs in the intracellular
space. Therefore, the water imbalance can be due to a malfunction of sodium and
potassium pumps and/or water channels (Harring et al., 2014; Khanna et al., 2014). This
type of edema is present in several intoxications, including with dinitrophenol, isoniazid
or hexachlorophene, and also in Reye’s syndrome, hypothermia, ischemia, stroke or
hypoxia. Additionally, the osmotic edema is more common in conditions of
hyponatremia and hemodialysis (Adeva et al., 2012), and is caused by an alteration of
osmolality between cerebral-spinal fluid and plasma, where the osmolality in the brain is
higher than in the plasma. This condition creates a pressure gradient that will lead to an
increase in water flow into the brain. Finally, the hydrostatic edema is observed in
hypertension, and is characterized by a water flow into the brain parenchyma due to an
increase in cerebral capillary pressure (Adeva et al., 2012).
Some causes of brain edema
Since there are several types of brain edema it is also expected different etiologies. As
previously mentioned, vasogenic edema involves disruption of BBB. Thus, one of the
first causes leading to this type of brain edema can be a disorganization and/or down
regulation of intercellular junction proteins. In fact, it was already demonstrated that in a
mouse model of acute liver failure, the BBB disruption is related with brain edema (Chen
et al., 2009). Interestingly, the same work showed that matrix metalloproteinase 9
(MMP-9) is involved in such effects, since its inhibition prevented the BBB disruption
and the consequent brain edema (Chen et al., 2009).
In the cytotoxic edema, the disruption of the BBB is not observed, and can be caused by
an ionic or water imbalance, that forces water accumulation in brain parenchyma, or by
the dysfunction of a system that somehow regulates the brain water homeostasis.
Psychostimulants and brain edema
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
Page 3 de 9
Noteworthy, some molecules that have been implicated in brain edema are reactive
oxygen species (ROS), vascular endothelial growth factor, and pro-inflammatory
cytokines (Walcott et al., 2012). Nevertheless, some of these factors can also be involved
in vasogenic edema, such ROS that have been pointed as key players in BBB dysfunction
(Abdul-Muneer et al., 2014; Panahpour et al., 2014). The increase of ROS can be found
in conditions like hypoxia, diabetic ketoacidosis and acute liver failure, in which brain
edema is one of the clinical manifestations (Fraser et al., 2011).
Another target that plays a crucial role in the formation of brain edema is the water
channel AQP4. This protein is formed by four monomers with six transmembrane
domains each, with both terminals (carboxyl and amino) in the intracellular space and its
own functional channel (Nag et al., 2009). AQP4 is one of the most expressed aquaporins
in the brain tissue, along with type 1 and 9, and can be found in astrocytes endfeet that
surround the brain microvessels (Tait et al., 2008). This water channel has two main
isoforms originated by alternative splice, known as M1 and M23, that are able to form
orthogonal arrays of particles forming supramolecular structures (Zelenina, 2010).
Interestingly, AQP4 can have a role in both formation and resolution of cerebral edema,
and also in K+ clearance during neuronal activity (Zelenina, 2010). In fact, in several
neuropathologies, such as trauma, ischemia, tumors of astrocytic origin, epilepsy and
neuromyelitis optica, it was demonstrated that the expression of AQP4 is altered
(Papadopoulos and Verkman, 2013). Nevertheless, many questions remain unanswered
particularly related with the molecular mechanisms that regulate AQP4 function and its
possible involvement on BBB dysfunction.
In order to answer to this crucial question, several studies were performed to unravel the
role of AQP4 in different types of brain edema. In fact, Manley and collaborators (2000)
demonstrated that survival of AQP4 knockout (KO) mice was increased after water
intoxication, compared to wild-type animals. Additionally, the neurological outcome in
KO animals was better than in the wild-type animals. Moreover, the authors concluded
that water accumulation occurred inside the cells, more precisely inside the astrocytic
endfeet that surround the brain vessels (Manley et al., 2000). On the other hand,
Papadopoulos and collaborators (2004) showed that, when compared to wild type mice,
AQP4 KO animals subject to an experimental model of vasogenic brain edema, by
freeze-injury, have a larger water accumulation, a bigger elevation of intracranial
pressure, and accelerated neurological deterioration. Thus, in this particular case of brain
edema the authors concluded that the AQP4 is necessary to the resolution of vasogenic
edema (Papadopoulos et al., 2004). Nevertheless, more recently it was demonstrated that
the inhibition of AQP4 with a novel specific inhibitor, TGN-020, has a protective effect
regarding the increase of brain water content after an injection of water in a volume equal
to 20% of body weight and vasopressin, a protocol that causes brain edema without BBB
disruption, thereby mimicking a cytotoxic edema (Igarashi et al., 2011).
Another player that seems to be involved in brain edema formation is the vascular
endothelial growth factor (VEGF) (Bailey et al., 2009). This is a molecule able to
stimulate angiogenesis, inducing new blood vessels formation during development and
after injury. Noteworthy, brain tumors are able to produce and release VEGF in order to
increase blood and nutrients supply needed for grow and metastization (Trevisan et al.,
2014). Low oxygen supply will produce hypoxia-inducible factor leading to an
upregulation of VEGF. Thereby, a hypoxia condition will increase the levels of VEGF
that, in turn, will increase the BBB permeability and to brain edema formation (Adeva et
al., 2012).
Psychostimulants and brain edema
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
Page 4 de 9
Besides the above mentioned factors, pro-inflammatory molecules, like tumor necrosis
factor alpha (TNF-α), are able to induce BBB disruption (Candelario-Jalil et al., 2007)
and brain edema (Kim et al., 2013). In fact, it was already demonstrated that both IL-1β
and TNF-α lead to an upregulation of AQP4 in cultured astrocytes (Asai et al., 2013).
Moreover, a very recent work by Liu and collaborators (2014a) showed that knockdown
of interleukin 1 beta (IL-1β) diminished astrocyte swelling, a marker of cytotoxic edema,
in an animal model of hypoxia-ischemia. Also, a mixed solution of IL-1β, TNF-α and
interferon gamma cause an upregulation of AQP4 in cultured astrocytes (Asai et al.,
2013).
Therapeutic approaches
The current treatments available for brain edema consist mainly in osmotherapy, control
of arterial blood pressure, and surgical decompression as the last effort to relieve the
increase in intracranial pressure. In the osmotherapy the most used drug is mannitol,
which is a powerful drug that forces fluid to go from brain parenchyma into vascular
space. However, mannitol can also lead to a general hypotension and acute renal failure.
Other agent that can be used in osmotherapy is a hypertonic saline, which shows the
same effectiveness as mannitol in reducing the brain water content but without the
diuretic effect of mannitol. However, it can cause an imbalance in blood serum sodium
levels (Walcott et al., 2012). Additionally, barbiturates, like pentobarbital, are used
mainly when osmotherapy fails. The barbiturates act by reducing both intracranial blood
volume and the metabolic demand within brain parenchyma (Walcott et al., 2012). Other
approach to treat brain edema related with brain tumors is the administration of
corticosteroids. However, they show no therapeutic benefit in edema formation due to
ischemia or intracerebral hemorrhage (Heiss et al., 1996).
Beside the positive results of the abovementioned treatments under several conditions,
they act via a nonspecific or indirect manner. Thus, it is very important to better
understand the underlying mechanisms of brain edema in order to identify a more
effective approach. Several transporters and receptors have been raised as important
mediators in the treatment of brain edema. One of those transporters is the Na-K-Cl
cotransporter, which is responsible for the active transport of sodium, potassium and
chloride in and out of the cells. In fact, after 3,4-Methylenedioxymethamphetamine
(MDMA) use it was observed an alteration in sodium homeostasis, causing a decrease in
sodium blood levels, hyponatremia (Ghatol and Kazory, 2012), whereas
methamphetamine (METH) consumption increased sodium levels (hypernatremia)
(Sharma and Kiyatkin, 2009). Regarding the receptors that seem to be involved in brain
edema, the vasopressin receptor is one of the most promising therapeutic target.
Conivaptan, an antagonist of vasopressin receptor, has been used in the treatment of
brain edema due to its inhibitory effect in the development of hyponatremia, which is
associated with the formation of brain edema (Walcott et al., 2012).
Psychostimulants and brain edema
Cocaine and brain edema
To our knowledge, Barroso-Moguel and collaborators (1997) published the first study
showing that cocaine [30 mg/kg/day intraperitoneal (i.p.)] can induce brain edema. Such
effect was observed in both male and female rats in several brain regions such as
occipital, parietal and frontal cortex, cerebellum, hippocampus, and substantia nigra, with
Psychostimulants and brain edema
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
Page 5 de 9
the first sign of cerebral edema appearing after 7 days and still present after 90 days postcocaine administration (Barroso-Moguel et al., 1997; Barroso-Moguel et al., 2002).
Furthermore, a case report published by Gyori and Lew (2007)described that an AfricanAmerican male that consumed cocaine and alcohol, showed an increase in brain water
content, observed by computed axial tomography (CT) scan. In association with brain
edema, this patient also suffered a middle cerebral artery infarct, which is already proved
to be associated with brain edema (Ratilal et al., 2014).
3,4-Methylenedioxymethamphetamine (MDMA, ecstasy) and brain edema
The first data was published in 1996 reporting the case of two female teenagers showing
a mild to moderate brain edema analyzed by CT due to MDMA and alcohol consumption
(Matthai et al., 1996). Moreover, the edema observed was associated with hyponatremia,
situation characterized by low levels of sodium in the blood flow. The electrolyte
imbalance were controlled, and returned to basal levels within 24h, using a medical
protocol that consists in severe fluid restriction (Matthai et al., 1996). Nevertheless, one
patient recovered without neurological sequelae, but the other teenager was diagnosed
with anterograde and retrograde memory loss (Matthai et al., 1996). Moreover, Kramer
and collaborators (2003) reported a case of a male admitted to the emergency hospital
department after the consumption of heroin, cocaine and MDMA, which also showed
cerebral edema. In this case, the recovery only occurred after 4 days of hospitalization
(Kramer et al., 2003). Other case report demonstrated a severe case of brain edema and
hyponatremia after MDMA abuse by a 26-years-lod woman (Claffey, 2011). More
recently, it was published that a 20-years-old woman showed a severe parenchymal
edema together with a suppression of basal cisterns and acute severe hyponatremia
(Ghatol and Kazory, 2012). In order to control the ionic imbalance observed in the
hospitalized woman, physicians administered a 20% solution of mannitol, and in the
following hours the serum sodium levels returned to normal values, and an improvement
in mental status of the patient was observed (Ghatol and Kazory, 2012).
Unfortunately, not always is possible to successfully treat these patients, and fatal cases
of MDMA intoxication have also been reported. An Asian-American woman that showed
brain edema (Kalantar-Zadeh et al., 2006) associated with hyponatremia died 12h after
the hospitalization, despite the attempts to control the ionic and water homeostasis. Other
fatal case of MDMA intoxication was described in a 13-years-old girl, who was declared
dead 30h after MDMA use, with a massive brain edema (Sauvageau, 2008). In this
particular case the clinicians concluded that the cause of death was an anaphylactic
reaction to MDMA (Sauvageau, 2008).
Notwithstanding the very well documented association of MDMA abuse and brain
edema, not much is known regarding the underlying mechanism that explain such
phenomenon. Thus, in attempt to unravel the cellular basis of these effects, some animal
studies have been performed. Sharma and Ali (2008) demonstrated for the first time that
MDMA administration (40 mg/kg, i.p) to both Wistar rats and C57 Balb mice caused
both brain edema and BBB disruption in the cerebral cortex, hippocampus and
cerebellum (Sharma and Ali, 2008).
Methamphetamine and brain edema
Regarding this drug of abuse, the first report was published by Berankova and
collaborators (2005), where the authors documented a case of a 31-year-old male that
Psychostimulants and brain edema
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
Page 6 de 9
after an intravenous dose of METH fell into coma, followed by unsuccessful medical
rescue of the patient. The autopsy revealed that brain edema was the cause of the death
(Berankova et al., 2005). Another case was published by Ago and collaborators (2006)
reporting a clinical case of a man that showed a severe brain edema with an intense
hyperthermia that reached 42ºC, who was declared dead after 9 days of the
hospitalization.
Besides clinical studies, there are several data proving not only the association of brain
edema with METH administration, but also the association of increased water content
with BBB disruption. The first study demonstrated that METH (9 mg/kg, subcutaneous)
administrated to adult male Long Evans rats caused hyperthermia in the nucleus
accumbens and led to BBB disruption with a significant brain edema (Kiyatkin et al.,
2007). Moreover, authors showed that animals presented astrogliosis (astrocyte
activation), which is a marker of neuroinflammation represented by upregulation of glial
fibrillary acidic protein (GFAP) (Kiyatkin et al., 2007). Additionally, brain edema was
also observed in the cortex, hippocampus, thalamus and hypothalamus (Sharma and
Kiyatkin, 2009). Afterwards, the same group demonstrated that increased expression of
heat-shock protein (HSP) 72 was correlated with brain edema (Kiyatkin and Sharma,
2011). HSP72 belongs to the chaperon protein family HSP70, and it has already been
described an upregulation of HSP72 in heat stress (Horowitz and Robinson, 2007), and in
METH abusers (Kitamura, 2009). These results are in accordance with a previous work
showing that hyperthermic brain injury leads to HSP 72 upregulation and brain edema
(Westman et al., 2000). More recently, Northrop and Yamamoto (2012) used an acute
METH administration protocol that consist of 4 doses of 7.5 mg/kg (i.p.) with 2h
between each injection, which is known as a binge protocol and more similar to human
abuse (Krasnova and Cadet, 2009) . In this study METH caused a pronounced
hyperthermia, but brain edema was only observed in animals subject to unpredictable
stress in conjugation with METH administration (Northrop and Yamamoto, 2012). Thus,
at least in this particular case, METH by itself was not able to cause brain edema. In
summary, METH can lead to brain edema with BBB disruption (Kiyatkin et al., 2007;
Sharma and Kiyatkin, 2009; Kiyatkin and Sharma, 2011), but the available literature do
not elucidate about the type of brain edema that was observed, as well as the underlying
mechanisms that explain such brain edema.
General conclusion
Brain edema is an extremely deleterious condition and common to different brain
pathologies. The increase in water content can cause an increase in brain volume, which
in turn will increase intracranial pressure. Moreover, this water imbalance can lead to an
abrupt decrease in oxygen and nutrients supply and an extravasation of blood serum
proteins into the brain parenchyma. Additionally, neurobehavioral alterations can be
observed under such pathological conditions. In fact very recently, it was demonstrated
that in major depressive disorder in humans (Rajkowska et al., 2013), and in animal
models of depressive-like behavior (Liu et al., 2012) the protein levels of AQP4 were
lower than in non-depressed controls. Furthermore, in models known to induced BBB
disruption, such as transient middle cerebral artery occlusion (Liu et al., 2014b) and
experimental stroke model by caudate nucleus hemoglobin injection (Ding et al., 2014),
the animals showed a worse neurological outcome, measured by neurological severity
scores and rotarod tests, when compared to control animals (Ding et al., 2014; Liu et al.,
2014b). In these studies the BBB disruption prevention could also prevented brain edema
Psychostimulants and brain edema
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
Page 7 de 9
and also the neurological deficits observed in experimental animal models (Ding et al.,
2014; Liu et al., 2014b). Therefore, it is crucial to better understand the causes and
consequences of brain edemas. In fact, the lack of knowledge about the molecular
mechanisms that trigger brain edema limit the identification of more specific targets for
the successful treatment of such brain condition. Noteworthy, AQP4 seems to be an
important player in brain edema since this channel is the most expressed water channel in
the brain. Nevertheless, very little is known about the effect of psychostimulants in the
expression and function of AQP4. Thus, despite the well described effect of drugs of
abuse in brain water content, the underlying mechanisms that explain brain edema
remain to be fully clarified.
References
Abdul-Muneer, P. M., Chandra, N., & Haorah, J. (2015). Interactions of Oxidative Stress and
Neurovascular Inflammation in the Pathogenesis of Traumatic Brain Injury. Molecular
Neurobiology, 51(3), 966-979.
Adeva, M. M., Souto, G., Donapetry, C., Portals, M., Rodriguez, A., & Lamas, D. (2012). Brain
edema in diseases of different etiology. Neurochemistry International, 61(2), 166-174.
Ago, M., Ago, K., Hara, K., Kashimura, S., & Ogata, M. (2006). Toxicological and
histopathological analysis of a patient who died nine days after a single intravenous dose of
methamphetamine: a case report. Legal Medicine (Tokyo), 8(4), 235-239.
Asai, H., Kakita, H., Aoyama, M., Nagaya, Y., Saitoh, S., & Asai, K. (2013). Diclofenac enhances
proinflammatory cytokine-induced aquaporin-4 expression in cultured astrocyte. Cellular and
Molecular Neurobiology, 33(3), 393-400.
Bailey, D. M., Bartsch, P., Knauth, M., & Baumgartner, R. W. (2009). Emerging concepts in
acute mountain sickness and high-altitude cerebral edema: from the molecular to the
morphological. Cellular and Molecular Life Sciences, 66(22), 3583-3594.
Barroso-Moguel, R., Mendez-Armenta, M., Villeda-Hernandez, J., Nava-Ruiz, C., & Santamaria,
A. (2002). Brain lesions induced by chronic cocaine administration to rats. Progress in Neuropsychopharmacology & Biological Psychiatry, 26(1), 59-63.
Barroso-Moguel, R., Villeda-Hernandez, J., Mendez-Armenta, M., & Rios, C. (1997). Brain
capillary lesions produced by cocaine in rats. Toxicology Letters, 92(1), 9-14.
Berankova, K., Habrdova, V., Balikova, M., & Strejc, P. (2005). Methamphetamine in hair and
interpretation of forensic findings in a fatal case. Forensic Science International, 153(1), 93-97.
Candelario-Jalil, E., Taheri, S., Yang, Y., Sood, R., Grossetete, M., Estrada, E. Y., Fiebich, B. L.,
& Rosenberg, G. A. (2007). Cyclooxygenase inhibition limits blood-brain barrier disruption
following intracerebral injection of tumor necrosis factor-alpha in the rat. Journal of
Pharmacology and Experimental Therapeutics, 323(2), 488-498.
Chen, F., Ohashi, N., Li, W., Eckman, C., & Nguyen, J. H. (2009). Disruptions of occludin and
claudin-5 in brain endothelial cells in vitro and in brains of mice with acute liver failure.
Hepatology, 50(6), 1914-1923.
Claffey, C. (2011). A 26-year-old woman with sudden onset cerebral edema. Journal of
Emergency Nursing, 37(1), 55-56.
Ding, R., Chen, Y., Yang, S., Deng, X., Fu, Z., Feng, L., Cai, Y., Du, M., Zhou, Y., & Tang, Y.
(2014). Blood-brain barrier disruption induced by hemoglobin in vivo: Involvement of upregulation of nitric oxide synthase and peroxynitrite formation. Brain Research, 1571, 25-38.
Fraser, J. A., Peacher, D. F., Freiberger, J. J., Natoli, M. J., Schinazi, E. A., Beck, I. V., Walker, J.
R., Doar, P. O., Boso, A. E., Walker, A. J., Kernagis, D. N., & Moon, R. E. (2011). Risk factors
for immersion pulmonary edema: hyperoxia does not attenuate pulmonary hypertension
associated with cold water-immersed prone exercise at 4.7 ATA. Journal of Applied Physiology
(1985), 110(3), 610-618.
Ghatol, A., & Kazory, A. (2012). Ecstasy-associated acute severe hyponatremia and cerebral
edema: a role for osmotic diuresis? The Journal of Emergency Medicine, 42(6), e137-140.
Psychostimulants and brain edema
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
Page 8 de 9
Gonçalves, J., Baptista, S., & Silva, A. P. (2014). Psychostimulants and brain dysfunction: A
review of the relevant neurotoxic effects. Neuropharmacology, 87C, 135-149.
Gyori, E., & Lew, E. O. (2007). Unsuspected central nervous system gummas in a case of
"cerebral infarct" associated with cocaine use. The American Journal of Forensic Medicine and
Pathology, 28(3), 208-211.
Hackett, P. H. (1999). High altitude cerebral edema and acute mountain sickness. A
pathophysiology update. Advances in Experimental Medicine and Biology, 474, 23-45.
Harring, T. R., Deal, N. S., & Kuo, D. C. (2014). Disorders of sodium and water balance.
Emergency Medicine Clinics of North America, 32(2), 379-401.
Heiss, J. D., Papavassiliou, E., Merrill, M. J., Nieman, L., Knightly, J. J., Walbridge, S., Edwards,
N. A., & Oldfield, E. H. (1996). Mechanism of dexamethasone suppression of brain tumorassociated vascular permeability in rats. Involvement of the glucocorticoid receptor and vascular
permeability factor. The Journal of Clinical Investigation, 98(6), 1400-1408.
Horowitz, M., & Robinson, S. D. (2007). Heat shock proteins and the heat shock response during
hyperthermia and its modulation by altered physiological conditions. Progress in Brain Research,
162, 433-446.
Igarashi, H., Huber, V. J., Tsujita, M., & Nakada, T. (2011). Pretreatment with a novel aquaporin
4 inhibitor, TGN-020, significantly reduces ischemic cerebral edema. Neurological Sciences,
32(1), 113-116.
Kalantar-Zadeh, K., Nguyen, M. K., Chang, R., & Kurtz, I. (2006). Fatal hyponatremia in a young
woman after ecstasy ingestion. Nature Clinical Practice Nephrology, 2(5), 283-288, quiz 289.
Khanna, A., Kahle, K. T., Walcott, B. P., Gerzanich, V., & Simard, J. M. (2014). Disruption of
ion homeostasis in the neurogliovascular unit underlies the pathogenesis of ischemic cerebral
edema. Translation Stroke Research, 5(1), 3-16.
Kim, J. E., Ryu, H. J., & Kang, T. C. (2013). Status epilepticus induces vasogenic edema via
tumor necrosis factor-alpha/ endothelin-1-mediated two different pathways. PLoS One, 8(9),
e74458.
Kitamura, O. (2009). Detection of methamphetamine neurotoxicity in forensic autopsy cases.
Legal Medicine (Tokyo), 11 Suppl 1, S63-65.
Kiyatkin, E. A., Brown, P. L., & Sharma, H. S. (2007). Brain edema and breakdown of the bloodbrain barrier during methamphetamine intoxication: critical role of brain hyperthermia. European
Journal Neuroscience, 26(5), 1242-1253.
Kiyatkin, E. A., & Sharma, H. S. (2011). Expression of heat shock protein (HSP 72 kDa) during
acute methamphetamine intoxication depends on brain hyperthermia: neurotoxicity or
neuroprotection? Journal of Neural Transmission, 118(1), 47-60.
Kramer, L., Bauer, E., Schenk, P., Steininger, R., Vigl, M., & Mallek, R. (2003). Successful
treatment of refractory cerebral oedema in ecstasy/cocaine-induced fulminant hepatic failure using
a new high-efficacy liver detoxification device (FPSA-Prometheus). Wiener Klinische
Wochenschrift, 115(15-16), 599-603.
Krasnova, I. N., & Cadet, J. L. (2009). Methamphetamine toxicity and messengers of death. Brain
Research Reviews, 60(2), 379-407.
Liu, L., Lu, Y., Kong, H., Li, L., Marshall, C., Xiao, M., Ding, J., Gao, J., & Hu, G. (2012).
Aquaporin-4 deficiency exacerbates brain oxidative damage and memory deficits induced by
long-term ovarian hormone deprivation and D-galactose injection. International Journal of
Neuropsychopharmacology, 15(1), 55-68.
Liu, S., Zhu, S., Zou, Y., Wang, T., & Fu, X. (2014a). Knockdown of IL-1beta Improves
Hypoxia-ischemia Brain Associated with IL-6 Up-regulation in Cell and Animal Models.
Molecular Neurobiology.
Liu, Y., Tang, G., Li, Y., Wang, Y., Chen, X., Gu, X., Zhang, Z., Wang, Y., & Yang, G. Y.
(2014b). Metformin attenuates blood-brain barrier disruption in mice following middle cerebral
artery occlusion. Journal of Neuroinflammation, 11, 177.
Manley, G. T., Fujimura, M., Ma, T., Noshita, N., Filiz, F., Bollen, A. W., Chan, P., & Verkman,
A. S. (2000). Aquaporin-4 deletion in mice reduces brain edema after acute water intoxication and
ischemic stroke. Nature Medicine, 6(2), 159-163.
Psychostimulants and brain edema
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
Page 9 de 9
Matthai, S. M., Davidson, D. C., Sills, J. A., & Alexandrou, D. (1996). Cerebral oedema after
ingestion of MDMA ("ecstasy") and unrestricted intake of water. British Medical Journal,
312(7042), 1359.
Nag, S., Manias, J. L., & Stewart, D. J. (2009). Pathology and new players in the pathogenesis of
brain edema. Acta Neuropathol, 118(2), 197-217.
Northrop, N. A., & Yamamoto, B. K. (2012). Persistent neuroinflammatory effects of serial
exposure to stress and methamphetamine on the blood-brain barrier. Journal of NeuroImmune
Pharmacology, 7(4), 951-968.
Panahpour, H., Dehghani, G. A., & Bohlooli, S. (2014). Enalapril attenuates ischaemic brain
oedema and protects the blood-brain barrier in rats via an anti-oxidant action. Clinical and
Experimental Pharmacology and Physiology, 41(3), 220-226.
Papadopoulos, M. C., Manley, G. T., Krishna, S., & Verkman, A. S. (2004). Aquaporin-4
facilitates reabsorption of excess fluid in vasogenic brain edema. The Journal of the Federation of
American Societies for Experimental Biology, 18(11), 1291-1293.
Papadopoulos, M. C., & Verkman, A. S. (2013). Aquaporin water channels in the nervous system.
Nature Reviews Neuroscience, 14(4), 265-277.
Rajkowska, G., Hughes, J., Stockmeier, C. A., Javier Miguel-Hidalgo, J., & Maciag, D. (2013).
Coverage of blood vessels by astrocytic endfeet is reduced in major depressive disorder.
Biological Psychiatry, 73(7), 613-621.
Ratilal, B. O., Arroja, M. M., Rocha, J. P., Fernandes, A. M., Barateiro, A. P., Brites, D. M.,
Pinto, R. M., Sepodes, B. M., & Mota-Filipe, H. D. (2014). Neuroprotective effects of
erythropoietin pretreatment in a rodent model of transient middle cerebral artery occlusion.
Journal of Neurosurgery, 121(1), 55-62.
Sauvageau, A. (2008). Death from a possible anaphylactic reaction to ecstasy. Clinical Toxicology
(Philadelphia), 46(2), 156.
Sharma, H. S., & Ali, S. F. (2008). Acute administration of 3,4-methylenedioxymethamphetamine
induces profound hyperthermia, blood-brain barrier disruption, brain edema formation, and cell
injury. Annals of the New York Academy of Science, 1139, 242-258.
Sharma, H. S., & Kiyatkin, E. A. (2009). Rapid morphological brain abnormalities during acute
methamphetamine intoxication in the rat: an experimental study using light and electron
microscopy. Journal of Chemical Neuroanatomy, 37(1), 18-32.
Silva, A. P., Martins, T., Baptista, S., Gonçalves, J., Agasse, F., & Malva, J. O. (2010). Brain
injury associated with widely abused amphetamines: neuroinflammation, neurogenesis and bloodbrain barrier. Current Drug Abuse Reviews, 3(4), 239-254.
Tait, M. J., Saadoun, S., Bell, B. A., & Papadopoulos, M. C. (2008). Water movements in the
brain: role of aquaporins. Trends in Neuroscience, 31(1), 37-43.
Trevisan, E., Bertero, L., Bosa, C., Magistrello, M., Pellerino, A., Ruda, R., & Soffietti, R. (2014).
Antiangiogenic therapy of brain tumors: the role of bevacizumab. Neurological Sciences, 35(4),
507-514.
UNODC. (2014). World Drug Report 2014.
Walcott, B. P., Kahle, K. T., & Simard, J. M. (2012). Novel treatment targets for cerebral edema.
Neurotherapeutics, 9(1), 65-72.
Westman, J., Drieu, K., & Sharma, H. S. (2000). Antioxidant compounds EGB-761 and BN-520
21 attenuate heat shock protein (HSP 72 kD) response, edema and cell changes following
hyperthermic brain injury. An experimental study using immunohistochemistry in the rat. Amino
Acids, 19(1), 339-350.
Zelenina, M. (2010). Regulation of brain aquaporins. Neurochemistry International, 57(4), 468488.
Psychostimulants and brain edema
Page 1 de 11
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
Health Research Unit (UIS)
School Of Health Sciences (ESSLei)
Polytechnic Institute of Leiria
Morro do Lena – Alto do Vieiro
2411-901 Leiria, Portugal
RESEARCH ARTICLE
A look into the intervention of clowns in pediatric
context: a hospital professionals perspective.
Olhares sobre a intervenção dos palhaços em contexto
pediátrico: a perspetiva dos profissionais hospitalares.
Carmen Moreira1, Hiolanda Esteves1 & Susana Caires1
1
Citation: Moreira, C.; Esteves,
H. & Caires, S. (2015). A look
into the intervention of clowns
in pediatric context: a hospital
professionals perspective. Res
Net Health. 1, e-1-11.
Received: 8th january 2015
Accepted: 1st july 2015
Published: 20th november 2015
Corresponding Author:
Hiolanda Esteves
[email protected]
Instituto de Educação e Psicologia, Universidade do Minho, Largo do Paço, 4704-553 Braga
Abstract
This article aims to describe and understand the perceptions of 19 health professionals about the
work of the "Clown Doctors" (CD) of Operação Nariz Vermelho (ONV) in the pediatric services
(PS) of a Portuguese hospital. A study was developed after two and half years of collaboration
between the hospital’s PS and this association of professional clowns. The staff’s perceptions
were collected through semi-structured interviews. Their responses were submitted to a content
analysis, followed by the description of the frequency of categories that emerged in their
discourse. The study’s results relate a positive perception amongst most participants about the
presence of CDs in the pediatric wards, highlighting several advantages for their interventions.
