conteúdo - Secção Filatélica da AAC

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Cábula
Filatélica
COIMBRA – Janeiro 2010 – ISSN 1647-5895 – N.º 22
Registo n.º 108464 da Empresa Jornalística 207931
Editor e Proprietário
Secção Filatélica da A.A.C.
N. º Contribuinte.: 500.032.173
ISSN 1647-5895
Depósito Legal n.º 304598/10
Revista Anual de Filatelia
Tiragem: 300 Exemplares
Director
Nuno Gaspar Cardoso
Director Adjunto
José António Cura
Chefe de Redacção
João Rui Pita
Redacção
Bruno Quaresma
João Pedro Pita
João Pedro Rocha
Sara Rito
Sónia Clara
DISTRIBUIÇÃO GRATUITA AOS SÓCIOS
Administração e Redacção
Secção Filatélica da A.A.C.
Apartado 1094
E. C. Santa Cruz
3001 - 501 COIMBRA
Telefone: 239 410404
[email protected]
Colaboraram neste número
António Mendes Curado
Américo Rebelo
António Carvalho
Bruno Quaresma
Isabel Valente
João Pedro Rocha
José António Cura
Maria Manuela Tavares Ribeiro
Nuno Gaspar Cardoso
Nuno Rodrigues
René Rodrigues da Silva
Victor Gonçalves
Impressão:
Associação Académica de Coimbra
Os artigos publicados são da inteira responsabilidade dos autores
1
SUMÁRIO
Ficha técnica
Sumário
Editorial
Ano Olímpico em Coimbra
Filapex 2008
17 de Abril de 2009
As Cores da Matemática segundo Almada Negreiros, Arte e Política na
Universidade de Coimbra
110 Anos da Queima das Fitas
Gala de prémios António Luiz Gomes
Selos personalizados Metro Mondego
A Secção Filatélica na Internet
A Secção Filatélica no Facebook ©
1.º Leilão da Secção Filatélica da AAC
900 Anos de D. Afonso Henriques
45.º Aniversário da Secção Filatélica da AAC
Uma carta para pagar a quota
Resultados dos passatempos da Cábula Filatélica n.º 21
E de vez em quando acontece mais um
Momento
Será que existe um erro num carimbo comemorativo?
No Casino Figueira
A ideia de Europa nos selos portugueses
Europa – Imagens e símbolos
Apresentação do livro “A ideia de Europa nos selos Portugueses”
Artigos filatélicos que merecem a nossa atenção
Gastronomia filatélica em Anadia
Os Selos de Coimbra
Leonardo Fibonacci
Os desafios da filatelia na era da internet
Escutismo em Veneza
O Cid em Coimbra
Ponte de Santa Clara
John James Audubon
Palíndromo "filatélico"
Jean Monnet
Aventuras de tabuleiro
Nunca lá estive, mas conheço alguém que já lá foi…
À conversa com… Sérgio W. de Sousa Simões
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EDITORIAL
A nossa Cábula Filatélica está de volta às suas mãos, e desta
vez como início da comemoração dos nossos 45 anos. É verdade,
chegámos aos 45. Chegaremos aos 50? Só em 2015 saberemos a
resposta… Haja saúde e voluntários!
Somos um caso único no país, pelas particularidades que
nos rodeiam. Os dirigentes renovam-se mais ou menos
ciclicamente com as vantagens e desvantagens associadas. Novas
formas de ver a filatelia, o associativismo e o meio estudantil,
permitiram-nos ter períodos com forte aposta nos sócios, outros
com aposta nas publicações, outros ainda com ênfase na
organização interna, mas todos com grande afinco e abnegação.
Milhares de horas passadas ao serviço da filatelia coimbrã e
nacional. Estamos convictos que nos reconhecem também esse
valor. Muitos filatelistas activos e “adormecidos” engrandecem o
rol de pessoas que se formaram “filatelicamente” nesta casa.
Para já a “velhinha” Secção Filatélica da AAC está aqui
para as curvas, e se muita da nossa história está por escrever, com
esta revista esperamos registar mais um pouco dela para o futuro.
Com esta Cábula Filatélica iniciamos (assim se espera) uma
periodicidade anual e para isso contamos com todos os sócios e os
seus artigos, pois sem o contributo de todos não há Cábula.
Assim, contamos que na volta do correio nos enviem as vossas
criticas, sugestões ou opiniões sobre a Cábula Filatélica que
acabaram de ler ou qualquer outro assunto, já agora numa carta
registada para pagar a quota.
Este vai ser um ano em cheio, filatelicamente, graças, é
certo, à Exposição Filatélica Mundial – Portugal 2010 (onde é
obrigatório ir), a decorrer em Lisboa de 1 a 10 de Outubro, por
ocasião do Centenário da República, mas também com o
contributo das nossas pequenas actividades.
Entre elas está a nossa festa de aniversário, dia 20 de
Fevereiro, para a qual estão todos convidados, onde podem visitar
a exposição patente, participar no nosso 2.º Leilão, almoçar ou
lanchar connosco ou participar na tertúlia sobre a história da
Secção Filatélica e o futuro da filatelia. Apareçam!
Bem hajam!
Nuno Cardoso
3
ANO OLÍMPICO EM COIMBRA
A Secção Filatélica da AAC em conjunto com a Câmara
Municipal de Coimbra e a Academia Olímpica de Portugal, com o
apoio dos CTT levaram a efeito uma Mostra Filatélica
comemorativa do Ano Olímpico Coimbra.
A exposição decorreu de 14 a 27 de Março de 2008 no Átrio
da Casa Municipal da Cultura de Coimbra na Rua Pedro
Monteiro, inserida na grande exposição Jogos Olímpicos da Era
Moderna.
Estiveram expostas várias colecções de filatelia temática:
"Os Jogos Olímpicos depois de 1960" de Fernando Teixeira
Xavier Martins; "Mensagens desportivas erradas" de René
Rodrigues da Silva; "Jogos Olímpicos – Moscovo – 1980" de
Manuel Luís Tarré Gomes; "Jogos Olímpicos – Barcelona –
1992" de Manuel Luís Tarré Gomes.
No dia 17 de Março, no local da
exposição esteve em funcionamento um
posto de correio onde foi aposto um carimbo
comemorativo da efeméride em toda a
correspondência apresentada no local.
FILAPEX 2008
A Secção Filatélica da Associação Académica de Coimbra,
juntamente com a Câmara Municipal de Montemor-o-Velho, com
o apoio da Federação Portuguesa de Filatelia e dos CTT –
Correios de Portugal, levou a efeito uma Exposição Filatélica que
decorreu de 4 a 18 de Abril de 2008 na Galeria Municipal de
Montemor-o-Velho.
Estiveram expostas mais de 20 colecções filatélicas desde as
tradicionais às temáticas abordando os mais variados temas.
Destacamos as colecções dos jovens sócios da Associação de
Filatelia e Coleccionismo do Vale do Neiva, meninos e meninas
dos 10 aos 15 anos, que com 6 magníficas colecções mostraram
que em filatelia a idade não importa.
No dia 12 de Abril decorreu no mesmo local da exposição
uma Filapex – exposição filatélica de competição (amigável)
4
entre a equipa da Secção Filatélica da Associação Académica de
Coimbra e a equipa da Associação de Filatelia e Coleccionismo
do Vale do Neiva.
A Filapex é uma competição filatélica inter-clubes, a qual
tem como objectivo a promoção e divulgação da filatelia nas
regiões portuguesas.
Também funcionou um posto
de correio onde foi aposto um
carimbo comemorativo em toda a
correspondência apresentada no
local, tendo o Presidente da Câmara
Municipal, Luís Leal, colocado o 1º
carimbo, durante a inauguração do
evento.
17 DE ABRIL DE 2009
A Mostra Filatélica comemorativa do evento decorreu no
dia 17 de Abril de 2009, no átrio do Departamento de Matemática
da Faculdade de Ciências e Tecnologias da Universidade de
Coimbra, onde funcionou um posto de correio temporário provido
de carimbo comemorativo da
efeméride. A mostra contou
com colecções alusivas à
Matemática
e
às
personalidades de Coimbra
na filatelia.
Carimbo Comemorativo de 17 de Abril e
capa do livro “As Cores da Matemática
segundo Almada Negreiros”
5
AS CORES DA MATEMÁTICA SEGUNDO
ALMADA NEGREIROS, ARTE E POLÍTICA
NA UNIVERSIDADE DE COIMBRA
A Secção Filatélica da AAC editou, durante as
comemorações dos 40 anos da Crise Académica de 69, o livro
"As Cores da Matemática segundo Almada Negreiros, Arte e
Política na Universidade de Coimbra" do sócio Marco Daniel
Duarte.
Uma densa série de acontecimentos dão corpo à narrativa da
Crise Académica de 1969, como foram o impedimento de o
presidente da Associação Académica de Coimbra usar da palavra
na cerimónia de inauguração do edifício da Matemática, com o
Presidente do Conselho e Ministro da Educação, os subsequentes
protestos da comunidade universitária, a prisão do presidente
daquela associação de estudantes, a suspensão das funções dos
membros da direcção-geral, as greves às aulas e aos exames e o
consequente encerramento da Universidade.
Um facto que ficou esquecido nesta sequência de eventos,
foi a obra de José de Almada Negreiros, pintor contratado para
pintar os frescos do átrio do edifício da, então, designada Secção
de Matemática da Universidade de Coimbra, obra intitulada de
“Matemática Universal”, onde Almada pintou a figura de Einstein
no fresco de uma forma que é interpretada por este livro como
iminentemente política.
Foi acrescentado ao livro a faceta filatélica de Almada
Negreiros, com os vários selos emitidos de seu desenho, outros
homenageando o artista e ainda outros retratando algumas das
suas obras.
A SFAAC editou assim uma obra de investigação, muito
interessante e que esteve também associada aos 40 anos da
inauguração do Departamento de Matemática, onde decorreu uma
mostra filatélica.
A obra pode ser pedida à Secção Filatélica da AAC,
Apartado 1094, EC Santa Cruz, 3001-501 COIMBRA ou
[email protected] e custa 9.00€.
6
110 ANOS DA QUEIMA DAS FITAS
A Secção Filatélica da Associação Académica de Coimbra
organizou no dia 4 de Maio de 2009, uma Mostra Filatélica
comemorativa dos 110 anos da Queima das Fitas, que esteve
patente no Hall da Sala de Estudo da AAC.
