comissão científica - Fatec Pompeia Shunji Nishimura

Transcrição

comissão científica - Fatec Pompeia Shunji Nishimura
Anais do III Encontro de
Mecanização em
Agricultura de Precisão
Encontro de Mecanização em Agricultura de Precisão (3. : 2012:
Pompeia, SP)
E56a
Anais do III Encontro de Mecanização em Agricultura de Precisão /
Marisa Silveira Almeida Renaud Faulin, Gustavo Di Chiacchio Faulin,
Márcio Christian Serpa Domingues (Org.). – Pompeia: Bless, 2012.
1 CD ROM.
ISSN 2317-8477.
Encontro realizado na Fatec Shunji Nishimura nos dias 12 de novembro
a 14 de novembro de 2012.
1. Mecanização em Agricultura de Precisão – Pompeia – Congressos. 2.
Mecanização em Agricultura de Precisão – Pesquisa - Congressos. I.
Renaud, Marisa Silveira Almeida. II. Faulin, Gustavo Di Chiacchio. III.
Domingues, Márcio Christian Serpa. IV. Título.
CDD: 631.3
APRESENTAÇÃO
Atualmente a agricultura passa por uma revolução tecnológica com o
objetivo de aumentar a produtividade, ser rentável e preservar o ambiente. No
Brasil, a oferta de máquinas e equipamentos capazes de atender a nova demanda
tecnológica está cada vez mais perceptível. Na mesma direção, as instituições de
ensino e pesquisa estão empenhadas em formar e difundir o conhecimento,
assim como, capacitar pessoas para que todo o processo funcione. Eventos como
o EncMAP oferecem a oportunidade de integrar conhecimento e tecnologia, e
também promover o relacionamento profissional. Assim, desejamos aos
participantes que aproveitem plenamente o evento e possam aplicar os novos
conhecimentos em prol de uma agricultura mais sustentável.
OBJETIVO
O 3º EncMAP - Encontro de Mecanização em Agricultura de
Precisão, tem por objetivo promover o conhecimento, gerar discussões
relacionadas ao tema e favorecer o relacionamento entre estudantes e
profissionais da área.
EDIÇÕES ANTERIORES
1º Encontro de Mecanização em Agricultura de Precisão
Realização: Faculdade de Tecnologia de Marília
Fundação Shunji Nishimura de Tecnologia
Local: Pompeia, SP
Ano: 2010
Dias de evento: 1
Participantes: 150
2º Encontro de Mecanização em Agricultura de Precisão
Realização: Faculdade de Tecnologia de Marília
Fundação Shunji Nishimura de Tecnologia
Local: Pompeia, SP
Ano: 2011
Dias de evento: 2
Participantes: 260
COMISSÃO ORGANIZADORA
Márcio Christian Serpa Domingues - Presidente
Marisa Silveira Almeida Renaud - Vice-presidente
José Vitor Salvi – 1º Secretário
Gustavo Di Chiacchio Faulin – 2º Secretário
EDITORES
Marisa Silveira Almeida Renaud Faulin
Gustavo Di Chiacchio Faulin
Márcio Christian Serpa Domingues
COMISSÃO CIENTÍFICA
Alexandre de Moura Guimarães
André Gustavo de Andrade
Carlos Eduardo de Mendonça Otoboni
Edson Massao Tanaka
Élvio Brasil Pinotti
Gustavo Di Chiacchio Faulin
José Antônio Brandão Bonadio
José Vitor Salvi
Luís Eduardo Rissato Zamariolli
Luís Hilário Tobler Garcia
Luiz Atílio Padovan
Marçal Luiz Bissoli
Marisa Silveira Almeida Renaud Faulin
Susi Meire Maximino Leite
Tiago José Goulart
Tsen Chung Kang
COMISSÃO DE APOIO
Alexandre dos Santos Carreira
Bruna Passalaqua
Bruno Ferreira de Oliveira
Camila Oliveira Silva
Eduardo Scartozzoni
Gabriel Cremostim
Giuliano Antonio D’Epiro
João Antonio Baugis Junior
Leornardo Gabriel de Oliveira Berardi
Luiz Alberto Franco do Nascimento
Marcilei Correa Ferreira
Marcos José Bueno Oliveira
Mary Akemi Hakamada
Mateus Henrique Christ
Nikolas Felipe Morales
Nivea Regina Marques Aguiar Pichinim
Rafael Martino Silva
Sylvio Bevillacqua Neto
CONTEÚDO
ARTIGOS TÉCNICOS
ELABORAÇÃO DE FERRAMENTA PARA TOMADA DE DECISÃO EM
AGRICULTURA DE PRECISÃO.................................................................................................... 11
Carlos Eduardo de Mendonça Otoboni; Luis Hilário Tobler Garcia; Carlos Alberto Orvate;
Carlos Alberto Caetano da Silva
QUALIDADE DA COLHEITA MECANIZADA NA CULTURA DA CANA-DE-AÇUCAR
COM E SEM DIRECIONAMENTO AUTOMÁTICO .................................................................31
Marisa R. Faulin; José V. Salvi; Fernando R. Azevedo; Marciel J. Barrado
ARTIGOS CIENTÍFICOS
AVALIAÇÃO DE MÉTODO NÃO CONVENCIONAL DE MENSURAÇÃO DE
COMPACTAÇÃO DE SOLO ...........................................................................................................42
Edson M. Tanaka; Eduardo B. Bonfim
INFLUÊNCIA DO SISTEMA WADGPS NA DETERMINAÇÃO DO POSICIONAMENTO
NA REGIÃO DE POMPEIA – SP .................................................................................................... 52
Marisa S. A. R. Faulin, Ezequiel B. Faleco, Cláudia S. Souza
GERAÇÃO DO MODELO NUMÉRICO DO TERRENO A PARTIR DE DADOS DE
ALTITUDE EXTRAÍDOS DO MONITOR DE COLHEITA ......................................................62
Gustavo Di Chiacchio Faulin, Luis Felipe Ribeiro
MONITORAMENTO REMOTO DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ESGOTO ........71
Tsen Chung Kang; Diego Domingos da Silva; Deryn Heyan Iwamoto; Allan Lincoln
Rodrigues Siriani
DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE NEMATOIDES EM ÁREA DE CULTIVO DE GRÃOS
NA FUNDAÇÃO SHUNJI NISHIMURA DE TECNOLOGIA .................................................. 88
Carlos Eduardo M. Otoboni, Leandro Henrique S. Reis, Rodrigo Pereira
INVESTIGAÇÃO DA VARIABILIDADE ESPACIAL DO BANCO DE SEMENTES DE
PLANTAS DANINHAS EM ÁREA COM CULTIVO DE MILHO ..........................................99
Lucas Angioni Novaes; Luiz Alberto Franco do Nascimento; Silvia Kiyomi Sakata; Elvio
Brasil Pinotti
DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE NEMATOIDES EM ÁREA CULTIVADA COM MILHO
(Zea mays L.) E ANÁLISE DE ESTRATÉGIAS DE CONTROLE COM BASE EM
AGRICULTURA DE PRECISÃO..................................................................................................109
Carlos E. M. Otoboni, Cláudia S. Souza, Rafael A. Silva
EFEITOS DE MÉTODOS DE APLICAÇÃO DO INOCULANTE AZOSPIRILLUM
BRASILENSE SOBRE O ACUMULO DE NITROGÊNIO E PRODUTIVIDADE DO
MILHO SAFRINHA.........................................................................................................................120
Luis Eduardo Rissato Zamariolli, Mario Antonio Kiratz Galvão
COMPARATIVO ENTRE OS SISTEMAS WAAS/EGNOS ATIVADO E DESATIVADO
NA REGIÃO DE POMPEIA – SP ..................................................................................................131
Augusto R. Graciano, Ana Carolina de O. Vale, Danylo Douglas P. do Carmo, Julian
Scanavacca, José V. Salvi.
COMPARATIVO DE DIFERENTES PONTAS DE PULVERIZAÇÃO PARA APLICAÇÃO
EM FAIXA UTILIZANDO MESA DE DISTRIBUIÇÃO TRANSVERSAL. ........................141
André Gustavo de Andrade; Samir Elias Zaidan; Claudio de Souza Pedra.
ESTUDO COMPARATIVO EM MESA DE DISTRIBUIÇÃO DE PONTAS DE
PULVERIZAÇÃO PARA APLICAÇÃO EM ÁREA TOTAL .................................................. 159
Alexandre de Moura Guimarães; Samir Elias Zaidan; Hiago Antonio de Paula Ribeiro;
Fabrício Maranho
AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DE UMA DISTRIBUIDORA A LANÇO
CENTRÍFUGA ACIONADA PELO SISTEMA HIDRÁULICO INDEPENDENTE E
CONTROLADOR ELETRÔNICO ................................................................................................171
Mateus Pelegrino Manji; Elvio Brasil Pinoti; José Vitor Salvi
INTENSIDADE DA PRESSÃO SONORA EM MÁQUINAS AGRÍCOLAS
AUTOPROPELIDAS .......................................................................................................................192
Tanaka, E. M., Brene A. A., Duarte, D. S.
ARTIGOS TÉCNICOS
ELABORAÇÃO DE FERRAMENTA PARA TOMADA DE DECISÃO EM
AGRICULTURA DE PRECISÃO
Carlos Eduardo de Mendonça Otoboni1; Luis Hilário Tobler Garcia2; Carlos Alberto Orvate3;
Carlos Alberto Caetano da Silva4
1
Engenheiro Agrônomo, Doutor, Coordenador de Curso e Professor Pleno, FATEC "SHUNJI NISHIMURA", Pompéia - SP,
Fone (14) 3452-1294, [email protected]
2
Mestre, Professor Associado, FATEC “SHUNJI NISHIMURA”, Pompéia - SP, Fone (14) 3452-6920,
[email protected].
3
Discente, FATEC "SHUNJI NISHIMURA", Pompéia - SP, Fone (14) 9701-9029, [email protected]
4
Discente, FATEC "SHUNJI NISHIMURA", Pompéia - SP, Fone (14) 9704-4546, [email protected].
RESUMO: A constatação de que a população humana está em um crescimento constante e
nos dias de hoje já estarmos atingindo o número de sete bilhões de pessoas no mundo, com
uma perspectiva de somar mais um bilhão até 2023, somando a demanda por alimentos e
matéria prima para produtos com base no agronegócio, cria assim uma necessidade de
produtividade que implica na inovação tecnológica e na tomada decisões estratégicas. O
simples conhecimento de técnicas agrícolas e das tecnologias de Agricultura de Precisão (AP)
não oferece condições satisfatórias para a tomada de decisão, porém a aplicação de
ferramentas que auxiliem a tomada de decisão contribui em muito para adoção da inovação e
a seleção dos equipamentos de alta tecnologia. O uso destas tecnologias e máquinas requer
um princípio de tomada de decisão criteriosa e um método prático para auxiliar o tecnólogo
de Mecanização em Agricultura de Precisão na decisão sobre questões ligadas à aplicação de
recursos tecnológicos na agricultura, sendo de suma importância em um ambiente globalizado
e cada vez mais competitivo, onde se busca tomar decisões mais rápidas, coerentes e
abrangentes. Nesse contexto o presente trabalho indica uma metodologia para que o tecnólogo
possa atender a necessidade do mercado consumidor da tecnologia.
PALAVRA CHAVE: Tomada de decisão, Planejamento, Mecanização, Tecnologia.
ABSTRACT: The finding that the human population is on a steady growth and today we are
already reaching number seven billion people in the world, with a prospect of adding another
billion by 2023, adding to demand for food and raw materials for products based on
agribusiness, thus creating a need for productivity implies that technological innovation and
making strategic decisions. Mere knowledge of agricultural techniques and technologies of
precision agriculture (PA) does not provide satisfactory conditions for decision making, but
11
the application of tools that assist decision making contributes greatly to the adoption of
innovation and selection of equipment high technology. The use of these technologies and
machinery requires a principle of judicious decision making and a practical method to aid the
technologist in Precision Agriculture mechanization in deciding issues related to the
application of technological resources in agriculture, which is extremely important in a
globalized environment and increasingly competitive, where one seeks to make fast,
consistent and comprehensive. In this context, the present work shows a methodology for the
techie that can meet the need of the consumer technology market.
KEY WORDS: Decision-making, Planning, Mechanization, Technology.
INTRODUÇÃO
A tomada de decisão pode ser evidenciada nas mais simples atitudes como, por
exemplo, o que vamos fazer hoje. Os setores da agroindústria necessitam de aprimoramento e
o conhecimento tecnológico vem ao encontro desse objetivo, não somente pela concorrência,
mas também pela própria e simples sobrevivência no mercado, isso faz com que haja uma
necessidade de priorizar a otimização das ações, traduzido como produzir e cultivar alimentos
com economia, evitando o desperdício ambientalmente sustentável, com interferências do
clima e do momento econômico. Numa organização, a todo o momento, uma decisão precisa
ser tomada sempre que se está diante de um problema que apresenta mais de uma alternativa
de solução ou incógnitas, mesmo quando, para solucioná-lo, possuímos uma única opção a
seguir, é possível ter ou não a alternativa de adotar essa opção. Este processo de escolher o
caminho mais adequado em cada circunstância, também é conhecido como Tomada de
Decisão, na abordagem desse assunto, em um ambiente globalizado cada vez mais
competitivo, buscamos tomar decisões mais rápidas, coerentes e abrangentes. As decisões,
normalmente, buscarão minimizar perdas, maximizar ganhos e criar uma situação em que,
comparativamente, o gestor julgue que haverá sucesso entre o estado em que se encontra a
organização e o estado em que irá encontrar-se, após implementar essa decisão. Nos últimos
anos, a maneira de olhar os problemas de decisão tem atraído a atenção de pesquisadores e
profissionais; a abordagem, chamada de Multiple Criteria Decision Analysis (MCDA) ou
análise de decisão por múltiplos critérios, está mais relacionada à maneira como as pessoas
tomam uma decisão, levando em consideração a multiplicidade de critérios, as
correspondentes necessidades de avaliação e a coerente estruturação de situações complexas
(PINHEIRO et al, 2008).
12
Tomar uma decisão é uma ação intrinsecamente ligada à diversidade de critérios. A
inteligência do processo decisório fundamentada na teoria da gerência de crise, cujo
paradigma é tratar o fato em estudo como uma alteração da normalidade e, portanto, deve ser
manipulado estrategicamente para que não haja prejuízos para quem quer que seja. No caso
do agronegócio, deve-se preservar o aspecto econômico, o social e o ambiental, partindo dai a
necessidade de simulações para a tomada de decisões.
A análise de riscos no agronegócio é fundamentada em simulações de cenários futuros
com base em séries históricas e a análise das variáveis que tem interferência nos resultados
esperados (BRESSAN, 2004).
