REV NIPEDA PLUTARCO
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REV NIPEDA PLUTARCO
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE DIREITO DO CONSUMO DE CARNE Plutarco1 Trecho I 1. Você me pergunta então por que motivo Pitágoras se absteve de comer carne. Particularmente admiro muito com que humor, com que alma ou razão, o primeiro homem com sua boca tocou a mortandade, e trouxe aos seus lábios a carne de um animal morto, e colocando diante das pessoas terríveis carcaças e fantasmas, poderia dar a essas partes nomes de carnes e víveres, que há pouco mugiam, choravam e se moviam; como sua visão pode suportar o sangue dos corpos massacrados, esfolados e mutilados; como seu olfato pode agüentar seu odor; e como a própria crueldade aconteceu para não ofender o paladar, enquanto mastigava as feridas de outros, e participava da seiva e sucos de feridas mortais. Arrastando-se o cru esconde-se, e com um som de mugido Rugiram os membros mortos; as entranhas ardentes gemeram. Isto é de fato uma ficção e exagerado; mas a feira por si própria é realmente monstruosa e prodigiosa – que um homem deve ter um estômago a criaturas ainda mugindo, e que deveria estar dando instruções de quais coisas ainda vivas e falando são mais apropriadas a virar comida, e pedindo diversas maneiras de temperar e servi-las às mesas. Você deve, na minha opinião, ter se perguntado quem primeiro começou esta prática, em vez de quem ultimamente a abandonou. 1 Tradução feita por Igor Lúcio Dantas Araújo Caldas. Acadêmico da Faculdade deDireito da UFBA. 2. E realmente, quanto àquelas pessoas que inicialmente se aventuraram a comer carne, é muito provável que a razão de faze-lo tenha sido a escassez e o desejo de outra comida; pois não é provável que seu convívio em ausência de regras e luxúria extravagante, ou seu crescente capricho através da excessiva variedade de provisões entre eles os trouxeram a tais prazeres como estes, contra a natureza. Sim, se tivessem neste instante seu senso e voz restaurados a eles, estou persuadido de que se expressariam a este propósito: “Oh! Feliz de você, e altamente favorecido pelos deuses, que agora vive! Em que era do mundo você está caído, quem compartilha e aproveita com você uma generosa porção de coisas boas! Que abundância de coisas surge para o seu uso! Que videiras carregadas as quais você desfruta! Que riqueza você retira dos campos! Que delícias de árvores e plantas você pode colher! Vocês podem se encher sem serem poluídos. Quanto a nós, caímos sobre a mais assustadora parte do tempo, na qual somos expostos pela nossa primeira produção para suprir inextricáveis desejos e necessidades. Ainda que o ar grosso esconda o céu de nossa vista, e as estrelas estejam confusas com uma desordenada mistura de fogo e humidade e violentos fluxos de vento. Ainda que o sol não estivesse fixado a um curso determinado, para distinguir as manhãs e tardes, nem trouxe de volta as estações em ordem coroadas com ramos das colheitas. A terra também foi estragada por inundações de rios desordenados; e uma grande parte foi deformada com pântanos, e totalmente selvagem por florestas inférteis e bosques. Não havia então nenhuma produção de frutas domésticas, ou nenhum instrumento de arte ou invenção ingênua. E a fome não deu nenhum tempo, nem o período de incubação ficou para a temporada anual. Imagino se usássemos então a carne das bestas contrárias à natureza, quando lama e cascas de árvore eram comida, e quando era considerada uma coisa boa quando se encontrava um broto de grama ou a raiz de alguma planta! Mas quando por acaso experimentavam algo que achavam, dançavam por pura alegria sobre algum carvalho, chamando-os de nomes como fonte da vida, mãe. E este foi o único festival que aqueles tempos conheceram; acima de todas as outra ocasiões, todas as coisas eram cheias de angústia e terrível tristeza. Mas e quanto à rapina e o desejo frenético nesses dias felizes de se poluírem com sangue, sendo que tinham tanta abundância de coisas necessárias à sua subsistência? Por que vocês acha que a terra não é capaz de os manter? Por que vocês profanam o soberano Ceres, e envergonham o ponderado e gentil Baco, como se não fornecesse o suficiente? Vocês não estão envergonhados de misturar frutas com sangue e matança? Vocês com certeza chamam serpentes, leopardos e leões de criaturas selvagens; mas vocês mesmos estão marcados com sangue, e não fica atrás deles em crueldade. O que eles matam é nutrição ordinária, mas o que você mata é sua melhor comida.” 