A presença de cerca de 100 crianças das escolas básicas do
concelho provocou uma grande animação no edifício sede da
AAC. As crianças tiveram uma visita guiada às 6 colecções
expostas e que foram escolhidas também de acordo com esse
publico alvo. As colecções foram: “O mundo das Aves através da
Maximafilia”, “História e a evolução da escrita”, “Esta cidade
chamada Aeminium”, “Euro 2004” “Miguel Torga – Diários” e
“1ª Aula filatélica”.
As crianças fizeram muitas perguntas sobre algumas peças
filatélicas apresentadas, tendo recebido várias lembranças oferta
da SFAAC e dos CTT.
Foi proposto um concurso de composições sobre a mostra e
sobre o que aprenderam, tendo como prémio um conjunto de
selos personalizados do Noddy, uma edição dos CTT. A
animação e curiosidade estiveram sempre presentes ao longo da
manhã.
A mostra teve associado um
posto de correio temporário que contou
com carimbo comemorativo da
efeméride, que foi usado em toda a
correspondência entregue no local. O
carimbo retratou a pasta académica dos
estudantes de Coimbra com as suas
fitas.
A presidente da Comissão Organizadora da Queima das
Fitas, Rita Borges, inaugurou oficialmente o posto de correio
obliterando a primeira carta circulada com o carimbo
comemorativo.
A mostra contou assim com o apoio da Comissão
Organizadora da Queima das Fitas 2009, dos CTT e da Federação
Portuguesa de Filatelia.
7
GALA DE PRÉMIOS ANTÓNIO LUIZ GOMES
A SFAAC foi nomeada no ano de 2009 para o prémio
Evento do Ano (Prémio que distinguiu o Evento que se destacou
de todos os outros), na Gala dos Prémios António Luiz Gomes da
Associação Académica de Coimbra, organizado pelo Conselho
Cultural da AAC, com a Mostra Filatélica da Queima das Fitas
2009.
A Secção Filatélica concorria com os
eventos: "Caminhos do Cinema Português"
(CEC), "XVIII FESTUNA" (Secção de Fado),
"Concerto Buraka Som Sistema" (RUC) e
"Vamos ajudar o Fernando" (Secção de
Fotografia).
O evento decorreu no 7 de Novembro de 2009 no Convento
de São Francisco e pretendeu premiar as Secções da AAC que se
distinguiram das restantes na sua actividade durante o ano.
Ficámos muito honrados por esta nomeação.
SELOS PERSONALIZADOS METRO MONDEGO
A empresa Metro Mondego emitiu uma carteira de selos
personalizados, com 8 imagens dos vários componentes e história
da futura linha do Metro da cidade de Coimbra.
Esta carteira, denominada pelos CTT "Carteira – empresa",
segundo o filatelista Carlos Silvério, foi a primeira conhecida,
nesta modalidade, onde os clientes empresariais podem escolher o
número de selos e onde os selos são individualizados
contrariamente à forma clássica onde os mesmos se apresentam
em folhas completas apenas com uma imagem.
A carteira do Metro Mondego inclui 8 selos numa folha do
tipo classificador, junto com uma folha ilustrada com dados
institucionais.
A SFAAC agradece à direcção da empresa da oferta de uma
carteira para a sua colecção e informamos que neste momento a
empresa está a vender as carteiras na sua representação na Baixa
de Coimbra.
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Os selos personalizados do Metro Mondego
A SECÇÃO FILATÉLICA NA INTERNET
A Secção Filatélica possui desde o Verão de um novo
endereço de página na Internet: http://filatelica.aac.uc.pt/
A página pretende dar a conhecer principalmente as
actividades da Secção e a História Postal de Coimbra.
Visite-nos. Conheça. Faça sugestões, critique, ajude, enfim,
faça desta uma das suas páginas Web preferidas.
A SECÇÃO FILATÉLICA NO FACEBOOK ©
Entre no Facebook ©, pesquise Secção Filatélica AAC e
torne-se nosso amigo.
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1.º LEILÃO DA SECÇÃO FILATÉLICA DA AAC
A Secção Filatélica organizou em 24 de Novembro de 2007
o seu 1º Leilão Filatélico, com quase 5 centenas de itens,
distribuídos em 29 categorias. O leilão contou com a presença de
cerca de 2 dezenas de sócios e filatelistas e com largas dezenas de
licitações recebidas por carta e por e-mail.
Tendo em conta o carácter precursor na nossa Secção, podese considerar que foi um êxito. E não foi comercial, apesar de não
ter dado prejuízo, o êxito foi sobretudo filatélico pois o
intercâmbio de experiências e conhecimentos filatélicos acrescido
do renascer do movimento em torno da Secção Filatélica
justificam só por si o sucesso do leilão.
Todos os sócios que efectuaram compras no valor superior a
mil euros ficam isentos de quota para sempre, foram 2, e os sócios
que efectuaram compras no valor superior a cem euros tem um
ano de quota gratuito, foram 14.
Está anunciado para breve – dia 20 de Fevereiro – o 2.º
leilão e com algumas inovações no formato. Contamos com a sua
presença. Venha ver as cartas-quota, pelo menos…
A sala do 1.º leilão da SFAAC durante a sessão.
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900 ANOS DE D. AFONSO HENRIQUES
Os CTT emitiram um carimbo de 1º dia em Coimbra, para a
emissão “900 anos do nascimento de D. Afonso Henriques”,
prevista inicialmente para 17 de Julho de 2009, mas adiantada
para o dia 24 de Junho. Este acontecimento é fora de comum,
depois do abandono da emissão regular de carimbos de 1º dia na
cidade, há alguns anos atrás.
Foi Secção Filatélica da AAC que sugeriu, dado que o 1º
Rei de Portugal faleceu e encontra-se sepultado na Igreja de
Santa Cruz, Panteão Nacional, havendo, inclusivamente teorias
que terá nascido também em Coimbra, sendo assim mais que
lógico a existência de um carimbo de 1º dia nesta cidade.
Para a efeméride, a SFAAC editou um postal para aposição
do carimbo.
45.º ANIVERSÁRIO DA
SECÇÃO FILATÉLICA DA AAC
A Secção Filatélica da AAC celebrará 45 anos a 23 de
Fevereiro de 2010 e para comemorar tal efeméride realizará um
dia de festa filatélica no sábado anterior, dia 20, com todos os
sócios e amigos.
Das comemorações do dia farão parte (ainda em programa
informal) um almoço de sócios, exposições filatélicas e de arte,
leilão filatélico, lanche com bolo de aniversário e tertúlia.
Estando ainda o programa em aberto, está desde já a Secção
Filatélica da AAC a aceitar inscrições para o almoço.
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UMA CARTA PARA PAGAR A QUOTA
Na carta enviada aos sócios em Março de 2009 anunciámos:
“Na esperança de estimular a ligação entre os nossos
sócios e a SFAAC estabelecemos algumas regras novas, a aplicar
experimentalmente (ou a tornarem-se definitivas se tiverem
sucesso) no regime de pagamento de quotas.
Assim, para pagar a quota anual o sócio pode:
- Continuar a pagar em dinheiro como até aqui (6.00€, em
dinheiro, cheque, vale postal ou por transferência para NIB SFAAC - 0010 0000 5012 7080 0012 0).
- Efectuar na SFAAC compras anuais de valor igual ou
superior a 100.00€. Se esse valor for igual ou superior a
1000.00€ fica isento de quotas para sempre.
- Enviar uma carta registada com selos para a SFAAC. Este
envelope substitui a quota anual. Com ele, a SFAAC fará
anualmente a eleição da carta mais bonita. Ao sócio que enviar a
carta premiada será oferecida a quota anual do ano seguinte.”
Numa iniciativa inédita em Portugal, a Secção Filatélica da
AAC, lançou com carácter experimental, uma nova forma de
pagamento de quotas aos sócios. A chamada “carta-quota”
consiste no envio para a Secção de uma carta registada, para
posterior venda, no leilão filatélico ou por outro meio.
Esta iniciativa serviu também para captar novos sócios, com
divulgação feita por diversos meios. Conseguiu-se captar com
esta acção inovadora mais de 1 dezena de novos sócios.
Com o sucesso alcançado, a Direcção da SFAAC decidiu
que em 2010, este método de pagamento continuaria.
Se ainda não pagou as quotas de 2009 e 2010, não se
esqueça de o fazer: envie-nos uma carta registada e de preferência
“bonita”.
A carta mais bonita de 2009 será aquela que receber a
licitação mais elevada no nosso 2.º leilão.
Experimente!
12
RESULTADOS DOS PASSATEMPOS DA
CÁBULA FILATÉLICA N.º 21
Recebidas as criticas, opiniões, e sugestões sobre a nossa
Cábula Filatélica n.º 21 e recebidos os artigos para publicação
nesta, foi elaborada uma lista ordenada e sorteado um livro de
edição dos CTT.
Recebidas as quotas e repostos os saldos de conta por parte
dos nossos sócios, foi também elaborada um lista ordenada e
realizado o sorteio de um livro de edição dos CTT.
O processo utilizado para o sorteio foi o seguinte.
Para a primeira lista: divide-se o número sorteado para o
primeiro prémio da Lotaria do Natal de 2009, 22041, pelo número
total das entradas da nossa lista, 27 (numeradas de 0 a 26) e o
resultado pode ser indicado da forma: 22041=816x27+9. Ora
daqui retiramos o número 9, sendo este o número que na ordem
de entrada dá direito ao prémio: sócio n.º 1003.
Para a segunda lista: divide-se o número sorteado para o
primeiro prémio da Lotaria do fim do ano de 2009, 16076, pelo
número da totalidade das entradas da nossa lista, 33 (numeradas
de 0 a 32- consideramos apenas os primeiros 6 meses após a
Cábula anterior) e o resultado pode ser indicado da forma:
16076=487x33+5. Ora daqui retiramos o número 5, sendo este o
número que na ordem de entrada dá direito ao prémio: sócio n.º
1073.
Aos vencedores os nossos parabéns, receberão com a Cábula
Filatélica n.º 22 o respectivo prémio.
E DE VEZ EM QUANDO ACONTECE MAIS UM
Sobrescrito nosso para a
obliteração
de
carimbos
comemorativos, onde, neste
caso, o obliterador falhou o
alvo….
Que valor tem esta peça?
