Africanwarriorqueens[1]
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Africanwarriorqueens[1]
Texto original: “African Warrior Queens” by John Henrik Clarke. In Sertima, Ivan Van (ed.) Black women in Antiquity. 1984. Tradução: Jackeline Romio ([email protected])1 Rainhas Guerreiras Africanas Antes de ir diretamente para o assunto, “rainhas guerreiras africanas”, sinto que existe a necessidade de chamar a atenção para o status histórico da mulher africana e sua contribuição para o desenvolvimento da sociedade africana, para que sejam melhor compreendidas como rainhas guerreiras na defesa de suas respectivas nações. O escritor senegalês Cheikh Anta Diop demonstrou novas idéias sobre o assunto no livro The Cultural Unity of Black African2. Ele observa que a maioria das sociedades não-européias é, principalmente, matrilinear, a linha de descendência começa a ser traçada a partir da mãe. Doutor Diop amplia esta explicação da seguinte maneira: “é matrilinear e é o homem que traz o dote à mulher”, isto prova, se alguma prova é necessária, que as mulheres nestas velhas sociedades tinham direitos respeitados. A maior parte destas sociedades se desenvolveram antes do nascimento da Europa. Na áfrica o ‘lugar’ da mulher não era apenas com sua família: ela freqüentemente governou nações com inquestionável autoridade. Muitas mulheres africanas foram excelentes militaristas e sobre ocasiões tiveram conduzindo seus exércitos em batalhas. Muito antes que soubessem da existência da Europa, os Africanos tinham produzido uma maneira de viver onde os homens eram seguros o bastante para deixar mulheres avançarem tanto quanto seus talentos as levassem3. 1 Esta tradução é livre, foi feitas para fins de estudos e transferência de conhecimentos para interessados em geral na historia das mulheres negras. 2 The Cultural Unity of black african. By Cheikh Anta Diop. Third Word Press. Chicago. III. 1978. ver introduction e capitulo Two. 3 The Black woman: A Figure in World History. By John henrik Clarke. Essence magazine. May, 1971. p. 29. 1 Durante a ascensão de grandes dinastias no Egito, Kush4 e Etiópia, as mulheres africanas deram impressionantes passos e algumas se tornaram chefes de Estado. Dr. Diop escreve que durante todo o período do Egito Faraônico as mulheres africanas apreciaram a liberdade completa, em oposição à condição de segregação experimentada pelas mulheres européias do período clássico, fossem gregas ou romanas. Ele ainda nos informa que “nenhuma evidencia pôde ser encontrada nem nos registros da história nem da literatura – Egípcia ou não – do mau tratamento sistemático de mulheres africanas por seus homens”, foram respeitadas e andavam livremente ao contrário de certas mulheres asiáticas. Carinho pelas mães e especialmente o respeito com era necessário cercá-las era o mais sagrado dos deveres. Nestas sociedades africanas antigas as mulheres desempenhavam um maior protagonismo sem humilhar nenhum homem ou fazer seu lugar menos importante sociedade5. É daqui que começamos a examinar as Rainhas Guerreiras Africanas. Durante o reinado da Rainha Hatshepsut (1500- 1485 AC), cerca de 1.500 anos antes do nascimento de Cristo, a primeira rainha guerreira na África é claramente vista. Seu pai, Thothmes I, tinha lutado para expulsar os últimos invasores asiáticos do leste do solo africano. Logo cedo começou a treinar sua filha para ser a governadora do Egito. Isto lançou uma nova era na história. Seu reinado foi um dos mais proeminente na 18a. dinastia do Egito, provando que a mulher pode ser uma forte e efetiva governadora. Ela foi, de acordo com o egitologistas James Henry Breasted, “a primeira grande mulher na história das quais nos fomos informados”6. O escritor African American J.A. Rogers disse em 1947: “Hatshepsut do Egito antigo foi a maior mulher governadora de todos os tempos... ela também é comentada por ter sido a primeira mulher na história a desafiar a supremacia do homem, embora dispostos contra ela mais de três mil anos de tradição masculino. Não existia uma palavra para ‘rainha’ ou imperatriz na linguagem da sua época – mas ela lutou a sua maneira por poder e ocupou o trono do seu mundo conduzindo então o império por trinta e três anos”7. 