Ascoli Piceno siti web

Transcrição

Ascoli Piceno siti web
Relatório Final de Avalição do
Projecto RITMO
(Acordo de cooperação transnacional - TCA
ID.CODE:592)
Alberto Baptista
Artur Cristovão
Vila Real Dezembro 2004
Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro
C
Relatório Final de Avaliação do Projecto RITMO –
Rede para a Inovação e Modernização do 3º Sector
(Acordo de cooperação transnacional – TCA ID.CODE:592)
Alberto Baptista
Artur Cristóvão
UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO
Departamento de Economia e Sociologia
Vila Real
Dezembro de 2004
ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO.....................................................................................................................................................
3
2. OBJECTIVOS E ACTIVIDADES DO PROJECTO...............................................................................................
5
2.1. Objectivos...................................................................................................................................................
5
2.2. Actividades .................................................................................................................................................
6
2.3. Orçamento..................................................................................................................................................
7
3. CONSTRUÇÃO DA PARCERIA TRANSNACIONAL E DISPOSITIVOS DE COOPERAÇÃO............................
7
3.1. Promotores da cooperação transnacional e parceiros envolvidos.............................................................
8
3.2. Processo de constituição da parceria ........................................................................................................
9
3.3. Dificuldades na constituição do projecto ....................................................................................................
10
3.4. Dispositivos de cooperação .......................................................................................................................
11
3.5. Participação dos diferentes parceiros ........................................................................................................
13
3.6. Expectativas face à cooperação ................................................................................................................
14
4. RESULTADOS DA PARCERIA: PRODUTOS, MODELOS E INSTRUMENTOS DE INTERVENÇÃO...............
16
4.1. Actividades desenvolvidas e avaliação das expectativas face ao esperado .............................................
16
4.2. Produtos resultantes da transnacionalidade ..............................................................................................
18
4.3. Novos instrumentos e modelos de intervenção desenvolvidos na parceria...............................................
19
4.4. Aquisição de conhecimento e troca de experiências .................................................................................
22
5. EFEITOS DO PROJECTO ..................................................................................................................................
22
5.1. Valor acrescentado da cooperação............................................................................................................
22
5.2. Principais produtos para difusão e transferibilidade...................................................................................
24
5.3. Resultados pós-projecto.............................................................................................................................
24
6. BALANÇO GLOBAL, FACTORES FAVORÁVEIS E LIMITANTES DA COOPERAÇÃO ....................................
25
6.1. Concretização do plano de trabalho...........................................................................................................
25
6.2. Benefícios e factores favoráveis ................................................................................................................
26
6.3. Dificuldades ao desenvolvimento da parceria............................................................................................
26
6.4. Capitalização dos benefícios......................................................................................................................
28
7. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES..............................................................................................................
29
7.1. Conclusões.................................................................................................................................................
29
7.2. Recomendações ........................................................................................................................................
30
ANEXOS ....................................................................................................................................................................
32
Anexo 1 - Preliminary Evaluation Form.............................................................................................................
33
Anexo 2 - Assessement of the transnational meeting .......................................................................................
34
Anexo 3 - Inquérito para a avaliação final do projecto RITMO..........................................................................
35
1
LISTA DE QUADROS
Quadro 1. Actividades previstas do projecto RITMO ...............................................................................................
6
Quadro 2. Orçamento atribuído por promotor e actividades do projecto .................................................................
7
Quadro 3. Local e data das reuniões transnacionais do projecto RITMO................................................................
12
Quadro 4. Actividades previstas e realizadas e avaliação face ao esperado ..........................................................
17
Quadro 5. Produtos da cooperação e fase de desenvolvimento .............................................................................
19
Quadro 6. Produtos transferíveis, formas e “alvos” da disseminação......................................................................
24
LISTA DE ABREVIATURAS
PAP
Província de Ascoli Piceno
UTAD
Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro
CNCA
Coordinamento Nazionale Comunità di Accoglienza
RITMO
Rede para a Inovação e Modernização do 3º Sector
IEBA
Centro de Iniciativas Empresariais Beira-Aguieira
PD
Parceria de Desenvolvimento
2
1. INTRODUÇÃO
O relatório agora apresentado tem por objectivo imediato responder a um dos
requisitos do “Acordo de cooperação transnacional”(TCA ID. CODE: 592), referente ao
projecto denominado RITMO (Rede para a Inovação e Modernização do 3º Sector) que
previa no ponto quatro das actividades transversais a realização de um relatório final de
avaliação, a elaborar pelo parceiro UTAD. Os promotores da PD transnacional são três:
Coordinamento Nazionale Comunità di Accoglienza (CNCA); Centro de Iniciativas
Empresariais Beira-Aguieira (IEBA); Provincia de Ascoli Piceno (PAP). Ao longo do
texto sempre que nos referimos ao “projecto”, estamos a falar do projecto transnacional
RITMO.
O projecto RITMO visa a valorização do 3º Sector ao nível económico e da sua
sustentabilidade. Para isso estabeleceram-se contactos entre os vários parceiros tendo em
vista trocar saberes entre os interlocutores com experiência nesta área. Procurou-se
conhecer, comparar e adaptar modelos experimentais em contextos e países diferentes.
Desenvolveu-se em conjunto novos instrumentos e modelos de intervenção, capazes de
contribuir para a elaboração de uma estratégia comunitária de reforço da economia
social.
Para alcançar tais desideratos, as quatro principais actividades previstas
desenvolver ao longo do projecto constam no Quadro 1, e são sinteticamente: 1)
Diagnóstico; 2) Modelos de intervenção; 3) Estratégia; e 4) Actividades transversais.
A avaliação realizada centrou-se na comparação das realizações, resultados e
efeitos observados com os objectivos iniciais do projecto, procurando explicar os
resultados alcançados através da análise do processo de implementação das actividades
do projecto. A avaliação foi desenvolvida em torno de quatro questões principais:
− Como se processou a cooperação entre os vários parceiros?
− Quais os resultados da parceria ao nível da construção de novos
conhecimentos, instrumentos de intervenção e produtos?
− Qual foi o grau de concretização das actividades planeadas?
3
− Qual o valor acrescentado resultante da parceria?
A equipa de avaliação acompanhou de perto o desenvolvimento da parceria
através da sua participação em 4 das 5 reuniões transnacionais, o que foi, em certa
medida, um factor facilitador do processo de avaliação. Em contrapartida, há que
reconhecer que o facto das PD’s italianas serem responsáveis pela realização de mais de
2/3 das actividades e sendo a avaliação do projecto entregue a um parceiro português,
esta situação não permitiu à equipa de avaliação acompanhar com a mesma profundidade
e proximidade o desenvolvimento do trabalho da equipa italiana. Tal representou uma
desvantagem, que se procurou colmatar com a participação no colóquio final dos
parceiros italianos (15 Outubro de 2004) e através da recolha de informação por
questionário, como se refere de seguida.
A metodologia seguida para a elaboração do relatório final de avaliação baseou-se
nas seguintes fontes de informação:
− Análise da documentação produzida no âmbito do projecto;
− Pesquisa bibliográfica sobre o 3º Sector;
− Participação activa em quatro reuniões transnacionais e acompanhamento da
evolução dos trabalhos;
− Elaboração de dois relatórios, onde se faz o balanço das actividades
desenvolvidas na 2ª e 3ª reuniões transnacionais (ver Guião de Entrevista em
Anexos 1 e 2 e os relatórios respectivos no sítio www.c3.com.pt/ritmo);
− Participação na conferência final (15 de Outubro 2004) em Roma, onde foram
apresentados os diversos contributos italianos realizados no âmbito da parceria
nacional;
− Leitura e análise dos documentos produzidos no âmbito do projecto,
designadamente
dos
trabalhos
escritos
e
apresentados
no
colóquio
internacional em realizado em Roma;
− Realização de inquérito final de avaliação a seis membros da PD transnacional
(ver modelo de inquérito no Anexo 3).
4
Como resultado do processo de avaliação foi elaborado um inquérito para a
avaliação final do projecto, que poderá futuramente ser usado para a avaliação das PD
transnacionais (Anexo 3).
O relatório, para além da introdução, encontra-se estruturado em mais seis
secções. Na segunda secção apresentamos os objectivos e o programa da cooperação
transnacional. Segue-se uma descrição da construção e funcionamento da parceria
transnacional, em especial dos dispositivos usados na cooperação. A quarta secção
apresenta os resultados da parceria, designadmente os produtos, os instrumentos e os
modelos desenvolvidos. A quinta secção procura avaliar os efeitos alcançados com a
parceria, seja na sua contribuição para a elaboração de políticas, seja dos produtos que
podem ser transferíveis. Em seguida, na sexta secção, faz-se um balanço global do
projecto, evidenciando, em especial, os seus aspectos positivos e negativos. Por último,
na sétima secção, apresentam-se as conclusões e sugerem-se algumas propostas para
melhoria de acções futuras.
