valéria de andrade campos
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valéria de andrade campos
VOLUME 03 - NÚMERO 02 - 2008 - MAGAZINE É com grande satisfação que, no vigésimo segundo ano de realização do Encontro Nacional de Atividade Física/ENAF, em sua quadragésima quinta edição, publicamos a Revista ENAF SCIENCE Nº 06. Tal publicação pode ser traduzida como uma forma de agradecimento e retribuição a todos aqueles que, direta ou indiretamente, contribuíram para o desenvolvimento e aperfeiçoamento desse evento que integra o universo da atividade física e da saúde. No decorrer desses anos acreditamos ter participado da formação de milhares de acadêmicos e profissionais da área de educação física, fisioterapia, nutrição, enfermagem, turismo e pedagogia. A partir de 2004 passamos a realizar o Congresso Científico vinculado ao ENAF, dando mais um passo na construção dos saberes que unem formação e produção. É a partir desse contexto que a Revista ENAF SCIENCE é novamente lançada. Esperamos que essa publicação enriqueça nossa área de ação. Nesta edição, estão presentes todos os trabalhos apresentados no Congresso Científico, seja sob forma de artigo completo ou como resumo na forma de pôster. Esperamos que este seja o primeiro passo que pretendemos empreender na busca por um novo viés de conhecimento, fazendo com que o ENAF siga seu caminho mais essencial: participar da construção de uma ciência da atividade física. Prof. Dennis William Abdala Prof. Rodney Alfredo Pinto Lisboa Prof. Arthur Paiva Neto Prof. Sebastião José Paulino Revista ENAF Science Volume 3, número 2, outubro de 2008 Órgão de divulgação científica do 45° ENAF ISSN: 1809-2926 CONSELHO EDITORIAL: Antônio Carlos Gomes, PhD Diretor Técnico do Clube Atlético Paranaense Luis Henrique Salles de Oliveira, Dr. UNIVÁS/MG – UNIVERSITAS/MG Alessandro de Oliveira, Ms Univ. Federal de São João Del Rei/MG Marcelo Gomes da Costa, Ms UNESA - Univ. Estácio de Sá/RJ André Luis Leta da Costa, Dr. UGF - Univ. Gama Filho/RJ Márcia Albergaria, Drª. UNESA - Univ. Estácio de Sá/RJ Arthur Paiva Neto, Ms UNIFEG/MG – UNIFENAS/MG (Poços de Caldas) Patrícia Angélica Pezan PUC-MINAS (Poços de Caldas) Dennis William Abdala, Ms UNIFEG/MG – UNIFENAS/MG (Poços de Caldas) Rodney Alfredo Pinto Lisboa, Ms UNIFEG/MG – UNIVÁS/MG Fábio Saba, Ms Consultor de Negócios em Esporte, Clubes, Academias no Brasil e no exterior Rolando Bacis Ceddia, PhD Univ. de Toronto/Canadá Geni Fraia PUC-MINAS (Poços de Caldas) Fernanda Pereira Ribeiro UNIFENAS/MG (Poços de Caldas) Leonardo Cabral, Ms UNESA - Univ. Estácio de Sá/RJ Thatia Regina Bonfim, Drª. PUC-MINAS (Poços de Caldas) Terêsa Cristina Alvisi, Ms PUC-MINAS (Poços de Caldas) Turíbio Leite de Barros Neto, Dr. Diretor do CEMAFE-UNIFESP/SP Vagner Raso, Ms USP - Univ. de São Paulo/SP POLÍTICA EDITORIAL: Como revista de pesquisa, o ENAF Science é destinado à publicação de relatórios de pesquisas originais, realizadas na área biomédica ou de ciência da saúde. Incluirá pesquisa em ciências básicas, casos clínicos, efetivamente do diagnóstico e de técnicas terapêuticas e estudos relacionados aos aspectos comportamentais, epidemiológicos ou educacionais da medicina e do movimento humano. Todos os originais sofrerão análise, que será realizado em sistema de duplo-cego (peer review) antes de aceitos para publicação. Enviar cartas para: ENAF – Caixa Postal 111 CEP 37002-970 – Varginha/MG www.enaf.com.br Os artigos publicados são de inteira responsabilidade dos respectivos autores, não sendo atribuível ao ENAF nenhuma forma de competência legal sobre os mesmos. ARTIGO AUTOR COMPARAÇÃO EM AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA DO CONHECIMENTO E APLICAÇÃO DOS JOGOS COOPERATIVOS ENTRE ESCOLAS ESTADUAIS E PARTICULARES DE POUSO ALEGRE-MG PÁGINA VALÉRIA DE ANDRADE CAMPOS 06 INVESTIGAÇÃO DA SÍNDROME DE BURNOUT EM UNIVERSITÁRIOS DO CURSO DE ENFERMAGEM DA UNIVÁS NO ANO DE 2005 RENATO GIORGETI VEIGA 12 DESENVOLVIMENTO SOCIAL DO PORTADOR DE SÍNDROME DE DOWN COM A INCLUSÃO ARTHUR PAIVA NETO 17 PSICOMOTRICIDADE E SUAS IMPLICAÇÕES NA APRENDIZAGEM ARTHUR PAIVA NETO 21 A INFLUÊNCIA DOS JOGOS COOPERATIVOS NA SOCIALIZAÇÃO DE CRIANÇAS DE 3ª E BEATRIZ PEREIRA BARBOSA 4ª SÉRIE DA E. M. PROFESSORA MARIA BARBOSA 24 AVALIAÇÃO DA COORDENAÇÃO MOTORA EM ESCOLARES DE 9 A 11 ANOS DO MUNICÍPIO DE POUSO ALEGRE – MG DANIELA MENDES DOS REIS RICCARDI 29 TOPOGRAFIA E INTENSIDADE DA DOR EM ATLETAS DE HANDEBOL DA CIDADE DE POUSO ALEGRE/MG FERNANDES M DE ANDRADE JÚNIOR 33 PERCEPÇÃO DOS BENEFÍCIOS DA GINÁSTICA LABORAL ENTRE TRABALHADORES DE ALFREDO MARCOS DE OLIVEIRA TOLEDO UMA EMPRESA ELÉTRICA DA CIDADE DE POUSO ALEGRE/MG 37 A MOTIVAÇÃO DOS ATLETAS DE UMA ESCOLA INICIAÇÃO AO FUTEBOL DA CIDADE DE THIAGO PALMEIRA DE SENNA LIMA BORDA DA MATA/MG 41 INCIDÊNCIA DE ESTRESSE E NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA EM PROFESSORES UNIVERSITÁRIOS ANA CAROLINA ANTUNES 43 ANÁLISE DO CONSUMO DE ANABOLIZANTES EM PRATICANTES DE MUSCULAÇÃO ROGEVELT DE MELO PEREIRA JÚNIOR 48 PEDAGOGIA DO MOVIMENTO: COMO POTENCIALIZAR O PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO SUPERIOR COM O ADVENTO DA CIBERCULTURA LEANDRO JORGE DUCLOS 52 ESTUDO SOBRE OS BENEFÍCIOS DE ATIVIDADE FÍSICA ASSOCIADA A ORIENTAÇÃO NUTRICIONAL EM GRUPO DE ADULTOS MAIORES DE 40 ANOS DE IDADE NO MUNICÍPIO DE TAMBOARA-PR DIVALDO DE STEFANI 56 RELAÇÃO ENTRE AUTO-ESTIMA E INDICE DE MASSA CORPORAL EM MULHERES ATIVAS NO MERCADO DE TRABALHO MARIA INÊS BUSTAMANTE DE CARVALHO 59 AVALIAÇÃO DA EVOLUÇÃO DO ÍNDICE DE MASSA CORPORAL (IMC) DE ADOLESCENTES NO MUNICÌPIO DE SÃO GONÇALO DO SAPUCAÌ-MG KARINA BRAGA MENDES 63 OBESIDADE E SATISFAÇÃO COM A IMAGEM CORPORAL ENTRE MULHERES FREQUENTADORAS DE ACADEMIAS LAILA DOS SANTOS PEREIRA 66 CRENÇAS NORMATIVAS SOBRE A AGRESSÃO DE ADOLESCENTES PRATICANTES DE ARTES MARCIAIS NA CIDADE DE POUSO ALEGRE/MG MARCOS JOSÉ DE CASTRO 69 A AUTO-ESTIMA DE MULHERES QUE PRATICAM BODY COMBAT E BODY PUMP LUCIANA MARIA DA SILVA 73 A INFLUÊNCIA DOS JOGOS NA CONCENTRAÇÃO DA CRIANÇA HIPERATIVA MARIA IGNEZ ARANTES DE OLIVEIRA 77 AVALIAÇÃO DA COORDENAÇÃO MOTORA EM CRIANÇAS DO ENSINO FUNDAMENTAL E RELAÇÕES COM O DESEMPENHO ESCOLAR SANDRA MARIA DA SILVA SALES OLIVEIRA 81 ANÁLISE DA INSERÇÃO DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA NO MERCADO DE TRABALHO DANIELLE DE ALCÂNTARA OLIVEIRA 86 ANÁLISE DA QUALIDADE DE VIDA E DO NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA EM PESSOAS PORTADORAS DE HIPERTENSÃO EUNICE MAIRA DE REZENDE 89 COMPORTAMENTO DA FREQÜÊNCIA CARDÍACA (FC) PARA VERIFICAÇÃO DA INTENSIDADE DE CARGA EM SITUAÇÃO DE JOGO NUMA PARTIDA DE VOLEIBOL PABLO DOS SANTOS ALVES 93 INCLUSÃO ESCOLAR E FORMAÇÃO CONTINUADA: UM ESTUDO COM PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA DA CIDADE DE ARARAQUARA NEUSA APARECIDA MENDES BONATO 97 NÍVEL DE ACEITAÇÃO DA GINÁSTICA LABORAL EM EMPRESA AUTOMOBILÍSTICA VERA SÍLVIA DE OLIVEIRA 101 INDICE DE MASSA CORPÓREA (IMC) DE JOVENS DE DIFERENTES BAIRROS DE PERIFERIA DO MUNICÍPIO DE SOBRAL, CE JOÃO NELSON MELO VASCONCELOS 105 PRÁTICA DE ESPORTES POR JOVENS DE DIFERENTES BAIRROS DE PERIFERIA DO MUNICÍPIO DE SOBRAL-CE DIAS, ALEXANDRE DOS SANTOS PESSOA 108 AVALIAÇÃO POSTURAL NO PACIENTE AMPUTADO TRANSFEMORAL: RELATO DE CASO ANA CLAUDIA SOUSA FARIA 110 IMPORTÂNCIA DA FISIOTERAPIA NEUROFUNCIONAL NO TRAUMATISMO CRANIOENCEFÁLICO APÓS ALTA HOSPITALAR – RELATO DE UM CASO GISLAINE PARREIRA BRIANEZI 113 ÍNDICE DE OBESIDADE INFANTIL E ALTERAÇÕES POSTURAIS ENCONTRADAS EM CRIANÇAS DE 8 A 14 ANOS JÚLIO CEZAR DELFINO DA ROSA 116 USO DA BALNEOCINESIOTERAPIA EM ÁGUAS MINEROMEDICINAIS E A UTILIZAÇÃO DA KAROLINE FRANCIS P M DE MELO BALNEOCINESIOTERAPIA ASSOCIADO À BOLA SUÍÇA NO TRATAMENTO DA FRANCO LOMBALGIA CRÔNICA: ESTUDO COMPARATIVO 121 ERITROPOETINA NO TRATAMENTO DA ANEMIA NA INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA 126 TIAGO DE PAULA BATISTA PÔSTER AUTOR PÁGINA AÇÃO DA MUSCULAÇÃO NA MELHORA DA AGILIDADE PARA IDOSOS VANESSA JUNS 130 COORDENAÇÃO MOTORA FINA E VISOMOTORA NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM MARIA AP. NAVAS 130 EFEITO DE DIFERENTES PERÍODOS DE RECUPERAÇÃO SOBRE A POTÊNCIA ANAERÓBIA JOSIANE MARTINS GONÇALVES DOS SANTOS 131 INFLUENCIA DE UM PROGRAMA DE TREINAMENTO SOBRE A CAPACIDADE CARDIORRESPIRATÓRIA E POTÊNCIA DE CRIANÇAS PRATICANTES DE FUTSAL SAMUEL NAOKI TSUNO BRAGA SANCHES 132 INFLUENCIA DE UM PROGRAMA DE TREINAMENTO SOBRE A CAPACIDADE CARDIORRESPIRATÓRIA E POTÊNCIA DE CRIANÇAS PRATICANTES DE FUTSAL SAMUEL NAOKI TSUNO BRAGA SANCHES 132 ESTUDO DO COMPORTAMENTO DA PRESSÃO ARTERIAL FRENTE A UMA ÚNICA SESSÃO DE EXERCÍCIO FÍSICO BRUNO BONIN 133 INFLUENCIA DE UM PROGRAMA DE TREINAMENTO SOBRE HABILIDADES ESPECÍFICAS COM CRIANÇAS PRATICANTES DE FUTSAL JOÃO RAFAEL SIMON 133 BENEFÍCIOS DO PROGRAMA DE REEDUCAÇÃO ALIMENTAR, HIDROGINÁSTICA E PSICOTERAPIA NOS ALUNOS DA APAE DE SANTA FÉ DO SUL-SP FABRÍCIO DE MATOS CUNHA 134 PERFIL CINEANTROPOMÉTRICO DE PRATICANTES DE FUTEBOL RECREATIVO DO CHAVES, ROGÉRIO SOUTO MAX MIN CLUBE COM IDADE ENTRE 40 E 60 ANOS 134 INFLUENCIA DE UM PROGRAMA DE TREINAMENTO SOBRE HABILIDADES ESPECÍFICAS COM CRIANÇAS PRATICANTES DE FUTSAL JOÃO RAFAEL SIMON 135 “RECUPERANDO SONHOS” - ATIVIDADE FÍSICA E LÚDICA AUXILIANDO A RECUPERAÇÃO DE DEPENDENTES QUIMICOS RAFAEL ROBINSON CARDOSO VEIGA GABRIELA SENISE GUSSI 135 AS CARARACTERÍSTICAS DA PRÁTICA DE ATIVIDADE FÍSICA HABITUAL DA POPULAÇÃO DA CIDADE DE JURAMENTO – MG SAMUEL TADEU DA COSTA RAMALHO 136 LUDICIDADE NO APRENDIZADO DO KARATE: UMA PROPOSTA DE TRABALHO COM ANGEL JOMAR DA SILVA FITAS 136 RELAÇÃO ENTRE A POSTURA SENTADA E DOR EM ESTUDANTES DE FISIOTERAPIA CARDOSO, CRISTIANE ISABEL 137 ACADÊMICOS DE ENFERMAGEM ATUANDO JUNTO AO PLANEJAMENTO FAMILIAR:UM RELATO DE EXPERIÊNCIA CHRISTIANNE ALVES PEREIRA CALHEIROS 137 REABILITAÇÃO APÓS PERÍODO DE IMOBILIZAÇÃO DE FRATURA DE CABEÇA DE RÁDIO ANA CLAUDIA DE SOUZA FARIA 138 UTILIZAÇÃO DA TÉCNICA DE BANDAGEM FUNCIONAL DE PROTEÇÃO NA LUXAÇÃO ANA CLAUDIA DE SOUZA FARIA ACROMIOCLAVICULAR 138 AVALIAÇÃO DA MOBILIDADE, EQUILÍBRIO, MARCHA E FORÇA DOS PORTADORES DA DOENÇA DE PARKINSON APÓS A APLICAÇÃO DE UM PROTOCOLO DE EXERCÍCIOS CINESIOTERAPÊUTICOS ALESSANDRA SILVA CARVALHO 139 CORINA APARECIDA FERNANDES 139 PERFIL DOS CUIDADORES INFORMAIS DE PACIENTES FRAGILIZADOS DO PROJETO SOL - UNIMED POÇOS DE CALDAS C.C. MIRANDA 140 A INFLUÊNCIA DO TREINAMENTO FÍSICO EM INDIVÍDUOS PORTADORES DE INSUFICIÊNCIA CARDÍACA DANIELLE CAVINI CORRÊA MACHADO 140 MÉTODO BABY BOBATH APLICADO NO DESENVOLVIMENTO MOTOR EM CRIANÇAS NASCIDAS PRÉ-TERMO “ESTUDO DE CASO” MARINA CONCEIÇÃO PERES CARVALHO 141 ANÁLISE COMPARATIVA DE CUIDADORES DE PACIENTES IDOSOS DO SETOR PRIVADO (UNIMED) E SETOR PÚBLICO (PSF MARIA IMACULADA) DA CIDADE DE POÇOS DE CALDAS -MG EDNA KARINE OLIVEIRA VELOSO 141 A REABILITAÇÃO VESTIBULAR EM PACIENTES PÓS-AVE PARA TREINAMENTO DE EQUILÍBRIO E CONTROLE POSTURAL: UMA ABORDAGEM NEUROFUNCIONAL FORÇA MUSCULAR E QUALIDADE DE VIDA APÓS UM PROGRAMA DE 18 SEMANAS LUCAS E. P. P. TEIXEIRA DE EXERCÍCIOS EM MULHERES COM OSTEOPOROSE PÓS-MENOPAUSA 142 TREINAMENTO SENSÓRIO-MOTOR EM ATLETAS DE HANDEBOL MARÍLIA DA COSTA TEIXEIRA 142 A UTILIZAÇÃO DOS RECURSOS TERMAIS DE POÇOS DE CALDAS COMO PRESTAÇÃO SÓCIO-SANITÁRIA PARA A PROMOÇÃO DA SAÚDE CAMILA VIEIRA LOPES 143 AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO SOBRE PREVENÇÃO DAS DTS/AIDS DOS ALUNOS DO PRIMEIRO ANO DO ENSINO MÉDIO EM ESCOLAS NO MUNICÍPIO DE GUAXUPÉ, MG JOSIANE ALVES DA SILVA 143 AUTO-EXAME DAS MAMAS: PRÁTICA ENTRE AS FUNCIONÁRIAS VINCULADAS À EMPRESA QUE PRESTA SERVIÇOS À UNIFAL- MG ELIANA PERES ROCHA CARVALHO LEITE 144 AVALIAÇÃO DO PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DA POPULAÇÃO ACIMA DE 60 ANOS DE DIVALDO DE STEFANI IDADE EM RELAÇÃO A FATORES RELACIONADOS A SAUDE E LONGEVIDADE 144 PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA: INCIDÊNCIA E PREVALÊNCIA NO CENTRO DE TERAPIA INTENSIVA DE UM HOSPITAL GERAL CEZAR BRUNO PEDROSO 145 ASPECTOS FISIOLÓGICOS DO ENVELHECIMENTO HUMANO: PERCEPÇÃO DO PROFISSIONAL DE ENFERMAGEM DE NÍVEL MÉDIO CEZAR BRUNO PEDROSO 145 ENAF Science, v.3, n.2 ARTIGOS COMPARAÇÃO EM AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA DO CONHECIMENTO E APLICAÇÃO DOS JOGOS COOPERATIVOS ENTRE ESCOLAS ESTADUAIS E PARTICULARES DE POUSO ALEGRE-MG 1 Valéria de Andrade Campos ² Arthur Paiva Neto ³ Alessandro de Oliveira 1 ² ³ UNIVÁS – Pouso Alegre/MG UNIFEG – Guaxupé/MG UFSJ – São João Del‟Rey/MG RESUMO A Educação Física é vista com otimismo, pois é a única área do conhecimento que consegue trabalhar de forma articulada, questões do pensamento, movimento e sentimento. Levando em consideração o mundo competitivo a que pertencemos este estudo se propôs a comparar em aulas de Educação Física o conhecimento e a aplicação dos jogos cooperativos nas escolas estaduais e particulares de Pouso Alegre. A amostra utilizada constitui-se de 116 alunos de ambos os sexos, freqüentes de quintas séries distribuídos entre as redes de ensinos estaduais e particulares. As coletas foram realizadas em seis etapas, sendo estas: aprovação do projeto perante o Comitê de Ética; apresentação da pesquisa e autorização da instituição; entrega dos termos de consentimento; aplicação do primeiro questionário; aplicação das atividades prática e aplicação do segundo questionário. Os materiais utilizados para a aplicação dos jogos cooperativos foram, arcos plásticos, bolas macias, bolas de ping-pong e cartelas de ovos. Tais atividades foram aplicadas nos locais e horários próprios das aulas de Educação Física das devidas escolas. Os resultados mostraram na opinião dos alunos as condições em que os jogos cooperativos se apresentam em suas aulas de Educação Física, sendo comum nas escolas particulares e pouco conhecidos nas estaduais. De acordo com as bibliografias pertinentes, os jogos cooperativos são eficientes e necessários na formação do aluno. Palavras chave: Escolas; Jogos cooperativos; Quintas séries. INTRODUÇÃO A Educação Física, enquanto área do conhecimento, tem como objeto de estudo o corpo em movimento, como saber construído no interior das relações entre as classes. A literatura tem atribuído ao esporte a capacidade de educar no sentido da honestidade, respeito às regras e cooperação. Há, no entanto, posicionamentos que concordam quanto à função socializante do esporte e discordam na valorização deste resultado. Há um reconhecimento de que respeitar as regras do jogo educa para um sentimento de responsabilidade, companheirismo e sinceridade para trabalhar com o próximo, (MATTOS e NEIRA, 2000). Sendo o corpo o modelo ação sobre o mundo e as coisas circundantes, a atuação crítica do aluno na sociedade, como sujeito da história deverá ser o resultado da ação pedagógica da Educação Física na escola, (TOLKIMITT, 1993). Segundo Maturana, (2002), a tarefa de formação humana é o fundamento de todo o processo educativo, já que só se esta se completar é que a criança poderá viver como um ser socialmente responsável e livre, capaz de refletir sobre sua atividade, capaz de ver e corrigir erros, capaz de cooperar e de possuir um comportamento ético, porque não desaparece em suas relações com os outros, e capaz de não ser arrastado pelas drogas e o mundo do crime, porque não dependerá da opinião dos outros não buscando a sua identidade nas coisas fora de si. Muitos educadores justificam a inclusão da Educação Física nos currículos escolares através da contribuição da atividade esportiva na socialização dos alunos através do jogo, aprendem que entre ele e o mundo existem os outros, aprendem a conviver com vitórias e derrotas, aprendem a vencer através do esforço pessoal, desenvolvem a independência e a confiança em si mesmos, o sentido de responsabilidade, (MATTOS e NEIRA, 2000). Os jogos cooperativos surgiram da preocupação com a excessiva valorização dada ao individualismo e à competição exacerbada, na sociedade moderna, mais especificamente, na cultura ocidental. Considerada como um valor natural e normal da sociedade humana, a competição tem sido adotada como uma regra em praticamente todos os setores da vida social. Temos competido em lugares, com pessoas e em momentos que não precisaríamos, e muito menos, deveríamos. Temos agido assim como se essa fosse a única opção. Os Jogos Cooperativos se ancoram em princípios de inclusão, cooperação e não seletividade.Por suas características estruturais dão oportunidade a todos para desenvolverem potencialidades, facilitam situações de sucesso e promovem relações de respeito, amizade e solidariedade, (PCN, 1997). Os jogos cooperativos aparecem como um recurso didático que favorece por meio da brincadeira a construção do ensino e da aprendizagem. A forma da aprendizagem nesta idade é estimulada por jogos e brincadeiras, que são materiais auxiliares para a organização do pensamento. Também é importante observar os valores que esses jogos e brincadeiras estão transmitindo para as crianças já que nessa fase ela encontra-se em formação de sua personalidade futura. Sendo assim os jogos cooperativos revelam uma dupla vantagem, trazem tanto o lúdico como valores positivos e a socialização de forma construtiva, (KÜPPE, 2003). -6- ENAF Science, v.3, n.2 Segundo Barata (2000), a valorização dos jogos cooperativos nas aulas de Educação Física não significa a exclusão de outras manifestações da cultura corporal apropriadas às aulas, mais que não se jogue por jogar, que não dance por dançar, não se lute por lutar. Que as vivências sejam significativas e críticas e que a Educação Física seja coerente e verdadeira. Mais importantes que os instrumentos são os propósitos, mais importantes que os jogos são as pessoas. Para Brotto, (2003), a agressão excessiva, a competição e o comportamento destrutivo, são aspectos predominantes apenas dentro da espécie humana; eles têm que ser tratados em termos de valores culturais, em vez de procurar explicá-los pseudocientificamente como fenômenos intrinsecamente naturais. Segundo Brotto, (2001) o jogo é uma atividade ou ocupação voluntária, exercida dentro de certos e determinados limites de tempo e espaço, segundo regras livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias, dotado de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentimento de tensão e de alegria e de uma consciência de ser diferente da vida cotidiana. O mesmo autor, diz que através do jogo são estabelecidas possibilidades muito variadas para incentivar o desenvolvimento humano em suas diferentes dimensões, tais como: desenvolvimento da linguagem, cognitivo, afetivo, físico-motor e moral. O jogo funciona como um mecanismo de mobilidade social, oferece a oportunidade de aprendizagem de diversos papéis sociais. Jogar e viver são oportunidades criativas para encontrar com a gente mesmo, com os outros e com o todo. Dependendo do jogo podemos aumentar, ou diminuir a distância entre cada jogador, entre eu e ele. É importante a adaptação de jogos e brincadeiras partindo de situações conhecidas da cultura como músicas, danças, lendas, contos, adivinhas e outras e também a criação de regras e normas em que se privilegiem atitudes de cooperação, autonomia e o trabalho em equipe mais que o desempenho individual e o caráter competitivo (GALHARDO, OLIVEIRA E ARAVENA, 1998) O professor tem que ser capaz de passar por cima das barreiras competitivas da vida cotidiana e trazer aos alunos um espaço que valorize a atividade de maneira cooperativa tem que deixar de lado a afirmação feita por Freire (1999) que diz que a aprendizagem em Educação Física deve ser significativa, isto é relacionada à realidade concreta vivida pela criança. A dinâmica da cooperação predispõe as pessoas a gostarem e confiarem umas nas outras. Elas se sentem aceitas o suficiente para explorar problemas mais livremente, arriscar-se, jogar com possibilidades e se beneficiar dos erros sem ter que escondê-los para se esquivar do ridículo. Sua estrutura leva a uma assistência e suporte mútuos. É uma forma de se interagir positivamente, uma vez que meu colega não é o meu adversário, mas sim meu parceiro, (BARATA, 2000). Segundo Barata (2003), os jogos cooperativos facilitam o desenvolvimento da autonomia, da cooperação e da participação social mais para isso deve haver um canal sempre aberto para construções coletivas, mudanças de regras, exposição de sentimentos, consensos e conflitos, horizontalizando relações e deixando para trás posturas hierárquicas. Os Jogos Cooperativos se ancoram em princípios de inclusão, cooperação e não seletividade. Por suas características estruturais dão oportunidade a todos para desenvolverem potencialidades, facilitam situações de sucesso e promovem relações de respeito, amizade e solidariedade, (PCN, 1997). O jogo é um importante instrumento de transformação de comportamento, pois quando jogamos, estamos inseridos na situação por inteiro e desarmados das armaduras sociais, compondo uma minisociedade, podendo nos formar em direções variadas, (MATTOS, 2005). Segundo Mattos, (2005), a criança aprende o funcionamento do mundo através de suas brincadeiras e jogos, que preparam-nas para exercerem os seus papéis sociais quando adultos. Quando vivemos a ética dos jogos cooperativos, recuperamos nossa criatividade e ousadia, o senso de participação com liberdade e responsabilidade, nos tornando conscientes de ser parte-e-todo, colaboramos para a transformação de atitudes e de adversários em solidários; compartilhando o desejo de continuar jogando e convivendo. O objetivo deste trabalho foi comparar as escolas estaduais e particulares em aulas de educação Física quanto ao conhecimento e aplicação dos jogos cooperativos, além de avaliar o interesse dos alunos pelos jogos cooperativos e diagnosticar se os jogos cooperativos fazem parte do cotidiano dos alunos MATERIAIS E MÉTODOS Este trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade do Vale do Sapucaí (UNIVÁS) sob o protocolo 405/05. Ao apresentarem-se como voluntários, os alunos participaram de um encontro com o pesquisador onde foram informados quanto aos objetivos e aos procedimentos metodológicos do estudo. Foram também informados quanto aos possíveis riscos e desconfortos assim como compensações por danos decorrentes. O consentimento para participação no estudo (anexo I) por escrito foi assinado por cada responsável de cada voluntário, após os esclarecimentos necessários, estando todos cientes de que a qualquer momento poderiam, sem constrangimento, deixar de participar do mesmo. Para esta pesquisa foram selecionadas quatro escolas da cidade de Pouso Alegre, o critério utilizado para tal foi escolher duas de cada tipo de ensino, ou seja, duas estaduais e duas particulares. Os alunos pesquisados foram de quintas séries do ensino fundamental, ambos os sexos faixa etária entre 12 e 13 anos e o número de alunos variaram conforme representado na tabela 01. -7- ENAF Science, v.3, n.2 Estes não apresentavam nenhum problema de saúde ou físico, tiveram participação voluntária desde que tivessem presença assídua nas aulas de Educação Física podendo assim realizar as etapas da pesquisa em seus horários de aulas. Tabela 01: Relação do número de alunos pesquisados nas escolas estaduais e particulares. Escolas Colégio São José Escola Estadual Dr. José Marques De Oliveira Escola Estadual Monsenhor José Paulino Instituto De Ensino De Pouso Alegre (Objetivo) TOTAL Número de alunos 25 21 38 32 116 Após a apresentação e explicação da pesquisa em cada escola, foram marcadas as datas para aplicação dos questionários e dos jogos cooperativos. As atividades práticas foram agendadas em horários semelhantes e dias próximos em todas as escolas para que não houvesse qualquer tipo de influência positiva ou negativa. O questionário (anexo II) foi aplicado assim que todos entregaram o termo de consentimento assinado pelos pais. Este questionário levou em consideração o conhecimento da prática de jogos cooperativos, bem como, a sua relação e comparação com jogos competitivos. Após a realização do questionário foram aplicadas quatro atividades de jogos cooperativos extraídas da obra de Deacove (2002) para a melhor vivência dos alunos com jogos cooperativos. Os voluntários foram observados enquanto executavam as atividades.Tais exercícios foram: (a) Passando entre os arcos, em círculo de mãos dadas, foram colocados arcos em volta do braço de alguns alunos distantes, estes teriam que passar para o braço do colega do lado e este teria que passar pelo seu corpo entregando no braço do colega ao lado. Não sendo permitido soltar as mãos em nenhum momento. O objetivo era passar o arco para o colega da melhor maneira e no menor tempo possível, não deixando que os arcos se alcançassem; (b) O segundo jogo, o espaguete humano, em círculo cada aluno estendendo os braços dando as mãos para colegas distantes não podendo dar as duas mãos para a mesma pessoa. Os jogadores formando um espaguete humano com os braços todos entrelaçados. O grupo tinha que se desenrolar sem soltar as mãos, até formar um círculo novamente. O objetivo era que os alunos cooperassem uns com os outros para desatarem-se no menor tempo possível; (c) O terceiro jogo, o acerta-pé, os alunos colocados em dois círculos, um no centro de costas e girando. O outro maior não estando de mãos dadas, ao redor do primeiro de frente para o mesmo. O círculo de fora com posse de uma bola para chutarem tentando acertar os pés dos alunos internos, estes deveriam desviar pulando, correndo, abrindo as pernas, mas não podendo soltar as mãos. Os alunos que eram tocados pela bola passavam para o círculo de fora. O objetivo era acertar os pés dos colegas e então formar um grande e único círculo; (d) O quarto jogo: saltos, os alunos colocados em filas de posse de bolas de pingpong, a mais ou menos dois metros deles eram colocadas apoiadas em uma parede cartela de ovos, os alunos tinham que fazer a bola quicar uma vez no chão e a segunda parando na cartela. O objetivo comum era fazer com que o maior número de bolas parassem nas cartelas. No dia seguinte a aplicação das atividades os alunos responderam novamente o questionário, este foi comparado ao primeiro, e através dos resultados foi desenvolvido o trabalho. Os questionários foram respondidos em sala de aulas e toda as aplicações foram acompanhadas pela aluna pesquisadora, não sendo passadas aos alunos qualquer informação que influenciasse as respostas ou interferisse no resultado da pesquisa. Os resultados serão utilizados para comparação entre os tipos de ensino envolvidos e também para uma comparação geral. A analise foi descritiva levando em consideração o percentual das respostas obtidas nos dois questionários. RESULTADOS E DISCUSSÃO A questão 1 tem como objetivo avaliar se os alunos acham importante ter aulas de Educação Física sendo que na totalidade temos que dos 59 alunos das escolas da rede estadual, no primeiro questionário 100% responderam sim a esta questão enquanto que no segundo questionário 96,61%. Nas escolas de rede particular dos 57 alunos no primeiro questionário 98,25% responderam sim e no segundo manteve-se estável. Em ambos sistemas de ensino, os alunos demonstraram achar as aulas de Educação Física tão importante quanto outras disciplinas Percebe-se que os alunos das escolas estaduais gostam mais das aulas de Educação Física, isso talvez esteja relacionado à oportunidade que os alunos de escolas particulares têm de ficarem em casa jogando no computador ou videogames, isso afeta diretamente os horários de aulas. Esta variação que ocorreu nas escolas estaduais pode estar relacionada ao fato dos alunos apresentarem menor conhecimento dos jogos cooperativos ou não terem gostado das atividades práticas. -8- ENAF Science, v.3, n.2 Segundo Galhardo; Oliveira e Aravena, (1998) a Educação Física escolar tem valor inestimável oferecendo à criança a oportunidade de vivenciar diferentes formas de organização, a criação de normas para a realização de tarefas ou atividades e a descoberta de formas cooperativas e participativas de ação, possibilitando a transformação da criança e de seu meio. A questão 2 tem como objetivo avaliar quanto os alunos gostam de suas aulas de Educação Física, sendo que dos 59 alunos pesquisados nas escolas estaduais, no primeiro questionário 81,36% responderam sim a esta questão, no segundo questionário subiu para 98,31%. Nas escolas da rede particular dos 57 alunos no primeiro questionário 94,74% responderam sim enquanto que no segundo 96,49%. O resultado positivo desta questão agradou, pois houve aumento nos dois métodos de ensino após as atividades práticas. O grande número de alunos que gostam das aulas de Educação Física é uma vantagem na hora de trabalhar com os que não gostam, pois uns acabam motivando os outros. Para Campos (1983), a falta de motivação conduzirá ao aumento de tensão emocional, problemas disciplinares, aborrecimentos, fadiga e aprendizagem pouco eficiente da classe. Segundo Machado, (1997), é função do professor de Educação Física quando deseja motivar seus alunos para a prática permanente dos esportes, observar os seus objetivos, fazer o possível para criar valores de estímulos positivos e atraentes ao maior número de praticantes ou até para todos os alunos. Se refletirmos sobre as diferenças individuais que existem de aluno para aluno pode-se concluir que o esporte, embora seu amplo aspecto em disciplinas isoladas, não pode ter o mesmo valor para todos, Frankfurter (1982 apud KUNZ, 2001). A questão 3 tem como objetivo avaliar os alunos sentem falta de algum tipo de atividade, podendo esta ser os jogos cooperativos, sendo que dos 59 alunos da rede estadual no primeiro questionário 49,15%responderam que acham falta, no segundo 50,85% alunos, e nas escolas da rede particular, dos 57 alunos no primeiro questionário 70,18% responderam que acham falta e no segundo apenas 19,30%. Nos dois métodos de ensino grande parte dos alunos respondeu que acha falta de algum tipo de atividade em suas aulas, esta é uma questão que deve ser analisada pelos professores, pois esta contrariando a literatura referente às aulas de Educação Física que enfoca que as aulas devem ser diferenciadas e as atividades devem ser diversificadas. Segundo Kunz (2001), a escolha das disciplinas não é rigidamente determinada, fica a critério dos professores e da escola, de acordo com as condições locais e materiais da mesma, e ou da comunidade. Por outro lado, ainda as diretrizes sugerem que desde que haja condições e materiais adequados, se desenvolva o máximo de disciplinas esportivas e recreativas pois há um amplo leque de possibilidades em relação a conteúdos. Segundo Callado (2002), ensinar a cooperar não é menos importante que ensinar a calcular ou a escrever textos. Ensinar a cooperar pode, por exemplo nos levar a pensar coletivamente. Ao contrário do caso das atividades competitivas não temos encontrado nenhum documento onde se encontre algum inconveniente ao fato de introduzir atividades cooperativas em programas educativos. Faz-se necessário uma profunda reflexão da prática de aula orientada a identificar que fatores provocam respostas inadequadas por parte dos participantes em relação à estrutura da atividade. Podemos por exemplo, analisar se existem relações entre a resposta competitiva entre os grupos, os espaços e materiais utilizados no desenvolvimento de uma determinada atividade, determinando o tipo de problemas que podem surgir na prática e sugerindo algumas possíveis respostas para saná-los. A questão 4 tem como objetivo avaliar se os alunos têm jogos cooperativos nas aulas de Educação Física sendo que nesta questão houve um interveniente, alguns alunos das escolas estaduais, perguntaram se as brincadeiras que eles tinham nas aulas poderiam ser consideradas como jogos cooperativos. Foi respondido que não. Isto mostra que tais escolas não oferecem aulas específicas de jogos cooperativos. Nas escolas estaduais dos 59 alunos no primeiro questionário 28,81% responderam sim a esta questão, no segundo 25,42% e, nas escolas particulares dos 57 alunos no primeiro questionário 84,21% responderam sim, no segundo 71,93%. O ensino que apresentou maior conhecimento dos jogos cooperativos foi o particular, isso pode estar relacionado com a diversidade de horários e opções de modalidades que este apresenta. Os jogos cooperativos como uma ferramenta para o professor na sua prática educacional esta de acordo com diversas teorias construtivistas modernas, são interdisciplinares por excelência e, principalmente, mostram uma forma alternativa de encarar o mundo, que é a forma da cooperação, onde o coletivo se sobrepõe ao individualismo e a possibilidade da vitória somente existe se o outro também vence, e não se ele é derrotado. E o melhor, tudo isso é feito sem prejuízo do conteúdo programático, (BROTTO, 2001). Num primeiro momento quando analisado os jogos cooperativos são vistos como apenas divertidos e interessante e como não tem um único vencedor entendidos como brincadeiras sem grande profundidade, mas isto é falso. Quando jogamos cooperativamente podemos internalizar valores essenciais ao ser humano e ao trabalho em equipe, aprender a viver melhor em sociedade agregando qualidades ao processo de convivência e tantos outros. A questão 5 tem como objetivo avaliar se os alunos gostam de jogos cooperativos, sendo que nas escolas estaduais dos 59 alunos no primeiro questionário 91,53% responderam que gostam, no segundo 89,83% e, nas escolas particulares dos 57 alunos no primeiro questionário 87,72% responderam que gostam e no segundo 78,95%. Analisando as alterações ocorridas nos gráficos podemos observar que houve por parte dos alunos um decréscimo do número de respostas positivas após as atividades práticas. Os alunos das escolas estaduais demonstraram gostar mais dos jogos cooperativo que os das escolas particulares, talvez para eles seja novidade -9- ENAF Science, v.3, n.2 este tipo de atividade. É uma oportunidade através da escola de realizá-los. Como os alunos de escolas estaduais têm menos acesso a estes tipos de jogos o interesse é maior. Segundo Brotto, (2001), cabe ao educador incrementar o espírito de cooperação atuando na parte afetiva dos alunos, impulsionando-os para a construção de um mundo mais humano e fraterno, através de ações e ajudas positivas e não a simples busca de vitória sobre os outros. É difícil educar através de competição em uma sociedade materialista. A questão 6 tem como objetivo avaliar se os alunos haviam entendido o que eram jogos cooperativos sendo que nas escolas estaduais dos 59 alunos pesquisados no primeiro questionário 59,32% responderam que acham ruim não ter um vencedor no segundo questionário 64,41% e, nas escolas particulares dos 57 alunos pesquisados no primeiro questionário 54,39% responderam que acham ruim não ter um vencedor, no segundo questionário 49,12%. Prigogine e Strengers (1997 apud BROTTO 2001), afirmam que quando jogamos cooperativamente, podemos nos expressar autêntica e espontaneamente, como alguém que é importante e tem valor, essencialmente, por ser quem é, e não pelos pontos que marca ou resultados que alcança. A questão 7 tem como objetivo avaliar se os alunos têm preferência por jogos cooperativos, competitivos ou ambos e nas escolas da rede estadual dos 59 alunos no primeiro questionário 18,64% preferem cooperativos, 20,34% competitivos e 61,02% ambos. No segundo questionário 16,95% preferem cooperativos, 33,90% competitivos e 49,15% ambos e, nas escolas particulares dos 57 alunos no primeiro questionário 17,54% preferem cooperativos, 47,37% competitivos e 35,09% ambos. No segundo questionário 26,32% preferem cooperativos, 31,58% competitivos e 42,11% ambos. Nas escolas estaduais os alunos não têm preferência por um ou outro, a maioria optou por ambos. Já nas escolas particulares os alunos preferem competitivos. Segundo Paes (2001), existe uma resistência aos jogos cooperativos, isto é absolutamente normal e notoriamente menor. A melhor compreensão dos jogos cooperativos ocorre através de um processo, que acreditamos ser permanente.Assim sendo, mudanças de rumo ocorrem de forma lenta, entretanto segura e acima de tudo por convicção. Freedmam (1973 apud BROTTO 2001), diz que as pessoas são propensas a interpretar virtualmente toda e qualquer situação social como competitiva. Segundo Mattos e Neira (2000), a nova geração é educada em e para uma sociedade competitiva na qual o princípio do rendimento se impôs. A questão 8 tem como objetivo avaliar o empenho dos alunos durante a execução dos jogos cooperativos sendo que nas escolas estaduais dos 59 alunos no primeiro questionário 86,44% responderam sim a esta questão, no segundo questionário 91,53% e nas escolas particulares dos 57 alunos no primeiro questionário 89,47% responderam sim a esta questão, no segundo questionário 91,23%. O nível de respostas positivas para estas questões foi bem próximo nos dois tipos de ensinos, isso demonstra que o empenho dos alunos é o mesmo para qualquer tipo de atividade. A questão 9 tem como objetivo avaliar os alunos quanto à busca por um mundo melhor sendo que nas escolas estaduais dos 59 alunos no primeiro questionário 88,14% responderam sim a esta questão, no segundo questionário 84,75%, e nas escolas particulares dos 57 alunos no primeiro questionário 87,72% responderam sim a esta questão, no segundo questionário 85,96%. A cooperação dentro de um grupo leva a maior coordenação dos esforços, maior diversidade na quantidade de contribuições dos membros, maior atenção aos companheiros, maior produtividade por unidade de tempo, melhor qualidade dos resultados e avaliação mais favorável do grupo e de seus resultados ao sentimento mais intenso de apreciação pelos companheiros. Pensamos que a tarefa de educação é formar seres humanos para o presente, seres nos quais qualquer outro ser possa confiar e respeitar, seres capazes de pensar tudo e de fazer tudo o que é preciso como um ato responsável a partir de sua consciência social. Segundo Brown (2001), muito se tem escrito e comentado sobre os jogos cooperativos para transmitir e viver valores como: a comunicação, a solidariedade, a tolerância e a empatia. Muitos sabem que o ambiente resultante da implementação dos os jogos cooperativos é algo muito positivo e também muito especial. Em si, o jogo cooperativo reflete os valores que queremos transmitir em uma educação para solução de conflitos. Segundo Barreto (2002), os jogos cooperativos se constituem em instrumentos lúdicos capazes de provocar uma ruptura em nossa subjetividade individualista e competitiva e, com isso, promover uma revisão de valores e condutas na direção de um mundo mais cooperativo e solidário. Nosso desafio é transbordar a cooperação onde seja possível, mesmo aonde não o seja. Se falamos em construir um mundo melhor, estamos falando em mudar nossas práticas cotidianas. Até porque, jogar é fácil o difícil é viver. A questão 10 tem como objetivo avaliar o espírito cooperativo dos alunos, sendo que nas escolas estaduais dos 59 alunos no primeiro questionário 98,31% responderam sim a esta questão, no segundo questionário não houve variação. Nas escolas particulares dos 57 alunos no primeiro questionário 92,98% responderam sim a esta questão, no segundo questionário 85,96%. Os alunos acreditam que levando a cooperação também para fora da escola, poderão favorecer o dia-a – dia, (BROTTO, 2001). Na questão 11 onde o objetivo era avaliar se os alunos fariam uma aula somente com jogos cooperativos, Nas escolas estaduais dos 59 alunos no primeiro questionário 72,88% disseram que fariam uma aula só com jogos cooperativos, no segundo questionário 59,32%. - 10 - ENAF Science, v.3, n.2 Nas escolas particulares dos 57 alunos no primeiro questionário 61,40% alunos disseram que fariam uma aula só com jogos cooperativos, no segundo questionário 68,42%. Nos dois tipos de ensino, mesmo com uma grande parte dos alunos gostando de jogos cooperativos, esses não fariam aulas somente com esse tipo de jogos. Partindo dos objetivos inicialmente propostos que eram, comparar as escolas estaduais e particulares em aulas de Educação Física quanto ao conhecimento e aplicação dos jogos cooperativos; avaliar o interesse dos alunos e diagnosticar se os jogos cooperativos fazem parte do cotidiano dos alunos pesquisados, podem-se fazer algumas considerações. Como resultados, teve-se que a maioria dos alunos apresentou mudanças significativas após a aplicação dos jogos cooperativos. Logo no início da aplicação dos jogos houve uma certa resistência em aceitá-los, porém, com o decorrer de sua aplicação os alunos foram se sensibilizando e aceitando-os de forma natural. Por fim, resume-se que o êxito ou fracasso da introdução de atividades físicas cooperativas nos programas de educação formal dependerá por uma parte, do grau de coerência e serenidade desses programas e, por outra, da capacidade das atividades cooperativas para alcançar os objetivos perseguidos, bem como para dar resposta aos distintos problemas que atualmente surgem em aulas de Educação Física. Entender a estrutura das atividades cooperativas aplicá-las na prática cotidiana e analisar desde uma concepção crítica, o porque de determinadas situações é o que nos permitiu alcançar o objetivo. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICA BARATA, K. M. A. 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Dentre os vários males que envolvem o ser humano podemos destacar o stress físico e psicológico. Tal doença somatizada leva a Síndrome de Burnout, sendo que esta pode ser mais evidenciada em profissionais da área da saúde. Sendo assim o objetivo desta pesquisa foi comparar e analisar os estudantes do curso de enfermagem da UNIVÁS e suas predisposições para a síndrome de Burnout. Para isso foram utilizados 170 alunos do referido o qual responderam a um questionário de 29 questões. Após a análise qualitativa e quantitativa dos resultados podemos concluir que a síndrome de Burnout pode se instalar com mais facilidade em estudantes de enfermagem do 3º e 4º anos podendo ser devido ao maior estresse ocasionado por tarefas como estágios em hospital e a proximidade do início da carreira. Palavras-chave: Síndrome de Burnout; Enfermagem, Atividades Físicas. INTRODUÇÃO A chamada Síndrome de Burnout pode ser definida como uma das conseqüências mais marcantes do estresse, e se caracteriza por exaustão emocional, avaliação negativa de si mesmo, depressão e insensibilidade com relação à quase tudo e todos (até como defesa) Samulski (2002) afirma que há autores que defendem a Síndrome de Burnout como sendo diferente do estresse, alegam que esta doença envolve atitudes e condutas negativas com relação aos usuários, clientes e organizações, enquanto o estresse apareceria mais como um esgotamento pessoal com interferência na vida do sujeito e não necessariamente na sua relação somente com o seu trabalho. De acordo com Pereira (2002) os primeiros estudos sobre a síndrome de burnout surgiram no cenário internacional no final da década de 60, passando a se consolidar na década seguinte, em nosso país, mesmo sendo prevista como doença do trabalho, ainda é desconhecida entre boa parte de nossos profissionais. Este autor coloca que este síndrome é um processo que se dá em resposta a cronificação do estresse ocupacional, trazendo consigo conseqüências negativas tanto em nível individual, como profissional, familiar e social. Na esfera institucional, os efeitos do burnout se fazem sentir tanto na diminuição da produção como na qualidade do trabalho executado, no aumento do absenteísmo, na alta rotatividade, no incremento de acidentes ocupacionais, denegrindo a imagem desta e trazendo prejuízos financeiros. Conforme Samulski (2002), esta síndrome tem recebido mais atenção que a síndrome do super treinamento em estudos como os de Dale & Weinberg, 1990; e seu conceito é complexo e multidisciplinar: “Burnout” é uma resposta psicofisiológica exaustiva que se manifesta como um resultado de uma freqüência, muitas vezes excessivas, e geralmente com esforços ineficazes na tentativa de conciliar um excesso de treinamento com as exigências da competição. Diferentemente de outras, se a pessoa que vivencia o burnout, o afastamento do ambiente de estresse é geralmente inevitável. Esta síndrome é de natureza física e psicológica. Alguns incluem a perda do interesse, nenhum desejo, esgotamento físico e mental, falta de preocupação, depressão e ansiedade aumentada (SMITH, 1986). Em geral, o curso da Síndrome é indisioso. A evolução do quadro é paulatina e pouco a pouco os sintomas vão surgindo, oscilando com a intensidade variável. Há uma tendência em negá-la. O próprio paciente se nega a aceitar diferenças que os outros observam nele, portanto, a síndrome é notada primeira pelos companheiros. Existe uma fase irreversível. Entre 5% e 10% dos pacientes com essa síndrome adquire gravidade tal que resulta irreversível se não deixar a atividade atual. Esse grau mais grave predomina em profissionais médicos (GILL, 1986). Pesquisas de caráter qualitativas desenvolvidas por Nunes e Teixeira (2000), explicitam algumas causas apontadas pelos docentes entrevistados como desencadeadores do mal-estar docente como a falta de tempo para realizar bem o trabalho (cada vez mais alunos, mais aulas, mais conteúdos fora da área de formação); Burocratização do trabalho, planilhas, dados a preencher, controle avaliativo; Conflito de papéis: ora professor, ora pesquisador, ora administrador; Exigências acadêmicas: novos curriculum, avaliações MEC, novas tecnologias; Invasão do espaço privado: trabalho em casa, à noite, finais de semana Trabalho que exija concentração, escrever artigos, preparar aula, somente fora do ambiente de trabalho; Preocupação da escola com desempenho acadêmico e tecnologia, sem valorizar a qualidade de vida do professor, os valores humanos prescritos da Instituição. - 12 - ENAF Science, v.3, n.2 Essas e outras fontes de estresse no contexto educativo constituem aspectos diante dos quais podemos ser vulneráveis ao Burnout. Conforme definição de Berger & McInman (1993), a qualidade de vida reflete a satisfação harmoniosa dos objetivos e desejos de alguém; isso enfatiza a experiência subjetiva mais que as condições objetivas de vida. A qualidade de vida ou “felicidade” é a abundância de aspectos positivos somada a uma ausência de aspectos negativos. Ela reflete também o grau no qual as pessoas percebem que são capazes de satisfazer suas necessidades psicofisiológicas. Ainda baseado no autor acima, baseando-se em resultados de pesquisas aprsentadas (1993), pode-se afirmar que o exercício físico reduz os níveis de ansiedade, depressão e raiva, os quais são considerados como possíveis sintomas de Estresse, assim como reduz a influência de estrossores psicossociais sobre o indivíduo (BLUMENTHAL et al., 1988; CREWS & LANDERS, 1987; SINYOR et al., 1983.) , “[...] que o exercício físico é imprescindível para a saúde do ser humano em todas as idades. É papel dos profissionais da área de saúde, e neles se inclui o professor de educação física por ser aquele que conhece o corpo do exercício físico a ser praticado cotidianamente, levar ao conhecimento da população geral a importância da prática de atividades físicas para a manutenção e obtenção da saúde na totalidade de seu significado, ou seja: físico, psicológico e social. [...]. (SAMULSKI; 2002) , “[...] pode-se afirmar que para se obter os benefícios esperados do exercício físico sobre o bem-estar psicológico, é preciso que a atividade realizada com esse fim deva ser cautelosamente escolhida, tendo em consideração as recomendações existentes e as características individuais da pessoa para a qual o exercício está sendo recomendado. (BERGER & MCINMAN, 1993). De acordo com Berguer & MacInman (1993), a qualidade de vida reflete a satisfação harmoniosa dos objetivos e desejos de alguém; isso enfatiza a experiência subjetiva mais que as condições objetivas da vida. A qualidade de vida ou “felicidade” é a abundância de aspectos positivos somada a uma ausência de aspectos negativos. Ela reflete também o grau no qual as pessoas percebem que são capazes de satisfazer suas necessidades psicofisiológicas. Com base nos resultados de pesquisas apresentadas pelo autor acima mencionado, pode afirmar que o exercício físico reduz os níveis de ansiedade, depressão e raiva, os quais são considerados como sintomas de Estresse, assim como reduz a influência de estressores psicossociais sobre o indivíduo (BLUMENTHAL et al. 1988, CREWS & LANDERS, 1987; SINYOR, et al.,1983). O objetivo geral deste trabalho é avaliar o índice da Síndrome de Burnout em universitários que cursam o curso de Enfermagem da UNIVÁS do ano de 2005, e verificar o nível de comprometimento desta síndrome no desempenho acadêmico e os benefícios da atividade física para estes alunos na redução dos sintomas. MATERIAIS E MÉTODOS Este trabalho foi aprovado pelo comitê de Ética da Universidade do Vale do Sapucaí (UNIVÁS) sob o protocolo 353/04. Ao apresentarem-se como voluntários, os alunos participaram de um encontro com o pesquisador onde foram informados quanto aos objetivos e aos procedimentos metodológicos do estudo. Foram também informados quanto aos possíveis riscos e desconfortos assim como compensações por danos decorrentes, sendo que logo após desta palestras os mesmos assinaram o termo de consentimento pós-informado. Para esta pesquisa foi selecionada a Universidade do Vale do Sapucaí (UNIVÁS) e dentre todos os cursos o escolhido foi o da Enfermagem. O critério para escolha foi o que, de acordo com literaturas, esta profissão seria uma um candidato em potencial para o aparecimento do objeto de estudo devido ao tipo, as condições de trabalhos por eles enfrentados. Os alunos pesquisados foram todos os alunos matriculados e freqüentes do curso de enfermagem do ano de 2005 e os números variam de períodos sendo 51 alunos no 1º ano, 47 alunos no 2º ano, 40 alunos no 3º ano e 32 alunos no 4º ano, totalizando 170 questionários. A pesquisa foi realizada em seus horários de aulas e contaram somente com os alunos presentes. O questionário continha 29 (vinte e nove) questões fechadas contendo no mínimo duas opções em algumas e no máximo quatro para outras. Entre essas vinte e nove questões, algumas ainda continham um campo para preenchimento no intuito de obter um maior entendimento do cotidiano dos voluntários e com isso aumentar ainda mais a verificação do objetivo da monografia. Este possuía ainda uma questão aberta para que os voluntários pudessem expressar suas idéias, seus sentimentos em relação à profissão de acordo com a sua visão. Durante a aplicação do questionário, observou-se o acompanhamento do aluno pesquisador dento das salas de aula, não sendo passado aos alunos quaisquer informações que pudessem vir a influenciar suas respostas ou que pudessem interferir no resultado, tanto por parte do aluno pesquisador , quanto dos voluntários. Os resultados foram utilizados para a comparação entre os voluntários envolvidos bem como uma comparação geral entre estes. A análise do questionário foi realizada em etapas seguindo o seguinte cronograma: Fase 1 : Questões de 01 a 05; Fase 2: Questões de 06 a 08; Fase 3: Questões de 09 a 12; Fase 4: Questões de 13 a 16; Fase 5: Questão 17; Fase 6: Questões de 18 a 29; Fase 7: Questão Final aberta. O 1º grupo de perguntas (questões de 01 a 05), além de servir como uma preliminar para conhecimento dos voluntários, serve também como fatores agravantes no que diz respeito a síndrome, já que pessoas que estão distantes de familiares, morando sozinhas ou que tenham que se deslocarem para estudar tendem a ter uma maior possibilidade de adquirir a Síndrome de Bournout devido a estes fatores contribuírem para isto. - 13 - ENAF Science, v.3, n.2 O 2º grupo de perguntas (questões de 06 a 08) está diretamente ligado à profissão por eles escolhida bem como o nível de comprometimento em relação a esta profissão. O 3º grupo de perguntas (questões de 09 a 12) está relacionado a algum tipo de ocupação extra faculdade, fator este que se positivo diminuiria a possibilidade de tempo livre, resultando numa maior possibilidade de desgaste ocupacional. O 4º grupo de perguntas (questões de 13 a 16) é o inverso do grupo anterior e tende a nos informar a disponibilidade de tempo livre / ócio, o que resultaria em uma menor probabilidade de aquisição da síndrome aqui estudada. O 5º grupo, este composto apenas pela pergunta N.º 17, tende a nos informar sobre o grau de conhecimento fisiológico sobre o corpo humano, tendo em vista que a profissão escolhidas pelos voluntários trabalhará diretamente com isso. O 6º grupo de perguntas (questões 18 a 29) entra diretamente nos sintomas da Síndrome aqui estudada e tende a nos fornecer um breve diagnóstico daqueles que possuem uma tendência maior a adquirir esta em virtude dos sintomas manifestados. O 7º grupo é um breve relato sobre o conhecimento da profissão e o conhecimento presente ou ausente das dificuldades que esta irá oferecer dificuldades físicas, mentais e psicológicas. O maior índice que poderá ser adquirido neste questionário é de 39 pontos, sendo este, caso consiga tal pontuação, considerado um candidato em potencial para a aquisição da Síndrome de Bournout. Foi realizada duas análise sendo a primeira quantitativa e comparativa, levando em consideração a somatória da pontuação obtida em relação às respostas obtidas nos questionários aplicados, sendo que após a verificação de não parametria dos dados por meio do teste de Shapiro-Wilk, foi utilizado o teste de Kruskall-Walls, com test t post-hoc (p<0,05). A segunda foi qualitativa levando em consideração as respostas subjetivas descritas pelos voluntários. RESULTADOS E DISCUSSÃO Conforme pode ser observado no gráfico, os dados observados demonstraram uma diferencia significativa entre o grupo do 1º ano e os demais grupos (p<0,05). As demais comparações não demonstraram diferenças (p>0,05). Somatória das questões 25 20 * 15 10 5 0 1 2 3 4 Períodos Gráfico: Médias das somatórias das questões de acordo com o questionário aplicado a respeito da Síndrome de Burnout. * diferença significativa com os períodos 2, 3 e 4 (p<0,05) O objetivo deste trabalho foi comparar através de um questionário criado a partir de características e conceitos já relatado pela literatura sobre a Síndrome de Burnout, conforme mencionado acima, o nível de stress em alunos do 1º ao 4º ano de enfermagem da Universidade do Vale do Sapucaí em Pouso Alegre. Através da somatória obtida com as respostas dos voluntários pode-se observar uma menor tendência a síndrome de Burnout em estudantes do 1º ano. De acordo com Hudson Hübner, França (1987) tal resultado pode ser explicado devido a menor pressão emocional nestes indivíduos. Além disso, estudantes do 3º e 4º anos estão envolvidos em práticas de estágio dentro de hospitais, sendo os mesmos mais susceptíveis a síndrome. Não foi encontrada diferença quanto ao 2º ano em relação aos nos posteriores. Isso pode ter ocorrido devido a uma pequena amostragem deste trabalho. No entanto, cabe destacar que o 2º ano também não passa pelo processo de estágio, mas pode-se obter uma hipótese de que a influência de uma carga horária maior neste período, além do aumento da ansiedade, nestes voluntários durante este período pode ter aumento os valores dos níveis de possibilidade da Síndrome. Ao analisar as respostas subjetivas encontradas nos questionários na turma de primeiro ano pode-se constatar que boa parte dos voluntários possui uma noção bem geral do que estará preste a enfrentar no decorrer da profissão escolhida, porém isso ainda não se encontra claro para uma boa maioria. - 14 - ENAF Science, v.3, n.2 Por não haver ainda uma conscientização sobre a profissão, não existe uma cobrança, não existe uma responsabilidade maior. Por ainda não estar lidando com pessoas, passa a ser um curso comum, como se fosse uma extensão do cursinho para alguns e isto de forma geral não gera um nível elevado de estresse, muito pelo contrário, tudo é novidade, diferente e agradável, principalmente para os mais jovens, aqueles que acabaram de sair do 3º colegial ou do cursinho e entraram direto na faculdade. Não se pode considerar isso uma regra, pois existem aqueles que já conhecem a profissão de forma direta ou indireta e que já começam a sofrer as possíveis pressões. Já ao analisar os relatos do segundo ano, a exemplo do que ocorreram no primeiro ano, ocorrem diversas variações no que diz respeito à profissão e a problemas a serem enfrentados. Neste caso já se podem destacar comportamentos de riscos de alguns voluntários tendo em vista a somatização de sintomas encontrados no grupo de 1º ano e que possivelmente levados adiante na formação deste profissional poderá a formação da síndrome, Relatos de Smith (1986), mencionam que se a pessoa que vivencia o burnout, o afastamento do ambiente de estresse é geralmente inevitável, sendo que tal síndrome é de natureza física e psicológica. Alguns autores colocam que a perda do interesse, nenhum desejo, esgotamento físico e mental, falta de preocupação, depressão e ansiedade aumentada e que tais sintomas, conforme citados acima, tornam-se mais evidentes com o passar dos anos de curso e aumentam significativamente a partir do terceiro e quarto ano (AMORIM, 1998). Um dos fatores que contribui para a possibilidade de aquisição da Síndrome de Burnout é o aumento da carga horária de estudo, já que a partir do terceiro ano os alunos necessitam iniciar na prática de estágios nos mais diversos setores, além de continuar a ter aula em sala de aula, conseqüentemente o tempo de dedicação à futura profissão escolhida torna-se maior e em conseqüência do mesmo, o tempo para atividade relaxante ou anti-estress diminui. Outro fator que contribui para a possibilidade da aquisição da síndrome é que tendo contato com a parte de estágios, conseqüentemente com pacientes em diferentes graus, nas mais diversas enfermidades e em alguns casos uma visão próxima do convívio entre a vida e a morte. Esse limite próximo entre estas duas coisas tão opostas, em conjunto com os damais fatores expostos poderá contribuir em muito para o surgimento de conflitos internos e desgastes pessoais, conforme relatos de Berger & McInman, (1993), onde a qualidade de vida reflete a satisfação harmoniosa dos objetivos e desejos de alguém; isso enfatiza a experiência subjetiva mais que as condições objetivas de vida. Os mesmos autores destacam que a qualidade de vida ou “felicidade” é a abundância de aspectos positivos somada a uma ausência de aspectos negativos. Ela reflete também o grau no qual as pessoas percebem que são capazes de satisfazer suas necessidades psicofisiológicas. Entretanto, seguindo a mesma linha de raciocínio que dos anos anteriores, não são todos os alunos que conseguem “relaxar”, mesmo sendo o final do curso, ao contrário, para alguns começa uma nova fase de preocupação agora que deixará de ser um estudante de enfermagem para ser um verdadeiro enfermeiro, empregado ou desempregado e com isso gera uma nova carga de futuras preocupações. Tais dificuldades foram relatadas por Gill; 1986 [...], trata-se de um conjunto de condutas negativas, como por exemplo, a deterioração do rendimento, a perda de responsabilidade, atitudes passivo-agressivas com os outros e perda da motivação, onde se relacionariam tanto fatores internos, na forma de valores individuais e traços de personalidade como fatores externos, na forma das estruturas organizacionais, ocupacionais e grupais. Traz conseqüências não só do ponto de vista institucional, como é o caso do absenteísmo, da diminuição do nível de satisfação profissional, aumento das condutas de risco, inconstância de empregos e repercussões na esfera familiar. A hipótese de um outro indicativo, porém ainda não comprovado do estresse relacionado a esta profissão é a variação do número de pessoas que deram início ao curso e o número de pessoas que terminam o curso, ocorrendo uma queda bastante significativa nestes. Geralmente uma nova turma inicia com uma média de 60 alunos e ao final de quatro anos termina com uma média de 30 a 35 pessoas. Os motivos pelos quais ocorrem essas desistências não são comprovados, porém é relatados de Smith, (1986) apontam para possibilidade; Esta síndrome começou a ser observada originalmente, em profissões predominantemente relacionadas a um contacto interpessoal mais exigente, tais como médicos, psicanalistas, carcereiros, assistentes sociais, comerciários, professores, atendentes públicos, enfermeiros, funcionários de departamento de pessoal, tele marketing e bombeiros. Diversos estudos apontam dificuldades peculiares de alguns profissionais, principalmente da área de saúde, levando-os a problemas psicossomáticos, stress, distúrbios emocionais, abuso na ingestão de álcool e drogas, bem como mais especificamente na área médica, até mesmo, maior índice de suicídio em relação à população geral. Outro fator importante para o desencadeamento da síndrome é produção de tensões que podem e devem ser eliminadas através da atividade física, que podem ser entendidas como paliativas e situacionais, considerando-se que existem outros meios de conter e de se adaptar as atividades rotineiras desta profissão, como por exemplo o estresse. O estresse é o estado de tensão de um organismo vivo. Uma situação de estresse poderá ser vivenciada por qualquer indivíduo submetido a estímulo externo ou a alguma situação que provoque necessidade de mudança ou adaptação, mudança esta que acabe significando uma ameaça. Em termos práticos, é um conjunto de reações orgânicas e psíquicas no organismo em relação a estímulos externos, como medo, apreensão, preocupação, excitação, irritabilidade excessiva, tristeza e felicidade. (Samulski; 2002). Após análise e discussão dos dados podemos concluir que por meio do questionário que diagnostica a Síndrome de Burnout foi possível evidenciar uma maior tendência de prevalência desta síndrome nos últimos anos - 15 - ENAF Science, v.3, n.2 (3º e 4º anos) do curso de enfermagem da Universidade do Vale do Sapucaí explicada pelo maior stress ocasionado pelo advento de estágios e da preocupação com o mercado de trabalho. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMORIM, C. A Síndrome de Burnout: modelos teóricos e avaliação. Anais do VIII Encontro Regional Sul a ABRAPSO. Curitiba, 18-20 de setembro, p. 69, 1998. BERGER, B., MACINMAN, A. Exercise and the quality of life. In Singe, R. et al., Handbook of Research on Sport Psycology. 1º ed. New York: Macmillan Publishing Company, cap 34, 729-760, 1993 BLUMENTHAL, J., Exercise training in helthy Type A middle-aged men: Effects on behavioral an cardiovascular responses. Psychosomatic Medicine, 50, 418-433, 1988. CREWS, D., LANDERS, D. 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Journal os Sports Psychology, 8, 36-50, 1986 [email protected] - 16 - ENAF Science, v.3, n.2 DESENVOLVIMENTO SOCIAL DO PORTADOR DE SÍNDROME DE DOWN COM A INCLUSÃO 2 PAIVA NETO A. 1 SILVA F.C. 1 RODRIGUES L.I. 3 OLIVEIRA A. de 1 2 Universidade do Vale do Sapucaí – UNIVÁS Centro Universitário da Fundação Educacional Guaxupé – UNIFEG 3 Universidade Federal de São João del-Rei– UFSJ RESUMO Este trabalho se propôs a comparar o desenvolvimento social de portadores de Síndrome de Down antes e após um semestre letivo em que os alunos se submeteram a uma metodologia de ensino por inclusão. Participaram deste estudo sete professores da APAE de Santa Rita do Sapucaí que responderam questionários de avaliação sobre nove portadores de síndrome de Down, de ambos os sexos, residentes e domiciliados na cidade de Santa Rita do Sapucaí, com idade entre 7 a 28 anos, que atualmente trabalham com a inclusão na APAE de Santa Rita do Sapucaí – MG, mas que antes do surgimento da inclusão os mesmos conviviam somente entre portadores. Foram aplicados aos professores um questionário com 10 perguntas sobre o desenvolvimento social dos portadores de SD, no início do segundo semestre do ano de 2005, referente aos anos em que não havia inclusão, sendo este a primeira coleta de dados. Ao se compararem, estatisticamente, as respostas dos testes antes e depois da aplicação do modelo inclusivo nas crianças avaliadas pelos participantes do estudo, nenhuma diferença foi encontrada. Estudos com um maior número de participantes pode, decididamente dirimir as dúvidas levantadas neste estudo. Também seria importante se verificar outras experiências para que se possa inferir alguma proposição neste sentido. Palavras-chave: Desenvolvimento social; Sindrome de Down; inclusão. INTRODUÇÃO Este trabalho se propôs a comparar o desenvolvimento social de portadores de Síndrome de Down antes e após um semestre letivo em que os alunos se submeteram a uma metodologia de ensino por inclusão. De acordo com Cotes (2004), mais de 24 milhões de pessoas tem alguma deficiência, física ou mental, no Brasil. Elas representam 14,5% de toda a população, segundo o IBGE. Apesar dessa presença maciça, quando o assunto é educação, nos números do Ministério da Educação (MEC) mostram uma realidade excludente. Dos mais de 57 milhões de alunos matriculados nas redes pública e particular, apenas 500 mil são deficientes. Isso significa que nesse mar de estudantes os deficientes não chegam a 1% dos brasileiros que ocupam as salas de aula. Apesar dos deficientes não chegarem a 1% nas escolas regulares, o governo já vem tomando medidas de adaptações nas mesmas e nos professores para que aos poucos os portadores comecem a freqüentar uma escola pública que irá atender suas necessidades. A partir da conferência de Salamanca em 1994, a comunidade acadêmica e educacional defrontou-se com um problema no atendimento social aos portadores de necessidades especiais. As discussões fundamentaram a promulgação da lei de Diretrizes e Bases da educação Nacional de 20 de Dezembro de 1996 (LDB 9394/96). Essa regulamentação propôs uma nova leitura sobre a educação especial, em particular no artigo 58, o qual afirma ser esta a “modalidade de educação escolar, oferecida, preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais, assegurando o direito de matricula para pessoas deficientes nas escolas regulares”. Sendo o desenvolvimento social um quesito de grande importância para a vida dos portadores, pois ao integrar-se com seus colegas (não portadores) através de brincadeiras e outras atividades em grupos eles irão desenvolver suas relações interpessoais. Eckerman, Whatley & Kutz, (1975), afirmam que as interações das crianças aumentam e se tornam mais positivas e muitas crianças podem iniciar uma brincadeira, cooperar e aguardar a sua vez. Através da brincadeira as crianças se reúnem em um ambiente propício para a formação e manutenção de relações sociais, incluindo amizades. Muitos fatores influenciam o status social das pessoas. Entre os atributos cognitivos associados à popularidade estão as habilidades bem –desenvolvidas de assumir papéis e ser simpático e solidário com os outros. As pessoas com maior status social também tem maior conhecimento e compreensão social das formas eficazes de interação. Para Eisenberg & Mussen (1989), as pessoas mais empáticas ou orientadas para o outro tendem a compartilhar ou ajudar os outros em situações reais.Os vínculos de amizade levam as pessoas a compartilhar e apresentar seu comportamento nas relações de interações concretas. O nosso auto controle aumenta à medida que crescemos, com isso nos tornamos mais maduros e responsáveis. Em recente revisão, Stainback & Stainback (1999) afirmam que mesmo que uma criança não consiga aprender quaisquer das meterias na fase escolar e muito importante que ela seja incluida em escolas regulares para que todos possam adquirir o respeito, interesse e apoio mutuo, em uma socidade inclusiva. Então vemos que o convívio entre portadores e não portadores possui uma variedade de técnicas que visam a socialização das crianças em geral, desenvolvendo suas relações sociais incluindo: a modelação, observação e a indução (raciocinar) e suas atribuições de responsabilidade.Os primeiros trabalhos científicos sobre a SD datam do século XIX, porém, possivelmente ele sempre esteve presente na espécie humana. A SD decorre de - 17 - ENAF Science, v.3, n.2 um erro genético presente já no momento da concepção ou imediatamente após, e que este erro ocorre de modo bastante regular na espécie humana afetando um em cada cerca 700/900 nascidos vivos (STEELE e STRAFFORD, 1995). Estas cifras são mais ou m menos constantes em todas as partes do mundo e não são afetadas pela classe social, raça, credo ou clima. METODOLOGIA Para a realização deste foi necessário a aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade do Vale do Sapucaí. Aos voluntários foi esclarecido o objetivo e procedimento metodológico deste estudo. O consentimento por escrito para participação do estudo foi obtido dos próprios colaboradores, após os esclarecimentos necessários, estando todos cientes de que a qualquer momento poderiam deixar de participar do mesmo, foram tomadas todas as precauções no intuito de preservar a privacidade dos voluntários. Participaram deste estudo sete professores da APAE de Santa Rita do Sapucaí que responderam questionários de avaliação sobre nove portadores de síndrome de Down, de ambos os sexos, residentes e domiciliados na cidade de Santa Rita do Sapucaí, com idade entre 7 a 28 anos, que atualmente trabalham com a inclusão na APAE de Santa Rita do Sapucaí – MG, mas que antes do surgimento da inclusão os mesmos conviviam somente entre portadores. Inicialmente foi feito um contato com a diretora da Instituição para explicação do projeto e através de uma cópia do mesmo, que foi entregue no ato da reunião ficando a diretora ciente do objetivo e procedimento para realização do trabalho. Após autorização da diretora foi feita uma reunião com os professores e pais dos portadores com a finalidade de apresentar a pesquisa, seu objetivo, procedimento e também entrega do termo de consentimento aos mesmos. Foram aplicados aos professores um questionário com 10 perguntas sobre o desenvolvimento social dos portadores de SD, no início do segundo semestre do ano de 2005, referente aos anos em que não havia inclusão, sendo este a primeira coleta de dados. A socialização visa constituir em cada um, um ser social tornando-se responsável pelos nossos padrões culturais e sociais. Na APAE de Santa Rita do Sapucaí e desenvolvido o trabalho para a socialização, de modo que todos os direitos fundamentais das pessoas com deficiências sejam respeitados e mesmo sem terem consciência tantos os portadores quantos as pessoas com deficiências estão colaborando para formarem indivíduos adultos, tolerantes, solidários e responsáveis. Trabalham de forma igual, fazendo com que se sintam capazes, mesmo com algumas limitações, acontecendo de uma forma natural em atividades diárias. Uma das maneiras usadas para socialização das pessoas com deficiências e através de brincadeiras, jogos, atividades em grupo e extraclasse, onde desenvolvem suas relações interpessoais e sociais. Antes da inclusão o desenvolvimento das pessoas portadoras de SD era “deficiente”, onde havia pouco ganho intelectual, pois os mesmo convivendo somente com outras crianças portadoras de deficiências não tinham em quem se espelhar, ficando muitas vezes aquém do desenvolvimento esperado. Hoje com este trabalho de inclusão obtiveram um ganho intelectual considerável, pois convivem com crianças sem deficiências eles aprenderam a se portar, pedir ao sair da sala, pedir desculpas, por favor, e agradecer, na área cognitiva aprenderam a usar o caderno, trabalhar e colaborar com os outros. Eles têm o objetivo de desenvolver nas pessoas com deficiências a autonomia e independência para que sejam motivados para que sejam incluídos na sociedade e assim alcançarem o topo da inclusão social, onde não haja diferenças vivendo em democracia. Não podemos nos esquecer que também os alunos sem deficiências são de grande importância para a inclusão, sendo eles colaboradores, onde os mesmos incentivam o aluno com deficiência, através de elogios, respeito e solidariedade, incentivam também na parte moral e social a traves de seu convívio da praticado respeito às diferenças. As pessoas com deficiências se sentem motivados com a presença das pessoas sem deficiências, buscando aprender em sempre mais com estes. Em seguida todos os alunos se submeteram a um semestre letivo, sendo que ao final do semestre o questionário foi reaplicado aos professores. O delineamento estatístico foi pareado comparativo entre os grupos (antes e depois). Após verificação da normalidade, as médias das variáveis controladas foram comparadas por meio da análise de variância (ANOVA ONE WAY), seguido do teste t Student para a identificação das diferenças. O nível de significância para todas as variáveis será de 5%. Esta pesquisa foi realizada na cidade de Santa Rita do Sapucaí-MG, no Centro Educacional Edgard Sodré Azevedo da APAE, localizada a Av. Francisco Bilac Pinto, nº 229, bairro Monte Belo. ANÁLISE DOS RESULTADOS Ao se compararem, estatisticamente, as respostas dos testes antes e depois da aplicação do modelo inclusivo nas crianças avaliadas pelos participantes do estudo, nenhuma diferença foi encontrada, conforme pode ser - 18 - ENAF Science, v.3, n.2 visto na figura 1. Nem quando analisadas as respostas individualmente, ou seja, cada pergunta comparada isoladamente, nem quando foi realizada a comparação do somatório das respostas, fato este que pode ser notado observando-se a figura 2. 