4 Civilização que se desenvolveu na região norte-africana da Núbia, localizada no que é hoje o norte do Sudão (nota de tradução) 5 On the unity of African culture: The Black Woman in histoy, by John Henrik clarke, Black World magazine. Chicago. III. February, 1975. 6 A History of Egypt. By James Henry Breasted, Bantam Books, New York, 1967, pp. 220-268. 7 World’s Great Men of Color, by J. A. Rogers. Helga M. Rogers. Publisher. 1270 5th ve. New york 10029. pp 28-29. 2 A história da grande Rainha Hatshepsut começou de maneira trágica. Seu pai, Thothmes I, teve quatro crianças com sua grande esposa real. Todos morreram na infância exceto a pequena princesa Hatshepsut, o rei Thothmes foi mais tarde atacado pela paralisia e Hatshepsut transformou-se sua principal assistente. Com seu pai controlou os assuntos do estado, e transformou-se, de fato, co-governante do Egito, isto acendeu a sua ambição para dominar Egito e seu império. Quando seu pai estava certo que não teria muito mais tempo de vida, casou Hatshepsut com seu meio-irmão, seu filho com uma esposa secundária. Quando Thothmes morresse, este jovem homem ascenderia ao trono como Thothmes II e Hatshepsut tornar-se-ia a rainha do Egito. Pouco tempo depois, os médicos da corte disseram ao Thothmes II que ele não teria muito tempo de vida. Uma vez que a família real estava outra vez sem um príncipe herdeiro, Thothmes casou sua pequena filha com um filho dele com uma garota de harém. Com a morte dos Thothmes II este forte menino se transformou em Faraó. Agora com 20 e poucos anos, Hatshepsut foi relegada ao papel de viúva rainha mãe, e nomeou um grupo de regentes para o governo do Egito até Thothmes III ser velho o bastante para governar sozinho. Mas não era o bastante para ela governar o Egito em nome do jovem Thothmes III: ela queria mais e planejou para isto. Depois que seus planos foram formulados, vestiu-se no o mais sagrado trajes oficiais do faraó, e, com o cetro real em uma mão e o cajado sagrado na outra, ela subiu ao trono e proclamou-se faraó do Egito e, assim, a primeira, e talvez a maior, regente mulher de todos os tempos que chegou ao poder no Egito. O Vale do Nilo era agora o seu domínio, e ela começou a colocar o Egito em ordem. Reforçada pelo seu feroz orgulho da família, ela lembrou a sua corte e ao povo do Egito que seu pai tinha sido o poderoso Thothmes I e que seu bisavô, Ahmase o libertador, expulsou os invasores Hyksos8 para fora do Egito e fundando a 18a. Dinastia. Para ter uma idéia ela afirmou que o seu rival ao trono do Egito, Thothmes III, foi filho de uma mulher de Harém e que não esteve relacionado diretamente aos grandes feitos da família dela. Os anos da dominação Hyksos produziram sua desconfiança das implicações dos estrangeiros. Exceto para expedições de negociação, que ela quis deixar referidos como “os estrangeiros miseráveis” irem seus próprios caminhos de briga. Muitos dos mais tradicionais nobres das fronteiras, e alto clero apoiavam a ela. Thothmes III, no momento um hostil adolescente, foi banido para o interior sombrio do templo de Amon como aprendiz de sacerdote. Desde seu exílio ele nunca 8 Um povo asiático que tentou por vezes invadir o Delta do Nilo (nota tradução). 