Amongst these advantages, the participants emphasized the CD’s contributions for the relief of the
hospital’s environment, the increase of good mood and well-being amongst the health
professionals, and the aid that the clowns may represent for their practice. With regard to the
disadvantages, obstruction to professional practice - either by interfering with the routines, either
by intrusive and disruptive intervention in some more "critical" moments - as well as the specific
difficulties in the cooperation, acceptance of the role and the CD’s interventions stood out. By
means of the testimonies of pediatric professionals’ regarding this two-year and half experience,
this exploratory study seeks to bring subsidies for the social recognition of the work of this
association of professional clowns, as well as to its internal reflection, towards the growth and
maturation of their training and practice.
Keywords: Pediatrics; Hospital Clowns; Health staff; Perceptions.
Introdução
Nos últimos anos, os Palhaços de Hospital (PH) têm expandido a sua presença no meio
hospitalar, em vários países de todo o mundo. Cada vez mais lhes é reconhecida
importância, especialmente por aqueles que têm a possibilidade de acompanhar
diretamente o seu trabalho (Caires, Dias, Esteves, Belo, Correia, Dias & Ballester, 2010).
Através do humor, do lúdico e da arte, o PH opera sobre uma lógica de pensamento não
linear ou racional, e totalmente concentrada no presente e na construção de uma relação
lúdica com a criança. Segundo Masetti (1998) - uma das primeiras e mais relevantes
estudiosas da área -, essa habilidade carrega em si uma metáfora importante: a de que, no
contexto hospitalar, é possível transformar a dor e o sofrimento em algo mais positivo. É
desta forma que um novo olhar sobre a doença e o hospital tem lugar para emergir.
Intervention of clowns in pediatric context/Intervenção dos palhaços em contexto pediátrico
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
Page 2 de 11
Vários são os benefícios que a investigação sobre o trabalho dos PH tem vindo a
evidenciar. A observação, pesquisa e reflexão em torno da sua intervenção revelam a
presença de múltiplos subsídios junto dos diferentes protagonistas do contexto pediátrico
(Fernandes & Arriaga, 2010; Masetti, 2003, 2005; Vagnoli, Caprilli, Robiglio, &
Messeri, 2005), verificando-se que, por exemplo, após a visita dos PH, as crianças ficam
mais ativas; colaboram mais com os tratamentos e com os profissionais de saúde e a
comunicação entre estes últimos e os pais/acompanhantes torna-se mais efetiva Masetti
(1998, 2003). A última autora salienta, também, a diminuição do stresse ocupacional
entre os profissionais hospitalares, uma maior satisfação com a sua atividade
profissional, bem como a transformação do seu olhar em relação à criança, passando,
gradualmente, de representações da mesma como um doente para as de um ser único e
individual, com as suas idiossincrasias.
Em Portugal, a investigação na área é recente, à semelhança da própria intervenção dos
grupos de palhaços. Data de 2002 a primeira associação de PH com formação específica
para intervir em contexto pediátrico: a Operação Nariz Vermelho (ONV). Tendo como
principal objetivo levar a alegria à criança hospitalizada, esta associação colabora de
modo continuado (45 semanas por ano) em 13 hospitais do norte e centro do país. Os
seus profissionais (n = 23) são, maioritariamente, artistas com formação base na área do
teatro, música e/ou artes circenses, sendo que a sua integração na associação e a
intervenção em pediatria ocorre apenas após um ano de treino intensivo, no âmbito do
qual as questões da higiene e segurança, desenvolvimento infantil e adolescente ou
patologia médica emergem como elementos complementares à sua formação na arte
clown.
Em abril de 2010, após cerca de 8 anos de intervenção nos hospitais, a ONV julgou
necessária uma avaliação sistemática e aprofundada das suas práticas de formação e
intervenção, bem como do impacto gerado pelos PH junto dos seus principais alvos: o
paciente pediátrico, seus familiares, profissionais de saúde e instituição hospitalar. Nesse
sentido, foi desenvolvido um protocolo de cooperação entre a ONV e o Gabinete de
Interação com a Sociedade, do Instituto de Educação da Universidade do Minho (GISIEUM), do qual resultou o projeto de investigação “Rir é o melhor remédio?” que
enquadra o presente trabalho. Alguns meses depois (outubro de 2010), a ONV iniciou a
sua colaboração com mais um serviço de pediatria de um hospital português, tendo-se,
ainda antes da sua entrada (agosto e setembro de 2010 - um mês antes do início da
colaboração), realizado o levantamento prévio das representações e expetativas de 34
profissionais que iriam acolher o novo parceiro. Este levantamento foi o primeiro
momento de um estudo bietápico desenhado pelo grupo de investigação, intitulado
“Representações e expetativas dos profissionais dos Serviços de Pediatria do Hospital de
Braga relativamente à intervenção dos Doutores Palhaços” (Almeida, 2012). Dois anos e
meio depois, foi feita uma nova avaliação, com os mesmos profissionais, desta vez
centrada nas suas representações sobre o trabalho desenvolvido pela ONV durante aquele
período. Neste segundo momento foram “resgatados” os profissionais que participaram
na primeira etapa do estudo e que ainda colaboravam com aquela unidade hospitalar. No
presente artigo dão-se a conhecer alguns dos resultados deste segundo momento.
Vivências hospitalares entre os profissionais de saúde: stresse ocupacional e
humanização
O ambiente hospitalar é, sem dúvida, um local onde prevalecem elevados níveis de
stresse e tensão, designadamente entre os profissionais que aí trabalham. Alguns autores
Intervention of clowns in pediatric context/Intervenção dos palhaços em contexto pediátrico
Page 3 de 11
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
têm-se debruçado sobre este assunto e procurado identificar os inúmeros fatores de
stresse ocupacional. De entre estes, destacamos o trabalho por turnos, o cansaço
emocional (Dartiguepeyrou, 1999), o stresse associado às suas práticas (Colle &
Moisson, 2007; Ribeiro, Gomes, & Silva, 2010), a falta de realização pessoal, o
sentimento de incapacidade e de ausência de controlo face às decisões médicas (no caso
dos enfermeiros), ou, a elevada sobrecarga de trabalho (ex. sobrelotação, espaços físicos
inadequados, falta de preparação da equipa técnica), positivamente correlacionada com a
exaustão emocional e a somatização (Almeida, 2012; Fogaça, Carvalho, & NogueiraMartins, 2008). Malagris e Fiorito (2006) fazem, também, menção aos problemas de
comunicação com o paciente, sua família e/ou com os demais profissionais, bem como à
falta de adesão dos doentes aos tratamentos.
Nesse sentido, ao pensar a humanização hospitalar como visando a melhoria da
qualidade de atendimento ao utente, é também necessário pensar a melhoria das
condições de trabalho para os profissionais de saúde (Esteves, Antunes, & Caires, 2014).
Assim, mudanças estruturais são necessárias com vista não apenas a amenizar a
experiência de hospitalização dos utentes, mas, também, a dos profissionais que lhes
prestam cuidados. Nesse sentido, Mota, Martins e Verás (2006) defendem que o
desenvolvimento e integração de projetos de humanização no sistema de saúde não só
são uma mais-valia para os utentes e seus familiares, como também potenciam melhores
condições para que os profissionais de saúde realizem as suas atividades laborais de
modo digno, possibilitando-lhes participar como cogestores do seu processo de trabalho.
O humor e o lúdico em contexto pediátrico
José (2006), através de uma revisão da literatura, sintetiza as múltiplas evidências
existentes acerca do papel do humor na saúde dos indivíduos. A autora considerou um
conjunto de 39 estudos empíricos - sem limitações de paradigma (indutivo/dedutivo) que focam o humor como intervenção. Através da explanação dos resultados, foram
vários os benefícios encontrados, entre eles, o impacto do humor no bem-estar dos
indivíduos, o seu contributo para a redução da dor e do desconforto (Vagnoli et al.,
2005), bem como para o emergir de sentimentos positivos, constituindo-se, assim, num
importante mecanismo de coping. A mesma autora refere, ainda, as potencialidades do
humor para a melhoria do ambiente de trabalho, ajudando os profissionais a lidarem e
ultrapassarem dificuldades intrínsecas à sua profissão. Também aponta o recurso ao
humor como uma ajuda para os cuidadores informais, evitando, inclusive, a
institucionalização do paciente. Johnson (2002) aponta os efeitos positivos do humor na
aproximação das pessoas (designadamente entre enfermeiro e paciente); na promoção da
comunicação; na expressão de emoções; e, no emergir, entre a criança/adolescente, de
um novo olhar sobre a sua condição clínica.
A par do humor, a utilização do brinquedo é também focada pela literatura da área
(Kiche & Almeida, 2009; Schmitz, Piccoli, & Vieria, 2003) pois, através dele, a criança
pode, por exemplo, expressar sentimentos e emoções complexas pela projeção e
transferência para os personagens, abrindo-se novos canais de comunicação entre a
criança e o profissional de saúde que a assiste, promovendo a qualidade da relação entre
a criança e seu cuidador, e facilitando a aceitação, a aprendizagem e a criação de uma
nova realidade, menos ameaçadora para a criança (Almeida, 2012; Azevedo, Santos,
Justino, Miranda, & Simpson, 2007; Masetti, 2003). Assim, uma das estratégias de
humanização pediátrica sobre a qual a literatura também se tem debruçado prende-se
Intervention of clowns in pediatric context/Intervenção dos palhaços em contexto pediátrico
Page 4 de 11
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
com a existência de ludotecas/brinquedotecas em contexto hospitalar (Oliveira, Gabarra,
Marcon, Silva, & Macchiaverni, 2009; Oliveira, 2011).
A arte Clown - Palhaços do Hospital em Portugal
Em Portugal, a primeira associação profissional de Palhaços do Hospital (PH) surgiu em
2002 (a ONV), tendo-se criado, desde aí, outras demais. Contudo, esta é a organização
portuguesa de PH com maior longevidade e com a maior equipa de artistas profissionais,
tendo por missão “Levar alegria à criança hospitalizada, aos seus familiares e
profissionais de saúde, através da arte e imagem do Doutor Palhaço (DP), de forma
regular e com uma equipa de profissionais com formação específica” (Operação Nariz
Vermelho, 2014). A sua atuação rege-se por princípios lúdicos, cómicos e artísticos e
propõe a vivência do humor. De referir, ainda, que o DP dirige-se ao que está saudável
numa criança hospitalizada, no intuito de cuidar das suas possibilidades de criar, sonhar,
rir, “contaminando”, ao mesmo tempo, todos aqueles que a acompanham (Soares, 2007).
Diz Masetti (2003) que, apesar de aparentemente desarticulada e descabida, a atuação do
palhaço é largamente refletida e intencional, bem como atenta às especificidades do
quadro clínico e condição física da criança, e ao enquadramento - físico, normativo e
institucional - onde a sua intervenção tem lugar. Nela, os profissionais de saúde são
assumidos como adjuvantes e informadores das suas práticas, sendo essencial a
coordenação entre ambos. É por intermédio destes profissionais que o palhaço - ainda
antes de iniciar a sua intervenção - tem acesso a informação sobre o seu diagnóstico e
prognóstico, bem como o seu atual estado clínico e anímico.
Como colaborador da equipa de saúde, o PH está também consciente das necessidades
dos restantes profissionais, podendo constituir-se numa valiosa fonte de apoio. Por
exemplo, o PH pode ser útil - como presença distratora para a criança/ adolescente - em
determinados procedimentos médicos (Fernandes & Arriaga, 2010).
O olhar dos profissionais hospitalares em torno da intervenção dos PH
Fernandes e Arriaga (2010) procuraram analisar as opiniões dos profissionais de saúde
relativamente à utilidade da intervenção dos DP da ONV, nomeadamente na sala de
ambulatório. Os dados apresentam uma avaliação muito positiva, sendo a sua presença
considerada útil para as crianças (96.4 %), para os pais (89.3 %) e para os próprios
profissionais (64.3 %). A maioria revelou-se a favor da continuidade deste tipo de
intervenção (89.3 %) e discorda com a ideia de que os DP são agentes desestabilizadores
(71.4 %). No mesmo sentido, e mais recentemente, surgem os dados de Tiago (2013),
também em contexto nacional.
No trabalho de Masetti, Caires e Brandão (2013), os efeitos da intervenção dos PH
“Doutores da Alegria”, junto de 567 profissionais de saúde de 13 hospitais brasileiros,
foram também explorados. As autoras verificaram que uma elevada percentagem de
profissionais perceciona a intervenção dos PH como muito vantajosa (i) ao nível de
relações mais positivas com a criança (76.0 % dizia brincar mais com as crianças; 76.0 %
tentava novas aproximações; 69.0 % despendia mais tempo a conversar com esta), (ii) na
sua relação com os pais (62.5% dizia sentir maior empatia e compreensão pelo seu
sofrimento; 56.3 % percecionava maior facilidade de comunicação; e 66.0 % havia
adotado outras formas de se aproximar das famílias). Foram também relatadas
consequências positivas da intervenção dos palhaços nas relações laborais, sendo que
57.0 % dizia ter mais disponibilidade para ouvir os colegas; 50.0 % sentia haver maior
Intervention of clowns in pediatric context/Intervenção dos palhaços em contexto pediátrico
Page 5 de 11
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
coesão na equipa; e 40 % percecionava mais oportunidades para se falar, entre colegas,
de questões “sensíveis” à equipa. Os autores encontraram, também, dados sobre o
impacto positivo da intervenção dos PH (iii) ao nível da satisfação e motivação laboral, e
(iv) na qualidade da sua performance. Assim, 76.3 % relataram maior satisfação com a
sua atividade profissional; 64 % afirmaram assumir as suas funções e tarefas com maior
qualidade, e 83 % diziam sentir-se mais calmos no exercício das mesmas.
Dados semelhantes foram previamente encontrados por Oliveira e Oliveira (2008), num
estudo desenvolvido exclusivamente com enfermeiros num hospital pediátrico do
município do Rio de Janeiro. Os autores descreveram os conhecimentos da equipa de
enfermagem quanto à atuação dos palhaços do grupo “Doutores da Alegria” (DA) e
analisaram as experiências desta equipa relativamente à atuação dos mesmos.
Relativamente aos benefícios para a própria equipa de enfermagem, os participantes
afirmaram a presença de: (i) melhorias no atendimento; (ii) quebra da rotina hospitalar
sem interferir na assistência prestada; e (iii) a alegria e descontração proporcionados aos
membros da equipa de enfermagem, com repercussões na qualidade dos cuidados
prestados à criança. Quanto aos benefícios para a tríade palhaço-equipa-mãe, os
participantes referiram que: (i) a relação estabelecida entre os DA e a equipa de
enfermagem proporciona motivação e possibilidade de participar nas brincadeiras; (ii) o
ato de brincar possibilita aos profissionais vivenciarem uma relação diferente com as
crianças, não lidando apenas com as suas incapacidades e limitações; e, (iii) a presença
dos DA melhora a interação mãe-criança.
Métodos
Centrado nas perceções dos profissionais de pediatria de um hospital português quanto ao
trabalho desenvolvido pelos DP da ONV, o presente estudo assume-se como (i)
Humanista-interpretativo, pois parte da perspetiva dos profissionais, enfatizando
processos e significados; (ii) exploratório, uma vez que procura compreender e captar,
ainda que parcialmente, uma nova realidade; e (iii) estudo de campo, já que decorre no
“terreno” e num contexto específico: os serviços de pediatria de uma instituição
hospitalar.
Assume como questões de investigação nucleares:
1) Quais as mais-valias/vantagens percecionadas pelos profissionais pediátricos, em
consequência da intervenção dos DP, junto dos próprios e da instituição hospitalar?
1) Quais as desvantagens/dificuldades percecionadas pelos profissionais pediátricos, em
consequência da intervenção dos DP, junto dos próprios e da instituição hospitalar?
Instrumento
A auscultação do olhar dos profissionais pediátricos foi realizada a partir de uma
entrevista semiestruturada, focando-se o guião nas representações por si desenvolvidas
ao longo dos dois anos e meio em que tiveram a oportunidade de conviver, observar e
trabalhar em cooperação com os DP. As entrevistas foram realizadas por investigadores
previamente treinados para o efeito.
Procedimentos
Intervention of clowns in pediatric context/Intervenção dos palhaços em contexto pediátrico
Page 6 de 11
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
Uma vez autorizado o estudo pela Comissão de Ética do hospital, reuniu-se com a
diretora dos SP para determinação da melhor forma de aceder aos participantes (sem
interferir com a dinâmica/rotina dos serviços) e um local que garantisse as condições
necessárias à privacidade dos participantes e à não interrupção da recolha de dados. As
entrevistas foram gravadas em registo áudio, mediante a assinatura de consentimento
informado por cada participante. Apenas um dos participantes não autorizou o registo
áudio.
Durante o processo de recolha de dados, foram tomados cuidados no sentido de respeitar
as normas hospitalares e as diretrizes dadas pela equipa de saúde e sua coordenação, no
sentido do respeito pelas mesmas e do não comprometimento da segurança, bem-estar e
dignidade de todos os atores neste contexto.
Participantes
Neste estudo, participaram 19 profissionais de pediatria, 55.8 % do grupo que, dois anos
e meio antes, haviam sido entrevistados relativamente às suas expetativas em torno das
vantagens e desvantagens do trabalho dos DP na sua unidade hospitalar. Os participantes
do estudo inicial foram selecionados com base no método de amostragem por
conveniência, considerando a sua atividade profissional; o serviço em que trabalhavam; e
a disponibilidade para participar. Nesta primeira etapa procurou-se assegurar a
representação do olhar de profissionais de diferentes áreas formação e atuação dentro de
um mesmo serviço (enfermeiros, médicos, assistentes operacionais, administrativos da
unidade de crianças, da unidade de adolescentes, neonatologia e consultas externas). Para
a recolha de dados neste segundo estudo, foi “resgatado” o mesmo grupo de
participantes, com a condição de ainda se encontrarem a colaborar com os serviços de
pediatria daquele hospital.
A maioria dos profissionais pertence ao sexo feminino (89.5 % mulheres: n = 17; e 10.5
% homens: n = 2). Os participantes possuem, em média, 17 anos de serviço naquele
hospital; entre eles, 6 são médicos, 9 enfermeiros, 2 auxiliares de enfermagem, 1
assistente operacional e 1 administrativo.
Os participantes encontram-se distribuídos pelas várias unidades dos serviços
pediátricos: 4 profissionais da Neonatologia, 9 do Internamento, 1 do Serviço de
Urgência, 4 das Consultas Externas e 1 dos Cuidados Intensivos.
Tratamento dos dados
Uma vez realizadas as entrevistas, procedeu-se à sua transcrição integral. Os dados
recolhidos foram posteriormente submetidos a uma análise de conteúdo, quantitativa e
categorial (Bardin, 1977), com recurso a unidades de enumeração para quantificar as
unidades de registo englobadas dentro de cada subcategoria ou de categoria. Neste
processo, utilizou-se o procedimento de categorização “por caixas”, adotando como
grelha de leitura o sistema de categorias construído previamente por Almeida (2012), no
seu estudo reportado às expetativas dos profissionais pediátricos relativamente aos
mesmos aspetos agora explorados. Dado o acréscimo de algumas questões ao guião na
segunda etapa do estudo, emergiram novas categorias a partir do discurso dos
participantes.
A categorização das respostas foi realizada, num primeiro momento (e de modo
independente), por duas investigadoras, entre elas a autora e uma das coautoras do
Intervention of clowns in pediatric context/Intervenção dos palhaços em contexto pediátrico
Page 7 de 11
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
presente artigo. Posteriormente, um terceiro avaliador procedeu à revisão e triangulação
da classificação das respostas, tendo em vista a resolução de pontuais discordâncias.
Após a categorização das respostas, os dados foram introduzidos numa base IBM-SPSS
(versão 22) de modo a se quantificarem as unidades de registo englobadas dentro de cada
subcategoria ou de categoria e, a partir daí, descrever a sua frequência.
Resultados
Em seguida são sistematizadas as perceções dos participantes relativamente às vantagens
e desvantagens - para si e para o hospital - da presença dos DP no seu contexto de
trabalho ao longo dos dois anos e meio perscrutados.
Vantagens da presença dos DP para os profissionais de pediatria e instituição
hospitalar
Na Tabela 1 são apresentadas as categorias (a negrito) e subcategorias de resposta
emergidas no discurso dos participantes relativamente às principais vantagens da
intervenção dos DP junto de si e da instituição hospitalar.
Tabela 1 – Vantagens da intervenção dos DP junto dos profissionais pediátricos e do hospital
Categorização das respostas
Melhoria da vivência hospitalar
Auxílio à sua prática profissional
Gestão emocional
Outros
UR
Humanização dos cuidados
1
Melhoria da relação entre profissionais
4
Mediação da relação entre os profissionais de saúde
e os pais/ acompanhantes
Amenizar do ambiente hospitalar
11
Diminuir a sobrecarga dos profissionais
4
Auxílio nos tratamentos/Facilitação da intervenção
7
Crianças e pais a rir, o profissional de saúde fica
melhor
Aumento da boa disposição e do bem-estar dos
profissionais
2
2
10
6
Em geral, os profissionais avaliam positivamente a presença dos DP. Assim, e de acordo
com os resultados do estudo, do ponto de vista dos profissionais os efeitos positivos mais
referidos verificam-se nos seguintes pontos: 1) diminui o efeito negativo da
hospitalização pediátrica; 2) melhora a colaboração/interação da criança com os
profissionais aquando dos tratamentos e procedimentos mais dolorosos; 3) melhora o
humor e estado anímico das crianças e dos profissionais.
Dificuldades da presença dos DP para os profissionais pediátricos e instituição
hospitalar
Foram três as grandes categorias de resposta que emergiram no discurso dos participantes
relativamente às dificuldades percebidas, para si, em consequência da presença dos DP
Intervention of clowns in pediatric context/Intervenção dos palhaços em contexto pediátrico
Page 8 de 11
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
no seu local de trabalho. Tais dificuldades são dadas a conhecer (conjuntamente com as
subcategorias emergidas) na Tabela 2.
Tabela 2 – Dificuldades geradas pela presença dos DP junto dos profissionais e do hospital
Categorização das respostas
Nenhuma dificuldade
Dificuldades na articulação, aceitação
de papéis e intervenção
Obstrução ao exercício profissional
Dificuldades ao nível da instituição
Intrusão de papéis
Pouca cooperação, por falta de abertura de
alguns profissionais
Pouca articulação por falta de tempo dos
profissionais
Interferência nas rotinas
Intervenção intrusiva/ perturbadora
Inadequação dos espaços físicos para a atuação
dos DP
UR
8
1
2
2
4
6
2
6
Outros
No que diz respeito às dificuldades, quase metade das unidades de registo emergidas
aludem explicitamente à sua ausência. Saliente-se, no entanto, a elevada incidência de
respostas aludindo às interferências da intervenção dos DP nas suas rotinas diárias,
descritas como intrusiva e perturbadora. Adicionalmente, foram evocadas dificuldades na
articulação entre estes artistas e os profissionais de saúde, quer por falta de tempo para o
efeito, quer por resistência à presença dos mesmos no seu contexto de trabalho
(decorrente do sentimento de intrusão de papéis ou pouca abertura à figura do palhaço).
Discussão e considerações finais
As reflexões dos profissionais de pediatria consultados no presente estudo dão a conhecer
a perceção de várias mais-valias associadas à presença dos DP no seu quotidiano laboral,
revelando, globalmente, um alargado leque de perceções positivas em relação ao trabalho
por estes desenvolvido. Entre tais vantagens destacam-se a melhoria da qualidade da
vivência hospitalar, nomeadamente o amenizar do ambiente institucional, e o auxílio
dado à gestão das emoções vividas pelos seus protagonistas. A este respeito, os
participantes referem que os DP trazem mais alegria à pediatria e ao hospital em geral,
tornando o ambiente menos tenso, promovendo o bem-estar e a boa-disposição de todos
os que lá trabalham. Tratando-se de um contexto pontuado por elevados níveis de stresse
e tensão (Colle & Moisson, 2007; Dartiguepeyrou, 1999; Ribeiro et al., 2010),
positivamente correlacionados com um acentuado desgaste físico e emocional dos seus
profissionais (Almeida, 2012; Fogaça et al., 2008), a presença dos DP é, pois,
percecionada como contribuindo para o atenuar das vivências mais negativas, surgindo o
humor – uma das ferramentas nucleares do trabalho dos DP – com um papel de revelo. A
par de contribuir para a melhoria do ambiente hospitalar, este parece representar uma
estratégia de coping eficaz no confronto destes profissionais com as dificuldades
intrínsecas à sua profissão, bem como um contributo adicional para humanização dos
cuidados prestados ao paciente pediátrico, à semelhança das evidências encontradas por
José (2006) na sua revisão da literatura.
Refira-se, ainda, as alusões feitas por este grupo de profissionais às melhorias
significativas percecionadas na relação entre os colegas de trabalho, e com os
pais/acompanhantes, em resultado da presença dos DP. Segundo o testemunho de alguns
deles, tais melhorias traduzem-se em maiores níveis cooperação e proximidade entre
Intervention of clowns in pediatric context/Intervenção dos palhaços em contexto pediátrico
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
Page 9 de 11
pares, bem como a facilitação das interações entre profissionais e pais/acompanhantes na
presença dos DP. O mesmo tipo de evidências foram recolhidas por Masetti (1998; 2003;
2013), tal como anteriormente salientado a propósito do trabalho desta autora, no Brasil.
No que toca à relação com os pais/acompanhantes, o estudo aponta para a presença de
uma maior empatia para com as vivências destas famílias, bem como a adoção de outras
formas de abordar e se aproximar das mesmas, à semelhança de algumas das evidências
encontradas por Masetti e pela sua equipa de pesquisa (ibidem).
A libertação dos profissionais de saúde da sobrecarga de trabalho foi também
referenciada pelos participantes do presente estudo, assim como o auxílio dado na
aplicação dos tratamentos - entretendo e distraindo a criança/adolescente, facilitando a
sua aceitação e cooperação -, ou, mesmo, na maior adesão ao internamento e/ou a uma
consulta clínica. A ocupação de “tempos mortos” e/ou o apoio nas refeições foram
igualmente referenciados, à semelhança de evidências encontradas nos estudos de
Fernandes e Arriaga (2010) ou de Oliveira e Oliveira (2008).
No que se refere às dificuldades ou desvantagens inerentes à presença dos DP no seu
contexto laboral, várias foram as referências à inexistência de inconvenientes para si ou
para a instituição hospitalar. Saliente-se, no entanto, a alusão às obstruções geradas pelos
DP à sua prática profissional. Segundo o discurso de alguns participantes, tais obstruções
traduzem-se na interferência nas rotinas (ruído, confusão), na perturbação ou intrusão
geradas pela sua presença, interrompendo uma intervenção em curso ou, por exemplo,
inviabilizando algum tratamento ou procedimento prescrito. Em algumas situações
(relatadas na 3ª pessoa pelos profissionais que lhes fizeram alusão), a perturbação
relatada é percebida como resultando da pouca articulação existente entre os DP e alguns
dos profissionais hospitalares, decorrente da resistência destes últimos em aceitar a
presença dos DP naquele contexto. De salientar, no entanto, que apesar de ainda
presentes, as resistências relatadas são percecionadas como tendo vindo a sofrer
diminuição ao longo do tempo, em resultado de um maior convívio e um conhecimento
mais aprofundado do trabalho dos DP, e, em consequência, do seu gradual
reconhecimento como um “par” na prestação de cuidados pediátricos, bem como ao nível
dos seus subsídios para o bem-estar dos próprios profissionais de saúde. Ainda a
propósito da pouca articulação relatada entre os profissionais entrevistados e a
intervenção dos DP, para alguns (quando relatada na 1ª pessoa), esta deve-se à falta de
tempo para estreitarem parcerias e desenvolverem intervenções conjuntas, apesar da sua
abertura e reconhecimento da relevância do trabalho dos DP.
Atentando aos resultados do presente estudo, acredita-se que (apesar da sua natureza
exploratória, do recurso a um parco número de participantes, e às especificidades do
contexto hospitalar em que este teve lugar, inviabilizando, por isso, qualquer
generalização) estes trazem a lume um conjunto de evidências – também relatadas por
estudos congéneres - que apontam para o significativo potencial encerrado pela
intervenção de palhaços em contexto pediátrico. Tal como as reflexões dos profissionais
entrevistados deixam transparecer, este tipo de abordagem – onde a arte, o lúdico e o
humor se fundem – dá expressivos subsídios à qualidade de vida e bem-estar dos
diferentes protagonistas pediátricos, parecendo concorrer para aquilo que Duarte e Noro
(2010, p. 689) traduzem por “humanização hospitalar”: a oferta de um atendimento de
qualidade, que articula os avanços tecnológicos com o acolhimento, com melhorias dos
ambientes de cuidado e das condições de trabalho dos seus profissionais.
As melhorias relatadas pelos profissionais auscultados ao refletir sobre o trabalho dos
palhaços de hospital, apontam, pois, para o emergir de um contacto mais afetivo (e
efetivo) entre os profissionais, paciente pediátrico e sua família, bem como o recurso a
Intervention of clowns in pediatric context/Intervenção dos palhaços em contexto pediátrico
Page 10 de 11
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
estratégias que poderão permitir a ressignificação das relações e dos papéis assumidos
pelos diferentes protagonistas hospitalares; o questionamento e construção de novos
“lugares”, “formas” e “tempos” de intervir em contexto pediátrico, bem como dos
próprios conceitos de saúde e doença. Em face do potencial de mudança que a
intervenção destes artistas profissionais poderá trazer a estes contextos - no sentido da
sua maior humanização -, parece-nos da maior relevância o investimento em estudos de
maior aprofundamento das evidências aqui emergidas, no qual outros protagonistas
possam ter também voz (e.g., o paciente pediátrico, seus pais/acompanhantes, gestores) e
onde outras dimensões da vivência hospitalar associadas à presença dos DP possam ser
exploradas (e.g. impacto psicossocial da experiência de hospitalização; qualidade e
celeridade do processo de recuperação infantil; abertura e cooperação dos pais). A par do
maior reconhecimento social que estudos desta natureza poderão ajudar a promover uma vez que dando a conhecer as potencialidades deste tipo de abordagens - os
investimentos aqui sugeridos parecem-nos de igual utilidade à reflexão e crescimento
interno de organizações de PH (ao nível da formação e intervenção dos seus
profissionais), dado submeterem as suas práticas ao escrutínio de alguns dos seus
principais interlocutores.
Referências
Almeida, I. (2012). Representações e expectativas dos profissionais dos serviços de pediatria do
Hospital de Braga relativamente à intervenção dos "Doutores Palhaços". (Dissertação de
Mestrado). Braga: Universidade do Minho.
