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REVISTA DA APCTA. VOL2#10. JUN08 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo para um “céu mais verde”! AMBIENTE: O ambiente e o futuro do ATM AMBIENTE: Green Flights AMBIENTE: O desafio do ambiente HISTÓRICOS DA AVIAÇÃO: Airbus A300 AIRPROX: Blip primário DESTINOS: Patagónia: o extremo da América Flight Level Revista da APCTA (Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo) fl[email protected] Presidente do SINCTA: Carlos Reis Presidente da APCTA: Paulo Encarnação Coordenação Editorial: Nuno Simões Colaboradores: Nuno Chambel, Ana Cristina Lima, Andreia Lopes, Pedro Matos, Carlos Valdrez Correspondentes: Delegações da APCTA Propriedade: APCTA (Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo) Distribuição: Gratuita aos Sócios Design gráfico: Filipe Preto Impressão: Arlindo Silva - Artes Gráficas, Lda Periodicidade: Trimestral Tiragem: 700 exemplares Lisboa, Junho de 2008 EDITORIAL Desde finais da década de 90, altura em que a Comissão Europeia lançou o projecto “Céu Único Europeu”, que o SINCTA elegeu este processo como o de maior importância para o futuro dos Controladores de Tráfego Aéreo portugueses, tendo este assunto sido objecto de inúmeras referências nos editoriais desta revista. Foi assim até serem publicados os regulamentos, em 2004, onde a nossa contribuição, quer a nível nacional, quer a nível internacional, foi, sem falsas modéstias, importante para a suavização da orientação global desses documentos. Seguiu-se o período da criação dos famosos FAB`s, momento em que NAV e AENA iniciaram negociações com o objectivo de, respeitando as orientações emanadas pelos referidos regulamentos, criarem os seus próprios FAB`s. E dizemos no plural pois nunca concordámos com a criação de um único FAB entre as duas empresas. Na altura isso foinos garantido, mas a realidade é que tivemos de intervir quase in extremis para repôr a verdade, quando um estudo baseado em muitos pressupostos deturpados apontava para a passagem do “filet mignon” do espaço aéreo sob responsabilidade da NAV para o FAB espanhol. Elegemos então como estratégia a criação de um FAB integrando as áreas de Lisboa e Santa Maria, pois com a sua criação seriam respeitados todos os objectivos dos regulamentos, não sendo demais salientar os seguintes: maior capacidade, menos atrasos, mais rotas directas e menor custo. Isto sendo a NAV considerada já hoje em dia dos prestadores com maior produtividade a nível europeu. É esta a estratégia que continuamos a defender. Com a declaração feita na última cimeira Luso-Espanhola, pelo nosso Ministro dos Transportes, da intenção de Portugal em criar um Bloco Funcional com as áreas de Lisboa e Santa Maria, sentimos satisfação e algum alívio. Puro engano... Nem um mês depois das declarações do ministro, fomos surpreendidos pela agenda de uma reunião NAV/ AENA que previa a discussão de vários cenários de colaboração ou mesmo de consolidação (!) das duas empresas. Mais uma vez tivémos que intervir e, após uma reunião de emergência com os colegas da USCA, os dois sindicatos informaram as Administrações de que tudo o que fôr feito, na área da Navegação Aérea na Península Ibérica, à revelia dos Controladores de Tráfego Aéreo está condenado ao fracasso! Carlos Reis Presidente do SINCTA Esperamos que a mensagem tenha passado. SUMÁRIO 02 04 10 12 14 16 18 20 24 28 30 32 AMBIENTE: O ambiente e o futuro do ATM AMBIENTE: Green Flights AMBIENTE: Questões ambientais e aeroportos LADO AR: Fuel saving: onde tudo começa AMBIENTE: O desafio do ambiente: uma visão do lado terra AIRPROX: Blip primário REFLEXÃO: Verão CISM 2008 HISTÓRICOS DA AVIAÇÃO: Airbus A300 DESTINO: Patagónia – o extremo sul da América VIAGENS COM LETRAS: “As cidades invisíveis” de Italo Calvino ECOS DA IMPRENSA: Uma selecção de interesse ATC. BREVES: 33º Golden Flight Level 2008 / Sporting-Benfica / ab-initio ATC-F1003 p.1 AMBIENTE por Nuno Simões O Ambiente e o Futuro do ATM O Ambiente está na ordem do dia e todos os dias somos literalmente bombardeados por um sem número de notícias, artigos e opiniões dos mais variados especialistas que nos alertam, sobretudo, para a degradação que o ambiente tem vindo a sofrer nas últimas décadas. Ecossistemas em desequilíbrio e uma escassez cada vez mais notória de recursos, sejam eles alimentares, hídricos ou aqueles vitais para a sobrevivência dos padrões de vida dos países desenvolvidos, com o petróleo a encabeçar uma longa lista, levam-nos todos a questionar que futuro nos espera. p.2 REVISTA DA APCTA. VOL2#10. JUN08 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo A recente atribuição do prémio Nobel da paz a Al Gore, que vem de há algum tempo a esta parte a sensibilizar a opinião pública para alguns destes problemas, acabou por trazer a reboque muito daqueles que sem ter o mesmo mediatismo, há anos que clamavam por atenção. Assim, com o despertar desta problemática pelo poder político, inúmeras ONGs ligadas ao ambiente viram de súbito o seu espaço de manobra alargado, chegando ao ponto de influenciar legislação e decisões políticas. Para algumas destas organizações, o desenvolvimento da Humanidade é a principal causa do estado das coisas, não hesitando em apontar o dedo a todos os sectores de actividade sem excepção. Com este cenário montado rapidamente se passou ao ataque. O alvo visado foi a indústria aeronáutica acusada de ser a “grande indústria poluidora” e as companhias aéreas a sua face mais visível. Mesmo que esta seja só responsável por 3% das emissões no espaço Europeu, alguns como o escritor George Monbiot autor do bestseller – Heat: how to stop the planet burning, chegou ao ponto de escrever que: “ Cada vez que alguém morre afogado no Bangladesh como resultado de inundações, um responsável duma companhia aérea deveria ser arrastado do seu escritório e ser afogado também.” A Aposta da NATS: 10% de redução de emissões No passado mês de Janeiro, o NATS ( prestador Inglês de Serviços de Tráfego Aéreo) anunciou aquilo que será o primeiro exemplo de um prestador definir um objectivo na redução de emissões das aeronaves sob seu controlo. Assente em vários estudos tanto do IPCC ( Intergovernmental Panel on Climate Change ) e do programa SESAR, o NATS acredita que pode fixar os 10% de redução de emissões de CO2 como objectivo, optimizando as suas rotas, expandindo o uso de CDA’s ( Continuos Descent Approaches), desenvolvendo novas ferramentas de sequenciação e restruturando o actual espaço aéreo. O CEO da NATS, Paul Barron é claro quando afirma que os ANSP’s têm de agir: “ Este é um grande desafio a que nós nos entregamos e somos o primeiro prestador a faze-lo. Passaremos o ano de 2008 recolhendo todos os dados possíveis. Quando tivermos todos os dados na mão, então poderemos definir as várias etapas para atingir este objectivo. Acredito que temos a responsabilidade moral, para fazermos tudo o que for possível para reduzir o impacto ambiental e apoiando duma forma consistente os nossos parceiros nesse desígnio, sem deixar de crescer enquanto empresa”. Com as companhias aéreas sobre pressão dos media, também estas passaram ao ataque. O alvo desta vez, sem surpresas, foi o sector ATM e os respectivos prestadores ( ANSPs ) acusando-os de serem eles o principal obstáculo a uma melhoria na eficácia energética e reduzindo consequentemente o impacto ambiental. Em recentes declarações o presidente da IATA, Giovanni Bisignani, referia que: “A ineficiência do sector ATM representa hoje 12% mais de emissões de CO2 e ao preço actual dos combustíveis esses 12% custam cerca de 13,5 mil milhões de USD”. Mas serão os prestadores os “maus da fita”? Nem sempre o que parece é, e neste caso fazem-se muitas vezes julgamentos duma forma leviana e sem fundamento. Senão vejamos: uma grande maioria dos aeroportos europeus tem restrições ambientais; muitos deles obrigam à rotação de pistas devido a leis do ruído, pressionados pelas populações que vivem nas proximidades desses mesmos aeroportos e apoiadas por legislação muitas vezes restritiva à normal operação dum aeroporto. Começam a ser frequentes os reportes de incidentes com aeronaves a aterrarem em pistas contrárias à normal operação, com ventos de cauda acima da média. Em 2006, a título de exemplo, o total de minutos de atraso na Europa totalizava cerca de 18.4 milhões(?!); destes, apenas 33.915 se deviam a restrições ambientais. Mas a verdade é que este número apenas mascara uma realidade bem diferente. A operação de um voo com restrições no seu perfil óptimo devido a limitações ambientais em aeroportos, ou a procedimentos de redução de ruído, obrigam as companhias a voar mais e mais tempo. Normal consequência de tudo isto, mais emissões e menos eficiência energética, acabando ambos os intervenientes por estarem reféns do Ambiente. Com introdução do RVSM, estima-se que cerca de 310.000 toneladas de combustível tenham sido poupadas anualmente, o que equivale em cerca de 1 milhão de toneladas de CO2 que deixaram de ser emitidas. Se associarmos a tudo isto o uso flexível do espaço aéreo ( FUA), a restrição de as aeronaves esperarem nos aeroportos com os seus motores desligados antes do seu “slot time” estar disponível, isto resultará em poupanças energéticas na ordem das 700.000 toneladas/ano o equivalente a aproximadamente 2.300.000 toneladas de CO2, então de facto o sector ATM é já hoje responsável por uma diminuição efectiva de emissões de carbono e por poupanças de combustível. Será tudo isto suficiente? Não. A verdade é que apesar da pouca contribuição para o total de emissões ( apenas 3% ), a indústria aeronáutica é aquela que mais cresce, duplicando o total de emissões desde 1990. Novos programas como o SESAR e novos procedimentos como CDA, FlexTrack ( desenvolvidos neste número ) pretendem não só controlar estes números mas reduzir até 2020 cerca de 20% das emissões de CO2. Com tudo isto abrese uma nova área de negócio para os prestadores, o mercado de emissões de GEE ( Gases com Efeito de Estufa), em que as empresas que reduzam as suas emissões podem vender os seus créditos em mercado a outras empresas poluidoras. Abre-se assim a porta para os prestadores medirem o impacto ambiental que as suas políticas, sejam elas de investimentos de procedimentos ou de equipamentos, podem vir a ter no futuro. Quem não perdeu tempo foi a NATS – prestador britânico que anunciou reduções de emissões de 10% ( ver caixa ). Assistiremos nos próximos tempos, a uma toada maior de anúncios de vários prestadores, companhias aéreas e aeroportos com medidas ambientais. A nível político e legislativo haverá certamente novas medidas de incentivo para um Ambiente que se quer melhor, mas inevitavelmente o sector ATM continuará a estar sobre a mira daqueles que por trás de outros interesses usam o Ambiente como escudo para objectivos mais ou menos claros. . p.3 AMBIENTE por Nuno Simões Green Flights Algumas iniciativas para um “√Céu mais Verde”√ p.4 REVISTA DA APCTA. VOL2#10. JUN08 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo Como se medem as emissões de gases de estufa? Um pouco por todo o globo começam a surgir algumas iniciativas com o objectivo de mitigar as emissões de CO2 e Oxidos de Azoto ( NOX ) e não menos importante, o ruído. Entre o CDA – Continuous Descent Approach, Flex Tracks, Cruise Climb ou Tailored Arrivals, muitas outras poderão vir a surgir com o advento de novas tecnologias, com AMAN (Arrival Managers) mais “poderosos”, e até com restruturações de espaços aéreo, o importante é perceber que existem diferentes fases de progressão em todos estes processos e em todas elas é possível obter “quick wins”. Para entendermos o que está em causa quando se fala em emissões de gases de estufa (CO2 e NOX), há que perceber como é calculado e como se quantifica o total de emissões. Peguemos então no exemplo da Noruega, um dos países europeus com a “matéria bem estudada” e com estudos de impacto ambiental no sector da aviação. Em primeiro lugar há que ter em atenção que, o facto de existirem mais de que um método de calculo leva por vezes a valores disparos. O primeiro método de calculo, é aquele em que as emissões são calculadas tendo como amostra o tráfego doméstico e como base, o total de combustível vendido para propósitos civis. Os princípios deste método estão vazados no Protocolo de Kyoto e estão incluídos nos respectivos relatórios nacionais de emissões e de monitorização das metas do dito protocolo. É também comum usar como método de calculo de emissões, o total de combustível vendido num determinado país – “ bunker fuel ”. Na