Programa - Funchal 500 Anos
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Programa - Funchal 500 Anos
DAS MÄRCHEN Emmanuel Nunes em estreia mundial no São Carlos e em transmissão em directo em 14 teatros de Norte a Sul do País e Ilhas TEATRO NACIONAL DE SÃO CARLOS 25. 29. Jan. às 20:00h; 27. Jan. 2008 às 16:00h – Transmissão em directo: 25. Janeiro -1Fotografia de ensaio [© Alfredo Rocha]: Chelsey Schill e Anna Katharina Rusche DAS MÄRCHEN Emmanuel Nunes TEATRO NACIONAL DE SÃO CARLOS 25. 29. Jan. às 20:00h; 27. Jan. 2008 às 16:00h Encontram-se incluídos na rede de transmissão os seguintes Teatros: A primeira ópera de Emmanuel Nunes, Das Märchen, estreia mundialmente no São Carlos a 25 de Janeiro próximo. Escrita por um dos mais notáveis compositores do nosso tempo, esta ópera resulta da encomenda conjunta do Teatro Nacional de São Carlos, Fundação Calouste Gulbenkian e Casa da Música no contexto de uma co-produção sem precedentes com a Fundação Calouste Gulbenkian, a Casa da Música e o Ircam-Centre Pompidou (Paris). Numa acção inédita em Portugal, DAS MÄRCHEN estreia em simultâneo, a 25 de Janeiro, em 14 teatros do País e Ilhas com transmissão em directo do São Carlos numa iniciativa com o apoio da RTP e da PT Multimédia. Teatro Diogo Bernardes em PONTE DE LIMA Casa da Música no PORTO Centro Cultural Vila Flor em VILA FLOR Teatro Aveirense em AVEIRO Teatro Académico Gil Vicente em COIMBRA Cine-Teatro Avenida em CASTELO BRANCO Teatro Miguel Franco em LEIRIA Teatro Virgínia em TORRES NOVAS Centro de Congressos dos Paços do Concelho em PORTALEGRE Teatro Bernardim Ribeiro em ESTREMOZ Teatro Pax Julia em BEJA Teatro Lethes em FARO Teatro Micaelense nos AÇORES Teatro Baltazar Dias na MADEIRA. Agradeço, desde já, todo o apoio possível em termos de divulgação. Paula Vilafanha Coordenadora do Gabinete de Imagem, Comunicação e Publicações Teatro Nacional de São Carlos [email protected] | www.saocarlos.pt -2- Com direcção musical de Peter Rundel, Director Musical do Remix Ensemble desde Janeiro de 2005, destaca-se também a encenação de Karoline Gruber. Experiente no repertório contemporâneo, a encenadora alemã apresenta o seu trabalho pela primeira vez no São Carlos. A equipa artística reúne os nomes de Amanda Miller na assinatura da Coreografia, Roy Spahn na concepção da Cenografia, Mechthild Seipel na assinatura dos Figurinos, Hans Toelstede no Desenho de luz e Eric Daubresse na Realização Informática Musical (Ircam). Silja Schindler, Chelsey Schill, Andrew Watts, Musa Nkuna, Philip Sheffield, Graciela Araya, Matthias Hoelle, Dieter Schweikart, e Luís Rodrigues são alguns dos intérpretes convidados a criar os papéis na estreia absoluta de Das Märchen. Participam nesta produção bailarinos independentes audicionados pela coreógrafa Amanda Miller e um grupo de actores em alter-ego com os cantores. Destaque também para o Remix Ensemble, Orquestra Sinfónica Portuguesa e Coro do Teatro Nacional de São Carlos. Trinta minutos antes de cada récita no São Carlos, têm lugar as Breves Palavras no Salão Nobre com a presença do compositor Sérgio Azevedo para abordar alguns aspectos ligados à produção da ópera de Emmanuel Nunes. A par da estreia de Das Märchen o São Carlos apresenta, em colaboração com a Academia Europeia do Teatro Lírico, o Colóquio MODOS DE NARRAR com a participação de grandes nomes da encenação, do canto e da musicologia. Dias 26 e 27 de Janeiro, no Auditório da Faculdade de Belas-Artes [Universidade de Lisboa], a partir das 9:30h [ver calendário pp. 11-12]. Em colaboração com o Goethe Institut, realiza-se naquele Instituto uma Leitura por Diogo Dória de excertos de O Conto de Goethe, seguido de um debate com a participação de Emmanuel Nunes, Karoline Gruber e Sven Müller, no dia 24 de Janeiro pelas 19:00h. Duas propostas de entrada livre. -3- DAS MÄRCHEN PERSONAGENS E INTÉRPRETES cantores actores bailarinos Lilia Lilia Ana Sofia Carneiro A Serpente A Serpente Chelsey Schill Anna Katharina Rusche Helena Martins A Velha A Velha Isadora Ribeiro Príncipe Perrine Gabrielsen Silja Schindler Graciela Araya 1.º Fogo-fátuo / A Velha / 4.º Rei Andrew Watts 2.º Fogo-fátuo / 2.º Rei Musa Nkuna Príncipe Joana Barrios Beate-Christa Kopp Tilo Wagner O Barqueiro / O Homem com a Lâmpada Richard Jaeckle Ângela Eckart Hugo Marmelada Jordi Milà Mário Sanchez Philip Sheffield Rui Reis O Barqueiro / O Homem com a Lâmpada Pedro Mendes Matthias Hölle 1.º Rei Dieter Schweikart Orquestra Sinfónica Portuguesa 3.º Rei Remix Ensemble Luís Rodrigues Coro do Teatro Nacional de São Carlos maestro titular Giovanni Andreoli -4- DAS MÄRCHEN Emmanuel Nunes ÓPERA em um prólogo e dois actos (2002-2007) LIBRETO de Emmanuel Nunes baseado no conto homónimo de J. W. von Goethe ESTREIA MUNDIAL Teatro Nacional de São Carlos, a 25 de Janeiro de 2008 Contexto e Personagens Das Märchen (O Conto) tem por cenário físico (topográfico) um grande rio que separa duas margens essencialmente diferentes, e que, no início da narração, nenhuma ponte estável liga. Numa margem encontra-se o palácio, o jardim e o lago da Bela Lília, personagem para a qual todas as outras se dirigem; na outra margem há um templo subterrâneo, situado por baixo de uma montanha, uma cabana e um quintal que pertencem ao Homem [Velho] com a Lâmpada e à sua mulher (a Velha), e um pântano, próximo do abismo onde dorme a Serpente Verde. No palácio de Lília vivem três jovens damas de companhia, ao passo que na outra margem, no templo subterrâneo, sob a forma de estátuas, se encontram três reis (Rei de Ouro, Rei de Prata e Rei de Bronze), mais um quarto rei (Rei Misto) que é o resultado muito imperfeito da mistura de ouro, prata e bronze. Lília tem um Canário, e a Velha um cão de estimação chamado Mops. Na margem de Lília vive ainda um Barqueiro, que transporta viajantes desse lado do rio para o outro, não podendo porém levar ninguém na direcção contrária. Na outra margem há um Gigante, e sobre a sua sombra pode-se atravessar o rio em ambas as direcções, mas apenas ao pôr-do-sol. A única maneira de fazer a travessia em ambas as direcções sobre uma ligação física, ainda que temporária, é oferecida pela Serpente Verde, que se transforma em ponte, ao meio-dia. O jovem Príncipe – um adolescente – é uma «sombra errante» que, tendo perdido as suas insígnias, deambula de uma margem para a outra sem encontrar sossego em lado nenhum. Há ainda dois Fogos-Fátuos irrequietos e atrevidos que espalham moedas de ouro por onde quer que passem, e um Açor, que aparece pouco, mas em momentos decisivos da acção. Todas as personagens vivem sob os efeitos de um enigmático e misterioso feitiço que não lhes permite uma existência plena, estando todas à espera de uma mudança, da qual ouviram falar, mas não sabem como, nem quando advirá. O Homem com a Lâmpada conhece todos os passos a dar e rituais a cumprir quando chegar o tempo da mudança, mas desconhece quando esse tempo chegará. Durante o desenrolar de Das Märchen todas as personagens vão transformar-se ou metamorfosear-se, superando o feitiço, adquirindo novas ou renovadas propriedades, e acedendo finalmente a uma existência livre e plena. A arquitectura global de Das Märchen revela uma dramaturgia precisa e metódica, desenhando lentamente um processo evolutivo que parte de um estado original de desordem, tensão e imperfeição, passando por um momento nevrálgico de crise aguda, para se concluir na fundação de uma nova ordem, harmonia e perfeição universais. [Paulo Pereira de Assis] -5- Fotografias de ensaio © Alfredo Rocha -6- Sinopse Prólogo: A Imaginação No Prólogo são declamadas dezasseis