2. OBJECTIVOS E ACTIVIDADES DO PROJECTO
Nesta secção começamos por identificar os objectivos gerais e específicos do
projecto RITMO e, em seguida, apresentamos o programa de activididades definido pela
PD transnacional.
2.1. Objectivos
O objectivo geral do projecto é a valorização do 3º Sector ao nível económico e
da sua sustentabilidade, através da elaboração de uma estratégia de intervenção a nível
comunitário, que seja transferível. Este objectivo geral é decomposto em três objectivos
específicos:
− Alargar contactos e promover a troca de saberes entre os interlocutores com
experiência nesta área;
− Conhecer, comparar e adaptar modelos experimentais derivados de contextos e
países diferentes;
5
− Desenvolver em conjunto novos instrumentos e modelos de intervenção,
capazes de contribuir na elaboração de uma estratégia comunitária para o
reforço da economia social.
2.2. Actividades
O projecto RITMO previa a realização de quatro actividades principais: 1)
Diagnóstico; 2) Modelos de intervenção; 3) Estratégia; e 4) Actividades transversais. As
actividades 1 e 3 foram coordenadas pelos promotores italianos, respectivamente CNCA
e PAP, e a Actividade 2 pelo promotor português, o IEBA. A coordenação da actividade
4 era partilhada pelos três promotores da parceria, estando o trabalho de avaliação
atribuído a uma equipa da UTAD.
Quadro 1. Actividades previstas do projecto RITMO
Actividades previstas
Actividades previstas
Actividade 1. Diagnóstico
Actividade 3 – Estratégia
Experiências e exemplos de boas práticas (P.
Itália)
Bibliografia sobre (P. Itália):
- Responsabilidade social/balanço social
- Desenvolvimento local, objectivos do DL,
- Balanço de competências
- Estado da arte do DL
- Qualidade
- Metodologias e instrumentos para o DL
Documentação/instrumentos sobre (Pt)
- Estratégias de DL
- Pré-diagnóstico organizacional
Documentação/instrumentos sobre (Pt)
- Dispositivo de BC organizacional
- Desenvolvimento local
- Qualidade
- Manual de estratégias C3 para o 3º sector
- Estratégia nas 6 organizações C3
Actividade 2 – Modelos de intervenção
Actividade 4 – Transversais
Experiência e exemplos existentes, boas práticas
já identificadas sobre (P. Itália)
- Newsletter
- “Learning organization”
- Sítio na web
- Intervenções para organizações do 3º sector
- Divulgação/transferibilidade
- Modelos de intervenção
- Avaliação
Documentação/instrumentos sobre (Pt):
- Modelos de intervenção C3
- 6 estudos de caso
- Manuais de auto-aprendizagem
Estamos perante um quadro com inúmeras actividades, que se revelará algo
ambicioso, atendendo aos condicionalismos que se colocam a trabalhos deste tipo.
6
2.3. Orçamento
O orçamento das actividades transnacionais é apresentado no Quadro 2 e eleva-se
a 263.073 euros, distribuídos da seguinte forma entre os três promotores: 51% PD IT
/S/MLD/055 (CNCA); 37% PD IT/G/Mar/009 (PAP); e 12% PD Portuguesa (IEBA). Os
valores referidos evidenciam uma repartição muito desigual entre os orçamentos
atribuídos a cada um dos promotores. Isto pode colocar, certamente, algumas limitações
ao nível da mobilidade dos parceiros e das actividades a realizar. Enquanto a parceria
italiana visitou Portugal quatro vezes, a parceria portuguesa reuniu em Itália apenas duas
vezes, sendo a representação na segunda visita (5º Reunião Transnacional) limitada a
apenas cinco pessoas, ficando tal a dever-se a limitações orçamentais.
Quadro 2. Orçamento atribuído por promotor e actividades do projecto
CNCA
PAP
IEBA
Total
1. Diagnóstico
Actividades
54000
17.235
3.234
74.469
2. Modelos
21.400
18.600
22.636
62.636
3. Estratégias
36.400
40.300
6.468
83.168
4. Transversais
22.200
20.600
0
42.800
134.400
96.735
32.338
263.073
51%
37%
12%
100%
Total
% do total
A repartição financeira bastante desequilibrada entre os parceiros transnacionais
tende, obviamente, a beneficiar, em experiências e aquisição de conhecimento, aqueles
com montantes mais elevados, que podem assim visitar mais vezes e com maior número
de pessoas o outro país parceiro. Neste caso, o benefício maior ficou do lado dos
parceiros italianos.
3. CONSTRUÇÃO DA PARCERIA TRANSNACIONAL E DISPOSITIVOS DE COOPERAÇÃO
A parceria transnacional foi desenvolvida por três promotores: um português
(IEBA) e dois italianos (CNCA e PAP). Cada promotor tinha associado vários parceiros
nacionais, como se pode ver no ponto seguinte.
7
3.1. Promotores da cooperação transnacional e parceiros envolvidos
De acordo com o documento do projecto RITMO, a parceria apresenta três
promotores, tendo cada um deles associado um conjunto variável de parceiros nacionais,
como se apresenta de seguida.
Promotor:
− CNCA (Coordinamento Nazionale Comunità di Accoglienza): PS: IT- S MDL – 055
Parceiros nacionais:
− IMPRESA A RETE
− IRS (Istituto per la Ricerca Sociale)
− Cittadinanazattiva
− DROM (Consorzio Nazionale della Cooperazione Sociale)
− APERION
− CENASCA (Centro Nazionale Associazionismo Sociale Cooperazione
Autogestione)
− COFIMP (Consorzio per la Formazione e lo Sviluppo delle PMI)
− CNA - Impresa sensibile (Confederazione Nazionale dell'Artigianato)
− ERiFo (Ente per la Ricerca e la Formazione)
Promotor:
− IEBA (Centro de Iniciativas Empresariais Beira Aguieira) - PS: PT - 2001 –
208
Parceiros nacionais:
− AEP (Associação Empresarial de Portugal)
− ADICES (Associação de Desenvolvimento de Iniciativas Culturais, Sociais e
Económicas)
− IPN (Instituto Pedro Nunes)
− UTAD (Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro)
Promotor:
− Amministrazione Provinciale di Ascoli Piceno - PS: IT-G-MAR-009
8
Parceiros nacionais:
− Comune di Ascoli Piceno
− Comune di Porto Sant’Elpidio
− Comune di Offida
− Comune di Montegranaro
− Comune di Petritoli
− Azienda Sanitaria Locale USL 13
− Azienda Sanitaria Locale USL 12
− Azienda Sanitaria Locale USL 11
− Coordinamento Nazionale Comunità di Accoglienza
− Lega Regionale Cooperative e Mutue delle Marche
− “Oltre” Consorzio di cooperative sociali arl
− “Il Picchio” Società Cooperativa arl Consorzio di cooperative Sociali
− Confcooperative di Ascoli Piceno
− Associazione Volontariato Marche – Comitato Territoriale di Ascoli Piceno
− Associazione Volontariato Marche – Comitato Territoriale di Fermo
− Unione Sindacale Territoriale CISL di Ascoli Piceno
− Italia Lavoro SpA
− Camera del Lavoro Territoriale di Ascoli Piceno – CGIL
As PD’s italianas são constituídas por um elevado número de entidades com
motivações e interesses diversos, o que não facilita o processo de identificação de
objectivos e interesses comuns. Como adiante sublinharemos, nem todos os parceiros
tiveram um nível de participação idêntico. No caso desta última PD italiana, houve, por
razões de política regional, a inclusão de um elevado número de parceiros, que acabaram
por não ter participação significativa nas fases de execução do projecto.
3.2. Processo de constituição da parceria
Como se sabe, após a aprovação das candidatura Equal (projecto nacional), cada
promotor deve, de acordo com as exigências do programa, procurar parceiros em pelo
9
menos um outro país da União Europeia. No caso em apreço o processo de constituição
da parceria transnacional fez-se de acordo com as fases seguintes:
− Pesquisa na Internet, na base de dados europeia do Equal, realizado pelo
promotor português IEBA;
− Identificação de parceiros potenciais italianos com projectos em temática
idênticas;
− Estabelecidos os primeiros contactos via e-mail, segui-se uma manifestação de
interesse dos parceiros italinaos (CNCA), que contactaram via telefone o
promotor português.
De acordo com o promotor português que estabeleu a parceria, a escolha dos
parceiros italianos surgiu quase como inevitável, atendendo a três razões: elevado peso
da economia social em Itália; parceiros com muita experiência; elevado número de
projectos de organizações italianas na base de dados Equal. A escolha específica dos
parceiros italianos pelo promotor português ficou a dever-se ao facto de aqueles
desenvolverem projectos em temáticas idênticas e ao interesse da parceria portuguesa em
conhecer o CNCA. Para além disso estabeleu-se, desde os primeiros contactos, via e-mail
e depois telefone, uma certa empatia que ajudou a consolidar a parceria. A constituição
de partenariados transnacionais é, com o se sabe, um dos requisitos “obrigação” do
Programa Equal, processo que coloca dificuldades várias, como mostramos em seguida.