prática, o “bunker fuel“ cobre não só os voos domésticos mas o voos internacionais com destino no exterior desse mesmo país. É o total de todos os “bunker fuel” que serve de base para calculo do total de emissões de gases na aviação, pois este método assegura que todas as emissões são contadas sem haver o erro de existir dupla contagem. O terceiro método relaciona as emissões da aviação com o número de habitantes de um determinado país. Este método fornece uma imagem do “carbon footprint” associado a cada habitante em relação ás suas viagens aéreas através do calculo das emissões dos voos domésticos, internacionais e ainda aqueles praticados entre/dentro de países terceiros. Apesar de se poder ter uma imagem clara do que cada habitante contribui em termos de emissões, este método não é usado em estatísticas oficiais em muitos países. O quadro em baixo, apresenta um resumo dos métodos mais usados na Noruega. Pegando então nestes métodos de cálculo, verificamos que seguindo o primeiro método, temos que o transporte aéreo apenas representa 1,7% do total de emissões, relativas ao ano de 2005. Ficando bastante abaixo dos da Indústria, o transporte terrestre e até o do aquecimento dos edifícios. (Ver fig3) Por outro lado se usarmos o “bunker fuel” como método, contabilizando o total de combustível vendido no ano de 2007, então vemos p.5 que esse valor sobe para os cerca de 3,5%, cabendo ao tráfego aéreo quase 97% dos gastos de combustível, ficando o resto repartido entre as operações aeroportuárias e os veículos de transporte nos aeroportos, como se podem ver pelas figuras a lado (4 e 5). Serviu este pequeno aparte, para mostrar que dependendo dos métodos que estamos a usar, os valores surgem-nos com discrepâncias que são muitas vezes aproveitados para fundamentar teses e teorias contra ou favor do transporte aéreo. Já agora é o método “bunker fuel” que serve de base para o lançamento das várias iniciativas do sector com vista à mitigação das emissões de gases de estufa. CDA- Continuous Descent Approach Sem termos de nos deslocar muito em termos geográficos, façamos uma pequena visita á Suécia, para perceber como a nossa congénere sueca na prestação de serviços de Controlo de tráfego Aéreo e Aeroportos- LFV- p.6 REVISTA DA APCTA. VOL2#10. JUN08 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo Luftfartsverket, iniciou em 2005 o conceito de Green Approaches. Cabe dentro deste conceito as chamadas CDA’s que consiste no seguinte segundo a definição do Eurocontrol; “Continuous Descent Approach is an aircraft operating technique in wich an arriving aircraft descends from an optimal position with minimum thrust and avoids level flight to the extent permitted by the safe operation of the aircraft and compliance with published procedures and ATC instructions” Em linhas gerais, o que hoje temos para uma aproximação convencional, é uma autorização, ou várias, para uma altitude normalmente de 3000 pés, em que durante este processo, a aeronave voará por algum tempo em voo nivelado antes de intersectar o ILS. É pois nesse período de voo nivelado que o piloto necessita de aplicar potência adicional á aeronave, levando a Exemplo duma 4DT, com os tempos e as altitudes juntamente com os perfis de voo. um aumento dos níveis de ruído e de emissões de C02, normalmente na proximidade de zonas habitacionais. Em contraponto com esta realidade, com o CDA, pretende-se que a aeronave se mantenha o mais alto possível por um máximo de tempo “Higher for Longer” , iniciando depois uma descida contínua até interceptar o ILS com os motores no mínimo de potência necessária “Less Engine Thrust”. (ver figura em cima). Assim temos os princípios básicos do CDA: 1. “Higher for Longer”. 2. Menos Potência. 3. Redução dos níveis de ruído até 5db. 4. Poupança energética e redução de emissões. Em termos de números, por cada “green approach” estamos a falar numa poupança média de 150kg de combustível e numa redução de 450kg de CO2. No aeroporto de Estocolmo – Arlanda realizaram-se no ano passado cerca de 750 “green approaches” e em 2006 cerca de 800. Estes números podem ser considerados ”modestos”, mas existe uma explicação para isso. É necessário um conjunto de requisitos técnicos e operacionais para se poder implementar as CDA, entre eles conta-se STAR’s com perfis verticais e desenhadas de forma a evitar zonas sensíveis de ruído, a disponibilidade de informação “ “distance to touchdown” também referida como DTG- Distance To Go e em que assenta todo o principio da CDA e por fim uma combinação das duas, podendo ser usadas as STAR’s em períodos de baixa densidade de tráfego ( por ex. Noite) e a DTG em períodos em que se têm de recorrer a vectorização ou a outro tipo de intervenção radar. Assim podemos ter diferentes graus de CDA, o básico – “B-CDA” usado em períodos “off-peak” e iniciado no topo de descida até á pista e o avançado – “A-CDA” usado com P-RNAV STAR’s e com AMAN (sequenciador) com separações em tempo aos pontos de entrada da TMA. Mesmo assim existe um “pequeno grande” problema, o facto de que os perfis de descida são diferentes de aeronave para aeronave e isso leva uma incerteza, que obriga a reservar grandes porções de espaço aéreo, diminuindo capacidades e obrigando a deslocar este procedimento para horas de baixa densidade de tráfego. A solução está encontrada e em prática desde março de 2006 em Estocolmo com o uso de Trajectórias 4D (4DT) “downlink”. Através deste processo a previsibilidade é total, pois além do perfil de voo, altitude e hora o controle de tráfego aéreo recebe todas as actualizações e terá toda trajectória definida até á soleira da pista, para poder por fim autorizar a CDA à aeronave em causa (ver figura em cima). Dando um salto até ao outro lado do Atlântico, este é também o processo que está já implementado em Louisville nos Estados Unidos e pronto a ser implementado em Atlanta, o aeroporto mais movimentado do mundo, onde p.7 “noise contour at Stockholm – Arlanda” com Green Approach. opção Nesta imagem podemos ver o antes (esq.) e o depois (dir.) da implementação das Green Arrival em Louisville e consequentemente a diminuição das zonas expostas ao maior impacto do ruído. Também as áreas com exposição a valores mais elevados de ruído foram diminuídas. O antes e o depois da entrada das aeronaves ditas “ultra-log-haul” e o impacto em termos de rotas. “A pilot was conducted on 21st June 2004 from Dubai to Sydney with data supplied by Emirates. There were significant benefits achieved inckuding a saving of 8408Kg in fuel with the flight 43 minutes quicker than the best fixed route.” p.8 Diferença entre “Flex Track” mais a Este e mais a Oeste operada por A340 que se saldou por uma diferença de cerca de 2692 milhas. REVISTA DA APCTA. VOL2#10. JUN08 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo será operado um CDA ( aqui deste lado chamase Continuous Descent Arrival ) em horas de baixa densidade. Em Los Angeles a ideia é usar este processo em horas de grande densidade tendo o procedimento já sido publicado. A preocupação deste lado sempre foi o ruído e esse parece ser desde já o maior ganho deste processo aliado ás “ tailored arrival’s” que permitem contornar as zonas populacionais evitando assim o maior impacto em termos de ruído. Flex Track Com o advento do jacto nada foi como antes e o mundo começou efectivamente a mudar. Os primeiros voos intercontinentais “ nonstop” , entre a Ásia, Europa e América tornou as distâncias mais curtas e novas ligações aéreas foram estabelecidas. Hoje, com a entrada de novos aparelhos capazes de grandes autonomias como os novos B777,os A340 e o A380, novas rotas nascerão e certamente com impacto no respectivos ANSP’s. (ver figuas ao lado, em baixo) Assim nos dias de hoje é possivel assistirmos a voos provenientes de Nova York a entrar por exemplo na FIR de Lisboa, com destino ao Dubai ou até à Índia. Isto requer uma nova abordagem e foi isso que a Emirates e Airservices Australia – o ANSP Australiano, concretizaram entre Junho de 2005 e Abril de 2006. As chamadas Flex Track’s permitem, usando os ventos predominantes ou correntes de jacto “ jet streams” dum específico dia, que sejam desenhadas rotas mais rápidas entre 2 destinos não sendo necessariamente a mais curta. A Airservices Australia publica diariamente estas rotas em função dos chamados “ optimum winds” com ajuda do AUSOTS (Australia Organized Track System), que as gera automaticamente. Durante o período de testes, a Emirates operou 592 voos entre o Dubai e Sydney poupando cerca de 57 horas de voo e mais de 628 toneladas de combustível. A titulo de exemplo durante o primeiro de teste em Junho de 2004 o voo do Dubai para Sydney poupou cerca de 8408kg de combustivel e 43 minutos de tempo de rota. Esta foi a forma que o prestador Australiano encontrou para minimizar as emissões no espaço aéreo sobre seu controle, tendo como base as poupanças energéticas que estas rotas oferecem além de que apresentam melhores fluxos de tráfego. E por Cá? A NAV e.p.e integra o consórcio AIRE fundado pela Comissão Europeia e a FAA com vista não só á redução de emissões mas também na partilha de experiências e programas entre os dois lados do Atlântico. Além da NAV, encontram-se a FAA a IAA ( Irlanda) e LFV da Suécia como prestadores e as companhias Delta, Air France, KLM, FedEx além da Airbus e Boeing. É pois ao abrigo deste consórcio que a NAV apresentou em Bruxelas em Novembro do ano o facto de estudos que indicam que durante uma travessia Atlântica podem ser poupados até 320kg de combustível usando este método de “Unrestricted Climb” ou drift up e podendo mesmo chegar aos 580kg se compararmos com uma “step climb” de 2000’. Claro está que este testes estarão sempre sujeitos ao julgamento do controlador nunca podendo pôr em causa a segurança do tráfego: passado, o primeiro passo para “NAT Green Flights trials”. Usando as companhias SATA – Air Azores e a TAP Portugal, para participar na fase de testes que acabariam no passado mês de Fevereiro. Os testes consistirão na oferta de “cruise climb” ás aeronaves como ficou definido no projecto: “Cruise climb will be offered by ATC, on a trial basis, to selected airlines, so that maximum benefits are derived from this initial phase, namely in what regards, fuelburn feedback from airlines.” Para tal teve como base deste projecto All ATCO’s will bear in mind that the AIRE trials are secondary to the provision of safe ATS services, in accordance with International and National regulations. Em jeito de conclusão, a preocupação ambiental é uma questão global e uma responsabilidade de todos e começam a surgir os primeiros resultados desta partilha de experiências que cruza o planeta de Norte a Sul e de Este a Oeste. Só o tempo dirá se estamos no bom caminho, mas por agora todo o esforço conta. . Fontes: FAA, Eurocontrol, LFV, CAA, Emirates, Airspace, NAV Portugal, Avinor, Smiths-Aerospace. p.9 TRM por Ana Cristina Lima Questões ambientais e aeroportos Num momento em que as questões ambientais estão em voga em praticamente todas as áreas da sociedade, surge também, por parte dos aeroportos, a preocupação de cumprir vários requisitos aplicáveis em matéria de ambiente. As áreas mais afectadas pela actividade aeroportuária são as ligadas à gestão dos resíduos em geral (sólidos e líquidos), ao controlo do ruído e das emissões de gases poluentes, e ainda à necessidade de uma melhor eficiência energética. Rede de Aeroportos CDM p.10 REVISTA DA APCTA. VOL2#10. JUN08 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo No que diz respeito à eficiência energética e à gestão de resíduos, as medidas a adoptar passam essencialmente pela melhoria das próprias infra-estruturas aeroportuárias, nomeadamente na separação e encaminhamento para reciclagem dos resíduos sólidos, instalação de sistemas de tratamento de águas residuais, e caixas separadoras de hidrocarbonetos nas plataformas para tratamento de águas pluviais. A poluição sonora nos aeroportos é produzida essencialmente pelas aeronaves e veículos de apoio (autocarros, bombeiros, follow-me, etc.). Sendo, no que diz respeito à população circundante, um dos aspectos com impacto mais visível (ou melhor, audível...), acaba por ser também aquele para o qual existe uma maior variedade de medidas minimizadoras. Para além das limitações ao número de vôos em período nocturno e do próprio desenho dos procedimentos de aproximação e descolagem, que minimizam o ruído das aeronaves em sobrevôo à área circundante dos aeródromos, existem medidas desenvolvidas pelos aeroportos para minimizar o ruído do tráfego no