frases de Goethe – que não fazem parte do conto Das Märchen – relativas ao poder da imaginação, à sua capacidade de gerar obras de arte e ao modo como o faz, reflectindo ainda o carácter aberto e a significação potencialmente infinita do conto maravilhoso que se vai seguir. Acto I O Jogo dos Elementos Cena 1 Os Fogos-Fátuos Quadro 1: O Barqueiro / A Errância A história começa a meio da noite, na cabana do Barqueiro, na margem da Bela Lília. O Barqueiro é acordado pelos dois Fogos-Fátuos, que pretendem atravessar para a outra margem. Travessia do rio. Chegados à outra margem os Fogos-Fátuos abanam-se, largando muitas peças de ouro no fundo da barca. O Barqueiro, que não pode aceitar ouro como forma de pagamento, exige-lhes um tributo, sob a forma de frutos da terra (três repolhos, três alcachofras e três cebolas) e segue rio abaixo, para ir guardar o ouro num local seguro, ao abrigo das águas do rio. Quadro 2: A Serpente Numa região montanhosa o Barqueiro lança o ouro para o fundo de um precipício, entre altos penedos. A Serpente Verde, que dormia nesse abismo, acorda e engole avidamente as moedas de ouro, tornando-se transparente e luminescente. Sai do abismo à procura da origem do ouro e, depois de muito rastejar, encontra os Fogos-Fátuos junto a um canavial. Quadro 3: O Ouro Conversa dos Fogos-Fátuos e da Serpente Verde no canavial. A Serpente informa-os que a Bela Lília, que eles pretendem visitar, vive no outro lado do rio. Os Fogos-Fátuos, dando conta do engano em que incorreram, pretendem voltar à outra margem. Descrição das três maneiras de atravessar o rio. Os Fogos-Fátuos despedem-se. Cena 2 Os Segredos da Terra Quadro 1: Nos interstícios das rochas A Serpente Verde, de novo sozinha, desce pelos interstícios das rochas ao templo subterrâneo. Visão do templo, das estátuas dos quatro reis e diálogo com o Rei de Ouro. Quadro 2: O Homem com a Lâmpada Aparição do Homem com a Lâmpada no templo subterrâneo, sendo questionado pelos quatro reis sobre o futuro de cada um deles. O Homem com a Lâmpada conhece três segredos, mas desconhece o quarto. A Serpente sibila-lhe algo ao ouvido, e o Homem com a Lâmpada grita com 7 uma voz retumbante: «o tempo chegou». O templo subterrâneo ecoou e as estátuas de metal vibraram ressoando. A Serpente parte para Leste e o Homem com a Lâmpada para Oeste, atravessando sem resistência o maciço rochoso e dirigindo-se para a sua cabana, no sopé da montanha. Cena 3 As duas Margens Quadro 1: A Velha Na cabana do Homem com a Lâmpada e da Velha. A Velha está transtornada. Durante a ausência do seu marido a Velha recebeu a visita dos Fogos-Fátuos, que ingeriram o ouro das paredes da cabana, lhe pediram que assumisse a dívida deles para com o Barqueiro, e provocaram a morte do cãozinho Mops. O Homem com a Lâmpada transmuta em ónix o cadáver do cão e, pelo efeito da sua lâmpada mágica, volta a cobrir de ouro as paredes da cabana. Seguindo as ordens do Homem com a Lâmpada a Velha põe-se a caminho, ao nascer do Sol do dia seguinte, para entregar os frutos da terra ao Barqueiro e oferecer o cãozinho à Bela Lília, para que ela o ressuscite e fique com ele. [Paralelamente à acção principal: início da Canção da Manhã de Lília, no seu Palácio.] Velha com o Barqueiro, que só aceita o pagamento incompleto sob a condição de a Velha se comprometer pessoalmente a pagar o resto da dívida nas próximas vinte e quatro horas. Como sinal do seu compromisso a Velha tem de molhar a mão no rio. A mão sai das águas mais pequena do que antes e de cor preta. O Barqueiro deixa-a seguir caminho e a Velha, cujo cesto começa a levitar, inicia um diálogo com o jovem Príncipe. [Paralelamente à acção principal: continuação da Canção da Manhã de Lília.] Quadro 3: A Velha e o Jovem Diálogo da Velha com o Príncipe. Este, que se considera a si mesmo uma «sombra errante», também se dirige ao Palácio da Bela Lília pelo que decidem seguir juntos o resto do caminho em direcção à ponte do meio-dia. [Paralelamente à acção principal: continuação da Canção da Manhã de Lília.] Quadro 4: A Travessia Ao meio-dia a Velha, o jovem Príncipe e os Fogos-Fátuos (invisíveis) atravessam o rio sobre as costas da Serpente Verde, transformada temporariamente numa ponte feita de pedras preciosas. Agora todos se encontram na margem da Bela Lília – a Velha com o cão de ónix, o Príncipe, a Serpente Verde e os dois Fogos-Fátuos. [Paralelamente à acção principal: fim da Canção da Manhã de Lília.] Quadro 2: Os Frutos da Terra / O Gigante / O Rio Caminhada lenta da Velha, com o cesto carregado à cabeça, em direcção ao rio. Encontro com a Sombra do Gigante, que lhe rouba um repolho, uma alcachofra e uma cebola. A Velha espera longamente o Barqueiro, que chega finalmente, trazendo o jovem Príncipe na sua barca. Diálogo da 8 Acto II As Metamorfoses Cena 1 A Proscrição Quadro 1: Lília A Velha, o Príncipe e a Serpente Verde chegam ao jardim da Bela Lília. Ouve-se a Canção da Manhã de Lília. Diálogo da Velha com a Bela Lília, no qual se fica a saber que o Canário de Lília morreu nessa manhã, depois de um Açor o ter assustado e do Canário se ter precipitado contra o peito de Lília. Lília tem a estranha capacidade de matar todos os seres vivos que toca, bem como de ressuscitar seres petrificados; além disso Lília retira as forças a todos aqueles que alcança com o seu olhar. Oferta do cão de ónix a Lília, que reconhece vários sinais premonitórios da chegada duma nova era, faltando porém o mais importante: o templo junto ao rio e a ponte estável. Quadro 2: O Príncipe e Lília A Serpente afirma que a profecia da ponte está cumprida, e que já viu o templo no interior da terra. Lília não reconhece a profecia como cumprida. A Velha e Lília trocam os animais (Canário e Mops). A Serpente repete as palavras «o tempo chegou». Lília ressuscita o cão Mops e brinca com ele. O Príncipe, vendo o cão Mops ser beijado por Lília, decide morrer, precipitando-se nos seus braços. Morte do Príncipe. Quadro 3: O Círculo A Serpente Verde forma um círculo mágico à volta do cadáver do Príncipe, para evitar a sua decomposição. Lília está estarrecida, mas é ainda incapaz de chorar. As três damas de companhia tentam reconfortá-la. Lília vê a sua própria imagem reflectida num espelho e começa a chorar. Cena 2 O Tempo Quadro 1: O Perigo – A Ameaça Aproxima-se o pôr-do-sol. A escuridão dará início à putrefacção do cadáver do Príncipe. A Velha parte à procura dos Fogos-Fátuos, para que estes possam ir à outra margem chamar o Homem com a Lâmpada, única pessoa que pode salvar o Príncipe e, com ele, todos os outros. Inquietação e ansiedade geral. A Serpente Verde olha à sua volta, procurando descortinar um bom presságio. Quadro 2: A Aliança A Serpente avista o Açor vermelho-púrpura no alto dos céus. Chegada do Homem com a Lâmpada. Subitamente é meia-noite, sem que ninguém saiba como. O Homem com a Lâmpada dá instruções precisas a todos e a cada um. Unidos num enigmático ritual todos executam as suas tarefas. As três damas de companhia de Lília adormecem. Quadro 3: Primeiro cortejo / A Ponte Forma-se um cortejo constituído pelas seguintes personagens: a Serpente Verde, os Fogos-fátuos, a Velha com os cadáveres do Príncipe e do Canário no seu cesto em levitação, a Bela Lília com o cão Mops nos braços 9 e, finalmente, o Homem com a Lâmpada. A Serpente transforma-se em esplendorosa ponte luminosa, sobre a qual o cortejo atravessa o rio. Ao longe, o Barqueiro observa esta travessia. Quadro 4: O Sacrifício / A Ressurreição A travessia conclui-se. Todos estão na margem do templo subterrâneo. A Serpente Verde decide sacrificar-se