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COMPARAÇÃO DO PERCENTUAL DO ÍNDICE DE MASSA CORPORAL ENTRE CRIANÇAS DE 05 E 06 ANOS DE ESCOLAS PÚBLICAS E PRIVADAS DO MUNICÍPIO DE LONDRINA – PR 1 2 3 Gisely Rodrigues Brouco , Zuleika Toledo , Suhellen Lee Porto Orsoli Silva , 3 4 Luiz Carlos Lúcio Carvalho ,Simoni Valente Ribeiro RESUMO Nos dias de hoje a obesidade infantil vem sendo alvo de vários estudos no Brasil, principalmente em grandes centros urbanos observamos cada vez mais crianças com excesso de peso do que crianças desnutridas, logo seremos classificados como país de obesos. Caso não haja um controle rigoroso das partes governantes e estudantis visando a qualificação alimentar futuramente haverá um gasto cada vez maior na área da saúde. Problemas relacionados com o colesterol, diabetes, hipertensão entre outros males serão grandes vilões desta possível realidade. Neste estudo estamos trabalhando com crianças de 5 a 6 anos de idade estudantes da rede particular e estadual da cidade de Londrina – Pr. A amostra de crianças que estudam em colégio particular é 49, no estadual temos 36 escolares. Todos foram submetidos à avaliação de peso e estatura, e foram classificados na tabela do Índice de Massa Corporal (IMC) para a busca de composições corporais problemáticas. Os resultados que encontramos colocam os estudantes da rede particular em maior número quando falamos de obesidade, onde 24,48% das crianças pesquisadas se apresentam classificadas dessa maneira, enquanto na rede estadual encontramos o percentual de 5,55%. Por senso comum temos a informação que as crianças no estudo particular têm maior acesso à alimentação em fast-foods e ao uso da tecnologia como vídeo games e computadores, fato esse que geralmente não ocorre com as crianças do ensino público que gastam seu tempo livre com brincadeiras de rua. Palavras-chave: Obesidade em crianças, IMC, Rede Pública, Rede Particular. ABSTRACT Nowadays, child’s obesity has been the target of several studies in Brazil, mainly in wide urban centers where it is possible to find more weight excess children than unfed children, and soon we will be classified as an obesity country. In case there is not any strict control from both, student and government parts aiming the quality of their nutrition, in the future there will be and more more expenses on the health area. Problems related to cholesterol, diabetes, hypertension among other illnesses will be great villains of this possible reality. In this study, we are working with children from 5 to 6 years old students from private and state schools from Londrina - Pr. The sample of children who study in private schools is 49, in the state schools there are 36 students. They were all required to make weight and height evaluation, and they were classified in the table of the Index of Corporal Mass (ICM) in order to search any body composition problems. The results that we have found, indicate a bigger number of students from private schools if we consider obesity, where 24.48% of the evaluated children were classified this way, while in state schools we found the percentage of 5,55% of obesity. By common sense, we have the information that children from private schools have more access to fast-foods and to the use of technologies, such as video games and computers, a fact that usually does not occur to children from public schools who spend their free time playing in the streets. Keywords: Children’s obesity, ICM, public school, private school. INTRODUÇÃO Atualmente a obesidade infantil vem sendo alvo de vários estudos no Brasil, principalmente em grandes centros urbanos observamos cada vez mais crianças com excesso de peso do que crianças desnutridas; logo poderemos ser classificados como um país de obesos. Caso não haja um controle rigoroso das partes governantes e estudantis em termo de redução alimentar futuramente haverá um gasto de cada vez maior de investimento na área da saúde, problemas relacionados com o colesterol, diabetes, hipertensão entre outros males serão grandes vilões desta desestruturação. Coleção Pesquisa em Educação Física - Vol.7, nº 2 – 2008 - ISSN: 1981-4313 181 Com a falta de programas intensivos de aleitamento materno e a falta de um cardápio mais nutritivo na mesa da criança brasileira, aliada ao cotidiano eletrônico e de fácil manuseio e