chão. Entre essas medidas destacam-se as restrições à realização de testes de motores; a instalação de sistemas fixos de fornecimento de energia às aeronaves no solo, reduzindo a necessidade de utilização do APU (auxiliary power unit); e a criação e utilização das RET (rapid exit taxiways), que permitem uma saída de pista mais eficaz e reduzem a necessidade do reverse thrust. Relativamente às emissões de gases poluentes, uma das principais apostas dos aeroportos tem a ver com a redução de veículos motorizados de apoio às aeronaves, seja através da sua substituição de veículos eléctricos quando possível, seja através de soluções alternativas, como é o caso do abastecimento de combustível feito a partir de pits em substituição dos camiões abastecedores. No que diz respeito às emissões poluentes oriundas das próprias aeronaves, os passos a seguir vão no sentido de reduzir o mais possível o tempo que é necessário estas passarem com os motores ligados. No caso particular do aeroporto de Lisboa, o projecto CDM (Collaborative Decision Making) cuja implementação está calendarizada para este ano, trará grandes benefícios para uma optimização do tempo de taxi, e consequentemente, o tempo que as aeronaves necessitarão de permanecer com motores ligados, desde que prontas a sair de calços até ao momento da descolagem. O CDM é um sistema de partilha de informação entre os vários intervenientes na gestão do tráfego aeroportuário de pessoas e aeronaves, nomeadamente, operações aeroportuárias, ATC, handling, operadores e inclusivamente o CFMU. Neste sistema são partilhados dados provenientes de diversas fontes como por exemplo: hora estimada para saída de calços, momento de embarque de passageiros, tempo estimado de taxi, hora de pedido de start-up, hora prevista pelo ATC para start-up, mensagens provenientes do CFMU tais como atribuição de slot, etc. Todos estes inputs permitem aos operadores, handling, operações aeroportuárias e ATC fazer uma melhor gestão de meios e espaço, e tomarem as suas decisões de uma forma mais informada de todas as contingências de um vôo. Para além dos óbvios ganhos em termos de optimização de toda a estrutura aeroportuária, este sistema permitirá ainda, do ponto de vista ATC, um melhor planeamento de sequência de descolagens mais a montante do que é feito actualmente, e uma diminuição de congestionamento de tráfego nos taxiways e tempo e espera no holding point. Este é um dos aspectos que do ponto de vista ambiental trará mais benefício, quer pela diminuição de emissões de CO2, quer pela poupança de combustível inerente a cada vôo que usufruirá de um tempo de rolagem mais reduzido. Os primeiros testes do projecto CDM foram levados a cabo nos aeroportos de Estocolmo, Helsínquia, Bruxelas e Milão, e já está neste momento a ser alargado a mais cerca de uma dúzia de aeroportos na Europa, entre eles Roma, Munique, Paris, Londres e Amesterdão. Numa altura em que começam a discutirse, do ponto de vista europeu, cotas de emissão de CO2 associadas aos aeroportos é cada vez mais importante que todas as medidas possíveis de minimização de impacto ambiental sejam levadas a bom porto no mais breve trecho. . Para mais informações sobre a evolução nos nossos aeroportos das políticas ambientais aconselhamos a consulta em www.ana-aeroportos.pt e sobre o projecto CDM www.euro-cdm.org. p.11 LADO AR Fuel Saving Rubrica do Cmdt. Pedro Cadete [email protected] Onde tudo começa Quando, no princípio dos anos 60, o avião a jacto (Boeing 707, Douglas DC-8) substituiu o “hélice” no transporte aéreo de grandes dimensões (para a época), os consumos de combustível e, consequentemente, as emissões poluentes aumentaram sensivelmente. Passou-se a voar ao dobro da velocidade praticada até então em transporte aéreo e isso não se faz gratuitamente. Para além disso, o consumo específico dos reactores de então não proporcionava nenhum modelo de poupança… Curiosamente, esses factores “adversos” não tiveram impacto na opinião pública de então. O petróleo, por um lado, era barato. Por outro lado, nessa época dizia-se que um voo de B707 entre Luanda e Lisboa (um pouco mais de 8 horas de voo, pela proibição, imposta pela OUA, de sobrevoo de território africano) consumia tanto oxigénio quanto a cidade de Coimbra num ano…ou seja, aparentemente a preocupação com as reservas de oxigénio do planeta suplantava a alimentada, quer com as reservas de petróleo, quer com o estrago provocado por resíduos poluentes. Longe vinha ainda o alarme suscitado, primeiro com as chuvas ácidas e, mais tarde, com o excesso de presença de p.12 REVISTA DA APCTA. VOL2#10. JUN08 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo dióxido de carbono na atmosfera (efeito de estufa, aquecimento global, subida do nível dos oceanos, etc, etc). Hoje, vários “choques petrolíferos” – e outras tantas gerações de motores- depois, verificamos que, embora o transporte aéreo não seja o maior veículo de poluição, não deixa de ter o seu quinhão, e várias medidas exequíveis podem ser praticadas para reduzir emissões poluentes. O autor faz aqui uma pausa para referir que prefere escrever sobre o que podemos fazer já, numa visão de trabalho conjunto de pilotos e controladores, ao invés de enveredar por exposições futuristas sobre motores a hidrogénio e outras medidas de prazo incerto e fora do nosso controlo, até porque a acessibilidade de fontes de informação sobre tais matérias é praticamente idêntica para todos nós… Os ganhos conseguidos, em gerações sucessivas de aeronaves, podem resumir-se ao seguinte : a) melhoria da eficiência (rendimento térmico e, consequentemente, potência específica) dos motores; b) melhoria da eficiência aerodinâmica das aeronaves (melhor relação sustentação/resistência), especialmen- te a altas velocidades (onde se passa a maior parte do tempo de voo) e c) redução da massa das aeronaves (óbvio, não?). Se nos preocuparmos em poupar combustível, estaremos não só a diminuir a factura dos operadores que mantêm o emprego, directamente aos pilotos e, de forma mais indirecta, aos controladores mas, simultaneamente estaremos a diminuir a emissão de químicos poluentes para a atmosfera que, a prazo, nos brindará com comportamento proporcional aos (maus) tratos infligidos. Aqui vai, pois, um conjunto de medidas que sem ser exaustivo, pretende antes ser um ponto de partida para afinarmos a nossa colaboração: 1 – Rolar com reactores parados ( “reduced engine taxi”) – No stand ou durante o “push-back” poêm-se em marcha 2 reactores nos tri e quadrimotores, ou apenas um nos bimotores, e faz-se assim toda a rolagem até ao ponto onde se torna imperativo arrancar o(s) motor(es) restante(s) de forma a não atrasar a descolagem. Atrasar porquê ? Primeiro por- que os motores precisam de algum aquecimento (3 a 5 minutos, segundo o fabricante) antes de se lhes poder ser exigida potência elevada ; segundo, porque existem procedimentos obrigatórios antes de descolar e que só podem ser efectuados com todos os motores (e sistemas associados) a funcionar. O sucesso desta medida depende assim, do tempo decorrido entre o primeiro arranque e a disponibilidade de pista para descolagem. Em Newark, onde o “taxi time” raramente é inferior a meia hora, poupase, em média, cerca de meia tonelada de “fuel” em cada voo, num A340 ! Cá no “quintal”, se para descolarmos em pistas como a 21 de Lisboa ou 17 do Porto, a aplicação da medida produz sempre efeitos positivos, já na utilização das pistas 03 ou 35 dos mesmos aeroportos, é de utilidade duvidosa. E é aqui que a informação dos CTAs de aeródromo pode ser um auxílio precioso, avisando os pilotos, quando estes pedem para pôr em marcha, do seu número de ordem (eu sei que parece mais fácil do que na realidade é : as aeronaves já em rolagem poderão não constituir tráfego para a nossa, o que naquele minuto é nº 5 poderá, 7 minutos depois, ser nº 1 dependendo do tráfego em aproximação…). O ideal seria que a cada aeronave fosse fornecida uma hora de descolagem precisa ao minuto, no momento em que é autorizada a pôr motores em marcha. Em Newark existe uma frequência de “flow control” para o chão, mas acho que estamos ainda longe desse patamar de necessidade… 2 – As “directas” : pode-se poupar muito, com a vossa indispensável colaboração : só o CTA sabe da melhor conveniência e oportunidade para uma boa “directa” daquelas que poupam milhas a sério, e não se limitam a eliminar “waypoints” intermédios numa linha recta ! Eu não me canso de as pedir, dentro daquele princípio de que o “não” está sempre garantido! Há as “directas” mais óbvias, e por isso mais pedidas pelos pilotos, ou autorizadas pelos CTAs mesmo antes de pedidas, e há as menos usadas, como, por exemplo, autorizar uma volta que a SID condiciona à obtenção de determinada altitude ou distância, de forma a que esta se realize antes, poupando distância percorrida em dois sentidos, quando a rota é de sentido contrário, ou no mínimo perpendicular, à direcção de descolagem. Se, por exemplo, em Faro, as voltas para Norte após descolagem na pista 28 esbarram com condicionalismos sempre presentes e independentes da vontade dos CTAs (quinta do lago…), já no Porto, quando pedia à Torre, antes de descolar na pista 35 com rota para Sul, para voltar antecipadamente (a 500 pés AGL) em vez de manter rumo da pista até aos 3000 pés, recebia quase sempre aprovação (os CTAs meus amigos, tal era a frequência desse pedido, já lhe chamavam a “Cadete one november departure” ) . 3 – As melhores velocidades : se liberto, logo após a descolagem, da obrigatoriedade de manter 250 nós indicados até nível 100, o piloto, desde que não haja turbulência presente ou prevista, ou ainda passarada à vista ou reportada, logo que recolha os dispositivos hipersustentadores (“slats” e “flaps”) acelerará a sua aeronave para uma velocidade (inicialmente IAS e depois Nº de Mach) que, dependendo de diversos factores (peso, “cost index”, etc) será aerodinamicamente mais eficiente e permitirá poupar uns quilitos. Já na aproximação, a manutenção de velocidades que permitam manter o avião “limpo” (sem “flaps”) o maior tempo possível, também ajuda. 4 – Descer no ponto certo : o ponto ideal de descida será aquele que permite ao avião perder altitude a uma velocidade (Nº de Mach inicialmente e IAS depois) óptima (dependendo sensivelmente dos mesmos factores que a de subida) e com motores todos reduzidos (ralenti), iniciando redução de velocidade a umas 20 milhas da pista a cerca de 4000 AGL, para começar a configurar (baixar os “slats” e “flaps”) a cerca de 12 milhas e só aumentar ligeiramente a potência a cerca de 5 milhas da pista quando o efeito dos “slats” , “flaps”, velocidade baixa e trem de aterragem de fora torna impossível manter uma ladeira correcta (os tais 3 graus) com motores ao “ralenti”. Claro que isto nem sempre é possível (quase nunca, em espaços aéreos congestionados), mas quanto menor for o desvio, melhor. E por hoje fico-me por aqui, para não me tornar, em linguagem adolescente, demasiado “secante”. Um Verão sem sobressaltos e um Abraço deste vosso Amigo. . p.13 AMBIENTE por Carlos Terenas O Desafio do Ambiente: uma visão do “lado terra” Todos temos consciência de que o Ambiente é já hoje, um dos maiores desafios para a aviação em particular e para todo o sector aeronáutico em geral. No futuro, todas as questões serão envolvidas pela problemática ambiental. Como parceiros desta indústria e como actores principais do sistema ATM, os Controladores de Tráfego Aéreo não deixarão de integrar, apoiar e participar nas soluções de consenso ao nível legislativo e tecnológico que permitam melhorar a performance do sistema e por consequência reduzir o impacto global ambiental da aviação. No entanto, queremos deixar claro que o Ambiente e a muito publicitada “consciência ambiental” não podem, nem devem ser utilizadas em exclusivo por alguns dos parceiros desta indústria como mera justificação para objectivos menos claros e meramente economicistas. Referimo-nos às recentes campanhas publicitárias organizadas e ao lobby exercido junto dos meios de comunicação social por parte das companhias aéreas e das associações que as representam. A imagem que pretendem passar para a opinião pública, é que o sistema ATM e de Controlo é o único culpado pelos danos ambientais que a aviação provoca e que as companhias aéreas são os grandes defensores da causa ambiental. Este discurso culpabilizador para o sistema ATM é concertado e tem como objectivo p.14 REVISTA DA APCTA. VOL2#10. JUN08 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo pressionar o poder político europeu a