deoLINdA - Teatro Municipal da Guarda

Transcrição

deoLINdA - Teatro Municipal da Guarda
DISTRIBUIÇÃO GRATUITA
Bis
o regresso dos
DEOLINDA
Abril e Maio de 2010
Boletim Bimensal do Teatro Municipal da Guarda
Troço Guarda-Covilhã
deverá entrar
em funcionamento
em 2012
Felizmente…
ainda a ver
passar o
comboio!
Com o filme Pare, escute e olhe, Jorge Pelicano
guia-nos numa viagem documental por um Portugal profundo e esquecido, cuja população se viu
isolada e traída quando foi encerrada definitivamente a linha do Tua.
Por cá, quase que acontecia o mesmo com a Linha
da Beira Baixa. O troço que liga Guarda a Castelo
Branco tinha carris ao serviço desde que o primeiro
comboio circulou na linha, há 116 anos. As obras
eram mais do que necessárias, mas desconfiou-se
que o encerramento passasse de temporário a
definitivo (como aconteceu no Tua).
Um “Vulcão” chamado
Custódia GaLlegO
Se eu fosse outra, se eu não fosse submissa, teria
vivido outra vida... vou sobreviver-te, vou ser feliz.
Quem o diz é Valdete, personagem interpretada
por Custódia Gallego na peça Vulcão, de Abel
Neves.
Vulcão é um murro no estômago: a história de uma
mãe que é vítima de maus- tratos e que não foge
de casa porque ainda tem esperança de poder
saber o paradeiro do seu filho, entregue à Máfia
pelo próprio pai.
Sozinha em palco, Custódia Gallego interpreta
aquele que é o seu primeiro monólogo, escrito
propositadamente para ela pelo dramaturgo
português Abel Neves.
Tudo começa em meados da década de 80 quando
a actriz resolve trocar o curso de Medicina que
frequentava na Universidade de Lisboa pelo de
Teatro no Conservatório.
Seguiu-se-lhe o curso de formação de actores na
Comuna, sob a orientação de João Mota. Está
ainda no Conservatório quando começa a trabalhar
como profissional no Teatro Nacional com Carlos
Avilez, Artur Ramos e Orlando Neves. Em 1984
vai para o Teatro Ibérico, trabalha com Blanco Xil
interpretando Tchékhov, Garcia Lorca, Valle-inclan,
entre outros.
VULCÃO de ABEL NEVES
Em1986 faz parte da fundação do grupo Persona
onde interpreta essencialmente dramaturgia em
língua portuguesa. Quando o grupo acabou tornouse independente e trabalha com Fernanda Lapa,
Manuel Cintra, Fernando Gomes, Grupo Joana,
João Grosso, Rosa Coutinho Cabral, Grupo Aloés,
Marco d’Almeida, Diogo Infante, Jonh Retalak,
Cucha Carvalheiro, Artistas Unidos, Teatro do
Bolhão.
A actriz tem trabalhado paralelamente em
televisão, tendo participado nas séries Filha do
Mar, Jóia de África, Queridas Feras, Mistura Fina,
Floribela, Vingança, Resistirei, Podia acabar o
mundo e Perfeito Coração.
Em cinema trabalhou com Monique Rutler,
Joaquim Leitão, José Fonseca e Costa, Margarida
Cardoso, João Botelho e com António Ferreira
protagonizou Esquece tudo o que te disse.
Vulcão é uma co-produção da ACE/Teatro do
Bolhão e Teatro Nacional D. Maria II e tem encenação de João Grosso.
ACE / TEATRO DO BOLHÃO E TEATRO NACIONAL D. MARIA II
SÁBADO 10 DE ABRIL 21H30
A linha encerrou para obras há um ano (9 de
Março de 2009) e segundo as últimas informações
da REFER, prevê-se que o troço Guarda – Covilhã
esteja a funcionar no segundo semestre de 2012.
Segundo a página de internet da Linha da Beira
Baixa, a via Guarda Covilhã foi completamente
reconstruída de raiz durante o ano de 2009; o
apeadeiro de Caria e a estação de Belmonte foram
completamente remodelados.
A Linha da Beira Baixa foi inaugurada a 6 de
Setembro de 1891 pelo rei D. Carlos, embora o
comboio só chegasse até à Covilhã visto que o
restante troço até à Guarda só viria a ser concluído
em meados de 1893.
Nos últimos anos, tem sido alvo de inúmeras obras
de modernização: em 1995 chegaram as primeiras
catenárias à linha até Mouriscas A, e nos anos
seguintes, a linha foi alvo de várias obras no troço
Abrantes – Castelo Branco e Castelo Branco – Covilhã, ao ponto de no verão de 2001 ser necessário
o transbordo de passageiros para autocarro entre
Fundão e Covilhã. 2005 foi o ano em que a linha
ficou oficialmente electrificada até Castelo Branco,
prevendo-se que no futuro seja electrificada até à
Covilhã e posteriormente até à Guarda, tornando a
linha uma alternativa à já sobrecarregada linha da
Beira Alta.
O troço Guarda Covilhã foi considerado o troço em
pior estado. Como referimos antes, havia carris
datados de 1891 ainda a ser utilizados. Trata-se
de um percurso de 46, 5 km em que a velocidade
máxima permitida eram de 60 km hora e de 20 km/
hora nalgumas pontes, tornando a viagem Guarda
Covilhã muito demorada.
