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PRODUÇÃO CIENTÍFICA NA ÁREA DO ENSINO DE ARTES PARA AS
PESSOAS COM DEFICIÊNCIA: ANÁLISE DE TESES E DISSERTAÇÕES
Larissa Guadagnini
Melina Thais da Silva Gomes
Michele Röesler Bernardini
Cassiana Buck Dias
Wandreia Lúcia de Oliveira Vestri Pedroso
Márcia Duarte
Universidade Federal de São Carlos
Palavras chave: Arte, Inclusão, Educação especial, inclusão escolar, Deficiência.
INTRODUÇÃO
A educação especial no Brasil, por muito tempo foi vista como uma
modalidade de ensino separada do ensino regular, o que impôs as pessoas com
deficiência uma segregação escolar e social. Ao longo do tempo, essa concepção foi se
modificando, sobretudo no que tange a forma e local onde os alunos público alvo da
educação especial eram atendidos, sendo o principal marco a Constituição Federal
(Brasil,1988), que universalizou o acesso e permanência de todos os alunos à uma
escola de qualidade.
Desta forma, o ensino de artes para as pessoas com deficiência é uma questão
merecedora de reflexões, pois são necessárias ações escolares que viabilizem a
participação desses alunos nas aulas de artes. A arte desempenha um papel importante
na formação dos indivíduos, constituindo-se como componente curricular obrigatório
pela LDBN 9394/96, visto que a mesma proporciona a estes contato com a cultura local,
o autoconhecimento e a valorização das expressões artísticas, de modo a possibilitar a
ampliação da visão de mundo e o respeito as diferenças (TOMAZ; FRATARI, s/d).
Perante o exposto, surgem as seguintes questões: Qual a tendência da produção
científica acerca do ensino de arte a pessoa com deficiência nos últimos sete anos.
Portanto o estudo objetivou verificar e analisar a tendência da produção científica em
teses e dissertações brasileiras publicadas nos últimos sete anos, acerca do ensino de
artes para as pessoas com deficiência.
MÉTODO
Para realização deste estudo, de natureza bibliográfica, foi utilizado o Banco de
Teses e Dissertações da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
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(CAPES) foi definida como Locus para coleta dos dados, por configurar, dentre os
bancos o que representa nacionalmente as produções de teses e dissertações.
Inicialmente, foi realizado um recorte para a busca dos últimos sete anos das
produções. A busca dos dados ocorreu a partir da utilização dos seguintes descritores:
arte e inclusão, arte e educação especial, arte e educação inclusiva, arte e deficiência.
Essas palavras foram inseridas uma por vez e ou cruzadas entre si, gerando um
total de 140 trabalhos, após leitura dos títulos gerados, foi se eliminados trabalhos que
apresentavam duplicidade e excluídos os que não tinham a ver coma temática e sendo
selecionados desse total 25 trabalhos, os quais tiveram seus resumos obtidos na íntegra
e analisados, e em seguida selecionando o total de 5 trabalhos relacionados com a
temática deste estudo, visto que seis deles eram estrangeiros, dez eram repetidos e o
restante se referia a temáticas como o ensino de arte a comunidades africanas e
indígenas ou a somente o ensino de arte na educação básica, bem como em instituições
específicas para pessoas com deficiência como a Associação de Pais e Amigos dos
Excepcionais (APAE) e ONGS. A partir desta etapa, seguida de leitura exploratória e
seletiva, realizou-se a categorização dos artigos.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
A análise empreendida, a partir da leitura, na íntegra, desses trabalhos,
subsidiada pela abordagem qualitativa, permitiu considerar: que nos anos de 2010 e
2011 houve um aumento gradativo das teses e dissertações relacionadas a temática arte
e deficiência. Após a coleta de dados pode-se perceber que nos últimos sete anos as
publicações relacionadas a temática arte e deficiência, tiveram um aumento gradativo
sobretudo nos anos de 2010 e 2011, sendo encontrados quatro publicações neste
período, o que pode ter sido ocasionado em função do relativo aumento de pesquisas
relacionadas a área da inclusão escolar. (SILVA E SILVA, 2012).
O gráfico 1 representa a distribuição das teses e dissertações de acordo com o
ano de publicação.