3 parou de tramar contra Hatshepsut. O apoio mais forte que ele teve veio de alguns poucos membros do sacerdócio de Amon que viram na conquista estrangeira uma chance para enriquecer seu templo e para fazer de Amon um deus mais poderoso. Apesar desta oposição, Hatshepsut começou a livrar seu país das implicações estrangeiras e da guerra da conquista9. Ela também trabalhou para fortalecer a posição do Egito dentro da África fazendo a paz com os povos do Kush (Núbia) e enviando missões às nações ao longo da costa africana do leste, e no extremo Sul como o Punt (hoje Somália), uma das suas realizações culminantes foi o despacho de uma missão a um reino na Ásia (hoje Índia). Hatshepsut governou o Egito por 21 anos, e governou muito bem, com exceção à inimizade e intrigas de seu enteado e seus aliados, seu reinado foi um calmo interlúdio entre o Velho Vale do Nilo e as fronteiras do Egito, o qual manteve a paz com seus vizinhos, e o novo e mais poderoso Egito da guerra e da conquista que ainda viria. O históriador senegalês Cheikh Anta Diop refere-se a Hatshepsut como “a primeira rainha na história da humanidade”, este fato em si, ele afirma, “é um mérito acrescido à particular importância das circunstâncias as quais está envolvida sua ascensão ao trono”10. De acordo com Gaston Maspero, no livro The Dawn of Civilization, a rainha Hatshepsut derivada de sua mãe, Ahmosis, e sua avó, Akhotpou, teve o direito de sucessão que tomou a precedência não apenas sobre seu esposo e irmão, Thothmes II, mas sobre de seu pai, Thothmes I, o reino faraônico, matriarcalmente reinou o Egito dos seus dias. Maspero afirma que, de acordo com os costumes da nação egípcia, Hatshepsut foi a legitima herdeira das dinastias antigas. A morte de Hatshepsut veio abrupta e misteriosamente. Ela talvez teve uma morte natural, mas alguns historiadores acreditam que Thothmes III a assassinou. Depois de sua morte, ele tentou destruir toda a memória dela no Egito. Ele desfigurou todas as estatuas referenciadas nela que ele encontrou, felizmente, ele não descobriu todas elas, e Hatshepsut veio à tona para nós como uma das proeminentes mulheres de todos os tempos. A era dourada do Egito gradualmente declinava, e o orgulho e o esplendor que tinham marcado as décimas oitavas e décimas nonas dinastias deu espaço às rivalidades e às confusões internas. As guerras de conquista e de colonização 9 The Black Woman: A figure in World history, by Jonh Henrik Clarke, Essence Magazine. May, 1971, pp 28-29. 10 Black Heroes in World histoty, compiled by the Editors of the Magazine Tuesday, Chicago, III, 1969, See pp. 109-110. 4 drenaram muito de sua força militar e econômica. Neste meio tempo, como as nações ao sul cresceram mais poderosas, elas tornaram-se predatórios para o Egito que tinha sido uma vez seu mestre. A nação que hoje é conhecida como Etiópia tomou lugar central na história cerca de 960 AC, antes da Europa emergir como um fato no poder mundial. Etiópia eram então governado por uma mulher, que em alguns livros dói referenciada como Makeda e em outros como Belkis [Balkis], ela é mais conhecida como Rainha de Sabá. Existem conflituosas interpretações da sua vida em muitos livros. Sua história é contada na Bíblia, o Talmude, o Korão e nas lendas da Síria, Israel, Egito e Etiópia, como uma das rainhas guerreiras africanas, sua luta foi mais diplomática que militar11. No seu livro World’s Great Men of color, J. A. Rogers nos descreve o seguinte: “fora das névoas de três mil anos emerge esta história bonita de amor de uma rainha negra [black-preta], que, atraída pela fama de um monarca de Judeu, fez uma longa viagem para conhecer–lo”. Na Etiópia, A Cultural History, Sylvia Pankhurst conta a história desta jornada: “A história da Rainha do Sul, que empreendeu uma longa e árdua viagem para Jerusalém, a fim aprender da sabedoria do rei Salomão, é estimada profundamente na Etiópia, como parte da herança nacional, porque é reivindicada como uma rainha da Etiópia, Makeda, ‘uma mulher de esplêndida beleza’, que introduziu a religião e cultura de Israel na sua própria terra”. A história do Rei Salomão e a Rainha de Sabá é completamente conhecida, Dr. Post Wheeler, no seu livro Golden Legend of Ethiopia, conserva-se que a rainha do sul chamada de Rainha de Sabá ou Axum12, e que ela reinou sobre Sabá e Arábia, e assim como a Etiópia. Um outro trabalho valioso e antigo da Etiópia, the book of Aksum, indica que