O objetivo do trabalho foi propor método prático para auxiliar o tecnólogo de
mecanização em agricultura de precisão na tomada de decisão sobre questões ligadas a
aplicação de recursos tecnológicos na agricultura.
DESCRIÇÃO DO ASSUNTO
Conforme Saaty (2001) citado por Salomon (2004), nossas vidas são o somatório de
nossas decisões, seja na esfera dos negócios, seja na vida pessoal. Frequentemente, como
decidimos é tão importante quanto o que decidimos. Decidir muito rápido pode ser
desastroso. Demorar muito pode significar oportunidades perdidas, mas o crucial é que temos
que decidir. O que precisamos é de uma abordagem sistemática e compreensiva para a tomada
de decisão. Estas decisões tendem a ser cíclicas, repetindo-se em intervalos de tempo, ora
predeterminados, ora incertos. Além disso, os métodos e ferramentas utilizados no auxílio de
uma decisão específica podem ser aplicados para decisões distintas, associadas a outras áreas
de conhecimento. Assim, o Auxílio à Decisão se constitui em um importante tema para
pesquisas (ENSSLIN et al., 2001; GOMES et al., 2003; KEENEY, 1992; LAWRENCE &
PASTERNACK, 2002; SHIMIZU, 2001).
Conclui-se através desse ensinamento que a tomada de decisão não é simplesmente um
fato gerencial isolado para ocorrências em andamento, mas sim uma forma de prever e focar
as ações em situação admissíveis, promovendo assim uma direção da energia para que haja
capacidade de redirecionar o fluxo de atenção sempre que surgir surpresas. Por mais
previsíveis que devam ser os processos, o cenário da agricultura é influenciado por uma
grande diversidade de variáveis, por isso a ferramenta para tomada de decisão também deve
13
ser dinâmica o suficiente para aceitar a inferência imediatista do profissional em face de cada
crise instalada no ambiente de estudo.
Atualmente, as organizações são chamadas a uma alta eficiência, a capacidade de
resposta contínua, a rápida às mudanças em seu ambiente bem como o realinhamento dos
objetivos, principalmente os que se relacionam a obtenção de lucro financeiro. Entre os
desafios que se apresentam a elas estão novas oportunidades de negócio, novas tecnologias,
exigências legais ou sociais, ameaças da competição e elevadas expectativas do cliente em
relação aos seus produtos (BATALHA, 2007).
Por isto as organizações tendem a investir na melhoria dos processos de uma maneira
sistemática. De acordo com a Society for Design and Process Science (SDPS, 2008), os
métodos, técnicas e ferramentas usadas no estudo e na solução de problemas organizacionais
relacionados com a área do conhecimento de processos de negócios estão sendo agrupados
sob a denominação unificada de Ciência e Tecnologia de Processos e dentro deste contexto
amplo situam-se a integração dos conceitos e técnicas das áreas de Gerência de Projetos,
Gestão de Processos e Simulação de Sistemas, visando à automatização e a melhor gestão dos
procedimentos relacionados com a gerência de projetos, em particular, e uma maior
interoperabilidade de seus sistemas de apoio (MAGALHÃES, 2008).
Na linha de pesquisa constata-se que, muitas decisões tomadas em atividades agrícolas
não são devidamente tratadas com gestão de processos integrados, ou seja, apesar de haver
certa "gerência" nas entidades agrícolas, a expectativa da aplicação de sistemas de Agricultura
de Precisão depende da presença do profissional, de um tecnólogo, e esse por sua vez
necessita integrar todos os conhecimentos obtidos acadêmica e cientificamente, com técnicas
de gestão, oferecendo soluções adequadas a cada cenário.
Os aspectos relativos à modelagem, à execução e ao controle das atividades nos
sistemas de gerência de projetos não são definidos com base numa especificação detalhada,
não permitem a seleção de estruturas alternativas para o modelo, nem a alocação dinâmica dos
seus recursos, entre outras deficiências observadas com relação aos sistemas de gestão de
processos. Estes aspectos são tratados pelas ferramentas de gerência de projeto no máximo
como parte de um trabalho independente de otimização ou complemento do estudo e não
como parte do processo de definição e controle das tarefas.
Para uma completa integração entre sistemas de gestão de processos, gerência de
projetos e simulação, se faz necessário o desenvolvimento de novas ferramentas de
modelagem, análise, descrição, documentação e gerenciamento de projetos, que façam uso da
14
tecnologia de workflow (fluxo de trabalho) e/ou da criação de interfaces de comunicação
entre sistemas de naturezas diferentes já existentes, para que eles se comuniquem e
possibilitem o acompanhamento e o monitoramento dinâmico de todas as atividades do
empreendimento agrícola, em especial o cenário de aplicação de tecnologia de Agricultura de
Precisão (AP).
Assim, é necessário delinear um mapa de processos gerenciais que, de forma integrada,
de ao profissional tecnólogo subsídios para analisar as variáveis do cenário, e assim projetar
solução adequada aos objetivos e as condições da entidade agrícola.
Como base de busca de solução constata-se que os administradores rurais tomam
decisões dentro de ambientes incertos e dinâmicos e os resultados das decisões no
agronegócio não são conhecidos "ex-ante" e não são prontamente observados, ou seja, a
natureza sazonal da agricultura implica que decisões tomadas hoje, com relação a
investimentos, adoção de tecnologia e outros indicadores, pode levar muito tempo para gerar
resultados.
A importância da produção de um método de análise e indicação de solução está
diretamente ligada à efetiva utilização das tecnologias e equipamentos de agricultura de
precisão de forma correta e com total aproveitamento dos recursos físicos e financeiros de
uma empresa agrícola e assim, como qualquer empreendimento, necessita de planejamento
antecipado à execução operacional para não sofrer solução de continuidade ou fracasso
financeiro (MAGALHÃES, 2008).
O simples conhecimento de técnicas agrícolas por si só não oferece condições
satisfatórias a tomada de decisão com referência aos conceitos científicos e a aplicação deles
nos equipamentos de alta tecnologia, sendo necessário um direcionador de opções de decisão
baseado em cenários possíveis ou em ocorrência, por exemplo, pragas ou doenças de ciclo
rápido.
Para uma correta tomada de decisão são necessárias informações acuradas e
prontamente disponíveis; considera-se que o avanço da tecnologia de AP baseada na
constatação e tratamento da variabilidade, com a coleta de informações direta ou
indiretamente, não é problema, mas utilizá-las de maneira eficiente e eficaz é o desafio do
tecnólogo que necessita interpretar, selecionar e mesclar os dados apropriados para produzir o
resultado apropriado o que nem sempre é o esperado pelo empreendedor agrícola.
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Através desta proposta metodológica é possível fazer análises para a utilização de
tecnologias da Agricultura de Precisão de acordo com as estratégias adotadas para competir
no mercado. Com isso, o empreendimento terá uma maior coerência entre as estratégias
competitivas adotadas com as estratégias de produção permitindo assim uma atividade mais
consistente em termos de resultados alinhados com as necessidades do empreendedor e da
sociedade.
Os ganhos em sistemas de produção vegetal podem ser implementados com as
tecnologias disponíveis que não estão sendo adotadas de forma eficiente, por outro lado,
grande parte dos trabalhos da pesquisa em solos e nutrição de plantas estão dissociadas da
análise econômica, cujo conjunto pode ser expresso na formulação de modelos globais de
simulação, constituindo-se numa ferramenta importante para pesquisadores e produtores. As
particularidades do sistema de produção brasileiro e a falta de dados experimentais para a
alimentação dos modelos generalistas justificam o desenvolvimento de um modelo conceitual
que se adapte às nossas condições. Uma característica básica dos sistemas agropecuários que
os diferem de outros (sistemas industriais, por exemplo) é o fato de organismos vivos, animais
e plantas estarem diretamente relacionados ao processo produtivo. Isso introduz um grau
maior de incerteza, pois o número de fatores aleatórios torna-se elevado. Construções de
modelos de simulação visam descrever todo esse sistema ao longo do tempo englobando
características biológicas que nele interferem (SILVA et al, 2004).
Historicamente inovações são resultantes da resolução de problemas ou suprir
necessidades. O Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA, sigla em inglês), no
Relatório sobre a Situação da População Mundial 2011 (2011), relata que a população
mundial alcançou a marca de sete bilhões e espera-se um acréscimo superior a um bilhão até
2023 e daí a crescente necessidade de fontes de proteína, fibras e vitaminas (alimentos) a
serem produzidos de forma otimizada nas poucas áreas para esse fim de forma sustentável. A
adoção de tecnologias inovadoras que façam da agricultura uma atividade sustentável se faz
condição para o desenvolvimento social e econômico e nessa direção está a Agricultura de
Precisão (AP) que é um conjunto de ferramentas que permite o gerenciamento espaçotemporal da atividade produtiva agrícola com base na obtenção de informações especificas
que reduzem a incerteza na tomada de decisão, (ANSELMI 2012).
Como ponto de partida relacionam-se as técnicas e ferramentas da área de gestão de
processos e da qualidade, e propõe-se o desenvolvimento de um ambiente integrado, para
tratar o problema da gerência de operações agrícolas, utilizando métodos e sistemas de AP
16
tomando decisões de implementação de tecnologia concernente a necessidade da empresa
agrícola. No planejamento de uma ferramenta de auxílio à tomada de decisão temos que
adotar algumas premissas de estrutura como no exemplo a seguir:
FIGURA 1. Gráfico estrutural de planejamento de decisão.
Análise da estrutura decisiva
Caracterização do problema
Fase conceitual
Identificação das alternativas
Matriz de análise com os critérios
Matriz de avaliação com os valores
dos quesitos por critério
Fase estratégica
Aferição dos valores (medição) de
cada critério por alternativa oferecida
Fase informacional
Análise de sensibilidade
correlacionada com os pesos
atribuídos aos critérios por
alternativas
Escolha da
alternativa
Fase de decisão
NÃO
SIM
Simulação / Ação
baseada na decisão
A estruturação de um problema constitui um processo de aprendizado interativo que
procura construir uma representação formal, na qual integra os componentes objetivos do
17
problema e os aspectos subjetivos dos atores, de forma que o sistema de valores seja
explicitado.
O processo de construção de um mapa cognitivo inicia-se escrevendo uma definição
para o problema. A partir dessa fase, deve-se identificar uma alternativa dentro do contexto do
problema. A composição das duas etapas é chamada de fase conceitual. Tendo-se obtido uma
definição inicial para o problema, o próximo passo é tentar conduzir os decisores a
desenvolver suas ideias sobre a situação-problema.
Aqui temos a fase estratégica onde se definem como será analisado o problema e as
condições de opção e os valores das variáveis em análise, a seguir temos a fase de medição
dos critérios em cada alternativa identificada. A recomendação em casos como esse, é realizar
mapa individual com cada alternativa e depois agregá-los, gerando um único mapa cognitivo
agregado. Com o mapa cognitivo agregado em mãos, através de um novo processo de
negociação, chega-se então a um mapa cognitivo geral, e com os pesos de cada critério para
cada alternativa elabora-se a análise de sensibilidade através de outro processo visual como
uma árvore (GIOPPONI, 2006); (ENSSLIN, 2001).
O resultado principal do processo de estruturação é a identificação da família de pontos
de vista fundamentais, organizada e ramificada numa árvore de valor, ou value tree, a qual
oferece uma visão geral e útil da estrutura dos interesses em vários níveis de especificação.
Uma árvore hiperbólica consiste em representar uma estrutura hierárquica por meio de
um layout radial disposto em um plano hiperbólico, e uma técnica de visão de foco e contexto
ideal para representar grandes estruturas hierárquicas, que oferece o espaço necessário para
suportar hierarquias de crescimento exponencial (CARDOZO, 2010).
Os nós próximos ao centro da circunferência ganham destaque e maior espaço para
alocar seus filhos, em contrapartida, quanto mais afastados ou mais próximos da borda da
circunferência, menor será a área destinada para disposição de seus filhos. Toda a estrutura
hierárquica é representada dentro de uma única circunferência e sua principal aplicação e na
visualização de grandes estruturas de informações hierárquicas, sendo tal estrutura capaz de
exibir 10x mais nos do que a estrutura de árvore em lista indentada.
A navegação em uma hierarquia de informação é feita por meio de mudança de foco,
acionada quando o usuário interage com a estrutura, um clique de mouse em um nó qualquer
da estrutura acarreta na realocação deste nó ao centro da circunferência e a redisposição dos
demais ao seu redor e o arraste de mouse que causa a realocação dos nos automaticamente
18
conforme a movimentação do mouse, sendo a mudança de foco realizada por meio de
transição animada.
FIGURA 2. Representação de árvore hiperbólica, (CARDOZO, 2010).
A fase de decisão implica na aceitação de alguma hipótese com base nos valores dos
critérios e implica em uma ação ou no mínimo uma simulação com ferramentas
computacionais.
O processo de planejamento da ferramenta se inicia identificando o objetivo da
empresa agrícola, no caso de produção e comercialização de determinada cultura, suas
suscetibilidades e fatores genéticos de desenvolvimento, as necessidades de adaptação do
ambiente para a cultura, dimensionamento da necessidade de máquinas e equipamentos,
preparo do solo, técnicas de plantio, tratos culturais, as informações de fitossanidade com
base na literatura e histórico de campo, a logística de produção e de suporte, indicadores
econômicos, ambientais e legais de comercialização.
Assim cada variável induz a um levantamento das operações e dos custos inerentes
em cada um dos fatores, além dos impactos ambientais, o que leva a decisão de adotar a
Agricultura de Precisão e a não continuidade da Agricultura Convencional decisão que, como
uma teia, suporta toda a estrutura organizacional.
19
O fator crítico no processo decisório é a simulação, técnica destinada a resolver
problemas cuja solução analítica é difícil ou mesmo impossível. Em geral, a técnica da
simulação não produz resultados exatos, mas permite boas aproximações. Possibilita ainda, o
estudo da influência de diversas variáveis no sistema de produção a um custo baixo e em um
tempo reduzido.
Por fim, com os resultados da simulação é possível analisar em quais fatores será
oportuno se utilizar das técnicas ou equipamentos de AP e em quais deverão ser utilizados de
forma tradicional relativos à estratégia adotada pela empresa rural.
A informação gerencial é a resultante da medida da causa e efeito do que na
realidade ocorre no empreendimento. Para tanto, necessita fazer medidas e registrar os dados,
a fim de verificar se as ações executadas e os resultados obtidos estão dentro do planejado ou
do previsto. É uma tarefa contínua que observa o desempenho de cada ação, ou de cada
processo e permite as correções das causas, se necessário for, no ato da ação.
A Figura 3 demonstra exemplo de análise de fatores envolvidos na variabilidade
espacial de uma lavoura, com seus diferentes graus de probabilidades e de facilidade de
intervenção, e que devem ser definidos para cada caso.
