Minas de Anastasia

Transcrição

Minas de Anastasia
R$ 8,50
ano 4 número 35 Outubro 2010
Vem aí mais um
Empresário Heroi
11 de Novembro
Minas de Anastasia
Do jeito mineiro de ser, devagar e sem muito alarde,
Antônio Anastasia vira a eleição na reta final, numa arrancada
histórica, conquista quase 63% dos votos válidos e se consolida no
poder em Minas Gerais por mais um mandato
Finanças
Dinheiro de graça é
possível, é só saber onde
e quem procurar
Marketing
Chegou a vez da Geração Z
ditar as tendências e
regras no mercado
Turismo
O Deserto do Atacama
é mais que aridez: o lugar
é um paraíso surreal
Anastasia
Editorial
Foi uma vitória incontestável, afinal, quase 63% dos eleitores que
foram às urnas no dia 3 de outubro o reelegeram governador do estado.
Um votação inimaginável há apenas 30 dias da eleição, quando todas as
pesquisas já davam como certo, no mínimo, a realização de um segundo
turno em Minas Gerais - a pesquisa Datafolha de 3 de setembro, por
exemplo, apontava vitória do principal adversário com 40% dos votos,
cinco pontos percentuais a mais nas intenções de voto.
Assim que soube do resultado da votação, Anastasia correu para o
seu comitê no bairro Funcionários, região centro-sul de Belo Horizonte,
onde foi recebido por cerca de 250 militantes, e festejou a reeleição de
forma entusiasmada. Tanto que o seu primeiro pronunciamento público
soou em tom de desabafo: “Essa eleição representa, em primeiro lugar,
o reconhecimento dos mineiros de um jeito novo de governar, baseado
na eficiência, na ética, na responsabilidade, dizendo não às promessas
irresponsáveis, à demagogia”.
Horas antes, o ex-governador Aécio Neves havia dito que uma eventual
vitória de Anastasia e a dele próprio - eleito senador - representaria a
afirmação de um projeto de gestão pública gerencial, reconhecido em
todo Brasil.
Para Anastasia, a sua vitória ainda em primeiro turno significa a confiança
dos mineiros em um projeto iniciado há oito anos. Mas que projeto é esse?
Para muitos, Anastasia foi o cérebro por detrás do governador Aécio Neves.
De fato, Antônio Anastasia participou do governo de Aécio Neves,
desde a sua posse, em 2003, e marcou seu primeiro governo pela
recuperação das finanças públicas do estado, no que chamou de “choque
de gestão” e “déficit zero”. Anastasia ocupava o cargo de secretário de
Planejamento e foi o principal idealizador do programa que anunciava a
recuperação econômica.
Ainda no primeiro mandato de Aécio, Anastasia assumiu a Secretaria
de Defesa Social e enfrentou uma grave crise, com uma greve das polícias
que chegou a ter a intervenção federal a pedido do próprio governador;
e, finalmente, na campanha de reeleição, foi indicado para o cargo de
vice-governador na chapa do tucano. Reeleito com ampla maioria, Aécio
começou a preparar Anastasia para sucedê-lo na cadeira mais alta do
governo mineiro.
Agora, a eleição de Anastasia em sua primeira disputa eleitoral - de
fato - foi a maior virada das eleições em 2010. Basta lembrar que durante
pelo menos seis meses, todas as pesquisas de intenção de voto realizadas
no estado mostraram o peemedebista Hélio Costa com mais de 20 pontos
percentuais à frente do tucano. Somente no último mês da campanha é que
Anastasia reverteu o quadro e tomou a liderança de Costa nas pesquisas,
mas, ainda assim, tudo sinalizava para um segundo turno.
A vitória de Anastasia é considerada por analistas políticos como a
continuidade de uma administração que já dura oito anos em Minas Gerais.
Até porque, do ponto de vista da administração pública, o governo estadual
já está na mão de Anastasia há muito tempo.
Mas, quem de fato é Antônio Augusto Junho Anastasia? O que pensa,
o que pretende e como avalia as eleições em Minas? Para responder e
essas e outras perguntas a Mercado publica nesta edição reportagem
completa, que inclui a análise de um cientista político e uma entrevista
exclusiva com o governador reeleito.
Boa leitura!
Evaldo Pighini
Editor
Índice
Outubro 2010
46Capa
Antônio Anastasia é reeleito
governador de Minas com quase
63% dos votos válidos. Quem é e o
que planeja esse político que para
muitos é o cérebro que esteve por
detrás do governador Aécio Neves
durante o seu governo
12Entrevista
26Especial
34Finanças
O empresário do setor da educação, professor Thomé Caíres, conta
um pouco sobre a saga de 25 anos
do Colégio Nacional, instituição
que comanda, e fala sobre os rumos
da educação no país e a sobrevivência no meio
Prêmio Empresário Herói
vai destacar as melhores
administrações empreendidas por
meio da adoção da sustentabilidade
como princípio de governança e
gestão. A solenidade de premiação
acontece em novembro
Dinheiro de graça é possível. Entre
as várias opções de linhas de financiamento existentes no mercado,
para quem investe em inovação é
possível obter recursos sem ter que
pagar por eles através de créditos
não reembolsáveis
Agora tudo se encaixa na
construção. Já está em vigor a
Norma de Coordenação Modular,
que especifica como padrão a
medida de 100 mm para módulos
básicos e permite racionalizar
processos construtivos
35
62Construção
74Marketing
Muito já se falou sobre a geração Y.
Agora chegou a vez da Z, formada
por crianças e adolescentes futuros consumidores. Esse grupo
já desenha algumas tendências que
devem despertar a
atenção do mercado
78Turismo
Quem pensa que o deserto do
Atacama no Chile - o mais seco
de todos - é só aridez, está
enganado. Condições naturais
bastante adversas formaram,
sem dúvida, um dos lugares mais
bonitos do planeta
Canal Livre 6
Artigo 8
Conversa 10
Franchising 20
Investimentos 22
Indústria 24
Cidades 30
Economia 44
Saúde 64
Educação 68
70 Comportamento
89 Veículos
96 Bazar
102 Dica de leitura
104 Literatura
106 Profissões em filme
108 Sustentabilidade
110 Ponto de vista
114 Causos empresariais
116 Geral
canal
livre
Teatro Municipal
“Adolescência perdida”
Como mãe, em princípio, achei o título da matéria de capa
da edição anterior um pouco duro demais. Mas depois, ao
terminar de ler a reportagem, percebi que a realidade e
os perigos sexuais que rondam as nossas crianças e adolescentes são mesmo de assustar. Nesse sentido, toda a
atenção e pouca e é preciso muito diálogo por parte dos
pais e também de educadores. Parabéns pela reportagem!
Maria das Graças Constâncio de Almeida
Dona de casa
__________________________________________________
Sou testemunha do que vem acontecendo com a nossa
juventude no que diz respeito à iniciação sexual, justamente por ser professora e trabalhar com jovens na faixa etária entre 12 e 15 anos, especificamente. Sinto que
a sexualidade tem começado cada vez mais cedo. Não
acredito que seja totalmente falta de orientação, mas sim
uma tendência que ganha força no liberalismo que está
demais. Além do que, hoje em dia os pais estão proibidos
até mesmo de aplicar castigo nos filhos como forma de
educá-los, sob risco de serem penalizados por agressão.
Enfim, o sexo entre os jovens está cada vez mais liberado
e no final a bomba acaba explodindo sempre nas costas
dos pais. Alguma coisa tem que ser feita.
Aline Muniz Dutra
Professora
Dayse Lúcia Ramalho
Auxiliar de Contabilidade
Praças públicas
Gostaria de pedir mais atenção da Prefeitura para a urbanização e conservação das praças públicas de nossa
cidade. Moro próximo e costumo frequentar a praça Said
Chacur, no Santa Mônica, para passear com meus filhos
e percebo que ela carece de mais cuidados e atenção. A
única coisa boa que tem no local é a arborização, ainda
assim por obra de moradores das proximidades.
Antônio Idelfonso Sestak
Corretor de seguros
Literatura
Ainda sobre esporte em Uberlândia
Estive em Belo Horizonte, onde ganhei de um colega um
exemplar da Revista Mercado. Fiquei impressionado com
a matéria publicada na edição de agosto, que mostra o potencial esportivo de Uberlândia. Moro em Itabira e, confesso, que nunca tive o prazer de ir a Uberlândia, mas surgiu
agora a vontade por ser eu um amante do esporte. O fato
é que esse nosso estado de Minas Gerais tem potenciais
surpreendentes.
Delvaci Nunes Gonzaga
Professor de Educação Física
Mercado Outubro 2010 ∞
Sou moradora do bairro Custódio Pereira e faço da avenida
Rondon Pacheco minha rota diária para chegar ao trabalho. Por isso, passo sempre em frente ao Teatro Municipal
e queria saber por que as obras no local estão paralisadas.
Como pode isso acontecer depois de tanto alarde que o
teatro finalmente iria ficar pronto? Como contribuinte e
consciente de que Uberlândia ainda está carente de um
bom e adequado espaço para eventos culturais, quero cobrar dos nossos políticos atenção especial para que essa
obra seja concluída.
6
Sou estudante e apaixonado por literatura. Por isso, quero
aqui elogiar essa revista pelo espaço destinado à literatura, o que me fez leitor assíduo e também colecionador das
edições da Mercado. A professora Kenia Maria demonstra
ser profunda conhecedora do assunto. Aproveito para saber como faço para conseguir o exemplar de número 28
que falta em minha coleção.
Levi Fagundes
Estudante de Letras
Resposta:
Carlo Levi, favor entrar em contato pelo telefone 34 32366112 ou pelo mesmo e-mail que você usou para este contato - redaçã[email protected].
MArtigo
Telecomunicações
sem rumo
POR Vivien Mello Suruagy*
O
diagnóstico é conhecido de todos: o Brasil
convive com gargalos estruturais, símbolos
de um atraso que, se nada for feito, resultará
em franca desvantagem em relação aos principais competidores globais do país. Refirome não somente aos entraves representados pela alta carga tributária, precária educação, poupança interna muito
inferior às nossas necessidades de investimentos - enfim,
a tudo o que convencionamos denominar de Custo Brasil,
muito apropriadamente, aliás.
Além desses entraves, estamos coexistindo há muito
com incertezas no que se refere às políticas em uma área
vital: a de telecomunicações. A ausência de planejamento
para este que é um setor estratégico para o país é intolerável, uma vez que começa a causar retrocesso no atual
estágio que conseguimos atingir - estágio este, diga-se,
resultado da atuação das empresas privadas na atividade.
Ocorre que, há anos, assistimos a anúncios de planos
para a atividade, todos revestidos dos nobres intuitos de
universalizar a telefonia ou de levar o acesso à internet
às populações mais carentes. Pois bem, na realidade, resta-nos constatar que, lamentavelmente, tais planos - e, é
bom lembrar, já estamos no terceiro, no caso da telefonia,
denominado Plano de Metas de Universalização 3 - não
passam de espasmos de um planejamento que, efetivamente, faça avançar a atividade aos patamares de que o
país necessita.
Em outras palavras, as telecomunicações no Brasil
navegam desgovernadas, à deriva, sem um rumo claro
a nortear o planejamento imprescindível aos segmentos
que, juntos, compõem o setor. Apenas para ilustrar: dos
mais de 5.500 municípios brasileiros, ainda hoje só 250
têm acesso aos serviços de TV por assinatura.
O que está acontecendo com as empresas prestadoras
de serviços em telecomunicações exemplifica os nefastos
efeitos dessa ausência de planejamento. Essas empresas,
reunidas em seu sindicato, o Sinstal, empregam mais de
300 mil trabalhadores. São trabalhadores formais que, em
razão da atividade que desempenham, necessitam de ser
treinados e qualificados. Como dar-lhes essa capacitação
se não há planejamento ou, pior, se o setor de telecomunicações vive de surtos, vale dizer, na mais completa falta
de planejamento?
Mencionei acima a precariedade da educação de base
que o país oferece. Esse é um fator especialmente impactante na área da prestação de serviços em telecomunicações, que exige a absorção de tecnologias cada vez mais
complexas e sofisticadas. Sem planejamento amplo do
setor, as empresas, além de superar a escassez de recursos humanos com capacitação mínima para o exercício
de suas funções, estão vendo migrar seus trabalhadores
para segmentos melhor aquinhoados de políticas efetivas,
como a construção civil ou a indústria de montagem.
Esse cenário poderia ser outro, muito mais ao encontro das necessidades e imperativos do país. Nos Estados
Unidos, criou-se um fundo, o Universal Service Fund,
cuja razão de ser é exatamente a de universalizar as telecomunicações. Trata-se de um modelo de parceria do
governo com a iniciativa privada com o objetivo de levar
telefonia e internet às populações de renda mais baixa.
Para tal, destinaram-se subsídios que superam os US$ 8
bilhões anuais.
No Brasil, ao contrário, as empresas da área de telecomunicações não contam com quaisquer subsídios ou
incentivos fiscais. Apenas as prestadoras de serviços da
área recolhem 43% de impostos, soma que, em 10 anos,
atingiu mais de R$ 300 bilhões. Além disso, há os fundos
de recolhimento obrigatório como Fust, Fistel e Funttel,
que já alcançam R$ 32 bilhões.
São recursos que, em tese, deveriam ser usados para
ampliar os serviços de telecomunicações. Mas, ao que
tudo indica, navegaram sem aportar no seu programado
destino: a disseminação das telecomunicações pela maior
parcela possível do território nacional. B
* Vivien Mello Suruagy é vice-presidente da Fiesp e presidente do Sindicato Nacional das Empresas Prestadoras de Serviços e Instaladoras de
Sistemas e Redes de TV por Assinatura, Cabo, MMDS, DTH e Telecomunicações (Sinstal)
Mercado Outubro 2010 ∞
8
CONVERSA
DEMERCADO
Caro leitor,
Quero falar aqui sobre níveis
de atuação e desenvolvimento
de carreira.
Atualmente, em consonância
com as exigências de qualificação
estabelecidas no cenário mundial, a
nova geração de profissionais apresenta valores, expectativas e aspirações que precisam ser compreendidos pelas diversas organizações
que participam do desenvolvimento
de suas carreiras, a fim de oferecerlhes as condições para que se mantenham entusiasmados e motivados
a discutir, colaborar, inovar e aderir
a causas sociais e ambientais.
Ao se colocarem como parceiras nessa tarefa de apoiá-los em
suas trajetórias e levá-los a enxergar o que têm de melhor, é essencial que essas organizações sigam
uma estrutura baseada nos melhores direcionadores para a construção dos alicerces de uma carreira
marcada pela competência, pela
assertividade e pela extraordinária
inserção e atuação social.
O desenvolvimento na carreira se
dá de forma progressiva, acompanhando a gradação inerente à aquisição de novos níveis de consciência, à medida que o profissional vai
assumindo mais responsabilidades e
sendo exigido em termos de conheMercado Outubro 2010 ∞
10
cimentos, habilidades e atitudes.
A observância dessa progressão
nos níveis de atuação favorece a
passagem de uma fase para outra
da maturidade profissional, até
que o desempenho alcance maior
eficácia. Ou seja, ajuda o profissional a evoluir da dependência
para a independência e desta para
a interdependência, tornando-se
capaz de combinar o esforço individual com os esforços de outros
para obter os melhores resultados.
Segundo a consultora da Right
Management, Elaine Saad, a conquista da experiência não pode ser
acelerada, uma vez que por meio
dela o profissional se torna melhor
a cada ano. Porém, não há dúvida
de que as oportunidades vão surgindo para quem tem mente aberta
e capacidade para coordenar suas
metas com a realidade multifacetada do mercado.
Tal postura advém do compromisso de cada pessoa com o planejamento do seu futuro profissional
e com o gerenciamento de sua carreira. Na verdade, antes de fazer
qualquer escolha relativa à continuidade dos estudos em nível de
pós-graduação, o profissional precisa traçar um plano de carreira,
definindo claramente os objetivos,
as prioridades e as estratégias que
utilizará para alcançá-los.
No início da carreira, o profissional deve estar receptivo a um
papel mais técnico e a procurar
intercalar períodos de dedicação
plena ao trabalho com a realização
de cursos que proporcionem uma
abertura de conhecimentos em várias áreas, especialmente aquelas
que tenham conexão com a de sua
formação, em observância às tendências emergentes no mercado
de trabalho.
A dedicação ao trabalho pode
se dar mediante a inserção em
programas de trainee voltados
para a identificação de jovens li-
deranças, nos quais o candidato
passa por um processo de seleção
rigoroso e, se aprovado, aí sim,
tem sua carreira acelerada. Geralmente, são empresas competitivas, extremamente focadas em
resultados e desenvolvimento.
O salário médio de trainees é
de 3,5 a 4 mil reais - segundo os
Classificados de O Estado de S.
Paulo - e os programas duram de
um a dois anos; se o desempenho do profissional for satisfatório, ao fim desse período pode
ser contratado.
A faixa de dois a quatro anos
de experiência é a mais favorável para se obter uma visão internacional por meio de cursos de
MBAs que oferecem alguns módulos no exterior ou que têm parte
da sua carga horária desenvolvida por professores estrangeiros.
Seja qual for a sistemática adotada
pelas instituições, o importante é
que ofereçam dupla diplomação:
da instituição brasileira e estrangeira, a exemplo do MBA de Gestão de Negócios Internacionais da
Business School- São Paulo (BSP).
Nele, o aluno pode realizar um
módulo internacional na Universidade Politécnica da Catalunha
(UPC), em Barcelona, na Espanha,
e outro em Harvard, em Cambridge, Estados Unidos.
Ainda nessa faixa, se o profissional decidir sair do país, poderá
ser admitido em MBA Full Time,
com dois anos de duração, incluindo estágios e cursos eletivos.
Para o profissional com cinco
anos de experiência e que se encontra, ainda, numa fase da carreira
mais específica, gerencial, há o chamado Part Time MBA, a exemplo
dos MBAs em Finanças, em Gestão
de Projetos. Esse é um momento em
que o profissional já alcançou um nível de maturidade que lhe permite o
máximo de aproveitamento e resultados satisfatórios.
A partir de seis anos de experiência, o MBA Executivo passa
a ser fundamental por coincidir
com o momento em que o profissional está procurando um papel
mais estratégico, de liderança, de
automotivação. Para quem quer
aliar à formação o contato com
outras culturas, especialmente a
cultura dos negócios, os cursos no
exterior são uma excelente opção,
tanto pelo valor da titulação internacional como pela experiência de
troca cultural.
Com esse entendimento, é importante que o profissional passe
a pesquisar o curso compatível
com suas condições financeiras,
sua disponibilidade de tempo e
suas necessidades pessoais. Cursos reconhecidos no Brasil custam entre 20 e 30 mil reais, com a
exigência de dedicação de seis a
oito horas semanais, em média, de
estudo. No exterior, recomenda-se
ter disponível para investimento
pelo menos de 90 a 100 mil reais.
Nunca é demais insistir para
que a escolha do curso seja feita de forma cautelosa, no sentido de que a aprendizagem deve
estar inserida em um projeto
de carreira e desenvolvimento
pessoal. Em outras palavras, o
curso deve decorrer da percepção do verdadeiro significado do
aprendizado e contribuir para a
consecução de um objetivo que
leve o profissional a um novo patamar de sua vida pessoal, social
e profissional.
Feita a escolha do curso, o profissional precisa saber se atende
às exigências das instituições
para ingresso. A maioria dos cursos conceituados requer proficiência em língua estrangeira e
apoio da empresa, importante do
ponto de vista da liberação de horários e do financiamento. Caso
não consiga atender a todos os requisitos, é necessário saber lidar
com a frustração não só de adiar a
realização do curso, mas de adiar
planos de ascensão, de aumento
salarial ou de ampliação das oportunidades de atuação.
Esse ordenamento evidencia
a importância de se ter objetivos
e metas claramente definidos, na
medida em que servem como referência para as decisões a serem
tomadas na perspectiva da tendência atual de ciclos de carreira
curtos, que projetam o profissional para o próximo ciclo. Além
disso, evidencia a necessidade de
um olhar mais estratégico sobre
a carreira para que sejam criadas
condições de autonomia e crescimento essenciais a cada um dos
seus diferentes estágios.
Fica claro, então, que no mundo
atual é preciso pensar a carreira
como um caminho sem fronteiras,
não limitado a organizações, mas
que se amplia por meio de competências baseadas em projetos
dentro de uma rede de atuação da
qual fazem parte projetos sociais
não remunerados.
Esses caminhos, com muita
frequência, se cruzam, entortam,
dão em becos, enfrentam armadilhas e tornam-se promissores
para os que se preparam e apresentam os requisitos comportamentais e o talento certo para o
lugar estratégico. B
Alzira J. M. Almeida
é graduada em Psicologia e mestre em Política, Planejamento e
Gestão da Educação, com larga
experiência na Docência e Gestão Universitária
MEntrevista
Um sonho que
virou realidade
POR Isabella Peixoto (Ares)
U
m dos fundadores de uma das instituições de ensino de maior renome na região de Uberlândia, o professor Thomé
Caires, deu os primeiros passos rumo
à realização de seu grande sonho em
1985, abrindo com outros colegas um curso supletivo e depois batalhando para criar uma escola onde
as crianças pudessem ser educadas desde cedo. Começava assim a estruturação dos alicerces do hoje
Colégio Nacional. Porém, a tarefa não foi tão fácil
assim. O primeiro semestre começou com cerca de
100 alunos e acabou com apenas 20. Mas essa “ducha fria” não seria suficiente para que desistissem.
Resolveram então montar redes de relacionamento,
grupos de estudo, sessões de motivação, encontros
festivos nas casas dos alunos, tudo para fazer com
que a turma não desistisse de seus estudos. Crescimento, amadurecimento, necessidade de se expandir, tudo veio há seu tempo.
Hoje o Colégio Nacional é dotado de uma moderna e completa estrutura física e profissional, estando
presente, além de Uberlândia, em outras três cidades da região: Araguari, Ituiutaba e Catalão, essa última na divisa de Goiás com Minas.
Agora em 2010, ano em que o Nacional completa
25 anos de fundação, o colégio alcançou o auge no
que se refere à estrutura de ensino, sendo que cada
um dos níveis de educação tem seu espaço próprio. A
marca Nacional é hoje referência no setor de ensino,
unindo uma sólida experiência à consolidação como
uma escola completa, atendendo desde a Educação
Básica. Em entrevista exclusiva, o próprio cofundador e atual diretor do Colégio Nacional, Thomé Caires, fala um pouco mais sobre essa instituição que
ajudou a criar - e que hoje administra - e também do
mercado da educação no Brasil, de comportamentos, do futuro e da concorrência existente no setor.
Empresário do setor da educação,
o professor Thomé Caires conta um
pouco sobre a saga da instituição que
comanda e fala sobre os rumos da
educação e a sobrevivência no meio
Mercado Outubro 2010 ∞
12
Mercado: Usando de sua experiência prática
como gestor de uma instituição que atua com educação, como o senhor analisa o atual quadro da
educação no Brasil?
Esta pergunta é bastante complexa. Podemos pensar na Educação Pública, que tem imensos desafios a
serem vencidos no âmbito da qualidade da universalização da Educação Básica, no avanço do Ensino Superior,
que também está muito aquém das necessidades do país
de primeiro mundo que queremos construir e podemos
pensar ainda na grande possibilidade que está reservada para o crescimento da rede privada de ensino e na
necessidade cada vez maior de uma política de estado
para a educação. Olhando para o nosso caminhar, vejo
um cenário de muitos desafios do ponto de vista da consolidação de um projeto calcado no trinômio: qualidade,
inovação e brasilidade.
Mercado: Sabe-se que um dos grandes desafios
do país é melhorar a formação dos docentes, que
precisam reaprender a ensinar diante das novas
realidades e práticas de ensino. O que o senhor
tem a dizer sobre essa questão e qual a melhor forma de se fazer isso?
Os professores, como todos os profissionais de
qualquer área, precisam de formação continuada. Estudar sempre, buscar atualização dos conceitos, novas
possibilidades metodológicas, utilizar todas as ferramentas tecnológicas disponíveis, compreender melhor
a si mesmo e pensar a nova geração de crianças, adolescentes e jovens são os maiores desafios. As escolas
têm que proporcionar aos profissionais a possibilidade
dessa preparação dentro e fora de seu ambiente e investir cada vez mais em formação.
Mercado: Para alguns educadores foi evolução,
para outros, retrocesso. E o senhor, como vê o sistema de progressão continuada?
Progressão continuada ou progressão automática?
Porque o que temos observado é a progressão automática, ou seja, o fim da reprovação. Acontece que isso não
pode acontecer por decreto. Reprovar um aluno e fazer
com que ele repita uma série tem que ser realmente a
última alternativa, depois de todas as possibilidades de
recuperação continuada, valorizando o esforço do aluno. Agora, aprovar por aprovar, porque reprovar é um
crime, sou totalmente contra, pois transmitimos uma
mensagem de esforço zero e isso consiste num grande
equivoco.
Mercado: Alguns professores reclamam que,
com o sistema de ciclos, perdem um instrumento
de pressão sobre a turma, que é a prova. Como
manter o interesse dos alunos sem que exista a necessidade do esforço para a aprovação?
A avaliação deve ser uma ferramenta para medir a
aprendizagem: provas, trabalhos, arguição oral... O ins-
trumento tem que ser pensado para cada situação. Nessa educação conteudista que o sistema educacional preconiza, principalmente no ensino médio, a avaliação ainda fica muito presa às provas. A grande questão é como
ter os alunos motivados, interessados e estudando o
que é proposto pelo professor. A avaliação não pode ser
um acerto de contas, mas deve ser um meio de medir
o desempenho de professores e alunos no processo de
ensino-aprendizagem.
(...) a avaliação
não pode ser um
acerto de contas,
mas deve ser um
meio de medir
o desempenho
de professores
e alunos no
processo de ensinoaprendizagem
Mercado: Mudando o foco da entrevista, a instituição que o senhor administra está completando 25 anos. Durante esses anos, qual foi o maior
aprendizado que o senhor teve?
O maior aprendizado é que educação é um ato de
amor e amar é lutar, perseverar, sonhar.
Mercado: Como nasceu o Colégio Nacional?
O Colégio Nacional veio do Ensino Supletivo, que
ajudou algumas centenas de jovens e adultos que perderam a idade escolar a recuperarem sua escolarização,
pessoas de vinte e poucos, trinta, quarenta, cinquenta,
sessenta, setenta e poucos anos, que recuperaram com
seus diplomas de primeiro e segundo graus, na época,
sua autoestima e ampliaram suas possibilidades, melhorando a empregabilidade e sua qualidade de vida. A
13
∞ Mercado Outubro 2010
MEntrevista
(...) toda
organização
que tem claro
o propósito de
sua existência
não abre mão de
seus princípios,
não negocia seus
valores
Mercado: Qual você considera que seja o diferencial do Nacional em relação aos demais colégios?
O Nacional é uma escola que acredita e investe nas
pessoas, assim sempre está inovando sua metodologia,
dialogando de modo sempre atual e contextualizado
com o seu público em todos os níveis de ensino. Qualidade traz resultado e gera reconhecimento.
Mercado: Assim como a educação no Brasil,
o Nacional viveu altos e baixos ao longo desses
anos. Um dos percalços foi a concorrência. Inclusive, há alguns anos teve a chegada de uma grande
rede de ensino a Uberlândia, vinda de São Paulo,
fato que para muitos iria “matar” muitas instituições que operavam na cidade. Isso não aconteceu
com o Nacional, pelo contrário, de lá pra cá a sua
instituição até ganhou mais impulso e cresceu acima de qualquer expectativa. Como o senhor explica esse fenômeno?
Vou dizer assim: toda organização que tem claro o
propósito de sua existência não abre mão de seus princípios, não negocia seus valores. O Nacional sempre teve
isso muito bem enraizado e, por isso, sempre se reinventou em momentos difíceis. Sem perder o rumo, as crises são uma grande oportunidade de crescimento, assim
sempre seguimos em frente.
Mercado Outubro 2010 ∞
14
Mercado: O mercado da educação em Uberlândia vem crescendo constantemente. O que é necessário para se destacar?
Estar sempre se reinventando, nunca acreditar que está bom, porque sempre há o que aprender e melhorar.
Mercado: Falando em tendências, o Nacional
hoje tem um twitter e um site sempre atualizados
com notícias do Colégio e dicas para os alunos.
Você considera a internet e as redes sociais importantes na consolidação de um relacionamento mais
amplo com o aluno?
É impossível pensar em se relacionar com o público de maneira contextualizada e atual sem reconhecer
a importância da Internet e das redes sociais e sua influência no avanço da ciência e da tecnologia. Somos uma
escola que acredita nisso.