3. Pois não comemos leões nem lobos como forma de vingança; mas os deixamos ir, e capturamos os inofensivos animais domésticos, como estes não tem ferrões nem dentes para morder, e os matamos; o que, que Jove nos ajude, a natureza nos parece ter produzido para sua beleza somente. 4. Mas não somos nada tirando o desconcerto, seja pela beleza das cores, ou pelo charme das vozes musicais, ou pela rara sagacidade dos intelectos, ou pela limpeza da dieta, ou pela rara discrição desses pobres animais; mas pelo bem de alguém que deseja carne, privamos uma alma de sol e luz, e da proporção de vida e tempo os quais ela veio ao mundo para desfrutar. E então argumentamos que as vozes e sons feitos por eles para nós não são nada mais que sons desarticulados e barulhos, e não os clamores de cada um deles, como se estivessem nos dizendo: “Não contesto sua necessidade (se é que existe), mas o seu desejo. Me mate para sua alimentação, mas não me mate considerando uma melhor alimentação.” Oh crueldade horrível! É realmente uma cena chocante ver a mesa de pessoas ricas posta à sua frente, que mantém cozinheiros e garçons para fornecer cadáveres para sua alimentação diária; mas é muito mais chocante ver o que é levado, pois os restos são muito mais do que foi comido. Estes portanto foram mortos para nenhum propósito. 5. Bem então, entendemos que este tipo de homem estão acostumados a dizer que ao consumir carne seguem uma direção e conduta da natureza. Mas não é natural ao ser humano se alimentar de carne, podemos demonstrar pela própria forma do corpo. Pois um corpo humano de forma alguma lembra aqueles que nasceram para a rapina; não há bico de falcão, garra afiada, dentes resistentes, força do estômago ou calor de digestão, que pode ser suficiente parar converter ou alterar tão pesado alimento. Mas ainda assim, da suavidade da língua, e a demora do estômago ao digerir, a natureza parece desencorajar qualquer pretensão a víveres de carne. Mas se você admite que você nasceu com uma inclinação a tal comida como você agora tem uma mente para comer, faça você então, e mate o que você iria comer. Mas faça você mesmo, sem a ajuda de uma faca ou machado - como lobos, ursos e leões fazem, que matam e comem de uma vez. Capture um boi com seus dentes, abata um javali com sua boca, rasgue um cordeiro em pedaços, e comaos vivos como eles fazem. Mas se você prefere ficar e esperar até que seu alimento morra, e se acha difícil forçar uma alma a deixar seu corpo, por que então o faz contra a natureza e coma um ser vivo? Não, não há ninguém disposto a comer nem mesmo uma coisa sem vida e morta como está; mas eles a fervem, assam, e a alteram pelo fogo e remédios, como estava, mudando e apagando os horrores da chacina com milhares de molhos doces, para que o palato possa ser enganado e aceite tal alimento. Certamente foi uma expressão ingênua de um lacedemoniano , que, tendo comprado um pequeno peixe em uma estalagem, o entregou a seu senhorio para ser temperado; e ele pediu queijo e vinagre, e óleo para fazer o molho, ele respondeu, se tivesse aqueles, não teria comprado o peixe. Trecho II 1. A razão nos persuade agora a retornar com cogitações frescas e disposição ao que deixamos frio ontem no nosso discurso sobre comer carne. Com certeza foi uma difícil tarefa engendrar (como Cato uma vez disse) uma disputa contra as barrigas dos homens, que não têm ouvidos; como todos já beberam aquela bebida de costume, como é próprio de Circe. De gemidos e fraudes e bruxaria é repleto. E não é conversa fácil puxar o anzol do consumo de carne das mandíbulas daqueles que foram devorados com luxúria e estão (como estavam) pregados nela. Seria certamente uma boa ação, assim como os