Bilhões nos cofres. Milhares nas ruas
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INAUGURAÇÃO DO DEPARTAMENTO JURÍDICO SEXTA-FEIRA, NO SINDICATO, ÀS 18H30 Filiado à O BANCÁRIO Edição Diária 5632 | Salvador, quarta-feira, 09.07.2014 Presidente Augusto Vasconcelos SISTEMA FINANCEIRO Bilhões nos cofres. Milhares nas ruas Enquanto o lucro mundial dos bancos somou US$ 920 bilhões em 2013, bancários, em todo o mundo, são colocados no olho da rua. No Brasil, foram 4.329 demissões. Contraditório. Página 3 REUTERS Cliente sofre com os vírus bancários A quantidade de milionários no mundo só cresce. Mas, na outra ponta, muitos países, como os da África, convivem com a miséria. De um lado, os endinheirados. Do outro, a população carente Página 2 Número de milionários aumenta Página 4 www.ban car i os bah i a. org. br 2 o bancário BRASIL Salvador, quarta-feira, 09.07.2014 • www.bancariosbahia.org.br Terreno de vírus bancários Malware são capazes de roubar dinheiro de clientes AMANDA MORENO [email protected] Um dado que serve de alerta para quem utiliza serviço bancário pela web. O Brasil é um dos três países mais atacados por um malware financeiro (espécie de vírus), juntamente com a Rússia e a Itália. Os dados são do relatório mensal de ameaças online do setor bancário, divulgado pela empresa de segurança digital Kapersky Lab. Os softwares bloquearam 126,6 mil tentativas de infecção por malware capazes de roubar dinheiro de usuários de internet banking, nos três países, entre 19 de abril e 19 de maio. O número representa mais de um terço do total de ataques no mundo. Os cibercriminosos tentam roubar detalhes do cartão de crédito através de programas mal-intencionados que ajudam hackers a entrar em sistemas protegidos. Durante a análise, a empresa bloqueou 21,5 milhões de ataques e quase 10%, ou seja, cerca de 2 milhões, tinham como alvo os dados dos cartões de crédito dos consumidores. Todo cuidado é pouco. FOTOS: ANGUERRA NOTÍCIAS Dificuldades para trocar de banco Na portabilidade de crédito, o cliente pode transferir de um banco para outro dívidas, como financiamento de carro, crédito pessoal e consignado. Mas, as organizações financeiras têm se mostrado pouco dispostas para realizar a operação. Bancos fazem corpo mole quando o assunto é portabilidade de crédito Para justificar, as empresas garantem ter mais benefícios na contratação e manutenção dos serviços ou ainda que têm problemas tecnológicos. Alguns bancos alegam que tiveram problemas ao utilizar o sistema da CIP (Câmara Interbancária de Pagamentos). Já a CIP não relata pendência. O vai e vem mostra que as empresas não querem abrir mão dos clientes, mas não oferecem melhorias. Para isso, dificultam a portabilidade, contrariando um direito do consumidor. As organizações financeiras também não querem arcar com os custos da operação, pois, segundos as regras, as empresas são obrigadas a assumir os gastos com a compensação. Muita esperteza. Regras do TED mudam. Tarifas continuam O valor mínimo do TED (Transferência Eletrônica Disponível) reduziu de R$ 1.000,00 para R$ 750,00 e as transferências a partir desta quantia deverão cair na conta no mesmo dia em que foi feito o depósito. A resolução é boa. Mas, poderia ser melhor. Isto porque, as tarifas para as transações ainda são cobradas aos clientes. O valor fica por conta de cada organização financeira. Desta maneira, muitos clientes preferem realizar saques com valores elevados para fazer depósitos e outras operações, o que facilita a ação das quadrilhas especializadas em assaltos, principalmente saidinhas bancárias. O ideal e justo para a população é a isenção das tarifas. O Sindicato dos Bancários da Bahia reforça, a cada ano, a reivindicação, importante para os consumidores brasileiros. O BANCÁRIO Fundado em 30 de outubro de 1939. Edição diária desde 1º de dezembro de 1989 Fundado em 4 de fevereiro de 1933 Diferenças As diferenças entre TED e o DOC precisam estar claras. No TED, o dinheiro cai na conta do destinatário no mesmo dia. Já no DOC, apenas no dia seguinte. Além disso, no TED, o valor mínimo agora é de R$ 750,00. O limite existe para que não haja sobrecarga nos sistemas de pagamento e compensação. Abaixo deste valor, a sugestão é a utilização dos DOCs. Terminal da Caixa destruído Explosão de caixa eletrônico em Anguera O município de Anguera, região de Feira de Santana, teve um terminal de autoatendimento da Caixa explodido. O ataque aconteceu na madrugada de ontem, por volta das 3h, e não durou mais do que cinco minutos. É a segunda vez que o equipamento é explodido neste ano. O outro caso ocorreu em fevereiro. Antes da ação, o grupo fez uma ronda pela cidade e vigiou a casa de um policial, que estava com uma viatura estacionada em frente a residência. Informativo do Sindicato dos Bancários da Bahia. Editado e publicado sob a