13
MOMENTO
Reparem só nesta fotografia, tirada numa das escolas de
Coimbra, onde à volta de um dossier com uma colecção de selos
se reuniu um grande número de alunos observadores. Se o
prestigio da filatelia se mantém, mesmo nos mais jovens, (basta
falar em selos de milhares de euros para ver os olhinhos deles
brilharem) porque não temos mais coleccionadores jovens? O que
devemos fazer para contrariar este deserto?
SERÁ QUE EXISTE UM ERRO
NUM CARIMBO COMEMORATIVO?
Repare nas duas imagens seguintes: a da esquerda reproduz
o carimbo comemorativo tal como vinha anunciado no noticiário
n.º 90 de 2008 e a imagem da direita reproduz uma obliteração do
mesmo carimbo. Curioso.
14
NO CASINO FIGUEIRA
Após recebermos um amável convite, deslocámo-nos à
Figueira da Foz numa tarde fria de Novembro, para, no Casino
Figueira, assistirmos à apresentação do livro "Palácio de Belém",
de Diogo Gaspar e de Teresa Santa Clara (Director e Historiadora
do Museu da Presidência da República).
Não nos lembramos de outro evento filatélico em tão nobre
espaço figueirense de onde trouxemos o respectivo livro
autografado pelos autores.
Os CTT – Correios de Portugal e o Casino Figueira estão de
parabéns pela feliz parceria e os autores por tão cuidada obra.
Capa do livro apresentado e a mesa com o Dr. Domingos Silva do Casino Figueira, o
Dr. Raul Moreira dos CTT e os autores Dra. Teresa Santa Clara e Dr. Diogo Gaspar.
Afinal existe: o famoso conjunto obliterador realizado pela casa Leitão & Irmão,
Antigos Joalheiros da Coroa, fotografado pelo nosso repórter momentos antes de voltar
a desaparecer…. E o carimbo comemorativo que obliterou nesta ocasião.
15
A IDEIA DE EUROPA NOS SELOS
PORTUGUESES
A Secção Filatélica da Associação Académica de Coimbra
em conjunto com o Centro de Estudos Interdisciplinares do
Século XX da Universidade de Coimbra – CEIS20, editaram o
livro "A ideia de Europa nos selos portugueses", que foi
apresentado no dia 11 de Novembro na sede do CEIS 20 em
Coimbra.
O livro é da autoria de 3 investigadores e filatelistas: João
Rui Pita, Isabel Valente e Ana Isabel Martins, que reflectiram
sobre a Europa numa interessante e inédita abordagem científica e
filatélica.
A cerimónia de apresentação contou com a presença e
apresentação da Coordenadora Científica do CEIS 20, Professora
Doutora Maria Manuela Tavares Ribeiro e dois membros da
Direcção da Secção Filatélica, Nuno Cardoso e José Cura,
enquadrando o livro e os seus objectivos numa abordagem
interdisciplinar.
São muitas as emissões de selos portugueses que nos
remetem para a questão da Europa e da sua construção. Podemos
fazer uma história da construção europeia e da adesão e
consolidação de Portugal na Europa Comunitária através dos
selos. Este estudo, escrito numa linguagem clara e acessível ao
grande público, tem utilidade para o historiador por encontrar nele
um roteiro de fontes sobre a Europa; tem, também, utilidade para
o filatelista, sobretudo para o coleccionador que se dedica ao tema
Europa. No livro, além da catalogação dos selos portugueses
referentes a esta temática, encontra-se um texto objectivo sobre a
história da ideia de Europa. Pretende-se, igualmente, que esta
obra tenha uma função pedagógica e didáctica incentivando o
despertar para questões culturais através de selos do correio.
A obra foi galardoada em Outubro, na Exposição Filatélica
Luso-Brasileira ”Lubrapex 2009”, com medalha de prata.
A obra pode ser pedida à Secção Filatélica da AAC,
Apartado 1094, EC Santa Cruz 3001-501 COIMBRA ou
[email protected] e custa 9.00€.
16
Isabel Valente, Professora Doutora Maria Manuela Tavares Ribeiro e João Rui Pita
segurando a medalha da Lubrapex durante a apresentação do livro no CEIS 20, e a
capa do livro “A Ideia de Europa nos Selos Portugueses”.
EUROPA – IMAGENS E SÍMBOLOS
APRESENTAÇÃO DO LIVRO “A IDEIA DE EUROPA NOS SELOS PORTUGUESES”
Por Maria Manuela Tavares Ribeiro
Caros colegas e amigos, agradeço, muito sensibilizada, o
convite que me foi gentilmente feito pelos Autores e quero
manifestar o muito gosto em colaborar e participar nesta sessão.
A imagem é um curioso objecto colocado sob os nossos
olhos, e a sua ambivalência decorre das reacções diversas que ela
produz nos artistas, nos pensadores, nos escritores, nos homens da
comunicação, nos filósofos, nos sociólogos, nos antropólogos,
nos historiadores, nos filatelistas, etc.
A imagem, concebida como um “documento” no sentido
escolar do termo, e mesmo um documento útil, pode destinar-se a
cumprir os objectivos de aprendizagem e a participar na
construção do saber a ensinar.
Documento sensível, a imagem que entra no sistema das
representações de cada um, suscita imaginários ao mesmo tempo
que ela é também parte deles. Ela, a imagem, pode ser examinada
sob ângulos de estética, porque se trata sempre de uma
17
combinação de linhas, de sinais, de cores, destinada a produzir um
efeito e, ao mesmo tempo, um sentido.
Há trabalhos científicos consagrados às imagens que se
multiplicam, mas as questões que se colocam ao tratamento da
imagem podem tornar-se complexos dado que não existe um
método único e concretamente enquadrado para tratar a fonte
iconográfica ou visual. Todo o historiador é capaz de interrogar as
imagens, como é capaz de interrogar os textos ou vestígios
arqueológicos. E a imagem dá ao historiador, de facto, um certo
brilho que pode enriquecer a sua narrativa, o seu discurso.
As imagens são multiformes – pintura, desenho, gravura,
escultura, arquitectura, numismática, filatelia, etc… Na verdade,
as imagens podem ser estudadas sob diferentes pontos de vista e
podem revelar significados muito diversos. Estamos perante a
imagem – imagens, melhor dito, em selos. Poderá o historiador
fazer história, história da Europa, através destas imagens? Sim,
por certo.
Desde sempre, a Europa suscitou imagens, estimulou outras
– metafóricas, alegóricas, antropomórficas, etc., que perpassam os
tempos, os séculos, que permanecem ou que se criam, hoje.
Mas o imaginário e o jogo de representação não negligenciam,
todavia, a verdade dos factos. Sabemos bem que o processo
histórico pressupõe, a um tempo, não só a reflexão sobre as
ideias, as imagens, os discursos, as narrativas, mas também a
análise dos acontecimentos, das realidades materiais.
É importante, posso dizer mesmo imperativo, despertar a
memória de uma Europa que é, a um tempo, passado e futuro.
É necessário que a Europa, para que viva no real, viva também no
imaginário.
Se a Europa é Utopia, ela é também Realidade. Como
afirmava Jacques Delors num prefácio à obra L’Europe Unie
(1992): «Para que a Europa se reencontre tal como ela nos
estimula para construir o seu futuro, é preciso, antes de mais,
reencontrar a sua memória».
Interpretar a Europa, projectar olhares vários sobre a
Europa, sobre as suas diversidades e convergências – apreender a
capacidade de organização e construção da Europa – das
instituições, dos poderes, dos homens – visualizar as imagens e os
18
símbolos da Europa no discurso ou na opinião pública, em suma,
fazer a leitura da Europa – Europa-Utopia ou Europa-Realidade –
pressupõe um olhar retrospectivo, com o fim último de
«reencontrar a sua memória».
Através dos selos – da colecção de selos compilada nesta
publicação A ideia de Europa nos selos portugueses da autoria do
Prof. Doutor João Rui Pita e das doutorandas e membros do
CEIS20, Mestre Isabel Maria Freitas Valente e Mestre Ana Isabel
Martins, propõem-se os autores traçar o processo de construção
europeia focalizado em momentos, em factos, em acontecimentos,
em memórias. A desconstrução e a descodificação dos símbolos é
de particular interesse. Lembre-se toda a simbólica de muitos
selos aqui reproduzidos e alusivos à Paz, à Unidade, à construção
do Projecto Comum, à Coesão, à Solidariedade, à Cooperação, à
Fraternidade.
Outros selos celebram datas comemorativas – por ex. da
OTAN, da Declaração Universal dos Direitos do Homem, da
EFTA, da UEO (União Europeia Ocidental), os 50 anos do
Conselho da Europa, a circulação do Euro, as Presidências
Portuguesas da EU (1992 e 2000); os 50 anos da Assinatura do
Tratado de Roma. Aludem outros a figuras heroicizadas da
História de Portugal, da Europa, do Mundo: navegantes (Vasco da
Gama, Colombo) e exploradores em África.
Relevam-se em outras figuras marcantes da história da
construção europeia: Jean Monnet ou momentos de particular
importância, como as eleições para o Parlamento Europeu.
Estamparam-se nos selos as capitais europeias da Cultura, os
Campeonatos Europeus de Futebol, os Parques Nacionais e os
Anos Europeus como os seus diversíssimos temas.
E se muitos dos selos representam e reflectem a importância
dos campeonatos europeus de Futebol, da UEFA, outros
privilegiam a gastronomia. Outros destacam figuras femininas
nacionais que se evidenciaram nas artes e nas letras.
Por fim, simbolicamente, o selo do Ano Europeu do Diálogo
Intercultural (2008). Mais uma vez, nele se congregam símbolos
do entrecruzar de culturas, de valores, de civilizações numa
interacção desejada para um Diálogo Intercultural.
19
A policromia, as alegorias, o traço gráfico emprestam à
Imagens e às Representações evidenciadas nestes Selos
Portugueses, a importância deste outro documento com que
também se faz a História das Ideias de Europa.
Felicito vivamente os autores, Prof. João Rui Pita, Mestre
Isabel Maria Freitas Valente e a ausente, também presente, Mestre
Ana Martins que, nos antípodas, celebrará connosco este
momento em Dia de S. Martinho.
Felicito de igual modo os filatelistas, os coleccionadores de
selos, que assim propiciam estudos vários com fontes tão
sugestivas quanto diversas, como são os Selos que, espero,
coexistam e perdurem em tempos em que predominam as Novas
Tecnologias.