MEntrevista
É preciso
ensinar o aluno
a ser adequado:
linguagem certa
no lugar certo. A
linguagem formal e
a informal têm hora
e lugar para serem
praticadas
Mercado: Embora seja válido considerar e valorizar a linguagem usada na Internet, você acha que
o professor deve aceitá-la em trabalhos e provas?
Não seria melhor explicar aos alunos que cada linguagem tem seu espaço e momento de uso?
É preciso ensinar o aluno a ser adequado: linguagem
certa no lugar certo. A linguagem formal e a informal
têm hora e lugar para serem praticadas, e as pessoas inteligentes e preparadas saberão fazê-lo.
Mercado: Vocês têm trabalhado muito em cima
da formação de cidadãos conscientes. Você acredita que os alunos levem esses ensinamentos para
toda a vida?
Temos recebido esse feedback o tempo todo. As
pessoas, mesmo depois de formadas no ensino superior, lembram da escola com carinho e sempre comentam que esses ensinamentos foram os mais importantes. Nesse momento em que estamos recadastrando nossos ex-alunos por conta da comemoração
de 25 anos, isso tem ficado cada vez mais evidente.
Muitos de nossos ex-alunos, hoje com filhos pequenos, trazem seus filhos para o Nacional por causa
dessas crenças... E por falar nesse recadastramento, seria impossível ter o alcance que estamos tendo
sem a utilização das redes sociais, estamos refazendo contato com ex-alunos espalhados pelo Brasil e
pelo mundo.
Mercado Outubro 2010 ∞
16
Mercado: Como o senhor avalia a violência
nas escolas, o papel do professor, a diferença entre violência e indisciplina e como a escola pode
administrá-las?
A sociedade está violenta, a violência na escola é só
consequência disso. Temos que trabalhar para diminuir
as desigualdades e a educação é a matéria-prima dessa
possibilidade. Por isso mesmo temos que ter um grande investimento na educação, um grande investimento
nos profissionais da educação, para que cada vez mais
as escolas possam ajudar a equacionar saídas, ampliar
a solução dos conflitos dentro e fora das salas de aula.
Indisciplina é também provocada pela distância que há
entre as necessidades e os anseios da comunidade e o
que a escola está proporcionando ao seu público.
Mercado: O Nacional aspira a conquistar novos mercados?
Já atuamos hoje em quatro cidades: Uberlândia, Araguari, Ituiutaba e Catalão. Da Educação Infantil ao A
MEntrevista
A sociedade
está violenta, a
violência na escola
é só consequência
disso. Temos
que trabalhar
para diminuir as
desigualdades e
a educação é a
matéria-prima dessa
possibilidade
ensino pré-vestibular. Estamos nos estruturando para
outros passos mais arrojados.
Mercado: Para finalizar, investir na Educação
Infantil foi um passo importante para o colégio,
porque agora ele trabalha a educação desde o ensino básico até a preparação para os processos seletivos. Esse projeto é a realização de um sonho?
Sim, chegar aos nossos 25 anos em Uberlândia com
espaços exclusivos para ensino infantil e fundamental,
ensino médio (1ª, 2ª e 3ª série) e uma unidade que é uma
das mais modernas do país em ensino pré-vestibular é
motivo de muito orgulho para todos nós que fazemos
parte dessa história. Vinte e cinco anos é muito pouco
tempo para tantas conquistas. O Nacional é hoje uma
referência de ensino na região e uma escola que se projeta para o Brasil. Há um sentimento imenso em todos
de orgulho pelo dever cumprido.
Mercado: Teria mais alguma coisa a acrescentar?
Sim, se me permite, quero, em nome do Colégio Nacional, agradecer esta oportunidade e aproveitar para
convidar a todos os nossos ex-alunos a se recadastrarem no nosso site - www.nacionalnet.com.br - e virem
comemorar conosco esses 25 anos de muita luta, de tantas vidas e muitas alegrias. B
MFranchising&Negócios
A execução
brilhante valoriza
a marca
POR Carlos Ruben Pinto*
Na edição anterior comentei sobre a importância
da marca no desenvolvimento da franquia. Ela é um
dos principais ingredientes da estratégia de expansão
via franchising. É uma referência para os candidatos a
franqueados, os olhos deles estarão vendo a operação
de franchising pela perspectiva dos benefícios, e o principal deles é a capacidade de gerar negócios e vendas,
com uma marca bem consolidada.
A decisão de um candidato a franqueado entre uma
marca e outra passa pela comparação entre os benefícios que uma franquia ou outra apresentam. Assim, a
construção da rede, a valorização da marca e o sucesso
de mercado vinculam-se diretamente a negócios bemsucedidos e aos diferenciais da marca.
Se o que justifica a adesão ao franchising é ter acesso
à marca e ao “know-how” da franquia, o franqueado tem
a expectativa de receber do franqueador não só o direito de uso da marca, dando significado à operação, como
também a treinamentos, assessoria contínua e, periodicamente, a supervisão de campo. Afinal, o franqueado, além
de “comprar os acertos”, não quer errar, pois cada erro
significa custo. Na prática, ele quer se sentir mais “protegido”, já que toda atividade empresarial tem normalmente seus riscos. E, no franchising, por estar em rede,
os franqueados ficam mais fortalecidos nas negociações
com os fornecedores, nas ações de marketing em conjunto, entre outros itens, que variam de franquia a franquia.
Enfim, no universo do franchising, os serviços que a rede
vai desenvolvendo é que vão fortalecendo a marca.
É sempre bom lembrar que a Lei da Franquia Empresarial (8.955), no seu artigo terceiro, diz: “Sempre que o
franqueador tiver interesse na implantação de sistema
de franquia empresarial, deverá fornecer ao interessado em tornar-se franqueado uma Circular de Oferta da
Franquia por escrito em linguagem clara e acessível...”.
O valor da marca começa a aparecer já neste instrumento, é nele que deve estar o que a franquia promete, e se
a Circular de Oferta da Franquia for mal elaborada, prometendo coisas que não pode entregar, o franqueador
estará pondo tudo a perder.
Ainda o artigo 3º da Lei 8.955, item IX, diz que todo
franqueador deve fornecer uma “relação completa de
todos os franqueados, subfranqueados e subfranqueadores da rede, bem como dos que se desligaram nos últimos doze meses, com nome, endereço e telefone”. Na
prática isto quer dizer o seguinte, a cada novo franqueado que entra ou a cada franqueado que sai, a Circular de
Oferta da Franquia deve ser atualizada. E a cada circular
que sai para um potencial candidato analisar o negócio,
acontece mais um momento da verdade da franquia. O
novo candidato vai querer saber dos atuais membros da
rede se o que foi prometido está sendo entregue.
A valorização de uma marca não depende somente de
uma apresentação atrativa, de um design bonito, ela é
muito mais do que isso. É fruto de um trabalho de qualidade, de um esforço contínuo de melhoria do relacionamento da empresa com seus franqueados e desses com
os clientes. Como o franchising brasileiro apresenta
hoje mais de mil marcas, para decolar uma nova operação de franquia a estratégia da diferenciação passa a ser
a de melhor atender as expectativas dos franqueados.
É por isso que as novas franquias precisam de uma arquitetura organizacional própria, de um plano que, bem
ordenado, introduza ao negócio certeza e confiança para
as duas partes. E ainda, deve também ter claro que um
dos critérios de valorização da marca é o suporte à rede,
pois os franqueados, com a marca nas mãos, passam a
representar os produtos e serviços da rede. Conforme
diz o consultor americano Kevin Clancy, “não adianta
estratégia brilhante se não houver uma execução brilhante”. Ou seja, para construir uma marca de sucesso,
alem de um bom plano estratégico, é preciso trabalhar
continuamente na melhoria dos processos administrativos e operacionais da franquia. B
* Carlos Ruben Pinto é administrador de empresas, consultor de varejo e franquias - [email protected] - www.guiadofranchising.com.br/mds
Mercado Outubro 2010 ∞
20
MInvestimentos&etc.
Santo de casa
não faz milagre
POR Bruno Nunes de Paula *
N
o universo empresarial, frequentemente
nos deparamos com
histórias vencedoras
de brasileiros que
desistiram de suas profissões para
iniciarem um novo negócio, entretanto a maioria dessas jornadas não
possui um desfecho feliz.
Normalmente tudo começa com
uma sociedade familiar e o primeiro obstáculo enfrentado por esses
aventureiros é o levantamento dos
recursos necessários para desenvolver as ideias. O segundo problema está na complexidade que
envolve administrar uma empresa,
pois diferentemente do que essas
pessoas imaginam, a relação entre
sócios pode ser bastante problemática e colocar a empresa em um
eixo sustentável de crescimento,
não é nada fácil. Por último, supondo que os sócios passem por todas
essas dificuldades, até mesmo no
momento de sucesso do novo empreendimento, manter uma boa relação com as pessoas que dividem
o mesmo lucro, novamente, não é
uma tarefa simples.
Diante desses obstáculos, dessas dificuldades, eu sempre faço a
mesma pergunta para as pessoas
interessadas em abrir uma nova
empresa: é mais “interessante” ser
sócio de uma mercearia com o seu
cunhado ou ser sócio de uma grande empresa brasileira que já se consolidou no mercado?
A experiência nos mostra que
Mercado Outubro 2010 ∞
22
quando um micro ou pequeno
empresário consegue atingir uma
parcela do mercado considerável,
o retorno sobre o investimento
tende a ser mais interessante do
que um investimento em bolsa. Todavia, deve-se lembrar de que as
chances de sucesso das empresas
entrantes, principalmente aquelas
que não apresentam nenhuma inovação, são cada vez menores e, por
isso, o empreendedor geralmente
deve abrir mão de sua antiga profissão para encarar essa jornada.
Esse risco que o indivíduo corre
em prol desse novo sonho pode
custar muito caro caso o empreendimento não decole.
Do outro lado, temos a possibilidade de sermos sócios de grandes empresas sem abandonarmos
a nossa atividade principal, independentemente de qual seja ela,
sem ser necessário conhecimento
prévio em gestão empresarial e finanças. Devido a essa facilidade, as
pessoas optam por comprar ações
de empresas sem analisar a atividade principal da companhia: isso é
um grande problema!
Para quem trabalha no mercado
de capitais, é evidente que a preferência nacional dos brasileiros
são as ações da Petrobrás, da Vale
do Rio Doce e de outros grandes
grupos que geralmente são exportadores... Será que se esse investidor fosse abrir um negócio ele iria
“criar” uma empresa focada no
mercado externo? O que vemos é
que grande parte das pessoas empreendedoras possuem o desejo
de abrir um negócio voltado para o
setor terciário, para o varejo, mas
por algum motivo, talvez por tradição e comodismo, escolhem ser
sócios de empresas voltadas para
fora que trabalham com commodities. O problema de se comprar essas ações é que, dessa forma, caso
a economia mundial cresça em um
ritmo lento, a demanda pelos produtos dessas empresas e o preço
das mercadorias vendidas tendem a
impactar negativamente nos resultados das companhias. Isso é o que
tem acontecido e afetado boa parte
das queridinhas da bolsa (mineradoras, siderúrgicas e petrolíferas).
Se de um lado temos uma perspectiva negativa para o crescimento
mundial, fato que pesa nessas empresas clássicas do nosso mercado,
do outro vemos que o Brasil possui
perspectivas de crescimento ambiciosas em 2010 e nos próximos anos.
No mercado de ações esse movimento é visto por meio de uma valorização das empresas voltadas para
o consumo interno, tais como, Lojas
Americanas, Lojas Renner (veja gráfico), Lojas Marisa e Hering Store.
Todas essas marcas são amplamente
reconhecidas pela maioria dos brasileiros e fazem parte do dia a dia do
consumo nacional, entretanto são
poucos aqueles que abriram mão de
firmas produtoras de commodities
para participarem de alguma dessas
empresas do varejo.
-66.60
-00.20
Lojas Renner
Novembro 2009 - Outubro 2010
-53.80
-47.40
-41.00
-34.60
Nov
Dez
2010
Fev
Fazendo uma simples observação
internacional após a crise financeira
que abalou diversos países desenvolvidos, fica evidente que a recuperação econômica está sendo muito
mais lenta no restante do mundo do
que no Brasil. Quando sai um dado
estadunidense mostrando uma melhora no consumo americano, sai
outro mostrando uma piora no setor
imobiliário. Na Europa a situação
não é diferente, pois quando o susto
com os países europeus começava a
amenizar, tivemos em seguida uma
notícia negativa envolvendo o setor
financeiro na Irlanda.
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Enquanto isso, na parte “pobre”
do mundo, a última projeção para
o crescimento do Produto Interno Bruto brasileiro de 2010 ficou
em 7,47% (segundo última pesquisa Focus do Bacen) e o indicador
oficial de inflação mensurado pelo
IBGE está projetado em 5,05% para
o mesmo período (dentro do limite
estabelecido pela autoridade monetária) - ora, nada mais óbvio do que
focar em empresas que produzem
para o mercado interno!
Pelo visto, esse movimento irracional do investidor (pessoa física) no Brasil corrobora o que diz o
Ago
Set
Out
Log
-28.20
velho ditado: “Santo de casa não
faz milagre”. B
* Colaboração: Ápis Investimentos | Afiliada XP-Uberlândia www.apisinvestimentos.com - 34 3221-8606
Fenatri reúne o setor da
indústria em Uberlândia
Foto: Luiz Crozara
MIndústria
POR Evaldo Pighini
Vista noturna do portal de entrada do pavilhão da Fenatri 2010
D
e um projeto concebido no ano passado,
aconteceu agora em setembro a primeira edição da Feira Nacional
do Triângulo Industrial (Fenatri),
cujo propósito foi reunir empresas
que atuam direta ou indiretamente no setor da indústria e que estejam em busca de novas tecnologias
e troca de experiências. Ao longo
dos seus três dias de duração, essa
primeira edição da Feira atraiu a
participação de aproximadamente
cinco mil pessoas ao local de sua
O presidente da CDT
Ambiental, Leandro
D’Ambrosio (e), ao
lado de Carmen de
Oliveira (diretora
administrativa) e
Rubens Rocha (diretor
comercial)
Mercado Outubro 2010 ∞
24
realização - espaço reservado para
esse fim anexo à sede da União das
Empresas do Distrito Industrial de
Uberlândia (Unedi), que é inclusive
correalizadora da Fenatri em parceria com a CDT Ambiental.
O presidente da CDT Ambiental,
Leandro D’Ambrosio, informa que,
além de procurar atrair a presença
de pessoas ligadas ao setor da indústria, a Fenatri objetiva ainda chamar a atenção de crianças, jovens
e adultos da sociedade como um
todo. “Nosso propósito é integrar
o homem à tecnologia e desenvolvimento industrial e comercial, por
isso a sociedade também precisa tomar parte nesse processo”, esclarece D’Ambrosio. Ele ainda não pode
presumir o que essa primeira edição
da Feira gerou em negócios, mas o
otimismo com os resultados já o fez,
juntamente com os demais organizadores, definir a data da segunda
edição do evento, programado para
os dias 17,18 e 19 de agosto de 2011.
Uma instituição que marcou presença na Fenatri 2010 foi a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de
Uberlândia, divulgando seus produtos e serviços, entre os quais o título
Selo Empresa Cidadã - que faz parte
de um programa que visa a fomentar
ações e projetos sociais no varejo,
incentivando e capacitando associados para que possam solucionar
problemáticas sociais no município
de Uberlândia e contribuir para um
mundo mais sustentável. De acordo
com o presidente da CDL, o empresário Celso Vilela, a Feira Nacional
do Triângulo Industrial foi uma oportunidade de estar mais próximo do
mundo industrial. “Além de fechar
bons negócios, o intercâmbio entre
os visitantes deve ser visto como
uma forma de aumentar o leque de
fornecedores e, consequentemente,
de consumidores”, ressaltou Vilela.
O tema “Integrando o homem ao
desenvolvimento tecnológico” caracteriza o que a Fenatri deste ano
visou a oferecer como aprendizado,
capacitação e integração da comunidade com as empresas participantes. O evento ainda buscou enfatizar a produção industrial como
geradora de transformações sociais,
promover o intercâmbio de informações, estreitar relacionamentos
entre as empresas e prestadores de
serviços e fomentar os projetos socioambientais do Distrito Industrial,
entre outros. Por causa disso é que
houve também a participação da sociedade, especificamente dos alunos
da rede pública de ensino.
A Fenatri 2010 em números:
30
Empresas / Stands
51
Empresas diretas
21
Empresas indiretas
16
Grupos de estudantes
150
Escolas municipais
01
Escola particular
15
Empregos diretos
150
Empregos indiretos
07
Grupos de cultura
20
Empresas visitadas para afiliação
05
Empresas afiliadas
145
Pessoas na capacitação ambiental
5.000
Pessoas visitantes
A Fenatri 2010 contou com o
apoio de várias instituições. “Unir
a comunidade com a indústria, o
comércio e outros setores da sociedade é um avanço. Com certeza,
a troca de conhecimento dos setores vem agregar ainda mais valor à
Feira”, disse o presidente da Unedi,
Lázaro Magalhães.
Como já mencionado, além das
escolas, a Feira contou ainda com a
participação de universidades, empresas, entidades e órgãos públicos,
todos reunidos em torno da causa
do crescimento tecnológico e desenvolvimento industrial.
A Fenatri 2010 contou com mais
de 25 stands, estrutura essa que possibilitou às empresas participantes
divulgarem seus produtos ou serviços, além dos investimentos em
tecnologia e desenvolvimento. O
evento também teve o poder de gerar visibilidade de forma educativa e
social aos expositores. B
Grupo de alunos que
visitaram a Fenatri
durante observações
no stand da indústria
Souza Cruz
25
∞ Mercado Outubro 2010
MEspecial
Momento do Empresário Herói em 2009: o presidente da Fiemg Regional, Pedro
Lacerda; um dos empresários premiados, Marcelo Carneiro (Araguari); o deputado
estadual Luiz Humberto Carneiro; e o também empresário Lázaro Magalhães (à frente),
que levou o prêmio industrial do ano da Fiemg Regional Vale do Paranaíba
Prêmio destaca
os melhores em
sustentabilidade
POR Evaldo Pighini
O objetivo é reconhecer as empresas que investem em
sustentabilidade, posicionamento institucional e atuação
no mercado regional
Mercado Outubro 2010 ∞
26
E
m novembro acontece
a solenidade final que
coroa a realização de
mais uma edição do Prêmio Empresário Herói,
criado para reconhecer e estimular
empresas que desejam alcançar excelência em suas atividades produtivas através da adoção da sustentabilidade como um princípio de sua
governança e gestão. Essa honraria
foi criada em 2009 pela Fiemg Regional Vale do Paranaíba, com o apoio
do Centro Industrial e Integração de
Negócios do Triângulo e Alto Paranaíba (Cintap), do Instituto Inderc,
na atuação no mercado regional.
“O Prêmio Empresário Herói é um
estímulo a empresas que desejam
alcançar excelência em suas atividades produtivas e nos assuntos de
sustentabilidade”, explica a gerente
de projetos do Cintap, Daniela Dias.
Seguindo uma evolução, a disputa
neste ano envolve mais categorias,
entre as quais, Micro/Pequena, Média
e Grande Empresa, Projeto Social,
Projeto Ambiental, Projeto Cultural,
Campanha Publicitária e Inovação
Tecnológica, devendo ser selecionados três finalistas para cada categoria, de onde sairá o grande vencedor.
João Gilberto, do Instituto Ethos: “Os acionistas de
uma empresa querem lucro e hoje esse lucro está
cada vez mais ligado a administrações sustentáveis”
dos Sindicatos Patronais da Indústria e da Revista Mercado e, como já
foi mencionado, premia aqueles empresários que atuam à frente de seus
negócios de forma sustentável, tanto em Uberlândia como na região.
A premiação, realizada anualmente, reconhece as empresas que investem em sustentabilidade econômica,
social, ambiental e cultural e ainda
no posicionamento institucional e
O gerente executivo de Comunicação e Mobilização do Instituto
Ethos, João Gilberto Azevedo, endossa iniciativa como esta, da instituição do Prêmio Empresário Herói.
Aos empresários participantes e também aos ainda não participantes ele
manda um recado: “Hoje o mercado
num todo está atento a produtos e
serviços provenientes de empresas
que demonstram responsabilidade
social. A produção sustentável é a
melhor forma de ser reconhecido”,
avisa. Aliás, segundo ele, a gestão
sustentável é tão boa para a sociedade quanto para o planeta e até e
principalmente para o “bolso”. “Os
acionistas de uma empresa querem
lucro e hoje esse lucro está cada vez
mais ligado a administrações sustentáveis”, observa João Gilberto. Para
finalizar, ele recomenda aos empresários de Uberlândia e região que
façam suas empresas trabalharem
juntas sob gestões socialmente responsáveis, o que, em consequência,
resulta em ganho comum para todos.
“O Empresário Herói destaca justamente isto: as boas ações que devem
ser mostradas até mesmo para servirem de exemplo para quem ainda
não age sustentavelmente”.
A Fiemg Regional Vale do Paranaíba e a revista Mercado é que
estarão à frente na organização da
solenidade de entrega do Prêmio,
inicialmente programado para o dia
11 de novembro de 2010, às 21h, na
sede da Fiemg em Uberlândia, que
fica na avenida Rondon Pacheco,
2100, bairro Vigilato Pereira. Aos
vencedores serão conferidos certificados, troféus e selos alusivos
ao Prêmio Empresário Herói. Além
disso, terão seus nomes e de suas
empresas destacados em reportagem especial da Mercado, que fará a
cobertura total da solenidade.
As inscrições para quem deseja
concorrer já iniciaram e vão até o final de outubro. Outras informações
estão acessíveis através do e-mail
[email protected] e do telefone (34) 3230-5200.
Regulamento - Para participar,
as empresas de micro e pequeno
porte legalmente constituídas devem
ter no mínimo dois anos de atuação
no mercado, as de médio e grande
porte devem ter cincos anos, além de
estarem associadas à Fiemg, Sindicatos Patronais ou Cintap/Eco Instituto
Inderc. Quanto às categorias de porte, a empresa inscrita pode concorrer
em apenas um segmento, mas nas
categorias específicas pode disputar
mais de um prêmio. A
27
∞ Mercado Outubro 2010
MEspecial
A comissão organizadora irá avaliar
as empresas através de três critérios:
institucional, atuação no mercado
regional e sustentabilidade
A comissão organizadora irá
avaliar as empresas através de três
critérios: institucional, atuação no
mercado regional e sustentabilidade. De acordo com o primeiro critério, a empresa deve apresentar sua
constituição legal e a comprovação
de atuação no ramo; o segundo
critério avaliará o associativismo,
inovações tecnológicas, faturamento e operações bem-sucedidas
que levam ao lucro; para finalizar,
e em destaque, a Comissão analisará a Redução de Impacto Social
e Ambiental (RES), o investimento
social privado - ações filantrópicas desenvolvidas na comunidade,
segurança e qualidade de vida no
trabalho, economia e reuso de recursos naturais esgotáveis, cotas
para pessoas com deficiência, dentre outros, no sentido de contribuir
com a perenidade do ser humano
com qualidade de vida.
“A comissão será criteriosa e imparcial para que encontremos realmente o maior merecedor dos prêmios”, observa Daniela Dias.
Edição 2010
“Só é herói quem faz por todos”
é o lema do Prêmio Empresário
Herói 2010. A ideia da criação
dessa honraria surgiu de um movimento de empresários em prol da
realização da reforma tributária
no país, realizado em 2008 na The
House, e embora já fosse denominado Empresário Herói, o grito
era pela “Reforma Tributária Já”.
Daquele evento saiu um documento que depois foi endossado por
milhares de pessoas e encaminhado a Brasília.
Em 2009, ao invés de clamar
contra a carga tributária brasileira, foi decidido que a bandeira do
movimento teria outro sentido,
dessa vez focado na sustentabilidade. Assim, seguindo essa nova
configuração, o evento contou
com a participação de 40 empresas inscritas, das quais 24 pontuaram e 9 foram para a final, entre as
quais 3 foram eleitas e premiadas
as grandes vencedoras. Essa solenidade reuniu mais de 320 pessoas no auditório da Fiemg Regional
Vale do Paranaíba.
Para 2010, a expectativa é de
mais empresas participantes e mais
pessoas prestigiando o evento. “Estamos trabalhando para premiar 24
empresas, aclamando ao final oito
grandes vencedoras e mais dois industriais que serão contemplados
com o título “Mérito Industrial”, outorga esta que será feita na sede da
Federação das Indústrias do Estado
de Minas Gerais (Fiemg) em Belo
Horizonte”, explica Daniela Dias. B
Empresário Herói 2010 - Critérios do prêmio
• Institucional - constituição legal da empresa, comprovação de
atuação no ramo ou segmento, etc.;
• Atuação no mercado regional - associativismo, inovações tecnológicas, faturamento, operações bem-sucedidas que levam
ao lucro, etc.;
• Sustentabilidade Socioambiental - Redução de Impacto Social
e Ambiental (RES) e Investimento Social Privado: ações filantrópicas desenvolvidas na comunidade, segurança e qualidade de
vida no trabalho, economia e reuso de recursos naturais esgotáveis, cotas para pessoas com deficiência, etc.
Mercado Outubro 2010 ∞
28
MCidades
Imagem em perspectiva do Center Convention, já contemplando a nova área externa
Center Convention
faz 10 anos
POR Evaldo Pighini com GA
No momento em que o turismo de negócios vai de vento
em popa, o maior centro de convenções de Uberlândia
celebra aniversário inaugurando uma nova área suspensa
e ao ar livre para a realização de grandes feiras e eventos
O
principal ponto de referência de Uberlândia
e que destacou a cidade no mapa brasileiro
do turismo de negócios é sem dúvida alguma o Center
Convention, que no dia 31 deste
mês completa 10 anos de atividades. Agora, o empreendimento, que
Mercado Outubro 2010 ∞
30
desde a sua inauguração já era tido
como uma das melhores estruturas
do país para a realização de feiras,
exposições e outros eventos, comemora essa década contabilizando
mais uma conquista com a execução de um novo projeto que envolve
a abertura de mais um pavimento,
desta vez suspenso e ao ar livre.
Com isso, serão mais cerca de 6 mil
metros quadrados agregados de área
construída, ampliando os atuais 7,9
mil m² para mais de 13 mil m² de espaço físico.
Essa é mais um grande conquista
para Uberlândia, justo no momento
em que o mercado do turismo atravessa excelente fase. Segundo es-
timativa do Ministério do Turismo
(MTur), o setor deve fechar o ano de
2010 com um crescimento de 10% a
12% em comparação a 2009. Neste
ano, a entrada de passageiros vindos
do exterior atingiu recorde no país.
Somente em agosto, 722 mil pessoas
vieram ao Brasil: aumento de 32%.
Os oito primeiros meses do ano já
superam a marca de 5 milhões de desembarques internacionais, um número histórico de acordo com MTur.
Entre as áreas do turismo que
atraem estrangeiros ao Brasil está o
turismo de negócios e eventos. O segmento é um dos que mais crescem no
país, contribuindo para estimular a
economia de vários municípios. Uberlândia faz parte dessa realidade, já que
foi eleita como destino internacional
pela Embratur. A cidade hoje oferece excelentes condições para sediar
eventos de todo o porte, tanto do Bra-
Eli Schettini, diretor
comercial, diz
que a nova área é
sequência da trajetória
de evolução e
crescimento do Center
Convention junto com
o turismo de negócios
e eventos da região
sil quanto do exterior, através de uma
completa rede de hotéis, serviços, lazer e espaços para convenções, com
destaque para o Center Convention.
De acordo com o diretor comercial do Center Convention, Eli Gláucio Schettini Júnior, a nova área
coloca Uberlândia ainda mais em
evidência no cenário nacional no setor. “É uma grande satisfação abrir
mais esse espaço num ano em que o
Center Convention completa 10 anos
de atividades, dando sequência à trajetória de evolução e crescimento
junto com o turismo de negócios e
eventos da região. Esse investimento
simboliza o início de uma nova fase,
não só para nós como também para a
cidade, que terá condições de sediar
eventos ainda maiores e, consequentemente, gerar mais emprego e renda
para a população”, afirmou.
Ao longo da década, o Center
Convention recebeu vários congressos, feiras e seminários, do Brasil e
do exterior. Por ano, são cerca de
500 eventos realizados no espaço,
que sedia não só encontros de negócios, acadêmicos e científicos, como
também eventos sociais e produções artístico-culturais, como shows
e espetáculos teatrais.
Entre os principais eventos já
promovidos no Center Convention, destacam-se: Congresso
Brasileiro do Algodão, Congresso Luso-Brasileiro de História da
Educação, Simpósio Internacional sobre a Dinâmica do Fósforo,
Seminário Internacional de Desenvolvimento Urbano, Congresso Brasileiro de Entomologia,
Congresso Brasileiro de Cirurgia
Dermatológica, Congresso Brasileiro de Retina e Vítreo, ISCCT
Agronomy Workshop, Congresso
Brasileiro de Educação Médica e
Congresso Brasileiro de Medicina Veterinária.