responsabilidade da diretoria da entidade - Presidente: Augusto Vasconcelos. Diretor de Imprensa e Comunicação: Adelmo Andrade. Endereço: Avenida Sete de Setembro, 1.001, Mercês, Centro, Salvador-Bahia. CEP: 40.060-000 - Fone: (71) 3329-2333 - Fax: 3329-2309 - www.bancariosbahia.org.br - [email protected] Jornalista responsável: Rogaciano Medeiros - Reg. MTE 879 DRT-BA. Chefe de Reportagem: Rose Lima. Repórteres: Ana Beatriz Leal e Rafael Barreto. Estagiários em jornalismo: Amanda Moreno e Thiana Santana. Projeto gráfico: Márcio Lima. Diagramação: André Pitombo. Impressão: Muttigraf. Tiragem: 10 mil exemplares. Os textos assinados são de inteira responsabilidade dos autores. o bancário www.bancariosbahia.org.br • Salvador, quarta-feira, 09.07.2014 SISTEMA FINANCEIRO JOÃO UBALDO Lucro quase na casa do trilhão Nada é capaz de abalar o setor bancário. Ganho mundial chega a US$ 920 bilhões REDAÇÃO [email protected] Muitas agências funcionam sem portas giratórias com detector de metais Reunião sobre segurança O projeto-piloto de segurança bancária, conquista da campanha salarial de 2012 é uma das provas de que, com investimentos em equipamentos e estrutura, as agências ficam seguras. Em andamento em 209 unidades das cidades do Recife, Olinda e Jaboatão dos Guararapes desde setembro de 2013, os primeiros resultados do projeto apontam redução nos assaltos e nas saidinhas bancárias. Para dar continuidade nas avaliações do plano, uma reunião está agendada com a Fenaban (Federação Nacional dos Bancos), no dia 23 de julho, em São Paulo. Mais uma oportunidade para lembrar que portas giratórias com detector de metal, câmeras internas e externas, biombos nos caixas, guarda-volumes e vigilantes armados com coletes balísticos não são custos para os bancos, e sim investimentos na segurança dos bancários e clientes. Enquanto milhares de pessoas morrem todos os dias no mundo em decorrência da fome, alguns poucos seguem desfrutando boa vida sem nenhum peso na consciência. É o caso dos banqueiros, que, quando em crise, ainda contam com uma ajudinha dos governos para se salvar. Uma lógica perversa, que tem garantido bons resultados, pelo menos para as organizações financeiras. Em números, o lucro mundial dos bancos cresceu 23% em 2013 e alcançou inacreditáveis US$ 920 bilhões. É o melhor desempenho desde 2007, um ano antes da crise financeira mundial, quando as empresas colocaram nos cofres nada menos do que US$ 786 bi- lhões. O Brasil tem posição de destaque no ranking dos melhores resultados do setor e aparece na sétima posição, com lucro de US$ 26,10 bilhões. A China ficou, pelo segundo ano consecutivo, com os bancos mais lucrativos, US$ 292 bilhões. O número equivale a um terço do total do setor no mundo. Em segundo lugar está o Japão (US$ 64,13 bilhões), seguido do Canadá (US$ 39,25 bilhões), França (US$ 38,63 bilhões) e Austrália (US$ 38,62 bilhões). A pesquisa realizada pela revista The Banker conclui que as organizações financeiras estão mais fortes do que nunca. Isso realmente não é mais novidade para ninguém. JOÃO UBALDO - ARQUIVO Estatísticas Para a mídia da campanha salarial, Bahia apresenta proposta semelhante a campanha Assim não dá, promovida pelo Sindicato A Fenaban também deve apresentar a estatística de ataques a bancos referentes ao primeiro semestre de 2014, conforme diz a CCT (Convenção Coletiva de Trabalho). Citibank condenado por assédio Um trabalhador fica doente, tem 30 dias de licença médica, e quando volta ao trabalho, é surpreendido pelo gerente com o rebaixamento de função. O abuso aconteceu no Citibank, na tentativa de provocar a demissão de uma bancária. Porém, a trabalhadora recorreu à Justiça para garantir os direitos e foi contemplada. Os desembargadores do TRT (Tribunal Regional do Trabalho) do Ceará condenaram o banco a pagar R$ 30 mil por danos morais para a bancária. Segundo a funcionária, além de ter o salário reduzido, ela passou a exercer apenas atividades burocráticas e ficou um tempo sem receber qualquer ordem dos superiores. O assédio moral deve ser firmemente coibido pela Justiça em qualquer situação. Nova reunião de mídia Os debates sobre a mídia da campanha salarial dos bancários continuam intensos. A próxima reunião é amanhã, a partir das 14h, em São Paulo. Ciente dos problemas nas agências de todo o país, o Sindicato da Bahia realiza, desde o primeiro semestre, campanha por melhores condições de trabalho. Proposta semelhante foi apresentada pelo diretor de Comunicação da entidade, Adelmo Andrade, no último encontro. A intenção é ampliar o diálogo com a sociedade e com os bancários, além de pressionar os bancos a investirem em melhorias estruturais e em contratações, quesito fundamental para prestar atendimento humanizado e sem pressão. 