3.3. Dificuldades na constituição do projecto
Como em qualquer processo de constituição de um grupo de trabalho com alguma
coesão, são necessários interesses e objectivos comuns e oportunidades para os membros
do grupo se conhecerem e aprofundarem relações profissionais e pessoais. Ora, este
processo requer tempo, oportunidades de trabalho e de convívio.
Algumas das dificuldades mais evidentes derivam da definição de objectivos
comuns e da fixação de um plano de trabalho conjunto. Como refere o parceiro
português, “construir uma agenda e um programa de trabalho comum que faça sentido
para ambos os projectos, para além das habituais troca de experiências, revelou-se o mais
difícil”.
10
Como se sabe, quando se formam as parcerias já os projectos nacionais estão
aprovados e definidos. Tal significa que existem já áreas de actuação específicas de cada
PD. A experiência revela que a estratégia seguida por cada PD procura concentrar os
maiores esforços no projecto nacional e em rentabilizar os seus resultados, alargando-os à
componente transnacional. Ora, este procedimento condiciona e dificulta a concepção e
execução de projectos com objectivos comuns.
Mesmo com as facilidades permitidas pela novas tecnologias da informação e
comunicação (TIC), a distância física entre as pessoas é, numa fase inicial, um factor que
dificulta a constituição da parceria e o desenvolvimento do plano de trabalho. A
confiança e o inter-conhecimento entre os parceiros são factores necessários ao
desenvolvimento de qualquer trabalho, ora estas condições requerem tempo e espaços de
conhecimento. Não admira, por isso, que as duas primeiras reuniões sejam sobretudo
importantes para aumentar o conhecimento pessoal e institucional entre os parceiros e se
ficar a conhecer, minimamente, os projectos nacionais.
A diversidade de contextos sócio-económicos e culturais foi outras das dificuldades
identificadas no estabelecimento das parcerias. O 3º Sector, em Itália, apresenta algumas
diferenças relativamente a Portugal, seja ao nível dos conceitos seja dos estatutos das
organizações.
Como bem refere M. Grazia Mastrangelo do CNCA, na “Newsletter” do RITMO
nº 3: “Uma cooperação transnacional verdadeiramente eficaz e produtiva representa um
objectivo que não é fácil de realizar. De facto, é necessário tempo, energias,
compromisso, confiança e muita vontade. Por fim, é necessária uma abertura de espírito e
querer aprender uns com os outros”.
3.4. Dispositivos de cooperação
Para se realizar a cooperação transnacional previam-se as seguintes formas de
cooperação:
− Cinco reuniões internacionais, com visitas ao terreno;
− Sítio na web;
− “Newsletter”;
11
− Trabalho à distância através da internet;
− Dois Seminários finais de divulgação dos resultados do projecto, um em Itália
e outro em Portugal.
Até final de Novembro de 2004 realizaram-se seis reuniões transnacionais, duas
das quais em Itália e quatro em Portugal.
Quadro 3. Local e data das reuniões transnacionais do projecto RITMO
Reuniões
Local
Data
1ª
Coimbra (IPN)
29 a 30 Novembro de 2002
2ª
Porto (AEP)
21 a 22 de Fevereiro de 2003
3ª
Província Ascoli-Piceno
27 a 29 Junho 2003
4ª
Mortágua (IEBA)
27 a 29 Novembro 2003
5ª
Roma (CNCA)
14 a 15 Outubro 2004
6ª
Porto (AEP)
29 de Novembro 2004
No conjunto de dispositivos de cooperação assumem especial destaque no
trabalho desenvolvido as seis reuniões transnacionais do projecto e o trabalho realizado à
distância através da internet. As reuniões foram essenciais para o desenvolvimento da
parceria, por três razões maiores: 1) na elaboração do projecto RITMO; 2) na melhoria
do inter-conhecimento pessoal e da confiança entre os parceiros, condições essenciais no
desenvolvimento do trabalho e, em particular, do realizado à distância; 3) na
calendarização das actividades a realizar, o que foi determinante para a execução.
Aquando da realização da 4º reunião transnacional, para além das actividades
mais estritas relacionadas com o projecto, promoveu-se um conjunto de contactos
institucionais e visitas formais entre os representantes da província de Ascoli-Pisceno a
Câmara de Mortágua e Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do
Centro.
O sítio web do projecto revelou-se um instrumento fundamental para a difusão
dos resultados do projecto, mais do que propriamente para o desenvolvimento do
trabalho. As “Newsletters” tiveram alguma importância na difusão da informação entre
os parceiros.
12
3.5. Participação dos diferentes parceiros
As reuniões transnacionais tiveram a participação, para alem dos três
coordenadores (IEBA, CNCA e PAP), da grande maioria dos parceiros transnacionais e
nacionais.
Há que reconhecer que não é fácil mobilizar um número elevado de parceiros,
quer para as reuniões transnacionais, quer para a realização das tarefas que lhes foram
atribuídas. Como se mostra atrás, há duas PD’s italianas, lideradas por dois promotores
(CNCA e PAP) e cada um destes apresenta um elevado número de parceiros,
respectivamente 9 e 18.
Atendendo à assiduidade dos parceiros italiano nas reuniões transnacionais, ao grau
de envolvimento na parceria, bem como aos textos produzidos ao longo do trabalho,
podemos agrupá-los em dois tipos: um grupo com elevado envolvimento e participação,
onde se inclui o CNCA (entidade promotora), a Impresa a RETE, CNA-Impresa
Sensible, IRS, Cittadinazattiva, CENASCA, COFIMP, DROM e a Provincia di Ascoli
Piceno (PAP); e, um segundo, com menor participação, onde se enquadram os parceiros
ligados ao promotor PAP. Esta última organização acabou por ter uma participação
elevada, através da entidade promotora, e uma muito baixa participação por parte dos
seus parceiros.
Comparativamente, a parceria portuguesa era constituída por um grupo restrito de
cinco parceiros. Esta parceria funcionou relativamente bem, como se demonstra através
de dois indicadores: assiduidade e realização das tarefas atribuídas. Assistiu-se, por parte
dos parceiros portugueses, a uma elevada assiduidade, quer nas reuniões nacionais, quer
nas reuniões transnacionais. Em relação ao outro indicador - a efectiva realização das
actividades atribuídas – o grosso destas estavam atribuídas ao IEBA e AEP, que
funcionaram como o núcleo duro do projecto. Estas duas organizações e,
especificamente, os técnicos que trabalharam no projecto, formaram uma equipa bastante
coesa, o que ficou a dever-se, em grande medida, ao bom relacionamente entre as pessoas
envolvidas e ao facto destas organizações já terem trabalhado em conjunto noutros
projectos. A elevada participação dos parceiros portugueses ficou a dever-se ao empenho
13
dos vários parceiros e à boa capacidade de liderança demonstrada pelo parceiro
cooordenador do projecto, o IEBA.
3.6. Expectativas face à cooperação
Depois de passarmos em revista a constituição da parceria, vejamos quais as
expectativas dos parceiros em relação à cooperação transnacional. Para isso foi solicitado
aos participantes na segunda reunião transnacional, realizada a 20 e 21 de Fevereiro de
2003, no Porto, que respondessem a um breve questionário (Anexo 1). A análise das
respostas permite-nos concluir que as expectativas são vastas e diversificadas e, até, algo
ambiciosas. As respostas estão relacionadas com cinco dimensões: 1) realidade sócioeconómica e institucional; 2) quadro conceptual; 3) modelos e metodologias; 4) novos
produtos; e 5) trabalho em parceria e projectos futuros. Vejamos a listagem dos
principais aspectos mencionados, por dimensão:
1) Realidade sócio-económica e institucional
− Enriquecimento cultural e humano.
− Conhecimento de uma outra realidade económica e social.
− Conhecimento de abordagens e experiências de desenvolvimento local e
participação dos cidadãos no quadro italiano.
− Análise comparativa das questões que se colocam ao 3º Sector dos dois países.
− Troca de conhecimentos e experiências sobre o papel e organização do 3º
Sector.
− Identificação de problemas comuns.
− Desenvolvimento de novas ideias para a criação, na Europa, de uma sociedade
mais justa, democrática e sem discriminações.
2) Quadro conceptual
− Conhecimento e debate de definições de 3º Sector em cada país.
− Aprofundamento do conhecimento em matéria de “responsabilidade social” e
“balanço social”.
14
3) Modelos e metodologias
− Desenvolvimento de uma metodologia de trabalho conjunto e criação de uma
parceria concreta.
− Conhecimento do nível de desenvolvimento, no terreno, dos termos de
referência “qualidade social”, “responsabilidade social” e “balanço de
competências organizacionais”.