tomar medidas de reestruturação, desfragmentação e de desregulamentação que permitam às companhias reduzir custos e por consequência aumentar os lucros. Quem não se emociona com a recente publicidade das companhias, publicada em todas as revistas de bordo, em que, numa paisagem perfeita de montanha, uma vaquinha descansa sob um manto verde? Por baixo desta imagem podemos ler um discurso ambiental moralizador mas ao mesmo tempo critico do sistema ATM e de controlo pelos atrasos e pelas esperas e indirectamente pelo aumento das emissões de CO2. Coincidências não existem. Bem em simultâneo, os responsáveis pelas duas principais companhias de low-cost apontam baterias contra o sistema ATM europeu sempre com a “capa ambiental” como protecção mediática; primeiro, o presidente executivo da EasyJet caracteriza o sistema europeu de controlo como medieval já que obriga os voos a fazerem rotas indirectas, o que penaliza fortemente as companhias e o ambiente; sem nenhum tipo de respeito, os responsáveis da Ryanair lançam um ataque fortíssimo contra os controladores irlandeses. As companhias aéreas estão dispostas a ir até às ultimas consequências nesta batalha. O seu lobby politico é organizado e pressionante tentando condicionar a posição dos políticos e tecnocratas europeus para a adopção de soluções economicistas de redução de custos e de desregulamentação, sempre a coberto de uma pretensa “consciência ambiental”. A recente contratação como consultor da IATA para a área do ambiente do ex-presidente do WWF é a prova de que as “hostilidades” apenas começaram. Sabemos que o sistema ATM não é perfeito e que pode e deverá ser melhorado. A prova deste esforço de modernização é uma análise do que se passou após o ano catastrófico ( em termos de atrasos) de 1999. O sistema regenerou-se e melhorou permitindo encaixar taxas de crescimento de tráfego que até à bem pouco tempo julgávamos impossível. Também sabemos que o sistema está a atingir os limites e que a partir de agora os atrasos irão crescer, depois de oito anos consecutivos de redução para níveis residuais. Assim, e para poder comportar os níveis esperados de crescimento para os próximos anos muito terá de ser feito .O processo de mudança iniciou-se com o SES e como o SESAR , projectos que neste ano de 2008 atingem a fase de descolagem: o Céu Único com a divulgação em Junho do tão esperado “SES II package” e o SESAR com a publicação dos últimos documentos (D5 e D6) da fase final de definição. O impacto ambiental da aviação poderá dividir-se em dois grandes blocos de discussão. O primeiro, o da poluição sonora e do efeito negativo que tem sobre as áreas e as populações vizinhas dos aeroportos. O segundo, o das emissões de CO2 e das consequências nefastas para o planeta contribuindo para o efeito de estufa e para as alterações climáticas. Novos procedimentos têm sido publicados e em que após o factor segurança, o factor ambiental é o mais importante. Novos projectos têm sido desenvolvidos por toda a Europa como podemos verificar nesta mesma edição. A questão das emissões é também fulcral para os próximos anos pela integração automática da aviação no plano global de redução das emissões para toda a Indústria. Torna-se claro assim que o sistema ATM terá de contribuir com a sua quota parte para que os objectivos de redução sejam atingidos. Como conseguir então receber no sistema mais tráfego e ao mesmo tempo diminuir as emissões? A gestão das múltiplas variáveis só poderá ser feita com uma melhoria da performance do sistema que está neste momento em curso. Actualmente, a quase totalidade dos atrasos efectivos são devido às próprias companhias e a problemas com a capacidade das infraestuturas em terra. Esses atrasos são responsáveis por mais emissões pois para conseguir respeitar horários as companhias esquecem a questão ambiental. Verificamos assim que existem mais factores condicionantes na questão ambiental, a maior parte do lado das companhias ( atrasos, logística em terra, eficiência de voo e frotas obsoletas) e pelo lado dos aeroportos ( limitação ambiental ao crescimento necessário). Sabendo destas questões a Comissão Europeia cedeu finalmente e colocou como 4º pilar do “SES II package” a capacidade aeroportuária. Mas em relação às Companhias que pretende a CE fazer? Continuar a ceder às enormes pressões económicas? Cabe a nós questionar e intervir em toda esta cadeia complexa de interesses e decisões. Hoje possuímos mais consciência de que o paradigma de crescimento desmesurado que caracterizou os últimos anos poderá não ser realidade para o médio e longo prazo. Questões como a limitação da capacidade dos aeroportos, a escalada dos preços do petróleo, a politica internacional e as questões geo- estratégicas poderão condicionar todos os planos de evolução e crescimento previstos. Um dos objectivos do futuro sistema ATM é de contribuir em parte para o plano de reduções de emissões da aviação ( menos 10% até 2020). Os novos projectos em curso permitirão reduzir até 2 km na extensão de cada rota com a consequente diminuição do tempo de voo. Verificamos assim, que da nossa parte muito tem sido realmente realizado e vai ser feito como contribuição efectiva para reduzir o impacto ambiental. Por isso, temos toda a credibilidade de poder exigir maior clareza no discurso ambiental dos outros parceiros. Não poderemos permitir que, sob uma pretensa atitude e consciência ambiental se pretendam atingir objectivos meramente economicistas de redução de custos e de liberalização, de um sector em que a segurança deve ser o pilar mestre de todas as construções teóricas e práticas que se pretendam fazer. O sistema actual é um corolário de 30 anos de evolução contínua em que demos prova da nossa capacidade de adaptação e empenhamento perante os desafios constantes que nos foram colocados. Estamos informados e conscientes do nosso papel e das nossas responsabilidades entre elas a ambiental. No entanto a nossa prioridade continuará a ser a razão essencial da nossa existência, isto é as pessoas e no nosso caso os Controladores de Tráfego Aéreo Portugueses. . p.15 AIRPROX por Andreia Lopes Airprox: Excesso de zelo? A presente rubrica pretende, recorrendo a casos reais, servir como um meio de informação e de divulgação sobre situações anómalas que podem contribuir para incidentes ou acidentes aéreos. O objectivo principal desta rubrica não é reviver momentos trágicos ou apontar culpas, mas sim alertar para situações potencialmente perigosas, de modo a que, caso o CTA se depare com uma situação semelhante, possa tomar a atitude mais adequada, prestando a melhor assistência possível às aeronaves. p.16 REVISTA DA APCTA. VOL2#10. JUN08 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo O incidente descrito neste número ocorreu a 3 de Fevereiro de 2007, em espaço aéreo classe D, sob a responsabilidade do sector de Aproximação de Birmingham, UK, e envolveu uma aeronave comercial tipo BAe146 e uma aeronave ligeira desconhecida1. Descrição da ocorrência O incidente ocorreu no sector sob a responsabilidade da Aproximação de Birmingham, estando a aeronave BAe146 em contacto com o Birmingham Director (DIR), e estando a ser vectorizada no vento de cauda esquerdo (3000’ QNH em descida para 2500’), para entrar na sequência de aproximação ILS à pista 33 de Birmingham. Um pouco antes de voltar o BAe146 para a perna base esquerda, o CTA observou uma pista do radar primário na área de Warwick, cerca de 12nm a sul do campo. Nesta área, o espaço aéreo controlado tem como limite inferior 1500’ AMSL, pelo que seria expectável que a aeronave desconhecida se encontrasse abaixo desta altitude. No entanto, como a sul desta área o limite inferior do espaço aéreo controlado é 3500’ AMSL e, ao notar que a pista do radar primário se mantinha consistente, o CTA não se sentiu confortável com a situação e, procurou averiguar com a área adjacente, se esta tinha co- de facto, não havia nenhuma informação, baseada no radar (uma vez que não havia informação SSR e de modo C da outra aeronave) ou de qualquer outro tipo, que indicasse que a aeronave desconhecida teria penetrado em espaço aéreo controlado, sem a necessária autorização ATC (o que de facto aconteceu). Assim, a acção tomada pelo CTA foi considerada excessiva, uma vez que, este teria toda a legitimidade para ignorar a pista do radar primário. Apesar desta conclusão, os investigadores foram unânimes em elogiar a acção tomada pelo CTA, que garantiu ao BAe146 separação suficiente para evitar uma possível colisão com o tráfego desconhecido. Factos Hora do incidente: 1558 Local do incidente: 5220N 00155W (11nm SSE Birmingham) Altitude: 3000’ (QNH) Condições meteorológicas: VMC, visibilidade +10km Separação mínima reportada: cerca de 100’ vertical/100mts horizontal Nota final nhecimento deste tráfego desconhecido. Ao verificar que o sector adjacente não tinha conhecimento daquele tráfego e que, já na perna base esquerda, o BAe146 estava em rota de colisão com a aeronave desconhecida, o CTA decidiu transmitir ao BAe146 informação de tráfego (ás 11horas, 1 milha). Como o piloto não respondeu de imediato, o CTA voltou a transmitir a informação de tráfego (sobre o seu lado esquerdo, ½ milha) e deu-lhe um vector à direita como manobra evasiva. Alguns segundos depois, o BAe146 reporta o tráfego à vista, ligeiramente acima dele, claramente dentro de espaço aéreo controlado e, sem uma autorização ATC. Nesta altura o BAe146 já tinha cruzado o localizer e é de novo vectorizado para o ILS (continuando a volta pela direita). Depois de aterrado, o piloto do BAe146 reportou que, apesar de ter o transponder ligado com modo C e o TCAS a funcionar normalmente, não recebeu, através deste equipamento, qualquer indicação sobre o outro tráfego. Reportou ainda, que a informação de tráfego transmitida pelo Director, o ajudou a ter contacto visual com a aeronave, a cerca de ½nm às 11 horas, sensivelmente à mesma altitude e em sentido oposto. A aeronave acabou por passar cerca de 100’ abaixo e, do ponto de vista do piloto, a manobra evasiva salvou-o de uma colisão com a aeronave desconhecida. Após o incidente, ainda se observou, durante alguns segundos, a pista do radar primário, desaparecendo esta em seguida na zona de Warwick/Coventry. Apesar das diversas tentativas para localizar a aeronave em questão (incluindo contactos com todos os aeródromos de aviação geral na vizinhança), nunca se conseguiu determinar qual a aeronave que esteve envolvida neste incidente com o BAe146. Investigação A investigação deste incidente baseou-se no reporte do CTA de serviço e da autoridade ATC competente, bem como no reporte do piloto do BAe146. Foi feita a transcrição das comunicações R/T e foi visualizada a gravação vídeo da imagem radar. De acordo com o manual de serviços de tráfego aéreo inglês (MATS Part 1, Section 1, Ch. 5, p. 13 parag. 14.2), relativamente a espaço aéreo classe A e D: ‘If radar derived, or other information, indicates that an ac is lost, has experienced radio failure or is making an unauthorised penetration of the airspace – avoiding action shall be given and traffic information shall be passed.’ Foi concluído durante a investigação que, Gostaríamos de salientar que, dada a informação de que dispunha, o CTA poderia simplesmente ter decido ignorar a pista do radar primário, continuar a vectorização do BAe146 para a final, expeditando o tráfego e optimizando a sequência para aproximação a Birmingham, sendo esta, eventualmente, a opção mais ‘fácil’ de tomar… No entanto, devido a um ‘sexto sentido’, ou talvez devido à experiência anterior (de não ser comum que as pistas primárias fossem tão consistentes), o CTA decidiu tomar uma atitude zelosa e desviar o tráfego, para que deixasse de estar em rota de colisão com o tráfego desconhecido. Não foi intenção do CTA providenciar a separação mínima aplicável (podendo essa situação ser, efectivamente, considerada como excesso de zelo) mas, na dúvida, evitar uma situação potencialmente perigosa. Nesta situação, o CTA acabou por tomar uma decisão sem que detivesse a certeza absoluta de que, de facto, era a opção mais acertada, e acabou por confiar no seu ‘melhor julgamento’, privilegiando a Segurança. De facto, situações como estas estão muitas vezes presentes no quotidiano dos CTA’s e é importante ter presente que, o pior cenário pode sempre acontecer! . 