FIGURA 3. Gráfico adaptado por Domingues Junior, 2010, citado por Molin 2003.
20
O planejamento da decisão indica a utilização de estrutura do fluxo do processo
decisório, preferencialmente na forma de fluxograma analítico e posteriormente na forma de
manual de procedimentos contendo a indicação dos pontos críticos a serem tratados, a
definição do objetivo, organização das informações, plataforma computacional de apoio,
integração de modelos (simulações), avaliação de riscos, experiência da tecnologia atual e a
ser adota, revisão técnica e revisão gerencial.
As etapas de construção do manual de procedimentos são efetivadas separadamente de
acordo com cada variável a ser analisada e depois de construída a arquitetura setorial será
realizado o "link" entre cada etapa, perfazendo um sistema completo.
A Figura 4 mostra um exemplo de sistema de integração de base de dados via WEB,
que servirá como plataforma de diagramação do Sistema de Suporte a Decisão (SSD) que
teoricamente poderá ser disponibilizado e acessado pelo tecnólogo de AP ou comunidade
acadêmica.
FIGURA 4. Modelo esquemático da arquitetura do sistema de integração de dados ambientais
(OLIVEIRA et al, 2009)
Existem diversos sistemas informatizados definidos como "Sistema de Apoio a
Decisão" (SAD), exemplo:
21
- Sistema PLANEJA (http://www.planeja.cnptia.embrapa.br) desenvolvido com o
objetivo de auxiliar o planejamento e o acompanhamento de atividades dos municípios
brasileiros, especialmente aqueles que têm vocação agrícola, para análise de oportunidades e
ameaças nos cenários em que se encontram, buscando subsídios para orientar agentes públicos
e privados em prol do desenvolvimento agrícola sustentável.
Além de auxiliar na identificação de cenários economicamente viáveis para um
município, as informações geradas também servem de subsídio para orientar investimentos
dos agentes públicos e privados em prol do desenvolvimento agrícola sustentável. A partir da
Figura 5, pode-se perceber que os dados disponíveis no sistema. Planeja podem ser utilizados
em diferentes aplicações, como por exemplo: a) consultas a informações específicas na base
de dados; b) subsidiar investimentos e formulação de políticas públicas; c) análise de
oportunidades e ameaças; d) avaliação de impactos (social, econômico, ambiental, de
capacitação, etc.); e) descoberta de novos conhecimentos gerados por meio de análise
exploratória dos dados; f) suporte à decisão em atividades relacionadas à fertilidade, aptidão
agrícola de culturas, zoneamentos climáticos e agroecológicos, dentre outras (OLIVEIRA et
al, 2009).
FIGURA 5. Modelo esquemático da organização das informações agrícolas do Sistema
Planeja. (OLIVEIRA et al, 2009)
22
- Sistema de Suporte à Decisão para Transferência de Agrotecnologia (DSSAT) versão
4.5, software que inclui modelos de simulação de culturas para mais de 28 culturas. Para o
DSSAT v4.5 ser funcional é suportado por programas de gestão de bases de dados para o
solo, clima e manejo da cultura e de dados experimentais, e por utilitários e programas
aplicativos. Os modelos de simulação de culturas simulam o desenvolvimento, crescimento e
produção como uma função da dinâmica solo-planta-atmosfera. DSSAT e seus modelos de
simulação de culturas têm sido usados para muitas aplicações que vão desde a fazenda e
gestão de precisão para avaliações regionais do impacto da variabilidade e mudanças
climáticas. Ele tem sido usado por mais de 20 anos por pesquisadores, educadores,
consultores, extensionistas, produtores, a política e os tomadores de decisão e em mais de 100
países do mundo.
FIGURA 6. Tela do aplicativo DSSAT 4,5.
O DSSAT foi desenvolvido através de uma colaboração entre cientistas da
Universidade da Flórida, da Universidade da Geórgia, da Universidade de Guelph,
Universidade do Havaí, o Centro Internacional de Fertilidade do Solo e Desenvolvimento
Agrícola, USDA - Agricultural Research Service, Universidad Politecnica de Madrid,
Universidade Estadual de Washington.
Como exemplo, em uma consulta referente a início de aplicação do ciclo de AP em
unidade de negócios agrícolas no Distrito Federal, município de Planaltina, onde o gestor tem
23
intenção de produzir grãos (milho, feijão e soja), em área irrigada (aproximadamente 560 ha)
e área de sequeiro (aproximadamente 490 ha), sendo sua principal questão a frota de
máquinas e equipamentos agrícolas com disponibilidade de tecnologias e acessórios voltados
para agricultura de precisão.
FIGURA 7. Reprodução de visão aérea da área de estudo de caso.
A principio, após entrevista, ficou claro que a intenção da adoção de mecanização
agrícola com agricultura de precisão é relacionada a gestão operacional e a otimização dos
meios visando atingir os objetivos econômicos do empreendimento, ou seja, a gestão de
recursos, insumos e produção para melhorar o resultado financeiro, além de produzir ações
ambientalmente sustentáveis.
Em análise primária, verificou-se que o sistema de controle ainda não é científico,
apesar de gerar resultados analíticos, não oferece uma base segura para tomada de decisão nas
premissas desejadas.
Assim, simulando uma proposta de planejamento de adoção de mecanização com
tecnologias de AP, temos que observar o seguinte:
- definição da área a ser utilizada e suas características geográficas, devidamente
georreferenciada;
24
- cultura (s) a serem trabalhada (s) e sistema de cultivo (convencional ou plantio direto
na palha);
- análise de solo e recomendações de interferência com uso de metodologia dirigida a
agricultura de precisão;
- planejamento do controle de tráfego na área, com delineamento de rotas de
intervenção e de manobra;
- planejamento da logística integrada;
- dimensionamento da frota operacional e de apoio, com simulação de capacidade
efetiva, capacidade operacional e custo operacional;
- adoção de sistemas de gestão de qualidade para garantir que o processo seja realizado
de forma eficaz e com capacidade de se auto reorganizar em situações de emergência,
principalmente nas operações de: preparo de solo, adubação, semeadura, tratos culturais e
fitossanitários, colheita e transporte e armazenamento da colheita;
- treinamento e capacitação de pessoal envolvido no processo produtivo e
administrativo;
Como todo sistema de apoio a decisão, os dados tem importância fundamental e sua
veracidade e qualidade implicam diretamente no resultado da decisão a ser implementada.
Atentando-se para este aspecto, os momentos críticos são:
- o georreferenciamento da propriedade e seus talhões;
- análise crítica dos processos para análise de solo e atributos de recomendação de
intervenção para equalização das suas características físicas e químicas relacionadas com a (s)
cultura (s), com definição de grade amostral consistente com as tecnologias de mecanização
de AP;
- semeadura planejada de acordo com a capacidade de campo e o controle de tráfego,
com georreferenciamento linear da cultura;
- segurança e estabilidade dos dados produzidos nas operações iniciais.
As análises são resultantes dos dados a serem produzidos, dai a adoção da ferramenta
PDCA (plain, do, check, action), onde o planejamento é deduzido a partir das informações do
objetivo esperado, implementação das ações, aferição de resultados baseados em indicadores
específicos e na correção das variáveis com emissão de replanejamento.
O planejamento de controle de tráfego deve ser realizado concomitantemente com o
planejamento de aquisição de máquinas e implementos agrícolas necessários a todos os
processos operacionais.
25
Nesse contexto temos as definições dos problemas, as características dos critérios a
serem avaliados, e cabe agora ao decisor dar valor as suas opções através de pesos específicos
estabelecidos para cada uma das opções e depois avaliar o contexto geral para verificar as
interferências de cada processo criando assim uma visão global do sistema a ser adotado.
Abaixo seguem exemplos de caracterização de matriz de decisão multicriterial (Figuras
8, 9 e 10).
FIGURA 8. Matriz de avaliação multicriterial.
26
FIGURA 9. Planilha de Critérios de decisão.
FIGURA 10. Matriz de avaliação multicriterial com a indicação de valor de opção.
27
CONCLUSÃO
A implementação das fases previstas no método aqui sugerido, de decomposição do
problema, julgamento comparativo e síntese de prioridades minimiza os aspectos subjetivos
Todo esse processo permite mais transparência nas decisões tomadas tendo em vista a
coerência entre a avaliação do processo e os objetivos e o sistema de valores, a serviço dos
quais o agente de decisão se posiciona, de maneira simples, como transformar juízos em
valores que satisfaçam a otimização ampla, segundo múltiplos critérios.
REFERÊNCIAS
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SILVA, F. C. da; BERGAMASCO, A. F.; VENDITE L. L.; Modelos de simulação para
análise e apoio à decisão em agrossistemas. EMBRAPA, 2004.
30
QUALIDADE DA COLHEITA MECANIZADA NA CULTURA DA CANA-DEAÇUCAR COM E SEM DIRECIONAMENTO AUTOMÁTICO
Marisa R. Faulin1; José V. Salvi2; Fernando R. Azevedo3; Marciel J. Barrado4
1
Eng. Agrônomo, Doutora, Professor Docente, FATEC Shunji Nishimura, Pompeia – SP.
2
Eng. Agrônomo, Mestre, Professor Docente, FATEC Shunji Nishimura, Pompeia – SP.
3
Discente, FATEC Shunji Nishimura, Pompeia – SP.
4
Eng. Agrônomo, ITES Taquaritinga, Taquaritinga – SP.
RESUMO: O setor sucroalcooleiro no Brasil entra em uma fase de grande crescimento
impulsionada pelo aumento da demanda por etanol e por ser uma das melhores opções dentre
as fontes de energia renovável, sendo esse crescimento sustentado pela utilização da
mecanização e de novas tecnologias. O objetivo do trabalho foi avaliar a colheita mecanizada
da cana-de-açúcar com e sem auxilio do direcionamento automático com RTK. Para isso, foi
utilizado o método de levantamento de perdas visíveis do Centro de Tecnologia Canavieira
(CTC), no qual leva em consideração perdas como toco, pedaço fixo + solto e cana inteira.
Como a área comportar-se de maneira homogênea tanto em relação à umidade quanto à
topografia, o resultado entre os métodos de direcionamento pôde ser comparado. Observou-se
uma redução das perdas de 41,7% com coeficiente de variação menor com o uso do
direcionamento automático RTK.
PALAVRAS-CHAVE: RTK, Perdas, Piloto Automático, Colhedora.
ABSTRACT: The alcohol sector in Brazil enters in a phase of high growth driven by
increased demand for ethanol and to be one of the best options among renewable energy
sources, this growth is sustained in the use of mechanization and new technologies. The aim
of this study was to evaluate the mechanical sugarcane harvesting with and without autopilot
linked in a RTK system. For this, was used the losses visible method of the Sugarcane
Technology Center (CTC), which takes into account losses as stump, fixed peace + loose
peace of sugarcane and entire sugarcane. As the area behaves homogeneously in relation to
moisture and topography, the result of targeting methods could be compared. Was observed a
reduction in losses of 41.7% with less variation coefficients using the autopilot linked on the
RTK system.
KEYWORDS: RTK, Losses, Autopilot, Harvester.
31
INTRODUÇÃO
No Brasil, são utilizados três sistemas de colheita da cultura da cana-de-açúcar: manual,
semi mecanizado e mecanizado. No sistema manual, o corte e o carregamento dos colmos são
realizados manualmente, no enquanto que no semi mecanizado o corte é realizado
manualmente e o carregamento mecanizado, por sua vez no sistema mecanizado, as operações
de corte e carregamento são realizadas mecanicamente (NEVES, 2011).
De acordo com Silva (2007) o processo de colheita mecanizada da cana-de-açúcar
necessita seguir certos procedimentos para que o trabalho seja realizado de forma ideal e
obtenha todos os benefícios que o sistema proporciona. Com isso, a colheita passa por um
processo de mecanização gradativa devido a fatores trabalhistas, ambientais e rendimento
operacional, contribuindo assim com o avanço mais rápido da mecanização em locais de
relevo plano. As usinas do setor sucroalcooleiro, atualmente, buscam cada vez mais
mecanizar os canaviais com a preocupação de aumentar a eficiência do processo de colheita e
diminuir o problema de perdas por má utilização da colhedora. Por estes motivos as
avaliações de perdas realizadas nas colhedoras de cana picada são fundamentais para o
gerenciamento das operações.
Na colheita mecanizada da cana-de-açúcar, vê-se que existem algumas características
próprias que interagem entre solo, planta e máquina, e que pode trazer perdas no campo,
desde a qualidade da matéria prima até a redução do número de cortes do canavial (SALVI et.
al., 2007).
Segundo Corrêa (2008) as perdas podem ser classificadas como visíveis e invisíveis. As
visíveis representam as perdas que são mensuradas em campo com mais facilidade, como por
exemplo, a deficiência no controle da altura de corte das colhedoras de cana-de-açúcar o que
provoca corte elevado com a consequente perda de matéria-prima. Para Salvi (2006) essas
perdas são aquelas que ficam no campo sob a forma de material não cortado e constituem-se
de tocos deixados pela regulagem da altura de corte do disco cortador basal, soqueiras
destruídas ou removidas mecanicamente e por deterioração, devido aos danos por
cisalhamento dos tocos, o que facilita o ataque de pragas e doenças.
Tecnologias de direcionamento automático ganham espaço no setor sucroalcooleiro e
colaboram para a diminuição dos desperdícios e redução dos custos de produção. Isso se deve
em grande parte aos avanços da eletrônica, sensores, atuadores e controladores, micro
processadores e talvez o mais importante, que foi o grande viabilizador da agricultura de
precisão, os Sistemas de Navegação Global por Satélites (GNSS) (COSTA2010).
32
O posicionamento conhecido por RTK, do inglês Real Time Kinematic é muito utilizado
em tecnologias de direcionamento de equipamentos em processos onde há uma maior
necessidade de precisão como plantio e semeadora. Neste tipo de posicionamento não há a
necessidade de se tratar os dados em escritório e a acurácia alcançada é de no máximo uma
polegada. Esse sistema é composto por uma base fixa de coordenadas conhecidas, que por
meio de um link de radio envia informações (dados) para o receptor móvel (rover), que faz o
processamento em tempo real (MONICO, 2008).
Estudos indicam que o uso de novas técnicas no campo da mecanização agrícola, como
o tráfego controlado por meio de direcionamento com auxílio de GNSS, pode diminuir as
exigências por energia associadas às operações de campo e aumentar a produtividade da mão
de obra e da cultura (MOLIN, 2010).
Em conjunto com o RTK é utilizado um dispositivo popularmente conhecido como
Direcionador Automático que é uma evolução da Barra de luz. Essa tecnologia teve grande
expansão na aviação agrícola, em seguida na pulverização terrestre e hoje em dia é uma das
ferramentas mais utilizada no direcionamento de máquinas em várias operações. A utilização
dessa tecnologia aumenta a precisão entre passadas, pois não acumula o erro, bem como a
produtividade, além de reduzir fadiga do operador (EMBRAPA, 2009).