antes que a sacrifiquem. A Bela Lília toca com a mão esquerda a Serpente e com a mão direita o seu amado Príncipe. O Príncipe e o Canário ressuscitam ao mesmo tempo, enquanto a Serpente se desintegra, transubstanciando-se em milhares e milhares de pedras preciosas, que são recolhidas no cesto da Velha e deitadas ao rio. Cena 3 A Ponte Prometida Quadro 1: Segundo cortejo / A Fenda / O Templo Forma-se um novo cortejo constituído pelas seguintes personagens: o Homem com a Lâmpada, o Príncipe, Lília, a Velha e os Fogos-Fátuos. Este cortejo dirige-se, através das rochas, para o templo subterrâneo. A grande porta de bronze do templo, fechada com um cadeado de ouro, é aberta pelas chamas dos Fogos-Fátuos. Visão das estátuas do Reis. Quadro 2: Debaixo do Rio / A Viagem Diálogo com os quatro reis. O tempo da mudança chega definitivamente. O Templo move-se, iniciando uma viagem através das rochas, passando por debaixo do rio, até alcançar a sua localização final, na outra margem. A cabana do Barqueiro torna-se um altar do templo. É já de manhã. Coroação do jovem Príncipe como novo Rei e louvor dos três poderes: Sabedoria, Aparência e Força, aos quais se acrescenta o Amor, que não governa, mas forma. Quadro 3: A Apoteose O templo final, a praça e a ponte estão perfeitamente construídos. O Príncipe (o novo Rei) casa-se com Lília. As jovens damas de companhia reaparecem com a Velha rejuvenescida, que renova o seu casamento com o Homem com a Lâmpada, transformado em conselheiro do jovem soberano. As pedras preciosas provenientes dos restos da Serpente Verde elevaram-se por si mesmas e deram forma a uma ponte eterna que estabelece a ligação e a circulação animada entre as duas margens do rio. O Gigante aparece uma última vez, sendo metamorfoseado numa estátua que indica as horas do dia. Os Fogos-Fátuos divertem-se largando moedas de ouro reluzentes sobre a praça do templo, e observando a sofreguidão com que os milhares de pessoas que atravessam a ponte magnífica se lançam sobre o ouro. [Paulo Pereira de Assis] 10 MODOS DE NARRAR COLÓQUIO DA ACADEMIA EUROPEIA DO TEATRO LÍRICO 26-27 Janeiro 2008 Auditório da Faculdade de Belas-Artes [Universidade de Lisboa] 26 Janeiro 9:30h Abertura Mário Vieira de Carvalho Christoph Dammann Sieghart Döhring 9:45h Encenação de ópera: Uma abordagem histórica Sieghart Döhring 10:15h «A interrogação do antigo»: Da leitura de textos antigos Peter Heilker 11:00h «Obra»: que significa o termo Sabine Henze-Döhring 11:30h Teatro de encenação: Uma definição do conceito Hilde Haider 12:00h Visões criativas entre o fluxo de imagens e a desconstrução: As liberdades da estética teatral pós-moderna Susanne Vill 14:30h Teatro de encenação como problema de recepção Stephan Mösch 15:00h Motivos-condutores Peter Konwitschny 16:00h Modos de Narrar Karoline Gruber Stefan Herheim Joachim Herz João Lourenço Vera Sampayo Lemos Moderador Sabine Henze-Döhring 17:30h Porto de Honra oferecido pelo Ministério da Cultura 11 27 Janeiro 9:30h A pessoa que canta como medida de todas as coisas? Herbert Lippert Stephan Mösch Inga Nielsen António Salgado Bernd Weikl Orientador / Moderador Sieghart Döhring 10:30h A função da cenografia Jens Kilian Johannes Leiacker Herbert Murauer 13:00h Da leitura de novas partituras: A estreia mundial de Das Märchen Philippe Albéra Paulo Pereira de Assis Emmanuel Nunes Karoline Gruber Frank Madlener Peter Rundel moderador Yvette K. Centeno 16:00h – récita Emmanuel Nunes, Das Märchen Teatro Nacional de São Carlos Orientador Anno Mungen Moderador Gerhard Brunner 12:00h As expectativas do público – A estratégia da Direcção Artística Manuel Brug Elke Heidenreich António Mega Ferreira Gerhard Brunner Christoph Dammann Klaus Froboese Moderador Susanne Vill Organização Academia Europeia do Teatro Lírico Teatro Nacional de São Carlos Em colaboração com Instituto de Ciências do Teatro, do Cinema e da Comunicação da Universidade de Viena Instituto de Investigação do Teatro Lírico, Universidade de Bayreuth 12 Emmanuel Nunes compositor Emmanuel Nunes iniciou estudos de Harmonia, Contraponto e Fuga na Academia de Música de Lisboa em 1959 com Francine Benoît. Naquela Academia frequentou também as aulas de Louis Saguer sobre a escrita musical do século XX, aulas © Sérgio Granadeiro às quais atribui a maior importância. A partir de 1960, e até à sua ida para Paris em 1964, estudou Composição com Fernando Lopes-Graça em aulas particulares e de maneira discreta dada a interdição de leccionar lançada ao compositor, membro do Partido Comunista, pelo regime fascista. Frequentou os cursos de Verão de Darmstadt entre 1962 e 1964, onde se interessou especialmente pelos de Henri Pousseur e Pierre Boulez. Passou um ano solitário em Paris durante o qual se preparou para as aulas da Rheinische Musikschule de Colónia onde viria a estudar Composição com Henri Pousseur e Karlheinz Stockhausen, entre 1965 e 1967. Regressou então a Paris onde voltou a trabalhar sozinho até 1970. A fim de obter uma bolsa de estudos do Ministério da Educação Nacional português, inscreveu-se no CNSM (Conservatoire National Supérieur de Musique) de Paris, nas aulas de Estética de Marcel Beaufils, e obteve o seu primeiro prémio em 1971, seguindo-se o início, na Sorbonne com Michel Guiomar, de uma tese que permanecerá inacabada sobre a segunda cantata de Anton Webern e a evolução da linguagem musical naquela época. Entre 1974 e 1976, Emmanuel Nunes lecciona na Universidade de Pau, aulas de iniciação à Composição do século XX destinadas aos futuros professores de Educação Musical. Assegurou regularmente, a partir de 1981, seminários de Composição na Fundação Gulbenkian em Lisboa. Em 1982, foi convidado, por Ivan Tchérépnine, a realizar conferências sobre a sua música na Universidade de Harvard. Entre 1986 e 1991, leccionou na Hochschule für Musik de Freiburg em Breisgau. Foi professor de Composição e de Música de Câmara na Escola Nacional de Música de Romainville entre 1990 e 1994, e professor de Composição no CNSMDP desde 1992. Convidado pelo IRCAM em 1985 por Pierre-Yves Artaud, realizou uma série de seminários sobre o tema da «atitude instrumental», que retomaria nos ateliers de Verão de Darmstadt no ano seguinte. Leccionou na Academia de Verão do IRCAM em 1995, e de novo em Darmstadt em 2002. Em 2004 foi convidado pela Universidade Católica de Santiago do Chile para a realização de aulas, conferências e concertos. Os primeiros concertos de Emmanuel Nunes tiveram lugar na Fundação Gulbenkian em Lisboa em 1970 com Purlieu e em 1971 com Dawn Wo, levando André Jouve a apresentá-lo a uma « Perspective du XXème siècle », para os seus primeiros concertos em Paris. Em 1975, a estreia, no Festival de Royan de Voyage du Corps, para coro e dispositivo electrónico em tempo real, esteve na origem do seu encontro com Tristan Murail que passaria a programar regularmente obras no Itinéraire até 1980. A sua notoriedade confirma-se com a vinda da Orquestra de Baden Baden a Royan para a estreia de Ruf em 1977 e a reprogramação da obra no mesmo ano no Festival de Donaueschingen, sob a direcção de Ernest Bour. Posteriormente à realização dos concertos, foi convidado a fixar-se em Berlim durante um ano com uma bolsa de estudos da DAAD. A partir da nomeação de Luís Pereira Leal para o cargo de director musical da Fundação Gulbenkian em Lisboa em finais dos anos 70, sucedem-se regularmente concertos dedicados a obras suas e inúmeras encomendas, ao mesmo tempo do que duas importantes retrospectivas. Entre 1986 e 13 1988, realizou-se um número significativo de concertos em diversos países pelo Ensemble Modern e Ernest Bour, nomeadamente para as estreias de Wandlungen e de Duktus. 