Azevedo, D., Santos, J., Justino, M. A., Miranda, F., & Simpson, C. (2007). O brincar como
instrumento terapêutico na visão da equipe de saúde. Ciência, Cuidado e Saúde, 6(3), 335-341.
Bardin, L. (1977). A análise de conteúdo. Lisboa: Ed. 70.
Caires, S., Dias, M. F., Esteves, C. H., Belo, S., Correia, S., Diaz, Z., & Ballester, S. (2010). Rir é
o Melhor Remédio? O Humor no Contexto Hospitalar. Comunicação apresentada no congresso
Emoções na Saúde, Ourém.
Colle, R., & Moisson, V. (2007). L’impact du stress professionnel et du desequilibre
effort/recompense sur l’intention de depart des infirmieres.
Acedido 15/02/2011, from
http://www.chaires-iae-grenoble.fr/commun/pdf/documents/2007colleMoisson035235238.pdf
Dartiguepeyrou, M. (1999). Étude comparative des niveaux de stress des jeunes infirmières en
poste de « volante » et en poste fixe des Hôpitaux Publics de Dax et Bayonne. Santé Publique,
11(2), 137-154.
Duarte, M. L. & Noro, A. (2010). Humanização: uma leitura a partir da compreensão dos
profissionais da enfermagem. Rev Gaúcha Enferm, 31(4), 685-692.
Esteves, C. H., Antunes, C., & Caires, S. (2014). Humanização em contexto pediátrico: o papel
dos palhaços na melhoria do ambiente vivido pela criança hospitalizada. Interface - Comunicação,
Saúde, Educação, 18(51), 1-12.
Fernandes, S., & Arriaga, P. (2010). The effects of clown intervention on worries and emotional
responses in children undergoing surgery. Journal of Health Psychology, 15(3), 405-415.
Fogaça, M., Carvalho, B., & Nogueira-Martins, L. (2008). Fatores que tornam estressante o
trabalho de médicos e enfermeiros em terapia intensiva pediátrica e neonatal: estudo de revisão
bibliográfica. Revista Brasileira de Terapia Intensiva, 20(3), 261-266.
Johnson, P. (2002). The use of humor and its influences on spirituality and coping in breast cancer
survivors. Oncologic Nursing Forum, 29(4), 691-695.
José, H. (2006). Humor: que papel na saúde? Pensar Enfermagem, 10(2), 2-18.
Kiche, M. T., & Almeida, F. (2009). Brinquedo terapêutico: estratégia de alívio da dor e tensão
durante o curativo cirúrgico em crianças. Acta Paulista de Enfermagem, 22(2), 125-130.
Intervention of clowns in pediatric context/Intervenção dos palhaços em contexto pediátrico
Page 11 de 11
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
Malagris, L. E. N., & Fiorito, A. C. C. (2006). Avaliação do nível de stress de técnicos da área de
saúde. Estudos de Psicologia, 23(4), 391-398.
Masetti, M. (1998). Soluções de palhaços: Transformações na realidade hospitalar. São Paulo:
Palas Athena.
Masetti, M. (2003). Boas misturas. São Paulo: MMD Editores.
Masetti, M. (2005). Doutores da ética da alegria. Interface - Comunicação, Saúde e Educação,
9(17), 453-458.
Masetti, M., Caires, S., & Brandão, D. (2013). Health staff perceptions regarding the work of
Doutores da Alegria's hospital clowns. Comunicação apresentada at the Third International
Conference on Health, Wellness, and Society, Escola Paulista de Medicina - Universidade Federal
de São Paulo - Brazil.
Mota, R. A., Martins, C. G. M., & Véras, R. M. (2006). Papel dos profissionais de saúde na
política de humanização hospitalar. Psicologia em Estudo, 11(2), 323-330.
Oliveira, L. D. B., Gabarra, L. M., Marcon, C., Silva, J. L. C., & Macchiaverni, J. (2009). A
brinquedoteca hospitalar como factor de promoção no desenvolvimento infantil: relato de
experiência. Revista Braileira de Crescimento e Desenvolvimento Humano, 19(2), 306-312.
Oliveira, R., & Oliveira, I. (2008). Os Doutores da Alegria na unidade de internação pediátrica:
experiências da equipe de enfermagem. Revista de Enfermagem, 12(2), 230-236.
Oliveira, V. B. (2011). Brinquedoteca - Uma Visão Internacional. Petrópolis: Editora Vozes.
Operação
Nariz
Vermelho.
(2014).
Acedido
em
10/11/2014,
from
http://www.narizvermelho.pt/Missão.
Ribeiro, L., Gomes, R., & Silva, M. (2010). Stresse ocupacional em profissionais de saúde: Um
estudo comparativo entre médicos e enfermeiros a exercerem em contexto hospitalar. Atas do VII
Simpósio Nacional de Investigação em Psicologia. Braga: Universidade do Minho.
Schmitz, S. M., Piccoli, M., & Vieria, C. S. (2003). A criança hospitalizada, a cirurgia e o
brinquedo terapêutico: uma reflexão para a enfermagem. Ciência, Cuidado e Saúde, 2(1), 67-73.
Soares, A. L. (2007). Palhaço de Hospital: proposta metodológica de formação. (Tese de
Doutoramento não publicada. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro.
Tiago, M. T. (2013). Ação dos Dr. Palhaços em contexto hospitalar com crianças em risco de
desenvolvimento. Dissertação de Mestrado não publicada. Lisboa: Escola Superior de Educação
de Lisboa.
Vagnoli, L., Caprilli, S., Robiglio, A., & Messeri, A. (2005). Clown doctors as a treatment for
preoperative anxiety in Children: a randomized, prospective study. Pediatrics, 116(4), 563-567.
Intervention of clowns in pediatric context/Intervenção dos palhaços em contexto pediátrico
Page 1 de 11
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
Health Research Unit (UIS)
School Of Health Sciences (ESSLei)
Polytechnic Institute of Leiria
Morro do Lena – Alto do Vieiro
2411-901 Leiria, Portugal
INVITED RESEARCH ARTICLE
The history of health policies in Portugal: a look at recent
trends.
A história das políticas de saúde em Portugal: um olhar
sobre as tendências recentes.
Teresa Maneca Lima1
1
Citation: Maneca Lima, T.
(2015). The history of health
policies in Portugal: a look at
recent trends. Res Net Health.
1, e-1-11.
th
Published: 20 November
2015
Corresponding Author:
Teresa Lima
[email protected]
Centro de Estudos Sociais, Colégio S. Jerónimo, Universidade de Coimbra, 3000-995 Coimbra,
Abstract
The perspectives about the Portuguese health system evolution recognize that the creation and
expansion of the National Health Service (NHS) are placed in the political and social
democratization of the country. In addition to allow for the health care coverage of the Portuguese
population in a relatively short period, the NHS presents itself as the right to health main
guarantee. However, the current economic and financial crisis affecting Portugal and, in a
widespread context, the entire European continent, has stimulated the debate and space for a
public health policies reform. Pinpointed on the argumentation around unsustainability and
efficiency, the evaluation of the Portuguese health system is characterized by an incremental
approach to privatization, mainly on health care management and delivery. The individual
responsibility and the principle of user pay support the presence of private actors on the
Portuguese health system. Through a critical review of the health policies development in
Portugal, this article presents a historical outlook of the right to health and its future challenges.
Keywords: (public) health policies; right to health; economical-financial crisis.
Introdução
O atual contexto de crise económico-financeira que afeta de forma particularmente
intensa Portugal tem contribuído para relançar o debate sobre a situação do Serviço
Nacional de Saúde no âmbito das políticas públicas de saúde. O crescimento das
despesas com a saúde, num momento de forte contenção orçamental, tem conduzido a
algumas mudanças em termos de acesso e cuidados de saúde, cuja tendência tem
privilegiado a primazia do mercado, segundo o princípio do utilizador-pagador.
Apesar da proteção pública do direito à saúde, através da criação de um sistema público
universal com acesso garantido a todos os cidadãos, se ter transformado numa conquista
sólida e indiscutível do pós-25 de abril de 1974, os argumentos em torno da sua
eficiência e sustentabilidade financeira, derivada do crescimento da despesa pública nesta
área, conduziram a uma reforma do sistema público de saúde assente num movimento de
privatização dos cuidados de saúde e da gestão das unidades de saúde.
A discussão que tem sustentado esta reforma em Portugal centra-se em três princípios
fundamentais. O primeiro apresenta a saúde como não sendo um bem público, pelo que
Políticas de saúde em Portugal/Health policies in Portugal
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
Page 2 de 11
deverá ser aplicado o princípio do utilizador-pagador, estando o acesso gratuito reservado
aos que não podem pagar (Amaral, 2011). O segundo concretiza-se na aplicação da teoria
do custo-benefício à prestação dos cuidados, em que se avalia até onde deve o Estado
investir para ter um retorno em termos de resultado. Por fim, o terceiro princípio defende
que a sustentabilidade financeira dos sistemas públicos depende do Estado social deixar
de ser um sistema baseado no acesso universal e gratuito, passando a gratuitidade a ser
reservada apenas para os mais vulneráveis e com menos rendimentos.
Esta argumentação mostra que os sistemas públicos de saúde evoluem de acordo com
pressões contínuas de interesses e pontos de vista distintos. De facto, “na governação da
saúde, o desafio centra-se em conseguir compatibilizar a promoção e a proteção da saúde
das pessoas, com a necessidade de incentivar o crescimento económico da comunidade”
(Sousa, 2009, p. 884). No entanto, esta tendência, como enunciado por Nunes (2011),
pode ser reveladora de uma menor qualidade dos serviços e de um sistema público
orientado para a assistência apenas aos mais pobres.
A evolução das políticas em Portugal tem sido marcada por um conjunto de fatores que,
de certo modo, espelham os fundamentos apresentados. Através de um olhar histórico
para a sua evolução do sistema de saúde em Portugal é possível identificar uma tendência
para a adoção de uma maior responsabilidade individual no financiamento dos cuidados
de saúde. Este artigo tem o objetivo de apresentar uma resenha crítica da evolução das
políticas de saúde em Portugal nos últimos quarenta anos, recorrendo à análise
documental de estudos sociológicos e de relatórios técnicos produzidos pela Direção
Geral da Saúde e pelo Observatório Português dos Sistemas de Saúde, entre outros.
1. O sistema de saúde português: breve síntese de uma evolução recente
Os sistemas nacionais de saúde na Europa Ocidental, desenhados após a Segunda Guerra
Mundial, assentaram no direito igual de acesso de todos os cidadãos aos cuidados de
saúde, tanto básicos como diferenciados, sem estabelecerem diferenças em termos de
classe social, rendimento, sexo, raça, etnia ou orientação sexual. O seu financiamento
convencionou-se, principalmente, na redistribuição dos recursos públicos recolhidos
através dos impostos, promovendo o acesso gratuito universal dos cidadãos. Por sistema
de saúde entende-se “um conjunto de diversos tipos de recursos que o Estado, a
sociedade, as comunidades ou simples grupos de população reúnem para organizar a
proteção generalizada de cuidados na doença e na promoção da saúde” (Ferreira, 1988,
apud Almeida, 1999, p. 16). Esta definição deixa claro que um sistema de saúde é
complexo e atravessado por diferentes atores.
Antes do 25 de abril de 1974, a saúde em Portugal era constituída por várias instituições
prestadoras de cuidados de saúde, que na maioria dos casos se sobrepunha (OPSS, 2001),
pese embora sem conseguirem garantir quer um acesso universal quer a qualidade
exigível. De entre as instituições prestadoras encontravam-se: 1) as misericórdias,
instituições históricas de relevo na saúde, que geriam grande parte das instituições
hospitalares; 2) os serviços médico-sociais que prestavam cuidados médicos aos
beneficiários da Caixa de Previdência; 3) os serviços de Saúde Pública, vocacionados
para a proteção da saúde; 4) os hospitais estatais, localizados principalmente nos grandes
centros urbanos; e 5) os serviços privados dirigidos a classes socioeconómicas mais
elevadas. Esta estrutura ilustra o modo como estávamos perante um sistema bastante
fragmentado e onde o Estado tinha uma intervenção reduzida, reflexo de uma conceção
assistencialista dos serviços médico-sanitários.
Políticas de saúde em Portugal/Health policies in Portugal
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
Page 3 de 11
Em 1971 assiste-se a uma reforma do sistema de saúde através da publicação do DecretoLei n.º 413/71, de 27 de setembro, que veio conferir uma maior responsabilidade ao
Estado, passando este a ser responsável pela definição e execução da política de saúde.
Para além da diminuição das barreiras ao acesso de cuidados médico (Barros, n.d.), esta
reforma contemplou, igualmente, a criação dos Centros de Saúde. Apesar de uma
implementação tímida e de espetro limitado, esta reforma forneceu as bases para o futuro
Serviço Nacional de Saúde, estabelecido após 1974.
Nos últimos quarenta anos, vários foram os fatores que definiram e determinaram o
sistema de saúde atual, bem como a sua evolução. Em termos históricos é possível
identificar diferentes períodos de evolução e desenvolvimento que “correspondem a
diferentes agendas políticas” (Sousa, 2009, p. 886). Seguindo a classificação proposta
por Carapinheiro e Pinto (1986) e Campos (2011) é possível identificar seis períodos.
O primeiro período acontece imediatamente após a revolução de 25 de abril de 1974 e
estende-se até 1985, onde se assiste à criação e expansão do Serviço Nacional de Saúde
(SNS). O segundo período, que decorre entre 1985 e 1995, corresponde a uma época
marcada pela mudança da fronteira entre o público e o privado, onde do ponto de vista
ideológico e da sustentabilidade financeira se colocou a possibilidade de desenvolver um
sistema alternativo ao SNS. O terceiro, compreendido entre 1995 e 2002, apesar de
caracterizado por uma aproximação à lógica de funcionamento do mercado, com uma
política centrada na introdução de uma nova gestão pública dos hospitais e centros de
saúde, é marcado por um aumento da oferta dos serviços de saúde, com a introdução de
novos atores na gestão e prestação de cuidados contratualizados com o Estado.
Entre 2002 e 2005, é possível identificar de forma notória a ideia de complementaridade
entre as lógicas públicas e privadas na saúde. Este quarto período comporta uma forte
combinação de estratégicas centradas na eficiência e um discurso assente na promoção de
um modelo misto, entre o público e o privado. O quinto período de evolução, que se
estende entre 2005 e 2009, volta a registar uma fase de alargamento e modernização do
SNS, que coincide com a introdução do conceito de eficiência, que passa a modelar e
definir as políticas públicas, tanto na saúde como nas restantes áreas (paradigma da nova
administração pública ou new public management - que em Portugal se instalou com
maior preponderância no virar do século).
O sexto e último período instalou-se com o agudizar do cenário de crise económicofinanceira, após 2010, com Portugal a necessitar de uma intervenção financeira externa
através da Troika, com quem se assinou o Memorando de Entendimento que veio moldar
a definição e implementação das políticas públicas desde então. Neste período atual, os
imperativos de ordem financeira marcaram de forma mais premente o ideal de eficiência,
inserindo a lógica da maximização dos recursos e de um menor peso do Estado, em nome
da redução da despesa pública, iniciando-se, assim, o que se pode definir como a reforma
mais profunda do sistema de saúde português.
De seguida, apresenta-se de forma sucinta uma breve resenha histórica sobre os seis
períodos históricos identificados nos últimos quarenta anos em Portugal, na evolução das
políticas de saúde públicas.
Políticas de saúde em Portugal/Health policies in Portugal
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
Page 4 de 11
1.1. O sistema de saúde português entre 1974 e 1985: a criação e implementação do
SNS
As reformas em termos das políticas sociais, introduzidas após a Revolução de 1974,
mudaram profundamente a intervenção do Estado, a conceção de Estado Social e,
consequentemente, o reconhecimento do direito à saúde. A Constituição da República
Portuguesa, de 1976, consagrou no seu artigo 64.º o direito à proteção da saúde através
da "criação de um serviço nacional de saúde universal, geral e gratuito", estabelecendo a
obrigação do Estado “orientar a sua ação para a socialização da medicina e dos setores
médico-medicamentosos”. Ao mesmo tempo, o texto constitucional consagra de forma
clara a proteção legal de todos os cidadãos de forma igual, num sistema de saúde em que
cada indivíduo contribui através dos seus impostos.
Três anos depois, em 1979, é publicada a Lei do Serviço Nacional de Saúde (SNS) – Lei
n.º 56/79, de 15 de setembro –, dando, assim, corpo e regulamentação ao preceito
constitucional e representando o primeiro modelo político na saúde (Simões, 2004;
Simões & Dias, 2009). A expansão e definição do SNS estendem-se até 1985, um
período demasiado longo na opinião de Mozzicafreddo (2000), cuja justificação se
encontra nas lutas internas entre o Estado e o sistema corporativo bastante enraizado na
sociedade portuguesa (em particular a classe médica). Apesar de uma debilidade
estrutural clara, nomeadamente em termos financeiros (OPSS, 2001), a construção do
SNS foi-se consolidando através, entre outras medidas, pela criação de uma rede de
cuidados primários.
1.2. O sistema de saúde português entre 1985 e 1995: o reforço dos privados e a
partilha de custos
No ano de 1986, Portugal torna-se membro da atual União Europeia (UE). Com esta
integração assistiu-se a um desenvolvimento das infraestruturas sociais, através do acesso
a financiamento europeu, o que permitiu, no caso concreto da área da saúde, uma
expansão dos equipamentos do SNS.
Em 1989, o texto constitucional é alterado, passando o artigo 64.º a ter a seguinte
redação: “serviço nacional de saúde universal e geral e, tendo em conta as condições
económicas e sociais dos cidadãos, tendencialmente gratuito”, com o seu n.º 2 a incluir o
conceito de “socialização dos custos dos cuidados médicos e medicamentosos”. Ou seja,
o próprio Constituição passa a incluir de forma direta a noção de custos e a partilha de
responsabilidades no financiamento do próprio SNS, ou seja, a permitir a introdução das
taxas moderadoras.
A Lei de Bases da Saúde, publicada em 1990 (Lei n.º 48/90, de 24 de agosto) veio
redefinir a atuação do Estado como responsável pelos cuidados de saúde, passando este a
operar através da criação de serviços próprios, celebrando acordos com entidades
privadas para a prestação de cuidado e apoio à saúde. Ao Estado cabia, cada vez mais, o
apoio e fiscalização da atividade privada na área da saúde. Com esta alteração, a saúde
passa a ser uma responsabilidade não exclusiva do Estado. As iniciativas sociais e
privadas são chamadas a intervir e a desempenhar um papel complementar importante na
prestação dos cuidados de saúde. Como descrito no estudo liderado por Maria Ioannis
Baganha, “o ano de 1990 é considerado como um ano de viragem decisiva no Sistema de
Saúde Português” (Baganha, Ribeiro & Pires, 2002, p. 6).
Políticas de saúde em Portugal/Health policies in Portugal
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
Page 5 de 11
A viragem em termos das políticas de saúde é consolidada em 1993 com a publicação do
Decreto-Lei n.º 11/93, de 15 de janeiro, que define o Estatuto do Serviço Nacional de
Saúde. O sistema nacional de saúde português passa a ser caracterizado pela coexistência
de três sistemas articulados: 1) o Serviço Nacional de Saúde, dependente do Ministério
da Saúde; 2) os subsistemas de saúde públicos de apoio; e 3) as entidades privadas com
acordo com o SNS, configurando-se como um sistema misto.
Esta mudança é entendida como uma alteração da fronteira entre o público e o privado,
onde, do ponto de vista ideológico e da sustentabilidade financeira, se colocou a
possibilidade de desenvolver um sistema alternativo ao SNS, cujo objetivo central residia
em conter a despesa mas sem deixar de garantir o acesso à prestação de cuidados
(Saltman, 1994).
1.3. O sistema de saúde português entre 1995 e 2002: a eficiência na gestão pública
da saúde
O período que decorre entre 1995 e 2002, identificado como correspondendo a um
terceiro período de desenvolvimento do sistema de saúde português, apresenta uma nova
política centrada em novas formas de gestão e organização dos hospitais. Apesar de se
verificar um retomar ideológico do SNS, como explicam Simões e Dias (2009), com o
abandono doutrinal do princípio de ‘mais mercado’ no sistema de saúde, é introduzida
uma nova forma de gestão com a incorporação dos princípios do privado, do mercado e
do lucro no sistema público.
Tendo como grande objetivo a melhoria da administração pública na saúde, dando maior
flexibilidade e capacidade de inovação à sua administração, a introdução da lógica
empresarial na gestão dos hospitais procurou resolver duas das grandes dificuldades que
desafiavam o setor da saúde: o financiamento do SNS e o aumento das listas de espera
nas consultas e prestação de cuidados de saúde. Neste sentido, a reforma procurou
aumentar a eficiência e eficácia dos recursos alocados, quer humanos, quer financeiros.
Dentro das diferentes intervenções são de salientar: 1) a introdução de um novo regime
remuneratório, experimental, que tinha em consideração o desempenho profissional e que
pretendida dar maiores incentivos à produtividade e satisfação; 2) a criação das agências
de contratualização no âmbito das administrações regionais, permitindo uma maior
desconcentração no planeamento e controlo das unidades de saúde; e 3) a adoção de
regras privadas na gestão dos recursos humanos e na aquisição de bens e de serviços com
a publicação de novos estatutos jurídicos para os hospitais - num primeiro momento com
o Hospital de Santa Maria da Feira e posteriormente com a Unidade Local de Saúde de
Matosinhos e o Hospital do Barlavento Algarvio.
A introdução da lógica de mercado aplicada à gestão e aos profissionais correspondeu, na
ótica de Stoleroff e Correia (2008), a uma desregulação que conduziu a uma
mercadorização da prestação pública dos cuidados de saúde e a uma individualização das
relações de trabalho. Esta análise não é consensual. Tiago Correia, por exemplo, refere
que esta reforma apenas representou uma mercadorização parcial, uma vez que apesar da
introdução dos princípios de direito privado no funcionamento das instituições, o
prestador de cuidados continuou a orientar-se por uma lógica estatal (Correia, 2009). Já
Paulino Sousa nota que as experiências de empresarialização pública “foram avaliadas
positivamente” e permitiram a introdução de critérios de qualidade (Sousa, 2009, p. 888).
Políticas de saúde em Portugal/Health policies in Portugal
Page 6 de 11
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
1.4. O sistema de saúde português entre 2002 e 2005
O sistema de saúde português após 2002 caracterizou-se por uma expansão e uma
reorientação das políticas anteriores, com uma nova relação entre os espaços público,
privado e social. A nova agenda política para a saúde, definida com a publicação do novo
regime jurídico da gestão hospitalar, Lei n.º 27/2002, de 8 de novembro, que alterou
alguns pontos da Lei de Bases da Saúde de 1990, apresenta o conceito de “rede de
prestação de cuidados de saúde”, integrando hospitais públicos “tradicionais”, hospitais
públicos com natureza empresarial, hospitais-sociedades anónimas de capitais públicos e
estabelecimentos privados, com ou sem fins lucrativos. Entre outras alterações,
estabelece também a existência de contratos individuais de trabalho aplicável aos
profissionais do Serviço Nacional de Saúde.
Esta reforma estabeleceu, do ponto de vista teórico, um mercado misto e consolidou as
experiências anteriormente implementadas, sedimentando a aposta no processo de
empresarialização dos hospitais. Baseando a sua organização e funcionamento na
articulação de redes de cuidados primários, diferenciados e continuados, este novo
sistema de saúde passa a definir-se sem que o Estado e o SNS se constituam como
referência preferencial (Simões & Dias, 2009, p. 8). Deste modo, a separação entre
entidade(s) financiadora(s) e prestadoras de cuidados e a introdução de alguma forma de
mercado ou de mecanismo de competição nos sistemas públicos tornou-se clara.
Ao mesmo tempo, a discussão sobre a sustentabilidade do sistema de saúde foi-se
fortalecendo, legitimando um abrandamento do crescimento da despesa pública na área
da saúde e o recuar da ação do Estado na prestação de serviços, através do reforço das
parcerias público-privadas.
1.5. O sistema de saúde português entre 2005 e 2009: eficiência e sustentabilidade
Após 2005, assiste-se ao desenvolvimento de uma política que aposta no alargamento e
modernização do SNS. Introduzindo o conceito de eficiência, a nova reforma, ao mesmo
tempo que fomenta um intenso debate sobre o futuro do serviço nacional de saúde e a sua
sustentabilidade, aposta no alargamento da rede de cuidados primários, mantendo o
processo de empresarialização dos hospitais públicos e a concorrência entre os
prestadores públicos e privados.
Reflexo de uma tendência geral em termos europeus, esta reforma tem como ideologia o
assegurar dos interesses coletivos segundo princípios de eficácia e eficiência e lógicas de
funcionamento privado. De acordo com a análise de Tiago Correia, tem “implícita a ideia
de desperdício e de ineficiência do tradicional setor público e a ideia das qualidades de
gestão do setor privado (Correia, 2009, p. 84). Dentro deste paradigma, a
empresarialização hospitalar corresponde a uma necessidade de racionalização dos gastos
públicos e ao consenso de que o modelo de sistema de saúde implementado após a
segunda guerra mundial se tornou, hoje, insustentável para o Estado devido a vários
fatores que exigem mais e inovadores cuidados de saúde, como, entre outros, o
envelhecimento da população, o surgimento de novas doenças ou, simplesmente, maiores
exigências de cuidados de saúde.
Com o abrandamento do crescimento económico, sentido logo em 2008, a diminuição da
intervenção direta do Estado pareceu justificar-se. Como analisado por Mariana Silva, as
políticas de saúde implementadas durante este período “acentuam a manutenção da
referência ideológica do SNS e alargamento e modernização de serviços, ao mesmo
Políticas de saúde em Portugal/Health policies in Portugal
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
Page 7 de 11
tempo que se mantêm e acentuam as estratégias que visam os ganhos de eficiência”
(Silva, 2012, p. 123). A valorização da qualidade passa a dominar a agenda política,
enquanto elemento central na avaliação e gestão dos sistemas de saúde. A associação da
qualidade ao ideal da sustentabilidade mudou em definitivo o panorama das políticas
públicas e passou a dominar o discurso público sobre o futuro do sistema de saúde
português.
1.6. O sistema de saúde português após 2010: a crise económica e os desafios às
políticas de saúde
Com o agudizar do cenário de crise económica, após 2010, os imperativos de ordem
financeira marcaram de forma mais premente o ideal de eficiência, inserindo as lógicas
da maximização dos recursos e de um menor peso do Estado, em nome da redução da
despesa pública. Um bom exemplo destas pressões económicas e financeiras é a
alteração que decorreu nos termos da aplicação das taxas moderadoras. A partir de 1 de
janeiro de 2010, apesar de terem sido revogadas as taxas moderadoras aplicáveis ao
acesso a internamento e ao ato cirúrgico em ambulatório, outras viram os seus valores
aumentarem. Passaram também a estar sujeitos ao pagamento de taxas moderadoras: 1) a
realização de exames complementares de diagnóstico e terapêutica em serviços de saúde
públicos ou privados convencionados, com exceção dos efetuados em regime de
internamento; 2) a utilização de serviços de urgência hospitalares e centros de saúde; e 3)
as consultas nos hospitais, nos centros de saúde e em outros serviços de saúde públicos
ou privados convencionados.
Continuando a postular-se ideia de que a privatização e a prestação de serviços de saúde
de organizações mercantis é mais eficiente e adequada, pode-se afirmar que a
participação financeira dos cidadãos, entendidos enquanto atores parte nos cuidados de
saúde, tornou-se uma realidade cada vez mais presente no âmbito do sistema de saúde
português. Embora as taxas moderadoras não sejam aplicadas a todos os serviços
prestados, e mesmo existindo uma franja significativa da população que se encontra
isenta do seu pagamento devido a carências económicas e/ou doenças específicas, estas
reforçam a responsabilidade individual no acesso aos cuidados de saúde e acentuam o
carácter “tendencialmente gratuito”, ou seja, a participação financeira crescente dos
cidadãos nos custos de saúde.
Algumas análises recentes têm apontado o contexto de crise como uma oportunidade de
consolidar um sistema baseado na solidariedade e na equidade e garantir a proteção
adequada aos mais vulneráveis (OPSS, 2011). No entanto, este cenário pode, igualmente,
conduzir a uma erosão progressiva do sistema público de saúde (Nunes, 2011), com
diminuição da intervenção direta do Estado. Não sendo ainda possível avaliar o impacto
a médio e longo prazo das medidas restritivas introduzidas e da redução dos recursos
financeiros no setor da saúde com origem no Orçamento Geral do Estado, é certo que a
diminuição do nível de bem-estar da população, o aumento do desemprego e a
precariedade podem vir comprometer a qualidade e o acesso aos cuidados de saúde
(Silva, 2012).
Políticas de saúde em Portugal/Health policies in Portugal
Page 8 de 11
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
2. A saúde em Portugal: da melhoria dos indicadores aos desafios futuros
Acompanhando a progresso das políticas de saúde em Portugal, os principais indicadores
sociodemográficos e de saúde denotam uma evolução considerada positiva, com uma
aproximação aos valores médios da União Europeia, de que é exemplo a redução
significativa da taxa de mortalidade infantil. De acordo com os dados apresentados na
Tabela 1, verificamos que no caso da taxa de mortalidade infantil passamos de um valor
de 55,5‰ em 1970 para 2,9‰ em 2013. Um outro indicador merecedor de destaque é a
esperança média de vida. Tanto no caso das mulheres como dos homens, assistiu-se a um
aumento considerável, reflexo da melhoria das condições de vida e da prestação de
cuidados de saúde à população portuguesa.
____________________________________________________________________________________________________
Tabela 1: Evolução em Portugal de alguns indicadores sociodemográficos e de saúde
1960
1970
1981
1991
2001
2011
2013
8.865,00
8.680,60
9.851,30
9.960,20
10.362,70
10.557,60
10.457,30
-
-
1.132.638
1.372.543
1.705.274
1.992.034
2.051.225
-
-
11,5
13,8
16,5
18,9
19,6
-
32,9
45,4
70
101,6
125,8
133,5
Taxa de mortalidade infantil (‰)
77,5
55,5
21,8
10,8
5
3,1
2,9
Esperança de vida à nascença (Homens)
60,7
64
68,2
70,6
73,3
76,7
-
Esperança de vida à nascença (Mulheres)
66,4
70,3
75,2
77,6
80,1
82,6
-
Taxa bruta de mortalidade
10,7
10,7
9,7
10,4
10,1
9,7
10,2
População (milhares)
Idosos
65 ou mais anos
Idosos (%)
65 ou mais anos
Índice de envelhecimento
Idosos por cada 100 jovens
Fonte: Pordata, 2014
A melhoria das condições sociais da população, como resultado do incremento das
políticas e do desenvolvimento económico, social, científico e tecnológico registado nas
últimas décadas, principalmente nos países desenvolvidos, é apresentada como grande
impulsionador para a resolução de alguns problemas de saúde (Sousa, 2009). Todavia, as
alterações ocorridas, nomeadamente em termos de estilos de vida, comportamentos e
condições sociais e laborais, são também responsáveis pelo aparecimento de novos
problemas e desafios em termos de saúde.