as grandes redes de fast-foods, torna-se cada vez mais difícil um retrocesso deste problema. Quanto à atividade física, em alguns casos, esta vem se tornando difícil, pois crianças obesas sempre são deixadas de lado em jogos ou competições. Logo deve ser feito em trabalho intenso de avaliação tanto do profissional de atividade física quanto de um psicológico para que estes conduzam sem constrangimento esta criança para uma vida mais saudável, o estímulo dos pais e amigos neste caso é fundamental. Outros fatores como genética e a pré-disposição também devem ser levados em conta. a Este estudo foi desenvolvido por meio de uma pesquisa quantitativa, com crianças da 1 etapa o do 1 ciclo do Ensino Fundamental apresentando 05 a 06 anos de idade, estudantes de dois grandes Colégios, sendo um da Rede Particular e outro da Rede Estadual de ensino, ambos situados no município de Londrina – PR, visando analisar se existem diferenças consideráveis no percentual do (IMC) Índice de Massa Corporal entre os grupos analisados, e quais as possíveis causas para tal resultado. Para tal, resolveu-se abordar temas importantes antes de se adentrar a pesquisa propriamente dita, que forneceram suporte científico para embasamento desse estudo, como: a obesidade, causas e fatores que levam à obesidade e o índice de massa corporal. A OBESIDADE É consenso entre os estudos realizados por Barbosa (2004) que a obesidade infantil vem aumentando de forma significativa e que ela determina várias complicações na infância são refletidas na fase adulta. Na infância, o manejo pode ser ainda mais difícil do que na fase adulta, pois está relacionada a mudanças de hábitos além da falta de entendimento das crianças quanto aos danos da obesidade, hoje e nos anos que se passarem. (POWERS & HOWLEY, 2000, p. 331-332) Segundo Barbosa (2004) atualmente a incidência de doenças crônicas como a obesidade, hipertensão, doenças coronarianas são um resultado de um marketing bem sucedido da indústria associado ao sedentarismo cada vez mais presente no cotidiano da população. Com a falta de alimentos mais saudáveis e o brilho cada vez maior nos produtos prontos e de fácil preparo, aliada as condições de saúde, cada vez mais precárias, das pessoas nos grandes centros. Nas últimas décadas as mudanças no estilo de vida e nos hábitos alimentares da população acabaram deixando crianças e adolescentes mais suscetíveis a tais transtornos, com a predisposição genética e a pouca atividade física, cada vez mais buscam sua diversão com jogos eletrônicos e computadores, deixando de lado até a sua convivência social. Estamos diante de um problema de saúde de primeira ordem, pois a obesidade além do sofrimento que causa diretamente na saúde física e mental do indivíduo é um fator comum para patologias. Entretanto, essa prevenção deve ser iniciada logo nos primeiros anos de vida, no momento em que se estimula o aleitamento materno, os hábitos e condutas alimentares, não levando em conta algumas crenças de que comer muito é sinônimo de saúde. “Crianças com peso acima do esperado para a idade, não é sinônimo de saúde. Os pais não devem estimular o ganho de peso exagerado nas crianças, pois o resultado pode ser o desenvolvimento da obesidade, doença de difícil tratamento”. (CTENAS, 1999, p.181). Para um melhor entendimento e alerta sobre a doença da obesidade para a sociedade, o governo poderia promover e participar com campanhas educacionais e de forma didática na mídia demonstrando seus riscos e problemas de saúde que a obesidade pode desencadear ao longo da infância e da juventude. CAUSAS E FATORES QUE LEVAM À OBESIDADE O excesso de peso em crianças e adolescentes acontece principalmente por uma dieta errônea, a superproteção dos pais para evitar que a criança não fique desnutrida faz com que sua alimentação seja muito rica em calorias, e o velho tabu de que criança gordinha é criança saudável também coopera muito. 