De assinalar a admirável riqueza paisagística
desta linha, uma das mais valias do percurso que
atravessa uma encosta paralela às montanhas
da Serra da Estrela, e que proporciona uma vista
fabulosa sobre o vale beirão.
pare, escute e olhe
de jorge pelicano
QUARTA 14 DE ABRIL 21H30
O “BANDIDO”
de MANEL CRUZ
PASSA PELO TMG
EM ABRIL
Diz que «não foge… anda à procura»! Manel Cruz (ex-Ornatos Violeta) deixou em stand by os Pluto e os Supernada para se entregar
ao novo projecto: Foge Foge Bandido. O músico apresenta “O amor
dá-me tesão / não fui eu que estraguei”, o disco livro acabado de
editar, no TMG a 17 de Abril. O BIS FEZ UMA BREVE ENTREVISTA A MANEL CRUZ
Foge Foge Bandido é o novo projecto do Manel Cruz. De que foge afinal este bandido que
dá nome a esta nova aventura musical?
Não foge, anda à procura…
resistir é vencer
josé mário branco
José Mário Branco é um dos autores-compositores-intérpretes que, no trilho de José Afonso,
renovaram a canção portuguesa nos anos 60 e 70.
Nascido no Porto em 1942, desde cedo se ligou à
música e, mais tarde, ao teatro, cinema e acção
cultural (foi autor, compositor e intérprete da
música de peças de teatro e filmes, em França e
em Portugal (Liberéz Angela Davis Tout de Suite,
Fuenteovejuna, A Confederação, Gente do Norte,
O Ladrão do Pão, Liberdade, Liberdade, etc). O seu
itinerário artístico esteve, além disso, sempre ligado à consciência revolucionária portuguesa e aos
diversos movimentos que dela foram nascendo.
Depois de exilado em França e regressado a
Portugal, fundou o GAC (Grupo de Acção Cultural)
que, entre 1974 e 1977, realizou mais de 500
espectáculos em todo o país e no estrangeiro. Em
1977, integrou a companhia de teatro A Comuna,
onde permaneceu, como músico e actor, até 1979
(co-criador de A Mãe e Homem Morto, Homem
Posto, de Bertolt Brecht). Funda em 1979 o Teatro
do Mundo, onde exerce uma actividade preponderante.
“O amor dá-me tesão/ Não fui eu que estraguei” são dois discos e um livro que «podem
ser vistos como um filme de múltiplas narrativas» as palavras são suas, quer explicar
melhor isto?
É um trabalho mais plástico que se propõe a um
maior experimentalismo e a uma atitude mais
plástica na própria musica, é quase um trabalho de
bricolage.
Ornatos Violeta, Pluto e Supernada foram os
seus anteriores projectos. Foge Foge Bandido
é uma súmula de todos eles?
Profissão
Músico (e também actor)
Ano em que nasceu
1942
Naturalidade
Porto
Signo
Gémeos
O seu último disco a solo
Resistir é Vencer
Sim e não, antes pelo contrário e vice-versa.
Sente-se mais confortável a solo? Os projectos Pluto e Supernada estão definitivamente
postos de lado?
Nunca me senti a solo, sempre toquei com pessoas. Quantos aos Pluto, pararam não acabaram. Os
Supernada estão a finalizar um álbum… Não faço
mesmo ideia do amanhã.
O AMOR DÁ-ME TESÃO
/NÃO FUI EU QUE ESTRAGUEI
FOGE FOGE BANDIDO
SÁBADO 17 DE ABRIL
21H30
Alguns anos mais tarde, em 1994, com Amélia
Muge e João Afonso, realiza um espectáculo de
canções de José Afonso - Maio Maduro Maio que
deu origem a um duplo CD ao vivo.
No ano de 1997, José Mário Branco estreou no
Centro Cultural de Belém um novo espectáculo que
contou com a participação de vários músicos de
renome e ainda do grupo Tetvocal. Na sequência
das apresentações realizadas foi editado o duplo
CD José Mário Branco - Ao Vivo em 1997.
O final de 2003 e o início de 2004 foram marcados
pelas gravações de um novo trabalho de originais
passados que estavam 14 anos sobre a edição
de Correspondências. O disco Resistir é Vencer
valeu-lhe a nomeação para o Prémio José Afonso
em 2005 e nesse mesmo ano no dia 25 de Abril, foi
José Mário Branco quem inaugurou a programação
do TMG com um concerto no Grande Auditório.
Entre 2006 e 2009 o artista colaborou com outros
músicos como Gaiteiros de Lisboa, Camané, Amélia Muge, Luís Morais, Sérgio Godinho e Fausto
Bordalo Dias (com estes dois últimos formou o
projecto Três Cantos.
Números
2005
Ano em que é nomeado para o prémio José Afonso
25
Foi a 25 de Abril de 2005 que José Mário Branco
inaugurou a programação do TMG com um espectáculo no Grande Auditório
67
A idade do músico
500
Os espectáculos que o músico/actor realizou entre
1974 e 1977 com o GAC
1979
Ano em que funda o Teatro do Mundo
14
Os discos que editou a solo
COMEMORAÇÕES DO 5º ANIVERSÁRIO TMG
JOSÉ MÁRIO BRANCO
DOMINGO 25 DE ABRIL 21H30
Destaques de Maio do 2º Festival Internacional de
Objectos Vivos
É hora das
marionetas: chegou
o OVNI!