O aumento da esperança média de vida, o envelhecimento populacional e a maior
incidência de doenças crónicas constituem-se como novas dinâmicas com desafios claros
aos cuidados de saúde prestados. Por exemplo, o caso das doenças crónicas, identificadas
como a principal causa de morbilidade e mortalidade nas sociedades desenvolvidas,
representam um excessivo consumo de cuidados de saúde e uma maior pressão sobre os
serviços de prestação de cuidados de saúde, na medida em que são responsáveis por
situações de incapacidade e de perda da qualidade de vida (Ministério da Saúde, 2004).
O envelhecimento populacional, sendo um fenómeno social complexo presente nas
sociedades industrializadas, resultado do efeito cumulativo da diminuição da mortalidade
e da natalidade e do aumento da esperança média de vida, ganhou um impacto social e
económico relevante. Consequência direta dos progressos da medicina e das
transformações económicas e sociais, este fenómeno coloca sérios desafios e obriga a
Políticas de saúde em Portugal/Health policies in Portugal
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
Page 9 de 11
uma reformulação das políticas de saúde, mas também do trabalho, lazer qualidade de
vida e segurança social. Segundo o Departamento de Estatística da União Europeia
(Eurostat, 2004), Portugal em 2050 será o quarto país da União Europeia com maior
percentagem de idosos (31,9%), só ultrapassado por Espanha (35,6%), Itália (35,3%) e
Grécia (32,5%). Esta realidade pode vir a ter impactos significativos em termos dos
recursos humanos para os sistemas de saúde, com o aumento do número de trabalhadores
na faixa etária dos 55 aos 64 anos, mas também em termos do acesso aos cuidados, uma
vez que são os idosos os que apresentam maiores necessidades de cuidados. Por outro
lado, o momento económico e social marcado por uma crise económica e financeira sem
precedentes, que obrigou os Estados a implementarem medidas de contensão nas
despesas públicas, teve também implicações nas dinâmicas familiares. O aumento do
desemprego e a diminuição dos rendimentos do trabalho elevaram o número de famílias
dependentes dos apoios sociais e, por conseguinte, com maiores dificuldades em cuidar
dos seus idosos.
Esta realidade é determinante de novas necessidades de cuidados de saúde, a serem
consideradas nas futuras reformas do sistema português de saúde. A esta exigência juntase a necessidade do atual sistema continuar a ser um mecanismo de proteção social na
saúde, mantendo a sua sustentabilidade financeira, melhorando o acesso aos cuidados de
saúde e combatendo as assimetrias e desigualdades no acesso aos cuidados de saúde que
continuam a sentir-se no contexto português (Santana, 2005, 2014).
3. Reflexões finais
Decorridas quase quatro décadas após a implementação do Sistema Nacional de Saúde
em Portugal, muitas foram as alterações introduzidas. Em termos constitucionais, o texto
sofreu alguns ajustamentos. A principal modificação ocorreu no direito a um sistema de
saúde universal que garanta a todos os cidadãos os tratamentos necessários ao
restabelecimento da sua saúde, que passou de gratuito a tendencialmente gratuito. Esta
alteração, apesar de continuar a pressupor que os cuidados não estão sujeitos a um
pagamento, abriu a possibilidade de introduzir a aplicação de taxas que moderam o
recurso ao sistema – as designadas taxas moderadoras. Tendo por base de sustentação os
argumentos em torno da ideia de que o acesso aos cuidados de saúde deve ser pago em
função da condição económica dos utentes, o Serviço Nacional de Saúde em Portugal
foi-se orientando para utentes com menores rendimentos. Como analisado por João
Arriscado Nunes, este tipo de alteração parece ter contribuído para uma redução de
recursos “comprometendo tanto a sua capacidade de garantir ao acesso aos cuidados
inscritos na Constituição da República como um direito de todos os cidadãos como a
prestação de cuidados diferenciados e a própria qualidade dos serviços prestados”
(Nunes, 2011, p. 149).
Enfrentando pressões associadas ao aumento da despesa, às alterações demográficas, à
diminuição ou estagnação do crescimento económico e, mais recentemente, aos
constrangimentos fiscais, as políticas de saúde foram-se adaptando tanto às necessidades
sociais como às demandas políticas, sem, no entanto, conseguirem, nos dias que correm,
gerar um nível de aprovação pública satisfatório (Cabral, Silva & Mendes, 2003; Cabral
& Silva, 2009).
Perante os avanços e recuos e as mudanças de orientações políticas, o SNS mantém-se
como elemento estruturante da prestação de cuidados de saúde pública e o instrumento
público de regulação da oferta. Contudo, a articulação crescente entre as esferas públicoprivada, descrita como incontornável, aliada à necessidade de racionalização dos gastos
públicos é vista como um crescente espaço de ação para os agentes privados, onde o
Políticas de saúde em Portugal/Health policies in Portugal
Page 10 de 11
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
direito à saúde deixa de ser entendido como responsabilidade única do Estado. Por sua
vez, as dinâmicas sociodemográficas recentes, onde o envelhecimento populacional se
apresenta como o grande desafio, exortam as reformas e transformações futuras do
sistema de saúde a não descurar o ideal fundador do serviço público de saúde: a garantia
universal do direito à saúde.
Referências
Almeida, H. J. (1999). A unidade funcional de saúde: impacto nos barómetros do sistema de saúde
português. XXVI Curso de Administração Hospitalar 1996-1998. Escola Nacional de Saúde Pública,
10-56.
Amaral, L. M. (2011). O futuro do Estado Social: o caso da saúde. Publico, 8 de maio.
Baganha, M. I., Ribeiro, J., Pires, S. (2002). O sector da Saúde em Portugal. Funcionamento do sistema
e caracterização sócio-profissional. Oficina do CES, 182, 1-33. Retrived from
http://www.ces.uc.pt/publicacoes/oficina/ficheiros/182.pdf.
Barros, P. P. (n.d.). As políticas de saúde em Portugal nos últimos 25 anos: evolução da prestação na
década 1987-1996.
Cabral, M. V. & Silva, P. A. (2009). Os Portugueses e o SNS hoje. Acesso, Avaliação e Atitudes da
População Portuguesa Perante a Saúde e o Sistema Nacional de Saúde. Lisboa: Instituto de Ciências
Sociais da Universidade de Lisboa.
Cabral, M. V., Silva, P. A., & Mendes; H. (2003). Saúde e Doença em Portugal. Inquérito às Atitudes e
Comportamentos da População Portuguesa Perante o Sistema Nacional de Saúde. Lisboa: Imprensa
de Ciências Sociais.
Campos, A. C. (2011). O Percurso da Saúde: Portugal na Europa. Coimbra: Almedina.
Carapinheiro, G., Pinto, M. P. (1986). Políticas de saúde num país em mudança. Portugal nos anos 70 e
80. Sociologia, Problemas e Práticas, 1, 71-109.
Correia, T. (2009). A reconceptualização dos modos de produção de saúde no contexto da reforma
hospitalar portuguesa, Revista Crítica de Ciências Sociais, 85, 83-103.
EUROSTAT (2004). Formation des ménages dans l'UE – Parents isolés. Statistiques en bref, Thème 3:
Population et conditions sociales, 5, 1-7.
Hood, C. (1991). A Public Management for All Seasons. Public Administration, 69(1), 3-19.
Ministério da Saúde (2004). Implementação do Plano Nacional de Saúde 2004-2010. Lisboa: Direção
Geral da Saúde.
Mozzicafreddo, J (2000). Estado-providência em Portugal. Oeiras: Celta Editora.
Nunes, J. A. (2011). Os mercados fazem bem à saúde? O caso do acesso aos cuidados. Revista Crítica
de Ciências Sociais, 95,137-153.
Observatório Português do Sistema de Saúde – OPSS (2001). Conhecer os caminhos da saúde:
relatório de primavera do OPSS. Lisboa: OPSS.
Observatório Português do Sistema de Saúde – OPSS (2011). Da depressão da crise, para a
governação prospetiva da saúde. Lisboa: OPSS.
Saltman, R. B. (1994). A conceptual overview of recent health care reforms. European Journal of
Public Health, 4(4), 287-293.
Santana, P. (2005). Geografias da Saúde e do Desenvolvimento. Evolução e Tendências em Portugal.
Coimbra: Editora Almedina.
Santana, P. (2014). Introdução à Geografia da Saúde: Território, Saúde e Bem-Estar. Coimbra:
Imprensa da Universidade.
Silva, M. V. (2012). Políticas públicas de saúde. Tendências recentes. Sociologia, Problemas e
Práticas, 69, 121-128.
Simões, J. (2004). Retrato político da saúde. Dependência de percurso e inovação em saúde: da
ideologia ao desempenho. Coimbra: Almedina.
Políticas de saúde em Portugal/Health policies in Portugal
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
Page 11 de 11
Simões, J. & Dias, A. (2009). A governação em saúde em Portugal e a saúde nas políticas. Linhas de
Saúde, 1, 7-10.
Sousa, P. A. F. (2009). O sistema de saúde em Portugal: realizações e desafios, ACTA, 22, 884-894.
Stoleroff, A. & Correia, T. (2008). A empresarialização do setor hospitalar público português: a
desregulação do mercado de trabalho médico e os desafios sindicais para a sua re-regulação, CIES eWorking Paper, 47, 1-31. Retrieved from http://www.cies.iscte.pt/destaques/documents/CIESWP47_Stoleroff-Correia_.pdf.
Políticas de saúde em Portugal/Health policies in Portugal
Page 1 de 13
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
RESEARCH ARTICLE
Music in hospitalized patients: changes in heart rate
Musica em doentes hospitalizados: Alterações na
frequência cardíaca
Gui Rego, Patrícia Coelho1, Alexandre Pereira1,2
1
Escola Superior de Saúde Dr. Lopes Dias, Instituto Politécnico de castelo Branco, Av. do
Empresário, 6000-767 Castelo Branco
2
Citation: Rego, G., Coelho, P.
& Pereira, A. (2015). Music in
hospitalized patients: changes
in heart rate. Res Net Health 1,
e-1-13.
Received: 13th January 2015
Accepted: 13th May 2015
Published: 20th November
2015
Funding: Instituto Politécnico
de Castelo Branco, Escola
Superior de Saúde Dr. Lopes
Dias; Hospital Amato Lusitano;
Hospital de Santarém; Hospital
do Divino Espírito Santo de
Ponta Delgada.
Corresponding Author:
Gui Rego
[email protected]
Centro Hospitalar Cova da Beira, Quinta do Alvito 6200-251 Covilhã
Abstract
Introduction: Music can be characterized as a representation of feelings, having also
scientifically evidenced benefits in various contexts. The heart rate variability is directly related to
the central nervous system and any situations that can influence it. Therefore, depending on the
type of music, heart rate may be subject to changes that may be related to the emotional wellbeing that music stimulate. To that purpose, the main objective was to study the heart rate
variation in a group of individuals exposed to music that can trigger different emotional states.
Methods: In the first phase of the study, 20 classical music songs were tested in 73 healthy
subjects, in order to distinguish two songs that stimulate distinct emotions with the purpose of
applying them in the second phase of the study, namely to a sample collected in 3 geographical
dispersed hospitals, so as to ensure an evaluation in the same clinical contexts but different
geographic locations. The two songs were applied to 50 subjects and we registered the heart rate
in four different times, before and after each song with an interval of 3 minutes between each
time, including a break between songs. Thus, this study is considered prospective cross-sectional
with non-probability sampling technique for convenience.
Results: We found statistically significant differences in heart rate at the 2-4 moment (p = 0.04)
and at the 3-4 moment (p = 0.005), with a significant correlation of the same with Gender and
Moment (p = 0.019), Place and Moment / Music (p = 0.039) and Stress and Moment / Music (p =
0.030).
Conclusion: We found changes in heart rate according to the emotional nature of music, thus
confirming the central research hypothesis of this study.
Keywords: Music, Heart Rate, Emotions.
Introdução
Diversas entidades de renome histórico, desde grandes filósofos, conquistadores,
passando por inteiras civilizações, referem a música como elemento influenciador na
medicina, ou a mesma como fator desencadeador de relaxamento (Chaves, Prado, &
Matta, 2011; Hatem, Lira, & Mattos, 2006; Todres, 2006).
A música provém do vocábulo grego musa, que significa inspiração, poesia, harmonia e
encanto. É uma das sete artes liberais, pertencente ao grupo Quadrivium, arte que
começou a ser estudada e sistematizada na antiguidade clássica grega e romana
(Infopédia, 2003). Apesar de ter muitas definições, não deixa de ter um princípio físico
Music & heart rate/Música e frequência cardíaca
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
Page 2 de 13
associado, nomeadamente à física do som. Este movimento de ondas sonoras é captado
pelo ouvido que, por sequências fisiológicas, chega ao cérebro, aumentando a atividade
do mesmo. Assim sendo, se este som aumentar a atividade cerebral, o mesmo vai
desencadear um enorme leque de emoções, devido à produção de várias hormonas que
tornam o corpo apto a responder ao que está a ser ouvido. Neste sentido, quando ouvimos
música marcamos, de forma inconsciente, o compasso. No entanto, importa ressalvar que
a música produz mais efeitos do que apenas marcar o ritmo (com o dedo ou com o pé).
Esta afeta igualmente outros órgãos, desencadeando alterações neuro-sensitivas entre os
quais se encontra a alteração da Frequência Cardíaca (FC).
A música é uma arte que merece desenvolvimento e investigação, enquanto arte
desencadeadora de efeitos fisiológicos, que podem vir a ser utilizados futuramente como
meios de terapia não farmacológica. Estudos referem que a música não só acalma,
tranquiliza e conforta a pessoa, como também pode auxiliar no tratamento de
determinadas perturbações psicológicas (Benezom, 1988; Ruud, 1990, 1991; Todres,
2006).
A musicoterapia como exemplo terapêutico da utilização da música, respeita um
Princípio, denominado Princípio de Identidade Sonora - ISO (Benezom, 1988; Júnior,
2008; Ruud, 1990, 1991), que significa que deve-se utilizar um andamento musical
coincidente com a frequência cerebral para que a pessoa seja estimulada, isto é, se o
indivíduo sente-se deprimido, deve ser exposto a música lenta, visto coincidir com a
atividade cerebral. Caso este Princípio não seja respeitado, a música poderá levar a um
choque entre ambas as frequências, a musical e a cerebral, levando a que o indivíduo não
crie pontes de ligação entre a atividade cerebral e a música, ou seja, ao terapeuta,
produzindo assim um antagonismo da terapia. Portanto, a música vem atuar
fundamentalmente como técnica psicológica. Os profissionais de saúde têm vindo a darlhe relevância em diversos grupos de indivíduos, entre os quais: submetidos a
quimioterapia, com doenças cardíacas, acidentados e em ambiente de urgências,
neurológicos, psiquiátricos, com quadros álgicos, pós-operados, com incapacidades
severas ou ainda em neonatos internados nos cuidados intensivos (Chaves, Prado, &
Matta, 2011).
É possível verificar que atualmente vários departamentos hospitalares, ou instituições
que remetam para o acolhimento do ser humano, são um forte local para aplicar-se a
música.
Esta investigação propõe-se a estudar as alterações da FC em indivíduos hospitalizados e,
para tal, estabeleceu-se como objetivo principal verificar a variação da FC quando um
determinado grupo de indivíduos é exposto à audição de música clássica.
Materiais e Métodos
Este é estudo prospetivo do tipo transversal, com técnica de amostragem não
probabilística por conveniência.
Numa primeira fase de estudo, foram testadas 20 músicas clássicas em 73 indivíduos
saudáveis numa primeira fase do estudo, de forma a obter duas músicas que
desencadeassem emoções díspares, com o objetivo de as aplicar na amostra em estudo.
Music & heart rate/Música e frequência cardíaca
Page 3 de 13
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
Posteriormente, já na segunda fase do estudo, aplicámos as duas músicas selecionadas à
amostra de 50 indivíduos hospitalizados, recolhida em 3 hospitais a nível nacional de
localização geográfica diferente.
O material utilizado na primeira fase foi um computador portátil, colunas e inquéritos.
Na segunda fase foi necessário um leitor de mp3, auriculares, um eletrocardiógrafo de 3
canais com velocidade de registo em papel de 25 mm/s e 10 mm/mV de amplitude e
inquéritos. Na realização deste estudo, todos os indivíduos que participaram em ambas as
fases assinaram um consentimento informado, através do qual puderam decidir
livremente sobre a sua participação no estudo.
Os dados foram tratados estatisticamente de forma a manter o anonimato, assegurando
desta forma a sua confidencialidade e a equipa de investigação declara ter sempre
respeitado os princípios da declaração de Helsínquia.
O estudo obteve o parecer das comissões de ética das instituições envolvidas.
Amostra
Para que o estudo fosse aplicado procedemos à identificação das músicas que
desencadeavam determinadas emoções em indivíduos saudáveis e jovens, por serem
estes os que possibilitam identificar as emoções que cada música transmite.
Inicialmente, apenas para a primeira fase, foram inquiridos 73 indivíduos, alunos do
curso de Licenciatura em Cardiopneumologia na Escola Superior de Saúde Dr. Lopes
Dias em Castelo Branco, sendo 25 % do sexo masculino (n = 18) e 75 % do sexo
feminino (n = 55), com idades compreendidas entre os 17 e os 25 anos, obtendo-se uma
média de idades de aproximadamente 20,41 anos e desvio padrão de ± 1,66 anos.
Depois de selecionadas as músicas a este grupo inicial foi recolhida a amostra do estudo
em 3 hospitais de Portugal, na segunda fase, de forma a garantir uma amostra
heterogénea, com perceções e padrões de vida diferentes (desta forma selecionou-se uma
ilha, um hospital do interior e outro do litoral do continente português). Os indivíduos
que aceitaram fazer parte do estudo encontravam-se internados nos serviços de
Cardiologia e Pneumologia dos hospitais: Amato Lusitano de Castelo Branco; Distrital
de Santarém; Divino Espírito Santo de Ponta Delgada – Açores, tendo sido a população
composta por 58 indivíduos, dos quais foram excluídos 8 por apresentarem fibrilhação
auricular ou idade inferior a 45 anos.
Foram incluídos todos os indivíduos que tinham idades acima dos 45 anos, ritmo sinusal,
que aceitaram participar no estudo e que estavam internados nos hospitais já referidos.
Do total da amostra estudada 17 indivíduos foram conseguidos no Hospital Amato
Lusitano, 17 no Hospital de Santarém e 16 no Hospital de Ponta Delgada, como se pode
verificar na Figura 1. No Hospital de Santarém 35 % dos indivíduos eram do sexo
feminino e 65 % do sexo masculino. Já no hospital de Ponta Delgada a amostra foi
maioritariamente feminina (62 %) em relação à masculina (38 %). No hospital de Castelo
Branco a amostra foi mais homogénea, apresentando 47 % dos indivíduos do sexo
feminino e 53 % do sexo masculino.
Music & heart rate/Música e frequência cardíaca
Page 4 de 13
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
Figura 1. Distribuição dos indivíduos da amostra por local e género
As idades compreendem-se entre os 45 anos e os 86 anos, uma média de idades de
aproximadamente 66,52 anos, com um desvio padrão de ± 11,02 anos, havendo uma
maior prevalência dos indivíduos entre os 65 e os 74 anos.
Procedimentos Metodológicos
Na primeira fase foi realizado um inquérito a cada indivíduo de modo a serem
identificados os sentimentos que cada música desencadeava, de uma seleção de 20
músicas clássicas. Destas, foram essencialmente selecionadas músicas de Wolfgang
Mozart, pelo facto de serem músicas próprias dos compositores ou destes terem sido
referidos noutros artigos, ou simplesmente pelo facto de serem músicas clássicas mais
conhecidas.
Após explicação aos indivíduos dos procedimentos que iam ser realizados e os mesmos
terem aceitado participar no estudo voluntariamente com consentimento informado,
foram colocadas as músicas a tocar, sendo cada música tocada durante 3 minutos pela
ordem apresentada na Tabela 1.
O preenchimento do inquérito efetuava-se sempre durante ou após a audição de cada
música numa escala de 1 a 5, segundo o sentimento que era desencadeado (sendo 1
pouco significativo e 5 muito significativo), de entre os sentimentos: Alegria, Tristeza,
Cólera, Medo, Surpresa, Espanto, Tranquilidade e Tensão.
Após a aplicação dos inquéritos, os dados foram tratados em Excel, numa tentativa de
organização dos resultados e de modo a perceber que sentimentos transmitiam as músicas
ouvidas. Assim, foi possível agrupar as músicas da seguinte forma: “Alegria e
Tranquilidade”; “Alegria, Surpresa e Espanto”; “Tristeza e Tensão”; “Tristeza e
Tranquilidade”; “Medo, Surpresa, Espanto e Tensão”; “Não Definido”.
Para selecionar o grupo de músicas a aplicar posteriormente, estas deveriam apresentar
emoções díspares com o intuito de provocar diferentes efeitos fisiológicos na atividade
cardiovascular.
Music & heart rate/Música e frequência cardíaca
Page 5 de 13
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
Tabela 1- Compilação de músicas utilizadas para seleccção no Momento 1
Compositor
Música
Tomaso Albinoni
Adagio in G minor
Johan Sebastian Bach
Air On The G String, Suite No. 3
Johan Sebastian Bach
Cello Suite, No. 1 Prelude
Ludwig Van Beethoven
Fur Elise
Ludwig Van Beethoven
Moonlight Sonata
Fréderic Chopin
Nocturne Op. 9 No 2
Gabriel Faure
Pavane, Op. 50
Igor Stravinsky
The Firebird Suite, Infernal Dance
Wolfgang Mozart
Fantasia in D minor
Wolfgang Mozart
Overture to The Marriage of Figaro
Wolfgang Mozart
Piano Concerto No. 20
Wolfgang Mozart
Symphony No. 25 in G Minor
Wolfgang Mozart
Symphony No. 40 in G Minor
Wolfgang Mozart
Turkish March
Modesto Mussorgsky
Night on Bald Mountain
Johann Strauss
Radetzky March
Johann Strauss
Tritsch Tratsch Polka
Antonio Lucio Vivaldi
Spring, Allegro
Antonio Lucio Vivaldi
Autumn, Adagio molto
Antonio Lucio Vivaldi
Winter, Allegro con molto
Instrumentação
Órgão de Tubos
Orquestral
Violoncelo
Piano
Piano
Piano
Orquestral
Orquestral
Piano
Orquestral
Orquestral
Orquestral
Orquestral
Piano
Orquestral
Orquestral
Orquestral
Orquestral
Orquestral
Orquestral
As emoções selecionadas foram as dos grupos: “Tristeza e Tranquilidade”, como música
melancólica e serena, e “Medo, Surpresa, Espanto e Tensão”, como música indutora de
estresse.
Grau do Sentimento
Tornou-se assim possível selecionar duas músicas, uma de cada grupo: a pertencente ao
grupo identificado como “Tristeza e Tranquilidade”, Nocturne Op. 9 No. 2, melodiosa e
melancólica música em piano de Fréderic Chopin (afetivamente tranquila), e a
pertencente ao grupo “Medo, Surpresa, Espanto e Tensão”, Night on Bald Moutain,
rítmica e infernal música orquestral de Modesto Mussorgsky (afetivamente estressante),
como podemos verificar nas Figuras 2 e 3.
Muito 5
4
3
2
Pouco 1
Figura 2. Desencadeamento emocional da música afetivamente tranquila (Classificação da
música - Nocturne Op 9 No. 2, de Fréderic Chopin)
Music & heart rate/Música e frequência cardíaca
Page 6 de 13
Grau do Sentimento
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
Muito 5
4
3
2
Pouco 1
Figura 3. Desencadeamento emocional da música afetivamente estressante (Classificação da
música - Night on Bald Moutain, de Modesto Mussorgsky).
Depois de efetuada a avaliação e selecionadas as duas músicas, estas foram submetidas
aos indivíduos que se encontravam hospitalizados, sendo monitorizados os parâmetros a
avaliar através do eletrocardiograma enquanto o individuo ouvia a música através de
auriculares devidamente ajustados.
O registo eletrocardiográfico foi efetuado em 4 momentos diferentes, antes e depois da
audição de cada música apresentadas, com pausa intercalar entre as músicas, todos os
intervalos de 3 minutos cada.
Por fim, foram analisadas as frequências cardíacas dos quatro eletrocardiogramas
recolhidos utilizando o método dos 1500, nos intervalos R-R inicial, médio e final da tira
de ritmo e na derivação DII, sendo feita depois uma média para cada traçado.
Análise Estatística
Os dados relativos aos indivíduos da amostra foram informatizados e sujeitos a
tratamento estatístico com recurso ao programa SPSS (Statistical Package for the Social
Science) versão 17.0. A distribuição das variáveis foi testada, quanto à normalidade, pelo
teste de Kolmogorov-Smirnov e, quanto à homogeneidade das variâncias, pelo teste de
Levene. Recorreu-se a uma estatística descritiva simples para caracterização geral da
amostra e respetiva distribuição das variáveis.
A análise estatística dos dados recolhidos referentes à FC baseou-se no procedimento
General Linear Model (GLM) para medidas repetidas simples com quatro momentos e
GLM para medidas repetidas mistas (2 músicas, 2 momentos – o antes e após de cada
música) com as diferentes covariáveis. Procedeu-se à comparação múltipla de médias
com correção de Bonferroni e os pressupostos do método de distribuição normal dos
erros e a esfericidade da matriz de variância e covariância foram avaliados pelo teste de
Kolmogorov-Smirnov e com o teste M de Box respetivamente de acordo com os
procedimentos descritos em Maroco (2007).
Procedeu-se também a uma análise preliminar para verificar se as variáveis
medicamentosas estariam a influenciar as alterações dos parâmetros a estudar utilizando
o teste t-Student para amostras emparelhadas, pelo que não se visualizou nenhuma
diferença significativa.
Music & heart rate/Música e frequência cardíaca
Page 7 de 13
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
Foi considerada uma significância de 5 % para um intervalo de confiança de 95 %.
Resultados
De forma a caracterizar a amostra pelo motivo de internamento, fomos perceber como é
que esta se distribuía. Assim, as causas de internamento mais frequentes foram a
precordialgia, apresentado um valor de 48 % (n = 24), seguida de cansaço 16 % (n = 8)
dispneia 12 % (n = 6) e outras causas com percentagens inferiores ou iguais a 6 %.
Relativamente ao diagnóstico, o mais frequente na amostra recolhida foi o Enfarte Agudo
do Miocárdio, com uma percentagem de 36 % (n = 18).
Depois de percebida qual a causa e o diagnóstico mais frequente identificámos, pelos
inquéritos que os indivíduos preencheram, qual a perceção do seu próprio estado
emotivo. Verificou-se que a ansiedade (64 %) e o desânimo (54 %) foram os estados com
maior percentagem, comuns em indivíduos com regime de internamento.
Seguidamente estudámos a existência ou não da variação da FC em cada momento da
audição de cada música: antes da música afetivamente tranquila (aAT), depois da música
afetivamente tranquila (dAT) e antes da música afetivamente estressante (aAS) e depois
da música afetivamente estressante (dAS). Desta análise conclui-se que as diferenças na
FC nos quatro momentos foram estatisticamente significativas, do momento 2 – 4 com p
= 0,04 e do momento 3 – 4 com p = 0,005, como se pode verificar na Figura 4.
Procedeu-se, posteriormente à elaboração de testes de comparações emparelhadas que
avaliassem as diferenças entre os quatro momentos, mediante as variáveis em estudo:
género, estado emocional (estresse, depressão, desânimo, ansiedade) e local.
Apesar de serem mantidas as diferenças significativas entre os momentos 2 – 4 e 3 – 4,
com exceção do estado emocional depressão relativamente ao momento 2 – 4, verificouse no Within-Subjects Effects que não houve efeitos estatisticamente significativos na FC,
visíveis na Tabela 3.
Variação da FC (bpm)
70
69
68
67
66
65
FCaAT
FCdAT
FCaAS
*
FCaAS
**
Mom entos
Figura 4. Média de variação da FC (bpm) mediante os vários momentos (com * p = 0.04 e **
p = 0.005 indicando uma diferença estatisticamente significativa em relação à variação da
FC).
Mediante os valores de FC antes e após, pela comparação das médias, foi possível
elaborar na Figura 5, para visualizar a interação da variação da mesma nos momentos
Music & heart rate/Música e frequência cardíaca
Page 8 de 13
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
antes e após, obtendo-se uma diferença estatisticamente significativa no Within-Subjects
Effects de p = 0,027.
Tabela 2 - Significância das variáveis na variação da FC, aquando da exposição musical
Variação da FC (bpm)
Género
Stress
Depressão Desânimo Ansiedade
Within-Subjects Effects
0,171
0,731
0,598
0,599
0,103
(p Value)
0,547
0,511
0,631
0,546
0,662
1- 2
0,186
0,177
0,255
0,151
0,159
1- 3
0,249
0,278
0,267
0,257
0,106
1- 4
Momento
0,223
0,248
0,290
0,183
0,123
2- 3
0,044*
0,045*
0,061
0,044*
0,016*
2-4
0,004*
0,006*
0,010*
0,004*
0,001*
3-4
* p value < 0,05, indicando uma diferença significativa em relação à variação da FC.
70
Local
0,135
0,529
0,154
0,247
0,197
0,033*
0,004*
Música 1
Música 2
69
68
67
66
65
Antes
Após
Mom ento
Figura 5. Interação da Média da Variação da FC (bpm) entre os Momentos e Músicas (com
= 0.027 indicando uma diferença estatisticamente significativa em relação à interação
Momento*Música).
Por fim, analisámos interação das variáveis na variação da FC, apresentadas na Tabela 4.