182 Coleção Pesquisa em Educação Física - Vol.7, nº 2 – 2008 - ISSN: 1981-4313 Para Barbosa (2004) são vários os fatores causadores da obesidade como a predisposição genética, os fisiológicos, os metabólicos, condição sócio-econômica, fatores psicológicos, e etnias não podem ser dispensadas. Com o consumo exagerado de açucares, gorduras, além de alimentos com alta densidade energética. Calorias elevadas são adotadas no cotidiano das crianças logo cedo. O fácil acesso, a situação sócia econômica acaba fazendo com que os pais que pensam que levando um doce para casa à criança irá ficar mais feliz (CUNHA, 2000). A criança acaba acolhendo a comida como amiga, pois a criança obesa acaba perdendo o meio social em virtude de seu peso e preconceitos assim, a principal atração e “felicidade” é a comida. Para Fisberg (2006) outro aspecto que tem se discutido sobre os fatores relacionados á epidemia da obesidade é contribuição do aumento das porções dos alimentos servidas em restaurantes, bares e supermercados, A tecnologia de computadores e videogames também evoluíram e contribuíram para que as crianças não saíssem mais de suas casas. Com isso as crianças não brincam, correm, e não gastam energia. Pesquisas realizadas no final na década de 90 concluíram que o fator genético influencia na determinação do excesso de peso, assim se numa família os pais ou dos parentes apresentarem excesso de peso, a chance de a criança nascer com tendência a ser obesa é maior. “Estudos populacionais mostram que 80% das crianças que têm pai e mãe obesos tornaram-se obesas, Quando só um dos pais é obeso, a chance é de 40%. Se nenhum dos pais apresenta obesidade, o risco é de apenas 7%” (CTENAS, 1999, p.177). Assim com os valores de riscos aumentando a cada dia e a falta da prática de exercícios físicos e o sedentarismo acompanhado do avanço tecnológico auxiliam ainda mais este transtorno, pois as crianças que não fazem exercícios físicos gastam menos energia, assim potencializam o surgimento de depósitos de gordura. É muito importante a conscientização dos pais quanto ao problema, ele não ocorre do dia para a noite além de que fatores genéticos aliados á vida sedentária e ao próprio descaso da família com o problema também podem desencadear ainda mais a situação. Felizmente a desnutrição vem caindo o seu índice gradativamente, agora quanto o da obesidade este vem aumentando drasticamente. Estes relatos mostram como é importante a atenção em relação à atividade física e os hábitos alimentares. Segundo pesquisas realizadas por Ctenas (1999, p.177) pôde-se concluir que a obesidade pode ser resultante de vários fatores ou da combinação de alguns deles, dentre eles estão os fatores internos como a genética e metabólica e os externos com hábitos alimentares, fisiológicos e atividades físicas são eles que, isolados ou associados, desencadeiam a obesidade. Como a herança genética é de grande influencia para as crianças o controle realmente existe uma necessidade grande da família em auxiliar a criança em ter uma vida social mais ativa, motivando-a ter condições de ter atividades físicas e alimentação adequada. A pressão da família e dos amigos pode desmotivar o tratamento. Entretanto, nem todos os pais recebem os conselhos sobre a alimentação de seus filhos da melhor forma. Boa parte das famílias não aceita os conselhos sobre alimentação. Os pais, na maioria dos casos também obesos, acreditam que seus filhos são saudáveis. Um planejamento bem elaborado pode trazer resultados mais satisfatórios quanto ao lazer e a satisfação no dia-dia, brincadeiras, exercícios físicos, substituição de alimentos calóricos por outros mais saudáveis, a TV por um passeio de bicicleta, uma caminhada, Ctenas (1999, p. 180) cita esse tipo de atividade: “Existe a necessidade de estimulá-las a fazer atividades em ambientes ao ar livre, a passear de pé, ir a parques e participar de serviços domésticos”. Sempre conversando com a criança que aos poucos ele tome consciência de que aquilo vai lhe trazer mais ânimo força de vontade e saúde, pois tudo isso será em beneficio de si mesmo. ÍNDICE DE MASSA CORPORAL O cálculo da obesidade infantil faz-se recorrendo a uma escala que combina quatro fatores: idade, sexo, peso e altura da criança. O peso e a altura permitem calcular o Índice de Massa Corporal: Coleção Pesquisa em Educação Física - Vol.7, nº 2 – 2008 - ISSN: 1981-4313 183 Nas crianças, o IMC deve ser percentilado tendo como base tabela de referência. Quando o IMC é igual ou superior ao percentil 85 e inferior ao percentil 95 é possível fazer um diagnóstico de préobesidade. Quando o IMC é igual ou excede o percentil 95 considera-se que existe obesidade. Tabela 01 - Classificação do índice de massa corporal (IMC) em crianças nas diversas idades. Idade (anos) Masculino Feminino Masculino Feminino 2 18.4 18.0 20.1 20.1 2.5 18.1 17.8 19.8 19.5 3 17.9 17.6 19.6 19.4 3.5 17.7 17.4 19.4 19.2 4 17.6 17.3 19.3 19.1 4.5 17.5 17.2 19.3 19.1 5 17.4 17.1 19.3 19.2 5.5 17.5 17.2 19.5 19.3 FONTE: British Medical Journal, de 6 de Maio de 2000 – Dietz e Col Em muitos casos, ninguém tem dúvidas, mas por vezes pode ser difícil distinguir o normal do exagerado. Não podemos contar apenas com o peso, pois duas crianças com o mesmo peso podem ter um aspecto muito diferente, se uma for alta e a outra for baixa. Por esta razão, foi necessário inventar uma medida que combina o peso com a altura. Essa medida chama-se Índice de Massa Corporal (IMC) e é a mais utilizada para avaliar a obesidade. O índice de massa corporal pode ser obtido dividindo o peso (em quilos) pela altura (em metros) ao quadrado. Os valores normais de IMC variam com a idade e o sexo da criança e, como para todas as medidas em Pediatria, devem ser avaliados em função de percentis, como se faz para o peso, a altura ou o perímetro cefálico. Estas curvas são fundamentais para que o Pediatra possa dizer aos pais se o seu filho ou filha é obeso. Se uma criança tem um IMC acima do percentil 85, podemos dizer que está em risco de vir a ser obesa. Se a criança tem um IMC acima do percentil 95, podemos dizer que é obesa. Voltando aos exemplos anteriores, a Leonor com um IMC de 13,9 tem um peso adequado, enquanto a Mariana, com um IMC de 27,8 é obesa. Com tais problemas, as crianças obesas são gozadas sem qualquer pudor, a discriminação é mais subtil, mas não menos sentida, nem menos preocupante. Acontece com freqüência, por exemplo, que os mais “gordinhos” sejam postos de parte no momento de se constituírem equipes para os jogos ou serem os últimos a ser escolhidos. É neste momento que começa um ciclo que é difícil de ser interrompido. Uma criança obesa tem vergonha do seu corpo e não se sente à vontade. Colocada de lado pelos colegas no recreio, menos vontade tem de participar. Como não participa, tem maiores probabilidades em ganhar peso. Este é um momento em que o professor pode intervir, explicando como é importante ajudar o(s) colega(s) com excesso de peso e que esta pode passar a ser (também) uma tarefa da turma. Além disso, é muito importante que o professor valorize as características positivas destas crianças, que lhes atribua papéis que contribuam para a sua integração, mesmo no campo desportivo. Paralelamente, e obrigatoriamente sempre com a família, será necessário fazer um trabalho ao nível da educação alimentar e da promoção de estilos de vida saudáveis. (LACTOGAL, 2007) 184 Coleção Pesquisa em Educação Física - Vol.7, nº 2 – 2008 - ISSN: 1981-4313 DESCRIÇÃO METODOLÓGICA Com o objetivo de avaliar escolares do município de Londrina – Pr., esse estudo caracterizou-se como uma pesquisa de campo quantitativa. Foi concedida autorização pela diretoria de um grande Colégio público estadual e outro da rede particular de ensino do mesmo porte, para que fossem realizadas as avaliações (medidas antropométricas: peso e estatura). A amostra dessa pesquisa é composta por 49 crianças que estudam em um colégio particular, e 36 crianças de um colégio público estadual, sendo as duas instituições de grande porte e localizadas no município de Londrina - Pr. Todos os escolares foram submetidos à avaliação de peso e estatura, e foram classificados na tabela (02 expressa a seguir) do IMC Must, Dallal e Dietz, (1991) (citados por Barbosa, 2004, p. 09) para a busca de composições corporais problemáticas. Tabela 02 - Tabela de Índice de Massa Corporal. Idade Normal Sobrepeso Obesidade Normal MENINOS 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 14,5 15,0 15,6 16,1 16,7 17,2 17,8 18,5 19,2 19,9 20,6 21,1 21,4 16,6 17,3 18,1 18,8 19,6 20,3 21,1 21,9 22,7 23,6 24,4 25,2 25,9 Sobrepeso Obesidade MENINAS 18,0 19,1 20,3 21,4 22,6 23,7 24,8 25,9 26,9 27,7 28,5 29,3 30,0 14,3 14,9 15,6 16,3 17,0 17,6 18,3 18,9 19,3 19,6 20,0 20,3 20,5 16,1 17,1 18,1 19,1 20,1 21,1 22,1 23,0 23,8 24,2 24,7 25,2 25,5 17,4 18,9 20,3 21,7 23,2 24,5 25,9 27,0 27,9 28,5 29,1 29,3 30,0 FONTE: Must, Dallal e Dietz (1991) citados por Barbosa (2004, p. 09). O presente estudo buscou selecionar o maior número de crianças de mesma faixa etária. Não existem outros fatores que impeçam a avaliação, independe de uma