Objectos e marionetas que vêm de vários pontos
do globo. Teatro de objectos e teatro visual.
Marionetas de fios, de sombras e marionetas
humanas. Tudo isto vai estar no OVNI entre 8 de
Maio e 12 de Junho. Participam na segunda edição
deste Festival Internacional de Objectos Vivos o
Algazarra Teatro, a Companhia de Sombras
Chinesas de Hunan (China), Surreal McCoy
(Inglaterra), Teatro ao Largo, Circolando, Teatro
e Marionetas de Mandrágora e os Títeres de
Maria Parrato (Espanha). Nesta edição do BIS
damos-lhe conta dos espectáculos de Maio no
OVNI!
No primeiro dia do festival, e num espectáculo que
está também integrado na actividade Famílias ao
Teatro, o TMG apresenta Tik-tak… tik tak…. do
Algazarra Teatro. Nesta história, TIK e TAK são
dois Duendes dos bosques encantados que fazem
de contadores de histórias. Eles vão apresentar
dois clássicos dos contos para crianças: “A
Polegarzinha” e “A Princesa e a Ervilha”, ambos
a partir de Hans Christian Anderson. Logo após o
espectáculo, a companhia apresentará uma oficina
de construção de marionetas para sombra, onde
todos os espectadores são convidados a participar.
Numa extensão do prestigiado Titirimundi
– Festival Internacional de Teatro de Títeres de
Segóvia (Espanha), segue-se, no dia 14 de Maio, o
espectáculo Sombras Chinesas de Hunan. A arte
tradicional de teatro de sombras é aqui apresentada pela Companhia de Hunan, herdeira deste
tesouro oriental. Este género do teatro de sombras
é caracterizado pelo exagero e pelo realismo
das figuras animadas. No TMG a companhia irá
apresentar os contos tradicionais A tartaruga e a
ave e Os dois amigos.
E é nas ruas que prossegue o OVNI no dia 29 de
Maio. Big Rory and Ochie the dog são as duas
personagens trazidas por Surreal Mccoy, do Reino
Unido, e que prometem surpreender quem circule
pelas ruas do centro da cidade às 14h, às 16h e às
18h da tarde. Rorie e Ochie são, respectivamente
um gigante escocês que toca gaita-de-foles e o
seu fiel cão, muito amado, mas também muito
traquinas. Um espectáculo deambulatório que
arrebata gargalhadas.
de “vento em polpa”
com norberto lobo
Norberto Lobo é guitarrista. Pata Lenta é o seu segundo disco, o mesmo que
apresenta no TMG a 7 de Maio. Em entrevista ao BIS, o músico mostra o seu
lado irónico “qb”. A entrevista a brincar de um músico que é um caso sério na
guitarra clássica nacional.
Em Pata Lenta, o seu segundo disco, reinventa o tema Unravel, da Björk. O primeiro disco,
Mudar de Bina, dedica-o a Carlos Paredes.
São artistas absolutamente distintos… e são
referências na sua música?
Sim. São ambos, do meu prisma algo desfocado,
Artistas que contribuíram enormemente para a
diversificação da biosfera. A escolha de versionar
o unravel prendeu-se mais com a beleza intrínseca
da canção per se, do que com princípios newtonianos, ou, se preferir, nas eloquentes palavras
de A.H. de Oliveira Marques: A debulha podia
ser feita com malho, com trilhoada ou singel ou
simplesmente com os pés. (Introdução à História
da Agricultura em Portugal, Edições Cosmos,
Lisboa 1978)
Como classifica a música que faz?
tuglia city hardcore
Já o ouvimos dizer que não morre de amores
pela guitarra clássica. Soa a contra-senso …
quer explicar-nos?
Brisa biónica, Vento em polpa, Marquise
quântica são temas seus. Porque utiliza com
tanta frequência o humor e a ironia nos títulos das suas músicas? Qual o significado?
Se lhe sugerem humor e ironia os meus títulos,
tant mieux; mui nobres emoções, a serem apreciadas com conta, peso e medida. Acrescentaria
porém que talvez não seja esse o cerne da nomenclatura. Os títulos dos temas são nada mais nada
menos que previsões exactas do futuro, próximo e
distante, além de fornecerem pistas para a localização de um tesouro de uma riqueza incalculável;
são nomeados de acordo com um intrincadíssimo
sistema numerológico milenar, cuja origem não
posso revelar, mas que lhe garanto que obedece
às mais rigorosas regras da necromancia e da
higiene alimentar, tudo kosher. O significado de
tudo isto não é nenhum, ou, se preferir, demasiado
abrangente para ser aqui toscamente resumido por
minha gigantesca ignorância ao número sete.
Ora essa, com todo o gosto, mas gostava de
saber onde é que ouviram isso. Não me ocorrendo
neste preciso momento em que vos escrevo, as
circunstâncias exactas em que foram proferidas
tais palavras, resta-me inferir um possível significado: Não morrendo de amores por ela, mata-me a
guitarra de sede, e amiúde. Morte aliás bem mais
natural no séc. XXI, a meu ver.