Quando se aplica um fator (variáveis em estudo) entre sujeitos, apenas se obteve uma
significância (Sig.) estatística na interação entre o Género e o Momento (p = 0,019),
entre o Estresse e o Momento/ Música (p = 0,030), entre o Desânimo e o Momento (p =
0,001) e entre o Local e o Momento/ Música (p = 0,039).
Discussão
O presente estudo teve como principal objetivo examinar as alterações fisiológicas,
nomeadamente as alterações da FC, como resposta às alterações psicofisiológicas da
música afetivamente tranquila e afetivamente estressante, e na relação com o género, o
estado emocional e o local de origem dos indivíduos.
Ao tentar avaliar qual a causa da efetividade musical nas variações fisiológicas, é
possível encontrar artigos referindo que a música poderá apresentar efeitos mediante o
tempo musical, como o exemplo de Bernardi, Porta e Sleight (2006), que respeita o
Princípio de Identidade Sonora (ISO) proposto por Altshuler em 1944 (Benezom, 1988).
De acordo com o Princípio mais recente proposto por Benenzon (1988), não se deve
entender o Princípio de ISO como um princípio estático, mas sim dinâmico e pessoal,
pois deve-se ter em conta a pessoa como indivíduo singular e local onde vive, para que
haja efetividade da própria terapia musical (Júnior, 2008).
Music & heart rate/Música e frequência cardíaca
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
Page 9 de 13
Considera-se também a necessidade de ter especial atenção à utilização de diferentes
géneros musicais e com estes obter conclusões generalizadas para cada género musical,
como apresentado por Pereira et al. (2014), pois em cada género existem músicas com
diferentes ritmos e que, por conseguinte, despoletam emoções diferentes.
Da revisão de literatura, dos estudos que relacionaram o tempo musical com as várias
variáveis em análise, estes acabam por discriminaram a afetividade emocional de cada
música, elemento fundamental para a audição da música em si, ou se o verificaram, não
avaliaram o estado emocional dos indivíduos (de modo a relacioná-los), sendo que ao
léxico musical (parte cognitiva) associam-se memórias pessoais e emoções (Stewart,
Kriegstein, Warren, & Griffiths, 2006). Ou seja, uma música apesar de ser ritmicamente
rápida pode ser melancólica, triste ou tranquila que, mediante o estado emocional de cada
um, vem a desencadear efeitos fisiológicos diferentes aos esperados.
Género
Stress
Depressão
Desânimo
Ansiedade
Local
Tabela 3 - Variações da FC entre o momento/ música, mediante o género, estado emocional e local
Sig.
Sig.
Sig.
FCaAT
FCdAT
FCaAS
FCdAS
Momento Música
Momento/Música
67,5
67,76
66,7
69,04
Masculino
(± 13,08) (± 13,25) (± 13,06) (± 14,44)
0,019*
0,669
0,634
69,86
68,99
69,13
69,6
Feminino
(± 10,80)
(± 8,59)
(± 8,96) (± 10,18)
68,65
68,76
68,02
69,75
Não
(± 11,64) (± 12,17) (± 11,80) (± 13,50)
0,237
0,063
0,030*
68,62
67,82
67,67
68,76
Sim
(± 12,66)
(± 9,98) (± 10,72) (± 11,26)
69,57
69,14
68,39
70,36
Não
(± 12,54) (± 10,99) (± 11,51) (± 12,40)
0,558
0,077
1,148
67,24
67,15
67,09
67,74
Sim
(± 11,23) (± 11,58) (± 11,04) (± 12,68)
67,95
67,31
66,44
68,22
Não
(± 11,42)
(± 9,38)
(± 9,67) (± 10,14)
0,001*
1,104
0,696
69,22
69,23
69,08
70,24
Sim
(± 12,61) (± 12,59) (± 12,45) (± 14,25)
67,49
67,44
66,36
69,37
Não
(± 12,73) (± 12,73) (± 12,98) (± 14,16)
4,675
0,423
1,762
69,28
68,86
68,72
69,28
Sim
(± 11,68) (± 10,35) (± 10,23) (± 11,62)
Castelo
72,03
71,39
71,78
73,03
Branco (± 13,87) (± 13,14) (± 13,87)
15,28)
63,53
64,81
63,77
64,42
Santarém
0,687
0,445
0,039*
(± 7,71)
(± 8,40)
(± 8,54)
(± 8,28)
Ponta
70,46
68,88
68,07
70,55
Delgada (± 12,39) (± 11,06)
(± 9,61) (± 11,82)
p value < 0,05, indicando uma diferença estatisticamente significativa em relação à variação da FC.
Valores de FC expressos em Média de bpm ± Desvio Padrão
O estímulo acústico, de acordo com Bharucha, Curtis e Paroo (2006) é traduzido em
representações auditivas e cognitivas da estrutura acústica, incluindo o timbre, o volume
e as suas estruturas de derivados, como o centro tonal e tempo musical. Durante a
audição, há uma interação da parte cognitiva, já referida anteriormente, que possibilita o
desencadeamento afetivo e movimento corporal. Assim sendo, e como vários autores
(Bharucha, Curtis, & Paroo, 2006; Koelsch & Siebel, 2005; Särkämö et al., 2008)
referem, a própria estrutura acústica modela a experiência consciente de domínios
cognitivos.
Music & heart rate/Música e frequência cardíaca
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
Page 10 de 13
No que diz respeito ao ritmo cardíaco, verifica-se que apesar do coração possuir o seu
próprio sistema intrínseco de controlo, a eficácia da ação cardíaca pode ser modificada
pelos impulsos reguladores do sistema nervoso central. O sistema nervoso está conectado
com o coração através de dois grupos de nervos diferentes, os dos sistemas
parassimpático e simpático. Estes atuam de maneira contrastante, ou seja, enquanto o
primeiro diminui a FC, o segundo aumenta.
No que diz respeito à atividade cerebral, devido a vários componentes musicais (Blood &
Zatorre, 2001; Stewart, Kriegstein, Warren, & Griffiths, 2006), são ativados vários
pontos do cérebro, que resultarão em diferentes alterações cerebrais. Assim sendo, a
música passa por diversas áreas durante a sua viagem a partir do ouvido para o resto do
corpo. As ondas sonoras são captadas pelo ouvido médio, fazendo com que o tímpano
vibre. O cérebro transforma essa energia mecânica em energia elétrica, que é decifrada
pela parte do "cogito" cerebral, o córtex cerebral. Em seguida, viaja para os centros
cerebrais que irão controlar a excitação, emoção, ansiedade, criatividade e o prazer.
Depois, passa para o hipotálamo, que controla a respiração, FC, pressão arterial,
temperatura corporal, assim como os nervos do estômago e pele, pelos sistemas
simpático e parassimpático. Este percurso demora menos de uma fração de segundo com
o intuito de provocar, não simples mas sim complexos efeitos fisiológicos, que se
entrelaçam com efeitos psicológicos resultantes.
Pretendeu-se estudar as alterações da FC e consequentemente da emoção despoletada
pela música e aplicar a mesma em indivíduos que encontravam-se em vários estados
emotivos, mas em igual ambiente, de modo a perceber se as músicas provocam
determinados efeitos mediante o sentimento que desencadeiam, do mesmo modo que
procurou verificar a efetividade do Princípio de ISO de Benenzon (1988), mediante o
local.
Assim sendo, este estudo avaliou diferenças de respostas fisiológicas à música de acordo
com o género, variável que alguns investigadores aprovaram como existente (Nater,
Abbruzzese, Krebs, & Ehlert, 2006; Sánchez, 2007) e outros que a corroboram (Hatem,
Lira, & Mattos, 2006), quando interligadas também a emoções.
Na maioria das condições os indivíduos apresentaram a FC mais elevada ao início do
primeiro momento e respetiva redução do seu valor após exposição à primeira música
(tranquila). Com o desenrolar da segunda música (estressante), em todas as situações foi
possível verificar um aumento da FC (momento 3 para o momento 4), com maior
significância que as alterações da primeira.
Visualizou-se, durante a recolha dos dados para a segunda fase do estudo nos indivíduos
hospitalizados, uma aceitação auditiva das músicas. Enquanto era iniciada a música, a
maioria dos indivíduos do sexo feminino deixavam-se envolver pela mesma, referindo
“que música linda e tranquila” (para a primeira musica) e “esta música parece ser de uma
guerra” (para a segunda musica), enquanto os indivíduos do sexo masculino
apresentavam-se mais renitentes em ouvi-las, referindo “que músicas aborrecidas” como
resposta ao primeiro contacto com ambas. Havia por isto uma possível caracterização
com a primeira música, desencadeando um estado de tranquilidade no sexo feminino
(diminuindo a FC), enquanto no sexo masculino geralmente simbolizava um estado
emocional estressante (aumentando a mesma).
Quando se analisa o estresse e a sua interação com o momento e música, visualiza-se que
quando o indivíduo apresenta estresse, há uma diminuição da FC durante o momento de
audição da primeira música e um aumento durante a segunda. Por outro lado, quando a
resposta ao estresse é negativa, a FC aumenta em ambos os momentos. Esta diferença
Music & heart rate/Música e frequência cardíaca
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
Page 11 de 13
pode ser explicada devido ao choque do estado emotivo individual e à emoção a ser
desencadeada pelas músicas. Ora, se um indivíduo que apresenta estresse é exposto a
uma música tranquila tende a acalmar, como se pôde verificar também pelo estudo
Hatem, Lira e Mattos (2006), que verificou a existência de efeitos benéficos ao utilizar a
música em crianças como meio de relaxamento pós-cirurgia cardíaca. O resultado obtido
no nosso estudo refere-se a que, se por contrário o individuo encontra-se calmo, expô-lo
à música calma tende a produzir um aumento da FC.
No que diz respeito ao desânimo, visualizou-se que os valores médios de FC dos
indivíduos desanimados são menores que os que não são. Neste caso, não há alteração da
FC aquando do primeiro momento/ música, para os indivíduos que responderam
positivamente ao desânimo. O facto de se encontrarem já num estado “melancólico” não
atribui nenhum efeito quando expostos a uma música tranquila. Porém, visualiza-se sim
um aumento da FC como resposta à exposição ao segundo momento/música, por isso não
se deve aplicar músicas de efeito contrastante a uma pessoa desanimada, pois segundo o
Princípio de ISO seria muito mais difícil criar pontos de ligação psicológica nesse
mesmo indivíduo, o que pelo resultado encontrado percebe-se que vai ao encontro deste
Princípio.
O local é enunciado por Benenzon como uma variável a ter em conta na aplicação da
música como terapia. De acordo com Dias (2004) existem diferenças entre indivíduos de
diferentes culturas, de local para local, no entanto neste caso não foram verificadas
diferenças apesar de serem locais diferentes, existindo efeitos na FC independentemente
do local recolhido da amostra.
Estudos científicos recentes (Hatem, Lira, & Mattos, 2006; Mohammadzadeh, Tartibiyan,
& Ahmadi, 2008; Salimpoor et al., 2009; Smolen, Topp, & Singer, 2002; Triller et al.,
2006) vêm comprovar a efetividade da música em vários serviços hospitalares e não
hospitalares. Estes demonstram que a música pode equilibrar o metabolismo corporal e a
respiração, quer adjuvando numa melhor capacidade de exercício muscular quer em
simples repouso, influenciando a velocidade do pulso e a pressão sanguínea. Outros
estudos, como o de Barrera, Rykov e Doyle (2002), menos relacionados com a fisiologia,
sugerem que estas alterações têm início psicológico e intelectual, cuja atividade cerebral
desencadeia posteriormente os efeitos biológicos.
Quando se trata de perceção e audição musical há uma envolvência da atividade do
sistema nervoso autónomo, ou seja, regulação da atividade simpática e parassimpática,
juntamente com o cogito musical e todas as implicações musicais e não musicais. No que
diz respeito aos efeitos da perceção musical na atividade do sistema nervoso autónomo,
estes têm sido investigados principalmente pela avaliação da atividade eletrodérmica e
FC, bem como o número e a intensidade dos alegados "arrepios" (Bernardi et al., 2009;
Blood & Zatorre, 2001; Salimpoor et al., 2009).
Seria importante avaliar, em estudos futuros, a frequência respiratória e o número de
“arrepios” despoletados por música, ao mesmo tempo que se regista a FC através da sua
variabilidade, ter uma amostra controlo ou até mesmo aplicar o estudo antes e após
hospitalização.
Conclusão
Como conclusão, verifica-se que a FC varia consoante a natureza afetiva da música,
confirmando a hipótese do estudo. Dependendo do estado emocional de cada pessoa, a
música afetivamente tranquila pode ou não diminuir a FC. Pelo contrário,
Music & heart rate/Música e frequência cardíaca
Page 12 de 13
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
independentemente do estado emocional e local, a música afetivamente estressante
aumenta a FC do indivíduo.
Referências
Barrera, M., Rykov, M., & Doyle, S. (2002). The Effects Of Interactive Music Therapy
On Hospitalized Children With Cancer: A Pilot Study. Psycho-Oncology, 11, 379-388.
Benezom, R. (1988). Teoria Da Musicoterapia: Contribuição Ao Conhecimento Do
Contexto Não-Verbal (3º ed.). São Paulo, Brasil: Summus Editorial.
Bernardi, L., Porta, C., & Sleight, P. (2006). Cardiovascular, Cerebrovascular, And
Respiratory Changes Induced By Different Types Of Music In Musicians And NonMusicians: The Importance Of Silence. Heart, 92, 445-452.
Bernardi, L., Porta, C., Casucci, G., Balsamo, R., Bernardi, N., Fogari, R., & Sleight, P.
(2009). Dynamic Interactions Between Musical, Cardiovascular, And Cerebral Rhythms
In Humans. Circulation, 30(119), 3171-3180.
Bharucha, J., Curtis, M., & Paroo, K. (2006). Varieties Of Musical Experience.
Cognition, 100, 131-172.
Blood, A., & Zatorre, R. (2001). Intensely Pleasurable Responses To Music Correlate
With Activity In Brain Regions Implicated In Reward And Emotion. Proceedings Of The
National Academy Of Sciences Of United States Of America, 25(98), 11818-11823.
Chaves, J., Prado, L., & Matta, M. (2011). Musica & Fonoaudiologia. Faculdade de
Odontologia
de
Bauru:
Disponível
em
http://www.fob.usp.br/pet/fonoaudiologia/downloads/M%C3%BAsica%20e%20Fonoaud
iologia.pdf
Dias, A. (2004). Personalidades E Coronáriopatia. Revista do Instituto Superior
Politécnico de Viseu, 30, 191-200.
Hatem, T., Lira, P., & Mattos, S. (2006). The Therapeutic Effects Of Music In Children
Following Cardiac Surgery. Jornal de Pediatria, 82(3), 186-192.
Infopédia. (2003). Artes Liberais. Recuperado de http://www.infopedia.pt/$artes-liberais
Júnior, J. (2008). A Utilização Da Música Com Obectivos Terapêuticos: Interfaces Com
A Bioética. Goiânia, Goiás: Universidade Federal de Goiás - Escola de Música e Artes
Cénicas.
Koelsch, S., & Siebel, W. (2005). Towards A Neural Basis Of Music Perception. Trends
in Cognitive Sciences, 9(12), 578-584.
Maroco, J. (2007). Análise Estatística Com A Utilização Do Spss (3º ed.). Lisboa: Silabo.
Mohammadzadeh, H., Tartibiyan, B., & Ahmadi, A. (2008). The Effects Of Music On
The Perceived Exertion Rate And Performance Of Trained And Untrained Individuals
During Progressive Exercise. Physical Education and Sport, 6(1), 67-74.
Nater, U., Abbruzzese, E., Krebs, M., & Ehlert, U. (2006). Sex Differences In Emotional
And Psychophysiological Responses To Musical Stimuli. International Journal Of
Psychophysiology, 62, 300-308.
Pereira, J., Neves, F., Pereira, T., Serrano, M., Carvalho, I., & Conde, J. (2014). Relação
entre Diferentes Tipos de Música e as Variações da Frequência Cardíaca e Pressão
Arterial. XXXV Congresso Portugues de Cardiologia. Albufeira.
Ruud, E. (1990). Caminhos Da Musicoterapia (1º ed.). São Paulo: Summus Editorial.
Ruud, E. (1991). Música e Saúde (1º ed.). São Paulo: Summus Editorial.
Salimpoor, V., Benovoy, M., Longo, G., Cooperstock, J., & Zatorre, R. (2009). The
Rewarding Aspects Of Music Listening Are Related To Degree Of Emotional Arousal.
Public Library of Science, 16(4), 1-14.
Sánchez, A. (2007). Abordagem Psicológica Das Arritmias Cardíacas: Uma Análise Das
Emoções Relatadas Em Exame De Holter. Brasília: Universidade de Brasília - Institudo
de Psicologia.
Music & heart rate/Música e frequência cardíaca
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
Page 13 de 13
Särkämö, T., Tervaniemi, M., Laitinen, S., Forsblom, A., Soinila, S., Mikkonen, M.,
Autti, T., Silvennoinen, H., Erkkilä, J., Laine, M., Peretz, I. & Hietanen, M. (2008).
Music Listening Enhances Cognitive Recovery And Mood After Middle Cerebral Artery
Stroke. Brain, 131, 866-876.
Smolen, D., Topp, R., & Singer, L. (2002). The Effect Of Self-Selected Music During
Colonoscopy On Anxiety, Heart Rate, And Blood Pressure. Applied Nurse Research,
15(3), 126-136.
Stewart, L., Kriegstein, K., Warren, J., & Griffiths, T. (2006). Music And The Brain:
Disorders Of Musical Listening. Brain, 129, 2533-2553.
Todres, I. (2006). Music Is Medicine For The Heart. Jornal de Pediatria, 82(3), 166-168.
Triller, N., Erzen, D., Duh, S., Petrinec-Primozic, M., & Kosnik, M. (2006). Music
During Bronchoscopic Examination: The Physiological Effects. A Randomized Trial.
Respiration, 73(1), 95-99.
Music & heart rate/Música e frequência cardíaca
Page 1 de 8
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
Health Research Unit (UIS)
School Of Health Sciences (ESSLei)
Polytechnic Institute of Leiria
Morro do Lena – Alto do Vieiro
2411-901 Leiria, Portugal
INVITED RESEARCH ARTICLE
Quality of life in ovarian cancer survivors
Vânia Gonçalves1
1
Citation: Gonçalves, V.
(2015). Quality of life in
ovarian cancer survivors. Res
Net Health 1, e-1-8.
Published: 20th November
2015
Funding: European Union
Seventh Framework
Programme (FP7/2007-2013)
under Grant agreement nº
PCOFUND-GA-2009-246542
and from the Foundation for
Science and Technology of
Portugal.
Corresponding Author:
Vânia Gonçalves
[email protected]
Faculty of Psychology and Educational Sciences, University of Coimbra, Portugal.
Abstract
Ovarian cancer survivors may experience Quality of Life (QOL) disruptions due to the
aggressiveness of the illness and its treatment. The present manuscript intends to review the most
recent knowledge regarding QOL in ovarian cancer survivors. Firstly, a brief overview about
QOL, their importance and instruments used to assess it particularly in ovarian cancer survivors
are presented. Then, main findings and developments achieved to date are discussed. Main
conclusions from studies reviewed and future research needs are outlined. Available literature
suggests that in general ovarian cancer survivors experience a good QOL; however, some deficits
are more prevalent than in women without cancer. Although, these studies brought to light
important QOL issues, more rigorous and larger studies are necessary to fully understand ovarian
cancer survivors' QOL. Measuring QOL in ovarian cancer survivors in clinical settings is of
utmost importance to identify those survivors at risk and provide adequate support that meets their
needs.
Keywords: Quality of Life, Ovarian cancer survivors.
Introduction
Ovarian cancer is the most fatal malignancy of the female genital tract and the fourth
most common cause of female cancer death (Siegel, Naishadham and Jemal, 2012). It is
an aggressive illness associated with very poor survival and high recurrence rates.
Generally, ovarian cancer is detected at an advance stage, with a 5-year survival rate of
46 % for all the stages and 31 % for advanced stages (Siegel et al., 2012). The
management of ovarian cancer normally includes radical pelvic surgery and multiple
aggressive courses of chemotherapy. Women may suffer debilitating disease-related
symptoms, such as weight loss, bloating and ascites, fatigue and pain and a wide range of
treatment sequelae (Gonçalves, 2010; Stavraka et al., 2012). Examples of treatment
related sequelae include neutropenia, body distortion, hair loss, bowel and bladder
incontinence, loss of taste and appetite, premature menopause, infertility, decrease
physical functioning, poor sleep, edema and sexual problems (Gonçalves, 2010; Stavraka
et al., 2012).
The stress of receiving the diagnosis of such an aggressive and life threatening illness,
may be associated with uncertainty and anxiety about the future. In fact, ovarian cancer
may be perceived as a traumatic event and may have a strong psychological impact on
the survivor and her Quality of Life (QOL) (Gonçalves, Jayson and Tarrier, 2008, 2011).
Following this line, research carried out, specifically, with ovarian cancer patients has
shown that a substantial proportion of women experience psychological disorders.
Anxiety, depression and Post Traumatic Stress Disorder (PTSD) have been reported
(Gonçalves et al., 2008; Huang, Cronin and Johnson, 2008; Gonçalves et al., 2011; Hess
Quality of life in ovarian cancer survivors
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
Page 2 de 8
and Stehman, 2012). Qualitative studies and Quality of Life studies have shown that
significant distress, impairments in physical, vocational, social, familial and sexual
functioning may also occur (WHOQOL, 1993; Bowling 2001; Ferrell et al., 2003;
Norton et al., 2004; Gonçalves et al., 2011; Chase and Wenzel, 2011). In this context, we
conducted a prospective longitudinal study to measure psychological disorders, such as
anxiety and depression, perceived social support, neuroticism and coping strategies to
control unwanted thoughts in ovarian cancer patients (Gonçalves et al., 2008). These
were measured at similar time points; which were the beginning of chemotherapy
treatment, mid-treatment, end of treatment and 3 months follow-up post-treatment, The
results showed that there were three patterns of anxiety and depression over time:
absence of caseness (never a case), occasional or intermittent cases and persistent cases
(cases at all the time points). The majority of the women were cases of anxiety at some
occasions (52 %), while 38 % were cases of depression at some time points. Also, a
subset of women were persistent cases of anxiety (22 %) and a smaller number suffered
persistent depression (6 %) (Gonçalves et al., 2008).
Although ovarian cancer patients do not belong to the largest cancer survivor population,
there is a subset of women, who live years after the diagnosis without symptoms of the
disease. Although, most of these survivors return to their normal functioning, they often
need to deal with physical and psychological sequelae that persist for a long-term period
and have a negative impact on their QOL. The understanding that the study of QOL
outcomes in ovarian cancer survivors is of utmost importance, led to the emergence of a
body of research that has been targeting QOL issues in ovarian cancer. The knowledge
about these issues is crucial to provide appropriate clinical support that meets survivors'
needs, and ultimately, improve their QOL. The present manuscript addresses the most
recent knowledge regarding QOL in ovarian cancer survivors. Firstly, a brief overview
about QOL, their importance and instruments used to assess it particularly in ovarian
cancer survivors are presented. Then, main findings and developments achieved to date
are discussed. Main conclusions from studies reviewed and future research needs are
outlined.
Quality of Life: an overview
Although the definition of QOL is not consensual, it is generally accepted that it is a
multidimensional construct that encompasses several important dimensions (any area of
behavior or experience) (Cella et al., 1993; Ferrell et al., 2003; Gonçalves et al., 2008;
Hess and Stehman, 2012). These include physical functioning (physical well-being,
mobility, ability to perform self-care activities, physical activities, role activities such as
work or housework, appetite, comorbidities, fatigue/sleep, symptoms, side-effects),
cognitive and psychological functioning (emotional well-being, anxiety, depression,
coping, perceptions, prior experience, enjoyment, optimism), social functioning (family
interactions, time with friends, leisure activities), disease and treatment related symptoms
(such as pain and fatigue), spiritual or existential concerns, sexual functioning, body
image, patient's satisfaction with health care, control of the disease (Ferrell et al., 2003;
Hess and Stehman, 2012). According to the WHO (WHOQOL, 1993), QOL is defined
as 'an individual's perception of their position in life in the context of the culture and
value systems in which they live and in relation to their goals, expectations, standards
and concerns. It is a broad ranging concept affected in a complex way by the person's
physical health, psychological state, level of independence, social relationships, and their
Quality of life in ovarian cancer survivors
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
Page 3 de 8
relationships to salient features of their environment". Therefore, QOL includes all
aspects of the individual well-being and must be evaluated from the individual's
perspective.
The study of QOL outcomes is very relevant in the context of health care provision.
Primarily, QOL measurement provides information essential to guide clinical decision
making (Higginson, 2001). The knowledge about the impact of the illness and its
treatment on cancer patients can help clinicians and patients to make decisions regarding
treatment options and choose appropriate supportive therapy adjusted to the patient's
needs (Penson, Wenzel, Vergote and Cella, 2006). Furthermore, QOL data can foster
patient-clinician interactions in routine practice, identify problems that have a significant
impact on QOL, prioritize problems, develop interventions to deal with these problems
and evaluate the impact of palliative and rehabilitative efforts (Jacobsen, Davis and
Cella, 2002). In addition, it can help to shape public policy and health care decisions
made by governmental and private institutions (Murphy, Ridner, Wells and Dietrich,
2007) and allow the economic evaluation of healthcare provision (Velikova, Stark and
Selby, 1999).
In general, QOL assessment in ovarian cancer patients has been focusing more on the
acute phase of the treatment. Researchers have been interested in the evaluation of QOL
under treatment conditions in randomized clinical trials, focusing on different treatment
options. The measurement of QOL in screening and early diagnosis of ovarian cancer is
very scarce. In fact, screening and early detection of ovarian cancer are very limited in
clinical practice, existing narrow useful technologies to assist in early diagnosis.
Regarding survivorship, recently, there is a growing interest in the study of QOL in
ovarian cancer survivors; however, there are still few studies about QOL in this phase of
the cancer trajectory.
Different instrument's measures have been developed to evaluate QOL in oncology
settings. The most commonly used measures to assess QOL in ovarian cancer survivors
are EORTC QOL-C30 and EORTC QOL-OV28, which may be supplemented by several
other questionnaires to assess specific dimensions of QOL. The EORTC QOL-C30 is a
cancer-specific questionnaire developed by the Study Group on Quality of Life from the
European Organization for Research on Treatment of Cancer comprising a core set of
questions applicable to all cancer patients and modules to be used to specific cancer
sides, such as ovarian cancer (Aaronson et al., 1993; Cull et al., 2001). This instrument
was designed to be used in international randomized clinical trials. It is based on a
multidimensional model of QOL, covering cancer-specific symptoms of the disease,
psychological distress, treatment side-effects, social interaction, physical functioning,
body image, sexuality, global health and quality of life, and satisfaction with medical
care. The core QOL instrument is composed by 30 items, comprising nine scales of
QOL: one global QOL scale (2 items), five functional scales (physical functioning, role
functioning, cognitive functioning, emotional functioning, social functioning) (15 items),
three symptom scales (fatigue, pain, nausea and vomiting) (7 items), and six single items,
assessing additional symptoms commonly reported by cancer patients (breathlessness,
difficulty sleeping, appetite loss, constipation, diarrhea, and financial difficulties physical
condition. The EORTC QOL-C30 has established reliability and validity (Aaronson et
al., 1993). This scale is easy to complete, acceptable to patients and has been translated
into several languages. The EORTC QOL-OV28 is the ovarian cancer module designed
to supplement the EORTC QOL-C30, for the assessment of QOL in ovarian cancer
patients in clinical trials and related studies. It consists of 7 subscales and a total of 28
Quality of life in ovarian cancer survivors
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
Page 4 de 8
items, which assess abdominal symptoms (abdominal pain, feeling bloated, clothes too
tight, changed bowel habit, flatulence, fullness when eating, indigestion), peripheral
neuropathy (tingling, numbness, and weakness), other chemotherapy related side effects
(hair loss and upset by hair loss, taste change, muscle pain, hearing problem, urinary
frequency, and skin problem), hormonal/menopausal symptoms (hot flushes and night
sweat), body image (less attractive, dissatisfied with body), attitude to disease and
treatment (disease burden, treatment burden, and worry about future) and sexual
functioning (interest in sex, sexual activity, enjoyment of sex and dry vagina) (Cull et al.,
2001; Greimel et al., 2003). The EORTC QOL-OV28 is a valid and reliable measure to
be used in ovarian cancer populations (Greimel et al., 2003). These instruments have
been developed primarily from research environments; however, they are extremely
helpful if they assist physicians in detecting clinically significant differences or changes
in a patient condition.
Quality of Life in Ovarian Cancer Survivors
Collectively, available literature suggests that ovarian cancer survivors have generally
good QOL; however, specific deficits are more prevalent in ovarian cancer survivors that
in women without a history of cancer (Steward et al., 2001; Wenzel et al., 2002;
Matulonis et al., 2008; Mirabeau-Beale et al., 2009; Greimel et al., 2011; Teng, Kalloger;
Brotto and McAlpine, 2014). An exception is made by a study conducted by Liavaag,
Dørum, Fosså, Tropé and Dahl (2007) that found that ovarian cancer survivors were
experiencing poorer QOL than healthy controls. Results concerning psychological
functioning are inconsistent, ranging from good emotional status to psychological
distress, including PTSD and depression (Liavaag et al., 2007). Findings from studies
examining QOL in ovarian cancer survivors are described below.
One of the first studies addressing QOL in ovarian cancer survivors was conducted by
Steward, Wong, Duff, Melancon and Cheung (2001) on 200 ovarian cancer survivors,
who were disease-free at the time of the study. They were assessed on physical,
psychological and social well-being. Results showed that most of the survivors (89 %)
regarded their health as good or excellent. A better mental health and equivalent energy
levels comparing to the general population were found. However, the majority of the
women experienced pelvic pain and discomfort (54 %). Although 57 % of the survivors
referred that their sexual life had been negatively affected by the cancer and its treatment,
their general sense of loss regarding sexual functioning was perceived as moderate to
low. Women under 55 years of age reported a greater sense of loss about sexual
functioning and fertility. The experience of surviving ovarian cancer appeared to have
enriched these women, altering their life priorities and developing on them an impressive
resilience (Stewart et al., 2001). Furthermore, authors highlighted that these survivors
showed in general a great pleasure in life and relationships (Stewart et al., 2001).