criança ser qualificada ou não em sobrepeso (tabela do IMC) ela estará presente na amostra coletada, onde podemos fazer uma análise do percentual da amostra obesa. A equipe de avaliação montou seu stand para coleta de dados nos colégios parceiros. Os equipamentos a serem utilizados são: uma balança com escala de 100g e estadiômetro com escala em 0,1cm. A balança tem a finalidade de aferir a massa corporal, onde a criança deverá estar corretamente posicionada no centro da balança e imóvel para que tenhamos a coleta do dado corretamente. Para mensurar a estatura, utilizou-se uma fita métrica colada em uma parede de superfície plana e lisa, a 90º do solo. Atendendo esses requisitos, posicionou-se a criança de costas para a parede, seguindo os procedimentos padrões para aferição da estatura: calcanhares unidos e encostados na parede, olhar para o horizonte, braços na extensão lateral do corpo e no momento da medição pedir para que o avaliado inspire forçadamente e segure até a conclusão da medida. Importante ressaltar que a criança não estava utilizando nenhum tipo de calçado nos pés. Depois de realizada a coleta, os dados foram classificados por meio do Índice de Massa Corporal (IMC). Com os resultados de cada criança avaliada foi feita a classificação de acordo como sugerem Must, Dallal e Dietz (1991), citados por Barbosa (2004, p. 09). A tabela sugerida por esses autores possui faixas das várias idades da infância e puberdade, se aplicando perfeitamente a esse estudo. Coleção Pesquisa em Educação Física - Vol.7, nº 2 – 2008 - ISSN: 1981-4313 185 O tratamento dos dados encontrados foi realizado de forma descritiva utilizando os cálculos de média, desvio padrão e coeficientes de variação para se caracterizar a amostra. Para facilitar o cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC) foi criada uma planilha no Microsoft Excel®, programa no qual foi feito também o tratamento estatístico dos métodos acima mencionados. DESCRIÇÃO DOS RESULTADOS A seguir, apresentam-se os dados coletados junto aos escolares no Colégio Estadual, expressos na Tabela 03, que possibilita verificar a média de idade, estatura, peso e do cálculo do IMC e assim caracterizar a amostra desse colégio. Tabela 03 - IMC dos escolares do Colégio Estadual. Idade Estatura Peso IMC Meninas (n=17) 6,20 0,30 1,16 0,05 21,00 2,71 15,49 1,60 Meninos (n=19) 6,21 0,26 1,18 0,05 22,13 3,24 15,94 1,50 Todos (n=36) 6,21 0,27 1,17 0,05 21,59 3,01 15,72 1,54 Segundo os dados expressos na tabela 03, nota-se que ambos os sexos estão classificados de acordo com a normalidade de acordo com Barbosa (2004) e sua classificação dos índices de massa corporal. A média de idade do sexo masculino é de 6,21 0,26 e o IMC médio dessa parte da amostra é de 15,94 1,50, o que caracteriza o grupo como normal. O desvio padrão encontrado nos permite dizer que existem meninos que se encontram acima do que estabelecido como normal. No sexo feminino a média de idade é de 6,20 0,30 e o IMC médio é de 15,49 1,60, da mesma forma como no sexo masculino o feminino se encontra dentro da normalidade e com alguns alunos da amostra estando acima da normalidade. A seguir apresentam-se os dados que caracterizam a amostra do Colégio Particular, expressos na tabela 04. Tabela 04 - IMC dos escolares do Colégio Particular. Idade Estatura Peso IMC Meninas (n=22) 6,00 1,27 1,18 0,05 24,10 5,50 17,14 3,01 Meninos (n=27) 6,28 0,30 1,18 0,05 22,64 3,25 16,16 1,61 Todos (n=49) 6,15 0,88 1,18 0,05 23,29 4,42 16,60 2,37 A média de idade do sexo masculino é de 6,28 0,30 e o IMC médio dessa parte da amostra é de 16,16 1,61, caracterizando o grupo dentro da normalidade, porém o desvio padrão permite dizer que existem alunos acima do valor considerado normal. Para as meninas a média de idade é de 6,00 1,27 e o IMC médio é de 17,14 3,01, esse valor indica que em média as meninas se encontram em sobrepeso. Para uma melhor visualização dos alunos que se encontram com problema de peso, demonstrase na Tabela 04 o percentual de alunos que se apresentam com o peso normal, sobrepeso e obesidade, separando-os nos dois colégios. 