− Conhecimento dos resultados da aplicação do Modelo C3 nas organizações do
3º Sector envolvidas.
− Conhecimento dos modelos, metodologias e instrumentos de desenvolvimento
local usados em países diferentes.
− Melhoria e integração de modelos e linhas de desenvolvimento local.
− Uso, noutro contexto nacional, de modelos e boas práticas.
4) Novos produtos
− Planeamento de modelos de desenvolvimento para o 3º Sector.
− Melhoria da relação entre o 3º Sector e a economia local.
− Articulação entre gestão das organizações, trabalhadores e equidade social.
− Desenvolvimento de produtos comuns que possam ser transferíveis.
− Desenvolvimento, em conjunto, de modelos e abordagens.
5) Trabalho em parceria e projectos futuros
− Realização de bom trabalho de equipa.
− Criação de uma parceria transnacional sustentável, com base na qual se possam
realizar outros projectos.
Em suma, a parceria transnacional surge como uma imposição do Equal, mas acaba
por ser aceite pelos parceiros, que fixam expectativas elevadas para a cooperação. A
constituição da parceria transnacional não é fácil, há dificuldades no estabelecimento de
um projecto e produtos comuns. As reuniões transnacionais são essenciais para a
construção e execução de um projecto comum.
15
4. RESULTADOS DA PARCERIA: PRODUTOS, MODELOS E INSTRUMENTOS DE
INTERVENÇÃO
Nesta secção apresentamos os resultados da cooperação transnacional,
começando por um balanço entre as actividades previstas e as realizadas, passando em
seguida para a identificação dos produtos e instrumentos elaborados no quadro do
projecto.
4.1. Actividades desenvolvidas e avaliação das expectativas face ao esperado
O projecto RITMO previa a execução de quatro actividades principais, como se
viu no Quadro 1, actividades que foram realizadas na sua globalidade. No inquérito de
avaliação final foi pedido aos parceiros para fazerem uma apreciação das actividades
realizadas face às suas expectativas
De uma forma geral, as actividades realizadas corresponderam ao esperado, como
se observa no Quadro 4. Houve pelo menos duas actividades que ficaram por concretizar,
uma pela PD italiana e outra pela PD portuguesa. Foi o caso das “intervenções para as
organizações do 3º Sector” da Actividade 2, e o “Manual de Estratégias C3 para o 3º
Sector”, da Actividade 3. A primeira não se realizou por ausência de entidade italiana
interessada em o executar, o que resulta, segundo um dos inquiridos, de “não haver uma
verdadeira compreensão de cada projecto nacional e de as entidades parceiras terem áreas
de actuação muito específicas”. A segunda não se fez sobretudo por limitações de tempo.
A aplicação do Modelo C3 nas organizações exigiu mais tempo e energia do que
inicialmente se pensava, pelo que na parte final escasseou o tempo para a realização de
algumas actividades e produtos. Dois parceiros italianos referem ainda que as actividades
no âmbito do Modelo de intervenção C3 ultrapassaram as suas expectativas.
16
Quadro 4. Actividades previstas e realizadas e avaliação face ao esperado
Actividades Previstas
Actividades
Realizadas
Em
Execução
Concluídas
Não
realizada
Avaliação face
ao esperado
(+) ( =)
(- )
Actividade 1. Diagnóstico
Experiências e exemplos de boas práticas (P. Itália)
- Responsabilidade social/balanço social
=
- Balanço de competências
=
- Qualidade
=
Documentação/instrumentos sobre (Pt)
- Pré-diagnóstico organizacional
=
- Dispositivo de BC organizacional
=
- Qualidade
=
Actividade 2 – Modelos de intervenção
Experiência e exemplos existentes, boas práticas já
identificadas sobre: (P. Itália)
- Learning organization
=
- Intervenções para organizações do 3º Sector
-
- Modelos de intervenção
-
Documentação/instrumentos existentes sobre (Pt)
=
- Modelos de intervenção C3
+
- 6 estudos de caso
+
- Manuais de auto-aprendizagem
=
Actividade 3 – Estratégia
Bibliografia sobre (P. Itália):
- Desenvolvimento local, objectivos do DL
=
- Estado da arte do DL
=
- Metodologias e instrumentos para o DL
=
- Estratégias de DL
=
Documentação/instrumentos sobre (Pt)
- Desenvolvimento local
=
- Manual de Estratégias C3
-
- Estratégia nas 6 Organizações C3
-
Actividade 4 – Transversais
- Newsletter
=
- Sítio Web
=
- Divulgação
=
- Avaliação
=
As actividades foram várias, mas nem todas as actividades resultaram em
produtos, que são em menor número, como veremos em seguida.
17
4.2. Produtos resultantes da transnacionalidade
Os vários produtos resultantes da cooperação transnacional são assinalados no
Quadro 5. A leitura do quadro mostra que se previa a realização de um conjunto de nove
pacotes de produtos. O conjunto de vários produtos, assinalados atrás no Quadro 2, irá
assumir a forma de quatro produtos principais: a) o Manual de Boas Práticas, a publicar
em papel e em CD; b) três “Newsletters”; c) sítio Web; d) e o “Relatório Final de
Avaliação do Projecto RITMO”.
O manual de boas práticas para a gestão e desenvolvimento do 3º Sector, irá
reunir uma síntese de todos os documentos produzidos pelos vários parceiros ao longo do
projecto, e será certamente o produto mais substancial da parceria, englobando as
seguintes temáticas:
- Responsabilidade social;
- Balanço social;
- Balanço das competências organizacionais;
- Qualidade;
- “Learning Organization”;
- Mercados do 3º Sector;
- Origens do financiamento para o 3º Sector;
- Modelo de intervenção C3 nas organizações;
- Desenvolvimento local.
As três “Newsletters” editadas podem ser consultadas no sítio Web do projecto
(www.c3.com.pt/RITMO) e estão disponíveis em quatro línguas.
Os produtos do projecto, devido à escassez de tempo na parte final, não
apresentam o grau de elaboração que seria desejável. A PD portuguesa debateu-se com
uma forte escassez de tempo, o que impediu alargar a fase de discussão dos produtos e a
elaboração do manual de estratégias para o 3º Sector. A aplicação do modelo nas seis
organizações foi um processo moroso, pois a sua implementação depende de um
conjunto variável de factores, muitos dos quais dependentes de terceiros. Os produtos da
componente transnacional acabaram por se ressentir dos atrasos na execução do projecto
18
nacional. Nem mesmo o adiamento, em dois meses, do final do projecto foi suficiente
para compensar completamente os atrasos acumulados.
A parceria italiana acabou por não realizar o produto referido no Quadro 5 por
“Exemplo de Itália (modelo de intervenção)”, por razões apresentadas no ponto anterior.
Quadro 5. Produtos da cooperação e fase de desenvolvimento
Produtos /práticas previstas
Fase de desenvolvimento/consolidação
Não
iniciado
Em
desenvolvimento
Concluído
Concluído e
validado
Desenvolvimento
/consolidação
face ao esperado
( = ) (+) (-)
1 - RECOLHA DE BIBLIOGRAFIA
=
2 - BOAS PRÁTICAS SOBRE:
− Responsabilidade social/balanço
social
− Balanço de competências e
organizacional
− Qualidade
− “Learning organizations”
=
3 - MODELO DE INTERVENÇÃO
C3
=
4 – APLICAÇÃO DO MODELO
(6 Estudos de caso)
+
5- EXEMPLO DE ITÁLIA (modelos
de intervenção)
-
6 - MANUAIS DE AUTOAPRENDIZAGEM
-
7- DESENVOLVIMETO LOCAL,
− Objectivos
− Estado da arte
− Metodologias e instrumentos
− Catálogo de boas práticas
=
8 -NEWSLETTER
+
9 - SÍTIO Web
-
4.3. Novos instrumentos e modelos de intervenção desenvolvidos na parceria
Um dos objectivos da parceria transnacional era o desenvolvimento de um
conjunto de instrumentos e de quadros de análise para apoio ao 3º Sector e ao
desenvolvimento local. A parceria portuguesa tinha por missão desenvolver o modelo de
intervenção C3 para o 3º Sector. Nas PD’s Italianas estava previsto o desenvolvimento de
instrumentos de análise e temáticas específicas, designadamente relacionadas com:
19
balanço social, responsabilidade social, balanço de competências organizacionais,
qualidade e “learning organizations”.
Modelo de intervenção C3 – Parceiro português
A parceria portuguesa desenvolveu o “Modelo de Intervenção C3”. Este modelo
de intervenção resulta da adaptação, ensaio e aplicação do “Programa Formação PME1 às
organizações do 3º Sector. Com este instrumento de intervenção pretende-se modernizar
a gestão das organizações do 3º Sector, integrando acções de assistência com formações
orientadas para reforçar as competências dos empreendedores e dos trabalhadores,
visando quatro níveis de orientação:
- Melhorar a qualidade de gestão;
- Aceder a novas formas de organização;
- Introduzir novas tecnologias; e
- Abrir novos mercados.