quando a Rainha Makeda veio ao trono construiu a capital na Etiópia no distrito de Azeba. The Keber Nagast, uma cronologia etíope antiga, nos conta que “A Capital da Rainha de Sabá era Debra Makeda” (ou Monte Makeda) o qual a Rainha construiu e nomeou para si mesma. Debra Makeda mais tarde se tornou um local de encontro para o Cristianismo Antigo da Etiópia. Na Igreja Etíope de Axum, existe uma copia do que é chamada de uma das tábuas de leis que Salomão deu para Menelik, seu filho com a Rainha de Sabá (Menelik teria saído da Etiópia para visitar seu pai na Judéia). Na Grécia a chamavam de “a Minerva negra” e “a Diana Etíope”. 11 Black Heroes in World History, copmpiled by Editors of the magazine Tuesday. Chicago III, 1969, ver pp. 1-12. 12 Reino africano, hoje conhecido como Etiópia. 5 A conhecida Canção de Salomão, na qual ela supostamente disse “Eu sou negra, mas atraente, Ouçam! Eu sou filha de Jerusalém”, é provavelmente uma ficção, escrita muita tempo depois da morte dela. Ela viveu em um tempo quando a cor não era um fato nas relações humanas, ninguém se vangloriava por sua cor no seu tempo tampouco se desculpavam por isto. Coisas mais nonsense têm sido escritas sobre Cleópatra do que de qualquer outra Rainha Africana, principalmente por causa existe um desejo de muitos escritores em desenha-la como branca. Ela não foi uma mulher branca, ela não foi uma grega, deixe-nos dispor deste assunto antes de explicar os aspectos mais importantes de sua vida. Antes de emergência da doutrina da supremacia branca, Cleópatra era geralmente retratada como distintamente Mulher africana, preta na cor. Shakespeare na linha de abertura de Antony and Cleópatra chama ela de “Tawny” [cor castanha], nos dias de hoje, mulatos são chamados de “Tawny Moors”. A palavra “Moors” [mouro/ moreno] entrou na língua européia significando negro ou preto ou preto mouro. No Book of Acts, Cleópatra descreve a si própria como “Negra/preta”. Nascida em 69 AC, Cleópatra veio ao trono que ela dividia com seu irmão, Ptolomeu XIII, quando ela tinha 18 anos, Egito, agora um protetorado romano, foi sitiado com rivalidades e intrigas internas. Cleópatra aliou-se com Julio César, que reforçou o poder dela. Suas relações políticas e sexuais foram manobras para salvar o Egito dos piores aspectos da dominação romana. Depois que Julio César foi assassinado, Cleópatra continuava em seus prematuros 20 anos, encontrou Marco Antonio e um romance, motivado fortemente pela política, começou. Seu efeito em Marco Antonio era profundo. Este nobre Romano tornado em traidor para seu próprio povo quando tentou salvar o país desta rainha negra fascinante da dominação romana. Depois da morte de Antonio, a vitória, Otavius, assume todo o controle do Egito, e Cleópatra, agora sem um protetor ou defensor, comete suicídio. Contrário ao conhecimento popular, Cleópatra não cometeu suicídio motivada pela perca de Marco Antonio, seu grande amor era o Egito. Ela era uma astuta política e uma nacionalista egípcia, cometeu o suicídio quando perdeu o controle do Egito. Depois da morte de Cleópatra, Egito tornou-se uma colônia de Roma e os mais ásperos aspectos do governo romano derramou-se sobre Egito e o Médio Oriente. Ao sul, nas terras não tocadas por Roma, novas orgulhosas civilizações estavam crescendo, e nos séculos que seguiram, as mulheres negras mais uma vez começaram mais a atuar com maior protagonismos no teatro de história. As rainhas guerreiras da Etiópia e nações do sul não são muito conhecidas para a história; todavia, elas eram tão notáveis quanto as rainhas do Egito. A rainha da 6 Etiópia ou Núbia que era chamada Candace foi notada pelas lutas contra governantes estrangeiros. Depois da morte de Cleópatra, o poder romano tentou tomar o Vale do Nilo. A mais forte resistência veio de uma rainha chamada Candace , das várias rainhas que ficaram conhecidas como Candace, cinco são as mais conhecidas: A Candace que opós ao movimento em direção