Ainda neste ano, o Center
Convention receberá outros
importantes eventos, como: Seminário Brasileiro da Batata,
Fórum Internacional de Pecuaristas e Encontro Nacional de
Engenharia e Ciências Térmicas, entre outros. Para 2011, o
empreendimento já tem confirmado em sua agenda a realização do Congresso Brasileiro de
Ciência do Solo e o Congresso
da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica - Capítulo Minas Gerais. A
O Center Convention recebe por ano cerca de 500
eventos, tanto nacionais como internacionais
31
∞ Mercado Outubro 2010
10 anos de eventos
Inaugurado em 31 de outubro
de 2000, o Center Convention tem
capacidade de reunir até quatro
mil pessoas em um único evento
ou realizar até 12 eventos simultâneos com a formação de diversos
ambientes. Essa versatilidade só é
possível através do seu sistema de
espaços moduláveis, com divisórias
acústicas que podem ser removidas
em poucos minutos, o que permite
montagens diferenciadas de acordo
com o evento.
Agora, o centro passa a contar
também com uma área externa
- suspensa e ao ar livre - de aproximadamente 6 mil metros quadrados. O pavimento possui pisos
deslocáveis, que comportam a instalação de infraestrutura completa
com energia elétrica, hidráulica,
telefonia, dados e demais equipa-
mentos. Há ainda a possibilidade
de montar ambientes cobertos e climatizados no local. A aplicação dos
pisos sem rejunte permite também
que a água da chuva seja captada e
direcionada aos reservatórios para
reutilização em atividades de serviços gerais. O projeto paisagístico
contempla árvores como jabuticabeiras e pitangueiras e um bosque
de resedás, que produzirão frutos e
flores exuberantes, margeando um
amplo espelho d’água.
A estrutura, que conta ainda com
um heliporto, tem ainda como diferencial a sua localização, em frente
ao cruzamento das duas maiores
avenidas da cidade (Rondon Pacheco e João Naves). Integrado ao Plaza
Shopping Hotel e ao Center Shopping, o Center Convention possibilita também ao público dos eventos
acesso a opções de compras, lazer e
estada em um mesmo espaço. B
Foto: Thomaz William Mendoza Harrell
MCidades
Center Convention ganha mais 6 mil m² de área, um espaço suspenso e ao ar livre
que, além de lazer, terá capacidade também para realização de feiras e eventos por
causa de sua adaptabilidade para montagem de ambientes cobertos e climatizados
Mercado Outubro 2010 ∞
32
MFinanças
Dinheiro de graça?
É possível
POR Margareth Castro
Entre as várias opções de linhas de financiamento
existentes no mercado, para quem investe em inovação
é possível obter recursos sem ter que pagar por eles
através de créditos não reembolsáveis
Mercado Outubro 2010 ∞
34
J
á pensou em conseguir um
recurso e não ter que pagá-lo
depois? Entre as várias opções de crédito que existem
no mercado com taxas de
juros baixos, prazo de carência estendido e parcelamentos em médio
e longo prazos, existem algumas linhas de financiamento não reembolsáveis (veja quadros). É o caso da
Subvenção 2010, da Financiadora de
Estudos e Projetos (Finep) de nível
nacional, e da Subvenção do Programa de Apoio à Pesquisa nas Empresas (Pappe), de nível estadual.
Ambos são voltados exclusivamente
para projetos de inovação. Ou seja,
são financiamentos específicos para
pesquisa e subsidiam desde toda
a mão de obra até a construção do
protótipo, por exemplo.
Mas se engana quem pensa que
é dinheiro fácil. Para conseguir recursos da Finep ou do Pappe é necessário ficar atento aos editais.
Eles trazem as especificidades para
a liberação do crédito, que para
aprovação exige do empreendedor
inovação, seja em tecnologia ou em
produto. De acordo com a coordenadora do Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT) da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais
(Fiemg) Regional Vale do Paranaíba, Josmara Galvão Alves, o edital
é bem concorrido e o empresário
precisar apresentar algo verdadeiramente novo ao cliente e ao mercado.
“Por isso, é preciso uma inovação
mais arrojada”, ressalta.
O edital da Subvenção 2010 da Finep foi publicado em agosto no site
da instituição (www. finep.gov.br) e
traz as áreas que o governo determina
como prioridades para o momento.
Para este ano estão sendo contempladas as áreas de tecnologia da informação, saúde, biotecnologia, defesa
e desenvolvimento social, visando a
atender os dois grandes eventos que
serão sediados pelo Brasil: a Copa do
Mundo de 2014 e as Olimpíadas de
2016. “As empresas que tiverem projetos nessas áreas e se enquadrarem
nas exigências têm chances de conseguirem o recurso”, diz Josmara.
Ela explica que as fases do edital da Finep mudaram e estão mais
complexas, pois requerem análise e
aprovação. E após a aprovação, tem
ainda a fase da defesa oral e a visita
técnica dos analistas da Finep. Em
Uberlândia, segundo Josmara, uma
empresa da área de tecnologia da
informação está em fase de preparo
da documentação necessária para
participar do edital e até já buscou
apoio do NIT.
Volume de recursos
Josmara Alves conta que os editais
da Finep e do Pappe são muito procurados pelo volume de recursos liberados, além de se tratarem de linhas não
reembolsáveis. No caso da Finep, as
empresas podem apresentar propostas
no valor de R$ 500 mil até R$ 10 milhões. Já para o Pappe, o teto mínimo é
de R$ 50 mil e o máximo de R$ 500 mil.
No caso da
Finep, as
empresas
podem
apresentar
propostas no
valor de R$
500 mil até R$
10 milhões. Já
para o Pappe,
o teto mínimo
é de R$ 50 mil
e o máximo de
R$ 500 mil
No último edital da Finep, em
2008, uma empresa de Uberlândia
na área de tecnologia da informação
conseguiu praticamente o teto máximo. “Cada empresa só pode concorrer uma única vez por edital. Se aprovada em todas as fases, a empresa
assina um convênio com a Finep e o
recurso é liberado”, informa Josmara,
explicando que o dinheiro é liberado
em parcelas, à medida em que são feitas as prestações de contas parciais.
A Subvenção 2010 exige uma contrapartida de 5% a 10%, vinculada ao
porte da empresa (micro, pequena,
média ou grande). Segundo a coordenadora do NIT, essa contrapartida
é econômica e não financeira. “Realmente não existe reembolso por parte do empresário”, garante. A
Josmara Alves é
coordenadora do NIT da
Fiemg Regional Vale do
Paranaíba
35
∞ Mercado Outubro 2010
MFinanças
O prazo para participar do edital
da Subvenção da Finep para este
ano já foi encerrado.
Pappe - No caso da Subvenção
do Programa de Apoio à Pesquisa
nas Empresas (Pappe-Subvenção), a
coordenadora do NIT da Fiemg Regional Vale do Paranaíba diz que o
edital, que deve ser publicado ainda
neste ano, também será voltado para
a estruturação do estado de Minas
Gerais como uma das sedes da Copa
de 2014.
A Unique Solutions, empresa com
seis anos de existência, está entre
aquelas beneficiadas com a linha
de crédito do Pappe. A decisão de
investir em inovação surgiu da observação de algumas necessidades
do mercado. Segundo Francisco
José Muller, coordenador do projeto de “Gestão de Medicina Preventiva” da Unique, apesar de existirem
ferramentas para apoiar a relação
com o cliente, não havia ferramentas próprias para apoiar a gestão de
programas de saúde. Diante disso, a
Unique Solutions criou um sistema
de computador que é um ambiente
integrado para apoiar a construção
de programas de atenção à saúde.
“Esse sistema é uma ferramenta de
apoio valiosa para a gestão de saúde
corporativa, que é uma das tendências na busca da melhoria da qualidade de vida das pessoas e na redução dos custos com saúde”, explica.
Com a ideia já pré-definida, a
empresa buscou apoio do NIT da
Fiemg para a formatação do projeto e apoio na captação dos recursos de inovação. A inovação
se encontra em fase final de desenvolvimento e o início previsto
para a sua aplicação é o primeiro
semestre de 2011. Para a realização do projeto, a empresa conseguiu um financiamento de R$ 320
mil, dinheiro este que já está liberado, segundo Muller.
Ele explica que para a empresa obter uma linha de crédito não
reembolsável, primeiro é preciso estar com os documentos,
obrigações fiscais e com a saúde
financeira em dia para atender
adequadamente as exigências
do edital. Muller observa que, do
ponto de vista técnico, a maior
dificuldade para obter uma linha
de crédito não reembolsável é
possuir um projeto adequado,
que se enquadre na linha de fomento e que seja compatível com
as atividades da empresa. “Nesse aspecto, o apoio de núcleos
como o da Fiemg é fundamental.
O NIT, além de auxiliar na formatação do projeto, também apoia
na verificação de aspectos como
a definição da equipe, cronograma e alocação de recursos que
são itens fundamentais na composição do projeto e até na construção do plano de negócio”, diz
ele, acrescentando ainda que esses aspectos são, na maioria das
vezes, os mais difíceis de serem
elaborados pelas pequenas e médias empresas que buscam esse
tipo de linha de crédito.
Inovação tecnológica
A inovação tecnológica já é um
fator competitivo entre as empresas. Sobre isso, a coordenadora
do NIT afirma ser impossível hoje
uma empresa sobreviver no mercado sem inovação tecnológica,
que pode ser considerada como
a transformação de uma ideia em
um produto ou processo novo
para utilização na indústria, comércio, ciência ou em uma nova
leitura de um serviço social. “É
preciso desenvolver novas tecnologias ou melhorar criativamente
as que já existem para se adequar
as necessidades de produção da
empresa”, ratifica.
Segundo sondagem da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), ligada ao
Ministério do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio Exterior
(MDIC), divulgada em julho,
71,4% das grandes empresas do
país realizaram investimentos
em inovação tecnológica no
primeiro trimestre deste ano. A
pesquisa da ABDI mostra ainda
que 10,5% dos pesquisadores realizaram inovações tecnológicas
não só em produtos, mas também em “novos produtos” para o
mercado nacional.
Tipos de inovação - De acordo com a revista “Kit metodológico para a inovação empresarial”,
lançada em 2008 pela Finep do
Ministério da Ciência e Tecnologia, existem sete tipos de inovação (veja quadro a seguir). A
Francisco José Muller
teve sua empresa
beneficiada com crédito
do Pappe
Mercado Outubro 2010 ∞
36
MFinanças
TIPOS DE INOVAÇÃO
Inovação em produtos (bens) também inclui serviços
É quando a empresa desenvolve um novo produto ou melhora
significativamente alguns que ela já produz
Inovação em processos
Ocorre no aprimoramento ou desenvolvimento de novas formas de
produção, de distribuição de bens ou de novos meios de prestação
de serviços. Essas novas formas podem compreender mudanças nos
equipamentos, na organização da produção ou uma combinação de
ambos. Pode-se tratar também de novos métodos introduzidos para
distribuir produtos novos, aperfeiçoados ou já existentes
Inovação tecnológica
É quando a inovação em produtos ou processos é resultado de
uma aplicação de conhecimentos ainda não existentes, obtidos
através da pesquisa científica aplicada, com novas funcionalidades e
efetivos ganhos de qualidade ou produtividade, resultando na maior
competitividade
Inovação organizacional
É uma das mais empregadas, porém sobre a qual as empresas têm
menos conhecimento. Trata-se da adoção de novos métodos de
organização e gestão, seja no local de trabalho, nas relações da
empresa com o mercado, com os fomentadores ou distribuidores.
Pode envolver ainda a implementação de novas estruturas de
comunicação e o funcionamento entre os colaboradores
Inovação em marketing
Propõe mudanças significativas na concepção do produto, no design
ou na sua embalagem, no posicionamento do produto no mercado,
na sua promoção ou na fixação de preços. Nesse caso, a inovação
consiste, fundamentalmente, num novo modelo de relacionamento
com o cliente, no qual produtos e serviços passam a ser
comercializados de maneira totalmente diferente daquelas existentes
no mercado até o momento
Inovação incremental
Refere-se apenas ao aperfeiçoamento de bens e serviços, mediante
o acréscimo de novos materiais, desenhos, embalagens, usos
diferenciados ou outro tipo de melhoras evidenciadas, que os tornam
mais práticos e desejados pelos consumidores, e os fazem alcançar
um patamar de competitividade maior
Inovação radical
Também conhecida como revolucionária, são ideias que resultam
em produtos ou processos inteiramente inexistentes no mercado,
tornando obsoletas as bases tecnológicas já implantadas, criando
novo segmento e alterando o comportamento da sociedade
O papel do NIT
O Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT) é uma iniciativa da Fiemg Regional Vale do Paranaíba e
do Centro Industrial e Integração
de Negócios do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba (Cintap), em
parceria com o Instituto Euvaldo
Lodi. O NIT foi criado para assesMercado Outubro 2010 ∞
38
sorar os empresários na elaboração de projetos, contribuir para
a integração entre as empresas e
centros de pesquisa e cooperar
para o desenvolvimento da ciência e da tecnologia na região, viabilizando financiamentos junto a
programas, órgãos e instituições
de fomento. A coordenadora do
NIT, Josmara Alves, diz que a par-
tir desse trabalho inicial o núcleo
passou a disseminar também a
ideia de inovação, já que os empresários precisam investir nessa
área, pois o próprio cliente exige
novidades. “Com a proliferação
das redes sociais surgem também
novos mercados e produtos. É
preciso inovar e oferecer diferenciais”, afirma. A
A natureza sabe fazer bem feito...
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MFinanças
Em 2009, o NIT realizou 357 atendimentos,
com mais de R$ 13,7 milhões de crédito
aprovado e liberado. Este ano, de janeiro a
junho, foram 622 atendimentos e R$ 18,3
milhões de crédito
Ela cita o exemplo de uma determinada empresária do setor de
calçados que, usando a criatividade
e a tecnologia, conseguiu inovar no
jeito de vender seus produtos e hoje
os exporta. “Ela usou o orkut e postou nele fotos de alguns modelos de
sapatos que vende e com isso conseguiu novos clientes”, infoma.
Atualmente, o NIT conta com dois
bolsistas, consultores em inovação,
e uma coordenadora. O papel deles
é também orientar os empresários
quanto às linhas de crédito disponíveis no mercado e qual melhor atende as necessidades de cada um. “O
que fazemos é o que chamamos de
crédito orientado”, conta Josmara.
Crédito orientado
O NIT funciona como um Posto
Avançado do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento) e do BDMG
(Banco de Desenvolvimento de Minas
Gerais), além de ser Sala Azul da Caixa Econômica Federal e Sala Ouro do
Banco do Brasil. Josmara explica que
reunir todos esses órgãos em único
lugar facilita a vida do empresário na
hora de buscar por crédito. “Existem
linhas de crédito específicas para
cada tipo de investimento, com taxas
de juros diferentes e prazos para pagamento e de carência variados. Muitas vezes, o empreendedor, especialmente o micro e o pequeno, não sabe
como buscar o recurso e qual atende
a sua necessidade. O nosso trabalho é
orientá-lo”, diz.
A coordenadora informa ainda que
as linhas de crédito mais procuradas
são capital de giro e de máquinas e
Mercado Outubro 2010 ∞
40
Existem linhas
de crédito
específicas
para cada
tipo de
investimento,
com taxas de
juros diferentes
e prazos para
pagamento e
de carência
variados
equipamentos. Essa linha do BNDES
termina no dia 31 de dezembro deste
ano e oferece taxa de juros de 5.5%
ao ano, 24 meses de carência e até 10
anos para pagar. Segundo ela, essa
linha é um programa do governo federal para incentivar as empresas a
continuarem a investir durante a crise mundial, ocorrida no ano passado,
e a acelerar a produção no país.
No primeiro semestre do ano passado, o NIT realizou 357 atendimen-
tos, com mais de R$ 13,7 milhões de
crédito aprovado e liberado. Este
ano, de janeiro a junho, foram 622
atendimentos e R$ 18,3 milhões de
crédito. Josmara Alves atribui esse
crescimento, de 74,23% na procura
por crédito, à recuperação da economia. “Os empresários souberam
aproveitar a oportunidade”, afirma.
Agora, para o segundo semestre, a
expectativa é que haja uma redução
na procura, já que o momento é de incertezas. “Estamos em um período de
mudanças no cenário político e econômico. Os empresários são cautelosos e vão esperar”, lembra Josmara.
Caso de quem obteve subvenção
da Finep
A Invit, empresa especializada
em soluções de software, conseguiu,
no edital de 2009, a Subvenção Econômica à Inovação da Financiadora
de Estudos e Projetos (Finep). De
acordo com o diretor executivo da
empresa, Sérgio Paim, no edital estavam previstos somente recursos para
P&D e investimentos de custeio (gastos com pessoal, consultoria e viagens), sem considerar investimentos
de capital (ativos). “Não poderemos
comprar nem um computador com o
recurso”, esclarece.
Já o edital deste ano permite 5%
em custos com administração e alguns itens relacionados a levar o
produto ao mercado. E é com esse
capital que a Invit pretende chegar a
um produto pronto para ser comercializado. “Lançá-lo no mercado e
torná-lo evoluído demandará bastante capital de risco”, diz Paim.
de riqueza para o país”, informa o
diretor executivo da Invit.
Ele lembra que da elaboração
do projeto até a sua aprovação, o
processo foi bastante demorado e
acrescenta que nem esperava por
isso. Segundo conta, só a fase do
edital (parte pública) foi adiada seis
vezes e a divulgação do resultado,
inicialmente prevista para 03 de julho, só saiu em 18 de dezembro do
ano passado.
Paim diz ainda que o processo de
contratação também foi bastante
demorado e só agora, nove meses
depois, está finalizado. “Na prática,
desde a concepção da ideia até a liberação dos recursos foram 24 meses”, observa.
Dificuldades e benefícios
Sergio Paim está entre
os exemplos de quem
conseguiu para a sua
empresa um crédito
junto à Finep do tipo
não reembolsável,
ou seja, não terá que
pagar por ele
A linha de crédito da Finep é não
reembolsável, mas exige uma contrapartida de 5% a 10% vinculada ao
porte da empresa. A contrapartida
da Invit é por recursos físicos (equipamentos, sede, telecomunicações)
e administração (gestores e staff).
Segundo Paim, são dispêndios dentro da capacidade da empresa e que
suportam adequadamente o desenvolvimento do produto (P&D).
Paim acredita que a exigência de
contrapartida exclui aquele empreendedor com uma ideia, mas acredita que, por outro lado, grandes
empresas, com grandes operações,
dificilmente sairão com ideias revolucionárias. “O pequeno e médio
empreendedor são o grande público
da Subvenção - o que demonstra a
importância do empreendedorismo
como fonte de inovação e geração
Sérgio Paim explica que a primeira grande dificuldade para a obtenção de uma linha não reembolsável,
criada pela demora, é manter a equipe interna e externa (a contratar)
em compasso de espera, o que gera
um grande esforço motivacional e
econômico.
A segunda é a volatilidade de
inovação, que, no caso da Invit, Tecnologia da Informação, é extremamente alta. “Por sorte, fomos tão
visionários na concepção do projeto
que até hoje não se tem notícia de
outra solução ou empreendimen-
to similar (aqui ou noutra parte do
mundo)”, diz.
A grande oportunidade da empresa em internacionalizar a solução
virá com a Copa de 2014. Por isso,
Sérgio Paim afirma que atrasar o início do projeto diminui o tempo que
eles terão para testar e lançar o produto antecipadamente.
Em relação aos benefícios de
um recurso não reembolsável, ele
ressalta que muita gente pensa simplesmente que é dinheiro de graça,
mas não é somente isso. “Não é dinheiro que está entrando na minha
operação atual. É algo novo que
está se formando. Demanda um punhado de outros esforços por parte
de quem está recebendo o recurso
- de quem assume os riscos da inovação”, diz.
Para finalizar, ele observa que a
Subvenção da Finep, por mais que
ainda tenha o que melhorar - e até já
vem melhorando - é um instrumento
fundamental para apoiar a inovação
no Brasil. “De qualquer forma, mesmo com a subvenção, o projeto precisará de investimento privado (via
capital de risco). Temos um projeto com recursos assegurados para
P&D e que passou pelo crivo de um
processo transparente, técnico e de
mérito como o da FINEP. Isso permite que sejamos atrativos quase como
se estivéssemos nos EUA”, concluiu
Sérgio Paim. A
Por sorte, fomos tão visionários
na concepção do projeto
que até hoje não se tem
notícia de outra solução ou
empreendimento similar (aqui
ou noutra parte do mundo)
41
∞ Mercado Outubro 2010
MFinanças
Números do NIT
2009
2010
Crescimento
Atendimentos
357
622
74,23%
Recursos (R$)
13,7 milhões
18,3 milhões
33,58%
Linhas de crédito mais procuradas
Taxa
Capital de giro
Máquinas e equipamentos
Construção civil
Compra de terreno
Prazo
Carência
0,95% ao ano
24 meses
3 meses
5,5% ao ano
até 10 anos
até 2 anos
10,90% ao ano
até 10 anos
até 6 meses após
a conclusão da
obra
1% ao ano
até 10 anos
-------------------------
Programas e linhas de financiamento para Inovação.
Recursos não reembolsáveis
Senai
• O Edital Senai Inovação mistura
financiamento e apoio técnico;
• O desenvolvimento do produto
ou processo é feito em parceria
com unidades do Senai, do Sesi
ou das duas instituições juntas.
O edital é aberto a qualquer
produto de qualquer setor;
• As empresas com projetos de
inovação tecnológica devem
assinar um termo de cooperação com a unidade regional
do Senai e só então passam a
concorrer. Na última edição, os
valores dos recursos por proposta foram de até R$ 200 mil
(parceria Senai) e R$ 300 mil
(Senai e Sesi).
Mercado Outubro 2010 ∞
42
Finep
• O edital de subvenção à inovação da Financiadora de Estudos
e Projetos (Finep), agência do
Ministério da Ciência e Tecnologia, concentra a maior parte dos
recursos destinados à inovação;
• Lançado em uma única chamada
anual, o edital define setores e
produtos específicos para receber apoio;
• O valor mínimo de cada proposta na última edição foi de R$
500 mil para micro e pequenas
empresas e de R$ 1 milhão para
médias e grandes empresas, até
o máximo de R$ 10 milhões, com
prazo de execução de 36 meses;
• A contrapartida é de 5% e 20% do
valor total do projeto no caso de
empresas menores e entre 100%
•
•
•
•
e 200% para empresas de médio
e grande porte.
Edital Pappe-Subvenção
Programa de Apoio à Pesquisa
nas Empresas (Pappe Subvenção), um convênio entre a Finep e fundações estaduais de
amparo à pesquisa;
O edital é aberto em cada estado em períodos diferentes;
O valor do projeto é menor do
que o do edital da Finep e o
foco do edital normalmente é a
empresa de pequeno porte, em
alguns casos, por meio de um
pesquisador associado ao projeto;
São beneficiadas empresas que
faturem até R$ 10,5 milhões,
com financiamentos entre R$
50 mil e R$ 500 mil.
CNPq
• O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCT) tem bolsas
específicas para pesquisadores
com título de mestre ou doutor,
empregados em atividades de
inovação tecnológica em empresas localizadas no território
nacional;
• As bolsas são oferecidas em
editais do CNPq, geralmente em
parceria com fundações estaduais de amparo à pesquisa;
• Os editais do Programa de Capacitação de Recursos Humanos para Atividades Estratégicas (Rhae Inovação) financiam
bolsas de Estímulo à Fixação de
Recursos Humanos de Interesse
dos Fundos Setoriais (SET) e de
Desenvolvimento Tecnológico e
Industrial (DTI).
•
Prime
O Prime - Primeira Empresa Inovadora - tem como objetivo principal adotar o desenvolvimento de
empresas nascentes inovadoras,
criando condições financeiras favoráveis para que elas possam enfrentar com sucesso os principais
desafios de seus estágios iniciais de
crescimento. Nessa primeira etapa,
o Prime beneficiou empreendedores e empresas nascentes com incentivo de até R$ 120 mil.
Recursos reembolsáveis
BDMG
• O BDMG oferece linhas de financiamento especial para empresas
de base tecnológica, com juros
abaixo do mercado;
• Possibilidade de financiar como
capital de giro recurso pago ao profissional de desenvolvimento;
• Financiamento de R$ 20 mil a R$ 2
milhões;
• Prazo até 60 meses, incluindo
até 12 meses de carência;
• Taxa de juros: menos de 1%
ao mês para micro, pequenas e
médias empresas.
Programa Juro Zero
• O Programa é uma oportunidade de financiamento que tem
o objetivo de estimular a capacidade inovadora das micro
e pequenas empresas (MPEs)
brasileiras;
• Sem juros, sem garantias reais e
sem carência;
• Pagamento em até
100 parcelas;
• As empresas podem
pleitear recursos entre R$ 100 e R$ 900
mil para projetos
com caráter inovador
em produtos, processos ou serviços. B
MEconomia
Sebrae terá quase
R$ 800 mi para micro
e pequenas empresas
POR Evaldo Pighini com Agência Brasil
O dinheiro será destinado a projetos de inovação e estará
disponível a partir de janeiro
A
partir de janeiro, as
micro e pequenas
empresas dispostas a
investir em inovação
contarão com R$ 787
milhões do Serviço Brasileiro de
Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). O dinheiro é para
subsidiar projetos que incentivem
a competitividade e o desenvolvimento sustentável das empresas,
reduzindo desperdícios, aumentando a produtividade e a segurança
Mercado Outubro 2010 ∞
44
dos funcionários.
Segundo o Sebrae, o programa
atuará em cinco linhas: serviço
tecnológico básico para empresas
que estão começando e precisam
fazer mudanças em seu processo;
serviço tecnológico avançado para
empresas que precisam de um trabalho mais detalhado; o Sebraetec Inovação, que vai às empresas
prestar consultoria para resolver
os gargalos de inovação; o Sebraetec Inova, específico para empresas
que pretendem desenvolver produtos novos; e a Indicação Geográfica, para empresas que possuem
produtos regionais que, por serem
exclusivos, agregam valor.
A meta do programa é atingir 48
mil empreendimentos em três anos.
As linhas de serviços tecnológicos
básicos e avançados podem ser usadas automaticamente. As demais terão três editais, que serão lançados
a partir de janeiro. Os subsídios vão
de R$ 5 mil a R$ 300 mil.
O presidente do Sebrae, Paulo
Okamoto, afirmou que o objetivo principal do programa é fazer
com que as empresas brasileiras passem a ter a cultura da
inovação. “Nós precisamos
construir produtos e serviços para atender tanto à demanda do mercado interno
quanto do externo. Só vamos fazer isso se criarmos
esse espírito no nosso setor empresarial”.
Para Okamoto, é
preciso criar uma base
forte de micro em pequenas empresas. “Nós
passamos um bom tempo sem o país crescer,
então as pessoas tinham
seu negócio e não tinham
concorrência. Agora, com o
país crescendo e aberto, é preciso empresas competitivas”.
De acordo com o presidente
do Sebrae, a cultura da inovação permite que as empresas
criem produtos e serviços que
atendam a população e podem
ser exportados. “Assim podem
comprar novas máquinas e deixam de ser micro ou pequenas
empresas e passam a ser grandes, gerando maior número de
empregos”, disse.
Para ter acesso aos programas,
o empresário pode procurar um
balcão do Sebrae (são mais de 800
em todo o país), consultar o site da
entidade ou solicitar uma visita de
um agente local de inovação. B
O presidente do Sebrae,
Paulo Okamoto, diz que
é preciso criar uma
base forte de micro e
pequenas empresas
e, para isso, é preciso
que haja a cultura da
inovação
MCapa
Trio forte eleito em Minas: o governador Anastasia com os senadores Aécio Neves (e) e
Itamar Franco (d)
Minas de Anastasia
POR Margareth Castro
Apoiado por Aécio Neves - eleito Senador e seu antecessor
no governo -, Antonio Anastasia (PSDB) é eleito governador
de Minas Gerais com 62,72% dos votos válidos
C
andidato pela coligação
“Somos Minas Gerais”,
formada pelos partidos
PP/ PDT/ PTB/ PSL/
PSC/ PR/ PPS/ DEM/
PSDC/ PMN/ PSB/ PSDB, o governador reeleito, Antonio Anastasia
(PSDB), obteve 62,72% (6.275.520)
dos votos válidos no estado, ainda no
Mercado Outubro 2010 ∞
46
primeiro turno das eleições 2010, realizado no dia 03 deste mês. Apoiado
pelo ex-governador Aécio Neves, o
candidato tucano apareceu de forma
tímida nas primeiras pesquisas eleitorais e após o início da propaganda
política no rádio e na TV começou a
crescer, até ultrapassar o seu maior
adversário, Hélio Costa (PMDB), da
coligação “Todos Juntos por Minas”,
formada pelos partidos PRB/ PT/
PMDB/ PC do B. Costa, que tinha o
apoio do presidente Luiz Inácio Lula
da Silva, obteve 34,18% (3.419.22)
dos votos válidos. No primeiro turno,
712.091 eleitores votaram em branco
para governador e 1.120.324 anularam o voto.