A experiência da aplicação do modelo de intervenção C3 permitiu demonstrar a
adaptabilidade desta metodologia às organizações do 3º Sector. Trata-se, não de um
modelo teórico, mas antes de um modelo prático, que visa diagnosticar problemas nas
organizações, propor medidas/soluções e implementá-las nas organizações, com
resultados muito positivos, como é referido no relatório final de avaliação da componente
nacional. O sucesso do programa depende, em larga medida, da participação activa dos
dirigentes e funcionários das organizações na execução de medidas de formação e de
acompanhamento, no contexto de trabalho, e na capacidade técnica e empenho dos
peritos e formadores. O diagnóstico evidencia que há problemas comuns nas
organizações: definição estratégica; comunicação interna e externa; meios financeiros; e
autonomia financeira.
Instrumentos para a melhoria da qualidade no 3º sector
Uma das PD’s italianas desenvolveu um conjunto de trabalhos tendo em vista,
basicamente, melhorar a qualidade dos serviços prestados pelas “empresas do 3º Sector”.
1
Para mais pormenores sobre este modelo ver A. Baptista e A. Cristóvão, Relatório Final de
Acompanhamento e Avaliação do Projecto C3 – Consultoria para o 3º Sector, Vila Real: UTAD.
20
Alguns dos instrumentos desenvolvidos no quadro desta PD italiana foram: Balanço
Social; Carta de Serviços e Código de Ética.
O Balanço Social foi um dos assuntos específicos desenvolvidos pela PD italiana
liderada pelo CNCA e realizada pela Impresa a Rete, visa, através de um sistema de
informação e de indicadores, reunir as principais realizações qualitativas da organização
ou da empresa, levando a uma tomada de consciência das dimensões económica,
ambiental e social das suas actividades, produtos e serviços e, ainda, medindo as
mudanças ocorridas num determinado período. O documento produzido sobre este tema
por Vilarete (2004)2 constitui uma descrição dos resultados da política social levada a
cabo na organização ou empresa, nas áreas do emprego, das condições de trabalho, da
formação e das relações sociais, e do ambiente. Permite aos parceiros e aos interessados
(“stakeholders”) da organização ou da empresa obter uma imagem mais completa e mais
fiel do que a obtida através dos documentos contabilísticos. O Balanço Social é uma base
de concertação objectiva, uma vez que é um elemento de referência das negociações
sociais, mostrando as prioridades e evoluções da política social. O Balanço Social
constitui também uma ajuda preciosa para a planificação da qualidade social, servindo de
base à aplicação dos programas de melhoria da organização ou da empresa. Favorece,
ainda, a divulgação das melhores práticas, permitindo comparações entre organizações
ou empresas do mesmo sector de actividade.
Outros instrumentos desenvolvidos estão relacionados com a responsabilidade
social das empresas e a concertação territorial. Este último, sob a forma de guia, pretende
ser um instrumento de reflexão sobre a experiência adquirida pelas organizações autoras
na área da programação negociada e aplicada à concertação territorial a diferentes níveis.
Para além dos instrumentos referidos, foram também desenvolvidos documentos
que abordam temáticas variadas relacionadas com o 3º Sector. É o caso dos trabalhos
sobre “Mercado social e 3º Sector”, de Sérgio Pasquinelli (IRS); ou um trabalho de
Giorgio Bisirri (PAP) sobre “Uma nova abordagem ao desenvolvimento local”.
2
Paolo Vilarete (2004), “Bilancio Sociale”, in Innovating Local Development Employment Initiatives in
the Third Setor, Impresa a RETE.
21
4.4. Aquisição de conhecimento e troca de experiências
Outro dos objectivos visados pelas parcerias transnacionais era a aquisição de
novos conhecimentos e a troca de experiências. Objectivos muito frequentes nos
projectos transnacionais. Para a PD portuguesa é de destacar as aprendizagens referentes
às temáticas das ”Actividades 1“, sobretudo no que se relaciona com instrumentos como
o Balanço Social, Balanço de Competências Organizacionais, implementação de
Sistemas de Qualidade e de Responsabilidade Social no contexto do 3º Sector. Temáticas
para as quais a PD portuguesa envolvida no projecto não estava devidamente
sensibilizada.
Os resultados de uma parceria transnacional não se resumem apenas aos produtos
mais tangíveis. Há resultados de natureza imaterial que, não sendo facilmente
mensuráveis, não deixam, por isso, de ser menos importantes. Referimo-nos, em
particular, às visitas efectuada pela parceria italiana a várias organizações do 3º Sector
em Portugal. As reacções dos participantes a estas visitas foram muito positivas, como se
pode depreender dos comentários feitos e que se apresentam na Newsletter nº 3. É
evidente que, para tal resultado, é necessário trabalho prévio na preparação das acções.
Em síntese, podemos concluir que as actividades e os produtos previstos foram na
sua globalidade realizados. Os atrasos na parte final do projecto levaram ao seu
adiamento por dois meses. No caso do modelo de intervenção C3, ficou demonstrado que
este se adequa muito bem ao 3º Sector e pode ser um instrumento importante na melhoria
da gestão e modernização destas organizações. Vejamos, em seguida, quais os efeitos e
impactes alcançados pelo projecto.
5. EFEITOS DO PROJECTO
Nesta secção vamos começar por identificar o valor acrescentado do projecto,
passando em seguida à difusão dos seus resultados e à transferibilidade potencial dos
produtos, bem como aos resultados com condições para se manterem na fase pósprojecto, isto é, com algum grau de sustentabilidade.
22
5.1. Valor acrescentado da cooperação
Uma das questões que é legítimo colocar é saber se a cooperação transnacional
trouxe algum valor acrescentado para além do que seria expectável como resultado dos
projectos nacionais. A resposta é afirmativa, apesar dos resultados alcançados terem
ficado, em certa medida, aquém das expectativas iniciais. A criação de valor
acrescentado não é fácil, seja pela forma como as parcerias transnacionais são
construídas, seja pelas limitações colocadas ao seu desenvolvimento.
Sem dúvida que um dos principais valores acrescentados do projecto
transnacional são os seus produtos, designadamente “O Guia de Boas Práticas” antes
referido. A edição dos trabalhos desenvolvidos pela PD portuguesa e italiana numa única
publicação, de acordo com a lógica que lhe está subjacente (diagnóstico, modelos de
intervenções/propostas, estratégias), representa algo mais do que a soma das duas
componentes separadamente. O diagnóstico dos problemas da organização realizado
através do modelo C3, mais focado nos problemas de gestão das organizações, acaba por
ser complementar aos diagnósticos realizados por uma das PD’s italianas no que se
relaciona designadamente com o Balanço de Competências e o Balanço Social, as
preocupações com a Responsabilidade Social das Empresas, bem como os instrumentos
de Avaliação da Qualidade. Seguramente que a tradução do manual prático em várias
linguas irá aumentar a difusão do produto, o que irá reforçar a sua mais-valia potencial.
No caso portugues, é de evidenciar o Modelo de Intervenção C3, testado em
organizações do 3º Sector e que se evidencia como uma mais-valia que pode ser usada,
quer por consultores, quer por responsáveis das organizações, no diagnóstico das
organizações, proposição de medidas e sua execução. Para a parceria portuguesa deve-se
destacar, ainda, a aquisição de conhecimentos ao nível de conceitos como: Balanço
Social, Responsabilidade Social e Qualidade.
Da parte da PD italiana merecem destaque os progressos realizados ao nível da
reflexão sobre as diferenças dos mercados social e económico e a metodologia elaborada
para a concertação territorial.
23
O valor acrescentado irá, evidentemente, depender do interesse que os
instrumentos e modelos de intervenção desenvolvidos pelas PD’s tenham junto de outras
entidades.
Em síntese, o benefício da cooperação transnacional gerou-se, sobretudo, pela
“contaminação” que acabou por haver entre os dois projectos nacionais, mais do que pela
criação de novos produtos realizados em comum.
5.2. Principais produtos para difusão e transferibilidade
A difusão dos principais produtos do projecto será feito através de uma
publicação em suporte papel e em CD, a traduzir em quatro línguas. No Manual de Boas
Práticas para a Gestão e o Desenvolvimento do 3º Sector existem instrumentos úteis que
podem ser aplicados por outros na consultoria às organizações do 3º Sector, ou, noutros
casos, directamente aplicados pelos responsáveis das organizações.
Todos os produtos concebidos ao longo do projecto ficarão disponíveis na
Internet no sítio do projecto (www.C3.com.pt/ritmo), o que permitira uma maior difusão
e utilização.
Quadro 6. Produtos transferíveis, formas e “alvos” da disseminação
Produtos
-
Manual de Boas
Práticas
para
a
Gestão
e
o
Desenvolvimento do
3º Sector
Transferível
X
Formas de disseminação
Publicação em papel e CD
Divulgação em seminários e Workshops temáticos
Alvos de
disseminação
Autoridade
de
gestão;
“stakholders”;
políticos;
organizações do
3º Sector.