Renovo o meu agradecimento, as minhas felicitações e
agradeço a atenção de Todos.
ARTIGOS FILATÉLICOS
QUE MERECEM A NOSSA ATENÇÃO
O panorama das publicações filatélicas em Portugal mudou
nos últimos anos: as revistas que sobreviveram estão melhores,
mais atraentes e com melhor conteúdo. E algumas revistas novas
apareceram, o que é de louvar, provando a vitalidade da literatura
filatélica nacional.
Chamamos aqui a atenção para 2 artigos e uma coluna que
merecem não cair no esquecimento.
O primeiro foi o artigo do professor Jorge Nuno, intitulado
“Filatelia Juvenil – Que caminhos?” publicado no Boletim
Filatélico da Fundação do Pessoal da BP, n.º 63, Nov./Dez. 2009.
Afinal, não somos os únicos preocupados.
O segundo foi o artigo de Geada de Sousa, intitulado “É
possível coleccionar selos usados?”, publicado no Diário do
Alentejo em 3 partes durante Agosto de 2009. Trabalho que
provou estatisticamente o que já desconfiávamos…
E a coluna que se destacou foi “Quadro de Honra” inserida
no Correio do Alentejo e que pretende ser a “passerelle” daqueles
tesouros escondidos que cada um de nós tem nas suas colecções.
Parabéns aos autores.
20
GASTRONOMIA FILATÉLICA EM ANADIA
Por João Pedro Rocha
Em Novembro de 2008 decorreu uma semana invulgar
numa estação de correios. Para além da possibilidade de apreciar
uma pequena mostra filatélica, durante os dias 17 e 21 de
Novembro, quem se dirigiu à Estação de Correios de Anadia, teve
a honra de provar as magníficas iguarias confeccionadas
propositadamente para o efeito por ocasião do lançamento da
publicação filatélica dos C.T.T. “ Gastronomia Filatélica”.
Dessa forma, naquela semana, um dia por semana foi
dedicado a um país diferente, terminando, claro está, o último dia
com uma alusão à boa comida portuguesa. A Secção fez-se
representar, deixando para a história o programa da semana
gastronómica dos C.T.T. de Anadia:
Dia 17 – Dia de Espanha – Paella
Dia 18 – Dia de Itália – Massa italiana
Dia 19 – Dia da Polónia – Bolinhos de Couve
Dia 20 – Dia da Grã – Bretanha - Empada de frango
Dia 21 – Dia de Portugal – Cozido à portuguesa
e doçaria conventual.
A elaboração dos deliciosos pratos contou com a
colaboração dos principais restaurantes da terra, sendo que um
restaurante diferente confeccionou cada um dos pratos.
De destacar, para além da comida, o espaço interior da
Estação de Correios de Anadia, todo ele decorado com peças e
utensílios ligados à cozinha tradicional portuguesa, facto esse que
abrilhantou ainda mais a iniciativa.
Está pois de parabéns toda a equipa da estação de Correios
de Anadia, chefiada pelo Sr. Alberto Rocha, que como já vem
sendo hábito tem proporcionado aos seus clientes ou visitantes
interessantes iniciativas, com as suas mostras filatélicas ou como
por exemplo, em 2007, numa semana dedicada aos trajes
regionais portugueses em que, para além da promoção do livro
dos CTT alusivo ao tema, também os funcionários dos C.T.T. se
vestiram tipicamente a rigor.
Um exemplo a seguir, para bem da filatelia.
21
OS SELOS DE COIMBRA
Por José António Cura
Nos últimos tempos têm sido emitidos pelos CTT vários
selos que abordam Coimbra. Os estudantes ou figuras que
estiveram ligadas a Coimbra foram destaque, continuando a ser
referência no país e no mundo.
Inaugurado em Fevereiro de
2003, o Centro de Artes Visuais
nasceu dos afamados Encontros de
Fotografia de Coimbra. Restaurado e
redesenhado pelo Arquitecto João
Mendes Ribeiro, o centro tem cerca
de 1000 m2 de área expositiva. O
selo de 0,30 € relativo a uma carta até
20 gr. para Portugal, foi integrada na 2ª série sobre Arquitectura
Portuguesa Contemporânea, ilustrada com fotografias de 10 das
mais emblemáticas obras arquitectónicas portuguesas com
projectos elaborados depois de 1974
Miguel Torga, pseudónimo de poeta, escritor
e ensaísta. Médico formado na Universidade
tem Coimbra como um dos seus amores. Aí
viveu, trabalhou e passou o seu tempo: “A
mais bela cidade do pais” . A taxa de 0,45 €,
corresponde à taxa de Correio azul nacional
até 20gr. Emissão com saída a 12 de Agosto
de 2007, data de inauguração da Casa Museu
Miguel Torga, em Coimbra.
A torre da Universidade de
Coimbra de estilo Barroco
Mafrense, da Escola do Arquitecto
Ludovice, foi erigida entre 1728 e
1733, possuindo 34 metros de
altura. Esteve desde sempre ligada
à vida Académica, sendo o seu
sino conhecido entre os estudantes
22
por "Cabra". O selo de 0,30€ (porte normal Nacional até 20 gr.)
foi integrado numa mini-folha de 7 selos, representativos dos
monumentos candidatos a Maravilha de Portugal.
O Padre António Vieira,
orador e escritor jesuíta foi uma
figura ilustre em Portugal e no
Brasil, onde viveu como
missionário e defensor dos
direitos dos indígenas. Viveu
encarcerado
em
Coimbra,
aquando da perseguição da
Inquisição à Companhia de
Jesus.
O
selo
0,30€,
correspondente à taxa nacional
até 20gr, foi emitido na série Vultos da História e da Cultura,
lançada em 2008, com mais 5 personagens, entre eles, Mira
Fernandes, tendo todos os selos o mesmo valor facial.
Licenciado em Matemática em
Coimbra, Aureliano Mira Fernandes
destacou-se no cálculo tensorial
aplicado à Geometria Diferencial e à
Relatividade,
tendo
publicado
dezenas de trabalhos nessas áreas. O
selo de 0,30€, taxa normal Nacional,
foi lançado juntamente com outras
figuras da História e Cultura
portuguesas, por ocasião dos 50
anos da sua morte, em Abril de
2008.
Os
Serviços
Municipalizados
de
Transportes Urbanos
de Coimbra (SMTUC)
foram visados em 2
selos nos últimos anos.
Em 2008 e 2009 as
23
séries base recorreram às fotos de arquivo dos SMTUC,
retratando, primeiro um Eléctrico de 1911 com valor facial de
0,80€ (tarifa de correio Resto do Mundo até 20 gr) e em 2009, em
tons verdes, e também no valor de 0,80 € um Troleicarro de 1961.
Ambas as séries base retrataram transportes públicos existentes no
país ao longo dos anos.
Soeiro Pereira Gomes, um
dos grandes nomes do neorealismo
literário
português,
estudou na Escola de Regentes
Agrícolas de Coimbra (actual
Escola Superior Agrária), onde
tirou o curso de Regente Agrícola,
foi tema na série de Janeiro de
2009 Vultos da História e Cultura, com um selo de 0,32 (nova
taxa correio normal Nacional até 20 gr.).
Em Outubro de 2008 os
Correios
emitiram
um
selo
retratando a Ponte de Santa Clara,
que liga as 2 margens do Mondego
na cidade de Coimbra. Integrada na
série Pontes e Obras de Arte, foi o
selo mais caro, com excepção dos
blocos, com o valor facial de 1,00€
correspondendo apenas à taxa para Espanha de 10 a 50 gr., usada
por isso para composição de portes.
Em Abril de 2009, ao abrigo da
emissão conjunta Portugal – Turquia,
foi emitido uma série de 2 selos com
arte cerâmica. Para retratar a cerâmica
portuguesa foi escolhido um pote de
forma cilíndrica com asas, produto da
cerâmica portuguesa do início de
século XVII em tons de azul e que está exposto no Museu
Nacional Machado de Castro, nesta cidade. O selo em causa
possui o valor facial de 0,68 correspondente ao porte normal (até
24
20gr) para a Europa. O selo turco possui o valor facial de 80
kurus, e um grafismo ligeiramente diferente (consultar na nossa
página).
Em 2009 foi emitida uma emissão
sobre os 900 anos do nascimento de D.
Afonso Henriques, 1º rei de Portugal,
que poderá ter nascido em Coimbra?!
(existe alguma controvérsia à volta deste
facto histórico), e falecido nesta mesma
cidade, estando sepultado no Panteão
Nacional da Igreja de Santa Cruz.
A emissão contou com um selo de 0,32€ (porte nacional
normal) com uma estátua do 1º rei, existente no Museu do Carmo
em Lisboa e um bloco de 3,07€,
correspondendo ao porte do correio
registado em mão para a Europa (até
20gr.), retratando a Carta de Couto
doada ao Mosteiro de Tibães em 1140;
tendo o selo do bloco um pormenor do
manuscrito Apocalipse do Lorvão,
guardado na Torre do Tombo.
Por sugestão da SFAAC os CTT
apuseram um carimbo de 1º dia desta
série na Estação Fernão de Magalhães.
Na senda dos últimos anos e para culminar
com o ano de 2010, mais uma emissão relativa
ao centenário da República veio enriquecer a
nossa filatelia em Outubro de 2009. Nesse
âmbito, foi lançada uma série sobre as Mulheres
da República, sendo uma das retratadas,
Carolina Michaëlis, ilustre professora na
Universidade de Coimbra. O selo comemorativo teve o valor
facial de 1,00€, o valor mais alto da série de 6 selos, não
correspondendo a nenhum porte específico.
25
SECÇÃO FILATÉLICA DA A.A.C.
HORÁRIO DE EXPEDIENTE – 2010
QUINTA-FEIRA
SÁBADO
- das 16 h às 18 h
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Apareça! Será sempre bem-vindo!
Gostaria de nos contactar?
Gostaria de escrever para a Cábula Filatélica?
Escreva para:
Secção Filatélica da AAC
Apartado 1094 – E. C. Santa Cruz
3001 – 501 COIMBRA
Visite-nos no Edifício da AAC no 1.º Piso
ou em http://filatelica.aac.uc.pt/
Telefone: 239 410 404
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As quotas anuais da Secção Filatélica da AAC são:
Jóia de inscrição*
Estudante*
Não estudante*
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3,00 €
3,00 €
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* - Ou Carta-Quota.