O governador, que já reassumiu
o cargo na Cidade Administrativa,
será empossado para a gestão 20112015 no dia 1º de janeiro. Sobre a
composição do novo governo, Anastasia diz que ainda é cedo para tratar
do assunto e que o novo secretariado será anunciado após o segundo
turno das eleições, pois agora é hora
de voltar às atenções para a escolha
do presidente da República.
Apesar ter sido vitorioso na
maioria dos 853 municípios mineiros, Uberlândia, no Triângulo
Mineiro - a segunda maior e mais
importante cidade do estado -, foi
uma das 80 cidades em que o candidato tucano obteve menos votos
que o seu adversário, Hélio Costa.
O peemedebista e senador Costa obteve 55,1% dos votos válidos
(158.266), enquanto Anastasia conseguiu 42,3%, o que correspondente
a 129.044 votos. Uberlândia foi uma
das cidades mais visitadas pelos
candidatos ao cargo majoritário
nesta eleição. Anastasia esteve na
cidade cinco vezes durante a campanha eleitoral: duas em agosto,
duas em setembro e no dia da votação. Já Costa veio seis vezes: sendo uma em julho, duas em agosto,
duas em setembro e também no dia
da eleição.
Hélio Costa - Logo após a divulgação oficial do resultado do primeiro turno das eleições pelo Tribunal Regional Eleitoral de Minas
Gerais (TRE-MG), o senador e candidato ao governo de Minas, Hélio
Costa, divulgou uma nota de agradecimento aos cerca de 3,5 milhões
de eleitores “que confiaram na proposta de governo voltada para os
mais pobres”. Também pediu votos
para Dilma Rousseff (PT) no segundo turno. “O momento agora é o de
unirmos as forças progressistas de
Minas e do país para garantir a vitória de Dilma Rousseff. Convoco
todos aqueles que votaram e apoiaram a chapa Hélio/Patrus a, nesse
segundo turno da eleição presidencial, cerrar fileiras para eleger Dilma presidente e Michel Temer vice.
Estarei com vocês nessa luta”.
vez. Que sua boa governança e liderança política continuem a nos
iluminar”. Por fim, o senador Hélio
Costa citou o que escreveu na Carta
ao Povo de Minas, documento em
que ele e Patrus firmaram o compromisso de um governo popular
para Minas Gerais. “Em Minas, liberdade não pode ser um simples
slogan publicitário. Tem de ser um
desafio de construção diária, um
norte perpétuo, um compromisso”.
E afirmou ainda: “Não desistiremos
desse ideal.”
Com a palavra,
o governador eleito
O senador Hélio Costa,
candidato que foi
derrotado em Minas,
mesmo com o apoio
do quase “unânime”
presidente Lula
Hélio Costa não se esqueceu do
companheiro de chapa e fez uma
homenagem a Patrus Ananias (PT),
candidato a vice. “Foi um privilégio tê-lo lado a lado, mais uma
Após a divulgação oficial pelo
TRE de sua eleição para comandar
Minas Gerais pelos próximos quatro anos, em entrevista exclusiva à
revista Mercado, o governador reeleito, Antonio Anastasia, fez uma
avaliação das eleições e da vitória
em primeiro turno. Ele fala ainda
sobre a derrota para o adversário
Hélio Costa, em Uberlândia, a maior
cidade do interior do estado, e também da importância do apoio do exgovernador Aécio Neves, eleito senador, para a sua vitória nas urnas. A
Anastasia conquistou 62,72% dos votos válidos para
governador, ou seja, 6.275.520 eleitores o elegeram
para comandar o estado mineiro
47
∞ Mercado Outubro 2010
MCapa
Mercado - O senhor foi eleito com quase 63% dos votos.
Como avalia o desempenho
nas urnas na primeira vez em
que o nome do senhor é colocado em votação?
Anastasia - É uma votação expressiva, uma declaração de confiança do povo de Minas Gerais e
também um importante reconhecimento do trabalho que realizamos
nos últimos anos pelo desenvolvimento econômico e social de nosso estado.
Os mineiros, mais uma vez, deram prova de sua soberania e demonstraram, com indubitável certeza, que desejam a continuidade
das políticas públicas que implantamos em Minas, porque conhecem os resultados extremamente
positivos que alcançamos em todas as áreas, em todas as regiões
do estado.
Esse vigoroso resultado das urnas aumenta nossa responsabilidade de realizar os compromissos
assumidos durante a campanha
e que, com certeza, farão Minas
avançar ainda mais na saúde, educação, infraestrutura, segurança
pública, tecnologia; enfim, em todos os setores nos quais o Governo de Minas deve e irá atuar com
muita determinação em benefício
de toda a população mineira, com
responsabilidade, com ética e sem
falsas promessas.
Mercado - A vitória tem um
gosto diferente por saber que o
senhor até pouco tempo não era
muito conhecido nem mesmo
visto como um político?
Anastasia - Claro. A vitória
significa que, além de identificar o
belíssimo trabalho realizado pelo
ex-governador e senador eleito
Aécio Neves à frente do Governo
de Minas, nos últimos oito anos
os mineiros também compreenderam a minha participação firme
em todo esse processo que, como
disse, apresentou resultados bastante positivos.
Mercado Outubro 2010 ∞
48
Todos nós, mineiros, reconhecemos a liderança inequívoca de
Aécio Neves, que realizou o governo mais aplaudido do Brasil nesse
período. Os avanços registrados
em Minas Gerais são consequência de um minucioso planejamento que elaboramos e realizamos
juntos, com o apoio de vários parceiros. Isso ficou claro durante a
campanha e eu passei a ser mais
conhecido e, logicamente, também
reconhecido pelas obras e ações
positivas desenvolvidas pelo Governo do Estado de Minas.
Anastasia - Sempre tive muita
tranquilidade quanto a isso. A partir do momento em que meu nome,
com muito orgulho e honra, foi colocado para essa missão, elaboramos o planejamento da campanha,
traçamos nossas estratégias e seguimos adiante, sempre com muita
responsabilidade, ética e confiança.
Mercado - O apoio do senador Aécio Neves foi fundamental para o resultado das urnas?
Pode-se dizer que, assim como
o presidente Lula, Aécio Neves
conseguiu um terceiro mandato
para o grupo político?
Anastasia - Em várias oportunidades fiz questão de dizer que todo
o nosso esforço estava concentrado
em trabalharmos o nosso lado. Portanto, nos preparamos para enfrentar o desafio de apresentar à população as nossas propostas, o nosso
projeto e discutir nossas ideias.
Anastasia - O senador eleito Aécio Neves possui uma capacidade
política extraordinária, nacionalmente consolidada, e, sem dúvida
alguma, o apoio dele foi fundamental para nossa vitória, que é a vitória de um grupo político liderado
por ele com muito brilhantismo.
É bom lembrar que o nosso governo foi aplaudido e é reconhecido inclusive pelo Banco Mundial e
por outros estados da Federação,
que vêm aqui e em que nos inspiramos como modelo, exatamente
porque nós temos programas e
projetos estruturadores.
Portanto, atribuo a nossa vitória ao projeto político que defendemos e que, sob a firme determinação e liderança de Aécio
Neves, conquistou voluntários,
militantes e lideranças políticas
de nosso estado.
Mercado - Em algum momento o senhor temeu ser o
candidato majoritário da coligação, já que não tinha grande
expressão política? Como reagiu às primeiras pesquisas, que
apontavam diferenças consideráveis em relação ao candidato
Hélio Costa?
Mercado - O senhor concorda
que a sua campanha decolou no
momento certo, quando já não
era mais possível ao outro candidato mudar de estratégia?
Mercado - Como governador,
quais serão as prioridades? O
senhor pretende manter a mesma linha da gestão Aécio ou vai
adotar uma linha própria?
Anastasia - Nossa prioridade,
verdadeira obsessão, é a empregabilidade. Para termos empregos
de qualidade, precisamos de infraestrutura social e física. Ou seja,
vamos melhorar ainda mais nossos
programas nas áreas de saúde, tecnologia, segurança pública, educação, educação profissional e telefonia; vamos realizar o programa
Caminhos de Minas, interligando
por asfalto as regiões do estado,
pois já estamos concluindo o ProAcesso, que ligou por asfalto mais de
200 municípios mineiros que, até
2003, só tinham acesso por estrada
de terra.
Com as ações do Governo de
Minas na infraestrutura social e física vamos atrair mais empresas
para a geração de empregos. Nossa
proposta é fomentar um ambiente
propício à instalação de empresas
privadas nas diversas regiões do estado a partir da identificação das vocações de cada uma delas por meio
de uma política de Zonas de Desenvolvimento Regional. A partir daí, o
emprego de carteira assinada e de
qualidade criará um círculo virtuoso
a favor do crescimento da região e,
em consequência, do estado.
Mercado - Durante a campanha, o candidato adversário disse
que o “choque de gestão” era uma
maquiagem dos números. Na verdade, o que é o choque de gestão?
O senhor pretende mantê-lo ou
aprimorá-lo na próxima gestão?
Anastasia - O conjunto de medidas adotadas pelo Governo de
Minas, a partir de 2003, batizado
de Choque de Gestão, permitiu
o equilíbrio financeiro do estado. Com isso, recuperamos nossa capacidade de investimento e
colocamos as contas em dia. Os
resultados foram extremamente
positivos e, quero deixar claro,
mais uma vez, que não houve sequer uma única demissão.
Retomamos a função do planejamento, que estava esquecida na administração pública, não só do estado, mas do país; reconquistamos
nossa credibilidade, o que permitiu
que contraíssemos empréstimos
internacionais, o que não ocorria
desde os anos 90. Com os recursos
conseguimos implantar projetos
importantíssimos para Minas Gerais e o estado avançou muito.
No âmbito do funcionalismo
público garantimos que todas as
categorias fossem beneficiadas
com o fim da escala de pagamento e com os salários pagos até o
quinto dia útil do mês. Instituímos
o prêmio por produtividade e também passamos a efetuar o pagamento do 13º salário em dia, na
primeira quinzena de dezembro,
em parcela única, o que não acontecia desde 1990.
Portanto, o Choque de Gestão
significou o início da profissionalização da administração pública estadual mineira, porque os governos
passam, mas a administração fica
e deve ser eficiente, profissional,
vocacionada para resultados. Com
certeza continuaremos nesse caminho que, comprovadamente, já se
mostrou eficaz.
Mercado - Como professor,
como o senhor avalia a educação
no estado e, principalmente, os
salários dos professores, que fizeram greve pedindo revisão do
piso? O senhor tem planos para
rever essa questão?
Anastasia - Justamente por ser
professor, filho e irmão de professoras, conheço bem a realidade da
educação. Minas Gerais, e não sou
eu que o digo, mas o próprio Minis-
tério da Educação, ocupa o primeiro lugar no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb),
o que é motivo de grande orgulho,
mas também significa que temos
que melhorar cada vez mais, temos
que nos superar, e isso vale para todas as áreas. Outro dado importante
é que já somamos mais de cem mil
alunos em cursos profissionalizantes, por meio do Programa de Educação Profissionalizante (PEP).
A questão salarial também
avançou muito. Em junho, sancionei o projeto de lei, aprovado pela
Assembleia Legislativa, que reestrutura, moderniza e cria nova A
49
∞ Mercado Outubro 2010
MCapa
política remuneratória em parcela
única para as carreiras da educação em Minas Gerais. Essa nova
política entra em vigor em janeiro de 2011 e incorpora ao salário
base todas as vantagens permanentes pagas à categoria.
Com isso, entre outras vantagens, o professor em início de
carreira com jornada de 24 horas
semanais e formação em curso
superior de Licenciatura Plena
passa a receber R$ 1.320,00 em
parcela única. Haverá a possibilidade de opção para jornada de
30 horas com 20 horas em sala
de aula e 10 horas de preparação.
Nesse caso, o subsídio em início
de carreira será de R$ 1.650,00. O
impacto dos aumentos nas diversas carreiras é da ordem de 24,5%
sobre a folha total da Educação,
o que representa acréscimo de R$
1,3 bilhão anuais.
Mercado - Durante a campanha, um dos temas mais abordados pelos demais candidatos foi
a alta carga tributária de Minas,
que perde em competitividade
para outros estados. O que pode
ser feito para aliviar a situação?
O senhor tem planos de rever o
ICMS cobrado no estado?
Anastasia - A estrutura tributária nacional hoje é conhecida de
todos, é altamente concentradora
de recursos na União, o que deixa
estados e municípios em uma situação delicada. Minas Gerais ainda
sofre em razão das distorções da
Lei Kandir, que é uma lei que tem de
ser revista, não só pelo seu perfil,
mas também pela dificuldade que a
União tem em fazer o ressarcimento a cada ano e naturalmente nós temos de voltar a discutir o tema dos
royalties, quer do petróleo como
dos minérios.
Em Minas temos nos esforçado
para reduzir a carga tributária do
ICMS com o objetivo de proteger
a economia estadual, oferecendo condições de igualdade à indústria mineira em relação aos
concorrentes situados em outros
estados contemplados com benefícios fiscais. A medida também
pode estimular novos investimentos, quer mediante a expansão
das unidades já existentes no estado, quer pela instalação de novas unidades.
Como exemplo posso citar que,
recentemente, reduzimos a alíquota do ICMS do setor calçadista
de 12% para 3%, beneficiando nosso maior centro econômico desse
setor na região de Nova Serrana,
centro-oeste de Minas.
Mercado - Apesar de ter estado várias vezes em Uberlândia e
contar com o apoio do prefeito
Odelmo Leão, considerado uma
liderança política forte na cidade e região, o senhor perdeu por
mais de 30 mil votos para o seu
principal adversário, Hélio Costa. Como o senhor avalia essa votação? A que atribui a diferença
nas urnas? De alguma maneira
esse resultado pode influenciar a
relação da cidade com o estado?
Anastasia - Como disse no início, os mineiros deram provas de
sua soberania. Uberlândia é um
município extremamente importante para Minas Gerais e a população sempre me recebeu muito bem.
Lembro que, no Triângulo Mineiro,
alcançamos 51% dos votos e, em
Uberlândia, saímos de uma situação bastante desfavorável, inferior
a 20%, para uma situação bem mais
equilibrada, chegando a 43%. Esse
resultado prova a liderança política
do prefeito Odelmo Leão e de todas
as forças políticas do Triângulo Mineiro que nos apoiaram.
Quero afirmar com muita convicção que Minas é o mais municipalista dos estados brasileiros e o
nosso princípio é republicano. Isso
significa que em hipótese nenhuma
qualquer município de Minas Gerais deixará de ter no governador
a confiança de que todo o esforço
será feito para que o desenvolvimento, o progresso alcance a todos, independente do resultado das
urnas aqui ou acolá. A
MCapa
Quem é Antônio Augusto Junho Anastasia
Anastasia, eleito em primeiro turno, no dia 3 deste mês, governador
de Minas Gerais, nasceu em Belo
Horizonte em 9 de maio de 1961. Filho de Dante Anastasia e Ilka Junho
Anastasia, Antonio Augusto Junho
Anastasia é proveniente de uma família de servidores públicos, sendo
a mãe professora aposentada e as
irmãs, assim como ele, professoras
universitárias.
Anastasia é graduado pela Faculdade de Direito da Universidade
Federal de Minas Gerais, onde também se formou mestre em Direito
Administrativo, disciplina da qual é
professor na mesma faculdade. Ao
longo de sua carreira, especializouse na formulação e gestão de polítiMercado Outubro 2010 ∞
52
cas públicas, bem como na articulação de programas e propostas com
representantes de diversos níveis
dos poderes Legislativo e Executivo.
Eleito em 2006 vice-governador
de Minas Gerais, ficou conhecido
pela coordenação da implantação
do Choque de Gestão, o programa
que norteou a gestão de Aécio Neves
e tem como conceito chave “gastar
menos com o governo para gastar
mais com o cidadão”.
Anastasia exerceu os cargos
públicos de secretário-adjunto de
Planejamento e Coordenação Geral, secretário estadual de Cultura,
secretário estadual de Recursos
Humanos e Administração e presidente da Fundação João Pinheiro.
No Governo Federal, exerceu os
cargos de secretário-executivo do
Ministério do Trabalho e do Ministério da Justiça.
No primeiro mandato do governador Aécio Neves (2003-2006), acumulou os cargos de secretário de estado
de Planejamento e Gestão e secretário de estado de Defesa Social. Assumiu o cargo de governador de Minas
Gerais em 31 de março deste ano,
quando Aécio Neves renunciou para
se candidatar ao Senado. Agora, a
partir de janeiro de 2011, Anastasia
volta a comandar Minas, só que desta
vez eleito como protagonista e não
como coadjuvante, após ter recebido
62,72% dos votos válidos, quase 6,3
milhões de votos. A
MCapa
Governação de Anastasia:
Minas Gerais para o Brasil
A Mercado foi saber do cientista
político João Batista Domingues Filho
como ele avalia e o que representa a
vitória de Anastasia em Minas Gerais.
Quem ele é, o que já fez e o que poderá
fazer como político e governador.
O cientista político
João Batista
Domingues Filho
Domingues, que é professor da
Universidade Federal de Uberlândia
(UFU) e autor do livro “Planejamento governamental e democracia no
Brasil”, afirma que Antonio Augusto
Junho Anastasia é “um político profissional - vive ‘para’ a política. É um empreendedor político recrutado na tecnocracia do estado mineiro”. Segundo
ele, o desenvolvimento moderno da
função pública exige esse tipo de intelectual especializado em administração pública, que fez carreira ‘por dentro’ da gestão pública. Daí surgiu sua
competência de técnico para crescer
como político capaz de exercer a governança do estado de Minas Gerais.
Dando seguimento à análise, o
cientista político acrescenta que
Anastasia foi um anônimo fora da administração pública de Minas Gerais.
Servidor público de carreira, técnico
competente por alcançar o equilíbrio
orçamentário do Estado, possui fide-
lidade “canina” ao atual senador e exgovernador Aécio Neves, criador da
“nova forma de governar” em Minas
Gerais. O jeito de ser da governança
mineira pode ser modelo para o Brasil. É a volta de Minas Geais ao cenário nacional, com a eleição de Aécio
Neves presidente da República Federativa do Brasil em 2014.
O professor Domingues conta que
no livro “Choque de gestão em Minas
Gerais”, da Editora UFMG (2006),
encontra-se uma apresentação com
o relato esclarecedor de Antonio Augusto Anastasia sobre os antecedentes e as origens do Projeto Choque
de Gestão. Como professor de Direito
Administrativo, ele ensina que o aparato público deve funcionar com eficiência para que os resultados positivos
sejam reconhecidos pela comunidade
política. “Eficiência é sua meta como
administrador ‘bem intencionado’. Intenção e realidade não andam sempre
juntas. A orquestração de reforma da
Administração Pública em Minas Gerais foi de sua única responsabilidade,
a partir do Projeto Choque de Gestão
do Governo”, diz.
De acordo com o cientista político,
no livro Anastasia descreve que, em
2002, Minas Gerais apresentava um
gravíssimo quadro fiscal, com déficit
orçamentário desde 1996, com falta
de recursos para “todas as despesas”.
Uma “soma de circunstância” colocou
Minas Gerais nessa posição de falta
de administração em todos os patamares do Governo. Anastasia faz a
lista dos problemas: “descrédito internacional, fuga de investimentos privados, erosão da infra-estrutura pública
com sensível redução do sentimento
de auto-estima do povo mineiro”. Daí,
a grave situação da Administração
Estadual, não sintonizada com a nova
economia nacional, “com estabilidade
da moeda”. Reinava o enfraquecimento institucional da Administração,
com a falta de eficiência do serviço
público. Tudo isso era a expressão da
falta de capacidade do governo de realizar o planejamento público. A
MCapa
Anastasia como planejador
conseguiu ter poder para determinar
o ritmo do processo de mudanças
da gestão pública. Teve a expertise
necessária para ter conhecimento
suficiente para tomar decisões,
antecipando e eliminando as
consequências negativas
Planejamento e desenvolvimento
de Minas Gerais
Planejamento é política, dado
que planos expressam intenções
políticas para atingir objetivos específicos. Daí que o planejamento
para o Governo de Minas Gerais
é o antídoto para os males vivenciados ao longo do tempo. O timoneiro desse planejamento foi e é
Anastasia. Além da crença no planejamento, o sucesso da sua administração pública fez com que a
governança de Minas Gerais provasse que é possível planejar com
eficiência dos resultados. Pode
ser um Modelo de Gestão Pública para o Brasil. Realizar tarefas complexas através do planejamento é possível, como consertar
os defeitos do orçamento. Anastasia como planejador conseguiu
ter poder para determinar o ritmo
do processo de mudanças da ges-
Mercado Outubro 2010 ∞
56
tão pública. Teve a expertise necessária para ter conhecimento
suficiente para tomar decisões,
antecipando e eliminando as consequências negativas. Controlou o
futuro dos acontecimentos administrativos, alcançou os objetivos
fixados em seus planos e criou as
condições necessárias para o sucesso do planejamento em Minas
Gerais. A metodologia da gestão
por processos funcionou com
Anastasia para o setor público.
Prosseguindo, Domingues afirma que planejamento e administração pública compatibilizaram
princípios: consistência e adaptabilidade, coordenação e eficiência. Assim, o planejamento público não é parte do problema, mas
a medida da solução. O planejamento de longo prazo foi atingido
em Minas Gerais. Imaginou-se o
futuro para melhorar as decisões
do presente. A evolução histórica
do planejamento em Minas Gerais
criou o sucesso do presente e reelegeu o governador Anastasia. As
atividades de planejamento exigiram desenvolvimento de organizações, indivíduos, sistemas de
valores e relações de poder. Surgiram tensões sanáveis entre órgãos planejadores e operacionais,
através do aparato público amplo
e diversificado. A virtuosidade
desse sistema de planejamento
global em Minas Gerais gerou um
círculo virtuoso entre as várias
organizações estatais e as culturas desenvolvidas em cada órgão
em relação à distribuição de seus
recursos, a fixação de seus objetivos e a implementação das ações.
Anastasia adotou a abordagem
globalista para Minas Gerais,
sem cair no erro comum de ignorar o processo decisório no contexto institucional do planejamento. Isso foi feito através da A
MCapa
análise profunda dos ambientes
externo e interno da Administração Pública para responder
às seguintes perguntas: até que
ponto planejar? O que planejar?
Qual a teoria mais adequada?
Respondidas a essas perguntas,
montou-se o aparato de planejamento, dado que planejamento
deve ser planejado. Eis o segredo do sucesso do planejamento público em Minas Gerais.
O professor acrescenta que o
“Choque de Gestão” em Minas
Gerais já é um “modelo” para o
Brasil. É um conjunto de políticas de gestão pública orientado
para o desenvolvimento. Métodos gerenciais modernos balizam
o planejamento público criado
e coordenado por Anastasia. É a
administração pública necessária ao desenvolvimento integral
e sustentável, associando virtuosamente a racionalidade fiscal e
a capacidade gerencial. É o Governo Matricial que possibilitou
a gestão pública em Minas Gerais
tomar um “choque” que a reviveu
de seu sono de incompetências
administrativas, implantando a
gestão por resultados, respeitando a cidadania, integrando os
seguintes aspectos da administração pública: orçamento, planejamento, estrutura organizacional,
recursos humanos, gestão e políticas públicas. “Eis um exemplo
a ser seguido para se superar a
‘fragmentada e histórica fragmentação’ administrativa do Estado
brasileiro”, completa.
Domingues diz ainda que, com
Anastasia, Minas Gerais tem no
desenvolvimento do aparato estatal as condições institucionais
para resolver os problemas clássicos da modernidade: urbanização, industrialização, transformação da estrutura ocupacional e
alfabetização. Pode desenvolver
e aumentar a rede de políticas sociais, elaborando novas maneiras
de criar um ambiente social para
a ascensão social dos mineiros,
com acesso direto aos benefícios
públicos. A fruição dos bens sociais ocorrerá de maneira ampla
e irrestrita, como obrigação do
estado. “Anastasia pode evoluir
do voto-gratidão de sua reeleição
para o voto-confiança em Aécio,
em todo o Brasil, para presidente
em 2014. É este o desafio maior
de sua gestão pública”, avalia.
Em sua opinião, a população mineira pode dar o exemplo para
o Brasil de como é possível expandir a rede social em volume e
qualidade, garantido as políticas
públicas regulatórias, distributivas e redistributivas. É com esse
estoque de confiança no Modelo
Mineiro de Gestão Pública que
Anastasia é o principal responsá-
Com Anastasia, Minas Gerais tem
no desenvolvimento do aparato
estatal as condições institucionais
para resolver os problemas
clássicos da modernidade:
urbanização, industrialização,
transformação da estrutura
ocupacional e alfabetização
Mercado Outubro 2010 ∞
58
vel pelo sucesso de Aécio Neves
em sua corrida pela presidência
da República. Seu governo pode
ser a alvorada de grandes transformações na estratificação social em Minas Gerais. Políticas
de grande envergadura podem
reduzir a miséria, redistribuir
renda e estimular o desenvolvimento econômico. “Se tudo isso
for realizado em sua gestão, por
que não Aécio Neves presidente
fazer o mesmo pelo Brasil, além
do sucesso dessas políticas públicas para Minas Gerais?!”, indaga o cientista. Para ele, Anastasia pode ser a experimentação
exitosa em Minas da criação da
mobilidade social ascendente,
mudando a estratificação social,
numa nova trajetória ascendente,
criada por políticas públicas de
sua gestão à frente do Governo
de Minas Gerais.
“O confronto lulismo-aecismo
já vai com ventos em popa”, analisa Domingues. Ele observa que
a coligação Minas Somos Nós é
o marco desse desafio de superação do lulismo. Aécio Neves
deseja ser para os brasileiros o
pós-lula. Aecismo virou mineirismo. Lula é um estrangeiro em
Minas Gerais para essa Coligação.
Minas Gerais com Aécio Neves
pode ocupar o centro do cenário
nacional. Os mineiros num futuro político próximo, dependendo
do sucesso da gestão pública de
Anastasia, poderão oferecer mais
um presidente da República. O
desejo é produzir a continuidade
do sucesso administrativo de Minas Gerais para o plano nacional.
Anastasia é o gerente da máquina de governo mineira. O eleitor
mineiro, ao votar em Anastasia,
alimenta a pretensão do senador
Aécio Neves de conquistar a presidência da República do Brasil. É
a volta de Minas Gerais ao centro
da política nacional. Minas Gerais
pode oferecer um novo modo de
construção da cidadania para os
brasileiros em todo o território
nacional. No plano regional, os
mineiros aprovaram o modo de
governar de Aécio-Anastasia. No
plano nacional, Minas Gerais terá
um papel importante na construção do novo Brasil: o “Projeto de
Minas”, por meio da nova forma
de governar: por resultado, eficiência e ética. É a “Administração
em Rede”, que operacionaliza o
planejamento global mineiro. É
a “Rede de Desenvolvimento Integral”, compromisso de governo e envolvimento da sociedade
para a solução dos problemas
sociais nos três níveis em Minas
Gerais: local - 66 microrregiões
do estado, integrando governo
e população, estimulando a vocação econômica de cada lugar;
regional - com sede nas cidades
polo de Minas Gerais, associando
as demandas locais ao governo; e
o plano estadual - presidido pelo
Governador Anastasia, que coordena o sistema de informação
(Banco de Dados), realizando o
planejamento do estado de Minas
Gerais ao atender as demandas da
população de forma participativa.
Para finalizar, o cientista político João Batista Domingues
prevê que se tudo isso acontecer na gestão de Aécio/Anastasia em Minas Gerais, uma “Nova
Agenda para o Brasil”, ousada e
corajosa em termos da reforma
política, reforma da previdência
e reforma tributária, poderá ser
realizada. Aécio senador, atraindo investimentos e viabilizando
recursos para a governação de
Anastasia, criará as bases para
que Minas Gerais possa voltar
ao centro político nacional, por
obra do sucesso de Anastasia à
frente da administração estadual
que inicia com a legitimação da
população em primeiro turno em
Minas Gerais. A
Aécio senador, atraindo investimentos
e viabilizando recursos para a
governação de Anastasia, criará as
bases para que Minas Gerais possa
voltar ao centro político nacional
59
∞ Mercado Outubro 2010
MCapa
Mineiro agora vai escolher entre Dilma e Serra
O eleitor mineiro terá que voltar
às urnas no último domingo deste mês para escolher entre Dilma
Rousseff (PT) e José Serra (PSDB)
para governar o país pelos próximos quatro anos, diferentemente
do que aconteceu em Minas Gerais,
quando a briga entre petistas e tucanos - O PT, que no estado apoiou
e investiu pesado na candidatura do
senador Hélio Costa, do PMDB - foi
resolvida já no primeiro turno em
favor do PSDB, que viu o seu candidato, Antônio Anastasia, conquistar
quase 63% dos votos válidos.
