Lisboa – Praga – Genebra – Londres

Transcrição

Lisboa – Praga – Genebra – Londres
Lisboa – Genebra – Praga – Londres – Óbidos – Lisboa
Julho 20 a Agosto 01 de 2013
Rio de Janeiro
O nosso destino final era Londres onde iriamos participar do casamento do nosso filho Erik.
Desde que ele está morando em Londres, e já se faz oito anos, temos viajado em média uma
vez por ano para este destino. Como adoramos Portugal, sempre viajamos pela TAP para
podermos passar na volta um ou dois dias em Lisboa. Desta vez resolvemos fazer uma
passagem por Genebra e Praga antes de irmos para o nosso destino final. O voo sairia do Rio
de Janeiro às 10 horas e 30 minutos e chegaria a Lisboa às 12 horas e 30 minutos, onde
teríamos cerca de uma hora e trinta minutos para pegar a conexão para Genebra.
No Rio de Janeiro resolvemos fazer o check in automático numa das máquinas disponíveis no
aeroporto. Fizemos todos os procedimentos e quando o bilhete foi emitido notamos surpresos
que o voo para Genebra estava marcado para as 20 horas, o que devido à diferença de fuso,
iriamos desembarcar quase meia noite.
- Eu já tinha falado que devíamos ir mais cedo – comentou Sandrinha – agora vamos ficar
mofando no aeroporto de Lisboa.
Neste momento eu olhei para o quadro de voos e as informações sobre o nosso voo tinham
mudado. Ao invés de dez e meia o voo iria sair onze e quarenta, o que realmente tornava
impossível a conexão originalmente prevista.
- Não faz mal, em Lisboa nós pegamos um ônibus e vamos fazer hora no centro da cidade.
Podemos comer inclusive um bom bacalhau – agora Sandrinha deu a solução para o nosso
problema.
Na verdade o nosso problema não era Lisboa, mas sim comer alguma coisa no aeroporto do
Rio de Janeiro onde as opções são ruins e o atendimento pior ainda. Acabamos encontrando
com Marcia, uma colega de natação, comendo alguma coisa num dos bares, onde acabamos
ficando e realmente sendo mal atendidos.
Lisboa
Em alguns aviões com opções de telas individuais você pode escolher o filme que deseja ver.
Nos aviões da TAP também é assim, porém com uma pequena diferença. Todos os filmes
começam ao mesmo tempo e você fica brigando com o aparelho o voo inteiro e só consegue
ver filmes já começados. Como, eu não durmo direito em voos noturnos, acabei vendo vários
meios filmes. O serviço de bordo da TAP também não é bom, com exceção para o vinho, logo
você tende a tomar mais vinho do que comer, o que também não é bom.
Antes de embarcar no Rio de Janeiro nós encontramos com Fátima, uma antiga colega de BNH
e Caixa, agora aposentada. Eu notei que ela estava conversando com outra mulher, mas que
estava um pouco nervosa, porém pensei que talvez fosse pela expectativa de encontrar com o
novo namorado norueguês que iria espera-la em Lisboa. Aposentava e com um novo
namorado norueguês deveria ser uma boa experiência.
O voo acabou sendo mais rápido do que esperado e descemos no aeroporto de Lisboa às 13
horas. Talvez até pudéssemos pegar o voo para Genebra, que pelos painéis do aeroporto não
tinha ainda saído. No entanto, de tanto passar por Portugal, eu tinha uma boa experiência em
fazer alterações, qualquer que seja ela, com um português. Eu acho que eles não gostam de
mudar nada e ficam dando mil argumentações para manter como estava antes e realmente é
muito desgastante.
Em Lisboa, diferentemente do Rio, as opções para sair do aeroporto são bastante boas.
Podemos pegar um ônibus expresso, por cerca de 4 euros, ou um ônibus de linha normal por
cerca de 1,5 euros. Como não tínhamos pressa, optamos pelo segundo, mas quando pegamos
o ônibus, notamos que o metro agora tinha uma parada no aeroporto, o que não existia (ou
não tínhamos notado) há um ano quando passamos por Lisboa a caminho da Olimpíada de
Londres, ou mesmo no retorno quando ali ficamos dois dias.
