Mundo Ácido: A crítica (in)correta de Sacha Baron Cohen

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Mundo Ácido: A crítica (in)correta de Sacha Baron Cohen
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Mundo Ácido: A crítica (in)correta de Sacha Baron Cohen
Contributed by Roney G. Pereira
Thursday, 15 October 2009
Last Updated Thursday, 15 October 2009
Controverso, polêmico e com um senso de humor ferino, o ator inglês, Sacha Baron Cohen, não poupa praticamente
ninguém em suas contundentes crÃ-ticas sociais. Em uma espécie de crÃ-tica reversa, nos revela atitudes e
pensamentos escondidos em cada um de nós, causando paixão e ódio por onde passa.
Mundo Õcido: A crÃ-tica (in)correta de Sacha Baron Cohen
Controverso, polêmico e com um senso de humor ferino, o ator inglês, Sacha Baron Cohen, não poupa praticamente
ninguém em suas contundentes crÃ-ticas sociais. Em uma espécie de crÃ-tica reversa, nos revela atitudes e
pensamentos escondidos em cada um de nós, causando paixão e ódio por onde passa.
O mundo das artes sempre nos traz boas revelações que nos fazem questionar conceitos e crenças. Não é de hoje
que tipos irreverentes fazem sucesso e são alvo de crÃ-ticas. O sucesso acaba muitas vezes sendo alavancado pelas
mesmas opiniões desfavoráveis. Nos últimos anos o mundo cinematográfico tem aprendido conviver com um novo
enfant terrible. Seu nome é Sacha Baron Cohen, um inglês descendente de judeus que não tem problema de dar vida a
figuras caricatas, bizarras, mas essencialmente crÃ-ticas em sua essência.
Absurdos, escrachos, feridas expostas, ou mensagens implÃ-citas, fazem parte da crÃ-tica feroz e sem rodeios do mundo
de Sacha Baron Cohen. O homem que já encarnou tipos variados vai, cada vez mais, lapidando seu sucesso com
temas e personagens controversos. Baron Cohen já viveu o patético, atrapalhado, mas carismático “projeto― de rappe
inglês Ali G, o repórter cazaque, cara de pau e sem medo de suas perguntas ácidas, Borat, e deu vida e ganhou o
mundo com o deslumbrado fashionista Brüno, em busca pela celebração. Todos estes tipos, cada qual à sua
maneira, não tem medo de suas personalidades marcantes, sem medo de censuras, sem hipocrisias, e muito menos
sem medo do que dizem.
O próprio Sacha Baron Cohen parece não se sentir tão à vontade quando não está caracterizado de um de seus
personagens ferinos. Na maioria de suas entrevistas à imprensa, Baron Cohen não é ele mesmo, mas sim algum
personagem em destaque no momento. Quando de sua primeira entrevista de cara limpa, para a revista Rolling Stone, o
ator inglês admitiu achar difÃ-cil dizer o que pensa. “Acho que você pode se esconder por trás dos personagens e fazer
coisas que seriam difÃ-ceis sendo você mesmo.― Ao contrário de seus alter-egos, Baron Cohen é um pouco mais
escrupuloso, mas parece estar aprendendo muito com suas criaturas. Um exemplo foi durante a apresentação do
Globo de Ouro de melhor filme – comédia ou musical em 2009, quando o ator fazia graça com a crise econômica que
também afetava as celebridades. Em meio às gargalhadas da platéia disse: “...até Madonna teve que se livrar de um
seus assistentes pessoais. Nossos sentimentos vão para você Guy Ritchie.Qual é?― Ele referia-se a então separaçã
do casal. A resposta veio em forma de um silêncio incrédulo de alguns, riso de outros e até algumas vaias. Este é
exatamente o mesmo tipo de reação para seus filmes e suas criações. Amor ou ódio, sem meio termo. O que mais
fazem seus personagens, em suas perguntas cretinas, que deixam suas “vÃ-timas― atônitas, é trazer à tona toda a
impaciência e intolerância de seus entrevistados, revelando suas verdadeiras essências.
A crÃ-tica ferrenha aos preconceitos e situações patéticas e absurdas do cotidiano são uma constante nos filmes de
Baron Cohen. Historiador por formação, o ator teve boa parte de suas pesquisas embasadas em diferentes formas de
preconceito e no anti-semitismo. Sua crÃ-tica reversa causa desconforto e má interpretação, principalmente de alguns
radicais desavisados que vêem um incentivo às manifestações separatistas como a homofobia, a segregação racial e
o preconceito. Com expressões explÃ-citas de separatismo e intolerância, os personagens interpretados por ele buscam
despertar em cada espectador os mesmos sentimentos preconceituosos vistos na tela e que podem habitar em todos
nós. É um alerta de quanto hipócritas somos muitas vezes, quando concordamos com as situações mostradas, ou uma
forma sarcástica e dura de mostrar as tantas atitudes e demonstrações de violência social que rodeiam nosso dia a dia.