MATERIAL E MÉTODOS
Localização Geográfica da Área do Experimento
A área onde foi realizada a coleta de dados para estudo de caso entre a colheita
mecanizada convencional e a colheita mecanizada com direcionamento automático foi na
fazenda Estrela de Matão de propriedade da Usina São Martinho, para demonstração das
informações geradas pelo método de análise de perdas da empresa adaptado do sistema CTC
(Centro de Tecnologia Canavieira), ou seja, as informações de perdas na colheita. Localizada
no município de Matão - SP, próximo à rodovia SP 326 que liga os municípios de Dobrada e
Matão, com coordenadas latitude 21° 31′ 34″ S, longitude 48° 16′ 01″ O e altitude de 617m.
33
Base Fixa
A Usina São Martinho possui uma grande área de colheita com aproximadamente 100
mil hectares, com isso, houve a necessidade de dividir a área em quatro bases, com raio de 15
km cada para cobrir com precisão todas as fazendas da Usina. As bases fixas foram instaladas
em pontos estratégicos para que não haja degradação do sinal emitido pelas mesmas (Figura
1), com isso deve-se utilizar a frequência correta para melhor acurácia do equipamento RTK.
FIGURA 1. Localização das bases fixas com raio de 15 km.
Fonte: Usina São Martinho
Kit de Direcionamento Automático acoplado na Colhedora
Para funcionamento do direcionamento automático também conhecido como Piloto
Automático, a colhedora necessita ter alguns equipamentos que compõem o mesmo. Esses
equipamentos devem estar devidamente instalados e fixados para que não haja nenhuma
interferência no funcionamento dos mesmos. Os equipamentos são: monitor, NAV
controlador (Trimble®), receptor GNSS e rádio, acoplados ao sistema de direcionamento
hidráulico (Figura 2).
34
FIGURA 2. Kit de direcionamento automático acoplado na colhedora.
Fonte: Usina São Martinho
Para se iniciar qualquer atividade com o direcionamento automático, o mesmo deve
estar calibrado e todos os componentes se comunicando entre si. A base fixa deve estar com o
canal emitindo sinal e a colhedora por sua vez, deve estar com os equipamentos do kit
ajustados e na frequência da base fixa.
Experimento
O experimento foi conduzido em uma área com declividade média de 4,5%, solo
latossolo vermelho escuro (LVE 6) e variedade do cultivar CTC 2. Com isso, pode se dizer
que em toda a área do experimento fatores como, topografia, tipo solo e cultivar não inferiram
no resultado das perdas.
Dois tratamentos foram conduzidos neste experimento, o primeiro sem direcionamento
automático (convencional – tratamento A) com área equivalente a 146,5 ha e o segundo com
direcionamento automático (tratamento B) de área representada por 153,8 ha, totalizando
300,3 ha. Para todos os tratamentos foram utilizadas sempre as mesmas colhedoras (CASE®
modelo 8800), nas quais foi acoplado o kit de direcionamento automático para colher o
tratamento B e desacoplado para colher o tratamento A. Os tratamentos foram conduzidos
intercaladamente como mostra a Figura 3 e foram realizadas quatro repetições de cada
tratamento, onde cada repetição foi constituida por um dia de operação da colhedora.
35
O experimento foi realizado entre os dias 8 a 15 de julho de 2012, sendo que de 8 a 11 o
tratamento A foi colhido e de 12 a 15 o tratamento B.
FIGURA 3. Talhões do experimento com seus respectivos tratamentos. A – sem
direcionamento automático; B – com direcionamento automático
Fonte: Usina São Martinho
Em cada tratamento foram distribuídos aleatoriamente 32 pontos amostrais, totalizando
64 pontos. A escolha desses pontos foi adaptada do método do CTC (Centro de Tecnologia
Canavieira) (COPLANA, 2008).
Para a avaliação da perda visível no ponto deve-se seguir alguns passos: i) após a
marcação do ponto, separar a parcela a ser avaliada com o afastamento da palha em todo o
contorno do ponto; ii) no interior da parcela aleirar a palha nas entrelinhas e coletar todas as
sobras de cana deixando “toco e pedaço fixo”; iii) desconsiderar 3 cm de altura, em relação ao
solo, para cada toco ou pedaço fixo que será cortado e classificar a perda; iv) realizar o
repasse da área avaliada voltando a palha na posição inicial. As perdas no ponto foram
classificadas de acordo com a visualização dos itens abaixo:
36
a) Toco - Parte basal da cana fixa ao solo pelo rizoma, que apresenta um intervalo de
comprimento de 3 a 20 cm. Abaixo de 3 cm, não se considera perda;
b) Cana inteira - É a cana não recolhida pela colhedora, fixa ou não no solo, cujo
comprimento é maior que metade (50%) do tamanho da cana do canavial em colheita;
c) Pedaço fixo - Pedaço de cana preso ao rizoma não arrancado que apresenta
comprimento maior que 20 cm e menor ou igual que a metade (50%) do tamanho da cana em
colheita;
d) Pedaço solto – Partes de cana soltas no solo, que apresente sinal de quebra em uma
ou nas duas extremidades e que não exceda mais que 50% do tamanho da cana do canavial em
colheita, sendo esses resultantes da quebra dos colmos pela colhedora na operação e pelas
condições locais já existentes (broca, ventos, etc.).
Após a classificação foi realizada a pesagem dos tipos de perdas atribuídas aos pontos.
Embora, na classificação acima pedaço fixo e pedaço solto, tenham sido apresentados
separadamente, no momento da pesagem ambos são agrupados. Assim, a pesagem é realizada
como toco, pedaço fixo + solto e cana inteira.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Como resultado dos tratamentos observou-se a redução das perdas visíveis com a
utilização do direcionamento automático. Em relação ao tratamento com a utilização do
direcionamento automático houve uma redução da ordem de 41,7% das perdas totais nas
condições do canavial acamado (Figura 4). Atualmente, não existem muitas bibliografias a
respeito da utilização do direcionamento automático na redução das perdas durante o processo
de colheita, porém o seu uso vem sendo utilizado com relativa frequência na agricultura
brasileira.
No plantio da cana-de-açúcar, como na citricultura, o uso dessa tecnologia está se
difundindo rapidamente na operação de abertura de sulcos para o plantio de mudas. Oliveira e
Molin (2011) avaliaram a acurácia de um direcionamento automático em possíveis ganhos
gerados pela utilização dessa tecnologia de orientação automática em relação ao sistema
convencional de abertura de sulcos na implantação de lavoura de citros. Foi obtido um erro
médio de desalinhamento de sulcos de 0,08 m no sistema convencional e de 0,04 m com o uso
do piloto automático. Porém, com piloto automático, foi possível trabalhar com velocidades
37
maiores, o que resultou numa capacidade de campo efetiva maior para este sistema em relação
ao sistema convencional de abertura de sulcos (4,65 ha h-1 e 4,09 ha h-1). O usuário reportou
custo da operação de abertura de sulcos menor para o sistema com piloto automático quando
comparado com o sistema convencional, especialmente devido à redução de demanda de mão
de obra. Na situação avaliada neste experimento observou-se que o rendimento de colheita foi
superior com o uso do direcionamento automático, representado pela maior área colhida no
mesmo intervalo de tempo.
Em relação à presença de toco, pedaço fixo + solto e cana inteira houve diminuição dos
mesmos com o uso do direcionamento automático na colhedora. Para toco a redução foi de
21,9%, enquanto que para pedaço fixo+solto foi de 38,4% e para cana inteira foi de 95,5%.
De acordo com medições realizadas pelo CTC, as perdas são inevitáveis em qualquer
modalidade de colheita, porém na mecanizada ocorrem perdas de cerca de 10% da matéria
prima colhida, o que representa um prejuízo da ordem de milhões de dólares por ano
(SEGATO, 2011).
O coeficiente de variação das perdas visíveis totais foi menor quando houve o uso do
direcionamento automático do que na colheita convencional (Tabela 1).
FIGURA 4. Redução das perdas visíveis na colheita mecanizada de cana de açúcar sem e com
o direcionamento automático.
t/ ha
1,99
2,00
1,80
1,60
1,40
1,20
1,00
0,80
0,60
0,40
0,20
-
1,46
1,16
Sem
Direcionamento
0,90
Com
Direcionamento
0,32
0,25
0,22
0,01
Perdas totais
Toco
Pedaço Fixo Cana Inteira
+ Solto
38
TABELA 1. Perdas visíveis totais na colheita mecanizada de cana de açúcar sem e com o
direcionamento automático.
PERDAS VISÍVEIS TOTAIS
Direcionamento Automático
Sem Direcionamento Automático
Média
1.16
1.99
Desvio Padrão
0.3
0.94
Variância Mínima t/ha
0.93
1.42
Variância Máxima t/ha
1.59
3.4
CV (%)
25.8
47.3
Em termos gerais com base nas informações coletadas em campo observou-se que o uso
do direcionamento automático na colheita da cana-de-açúcar oferece ganhos, pois somente
tirando o efeito do erro humano no direcionamento houve redução das perdas. Além de
proporcionar a direção correta da colhedora reduzindo o pisoteio da soqueira, o equipamento
proporciona ao operador conforto na operação. Essa tecnologia também pode ser utilizada no
monitoramento da operação e suas informações podem ser aproveitadas para futuros
orçamentos como, gastos com operação, tempo gasto, horas trabalhadas e melhores traçados
para otimização de manobras para melhoria da capacidade de campo.
CONCLUSÃO
Neste trabalho foi possível constatar a eficiência do equipamento nas colhedoras, pois
houve uma redução significativa das perdas na colheita, além de diminuir a fadiga do
operador direcionando sua atenção no monitoramento da colheita.
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41
ARTIGOS CIENTÍFICOS
AVALIAÇÃO DE MÉTODO NÃO CONVENCIONAL DE MENSURAÇÃO DE
COMPACTAÇÃO DE SOLO
Edson M. Tanaka¹; Eduardo B. Bonfim²
¹ Eng. Agrônomo, Mestre, Professor Docente, FATEC Pompeia, Pompeia – SP.
² Discente, FATEC Pompeia, Pompeia – SP.
RESUMO: O trabalho visa à avaliação de um método não convencional de mensuração de
compactação de solo, no qual a compactação é medida através da pressão de óleo hidráulico
no motor de rotação da broca de um amostrador de solo. Como parâmetro para os dados
obtidos foi utilizado um penetrógrafo digital elétrico. As condições de umidade nas quais o
solo se encontrava e a textura também foram obtidas, a fim de que se conhecesse a que
condições o estudo foi desenvolvido e se haveria alguma situação ideal em que este método
não convencional tivesse um comportamento similar ao do penetrógrafo. A área por
comportar-se homogeneamente tanto quanto à umidade quanto à textura e o resultado entre os
métodos de compactação por não se mostrarem próximos, impediram de que se definisse uma
condição ideal de amostragem e mostraram que o método não convencional não obteve
resultados satisfatórios.
PALAVRAS-CHAVE: compactação de solo, método não convencional, penetrógrafo.
ABSTRACT: The work aims to evaluate an unconvencional method of measuring soil
compactation, in wich the compactation is measured by the oil pressure in the hydraulic
rotation motor of the drill of a soil sampler. As a parameter to the data obtained, it was used a
digital electric penetrograph. The moisture conditions of the soil and its texture were also
obtained, so the conditions in wich the study was conducted would be known and if there was
any ideal situation that this unconventional method had a behavior similar to the
penetrograph. The area for behave homogeneously as much in moisture as in texture and the
results of the methods for not proving next, prevented to define an ideal condition for
sampling and showed that the unconventional method didn’t have satisfactory results.
KEY-WORDS: soil compactation, unconventional method, penetrograph.
42
INTRODUÇÃO
A avaliação da qualidade dos solos é feita através de indicadores que podem ser
atributos físicos, químicos e biológicos, e de processos que ocorrem no solo (PEIXOTO,
2008). A qualidade, do ponto de vista físico, está associada àquele solo que: a) permite a
infiltração, retenção e disponibilização de água às plantas, córregos e subsuperfície; b)
responde ao manejo e resiste à degradação; c) permite as trocas de calor e de gases com a
atmosfera e raízes de plantas; e d) possibilita o crescimento das raízes. (REICHERT;
REINERT; BRAIDA, 2003).
O crescimento radicular só é possível quando a pressão das raízes for maior do que a
resistência mecânica do solo à penetração (PASSIOURA, 1991, apud FOLONI;
CALONEGO; LIMA, 2003). A compactação também pode alterar o equilíbrio na proporção
de gases no solo e disponibilidade de água e nutrientes às raízes das plantas. (STIRZAKER et
al., 1996; HÅKANSSON & VOORHEES, 1998 apud CENTURION et al., 2006). Queda de
produtividade é a consolidação do problema causado pela compactação do solo. Quando todos
os outros problemas para o adequado crescimento das culturas (Ex: nível de acidez do solo,
infestação de pragas e doenças) forem descartados, considere a compactação como um
possível problema da queda na produção da lavoura. A compactação pode reduzir a
produtividade em até 60% (MACHADO, 2003).
A ocorrência de alta compactação de solo agrícola é explicada na obra de Araújo (2004,
p. 1-2):
Embora avançadas e com alta eficiência, as máquinas agrícolas modernas vêm
apresentando uma tendência de aumento na sua capacidade de trabalho o que
significa, em geral, aumento no seu peso total. Além disso, as máquinas agrícolas
apresentam grande robustez devido às condições agressivas do ambiente em que
operam, o que requer componentes estruturais e orgânicos com alta e resistência e,
consequentemente, maiores e mais pesados.
A compactação de solo agrícola em níveis excessivos constitui o principal efeito
negativo do tráfego de máquinas e a causa de vários problemas ambientais e
econômicos.
Apresentam-se os métodos de mensuração de compactação,
A forma mais usual na determinação da compactação de solo é a penetrometria, que
consiste na inserção de uma ponta cônica de área conhecida e na mensuração da
força exercida na penetração. A norma ASAES313.3 descreve a resistência do solo à
penetração como a pressão exercida sobre um cone maciço com ângulo de 30°. Para
43
determinação da resistência do solo à penetração podem ser usados penetrômetros
ou penetrógrafos, os penetrômetros realizam avaliações pontuais de resistência à
penetração, já os penetrógrafos registram a resistência ao longo do perfil do solo.
Ambos os equipamentos utilizam do mesmo princípio de funcionamento, variando
apenas quanto ao modelo, tendo vários tipos como os de impactos, os de molas
dinamométricas e os digitais que utilizam células de carga (LEITE; VIEIRA;
FERNANDES, 2011).