Não se esqueça de pagar a sua quota da Secção Filatélica da
AAC, é o seu contributo para o nosso bom funcionamento.
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26
LEONARDO FIBONACCI
Por Nuno Rodrigues
A Idade Média, período da História também conhecido
como Idade das Trevas devido ao retrocesso no conhecimento
científico, teve em Leonardo Fibonacci um farol que iluminou e
guiou a Europa na arte do cálculo.
Na segunda metade do século XII, a cidade de Pisa, em
Itália, foi um importante pólo mercantil, ponto de partida e
chegada de pessoas, mercadorias e cultura. A família Bonacci era
uma das mais prósperas da cidade e quando Leonardo nasceu, por
volta do ano 1170, o pai ambicionou que, tal como ele, o filho
fosse um mercador de sucesso.
A actividade comercial levou o progenitor à Argélia e o
jovem Fibonacci acompanhou o pai, tendo sido iniciado no
sistema de numeração Indo – Arábico por um professor
muçulmano. O mestre ensinou-lhe álgebra e deu-lhe a conhecer o
livro Hisâb al-jabr w’almuqabâlah, escrito pelo matemático Persa
al-Khowarizmi. Em adulto, Leonardo fez viagens de negócios ao
Egipto, Síria, Grécia, França e Constantinopla (actual Istambul,
Turquia) tendo a oportunidade de estudar e comparar os
algoritmos de cálculo usados em cada região. De regresso a Pisa,
no início do século XIII, e já rendido à supremacia do sistema
Indo – Arábico, publica, em 1202, Liber Abaci dedicado à
aritmética e álgebra.
27
Ao longo das páginas do seu livro apresenta o método de
cálculo utilizado no Oriente ainda que desconhecido, até então, na
Europa.
A razão estava do lado de Leonardo Fibonacci e a Europa
acabou por se render aos algarismos mas, como acontece em
tantas outras situações, as pessoas resistiram à mudança e o
sistema de numeração romano ainda vigorou por mais alguns
séculos. Na realidade o sistema de numeração romano não era
utilizado para efectuar os cálculos (isso era feito numa tábua de
contagem), mas fundamentalmente para registar resultados.
O livro de Leonardo apresenta uma variedade de problemas,
onde se inclui o problema dos coelhos. A questão colocada tem
como solução uma sequência numérica que aparentemente
desprovida de maior interesse, é na realidade uma fonte de
inspiração para os matemáticos que têm descoberto inúmeras
propriedades a seu respeito. Serão simples acasos felizes?
O matemático François Anatole Lucas (1842 – 1891) foi um
dos entusiastas do estudo da sequência de Fibonacci mas como se
poderá constatar, outros nomes da ciência dedicaram tempo e
esforço a este assunto. Em 1961, Vorobyev publica uma brochura
à qual deu o nome de “Fibonacci Numbers”. A obra teve enorme
aceitação por parte do público e depressa foi traduzida do russo
para outras línguas. Dois anos mais tarde, nos E.U.A, um grupo
de matemáticos juntou-se para fundar a Fibonacci Association,
associação que, entre outras iniciativas, publica o jornal “The
Fibonacci Quarterly”. Para o filatelista mais curioso e interessado
em Matemática existem livros que combinam as duas áreas.
Stamping Through Mathematics: An Illustrated History of
Mathematics Through Stamps, escrito por Robin J. Wilson, é
disso um bom exemplo.
28
OS DESAFIOS DA
FILATELIA NA ERA DA INTERNET
Por José António Cura
Os sites temáticos ou de investigação de história postal, as
páginas de clubes, comerciantes filatélicos e entidades emissoras,
sites de leilões, os fóruns, os blogs, os portais são, hoje em dia,
um realidade, diria eu, incontornável.
Sites
como
o
“Filatelia
em
Portugal”
(http://www.caleida.pt/filatelia/),
Selos-postais.com”
(http://www.selos-postais.com/), “Inteiros Postais de Portugal”
(http://www.inteirospostais.com/),
site
do
C.F.P.
(http://www.cfportugal.com/),
ou
mesmo
os
CTT
(http://www.ctt.pt/), etc. são referências de estudo e de consulta
obrigatória periódica.
Haverão muitos mais, mas, por interpretação minha ou
simplesmente por desconhecimento, serão menos relevantes, mas
concerteza acrescentam, nas suas áreas específicas, mais valias e
informações essenciais, bem como muitos conhecimentos
filatélicos que a grande parte dos filatelistas precisam ou
procuram.
Em vez de assumirmos a Internet como um factor de risco
da filatelia, que também o é, devemos encará-la como uma ajuda
imprescindível na demanda por novos e melhores conhecimentos
sobre a nossa área de estudo.
Alguns filatelistas mais avançados recusam partilhar os seus
conhecimentos na Internet, que é por regra gratuita e talvez seja
esse um dos factores para essa recusa. Outros simplesmente ainda
não aderiram a esta tecnologia.
A idade já não é desculpa para a não utilização desta
ferramenta informática, pois o esforço necessário para interacção
é relativamente baixo e existem imensos exemplos de pessoas,
com mais idade, mais capacitados para usar as ferramentas
existentes do que muitos jovens.
Mas muitos outros filatelistas partilham de forma altruísta os
conhecimentos que possuem, disponibilizando-a em fóruns,
portais, em blogs ou nos seus sites pessoais, ou mesmo em livros
29
electrónicos (veja-se no site Filatelia em Portugal e no da
SFAAC).
Uma das maiores dificuldades actuais é que muita
informação apenas se encontra disponível na sua língua original,
o que provoca grandes dificuldades de pesquisa. Depois de
encontrada, já existem, hoje em dia, ferramentas suficientemente
boas para traduzir com alguma qualidade textos filatélicos, e isso
torna-se uma nova fonte de informação.
Não poderia deixar de falar sobre a página da Secção (novo
endereço em: http://filatelica.aac.uc.pt/). Como responsável por
ela, tenho tentado que evolua para ter muita da história postal e
temática de Coimbra. Neste momento são mais de 400 páginas
diferentes e cerca de 500 imagens ou fotos. As actividades da
Secção, bem como o seu Clube de Coleccionadores de Carimbos
Comemorativos são destacados numa página que possui um
conjunto de informação que esperemos seja útil para os filatelistas
em geral. Espero por sugestões e críticas.
De realçar ainda que este artigo estará disponível na Internet
como parte integrante da página da Secção, mais particularmente
nos
conteúdos
da
Cábula
Filatélica
(http://filatelica.aac.uc.pt/cabula/), onde se tem tentado
disponibilizar gratuitamente muitos dos seus conteúdos para todo
o universo filatélico de língua portuguesa.
Em suma, a Internet é um mundo de oportunidades para a
filatelia. Aproveitem ao máximo e partilhem com os outros aquilo
que encontrarem por aí.
José António Cura – [email protected] – http://jcura.selos-postais.com/
ESCUTISMO EM VENEZA
Por Victor Gonçalves
A fim de comemorar os 40 anos da “Associazione Italiana
Scout Filatelia”, realizou-se em Veneza de 16 a 18 de Outubro
uma mostra filatélica dedicada ao escutismo.
A mostra foi realizada no Casino de Veneza e contou com a
participação de 34 colecções provenientes de 6 países (Itália,
Espanha, Alemanha, Reino Unido, Áustria e Portugal).
30
Através das colecções presentes, os visitantes puderam
encontrar colecções dedicadas a Mafeking (localidade sulafricana onde Baden-Powell se tornou um herói na 1ª Grande
Guerra), Jamborees Mundiais (encontros de escutistas), 100 anos
de escutismo, entre outras. Por outro lado, através da filatelia os
visitantes ficaram a conhecer um pouco melhor o movimento
escutista. Para os expositores presentes foi uma oportunidade de
apresentarem o trabalho desenvolvido nas suas colecções e de em
conjunto poderem aprofundar conhecimentos específicos sobre
determinadas peças.
Foi igualmente, um momento propício à realização de
trocas, aquisição de novo material, assim como, a oportunidade de
estabelecer contactos com coleccionadores de vários países que se
dedicam a esta temática.
A fim de comemorar o evento,
foi lançado no dia 16 um carimbo
comemorativo dedicado aos 40 anos da
associação.
O próximo encontro do género
ficou marcado para a “Euro Scout
2010” a realizar em Chelmsford,
Inglaterra (local do último Jamboree Mundial) de 14 a 16 de
Maio de 2010.
Nota do Director
Nesta exposição esteve presente o nosso sócio Victor Gonçalves com
a sua colecção “Foi um dia em Brownsea”.
31
O CID EM COIMBRA
Por António Carvalho
Na nossa investigação temática dedicada a Coimbra,
deparámo-nos com o opúsculo Coimbra en las Letras Españolas,
de José María Viqueira, editado por ocasião do IX centenário da
reconquista definitiva de Coimbra aos mouros, e no qual se alude
às várias referências feitas a Coimbra na literatura castelhana,
desde a Idade Média até ao século XX. Ora, uma dessas
referências surge logo nos primeiros textos castelhanos e é
relativa a um acontecimento ocorrido ainda em data anterior à
fundação da nacionalidade: a própria reconquista da cidade.
Decorria o ano de 1064, quando Fernando Magno, rei de
Leão e Castela, organiza uma grande expedição tendo como
objectivo a conquista da cidade de Coimbra, então na zona de
fronteira no extremo ocidental do reino. A campanha militar deve
ter mobilizado meios consideráveis e o rei fez-se acompanhar por
um séquito numeroso, incluindo a rainha e os seus três filhos –
Sancho, Afonso e Garcia.
A cidade é conquistada ao fim de seis meses de cerco: o
limite do reino passa a situar-se nas margens do Mondego,
resistindo mesmo à resposta almorávida, anos mais tarde. A
efeméride foi assinalada filatelicamente em 1965:
Contudo, o que agora mais importa comentar é a lenda
relacionada com este acontecimento: o facto de o conhecido el
Cid Campeador, Rodrigo Díaz de Bivar, ter sido armado
cavaleiro na cidade de Coimbra, logo após o termo das
hostilidades.
32
Rodrigo Díaz de Bivar, el Cid Campeador, viveu entre 1043
e 1099. Nasceu em Castela e era um infanção, ou seja, pertencia à
baixa nobreza, fazendo parte dos guerreiros que gravitavam em
torno de Sancho, um dos filhos do rei Fernando Magno.