Esse resultado era inimaginável
a 30 dias da eleição. No dia 3 de
setembro, pesquisa divulgada pelo
Ibope, encomendada pelo jornal O
Estado de S. Paulo e pela Rede Globo, mostrava Anastasia com 35%
das intenções de voto e Hélio Costa
com 33%, ou seja, empate técnico.
Mais surpreendente ainda se for
considerada a pesquisa do Datafolha, encomendada pela TV Globo
e divulgada no dia 24 de julho, por
exemplo, que apontava o senador
Hélio Costa com 44% dos eleitores
ao seu lado contra apenas 18% de
Anastasia, o que representava 26
pontos percentuais de diferença a
favor do candidato de Lula, naquela que foi a primeira pesquisa feita
Mercado Outubro 2010 ∞
60
pelo instituto depois do registro
das candidaturas em 05 de julho.
Ou seja, passadas as eleições do
primeiro turno, essa vitória incontestável de Anastasia mostra que
em Minas, na queda de braço ente
PSDB e PT, deu Aécio Neves contra
o presidente Lula, os dois que estavam por detrás das candidaturas
tucana e peemedebista, respectivamente, no estado mineiro.
Agora, no dia 31 deste mês, os
135,804 milhões de eleitores brasileiros - entre os quais os mineiros
- terão que voltar às urnas para eleger o presidente do Brasil para o
mandato 2011/2014, cargo disputado por Dilma Rousseff (PT) e José
Serra (PSDB). O pleito, que poderia
ter sido definido no primeiro turno, foi para o segundo turno após
o crescimento da candidata do PV,
Marina Silva, que conseguiu 19,33%
dos votos válidos.
A campanha de Dilma e Serra foi
retomada 48 horas após a divulgação dos resultados do primeiro turno pelo Tribunal Superior Eleitoral
(TSE). No rádio e na televisão, a
propaganda eleitoral poderá ser feita até o dia 29, sendo que cada candidato a presidente tem 10 minutos
em cada bloco de transmissão, às
7h e às 21h. Eles ainda têm mais
sete minutos e 30 segundos diários
cada um para divulgar propaganda
em forma de inserções de 15 a 60
segundos, o que totaliza 30 minutos
diários de inserções.
Mas o principal desafio de Dilma
e Serra é conseguir o apoio ou pelo
menos os votos de Marina Silva e
de outras lideranças políticas do
país. Serra, por exemplo, quer mais
envolvimento em sua campanha
de Aécio Neves, eleito senador por
Minas Gerais, e de Anastasia. Os
dois, além da votação expressiva,
representam o segundo maior colégio eleitoral do país, com 14,522
milhões de eleitores.
Dilma, por sua vez, acredita no
histórico do partido que, segundo
ela, “está acostumado a desafios e é
de chegada”, baseado nas eleições
de 2002 e 2006, vencidas por Lula
em turnos. Mas a candidata tenta
uma aproximação com Marina Silva
e, consequentemente, com os eleitores desta. Dilma deve retirar do
seu plano de governo o tema aborto, que causou polêmica entre ela e
Marina Silva no primeiro turno.
Primeiro turno - De acordo
com balanço divulgado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Dilma
venceu em quatro regiões e, Serra,
Foto: Nelson Jr./ASICS/TSE
em uma. Dilma Rousseff (PT) obteve 46,91% dos votos válidos e José
Serra (PSDB) 32,61%, uma diferença de quase 6,3 milhões de votos
para a petista.
Dilma venceu no nordeste e norte com folga, mas liderou com vantagem menor no sudeste e centrooeste. Serra venceu no sul, com
43,01%. Dilma teve 42,10%; e Marina, 13,64%.
A candidata do presidente
Lula venceu em 18 estados e Serra liderou em oito: Acre, Mato
Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rondônia, Roraima, Santa Catarina e São Paulo. Marina
ganhou no Distrito Federal, onde
conseguiu 41,96% dos votos válidos, e ficou em segundo lugar
em cinco estados - Acre, Amapá,
Amazonas, Pernambuco e Rio de
Janeiro. No Ceará, ela empatou
com Serra (16,36%).
Entre os votos no exterior, Dilma perdeu por cerca de quatro pontos percentuais. Ela obteve 36,81%,
contra 40,25% de Serra e 20,43% de
Marina. Entre os eleitores que votaram em trânsito, Dilma venceu com
39,15%. Serra obteve 31,18% e Marina ficou com 28,11%.
Os votos em branco somaram 3.479.320 (3,13%); e os nulos,
6.124.083 (5,51%). A abstenção foi
de 18,12%. B
Números do 1º turno para presidente
Candidato
% de votos
Nº de votos
Dilma Rousseff
46,91
47.651.434
José Serra
32,61
33.132.283
Marina Silva
19,33
19.635.359
MConstrução
Quebra-quebra
na construção está
com os dias contados
POR Márcia Amaral | Especial
Norma de Coordenação Modular entrou em vigor e
permite racionalizar processos construtivos; agora tudo
se encaixa na construção
É
comum, durante uma
obra, que uma porta ou
uma janela não se encaixem no espaço que lhes
é destinado, o que acaba
gerando desperdício de material e
aumento de custos. No entanto, a
solução para esse problema existe
há mais de trinta anos e denominase coordenação modular. É que
entrou em vigor, no dia 1º de outubro, a NBR 15.873:2010 - Norma de
Coordenação Modular para edificações, publicada no dia 1º de setem-
bro, que especifica como padrão a
medida de 100 mm para módulos
básicos, além de definir os termos
e os princípios da coordenação modular para edificações. O conceito
de coordenação se aplica ao projeto e construção de edificações de
norma de coordenação modular
decimétrica (módulo de 10 cm),
a NB-25R, em 1950. O engenheiro
explica que “atualmente, o tema
volta a fazer parte da discussão de
construtoras e projetistas devido à
Foto: Divulgação ABCP
todos os tipos e também à produção de componentes construtivos.
A ideia central é permitir que os
sistemas e componentes tenham
medidas padronizadas de forma
industrial e sejam compatibilizados desde o projeto. Com isso, a
construção se torna mais racionalizada e com alto índice de produtividade. A Norma de Coordenação Modular foi elaborada pela
Comissão de Estudo de Coordenação Modular do CB-02 (Comitê
Brasileiro da Construção Civil) da
Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT), com a participação do Comitê de Tecnologia e
Qualidade do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado
de São Paulo (SindusCon-SP).
Para a elaboração do projeto da norma, foram consideradas
seis normas internacionais, a ISO
1791:1983, que define os termos
necessários para a concepção e
construção de edifícios de acordo
com a coordenação modular; a ISO
1006:1983, que estabelece o valor
do módulo básico para ser usado na
coordenação modular de edifícios;
a ISO 2848:1984, que determina os
princípios e regras da coordenação
modular; a ISO 6513:1982, que prescreve as séries de medidas multimodulares preferíveis para dimensões
modulares; a ISO 6514:1982, que
institui os valores dos incrementos
submodulares; e a ISO 1040:1983,
que define as medidas dos multimódulos para dimensões coordenadoras horizontais.
A norma cancela e substitui a
ABNT NBR 5706 - Norma de Coordenação Modular da construção,
que fixava as condições exigíveis
a serem observadas na elaboração
de projetos coordenados modularmente, assim como outras 24 normas da ABNT que fazem referência
à Coordenação Modular.
Segundo Mário William Esper,
gerente de relações institucionais
e responsável pela área de Normalização e Assuntos Estratégicos da
Associação Brasileira de Cimento
Portland (ABCP), o Brasil é um
dos pioneiros na aprovação da
Mário William: “Com a
coordenação modular,
o controle de execução
é mais efetivo,
inclusive com redução
de patologias”
necessidade de aumento de produtividade aliada à redução de custos. Outro fato que determina a retomada desse sistema é que cada
vez mais os empreendimentos
imobiliários apresentam plantas
flexíveis para atender a demanda
do mercado”.
Segundo Mário William, o sistema modular facilita a industrialização e padronização de métodos e
detalhes. Além disso, contribui para
o controle da produção no momento em que usa técnicas pré-definidas, diminui problemas de interface
entre os componentes, elementos e
subsistemas e reduz desperdícios e
erros de mão de obra.
O engenheiro conta que a
amarração entre as paredes, por
exemplo, pode ser obtida com
maior facilidade se o uso do bloco proporcional substituir blocos
de dimensões distintas. Ele destaca também que nas edificações
em alvenaria estrutural é importante ter a definição da sequência
de técnicas para a execução dos
subsistemas. “Com a coordenação modular, o controle de execução é mais efetivo, inclusive com
redução de patologias”, afirma
Mário William. B
63
∞ Mercado Outubro 2010
MSaúde
Hospital de Uberlândia
é pioneiro no tratamento
de alta miopia
POR Luciana Rodrigues
O Iso Olhos, através do oftalmologista Mario Carvalho, é o primeiro
hospital do interior brasileiro a realizar o novo procedimento para
corrigir alta miopia que não altera a anatomia ocular e ainda evita o
olho seco e reduz complicações pós-cirúrgicas
Mercado Outubro 2010 ∞
64
N
o Brasil, a taxa de
alta miopia (acima
de 6 graus) atinge
entre 1,9 milhão e 5,7
milhões de pessoas,
segundo levantamento do Conselho
Brasileiro de Oftalmologia (CBO).
Entretanto, uma nova tecnologia,
aprovada pela Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa), surge
como alternativa para pessoas que
têm esse tipo de problema e que
por isso são dependentes de óculos
chamados de “fundo de garrafa”.
Trata-se de uma lente intraocular
produzida com material biocompatível e maleável que corrige de 6 a
16 graus de miopia.
A técnica, utilizada em larga escala na Europa, foi aprovada pela
Anvisa em abril. Vinte cirurgiões
brasileiros fizeram capacitação para
a cirurgia no exterior e iniciaram o
procedimento em junho no Brasil,
onde, por enquanto, está restrito à
rede privada.
Em Uberlândia, o oftalmologista Mario Carvalho, do Hospital Iso
Olhos, é o primeiro médico a ter
certificação para implantar lentes
fácicas para o tratamento da alta
miopia. Os pacientes que já passaram pelo pós-operatório atingiram
uma correção visual satisfatória a
ponto de realizarem atividades do
dia a dia sem a dificuldade de antes.
De acordo com o médico, o procedimento pode significar a retomada
da qualidade de vida para boa parte
da população. As pessoas que são
portadoras de alta miopia têm menos de 10% de quantidade de visão e
objetos que estão a menos de 3 metros de distância já não são vistos
com nitidez.
A nova tecnologia é uma lente
intraocular produzida pela Alcon
com material biocompatível e totalmente maleável que, como descrito,
corrige de 6 a 16 graus de miopia.
Cirurgia é pouco invasiva
O procedimento é feito com
anestesia local. A lente é implantada sobre a íris - parte colorida do
olho - através de uma pequena in-
cisão feita na periferia
da córnea, sem a retirada do cristalino. Como
não altera a estrutura
da córnea com aplicação de laser, isso evita
o olho seco e tem resultado mais previsível
que a cirurgia refrativa
convencional.
As chances de complicações
pós-operatórias também são reduzidas, pois as lentes
intraoculares usadas
anteriormente
eram
inseridas na câmara
posterior, entre a íris
e o cristalino, ou seja,
exigiam uma incisão
na íris, para garantir o
O oftalmologista Mario
aporte de nutrientes ao
sistema ocular e evitar
Carvalho é o pioneiro em
a formação de depóUberlândia na implantação
sitos que aumentam o
de lentes fácicas
risco de opacificação
do cristalino.
Segundo o oftalmoloMiopia
gista, hoje esse risco foi eliminado,
porque a nova lente é implantada na
A miopia é uma situação em que
câmara anterior, entre a córnea e a os raios de luz que penetram no olho
íris, e isso impede qualquer contato são focalizados antes de atingirem a
com o cristalino, o que facilitaria o retina. Como consequência, o míope
aparecimento de catarata.
tem dificuldade de enxergar à distânOutro risco que foi reduzido cia e tendência a aproximar objetos
pela nova tecnologia é o de au- para enxergar melhor (tentativa de
mento da pressão intraocular, que deslocar a imagem para a retina).
pode levar ao glaucoma. Isso por- Sendo assim, é necessário o uso de
que o implante na câmara anterior lentes corretoras (óculos, lentes de
interfere menos no bom fluxo do contato) com a finalidade de deslohumor aquoso, que é essencial car o foco para a retina, melhorando,
para manter a pressão intraocular dessa forma, a visão. Em alguns caem níveis normais.
sos, depois de estabilizada a miopia,
o erro refracional da miopia pode ser
Quem pode fazer o implante
minorado, eliminando a dependência
das lentes corretoras.
A lente é indicada para maiores de
A alta miopia, grau mais avançado
21 anos e com um ano de estabilido problema e que demanda o uso
dade de grau. Mas é preciso passar
dos chamados “óculos fundo de garpor uma avaliação oftalmológica.
rafa”, pode cursar com alterações de
Para quem tem problema de retina, fundo de olho que devem ser acomglaucoma ou catarata não é indicapanhadas de perto.
do esse procedimento. Mas a recoA miopia de início repentino na
mendação é que a pessoa procure
vida adulta deve ser avaliada minupelo médico capacitado para fazer
ciosamente, pois pode representar
a cirurgia de alta miopia para sanar sinal de outra patologia (catarata
dúvidas relacionadas à correção.
ou diabete). B
65
∞ Mercado Outubro 2010
MSaúde
Cérebro sobrecarregado
prejudica desempenho
pessoal
POR Núbia Mota
Adultos com estresse crônico rendem 50% menos do que
a sua capacidade normal
A
quele velho ditado,
“mente ociosa é oficina
do diabo”, nem sempre
condiz com a realidade.
Entre uma atividade e
outra, o cérebro precisa de descanso para não ter o desempenho comMercado Outubro 2010 ∞
66
prometido. Até ações simples, que
muitos acham inofensivas, como ver
televisão, por exemplo, precisam de
intervalos. Depois de três horas em
frente à telinha, o estresse começa a
surgir. No ambiente de trabalho, então, como a maioria dos brasileiros
têm carga horária de 6h, 8h e até 12h
por dia, o estresse acaba afetando
90% da população, de acordo com a
Organização Mundial da Saúde, e em
2020 será a segunda principal causa
de afastamento dos trabalhadores.
Diante desse quadro, tirar alguns
minutos de descanso e identificar e
compreender as situações que mais
causam o transtorno é essencial
para manter o bem-estar.
Segundo a coordenadora comercial Sônia Bernardes, o trabalho
excessivo a deixa agitada durante a noite e quanto mais cansada,
mais dificuldade tem para dormir.
Quando chega em casa, ainda impaciente, o relacionamento com os
filhos e marido acaba também sendo prejudicado. “Eu dedico também
pouquíssimo tempo para mim, não
fico sozinha. Sou impaciente no trabalho. Não percebo impaciência dos
funcionários comigo, o que deve ser
grave, porque acho que provoco paralisia neles”, afirma Sônia.
Por outro lado, a médica antroposófica Tânia Helena Álvares observa
que as pessoas não conseguem mais
se ouvir. “Elas chegam em casa, ligam
o rádio e a TV ao mesmo tempo e não
param quietas nunca. Estão sempre
no piloto automático e, assim, fica
difícil se autoconhecer”, diz.
A médica Tânia Álvares:
“Adultos com estresse
crônico apresentam
desempenho 50% inferior
em testes cognitivos em
relação a outros com
baixo nível de estresse”
Limites do cérebro sem
comprometimento de desempenho
Dirigir - 6 horas
Assistir TV - 3 horas
Ler - 3 horas
Jogar videogame - 1 hora
Correr no trabalho em busca
de resultados no fim do mês talvez não seja o melhor caminho. De
acordo com Tânia Álvares, adultos
com estresse crônico apresentam
desempenho 50% inferior em testes
cognitivos em relação a outros com
baixo nível de estresse. Submeter o
cérebro a uma mesma tarefa ininterruptamente causa fadiga mental e compromete a capacidade de
processamento e memorização das
informações. “Após trinta minutos
com fones de ouvido, por exemplo,
a pessoa deve fazer outra atividade
na meia hora seguida, uma boa opção para melhorar o desempenho é
fazer meditação. Essa terapia, inspirada pela medicina antroposófica,
proporciona às pessoas um encontro com a paz interior e o equilíbrio”,
afirma a médica.
pode viver mais e melhor, afinal, é
capaz de enfrentar problemas de
forma mais consciente e clara e não
se deixa abater por qualquer imprevisto. Também consegue ter maior
tolerância nos relacionamentos afetivos e falar menos bobagem, pois
pensa antes de dizer alguma coisa
que possa ofender. “A paciência é a
ciência da paz. Autocontrole, autoconhecimento e equilíbrio emocional são processos que requerem um
investimento pessoal como ler bons
livros e fazer tratamentos médicos e
psicológicos. Meditação, massagem,
florais, ioga harmonizam o físico, a
vitalidade e o emocional”, afirma a
psicóloga Lidiane Freitas.
Investimento pessoal também
exige paciência, pois a paz interior não vem de mão beijada, nem
em poucos minutos de meditação.
Tornar-se uma pessoa mais tranquila depende, sobretudo, de dedicar
tempo para si mesmo, para pensar na vida e ficar em silêncio. “O
caminho é cuidar do corpo físico,
alimentação, sono, ritmo de vida”,
conclui Tânia Alvares. B
Haja paciência
Considerada uma das sete virtudes da humanidade, a paciência é
uma boa arma para enfrentar a rotina alucinada. Quem sabe esperar
67
∞ Mercado Outubro 2010
MEducação
Mais Estudo é atalho
entre instituições de
ensino e alunos
POR Ana Carolina
Empresa promove parceria que ajuda a fomentar o
ensino privado no Brasil e combate a ociosidade e a
inadimplência nas instituições
O
interesse em dar aos
filhos um ensino de
qualidade
cresceu
por conta do aumento
da renda familiar, de
acordo com a Pesquisa de Orçamentos Familiar publicada em junho
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O crescimento do gasto com educação foi
de 1,6% no ano de 2009 em famílias
que ganham entre R$ 1.245,00 e R$
2.490,00, renda mensal da classe C.
O aumento na média geral brasileira foi 2,5% em despesas com ensino
no mesmo ano.
Nesse contexto, a Mais Estudo
Mercado Outubro 2010 ∞
68
possibilita o acesso de jovens alunos à educação por meio da concessão de bolsas de estudo com até
70% de desconto nas mensalidades,
ao mesmo tempo em que preenche
vagas ociosas em instituições privadas de ensino.
Essa é uma forma inovadora que
a Mais Estudo desenvolveu para trabalhar de maneira integrada com a
instituição e o estudante, em que os
dois lados ganham: o candidato estuda por um valor de mensalidade mais
acessível e a instituição parceira consegue reduzir a ociosidade e as taxas
de inadimplência e de evasão.
Até o momento, são mais de 200 mil
estudantes cadastrados em busca de
uma vaga, enquanto 25 mil alunos já
estão matriculados em diversas instituições por intermédio da Mais Estudo.
Os estudantes interessados se
cadastram gratuitamente no portal
www.maisestudo.com.br. Além de
terem acesso ao desconto em mais
de 1.000 cursos disponíveis em 30
instituições de ensino no país, o
candidato tem informações do setor
para ler e pesquisar. Atualmente, os
cursos mais concorridos são os de
graduação, mas há também opções
para cursos técnicos, de pós-graduação, idiomas e livres, com valor menor em suas mensalidades. B
Foto: Reprodução
MComportamento
Cláudia Leite foi uma das principais estrelas do Triângulo Music 2010
Vários estilos
e uma só festa
POR Renata Tavares e Natália Nascimento
D
as botas countries às
calças masculinas coloridas e penteados
exóticos. A sexta edição do festival Triângulo Music, realizada em Uberlândia,
trouxe para o palco das apresentações os mais variados tipos de sons,
Mercado Outubro 2010 ∞
70
desde a música sertaneja, passando
pelo pop rock e happy rock até o ritmo baiano, agitando o público como
nunca e fazendo deste evento o mais
eclético da história do festival. Em
consequência, toda essa diversidade
de estilos musicais só poderia resultar em atrair pessoas dos mais dife-
rentes estilos e gostos, distribuídas
entre os mais de 40 mil amantes de
festivais que estiveram presentes ao
estádio Parque do Sabiá, local de realização do evento. Um cenário que
se encaixou bem no lema do Triângulo Music deste ano: “Todas as Tribos. Uma só voz”.
Foto: Reprodução
Além das atrações no palco principal, o público também pôde optar
pela tenda eletrônica. Foi o que o estudante Joaquim Gabriel da Silva, de
18 anos, fez. “Vim para curtir o Nx
Zero, como ele já se apresentou, eu
vim aproveitar a tenda.”
A irreverente Restart identificou bem a cara do que é
o festival: “Todas as Tribos”
Ao som de Jota Quest, também
no primeiro dia, a analista de focalização Daniele Loyola esperava os
sertanejos João Bosco e Vinícius subirem ao palco. “É o que eu gosto,
mas essa edição do festival superou
as expectativas. Gostei da programação e de ver tanta gente diferente
em um só lugar”, disse.
Triângulo Music
A banda Jota Quest, que esteve
presente em cinco das seis edições
do Triângulo Music, resumiu em
uma frase o carinho pelo festival e
pela cidade. “Estamos sempre aqui e
gostamos do evento”, disse o vocalista da banda, Rogério Flausino. A
Foto: Reprodução
Foram dois dias de muita música
e agitação, reunindo grandes nomes
e atrações quase desconhecidas da
música, entre os quais: Cláudia Leite, Hori, João Bosco e Vinícius, Jota
Quest, Ultrasom, Ivete Sangalo, Victor e Léo, NX Zero, Restart e Perlla.
No dia da abertura do Triângulo Music, um pouco antes das 22h,
a banda de happy rock Restart - de
estilo despojado, que combina cores extravagantes - subiu ao palco
principal do festival. Nesse instante, o estudante Elias dos Santos, 24
anos, vestido com calça jeans verde,
camiseta branca e cabelo estilizado
- como os integrantes da banda - foi
para a frente do palco. “Eu amo a
banda, essa foi uma oportunidade de
assisti-los de perto. Tenho 24 anos,
mas não tem idade certa para ser fã
de Restart. Até minha mãe gosta.”
Joaquim Gabriel, com
o NX Zero onde ele
estiver
Daniele Loyola, amante
dos sertanejos João
Bosco e Vinícius
Elias dos Santos, fã
declarado da Restart
Rogério Flausino, que
com o Jota Quest
esteve presente em
cinco das seis edições
do festival
71
∞ Mercado Outubro 2010
Foto: Divulgação
MComportamento
Uma grande estrutura para um grande evento
E não é para menos, além das
mais de 40 mil pessoas presentes
ao evento deste ano, número que
foi comum em edições anteriores, a estrutura do Triângulo Music também impressiona e agrada
qualquer artista.
Em uma área de 10.625 metros
quadrados foram utilizadas mais
de 500 toneladas de materiais para
adaptar o espaço às necessidades
do evento, 500 mil watts de som e
1,5 mega watt de iluminação. O Triângulo Music 2010 também trouxe,
mais uma vez, material de última
tecnologia para a cobertura do gramado. O piso easyfloor, feito de um
material mais prático e seguro, semelhante ao PVC, cobriu nove mil
metros quadrados do gramado do
Estádio do Parque do Sabiá.
Com 17m de largura, 10m de
altura e 13m de profundidade, os
equipamentos usados no palco
eram os mais modernos em tecMercado Outubro 2010 ∞
72
nologia, utilizados também em outros grandes eventos do Brasil e do
mundo. “Todos os anos fazemos
uma avaliação do ano anterior e
em cima dela procuramos sempre
melhorar, sofisticando cada vez
mais o festival e proporcionando
maior conforto para o público.
A palavra certa para o Triângulo
Music é evolução”, conta o arquiteto responsável pela montagem
do festival, Giuseppe Mazonni. Já
com relação ao consumo, segundo
a coordenação do evento, as vendas dos setores de alimentação e
bebidas ultrapassaram as expectativas. Foram consumidas 144 mil
latas de cervejas, 48 mil latas de
refrigerantes, 4.500 garrafas pet de
2 litros de refrigerante, 5 mil litros
de suco, 7 mil sanduíches, 1.500 kg
de sorvete e 6 mil salgados, fora
os buffets que atenderam os camarins e camarotes empresariais e
All Inclusive.
Emprego e renda
Além da festa em si, o Triângulo
Music movimenta ainda a economia
e emprega milhares de pessoas. O
festival gerou cerca de 1.500 empregos diretos e indiretos em vários setores. Hotéis e restaurantes também
estiveram cheios no fim de semana
do evento. Durante o Triângulo Music 2010, a área de segurança trabalhou com uma equipe de 961 agentes
entre policiais militares e civis, bombeiros, brigadistas, juizado de menores e seguranças particulares (450).
Além da equipe de segurança, também trabalharam no evento cerca
de 130 pessoas na coleta seletiva, 60
na limpeza do estádio e 550 na distribuição de bebidas. Fora o equipamento de som e a estrutura do evento, todas as pessoas que trabalharam
para o festival são de Uberlândia, o
que agrega mais renda à economia
da cidade. B
MMarketing
Geração Z: quem são os
consumidores do futuro?
DO Mundo do Marketing
Nascidos junto à tecnologia, eles mostram-se mais
exigentes, inquietos e querem marcas sustentáveis
M
uito já se falou sobre a geração Y.
Agora chegou a vez
da Z. Formado por
crianças e adolescentes - futuros consumidores - esse
grupo já desenha algumas tendências que devem despertar a atenção
do mercado. Mantendo algumas
características dos jovens da Y, a Z
aparece cada vez mais preocupada
com a sustentabilidade e disposta
a não pagar por produtos e serviços
que podem ser encontrados gratuitaMercado Outubro 2010 ∞
74
mente na internet.
O conceito de gerações, antes
muito utilizado pela área de recursos humanos, ganha importância
também no mercado. Mesmo não
sendo possível rotular pessoas
apenas de acordo com a sua faixa
etária, a definição pode facilitar o
conhecimento e o desenvolvimento da estratégia das empresas. Semelhante à Y, a Geração Z também
é inquieta, menos fiel às marcas e
acostumada a fazer tarefas múltiplas. A diferença, no entanto,
é que a nova geração tem todas
as características de forma mais
acentuada, pois se desenvolveu
junto com os avanços tecnológicos mais recentes.
“A geração Z já nasceu com o
joystick, o controle remoto e o celular no berço, enquanto a Y viu isso
acontecer. Se a Y quer as coisas rápidas, a Z muito mais, ela não sabe
o que é o mundo sem tecnologia”,
aponta Paulo Carramenha, diretor
Presidente da GFK CR Brasil, em
entrevista ao Mundo do Marketing.
Paulo Carramenha:
“Se a Y (geração)
quer as coisas
rápidas, a Z muito
mais, ela não sabe
o que é o mundo
sem tecnologia”
Consumidor menos previsível
Em relação à idade, a geração Y é
formada por jovens de 20 a 30 anos
e a Z por crianças e adolescentes de
até 17 anos, enquanto a X é composta por adultos de 30 a 45 anos. Em
sua maioria, a X nasceu após acontecimentos como a chegada do homem à lua e viu surgir o videocassete e o computador pessoal, mas
passou por um momento de instabilidade financeira, o que não aconteceu com os jovens da Y, muito mais
inseridos no mercado de consumo.
A Y, além de ter se desenvolvido
numa época de prosperidade econômica, também testemunhou grandes
avanços tecnológicos, como a internet, o que fez com que crescesse estimulada por atividades e realizando
tarefas múltiplas. As características,
entretanto, não são suficientes para
definir um grupo de pessoas que sofrem diversas influências sociais, culturais e econômicas que acabam por
se refletir em seu comportamento.
Antes de
serem de
gerações
diferentes,
esses
consumidores
são também
pessoas, com
necessidades,
expectativas
e valores
que vão além
da idade ou
do ano de
nascimento
“Cada vez mais fica claro que o
consumidor é menos previsível do
que era no passado. Estamos tentando entender o tempo todo o que
mudou. Antes de serem de gerações
diferentes, esses consumidores são
também pessoas, com necessidades,
expectativas e valores que vão além
da idade ou do ano de nascimento”,
diz Carramenha.