ao sul dos exércitos de Alexandre, O grande; A Candace que guerreou contra o Governador romano de Egito, Patronius; a Candace mencionada na Bíblia em Atos, capitlo 8, versículo 27; e a Candace que guerreou contra o romano, Nero. Existe outra Candace que não deixou registro seguro. A palavra Candace é provavelmente equivalente a palavra etíopeana para chefe de estado ou governador, quando aplicado para uma mulher13. A politicalização da Igreja Cristã, e o crescente descontentamento com os governos romanos da África do norte e no Oriente Médio ajudaram a facilitar a ascensão do Islã. Enquanto alguns africanos do norte deram boas-vindas a esta nova religião, outros resistiram a ela. Resistência foi colocado por Kuseila, um general de Mauritânia e por sua parente, Rainha Dahia-al Kahina, muitos norte-africanos se reorganizaram sob a bandeira de Kuseila e foram derrotados em 682. Ele continuou a governar Mauritânia por cinco anos, mas em 688 foi derrotado e morto por um novo contingente de tropas árabes. Sua posição como o líder da resistência africana foi assumido pela Rainha Dahia-Al Kahina. Sob sua liderança os africanos contra-atacaram ferozmente e expulsaram o exército árabe para o norte na Tripolitânia. O feroz contra-ataque dos africanos sob a liderança de Kahina fez alguns dos governadores árabes duvidarem que o africano poderia ser conquistado14. Após o general árabe, Hassan-ben-Numan capturar Carthage em 698, sua vitória provada ser breve, rainha que o Kahina re-organizou logo suas forças e conduziu-o para fora da cidade, quando a posição de Kahina tornou-se desesperada ela requisitou que os seus distritos do férteis fossem destruídas e colocados de modo que a falta do alimento e de abrigo desanimasse os árabes a retornarem. Os efeitos ruinosos sob o solo do sul da tunísia pode ser visto até os dias de hoje. A rainha Kahina era da fé hebraica e nunca abandonou sua religião sua oposição então, era puramente nacionalista, como ela não favoreceu nem os cristãos nem os muçulmanos, Kahina foi finalmente derrotada e massacrada por Hassan-benNuman em 705. Sua morte encerrou uma das mais violentas tentativas de conservar a África para os africanos. Ela esteve selada à trilha do Islã o que impediu sua 13 An intorduction to African Civilization, by Willis Huggins and John G. Jackson. Avon House Publishers. N.Y.C. 1937, reprinted by Greenwood publishing Corp. Westport. Ct. 1969. See pp. 69-70. Also see Ethiopia. A Cultural History by Sylvia Pinkhurst. Lalibela House. Essex, England, 1955, see pp. 109-110. 14 African Glory, by J.C. DeGraft- Johnson. Walter and Co. New York 1954, pp 58-76. 7 propagação em direção ao Sul no Sudão ocidental. Depois que sua morte os árabes começaram a mudar suas estratégias em avançar sua fé e seu poder na África. A expansão rumo ao sul do Islã na África teve seus problemas. Um grande número de africanos resistiu a esta nova religião. Alguns outros se juntaram a eles, e tornaram-se soldados em seus exércitos. Os Berbers15 e alguns africanos se converteram para o Islã, e não resistiram a tentação de invadir os países ao Sul. Para mostrar sua objeção a estas invasões, e ao Islã em geral, algumas das esposas dos reis africanos cometeram o suicídio para evitar cair nas mãos dos Berbers e dos árabes que não mostraram nenhuma cortesia aos povos que não quiseram ser convertidos em Islãs16. No Século XVI, a estaca portuguesa no comércio de escravos foi ameaçada pela Inglaterra e França. Isto fez com que os portugueses transferissem suas atividades de trafico de escravos em direção ao sul ao Congo e à África Ocidental do Sul. Sua mais persistente oposição, enquanto implantava a fase final da conquista de Angola, veio de uma rainha que foi uma grande chefe de Estado e uma líder militar como poucos pares comparáveis em seu tempo. Os importantes fatos sobre sua vida são delineados nos livros Queen Nzingha e The Mbundu Resistance to the Portuguese slave Trade, escritos por