O trabalho objetivou analisar um método não convencional de mensuração de
compactação de solo onde os dados da mesma são obtidos através da pressão de óleo
hidráulico exercida no motor de rotação da broca de um amostrador de solo no momento da
perfuração, porém, a validez desses dados não é conhecida. O aspecto vantajoso de uma
amostragem de solo em que se obtenha a compactação é a praticidade da operação, realizando
duas tarefas distintas em apenas um procedimento. O parâmetro para avaliação deste método
foram os resultados de RP fornecidos por um penetrógrafo digital elétrico.
MATERIAL E MÉTODOS
Georreferenciamento da Área e Distribuição dos Pontos Amostrais
Com a utilização de um receptor GPS (Global Positionning System) de navegação,
mapeou-se o contorno da área onde o trabalho foi desenvolvido. Essa área de 9,85 ha se
localiza na Fundação Shunji Nishimura de Tecnologia em Pompéia – SP e possui um
argissolo vermelho-amarelo de textura arenosa.
Para a criação de uma grade amostral para essa área foi utilizado o software Falker® e
gerados 37 pontos (3,7 pontos/ha) onde foram posteriormente feitas as análises de
compactação de solo sendo que os mesmos distanciavam-se em 50 m.
Coleta de Amostras de Solo e Criação de Mapas de Textura
Posteriormente, foram escolhidos dentre os pontos amostrais anteriormente gerados, 7
pontos que se localizam em diferentes regiões do mapa, procurando abranger melhor as
características do solo ao longo de toda área. Cada ponto foi então localizado dentro da área e
com um amostrador de solo elétrico, foram retiradas amostras de solo, sendo que cada
amostra pesava aproximadamente 400 g e era constituída de 5 sub amostras. Para cada ponto
44
foram feitas amostragens em duas diferentes profundidades, de 0 a 20 e de cm a 40 cm. As
sub amostras distanciavam-se no máximo em 5 m do ponto central.
As amostras foram armazenadas, identificadas e em seguida encaminhadas para o
laboratório de análises agronômicas da Fundação Shunji Nishimura de Tecnologia, para que
fossem feitas análises granulométricas do solo, a fim de conhecer sua composição.
Com os dados de composição do solo tornaram-se possíveis as confecções de mapas de
textura em duas profundidades distintas, neste caso, os mapas foram interpolados pelo método
inverso da distância.
Mensuração de Compactação de Solo com Métodos Convencional e Não Convencional
O método convencional de identificação de compactação do solo utilizado, cujos dados
foram tidos como parâmetro para avaliação do método posteriormente explicado, é a
penetrometria. Esse método envolve um penetrógrafo digital elétrico (Fig. 1), onde os dados
são armazenados em cartão de memória e disponibilizados em KPa através de um software
próprio, cuja haste é feita de aço inoxidável, possui uma ponta cônica com ângulo de 30° e
velocidade média de inserção de 3 cm/s. Esse conjunto estava instalado em um trator (Fig. 2).
FIGURA 1. Penetrógrafo
montado.
FIGURA 2 Equipamento montado no trator.
O método não convencional de identificação de compactação de solo a ser avaliado, faz
uso de um amostrador de solo hidráulico (Fig. 3) acoplado a uma caminhonete (Fig. 4). Esse
amostrador fornece um dado de compactação, obtido através da pressão do óleo hidráulico
exercida no motor de rotação da broca no momento da perfuração do solo. O dado por ele
45
fornecido é o valor máximo de resistência do solo em MPa (obtido indiretamente, da maneira
descrita acima) encontrado no curso da presente amostragem, em uma unidade não existente e
a broca utilizada recebe a classificação de helicoidal 7/8 U.G.
FIGURA 3. Amostrador
de Solo.
FIGURA 4. Equipamento montado na caminhonete.
No dia 24/09/2012 foram feitas as mensurações de compactação e o processo ocorreu da
seguinte maneira: nos pontos amostrais da grade criada foram utilizados cada um dos
instrumentos, a distância máxima entre os mesmos era de 2 m e foram utilizados
simultaneamente para que as amostragens fossem feitas sob iguais condições de solo,
eliminando assim, uma possível fonte de discrepância entre os dados dos dois métodos. A
mensuração de compactação foi feita em duas diferentes profundidades, de 0 a 20 e de 20 a 35
cm, cada amostra do penetrógrafo era composta de 3 sub amostras e para comparação com os
dados do método não convencional foi feita uma média dos resultados de cada amostra,
enquanto para o amostrador de solo foi feita apenas uma amostragem por ponto. É importante
também, ressaltar que a área se encontrava em uma janela de umidade ideal para mensuração
de RP segundo o fabricante do penetrógrafo, sendo essa de 24 a 48 horas após uma chuva
(não fazendo especificações sobre índice pluviométrico mínimo ou máximo), quando o solo
se encontra em capacidade de campo, estendendo esta janela até aproximadamente 2 semanas
após a chuva, quando a mesma ocorreu pela última vez dia 21/09/2012.
Levantamento de Umidade do Solo
Juntamente com as medições de compactação foram coletadas amostras de solo, porém
para uma diferente finalidade de anteriormente, agora para que se saiba a que condições de
46
umidade foi analisada a compactação. Para cada ponto amostral foram retiradas duas porções
de solo, nas mesmas profundidades utilizadas na identificação de compactação. Essas porções
de solo foram armazenadas em recipientes identificados com fechamento hermético para que
não se perca umidade e para desenvolvimento e análise do processo foi feita a metodologia
explicada por Silva (2010), onde as amostras foram então pesadas e submetidas a uma
temperatura constante de 105ºC em uma estufa pelo período de tempo necessário à eliminação
de toda umidade ali presente (Fig. 5 e 6).
FIGURA 5. Amostras de solo coletadas
sendo pesadas
FIGURA .6. Amostras de solo colocadas na
estufa para eliminação de
umidade
Para conclusão dessa etapa, foram pesadas novamente e para expressar o conteúdo de
água do solo em massa e associado a 1 kg de solo seco foi usada a seguinte equação:
θm = ú
Eq. (1)
onde:
θ m = kg de água/kg de solo seco
Pú = Massa do solo úmido (kg)
Ps = Massa do solo seco (kg)
Tendo em posse tais dados, torna-se possível a criação de mapas de umidade em duas
diferentes profundidades.
47
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após as coletas e análises das amostras de solo, foram criados mapas de textura para
duas diferentes profundidades, de 0 a 20 e de 20 a 40 cm (Fig. 7).
FIGURA 7. Mapas de textura, teores de areia, silte e argila para duas diferentes
profundidades.
48
Outro procedimento já mencionado, que tratava da obtenção dos dados de umidade da
área no momento da mensuração, depois de realizado, permitiu que fossem confeccionados os
seguintes mapas (Fig. 8):
FIGURA 8. Mapas de umidade nas profundidades de 0 a 20 e 20 a 40 cm.
Os dados obtidos através de ambos os métodos possibilitaram a criação de uma
regressão entre os valores (Fig. 9) através do software Excel (Microsoft®).
FIGURA 9. Regressão linear entre os resultados de diferentes métodos.
Método não Convencional (MPa)
3
2,5
y = 1,5469e-0,004x
R² = 0,0365
2
1,5
1
0,5
0
Penetrometria (KPa)
Sendo feita uma regressão entre os dados, foi encontrada a seguinte equação:
49
y = 1,5469e-0,004x
Eq.(2)
O resultado encontrado mostrou uma baixa correlação entre os resultados da
penetrometria e do método não convencional, com coeficiente de determinação de 0,0365
(R²), o que implica que caso se tenha o dado de compactação do método não convencional e
deseja-se saber a compactação real (sendo a penetrometria o parâmetro), aplica-se a equação
(Eq. 2) e tem-se apenas 3,65% de chance de o resultado ser exato. Dentre todos os modelos de
regressão oferecidos pelo software acima citado, o que apresentou maior coeficiente de
determinação foi o exponencial.
Embora seja possível a criação de mapas, não há grande discrepância entre os dados da
área, a mesma possui um comportamento homogêneo e o mesmo acontece com o teor de areia
fina, que embora tenha importância ao se tratar de mensuração de compactação não varia
consideravelmente.
Não havendo também correlação forte entre os dados de ambos os métodos, torna-se
impossível a definição de uma condição ideal para amostragem do método não convencional,
não se pode afirmar que sob determinada condição este método alcançou dados que se
assemelhavam com os obtidos através da penetrometria, que servem aqui de parâmetro.
CONCLUSÃO
Embora os resultados não tenham se mostrado satisfatórios, é importante que se façam
mais pesquisas em solos com diferentes texturas e sob diferentes condições de umidade a fim
de tomar conhecimento de uma possível situação ideal para a mensuração de compactação
através deste método não convencional.
50
REFERÊNCIAS
ARAÚJO, A.G. Estimativa e classificação da compactação do solo pelo tráfego de
máquinas agrícolas através da modelagem nebulosa. 2004. 224. Tese (Doutorado em
Engenharia Elétrica)-Universidade de São Paulo, São Paulo, 2009.
CENTURION, J. F.; CENTURION, M. A. P. DA C.; BLEUTER, A. N.; ROSSINI, L. A.;
FREDDI, O. DA S.; SOUZA NETO, E. L. DE. Compactação do solo no desenvolvimento e
na produção de cultivares de soja. Científica, Jaboticabal, v. 34, n.2, p. 203-209, 2006.
FOLONI, J. S. S.; CALONEGO, J.C.; LIMA, S. L. Efeito da compactação do solo no
desenvolvimento aéreo e radicular de cultivares de milho. Pesquisa Agropecuária
Brasileira, Brasilia, v.38, p. 947-953, ago. 2003.
LEITE, D. M.; VIEIRA, L. B.; FERNANDES, H. C. Olho de Águia. Cultivar Máquinas,
ano X, n.114, p. 44-45, dez.1011/jan.2012.
MACHADO, P. L. O. A. Compactação do solo e crescimento de plantas. Rio de Janeiro:
EMBRAPA. 2003.
PEIXOTO, M. F. S. P. Professora. Atributos químicos, físicos e biológicos como
indicadores da qualidade do solo. Cruz das Almas, 2008. p. 2. Centro de ciências agrárias
ambientais e biológicas – Universidade Federal do Recôncavo da Bahia.
REICHERT, J. M.; REINERT, D. J.; BRAIDA, J. A. Qualidade dos solos e sustentabilidade
de sistemas agrícolas. Revista Ciência & Ambiente, Santa Maria, v. 27, p. 29-48. 2003.
SILVA, A. P. Manejo Físico e Compactação de Solo. In: Curso de Especialização em Manejo
de Solo, 2010, Piracicaba. Piracicaba: USP, 2010. p.76.
51
INFLUÊNCIA DO SISTEMA WADGPS NA DETERMINAÇÃO DO
POSICIONAMENTO NA REGIÃO DE POMPEIA – SP
Marisa S. A. R. Faulin1, Ezequiel B. Faleco2, Cláudia S. Souza2
1
Eng. Agrônoma, Doutora, Professora
[email protected]
2
Discente, Fatec Shunji Nishimura - SP
assistente,
Fatec
Shunji
Nishimura,
Fone:
(14)
3452
-
1294,
RESUMO: São inúmeras as discussões sobre a captação do sinal GNSS com correção
diferencial dos sistemas WAAS e EGNOS no Brasil. Diante deste tema, o objetivo do
trabalho foi demonstrar a acurácia das coordenadas coletadas por dois receptores GPS modelo
Garmin Etrex Vista posicionados em um marco geodésico, utilizando ou não o modo de
correção diferencial WAAS/EGNOS em diferentes períodos, observando a possível
interferência da correção diferencial nos dados coletados através do Índice de Acurácia e Erro
Circular Provável. Os resultados obtidos demonstraram que o receptor GPS com correções
diferenciais WAAS e EGNOS ativadas obteve posicionamento mais preciso e acurado do que
o receptor com correções desativadas.
PALAVRAS-CHAVE: Posicionamento estático; GPS; Agricultura de Precisão.
INFLUENCE OF WADGPS SYSTEM ON THE POSITIONING DETERMINATION
IN THE REGION OF POMPEIA – SP
ABSTRACT: There are numerous discussions of the GNSS signal with correction
differential systems in Brazil. Faced with this theme, the aim of this study was to demonstrate
the accuracy of coordinates collected by two GPS receivers Garmin Etrex Vista model
positioned in a geodesic, using or not the method of differential correction WAAS/EGNOS in
different periods, observing the possible differential correction influence in the data collected
through the Accuracy Index and Circular Error Probable. The results showed that the WAAS
and EGNOS differential corrections activated obtained positioning more precise and accurate
than the receiver with corrections disabled.
KEYWORDS: Static positioning, GPS, Precision Agriculture.
52
INTRODUÇÃO
A ideia de correção diferencial começou em 1989 com o conceito de WADGPS (Wide
Area Differential Global Positioning System). Baseados nesse conceito, vários sistemas foram
implementados ao redor do globo. A FAA (Federal Aviation Administration) desenvolveu um
sistema chamado WAAS (Wide Area Augmentation System) para a aviação civil, que auxilia
as aeronaves nas aproximações (LEICK, 20041 citado por BIFFI et al., 2006).
O sistema utiliza um satélite geoestacionário sobre a linha do Equador, que recebe
correções do sinal do Sistema de Posicionamento Global (GPS - Global Positioning System)
enviados pelas estações de monitoramento em Terra. Estas estações estão distribuídas no
território dos Estados Unidos, possuem coordenadas conhecidas e registram a diferença das
coordenadas fornecidas pelo rastreio GPS. Essa diferença é enviada ao satélite
geoestacionário e retransmitida ao receptor do usuário que corrige seu posicionamento
aumentando a acurácia.
O sinal WAAS é transmitido na mesma frequência do sinal GPS na banda L1
(1.575,42 MHz). O setor industrial agrícola, com o uso dessa tecnologia, passou a
desenvolver máquinas e implementos específicos para atender um mercado mais exigente e
necessitado de controles mais precisos para as práticas agrícolas.
A inclusão do GPS e do Sistema de Posicionamento Diferencial (DGPS) às máquinas
e sensores, possibilitou a elaboração de mapas de produtividade em tempo real, assim como
mapas de alguns atributos do solo e planta. Viabilizou também a utilização de implementos de
aplicação a taxas variadas de fertilizantes e pulverizações em quantidades mais racionais, de
acordo com a demanda específica de cada parcela da área.
O principal alvo das indústrias no Brasil é o sistema produtivo de grãos, tanto em
tratores e colhedoras com diversos sensores, como em implementos para semear, adubar e
pulverizar. Para o setor de culturas perenes, em especial as culturas lenhosas, praticamente
não se encontra equipamentos adaptados para AP no Brasil.