A Companhia de Hunan traz ao OVNI
a magia das sombras chinesas
Desde a dinastia Han, há mais de dois mil
anos atrás, que o teatro de sombras chinesas
atrai multidões graças ao seu único e peculiar
encanto artístico. Talvez seja pelo sua agilidade
ou dinamismo, ou pelo seu colorido. Ou talvez
porque a arte das sombras chinesas é também
uma arte integradora, um autêntico compêndio
cultural com muitos ramos artísticos. Há quem
lhe chame “pintura viva”, outros ainda “o fóssil
vivo do drama”. Neste sentido é verdade que o
teatro de sombras chinesas é realmente uma
arte em que se complementam obras teatrais e
literárias, artes plásticas, música, acrobacia e
destreza para a manipulação cénica.
A Companhia de Sombras de Hunan foi fundada
em 1956 e é herdeira de uma arte tradicional
milenar. Sobre a Companhia o jornal francês Le
Figaro afirmou que a forma de criar sombras
desta companhia é “mais preciosa que o ouro”.
Ao TMG a companhia vem apresentar dois contos tradicionais chineses: “A tartaruga e a ave”
e “Os dois amigos”. Trata-se de uma extensão
do Titirimundi – Festival Internacional de Teatro
de Títeres de Segóvia (Espanha).
SOMBRAS CHINESAS HUNAN
[CHINA]
SEXTA 14 DE MAIO 21H30
NORBERTO LOBO
SEXTA 7 DE MAIO
21H30
Duas visões sobre michael
moore e o capitalismo
O TMG apresenta a 11 de Maio o documentário Capitalismo: uma história de
amor do sempre polémico realizador norte-americano Michael Moore. No
filme, o realizador entra em acção pedindo explicações ao poder político e às
instituições financeiras pelo colapso da economia e pela situação de risco que
enfrenta agora a classe média americana, a braços com a maior taxa de desemprego dos últimos anos. No BIS apresentamos duas visões distintas sobre
Michael Moore e o capitalismo. Escrevem Carlos Baía dos Santos, professor, e
Sérgio Currais, designer.
«O maldito capitalismo criou
o maior espaço de liberdade e
conforto social da história da
humanidade. Ainda por cima
permite que Michael Moore se
possa financiar para produzir
documentários anti-capitalistas»
«Michael Moore é um cruzado
moderno. Através dos seus
documentários […] coloca o
dedo na ferida e vai remando
contra algumas marés de
adormecimento e conformismo»
A palavra capitalismo funcionou como uma
espécie de assombração para milhares e milhares
de homens e mulheres ao longo de dezenas de gerações. Especialmente depois da Segunda Guerra
Mundial, e com a divisão da Europa e do Mundo
em dois campos bem definidos, o capitalismo e
o socialismo iniciaram uma dança/combate que
durou quase até aos nossos dias.
Michael Moore é um cruzado moderno. Através
dos seus documentários (e livros, e programas de
televisão, e intervenções públicas), Michael Moore
coloca o dedo na ferida e vai remando contra
algumas marés de adormecimento e conformismo. Os seus últimos quatro documentários
abordam cirurgicamente problemas fracturantes
da sociedade americana: o quase livre acesso às
armas e a violência daí resultante, (Bowling for
Columbine, que lhe valeu o Óscar e uma projecção
à escala mundial), a intervenção bélica dos EUA no
Afeganistão e no Iraque resultante dos atentados
do 11 de Setembro (Fahrenheit 911), o sistema de
saúde norte-americano entregue aos privados e
que garante cuidados médicos apenas a quem tem
um seguro de saúde (Sicko), e o recente colapso da
economia americana e mundial, fruto do trabalho
especulativo de legiões de pilha-galinhas de
colarinho branco, fato e gravata (Capitalism: a love
story). Michael Moore pode ser boçal e sensacionalista, mas num momento em que Obama, contra
uma imensidão de lóbis e interesses privados,
conseguiu dar início a uma reforma de um sistema
de saúde gigante, de modo a torná-lo mais justos
para com todos os cidadãos americanos, vemos
também a pertinência do trabalho de Michael
Moore. Queremos uma sociedade resignada, que
come e cala sem fazer ondas nem barulho, ou queremos viver em liberdade, expressando opiniões e
lutando por um mundo mais justo?
Qualquer intelectual que se prezasse, especialmente durante a última metade do século XX, não
poderia sobreviver sem uma declaração ou um
texto em que mostrasse aversão ao capitalismo.
Especialmente na Europa, ser progressista e
moderno significava forçosamente ser anti-capitalista. Podia não se afirmar admiração pelo
socialismo, mas ser contra o sistema capitalista
era a marca de água que separava progressistas e
reaccionários.
O mundo capitalista era transparente. Tudo se
sabia e discutia. O outro mundo, o anti-capitalista
era opaco, fechado e algo misterioso. No entanto
a propaganda encarregava-se de criar um mito. O
mundo socialista era o céu na Terra, por oposição
ao inferno capitalista. Poucos foram os que não se
deixaram embalar pela melodia.
Todas as mentiras têm uma esperança de vida
limitada. A mentira sobre o socialismo e o capitalismo morreu com a queda do muro de Berlim e o
desmoronamento da União Soviética. Ficou aí claro
que a mentira era enorme e que o esplendor do
socialismo não existia.