Preparando a sua sucessão, Fernando dividiu o reino entre
os três filhos e a Sancho coube o reino de Castela (Afonso
recebeu Leão e Garcia, a Galiza). Quando Fernando morre,
sucedem-se as lutas entre os três irmãos; no cerco da cidade de
Samora, Sancho II de Castela é misteriosamente assassinado e
Afonso torna-se também rei de Castela. Rodrigo desconfia do seu
novo rei e exige-lhe que demonstre a sua inocência; por esse
facto, Afonso condena o Cid ao desterro. Rodrigo embrenha-se
então nas lutas da reconquista (chega a estar ao serviço de um dos
reinos muçulmanos das taifas) até conquistar o reino de Valência.
A figura e os feitos de Rodrigo Díaz de Bivar são o tema da
obra máxima da épica medieval na Península Ibérica – o Poema
de Mio Cid – e que criaria indelevelmente o mito do Cid, nos seus
33
conflitos com o rei Afonso e a conquista de Valência: de cavaleiro
desterrado pelo seu rei, Rodrigo ascende à alta nobreza quando se
torna rei de Valência e liga as suas filhas por casamento às casas
reais de Aragão e Navarra. Todavia, não é neste poema que surge
a lenda referida, mas sim em romances também de carácter épico.
Os romances de que falamos são curtos poemas de origem
anónima transmitidos oralmente de geração em geração por
jograis e segréis. A sua temática é variada (o romance Yo
m’estando en Coimbra a prazer y a bem folgar, por exemplo,
trata da morte de Inês de Castro). Alguns difundem temas épicos,
ora de origem transpirenaica (Roncesvalles, Bernardo del Carpio),
ora de origem hispânica (o Cid, os infantes de Lara).
Um destes romances é o Gánase a Coimbra, de los moros,
com la ayuda de Santiago Apóstol. – El Rey arma caballero al
Cid, calzándole las espuelas la Infanta Urraca. O título diz-nos
quase tudo: Coimbra está cercada há sete anos e o rei Fernando
pensa retirar-se quando os monges de Lorvão oferecem os
mantimentos que faltavam ao seu exército até que finalmente a
cidade é conquistada. Então, no sonho duma personagem o
próprio apóstolo Santiago revela que se encontrava entre as hostes
vencedoras. Depois da vitória, na antiga mesquita e agora igreja
de Santa Maria, o Cid é armado cavaleiro pelo próprio rei:
Y en ella se había armado
Caballero don Rodrigo
De Vivar, el afamado.
El Rey le ciñó la espada;
Paz en boca le ha dado,
No le diera pescozada
Como a otro había dado,
Y por hacerle más honra
La Reina de dió el caballo,
Y Doña Urraca la infanta,
Las espuelas le ha calzado.
Toda a família real participa na cerimónia e equipa o Cid
com três elementos fundamentais para a actividade do cavaleiro –
a espada, o cavalo e as esporas – o acto ganha maior dignidade e
34
ao novo cavaleiro já se augura o seu destino épico. O local – a
igreja de Santa Maria – já foi indicado como sendo a igreja sobre
a qual se construiria a futura Sé Velha.
(prova do selo de 1935)
Este é o conteúdo da lenda; a realidade, porém, é um pouco
diferente. É verosímil que por estes anos já Rodrigo Díaz fizesse
parte do grupo de infanções que acompanhavam o futuro rei
Sancho II de Castela e não é descabido afirmar que tenha
participado na conquista da cidade; contudo, já antes teria sido
armado cavaleiro até pela própria idade do Cid no ano da
reconquista.
Como explicar, então, esta lenda? Provavelmente para
aquela época, a conquista de Coimbra foi uma dura batalha (que o
romance amplifica: Siete años duró el cerco). A par da
importância da cidade (bem como do saque obtido) e do território
conquistado, este episódio ficou retido na memória dos
intervenientes cristãos.
Mais tarde, ter-se-ão juntado outros ingredientes: a
recordação de que o Cid, na sua mocidade, teria participado nos
combates, a própria importância que o Cid ganhou na imaginação
popular, a presença do rei e da família real, a importância que o
apóstolo Santiago foi ganhando como patrono da Reconquista.
35
PONTE DE SANTA CLARA
Por Bruno Quaresma
Para atravessar o rio Mondego edificaram-se pontes que
desempenharam, sempre, uma importância vital nas vias de
comunicação terrestre. A primeira que há notícia, data de 1132 e
remonta a D. Afonso Henriques. Todavia alguns historiadores
levantam a hipótese de que teria existido uma ponte de madeira
romana.
Séculos, mais tarde, quando D. Manuel I, em 1506, visitou
Coimbra, entrou pela ponte afonsina e viu, e deram-lhe a
conhecer o estado deplorável da mesma. Não esqueceu o
problema e, em 1510, mandou os mestres Boitaca e Mateus
estudar as obras e custos.
A nova ponte, a manuelina, ficou concluída em 1513.
Tornou-se a mais bela e extensa do País, naquela época.
Assentava sobre vinte e quatro arcos com altura suficiente para
dar vazão às águas e por eles passarem barcas serranas com as
velas pandas.
Ponte manuelina do século XVI
A ponte manuelina entrou, mais tarde em ruptura, porque o
assoreamento do rio tapava, quase, os arcos. Projectou-se uma
36
nova ponte. Iniciada a construção em Julho de 1873, ficou
concluída e foi inaugurada em 8 de Maio de 1875. Metálica, com
passagens laterais para peões e pranchas de madeira ao meio — o
pavimento —, tornou-se perigosa com o aumento do tráfego,
ocasionando uma trepidação cada vez maior.
“ Ponte de Santa Clara” em estrutura metálica inaugurada em 1875
O problema da sua substituição foi ventilado em 9 de
Outubro de 1947, quando o Ministério das Obras Públicas, Eng.º
Arantes e Oliveira, visitou a cidade. Os trabalhos iniciaram-se em
5 de Abril de 1951, sob projectos de Eng.os Edgar Cardoso e
António Franco Abreu e a colaboração do Arqt.º Peres Fernandes.
Em 30 de Outubro de 1954 a nova ponte “ Ponte de Santa Clara”,
abriu ao trânsito.
O seu comprimento de 214 m ficou consolidado por betão
armado do tipo pórtico múltiplo especial, com cinco vãos e três
articulações. A largura da faixa de rodagem assentou em doze
metros, enquanto a largura de cada passeio atingiu os três metros.
A espessura da laje do tabuleiro totalizou vinte e quatro
centímetros e os vãos extremos ficaram a medir 35 metros. O
custo foi de cerca de quinze mil contos, tendo-se utilizado na
construção, duas mil e setecentas toneladas de betão e novecentas
toneladas de aço.
37
“ Ponte de Santa Clara” actual em betão-armado.
Sérgio Simões, Coleccionismo e Formação Lda
Rua Dr. Artur Figueirôa Rego, 25
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38
JOHN JAMES AUDUBON
Por Américo Rebelo
John James Audubon, nasceu
a 26 de Abril 1785 em Les Cayes,
Santo Domingo, (agora Haiti) tendo
falecido a 27 Janeiro 1851. Filho de
um capitão da marinha mercante
Francesa e de Mademoiselle
Rabine, vindo este a falecer 3 anos
após do nascimento do filho. Após
o pai estar viúvo, regressam a
França vindo juntar-se com uma
senhora de nome Sra. Audubon, que
foi madrasta de J.J.Audubon, tendo
tomado conta dele como seu filho, e
uma meia-irmã nascida de uma
relação extra matrimonial.
Em França no ano de 1799 vivia-se um momento muito
conturbado com os processos revolucionários tendo o regime sido
derrubado sob o comando de Napoleão Bonaparte a 9 de
Novembro 1799 ficando este golpe conhecido como “ Golpe 18
de Brumário “, dando origem à Revolução Francesa.
No ano de 1803, J.J.Audubon foge para a América, com um
passaporte falso, com consentimento de seu pai, indo viver para
Mill Grove, próximo de Filadélfia, aonde a família tinha algumas
propriedades, para assim não ser incorporado nas tropas de
Napoleão Bonaparte.
Depois desta mudança, J.J.Audubon, ainda jovem, começa a
despertar em si um interesse pelo desenho sobre tema aves e
natureza, associando-se também alguma inclinação para o estudo
da parte científica das aves, a ornitologia, começando por anilhar
algumas aves migratórias, afim de fazer um estudo do seu
regresso ou não no ano seguinte.
Mais tarde, J.J.Audubon, constitui família, casando-se com
Lucy Bakewell, da qual tem dois filhos. Mudando-se depois com
a família de Mill Grove para Louisville no Kentucky. Aí, por
39
influência do pai e alguns familiares dedica-se ao negócio, tendo
sido um fracasso, passando alguns momentos difíceis.
Após ter passado por esta situação difícil, J.J.Audubon,
decide realizar o seu sonho de jovem, que era desenhar todas as
Aves da América do Norte, pelo facto de ser um grande amante
de aves. Motivado por este sonho e tendo o apoio da sua mulher,
decide percorrer os Estados Unidos da América à procura de aves
para desenhar.
Esse seu trabalho de investigação era feito através da
abordagem que fazia no meio da natureza, acompanhado sempre
de papel e diverso material de desenho, para assim tirar as
respectivas anotações. Independentemente do material de
desenho, utilizava também uma arma para matar algumas aves,
para assim as poder desenhar melhor.
No ano de 1826, J.J.Audubon, já tinha uma série de
estampas feitas, procurando então uma editora em Nova York e
Filadélfia para lhe publicar o seu livro “ The Birds Of América “.
Esse projecto começou a ser difícil de se concretizar, pelo facto
de não haver nenhuma editora que quisesse arriscar neste negócio.
Perante tal situação viu-se
obrigado, a imigrar para a Europa
para, aí concretizar esse projecto.
No Reino Unido, o seu projecto
começou a ter uma luz no fundo do
túnel, pois o seu sucesso começou a
expandir-se de tal ordem, em parte
graças
à qualidade dos seus
desenhos,
mas
também
ao
marketing que utilizou para os
vender.
Mudou completamente o seu visual, passando a andar com
cabelo grande e vestido de pioneiro americano. Graças a estas
mudanças conseguiu vender algumas gravuras, tendo arranjado
rapidamente dinheiro para contratar uma litografia, afim de lhe
imprimir as gravuras, referentes ao seu livro The Birds Of
América. O sucesso dessas gravuras foram de tal ordem que o
próprio Rei Jorge IV do Reino Unido, e outras pessoas
importantes foram os grandes compradores das suas obras.