egípcios retiram o estômago de um corpo morto, e o abrem expondo-o ao sol, sendo a única causa para suas ações malignas, assim também poderíamos, ao cortar nossa gula e derramamento de sangue, nos purificar e limpar o restante de nossas vidas. Pois o estômago não é culpado do derramamento de sangue, mas é involuntariamente poluído por nossa intemperança. Mas se isto não é possível, e estamos envergonhados pelo costume de viver impunemente, que possamos pelo menos pecar com discrição. Que comamos carne; mas que seja por fome e não por desejo. Que matemos um animal. Mas não o façamos com pesar e pena, e não abusando-o e atormentando-o, como muitos hoje em dia estão acostumados a fazer, enquanto alguns colocam espetos em brasa através de corpos de suínos, que pela tintura do ferro apagado o sangue possa ser até esse grau mortificado, que possa adocicar e suavizar a carne em sua circulação; outros pulam sobre úberes de porcas que estão prontas para parir, para que possam pisar em uma massa (Oh Piacular Júpiter) no próprio momento do parto, sangue, leite e a corrupção dos pequeninos esmagados, e então comer a parte mais inflamada do animal; outros costuram os olhos de grous e cisnes, trancando-os na escuridão para serem engordados, e então condimentam sua carne com certas misturas monstruosas e picles. 2. Por tudo que é mais manifesto, que não seja para nutrição, ou desejo, ou qualquer necessidade, mas por mera gula e luxúria, que fazem por puro prazer de vilania. Assim como acontece com pessoas que não podem saciar sua intemperança em relação a mulheres, e tendo testado de tudo e caído em seus caprichos, pelo menos tentam fazer com que as coisas não sejam mencionadas; ainda assim esse excesso na alimentação, quando passa dos limites da natureza e da necessidade, estudos para pelo menos diversificar as luxúrias de seu apetite destemperado por crueldade e vilania. Para os sentidos, uma vez que abandonam suas medidas naturais, simpatizam uns com os outros em seus destemperos, e são atraídos uns pelos outros ao mesmo consentimento e intemperança... O início de uma dieta viciosa é seguida por toda sorte de luxúria, Assim como uma égua está perto de seu potro sedento. 3. E que refeição não é cara? Aquela para a qual nenhum animal foi abatido. Devemos reconhecer que uma alma é um custo pequeno. Eu não digo talvez a de uma mãe, de um pai, ou de um amigo, ou uma criança, como Empédocles disse; mas uma que compartilha de sentimentos, visão, audição, de imaginação e intelecto; que cada animal recebeu da natureza para adquirir o que é de acordo com cada uma, e evitar o que é desagradável. Considere isso agora, que sorte de filósofos nos considera domados e civis, aqueles que pagam pessoas para se alimentar de suas crianças, amigos, pais e esposas, quando estão mortos; ou Pitágoras e Empédocles, que acostumam os homens a serem justos em relação aos outros membros da criação. Você ri do homem que não come uma ovelha: mas nós (eles dirão novamente) - quando vemos você cortar as partes de seu pai ou mãe, e manda-las a seus amigos ausentes, e chamando e convidando seus amigos para comer o resto livremente – não deveríamos sorrir? 4. Quem então foram os primeiros autores desta opinião, que não devemos justiça aos burros animais? Quem primeiramente bateu aço amaldiçoado, E fez o trabalhador boi a faca sentir. Na mesma maneira opressores e tiranos começaram a derramar sangue. Por exemplo, o primeiro homem que os atenienses puseram à morte foi o mais básico dos patifes, que todos julgaram merecer a morte; depois dele mataram um segundo e um terceiro. Depois disso, estando acostumados a sangue, eles pacientemente viram Niceratus o filho de Nicias, e seu próprio general Theramenes, e Polemarchus, o filósofo, sofrerem a morte. Ainda assim, no início, alguma besta selvagem foi morta e comida, e então algum pequeno pássaro ou peixe foi capturado. E o amor pela matança, sendo primeiramente experimentado e exercido nesses, finalmente passou ao boi trabalhador, e à ovelha que nos veste, ou ao pobre galo que cuida da casa; até que pouco a pouco, a insaciabilidade sendo fortalecida