1992 viria a ser o ano de estreia de Quodlibet para ensemble, seis percussões e orquestra, no Coliseu dos Recreios de Lisboa, obra que foi executada, desde a estreia, cerca de quinze vezes pela Europa. O Festival d’Automne em Paris consagrou-lhe um programa-retrato em 1992, assim como vários concertos em 1994 e 1996, com a estreia de Omnia Mutantur Nihil Interit. No Festival de Edimburgo foram interpretadas algumas das suas obras em 1995 e 1996. Emmanuel Nunes trabalha regularmente no IRCAM desde 1989, altura em que iniciou a composição de Lichtung I. A partir daí, firmou uma estreita ligação na área da investigação com Eric Daubresse que ainda se verifica. O trabalho de ambos com o «tempo real» resultou na estreia, em Paris, de Lichtung I em 1992, e da primeira versão de Lichtung II em 1996, tendo a versão definitiva e integral das duas obras sido apresentada em Paris, em 2000, pelo Ensemble Intercontemporain sob a direcção de Jonathan Nott. Contudo, fragmentos completos da sua obra foram compostos sem informática musical. Durante os anos 90, regressou, por duas ocasiões, à escrita para grande orquestra com Musivus e a uma nova versão de Nachtmusik II, respectivamente na Philharmonie de Colónia em 2000 e em Donaueschingen em 2002. Duas amplas retrospectivas da sua obra foram apresentadas em 1999 em Bruxelas no Festival Ars Musica, e em 2000 em Zurique nos Tage für Neue Musik. Paralelamente, estabeleceu uma estreita colaboração com o Ensemble Remix do Porto desde a sua criação. Actualmente estão em curso dois dos seus projectos: um consiste numa ópera segundo o conto de Goethe Das Märchen, e o outro engloba uma série de obras inspiradas na novela de Dostoieski A Submissa, as quais serão reunidas para o palco e formarão uma obra a meio caminho entre o teatro e a ópera de câmara, na qual será dada uma enorme proeminência ao recitante. O título global das obras é Improvisation ; as duas primeiras foram estreadas nos Wittener Tage em 2003, uma para contralto solista por Christophe Desjardins, a outra pelo Ensemble Recherche dirigido por Franck Ollu. Emmanuel Nunes foi Doutor Honoris Causa da Universidade Paris VIII em 1996. A sua carreira musical foi homenageada com várias distinções, em particular, com o Prémio CIM-UNESCO em 1999 e o Prémio Pessoa em 2000. 14 Peter Rundel direcção musical Reconhecido primeiramente como um brilhante violinista, dirige orquestras há mais de vinte anos distinguindo-se pela diversidade dos projectos com muitas das maiores orquestras europeias. Depois de ter estudado com Michael Gielen e Peter Eötvös, trabalha regularmente com as Orquestras da Rádio da Baviera, ORF de Viena, DSO e RSO de Berlim, RSO de Estugarda, Orquestra Sinfónica WDR de Colónia, Orquestra Nacional da RAI de Turim e Orquestra Nacional do Porto. Dirigiu produções de ópera na Staatsoper de Munique, Festwochen de Viena e no Festival de Bregenz, colaborando com prestigiados encenadores tais como Peter Konwitschny, Philippe Arlaud, Reinhild Hoffmann e Joachim Schlömer. O seu interesse pela música contemporânea originou convites repetidos de todos os agrupamentos de Novas Músicas na Europa incluindo Asko Ensemble, InterContemporain de Paris, musikFabrik de Colónia e Klangforum Wien. Em Agosto deste ano recebeu o Prémio «deutschen Schallplanttenkritik» pelo seu CD à frente da Filarmónica de Oslo com Christian Lindberg como solista dos concertos para trombone de Berio, Xenakis e Turnage. Nascido em 1958 em Friedrichshafen (Alemanha), estudou Violino com Igor Ozim e Ramy Shevelov em Colónia, Hannover e Nova Iorque e Direcção Musical com Michael Gielen e Peter Eötvös. Também recebeu aulas do compositor Jack Brimberg em Nova Iorque. Entre 1984 e 1996 foi violinista no Ensemble Modern, com o qual mantém uma relação regular enquanto maestro. Karoline Gruber encenação Encenadora de ópera e de teatro, nasceu em Styria (Áustria). Completou os estudos de Teatro, Musicologia, História de Arte e Filosofia na Universidade de Viena. Foi assistente de encenação na Staatsoper de Viena, Staatsoper de Munique e na Deutsche Oper de Berlim, onde trabalhou com Maximilian Schell e Götz Friedrich, e com Achim Freyer, Harry Kupfer, Peter Zadek, Ruth Berghaus e Herbert Wernicke em Berlim, Estugarda, Basileia e Viena. Em 2003 encenou L'incoronazione di Poppea (Monteverdi) na Staatsoper de Hamburgo, com aplauso da crítica e repetidas nomeações para «Melhor Encenador/Melhor Produção» pela «Opernwelt». Inaugurou, com êxito, a recém-criada Opernhaus de Erfurt (2003), com a estreia mundial de Martin Luther, de Peter Aderhold, seguindo-se em 2004, a sua estreia na Ópera de Bona com Dardanus de Rameau. Ainda na Staatsoper de Hamburgo, encenou Nabucco e Giulio Cesare (2005). Nesse ano encenou Cleofide (J. A. Hasses) na Sächsischen Staatsoper de Dresden e estreou-se na Nikikai Opera de Tóquio com Eine florentinische Tragödie e Gianni Schicchi. Estreou-se, na temporada de 2005/06, na Staatsoper de Viena com Le Villi, com direcção de Simone Young (nova nomeação para «Melhor Encenador/Melhor Produção» pela «Opernwelt» (2006). A sua encenação de ll mondo della luna, dirigida por René Jacobs no Festival de Innsbrück (2001) obteve êxito unânime da crítica e do público na estreia e na remontagem na Staatsoper Unter den Linden de Berlim. Estreou-se com sucesso na Ópera de Nantes com Carmen, seguindo-se A Noiva Vendida (Smetana) no Staatstheater de Saarbrücken. Em Maio de 2007 o seu Giulio Cesare, estreado na Staatsoper de Hamburgo, foi apresentado na Ópera de Colónia. Desde Outubro de 2005 que lecciona na Universidade das Artes de Berlim. 15 Amanda Miller coreografia Iniciou a sua formação profissional na Escola de Artes da Carolina do Norte (EUA) e prosseguiu estudos em Nova Iorque ao mesmo tempo que se apresentava no corpo de baile do Lyrical Opera Ballet de Chicago, Deutsche Oper de Berlim, entre outras companhias de igual renome. Em 1984 William Forsythe convidou-a a deslocar-se a Frankfurt e nomeou-a bailarina e coreógrafa permanente do ensemble de bailado. Em 1992 fundou a sua própria Companhia, Pretty Ugly Dance. Entre 1997 até 2004 a Companhia teve residência no teatro cívico em Freiburgo (Baden-Württemberg) sob o nome de Ballett Freiburg Pretty Ugly. Paralelamente ao seu trabalho com a Companhia, coreografou bailados para prestigiadas companhias e fundou a Companhia Yummidance no Japão. Tem acentuado cada vez mais o seu interesse em formar outros profissionais no aperfeiçoamento do método de trabalho e desenvolve, actualmente, uma intensa actividade como professora. Em 2004 lançou a organização de apoio 'Art for Tibet', que subsidia particulares e projectos no Tibete. Foi alvo de inúmeros prémios. Em 1994 as suas produções ganharam três prémios nas Rencontres Chorégraphiques Internationales de Bagnolet. Em 2004 o seu trabalho Four for Nothing mereceu o prestigiado Prémio Holandês para a Coreografia, «The Golden Swan». Desde Janeiro de 2005 que ocupa o cargo de directora artística da Companhia Pretty Ugly Tanz de Colónia. Roy Spahn cenografia Nascido em Frankfurt, estudou Escultura em Frankfurt e em Estrasburgo, prosseguindo a sua formação com estudos de Cenografia em Estrasburgo (Escola de Arts-Déco). Foi assistente de Marc Deggeller, Pierre Barrat, Wanda Pratschke, entre outros. A partir de 1991 assinou a cenografia e figurinos na Opernhaus de Zurique, Schauspielhaus de Hamburgo, em Estrasburgo, Staatstheater de Kassel, Staatstheater Braunschweig, Staatstheater de Lucerna, Neustrelitz, Hagen, Annaberg-B, Dessau, Nova