25 20 15 10 5 0 Antes Depois Média da soma das respostas Figura 1 – Média da soma das respostas do questionário aplicados antes e depois da aplicação do projeto. P ≤ 0,05. Algumas propostas podem ser elaboradas para justificar a não alteração da percepção dos professores sobre os efeitos da inclusão no desenvolvimento social dos portadores de necessidades especiais. Primeiramente pode ser creditado ao baixo número de alunos observados neste estudo. Provavelmente esta quantidade interferiu na possibilidade de observação dos professores. Um grupo maior poderia apresentar os resultados de forma mais clara. A segunda possibilidade se refere a uma possível falta de sensibilidade dos professores participantes do estudo em perceber as alterações no desenvolvimento social dos portadores de necessidades especiais. Não cabe a este estudo questionar a capacidade destes, porem, não se pode descartar a possibilidade destes não estarem aptos a identificar tais diferenças, seja por falta de treinamento adequado, por não estarem adaptados a responderem tais perguntas, ou até mesmo, por falta de formação específica para o trabalho com os portadores de necessidades especiais. Porem não é possível classificá-los a partir destes dados, apenas sugerir que tal possibilidade pode existir. 120 100 80 60 40 20 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 Antes 12 13 14 15 16 17 18 19 20 Depois Figura 2 – Participação percentual de cada respostas do questionário antes (preto) e depois (branco) da aplicação do porjeto. Também é possível propor que a inclusão, ainda, não esteja sendo realizada com plena eficiência, pois requer uma ótima relação entre a escola e os portadores de necessidades especiais. Este processo pode levar vários anos até que seja totalmente completado, tornando o método realmente aplicável na sua plenitude. Finalmente pode ser proposto que o método não seja capaz de se alterar o desenvolvimento social dos portadores de necessidades especiais, na forma em que foi realizado. Neste caso seria preciso uma revisão nos procedimentos de aplicação do método. No entanto é preciso que se ressalte que estas proposições realizadas acima serviriam apenas para explicar os resultados encontrados neste estudo. Tais resultados, como foi citado anteriormente, pode ter sido encontrado pelo pequeno número de questionários aplicados. Pequeno este pela amostra disponível em Santa Rita do Sapucaí. Estudos com um maior número de participantes pode, decididamente dirimir as dúvidas levantadas neste estudo. Também seria importante se verificar outras experiências para que se possa inferir alguma proposição neste sentido. - 19 - ENAF Science, v.3, n.2 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BROTWELL, D.R. A possible case of mongolism in Saxon population, 1960. COTES, P. Escolas Publicas e privadas adaptam ensino para receber deficientes nas classes regulares. Revista Época, número 330,13 de Setembro de 2004- pág. 70 - Editora Globo . 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[email protected] - 20 - ENAF Science, v.3, n.2 PSICOMOTRICIDADE E SUAS IMPLICAÇÕES NA APRENDIZAGEM 2 PAIVA NETO A. 1 SILVA G.P. 1 RODRIGUES L.I. 1 MOREIRA, M.C.F. 3 OLIVEIRA, A. 1 2 3 Universidade do Vale do Sapucaí – UNIVÁS Centro Universitário da Fundação Educacional Guaxupé – UNIFEG Universidade Federal de São João del-Rei– UFSJ INTRODUÇÃO Esta pesquisa teve como propósito analisar a importância da psicomotricidade no desenvolvimento da criança na fase pré-escolar. O termo psicomotricidade apareceu pela primeira vez com Duprè em 1920, significando o entrelaçamento entre o movimento e o pensamento. Desde 1909, ele já chamava atenção de seus alunos sobre o desequilíbrio motor, denominando o quadro de “debilidade motriz”. Ele verificou que existia uma estreita relação entre as anomalias psicológicas e as anomalias motrizes, o que o levou a reformular o termo psicomotricidade. Harrow (1972) apud (Oliveira 2002: p.30), faz uma análise sobre o homem primitivo ressaltando como o desafio de sua sobrevivência estava ligado ao desenvolvimento psicomotor. As atividades básicas de subsistências consistiam em caça, pesca e colheita de alimentos, e para isto, os objetivos psicomotores eram essenciais para a continuação da existência do grupo. Necessitavam de agilidade, força, velocidade, coordenação. Alguns professores se limitam às atividades com movimentos mecânicos e repetitivos de coordenação motora como único instrumento de preparação para o desenvolvimento da leitura e escrita das crianças. Desconhecem que a psicomotricidade é a posição global do sujeito, e que ela pode ser entendida como a função de ser humano que sintetiza psiquismo e motricidade com o propósito de permitir ao individuo adaptar de maneira flexível e harmoniosa ao meio que o cerca (BOULCH 2001). Na pré-escola, a prioridade do trabalho e a atividade psicomotora global, forma lúdica, utilizada como educação preventiva a fim de evitar que mais tarde a criança depare com dificuldades na execução de tarefas escolares. Boulch (2001) considera a educação psicomotora como sendo educação básica, visto que ela condiciona todos os aprendizados pré-escolares e escolares, levando a criança a ter consciência e domínio de seu corpo, lateralidade, espaço e tempo adquirindo coordenação de seus movimentos. A Educação Física na pré-escola é considerada como sendo uma forma de ajudar a criança a atingir os movimentos psicomotores corretos, preparando-a para uma aprendizagem de forma que assegure a realização de suas atividades cotidianas e de seu relacionamento no meio em que vivem, desenvolvendo suas capacidades físicas, mentais, e sociais nesta fase inicial de tantas descobertas. Quaisquer que sejam suas funções correspondem a uma atividade muscular controlada, princípios e métodos bem definidos onde sua aplicação serve de maneira decisiva na educação do indivíduo PCNS. O trabalho também visa informar o professor sobre a importância do desenvolvimento psicomotor na aquisição do domínio da escrita, leitura e do raciocínio lógico, conceituando o que vem a ser psicomotricidade e explicando seus processos evolutivos. Buscando subsídios em grandes estudiosos para melhor compreensão do tema, BOULCH (2001) foi tomado como referencia ao afirmar que a imagem do corpo representa uma forma de equilíbrio entre as funções psicomotoras e a sua maturidade, vem deixar seu alerta, para o professor, de que as práticas de atividades psicomotores, sejam quais forem os objetivos propostos por eles, aperfeiçoa as capacidades sócio-afetivas e motoras da criança. Como pode se constatar que a educação psicomotora deve ser praticada desde a mais tenra idade, para o desenvolvimento das competências e prevenções das inadaptações instaladas após a estruturação dos movimentos, motivo pelo quais todos os professores devem tomar conhecimento e aprender a lidar com a educação pelo movimento, aperfeiçoando esquemas e enriquecendo acervo de atividades motoras. MATERIAIS E MÉTODOS A presente pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade do vale do Sapucaí. Da pesquisa participaram 05 professores que atuam na Pré-Escola da Escola Municipal Monsenhor Afonso Ligório Rosa que foram convidadas a responder dois questionários sobre as atividades da educação psicomotora e sua influência no desempenho escolar. O primeiro questionário tinha como finalidade descobrir os reais conhecimentos dos professores sobre a educação o que vem a ser educação psicomotora, qual a sua importância no desenvolvimento dos alunos, se as mesmas observavam o procedimento dos alunos no início do ano letivo. O segundo questionário visava descobrir a contribuição das atividades de educação psicomotora no desenvolvimento intelectual e cognitivo no último semestre letivo, se as mesmas influenciaram ou não no desempenho do aluno. Participaram também da pesquisa, 05 alunos matriculados no Pré-Escolar II, com idade correspondente a cinco anos e 05 alunos matriculados no Pré-Escolar III com a idade correspondente a seis anos, com consentimento - 21 - ENAF Science, v.3, n.2 dos pais obtido por escrito. Foram realizadas análises estatísticas, descritivas das respostas obtidas e demonstradas sob a forma de gráficos e percentuais. ANÁLISE DOS RESULTADOS Os seguintes resultados foram encontrados neste estudo, quando os avaliados foram os professores: as questões 1, 7, 8 e 9 não foram submetidas a estatísticas pois os resultados antes e depois eram idênticos. As demais questões não apresentaram diferenças estatísticas quando comparadas antes e depois, a soma dos resultados quando comparadas antes e depois, também não apresentaram diferenças. Os escores da soma de cada professor podem ser notados na figura 1. 18,5 18 17,5 17 16,5 16 15,5 15 14,5 14 13,5 1 2 3 Antes 4 5 Depois Figura 1 – Soma das respostas dos questionários, antes (escuro) e depois (claro), dos cinco professores participantes do estudo. Seguindo o mesmo caminho, ao serem analisados os resultados dos alunos, não foram encontradas diferenças estatísticas, quando observadas as médias das respostas individualmente, ou a soma das respostas. Os escores de cada teste podem ser vistos na figura 2. Após a coleta e análise dos dados obtidos, foi observado que quando o professor foi questionado se as atividades psicomotoras poderiam ser preventivas na aprendizagem escolar, a resposta foi 100% afirmativa, pode-se então observar que todos eles têm plena consciência da importância da educação psicomotoras, embora muitos não a coloquem em prática. 20 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0 1 2 3 4 5 6 Antes 7 8 9 10 Depois Figura 2 – Soma das respostas dos questionários, antes (escuro) e depois (claro), dos dez alunos participantes do estudo. - 22 - ENAF Science, v.3, n.2 Quando foram questionados se era importante que a criança tivesse um certo nível de inteligência para que a psicomotricidade pudesse ser trabalhada, responderam que sim, revelando a falta de entendimento no que se refere à significação e a função da educação psicomotoras, pois é ela que contribui para o desenvolvimento das funções intelectuais nas crianças normais e também é utilizada para reeducação de crianças especiais, cujas funções cognitivas foram prejudicadas, ou não foram estimuladas ou nem desenvolvidas. Segundo Taes (1984), o intelecto se constrói a partir da atividade física. A educação psicomotora é a educação da criança através de seu próprio corpo e de seu movimento, já que a criança é vista em sua totalidade e nas possibilidades que apresentam em relação ao seu meio ambiente. Os professores precisam compreender que através da educação psicomotora a criança explora o ambiente, passa por experiências concretas indispensáveis ao seu desenvolvimento intelectual. As outras perguntas do questionário visavam avaliar os resultados obtidos após a aplicação do 2º questionário aos professores com a finalidade de saber sobre os conhecimentos que eles obtiveram no decorrer do trabalho com as atividades realizadas com seus alunos, onde utilizavam a educação psicomotora. Houve uma grande melhora na prática de alguns professores que utilizaram os conhecimentos adquiridos e aplicaram nas suas atividades diárias conforme comprovam os gráficos acima. O alto valor atribuído por eles às atividades físicas facilitou o emprego de atividades diversas que contribuíram não só para o desenvolvimento físico, como também para a aquisição de outras habilidades e conhecimentos em suas crianças. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais. Educação Física. Brasília: Ministério da Educação, 2.000. Carta Brasileira de Educação Física. Conselho Federal de Educação Física – CONFEF. Belo Horizonte: Agosto/2000. COSTE, J. C. 5 Palavras chaves sobre a psicomotricidade. 1979. DE MEUR, A; STAES, L. Psicomotricidade: educação e reeducação. São Paulo. Manole 1984. FONSECA, Vitor da. Manual de observação psicomotora. Significação psiconeurológica dos fatores psicomotores. Porto Alegre: Ed Artes Médicas, 1995. FREIRE, João Batista. Educação de corpo inteiro: Teoria e prática da educação física. 3ª edição. São Paulo: Scipione, 1992. HURTADO, JOANN G. G. MELCHERTS. 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As Universidades não cessam suas longas buscas por caminhos que apontem para modelos de ensino mais efetivos, para construção do cidadão melhor, preparado para enfrentar esta revolução em todos os processos da nossa vida. Sabemos que o conhecimento, a criatividade e a iniciativa constituem-se em elementos fundamentais no desenvolvimento do indivíduo e partimos do pressuposto que o ser humano está em um processo contínuo de crescimento em permanente evolução( AMARAL, 2004). Preocupados com o bem estar das crianças deve-se dar oportunidade a elas de crescer, pois a autoestima e a auto-imagem positiva são importantes para o desenvolvimento saudável. Brotto (2002), acredita que a cooperação e a competição são aspectos que não se opõe, mas se compõe. Essa composição dos contrários depende de muitos fatores que acondiciona a um estado de permanente atenção e cuidado. Costuma-se associar a competição com o jogo, como se estes não pudessem existir isolados. Competição e cooperação são processos sociais e valores presentes no jogo, no esporte e na vida. Porém não definem, nem substituem a natureza do jogo, do esporte e da vida (BROTTO, 2002). Para Darido (2005), tanto o jogo cooperativo quanto no competitivo, existe a proximidade dos jogadores, pois cada um de uma maneira. Sendo que no competitivo pode gerar conflitos, que devem ser resolvidos através de dialogo, do respeito mútuo. A competição e a cooperação fazem parte da nossa vida. Desde que nascemos, parece que só nos oferecem uma opção, competir, vencer alguém ou ganhar algo, pois vivemos no mundo do primeiro lugar onde quem se beneficia é apenas uma pessoa. Orlick (1999), diz que a estrutura social é que determina se os membros de uma sociedade vão competir ou cooperar entre si. No entanto, existe uma imensa diferença entre o espírito de competição e o de participação. Competir valoriza a vitória; enquanto participar dá ênfase ao encontro e à solidariedade (PY, 2003). É fundamental sustentar a consciência para poder reconhecer a realidade dos jogos que jogamos diariamente, para poder discernir com sabedoria quando devemos cooperar ou competir (BROTTO, 2002). Deste modo, as atividades cooperativas podem converter-se em um importante recurso na hora de promover uma Educação Física baseada em valores (CALLADO, 2004). Ele ainda afirma que o incentivo a prática de atividades e metodologias cooperativas é um excelente meio de relação grupal em forma de desafio onde o objetivo é impossível de ser alcançado individualmente. Interação Social Socializar-se quer dizer, por um lado adquirir personalidade social e, por outro tornar-se membro da sociedade e colaborando para sua perpetuação (LENHARD, 1976). Piaget (1994), afirma que a criança passa pelo processo de egocentrismo para o processo de socialização, e nesse caminho adquire uma consciência social capaz de relações de reciprocidade. E para Maturana (2004), só se é indivíduo quando se é um ser social. A existência social só acontece com uma convivência de mútua aceitação entre os indivíduos que, surge da convivência social. Pois para Callado (2004), tão importante como se sentir aceito dentro do grupo é aceitar os demais. A eliminação de qualquer discriminação deve ser o objetivo prioritário da aula. Além disso a socialização envolve a aprendizagem de técnicas, a aquisição de conhecimentos, comportamento social e a interiorização de valores. Lenhard (1976), ainda nos diz que a socialização se faz por participação e comunicação, participando de atividades sociais. Brown (1994), registra que a interação social com outros é necessária para o desenvolvimento da autoestima, da confiança e da identidade pessoal que são elementos importantes para o bem estar. No entanto, o maior valor da sobrevivência está na inteligência, no senso moral e na cooperação social. Para Brotto (1997), comportamento cooperativo é um aspecto fundamental do interesse social. A Socialização da criança tem influência da família, da escola e companheiros da mesma idade. - 24 - ENAF Science, v.3, n.2 Pois para Shigunov (1993), os valores representam os vários bens que a criança considera importante na sua vida, e são referências para suas idéias do que é bom, bonito, efetivo ou justo, servindo também como orientação para o que fazer e pelo que lutar para o obter. A Socialização envolve a aquisição de habilidades físicas e sociais, valores e atitudes. Ela acontece em um contexto de valores específicos, normas e valores dominantes (NEIRA, 2000). Competição A competição é um processo onde os objetivos são mutuamente exclusivos, as ações são individualistas e somente alguns se beneficiam dos resultados (BROTTO, 2002). Existe uma grande divergência de opinião entre pedagogos, quanto à competição na escola, pois a polêmica se refere à função da competição no processo de socialização. Os jogos de uma forma ou de outra sempre estiveram presentes na escola, com presença marcante do jogo desportivo. Para Darido (2005), esta presença esteve ligada ao saber fazer, ou seja, os alunos eram (ainda são), estimulados a praticar os jogos, e não a compreender os seus significados e os valores que estão por trás deles. De acordo com Orlik (1989, citado por Brotto,2002), nós não ensinamos nossas crianças a gostar de esporte, nós a ensinamos a vencer jogos. A competição não deve ser compreendida apenas como algo negativo. Se os alunos entenderem que um jogo pode ter competição sem, no entanto, ser necessário desrespeitar as regras ou utilizar a violência para a resolução de conflitos, ele pode ser muito aproveitado (DARIDO, 2005). A competição quando utilizada de forma adequada, sem o excesso de valorização, pode proporcionar alegria e o prazer de uma prática que nunca se repete, pois a incerteza é uma de suas características que pode atuar como motivação despertando na criança o interesse (PAES, 1998). No entanto, a competição pode desempenhar um papel fundamental no desenvolvimento corporal e social da criança, desde que se relacionem com os fatores gerais da educação, numa exploração organizada e lúdica, com objetivos característicos do processo ensino-aprendizagem visando o desenvolvimento das potencialidades, bem como a interação na vida em sociedade (SHIGUNOV, 1993). A competição para Neira (2000), é importante pois respeitar as regras do jogo educa para um sentimento de responsabilidade, companheirismo e sinceridade. Cooperação É um processo onde os objetivos são comuns, as ações são compartilhadas e os resultados são benéficos para todos (BROTTO, 2002). Para Lenhard (1976), a cooperação é a forma sob a qual atividades individuais se organizam para construção de grupos, e sem ela a vida social seria um universo de movimentos ajustados, na melhor das hipóteses, mas incapaz de se unirem em ação conjunta e nem por isso a competição é menos importante. Esses jogos são atividades que utilizam um trabalho em equipe com o objetivo de alcançar metas, mas não é necessário que os jogadores que cooperam tenham objetivos iguais, mas deve proporcionar satisfação para todos os integrantes. Amaral (2004), diz que o jogo cooperativo busca aproveitar as condições, capacidades, qualidades e habilidades de cada indivíduo. O mais importante é a colaboração de cada um, é o que cada um tem para oferecer naquele momento. Segundo Shigunov (1993), a prática em grupo desenvolvida por métodos ativos estimula a obtenção de iniciativas de conjunto, a imaginação e a adaptação. Pois o jogo em conjunto favorece a melhoria da atuação individual quanto à cooperação e a colaboração. Assim, o processo de participação pode resultar em um enriquecimento e crescimento, tanto pessoais como do grupo. Pois para Deacove (2002), os jogos cooperativos são jogos com estrutura alternativa onde os participantes jogam uns com os outros, ao invés de uns contra os outros. No entanto, vale a pena sustentar a importância dos pensamentos, sentimentos, ações na cooperação, no jogo, no esporte e na vida, com simplicidade demonstrada por aqueles que as vezes menos valorizamos. O jogo cooperativo tem o objetivo de aprender com o perder e o ganhar, ao invés de aprender a perder e ganhar. Até porque, aprender a perder implicaria a ser um expert em derrotas. Pois não é o que pretendemos (BROTTO, 2002). Quando se consegue descontrair e ficar mais flexível nas interações com os outros ocorre a liberação do potencial criativo existente em cada um. Através dos jogos cooperativos a criança se sente confortável e confiante para desfazer os bloqueios, expressando livremente o poder que existe dentro de cada um, compartilhando qualidades, habilidades humanas essenciais (BROTTO, 1997). A cooperatividade propõe a busca de novas formas de jogar, com o intuito de diminuir as manifestações de agressividade, promovendo atitudes de sensibilidade, cooperação, comunicação, alegria e solidariedade. E a joga pelo prazer de jogar. Não por uma vitória, e sim pelo divertimento, sem a ameaça de não atingir o objetivo. Nos jogos cooperativos, os companheiros se vêem como companheiros de jogos com relações de igualdade, onde todos são protagonistas. Neste sentido, este trabalho tem o intuito de verificar se a utilização de Jogos Cooperativos nas aulas de Educação Física influenciam na Socialização de crianças, com o objetivo de torná-las mais cooperativas, criando oportunidades para promover relação de respeito, amizade e solidariedade. - 25 - ENAF Science, v.3, n.2 METODOLOGIA Para a realização deste estudo este projeto passou pela análise do Comitê de Ética da Universidade do Vale do Sapucaí. Aos voluntários foi esclarecido o objetivo e o procedimento metodológico deste estudo. O consentimento por escrito para participação do estudo foi obtido dos próprios colaboradores, após os esclarecimentos necessários, estando todos cientes de que a qualquer momento poderiam deixar de participar do mesmo, foram tomadas todas as precauções no intuito de preservar a privacidade dos voluntários. Para isso as condições experimentais e todas as informações individuais obtidas durante o estudo, foram sigilosas entre a equipe de pesquisadores e voluntários. A saúde e o bem estar do voluntário sempre estiveram acima de qualquer outro interesse. Participaram desta pesquisa quarenta alunos de ambos os sexos, da E M “Professora Maria Barbosa”, que responderam questionários de avaliação sobre cooperatividade, residentes e domiciliados na cidade de Pouso Alegre – MG, com idade entre nove a onze anos. Primeiramente foi feito um contato com a diretora da instituição para explicação do projeto, e através de uma cópia do mesmo que foi entregue no ato da reunião ficando a diretora ciente do objetivo e procedimento para a realização. Após a autorização da diretora foi realizada uma reunião com os professores e pais dos alunos, com a finalidade de apresentar a pesquisa, objetivo, procedimento e também entrega do termo de consentimento aos mesmos. Primeiramente foi aplicados aos alunos um questionário, com dez perguntas sobre cooperatividade, no início do segundo semestre de 2005, sendo esta a primeira coleta de dados. Em seguida uma turma de 3ª e 4ª séries foi submetida a atividades relacionadas a competições e a outra turma de 3ª e 4ª séries foi submetida à atividades relacionadas a cooperação. As aulas, foram ministradas durante os meses de agosto e setembro de 2005, uma vez por semana e no final deste período foi reaplicado o mesmo questionário. O delineamento estatístico foi pareado comparativo entre os grupos (antes e depois). Após a verificação da normalidade, as médias das variáveis controladas serão comparadas por meio da análise de variância (ANOVA ONE WAY), seguida do teste tukey para a identificação das diferenças. O nível de significância para todas as variáveis será de 5%. Esta pesquisa foi realizada na E. M. “Professora Maria Barbosa”, situada na Rodovia Fernão Dias Km 807, no bairro Algodão, Pouso Alegre – MG. RESULTADOS E DISCUSSÕES Após a coleta de dados, foi testada a normalidade dos dados, sendo todos considerados não paramétricos encontrando os seguintes resultados: Primeiramente foram comparados os dados dos alunos que participaram de aulas competitivas antes e depois das aulas. E não foi encontrada nenhuma diferença bem como na soma dos resultados. Na comparação dos dados dos alunos que participaram das aulas cooperativas antes e depois das aulas foram encontradas diferenças nas questões, bem como na soma dos resultados exceto as questões 01 e 04 que não obteve diferença. Em seguida foram comparados os dados obtidos antes das aulas em jogos competitivos e cooperativos não sendo encontrada nenhuma diferença bem como na soma dos resultados. Ao comparar jogos cooperativos e competitivos após as aulas, foram encontradas diferenças bem como na soma dos resultados exceto a questão 04 que não houve diferença. 16,0 14,0 12,0 10,0 8,0 6,0 4,0 2,0 0,0 Comp Antes Comp Depois FIGURA 1 – Média e desvio padrão das respostas dos testes competitivos antes e depois das aulas (p≤ 0,05). O primeiro gráfico mostra a comparação dos grupos que trabalharam com competição antes e depois da aplicação dos questionários, sendo que não foi encontrada nenhuma diferença. Pois não houve socialização dos alunos. - 26 - ENAF Science, v.3, n.2 20,0 18,0 16,0 14,0 12,0 10,0 8,0 6,0 4,0 2,0 0,0 Coop Antes Coop Depois FIGURA 2 – Média e desvio padrão das respostas dos testes cooperativos antes e depois das aulas (p≤ 0,05). Este gráfico mostra a comparação dos grupos que participaram de atividades cooperativas antes e depois da aplicação dos questionários, sendo que deste houve diferença, isto é, a cooperatividade interferiu e aumentando assim o nível de socialização das crianças. 16,0 14,0 12,0 10,0 Comp Antes 8,0 Coop Antes 6,0 4,0 2,0 0,0 1 FIGURA 3 – Média e desvio padrão das respostas dos testes competitivos (vermelho) e cooperativos (azul), antes das aulas (p≤ 0,05). Na comparação das respostas dos grupos competitivos e cooperativos antes da aplicação das atividades, não houve diferenças, pois eles ainda não tinham sido submetidos às atividades. 20,0 18,0 16,0 14,0 12,0 Comp Depois 10,0 Coop Depois 8,0 6,0 4,0 2,0 0,0 1 FIGURA 4 – Média e desvio padrão das respostas dos testes competitivos (vermelho) e cooperativos (azul), depois das aulas (p≤ 0,05). Na comparação das respostas dos grupos competitivos e cooperativos depois da aplicação das atividades houve diferença nos resultados, onde o grupo cooperativo apresentou um nível maior de socialização. Os jogos interferem na socialização de crianças, pois eles tem uma estrutura que cria alternativas para a solução de problemas, sendo que o aluno não consegue alcançar seu objetivo sozinho, então ele tem que se unir a outros para essa obtenção. Para Brotto (2002), o jogo e esporte, nas perspectivas dos jogos cooperativos são contextos importantes para o desenvolvimento pessoal e a convivência social. O verdadeiro valor do jogo não é vencer ou perder e sim a oportunidade de jogar juntos, de socializar-se para a experiência de viver em comunidade. Quando se joga cooperativamente podemos nos expressar autêntica e espontaneamente, Omo alguém é importante e tem valor, essencialmente por ser quem é (BROTTO, 2002). Brotto (2002), acredita que a socialização contribui para a solução de problemas, encontrando soluções positivas, desenvolve e valoriza virtudes, diálogo, e a descoberta de potenciais. Somente através da aproximação e da empatia é possível recriar problemas e descobrir soluções de maneira pacífica, criativa e saudável para todos. Exercitando no jogo e no esporte a reflexão criativa, a comunicação sincera, a tomada de decisão por consenso, todos podem descobrir que são capazes de intervir positivamente na construção, transformação de si mesmos, do grupo e da comunidade onde convivem. - 27 - ENAF Science, v.3, n.2 Conviver é facilitar um processo que busca o desenvolvimento pessoal e social durantetoda a vida com finalidade de melhorar sua qualidade de vida e da coletividade (AMARAL, 2004). Amaral (2004), ainda nos diz que os jogos cooperativos possibilitam uma maior aceitação entre as pessoas, resgatando a socialização e interação das mesmas. As pessoas passam a dar mais valor aos diferentes tipos de relacionamentos, conscientizando-se mais pelos seus comportamentos, sentimentos, interesses, escolhas e compromissos, para que juntos possam superar desafios. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMARAL, Jader Denicol. Jogos Cooperativos. São Paulo: Phorte,2004. BARATA, Kátia Maria Alves. Jogos Cooperativos e Educação Física. BORUCHOVITCH, E.; BZUNECK, J. A. Aprendizagem processos psicológicos e o contexto social na escola. Petrópolis, RJ: Vozes,2004. BROTTO, Fábio Otuzi. Jogos Cooperativos: O jogo e o esporte como um exercício de convivência. Santos, SP: Projeto Cooperação, 2002. BROTTO, Fábio Otuzi. Jogos Cooperativos: Se o importante é competir, o fundamental é cooperar. 7ª edição. Santos, SP: Projeto Cooperação,1997. BROWN, G. Jogos Cooperativos: Teoria e Prática. São Leopoldo: Sinodal,1994. CALLADO, Carlos Velásquez. Educação para paz: Promovendo valores humanos na escola através da educação física e jogos cooperativos. Santos, SP: Projeto Cooperação,2004. DARIDO, S. C.; RANGEL, I.C.A. Educação Física na Escola: implicações para uma prática pedagógica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. DEACOVE, Jim. Manual de Jogos Cooperativos. Projeto Cooperação,2002. LENHARD, Rudolf. Sociologia Educacional. 3ª edição. São Paulo: Pioneira,1976. MATTOS, Mauro G.; NEIRA, Marcos G. Educação Física na Adolescência: Construindo o conhecimento na escola. 3ª edição. São Paulo: Phorte Editora, 2004. MATURANA, Humberto R.; ZÖLLER, G. V. Amar e Brincar: Fundamentos esquecidos do humano. São Paulo: Palas Athena,2004. ORLICK, Terry. Libres para cooperar libres para crear. 3ª edição. Barcelona: Paidotribo,1999. PAES, Roberto R. Esporte Educacional. In: Congresso Latino Americano de Educação Motora. Foz do Iguaçu, 1998. PIAGET PY, Luiz Alberto. Felicidade é Aqui. Rio de Janeiro: Rocco, 2003. SHIGUNOV, Viktor; PEREIRA, Vanildo R. Pedagogia da Educação Física: O desporto coletivo na escola – os componentes afetivos. São Paulo: Ibrasa,1993. WALKER, Zlmarian J. Educando para a Paz. Brasília: Escola das Nações, 1987. [email protected] - 28 - ENAF Science, v.3, n.2 AVALIAÇÃO DA COORDENAÇÃO MOTORA EM ESCOLARES DE 9 A 11 ANOS DO MUNICÍPIO DE POUSO ALEGRE – MG DANIELA MENDES DOS REIS RICCARDI¹ LUIZ AUGUSTO PEREIRA VASQUES¹ SANDRA MARIA ALMEIDA FERRACIOLI ABRAHÂO² SANDRA MARIA DA SILVA SALES OLIVEIRA² SÔNIA LÚCIA ANDERE TEIXEIRA² ¹Acadêmico do curso de Graduação em Educação Física da UNIVÀS ²Professora da UNIVÀS RESUMO Este estudo objetivou avaliar a coordenação motora de escolares. Participaram como sujeitos 52 crianças de ambos os gêneros com idades compreendidas entre 9 e 11 anos e que freqüentam as séries: terceira, quarta e quinta de escola publica. Como instrumento utilizou-se o protocolo de Lefèvre (1976) que avalia o equilíbrio estático, equilíbrio dinâmico e a coordenação motora. Os resultados demonstraram que dos 52 alunos avaliados o que representa 100% da população estudada apenas um encontra-se abaixo do percentual estipulado pelo autor. Não foram encontrados dados significativos no que se referiu ao gênero e idade. Palavras-chave: Avaliação, coordenação motora e crianças. INTRODUÇÃO A infância é a etapa mais importante a caminho da maturidade para a vida adulta, por isso há necessidade de garantir que esse período traga condições propícias e pertinentes a sua evolução e desenvolvimento motor. A coordenação motora é uma estrutura psicomotora básica, concretizada pela maturação motora e neurológica da criança e desenvolvida através da sua estimulação psicomotora. Segundo Kiphard (1996) coordenação é a interação harmoniosa e econômica do sistema músculoesquelético, do sistema nervoso e do sistema sensorial com o fim de produzir ações motoras precisas e equilibradas, e reações rápidas adaptadas a situações que exigem: 1) uma adequada medida de força que determina a amplitude e velocidade do movimento; 2) uma adequada seleção dos músculos que influenciam a condução e orientação do movimento;3) capacidade de alterar rapidamente entre tensão e relaxamento muscular. Segundo Turvey (1990), a coordenação envolve necessariamente relações próprias, múltiplas entre diferentes componentes, definidas em uma escala espaço-temporal. Um padrão “ótimo” de coordenação é estabelecido pelo controle da interação das restrições da tarefa, do organismo e do ambiente. Quanto maior a interação das restrições impostas ao executante, maior será o nível de coordenação necessário para um desempenho eficiente. O desenvolvimento motor consiste em uma série de mudanças que ocorrem ao longo do ciclo vital em termos do deslocamento de partes do corpo ou de todo o corpo no espaço. O movimento é o elemento central na comunicação e interação com as outras pessoas e com o meio ambiente à nossa volta; é central também na aquisição do conhecimento de si e da natureza. Apesar dos movimentos estarem presentes em todas as nossas ações, eles não se repetem, variando em função da nossa disposição física e mental daquele momento. A aquisição de habilidades motoras que ocorre ao longo dos anos é fruto não só das disposições do indivíduo para a ação, mas principalmente do contexto físico e sócio-cultural onde o individuo está inserido (MAGALHÃES e REZENDE, 2001). A motricidade da criança, que justifica sua própria existência no mundo, encontra-se influenciada por uma série de limitações de diversas naturezas, gerando desequilíbrio entre os corpos: físico, mental, emocional e espiritual ou cósmico. Para buscar este equilíbrio, a motricidade surge de um contexto fenomenológico, no qual a criança deve ser percebida de maneira ôntica, ontológica, axiológica, antropossociológica e fenomenológica como um ser que possui um significado no mundo, buscando, incessantemente, suprir suas próprias carências (GÁRCIA, 1998). Os movimentos aprendidos durante os primeiros seis anos da infância caracterizam a base para as aprendizagens numa fase posterior. As habilidades motoras que a criança adquire numa fase inicial são aperfeiçoadas na idade adulta. Desta forma, se uma criança for pouco estimulada e/ou apresentar deficiência no desenvolvimento motor durante os primeiros seis anos, esta será refletida em sua vida adulta, na qual os movimentos não serão novos, mas sim, o continuar da aprendizagem anterior (GÁRCIA, 1998). Com relação às habilidades motoras fundamentais, para Gallahue e Ozmuz (2001), a maioria das crianças possui um potencial de desenvolvimento que as conduz ao estágio maduro por volta da idade de 6 anos. No entanto, há evidências de estudos realizadosem nosso laboratório (FORTI et al, 1992; FANTUCCI et al, 1992; PELLEGRINI & DOIMO, 1989; CAVALLARO et al, 1985; PELLEGRINI, 1985) de que isto não ocorre em nosso meio. A conquista real dependerá da interação dos fatores tarefa, indivíduo e ambiente, durante o período de prática. Para a execução da habilidade motora do pular corda, a criança deve apresentar controle das partes do corpo em movimento e da relação entre os movimentos das diversas partes do corpo. Os fatores de controle motor do equilíbrio (tanto estático como dinâmico) e da coordenação (tanto a motora rudimentar quanto a viso-manual), em conjunto com os “fatores de produção de força” de agilidade, velocidade e energia, são considerados determinantes do desempenho motor. Os fatores de controle motor - 29 - ENAF Science, v.3, n.2 (equilíbrio e coordenação) são de particular importância no início da infância, quando a criança está obtendo controle de suas habilidades motoras fundamentais. Os fatores de produção de força tornam-se mais importantes depois que a criança obtém controle de seus movimentos fundamentais e passa para a fase motora especializada da infância posterior (GALLAHUE & OZMUZ, 2001). Para Gallahue e Ozmuz (2001) de modo geral, podemos afirmar que o grau de complexidade de uma tarefa motora está no número de elementos que precisam ser coordenados e na rede de relações que se estabelece entre estes elementos. Como habilidades motoras grossas identificamos aquelas que envolvem o corpo como um todo, principalmente, mas não exclusivamente grandes grupos musculares. Entre elas podemos citar o pular, andar, arremessar uma bola ao cesto. Como habilidades motoras finas identificamos aquelas que requerem muita precisão, envolvem principalmente os membros superiores, em específico as mãos. Um grande número de músculos, relativamente pequenos, são ativados na execução destas habilidades. Encontramos no rol de habilidades motoras finas, o escrever, o digitar, o fazer crochê, ou consertar um relógio e, mais precisamente no processo de alfabetização, o discernimento entre escrever as letras que são parecidas graficamente: m/n, g/q, l/b, dentre outras. A aquisição de um grande número de habilidades motoras ocorre no lar, no ambiente familiar, mas um bom número delas é adquirido na escola, nos primeiros anos de escolarização da criança. O contexto de aprendizagem é muito importante para que a aquisição destas habilidades ocorra. O processo ensino-aprendizagem é interativo e específico ao contexto. Isto significa que o contexto deve ser organizado de tal forma a oferecer as condições para que uma determinada habilidade (e não outra) seja adquirida Portanto, para a aquisição de cada habilidade motora deverá haver um momento específico (ou uma seqüência de oportunidades) em que as condições são propícias para o aprendizado de tal habilidade (RINK, 1998). As aulas de Educação Física podem contribuir para o desenvolvimento de habilidades motoras tem como objetivo de estudo “o homem em movimento” e pode ser entendida como uma área que interage com o ser humano em sua totalidade, englobando aspectos biológicos, psicológicos, sociológicos, culturais e a relação entre eles. Estuda o homem em movimento” e pode ser entendida como uma área que interage com o ser humano em sua totalidade, englobando aspectos biológicos, psicológicos, sociológicos, culturais e a relação entre eles. RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram avaliadas 52 crianças de ambos os gêneros com idades compreendidas entre 9 e 11 anos e que freqüentam as séries: terceira, quarta e quinta de escola publica, conforme a tabela a seguir. O instrumento utilizado foi o protocolo de Lefèvre (1976) para avaliar o equilíbrio estático, equilíbrio dinâmico e a coordenação motora. A aplicação foi individual e ocorreu na própria escola. Os resultados Tabela 1. Caracterização da amostra Nº de alunos Idade Série Gênero 17 11 5ª 07 M e 10 F 25 10 3ª e 4ª 14 M e 09 F 10 09 3ª e 4ª 05 M e 05 F Pela tabela acima pode-se perceber que 17 alunos tem 11 anos e se encontram na quinta série sendo que 10 pertencem ao gênero feminino e 7 ao masculino. O número de alunos que possui 10 anos é igual a 25. Dos vinte e cinco 9 pertencem do gênero feminino e 14 ao masculino; nesta faixa etária há alunos na terceira e na quarta séries. Tem-se ainda 10 alunos com 9 anos que também freqüentam as duas séries sendo que 9 encontram-se na terceira e apenas 1 na quarta. Gráfico 1. Pontuação Gênero Masculino Pontuação Gênero Masculino Pontos 30 20 10 0 1 2 3 4 Alunos - 30 - 5 6 ENAF Science, v.3, n.2 O resultado da pontuação dos alunos do gênero masculino encontra-se no gráfico acima. Por ele pode-se perceber que dos 28 alunos avaliados a pontuação variou de 28 a 23. Partindo-se do fato de que o total de pontos obtidos no exame motor é 28 pontos, tem-se que 6 alunos obtiveram 28 pontos o que corresponde a 100% de acertos; 7 alunos obtiveram 27 pontos o que corresponde a 96,4% de acertos; 4 alunos obtiveram 26 pontos o que corresponde a 92,9% de acertos; 6 alunos obtiveram 25 pontos o que corresponde a 89% de acertos; 4 alunos obtiveram 24 pontos o que corresponde a 85,7% de acertos e um aluno obteve 23 pontos o que corresponde a 82% de acertos. Gráfico 2. Pontuação Gênero Feminino Pontuação Gênero Feminino Pontos 30 20 10 0 1 2 3 4 5 6 Alunos O resultado da pontuação dos alunos do gênero feminino encontra-se no gráfico acima. Por ele pode-se perceber que dos 24 alunos avaliados a pontuação variou de 28 a 28. Partindo-se do fato de que o total de pontos obtidos no exame motor é 28 pontos, tem-se que 4 alunos obtiveram 28 pontos o que corresponde a 100% de acertos; 11 alunos obtiveram 27 pontos o que corresponde a 96,4% de acertos; 3 alunos obtiveram 26 pontos o que corresponde a 92,9% de acertos; 3 alunos obtiveram 25 pontos o que corresponde a 89% de acertos; 2 alunos obtiveram 24 pontos o que corresponde a 85,7% de acertos e um aluno obteve 18 pontos o que corresponde a 64% de acertos. Lefevre (1976) esclarece que os testes somente serão considerados satisfatórios e significativos, esboçando, entretanto, resultados positivos quando atingirem um percentual de acertos igual ou superior a 75%. Sendo assim, pode-se inferir que dos 52 alunos avaliados o que representa 100% da população estudada apenas 1 encontra-se abaixo do percentual estipulado pelo autor. Os estudos de Costallat (1974) corroboram com esses resultados quando a autora explica que a coordenação motora de crianças que não apresentem nenhum déficit motor, por volta de 9 anos já estão integradas. Ela já consegue realizar todos os movimentos com clareza e precisão, elasticidade e capacidade de mecanização. A este respeito também para Gallahue e Ozmuz (2001), às habilidades motoras fundamentais, a maioria das crianças possui um potencial de desenvolvimento que as conduz ao estágio maduro por volta da idade de 8 anos. No entanto, há evidências de estudos realizados por (Forti et al, 1992; Fantucci et al, 1992; Pellegrini e Doimo, 1989; Cavallaro et al, 1985; Pellegrini, 1985) de que isto não ocorre em nosso meio. A conquista real dependerá da interação dos fatores tarefa, indivíduo e ambiente, durante o período de prática. Outros estudos como os de Andrade (1984); Alves, 2003; Bee (1984); Brandão (1984) Choshi (2000); Heettner e Wallace (1997) que enfocam a importância do movimento. Sem movimento não há desenvolvimento, nem pensamento. Motricidade sem cognitividade é possível, mas cognitividade sem motricidade não o é. Os distúrbios no desenvolvimento motor comprometem sempre o desenvolvimento da linguagem, da emoção e da cognitividade. Assim, tem-se que compreender a motricidade como uma ação e como uma conduta, relativa a um sujeito histórico. A motricidade ao materialisar a idéia, continua-a e prolonga-a. A ação física é necessária para que a criança harmonize de maneira integradora, as potencialidades motoras, afetivas e cognitivas. Por outro lado, os resultados encontrados neste estudo contrariam os encontrados por Oliveira (2006) quando destaca que as crianças de hoje apresentam um analfabetismo motor por falta de oportunidades, e acrescenta que exige-se muito mais das crianças no processo educacional do que tempos anteriores. As obrigações com a escola e os seus afazeres cresceram muito e não sobra muito tempo para brincar. Esse tempo livre acaba sendo reduzido a um pequeno final de tarde, onde poucas ações motoras livres podem ser executadas, treinadas naturalmente e vivenciadas em sua plenitude lúdica. O autor explica também que uma criança que não tem a chance de vivências positivas e enriquecedoras no mundo motor terá suas chances futuras, dentro desse domínio, substancialmente limitadas. Esse processo somente pode ser revertido na escola, mais especificamente nas aulas de Educação Física. A Educação Física Escolar ainda é uma das atrações da escola uma vez que por suas aulas é possível resgatar o domínio motor e a condição física dos alunos. Quanto a idade não foi encontrada nenhuma significância a não ser que a única aluna que obteve a menor pontuação pertence a categoria dos 11 anos. A coordenação pouco desenvolvida não se correlacionou com a idade - 31 - ENAF Science, v.3, n.2 uma vez espera-se que alunos com mais idade tenham melhor coordenação e nas faixas etárias em estudo observou-se que os menores apresentaram ótima coordenação motora. Em função dos bons resultados obtidos na avaliação da coordenação motora, estas crianças encontra-se apta para continuar se desenvolvendo nos aspectos motores, cognitivos e sociais, uma vez que parte-se do princípio que coordenação motora, cognição e sociabilidade fazem parte da uma integração psiquismo-motricidade e uma relação entre pensamento e a ação. Wallon (1976) lança-nos um desafio quando afirma: "Um dos grandes passos a ser realizado pela sociedade é aquele que deve unir o orgânico ao psíquico, o corpo à alma, o indivíduo ao seu grupo sociocultural". CONSIDERAÇÕES FINAIS O desenvolvimento motor consiste em uma série de mudanças que ocorrem ao longo do ciclo vital em termos do deslocamento de partes do corpo ou de todo o corpo no espaço. O movimento é o elemento central na comunicação e interação com as outras pessoas e com o meio ambiente à nossa volta; é central também na aquisição do conhecimento de si e da natureza. Apesar dos movimentos estarem presentes em todas as nossas ações, eles não se repetem, variando em função da nossa disposição física e mental daquele momento. A aquisição de habilidades motoras que ocorre ao longo dos anos é fruto não só das disposições do indivíduo para a ação, mas principalmente do contexto físico e sócio-cultural onde o individuo está inserido. No curso do desenvolvimento, a emergência do andar marca o início da interação do ser humano com o meio, dando independência a ele na exploração dos objetos, pessoas, com os quais interage. Para que possa explorar esses objetos a sua volta ele adquire uma série de habilidades manipulativas que vão ser adicionadas ao repertório motor, permitindo o uso dos objetos para determinados fins, como dos talheres, da tesoura, do lápis, da bola etc. Por fim, conclui-se que cabe aos pais, professores alertarem-se sobre a necessidade de garantir à criança o direito a um desenvolvimento integral e harmônico, dando-lhe espaço para que se desenvolva, primeiramente na área motora e consequentemente na cognitiva, social e emocional. Somente assim estarão garantindo o desenvolvimento de um ser humano na sua totalidade. Registra-se aqui a contribuição que o Professor de Educação Física pode dar no desenvolvimento da coordenação motora de seus alunos nos dias de hoje: interpretar, refletir e agir, na tentativa de ascender a níveis quanti e qualitativamente superiores na existência humana. Nesse sentido, entender o "homem em movimento", as múltiplas dimensões e implicações de tal fato torna-se imperioso, necessário e premente. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES, F.M. O. Psicomotricidade: corpo, ação e emoção. Rio de Janeiro: Walk Editora, 2003. ANDRADE, M. L. A. Distúrbios psicomotores: uma visão crítica. São Paulo: EPU, 1984. BEE, H. L.. A pessoa em desenvolvimento. Trad. De Jamir Martins. São Paulo: Harper & Row do Brasil Ltda, 1984. BRANDÂO, S. Desenvolvimento psicomotor da mão. Rio de Janeiro: Enelivros, 1984. CAVALLARO, G. A., PELLEGRINI, A. M., FERRAZ, O. L., SACAY, R. C. Evolução do padrão fundamental de movimento correr em crianças de 6 a 8 anos. In: IV Congresso Brasileiro de Ciências do Esporte. Anais do IV Congresso Brasileiro de Ciências do Esporte, Muzambinho, MG, 1985. CHOSHI, K. A aprendizagem motora como um problema mal-definido. Revista Paulista de Educação Física, São Paulo, supl 3, p. 16-23, 2000. FANTUCCI, I., BARELA, J. A., PELLEGRINI, A. M. The walking pattern in different velocities: a topological analysis. In: Conferência Anual da North American Society for Psychology of Sport and Physical Activity. NASPSPA, 1992, Pittsburgh, PA. p.50. FORTI, A. M., PELLEGRINI, A. M., BARELA, J. A. Restrições da tarefa no desempenho do padrão arremessar. In: Congresso de Educação Física dos Países de Língua Portuguesa. Anais do Congresso de Educação Física dos Países de Língua Portuguesa. Recife, 1992. GALLAHUE, D.L.; OZMUZ, J. C. Compreendendo o Desenvolvimento Motor: bebês, crianças e adolescentes e adultos. São Paulo, Ed. Phorte, 2001. HEETTNER, B.; WALLACE, D. The impact of test. 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Anais do II Simpósio Paulista de Educação Física, Rio Claro, SP, 1989. p.18. RINK, J. Teaching Physical Education for Learning. Boston, MA, WCB McGraw-Hill, 1998. TURVEY, M. T. Coordination. American Psychologist, v. 45, n. 8, 1990. p.938-953. WALLON, H. Psicologia e Educação da criança. Lisboa: Vega/Universidade, 1976. - 32 - ENAF Science, v.3, n.2 TOPOGRAFIA E INTENSIDADE DA DOR EM ATLETAS DE HANDEBOL DA CIDADE DE POUSO ALEGRE/MG Fernandes Mariano de Andrade Júnior¹ Rodney Alfredo Pinto Lisboa² Luiz Henrique Sales Oliveira³ Acadêmico do Curso de Graduação em Educação Física da UNIVÁS ² Docente do Curso de Graduação em Educação Física da UNIVÁS ³Docente dos Cursos de Graduação em Educação Física e Fisioterapia da UNIVÁS RESUMO Para um melhor desempenho na prática do handebol, a força, a velocidade e a potência de arremesso são componentes que auxiliam o atleta em seus objetivos durante um jogo. Entretanto, quando trabalhadas de forma incorreta, essas valências físicas podem acarretar lesões que comprometerão o desempenho futuro. O objetivo desta proposta é identificar os pontos anatômicos de ocorrência de dor em atletas de handebol, e descrever a topografia e a intensidade na articulação do ombro. Participaram do estudo 16 atletas praticantes de handebol da cidade de Pouso Alegre, sendo 10 (dez) do sexo masculino e 6 (seis) do sexo feminino, com idade entre 18 a 38 anos de idade, e com mais de cinco anos de treinamento na modalidade esportiva. Os dados foram anotados em fichas próprias para análise e posteriormente tratados para os cálculos necessários. Os dados avaliados por meio de comparações e médias são apresentados através de análise descritiva mediante a configuração de gráficos que abordam a porcentagem obtida, os resultados e variância com p-valor do teste <0,05. Palavras-chave: Handebol; lesão; dor. INTRODUÇÃO Segundo Greco (2000) o handebol é um desporto jogado com os membros superiores, que apresenta características de esforços físicos de alta intensidade e de curta duração, com ênfase nas capacidades motoras de velocidade e de força, especialmente a força explosiva e a força rápida voltadas para o objetivo do jogo, o gol. Portanto, um arremesso tem que ser preciso, forte, rápido e certeiro, podendo ser dividido em três partes: a corrida, o salto e o arremesso (SIMÕES, 2002). Para Ehret, Späte, Schubert & Roth (2002), o arremesso é realizado com a base fixa ao solo – estando a perna contraria ao lado dominante à frente – ou mesmo com base flutuante (caracterizando a fase aérea), onde o atleta executa um salto que possibilita maior amplitude para execução do arremesso. Para os autores, o arremesso ocorre, na maioria das vezes, a partir do lado dominante do atleta, com o braço em posição de abdução e o antebraço semi-flexionado sobre o braço. Por sua vez, o tronco realiza uma rotação para o lado dominante, a fim de alcançar maior amplitude e potência ao final da realização do movimento. A força explosiva, nas suas definições como “a capacidade de realizar uma força maior possível em devido intervalo de tempo” ou “a capacidade de realizar altas velocidades e acelerações”, pode ser quantificada pela “taxa máxima de produção de força” (inclinação máxima da curva de força-tempo). (MENZEL apud GRECO, 2000, p. 63) Conforme podemos perceber nas considerações do autor supra-mencionado, a força de arremesso é considerada como um dos fatores capazes de comprometer o desempenho de um atleta de handebol. Por definição, Tenroler (2004) conceitualiza o arremesso como sendo a ação de impulsionar a bola em direção ao gol. Portanto, se considerarmos que o objetivo máximo do handebol é a marcação de um gol, cabe aos atletas trabalharem de modo a desenvolver 2 aspectos fundamentais para a execução do arremesso serão: a força e a precisão. Considera-se que a envergadura de um atleta de handebol, tem uma forte influência na potência do seu arremesso, pois quanto maior for a sua envergadura, maior será seu raio de ação e, também, é maior a aceleração que pode se dar à bola (GLANER, 1999). Um atleta de handebol que possui um alto nível de flexibilidade irá possuir uma maior alavanca para arremesso, aumentando assim o seu percurso de aceleração da bola, resultando em maior utilização da força para execução do gesto (EHRET et al., 2002; GRECO, 2000). Portanto, considerando as características particulares do arremesso no handebol, um trabalho mal desenvolvido e estruturado pode acarretar maior incidência de lesões que poderão comprometer não só o desempenho, como também a carreira de um atleta. Sullivan & Anderson (2004, p. 10) consideram que “a lesão esportiva é uma condição médica, resultante da prática esportiva, que causou uma limitação ou restrição a pratica da modalidade em questão ou para a qual foi recebido tratamento médico”. As lesões podem ser classificadas de acordo com a gravidade, sendo lesões com risco de vida, lesões séricas e lesões sem risco de vida. A lesão esportiva é caracterizada por rupturas e/ou estiramentos dos ligamentos, distensões e contusões musculares, subluxações, escoriações, bolhas e laceração. Outra classificação relacionada às lesões trata da sua natureza: podendo ser aguda ou crônica. A lesão aguda é o resultado de um incidente - 33 - ENAF Science, v.3, n.2 traumático súbito e a lesão crônica é toda a lesão que se agrava ao longo do tempo e/ou tende a durar um longo período (HAFEN et al., 2002; SILVA JUNIOR, 1999; SULLIVAN; ANDERSON, 2004). Dentro dos mecanismos das lesões, a compressão, tensão e cisalhamento são forças que agem sobre as estruturas corporais de modo natural as suas capacidades de absorverem, porém quando determinada força maior do que a força/capacidade da estrutura corporal, provavelmente ocorrerá à lesão por conta da sobre carga aplicada à estrutura (SILVA JUNIOR, 1999). Todo esporte de arremesso que requer atividades repetitivas ou atividades realizadas com os braços acima da cabeça, é comum encontrar lesões crônicas. Assim, um trabalho específico aplicado aos praticantes das modalidades como forma de prevenção às lesões ocorridas em arremessadores, deve-se incluir exercícios de fortalecimento e alongamento para o ombro, principalmente para o sexo feminino, pois a frouxidão aumentada ao sexo e a falta de força aos membros superiores, quando comparado ao sexo masculino, pode ter uma grande influência em subluxações e luxações da articulação do ombro por overuse (SULLIVAN; ANDERSON, 2004). Para Andrews et al. (2000), a lesão crônica com origens micro-traumáticas são muito freqüentes em atletas de handebol pelo uso excessivo em alta intensidade dentro da cintura escapular. O esforço repetitivo causa micro-traumas cumulativos, por causa da força repetida e aplicada externamente, resultando em enfraquecimento das estruturas. O micro-trauma crônico esta ligado à lesão sub-clínica com natureza degenerativa. Uma lesão provoca alterações na sensibilidade das fibras nervosas, devido ao aumento na atividade espontânea neural, diminuição do limiar necessário para ativação dos nociceptores e aumento da resposta a estímulos (SAKATA; ISSY, 2004). Como resultado de uma atividade repetitiva realizada acima da cabeça com ação violenta, o arremesso é caracterizado como um movimento de altos estresses para o ombro e o cotovelo, possibilitando assim lesão micro traumática ou um mecanismo de uso excessivo (ANDREWS et al., 2000). Assim, podemos perceber que não há dúvidas de que o complexo do ombro é a parte mais importante para o jogador de handebol, pois é com ele que será realizado todo o jogo. O ombro é a articulação proximal do membro superior sendo considerada a que oferece maior amplitude e potência de todas do corpo humano (KAPANDJI, 1990 apud FAGGIONI et al., 2005). Dentre todos os complexos osteo-mio-articulares da cintura escapular, o ombro é sem duvida o que mais sofre com a pratica esportiva envolvendo movimentos de abdução acima de 90º graus com rotações, pois sua instabilidade e seu complexo anatômico influenciam para possíveis causas de lesões. O surgimento de uma lesão é identificado, entre outras características, pela presença da dor. Barbanti (2003) define dor como uma sensação desagradável ou penosa, causada por lesão ou por estado anômalo dos órgãos. Conforme o autor, ela tem origem a partir da irritação do tronco raiz ou terminação dos nervos sensoriais que conduzem a informação para o cérebro. A dor é considerada como um mecanismo de proteção, por alertar acerca de eventuais distúrbios físico-orgânicos. Portanto, considera-se que a intensidade da dor é uma característica muito importante no papel preventivo de uma lesão. MATERIAIS E MÉTODOS Participaram do estudo 16 atletas praticantes de handebol da cidade de Pouso Alegre, sendo 10 (dez) do sexo masculino e 6 (seis) do sexo feminino, com idade entre 18 a 38 anos de idade, e com mais de cinco anos de treinamento na modalidade em questão. Os atletas responderão juntamente com o autor do projeto e o técnico responsável a um questionário de topografia e intensidade da dor elaborado por Leite (1987) e citado por Mendes (2004) conforme anexo. As perguntas formuladas tratam basicamente de duas questões, sendo que a primeira será respondida considerando duas opções: SIM ou NÃO. Ao responder afirmativamente à primeira pergunta, o atleta responderá à segunda, sendo que para tal o participante irá marcar a intensidade de dor sentida pelo mesmo em uma régua, escalonada de 0 (zero) a 10 (dez). Nessa régua, o zero corresponde a nenhuma dor, cinco corresponde à dor moderada e dez corresponde à dor máxima. Ainda nesta questão, depois de ter pontuado na régua a intensidade da dor sentida, caso haja, o participante terá que marcar com um X em dois desenhos anatômicos de frente e versus o ponto correspondente a que sente dor, podendo ser mais que um ponto anatômico. A escolha deste instrumento se deu por ser validado de fácil aplicação e interpretação. O questionário a ser utilizado se encontra anexado no final do projeto. Os dados foram anotados em fichas próprias para análise e posteriormente tratados para os cálculos necessários. Avaliados por meio de comparações e médias, os dados são apresentados através de análise descritiva mediante a configuração de gráficos que abordam a porcentagem obtida, os resultados e variância com p-valor do teste <0,05. RESULTADOS Gráfico 1: Representação da porcentagem de atletas que sentem dor. - 34 - ENAF Science, v.3, n.2 25% 75% SENTE DOR NÃO SENTE DOR Gráfico 2: Representação da porcentagem de atletas que sentem dor na articulação do ombro. 42% 58% Articulação Ombro Outras Articulações 12 10 8 6 4 Braço Punho Coxa Pé Lombar Cotovelo Joelho 0 Tornozelo 2 Ombro Número de Ocorências Gráfico 3: representativo dos pontos anatômicos de ocorrência de dor. Pontos Anatômicos DISCUSSÃO Considerando as referências bibliográficas consultadas para esta proposta, ao tratar das lesões, observase uma maior incidência de natureza micro traumática. Conforme Ingham et al. (2004), o maior índice de lesões traumáticas ocorre na região dos joelhos, seguidos pelos tornozelos e ombro. O American Medical Association, classifica o handebol como um esporte de contato, onde as possibilidades de lesões de natureza traumáticas são maiores. O estudo apresentado por Ejnisman et al. (2001), aborda que as lesões traumáticas tiveram maior incidência nos esportes de contato com 56,1% dos casos, porém quando foram apresentados os resultados das lesões atraumáticas (que não são causado em função de contato ou impacto), constata-se que os esportes de arremesso apresentam 66,2% dos casos. - 35 - ENAF Science, v.3, n.2 Através dos dados obtidos com esta proposta, considera-se que 75% dos atletas avaliados sentem dor, e 25% não apresentam incidência relacionada à dor. Considerando os atletas que apresentam dor, 58% sentem dor na região do ombro e 42% sentem dor em outras regiões, tais como: joelho, cotovelo, tornozelo, lombar, pé, coxa, punho e braço. Podemos constatar, conforme mostram o gráfico 4, que a incidência de dor na região do ombro obteve maior média (média 6) se considerar outras regiões onde se acusou a presença de dor. A idéia que o handebol é um esporte com inúmeros riscos de lesões surge a partir da constatação de que a modalidade considera o contato físico entre os atletas, ocasionando riscos de impactos e lesões de natureza traumática. Assim é considerada a idéia de prevenir às lesões atraumáticas com natureza micro traumática, devido às características especificas da modalidade com altos estresses na articulação do ombro. Vários são os trabalhos de prevenção às lesões de natureza micro traumático, como a musculação com objetivo de fortalecimento as estruturas citado por Simão (2007), trabalho bilateral realizado as categorias de base como é apresentado por Ingham et al. (2004) onde apenas 5% dos entrevistados eram ambidestros, e também uma escala de dor sentida para avaliar os possíveis danos ocasionados pelo esforço repetitivo e continuo a uma única estrutura osteo-mio-articular. CONCLUSÃO Ao final deste estudo, conclui-se que o ombro foi o ponto anatômico de maior ocorrência de dor, sendo que 58% dos casos analisados acusaram desconforto nessa região. Por fim, a soma dos índices de dor nos atletas que participaram dessa proposta atingiu grau moderado, considerando que a intensidade de dor atingiu média seis, numa escala que vai de zero a dez. REFERÊNCIAS AMERICAN MEDICAL ASSOCIATION. Committee on the Medical Aspects of Sports. Medical evaluation of the athlete: a guide. Chicago: American Medical Association, 1976. ANDREWS, J.R.; HARRELSON, G.L.; WILK, K.E. Reabilitação Física das lesões Desportivas. 2 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000. 504p. BARBANTI, V. J. Dicionário de educação física e esporte. 2ª ed., São Paulo: Manole, 2003. EHRET, A.; SPATE, D.; SCHUBERT, R.; ROTH, K. Manual de handebol: treinamento de base para crianças e adolescentes. São Paulo: Phorte, 2002. EJNISMAN, B.; ANDREOLI, C.V.; CARRERA, E.F.; ABDALLA, R.J.; COHEN, M. Lesões músculo-esqueléticas no ombro do atleta: mecanismo de lesão, diagnóstico e retorno à prática esportiva. Revista Brasileira de Ortopedia. v.36, n.10, p.389-393, 2001. FAGGIONI, R.I.; LUCAS, R.D.; ALGAZI, A.D.F. Síndrome do pinçamento no ombro, decorrente da pratica esportiva: Uma revisão bibliográfica. Departamento de Educação Física UNIFRAM Franca S.P. Departamento de Biologia Aplicada à Agropecuária FCAV/UNESP Jaboticabal S.P., v.2, n.3, p. 211-215, 2005. GLANER, M.F. Perfil morfológico dos melhores atletas Pan-Americanos de handebol por posição de jogo. Revista Brasileira de Cineantropometria e Desenvolvimento Humano, v.1, n.1, p.69-81, 1999. GRECO, P.J. Caderno de Rendimento do Atleta de Handebol. Belo Horizonte: Health, 2000. 169p. HAFEN, B.Q.; KAREN, K.J.; FRANDSEN, K.J. Guia de Primeiros Socorros para Estudantes. Barueri: Manole, 2002. INGHAM, S.J.M.C.N.; ALLOZA, J.F.M.; LOPES, A.D.; CHAMLIAM, T.R.;COHEN, M. Epidemiologia das lesões durante a pratica do handebol. Méd Reabil, v.23, n.1, p. 2-5, 2004. MENDES, R.A.; LEITE, N. Ginástica Laboral: Princípios e Aplicações Práticas. Barueri: Manole, 2004. 202p. SAKATA, R.K.; ISSY, A.M. Guias de Medicina Ambulatorial e Hospitalar: dor. Barueri: Manole, 2004. 260p. SILVA JUNIOR, L.I. Manual de Bandagens Esportivas. Rio de Janeiro: Sprint, 1999. SIMÃO, R. Fisiologia e Prescrição de Exercícios para Grupos Especiais. Rio de Janeiro: Phorte Editora, 2007. 152p. SIMÕES, A.C. Handebol Defensivo: conceitos, técnicos e táticos. São Paulo: Phorte Editora, 2002. 254p. SULLIVAN, A.L.; ANDERSON, S.J. Cuidados com o jovem atleta: enfoque interdisciplinar na iniciação e no treinamento esportivo. Barueri: Manole, 2004. 524p. TENROLER, C. Handebol: teoria e prática. Rio de Janeiro: Sprint, 2004. [email protected] - 36 - ENAF Science, v.3, n.2 PERCEPÇÃO DOS BENEFÍCIOS DA GINÁSTICA LABORAL ENTRE TRABALHADORES DE UMA EMPRESA ELÉTRICA DA CIDADE DE POUSO ALEGRE/MG. Alfredo Marcos de Oliveira Toledo¹ Rodney Alfredo Pinto Lisboa² ¹Acadêmico do Curso de Graduação em Educação Física da UNIVÁS ²Docente do Curso de Graduação em Educação Física da UNIVÁS RESUMO O objetivo deste estudo é analisar o nível de conhecimento dos funcionários em relação aos benefícios da ginástica laboral (GL). Entretanto, quando a ginástica laboral não for bem desenvolvida, podem acarretar certas insuficiências nos benefícios e comprometendo num resultado prazeroso entre os funcionários e a empresa. Decorre de uma pesquisa descritiva de valores absolutos e percentuais para verificação da percepção dos entrevistados sobre os benefícios da ginástica laboral para sua vida. Aplicou-se questionário elaboradas e validades por SOARES et al (2006). Participaram do estudo 100 funcionários, sendo 50 no 1º turno e 50 no 2º turno da fábrica de fiações elétricas da cidade de Pouso Alegre, sendo 44% do sexo feminino e 56% do sexo masculino, com idade entre 17 a 50 anos de idade. Esse estudo foi aplicado dentro da fábrica no intervalo de refeição. Os dados avaliados por meio de comparações e médias são apresentados através de análise descritiva mediante a configuração de gráficos que abordam a porcentagem obtida, os resultados e variância com p-valor do teste <0,05. Palavras-chave: Ginástica Laboral; benefícios; trabalhadores. INTRODUÇÃO O homem dono de si, livre para vender sua força física para a execução de trabalhos, cuja única fonte de energia para tal restringia-se ao próprio corpo, tornou-se impotente diante de máquinas que surgiram na Revolução Industrial, para que a produção se tornasse mais rápida e eficaz, para que houvesse um acumulo favorável de capital, aproveitando ao máximo os equipamentos antes de se tornarem substituíveis (MINAYO-GOMEZ; THEDIMCOSTA, 1997). A NR-32 – SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO EM SERVIÇOS DE SAÚDE (BRASIL, 2008, p. 496) retrata que: 32.1 DO OBJETIVO E CAMPO DE APLICAÇÃO 32.1.1 Esta Norma Regulamentadora – NR tem por finalidade estabelecer as diretrizes básicas para a implantação de medidas de proteção à segurança e a saúde dos trabalhadores dos serviços de saúde, bem como daqueles que exercem atividades de promoção e assistência à saúde em geral. 