40
Graças ao sucesso do seu trabalho recebeu um elogio do
Barão Georges Cuvier como sendo “um monumento à
ornitologia“ e um convite para membro da Royal Academy.
J.J.Audubon regressa à América em 1829, tendo angariando
mais subscritores para a sua obra, e tentou completar as gravuras
que lhe faltavam.
No ano de 1840 conseguiu realizar o seu sonho, que era
publicar o livro “The Birds Of América“. Com orientação da
gráfica Octavo Edition, publicou o livro, mas numa versão mais
barata afim de ser acessível para as classes com poder económico
mais baixo. Na primeira e única edição foram vendidos 1200
livros, que se esgotaram rapidamente.
Após este sucesso, conseguiu equilibrar as suas finanças,
continuando a trabalhar na companhia dos seus filhos num
projecto de um novo livro “Viviparous Quadrupeds of North
América“, que foi publicado em 1852 a título póstumo, dado que
ele morreu em 1851.
Filatelicamente, existem a nível mundial, várias emissões de
selos alusivos a J.J.Audubon e à sua obra.
41
PALÍNDROMO "FILATÉLICO"
Por René Rodrigues da Silva
Quem, como o autor deste apontamento, receba diariamente
e-mails das mais variadas origens, deve-se ter confrontado, desde
meados de Março p.p., com uma mensagem (e variações da
mesma) cujo assunto era: “VOCÊS SABEM O QUE É UM
PALÍNDROMO?”.
Em seguida, com maior ou menor rigor, a mensagem em
apreço esclarece-nos que palíndromo é uma palavra ou número
que se lê nos dois sentidos, indiferentemente da esquerda para a
direita e ao contrário. Por exemplo, RIR, OVO, OSSO, RADAR,
ANILINA e até mesmo uma conhecida marca de pneus
(“CAMAC”) que desapareceu do mercado há relativamente pouco
tempo.
Este tipo de palavras (e frases) são muito antigas. Os
romanos deixaram-nos vários exemplos que aqui e agora não
reproduzimos, em virtude de irem sobrecarregar este texto com
duvidosa utilidade. Segundo o Dicionário Houaiss, a palavra
palíndromo aparece na Língua Portuguesa, por volta de 1873.
Acima escrevi propositadamente “com major ou menor
rigor”, porquanto a definição avançada se nos afigurar algo
limitativa. De facto, não só são palíndromos as palavras e os
números — que o vulgo chama de capicuas — mas também
frases, necessariamente curtas, desenhos, construções coloridas,
fotos e até, pelo menos, um selo.
De frases, ofereço como exemplos: “LUZ AZUL”; “A
DROGA DA GORDA”; “SAIRAM O TIO E OITO MARIAS”.
Para encontrar fotos, desenhos e outras construções permitimonos aconselhar o leitor a ir navegar na NET.
O que justifica tanta conversa é, porem, trazer ao
conhecimento da maioria dos filatelistas — estamos quase certos
que será a maioria — da existência de um selo que apresenta
características muito semelhantes às que tem ocupado a nossa
atenção.
42
O selo reproduzido (ver ainda a duplicação invertida), foi
lançado em circulação em França, em 1979, e é consagrado às
abadias normandas. O catálogo “Yvert & Tellier” deu-lhe o nº
2040.
Estamos perante um selo barato (novo custa menos de um
euro) mas que pela sua singularidade (cremos que única) merece
constar das nossas colecções, desde que nos dediquemos a este
género de curiosidades filatélicas.
Se quiser construir uma temática de selo único, tem neste
selo o “pontapé de saída” que necessitava.
43
JEAN MONNET
Por Isabel Valente
1988 - Emissão Comemorativa do
Centenário do Nascimento de
Jean Monnet
Desenho de Acácio
Santos
apresentando
o
retrato do homenageado. Impressão a off-set pela Imprensa Nacional - Casa
da Moeda sobre papel esmalte, em folhas de 50 selos com denteado 12 x
12-1/2. Foram emitidos 600 mil selos da taxa de 60$00 castanho tijolo e
amarelo. Sobre estes selos foi impressa uma tarja fosforescente. Postos em
circulação a 9 de Maio de 1988.1
*****************
Jean Omer Marie Gabriel Monnet nasceu a 9 de Novembro
de 1888, em Cognac, França, tendo desenvolvido, ao longo de
toda a sua vida um trabalho perseverante, dedicado à divulgação
do ideal europeu, tendo sido o inspirador do “Plano Schuman”,
que previa a fusão da indústria pesada na Europa Ocidental.
Monnet, aos 16 anos, sem ter acabado o ensino secundário,
decide viajar por vários países como comerciante de conhaque e,
mais tarde, como banqueiro. Como o próprio escreveu nas suas
memórias – “desde muito cedo eu via muito bem onde poderia
empregar imediatamente a minha actividade e aplicar a minha
reflexão: porque é que havia eu de fazer o desvio do Direito,
alugar um quarto em Poitiers, quando estava ao meu alcance
entrar na escola da vida e visitar o mundo?”2
Esta convicção singular leva-o a Londres, para uma estadia
de dois anos, com o objectivo de aprender inglês e de conhecer os
hábitos deste povo.
Em 1906, a convite de seu pai, representa e conduz os
negócios de família nos Estados Unidos da América. Sublinhe-se,
1
Cf. Carlos Kullberg, Selos de Portugal – Álbum VI (1985/1990), Vila Nova de
Famalicão, Edições Húmus Ldª, 2005, p.72.
2
Jean Monnet, Memórias, Lisboa, Ulisseia, 2004, p.40.
44
aqui, as palavras do Pai de Jean Monnet antes da sua partida para
a América: “não interessam os livros. Ninguém pode reflectir por
ti. Olha pela janela, fala com as pessoas. Presta atenção àquele
que está ao teu lado.”3 Estas palavras terão inspirado toda a vida
de Monnet. De facto, durante várias décadas, exerceu, como
poucos, o magistério da influência.
A leitura das suas Memórias constitui um testemunho
eloquente da sua entrega à causa de servir e de aproximar os
homens, as nações e os Estados.
É importante sublinhar como lhe interessaram as condições
de vida dos povos da Europa, o progresso económico e a paz.
Como ninguém compreendeu a urgência da reconciliação francoalemã, aliás apontada como conditio sine qua non para a
manutenção da paz no continente europeu.
Durante as duas guerras mundiais, exerceu cargos
importantes relacionados com a coordenação da produção
industrial em França e no Reino Unido.
Em 1919, participou na criação da Sociedade das Nações, da
qual foi Secretário-geral adjunto.
Durante a Segunda Guerra Mundial presidiu ao Comité de
Coordenação Franco-Britânico para a partilha dos recursos
aliados. Retido em 1943, em Argel, com a sua pátria ocupada
pelas tropas alemãs, Monnet escreve: “Não haverá paz na Europa,
se os Estados se reconstroem sobre uma base de soberania
nacional (...) Os países da Europa são demasiado pequenos para
assegurar aos seus povos a prosperidade e os avanços sociais
indispensáveis. Isto supõe que os Estados da Europa se agrupem
numa Federação ou ‘entidade europeia’ que os converta numa
unidade económica comum.” Na verdade, a sua observação atenta
da realidade europeia, a sua análise crítica e a formulação de
soluções para o conflito europeu pressupunham, todavia, um
conhecimento histórico e político profundo dos acontecimentos,
dos factos, dos movimentos políticos, económicos, sociais e
culturais do seu tempo.
3
Jean Monnet, Ob. Cit., p. 47.
45
Quando acabou a guerra, foi nomeado Comissário do Plano
de reconstrução e recuperação económica de França.
Em 1950 Jean Monnet revela com todo o vigor uma vocação
europeia que viria a inspirar o Plano Schuman, presidindo então à
Comissão de Negociações da qual faziam parte os seis Estados
Fundadores da Comunidade Europeia. Foi nomeado em 1952
Presidente da Alta Autoridade da Comunidade Europeia do
Carvão e do Aço.
Demitindo-se da Alta Autoridade em 1955 criou de seguida
o Comité de Acção para os Estados Unidos da Europa, de
fundamental importância para o futuro da Europa, comité que foi
dissolvido em 1975.
Em 1976, o conselho de Chefes de Estado e Governo da
CEE, reunido no Luxemburgo, decidiu outorgar-lhe o título de
Cidadão Honorário da Europa.
Jean Monnet faleceu no dia 16 de Março de 1979.
À luz do que foi dito, pode afirmar-se que um desejo
permanente estimulou sempre a força anímica de Monnet – a
construção da Paz na Europa.
AVENTURAS DE TABULEIRO
Por António Mendes Curado
Entre as lendas da cavalaria da Idade Média e num universo
das melhores gestas arturianas, todos nós, nos recordamos das
aventuras do Rei Artur e os Cavaleiros da Távola, de Sir
Lancelote e a Dama do Lago, Percifal e a demanda do Graal,
heróis e histórias de venturosos cavaleiros que povoaram a nossa
adolescência.
No entanto poucos deverão ter lidos as aventuras de Sir
Gwdaine e o Cavaleiro Verde, e muito menos as versões
holandesas da gesta arturiana com grande relevo para os romances
de cavalaria onde o principal herói, foi Roman van Walenweise,
pela pena de Penninc e Pieter Vostaert, que utilizando referências
do século XIV, na língua nativa, construíram verdadeiras
epopeias sobre a cavalaria da Távola Redonda com três historias
em 11202 versos, em holandês antigo chamado diets(ch) ou
46
duits(ch); Walenweise e o Xadrez Voador, Walenweise e a Dama
Horrorosa, Walenweise e a Espada dos dois Anéis. As versões,
holandesa, francesa e inglesa, misturam por vezes o nome do
cavaleiro, sendo conhecido por Walenweise, Walwanius, Gawain,
Gauvan, Gawan, sempre precedido do título de Sir...
Provavelmente a BD – Príncipe Valente foi inspirada nas
aventuras deste cavaleiro. Nas versões portuguesas das histórias
arturianas, era comum traduzir o nome da personagem para
Galvão e precedê-lo pelo título Dom.
É no entanto desconhecido até agora, a existência de
qualquer tradução de contos, onde o herói principal seja,
Walenweise.