Iorque (American Opera Project) e na Ópera de Boston. Trabalhou com os encenadores e coreógrafos Steffen Kaiser, Arnold Schremm, Pierre Wyss, Annett Wöhlert, Michael Comlish, Thorsten Kreissig, Ralph-Peter Schulze, Brigitta Louisa Merki, Valerie Panov, Jürgen Pöckel. Trabalhou nas produções das óperas Silbersee (K. Weill), Madama Butterfly, Die Lustige Witwe, Darkling, La Cenerentola, Black Rider, Helle Nächte, Es war einmal… (Zemlinksy), entre outras. Para teatro cenografou as peças Die Räuber (Schiller), Drei Schwestern (Três Irmãs, de Tchekov), Die Orestie (Oresteia, Ésquilo), Katarakt, Romeo and Juliet (Shakespeare), Minna von Barnhelm (G. E. Lessing), Hedda Gabler (Ibsen), Mein Kampf (George Tabori), Die Gerechten (Les Justes, de Camus). Para o bailado colaborou em Ikarus, Coppelia, Faust, bemol, El Canto Nomada e Time is… 16 Mechthild Seipel figurinos Após estudos de design de moda em Berlim, iniciou a sua carreira profissional na Ópera de Colónia como assistente no departamento de guarda-roupa. Em 1997 iniciou uma carreira independente como designer de figurinos em Basileia onde assinou os figurinos de Der Rosenkavalier e Messa da Requiem de Verdi, seguindo-se Capriccio e Lulu em Amesterdão, Evgueni Oneguin e Ascensão e Queda da Cidade de Mahagonny em Berlim. E Le nozze di Figaro e La fanciulla del West em Tóquio, entre outros. Actualmente, tem em preparação os figurinos para a produção da ópera Tannhäuser com estreia agendada na Ópera de Colónia e La Bohème para Berlim. Hans Toelstede desenho de luz Nasceu em Cäciliengroden em 1945. Estudou electrónica e técnicas de teatro antes de iniciar carreira na Staatsoper de Hamburgo, Stadttheater de Wiesbaden e no Festival de Bayreuth. Em 1974 firmou colaboração com a Ópera de Colónia tornando-se director de desenho de luz (1980-1995). Após 10 anos de trabalho independente regressou, em 2006, ao cargo que já ocupara naquele Teatro. Trabalhou com os encenadores Willy Decker, Harry Kupfer, Peter Konwitschny, Oliver Tambosi, Andreas Homoki, Ian Judge, Kurt Horres, Karoline Gruber, Karin Beier, Katharina Thalbach, Christian von Götz e Michael Hampe, depois de ter colaborado com os principais teatros líricos do panorama internacional. Enquanto independente colaborou na Opéra de Paris, Opéra-Comique de Paris, Gran Teatre del Liceu de Barcelona, La Monnaie de Bruxelas, Ópera da Flandres, Ópera da Holanda, Festivais Internacionais de Edimburgo, Bregenz, Salzburgo e na London Royal Opera House em Londres. Assinou o desenho de luzes de produções para teatros em Hong-Kong, Washington, Florença, Veneza, Turim, Atenas e Oslo e trabalhou em produções para o Teatro Colón de Buenos Aires, Staatsoper de Munique e de Hamburgo, New York City Opera e Staatsoper de Viena. Os seus trabalhos foram mostrados no Music Center de Los Angeles, na Grand Opera de Houston, Ópera de S. Francisco e no Teatro Colón de Bogotá, sem esquecer o Theater an der Wien (musicais Elisabeth e Jekyll & Hyde). 17 Eric Daubresse Informática Ircam realização Depois de ter efectuado estudos musicais e científicos nomeadamente no Conservatório Nacional Superior de Música de Paris, efectuou estágios no CEMAmu e no INA-GRM. Participou na criação e nas actividades do estúdio Premis no âmbito do ensemble 2e2m. Colaborou também em inúmeras criações de músicas mistas com o ensemble Itinéraire. Desde 1992 que ocupa o cargo de realizador de informática musical no Ircam, onde assegura a realização informática de obras em estreia de Emmanuel Nunes, destacando-se Lichtung I e II, Wandlungen, Einspielung I, Nachtmusik I. Compõe obras de música electroacústicas, instrumentais ou mistas e participa em actividades pedagógicas em torno das músicas contemporâneas e das novas tecnologias. Silja Schindler soprano Nascida em Buchholz, perto de Hamburgo, estudou Canto com Ingrid Kremling na Hochschule für Musik und Theater de Hamburgo. Durante os estudos ganhou uma bolsa de estudos para se aperfeiçoar em Milão em 2003 e o Prémio «Belcanto» no Festival Rossini de Bad Wildbad. Em 2004 venceu o Prestigiado Concurso de Ópera «A. Belli» de Spoleto onde cantou durante dois anos no Teatro Caio Melisso. É de destacar a interpretação dos papéis de Lucia di Lammermoor, Musetta, Elvira (L’ italiana in Algeri) e Cleopatra (Cimarosa). Em 2005 diplomou-se com a menção cum laude e foi convidada para o papel de Rainha da Noite pelo Teatro Quirino em Roma. Em 2006 estreou-se no papel de Fiakermilli em Arabella, de Strauss, e no de Lisa em La Sonnambula de Bellini, na Deutsche Oper de Berlim, seguindo-se Lucia di Lammermoor em diversos teatros italianos. No ano seguinte, cantou pela primeira vez os papéis de Ortlinde em Die Walküre, de Wagner, e Waldvogel em Siegfried no Festival tirolês Erl, sob a direcção de Gustav Kuhn, seguindo-se Konstanze em Die Entführung aus dem Serail, de Mozart, e Gilda em Rigoletto de Verdi no Theater für Niedersachen Hildesheim. Compromissos futuros incluem os papéis de Gilda, Rainha da Noite e concertos pela Europa. 18 Chelsey Schill soprano De origem canadiana, diplomou-se em Canto pela Universidade de Wilfrid Laurier. Prosseguiu estudos na Hochschule für Musik em Colónia com Monica Pick-Hieronimi. Nos palcos dos teatros na Alemanha, cantou por diversas ocasiões o papel de Rainha da Noite em Die Zauberflöte, papel que fez resplandecer com a sua coloratura. Outros papéis incluíram Tytania em A Midsummer Night’s Dream (Britten), La Princesse em La forêt bleue (Aubert), Phédra em L’abandon d’Ariane (Milhaud) e Nerone em Agrippinia (Handel). Em Dezembro de 2006 criou o papel de Despina na estreia mundial da ópera Fintenzauber de Camille Kerger e foi convidada a participar na reposição do mesmo papel no Luxemburgo. É frequentemente convidada a apresentar-se em recital na cidade de Colónia em particular para a interpretação de música contemporânea. A jovem soprano conta no seu repertório com obras de oratória, incluindo Carmina Burana (Orff), Messiah (Handel) e Gloria (Vivaldi). A sua estreia nesta temporada dá início a uma série de participações nas Temporadas Líricas e Sinfónicas do Teatro Nacional de São Carlos. Graciela Araya meio-soprano De origem chilena, estudou Canto com Marta Duran em Santiago e com o grego Tomas Demolitsas em São Paulo. Estreou-se aos 20 anos de idade no papel de Henriquetta di Francia (I Puritani) no Teatro Municipal de Santiago (com Christina Deutekom, dirigida por Carlo Felice Cillario). Compromissos seguintes levaram-na até São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. Em 1984 integrou o Estúdio de Ópera da Deutsche Oper de Berlim onde criou o papel de Gedankenstimme em Cornet de Siegfried Matthus, com direcção de Maximilian Schell. Depois de dois anos em Aachen e três em Düsseldorf, tornou-se membro do ensemble da Staatsoper de Viena. A sua passagem pelo cinema, em Orfeo ed Euridice realizado por Peter Werhahn (1987), valeu-lhe o Prémio «O. E. Hasse» de Melhor Jovem Artista na Alemanha. Cantou sob a direcção de Pappano no papel titular de Carmen (Bruxelas), de Hager em Le nozze di Figaro, Die Fledermaus, de Rostropovich no papel titular de Gesualdo em estreia mundial em Viena, de Fedoseyev no papel titular de Carmen (Viena), de Dutoit (Carmen, Frankfurt), de Schirmer no papel de Octavian em Der Rosenkavalier (Viena), e de Gabrielle Ferro no papel de Charlotte em Werther (Veneza), esta última com uma gravação ao vivo. Desde 1995 que se apresenta exclusivamente como solista convidada em Amesterdão, Bruxelas (La Monnaie), Antuérpia, Veneza, Roma, Génova, Turim, Paris (La Bastille, 1995/6), Nova Iorque (Metropolitan Opera, 1999), Londres (Covent Garden, 2001, 2002 e 2006), Seattle, Los Angeles, Tóquio, Viena, entre outros. Canta em seis línguas diferentes (italiano, francês, espanhol, inglês, alemão e português), num repertório que abarca cerca de 70 óperas. 