conteúdo - Secção Filatélica da AAC
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Cábula Filatélica COIMBRA – Janeiro 2010 – ISSN 1647-5895 – N.º 22 Registo n.º 108464 da Empresa Jornalística 207931 Editor e Proprietário Secção Filatélica da A.A.C. N. º Contribuinte.: 500.032.173 ISSN 1647-5895 Depósito Legal n.º 304598/10 Revista Anual de Filatelia Tiragem: 300 Exemplares Director Nuno Gaspar Cardoso Director Adjunto José António Cura Chefe de Redacção João Rui Pita Redacção Bruno Quaresma João Pedro Pita João Pedro Rocha Sara Rito Sónia Clara DISTRIBUIÇÃO GRATUITA AOS SÓCIOS Administração e Redacção Secção Filatélica da A.A.C. Apartado 1094 E. C. Santa Cruz 3001 - 501 COIMBRA Telefone: 239 410404 [email protected] Colaboraram neste número António Mendes Curado Américo Rebelo António Carvalho Bruno Quaresma Isabel Valente João Pedro Rocha José António Cura Maria Manuela Tavares Ribeiro Nuno Gaspar Cardoso Nuno Rodrigues René Rodrigues da Silva Victor Gonçalves Impressão: Associação Académica de Coimbra Os artigos publicados são da inteira responsabilidade dos autores 1 SUMÁRIO Ficha técnica Sumário Editorial Ano Olímpico em Coimbra Filapex 2008 17 de Abril de 2009 As Cores da Matemática segundo Almada Negreiros, Arte e Política na Universidade de Coimbra 110 Anos da Queima das Fitas Gala de prémios António Luiz Gomes Selos personalizados Metro Mondego A Secção Filatélica na Internet A Secção Filatélica no Facebook © 1.º Leilão da Secção Filatélica da AAC 900 Anos de D. Afonso Henriques 45.º Aniversário da Secção Filatélica da AAC Uma carta para pagar a quota Resultados dos passatempos da Cábula Filatélica n.º 21 E de vez em quando acontece mais um Momento Será que existe um erro num carimbo comemorativo? No Casino Figueira A ideia de Europa nos selos portugueses Europa – Imagens e símbolos Apresentação do livro “A ideia de Europa nos selos Portugueses” Artigos filatélicos que merecem a nossa atenção Gastronomia filatélica em Anadia Os Selos de Coimbra Leonardo Fibonacci Os desafios da filatelia na era da internet Escutismo em Veneza O Cid em Coimbra Ponte de Santa Clara John James Audubon Palíndromo "filatélico" Jean Monnet Aventuras de tabuleiro Nunca lá estive, mas conheço alguém que já lá foi… À conversa com… Sérgio W. de Sousa Simões 2 Pág. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 20 21 22 27 29 30 32 36 39 42 44 46 49 51 EDITORIAL A nossa Cábula Filatélica está de volta às suas mãos, e desta vez como início da comemoração dos nossos 45 anos. É verdade, chegámos aos 45. Chegaremos aos 50? Só em 2015 saberemos a resposta… Haja saúde e voluntários! Somos um caso único no país, pelas particularidades que nos rodeiam. Os dirigentes renovam-se mais ou menos ciclicamente com as vantagens e desvantagens associadas. Novas formas de ver a filatelia, o associativismo e o meio estudantil, permitiram-nos ter períodos com forte aposta nos sócios, outros com aposta nas publicações, outros ainda com ênfase na organização interna, mas todos com grande afinco e abnegação. Milhares de horas passadas ao serviço da filatelia coimbrã e nacional. Estamos convictos que nos reconhecem também esse valor. Muitos filatelistas activos e “adormecidos” engrandecem o rol de pessoas que se formaram “filatelicamente” nesta casa. Para já a “velhinha” Secção Filatélica da AAC está aqui para as curvas, e se muita da nossa história está por escrever, com esta revista esperamos registar mais um pouco dela para o futuro. Com esta Cábula Filatélica iniciamos (assim se espera) uma periodicidade anual e para isso contamos com todos os sócios e os seus artigos, pois sem o contributo de todos não há Cábula. Assim, contamos que na volta do correio nos enviem as vossas criticas, sugestões ou opiniões sobre a Cábula Filatélica que acabaram de ler ou qualquer outro assunto, já agora numa carta registada para pagar a quota. Este vai ser um ano em cheio, filatelicamente, graças, é certo, à Exposição Filatélica Mundial – Portugal 2010 (onde é obrigatório ir), a decorrer em Lisboa de 1 a 10 de Outubro, por ocasião do Centenário da República, mas também com o contributo das nossas pequenas actividades. Entre elas está a nossa festa de aniversário, dia 20 de Fevereiro, para a qual estão todos convidados, onde podem visitar a exposição patente, participar no nosso 2.º Leilão, almoçar ou lanchar connosco ou participar na tertúlia sobre a história da Secção Filatélica e o futuro da filatelia. Apareçam! Bem hajam! Nuno Cardoso 3 ANO OLÍMPICO EM COIMBRA A Secção Filatélica da AAC em conjunto com a Câmara Municipal de Coimbra e a Academia Olímpica de Portugal, com o apoio dos CTT levaram a efeito uma Mostra Filatélica comemorativa do Ano Olímpico Coimbra. A exposição decorreu de 14 a 27 de Março de 2008 no Átrio da Casa Municipal da Cultura de Coimbra na Rua Pedro Monteiro, inserida na grande exposição Jogos Olímpicos da Era Moderna. Estiveram expostas várias colecções de filatelia temática: "Os Jogos Olímpicos depois de 1960" de Fernando Teixeira Xavier Martins; "Mensagens desportivas erradas" de René Rodrigues da Silva; "Jogos Olímpicos – Moscovo – 1980" de Manuel Luís Tarré Gomes; "Jogos Olímpicos – Barcelona – 1992" de Manuel Luís Tarré Gomes. No dia 17 de Março, no local da exposição esteve em funcionamento um posto de correio onde foi aposto um carimbo comemorativo da efeméride em toda a correspondência apresentada no local. FILAPEX 2008 A Secção Filatélica da Associação Académica de Coimbra, juntamente com a Câmara Municipal de Montemor-o-Velho, com o apoio da Federação Portuguesa de Filatelia e dos CTT – Correios de Portugal, levou a efeito uma Exposição Filatélica que decorreu de 4 a 18 de Abril de 2008 na Galeria Municipal de Montemor-o-Velho. Estiveram expostas mais de 20 colecções filatélicas desde as tradicionais às temáticas abordando os mais variados temas. Destacamos as colecções dos jovens sócios da Associação de Filatelia e Coleccionismo do Vale do Neiva, meninos e meninas dos 10 aos 15 anos, que com 6 magníficas colecções mostraram que em filatelia a idade não importa. No dia 12 de Abril decorreu no mesmo local da exposição uma Filapex – exposição filatélica de competição (amigável) 4 entre a equipa da Secção Filatélica da Associação Académica de Coimbra e a equipa da Associação de Filatelia e Coleccionismo do Vale do Neiva. A Filapex é uma competição filatélica inter-clubes, a qual tem como objectivo a promoção e divulgação da filatelia nas regiões portuguesas. Também funcionou um posto de correio onde foi aposto um carimbo comemorativo em toda a correspondência apresentada no local, tendo o Presidente da Câmara Municipal, Luís Leal, colocado o 1º carimbo, durante a inauguração do evento. 17 DE ABRIL DE 2009 A Mostra Filatélica comemorativa do evento decorreu no dia 17 de Abril de 2009, no átrio do Departamento de Matemática da Faculdade de Ciências e Tecnologias da Universidade de Coimbra, onde funcionou um posto de correio temporário provido de carimbo comemorativo da efeméride. A mostra contou com colecções alusivas à Matemática e às personalidades de Coimbra na filatelia. Carimbo Comemorativo de 17 de Abril e capa do livro “As Cores da Matemática segundo Almada Negreiros” 5 AS CORES DA MATEMÁTICA SEGUNDO ALMADA NEGREIROS, ARTE E POLÍTICA NA UNIVERSIDADE DE COIMBRA A Secção Filatélica da AAC editou, durante as comemorações dos 40 anos da Crise Académica de 69, o livro "As Cores da Matemática segundo Almada Negreiros, Arte e Política na Universidade de Coimbra" do sócio Marco Daniel Duarte. Uma densa série de acontecimentos dão corpo à narrativa da Crise Académica de 1969, como foram o impedimento de o presidente da Associação Académica de Coimbra usar da palavra na cerimónia de inauguração do edifício da Matemática, com o Presidente do Conselho e Ministro da Educação, os subsequentes protestos da comunidade universitária, a prisão do presidente daquela associação de estudantes, a suspensão das funções dos membros da direcção-geral, as greves às aulas e aos exames e o consequente encerramento da Universidade. Um facto que ficou esquecido nesta sequência de eventos, foi a obra de José de Almada Negreiros, pintor contratado para pintar os frescos do átrio do edifício da, então, designada Secção de Matemática da Universidade de Coimbra, obra intitulada de “Matemática Universal”, onde Almada pintou a figura de Einstein no fresco de uma forma que é interpretada por este livro como iminentemente política. Foi acrescentado ao livro a faceta filatélica de Almada Negreiros, com os vários selos emitidos de seu desenho, outros homenageando o artista e ainda outros retratando algumas das suas obras. A SFAAC editou assim uma obra de investigação, muito interessante e que esteve também associada aos 40 anos da inauguração do Departamento de Matemática, onde decorreu uma mostra filatélica. A obra pode ser pedida à Secção Filatélica da AAC, Apartado 1094, EC Santa Cruz, 3001-501 COIMBRA ou [email protected] e custa 9.00€. 