Jovens não querem pagar por
conteúdo
Cabe ao Marketing, então, selecionar segmentos de pessoas que
tenham um comportamento de consumo semelhante. “As gerações estão ficando cada vez mais próximas.
Se eu falar da X, por exemplo, sempre existiu um pé atrás em relação
à compra pela internet. Mas com o
desenvolvimento do serviço, hoje
essas pessoas estão mais confiantes
na hora de comprar”, explica Ana
Barbieri, professora do curso “Cultura Jovem: as gerações X, Y e Z”,
do CIC ESPM - Centro de Inovação e
Criatividade, em entrevista ao Mundo do Marketing.
Para as empresas, é essencial
entender uma característica fundamental da geração Y e, principalmente, da Z: eles querem pagar cada
vez menos por produtos e conteúdo.
Fazer downloads gratuitos de músicas, filmes e livros é um hábito
comum a esses consumidores, que
não pagam por isso com a mesma
frequência que a geração X.
Ana Barbieri,
professora do
curso “Cultura
Jovem: as
gerações X, Y e Z”,
da ESPM
“O que eles mais compram são
produtos relacionados à moda e à
tecnologia, especialmente celular.
Além disso, apesar de os jovens da
geração Z ainda não estarem inseridos no mercado de consumo, eles
influenciam os pais na hora da compra, fazem pesquisa na internet e
vão à loja física”, aponta Ana. A
MMarketing
Sustentabilidade e marcas
transparentes
Outra tendência que já se desenha entre os indivíduos da Y - e
deve ficar ainda mais relevante na
Z - é o apelo por produtos e serviços
sustentáveis. “Os jovens estão mais
preocupados com o meio ambiente
e com causas sociais, mais do que a
geração anterior, que é muito consumista. Eles querem escolher melhor, saber que a marca contribui
para a sustentabilidade e buscar o
consumo consciente”, diz Carramenha, da GFK.
A transparência das marcas também é um atributo muito valorizado
pelos jovens da geração Y. “As marcas que souberem entregar conteúdo para esse consumidor se darão
bem. As empresas que querem se
comunicar com o jovem têm que
fazer algo de que eles gostem e que
também esteja ligado à marca. As
companhias devem ser verdadeiras
e conhecer os consumidores”, ressalta Ana, da ESPM.
As marcas
que
souberem
entregar
conteúdo
para esse
consumidor
se darão
bem
Mercado Outubro 2010 ∞
76
A estratégia vale também para a
geração Z, que representa os consumidores de amanhã das empresas. É
preciso que as marcas mantenham
um diálogo desde agora para estabelecer um vínculo forte e um relacionamento estreito no futuro. É o que
faz a Oi, trabalhando plataformas que
falam diretamente com esse público.
Conexão com os jovens
de espírito
O mais importante
é perceber que,
independentemente
de idade e geração,
os consumidores são
pessoas. As marcas se
relacionam com seres
humanos
A marca que surgiu há oito anos
conta hoje com investimentos em
música, moda, esportes e cultura.
Um dos canais mais fortes da empresa é a Oi FM. A rádio, presente
em 10 cidades, é um dos principais
exemplos de como a operadora
de telefonia consegue se conectar
aos jovens e fortalecer sua marca
entre consumidores, sem esquecer
dos prospects.
“A Oi surgiu com a preocupação de ser uma marca voltada para
pessoas de espírito jovem. Essa
forma de se comunicar visa a definir a identidade da marca. Medimos o sucesso da Oi a partir da
relação emocional que as pessoas
têm com ela”, diz Flavia da Justa,
diretora de Comunicação de Mercado da Oi, em entrevista ao Mundo do Marketing.
O foco da Oi nos “jovens de espírito” prova que, muito mais do que
uma divisão por faixa etária, é necessário entender os consumidores
e seus estilos de vida. “As pessoas
querem continuar jovens. As marcas
devem trabalhar os estilos de vida.
Hoje não há uma grande massa para
que as empresas falem tudo igual.
Não dá para dizer que uma pessoa
de 30 anos seja muito diferente de
uma de 25”, acredita Ana.
Entender as diferenças entre as
gerações ajuda na construção da
estratégia das empresas, mas não se
pode deixar de lado o perfil de cada
consumidor. “O mais importante é
perceber que, independentemente
de idade e geração, os consumidores
são pessoas. As marcas se relacionam com seres humanos”, aponta o
executivo da GFK. B
MTurismo
Atacama: um
paraíso seco
e surreal
POR Michele Borges | Especial FOTOS Douglas Luzz
Engana-se quem pensa que esse deserto chileno - o
mais seco de todos - é só aridez. Condições naturais tão
adversas formaram, sem dúvida, um dos lugares mais
bonitos do planeta
MTurismo
Situada a 1.600 quilômetros ao norte da capital
Santiago, a pequena e exótica vila San Pedro de Atacama recebe diariamente turistas de todas as partes do
mundo interessados em ver de perto as maravilhas do
deserto mais seco e árido do mundo: o Atacama - para
o qual a vila pode ser considerada o portal de entrada.
Mesmo bastante pequena, por depender da atividade turística e ser o ponto de partida das diversas excursões pela região, a vila disponibiliza aos
visitantes os mais diversos serviços - desde hotéis
e restaurantes com cozinha internacional a agências de turismo e lojas para aluguel de equipamentos esportivos.
San Pedro de Atacama tem no seu passado
uma rica e vasta história. Os primeiros habitantes
A vila, à noite. San Pedro do Atacama
Mercado Outubro 2010 ∞
80
instalaram-se no lugar - um oásis - há cerca de
11 mil anos. Deixaram de ser nômades, desenvolveram a agricultura e a irrigação artificial. Domesticaram as llamas e as alpacas, aproveitando
sua carne, lã e também utilizando esses animais
como meio de transporte. Inventaram a cerâmica,
tecidos, trabalhos em madeira e metalurgia em
cobre e bronze. Seguiam uma religião e tornaramse um dos povos mais desenvolvidos da América
pré-colombiana.
Tudo isso, aliado ao clima mais seco do mundo,
transformou San Pedro de Atacama não apenas em um
lugar turístico, mas também na capital da arqueologia
chilena. Toda essa história ainda pode ser sentida em
visita aos campos de cultivo e na arquitetura da região.
A torre da igreja de San Pedro do Atacama
Como chegar - A partir de Santiago é possível ir de
avião até a cidade de Calama, a 95 Km de San Pedro,
e terminar o percurso de ônibus. Já para quem prefere
um contato mais próximo com a extraordinária diversidade das paisagens chilenas e suas transformações
à medida que se aproxima do Atacama, a dica é ir pela
rodovia litorânea.
Não é só aridez o deserto:
o Atacama também são flores
Quem imagina que o deserto do Atacama é só aridez se engana. A região é famosa pelo milagre do “deserto florido”, que acontece quando a paisagem cinza
é modificada por “manchones” multicores de tons verdes, violetas, vermelhos e amarelos. As florações, que
começam a se manifestar em setembro, estão relacionadas com a influência do “El Niño”, que decorre de
um superaquecimento das correntes marítimas, que
provocam aumento das precipitações. Assim, quando
chove no deserto, sementes que estavam hibernadas
no solo, entre pedras e areia, se desenvolvem e dão
origem a mais de 200 tipos diferentes de flores. A
Flores do Atacama
MTurismo
Laguna Miscanti, a 4.200 metros de altitude
Água congelada no deserto?!
As Lagunas (lagoas) Altiplânicas, Miscanti e
Miñiques, são outra agradável surpresa para
quem não imagina que em pleno deserto é possível encontrar lagoas de até 15 Km² com suas
superfícies quase totalmente congeladas. Partindo de San Pedro em alguma das várias excursões
que saem diariamente da vila em direção aos pontos turísticos do Atacama, chega-se em cerca de
uma hora e por menos de R$ 60 reais a essas duas
belíssimas lagoas deitadas ao pé dos vulcões de
mesmo nome. A visão que se tem ao alcançar os
4.200 metros de altitude acima do nível do mar é
surpreendente e emocionante ao mesmo tempo.
As duas lagoas são resultado da infiltração
subterrânea de chuvas, de vertentes termais, de
chuvas de verão e do desgelo dos altos cumes.
Estão localizadas dentro da Reserva Nacional Los
Flamencos, outra encantadora parada obrigatória
no Salar do Atacama, o 3º maior salar do planeta.
Durante muito tempo, pensou-se que o sal,
que dá nome ao lugar, fosse proveniente de um
oceano extinto. Porém, estudos demonstraram a
incoerência da hipótese ao comprovarem a diferença entre a composição do sal do Salar e do sal
do mar. Somando-se a isso o fato de nunca terem
sido encontrado ali restos marinhos, chegou-se à
conclusão de que o sal do lugar é fruto de derramamento vulcânico.
Laguna Miñiques
Salar de Atacama
Habitantes tão especiais quanto o lugar
Com o derretimento do gelo que está nos Andes,
afloram águas na superfície do Salar, que originam sistemas hídricos unidos por canais naturais e que abrigam, além de muito sal, abundantes formas microscópicas de algas unicelulares e microinvertebrados
(crustáceos) - dieta apetitosa para os encantadores
flamingos que, com sua bela plumagem cor-de-rosa
e movimentos graciosos, hipnotizam as centenas de
turistas que acordam cedo para vê-los. Um espetáculo à parte.
Sem dúvida, as condições adversas desse ambiente desenvolveram eficientes mecanismos de seleção
natural que resultaram em uma avifauna muito preciosa, em que se destacam o pato e a gaivota andina,
o zorro e a vicuña - dessa última espécie é retirada a
mais fina e luxuosa lã do mundo. A
Flamingos
MTurismo
Zorro
Gaivota andina
Laguna Cejar - Rodeada por um maravilhoso
panorama da Cordilheira dos Andes, com os vulcões
Licancabur, Lascar e Corona ao fundo, a Laguna Cejar
também merece uma visita de quem gosta de belas
imagens e de experimentar sensações diferentes.
Devido à alta concentração de sal, todo e qualquer corpo que entra nas águas de Cejar flutua, assim
como no Mar Morto. Para completar, a água é fria na
superfície, mas quente no fundo.
Pato andino
É importante não andar descalço nas margens
da lagoa, por causa da quantidade de cristais de
sal afiados espalhados pelo chão, não mergulhar
o rosto na lagoa para não irritar os olhos, permanecer imerso por no máximo 20 minutos e tomar
uma ducha de água doce depois que sair, se não
quiser ter a pele coberta de sal e irritada. Seguindo
as instruções dos guias, é só abrir os braços, relaxar e boiar.
Vulcão Licancabur
Laguna Cejar com banhistas
Laguna e Licancabur
Ojos de Salar
Ojos de Salar - Bem próximo à Laguna Cejar, a
cerca de 20 Km de San Pedro, estão também os Olhos
do Salar, dois impressionantes lagos redondos quase
do mesmo tamanho e dispostos um ao lado do outro.
Gêiseres Del Tatio
Mais uma atração incrível do Atacama é a presença do maior campo geotérmico do mundo em número
de gêiseres - nascentes termais que entram em erupGêiseres del Tatio
ção periodicamente, originadas de fissuras formadas
na crosta terrestre quando rios gelados subterrâneos
entraram em contato com rochas quentes.
Nesse lugar, por volta das seis horas da manhã e
sob uma temperatura de negativos 8°C, os emergentes tufos de vapor d’água chegam a subir a 10 metros
de altura. E apesar de a temperatura exterior ser muito baixa por causa da elevada altitude (4.320 metros),
há piscinas térmicas ricas em minerais em que os turistas fazem questão de se banharem. A
Piscina térmica
MTurismo
Valle de La Luna
Valle de La Luna
Para quem gosta de adrenalina, Sandboard é o
esporte praticado nas areias do Valle de La Luna, a
apenas 17 Km de San Pedro. Do mirante, a visão é
mesmo lunar. A região recebeu esse nome justamente pela composição formada por rochas e areias
que promovem uma aparência semelhante à da superfície da Lua.
A caminho de todos esses passeios há sempre um
povoado, cuja cultura data de milênios antes de Cristo.
São povos que têm perdurado no tempo, respeitando
e perpetuando costumes, tradições e, principalmente,
seu vínculo ancestral com a Mãe Natureza. B
Valle de La Luna - noturna
Mercado Outubro 2010 ∞
86
MVeículos
Peugeot HR1: exclusivo,
urbano e interativo
A
Peugeot mais uma vez
agita os diferentes segmentos de automóveis
com o HR1, um concept
car urbano, distintivo
e inovador, que mistura gêneros de
forma harmoniosa (veículo urbano,
cupê e SUV) e pretende seduzir o público jovem, ativo, apaixonado por
design e tecnologias e que busca um
veículo com semelhante perfil.
O HR1 inova com as mais atuais
tendências em termos de hiperconectividade, capacidade de transformação e reatividade, a serviço de uma
inédita experiência de condução. Em
primeiro lugar, a cinemática original
das portas facilita a acessibilidade a
um habitáculo estruturado, inédito
(com interface de reconhecimento
do movimento) e transformável (dois
lugares e um grande compartimento
de bagagens, ou quatro lugares, se
Mercado Outubro 2010 ∞
88
necessário); e, em segundo, o HR1
dispõe da tecnologia HYbrid4, que
associa, neste caso, um inédito três
cilindros a gasolina 1.2l THP à frente e um motor elétrico traseiro para
emissões controladas de CO2 (80 g/
km, ou “zero” em modo elétrico), capaz de desenvolver até 147 cv e tração integral.
O HR1 foi concebido a partir do
cruzamento de cupê, SUV e citadino,
possui identidade própria e vantagens inéditas. O concept se posiciona
como o veículo ideal para os jovens
urbanos, solteiros ou casados, que
interagem com o mundo em torno de
si sem perder a intimidade e buscam
sempre novas experiências de vida,
tanto nas atividades de lazer quanto
na maneira de se locomover.
Conceito urbano exclusivo - O
HR1 nasceu para facilitar os deslocamentos urbanos. Com ele, a condu-
ção é sempre um prazer, mesmo nos
meios mais limitados ou nos espaços
mais restritos. Para tanto, beneficiase de dimensões particularmente
compactas (3,69 metros de comprimento, vãos dianteiro e traseiro
curtos), mas também de um original
sistema de aberturas.
Baseado na vasta experiência da
marca neste tema, o HR1 dispõe de
duas portas de abertura elétrica, que
otimizam a acessibilidade em qual-
quer circunstância (estacionamento
apertado, garagem pequena, etc). Por
fim, a distância elevada do solo promete uma posição de condução mais
alta, que proporciona benefícios em
relação à visibilidade e à facilidade
de manobras.
Um veículo ágil e reativo - Uma
das prioridades da Peugeot é man-
ter sua liderança ambiental nos
próximos anos. Por isso, o HR1, um
carro claramente urbano, teria que
ser eficaz e inovador nesse sentido.
Desse modo, o concept car integra
a tecnologia HYbrid4 e os benefícios
dela derivados. Com um motor térmico dianteiro e um motor elétrico
na traseira, o HR1 pode circular na
cidade a baixas velocidades no modo
“zero emissão” o mais frequentemente possível, ou com os dois motores
funcionando ao mesmo tempo, o que
resulta na tração integral, quando as
condições assim exigirem.
Sob o capô, o motor térmico que
aciona as rodas da frente é um inédito três cilindros a gasolina. Trata-se
de um 1.2l THP de 110 cv, uma das
versões da futura família desse tipo
de motor em fase de desenvolvimento. Dando sequência à estratégia de
downsizing, o Grupo PSA utiliza as
mais avançadas tecnologias para
construir motores de baixa cilindrada, que aliam um elevado nível de
performances e eficácia ambiental.
Associado a um motor elétrico de
37 cv, o conjunto oferece um potencial
de 147 cv, consumo misto de apenas
3,5l/100 km e apenas 80 g/km de CO2
de emissões. A caixa de seis velocidades (com comandos no volante ou na
alavanca), conectada com essa cadeia
cinemática, foi estudada para oferecer
o máximo de precisão e reatividade ao
condutor, que pode escolher entre o
modo sequencial ou automático. B
MISSÃO EMPRESARIAL
26º SALÃO INTERNACIONAL DO AUTOMÓVEL 2010
O Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Materiais Elétricos de Uberlândia, o Sindmetal,
está com excursão programada para a cidade de São Paulo, onde acontece o 26º Salão Internacional do
Automóvel, um dos eventos mais esperados de 2010.
Interessados em participar entrar em contato pelo email [email protected] ou pelos telefones
34 3236-2494 e 3230-5234.
A viagem está programada para o dia 30 de outubro, com saída de Uberlândia
às 5h e retorno às 22h30, em ônibus leito.
MVeículos
Mini Scooter e Concept
Mobilidade espontânea, flexível e sem emissão de CO2 no
estilo característico da marca - primeira transferência mundial
da familiar sensação do MINI para o segmento de duas rodas
disponibiliza uma tecnologia alternativa de condução para
públicos-alvo preocupados com estilo de vida -, conceito
inovador de veículo estreia no Salão de Paris 2010
M
al passado um ano
do lançamento e
a marca MINI volta aos holofotes,
abrindo fascinantes
perspectivas para uma mobilidade
urbana que reduz as emissões de
CO2 sem comprometer a espontaneidade e a independência. A
MINI Scooter e Concept transfere
pela primeira vez o prazer de dirigir característico da marca para o
segmento de duas rodas. Características igualmente exclusivas são a
ligação entre o conceito de motorização alternativa da scooter e seu
design inconfundível, sua funcionaMercado Outubro 2010 ∞
90
lidade inteligente e as opções detalhadas de personalização no verdadeiro estilo MINI.
A MINI Scooter e Concept é
equipada com um motor elétrico
integrado à roda traseira. A bateria
de íon de lítio do motor pode ser recarregada em qualquer tomada convencional, usando-se um cabo de
carga de bordo. O estudo conceitual, que está sendo lançado no Salão
de Paris 2010, atende às aspirações
de mobilidade de um público-alvo
que valoriza qualidade premium e
tecnologia avançada, assim como
considera a sustentabilidade tão
importante quanto o estilo indivi-
dual e a experiência emocional de
condução. A MINI Scooter e Concept também destaca novas maneiras de atrair especialmente um
público jovem para a marca MINI. B
MVeículos
O Fiat Palio Flex, ELX 1.8, foi o veículo zero que apresentou maior queda de
preço, caindo de R$ 37.500 para R$ 33.500, uma variação para menos de -10,67%
Preço do carro OK tem a
maior queda desde a crise
POR Joel Leite | Autoinforme
Queda foi de 0,96% em setembro e a tendência é de baixa.
No acumulado do ano o carro zero ainda está em alta: +1,72%
O
Preço de verdade do carro zero confirmou uma
nova tendência de queda
iniciada há três meses.
Os preços praticados nas
concessionárias e no mercado paralelo caíram 0,96% em setembro, conforme o índice AutoInforme/Molicar, que
calcula a evolução do preço real das
930 versões de carro zero - nacionais e
importadas - vendidas no Brasil. Foi a
maior queda de preço desde dezembro
de 2008, no auge da crise econômica
(veja gráfico).
Mercado Outubro 2010 ∞
92
No acumulado do ano o balanço ainda é positivo: de janeiro a setembro o preço do carro
subiu 1,72%, mas a tendência de
queda deve continuar, a julgar
pela curva do gráfico e das condições do mercado.
As concessionárias estão abastecidas e por isso fazem promoções para desovar o estoque. Algumas empresas oferecem viagens,
milhagem, crédito de combustível,
mas principalmente descontos. A
proximidade do início do Salão do
Automóvel também interfere nos
preços: muita gente está esperando o evento para checar as novidades e, se for o caso, mudar a opção
de compra. Adicione a isso a queda
do dólar em relação ao real, que
diretamente provoca a queda dos
carros importados, faturados pela
moeda estadunidense, mas também afeta a produção nacional,
que depende em grande parte de
componentes importados.
Observe que, na lista dos 30 carros que mais caíram de preço em
setembro (veja abaixo), 13 são importados. O Hyundai i30 GLS com
motor 2.0 ficou 10,6% mais barato,
caindo de R$ 75 mil para R$ 67 mil.
O Kia Soul EX-AT 1.6 passou a valer R$ 58,9 mil, 9% a menos do que
no mês anterior.
A queda de preço por marcas re-
vela que as quatro grandes montadoras - Fiat (-2,30%), GM (- 0,75%),
Ford (-1,90%) e Volks (- 0,29%) apresentaram queda de preço em
setembro, o que levou o índice
para baixo, já que ele é calculado
por uma média ponderada, isto é:
o estudo leva em conta o volume
de vendas de cada carro para calcular o seu peso na média mensal.
Por outro lado, todas as marcas
que tiveram alta são de pequeno
volume de vendas (veja tabela),
como a Suzuki (+ 1,93%), a Dodge
(+ 1,88%), a Lexus (+ 1,45%) e a
Chrysler (+ 1,01%).
Evolução do Preço de verdade em 2010
3.39
3.5
3
2.71
2.68
2.29
2.5
2
2.7
1.68
1.5
0.55
0.4
1
1.72
0.6
0.4
0.15
0,5
0
0.66
0.41
0.05
-0.68
-0,5
0.02
-0.96
-1
JAN
FEV
MAR
ABR
Evolução %
MAI
JUN
JUL
AGO
Acumulado %
SET
Evolução do Preço de verdade em 2009
1
0
-0.28
-0.19
-0.14
-0.3
-0.49
-1
-0.1
-0.48
-0.26
0.33
-0.01
0.11
0.61
-2
-3
-4
-4,47
-4.65
-4.78
-5
-5.25
-5.53
-6
-7
-5.63
-6.08
JAN
FEV
-6.33
MAR
Evolução %
ABR
MAI
JUN
Acumulado %
JUL
AGO
-6.02
SET
-6.03
OUT
-5.92
NOV
-5.35
DEZ
Fonte: AutoInforme / Molicar
MVeículos
Evolução de preço por marca
Carros e comerciais leves Jan-Set 2010
MARCA
SET
SUZUKI
DODGE
LEXUS
CHRYSLER
SUBARU
AGRALE
HONDA
EFFA
JEEP
NISSAN
TOYOTA
SMART
TROLLER
MINI COOPER
MAHINDRA
PORSCHE
CHERY
LIFAN
FERRARI
CHAMONIX
JAGUAR
TAC
IVECO
MASERATI
SSANGYONG
CHANA
BMW
JINBEI
CITROEN
AUDI
LAND ROVER
VOLKSWAGEN
KIA
MITSUBISHI
RENAULT
HAFEI
GM
MERCEDES-BENZ
HYUNDAI
TOTAL GERAL
PEUGEOT
VOLVO
FORD
FIAT
MARCA
1,93
1,88
1,45
1,01
0,89
0,56
0,56
0,31
0,10
0,09
0,06
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
-0,11
-0,18
-0,20
-0,21
-0,23
-0,29
-0,31
-0,45
-0,62
-0,68
-0,75
-0,80
-0,94
-0,96
-1,24
-1,61
-1,90
-2,30
VOLVO
AGRALE
VOLKSWAGEN
DODGE
SUBARU
FORD
HYUNDAI
FIAT
SMART
CHRYSLER
TROLLER
TOTAL GERAL
TOYOTA
MINI COOPER
LEXUS
MAHINDRA
GM
PORSCHE
RENAULT
CHERY
HAFEI
HONDA
SUZUKI
LIFAN
FERRARI
CHAMONIX
JAGUAR
MERCEDES-BENZ
NISSAN
CITROEN
KIA
TAC
AUDI
BMW
EFFA
MITSUBISHI
PEUGEOT
LAND ROVER
JINBEI
IVECO
MASERATI
SSANGYONG
JEEP
CHANA
ACUM>2010
1,94
8,45
4,99
3,36
3,02
2,96
2,49
2,48
2,41
2,14
2,05
1,72
1,72
1,11
1,08
1,07
1,05
1,03
0,87
0,80
0,74
0,60
0,37
0,00
0,00
0,00
-0,14
-0,24
-0,38
-0,53
-0,68
-0,71
-1,09
-1,16
-1,51
-2,04
-2,19
-2,62
-3,66
-3,99
-4,45
-6,46
-6,91
-11,61
Fonte: AutoInforme / Molicar
Mercado Outubro 2010 ∞
94
Carros que mais caíram de preço
Carros e comerciais leves - Setembro 2010
MARCA
VERSÃO
AGO/10 SET/10
VAR %
FIAT PALIO (Flex) (Nova Série)
ELX 1.8 8v A/G 4p (Básico)
37.500
33.500
-10,67
FIAT PALIO (Flex) (Nova Série)
ELX (Dualogic) 1.8 8v A/G 4p (Básico)
39.750
35.510
-10,67
HYUNDAI I30
GLS 2.0 16v-AT (TOP) Gas. 4p
75.000
67.000
-10,67
KIA SOUL
EX-AT 1.6 16v Gas. 4p
65.000
58.900
-9,38
FIAT SIENA (Flex) (Nova Série)
ELX 1.4 8v A/G 4p (Básico)
37.500
34.500
-8,00
VOLKSWAGEN JETTA VARIANT
2.5 (Tiptr.) Gas. 4p (Básico)
88.000
80.990
-7,97
VOLKSWAGEN GOL (Geracao4)
ECOMOTION 1.0 8v (G4) (TotalFlex) A/G 2p
26.500
24.400
-7,92
FIAT PALIO (Flex) (Nova Série)
ELX 1.4 8v A/G 4p (Básico)
32.000
29.500
-7,81
FIAT LINEA (Flex)
1.9 16v A/G 4p (Básico)
51.000
47.500
-6,86
FORD ECOSPORT (Flex)
XLT 2.0 16v A/G 4p (Básico)
59.000
55.000
-6,78
AUDI AVANT A4
2.0 16v TB FSI (Mult.183cv) Gas. 4p (Básico)
152.000
142.000
-6,58
HYUNDAI SANTA FE GLS (N.Serie)
4WD-AT 3.5 V-6 (7Lug.) Gas. 4p
126.000
118.000
-6,35
FIAT PALIO (Flex) (Nova Série)
ELX 1.0 8v A/G 4p (Básico)
30.500
28.600
-6,23
RENAULT MEGANE SEDAN (Hi-Flex)
CHEVROLET S-10 CAB. DUP. (Flexpower)
MERCEDES-BENZ C 180
RENAULT MEGANE SCENIC (HiFlex)
KIA PICANTO
DYNAMIQUE 1.6 16v A/G 4p (Básico)
57.500
54.000
-6,09
ADVANTAGE 4X2 2.4 8v A/G (Básico)
64.600
60.700
-6,04
119.900
112.900
-5,84
AUTHENTIQUE 1.6 16v A/G 4p (Básico)
52.000
49.000
-5,77
EX-MT 1.0 12v Gas. 4p (Básico)
34.900
32.900
-5,73
FIAT LINEA (Flex)
ABSOLUTE 1.9 16v (Dualogic) A/G 4p (Básico)
62.000
58.500
-5,65
MITSUBISHI PAJERO FULL 4X4-AT
HPE (AWC-R) 3.8 V-6 Gas. 4p (Básico)
179.900
170.000
-5,50
MITSUBISHI PAJERO FULL 4X4-AT
HPE (AWC-R) 3.2 TB-IC Dies. 2p (Básico)
170.000
161.000
-5,29
FIAT PALIO (Flex) (Nova Série)
ELX 1.0 8v A/G 2p (Básico)
29.000
27.500
-5,17
FORD ECOSPORT (Flex)
XLT FREESTYLE 2.0 16v A/G 4p (Básico)
59.000
56.000
-5,08
VOLVO XC-90 AWD 4X4
3.2 24v (Aut.) Gas. 4p (Básico)
179.000
170.000
-5,03
KIA PICANTO
EX-AT 1.0 12v Gas. 4p (Básico)
39.900
37.900
-5,01
VOLKSWAGEN PASSAT CC
4MOTION 3.6 V-6 FSI (Tiptr.) Gas.2p
185.000
176.000
-4,86
NISSAN GRAND LIVINA
SL 1.8 16v (Flex) (Aut.) A/G 4p
65.000
61.900
-4,77
FIAT LINEA (Flex)
HLX 1.9 16v A/G 4p (Básico)
58.800
56.000
-4,76
EFFA
ULC PICK-UP 1.0 8v Gas. 2p (Básico)
21.500
20.500
-4,65
HAFEI RUIYI PICK-UP
1.0 8v (Standart) Gas. 2p
21.500
20.500
-4,65
KOMPRESSOR CLASSIC SPECIAL 1.6 Gas. 4p
Fonte: AutoInforme / Molicar
os 3 Modelos que mais caíram de preço - setembro/2010
1º
FIAT PALIO (Flex) (Nova Série)
ELX 1.8 8v A/G 4p (Básico)
3º
2º
FIAT PALIO (Flex) (Nova Série)
ELX (Dualogic) 1.8 8v A/G 4p (Básico)
HYUNDAI I30
GLS 2.0 16v-AT (TOP) Gas. 4p
MBazar
Linha Magro lança Açúcar Light
Os consumidores brasileiros têm
mais um aliado na hora de manter
uma dieta saudável e no auxílio à
prevenção e tratamento de doenças cardíacas, diabetes e obesidade.