19 Andrew Watts contratenor Recentemente cantou em teatros tais como a Royal Opera House–Covent Garden, English National Opera, Deutsche Staatsoper de Berlim, Teatro La Fenice de Veneza, Vlaamse Opera da Antuérpia, Ópera de Graz, Opéra National du Rhin e nos Festivais de Glyndebourne, Almeida, Salzburgo, Lucerna, Staatsoper de Hamburgo, Perth (Austrália) e Batignano. O seu repertório inclui os papéis titulares de Orfeo ed Euridice e Orlando Paladino, e Arsamenes (Xerxes), Athamas (Semele), Andronico (Tamerlano), Nutrice (L’Incoronazione di Poppea), Fairy (The Fairy Queen), Sorceress / Second Witch (Dido and Aeneas), Oberon (A Midsummer Night’s Dream), Orlofsky (Die Fledermaus), Bishop Baldwin (Gawain and the Green Knight), Death of Klinghoffer, La Vie… ulcerant, Five Daily Miniatures, Hommage à Klaus Nomi, L’Upupa e as estreias mundiais de The Last Supper de Birtwistle, Medea de Guarnieri, Bäh (Prince Go-go) de Olga Neuwirth, Le Grand macabre, Lamms Fest e Lost Objects e Cantatrix Sopranica de Unsuk Chin, The Original Chinese Conjurer de Raymon Yiu. Compromissos recentes incluíram o papel titular de Artaserse de Leonardo Vinci no Musikwerkstatt de Viena e a estreia mundial de Alice in Wonderland de Unsuk Chin na Staatsoper de Munique. Futuros compromissos incluem a estreia mundial de Minotaur de Birtwistle na Royal Opera House – Covent Garden, futuros espectáculos de L’Upupa em Hamburgo, a estreia mundial de The Navigator em Brisbane, Melbourne e Perth (Austrália), assim como concertos pelo Reino Unido e Europa. Musa Nkuna tenor Nascido em Giyani (África do Sul) em 1973, numa família de músicos da qual se destaca o pai, compositor, estudou Canto com Paulette Robert e James Conrad na África do Sul, e com Pierre-André Blaser no Conservatório de Lausanne na Suíça. Obteve os diplomas de «Bachelor of Music», «Master of Music», «Concert Diploma», «Performers and Teachers Diplomas in Music». Actualmente reside em Colónia (Alemanha) depois de ter sido convidado a ocupar o lugar de Tenor Lírico Solista na Ópera de Colónia desde a temporada 2004/05. Naquele Teatro interpretou os papéis de Conde Almaviva (Il barbiere di Siviglia), Lindoro (L’italiana in Algeri), Ernesto (Don Pasquale), Arbace (Idomeneo), Narraboth (Salome), Rosillion (Die Lustige Witwe), Jacquino (Fidelio), The Novice (Billy Budd, de Britten), Professor (A Raposinha Matreira, de Janácek), Pong (Turandot), Belfiore (La finta giardiniera) e Walther von der Vogelweide (Tannhäuser). Cantou nos Teatros líricos de Chur (Suíça), Pforzheim, Detmold, Cape Town, Joanesburgo e no Festival de Baden-Baden, em papéis tais como Don Ottavio (Don Giovanni), Ferrando (Così fan tutte), Belmonte (Die Entführung aus dem Serail), Tamino (Die Zauberflöte), Rinuccio (Gianni Schicchi), Tom Rakewell (The Rake’s Progress) e René (Der Graf von Luxemburg, de Lehár). Em concerto apresentou-se na Alemanha, África do Sul, Suíça, Bélgica, Holanda, França e Grécia. 20 Philip Sheffield tenor Matthias Hoelle baixo Estudou na Guildhall School of Music and Drama e no Royal College of Music estreando-se profissionalmente em L’incoronazione di Poppea no La Monnaie em Bruxelas. Em 2007 cantou o papel de Tom Rakewell na nova produção de Robert Lapage de The Rake’s Progress no La Monnaie, seguindo-se a sua estreia no Scala de Milão em Candide com encenação de Robert Carsen. Protagonizou a nova ópera de Jonathan Dove, Kwasi and Kwame no OT de Roterdão, Eisenstein em Die Fledermaus no Concertgebouw de Amesterdão e na Sala Flagey em Bruxelas, e cantou em Die Schöpfung (Haydn) em Florença, Siena e Perugia. Em 2008/9 estreia-se em Tóquio no papel titular de Orlando Paladino (Haydn), regressa depois à English National Opera para cantar em Candide e o papel de Don José em concerto e The Tempest, de Tom Ades, no Concertgebouw. Recentemente interpretou os papéis de Alonso (The Tempest), numa co-produção da Royal Opera House–Covent Garden e Opéra du Rhin, Edward IV em Richard III e Konzertmeister em Prova d’orchestra de Battistelli na Vlaamse Opera, e protagonizou The House of the Gods no Music Theatre Wales. Cantou mais de 70 papéis em teatros tais como Ópera da Holanda, Staatsteater de Saarbrücken, Opéra de Nantes e Festival de Savonlinna na Finlândia. Criou papéis nas óperas de Jonathan Dove, Alexander Goehr, Hans Jurgen Von Bose, Ben Mason, Michael Berkeley, Elena Firsova e Nicola Lefanu. Destaque-se também a interpretação de Pélleas na Opéra-Comique em Paris (Georges Prêtre), Don Ottavio dirigido por Leopold Hager, o protagonista de Terry Bond em Playing Away na Opera North e na Bienal de Munique, o War Requiem de Britten, Serenade for tenor, horn and strings no Concertgebouw de Amesterdão e o Nocturne de Britten na Philharmonie de Berlim. Já se apresentou com a London Sinfonietta, Ensemble Modern, Ensemble Intercontemporain e Birmingham Contemporary Music Group. Reconhecido como um dos mais notáveis baixos da última década, nasceu em Rottweil/Neckar (Alemanha). Iniciou estudos na Staatliche Hochschule für Musik em Estugarda e, posteriormente, na Hochschule für Musik em Colónia. Integrou a Companhia da Ópera de Colónia até 1987, seguindo-se uma colaboração no Staatstheater de Estugarda. Desde muito cedo apresentou-se nas principais salas de concerto e teatros líricos da Europa. Recentemente actuou na Metropolitan Opera de Nova Iorque, e em Chicago, Santiago e Telavive (aqui estreou algumas obras de Karlheinz Stockhausen) e foi convidado a participar nos Festivais de Ludwigsburg, Salzburgo e Maggio Musicale Fiorentino. Intérprete de eleição do repertório wagneriano, apresenta-se frequentemente por todo o mundo e é, desde 1981, regularmente convidado pelo Festival de Bayreuth. Dos seus últimos compromissos destaca-se o papel titular de Don Quichotte (Massenet) na Ópera de Colónia, Fidelio no Teatro Carlo Felice de Génova e no Festival Beethoven de Varsóvia, assim como numa digressão japonesa com o Festival da Páscoa de Salzburgo, sob a direcção de Simon Rattle, Parsifal em concertos com a Orquestra de Filadélfia com direcção de Christoph Eschenbach e no palco do Teatro de la Fenice em Veneza. Destaque-se também a produção de Die Zauberflöte em Parma, Veneza e Nápoles. Foi dirigido por, entre outros, James Levine, Daniel Barenboim, Sergiu Celibidache, Marek Janowski, Neville Marriner, Riccardo Muti, Zubin Mehta, Bernard Haitink, Georg Solti, Horst Stein, Claus Peter Flor, Riccardo Chailly and Christian Thielemann. Trabalhou os seus papéis dirigido pelos encenadores Michael Hampe, Harry Kupfer, August Everding, Peter Hall, Götz Friedrich, Willy Decker, Jean-Pierre Ponnelle, Luca Ronconi e Jonathan Miller, entre outros. A sua discografia inclui Parsifal (Gurnemanz) com Daniel Barenboim (TELDEC), Freischütz (Eremit) com Marek Janowski (BMG), Fidelio (Rocco) com Colin Davis (BMG) e Erste Walpurgisnacht, de Mendelssohn, com Claus Peter Flor (BMG). 