- “Newsletter”
X
e-mail; sítio web
Idem
- Sítio Web
X
Rede internet
Idem
5.3. Resultados pós-projecto
Os produtos resultantes do projecto são, seguramente, algo que ficará para além
do mesmo. Já referimos os produtos principais do projecto; para além destes, há um
capital de conhecimento e de experiência adquirido, que não é despiciente. Um efeito
directo é a existência de dois projectos internacionais de cooperação no âmbito de outro
programas europeus com alguns dos parceiros italianos, de que falaremos a seguir.
24
A visita de representantes italianos da província de Ascoli-Piceno a Portugal, à
Região Centro poderá, ainda, traduzir-se em resultados mais concretos, caso se
materializem algumas ideias de cooperação então avançadas.
Serão de esperar efeitos positivos do projecto ao nível do reforço das políticas
comunitárias para o 3º Sector? A resposta não é fácil. As matérias abordadas são
pertinentes, inserindo-se em questões actuais que estão a ser debatidos no âmbito dos
grupos temáticos promovidos pela iniciativa comunitária EQUAL. Quantos aos efeitos
sobre a política, as conclusões merecem alguma reserva. Contudo, parece-nos que todos
os trabalhos que possam contribuir para melhorar a visibilidade e importância do 3º
Sector, por um lado, bem como os instrumentos de intervenção para melhorar a gestão e
qualidade dos serviços, por outro, são factores que podem contribuir para o
reconhecimento do peso deste sector e da necessidade de políticas mais adequadas.
Em síntese, o valor acrescentado da cooperação transnacional gerou-se sobretudo
pela “contaminação” havida entre os três projectos nacionais, durante o processo de
realização dos produtos comuns. A difusão destes produtos em várias línguas e a
possibilidade de serem acessíveis a um público mais vasto, bem como a constituição de
novas parcerias, acabam por ser efeitos directos da parceria transnacional.
6. BALANÇO GLOBAL, FACTORES FAVORÁVEIS E LIMITANTES DA COOPERAÇÃO
Neste secção procuramos fazer um balanço global do projecto no que toca ao
plano de trabalhos, factores favoráveis e dificuldades da cooperação e, finalmente, à
capitalização dos benefícios do projecto.
6.1. Concretização do plano de trabalho
O plano de trabalho, tal como já referimos atrás, seja ao nível das actividades
previstas e realizadas, seja ao nível dos produtos foi, na sua maioria, cumprido. Como em
todos os projectos, verificaram-se algumas alterações ao longo do programa, decorrentes
da necessidade de adaptações, sobretudo aquando da execução. Nalgumas actividades
25
ficou a impressão que se poderia ter aprofundado e desenvolvido outros produtos, caso o
tempo não tivesse escasseado na parte final do projecto.
Uma das actividades previstas – “A identificação de modelos de intervenção” – a
realizar por uma das PD’s italianas, acabou por não se realizar, por não se ter encontrado
um parceiro italiano interessado nesta temática.
O número de duas reuniões transnacionais por ano, com todos os parceiros,
pareceu-nos adequado, atendendo a que é necessário tempo para o desenvolvimento do
trabalho de cada parceiro. Na concretização do plano de trabalho foram essenciais as seis
reuniões transnacionais efectuadas.
6.2. Benefícios e factores favoráveis
Ao processo de cooperação transnacional são apontados, seja pelos participantes
na segunda reunião transnacional, seja pelos parceiros (seis) que responderam ao
questionário final de avaliação, vários benefícios, que passamos a apresentar:
- Conhecer novas realidades sócio-económicas e culturais;
- Ganhar novos parceiros para projectos futuros;
- Entrar nas redes europeias;
- Aprofundar relações externas;
- Melhorar o relacionamento com organizações dinâmicas e experientes;
- Trocar experiências e conhecimentos;
- Reforçar a vontade de cooperar entre os parceiros;
- Aceder a um conjunto de instrumentos e produtos resultantes da cooperação.
Para além disto, merece destaque o relacionamento amigável que se estabeleceu
entre os vários parceiros, condição essencial para o desenvolvimento de futuras
cooperações.
Há ainda benefícios de natureza essencialmente política e de longo prazo, como a
contribuição destas parcerias para a construção europeia, que se fará em grande medida
pelo estreitamento de relações entre instituições e pessoas de vários países. Como
escrevia um parceiro italiano na “Newsletter” nº 3 (Paolo Villerecci/CNA), “estas
26
actividades são também um contributo solidificado para reforçar a identidade
comunitária que estamos a construir”.
6.3. Dificuldades ao desenvolvimento da parceria
A constituição de uma parceria e o seu funcionamento são processos
complicados, morosos e difíceis. Há factores que claramente limitam o âmbito de
actuação da parceria transnacional. Vejamos as dificuldades identificadas ao longo deste
projecto:
− A compreenção dos projectos nacionais de cada PD. As PD’s italianas
envolviam um número elevado de entidades com projectos diversos;
− A limitação ao nível da comunicação entre os membros das PD’s devido a
problemas linguísticos. O facto dos parceiros falarem, como segunda língua,
nuns casos o francês e noutros o inglês, não facilitou a comunicação;
− A constituição parceria– primeiro são aprovados os projectos nacionais e só
depois a parceria transnacional – conduziu a que esta segunda fase fosse
fortemente
condicionada
pelo
projecto
nacional.
A
parceria
de
desenvolvimento transnacional é percepcionada como um “sub-produto” dos
projectos nacionais. Esta situação não é específica deste projecto;
− A duração do projecto, atendendo à distância física entre os parceiros,
diversidade de temáticas e, ainda, ao facto destes não se conhecerem entre si;
− A realidade da economia social em Portugal e Itália são diferentes;
− A diferença de estatutos e de conceitos no entendimento do que é o 3º Sector
entre os dois países;
− O orçamento de cada promotor era bastante diferenciado, o que não deixou de
limitar as actividades daqueles com menores financiamentos;
− A temática abordada por cada PD eram distintas;
− O período de vida dos dois projectos (português e italiano) não foi coincidente
na sua parte final, o que gerou dificuldades na calendarização dos seminários
27
finais, na orçamentação das despesas e na tradução dos materiais para
publicação.
Neste conjunto de dificuldades merecem destaque as cinco primeiras, uma vez
que afectaram de forma mais acentuada os resultados do projecto. Refira-se que a
maioria das dificuldades foi sendo ultrapassada ao longo do tempo. Para isso
contribuíram fortemente as seis reuniões internacionais e o trabalho à distância via e-mail
e telefone, desenvolvido pelos promotores da PD transnacional.
6.4. Capitalização dos benefícios
As parcerias transnacionais não fazem sentir os seus efeitos unicamente ao nível
dos resultados do projecto e dos seus produtos. Se estes forem transferíveis, como é o
caso dos principais produtos, como referimos acima, aumentam os benefícios. Os efeitos
da parceria podem extravasar o âmbito do projecto e permitir a capitalização concreta de
benefícios futuros. É o caso da constituição de duas novas parcerias no âmbito do
Projecto Leonardo EDP e do Projecto Slide3, em que estão envolvidos o IEBA e o
CNCA. Para além destes projectos, já em execução, há a possibilidade de novas
candidaturas ao EQUAL fase II e existem outras parcerias em projectos que aguardam
decisão4. O conhecimento adquirido com a parceria é, pois, um capital a rentabilizar em
futuras iniciativas.
A aplicação dos conhecimentos adquiridos e dos instrumentos e produtos
realizados pelos diversos parceiros em novos projectos é também uma forma de potenciar
os benefícios da cooperação. Outra via será a capitalização do conhecimento/experiência
produzido, em termos de formação profissional dos colaboradores internos ou de outros.
Em suma, atendendo ao trabalho realizado e aos objectivos iniciais fixados, bem
como às dificuldades de trabalho em parceria, podemos concluir que estamos perante
uma cooperação relativamente bem sucedida. A experiência deste projecto revela, ainda,
3
4
Projecto EDP - Entrepreneurship for Disadvantaged People (Programa Leonardo da Vinci) e Projecto
SLIDE - Elearning et Dévélopment: Initiatives Locales Solides (Iniciativa Elearning).
Por último, de destacar que o CNCA em Setembro de 2004 aderiu a uma associação europeia (Nynphea
– Aisbl), de que o IEBA faz parte e que promove a cooperação e o trabalho em rede a nível europeu,
envolvendo actualmente 14 entidades de 8 Estados Membros.
28
que é sobretudo no final do projecto que as relações interpessoais se encontram ao seu
melhor nível. O sentimento geral dos parceiros quanto à parceria é francamente positivo
e pode ser desenvolvido, designadamente através de acções futuras, como já se verifica.
7. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
7.1. Conclusões
Como conclusão geral, destaca-se o sentimento positivo quanto à parceria,
ambiente de trabalho e progressos no conhecimento das organizações participantes, assim
como os avanços relativamente ao conhecimento da situação do 3º Sector e do
desenvolvimento local em cada país. Os aspectos negativos sublinhados prendem-se com
o calendário de trabalho apertado, com as dificuldades de comunicação entre pessoas e a
diversidade de temáticas abordadas.
A PD transnacional funcionou relativamente bem e num bom ambiente de
trabalho, sobretudo se recordarmos a sua constituição - promotores português e italianos
não se conheciam - e as dificuldades que foram surgindo ao longo do processo,
designadamente: a compreensão dos projectos de cada parceiro; a construção de um
projecto comum; as várias línguas de comunicação; as diferenças culturais; as realidades
diversas no 3º Sector. As reuniões presenciais e o conhecimento interpessoal continuam a
ser condições essenciais para o desenvolvimento de um projecto comum. As formas de
trabalho à distância foram, indiscutivelmente, instrumentos importantes e eficazes, em
particular quando o conhecimento interpessoal da equipa era já relativamente elevado.
Em contraposição, sentiram-se dificuldades na definição de objectivos e produtos
comuns. A experiência deste projecto revela que a estratégia seguida por cada PD
procura concentrar os maiores esforços no projecto nacional e em rentabilizar os seus
resultados, alargando-os à componente transnacional. Ora, este procedimento condiciona
e dificulta a concepção e execução de projectos com objectivos comuns.
As actividades previstas eram numerosas, nalguns casos até ambiciosas. A
maioria das actividades foram concluídas com sucesso, ainda que as expectativas que lhe
estavam associadas tenham, nalguns casos, ficado aquém do esperado. Houve apenas
29
duas actividades, no conjunto das 23 previstas, que não foram realizadas. Num caso, por
dificuldade dos parceiros italianos e noutro por falta de tempo do promotor português.
Quanto aos quatro produtos da cooperação, dois estão concluídos (Sítio Web,
“Newsletter”) outro, seguramente o mais importante, o Guia de Boas Práticas, está em
fase de conclusão. O quarto produto esperado é este relatório. Há também que reconhecer
que os produtos poderiam ter sido melhorados, quer ao nível da integração das várias
temáticas, quer ao nível do seu aprofundamento, se o tempo não fosse um factor escasso
na fase final do projecto. Em relação aos novos instrumentos e modelos de intervenção, é
de destacar a aplicação, com sucesso, do modelo C3 pela PD portuguesa às organizações
do 3º Sector. Trata-se de um modelo prático, que visa diagnosticar problemas e
identificar e implementar medidas para a sua resolução.
Um dos objectivos da PD transnacional é que os produtos criem efeitos positivos
nas organizações do 3º Sector. O valor acrescentado da cooperação transnacional gerouse sobretudo pela “contaminação” havida entre os dois projectos nacionais, durante a sua
implementação. A difusão deste produto em várias línguas e a possibilidade de ser
conhecido por um público mais vasto, acabam por ser outro dos efeitos directos da
parceria transnacional. Os benefícios da cooperação transnacional não se fazem sentir
unicamente no curto período de vida de um dado projecto. É o caso da aquisição de
conhecimentos em resultado das visitas e das trocas de experiências, que nos parecem ter
sido mais positivas para a PD italiana, pelo maior número de visitas efectuadas a Portugal
e pelo contacto mais intenso com as organizações do 3º Sector português. Outro
resultado directo positivo são as duas novas parcerias, que se constituíram entre alguns
dos participantes italianos e portugueses.
7.2. Recomendações
As recomendações aqui apresentadas são o resultado da reflexão gerada pelo
processo de avaliação e são de dois níveis: 1) a construção da parceria; 2) o seu
funcionamento. Comecemos pelas primeiras.
Construção das parcerias
− O actual modelo de construção das PD transnacionais conduz a uma
predominância do projecto nacional na componente transnacional, o que cria
dificuldades na elaboração de projecto e de produtos comuns. Como
30
ultrapassar isso? Uma solução seria a inversão do processo actual de
constituição das PD transnacionais. Primeiro seria constituída a parceria
transnacional, em torno de um tema e de um projecto comum, com parceiros
pré-defenidos, e só numa segunda fase é que se discutiria a contribuição
nacional. Ou seja, colocamos a seguinte questão, não deverá o projecto
nacional ser subordinado ao transnacional?
− A julgar pela experiência do projecto, parece-nos que o número de parceiros
nacionais ligados a um dado promotor não deve ser muito elevado, se
queremos uma parceria efectiva e que funcione. No caso português, o número
próximo da meia dúzia pareceu-nos funcionar muito bem. Ainda que aqui haja
outros factores a considerar, como o empenho e o interesse das pessoas
envolvidas, o relacionamento entre elas e a liderança do projecto.
Funcionamento das parcerias
Algumas das propostas de melhoria foram referidas pelos parceiros,
designadamente as relacionadas com problemas de comunicação, organização e
funcionamento dos encontros. Sublinhamos as mais importantes:
− Melhorar a comunicação entre os parceiros
− Estabelecer linguagem comum
− Elaborar um glossário dos principais conceitos relativos ao projecto
− Preparar e distribuir, com antecedência, instrumentos de apoio às
reuniões (questionários, lista de conteúdos, etc.)
− Organização e funcionamento dos encontros
− Fazer listas de pontos críticos ou questões importantes relativos a cada
instrumento/documento em debate
− Analisar casos concretos
− Identificar contribuições específicas de cada parceiro (por exemplo, de
Portugal, a ligação entre as empresas e os programas de desenvolvimento
local)
− Dinamizar a participação de todos os parceiros
31
− Organizar seminário específico em que os parceiros façam apresentações
preparadas e para o qual se convidem peritos para falar sobre certos
tópicos
− Promover a revisão (por todos) dos produtos do projecto
− Visitar parceiros e outras organizações/empresas do 3º sector envolvidos
e seus terrenos de acção.
32
ANEXOS
33
ANEXO 1 - Preliminary Evaluation Form
Transnational Meeting, February 21-22, 2003 AEP-Porto
Reseau pour l´innovation et modernisation du troisième secteur
Rete per l´innovalzione et modernizzazione del terzo secttore
Rede para a inovação e modernização do 3º Sector
The answers to the following questions will be used to develop the evaluation plan. Please think
carefully and answer clearly in English, French or Portuguese. Thank you!
1.
What do you expect from this transnational cooperation? (be specific and indicate at least 3 ideas)
2.
What are, for you, the major evaluation questions?
3.
Do you have suggestions of evaluation indicators?
4.
What do you suggest to improve the sharing of ideas and experiences among partners?
5.
So far, what is the balance of the transnational exchanges? (positive and negative points)
6.
About which topics/aspects would you like to develop further this cooperation ?
7.
Other comments/observations:
Name:__________________________________________Email:__________________
Institution ________________________________________Country:________________
34
ANEXO 2
Assessement of the transnational meeting
June 27 and 28 of 2003
Balanço da reunião transnacional
de 27 e 28 de Junho 2003
Reseau pour l´innovation et modernisation du troisième secteur
Rete per l´innovalzione et modernizzazione del terzo secttore
Rede para a inovação e modernização do 3º Sector
P1. What were for you the principal activities carried out on 27 and 28?
P1. Quais foram as principais actividades desenvolvidas nos dias 27 e 28?
P2. In your opinion, what were the most important benefits during these days of meeting?
P2. Quais foram, na sua opinião, os principais benefícios destes dois dias trabalho?
P3. What were some of the dificulties you felt during this meeting?
P3. Quais as dificuldades sentidas no decorrer destes dias de trabalho?
P4. How can we overcome some of the dificulties identified?
P4. De que forma se podem ultrapassar algumas das dificuldades identificadas?
Name:__________________________________________Email:__________________
Institution ________________________________________Country:________________
35
ANEXO 3
Inquérito para a avaliação final do projecto RITMO
Realizado aos promotores da PD:
CNCA, IEBA, Província di Ascoli Piceno
Alberto Baptista
Artur Cristóvão
Vila Real, 2004
36
Nota prévia:
Este inquérito foi elaborado pelos autores com a finalidade especifica de servir de instrumento para a
recolha de informação juntos do parceiros transnacionais, com vista à elaboração do relatório final de
avaliação do Projecto RITMO, Pensamos que o questionário, ainda que tenha sido construído e adaptado
para o caso concreto em avaliação, poderá ser um instrumento útil a ser usado na recolha de informação de
outros projectos transnacionais.