6 110 ANOS DA QUEIMA DAS FITAS A Secção Filatélica da Associação Académica de Coimbra organizou no dia 4 de Maio de 2009, uma Mostra Filatélica comemorativa dos 110 anos da Queima das Fitas, que esteve patente no Hall da Sala de Estudo da AAC. A presença de cerca de 100 crianças das escolas básicas do concelho provocou uma grande animação no edifício sede da AAC. As crianças tiveram uma visita guiada às 6 colecções expostas e que foram escolhidas também de acordo com esse publico alvo. As colecções foram: “O mundo das Aves através da Maximafilia”, “História e a evolução da escrita”, “Esta cidade chamada Aeminium”, “Euro 2004” “Miguel Torga – Diários” e “1ª Aula filatélica”. As crianças fizeram muitas perguntas sobre algumas peças filatélicas apresentadas, tendo recebido várias lembranças oferta da SFAAC e dos CTT. Foi proposto um concurso de composições sobre a mostra e sobre o que aprenderam, tendo como prémio um conjunto de selos personalizados do Noddy, uma edição dos CTT. A animação e curiosidade estiveram sempre presentes ao longo da manhã. A mostra teve associado um posto de correio temporário que contou com carimbo comemorativo da efeméride, que foi usado em toda a correspondência entregue no local. O carimbo retratou a pasta académica dos estudantes de Coimbra com as suas fitas. A presidente da Comissão Organizadora da Queima das Fitas, Rita Borges, inaugurou oficialmente o posto de correio obliterando a primeira carta circulada com o carimbo comemorativo. A mostra contou assim com o apoio da Comissão Organizadora da Queima das Fitas 2009, dos CTT e da Federação Portuguesa de Filatelia. 7 GALA DE PRÉMIOS ANTÓNIO LUIZ GOMES A SFAAC foi nomeada no ano de 2009 para o prémio Evento do Ano (Prémio que distinguiu o Evento que se destacou de todos os outros), na Gala dos Prémios António Luiz Gomes da Associação Académica de Coimbra, organizado pelo Conselho Cultural da AAC, com a Mostra Filatélica da Queima das Fitas 2009. A Secção Filatélica concorria com os eventos: "Caminhos do Cinema Português" (CEC), "XVIII FESTUNA" (Secção de Fado), "Concerto Buraka Som Sistema" (RUC) e "Vamos ajudar o Fernando" (Secção de Fotografia). O evento decorreu no 7 de Novembro de 2009 no Convento de São Francisco e pretendeu premiar as Secções da AAC que se distinguiram das restantes na sua actividade durante o ano. Ficámos muito honrados por esta nomeação. SELOS PERSONALIZADOS METRO MONDEGO A empresa Metro Mondego emitiu uma carteira de selos personalizados, com 8 imagens dos vários componentes e história da futura linha do Metro da cidade de Coimbra. Esta carteira, denominada pelos CTT "Carteira – empresa", segundo o filatelista Carlos Silvério, foi a primeira conhecida, nesta modalidade, onde os clientes empresariais podem escolher o número de selos e onde os selos são individualizados contrariamente à forma clássica onde os mesmos se apresentam em folhas completas apenas com uma imagem. A carteira do Metro Mondego inclui 8 selos numa folha do tipo classificador, junto com uma folha ilustrada com dados institucionais. A SFAAC agradece à direcção da empresa da oferta de uma carteira para a sua colecção e informamos que neste momento a empresa está a vender as carteiras na sua representação na Baixa de Coimbra. 8 Os selos personalizados do Metro Mondego A SECÇÃO FILATÉLICA NA INTERNET A Secção Filatélica possui desde o Verão de um novo endereço de página na Internet: http://filatelica.aac.uc.pt/ A página pretende dar a conhecer principalmente as actividades da Secção e a História Postal de Coimbra. Visite-nos. Conheça. Faça sugestões, critique, ajude, enfim, faça desta uma das suas páginas Web preferidas. A SECÇÃO FILATÉLICA NO FACEBOOK © Entre no Facebook ©, pesquise Secção Filatélica AAC e torne-se nosso amigo. 9 1.º LEILÃO DA SECÇÃO FILATÉLICA DA AAC A Secção Filatélica organizou em 24 de Novembro de 2007 o seu 1º Leilão Filatélico, com quase 5 centenas de itens, distribuídos em 29 categorias. O leilão contou com a presença de cerca de 2 dezenas de sócios e filatelistas e com largas dezenas de licitações recebidas por carta e por e-mail. Tendo em conta o carácter precursor na nossa Secção, podese considerar que foi um êxito. E não foi comercial, apesar de não ter dado prejuízo, o êxito foi sobretudo filatélico pois o intercâmbio de experiências e conhecimentos filatélicos acrescido do renascer do movimento em torno da Secção Filatélica justificam só por si o sucesso do leilão. Todos os sócios que efectuaram compras no valor superior a mil euros ficam isentos de quota para sempre, foram 2, e os sócios que efectuaram compras no valor superior a cem euros tem um ano de quota gratuito, foram 14. Está anunciado para breve – dia 20 de Fevereiro – o 2.º leilão e com algumas inovações no formato. Contamos com a sua presença. Venha ver as cartas-quota, pelo menos… A sala do 1.º leilão da SFAAC durante a sessão. 10 900 ANOS DE D. AFONSO HENRIQUES Os CTT emitiram um carimbo de 1º dia em Coimbra, para a emissão “900 anos do nascimento de D. Afonso Henriques”, prevista inicialmente para 17 de Julho de 2009, mas adiantada para o dia 24 de Junho. Este acontecimento é fora de comum, depois do abandono da emissão regular de carimbos de 1º dia na cidade, há alguns anos atrás. Foi Secção Filatélica da AAC que sugeriu, dado que o 1º Rei de Portugal faleceu e encontra-se sepultado na Igreja de Santa Cruz, Panteão Nacional, havendo, inclusivamente teorias que terá nascido também em Coimbra, sendo assim mais que lógico a existência de um carimbo de 1º dia nesta cidade. Para a efeméride, a SFAAC editou um postal para aposição do carimbo. 45.º ANIVERSÁRIO DA SECÇÃO FILATÉLICA DA AAC A Secção Filatélica da AAC celebrará 45 anos a 23 de Fevereiro de 2010 e para comemorar tal efeméride realizará um dia de festa filatélica no sábado anterior, dia 20, com todos os sócios e amigos. Das comemorações do dia farão parte (ainda em programa informal) um almoço de sócios, exposições filatélicas e de arte, leilão filatélico, lanche com bolo de aniversário e tertúlia. Estando ainda o programa em aberto, está desde já a Secção Filatélica da AAC a aceitar inscrições para o almoço. 11 UMA CARTA PARA PAGAR A QUOTA Na carta enviada aos sócios em Março de 2009 anunciámos: “Na esperança de estimular a ligação entre os nossos sócios e a SFAAC estabelecemos algumas regras novas, a aplicar experimentalmente (ou a tornarem-se definitivas se tiverem sucesso) no regime de pagamento de quotas. Assim, para pagar a quota anual o sócio pode: - Continuar a pagar em dinheiro como até aqui (6.00€, em dinheiro, cheque, vale postal ou por transferência para NIB SFAAC - 0010 0000 5012 7080 0012 0). - Efectuar na SFAAC compras anuais de valor igual ou superior a 100.00€. Se esse valor for igual ou superior a 1000.00€ fica isento de quotas para sempre. - Enviar uma carta registada com selos para a SFAAC. Este envelope substitui a quota anual. Com ele, a SFAAC fará anualmente a eleição da carta mais bonita. Ao sócio que enviar a carta premiada será oferecida a quota anual do ano seguinte.” Numa iniciativa inédita em Portugal, a Secção Filatélica da AAC, lançou com carácter experimental, uma nova forma de pagamento de quotas aos sócios. A chamada “carta-quota” consiste no envio para a Secção de uma carta registada, para posterior venda, no leilão filatélico ou por outro meio. Esta iniciativa serviu também para captar novos sócios, com divulgação feita por diversos meios. Conseguiu-se captar com esta acção inovadora mais de 1 dezena de novos sócios. Com o sucesso alcançado, a Direcção da SFAAC decidiu que em 2010, este método de pagamento continuaria. Se ainda não pagou as quotas de 2009 e 2010, não se esqueça de o fazer: envie-nos uma carta registada e de preferência “bonita”. A carta mais bonita de 2009 será aquela que receber a licitação mais elevada no nosso 2.º leilão. Experimente! 12 RESULTADOS DOS PASSATEMPOS DA CÁBULA FILATÉLICA N.º 21 Recebidas as criticas, opiniões, e sugestões sobre a nossa Cábula Filatélica n.º 21 e recebidos os artigos para publicação nesta, foi elaborada uma lista ordenada e sorteado um livro de edição dos CTT. Recebidas as quotas e repostos os saldos de conta por parte dos nossos sócios, foi também elaborada um lista ordenada e realizado o sorteio de um livro de edição dos CTT. O processo utilizado para o sorteio foi o seguinte. Para a primeira lista: divide-se o número sorteado para o primeiro prémio da Lotaria do Natal de 2009, 22041, pelo número total das entradas da nossa lista, 27 (numeradas de 0 a 26) e o resultado pode ser indicado da forma: 22041=816x27+9. Ora daqui retiramos o número 9, sendo este o número que na ordem de entrada dá direito ao prémio: sócio n.º 1003. Para a segunda lista: divide-se o número sorteado para o primeiro prémio da Lotaria do fim do ano de 2009, 16076, pelo número da totalidade das entradas da nossa lista, 33 (numeradas de 0 a 32- consideramos apenas os primeiros 6 meses após a Cábula anterior) e o resultado pode ser indicado da forma: 16076=487x33+5. Ora daqui retiramos o número 5, sendo este o número que na ordem de entrada dá direito ao prémio: sócio n.º 1073. Aos vencedores os nossos parabéns, receberão com a Cábula Filatélica n.º 22 o respectivo prémio. E DE VEZ EM QUANDO ACONTECE MAIS UM Sobrescrito nosso para a obliteração de carimbos comemorativos, onde, neste caso, o obliterador falhou o alvo…. Que valor tem esta peça? 13 MOMENTO Reparem só nesta fotografia, tirada numa das escolas de Coimbra, onde à volta de um dossier com uma colecção de selos se reuniu um grande número de alunos observadores. Se o prestigio da filatelia se mantém, mesmo nos mais jovens, (basta falar em selos de milhares de euros para ver os olhinhos deles brilharem) porque não temos mais coleccionadores jovens? O que devemos fazer para contrariar este deserto? SERÁ QUE EXISTE UM ERRO NUM CARIMBO COMEMORATIVO? Repare nas duas imagens seguintes: a da esquerda reproduz o carimbo comemorativo tal como vinha anunciado no noticiário n.