Este cavaleiro é muitas vezes descrito como sendo sobrinho
do rei Artur filho de Morgause e irmão de Gaheris, Gareth,
Agravaine e Mordred. Possuía um comportamento muito
irritadiço e era muito belicoso e tem uma peculiaridade que lhe
permite ganhar força física no período que vai das nove da manhã
até ao meio-dia.
Sir Gawain é personagem da saga do Rei Artur e a Távola
Redonda, e seu nome é citado pela primeira vez na História
regum Britanniae (História dos Reis da Bretanha) - 1136 -, de
Geoffrey de Monmouth, onde é chamado Walwanius, e tido como
sobrinho do próprio Rei Artur, e na história de Guilherme de
Malmesbury (por volta de 1120), onde se fala do descobrimento
de seu túmulo no Castelo de Walwyn, em Pembrokeshire. Nas
palavras de Chrétien de Troyes, um dos autores de livros sobre a
Távola Redonda: \"À frente de todos os cavaleiros, deve ir o
primeiro: Gawain\". Ou ainda, nas palavras de Wace, cronista da
corte dos Plantagenetas: \"Grande foi sua nobreza e estatura; não
houve nele presunção nem arrogância; fez mais do que contou e
deu mais do que prometeu\". A edição canónica de \"Sir Gawain\"
foi publicada por Tolkien (o mesmo de O Senhor dos Anéis)
juntamente com E. V. Gordon (Oxford, 1952). Neste livro são
apresentadas três histórias sobre Sir Gawain, da Távola Redonda,
retiradas de edições modernas que seguem rigorosamente a
essência dos originais, compiladas pelos mais criteriosos
especialistas em história e literatura medieval.
47
Vem isto a propósito da última descoberta na temática de
Xadrez de um selo holandês de 1966 sobre as referências
literárias da Holanda, que apresenta um excerto de um
pergaminho circa 1350, onde se vê um cavaleiro medieval.
Manuscrito e selo holandês de 1966
Procurando a imagem desse pergaminho deparei-me com o
pormenor de um pouco acima do cavaleiro, haver um tabuleiro de
xadrez com 7x8 casas e mais tarde com as histórias de Roman van
Walenweise.
O primeiro dos contos, Walenweise e o Xadrez Voador,
começa quando no castelo de Camelot, estando a corte do rei
Artur reunida, entrou por uma janela, voando, um tabuleiro de
xadrez com as respectivas peças dispostas para se iniciar uma
partida. Pairando de modo desafiante em frente dos cavaleiros,
convidava a iniciar uma partida de xadrez.
Como nenhum dos cavaleiros ousasse aceitar o desafio, o
tabuleiro voador esgueirou-se novamente pela janela, deixando os
cavaleiros atónitos e incrédulos.
O rei Artur depois do tabuleiro ter desaparecido, manifestou
o desejo de possuir tão precioso conjunto e decretou que após a
sua morte, seria rei no trono de Avalon, o cavaleiro que lhe
trouxesse tão cobiçada jóia, e assim se inicia a aventura.
48
NUNCA LÁ ESTIVE,
MAS CONHEÇO ALGUÉM QUE JÁ LÁ FOI…
Por António Mendes Curado
Um amigo, meu conterrâneo, pessoa muito simpática e
afável, bom conversador, amante das coisa boas da vida, jogador
de xadrez nas horas livres, quando novo, tal como muitos de nós,
leu os livros de Emilio Salgari e sobretudo as aventuras de
Sandokan, assim como as viagens de Marco Polo (1254-1324) e
idealizou que um dia havia de ir a Samarcanda conhecer essa
cidade da Ásia Central, passagem obrigatória da rota da seda. Se o
idealizou, em 1972 concretizou-o. Essa aventura e o relato dessa
epopeia, no tempo da União Soviética e antes do 25 de Abril de
1974, deliciaram alguns repastos e tertúlias com inúmeros
ouvintes e admiradores. Assim o recordei com o livro que agora
li.
Com a revista SÁBADO, está a ser distribuído e pelo preço
simbólico de 1.00 euro, vários livros com muito interesse. O
segundo dessa colecção, tem o nome de SAMARCANDA de
Amin Maalouf, ex-jornalista nascido em Beirute, refugiado em
Paris, foi correspondente de guerra como enviado especial em
conflitos em várias partes do globo. Conhecedor da cultura
islâmica e cristã dá-nos uma visão diferente do mundo árabe e
uma perspectiva mais verdadeira de como os muçulmanos vêm os
povos ocidentais.
Samarcanda pertence actualmente ao Uzbequistão ou
Usbequistão (capital Tashkent em português - Tasquente) que é
uma ex-república soviética da Ásia Central. Mas já esteve ligada à
Pérsia, à Turquia, ao Afeganistão e à Mongólia. Foi fundada em
700 A.C. Foi conquistada por gregos no tempo de Alexandre
Magno, pelos mongóis, no tempo de Gengis Khan, pelos
turcomanos no tempo de Tamerlão, pelos iranianos, sunitas,
xiitas, árabes, uzebeques, ucranianos e russos. Samarcanda
significa em persa antigo “ lugar do encontro, ou lugar de
conflito” tendo sido destruída por várias vezes e sempre
reconstruída.
Este livro não mereceria a minha especial atenção, se não
tratasse da vida romanceada de Omar Khayyam – Seu nome
49
completo era Ghiyath Al Din Abul Fateh Omar Ibn Ibrahim Al
Khayyam, nasceu em Nishapur, Pérsia a 18 de Maio de 1048 e
morreu na mesma cidade a 4 de Dezembro de 1131. Ficou
conhecido como um iminente matemático, filósofo, astrónomo e
poeta iraniano. A sua principal obra no domínio da poesia são as
chamada quadras ou Rubaiyat que ficaram famosas no Ocidente a
partir de tradução do poeta e escritor inglês Edward Marlborough
Fitzgerald em 1839, (31 de Março de 1809 – 14 de Junho de
1883).
http://www.islam.org.br/al_khayyam.htm
Versão e tradução para o português por Alfredo Braga em:
http://www.ebooksbrasil.org/eLibris/rubayat.html
50
Com a tua face como a rosa, com o teu rosto belo,
Como o de um ídolo chinês, não sabes
O que o teu olhar faz do rei da Babilónia?
Um bispo do xadrez, que foge da rainha.
89
Somos os peões deste jogo do xadrez
Que Deus trama. Ele nos move, lança-nos
Uns contra os outros, nos desloca, e depois
Nos recolhe, um a um, à Caixa do Nada.
50
À CONVERSA COM…
Sérgio W. de Sousa Simões
Por João Pedro Rocha
Tudo aconteceu no dia 22.12.2008 quando nos deslocámos
às Caldas da Rainha para (finalmente) termos a honra de
conversar com um dos comerciantes filatélicos mais antigos do
país, sendo seguramente aquele que mantém a sua casa aberta há
mais décadas e em constante actividade. Falamos, obviamente, de
Sérgio W. de Sousa Simões que começou por coleccionar selos
por mera curiosidade, influenciado por um médico seu amigo
também ele entusiasta da filatelia.
Foi bem cedo aos 11 anos de idade que Sérgio W. de Sousa
Simões começou, por sua conta e longe de qualquer influência, a
vender selos aos seus colegas da escola. Pouco tempo mais tarde
aproveitou o facto do seu pai ter uma loja de confecções, para
nesse mesmo espaço fundar com o assentimento daquele, o seu
primeiro espaço de venda de selos o qual pode mesmo ser
chamado de sua primeira loja filatélica ou conforme o nosso
entrevistado refere, “o seu cantinho com a sua janela filatélica”.
Naturalmente, depois de uma mudança de instalações e
depois de muitos anos passados desde 1952 (ano da fundação da
sua loja filatélica), Sérgio W. de Sousa Simões foi-se sempre
adaptando à evolução dos tempos e à própria filatelia em geral.
Começou a trabalhar na era exclusiva da charneira e é hoje o
representante em Portugal das mais fortes marcas de material
filatélico a nível mundial e dos editores de catálogos mundiais
tendo também adaptado a sua loja à internet, mantendo
regularmente actualizado o seu site http://filsergiosimoes.com/.
Aliás, confessa-nos o nosso entrevistado, que ao contrário
de outras opiniões divergentes no seu caso o surgimento em
massa da internet em nada afectou o seu negócio, bem pelo
contrário; sempre foi apanágio deste comerciante encontrar-se na
vanguarda da inovação e, como é evidente, também em relação à
internet não se deixou ficar atrás.
Contudo talvez a característica mais peculiar da loja de
Sérgio Simões e que se tem mantido ao longo dos anos é o facto
de se tratar acima de tudo de um negócio que funciona mais por
51
correspondência, mantendo assim a sua génese inicial e ainda
hoje fazendo um grande investimento em sobrescritos e com o
rigoroso cumprimento de selar bem a correspondência.
Prevendo altos e baixos para o futuro próximo da filatelia
Sérgio Simões confessa-se admirador do selo novo e totalmente
adverso aos selos personalizados, considerando-a, aliás, uma ideia
pouco feliz dos C.T.T. defendendo necessariamente que os selos
personalizados não devem ser coleccionáveis ou pelo menos
catalogáveis. Trata-se, segundo as suas palavras, de uma ideia
importada do exterior que em nada abonará o futuro da filatelia
pelo menos tal como nós a conhecemos hoje em dia.
Trabalhando numa espécie de empresa familiar pois a maior
parte dos seus colaboradores são familiares próximos e directos
de Sérgio Simões têm sido muitas as peripécias pelas quais tem
passado ao longo dos 50 anos que dedica à filatelia. Por exemplo
conta-nos que já foi assaltado por um cliente razão pelo qual
reforçou a segurança na sua loja, contando-nos também que a
antiga garagem, com o aumento da quantidade de encomendas e
de volume de negócios, passou a arrecadação.
Mantendo excelentes relações com os outros comerciantes
filatélicos, aprendeu desde cedo a não dizer mal de ninguém,
contribuindo de forma activa para um bem-estar na filatelia em
Portugal, mantendo-se, desde sempre, afastado das polémicas
com que os outros se divertem; é assim que se define Sérgio W.
de Sousa Simões e, sinceramente, foi também essa a ideia com
que ficámos de tão ilustre pessoa.
Aqui
deixamos o nosso
agradecimento pela
simpatia com que
fomos recebidos.
Os “repórteres” da
Secção Filatélica da AAC
com o Sr. Sérgio Simões
na sua loja filatélica.
52

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