A construção deste instrumento resultou da leitura de inquéritos e de estudos de avaliação de projectos
transnacionais e da sua adaptação aos nossos objectivos específicos. Para isso foram consultados
designadamente as seguintes publicações:
−
−
−
Guide d’enquete; Evaluation du PIC EQUAL en France 2001-2003 elaborado pelo Ministére dês
Affaires Sociales, du Travail et de la Solidarité;
“Auto avaliação dos projectos”, Colecção Saber Fazer, nº 3, em especial o ponto 5.4.2. relativo à
transnacionalidade;
Educação-Fomação nos projectos das iniciativas comunitárias “Emprego” e “Adapt”, publicação
Equal, em particular o ponto 2.7. Transnacionalidade.
P1. Quais as razões que explicam a constituição desta parceria transnacional? (Indique duas)
−
Exigência comunitária
†
−
Aprofundamento das relações exteriores
†
−
Intercambio de experiências
†
−
Transferência de metodologias
†
−
Participação em espaços de reflexão
†
−
Alargamento do campo de intervenção
†
−
Conhecimento de outras realidades
†
−
Domínio da língua de trabalho
†
−
Afinidades sócio-culturais
†
−
Reforço da cidadania europeia
†
−
Desenvolvimento de redes transnacionais
†
P2. Como surgiu esta parceria transnacional?
−
Manifestação pública de interesse
†
−
Sugestão da instância gestora do programa
†
−
Continuidade de parcerias anteriores
†
−
Pertença a redes europeias
†
−
Outra , diga qual?
†
P3. Quais foram as principais dificuldades na constituição da parceria transnacional? (Indique um
máximo de três).
−
Dificuldade na definição de objectivos comuns
†
−
Dificuldade em estabelecer um plano de trabalho conjunto
†
37
−
Dificuldade em encontrar parceiros interessados no tema
†
−
Falta de tempo para encontrar os melhores parceiros
†
−
Comunicação difícil
†
−
Diversidade de culturas
†
−
Recusa de participação por já haver participação em outra PD portuguesa
†
−
Outros motivos de recusa (especifique)
†
†
Outras dificuldades (especifique)
P4. Do conjunto de dispositivos de cooperação transnacional diga quais os mais importantes para a
concretização do plano de trabalho? (indique 1 , 2 e 3 por ordem de importância)
−
Reuniões internacionais
†
−
Visitas efectuadas
†
−
Newsletter,
†
−
Trabalho à distância através da internet
†
−
Outras formas?
†
Quais __________
P5. Explicite a intensidade com que cada um dos parceiros participou em cada Acção, e respectivas
actividades, com base na seguinte escala:
0 = Não participou
1 = Participou de forma muito pontual
2 = Participou de forma moderada
3 = Participou regularmente
4 = Participou intensamente
QUADRO 1
Acção 1
Nome do Parceiro
Elaboração
do
diagnóstico
Definição
dos
objectivos
e da
estratégia
Elaboraçã
o do plano
de acção
Definição e
afectação dos
recursos
materiais e
humanos
Outras
(especifique)
(*)
Avaliação Face
ao Esperado
(= ) (+) (-)
Adaptado do “Guide de l’Évaluation EQUAL-France”
38
QUADRO 2
Acção 2
Nome do Parceiro
(*)
Execução
das acções
Acompanhament
o e avaliação
Participação
nas Redes
Temáticas
Outras
(especifique)
(**)
Avaliação
Face ao
Esperado
(= ) (+) (-)
1
2
3
4
Adaptado do “Guide de l’Évaluation EQUAL-France”
QUADRO 3
Acção 3
Nome do
Parceiro
(*)
Edição e
demonstração
de produtos e
práticas
Formação de
formadores e
outros agentes
que pretendem
apropriar-se de
novos produtos
/ práticas
Constituição
de redes e
comunidades
para
disseminação
Outros
(especifique)
(**)
Avaliação
Face ao
Esperado
〈=〉
1
2
3
4
Adaptado do “Guide de l’Évaluation EQUAL-France”
39
P6. Assinale a fase de execução em que se encontram as actividades previstas, avaliando o
progresso das mesmas face ao esperado?
Actividades Previstas
Actividades Realizadas
Em
Execução
Concluídas
Não
realizadas
Avaliação
face ao
Esperado
(+) ( =) (- )
Actividade 1 . Diagnóstico
Experiências e exemplos de boas práticas (P. Itália)
- Responsabilidade social/balanço social
- Balanço de competências
- Qualidade
Documentação/instrumentos sobre (Pt)
Pré-diagnóstico Organizacional
Dispositivo de BC Organizacional
Qualidade
Actividade 2 – Modelos de intervenção
Experiência e exemplos existentes, boas práticas já
identificadas sobre: (P. Itália)
- Learning organization
- Intervenções para organizações do 3º sector
- Modelos de intervenção
Documentação/instrumentos existente sobre (Pt):
- Modelos de intervenção C3
- 6 estudos de caso
- Manuais de auto-aprendizagem
Actividade 3 – Estratégia
Bibliografia sobre (P. Itália):
- Desenvolvimento local , Objectivos do DL,
- Estado da arte do DL/
- Metodologias e instrumentos para o DL
- Estratégias de DL
Documentação/instrumentos sobre (Pt)
Desenvolvimento Local
Manual de estratégias C3 para o 3º sector
Estratégia nas 6 Organizações C3
Actividade 4 – Transversal
- Newsletter
- Site Web
- Divulgação
- Avaliação
40
P7. Indique duas das principais actividades transnacionais desenvolvidas?
Actividades
Troca de informação e de instrumentos de trabalho
Intercâmbio de experiências e visitas de
beneficiários
Importação de produtos e sua adaptação
Desenvolvimento conjunto de produtos
Formação conjunta de formadores
Outras (especifique)
P8.
Identifique os produtos resultantes da cooperação e a fase de desenvolvimento/
/consolidação em que se encontram?
Produtos /práticas previstos
Fase de desenvolvimento / consolidação
Não
iniciado
Em
desenvolvimento
Concluído
Concluído
e validado
Desenvolvimento
/ Consolidação
Face ao
Esperado
( = ) (+) (-)
1 - Recolha de bibliografia
2 - Boas práticas sobre:
−
Responsabilidade social/balanço social
−
Balanço de competências
organizacional
−
Qualidade
−
Learning organizations
3 - Modelo de intervenção C3
4 – Aplicação do modelo (6 Estudos de
caso)
5- Exemplo de Itália (modelos de
intervenção)
5 - MANUAIS DE AUTOAPRENDIZAGEM
6 - DESENVOLVIMENTO LOCAL
−
−
−
Objectivos,
Estado da arte
Metodologias e instrumentos para o
DL
−
Catálogo de boas práticas de DL
7 -NEWSLETTER
8 – SITE WEB
41
P9. Houve produtos que estavam previstos e que não se realizaram?
−
−
−
−
a)
b)
c)
…
P10. Porquê?
−
−
−
−
a)
b)
c)
….
P11. Indique os três produtos que considera mais importantes para o alcance dos objectivos da
cooperação?
ƒ
ƒ
ƒ
a)
b)
c)
P12. Explicite que novos instrumentos e modelos de intervenção para o 3º sector foram
desenvolvidos a partir da parceria?
P13. Em que medida os instrumentos e modelos de intervenção podem contribuir para a
elaboração de uma estratégia da Comunidade Europeia de reforço da economia social?
P14. Que novos conhecimentos foram adquiridos/construídos?
P15. Quais são as principais aprendizagens que resultam da cooperação transnacional?
P16. Foram feitos progressos ao nível da reflexão sobre o mercado social e económico do 3º
Sector?
42
P17. Foram identificados inovações no 3º Sector ao nível dos dois países?
P18. Foram desenvolvidas novas competências sobre as organizações do 3º sector? Se sim,
quais?
P19. Os instrumentos criados tem uma aplicação? Qual?
P20. Os instrumentos criados são pertinentes para o contexto europeu?
P21. Foi desenvolvido um modelo de empresa para o 3º Sector?
P22. A parceria pode contribuir para o “mainstreaming” dos résultados? Se sim como?
P23. Identifique os produtos transferíveis e principais formas de disseminação dos produtos
identificados e refira para cada um deles os “alvos” da disseminação.
Produtos / práticas
Se transferível
assinale x
Formas de disseminação
Alvos de
disseminação
1
2
3
4
5
6
P24. Quais foram, na opinião da PD, os principais benefícios da cooperação transnacional?
43
P25. Como espera a PD capitalizar/rentabilizar os benefícios da cooperação transnacional ?
P26. Quais são as principais dificuldades da transnacionalidade?
ƒ
Calendários nacionais diferentes
†
ƒ
Dificuldades para se reunirem
†
ƒ
Nenhuma dificuldade
†
ƒ
Funcionamento e mentalidades diferentes
†
ƒ
Mobilização das pessoas
†
ƒ
Problemas linguísticos
†
ƒ
Diferenças orçamentais
†
ƒ
Outras dificuldades (Quais) __________________________________
†
P27. De que forma a PD superou as dificuldades identificadas?
P28. Identifique quais as perspectivas de desenvolvimento futuro.
44

Documentos relacionados