32.1.2 Para fins de aplicação desta NR entende-se por serviços de saúde qualquer edificação destinada à prestação de assistência à saúde da população, e todas as ações de promoção, recuperação, assistência, pesquisa e ensino em saúde em qualquer nível de complexidade. O trabalhador em si, seja homem ou mulher, jovem ou maduro, arca com o fardo sociocultural de um passado ainda presente na herança da escravidão e do sistema de relações entre chefe e subordinados, que retrata um fator que conspira contra o projeto moderno do indivíduo responsável, autônomo e pró-ativo em busca de se tornar independente, ou seja, a vivência da cidadania pelo reconhecimento universal da dignidade do trabalho (DAMATTA, et al., 2003). Para Lima (2005) a ginástica laboral (GL) é um programa que proporciona uma união entre o trabalhador e a empresa, valorizando o significado do seu trabalho, uma vez que os exercícios aplicados são baseados na função exercida pelo trabalhador. A GL é considerada um fator importante na motivação e tem como desafio atrair diariamente a atenção dos trabalhadores para suas programações, sendo que, as atividades têm que ser desempenhadas com qualidade e corresponder a necessidade do trabalhador que participa, mostrando, através da sua criatividade e do seu potencial produtivo, uma nova visão sobre o valor de cada profissão e seu resultado na sociedade. Segundo Mendes & Leite (2004), os trabalhadores devem ter como objetivo uma melhora na sua postura e nos movimentos executados durante o trabalho, o aumento da resistência à fadiga central e periférica, a promoção do bem-estar geral, a melhora de sua qualidade de vida, o combate ao sedentarismo (devido à era da tecnologia, transformando o esforço muscular num simples apertar de botões, tanto em casa, como no trabalho e em todas as atividades da vida diária), e a diminuição do estresse ocupacional, entre outros. Para a empresa o grande objetivo é a diminuição dos acidentes de trabalho, a redução do absenteísmo e da rotatividade, o aumento da produtividade, a melhora da qualidade total, a prevenção e a reabilitação das doenças ocupacionais, tais como tendinites e LER, DORT ou AMERT (Lesões por Esforços Repetitivos, Distúrbios Osteomusculares Relacionadas com o Trabalho ou Alterações Musculoesqueléticas Relacionadas ao Trabalho). - 37 - ENAF Science, v.3, n.2 Costa & Costa (2004) argumentam que a empresa que possui trabalhadores motivados tende, a possuir baixos índices de acidentes. Para esse convívio social, o programa de GL deverá oferecer uma farta lista de atividades que possam ser incorporadas como motivacionais, com ações que procedem com cautela, aproveitando recursos do meio, procurando ao mesmo tempo, sistematizar e organizar atividades que irão aperfeiçoar, ou seja, melhorar a condição física do trabalhador, não descaracterizando os objetivos do programa (LIMA, 2005). MATERIAIS E MÉTODOS Participaram do estudo 100 funcionários de ambos os sexos, sendo 44 mulheres e 56 homens, com idade entre 17 a 50 anos de idade. Esse estudo foi aplicado dentro da fábrica no intervalo de refeição. Foi utilizado um questionário com seis perguntas fechadas que foram lidas pelo autor do estudo nos momento de pausa no trabalho dos funcionários da linha de produção. As respostas mencionadas pelos funcionários foram marcadas na folha de repostas (questionário) pelo próprio autor do estudo. As perguntas foram elaboradas e validadas por SOARES et al. (2006). As questões de 1 a 6, são pessoais, sócio-demográficas, a fim de identificar o perfil da população estudada; a sétima, sobre a prática de atividade física regular fora da empresa; a oitava, sobre a sua participação no programa de ginástica laboral da empresa; a nona, sobre a percepção deste programa, se é necessário ou desnecessário; a décima, enfatiza a percepção de benefícios da ginástica laboral; a décima primeira, pede um significado da ginástica laboral (lazer, relaxamento, prazer, tarefa, união com colegas, obrigação, estímulo ou prevenção); e, a décima segunda, pede o benefício proporcionado pela ginástica laboral (maior integração, mais disposição, mais relaxado, redução de dores, conscientização sobre o corpo, motivação a fazer exercício fora da empresa e uma citação caso haja outros). Os dados foram anotados em fichas próprias para análise e, posteriormente, tratados para os cálculos necessários. Avaliados por meio de comparações e médias, os dados são apresentados através de análise descritiva, mediante a configuração de gráficos que abordam a porcentagem obtida, os resultados e variância com pvalor do teste <0,05. RESULTADOS Gráfico 1: Representação da porcentagem da saúde de funcionários da empresa. Estado de Saúde na Empresa 0% 2% 21% 43% 34% Excelente Muito Boa Boa Regular Ruim Gráfico 2: Representação da porcentagem na participação do programa de ginástica laboral. Fazem Atividades GL 3% 97% Sim Não Gráfico 3: Representação da porcentagem da importância da ginástica laboral. - 38 - ENAF Science, v.3, n.2 Acham Necessária X Desnecessária GL 5% 95% Necessaria Desnecessaria Gráfico 4: Representação da porcentagem dos significado da ginástica laboral. A GL Significa? (questão multiplas marcações) 80 77 Qt de Funcionários 70 60 50 45 36 40 41 27 30 18 20 10 5 1 0 Lazer Relaxamento 6 6 4 1 3 4 Prazer 10 9 7 Tarefa 10 9 5 5 2 0 1 0 1 1 União Obrigação Estímulo Prevenção Sugestão Significado da ginástica laboral Empresa 1º Período 2º Período Gráfico 5: Representativo da porcentagem dos benefícios da ginástica laboral. Qual o Benefício proporcionado pela GL? 45 42 Qt de Funcionários 40 35 30 25 20 22 24 22 20 10 9 10 5 14 13 15 7 5 2 0 0 3 0 0 3 2 1 1 0 Integração Disposição Relaxado Redução Dores Conscientização Motivado Outros Benefícios Empresa 1º Período 2º Período DISCUSSÃO Considerando as referências bibliográficas consultadas para esta proposta, ao tratar dos benefícios, observa-se que, SOARES et al. (2006) disseram que mesmo os funcionários tendo percepção dos benefícios da ginástica laboral, a adesão ao programa entre operadores de telemarketing era muito baixa. Conforme Mendes & Leite (2004), a divulgação é a “alma do negócio”, pois toda vez que o profissional de educação física ou outro profissional de Ginástica Laboral for implantar o programa, deverá se preocupar em seguir todos os passos das fases de implantação da GL, devendo seguir uma metodologia científica para que todos os resultados alcançados sejam divulgados, principalmente em educação física, em revistas científicas da área de qualidade de vida no trabalho, da saúde ocupacional, da segurança do trabalho e em outras divulgações da mídia, tanto escrita ou falada. Lima (2003) ressalta que o profissional da Ginástica Laboral deve agregar valores e resultados, porém, não atrapalhar os funcionários no seu desempenho, pois o mesmo dará as atividades precisa, obter consciência e conhecimento do programa aplicado. - 39 - ENAF Science, v.3, n.2 O estudo apresentado por Militão (2001), aborda os benefícios da ginástica laboral segundo a percepção dos trabalhadores. O autor mostrou que quase 100% de todos os trabalhadores investigados perceberam benefícios da ginástica laboral, no entanto, quando questionados sobre o que gostariam que mudasse na ginástica laboral, 77,7% dos funcionários orientados por facilitadores, sugeriram mudanças relacionadas com a forma de orientar a aula, tais como: mais motivação, mais organização quanto à freqüência e horário, não contar durante os exercícios, mudar os exercícios para que estes não se tornem monótonos e repetitivos, e que as aulas sejam orientadas diretamente por professor de educação física. Já as mudanças sugeridas pelos funcionários orientados por professor de educação física foram todas relacionadas com maior duração ou mais vezes ao dia. Estes resultados mostram o quanto é importante à participação direta do professor de educação física para que a ginástica laboral atinja todos os seus objetivos. Através dos dados obtidos com esta proposta, considera-se que no gráfico 4, através de uma questão de múltipla escolha, no total de 100 funcionários avaliados, 77 acham que a GL significa relaxamento, 45 acham que é prevenção, 10 estímulo, 10 obrigação, 9 união, 6 tarefa, 5 lazer e 4 prazer. Considera que os funcionários entendem que a GL se destaca mais como relaxamento, tornando os outros fatores irrelevantes. Podemos constatar, conforme mostra o gráfico 5, que entre os 100 funcionários, 42 acham que a ginástica traz como benefício a disposição, 24 a redução de dores, 22 o relaxamento, 7 a conscientização, 3 a motivação, 2 * outros e 0 a integração. A ginástica laboral traz uma gama de benefícios e busca uma transformação na área social das pessoas, pois cria um processo de conhecimentos e inovações, tendo como ponto de partida um trabalho em equipe, uma união de pessoas, independente de raças, gêneros, crenças e classe social. O princípio é levar o bem star entre as relações sociais dentro e fora da empresa. Assim, é considerada a idéia de prevenir as doenças ocupacionais, unificando um trabalho multidisciplinar entre profissionais especializados na área de saúde e segurança do trabalho, obtendo uma melhoria nas relações entre os funcionários e a empresa. CONCLUSÃO Ao final deste estudo, conclui-se que os funcionários devem obter mais informações sobre o significado de GL, pois ela não implica somente relaxamento e prevenção. Os resultados apresentados mostraram que outros significados (lazer, prazer, tarefa, união, obrigação, estímulo e sugestão) foram irrelevantes. Os benefícios não estão ligados somente à maior disposição. Os benefícios da ginástica laboral são muito mais amplos e podemos melhorar essa percepção com novos métodos de conscientização, para atingir uma visão mais segura, confortável e sustentável entre os trabalhadores, melhorando o bem estar de todos. Existe uma grande preocupação neste resultado, pois o que chama muita atenção é a porcentagem da integração que se destaca como 0%. Verifica-se no programa da GL um convívio social diário entre os envolvidos, no qual prevalece uma maior integração entre as pessoas, a interação com a saúde, a comunicação e as atividades físicas elaboradas pelos profissionais. O importante é despertar a atividade em equipe, possibilitando um resultado mais eficiente e um crescimento pessoal. A rotina nunca será a mesma e os resultados serão ainda melhores tanto para empresa quanto para o funcionário. REFERÊNCIAS BRASIL. Lei nº 6.514, de 22 de dezembro de 1977. Manuais de Legislação Atlas: Segurança e Medicina do Trabalho. 62 ed. São Paulo: Atlas, 2008. COSTA, M. A. F.; COSTA, M. F. B. Segurança e Saúde no Trabalho: Cidadania, Competitividade e Produtividade. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2004. DAMATTA, R.; ET AL. Profissões industriais na vida brasileira: Ontem, hoje e amanhã. Brasília: Universidade de Brasília, 2003. FIGUEREDO, F.; MONTÀLVÂO, C. Ginástica Laboral e Ergonomia. Rio de Janeiro: Sprint, 2005. GUERRA, A. K. A ginástica laboral como uma ferramenta de combate ao estresse ocupacional. Informe Phorte, ano 8, n.19, p.5, 2006. LIMA, D. G. Ginástica Laboral: Metodologia de Implantação de Programas com Abordagem Ergonômica. Jundiaí, SP: Fontoura, 2004. LIMA, V. Ginástica Laboral: Atividade Física no Ambiente de Trabalho. 2 ed. São Paulo: Phorte, 2005. MACIEL, R. H. et al. Quem se Beneficia dos Programas de Ginástica Laboral? Cadernos de Psicologia Social do Trabalho, v. 8, p. 71-86, 2005. MENDES, R.; LEITE, N. Ginástica Laboral: Princípios e Aplicações Práticas. Barueri, SP: Manole, 2004. MILITÃO, A. G. A influência da ginástica laboral para a saúde dos trabalhadores e sua relação com os profissionais que a orientam. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção), Universidade Federal de Santa Catarina, 2001. MINAYO-GOMES, C.; THEDIM-COSTA, S. M. F. A construção do campo da saúde do trabalhador: percurso e dilemas. Cad. Saúde Públ., Rio de Janeiro, v.13, supl.2, p. 21-32, 1997. SOARES, R. G. et al. A baixa adesão ao programa de ginástica laboral: buscando elementos do trabalho para entender o problema. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, São Paulo, v. 31, n. 114, p. 149-160, 2006. [email protected] * Tanto para o 1º turno, quanto ao 2º turno, diz que não percebe nenhum benefício proporcionado pela ginástica laboral. - 40 - ENAF Science, v.3, n.2 A MOTIVAÇÃO DOS ATLETAS DE UMA ESCOLA INICIAÇÃO AO FUTEBOL DA CIDADE DE BORDA DA MATA/MG Thiago Palmeira de Senna Lima¹ Cristiano Lélis Silva Gomes¹ Rafael José de Lima¹ Ronaldo Júlio Baganha² Luís Henrique Sales Oliveira² ¹Aluno de Graduação em Educação Física UNIVÁS/MG ²Docente do Curso de Graduação em Educação Física UNIVÁS/MG INTRODUÇÃO Motivação é caracterizada como um processo ativo, intencional e dirigido a uma meta, o qual depende da interação de fatores pessoais e ambientais (SAMULSKI, 2002). A motivação para rendimento junto ao atleta, refere-se ao esforço de uma pessoa com o fim de solucionar uma tarefa exigente, adquirir excelência esportiva, superar obstáculos, procurar e demonstrar uma melhor performance do que outras pessoas e sentir-se orgulhoso mostrando seu talento (WEINBERG E GOULD, 1999). O ensaio da motivação é um dos que mais ganha espaço na Psicologia do Esporte, não apenas nos âmbitos rendimento e universitário, mas também junto às crianças, jovens, adultos, idosos e até mesmo pacientes internados em enfermaria ortopédica (MELO; LÓPEZ, 2003). A motivação influi, com muita prioridade, em todos os tipos de comportamento permitindo um maior envolvimento ou uma simples participação em atividades que se relacionem com: aprendizagem, desempenho e atenção (HERNANDEZ; VOSE; LIKAWKA, 2004). Devemos notar que a motivação não é apenas um fator importante para aprendizagem, mas também é diferencial para alcançar os objetivos e fornecer incentivos, atividades e ambientes que conduzam a uma aprendizagem do mais alto grau (FREITAS, 2007). Esse diferencial não só pode afetar significativamente a interpretação de um desejo, mas também o entendimento da maneira particular como as pessoas agem e atuam na busca dos seus objetivos. A motivação, portanto, pode ser considerada, primordialmente, um processo intrínseco (BERGAMINI, 1997). A idéia de Maslow na qual entende-se que a motivação é o resultado dos estímulos que agem com força sobre os indivíduos, levando-os a ação. Para que aconteça a ação ou reação é preciso que um estímulo seja implementado, seja decorrente de algo externo ou proveniente do próprio organismo (SERRANO, 2003). Na Psicologia moderna, o termo motivação é utilizado para designar a intensidade do esforço e a direção do comportamento humano. É uma dimensão direcional que indica a finalidade do comportamento ou porque as pessoas se orientam a um ou outro objetivo. No âmbito da atividade física e do esporte, a motivação é produto de um conjunto de variáveis sociais, ambientes e individuais que determina a eleição de uma modalidade física ou esportiva e a intensidade da prática dessa modalidade, que determinará o rendimento (ESCARTÍ; CERVELLÓ, 1994) A motivação no esporte vem desenvolvendo programas de treinamento psicológico envolvendo técnicos, treinadores e atletas na busca de melhor desempenho em competições, em atividades que visam, entre outras coisas, modos de manejo e enfrentamento do stress competitivo, controle da atenção e concentração, incremento das habilidades de comunicação, desenvolvimento de liderança e coesão de equipe (WOODWORTH; MARQUES, 1973). É importante ressaltar que a motivação do professor de educação física está relacionada também com a satisfação do mesmo. Compreendendo por satisfação o atendimento (ou eliminação) de uma necessidade ou motivo, de maneira geral que “um motivador é um fator de satisfação em um lugar de ser a mesma coisa, são antítese um do outro (SORIANO; WINTERSTEIN, 1998). Existem muitos fatores de ordem emocional e motivacional que estão diretamente relacionados com as condições impostas ao jogador no treinamento, na competição e no ambiente que o cerca, tais como: a torcida, a arbitragem, o local da competição, adversários, entre outros (FRISSELLI; MANTOVANI, 1999). OBJETIVO Verificar o nível de motivação dos atletas de uma escola de iniciação ao futebol da cidade de Borda da Mata/MG antes dos jogos nos finais de semana. MATERIAIS E MÉTODOS Para a realização deste estudo foram selecionados 20 atletas do gênero masculino entre 12 e 16 anos, que participam da Escola de Iniciação ao Futebol de Borda da Mata/MG, esses atletas treinam 2 vezes por semana e jogam aos finais de semana atividades A coleta de dados foi feita no Estádio Waldir de Mello em Borda da Mata antes das partidas nos finais de semana pelo próprio autor do projeto. - 41 - ENAF Science, v.3, n.2 Para a coleta inicial dos dados, foi aplicado um instrumento sobre avaliação da motivação que contém 15 questões que foi elaborado e padronizado pelo próprio autor. Neste instrumento sobre avaliação de motivação há para cada uma das 15 questões 3 alternativas: sim, não e não sei, onde o atleta somente poderá uma das respostas. Os dados adquiridos foram analisados e posteriormente, foram dispostos em gráficos e tabelas que demonstram os resultados obtidos em relação à motivação dos atletas que participaram do projeto. RESULTADOS Como método de análise para obtenção de resultados e informações a respeito do nível de motivação dos atletas da Escola de Iniciação ao Futebol da cidade de Borda da Mata/MG, foi utilizado um instrumento sobre avaliação que contem 15 perguntas, com 3 alternativas cada. Para que se obtivesse um resultado mais significativo e organizado para os objetivos propostos nesta pesquisa os resultados obtidos nos questionários foram discutidos para uma melhor visualização e entendimento, observe na tabela 1. Tabela 1 Perguntas Não Antes Sim Não Sei Não (%) Sim (%) Não Sei (%) 0 20 0 0% 100% 0% 1 1 19 0 5% 95% 0% 2 3 17 0 15% 85% 0% 3 4 16 0 20% 80% 0% 4 5 15 0 25% 75% 0% 5 17 3 0 85% 15% 0% 6 15 3 2 75% 15% 10% 7 15 4 1 75% 20% 5% 8 4 16 0 20% 80% 0% 9 3 16 1 15% 80% 5% 10 9 9 2 45% 45% 10% 11 1 19 0 5% 95% 0% 12 1 17 2 5% 85% 10% 13 17 0 3 85% 0% 15% 14 15 12 20 7 0 1 0 60% 100% 35% 0% 5% 0% Primeiramente, questionou se o atleta estava motivado para jogar antes da partida, e segundo os resultados dos 20 atletas, todos estavam motivados para jogar, isso, portanto, significa 100% de motivação. Na primeira pergunta, foi questionado se quando você chega para jogar o seu técnico o motiva para o jogo, e 19 atletas disseram que sim, no caso 95%, apenas 1 disse que não 5%. Na segunda pergunta, foi questionado se seu técnico influencia os jogadores a ganhar um jogo, e 17 atletas disseram que sim 85%, e apenas 3 disseram que não 15%. Na terceira pergunta, foi questionado se o atleta conversa com outros sobre o jogo, e 16 atletas responderam que sim 80%, e 4 disseram não 20%. Na quarta pergunta, foi questionado se uma conversa motivadora no vestiário antes das partidas ajuda no rendimento da equipe, e 15 atletas responderam sim 75%, e 5 responderam não 25%. Na quinta pergunta, foi questionado se todas as partidas têm o mesmo significado, e 3 atletas responderam que sim 15%, já 17 atletas responderam que não 85%. Na sexta pergunta, foi questionado se o atleta joga menos quando seu técnico não consegue transmitir a importância daquela partida, e 3 atletas responderam que sim 15%, 15 atletas responderam que não 75% e 2 atletas responderam não sei 10%. Na sétima pergunta, foi questionado se quando o seu time perde o atleta culpa seus outros companheiros por estarem pouco motivados, e 4 atletas responderam que sim 20%, 15 responderam que não 75% e apenas 1 respondeu que não sabia 5%. Na oitava pergunta, foi questionado se o atleta joga melhor quando seu técnico o elogia perante os demais atletas, e 16 atletas responderam que sim 80% e 4 atletas responderam que não 20%. Na nona pergunta, foi questionado se o atleta concorda que qualquer equipe joga melhor quando todos estão motivados, e 16 atletas responderam sim 80%, 3 responderam não 15% e 1 respondeu não sei 5%. Na décima pergunta, foi questionado se o capitão do time chama os jogadores para uma conversa sobre o jogo, e 9 atletas responderam que sim 45%, 9 atletas responderam que não 45% e 2 responderam não sei 10%. - 42 - ENAF Science, v.3, n.2 Na décima primeira pergunta, foi questionado se a motivação ajuda o atleta a jogar melhor, 19 atletas responderam que sim 95% e apenas 1 atleta respondeu que não 5%. Na décima segunda pergunta, foi questionado se o atleta chega sempre motivado para as partidas, e 17 atletas responderam que sim 85%, 1 respondeu que não 5%, e 2 atletas respondeu que não sabiam 10%. Na décima terceira pergunta, foi questionado se todas as partidas têm o mesmo significado e se não precisa de motivação para jogar, 17 atletas responderam que não 85%, 3 atletas não sabiam 15%. Na décima quarta pergunta, foi questionado se para o atleta tanto faz estar ou não motivado e o que importa para disputar as partidas, e 7 atletas responderam que sim 35%, 12 responderam que não 60% e apenas 1 respondeu não sei 5%. Na décima quinta e ultima pergunta, foi questionado se para o atleta jogar bem é ter somente habilidade com a bola, e todos os 20 atletas responderam não 100%. De uma forma geral, os dados obtidos demonstraram um bom nível de motivação dos atletas da Escola de Iniciação ao Futebol da Cidade de Borda da Mata/MG, 11 atletas demonstraram estarem muito motivado antes das partidas então 55%, já 9 atletas demonstraram motivação normal 45%, e nenhum atleta pesquisado estava pouco motivado antes das partidas. Podemos ressaltar que houve diferença significativa entre os atletas já que a realização do teste t pareado entre as respostas sim e não foi de p =0,095. DISCUSSÃO A motivação é um fator muito importante na busca de qualquer objetivo pelo ser humano. Os treinadores reconhecem esse fato como sendo o principal, tanto nos treinamentos como nas competições. Assim sendo, a motivação é um elemento básico para o atleta seguir as orientações do treinador e praticar diariamente as sessões de treinamento (RUBIO, 2003). Um dos principais fatores que interferem no comportamento de uma pessoa é, indiscutivelmente a motivação, influindo com muita propriedade, em todos os tipos de comportamento, permitindo um maior envolvimento em simples participação em atividades relacionadas à aprendizagem, desempenho e atenção (MACHADO, 1997). No âmbito da atividade física e do esporte, a motivação é o produto de um conjunto de variáveis sociais, ambientais e individuais, que determinam a escolha de uma modalidade física ou esportiva, e a intensidade da prática desta modalidade é que determinará o rendimento (HERNANDEZ; VOSER E LYKAWKA, 2004). A autoconfiança de seus atletas desenvolve primeiro, a partir da confiança que você deposita neles” (ROMBALDI, 2002). Para que o professor passe a sua motivação para o aluno é importante estude alguns componentes que parecem explicar a motivação, desejo de explorar o lado desconhecido das experiências e das coisas, desejo de manipular o ambiente para modificá-lo, desejo de agir física e mentalmente. Desejo de obter conhecimento a partir dos fazeres já mencionados, desejo de melhorar a auto-imagem, sendo conhecido e aprovado por outros (ASSMANN, 1998). CONCLUSÃO Diante da análise dos resultados obtidos, concluiu-se que, os atletas da Escola de iniciação ao futebol da cidade de Borda da Mata/MG estão com um bom nível de motivação antes dos jogos nos finais de semana, pois 55% dos atletas estão muito motivados e 45% considerados com uma motivação normal. REFERÊNCIAS ASSMANN, H. Metáforas Novas para Reencantar a Educação. Piracicaba: Editora UNIMEP, 1998. BERGAMINI, C.W. Motivação. 3 ed. São Paulo: Atlas, 1997. ESCARTÍ B.J.; CERVELLÓ P.S. Psicologia no Esporte. Rio de Janeiro: Shape,1994. FRISSELLI, A.; MANTOVANI, M. Futebol: Teoria e Prática. Guarulhos: Phorte, p. 01-02;27-33, 1999. FREITAS, C. M.S.M. Aspectos motivacionais que influenciam a adesão e manutenção de idosos a programas de exercícios físicos. Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano; Florianópolis; v.9, n.1, p.92100, 2007. HERNANDEZ, J.A.E.; VOSER, R.C.; LYKAWKA, M.G.A. Motivação no esporte de elite: comparação de categorias do futsal e futebol. Revista Digital, ano 10, n. 77, Buenos Aires, 2004. MACHADO, A. Psicologia do Esporte. São Paulo: Ápice, 1997. p. 168. MELO, A.C.R.; LÓPEZ, R.F.A. Motivação para participação nas atividades de educação física em enfermaria ortopédica. Revista Alvorada de Atividade Física, v.1, n.1, 2003. ROMBALDI, J. Psicologia do Esporte. São Paulo: Vozes, 2002. p. 100. RUBIO, K. Psicologia do Esporte Aplicada. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2003. p.145. SAMULSKI, Dietmar. Psicologia do Esporte. Barueri: Manole, 2002. p. 3, 125. SERRANO, D.P. Teoria de Maslow. A Hierarquia das Necessidades. São Paulo: v.2, n.6, 2003. SORIANO J.B.; WINTERSTEIN, P.J. Satisfação no Trabalho do Professor de Educação física. Revista Paulista de Educação Física. São Paulo, p. 59, 1998. WEINBERG, R.S.; GOULD, D. Fundamentos da Psicologia do Esporte e do Exercício. São Paulo: Artmed, 1999. WOODWORTH, Robert S. E MARQUES, Donald, G. Psicologia. 5º edição, Editora Nacional, São Paulo, 1973. - 43 - ENAF Science, v.3, n.2 INCIDÊNCIA DE ESTRESSE E NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA EM PROFESSORES UNIVERSITÁRIOS Ana Carolina Antunes¹ Reginaldo Marcos Oliveira Silva² Diva Aparecida Moutinho Cardoso³ ¹Acadêmica do curso de Educação Física da UNIVÁS ²Docente da UNIVÁS ³Docente do UNIVERSITAS RESUMO O estresse é uma Síndrome que acomete grande parte da população, desencadeando reações adversas e passa por 3 fases: alarme, adaptação e exaustão. A atividade física proporciona diversos benefícios, destacando-se na como prevenção e combate do sedentarismo e na redução do estresse. O objetivo deste estudo foi o de verificar os níveis de estresse e de atividade física entre os professores universitários da Universidade do vale do Sapucaí – UNIVÁS. Participaram da amostra 34 professores, de ambos os sexos, com idades entre 29 e 73 anos. Dentre os quais 67% classificaram-se como ativos e 3% sedentários. Quanto à saúde 56% apresentaram índices de saúde muito boa e 79% destes professores convivem com níveis de estresse elevados, enquanto 21% com níveis de estresse toleráveis. Palavras-chave: Professores, Estresse, Atividade Física INTRODUÇÃO Com o avanço da tecnologia ocorrem mudanças tanto materiais como intelectuais e os professores universitários deve ajustar-se a tais modificações (SOUZA et al, 2001). A docência segundo Esteve; Codo (1999, citado por LEMOS, 2005), é uma das profissões de maior risco em relação ao estresse, sendo os docentes os profissionais que mais recorrem à “ajuda psiquiátrica e psicologia” (VENÃNCIO et al, 2000). O estresse é uma reação do organismo para enfrentar desafios ou fuga podendo ser favorável ou não à vida (MORAES, 2004). È denominado de Síndrome de Adaptação Geral de Selye e ocorre quando se defronta com uma exigência física: choque (fase de alarrme), adaptação e cansaço (MORAES, 2004). A glândula supra-renal produz alguns dos hormônios relacionados com metabolismo cerebral: a adrenalina (epinefrina), hormônios sexuais, entre outros. Com o estresse esses hormônios ficam muito ativos, são liberados em grande quantidade e diminuem a imunidade do organismo (FLECK;SIMÃO, 2007). Segundo o Colégio Americano de Medicina Esportiva (ACSM) a atividade física é definida como movimento corporal através da contração dos músculos esqueléticos, eleva o despêndio de energia e vem como prevenção no combate, ao sedentarismo, minimizando várias doenças (PORTO,1999) e exerce efeitos psicológicos como a diminuição da tensão emocional, resultando em melhora da resposta ao estresse, aumentando a neurotransmissão de catecolaminas e reduzindo a tensão muscular (MATSUDO, 1999). A inatividade física (sedentarismo) pode ser uma das causas de estresse agravando os quadros de ansiedade, depressão e reduzindo a auto-estima (ANTUNES et al, 2006). Este estudo visa analisar a incidência de estresse e o nível de atividade física entre todos os professores universitários da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras Eugênio Pacelli – Campus Fátima – da Universidade do Vale do Sapucaí – UNIVAS – situada na cidade de Pouso Alegre/MG. MATERIAIS E MÉTODOS Trata-se de estudo quantitativo e descritivo das características de um grupo de 34 professores da UNIVÁS, com relação ao nível de estresse e à prática de atividade física, desenvolvido de acordo com as Normas Éticas para pesquisa envolvendo seres humanos, Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde com aprovação sob o número 110/08.Para identificar o nível de estresse nos professores universitários do Campus Fátima da UNIVÁS foi utilizado o questionário “Escala de estresse percebido” que consta de 14 questões e validado por SOUZA et al (2001). Para a classificação do nível de atividade física foi aplicado o ”questionário internacional de atividade física – versão longa”, validado por MATSUDO et al (2001) , dividido em 5 seções: atividade física como trabalho, meio de transporte, esporte, em casa, esporte, recreação, exercício, lazer e tempo sentado), constando de 14questões. RESULTADOS E DISCUSSÃO O grupo de professores pesquisado apresentou idade média de 42 anos, com tempo de docência média de 12 anos, trabalham cerca de 9 horas por dia, estudaram em média 22 anos e lecionam na Universidade do Vale do Sapucaí (UNIVÁS) na cidade de Pouso Alegre/ MG. O estudo mostrou que 50% dos professores são do sexo feminino e conseqüentemente 50% são do sexo masculino. - 44 - ENAF Science, v.3, n.2 Os professores participantes avaliam seu estado de saúde conforme gráfico 1 9% 24% 12% 55% excelente muito boa boa regular Gráfico 1 - Saúde dos professores universitários UNIVÁS Com relação a distribuição de professores por curso, observa-se no gráfico 2 que a professores estão no Curso de Educação Física. 40 35 maioria dos 35 30 25 15 9 3 3 3 3 6 3 3 in fo rm s is te m a TE C- tu ris m o fís ic a m at em át ic a pu bl ic i da de Ed uc aç ão 3 RH 3 aç ão jo rn al Ci is m ên o ci a sb i ló gi ca ad s m in is t ra çã no o rm al su pe ri o r pe da go gia so ci o log ia 6 5 0 le tra s 20 15 10 Educação física matemática publicidade turismo letras TEC-RH sistema informação jornalismo Ciências bilógicas administração normal superior pedagogia sociologia Gráfico2- participação dos professores nos diferentes cursos UNIVÁS 2008 O nível de atividade física dos professores entrevistados de ambos os sexos pode ser visto no gráfico 3 12% 3% 15% 3% 67% muito ativo ativo insuf.A insuf.B sedentário Gráfico 3 – Classificação do Nível de Atividade Física IPAQ Em relação aos níveis de atividade física 32% dos professores do sexo feminino praticam atividades físicas de forma ativa , 11% classificaram –se como insuficientemente ativos B, pois não atingiram as recomendações quanto à freqüência ou à duração, apenas 4% são praticantes muito ativos e 3% são insuficientemente ativos A, isto é, atingiram as recomendações de freqüência ou duração da atividade. Entre os professores universitários do sexo masculino 32% classificaram-se como praticantes ativos, atingindo as recomendações (freqüência e duração), dentre eles 10% praticam atividades físicas de maneira muito ativa, 4% são sedentários (não praticam pelo menos 10 minutos contínuos de atividade física durante a semana).e 4% insuficientemente ativos B (não atingiram nenhuma das recomendações quanto à freqüência e duração da atividade) e/ou não praticam pelo menos 10 minutos contínuos de atividade física durante a semana. - 45 - ENAF Science, v.3, n.2 A classificação dos níveis de atividade física para todos os professores pesquisados, estão apresentados na tabela 1. Tabela 1- Níveis de atividade física para professores de ambos os sexos, em % AF Sedentários Insuf.At.A Insuf.At.B Ativo Muito Ativo masculino 4 0 4 32 10 feminino 0 3 11 32 4 Sexo AF – atividade física - Insuf.At.A – insuficientemente ativo A Insuf.At.B- insuficientemente ativo B Quanto à incidência de estresse entre os professores universitários da instituição,79% convivem com níveis de estresse elevados enquanto 21% apresentam níveis de estresse toleráveis, conforme mostra o gráfico4 21% 79% nível tolerável nível elevado Gráfico 4 – Classificação do Nível de Estresse – Escala de Estresse percebido A relação entre os sexos e níveis de estresse mostrou para o sexo masculino que 82% convivem com níveis de estresse elevados enquanto 18% apresentam níveis de estresse toleráveis. Tabela 2 - Níveis de estresse entre os professores universitários do sexo masculino. Valores em porcentagem (%) Sexo % Níveis de estresse masculino 18 Toleráveis 82 Elevados Os professores universitários do sexo feminino demonstraram menores níveis de estresse em relação aos do sexo masculino, 70% convivem com níveis de estresse elevados e 30% demonstraram níveis de estresse toleráveis. Tabela 3 - Níveis de estresse entre os professores universitários do sexo feminino Sexo % Níveis de estresse feminino 30 toleráveis 70 elevados Este estudo apresentou que em relação ao nível de atividade física dos professores universitários da UNIVÁS, segundo o questionário versão longa IPAQ, validado por Matsudo et al.,2001 classificaram-se como: 67% ativos, 15% muito ativo, 12% insuficientemente ativo B, 3% insuficientemente ativo A e 3% sedentários. Em relação aos docentes do sexo masculino quanto à classificação do nível de atividade física, 32% são ativos, 11% insuficientemente ativo B, 4% muito ativo, 3% insuficientemente A e os docentes classificaram-se como: 32% ativos, 10% muito ativo, 4% insuficientemente ativo B e 4% sedentários. Os professores estão cientes da importância da atividade física e de seus benefícios , o que confirma que os docentes da instituição não deixam de praticá-la. Segundo Oliveira et al, 2001, em estudos com professores - 46 - ENAF Science, v.3, n.2 universitários de Brasília (UNB) verificou que 57,7% praticam atividade física, demonstrando que estes estão cientes da prática regular da mesma e de seus inúmeros efeitos benéficos. Quanto ao sedentarismo, somente 4% do sexo masculino classificaram –se como sedentários e não houve sedentarismo entre os do sexo feminino. Este estudo apontou que mesmo não havendo índices de inatividade física (sedentarismo), o volume total de prática regular dos professores do sexo masculino foi superior quando comparados aos do sexo feminino. O estudo realizado por Rudney ( 2006) com professores do curso superior público de Educação Física apontou que os profissionais caracterizaram-se como “ativos” e “muito ativos” em atividades no trabalho e tarefas domésticas e quanto a qualidade de vida destes, classificaram-se como “boa” e “muito boa”. Neste estudo 23% dos professores avaliaram seu estado de saúde como excelente, 56% dos professores como muito boa, 12% como boa e 9% como regular. Com relação á incidência de estresse entre os docentes da UNIVÁS, 79% convivem com níveis de estresse elevados, enquanto 21% com níveis de estresse toleráveis. 82% dos professores do sexo masculino da UNIVÀS apresentaram níveis de estresse elevados, ocorrendo este mesmo nível de estresse para 70% dos professores do sexo feminino. 30% dos professores do sexo feminino apresentaram nível de estresse tolerável, tendo 18% dos professores do sexo masculino apresentado também este mesmo nível de estresse. PAIVA et al. (2003), constataram níveis médios de propensão ao estresse (45% instituição privada, 76% instituição pública), 89% dos professores da instituição privada apresentaram níveis de estresse elevado, ocorrendo a mesma situação para 76% dos professores da instituição pública. CONCLUSÃO A grande maioria dos professores universitários da UNIVÀS (79%) convivem com níveis de estresse elevados. Em 82% dos professores do sexo masculino o nível do estresse é elevado e este percentual é de 70% no sexo feminino, e respectivamente 18% e 30% convivem com níveis de estresse toleráveis. Quanto á classificação de atividade física 67% dos professores, classificaram-se como ativos e 15% muito ativos, enquanto somente 4% dos professores do sexo masculino são sedentários, não se constatou sedentarismo entre os professores do sexo feminino. Entre os 35% dos professores de Educação Física, quanto à saúde 17% apresentaram saúde excelente, 58% saúde muito boa, 17% boa e 8% regular , quanto ao nível de atividade física: 25% classificaram-se como muito ativos, 50% como ativos, 8% sedentários e 17% insuficientemente ativos. REFERÊNCIAS ANTUNES, H. K.M; SANTOS, RONALDO V.T; BUENO, O. F.A; MELLO, M. T. Execício Físico e Função Cognitiva: uma revisão.Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v.12, n.2, p.108-113, 2006. FLECK, Steven; SIMÃO, Roberto. Força- Princípios metodológicos para o treinamento. Informe Phorte, ano 9, n.21, 2007. GARCIA, Lenice Pereira; PEREIRA, Ana Maria T. Benevides. Investigando o Bournout em professores universitários. Revista Eletrônica Inter Ação Psy, n.1, p.76-89, 2003. LEMOS, Jadir Camargo. Programa de Pós Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2005. MATSUDO, Victor K. R. Vida Ativa para o novo milênio. Revista Oxidologia, ano VII, n.5, p.18-24, set/out, 1999. MORAES, Dálmio. Estresse, o grito de alerta. Jornal Mundo Jovem, ed. 343, p.17, Mai, 2004. OLIVEIRA, Ricardo Jacó; POLICARPO, Fernando; BARROS, Jonatas de França; BOTTARO, Martim. Hábitos de vida de professores universitários do Distrito Federal. Unimontes Científica, v.2, p.2, 2001. PAIVA, Kely César Martins; DEUSDEDIT JÚNIOR, Manoel; SILVA, Milena Aparecida Lopes; VALENÇA, Myriam Constantino Almeida. Situação de trabalho, qualidade de vida e estresse no ambiente acadêmico,2003. PORTO, Fausto Arantes.Benefícios da Atividade Física. Artigo publicado com informações do programa de Condicionamento Físico da American College of Sports Medicine(ACMS), ed. Manole.São Paulo, 1999. SILVA, Rudney,2006.Características do estilo de vida e qualidade de vida de professores do ensino público em Educação Física.Florianópolis, 2006. SOUZA, Sandra Dias. Qualidade de vida de professores universitários em fase de mestrado. Programa de Pós graduação em Engenharia de Produção (mestrado em ergonomia), Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), p.96, 2001. ULRICK, Elizabeth. Percepções de professores universitários sobre as relações interprofissionais que levam ao estresse. Programa de Pós Graduação em Psicologia. Universidade Federal de Santa Catarina- Centro de Filosofia e ciências Humanas, 2005. VENÂNCIO, C.; CARMO, R.; MENDES, S.; LIBERATO, R.; CÉSAR, M. Estresse: Professores “a beira de um ataque de nervos”! Universidade da Madeira: Associação de Professores de Matemática, p.205 – 214, 2000. - 47 - ENAF Science, v.3, n.2 ANÁLISE DO CONSUMO DE ANABOLIZANTES EM PRATICANTES DE MUSCULAÇÃO ROGEVELT DE MELO PEREIRA JÚNIOR¹ VERA SILVIA DE OLIVEIRA¹ PEDRO GORGULHO BRITO¹ RONALDO JÚLIO BAGANHA² ¹Acadêmico do curso de Graduação em Educação Física da UNIVÁS ²Docente do Curso de Educação Física da UNIVÁS RESUMO O presente trabalho teve por objetivo analisar o consumo de esteroides androgênios anabólicos (EAA) em praticantes de Musculação especificamente quanto ao tipo de esteróides consumidos, tempo e finalidade do uso, efeitos colaterais e obtenção. Como método foi aplicado um questionário já validado a 100 praticantes de musculação, e em seguida foi realizada análise dos dados obtidos. Nesse trabalho teve como resultado o uso dessas substâncias por 12% dos pesquisados. Os esteróides mais utilizados foram adquiridos através de amigos (58%). Os compostos mais ocorrentes foram a Deca Durabolim (75%), Durateston (75%) e a Winstrol (58%). O principal motivo do uso foi à estética com 75% e para o ganho de força com 25%. O presente trabalho mostra a necessidade de investigação mais abrangente e aprofundada, bem como uma orientação preventiva e educativa do uso desses EAA junto a essa população. Palavras-chave: Anabolizantes; academia; musculação. INTRODUÇÃO O Culto ao corpo musculoso e a valorização na sociedade, que estimula a competição entre freqüentadores de academias, pela escolha do mais forte, do que tem os músculos mais definidos ou do quem tem o corpo que atrai mais a atenção nas ruas, estimula cada vez mais os jovens que freqüentam as salas de musculação (IRIAT; ANDRADE, 2002). Um estudo populacional realizado nos Estados Unidos em 1993 estimou que mais um milhão de pessoas fossem usuárias de anabolizantes e o National Institute on Drug Abuse (NIDA) em 2001 informou que quase 3% dos estudantes do curso secundário (high school) utilizam estas substâncias. Com estas informações, o governo norteamericano lançou uma campanha nacional para alertar-los dos perigos associados à sua utilização (IRIAT; ANDRADE, 2002). No Brasil, os estudos científicos sobre a utilização de esteroides anabolizantes ainda são poucos, mas este problema tem sido agravado, conforme especulações de imprensa leiga. O que sabe, por informações do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas, é que o consumidor preferencial está na faixa etária de 18 a 34 anos e, na sua maioria, é do sexo masculino. Estas informações sugerem que esta prática pode se tornar um problema de saúde pública (IRIAT; ANDRADE, 2002). Percebe-se atualmente uma grande procura por academias de ginástica para a pratica de exercícios físicos, uma das modalidades que vem se destacando é a musculação que em sua maioria é procurada por homens. Com a musculação podem-se alcançar vários objetivos que se diferem de acordo para cada individuo, um dos principais objetivos é a hipertrofia muscular que visa aumentar a massa muscular e assim diminuir o percentual de gordura. E para melhorar os resultados deste treinamento varias pessoas tanto do sexo masculino quanto do sexo feminino buscam outros recursos, sendo ele ilícito ou não. (ARAUJO; PORTO, 2002). O aumento dos músculos e a sua manutenção tornam-se uma obsessão para os fisiculturistas, que competem entre si, comparando suas medidas de braços e pernas e passando a não poupar esforços para atingir um corpo ideal. O culto ao corpo se traduz em um investimento narcísico que aparece bem evidenciado no discurso dos informantes, onde se enfatiza o prazer na admiração do próprio corpo em frente ao espelho (IRIART; ANDRADE, 2002). Um dos problemas da sociedade moderna é que todos ou uma grande maioria estão sempre procurando respostas rápidas e fáceis. As grandes empresas têm que mostrar lucro muito rápido ou suas ações cai, assim também são os atletas que passam por cima de qualquer coisa, mesmo sabendo que não é legal este método. Em um mundo sem paciência para esperar resultados, não é surpreendente que os atletas sejam encorajados a tentar atalhos em vez de dedicar-se a esquemas longos de disciplina e trabalhos árduos (SCHWARZENEGGER, 2001). Assim a impaciência com o tempo necessário para o desenvolvimento da massa muscular com o exercício físico isoladamente, não se restringe, no entanto, aos iniciantes. Os veteranos também referem não se contentar com a lentidão do crescimento muscular, e com os minguados resultados obtidos por meio de uma suada musculação destituída de ajuda química. O anabolizante é visto então, como uma droga poderosa que permite ao organismo trabalhar mais rapidamente, proporcionando resultados quase mágicos, e recompensando imediatamente o suor despendido na malhação (IRIART; ANDRADE, 2002). Esteróides anabolizantes são substâncias relacionadas ao hormônio sexual masculino, testosterona. Este tipo de hormônio exerce diversos efeitos no homem, inclusive o aumento da massa muscular e peso corpóreo. O uso ilícito começou na década de 50, entre levantadores de peso e fisiculturistas, tendo-se alastrado para todas as outras modalidades esportivas. Devido ao grande efeito colateral, essas substâncias tiveram o uso proibido pelo comitê olímpico internacional (COI) a partir de 1976, nas olimpíadas de Montreal (MARQUES et al, 2003). - 48 - ENAF Science, v.3, n.2 Esteróides são classes de componentes que todos os animais possuem. Classificamos os esteróides em androgênicos e corticóides; os usados indevidamente são, na maioria, esteróides androgênicos (esteróides que agem como testosterona). Os esteróides usados para tratamento de problemas inflamatórios são esteróides corticóides (prednisolona, cortisona, beclometasona, budesonide, dexametasona e vários outros) e não têm efeitos anabólicos. Os esteróides androgênicos, secretados pelos testículos, são hormônios sexuais masculinos que incluem a testosterona, a diidrotestosterona e a androstenediona. A testosterona, no homem, é produzida principalmente nos testículos e uma pequena quantidade nas glândulas adrenais. É um hormônio proveniente do colesterol. A testosterona e seus metabólitos, como diidrotestosterona, agem em muitas partes do corpo, produzindo as características secundárias sexuais masculinas: calvície, pêlos no rosto e corpo, voz grossa, maior massa muscular, pele mais grossa e maturidade dos genitais. Na puberdade, a testosterona produz acne, crescimento (comprimento e diâmetro) peniano e testicular, fusão da epífise óssea, cessando o crescimento em altura. É efetivo na manutenção dos órgãos sexuais no adulto, exigindo uma pequena concentração para isso. A produção normal no homem adulto é de cerca de 4 a 9 mg por dia, que pode ser aumentada pelo estímulo do exercício pesado. As mulheres produzem somente 0,5 mg de testosterona/ dia, então há uma grande dificuldade em adquirir massa muscular. Também apresentam efeitos anabolizantes, estimulando o crescimento corporal e o aumento da massa muscular. Estruturalmente, fazem parte da família dos hormônios esteróides, que são derivados do colesterol e se compõe por um esqueleto básico de quatro anéis de carbono. Alem dos andrógenos, fazem parte desse grupo a progesterona, o estradiol, o cortisou, a aldosterona, entre outros (RUBINOW; SCHMIDT, 1996). Os chamados anabolizantes são derivados sintéticos da testosterona e foram desenvolvidos com o objetivo de minimizar seus efeitos musculinizantes, maximizando assim os efeitos sobre a síntese protéica e o crescimento muscular (HAUPT; ROVERE, 1984). São compostos por dois grupos: derivados esterificados e derivados alcalinizados. Os primeiros são produtos de administração intramuscular e permanecem ativos por dias a semanas, enquanto os componentes do segundo grupo devem ser tomados, por via oral, diariamente (WILSON, 1974). O Comitê Olímpico Internacional define doping como sendo “o uso de substancias fisiológicas em quantidades anormais, ou por métodos anormais, com intuito de obter ganho de artificial e injusto de rendimento na competição” (AMERICAM COLLEGE OF SPORTS MEDICINE, 1987). Os anabolizantes apresentam efeitos de aumento de massa corpórea (anabolizantes) e masculinizantes (androgênicos) e, são também chamados, apropriadamente, de esteróides anabólico-androgênicos (BROWER, 1993). Os EAA incluem o hormônio sexual masculino, testosterona e seus derivados sintéticos esterificados ou alcalinizados. Esses derivados são de administração intramuscular, cujos efeitos duram vários dias e produtos que podem ser consumidos por via oral, porem devem ser tomados diariamente, porque seus efeitos têm menor duração (WILSON, 1974). Os hormônios podem alterar os níveis de hormônios sexuais pela diminuição dos hormônios folicular (FSH) e luteinizantes (LH) e também através de seus vários efeitos sobre a testosterona e estrógeno. Os homens estão sujeitos ao desenvolvimento de ginecomastia em decorrência dos níveis do estrógeno acima do normal. Já para as mulheres pode ocorrem atrofia mamaria em reposta aos altos níveis de hormônios masculinizantes, bem como os ciclos menstruais irregulares, esterilidade, crescimento de pelos com distribuição masculina, alterações da voz para tons mais graves e hipertrofia do clitóris. Por ultimo, aumento e diminuição da libido, tanto em homens quanto em mulheres, são relatados (BROWER, 1993). Assim, a hipótese do presente estudo é que mesmo sentindo alguns dos efeitos colaterais, grande parte dos jovens que freqüentam as academias usa algum similar da testosterona com objetivos diversos, porém se destacando a estética e o ganho de massa. Esse estudo pode vir a contribuir no sentido de estimular à outros estudos do gênero e a criação de campanhas educativas. MATERIAIS E MÉTODOS A amostra desse estudo foi composta por 100 voluntários praticantes de musculação de ambos os sexos, com idade entre 18 e 50 anos na Action Academia Ltda, situada na cidade de Santa Rita do Sapucaí - MG. Num primeiro contato esses voluntários assinaram o termo de consentimento e posteriormente responderam a um questionário padronizado e validado por Frizon; Macedo; Yonamine (2005). A análise dos dados deste estudo, foi através de uma estatística descritiva e gráficos. RESULTADOS E DISCUSSÃO A idéia de um corpo físico, remetendo uma vontade de crescer e fortalecer subjetivamente através do trabalho sobre o corpo, é uma forma de se destacar na comunidade. O corpo se torna então, um instrumento privilegiado, por meio do qual a pessoa busca reconstruir o EU, fortalecendo uma identidade fragilizada. A repercussão externa da imagem corporal projetada passa a ser extremamente valorizada pelos fisiculturistas, que se percebem como possuidores de um corpo modelo, símbolo de masculinidade, admirado e invejado pelos homens e desejado pelas mulheres (IRIART; ANDRADE, 2002). - 49 - ENAF Science, v.3, n.2 O gráfico abaixo mostra o motivo de uso dos EAA. Tendo maior motivo de uso a estética, o que vem crescendo com o passar dos tempos. As pessoas vivem em busca de um corpo perfeito, utilizando-se de vários meios, não importando o que pode vir a acontecer com o uso de esteróides e anabolizantes. 25% 50% 25% Estética Força Estética e Força No Brasil, o uso de EAA, substâncias estimulantes e narcóticos é considerado dope no meio esportivo, segundo os critérios da Resolução n.2 de 05 de maio de 2004, do ministério do esporte (BRASIL, 2004). A comercialização de tais substâncias é regulamentada pela portaria 344 de 12 de maio de 1998 (BRASIL, 1999). Assim, a obtenção de andrógenos anabólicos em estabelecimentos farmacêuticos somente poderia ser realizado por meio de receituário branco em duas vias. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) editou a lei 9965, de 27 de abril de 2000 que visa restringir, ainda mais, a venda de andrógenos e peptídeos anabólicos no território nacional (BRASIL, 2000). O uso ilícito de EAA está associado com episódios de depressão, mania, quadros esquizofrênicos, delírio, agressividade marcante, suicídios e homicídios (BANRKE, 1990). Apesar disto, a presente pesquisa revelou que 25% dos usuários compravam sem prescrição médica, o que nos mostra a falta de fiscalização sanitária, e ética de alguns profissionais, como mostra o gráfico abaixo: 17% 25% 58% Outros Amigos Sem receita A porcentagem de pessoas que disseram fazer uso de EAA no presente estudo ficou em 12% como pode observa-se no gráfico abaixo, mostrando-se maior do que o índice obtido em um estudo realizado em Erechim e Passo Fundo/ RS (6,5%) (FRIZON; YONAMINE, 2005) e menor do que os índices obtidos em estudos realizados nas academias de São Paulo (19%) (SILVA; MOREAU, 2003) e Goiânia (21%) (ARAUJO et al), e apresentou em sua maioria pessoas do sexo masculino e que utilizam Deca Durabolim (75%) e Durateston (75%), pelo motivo talvez de ser mais fácil de achar e mais barato. Mesmo com o anonimato e confidencialidade assegurados, pode-se inferir que o valor encontrado de 12% do total de usuários de EAA seja subestimado, pela tendência destes indivíduos se sentirem mais inibidos para responderem o questionário do que aqueles que não são usuários. 12% 88% Sim Não - 50 - ENAF Science, v.3, n.2 O Gráfico abaixo mostra os vários tipos de EAA, pode-se observar que os mais usados são o Deca Durabolin e o Durateston (75%) e o Winstrol com 58%. Essas substâncias são usadas para várias finalidades como pode ser observado nesse trabalho. A estética é um dos motivos em que mais se procura por esses esteróides. O aumento de força também é visado pela maioria dos indivíduos principalmente do sexo masculino fazendo-se também do uso dessas substâncias .Os anabolizantes são uma família de drogas que incluem o hormônio masculino, testosterona, é uma serie de drogas sintéticas análogas a ele. (HAUPT E ROVERE,1984) 100% 75% 80% 60% 75% 58% 40% 25% 17% 20% 8% oxandrolona Equipoise Deposteron Durateston Deca Durabolin Winstrol 0% CONCLUSÃO Pode-se concluir que o uso indiscriminado de fármacos é pratica comum na sociedade, mesmo nas faixas mais intelectualizadas e nas pequenas cidades deste país. O risco de efeitos adversos graves em decorrência do uso não médico de EAA esta presente e mostra a necessidade de trabalhos mais abrangentes e ações preventivas e principalmente educativas junto à população. REFERÊNCIAS AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE. Position statement on use and abuse of anabolic-androgenic steroids in sports. Medicine and Science in Sport and Exercises, 19: p.534-539,1987. ARAUJO, A.S;PORTO,C.S. Analise dos hábitos alimentares e uso de recursos ergogênicos utilizados pelos praticantes de musculação com objetivo de hipertrofia muscular da academia corpo e mente da cidade de CaratingaMG. Rev.Brás Méd. Esporte, v4, n2, set/out.2002. BROWER,K.J. Anabolic steroids. The Psychiatric Clinic of North America-Recent Advances in Addictive Disorders, 16: p.97-103, 1993. HAUPT,H.A & ROVERE,G.D. Anabolic steroids: a review of the literature. Am J Sport Med,12 p,469-84, 1984. IRIAT,J.A.B.;ANDRADE,T.M. Musculação, uso de esteroides anabolizantes e percepção de risco entre jovens fisiculturistas de um bairro popular de Salvador, Bahia, Brasil. Caderno de Saúde publica, v.18,n.5,p.27,2002. MARQUES, M.A.S.; PEREIRA, H.M.G.; NETO, F.R.A. Controle de Dopagem de anabolizantes: O Perfil Esteroidal e Suas Regulaçoes. Rev Brás Méd Esporte, v. 9, n.1, jan./fev, 2003 RUBINOW, D.R. & SCHIMIDT, P.J. Androgens, brain and behavior. Am J Psychiartry, 153: p.974-84, 1996. SCHWARZENEGGER, A. Enciclopédia de Fisiculturismo e Musculação. Porto Alegre: Artmed, 2001. WILSON, I.C.; PRANGE Jr.;A.J & LARA,P.P. Methyltestosterone and imipramine in men: conversion of depression to paranoid reaction. Am J Psychiatry, 131: p.21-4, 1974. - 51 - ENAF Science, v.3, n.2 PEDAGOGIA DO MOVIMENTO: COMO POTENCIALIZAR O PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM NA 1 EDUCAÇÃO SUPERIOR COM O ADVENTO DA CIBERCULTURA . DUCLOS, Leandro Jorge Mestre em Educação e Cultura Contemporânea pela Universidade Estácio de Sá/RJ RESUMO É possível ministrar a disciplina Corpo e Movimento (CM), tradicionalmente vinculada à interação presencial dos corpos na modalidade online? Esta questão mobilizou a realização deste estudo, que tem como objetivo investigar a transposição de conteúdos e a mediação da aprendizagem em CM no online. O referencial teórico contempla: a) Conceitos de cibercultura e seus princípios (interatividade, inteligência coletiva, simulação e redes); b) Contribuições de Teixeira: experimentalismo, articulação teoria-prática e escola-laboratório; e de Freire: ação da transformação, 2 apreensão dos signos e ato pedagógico; e c) os PCN . O locus é a disciplina CM em uma IES que contou com a abordagem qualitativa com foco na observação participante. O instrumento foi um questionário aberto trabalhado 3 segundo a análise de conteúdo . Constatou-se que é possível a transposição de CM forjado no ensino presencial para o ambiente online, desde que norteada pelos princípios da cibercultura e pelas contribuições de Teixeira e Freire para educação. Palavras-chave: Corpo e Movimento. Cibercultura. Educação democrática. INTRODUÇÃO Há pelo menos três gerações de EAD. Na primeira, a escrita à mão e a impressão tipográfica circularam via correio. Na segunda geração, o rádio e a televisão possibilitaram que a voz e a imagem chegassem em localidades remotas. A terceira é a atual geração, definida pela presença do computador conectado à internet, que tornou possível agregar textos, imagens, sons, vídeos e gráficos, acessados de qualquer ponto conectado, comunicando-se 4 de forma síncrona e assíncrona . A atual geração de EAD tem o plus comunicacional das tecnologias digitais online, valioso em educação porque permite diálogo e colaboração entre professor e alunos. As duas gerações anteriores estão baseadas na transmissão de informações que separa tecnicamente o docente do discente. Comparadas à geração atual, verifica-se uma mudança no conceito de comunicação: da prevalência da transmissão para a disposição da dialógica. O computador online pode permitir bidirecionalidade, compartilhamento, trabalho em grupo e co-criação através dos chats, das conferências em áudio e vídeo, dos fóruns, dos e-mails, das listas de discussão e dos portfolios. A garantia do diálogo e da colaboração faz da educação online uma modalidade de ensino e aprendizagem diferenciada porque é capaz de contemplar colaboração, a educação democrática e participação como referências em docência e aprendizagem. Este texto é fruto de pesquisa realizada no Mestrado em Educação do PPGE da UNESA. A pesquisa 5 investigou como é feita a “transposição didática” de conteúdos e situações de aprendizagem da disciplina Corpo e 1 Lemos (2002, p. 11) define a cibercultura como “forma sociocultural que emerge da relação simbiótica entre a sociedade, a cultura e as novas tecnologias de base microeletrônica que surgiram com a convergência das telecomunicações com a informática na década de 70”. Esses novos arranjos culturais e comunicacionais são provenientes de uma relação que se estabelece através de novas formas sociais representadas pela cultura contemporânea sendo conseqüência direta da evolução da era digital. Segundo Lemos, a cibercultura rompe com o monopólio da informação unidirecional e instaura uma dinâmica de redes de compartilhamentos e de colaboração, onde encontra-se liberado o pólo da emissão. 2 Adotamos os PCN da Educação Física para as séries iniciais do ensino fundamental, mas não estamos ingênuos em relação as suas fragilidades na construção, na aprovação e na execução dos parâmetros curriculares. O próprio portal do MEC (http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/PCB0397.pdf) aponta as “fragilidades” dos PCN, assim como o Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte (CBCE) também é crítico em relação a seu “discurso ingênuo” nos seguintes termos: “A solução para educação nacional não pode ser atribuída tão simples e simploriamente à existência de PCN. Sem que a qualidade educacional desejada traga também melhorias materiais e profissionais a esse sistema, sem que haja reformas sociais mais amplas que beneficiem os freqüentadores de escola pública (os filhos dos trabalhadores das classes populares, bem como os excluídos do trabalho), é ingênuo o “discurso” que aponta a repetência, a evasão, o “represamento”, a escassez de vagas, o desempenho insuficientes de professores e professoras e o alto custo por aluno como os problemas a serem resolvidos para a melhoria da qualidade da educação” (1997, p.94). 3 Técnica proposta por Bardin (2001;2004). 4 Comunicação síncrona é quando o diálogo acontece em tempo real, como, por exemplo, em um chat. Já comunicação assíncrona é o oposto, ou seja, é o tipo de comunicação em que os interlocutores não estão presentes no mesmo tempo e espaço, como por exemplo, o e-mail. 5 “Um conteúdo de saber que tenha sido definido como saber a ensinar, sofre, a partir de então, um conjunto de transformações adaptativas que irão torná-lo apto a ocupar um lugar entre os objetos de ensino. O „trabalho‟ que faz - 52 - ENAF Science, v.3, n.2 Movimento, oferecida na modalidade presencial para a modalidade online, em um curso de Pedagogia a distância de uma instituição de ensino superior do Estado do Rio de Janeiro. A disciplina CM tem oficialmente como ementa abordar os aspectos históricos antropológicos e culturais do corpo e movimento nos processos de crescimento, desenvolvimento e aprendizagem; conhecimento das bases psicomotoras; o movimento no tempo e espaço; o direito de movimentar-se; manifestações e expressões corporais; o movimento como recurso de prazer, competição, educação e saúde; corpo, movimento e a interdisciplinaridade no projeto pedagógico da escola. Como contemplar esta ementa na modalidade online? Esta pergunta norteou a pesquisa, que buscou a responder tal indagação tendo em vista que o avanço da EAD na era do computador online é promissor e que o estudo da modalidade online merece maior investimento dos pesquisadores em educação. Embora a educação a distância já tenha uma longa estrada, é com o advento da internet que ela se expande no Ensino Superior e ganha maior popularidade junto a professores e alunos, ainda que com muitas resistências, pois faltam muitos esclarecimentos no campo conceitual e no campo operativo. Nunes (1993) afirma que para muitos a EAD está restrita a textos isolados, estudantes passivos, informação de mão única, emissão restrita ao docente, enfim uma educação tradicional de massa que subutiliza os suportes tecnológicos digitais. Nesta mesma linha de raciocínio, Araújo e Hora (1998) consideram que a EAD carrega, mesmo na atualidade, o peso de políticas mal geridas oriundas do tecnicismo na educação que mantém o ensino não presencial marginalizado em relação ao ensino presencial. Não podemos ignorar tais advertências, entretanto é preciso distinguir EAD de educação online. Trata-se de duas modalidades de ensino não presencial. A primeira, classicamente conhecida, tem sido veiculada através da chamada mídia de massa (impresso, rádio e tv). A segunda emerge no contexto da rede mundial de computadores (web) e diferencia-se da primeira por não estar mais submetida aos meios de massa, cuja característica principal é o modelo tradicional (“um-todos”), baseado na separação emissão e recepção (professor-aluno). A educação online pode romper com este modelo, uma vez que a web define-se a partir da dinâmica “todos-todos”, isto é, a emissão e a recepção encontram-se no mesmo ambiente “virtual” e não mais separados pelo suporte técnico. A partir desta distinção podemos vislumbrar na modalidade online possibilidades pedagógicas como dialógica, interação e participação colaborativa entre professores e alunos e entre alunos e alunos. A EAD, mesmo que realizada com rigor acadêmico, não contempla tais possibilidades pedagógicas uma vez que os meios de massa são unidirecionais. Assim sendo, as advertências supracitadas procedem na modalidade online. Mesmo adotando computador e internet, uma IES pode permanecer atrelada a metodologias unidirecionais, em que prevalecem o impresso, o vídeo e o texto desprovido de conectividade. O discente recebe um cronograma de atividades a serem cumpridas e não lhe é favorecida a interlocução com o professor e com seus colegas de turma. Este modelo de educação pode gerar evasões e desmotivações provocadas pela sensação de isolamento. Alvo fácil para os críticos, esta realidade amplamente disseminada faz perder de vista o diferencial trazido pelas potencialidades pedagógicas possíveis na modalidade online. A referida pesquisa, ao enfocar a disciplina CM na modalidade online, se propôs a investigar os procedimentos empregados e desenvolvidos pela docência na perspectiva das interfaces oferecidas pelo ambiente virtual de aprendizagem da IES pesquisada. Atenta ao método pedagógico específico e sensível à formação do professor para docência via internet, esta pesquisa procurou observar as práticas, as atuações e as articulações de saberes que compõem o processo de docência e aprendizagem online. Como contemplar vivências corporais na dinâmica das interfaces? Falar em Corpo e Movimento nas séries 6 iniciais significa situar como eixo central a cultura corporal do movimento. É certo que as interfaces online proporcionam participação e colaboração, mas podemos dizer que elas contemplam a cultura corporal do movimento? A pesquisa focou esta indagação primordial. A oferta online da disciplina CM carece de estudos das possibilidades qualitativas para sua docência. Podese vislumbrar tais possibilidades a partir de princípios da cibercultura como interatividade, inteligência coletiva/comunidade virtual, simulação e rede. No próximo segmento descreveremos o campo da pesquisa e por último, passaremos aos resultados e conclusões da investigação. METODOLOGIA E DESCRIÇÃO DO CAMPO de um objeto de saber a ensinar, um objeto de ensino, é chamado de transposição didática.” (Chevallard, 1991, p.39). 6 Por cultura corporal entendemos a construção de diferentes possibilidades motoras relacionadas com o autoconhecimento e o conhecimento do outro. Costa e Oliveira (2002) afirmam que o movimento é o principal referencial do desenvolvimento da cultura humana, uma vez que é através dele que o indivíduo pode expressar seus sentimentos, emoções e pensamentos sobre o conhecimento do corpo, sobre suas estruturas corporais, seus movimentos e sua base cultural e social. - 53 - ENAF Science, v.3, n.2 Nesta sessão descrevemos a estrutura da pesquisa, abordando a opção metodológica utilizada, a descrição do campo, os instrumentos utilizados para a coleta de dados e os integrantes do campo da pesquisa. Para tornar possível a realização da pesquisa, tomou-se como metodologia a abordagem qualitativa (DENZIN e LINCOLN, 1994) orientada pela observação participante (FREITAS, 2003). De acordo com Denzin e Lincoln (1994, p. 2) a abordagem qualitativa se define como: multimetodológica em seu foco, envolvendo uma aproximação interpretativa e natural ao assunto da pesquisa. Isso significa que os pesquisadores qualitativos estudam as coisas em seus ambientes naturais, tentando entender ou interpretar os fenômenos em termos dos significados que as pessoas dão aos mesmos. A pesquisa qualitativa envolve a coleta e estudo de uma variedade de materiais empíricos – estudo de caso, experiência pessoal, introspecção, história de vida, entrevista, textos visuais, interacionais, históricos e observacionais – que descrevem rotina e momentos problemáticos e significados na vida dos indivíduos. A partir da variedade de materiais que envolvem a pesquisa qualitativa, julgamos ser mais adequada ao nosso estudo a observação participante, que segundo Freitas (2003) requer mais do pesquisador do que a simples descrição dos fatos. Ela supõe disposição para o diálogo reflexivo e formativos para pesquisadores e sujeitos pesquisados que interagem no mesmo campo. A pesquisa envolveu a tutoria e vinte (20) discentes da disciplina a fim de construir colaborativamente encaminhamentos específicos da observação participante. As contribuições permitidas na dinâmica online possibilitaram observar como foi feito o tratamento de conteúdos como vivências corporais (danças, lutas, esportes) e valores (cooperação, respeito às diferenças, socialização) no ambiente online através do tira-dúvidas via e-mail, da construção de relatórios sobre as aulas, do registro da freqüência dos alunos no Diário de Classe online, da construção das avaliações, da correção das provas pontuais. Foram aplicados questionários abertos junto à tutoria e junto aos discentes. O período de coleta de dados envolveu visitas à instituição, pesquisa bibliográfica, acessos ao ambiente virtual de aprendizagem, diário de campo e questionários abertos aplicados à tutoria e aos discentes. Os temas abordados nos questionários dirigidos aos discentes foram: 1) participação na disciplina, 2) mediação online da tutoria, 3) utilização do ambiente virtual de aprendizagem, 4) possibilidades estratégicas para a docência qualitativa na disciplina, 5) a validade da aprendizagem online de CM para sua posterior docência no ensino presencial. O questionário dirigido à tutoria da disciplina abordou os seguintes aspectos: 1) os limites e possibilidades para a docência da disciplina CM na modalidade online, 2) como estimular a participação dos discentes, 3) como avalia a autoria dos discentes no processo de aprendizagem, 4) como lida com eventuais resistências dos discentes à modalidade online, 5) a utilização das interfaces como possibilidades de enriquecer e construir o aprendizado, 6) como lida com as sugestões e/ou contribuições dos discentes, 7) e como implementa a qualidade na disciplina CM na modalidade online. Os dados coletados no campo e a sua relação com os objetivos da pesquisa, evidenciaram as possibilidades e os limites para docência e aprendizagem da disciplina CM na modalidade online, conforme podemos ver em seguida. RESULTADOS Ao observarmos a dinâmica da disciplina CM, compreendemos a forma como os conteúdos, as atividades e as interações ocorriam no ambiente online. Verificamos também os procedimentos de mediação da tutoria e a atuação dos discentes. Como resultados dessas observações, constatamos que é possível a transposição da disciplina Corpo e Movimento para o ambiente online, desde de que se respeite a presença dos princípios da cibercultura, do pensamento pedagógico de Teixeira e Freire e dos parâmetros definidos pelos PCN com olhar crítico em relação aos seus conteúdos. Na forma que está disponível na IES pesquisada a transposição apresenta fragilidades no processo, tais como: a) os conteúdos de aprendizagem da disciplina CM são disponibilizados no ambiente virtual em linguagem fechada e sem conectividade; b) a mediação online a cargo da tutoria limitou-se a administrar o feedback dos alunos nas avaliações pontuais e tirar dúvidas no processo de aprendizagem; c) o ambiente virtual de aprendizagem dispõe de interfaces fórum e chat, mas não foram utilizados pela mediação. A pesquisa constatou fragilidades no material didático e na mediação uma vez que não contemplaram a interatividade, a inteligência coletiva e as redes hipertextuais. Os conteúdos de aprendizagem não se apresentam como obra aberta à intervenção e à navegação hipertextual dos discentes. A tutoria desconsiderou as potencialidades das interfaces colaborativas do ambiente virtual de aprendizagem (fórum e chat), restringindo-se apenas a disponibilizar os conteúdos, a tirar dúvidas e a corrigir as avaliações, comprometendo assim a participação, a socialização, a colaboração e o compartilhamento. Como tal não contemplou fundamentos da cibercultura, tampouco os aspectos centrais do pensamento pedagógico de Teixeira e Freire, bem como os referenciais propostos pelos PCN. O princípio cibercultural da simulação não foi abordado no semestre. Com potencial de aproximar ou reproduzir ações da realidade no virtual, este princípio é de vital importância para qualidade da disciplina CM no que se refere à motricidade humana. - 54 - ENAF Science, v.3, n.2 CONCLUSÃO Essas fragilidades comprometem a transposição da disciplina CM para o ambiente online, o que revela a necessidade de reestruturação da mediação e dos conteúdos de aprendizagem a fim de garantir a qualidade necessária em educação. Nesse sentido, é preciso enfatizar a necessidade da formação específica e continuada dos docentes, tutores e gestores em sintonia com os princípios da cibercultura, com o pensamento pedagógico de Teixeira e Freire e outros teóricos importantes e ainda com os parâmetros propostos pelos PCN para a disciplina CM. Enfatizamos, diante do quadro, a necessidade de investimento em qualidade na modalidade online, não somente para enfrentar as resistências enormes a ela, mas também para garantir a viabilidade da docência e aprendizagem de uma disciplina tão visceralmente vinculada à modalidade presencial. REFERÊNCIAS ARAÚJO, D. S. M. S. ; HORA, D. M. Educação a distância: uma polêmica antiga. Tecnologia Educacional, Rio de Janeiro, v. 26, n. 141, p. 18-26, 1998. BARDIN, L. Análise de Conteúdo. Lisboa, Portugal: Edições 70, 2001. ________. Análise de conteúdo. Tradução de Luis Antero Reto e Augusto Pinheiro. Lisboa: Edições 70, 3 ed., 2004. p. 32 e 89. _______,Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Educação física /Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: MEC/SEF, 1997. 