Chega ao mercado o Açúcar Light
Magro, o primeiro açúcar light do
Brasil, que se diferencia dos demais
produtos por conter, em sua formulação, uma mistura de açúcar mais
adoçante. Dessa forma, adoça quatro vezes mais que o açúcar comum
e reduz 75% das calorias.
O Açúcar Light Magro é
o único no país que possui
o selo de aprovação da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). O produto é
também o mais econômico
do mercado, uma vez que as
embalagens de 500 gramas,
disponíveis em todo o Brasil,
equivalem a dois quilos de
açúcar comum.
Nova linha de monitores LED
ultrafinos da AOC
A linha LED ECO 7 possui acabamento texturizado e consome menos
energia, tem funções exclusivas e já está disponível no Brasil
A AOC Brasil, maior fabricante
mundial de telas LCD (monitores
e TVs), lança a linha de monitores
LED Ecológicos ECO 7, composta
pelos modelos e940Swa, e2040Va
e e2240Vwa, com 18,5, 20 e 21,5
polegadas, respectivamente. Os
monitores são ultrafinos, com
apenas 1,85 cm de espessura,
possuem tecnologia LED, que
reduz em até 50% o gasto de energia
em relação a um LCD comum,
e são certificados com o selo
Mercado Outubro 2010 ∞
96
EPEAT Silver (Electronic Product
Environmental Assessment).
Os modelos e2040Va e e2240Vwa
trazem o e-sensor, exclusiva tecnologia de conservação de energia
que detecta a presença de pessoas,
diminui automaticamente o brilho e
desliga a tela quando o usuário está
ausente depois de um tempo programado. Esses monitores também
trazem entrada digital (DVI com
HDCP - proteção de conteúdo digital de banda larga).
A AOC disponibiliza informações
sobre pontos de vendas em todo o
Brasil pelo SAC 0800-10-9539, pelo
site www.aoc.com/br ou pelo e-mail
[email protected]. Os monitores da
linha ECO 7 podem ser encontrados nas principais lojas de varejo e
distribuição do país desde o final de
setembro.
O preço sugerido dos modelos
e940Swa, e2040Va e e2240Vwa no
varejo é de R$ 499,00, R$ 599,00 e
R$ 699,00, respectivamente.
Sony traz novo notebook com processador
único no mercado
Modelo apresenta alto custo x benefício e bom
desempenho em multitarefas
A Sony amplia sua linha de notebooks de entrada com um modelo
que traz muito mais praticidade de
uso e recursos inovadores do que os
modelos de entrada da concorrência. O novo equipamento vem com
o processador Intel Pentium P6000,
produzido em 32 nanômetros. É muito mais rápido e com maior desempenho que a série anterior.
Este modelo é o VPC-EA20FB.
Seu novo processador de 1.86 GHz
proporciona desempenho na realização de diversas atividades simultâneas, ideal para o consumidor
que precisa criar uma planilha, por
exemplo, mas também quer ouvir
músicas ao mesmo tempo.
Por meio do recurso Media
Gallery é possível organizar todo
o conteúdo digital de forma inteligente e intuitiva. Já para acessar
a internet, basta clicar no botão
Web, o que acionará a função sem
precisar iniciar o sistema operacional. Para manter o produto sempre livre dos vírus e pronto para seu
máximo desempenho, a marca criou
a exclusiva tecla ASSIST, que permite o acesso rápido e fácil à central de
soluções VAIO Care, permitindo que
o próprio usuário resolva questões
que antes, para solucionar, precisava
da ajuda de um técnico.
O modelo dispõe de tela de 14
polegadas, teclado isolado, saída
HDMI, memória de 4GB, disco rígido
de 500GB, sistema operacional Windows 7 Home Premium, Bluetooth,
Wi-Fi banda N e até 3 horas de duração de bateria. Chega ao mercado
pelo preço sugerido de R$ 2.599,00.
O produto está disponível na cor
preta e pode ser comprado pelo site
www.sonystyle.com.br, nas lojas
Sony Style ou nas revendas autorizadas. Visite os sites www.sonystyle.
com.br e www.sony.com.br/vaio.
MBazar
OKI Printing Solutions lança novas
impressoras coloridas
Modelos C330dn e C530dn são para pequenas e médias empresas e se
destacam pela qualidade superior e pela ótima relação custo-benefício
A OKI Printing Solutions, uma
das principais empresas de soluções
de impressão do mundo, anuncia o
lançamento das impressoras digitais
coloridas C330dn e C530dn (foto),
direcionadas a pequenas e médias
empresas. Os dois modelos contam
com a tecnologia LED, que garante
melhor resolução de impressão.
A C330dn destaca-se pelos recursos técnicos e pela qualidade de impressão, ideais para um volume entre
500 e 1.000 impressões mensais. Já
a C530dn possui cartuchos de toner
com rendimento para até 5.000 páginas, o que garante uma melhor relação de custo por página impressa. As
duas têm a funcionalidade de impres-
são frente e verso, o que evita desperdícios e otimiza o uso de papel.
Entre vários destaques, os novos
modelos possuem um design diferenciado e compacto, além de um servidor de rede interno e emulações de
fontes PCLâ e PS3â nativas. A C330dn
conta com velocidade de 23ppm (páginas por minuto) em impressões coloridas e 25ppm em monocromáticas,
enquanto a C530dn imprime 27ppm e
31ppm, respectivamente.
Mais informações sobre esses produtos, acesse o site www.okiprintingsolutions.com.br.
A C330dn e a C530dn têm, pela ordem, os preços sugeridos de R$1.399
e R$1.899.
Tênis para emagrecer já está
no mercado
Skechers lança versão XF do tênis funcional Shape-ups
A Skechers acaba de trazer ao
Brasil mais um superlançamento
em calçados funcionais: a versão XF
(Extended Fitness) do tênis Shapeups. O novo modelo exclusivo segue
a mesma proposta inovadora e já
conceituada, que visa a acelerar o
processo de emagrecimento, melhorar a postura e a circulação sanguínea, bem como a tonificar os músculos. A principal diferença é que o
Shape-ups XF pode ser utilizado por
períodos mais longos, tornando-se
um calçado versátil, que pode ser
usado no trabalho, na escola, num
passeio, ou seja, durante todo o dia.
Essa praticidade funcional é
possível devido ao fato da sola/entressola dessa nova versão ser mais
Mercado Outubro 2010 ∞
98
baixa. Dessa forma, o esforço muscular é menor, o que causa menos
incômodo na musculatura posterior e lombar, possibilitando o uso
estendido do calçado. A inovadora
tecnologia desse produto caracteriza-se por mudar a forma de andar.
Geralmente, as atividades do dia a
dia são realizadas sobre planos duros, exigindo esforço dos joelhos e
músculos inferiores das costas. O
Shape-ups XF consegue transformar
superfícies duras em macias devido
à construção da entressola com
um PU especial ultramacio.
Composta por modelos femininos e masculinos, a linha Shape-ups XF funciona na prática da
seguinte forma: por intermédio
do calcanhar, o usuário sente como
se o chão cedesse conforme a pisada, simulando uma caminhada com
pés descalços numa superfície semelhante à areia. O preço sugerido
do produto é de
R$ 369,90 - SAC:
(11) 3894-4100.
Linha Vittro Todeschini
Cozinha Tagliato com Vittro Ônix
Unindo a modernidade do vidro à sofisticação do design de seu mobiliário,
a Todeschini apresenta ao mercado a
nova linha Vittro. O lançamento chega
para complementar a celebrada Coleção Organix - que surpreendeu o setor
em 2009 por sua ousadia e beleza.
Constituída por vidro colado sobre
o painel de MDP, a novidade alia robustez e leveza, propiciando um visual limpo e imponente aos ambientes.
Foi desenvolvida especialmente para
aqueles que apreciam decoração em
estilo contemporâneo, mas com um
generoso toque de requinte.
Disponível nas cores ônix, chocolate, bronze, nata, jade e gelo, a
linha se completa com as opções de
puxadores em vários tamanhos e tonalidades, próprios para aplicação
no vidro e também na versão para
aplicação em outros materiais.
A Vittro integra os produtos já
existentes no mix da Todeschini, incrementando as possibilidades nas
criações de projetos personalizados
para residências, escritórios e hotelaria e assegurando harmonia na composição dos ambientes.
MBazar
Versaball é eficiente e versátil para
academias residenciais
Equipamento é ótima opção de presente para incentivar aquela pessoa
especial a montar sua própria academia
O Versaball permite um treino
único, pois incorpora resistência e
força nos exercícios de modelagem
e fortalecimento dos músculos. Pode
ser usado isoladamente ou com auxílio do personal trainer. Possui um
flexão, exercícios de alongamento e
flexibilidade e outros mais.
O equipamento possui dois pares
de elásticos flexíveis com alças para
os exercícios que tem como objetivo
utilizar a resistência física e também
possui apoio regulável para as pernas. O estofamento é ergonômico e
a bola pode ser facilmente removida. Acompanha também cartões de
exercícos, dvd de treino e bomba
para enchimento da bola. Preço médio: R$ 450,00
As academias domésticas estão
cada vez mais em alta, assim como as
academias dentro dos condomínios
residenciais também têm sido uma
alternativa para quem tem pouco
tempo. A Johnson Health Tech possui uma ampla linha para residência.
O Versaball é um dos mais procurados para essa finalidade, pois é compacto, prático e funcional.
design funcional que permite facilmente passar de um exercício para
outro. Executa com total segurança
e conforto vários movimentos, tais
como adução, abdução, extensão,
Mercado Outubro 2010 ∞
100
MDica de Leitura
A longa estrada da dívida
Das margens do Ipiranga ao grau de investimento,
como o Brasil superou 200 anos de crises externas
Livro aborda a trajetória histórica da economia brasileira,
analisando o impacto das diversas crises vividas durantes anos
A
grande recessão deste início do século
XXI parece muito
com as crises externas que o Brasil enfrentou da independência até o final do século XX: gastos públicos
incontroláveis e déficits externos
Mercado Outubro 2010 ∞
102
ruinosos; endividamento excessivo, geralmente de curto prazo
e bruscamente interrompido por
choques internacionais; renegociações de pagamentos ou calote
puro e simples; recessões profundas e longas inflações aberrantes
e virtual falência do Estado.
Outra semelhança: as crises
sempre começaram nos países
desenvolvidos. Porém, dessa vez,
o Brasil não foi atingido no contrapé. E o motivo é que, de crise em crise, o país aprendeu as
lições que permitiram reformar
e fortalecer suas instituições e
políticas macroeconômicas. Sem
isso, de nada teriam adiantado
a bonança da economia internacional, a liquidez farta, o estelar
crescimento chinês e mesmo a
acumulação de reservas internacionais suficientes para um credor do mundo.
O livro A longa estrada da
dívida, publicado pela Editora
Saraiva, relata como o Brasil foi
construindo, ao longo de décadas
de erros e acertos, uma nova arquitetura institucional que o vacinou contra as crises externas.
Seu principal foco é abordar a
trajetória histórica da economia
brasileira, analisando o impacto
das diversas crises externas com
base nas entrevistas de oito im-
portantes economistas do Brasil,
como: o presidente do Banco Central, Gustavo Franco; o diretor de
Política Monetária do Banco Central, Luiz Fernando Figueiredo; o
secretário executivo da Fazenda,
Júlio Gomes; e economistas chefes de grandes bancos, Octavio de
Barros (Bradesco), Tomás Málaga
(Itaú) e André Lóes (HSBC). B
O autor
William Salasar é formado pela Faculdade Cásper Líbero,
com MBA em Finanças, Comunicação e Relações com
Investidores. Trabalhou nos principais jornais do país: Folha
de S.Paulo, O Estado de S. Paulo, Jornal do Brasil, O Globo
e Gazeta Mercantil. Esteve ainda na revista Exame como
redator, repórter e editor, em sua maior parte na área
de Economia e Finanças, e além disso também na área
Internacional, com passagem pelas agências Associated
Press, UPI e Reuters.
Obra:
A LONGA ESTRADA DA DÍVIDA - Das margens do
Ipiranga ao grau de investimento, como o Brasil
superou 200 anos de crises externas
Autor William Salasar
Editora Saraiva, 1.ª edição, 2010, brochura, 168 páginas
Preço R$ 31,90 - ISBN: 978-85-02-10258-3
MColunaLiteratura
POR Kenia Maria
De Machado de Assis às
congadas de Uberlândia
Q
uando, em sala de aula,
comento que Machado
de Assis era negro, muito aluno ainda se espanta. Negro? Como assim?
Isso mesmo, meus queridos, o mais
representativo dos autores brasileiros
era negro e escreveu um dos melhores contos que conheço sobre os terrores da escravidão no Brasil. Quem
nunca leu Pai contra mãe, a triste
história de uma escrava grávida que
fugiu de seus donos, está perdendo
uma intrigante narrativa que, já no início da leitura, nos cativa. Vejam como
Machado descreve com precisão os
torturantes objetos, os quais alguns
escravos eram obrigados a portar:
“A escravidão levou consigo ofícios e aparelhos, como terá sucedido
a outras instituições sociais. Não cito
alguns aparelhos senão por se ligarem
a certo ofício. Um deles era o ferro ao
pescoço, outro o ferro ao pé; havia
também a máscara de folha-de-flandres. A máscara fazia perder o vício da
embriaguez aos escravos, por lhes tapar a boca. Tinha só três buracos, dois
para ver, um para respirar, e era fechada atrás da cabeça por um cadeado.”
Mercado Outubro 2010 ∞
104
Machado de Assis, autor
de Pai contra mãe
Depois de ler na íntegra esse conto, já não se pode mais dizer que Machado era um mulato aburguesado
que virou as costas para a escravidão,
ignorando o sofrimento do negro nas
relações dolorosas de poder com
seus amos. Pelo contrário, Machado
tinha consciência das atrocidades co-
metidas contra os negros e registrou
esses fatos.
Lima Barreto e Solano Trindade
são também dois outros importantes
nomes da literatura brasileira. Eles
também eram afrodescendentes e,
tal qual Machado, escreveram sobre
a condição do negro no Brasil. Lima
Barreto publicou o polêmico romance Clara dos Anjos, em que uma moça
negra, ironicamente chamada Clara,
é maltratada e abandonada pelo malandro branco Cassi Jones. É outra
leitura que recomendo vivamente.
Aliás, Clara, a menina mestiça e humilde, que se apaixona pelo menino
branco pequeno-burguês, é a primeira heroína negra a se tornar personagem principal do romance brasileiro.
Lima Barreto a descreve como uma
sonhadora romântica: “Ela vivia toda
entregue a um sonho lânguido de
modinhas e descantes, entoada por
sestrosos cantores, como o tal Cassi
e outros exploradores da morbidez
do violão”. Lima Barreto faz neste romance uma radiografia das relações
conflituosas entre brancos e negros
nos subúrbios pobres do Rio de Janeiro no início do século XX.
Solano trindade:
ator, jornalista,
teatrólogo... e negro
Sou Negro
Lima Barreto,
também um poeta
afrodescendente,
publicou Clara dos
Anjos
Já o poeta popular pernambucano Solano Trindade deveria ser leitura obrigatória nas escolas. Solano
foi ator, jornalista, teatrólogo. Criou
em 1936 o Centro Cultural Afro-Brasileiro e, em 1950, juntamente com
Édison Carneiro, organizou o Teatro
Popular Brasileiro, em que tentaram
resgatar a rica cultura afro-brasileira. Vejam como Solano conseguiu
resumir em poucos versos grande
parte das contradições e complexidades da negritude no Brasil:
avenidas desta cidade. É um privilégio poder assistir ao bailado poético
das crianças, dos jovens e velhos,
com suas flores, fitas e miçangas
coloridas, num espetáculo vibrante
de percussão para corpo e espírito.
Quando meus olhos se enchem das
cores dos 25 ternos, cada um a seu
modo, adorando, dançando e batucando pelas ruas de Uberlândia,
percebo que estão impregnados
também do passado literário. Um
passado que se pode ouvir mesclado
ao som de tambores e apitos. Estes
sons nos trazem os ecos literários
de denúncia política, de arte e de
poesia, elementos que povoaram
antes as vozes melódicas, rítmicas e
contundentes de Cruz e Souza, Lima
Barreto, Luiz Gama, Solano Trindade e também Machado de Assis. B
Sou negro
meus avós foram queimados
pelo sol da África
minh’alma recebeu o batismo dos
tambores
atabaques, gongôs e agogôs
Contaram-me que meus avós
vieram de Loanda
como mercadoria de baixo preço
plantaram cana pro senhor de engenho novo
e fundaram o primeiro Maracatu
E foi assim, lendo e pensando sobre esses autores, que me lembrei
que Outubro é o mês das congadas
em Uberlândia. O branco, por muitos séculos, desrespeitou o negro. O
negro respondeu com a poesia da resistência. É fascinante ouvir o ritmo
alegre dos instrumentos africanos
e das cantorias que ressoam pelas
Foto original de
Machado de Assis,
que entre outras
vozes melódicas
respondeu à
opressão ao negro
com a poesia da
resistência
Kenia Maria de Almeida Pereira - doutora em Literatura
Brasileira pela Unesp/São José do Rio Preto-SP e professora colaboradora do Mestrado em Teoria Literária da Universidade Federal de Uberlândia-MG. Autora de artigos científicos e livros sobre
literatura brasileira, dentre eles, Machado de Assis: outras faces,
publicado pela editora Aspecttus ([email protected])
105
∞ Mercado Outubro 2010
MProfissões em Filme
Wall Street
O Dinheiro
Nunca Dorme
Neste mês decidi falar sobre um
dos melhores filmes a que assisti
este ano e que é uma ótima dica para
quem trabalha ou gosta da área de
economia. Mas a produção também
serve para os que são simplesmente apaixonados pela sétima arte ou
querem apenas curtir um bom filme.
Eu me refiro à produção “Wall Stre-
et - O Dinheiro Nunca Dorme”, que é
sem dúvida uma excelente continuação do primeiro Wall Street, feito há
23 anos com o título “Poder e Cobiça”. Para quem não assistiu ou não
se lembra do original, a seguir destaco primeiro um resumo da produção
da década de 1980, para depois falar
do filme atual.
POR Kelson Venâncio
Wall Street
Poder e Cobiça (1987)
Capa da primeira
produção, de 1987,
com Charlie Sheen,
Michael Douglas e
Daryl Hannah
Nova York, 1985. Bud Fox (Charlie
Sheen) é um jovem e ambicioso corretor que trabalha no mercado de ações.
Após várias tentativas ele consegue
falar com Gordon Gekko (Michael
Douglas), um inescrupuloso bilionáMercado Outubro 2010 ∞
106
rio. Durante a conversa, Bud sente que precisa dar alguma dica
muito quente para ter a atenção
de Gekko e então lhe fala o que
seu pai, Carl Fox (Martin Sheen),
um líder sindical, tinha lhe dito,
que a Bluestar, a companhia aérea para a qual trabalha, tinha
ganho um importante processo.
Essa informação não tinha sido
ainda divulgada oficialmente,
mas quando isso acontecesse as
ações teriam uma significativa
alta. Gekko o adota como discípulo
e logo Bud passa a trabalhar secretamente para ele, abandonando qualquer
escrúpulo, ética e meios lícitos, pois só
quer enriquecer. Ele obtém sucesso,
o que faz seu padrão de vida mudar.
Além disso, envolve-se com Darien
Taylor (Daryl Hannah), uma decoradora em ascensão. Mas se os ganhos são
bem maiores, os riscos também o são.
Wall Street
O Dinheiro Nunca Dorme
(2010)
Na continuação dessa grande
produção, o excelente diretor Oliver
Stone mostra que apesar de o tempo
passar, o que move o mundo ainda
é o dinheiro e que as pessoas são o
que este pode comprar. E é baseado
nessa premissa que vemos logo na
cena inicial Gordon Gekko ganhando a liberdade depois de cumprir
oito anos de prisão por fraude, lavagem de dinheiro e extorsão. E é em
poucos segundos que, nessa mesma
cena, recebe alguns de seus pertences, entre eles um celular antigo que
mais parece um tijolo. Isso mostra
claramente que o mundo mudou enquanto ele estava na cadeia. Veio a
globalização, mas tudo continua girando em torno do dinheiro.
Para quem assistiu ao primeiro
filme, o segundo já é um pouco complicado, por abordar termos econômicos que soam incomuns para muita gente. Para quem não viu, pode
ser mais difícil ainda. Mesmo assim,
é possível entender a ideia central
da trama. O roteiro é inteligente e
prende a atenção do público.
Nessa nova história, surgem novos personagens, cada qual mais
misterioso que o outro. Ninguém
sabe ao certo o que cada um quer e
qual rumo vai tomar na trama. Mas
o mistério maior está centrado em
Gordon Gekko (Michael Douglas),
que é sem dúvida o grande destaque
da produção. Ficamos o tempo todo
pensando: “Será que ele se arrependeu dos crimes cometidos no passado? Será que quer realmente se aproximar da filha? O que tem por trás
das iniciativas dele e de suas velhas
influências?” Um mistério envolvente só revelado nos minutos finais.
E nessa história toda entram os laços de família, que no primeiro filme
não existiam. Gekko tem uma filha
que não fala com ele por culpá-lo da
morte do irmão e do enlouquecimen-
to da mãe. E para completar
tem um genro que está dividido entre o amor e a ambição
financeira, já que também é um
“homem de Wall Street” e vive
no mundo dos negócios. E a química entre Shia LaBeouf, interpretando esse jovem executivo,
e Michael Douglas, seu sogro,
é incontestável. Um show de
interpretação, como aconteceu
no passado entre Charlie Sheen
e Douglas. No meio disso surge
outra dúvida: o rapaz quer mesmo se
casar com a filha de Gekko ou apenas
usá-la para se aproximar dele e obter
sucesso na carreira?
Na produção atual, dois acontecimentos se destacam no filme:
a “bolha” da internet, que teve um
crescimento enorme desde 2001 e,
principalmente, a crise econômica
nos Estados Unidos em 2007, que
até hoje tem reflexos em várias partes do mundo. A produção mostra
claramente o desespero dos grandes
bancos e a intervenção do governo
americano, que injetou 700 bilhões
de dólares na economia para que a
crise atual não gerasse consequências iguais às da crise de 1929. Mas o
que o filme mostra claramente, e que
muitas vezes não sabemos (pelo menos a fundo) na vida real, é que até
mesmo em meio às grandes crises na
economia, com certeza há sempre
alguém ganhando muito dinheiro. É
aquele velho ditado: “o sofrimento de
muitos pode ser a alegria de alguns”.
Wall Street mostra de forma impecável a economia como se fosse um
jogo, no qual cada um tem um interesse e ninguém está do lado de ninguém.
Todos agem de forma individual, mas
ao mesmo tempo são influenciados
por quem tem mais poder. Basta aparecer alguém com mais dinheiro e influência e logo esta pessoa se torna a
melhor carta do baralho. É assim que
acontece na vida real, ou você tem dúvidas disso? Sobre isso, insisto: você é
o que o seu dinheiro pode comprar! B
Nota 9
Kelson Venâncio - jornalista e diretor do Cinema e Vídeo
www.cinemaevideo.com.br
107
∞ Mercado Outubro 2010
MSustentabilidade
“Desde 21/8, estamos
consumindo as reservas
ecológicas da Terra”
POR Antonio Cianciullo*
A
té o dia 21 de agosto
passado, a humanidade já havia desperdiçado todo o capital que o
planeta colocou à sua
disposição no ano de 2010. Utilizamos toda a água que se recarrega
espontaneamente nas camadas subterrâneas, as ervas que os campos
produzem, os peixes do mar e dos
lagos, as colheitas das terras férteis, os frutos dos bosques.
E, ao mesmo tempo, exaurimos
o espaço útil para amontoar nossos
detritos, começando pelo gás carbônico, que está desencadeando o caos
climático. A partir do dia 22 de agosto, deveríamos ter declarado a falência ecológica da espécie humana.
Mas, visto que parar é impossível e as alternativas continuam na
gaveta, resolveremos o problema
repassando a conta para nossos netos: deslocaremos o problema para
o futuro. Pegaremos a água que corre nos depósitos fósseis, aqueles que
não se alimentam com as chuvas.
Forçaremos o ciclo do pastoreio, sacrificando os campos no deserto. Esvaziaremos mares e rios das várias
formas de vida, retirando mais do
que a restituição geracional oferece.
Continuaremos perdendo uma superfície florestal igual a 65 campos
de futebol por minuto. E deixaremos
que os gases poluentes invadam a atmosfera, prendendo o calor sobre a
nossa cabeça e multiplicando as enchentes e os incêndios.
O alarme veio da Global Footprint
Network, que há muitos anos calcula a pegada ecológica que corresMercado Outubro 2010 ∞
108
ponde aos vários estilos de vida. Se
todos vivêssemos como os cidadãos
dos Estados Unidos, precisaríamos
de outros quatro planetas para satisfazer nossas exigências. Se vivêssemos como os ingleses, seriam necessários outros dois países e meio.
Os italianos consomem um pouco
os chineses como ponto de referência. Os indianos, ao contrário, usam
aquilo de que precisam e deixam os
recursos de mais de meio planeta à
disposição de outras espécies.
Tirando as somas globais, descobre-se que hoje já se consomem os
recursos de um planeta e meio, e
menos, mas também precisaríamos
de um suplemento igual a mais de
um planeta e meio. Para chegar a
uma média per capita (embora seja
uma média temporária, dada a taxa
de crescimento), devem-se tomar
a taxa de voracidade continua aumentando. Por milhares de anos, os
seres humanos satisfizeram suas necessidades utilizando só os juros do
“capital natureza”. O limite crítico
- o momento em que a demanda de
serviços ecológicos superou a taxa
com a qual a natureza os regenera foi tocado no dia 31 de dezembro de
1986. Em 1987, a linha vermelha caiu
no dia 19 de dezembro. Em 2008, ficamos na estaca zero no dia 23 de
setembro, enquanto em 2009, o Earth Overshoot Day foi alcançado no
dia 25 de setembro. Neste ano - também por força de um cálculo mais
sistemático dos campos efetivamente disponíveis -, tivemos que começar a pedir empréstimos a nossos
netos já a partir do dia 21 de agosto.
“Se uma pessoa gastasse o seu salário anual inteiro em oito meses, teria que estar muito preocupada”, comentou Mathis Wackernagel, presidente da Global Footprint Network.
“A situação não é menos alarmante
quando tudo isso ocorre com o nosso crédito ecológico: as mudanças
climáticas, a perda da biodiversidade, a falta de alimentos e de água
demonstram que não podemos continuar financiando os nossos consumos endividando-nos. A natureza
está prestes a perder a confiança na
nossa conta ambiental”.
Porém, como nota Roberto Brambilla, que trabalha no cálculo da pegada ecológica para a rede Lilliput,
para começar a reduzir o nosso
impacto no ambiente basta pouco:
comer menos carne, preferindo a do
circuito biológico, utilizar bicicleta
ou metrô algumas vezes e usar fontes renováveis. A soma de milhares
desses pequenos gestos faz a diferença entre os consumos de um norte-americano (que tem uma pegada
ecológica de 9 hectares) e o de um
alemão, que é de 4 hectares.
* O jornalista Antonio Cianciullo é editor do jornal italiano
La Repubblica
Fonte: Envolverde/IHU On-Line /
Tradução: Moisés Sbardelotto
Global Footprint Network
A WWF, em parceria com a Zoological Society of London e o Global Footprint Network, divulgaram
agora em outubro um estudo preocupante. Os seres humanos estão
consumindo 50% a mais de recursos
naturais do que a Terra é capaz de
fornecer. Como consequência, a biodiversidade do planeta diminuiu 30%
nos últimos 40 anos.
As informações constam do Relatório Planeta Vivo 2010, que alerta:
a fauna e flora tropicais são as mais
ameaçadas e estão em queda livre.
Desde 1970, o número dessas populações caiu 60%. As espécies tropicais de água doce diminuíram 70%
- uma percentagem maior que qualquer espécie terrestre ou marinha.
A pegada ecológica aponta que a
nossa pressão sobre os recursos naturais duplicou desde 1996 e que estamos
utilizando o equivalente a 1,5 planeta
para suportar as nossas atividades.
Nas últimas cinco décadas, as emissões de carbono cresceram 11 vezes.
Os Emirados Árabes Unidos lideram a lista dos países com maior
pegada ecológica por habitante, seguidos do Qatar, Dinamarca, Bélgica, EUA, Estônia, Canadá, Austrália,
Kuwait e Irlanda. Já o Brasil possui
a maior biocapacidade, seguido em
ordem decrescente da China, Estados Unidos, Federação Russa, Índia,
Canadá, Austrália, Indonésia, Argentina e França.