O destino final do ônibus era a Praça Marques de Pombal. Nós sabíamos que a praça ficava na
parte alta da Avenida da Liberdade que começava no Centro de Lisboa. Eu acabei me
confundindo e fiquei sem saber se uma das paradas já seria o nosso ponto final. Perguntei a
moça do meu lado, mas ela não era portuguesa e não soube explicar.
- Eu sou português e falo português e moro em Lisboa – gritou prontamente um senhor que
estava atrás.
Em Portugal é assim, você pede uma informação e todos em sua volta resolvem ajudar.
- Não se preocupe, quando o ônibus parar e todos descerem é sinal que chegou ao seu destino
– explicou o solícito português. Este é o lado bom de Portugal, as pessoas tem sempre muito
boa vontade para ajudar, mesmo que naquele modo brusco deles.
- Isso mesmo, ele está certo – completou uma senhora que estava ao lado da minha esposa no
outro assento do ônibus.
Do ponto final do ônibus até a Praça do Rossio, já no Centro de Lisboa, era uma caminhada de,
talvez, um quilometro numa pequena descida através da agradável Avenida da Liberdade.
Passamos inclusive na porta do hotel Marques de Pombal onde iriamos ficar na volta, e
também onde tem sido o nosso local de hospedagem nos últimos anos que passamos por
Lisboa.
O nosso objetivo em Lisboa, nesta pequena passagem, era a Rua Augusta. Trata-se de uma rua
de pedestre com várias lojas e restaurantes e onde eu pretendia trocar dólar em euro numa
casa de cambio que já conhecia. Passamos pela loja de meias Pé de Meia onde Sandrinha
sempre compra meias para a nossa sobrinha neta Nina de dez anos e para Tia Nea de 95 anos.
Almoçamos num restaurante na própria rua. Nesta época do ano, é muito comum em Lisboa
os restaurantes colocarem as mesas na rua, e, normalmente a parte interna fica vazia, pois o
povo prefere ficar do lado de fora. Para não fugir da rotina, comemos um Bacalhau à Minhota
e tomamos um vinho tinto.
- Aqui temos 15 garçons brasileiros – explicou o garçom português que nos atendia – Aquele
ali é brasileiro – completou apontando para um colega que passava ao seu lado.
Quando dávamos a última volta pela Rua Augusta, antes de irmos pegar o metrô com destino
ao aeroporto eu escutei alguém gritando o meu antigo apelido do tempo de BNH.
- FIT, FIT.
Por uma incrível coincidência, quem nos chamava era simpática Fátima, a colega do BNH que
estava almoçando com o seu namorado norueguês.
- Eu conheci aquela moça no aeroporto e ela colou no meu pé. O problema era que ela só
falava em doença e era por isso que eu estava meio que agoniada quando encontrei vocês –
explicou ela o motivo da sua agonia.
Eles iam ficar uma semana no Algarve, sul de Portugal, e depois iriam para a Noruega, onde
Fátima ficaria até setembro.
- Avise ao pessoal do vídeo que eu não sumi – completou ela. Na verdade eu apenas a
encontrava no vídeo Imaginário, no Centro do Rio, onde ambos somos clientes. Fátima estava
em Lisboa, indo para a Noruega, mas estava preocupada com o pessoal do vídeo clube. Eu a
entendia muito bem, pois também sou cinéfilo e me preocupo muito com o pessoal do vídeo
clube.
Pegamos o metro para o aeroporto.
- É uma pena que no Brasil as coisas são tão confusas e fora de ordem. Já não deveríamos ter
um metro para o aeroporto internacional? – comentou com razão Sandrinha.
Aliás, o Aeroporto de Lisboa, onde não vai acontecer nenhum evento importante do tipo Copa
do Mundo de Futebol ou Olimpíada, passou, recentemente, por uma grande ampliação e
agora está bastante amplo e confortável. Seguiram inclusive o modelo do aeroporto Heathrow
em Londres, onde os locais de embarque têm inúmeras lojas e restaurantes.