21 Dieter Schweikart baixo «Kammersänger», lecciona Canto na Universidade de Música de Colónia e na respective sucursal em Aachen. Posteriormente aos seus estudos na Universidade de Música de Wuppertal, teve o primeiro contacto com o teatro lírico em Saarbrücken em 1964. Apresentou-se em inúmeros teatros líricos incluindo a Ópera de Düsseldorf. A partir de 1981 apresentou-se em diversos papéis, por exemplo, Fafner no Ring de Wagner, no Festival de Bayreuth. O seu repertório inclui os papéis de Sarastro, Rei Marke, Landgraf, Fiesco, Fafner e Daland, entre muitos outros. É regularmente convidado a actuar nos principais teatros líricos europeus, destacando-se as cidades de Roma, Viena, Bruxelas, Paris, Berlim e Hamburgo. É membro da Companhia da Ópera de Colónia desde a temporada de 1988/89 onde pode ser ouvido nos principais papéis dramáticos para a sua voz. Luís Rodrigues barítono Estudou no Conservatório Nacional e na Escola Superior de Música de Lisboa. Em 1995 foi laureado com o 1.º Prémio no II Concurso de Interpretação do Estoril e ganhou, com o pianista David Santos, o Prémio Jovens Músicos da RDP (Música de Câmara). Em 1996 foi vencedor do 4.º Concurso de Canto «Luísa Todi». Intérprete de reconhecida versatilidade tem-se afirmado no domínio da ópera em papéis como Schaunard (La Bohème), Masetto (Don Giovanni), Conde Robinson (Il matrimonio segreto), St. Ignatius (Four Saints in Three Acts), Harlekin (Ariadne auf Naxos), Ping (Turandot), Bustamante (La Navarraise), Figaro (Il barbiere di Siviglia) e Guglielmo (Così fan tutte) no Teatro Nacional de São Carlos; Mr. Gedge (Albert Herring) e Eduard (Neues vom Tage) no Teatro Aberto; Semicúpio (Guerras do Alecrim e Mangerona) no Acarte, Teatro da Trindade e Teatro Nacional D. Maria II (Prémio Bordalo da Imprensa 2000 para Música Erudita); Marcello (La Bohème) com o Círculo Portuense de Ópera e a Orquestra Nacional do Porto no Coliseu desta cidade; Tom (The English Cat) com a Cornucópia e a ONP no Rivoli e São Carlos; Papagueno (Die Zauberflöte) na Fundação Calouste Gulbenkian, Giorgio Germont (La traviata) e o papel titular de Don Giovanni com a Orquestra do Norte; Belcore (L’elisir d’amore) e Figaro (Il barbiere di Siviglia) com a Eventos Ibéricos e a ON. Em Dezembro de 2005 interpretou o papel de Yoshio, na estreia em Portugal da ópera Hanjo (Toshio Hosokawa), na Culturgest, em co-produção com o São Carlos. 22 Joana Barrios actriz Nascida em Beja a 28 de Outubro de 1985, Joana Barrios é actriz formada pela Escola Superior de Teatro e Cinema (antigo Conservatório Nacional de Teatro) desde Novembro de 2007. Viveu em Barcelona, onde estagiou no Espai de Moviment VARIUM, sob a tutela da coreógrafa Anna Sánchez, e é pós-graduada em Crítica de Cinema e Música Pop, pela Facultat Ramón Llull. Emprestou a voz às versões portuguesas de filmes tais como Ant Bully, Over the Hedge ou Alvin and the Chipmunks e foi a Diva em No Tempo do Cinema, o documentário realizado por José Carlos Santos para a RTP (Canal 2), sobre a vida e obra de João Bénard da Costa. Estreia-se profissionalmente na produção de Das Märchen. Anna Katharina Rusche actriz Anna Katharina Rusche nasceu em Warstein na Alemanha em 1981. Frequenta a RheinischeFriedrich-Wilhems-Universität em Bona onde estuda Literatura Escandinava tendo, por isso, residido um ano em Oslo, Noruega. Vive desde Fevereiro 2007 em Lisboa, motivada pelo seu interesse sobre a Língua e Literatura Portuguesa. Tilo Wagner actor Nasceu em 1976 em Mainz (Alemanha). Frequentou cursos de teatro nos Estados Unidos da América. Participou em várias produções de teatro na Alemanha e nos Estados Unidos, como por exemplo Faust de Johann Wolfgang von Goethe, Comedy of Errors de William Shakespeare ou o musical Anything Goes de Cole Porter. 23 Richard Jaeckle actor Nascido em Nova Iorque, fez parte do grupo teatral «The Mountebanks» durante os seus estudos na Union University, onde também tirou cursos de Arte Dramática. Ao longo da sua carreira especializou-se em «Character Roles» em produções dos Monte Carlo Players e Lisbon Players. No Teatro Nacional de São Carlos integrou os elencos de Street Scene (1995) e Abu Hassan, de Weber (2002). Também no São Carlos, interpretou o papel de Mestre-decerimónias, em Ariadne auf Naxos, nas encenações de Jean-Claude Riber e de Toni Servillo. Esta última produção foi também apresentada, com o mesmo elenco, nos Teatros de Modena e Ferrara (Itália). Giovanni Andreoli Maestro Titular do Coro Estudou Piano, Composição e Direcção Coral e de Orquestra. Iniciou a sua actividade na qualidade de maestro residente. Na qualidade de maestro de coro colaborou na RAI de Milão, Arena de Verona, e Teatros La Fenice de Veneza e Carlo Felice de Génova. Trabalhou com os maestros Delman, Muti, Chailly, Barshai, Karabtchevsky, Arena, Santi, Campori, R. Abbado e Renzetti. Na Biennale Musica de Veneza estreou mundialmente obras de Guarnieri, De Pablo, Clementi e Manzoni. Dirigiu os Carmina Burana e a Petite Messe solennelle (Coro e Orquestra do La Fenice), repondo esta última no Teatro Municipal de São Paulo. Seguiu-se «L’esperienza corale nel ‘900 italiano» (Dallapiccola, Rota e Petrassi). De 1998 destacam-se: L’elisir d’amore em Rejkjavik; Missa da Coroação (Mozart) e Missa n.º 9 (Haydn), em São Paulo; Via Crucis de Liszt (Orvieto); Les Noces (Stravinski), no Festival de Granada; Otello (Rossini), no Theater an der Wien; e a primeira audição moderna da Missa Amabilis e Missa Dolorosa de Caldara (Orquestra e Coro do La Fenice). Em 1999 dirigiu Il barbiere di Siviglia (Teatro dei Vittoriale, Gardone-Riviera), La traviata (Teatro Real de Copenhaga), Una cosa rara de Soler (Teatro Goldoni, Veneza). Em 2000 dirigiu duas produções de La Bohème, uma no Teatro Grande de Brescia com Giuseppe Sabbatini, e outra em Lanciano, com a Orquestra Giovanile Internazionale. Gravou para a BMG Ricordi, Fonit Cetra e Mondo Musica Munchen; Orfeo cantando... tolse (A. Guarnieri) na RAI de Florença (1996); e os Carmina Burana com a Companhia do Teatro La Fenice. Desde 1994 que é o responsável artístico pela Temporada Lírica do Teatro Grande de Brescia. Coro do Teatro Nacional de São Carlos Criado em condições de efectividade em 1943, sob a direcção de Mario Pellegrini, o Coro cumpre uma fase intensiva de assimilação do grande repertório operístico e de oratória. Entre 1962 e 1975 colabora nas temporadas da Companhia Portuguesa de Ópera, sediada no Teatro da Trindade, deslocando-se com a mesma à Madeira, aos Açores, a Angola e a Oviedo (1965), a convite do Teatro Campoamor, e obtém o Prémio de Música Clássica conferido pela Casa da Imprensa. Participa em estreias mundiais de autores portugueses, casos de Fernando Lopes Graça (D. Duardos e Flérida) e António Victorino d’Almeida (Canto da Ocidental Praia). Em 1980 é criado um primeiro núcleo coral a tempo inteiro, sendo a 24 profissionalização do Coro consumada em 1983, sob a direcção de Antonio Brainovitch. A plena afirmação artística do conjunto será creditada a Gianni Beltrami, que assume a direcção em 1985 e beneficia de condições de trabalho até então inéditas em Portugal. Nesta fase assinalam-se as seguintes intervenções: Oedipus Rex (Stravinski); Ascensão e Queda da Cidade de Mahagonny (Weill); Kiú (De Pablo); L’Enfant et les Sortilèges (Ravel); e Dido and Aeneas (Purcell). Registe-se a participação em Grande Messe des Morts (Berlioz), em Turim, a convite da RAI. Depois da morte de Gianni Beltrami, João Paulo Santos assume a direcção, constituindo-se como o primeiro português no cargo em toda a história do Teatro de São Carlos. Sob a sua responsabilidade registam-se êxitos, tais como: Mefistofele (Boito); Blimunda e Divara (Corghi); Sinfonia n.