Os 31 países da Organização para
a Cooperação Econômica Europeia,
que incluem as economias mais ricas do mundo, representam quase
40% da pegada global. Mais grave é
que esse número poderá piorar bastante nos próximos anos, se os BRIC
seguirem um modelo de desenvolvimento semelhante ao dos países
desenvolvidos, o que, segundo especialistas, deverá acontecer. B
Este espaço se reserva a notícias e/ou projetos socioambientais. O conteúdo aqui publicado é de responsabilidade do CINTAP, através do
Eco Instituto INDERC, mas está aberto também para outras pessoas, empresas ou instituições que queiram divulgar assuntos pertinentes ao
seu propósito. Informações com Daniela Dias, gerente de Projetos do Eco Instituto INDERC, através do telefone 34 3230 5200 ou do e-mail
[email protected]. Acesse: www.inderc.org.br e siga: www.twitter.com/cintap2010 - www.twitter.com/ecoinstituto
109
∞ Mercado Outubro 2010
MPonto de Vista
A partir desta edição, o espaço
“Ponto de Vista” passa a fazer parte
do conteúdo da Mercado, sendo ele
destinado a reportar assuntos sociais e relevantes que sejam de in-
teresse geral e público. Para tanto,
haverá a contribuição da Organização Não Governamental (ONG) G7,
constituída em 2001 com o propósito permanente de contribuir para
o desenvolvimento sustentável e
o bem comum da sociedade como
um todo.
A abertura deste espaço à ONG
G7 se deve à enorme e procedente
representatividade que essa organização tem por sua ligação direta
com os mais diversos setores da sociedade, e que se faz valer por meio
das instituições que a constituem.
São elas: Associação Comercial e
Industrial de Uberlândia (Aciub),
Câmara de Dirigentes Lojistas de
Uberlândia (CDL), Conselho de Veneráveis de Uberlândia, Federação
das Indústrias do Estado de Minas
Gerais (Fiemg) - Regional Vale Paranaíba, Ordem dos Advogados do
Brasil (OAB - 13ª Subseção MG),
Sindicato Rural de Uberlândia
(SRU) e Sociedade Médica de Uberlândia (SMU).
Assim sendo, essas instituições,
por meio de seus presidentes, far-seão presentes nesta coluna, opinando, debatendo ou propondo ideias
ou soluções em torno de problemas
sociais como um todo.
Assim, para esta primeira veiculação do Ponto de Vista, a Mercado começa com a apresentação das instituições que compõem o G7 e os seus
respectivos e atuais representantes
legais, abaixo listados por ordem
alfabética (as informações foram repassadas pelas assessorias de cada
uma das instituições).
1
Por seu histórico de atividades e exemplo de que só o associativismo
pode promover o desenvolvimento de forma ordenada e com qualidade
de vida, a Associação Comercial e Industrial de Uberlândia (Aciub), em
suas quase oito décadas de existência, sente-se corresponsável pela iniciativa
de um grupo como o G7. Para a Aciub, reunir as entidades em torno de causas
coletivas com vistas ao progresso e à evolução de Uberlândia é fundamental,
sobretudo num momento em que o município se destaca no país como uma
das cidades interioranas mais promissoras. Na pessoa de sua atual presidente, a empresária Rosalina Cardoso Vilela, a Aciub se faz presente no G7 disposta a somar forças com os demais integrantes de classe para cumprir a sua
missão primeira, que é a de fomentar o desenvolvimento com responsabilidade social. É com esse papel que a Aciub participa do grupo: para trazer o pioneirismo e a experiência marcada por sua tradição histórica para contribuir
com o debate sobre as questões mais relevantes para Uberlândia.
Rosalina Cardoso Vilela, presidente da Aciub
2
A Câmara dos Dirigentes Lojistas de Uberlândia (CDL) é uma entidade que tem como principal objetivo defender a classe lojista e seus interesses político-institucionais, visando ao desenvolvimento do setor. A CDL
Uberlândia é reconhecida por sua representatividade, credibilidade e ainda por
ser uma das entidades de classe mais comprometidas com a valorização do
varejo no país. A CDL de Uberlândia foi fundada em 1977 e desde então teve
grandes nomes em seu rol de presidentes, sendo que cada um, em seu tempo,
trabalhou para construir e firmar a entidade. Tudo começou exatamente no dia
19 de fevereiro de 1977, nas dependências do Senac, onde foi fundado o Clube
de Diretores Lojistas de Uberlândia, primeiro nome da atual Câmara de Dirigentes Lojistas, e teve a participação de 18 lojistas empresários uberlandenses.
Atualmente, o comando da entidade está sob a responsabilidade do empresário
Celso Vilela Guimarães.
Celso Vilela Guimarães, presidente da CDL Uberlândia
Mercado Outubro 2010 ∞
110
3
Em 1998, por iniciativa dos veneráveis das lojas maçônicas da cidade de
Uberlândia, foi criado o Conselho de Veneráveis de Uberlândia. Porém,
como o trabalho proposto era uma maior integração dos trabalhos maçônicos
de Uberlândia com a região do Triângulo Mineiro, Minas Gerais e o Brasil, aos
poucos houve uma interatividade com veneráveis de outras lojas maçônicas de
cidades circunvizinhas, que sempre compactuaram com os fins da ordem maçônica. Diante disso, hoje o Conselho de Veneráveis de Uberlândia leva o nome
de Conselho de Veneráveis do Triângulo, instituição esta que integra o G7 e
que congrega as cidades de Uberlândia, Araguari, Estrela do Sul, Cascalho Rico,
Monte Carmelo, Indianópolis, Monte Alegre de Minas, Tupaciguara, Prata e Frutal. Entre muitas ações já empreendidas por essa instituição em 12 anos de existência, destacam-se lutas em prol da instalação da Delegacia da Polícia Federal
em Uberlândia, duplicação da BR 050 (Uberlândia/divisa com Goiás), Campanha Voto Consciente e mais uma infinidade de ações conjuntamente com o G7.
Eleita democraticamente para cumprir períodos de um ano, a atual diretoria do
conselho tem à sua frente como presidente o Venerável Mestre Flávio José de
Freitas, da Loja Maçônica ¨Rio das Pedras”, da cidade de Cascalho Rico (MG).
Flávio José de Freitas, presidente do Conselho de Veneráveis do Triângulo
4
A Fiemg Regional Vale do Paranaíba, que congrega instituições como o
Centro Industrial e Integração de Negócios do Triângulo e Alto Paranaíba
(Cintap), tem entre suas diretrizes básicas de atuação a participação dos empresários da região na definição de suas estratégias e ações, além da descentralização
dos programas e serviços voltados para as indústrias. Nesse contexto, apresentase como instituição gestora dessas ações, liderando o processo de desenvolvimento regional, alavancando projetos de fomento que atendem às vocações localizadas, fortalecendo os relacionamentos políticos e associativos e contribuindo
para potencializar todas as ações que busquem o desenvolvimento sustentável
da cadeia produtiva das indústrias. Além do Cintap, a Fiemg agrega ainda os Sindicatos Patronais da Indústria que, juntos, somam forças para atendimento nas
diversas áreas de conhecimento. A área de abrangência da Regional Vale do Paranaíba envolve 14 cidades do Triângulo Mineiro. São elas: Abadia dos Dourados,
Araguari, Cascalho Rico, Douradoquara, Estrela do Sul, Grupiara, Indianópolis,
Iraí de Minas, Monte Alegre de Minas, Monte Carmelo, Prata, Romaria, Tupaciguara e Uberlândia. O Cintap soma mais 45 cidades no total. Quem lidera toda essa
estrutura em âmbito regional é o empresário do setor gráfico Pedro Lacerda. A
Pedro Lacerda, presidente da Fiemg Regional Vale do Paranaíba
5
Em 1933, durante o período do Estado Novo e da ditadura Vargas, foi constituída a 13ª Subseccional de Uberlândia da Ordem dos Advogados do
Brasil em Minas Gerais (OAB/MG). A entidade foi implantada na cidade com
a justificativa de ser necessário ter no município uma instituição que trabalhasse constantemente na defesa da democracia, na consolidação de um Estado de
Direito e na participação em acontecimentos que marcassem a história de uma
comunidade interessada em exercer a cidadania e ver seus direitos respeitados.
Um dos responsáveis pela implantação da OAB Uberlândia foi o advogado Dr.
Abelardo Moreira dos Santos Penna, o primeiro e por 18 anos presidente da entidade no município. Desde a sua data de criação até os dias atuais, 19 advogados
de Uberlândia já passaram pela presidência da OAB no município. Alguns desses
advogados, como o Dr. Eliseu Marques de Oliveira, atual vice-presidente da OAB/
MG, esteve à frente da entidade por mais de um mandato. Atualmente, a entidade
é presidida pelo Dr. Egmar Sousa Ferraz, bacharel em Direito pela Universidade
Federal de Uberlândia (UFU), advogado especialista na área cível e empresarial.
Egmar Souza Ferraz, presidente da OAB Uberlândia
6
O Sindicato Rural de Uberlândia (SRU), entidade representativa
da classe rural no município, surgiu do desmembramento da antiga Associação Comercial, Industrial e Agropecuária de Uberlândia (Aciapu). A
primeira diretoria da Associação Rural, ainda provisória, foi eleita em 04
de março de 1948, tendo o pecuarista Misael Rodrigues de Castro como
presidente, cargo que ocupou até 1952, depois sendo sucedido por Nicomedes Alves dos Santos. Em 1965, por determinação da Lei Federal 4.214,
a associação mudou sua denominação para Sindicato Rural de Uberlândia.
Atuando sempre com a proposta de defender os interesses da classe rural
em qualquer situação, a entidade tem um histórico político bastante representativo e que muito contribuiu com o desenvolvimento de Uberlândia.
Destaque para nomes como os de Virgílio Galassi, Paulo Ferolla, Luis Humberto Carneiro, Odelmo Leão e Hélio Ferraz, entre outros, que iniciaram no
Sindicato Rural suas carreiras políticas. Atualmente, a entidade é presidida
pelo pecuarista e ex-prefeito de Uberlândia, Paulo Ferolla da Silva.
Paulo Ferolla da Silva, presidente do Sindicato Rural de Uberlândia
7
A fundação da Sociedade Médica de Uberlândia (SMU) aconteceu
no dia 16 de novembro de 1945, na Santa Casa de Misericórdia, por idealismo do corpo clínico daquele hospital. A primeira reunião foi na sede da
Associação Comercial Agropecuária de Uberlândia, que colocou à disposição suas instalações bem como às do Colégio Estadual, na pessoa de seu
diretor, o Dr. Osvaldo Vieira Gonçalves, para a realização das atividades da
recém-instituída Sociedade Médica de Uberlândia, numa demonstração de
apreço e apoio à associação que emergia dos sonhos de um grupo de médicos. Sendo uma entidade fundamentada com objetivos filantrópicos, sociais e científicos, logo se destacou em suas atividades, promovendo cursos,
congressos e até a inauguração de um ambulatório preventivo do câncer e
outras especialidades. Hoje, a Sociedade Médica de Uberlândia, sob a presidência da Dra. Leila Lúcia Dias, busca manter os mesmos ideais de ética,
profissionalismo e aprimoramento científico que nortearam os caminhos de
seus fundadores e ex-presidentes. B
Leila Lúcia Dias, presidente da Sociedade Médica de Uberlândia
Mercado Outubro 2010 ∞
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Foto: Edu Marques
MPonto de Vista
MCausosEmpesariais
A cueca voadora
(Seleção por competências)
POR Nege Calil*
S
eleção de pessoas é um grande desafio,
muitas vezes negligenciado e administrado
por processos rotineiros, excessivamente
metódicos. Geralmente os líderes e a turma do RH ficam mais preocupados com
os preenchimentos de formulários de “requisição de
vagas” do que com a verdadeira responsabilidade de
trazer a pessoa certa para o time. Cansei de ver testes
serem aplicados mecanicamente e conversas superficiais sobre o que está escrito no currículo serem chamadas erroneamente de entrevistas. Faltam análises,
sobram palavras. Conheço muita gente que foi vítima
de processos seletivos mal feitos, comprometendo seriamente suas carreiras.
Em compensação, tem um causo de um garoto que
se deu muito bem, ao encontrar a selecionadora certa...
Encontrei Lauro pela primeira vez no fim dos anos
90! Olhos vivos, está sempre pensando e concluindo
coisas rapidamente, envolvido num processo de criação de ideias que surpreende qualquer um. Inquieto,
brincalhão, nunca o percebi se concentrando por
mais de 20 minutos.
Lembro uma reunião de que participamos com a
alta direção da empresa em que o discurso entediante de uma autoridade o levou a brincar com a caneta. Ora batia, ora desenhava, chegou até a imaginá-la
como um foguete, ilustrando uma atitude infantil com
um som característico de motores. Olhares repressivos inibiam seus gestos e por alguns minutos ele se
atentava ao tema. Ou pelo menos fingia! Não tardou a
transformar a caneta numa hélice, girando-a de forma
que voou e caiu dentro do copo de chá do orador. O
líquido derramou, papéis se molharam e a dispersão
estava feita. Em meio a risos contidos, duas ou três
pessoas se ofereceram para buscar materiais de lim-
Mercado Outubro 2010 ∞
114
peza. Reunião interrompida, Lauro também saiu da
sala em busca de um pano ou coisa semelhante. Os
colegas voltaram, ele não. Mais tarde justificou que
parou na mesa da nova secretária, convidou-a para almoçar e se esqueceu de voltar.
Ele é assim! Disperso, nem um pouco metódico, não
para em nenhum relacionamento. Chegou a esquecer
uma namorada dentro do cinema. Saiu no meio do
filme para comprar alguma guloseima, encontrou um
amigo e foram juntos a uma loja de aeromodelismo.
Lembrou da moça duas horas depois.
Por incrível que pareça, é profissional bem-sucedido. Contou-me como sua carreira começou: veio do
interior para estudar na capital e, sustentado pelo pai,
morava sozinho num pequeno apartamento. Numa tarde qualquer, bebia com os amigos quando se lembrou
de que tinha uma entrevista de seleção. Saiu correndo, aflito, ciente de que não poderia perder essa chance por dois motivos: era um trabalho que desejava e
estava sob ultimato do pai, que o ameaçara levar de
volta ao interior para fazer carreira na loja da família.
Correu como um raio para casa e, tão logo entrou,
tirou a roupa para um banho. Curiosamente, ele se livrou do jeans juntamente com a cueca, ficando essa
peça presa na costura interna da calça. Mal se enxugou, vestiu uma camiseta e uma cueca limpa e usou
o mesmo jeans sem se dar conta de que a cueca suja
ficara dentro da calça.
No ônibus, a caminho de seu futuro emprego, sentiu algo incomodando, mas a tensão pela entrevista só
lhe permitiu pequenos ajustes no vestuário. Chegou
no horário exato, disfarçando a respiração ofegante
por ter subido cinco andares a pé, devido à demora do
elevador. A recepcionista, com ar de poucos amigos,
logo o anunciou.
Sentado à frente de Janete, a mulher que viria a ser
sua gerente, começou a responder às perguntas comuns de um começo de entrevista. Mais relaxado, a
cueca voltou a incomodá-lo e disfarçadamente ele se
remexia. Seus movimentos levaram a peça para sua
coxa e, em meio ao diálogo, seus pensamentos paralelos tentavam descobrir o que poderia ser aquele volume.
Como estavam separados por uma
mesa de madeira larga, conseguiu
cruzar as pernas e aos poucos enfiar a mão por dentro, começando
pelo tornozelo.
Um de seus dedos tateou o tecido e, após algum esforço, conseguiu
enganchar o elástico. Indignado
consigo mesmo por não descobrir o
que era aquilo no interior da calça,
continuou firme em suas respostas,
ao mesmo tempo adentrando mais
ainda seu braço e obtendo mais firmeza
ao forçar o elástico com as mãos.
O diálogo transcorria num misto de
investigação acerca de seus conhecimentos técnicos e de suas atitudes de
iniciativa. A gerente era incisiva em
suas perguntas, tentava cercá-lo de
todos os modos para certificar-se de
que Lauro era mesmo criativo, condição indispensável para a vaga a
que concorria. Num gesto súbito
de força, a cueca se soltou e ele
não evitou que ela voasse para
cima de um porta-retrato cuidadosamente exposto sobre uma
peça decorativa. De imediato, ele
exclamou na maior “cara de pau”:
- Se for preciso, tiro a cueca sem tirar
a calça! Garanto pra senhora que se um
trabalho tem que ser feito, ele será feito!
Surpresa com a cena, a gerente encerrou
a entrevista. Agradeceu a presença dele e
prometeu um retorno, fosse positivo ou
negativo. Lauro se levantou e, já próximo
à saída, precisou ouvir:
- Moço! Pode levar sua cueca?
Dois dias depois, foi surpreendido com a notícia de
que estava contratado.
Comemorou muito e deixou uma excelente obra
nos seis anos em que prestou serviços para aquela organização. Saiu para uma oportunidade de ouro, na
qual se encontra até hoje.
Conheci Janete numa festa promovida por Lauro. Rindo do episódio, convenceu-me de que a
“cueca voadora” fora seu critério de desempate
com outro candidato. Ali ela percebeu o seu grande poder criativo, sua rapidez de raciocínio e fle-
Tempo
Ideia
Dinheiro
xibilidade para sair de uma situação,
no mínimo, vexatória.
Muitos selecionadores inexperientes provavelmente o reprovariam. Afinal, sua atitude foi contra tudo aquilo
que se prega como comportamento
adequado numa seleção. Roupas, posturas, verbalizações ensaiadas costumam cegar a busca pelas verdadeiras
virtudes de um candidato. Além do método, a seleção exige dos entrevistadores uma percepção ímpar da situação,
em que seja possível “enxergar o filme da
vida profissional e dos talentos que o candidato reúne” e não apenas a “foto batida no momento”. Infelizmente isso não se
ensina, é uma arte que se desenvolve com
muita sensibilidade e conhecimento de como gente funciona.
Sorte de Lauro!
Mérito de Janete! B
Nege Calil
é consultor e especialista em gestão de pessoas
[email protected]
115
∞ Mercado Outubro 2010
MGeral
Anunciado lançamento da feira Têxtil
House para 2011
Pavilhão do Anhembi, em São Paulo, sediará feira de artigos têxteis para a
casa, que acontecerá simultaneamente à 43ª House & Gift Fair
A Grafite Feiras e Promoções informa ao mercado a
promoção e realização de sua mais nova feira, a Têxtil
House South America, focada em artigos têxteis para
a casa, que acontece de 27 a 30 de agosto de 2011 no
pavilhão de exposições do Anhembi.
Após cinco anos de constantes ampliações de área
e participação de empresas nacionais e internacionais
na House & Gift Fair, até então posicionada no mercado como um salão especializado, a Têxtil House ganha
status de feira reunindo, em 15.000m² de área de exposição, importantes marcas de artigos têxteis para a casa.
“É um nicho de mercado que tem se expandido a passos largos e que ganhou força nos últimos anos”, explica
o diretor executivo da Grafite Feiras, Frederico Cury.
A nova feira ocorrerá paralelamente à 43ª House
& Gift Fair que, segundo Cury, é uma estratégia para
movimentar a visitação de ambas as feiras, “teremos
transporte gratuito, levando os compradores de uma
feira a outra, em um trajeto que não levará muito tempo. Assim, os visitantes poderão manter relacionamento e efetivar negócios com muitas empresas de duas
feiras diferentes, mas pertencentes ao mesmo segmento”, explica.
E compradores e expositores de outros estados
também serão beneficiados pela localização da Feira,
em São Paulo (SP), ideal para a realização de eventos
internacionais. Capital dos negócios, a cidade possui
conexão aérea diária para 26 países e 117 cidades brasileiras e estrangeiras, além de ter a maior rede de hotéis da América Latina.
Querem acabar com
o Horário de Verão
Uberlândia, na região sudeste, já
vive o horário de verão; Ministério
das Minas e Energia espera reduzir
em até 5% o consumo nacional de
energia elétrica
Mercado Outubro 2010 ∞
116
Desde a zero hora de domingo, dia 17, os brasileiros
das regiões sul, sudeste e centro-oeste estão com seus
relógios adiantados em uma hora. A 37ª edição do Horário Brasileiro de Verão, que vai até 21 de fevereiro de
2011, volta a dividir opiniões quanto ao seu benefício. E o
Congresso Nacional não escapa desse debate.
Tramitam na Câmara três propostas que acabam com
o horário de verão em todo o Brasil. Uma delas alega
que não foi constatada nenhuma vantagem técnica na
mudança de horário. Segundo ela, a energia produzida
nesse período que não é consumida simplesmente se
perde e o horário de verão traz uma série de prejuízos
ao metabolismo do corpo humano, prejudica a saúde do
trabalhador e as atividades de quem vive no campo.
A previsão do Ministério de Minas e Energia é reduzir
a demanda no horário de maior consumo em torno de
5%, o que corresponde a uma redução de 62% no consumo de uma cidade do tamanho do Rio de Janeiro, ou
duas vezes a demanda máxima de Brasília nos horários
de maior consumo (das 18 às 21 horas). A redução total
no país deve ser de 0,5%, o equivalente a 10% do consumo mensal de Vitória (ES) ou de Porto Alegre (RS).
Horário de Verão 2010 - A hora adiantada no dia 17
que passou a valer para a população dos estados das
regiões sul, sudeste e centro-oeste irá valer até 20 de
fevereiro de 2011. Apesar de muita gente reclamar
da influência do horário no metabolismo, neurologistas asseguram que ele tem pouca interferência para o
relógio biológico.
Empresa de saúde domiciliar
passa a operar em Uberlândia
Os médicos Ricardo Luiz Diniz
dos Santos (d), Laerte Honorato
Borges Júnior (c) e Luiz Henrique
Guerreiro Vidigal (e) são quem
investiu no negócio
Um novo tipo de atendimento à saúde está em funcionamento em Uberlândia desde o dia 23 de setembro, quando foi inaugurada a Home Care Assistência
Domiciliar. A proposta dessa nova empresa é disponi-
bilizar serviços de saúde na casa do próprio paciente,
ou seja, sem sair de casa ele pode receber quase toda
a assistência médica e de outros profissionais de saúde que teria em um hospital.
Segundo consta, a ideia é promover a desospitalização de pacientes que demandem longas permanências dentro de hospitais, facilitando aos mesmos
maior contato com familiares em casa, onde receberiam cuidados iguais aos que ocorrem no ambiente
hospitalar. Além disso, essa assistência hospitalar
evita que pacientes tenham agravadas doenças crônicas (descompensação de enfisema pulmonar e da
pressão arterial, por exemplo) e tenham que ser (re)
internados em um hospital.
Há ainda a possibilidade de serviços adicionais,
como acompanhamento (gerenciamento) de doenças crônicas, administração de medicações injetáveis
prescritas pelo médico, provisão de serviço de enfermagem para pacientes em casa ou mesmo em hospitais (quando de desejo da família), pontos que tornam
ainda mais atrativa essa modalidade de serviço.
“Para o caso do paciente particular, existe uma
sensível economia financeira e a oportunidade de
cuidar do ente querido com maior proximidade, no
aconchego do lar. Já o conveniado tem a garantia de
economia de investimento e de um grande retorno
institucional quando indica empresa de Home Care de
qualidade”, explica o médico Luiz Henrique Guerreiro. Ele, com o fisioterapeuta Dr. Laerte Honorato e o
Dr. Ricardo Diniz são os sócios na iniciativa de criar a
Home Care em Uberlândia.
Doenças tropicais esquecidas
afetam 1 bilhão
Mal de Chagas, elefantíase, hanseníase e outras doenças que já assustaram muitas populações e hoje são
pouco faladas atingem cerca de um bilhão de pessoas
ao redor do mundo. O alerta foi feito pela Organização
Mundial da Saúde, que fez um apelo por um esforço
global para o controle e erradicação desses males.
Em relatório divulgado nesta quinta-feira, a OMS
alerta que ainda há doenças, como é o caso do Mal
de Chagas (muito presente na América Latina) e da
elefantíase, que prevalecem em alguns países, sobretudo nos mais pobres, e pioram a qualidade de
vida de seus habitantes.
Embora desde 2003 os governos, as farmacêuticas e
as empresas tenham “se conscientizado” do efeito dessas doenças na saúde pública, sua existência frustra a
possibilidade do cumprimento de alguns dos Objetivos
de Desenvolvimento do Milênio (ODM) estabelecidos
pela ONU relacionados à saúde, destaca a OMS.
Outras doenças citadas pela organização em sua
lista de 17 males esquecidos são a “úlcera de Buruli”,
a “doença do sono”, a “cegueira dos rios” e a “echinococcosis”. O fornecimento de água potável pode reduzir drasticamente a incidência desses males nos países
pobres.
O relatório apresenta, como exemplo, a soma da
ausência trabalhista e das mortes decorrentes do Mal
de Chagas na América Latina. Um prejuízo de US$ 1,2
bilhão. Para melhorar os tratamentos, torná-los mais
acessíveis e baratear seus custos, a OMS recomenda
“iniciar pesquisas para desenvolver novos remédios e
diagnósticos que sejam acessíveis a todos os afetados
por essas doenças desatendidas”.
117
∞ Mercado Outubro 2010
MGeral
Obesidade infantil no
alvo do Congresso
Pelo menos um em cada quatro estudantes do último
ano do ensino fundamental está fora do peso considerado
ideal para a idade. Mais do que uma questão de estética,
os quilos a mais nessa fase da vida podem ter como reflexo a obesidade e outras doenças crônicas na vida adulta.
Tramitam na Câmara pelo menos 15 projetos relacionados à obesidade e à promoção da alimentação saudável.
Em abril deste ano foi aprovada uma proposta que obriga
as creches e escolas do nível fundamental a substituírem,
em suas dependências e para os fins de comercialização,
os alimentos não saudáveis por alimentos saudáveis, conforme critérios a serem estabelecidos por autoridades sanitárias. A proposta foi enviada para o Senado.
Entre os projetos em tramitação na Câmara está
também a criação de uma Política Nacional de Combate à Obesidade Infantil, com princípios e diretrizes
para ações voltadas para a
educação e a segurança nutricionais da população e a obrigatoriedade da divulgação de
advertência sobre o risco de
obesidade em embalagens de
produtos altamente calóricos.
Além disso, uma frente parlamentar tem entre seus temas a
promoção de uma alimentação
mais saudável para os jovens.
Segundo o Ministério da Saúde, a obesidade já afeta metade da população adulta, e o
problema vem crescendo principalmente entre crianças
e adolescentes. A Organização Mundial da Saúde (OMS)
trata a obesidade como uma epidemia mundial.
Prêmio Sesi de Qualidade no Trabalho
O Serviço Social da Indústria (Sesi) - ligado à Fiemg
Regional Vale do Paranaíba - oferece mais uma edição de
um dos prêmios mais importantes da indústria, o Prêmio
Sesi de Qualidade no Trabalho (PSQT).
Dividido em etapa estadual e nacional, a 14ª edição
do Prêmio tem o intuito de reconhecer as empresas que
adotam práticas diferenciadas de gestão e valorizam benefícios sociais, ambientais e econômicos. Participando
expediente
Diretor
Eduardo J. L. Nascimento
[email protected]
Conselho Gestor
Eduardo J. L. Nascimento, Evaldo Pighini,
Fernando Martini
Conselho Editorial
Paulo Sérgio Ferreira, Janaina Depiné, Analu
Guimarães, Dr. Joemilson Donizetti Lopes,
Marconi Silva Santos, Pedro Lacerda, Marcelo
Prado, Dalira Lúcia C. Maradei Carneiro
Editor Chefe e Jornalista Responsável
Evaldo Pighini - MG 06320 JP
[email protected]
do concurso, a empresa mostra que é sustentável, responsável socialmente e se preocupa com a qualidade
de vida dos colaboradores, contribuindo para a melhoria
dos padrões de trabalho.
As inscrições já estão abertas, seguem até o dia 30
de outubro e podem ser feitas através do site www.sesi.
org.br/psqt. A premiação acontecerá no primeiro semestre de 2011.
Reportagens Evaldo Pighini, Isabella Peixoto, Margareth Castro, Fabiana Barcelos, Laura Pimenta, Rosiane
Magalhães, Talita Nakamuta, Alitéia Milagre, Renata Tavares, Núbia Mota Programa de Aprimoramento
Profissional Natália Nascimento Revisão Lúcia Amaral Fotografia Mauro Marques (exceto as creditadas)
Colaboradora Márcia Amaral Diretor Comercial Fernando Martini - [email protected].
br Departamento de Vendas Maurício Ribeiro - [email protected] e Cristiane
Magalhães - [email protected] Secretaria Kárita Barbosa dos Santos - secretaria@
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