1 Informação recolhida em: Analysis of Airprox in UK Airspace, report nº 18 (January 2007 – June 2007), UK Airprox Board, Civil Aviation Authority. p.17 REFLEXÃO Aequipa do CISM Os incidentes podem acontecer em qualquer altura, a qualquer um. Protege-te e protege a tua equipa… Verão CISM 2008 A tua equipa CISM vem, mais uma vez, através deste artigo/cartaz, dar-te as novidades para o Ano de 2008. Assim, estamos a preparar para este ano o Programa CISM Famílias e estão já em fase final os Planos de Emergência para todos os Órgãos Nacionais. Temos, também, ao vosso dispor alguns brindes alusivos que irão ser entregues pelos vossos pares. Como sabem, o Programa CISM (Critical Incident Stress Management) actua, em cerca de 80%, a nível da prevenção e educação e, cerca de 20%, a nível de intervenções directas. É neste sentido que nos propomos reflectir mais uma vez sobre o aumento de tráfego sempre Movimentos IFR totais na RIV de Lisboa elevado nesta altura do ano e sugerir-vos algumas formas de prevenir incidentes. Como é sabido, tem-se verificado, estatisticamente, que o aumento brusco de tráfego acarreta, também, um aumento do risco do número de incidentes. De facto, não são apenas os controladores que sentem a complexidade do trabalho aumentar como é, também, nesta altura do ano, que os pilotos fazem mais horas de voo e estão, por isso, mais sujeitos ao erro. Porque os incidentes, mesmo que os percepcionemos sem gravidade, acabam por afectar o nosso bem-estar psicológico, a equipa CISM resolveu alertar-vos para esta situação. Eis algumas estratégias que podem usar para precaver os incidentes! Durante o período de trabalho: • Tomem atenção ao volume e complexidade do tráfego, não excedam os vossos limites – ninguém é super-homem! • Não dispensem o vosso apoio; • Atenção ao período após um pico de tráfego, estatisticamente este é o período em que a maioria dos incidentes ocorrem; • Caso estejam cansados/as ou não se sintam bem, informem o vosso Supervisor e, se sentirem necessidade, peçam para serem substituídos/as; p.18 REVISTA DA APCTA. VOL2#10. JUN08 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo • Não se deixem pressionar pela equipa ou por • Atenção às áreas militares adjacentes e ‘safe pedidos dos pilotos; • Se vos couber dar Apoio, não facilitem, mesmo que acreditem estar tudo calmo – a situação de tráfego muda por vezes muito subitamente, e não há tempo para solicitar um Apoio que lá devia estar...mas não está; • Tenham muita atenção à rendição de posição – quanto mais elevada é a carga de trabalho num sector, mais cuidadosa deve ser a rendição do mesmo. E notem que a rendição se dá mais ou menos ao mesmo momento em todos os sectores e órgãos adjacentes, pelo que as hipóteses de erro são muito acrescidas. Fora do período de trabalho: • Respeitem o mais possível as vossas folgas, e preencham-nas com actividades lúdicas que vos ajudem a aliviar o stress; • Reflictam antes de aceitar trabalho extraordinário em excesso; • Procurem manter um padrão de sono regular; • Sensibilizem a vossa família que esta é uma altura de muito trabalho e que têm de descansar; • Tomem atenção especial à vossa saúde; • Caso se sintam cansados ou esgotados por acumulação de trabalho, não hesitem em parar, mais vale descansar do que arriscar. Especial TWR • Tenham atenção ao volume de tráfego. Num dia que se sentirem mais cansados, não se inibam de pedir para render uma posição mais calma, ou fazer menos tempo de posição; • Não esqueçam que o pico de tráfego para vocês é também o do APP; o diálogo e coordenação antecipados são sempre o melhor caminho; • Com a RWY 35 fechada e a comum nortada de fim de tarde, é de esperar maior tempo de ocupação de pista; • Atenção ao tráfego curto; tenham sempre solução alternativa coordenada para eventuais borregos; • Avaliem o tráfego do início da noite. Se necessário, peçam a um colega para prolongar. Especial APP • Aumentem as rotações entre executivo e apoio nos períodos de maior complexidade; ao fim de uma hora na posição, façam um ‘break’; • Atenção às diversas áreas activas reservadas por NOTAM; level’; • Com a posição ‘lower’ aberta, atenção às novas rotinas; • Avaliem bem os voos de treinos VFR e Militares, em especial tráfego em missão de defesa aérea; • Não sobrecarreguem a frequência com tráfego VFR, respeitem e exijam os fluxos de tráfego definidos; • Atenção ao trabalho aéreo, por vezes em zonas e períodos muito congestionados. • Atenção ao tráfego de/para Alverca. Coordenem atempadamente com a TWRLIS, assumam que esse movimento condiciona o movimento de LPPT. • Atenção às capacidades de tráfego, exijam que esteja regulado e dentro dos parâmetros, tanto para a Pista 03 como para a Pista 21. Não facilitem. Especial ACC Os fluxos e distribuição sectorial de tráfego, e o volume e complexidade do mesmo, variam ao longo do dia e consoante o dia da semana, de uma forma razoavelmente previsível, que se encontra reflectida na sectorização em vigor. De qualquer forma, têm-se verificado, com crescente frequência, períodos de pico de tráfego, habitualmente bastante limitados no tempo, afectando, por vezes, mais do que um sector. Para fazer face a estas situações, reforcem as vossas defesas: • Um pico de tráfego num sector não deve ser entendido como isolado, pois afecta o desempenho global do ACC; assistam os vossos colegas dos sectores sobrecarregados evitando contactos telefónicos indesejados, planeando o tráfego de forma a aliviar o (s) sector (es) afectado (s) e assistindo, sempre que houver disponibilidade para tal, à monitorização do tráfego e detecção de conflitos. • Se estão a operar num sector em que, no momento, a carga de tráfego é elevada, optem pelas soluções mais simples, mantendo a vossa disponibilidade para qualquer situação imprevista que venha a ocorrer. • Antecipando a situação de carga elevada, acordem previamente com os sectores adjacentes os procedimentos a adoptar para gestão do tráfego; tenham bem presente que, para servir “melhor” um dado voo, podem estar a comprometer de forma significativa o vosso desempenho e disponibilidade para prestar o serviço adequado aos demais. Neste âmbito, atenção a algumas autorizações de “directo a” e outras práticas que se traduzem em acréscimo de carga de trabalho, mas que já se tornaram habituais – se vos são prejudiciais nesse momento, suspendam-nas temporariamente. • Especial atenção deverá ser dada aquando da concatenação de sectores, devendo ser escolhido o momento adequado tendo em conta o volume e complexidade de tráfego, não dispensando o vosso apoio. Especial Instrutores • Comecem sempre com posições com pouco tráfego e com pouca complexidade. Evoluam sem pressas, e com consistência nas matérias apreendidas; • Tenham especial atenção à preservação da percepção do aluno; • Exijam sempre apoio, não esqueçam qual é a vossa função. Especial Supervisores e Chefes de sala • Atenção ao número de movimentos/hora vs capacidade do sector. Regulem sempre que necessário. Não facilitem. • Atenção a factores que afectem a capacidade do sector e que obriguem a regulações inferiores ao declarado (ex: mau tempo, áreas reservadas por NOTAM, problemas no sistema, etc) • Atenção ao excesso de áreas reservadas (ex: exercícios militares, corredores, notans,etc) Especial Nova Sala ACC de Lisboa • Sendo o primeiro ano na nova sala, tenham especial atenção ao ruído e às condições de trabalho. Nos vossos breaks, mantenham o máximo de silêncio para não perturbar quem está a trabalhar. Mas, se mesmo assim, se virem envolvidos num incidente, não hesitem, contactem um Par CISM. E não se esqueçam, a confidencialidade está garantida! Os incidentes podem acontecer em qualquer altura, a qualquer um. Protege-te e protege a tua equipa… . A Equipa CISM deseja a todos um Óptimo Verão 2008! p.19 HISTÓRICOS DA AVIAÇÃO rubrica por Pedro Matos Airbus A300 A formação da Airbus Industrie Em meados da década de 60, o mercado da aviação a jacto era um feudo das companhias Norte-Americanas, principalmente da Boeing e da McDonnell Douglas, com os modelos 707 e DC-8 no longo curso e 727 e DC-9 no pequeno / médio curso. A estes últimos, a Europa respondia timidamente com os SUD Caravelle, BAC 1-11 e Hawker-Siddeley Trident, enquanto que, no longo curso, o DeHavilland Comet e o Vickers VC-10, por diversas razões, não conseguiam o mesmo sucesso comercial dos primos Americanos. Havia, no entanto, vários estudos de empresas aeronáuticas Europeias sobre um avião capaz de transportar entre 200 e 250 passageiros em voos de médio curso, na altura designado por “European Airbus”: no Reino Unido, os HS132 e HS134 de Hawker-Siddeley e os BAC 2-11 e 3-11 da British Aircraft Corporation, enquanto em França a Breguet já considerava, no p.20 REVISTA DA APCTA. VOL2#10. JUN08 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo projecto Br124, a possibilidade da construção de um avião “double-decker”; projectos mais convencionais eram analisados na Nord (N600) e na Sud-Aviation (Galion). Por seu lado, a Alemanha, interessada em retomar a produção em larga escala de aviões comerciais, tinha formado em 1964 o “Airbus Study Group”, que integrava quatro empresas: Dornier, HFB, Messerschmitt e VFW. Este grupo viria mais tarde a ser denominado “Deutsche Airbus”. Estas características de capacidade e alcance, além de serem lógicas para o mercado Europeu, permitiriam ainda preencher uma faixa de mercado entre os já referidos B707 e DC8 e os projectos “wide-body” dos construtores Americanos, que iriam começar a voar no início da década seguinte – Boeing 747, Lockheed 1011 e Douglas DC-10. Mas, atendendo a esta fragmentação da Poucos meses após o término da sua produção, achámos interessante trazer a esta rubrica o primeiro avião fabricado pela Airbus, afinal o pontapé de saída de um consórcio que, hoje em dia, domina (a meias com a Boeing) o mercado dos aviões comerciais com mais de 100 lugares. Caros leitores, convosco o Airbus A300. indústria aeronáutica Europeia, tornava-se evidente que, a não ser que houvesse uma união de esforços, os Norte-Americanos continuariam a dominar a produção de jactos comerciais. Assim, os governos da França, Reino Unido e Alemanha começaram a pressionar os fabricantes dos respectivos países para que considerassem formas de colaboração, à semelhança da que já estava em curso entre os dois primeiros e que resultaria na construção do Concorde. Assim, num primeiro acordo de colaboração assinado em 1967, os governos dos três países começaram a traçar as linhas gerais da aeronave – denominada desde logo A300, representando a capacidade de passageiros prevista – e indigitando as empresas responsáveis pelo seu desenvolvimento: Hawker Siddeley, Sud Aviation, Deutsche Airbus e Rolls-Royce. No entanto, muitas dificuldades teriam ainda de ser vencidas até o primeiro A300 estar construído... assim, pouco depois do acordo referido acima, a França saiu do projecto, invocando preferência por desenvolver o Dassault Mercure, mas deu o dito por não dito três dias depois. Por outro lado, a Rolls-Royce, nomeada para construir os motores do A300 (denominados RB207), estava mais interessada em desenvolver o RB211, mais adequado aos tri-reactores Americanos. Entre as próprias companhias aéreas dos países construtores, não existia unanimidade quanto à capacidade desejada: as francesas Air France e Air Inter queriam um avião com 300 lugares, o que para a Lufthansa era demasiado, e para a British European Airways (BEA) pouco... Eventualmente pelas razões referidas acima, em 1969 a Inglaterra abandonou o projecto, apesar de a Hawker Siddeley se ter mantido como empresa subcontratada para construir as asas do A300, uma vez que nos outros países não existia a tecnologia necessária. Finalmente, o consórcio Airbus Industrie foi constituído em 1970, integrando as empresas Aérospatiale (fusão das Francesas SudAviation e Nord) e Deutsche Airbus (incluía a MBB, fusão das empresas Messerschmitt, Siebel e HFB, e a VFW, na altura ligada à Fokker, e que viria a abandonar o consórcio pouco depois). Mas em 1971 a Airbus Industrie foi reforçada com a entrada da Espanhola CASA, encarregada da construção do estabilizador horizontal do A300. Só mais um pormenor, a respeito da maré de fusões que assolava nesta altura a Europa: no Reino Unido, a Hawker Siddeley, a BAC e a Scottish Aviation fundiram-se para formar a British Aerospace…que se juntou ao consórcio em 1979, adquirindo uma quota de 20% (a Aérospatiale e a Deutsche Airbus passaram a deter 37.9% cada uma, e a CASA 4.2%). p.21 O Airbus A300 No princípio de 1969, as características básicas do A300 estavam definidas. Designado por A300B1, o primeiro “wide-body” bimotor do Mundo teria capacidade para transportar cerca de 250 passageiros, numa fuselagem com 5.64m de largura e 50.95m de comprimento, à velocidade