96p. CHEVALLARD, Y. La Transposición Didáctica: del saber sabio al saber enseñado. Editora Aique, Argentina, 1991. Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte (CBCE). Educação física escolar frente à LDB e aos PCN: profissionais analisam renovações, modismo e interesses. (Orgs). Ijuí/RS: SEDIGRAF, 1997. DENZIN, N. & LINCOLN, Y. (2000). Introduction: Entering the field of qualitative research. In N. Denzin & Y. Lincoln (Eds.), Handbook of qualitative research (2ª ed). Thounsand Oaks,CA: Sage. FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia. Saberes necessários à prática Educativa. São Paulo, 1999. _________. Pedagogia da Esperança: um reencontro com a Pedagogia do oprimido. 6ª edição. São Paulo, Paz e Terra, 1999. FREITAS, Maria Teresa de A. A perspectiva sócio-histórica: uma visão humana da construção do conhecimento. In: FREITAS, Maria Tereza de A.; SOUZA, Solange J. e KRAMER, Sonia. (orgs.) Ciências humanas e pesquisa: Leituras de Mikhail Bakhtin. São Paulo: Cortez, 2003. LEMOS, A., Cibercultura. Tecnologia e Vida Social na Cultura Contemporânea. Porto Alegre, Sulina, 2002. NUNES, Ivônio Barros. Noções de educação à distância. Educação a Distância. Revista de Estudos, Informação e Debate. Vol 3. Números 04 e 05. Dez./93 Abr./94. Ined/Cead. UnB/Brasília. TEIXEIRA, Anísio. Condições para a reconstrução educacional brasileira. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos. Rio de Janeiro, v.18, n.49, 1953. p.3-12. _________. O processo democrático de educação. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, Rio de Janeiro, v. 25, n. 62, p. 3-16, abr./jun. 1956. [email protected] - 55 - ENAF Science, v.3, n.2 ESTUDO SOBRE OS BENEFÍCIOS DE ATIVIDADE FÍSICA ASSOCIADA A ORIENTAÇÃO NUTRICIONAL EM GRUPO DE ADULTOS MAIORES DE 40 ANOS DE IDADE NO MUNICÍPIO DE TAMBOARA-PR Divaldo de Stefani Graduação: Enfermagem e Obstetrícia Especialista: Nutrição; Formação Pedagógica para profissionais de saúde Instituição: Secretaria Municipal de Saúde de Tamboara-Pr Coordenador do Programa de Saúde Familiar-Tamboara-Pr e-mail: [email protected] Edinê Teresinha Schuelter Stefani Graduação: Bacharelado e Licenciatura Plena em Educação Física Especialista: Personal Training Instituição: Secretaria Municipal de Saúde de Tamboara-Pr Marcos Danilo Leão Graduação: Bacharelado e Licenciatura Plena em Educação Física Instituição: Secretaria Municipal de Saúde de Tamboara-Pr Kelly Gonçalves Graduação: Enfermagem Instituição: Secretaria Municipal de Saúde de Tamboara-Pr Camila Schuelter Cargnin Graduação: Ciências 1º Grau e Matemática Discente do Curso de Enfermagem-FAFIPA RESUMO O presente estudo demonstra a importância da associação da Atividade Física e orientação nutricional voltadas a melhoria da qualidade de vida e longevidade de indivíduos adultos. O objetivo principal do trabalho é a comprovação experimental da melhora cardiovascular, física, mental e social. Os participantes do estudo passam no início e a cada dois meses por uma avaliação física e nutricional e são direcionados para as atividades físicas dentro de suas limitações físicas. As atividades desenvolvidas são voltadas a atividade física moderada: caminhadas, ginástica e atividade de musculação em Academia da Terceira Idade (ATI), associados a alongamento e técnicas de relaxamento. Os indivíduos objeto deste estudo foram avaliados através de protocolo de investigação e através de pesquisa realizada no início e término do período de avaliação. Concluiu-se que a associação de atividade física e orientação nutricional melhoraram a qualidade de vida da população, principalmente nos aspectos fisiológicos, autoestima e sociais. Palavras-chave: Atividade Física, Nutrição; Benefícios. INTRODUÇÃO A atividade física periódica está associada a benefícios cardiovasculares e físicos aos indivíduos adultos e é coadjuvante a melhoria da qualidade de vida. Tem-se conhecimento que a atividade física regular reduz o risco de várias condições crônicas entre adultos, incluindo a doença coronária, a hipertensão, diabetes, desordens metabólicas bem como de diferentes estados emocionais nocivos como à depressão 1 O presente trabalho está voltado ao incentivo à prática de atividades físicas direcionada a população adulta com acompanhamento e avaliação das melhorias adquiridas com a prática periódica de atividades físicas moderadas associadas a orientação nutricional. As necessidades preventivas tornam-se necessárias mediante o crescente número de pessoas acometidas pelas patologias cardiovasculares e sua relação com morbidade e mortalidade da população adulta e a atuação precoce é uma alternativa de controle dos hábitos prejudiciais à saúde e promoção a medidas saudáveis de vida, alimentação, combate ao sedentarismo, obesidade e ao stress. Observando-se os benefícios da atividade física, pode-se constatar que a promoção do “estilo de vida ativo” é de interesse geral compreendendo interesses governamentais (saúde pública) e individuais (bem-estar pessoal). Compete ao profissional da saúde, incluindo o da Educação Física, desenvolver métodos que oportunizem e incentivem a inclusão da prática de atividades físicas na rotina dos indivíduos, independentemente de sexo, idade ou necessidades pessoais 2 As atividades propostas dentro de projeto governamentais direcionados a hábitos saudáveis de prática de atividade física associados a mudanças alimentares são uma medida preventiva de promoção a qualidade de vida. Para usufruir os benefícios da atividade física para a saúde, é importante que se adote um estilo de vida mais ativo como participar de programas específicos que atendam aos componentes necessários para o desenvolvimento orgânico e funcional de nosso corpo e também hábitos alimentares mais saudáveis. Desta forma, melhoras na qualidade de vida tendem a serem conquistadas 3 MATERIAIS E MÉTODOS - 56 - ENAF Science, v.3, n.2 O presente estudo se caracteriza como sendo de campo e utiliza-se do método descritivo4 . O mesmo foi realizado em indivíduos adultos pertencentes ao projeto “Viver em Movimento” no município de Tamboara-Pr, onde foram avaliados por profissionais de Educação Física, Enfermeiro e Nutricionista, em um período de 8 meses, através de protocolos de investigação/análise e direcionados dentro dos aspectos de melhoria da qualidade de vida, cardiovascular e físico/psicológica dos indivíduos. Os indivíduos objeto deste estudo, passaram por avaliação física e nutricional e posteriormente receberam orientações de mudanças dos hábitos alimentares e foram encaminhados para a prática de atividade física, sendo oferecidas caminhadas (5 dias semanais), ATI (Academia da Terceira Idade), Ginástica e Alongamento (3 dias da semana). Os protocolos de avaliação física utilizados foram: índice de massa corpórea (IMC), índice relação abdômen/quadril (IRAQ) e dobras cutâneas, anamnese de fatores de risco e avaliação física/antropométrica, realizada com avaliação inicial e reavaliados de dois em dois meses. A partir dos dados coletados através dos protocolos de avaliação física, os indivíduos foram submetidos a acompanhamento e orientação nutricional pelo profissional de nutrição com acompanhamento mensal. O estudo foi realizado em uma população de indivíduos adulto maiores de 40 anos de idade, do sexo masculino e feminino. A amostra conteve 30 indivíduos do sexo feminino e 5 indivíduos do sexo masculino, totalizando 35 indivíduos avaliados. RESULTADO E DISCUSSÃO Tabela 1. Relação de indivíduos que relataram apresentar dificuldades ou sintomas relacionados a saúde individual Relataram Dificuldades/Sintomas Relataram não possuir Dificuldades/Sintomas Dificuldades para caminhar 32 3 Dificuldades Subir escadas 32 3 Esforço físico 30 5 Dores musculares Dores de cabeça (cefaléia) crônica 24 11 19 16 Dores articulação 25 10 Irritabilidade sem razão 23 12 Dificuldades para dormir 20 15 Sonolência diurna 17 18 Ansiedade 25 10 Problemas Circulatórios 21 14 Apresentavam Cansaço 26 9 Dificuldades/Sintomas Investigados Observa-se que dos indivíduos investigados antes das atividades propostas no projeto: 91,4 % relataram dificuldades nas atividades comuns do dia a dia em relação a caminhar e subir escada, e em relação a itens relacionados a atividades musculares, 85,7 % apresentaram limitações no esforço físico e 68,6% dores musculares; ainda 54,3 % relataram dores de cabeça crônicas, 71,4 dores articulares, 65,7% irritabilidade sem razão, 57,1% dificuldades para dormir, e 48,6% relataram sonolência diurna, os fatores de ansiedade representaram 71,4%, 60% relataram problemas circulatórios e 74,3% relataram cansaço. Tabela 2. Porcentagem de Melhorias Apresentadas pelos Indivíduos Analisados no Projeto. Relataram Dificuldades ou Sintomas Melhoraram Após Atividades do Projeto Dificuldades para caminhar 32 25 78,1 % Dificuldades Subir escadas 32 25 78,1 % Esforço físico 30 25 83,3 % Dores musculares 24 23 95,8 % Dores de cabeça 19 13 68,4 % Dificuldades Sintomas Investigados - 57 - Porcentagem de Melhoria ENAF Science, v.3, n.2 (cefaléia) crônica Dores articulação 25 22 88,0 % Irritabilidade sem razão 23 11 47,8 % Dificuldades para dormir 20 13 65,0 % Sonolência diurna 17 13 76,5 % Ansiedade 25 15 60,0 % Problemas Circulatórios 21 21 100,0 % Apresentavam Cansaço 26 25 96,2 % Analisando o percentual dos indivíduos avaliados observou-se uma melhoria significativa em relação aos itens avaliados, sendo registrados 78,1% de melhoria em relação a dificuldades de caminhada e subir escadas, 83,3% em relação a esforços físico, 95,8% relacionados a diminuição de dores musculares, 68,4% com relação a cefaléias crônicas, 88% de melhora nas dores articulares, 47% diminuíram a irritabilidade sem razão aparente, 65% melhoraram a dificuldade para dormir, seguidos de 76,5% de diminuição de sonolência diurna, a ansiedade foi diminuída em 60% dos indivíduos avaliados, 100% relataram melhoras nos problemas circulatórios e 96,2% não apresentam mais cansaço. Avaliação Global dos Indivíduos Investigados que Relataram Melhorias nas Condições de Saúde 35 30 25 20 15 10 Acha importante a relação social sente-se melhor Melhorou a auto-estima SIM NÃO Melhorou as condições física 0 Perdeu peso 5 Em relação a avaliação global observamos que 77% perderam peso, 100% dos avaliados melhoraram as condições físicas, 91,4% sentem-se melhores e melhoraram a auto-estima e 85,7% acham importante a relação social estimulada pela práticas em grupo. CONCLUSÃO Concluímos que existe uma relação benéfica quando associados a atividade física e a mudança de hábitos alimentares na promoção da saúde dos indivíduos adultos investigados e como este binômio atividade física/nutrição são importantes na qualidade de vida e melhoria das condições cardiovasculares da população adulta. Fatores ligados a problemas de saúde relatados pelos investigados demonstraram melhoras na força muscular e atividades comuns do nosso cotidiano como caminhar e subir escadas. A diminuição significativa de problemas crônicos como cefaléia, dificuldades para dormir, sonolência e cansaço diurno, demonstram como a atividade física e a nutrição são benéficas e propiciam um aumento na qualidade de vida dos indivíduos. A auto-estima e o bem estar geral são conseqüências das melhorias globais alcançadas com o aumento da prática de atividade física periódica e benefícios nutricionais conseguidos com a mudança nutricional. REFERÊNCIAS MOTA, J. Atividade física e qualidade de vida associada à saúde em idosos participantes e não participantes em programas regulares de atividade física. Rev. bras. Educ. Fís. Esp., São Paulo, v.20, n.3, p.219-25, jul./set. 2006. Disponível em: www.usp.br, acesso em: 22 de jul. 2007. MARTINS, M.O. Estudo dos Fatores Determinantes da Prática de Atividades Físicas de Professores Universitários. Santa Catarina, Revista Brasileira de Cineantropometria & Desempenho Humano: 2000, disponível em: www.ufsc.br - acesso em: 11 de junho de 2007. PINHO, R. A. Adiposidade Corporal e Nível de Atividade Física em Adolescentes. Tijucas – SC Volume 1 – Número 1 – p. 60-68 – 1999, Revista Brasileira de Cineantropometria & Desempenho Humano: disponível em www.ufsc.br - acesso em: 04 de julho de 2007. CERVO, A. L.; BERVIAN, P. A. Metodologia Cientifica. 5ª edição. São Paulo: Pearson Prentince Hall, 2002. - 58 - ENAF Science, v.3, n.2 RELAÇÃO ENTRE AUTO-ESTIMA E INDICE DE MASSA CORPORAL EM MULHERES ATIVAS NO MERCADO DE TRABALHO MARIA INÊS BUSTAMANTE DE CARVALHO¹ SANDRA MARIA DA SILVA SALES OLIVEIRA² LUÍS HENRIQUE SALES OLIVEIRA³ ¹Ms em Ciências da Saúde, Psicóloga e Professora da UNIVAS ²Ms em Avaliação Psicológica, Psicóloga e Professora da UNIVAS ³Ms em Ciências Biológicas, Fisioterapeuta e Professor da UNIVAS RESUMO Este estudo objetivou avaliar a auto-estima relacionado-a ao índice de massa corporal referido e faixa etária de mulheres ativas no mercado de trabalho. Trata-se de um estudo descritivo transversal com 200 mulheres ativas no mercado de trabalho. Foi utilizada a Escala de auto-estima de Rosenberg UNIFESP/EPM e o IMC foi calculado a partir do peso e altura auto-referidos. O teste do qui quadrado foi utilizado na análise estatística dos dados obtidos. Quando se relacionou os valores do IMC às faixas etárias, observou-se valores de IMC maiores na faixa etária acima de 50 anos (p= 0,01). Não se observou diferença quanto aos escores de auto-estima quando comparou-se mulheres com e sem sobrepeso. Palavras-chave: Auto-estima, IMC, Mulheres. INTRODUÇÃO Hoje se vive em um ambiente de comunicação, havendo conexão de mensagens, umas enviadas diretamente e outras informalmente. Tais conexões formam a impressão que se tem sobre determinado grupo e sobre cada pessoa (ROSENBERG, 1977). O auto-conceito e a auto-estima, bases da representação que o indivíduo tem de si, se colocam no campo da Saúde Pública, uma vez que envolvem o bem-estar individual e social (Assis et al., 2003). A saúde da sociedade depende em grande parte do estado psicológico com que as pessoas se colocam frente a um desafio (MECCA, SMELSER, VASCONCELOS, 1989). A auto-estima pode ser definida como o sentimento, o apreço e a consideração que uma pessoa tem por si própria, ou seja, o quanto ela gosta de si, como ela se vê e o que pensa sobre ela mesma (Dini, 2004). A análise e a quantificação do auto-retrato que a pessoa faz de si própria são medidas objetivas baseadas em suas experiências sociais (ROSENBERG,1965). O conceito de auto-estima tem sido estudado e considerado um importante indicador de saúde mental (Andrade & Angerami, 2001). Em geral, uma pessoa sentindo-se incompatível, inferior, ou fazendo parte de um grupo minoritário, apresenta baixa auto-estima (ROSENBERG, 1977). Sentimentos conscientes e inconscientes sobre o corpo possuem importante força psicológica. A autoimagem é definida como a representação psicológica do corpo, exerce uma ação potente e essencial sobre a vida das pessoas, determinando seus pensamentos e comportamentos, tendo um impacto direto na composição da autoestima das pessoas (SARWER, WADDEN, FOSTER, 1998). Alguns fatores podem predispor uma pessoa obesa a desenvolver um transtorno da imagem corporal. Slade (1994) considerou que a imagem corporal pode ser influenciada por uma série de fatores, como a idade de início da obesidade, presença de transtorno emocional, influência social através da avaliação negativa ou depreciativa do outro, história de mudanças e flutuações do peso, entre outros. Aqui também não se pode deixar de levar em conta os aspectos socioculturais, que podem influir no desenvolvimento da auto-imagem corporal e dos transtornos a ela associados. A obesidade, diferente de muitas doenças, é visível para o observador casual, sendo difícil evitar o preconceito social e a discriminação (Wadden & Stunkard,1993). Os índices de obesidade encontrados atualmente são preocupantes, considerando-se que estudos identificaram um aumento importante da mortalidade e morbidade associado ao quadro, principalmente entre mulheres (MARTORELI e KHAN, 1998). Em estudo com um grupo de mulheres afro-americanas e um grupo de americanas brancas de alto padrão sócio-econômico não foi encontrada diferença significativa entre os dois grupos com relação à auto-estima e descontentamento com o corpo (CALDWELL, BROWNELL, WILFLEY,1997). 2 Mulheres obesas com IMC maior que 40 Kg/m apresentaram insatisfação com o peso, e baixa auto-estima 2 significante em estudo comparando-as com obesas de IMC menor que 40 Kg/m (HILL e WILLIANS 1998). O corpo representa uma importante parte do auto-conceito e a insatisfação com este pode estar associada com a baixa auto-estima e insegurança (Goldenberg, Mc Coy, Solomon, Greenberg, 2000). Além disso, comprovouse haver alta correlação entre sentimentos de autovalor, autoconfiança na aparência física e depressão (SIMIS, VERHULST, HAMS, 2001). Em estudo sobre a auto-estima de pacientes candidatas a cirurgia plástica concluiu-se que a imagem corporal é o principal fator constituinte da auto-estima das mesmas(NAPOLEON e LEVIS, 1989). A versão brasileira da Escala de Rosenberg foi usada por vários autores para avaliar auto-estima em pacientes submetidos a tratamentos cirúrgicos (ABLA, 2002; ALVES, 2004; DAVANÇO, 2004; DINI, 2004; NICODEMO, 2005; SOARES, 2004). Analisando as diferenças na saúde física entre mulheres e homens relacionadas à situação profissional, concluiu-se que a saúde física das mulheres, mais que a dos homens, está relacionada com saúde psicológica, - 59 - ENAF Science, v.3, n.2 especialmente com altos níveis de ansiedade, e que o fato de trabalhar fora de casa parece ser uma fonte de satisfação tanto para homens como para mulheres (LÓPES et al., 2005). Para Jonathan (2005) o exercício da multiplicidade de papéis mostra ser uma questão cercada de certa ambivalência, uma vez que ora está associada a um sentimento de vitória e realização, ora a um sentimento de frustração ou de angústia. Esta multiplicidade de papéis comenta Rocha Coutinho (2003) tende a ser considerada uma característica do universo feminino, no entanto, o acúmulo de tarefas é freqüentemente considerado causa ou origem de conflitos e desgastes. À medida que um número crescente de mulheres é incorporado à população ativa e ascende a postos de trabalho tradicionalmente ocupados pelos homens, aumentam as possibilidades e a necessidade de analisar a influência do gênero na relação entre doença e estresse no trabalho (Areias e Guimarães, 2004), porém não se encontrou na literatura brasileira estudo enfocando o auto-conceito e a auto-estima, relacionados ao IMC de uma população feminina ativa no mercado de trabalho. O objetivo deste estudo foi avaliar a auto-estima relacionado-a ao índice de massa corporal referido e faixa etária de mulheres ativas no mercado de trabalho. MÉTODO Trata-se de pesquisa do tipo descritiva e transversal. A população estudada compôs-se de 200 mulheres, selecionadas de forma aleatória entre as funcionárias de uma Fundação de Ensino Superior na cidade de Pouso Alegre MG, sendo todas maiores de 18 anos de idade e registradas na instituição. Excluiu-se as funcionárias em licença ou afastamento na data da pesquisa. O tamanho da amostra foi obtido de forma não probabilística. O instrumento usado foi a Escala de Auto-estima de Rosenberg UNIFESP-EPM, traduzido, adaptado e validado para o Brasil (Dini,2000), composta por dez questões de múltipla escolha com quatro alternativas: concordo plenamente, concordo, discordo e discordo plenamente. A pontuação do questionário varia de zero a trinta, em que zero corresponde ao melhor estado de auto-estima. Para melhor entendimento dos resultados, os escores de autoestima foram agrupados em três níveis, sendo: de 0 a 10 = alta auto-estima, de 11 a 20 = moderada auto-estima e de 21 a 30 = baixa auto-estima. O índice de massa corporal (IMC) foi calculado à partir do peso e altura referidos pelas participantes do estudo, sendo que IMC menor do que 25 indica ausência de sobrepeso e IMC maior ou igual a 25 indica presença de sobrepeso. Foi feito um estudo piloto para treinamento e para que os pesquisadores se familiarizassem com a aplicação da escala. Trata-se de instrumento auto-aplicável, e sua administração ocorreu no local de trabalho. Foram colhidas também informações a respeito de idade, peso a altura auto-referidos. O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Vale do Sapucaí, e os sujeitos da pesquisa assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido. Foram utilizadas as seguintes estatísticas descritivas: média, mediana, moda e desvio padrão para variáveis contínuas e proporções para as variáveis categóricas. Para análise dos resultados utilizou-se o teste do qui quadrado para tabelas de contingência.(Fleiss, 1981). Os resultados deste estudo foram considerados estatisticamente significantes quando o valor obtido de p foi menor ou igual a 0,05. RESULTADOS O estudo foi efetuado numa amostra de 200 mulheres, e sua distribuição por faixa etária revelou que de 18 a 29 anos se encontrava 22,5% das participantes, entre 30 e 49 anos 63,0% e acima de 50 anos 14,5% delas ( média: 37, mediana:35, desvio padrão: 9,6). 2 2 A média do IMC foi de 24,0 Kg/m (desvio padrão: + 3,9 Kg/m ). O menor IMC encontrado foi de 17,6 2 2 2 Kg/m e o maior de 39,3 Kg/m . A mediana ficou em 23,1 e a moda em 23,4 Kg/m . Não ocorreram escores de autoestima superiores a 20. Dos escores obtidos 84,5% foram menores que 10, indicando alta auto-estima e 15,5% entre 11 e 20 (moderada auto-estima). Na tabela 1 cruzam-se as variáveis IMC e faixa etária. A média do IMC foi significantemente maior quanto 2 2 2 mais alta foi a faixa etária: 22,4Kg/m na faixa etária de 18 a 29 anos (desvio padrão: + 2,4 Kg/m ), 24,2 Kg/m na 2 2 faixa de 30 a 49 anos (desvio padrão + 4,1 Kg/m ), e de 25,7 Kg/m na faixa acima de 50 anos (desvio padrão + 4,0 2 Kg/m ). Tabela 1 – Índice de Massa Corporal em mulheres trabalhadoras em uma Fundação de Ensino Superior de Pouso Alegre, MG, em 2006, por faixa etária. Faixa etária 2 IMC (Kg/m ) - 60 - ENAF Science, v.3, n.2 (anos) < 25 18-29 30-49 50 e + Totais 2 χ =13,25 p= 0,01 25 e + n 38 89 13 % 84,4 70,6 44,8 n 7 37 16 % 15,6 29,4 55,2 n 45 126 29 % 100,0 100,0 100,0 140 70,0 60 30,0 200 100,0 Ao se cruzar os valores agregados do IMC com os escores médios da Escala de Rosenberg UNIFESP/EPM, 2 encontrou-se 121 mulheres com o IMC menor que 25 Kg/m (60,5%) apresentando alta auto-estima e 19 (9,5%) com 2 moderada auto-estima. Já entre aquelas que tinham IMC maior que 25 Kg/m encontrou-se 12 (6,0%) com moderada auto-estima e 48 (24,0 %) com alta. Estes resultados (tabela 2) não apresentaram diferenças significantes (p=0,35). Tabela 2 - Relação do índice de massa corporal (IMC) com a auto-estima de mulheres funcionárias de uma Fundação de Ensino Superior em Pouso Alegre, 2006. IMC 0-10 n < 25 26 e + 121 48 % 60, 5 24,0 ROSENBERG 11-20 n % 19 9,5 12 6,0 TOTAL n 140 60 % 70,0 30,0 TOTAL 169 84,5 31 15,5 200 100,0 2 χ = 1,32 p = 0,35 Nas mulheres sem sobrepeso o escore médio de auto-estima foi 5,1 e entre as que apresentavam sobrepeso, a média foi de 5,9. Esta diferença não foi estatisticamente significante ( p = 0,40). DISCUSSÃO Quando o corpo não funciona como uma fonte de auto-estima pode-se desenvolver depressão, ansiedade e distúrbios alimentares, sendo que, o sexo feminino é culturalmente mais forçado a preencher os padrões impostos de aparência e comportamento (GOLDENBERG et al., 2000). Ações preventivas focadas na auto-estima podem evitar a insatisfação com o corpo e conseqüentemente um possível distúrbio alimentar (BEATO-FERNANDEZ et al., 2004). O objetivo principal do presente trabalho foi averiguar as possíveis correlações existentes entre autoestima, índice de massa corporal e faixa etária, em uma amostra de mulheres ativas no mercado de trabalho. Os resultados encontrados indicaram inexistência de baixa auto-estima nestas mulheres, sendo que 84,5% apresentaram escores relacionados a alta auto-estima. Quanto ao índice de massa corporal, 70% das mulheres 2 tinham IMC menor que 25 Kg/m , não tendo sido encontradas diferenças significantes quando relacionados os escores do IMC e os de auto-estima. A média do IMC foi mais alta quanto mais alta foi a faixa etária, ou seja, as mulheres acima de cinqüenta anos apresentaram IMC significantemente superior às outras. Com o envelhecimento, ocorre aumento na gordura corporal total e redução do tecido muscular. Essas modificações no tecido muscular ocorrem, principalmente, em virtude da diminuição da atividade física e da taxa metabólica basal (Perissinotto et al. 2002; Steen, 1988). Poderíamos supor que o tamanho da amostra tenha sido insuficiente para a obtenção de resultados significantes quanto à auto-estima, porém, na literatura, encontramse controvérsias como no estudo de Caldwell, Brownell, Wilfley (1997), onde obteve-se resultados compatíveis com os dados do presente estudo, enquanto que, em estudos como os de Hill e Willians (1998) e Goldenberg et al. (2000), foi encontrada relação inversa entre auto-estima e IMC. Considerando que grande número de mulheres vive numa cultura competitiva, ambiente que pode favorecer o aparecimento de sentimentos de inadequação e baixa auto-estima (Areias e Guimarães, 2004), torna-se de grande relevância o incentivo a novos estudos enfocando auto-estima em mulheres, que possam servir como referência aos pesquisadores na comparação de seus resultados, assim como, fornecer subsídios ao sistema de Saúde Pública no estabelecimento de novas intervenções na promoção de qualidade de vida da população. - 61 - ENAF Science, v.3, n.2 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABLA L. F. Qualidade de vida e auto-estima em pacientes submetidas à mastoplastia de aumento. (Tese Doutorado) Escola Paulista de Medicina UNIFESP-EPM, 2002. ALVES M. C. A. Qualidade de vida e auto-estima em Pacientes submetidas à ritidoplastia. (Tese Mestrado) Escola Paulista de Medicina UNIFESP-EPM, 2004. ANDRADE D, ANGERAMI E. L. S. A auto-estima em adolescentes com e sem fissuras de lábio e/ou de palato. 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[email protected] - 62 - ENAF Science, v.3, n.2 AVALIAÇÃO DA EVOLUÇÃO DO ÍNDICE DE MASSA CORPORAL (IMC) DE ADOLESCENTES NO MUNICÌPIO DE SÃO GONÇALO DO SAPUCAÌ-MG Karina Braga Mendes¹ Ronaldo Júlio Baganha² ¹Acadêmica do curso de Educação Física – UNIVÁS ²Professor do curso de Educação Física – UNIVÁS RESUMO A obesidade tem aumentado de maneira expressiva em todo o mundo, sendo atualmente classificada qualificada como uma epidemia mundial. O objetivo do presente estudo foi avaliar as alterações no Índice de Massa Corporal 2 (kg/m ) com a evolução da idade em crianças e adolescentes de 10 a 17 anos, estudantes de uma escola estadual no município de São Gonçalo do Sapucaí/MG. Participaram do estudo 124 adolescentes de ambos os sexos. Em dia e hora marcados previamente com os voluntários e com seus respectivos responsáveis, foi realizado avaliação do peso corporal (Kg) e altura (metros) e posteriormente foi calculado o IMC. Os dados foram agrupados em intervalos de 2 anos e posteriormente analisados através da Análise de Variância (ANOVA), seguido pelo Test T de Student com p≤5%. Os resultados sugerem que com o avançar da idade os adolescentes tendem a ter um aumento significativo no seu IMC o que de certa forma poderia levar esses indivíduos a uma classificação de sobrepeso ainda no período da adolescência. Conclui-se com o presente estudo que com a evolução da idade ocorre também uma evolução do IMC. Palavras-chave: Peso Corporal, IMC, Adolescentes. INTRODUÇÃO Segundo Campos et al (2007), a obesidade vem aumentando de maneira expressiva em todo o mundo, sendo considerada pela Organização Mundial de Saúde como epidemia. Esse aumento tem ocorrido em países desenvolvidos e também em países subdesenvolvidos e em todas as faixas etárias . Quanto maior se torna a prevalência da obesidade, maior é o estímulo para se estudar essa população. Dados sugerem que adolescentes obesos tendem a se tornar adultos obesos (FONSECA et al, 1998). Para Albano & Souza (2001), a adolescência corresponde ao período de 10 a 19 anos e pode ser dividido em duas fases: Primeira fase de 10 a 14 anos; Segunda fase de 15 a 19 anos, sendo que na fase de 10 a 14 anos existe o início das mudanças puberais. O fim da fase de desenvolvimento e crescimento morfológicos ocorre no período de 15 a 19 anos, mas é difícil afirmar com precisão o período exato do final da adolescência, que nada mais é que a consolidação da identidade, amadurecimento da sexualidade e da afetividade, independência da família, autodeterminação e responsabilidade. A adolescência inicia-se com as mudanças físicas relacionadas à puberdade. De forma geral o que caracteriza a puberdade é o amadurecimento do sistema reprodutor tanto masculino quanto feminino. Nos meninos, a aceleração do crescimento dos testículos, do escroto e dos pêlos pubianos, é o primeiro sinal de puberdade. E para as meninas o aparecimento dos botões das mamas, embora o aparecimento de pêlo pubiano possa surgir antes, é o primeiro sinal da puberdade (ECKERT, 1993). O estudo de Gallahue & Ozmun (2001) aponta que a adolescência é marcada por um período de aumentos rápidos no peso e na altura. Esse aumento varia de acordo com a genética, nutrição, entre outros fatores. Na adolescência, o ganho de peso dos meninos é causado pelo aumento na altura e na massa muscular e nas meninas o ganho de peso é causado pelo aumento da massa adiposa e na altura, em menor escala aumento na massa muscular. Aproximadamente aos 10 anos os meninos vão atingir mais ou menos 55% do seu peso final e as meninas em 59% . Com relação às mudanças nutricionais que afetam os adolescentes, pode-se destacar o aumento no sobrepeso e na obesidade. Nos Estados Unidos a prevalência de sobrepeso é muito grande e têm aumentado por um curto período de tempo. Em subgrupos de crianças e adolescentes, cerca de 11 a 25% são considerados com sobrepeso ou risco de sobrepeso (ALBANO; SOUZA, 2001). O sobrepeso é definido como peso corporal que excede o peso normal de uma pessoa, baseado na altura e constituição física, e a obesidade refere-se à condição em que o indivíduo apresenta excesso de gordura corporal. Homens com mais de 25% e mulheres com mais de 35% de gordura corporal devem ser considerados obesos (WILMORE; COSTILL, 2001) A obesidade em adolescentes resulta de uma diminuição nos níveis de atividade física e aumento na ingestão calórica. Segundo Gutin et al (1993, apud Albano et al., 2001), as mudanças nos hábitos de trabalho, uso da televisão e jogos eletrônicos por longos períodos de tempo, entre outros fatores culturais ligados ao ambiente, diminuem as práticas das atividades físicas. 2 O Índice de Massa Corporal (kg/m ) tem sido utilizado para indicar o sobrepeso e a obesidade em adolescentes. É um método de avaliação de baixo custo e de fácil execução mesmo tendo a limitação da não distinção dos diferentes componentes da massa corporal (ANDRADE et al., 2003). No Brasil não existem estudos longitudinais com adolescentes e não há dados sobre inquéritos nacionais com o uso do IMC em adolescentes, mas existem estudos locais /regionais, como a Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição (PNSN), executada pelo Instituto Nacional sobre Saúde e Nutrição (INAN, 1990 apud ALBANO; SOUZA, 2001). Esses aspectos evidenciam a importância de se conhecer melhor a prevalência de obesidade e sobrepeso em - 63 - ENAF Science, v.3, n.2 adolescentes, visando a prevenção. O objetivo do presente estudo foi avaliar a evolução do IMC com o avançar da idade de adolescentes. MATERIAS E MÉTODOS Participaram do estudo 124 adolescentes com idade entre 10 e 17 anos, estudantes do ensino fundamental e médio da Escola Estadual Bárbara Heliodora, localizada no município de São Gonçalo do Sapucaí/MG Em dia e hora marcados previamente com os adolescentes e com seus respectivos responsáveis, os adolescentes compareceram as dependências da Escola Estadual a qual disponibilizou uma sala para avaliação dos adolescentes. A avaliação foi feita pela autora do estudo na companhia do responsável pelo adolescente. Foi ® realizada aferição do peso corporal em balança digital da marca Filizola , com precisão de 100 gramas e medida a ® altura em estadiômetro da marca Sanny . Os avaliados do sexo masculino estavam trajando sunga e os do sexo feminino top e short. Os adolescentes estavam descalços. Posteriormente foi calculado o Índice de Massa Corporal 2 (IMC Kg/m ) dividindo o peso corporal em (kg) pela Altura (metros) ao quadrado. Os dados foram agrupados em intervalos de 2 anos e analisados através da Análise de Variância (ANOVA) seguido pelo Test T de Student com p≤5%. RESULTADOS Os resultados sugerem que com o avançar da idade ocorre um aumento significativo do IMC de adolescentes com idade entre 10 e 17 anos. 2 GRÁFICO 1. O gráfico abaixo apresenta a evolução do IMC (kg/m ) com o avançar da idade. Valores expressos em média e desvio padrão. 30 * 27 IMC (Kg/m2) 24 21 18 15 12 10 - 11 anos 12 - 13 anos 14 - 15 anos 16 - 17 anos Idade (anos) * Diferença significativa em relação ao intervalo de idade 10 – 11 anos, após Análise de Variância (ANOVA), seguido pelo Test T de Student com p ≤ 5%. DISCUSSÃO O aumento do problema da obesidade em crianças e adolescentes, explica o aumento no interesse da vigilância sobre esse grupo, necessitando de iniciativas ainda incipientes no país, objetivando o controle do sobrepeso e da obesidade (CAMPOS et al, 2007). Neste estudo foi verificado aumento significativo do IMC dos adolescentes de 16 e 17 anos em comparação com os adolescentes de 10 e 11 anos, demonstrando uma possível evolução gradual do peso corporal no período da adolescência. O excesso de peso na adolescência pode resultar em alterações metabólicas importantes, dependendo da duração e da gravidade, essas conseqüências ocorrem mais nos adultos. O adolescente obeso tem grande risco de adquirir algumas doenças e distúrbios psicossociais nessa fase tão importante para a estruturação de personalidade (CAMPOS et al, 2007). Segundo Monteiro (1998), apud Albano et al (2001), a tendência secular da obesidade em crianças e adolescentes americanos pode ser observada através de inquéritos realizados entre os anos de 60 e 70. Nesses anos, observaram–se discretos aumentos na obesidade em ambos os sexos. Portanto, entre 1980 e 1994, foram observados aumentos na prevalência da obesidade em crianças e adolescentes de todas as faixas etárias de ambos os sexos. - 64 - ENAF Science, v.3, n.2 A prevalência do sobrepeso e da obesidade na população jovem brasileira começa a chamar atenção. Evidências demonstram que a condição nutricional da criança brasileira tem sofrido modificações nos últimos 15 anos, reduzindo a taxa de desnutrição e aumentando a de obesidade. CONCLUSÃO A presente proposta identificou que os adolescentes da instituição de ensino em questão que foram devidamente avaliados neste estudo, demonstraram uma evolução gradual no que se refere ao peso corporal com o avançar da idade. REFERENCIAS ALBANO, R.S.; SOUZA, S.B. Estado nutricional de adolescentes: “risco de sobrepeso” e “sobrepeso” em uma escola publica do Município de São Paulo. Cad. Saúde Pública, v. 17, n 4, p. 941-947, 2001. ANDRADE, R.G.; PEREIRA, R.A.; SICHIERI, R. 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[email protected] - 65 - ENAF Science, v.3, n.2 OBESIDADE E SATISFAÇÃO COM A IMAGEM CORPORAL ENTRE MULHERES FREQUENTADORAS DE ACADEMIAS LAILA DOS SANTOS PEREIRA¹ RODNEY ALFREDO PINTO LISBOA² ¹Acadêmica do Curso de Graduação em Educação Física da UNIVÁS ²Docente do Curso de Graduação em Educação Física da UNIVÁS RESUMO O aumento da obesidade tem sido cada vez mais freqüente no mundo ocidental, atingindo cerca de 30% das mulheres adultas. A construção do autoconceito é influenciada pela cultura que impõe padrões de comportamento e estética. O objetivo do presente estudo foi verificar o índice de obesidade e o nível de satisfação da imagem corporal entre mulheres freqüentadoras de academias da cidade de Pouso Alegre-MG. Para tanto, foram avaliadas 16 mulheres que freqüentam academias, nas quais foi realizada mensurações da estatura corporal, peso, IMC e dobras cutâneas (triciptal, suprailíaca e coxa medial). Através do questionário proposto por Stunkard et al. (1983) analisouse o nível de aceitação e satisfação com a imagem corporal. Para o estudo de associação entre as silhuetas e os valores de percentual de gordura e índice de massa corporal foi feita a correlação de Pearson. Palavras-chave: Obesidade; Imagem Corporal; Satisfação Pessoal INTRODUÇÃO Mendonça e Anjos (2004) definem, a obesidade como uma doença caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal, sendo conseqüência de balanço energético positivo e que implica à saúde, não só na qualidade como na quantidade de vida. Alguns estudos demonstram que a prevalência de obesidade tem aumentado entre as mulheres. No Brasil, 35% da população apresenta índice de massa corpórea (IMC) maior que 25 (kg/m2) e 12,5% são mulheres com IMC maior de 30 (kg/m2) (FERNANDES et al., 2005). A imagem corporal é uma construção multidimensional que descreve amplamente as representações internas da estrutura corporal e da aparência física, em relação a nós mesmos e aos outros. O processo de formação da imagem corporal pode ser influenciado pelo sexo, idade, meios de comunicação, bem como pela relação do corpo com os processos cognitivos como crença, valores e atitudes inseridos em uma cultura (DAMASCENO et al., 2005). Se a imagem dominante, valorizada socialmente for de uma pessoa magra, emagrecer será o ideal de todos. Aqueles que não conseguem chegar a este padrão desejado sofrem muito. Esse processo tem um impacto negativo sobre a auto-imagem, principalmente das mulheres que se sentem obrigadas a terem um corpo magro, atrativo, em forma e jovem. Segundo Becker (1999) citado por Russo (2005), esta imagem corporal negativa pode determinar o aparecimento de baixa auto-estima e depressão, ou seja, sofrimento (RUSSO, 2005). METODOLOGIA Para realização do presente estudo, foram selecionadas 16 mulheres adultas (entre 18 e 60 anos) que freqüentam academias de musculação situadas na cidade de Pouso Alegre/MG. Para verificação da satisfação com a imagem corporal foi utilizada a escala proposta por Stunkard et al. (1983) apud Coelho; Fagundes (2007). O conjunto de silhuetas foi mostrado às mulheres e foram realizadas as seguintes perguntas: Qual é a silhueta que melhor representa a sua aparência física atualmente (SA)? Qual é a silhueta que você gostaria de ter (SI)? Para verificar a insatisfação corporal, foi utilizada a diferença entre a silhueta atual (SA) e silhueta ideal (SI), apontadas pelas avaliadas. A avaliadora isentou-se de opinião na escolha das silhuetas. Figura 1 - Conjunto de silhuetas propostas por Stunkard et al. (1983) citado por Coelho; Fagundes (2007). A análise da composição corporal foi realizada conforme padronização a seguir: A) Índice de Massa Corporal: as mulheres foram classificadas de acordo com proposta da Organização Mundial de Saúde, conforme quadro abaixo. Este índice foi calculado a partir da massa corporal em quilogramas e da altura, em metros, elevada à segunda potência, conforme classificação pelo índice de IMC, segundo a Organização Mundial de Saúde (1998) apud Costa (2005) B) Percentual de Gordura: para o cálculo do percentual de gordura, foram utilizados os valores das dobras cutâneas tricipital, supra-ilíaca e coxa medial, conforme o protocolo de Jackson, Pollock & Ward (JACKSON; - 66 - ENAF Science, v.3, n.2 POLLOCK; WARD, 1980 apud COSTA, 2005). Neste caso, a fórmula proposta para mulheres de 18 a 55 anos de idade é: D= 1,0994921-0,0009929 (tríceps + supra-ilíaca + coxa medial) + 0,0000023 (tríceps + supra-ilíaca + coxa 2 medial) – 0,0001392 (idade em anos). %G = [(4.95/D) - 4.50] X 100 (Fómula de Siri) Onde: D = densidade corporal e %G= porcentagem de gordura corporal Para aferição de dobras cutâneas tricipital e supra-ilíaca e coxa medial foi utilizado um adipômetro da marca SANNY. A classificação quanto ao percentual de gordura foi feita de acordo com a tabela de Pollock e Wilmore, 1993. Para o estudo de associação entre as silhuetas e os valores de percentual de gordura e índice de massa corporal foi feita a correlação de Pearson. RESULTADOS TABELA 1. Características antropométricas das voluntárias participantes no estudo. Valores expressos em média e desvio padrão. 2 Idade (anos) Peso (Kg) Altura (m) IMC (Kg/m ) % de Gordura Méd.33,63 55,21 1,58 22,02 24,59 Desv. Pad 9,42 5,48 0,04 1,91 4,51 TABELA 2. Silhueta atual (SA) e silhueta ideal (SI) da amostra. Silhueta Atual Silhueta Ideal Média 3,625 2,75 GRÁFICO 1. Correlação entre o índice de massa corporal e satisfação com a imagem corporal. r = 0,179 y = 0,4225x + 21,651 R2 = 0,0319 IMC (Kg/m2) 28 26 24 22 20 18 0 1 2 3 4 Satisfação GRÁFICO 2. Correlação entre o percentual de gordura e a satisfação com a imagem corporal. r = 0,021 y = 0,1149x + 24,486 R2 = 0,0004 % Gordura 35,00 30,00 25,00 20,00 15,00 0 1 2 3 4 Satisfação GRÁFICO 3. Correlação entre o percentual de gordura e o índice de massa corporal. % de Gordura 35,00 30,00 r = 0,730 y = 1,7254x - 13,408 R2 = 0,5329 25,00 20,00 15,00 18 20 22 24 26 IMC (Kg/m2) DISCUSSÃO - 67 - 28 30 ENAF Science, v.3, n.2 Na tabela 1 estão dispostas as características antropométricas das dezesseis mulheres avaliadas neste 2 estudo, apresentando em média idade de 33 anos, 55 Kg, 1,58 metros, IMC de 22,02 Kg/m e o percentual de gordura 24,59%. De maneira geral, as mulheres pesquisadas apontaram como média de silhueta atual 3,62 e silhueta ideal 2,75, como mostra a tabela 2. Embora a forte relação entre as figuras do conjunto de silhuetas e o índice de massa corporal tenha sido afirmada em outros estudos, destacando-se entre eles o trabalho de Gardner et al. (1998) apud Coelho; Fagundes (2007), nesta proposta a satisfação com a imagem corporal não se correlacionou com o índice de massa corporal como mostra o gráfico 1, provavelmente porque das dezesseis mulheres avaliadas, apenas uma foi classificada como sobrepeso, sendo todo o restante classificas como eutróficas. Em relação a satisfação com a imagem corporal, o estudo mostrou que das dezesseis mulheres avaliadas, quatro mulheres estavam satisfeitas com a imagem corporal (AS – SI = 0), sete mulheres com insatisfação (SI – SA = 1), e duas mulheres com nível de insatisfação 2 e 3. Assim não houve significância entre a satisfação com a imagem corporal e o índice de massa corporal. Em relação a percentual de gordura e satisfação com a imagem corporal representados no gráfico 2, as mulheres que se apresentavam satisfeitas com a imagem corporal obtiveram valores de percentual de gordura entre 17% e 28%. As mulheres que estava com 1 de insatisfação (SI – SA = 1), apresentaram valores de percentual de gordura entre 16% e 33%, as duas mulheres que obtiveram maiores níveis de insatisfação com a imagem corporal, apresentaram valores de percentual de gordura entre 20% e 25%. Assim, a satisfação com a imagem corporal não estava relacionada ao percentual de gordura nas mulheres avaliadas, diferente do resultado encontrado por Damasceno et al. (2005). O gráfico 3 mostra que quanto maiores os índices de massa corporal, maior também será os valores de percentual de gordura corporal, o estudo mostrou haver uma grande significância (r = 0,73) entre índice de massa corporal e percentual de gordura. Nas mulheres avaliadas, as que tiveram os menores índices de massa corporal também obtiveram os menores valores em relação ao percentual de gordura, sendo esta escala crescente. A escolha da silhueta atual 4 neste estudo foi predominante, 56,25% e a silhueta ideal 3 foi escolhida por 68,75% das avaliadas, resultando numa satisfação de 1, confirmando esses achados os estudos de Damasceno et al. (2005) e Coelho; Fagundes (2007). Pesquisadores da área da saúde deveriam incluir em seus estudos a preocupação com os possíveis efeitos que a insatisfação com a imagem corporal gera em relação à prática de exercícios físicos. CONCLUSÃO Pode-se concluir que as mulheres querem ter um corpo mais magro e menos volumoso, visto pela escolha da silhueta atual 4 e silhueta ideal 3, ou seja, satisfação 1, o que quer dizer que querem perder medidas. Apesar das mulheres terem apresentado 1 de satisfação, o percentual de gordura e o índice de massa corporal não esteve relacionado com a insatisfação, provavelmente porque a maioria das mulheres avaliadas foram classificadas como eutróficas no IMC. REFERÊNCIAS COELHO, E. J. N.; FAGUNDES, T. F. Imagem corporal de mulheres de diferentes classes econômicas. Revista Motriz, v.13, n.2, p.S37-S43, 2007.COSTA, R. F. Manual prático de avaliação física em academias, São Paulo: American Medical do Brasil, 2005. DAMASCENO, V. O. et al. Tipo físico ideal e satisfação com a imagem corporal de praticantes de caminhada. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v.11, n.3, p.181-186, 2005. FERNANDES, A. M. S. et al. Avaliação do índice de massa corpórea em mulheres atendidas em ambulatório geral de ginecologia. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, v.27, n.2, p.69-74, 2005. MENDONÇA, C. P.; ANJOS, L.A. Aspectos das práticas alimentares e da atividade física como determinantes do crescimento do sobrepeso/obesidade no Brasil. Caderno de Saúde Pública, v.3, n.20, p. 698-709, 2004. POLLOCK, M. L.; WILMORE, J. H. Exercícios na saúde e na doença, 2 ed. Rio de Janeiro: MEDSI, 1993. RUSSO, R. Imagem corporal: construção através da cultura do belo. Revista Movimento & Percepção, v.5, n.6, p.80-90, 2005. [email protected] - 68 - ENAF Science, v.3, n.2 CRENÇAS NORMATIVAS SOBRE A AGRESSÃO DE ADOLESCENTES PRATICANTES DE ARTES MARCIAIS NA CIDADE DE POUSO ALEGRE/MG MARCOS JOSÉ DE CASTRO¹ RODNEY ALFREDO PINTO LISBOA² ¹Acadêmico do curso de Graduação em Educação Física da UNIVÁS ²Docente do Curso de Graduação em Educação Física da UNIVÁS RESUMO O objetivo desse estudo foi verificar as crenças normativas sobre agressão de adolescentes praticantes de artes marciais na cidade de Pouso Alegre/MG. Foram voluntários sessenta adolescentes, 30 do gênero masculino e 30 do gênero feminino, entre 11 e 16 anos, praticantes de artes marciais na cidade de Pouso Alegre/MG. Os alunos foram submetidos ao instrumento Normative Belliefs About Agreession Scale (NOBAGS), construída e validada nos Estados Unidos por Huesmann e Guerra (1997), adaptada e validada no contexto brasileiro como: Escala de Crenças Normativas Sobre a Agressão (NOBAGS) por Souza Filho et al., (2005). Os resultados foram analisados, pelo test t de studant, médias e DP, mas não foram encontrados significância p>0,05. Os questionários foram respondidos sem interferência de adultos, com autorização dos pais e o projeto desse estudo foi aprovado pelo comitê de ética da Faculdade de Educação Física (UNIVÁS). Palavras-chave: Artes Marciais; Agressividade; Adolescência. INTRODUÇÃO A adolescência é um período onde as pessoas passam por diversas transformações de ordem física e psicológica, havendo mudanças no modo de pensar, sentir e se vestir (ZANITTI, 2006; MARTY, 1997 apud SAVIETTO; CARDOSO, 2006). Muitos cientistas acreditam que a adolescência é um fenômeno puramente fisiológico, facilmente demarcável onde a criança sofre uma transformação puramente física, mas estudos têm provado que existem transformações maiores ocorrendo neste período (SCHOWALTER, 1995 apud CALAIS et al., 2003). Para Vitiello (1998), citado por FERRIANI et al., (1994) é muito difícil fixar parâmetros para conceituar adolescência, pois estes sofrerão alterações e limites cronológicos, estarão sujeitos a fatores sócio-culturais, familiares e pessoais (CALAIS et al., 2003). O abandono constitui a base das tendências anti-sociais, a criança passa a buscar na rua aquilo que lhe foi privado, perde de vista o objeto de admiração, ficando sem rumo e triste. A criança se difere do menor pelo abandono que sofre quando é totalmente dependente e frágil (WINNICOTT, 1961, p. 241 apud MAIA et al., 2007). Agressão: Comportamento direcionado a outro indivíduo com intenção de causar dano imediato, físico ou psicológico. (ANDERSON; BUSHMAN, 2002 citado por SOUZA FILHO et al., 2005). A literatura sugere que adolescentes tendem a demonstrarem-se mais ansiosos que adultos, apresentando decréscimos nos níveis de ansiedade com o passar dos anos, isso seria creditado à inexperiência de jovens quando lidam com desafios da vida cotidiana. Para atletas esta tendência também é verdadeira, sendo que os jovens se apresentam mais ansiosos que os demais (SANTOS; PEREIRA, 1997 apud TOMÉ; VALENTINI, 2006). Uma forma de combate ao estresse é o exercício físico orientado. Quem pratica atividade física regularmente apresenta níveis de estresse e ansiedade menos significativos tendo uma saúde física e mental melhor (BECERRO, 1989; BERGER; OWEN, 1988; MCNMAN, 1993 apud TOMÉ; VALENTINI, 2006). Uma das formas de exercício físico orientado mais popular no Brasil são as artes marciais, que têm grande apelo moral e raízes religiosas profundas. O Tai Chi trás consigo um principio básico taoísta: tudo na natureza é composto por elementos antagônicos, assim para o bem existe o mal, para o alto existe o baixo, para o claro existe o escuro tudo coexistindo em uma harmonia universal e com uma dependência mutua. O yin e o yang representam o feminino e o masculino respectivamente sendo que um não pode existir sem o outro. Assim são os movimentos do Tai Chi, ora descem, ora sobem, ora avançam, ora recuam. Portanto uma luta constante em busca da harmonia da natureza (PEREIRA, 2005). O karatê sofre influencias do confucionismo, xintoísmo, zen budismo e do bushidô (caminho do guerreiro) e por isso ajuda a moldar a personalidade do praticante, portanto é um conjunto que enxerga o mundo também com uma visão psicológica. Os praticantes de karatê procuram um equilíbrio entre a matéria e o espírito, o equilíbrio deve ser buscado para garantir que o homem esteja sempre preparado para qualquer imprevisto (BARREIRA; MASSIMI, 2002). Esporte milenar que atua nos dias de hoje, ajudando a educar e a proporcionar o bem estar dos indivíduos. O judô dita uma forma de comportamento onde o homem aprende a lutar pelos seus desejos estabelecendo metas pessoais para o futuro (OLIVEIRA et al., 2006). MATERIAIS E MÉTODOS Em virtude das necessidades desta pesquisa, foram população alvo do estudo 60 alunos praticantes de artes marciais na cidade de Pouso Alegre/MG e região em várias modalidades e estilos, sendo que 30 foram do gênero feminino e 30 do gênero masculino entre 11 e 16 anos de idade. Foram excluídos os alunos que não estavam - 69 - ENAF Science, v.3, n.2 dentro da faixa etária especificada, não entregaram a autorização em tempo, não colheram assinatura dos pais, não tiveram interesse em participar ou por qualquer motivo foram impedidos de participar. Tabela 1. Número de adolescentes participantes do estudo classificados pela idade e gênero. Idade (anos) Meninos Meninas 11 anos 06 12 anos 07 13 anos 10 14 anos 04 15 anos 03 16 anos 0 _______________________________________________________________ Total 30 30 06 09 06 03 04 02 Verificamos as crenças normativas sobre a agressão de adolescentes entre 11 e 16 anos das academias de Artes Marciais da cidade de Pouso Alegre/MG, aplicando um questionário (ANEXO II), que foi respondido pelos adolescentes com a autorização dos pais ou responsáveis, de acordo com a ética para pesquisa envolvendo seres humanos (Resolução 196/96 do conselho Nacional de saúde/MS), protocolo 107/2008. Vale mencionar que no momento da entrega deste questionário, o autor do estudo esteve presente e fez a leitura das questões juntamente com o adolescente pesquisado para esclarecimento de possíveis dúvidas. O instrumento aplicado foi a Normative Belliefs About Agreession Scale (NOBAGS) construída e validada nos Estados Unidos por Huesmann e Guerra (1997), tendo sido adaptada e validada para uso no contexto brasileiro como Escala de Crenças Normativas Sobre a Agressão (NOBAGS) por Souza Filho et al. (2005). Trata-se de instrumento desenvolvido para mensurar a percepção de crianças, adolescentes e jovens adultos sobre o quanto comportamentos agressivos são aceitáveis em variadas condições de provocação e mesmo se não existem condições específicas de provocação. Este instrumento é composto por 20 itens, que variam entre severidade da provocação, severidade de resposta, gênero do provocador e o gênero do respondente. Os primeiros oito itens são breves enredos, onde um indivíduo é verbalmente agressivo com outro indivíduo. Na seqüência, quatro itens envolvem enredos em que, dessa vez, um indivíduo agride fisicamente (batendo) em outro indivíduo. Os últimos oito itens não envolvem enredos, nem especificam o gênero, mas tratam de questões sobre agressão física e/ou verbal, nas quais o respondente tem que dizer se acha certo ou errado o conteúdo da frase. Para respondê-lo a pessoa deve indicar o quanto considera o comportamento descrito como certo ou errado. Cada um dos itens é respondido numa escala de quatro pontos, com os seguintes itens: 1 = é Muito Errado, 2 = se é Errado, 3 = se é Certo e 4 = se é Muito Certo. Quanto maior a pontuação, maior será também a disposição a aceitar a agressão. A estatística utilizada para análise dos dados foi descritiva, seguida do teste T de Student com índice de significância de 5%. RESULTADOS Tabela II – Resultados da Normative Belliefs About Agreession Scale (NOBAGS) aplicada em 60 adolescentes praticantes de artes marciais Variáveis Idade (anos) NOBAGS (soma) NOBAGS (soma) – 11 anos NOBAGS (soma) – 12 anos NOBAGS (soma) – 13 anos NOBAGS (soma) > 14 anos Total 12,78 1,39 28,50 6,82 29,17 6,00 27,44 6,56 30,25 8,90 27,31 5,29 Meninos 12,7 1,24 30,03 6,53 26,67 3,72 30,71 4,89 32,30 9,02 29,00 5,16 Meninas 12,87 1,55 26,976,87 31,67 7,09 24,89 6,79 26,83 8,31 26,00 5,29 * Diferença significativa no nível de agressividade entre meninos e meninas após aplicação do Test T de Student, com índice de significância de 5%. Gráfico I Gráfico comparativo do nível de agressividade entre meninos e meninas, (gênero). - 70 - ENAF Science, v.3, n.2 Índice de Agressividade 80 70 60 50 40 30 29 30 27 20 Comparação entre os sexos Soma das médias Meninos Meninas Gráfico II, Comparação do nível de agressividade entre meninos e meninas (idades) Índices de Agressividade 80 70 60 50 40 30 29 32 27 27 30 32 31 25 27 27 29 26 20 11 anos 12 anos ≥ 14 anos 13 anos Soma das idades Meninos Meninas DISCUSSÃO O presente estudo não apresentou resultados significativos com relação à agressividade de meninos e meninas, numa escala que varia de 20 a 80 pontos, os níveis de agressividade ficaram em média muito próximos de 20 pontos, que é o nível mais baixo possível para o questionário aplicado. Para Meneghel et al., (1998) a punição física esta intimamente relacionada com os níveis de agressividades apresentados pela juventude, jovens que sofrem maus tratos tendem a ser mais agressivos. Neste estudo os jovens em sua maioria são de classe media e média baixa, mas por se tratarem de jovens aplicados e estudiosos parece que não sofrem punições físicas no ambiente familiar. Lisboa et al., (2002) afirmam que os meninos são mais adeptos da violência física para solucionar seus problemas de relacionamentos, enquanto as meninas usam mais as agressões verbais em tais situações. Os níveis de agressividade dos meninos foram maiores que os das meninas mesmo que esta diferença não fosse significativa. Uma pesquisa americana acompanhou o desenvolvimento ao longo do ciclo vital de crianças agredidas ou negligenciadas, revelando que a probabilidade de envolvimento na vida criminal é extremamente significativa. Segundo esses mesmos dados, as crianças negligenciadas apresentam uma probabilidade maior de se tornarem adultos violentos (WIDOW, 2000, 2001 apud ALDRIGHI, 2004). Como podemos notar muitos pais acompanham seus filhos nas aulas de artes marciais, ficando sentados esperando o termino das aulas, por isso não parece haver casos de negligência dos pais com seus filhos. Aldrighi, (2004) encontrou índices de violência parecidos entre homens e mulheres na convivência conjugal. Parece que a violência não tem gênero definido, homens e mulheres são capazes de apresentar índices parecidos de violência. Embora as mulheres também sejam violentas, a maioria das agressões que resultam em lesões físicas é feita por homens contra mulheres e também temos a violência sexual, que em sua maioria absoluta é exercida contra o gênero feminino (HEISE, 1994 apud GIFFIN, 1994). As mulheres exercem um tipo de violência verbal e psicológica, preferindo insultos, proferir palavras de desabono a partir para uma agressão física, talvez isso se deva a complexão física da mulher que não é apropriada a um confronto. Sisto, (2005) em sues estudos, onde comparou os níveis de agressividade em escolas de diferentes classes sociais, não encontrou diferenças significativas entre as classes, sendo que os níveis de agressividade ficaram muito próximos de zero em uma escala que varia de 0 a 8 pontos. O que vem de encontro com esse trabalho onde os níveis de agressividade também ficaram muito baixos, pois em uma escala de 20 a 80 pontos os resultados ficaram muito próximos de vinte pontos. CONCLUSÃO Podemos concluir neste estudo, que os jovens praticantes de artes marciais na cidade de Pouso Alegre, possuem crenças normativas que desestimulam a violência, conforme estabelece a filosofia marcial, que busca promover a prática de atividades objetivando o aprimoramento pessoal, parece que as artes marciais não contribuem - 71 - ENAF Science, v.3, n.2 para um aumento dessa violência, já que em uma escala que varia de 20 a 80 pontos, os maiores níveis de agressividade foram 31,67 7,09 para as meninas de 11 anos e 32,30 9,02 para os meninos de 13 anos em média, ficando muito próximos do valor mínimo que é de vinte pontos. Também ficou evidente que não há diferenças no índice de agressividade de meninos e meninas, pois ambos tiveram pontuações bastante parecidas. Sugiro um acompanhamento mais rígido dos respondentes em estudos futuros, para evitar a contaminação dos dados, pois os jovens tendem a conversar com seus colegas enquanto respondem a questionários. REFERÊNCIAS ALDRIGHI, T. Prevalência e cronicidade da violência física no namoro entre jovens universitários do estado de São Paulo – Brasil. Psicologia: teoria e prática, São Paulo, v. 6, n.1, p. 105-120, 2004. BARREIRA, C. R. A.; MASSIMI, M. A Moralidade e a Atitude Mental no karate-do no Pensamento de Gichin Funakoshi. Memorandum, 2, 39-54. (2002) Retirado do World Wide Web: http://www.fafich.ufmg.br/ emorandum/artigos02/barreira01.htm. CALAIS, S. L. et al. Diferenças de sexo e escolaridade na manifestação de stress em adultos jovens. Reflexão e Crítica, Bauru, v. 16, n. 2, p. 257-263, 2003. GIFFIN, K. Violência de Gênero, Sexualidade e Saúde. CAD. de Saúde publ., Rio de Janeiro, v.10, supl. 1, p. 146155, 1994. LISBOA, C. et al., Estratégias de Coping de crianças vítimas e não vítimas de violência doméstica. Psicologia Reflexão e Crítica, v.15, n. 2, p. 345-362, 2002. MAIA, M. V. C. M. et al. "Crianças 'Impossíveis' - Quem as quer, quem se importa com elas?" Psicologia em Estudo, Maringá, v. 12, n. 2, p. 335-342, maio/ago. 2007. MENEGHEL, S. N; GIUGLIANI, E.J; FALCETO, O. Relação entre violência doméstica e agressividade na adolescência. Caderno de Saúde pública do Rio de Janeiro, v.14, p.327-335, abr-jun, 1998. OLIVEIRA, S. R. S. et al. Seleção Paulista Masculina de Judô: Estudo do Comportamento das Tendências Competitivas Entre Atletas Federados. Revista Brasileira de cineantropometria e Desempenho Humano. São Paulo, v.8, n. 4, p. 82-90, 2006. PEREIRA, A.F.G. A contribuição do Tai Chi Chuan no Rendimento da Capacitação de Alfabetizadores. Trabalho acadêmico, Pesquisa e práticas educacionais, Ceará, 2005, Disponível em: < http://www.cereja.org.br/arquivos_upload/antonio%20francisco%20pereira_visemana2005.pdf> Acesso em: 12 mai. 2008. SAVIETTO, B. B.; CARDOSO, M.R. Adolescência: ato e atualidade. Revista mal-estar e subjetividade, Fortaleza, v. 6, n. 1, p. 15-43, mar. 2006. SISTO, F. F. Aceitação-rejeição para estudar e agressividade na escola. Psicologia em estudo, v.10, n. 1, p. 117125, jan/abr. 2005. SOUZA FILHO,M. L.; et al. Crenças normativas sobre a agressão: validação de uma escala de considerações acerca de diferenças de gênero.Rev. Paidéia v.15, n 31, p. 259-267, maio - agosto 2005. TOMÉ, H. T; VALENTINI, N. C. Beneficio da atividade física sistemática em parâmetros psicológicos do praticante: um estudo sobre ansiedade e agressividade. Revista de Educação Física, Maringá, v. 17, n. 2, p. 123-130, jul. dez. 2006. [email protected] - 72 - ENAF Science, v.3, n.2 A AUTO-ESTIMA DE MULHERES QUE PRATICAM BODY COMBAT E BODY PUMP LUCIANA MARIA DA SILVA¹ SANDRA MARIA DA SILVA SALES OLIVEIRA² ¹Graduanda em Educação Física pela UNIVÁS ²Professora da UNIVÁS RESUMO Este estudo objetivou verificar a auto-estima de mulheres qube praticam body combat e body pump em uma academia no interior de Minas Gerais. Foram sujeitos 20 mulheres, 10 de cada categoria. Aplicou-se a escala de auto-estima de Rosenberg (RSES). Os resultados demonstraram que a população encontra-se com auto-estima alta uma vez que no Body Combat ela variou de 1 a 9 pontos e no Body Pump de 0 (zero) a 8 pontos. O treino das duas modalidades abrange todo o corpo, e resulta numa tonificação muscular extremamente equilibrada e distribuída. Quanto ao nível mental, além de combater o stress, transmite ao praticante uma sensação de confiança, melhorando desta forma a auto-estima da pessoa. Palavras-chave: auto-estima, body combat, body pump. INTRODUÇÃO Vários motivos levam uma pessoa a praticar exercícios, como sentir prazer pela atividade, melhora da saúde e qualidade de vida, melhora do humor, diminuição do estresse e depressão, entre outros, no entanto, nos dias atuais as mulheres têm se preocupado com a valorização da beleza como o corpo belo, jovem e em forma. Segundo Fernandes (2005), o embelezamento feminino no Brasil está ligado à feminilidade e a busca da beleza pelo fato de quererem estar sempre fotogênicas da cabeça aos pés, onde o corpo deve estar preparado para ser exposto. Sendo assim, as mulheres praticam exercícios para o aumento da auto-estima como melhora da saúde, humor e bem estar. A maioria delas realizam os exercícios com prazer, onde a atividade física poderá proporcionar benefícios quando é escolhido o exercício correto e quando queremos realizá-lo. Sentimentos de bem estar, percepção da imagem corporal, posição de controle e estados de depressão são melhorados após os exercícios, e estes sentimentos de bem estar representam reações positivas no comportamento das pessoas. Quanto a isto, a imagem corporal é a imagem subjetiva de nós mesmos, criadas pelas nossas observações e pelas nossas reações com as outras pessoas que convivemos. A imagem corporal interfere na autoestima, quando não temos uma boa imagem do nosso corpo podemos modificá-la positivamente, com a prática dos exercícios físicos, sendo assim a auto-estima depende de nós e do que sentimos da nossa pessoa. Para que isto ocorra, deve-se ter em mente que somos capazes de realizar tudo o que queremos. Dependemos do próprio corpo, e com a chegada do envelhecimento a auto-estima diminui (BENEDETTI et al., 2003; GALLAHUE, 2001). A prática de atividades físicas reduz e/ou atrasa alguns efeitos “da idade”, tais como lentidão, diminuição das capacidades físicas, fragilidade etc. Quando as pessoas chegam aos 40-50 anos, sem a prática regular de exercícios físicos, começam a notar uma decaída na resistência, força, flexibilidade, e um aumento de flacidez muscular e gordura corporal. Essas alterações, facilmente notáveis, provocam uma mudança no auto-conceito fazendo com que o indivíduo se sinta mais velho (BERGER e HECHT,1989; CODINA,1994). Segundo Maia (2006) a definição de auto-estima é mais adequada se apresentada como a opinião acerca de si (autoconceito), somada ao valor ou sentimento que se tem de si mesmo (amor próprio, autovalorização), adicionado a todos os demais comportamentos e pensamentos que demonstrem a confiança, segurança e valor que o indivíduo dá a si (autoconfiança), nas relações e interações com outras pessoas e com o mundo. Então, não se fala apenas de um sentimento que as pessoas têm por elas mesmas. Mais que isso, se fala de pensamentos e comportamentos que temos e que estão relacionados a nós mesmos. A auto-estima, ou o "auto-respeito positivo", como prefere Rogers (1997), refere-se ao valor que atribuímos a nós mesmos, ao conceito que temos sobre nossas limitações e potencialidades. Durante anos a auto-estima vem sendo o tópico de muitos debates entre pesquisadores. Discute-se desde como se desenvolve, até os efeitos sobre a personalidade (Dewitt e Kollanda, 2000). É um dos construtos mais importantes da psicologia e pode influenciar todos os outros (Durbin, 1982). “É simplesmente a mais importante variável na vida de um indivíduo“ (Keat, 1974, p.47). Dos inúmeros estudos referentes a auto-estima pode-se destacar os que a relacionam com a aprendizagem Wells et al (2002), Singg e Farqhar (2001), Stanley, Daí e Nolan (1997); os que se referem ao comportamento como os de Walters e Martin (2000), Martin e Coley (1984); os que ligam auto-estima a sociabilidade Smith et al (1973), Guastello e Guastello (2002), Romano et al (2007) e Seixas; Duarte (2008). Outros estudos com design correlacional foram realizados com a auto-estima, tendo apresentado correlação negativa com a depressão (Beer (1987), com a alta ansiedade (Many e Many (1975); Francis (1993) e com a característica de introversão (Eysenck e Eysenck, 1963). Percebe-se que embora muitos estudos tenham sido realizados, poucos deles tentaram estabelecer alguma correlação da auto-estima com questões ligadas ao esporte. No início da década de noventa, foi realizada uma pesquisa com estudantes de segundo grau, onde a auto-estima apresentou uma alta correlação com a motivação para a participação em esportes Kincey et al (1993), correlacionou positivamente a auto-estima com jogadoras de voley Okazaki et al (2004) e Carvalho et al (2008). - 73 - ENAF Science, v.3, n.2 MATERIAIS E MÉTODOS Para a realização deste estudo foram selecionadas 20 mulheres, com idade entre 18 e 40 anos, que praticam body combat e body pump. Todas são freqüentadoras de Academia . Foi escolhida a Academia por oferecer diversas atividades físicas, e por não estar restrita a uma faixa etária específica. Após o contato com a academia, foi feito o pedido formal do termo de consentimento para a realização do estudo. As freqüentadoras foram abordadas durante as aulas e receberam o termo de consentimento para que autorizem formalmente a sua participação no estudo. Após aprovação do Comitê de ética em pesquisa da UNIVÁS e o consentimento informado assinado pelas participantes as freqüentadoras receberam o questionário da Escala de Auto-Estima de Rosenberg referente do presente estudo. Para a coleta inicial dos dados foi aplicado o questionário de avaliação da auto-estima de Rosenberg que contém 10 questões. No questionário de auto-estima há para cada uma das 10 questões 4 alternativas, mas para cada uma há uma escala de valores diferente, que atribui de “A” a “D” valores de 0 a 3, nas questões número 1, 3, 4, 7, e 10 ou valores de 3 a 0 nas questões número 2, 5, 6, 8 e 9. Estas notas são somadas e o valor final varia de 0 a 30 onde 0 é a maior auto-estima mensurável por este questionário e 30 é a menor auto-estima mensurável (DINI, 2000). os resultados foram analisados com a estatística descritiva, que teve como objetivo observar uma característica das mulheres, neste caso a auto-estima. RESULTADOS E DISCUSSÕES Os resultados foram analisados usando-se a estratégia de pesquisa quantitativa - descritiva que tem como objetivo verificar a auto-estima em mulheres praticantes de atividade física (Body Combat e Body Pump) freqüentadoras da Academia de Ginástica. A avaliação da auto-estima das mulheres que praticam Body Combat e Body Pump encontram-se nos gráfico 1e 2. Gráfico 1. Pontuação obtida nos resultados das mulheres que praticam Body Combat Pontos Pontuação Body Combat 10 8 6 4 2 0 1 2 3 4 5 Pessoas 6 7 Os resultados da avaliação da auto-estima de mulheres que praticam Body Combat encontram-se no Gráfico 1. Por ele pode-se perceber que as pontuações variaram de 1 a 9 e que das 10 mulheres avaliadas, duas obtiveram 1 pontos; duas obtiveram 2 pontos; uma obteve 3 pontos; uma obteve 4 pontos; uma obteve 5 pontos; duas obtiveram 7 pontos e uma obteve 9 pontos. Gráfico 2. Pontuação obtida nos resultados das mulheres que praticam Body Pump pontos Pontuação Body Pump 10 8 6 4 2 0 1 2 3 4 5 6 Pessoas - 74 - 7 8 9 ENAF Science, v.3, n.2 Os resultados da avaliação da auto-estima de mulheres que praticam Body Pump encontram-se no Gráfico 2. Por ele pode-se perceber que as pontuações variaram de 1 a 8 e que das 10 mulheres avaliadas, duas obtiveram 0 pontos; uma obteve 1 ponto; uma obteve 2 pontos; uma obteve 3 pontos; uma obteve 4 pontos; uma obteve 5 pontos; uma obteve 6 pontos; uma obteve 7 pontos e uma obteve 8 pontos. Os valores do instrumento variam de 0 a 30 sendo que 0 (zero) pontos refere-se a melhor auto estima e 30 pontos refere-se a auto-estima mais baixa. Sendo assim pode-se inferir que a população encontra-se com auto-estima alta uma vez que no Body Combat ela variou de 1 a 9 pontos e no Body Pump de 0 (zero) a 8 pontos. Esses resultados corroboram com os encontrados na literatura quando Safons (2007); Mazo, Cardoso e Aguiar (2006); Steglich (1978) explicam que em seus estudos foi verificado um aumento de respostas positivas no final de um programa de atividade física, concluindo que a participação em programa regular de atividades físicas, contribui de forma significativa, para a melhoria da auto-estima das pessoas. O esporte aumenta a auto-estima, a qualidade de vida, é promotor de saúde, além disso, aumenta a produtividade de quem o pratica. Por se tratar de uma população feminina, não se pode deixar de levar em consideração que o culto ao corpo nos dias atuais é uma grande preocupação. Os significados atribuídos à saúde parecem estar entrelaçados ao bemestar e à estética corporal, considerados em alguns casos como sinônimos. Segundo Carvalho (2008), a nossa sociedade construiu a imagem do corpo belo como sinônimo de corpo saudável associado à realização de práticas corporais, consumo de determinados alimentos, produtos ou medicamentos. Assim, a simples adoção desses procedimentos no cotidiano de vida das pessoas, poderia prevenir ou remediar doenças, prolongar a vida, independentemente de outros fatores a serem considerados. Para a autora, essa valorização seria uma forma de desvincular do panorama nacional fatores determinantes dos setores da saúde no país, pois, o que se processa é uma transferência de atribuições da estrutura governamental para o indivíduo, que fica sendo o responsável direto pela “manutenção de sua saúde”. Essa busca, como afirma Sant´Anna (2001), é sempre guiada pelo padrão universal, considerando o corpo apenas como um detalhe, “matéria-prima” disponível a ser moldada. Para a autora, a boa forma assume o lugar do corpo e o torna uma “bagagem” a ser carregada, de forma até mais tirana do que a alma foi em outros tempos, pois a boa forma sabe que não durará para sempre. “Durante séculos o corpo foi considerado o espelho da alma. Agora ele é chamado a ocupar o seu lugar, mas sob a condição de se converter totalmente em boa forma” (p.108). O Body Combat e o Body Pump são modalidades estimulantes e de muito sucesso, o conceito "guerreiro", a sua inspiração nas variadas disciplinas de auto-defesa e mesmo artes marciais tornam-na muito chamativa, representando um desafio para quem procura uma atividade intensa, funcional e extremamente divertida. O treino das duas modalidades abrange todo o corpo, e resulta numa tonificação muscular extremamente equilibrada e distribuída. Quanto ao nível mental, além de combater o stress, transmite ao praticante uma sensação de confiança, melhorando desta forma a auto-estima da pessoa. CONSIDERAÇÕES FINAIS Após o estudo, pode-se considerar que a atividade física poderá proporcionar benefícios quando é escolhido o exercício correto e quando se quer realizá-lo. Foi visível a relação da atividade com o desenvolvimento da autoestima. A mudança de estilo de vida das pessoas de um viver mais sedentário para um mais ativo se torna importante para seu desenvolvimento. O simples fato de praticar uma atividade física com regularidade, independentemente dos seus resultados objetivos sobre o funcionamento e a estética do corpo, pode provocar na pessoa o sentimento, ou a impressão, de que essas exigências normativas da cultura tenham sido, ou estão sendo, atingidas. Desta forma, além dos benefícios como melhora da coordenação motora, da força, da agilidade e da flexibilidade estritamente corporais, a atividade física provocaria uma percepção do corpo mais positiva do ponto de vista estético e da saúde. O exercício físico estimula a secreção de endorfinas hipotalâmicas, substâncias estas envolvidas na termorregulação hipotalâmica, reduzindo os sintomas vasomotores. Promove o fortalecimento muscular, a manutenção da mobilidade articular e da capacidade respiratória, além de menor acúmulo de gordura. A atividade física contribui ainda para a melhora da imagem corporal, aumentando a auto-estima feminina (RODRIGUES e BARACAT, 1995). Em suma, os resultados encontrados sugerem que as atividades físicas praticadas no tempo destinado ao lazer, representam um domínio da vida cotidiana organizado segundo determinadas convenções, entre elas as concepções acerca do ideal de corpo segundo o gênero, onde homens e mulheres apresentam comportamentos distintos no que se refere à prática de exercícios físicos. Desta forma, destacamos o papel fundamental da literatura sobre gênero, abordando a construção social do corpo para avaliar as atitudes de homens e mulheres diante da prática de atividades físicas, uma vez que estas são também concebidas como fenômeno social. Sugere-se novos estudos sobre o tema, com diferentes populações e diferentes variáveis. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BEER, J. Depression and self-esteem of teachers. Psychological Reports, v. 60, p.1097-1098, 1987. BENEDETTI, B. T.; PETROSKI, L. E.; GONÇALVES, T. L. Exercícios físicos, auto-imagem e auto-estima em idosos asilados. Revista brasileira de cineantropometria e desempenho humano. v. 5, n.2, p. 69-74 2003. - 75 - ENAF Science, v.3, n.2 BERGER B.; HECHT L. Exercise, aging, and psychological well being: The mind-body question. In Ostrow, A., Aging and Motor Behavior. Indianapolis, Benchmark press, 1989. CARVALHO, M. I. B., OLIVEIRA, A.C.S., OLIVEIRA, S. M. S. S., OLIVEIRA, L. H. S. 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Um dos sintomas mais evidentes em crianças com TDAH, é a falta de concentração. Visando minimizar esse problema de desatenção, os jogos podem ser uma ferramenta didáticopedagógica, que auxiliem o trabalho do professor, em sala de aula. Os jogos educativos são atividades lúdicas que promovem o prazer e diversão nas crianças, ao mesmo tempo em que aprendem. Os jogos computadorizados são um dos recursos multimídia que podem ser utilizados pelo professor em sala de aula, para contribuir com o desenvolvimento da concentração nas crianças. Palavras-chave: TDAH – Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade, concentração, jogos. INTRODUÇÃO O Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) é um distúrbio neurobiológico, de causas genéticas, que vai além da simples questão comportamental, da falta de limites e disciplina. Este distúrbio aparece na infância e acompanha o indivíduo por toda sua vida, entretanto, é na sala de aula que as características deste transtorno se tornam mais evidentes, uma vez que crianças hiperativas apresentam dificuldade em seguir regras; socializar; (devido a um comportamento muitas vezes agressivo); se concentrar nas atividades propostas pelo professor. Encontramos diferentes nomenclaturas para definir crianças que apresentam “Déficit de Atenção”. Para SILVA (2003), a sigla mais usada recentemente, seria DDA (Distúrbio do Déficit de Atenção). PHELAN (2005), esclarece que o nome Transtorno de Déficit de Atenção (TDA), teria surgido em 1980, no assim chamado DSM – III (sigla em inglês para o Manual Diagnóstico e Estatístico dos Distúrbios Mentais, Terceira Edição). Essa nova definição deixava claro que o ponto central do problema era a dificuldade de se concentrar e manter a atenção. Segundo este autor o termo tecnicamente correto para se definir crianças hiperativas é TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção/ Hiperatividade. Ao contrário do que se pensava, as causas da hiperatividade não estão relacionadas ao „defeito de controle moral‟ por parte dos pais dessas crianças. A origem de tal transtorno é genética, portanto, tais crianças apresentam uma dificuldade de autocontrole, que reflete muitas vezes em um comportamento agressivo e impulsivo. De acordo com Silva (2003), o termo hiperatividade infantil foi usado por Laufer em 1957 e por Stella Chess em 1960. Laufer acreditava que a síndrome seria uma patologia exclusiva de crianças do sexo masculino. Já Chess, isolou o sintoma da hiperatividade de qualquer noção de lesão cerebral, atribuindo os sintomas de hiperatividade, a um problema na genética individual. Daí o termo “Síndrome da Criança Hiperativa”. Na década de 1970, Virginia Douglas contribuiu significativamente com seus estudos, apresentando uma teoria que enfatizava que o déficit de atenção poderia surgir sob condições em que não houvesse hiperatividade. Surge uma nova percepção em 1976, onde Gabriel Weiss, através de estudos realizados a longo prazo, mostrou que quando as crianças atingem a adolescência, a hiperatividade pode diminuir, persistindo porém, os problemas de atenção e impulsividade. Essa contribuição favoreceu o reconhecimento na população adulta, desse tipo de funcionamento cerebral. A forma adulta foi oficialmente reconhecida em 1980, onde a Associação Americana de Psiquiatria, renomeou a síndrome de Distúrbio do Déficit de Atenção (DDA), enfatizando mais os aspectos clínicos (sintomas), do que os aspectos etiológicos (fatores causais). Em 1994, a Associação Americana de Psiquiatria, formulou uma nova classificação do DDA, que era dividida em dois subtipos básicos e em uma combinação de ambos: Déficit de Atenção: DA, predominantemente desatento; déficit de Atenção: DA/HI, predominantemente hiperativo-impulsivo; déficit de Atenção: DA/C, em que sintomas desatentivos e de hiperatividade/impulsividade estão presentes no mesmo grau de intensidade. O Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade tem diagnóstico e tratamento. Porém, apesar de toda contribuição que a ciência trouxe para o universo das crianças hiperativas, ainda há muitos educadores, pais, e outros profissionais, que por não conhecerem sobre o assunto acabam rotulando essas crianças de “mal-criadas”, “pestinhas”, “sonhadoras”, “sem limites”. Devido à incapacidade de controlar sua conduta em situações sociais, a criança hiperativa é muitas vezes rejeitada por seus colegas, acarretando assim, baixa auto-estima, baixa tolerância à frustração, sintomas de depressão e ansiedade, e outros transtornos emocionais. A literatura especializada Silva (2003) e Phelan (2005), indica que a hiperatividade é menos comum em meninas do que em meninos. O TDAH não afeta a inteligência da criança, mas sim a sua aprendizagem. Assim, os professores e pais, que têm uma criança com TDAH não têm um problema, mas uma situação para administrar, que - 77 - ENAF Science, v.3, n.2 se não for tratada com seriedade pode afetar significativamente o desenvolvimento integral dessas crianças. Não se trata de um estado temporário que será superado. Não é um problema relacionado à falta de capacidade de uma criança em realizar suas tarefas, mas sim, à dificuldade em focalizar essa capacidade nas atividades. Sabe-se que a hiperatividade tende a persistir na fase adulta, porém, os sintomas são menos intensos do que na infância. Se a criança hiperativa for diagnosticada e tratada precocemente, terá maiores chances de se tornar um adulto equilibrado e bem sucedido. Professores e pais que têm uma criança portadora do TDAH, possuem grande responsabilidade e devem estar atentos ao comportamento dela, de forma a contribuir com o diagnóstico, para que assim haja uma parceria eficaz entre pais, professores e especialistas, trabalhando em conjunto, com o objetivo principal de contribuir para que a criança seja bem sucedida na sua vida escolar, profissional, familiar, social e afetiva. Para que esta parceria ocorra é importante que pais e profissionais das áreas envolvidas se informem a respeito deste transtorno, a fim de proporcionar um desenvolvimento integral às crianças portadoras do TDAH, para que elas se sintam respeitadas, e vivam dignamente enquanto ser humano. Os pais devem estar atentos ao comportamento da criança em casa, pois crianças com TDA apresentarão características evidentes no seu modo de agir diante das situações as quais estará exposta. As crianças portadoras de TDA “são notoriamente insensíveis a insinuações sociais. Elas não percebem a expressão de desprazer no rosto das outras pessoas, não percebem o tom negativo da voz, nem mesmo ouvem o que está sendo dito.”(PHELAN, 2005. p.25). A insensibilidade às insinuações sociais é uma característica que se refere à Superexcitação Emocional da criança com TDA. Esse sintoma (Superexcitação Emocional) não faz parte da lista do DSM-IV, mas de acordo com o autor deveria fazer, uma vez que é uma característica evidente em crianças com TDA Para PEREIRA (2003), os sintomas do TDAH não desaparecem com a idade, apenas se modificam. Por exemplo, a hiperatividade, tão latente na criança, aparece no adulto como forma de inquietação interior, um desejo constante de mudanças. É importante lembrar que o diagnóstico é clínico, mas os sintomas podem ser percebidos por professores, pais, e pessoas que convivem diretamente com a criança portadora do TDAH. Portanto, os educadores têm um papel fundamental de atentar para o comportamento de seu aluno, que muitas vezes irá manifestar tais sintomas em atividades escolares, principalmente naquelas que exigirem maior concentração e atenção por parte da criança. Um dos principais sintomas presentes na criança portadora do TDAH, é a desatenção ou tendência à distração. A criança hiperativa não apresenta problemas para prestar atenção, e sim para mantê-la focalizada em períodos mais longos, principalmente em tarefas que não lhe sejam interessantes (SILVA, 2003). Neste sentido, podemos inferir a importância dos jogos eletrônicos como ferramenta didática, que auxilie o professor em sua prática pedagógica, uma vez que tais jogos têm a capacidade de despertar o interesse em crianças hiperativas, fazendo com que elas se mantenham hiperconcentradas em tais atividades, minimizando assim seus problemas de concentração e atenção. As atividades desenvolvidas pelo professor em sala de aula devem despertar o interesse no aluno hiperativo, estimulando-o a se concentrar nas tarefas, possibilitando-o de concluí-las, sem que ele se perca ao longo do seu exercício. A incapacidade que a criança hiperativa tem de se concentrar, é resultado de um funcionamento alterado do cérebro. Portanto, não se pode pensar que a criança com TDAH não queira se concentrar nas atividades propostas pelo professor, na verdade ela não consegue fazê-lo, a não ser que seja estimulada, e se interesse por tais tarefas. A criança DDA tem a atenção tão dispersa que qualquer estímulo, um barulho, um movimento, a impede de concentrar-se em alguma tarefa por muito tempo. Principalmente se a tarefa for obrigatória e não despertar nenhum interesse especial. É muito difícil para ela fixar a atenção no que o professor diz se pela janela vê pessoas passando ou mesmo ouve sons produzidos por seus coleguinhas. Sua mente é um radar girando o tempo todo em busca de novidades. (SILVA, 2003, p. 54). Quando a criança hiperativa consegue focalizar sua atenção, é capaz de aprender tão bem quanto às outras crianças. Mesmo quando não dedica muito tempo às tarefas, ela pode apresentar um resultado satisfatório. (FABRÍCIO, s/d) A criança portadora do TDAH apresenta dificuldades em reter muitas informações, mas não é porque ela não seja capaz, e sim porque é atraída por outros estímulos, não conseguindo filtrá-los corretamente, priorizando aqueles mais relevantes. Por isso, constantemente tais crianças não conseguem concluir suas tarefas, e se distraem com muita facilidade. É comum que crianças hiperativas tenham dificuldades em aprender ou memorizar, porque não conseguem sustentar a atenção e se manter concentradas por tempo suficiente. Assim, se esta criança for corretamente estimulada em sala de aula, com elogios e incentivos, terá maiores chances de desenvolver suas capacidades cognitivas O JOGO E A APRENDIZAGEM ESCOLAR Os sintomas do TDAH se tornam mais evidentes no ambiente escolar, uma vez que crianças hiperativas apresentarão uma dificuldade em se concentrar nas atividades propostas pelo professor, principalmente se tais atividades forem prolongadas e exigirem um grau de atenção maior por parte de tais crianças. Por apresentarem um problema comportamental, as crianças hiperativas, são muitas vezes agressivas, atrapalham o rendimento da sala com sua inquietação, e se frustram com muita freqüência, por não conseguirem - 78 - ENAF Science, v.3, n.2 atingir um resultado final satisfatório. Para ajudar a criança a administrar melhor seu comportamento, é necessário que os professores reforcem as atitudes positivas da criança hiperativa, com elogios e incentivos. É importante lembrar que não é tarefa do professor diagnosticar uma criança com TDAH, mas ele deve estar atento ao comportamento de seu aluno, de forma que possa contribuir no tratamento e diagnóstico de tais crianças. O professor deve conversar com a criança hiperativa, sobre a melhor forma de fazer com que ela aprenda, porque isso ajudará no relacionamento professor/aluno. Crianças com TDAH precisam de organização, limites, disciplina e diretrizes. É o professor que deve ajudar a criança a estruturar o ambiente externo, uma vez que elas não conseguem se estruturar internamente, sem a ajuda de um adulto que direcione o seu comportamento. De acordo com GOLDSTEIN e GOLDSTEIN (2007), o comportamento da criança hiperativa não é previsível. Na sala de aula, tais crianças podem em um dia realizar determinada tarefa, que não conseguirão realizar em outro. Isso faz com que muitas vezes sejam taxadas de desobedientes. Os autores chamam a atenção para o fato de que não são todas as crianças hiperativas que devem estar em classes especiais, pois com uma intervenção médica adequada, e com recursos pedagógicos adaptados ao nível de aprendizagem de tais alunos, estes podem e devem ser educados em salas regulares. Muitas vezes, as crianças hiperativas vêem a escola como um ambiente chato e desestimulante. Quando perguntadas por especialistas em saúde mental, por quê consideram a escola “chata”, tais crianças fazem referência às tarefas que são propostas pelo professor. A criança hiperativa pode se entediar com muita facilidade, se as tarefas forem prolongadas ou apresentarem um caráter obrigatório. Porém, se a criança for estimulada e se interessar pela atividade proposta, ela apresentará um bom rendimento escolar, desenvolvendo sua capacidade de se concentrar. Nesse sentido, um recurso pedagógico que pode ser usado pelo professor em suas aulas, são os jogos. Os jogos, além de proporcionarem um desenvolvimento cognitivo, permitem que a criança hiperativa se concentre em tais atividades, devido ao caráter prazeroso e estimulante do jogo. Além disso, os jogos permitem trabalhar aspectos sociais, ajudam as crianças com TDAH a aceitar regras, e também as auxiliam a lidar melhor com as frustrações. Neste sentido, o jogo no computador é um excelente aliado ao professor. Um exemplo desse tipo de atividade atrativa é o videogame. Tais jogos unem estímulos de diversos tipos. São imagens vivas, coloridas e dinâmicas, acompanhadas por sons vibrantes que correspondem às ações empreendidas pela criança no jogo (SILVA, 2003) Diante da globalização, a escola não pode estar indiferente às novas tecnologias, mas deve inseri-las no contexto educacional, de forma a proporcionar uma aprendizagem mais eficiente, atrativa, interativa e significativa, por meio dos jogos de computador. Os recursos multimídia permitem que a escola se renove, tornando possível aos alunos criar, aprender e desenvolver o raciocínio por meio de atividades dinâmicas que prendam a atenção dos mesmos. Segundo MONTEIRO (2007, p.135), “o uso da informática na educação se torna eficiente porque associa a riqueza dos jogos educativos com o poder de atração dos computadores”. Dessa forma, os jogos de computador podem ser uma ferramenta utilizada pelo professor em sala de aula, para desenvolver a concentração nas crianças e auxiliar o processo de construção de conhecimento, uma vez que tais jogos oferecem a vantagem de proporcionar ao aluno diversão, ao mesmo tempo em que aprende. Os jogos de computador estimulam a motivação dos alunos, prendem a atenção destes, diante dos atrativos visuais que apresentam, e permitem trabalhar com as mais variadas disciplinas, fazendo com que a criança se aproprie do conhecimento de forma prazerosa. GIARETTA et al.(1998), destaca algumas outras vantagens dos jogos educativos computadorizados. Esses jogos são importantes porque: atraem e mantém o interesse e o entusiasmo do aluno; o ambiente escolar pode variar em função do jogo e dos níveis de dificuldade; exploram efeitos auditivos e visuais; exploram a fantasia; o computador é para o aluno, um adversário “inteligente”, portanto, tem característica desafiadora, que o estimula a se concentrar em tais jogos. Uma vantagem dos games no ambiente escolar, é que eles proporcionam um envolvimento pessoal dos estudantes em suas tarefas, além de possibilitar um aprendizado divertido. Além disso, tais jogos são mais vantajosos que os tradicionais pela facilidade e rapidez com que são organizados no ambiente escolar (MONTEIRO, 2007). Os jogos de computador são importantes no contexto educacional, pois rompem com o paradigma da Escola Tradicional, permitem ao aluno experimentar e construir o seu próprio conhecimento, de forma interativa. O professor enriquece sua prática pedagógica quando utiliza recursos multimídia em suas aulas. Nesse sentido, o computador é uma ferramenta que pode ser utilizada pelo educador com propósitos educacionais. Os jogos computadorizados permitem ao aluno aprender de forma prazerosa, cativante, divertida e motivadora. Além disso, desenvolvem áreas do cérebro, que são responsáveis em manter a concentração nas crianças. Assim, o professor pode utilizar esse recurso para desenvolver a atenção nos alunos, principalmente em crianças hiperativas. Diante de atividades atrativas como esses jogos, tais crianças têm a oportunidade de se desenvolver cognitivamente, e apresentar um bom rendimento acadêmico (TAROUCO et al., 2004). De acordo com RUSSI e LIRA (2004), as atividades lúdicas além de facilitarem a aprendizagem em crianças com TDAH, também auxiliam o professor a trabalhar com a socialização e a cooperação entre os alunos Assim, quando o professor utiliza os jogos como estratégia pedagógica, deve levar em consideração as características particulares da criança com TDAH, uma vez que no que se refere ao lúdico, sabe-se que o comportamento de tais crianças se diferencia das crianças normais, devido a grande dificuldade que as crianças hiperativas apresentam em manter a atenção, e se concentrar por um tempo prolongado, portanto, mesmo com jogos - 79 - ENAF Science, v.3, n.2 computadorizados que desenvolvam a concentração, a criança hiperativa pode se entediar se tais atividades forem prolongadas. É importante que o professor atue como mediador entre a criança portadora do TDAH, e o computador, de forma a intercalar as atividades, para que a criança não seja desestimulada, e consiga chegar ao final do seu trabalho. CONSIDERAÇÕES FINAIS O Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH), é um distúrbio neurobiológico, e de causas genéticas, que vai além da simples questão comportamental, da falta de limites e disciplina. As características deste transtorno se tornam mais evidentes no período escolar, quando é preciso que a criança aumente seu nível de concentração para aprender. O diagnóstico de tal transtorno deve ser realizado pelos especialistas em saúde mental. E quanto mais cedo se realiza o diagnóstico, maiores chances essa criança terá de se desenvolver integralmente, se tornado um adulto equilibrado e bem sucedido. O tratamento do TDAH deve ser multidisciplinar e contínuo. Pais, especialistas e professores, devem trabalhar em conjunto, possibilitando que criança hiperativa se desenvolva integralmente. Os sintomas de hiperatividade não desaparecem com a idade, apenas se modificam. Crianças hiperativas se tornarão adultos inquietos. Uma das maiores dificuldades das crianças hiperativas em sala de aula é se concentrar nas atividades propostas pelo professor, mas isto não significa que elas sejam incapazes de aprender. Portanto, as atividades desenvolvidas em sala de aula pelo professor, devem ser estimulantes e atrativas, de forma que a criança hiperativa se interesse por tais tarefas, e consiga se desenvolver cognitivamente. Um exemplo de atividade que estimula a concentração das crianças hiperativas, são os jogos. Eles são importantes porque permitem trabalhar vários aspectos: socialização; ensinam as crianças a aceitar regras; desenvolvem o aspecto cognitivo; permitem a experimentação entre a criança e o objeto, de forma que o aluno construa o conhecimento; unem sentimentos de prazer e diversão, ao mesmo tempo em que a criança aprende; e desenvolvem a concentração. Um dos jogos que contribuem para a concentração de crianças hiperativas são os jogos computadorizados. Eles unem estímulos de diversos tipos. São imagens vivas, coloridas e dinâmicas, acompanhadas por sons vibrantes que correspondem às ações empreendidas pela criança no jogo. Além disso, tais jogos conseguem ativar o cérebro de uma criança hiperativa, de tal forma que atividades rotineiras e encadeadas não podem, pois não possuem as características dinâmicas necessárias. Desta forma, os jogos de computador podem ser um recurso didático utilizado pelo professor em sala de aula, para se trabalhar com a concentração da criança hiperativa, uma vez que desenvolvem áreas do cérebro que são responsáveis em manter a concentração nas crianças. Além disso, tais jogos permitem que as crianças portadoras do TDAH se desenvolvam socialmente, cognitivamente e afetivamente. Porém, ao trabalhar atividades lúdicas com crianças hiperativas, deve-se levar em consideração as particularidades que elas apresentam, de forma que o educador respeite seus limites e individualidades. Fica evidente a importância do professor como mediador entre a criança e o mundo externo. Criar possibilidades educativas, para que a criança portadora do TDAH, seja inserida no ambiente escolar, é hoje um desafio que os educadores enfrentam. A realidade escolar exige, por força de lei, que alunos com necessidades especiais sejam incluídos nas escolas regulares, e esta deve mobilizar os professores a melhor conhecer sobre esse transtorno, para melhorar sua prática educativa, visando o aprendizado de tais crianças, inserindo-as no contexto social mais amplo, para que possam ser respeitadas e tratadas como seres humanos. Tendo em vista que o TDAH, é hoje um transtorno que ainda causa muita polêmica pelos educadores e especialistas, e considerando que os jogos de computador são apenas um dos recursos pedagógicos que podem ser utilizados pelo professor em sala de aula, para se trabalhar com crianças hiperativas, desejamos que esse estudo não se encerre aqui, pois certamente não tardarão novos conhecimentos a respeito de tal transtorno, e novas formas didáticopedagógicas surgirão para contribuir para o desenvolvimento integral dessas crianças. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FABRICIO, Nívea Maria C. de. 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Acesso em: 12 maio 2008. - 80 - ENAF Science, v.3, n.2 AVALIAÇÃO DA COORDENAÇÃO MOTORA EM CRIANÇAS DO ENSINO FUNDAMENTAL E RELAÇÕES COM O DESEMPENHO ESCOLAR SANDRA MARIA DA SILVA SALES OLIVEIRA¹ SÔNIA LÚCIA ANDERE TEIXEIRA¹ SANDRA MARIA FERRACIOLI ABRAHÃO¹ MARIA IGNÊS ARANTES DE OLIVEIRA¹ NATHÁLIA KARINA BARROS CAIXETA² ¹Professora da UNIVÁS ²Aluna do Curso de Educação Física da UNIVAS RESUMO Este estudo objetivou avaliar a coordenação motora de alunos de terceiras, quartas e quintas séries do Ensino Fundamental e relaciona-la com o desempenho escolar. Foram avaliados com o protocolo de Lefevre (1976), 52 crianças de terceira, quarta e quinta séries do ensino fundamental e com idades compreendidas entre 9 e 11 anos. Os professores cederam os conceitos relativos ao desempenho destes alunos no primeiro semestre do ano letivo e estes foram relacionados com as pontuações obtidas pelos mesmos na avaliação motora. Os resultados não permitiram a inferência de que o baixo desempenho de alguns alunos se deve a dificuldades motoras, porém, devido a escassez de estudos referentes a esse tema, novos estudos devem ser realizados. Palavras-chave: Coordenação Motora, Desempenho Escolar e Ensino Fundamental INTRODUÇÃO Para os educadores, o baixo rendimento escolar é a manifestação mais evidente das dificuldades de aprendizagem, e pode servir como indicativo de que a criança apresenta ou pode vir a apresentar este tipo de dificuldade. Não se pretende com isto dizer que a psicomotricidade é a solução para todos os problemas de aprendizagem, e nem tão pouco afirmar que um desenvolvimento psicomotor inadequado pode ser a causa de todas as dificuldades escolares. O que se busca é analisar dentre as inúmeras dificuldades de aprendizagem observáveis em sala de aula, aquelas que se relacionam com um fraco desenvolvimento psicomotor. Se como educadores, pensarmos no desenvolvimento da criança de forma integrada, ou seja, buscando atender aos aspectos físicos, afetivos, sociais e cognitivos, faz-se necessária desde cedo a utilização ampla do movimento. O movimento consciente pode ser realizado através da prática de atividades psicomotoras, como forma de auxiliar a criança na comunicação com o mundo através da ação, por meio do movimento e dos gestos, favorecendo o desenvolvimento integral e as aprendizagens. Pode-se perceber que há o paralelismo entre o corpo, que expressa o movimento e a mente, expressada pelo desenvolvimento intelectual e emocional do individuo. Para o aprendizado formal das atividades escolares é preciso certo nível de desenvolvimento mental e físico, pois algumas delas não conseguem realizar tarefas acadêmicas porque não dominam o movimento que elas exigem. Fonseca (1988) acredita que é pela motricidade que a inteligência se materializa, através do motriz, é que se firma as percepções, se elaboram as imagens e se constroem as representações. Picq e Vayer (1988) ressaltam que os aprendizados escolares básicos são exercícios psicomotores, pois para fixar sua atenção, a criança deve controlar-se tendo domínio sobre o próprio corpo e para que possam utilizar meios de expressão gráfica ela precisa ver, lembrar-se e descrever num sentido bem definido. A estas correlações, que se processam durante o período educativo, torna-se impossível separar por meio da educação, as funções motoras, neuromotoras e perceptivos motoras das funções puramente intelectuais. O ser humano está em constante aprendizado, no qual as experiências da vida são atos reeducativos. Essas experiências são de grande importância nos primeiros anos de vida, pois o aprender e o desenvolver ocorrem em um ritmo mais acelerado, uma vez que quase tudo que acontece é novidade (Freire, 1991). Para Araújo (1992), a fase do corpo representado é caracterizada dos sete aos doze anos, já que nesta fase a criança poderá representar mentalmente seu corpo diante de uma seqüência e movimento. Piaget relata no seu estudo sobre a evolução da inteligência que é nesta fase que a criança está no período das operações concretas, podendo ela desempenhar-se progressivamente mais consciente de sua própria motricidade. Meur e Staes (1991) afirmam que para a maioria das crianças que possuem dificuldades de escolaridade, o problema se encontra nos níveis básicos ou pré-requisitos, onde as condições mínimas para uma boa aprendizagem constituem a estrutura da educação psicomotora. As aprendizagens escolares são apenas um aspecto de ação educativa geral. É evidente que se a criança melhora o seu comportamento em geral, recria suas condições de atenção, educa suas capacidades perceptivas, proporcionando hábitos motores corretos e isso só pode facilitar a integração dos elementos da educação escolar propriamente dita. Não sendo apenas uma melhora da inteligência em si, mas uma melhora nas possibilidades, devido a um conhecimento melhor e um controle maior de si mesmo (PICQ e VAYER, 1988). Dentre os estudiosos que ressaltam a importância de um bom desenvolvimento motor para o desenvolvimento humano, salienta-se: Lapierre (1982); Le Boulch (1985); Picq e Vayer (1988); Meur e Staes (1991);Freire (1991); Levin (1995); Gallahue (2001) e Rodrigues e Camargo (2004). No entanto, são poucos os - 81 - ENAF Science, v.3, n.2 autores que relacionam desenvolvimento motor com desempenho escolar e pode-se citar: Colello (1993); Furtado (1998); Troncoso Guerrero (2002). Apesar de vários autores (LE BOULCH, 1992; LAPIERRE,1982) demonstrarem a importância da psicomotricidade no desenvolvimento cognitivo, na aprendizagem da leitura e da escrita e na formação da inteligência, tradicionalmente, a escola tem dado pouca importância à atividade motora das crianças. O espaço da atividade infantil fica reduzido à visão de que o movimento é algo essencialmente motor, destacado de qualquer outra esfera do desenvolvimento, seja afetiva, cognitiva ou social (COLELLO, 1993). Frente a este contexto, o presente estudo teve por objetivo avaliar a coordenação motora de alunos de terceiras, quartas e quintas séries do Ensino Fundamental com queixas, por parte das professoras, de baixo desempenho escolar. MÉTODO Este estudo caracterizou-se como uma pesquisa de campo, do tipo descritiva. A amostra foi escolhida com base na queixa das professoras feita para as alunas do Curso de Educação Física que realizam um trabalho de extensão na escola, de que alguns alunos apresentavam baixo desempenho escolar. Pensou-se em avaliar a coordenação motora de todos os alunos e relaciona-la com o desempenho escolar. Assim, fizeram parte da amostra 52 alunos com idade entre 9 e 11 anos, sendo 28 do gênero masculino e 24 do gênero feminino, estudantes de terceira, quarta e quinta séries de Escola Municipal do Ensino Fundamental do interior de Minas Gerais. A pesquisa foi realizada no início do segundo semestre de 2008, com o propósito de avaliar a coordenação motora e relaciona-la com o desempenho acadêmico que se baseou nos conceitos fornecidos pelas professoras com base nos rendimentos do primeiro semestre. Após o consentimento da diretoria e dos pais ou responsáveis, as crianças foram avaliadas em uma sala da própria escola, que continha os materiais adequados para o tipo de avaliação utilizada. As tarefas foram previamente explicadas para que as crianças se sentissem tranqüilas e seguras, conseguindo realizá-las dentro dos parâmetros requeridos. RESULTADOS E DISCUSSÕES A tabela 1 apresenta a idade das crianças avaliadas, as séries, o gênero, o total de pontos obtidos no exame motor e o conceito do rendimento escolar que os alunos obtiveram no primeiro semestre deste ano (2008). Foram avaliadas crianças de terceira, quarta e quinta séries e as idades compreendidas entre 9 e 11 anos. Tabela 1. Visão geral das crianças avaliadas Alunos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 Idade 11 11 11 11 11 11 11 11 11 11 11 11 11 11 11 11 11 10 10 10 10 10 Série 5ª 4ª 3º 3º 3º 3º 5º 5º 5º 5º 5º 5º 5º 5º 5º 4º 3º 4º 4º 4º 4º 4º Gênero M M M M M M M F F F F F F F F F F M M M M M - 82 - Pontos 27 24 25 27 28 26 28 27 18 28 27 26 25 26 27 28 25 25 27 24 27 24 Media de notas B B B B C B B B C C C C B B B A B C B A B B ENAF Science, v.3, n.2 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 4º 4º 4º 4º 4º 4º 3º 3º 3º 3º 3º 3º 3º 3º 3º 4º 4º 4º 4º 4º 3º 3º 3º 3º 3º 3º 4º 3º 3º 3º M M M M M M M M M M M F F F F F F F F F F F F F F M M M M M 28 23 25 25 28 24 28 27 28 25 25 27 24 27 24 28 28 27 26 27 25 27 27 27 27 26 27 26 27 26 A B C B B B A C B A A C B B C C B C C A A A B B A C B A A A Pode-se perceber que 17 alunos têm 11 anos e se encontram na quinta série sendo que 10 pertencem ao gênero feminino e 07 ao masculino. O número de alunos que possui 10 anos é igual a 25. Dos vinte e cinco 09 pertencem do gênero feminino e 14 ao masculino; nesta faixa etária há alunos na terceira e na quarta séries. Temse ainda 10 alunos com 9 anos que também freqüentam as duas séries sendo que 09 encontram-se na terceira e apenas 1 na quarta. No que se refere ao baixo rendimento, foi considerado apenas os alunos com conceito C. Quanto à pontuação, observa-se que variou de 28 a 18 pontos. Lefevre (1976) esclarece que os testes somente serão considerados satisfatórios e significativos, esboçando, entretanto, resultados positivos quando atingirem um percentual de acertos igual ou superior a 75%. Sendo assim, pode-se inferir que dos 52 alunos avaliados o que representa 100% da população estudada apenas 01 aluno encontra-se abaixo do percentual estipulado pelo autor. Tabela 2. Alunos com baixo rendimento escolar (conceito C) e resultados no exame motor. Alunos Gênero Idade Pontos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 M F F F F M M F F 11 11 11 11 11 10 10 10 10 28 18 28 27 26 25 25 27 27 - 83 - ENAF Science, v.3, n.2 10 11 12 13 14 F F F F M 10 10 10 10 9 24 28 27 26 26 A tabela 2 apresenta os alunos classificados pela professora com baixo rendimento escolar, por ela pode-se perceber que a pontuação da avaliação motora também variou de 28 a 18 sendo que 03 alunos com 28 pontos, 04 alunos com 27 pontos, 03 alunos com 26 pontos, 02 alunos com 25 pontos, 01 com 24 pontos e 01 aluno com 18 pontos. Quanto ao gênero 04 alunos são do gênero masculino e 10 alunos do gênero feminino. No que se refere a idade tem-se 05 alunos com 11 anos, 09 alunos com 10 anos e 01 aluno com 9 anos. Não foi possível atribuir ao baixo rendimento destes alunos dificuldades motoras o que contraria os dados encontrados na literatura por Cunha (1990), Oliveira (2004), Araújo (1992), Fonseca (1995), Cabral (2001), Ferreira (2001) entre outros, que afirmam haver um paralelismo entre desenvolvimento cognitivo e desenvolvimento motor. Portanto, há o paralelismo entre o corpo, que expressa o movimento e a mente, expressada pelo desenvolvimento intelectual e emocional do individuo. Para o aprendizado formal das atividades escolares é preciso certo nível de desenvolvimento mental e físico, pois algumas delas não conseguem realizar tarefas acadêmicas porque não dominam o movimento que elas exigem. Fonseca (1995) acredita que é pela motricidade que a inteligência se materializa, através do moovimento, é que se firma as percepções, se elaboram as imagens e se constroem as representações. Picq e Vayer (1988) ressaltam que os aprendizados escolares básicos são exercícios psicomotores, pois para fixar sua atenção, a criança deve controlar-se tendo domínio sobre o próprio corpo e para que possam utilizar meios de expressão gráfica ela precisa ver, lembrar-se e descrever num sentido bem definido. A estas correlações, que se processam durante o período educativo, torna-se impossível separar por meio da educação, as funções motoras, neuromotoras e perceptivos motoras das funções puramente intelectuais. O ser humano está em constante aprendizado, no qual as experiências da vida são atos reeducativos. Essas experiências são de grande importância nos primeiros anos de vida, pois o aprender e o desenvolver ocorrem em um ritmo mais acelerado, uma vez que quase tudo que acontece é novidade (Freire, 1991). Para Araújo (1992), a fase do corpo representado é caracterizada dos sete aos doze anos, já que nesta fase a criança poderá representar mentalmente seu corpo diante de uma seqüência e movimento. Piaget relata no seu estudo sobre a evolução da inteligência que é nesta fase que a criança está no período das operações concretas, podendo ela desempenhar-se progressivamente mais consciente de sua própria motricidade. No que se refere identificação das dificuldades dos alunos por suas professoras observou-se que há possibilidade dessas dificuldades estarem relacionadas a outros aspectos que não o motor. Diante disso, faz sentido dizer que o nível sócio econômico e as difíceis relações familiares podem influenciar no desempenho escolar de crianças. De acordo com Díaz et all. (1983) e Aguilera et all. (1981) citados por Córdova e Orellana (1996), o baixo nível sócio econômico, gera um ambiente adverso para o desenvolvimento psicossocial das crianças, a pouca variedade de estímulos que este meio oferece nem sempre é compatível com as necessidades que as crianças apresentam para desenvolver suas capacidades intelectuais, motoras, emocionais e sociais. CONSIDERAÇÕES FINAIS De acordo com os resultados encontrados no presente estudo, pode-se perceber que a maioria das crianças apresentou bom rendimento escolar conforme as informações coletadas por meio das observações feitas pelas professoras. Contudo, algumas crianças apresentaram notas mais baixas durante o ano letivo, dessa forma, as crianças que apresentaram conceito de média geral "C" foram consideradas crianças com maiores dificuldades na aprendizagem escolar. O estudo demonstrou que nem sempre as dificuldades da aprendizagem estão relacionadas ao desenvolvimento psicomotor das crianças, todavia, este pode influenciar na aprendizagem escolar. Contudo, espera-se que este estudo seja uma diretriz de futuras pesquisas, para que profissionais da área da saúde e educação realizem análises em crianças portadoras de maiores graus de dificuldade escolar ou utilize métodos diferentes de avaliação. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARAUJO, V. C. O Jogo no contexto da Educação Psicomotora. São Paulo: Editora Cortez. 1992. CABRAL, S. V. Psicomotricidade Relacional, Prática Clínica e Escolar. Rio de Janeiro: Reivinter. 2001. COLELLO, S. M. G. Alfabetização e Motricidade: Revendo Essa Antiga Parceria. Caderno Pesquisa, São Paulo, n.87, p.58-61, nov. 1993. CÓRDOVA L.S., ORELLANA M.J. La Educacion Programada como Una Estratégia Para Mejorar El Desarrollo Psicomotor (D.P.M.) Del Pre-Escolar (P.E.). 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[email protected] - 85 - ENAF Science, v.3, n.2 ANÁLISE DA INSERÇÃO DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA NO MERCADO DE TRABALHO DANIELLE DE ALCÂNTARA OLIVEIRA¹ EUNICE MAIRA DE REZENDE¹ VERA SILVIA DE OLIVEIRA¹ ROSIMEIRE APARECIDA SOARES BORGES² ¹Graduanda em Educação Física – UNIVÁS/MG ²Professora da UNIVÁS/ FAFIEP /MG RESUMO O objetivo do presente estudo foi analisar a inserção dos profissionais de Educação Física formados pela Universidade do Vale do Sapucaí (UNIVÁS) no período de 2003 a 2007, no mercado de trabalho da região de Pouso Alegre/MG. Fundamentando nos estudos realizados por Piccoli e Menezes (2006), Bara Filho et al (2004), entre outros, foi aplicado um questionário já validado, a 41 egressos desse curso. Os aspectos da análise realizada a partir dos dados obtidos permitiram observar que os participantes do presente estudo não encontraram dificuldades na inserção no mercado de trabalho, mas evidencia-se a insatisfação, da maioria desses profissionais em relação ao reconhecimento profissional, diretamente ligada à baixa remuneração pelo trabalho realizado. Palavras – chave: Inserção profissional; profissional; mercado de trabalho. INTRODUÇÃO A sociedade é dinâmica e os avanços tecnológicos fazem aumentar as exigências em relação à formação dos profissionais que a servem. Assim sendo, torna-se necessário que as áreas responsáveis pelo preparo destes profissionais se desenvolvam de acordo com as exigências da sociedade, apresentando novos e eficientes resultados. Nesse sentido, as Instituições de Ensino Superior responsáveis pela formação de grande parte desses profissionais recebem a liberdade para organizar os próprios projetos pedagógicos com currículos compatíveis a essa demanda. Os cursos de Bacharelado em Educação Física estão subsidiados pela legislação que estabeleceu as Diretrizes Curriculares Nacionais para esses cursos por meio da Resolução n°. 7 de 31 de março de 2004. Esses cursos formam profissionais para cinco grandes áreas da sociedade: educação, saúde, lazer, esporte e empresas, disponibilizando prestação de serviços para todas as faixas etárias, e em diversos tipos de localidades como em creches, escolas, hospitais, clínicas de recuperação, clínica de reeducação motora, centros de tratamentos de distúrbios motores/mentais, clubes, hotéis, SESC, SESI, locais de treinamento amador/ profissional, indústrias, academias, entre outros (OLIVEIRA, 2000). A Educação Física Nacional vem passando por uma condição extremamente favorável, no que diz respeito à sua situação enquanto área de atuação e de preparação da sociedade em relação a uma cultura de atividade física, propiciando ao indivíduo melhor conhecimento sobre a qualidade de vida (MANOEL, 1999 apud OLIVEIRA, 2000). Dessa forma, o Curso de Educação Física deve compartilhar com o acadêmico, assuntos diversos da profissão, permitindo-lhe adquirir conhecimentos que o possibilite ficar preparado para o mercado de trabalho. Para tanto, deve-se estabelecer elos entre os conhecimentos e a prática que dependem não só de disciplinas que propiciem subsídios para essa aproximação, como também da orientação dada pelo corpo docente. E ainda, aos gestores dessas IES cabe refletir sobre a grade curricular desses cursos buscando integração e unidade na ciência, pois o conhecimento sobre o campo de atuação destas subáreas pode ser o caminho de qualificação e ingresso no mercado de trabalho, hoje tão seletivo (LUGUETTI et al, 2005). Para esse autor, a preparação profissional deve atender às demandas atuais e necessidades imediatas do mercado de trabalho ou deve vislumbrar e antecipar as demandas futuras e necessidades imediatas. O fato de a Educação Física possuir objetivos nas diferentes áreas de atuação profissional não pode ser considerado um fator enfraquecido da profissão. Toda discussão sobre o campo de conhecimento e a área de atuação da Educação Física deve servir para enriquecer e fortalecer a profissão, a partir da diversificação, atualização, preparação, discussão para atender as exigências do mercado. Segundo estudos investigativos, vários acadêmicos pretendem após a graduação, especificações em áreas distintas mesmo não estando ainda inseridos no mercado de trabalho (BARA FILHO et al, 2004). Assim sendo, a inserção dos profissionais no mercado de trabalho é um dos fatores mais preocupantes e desafiadores para as universidades que oferecem o curso. O desafio principal para o profissional da Educação Física é estabelecer um elo com a sociedade na qual se empregam os profissionais. Dessa forma, deve haver uma articulação com práticas para a difusão, através do esporte, do jogo, da ginástica, da brincadeira, das manifestações rítmicas, da música e das atividades de lazer. Assim sendo, todos os profissionais dessa área devem ter como propósito a qualidade de vida social e estabelecer objetivos, criando espaços no mercado de trabalho (SADI, 2003). MATERIAIS E MÉTODOS Para realização deste estudo, obtemos parecer favorável do Comitê de Ética em Pesquisa situado na UNIVÁS/FAFIEP, sob o protocolo numero nº 114/ 08. Como sujeitos foram investigados 41 profissionais de ambos os sexos, formados em Educação Física, pela Universidade Vale do Sapucaí/MG no período compreendido entre 2003 e 2007 que residem nas microrregiões de Pouso Alegre, Santa Rita do Sapucaí e Itajubá, no estado de Minas Gerais. - 86 - ENAF Science, v.3, n.2 Esses profissionais foram contatados via comunidade virtual em rede social na Internet, ocasião na qual receberam o convite e o termo de consentimento de participação neste estudo para conhecimento dos objetivos, como também um questionário já validado ser respondido e devolvido ao pesquisador (PICOLLI; MENEZES, 2006). Esse questionário é constituído por 21 questões. Utilizou – se da estatística descritiva para a tabulação e análise dos dados RESULTADOS E DISCUSSÃO Os participantes do presente estudo são na maioria do sexo masculino (54%) e numa faixa etária entre 23 a 46 anos, predominando as idades de 23 e 29 anos.No que tange a dificuldade em ingressar no mercado de trabalho apresentaram não ter enfrentado esse problema. Através do gráfico abaixo relacionado a dificuldade de encontrar emprego, observa – se que 66% dos pesquisados não encontraram dificuldades em ingressar nas áreas de trabalho que atuam hoje. Dificuldades de Emprego 34% 66% Não Sim Mas, com referência às áreas de atuação e características, o presente estudo mostra que a maioria dos pesquisados não atua no contexto escolar (59 %), nem na área de Educação Física (12%), evidenciando apenas 29% dos pesquisados que atua no contexto escolar, o que pode ser observado no gráfico a seguir: Segundo Carraro et al, (2001) em estudo realizado em Maringá, as especialidades para as quais o mercado de trabalho de Educação Física está sendo direcionado são as áreas fora do contexto escolar, ou seja, academia, personal trainner e treinamento esportivo. De modo análogo este estudo mostra que 20% atuam como Personal Trainner, 10% em atividades aquáticas e apenas 24% na área da Educação, como apresentado no gráfico a seguir: Com o mercado de trabalho cada vez mais exigente, todas as áreas exigem qualificação profissional em nível de especialização e até mesmo em nível de mestrado. Na Educação Física não é diferente, pois boa parte dos participantes deste estudo (27%) já realizou um curso em nível de especialização e 5% em nível de mestrado e ainda - 87 - ENAF Science, v.3, n.2 mostrou estar consciente dessa necessidade e pretender realizar um curso desse nível (44%). O gráfico a seguir explicita esses resultados: Pós - graduação 27% 44% 0% Especializacao 24% 5% Não pretende Mestrado Doutorado Pretende Outro aspecto observado é que 68% dos participantes não se sentem reconhecidos profissionalmente e apresentaram justificativas como “É uma área muito gratificante para trabalhar, pois na maioria das vezes lidamos com pessoas, porém os salários não são muito bons” e ainda “Sempre sonhei com a Educação Física, mas não posso trabalhar sem carteira assinada e ganhar menos, a nossa profissão hoje é muito desvalorizada”, entre outras, o que vem a ilustrar essa opinião apresentada pelos pesquisados. Comparando esses resultados ao estudo de Piccoli e Menezes (2006), eles também constataram que há uma incompatibilidade entre a situação profissional e o salário recebido. Mas as opiniões se dividem. Cordeiro (2002) comenta que muitos profissionais de Educação Física já inseridos no mercado de trabalho abandonaram a carreira à procura de melhores remunerações. Em contra partida, Antunes (2007) ressalta que o mercado de trabalho em Educação Física está cada vez mais rico de se trabalhar, e que antigamente muitos trabalhavam com exercícios físicos de forma voluntária e hoje é uma das profissões que mais se expande. CONCLUSÃO A realização deste estudo permite afirmar que os egressos do Curso de Educação Física da Univás/ MG formados no período 2003-2007 não encontraram dificuldades na inserção no mercado de trabalho da região de Pouso Alegre/MG, porém evidencia-se a insatisfação da maioria desses profissionais em relação ao reconhecimento profissional diretamente ligado à baixa remuneração pelo trabalho realizado. Outro aspecto que pode ser abordado é que esses profissionais foram preparados por essa IES para a formação continuada, visto que boa parte, já fez especialização ou mestrado nessa área. A sociedade exige e cabe aos profissionais de Educação Física estarem se adaptando à essas exigências com determinação e persistência para que possam desempenhar suas funções com qualidade, ética e integridade. Está a cargo do próprio profissional dessa área fazer a diferença, considerando que apenas portar um diploma do ensino superior não é sinônimo de sucesso, necessitando sempre adaptação às tendências que vão surgindo no mundo. Nesse sentido, entende-se como necessária a realização de futuros trabalhos que contemplem outros aspectos da inserção dos profissionais da Educação Física no mercado de trabalho, contribuindo assim, para discussões e reflexões que poderão influenciar em tomadas de decisões. REFERÊNCIAS ANTUNES, A.C. Mercado de trabalho e Educação Física: aspectos da preparação profissional. Revista de Educação Anhanquera, p. 141 – 149 2007. BARA FILHO, M.G. et al. A formação do profissional de educação física: um estudo com acadêmicos da faculdade educação física e desportos da Universidade Federal de Juiz de Fora. Revista de Educação Física/UFJF, v.1, n.1, 2004. CARRARO, D. et al.O ensino no curso noturno de graduação em educação física da UEM e as perspectivas para o atual mercado de trabalho. Revista da Educação Física / UEM, v.12, n.2, p.51-59, 2001. CORDEIRO, J.P. Modalidades de inserção profissional dos quadros superiores nas empresas. In Sociologia, Problemas e Práticas, n. º 38, p. 79-98, 2002. LUGUETTI, C. et al. Perspectivas dos futuros profissionais da faculdade de educação física de Santo – SP: Novas tendências. Conexões, v.3, n.1, 2005. MANOEL, E.J. Preparação profissional em educação física e esporte: passado, presente e desafios para o futuro. Revista Paulista Educação Física, v.13, p. 13-19, 1999. OLIVEIRA, A.A.B. Mercado de trabalho em Educação Física e a formação profissional: breves reflexões.Revista Brasileira Ciência e Movimento, v.8, n.4, p.45-50, 2000. PICOLLI, J.C.J. et al. O perfil do egresso do curso de Educação Física do centro universitário Feevale. Revista Digital, v.11, n.98, 2006. SADI, R.S. O código de ética da educação física: caminhos da nova profissão no século XXI. Revista Brasileira de Ciência do Esporte, v.21, n.2/3, 2003. [email protected] - 88 - ENAF Science, v.3, n.2 ANÁLISE DA QUALIDADE DE VIDA E DO NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA EM PESSOAS PORTADORAS DE HIPERTENSÃO EUNICE MAIRA DE REZENDE¹ DANIELLE DE ALCÂNTARA OLIVEIRA¹ VERA SÍLVIA DE OLIVEIRA¹ RONALDO JÚLIO BAGANHA² ¹Docente do Curso de Educação Física - UNIVÁS ²Professor do Curso de Educação Física – UNIVÁS RESUMO Entende-se por qualidade de vida (QV), a percepção do indivíduo com relação a sua posição na vida, no contexto cultural e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações. O objetivo do presente estudo foi avaliar o nível de atividade física e a qualidade de vida de hipertensos cadastrados na Unidade Básica de Saúde da cidade de Cachoeira de Minas/MG. Como método foram aplicados dois questionários validados (IPAQ e MINICHAL). Os resultados encontrados sugerem que os hipertensos participantes do presente estudo realizam um nível mínimo de atividade física. Essa pratica de atividades físicas os classifica como pelo menos insuficientemente ativos. Com relação a QV, pode-se dizer que somente um pequeno grupo encontra-se com classificação razoável e todo o restante está classificado com QV boa ou com classificação superior, o que de certa forma os beneficia. Palavras-chave: Qualidade de Vida; Atividade Física; Hipertensão. INTRODUÇÃO Entende-se por qualidade de vida (QV), a percepção do indivíduo com relação a sua posição na vida, no contexto cultural e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações. É um amplo conceito de classificação, tanto pela saúde física, quanto pelo seu estado psicológico, relações sociais, nível de independência e suas relações com o seu meio ambiente (MATSUDO et al., 2001). Ter QV é ter um mínimo de condições para que os indivíduos possam desenvolver ao máximo suas potencialidades. Para garantir uma boa QV, deve-se ter hábitos saudáveis, cuidar bem da saúde, ter tempo para lazer e vários outros hábitos que façam o indivíduo se sentir bem e com controle sobre sua própria vida (MATSUDO et al., 2001). O termo QV relacionado à saúde é muito freqüente na literatura e tem sido usado com objetivos semelhantes à conceituação mais geral. No entanto, parece implicar os aspectos mais diretamente associados às enfermidades ou intervenções em saúde abrangendo cinco conceitos gerais: saúde física, mental, funções sociais, desempenho de papeis e percepção geral da saúde. Deve-se considerar não só a possibilidade de desempenho das suas atividades diárias, mas também, a avaliação pessoal sobre a noção de seu bem estar (SEIDI; ZANNON, 2004; FAVORATO; ROMANO, 1994; MINAYO et al, 2000). As doenças cardiovasculares constituem uma importante causa de morte nos países desenvolvidos e também naqueles em desenvolvimento, onde o seu crescimento significativo alerta para o profundo impacto nas classes menos favorecidas e para a necessidade de intervenções eficazes, de baixo custo e caráter preventivo (LAURENTI, BUCHALLA, CARATINl, 2000). A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é considerada um dos principais fatores de risco para a doença cardiovascular (RONDON, BRUM, 2003). O tratamento dos hipertensos deve enfatizar o controle da Pressão arterial sistêmica (PAS) e adoção de hábitos de vida saudáveis. Dentre os principais fatores de risco associados ao desenvolvimento da HAS, podemos citar: ingestão excessiva de sal, etilismo, inatividade física, estresse, tabagismo, obesidade, entre outros. Considerando a QV, como um parâmetro fundamental na compreensão do impacto causado pela HAS, o paciente hipertenso poderá relatar os principais fatores ligados à hipertensão que podem influenciar a sensação do seu próprio bem-estar. A melhoria da QV doS hipertensos passa a ser uma das preocupações das práticas assistências e das políticas públicas para o setor de promoção da saúde e prevenção de doenças (SEIDE; ZANNON, 2004). A prática de atividade física é considerada como benéfica para a boa QV dos hipertensos. No entanto, o número de praticantes regulares de atividade física é bem inferior àquele desejado pelos profissionais de saúde pública, fato esse que contribui para o aumento acelerado do número de doenças hipocinéticas (doenças decorrentes da falta de movimento, do sedentarismo e do estresse) e, dentre elas podemos citar a obesidade, hipertensão, problemas cardíacos e a diabetes (HAROLD, 2001). Cientistas do esporte e autoridades em saúde sugerem que todos deveriam se envolver em atividades físicas no seu dia-a-dia, em casa, no trabalho ou na comunidade. Assim, têm-se dado ênfase ao importante papel que a atividade física, modificações no estilo de vida e mudanças nos hábitos alimentares exercem no sentido de minimizar, ou até mesmo eliminar o risco de desenvolvimento prematuro de diversas doenças, sendo também recomendada como forma de prevenção e/ou tratamento da HAS (HOWLEY et al., 2000). Ainda permanece desconhecida a etiologia da hipertensão, no entanto, se tem conhecimento que são vários os fatores responsáveis. A HAS é o resultado final de uma série de fatores genéticos e ambientais que podem ser quantitativamente e qualitativamente diferentes em indivíduos distintos. A pressão arterial considerada dentro dos padrões normais, corresponde a pressão arterial sistólica <120 e a pressão arterial diastólica <80 mmHg (SÀ et al., 2003). - 89 - ENAF Science, v.3, n.2 A HAS representa um dos principais fatores de risco para as doenças cardiovasculares. É uma doença multifatorial, caracterizada por níveis tencionais elevados associados a alterações metabólicas e hormonais e a fenômenos tróficos (AMADO; ARRUDA, 2004; SALGADO; CARVALHES, 2003). Existem fatores considerados de risco que associados entre si favorecem o aparecimento da HAS, dentre eles podemos citar: idade; sexo; antecedentes familiares; raça; obesidade; estresse; vida sedentária; etilismo, tabaco; uso de anticoncepcionais; alimentação rica em sódio e gorduras (PESSUTO; CARVALHO,1998). Os benefícios da redução da PAS através de modificações no estilo de vida e/ou através de medicamentos, demonstram-se eficazes na redução do risco cardiovascular. Níveis pressóricos cada vez menores têm sido valorizados pelo seu potencial preventivo. A meta do tratamento da HAS é atingir uma pressão arterial (PA) <140/90 mmHg, metas menores são recomendadas para diabéticos em presença de doença renal. Entretanto, as taxas de controle da PA são baixas, retratando o desconhecimento da HAS, e a não-adesão ao tratamento. Este cenário compromete a esperada redução de risco cardiovascular com o tratamento da HAS e sugere que esforços conjuntos entre os profissionais de saúde e a sociedade devam ser mais efetivos para melhorar as taxas de controle da HAS (RONDON ; BRUM, 2003). A prática regular de atividade física é uma estratégia adotada para a redução da PA. Estudos têm comprovado efeito benéfico do treinamento físico aeróbio de baixa a moderada intensidade sobre os níveis de PA de repouso. Os benefícios do treinamento sobre a PA podem ocorrer devido à adaptação ao treinamento ou como uma resposta aguda ao mesmo, denominado como hipotensão pós-exercício (HOWLEY et al., 2000). Se, por um lado, não existem dúvidas sobre o efeito hipotensor do exercício, por outro, os mecanismos que norteiam essa queda pressórica ainda são controversos. De acordo com alguns investigadores, a redução da pressão arterial é conseqüência de uma diminuição na resistência vascular periférica, enquanto que para outros ela se deva a uma diminuição no débito cardíaco, associada a uma menor freqüência cardíaca como conseqüência de uma menos ativação simpática e uma maior ativação vagal que se instala após um período de treinamento físico (NEGRÃO; FORJAZ, 2000). As medidas educacionais devem ser contínuas já que várias são as causas da não adesão ao tratamento, sendo uma delas a falta de motivação que pode estar associada a fatores ambientais (PESSUTO; CARVALHO,1998). Para que os hipertensos sintam-se motivados a participarem ativamente do tratamento, acredita-se que o caminho seja a educação e a estimulação para a mudança de atitudes diante da patologia. Deve haver também, um maior envolvimento dos profissionais que participam dos programas de atendimento, oferecendo suporte social adequado através de uma relação social mais próxima, na qual tenha afetividade, comunicação e visão do hipertenso como único, levando-se em consideração seus problemas e sua história de vida (PESSUTO; CARVALHO,1998). O objetivo do presente estudo foi avaliar o nível de atividade física e a qualidade de vida dos hipertensos através da aplicação dos questionários: Questionário Internacional de Atividade Física - IPAQ versão curta e Mini Questionário de qualidade de vida em hipertensão arterial – MINICHAL. MATERIAIS E MÉTODOS Participaram do estudo 20 voluntários de ambos os sexos, hipertensos, idade entre 50 e 60, cadastrados na Unidade Básica de Saúde da Cidade de Cachoeira de Minas. Em dia e hora marcados previamente, os voluntários foram orientados a comparecer as dependências da Unidade Básica de Saúde e responderam aos questionários IPAQ e MINICHAL. Depois de respondidos, os dados foram analisados através de análise estatística descritiva sendo os resultados apresentados em média e em porcentagem. Esse estudo seguiu as normas para realização de pesquisa envolvendo seres humanos sendo seu projeto enviado ao Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade do Vale do Sapucaí – UNIVÁS e aprovado sob protocolo número 116/08. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados encontrados sugerem que a prática da atividade física está incluída no dia-a-dia dos hipertensos e ainda que eles se encontram com uma ótima qualidade de vida. Divididos pelas classificações propostas pelo questionário (IPAQ), pose-se dizer que todos os hipertensos envolvidos no estudo praticam algum tipo de atividade física e, desta forma não são enquadrados como sedentários. A QV dos hipertensos está em ótimas condições, já que 84% estão classificados com a qualidade de vida em excelente ou ótima. GRÁFICO 1. O gráfico abaixo apresenta a classificação dos hipertensos quanto ao nível de Atividades Físicas segundo a classificação do IPAQ - versão curta. Valores apresentados em porcentagem. - 90 - ENAF Science, v.3, n.2 5% 0% 20% 35% 40% Sedentário Ativo Insuficiente ativo A Insuficiente ativo B Muito Ativo Segundo Oliveira et al, (2002), o estilo de vida sedentário é um fator que contribui para o desenvolvimento da hipertensão. Treinamentos de baixa intensidade exercem efeito hipotensor maior se comparado com o treinamento de alta intensidade (OLIVEIRA et al, 2002). No estudo de Negrão; Forjaz (2000), foi apresentado que exercícios físicos realizados durante 45 minutos provocam queda na PA de repouso. Segundo a IV Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial (2003), o trabalho envolvendo equipes multiprofissionais ajuda pacientes hipertensos a vencer o desafio de adotar atitudes que tornem as ações anti-hipertensivas efetivas e permanentes. Neste contexto o profissional de Educação Física tem como função programar e supervisionar os exercícios físicos realizados pelos hipertensos e ainda programar e executar projetos de exercícios físicos para prevenção da hipertensão arterial na sociedade. GRÁFICO 2. o gráfico abaixo apresenta a classificação da qualidade de vida dos hipertensos segundo a classificação do MINICHAL. Valores apresentados em porcentagem. 6% 10% 57% 27% Excelente Muito Boa Boa Razoável O presente estudo encontrou que os hipertensos envolvidos no presente estudo estão com um nível de atividade física e QV boas. Não foram encontrados hipertensos com classificação de sedentários e ainda com relação à QV, somente 6% foram classificados com QV razoável. Segundo Amado; Arruda (2004), os programas de intervenção no controle da hipertensão priorizam mudanças no estilo de vida com adoção de hábitos de vida saudáveis, como a prática de atividade física. Segundo Pessuto; Carvalho (1998), os portadores de HAS precisam adotar hábitos saudáveis e, para que isso aconteça é necessário que os mesmos estejam motivados para tais mudanças. Sá et al (2003), comentam que a combinação de estilo vida sedentário; abuso do uso de álcool; fumo; alimentação inadequada e estresse aumentam os fatores de risco já existentes da hipertensão para doença cardiovascular. CONCLUSÃO Conclui-se com o presente estudo que os hipertensos participantes do presente estudo realizam um nível mínimo de atividade física. Essa pratica de atividades físicas os classifica como pelo menos insuficientemente ativos. Com relação a QV, pode-se dizer que somente um pequeno grupo encontra-se com classificação razoável e todo o restante está classificado com QV boa ou com classificação superior, o que de certa forma os beneficia. - 91 - ENAF Science, v.3, n.2 REFERÊNCIAS AMADO, T. C. F.; ARRUDA, I. K. G. Hipertensão arterial no idoso e fatores de risco associados. Revista Brasileira Nutr. Clin. v.19, n.2, p.94-99, 2004. Diretrizes do Colégio Americano de Medicina Esportiva. Testes de esforços e sua prescrição, Guanabara Koogan, 2003. FAVORATO, M. E. C. S.; ROMANO, B. W. Cirurgia Cardíaca na Infância. Repercussôes na Qualidade de Vida do Adolescente. Sociedade Brasileira de Cardiologia. São Paulo, v.62, n.3, p.171-174, 1994. HAROLD, W. K. Physical Activity And Cardiovascular Disease: Evidence For A Dose Response. Medicine Science Sports Exercise., v. 33, n.7, 2001. HOWLEY, E. T. et al. Manual do Instrutor de Condicionamento Físico para Saúde. 