3 4 o bancário DeSIGUALDADE Salvador, quarta-feira, 09.07.2014 • www.bancariosbahia.org.br Mais milionários no mundo Patrimônio dos mais ricos ultrapassa os US$ 30 milhões RAFAEL BARRETO [email protected] O número de endinheirados no mundo aumentou 15% em 2013. Enquanto isso, vários países ainda sofrem com a falta de suprimentos básicos, como alimentação e falta de estrutura na saúde. As comparações foram feitas em relação a 2012. Segundo relatório 2014 da consultoria CapGemini e a RBC Wealth Management, este é o maior crescimento desde 2000 e soma-se ao avanço em 14% do patrimônio de JOÃO UBALDO indivíduos com pelo menos um milhão de dólares em investimentos, sem contar com a residência principal e com os objetos de coleção dos mais ricos. O nível recorde equivale a US$ 56,62 bilhões entre todos os milionários. Para se ter ideia do tamanho da desigualdade, os mais ricos, cujos bens excedem os US$ 30 milhões, representam apenas 0,9% da população. Sozinhos, eles garantem 34,6% de toda a riqueza do mundo. América Latina Entre as regiões com maior número de endinheirados, a América Latina teve apenas 4% de crescimento, enquanto a Ásia-Pacífico registrou 4,32 milhões de ricos (acréscimo de 17% em relação a 2012), a Europa contou com 3,83 milhões de pessoas (alta de 12%) e a América do Norte manteve a posição com maior número de milionários, com 4,34 milhões de pessoas. Uns com tanto. Outros com tão pouco. SAQUE Valor do salário mínimo ideal é baseado no custo mensal da cesta básica Mínimo longe do ideal Em junho, o salário mínimo ideal dos trabalhadores brasileiros deveria ser de R$ 2.979,25, segundo o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos). O resultado é obtido a partir da pesquisa mensal da cesta básica. O preço caiu em dez das 18 capitais pesquisadas no último mês. O valor estipulado é 4,11 vezes maior do que o do mínimo em vigor, de R$ 724,00. O cálculo leva em consideração o custo da cesta básica mais cara e as despesas com moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, conforme estabelece a Constituição Federal. De fora do cinema nacional Embora represente a maior parte da população feminina (51,7%), a mulher negra não é valorizada pelo cinema nacional e pouco aparece nas telonas. De cada 10 filmes brasileiros exibidos entre 2002 e 2012, apenas dois têm mulheres negras. As atrizes pretas ou pardas representaram 4,4% do elenco principal dos longas metragens. Nenhum dos 218 filmes de maior bilheteria teve uma negra na direção ou como roteirista. A baixa participação da população negra nas produções nacionais cria uma imagem que não condiz com a realidade e não mostra a verdadeira cara do Brasil, um país onde 53% das pessoas se autodeclaram pretos ou pardos, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O estudo é da UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro). INJUSTIÇA Coisas do Brasil, ou melhor, da Justiça brasileira. Por incrível que pareça, o diretor-executivo da Match Services, Raymond Whelan, o Ray, preso por participação na quadrilha internacional de cambistas que vinha agindo na Copa do Mundo, não passou nem 12 horas na cadeia. Isso apesar das várias provas materiais encontradas com ele. A desembargadora Marília Castro Neves Vieira, do Plantão Judiciário do Rio de Janeiro, considerou a prisão ilegal e arbitrária. A liberação causou muita revolta entre policiais brasileiros e estrangeiros que trabalham no caso. DETALHES O caso da quadrilha internacional de cambistas presa pela polícia brasileira apresenta detalhes que não podem ser desprezados e se revelam altamente comprometedores. A Match Services, de cuja diretoria faz parte o inglês Raymond Whelan, preso no Copacabana Palace, é uma empresa associada à Fifa. Tem direito exclusivo na venda de pacotes para os jogos da Copa do Mundo. Não fica só nisso. O Raymond, ou Ray, como é chamado, está ligado a Phillipe Blatter, sobrinho do presidente da Fifa, Joseph Blatter. PROVAS Nas poucas horas em que passou preso, acusado de participação na máfia internacional de venda ilegal de ingressos de jogos da Copa do Mundo, o inglês Raymond Whelan, diretor de empresa associada à Fifa, caiu em várias contradições. A mais aberrante de que não conhece o franco-argelino Mohamadou Lamine Fofana, preso desde a semana passada por participação na quadrilha. A polícia brasileira tem, gravadas, mais de 900 ligações telefônicas entre os dois nos últimos dias. COMPETÊNCIA O Brasil ganhou prestígio internacional não apenas pelo sucesso da Copa do Mundo 2014. Também tem merecido destaque mundial o trabalho da polícia brasileira, que desbaratou a quadrilha de venda ilegal de ingressos, com ramificações na Fifa, a qual já vinha atuando há, pelo menos, duas copas. A toda poderosa Scotland Yard, polícia inglesa, disse que já trabalhava no caso há alguns anos, sem conseguir ser bem sucedida.
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