pelo costume, o homem veio a matar o homem, ao derramamento de sangue e guerras. Agora mesmo se alguém não consegue demonstrar que almas nas suas regenerações fazem um uso promíscuo de todos os corpos, e que aquele que agora é racional em outro momento será irracional, e que novamente a docilidade que agora é selvagem – pois a natureza muda e transforma todas as coisas, Com diferentes casacos carnudos há novas vestimentas- Isto deveria ser suficiente para mudar o homem, que isto é um hábito selvagem e destemperado, que traz doença e peso ao corpo, e que inclina a mente mais brutalmente ao derramamento de sangue e destruição, uma vez que nos acostumamos nem a entreter um convidado ou manter um casamento ou tratar nossos amigos sem sangue e mortes. 5. E se o que é discutido sobre o retorno das almas aos corpos não é forte o suficiente para fazer nascer fé, apesar de crer a própria incerteza sobre a coisa deveria nos encher de apreensão e medo. Imagine, por exemplo, que alguém em um ataque noturno com sua espada contra alguém que caiu e cobriu seu corpo com sua armadura, e deveria ouvir naquele meio tempo que ele não estava muito seguro, mas ele acreditou, que a parte deitada ali era seu próprio filho, pai, irmão, ou companheiro de exército; o que era mais aconselhável, você acha – acreditar em uma falsa sugestão e então deixar seu inimigo ir por pensar ser um amigo ou exercer uma autoridade que não é suficiente para gerar fé, e matar um amigo em vez de um inimigo? Isto, você diria, seria insuportável. Considere o famoso Merope na tragédia, que pegando uma machadinha, e levantando-a à cabeça de seu filho, quem ela acreditava ser o assassino de seu filho, fala como se estivesse pronta a dar o golpe fatal, Vilão, este golpe piedoso deve rachar sua cabeça; Que animação ela causa no teatro quando ela se levanta para dar o golpe, e em que medo estão todos, ao se livrar do homem que a tenta impedir e se prepara para ferir o jovem. Agora se outro homem tivesse estado ao seu lado dizendo, “Ataque, é seu inimigo,” e isto “Espere, é seu filho”; qual, você acha, seria maior injustiça, omitir a punição de um inimigo pelo bem do filho de alguém, ou sofrer por estar tão envolvido em raiva que mata um inimigo que é filho de alguém? Desde então nem ódio ou ira nem qualquer vingança nem medo por nós mesmos nos carrega à matar uma besta, mas o pobre sacrifício permanece com um pescoço inclinado, somente para satisfazer a sua luxúria e o seu prazer, e então um filósofo passa e te diz “Corte-o, não é nada mais que um animal irracional,” e um outro clama, “Espere, e se houver uma alma de um ente ou deus dentro dele?” – bons deuses! Haveria a mesma raiva se eu me recusasse a comer carne, como se eu por vontade e fé matasse meu filho ou algum outro amigo? 6. O modo de pensar dos estóicos sobre o tema do consumo de carne é de maneira alguma consoante ou igual a eles. Quem é esse que tem tantas bocas para sua barriga e cozinha? Quando isso vem a passar, que eles tanto feminizam o prazer, como se fosse uma coisa que não permitiriam ser boa ou preferível, nem tanto aceitável, e no entanto todos se tornam advogados zelosos por prazeres? Foi certamente uma conseqüência razoável da sua doutrina, que, banindo perfumes e bolos de seus banquetes, deveriam ser muito mais avessos a sangue e carne. Mas agora, como se quisessem reduzir sua filosofia aos seus diários, eles diminuem as despesas com seus jantares em questões desnecessárias, mas a selvagem a assassina parte das suas despesas não são incomodadas. “Bem! E então?” eles dizem. “Não temos nada com essas bestas brutas.” Nem têm com seus perfumes, nem com seus molhos estrangeiros, pode alguém responder; portanto expulse estes dos seus banquetes, se você está removendo tudo que é desnecessário. 7. Possamos, portanto considerar, se devemos justiça às bestas brutas. Nem devemos lidar com este ponto artificialmente ou como sutis sofistas, mas lançando os olhos sobre nossos próprios seios, e conversando com nós mesmos como homens, iremos pesar e examinar toda a questão.
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