Sérgio Currais
O capitalismo tinha vencido. Afinal a liberdade, a
democracia, o bem-estar, estavam do lado capitalista. Do outro lado estava o terror, a ditadura e a
miséria.
O maldito capitalismo criou o maior espaço de
liberdade e conforto social da história da humanidade. Ainda por cima permite que Michael Moore
se possa financiar para produzir documentários
anti-capitalistas.
Carlos Baía Santos
CAPITALISMO, UMA HISTÓRIA
DE AMOR
de MICHAEL MOORE
TERÇA 11 DE MAIO 21H30
Autor de “Comemoração” e “Nova Ordem Mundial”
O “Nobel”
dramaturgo
Harold Pinter
Harold Pinter nasceu em Hackney, Londres, no seio
de uma família judaica, de ascendência polaca,
em 1930. Filho de alfaiate, ele foi criado com uma
disciplina férrea. Na infância, em plena Segunda
Guerra Mundial foi transferido para Cornualha
regressando já adolescente a Londres. É na
adolescência que ele começa a interessar-se por
teatro e pela literatura. Trabalhou como actor com
o pseudónimo David Baron depois de ter estudado
durante algum tempo na Royal Academy of Dramatic Art e também na Central School of Speech and
Drama de Londres.
Declarou-se objector de consciência para fugir ao
Serviço Militar e publicou o seu primeiro livro de
poemas no início da década de 50 com o pseudónimo Harold da Pinta.
Tornou-se conhecido com a obra teatral The room,
que publicou em 1957. Mais tarde apareceram
outros títulos como The birthday party (1958), The
caretaker (1959), The dumb waiter (1960), The
dwarfs - a sua única novela - (1960), A night out
(1960), Night school (1963), The lover (1963), The
homecoming (1965), Silence, No man’s land (1975),
Betrayal (1978) ou The hothouse (1980).
Os seus textos assentam no absurdo e na não‑comunicação. Os principais trunfos do dramaturgo
são a linguagem simples e o recurso sistemático
aos “silêncios”.
Em 1980, Pinter, sempre muito interventivo
politicamente, manifestou-se contra a invasão
do Iraque e no mesmo ano casou com a escritora
Antonia Fraser.
Ganhou múltiplos prémios ao longo da carreira de
dramaturgo de entre os quais se destaca o Nobel
da Literatura em 2005.
Morreu em 24 de Dezembro de 2008, vítima de
cancro. Tinha 78 anos.
Os Artistas Unidos, o Centro Cultural de Belém
e o Teatro Municipal de Almada apresentam
em co-produção as peças Comemoração e Nova
Ordem Mundial, da autoria de Harold Pinter e com
tradução de José Maria Vieira Mendes e Paulo
Eduardo Carvalho, no TMG no próximo dia 13 de
Maio. As peças têm a encenação de Jorge Silva
Melo e a interpretação de Alexandra Viveiros,
Américo Silva, António Simão, João Meireles,
Pedro Carraca, Sílvia Filipe, Sylvie Rocha, Tiago
Matias, Vânia Rodrigues, Ruben Gomes, João
Delgado, Nelson Boggio e Elmano Sancho.
COMEMORAÇÃO
+ nova ordem mundial
DE HAROLD PINTER
ARTISTAS UNIDOS / CCB / TEATRO
MUNICIPAL DE ALMADA
QUINTA 13 DE MAIO
21H30
Foto: Rita Carmo
os Deolinda já têm
sucessor para “Canção
ao lado”
Está para breve o novo disco dos Deolinda. O novo
álbum do grupo deverá chegar às lojas esta Primavera e está rodeado de imensa expectativa, após o
sucesso do registo anterior, Canção ao lado. Para
apresentar as novas canções ao público português
os Deolinda prepararam uma digressão por alguns
dos melhores auditórios nacionais, o TMG está
incluído neste roteiro, os Deolinda actuam a 15
de Maio no Grande Auditório. Um espectáculo
divertido e recheado de surpresas preparado por
Ana Bacalhau, Pedro da Silva Martins, Luís José
Martins e Zé Pedro Leitão.
Os Deolinda estrearam-se em 2008 com o disco
Canção ao Lado e, aquilo que começou por um
segredo bem escondido de certos meios lisboetas,
rapidamente se transformou num culto generalizado como raramente se viu em Portugal. O ano
seguinte foi marcado pela consagração de uma
banda que, ao primeiro disco, chegou à tripla
platina. No baú das memórias ficaram passagens
inesquecíveis pelos palcos principais de festivais
como o Sudoeste, o Delta Tejo, a Festa do Fado,
entre muitos outros, onde o grupo pôde actuar
para muitas dezenas de milhar de pessoas ou
uma digressão que visitou praticamente todos os
principais teatros portugueses, sempre esgotados.
Em 2009 aconteceu o lançamento internacional
do grupo com concertos no estrangeiro. Deolinda
passou por palcos de 11 países durante o ano
passado, tendo participado em alguns eventos
importantes como a Womex, o Mercat Musica
Viva de Vic e o Eurosonic. O grupo viu ainda o seu
trabalho ser elogiado pela imprensa estrangeira de
referência, como o ABC de Espanha, os britânicos
The Times e Sunday Times ou a prestigiada revista
francesa Les Inrockuptibles.