3 ed. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000. 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Qualidade de Vida e Saúde: aspectos conceituais e metodológicos. Cad. Saúde Pública, v.20, n.2, p. 580-588, 2004. - 92 - ENAF Science, v.3, n.2 COMPORTAMENTO DA FREQÜÊNCIA CARDÍACA (FC) PARA VERIFICAÇÃO DA INTENSIDADE DE CARGA EM SITUAÇÃO DE JOGO NUMA PARTIDA DE VOLEIBOL PABLO DOS SANTOS ALVES¹ JANDER CLAYTON FERREIRA DE SOUZA¹ LUIZ AUGUSTO PEREIRA VASQUES¹ ELAINE SANTOS PEREIRA¹ JANINE ENÉAS DO PRADO¹ FERNANDES MARIANO DE ANDRADE JÚNIOR¹ DANIELLE NATHALIE DE SOUZA ARAÚJO¹ EVERTON RODRIGUES DE PAULA² MAURÍCIO BORGES DE OLIVEIRA³ ¹Alunos do curso de Educação Física da UNIVÁS ²Especialista em Treinamento Desportivo e Fisiologia do Exercício pela UNIFOA ³Docente da UNIVÁS RESUMO O objetivo foi analisar a intensidade do jogo de voleibol, relacionado aos sistemas de energia através da FC em jogadoras da categoria infantil (14±0,69 anos) da seleção de Pouso Alegre/MG. A FC foi coletada através da artéria carótida em seis das sete jogadoras, uma usava freqüêncímetro Polar modelo M51. Sete voluntários foram treinados para padronizar as coletas num jogo treino antes do oficial. As coletas ocorreram nas paradas conforme o formulário aplicado, inclusive para a jogadora reserva. As tomadas foram em dez segundos para todas as avaliadas no mesmo instante. Não houve diferença estatisticamente significativa na intensidade (141±32 bpm) entre os indivíduos (incluindo substitutas) considerando p<0,05, mas entre os indivíduos sem as substitutas houve diferença estatisticamente significativa (150±28 bpm). Neste estudo o sistema aeróbio foi mais solicitado que os outros sistemas de fornecimento de energia, não significando que esses não são solicitados, mas o aeróbio se sobrepôs ao anaeróbio. Palavras-chave: Voleibol, intensidade, freqüência cardíaca. INTRODUÇÃO A máxima quantidade de oxigênio que um individuo consegue inalar, transportar até aos músculos ou tecidos pelo sistema cardiovascular e utilizar dentro de uma unidade de tempo, é denominada como consumo máximo de oxigênio (VO2max) mencionado por Duarte e Duarte (1982) e Greco e Denadai (1999). Esse índice fisiológico já é utilizado há muitos anos como um bom índice para avaliar a potência aeróbia de pessoas esportistas e não esportistas (TAYLOR et al, 1955; MITCHEL et al, 1958; DENADAI, 1995 apud Greco; Denadai, 1999). Na literatura ainda existe uma certa confusão com relação ao que vem a ser capacidade e potência aeróbia, ou seja, capacidade aeróbia definida por Denadai (2000) está relacionada à indicação teórica da quantidade total de energia que pode ser fornecida pelo sistema aeróbio, a qual está relacionada à concentração de lactato sangüíneo (mmol/litros) e potência aeróbia também definida por Denadai (2000) que seria a quantidade máxima de energia que pode ser produzida pelo metabolismo aeróbio por uma determinada unidade de tempo estando assim relacionada ao VO2max que pode ser expresso em valores absolutos (litros/minuto) ou em valores relativos à massa corporal (ml/kg/min). De acordo com Stanganelli et al (1998), os pesquisadores têm utilizado a análise dos movimentos específicos através de filmagem adequada, análise da concentração de lactato e da freqüência cardíaca durante as partidas para avaliar as demandas fisiológicas. A relação entre freqüência cardíaca e a intensidade está baseada em princípios fisiológicos pelos mecanismos de regulação, do sistema neurovegetativo e hormonal devido a esforços da inibição parassimpática e elevação do tônus simpático. Também os valores da freqüência cardíaca têm relação com o gasto energético. O Voleibol é um dos esportes coletivos mais complexos, quando um melhor desempenho da equipe, a habilidade de seus fundamentos e as características físicas de cada atleta são de fundamental importância para o objetivo desse jogo (MASSA et al, 2003). Tal objetivo baseia-se em atirar a bola de um lado para o outro da quadra fazendo tocá-la ao solo, caracterizando assim a modalidade na maneira de jogar e na forma de treinamento realizado pela equipe, sendo assim, o jogo implica na distribuição dos jogadores pela quadra alternando posições fazendo com que todos eles sejam excelentes defensores (FERREIRA et al, 2007). Segundo Bompa (2005), qualquer maneira de se jogar depende de uma ótima resposta da capacidade física do atleta, pois os jogos de alta intensidade ou de alternância constantes entre surpresa e alta intensidade e de penetração em profundidades são impossíveis de acontecer sem principalmente, jogadores que tenham alto nível de resistência à fadiga, devido a esses esportes terem mais de 60% dos estoques de energia gasto na primeira metade do jogo. Tal energia que os jogadores necessitam é derivada da quebra do adenosina trifosfato (ATP) que convertida à energia mecânica gera os movimentos obtidos. O ATP pode ser produzido de forma anaeróbia (ausência do oxigênio) subdividindo em alático que fornece energia para esforços de até dez segundos ou sistema lático fornecendo energia em esforços de até três minutos e o aeróbio, como sendo o principal fornecedor de energia para atividades acima de três minutos (presença de oxigênio). Contudo, em alguns esportes coletivos a intensidade do jogo é bastante alta, como é o caso do voleibol, mas isso não significa que a resistência aeróbia é menos importante, - 93 - ENAF Science, v.3, n.2 uma vez que o sistema anaeróbio é utilizado em ações de bloqueios, ataques, corrida para defender uma bola perdida e o aeróbio é de fundamental importância nas fases seguintes para que o atleta consiga terminar a partida uma vez que a energia produzida para o voleibol é advinda de 40% do sistema anaeróbio alático, 10% do sistema anaeróbio lático e 50% do sistema aeróbio. O importante é compreender que os três sistemas energéticos funcionam integradamente e não sozinhos em vários tipos de atividade física, a ação desses sistemas ocorre sempre simultaneamente (OLIVEIRA, 2007) sabendo que um deles vai sobressair sobre os outros, dependendo de fatores como “a intensidade e a duração do esforço, a quantidade de reservas disponíveis em cada sistema, as proporções entre os vários tipos de fibras e a presença de enzimas específicas” (SANTOS, 2006). O voleibol é considerado como um esporte que não possui movimentos repetidos seqüencialmente, que não é o caso da corrida, natação e o ciclismo, e mais, é um esporte de longa duração com execução dos movimentos de períodos muito curtos e intensos com parada para recuperação, com isso deve levar em consideração a condição aeróbia dos jogadores sendo importante para a recuperação das fases anaeróbias exigidas no jogo, entre os treinos e depois da partida, para isso, avaliar o VO2max dos atletas seria interessante (OLIVEIRA, 2007). Contudo o objetivo deste estudo foi analisar a intensidade do jogo de voleibol com relação aos sistemas de fornecimento de energia, através da freqüência cardíaca em jogadoras da categoria infantil da seleção feminina de Pouso Alegre – MG com idade de 13 à 15 anos. MATERIAIS E MÉTODOS Para realização deste estudo foram selecionadas sete atletas do sexo feminino da seleção infantil de vôlei de Pouso Alegre – MG com idade média de 14±0,69 anos, que treinam na Praça de Esportes Municipal Prefeito Alvarim Vieira Rios. De acordo com a FMV – Federação Mineira de Voleibol (2007) a categoria infantil é formada por atletas com idade de 15 anos para o sexo feminino. Neste estudo foram incluídas sete atletas do sexo feminino com idade entre 13 e 15 anos, que jogam na seleção de vôlei, categoria infantil, de Pouso Alegre - MG. A opção da idade está de acordo com a pré-convocação do técnico para a disputa de campeonatos subseqüentes pela categoria infantil. Os dados Foram coletados em um jogo no mesmo local de treino. As tomadas de freqüência cardíaca pela palpação da artéria carótida foram realizadas em cinco das seis jogadoras titulares sendo que uma delas utilizou um freqüêncímetro da marca polar modelo M51 de fabricação finlandesa e uma reserva do time avaliado. As tomadas de freqüência cardíaca foram para avaliar seus comportamentos e indiretamente verificar o percentual de utilização do VO2max durante uma partida, através da intensidade do jogo, uma vez que a freqüência cardíaca máxima tem relação com o VO2max (McARDLE et al, 2003; DENADAI, 2000). Nesse sentido foram necessários sete voluntários com o autor na função de cronometrar os tempos das tomadas. Com tudo, antes dos jogos oficial, foi realizado um treinamento com os voluntários para padronizar as coletas. As coletas foram feitas utilizando-se de um formulário próprio, sendo da seguinte forma: antes do aquecimento; após o aquecimento (sem bola e com bola); antes do início do primeiro set; durante os tempos técnicos (8° e 16° pontos) de cada sets; nos tempos de descanso (tempos pedidos pelos técnicos) em cada set; no final dos sets; nos intervalos entre os sets após três minutos; nas substituições (apenas a jogadora que será substituída); no final do ultimo set; após a ultima tomada (final do ultimo set) respeitando os tempos de três, seis, nove e doze minutos. A jogadora reserva também foi avaliada nestes critérios. A duração de cada mensuração foi de dez segundos para todas as avaliadas sempre ao mesmo instante. RESULTADOS E DISCUSSÃO As atletas selecionadas treinam quatro vezes por semana sendo que a média de experiência entre elas é de três anos treinando juntas. O estudo aconteceu na véspera do campeonato interestadual (jojuninho) nessa temporada as atletas passavam por treinos de potência com cargas mais elevadas e mais especificas, treinos para aumentar a resistência aeróbia e jogos contra futuros adversários no campeonato. No entanto o jogo que foi realizado para mensurar a FC teve duração de 1:59:47h com mais três, seis, nove e doze minutos de tomadas para monitorar os tempos de recuperação, sendo assim, os indivíduos 2, 3, 4, 5 e 6 apresentaram na maioria das tomadas uma FC baixa, em média de 136±25 bpm, 146±21 bpm, 104±25 bpm, 143±29 bpm e 146±27 bpm, ou seja, abaixo do limiar aeróbio que é a transição do sistema aeróbio para o anaeróbio, de acordo com Zakharov e Gomes (1992) e Platonov (1993) a zona de limiar aeróbio está entre 140 e 160 bpm, ao termino do primeiro set, o individuo 4 foi substituído e advertido severamente pelo técnico permanecendo sentado o restante do jogo e o individuo 2, o substituto, antes estava em aquecimento com bola. Com tudo os percentuais dos fornecimentos de energia que apresentaram estar na maioria das tomadas na zona aeróbia foi de 87,5% na zona aeróbia e o 12,5% na zona anaeróbia para o individuo – 02; 75% na zona aeróbio e 25% na zona anaeróbia para o individuo – 03; o individuo 4 teve 100% das tomadas na zona aeróbia; o indivíduo 5 teve 70,83% das tomadas na zona aeróbia e 29,17% na zona anaeróbia e o 6 com 66,67% na zona aeróbia e 33,33% na zona anaeróbia. O individuo 1 que na maioria das tomadas revela estar acima do limiar aeróbio em média sua FC foi de 158±34 bpm, portanto o sistema de fornecimento de energia mais solicitado foi o anaeróbio, essa alta na FC se deve pelo fato do esquema tático da equipe ser o 4x2 portanto o individuo 1 divide a posição de levantadora com uma segunda levantadora, pelo fato dessa posição exigir esforços maiores que as outras jogadoras, e as tomadas de FC do individuo 7, apresentou 50% dos sistemas de fornecimento de energia para - 94 - ENAF Science, v.3, n.2 ambos os sistemas com uma média da FC de 159±27 bpm, esses dados se devem também pelo mesmo fato ocorrido com o individuo 1, por ser o esquema tático jogado 4x2 o individuo 7 é a segunda levantadora mas com uma capacidade aeróbia maior que as outras. A figura 1 apresenta a prevalência absoluta do sistema aeróbio com uma média da FC de 141±32 bpm, esse resultado se deve as substituições dos indivíduos 4 e 2, nesse sentido a figura 2 revela os resultados dos indivíduos mas sem os substituídos, a decisão foi pelo fato de que os dois indivíduos estavam com as tomadas de FC muito baixas, nela o gráfico aponta a prevalência do sistema aeróbio com uma média de FC de 150±28 bpm não tão absoluta como a oitava figura, chegando a anotar uma diferença de 8,34% DINÂMICA DA FREQÜÊNCIA CARDIACA DINÂMICA DA FREQÜÊNCIA CARDIACA média geral - JOGO 01 - 31/05/08 128 118 121 116 09 10 11 12 13 TeqA 14 15 16 17 18 19 FINAL APÓS 8o. TeqA 16o. TeqA 2o. 3 MIN. PONTO PONTO 2:11:47 08 2:08:47 07 2:05:47 06 2:02:47 05 1:59:47 04 1:53:47 03 1:49:15 02 1:42:29 01 ANTES APÓS ANTES 8o. 16o. TeqB FINAL APÓS 8o. TeqB 16o. TeqB AQUECAQUEC. 1o. PONTO PONTO 1o. 3 MIN. PONTO PONTO 1:37:39 24 1:30:18 23 145 136 139 1:27:18 22 1:17:52 21 1:16:06 20 FINAL APÓS APÓS APÓS APÓS 3o. 3 MIN. 6 MIN 9 MIN 12 MIN 172 168 132 1:11:37 19 ZONA MIXTA (bpm) 183 147 139 1:07:14 18 174 89 1:04:30 17 2:11:47 16 2:08:47 15 2:05:47 14 FINAL APÓS 8o. TeqA 16o. TeqA 2o. 3 MIN. PONTO PONTO 2:02:47 13 TeqA 1:59:47 12 1:53:47 11 2o. SET 1:49:15 10 1:42:29 09 1:37:39 08 1:30:18 1:07:14 07 1:27:18 1:04:30 06 1o. SET 1:17:52 0:56:34 05 1:16:06 0:53:34 04 1:11:37 0:51:25 03 0:46:00 0:31:57 02 0:38:42 0:29:13 01 ANTES APÓS ANTES 8o. 16o. TeqB FINAL APÓS 8o. TeqB 16o. TeqB AQUECAQUEC. 1o. PONTO PONTO 1o. 3 MIN. PONTO PONTO 162 164 160 0:56:34 110 115 109 ZONA DE LIMIAR AERÓBIO (bpm) 178 161 161 0:53:34 121 ZONA AERÓBIA (bpm) 183 156 0:51:25 132 133 138 85 FC MÁXIMA (bpm) 169 0:46:00 158 157 130 FC DE JOGO (bpm) 210 200 190 180 170 160 150 140 130 120 110 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 0:38:42 139 134 159 152 154 150 ZONA MIXTA (bpm) 0:31:57 164 168 0:29:13 156 151 155 151 ZONA DE LIMIAR AERÓBIO (bpm) Freqüência Cardíaca (bpm) ZONA AERÓBIA (bpm) 0:00:00 FC MÁXIMA (bpm) 174 0:00:00 Freqüência Cardíaca (bpm) FC DE JOGO (bpm) 210 200 190 180 170 160 150 140 130 120 110 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 20 21 22 23 24 FINAL APÓS APÓS APÓS APÓS 3o. 3 MIN. 6 MIN 9 MIN 12 MIN 3o. SET média geral - JOGO 01 - 31/05/08 1o. SET 2o. SET 3o. SET média geral sem reservas - JOGO 01 - 31/05/08 média geral sem reservas - JOGO 01 - 31/05/08 média geral - JOGO 01 - 31/05/08 Coletas média geral sem reservas - JOGO 01 - 31/05/08 Coletas Figura 1 – Resultados da média da FC de jogo geral. Figura 2 – Resultados da média da FC de jogo geral sem os indivíduos substituídos. Os valores encontrados são muito próximos aos apresentados por Stanganelli et al (1998), que mostraram a análise da média da FC, independente da posição de jogo que eram de 155,59±0,92 bpm para o levantador, de 144,87±0,71 bpm para o meio de rede e de 135,25±1,43 bpm para o ponteiro e outra que mostrou a FC de acordo com a função e posição dos jogadores não havendo diferença significativa entre as ações na rede ou na defesa, mas que o jogador de meio teve sua média da FC maior que os outros, sendo assim revelando que o voleibol possui uma significativa diferença na intensidade através da freqüência cardíaca por posições de jogo e que o metabolismo aeróbio e anaeróbio alático predominam durante uma partida, devido à relação esforço e pausa. Em outro estudo Viitasalo e Rusko (1987) mostraram que a média da FC de uma equipe adulto masculino de voleibol chegou a 127±15 bpm sem considerar a função de jogo em quadra. Harbour (1991) apresentou um estudo que analisou a FC de atletas femininas universitárias de voleibol nas posições de levantador, meio de rede e ponta, durante uma partida a FC média foi de 157,78±18,01; 146,17±17,09 e 148,66±18,09 bpm respectivamente. Em um estudo mais recente, Oliveira et al (2008) mostra a analise da freqüência cardíaca (FC), concentração de lactato (CL), distancia percorrida (DP) e percepção subjetiva do esforço (PSE) em duas jogadoras da seleção de vôlei de Cambuquira – MG, verificouse que a FC e a CL são baixas, considerando que a maioria das tomadas permaneceu abaixo da zona de limiar aeróbio, constatando assim a grande participação do sistema aeróbio durante toda a partida. Bompa (2005) ressalva que no voleibol o sistema de energia mais utilizado é o aeróbio com 50% devido ao longo período das partidas seguido pelo sistema anaeróbio alático com 40% e do anaeróbio lático 10%. Ainda em discussão os resultados encontrados por todos esses autores podem ser observados que todos estão dentro da zona aeróbia, ou seja, abaixo dos 160 bpm não chegando a atingir por muito tempo a FC máxima estipulada pela equação de Tanaka et al (2001). CONCLUSÃO Com base nos resultados encontrados concluiu-se que o voleibol por ser um esporte de longa duração com alguns períodos de alta intensidade e paradas para recuperação, exige mais da potência aeróbia dos praticantes do que outros sistemas de fornecimento de energia, não significando que esses não são exigidos, mas com um esforço menor em relação ao aeróbio. REFERÊNCIAS BOMPA, T. O. Treinando atletas de desporto coletivo. São Paulo: Phorte, 2005. DENADAI, B. S. 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ZAKHAROV, A.; GOMES, A. C. Ciência do treinamento desportivo. Rio de Janeiro, Editorial Palestra Sport, 1992. [email protected] - 96 - ENAF Science, v.3, n.2 INCLUSÃO ESCOLAR E FORMAÇÃO CONTINUADA: UM ESTUDO COM PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA DA CIDADE DE ARARAQUARA Neusa Aparecida Mendes Bonato¹ Luci Pastor Manzoli² ¹Professora de Educação Física e aluna do Programa de Pós-Graduação em Educação Escolar – UNESP – Campus de Araraquara ²Departamento de Didática e Docente do Programa de Pós-Graduação em Educação Escolar – UNESP – Campus de Araraquara) RESUMO Este estudo teve por objetivo realizar um levantamento das escolas estaduais da cidade de Araraquara, verificando o número de professores de Educação Física por escola, níveis de escolaridade que atuam e a ocorrência de cursos de formação continuada na área de Educação Física com a temática inclusão escolar e quantos deles participaram. Utilizou-se a abordagem qualitativa, sendo participantes da pesquisa, 27 escolas, seus diretores e 57 professores de Educação Física. Os dados foram coletados através de questionários com perguntas abertas e fechadas. Os dados mostraram que dos 57 professores de Educação Física participantes da pesquisa, 19 deles participaram de curso de formação continuada relacionado à temática Inclusão Escolar, 1 participou de curso não relacionado e 37 não participaram. As respostas dos professores sobre as necessidades que possuem para promover a inclusão de alunos com deficiência em suas aulas, 38 responderam que a formação continuada é necessária para atendê-los com qualidade. Palavras-chave: Educação Física. Inclusão Escolar. Formação Continuada. INTRODUÇÃO As inquietações e questionamentos apresentados sobre a atuação profissional do professor de Educação Física junto aos alunos com deficiência incluídos no ensino regular e a respectiva formação continuada para um atendimento de qualidade nas aulas de Educação Física, culminaram no desenvolvimento desse estudo que fundamentou-se na avaliação desses professores a respeito dos cursos de formação continuada oferecidos aos professores de Educação Física pela Diretoria de Ensino da Região de Araraquara para lidar com a inclusão de alunos que apresentam deficiências. Estudos bibliográficos mostram que, através dos tempos as pessoas com deficiência sempre foram alvo de preconceitos, abandonos, discriminação e segregação social. A idéia de incapacidade e dependência era regida nas relações sociais de época para época. As políticas relacionadas aos direitos das pessoas com deficiência tornaram-se mais intensas a partir da última década do século XX e tomaram formas mais decisivas no século XXI, transformando realidades educacionais, reconhecendo as diferenças e com fortes recomendações de uma escola inclusivista sem deixar nenhum aluno, independente de seus atributos físicos, psíquicos, intelectuais, dentre outros, fora do sistema regular de ensino. A Constituição de 1988, a Conferência Mundial de Educação Para Todos (1990) e a LDB 9394/96, trouxeram grandes transformações para o cenário educacional brasileiro, ao garantir escola para todos. A partir daí, é importante ressaltar que: As intenções da proposta de inclusão, da educação de qualidade para todos, estão claramente explicitadas em vários documentos oficiais, inclusive em dispositivos legais no país. Muitas experiências em busca de atendimento a essas demandas estão em curso. É hora, portanto, de procedermos a uma rigorosa avaliação para que se dimensione com precisão a travessia que precisa ser feita entre a intenção e a realidade da inclusão escolar. (OMOTE, 2004, p.8). Nesse sentido, espera-se que os professores de Educação Física realizem o seu trabalho voltado para a inclusão de todos os alunos, levando em consideração as suas especificidades e incorporando conhecimentos da Educação Física, valorizando a cultura corporal do movimento no contexto das diversidades. Portanto, este estudo teve por objetivo realizar um levantamento das escolas estaduais pertencentes à Diretoria de Ensino da Região de Araraquara, verificando o número de professores de Educação Física por escola, níveis de escolaridade que atuam e a ocorrência de cursos de formação continuada na área de Educação Física com a temática inclusão escolar e quantos deles participaram; caracterizar essa Diretoria situando-a desde o início de sua implantação, bem como os tipos de recursos que dispõe para implementar as ações das políticas públicas de inclusão e formação continuada, quais cursos foram oferecidos na área de Educação Física voltados para a inclusão de alunos com deficiência, o que pensam esses professores a respeito desses, e qual foi o tipo de repercussão em sua prática escolar. MATERIAIS E MÉTODOS A construção teórica para embasamento desse estudo deu-se através de livros, dissertações, teses, artigos, periódicos, publicações do MEC/SEESP, documentos (leis, decretos e resoluções no âmbito federal e estadual) relacionados à área da Educação, Inclusão Escolar, Educação Física e Educação Física Adaptada, bem como a busca via internet. Utilizou-se a abordagem qualitativa – estudo de caso, tendo como participantes da pesquisa, 27 escolas estaduais da cidade de Araraquara-SP, seus respectivos diretores e/ou coordenadores pedagógicos, 57 professores de educação física e um ex-dirigente de ensino dessa Diretoria. A coleta de dados foi realizada através de questionários com perguntas abertas e fechadas para os diretores e/ou coordenadores pedagógicos e professores de educação física e entrevista semi-estruturada para o ex-dirigente de ensino. - 97 - ENAF Science, v.3, n.2 A pesquisa foi desenvolvida em várias fases, iniciando pela Carta à Dirigente de Ensino da Região de Araraquara solicitando autorização para a pesquisa, e a partir daí o mapeamento das escolas estaduais pertencentes a essa Diretoria para delimitação do estudo. Tendo em vista que a cidade de Araraquara possui um maior número de escolas e de professores de Educação Física, a pesquisadora optou por desenvolver a pesquisa somente nas escolas dessa cidade, acreditando dispor de um número representativo para desenvolver a pesquisa. RESULTADO Os dados desses questionários foram analisados e verificou-se que a cidade de Araraquara possuía no ano de 2007(data-base: Junho), um total de 22.762 alunos matriculados distribuídos entre os ciclos I e II do Ensino Fundamental, Ensino Médio e Educação de Jovens e Adultos, sendo 2 escolas possuem o projeto de Escola de Tempo Integral – Ciclo I (1ª a 4ª série) e Ciclo II (5ª a 8ª série). Possui também 150 alunos com deficiência matriculados, sendo 19 com deficiência física, 43 com deficiência mental, 28 com deficiência auditiva, 18 com deficiência visual, 06 com deficiência múltipla e 36 especificados na categoria outros, conforme apresentados no quadro a seguir: ível de Ensino Nº de Nº Prof. Nº de Escolas Ed. Física Alunos Nº Alunos c/ deficiência DF DM DA DV Dmu O Ciclo I 9 22 5362 10 36 7 2 2 34 Ciclo I (ETI) 2 10 587 1 5 5 2 - - Ciclo I e II 1 2 788 - - - 1 - - Ciclo II e E. Médio 3 6 2289 - 1 6 3 - - Ciclo II (ETI) E.M. 1 4 534 - - - - - - Ciclo II, E.M. EJA 11 35 13202 8 1 10 10 4 2 TOTAL 27 59 22762 19 43 28 18 6 36 Quadro 1. Caracterização da Unidade Escolar Na fase seguinte, a pesquisadora estabeleceu contato com os Professores de Educação Física, com o intuito de explicar os objetivos da pesquisa e solicitar a sua participação através do questionário denominado “Questionário para Professores de Educação Física”. O período da coleta de dados teve aproximadamente a duração de 4 meses (04/06/2007 a 28/09/2007). Os aspectos mais gerais como ano de formação, sexo e tipo de Instituição de ensino em que cursaram a graduação e a disciplina Educação Física Adaptada - EFA ou alguma disciplina que se referia ao atendimento as pessoas com deficiência, foram colocadas juntas, cujo ano de formação ter sido variado, foi denominado por década para facilitar a apresentação dos dados. - 98 - ENAF Science, v.3, n.2 TABELA 1 - Ano da Formação, Sexo, Instituição de Ensino e Disciplina E.F.A na graduação Período Formação de Número de Professores Sexo Instituição de Ensino Disciplina EFA na graduação Masc. Fem. Fed. Est. Part. Sim Não 1970 09 7 2 5 - 4 - 9 1980 25 14 11 5 1 19 4 21 1990 14 8 6 6 1 7 6 8 2000-2005 09 4 5 4 3 2 9 - TOTAL 57 33 24 20 5 32 19 38 Os dados mostram que na década de 1970, foram formados 9 professores, 7 do sexo masculino e 2 do feminino, sendo 5 em universidade federal e 4 na rede particular e 9 professores informaram não ter a disciplina Educação Física Adaptada na graduação; na década de 1980, foram 25 professores, 14 do sexo masculino e 11 do feminino, sendo 5 na universidade federal, 1 na universidade estadual e 19 na rede particular, onde 4 professores responderam sim e 21 não sobre o oferecimento da disciplina Educação Física Adaptada na graduação; nos anos 1990, formaram-se 14 professores, 8 do sexo masculino e 6 do feminino, sendo 6 na universidade federal, 1 na universidade estadual e 7 na rede particular, onde 6 professores responderam sim e 8 não sobre a disciplina Educação Física Adaptada na graduação e a partir do ano 2000 até o ano 2005, foram 9 professores, 4 do sexo masculino e 5 do feminino, sendo 4 na universidade federal, 3 na universidade estadual e 2 na rede particular, onde os 9 professores responderam que tiveram conhecimentos relacionados a Educação Física Adaptada no curso de graduação. No tocante a atuação profissional dos professores de Educação Física em relação a inclusão de alunos com deficiência em suas aulas, as questões a seguir, denominadas de perguntas abertas, foram assim elaboradas para permitir ao professor expressar-se livremente, fazendo uso de linguagem própria, apresentando assim o seu pensamento a respeito do assunto, e conforme Lakatos e Marconi (1990) assinalam, possibilita ao pesquisador uma investigação mais profunda e precisa. Em relação ao projeto pedagógico da escola contemplar a inclusão de alunos com deficiência nas aulas de Educação Física, 28 professores responderam que a escola contempla essa questão em seu projeto pedagógico; 20 responderam que não estão contempladas; 2 apontaram que o projeto pedagógico contempla parcialmente a questão e 7 professores não responderam objetivamente a pergunta. No tocante a formação do professor, a questão seguinte referia-se a outros cursos de formação relacionados à temática Educação Física Adaptada após a formação na graduação, tais como: cursos de curta duração, oficinas, extensão universitária, especialização, mestrado, doutorado, solicitando caso afirmativo, a especificação desses cursos, onde 16 professores afirmaram ter outros cursos relacionados à temática Educação Física Adaptada, dos quais foram citados Atividade Física Adaptada, Educação Física Escolar, Atividade Motora Adaptada, Educação Física Especial, Educação Especial e Ginástica para Asmáticos, e 41 professores responderam que não possuíam nenhuma outra formação. Em relação a questão que averiguava sobre a participação do professor de Educação Física em cursos de formação continuada relacionados à temática Educação Física Adaptada e Inclusão Escolar, 57 professores de Educação Física participantes da pesquisa, 19 deles participaram de curso de formação continuada relacionada á temática Educação Física Adaptada e Inclusão Escolar, 37 afirmaram não participar de nenhum curso e 1 professor mencionou que participou de um curso, mas que não estava relacionado aos temas apresentados no questionário. Complementamos a questão, pedindo um parecer dos professores no que diz respeito ao curso de formação continuada oferecido pela Oficina Pedagógica, onde 5 deles consideraram excelente; 6 professores apontaram em suas respostas que o curso foi bom; 1 professor elencou o curso como regular; 6 professores tiveram suas respostas 7 indefinidas e 1 professor não respondeu à questão. Finalizando os dados relativos ao questionário do professor, ao responder a questão “O que você considera necessário para promover a inclusão dos alunos com deficiência nas aulas de Educação Física?” pediu-se para que os 7 Entende-se aqui por resposta indefinida aquela que não responde direta e objetivamente o assunto em questão. - 99 - ENAF Science, v.3, n.2 professores descrevessem o que consideravam fundamental para um atendimento de qualidade para os alunos com deficiência. Analisando as respostas dos professores, elencamos as principais considerações, as quais organizamos novamente em categorias para facilitar a análise dos dados, as quais denominamos de Formação de professores para elencar as respostas dos professores em relação as demandas pedagógicas e a formação continuada em serviço, Adequação do espaço físico que visam eliminar as barreiras arquitetônicas existentes nas unidades escolares, Recursos materiais necessários ao bom desenvolvimento das atividades pedagógicas, Conscientização da Comunidade Escolar com vistas a eliminação de barreiras atitudinais de pais, alunos, professores e demais funcionários da escola, Respeito a diversidade exercendo de fato e de direito a cidadania numa escola que atenda a todos os alunos, Profissionalismo entendido aqui como a ação/postura ética do professor em relação a aprendizagem dos alunos, Atendimento segregado que de acordo com a visão de alguns professores seria adequado, Adaptação das atividades para que esses alunos tenham efetiva participação, Suporte pedagógico aqui entendido como as ações da equipe de gestores da escola (direção e coordenação), bem como de professores especializados que oferecem suporte aos professores na escola onde atuam, Afetividade embasada na relação professor/aluno, Número de alunos reduzidos para um melhor atendimento, Conhecimento prévio a respeito do trabalho a ser desenvolvido, Colaboração dos colegas de classe para auxiliar o desenvolvimento das atividades propostas, Equipe Multidisciplinar composta por médicos e psicólogos para auxiliar na inclusão do aluno, Planejamento da aula visando a elaboração de atividades que permitam a participação de todos os alunos, Envolvimento dos pais no acompanhamento da vida escolar dos filhos e Professor Auxiliar para as aulas de Educação Física. Os dados relativos as categorias acima indicam que, 38 professores apontam a Formação Continuada de Professores como essencial para promover a inclusão dos alunos com deficiência nas aulas de Educação Física; 33 citam a adequação do espaço físico; 26 referem-se aos recursos materiais; 20 elencam a conscientização da comunidade escolar; 12 apontam o respeito à diversidade; 6 referem-se ao profissionalismo; 5 acreditam que o atendimento segregado é a melhor opção para os alunos com deficiência; 5 mencionam a adaptação das atividades; 4 relataram a necessidade de suporte pedagógico; 4 citam a afetividade; 3 professores fazem menção a redução de alunos por turma; 3 relatam o conhecimento prévio; 3 citam a colaboração dos colegas; 3 mencionam a necessidade de uma equipe multidisciplinar; 2 ressaltam o planejamento das aulas; 1 professor cita o envolvimento dos pais; 1 cita a necessidade de professor auxiliar e 1 professor não respondeu à questão. CONCLUSÃO De acordo com as respostas do questionário, os dados mostraram que, dos 59 professores de educação física que atuam nas escolas, 57 deles foram participantes da presente pesquisa, e deste total, 19 participaram de curso de formação continuada relacionado à temática Educação Física Adaptada e Inclusão Escolar oferecido pela Oficina Pedagógica, 1 participou de curso não relacionado à área da Educação Física e 37 não participaram de nenhum curso. As respostas dos professores sobre as necessidades que possuem para promover a inclusão de alunos com deficiência nas aulas de Educação Física, 38 responderam que a formação continuada é necessária para um atendimento de qualidade a esses alunos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGUIAR, J. S.; DUARTE, E. Educação inclusiva: um estudo na área de educação física. Revista Brasileira de Educação Especial, Marília, v.11, n.2, p.223-240, maio/ago. 2005. BRASIL. Ministério da Educação. 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[email protected] - 100 - ENAF Science, v.3, n.2 NÍVEL DE ACEITAÇÃO DA GINÁSTICA LABORAL EM EMPRESA AUTOMOBILÍSTICA VERA SÍLVIA DE OLIVEIRA¹ EUNICE MAIRA DE REZENDE¹ DANIELLE ALCÂNTARA DE OLIVEIRA¹ ROSIMEIRE APARECIDA SOARES BORGES² ¹Aluna do curso de Educação Física da UNIVÁS ²Professora do curso de Educação Física da UNIVÁS RESUMO O presente trabalho teve por objetivo analisar o nível de aceitação da Ginástica Laboral dentro de uma empresa, com a pretensão de promover uma reflexão dos funcionários participantes, sobre os benefícios da GL, que proporciona melhor disposição e maior integração no ambiente de trabalho, prevenindo lesões e doenças ocupacionais. Como aportes teóricos Timossi et al (2006), Soares et al (2006) e Pereira (2003). Como método, foi aplicado um questionário já validado, aos participantes do programa de GL e realizada uma análise dos dados obtidos. Certifica-se que há boa aceitação desses sujeitos com adesão de 74%, porém necessitam serem melhorados alguns fatores: a motivação; a conscientização da importância da GL; melhor planejamento, organização, e execução desses programas. Evidencia-se também a necessidade desses programas serem orientados por profissionais da Educação Física, capacitados e aptos a selecionar uma metodologia adequada e flexível, em acordo com as necessidades de cada posto de trabalho. Palavras-chave: Ginástica Laboral; empresa; funcionário. INTRODUÇÃO Com o desenvolvimento tecnológico a mão de obra humana passou a ser substituída por máquinas, favorecendo para que o ser humano adotasse, cada vez mais, um estilo de vida sedentária, pois passa a maior parte da sua vida, sentado no trabalho, no transporte e em casa, desprezando a prática de atividade física que contribui para a sua saúde (REIS et al, 2002). Como conseqüência, inúmeras empresas estão sendo fortemente pressionadas pelo mercado, que exige qualidade e competitividade e são convidadas, pouco a pouco, a encarar os altos índices de acidentes de trabalho e doenças profissionais que lhes corroem significativamente a produtividade e os lucros (SANTOS, 2003). Esse novo estilo de vida acarreta doenças do trabalho como, por exemplo, a LER (Lesões por esforços repetitivos) que está entre as mais freqüentes no mundo industrializado. O número de adoecidos com a LER tem aumentado a cada ano, inclusive no Brasil, chegando a meio milhão de comunicações de acidentes de trabalho (CAT), entre os anos de 1996 e 2000, ao Instituto Nacional de Seguro Social – INSS. A complexidade da questão reside no fato de a LER não ser uma doença aguda, mas que se desenvolve durante o exercício profissional e o seu quadro sintomatológico progride, às vezes, irregularmente, quando as condições de trabalho não são alteradas. Desta forma, os sintomas freqüentemente são multiplicados em novos sintomas e sinais, devido à extensão dos agravos a outros grupos musculares. Em função do aumento crescente dessas doenças, a Ginástica Laboral (GL) passou a ser uma prática adotada para auxiliar o trabalhador no sentido de permanecer bem de saúde por mais tempo exercendo suas funções profissionais (MUROFUSE; MARZIALE, 2001). Mas, somente na década de 1980 a GL firmou a sua aceitação em empresas e indústrias brasileiras (PEREIRA, 2003). Considerando que é no trabalho que os funcionários de uma empresa passam a maior parte de sua vida, usar os benefícios da GL como parte do tempo destinado ao trabalho (ou local de trabalho) pode melhorar o bem-estar, grau de satisfação profissional, reduzir diretamente o risco das doenças crônico-degenerativas, além de servir como elemento promotor de mudanças com relação a fatores de risco para inúmeras outras doenças como, por exemplo, os efeitos nocivos do estresse e o melhor gerenciamento das tensões próprias do viver (Silva ,1999, apud Santos , 2003). Geralmente a GL é realizada através de sessões que variam de 10 a 15 minutos, antes, durante ou depois da jornada de trabalho, com a prática de movimentos simples, que priorizam os alongamentos de pescoço, braços e musculatura das costas, isto é, as partes do corpo do indivíduo, que estão comprometidas na ação exercida em atividades realizadas no trabalho (PEREIRA, 2003). Dessa forma, através de exercícios sistematizados, a GL oferece ao trabalhador diversos benefícios: colabora para a diminuição de fatores negativos, despertando o trabalhador, a partir da quebra da rotina, para um preparo da musculatura para as ações habituais do trabalho; ativa a circulação sanguínea, aumentando a oxigenação do cérebro e ainda favorece na diminuição do absenteísmo e a estimula o sentido de liderança (BERTÉ JUNIOR, 2006; MOTA, 2002). Mas, para que tudo funcione dentro da normalidade diversos são os papéis dos sujeitos envolvidos. Aos dirigentes da empresa, cabe dar ao trabalhador plena liberdade de escolha para participar ou não dos programas de GL, não devendo ser nada realizado por imposição, pois com o passar do tempo, a adesão vai aumentando em decorrência da propaganda que os primeiros participantes fazem aos demais sobre os benefícios usufruídos (PEREIRA, 2003). Ao professor de GL cabe diversificar as sessões de exercícios ao máximo, para que os trabalhadores não vivenciem, nos minutos destinados somente a eles, a mesma rotina experimentada no trabalho (MARTINS; DUARTE, 2000). Aos funcionários cabe reconhecer os benefícios e a necessidade da pratica da GL, aprofundando o conhecimento que já possui e melhorando sua saúde (física e psicológica), além de se sentir mais seguro, para a realização dos exercícios e até mesmo difundir o saber adquirido. Após as sessões de GL é interessante que uma parcela do tempo seja destinada ao atendimento do funcionário, no qual ele poderá tirar dúvidas sobre atividade física e saúde, com o professor de GL. Esse contato direto, além de certamente estabelecer um vínculo mais forte entre professor e aluno, permitirá ao professor adaptar novas soluções ao programa de GL, reelaborando as sessões, realizando palestras sobre o tema e/ ou divulgando dicas sobre o assunto (MARTINS; DUARTE, 2000). Além disso, podem-se realizar testes com os participantes por meio de questionários que permitem “moldar” o programa, adaptando-o as necessidades apresentadas por cada posto de trabalho no interior das empresas. - 101 - ENAF Science, v.3, n.2 MATERIAIS E MÉTODOS A amostra desse estudo foi composta por 50 funcionários de ambos os sexos, de idade entre 20 e 55 anos, pertencentes à empresa do ramo automobilístico Delphi Automotive Systems, situada na cidade de Paraisópolis – MG. Num primeiro contato esses funcionários assinaram o termo de consentimento e em posteriormente responderam a um questionário avaliativo do programa de GL, validado por Pereira (2003). Os dados foram organizados, tabulados, apresentados em gráficos. Em seguida procedeu uma análise descritiva dos resultados. RESULTADOS E DISCUSSÃO No presente estudo pode-se verificar que dos funcionários participantes do programa de GL, 34% atingiram entre 10 e 20 anos exercendo a mesma função, 32% estão entre 5 e 10 anos de trabalho, enquanto os outros funcionários têm tempo de serviço que oscila abaixo de cinco anos,como mostra o gráfico a seguir: 34% 32% 35% % Pesquisados 30% 25% 20% 16% 14% 15% 10% 4% 5% 0% Me nos de 1ano 1 a 2 anos 2 a 5 anos 5 a 10 anos 10 a 20 anos Tempo de Serviço Esse resultado transparece que a empresa mantém um quadro estável de funcionários contribuindo para uma satisfatória aplicação da GL, o que levará a obtenção de resultados satisfatórios que só aparecem em longo prazo. Existem nas empresas fatores internos responsáveis pela desmotivação em relação à realização de atividades como a GL, que tardam revelar os resultados. Segundo Soares et al (2006), esses fatores são: a instabilidade dentro da empresa, insegurança por parte de remanejamentos entre áreas, promoções ocorridas pela empresa ou até mesmo afastamentos e demissões. A adesão ao programa de GL é um fator que interfere na implantação desse tipo de programa, pois outros estudos mostram que há baixa participação na prática da GL devido a diversos fatores. Dentre eles, evidencia-se a resistência proveniente da falta de organização no local de trabalho que provoca constrangimentos. Segundo Soares et al (2006), o grupo de tele atendentes que participou do estudo que realizou não conseguiu interromper o atendimento para realizar a GL, provocando alguns atrasos ou até mesmo a desistência da participação do programa. Os participantes da presente pesquisa, já vêm realizando a GL há algum tempo, bem antes da realização dessa pesquisa, o que parece ter influenciado na adesão de 74% dos participantes, como mostra o gráfico a seguir: 74% 80% % Pesquisados 70% 60% 50% 40% 30% 18% 8% 20% 10% 0% Me n os de 6 m e se s 6 m e se s a 1 an o m ai s de 1 an o Tempo de participação no programa A maioria dos participantes desta investigação realizada na Delphi aderiu à prática da GL por iniciativa própria e a convite da empresa, mostrando que a aceitação foi de livre escolha com pouca imposição dos dirigentes (8%) conforme o gráfico a seguir: - 102 - ENAF Science, v.3, n.2 % Forma de ingresso nas aulas 50% 45% 40% 35% 30% 25% 20% 15% 10% 5% 0% 38% 28% 16% 8% Ini ci ati va própri a Saúde 6% Insi stê nci a dos di ri ge nte s C onvi te da e mpre sa 4% Infl uê nci a dos col e gas O utro Classificação Timossi et al (2006) afirmam que muitas vezes ocorre a rejeição no processo inicial de um programa de Ginástica Laboral, pela forma em que a mudança é apresentada pela empresa, ou seja, implementa um programa aos servidores na forma de imposição. Assim sendo, a aceitação de mudanças dentro de uma organização, como é o caso da implementação do programa de GL, deve ser de forma a provar para os servidores a necessidade e os benefícios conseguidos, principalmente refletidos na saúde (SELDIN et al, 2003 apud TIMOSSI et al, 2006). Segundo Soares et al(2006), muitos dos pesquisados demonstram reconhecer que a GL é uma atividade necessária para a melhoria na qualidade de vida, mas em seu estudo a adesão teve um resultado insatisfatório, pois os participantes justificaram acreditar que pelo fato de realizarem outro exercício físico fora da empresa, a GL se torna dispensável. Comparando esse estudo com a presente investigação realizada na Delphi, nota-se que os resultados são diferentes, pois os funcionários participantes mostraram-se confiantes no programa de GL, explicitando diversos benefícios dessa prática como a melhoria na preservação da saúde (88%), no estado de humor (86%), na flexibilidade (76%), na saúde (72%) e motivação (64%), como mostra o gráfico a seguir: 60% 54 % 50 % 50 % 44% 42% 38% % Pesquisados 40% 36% 34% 34% 34% 32% 32% 30% 28% 30% 28% 26% 24% 20% 20% 20% 18 % 20% 10 % 16 % 12 % 12 % 12 % 10 % 12 % 6 %6 % 6 %6 % 4% 4% 2% 4 %4 % 4% 0% Humo r 0% 0% C o nc e nt ra ção P re s e rv a ção d a s a úd e R e la c io na me nt o 0% F le x ib ilid a d e 2% 2% 2% 0% 0% 12 % 10 % 8% 0% M o t iv a ção M e lho ria na s a úd e M e lho ria na a lime nt a ção Benefícios da GL Certamente não Provavelmente não Talvez sim, Talvez não Provavelmente sim Certamente sim Sem opinião Estes resultados indicam que a GL parece ter sido uma atividade reconhecida e aceita pela maioria dos participantes pesquisados na empresa Delphi. CONCLUSÃO Na presente investigação o programa de GL teve uma aceitação satisfatória dos funcionários da empresa Delphi (74%), embora ainda seja uma atividade que necessita ser trabalhada, implicando em novos estudos que possam contribuir com vários benefícios, tanto para a empresa, quanto para os seus funcionários. As pesquisas já realizadas mostram que o processo de adesão à prática da GL ainda é lento e exige mecanismos que possam driblar as resistências. Este estudo permitiu tomar conhecimento de que em determinadas empresas o programa de GL é dirigido por um funcionário da empresa que não é habilitado em Educação Física e foi previamente treinado para exercer tal função, não obtendo os resultados esperados. Dessa forma, evidencia-se a importância da contratação de profissionais habilitados em Educação Física como dirigentes de programas de GL em setores administrativos ou de produção dentro das empresas, o que permitirá a seleção de metodologia adequada e flexível para a realização das atividades físicas do programa, em acordo com as necessidades de cada posto de trabalho. Quando um programa de GL é realizado com responsabilidade por profissionais habilitados, competentes e preparados para tal função pode promover a qualidade de vida e o bem estar dos funcionários, prevenindo possíveis - 103 - ENAF Science, v.3, n.2 doenças como a LER , a DORT e o estado de estresse, contribuindo assim para uma melhor disposição e maior integração no ambiente de trabalho. Isto posto, estará diretamente contribuindo para uma maior produção e lucratividade das empresas e conseqüentemente para o progresso do país. REFERÊNCIAS BERTÉ JUNIOR, D. Benefícios e efeitos percebidos por trabalhadores logo após a prática da ginástica laboral. 50 f. Monografia (Especialização e Educação Física Geral e Escolar para Qualidade de Vida) – Instituto Superior de Ensino, Pesquisa e Extensão, Francisco Beltrão, 2006. MARTINS, C. O; DUARTE M. F. S. Efeitos da ginástica laboral em servidores da Reitoria da UFSC. Rev. Brás. Ciências e Movimento, Brasília, v.8, n.4, p. 07-13, Set. 2000. MOTA, M. R. et al. Musculação e Ginástica Laboral na Melhoria da Saúde e Qualidade de Vida. Revista Digital Vida & Saúde, Juiz de Fora, v. 1, n. 3, dez./ jan. 2002. MUROFUSE, N. T; MARZIALE, M. H. P. Mudanças no Trabalho e na vida de Bancários Portadores de Lesões por Esforços Repetitivos: LER. Latino – Am Enfermagem, v.9, n.4, p.19-25, 2001. PEREIRA, L. S. S. Avaliação de Programa de Ginástica Laboral e Desempenho Funcional: Um Estudo em Empresa Distribuidora de Energia Elétrica. Dissertação (Mestrado Engenharia de Produção), Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2003. REIS, P. F. et al. O uso da flexibilidade no programa de ginástica laboral compensatória, na melhoria da lombalgia em trabalhadores que executam suas atividades sentados. In: CONGRESSO INTERNACIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA, XVIII, 2002, Foz do Iguaçu, PR. Educação Física no Mercosul. Anais... Foz do Iguaçu, PR: Federação Internacional de Educação Física, 2002. SANTOS, J. B. Programa de exercício físico na empresa: um estudo com trabalhadores de um centro de informática. Dissertação de Mestrado (Pós-Graduação em Engenharia de Produção Ergonomia), Universidade Federal de Santa Catarina, 2003. SOARES, R. G. et al. A baixa adesão ao programa de ginástica laboral: buscando elementos do trabalho para entender o problema. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, São Paulo, v. 31, n. 114, 2006. TIMOSSI, S. L. et al. As dificuldades e os fatores culturais no processo de implementação de um programa ergonômico e ginástica laboral em um órgão público federal: um estudo e caso.XXVI ENEGEP, Fortaleza, CE, Outubro de 2006. - 104 - ENAF Science, v.3, n.2 INDICE DE MASSA CORPÓREA (IMC) DE JOVENS DE DIFERENTES BAIRROS DE PERIFERIA DO MUNICÍPIO DE SOBRAL, CE. 1 VASCONCELOS, João Nelson Melo 2 DIAS, Alexandre dos Santos Pessoa 3 HARDY NETO, Gerardo Carlos 1– 2– Graduado em Tecnologia de Alimentos Acadêmico de Pedagogia Educação Social – Universidade Estadual Vale 3– do Acaraú – UVA. Graduado em Tecnologia de Alimentos RESUMO A adolescência é uma das mais ricas e plenas de variantes e condicionantes etapas da vida pelas quais passa o ser humano antes de atingir a fase adulta. Do ponto de vista nutricional, a adolescência representa um período crítico, pois uma boa nutrição é essencial para a saúde do adolescente. Esta pesquisa objetiva analisar os IMC´s de jovens da periferia de Sobral – em diferentes bairros – confrontando a diferença destes índices em cada bairro. Para isso foram entrevistados 311 jovens de ambos os sexos, analisando seu peso e altura. Os resultados mostram que o bairro Cohab I e II foi quem mostrou índices mais preocupantes quanto a jovens abaixo do peso e, que o bairro da Santa Casa obteve os melhores índices dentro da faixa de normalidade. Palavras-chave: IMC; Periferia; Jovens. INTRODUÇÃO A adolescência é uma das mais ricas e plenas de variantes e condicionantes etapas da vida pelas quais passa o ser humano antes de atingir a fase adulta. Durante a adolescência ocorrem alterações dinâmicas, envolvendo tanto o crescimento biológico como o emocional; e também é o ponto final das transformações físicas, sexuais, intelectuais, emocionais e sociais que preparam a criança para a vida adulta (SOUZA-KANESHIMA et al, 2004). Do ponto de vista nutricional, a adolescência representa um período crítico, pois uma boa nutrição é essencial para a saúde do adolescente. Uma nutrição adequada e hábitos alimentares saudáveis desempenham importante papel no processo de crescimento, pois contribuem para o desenvolvimento de todo o seu potencial. Durante a adolescência podem-se estabelecer os precursores de doenças nutricionais, daí a necessidade de uma boa nutrição para a prevenção de doenças na vida adulta (NÓBREGA, 1998). Durante a adolescência, a alimentação balanceada é tão importante quanto na primeira infância, pois além de satisfazer as elevadas necessidades de nutrientes durante esta fase, ela serve também para criar e manter bons hábitos alimentares para o resto da vida. Neste período podem aparecer novos hábitos de consumo explicáveis por motivos psicológicos, sociais e socio-econômicos, pela influência de amigos, rebeldia contra os controles exercidos pela família, busca de autonomia e identidade, aumento do poder de compra, hábito de preparar rotineiramente seu próprio alimento, a urbanização e o costume de comer fora de casa. Estes novos padrões alimentares podem repercutir, a longo prazo, na saúde futura do indivíduo maduro e na escolha posterior dos alimentos (IPAS, 2008). Uma alimentação nutricionalmente adequada é importante, com energia e nutrientes suficientes para sustentar o crescimento acelerado, as modificações na composição corporal que ocorrem neste período e a atividade física. Existem diferenças marcantes entre os sexos, que afetam as necessidades de nutrientes e energia: as meninas iniciam o processo de maturação aproximadamente dois anos mais cedo que os meninos. Os meninos experimentam maior crescimento corporal que as meninas e possuem maior proporção de massa magra em relação ao tecido adiposo, o que leva a uma maior necessidade energética que as mulheres (FISBERG, 2008). A prevalência de obesidade também está crescendo intensamente, na infância e na adolescência, e tende a persistir na vida adulta: cerca de 50% de crianças obesas aos seis meses de idade, e 80% das crianças obesas aos cinco anos de idade, permanecerão obesas (TROIANO, 1991). Além disso, evidências científicas têm revelado que a aterosclerose e a hipertensão arterial são processos patológicos iniciados na infância, e nesta faixa etária são formados os hábitos alimentares e de atividade física (MC NAMARA, 1971). Por isso, a preocupação sobre prevenção, diagnóstico e tratamento da obesidade tem-se voltado para a infância. Para Texeira (2008), adolescentes com excesso de peso serão jovens adultos com problemas cardíacos. Uma das formas de se analisar se o peso está dentro da normalidade, abaixo ou com excesso de peso é pelo cálculo do Índice de Massa Corpórea (IMC). O índice de Massa Corporal (IMC) é uma fórmula que indica se um adulto está acima do peso, se está obeso ou abaixo do peso ideal considerado saudável. A fórmula para calcular o Índice de Massa Corporal é: IMC = peso / 2 (altura) . Há alguns problemas em usar o IMC para determinar se uma pessoa está acima do peso. Por exemplo, pessoas musculosas podem tem um Índice de Massa Corporal alto e não serem gordas. O IMC. também não é aplicável para crianças. Outro problema é a influência, ainda não suficientemente estudada, que as diferenças raciais e étnicas têm sobre o Índice de Massa Corporal. Por exemplo, um grupo de assessoramento à Organização Mundial de Saúde concluiu que pessoas de origem asiática poderiam ser consideradas acima do peso com um IMC de apenas 23 (COPACABANNA RUNNERS, 2008). A presente pesquisa teve como objetivo analisar os Índices de Massa Corpórea jovens da periferia de Sobral – em diferentes bairros (Cohab I e II, Pedrinhas, Sumaré, Santa Casa, Parque Silvana I e II) – sendo analisado percentual de jovens abaixo do peso ideal, dentro da taxa de normalidade, com excesso de peso e, confrontar a diferença destes índices em cada bairro. MATERIAIS E MÉTODOS - 105 - ENAF Science, v.3, n.2 Foram selecionados de forma aleatória 311 jovens, com faixa etária compreendida entre 11 e 17 anos, de ambos os sexos moradores de diferentes bairros de periferia da cidade de Sobral (Cohab I e II, Parque Silvana I e II, Pedrinhas, Santa Casa e Sumaré) entrevistando-os para saber seus respectivos peso e altura. Utilizou-se termos de livre esclarecimento da pesquisa para que fosse possível melhor entendimento dos objetivos da pesquisa e concedida autorização de exposição de resultados em eventos científicos. As entrevistas foram realizadas durante o 2° semestre de 2007. Após coleta de dados foram realizados cálculos estatísticos com o auxílio do programa operacional Microsoft ® Excel 2000 . RESULTADOS E DISCUSSÕES Os critérios para avaliar os IMC´s encontrados estavam baseados na tabela 1 da OMS (2007). Tabela 1: Critérios para avaliação de IMC. Condição IMC em adultos Abaixo do peso abaixo de 18,5 Peso normal entre 18,5 e 25 Acima do peso entre 25 e 30 Obeso acima de 30 Os resultados encontrados por bairro foram (fig. 1): Ao calcular os IMC´s referentes à Cohab I e II observou-se que 11,1% dos entrevistados não sabiam informar seu peso ou altura, 47,8% dos entrevistados estavam abaixo do peso ideal. Apenas 36,7% apresentou um IMC dentro da taxa de normalidade. Sendo encontrados também 3,3% e 1,1% referentes a entrevistados acima do peso e obesos, respectivamente. O que mostra um fator preocupante, pois o número de jovens com IMC abaixo do peso é maior que os que se encontram dentro da taxa de normalidade. Fig 1. Índices de Massa Corpóreas Encontrados. 60,0% 50,0% 40,0% 30,0% 20,0% 10,0% 0,0% Não pode determinar Abaixo do peso Normal Acima do peso ha s Pe dr in Ca sa ar é Sa nt a Su m Ie an a Si lv Pa rq ue Co ha b Ie II II Obeso Para o Parque Silvana I e II o percentual de jovens com IMC dentro da normalidade foi maior (48%) que o de abaixo do peso (44%), sendo ainda o percentual de jovens abaixo do peso um pouco preocupante. Apenas 4% não souberam informar ou tinham IMC acima do peso. Não houveram casos obesidade neste bairro. No Sumaré um grande percentual de entrevistados não sabia informar seu peso ou altura (30,3%), no entanto também apresentou um maior percentual de jovens com IMC dentro da faixa de normalidade (36,4%), apresentando apenas 27,3% abaixo do peso. Apenas 6% dos jovens estava acima do peso. Não houveram entrevistados obesos para este bairro. No bairro da Santa Casa 54,7% dos entrevistados mostrou ter IMC dentro da faixa de normalidade, o maior percentual dentre os bairros pesquisados. E, 14,3% com IMC abaixo do peso, mais uma vez mostrando os melhores resultados entre os bairros pesquisados. 19% dos entrevistados não sabiam informar seu peso ou altura, 9,5% estavam acima da faixa da normalidade no IMC e, 2,5% dos entrevistados apresentaram IMC com grau de obesidade. No bairro Pedrinhas 43,2% dos entrevistados encontrava-se dentro da faixa de normalidade, entretanto estes resultados não devem ser vistos como excelentes pelo fato de 38,6% dos jovens entrevistados não sabia informar seu peso ou altura o que pode gerar grandes diferenças no resultado final. 9% apresentou IMC abaixo do peso e, 4,6% apresentaram IMC acima do peso e grau de obesidade. Ao confrontar os IMC´s bairros dos bairros pesquisados, pode-se observar uma grande oscilação, o que pode se dar que, mesmo sendo bairros de periferia, já uma diferenciação econômica dentro destes bairros. Sendo o Bairro da Santa Casa o que apresentou melhores índices. - 106 - ENAF Science, v.3, n.2 CONCLUSÃO Conclui-se que: i) um grande percentual de jovens não sabia sequer seu peso ou altura (20,6%); ii) a Cohab I e II foi o bairro que apresentou uma situação mais preocupante quanto ao percentual de jovens com IMC abaixo do peso; iii) o bairro da Santa Casa foi o que apresentou melhores resultados; iv) os índices de obesidade encontrados foram baixos, em média, 1,64%; v) é necessário um estudo mais minucioso sobre os hábitos alimentares e perfil econômico destes jovens para se desenvolver mecanismos para melhoramento dos resultados obtidos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS COPACABANNA RUNNERS. Índice de Massa Corpórea – IMC. Disponível em: < http://www.copacabanarunners.net/imc.html> Acesso em 13 abr 2008. FISBERG, M. Hábitos Alimentares na Adolescência. Monografias.com: 2008. IPAS. Nutrição e Segurança Alimentar. Disponível em: < http://www.ipas.org.br/teen/alimentacao.html> Acesso em 13 abr 2008. MC NAMARA, J. J.; et al. Coronary artery disease in combat casualties in Vietnam. JAMA 1971;216:1185-7. NÓBREGA, 1998. In: SOUZA-KANESHIMA, A. M; et al. Hábitos Alimentares e Estilo de Vida de Adolescentes Estudantes na Rede Pública de Ensino da Cidade de Maringá-PR. Iniciação Científica CESUMAR - Jul./Dez. 2006, v. 08, n.02, p. 175-183. OMS. Critérios para avaliar os IMC´s. In: COPACABANNA RUNNERS. Índice de Massa Corpórea – IMC. Disponível em: < http://www.copacabanarunners.net/imc.html> Acesso em 13 abr 2008. SOUZA-KANESHIMA, A. M; et al. Hábitos Alimentares e Estilo de Vida de Adolescentes Estudantes na Rede Pública de Ensino da Cidade de Maringá-PR. Iniciação Científica CESUMAR - Jul./Dez. 2006, v. 08, n.02, p. 175-183. TEXEIRA, I. Adolescentes com excesso de peso. Disponível em: < http://falandodenutricao.blogspot.com/2007/12/adolescentes-com-excesso-de-peso-sero.html> Acesso 13 abr 2008. TROIANO, R. P.; et al. Overweight prevalence and trends for children and adolescents - The National and Nutrition Examination Surveys, 1963 to 1991. Arch Pediatr Adolesc Med 1995;149:1085-91. [email protected] - 107 - ENAF Science, v.3, n.2 PRÁTICA DE ESPORTES POR JOVENS DE DIFERENTES BAIRROS DE PERIFERIA DO MUNICÍPIO DE SOBRAL-CE 1 DIAS, Alexandre dos Santos Pessoa 2 VASCONCELOS, João Nelson Melo 1– 2– Acadêmico de Pedagogia Educação Social – Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA Graduado em Tecnologia de Alimentos RESUMO Atividade física regular pode melhorar sua saúde e qualidade de vida, além de contribuir no controle da ansiedade, depressão, asma, bem como proporcionar melhor auto-estima e socialização do cidadão. A presente pesquisa teve como objetivo avaliar o percentual de jovens da periferia de Sobral – em diferentes bairros – que rotineiramente praticam esporte, bem como avaliar os esportes mais praticados por estes jovens. Para isso foi realizada entrevista com 311 jovens de ambos os sexos no segundo semestre de 2007 questionando se os jovens praticavam esportes e o tipo de esporte praticado. A pesquisa mostrou um grande percentual de jovens praticando esportes. Conclui-se que: um grande percentual de jovens pratica esportes; o auxílio de movimentos sociais que incentivem a prática de esportes é essencial; o futebol (“paixão nacional”) é o mais praticado; são necessárias novas pesquisas quanto à qualidade de vida dos jovens da periferia de Sobral afim de gerar adultos sadios. Palavras-chave: Esportes; Periferia; Jovens. INTRODUÇÃO Apesar de todas essas evidências científicas, a maioria da humanidade leva vida sedentária. Estudos americanos mostram que 54% dos adultos não desenvolvem atividade física regular; mais da metade dos adolescentes levam vida sedentária, sendo em número maior ainda as do sexo feminino (NIH..., 1996). No Brasil, quase a metade dos escolares não tem aulas regulares de educação física; o percentual, que era de 42% em 1991, caiu para 25% em 1995 (NÉRI et al, 2003). Estudo realizado em escolas públicas no Rio de Janeiro apontou índice de sedentarismo de 85% entre adolescentes do sexo masculino e de 94% nos do sexo feminino (SILVA & MALINA, 2000). A participação em atividades físicas declina consideravelmente com o crescimento, especialmente da adolescência para o adulto jovem. Alguns estudos identificam alguns fatores de risco para o sedentarismo: pais inativos fisicamente, escolas sem atividades esportivas, sexo feminino, residir em área urbana, TV no quarto da criança (MALINA, 2001). Atividade física regular pode melhorar sua saúde e reduzir o risco de morte prematura das seguintes formas: reduz o risco de desenvolver doença cardíaca coronária; reduz o risco de infarto; reduz o risco de ter um segundo ataque cardíaco em pessoas que já tiveram um ataque; diminui tanto o colesterol total quanto os triglicerídeos, e eleva o bom colesterol HDL; diminui o risco de desenvolver hipertensão; contribui para a redução da pressão arterial em pessoas que já têm hipertensão; diminui o risco de desenvolver diabetes tipo 2 (não dependente de insulina); reduz o risco de câncer de cólon; auxilia na manutenção do peso; reduz os sentimentos de depressão e ansiedade; promove o bem-estar psicológico e reduz sentimentos de estresse; ajuda a construir e manter articulações, músculos e ossos saudáveis; ajuda pessoas mais velhas a ficarem mais fortes e serem mais capazes de moverem-se sem cair o ficar excessivamente cansadas (FONTES, 2005). Contribui ainda no controle da ansiedade, da depressão, da doença pulmonar obstrutiva crônica, da asma, além de proporcionar melhor auto-estima e ajuda no bem-estar e socialização do cidadão (ALVES et al, 2005). Segundo o Site Médico (2008) deve-se lembrar que aliada aos exercícios físicos há a necessidade de uma alimentação equilibrada e saudável, evitando-se o consumo de sal, gorduras e frituras, tal fator auxiliará no alcance de equilíbrio para uma vida saudável. A presente pesquisa teve como objetivo avaliar o percentual de jovens da periferia de Sobral – em diferentes bairros (Cohab I e II, Pedrinhas, Sumaré, Santa Casa, Parque Silvana I e II) – que rotineiramente praticam esporte, bem como avaliar os esportes mais praticados por estes jovens. MATERIAIS E MÉTODOS Foram selecionados de forma aleatória 311 jovens, com faixa etária compreendida entre 11 e 17 anos, de ambos os sexos moradores de diferentes bairros de periferia da cidade de Sobral (Cohab I e II, Parque Silvana I e II, Pedrinhas, Santa Casa e Sumaré) entrevistando-os quanto a praticava de esportes e tipo de esporte praticado por estes jovens. Utilizou-se termos de livre esclarecimento da pesquisa para que fosse possível melhor entendimento dos objetivos da pesquisa e concedida autorização de exposição de resultados em eventos científicos. As entrevistas foram realizadas durante o 2° semestre de 2007. Após coleta de dados foram realizados cálculos estatísticos com o auxílio do programa operacional Microsoft ® Excel 2000 . RESULTADOS E DISCUSSÕES - 108 - ENAF Science, v.3, n.2 Ao analisar os dados obtidos constata-se que 65,27% (203) dos jovens entrevistados praticavam algum tipo de esporte sendo estes os esportes citados: basquete (2,57%); bicicross (0,64%); caminhada (0,32%); capoeira (0,96%); educação física – na escola (5,47%); futebol (27,7%); futsal (9,33%); hand ball (4,2%); musculação (0,96%); natação (0,64%); vôlei (6,10%); não especificou (6,44%) – Figura 1. Dentre os jovens que não praticavam esportes foi determinado um percentual de 34,73% (108). O grande percentual de jovens que pratica algum tipo de atividade física opõe-se aos resultados obtidos por Silva & Malina (2000) que mostrou altos índices de sedentarismo por jovens no estado do Rio de Janeiro. Tal resultado é reflexo de projetos sociais desenvolvidos em escolas de rede pública (como o projeto segundo tempo) que visam retirar os jovens das ruas, ocupando-os com esporte, cultura e educação (PARENTE, 2007). Fig 1. Relação de Esportes Praticados Pelos Entrevistados Basquete 2,57% Bicicross 0,64% Caminhada Capoeira 0,32% 0,96% 5,47% Educação Física - Escolar 34,71% 27,68% Futebol Futsal Hand Ball Musculação 6,44% 9,32% 6,10% 0,64% Natação Vôlei Não Especificou 4,20% 0,96% Não Pratica O futebol, juntamente com o futsal terem sido os esportes mais praticados, somando 37,03%, apenas confirma o título adquirido pelo Brasil de ser o país do futebol (cultura local e nacional). É importante salientar que 5,47% dos jovens entrevistados têm a disciplina de educação física (ministrada na escola) como única prática de esporte o que ressaltar a importância de tal disciplina como fator redutor do sedentarismo, embora haja necessidade de incentivo para que se pratique exercícios extra-colegiais para que, com o término de sua vida estudantil tais alunos continuem a praticar atividades físicas. Embora o percentual de jovens que pratica alguma atividade física seja alto, há ainda a necessidade de atenção para o fato de que 34,73% dos jovens entrevistados não pratica qualquer atividade física, nem mesmo a educação física escolar. Fator este preocupante, pois tal ausência pode gerar um grande percentual de adultos propensos a doenças cardíacas, obesas e com algum tipo de doença social (como a depressão). CONCLUSÃO Conclui-se que: i) um grande percentual de jovens pratica esportes, fator positivo para seu bem-estar físico e mental; ii) o auxílio de movimentos sociais que incentivem a prática de esportes é essencial; iii) o futebol mais uma vez é visto como a “paixão nacional”, sendo este o mais praticado por tais jovens; iv) são necessárias novas pesquisas com relação à qualidade de vida dos jovens da periferia de Sobral afim de poder gerar os adultos sadios. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES, G. B. A; et al. Prática de esportes durante a adolescência e atividade física de lazer na vida adulta. Rev Bras Med Esporte. Vol. 11, Nº 5 – Set/Out, 2005 FONTES, H. A. F. National Center for Chronic Disease Prevention and Health Promotio: 2005. NIH Consensus Development Panel on Physical Activity and Cardiovascular Health. JAMA: 1996. NÉRI, M; et al. Retratos da deficiência no Brasil. Rio de Janeiro: FGV/IBRE/CRS, 2003;188 p. SILVA, R. C. R.; MALINA, R. M. Nível de atividade física em adolescentes do Município de Niterói, Rio de Janeiro, Brasil. Cad. Saúde Pública: 2000;16:1091-7. MALINA, R.M. Physical activity and fitness: pathways from childhood to adulthood. Am J Hum Bio 2001;13:162-72. PARENTE, A. Segundo Tempo é lançado em Sobral. Disponível em: <http://www.sescce.com.br/content/aplicacao/fecomercio-ce/2007-04-abril/gerados/04 _segundo_tempo.asp> Acesso em 13 abr 2008. SITE MÉDICO. Benefícios da Atividade Física. Disponível em: <http://www.sitemedico.com.br/sm/materias/index.php?mat=312> Acesso 13 abr 2008. [email protected] - 109 - ENAF Science, v.3, n.2 AVALIAÇÃO POSTURAL NO PACIENTE AMPUTADO TRANSFEMORAL: RELATO DE CASO ANA CLAUDIA SOUSA FARIA¹ LUIZ HENRIQUE GOMES SANTOS² ¹Graduanda do curso de fisioterapia do UNIFEG ²Docente do curso de fisioterapia do UNIFEG RESUMO O termo amputação significa “a remoção, geralmente cirúrgica, total ou parcial de uma extremidade do corpo”. Durante o procedimento cirúrgico de amputação, quando o cirurgião opta pela amputação transfemoral, há a perda da articulação do joelho, logo deve ser mais proximal possível o nível com o objetivo de proporcionar melhor braço de alavanca para o controle da prótese. Nos tipos convencionais ocorre a perda da inserção dos músculos adutores levando a diminuição do braço de alavanca e causando encurtamento em abdução do membro gerando desequilíbrio lateral, esta pode proporcionar diversas condições de anormalidades posturais. O presente trabalho visa proporcionar o processo de reabilitação do paciente voluntário, porém principalmente mostrar as características. Através da análise postural utilizando um simetógrafo, observou-se que o paciente apresentou anormalidades posturais como escoliose lombar, rotação de tronco para o lado amputado além de assimetria de cristas ilíacas. Com base no presente trabalho podemos considerar que deve haver maior interesse científico na relação entre anormalidade postural e amputações de membros inferiores, além de programas preventivos com ênfases nas análises posturais. Palavras-chave: Análise Postural, Amputação transfemoral, Escoliose. INTRODUÇÃO CARVALHO (2003) relata que a amputação é tão antiga quanto à própria humanidade e o mais antigo de todos os procedimentos cirúrgicos. O termo amputação significa “a remoção, geralmente cirúrgica, total ou parcial de uma extremidade do corpo”. Segundo Spichler et al, (2001) estima-se que a incidência de amputações no Brasil seja de 13,9 por 100.000 habitantes/ano. Já na literatura mundial há controvérsias quanto ao número de amputações, sendo mais significantes em pacientes patológicos vasculares e variando de 2,8 a 43,9 por 100.000 habitantes/ano (GROUP, 2000). Na medicina, esta é realizada para controlar a dor ou a doença no membro afetado, como no câncer, na gangrena, e sua incidência é elevada principalmente pelo aumento da expectativa de vida e aos acidentes de trabalho e de trânsito (CARVALHO, 2003). Outras causas como insuficiências arteriais periféricas, complicações decorrentes de diabetes mellitus, infecções severas, traumas, neoplasias, deformidades congênitas e tabagismo também podem ser associadas (VIDAL et al., 2004). As amputações de membro inferior correspondem a 85% de todas as amputações, apesar de não existirem informações epidemiológicas precisas (CARVALHO, 2003). Suas causas mais freqüentes são por doença vascular periférica, influenciada geralmente pela idade avançada, tabagismo, hipertensão, lipoproteinemia (combinada ou não com diabetes), isquemia ou infecção com gangrena (pé diabético) e trauma (este, com maior incidência em adultos com menos de 50 anos de idade) (BOULTON et al., 2002). A idade média dos brasileiros amputados é de 63,3 anos e a maior incidência predomina no sexo masculino (60%), sendo a incidência das amputações transfemorais (nível da coxa) em torno de 65,76% e as transtibiais (nível da perna), 34,26%. Ainda nos tempos atuais segue a questão: qual o melhor nível de amputação? Inicialmente eram considerados 1/3 proximais, 1/3 médios de ossos longos e desarticulações sendo excluídas as amputações parciais de pé e mão. Atualmente sabe-se que o sucesso da reabilitação após a cirurgia de amputação está relacionado ao seu nível. Pelo menos 90% dos pacientes com amputações abaixo do joelho e apenas 25% dos com amputações acima do joelho farão uso adequado da prótese. Durante o procedimento cirúrgico de amputação, quando o cirurgião opta pela amputação transfemoral, há a perda da articulação do joelho, logo deve ser mais proximal possível o nível com o objetivo de proporcionar melhor braço de alavanca para o controle da prótese. Nos tipos convencionais ocorre a perda da inserção dos músculos adutores levando a diminuição do braço de alavanca e causando encurtamento em abdução do membro gerando desequilíbrio lateral. Porém existem procedimentos preventivos, como as mioplastias para a inserção do adutor magno e manutenção da adução, após a sutura do adutor magno o quadril é colocado em extensão e o quadríceps é suturado pelo orifício posterior evitando assim, a contratura em flexão do quadril (CARVALHO, 2003). Algumas alterações anatômicas proporcionadas por erros médicos e outras por complicações cirúrgicas, principalmente proporcionadas por traumas, podem gerar alterações biomecânicas severas comumente observadas nas avaliações estáticas e dinâmicas como, por exemplo, escolioses. Escoliose (do grego: inclinado) é o desvio lateral da coluna e provoca uma modificação muscular, ligamentar, do tecido conjuntivo, dos discos e dos ossos, podendo até comprometer a medula, pulmões, coração, diafragma, e a pelve. Sendo diferenciada em total, da dorsal, lombar, ou em forma de S, e a curva tríplice. A contra curva ou curva secundária é a compensação da curva primeira para manter o equilíbrio estático e dinâmico. Através de testes específicos, exame sabe-se hoje, seguramente, que um paciente portador de escoliose apresenta sempre movimentos assimétricos, como devia agir simetricamente, como na marcha, corrida, natação etc. De acordo com John R. Cobb a escoliose é classificada em funcional e estrutural, porém o professor Lange classifica a escoliose de acordo com as fases e os territórios de acometimento, sendo elas: congênita, do bebê, idiopática, paralítica, estática, de cicatrizes, póstraumática, antálgica, de doenças dos sistemas e histéricas. A escoliose estática é desenvolvida através de alterações estruturais, sendo que determinada pelo encurtamento de membros inferiores com a curva primária lombar mantém a sua mobilidade bastante tempo, mas não tratada vai se fixando, como pode se observar em amputações com prótese mal equilibrada. Outra forma deste tipo de escoliose se desenvolver é através de contraturas da articulação coxofemoral em adução ou abdução, sendo comuns as contraturas em abdução dos membros inferiores nos pacientes, após a amputação transfemoral a escoliose aparece no mesmo lado do encurtamento (FISCHINGER, 1982). O fisioterapeuta atua com grande importância no estágio de pré-amputação e pós amputação realizando posicionamentos no leito com o objetivo de prevenir contraturas e deformidades, dessensibilização do coto para diminuir - 110 - ENAF Science, v.3, n.2 as sensações de membro fantasma e os quadros de dor, empregando exercícios ativos e isométricos com o intuito de fortalecimento muscular, além de utilizar técnicas de enfaixamento, exercícios de propriocepção, trabalho do membro contralateral e membros superiores para facilitar a descarga de peso durante as fases precoces de deambulação, tendo como objetivo a manutenção da amplitude de movimento, aumento de força muscular, equilíbrio e adaptações da marcha de acordo com a possibilidade do paciente. Esta característica pode prevenir a incidência de deformidades e alterações estruturais como, por exemplo, escoliose nos pacientes pós-cirúrgicos principalmente nos níveis de amputação transfemoral. A proposta do presente trabalho foi de desenvolver um protocolo de avaliação postural e conscientização corporal. Além de demonstrar a aplicabilidade de um programa preventivo de análises posturais visando proporcionar menor probabilidade de anormalidades posturais em pacientes amputados. RELATO DE CASO Realizou-se um estudo de caso com um paciente do sexo masculino, 21 anos, que, no dia 29/10/2007, foi vítima de um acidente motociclístico, apresentando ferimentos graves em seu membro inferior esquerdo, sendo necessária a realização de uma amputação. Optou-se pela cirurgia do tipo transfemoral, realizada em outubro de 2007. O paciente ficou praticamente 5 meses sem qualquer tratamento fisioterapeutico. No dia 01.04.2008 o paciente procurou atendimento fisioterapeutico no laboratório de Fisioterapia I do Centro Universitário da Fundação Educacional Guaxupé – UNIFEG. Para realização deste estudo, o paciente foi informado sobre a pesquisa por meio do Consentimento Informado e do preenchimento de carta de aceite para participação da pesquisa (ANEXO I). Os atendimentos constaram até o presente momento de 23 sessões durante aproximadamente 3 meses, realizadas 3 vezes por semana, com duração de aproximadamente 1 hora cada sessão. MATERIAIS E MÉTODOS Para a realização desta avaliação o paciente ficou na posição de pé simétrica, atrás do simetógrafo, de vista lateral, frontal e posterior voltado para o avaliador, procurando ficar com o pé afastado na largura do quadril, o olhar na horizontal e membros superiores soltos ao longo do corpo. Foram obtidas imagens fotográficas por meio de uma câmera fotográfica OLIMPUS®, resolução de 7.1 megapixes, ZOOM de 3X. RESULTADOS E DISCUSSÃO A partir da metodologia de avaliação citada anteriormente, pode-se observar que o paciente apresenta algumas assimetrias na coluna vertebral, além de desalinhamento das cinturas pélvica e escapular. Durante a análise da imagem na qual o paciente foi posicionado em plano anterior (Figura 1), observou-se que o mesmo apresenta ligeira rotação da coluna vertebral para o lado esquerdo, ou seja, contrário ao lado amputado conforme dado relatado por Fischinger (1982). Figura 1 – Análise postural (vista anterior) do paciente com amputação transfemoral. - 111 - ENAF Science, v.3, n.2 Na análise em plano posterior (Figura 2) a observação seguiu parâmetros estruturais ainda mais criteriosos, como citado por Carneiro et al, (2005), foram observados os alinhamentos de cristas ilíacas superiores, desvios na coluna vertebral e simetria da musculatura dos membros inferiores. Com relação à análise da simetria da cintura escapular (ombros) observou-se uma ligeira inclinação do MSD (Membro superior Direito) e um declínio do MSE (Membro superior esquerdo), além de confirmar a rotação do tronco para o lado esquerdo conforme foi observado na análise do plano anterior. Quando na observação do alinhamento das cristas ilíacas foi nítido o declínio da crista ilíaca supero – posterior do MIE (Membro inferior esquerdo) e uma ligeira abdução do MIE e aparentemente, escoliose toracolombar de convexidade à esquerda tendo estes dados obtidos, correlação com as características apontadas por Fischinger (1982). Figura 2 – Análise postural (vista posterior) do paciente com amputação transfemoral. No plano perfil foi observada a disposição das curvaturas fisiológicas observadas normalmente na coluna vertebral (lordose cervical, cifose torácica e lordose lombar) conforme observação da coluna vertebral notou-se normalidade com relação às regiões cervical e torácica, porém aumento da curvatura lordótica na região lombar. O paciente apresenta também um deslocamento anterior do tronco em relação ao membro inferior não amputado, este pode se dever a ausência do equilíbrio proveniente da falta de um membro, gerando a diminuição da base de apoio. Esta característica correlaciona-se com a pesquisa realizada por Baraúna et al (2006), em que puderam verificar que a postura dos indivíduos amputados de membros inferiores oscila mais significantemente em direção anterior e para o lado contra-lateral à prótese (nos casos dos pacientes já protetizados). Com o avanço da idade, notou-se uma menor tendência à oscilação posterior. Figura 3 - Análise postural (vista perfil) do paciente com amputação transfemoral. - 112 - ENAF Science, v.3, n.2 A literatura pesquisada apresenta poucos dados avaliando a relação de anormalidades posturais ao processo de amputação de membros inferiores. Segundo Fischinger (1982) a principal relação que a amputação possui com anormalidades posturais se deve aos encurtamentos musculares principalmente adutores e abdutores, que podem gerar alterações significantes em relação às curvaturas escolióticas. Talvez este mesmo desequilíbrio muscular, é o principal responsável pela postura anterior adotada pelos pacientes amputados de membros inferiores como foi demonstrado por Baraúna et AL (2006). Apesar das características apontadas pelos autores citados anteriormente, a alteração postural também pode surgir por outras causas como exemplo, a falta de informações durante a utilização de dispositivos auxiliares no período pré-protetização em alguns pacientes menos favorecidos em relação à aquisição de sua prótese, fica por períodos (cerca de meses) utilizando muletas. A falta de treino eficaz para a utilização dos dispositivos auxiliares facilita que o paciente adote posturas inadequadas que favorecendo o aparecimento de contraturas, encurtamentos e até deformidades. CONCLUSÃO Com a realização do presente trabalho, pode-se concluir que, o fisioterapeuta necessita adotar a análise postural durante o processo de avaliação física do paciente desde o período de pré amputação até o período de pós protetização. Esta característica favorece tanto melhor qualidade de vida ao paciente, com relação à diminuição das dificuldades encontradas durante o período de protetização, quanto à diminuição do gasto energético durante a deambulação destes pacientes. Vale ressaltar que o trabalho tem sua continuidade com relação ao processo de reabilitação visando proporcionar ao paciente condições físicas para a protetização. BIBLIOGRAFIA BARAÚNA, M. A.; DUARTE, F. 2.; SANCHEZ, H. M.; CANTO, R. S. T.; MALUSÁ, S.; CAMPELO-SILVA, C. D.; VENTURA-SILVA, R. A. Avaliação do equilíbrio estático em indivíduos amputados de membros inferiores através da biofotogrametria computadorizada. Rev. bras. fisioterapia. v. 10, n. 1, p. 83-90, 2006. BOULTON, A.J.M. The diabetic foot. v. 30/2. p.36-40. 2002. CARNEIRO, J. A.; HECTOR, L. M. DE S.; MUNARO, L. R. Predominância de desvios posturais em estudantes de educação física da universidade estadual do sudoeste da bahia. Rev. Saúde. Com, n. 1, v.2, p. 18-123, 2005. CARVALHO, J. A. Amputações em membros inferiores: em busca de plena reabilitação. São Paulo. Editora Manole. 2003. FISCHINGER, B. A escoliose vista por uma fisioterapeuta. Caxias do Sul. Ed. da Universidade de Caxias do Sul. 1982. GROUP, T. G. Epidemiology of lower extremity amputation in centres in Europe, North America and East Asia. The Global Lower Extremity Amputational Study Group. Br J. Surg. v. 87, n. 3, p. 328-337, 2000. VIDAL, A. L. A.; SANTOS, C. C.; NISHIMARU. S.; CHAMLIAN, T. R.; MASIERO, D. Avaliação da qualidade de vida em pacientes amputados de membros inferiores. Med Reabil. v. 23, n. 1, p. 12-7, 2004. [email protected] - 113 - ENAF Science, v.3, n.2 IMPORTÂNCIA DA FISIOTERAPIA NEUROFUNCIONAL NO TRAUMATISMO CRANIOENCEFÁLICO APÓS ALTA HOSPITALAR – RELATO DE UM CASO Gislaine Parreira Brianezi¹ Denise Fortes Chibeni Ramos Rios¹ Lídia Carolina Nogueira Oriolo¹ Luís Henrique Sales Oliveira² Sidney Benedito Silva² ¹Aluno da Pós-Graduação em Fisioterapia Neurofuncional – UNIVERSITAS/MG ²Docente da Pós-Graduação em Fisioterapia Neurofuncional- UNIVERSITAS/ MG INTRODUÇÃO O traumatismo cranioencefálico (TCE) é a agressão ao cérebro, envolvendo estruturas ósseas cranianas e tecidos encefálicos, não de natureza degenerativa ou congênita, mas causada por uma força física externa, que pode produzir um estado diminuído ou alterado de consciência que resulta em comprometimento das habilidades cognitivas ou de funcionamento físico, distúrbio comportamental ou emocional. Este pode ser temporário ou permanente, e provocar comprometimento funcional parcial ou total ou mau ajuste psicológico (JAKAITIS E GUAZZELLI, 2005; MIZUMOTO, TANGO E PAGNOCCA, 2005; NITRINI E BACHESCHI, 2003; PORTO, LEITE E SANTOS, 2007). Os pacientes vítimas de TCE são a quarta principal causa de mortalidade nos Estados Unidos nos últimos 40 anos, enquanto que entre as pessoas de 1 a 45 anos se encontram em primeiro lugar. A mortandade dos pacientes vítimas de TCE está em torno de 40% e não está limitada somente aos países desenvolvidos, sendo bastante presente em todo o mundo. Infelizmente, mais da metade das mortes por TCE ocorre no local do trauma, sem tempo hábil para reanimação (NEMER, 2008; PECLAT, 2008). Alguns estudos têm mostrado que o TCE, dentre os vários tipos de trauma, é uma das maiores causas de morbidade e mortalidade em todo o mundo, sendo que a faixa etária com maior prevalência é a de adultos jovens e do sexo masculino (PORTO, LEITE E SANTOS, 2007). Entre as principais causas de TCE podemos citar os acidentes automobilísticos, atropelamentos, os acidentes ciclísticos e motociclísticos, as agressões físicas, as quedas, as lesões por arma de fogo, entre outras menos frequentes. Nos últimos 10 anos, mais de um milhão de pessoas ficaram inválidas devido a traumas mecânicos no Brasil, sendo os acidentes de trânsito os principais responsáveis por essas taxas (MELO, SILVA E MOREIRA, 2004). O TCE pode ocorrer como resultado de um golpe direto na cabeça, ou esta pode ser atingida indiretamente por um impacto em outras partes do corpo. A lesão direta pode ser por impacto ou penetrante. Lesões por impacto (aceleraçãodesaceleração) geralmente resultam em múltiplas lesões do corpo, assim como em dano cerebral difuso. O impacto da cabeça pode causar lesões no couro cabeludo, deformação do crânio com ou sem fratura ou fraturas profundas que podem lacerar ou perfurar a dura-máter e o cérebro (CARR E SHEPHERD, 2008). Pacientes com lesões encefálicas graves apresentam alterações sensório-motoras, negligências motoras e sensoriais, cognitivas, psicológicas, entre outras. O período prolongado no leito e a falta de estímulos sensoriais inibem e retardam o processo de evolução neuropsicomotora (JAKAITIS E GUAZZELLI, 2005) A habilidade do traumatizado em realizar atividades da vida diária, viver independentemente, reassumir responsabilidades anteriores e retornar ao trabalho ou a ocupação principal têm sido informações usadas para avaliar o padrão de recuperação pós- trauma. O primeiro interesse em alcançar a recuperação conseqüente a uma doença ou trauma é retornar o indivíduo a sua maior atividade social esperada, isto é retornar ao emprego, à escola ou manter atividades domésticas ou outra relevante (SOUSA E KOIZUMI, 1996). OBJETIVO Relatar os benefícios da fisioterapia na reabilitação neurofuncional do paciente com Traumatismo Cranioencefálico grave após alta hospitalar. RELATO DO CASO O estudo consiste em um relato de caso, realizado no ambulatório de fisioterapia do Hospital das Clínicas Samuel Libânio, de um paciente do gênero masculino, 31 anos, diagnóstico de TCE grave, vítima de acidente automobilístico em janeiro de 2007, que permaneceu hospitalizado durante 22 dias, sendo 8 dias na UTI, traqueostomizado em ventilação mecânica, e mais 15 dias no leito em ventilação espontânea. Na avaliação fisioterapêutica o paciente apresentava bastante sonolento, com diminuição cognitiva, fala enrolada e lenta. Comprometimento motor de hemicorpo esquerdo, com leve espasticidade, diminuição da força muscular e coordenação do membro superior e inferior deste lado. Pé esquerdo com edema, com leve deformidade em flexão plantar. Relata dor, dormência e formigamento em membro inferior esquerdo. Incapacidade de realizar os movimentos de transferências como rolar, sentar e ficar em pé sozinho. Diminuição do controle de cabeça e tronco. Necessitando de apoio para ficar sentado tanto nas costas como dos lados. Não conseguia permanecer sozinho na posição ortostática nem mesmo com uso de algum apoio. O paciente realizou quatro meses de fisioterapia, três sessões semanais com duração de uma hora por dia. Os objetivos da fisioterapia foram trabalhar ganho de amplitude de movimento e força muscular, melhorar coordenação, equilíbrio e propriocepção, marcha independente e retorno as suas atividades de vida diária e profissional. - 114 - ENAF Science, v.3, n.2 Nas duas primeiras semanas iniciou a fisioterapia com mobilizações, alongamentos, cinesioterapia ativa-assistida de membros superiores e inferiores na posição deitada, controle de cabeça e tronco na posição sentada. Na terceira e quarta semanas além do que já estava sendo realizado, começou o treino de transferências como rolar no colchão, sentar com ajuda, passar da posição sentado para em pé com auxílio, descarga de peso em membros superiores e inferiores, dissociação de cintura, treino de equilíbrio na posição sentada com deslocamentos para frente, para trás e para os lados, ortostatismo, tudo com auxílio do terapeuta. No segundo mês de fisioterapia, o paciente já estava apresentando uma melhora cognitiva com isso o grau de dificuldade dos exercícios aumentavam. O paciente já estava conseguindo rolar e sentar sozinho, porém ainda necessitava de ajuda para ficar de pé. Apresentou ganho de controle de tronco e cabeça, já não necessitando mais de apoio para ficar sentado. Os exercícios já estavam sendo realizados de forma ativa e deixou de ser realizados na posição deitado e sentado passando a ser realizados em pé, com apoio. Começou o treino com andador, pois já tinha força nos braços, porém o equilíbrio em pé ainda estava alterado, necessitando da ajuda do terapeuta. Aumentamos os exercícios de coordenação para membro superior esquerdo, treino de preensão e pinça, além de iniciar atividades de vida diária como amarrar sapato, trocar de roupa, abotoar blusa, pentear o cabelo, escovar os dentes. Os exercícios eram sempre seguidos de várias repetições para que o paciente aprendesse e assimilasse a atividade que estava sendo realizada. No terceiro mês, paciente já apresentava maior equilíbrio de tronco na posição em pé, conseguindo ficar de pé e andar sozinho com andador, boa coordenação motora dos membros superiores e inferiores. Começou então o fortalecimento muscular com exercícios para membros superiores e inferiores com pesos progressivos. Início do treino de marcha sem apoio, além de treino para andar em terrenos irregulares, subir e descer degraus. No final do quarto mês paciente apresentou uma grande evolução de seu quadro clínico, com ganho de força muscular em membros superiores e inferiores, ganho de equilíbrio e coordenação, marcha independente, além de retorno a capacidade de realizar suas atividades independentemente. DISCUSSÃO O controle motor deficiente após uma lesão cerebral, associado com paralisia, fraqueza muscular, espasticidade ou uma combinação destes ao longo do coma, efetivamente imobilizam o indivíduo após TCE, que então fica vulnerável às adaptações cardiovasculares e musculoesqueléticas, associadas ao repouso no leito, redução de atividade física e ao desuso. Alterações nos tecidos moles e redução do condicionamento cardiovascular comumente impedem a reabilitação pela interferência com o treinamento ativo e intensivo necessário à melhora do desempenho motor (CARR E SHEPHERD, 2008). A cinesioterapia é eficaz em todas as fases da reabilitação, prevenindo deformidades, proporcionando maior independência funcional e melhora da qualidade de vida. Os exercícios de resistência e força muscular por sua vez garantem mudanças do sistema cardiovascular, previnem as complicações circulatórias e melhora as capacidades funcionais (CAVENAGHI et al, 2005). Além dos benefícios que os exercícios trazem para o paciente após o período de imobilização, é importante o fisioterapeuta focar nos comprometimentos sensoriomotores primários e adaptações ou compensações necessárias para que o paciente possa retornar as suas atividades diárias. Quando um adulto tem uma lesão cerebral que afeta o seu sistema de controle motor, como resultado da fraqueza muscular e da inabilidade para controlar os padrões de ativações musculares, a habilidade da ação é perdida ou seriamente comprometida. A pessoa não pode mais realizar ações que eram realizadas sem dificuldades previamente, quando interagia com o mundo à sua volta. Após o término dos efeitos imediatos da lesão, qualquer mudança no desempenho motor provavelmente ocorre através de um processo de aprendizado (adaptação) (CARR E SHEPHERD, 2008). Pesquisas científicas atuais e a subseqüente reavaliação do efeito funcional dos problemas que aparecem após uma lesão neurológica estão levando à mudança de foco das intervenções clínicas, com ênfase a otimização motora através de exercícios de tarefas orientadas, de ganho de força e de treino de desempenho físico. Achados em modelos animais e humanos sugerem que, para que a reabilitação seja eficiente em otimizar a reorganização neural e a recuperação funcional, uma ênfase maior deve ser colocada em tarefas úteis que sejam desafios interessantes com um treino que promove o aprendizado (CARR E SHEPHERD, 2006). Para alguns indivíduos, o aprendizado motor requer exercícios para aumentar a força e o controle motor, exigindo muitas vezes além do treinamento repetitivo para aprendizagem da ação uma modificação da tarefa para que sua execução se torne mais fácil (CARR E SHEPHERD, 2006). CONSIDERAÇÕES FINAIS Podemos considerar que a fisioterapia é muito importante para reabilitação motora após a alta hospitalar do paciente vítima de TCE, sendo necessário seu início logo após a lesão, prevenindo dessa forma deformidades musculoesqueléticas que poderão gerar incapacidades motoras interferindo no desempenho efetivo de suas atividades. REFERÊNCIAS Affonseca, C. A; Carvalho, L.F.A; Guerra, S.D; Ferreira, A.R; Goulart, E.M.A. Distúrbio de coagulação em crianças e adolescentes com traumatismo cranioencefálico moderado e grave. Jornal Pediatria. (Rio J.). Porto Alegre, v.83, n.3, maio/jun.2007. Carr, J.H; Shepherd, R.B. The changing face of neurological rehabilitation. Revista Brasileira de Fisioterapia. São Carlos, v.10, n.2, fev.2006. Carr, J; Shepherd, R. Reabilitação neurológica: otimizando o desempenho motor. São Paulo: Manole, 2008. Cavenaghi, S; Gama, D; Valério, N. I; Marino, L. H. C; Ramirez, C. Aplicabilidade intra hospitalar da cinesioterapia no trauma raquimedular. Arquivos Ciências Saúde. São Paulo, v.12, n. 4, p.213-215, out/dez.2005. Jakaitis, F; Guazzelli, A.B.A. Estudo dos efeitos sensórios-motores da fisioterapia aquática com pacientes em estado de coma vigil. Revista Neurociências. São Paulo, v.13, n.4, p. 215-218, out/dez 2005. Melo, J.R.T; Silva, R.A; Moreira Jr, E.D. Características dos pacientes com trauma cranioencefálico na cidade do Salvador, Bahia, Brasil. Arquivos Neuro-Psiquiatria. São Paulo, v.62, n.3, set.2004. Mizumoto, N; Tango, H.K; Pagnocca, M.L. Efeitos da hipertensão arterial induzida sobre a complacência e pressão de perfusão encefálica em hipertensão intracraniana experimental: comparação entre lesão encefálica criogênica e balão subdural. Revista Brasileira Anestesiologia. Campinas, v.55, n.3, maio/jun 2005. Nemer, S.N. Escala da locomoção independente funcional em pacientes com traumatismo cranioencefálico. Disponível em: <http:// www.interfisio.com.br>. Acesso em: julho de 2008. Nitrini, R; Bacheschi, L.A. Neurologia que todo médico deve saber. 2ºedição. São Paulo: Atheneu, 2003. Peclat, K.C. Traumatismo cranioencefálico. Disponível em: <http:// www.fisioweb.com.br> Acesso em julho de 2008. Porto, E.F; Leite, J.R.O; Santos, A.Z. Variáveis preditoras de mortalidade de pacientes com traumatismo crânio encefálico na terapia intensiva. Revista Neurociências. São Paulo, v.15, n.1, p.22-28, jan/mar 2007. Sousa, R.M.C; Koizumi, M.S. Recuperação das vítimas de traumatismo crânio-encefálico no período de 1 ano após o trauma. Revista Escola Enfermagem USP. São Paulo,v.30, n.3, p.484-500, dez.1996. - 115 - ENAF Science, v.3, n.2 ÍNDICE DE OBESIDADE INFANTIL E ALTERAÇÕES POSTURAIS ENCONTRADAS EM CRIANÇAS DE 8 A 14 ANOS Júlio Cezar Delfino da Rosa¹ Juscelino Sérgio Amâncio¹ Adílio Gonçalves de Souza¹ Luís Henrique Sales Oliveira² Denise Fortes Chibeni Ramos Rios² Lídia Carolina Nogueira Oriolo² ¹Aluno de Graduação em Fisioterapia da UNIVÁS/MG ²Docente da Graduação em Fisioterapia da UNIVÁS/MG RESUMO Esta pesquisa teve como objetivo diagnosticar quais crianças estão acima do peso, avaliar as possíveis alterações encontradas e assim orientar os mesmos e os pais sobre os riscos e providências a serem tomadas para uma intervenção precoce evitando futuros danos à saúde de seus filhos. Ao final do estudo conclui-se que das 100 crianças de 8 a 14 anos analisadas, 81 apresentam o peso dentro da normalidade, 11 apresentam sobre peso e 8 obesos. Na avaliação postural encontramos algumas alterações sendo, 7 crianças com ângulo inferior da escápula desalinhados, 11 com ângulo de tales desalinhados, 7 com acrômios desalinhados, 5 com as cristas ilíacas desalinhadas, 13 com a glabela desalinhada, 8 com as cinturas escapulares e pélvicas desalinhadas, 9 com alteração de posicionamento da cabeça, 7 com alterações nos ombros, 9 com alterações no joelho e lordose lombar com uma média de 4,36 cm do fio posterior, 26,13cm de média da crista ilíaca relacionada com o fio posterior, 5 crianças com assimetria de curvatura do dorso. Palavras-chave: Obesidade; Hábitos alimentares; IMC; Sobre-peso. INTRODUÇÃO Para Fisberg (1997), a obesidade é provavelmente uma das enfermidades mais antigas do homem, e entre todas as alterações do nosso corpo, provavelmente, é a situação mais complexa e de difícil entendimento, tanto no meio científico como entre os leigos. Caracteriza-se como uma das patologias nutricionais que mais vem se destacando, não apenas nos paises ricos, mas também nos paises em desenvolvimento, pelo estilo de vida inadequado, sedentarismo, hábitos familiares inadequados, alimentação insatisfatória, excesso de carboidratos na dieta, a velocidade da refeição, os lanches desequilibrados e o consumo de doces e guloseimas. Conceitualmente a obesidade pode ser considerada como um acúmulo de tecido gorduroso, regionalizado ou em todo corpo, causado por doenças genéticas ou endócrino-metabólicas ou por alterações nutricionais. É um distúrbio do estado nutricional traduzido por um aumento de tecido adiposo, reflexo do excesso de gordura resultante do balanço positivo de energia na relação ingestão gasto calórico. (MARCONDES, 1999) A influência genética na determinação do peso corpóreo já está bem estabelecida e pode ser evidenciada na agregação familiar da obesidade, como a presença de pais obesos, pelos determinantes ambientais, especialmente os hábitos alimentares e o estilo de vida da família. Alterações da dinâmica familiar e do vínculo mãe-filho também contribuem de forma significativa para a instalação e manutenção da obesidade na infância e na adolescência (SCHOR, 2005). A obesidade por se constituir em um problema multifatorial e plurissistêmico, influi também no aparelho locomotor, ocasionando algumas alterações ortopédicas já na infância e adolescência. A maioria delas não é exclusiva dos portadores de obesidade, mas surgem nestes com maior freqüência em virtude da ação mecânica desempenhada pelo exagero da massa corporal e o aumento das necessidades mecânicas regionais (FISBERG, 1997). Define-se como postura ideal àquela em que há um equilíbrio entre as estruturas de suporte envolvendo uma quantidade mínima de esforço e sobrecarga com uma máxima eficiência do corpo. A postura de cada indivíduo será determinada por cadeias musculares, fáscias, ligamentos e estruturas ósseas, que possuem solução de continuidade, são interdependentes entre si e abrangem todo o organismo. Um método de avaliação postural foi descrito por Kendall para se determinar possíveis alterações da postura corporal. Os pacientes são posicionados em ortostatismo à frente de um espaço quadriculado e, com o auxilio de um fio de prumo, a postura é avaliada.(AMANTÉA, 2004) As alterações posturais provenientes do ganho ponderal de peso promovem alteração no centro de gravidade, exagero da lordose lombar o que caracteriza sua etiopatogenia, o aumento da inclinação anterior da pelve, o deslocamento anterior da cabeça, tornando o que era funcional e compensatório em alterações fixas em virtude do encurtamento das estruturas músculo-ligamentares. A partir desse ponto, torna-se patológico e pode originar quadros dolorosos como a síndrome das facetas e o pinçamento das apófises espinhosas (síndrome de Baastrup). Nas crianças obesas, essas alterações desencadeiam conseqüente exagero da rotação interna de quadril e fêmur e acentuação do valgismo dos joelhos, tornozelos e pés. (LIMA, 1998). OBJETIVO Identificar o índice de obesidade infantil em crianças de 8 a 14 anos, analisar correlações com as alterações posturais observadas. MATERIAIS E MÉTODOS Trata-se de um estudo quantitativo para identificar crianças com sobrepeso e/ou obesas e sua relação com possíveis alterações posturais por meio de uma avaliação postural. Participaram deste estudo 100 (cem) crianças de ambos os gêneros da Escola Municipal Anita Faria do Amaral - CIEM, localizada na travessa Lisboa, número 120 no - 116 - ENAF Science, v.3, n.2 Bairro Santa Luzia em Pouso Alegre (MG); com idade entre 8 e 14 anos, da 1a a 8a séries do primeiro grau dos períodos matutino e vespertino, regularmente matriculados na escola. A avaliação na qual as crianças foram submetidas baseia-se na identificação do índice de obesidade, que foi feito através do IMC (índice de massa corporal) usando uma tabela específica para crianças e adolescentes, e quando diagnosticado o sobrepeso ou obesidade, foram submetidos a uma avaliação postural usando um programa específico para avaliação e analise de alterações encontradas. Foram usados na pesquisa os seguintes materiais; Balança de precisão com estadiômetro da marca FILIZOLA, Máquina fotográfica digital da marca Mirage e o programa de avaliação postural (Posturograma – Fisiometer). Ao final da pesquisa, os pais foram orientados individualmente quanto às alterações identificadas. Os resultados encontrados serão apresentados a seguir. RESULTADOS Das 100 crianças avaliadas foi constatado que 81 crianças apresentaram-se dentro do padrão de peso normal, 11 apresentaram-se com sobrepeso e 8 obesas (Gráfico 1). As crianças que se apresentaram com sobrepeso e obesas foram submetidas a uma avaliação postural, onde foram encontradas algumas alterações (Gráfico 2). As alterações encontradas na avaliação da face ventral demonstrando o alinhamento do acrômio, espinha ilíaca, glabela, cintura escapular e pélvica (Gráfico 3). Na avaliação do perfil esquerdo, demonstra as alterações em cabeça, ombro e joelho (Gráfico 4). Na avaliação do perfil direito, demonstra as alterações em cabeça, ombro e joelho (Gráfico 5). As alterações encontradas na avaliação do perfil (D) e (E), sinaliza a média representada em centímetros, da distância entre o fio traçado posteriormente ao corpo da criança à região lombar e região de crista ilíaca póstero superior (Gráfico 6). Na avaliação na posição de flexão anterior, demonstra alterações na curvatura do dorso (Gráfico 7). Gráfico1- Representa o número de crianças normais, sobre peso e obesas. Foi realizada a mensuração do peso e da altura das crianças e obtido o valor do IMC, onde ao final, as mesmas foram enquadradas em uma tabela de IMC para crianças de 0 a 18 anos e o r 100 81 80 8 a 14 Anos 60 40 11 20 8 0 Normal Sobre peso Obeso GRÁFICO 2 13 12 11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 11 6 7 2 Ângulo inf. Eacapula Ângulo de Tales - 117 - Alinhados Desalinhados ENAF Science, v.3, n.2 GRÁFICO 3 13 12 11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 13 6 8 7 8 5 5 Alinhados Desalinhados 0 Acrômio C. Ilíaca Glabela Cinturas Esc. Pelv. GRÁFICO 4 13 12 11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 9 7 6 6 4 2 Cabeça 4 Anteriorizada Posteriorizada Alinhada 1 0 Ombro (E) Joelho (E) Gráfico 5 13 12 11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 11 10 10 Anteriorizada Posteriorizada Alinhada 2 1 Cabeça 1 1 Ombro (D) 1 2 Joelho (D) - 118 - ENAF Science, v.3, n.2 GRÁFICO 6 50 40 30 20 10 0 26,13 Média 4,36 Lordose Lombar Crista ilíaca GRÁFICO 7 13 12 11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 8 Simétrico 5 Assimétrico DISCUSSÃO A escassez de estudos de prevalência para sobrepeso e obesidade na adolescência, associada à falta de unanimidade nos critérios de diagnósticos dessas condições, têm dificultado muito nos critérios de diagnósticos dessas condições (MONDINI et. al., 2007). Em contra partida é grande a literatura destinada a doenças cardiovasculares, alterações metabólicas e doenças respiratórias advindas da obesidade. Diversos métodos têm sido desenvolvidos para mensurar a gordura corporal, incluindo a densitometria, ultrassonografia, a medida da água e do potássio corpóreos, entre outros. Em geral, esses são métodos caros, demorados e que não estão largamente disponíveis. As medidas antropométricas são uma alternativa barata e simples, não invasiva, rápida, que vem sendo amplamente empregadas na clínica e em estudos epidemiológicos (MARTELLI, TRAEBERT, 2006) Vários autores têm demonstrado que o IMC consiste numa medida de adiposidade válida em crianças e adolescentes, utilizados como padrão ouro na utilização de medidas em rotinas de clínicas e na saúde pública (BRUNETTO et. al., 2005). Neste estudo, a prevalência de sobrepeso e obesidade em adolescentes escolares foi elevada (20%), comparando com outras referências encontradas que é de 15,5% em média. Os dados obtidos referentes a alterações posturais, mostram que a escoliose é a alteração que mais aparece como provável causa de escápulas desalinhadas (53,84%), juntamente com o desalinhamento dos acrômios (53,84%), contrariando estudo realizado por CAMPOS, LEITE e ALMEIDA (2007), que dizem ser a hiperlordose lombar a maior alteração encontrada em crianças e adolescentes com sobrepeso e obesos. CONCLUSÃO Este estudo apresentou dados relacionados ao índice de obesidade infantil, identificando as alterações posturais que seriam mais comuns em crianças e adolescentes obesos. Com isso podemos concluir que quando se fala em crianças e adolescentes, temos que nos preocupar com um trabalho de prevenção, identificando de maneira precoce as alterações na massa corpórea e postura, no intuito de prevenir futuras alterações irreversíveis que podem se instalar, se a questão da obesidade não for resolvida - 119 - ENAF Science, v.3, n.2 precocemente. Concluímos também, que devemos associar a prevenção destas alterações, concomitante com o tratamento nutricional, por se tratar de um processo de modificação do esquema corporal, exigindo harmonização e aceitação da nova condição física. REFERÊNCIAS AMANTÉA, Daniela Vieira et al. A importância da avaliação postural no paciente com disfunção da articulação temporomandibular. Acta ortop. bras., Set 2004, vol.12, no.3, p.155-159. ISSN 1413-7852. BRUNETTO, Antônio Fernando; ROSEGUINI, Bruno Tesini; SILVA, Bruno Moreira et al. Respostas autonômicas cardíacas à manobra de tilt em adolescentes obesos. Rev. Assoc. Med. Bras., set./out. 2005, vol.51, no.5, p.256260. ISSN 0104-4230. CAMPOS, Lício de Albuquerque; LEITE, Álvaro Jorge Madeiro; ALMEIDA, Paulo Cesar de. Prevalência de sobrepeso e obesidade em adolescentes escolares do município de Fortaleza, Brasil. Rev. Bras. Saude Mater. Infant., abr./jun. 2007, vol.7, no.2, p.183-190. ISSN 1519-3829. FISBERG, M. Obesidade na infância e adolescência. 2 ed. São Paulo: Fundo editorial BYK, 1995. LIMA, A.J. Pediatria essencial. 5 ed. São Paulo: Atheneu, 1998. MARCONDES, E. Pediatria básica. 8 ed. São Paulo: Savier, 1999. MARTELLI, Raquel Cristina; TRAEBERT, Jefferson. Estudo descritivo das alterações posturais de coluna vertebral em escolares de 10 a 16 anos de idade. Tangará-SC, 2004. Rev. bras. epidemiol., Mar 2006, vol.9, no.1, p.87-93. ISSN 1415-790X MONDINI, Lenise, LEVY, Renata Bertazzi, SALDIVA, Silvia Regina Dias Médici et al. Prevalência de sobrepeso e fatores associados em crianças ingressantes no ensino fundamental em um município da região metropolitana de São Paulo, Brasil. Cad. Saúde Pública, ago. 2007, vol.23, no.8, p.1825-1834. ISSN 0102-311X. SCHOR, N. Guias de medicina ambulatorial e hospitalar. Barueri: Manole, 2005. - 120 - ENAF Science, v.3, n.2 USO DA BALNEOCINESIOTERAPIA EM ÁGUAS MINEROMEDICINAIS E A UTILIZAÇÃO DA BALNEOCINESIOTERAPIA ASSOCIADO À BOLA SUÍÇA NO TRATAMENTO DA LOMBALGIA CRÔNICA: ESTUDO COMPARATIVO Karoline Francis Pereira Marques de Melo Franco¹ Renata Souza Camargo¹ Geny Frayha Delany² ¹Aluna do curso de fisioterapia pela PUC de Minas Gerais – Poços de Caldas-MG ²Professora da PUC de Minas Gerais - Poços de Caldas-MG RESUMO A lombalgia é um dos maiores problemas de saúde pública. Assim, o presente trabalho visa um estudo comparativo entre o uso da balneocinesioterapia em águas mineromedicinais e a balneocinesioterapia associado à bola suíça no tratamento da lombalgia crônica, avaliando seu efeito no alívio da dor, flexibilidade e melhora da QV. 15 pacientes de 20-30 anos, com diagnóstico de lombalgia crônica foram divididos em G1 balneocinesioterapia, G2 balneocinesioterapia e bola suíça, e G3 grupo controle. Sendo 14 sessões, 20 minutos para banhos e 40 minutos para exercícios na bola suíça. Para a avaliação foram utilizados a EVA, QVSF-36, goniometria e teste de Finger-Floor. Houve melhora da dor e QV para o G1/G2. No Teste de Finger-Floor o G2 foi melhor, enquanto que na goniometria houve melhora maior no G1. Conclui-se que a bola suíça mostrou ser coadjuvante no tratamento da lombalgia crônica, sendo a balneocinesioterapia um tratamento completo da algia em questão. Palavras-chave: lombalgia, bola suíça, balneocinesioterapia INTRODUÇÃO As afecções nas costas afligem a humanidade há milhares de anos (SNOOK apud BRACCIALI & VIRATA, 2000); estudos mostram que 90% dos humanos sofreram ou vão sofrer de dores na coluna, e que atualmente este fenômeno começa a cada vez mais jovem (REDONDO, 2001). As doenças da coluna vertebral são responsáveis por alterações em sua estrutura e função comumente associadas com dor presente predominantemente na coluna lombar (ELFVING et al. 2003). Entre as dores crônicas, a da coluna vertebral é a de maior freqüência, com destaque para a lombalgia (MACEDO; SASSAKI; CERANTO, 2005). Sucintamente, podemos definir a lombalgia como sendo um sintoma referido na altura da cintura pélvica, podendo ocasionar proporções grandiosas. O seu diagnóstico pode ser considerado simples, pois geralmente o quadro clínico da lombalgia é constituído por dor, incapacidade de se movimentar e trabalhar (TOSCANO & GYPTO, 2001). A obtenção de equilíbrio nas estruturas que compõem a pilastra de sustentação humana (coluna vertebral), evitando quadros dolorosos a ela relacionados, não se constitui em tarefa fácil, devido principalmente às constantes mudanças de posturas realizadas diariamente pelo homem, expondo sua estrutura morfofuncional a uma série de agravos. Um desequilíbrio mecânico das estruturas da coluna vertebral atua como fator nocivo sobre elas mesmas (TOSCANO & GYPTO, 2001). Vários métodos terapêuticos podem ser utilizados no tratamento da lombalgia, tais como eletrotermoterapia, massoterapia, tração lombar, alongamentos, por facilitação neuromuscular proprioceptiva, acupuntura, tai-chi-chuan e hidroterapia. Partindo do princípio que as dores na coluna vertebral podem ser tratadas através do relaxamento muscular e através de exercícios cinesioterapêuticos, o termalismo que tem como agente terapêutico as águas mineromedicinais sulfurosas e em conjunto com a balneocinesioterapia que são exercícios dentro da água, fazem uso de suas propriedades físicas, biológicas e químicas no intuito de proporcionar relaxamento muscular e conseqüentemente o alívio da dor e melhora da qualidade de vida (MOURÃO, 1982/1992). A bola suíça pode ser usada com pacientes ortopédicos com dores na coluna objetivando estabilizar segmentos hipermóveis da coluna, mobilizar segmentos hipomóveis da coluna, fortalecer os músculos extensores da coluna, intrínsecos profundos e abdominais, obter alinhamento postural e melhor equilíbrio, diminuir a dor e melhorar a função e diminuir tensão mecânica adversa sobre estruturas neurais (CARRIÉRE, 1999). A bola suíça é uma ferramenta original e funcional para os terapeutas, uma vez que todos os povos do mundo, e de todas as idades culturais associam a bola com o jogo e a recreação (POSNER-MAYER, 1995). Portanto, o objetivo do presente estudo foi avaliar os métodos fisioterapêuticos para a evolução de pacientes com dor lombar crônica, submetidos a um estudo comparativo entre a balneocinesioterapia nas águas mineromedicinais e a utilização da balneocinesioterapia associada à bola Suíça no tratamento da lombalgia crônica com o intuito de avaliar as variáveis dor, flexibilidade de tronco e qualidade de vida. METODOLOGIA A pesquisa foi realizada nas Thermas Antônio Carlos, na cidade de Poços de Caldas em Minas Gerais, no período de março de 2008 a maio de 2008, onde os exercícios em água foram realizados em uma banheira cuja temperatura da água era de 37ºC e 38ºC, os exercícios na bola suíça foram realizados com colchonetes abaixo da bola dando uma maior segurança ao paciente Participaram do estudo 15 pacientes de ambos os sexos com idade entre 20 a 30 anos, com dor lombar crônica (DLC), os quais foram recrutados aleatoriamente na cidade de Poços de Caldas. Após seleção, passaram por uma entrevista individual onde responderam um questionário com 10 perguntas feitas pelos terapeutas responsáveis pelo estudo, a fim de selecionar e identificar a amostra e verificar, a ocorrência de DLC de origem músculo-esquelético, sua freqüência e intensidade. Foram incluídos pacientes com DLC (maior que 3 meses) e de origem músculoesquelética, pacientes com ausência de lesão que inviabilizasse sua participação e pacientes que não estejam realizando outros tipos de tratamentos para lombalgia, exceto a medicação. Foram excluídos pacientes com DLC que - 121 - ENAF Science, v.3, n.2 não seja de origem musculoesquelética; que tenham doença reumática inflamatória; pacientes hipertensos, cardiopatas e pneumopatas e pacientes que tenham passado por cirurgia lombar nos últimos 6 meses. Após, foram divididos em três grupos experimentais de cinco pacientes, grupo 1 (G1) que utilizaram a balneocinesioterapia em águas mineromedicinais; grupo 2 (G2) que utilizaram a balneocinesioterapia em águas mineromedicinais associada a exercícios na bola suíça em solo após o banho e grupo 3 (G3) que constituiu o grupo controle. Para avaliar os efeitos das terapias, foram realizadas duas avaliações, uma pré-tratamento, e outra póstratamento. Para avaliar a dor foi utilizada a EVA (Escala Visual Analógica de Dor) onde o paciente assinalava a nota da dor no dia da avaliação e reavaliação (MACEDO et al. 2003). Para avaliar a flexibilidade do tronco, foram utilizados a goniometria da região pélvica e lombar, medindo as amplitudes de movimentos das articulações através da utilização de um Goniômetro da marca CARCI, foi também realizado o teste específico para a flexibilidade, o “Finger-floor”. O paciente tentou alcançar o solo por flexão da coluna, mantendo os joelhos em extensão, o examinador anotou a distância entre a ponta do terceiro dedo ao solo em centímetros. Para avaliar a qualidade de vida (QV) foi utilizado o questionário de Qualidade de Vida SF-36 (QVSF-36: Medical Outcmomes Study 36 – Item Short-Form Health Survey), que é um questionário multidimensional formado por 36 itens, englobados em 8 escalas (gráficos 10, 11 e 12), que apresenta um escore final de 0 a 100 no qual 0 corresponde ao pior estado geral de saúde e 100 melhor estado de saúde (CICONELLI R.M. et al. 1999). Foram realizadas 14 sessões, onde os participantes foram submetidos a 3 sessões por semana por 1 mês e meio, com duração de 20 minutos (G1) e 60 minutos (G2) com 20 minutos para o banho com exercícios na água e 40 minutos de exercícios na bola suíça. O G1 realizou exercícios, os quais foram desenvolvidos em seqüências de alongamento e fortalecimento muscular de intensidade leve, de dificuldade progressiva adequados para lombalgia como alongamentos de toda musculatura de MMII, paravertebrais e musculatura lateral de tronco (SANTOS 1996 & PRENTICE, 2002); exercícios da Série de Williams (controle pélvico, relaxamento paravertebral, abdominais, ponte e bicicleta) (DELIBERATO, 2007) e posturas adaptadas do M. Isostretching (REDONDO, 2001) com o paciente sentado na banheira. O G2 realizou os banhos nas águas termais com os mesmos exercícios citados anteriormente e após o banho foram associados exercícios na bola suíça (marca CARCI), estes evoluídos de forma progressiva que consistiram de atividades como alongamentos na bola, fortalecimento muscular, estabilização do tronco, mobilização de membros superiores e membros inferiores, todos baseados no livro de CARRIÈRE, 1999. O G3, não recebeu tratamento, e sim, somente a avaliação no início e fim do projeto. RESULTADOS Os dados obtidos de cada grupo a partir dos resultados dos testes da EVA, Goniometria, teste de Finger-Floor e do QVSF-36 foram plotados em gráficos. Ao analisar os dados sobre a dor, avaliados através da EVA, observou-se que no G1 (gráfico 1) e G2 (gráfio 2) houve uma analgesia significativa ao final do tratamento. Já no G3 (gráfico 3), as médias obtidas foram maiores após o tratamento. ESCALA VISUAL ANALÓGICA DE DOR: GRUPO TRATADO COM ÁGUAS MINEROMEDICINAIS ESCALA VISUAL ANALÓGICA DE DOR 35 35 30 30 25 25 20 20 INICIO INÍCIO FIM 15 FIM 15 10 10 5 5 0 0 P1 P2 P3 P4 P5 SOMA MÉDIA P1 Gráfico 1: EVA demonstrando os dados ao início e fim do protocolo de tratamento juntamente com sua média. Fonte: Dados da Pesquisa P2 P3 P4 P5 SOMA MÉDIA Gráfico 2: EVA demonstrando os dados ao inicio e fim do protocolo de tratamento juntamente com sua média. Fonte: Dados da Pesquisa ESCALA VISUAL ANALÓGICA DE DOR 40 35 30 25 INÍCIO 20 FIM 15 10 5 0 P1 P2 P3 P4 P5 SOMA MÉDIA Gráfico 3: EVA demonstrando os dados ao inicio e fim do protocolo de tratamento juntamente com sua média. Fonte: Dados da Pesquisa No teste de Finger-Floor, que mensura a flexibilidade, o G2 obteve uma melhora significativa (gráfico 5), enquanto que o G1 (gráfico 4) e G3 (gráfico 6) não obteve melhora significativa. - 122 - ENAF Science, v.3, n.2 Avaliação de Flexibilidade Teste de Finger floor grupo tratado com água Avaliação de Flexibilidade Teste de Finger floor grupo tratado com água e bola 25 25 20 20 15 15 10 10 ANTES DEPOIS 5 0 -5 ANTES DEPOIS 5 0 P1 P2 P3 P4 P5 -5 -10 P1 P2 P3 P4 P5 -10 Gráfico 4: Teste de Finger-Floor demonstrando os dados na avaliação e reavaliação do paciente. Fonte: Dados da Pesquisa Gráfico 5: Teste de Finger-Floor demonstrando os dados na avaliação e reavaliação do paciente. Fonte: Dados da Pesquisa Avaliação de Flexibilidade Teste de Finger floor grupo controle 20 15 10 5 ANTES 0 -5 P1 P2 P3 P4 DEPOIS P5 -10 -15 -20 Gráfico 6: Teste de Finger-Floor demonstrando os dados na avaliação e reavaliação dos pacientes. Fonte: Dados da Pesquisa Quanto à goniometria, houve melhora significativa no G1 (gráfico 7), enquanto que o G2 (gráfico 8) e G3 (gráfico 9) não obtiveram melhora significativa nos resultados após a pesquisa realizada. GONIOMETRIA DE COLUNA VERTEBRAL GONIOMETRIA DE COLUNA VERTEBRAL LOMBAR 110 100 100 90 90 80 80 70 70 60 60 MÉDIA INICIAL 50 MÉDIA FINAL 40 MÉDIA INICIAL 50 MÉDIA FINAL 40 30 30 20 20 10 10 0 0 Flexão (°) Flexão (°) Extensão (°) F.L.D (°) F.L.E (°) R.L.D (°) R.L.E (°) Gráfico 7: Goniometria demonstrando a média, em graus, dos movimentos mensurados. FLD: Flexão Lateral Direita, FLE: Flexão Lateral Esquerda, RLD: Rotação Lateral Direita e RLE: Rotação Lateral Esquerda. Fonte: Dados da Pesquisa Extensão (°) F.L.D (°) F.L.E (°) R.L.D (°) R.L.E (°) Gráfico 8: Goniometria demonstrando a média, em graus, dos movimentos mensurados. FLD: Flexão Lateral Direita, FLE: Flexão Lateral Esquerda, RLD: Rotação Lateral Direita e RLE: Rotação Lateral Esquerda. Fonte: Dados da Pesquisa GONIOMETRIA DE COLUNA VERTEBRAL LOMBAR 100 90 80 70 60 MÉDIA INICIAL 50 MÉDIA FINAL 40 30 20 10 0 Flexão (°) Extensão (°) F.L.D (°) F.L.E (°) R.L.D (°) R.L.E (°) Gráfico 9: Goniometria de coluna vertebral demonstrando a média, em graus, dos movimentos mensurados. FLD: Flexão Lateral Direita, FLE: Flexão Lateral Esquerda, RLD: Rotação Lateral Direita e RLE: Rotação Lateral Esquerda. Fonte: Dados da Pesquisa Para o teste de QVSF-36 o G1 (gráfico 10) e G2 (gráfico 11) obtiveram melhora significativa, porém o G2 obteve melhores resultados de acordo com o número de variáveis em relação ao G1, o G3 (gráfico 12) não foi observado melhora. - 123 - ENAF Science, v.3, n.2 Questionário SF-36 Grupo tratado com água 160 140 120 100 Antes 80 Depois 60 40 20 Saúde Mental Limitações e Aspectos emocionais Aspectos Sociais Vitalidade Estado Geral de Saúde Dor Limitação e aspectos físicos Capacidade Funcional Fase 01 0 Gráfico 10: Médias (iniciais e finais) do score do QVSF-36. Fonte: Dados da Pesquisa Questionário SF-36 Grupo tratado com água e bola 120 100 80 Antes 60 Depois 40 20 Saúde Mental Limitações e Aspectos emocionais Aspectos Sociais Vitalidade Estado Geral de Saúde Dor Limitação e aspectos físicos Capacidade Funcional Fase 01 0 Gráfico 11: Médias (iniciais e finais) do score QVSF-36. Fonte: Dados da Pesquisa Grupo Controle 140 120 100 80 Antes 60 Depois 40 20 Saúde Mental Limitações e Aspectos emocionais Aspectos Sociais Vitalidade Estado Geral de Saúde Dor Limitação e aspectos físicos Capacidade Funcional Fase 01 0 Gráfico 12: Médias (iniciais e finais) do score QVSF-36. Fonte: Dados da Pesquisa DISCUSSÃO O presente estudo utilizou-se da balneocinesioterapia, uma vez que facilita a movimentação, especialmente das articulações que suportam cargas, de grande importância em cadeias dolorosas na coluna lombar e a aplicação simultânea do calor colabora na ação analgésica favorável (BACAICOA, 2006). Assim sendo, a bola suíça se tornou um adicional no tratamento proposto, uma vez que é funcional, pois permite ao paciente realizar algo prazeroso quando se exercita (CARRIÉRE, 1999), sendo assim o incremento da bola suíça associada às águas mineromedicinais sulfurosas, se tornou presente para a verificação da potencialização dos seus efeitos. Tivemos como preocupação principal nesse estudo, avaliar o tratamento da DLC nos aspectos dor, através da EVA onde o G1 obteve uma analgesia significativa. De acordo com estudo realizado por Galán citado por Horno (2006), em 20 pacientes com diagnóstico de lombalgia mecânicas crônicas sem patologias associadas e tratados com águas sulfurosas bicarbonatadas sódicas hipertermais, os resultados obtidos foram similares entre os dois grupos, com independência da modalidade de banho empregado, comprovando-se a eficácia destas técnicas tanto no tratamento da dor crônica como da contratura paravertebral. No aspecto dor em relação ao G2, onde a água mineromedicinal já havia demonstrado ser eficaz no alívio da dor conforme citado acima, o resultado mostrou-se semelhante em ambos os grupos. Em estudo de caso realizado por Gesser et al. (2007) utilizando a bola suíça no tratamento da escoliose em um paciente de 24 anos com dor lombrossacra avaliado através da EVA, verificaram uma redução significativa da dor. Fundamentado no trabalho de Lopes et al. (2006), estes autores em estudo com 26 pacientes entre 18 e 34 anos, concluíram que um programa de 6 semanas de exercícios na bola suíça diminuiu significativamente a dor lombar durante a realização de exercícios abdominais e outros exercícios. As médias obtidas pela EVA para o G3 foram maiores após o tratamento. Neste estudo atribuímos à melhora no quadro álgico observado no G1 à termalidade, às propriedades físico-químicas e biológicas das águas mineromedicinais sulfurosas e à cinesioterapia, onde mostra resultados também semelhantes ao G2. Neste trabalho os resultados atestaram para melhora de flexibilidade no G2 em relação ao teste de Finger floor, porém não houve diferença significativa entre o G1 e G3. Este resultado pode ser explicado com base nos efeitos fisiológicos das águas mineromedicinais sulfurosas e pelo tempo de alongamento. As águas mineromedicinais sulfurosas contêm íons que se ligam ao músculo propiciando o relaxamento de suas fibras, o que dificulta a obtenção de resultados em exercícios de alongamento. O tempo de alongamento foi maior no G2, sendo 20 minutos de exercício na água e 40 minutos fora dela. Quanto à goniometria, houve melhora em 4 tipos de movimentos no G1, enquanto que o G2, houve melhora em apenas 1 tipo de movimento. Esse resultado atesta pela funcionalidade das águas mineromedicinais como um recurso - 124 - ENAF Science, v.3, n.2 completo para o tratamento da lombalgia, e que exercícios com bola suíça têm papel coadjuvante, podendo ou não ser benéficos para o paciente. Para o teste de QVSF-36 o G2 obteve melhores resultados de acordo com o número de variáveis em relação ao G1 e G3. Assim acreditamos que, os resultados obtidos pelo teste de QVSF-36 se devem fisiologicamente a hipófise que controla a motivação através de interação neuroendócrina. Assim estímulos externos são captados por receptores e levados até o hipotálamo, o qual os interpreta e envia mensagens através de neurônios para a hipófise. A hipófise responde ao comando pela secreção de hormônios que atuam em diversos sistemas e órgãos, como por exemplo, o sistema límbico, responsável pelo controle de emoções e tireóide, que secreta T3 e T4 cujas ações gerais variam de órgão para órgão. Dependendo dos estímulos recebidos o hipotálamo envia respostas benéficas ou maléficas (LENT, 2005). Com isso o termalismo foi capaz de gerar através de suas águas mineromedicinais estímulos de relaxamento e prazer o que faz com que a síntese de hormônios pela hipófise estimule os sistemas a reagirem de maneira funcional, aumentando o estado motivacional dos pacientes. CONCLUSÃO Com base nos resultados obtidos neste estudo, é possível concluir que a bola suíça mostrou ser coadjuvante no tratamento da DLC, sendo a balneocinesioterapia um tratamento completo da algia em questão. Existem muitos mecanismos fisiológicos que atuam juntamente às águas e que ainda não foram explorados. Por este motivo torna-se necessário a produção de novos trabalhos que analisem estes aspectos, pois constituem importante ferramenta para o fisioterapeuta no tratamento de diversas patologias que integram o cotidiano clínico deste profissional. BIBLIOGRAFIA BACAICOA, J. S. M.. Balneocinesioterapia. Tratamientos rehabilitadores em piscina. Técnicas y Tecnologias em Hidrologia Médica e Hidroterapia. Madrid, n.50, jun 2006. BRACCIALLI, L. M. P.; VILARTA, R. Aspectos a serem considerados na elaboração de programas de prevenção e orientação de problemas posturais. Revista Paulista Educação Física, São Paulo, v. 14, n. 2, p. 159-71, jul./dez. 2000. CARRIÉRE, Beate. 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Para esta avaliação analisou-se níveis de hemoglobina de um determinado grupo de pacientes que realizam 3 sessões de hemodiálise por semana em um serviço de hemodiálise com 65 pacientes localizado no sul de Minas Gerais, foi também avaliada a eficácia da EPO administrada via intravenosa (IV) e subcutânea (SC).Coletou-se dados dos portadores de IRC para avaliar o conhecimento em relação à EPO no tratamento da anemia e orientar o mesmo da importância da medicação. Os resultados apontaram que é imprescindível o uso da EPO no tratamento da anemia no portador de IRC, sendo que sua eficácia é melhor na administração SC. Com os questionários constatamos que um grande número de renais crônicos não tem conhecimento da EPO na prevenção da anemia e na melhor qualidade de vida. Palavras – chave: Eritropoetina; Anemia; Insuficiência Renal Crônica. INTRODUÇÃO O principal objetivo do tratamento do paciente portador de IRC consiste na promoção do seu restabelecimento social. Para alcançar esse objetivo, o nefrologista deve procurar corrigir todas as alterações que acompanham a perda de função renal (ALVES, 2000). A anemia é a anormalidade mais freqüente encontrada no paciente renal crônico sendo responsável por grande parte das alterações presentes no paciente urêmico (ABENSUR, 2000). O rim é o principal responsável pela produção de um hormônio que auxilia na fabricação de hemoglobina no sangue. Na IRC o rim diminui a produção desse hormônio ocasionando a anemia. A anemia é uma grave conseqüência da IRC, sendo causada principalmente pela produção renal insuficiente de EPO. Provoca incapacidade física e mental, sendo responsável pela redução da sobrevida e da qualidade de vida desses pacientes. A anemia estigmatiza o paciente portador de insuficiência renal, pois acarreta palidez cutânea, conferindo-lhe um aspecto de doente, prejudicando de maneira importante sua recuperação social (ALVES,2000). A anemia na IRC é tipicamente normocítica e normocrômica, aparecendo quando a filtração glomerular cai abaixo de 20 – 30 ml/min, porém algumas particularidades existem na dependência da doença renal primária. A anemia pode ser precoce nas doenças renais interticiais crônicas, tardia ou ausente na doença renal policística no adulto (LUGON, 2000). Richard Bright em 1836 relatou a associação entre insuficiência renal e anemia, presente na maior parte dos pacientes com IRC terminal. Embora a etiologia dessa anemia seja multifatorial, sabe-se desde 1906 com os trabalhos de Camot De Flande, que o soro humano possuiria substância inicialmente denominada da hemapoetina, que regularia a produção de hemácias. A anemia não tratada é associada a diversas anormalidades fisiológicas observadas nessa população, incluindo insuficiência cardíaca, hipertrofia ventricular, angina, redução das atividades cognitivas, alterações menstruais, disfunção sexual e queda da resposta imunidade de vida e dificultando a reabilitação dos pacientes, além disso, a presença de anemia consiste, por si só, um fator de risco de mortalidade em pacientes hemodialisados (ROMÃO et al.,1999). A EPO endógena é uma glicoproteína de 30.400 Dalton, produzida pelas células intersticiais Peri tubulares renais do tipo I, semelhante ao fibroblasto, presentes no interstício do córtex e da medular externa. Sua forma recombinante humana foi indicada para o tratamento da anemia da IRC terminal desde 1989, nos Estados Unidos. Quando usada em associação com ferro, sua dose eficaz pode ser reduzida (CRUZ et al., 2002). Um protocolo clínico e terapêutico publicado pela (PORTARIA SAS/MS, n°437, 2001) diz: A EPO é uma glicoproteína que estimula, na medula óssea, a divisão e a diferenciação dos progenitores das células vermelhas do sangue. A EPO alfa, produzida por tecnologia de DNA recombinante, é idêntica e tem os mesmos efeitos biológicos da EPO endógena. Para pacientes com IRC a dose de EPO varia de 50 a 300 U/kg via subcutânea dividida em 2 a 3 aplicações semanais. Não existem evidências de que doses maiores sejam mais eficazes. Iniciar com 80 a 100 U/kg divididas em 2 a 3 doses/semana. A dose de manutenção deve ser individualizada. Nos pacientes que realizam diálise peritoneal ou que estão ainda em tratamento conservador da IRC, pode-se usar a auto-administração subcutânea uma a três vezes por semana(ABENSUR, 2000). A dose total semanal pode ser reduzida de 23 a 52% quando se utiliza a via SC ao invés da via IV. A lenta absorção SC parece ser responsável por este efeito. As doses SC requeridas para manter a hemoglobina entre 9.4 a 10.7 gramas/decilitro variaram de 2800 a 6720 unidades por semana comparadas com 8350 a 20300 unidades por semana quando os mesmos pacientes recebiam a administração IV (AMAR et al.,1991). Benefícios esperados com o tratamento: redução do número de transfusões sangüíneas, melhora sintomática da qualidade de vida, redução da morbi-mortalidade, melhora nas funções neurológicas, endócrinas, cardíaca, imunológica prevenção e melhora da hipertrofia ventricular esquerda. Diminuição do número de hospitalizações, melhora nas funções cognitivas e na capacidade funcional (ABENSUR., 2000). - 126 - ENAF Science, v.3, n.2 Sabe-se que hoje em nosso país existem milhares de pessoas que são portadoras IRC, que nas maiorias das vezes realizam três sessões de hemodiálise semanalmente. O trabalho foi desenvolvido para analisar a forma mais correta da administração da EPO para o tratamento da anemia na IRC, e também com o intuito de proporcionar uma melhor qualidade de vida aos renais crônicos. MATERIAIS E MÉTODOS A pesquisa teve-se caráter quantitativo e exploratório. Método quantitativo é utilizado quando se deseja objetividade dos achados, necessidade de comparar eventos ou for desejável replicar o estudo (LEOPARDI, 2001). Método exploratório tem caráter exploratório e descritivo, pela necessidade de explorar a situação, reportando-se, com fidelidade, aos fatos ou fenômenos da realidade (POLIT et al.,1995). Selecionou-se 10 pacientes portadores de IRC, mantidos em programas de hemodiálise 03 vezes semanais, sendo 54% do sexo masculino e 46% do sexo feminino, com idade entre 32 a 64 anos, em um serviço de hemodiálise com 65 pacientes, localizado no sul de Minas Gerais. Os pacientes avaliados desenvolveram a IRC: 03 por Nefropatia Diabética; 03 por Glumeronefrite Crônica (GNC); 02 por Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS); 01 por doença renal policística; e 01 por Trombose Renal. Com o intuito de avaliar o nível de hemoglobina desses pacientes e comparar a eficácia da EPO administrada via IV e SC no tratamento da anemia na IRC foi observado: durante 05 meses administração da EPO de 4000 U.I. 02 vezes semanais em 05 pacientes de forma SC, nos outros 05 pacientes foi observada administração da EPO de 4000 U.I. 03 vezes semanais de forma IV. Todas as EPO utilizadas na pesquisa eram próprias dos pacientes, as agulhas e seringas usadas eram da clínica de hemodiálise, sendo que para administração IV não foi utilizadas agulhas para a aplicação pelo fato do paciente já estar com acesso de venoso, na administração SC a agulha utilizada foi 13x4,5, e os locais de aplicação foram região posterior dos braços e peri umbilical. Foram distribuídos 10 questionários para renais crônicos nos quais foram avaliados o nível de conhecimento dos pacientes em questão da anemia da IRC e o tratamento da mesma com a EPO, dentro das perguntas procuramos investigar se dentre eles alguns não tinham passado por transfusão sangüínea. Aplicou-se o questionário também a 02 enfermeiros e 06 técnicos de enfermagem que trabalham no serviço para avaliar seus conhecimentos sobre a administração ideal da EPO. RESULTADOS Ao comparar as formas de administração, constatou-se a eficácia da EPO administrada SC, pois a absorção da medicação é de forma mais lenta, possibilitando o organismo possuir este hormônio por mais tempo. Os níveis de hemoglobina deste grupo de pacientes oscilaram de 10.9 a 14.6 mg/dl, que é considerado um nível ideal ver (gráfico 1.1). No segundo grupo de paciente, deparou-se com níveis de hemoglobina um pouco mais baixos, porém são pacientes que fazem uso de EPO de forma IV, por motivo de se recusarem a submeter a outro processo de dor, já que para que ocorra a sessão - 127 - ENAF Science, v.3, n.2 de hemodiálise é necessário a punção de um acesso venoso através de duas agulhas calibrosas. A média ficou entre 9.0 a 11.4 mg/dl, (ver gráfico 1.2). G ráfic o 1.2 P ac ientes que faz em us o da E P O via E V Hemog lobina (mg /dl) 14,0 12,0 10,0 8,0 6,0 4,0 2,0 0,0 J an F ev Mar Abr Mai P aciente A 9,5 9,1 9,0 9,8 10,4 P aciente B 9,8 9,2 9,0 9,7 9,9 P aciente C 9,6 10,2 9,4 10,5 10,3 P aciente d 9,0 9,4 9,8 10,3 9,9 P acienteE 9,2 9,3 9,6 10,1 10,0 O gráfico 1.3 é um comparativo das médias de hemoglobina dos pacientes de administração EV com pacientes de administração SC. Com os questionários distribuídos para os pacientes constatou-se que 60% dos entrevistados não sabiam para que tratamento é utilizada a EPO e qual a forma de administração que possui melhor eficácia. Foi constatado também que 95% dos pacientes renais crônicos entrevistados já foram transfundidos, com essa porcentagem afirmamos que são poucos os pacientes que não têm a anemia na IRC como conseqüência. Com esses questionários orientamos também os entrevistados da importância da EPO no tratamento da anemia na IRC. Dos profissionais da saúde entrevistados percebemos que o nível de informação deles é adequado para estar atuando em serviços de hemodiálise, porém encontram dificuldades por partes dos pacientes para estar administrando a EPO de forma correta. - 128 - ENAF Science, v.3, n.2 DISCUSSÕES Os resultados adquiridos com a pesquisa foi dentro do esperado, porém verificou que tem um melhor resultado do tratamento associado com outras medicações como: o sulfato ferroso, ácido fólico, etc.; dentro da comparação com outras pesquisas desenvolvidas neste sentido deparamos com alguma contradições: De acordo com (CARVALHO et al 1999), a EPO em doses baixas mostrou eficácia nos pacientes avaliados,sendo que o potássio e a albumina apresentaram um aumento significativo. Existe controvérsia envolvendo a melhor via de administração da EPO recombinante: IV ou SC. A maioria dos estudos publicadas sobre o assunto sofrem problemas metodológicos, incluindo aleatorização ausente ou inadequada, número pequeno de pacientes, não inclusão de pacientes virgens de tratamento e ausência de comparação concomitante, O estudo com maior número de pacientes observou uma redução de 32% na dose média de EPO (140 para 95 unidades/kg/semana) em seguida à conversão da EPO IV para SC, mas quase a quarta parte dos pacientes precisou de maiores doses após a conversão para uso subcutâneo (HORMOGENESES, 2002). É interessante notar que a eventual vantagem da EPO se em termos de menor necessidade de droga tem se tornado menos evidente em estudos recentes, talvez pela maior atenção à repleção de ferro para otimização da resposta. A vantagem da via se parece menos pronunciada em estudos recentes, possivelmente por uma maior atenção à suplementação de ferro. Além disso, um estudo recente observou que o uso de EPO EV permitiu menor instabilidade do hematócrito na comparação com sua utilização por via SC. (HORMOGENESES, 2002). Ao comparar nossos resultados notamos que os resultados devem ser analisados com cuidados para que não tenha erros. Tende a avaliar toda a história clínica do paciente, os métodos usados e todo um contesto em geral para que os resultados não sejam contraditórios. CONCLUSÃO A anemia é uma grave conseqüência da IRC, sendo responsável por um alto índice de mortalidade dentro dos pacientes portadores de IRC. Portanto com este trabalho verificamos a importância da EPO administrada de forma correta, conseguindo-se manter os níveis de hemoglobina e eritrócitos adequados para que o paciente renal crônico possa ter uma melhor qualidade de vida. Portanto a partir da conclusão deste estudo orienta-se a administração da EPO por via SC. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICA ABENSUR, Hugo. Anemia da doença renal Crônica. 