186 Coleção Pesquisa em Educação Física - Vol.7, nº 2 – 2008 - ISSN: 1981-4313 Tabela 05 - Classificação percentual do IMC dos alunos de ambos os colégios. Colégio Estadual (n=36) Colégio Particular (n=49) Normal 61,11% 57,14% Sobrepeso 33,33% 20,40% Obesidade 5,55% 24,48% De posse desses dados, pode-se afirmar que no colégio particular existe uma porcentagem maior de alunos em obesidade 24,48%, quando comparamos esse quadro ao do colégio estadual, onde se obtêm o percentual de obesos a 5,55%, várias hipóteses podem ser levantadas para justificar esse fato. Ao longo do referencial teórico discorremos vários motivos que podem contribuir para a obesidade. Entre eles sabemos que as famílias com maior poder aquisitivo acabam por comprar diversos alimentos superficiais (sem valor nutritivo) para atender os gostos de seus filhos, além disso, podemos adicionar que esta população ainda possui em suas casas televisores, computadores e vídeo games. Todos esses equipamentos eletrônicos acabam por tirar as crianças de atividades esportivas e culturais, que por sua natureza gastam mais energia do que as com os equipamentos eletrônicos. Pode-se notar que no colégio estadual, localizado em uma área residencial onde existem muitas casas e ruas tranqüilas as crianças apresentam-se em menor número quanto falamos de obesidade. Por essa tranqüilidade da região as crianças acabam por participarem de atividades e brincadeiras nas ruas, onde gastam mais energia, dificultando assim que se tornem obesas. CONCLUSÃO Com a grande tendência de termos a população cada vez mais obesa, e tendo como possibilidade que uma pessoa quando jovem obesa tende a ser um adulto também obeso, devemos nos preocupar com o estado da composição corporal de nossos jovens. Os motivos para se tornar uma criança obesa são muitos que vão desde a predisposição genética até a questão da falta de exercício e má nutrição. Os alimentos gordurosos e a facilidade para tê-los é algo que contribui bastante para o aumento de peso na fase da infância, a isso se soma o fato da tecnologia fazer com que cada vez mais as pessoas passem a se divertir dentro dos próprios limites de suas residências. Tivemos como objetivo principal à busca pela obesidade nas duas redes de ensino aqui pesquisadas e também fazer a diferenciação de cada uma apresentando em porcentagens o número de crianças acometidas pela obesidade. Os resultados que encontramos colocam os estudantes da rede particular em maior número quando falamos de obesidade, onde 24,48% das crianças pesquisas se apresentam classificadas dessa maneira, enquanto na rede estadual encontramos o percentual de 5,55%. Podemos mencionar alguns fatores que podem ser decisivos para essa diferença entre as duas instituições como a nutrição diferente e os meios de distração e lazer utilizados pelas crianças. Tudo o que falamos é em questão de hipóteses, uma vez que não foram realizados procedimentos para a coleta de dados que pudessem classificar a alimentação e as atividades de lazer realizadas pelas crianças. Porém, tem-se informação que as crianças no estudo particular têm maior acesso à alimentação em fast-foods e com o uso da tecnologia como vídeo games e computadores, fato esse que geralmente não ocorre com as crianças do ensino público que gastam seu tempo livre com brincadeiras de rua. REFERÊNCIAS BARBOSA, V. L. P. Prevenção da obesidade na infância e na adolescência: Exercício, Nutrição e Psicologia. São Paulo: Manole, 2004. Coleção Pesquisa em Educação Física - Vol.7, nº 2 – 2008 - ISSN: 1981-4313 187 CTENAS, M. L. de B. Crescendo com saúde: o guia de crescimento da criança. São Paulo: C2 Editora, 1999. CUNHA, L. N. Diet Book Junior: tudo o que você deve saber sobre alimentação e saúde de crianças e adolescentes. São Paulo: Mandarim, 2000. FISBERG, A. M. Obesidade na infância e adolescência. Revista Pediátrica Moderna, v.29, n.2, p. 10209, abril, São Paulo, 1993. LACTOGAL, Produtos Alimentares. Obesidade Infantil. Disponível em: <http://canalescolar.lactogal.pt/slpage.php?page=9> (Acessado em 01/10/07) POWERS, S. K. & HOWLEY, E. T. Fisiologia do exercício. São Paulo: Manole, 2000. 1 2 3 4 Mestre em Pedagogia da Motricidade Humana Docente da UNOPAR – Universidade Norte do Paraná Membro do LETPEF – Laboratório de Estudos e Trabalhos Pedagógicos em Educação Física – UNESP de Rio Claro – SP. Mestre em Educação Docente da UNOPAR – Universidade Norte do Paraná Docente da UNOPAR – Universidade Norte do Paraná Mestre em Pedagogia da Motricidade Humana 188 Coleção Pesquisa em Educação Física - Vol.7, nº 2 – 2008 - ISSN: 1981-4313