TUNÍSIA
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TUNÍSIA
CONFISSÕES RELIGIOSAS ● Muçulmanos 99.5% ● Cristãos 0.2 % ● Outros 0.2 % SUPERFÍCIE 163.610 Km² POPULAÇÃO 10.549.200 DESALOJADOS 3.048 REFUGIADOS --- TUNÍSIA TUNÍSIA A revolução de Dezembro de 2010, que pôs fim ao regime do Presidente Ben Ali em Janeiro de 2011, deixou os cristãos tunisinos numa posição incerta em relação ao seu futuro, sobretudo uma vez que a maioria dos lugares nas eleições gerais de 23 de Outubro foi ganha por partidos islâmicos. O Islão sempre foi a religião de Estado da Tunísia, que ganhou independência em relação à França em 1956. Ben Ali, que seguiu o regime de Bourguiba, modernizou as leis do país, pondo de lado algumas práticas da sharia (lei islâmica), que permitem que os que querem viver vidas seculares mantenham a sua identidade muçulmana. Proclamar o Evangelho e mudar de religião eram oficialmente proibidos, mas não condenados por lei. Além disso, importar livros cristãos, especialmente em língua árabe, estava sujeito a fortes restrições. Os tunisinos que se convertessem ao Cristianismo encontravam grandes dificuldades junto das suas famílias e frequentemente perdiam o emprego. A Igreja Católica é a única religião cristã com estatuto oficial, enquanto as outras religiões minoritárias, como por exemplo a Cristandade Evangélica, não são reconhecidas pelo Estado. A maior parte dos 25.000/30.000 cristãos na Tunísia são estrangeiros, mas há alguns convertidos entre eles. A vitória da Ennahda Islâmica (Renascença) e a emergência dos salafitas (islamistas radicais) vão sem dúvida ser seguidas pela elaboração de uma nova Constituição que ameaça restaurar a primazia da sharia, colocando em questão as vantagens de que os tunisinos muçulmanos gozam actualmente e trazendo consequências negativas para os muçulmanos não praticantes e novos cristãos. Alguns convertidos cristãos expressaram as suas preocupações. “Sob a liderança de Ben Ali, a situação não era boa, mas gozávamos de um certo nível de liberdade para praticar a nossa religião. Temos de rezar para que haja maior liberdade religiosa no futuro e para conseguirmos partilhar a nossa fé com os muçulmanos sem temermos consequências graves.”1 Durante a revolução ocorreram dois acontecimentos que podem reforçar estes medos. A 18 de Fevereiro de 2011, um sacerdote salesiano polaco, o P. Marek Rybinski, foi assassinado na sua casa em Tunes. O assassino tinha pedido emprestado 2.000 dinares ao sacerdote para comprar equipamento profissional, mas tinha usado o dinheiro para outros fins. A razão para o assassínio pode ter sido a recusa do indivíduo em devolver o dinheiro ao P. Rybinski, mas a maneira como foi encontrado após a sua morte, com a Zenit, 31 de Janeiro de 2011 1 517 TUNÍSIA 518 garganta cortada, sugere que este assassínio pode ter tido alguma conotação religiosa. Está em curso um processo para trazer luz a este trágico acontecimento.2 Em Setembro de 2011, cerca de vinte militantes salafitas ocuparam a basílica românica de Kef, no noroeste do país, de modo a realizarem as orações muçulmanas de sexta-feira. A basílica foi construída no século VI e foi transformada em mesquita no século XVII, antes de ser novamente convertida à sua função original e se transformar num destino cultural e turístico.3 2 Fides, 22 de Fevereiro de 2011 3 El Watan, 17 de Setembro de 2011