LAURA ANTONELLI: TÃO BELA, TÃO TRÁGICA (1941
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LAURA ANTONELLI: TÃO BELA, TÃO TRÁGICA (1941
LAURA ANTONELLI: TÃO BELA, TÃO DRAMÁTICA (28/11/1941-2/6/2015) José Raimundo Gomes da Cruz Procurador de Justiça de SP aposentado O necrológio de Laura Antonelli – 1941/22-6-15 – assinado por Luiz Carlos Merten no O Estado de S. Paulo, de 23/6/15, já assusta no título: “O inferno da bela que o mundo esqueceu”. Bastaria, na mesma página, fotografia de cena dela no filme Malícia, de Samperi, para confirmar a sua grande beleza, nos seus anos de cinema – anos 70 e 80. Subtítulo: “Mito sexual nos anos 1970, atriz teve a vida e a carreira truncadas”. Outros filmes que comprovam a beleza e sucesso da atriz: O Inocente, de Visconti e Esposamante, de Marco Vicário. “E aí”, segundo Merten, “sabe-se lá por que – um desejo de aperfeiçoar o que já era belo –, Laura lançou-se numa série de cirurgias plásticas. A primeira não deu certo, as outras foram piorando. A dónna belíssima tornou-se uma aberração. Para fugir ao próprio rosto no espelho, ela começou a se drogar. Em 1991, aos 50 anos, a polícia encontrou 36 gramas de cocaína em sua casa.” Processo criminal, condenação, recurso na Justiça, enfim, em 2000, foi absolvida. Mas “o estrago já estava feito. Com a vida destruída, Laura Antonelli mandou um recado ao mundo: ‘Esqueçam-me’.” Quantas reviravoltas, associadas ou não a doenças, acidentes graves e outros percalços levam tantos famosos, às vezes também anônimos, a preferir preservar sua total privacidade. É direito assegurado no direito positivo dos povos civilizados contemporâneos, até em suas constituições. A opção de Laura Antonelli pelo anonimato tem sido respeitada, há décadas. Quando escrevi o capítulo “Ah! O Velho Cine Belas Artes de BH”, do meu livro em fase final de revisão para publicação – Segundo Volume de Cinema, Verdade e Fantasia – seu nome sequer foi lembrado. Note-se que a lista de belíssimas e grandes atrizes não se resumiu em Gina Lollobrigida, Sophia Loren, Claudia Cardinale, Silva Mangano e Virna Lisi, incluindo também o enorme talento de Anna Magnani e Giulietta Masina, a beleza de Ornella Muti, as francesas Annie Girardot e Magali Noel, Dominique Sanda, Lucia Bosè, Stephania Sandrelli, Monica Vitti, a brasileira três vezes premiada Florinda Bulcão, Lea Massari, Silvia Koscina, Silvana Pampanini e Marisa Allasio. Algumas reflexões se impõem. Requintes cirúrgicos exigem muitos cuidados. Como entender que a grande beleza de Laura Antonelli pudesse sofrer correções ou ajustamentos, se a natureza já fora tão pródiga em seus encantos? A privacidade exige total respeito, na medida em que cada qual a exige. Daí a observação de Merten; “O mundo cumpriu seu desejo, e a esqueceu. A morte a resgata. E La Antonelli que agora se chora é a diva, a encarnação da malícia, a esposamante. La dónna più bella del mondo.” O cinema se distingue, entre todas as artes irmãs, pelo inegável poder de preservar a lembrança, mesmo de quem preferiu esquecer tudo em vida.