ABORDAGEM ROGERIANA. DE ONTOLOGIA, ÉTICA

Transcrição

ABORDAGEM ROGERIANA. DE ONTOLOGIA, ÉTICA
ABORDAGEM ROGERIANA.
DE ONTOLOGIA, ÉTICA, EPISTEMOLOGIA, E MÉTODO
Afonso H Lisboa da Fonseca, psicólogo.
As questões correlatas de ontologia, de ética, de epistemologia e de método são a
questão central de concepção e método da abordagem rogeriana.
Isto porque, seguindo uma ontologia, uma ética, uma epistemologia e uma
metodologia fenomenológico existenciais, a abordagem rogeriana assume uma aguda ruptura
paradigmática. Com relação, em particular, à Ciência Explicativa hegemônica, com relação ao
Pragmatismo, com relação ao Objetivismo, com relação ao Realismo, com relação ao princípio
de realidade, e ao positivismo do real; e com relação ao Idealismo. Em decidido privilégio ético
e metodológico de uma Ontologia, de uma Epistemologia e Ciência compreensivas, dialógicas,
e implicativas. De uma ética do inutilmente poiético e estético. De uma metodologia,
empática, radicalmente empiristas, não no sentido objetivista do empirismo objetivista, mas
no sentido da radicalidade do empirismo fenomenológico existencial e dialógico,
compreensivo, implicativo, gestaltificativo. O modo de sermos da ação, da atualização, como o
cognitivo devir do desdobramento de possibilidades.
Rogers entendeu de um modo particular, e foi parte do movimento que entendeu que
a ação, a atualização, é a característica central da existência. Que a cria e recria, que a solve e
resolve, em seu acontecer. E que a metodologia, a ontologia, a ética e a epistemologia da
atualização são, própria e especificamente, fenomenológicas e existenciais. Dialógicas.
Compreensivas, implicativas, gestaltificativas.
O que significa que uma ontologia é fenomenológico existencial?
Significa a compreensão de que, ontologicamente, no que essencialmente nos
constitui como seres humanos, somos ora acontecer, ora acontecido. E que, no modo de
sermos do acontecer, somos, basicamente, ação, atualização. Uma tendência atualizante, se
quisermos. Mas o devir fenomenológico existencial do desdobramento cognitivo de forças, as
possibilidades, que se dão compreensiva e implicativamente, gestaltificativamente, no modo
de sermos da consciência pré-reflexiva, pré-teorética, e pré-comportamental.
A ação, a atualização, a tendência atualizante são eminentemente fenomenológicas.
Meio perplexo e atabalhoado, mas de modo extremamente importante, e significativo,
Rogers já chamava a atenção para isso. Ou seja, a ação, a atualização, a tendência atualizante,
se dão como vivência. Fenomenológico existencial.
A ação, a atualização, a tendência atualizante, não se dão representativamente, como
consciência representativa. Não se dão explicativamente, como consciência explicativa,
teorética. Não são conceituais, mas consciência pré-conceitual. E pré-comportamental -- não
se dão comportamentalmente.
Dão-se, antes, como consciência pré-reflexiva, fenomenológico existencial e dialógica;
compreensiva e implicativa, gestaltificativa.
A ação, a atualização, a tendência atualizante, dão-se como vivência imediata de
forças, possibilidades, em desdobramento. Que surgem, vivencialmente, do íntimo do que
entendemos como ser, de um modo múltiplo e multiplamente contínuo, e se desdobram,
cognitiva e muscularmente, como devir, como o vir a ser da ação.
Em seu desdobramento, as possibilidades, necessariamente, e de um modo intrínseco,
se constituem, assim, como consciência pré-reflexiva, como consciência fenomenológico
existencial. De modo que, fenomenológico existencial e dialógica, compreensiva e implicativa,
gestaltificativa, a ação é eminentemente cognitiva, eminentemente epistemológica,
especificamente. Ainda que da ordem da epistemologia dialógica, fenomenológico existencial
empírica.
Uma epistemologia de raiz fenomenológico existencial e dialógica. O que quer dizer,
compreensiva e implicativa, gestaltificativa. E não explicativa. Quer seja o explicativamente
teorético, ou o explicativamente comportamental.
O percurso vivencial, vivenciativo, do desdobramento de possibilidades transita como
devir compreensivo, compreensivamente cognitivo, como ação, atualização, formação da
vivência, e formativo de coisas, desde níveis pré-compreensivos, até se exaurir como coisa. E
assim, múltipla e continuamente.
A ação é compreensiva e implicativa, gestaltificativa, portanto; o que quer dizer,
fenomenológico existencial e dialógica. Não é explicativa, não é teorética, nem
comportamental.
O ethos, a ética da ação, da atualização, da operação da tendência atualizante, é,
assim, na momentaneidade instantânea de seu acontecer, vivência fenomenológico
existencial, compreensiva e implicativa, gestaltificativa.
De modo que, ao privilegiar o modo de sermos da ação, da atualização, da operação da
tendência atualizante, a abordagem rogeriana faz uma decidida escolha pelo ethos, pela ética
fenomenomenológico existencial e dialógica, compreensiva e implicativa, gestaltificativa. Ética
do pathos, da sensibilidade emocionada, empathos, empatia, pathética.
O pathos, a empatia, a vivência fenomenológico existencial, compreensiva e
implicativa, gestaltificativa, é própria e especificamente, dialógica. Ou seja, da ordem do
acontecer – e não do acontecido –, a vivência empática, fenomenológica, é o modo de sermos
do ator, modo de sermos da ação, do acontecer. E não o acontecido modo de sermos do
sujeito e do objeto.
Eminentemente distinta, anterior, à condição acontecida do sujeito e do objeto -- e de
sua explicativa dicotomização --, a vivência fenomenológica, a vivência empática, é vivência de
sentido – logos, onto logos, fenomeno logos, dia logos.
Especificamente dialógica, a vivência fenomenológico existencial, a vivência empática,
compreensiva, implicativa, gestaltificativa, é uma vivência de compartilhamento (dia) do
sentido (logos). É uma vivência dialógica.
Compartilhamento do sentido, dia logos, vivência empática, que pode se dar, segundo
a antropologia buberiana, na esfera da relação com a natureza não humana, na esfera do
humano, do inter humano; e na esfera da relação com o sagrado.
O caráter empático da abordagem rogeriana significa que ela adota a ética e a
metodologia do pathos, da vivência fenomenativa. Adotando como metodologia, como
epistemologia, como ontologia, a fenomenológica da ação, da atualização, da tendência
atualizante. Ontologia, ética, epistemologia e metodologia, fenomenológico existenciais e
dialógicas, compreensivas e implicativas, gestaltificativas. Que permitem, e potencializam a
ação, a atualização, a operação da tendência atualizante.
Rogers se caracterizou por uma clara e decidida compreensão da importância do poder
existencial da ação, do poder fenomenológico existencial da atualização, da tendência
atualizante. Compreendeu que a ação é a própria existência, o próprio acontecer da existência.
Que, múltipla e continuamente, supera o acontecido da existência, criando-o e recriando-o
continuamente, em sua poiese. Criando-nos é recriando a nós próprios, e ao mundo que
solidariamente nos diz respeito.

Documentos relacionados

Analyse Statistique Implicative Analisi Satistica - Univ

Analyse Statistique Implicative Analisi Satistica - Univ momento (ela) designa um campo teórico central sobre o conceito da implicação estatística ou mais precisamente sobre o conceito de quase-implicação para destingi-la da implicação lógica de domínio ...

Leia mais