Com Ali G nos trouxe um sujeito suburbano, que vive com sua avó na zona oeste de Londres. Apesar de sempre
buscar ser o rebelde branco com espÃ-rito negro. De pouca educação e fama de rebelde, ele é um tanto ingênuo em
seus questionamentos e pensamentos particulares, Ã s vezes infantis, deixando seus pares confusos. Em geral tem um
linguajar incorreto e próprio, com dificuldade de soletração, causando interpretações engraçadas. Segundo Baron
Cohen, Ali-G é uma paródia aos jovens brancos privilegiados que tentam ter “atitudes negras―. O personagem mistura
cultura negra e jamaicana, principalmente baseada no reggae, hip-hop, jungle e soul em uma salada cultural.
Borat é um anti-semita, homofóbico e preconceituoso repórter do Kazaquistão que na versão longa metragem,
percorre os Estados Unidos em uma van, mostrando os pontos de vista sócio culturais do paÃ-s. Através de suas
incursões em entrevistas bizarras e perguntas desconcertantes, Borat revela contrastes culturais e atitudes. Sendo Borat
um pretenso anti-semita ele serve “essencialmente como uma ferramenta. Passando-se por anti-semita, ele faz com que
as pessoas baixem a guarda e exponham seus próprios preconceitos―, explica o ator.
Descendente de um sobrevivente do Holocausto, e ele mesmo seguidor das tradições judaicas, Baron Cohen pretende
com seu personagem expor o papel da indiferença com que são tratadas algumas questões, como o caso de
demonstrações anti-semitas. Um exemplo de seus questionamentos pode ser visto em uma sequência de Borat, onde
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um grupo canta “In my Country There is Problem― (Em Meu PaÃ-s Há Problema). Baron Cohen explica: “Ela revela q
eles são anti-semitas? Talvez. Mas talvez revele que eles estavam indiferentes ao anti-semitismo.― Cohen é bem
embasado e revela uma inspiração em um ex-professor, citando o historiador, especialista no Terceiro Reich, Ian
Kershaw, que dizia que “o caminho para Auschwitz foi construÃ-do com ódio, mas pavimentado com indiferença.― Entre
entrevistas, perseguições e conhecendo diferentes tipos anônimos ou célebres, Borat revela um paÃ-s desconhecido até
mesmo dos próprios estadunidenses.
O mundo da moda, das celebridades e da busca pelos minutos de fama também são alvo de Baron Cohen. O
personagem gay, Brüno, é um apresentador de um programa de moda, que assim como Ali G e Borat, não mede
palavras. Em suas entrevistas, o personagem austrÃ-aco, tem o poder de deixar os entrevistados completamente
embaraçados em suas declarações provocativas e afiadas, levando seus alvos às contradições. Brüno, O filme, traz
mais demonstrações claras de uma crÃ-tica reversa ao mostrar a luta do personagem pelo estrelato e por seu espaço
no mundo das celebridades, muitas vezes nem tão célebres assim. Todo o esforço é valido para galgar os degraus da
fama, até mesmo tentar mudar sua orientação sexual, já que famosos como Brad Pitt e Tom Cruise são
heterossexuais. Em sua busca, ele tenta conviver com tipos machistas e homofóbicos, levantando mais uma vez a
temática da intolerância. Antes mesmo do lançamento do longa metragem, Sacha Baron Cohen já era motivo de
crÃ-ticas e protestos de diferentes segmentos, inclusive de militantes gays que viram no personagem um incentivo ao
preconceito e não o contrário, como propõe seu criador. Em Brüno, Baron Cohen revela um gay estereotipado, que
muitos acham “bonitinho― ou “engraçado―, mas que quando abre a boca e solta o verbo em suas perguntas ou
colocações, passa a ser indesejado por despertar as contradições e a repulsa de muita gente, mascaradas de
benevolência, compreensão e aceitação.
Com seus tipos variados e de diferentes origens, Baron Cohen parece tentar mostrar que o mundo está repleto de
personagens diversos. Independente de orientações sexuais, crenças religiosas, classes sociais ou preferências
polÃ-ticas. Bons personagens, como os tipos de Baron Cohen, assim como bons filmes tem por base uma boa idéia
inicial que vão sendo moldadas ao longo de seu desenvolvimento. Estes tipos que nasceram na TV inglesa chegaram
às telas dos cinemas do mundo para fazer graça, mas também para questionar e fazer pensar. Com seu humor ácido e
sem meias palavras eles contestam e criticam.
Muitos tem sido os fracassos cinematográficos de grandes idéias mal desenvolvidas ou administradas. Por vezes, a
idéia e a mensagem se perdem por conta de clichês e comercialismos. Uma boa idéia e um bom desenvolvimento
podem, então, cair no desagrado de muitos por sua crÃ-tica fria e incisiva. No caso de Sacha Baron Cohen, o sucesso,
não no tocante à quela crÃ-tica a seus personagens, mas de sua própria crÃ-tica de costumes e comportamentos, parece
estar bem apoiado e fundado em uma equipe de produção que sabe transformar suas idéias em algo concreto. Por
conta de falsos moralismos, ou por fazerem parte de convenções não tão sadias, muitos preferem fechar os olhos
para absurdos que nos rodeiam todos os dias, rechaçando uma crÃ-tica contundente e não são bem vindos. Baron
Cohen parece não se importar muito com as crÃ-ticas que recebe e segue sua carreira em meio à s polêmicas, sendo
comentado, fazendo sucesso e provavelmente já pensando em suas novas armações contestadoras.
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