DEOLINDA
SÁBADO 15 DE MAIO 21H30
GIUSEPPE VERDI
O COMPOSITOR DAS GRANDES ÓPERAS
Nascia em 1813, na pequenina cidade de Roncole,
em Itália, um dos maiores compositores clássicos
de sempre: Giuseppe Verdi.
Autor de óperas como La Traviata, Aida, Nabucco
Otelo ou Rigoletto, esta última que o Estúdio Lírico
de Madrid apresenta no TMG a 21 de Maio, Verdi
despertou cedo para a música. Aos dezoito anos,
viaja para Milão, na esperança de ser aceite no
conceituado Conservatório da cidade. No entanto
o pouco talento de Verdi enquanto instrumentista
e com mais quatro anos do que o permitido para a
inscrição, ele acabaria por ser rejeitado.
No entanto Verdi não desistiu do sonho e contratou um professor particular para prosseguir os
estudos. Foi mais tarde indicado para Mestre-deCapela e maestro da banda da cidade de Busseto.
Mas cedo regressa a Milão onde quer triunfar com
as suas óperas entretanto escritas. Depois de
muitos problemas e dificuldades, Verdi finalmente
conseguiu, em 1839, ver estrear a sua ópera Oberto, Conde di San Bonifacio no Scala de Milão, sala
à qual esteve ligada durante os anos seguintes.
Seguiram-se Ernani, Il Trovatore, Rigoletto, Un
Ballo in Maschera e Don Carlos. Um de seus poucos fracassos foi justamente a ópera La Traviata,
que anos mais tarde viria a tornar-se num dos seus
maiores sucessos.
Aclamado como compositor, Verdi era respeitado
e visto pelos seus compatriotas como um defensor
de Itália. Em 1871 escreveu Aida, para comemorar
a abertura do canal de Suez. Com a ajuda de um
jovem poeta e compositor, Verdi ainda escreveria
duas óperas, Otello e Falstaff, baseadas em
Shakespeare.
Morreu a 27 de Janeiro de 1901, deixando uma
vasta obra que incluiu também algumas peças
religiosas.
música sem maquilhagem
old blind mole orchestra
A simple music without make up, sincere and honest!.
A promessa é feita pelo bem disposto grupo francês
Old Blind Mole Orkestra. Já alguma vez imaginou que
música iria ser tocada no dia de um funeral? Não!? Pois
os Old Blind Mole Orkestra acham que encabeçam a
lista das possibilidades. Eles são a banda ideal para
convidar se quiserem que uma festa seja perfeita! Não
se preocupem... eles também tocam em casamentos,
festas de Natal, dia dos namorados e muitas outras ocasiões… Há quem os considere um pouco barulhentos
mas o que é certo é que eles têm o dom de transmitir um
grande entusiasmo, mesmo em situações dramáticas. É
impossível resistir às suas canções compostas por cavaquinho, piano, contrabaixo, bateria, violino, saxofones e a
encantadora voz do vocalista da banda, Stelele. Quando
se pergunta a que é que soa o som dos Old Blind Mole
Orkestra, há quem diga que é jazz/swing. Outros dirão
que é música pop e gipsy pop também porque o som
deles vai beber às influências da Europa de Leste. Um
concerto festivo, a não perder.
OLd blind mole orchestra [frança]
quinta 20 DE MAIO 21H30
RIGOLETTO
PELO ESTÚDIO LÍRICO DE MADRID
[ESPANHA]
SEXTA 21 DE maio 21H30
SERVIÇO EDUCATIVO
DESTAQUES DE ABRIL E MAIO
escolar os diferentes sons que cada profissão nos
traz. Uma viagem pelos sons desde as referências
pré-natais do bater do coração aos diversos ofícios
quase esquecidos: sapateiro, moleiro, padeiro,
ferreiro... Uma festa musical!
Colóquio
Séc. XXI – Conflitos
Modernos
Organização 12º E - Escola Secundária
Afonso de Albuquerque e TMG
Pequeno Auditório
quinta 6 de Maio 14h30
Entrada livre / 90M
Oficina e visita guiada à
exposição
A Pintura Inesperada de
Cruzeiro Seixas
Galeria de Arte
TERÇAs 20 e 27 de Abril 14h30
Terças 4 e 11 de Maio 14h30
Destinatários: Escolas 2º, 3 CEB, Secundário e
Superior
Duração: 1h30 / Entrada livre mediante marcação
prévia
O pintor português Cruzeiro Seixas criou um
mundo próprio com a sua pintura surrealista. Criou
um universo próprio, povoado pelo sonho, pela
descoberta dos sentidos, pela originalidade das
formas, das cores e dos objectos. Cruzeiro Seixas
é, por isso, um dos grandes pintores portugueses
do Surrealismo, que parte do que não é real para
construir mundos novos imaginados. “A Pintura
Inesperada de Cruzeiro Seixas” é uma oficina que
pretende dar a conhecer a obra deste pintor, através de uma visita guiada à exposição “O Infinito
Segredo” com visionamento e comentário de um
filme surrealista.
Música/conferência
Concerto Didáctico pelo
grupo Mayhalde
Pequeno Auditório
SEXTA 30 de Abril 10h00
2 EUROS / M4
Destinatários: Jardins-de-Infância e escolas do 1º
CEB
Mayhalde é um grupo espanhol que utiliza uma
grande variedade de utensílios convertidos em instrumentos musicais, com o objectivo de resgatar
da memória as sonoridades tradicionais. Esta conferência/concerto pretende mostrar à comunidade
No século XXI ainda existem muitos conflitos
armados que vitimam milhares de pessoas por dia.