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Gráfico 1 – Ano das publicações
É importante ressaltar que nos anos de 2008,2009, 2012. 2014 e 2015 não foram
encontradas nenhuma pesquisa e no ano de 2013 foi encontrada apenas uma pesquisa, o
que ressalta a necessidade de mais estudos nessa área.
ANALISE DESCRITIVA DAS PUBLICAÇÕES ENCONTRADAS
As pesquisas encontradas foram divididas em três categorias: arte para pessoas
com deficiência, artes para pessoas com deficiência visual e formação docente para o
ensino de artes a pessoa com deficiência. O gráfico 2, apresenta as três categorias dos
trabalhos encontrado.
Grafico 2 – Categorização das pesquisas encontradas
Na categoria ensino de arte para pessoas com deficiência destacam-se os estudos
de Reily (2010) e de Drogomireck e Leão (2010), já na categoria ensino de artes para
pessoas com deficiência visual destacam-se os estudos de Quast e Pires (2013) e de
Silva (2010) e na categoria formação docente destaca-se o estudo de Nauyorks, Real e
Mohr (2011).
A pesquisa Reily (2010) teve como intuito discutir o ensino de arte para alunos
com deficiências, para tanto a autora por meio da pesquisa bibliográfica fez uso da
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produção brasileira para enfatizar a necessidade de se inserir o ensino de arte para os
alunos público alvo da educação especial nos currículos das licenciaturas em Arte, o
que atrelado a ausência de publicações na área, pode ocasionar um constante despreparo
do professor para atuar com a diversidade existente dentro das salas de aula. (REILY,
2010)
Já o estudo de Drogomireck e Leão (2010) trata-se de uma pesquisa qualitativa
que teve como intuito verificar as possíveis aprendizagens de sujeitos com necessidades
especiais, através da prática de Arte, utilizada como uma forma de integração da música
num ambiente de ensino contraturno.
Já a pesquisa de Galb e Pires (2013), por meio da tecnologia computacional, na
qual o indivíduo é convidado a descobrir os contrastes das cores, definir a percepção de
um som por suas cores, dentre outras atividades. Esse método foi aplicado em vinte e
três pessoas divididas em: pessoas com deficiência visual, visão subnormal e
normovisuais, o que possibilitou compreender as especificidades de cada grupo, para só
assim todas as experiências serem socializadas e refletidas.
A pesquisa de Silva (2010), realizou seis experiências, sendo elas: 1ª fotografar
vendado e sentado em uma cadeira, uma apresentação de teatro; 2ª fotografar vendado e
no escuro uma modelo, guiado apenas por sons emitidos pela mesma; 3ª fotografar
vendado uma modelo, guiado apenas pelo tato, 4ª fotografar uma apresentação de teatro,
guiado por um dos participantes do mesmo, 5ª fotografar uma modelo também vendada,
sendo ambos guiados pelo tato e percepção do ambiente e 6ª passear guiado por alguns
alunos de um curso de fotografia, e a partir de suas descrições e sensações fotografar o
ambiente. Todas essas experiências ocorreram paralelamente a encontros com pessoas
com deficiência visual, os quais tinham como foco a troca de informações e o relato de
suas sensações em relação a fotografia, o que serviu de base para discussões e
possibilitou ao mesmo compreender as diferentes formas de ver e fotografar o mundo ao
seu redor: pelo tato, pelas sensações e sons, pois cada fotografia revela um sentimento,
um momento, uma vivência.
O estudo de Nauyorks, Real e Mohr (2011), teve por objetivo articular as
relações entre cinema, imaginário, deficiência e formação docente, a fim de refletir
sobre as possibilidades de intervenção e formação docente para atuar com os alunos
com deficiência. Os autores identificaram que o cinema é um recurso pedagógico
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atrativo aos alunos, pois a partir de seus recursos audiovisuais possibilita aos mesmos
uma melhor compreensão da cultura nacional e local.
Considerações finais
Os resultados obtidos permitem considerar que a arte quando atrelada a
educação especial, possibilita aos estudantes com deficiências sua plena participação em
sala de aula, bem como o desenvolvimento de suas potencialidades. Contudo, para que
isso ocorra o professor de arte em conjunto com o professor da educação especial, deve
planejar atividades condizentes com a realidade de seu alunado e que possibilitem o
máximo possível do desenvolvimento dos sentidos de seus alunos.
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