º 90 de 2008 e a imagem da direita reproduz uma obliteração do mesmo carimbo. Curioso. 14 NO CASINO FIGUEIRA Após recebermos um amável convite, deslocámo-nos à Figueira da Foz numa tarde fria de Novembro, para, no Casino Figueira, assistirmos à apresentação do livro "Palácio de Belém", de Diogo Gaspar e de Teresa Santa Clara (Director e Historiadora do Museu da Presidência da República). Não nos lembramos de outro evento filatélico em tão nobre espaço figueirense de onde trouxemos o respectivo livro autografado pelos autores. Os CTT – Correios de Portugal e o Casino Figueira estão de parabéns pela feliz parceria e os autores por tão cuidada obra. Capa do livro apresentado e a mesa com o Dr. Domingos Silva do Casino Figueira, o Dr. Raul Moreira dos CTT e os autores Dra. Teresa Santa Clara e Dr. Diogo Gaspar. Afinal existe: o famoso conjunto obliterador realizado pela casa Leitão & Irmão, Antigos Joalheiros da Coroa, fotografado pelo nosso repórter momentos antes de voltar a desaparecer…. E o carimbo comemorativo que obliterou nesta ocasião. 15 A IDEIA DE EUROPA NOS SELOS PORTUGUESES A Secção Filatélica da Associação Académica de Coimbra em conjunto com o Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX da Universidade de Coimbra – CEIS20, editaram o livro "A ideia de Europa nos selos portugueses", que foi apresentado no dia 11 de Novembro na sede do CEIS 20 em Coimbra. O livro é da autoria de 3 investigadores e filatelistas: João Rui Pita, Isabel Valente e Ana Isabel Martins, que reflectiram sobre a Europa numa interessante e inédita abordagem científica e filatélica. A cerimónia de apresentação contou com a presença e apresentação da Coordenadora Científica do CEIS 20, Professora Doutora Maria Manuela Tavares Ribeiro e dois membros da Direcção da Secção Filatélica, Nuno Cardoso e José Cura, enquadrando o livro e os seus objectivos numa abordagem interdisciplinar. São muitas as emissões de selos portugueses que nos remetem para a questão da Europa e da sua construção. Podemos fazer uma história da construção europeia e da adesão e consolidação de Portugal na Europa Comunitária através dos selos. Este estudo, escrito numa linguagem clara e acessível ao grande público, tem utilidade para o historiador por encontrar nele um roteiro de fontes sobre a Europa; tem, também, utilidade para o filatelista, sobretudo para o coleccionador que se dedica ao tema Europa. No livro, além da catalogação dos selos portugueses referentes a esta temática, encontra-se um texto objectivo sobre a história da ideia de Europa. Pretende-se, igualmente, que esta obra tenha uma função pedagógica e didáctica incentivando o despertar para questões culturais através de selos do correio. A obra foi galardoada em Outubro, na Exposição Filatélica Luso-Brasileira ”Lubrapex 2009”, com medalha de prata. A obra pode ser pedida à Secção Filatélica da AAC, Apartado 1094, EC Santa Cruz 3001-501 COIMBRA ou [email protected] e custa 9.00€. 16 Isabel Valente, Professora Doutora Maria Manuela Tavares Ribeiro e João Rui Pita segurando a medalha da Lubrapex durante a apresentação do livro no CEIS 20, e a capa do livro “A Ideia de Europa nos Selos Portugueses”. EUROPA – IMAGENS E SÍMBOLOS APRESENTAÇÃO DO LIVRO “A IDEIA DE EUROPA NOS SELOS PORTUGUESES” Por Maria Manuela Tavares Ribeiro Caros colegas e amigos, agradeço, muito sensibilizada, o convite que me foi gentilmente feito pelos Autores e quero manifestar o muito gosto em colaborar e participar nesta sessão. A imagem é um curioso objecto colocado sob os nossos olhos, e a sua ambivalência decorre das reacções diversas que ela produz nos artistas, nos pensadores, nos escritores, nos homens da comunicação, nos filósofos, nos sociólogos, nos antropólogos, nos historiadores, nos filatelistas, etc. A imagem, concebida como um “documento” no sentido escolar do termo, e mesmo um documento útil, pode destinar-se a cumprir os objectivos de aprendizagem e a participar na construção do saber a ensinar. Documento sensível, a imagem que entra no sistema das representações de cada um, suscita imaginários ao mesmo tempo que ela é também parte deles. Ela, a imagem, pode ser examinada sob ângulos de estética, porque se trata sempre de uma 17 combinação de linhas, de sinais, de cores, destinada a produzir um efeito e, ao mesmo tempo, um sentido. Há trabalhos científicos consagrados às imagens que se multiplicam, mas as questões que se colocam ao tratamento da imagem podem tornar-se complexos dado que não existe um método único e concretamente enquadrado para tratar a fonte iconográfica ou visual. Todo o historiador é capaz de interrogar as imagens, como é capaz de interrogar os textos ou vestígios arqueológicos. E a imagem dá ao historiador, de facto, um certo brilho que pode enriquecer a sua narrativa, o seu discurso. As imagens são multiformes – pintura, desenho, gravura, escultura, arquitectura, numismática, filatelia, etc… Na verdade, as imagens podem ser estudadas sob diferentes pontos de vista e podem revelar significados muito diversos. Estamos perante a imagem – imagens, melhor dito, em selos. Poderá o historiador fazer história, história da Europa, através destas imagens? Sim, por certo. Desde sempre, a Europa suscitou imagens, estimulou outras – metafóricas, alegóricas, antropomórficas, etc., que perpassam os tempos, os séculos, que permanecem ou que se criam, hoje. Mas o imaginário e o jogo de representação não negligenciam, todavia, a verdade dos factos. Sabemos bem que o processo histórico pressupõe, a um tempo, não só a reflexão sobre as ideias, as imagens, os discursos, as narrativas, mas também a análise dos acontecimentos, das realidades materiais. É importante, posso dizer mesmo imperativo, despertar a memória de uma Europa que é, a um tempo, passado e futuro. É necessário que a Europa, para que viva no real, viva também no imaginário. Se a Europa é Utopia, ela é também Realidade. Como afirmava Jacques Delors num prefácio à obra L’Europe Unie (1992): «Para que a Europa se reencontre tal como ela nos estimula para construir o seu futuro, é preciso, antes de mais, reencontrar a sua memória». Interpretar a Europa, projectar olhares vários sobre a Europa, sobre as suas diversidades e convergências – apreender a capacidade de organização e construção da Europa – das instituições, dos poderes, dos homens – visualizar as imagens e os 18 símbolos da Europa no discurso ou na opinião pública, em suma, fazer a leitura da Europa – Europa-Utopia ou Europa-Realidade – pressupõe um olhar retrospectivo, com o fim último de «reencontrar a sua memória». Através dos selos – da colecção de selos compilada nesta publicação A ideia de Europa nos selos portugueses da autoria do Prof. Doutor João Rui Pita e das doutorandas e membros do CEIS20, Mestre Isabel Maria Freitas Valente e Mestre Ana Isabel Martins, propõem-se os autores traçar o processo de construção europeia focalizado em momentos, em factos, em acontecimentos, em memórias. A desconstrução e a descodificação dos símbolos é de particular interesse. Lembre-se toda a simbólica de muitos selos aqui reproduzidos e alusivos à Paz, à Unidade, à construção do Projecto Comum, à Coesão, à Solidariedade, à Cooperação, à Fraternidade. Outros selos celebram datas comemorativas – por ex. da OTAN, da Declaração Universal dos Direitos do Homem, da EFTA, da UEO (União Europeia Ocidental), os 50 anos do Conselho da Europa, a circulação do Euro, as Presidências Portuguesas da EU (1992 e 2000); os 50 anos da Assinatura do Tratado de Roma. Aludem outros a figuras heroicizadas da História de Portugal, da Europa, do Mundo: navegantes (Vasco da Gama, Colombo) e exploradores em África. Relevam-se em outras figuras marcantes da história da construção europeia: Jean Monnet ou momentos de particular importância, como as eleições para o Parlamento Europeu. Estamparam-se nos selos as capitais europeias da Cultura, os Campeonatos Europeus de Futebol, os Parques Nacionais e os Anos Europeus como os seus diversíssimos temas. E se muitos dos selos representam e reflectem a importância dos campeonatos europeus de Futebol, da UEFA, outros privilegiam a gastronomia. Outros destacam figuras femininas nacionais que se evidenciaram nas artes e nas letras. Por fim, simbolicamente, o selo do Ano Europeu do Diálogo Intercultural (2008). Mais uma vez, nele se congregam símbolos do entrecruzar de culturas, de valores, de civilizações numa interacção desejada para um Diálogo Intercultural. 19 A policromia, as alegorias, o traço gráfico emprestam à Imagens e às Representações evidenciadas nestes Selos Portugueses, a importância deste outro documento com que também se faz a História das Ideias de Europa. Felicito vivamente os autores, Prof. João Rui Pita, Mestre Isabel Maria Freitas Valente e a ausente, também presente, Mestre Ana Martins que, nos antípodas, celebrará connosco este momento em Dia de S. Martinho. Felicito de igual modo os filatelistas, os coleccionadores de selos, que assim propiciam estudos vários com fontes tão sugestivas quanto diversas, como são os Selos que, espero, coexistam e perdurem em tempos em que predominam as Novas Tecnologias. Renovo o meu agradecimento, as minhas felicitações e agradeço a atenção de Todos. ARTIGOS FILATÉLICOS QUE MERECEM A NOSSA ATENÇÃO O panorama das publicações filatélicas em Portugal mudou nos últimos anos: as revistas que sobreviveram estão melhores, mais atraentes e com melhor conteúdo. E algumas revistas novas apareceram, o que é de louvar, provando a vitalidade da literatura filatélica nacional. Chamamos aqui a atenção para 2 artigos e uma coluna que merecem não cair no esquecimento. O primeiro foi o artigo do professor Jorge Nuno, intitulado “Filatelia Juvenil – Que caminhos?” publicado no Boletim Filatélico da Fundação do Pessoal da BP, n.