Mas quais as verdadeiras causas, consequências
e intervenientes destes conflitos modernos que
existem em muitos países? Para que serve e
qual o objectivo de uma missão humanitária de
paz? Quantos contingentes militares portugueses
existem em regiões de conflito? Qual o papel da
diplomacia na resolução destes conflitos? Quais
os conflitos que poderão existir no futuro? Estas e
outras questões serão respondidas por especialistas na área da política, jornalismo e intervenção
militar (actividade desenvolvida no âmbito da
disciplina Área de Projecto).
Espectáculo / Oficina
Histórias Magnéticas
Produções Real Pelágio
Sala de Ensaios
quinta 20 de Maio
2 EUROS / 90M / Lotação: 30 participantes
10H00 – sessão para escolas 1º CEB
14h30 – Sessão para público sénior
Este é um espectáculo diferente. É um espectáculo que dá tanta importância à palavra como à
música e à interactividade com o público. Metade
espectáculo, metade oficina, “Histórias Magnéticas” é uma espécie de história contada, com base
num conto infantil do famoso escritor italiano
Umberto Eco, acompanhada de música ao vivo,
seguido de uma oficina de exploração. Um misto
de concerto com história contada. No fim, todos
os participantes são convidados a construir uma
partitura/história feita de elementos variados:
desenhos, escrita, pintura, objectos, relacionando
os sons com as palavras.
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ABRIL e maIO no tmg
ABRIL
AS SETE ÚLTIMAS PALAVRAS DE CRISTO
NA CRUZ DE JOSEPH HAYDN
QUARTETO SÃO ROQUE
QUINTA 1 21H30
O AMOR DÁ-ME TESÃO/NÃO FUI EU QUE
ESTRAGUEI
FOGE FOGE BANDIDO
SÁBADO 17 21H30
NATAL 71 DE MARGARIDA CARDOSO
QUARTA 7 21H30
CARTAS A UMA DITADURA
DE INÊS DE MEDEIROS
QUINTA 22 21H30
VIROU DIABO NA CRUZ
QUINTA 8 22H00
VULCÃO DE ABEL NEVES
TEATRO DO BOLHÃO E TEATRO NACIONAL D. MARIA II
SÁBADO 10 21H30
PARE, ESCUTE E OLHE
DE JORGE PELICANO
QUARTA 14 21H30
HISTÓRIA DE QUEM PERDE A SOMBRA
COMPANHIA DO CHAPITÔ
SÁBADO 17 16H00
ZECA MEDEIROS
SÁBADO 24 22H00
SESSÃO COMEMORATIVA DO 5º ANIVERSÁRIO
DOMINGO 25 16H00
JOSÉ MÁRIO BRANCO
DOMINGO 25 21H30
AL BUEN TUN TUN
MAYALDE
SEXTA 30 21H30
mAIO
FRÁGIL COMO O MUNDO
DE RITA AZEVEDO GOMES
TERÇA 4 21H30
HUNTING GROUNDS
THE FOX
QUINTA 6 22H00
NORBERTO LOBO
SEXTA 7 21H30
TI-TAK… TIK-TAK…
ALGAZARRA TEATRO
SÁBADO 8 16H00
Porquê
Thomas Bernhard?
Não é fácil falar de um escritor. Quando se gosta
muito, pior um pouco. E nunca é fácil falar de um
escritor que é reconhecido mundialmente como
um dos maiores escritores da segunda metade do
século XX. Mas, o que faz um grande escritor? Pergunta que muitos tentam responder. E falham. Eu,
se me é permitido, não vou tentar. Prefiro falhar.
Thomas Bernhard nasceu em 1931, na Holanda.
Filho ilegítimo, nunca sentiu grande carinho pela
figura paternal, que foi substituída pela figura do
avó materno, que se encarregou da sua educação
artística, escritor austríaco que nunca conseguiu
a notoriedade desejada, apesar de ter o Grande
Prémio Nacional Austríaco de Literatura. Durante
a infância, Thomas Bernhard andou a saltar de
instituição em instituição, sempre marcado pelo
estigma da ilegitimidade, o que lhe trouxe alguns
dissabores enquanto criança. Chegou a estudar
num colégio nacional-socialista, quando a Áustria
piscou o olho à Alemanha Nazi, passando depois
por um colégio católico. Estes factores devem
ter contribuído, em grande parte, para a relação
amor/ódio que o autor manteve com o seu país
durante toda a sua vida, e que ainda hoje mantém
(mesmo depois de morto): por testamento Thomas
Bernhard proibiu a encenação das suas peças de
teatro na Áustria. Os temas mais recorrentes em
Thomas Bernhard são a morte, o suicídio, a obsessão, o incesto, a loucura, a solidão, o absurdo da
vida. Esses temas são repetidos até à exaustão
nos seus livros. Podemos dizer que Bernhard
seguiu à risca o aforismo de Schopenhauer: a vida
é sofrimento.