Similarly, Wenzel and colleagues (2002), who examined 49 early stage ovarian cancer
survivors (> 5 years), reported that survivors enjoyed a good QOL, with physical,
emotional and social well-being comparable same aged samples without a history of
cancer. Few difficulties were reported, such as problems related to abdominal and
gynaecological symptoms, and neurotoxicity. In the emotional domain, scores were more
variable, with only one third of the survivors experiencing an excellent emotional wellbeing. Fears of future diagnostic tests (30 %) and recurrence (20 %) were also found.
Investigators emphasised the resilience and growth that survivors reported in their study
Quality of life in ovarian cancer survivors
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
Page 5 de 8
as a result of their ovarian cancer experience (Wenzel et al., 2002). Another study
corroborated the view that ovarian cancer survivors experience a good QOL (Matulonis
et al., 2008). Respondents experienced good physical QOL, few long-term physical
symptoms (such as abdominal complaints and neurotoxicity) and few unmet needs.
However, survivors reported emotional problems, such as psychological distress (40 %),
anxiety about Ca125 testing (54 %), fear of recurrence (56 %) and 26 % had scores
suggestive of PTSD. Better mental health was associated with less fatigue and pain,
fewer stressful life events and higher social support. Sexual problems, namely pain
during sexual intercourse (52 %) were also reported. Less than 10 % of participants were
interested in sex or were sexually active (Matulonis et al., 2008). Similarly to previous
findings, Mirabeau-Beale and colleagues (2009), who conducted the first comparison
between early stage (58 women) and advanced stage (42 women) survivors on QOL (> 3
years), physical, sexual and mental function, found that survivors experienced positive
overall QOL and long-term adjustment. There were no differences between early stage
and advanced stage survivors on overall QOL, unmet needs, social support,
complementary therapy use, physical symptoms (neurotoxicity, fatigue and
comorbidities), functioning (cognitive, sexual, physical, role, emotional and sexuality),
spirituality, hopelessness and psychological state. However, advanced stage survivors
experienced better social functioning. Although, the majority of survivors had a good
emotional functioning, scores suggestive of PTSD were noted in 7 % of early stage
survivors. Diagnosable PTSD scores were not found in the advance stage survivors
group. Decreased sexual interest attributed to cancer, physical comorbidities, such as
degenerative joint disease, gastrointestinal distress and thyroid disease, fear of
recurrence, use of complementary and alternative medicines (exercise, vitamins, prayer
and massage) in order to improve their QOL were reported by survivors (Mirabeau-Beale
et al., 2009). A recent study conducted by Greimel and colleagues examined survivors at
three time points: pre-treatment (baseline), 1-year after diagnosis and 10 years posttreatment. At the baseline, 33 survivors were included; of those, 22 died within 5 years
post diagnosis and 11 survived beyond 10 years. In general, results corroborated previous
findings reporting that survivors experienced a good physical, psychological, social and
spiritual health. Despite no differences at baseline in FIGO stage, residual tumor,
performance status and treatment characteristics between short-term and long-term
survivors, the latter group experienced better physical functioning, role functioning,
cognitive functioning and less symptoms than short-term survivors. One year after
treatment, the majority of the QOL dimensions were comparable among the two groups;
however, long-term survivors reported better global QOL but more insomnia. Emotional
functioning and global QOL improved significantly from baseline to 1 year after
diagnosis and remained relatively stable in the 10 year follow-up evaluation. Long-term
survivors did not experience more sleeping problems 10 years after their diagnosis than
women from a general population (Greimel et al., 2011). Although the majority of
studies have been reporting that ovarian cancer survivors experience good QOL, Liavaag
and colleagues study's contradicted this trend. Authors found that 189 ovarian cancer
survivors (> 18 months after primary treatment) experienced poorer QOL, had more
chronic fatigue and mental morbidity, and used more medication and health services
when compared to age-adjusted controls from the general population.
Quality of Life's needs of ovarian cancer survivors were investigated in a very recent
pilot study conducted by Teng and colleagues (2014). A total of 102 ovarian cancer
survivors completed the EORTC QOL-C30 and the EORTC QOL-OV28 questionnaires.
Results shown that clinical factors, such as age, stage of the disease, histology did not
Quality of life in ovarian cancer survivors
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
Page 6 de 8
have a significant impact of survivors' QOL. Task completion, memory, concentration,
anxiety and fatigue were the distress categories that were given the highest scores by
survivors. Authors concluded that psychological factors have a larger impact on global
QOL than physical symptoms.
Conclusion
Collectively, studies examining QOL outcomes in ovarian cancer survivors reported that
survivors are generally able to enjoy a QOL, equivalent to their healthy controls;
however, some deficits are more prevalent in ovarian cancer survivors than in women
without a history of cancer. Beyond the expected physical and sexual sequelae of the
illness and treatment, studies highlighted psychological difficulties faced by survivors,
which may adversely affect their psychological adjustment and well-being.
Findings from survivorship research are of utmost importance to provide critical
information to guide the development and design of interventions to assist survivors at
risk. The care provided to the cancer patient does not cease when the treatment ends.
Survivorship is now recognized as a phase in the cancer trajectory that requires special
attention and ongoing specialized care. Over the years, there was a noticeable attempt to
improve the methodological quality of studies, for example, by using more standardized
and validate measures to assess QOL in this cancer population. However, small sample
sizes, heterogeneity of samples, timing of assessments are among the difficulties posed
by current research, which make problematic to reach definite conclusions.
Existing studies brought to light, important QOL needs of ovarian cancer survivors;
however, further larger and rigorous studies are necessary to fully understand QOL in
ovarian cancer survivors. Among others, these include the use of standardized measures
and reporting of QOL data from ovarian cancer survivors and common data collection
time points. These would allow comparative effectiveness research to be carried out
(Hess and Stehman, 2012).
In order to fully take advantage of all the benefits offered by QOL research, it is
imperative that QOL research provides health care professionals with clinically relevant
and interpretable information that can guide treatment decisions. Furthermore, it is very
important to routinely assess QOL disruptions in ovarian cancer survivors in order to
screen and identify patients at risk. Therefore, efforts should target the development of
interventions to be used in women at need, to prevent or ameliorate the negative impact
of the illness and its treatment on QOL. The assessment of QOL in clinical settings
allows the identification of QOL needs throughout the cancer trajectory, which includes
survivorship.
References
Aaronson, N.K., Ahmedzai, S., Bergman, B., Bullinger, M., Cull, A., Duez, N.J., Filiberti, A.,
Flechtner, H., Fleishman, S.B., & Haes, J.C. (1993). The European Organization for Research
and Treatment of Cancer QLQ-C30: a quality-of-life instrument for use in international clinical
trials in oncology. Journal of the National Cancer Institute,85(5), 365-376.
Bowling, A. (2001). Health-related quality of life: conceptual meaning, use and measurement.
Buckingham: Open University Press.
Quality of life in ovarian cancer survivors
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
Page 7 de 8
Cella, D.F., Tulsky, D.S., Gray, G.(1993). The Functional assessment of Cancer Therapy (FACT)
scale: development and validation of the general measure. Journal of Clinical Oncology, 11(3),
570-579.
Chase, D.M., & Wenzel L (2011). Health-related quality of life in ovarian cancer patients and its
impact on clinical management. Expert Review of Pharmacoeconomics & Outcomes
Research,11(4), 421-31.
Cull, A., Howat, S., Greimel, E., Waldenstrom, A.C., Arraras, J., Kudelka, A., Chauvenet, L. &
Gould, A. (2001). EORTC Quality of Life Group [European Organization for Research and
Treatment of Cancer]; Scottish Gynaecological Cancer Trials Group. Development of a European
Organization for Research and Treatment of Cancer questionnaire module to assess the quality of
life of ovarian cancer patients in clinical trials: a progress report. European Journal of Cancer,
37(1), 47-53.
Ferrell, B., Smith, S.L., Cullinane, C.A., (2003). Psychological well-being and quality of life in
ovarian cancer survivors. Cancer, 98(5), 1061−1071.
Gonçalves, V. (2010). Long-term quality of life in gynaecological cancer survivors. Current
Opinion in Obstetrics and Gynaecology, 22(1), 30-35.
Gonçalves, V., Jayson, G & Tarrier, N. (2011). A longitudinal investigation of posttraumatic
stress disorder in patients with ovarian cancer. Journal of Psychosomatic Research, 70(5),422431.
Gonçalves, V., Jayson, G., Tarrier, N. (2008). A longitudinal investigation of psychological
morbidity in patients with ovarian cancer. British Journal of Cancer, 99 (11),1794-1801.
Greimel, E., Bottomley, A., Cull, A., Waldenstrom, A.C., Arraras, J., Chauvenet, L., Holzner, B.,
Kuljanic, K., Lebrec, J.& D'haese, S.(2003). EORTC Quality of Life Group and the Quality of
Life Unit. An international field study of the reliability and validity of a disease-specific
questionnaire module (the QLQ-OV28) in assessing the quality of life of patients with ovarian
cancer. European Journal of Cancer, 39(10),1402-1408.
Greimel, E., Daghofer, F.& Petru, E.(2011). Prospective assessment of quality of life in long-term
ovarian cancer survivors. International Journal of Cancer, 128(12), 3005-3011.
Hess, L.M., & Stehman, F.B.(2012). State of the science in ovarian cancer quality of life research:
a systematic review. International Journal of Gynecological Cancer, 22(7),1273-1280.
Higginson, I. (2001). Using quality of life measures in the clinical setting. British Medical
Journal, 322 (7297), 1297-300.
Hipkins, J., Whitworth, M., Tarrier, N. & Jayson, G. (2004). Social support, anxiety and
depression after chemotherapy for ovarian cancer: a prospective study. British Journal of Health
Psychology, 9 (Pt 4), 569-581.
Huang, L., Cronin, K.A. & Johnson, K.A.(2008). Improved survival time: what can survival cure
models tell us about population-based survival improvements in late-stage colorectal, ovarian, and
testicular cancer? Cancer, 112, 2289Y2300.
Jacobsen, P.B., Davis, K., & Cella, D.(2002). Assessing quality of life in research and clinical
practice. Oncology (Williston Park), 16(9 Suppl 10), 133-139.
Liavaag, A.H., Dørum, A., Fosså, S.D., Tropé, C,.& Dahl, A. A.(2007). Controlled study of
fatigue, quality of life, and somatic and mental morbidity in epithelial ovarian cancer survivors:
how lucky are the lucky ones? Journal of Clinical Oncology, 25(15), 2049-2056.
Matulonis, U.A., Kornblith, A., Lee, H., Bryan, J., Gibson, C., Wells, C., Lee, J., Sullivan, L., &
Penson, R. (2008). Long-term adjustment of early-stage ovarian cancer survivors. International
Journal of Gynecological Cancer, 18(6),1183-1193.
Mirabeau-Beale, K.L., Kornblith, A.B., Penson, R.T., Lee, H., Goodman, A., Campos, S.M.,
Duska, L., Pereira, L., Bryan, J. & Matulonis, U.A. (2009). Comparison of the quality of life of
early and advanced stage ovarian cancer survivors. Gynecologic Oncology, 114(2), 353-359.
Murphy, B.A., Ridner, S., Wells, N., & Dietrich, M. (2007). Quality of life research in head and
neck cancer: a review of the current state of the science. Critical Reviews in Oncology/
Hematology, 62(3), 251-67.
Quality of life in ovarian cancer survivors
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
Page 8 de 8
Norton, T.R., Manne, S.L., Rubin, S., Carlson, J., Hernandez, E., Edelson, M.I., Rosenblum, N.,
Warshal, D. & Bergman, C. (2004). Prevalence and predictors of psychological distress among
women with ovarian cancer. Journal of Clinical Oncology, 22(5), 919-926.
Penson, R.T., Wenzel, L.B., Vergote, I., & Cella, D.(2006). Quality of life considerations in
gynecologic cancer. FIGO 26th Annual Report on the Results of Treatment in Gynecological
Cancer. International Journal of Gynaecology and Obstetrics, 95 Suppl 1, S247-57.
Siegel, R., Naishadham, D., & Jemal, A. (2012). Cancer statistics. CA: A Cancer Journal for
Clinicians, 62 (5).
Stavraka, C., Ford, A., Ghaem-Maghami, S., Crook, T., Agarwal, R., Gabra, H., & Blagden,
S.A.(2012). Study of symptoms described by ovarian cancer survivors. Gynecologic Oncology,
125(1), 59-64.
Stewart, D.E., Wong, F., Duff, S., Melancon, C.H., & Cheung, A.M. (2001). "What doesn't kill
you makes you stronger": an ovarian cancer survivor survey. Gynecologic Oncology; 83(3), 537542.
Teng, F.F., Kalloger, S.E., Brotto, L., & McAlpine, J.N.(2014). Determinants of quality of life in
ovarian cancer survivors: a pilot study. Journal of Obstetrics and Gynaecology Canada, 36(8),
708-15.
Velikova, G., Stark, D., & Selby, P.(1999). Quality of life instruments in oncology. European
Journal of Cancer, 35 (11), 1571-80.
Wenzel, L.B., Donnelly, J.P., Fowler, J.M., Habbal, R., Taylor, T.H., Aziz, N., & Cella D. (2002).
Resilience, reflection, and residual stress in ovarian cancer survivorship: a gynecologic oncology
group study. Psychooncology, 11(2), 142-153.
WHOQOL Group. (1993). Measuring Quality of Life: The development of the World Health
Organization Quality of Life Instrument (WHOQOL). Geneva: WHO.
Quality of life in ovarian cancer survivors
I Encontro Nacional de Novos Investigadores em Saúde (ENNIS)
I International Meeting of New Health Researchers (IMNHR)
7 & 8 Maio 2015, Leiria, Portugal
Comissão de especialistas: Baltazar Monteiro (ESSLei) | Carina Leite (APACI) | Carina Pinto (ESSLei) | Carla Damásio
(ESSLei) | Carolina Henriques (ESSLei) | Cidália Pereira (ESSLei) | Clarisse Louro (ESSLei) | João Frade (ESSLei) | José
Alves Guerreiro (ESSLei) | José Carlos Quaresma (ESSLei) | Helena Catarino (ESSLei) | Luís Luís (ESSLei) | Maria
Guarino (ESSLei) | Mônica Braúna Costa (ESSLei) | Pedro Costa (ISLA) | Pedro Gaspar (ESSLei) | Pedro Gonçalves
(ESTM) | Rui Gonçalves (ESENFC) | Sofia Correia (AMA) | Samuel Honório (ESSLei) | Sandra Amado (ESSLei) | Sara
Dias (ESSLei) | Saudade Lopes (ESSLei) | Sónia Ramalho (ESSLei) | Susana Custódio (ESSLei)
Comissão organizadora, ESSLei: Ana Querido | Catarina Lobão | Catarina Tomás | Daniela Vaz | Elsa Soares | Jaime
Ribeiro | Nuno Morais | Pedro Sousa | Vânia Ribeiro
ENNIS/IMNHR
O Encontro Nacional de Novos Investigadores em Saúde (ENNIS) constitui uma plataforma de
intercâmbio e participação direccionada para novos investigadores, que visa incentivar a discussão
interdisciplinar entre as diferentes vertentes de investigação desenvolvidas no domínio da saúde.
Editorial
O Desafio da investigação: por mares nunca dantes navegados
Apesar de um título camoniano, principio com uma citação encontrada na Internet, por Milton Viola
Fernandes mais conhecido como Millôr Fernandes, desenhador, humorista, dramaturgo, escritor,
tradutor e jornalista brasileiro, contemporâneo.
“Em ciência leia sempre os livros mais novos. Em literatura, os mais velhos.”
A ciência encontra-se em constante desenvolvimento, o que era ontem uma verdade assumida
desmorona-se hoje frente ao ímpeto de novas investigações, frequentemente transportadas nas
ambições de jovens investigadores motivados pela sede de conhecimento e progressão académica.
Traz-nos aqui o conjunto de resumos de jovens investigadores que arriscaram expor-se, a mostrar o seu
trabalho e serem criticados.
Todos aqueles que encetam um projeto de investigação têm à partida um elevado potencial. Todavia,
muitos esmorecem perante o desconhecido e a adversidade, e muitas vezes não se aproximam de
concretizar o seu potencial.
Todos os investigadores deparam-se constantemente com incertezas, “para onde ir” e “como ir”, que
perturbam as mentes menos amadurecidas. Questões de investigação, hipóteses metodologias,
instrumentos, dados….avassalam até os mais experientes.
i
Estes jovens investigadores lidam também com o isolamento, quando não encontram quem compreenda
ou sinta empatia com o que estão a vivenciar. Muitas vezes, procuram algo mais, procuram o contacto
com outros… outros investigadores juniores que partilhem da sua vivência ou então o contacto com
aqueles que, já “muita pedra partiram” e com os seus erros aprenderam, para que possam servir de farol
que os resgate de uma tempestade de ideias e de conceitos.
Dessas inquietações surgiu o I Encontro Nacional de Novos Investigadores em Saúde (ENNIS) e I
International Meeting of New Health Researchers (IMNRH).
O sucesso do 2º Congresso Internacional de Saúde do IPLeiria trouxe a reflexão acerca dos trabalhos, que
apesar de muito valorizáveis, não se enquadravam no pretendido para um congresso em que se queriam
discutir resultados e suas implicações. Relativos a projetos ainda em curso ou em fases iniciais, como tal,
não apresentavam resultados, ou ainda, apesar de interessantes e pertinentes, careciam de aprumo
científico. Como que diamantes em bruto, precisavam de ser lapidados para que se pudesse apreciar o
seu brilho.
Assim, pensou-se numa iniciativa, que embora científica, assumisse um carácter pedagógico, onde
investigadores experientes ajudam os iniciantes a alicerçar os seus projetos de investigação. Enquanto
escola e unidade de investigação procurou-se contribuir ativamente para desenvolvimento da
investigação nacional e, principalmente, contribuir para a formação de investigadores competentes,
capazes e com espírito de trabalho em colaboração e partilha. Procurou-se a criação de uma plataforma
de intercâmbio e partilha de experiências entre investigadores nacionais e internacionais que
pretendessem apresentar publicamente os seus trabalhos de investigação, expondo-os à apreciação
crítica e construtiva da comunidade científica. Fomentar a participação dos novos investigadores em
eventos científicos, e incentivar a discussão interdisciplinar entre as diferentes vertentes de investigação
desenvolvidas no domínio da saúde, era o mote.
Um espaço em que todos partilham, ensinam e aprendem. Um espaço onde se desenvolva uma
discussão saudável e verdadeiramente altruísta.
Será que se conseguiu? Pensamos que sim!
Passemos aos resumos, avaliados e selecionados pelos peritos que se predispuseram a ouvir e a discutir
os projetos neles descritos. Foram diversas as temáticas apresentadas por jovens investigadores que
terminam as suas licenciaturas, jovens investigadores embrenhados nos seus projetos de mestrado e de
doutoramento. Projetos que envolvem diferentes faixas etárias observando-se a preocupação com
intervenção em idades precoces, a intervenção junto de adultos com risco ocupacional, intervenção em
populações fragilizadas, e mesmo a intervenção junto da população idosa. Foi possível contactar com um
largo espectro de intervenções terapêuticas farmacológicas, não farmacológicas e, com tradições
milenares. Também o papel do profissional de saúde em diferentes contextos é alvo de estudo, assim
como a época crítica de transição de estudante para profissional.
Já muitos afirmam que a diversidade nos enriquece…
Queremos “livros novos”!!
Quando os novos investigadores se fortalecem, a investigação sai fortalecida e a ciência evolui. Quando a
investigação em saúde evolui, a população sai beneficiada.
Esperemos que esteja presente na segunda edição e contribua para o crescimento do conhecimento
coletivo.
Jaime Ribeiro, PhD
Unidade de Investigação em Saúde, Escola Superior de Saúde, IPLeiria
ii
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
Page ENNIS1
ABSTRACT: ENNIS & IMNRH MEETING
Análise comparativa do "Evaluation on Ayres Sensory
Integration" versus "Sensory Integration and Praxis
Test"
Helena Reis1,2, Elsa Almeida2 & Patrícia Marcelino2
Citation: Reis, H., Almeida, E.
& Marcelino, P. (2015).
Análise comparativa do
"Evaluation on Ayres Sensory
Integration" versus "Sensory
Integration and Praxis Test".
Res Net Health 1, ennis1.
Received: 7th April 2015
Accepted: 30th April 2015
Corresponding Author:
[email protected]
1
Escola Superior de Saúde, Instituto Politécnico de Leiria, Leiria, Portugal
2
7Senses-Integração Sensorial, R. Álvaro Aurélio do Céu Oliveira 360 - 4470-134 Maia, Portugal
Abstract
Dr. Ayres desenvolveu um método válido e confiável de avaliar as funções de
integração sensorial - a Sensory Integration and Praxis Test. Contudo há a
necessidade de um teste que seja de mais fácil acesso a terapeutas. Assim este
projeto surgiu da necessidade de existir instrumentos de avaliação validados para
a população infantil. Pretende-se, deste modo, verificar se existe correlação entre
os testes táteis que constituem o Teste “Evaluation in Ayres Sensory Integration”
(EASI) e os testes táteis que constituem a Sensory Integration and Praxis Test. O
plano é recolher dados normativos de crianças entre os 3 e os 12 anos sem
necessidades ou problemáticas identificadas, aplicando 3 sub- testes táteis da
SIPT (Localização do estimulo táctil, grafestesia e Identificação do dedo) e 2 subtestes táteis da EASI –Perceção Tátil: Localização e Perceção Táctil: Desenho.
A comparação do desempenho nos testes tácteis da EASI (PT:L e PT:D) e os
testes táteis (LTS, GRA, FI) da SIPT, surge da necessidade de perceber se os
testes tácteis da EASI podem ser utilizados para fornecer informação válida e
confiável para avaliar funções da perceção táctil, na integração sensorial, que
fundamentem a aprendizagem, comportamento e participação da criança.
Este estudo poderá dar indicação se os testes da EASI, conseguem resultados tão
fidedignos como os do SIPT, e podem ser usados pelos profissionais de forma a
que as influências ou cultura, compreensão da linguagem e experiência prévia
sejam minimizados.
Keywords: Evaluation, sensory integration, child.
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
ENNIS1
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
Page ENNIS2
ABSTRACT: ENNIS & IMNRH MEETING
Transição para o Papel Maternal: A Experiencia Vivida
de Mulheres com Problemas de Adição a Substâncias
Psicoativas
Carolina Miguel Graça Henriques1,2, Maria Antónia Rebelo Botelho2 & Helena da
Conceição Borges Pereira Catarino1
Citation: Henriques, C.,
Botelho, M.A. & Catarino, H.
(2015). Transição para o Papel
Maternal: A Experiencia
Vivida de Mulheres com
Problemas de Adição a
Substâncias Psicoativas. Res
Net Health 1, ennis2.
Received: 9th April 2015
Accepted: 30th April 2015
Corresponding Author:
[email protected]
1
Escola Superior de Saúde, Instituto Politécnico de Leiria, Leiria, Portugal
2
Escola Superior de Enfermagem de Lisboa, Av. Prof. Egas Moniz, 1600-190 Lisboa, Portugal
Abstract
Existe hoje alguma investigação que se tem debruçado sobre os aspetos
associados à parentalidade e à construção da identidade materna e paterna, no
entanto, os aspetos específicos inerentes à consecução do papel maternal em
mulheres em situação de vulnerabilidade acrescida, da gestação até os primeiros
anos de vida do filho, são pouco conhecidos.
A revisão sistemática da literatura que efetuámos permitiu compreender que os
contextos de vida em que estas mulheres se movem são complexos e fulcrais para
construção da identidade materna destas mulheres (Henriques, Botelho,
Henriques & Vaz, 2015). O objetivo geral passa compreender a experiência
vivida da transição para o papel maternal de mulheres com problemas de adição a
substâncias psicoativas, desde o momento da gravidez ao primeiro ano de vida do
filho.
Esta pesquisa situa-se no paradigma qualitativo de desenho fenomenológico e
interpretativo, inspirado na fenomenologia existencial de Heidegger. Como
participantes teremos mães com idades entre os 18-35 anos, que saibam ler e
escrever, que acordem participar na investigação e ao abrigo de programas
terapêuticos (substituição narcótica de opiáceos) no âmbito dos Centros de
Respostas Integradas da ARS do Centro. Do ponto de vista da fenomenologia
ética seguir a abordagem de Emmanuel Levinas parece fazer-nos sentido, em que
a responsabilidade e igualdade face ao outro e à sua experiência, alicerçam o
encontro face a face.
Keywords: Mulheres, Toxicodependentes, Experiência Vivida.
References: Henriques, C., Botelho, M.A. & Vaz, D. (2014). Systematic review of
experiences into motherhood transition felt by women undergoing substance abuse
treatment. Mitteilungen Klosterneuburg 64.
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
ENNIS2
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
Page ENNIS3
ABSTRACT: ENNIS & IMNRH MEETING
A Influência da Evidência Científica no Processo da
Formulação de Políticas de Recursos Humanos Em
Saúde: estudo de caso múltiplo
Ana Paula Cavalcante de Oliveira1, Gilles Dussault1, Mário Roberto Dal Poz2 & Ulysses
de Barros Panisset4
1
Unidade de Saúde Pública Internacional e Bioestatística, WHO Collaborating Centre for Health
Workforce Policy and Planning, Instituto de Higiene e Medicina Tropical, Universidade Nova de
Lisboa (IHMT/UNL).
2
Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IMS/UERJ), Rio de
Janeiro, Brasil
3
Citation: Oliveira, A.P.,
Dussault, G., Dal Poz, M.,
Panisset, U. (2015). A
Influência da Evidência
Científica no Processo da
Formulação de Políticas de
Recursos Humanos Em Saúde:
estudo de caso múltiplo. Res
Net Health 1, ennis3.
th
Received: 15 April 2015
Accepted: 30th April 2015
Corresponding Author:
[email protected]
Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, Brasil
Abstract
Brasil e Portugal vêm enfrentando desafios na área dos recursos humanos em
saúde (RHS) como o de atrair e reter profissionais em áreas remotas e carentes, o
que contribui para a redução do acesso aos serviços.
O estudo tem como objetivo compreender a influência da evidência científica no
processo da formulação de políticas de RHS, que visem melhorar a equidade da
distribuição geográfica dos profissionais. É composto por dois estudos de caso: o
programa Mais Médicos no Brasil, que inclui entre suas medidas o recrutamento
de médicos, brasileiros e estrangeiros de forma individual e por acordo bilateral
com o governo cubano, para zonas com necessidades de serviços de saúde não
atendidas; e a contratação de médicos estrangeiros por acordos bilaterais para o
trabalho no serviço nacional de saúde em Portugal. Será realizada uma análise
documental, literatura publicada e cinzenta e media e entrevistas semiestruturadas com formuladores de política, stakeholders como os representantes
das organizações profissionais e investigadores. Utilizaremos para a análise o
quadro conceitual “3-I” qual assume que a formulação de políticas é influênciada
por ideias, interesses de atores, instituições e fatores externos (LAVIS et al.,
2012).
Os resultados contribuirão para o estabelecimento de um panorama do momento
sobre os países em estudo e para a compreensão dos determinantes do uso da
evidência científica na formulação de política.
Keywords: Políticas Públicas, Formulação de Políticas, Política Informada por
Evidência, Recursos Humanos em Saúde
References: Lavis JN, et al., (2012). Guidance for evidence-informed policies about
health systems: Linking guidance development to policy development. PLoS Medicine
9(3).
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
ENNIS3
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
Page ENNIS4
ABSTRACT: ENNIS & IMNRH MEETING
Práticas de avaliação dos Terapeutas da Fala em
Portugal com crianças no período pré-linguístico
Ana Graça1, Gisele Tessarolo1, Mónica Rema1, Susana Samgy1, Etelvina Lima1 &
Andreia Salvador1
1
Citation: Graça, A., Tessarolo,
G., Rema, M., Samgy, S.,
Lima, E. & Salvador, A.
(2015). Práticas de avaliação
dos Terapeutas da Fala em
Portugal com crianças no
período pré-linguístico. Res
Net Health 1, ennis4.
Received: 15th April 2015
Accepted: 30th April 2015
Corresponding Author:
[email protected]
Escola Superior de Saúde, IPLeiria, Leiria, Portugal
Abstract
Estado de arte: As aquisições do período pré-linguístico condicionam o ulterior
desenvolvimento da linguagem, pelo que, quanto mais precocemente forem
identificadas alterações comunicativo-linguísticas, mais cedo serão
implementadas medidas de intervenção. A avaliação pré-linguística deve oferecer
ao profissional informações precisas e suficientes para a elaboração de um
programa de intervenção. Contudo, a escassez de instrumentos nacionais de
avaliação pode ser um fator condicionante da qualidade da avaliação e
intervenção do Terapeuta da Fala neste período.
Objetivos: identificar as metodologias de avaliação utilizadas pelos Terapeutas da
Fala em Portugal com crianças no período pré-linguístico; determinar o grau de
satisfação destes em relação às metodologias utilizadas e determinar qual a
opinião dos Terapeutas da Fala em Portugal em relação às práticas de avaliação
desenvolvidas com esta população.
Metodologia: o desenho de investigação é do tipo descritivo, quantitativo e
transversal, com a aplicação de um questionário eletrónico à amostra. O
tratamento estatístico será efetuado com o SPSS.
Implicações éticas: a realização deste estudo foi aprovada pela Comissão de Ética
da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra.
Implicações para a prática em saúde: contribuir para a existência de evidências
relativas ao processo de avaliação na fase pré-linguística.
Keywords: Language development, nonverbal communication, infant, speech language,
pathology.
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
ENNIS4
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
Page ENNIS5
ABSTRACT: ENNIS & IMNRH MEETING
Impacto do isolamento familiar no uso de Medicamentos
Potencialmente Inapropriados nos idosos: um estudo
exploratório
Irene Constantino1, Alda Mourão1 & Dina Tavares1
1
Citation: Constantino, I.,
Mourão, A. & Tavares, D.
(2015). Impacto do isolamento
familiar no uso de
Medicamentos Potencialmente
Inapropriados nos idosos: um
estudo exploratório. Res Net
Health 1, ennis5.