Genebra
O avião pousou em Genebra às 23 horas e 25 minutos, um pouco antes do esperado. O
aeroporto de Genebra é muito bom, amplo e espaçoso. Naquela hora o movimento era
pequeno. Enquanto Sandrinha esperava as nossas malas, eu fui ao balcão de informação para
turistas, que, como não estamos no Rio, funcionava normalmente para tirar algumas dúvidas.
Durante cerca de 10 anos eu participei de uma comissão na ONU sobre comércio eletrônico e
vinha a Genebra uma a duas vezes por ano. Logo o meu conhecimento sobre a cidade é
bastante vasto, e, inclusive, o motivo desta viagem era para matar um pouco das saudades. Eu
queria saber se o trem do aeroporto ao centro da cidade funcionava naquele horário. Para
minha surpresa não só funcionava como também saia em horários intercalados, em média
com 15 minutos de diferença.
- Vá até aquela máquina e imprima um tíquete para você viajar de graça – completou a moça
do balcão de informações.
Além de podermos ir de trem sem nenhum problema, ainda não pagaríamos nada. Só mesmo
na Suíça.
O Hotel Cornavin era o mesmo que eu costumava ficar nas minhas idas à Genebra. A grande
vantagem é que fica muito próximo da estação ferroviária. Mesmo avião pousando às 23 horas
e 25 minutos, no entanto, à meia noite, nós já estávamos entrando no nosso hotel para
finalmente podermos dormir.
- Este cartão é para vocês poderem usar qualquer meio de transporte público em Genebra,
seja barco, trem ou ônibus, sem pagar nada – explicou o atendente do hotel quando nos
passava o cartão.
- Não podemos perder o café da manhã – falei para Sandrinha – já que este é um dos pontos
fortes do hotel. Na verdade, pães e queijos iguais aos da Suíça é muito difícil de encontrar em
qualquer parte do mundo. Eu não queria perder o melhor do melhor.
Eu tenho dois “sobrinhos”, filhos de um grande amigo dos tempos de faculdade, que moram
nas proximidades de Genebra, mas trabalham na cidade, e procuraríamos de alguma forma
encontrá-los.
Foto 1: Fabio, Sandrinha, Patricia e eu nas proximidades do Lago Leman em Genebra.
O calor realmente estava muito forte, mas, durante os dois dias que passamos em Genebra,
caminhamos muito, talvez umas dez horas por dia, mas como ninguém é de ferro fomos
obrigados a nos abastecer com cervejas suíças. Genebra é uma cidade pequena mas que tem
alguns locais interessantes, como a parte velha, e que realmente justificam a caminhada. A
minha ideia era encontrar uma galeria de artes chamada Petit Palais que abrigava na minha
época algumas exposições interessantes. Eu me lembro de uma exposição de Picasso.
Procuramos pelo local e nada de encontrarmos a galeria, acabamos indo para o Museu
Histórico. Eu gosto de museus, mas ficar muito tempo lá dentro me cansa, e acabei
convencendo Sandrinha a continuarmos na procura do Petit Palais. Lá pelas 2 horas da tarde,
depois de passar por uma igreja russa, descobrimos que a tal galeria estava fechada. Pelo
menos a procura justificou a caminhada.
O restaurante Café Paris é um dos mais famosos em Genebra. O seu menu tem apenas um
prato: contra filé, batata frita e salada de alface. O contra filé vem numa chapa que fica
aquecida na mesa, e o especial é o molho, que parece manteiga com ervas, mas que é mantido
em segredo. As diversas mesas na calçada estavam todas ocupadas e entramos para jantar no
interior do restaurante, que estava bem quente e sem ar refrigerado, pois ninguém na Suíça
tem essa preocupação em refrigerar ambientes. O problema era meu, que queria matar as
saudades do restaurante, embora eu não coma carne vermelha na maior parte dos dias do
ano.