de 0.84 Mach, sendo o alcance planeado de 2,200 Km. Equipado com reactores General Electric CF6-50 (os mesmos do Douglas DC-10), estava também prevista a utilização dos RollsRoyce RB211. Esta possibilidade de escolha da motorização pelo cliente, até à altura rara (para não dizer inexistente), é hoje em dia norma na aviação comercial; diga-se no entanto, que o objectivo era principalmente “piscar o olho” à BEA, companhia que, como já se referiu, não estava muito interessada no avião. A montagem final do A300 tinha lugar em Toulouse, onde eram recebidas as diversas partes manufacturadas por toda a Europa e EUA (motores), o que envolvia uma logística muito complexa, com tranportes a serem efectuados por via terrestre, fluvial, marítima e aérea. Esta última era assegurada por quatro aviões “Super Guppy”, versões (muito) transformadas, pela empresa Aero Spacelines, do Boeing KC-97, que entretanto foram substiuídos por outra versão também (muito) modificada de outro avião... mas já lá vamos. p.22 O primeiro A300B1 (matrícula F-WUAB) foi oficialmente apresentado no dia 28 de Setembro de 1972, tendo o primeiro voo ocorrido exactamente um mês mais tarde. O segundo protótipo (F-WUAC) voou pela primeira vez em 5 de Fevereiro seguinte, e apenas estes dois receberam esta designação, pois o terceiro A300 a ser construído (F-WUAD), com a fuselagem alongada em 2.65 metros, foi designado como A300B2, sendo esta a primeira versão de produção. O Certificado de Navegabilidade foi emitido pelas autoridades Francesa e Alemã em 31 de Janeiro de 1974, seguidas pela FAA (EUA) em 30 de Maio seguinte. A entrada em serviço, com a Air France, ocorreu a 10 de Maio. Refira-se que fuselagem do A300, em termos de secção - permite colocar até 8 cadeiras (na cabine)e dois contentores LD3 (no porão) lado-a-lado -, mostrou-se um compromisso tão bom que foi adoptada por quase todos os “wide-body” da Airbus construídos posteriormente – A310, A330 e A340, sendo a excepção óbvia o A380. Nesta altura, muito por culpa da crise petrolífera que se vivia, em termos de vendas as perspectivas não eram as melhores para o A300. De facto, apesar do interesse demonstrado por algumas companhias, a sua construção iniciou-se sem encomendas firmes, e à data da certificação apenas as companhias de REVISTA DA APCTA. VOL2#10. JUN08 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo bandeira dos países que integravam na altura a Airbus Industrie (Air France, Lufthansa e Iberia) tinham encomendado o avião. Nos anos seguintes, a situação foi melhorando lentamente, com o surgimento de algumas encomendas um pouco por todo o globo, e em 1977 o A300 entrou finalmente no mercado Norte-Americano: após o empréstimo, por seis meses, de quatro unidades à Eastern Airlines, esta empresa, impressionada com o desempenho do avião (principalmente em termos de economia de combustível), encomendou 23, com opção por mais 9. Também na Ásia as vendas começaram a aparecer, e no início da década de 80 já se tinha a certeza de que o A300 não seria um fracasso. De facto, foram construídas um total de 816 unidades de todas as versões do A300 (incluindo o A310), tendo o último sido entregue em 12 de Julho de 2007 à Federal Express (o último de passageiros havia sido entregue à JAL em Novembro de 2002), terminando uma saga de 35 anos. No entanto, é muito provável que ainda vejamos o A300 no ar durante muito tempo, uma vez que a Airbus se comprometeu a prestar assistência técnica para o manter a voar comercialmente até 2025. Em Fevereiro deste ano, segundo a Airbus, estavam em serviço 633 A300 / A310. Comprimento Envergadura Altura Peso em vazio Peso máximo à descolagem Velocidade de cruzeiro Alcance A300 B4 53.62 m 44.84 m 16.54 m 88.5 ton 165 ton 847 Km/h 6300 Km Versões Após o A300B2, surgiu o A300B4, com maior capacidade de combustível, mas a versão de maior sucesso veio a ser a A300-600, cuja primeira unidade foi entregue à Saudi Arabian Airlines em 25 de Março de 1984 (primeiro voo em 8 de Julho de 1983). Entre outras novidades, contavam-se, a adopção do “cockpit” do A310 (tripulação técnica de apenas dois pilotos e “glass cockpit”), “avionics” digitais, motores mais potentes, asa redesenhada (incluindo “wingtip fences”) e maior uso de materiais compósitos, o que permitiu a redução do peso do avião em cerca de 1.5 toneladas. Também do A310 foram aproveitadas a parte traseira da fuselagem e a cauda. Em 1987 surgiu a versão R do A300-600 (extended Range), com maior alcance graças à colocação de um depósito de combustível no estabilizador vertical. Esta passou, a partir de 1989, a ser a versão “standard” do A300. Voou pela primeira vez em 9 de Dezembro de 1987, sendo a American Airlines (que ainda hoje é o maior operador da versão de passageiros do avião) o primeiro utilizador, recebendo a primeira unidade, de uma encomenda de 35, em 20 de Abril seguinte. Benefeciando do desenvolvimento do mercado da carga aérea nos últimos anos, o A300 tem obtido grande sucesso como avião cargueiro. De facto, os dois maiores operadores actuais do avião são a Federal Express e a UPS, e não será exagero dizer que cerca de metade dos A300 em operação se dedicam ao transporte de carga. A300-600 54.10 m 44.84 m 16.54 m 90.9 ton 171.7 ton. 875 Km/h 6670 Km A310-300 46.66 m 43.90 m 15.80 m 83.1 ton 164 ton. 850 Km/h 9600 Km Airbus A310 Ao mesmo tempo que analisava a viabilidade da versão -600, a Airbus, a pedido da Lufthansa e da Swissair, também considerava uma versão mais pequena, inicialmente denominada A300B10, com capacidade para 200 passageiros. Com uma fuselagem mais curta (46.66 metros), e asas, estabilizador vertical e cauda redesenhados, este avião viria a ser o primeiro “wide-body” a dispensar o “flight engineer” - a tripulação técnica são apenas dois pilotos. Fez o seu primeiro voo em 3 de Abril de 1982 (já baptizado Airbus A310-200), sendo as primeiras unidades entregues em Março de 1983. Dois anos depois (Julho de 1985), surgiu a versão -300. Apresentando as mesmas dimensões, esta tem um maior alcance, graças à sua maior capacidade de combstível, que a torna ideal para voos transatlânticos. Apesar de inicialmente as suas vendas terem sido bem melhores que as do A300, a construção do A310 terminou em Junho de 1998, quando a última de 255 unidades produzidas foi entregue à Uzbekistan Airlines. Cá pelo burgo, o A310 é uma visão familiar desde há 20 anos, quando a Air Portugal recebeu o CS-TEH “Bartolomeu Dias”. Esta companhia operou oito unidades (um máximo de seis simultaneamente), mas, à data da escrita destas linhas (Março 2008), apenas dois A310 integram a frota da companhia, e mesmo esses estão perto do phase-out, substituídos pelos A330. Mas é certo que o A310 vai continuar a voar com registo CS-T... ainda por alguns anos, uma vez que três companhias Portuguesas o vão manter nas suas frotas: • Sata Internacional, que o opera desde Junho de 1999 e que tem neste momento quatro unidades; • White Airways, que recebeu o primeiro em Junho de 2005 (ex-Sata Int), o segundo em Outubro último (ex-TAP)...e que se fala que poderá ficar com um dos exemplares em phase-out na TAP; • Hi Fly, que recebeu o primeiro de dois exemplares ex-TAP em Fevereiro último; A300-600ST “Beluga” O desenvolvimento desta muito especial versão do A300-600, destinada a substituir os transportadores “Super Guppy”, iniciou-se em Agosto de 1991. Utilizando as asas, motores, fuselagem inferior, trem de aterragem principal e cockpit daquele, tem no entanto uma fuselagem principal muito alargada, com uma porta de acesso anterior a abrir para cima (como o nariz do An-225, que aqui passou na última edição da FL, mas, ao contrário deste, com o cockpit colocado na parte inferior da fuselagem) e nova empenagem. Sendo na prática quase um novo avião, não é de estranhar que o seu primeiro voo tenha ocorrido três anos depois, em 13 de Setembro de 1994, com a certificação a ser obtida em Setembro do ano seguinte e a entrada em serviço a acontecer em Janeiro de 1996. Hoje em dia, existem 5 unidades deste modelo. O “Beluga” tem capacidade para 47 toneladas de carga, mas destina-se mais ao transporte de grandes volumes do que de grandes pesos. O volume interno da fuselagem é de 1400m3 (comprimento e diâmetro utlizáveis de 37,7 e 7,4 metros, respectivamente), onde é possível acomodar as asas dos A330/A340 ou secções de fuselagem dos A300/310. . p.23 DESTINO texto e fotografias por Pedro Matos Patagónia O extremo sul da América Glaciar Perito Moreno Começa a ser difícil encontrar um canto do nosso pequeno planeta em que a Flight Level, sempre preocupada em apresentar aos seus leitores destinos interessantes para férias, não tenha já estado: da Nova Zelândia ao Nepal, da Noruega ao Tibete, do Canadá a Nova Iorque, os nossos intrépidos repórteres não têm tido descanso. Desta vez, foi a Patagónia a receber a nossa visita. p.24 Designa-se actualmente por “Patagónia” o extremo Sul da América, que engloba regiões do Chile e da Argentina. Incluindo uma parte da cordilheira dos Andes (a Oeste e Sul) e vastas planícies a Este, considera-se que a sua delimitação, a Este dos Andes, é feita a Norte pelos rios Neuquén e Colorado, e a Oeste, pelo paralelo 39ºS, excluindo o Arquipélago Chiloé. A sua área é superior a 900.000 km2, para uma população de cerca de 1.740.000 pessoas. O nome Patagónia deve-se a Fernão de Magalhães, que descobriu esta região em 1520. Vem de “Patagão”, nome por ele dado aos nativos, devido à sua estatura muito superior à dos Europeus do século XVI, e aos quais certos relatos chegaram a atribuir alturas de 3 metros (mais realisticamente, julga-se que deveria andar pelos 1,8 a 2 metros). Actualmente, a população da Patagónia é quase toda descendente de colonos europeus, os quais, tal como em outros locais em que se fixaram, também aqui praticamente dizimaram a população indígena. REVISTA DA APCTA. VOL2#10. JUN08 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo A Patagónia é, na sua maior parte, uma região de vastas planícies, com reduzida vegetação e vida animal, mas, nas proximidades dos Andes, estas tornam-se mais abundantes, graças à elevada precipitação que ocorre nesta cordilheira. A baixa temperatura e a alta humidade do ar permitem ainda a existência de grandes campos de gelo e de glaciares, os maiores do hemisfério Sul (excluindo a Antárctida). Atendendo ao clima, a melhor altura para visitar a Patagónia será durante o nosso Outono / Inverno (Primavera / Verão no hemisfério Sul), entre Outubro e Abril, sendo no entanto preferível ir entre Dezembro e Fevereiro. A nossa viagem O primeiro contacto com a Patagónia deuse após desembarcamos do avião no aeroporto de San Carlos de Bariloche. Nota-se imediatamente que a temperatura não é a mesma de Buenos Aires, onde se tinha iniciado o voo, e, para confirmar, ao longe vislumbramos pela Lago Nahue Huapi – Puerto San Carlos primeira vez cumes nevados – visão que será uma constante nos próximos dias. San Carlos de Bariloche fica situada junto ao lago Nahuel-Huapi, integrado no parque homónimo, criado com o intuito de proteger as ricas fauna e flora locais. Esta zona é conhecida como a “Suiça Argentina”, devido às montanhas (onde se praticam desportos de Inverno), aos lagos e às florestas de abetos, que nos dão a sensação de estarmos nos Alpes...e nem o chocolate é esquecido, sendo possível comprálo em inúmeras lojas desta simpática cidade. Um passeio pelas margens do lago é indispensável, bem como uma visita ao miradouro do Cerro Campanário, donde se pode apreciar uma paisagem a 360º que, segundo os locais, é das mais belas do Mundo...e, depois de a ver, temos que concordar. De Bariloche, partimos para o Chile, atravessando de catamaran magníficos lagos Andinos, rodeados de montanhas de cumes nevados e flancos cobertos de florestas, e de autocarro passagens montanhosas que não seriam mal empregues para treinar o LisboaDakar. Após algumas horas de viagem chegamos a Peulla (150 habitantes, dois hotéis... acham que eles vivem do turismo ?), na margem do lago Todos los Santos. Mais uma zona com paisagens deslumbrants, e em cujos bosques passámos uma manhã a praticar despor- tos radicais – já ouviram falar em canopy ? Deixamos Peulla mais uma vez de catamaran, pelo lago Todos los Santos (também rodeado de montanhas, com destaque para os vulcões Pontiagudo e Osorno), ao fim do qual um autocarro nos levou até Puerto Varas, também situada na margem de um magnífico lago andino, o Llanquihue, que é quase o único motivo de interesse da cidade...para além da igreja, cuja traça nos recorda que os primeiros colonizadores do