º 63, Nov./Dez. 2009. Afinal, não somos os únicos preocupados. O segundo foi o artigo de Geada de Sousa, intitulado “É possível coleccionar selos usados?”, publicado no Diário do Alentejo em 3 partes durante Agosto de 2009. Trabalho que provou estatisticamente o que já desconfiávamos… E a coluna que se destacou foi “Quadro de Honra” inserida no Correio do Alentejo e que pretende ser a “passerelle” daqueles tesouros escondidos que cada um de nós tem nas suas colecções. Parabéns aos autores. 20 GASTRONOMIA FILATÉLICA EM ANADIA Por João Pedro Rocha Em Novembro de 2008 decorreu uma semana invulgar numa estação de correios. Para além da possibilidade de apreciar uma pequena mostra filatélica, durante os dias 17 e 21 de Novembro, quem se dirigiu à Estação de Correios de Anadia, teve a honra de provar as magníficas iguarias confeccionadas propositadamente para o efeito por ocasião do lançamento da publicação filatélica dos C.T.T. “ Gastronomia Filatélica”. Dessa forma, naquela semana, um dia por semana foi dedicado a um país diferente, terminando, claro está, o último dia com uma alusão à boa comida portuguesa. A Secção fez-se representar, deixando para a história o programa da semana gastronómica dos C.T.T. de Anadia: Dia 17 – Dia de Espanha – Paella Dia 18 – Dia de Itália – Massa italiana Dia 19 – Dia da Polónia – Bolinhos de Couve Dia 20 – Dia da Grã – Bretanha - Empada de frango Dia 21 – Dia de Portugal – Cozido à portuguesa e doçaria conventual. A elaboração dos deliciosos pratos contou com a colaboração dos principais restaurantes da terra, sendo que um restaurante diferente confeccionou cada um dos pratos. De destacar, para além da comida, o espaço interior da Estação de Correios de Anadia, todo ele decorado com peças e utensílios ligados à cozinha tradicional portuguesa, facto esse que abrilhantou ainda mais a iniciativa. Está pois de parabéns toda a equipa da estação de Correios de Anadia, chefiada pelo Sr. Alberto Rocha, que como já vem sendo hábito tem proporcionado aos seus clientes ou visitantes interessantes iniciativas, com as suas mostras filatélicas ou como por exemplo, em 2007, numa semana dedicada aos trajes regionais portugueses em que, para além da promoção do livro dos CTT alusivo ao tema, também os funcionários dos C.T.T. se vestiram tipicamente a rigor. Um exemplo a seguir, para bem da filatelia. 21 OS SELOS DE COIMBRA Por José António Cura Nos últimos tempos têm sido emitidos pelos CTT vários selos que abordam Coimbra. Os estudantes ou figuras que estiveram ligadas a Coimbra foram destaque, continuando a ser referência no país e no mundo. Inaugurado em Fevereiro de 2003, o Centro de Artes Visuais nasceu dos afamados Encontros de Fotografia de Coimbra. Restaurado e redesenhado pelo Arquitecto João Mendes Ribeiro, o centro tem cerca de 1000 m2 de área expositiva. O selo de 0,30 € relativo a uma carta até 20 gr. para Portugal, foi integrada na 2ª série sobre Arquitectura Portuguesa Contemporânea, ilustrada com fotografias de 10 das mais emblemáticas obras arquitectónicas portuguesas com projectos elaborados depois de 1974 Miguel Torga, pseudónimo de poeta, escritor e ensaísta. Médico formado na Universidade tem Coimbra como um dos seus amores. Aí viveu, trabalhou e passou o seu tempo: “A mais bela cidade do pais” . A taxa de 0,45 €, corresponde à taxa de Correio azul nacional até 20gr. Emissão com saída a 12 de Agosto de 2007, data de inauguração da Casa Museu Miguel Torga, em Coimbra. A torre da Universidade de Coimbra de estilo Barroco Mafrense, da Escola do Arquitecto Ludovice, foi erigida entre 1728 e 1733, possuindo 34 metros de altura. Esteve desde sempre ligada à vida Académica, sendo o seu sino conhecido entre os estudantes 22 por "Cabra". O selo de 0,30€ (porte normal Nacional até 20 gr.) foi integrado numa mini-folha de 7 selos, representativos dos monumentos candidatos a Maravilha de Portugal. O Padre António Vieira, orador e escritor jesuíta foi uma figura ilustre em Portugal e no Brasil, onde viveu como missionário e defensor dos direitos dos indígenas. Viveu encarcerado em Coimbra, aquando da perseguição da Inquisição à Companhia de Jesus. O selo 0,30€, correspondente à taxa nacional até 20gr, foi emitido na série Vultos da História e da Cultura, lançada em 2008, com mais 5 personagens, entre eles, Mira Fernandes, tendo todos os selos o mesmo valor facial. Licenciado em Matemática em Coimbra, Aureliano Mira Fernandes destacou-se no cálculo tensorial aplicado à Geometria Diferencial e à Relatividade, tendo publicado dezenas de trabalhos nessas áreas. O selo de 0,30€, taxa normal Nacional, foi lançado juntamente com outras figuras da História e Cultura portuguesas, por ocasião dos 50 anos da sua morte, em Abril de 2008. Os Serviços Municipalizados de Transportes Urbanos de Coimbra (SMTUC) foram visados em 2 selos nos últimos anos. Em 2008 e 2009 as 23 séries base recorreram às fotos de arquivo dos SMTUC, retratando, primeiro um Eléctrico de 1911 com valor facial de 0,80€ (tarifa de correio Resto do Mundo até 20 gr) e em 2009, em tons verdes, e também no valor de 0,80 € um Troleicarro de 1961. Ambas as séries base retrataram transportes públicos existentes no país ao longo dos anos. Soeiro Pereira Gomes, um dos grandes nomes do neorealismo literário português, estudou na Escola de Regentes Agrícolas de Coimbra (actual Escola Superior Agrária), onde tirou o curso de Regente Agrícola, foi tema na série de Janeiro de 2009 Vultos da História e Cultura, com um selo de 0,32 (nova taxa correio normal Nacional até 20 gr.). Em Outubro de 2008 os Correios emitiram um selo retratando a Ponte de Santa Clara, que liga as 2 margens do Mondego na cidade de Coimbra. Integrada na série Pontes e Obras de Arte, foi o selo mais caro, com excepção dos blocos, com o valor facial de 1,00€ correspondendo apenas à taxa para Espanha de 10 a 50 gr., usada por isso para composição de portes. Em Abril de 2009, ao abrigo da emissão conjunta Portugal – Turquia, foi emitido uma série de 2 selos com arte cerâmica. Para retratar a cerâmica portuguesa foi escolhido um pote de forma cilíndrica com asas, produto da cerâmica portuguesa do início de século XVII em tons de azul e que está exposto no Museu Nacional Machado de Castro, nesta cidade. O selo em causa possui o valor facial de 0,68 correspondente ao porte normal (até 24 20gr) para a Europa. O selo turco possui o valor facial de 80 kurus, e um grafismo ligeiramente diferente (consultar na nossa página). Em 2009 foi emitida uma emissão sobre os 900 anos do nascimento de D. Afonso Henriques, 1º rei de Portugal, que poderá ter nascido em Coimbra?! (existe alguma controvérsia à volta deste facto histórico), e falecido nesta mesma cidade, estando sepultado no Panteão Nacional da Igreja de Santa Cruz. A emissão contou com um selo de 0,32€ (porte nacional normal) com uma estátua do 1º rei, existente no Museu do Carmo em Lisboa e um bloco de 3,07€, correspondendo ao porte do correio registado em mão para a Europa (até 20gr.), retratando a Carta de Couto doada ao Mosteiro de Tibães em 1140; tendo o selo do bloco um pormenor do manuscrito Apocalipse do Lorvão, guardado na Torre do Tombo. Por sugestão da SFAAC os CTT apuseram um carimbo de 1º dia desta série na Estação Fernão de Magalhães. Na senda dos últimos anos e para culminar com o ano de 2010, mais uma emissão relativa ao centenário da República veio enriquecer a nossa filatelia em Outubro de 2009. Nesse âmbito, foi lançada uma série sobre as Mulheres da República, sendo uma das retratadas, Carolina Michaëlis, ilustre professora na Universidade de Coimbra. O selo comemorativo teve o valor facial de 1,00€, o valor mais alto da série de 6 selos, não correspondendo a nenhum porte específico. 25 SECÇÃO FILATÉLICA DA A.A.C. HORÁRIO DE EXPEDIENTE – 2010 QUINTA-FEIRA SÁBADO - das 16 h às 18 h - das 16 h às 18 h Apareça! Será sempre bem-vindo! Gostaria de nos contactar? Gostaria de escrever para a Cábula Filatélica? Escreva para: Secção Filatélica da AAC Apartado 1094 – E. C. Santa Cruz 3001 – 501 COIMBRA Visite-nos no Edifício da AAC no 1.º Piso ou em http://filatelica.aac.uc.pt/ Telefone: 239 410 404 Email: [email protected] As quotas anuais da Secção Filatélica da AAC são: Jóia de inscrição* Estudante* Não estudante* Cartão de Filatelista da FPF-APD 3,00 € 3,00 € 6,00 € 15,00 € * - Ou Carta-Quota. Não se esqueça de pagar a sua quota da Secção Filatélica da AAC, é o seu contributo para o nosso bom funcionamento. C.C.C.C. Clube de Coleccionadores de Carimbos Comemorativos (integrado na Secção Filatélica da A.A.C.) O MAIOR STOCK DE CARIMBOS COMEMORATIVOS DO PAÍS (DESDE 1977) COMPLETE A SUA COLECÇÃO TEMÁTICA COM CARIMBOS COMEMORATIVOS 26 LEONARDO FIBONACCI Por Nuno Rodrigues A Idade Média, período da História também conhecido como Idade das Trevas devido ao retrocesso no conhecimento científico, teve em Leonardo Fibonacci um farol que iluminou e guiou a Europa na arte do cálculo. Na segunda metade do século XII, a cidade de Pisa, em Itália, foi um importante pólo mercantil, ponto de partida e chegada de pessoas, mercadorias e cultura. A família Bonacci era uma das mais prósperas da cidade e quando Leonardo nasceu, por volta do ano 1170, o pai ambicionou que, tal como ele, o filho fosse um mercador de sucesso. A actividade comercial levou o progenitor à Argélia e o jovem Fibonacci acompanhou o pai, tendo sido iniciado no sistema de numeração Indo – Arábico por um professor muçulmano. O mestre ensinou-lhe álgebra e deu-lhe a conhecer o livro Hisâb al-jabr w’almuqabâlah, escrito pelo matemático Persa al-Khowarizmi. Em adulto, Leonardo fez viagens de negócios ao Egipto, Síria, Grécia, França e Constantinopla (actual Istambul, Turquia) tendo a oportunidade de estudar e comparar os algoritmos de cálculo usados em cada região. De regresso a Pisa, no início do século XIII, e já rendido à supremacia do sistema Indo – Arábico, publica, em 1202, Liber Abaci dedicado à aritmética e álgebra. 