A análise comparativa de diferentes receptores GPS, utilizando ou não o sistema de
correção WAAS/EGNOS, já vem sendo estudada em alguns centros de pesquisas desde a
liberação do sinal ao usuário civil. A falta de dados na região de Pompeia – SP motivou a
1
LEICK, A. GPS satellite surveying. 3 ed. New Jersey: Wiley, 2004. 435 p.
53
pesquisa, visando demonstrar tal comportamento e seus impactos na determinação do
posicionamento.
A escolha da análise comparativa entre receptores GPS foi devida este ser um dos
sistemas mais utilizados do GNSS (Global Navigation Satellite System). Além disso, os sinais
GPS são disponíveis na maioria dos receptores encontrados, principalmente dentro do Brasil.
O desafio que motivou a pesquisa foi encontrar metodologias apropriadas para testar a
acurácia desses receptores em posicionamento estático, utilizando ou não o sistema de
correção diferencial e suas respectivas precisões. Considerando e analisando entre eles, o sinal
que apresentou o melhor resultado, assim como demonstrar ao usuário o desempenho dos
receptores, e a vantagem ou não de se utilizar a correção diferencial na obtenção do
posicionamento. Já que a utilização dessa tecnologia esta cada vez mais presente no meio
agrícola.
Segundo BIFFI et al. (2006), o erro por disponibilidade seletiva (S/A - Selective
Avaiability) era a principal fonte de erro do posicionamento que, somados a outros erros de
sinal, davam aos receptores acurácia em torno de aproximadamente 60 a 100 metros. Apesar
do Departamento de Defesa dos Estados Unidos (DoD - Departament of Defense) ter
eliminado a S/A em maio de 2000, os receptores possuem atualmente acurácias entre 5 e 9
metros no modo C/A.
Esse nível de precisão possibilitou um aumento no uso do sistema em diversas áreas,
principalmente
na
Agricultura
de
Precisão
(AP),
onde
pode
ser
utilizado
no
georreferenciamento de grades amostrais. Porém, para algumas práticas de manejo tal
precisão não é a ideal. Para se resolver esse problema, passou-se a utilizar um método que
melhorava a acurácia dos aparelhos, denominado de WADGPS (Wide Area Differencial
GPS).
O objetivo do trabalho foi demonstrar a acurácia das coordenadas coletadas por dois
receptores GPS modelo Garmin Etrex Vista posicionados em um marco geodésico, utilizando
ou não o modo de correção diferencial WAAS/EGNOS em diferentes períodos, observando a
possível interferência da correção diferencial nos dados coletados através do Índice de
Acurácia e Erro Circular Provável, na região de Pompeia-SP.
54
MATERIAL E MÉTODOS
Para o desenvolvimento do trabalho, foram realizadas coletas de dados durante cinco
horas e 30 minutos por dia, durante sete dias consecutivos, totalizando trinta e oito horas e
trinta minutos de coleta visando obter dados referentes de toda a semana GPS. As coletas
foram realizadas do dia 09 a 15 de fevereiro de 2012, das 11 às 17 horas.
A coleta a partir do segundo dia foi ajustada para quatro minutos antes da hora
iniciada no dia anterior, visando eliminar o erro da orbita dos satélites. Para isso, foram
utilizados dois receptores GPS Garmin Etrex Vista os quais realizaram a coleta de dados
simultaneamente, sendo um com o sistema de correção diferencial WAAS/EGNOS ativado e
o outro com este sistema desativado. Os dois receptores foram posicionados sobre o marco
geodésico de coordenadas UTM, Datum WGS 1984 E(x) 582924,801 m; N(y) 7554665,183
m, localizado na zona 22. Também foi utilizada uma régua para ajustar a distância dos dois
receptores, um a 5 cm (Sul) e outro a 5 cm (Norte) do marco geodésico localizado na Fazenda
Experimental da Fundação Shunji Nishimura de Tecnologia (Figura 1). Mantendo-se sempre
a mesma posição para cada receptor, bem como o modo de coleta durante todos os dias de
duração do ensaio.
55
FIGURA 1. Posição dos receptores GPS sobre o marco geodésico. (A) receptor com correção
diferencial desativada durante todo o tempo de coleta, (B) receptor com
correção diferencial ativada durante todo o tempo de coleta.
Para demonstração dos resultados obtidos com os ensaios, a distância dos dois
receptores laterais em relação ao marco geodésico foi corrigida por meio de cálculos, onde os
valores das coordenadas foram retificados, de maneira que virtualmente fique representado
como se os dois receptores estivessem sobre o marco geodésico ao mesmo tempo.
Após as coletas, os dados foram descarregados no computador utilizando o software
Trackmaker versão gratuita 13.8.481, que visualiza os dados em forma de ponto ou trajeto.
Posteriormente, os dados foram salvos em formato (.txt), e foram abertos no bloco de notas.
Com este formato, tornou-se possível abrir o arquivo no Microsoft Excel, programa onde
pode ser calculado o Desvio Padrão, o Índice de Acurácia e o Erro Circular Provável (CEP).
Os cálculos de Índice de Acurácia (IA) e Erro Circular Provável (CEP) a 50%
seguiram metodologia citada por Capelli et al. (2004).
Índice de Acurácia: relaciona o quão bem às coordenadas medidas de um ponto se
comparam ao seu valor real, calculado através da equação 1.
56
IA = ( X r − X )² + ( Yr − Y )²
(Eq 1)
em que,
IA – Índice de Acurácia;
X – Valor Este da coordenada de referência, m;
Y - valor Norte da coordenada de referência, m.
Índices de Precisão: são medidas da dispersão dos erros em uma distribuição e representam o
erro que é improvável de ser excedido em um determinado nível de probabilidade. Os erros de
precisão calculados foram:
• Erro Circular Padrão (σc)
σc≈ 0,5(σ
σ x + σ y)
(Eq. 2)
em que,
σc – Erro Circular Padrão;
σx- desvio padrão do valor da coordenada Este, m;
σy- desvio padrão do valor da coordenada Norte, m.
• Erro Circular Provável (CEP)
CEP = 1,177 . σc
(Eq 3)
em que,
CEP – Erro Circular Provável.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados dos diferentes modos de coleta realizados durante o experimento mostram
que a ativação do sistema WADGPS levou uma pequena melhora no posicionamento (Tabela
01).
57
TABELA 01. Indicadores de desempenho dos receptores avaliados, receptor desativado (A) e
receptor ativado (B)
Indicadores de desempenho
WASS/EGNOS
WASS/EGNOS
Ativado
Desativado
Desvio Padrão x (m)
1,31
1,42
Desvio Padrão y (m)
1,44
1,59
CEP (m)
1,38
1,50
Índice de Acurácia (m)
1,34
2,40
Coordenada Média (m)
E (x) 582923,460
E (x) 582922,755
N (y) 7554665,179
N (y) 7554666,438
(X,Y)
Os resultados obtidos mostram que as variações durante a coleta com a correção
diferencial WAAS/EGNOS ativada, proporcionou uma maior precisão, com o índice de
acurácia de 1,34m na determinação do posicionamento, pois diminuiu a variação das
coordenadas em relação ao marco geodésico, o que pode ser observado nos gráficos que
representam a dispersão dos pontos coletados (Figuras 02 e 03).
58
FIGURA 02. Dispersão dos pontos coletados com o sistema de correção diferencial
desativada durante todo o tempo de coleta (38,5 horas).
7554671
7554670
7554669
7554668
7554667
7554666
N (m)
7554665
Marco geodésico
7554664
7554663
7554662
7554661
7554660
582918
582920
582922 582924
E (m)
582926
582928
FIGURA 03. Dispersão dos pontos coletados com o sistema de correção diferencial ativada
durante todo o tempo de coleta (38,5 horas).
7554672
7554670
7554668
N (m) 7554666
Marco geodésico
7554664
7554662
7554660
582918 582920 582922 582924 582926 582928
E (m)
Pode-se observar que a nuvem de pontos (azul), que representa a dispersão dos pontos
coletados com o sistema de correção ativado se mostra mais concentrada ao redor da
coordenada do marco geodésico (vermelho) (Figura 03). Isso mostra que apesar dos pontos
coletados estarem fora do marco geodésico, os mesmos apresentam-se distribuídos ao seu
redor de maneira mais homogênea se comparados aos pontos coletados com o sistema
59
desativado (Figura 02), onde os pontos estão dispostos de maneira mais deslocada em relação
ao marco geodésico.
Segundo Machado et al. (2007), avaliações estáticas de receptores GPS realizadas na
região de Piracicaba, SP, mostram que a acurácia com a sintonização do sistema EGNOS foi
inferior àquela sem correção diferencial e que os sinais diferenciais EGNOS e WAAS se
mostraram pouco confiáveis e não recomendáveis para a região, devido à dificuldade de
sintonia e recepção.
De acordo com Sullivan et al. (2001), em avaliação de vários receptores de GPS usados
em agricultura, alguns sintonizados com sinal WAAS, em um ensaio de longa duração,
resultaram em valores RMS inferiores a 1,00 m. O trabalho foi conduzido nos Estados
Unidos, em que o sistema WAAS efetivamente está disponível sendo que, embora seja
sintonizado no Brasil, não atende a nossa região por não dispor de estações terrestres locais.
Segundo os resultados do ensaio estático realizado por Frasson et al. (2005), o GPS
modelo Garmin e-Trex com recebimento de sinal WAAS foi o que apresentou melhores
resultados quanto à acurácia determinada, seguido pelo receptor OmniStar e, por último, o
receptor Garmin III Plus. Com relação à precisão, o receptor OmniStar apresentou os
melhores resultados, seguido pelo receptor modelo Garmin e-Trex com recebimento de sinal
WAAS. Resultado semelhante foi obtido por Machado et al. (2008), onde todos os receptores
sintonizados com as correções diferenciais WAAS e EGNOS, apresentaram aumento nos
valores de EP e RMS, que são indicativos de acurácia, em relação à configuração padrão dos
mesmos receptores.
Esses sistemas de correções diferenciais foram desenvolvidos para serem utilizados de
maneira gratuita nos EUA (WAAS) e Europa (EGNOS) e não possuem garantias de melhor
precisão e acurácia no Brasil. Pois os sistemas levam em consideração que cada área de
abrangência tanto nos EUA e quanto na Europa possuem uma correção, ou seja, um vetor de
correção, o qual, em teoria, não é representativo para regiões situadas no Brasil.
É importante lembrar que os resultados obtidos são válidos para a região onde o ensaio
foi realizado (Pompeia-SP) e de acordo com outros trabalhos citados, tal correção pode não
trazer melhora no posicionamento. Além disso, a melhora no posicionamento foi pequena e
pode ter ocorrido em função do pouco tempo de coleta.
60
CONCLUSÃO
O sistema de correção diferencial WADGPS (WAAS/EGNOS) na cidade de Pompeia SP, pôde ser captado pelos receptores GPS, e sua utilização neste experimento proporcionou
uma maior acurácia (1,34) na determinação do posicionamento.
Porém, a melhora obtida com a ativação do sistema não significa uma recomendação de
uso para a região estudada.
REFERÊNCIAS
BIFFI, L. J. Mapeamento e análise espacial de variáveis de Produção de maçã conduzida
sobre pomar comercial na região de São Joaquim – SC. Lages, SC: CAV/UDESC, 2006.
CAPPELI, N.L.; UMEZU, C.K.; SILVEIRA, A.C. Desempenho comparativo dos aparelhos
GPS ETREX, III Plus e AgGPS132 quanto a acurácia e precisão. Congresso Brasileiro de
FRASSON, F.R.; SENATORE, G.M.; MOTOMIYA, A.V.A.; MOLIN, J.P. Avaliação do
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MACHADO, T. M. Avaliação de desempenho de receptores GPS em modo estático e
cinemático. Piracicaba, 2007.
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Piracicaba-SP: Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, 2011.
SULLIVAN, M.; EHSANI, M. R.; WALKER, J. T.; LEVISON, P.; LANG, L. Accuracy and
availability of WAAS for precision agriculture. St. Joseph: ASABE, 2001.
61
GERAÇÃO DO MODELO NUMÉRICO DO TERRENO A PARTIR DE DADOS DE
ALTITUDE EXTRAÍDOS DO MONITOR DE COLHEITA
Gustavo Di Chiacchio Faulin1, Luis Felipe Ribeiro2
1
Eng. Agrônomo, Doutor, Professor Assistente, FATEC Shunji Nishimura de Pompeia, Pompeia, SP, Fone: (14)
3452-1294, [email protected]
2
Discente, FATEC Shunji Nishimura de Pompeia, Pompeia, SP.
RESUMO: A análise de mapas de produtividade, no contexto da agricultura de precisão, é
um dos recursos utilizados na tentativa de compreender e manejar a variabilidade espacial da
produtividade e da qualidade das culturas. A caracterização da variabilidade espacial dos
atributos do solo é necessária para que se possa interpretar as possíveis causas de variações
nas produtividades das culturas, principalmente as relacionadas à declividade. Este trabalho
tem como objetivo gerar um modelo numérico do terreno com dados extraídos de monitores
de colheita utilizando receptores GPS com código C/A para gerar mapas de declividade do
terreno. Foi comprovada a eficiência do uso da altitude fornecida pelo receptor GPS na
obtenção de mapas altimétricos para gerenciamento na Agricultura de Precisão.
PALAVRAS-CHAVE: Agricultura de Precisão, Declividade, Mapas de Produtividade.
DIGITAL ELEVATION MODEL FROM DATA OF THE YIELD MONITOR
ABSTRACT: The analysis of yield maps in the context of precision agriculture is one of the
resources used in an attempt to understand and manage the spatial variability of crops
productivity and quality. The spatial variability characterization of soil properties is necessary
to interpret the possible causes of variations in crop yields. This work aims to generate a
digital terrain model with data taken of yield monitors with GPS receivers using C/A code to
generate maps of land slope proving that this information can be used for management in
Precision Agriculture.
KEYWORDS: Precision Agriculture, Declivity, Yield Maps.
62
INTRODUÇÃO
Os novos desafios relacionados à demanda crescente de alimentos, a necessidade de
rendimentos competitivos e a preocupação com a preservação ambiental, podem encontrar na
Agricultura de Precisão (AP) uma eficiente resposta, uma vez que ela é uma ferramenta de
gerenciamento e tomada de decisões que conduz ao aumento da eficiência da utilização dos
recursos no sistema produtivo (AMADO; SANTI, 2007).
É evidente que não se pode planejar e manejar o que não se conhece. Sendo assim,
conhecer a variabilidade espacial de um ou vários atributos é a primeira etapa na AP. Os
processos e propriedades que regulam o desenvolvimento das culturas no campo variam no
espaço e no tempo. A mudança enfrentada pela AP é a adequada quantificação da
variabilidade desses processos e propriedades e assim determinar quando e onde as diferentes
combinações são responsáveis pela variação no desenvolvimento e produção das culturas
(MULLA; SCHEPERS, 1997).