O menu era simples mas o preço era alto. Pagamos 42 francos suíços, cerca de 40 dólares, por
este prato trivial. Uma ressalva, é que a batata frita é livre, você pode pedir quantas porções
quiser. Será que alguém aguenta se empanturrar de batata frita? A pergunta que surge é
porque esse restaurante fica então tão cheio? Eu, particularmente, estive lá pela primeira vez
em 1986 e passados quase trinta anos a situação é a mesma.
No dia seguinte Fabio, nosso sobrinho foi tomar café da manhã conosco no hotel. Ele
trabalhava num fundo de previdência do governo suíço, mas já estava de saída, já que o seu
visto de trabalho estava sendo suspendo, uma vez que ele tinha se separado e a sua mulher e
filhos tinham retornado para o Brasil. Atualmente ele vive com uma suíça. Não tentem me
perguntar detalhes sobre a legislação suíça, porque eu não consegui entender direito as
explicações dele sobre essa questão. Fabio fez faculdade de matemática, mas é uma espécie
de gênio da programação de computadores. Eu trabalhei com programação a minha vida
inteira e entendo do assunto. Ele criou um programa que atua em aplicações na bolsa de
compra e venda futura de barris de petróleo em Chicago, e a sua ideia, ao sair do atual
emprego, era viver desse programa. Também não me peçam maiores explicações, porque o
assunto é realmente complexo.
Patricia, a irmã de Fábio, casou com um brasileiro que trabalhava num banco e que tinha sido
transferido para Genebra. Ela arrumou um emprego num outro banco e vivem felizes por lá.
Como o calor era grande, o gelado Lago Leman estava com as suas praias pedregosas lotadas.
Vimos até um triatlo que houve no domingo com inúmeros participantes. Na volta ao Brasil eu
conversei com dois triatletas, Marcus Ornelas e Sandra Soldan, que já haviam nadado naquele
lago, e ambos confirmaram que as águas eram muito geladas.
Para fecharmos a nossa rápida passagem por Genebra fomos jantar num restaurante para
comer outro tradicional prato, ou seja, filé de perche, peixe existente no tal lago e muito
saboroso. A nossa preocupação era com o voo do dia seguinte, que estava marcado para às 6
horas e trinta minutos da manhã. Teríamos que acordar às 4 horas e fechar a conta no hotel. A
nossa ideia inicial era pegar um taxi, mas passamos na estação de trem e vimos que tinha um
trem às 5 horas da manhã. Acabamos pegando o trem das 4 horas e 45 minutos. Levávamos na
bagagem várias barras do famoso chocolate suíço, para presentear alguns parentes e amigos e
capsulas de café expresso, que, apesar dos altos preços suíços, custavam por lá menos da
metade do que eu costumava pagar no Brasil.
Praga
O voo Genebra-Praga foi feito num avião bimotor de hélice. As malas de mão eram colocadas
no bagageiro na pista, pois não havia espaço no avião, como num ônibus. A nossa sorte era
que o tempo estava muito bom. A paisagem embaixo era linda, as montanhas nevadas dos
Alpes Suíços.
O aeroporto de Praga talvez em tamanho seja três vezes o aeroporto do Rio de Janeiro, porém
em qualidade não dá para comparar.
No balcão de informações a moça perguntou se eu queria ir para o meu hotel em transporte
público. Eu disse que sim e ela me passou as coordenadas sobre como pegar um ônibus,
descer numa estação do metrô, trocar de linha num determinado momento, e então descer na
estação mais próxima do nosso hotel. Ela marcou o meu hotel num mapa e escreveu as
instruções num papel. O problema é que as palavras em checo são muito complicadas de
entenderem, pois têm vários acentos. Indicou onde eu poderia comprar o bilhete que dava
direito a integração entre os diversos transportes.