27 Ao longo das páginas do seu livro apresenta o método de cálculo utilizado no Oriente ainda que desconhecido, até então, na Europa. A razão estava do lado de Leonardo Fibonacci e a Europa acabou por se render aos algarismos mas, como acontece em tantas outras situações, as pessoas resistiram à mudança e o sistema de numeração romano ainda vigorou por mais alguns séculos. Na realidade o sistema de numeração romano não era utilizado para efectuar os cálculos (isso era feito numa tábua de contagem), mas fundamentalmente para registar resultados. O livro de Leonardo apresenta uma variedade de problemas, onde se inclui o problema dos coelhos. A questão colocada tem como solução uma sequência numérica que aparentemente desprovida de maior interesse, é na realidade uma fonte de inspiração para os matemáticos que têm descoberto inúmeras propriedades a seu respeito. Serão simples acasos felizes? O matemático François Anatole Lucas (1842 – 1891) foi um dos entusiastas do estudo da sequência de Fibonacci mas como se poderá constatar, outros nomes da ciência dedicaram tempo e esforço a este assunto. Em 1961, Vorobyev publica uma brochura à qual deu o nome de “Fibonacci Numbers”. A obra teve enorme aceitação por parte do público e depressa foi traduzida do russo para outras línguas. Dois anos mais tarde, nos E.U.A, um grupo de matemáticos juntou-se para fundar a Fibonacci Association, associação que, entre outras iniciativas, publica o jornal “The Fibonacci Quarterly”. Para o filatelista mais curioso e interessado em Matemática existem livros que combinam as duas áreas. Stamping Through Mathematics: An Illustrated History of Mathematics Through Stamps, escrito por Robin J. Wilson, é disso um bom exemplo. 28 OS DESAFIOS DA FILATELIA NA ERA DA INTERNET Por José António Cura Os sites temáticos ou de investigação de história postal, as páginas de clubes, comerciantes filatélicos e entidades emissoras, sites de leilões, os fóruns, os blogs, os portais são, hoje em dia, um realidade, diria eu, incontornável. Sites como o “Filatelia em Portugal” (http://www.caleida.pt/filatelia/), Selos-postais.com” (http://www.selos-postais.com/), “Inteiros Postais de Portugal” (http://www.inteirospostais.com/), site do C.F.P. (http://www.cfportugal.com/), ou mesmo os CTT (http://www.ctt.pt/), etc. são referências de estudo e de consulta obrigatória periódica. Haverão muitos mais, mas, por interpretação minha ou simplesmente por desconhecimento, serão menos relevantes, mas concerteza acrescentam, nas suas áreas específicas, mais valias e informações essenciais, bem como muitos conhecimentos filatélicos que a grande parte dos filatelistas precisam ou procuram. Em vez de assumirmos a Internet como um factor de risco da filatelia, que também o é, devemos encará-la como uma ajuda imprescindível na demanda por novos e melhores conhecimentos sobre a nossa área de estudo. Alguns filatelistas mais avançados recusam partilhar os seus conhecimentos na Internet, que é por regra gratuita e talvez seja esse um dos factores para essa recusa. Outros simplesmente ainda não aderiram a esta tecnologia. A idade já não é desculpa para a não utilização desta ferramenta informática, pois o esforço necessário para interacção é relativamente baixo e existem imensos exemplos de pessoas, com mais idade, mais capacitados para usar as ferramentas existentes do que muitos jovens. Mas muitos outros filatelistas partilham de forma altruísta os conhecimentos que possuem, disponibilizando-a em fóruns, portais, em blogs ou nos seus sites pessoais, ou mesmo em livros 29 electrónicos (veja-se no site Filatelia em Portugal e no da SFAAC). Uma das maiores dificuldades actuais é que muita informação apenas se encontra disponível na sua língua original, o que provoca grandes dificuldades de pesquisa. Depois de encontrada, já existem, hoje em dia, ferramentas suficientemente boas para traduzir com alguma qualidade textos filatélicos, e isso torna-se uma nova fonte de informação. Não poderia deixar de falar sobre a página da Secção (novo endereço em: http://filatelica.aac.uc.pt/). Como responsável por ela, tenho tentado que evolua para ter muita da história postal e temática de Coimbra. Neste momento são mais de 400 páginas diferentes e cerca de 500 imagens ou fotos. As actividades da Secção, bem como o seu Clube de Coleccionadores de Carimbos Comemorativos são destacados numa página que possui um conjunto de informação que esperemos seja útil para os filatelistas em geral. Espero por sugestões e críticas. De realçar ainda que este artigo estará disponível na Internet como parte integrante da página da Secção, mais particularmente nos conteúdos da Cábula Filatélica (http://filatelica.aac.uc.pt/cabula/), onde se tem tentado disponibilizar gratuitamente muitos dos seus conteúdos para todo o universo filatélico de língua portuguesa. Em suma, a Internet é um mundo de oportunidades para a filatelia. Aproveitem ao máximo e partilhem com os outros aquilo que encontrarem por aí. José António Cura – [email protected] – http://jcura.selos-postais.com/ ESCUTISMO EM VENEZA Por Victor Gonçalves A fim de comemorar os 40 anos da “Associazione Italiana Scout Filatelia”, realizou-se em Veneza de 16 a 18 de Outubro uma mostra filatélica dedicada ao escutismo. A mostra foi realizada no Casino de Veneza e contou com a participação de 34 colecções provenientes de 6 países (Itália, Espanha, Alemanha, Reino Unido, Áustria e Portugal). 30 Através das colecções presentes, os visitantes puderam encontrar colecções dedicadas a Mafeking (localidade sulafricana onde Baden-Powell se tornou um herói na 1ª Grande Guerra), Jamborees Mundiais (encontros de escutistas), 100 anos de escutismo, entre outras. Por outro lado, através da filatelia os visitantes ficaram a conhecer um pouco melhor o movimento escutista. Para os expositores presentes foi uma oportunidade de apresentarem o trabalho desenvolvido nas suas colecções e de em conjunto poderem aprofundar conhecimentos específicos sobre determinadas peças. Foi igualmente, um momento propício à realização de trocas, aquisição de novo material, assim como, a oportunidade de estabelecer contactos com coleccionadores de vários países que se dedicam a esta temática. A fim de comemorar o evento, foi lançado no dia 16 um carimbo comemorativo dedicado aos 40 anos da associação. O próximo encontro do género ficou marcado para a “Euro Scout 2010” a realizar em Chelmsford, Inglaterra (local do último Jamboree Mundial) de 14 a 16 de Maio de 2010. Nota do Director Nesta exposição esteve presente o nosso sócio Victor Gonçalves com a sua colecção “Foi um dia em Brownsea”. 31 O CID EM COIMBRA Por António Carvalho Na nossa investigação temática dedicada a Coimbra, deparámo-nos com o opúsculo Coimbra en las Letras Españolas, de José María Viqueira, editado por ocasião do IX centenário da reconquista definitiva de Coimbra aos mouros, e no qual se alude às várias referências feitas a Coimbra na literatura castelhana, desde a Idade Média até ao século XX. Ora, uma dessas referências surge logo nos primeiros textos castelhanos e é relativa a um acontecimento ocorrido ainda em data anterior à fundação da nacionalidade: a própria reconquista da cidade. Decorria o ano de 1064, quando Fernando Magno, rei de Leão e Castela, organiza uma grande expedição tendo como objectivo a conquista da cidade de Coimbra, então na zona de fronteira no extremo ocidental do reino. A campanha militar deve ter mobilizado meios consideráveis e o rei fez-se acompanhar por um séquito numeroso, incluindo a rainha e os seus três filhos – Sancho, Afonso e Garcia. A cidade é conquistada ao fim de seis meses de cerco: o limite do reino passa a situar-se nas margens do Mondego, resistindo mesmo à resposta almorávida, anos mais tarde. A efeméride foi assinalada filatelicamente em 1965: Contudo, o que agora mais importa comentar é a lenda relacionada com este acontecimento: o facto de o conhecido el Cid Campeador, Rodrigo Díaz de Bivar, ter sido armado cavaleiro na cidade de Coimbra, logo após o termo das hostilidades. 