local eram alemães. A paragem seguinte, após mais voo, foi Puerto Natales, localidade situada na margem do Seno Ultima Esperanza, e que em tempos foi um dos locais mais importantes de exportação da carne chilena para a Europa. Hoje, a sua principal indústria é o turismo, e serviunos como local de partida para visitar uma das maiores atracções da Patagónia – o parque das Torres del Paine, património mundial da Unesco desde 1978. É um local com inúmeros motivos de interesse: fabulosas paisagens montanhosas, onde se destacam os Cuernos del Paine e as Torres del Paine, lagos, alguns glaciares, e rica fauna (entre outros, guanacos, raposas, pumas, águias, condores...) e flora. Mas não havia tempo para parar, a Patagónia é muito grande e tem muito que ver...assim, mais um dia e mais um transporte através da estepe patagónica, que nos levou de volta à Argentina, mais precisamente para El Calafate, localidade situada na margem do lago Argentino, e porta de acesso ao Parque Nacional Los Glaciares. Neste, o mais visitado é o glaciar Perito Moreno, que perferimos não cumular de adjectivos, porque tudo o que se possa escrever a seu respeito ficará sempre aquém da realidade. Mas o seu tamanho – entre 30 e 60 metros de altura, quatro quilómetros de largura média, 30 quilómetros de comprimento – e a sua cor azul (devido à compressão do gelo) são inesquecíveis. Sendo o Perito Moreno um dos poucos glaciares do Mundo que avança a uma velocidade significativa, não é necessário estar muito tempo a contemplá-lo para assistir à queda ocasional de blocos de gelo da sua frente para o Canal de Los Témpanos (Canal dos Icebergues). Quanto maior for o referido bloco, maior o espectáculo...o único problema é que é necessária uma certa dose de atenção, pois, atendendo à distância dos miradouros ao glaciar, quando se ouve o barulho do desprendimento do bloco de gelo, o mais certo é ele já ter caído no canal. Ainda no Perito Moreno, o viajante pode desfrutar da experiência de andar sobre...e sob o glaciar. De facto, é uma sensação única de ter os pés na terra e gelo (azul) à volta e por cima. Também a partir de El Calafate, aproveitá- p.25 Cuernos del Paine Cuernos del Paine Vulcão Pontiagudo Vulcão Osorno mos para fazer um cruzeiro pelo Lago Argentino e alguns dos seus braços, de modo a apreciar os glaciares Upsala e Spegazzini. A navegação foi um pouco complicada, devido ao elevado número de icebergues, que inclusivamente nos impediram de visitar o glaciar Onelli. Mas a espectacularidade dos icebergues à deriva, que o nosso comandante fez questão de nos mostrar de muito perto, compensou bem este pequeno contratempo. A paragem seguinte foi Ushuaia, na ilha da Terra do Fogo, situada na margem do Canal Beagle, à latitude de 54º 48’ 57’’S, e que os Argentinos proclamam orgulhosamente ser a cidade mais meridional do Mundo, pois, segundo eles, a localidade chilena de Puerto Williams, mais a Sul, não tem o estatuto de cidade. Diga-se que procuram fazer render este estatuto, colando a expressão “del fin del Mundo” a tudo e mais alguma coisa…ficámos na “Posada del fin del Mundo”, é possível visitar o “Museo del fin del Mundo”, passear no “Tren del fin del Mundo”, existe o “Farol del fin del Mundo”, etc, etc. A ilha da Terra do Fogo deve o seu nome a Fernão de Magalhães, que assim a baptizou devido às inúmeras fogueiras que os seus habitantes indígenas mantinham acesas dia e noite, para se aquecerem e para cozinhar. Aliás, foi o nosso compatriota quem descobriu o ca- p.26 REVISTA DA APCTA. VOL2#10. JUN08 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo Iceberg Glaciar Spegazzini Iceberg nal mais a Norte entre os oceanos Atlântico e Pacífico, que separa a Terra do Fogo da América continental; este canal, em sua homenagem, foi baptizado como Estreito de Magalhães. A primeira instalação de colonos na zona ocorreu em 1869, com Ushuaia a ser fundada em 1884. Inicialmente conhecida por ser uma colónia penal, hoje em dia a antiga prisão é um interessante museu, e o pequeno comboio que transportava os detidos para os campos de trabalho foi reactivado com propósitos turísticos. No entanto, Ushuaia, ao contrário de, por exemplo, El Calafate e Puerto Natales, não vive apenas do turismo. De facto, os baixos impostos que o governo Argentino decretou para esta zona levaram algumas empresas a fixar-se na cidade, mas também benefeciaram o turismo, uma vez que permite preços mais baixos de bens e viagens. No que toca ao turismo, aproveitámos para conhecer o Parque Nacional Tierra del Fuego, onde montanhas, glaciares, rios, lagos e floresta se unem em harmoniosas paisagens. Este conhecimento foi efectuado por via fluvial (navegação em kayak pelo lago Roca) e terrestre (passeio a pé pelos bosques, ligeiramente estragado por doses razoáveis de neve e nevoeiro). No entanto, o nosso guia afirmava que o nevoeiro era bom para a Argentina, uma vez que não deixava ver a parte Chilena da Terra do Canal Beagle – Farol Les Eclaireurs Canal Beagle – leões marinhos e aves Fogo, do outro lado do Canal Beagle... Também durante o passeio a pé observámos os estragos que uma das espécies introduzidas pelos colonos no parque – castores – provocou no meio ambiente. No entanto, há que reconhecer que as represas que eles constroem fariam inveja a alguns engenheiros. Uma visita a Ushuaia não ficaria completa sem um cruzeiro no Canal Beagle, onde coexistem inúmeras espécies de aves e colónias de leões-marinhos, e que, já habituados aos turistas, se deixam observar de muito perto. Este nosso passeio é só uma sugestão, de entre os inúmeros percursos que se podem fazer pela Patagónia, e é sem dúvida uma viagem inesquecível, em que, em nossa opinião, os únicos contras residem na necessidade de vencer grandes distâncias por estrada (devido ao estado menos bom de algumas delas), e no facto de não ser para todas as bolsas. Mas quem lá for nunca esquecerá a imponência das paisagens, a natureza intacta, e, se for apreciador… os bifes e o vinho Sul-Americanos. . Quando ir: Atendendo ao clima, a melhor altura para visitar a Patagónia será durante o nosso Outono / Inverno (Primavera / Verão no hemisfério Sul), entre Outubro e Abril, sendo no entanto preferível ir entre Dezembro e Fevereiro. Como Ir: A partir de Portugal, a maneira mais rápida de lá chegar será viajar até Madrid e apanhar um avião para Buenos Aires ou Santiago do Chile, a partir de onde existem voos internos para as principais cidades da Patagónia. Note-se, no entanto, que a partir de outras cidades europeias também existem as referidas ligações para as capitais da Argentina e do Chile, eventualmente com melhores tarifas. Tren “del fin del mundo” p.27 VIAGENS COM LETRAS texto e fotografias de Carlos Terenas As Cidades Invisíveis de Italo Calvino Calvino, Italo: “As Cidades Invisíveis” Editorial Teorema 2006 “Nada garante que Kublai Kan acredite em tudo o que diz Marco Polo ao descrever-lhe as cidades que visitou nas suas missões, mas a verdade é que o imperador dos tártaros continua a ouvir o jovem veneziano com maior atenção e curiosidade que a qualquer outro enviado seu ou explorador... “Só nos relatos de Marco Polo, Kublai Kan conseguiu discernir, através das muralhas e das torres destinadas a ruir, a filigrana de um desenho tão fino que escapasse ao roer das térmitas.” A cidade de Veneza nasceu com o Palácio Abordagem sintética sobre a cidade de dos Doges em 810: era um palácio fortificado Veneza a partir da descoberta do livro de Italo Calvino “ As Cidades Invisíveis” que tomava posição estratégica no controlo do A TAP, Air Portugal voa diariamente para Veneza. p.28 Ao recordar a visita ao palácio dos Doges em Veneza e no meio de dezenas de salas carregadas de arte e história, não posso esquecer o momento em que pela primeira vez, vi ao vivo o célebre quadro“ Leão de S.Marcos”. É na sala Grimani junto a outros quadros que representam também o leão alado, que se encontra esta extraordinária obra prima de Carpaccio: as patas anteriores sobre a terra e as posteriores sobre o mar, simbolizando a dominação da Republica sobre a terra e sobre o mar. A cidade de Veneza ou a Sereníssima como é vulgar chamá-la, edificou-se sobre modelos reais e imaginários que contribuíram para a construção do mito que servia de factor motivador e de união para os seus habitantes e de arma psicológica fortíssima contra os seus inimigos presentes e futuros. “ O homem que cavalga longamente por terrenos bravios sente o desejo de uma cidade. Os desejos são já recordações” REVISTA DA APCTA. VOL2#10. JUN08 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo comércio do Mediterrâneo oriental. A ligação com Bizâncio dá-lhe uma situação estratégica e de crescimento exponencial ao nível comercial, militar e político. A organização política era peculiar: apesar de ser uma Republica, os Doges eram eleitos para a vida. A imensa rede de interesses comerciais e políticos fizeram dos Venezianos mestres na arte política e exímios marinheiros. A relação com Bizâncio sempre foi uma constante na política Veneziana e na geo- estratégica do Mediterrâneo Oriental.Veneza era assim uma potência marítima incontestável. Estes modelos mantiveram-se até meados do Quatrocentto .Após a tomada de Bizâncio a agulha de Veneza volta-se definitivamente para ocidente, tornando-se no derradeiro bastião ocidental perante a ameaça otomana latente. “ Mas a cidade não conta o seu passado, contém-no como as linhas da mão, escrito nas esquinas das ruas, nas grades das janelas, nos corrimões das estradas, nas antenas dos pára raios, nos postes das bandeiras, cada segmento marcado por sua vez de arranhões, riscos, cortes e entalhes.” Os complicados períodos por que passou estrutura constitucional do Estado Veneziano obrigaram a uma separação entre a nobreza e a plebe, sendo o governo colocado nas mãos dos nobres, excluindo assim as influências do Doge. No primeiro período, de novecentos anos, de milhares de horas de trabalho de artesão e artistas. Sendo também a catedral de Veneza, presenciou acontecimentos marcantes da história do mundo ocidental. Quinhentas magníficas colunas suportam a estrutura, num emoldurado de mosaicos de uma beleza impressionante. Para impor a sua independência em relação verdadeiro hino à criação humana. Aqui está a maior tela do mundo, de Tintoretto; beleza sem limites e de dimensões impressionantes. o povo outorgou o poder ao mais digno, o doge. Este período encerra a ascensão de Veneza nos seus mais destacados progressos. No segundo período, de quinhentos anos, existiu uma Veneza oprimida pela guerra de Chiozza e perturbada pela conspiração interna, a de Faliero. Este período encerra a principal luta de sua história. O coração de Veneza batia por suas guerras. As suas vitórias deveram-se a heroísmos individuais provados pela sucessão de acções terríficas, sob as quais o seu poder se consolidou. a Roma, Veneza sentiu necessidade de rumar a Alexandria e resgatar as relíquias de S.Marcos Evangelista, para as depositar junto ao altar da Basílica. – Sempre que descrevo uma cidade digo qualquer coisa de Veneza… – Para distinguir as qualidades das outras, tenho de partir de uma primeira cidade que está implícita. Para mim é Veneza.” “ A cidade é redundante: repete-se para que haja qualquer coisa que se fixe na mente.” Imponente sobre a praça do mesmo nome, a Basílica de S.Marcos, de estilo puro bizantino, foi construída para guardar as relíquias de S.Marcos, evangelista, patrono da cidade. O primeiro núcleo da Basílica foi construído em 829, mas o conjunto actual é um culminar de construções ao longo dos séculos, que resultaram num monumental edifício de cinco cúpulas, de 4000 metros quadrados de obras de arte e tesouros da humanidade, resultado “-Viajas para reviver o teu passado?... Viajas para achar o teu futuro? E a resposta de Marco:- O algures é um espelho em negativo: O viajante reconhece o pouco que é seu, descobrindo o muito que não teve nem terá.” “De fora parece-nos pequeno, de dimensão razoavelmente normal. Ao entrarmos tomamos consciência da sua impressionante dimensão e da sua riqueza emblemática. Residência de cerca de 120 Doges, que governaram Veneza de 697 a 1797, o Pallazo Ducale é uma extraordinária mistura de estilos: bizantino, gótico e renascentista. Salas a perder de vista, salões enormes (está lá a maior sala da Europa),quase todas as salas estão pintadas por mestres venezianos, que transformaram o palácio num autêntico museu: Carpaccio, Ticiano, Tintoretto e Bellini deixaram a sua marca em paredes,tectos,painéis, num “–Sire, já te falei de todas as cidades que conheço. – Falta