Received: 18th April 2015
Accepted: 30th April 2015
Corresponding Author:
[email protected]
Escola Superior de Saúde, IPLeiria, Leiria, Portugal
Abstract
Introdução: O uso de medicamentos potencialmente inapropriados (MPIs) no
idoso, frequente polimedicado, tem merecido atenção dos investigadores e
profissionais de saúde, e tem sido estudado em diferentes cenários de prestação
de cuidados (hospitais, lares, etc.). Este uso de MPIs acarreta não só questões
com os gastos como também com a segurança do doente.
Objetivos: Este estudo exploratório pretende determinar a frequência do uso de
MPIs em idosos em situação de isolamento familiar; identificar os MPIs mais
frequentemente envolvidos; verificar se a idade e o sexo dos idosos, além do
número de medicamentos, estão relacionados com o aumento do consumo de
MPIs.
Metodologia e Resultados: Foi realizado um estudo retrospetivo da medicação de
7 idosos a viver em situação de isolamento familiar. O tamanho da amostra é
representativa deste grupo populacional, a viver nestas circunstâncias, no
concelho de Leiria (área urbana). A recolha de dados foi feita através de
entrevista face-a-face, no domicílio dos utentes inquiridos, e registados pelo
investigador no formulário criado para o efeito. Para identificar os MPIs foi
utilizada a versão da operacionalização para Portugal dos Critérios de Beers feita
por Soares et al. (2008). Os dados deste trabalho encontram-se ainda sob colheita.
Keywords: Beers Criteria, Older adults, Potentially Inappropriate Medications.
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
ENNIS5
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
Page ENNIS6
ABSTRACT: ENNIS & IMNRH MEETING
Kidney Injury in Type 2 Diabetic: The Role of Berberine
Treatment
Teresa Louro1
1
Citation: Louro, T. (2015).
Kidney Injury in Type 2
Diabetic: The Role of
Berberine Treatment. Res Net
Health 1, ennis6.
Received: 9th April 2015
Accepted: 30th April 2015
Corresponding Author:
[email protected]
Faculdade de Medicina, Universidade de Coimbra, Coimbra, Portugal
Abstract
rType 2 diabetes mellitus is a multifactorial disease. Prolonged hyperglycemia is
one of the major determinants of long-term complications of diabetes. Diabetic
nephropathy (DN) refers to a set of structural and functional changes which arise
in response to chronic glycemic attack. Because diabetes is a progressive disease,
pharmacotherapies with complementary mechanisms of action will be necessary
to achieve glycemic goals.
Berberine is a natural alkaloid isolated from the Coptis Chinensis. Although
routinely prescribe in Asian countries, an interest in its beneficial effects in
metabolic diseases has been growing in the Western world over the last decade.
The aim of our work was to analyze the effects of BBR in T2DM, specifically in
several markers of diabetic nephropathy. To realize our work we analyzed the
metabolic profile and several parameters (energy homeostasis, inflammation and
fibrosis) in cortex kidney tissue of 12 month old rats.
To testing the effects of this natural compound in diabetic renal disease, we will
go studding the profile metabolic of these animals. In renal tissue we will go
evaluated the activity of two enzymes activated protein kinase (AMPK) and
Sirtuin (Sirt)-1. Besides that, it is essential to study the role of several parameters
in the evolution of renal disease like, Transforming growth factor (TGF)-β and
pro-inflammatory cytokines
In conclusion, berberine is a valuable candidate for diabetic renal disease
therapy?
Keywords: Type 2 Diabetes, Renal Disease, Berberine.
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
ENNIS6
Page ENNIS7
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
ABSTRACT: ENNIS & IMNRH MEETING
A experiência vivida de se tornar um Terapeuta
Ocupacional
Fabiana Santos1, Ana Rita Almeida1, Lídia Ferreira1 & Jaime Ribeiro1,2
1
Escola Superior de Saúde, Instituto Politécnico de Leiria, Leiria, Portugal
2
Unidade de Investigação em Saúde (UIS) & Unidade de Investigação Inclusão e Acessibilidade
em Acção (IACT) - Instituto Politécnico de Leiria e Centro de Investigação Didática e Tecnologia
na Formação de Formadores (CIDTFF) - Universidade de Aveiro, Aveiro, Portugal
Citation: Santos, F., Almeida,
A. R., Ferreira, L. & Ribeiro,
J. (2015). A experiência vivida
de se tornar um Terapeuta
Ocupacional. Res Net Health
1, ennis7.
Received: 9th April 2015
Accepted: 30th April 2015
Corresponding Author:
[email protected]
Abstract
O estudo aqui descrito torna-se pertinente dada a inexistência de bibliografia
relativa a este tema em Portugal e à importância para estudantes que no futuro
irão ingressar o mundo laboral da Terapia Ocupacional (TO). Neste sentido,
encontra-se em desenvolvimento este projeto relativamente aos recém-licenciados
de 2013 e 2014 pela Escola Superior de Saúde de Leiria (ESSLei). Tem como
objetivo descrever a experiência do ingresso dos recém-licenciados em TO pela
ESSLei entre 2013 e 2014 no contexto laboral nas principais áreas de intervenção
empregadoras da TO, assim como o grau de satisfação dos mesmos, a descrição
da experiência vivida. Procura também aferir o contributo da formação recebida
para a adaptação ao mercado de trabalho.
O estudo apresenta uma abordagem mista e caráter exploratório-descritivo,
qualificando-se como um estudo caso, circunscrito ao universo dos estudantes de
TO da ESSLei. As informações recolhidas através de inquérito por questionário
serão complementadas com recurso a entrevistas, aprofundando assim as
informações inicialmente recolhidas. Ambos os instrumentos obedecem a
validação por especialistas e pilotagem. Recorrer-se-á também a dados de
empregabilidade obtidos por docentes da ESSLei.
O questionário será acompanhado por uma descrição do estudo e compromisso de
confidencialidade. Relativamente à entrevista, será também pedida a autorização
e consentimento informado aos participantes para a gravação em áudio.
Keywords:
Terapia
Ocupacional,
Recém-licenciados,
Experiência
vivida,
Empregabilidade, Satisfação profissional, Perfil de competências
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
ENNIS7
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
Page ENNIS8
ABSTRACT: ENNIS & IMNRH MEETING
Perfil de habilidades comunicativas para indivíduos com
afasia e seus cuidadores
Ana Lúcia Mano1, Joana Pinheiro1, Andreia Amaro1, Elsa Soares1 & Sónia Pós de Mina1
1
Citation: Mano, A.L.,
Pinheiro, J., Amaro, A.,
Soares, E. & Mina, S. P.
(2015). Perfil de habilidades
comunicativas para indivíduos
com afasia e seus cuidadores.
Res Net Health 1, ennis8.
Received: 10th April 2015
Accepted: 30th April 2015
Corresponding Author:
[email protected]
Escola Superior de Saúde, Instituto Politécnico de Leiria, Leiria, Portugal
Abstract
A revisão bibliográfica realizada aponta para a necessidade de compreender a
natureza e as características comunicativas da Pessoa com afasia e do cuidador,
tendo em conta as implicações que daí poderão advir para a PBE. Com este
trabalho pretende-se: a) identificar as dificuldades sentidas pelo cuidador no
processo de comunicação com a Pessoa com afasia; b) identificar as dificuldades
comunicativas apresentadas pela Pessoa com afasia; c) identificar estratégias
facilitadoras da comunicação entre os cuidadores e a Pessoa com afasia e, por
fim; d) determinar o perfil comunicativo da díade: cuidador - Pessoa com afasia.
O desenho do presente estudo é não experimental, quantitativo, de tipo descritivo,
transversal. Este tem como objeto de estudo o perfil comunicativo da díade.
Pretende-se que a amostra seja constituída por 30 díades. Foram utilizados um
questionário sociodemográfico e o instrumento de avaliação CAPPA - Breve.
Encontram-se salvaguardados todos os procedimentos formais, éticos e
deontológicos.
O levantamento de potenciais estratégias de comunicação que possam ser
utilizadas por outros profissionais e cuidadores, poderá ser essencial para
contribuir para a eficácia comunicativa e funcionalidade das Pessoas com afasia e
cuidadores.
Keywords: Comunicação, Estratégias, Pessoa com afasia, Cuidadores
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
ENNIS8
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
Page ENNIS9
ABSTRACT: ENNIS & IMNRH MEETING
Effect of Acupuncture on post-operative pain in Lumbar
surgery
Fatine Hamza1, Ana Alexandra Anjos1, Jorge Pereira Machado1, Manuel Laranjeira1 &
Henry Johannes Greten1
1
Citation: Hamza, F., Anjos,
A.A., Machado, J.P.,
Laranjeira, M. & Greten, H.J.
(2015). Effect of Acupuncture
on post-operative pain in
Lumbar surgery. Res Net
Health 1, ennis9.
Received: 13th April 2015
Accepted: 30th April 2015
Corresponding Author:
[email protected]
ICBAS - Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, Universidade do Porto, Porto, Portugal
Abstract
According to the Heidelberg model of TCM, we designed clinical randomized
single blinded controlled trial to investigate if acupuncture can be a useful
therapeutic option in post-operative pain in lumbar surgery. To achieve this goal
30 patients were randomly assigned to two groups: Group one: intervention group
received acupuncture in three points (KI10), (BL40) and (SP6). Control group
received Sham acupuncture in three points that doesn't belong to any meridian.
Both groups received the acupuncture by leopard spot technique and the
treatment was given 24h after lumbar surgery for LDD and LSS.
The pain assessment was evaluated by subjective measurement (VAS)and
objective by measuring the angle of the hip in (lasegue Test) before and after
acupuncture. Our results showed a significant decrease in the pain on VAS and a
significant increase in angle measurement between before and after the
acupuncture in both groups and no difference between the two groups.
Our results confirmed that acupuncture can be used as a post-operative pain
analgesic; it also proved the efficiency of the points choice. However, the
therapeutic effect found in the control group is not unusual and can be explained
by several theories: a.leopard spot technique that has a systemic effect on the qi
and xue of the body.b.Sham points had common dermatomes with true acupoints.
In conclusion: Acupuncture showed to be an effective way of treatment in postoperative pain in lumbar surgery for LDD and LSS, It can be used effectively as
an adjunct to conventional analgesia in surgery departments.
Keywords: Acupuncture, post-operative pain, Heidelberg model.
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
ENNIS9
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
Page ENNIS10
ABSTRACT: ENNIS & IMNRH MEETING
Avaliação nutricional e qualidade de vida em idosos
institucionalizados e não-institucionalizados
Ana Rita Henriques1 & Mónica Serra1
1
Citation: Henriques, A.R. &
Serra, M. (2015). Avaliação
nutricional e qualidade de vida
em idosos institucionalizados e
não-institucionalizados. Res
Net Health 1, ennis10.
Received: 14th April 2015
Accepted: 30th April 2015
Corresponding Author:
ritahenriques.dietetica@gmail.
com
Santa Casa da Misericórdia de Figueiró dos Vinhos, Figueiró dos Vinhos, Portugal
Abstract
O número de idosos institucionalizados em Portugal tem vindo a aumentar. O
envelhecimento acarreta diversas alterações, podendo estas comprometer a
qualidade de vida, a alimentação do idoso e, consequentemente, o seu estado
nutricional. Verificar se a qualidade de vida está relacionada com o estado
nutricional de idosos institucionalizados e não institucionalizados.
Estudo observacional analítico transversal, constituído por uma amostra não
probabilística de 132 idosos institucionalizados e 132 idosos não
institucionalizados do sexo masculino e feminino. Foi realizado um questionário
sociodemográfico, o MNA e o WHOQOL-BREF para avaliar o estado nutricional
e a qualidade de vida (nível de significância de p ≤ 0,05).
Durante a realização do estudo foi sempre assegurado o cumprimento dos
princípios éticos, nomeadamente através da aplicação do consentimento
informado, assim como na garantia da confidencialidade e anonimato dos
inquiridos. Estes, por sua vez, não receberam qualquer tipo de financiamento ou
contrapartida pela participação, sendo um estudo de caráter voluntário.
Em idosos institucionalizados verificou-se que 62,1 % (n = 82) apresentou risco
de desnutrição e 45,5 % (n = 60) dos não institucionalizados, apresentou estado
nutricional normal. O facto de estar ou não institucionalizado influencia também
a qualidade de vida nos domínios psicológico e ambiental (p ≤ 0,05). O estado
nutricional influencia os diferentes domínios da qualidade de vida (p ≤ 0,05).
Keywords: Envelhecimento, estado nutricional, qualidade de vida, institucionalização
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
ENNIS10
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
Page ENNIS11
ABSTRACT: ENNIS & IMNRH MEETING
Determinação da idade crítica para o aparecimento de
obesidade infantil
Cátia Braga-Pontes1, Sara Simões-Dias1 & Maria Pedro Guarino1
1
Citation: Braga-Pontes, C.,
Simões-Dias, S. & Guarino,
M.P. (2015). Determinação da
idade crítica para o
aparecimento de obesidade
infantil. Res Net Health 1,
ennis11.
Received: 14th April 2015
Escola Superior de Saúde, Instituto Politécnico de Leiria, Leiria, Portugal
Abstract
A obesidade infantil constitui atualmente um grave problema de saúde pública.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde a obesidade infantil é um forte
preditor de obesidade no adulto, incrementando o risco de desenvolvimento de
doenças crónicas e representando um dos mais sérios desafios que a Europa terá
de superar nos próximos anos.
Accepted: 30th April 2015
Corresponding Author:
[email protected]
O estudo tem como objetivos: determinar a idade crítica para o aparecimento de
excesso de peso e obesidade numa população de crianças dos 2 aos 10 anos de
idade, avaliar fatores de risco para o aparecimento de obesidade na população em
estudo hábitos tabágicos e ganho de peso da mãe durante a gravidez, diabetes
gestacional, peso à nascença, ganho de peso durante os primeiros meses de vida,
duração do aleitamento materno, número de horas de sono da criança, estatuto
socioeconómico e IMC dos pais, hábitos alimentares e de atividade física da
criança.
Este estudo será realizado numa amostra de crianças dos 2 aos 10 anos de idade
que frequentam instituições de ensino da região de Leiria. Os dados serão obtidos
através de avaliações antropométricas e de um questionário aos pais. A análise
estatística será realizada através do Programa SPSS e do Programa R. Será
solicitado consentimento informado aos pais das crianças envolvidas no estudo.
Perspetivam-se as implicações para a prática em saúde: Desenvolver estratégias
de educação alimentar mais eficazes na idade considerada crítica para o
desenvolvimento de obesidade.
Keywords: Obesidade, idade crítica, infância.
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
ENNIS11
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
Page ENNIS12
ABSTRACT: ENNIS & IMNRH MEETING
Avaliação da Discriminação Auditiva em Crianças com
idades compreendidas entre os 4 anos e os 4 anos e 11
meses
Diana Fernandes1, Joana Marques1 & Etelvina Lima1
1
Citation: Fernandes, D,
Marques, J. & Lima, E.
(2015). Avaliação da
Discriminação Auditiva em
Crianças com idades
compreendidas entre os 4 anos
e os 4 anos e 11 meses. Res
Net Health 1, ennis12.
Received: 14th April 2015
Accepted: 30th April 2015
Corresponding Author:
[email protected]
Escola Superior de Saúde, Instituto Politécnico de Leiria, Leiria, Portugal
Abstract
Estado da Arte: A discriminação auditiva (DA) é essencial para a competência
linguística, existindo evidências sobre diferenças da aquisição de competências
linguísticas entre géneros. Embora haja falta de informação sobre os níveis de
desempenho da DA na população portuguesa, existem evidências de que a
performance nas provas desta capacidade podem depender do género.
Objetivos: Os objetivos do estudo são a identificação e análise do nível de
competência de DA e a comparação da DA entre géneros.
Metodologia: Com base um desenho de estudo não-experimental, descritivo do
tipo quantitativo foi reunida uma amostra de 45 crianças dos 4 aos 4 anos e 11
meses (22 do género feminino e 23 do masculino) à qual foi aplicado um teste
formal de avaliação da linguagem e o questionário sociodemográfico para apurar
os critérios de inclusão. Adicionalmente, foi aplicado o Protocolo de Avaliação
da DA (desenvolvido por Leal, Almeida, Dixe, e Mina, 2013). Os dados
recolhidos serão alvo de uma análise estatística descritiva e inferencial.
Implicações Éticas: A recolha dos dados nos jardins-de-infância foi aprovada pela
Comissão Nacional de Proteção de Dados e autorizada pelo Ministério da
Educação. Foi pedida autorização às instituições onde o estudo foi realizado e aos
Encarregados de Educação através do Consentimento Informado.
Implicações para a prática em saúde: O estudo permitirá obter dados mais
precisos sobre a competência de DA, aumentando a qualidade do diagnóstico e
avaliação linguística consoante o género, otimizando a intervenção e prestação de
cuidados de saúde nesta área.
Keywords: Género Masculino, género feminino, discriminação auditiva, crianças em
idade Pré-Escolar, avaliação da discriminação.
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
ENNIS12
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
Page ENNIS13
ABSTRACT: ENNIS & IMNRH MEETING
Atenção às condições crónicas de saúde na Região centro
de Portugal: Trajetórias de saúde dos utentes
Marta Costa1, Ana Santos1, Beatriz Mendonça1 & Daniela Francisco1
1
Citation: Costa, M., Santos,
A., Mendonça, B. &
Francisco, D. (2015). Atenção
às condições crónicas de saúde
na Região centro de Portugal:
Trajetórias de saúde dos
utentes. Res Net Health 1,
ennis13.
Received: 15th April 2015
Escola Superior de Saúde, Instituto Politécnico de Leiria, Leiria, Portugal
Abstract
As doenças crónicas afetam os indivíduos em várias dimensões da vida, fazendo
dos cuidados de saúde um fator importante no controlo da sintomatologia da
doença e do sofrimento a ela associado. O aumento da esperança média de vida e
prevalência das doenças crónicas indica que cada vez são mais as pessoas que
vivem nestas condições, desconhecendo-se os seus percursos de procura de
cuidados de saúde.
Accepted: 30th April 2015
Corresponding Author:
[email protected]
O objetivo deste estudo é conhecer as trajetórias de saúde dos portadores de
doença crónica na região centro através da identificação dessa mesma condição,
caracterização da sua influência no quotidiano e identificação dos recursos de
saúde existentes e utilizados na comunidade.
Pretendemos conjugar uma abordagem quantitativa para investigar o perfil
epidemiológico com uma abordagem qualitativa, através do recurso a entrevistas
semiestruturadas, que fornecerão os dados necessários para entender e traçar as
trajetórias de saúde. O estudo será realizado em utentes com condições crónicas
abrangidos pela Administração Regional de Saúde do Centro, maiores de 18 anos,
que falem português e acedam participar no estudo através de uma entrevista
gravada, usando uma amostragem não probabilística intencional do tipo “bola de
neve”.
Para o tratamento de dados recorreremos a estatística descritiva com recurso ao
SPSS para obter medidas de tendência central e de dispersão e utilizaremos a
técnica de análise de conteúdo segundo Bardin (codificação e categorização),
recorrendo ao Microsoft Word para transcrição das entrevistas.
Keywords: Doenças crónicas, epidemiologia, trajetórias de saúde, cuidados de saúde.
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
ENNIS13
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
Page ENNIS14
ABSTRACT: ENNIS & IMNRH MEETING
Promoção da saúde oral na idade pré-escolar: Estudo de
intervenção comunitária numa amostra de recém-mães
Fátima Vitorino1, José Frias-Bulhosa1 & Alice Martins1
1
Citation: Vitorino, F., FriasBulhosa, J. & Martins, A.
(2015). Promoção da saúde
oral na idade pré-escolar:
Estudo de intervenção
comunitária numa amostra de
recém-mães. Res Net Health 1,
ennis14.
Received: 15th April 2015
Accepted: 30th April 2015
Corresponding Author:
[email protected]
Universidade Fernando Pessoa, Praça 9 de Abril, 349, 4249-004 Porto, Portugal
Abstract
A cárie precoce da infância pode acarretar complicações locais, sistémicas e
psicológicas, com repercussões significativas a nível individual, familiar e
socioeconómico, comprometendo a qualidade de vida da criança e sua família,
tanto a curto como a longo prazo.
Sendo a cárie uma doença do foro comportamental é passível de prevenção, cujo
início ideal se reporta ao período perinatal, intervindo na grávida e recém-mãe,
através da educação para a saúde, melhorando a literacia em saúde oral e a
sensibilização do público.
Perante estas premissas, desenvolveu-se um estudo quási-experimental de
intervenção comunitária, que decorreu nas 4 Unidades de Cuidados na
Comunidade do Agrupamento de Centros de Saúde da Unidade Local de Saúde
de Matosinhos, de março a maio de 2014, integrado no Projeto Bem Me Quer.
Definiram-se dois objetivos: identificar os conhecimentos das recém-mães; e
verificar se após a ação de educação para a saúde os conhecimentos das recémmães sobre saúde oral aumentam.
Efetuaram-se 6 ações de educação para a saúde a 48 recém-mães. Aplicou-se um
questionário, um pré-teste, uma sessão formativa e um pós-teste. Para testar
diferenças significativas entre pré e pós-teste aplicou-se o teste de qui-quadrado,
considerando-se um nível de significância de 0,05.
Conclui-se que as ações de educação para a saúde foram eficazes na aquisição de
conhecimentos (p < 0,001), o que reforça a indicação de se adotar um papel ativo
na promoção da saúde oral e prevenção das doenças orais e motiva a que os
médicos dentistas dediquem mais tempo à intervenção comunitária.
Keywords: Educação para a saúde, promoção da saúde oral, recém-mães, cárie precoce
da infância.
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
ENNIS14
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
Page ENNIS15
ABSTRACT: ENNIS & IMNRH MEETING
Presença de alterações vocais e autoperceção das mesmas
em professores do 1º ciclo do Ensino Básico
Adriana Souto1, Daniela Cartaxo1, Liliana Dias1, Paula Meireles1, Elsa Soares1 & Sónia
Pós de Mina1
1
Citation: Souto, A., Cartaxo,
D., Dias, L., Meireles, P.,
Soares, E. & Mina, S. (2015).
Presença de alterações vocais e
autoperceção das mesmas em
professores do 1º ciclo do
Ensino Básico. Res Net Health
1, ennis15.
Received: 15th April 2015
Escola Superior de Saúde, Instituto Politécnico de Leiria, Leiria, Portugal
Abstract
Estado de Arte: Os professores são uma classe profissional que apresenta
prevalência de alterações vocais. Refere-se então a importância da prevenção e da
intervenção atempada para evitar o desenvolvimento de patologias vocais. Sendo
esta uma classe profissional de risco e na ausência de informação sobre esta
temática na literatura, considera-se pertinente perceber a prevalência e incidência
de alterações vocais nos professores.
Accepted: 30th April 2015
Corresponding Author:
[email protected]
Objetivos: Pretende-se identificar o número de professores do 1º Ciclo do Ensino
Básico com alterações vocais no concelho de Leiria; caracterizar como se
autopercecionam relativamente à sua voz e, correlacionar a autoperceção de
patologia vocal e a presença da mesma nestes profissionais.
Metodologia: O desenho do estudo é de tipo não experimental, quantitativo,
descritivo-correlacional e transversal. Estima-se a participação de 152
professores. Foram utilizados como instrumentos de investigação o Guião de
entrevista de Guimarães (2002), o Questionário de autoavaliação do impacto da
voz na qualidade de vida (VHI) (2004, traduzido de Jacobson, 1997) e um
Protocolo Informal de Avaliação vocal.
Implicações Éticas: Encontram-se garantidos todos os procedimentos formais,
éticos e deontológicos.
Implicações para a prática: Com este estudo visa-se obter mais detalhes acerca do
desenvolvimento de alterações vocais e das consequências destas no desempenho
profissional. Assim, espera-se a troca de informações entre o Terapeuta da Fala e
os professores propiciando a consciencialização do problema de forma a detetar o
mais precocemente a necessidade de ajuda.
Keywords: Alterações vocais, autoperceção, professores.
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
ENNIS15
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
Page ENNIS16
ABSTRACT: ENNIS & IMNRH MEETING
O desenvolvimento do vocabulário numa aluna com
Paralisia Cerebral: uma intervenção com o Projecto BIA
Mariana Nunes1, Catarina Martins2 & Célia Ribeiro1
Citation: Nunes, M., Martins,
C. & Ribeiro, C. (2015). O
desenvolvimento do
vocabulário numa aluna com
Paralisia Cerebral: uma
intervenção com o Projecto
BIA. Res Net Health 1,
ennis16.
Received: 15th April 2015
Accepted: 30th April 2015
Corresponding Author:
[email protected]
1
Universidade Católica Portuguesa – Centro Regional das beiras (UCP-CRB), Viseu, Portugal
2
APCV - Associação de Paralisia Cerebral de Viseu, 3510-779 São Salvador, Viseu, Portugal
Abstract
Os alunos com Paralisia Cerebral (PC) apresentam, frequentemente, problemas de
comunicação. As novas tecnologias de informação e comunicação podem ajudar
alunos com PC no seu processo de ensino e aprendizagem e na inclusão escolar e
social.
Com o presente trabalho, pretendeu-se verificar se o software de computador
(Projeto Bia) contribui para aumentar o vocabulário de uma criança com PC,
especificamente, através da identificação do número de palavras adquiridas
durante um programa de intervenção.
Tendo por base o desenho de investigação de sujeito único (criança com PC de 8
anos de idade, no 1º ano de escolaridade), foram realizadas intervenções
semanais, durante 3 meses, incidindo sobre temas relacionados com atividades de
vida diária (alimentação, escola, vestuário, higiene pessoal, adjetivos, noções
espaciais e corpo humano). Foram utilizados como instrumentos e técnicas de
recolha de dados: observação naturalista, padrão de interação/comunicação, perfil
de comunicação funcional e entrevista não estruturada.
Foram garantidos o anonimato e integridade dos intervenientes, informando-os
que poderiam abandonar a investigação durante o seu decurso. Os objetivos e
procedimentos foram claramente apresentados no início da investigação e obtido
o consentimento informado.
Em todos os temas, o número de palavras no vocabulário a aluna aumentou
significativamente. Demonstrou-se que o Projecto Bia auxiliou a aluna com PC a
ampliar o vocabulário e a desenvolver o seu processo comunicativo, mais
especificamente a iniciativa comunicativa.
Keywords: Paralisia cerebral, comunicação aumentativa e alternativa, projeto Bia.
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
ENNIS16
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
Page ENNIS17
ABSTRACT: ENNIS & IMNRH MEETING
Comprimento médio do enunciado (CME) em crianças
dos 3A:6M aos 4A, sem patologia da linguagem
Cláudia Clara1, Cristiana Couto1, Ana Maria Silva1 & Nance Quinta1
1
Citation: Cláudia, C., Couto,
C., Silva, A. M., Quinta, N.
(2015). Comprimento médio
do enunciado (CME) em
crianças dos 3A:6M aos 4A,
sem patologia da linguagem.
Res Net Health 1, ennis17.
Received: 15th April 2015
th
Accepted: 30 April 2015
Corresponding Author:
[email protected]
Escola Superior de Saúde, Instituto Politécnico de Leiria, Leiria, Portugal
Abstract
Introdução: O CME é uma medida quantitativa que dá informações sobre o perfil
linguístico da criança. Apesar da sua importância, não existem valores padrão
para o Português Europeu (PE).
Objetivos: Análise de valores do CME, utilizando os morfemas como forma de
cálculo em crianças portuguesas dos 3A:6M aos 4A; verificar qual o grau de
relação existente entre estes valores, a fratria e o tempo que as crianças passam
com os pais.
Metodologias: Estudo quantitativo descritivo correlacional. O estudo contou com
60 crianças com um desenvolvimento global típico e com o PE como única
língua. Foi gravada uma amostra do discurso espontâneo de cada criança para ser
transcrita e analisada. Após a análise será feita a média dos valores obtidos e uma
comparação desta com as variáveis em estudo.
Implicações éticas: contactadas entidades como a Comissão Nacional de Proteção
de Dados, a Direção Geral de Educação, os Agrupamentos de Escolas e os
encarregados de educação para solicitar as devidas autorizações, sendo garantidos
todos os procedimentos éticos e deontológicos.
Implicações para a prática: Espera-se que este estudo indique as implicações que
as variáveis têm no desenvolvimento linguístico da criança. Estes dados podem
demonstrar-se importantes na avaliação e intervenção do Terapeuta da Fala.
Keywords: Desenvolvimento da Linguagem, Comprimento Médio do Enunciado,
Criança, Pais, Fratria.
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
ENNIS17
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
Page ENNIS18
ABSTRACT: ENNIS & IMNRH MEETING
Sentido de vida dos estudantes do primeiro ano do
Instituto Politécnico de Leiria
David Silva1, Luís Seiça1, Raquel Soares1 & Ricardo Mourão1
1
Citation: Silva, D., Seiça, L.,
Soares, R. & Mourão, R.
(2015). Sentido de vida dos
estudantes do primeiro ano do
Instituto Politécnico de Leiria.
Res Net Health 1, ennis18.
Received: 20th April 2015
Accepted: 30th April 2015
Corresponding Author:
[email protected]
Escola Superior de Saúde, Instituto Politécnico de Leiria, Leiria, Portugal
Abstract
A transição do ensino secundário para o ensino superior tem-se demonstrado uma
fase complexa na vida dos estudantes, devido maioritariamente a fatores externos,
tais como a mudança de casa, aumento do grau de dificuldade do ensino e
mudança de estilos de vida, que podem muitas das vezes levar a desequilíbrios da
saúde mental como problemas emocionais, depressão e distress, entre outros.
Pretende-se então com este estudo analisar o sentido de vida destes estudantes
nesta nova fase, repleta de mudanças e alterações, utilizando para tal uma análise
quantitativa correlacional.
Os dados analisados serão obtidos anonimamente através de um questionário,
salvaguardando a privacidade dos envolvidos no estudo. Entre os instrumentos de
recolha de dados, figura um questionário sociodemográfico, a escala de sentido
de vida, a escala de qualidade de vida SF-12, a escala de vivências académicas e a
escala de ansiedade e depressão.
A nível de implicações na prática, pretende-se identificar quais são os principais
problemas dos estudantes nesta transição, detetando-os o mais precocemente
possível, com o objetivo de os auxiliar a ultrapassar esta fase, justificando assim a
presença do enfermeiro no gabinete de apoio ao estudante.
Keywords: Estudantes universitários, sentido de vida, transição.