32 Rodrigo Díaz de Bivar, el Cid Campeador, viveu entre 1043 e 1099. Nasceu em Castela e era um infanção, ou seja, pertencia à baixa nobreza, fazendo parte dos guerreiros que gravitavam em torno de Sancho, um dos filhos do rei Fernando Magno. Preparando a sua sucessão, Fernando dividiu o reino entre os três filhos e a Sancho coube o reino de Castela (Afonso recebeu Leão e Garcia, a Galiza). Quando Fernando morre, sucedem-se as lutas entre os três irmãos; no cerco da cidade de Samora, Sancho II de Castela é misteriosamente assassinado e Afonso torna-se também rei de Castela. Rodrigo desconfia do seu novo rei e exige-lhe que demonstre a sua inocência; por esse facto, Afonso condena o Cid ao desterro. Rodrigo embrenha-se então nas lutas da reconquista (chega a estar ao serviço de um dos reinos muçulmanos das taifas) até conquistar o reino de Valência. A figura e os feitos de Rodrigo Díaz de Bivar são o tema da obra máxima da épica medieval na Península Ibérica – o Poema de Mio Cid – e que criaria indelevelmente o mito do Cid, nos seus 33 conflitos com o rei Afonso e a conquista de Valência: de cavaleiro desterrado pelo seu rei, Rodrigo ascende à alta nobreza quando se torna rei de Valência e liga as suas filhas por casamento às casas reais de Aragão e Navarra. Todavia, não é neste poema que surge a lenda referida, mas sim em romances também de carácter épico. Os romances de que falamos são curtos poemas de origem anónima transmitidos oralmente de geração em geração por jograis e segréis. A sua temática é variada (o romance Yo m’estando en Coimbra a prazer y a bem folgar, por exemplo, trata da morte de Inês de Castro). Alguns difundem temas épicos, ora de origem transpirenaica (Roncesvalles, Bernardo del Carpio), ora de origem hispânica (o Cid, os infantes de Lara). Um destes romances é o Gánase a Coimbra, de los moros, com la ayuda de Santiago Apóstol. – El Rey arma caballero al Cid, calzándole las espuelas la Infanta Urraca. O título diz-nos quase tudo: Coimbra está cercada há sete anos e o rei Fernando pensa retirar-se quando os monges de Lorvão oferecem os mantimentos que faltavam ao seu exército até que finalmente a cidade é conquistada. Então, no sonho duma personagem o próprio apóstolo Santiago revela que se encontrava entre as hostes vencedoras. Depois da vitória, na antiga mesquita e agora igreja de Santa Maria, o Cid é armado cavaleiro pelo próprio rei: Y en ella se había armado Caballero don Rodrigo De Vivar, el afamado. El Rey le ciñó la espada; Paz en boca le ha dado, No le diera pescozada Como a otro había dado, Y por hacerle más honra La Reina de dió el caballo, Y Doña Urraca la infanta, Las espuelas le ha calzado. Toda a família real participa na cerimónia e equipa o Cid com três elementos fundamentais para a actividade do cavaleiro – a espada, o cavalo e as esporas – o acto ganha maior dignidade e 34 ao novo cavaleiro já se augura o seu destino épico. O local – a igreja de Santa Maria – já foi indicado como sendo a igreja sobre a qual se construiria a futura Sé Velha. (prova do selo de 1935) Este é o conteúdo da lenda; a realidade, porém, é um pouco diferente. É verosímil que por estes anos já Rodrigo Díaz fizesse parte do grupo de infanções que acompanhavam o futuro rei Sancho II de Castela e não é descabido afirmar que tenha participado na conquista da cidade; contudo, já antes teria sido armado cavaleiro até pela própria idade do Cid no ano da reconquista. Como explicar, então, esta lenda? Provavelmente para aquela época, a conquista de Coimbra foi uma dura batalha (que o romance amplifica: Siete años duró el cerco). A par da importância da cidade (bem como do saque obtido) e do território conquistado, este episódio ficou retido na memória dos intervenientes cristãos. Mais tarde, ter-se-ão juntado outros ingredientes: a recordação de que o Cid, na sua mocidade, teria participado nos combates, a própria importância que o Cid ganhou na imaginação popular, a presença do rei e da família real, a importância que o apóstolo Santiago foi ganhando como patrono da Reconquista. 35 PONTE DE SANTA CLARA Por Bruno Quaresma Para atravessar o rio Mondego edificaram-se pontes que desempenharam, sempre, uma importância vital nas vias de comunicação terrestre. A primeira que há notícia, data de 1132 e remonta a D. Afonso Henriques. Todavia alguns historiadores levantam a hipótese de que teria existido uma ponte de madeira romana. Séculos, mais tarde, quando D. Manuel I, em 1506, visitou Coimbra, entrou pela ponte afonsina e viu, e deram-lhe a conhecer o estado deplorável da mesma. Não esqueceu o problema e, em 1510, mandou os mestres Boitaca e Mateus estudar as obras e custos. A nova ponte, a manuelina, ficou concluída em 1513. Tornou-se a mais bela e extensa do País, naquela época. Assentava sobre vinte e quatro arcos com altura suficiente para dar vazão às águas e por eles passarem barcas serranas com as velas pandas. Ponte manuelina do século XVI A ponte manuelina entrou, mais tarde em ruptura, porque o assoreamento do rio tapava, quase, os arcos. Projectou-se uma 36 nova ponte. Iniciada a construção em Julho de 1873, ficou concluída e foi inaugurada em 8 de Maio de 1875. Metálica, com passagens laterais para peões e pranchas de madeira ao meio — o pavimento —, tornou-se perigosa com o aumento do tráfego, ocasionando uma trepidação cada vez maior. “ Ponte de Santa Clara” em estrutura metálica inaugurada em 1875 O problema da sua substituição foi ventilado em 9 de Outubro de 1947, quando o Ministério das Obras Públicas, Eng.º Arantes e Oliveira, visitou a cidade. Os trabalhos iniciaram-se em 5 de Abril de 1951, sob projectos de Eng.os Edgar Cardoso e António Franco Abreu e a colaboração do Arqt.º Peres Fernandes. Em 30 de Outubro de 1954 a nova ponte “ Ponte de Santa Clara”, abriu ao trânsito. O seu comprimento de 214 m ficou consolidado por betão armado do tipo pórtico múltiplo especial, com cinco vãos e três articulações. A largura da faixa de rodagem assentou em doze metros, enquanto a largura de cada passeio atingiu os três metros. A espessura da laje do tabuleiro totalizou vinte e quatro centímetros e os vãos extremos ficaram a medir 35 metros. O custo foi de cerca de quinze mil contos, tendo-se utilizado na construção, duas mil e setecentas toneladas de betão e novecentas toneladas de aço. 37 “ Ponte de Santa Clara” actual em betão-armado. Sérgio Simões, Coleccionismo e Formação Lda Rua Dr. Artur Figueirôa Rego, 25 2500-300 Caldas da Rainha Tel.262 831 248 * Fax 262 843 293 * Móvel 963 871 123 www.filsergiosimoes.com * [email protected] Selos de Portugal, Colónias, PALOP, e Estrangeiros em novo ou usado (por países ou temas) Pacoteria variada também por temas ou países, desde 100 diferentes até 40.000 Literatura e Catálogos Filatélicos e Numismáticos: YVERT, STANLEY GIBBONS, MICHEL, KRAUSE, KRAUSE, DOMFIL, etc. Álbuns com folhas pré impressas para selos de todo o mundo Classificadores, pinças, lupas, tiras HAWID e todo o material que possa imaginar para filatelia e numismática Representantes das marcas LINDNER, SAFE, YVERT e HAWID. 38 JOHN JAMES AUDUBON Por Américo Rebelo John James Audubon, nasceu a 26 de Abril 1785 em Les Cayes, Santo Domingo, (agora Haiti) tendo falecido a 27 Janeiro 1851. Filho de um capitão da marinha mercante Francesa e de Mademoiselle Rabine, vindo este a falecer 3 anos após do nascimento do filho. Após o pai estar viúvo, regressam a França vindo juntar-se com uma senhora de nome Sra. Audubon, que foi madrasta de J.J.Audubon, tendo tomado conta dele como seu filho, e uma meia-irmã nascida de uma relação extra matrimonial. Em França no ano de 1799 vivia-se um momento muito conturbado com os processos revolucionários tendo o regime sido derrubado sob o comando de Napoleão Bonaparte a 9 de Novembro 1799 ficando este golpe conhecido como “ Golpe 18 de Brumário “, dando origem à Revolução Francesa. No ano de 1803, J.J.Audubon foge para a América, com um passaporte falso, com consentimento de seu pai, indo viver para Mill Grove, próximo de Filadélfia, aonde a família tinha algumas propriedades, para assim não ser incorporado nas tropas de Napoleão Bonaparte. Depois desta mudança, J.J.Audubon, ainda jovem, começa a despertar em si um interesse pelo desenho sobre tema aves e natureza, associando-se também alguma inclinação para o estudo da parte científica das aves, a ornitologia, começando por anilhar algumas aves migratórias, afim de fazer um estudo do seu regresso ou não no ano seguinte. Mais tarde, J.J.Audubon, constitui família, casando-se com Lucy Bakewell, da qual tem dois filhos. Mudando-se depois com a família de Mill Grove para Louisville no Kentucky. Aí, por 39 influência do pai e alguns familiares dedica-se ao negócio, tendo sido um fracasso, passando alguns momentos difíceis. Após ter passado por esta situação difícil, J.J.Audubon, decide realizar o seu sonho de jovem, que era desenhar todas as Aves da América do Norte, pelo facto de ser um grande amante de aves. Motivado por este sonho e tendo o apoio da sua mulher, decide percorrer os Estados Unidos da América à procura de aves para desenhar. Esse seu trabalho de investigação era feito através da abordagem que fazia no meio da natureza, acompanhado sempre de papel e diverso material de desenho, para assim tirar as respectivas anotações. Independentemente do material de desenho, utilizava também uma arma para matar algumas aves, para assim as poder desenhar melhor. No ano de 1826, J.J.Audubon, já tinha uma série de estampas feitas, procurando então uma editora em Nova York e Filadélfia para lhe publicar o seu livro “ The Birds Of América “. Esse projecto começou a ser difícil de se concretizar, pelo facto de não haver nenhuma editora que quisesse arriscar neste negócio. Perante tal situação viu-se obrigado, a imigrar para a Europa para, aí concretizar esse projecto. No Reino Unido, o seu projecto começou a ter uma luz no fundo do túnel, pois o seu sucesso começou a expandir-se de tal ordem, em parte graças à qualidade dos seus desenhos, mas também ao marketing que utilizou para os vender. Mudou completamente o seu visual, passando a andar com cabelo grande e vestido de pioneiro americano. Graças a estas mudanças conseguiu vender algumas gravuras, tendo arranjado rapidamente dinheiro para contratar uma litografia, afim de lhe imprimir as gravuras, referentes ao seu livro The Birds Of América. O sucesso dessas gravuras foram de tal ordem que o próprio Rei Jorge IV do Reino Unido, e outras pessoas importantes foram os grandes compradores das suas obras. 