Mas, porquê Thomas Bernhard? Qual a razão que
me levou até este autor? Primeiro: um dia li que
Thomas Bernhard tinha mau feitio, que não era
uma pessoa de trato fácil, que dizia o que tinha
a dizer sem ceder à hipocrisia, ao cinismo. – e
parece que isso, na Áustria, não é lá muito bem
visto (cf. Os Meus Prémios, Quetzal, 2009). Para
Bernhard a Áustria era o inferno na terra. E os
austríacos só tinham o que mereciam: «(…) eles
são, num país assim, incapazes de desenvolvimento e têm também permanentemente consciência
dessa incapacidade de desenvolvimento, um país
assim precisa de pessoas que não se revoltem
contra a pouca-vergonha de um tal país, contra
a irresponsabilidade de um tal país e de um tal
Estado (…)»(Correcção, Fim de Século, 2007, p.
34). Sempre tive uma tendência para escritores
com mau feitio, que dizem o que têm a dizer, doa a
quem doer. Segundo: quem pega pela primeira vez
num livro de Thomas Bernhard fica, de certeza, admirado pela solidez do texto. Os livros de Thomas
Bernhard são blocos de palavras atrás de palavras.
A título de exemplo, podemos pensar no já citado
romance Correcção, onde o primeiro capítulo
(A Sobrecâmara Hölleriana) é um só parágrafo:
inicia-se na página dezanove e prolonga-se até à
página cento e quarenta e oito. É claro que esta
sua extrema experimentação estilística, coloca
sérios problemas ao leitor, o que torna a leitura
de Thomas Bernhard um desafio, uma espécie de
tour de force. Terceiro (e último): a musicalidade
da sua escrita. Pode parecer estranho, mas existe,
na escrita seca de Thomas Bernhard, musicalidade. Onde? No ritmo que é conseguido através
das repetições, das redundâncias, dos jogos de
palavras, que desempenham papel semelhante ao
dos temas e motivos numa composição musical.
Existem frases que se desenvolvem através dum
conjunto de repetições e variações, que culminam
numa espécie de resumo final ou conclusão.
Thomas Bernhard morreu em 1989, na Áustria que
tanto amou e odiou. A sua morte só foi anunciada
depois do seu funeral.
manuel a. domingos
CAPITALISMO: UMA HISTÓRIA DE AMOR
DE MICHAEL MOORE
TERÇA 11 21H30
COMEMORAÇÃO
DE HAROLD PINTER
ARTISTAS UNIDOS / CCB / TEATRO MUNICIPAL DE ALMADA
QUINTA 13 21H30
SOMBRAS CHINESAS DE HUNAN
SEXTA 14 21H30
SUGESTÃO de livro
“A Força do Hábito”
seguido de
“Simplesmente Complicado”
Autor: Thomas Bernhard
Edição/reimpressão: 1991
Páginas: 208
Editor: Cotovia
Preço: 14,00 Euros
Venda on line em www.livroscotovia.pt
Crítica da imprensa
«A qualidade poética, o rigor conceptual, a musicalidade, o tom mordaz, encontram [em ambas as
traduções] soluções excelentes.»
in Jornal Público
DEOLINDA
SÁBADO 15 21H30
OLD BLIND MOLE ORKESTRA
QUINTA 20 22H00
ÓPERA RIGOLETTO
PELO ESTÚDIO LÍRICO DE MADRID
SEXTA 21 21H30
SIMPLESMENTE COMPLICADO
DE THOMAS BERNHARD
PROJÉC~ / CENDREV
QUARTA A SÁBADO 26, 27, 28 E 29
BIG RORY & OCHIE THE DOG
SURREAL MCCOY
[NAS RUAS DA CIDADE]
SÁBADO 29 14H00 16H00 18H00
QUATRO
SOFIA AREAL, MANUEL CASIMIRO, JORGE MARTINS,
NIKIAS SKAPINAKIS
DE 29 DE MAIO A 25 DE JULHO
...Renunciei aos desejos
mas não renunciei
a mim próprio
Não devemos nada a ninguém
Toda a gente nos deve tudo
mas nós não estamos para nos maçar
a fazer sopa quente
Sim, não estamos para nos maçar
a cortar uma fatia de pão
Sim não estamos para nos maçar
a abrir “O Mundo como Vontade e Representação”
Podíamos ter tudo o que quiséssemos
isso nem nos passa pela cabeça
Tu segues o teu caminho
disse eu
e eu sigo o meu
vocês todos seguem o vosso caminho
mas eu sigo o meu
O caminho escolhido
é isso
Não estamos para nos maçar
in Simplesmente complicado
WWW.TMG.COM.PT
TEATROMUNICIPALDAGUARDA.BLOGSPOT.COM
WWW.TWITTER.COM/TEATROGUARDA
SIMPLESMENTE COMPLICADO
DE THOMAS BERNHARD
CO-PRODUÇÃO: PROJÉC~ [TMG]
/ CENDREV
26, 27, 28 E 29 DE MAIO 21H30
FICHA TÉCNICA
Bis | Boletim Bimensal do Teatro Municipal da Guarda | Nº 2 | Abril e Maio de 2010
Redacção e Paginação
Gabinete de Comunicação e Imagem do Teatro Municipal da Guarda
Colaborações: Carlos Baía, manuel a. domingos, Sérgio Currais
Culturguarda, Gestão da Sala de Espectáculos e Actividades Culturais, E.M.
Rua Batalha Reis, 12, 6300-559 GUARDA | Tel. 271 205 240 Fax 271 205 248 | [email protected]

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