Descer do ônibus foi fácil, pois quase todos desceram no mesmo ponto. O primeiro problema
foi o metrô. Não tinha escada rolante e eu e Sandrinha estávamos com três malas, duas delas
bem pesadas. Tivemos que pegar um elevador para cadeirantes. Conseguimos embarcar no
metrô, o problema era onde descer, pois os nomes em checo eram difíceis de entender, e a
decisão tinha que ser tomada rápido. Com uma ajuda de uma moça conseguimos descer na
estação certa e com a ajuda de um rapaz conseguimos carregar as nossas malas para tomar o
metro na outra linha. Eu consegui então interpretar o local certo onde deveríamos descer e
conseguimos, com bastante esforço, sair numa rua. A primeira pessoa que pedi informações
não falava inglês, e nem a segunda. Eu então peguei o papel com o voucher do hotel e mostrei
o endereço.
Foto 2: Eu e Sandrinha na ponte Carlos IV – construída em 1354
- Take the next street on the left and go – falou o checo num claudicante inglês.
O Caesar Praga (ou Praha como se diz em checo) era um hotel muito antigo, mas bastante
confortável. O pé direito do quarto era muito alto. Deixamos as coisas no quarto e fomos para
a rua. A recepcionista do hotel nos passou informações sobre como chegar na famosa ponte
de Carlos IV.
- Follow the river – foi o que ela nos informou, mas descobrimos depois que o caminho por
dentro da cidade era muito mais rápido e mais bonito.
O rio em questão era o Moldava (ou Vltava em checo). A partir do momento que começamos a
caminhar em Praga começamos a notar que era uma das cidades mais bonitas do mundo.
Quase todos os prédios tinham detalhes arquitetônicos que prendiam a atenção. O calor era
muito forte e o número de turistas nas ruas era simplesmente assustador. Tivemos que parar e
fazer um esforço e parar numa cervejaria para comer um salsichão e tomar o famoso chope
checo. Cada um tomou um copão de meio litro.
Foto 3: No calor de Praga e depois de andar alguns quilômetros somente um chope checo.
Com o corpo revigorado fomos para a famosa ponte construída em 1354. Trata-se de uma
obra muito bonita. Atualmente é uma ponte de pedestre. Nas suas muretas estão estátuas de
apóstolos de cristo. Quase não se podia caminhar tal o número de turistas que circulavam.
Depois fomos para o relógio astronômico de Praga, talvez o mais importante ponto turístico da
cidade, onde também os turistas se acotovelavam.
No dia seguinte resolvemos entrar numa Citi Tour para ganhar tempo, já que a nossa
passagem por Praga seria muito curta. Enquanto o ônibus circulava, e os principais
monumentos e construções eram apresentados, eu sentia vontade de chorar tamanha era a
beleza da cidade. Na minha experiência de ter passado por 27 países, eu posso afirmar que
Praga e Machu Pichu foram as duas cidades que mais me emocionaram.
No hotel descobrimos que tinha uma van expressa que levava dos hotéis até o aeroporto. O
preço era 6 euros. Pelo transporte público tínhamos gasto 3,45 euros. A experiência com as
malas tinha mostrado que não valia a pena poupar dinheiro.
O horário marcado para a van sair era 9 horas e 20 minutos. No lobby do hotel estavam nós e
outro casal italiano. Quando já estava na hora o italiano foi para fora do hotel e começou a
ligar pelo celular. Eu também fui para fora. Ficamos nós dois olhando para os lados e na rua
em frente tinha um carro preto com um homem em pé do lado de fora. Ficamos nós três em
pé na calçada alguns minutos.
- Are you waiting for the shuttle to the airport? – eu perguntei ao italiano.
- Yes, they are late – respondeu ele.
Neste momento o homem do carro preto que também estava em pé na calçada, que
certamente ouviu a nossa conversa, disse que ele era o motorista da van que ia para o
aeroporto. E não estávamos ainda em Portugal.
Londres
Erik mora em Londres desde 2005, ou seja, há oito anos. Durante este período eu e Sandrinha
viemos visitá-lo em média uma vez por ano. No ano passado viemos durante a Olimpíada de
Londres e ficamos lá cerca de 20 dias. Desta vez iriamos ficar apenas cinco dias, para,
principalmente participar do seu casamento.