De acordo com Molin (2000), a implementação de um sistema de AP implica num ciclo
fechado de tarefas. O mapa de colheita é a informação mais completa para visualizar a
variabilidade espacial das lavouras. Para a geração de tais mapas, o monitor de colheita das
máquinas, armazena na maioria dos sistemas, arquivos textos com informações de
posicionamento (latitude, longitude e altitude), fornecidas pelo receptor GNSS (acrônimo do
inglês, Global Navigation Satellite System), e dados da lavoura como produtividade e
umidade de grãos.
BUICK e CALLAGHAN (1997) destacam a utilização dos receptores GNSS, a fim de
elevar o grau de gerenciamento nas propriedades agrícolas. A obtenção dos dados de altitude,
com os receptores GNSS, pode balizar a tomada de decisões, já que busca a melhor
compreensão sobre a influência da altitude nos fatores de produção.
Segundo VETTORAZZI e FERRAZ (2000), as técnicas de geoprocessamento
subsidiam a identificação e a correlação das variáveis que afetam a produtividade, por meio
da sobreposição, do cruzamento e da regressão de mapas digitais do relevo, dos atributos do
solo e da produtividade em Sistemas de Informação Geográfica (SIG).
Sistemas de Informações Geográficas são definidos como um conjunto de programas,
equipamentos, metodologias, dados e de pessoas (usuários), perfeitamente integrados, de
forma a tornar possível a coleta, o armazenamento, o processamento e a análise de dados
georreferenciados, bem como a produção de informação derivada de sua aplicação, dessa
63
forma melhoram o modo de como usamos os mapas e simplificam a realização das análises
aliados aos sistemas GNSS. (TOZI, 2000).
A obtenção de mapas altimétricos através da engenharia convencional é trabalhoso e
dispendioso. O uso de receptores GNSS, para os produtores agrícolas tende a viabilizar a
obtenção rápida de mapas altimétricos (CLARK, 1997).
YAO e CLARK (2000), em levantamentos altimétricos realizados de modo cinemático
com receptores GPS, obtiveram um número suficiente de dados, de forma rápida e que
garantiu detalhamento necessário para manejo de áreas agrícolas. O método mostrou-se
altamente viável para obtenção de mapas altimétricos para agricultura de precisão. Os
mesmos autores sugerem a realização de passadas múltiplas em uma mesma área para a
obtenção de mapas com maior acurácia, sendo o número ideal acima de 5 para diluição do
erro. JOHANSEN (2001) analisou a qualidade de mapas altimétricos obtidos com um receptor
GPS com correção de sinal em tempo real (RTK, Real Time Kinematic), os mapas
apresentaram correlação de 82% em relação aos dados obtidos de forma convencional.
Considerando a aplicação de monitores de produtividade interligados a um receptor
GNSS com código C/A (Coarse/Acquisition), o objetivo do trabalho, foi gerar e verificar a
consistência do Modelo Numérico do Terreno com dados coletados durante a operação de
colheita.
MATERIAL E MÉTODOS
Analisou-se os dados georreferenciados do monitor de colheita em uma área comercial
localizada no município de Tibagi, estado do Paraná, com 19 hectares (Figura 1), onde foram
realizadas duas colheitas, a primeira na cultura da soja e outra da cultura do trigo.
64
FIGURA 1. Área de 19 hectares localizada no município de Tibagi, PR.
FIGURA 2. Registros dos pontos de colheita (a) soja e (b) trigo.
(a)
(b)
Durante a operação de colheita, os dados foram armazenados no monitor de colheita da
colhedora, interligado com um receptor GPS que utiliza a correlação do código C/A com
precisão do posicionamento de pontos da ordem de 9 metros, com intervalos de gravação de 1
segundo. Os dados obtidos foram analisados e interpretados com o intuito de eliminar dados
que apresentaram perda temporária do sinal GPS. Gerou-se um segundo arquivo onde foram
preservadas as colunas com as coordenas e a coluna da altitude.
As coordenadas foram convertidas por meio do software oficial do IBGE, PROGRID
Versão 1.0, do sistema de Latitude e Longitude para o sistema de coordenadas UTM
(Universal Transversa de Mercator).
65
A reprodução gráfica da elevação do terreno foi realizada no software FALKER MAP
Versão 1.31 utilizando o método de interpolação “Inverso da distância” dos pontos coletados
para a obtenção dos mapas de altitude.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para a reprodução de um modelo de elevação, BUCENE et al. (2001) utilizaram a
interpolação dos dados por Krigagem Ordinária, obtendo correlações satisfatórias. O método
de interpolação mostrou-se eficiente, resultando em modelo de elevação do terreno por meio
dos dados interpolados, com fidelidades as cartas planimétricas. Porém, por limitações do
software, os dados reproduzidos foram interpolados por “Inverso da Distância”.
Conforme a Figura 3, o mapa representa as altitudes calculadas utilizando o receptor
GNSS do monitor de colheita na primeira colheita da área em Tibagi/PR, onde estava sendo
cultivada soja.
FIGURA 3. Mapa interpolado das altitudes extraídas dos dados do monitor de colheita
durante a primeira colheita
Na Figura 4, o mapa representa a mesma área, porém com dados extraídos do monitor
na segunda colheita com a cultura do trigo.
66
FIGURA 4. Mapa interpolado das altitudes extraídas dos dados do monitor de colheita
durante a segunda colheita
Os resultados mostram que existem diferenças quando são comparadas as duas colheitas
na mesma área, no mapa de declividade da colheita do trigo, as cotas do terreno chegam a 855
metros e já na colheita da soja são encontrados valores acima de 881 metros de altitude.
Portanto para melhorar a acurácia dos mapas é necessário realizar pelo menos mais 5
mapas dessa mesma área, o que aumenta a qualidade e a confiabilidade dos resultados finais.
A fim de quantificar as diferenças entre os mapas apresentados, conforme a Figura 5,
utilizando o mesmo software, FALKER MAP Versão 1.31, realizou-se a subtração do mapa
de declividade da soja e do trigo, o que resultou em um novo mapa.
67
FIGURA 5. Mapa com as diferenças de altitude tomando como base a primeira colheita
Na Tabela 1 é possível observar a estatística descritiva dos dados resultantes da
subtração.
TABELA 1. Estatística descritiva dos dados resultantes da subtração dos mapas de altitude de
duas colheitas consecutivas
Altitude
Estatística descritiva
(m)
Média
0,513
Mediana
0,520
Desvio padrão
1.887
Intervalo
39,263
Mínimo
-4,610
Máximo
34,653
Existe uma variação de 39,263 metros entre os valores mínimo e máximo, essa variação
pode estar associada a baixa precisão do receptor GPS com código C/A, ou ainda devido a
diluição do erro por se tratar de dois levantamentos em uma mesma área o que pode provocar
uma variação dos valores apresentados ou pela variação do arranjo dos satélites.
De acordo com YAO e CLARK (1999), a acurácia na geração de mapas altimétricos em
áreas planas é fundamental. Nessas áreas erros de 10 centímetros podem comprometer a
qualidade dos dados. Os autores sugerem trabalhar com acurácia de 7 centímetros. YAO e
68
CLARK (2000), afirmam que, para a obtenção de mapas altimétricos com maior acurácia,
devem-se realizar vários levantamentos em uma mesma área, sendo o número ideal acima de
cinco para a diluição do erro de posicionamento vertical.
CONCLUSÃO
A geração de mapas de declividade utilizando monitor de colheita comprovou que os
dados podem ser utilizados para gerenciamento da variabilidade na Agricultura de Precisão
quanto à representação gráfica do terreno. Porém para uma melhor acurácia, deve existir uma
repetibilidade dos levantamentos na área para uma melhor diluição dos erros, especialmente
quando os dados coletados são de receptores que utilizam correlação com o código C/A.
REFERÊNCIAS
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manejo do solo. In: FIORIN, J.E., ed. Manejo da fertilidade do solo no sistema plantio direto.
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espacial e interpolação por Krigagem em dados de altimetria. (compact disc) In:
CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA, Foz do Iguaçu, Paraná,
2001. CONBEA 2001. Foz do Iguaçu: SBEA: 2001.
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69
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MOLIN, J.P. Geração e interpretação de mapas de produtividade para agricultura de
precisão. Viçosa: Universidade Federal de Viçosa, 2000. p. 237-258.
MULLA, D. J.; SCHEPERS, J. S. Key process and properties for site-specific soil and
crop management. In: PIERCE, F. J.; SADLER, E. J. (Ed.) The state of site-specific
management for agriculture. Madison: ASA: CSSA: SSSA, 1997. p. 1-18.
TOZI, F. A., Sistemas de Informação Geográfica na Agricultura. In: BALASTREIRE, L.
A. (Ed.). O Estado da arte da agricultura de precisão no Brasil. Ed. do Autor: Piracicaba,
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VETTORAZZI, C.A.; FERRAZ, S.F.B. Silvicultura de precisão: uma nova perspectiva para
o gerenciamento de atividades florestais. In: BORÉM, A.; GIUDICE, M.P.; QUEIRÓZ, D.M.
de. (Ed.). Agricultura de precisão. Viçosa, 2000. p.65-75.
YAO, H. B.; CLARK, R. L.. Development of topographic maps for precision farming
with sub-meter horizontal accuracy GPS receiver. Toronto: 1999 (ASAE Paper 993108).
YAO, H. B.; CLARK, R. L.. Development of topographic maps for precision farming
with medium accuracy GPS receiver. Applied Engineering in Agriculture, St. Joseph, v. 16,
n.6, p. 629- 636, 2000.
70
MONITORAMENTO REMOTO DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ESGOTO
Tsen Chung Kang1; Diego Domingos da Silva2; Deryn Heyan Iwamoto3; Allan Lincoln
Rodrigues Siriani3
1
Eng. Eletrônico, Doutor, Professor Associado, FATEC Pompeia, Pompeia – SP, Fone: (14) 3452-1294, [email protected]
Eng. Civil, Mestre, Engenheiro de Produtos, Maquinas Agrícolas Jacto SA - Grupo Jacto, Pompeia – SP, Fone: (14) 34053000 r.3167, [email protected]
3
Discente, FATEC Pompeia, Pompeia – SP
2
RESUMO: Este estudo tem por objetivo analisar a viabilidade de um sistema de
monitoramento remoto em estações de tratamento de esgoto fabricado pela empresa Mizumo.
O sistema de telemetria visa a redução do consumo de recursos gastos em sua manutenção,
garantindo uma maior tranquilidade e segurança ao cliente. O estudo se baseia em dados de
ocorrências de falhas em estações de tratamento de esgoto coletados em campo, e através da
análise da correlação observou-se que a implantação do sistema de telemetria instalado às
estações de tratamento de esgoto pode ser um diferencial na prestação de serviços.
PALAVRAS-CHAVE: Telemetria, Viabilidade, Mizumo.
REMOTE MONITORING SYSTEM FOR SEWAGE TREATMENT STATIONS
ABSTRACT: This study has the objective of analyzing the feasibility of a remote monitoring
system for sewage treatment station by Mizumo. The telemetry system aims to reduce waste
of resources in maintenance, ensuring at the same time greater tranquility and safety to the
client. This study is based in data collected in field of occurrence of defects in sewage
treatment stations and by correlations found that telemetry applied to sewage treatment station
can be a differential in service.
KEYWORDS: Telemetry, Feasibility, Mizumo.
71
INTRODUÇÃO
Este artigo se trata de um estudo de viabilidade econômica, enfatizando conceitos ainda
recentes no contexto organizacional e acadêmico dos envolvidos, no que se refere ao estudo
de viabilidade de novas funcionalidades em produtos, despertando um interesse em conhecer
e aprofundar novas estratégias organizacionais.
A análise de investimentos pode ser considerada como o conjunto de técnicas que
permitem a comparação entre os resultados de tomada de decisões referentes a alternativas
diferentes de forma científica. VERAS (2001) salienta que a análise de investimentos
compreende não só alternativas entre dois ou mais investimentos a escolher, mas também a
análise de um único investimento com a finalidade de avaliar o interesse na implantação do
mesmo.
CASAROTTO FILHO & KOPITTKE (1994) explica que a decisão da implementação
de um projeto deve considerar: rentabilidade do investimento e critérios imponderáveis, que
são fatores não conversíveis em dinheiro, como a boa vontade de um fornecedor.
Com o desenvolvimento da tecnologia e de sua portabilidade para sistemas embarcados
portáteis, ou mesmo para o monitoramento constante, tem-se observado uma crescente
necessidade da comunicação entre sensores e sistemas de armazenamento e análise dos dados
coletados. Para que se possa efetuar essa coleta remotamente e muitas vezes em tempo real,
são utilizadas técnicas de telemetria, que é o processo pelos quais parâmetros de um objeto
são medidos e os resultados transmitidos para uma estação distante, onde então serão
armazenados, apresentados e/ou analisados (L-3 COMMUNICATIONS, 2003).
O problema que motivou esta pesquisa foi a necessidade de realizar o monitoramento
remoto de estações de tratamento de esgoto pela empresa Mizumo. Através desta pesquisa, a
empresa Mizumo lançará um novo serviço de monitoramento aos seus clientes e, através
desse serviço de monitoramento, a Mizumo será capaz de reduzir significativamente o tempo
de resposta quando houver uma falha numa estação e, além disso, poderá identificar falhas em
estações em locais de difícil acesso, oferecendo segurança e tranqüilidade aos seus clientes.
Neste artigo, caracterizado como teórico e exploratório, no qual se assume uma perspectiva
crítica de análise sobre o tema proposto, tratar-se-á sobre a relevância da análise de
viabilidade do projeto de telemetria em ETEs.
72
MATERIAL E MÉTODOS
O projeto de telemetria em estação de tratamento de esgoto (ETE), que envolve a
compra e implantação de um novo sistema de monitoramento remoto de ETE, será
introduzido na empresa de sistemas compactos de tratamento de esgoto Mizumo situada em
Pompeia – SP, e visa diminuir o número de ocorrências nos setores de manutenção e cliente.
Tal projeto é formado por uma análise de viabilidade, a qual aborda o monitoramento da
qualidade de efluente tratado e transmissão de dados coletados na ETE,.
A metodologia de pesquisa utilizada constituiu-se em uma investigação exploratória,
que OLIVEIRA (1999) descreve como sendo a ênfase dada às descobertas e práticas ou
diretrizes que precisam modificar-se na elaboração de alternativas que possam ser substituídas
ou modificadas.
Sob esse prisma evidencia-se uma abordagem crítica da importância de se trabalhar com
a análise da viabilidade econômica em projetos. Conforme YIN (2005), o estudo de caso
evidencia-se através de documentos, registros em arquivos, observações diretas e
participantes. Para escolha da organização considerou-se o desempenho da empresa no
mercado em que atua e a credibilidade da organização.