Professor Roy A Glasgow da Boston University. Sua extraordinária história começa em 1583, ano do seu nascimento. Ela é conhecida como Jinga ou Ginga, mas mais freqüentemente como Nzingah, e ela foi irmã do rei de Ndongo, Ngoli Bbondi, cujo país foi chamado mais tarde Angola. Nzingha pertencia a um grupo étnico chamado Jagas. Os Jagas foram um grupo extremamente militarizado que formou um escudo humano contra os traficantes portugueses de escravos. Nzingha nunca aceitou a conquista portuguesa do país dela e foi sempre ofensiva militarmente. Como parte de sua excelente estratégia contra os invasores, ela formou uma aliança com a Holanda, a qual ela tentou usar para derrotar o comercio português de escravos. Conforme a sua petição, foi dado a ela um corpo de soldados holandeses, o oficial que comandava este destacamento em 1646 disse isto dela: “Um virago astuto e prudente, tão inclinada às armas que mal usava outros exercícios e com todos era tão generosamente valente que ela nunca feriu um português depois que o quartel foi dado e comandou todos seus empregados e soldados igualmente”. Ela acreditava que, depois de derrotar os portugueses, iria ser fácil surpreender os holandeses e expulsá-los de seu país. Conseqüentemente, ela continuou a manter uma relação ambígua com eles e pacientemente esperar pelo momento mais 15 Berbers são povos indígenas da África norte ao oeste do Vale de Nilo. 16 African Empires and Civilization, by Raymond Michelet. Socialist book center. London. 8 apropriado para se voltar contra eles. Suas ambições finais estenderam-se para além do alvo de livrar seu país do controle da Europa. Em adicional a manter o controle pessoal de Ndonga, ela esperava estender seus domínios desde Matamba no leste para o oceano Atlântico. Nesta finalidade ela fez-se uma astuciosa agitadora e propagandista que poderia facilmente chamar grandes grupos de seus compatriotas para lhe escutar. Em convencer seu povo das influências perniciosas dos portugueses, escolhia os escravos e os “escravos-soldados” que estivessem sob o controle português e dirigia intensas mensagens políticas e patrióticas à sua maneira, apelando ao seu orgulho em serem africanos. Ela oferecia a eles terra e liberdade. Isto resultou em desertações de milhares destes “soldados-escravos” que se juntaram a suas forças, formando um sério problema de segurança para os portugueses. Uma visionária líder política, competente, auto-sacrificada, e devotada para resistência do movimento, Nzingha tentou atrair para sua causa tantos reis e chefes de famílias como fossem possíveis de modo que contasse com a fidelidade de seu povo, ela poderia outra vez ganhar recrutas novos para a defesa do país contra a ocupação de Portugal. Em 1623, na idade de 41, Nzingha se tornou a Rainha de Ndongo, e começou imediatamente a reforçar sua posição do poder. Ela proibiu que em seus negócios a chamassem de rainha, ela preferia ser chamada rei, e ao expulsar seu exército na batalha, se vestia em trajes masculinos. Sua mais dura arma de resistência era sua personalidade, era astuciosa e bem sucedida em consolidar o poder. Ela particularmente boa em proteger sua posição através do tratamento cruel aos seus inimigos e graciosamente recompensando seus amigos. Ela possuía a dureza masculina e o charme feminino, a qual ela prontamente usava, dependendo da necessidade e ocasião, por causa destes atributos, sua liderança nunca foi desafiada seriamente. Os Portugueses começaram a ter dúvidas sobre ela. Seus sacerdotes estavam decepcionados porque tinham aparentemente perdido a batalha para convertê-la ao catolicismo. Na verdade, este não era o caso. Ela viria a escolher seu próprio tempo e razão para se juntar a sua igreja e usar este ligação para seus apropriados fins. Em 1645, e novamente em 1646, ela sofreu uma série de contratempos em sua campanha para impulsionar os portugueses para fora de Angola. Sua irmã, Fungi, foi tomada como prisioneira de guerra. Os