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LUGUON, RONALDO JOCEMIR, Fisiopatologia da anemia na Insuficiência renal crônica. Jornal Brasileiro de Nefrologia, São Paulo, v.22, n.5, p. 2-11, agosto, 2000. CRUZ, J, et al. Tratamento da anemia do paciente portador de insuficiência renal crônica em hemodiálise crônica. Jornal Brasileiro de nefrologia, São Paulo, v.24, n.3, p.27-35, agosto, 2002. Leopardi, M, T. Metodologia da pesquisa na saúde. Santa Maria: Pallotti, 2001. Polit, DF; Hungler, B. P. Fundamentos da Pesquisa em Enfermagem. 3. Ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995. - 129 - ENAF Science, v.3, n.2 RESUMOS AÇÃO DA MUSCULAÇÃO NA MELHORA DA AGILIDADE PARA IDOSOS Vanessa Juns José Bechara Neto RESUMO Nos últimos 10 anos tem aumentado a participação dos idosos em programas de treinamento de força e estudos demonstram que existem benefícios aos indivíduos que praticam esse tipo de exercício durante o processo de envelhecimento. O objetivo deste estudo foi verificar se com um treinamento adequado de musculação pode melhorar a agilidade de uma pessoa idosa. Para tanto, inicialmente foi padronizado um teste de agilidade para que pudéssemos avaliar os resultados de antes e depois do treinamento. Participaram deste estudo alunos freqüentadores da academia de musculação da Faculdades Integradas de Stella Maris de Andradina, sendo doze voluntários de ambos os sexos na faixa etária acima dos 50 anos. Para a realização do teste de agilidade (GOBBI et al., 2007), o indivíduo, partindo da posição sentado,ao comando de “pronto” e “já”, deve, o mais rápido possível, levantar-se e circundar um cone localizado á direita e atrás da cadeira, retornando á posição inicial (sentada). No treinamento foi realizado alongamento, logo após deu-se o início do treinamento com puxada com polia alta, supino reto, rosca Scott, extensora, legpress, abdominais e alongamento. Através deste estudo pode-se comprovar que com o treinamento de musculação melhora á agilidade de uma pessoa idosa, proporcionando incrementos no desempenho das atividades de vida diária em pessoas idosas, por conseguinte, poderá aumentar independência e autonomia. Palavras-chave: musculação, idoso, teste de agilidade. COORDENAÇÃO MOTORA FINA E VISOMOTORA NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM. NAVAS, Maria Ap.¹ RODRIGUES, Lidiane de Lima² MARQUES, Adelci Hilda Mendes³ ¹Graduada em Educação Física - UNIFAE, Cursando Pedagogia – Unifeob ²Cursando Pedagogia Unifeob ³Mestranda RESUMO Introdução: A fase pré-escolar é importante no desenvolvimento da criança, sendo que, algumas dificuldades em relação à coordenação psicomotora estão relacionadas à troca de letras, escrita, leitura, fala e resolução de cálculos. Assim torna-se muito importante à atividade lúdica, realizada através da psicomotricidade. Objetivo: Mostrar aos docentes a importância da relação coordenação fina/visomotora no desenvolvimento integral da criança. Material e Método: Pesquisa bibliográfica, comparado à prática pedagógica. Resultado e Discussão: No estímulo da coordenação fina, a criança obterá tonicidade nos músculos dos braços e mãos, não terá tanta dificuldade para colorir diferentes texturas e superfícies, apanhar objetos mais delicados sem estragá-los. Com a coordenação fina corretamente trabalhada, a criança obtém bom traçado das letras. “Esta coordenação diz respeito aos trabalhos mais finos, aqueles que podem ser executados com auxilio das mãos e dos dedos...” (ALMEIDA, 2006: 49). “Coordenação visomotora é a habilidade de coordenar a visão com movimentos do corpo”. (ALVES, 2007: 58). Para se obter boa coordenação visomotora é indispensável ter uma coordenação ampla bem desenvolvida. Com a coordenação visomotora estimulada a criança será capaz de movimentar os olhos da esquerda para direita, ter domínio de movimentos delicados, acompanhar as linhas da página, conseguir segurar o lápis e papel adequadamente. Conclusão: Conclui-se que o professor deva trabalhar a coordenação fina e visomotora depois da coordenação ampla bem desenvolvida. Estimulando a criança de forma lúdica, respeitando as etapas do desenvolvimento motor e sua maturação. Isso auxilia para que não ocorra dificuldades em sua aprendizagem e seu plano motor. Com esses estímulos a criança não terá dificuldades na grafia e ações do processo da escrita. Sabe-se que todo estímulo está vinculado com o ambiente externo, o qual esta relacionada com seu próprio corpo. “Parte do que ele precisa para viver não está nele, mas no mundo fora dele” (FREIRE, 1997: 23). Palavras – chave: Coordenação Fina, Visomotora e Aprendizagem. - 130 - ENAF Science, v.3, n.2 EFEITO DE DIFERENTES PERÍODOS DE RECUPERAÇÃO SOBRE A POTÊNCIA ANAERÓBIA Josiane Martins Gonçalves dos Santos¹ Leonardo Tristão Dutra, Daiene Cristina Ribeiro¹ José Bernardo Figueiredo¹ Thiago Augusto Dias da Silva¹ Autran José da Silva Júnior² ¹Acadêmicos da Universidade José do Rosário Vellano – Unifenas – Poços de Caldas ²Docente da Universidade José do Rosário Vellano – Unifenas – Poços de Caldas RESUMO INTRODUÇÃO E OBJETIVO:O Brasil é um país que apresenta o segundo maior número de academias e a grande maioria dos freqüentadores são homens, cujo objetivo principal é aumentar a massa corporal em treinamentos denominados de hipertrofia muscular.Existem diferentes tipos de treinamento para tal objetivo, mas em todos eles há um princípio comum que consiste em um intervalo sugerido entre os dias de treinamento de, no mínimo, 48 horas. Mas quanto um intervalo menor de recuperação prejudicaria um atleta treinado em exercícios resistidos? Assim sendo, o objetivo dessa pesquisa foi comparar o efeito de diferentes períodos de recuperação sobre a potência anaeróbia em quatro sessões de treinamento resistido, com prévia mensuração isotônica da força.MATERIAIS E MÉTODOS: Foram selecionados cinco voluntários, com idade entre 18 e 35 anos, saudáveis, praticantes de musculação há no mínimo seis meses.Foram registrados os seguintes dados:peso corporal, IMC, 1RM, freqüência cardíaca, pressão arterial e escala de Borg, em quatro sessões de treinamento de hipertrofia para peitoral maior, a 85% de 1RM, separados por intervalo de 24 horas na primeira semana e 48 horas na segunda semana.RESULTADOS: Mensuração de dados iniciais: 85% DA CARGA PESO IMC 1RM MÁX. MÉDIA 75,2 20,6 64,4 55,5 DESVIO PADRÃO TREINO DE HIPERTROFIA: ±6,4 ±3,5 PRIMEIRA SEMANA – INTERVALO DE 24 HS 1º DIA 2º DIA PÓS PÓSINICIAL INICIAL TREINO TREINO FC PA FC PA FC PA FC PA MÉDIA 84 13/07 100,4 14/08 86,4 12/08 108,2 13/08 DESVIO ±0,7 ±2,3 ±1,7 ±5,9 PADRÃO Escala de Borg: PRIMEIRA SEMANA (24hs) SESSÕES DO 1º DIA SESSÕES DO 2º DIA 1 2 3 4 1 2 3 4 MÉDIA 11,4 12 12,8 13,2 11,6 13,6 15,4 17,2 DESVIO ±0,5 ±1 ±0,8 ±0,8 ±0,5 ±0,5 ±0,9 ±0,4 PADRÃO ±10 ±7,6 SEGUNDA SEMANA – INTERVALO DE 48 HS 1º DIA 2º DIA PÓSPÓSINICIAL INICIAL TREINO TREINO FC PA FC PA FC PA FC PA 84,2 12/08 97,8 14/08 86,2 13/07 97,4 14/08 ±1,8 ±2 ±6,6 ±8,3 SEGUNDA SEMANA (48 hs) SESSÕES DO 1º DIA SESSÕES DO 2º DIA 1 2 3 4 1 2 3 11 12 13 13,8 11,2 12,2 13,2 4 14,6 0 ±1,8 0 ±1 ±0,4 ±0,4 ±0,4 ±1,3 CONCLUSÃO: Diante dos resultados obtidos na pesquisa, observamos que o intervalo de repouso entre os dias de treinamento promove influência na intensidade e desenvolvimento dos exercícios, onde o pouco tempo de intervalo causa uma redução na qualidade de repetições máximas, em todas as séries analisadas. Chegamos à conclusão que o intervalo de 48 horas mostrou-se ser necessário para a recuperação energética muscular, visto que em todos os dados coletados, tanto a FC quanto a PA apresentaram notável elevação no treino intervalado por 24 horas, considerando também que o registro da escala de Borg estabeleceu queda no desenvolvimento do treino sugerido, do 1º para o 2º dia. Já os resultados com intervalo de 48 horas demonstraram-se satisfatórios, já que a falha concêntrica aconteceu no limiar esperado de repetições em cada série, nos levando a crer que o intervalo de repouso é necessário para a recuperação energética muscular,sendo satisfatório para busca de Hipertrofia por haver pouca perda de força muscular. - 131 - ENAF Science, v.3, n.2 INFLUENCIA DE UM PROGRAMA DE TREINAMENTO SOBRE A CAPACIDADE CARDIORRESPIRATÓRIA E POTÊNCIA DE CRIANÇAS PRATICANTES DE FUTSAL Samuel Naoki Tsuno Braga Sanches¹ João Rafael Simon¹ Marcelo Porto¹ ¹Curso de graduação em Educação Física das Faculdades Integradas Padre Albino de Catanduva – SP RESUMO Introdução: A avaliação das capacidades físicas tem se destacado como importante procedimento para elaboração e prescrição do treinamento em todas as suas dimensões, destacando–se como importante ferramenta para o aprimoramento do desempenho esportivo. Objetivo: Avaliar aptidão física e potência de membros inferiores em crianças praticantes de futsal com testes específicos de campo. Metodologia: Participaram do estudo 16 atletas com faixa etária de 12,34 ± 1,14 anos praticantes de futsal, submetidos a avaliação Cardiorrespiratória (VO 2Máx) por meio de teste de corrida de 2.400metros (Cooper, 1968) (Fernandes Filho José, 2003). Salto Vertical (Sargent Jump Test) (Laboratory Manual, 1994)(Fernandes Filho José, 2003).Salto Horizontal(Celafiscs,1987)(Fernandes Filho José, 2003) Resultados: Segue abaixo a descrição valores médios e desvios-padrão das avaliações da capacidade Cardiorrespiratória, Salto Vertical e Salto Horizontal pré e pós treinamento do grupo estudado. Variável PréPósClassificação Classificação Treinamento Treinamento PréPós-Treinamento Média - SD Média - SD Treinamento Capacidade Cardiorrespiratória -1 -1 (VO2Máx)ml.kg .min 48,10 ± 2.14 48,90 ± 3,09 Boa Boa Salto Vertical (cm) 32,36 ± 9,81 41,42 ± 6,83 Abaixo da média Média Salto Horizontal 149,66±20,58 155,73±17,25 Boa Excelente Conclusão: Com base nos resultados das crianças avaliadas, observou-se que o programa de treinamento foi efetivo na promoção da melhora no salto horizontal e vertical, não havendo melhora na capacidade Cardiorrespiratória. INFLUENCIA DE UM PROGRAMA DE TREINAMENTO SOBRE A CAPACIDADE CARDIORRESPIRATÓRIA E POTÊNCIA DE CRIANÇAS PRATICANTES DE FUTSAL Samuel Naoki Tsuno Braga Sanches¹ João Rafael Simon¹ Marcelo Porto¹ ¹Curso de graduação em Educação Física das Faculdades Integradas Padre Albino de Catanduva – SP RESUMO Introdução: A avaliação das capacidades físicas tem se destacado como importante procedimento para elaboração e prescrição do treinamento em todas as suas dimensões, destacando–se como importante ferramenta para o aprimoramento do desempenho esportivo. Objetivo: Avaliar aptidão física e potência de membros inferiores em crianças praticantes de futsal com testes específicos de campo. Metodologia: Participaram do estudo 16 atletas com faixa etária de 12,34 ± 1,14 anos praticantes de futsal, submetidos a avaliação Cardiorrespiratória (VO2Máx) por meio de teste de corrida de 2.400metros (Cooper, 1968) (Fernandes Filho José, 2003). Salto Vertical (Sargent Jump Test) (Laboratory Manual, 1994)(Fernandes Filho José, 2003).Salto Horizontal(Celafiscs,1987)(Fernandes Filho José, 2003) Resultados: Segue abaixo a descrição valores médios e desvios-padrão das avaliações da capacidade Cardiorrespiratória, Salto Vertical e Salto Horizontal pré e pós treinamento do grupo estudado. Variável PréTreinamento Média - SD PósTreinamento Média - SD - 132 - Classificação PréTreinamento Classificação Pós-Treinamento ENAF Science, v.3, n.2 Capacidade Cardiorrespiratória -1 -1 (VO2Máx)ml.kg .min 48,10 ± 2.14 48,90 ± 3,09 Boa Boa Salto Vertical (cm) 32,36 ± 9,81 41,42 ± 6,83 Abaixo da média Média Salto Horizontal 149,66 ± 20,58 155,73 ± 17,25 Boa Excelente Conclusão: Com base nos resultados das crianças avaliadas, observou-se que o programa de treinamento foi efetivo na promoção da melhora no salto horizontal e vertical, não havendo melhora na capacidade Cardiorrespiratória. ESTUDO DO COMPORTAMENTO DA PRESSÃO ARTERIAL FRENTE A UMA ÚNICA SESSÃO DE EXERCÍCIO FÍSICO Bruno Bonin¹ Antonio Rafael O. Paiva¹ ¹Graduando em Educação Física pela FUNEC RESUMO É fato que a prática de exercício físico é de extrema importância em nossas vidas, contudo, se ela for realizada de forma desorientada, pode ser muito prejudicial à saúde. Assim sendo, fica indispensável o acompanhamento de um profissional da área durante a realização das atividades. Este estudo teve por objetivo analisar o comportamento da pressão arterial durante a prática de exercício físico aeróbio em pessoas adultas, sedentárias e saudáveis. A amostra foi composta por um indivíduo adulto, sedentário, sexo masculino e com idade de 43 anos. Para ser incluído como sedentário, o voluntário não deveria praticar nenhum tipo de atividade física em mais de um dia por semana. Como critérios de exclusão foram adotados os seguintes aspectos: qualquer problema clínico ou locomotor que viesse a influenciar na realização do teste, bem como interferir na obtenção das variáveis pressóricas e não estar em uso de medicamentos. Para a realização do presente estudo foram utilizados os seguintes instrumentos: a) monitor de freqüência cardíaca da marca Polar modelo F5; b) esfigmomanômetro da marca Tykos; c) estetoscópio da marca Littmam; d) sessão de exercício físico, tendo sida estruturada com base nas principais referências relacionadas aos parâmetros do condicionamento cardiorrespiratório e do treinamento físico aeróbio. Durante a realização da sessão de exercício, observou-se que a freqüência cardíaca do participante apresentou-se dentro dos parâmetros esperados, registrando aumento gradativo e linear com o passar do tempo, já a pressão arterial sofreu uma elevação em parâmetros inferiores ao esperado. Contudo, após pequeno aumento, sofreu redução nos períodos de desaquecimento e repouso, encontrando-se assim dentro dos parâmetros fisiológicos. INFLUENCIA DE UM PROGRAMA DE TREINAMENTO SOBRE HABILIDADES ESPECÍFICAS COM CRIANÇAS PRATICANTES DE FUTSAL João Rafael Simon¹ Samuel Naoki Tsuno Braga Sanches¹ Marcelo Porto¹ ¹Curso de graduação em Educação Física das Faculdades Integradas Padre Albino de Catanduva–SP RESUMO Introdução: A avaliação das habilidades específicas nas modalidades esportivas tem se destacado como importante ferramenta para seleção e classificação do nível de desenvolvimento capacidades-habilidades físicas, bem como na elaboração e aplicação de programas de treinamento.Objetivo: Avaliar a influência de treinamentos a curto e longo prazo da modalidade futsal sobre o desempenho em testes específicos da modalidade.Metodologia: Participaram do estudo 16 atletas de futsal com faixa etária média de 12,34 ± 1,14 anos, submetidos a uma bateria de testes (condução de bola em percursos variados, chutes e pênaltis, condução entre obstáculos e chutes a gol e passes curtos e longos)(VIANA & BIGONHA, 2003), avaliados e reavaliados ao inicio e término de 6 meses de treinamento. A análise estatística foi realizada por aplicação do teste ‘t’ de student para comparação da variação entre momentos, Inicio e Término do trabalho, o grau de significância adotado foi p≤0,05.Resultados: Segue abaixo a descrição valores médios e desvios-padrão das avaliações entre momentos pré e pós treinamento. Testes Pré treinamento - 133 - Pós Treinamento Variação (%) ENAF Science, v.3, n.2 1. Condução de Bola em Percursos Variados (min) 8,25 ± 3,22 12,32± 2,60 + 8,28 2. Chutes e Pênaltis (nº de acertos) 1,95 ± 0,89 4,60± 1,80 + 6,66 3. Condução entre Obstáculos e Chutes a Gol (min) 9,70 ± 3,68 12,55± 3,22 + 4,06 4. Passes Curtos e Longos (nº de acertos) 2,54 ± 0,97 7,88± 3,10 + 14,25 Conclusão: Com base nos resultados apresentados foi possível concluir que o programa de treinamento foi efetivo na promoção da melhora em todos os parâmetros avaliados. BENEFÍCIOS DO PROGRAMA DE REEDUCAÇÃO ALIMENTAR, HIDROGINÁSTICA E PSICOTERAPIA NOS ALUNOS DA APAE DE SANTA FÉ DO SUL-SP CUNHA, Fabrício de Matos¹ SILVA, Maura Cristina Rodrigues² FARIA, Vanessa Andréa Martins³ ¹Graduando em Educação Física – FUNEC ²Psicóloga da APAE e Especialista ³Docente da FUNEC RESUMO Indivíduos com deficiência mental são mais propensos a desenvolverem obesidade em relação aqueles sem a deficiência. O estilo de vida sedentário e a obesidade compõem os fatores de risco para um conjunto de doenças crônico – degenerativas, como: diabetes, hipertensão arterial, e doenças coronarianas, sendo que o aparecimento em indivíduos com deficiência mental poderá agravar a situação em relação a sua qualidade de vida. Este trabalho objetivou promover benefícios a saúde nos alunos da APAE de Santa Fé do Sul através da reeducação alimentar, hidroginástica e psicoterapia. Selecionamos 36 alunos com idade entre 12 e 50 anos de ambos os sexos e apresentando diagnóstico clínico de deficiência mental leve, moderada e severa. Preconizou-se que os indivíduos deveriam apresentar IMC acima de 30%, pois se enquadrariam no biotipo desejado de sobrepeso e obesidade. O período do programa foi estabelecido entre março a setembro de 2008, havendo acompanhamento de um nutricionista (semanal), de um educador físico (hidroginástica, 3 vezes por semana com duração de 50 minutos) e de uma psicóloga (semanalmente). Mediante os resultados obtidos pelo estudo observou-se que: 48% dos alunos diminuíram o peso em média 3.8 kg, 19% mantiveram o peso, 22% aumentaram o peso em média 1.2kg e 11% não finalizaram o programa. Concluiu-se que o programa proporcionou aos indivíduos, controle dos fatores de risco, melhora na auto-estima e na qualidade de vida. PERFIL CINEANTROPOMÉTRICO DE PRATICANTES DE FUTEBOL RECREATIVO DO MAX MIN CLUBE COM IDADE ENTRE 40 E 60 ANOS ¹ CHAVES, Rogério Souto¹ 2 RAMALHO, Samuel Tadeu da Costa 3 SOUZA, Andrey George Silva ¹Graduado em Educação Física, pela FUNORTE ²Graduado em Educação Física, pela FUNORTE ³Professor Mestrando das Faculdades Unidas do Norte de Minas – FUNORTE e da Universidade Estadual de Montes Claros - UNIMONTES RESUMO Pensando na contribuição do futebol recreativo como atividade física, integrador social e na redução dos fatores de riscos aos seus praticantes, importâncias estas diretamente relacionadas às características próprias predominantes da atividade e da aptidão física dos praticantes tais como resistência aeróbica, resistência muscular localizada, flexibilidade e potencia de membros inferiores e a relevante contribuição da avaliação e mensuração de variáveis cineantropometria dos praticantes desta atividade física, realizamos esta pesquisa, cujo objetivo é identificar o perfil cineantrométrico dos praticantes de futebol recreativo com idade entre 40 e 60 anos do Max Min Clube de Montes Claros. Realizou-se um estudo de corte transversal de natureza descritiva numa amostra de composta de 53 indivíduos onde se verificou uma idade média de 48 ± 4,9 anos, - 134 - ENAF Science, v.3, n.2 buscando identificar o perfil cineatropométrico através das seguintes variáveis: IMC, RCQ, IC, CA, PAS, PAD, Flexibilidade, Potência de membros inferiores e resistência muscular localizada (abdominal), utilizando de protocolos específicos para cada uma destas variáveis. Entre os 53 indivíduos avaliados, os resultados em média encontrados foram: IMC = 26,6 ± 3,4; RCQ = 0,91 ± 0,05; IC = 1,22 ± 0,05; CA = 93,4 ± 8,6; PAS = 131,8 ± 14,9; PAD = 82,9 ± 8,1; Flexibilidade = 19,80 ± 6,9; força explosiva de membros inferiores = 1,6 ± 0,21 e resistência muscular localizada (abdominal) = 39,2 ± 13,3. Concluímos que a partir dos resultados encontrados verificamos que os indivíduos da amostra investigada apresentaram resultados satisfatórios na maioria das variáveis antropométricas, com exceção do IMC, já nas variáveis da aptidão física os resultados foram classificados como fracos, com exceção da resistência abdominal que apresentou resultados satisfatórios para essa faixa etária e na variável metabólica pressão arterial os resultados encontrados demonstram que na PAS os valores estão acima do recomendado, já a PAD se encontra dentro da faixa de normalidade. Palavras-chave: Cineantropometria; Futebol de Campo Recreativo. INFLUENCIA DE UM PROGRAMA DE TREINAMENTO SOBRE HABILIDADES ESPECÍFICAS COM CRIANÇAS PRATICANTES DE FUTSAL João Rafael Simon¹ Samuel Naoki Tsuno Braga Sanches¹ Marcelo Porto¹ ¹Curso de graduação em Educação Física das Faculdades Integradas Padre Albino de Catanduva–SP RESUMO Introdução: A avaliação das habilidades específicas nas modalidades esportivas tem se destacado como importante ferramenta para seleção e classificação do nível de desenvolvimento capacidades-habilidades físicas, bem como na elaboração e aplicação de programas de treinamento.Objetivo: Avaliar a influência de treinamentos a curto e longo prazo da modalidade futsal sobre o desempenho em testes específicos da modalidade.Metodologia: Participaram do estudo 16 atletas de futsal com faixa etária média de 12,34 ± 1,14 anos, submetidos a uma bateria de testes (condução de bola em percursos variados, chutes e pênaltis, condução entre obstáculos e chutes a gol e passes curtos e longos)(VIANA & BIGONHA, 2003), avaliados e reavaliados ao inicio e término de 6 meses de treinamento. A análise estatística foi realizada por aplicação do teste ‘t’ de student para comparação da variação entre momentos, Inicio e Término do trabalho, o grau de significância adotado foi p≤0,05.Resultados: Segue abaixo a descrição valores médios e desvios-padrão das avaliações entre momentos pré e pós treinamento. Testes Pré treinamento 8,25 ± 3,22 Pós Treinamento 12,32± 2,60 Variação (%) 2. Chutes e Pênaltis (nº de acertos) 1,95 ± 0,89 4,60± 1,80 + 6,66 3. Condução entre Obstáculos e Chutes a Gol (min) 9,70 ± 3,68 12,55± 3,22 + 4,06 4. Passes Curtos e Longos (nº de acertos) 2,54 ± 0,97 7,88± 3,10 + 14,25 1. Condução de Bola em Percursos Variados (min) + 8,28 Conclusão: Com base nos resultados apresentados foi possível concluir que o programa de treinamento foi efetivo na promoção da melhora em todos os parâmetros avaliados. “RECUPERANDO SONHOS” - ATIVIDADE FÍSICA E LÚDICA AUXILIANDO A RECUPERAÇÃO DE DEPENDENTES QUIMICOS Rafael Cardoso Veiga¹ Gabriela Senise Gussi¹ Silvana Frey Dias¹ Maicon Cardoso¹ ¹Faculdades Integradas Padre Albino RESUMO - 135 - ENAF Science, v.3, n.2 INTRODUÇÃO - Pretendemos mostrar o quanto à atividade física e lazer, pode auxiliar a recuperação de dependentes químicos, devolvendo auto-estima, capacidade de relacionar-se e principalmente reestruturar-se internamente resgatando sua dignidade e construindo novos sonhos. Este projeto iniciado em Abril de 2008 vem sendo desenvolvido na clínica terapêutica masculina “Lar Bom Samaritano” mantido pela comunidade católica de Catanduva/ SP, com 100% das vagas preenchidas por homens entre 18 e 72 anos. METODOLOGIA - Fizemos um levantamento das atividades desenvolvidas na clínica conversando com o diretor PE Osvaldo, este, motivado levou-nos para conhecê-la. Em seguida, realizamos pesquisas literárias sobre consumo de drogas e marcamos uma palestra de sensibilização e jogos cooperativos, onde passamos um questionário fechado, avaliando o perfil do grupo. A partir daí iniciamos atividades como ginástica, jogos cooperativos e esportivos, etc. RESULTADOS: Iniciamos com 14 internos, após 2 semanas contávamos com 17 e hoje temos a participação de 21, pois conseguimos atender as necessidades e prazeres pela prática da atividade física, ouvindo o grupo e diversificando as dinâmicas. Nestes 4 meses houve redução da ansiedade e melhoria do sono, respeito às regras bem como aumento da disposição para as tarefas diárias, além das mudanças comportamentais positivas nos relacionamentos inter-pessoais. Pretendemos até Outubro termos resultados sobre a não reincidência ao uso das drogas por aqueles que terminaram o programa. CONCLUSÃO: Esta experiência vem mostrando que a pratica da atividade física orientada com, dedicação, respeito e amor podem desenvolver situações favoráveis no combate a violência urbana e criminalidade como um todo, agindo na prevenção e na recuperação de seres humanos marginalizados e excluídos pela sociedade, resgatando-lhes o direito de recuperarem seus sonhos. AS CARARACTERÍSTICAS DA PRÁTICA DE ATIVIDADE FÍSICA HABITUAL DA POPULAÇÃO DA CIDADE DE JURAMENTO – MG 1 RAMALHO, Samuel Tadeu da Costa CHAVES, Rogério Souto¹ ² LESSA Jr, Amário ¹Graduado em Educação Física, pela FUNORTE ²Professor Mestre das Faculdades Unidas do Norte de Minas – FUNORTE e da Universidade Estadual de Montes Claros - UNIMONTES RESUMO A Atividade Física e Saúde, é hoje em dia, uma tendência dominate no campo da EF e que devido ao número muito elevado de sedentarismo da população tem estabelecido uma relação íntima entre a prática de atividade física e a conduta saudável. A AFH é caracterizada como a soma total de atividades físicas e exercícios físicos, que uma pessoa realiza diariamente e que podem variar como leves, moderados e pesados, nesse contexto este trabalho objetivou identificar as características da AFH relacionada com a prática esportiva, com o trabalho (estudo) e também com o tempo livre da população da cidade de Juramento- MG. Trata-se de uma pesquisa descritiva e inferêncial com analise quali-quantitativa de coorte transversal, a amostra foi composta por 64 pessoas que foram escolhidas de forma aleatória, estratificada e proporcional à população de Juramento, seguindo os dados do censo (IBGE 2002). Para avaliar a AFH foi utilizado o questionário de Baecke (1982). Os dados coletados foram analisados por meio do pacote estatístico SPSS versão 13.0 Windows. Foi realizado o teste de Normalidade de Kolmogorov-Smirnov e Shapiro-Wilk onde verificou que os dados são não paramétricos, assim a correlação entre nenhuma das variáveis demonstradas em se tratando da população em geral, no entanto, na avaliação de gêneros, o trabalho apresentou uma correlação com nível de significância de ainda baixo no gênero masculino entre as variáveis IMC (p≤0,024 e CC= -0,345) e idade (p≤0,023 e CC= -0,343) com IAFTL, ambas negativas o que mostra que quanto maior a idade e o IMC, menor o IAFTL, com relação às mulheres, uma correlação também com baixa significância, entre IMC (p≤0,002) e idade, nesse caso uma correlação positiva, o que mostra que quanto maior a idade, maior o IMC. Onde podemos concluir que o índice de AFH da população esta abaixo da média Nacional e mundial. Palavras-chave: Atividade Física, Saúde e Atividade Física Habitual. LUDICIDADE NO APRENDIZADO DO KARATE: UMA PROPOSTA DE TRABALHO COM FITAS Angel Jomar da Silva¹ Gabriel Netto Marciano¹ Alexandre Gonsalves² ¹Aluno do 3º Ano do Curso de Educação Física– UNORP ²Professor – UNORP , Rua. Catanduva – SP RESUMO O presente estudo tem como objetivo verificar a importância do uso de fitas presas ao kimono para a iniciação no trabalho de luta no karate aplicado a crianças de seis a onze anos, proporcionando um maior aproveitamento do treinamento de forma lúdica. Como forma de se defender dos golpes os alunos flexionam os braços a frente do corpo resultando em - 136 - ENAF Science, v.3, n.2 receber o golpe, e com isto uma perda de postura e exposição maior aos golpes. Objetivamos através do jogo com as fitas presas ao kimono estimular de forma lúdica a defesa e o contra-ataque, que são movimentos da mão de forma leve e fácil que dependera mais do tempo de reação do que da força defendendo-se desviando o ataque, protegendo a fita e contra atacando a fita do seu oponente. Para o desenvolvimento desta pesquisa observamos vinte alunos da Academia Ginshin/Olímpia-SP em treinos de luta por um período de oito semanas com a utilização de fitas, onde cinco fitas são presas ao kimono nas áreas pontuáveis na região do tórax, pois não pode haver contato na área do rosto nas categorias de crianças. Observamos que através do uso das fitas podemos incentivar e estimular o aluno a descobrir o espaço e noção de distancia de golpe e defesa, e que se sinta satisfeito por estar lutando de forma lúdica sem o contato dos golpes. Sendo estimulado a projetar a guarda à frente facilitando a defesa e um ataque mais eficiente. Levando o aluno a conhecer o próprio corpo e os movimentos básicos do karate. Concluímos que: ao criarmos atividades lúdicas que facilitem a criança a tomar consciência do seu corpo e de suas ações, as propostas técnicas poderão ser realizadas com maior facilidade, aproveitando o caráter lúdico e técnico do aprendizado do karate, e desenvolver uma educação física de base. Palavras-chave: Karate. Lúdico. Treinamento. RELAÇÃO ENTRE A POSTURA SENTADA E DOR EM ESTUDANTES DE FISIOTERAPIA. CARDOSO, Cristiane Isabel¹ MORSOLETTO, S.M. Maria José² ¹Graduanda em fisioterapia, Uniararas ²Doutora em fisioterapia,Uniararas RESUMO INTRODUÇÃO: Devido à preocupação com os alunos da UNIARARAS, o presente trabalho verificou a postura sentada destes, relacionando-a com a dor, visto que as carteiras são padronizadas e apresentam uma desarmonia entre os diversos biótipos anatômicos dos alunos. OBJETIVOS: Verificar os locais mais comuns de dor, e sua relação com a posição sentada dos alunos da fisioterapia. METODOLOGIA: A análise do trabalho foi realizada com 103 estudantes através de um questionário de Dor contendo a Escala Visual Analógica, e o inventario para dor adaptado de Wisconsin.Os dados coletados em relação às medidas do mobiliário foram comparados com as medidas recomendadas pelas normas da ABNT, NBR 14 006:1997(7). RESULTADOS: Foi observado que a postura sentada é prejudicial à coluna por aumentar a pressão intradiscal, principalmente por se tratar de uma situação onde as pessoas realizam tarefas específicas, diárias e por tempo prolongado, alterando a nutrição dos discos intervertebrais lombares. Cerca de 43,68% (45 alunos) relataram sentirem dores na coluna dorsal, bem como a maioria dos mesmos não praticam atividades físicas, o que aumenta a incidência de dores na coluna, proporcionando também a alteração de humor e na qualidade de vida. CONCLUSAO: A inadequação das cadeiras escolares associada à manutenção de uma postura inadequada, mantida por um longo período de tempo, são fatores determinantes para o aparecimento das queixas músculo-esqueléticas apresentadas pelos alunos, sendo estas localizadas principalmente na coluna lombar e cervical. ACADÊMICOS DE ENFERMAGEM ATUANDO JUNTO AO PLANEJAMENTO FAMILIAR:UM RELATO DE EXPERIÊNCIA Christianne Alves Pereira Calheiros. Mestre.docente UNIFAL-MG Cristina Almeida Rodrigues. Acadêmica de Enfermagem. UNIFENAS-MG Daniele Mendes.Acadêmica de Enfermagem. UNIFAL-MG Eliana Peres Rocha Carvalho Leite. Doutoranda. Docente UNIFAL-MG Luciano Chaves Dutra da Rocha. Acadêmico Enfermagem. Unifal-MG Marina Conceição Peres Carvalho. Especialista. Docente UNIFENAS Patrícia Alves Pereira Carneiro.Mestranda. Docente UNIS RESUMO A Constituição Federal fundada nos princípios da dignidade da pessoa humana e paternidade responsável, coloca que Planejamento Familiar é decisão do casal. Cabe ao Estado propiciar acesso aos recursos educacionais, científicos e técnicos incluindo-se o método anticoncepcional mais adequado (BRASIL, 1988). Com o objetivo de unir Universidade UNIFAL-MG à Comunidade criou-se o Projeto Planejando Nossa Família, para que os acadêmicos do curso de enfermagem pudessem levar à população de Alfenas, informações e orientações sobre planejamento familiar, sexualidade, paternidade/maternidade responsável. Oferecer alternativas de métodos anticoncepcionais, suas indicações, contraindicações e implicações de uso. Garantir à mulher, homem ou ao casal informações para a opção livre e consciente do método que a eles melhor se adapte. Incentivar os jovens a busca de seus sonhos, colocando seus ideais em primeiro plano antes de formar uma família. O público assistido é composto de: Noivos do curso oferecido pela Paróquia Nossa Senhora Aparecida de Alfenas; jovens e adultos do ensino fundamental e médio e alunos especiais. Como metodologia utiliza-se atividades educativas como palestras discussões, exposição dos métodos contraceptivos existentes e dinâmicas de grupos. Com os alunos especiais realiza-se dinâmicas, teatros, formas lúdicas para transmitir o conteúdo. Há reuniões regulares, discussões e atualização de conteúdo entre os membros do projeto. Com esta atuação verifica-se o despertar do interesse, quebra de mitos e pudores oportunizando maior proximidade com os membros do grupo, permitindo ampliar a liberdade - 137 - ENAF Science, v.3, n.2 para questionamentos durante os encontros, conscientização e apreensão do conhecimento sobre planejamento familiar X sexualidade. Acreditamos que embora a educação sexual seja matéria obrigatória no currículo escolar da rede pública, resta efetivá-la, pois, somente conscientizando homens e mulheres dos seus deveres e responsabilidades em relação à própria sexualidade, teremos um país formado por verdadeiros cidadãos que buscam seus direitos e cumprem seus deveres quanto a uma paternidade/maternidade responsável. REABILITAÇÃO APÓS PERÍODO DE IMOBILIZAÇÃO DE FRATURA DE CABEÇA DE RÁDIO Ana Claudia de Souza Faria¹ Luiz Henrique Gomes Santos² ¹Acadêmica do curso de fisioterapia Centro Universitário da Fundação Educacional de Guaxupé – UNIFEG ²Docente do curso de fisioterapia Centro Universitário da Fundação Educacional de Guaxupé – UNIFEG RESUMO Para explicar o mecanismo de lesão nos casos de luxação ou fraturas no cotovelo sugerem-se duas teorias. A primeira, da hiperextensão, sugere que a lesão ocorre após a aplicação de uma carga sobre a mão com o cotovelo estendido, fazendo com que o olécrano colida com sua fossa, promovendo um mecanismo de alavanca da ulna e rádio contra suas restrições capsulares. A segunda, afirma que as forças em valgo podem levar a fratura da cabeça do rádio. Uma terceira teoria, ainda, sugere que o deslocamento ocorra de modo que a carga seja direcionada para o antebraço com o cotovelo em uma posição fletida O presente trabalho apresenta um relato de caso de uma fratura de cabeça de rádio no membro superior direito de uma paciente do sexo feminino 26 anos, por queda por sobre o cotovelo. Optou-se pelo tratamento conservador através de redução fechada sem anestesia. O cotovelo foi imobilizado com gesso axilo-palmar e mantidos em flexão de 90º por três semanas, quando se iniciou a reabilitação. O protocolo de reabilitação baseou-se em cinesioterapia de fortalecimento e propriocepção, sendo que após duas semanas de tratamento restabeleceram-se os arcos de movimento, forças musculares e estabilidade articular. Pode-se observar através da goniometria e prova e função muscular manual, que a reabilitação precoce preveniu a perda da amplitude de movimento e força muscular por conta do período de imobilização. Baseado nos dados obtidos com a conduta fisioterapêutica pode-se sugerir que para fraturas de cabeça do rádio é possível iniciar o tratamento após 15 dias de imobilização ao contrário que alguns autores preconizam que é a imobilização por 20 dias. Com isso, a fisioterapia precoce proporciona eficácia na reabilitação e volta à funcionalidade com maior rapidez não apenas na medicina esportiva, mas para qualquer tipo de paciente. Palavras-chave: Fraturas da cabeça do rádio, Fisioterapia, cinesioterapia UTILIZAÇÃO DA TÉCNICA DE BANDAGEM FUNCIONAL DE PROTEÇÃO NA LUXAÇÃO ACROMIOCLAVICULAR Ana Claudia de Souza Faria¹ Luiz Henrique Gomes Santos² ¹Acadêmica do curso de fisioterapia Centro Universitário da Fundação Educacional de Guaxupé – UNIFEG ²Docente do curso de fisioterapia Centro Universitário da Fundação Educacional de Guaxupé – UNIFEG RESUMO A luxação acromioclavicular (LAC) é velho problema conhecido do cirurgião, haja vista os antigos relatos da literatura médica. Em1861 foi realizada a primeira operação para LAC, na era pré-anti-séptica, havendo maior tendência para o tratamento cirúrgico, embora até hoje as opiniões sejam conflitantes sobre o assunto. Numerosos métodos de tratamento têm sido sugeridos para essa lesão, os quais variam desde o uso de uma simples tipóia, movimento precoce e reabilitação, passando pelas férulas e gessos, que se esforçam em manter a redução, até inúmeras técnicas cirúrgicas de redução e imobilização da articulação acromioclavicular. Existe pouca controvérsia no que se refere ao tratamento das lesões graus I e II, mas é ainda muito polêmico o tratamento das lesões grau III. Existem diversas técnicas utilizadas no tratamento conservador, sendo uma delas a bandagem funcional. O presente trabalho visa demonstrar a eficácia da bandagem funcional de proteção na estabilização do foco de luxação acromioclavicular. Foi utilizada a bandagem do tipo esparadrapo (CREMER®) sendo aplicada à técnica de proteção, visto que o foco de luxação apresentava sinal de tecla positivo. Após a aplicação notou-se redução e estabilização do foco de luxação, possibilitando o trabalho de fortalecimento muscular ativo do complexo do ombro. Com estes, pode-se sugerir a técnica de bandagem funcional como ferramenta a ser utilizada durante a realização das atividades funcionais para reabilitação do paciente com LAC. Pode-se concluir que a bandagem funcional é uma ferramenta eficaz na redução e estabilização da LAC diminuindo o atrito ósseo possibilitando maior qualidade na realização das atividades funcionais e diminuindo assim o risco de recidivas que podem proporcionar o aparecimento de quadros álgicos e limitações funcionais ao paciente. Palavras-chave: Luxação acromioclavicular, Bandagem Funcional, Fisioterapia. - 138 - ENAF Science, v.3, n.2 AVALIAÇÃO DA MOBILIDADE, EQUILÍBRIO, MARCHA E FORÇA DOS PORTADORES DA DOENÇA DE PARKINSON APÓS A APLICAÇÃO DE UM PROTOCOLO DE EXERCÍCIOS CINESIOTERAPÊUTICOS. Alessandra Silva Carvalho¹ Denise Fonseca de Sousa¹ Karina Oliveira Prado Mariano² Rafael Diniz Mascarenhas Dalle² ¹Fisioterapeuta, graduada pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Campus Poços de Caldas ²Docente do Curso de Fisioterapia - Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Campus Poços de Caldas RESUMO Muito se tem descrito na literatura sobre os efeitos de um programa de exercícios cinesioterapêuticos como um dos recursos utilizados para o tratamento da doença de Parkinson, visto que é uma enfermidade crônica e progressiva de início insidioso e que afeta o sistema nervoso central com depleção de dopamina na substância negra, decorrente de uma degeneração da via nigro-estriatal, o que leva a alterações no controle motor, marcha, equilíbrio, postura, mobilidade e força muscular. Este estudo tem por objetivo investigar os benefícios de um programa de exercícios cinesioterapêuticos sobre a mobilidade, equilíbrio, marcha e força muscular dos membros superiores e inferiores, através de uma ficha de avaliação neurológica, utilizada na clínica de fisioterapia da PUC Minas, campus Poços de Caldas, ao final da aplicação de um programa de exercícios e após 4 semanas deste. Participaram deste estudo dois indivíduos portadores da doença de Parkinson, um do sexo masculino e uma do sexo feminino com idade de 74 e 76 anos, respectivamente. Os dois voluntários foram submetidos a um programa de exercícios cinesioterapêuticos, como exercícios de relaxamento, de flexibilidade, de mobilidade, atividades de equilíbrio e marcha, estratégias de aprendizado motor, utilizando-se de bolas. O mesmo consistiu de 15 sessões (3 vezes/ semana) com duração de uma hora. Após a realização dos exercícios, foram observados melhora em ambos pacientes nos aspectos de marcha, equilíbrio estático e dinâmico e mobilidade, não alterando o aspecto força. Ambos os pacientes mantiveram os resultados após 4 semanas, porém não em todos os itens avaliados e em alguns itens não houve melhora. Concluímos que a cinesioterapia tem papel importante na manutenção física e psíquica dos pacientes com doença de Parkinson. Juntamente com o tratamento medicamentoso pode-se proporcionar a estabilidade da progressão da doença em muitos casos. Palavras-chave: Doença de Parkinson; controle motor; cinesioterapia. A REABILITAÇÃO VESTIBULAR EM PACIENTES PÓS-AVE PARA TREINAMENTO DE EQUILÍBRIO E CONTROLE POSTURAL: UMA ABORDAGEM NEUROFUNCIONAL Corina Aparecida Fernandes Luciana Auxiliadora de Paula Vasconcelos ¹Aluna de Graduação – Curso de Fisioterapia da PUC Minas campus Poços de Caldas ²Profa. do Curso de Fisioterapia/ Psicologia da PUC Minas campus Poços de Caldas RESUMO O Acidente Vascular Encefálico (AVE) é a terceira causa de morte em vários países, e a principal causa de incapacitação física e mental. A deficiência motora característica do AVE é a hemiparesia, representada pela perda do controle motor e postural em um hemicorpo, com conseqüente comprometimento do equilíbrio e redução da estabilidade postural. O presente estudo teve como objetivo avaliar a eficácia da Reabilitação Vestibular (RV) em pacientes hemiparéticos com prejuízo de equilíbrio e controle postural. A amostra do estudo foi constituída de 5 indivíduos com hemiparesia à direita ou à esquerda, idade entre 30 e 70 anos, de ambos os sexos, que se encontravam cadastrados na lista de espera do setor de neurologia da Clínica de Fisioterapia da PUC Minas campus Poços de Caldas. Os pacientes selecionados passaram por duas avaliações, inicial e final, e o protocolo de avaliação constou do preenchimento da Ficha de Neurologia deste setor e Avaliações Específicas, tais como: Modified Rankin Scale (MRS), Quociente de Sensibilidade Motora (QSM), Escala de Equilíbrio de Berg, Escala de Equilíbrio e Mobilidade de Tinetti, Stroke Specific Quality of Life Scale (SS-QOL) e Dizziness Handicap Inventory - brazilian version (DHI). O protocolo de tratamento foi baseado nos exercícios de Cawthorne e Cooksey. A análise estatística dos dados foi feita através do teste t, paramétrico e pareado (*p<0,05). Comparando-se os resultados obtidos nos dois momentos da avaliação podemos observar que houve um incremento em todos os parâmetros avaliados, havendo melhora estatisticamente significativa do equilíbrio e controle postural, da mobilidade e na realização das atividades de vida diárias, com exceção do índice de tontura, que obteve redução, porém não estatisticamente significativa. Conclui-se que a RV baseada no protocolo de Cawthorne e Cooksey demonstrou ser eficaz na recuperação do equilíbrio em pacientes com seqüelas de AVE. Palavras-chave: Acidente Vascular Encefálico, Equilíbrio, Reabilitação Vestibular - 139 - ENAF Science, v.3, n.2 PERFIL DOS CUIDADORES INFORMAIS DE PACIENTES FRAGILIZADOS DO PROJETO SOL - UNIMED POÇOS DE CALDAS MIRANDA, C.C ALVISI, T.C. JUNQUEIRA, A.P.G. PROJETO SOL – SERVIÇOS DE ORIENTAÇÕES DOMICILIARES – UNIMED POÇOS DE CALDAS – MG RESUMO O crescente envelhecimento populacional inspira atenções específicas principalmente ao idoso dependente. O suporte primário é na maioria das vezes realizado pelos cuidadores informais. O Projeto Sol da Unimed de Poços de Caldas iniciouse em 1999, seguindo prestações de serviços a pacientes que necessitam de cuidados domiciliares. Observando o grande despreparo físico e emocional dos cuidadores para acolher um idoso dependente e o esforço da equipe em atender uma demanda crescente, despertou a imensa necessidade de olhar para estes cuidadores. Este estudo objetivou identificar o cuidador informal e o principal, suas necessidades e dificuldades. Avaliar a sobrecarga física que tais atividades exercem no corpo e na saúde destes indivíduos. Colaborar para a análise, investigação e reflexão da relação cuidador-paciente. Utilizouse o Questionário: “Características dos Cuidadores de idosos no contexto da Saúde da Família” aplicados em 20 cuidadores. Setenta e cinco porcento dos cuidadores entrevistados foram mulheres, idade média de 52a; 58% filhas de pacientes com idade média de 79a (45% portadores de Síndrome de Alzheimer). O cuidar foi aprendido, normalmente sozinho, e muitos deixaram de trabalhar para dedicar-se ao cuidado. As alterações na saúde do cuidador variaram entre físicas (dores no corpo) a alterações psicológicas (stress e depressão). Este novo modelo de estruturação familiar necessita de apoio da Saúde Primária e traz novos paradigmas a serem refletidos por toda a sociedade: O cuidar é um fardo pesado que necessita urgentemente de preparo, sob pena da negligência gerar futuros pacientes fragilizados. Conclui-se pela necessidade de uma intervenção clínica na vida destes cuidadores. Muito além de um suporte, propõe-se uma preparação para o encargo de cuidar. Palavras-chave: cuidador, idoso, fragilidade A INFLUÊNCIA DO TREINAMENTO FÍSICO EM INDIVÍDUOS PORTADORES DE INSUFICIÊNCIA CARDÍACA Danielle Cavini Corrêa Machado¹ Marcelo Branco² Maria Imaculada Ferreira Moreira Silva² 1Aluna de graduação – Curso de fisioterapia da PUC Minas Campus de Poços de Caldas ²Professor – Curso de Fisioterapia da PUC Minas Campus de Poços de Caldas RESUMO A Insuficiência Cardíaca (IC) é uma síndrome clínica freqüente, que se caracteriza pela incapacidade do coração de prover adequada oferta de oxigênio aos tecidos. Resulta de disfunção ventricular sistólica, compreendendo 70 a 80% dos casos, os demais 20 a 30% de disfunção ventricular diastólica. Este trabalho tem o objetivo de avaliar e tratar pacientes que apresentem IC, com o intuito de aliviar os sintomas, aumentar a auto-estima, qualidade de vida e bem como comprovar os beneficio do exercício físico nesses pacientes. Foram avaliados 2 pacientes levando em conta os seguintes critérios: classificação do grau de comprometimento funcional, etiologia da IC, fatores precipitantes e agravantes, manifestações clínicas, exames laboratoriais, alterações no eletrocardiograma e sua análise, medicação em uso, avaliação da qualidade de vida através dos questionários “Vivendo com a Insuficiência Cardíaca” da Universidade de Minnesota e Short Form 36, aplicação do teste de caminhada de seis minutos (TC6‟), teste ergométrico sub-máximo, escala de Borg, teste com manovacuômetro, treinamento muscular respiratório, alongamentos e exercícios aeróbios. Os resultados demonstraram que os pacientes submetidos ao treinamento físico apresentaram queda de freqüência cardíaca, pressão arterial e conseqüentemente uma queda do duplo produto e Borg, aumento da distância percorrida e da velocidade de pico, aumento da saturação periférica de oxigênio, ganho de força muscular respiratória, melhora da mobilidade toraco-abdominal e permeabilidade de vias aéreas e um aumento da qualidade de vida. Conclui-se que um treinamento simples e de fácil aplicabilidade nos pacientes portadores de insuficiência cardíaca grau II, apresentaram alívio dos sintomas (fadiga, dispnéia), melhora da tolerância aos esforços físicos e da qualidade de vida. Palavras-chave: Insuficiência Cardíaca, Treinamento Físico, Teste de Caminhada 6 minutos. - 140 - ENAF Science, v.3, n.2 MÉTODO BABY BOBATH APLICADO NO DESENVOLVIMENTO MOTOR EM CRIANÇAS NASCIDAS PRÉ-TERMO “ESTUDO DE CASO” Marina Conceição Peres Carvalho. Fisioterapeuta. Docente UNIFENAS Juliana Corcini Meneguci. Fisioterapeuta Eliana Peres Rocha Carvalho Leite. Doutoranda. Docente UNIFAL-MG Christianne Alves Pereira Calheiros. Mestre.docente UNIFAL-MG RESUMO Quando se compara o desenvolvimento motor de neonatos termo e pré-termo ficam evidentes atrasos ligados à prematuridade. A maioria dos órgãos e sistemas apresenta desenvolvimento estrutural e funcional constante durante os últimos três meses de vida uterina. O parto prematuro exige a adaptação à vida extra-uterina antes que esses sistemas e órgãos apresentam desenvolvimento adequado. O neonato pré–termo tem possibilidades de ter mais dificuldades no aprendizado, desvantagens na interação de linguagem e problemas de coordenação motora do que o bebê de termo total.A prematuridade é de grande preocupação porque está intimamente associada ao retardo mental e físico, à hiperatividade e à morte do bebê. A prevenção é geralmente considerada o fator mais importante no melhoramento dos índices de saúde infantil e de sobrevivência. O método Baby Bobath é uma técnica de reabilitação neuromuscular que utiliza os reflexos e os estímulos sensitivos para inibir ou provocar uma resposta motora, baseia-se em manipulações no neonato que irão estimular o desenvolvimento motor normal de cabeça, tronco, braços, mãos, pernas e pés; ajudar na prevenção de deformidades e ajudar no relaxamento da criança. Este estudo teve como objetivo constatar o atraso no desenvolvimento neuropsico-motor em recém-nascidos pré-termo e a eficácia da aplicação deste método, na tentativa de minimizar esses atrasos. Foi realizado um estudo de caso onde um recém-nascido pré-termo foi submetido à aplicação do método duas vezes por semana, por treze meses consecutivos. Neste caso, foram observados avanços no desenvolvimento quanto às habilidades motoras, capacidades reflexas, reações posturais, equilíbrio e deambulação. A estimulação através do método Baby Bobath proporcionou à criança acompanhar a escala neuroevolutiva, provando a eficácia de sua aplicação. ANÁLISE COMPARATIVA DE CUIDADORES DE PACIENTES IDOSOS DO SETOR PRIVADO (UNIMED) E SETOR PÚBLICO (PSF MARIA IMACULADA) DA CIDADE DE POÇOS DE CALDAS -MG Edna Karine Oliveira Veloso¹ Jhonny Pena Alves¹ Terêsa Cristina Alvisi¹ ¹Curso de Fisioterapia – PUC Minas / campus Poços de Caldas RESUMO A longevidade mundial traz a preocupação com a manutenção e ou a recuperação da capacidade funcional dos idosos. Surge uma nova frente de estudos: a garantia de condições favoráveis ao cuidado domiciliário e ao cuidador do idoso. Comparar e analisar o perfil dos cuidadores que prestam serviços a idosos em programas de setores privado e público. O presente estudo avaliou de forma descritiva, de caráter exploratório, o perfil de cuidadores de idosos atendidos pelo PROJETO SOL DA UNIMED (Serviço de Orientação ao Lar) e cuidadores de idosos acolhidos pelo Programa de Saúde da Família PSF do Bairro Maria Imaculada, ambos da cidade de Poços de Caldas MG. Foram avaliados doze cuidadores de cada grupo; e aplicados os instrumentos de avaliação: questionário de Nakatani, Inventário do Fardo do Cuidador e Medida de Independência Funcional (MIF) do idoso assistido e o SF-36. Observou-se que os idosos assistidos pelo PROJETO SOL da UNIMED apresentam maior faixa etária, são mais dependentes e sua participação financeira é apenas para seu cuidado, os idosos assistidos pelo PSF do Bairro Maria Imaculada continuam participando no orçamento da família. Em ambos os programas a patologia de base foi neurológica. Os cuidadores foram a sua maioria do gênero feminino, casadas, filhas e estão exercendo suas funções a mais de 5 anos. Os cuidadores de pacientes da UNIMED são mais velhos, e se sentem divididos entre o trabalho doméstico e o cuidado, tempo insuficiente para vida social. E evidencio melhores escores de qualidade de vida os cuidadores do PSF Maria Imaculada, exceto em saúde mental. O envelhecimento é um fenômeno novo na historia da humanidade: muitos são os desafios: cuidar e ser cuidado merece estudos específicos e abrangentes. Palavras-chave: Cuidador, idoso, qualidade de vida - 141 - ENAF Science, v.3, n.2 FORÇA MUSCULAR E QUALIDADE DE VIDA APÓS UM PROGRAMA DE 18 SEMANAS DE EXERCÍCIOS EM MULHERES COM OSTEOPOROSE PÓS-MENOPAUSA Lucas E.P.P. Teixeira, Fisiologista do Exercício Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP/EPM Kelson N.G. Silva, Especialista em Fisioterapia Ortopédica Rebeca D.P. Teixeira, Especialista em Fisioterapia Ortopédica Aline M. Imoto, Mestre Tiago J.P. Teixeira, Médico Reumatologista Maria S. Peccin, Profª Dra da UNIFESP/EPM Virginia F.M. Trevisani, Profª Dra da UNIFESP/EPM RESUMO Uma redução de 30% na força é encontrada entre pessoas de 50 a 70 anos, e esta redução está intimamente ligada a má qualidade de vida. Avaliar o efeito de um programa de treinamento de força muscular progressiva e propriocepção, na força do quadríceps e qualidade de vida em mulheres com osteoporose. Foram selecionadas 100 mulheres sedentárias com idade entre 55 e 75 anos, randomizadas em dois grupos: grupo intervenção composto por 50 pacientes submetidas a 18 semanas de treinamento de força muscular progressiva do quadríceps (a 50%, 60%, 70% até 80% de 1-RM – Uma Repetição Máxima), e de propriocepção, associados ao tratamento clínico medicamentoso para osteoporose; e grupo controle também composto por 50 pacientes que receberam apenas o tratamento clínico medicamentoso. Como as voluntárias eram sedentárias um período de adaptação e baixa carga de trabalho por duas semanas foi aplicado para posterior implementação de protocolo de progressão de carga. Força muscular e qualidade de vida eram avaliadas no início e ao final da pesquisa através do Teste de 1-RM e Short Form-36 (SF-36). Oitenta e cinco pacientes concluíram a pesquisa. Após as 18 semanas de treinamento observou-se um aumento médio de 87,5% (p< 0,001) na força muscular dinâmica máxima de quadríceps (1-RM) das voluntárias do grupo intervenção. Verificamos ainda que os scores para SF-36 no grupo intervenção melhoraram em todas as oito sube-scalas depois do período de treinamento tanto na comparação com admissão como na comparação com o controle. Estas mudanças eram estatisticamente significativas (p ≤ 0,007) e clinicamente (pelo menos 13,5 mudança de pontos em cada sub escala do SF-36) significante para todas as sub-escalas. A associação do treinamento de força progressiva para quadríceps com o de propriocepção é eficaz no aumento da força muscular do quadríceps e na melhora da qualidade de vida. Palavras-chave: osteoporose; exercícios; qualidade de vida. TREINAMENTO SENSÓRIO-MOTOR EM ATLETAS DE HANDEBOL Marília da Costa Teixeira¹ Leila Aparecida Carvalho¹ Thatia Regina Bonfim² ¹Graduada em Fisioterapia pela PUC Minas campus Poços de Caldas ²Doutora em Ciências da Motricidade pela UNESP – Rio Claro Profa. do Curso de Fisioterapia - PUC Minas campus Poços de Caldas RESUMO O handebol é um esporte rápido, explosivo e de contato, classificado como um esporte de alto risco para a ocorrência de lesões, sendo a entorse de tornozelo uma das lesões mais freqüentes. A fisioterapia atua tanto na reabilitação quanto na prevenção deste tipo de lesão, principalmente fazendo uso do treinamento sensório-motor, visando diminuir o número de lesões e melhorar o controle neuromuscular e o desempenho dos atletas. Em função disto, este estudo teve como objetivo propor e verificar o efeito de um protocolo de treinamento sensório-motor, em atletas de handebol, visando a prevenção das entorses de tornozelo. Participaram deste estudo sete atletas da equipe masculina de handebol infanto-juvenil da cidade de Poços de Caldas, com idade entre 15 e 18 anos. Os participantes foram submetidos uma avaliação, a qual mensurou a atividade eletromiográfica dos músculos tibial anterior e fibular longo em contração voluntária concêntrica e na manutenção do equilíbrio; o tempo de manutenção do equilíbrio; a impulsão no salto vertical. O treinamento sensório-motor foi composto basicamente por exercícios de alongamento, equilíbrio e propriocepção, agilidade e pliometria, realizados em dez sessões, com trinta minutos de duração cada, duas a três vezes por semana, durante seis semanas. Os resultados revelaram diferença significante para atividade eletromiográfica dos músculos tibial anterior e fibular longo em contração voluntária concêntrica (p<0,05) e um aumento na impulsão do salto vertical (p<0,05). Porém não indicaram diferença significante para a atividade eletromiográfica dos músculos tibial anterior e fibular longo na posição de equilíbrio em apoio unipodal (p>0,05) e no tempo de manutenção do equilíbrio em apoio unipodal (p>0,05), após o período de treinamento. Com base nos resultados obtidos neste estudo, sugere-se que o treinamento sensório-motor proposto pode ser utilizado na prevenção de entorses de tornozelo, além de auxiliar na melhora do desempenho de habilidades motoras em atletas de handebol. Palavras-chave: Entorse de tornozelo, treinamento sensório-motor, fisioterapia. - 142 - ENAF Science, v.3, n.2 A UTILIZAÇÃO DOS RECURSOS TERMAIS DE POÇOS DE CALDAS COMO PRESTAÇÃO SÓCIO-SANITÁRIA PARA A PROMOÇÃO DA SAÚDE Camila Vieira Lopes¹ Raphael José Silveira Humberto¹ Teresa Cristina Alvisi¹ ¹Curso de Fisioterapia – PUC Minas Campus Poços de Caldas RESUMO A balneoterapia no Brasil apesar de estar reconhecida pelo Ministério da Saúde por meio da Portaria 971, a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) em 22/06/2006, ainda passa por trâmites burocráticos para sua real utilização. Entretanto os Serviços Termais Municipais de Poços de Caldas vêm oferecendo tais benefícios aos pacientes encaminhados pelo Serviço Público Municipal recuperando desta forma a sua raiz histórica de Promoção da Saúde como atenção primária. Levantar e analisar o perfil dos pacientes que utilizaram os Serviços Termais Municipais nos últimos 20 meses (janeiro 2007 a agosto de 2008), através do SUS. Classificação dos atestados médicos encaminhados aos Serviços Termais durante o período em estudo. Os dados obtidos foram agrupados em tabelas e tratados por meio de análise estatística descritiva, sendo calculada especificamente a freqüência em porcentagem dos itens: idade, gênero, número de atendimentos, tipo de serviço utilizado e patologia de base para o encaminhamento termal. Após análise dos dados obtidos verificou-se que: 1934 pacientes utilizaram a balneoterpia, sendo 64% pacientes com idade entre 60 a 79 anos, perfazendo um total de 26.110 atendimentos; 69% dos usuários pertencem ao sexo feminino, sendo que 64% do total com idade entre 60 a 79 anos; 45,35% apresentando queixas osteo-articulares e 46% procuram o recurso termal como prevenção e/ou recuperação de queixas somato -emocionais. O termalismo apresenta-se como um recurso terapêutico disponível, natural, atendendo principalmente a queixas de patologias crônicas e despontando como um coadjuvante eficaz no combate das doenças advindas do stress e na promoção de manutenção da saúde. Palavras-chave: termalismo, balneoterapia, promoção da saúde. AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO SOBRE PREVENÇÃO DAS DTS/AIDS DOS ALUNOS DO PRIMEIRO ANO DO ENSINO MÉDIO EM ESCOLAS NO MUNICÍPIO DE GUAXUPÉ, MG Josiane Alves da Silva¹ Nathalia Ciarallo Mauer¹ Patrícia Cabral Carneiro Barreiro,² ¹Discente do 6° período do Curso de Enfermagem do Centro Universitário da Fundação Educacional Guaxupé – UNIFEG – Guaxupé – MG ²Docente do Centro Universitário da Fundação Educacional Guaxupé – UNIFEG – Guaxupé - MG RESUMO Na antiga Grécia as DSTs eram conhecidas por “doenças venéreas”, referente às sacerdotisas dos templos de Vênus, onde era realizada prostituição em forma de culto à Deusa do Amor; na Bíblia, podem-se observar citações em relação à gonorréia (identificada somente em 1879); sífilis foi registrada em tumbas no Egito. Após a Segunda Guerra Mundial, devido ao descobrimento de alguns antibióticos, como a ampicilina, foram consideradas como vencidas. A partir dos anos 60, com a liberação sexual e a descoberta da pílula anticoncepcional, as DSTS foram consideradas como epidêmicas, nessa época houve aumento na precocidade do inicio da vida sexual, variação de parceiros e na freqüência da atividade sexual, o tabu da virgindade substituído pelo oposto, motivos que influenciaram na progressão dessas doenças. As DSTS são motivo de grande preocupação em saúde publica, não apenas por sua incidência elevada, mas também pela suas complicações associadas. Segundo a OMS, no Brasil ocorrem em média de 10 a 12 milhões de novos casos por ano, e no mundo, cerca de 340 milhões de novos casos – quase 1 milhão de novos casos por dia. Apesar da liberação sexual dentro da própria família, da facilidade de acesso dos jovens à informação e aos métodos de prevenção, vem crescendo a incidência de DST/AIDS entre os grupos adolescentes, associada ao aumento da atividade sexual. Assim, torna-se necessário avaliar o nível de conhecimento sobre a prevenção das DST/AIDS em adolescentes, a fim de promover campanhas de conscientização, melhorar o acesso destes jovens à informação de prevenção. O trabalho consiste em analisar nível de conhecimento sobre a prevenção de DSTs e AIDS em estudantes do primeiro ano do ensino médio de escolas de Guaxupé, MG, através da aplicação de questionário, sob a supervisão dos autores. Sendo feita analise das respostas comparando-se os dados das diversas escolas avaliadas. - 143 - ENAF Science, v.3, n.2 AUTO-EXAME DAS MAMAS: PRÁTICA ENTRE AS FUNCIONÁRIAS VINCULADAS À EMPRESA QUE PRESTA SERVIÇOS À UNIFAL- MG. Eliana Peres Rocha Carvalho Leite. Doutoranda. Docente UNIFAL-MG Christianne Alves Pereira Calheiros. Mestre.docente UNIFAL-MG Bruna Lemos Di Spirito Acadêmica Enfermagem. UNIFAL-MG Marina Conceição Peres Carvalho. Fisioterapeuta. Docente UNIFENAS Patrícia Alves Pereira Carneiro.Mestranda. Docente UNIS Tatiana Bárcia Tolentino. Acadêmica Enfermagem. UNIFAL-MG RESUMO O auto-exame das mamas é um importante método auxiliar na detecção do câncer. Após a vivência de situações de grande desgaste físico e emocional com portadoras de câncer de mama, realizou-se esta pesquisa que tem por objetivos verificar a prática do auto-exame das mamas entre as funcionárias de empresa que presta serviços à Universidade Federal de Alfenas, Minas Gerais e avaliar a necessidade de ações educativas entre as mesmas. A população em estudo foi constituída por todas as funcionárias sendo os dados coletados a partir de um questionário previamente validado. Os dados quantitativos foram submetidos à análise descritiva. Os resultados evidenciam que das 42 mulheres entrevistadas, 40 relatam ter recebido informações sobre o auto-exame das mamas e destas, 26 o realizam. Dentre as 16 que não realizam o autoexame das mamas, 14 foram informadas sobre o mesmo, sendo que 10 destas foram informadas por profissionais de saúde. Em relação a idade, 20 mulheres encontram-se na faixa etária de 35 a 49 anos a qual é considerada de maior incidência para o câncer de mama e que destas, 13 realizam o auto-exame das mamas. Das 05 mulheres que informaram casos de câncer de mama na família, 03 realizam o auto-exame. Dentre as razões para a não realização do auto-exame das mamas, foram citadas: esquecimento, desconhecimento da técnica, receio de encontrar algo de risco, falta de tempo e falta de curiosidade. Embora o auto-exame das mamas seja realizado pela maioria das entrevistadas, verificou-se que a técnica de execução não é feita corretamente de acordo com a maneira e freqüência preconizadas. Mediante tal situação, após a exposição dos resultados da pesquisa à população alvo, foram ministradas palestras para esclarecimento acerca da prática do auto-exame das mamas. AVALIAÇÃO DO PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DA POPULAÇÃO ACIMA DE 60 ANOS DE IDADE EM RELAÇÃO A FATORES RELACIONADOS A SAUDE E LONGEVIDADE Divaldo de Stefani Graduação: Enfermagem e Obstetrícia Especialista: Nutrição ; Formação Pedagógica para profissionais de saúde; Instituição: Secretaria Municipal de Saúde de Tamboara-Pr Coordenador do Programa de Saúde Familiar-Tamboara-Pr Marcos Danilo Leão Graduação: Bacharelado e Licenciatura Plena em Educação Física Instituição: Secretaria Municipal de Saúde de Tamboara-Pr Ana Paula Carrion Graduação: Enfermagem Instituição: Secretaria Municipal de Saúde de Tamboara-Pr RESUMO Esta avaliação refere-se a pesquisa realizadas com idosos do município de Tamboara-Pr, com 4.564 habitantes, e serviu de referencia para definição do perfil epidemiológico da população idosa. O objetivo deste trabalho é a investigação de fatores ligados a saúde desta população e a partir destes dados criar mecanismo de intervenção na saúde da população idosa. A metodologia utilizada foi formulário de pesquisa, onde foram analisado fatores de risco a saúde e condições de moradia, atividade física, uso de medicamentos, auto-percepção da saúde e relação de independência física, para esta avaliação utilizou-se formulário padronizado sendo avaliados 277 do sexo masculino e 319 do sexo feminino, totalizando 596 indivíduos representando 13% da população do município. Concluímos com este trabalho que a população idosa do município apresenta em relação ao grau de escolaridade, 35% de analfabetismo dentro desta faixa etária o que compromete o entendimento de tratamentos médicos e campanhas de saúde que necessitem de compreensão através da leitura, em relação aos fatores de risco a saúde apresenta 18,9% de fumantes, 65,6% de portadores de Hipertensão Arterial e 16,1% de portadores de Diabetes mellitus, em relação a pratica de atividade física somente 15% participam de alguma atividade física e 85% não realizam, o que torna preocupante em relação aos fatores prejudiciais dos hábitos sedentários, que estão ligados ao comprometimento das patologias cardiovasculares e doenças crônicas não-transmissíveis, os indivíduos investigados consideraram em relação a auto-percepção de saúde 4,02% sua saúde muito boa, 38% boa, 40,2% regular, 4,6 ruim e 0,5 muito ruim, observamos um número elevado de quedas no último ano, com 104 indivíduos que sofreram quedas, representando 17% da população idosa, sendo 36 do sexo masculino e 68 do sexo feminino, consideramos a necessidade emergente de ações amplas para a melhoria da qualidade de vida e longevidade saudável da população idosa. - 144 - ENAF Science, v.3, n.2 PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA: INCIDÊNCIA E PREVALÊNCIA NO CENTRO DE TERAPIA INTENSIVA DE UM HOSPITAL GERAL Cezar Bruno Pedroso¹ Camila Oliveira Santos¹ Denise Maria Osugui² ¹Acadêmico de enfermagem do Centro Universitário do Sul de Minas-UNIS/MG ²Enfermeira e Professora Especialista RESUMO A presente pesquisa visa investigar a incidência e prevalência de parada cardiorrespiratória (PCR) nos pacientes internados no centro de terapia intensiva (CTI) de um hospital geral do sul de Minas Gerais e a ocorrência de óbitos e reabilitações, frente à reanimação cardiopulmonar (RCP) aplicada, levando em consideração os parâmetros clínicos fisiológicos e laboratoriais de cada paciente. Segundo Bueno et al (2005), a PCR é definida como súbito cessar da atividade miocárdica ventricular útil, associada à ausência de respirações, sendo considerado um evento comum em medicina intensiva, principalmente se for causada por disfunção de múltiplos órgãos. O CTI é um conjunto de elementos funcionalmente agrupados, que se destina ao atendimento de pacientes graves ou de riscos que necessitam de assistência médica e de enfermagem continuamente, além de equipamentos e recursos humanos especializados (VARGAS; BRAGA, 2006). Assim faz - se necessário a realização de uma pesquisa com análise quantitativa da incidência e prevalência de PCR e óbitos conseqüentes a essa condição em um CTI de um hospital geral do sul de Minas Gerais, com técnica de pesquisa descritiva, e processo de amostragem não – probabilístico. A coleta de dados é realizada diariamente em impresso específico para acompanhar a condição clínica do paciente, incluindo a busca da ocorrência de PCR, analisando se houve aplicação das manobras de reanimação cardiopulmonar, e avaliando os resultados das manobras aplicadas, a coleta de dados é realizada por um período de três meses. Através dos resultados, é possível delimitar a incidência e prevalência de PCR, identificar os pacientes de risco, sendo que os resultados fornecem subsídios para uma monitorização mais efetiva do paciente, e definir medidas específicas para a condição clínica dos pacientes, melhorando a assistência àqueles pacientes identificados como de risco. ASPECTOS FISIOLÓGICOS DO ENVELHECIMENTO HUMANO: PERCEPÇÃO DO PROFISSIONAL DE ENFERMAGEM DE NÍVEL MÉDIO Cezar Bruno Pedroso¹ Erasmo Rodrigo Soares Santos¹ Patrícia Alves Pereira Carneiro² ¹Acadêmico de enfermagem do Centro Universitário do Sul de Minas-UNIS/MG ²Enfermeira e Professora Especialista RESUMO Este estudo visa desvendar o conhecimento do profissional de enfermagem de nível médio, frente às alterações fisiológicas do envelhecimento humano e de forma mais específica investigar se esses profissionais estão cientes do aumento da expectativa de vida da população mundial, bem como preparados para atender as peculariedades da classe idosa. Diante disto, Smeltzer e Bare (2006) relata que a maioria dos cuidados prestados a idosos, são realizados por profissionais de enfermagem de nível médio, que representam muito maior número que os profissionais de enfermagem de nível superior nas instituições de saúde. Importante ressaltar, ainda, que atualmente sabe - se que a população que mais cresce é a de idosos, onde as estimativas mostram que em 2025, o Brasil terá a 6º maior população de idosos do mundo, com cerca de 32 milhões de idosos, que apresentam como principal déficit orgânico durante a velhice, as perdas funcionais (FREITAS et al, 2002). Assim, faz – se necessário a realização de uma pesquisa com análise qualitativa, do conhecimento do profissional de enfermagem de nível médio frente às alterações da senescência, utilizando - se de entrevista específica e adequada, ao grau de formação dos sujeitos, considerando as características envelhecimento fisiológico e enfatizando os principais aspectos do cuidado de enfermagem. Ainda se caracterizando como transversal, com técnica de pesquisa descritiva, com processo de amostragem não probabilístico a ser realizada em um hospital geral do sul de Minas Gerais com todos os profissionais de enfermagem de nível médio que atuam em clinica médica/ cirúrgica e de cuidados intensivos. Os resultados alcançados serão úteis para identificar aspectos profissionais, sejam qualidades ou deficiências, que forneçam subsídios para reformular e qualificar a formação desses profissionais de enfermagem, aumentando o seu nível de qualificação, melhorando a assistência aos pacientes gerontológicos. - 145 - ENAF Science, v.3, n.2 - 146 -