40 Graças ao sucesso do seu trabalho recebeu um elogio do Barão Georges Cuvier como sendo “um monumento à ornitologia“ e um convite para membro da Royal Academy. J.J.Audubon regressa à América em 1829, tendo angariando mais subscritores para a sua obra, e tentou completar as gravuras que lhe faltavam. No ano de 1840 conseguiu realizar o seu sonho, que era publicar o livro “The Birds Of América“. Com orientação da gráfica Octavo Edition, publicou o livro, mas numa versão mais barata afim de ser acessível para as classes com poder económico mais baixo. Na primeira e única edição foram vendidos 1200 livros, que se esgotaram rapidamente. Após este sucesso, conseguiu equilibrar as suas finanças, continuando a trabalhar na companhia dos seus filhos num projecto de um novo livro “Viviparous Quadrupeds of North América“, que foi publicado em 1852 a título póstumo, dado que ele morreu em 1851. Filatelicamente, existem a nível mundial, várias emissões de selos alusivos a J.J.Audubon e à sua obra. 41 PALÍNDROMO "FILATÉLICO" Por René Rodrigues da Silva Quem, como o autor deste apontamento, receba diariamente e-mails das mais variadas origens, deve-se ter confrontado, desde meados de Março p.p., com uma mensagem (e variações da mesma) cujo assunto era: “VOCÊS SABEM O QUE É UM PALÍNDROMO?”. Em seguida, com maior ou menor rigor, a mensagem em apreço esclarece-nos que palíndromo é uma palavra ou número que se lê nos dois sentidos, indiferentemente da esquerda para a direita e ao contrário. Por exemplo, RIR, OVO, OSSO, RADAR, ANILINA e até mesmo uma conhecida marca de pneus (“CAMAC”) que desapareceu do mercado há relativamente pouco tempo. Este tipo de palavras (e frases) são muito antigas. Os romanos deixaram-nos vários exemplos que aqui e agora não reproduzimos, em virtude de irem sobrecarregar este texto com duvidosa utilidade. Segundo o Dicionário Houaiss, a palavra palíndromo aparece na Língua Portuguesa, por volta de 1873. Acima escrevi propositadamente “com major ou menor rigor”, porquanto a definição avançada se nos afigurar algo limitativa. De facto, não só são palíndromos as palavras e os números — que o vulgo chama de capicuas — mas também frases, necessariamente curtas, desenhos, construções coloridas, fotos e até, pelo menos, um selo. De frases, ofereço como exemplos: “LUZ AZUL”; “A DROGA DA GORDA”; “SAIRAM O TIO E OITO MARIAS”. Para encontrar fotos, desenhos e outras construções permitimonos aconselhar o leitor a ir navegar na NET. O que justifica tanta conversa é, porem, trazer ao conhecimento da maioria dos filatelistas — estamos quase certos que será a maioria — da existência de um selo que apresenta características muito semelhantes às que tem ocupado a nossa atenção. 42 O selo reproduzido (ver ainda a duplicação invertida), foi lançado em circulação em França, em 1979, e é consagrado às abadias normandas. O catálogo “Yvert & Tellier” deu-lhe o nº 2040. Estamos perante um selo barato (novo custa menos de um euro) mas que pela sua singularidade (cremos que única) merece constar das nossas colecções, desde que nos dediquemos a este género de curiosidades filatélicas. Se quiser construir uma temática de selo único, tem neste selo o “pontapé de saída” que necessitava. 43 JEAN MONNET Por Isabel Valente 1988 - Emissão Comemorativa do Centenário do Nascimento de Jean Monnet Desenho de Acácio Santos apresentando o retrato do homenageado. Impressão a off-set pela Imprensa Nacional - Casa da Moeda sobre papel esmalte, em folhas de 50 selos com denteado 12 x 12-1/2. Foram emitidos 600 mil selos da taxa de 60$00 castanho tijolo e amarelo. Sobre estes selos foi impressa uma tarja fosforescente. Postos em circulação a 9 de Maio de 1988.1 ***************** Jean Omer Marie Gabriel Monnet nasceu a 9 de Novembro de 1888, em Cognac, França, tendo desenvolvido, ao longo de toda a sua vida um trabalho perseverante, dedicado à divulgação do ideal europeu, tendo sido o inspirador do “Plano Schuman”, que previa a fusão da indústria pesada na Europa Ocidental. Monnet, aos 16 anos, sem ter acabado o ensino secundário, decide viajar por vários países como comerciante de conhaque e, mais tarde, como banqueiro. Como o próprio escreveu nas suas memórias – “desde muito cedo eu via muito bem onde poderia empregar imediatamente a minha actividade e aplicar a minha reflexão: porque é que havia eu de fazer o desvio do Direito, alugar um quarto em Poitiers, quando estava ao meu alcance entrar na escola da vida e visitar o mundo?”2 Esta convicção singular leva-o a Londres, para uma estadia de dois anos, com o objectivo de aprender inglês e de conhecer os hábitos deste povo. Em 1906, a convite de seu pai, representa e conduz os negócios de família nos Estados Unidos da América. Sublinhe-se, 1 Cf. Carlos Kullberg, Selos de Portugal – Álbum VI (1985/1990), Vila Nova de Famalicão, Edições Húmus Ldª, 2005, p.72. 2 Jean Monnet, Memórias, Lisboa, Ulisseia, 2004, p.40. 44 aqui, as palavras do Pai de Jean Monnet antes da sua partida para a América: “não interessam os livros. Ninguém pode reflectir por ti. Olha pela janela, fala com as pessoas. Presta atenção àquele que está ao teu lado.”3 Estas palavras terão inspirado toda a vida de Monnet. De facto, durante várias décadas, exerceu, como poucos, o magistério da influência. A leitura das suas Memórias constitui um testemunho eloquente da sua entrega à causa de servir e de aproximar os homens, as nações e os Estados. É importante sublinhar como lhe interessaram as condições de vida dos povos da Europa, o progresso económico e a paz. Como ninguém compreendeu a urgência da reconciliação francoalemã, aliás apontada como conditio sine qua non para a manutenção da paz no continente europeu. Durante as duas guerras mundiais, exerceu cargos importantes relacionados com a coordenação da produção industrial em França e no Reino Unido. Em 1919, participou na criação da Sociedade das Nações, da qual foi Secretário-geral adjunto. Durante a Segunda Guerra Mundial presidiu ao Comité de Coordenação Franco-Britânico para a partilha dos recursos aliados. Retido em 1943, em Argel, com a sua pátria ocupada pelas tropas alemãs, Monnet escreve: “Não haverá paz na Europa, se os Estados se reconstroem sobre uma base de soberania nacional (...) Os países da Europa são demasiado pequenos para assegurar aos seus povos a prosperidade e os avanços sociais indispensáveis. Isto supõe que os Estados da Europa se agrupem numa Federação ou ‘entidade europeia’ que os converta numa unidade económica comum.” Na verdade, a sua observação atenta da realidade europeia, a sua análise crítica e a formulação de soluções para o conflito europeu pressupunham, todavia, um conhecimento histórico e político profundo dos acontecimentos, dos factos, dos movimentos políticos, económicos, sociais e culturais do seu tempo. 3 Jean Monnet, Ob. Cit., p. 47. 45 Quando acabou a guerra, foi nomeado Comissário do Plano de reconstrução e recuperação económica de França. Em 1950 Jean Monnet revela com todo o vigor uma vocação europeia que viria a inspirar o Plano Schuman, presidindo então à Comissão de Negociações da qual faziam parte os seis Estados Fundadores da Comunidade Europeia. Foi nomeado em 1952 Presidente da Alta Autoridade da Comunidade Europeia do Carvão e do Aço. Demitindo-se da Alta Autoridade em 1955 criou de seguida o Comité de Acção para os Estados Unidos da Europa, de fundamental importância para o futuro da Europa, comité que foi dissolvido em 1975. Em 1976, o conselho de Chefes de Estado e Governo da CEE, reunido no Luxemburgo, decidiu outorgar-lhe o título de Cidadão Honorário da Europa. Jean Monnet faleceu no dia 16 de Março de 1979. À luz do que foi dito, pode afirmar-se que um desejo permanente estimulou sempre a força anímica de Monnet – a construção da Paz na Europa. AVENTURAS DE TABULEIRO Por António Mendes Curado Entre as lendas da cavalaria da Idade Média e num universo das melhores gestas arturianas, todos nós, nos recordamos das aventuras do Rei Artur e os Cavaleiros da Távola, de Sir Lancelote e a Dama do Lago, Percifal e a demanda do Graal, heróis e histórias de venturosos cavaleiros que povoaram a nossa adolescência. No entanto poucos deverão ter lidos as aventuras de Sir Gwdaine e o Cavaleiro Verde, e muito menos as versões holandesas da gesta arturiana com grande relevo para os romances de cavalaria onde o principal herói, foi Roman van Walenweise, pela pena de Penninc e Pieter Vostaert, que utilizando referências do século XIV, na língua nativa, construíram verdadeiras epopeias sobre a cavalaria da Távola Redonda com três historias em 11202 versos, em holandês antigo chamado diets(ch) ou 46 duits(ch); Walenweise e o Xadrez Voador, Walenweise e a Dama Horrorosa, Walenweise e a Espada dos dois Anéis. As versões, holandesa, francesa e inglesa, misturam por vezes o nome do cavaleiro, sendo conhecido por Walenweise, Walwanius, Gawain, Gauvan, Gawan, sempre precedido do título de Sir... Provavelmente a BD – Príncipe Valente foi inspirada nas aventuras deste cavaleiro. Nas versões portuguesas das histórias arturianas, era comum traduzir o nome da personagem para Galvão e precedê-lo pelo título Dom. É no entanto desconhecido