º 2 (Mahler), com a Orquestra da Juventude das Comunidades Europeias; Die Schöpfung (Haydn); Faust e Requiem (Schnittke); Perséphone e Le Rossignol (Stravinski); Evgeni Onegin (Tchaikovski); Les Troyens (Berlioz); Missa Glagolítica (Janácek); Tannhäuser e Die Meistersinger von Nürnberg (Wagner); e Le Grand macabre (Ligeti). Com o Requiem de Verdi o Coro desloca-se a Bruxelas, no quadro da Europália (1991). No âmbito da Expo98 actuou no concerto de encerramento. O conjunto tem actuado sob a direcção de algumas das mais prestigiadas batutas, tais como Antonino Votto, Tullio Serafin, Vittorio Gui, Carlo Maria Giulini, Oliviero de Fabritiis, Otto Klemperer, Molinari-Pradelli, Franco Ghione, Alberto Erede, Alberto Zedda, Georg Solti, Nello Santi, Nicola Rescigno, Bruno Bartoletti, Heinrich Hollreiser, Richard Bonynge, García Navarro, Wolfgang Rennert, Rafael Frühbeck de Burgos, Franco Ferraris, James Conlon, Harry Christophers, Michel Plasson e Marc Minkowski, entre outros. Também foi dirigido em óperas e concertos pelos mais importantes maestros portugueses, com relevo especial para Pedro de Freitas Branco. Remix Ensemble Actual agrupamento de música contemporânea da Casa da Música, desde a sua formação em 2000 já apresentou em estreia absoluta mais de 50 obras. O eclectismo do seu repertório estende-se em incursões pela música cénica, acompanhamento de filmes, dança e jazz, a par da promoção de numerosos workshops com compositores como António Pinho Vargas, Brice Pauset, Emmanuel Nunes, Frédéric Durieux, Heiner Goebbels, Iris ter Schiphorst, James Dillon, Keiko Harada, Luís Tinoco, Magnus Lindberg, Mark-Anthony Turnage, Rolf Gupta, Rolf Wallin, Bernhard Lang, Mário Laginha, Matthias Pintscher e Harrison Birtwistle. Até ao presente, já dirigiram o Remix Ensemble os maestros Stefan Asbury, Ilan Volkov, Kasper de Roo, Pierre-André Valade, Rolf Gupta, Peter Rundel, Jonathan Stockhammer, Jurjen Hempel, Matthias Pintscher, Franck Ollu, Reinbert de Leeuw, Diego Masson e Emilio Pomàrico, entre outros. No plano internacional, o Remix Ensemble apresentou-se no Festival de Valência e no encerramento das capitais europeias da Cultura em Roterdão (2001), no Huddersfield Contemporary Music Festival (2003), no Festival Musica de Estrasburgo (2004 e 2006) e no Teatro Odéon em Paris (2005) onde apresentou a ópera de James Dillon, Philomela, no Auditório de La Pedrera em Barcelona (2004 e 2006), numa residência artística no IRCAM, nos Festivais Ars Musica (Bruxelas/Antuérpia, 2006), Musicadhoy em Madrid, Festival de Outono de Budapeste e Théâtre des Bouffes du Nord 25 em Paris (2006). A actuação do Ensemble em Philomela foi distinguida pela crítica do Financial Times, que sublinhou que «o Porto tem no Remix Ensemble um excelente agrupamento contemporâneo», enquanto Le Monde de la Musique assinalava a "interpretação notável [...] do Remix Ensemble". Em 2004 foi editado o primeiro CD duplo do Remix Ensemble, com gravações ao vivo e em estúdio de obras de Pauset, Azguime, CôrteReal, Peixinho, Dillon, Staud e Nunes. Em 2007, apresenta-se nos países nórdicos (Nordic Music Days, Suécia), numa digressão em França com a ópera Medea de pascal Dusapin, em Viena (Wien Modern) e leva a cabo uma retrospectiva da obra de Emmanuel Nunes (Portrait Nunes) no Festival de Estrasburgo (Setembro) e na Fundação Gulbenkian. Bryan Ferneyhough, Helmut Lachenmann, António Pinho Vargas (gravação de CD), Mauricio Sotelo e Emmanuel Nunes fazem parte dos compositores que colaboram com o Remix Ensemble em 2007, sendo que ao longo deste ano estão agendadas estreias de obras de Cândido Lima, Georges Aperghis, Per Nørgård, Miguel Azguime, Nuno Côrte-Real, António Chagas Rosa, Vasco Mendonça e Georg Friedrich Haas. Peter Rundel é o maestro titular do Remix Ensemble. Orquestra Sinfónica Portuguesa Criada em 1993 a Orquestra Sinfónica Portuguesa (OSP) é um dos corpos artísticos do Teatro Nacional de São Carlos e tem vindo a desenvolver uma actividade sinfónica própria, incluindo uma programação regular de concertos, participações em festivais de música nacionais e internacionais. Tem colaborado regularmente com a Radiodifusão Portuguesa através da transmissão dos seus concertos pela Antena 2 e da participação em iniciativas da própria RDP, tais como Prémio Pedro de Freitas Branco para Jovens Chefes de Orquestra, Prémio Jovens Músicos-RDP e Tribuna Internacional de Jovens Intérpretes. No âmbito de outras colaborações destaque-se também a sua presença nos seguintes acontecimentos: 8.º Torneio Eurovisão de Jovens Músicos transmitido pela Eurovisão para cerca de quinze países (1996); concerto de encerramento do 47.º Festival Internacional de Música y Danza de Granada (1997); concerto de Gala de Abertura da Feira do Livro de Frankfurt; concerto de encerramento da Expo 98; Festival de Música Contemporânea de Alicante (2000); e Festival de Teatro Clásico de Mérida (2003). A Orquestra tem actuado, no âmbito das temporadas líricas e sinfónicas, sob a direcção de notáveis maestros, tais como Rafael Frühbeck de Burgos, Alain Lombard, Nello Santi, Alberto Zedda, Harry Christophers, 26 George Pehlivanian, Michel Plasson, Krzysztof Penderecki, Djansug Kakhidze, Milán Horvat, Jeffrey Tate e Iuri Ahronovitch, entre outros. A discografia da Orquestra conta com dois CD’s para a etiqueta Marco Polo, com as Sinfonias n.º 1 e n.º 5, e n.º 3 e n.º 6, de Joly Braga Santos, as quais gravou sob a direcção do seu primeiro maestro titular, Álvaro Cassuto a quem se seguiu José Ramón Encinar (1999/2001) e Zoltán Peskó (2001/2004) no mesmo cargo. Donato Renzetti desempenhou funções de Primeiro Maestro Convidado até à Temporada de 2006/07. L’Ircam – Institut de recherche et coordination acoustique/musique [Instituto de investigação e coordenação acústica/música] www.ircam.fr Fundado em 1970 por Pierre Boulez, o Ircam é um Instituto associado ao Centre Pompidou dirigido por Frank Madlener desde Janeiro de 2006. Actualmente é um dos mais importantes centros públicos de investigação do mundo dedicado à pesquisa e à criação musical. Mais de 150 colaboradores contribuem para a actividade do Instituto (compositores, investigadores, engenheiros, intérpretes, técnicos…). O Ircam é um dos espaços de recepção principais da criação musical da segunda parte do século XX e também um local de produção e de residência para compositores internacionais. O Instituto propõe uma temporada rica em encontros singulares através de uma política de encomendas. São adquiridos inúmeros programas de artistas residentes resultando também na criação de projectos pluridisciplinares (música, dança, vídeo, teatro e cinema). Por fim, um importante festival anual, AGORA, permite a apresentação destas criações ao público. O Ircam é um centro de investigação na ponta das inovações científicas e tecnológicas nos domínios da música e do som. Parceiro de múltiplas universidades e empresas internacionais, as suas investigações cobrem um alargado espectro: acústica, musicologia, ergonomia, cognição musical. Estes trabalhos encontram aplicações noutros domínios artísticos tais como 27 o audiovisual, artes plásticas ou o espectáculo ao vivo, assim como saídas no mercado industrial (acústica das salas, instrumentos de audição, design sonoro, engenharia de programação informática…). O Ircam é um local de formação de informática musical. Os seus cursos universitários e estágios realizados em colaboração com investigadores e compositores internacionais constituem uma referência em matéria de formação profissional. As suas actividades pedagógicas envolvem também o grande público graças ao desenvolvimento de programas de informática pedagógicos e interactivos nascidos de uma estreita cooperação com a Educação Nacional e os seus conservatórios. O Ircam estabeleceu finalmente uma colaboração nas formações universitárias com a Universidade Paris VI para um Master. 28