Portugueses a decapitaram e jogaram seu corpo em um rio. Nzingha começou a pesar os méritos de seu próprio Deus, Tem-BonDumba, quando comparado com o Deus dos Portugueses. Seria possível, perguntou, que o Deus católico fosse mais forte? Ela tinha ouvido os jesuítas alegarem que o Deus cristão era justo e um inimigo de todo o sofrimento. Por que, então, ele ajudou os invasores do seu país? Por que os Portugueses construíram fortes no seu país sem o 9 seu consentimento? Com suas questões ainda não resolvidas, ela decidiu aderir a esta religião e testar sua força em seu favor. E para o resto de sua vida, ela usou esta religião como uma ferramenta política, quando lhe convinha. Em 1659, ela assinou um tratado com os Portugueses que não lhe trouxe nenhum sentimento de triunfo. Agora mais do que setenta e cinco anos de idade, ela havia resistido ao Portugueses para a maior parte de sua vida adulta. Alguns de seus auxiliares e seguidores fiéis fizeram uma ou desistido da luta longa. Em 17 de dezembro de 1663, esta grande mulher Africana morreu. Com sua morte, a ocupação portuguesa do interior do sul da África Ocidental começou, a enorme expansão do comércio português de escravos seguiu este evento. No capítulo final do seu livro sobre a vida e luta de Nzingha o professor Glasgow disse o seguinte: “Rainha Nzingha simbolizava a quintessência da jovem resistência Mbundu. Ela foi de 1620 até sua morte em 1663... a personalidade mais importante em Angola. Nzingha falhou em sua missão de expulsar os portugueses e tornar-se a rainha da Etiópia, adotando Matamba (Ndongo do leste) e Ndongo. Entretanto, sua importância histórica transcende este fracasso como ela despertou e encorajou a primeira conhecida agitação do nacionalismo na África Centro-Oeste através da organização a nível nacional e internacional (o moni-kongo) ajudando em sua total oposição à dominação européia”. Na resistência ao tráfico de escravos e ao sistema colonial que se seguiu à morte da rainha, as mulheres Africanas, junto com seus homens, ajudaram a montar ofensivas em toda a África. Entre elas as mais destacados foram: Madame Tinubu da Nigéria; Nandi, a mãe do grande guerreiro Zulu Chaka; a guerreira Kaipkire do povo Herero do sudoeste da África; e o exército feminino que seguiram ao grande rei Dahomian, Behanzin Bowelle17. No país sul de Angola e Namíbia, que os europeus chamavam de sudoeste da África, outra luta contra os europeus desenvolveu-se no século XIX e durou até 1919. Durante este tempo o país estava mergulhado na prolongada luta contra uma das mais fortes potências coloniais da época. Soldados alemães foram mobilizados com todos os armamentos modernos contra o povo Herero do sudoeste da África. Esta foi uma das guerras coloniais mais custosas da historia. As mulheres Herero, apesar de sua falta de equipamentos modernos, assumiram as responsabilidades nesta guerra 17 World´s Great Men of Color. Vol 1. By J. A Rogers, publisher, 1270 5th ave. New York. Pp. 138-141. Also see the Destruction of Black Civilization. By Chancellor Williams. Third World Press, Chicago, III, 1974, pp. 274-307. 10 igualmente aos seus homens e travaram uma guerra contra os alemães que resultou em um beco sm saída. Perto do final do século XIX, os britânicos, na sua tentativa de assumir o hinterlands da Costa do Ouro (atual Gana), exilou o rei Prempeh em 1896. Em 1900, continuavam sem ter sucesso na tentativa de tomar o controle desta parte de Gana. Os britânicos enviaram um governador de Kumasi, a capital de Ashanti, para exigir o trono real de ouro (Golden stool), a arca da aliança do povo Ashanti18. Trono de ouro foi o símbolo supremo da soberania e da independência dos Ashantis - um povo feroz e guerreiro que habitavam as densas florestas tropicais do que é hoje a porção central de Gana. Em 28 de março de 1900, o Governador, Lord Hodgson, convocou uma reunião com todos os reis de Kumasi e seu em torno, ele comunicou ao povo que seu Rei