RESEARCH AND NETWORKS IN HEALTH
ENNIS18
SILVER STORIES FINAL CONFERENCE
26 & 27 May 2015, Leiria, Portugal
ABSTRACTS
Oral & Poster communications
Oral communication 1 (OC1)
Alex Henry, Curiosity Creativea), UK
History in our hands - exploring elders life stories with digital storytelling and ceramics.
a)
Curiosity Creative is a non-profit-distributing social enterprise, dedicated to creating and archiving
digital stories in North East England. We work with groups, helping them to tell their own stories using
sound, images and photographs.
Between 2013 and 2015, Curiosity Creative has worked in partnership with the Grange Centre,
Newcastle and ceramicist Annette Poulson to record life stories and experiences through digital
storytelling and ceramics.
The Grange Centre is a charity providing day opportunities for elders who require day care
support to prevent social isolation, family breakdown, relapse of functional illness, or to offer
support and respite for families/carers. This enables people to retain their independence and
remain in their own homes for as long as possible.
By offering the opportunity to engage with and tell stories using two very different techniques,
our project has helped reduce barriers for elders to express themselves in different ways.
Our project also aimed to challenge participant’s perceptions of their own abilities and looks to
continue to challenge the perceptions of elders' worth and abilities within the wider
community, helping to dispel negative stereotyping. It has also increased self-worth and
confidence and invigorates morale of participants.
It has proved to be a brilliant opportunity for participants to share fun times of their lives with
others. The joy in their faces when reliving parts of their youth was a delight to behold and at
times family and friends viewed them in a new light. For others it gave a safe environment to
express themselves emotionally and to voice fears for the first time. Raised self-esteem and
therapeutic value of the project was clear to see and helped participants bond and create
friendships that would not have been possible without it.
Keywords: Digital Storytelling, Ceramics, Wellbeing, Empowerment, Dementia friendly
Main scientific area: Digital Storytelling, Oral History
1
Oral communication 2 (OC2)
Andrea Capstickb), University of Bradford, UK
Digital storytelling with people with dementia in long-term care: place, home and community.
b)
Dr Andrea Capstick is a Programme Leader in Dementia Studies at the University of Bradford, UK. Her
main research interests are participatory methods and arts-based approaches in social research.
Over a period of 18 months, we worked with ten people with dementia living in a long-term
care environment to co-produce digital stories on subjects that were of interest to them. Each
participant made an individual short film (range 3 - 12 minutes). All the participants chose to
base the story they told on their own earlier lives, and to locate it in a specific place. This
suggests that people with dementia continue to associate a sense of identity with specific
communities, and with concepts of home and belonging.
The presentation will explain how we drew on local history archives and creative commons
sources to co-create short films which represent the important messages the participants
wanted to convey about themselves and their lived experience. In the process we encounter
many intersectionalities with social history during the 20th century due to factors such as world
war, slum clearance, the growth of social housing, the demise of manufacturing industry and
the changing roles of women.
Keywords: Dementia, long-term care, memory, place, community.
Main scientific area: Health studies
Oral communication 3 (OC3)
Tom McGorrianc), Middlesex University, UK
Developing documentary practices for sensitive contexts – Video Ethnography in the UK
Hospice Sector.
c)
Tom joined the Television Production department at Middlesex University in 2010. As well as lecturing in
documentary, he is actively involved in developing media practice, and in creating links with partners
from the broadcast and business industries.
Any filmmaker who sets out to make documentaries faces multiple challenges, not the least of
which is a set of ethical issues inherent in the process. How to portray the subjects of the film?
What to shoot and what not to shoot? How to edit so that the film is true to its topic and
subjects, yet also works as a compelling story for the audiences?
If a filmmaker is working in a sensitive environment, such as a hospice, how to represent people
with dignity and sensitivity to that place, time and experience are added factors too. That said,
2
the overall purpose of my research project is to use video ethnography in the Hospice Sector as
a case study for developing documentary filming practices for sensitive contexts.
My key aim is to explore how the convergence of documentary video ethnography
methodologies can be used to help guide researchers as they navigate ethical concerns.
The specific objectives of my research project are to explore the ethics issue around
documentary filmmaking through interviews with people from a range of ages and experiences
living out their last stage of life; to deliver evidence (research and film) about what the quality of
life means to people visiting day hospices and what specific practices, behaviors and attitudes
have an impact on their quality of life; to capture the voices (film) of those who are attending
day hospices, expressing their views of a vision for care in hospices and consider how their input
might influence practice with the future.
Key words: Video Ethnography; Ethics; Hospice; Documentary
Main scientific area: Media/documentary
Oral communication 4 (OC4)
Catherine Theodosiusd), Brighton University, UK
The Authentic Voice: Digital stories and the organization.
d)
Senior Lecturer at Brighton University in Adult Nursing and Research Lead for the Cultivating
Compassion Project.
The cultivating compassion project set out to represent and celebrate compassionate practice
within local NHS Trusts by creating compassion digital stories for educational purposes. A key
project aim was to capture and build on existing practice in order to develop compassionate
culture within the organization. The project took an appreciative inquiry approach, which
considers that the creative process of storytelling can facilitate a ‘collective imagination’ that
can become constructive in making possible change and improvement within and for the
organization. Six stories from three separate NHS trusts were created for the toolkit and have
successfully been used to raise awareness of compassion. However, these stories are very
different from other digital stories. This paper asks why? It explores the impact on the choice of
story, the narration of the story and the images used when the stories are specifically created
for educational purposes and are considered to represent examples of compassionate care for
professional practice development.
The paper suggests that the authentic voice can be lost when stories become incorporated into
the organizational discourse. Thus, rather than the stories enabling a ‘collective imagination’
they can become representative of prescribed organizational norms. However, the paper argues
that despite this, the value of the stories in facilitating discussing and learning remains because
3
within the organizational context when these prescribed norms are brought to life through the
medium of the digital stories, they can be challenged.
Key words: Organisation, authentic voice, education and compassion
Main scientific area: Education
Oral communication 5 (OC5)
Francielle Maciel Silvae), Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil
Bioethics through cinema lenses
e) Possui graduação em Enfermagem pela Universidade Federal de Santa Catarina (2010), sendo por 2
anos membro do Grupo de Assistência, Pesquisa e Educação na área de Saúde da Família (GAPEFAM).
Realizou especialização em Saúde da Família nesta mesma universidade (2010 - 2012). Atualmente
desenvolve atividades como enfermeira da Estratégia de Saúde da Família no município de Santo Amaro
da Imperatriz e como Tutora no curso de Especialização Multiprofissional na Atenção Básica UNA-SUS
(UFSC). Além disso, desde 2012 é membro do Núcleo de Pesquisa em Bioética e Saúde Coletiva
(NUPEBISC). Atualmente é estudante de Mestrado do Programa de Pós Graduação em Saúde Coletiva
(PPGSC-UFSC). Tendo experiência na área de Saúde Coletiva e Políticas Públicas atuando principalmente
nas seguintes temáticas: cuidado, família, ética, educação, humanização e valorização da saúde do
trabalhadores.
The study aims to report an extension project completion entitled "Cinema, Health and
Bioethics", organized by the Research Center for Bioethics and Collective Health (NUPEBISC) of
the Federal University of Santa Catarina (UFSC), in partnership with public institutions of health.
The project enables the rapprochement between university and health services, discussing
some issues related to the work process in health, care and management policies to the Unified
Health System (SUS) in the light of the theoretical framework of Daily Bioethics by Giovanni
Berlinguer.
The project’s first experience was in 2010, and it is still in progress. It enables the participation
and integration of new subjects such as workers, undergraduate and post-graduate students.
The working method to trigger reflection and debate is through cinematographic works selected
from a list provided by the research group and elected by the participants according to their
interests. During each of the five sections that make up each project’s edition, the participants
have the opportunity to reflect more deeply on relevant ethical topics in their daily lives. That
has been considered an exciting time of health permanent education according to the
assessment performed by the subjects, in the end. It is worth mentioning that the method
encourages participation and provides subsidies for anchoring produced reflections, facilitates
more critical, ethical and political analyses.
Key words: Ethics, bioethics, health, cinema and research
Main scientific area: Bioethics
4
Oral communication 6 (OC6)
Tony Sumnerf) & Pip Hardy, Pilgrim Projects/Patient Voices, UK
Helping tomorrow’s doctors to become reflective practitioners through digital storytelling.
f)
Tony Sumner co-founded (with Pip Hardy) the Patient Voices programme in 2003 to use reflective digital
storytelling stories within e-learning. The programme has won awards from the Dartmouth-Hitchcock
Medical School and the British Medical Journal.
Background: Latest medical education guidelines in the UK stress the need for doctors to be
capable reflective practitioners. However, traditional cultures and methods within medical
education departments develop and deliver reflective programmes that are mechanistic and
ineffective. This paper describes two programmes run for medical students at two different UK
universities based on Reflective digital storytelling principles, and their outcomes.
Methods: The Patient Voices Reflective Digital Storytelling process was used to provide
reflective opportunities for medical students at the University of Leicester (N=5) in 2008 and
Kings College London (N=4) in 2014. In both cases the normal process was adapted to suit
student timetables, examination schedules, etc. Experience running Patient Voices Reflective
Digital Storytelling workshops for newly-qualified nurses, etc was used to inform facilitative
approaches. Different adaptations were needed in each institution.
Results: In both cases all students created reflective stories. Several (N=6) found the process so
engaging they created two stories. Student feedback in both cases was powerfully positive, with
students arguing at the launch of the stories created for universal adoption of this approach to
reflection within their institutions. Students reported bonding as a group and feeling greater
empathy with patients while on placement.
Conclusions: Digital storytelling can provide the basis for a methodology within which medical
students can deeply and effectively reflect on experiences of personal life, training and early
practice, but key to this is ensuring a safe facilitative environment within which they can truly
reflect rather than merely fill in reflection forms.
Key words: Digital storytelling medical education reflection
Main scientific area: Digital storytelling
5
Oral communication 7 (OC7)
Liam Burkeg), Swinburne University of Technology, Australia
“Closer Together”: Using digital storytelling to chart how Melbourne’s aging Irish community
uses social media.
g)
Liam Burke is a media studies lecturer at Swinburne University of Technology (Melbourne). He is the
Principal Investigator of the inter-disciplinary research project, New Media, Aging, and Migration.
"From the Great Famine, through to the mass departures of the 1950s and the ‘lost’ generation
of the 1980s, modern Irish history has been marked by emigration. Yet in contrast to past mass
departures, the availability of new media will ensure that the current generation will not be
‘lost’, when they can so easily be tagged, tweeted, and skyped. However, the enthusiasm for
this “Generation Skype” has seen older Irish immigrants largely ignored. This paper will chart
how Irish people who moved to Melbourne before the availability of digital technologies now
make use of new media to connect with the Irish community in Australia and back in Ireland.
This paper is based on a larger research project that uses digital storytelling techniques to allow
older people, who are often dismissed as falling on the other side of the digital divide, to reflect
on their engagement with new media. Specifically, this paper will draw on surveys with over
forty older Irish people in Melbourne and more than a dozen on-camera interviews. The many
topics discussed by participants include: pre-digital communications practices, difficulties using
new technologies, motivation for adopting social media, connection to Irish groups in
Melbourne, and narrowing the distance between Ireland and Australia.
From these unique stories and experiences a picture of Melbourne’s Irish community emerges,
yet each across each account there is a desire to connect a community whose stories have all
too often gone untold."
Keywords: New Media, Aging, Migration, Ireland, Digital Divide
Main scientific area: Media and Communications
Oral communication 8 (OC8)
Sue Pottsh) & Ian Bradley, Liverpool John Moores University, UK
Our Day Out.
h)
Sue Potts is the Knowledge Exchange Manager at the Institute of Cultural Capital. Ian Bradley is a Senior
Lecturer in Media at Liverpool Screen School. Both are based at Liverpool John Moores University
This paper presents the findings of the Our Day Out project which engaged older peoples’
groups across Merseyside in collecting and sharing memories of days out to the British seaside.
6
Central to project design was the use of images from the Keith Medley Archive, held by
Liverpool John Moores University’s Special Collections. The project aimed to add context and
meaning to a selection of Medley images which documented day trippers during the 1960s to
New Brighton, a popular pre and post Second World War day trip destination for communities
around Merseyside. The photographs were used to instigate discussions within memory
workshops, which were recorded and shared on the website http://www.our-day-out.co.uk/.
The selected Medley images were from a special place that took its visitors out of their everyday
environment and presented opportunities for fun and recreation. The memory workshops
conducted for Our Day Out took participants back in time to a place that involved escapism and
amusement. This study found that the images acted as an effective point of departure for
building an online collection of stories about social practices at the British Seaside in the 1960s.
Furthermore, the study found that older peoples’ well -being benefitted from discussing times
when they were free of physical restriction and from when they held fond and happy memories.
This paper discusses the value of archived photographs as instigators for creating digital stories
with and by older people. Also considered is the role of nostalgia in reminiscence and memory
work.
Keywords: Older People, Archives, Photographs, Nostalgia, Seaside.
Main scientific area: Cultural policy.
Poster SS1.
Ana Teresa Pedreiroi), Unidade de Investigação em Ciências da Saúde: Enfermagem, Escola
Superior de Enfermagem de Coimbra, Portugal
Gender Influence in the Transition to Retirement: A qualitative study.
i)
Ana Teresa Pedreiro, MsC is a Research Grant Holder at Health Sciences Research Unit: Nursing, in
Nursing School of Coimbra. She is a PhD student.
Introduction: Retirement is one of the major transitions in a person life. The work identity is,
many times, the only identity the person has and so a loss of identity can be felted after
retirement. It can also lead to different vulnerabilities, including health vulnerabilities. Gender
differences during active life originate different experiences for men and women that influence
the identification of personal goals and resources for reaching those goals, after retirement.
Objective: To know the perceptions of Portuguese retirees about their transition to retirement,
according to gender.
Methodology: We conducted a descriptive study of a qualitative nature. The target population
was retirees (retired for less than five years) registered in health care providers in Primary
Health Care of the Regional Health Administration Center. The selected participants were
subjected to an approach by focus group, after signing informed consent, and the information
7
was gathered by digital audio recording and subjected to thematic analysis using the NVivo10®
program.
Results: The following themes emerged: before retirement, after retirement, the retirement
moment and the future perspective.
Conclusion: Individuals perceive retirement depending on their personal characteristics,
including gender. It was also perceived that retirement interfered with their usual routines and
with their family. Is highlighted the interference that retirement had on the marital relationship.
Keywords: Aging; Retirement; Gender; Conjugality
Main scientific area: Public Health
Poster SS2.
Emese Ilyesj), The Graduate Center, City University of New York, USA
The power of ambiguity: The collaborative story of a radical intervention located within a
sheltered workshop in the United States.
j)
Emese has the joy and privilege of pursuing her PhD in critical psychology at CUNY. This experience
weaves together my identity as a rootless immigrant and as an artist whose work has involved social
justice advocacy for people living on the margins.
The US, as much of the world, has failed to provide an equal environment and life to people
labeled as “intellectually disabled”. Historically, this group suffered forced sterilization,
institutionalization, exploitation, and abuse. While the disability rights movement has improved
the conditions for many, people continue to live out their lives in segregated environments such
as group homes and sheltered workshops (vocational training facilities that offer rote piece
work for pennies per hour). In 2009, I co-founded a radical space of possibilities within a
sheltered workshop located in Portland, Oregon. This art studio, community gallery, event
space, and functioning urban farm was collaboratively shaped by the participants (formerly
occupied with factory related work in the sheltered workshop) and myself, as well as dozens of
community members and volunteers. We called it Project Grow. Before this space could morph
into a space of possibilities we had to interrogate the language we used to define others and
ourselves. We felt that all available words and categories were not only inadequate but inflicted
significant epistemological violence. At the core of our space was the elevation and appreciation
of ambiguity. Rather than seeking an alternate label for the group that was historically
segregated (and in many aspects of their life continues to be so) we resisted categories. Project
Grow curated gallery events involving artists from all over the world, ran a monthly lecture
series that provoked conversations related to our experiences as system transformers and other
topics relevant to our world. We grew vegetables year round and delivered them by bike to our
members of the community and restaurants who supported us. We directed monthly art
workshops that problematized the meaning of teacher and student, art and learning. On
Halloween we crafted a fantastical Haunted House in our studio, directly pushing back on
8
disturbing stereotypes related to people whose bodies may not fit the norm. In short, with love
and joy and curiosity we sought to create a world that elevated possibilities and diverse,
fascinating abilities.
Messy chaotic experiments such as Project Grow are difficult to capture on paper or even in
words. From the beginning I documented to experience through photographs and videos. These
archive videos and photographs are not just to tell the story but to inspire others to embrace
ambiguity and provoke change. I would love to share the story of this intervention in a system
that has been formidable and resistant to change.
Key words: Disability, systems change, intervention, collaboration, human rights
Main scientific area: Critical Social Personality Psychology
Poster SS3.
Catarina Frade Mangasl) & Célia Aguiar de Sousa, ESECS, iACT, Instituto Politécnico de Leiria,
Portugal
Shared Inclusive Reading Project: a different way of reading.
l)
Catarina Mangas and Célia Sousa are teachers at the School of Education and Social Sciences and
founding members of the Inclusion & Accessibility in Action Research Center (iACT) both part of the
Polytechnic Institute of Leiria.
The communication intends to present the PLIP – Projeto de Leitura Inclusiva Partilhada, which
is a shared inclusive reading project, started in 2013, in the Inclusion & Accessibility in Action
Research Center (iACT). This project adapts books in alternative formats such as: braille text; big
print; raised/high contrast pictures; audiobook; video book with sign language; pictographic;
etc. The multiform at kits are free and available online in digital format, so that everyone can
print them (with normal or special equipment – eg. braille printer or relief) or used them
directly on computers, tablets or smartphones (through screen readers).
The adaptation of original books or books that have been already published in the traditional
format, allows more people to have access to literary works, such as the elderly, readers with
disabilities, pre-school children, among others.
In addition to the development of multiform at kits, the project aims to promote training
sessions for those who want to learn how to adapt books and it also supports reading actions
that can make adapted stories available for everyone. All inputs are welcome in this dynamic,
open and shared project.
9
PLIP is developed in the community, creating links between generations, places, and different
areas of knowledge and living. It is considered a network of good practices, giving great visibility
to the independent work that has been successfully developed in many different contexts.
Keywords: inclusive reading, shared reading, multiformat books; digital stories
Main scientific area: Inclusion and accessibility.
Poster SS4.
Camilla Rodrigues Gomesm), Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil
Reflexões sobre Kontakthof com idosos: Perguntas e Propostas de Estudo.
m)
Aluna da Universidade de São Paulo, graduanda em Gerontologia, cursando o sétimo semestre. Há dois
anos, realiza projetos de iniciação científica, com bolsa PIBIC/CNPq. Apresentou tais projetos em diversos
congressos, como de Siicusp. Estuda o envelhecimento e os benefícios da atividade física, em especial a
dança, na vida dos idosos.
Esta pesquisa tem por finalidade analisar e ressaltar o vínculo que pode ser obtido entre a
prática de atividades artísticas realizadas por idosos, diante de uma proposta como a do
espetáculo Kontakthof, de Pina Bausch, que se utiliza de ações cotidianas e destaca diferentes
faixas etárias, em especial os idosos, e o modo como eles se apropriam das cenas que lhe são
propostas. Com isso, espera-se observar os meios utilizados pela coreógrafa, e a percepção de
idosos diante do espetáculo.
Keywords: Kontakthof, Dança, Teatro, Idosos, Pina Bausch
Main scientific area: Social policy and social work
Poster SS5.
Maria Eduarda Moreira Abrantes Ferreira da Silvan), ESTG-IPL, Leiria, Portugal
Narrativas Dinâmicas Online.
n)
Eduarda Abrantes has a PHD in Visual Arts and Intermedia of the Faculty of Fine Arts of San Carlos of
the Polytechnic University of Valencia (Spain), with the thesis “Dynamic Narratives. Web Interactive
Structures“. She is Professor at the School of Technology and Management, Polytechnic Institute of Leiria
(Portugal), teaching artistic units in the Digital Games and Multimedia Bachelor Degree. Eduarda
published illustrations in numerous Portuguese newspapers and magazines, among which illustrated the
article “Niches of Fame” for the weekly newspaper Expresso – Caderno de Economia e Internacional. In
Elle magazine were hers the illustrations of the article “The 7 Deadly Sins”, and has created to the
“Horoscope” for this publication the zodiac signs. Further illustrated weekly for 20 consecutive editions
from July to November 2003, the chronicle of Edson Athayde “The Dirty Thirty”, in DNA magazine, the
Saturday supplement of Diário de Noticias. For the i Newspaper, Eduarda illustrated “The Brother in Law
of Humanity”.
10
As narrativas dinâmicas para se adaptarem ao espaço da rede têm indubitavelmente de fazer
uso das bases de dados. O espaço Web é fragmentado enquanto espaço de hiperligação e por
sua vez infinito pois permite ter a informação ligada através de nós intermináveis (espaço
rizomático), vive da troca de informação, da acumulação de dados, da sua multiplicação
enquanto espaço social. O crescimento incomensurável das bases de dados apela aos artistas
das narrativas que procedam em conformidade com estas características.
Keywords: Collaborative Narratives, Dynamic Narratives, Database Art, Internet Art, Ubiquity
Games.
Main scientific area: Artes e humanidades
Poster SS6.
Helena Maria Almeida Macedo Loureiroo), Escola Superior de Enfermagem de Coimbra
(ESENFC), Coimbra, Portugal.
REATIVA: um programa promotor de um envelhecimento ativo.
o)
Professora na Escola Superior de Enfermagem de Coimbra. Membro da Unidade de Investigação em
Ciências da Saúde - Enfermagem. Coordenadora do projeto REATIVA: Active Retirement: study of a
healthy ageing promotor program (FCT: PTDC/MHC-SC/4846/2012).
O REATIVA tem por finalidade a construção de um programa promotor da saúde, dirigido a
indivíduos e famílias que experienciam um processo de transição para reforma. Num primeiro
momento, que teve por objetivo conhecer as perceções de indivíduos que experienciam um
processo de adaptação à reforma, realizou-se um estudo descritivo de carácter qualitativo.
Foram realizados grupos focais com aposentados há menos de 5 anos, inscritos em unidades de
saúde CSP da ARSCentro, tendo a informação colhida sido submetida a análise temática com
NVivo10®.
Da referida análise emergiram os temas: Perceção da vivência antes da reforma, traduzido pelos
precipitantes da passagem à reforma (benefícios pessoais, ausência de saúde e desemprego
indesejado), interiorização da proximidade da passagem à reforma (perceção da mudança a que
iriam estar sujeitos) e expectativas relativas à futura vivência da reforma (idealização de bemestar e de projetos); Perceção da vivência após a reforma, expressa pela perceção da transição
(continuidade, readaptação, ganhos, perdas e ambivalência); sentimentos de adaptação e,
recursos e estratégias de adaptação (formais e informais); ainda Idealização do futuro, de onde
emergiram a auto-perspetiva e hétero-perspetiva.
Concluiu-se que os indivíduos percecionam a passagem à reforma em função das suas
características pessoais, muito particularmente daquelas que foram as vivências passadas e
forma como se aposentaram. Percebeu-se também que esta transição interferiu naquelas que
11
eram as suas rotinas e que essas foram fortemente marcadas pelo contexto socioeconómico e
político em que vivenciavam. Ainda, que a saúde individual e familiar foram alvo de mudança,
destacando-se a interferência na conjugalidade.
Keywords: Aposentação, Envelhecimento Ativo, Enfermagem
Main scientific area: Saúde Comunitária
Poster SS7.
Tony Sumner & Pip Hardyp), Pilgrim Projects/Patient Voices, UK
Sacred stories: digital storytelling to preserve the stories of vocation and calling of retired
nuns.
p)
Tony Sumner co-founded (with Pip Hardy) the Patient Voices programme in 2003 to use reflective digital
storytelling stories within e-learning. The programme has won awards from the Dartmouth-Hitchcock
Medical School and the British Medical Journal.
Background: Communities within the EU are aging. For some religious communities this is not
just a demographic effect, but one influenced by changes in recruitment rates to the order. As
communities age, the tacit knowledge and experiences members carry within them – the stories
of vocation and calling – are amongst those most vulnerable to loss, and yet also some of the
most valuable and powerful delineators of what it is to be ‘community’. This paper describes a
project intended to help the members of a retirement community of nuns in northern England
recollect and share their stories.
Methods: The Patient Voices Reflective Digital Storytelling process was adapted to suit the
needs of the group, using experiences gained in working with elderly patients and service users
in health and social care settings.
Results: A set of some twenty stories was created with members of the community, in several
workshops. Ages of participants ranged up to 101 years. One storyteller returned several times
to tell four stories over a period of some years. Several adaptations to the process were needed
to fit it to storyteller profile.
Conclusions: With appropriate adaptation and support, digital storytelling can be an effective
process through which elderly sections of religious communities can preserve and share stories
of vocation, calling and life experience. These stories can then provide valuable resources for
reflection within the broader part of that religious community, and have common ground with
stories told by groups within health and social care.
Key words: Digital storytelling elderly nun community
Main scientific area: Digital storytelling
12
Poster SS8.
Rea Irene Maeveq), Queens University Belfast, UK
Who are the Oldest Old?: Narrative insights from European Nonagenarian Siblings.
q)
Understanding how to ‘age better’ underpins my research, teaching and clinical activities and in
identifying genetic and life style factors, contributing to ‘healthy’ ageing in 90-year-old-European GeHA
sibling pairs, I have combined narrative and images to improve understanding of better ageing in the
public health agenda.
Ninety year olds are the fastest growing group in Western Europe. 15% of 90 year olds age
slowly, combining long ‘lifespan’ and ‘health span’ and often clustering in families.
Nonagenarian families are reservoirs of genetic, life-style and behavioural information, which
may help us dissect out how to live longer, and better.
This research combined narrative interviews and photographic images as we asked ninety year
old siblings about their insights into important factors in their longevity. The subject group was
a purposeful sample of nonagenarian sibling pairs or trios, 5 from each of 4 of the European
countries associated with the EU Genetics of Healthy Ageing (GeHA) study-Italy, Finland, Poland
and Northern Ireland, who answered structured questions about common family background,
lifestyles. Overall, 17% of nonagenarian siblings thought genes or long-living family members
were important; 19% reported good health all their lives; 30% said that ‘keeping going’ with a
positive attitude and good social networks were very important. With respect to life-style, 32%
reported that hard work was related to their longevity, while 19% considered good simple food
as important.
Across Europe there were differences; Irish siblings ranked genes, health and food as most
important. In Italy hard work was the main stay of a long life with health being equally
important. In Finland and Poland, a positive joyful attitude was considered intrinsic to
longevity, with hard work a close second. All valued good social networks.
The combined narrative and photographic images provided powerful visual and auditory in
digital stories used of nonagenarian siblings, a group about whom little is known and provide an
important educational tool to improve understanding about ageing well strategies.
Keywords: nonagenarian siblings, ageing well, narrative, visual images, digital stories, public
health messages.
Main scientific area: Digital stories and narrative in nonagenarian siblings and oldest old
13
Poster SS9.
Elis Angela Batistellar), UFSC- Federal University of Santa Catarina, Santa Catarina, Brasil
Digital storytelling: A method to raise awareness about health conditions to the older
individuals.
r)
Elis Angela Batistella is a fourth-year Dentistry student from Brazil, that has been working to better
understand the health aspects of the elders and to raise awareness about oral health promotion and
prevention.
The digital storytelling is a powerful tool, which can be used by health professionals to enhance
their communication with patients and/or older individuals from the community. Through the
images and sounds, content and information become easier to be assimilated by the viewer,
and can be embedded subconsciously to transmit the desired message.
In the field of dentistry, digital storytelling may be applied to engage older individuals with good
health habits and healthy behaviors. For instance, through examples of other older individuals
who had previously experienced the same events that the audience had, it is possible to make
them feel comfortable and more receptive to the addressed affair. Impactful words, images,
and songs are essential to touch the listeners and transmit the message.
The main goal of the present work is to show how digital storytelling can help older individuals
to better understand their conditions, encouraging healthy habits and promoting preventative
measures in a pleasant way. The main reason for using storytelling for such is because the best
way to have continued healthy habits depends on the self-individual. In order to establish such
habits, it is crucial that the person internalize the meaning and importance of the content.
Therefore, by raising awareness to older individuals and empowering them, the use of digital
storytelling is a powerful tool for helping elders to have lasting healthy habits, which contribute
for their welfare and quality of life.
Key words: Digital storytelling, older individuals, health, dentistry, communication.
Main scientific area: Dentistry
Poster SS10.
Catarina Inês Costa Afonsos), Equipa de Cuidados Continuados Integrados (ECCI), Odivelas,
Portugal
Nas tuas palavras descubro o meu quotidiano
s)
Enfermeira na Equipa de Cuidados Continuados de Odivelas (ECCI) e Doutoranda em Enfermagem na
Universidade de Lisboa.
14
Os enfermeiros, os profissionais da relação com o outro, no encontro com a pessoa querem
conhecer a sua história, explorando os eventos de vida como forma de estar em relação. Os
enfermeiros crescem com as histórias que escutam, cruzam-nas, recontam-nas, tornam-se
contadores de histórias.
“O meu dia-a-dia” é a narrativa do Sr C. onde o próprio fala de si e da sua experiência de doença
desde o aparecimento até à atualidade, com momentos de reflexão onde reclama o encontro
de sentido de vida. “ O ano de 2013 modificou a minha vida, totalmente. O aparecimento de um
nódulo do pulmão direito, felizmente operável, o qual me foi extraído. A amputação da perna
direita. Um ano verdadeiramente horrível.” (…)“O pouco que durmo faço-o durante o dia. (…) a
falta de apetite que tem aumentado gradualmente. Quase não me alimento. Sinto-me débil. As
forças fogem-me”(…).“O pensamento marca o domínio de um ciclo de vida onde recordar me
alimenta noite e dia. Partilho inteiramente com o que Agatha Christie refere no início da sua
autobiografia – A vantagem de avançar na idade é o que a velhice nos permite – recordar. Hoje
vivo mais de ausências do que de vivências. Do que não faço do que faço. (…) Vivo mais
resignado que conformado”(…). Contar a história de si é deixar a quem ouve, a experiência de
vida, num processo retrospectivo de construção de sentido. A co-criação de sentido na narrativa
pessoal é um processo ético que a Enfermagem realiza com arte (Gaydos; 2005).
Keywords: Experiência vivida; narrativa; quotidiano.
Main scientific area: Enfermagem
15

Documentos relacionados