até agora, a existência de qualquer tradução de contos, onde o herói principal seja, Walenweise. Este cavaleiro é muitas vezes descrito como sendo sobrinho do rei Artur filho de Morgause e irmão de Gaheris, Gareth, Agravaine e Mordred. Possuía um comportamento muito irritadiço e era muito belicoso e tem uma peculiaridade que lhe permite ganhar força física no período que vai das nove da manhã até ao meio-dia. Sir Gawain é personagem da saga do Rei Artur e a Távola Redonda, e seu nome é citado pela primeira vez na História regum Britanniae (História dos Reis da Bretanha) - 1136 -, de Geoffrey de Monmouth, onde é chamado Walwanius, e tido como sobrinho do próprio Rei Artur, e na história de Guilherme de Malmesbury (por volta de 1120), onde se fala do descobrimento de seu túmulo no Castelo de Walwyn, em Pembrokeshire. Nas palavras de Chrétien de Troyes, um dos autores de livros sobre a Távola Redonda: \"À frente de todos os cavaleiros, deve ir o primeiro: Gawain\". Ou ainda, nas palavras de Wace, cronista da corte dos Plantagenetas: \"Grande foi sua nobreza e estatura; não houve nele presunção nem arrogância; fez mais do que contou e deu mais do que prometeu\". A edição canónica de \"Sir Gawain\" foi publicada por Tolkien (o mesmo de O Senhor dos Anéis) juntamente com E. V. Gordon (Oxford, 1952). Neste livro são apresentadas três histórias sobre Sir Gawain, da Távola Redonda, retiradas de edições modernas que seguem rigorosamente a essência dos originais, compiladas pelos mais criteriosos especialistas em história e literatura medieval. 47 Vem isto a propósito da última descoberta na temática de Xadrez de um selo holandês de 1966 sobre as referências literárias da Holanda, que apresenta um excerto de um pergaminho circa 1350, onde se vê um cavaleiro medieval. Manuscrito e selo holandês de 1966 Procurando a imagem desse pergaminho deparei-me com o pormenor de um pouco acima do cavaleiro, haver um tabuleiro de xadrez com 7x8 casas e mais tarde com as histórias de Roman van Walenweise. O primeiro dos contos, Walenweise e o Xadrez Voador, começa quando no castelo de Camelot, estando a corte do rei Artur reunida, entrou por uma janela, voando, um tabuleiro de xadrez com as respectivas peças dispostas para se iniciar uma partida. Pairando de modo desafiante em frente dos cavaleiros, convidava a iniciar uma partida de xadrez. Como nenhum dos cavaleiros ousasse aceitar o desafio, o tabuleiro voador esgueirou-se novamente pela janela, deixando os cavaleiros atónitos e incrédulos. O rei Artur depois do tabuleiro ter desaparecido, manifestou o desejo de possuir tão precioso conjunto e decretou que após a sua morte, seria rei no trono de Avalon, o cavaleiro que lhe trouxesse tão cobiçada jóia, e assim se inicia a aventura. 48 NUNCA LÁ ESTIVE, MAS CONHEÇO ALGUÉM QUE JÁ LÁ FOI… Por António Mendes Curado Um amigo, meu conterrâneo, pessoa muito simpática e afável, bom conversador, amante das coisa boas da vida, jogador de xadrez nas horas livres, quando novo, tal como muitos de nós, leu os livros de Emilio Salgari e sobretudo as aventuras de Sandokan, assim como as viagens de Marco Polo (1254-1324) e idealizou que um dia havia de ir a Samarcanda conhecer essa cidade da Ásia Central, passagem obrigatória da rota da seda. Se o idealizou, em 1972 concretizou-o. Essa aventura e o relato dessa epopeia, no tempo da União Soviética e antes do 25 de Abril de 1974, deliciaram alguns repastos e tertúlias com inúmeros ouvintes e admiradores. Assim o recordei com o livro que agora li. Com a revista SÁBADO, está a ser distribuído e pelo preço simbólico de 1.00 euro, vários livros com muito interesse. O segundo dessa colecção, tem o nome de SAMARCANDA de Amin Maalouf, ex-jornalista nascido em Beirute, refugiado em Paris, foi correspondente de guerra como enviado especial em conflitos em várias partes do globo. Conhecedor da cultura islâmica e cristã dá-nos uma visão diferente do mundo árabe e uma perspectiva mais verdadeira de como os muçulmanos vêm os povos ocidentais. Samarcanda pertence actualmente ao Uzbequistão ou Usbequistão (capital Tashkent em português - Tasquente) que é uma ex-república soviética da Ásia Central. Mas já esteve ligada à Pérsia, à Turquia, ao Afeganistão e à Mongólia. Foi fundada em 700 A.C. Foi conquistada por gregos no tempo de Alexandre Magno, pelos mongóis, no tempo de Gengis Khan, pelos turcomanos no tempo de Tamerlão, pelos iranianos, sunitas, xiitas, árabes, uzebeques, ucranianos e russos. Samarcanda significa em persa antigo “ lugar do encontro, ou lugar de conflito” tendo sido destruída por várias vezes e sempre reconstruída. Este livro não mereceria a minha especial atenção, se não tratasse da vida romanceada de Omar Khayyam – Seu nome 49 completo era Ghiyath Al Din Abul Fateh Omar Ibn Ibrahim Al Khayyam, nasceu em Nishapur, Pérsia a 18 de Maio de 1048 e morreu na mesma cidade a 4 de Dezembro de 1131. Ficou conhecido como um iminente matemático, filósofo, astrónomo e poeta iraniano. A sua principal obra no domínio da poesia são as chamada quadras ou Rubaiyat que ficaram famosas no Ocidente a partir de tradução do poeta e escritor inglês Edward Marlborough Fitzgerald em 1839, (31 de Março de 1809 – 14 de Junho de 1883). http://www.islam.org.br/al_khayyam.htm Versão e tradução para o português por Alfredo Braga em: http://www.ebooksbrasil.org/eLibris/rubayat.html 50 Com a tua face como a rosa, com o teu rosto belo, Como o de um ídolo chinês, não sabes O que o teu olhar faz do rei da Babilónia? Um bispo do xadrez, que foge da rainha. 89 Somos os peões deste jogo do xadrez Que Deus trama. Ele nos move, lança-nos Uns contra os outros, nos desloca, e depois Nos recolhe, um a um, à Caixa do Nada. 50 À CONVERSA COM… Sérgio W. de Sousa Simões Por João Pedro Rocha Tudo aconteceu no dia 22.12.2008 quando nos deslocámos às Caldas da Rainha para (finalmente) termos a honra de conversar com um dos comerciantes filatélicos mais antigos do país, sendo seguramente aquele que mantém a sua casa aberta há mais décadas e em constante actividade. Falamos, obviamente, de Sérgio W. de Sousa Simões que começou por coleccionar selos por mera curiosidade, influenciado por um médico seu amigo também ele entusiasta da filatelia. Foi bem cedo aos 11 anos de idade que Sérgio W. de Sousa Simões começou, por sua conta e longe de qualquer influência, a vender selos aos seus colegas da escola. Pouco tempo mais tarde aproveitou o facto do seu pai ter uma loja de confecções, para nesse mesmo espaço fundar com o assentimento daquele, o seu primeiro espaço de venda de selos o qual pode mesmo ser chamado de sua primeira loja filatélica ou conforme o nosso entrevistado refere, “o seu cantinho com a sua janela filatélica”. Naturalmente, depois de uma mudança de instalações e depois de muitos anos passados desde 1952 (ano da fundação da sua loja filatélica), Sérgio W. de Sousa Simões foi-se sempre adaptando à evolução dos tempos e à própria filatelia em geral. Começou a trabalhar na era exclusiva da charneira e é hoje o representante em Portugal das mais fortes marcas de material filatélico a nível mundial e dos editores de catálogos mundiais tendo também adaptado a sua loja à internet, mantendo regularmente actualizado o seu site http://filsergiosimoes.com/. Aliás, confessa-nos o nosso entrevistado, que ao contrário de outras opiniões divergentes no seu caso o surgimento em massa da internet em nada afectou o seu negócio, bem pelo contrário; sempre foi apanágio deste comerciante encontrar-se na vanguarda da inovação e, como é evidente, também em relação à internet não se deixou ficar atrás. Contudo talvez a característica mais peculiar da loja de Sérgio Simões e que se tem mantido ao longo dos anos é o facto de se tratar acima de tudo de um negócio que funciona mais por 51 correspondência, mantendo assim a sua génese inicial e ainda hoje fazendo um grande investimento em sobrescritos e com o rigoroso cumprimento de selar bem a correspondência. Prevendo altos e baixos para o futuro próximo da filatelia Sérgio Simões confessa-se admirador do selo novo e totalmente adverso aos selos personalizados, considerando-a, aliás, uma ideia pouco feliz dos C.T.T. defendendo necessariamente que os selos personalizados não devem ser coleccionáveis ou pelo menos catalogáveis. Trata-se, segundo as suas palavras, de uma ideia importada do exterior que em nada abonará o futuro da filatelia pelo menos tal como nós a conhecemos hoje em dia. Trabalhando numa espécie de empresa familiar pois a maior parte dos seus colaboradores são familiares próximos e directos de Sérgio Simões têm sido muitas as peripécias pelas quais tem passado ao longo dos 50 anos que dedica à filatelia. Por exemplo conta-nos que já foi assaltado por um cliente razão pelo qual reforçou a segurança na sua loja, contando-nos também que a antiga garagem, com o aumento da quantidade de encomendas e de volume de negócios, passou a arrecadação. Mantendo excelentes relações com os outros comerciantes filatélicos, aprendeu desde cedo a não dizer mal de ninguém, contribuindo de forma activa para um bem-estar na filatelia em Portugal, mantendo-se, desde sempre, afastado das polémicas com que os outros se divertem; é assim que se define Sérgio W. de Sousa Simões e, sinceramente, foi também essa a ideia com que ficámos de tão ilustre pessoa. Aqui deixamos o nosso agradecimento pela simpatia com que fomos recebidos. Os “repórteres” da Secção Filatélica da AAC com o Sr. Sérgio Simões na sua loja filatélica. 52