exilado Prempeh não seria autorizado a regressar. Ele lembrou a eles que a indenização que os ingleses haviam exigido antes do exílio do rei Prempeh não tinha sido paga. Além disso, ele exigiu que a entrega Ashanti do trono de Ouro (Golden Stool). O pedido foi um erro terrível e um insulto ao povo Ashanti que continuava irritado com os ingleses por exilarem seu Rei Prempeh. O governador de nenhuma maneira entendeu o significado sagrado do trono, que, segundo a tradição, continha a alma dos Ashintis. Os Ashanti ouviram o discurso do governador e não demonstraram nenhuma reação, exceto o silêncio. A reunião terminou tranqüilamente e os homens voltaram para casa para se preparar para a guerra. A força inspiradora por trás do povo Ashanti neste momento era Yaa Asantewa, a Rainha Mãe de Ejisu. A guerra que se seguiu leva seu nome – A guerra Yaa Asantewa. A história de Yaa Asantewa é tecida ao longo da história de Gana moderna. A seguinte história da rainha e sua grande guerra são tratadas no livro Ghana, A history for Primary Schools. by E. A. Addy: À noite, os chefes tiveram uma reunião secreta em Kumasi. Yaa Asantewa, a Rainha Mãe de Ejisu, estava na reunião. Os chefes estavam discutindo como eles deveriam fazer a guerra contra os brancos e forçá-los a trazer de volta o Asantehene, Yaa Asantewa prcebeu que alguns dos chefes estavam com medo, alguns disseram que não deveria haver guerra. Eles deveriam antes ir pedir ao governador para trazer de volta o Rei Asantehene Prempeh. 18 A Gallery of Gold Coast Celebrities. By Dr. I. S. Ephson. Ilen Publications ltd. Gana. 1969. pp. 74-76. The Golden Stoll: Ashanti 1900. by Frederick Myatt. 11 Então, de repente Yaa Asantewa levantou-se e falou. Foi isto que ela disse: "Agora eu vejo que alguns de vocês têm medo de prosseguir a luta pelo nosso rei. Se fosse nos bravos dias de outrora, nos dias de Osel Tutu, Okomfo Anokye e Opolu Ware, os chefes não se sentariam para ver o seu rei sendo retirado sem disparar um único tiro. Nenhum homem branco se atreveria a falar com os chefes dos Ashanti da maneira como o governador falou com os seus chefes esta manhã. É verdade que a bravura do povo Ashanti não existe mais? Eu não posso acreditar. Sim, Isto não pode ser! Devo dizer o seguinte: se os homens Ashantis não vão para a guerra, então nós vamos. Nós as mulheres iremos. Convocarei minhas companheiras mulheres. Nós lutaremos contra os homens brancos. Vamos lutar até a última de nós cair nos campos de batalha" Este discurso despertou os chefes, e uma vez que o encontro fez o grande juramento de Ashanti para lutar contra os homens brancos até que eles libertassem o Asantehene. Yaa Asantewa foi a líder nesta guerra. Então os Ashantis cortaram os fios do telégrafo e cercaram Kumasi. O governador e seu partido mantiveram-se no forte, onde eles sofreram de doenças e fome. Por muitos meses os Ashantis liderados por Yaa Asantewa lutaram bravamente e mantiveram os homens brancos no forte. Então um oficial, Coronel Willcocks, foi enviado com 1.400 soldados para Kumasi. Ele trouxe armas muito grandes. Yaa Asantwa e outros lideres Ashanti foram capturados. Eles foram deportados e a guerra chegou ao fim... O nome de Yaa Asantewa e sua coragem são para sempre lembrados. Após esta guerra Yaa Asantewa e alguns dos outros líderes foram enviados para o exílio. A guerra Ashanti contra os britânicos tinha começado em 1805 e durou quase uma centena de anos. Com o fim desta guerra os britânicos ganharam o controle sobre o interior de Gana. A Yaa Asantewa Guerra foi à última das grandes guerras na África liderada por uma mulher. Mas Yaa Asantewa apenas se soma à longa linhagem de rainhas guerreiras africanas que começou com Hapshepsut mil e quinhentos anos antes do nascimento de Cristo. Devido sua agitação para o retorno de Prempeh ser convertida em demandas por independência, é seguro dizer que ela ajudou a criar parte da base teórica para a emergência política da África moderna. 12