uma de que nunca falas... – Veneza- disse o Kan. A criação do mito de uma cidade é algo de complexo e subjectivo. Entramos numa encruzilhada de ideias, de imagens, cheiros e símbolos. Veneza, construída sobre estacas, onde o gótico se embelezou , lugar em que a magnificência de cor se conjuga como imagem da estética bizantina. Foi a Sereníssima República, cenário idílico, de gôndolas negras, da Piazza San Marco. Deixando-nos conduzir pelo sombrio labirinto dos canais, flanqueando as fachadas palacianas, descobre-se a magia da soberana cidade aquática, a Sereníssima. O pulsar do coração de Veneza é simbolizado pela construção da cidade e do mito. “porque o passado do viajante muda de acordo com o itinerário realizado, digamos não o passado próximo a que cada dia que passa acrescenta um dia, mas o passado mais remoto.” . p.29 ECOS DA IMPRENSA por Carlos Valdrez Por uma aviação mais verde. Fonte: BBC Uma selecção de interesse ATC Alguns dos maiores nomes da indústria europeia estabeleceram parcerias público - privadas com a União Europeia, de modo a produzir uma aviação mais “verde”. Airbus, Dassault, Saab e Rolls-Royce são algumas das que fazem parte da iniciativa “clear sky”, com os objectivos de reduzir 40% das emissões de dióxido de carbono, 40% das emissões de óxido de azoto e 20 decibéis de ruído durante os próximos 40 anos Também as companhias aéreas e as transportadoras começam a ganhar sensibilidade para os biocombustíveis. Um B747 da Virgin Airlines descolou de Heathrow para Amsterdam utilizando num dos motores uma mistura com 20% de óleo de coco e palmeira. A Virgin e a Boeing vão também testar um biocombustível produzido a partir de algas. Já um A380 experimentou, num dos seus motores, uma mistura sintética de gás líquido, numa viagem entre Filton (UK) e Tolouse. No entanto, alguns grupos ambientais apontam a produção em larga escala de biocombustíveis como responsável pela destruição das florestas tropicais, pelo aumento dos preços dos alimentos e por violações dos direitos humanos. Um modelo esgotado... Fonte: FAA e ATCA Mais de 26% dos voos comerciais domésticos nos EUA chegaram atrasados ou foram cancelados durante o último ano. As soluções passarão pela alteração das taxas de aterragem, baseando-as na hora e no volume de tráfego a que ocorrem, e pelo uso de restrições nos aeroportos. Tal como JFK, Newark também irá sofrer restrições para 83 movimentos por hora de modo a espalhar os voos e reduzir os atrasos. Com o aumento da capacidade serão leiloados slots para promover a concorrência Por outro lado, a National Air Traffic Controllers Association (NATCA) prevê um agravamento dos atrasos devido ao elevado número de controladores perto da idade de reforma. Mas a FAA já respondeu acelerando o processo de contratação de novos CTA’s com o objectivo de formar 1800 novos controladores. e um céu saturado. Fonte: NATS O espaço aéreo de Londres vai ser remodelado devido à crescente procura. A alteração e a criação de novas STAR’s e esperas fazem parte das propostas que lideram a consulta do ANSP britânico; - NATS. A expansão do aeroporto de Heathrow também está em cima da mesa com a construção da terceira pista. Foi este último factor que levou os activistas da Greenpeace a colocarem uma faixa, na cauda de um B777 da British Airways, em pleno aeroporto de Heathrow. Taxas ainda mais caras em Londres. Fonte: ATWonline A Civil Aviation Authority (CAA) autorizou o aumento das taxas em Heathrow e Gatwick em mais de 20% no próximo ano, por parte da BAA. A CAA justificou esta medida com a necessidade de modernização dos p.30 REVISTA DA APCTA. VOL2#10. JUN08 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo dois aeroportos mas as companhias acusam a BAA de passar a factura da sua privatização (liderada pelos espanhóis Grupo Ferrovial) para os passageiros. Primeiro voo A380. Fonte: PÚBLICO O primeiro voo comercial do A380 na Europa aterrou em Heathrow com 449 passageiros a bordo. A Singapore Airlines irá utilizar este equipamento para as ligações diárias entre Singapura e Londres mas já faz uso de dois A380 nos voos para Sydney e espera por um 4º para o destino Tóquio. Hi-tech made in USA. Fonte: FAA Vai ser instalado em Los Angeles um sistema, denominado Runway Status Lights, que usa uma série de luzes vermelhas no pavimento para avisar os pilotos se é seguro cruzar ou entrar na pista. Este sistema utiliza os dados do radar de solo para detectar tráfego na pista ou em aproximação. No entanto a autorização para cruzar ou entrar na pista continua a ser da responsabilidade do CTA. A sua instalação nos aeroportos de San Diego e Dallas/Fort Worth melhorou a segurança na pista sem reduzir a capacidade ou aumentar a carga do controlador. Já na costa Leste,o Department Of Transportation (DOT) anunciou que, em conjunto com a FAA, irá iniciar os testes do sistema de controlo de tráfego aéreo de nova geração – NextGen (baseado em satélite) na Flórida, a utilização de uma nova técnica de descida que poupa combustível e reduz o ruído em Miami e o emprego da tecnologia ADS-B na Costa do Golfo. Falhas Radar. Fonte: ATCA No dia 18 de Fevereiro, uma falha no sistema de controlo de tráfego aéreo do Japão teve como consequência inúmeros atrasos. Durante cerca de 1 hora e 45 minutos um total de 161 voos foram atrasados em cerca de duas horas. No passado dia 20 de Março, uma falha no radar principal do Aeroporto Internacional de Memphis provocou o cancelamento de todas as chegadas entre as 1230h e as 1330h, devido á falha radar, ás condições meteorológicas e ao volume de tráfego. Esta foi a segunda falha radar durante o mês de Março e levou o controle de tráfego aéreo a diminuir o numero de 70 chegadas hora para uma média de 58. Um voo errante. Fonte: ATCA Um voo da KLM de Amsterdão para Hyderabad na Índia voou durante algumas horas sobre território indiano, antes de prosseguir para Nova Deli devido a uma confusão sobre a localização do novo aeroporto de Hyderabad. O piloto que planeou o voo para o antigo aeroporto da cidade, foi informado pelo controle de tráfego aéreo que esse aeroporto estava fechado e instruiu para o novo. O piloto não sabia da existência e depois de algum tempo preferiu divergir para Nova Deli. O controle de tráfego aéreo recusou a permissão para aterrar mas o piloto conseguiu aterrar após algum tempo no aeroporto de Mumbai, acabando com o sofrimento dos 243 passageiros a bordo. Os jornais indianos afirmam que o centro de operações da KLM não foi informado do fecho do antigo aeroporto e da abertura do novo. E por cá… Fonte: RTP O ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações manifestou a confiança na NAV, que considerou preparada, com grande qualidade técnica e muito conceituada. O início da concorrência no sector justifica também o contrato de gestão firmado com a administração da NAV e que introduz objectivos anuais de eficiência operacional e produtividade em comparação com congéneres do Reino Unido, Irlanda, Alemanha, Áustria, Suécia e Suíça. Além destes, a NAV passa a ter ainda como objectivo uma remuneração do capital de 8 por cento e de redução de custos, nomeadamente com o pessoal. Low cost’s. Fonte: RTP Em Lisboa, 15,3% dos passageiros transportados viajaram em companhias low-cost. Já as sete companhias low cost que operam no Porto transportaram, 31,3% do tráfego total. Mas foi no aeroporto de Faro que a presença das 21 companhias low cost foi mais representativa, assegurando o transporte de 52,5 por cento do tráfego de passageiros. Por outro lado estão em curso negociações com a Ryanair com o objectivo da transportadora assegurar voos a partir de Beja, que espera ter o seu aeroporto a funcionar no final de 2008. A TAP e o novo aeroporto de Lisboa. Fonte: EXPRESSO A TAP quer ter um terminal dedicado no novo aeroporto de Lisboa para garantir um serviço de qualidade competitivo na nova infra-estrutura aeroportuária. A TAP espera transportar um volume de 12,7 milhões de passageiros em 2017, o que fará com que cerca de 60% da operação do novo aeroporto lhe seja dedicada. Aeroporto do Porto premiado. Fonte: AIRPORTS COUNCIL INTERNATIONAL O Airports Council Internacional (Conselho Internacional dos Aeroportos) distinguiu o Aeroporto Francisco Sá Carneiro como o melhor de 2007 a nível europeu, e o quarto melhor do mundo na categoria de aeroportos que movimentam até cinco milhões de passageiros/ano. Esta distinção baseia-se em inquéritos aos passageiros (cerca de 200 mil) que foram recolhidos no momento das viagens, englobando 34 categorias tão diferentes como o tempo de espera no check-in, a limpeza da estrutura ou a qualidade dos produtos vendidos na aerogare. p.31 BREVES 1. 33º Golden Flight Level 2008 Um recorde de participações O 33º Golden Flight Level 2008 (GFL) que decorreu, entre os dias 12 e 19 de Janeiro último, teve por palco a vila austríaca de Nassfeld. Refira-se que esta localidade de fronteira com a Itália notabiliza-se por ser um pólo de atracção turística dada a sua extraordinária beleza natural. O GFL é um encontro anual de Controladores de Tráfego Aéreo de toda a Europa, Canadá e Estados Unidos que se realiza todos os anos num resort de montanha diferente. Para além da componente desportiva, através da realização de competições de ski, snowboard e de ski fundo (este ano realizada metade em território austríaco e metade em território italiano ) existe uma componente de convívio muito grande e cada vez mais importante. O GFL deste ano contou com cerca de 700 participantes. A equipa portuguesa contou com a participação de 30 elementos. Para o próximo ano, o GLF vai decorrer entre os dias 17 e 24 de Janeiro em Passo Tonale, Itália (www.gfl2009.eu), numa organização dos CTA´s de Maastricht. Por último, a equipa portuguesa gostaria de deixar um agradecimento especial à APCTA, cujo enorme apoio continuado tem contribuído para o sucesso da nossa participação nas edições do GFL. 2. Sporting-Benfica São dez da manhã do dia 04 de Abril de 2008. As estradas que dão acesso ao Estádio Coimbra da Mota, no Estoril, encontram-se completamente congestionadas. È dia de mais um SportingBenfica. Jogo grande em campo neutro por ser disputado numa só mão. Famílias inteiras vão em romaria desfrutar de mais um derby que, como habitualmente, mexe com os sentimentos de milhões de portugueses. p.32 3. ab-initio ATC-F1003 Às 12:30 começam a vislumbrar-se as equipas na saída do túnel de acesso ao relvado. A equipe do Benfica apresenta-se na máxima força, com quase todos os internacionais. Há quem, inclusive, comente que o Sporting não terá quaisquer hipóteses. Ao intervalo o resultado é de 0-0, deixando adivinhar uma 2ª parte ainda mais emocionante. O Sporting adianta-se no marcador através de um livre superiormente executado pelo seu avançado Pedro. O Benfica tenta desesperadamente igualar o marcador, mas os leões, muito inteligentemente, em contra-ataque conseguem mais dois golos, apontados pelo Saboga e pelo João Belo, estabelecendo o resultado final. Após mais de quinze laboriosos meses em formação no CdF, desde 2 de Outubro de 2006, cinco elementos do curso ab-initio ATC-FI003 terminaram com êxito todo o conjunto de cursos de controle a que aí foram submetidos. Antes de enfrentarem a qualificação nos orgãos onde vão ser colocados, as direcções do SINCTA e APCTA reuniramse no dia 27 de Fevereiro, na sua sede, com este grupo de futuros Controladores, a fim de os apresentar ao conjunto de envolvências e funcionalismos sindicais da profissão e da classe. Agora a sério, este encontro foi mais uma excelente iniciativa do nosso colega Fernando Madeira, com o intuito de angariar fundos para a deslocação, a Gotemburgo, da sua equipa de jovens, alguns carenciados, que vai disputar um torneio no próximo Verão. A adesão dos colegas excedeu todas as expectativas, proporcionando um alegre e salutar convívio. Como todos os eventos que se prezam, este também terminou à mesa do restaurante, onde não houve vencedores nem vencidos. Complementou-se com um almoço de convívio a apresentação de: À frente: João Durão (SMA) e João Serranho (SMA); Atrás: Paulo Viveiros (Porto Santo); Jorge Avelar (Horta); e Pedro Palha (SMA). REVISTA DA APCTA. VOL2#10. JUN08 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo O SINCTA/APCTA reitera aqui, pelas suas direcções e seus associados, as maiores felicidades e continuação de êxitos nos seus desempenhos profissionais e pessoais. HUMOR EM BANDA por Leonor Ferreira REVISTA DA APCTA. VOL2#10. JUN08 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo
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