O aeroporto de Heathrow em Londres deve estar entre os cinco maiores do mundo, apesar da
cidade também ter outros quatro aeroportos de tamanho um pouco menor. Como temos certa
experiência neste aeroporto, quando estávamos para entrar na área de entrega das bagagens,
e um homem nos ofereceu o tíquete para o trem expresso até a Estação de Paddington, nós
não recusamos. Sabíamos que este era o meio mais rápido, embora tenha o metrô que é mais
barato, para chegar-se a área central da cidade, onde iríamos pegar um taxi até o hotel,
localizado perto do Tâmisa e do local do casamento. O nome do Hotel era Mercure London
Southbank ou coisa parecida. Nesses momentos, quando temos contato com um aeroporto
deste nível, com todas as suas facilidades de transporte para os turistas, eu fico pensando no
Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, onde você acaba na mão de um taxista, quase
sempre desonesto. Não existe uma linha de trem e nem uma estação de metrô dentro do
aeroporto, o que é um problema seríssimo.
Foto 4: Londres, rio Tamisa, foto tirada com o meu iphone. À direita podemos ver a London
Bridge.
O objetivo desta passagem por Londres não era fazer turismo, mas sim participar do
casamento de Erik. Logo não podemos falar sobre as atrações da cidade, pelo menos nesta
pequena crônica. No entanto esse evento levou para Londres um grupo grande de parentes e
amigos que se deslocaram para esta cidade. Não deu para reunir todos numa única foto, mas a
lista incluía Eu, Sandrinha, Max (primo, filho da irmã de Sandrinha), Livia (esposa de Max),
Thiago (primo e filho de Eliane, prima de Sandrinha), Miri (violinista israelense e namorada de
Thiago), Leopoldo (amigo de Erik), Fabinho (namorado de Leopoldo), Larissa (prima de Erik e
filha de Suely), Tatiana (amiga de Erik desde o jardim de infância), Elida (minha irmã), Richelle
(filha de Élida), Emigdio (amigo de Erik desde a faculdade), Keka (mulher de Emigdio), Catarina
(filha de Emigdio), Felix (amigo de Erik de São Paulo), Wilson (amigo de Erik de São Paulo).
Acho que não esqueci ninguém.
Com todos esses brasileiros reunidos, o que não faltou foi jantares regados a muita cerveja e
vinho. O que eu poderia destacar nesse meu turismo pelos restaurantes seria o seguinte:
1) Restaurante grego, cujo nome era El Greek, nas margens do Tamisa e entre a London
Bridge e o Globo Theather Borough (teatro de Shakespeare, onde foi realizado o
casamento).
2) Sanduiche de linguiça no Borroughs Market. Uns argentinos tem uma banca, quase
que na rua, onde no horário entre 11 horas e 15 horas (nos fins de semana estendem
um pouco o tempo), produzem um sanduiche de linguiça, rúcula e pimentão, num pão
passado no azeite. Nada mais do que isso. A fila é grande para comer o sanduiche. Se
não me engano o preço é 3 libras.
3) Restaurante vegetariano e orgânico chamado Tibit. Este é o meu preferido em
Londres, se pudesse eu comeria nele todo dia.
Foto 5: Tirada no Restaurante Tibits (vegetariano e orgânico) onde os carnívoros, reclamando,
tiveram que se submeter a esta minha sugestão.
Como Erik é gay, e vive já há alguns anos em Londres com Ben, que é neozelandês, o
casamento foi um pouco diferente do que estamos acostumados a ver, porém com toda a
pompa e formalidade dos casamentos entre pessoas de sexo diferente. O mundo está
mudando e temos que nos adaptar a essas mudanças. O casamento foi conduzido por uma
juíza e a festa foi no citado Globoshere.
O destino agora era Lisboa. No dia do voo pegamos um taxi até a Paddington Station. Erik e
Bem fizeram questão de nos acompanhar para se despedir. Na estação tomamos o trem
expresso para o aeroporto. Que pena que no Rio as coisas não são tão simples assim.
Lisboa
No retorno a Lisboa, como estávamos com três malas, duas grandes e uma pequena,
resolvemos pegar um taxi até o Hotel Marques de Pombal, na parte alta da Av. da Liberdade,
que desce até a região central de Lisboa, especialmente a praça do Rossio e a Rua Augusta.
Nós já tínhamos ido a Óbidos, cidade a cerca de 1 hora de ônibus de Lisboa, há alguns anos
numa excursão, que depois nos levou a outras cidades. Talvez tenhamos ficado lá no máximo
30 minutos, o que é muito pouco, tendo em vista a beleza da cidade. Dessa vez decidimos
reservar um dia para conhecer com mais detalhe a terra do Licor de Ginja.
Na loja de turismo fomos informados que poderíamos pegar o metrô até a estação de Campo
Grande que tinha uma integração com uma Rodoviária, de onde partia de hora em hora um
ônibus para Óbidos. Mais ou menos às 10 horas estávamos na tal Rodoviária. Perguntamos a
um motorista onde poderíamos pegar o ônibus para Óbidos e ele nos deu as coordenadas.
Enquanto caminhávamos em direção ao local indicado ouvimos uns gritos atrás de nós. Eu
olhei para trás e vi um senhor gesticulando e gritando. Pensei que não fosse conosco e
seguimos adiante. Encontramos o local indicado, onde já havia uma fila, e fomos informados
que o ônibus partiria ás 11 horas. Decidimos então dar uma volta, quanto de repente apareceu
o tal senhor que agora se dirigia a nós.
- Vocês não pararam. Eu ia dar uma informação sobre o ônibus. Eu também vou para Óbidos.
Neste momento começou uma animada conversa entre todos na fila, alguns querendo nos dar
informações mais detalhadas sobre a cidade de Óbidos, já que alguns iriam para outros locais.
Em Portugal é assim, você pede uma informação e todos em volta resolvem ajudar. Um pedido
de informação acaba virando uma conferência.
Com tanta gente ajudando, e, inclusive nos avisando no momento de descer do ônibus, era
impossível errar o ponto. O nome Óbidos vem do latim e significa fortaleza ou cidade
fortificada, pois uma muralha cerca toda a cidade numa espécie de proteção feita pelos
mouros quando ocuparam a região até 1148 quando os portugueses retomaram-na. Hoje a
região, pela sua beleza singular, formada por ruas estreitas e pavimentadas de pedra, é
invadida por turistas de todo o mundo. Andando pelas muralhas que contornam a cidade, o
que toma cerca de uma hora de caminhada em terreno acidentado, escutamos vários tipos de
línguas.
Não podíamos sair da cidade sem antes tomar o seu famoso licor feito por uma fruta chamada
ginja. Aliás, esse licor é vendido numa minúscula loja do Centro de Lisboa. A loja abre apenas
no final da tarde e só vende doses desse licor, atualmente ao preço de um euro e trinta
centavos cada dose. O movimento é grande e talvez ele venda mais de duzentas ou trezentas
doses por noite.
Foto 6: Sandrinha na famosa muralha que cerca a cidade de Óbidos
Além da ginja, do vinho e do bacalhau, o tempo foi curto, apenas o suficiente para
caminharmos bastante, e, claro comer um pastel de bacalhau (bolinho de bacalhau), tomar
uma imperial (chope) e um pastel de Belém ou pastel de nata.
O hotel Marques de Pombal, dentre todos que ficamos nessa viagem de doze dias, foi o
melhor de todos, embora os preços fossem equivalentes para hotéis de quatro estrelas. Além
disso, como íamos sair do hotel antes das 7 horas, quando começa o café da manhã, foi nos
dada uma opção de pedir o café no quarto às 5 horas e 30 minutos.
Rio de Janeiro
Apenas para registrar, só tinha um voo internacional pousado no aeroporto do Rio, mas a
nossa mala demorou 50 minutos para ser entregue. Que venha a Olimpíada.

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