Na primeira fase da pesquisa foi realizada coleta de dados através de pesquisa
documental e bibliográfica, que segundo LAKATOS e MARCONI (2003) a pesquisa VI
CONVIBRA – Congresso Virtual Brasileiro de Administração bibliográfica propicia o exame
de um tema sob um novo enfoque ou abordagem, chegando deste modo a conclusões
inovadoras, não sendo uma repetição do que foi anteriormente dito ou escrito sobre
determinado assunto. Na segunda fase, foi realizada a coleta de dados através de pesquisa de
campo e entrevistas in loco.
Adicionalmente, foi efetuado um levantamento de dados, baseado no método de
pesquisa descritivo, que consiste na exploração de um problema para prover critérios e a
compreensão de determinado problema e alcançar uma compreensão das razões e motivações
subjacentes (MALHOTRA, 2001). Por sua vez, o delineamento da pesquisa é de caráter
qualitativo e a técnica utilizada foi por meio de entrevista semi-estruturada com os membros
da empresa.
Payback é considerado o tempo necessário para que o valor investido seja recuperado
através dos benefícios líquidos; o payback é baseado entre o valor do investimento e o valor
do fluxo de caixa (MARTINS e ASSAF NETO, 1989). Segundo MOTTA e CALÔBA
73
(2006), quanto mais longo for o prazo de repagamento do empréstimo, menos interessante se
torna o investimento para o investidor.
A empresa que suporta o projeto é a Mizumo, uma unidade de negócios do Grupo Jacto,
composto de empresas que atuam nos ramos agrícola, de transporte, equipamentos para
limpeza (alta pressão), transformação de plástico, ferramentaria, fundição, veículos elétricos e
meio ambiente. Fundado em 1948, o Grupo é 100% nacional, porém reconhecido
mundialmente pela sua solidez e por promover o desenvolvimento sustentável em todos os
setores de atuação.
Desde 2001, a Mizumo produz sistemas compactos de tratamento de esgoto sanitário e
peças técnicas, tornando-se referência nesse segmento de mercado. Por contribuírem com a
conservação dos escassos recursos hídricos e por serem capazes de tratar ou reaproveitar
efluentes, as soluções da Mizumo são ideais para empresas e empreendimentos que adotam
uma atuação transparente. Seus produtos se diferenciam por contribuir para a preservação da
saúde e melhoria da qualidade de vida das pessoas e do ambiente no qual elas estão inseridas.
A fábrica em estudo possui cinco linhas de produtos: Business, Plus, Tower, Family e
Customizado:
1.
Linha Business é voltada para tratamento de esgoto sanitário de residências de
alto padrão, pequenos condomínios, pousadas, hotéis, estabelecimentos comerciais,
industriais, entre outros.
2.
A linha Plus é voltada para tratamento de esgoto sanitário de grandes
estabelecimentos comerciais, industriais, entre outros empreendimentos.
3.
A linha Tower é ideal para tratamento de esgoto sanitário de grandes
estabelecimentos comerciais, industriais, conjuntos e condomínios habitacionais e outros
empreendimentos. Este produto é exemplo do pioneirismo da Mizumo: a empresa foi a
primeira no país a ter em linha de produção um sistema compacto de tratamento de esgoto no
formato vertical.
4.
A linha Family é ideal para tratamento de esgoto sanitário de residências e
indicado para pequenos estabelecimentos comerciais ou mesmo pequenas indústrias.
5.
A linha customizada é indicada para projetos especiais e beneficia, dentre
outros empreendimentos, pequenas comunidades, bairros planejados, vilas e povoados rurais,
além de concessionárias de serviços de saneamento ambiental pública e privada.
74
Para o desenvolvimento deste projeto a linha Tower (Figura 1) foi selecionada, pois é o
produto de maior comercialização pela Mizumo e por permitir que seja implantado o sistema
da telemetria em sua estrutura.
FIGURA 1. Estação de esgoto modelo Tower fabricada pela empresa Mizumo. (Pompéia/SP,
2012)
A capacidade de tratamento das estações da linha Tower atende a vazões de 30,0 m³/dia
a 800,0 m³ /dia por módulo, atendendo até 8.200 usuários.
Os tanques possuem 2,5 m e 3,2 m de diâmetro e são fabricados de PRFV (plástico
reforçado com fibra de vidro), o que confere resistência e alta proteção química à corrosão do
esgoto sanitário. A área necessária para a implantação do sistema varia entre 33,5 m² e 280,0
m².
O processo de tratamento é contínuo e composto de um reator anaeróbio de fluxo
ascendente, um filtro aeróbio de leito fixo com difusão de ar por bolhas finas e decantador
secundário concêntrico ao reator aeróbio. O retorno do lodo é automático, por sistema de air
lift.
75
FIGURA 2. Vista superior da ETE modelo Tower com posicionamento dos sensores.
SENSORES UTILIZADOS
MEDIDOR DE CLORO
O sensor de cloro residual monitora continuamente cloro residual livre ou total da água
de efluentes. Cloro residual é uma quantidade de cloro que permanece no efluente
após sua desinfecção, assegurando a destruição da vida bacteriana. A permanência de um
residual de cloro assegura a manutenção da qualidade microbiológica, desde o ponto de
tratamento até o usuário de água.
Após a cloração total da água no tratamento, uma demanda de cloro é consumida e a
desinfecção da água é completa. A presença de cloro residual depois do tratamento tem a
finalidade de proteger a qualidade da água contra microorganismos nocivos. Se ocorrer
alguma poluição, por exemplo, o cloro residual será consumido para a desinfecção, deste
modo o cloro residual pode servir como índice de qualidade da água facilmente monitorado
(MANFRINI, 1974).
SENSORES DE pH
O processo de medida do potencial hidrogeniônico (pH) baseia-se na medição da
diferença de potencial existente entre dois eletrodos independentes que podem ou não ser
engastados em um único bulbo. Uma superfície de vidro especial permite a passagem de íons
H+ de forma a atingir o eletrodo sensível. O segundo eletrodo é mantido sem contato com o
meio externo, e funciona como eletrodo de referência. A arquitetura de construção dos
sensores varia de fabricante para fabricante, mas a continuidade e a precisão do processo de
76
medida depende basicamente da manutenção da porosidade do vidro especial que permite a
passagem de H+. Tal situação pode atrapalhar medidas em campo, pois alguns processos
físicos externos podem alterar e/ou bloquear a passagem dos íons. Deposição de sedimentos
ou a formação de biofilme por sobre a superfície sensível pode ainda comprometer o
funcionamento do sensor. Em virtude da porosidade do vidro, na maioria dos casos em que
isto ocorre, o dano ao sensor torna-se permanente, inviabilizando sua recuperação (RADTKE
et al, 2003).
SENSORES DE OXIGÊNIO DISSOLVIDO (OD)
O processo de medida do oxigênio dissolvido (OD) baseia-se na medição da diferença
de potencial existente entre dois eletrodos feitos de materiais diferentes, que são mantidos
mergulhados em uma solução eletrolítica especial. A ponta do sensor, contendo os dois
eletrodos é “fechada” por um pequeno recipiente cilíndrico, em cuja ponta é engastada uma
membrana fina, através da qual ocorre a difusão de moléculas de O2 do meio externo para a
solução eletrolítica, o que causa alterações na diferença de potencial existente entre os dois
eletrodos. Esse processo de medição é bastante problemático pelos mesmos motivos que
dificultam a operação dos sensores de pH. A formação de biofilme ou a deposição de
sedimentos por sobre o sensor deteriora a permeabilidade da membrana, impedindo a leitura.
Em ambos os casos, a possibilidade de dano permanente ao sensor é elevada, principalmente
se o equipamento é deixado desatendido por algum tempo (RADTKE et al, 1998).
MEDIDORES DE VAZÃO
Utilizado para a medição de vazão de líquidos limpos em tubulações fechadas sem que
ocorra qualquer contato físico entre o medidor e o meio medido. A medição é baseada no
princípio de tempo de trânsito: dois transdutores que são acoplados na parede externa do tubo
emitem e recebem pulsos de ultrassom. O tempo de trajeto destes pulsos é analisado por um
circuito eletrônico microprocessado que efetuará o cálculo da vazão instantânea.
TRANSMISSÃO DE DADOS
Na transmissão de dados, de acordo com DILLENBURG, M. R. (2003), o Serviço de
Rádio de Pacote Geral (GPRS) cria uma rede de pacotes sobre a rede de telefonia celular
GSM para o envio e recepção de dados via protocolo TCP/IP, por exemplo. Neste sistema de
comutação de pacotes, um canal de rádio só é utilizado quando o usuário está efetivamente
77
enviando ou recebendo dados, ficando o canal livre para outros usuários do serviço que
compartilham o mesmo canal. Este uso eficiente dos canais de rádio permite que um grande
número de usuários utilize o sistema em uma mesma célula. O sistema oferece benefícios
importantes em aplicações de telemetria:
•
Rápida conexão: o sistema remoto tem conexão praticamente instantânea ao serviço. O
sistema, mesmo quando desconectado, aparenta estar sempre conectado (Always on) pelo
rápido restabelecimento da conexão.
•
Tarifação por tráfego: as operadoras usualmente tarifam o serviço pelo volume de dados
transportado. Aplicações de telemetria tipicamente são de baixo tráfego, resultando em
uma tarifa mensal bastante reduzida.
•
Velocidade: a velocidade teórica máxima do sistema é 171,2 kbps (kilobits por segundo).
A operação nesta velocidade é muito improvável, sendo típicas conexões entre 30 e 56
kbps, que para a maior parte das aplicações de telemetria é muito mais do que suficiente.
•
Integração com internet: uma vez estabelecida a conexão GPRS, o dispositivo remoto tem
acesso pleno à Internet e todos os serviços associados – HTTP (Hyper Text Transport
Protocol), FTP (File Transfer Protocol), email, telnet – sem necessidade de provedor. A
rede GPRS pode ser entendida como uma sub-rede da Internet, utilizando os mesmos
protocolos.
DISPONIBILIDADE DE EQUIPAMENTOS
Há diversos fornecedores de modems GPRS no mercado, e grande número de
aplicações de sucesso, especialmente na Europa. Algumas limitações importantes devem ser
destacadas:
•
Cobertura do serviço: atualmente as operadoras GSM no Brasil oferecem o serviço GPRS
em todas as áreas em que o sistema de voz GSM está em operação. O roaming entre as
operadoras para o serviço GPRS ainda não está disponível, o que pode criar dificuldades
em sistemas móveis interestaduais. O sistema GSM ainda não tem boa cobertura fora dos
grandes centros urbanos. A rápida expansão das operadoras GSM no país deve modificar
este quadro em curto prazo.
•
Origem da conexão: apesar de tecnicamente possível, é muito difícil que as operadoras de
celular disponibilizem endereços IP fixos e válidos para as unidades remotas de telemetria
78
por GPRS, o que permitiria conexão entrante, ou seja, a unidade remota ser o destino de
uma conexão originada de algum ponto da Internet. Os sistemas de telemetria baseados
em GPRS devem se basear em conexões originadas pela unidade remota. Esta é uma
questão apenas de iniciativa de conexão, visto que uma vez estabelecida, a troca de dados
é bidirecional. A tarifação por tráfego e a rápida conexão permitem que a unidade remota
se mantenha sempre conectada ou se conecte a intervalos curtos.
•
Custo do modem GPRS: o modem GPRS tem um custo equivalente ao de um bom
aparelho celular GSM, o que pode ser um limitante na aplicação da tecnologia na medição
de serviços ou sistemas de baixo valor.
Para o levantamento de dados com a empresa Mizumo, utilizou-se como amostra
relatórios do setor de pós-vendas do período de 01/02/2011 a 08/07/2011. Foram listadas
todas as ocorrências de problemas registrados nos relatórios numa planilha de Excel
abrangendo 136 clientes e 727 ocorrências. Cada ocorrência foi classificada por setor
responsável, por tipo de manutenção (corretivo ou preventivo) e por contrato de manutenção.
Os problemas identificados nas estações que tem sua origem em erros do setor de
projeto, produção e instalação não são de interesse para o sistema de telemetria, visto que
esses problemas são provenientes dos processos internos da Mizumo e que podem ser
identificados e corrigidos antes da entrega do produto. O sistema de telemetria visa reduzir o
desperdício de recursos financeiros com manutenção desnecessária.
Para refinamento dos dados, foram eliminadas as ocorrências por manutenção
preventiva, pois essas manutenções são obrigatórias, devendo ser realizadas periodicamente
para o bom funcionamento da ETE, constando no manual de operação.
A classificação dos problemas por contrato de manutenção tem a finalidade de analisar
a necessidade do sistema de telemetria. Clientes com contrato de manutenção têm suas ETEs
monitoradas periodicamente por um técnico; já os clientes sem contrato de manutenção não
possuem um técnico à disposição, que é chamado apenas emergencialmente, quando a sua
ETE para de funcionar. Deste modo, comparando o número de ocorrências de problemas entre
clientes com e sem contrato de manutenção, verificamos se há ou não a necessidade do
monitoramento das ETEs por telemetria.
Abaixo, segue Tabela 1 com os dados agrupados por setor responsável, mostrando as
ocorrências por cliente com contrato, sem contrato e total.
79
TABELA 1. Número de ocorrências por setor.
Grupo
Com contrato
Sem contrato
Total ocorrências Percentil
Manutenção
84
295
384
52,82%
Produção/qualidade
21
33
54
7,43%
Projeto
68
105
177
24,35%
instalação
20
15
37
5,09%
Cliente
42
33
75
10,32%
Total
235
481
727
100,00%
Com base nos dados coletados, foram realizadas reuniões com integrantes dos setores
envolvidos da Mizumo para a identificação dos problemas mais críticos e os sensores
existentes no mercado que possam detectar tais problemas. Nesse novo refinamento dos
dados, obtivemos a Tabela 2, onde somente analisamos ocorrências que possam ser evitadas
por telemetria:
TABELA 2. Tipos de ocorrências classificadas por sensor
Com
Sem
Total
contrato
contrato
ocorrências
OD
0
31
31
Falta de cloro na etapa de desinfecção
Cloro
0
11
11
Excesso de contribuição no sistema
Vazão
4
0
4
EE
1
2
3
Ph
2
1
3
Disjuntor da bomba da eee desarmado
EE
2
0
2
Registro de aeração desregulado
OD
1
1
2
Efluente final com cor escura
Ph
2
0
2
Descrição
Sensor
Reator aeróbio saturado
Cabeamento da eee fechando curtocircuito
Presença de produtos químicos no
sistema
80
TABELA 2. Tipos de ocorrências classificadas por sensor. Continua...
Com
Sem
Total
contrato
contrato
ocorrências
Ph
0
2
2
Vazão
0
2
2
Cloro
0
1
1
Cloro
0
1
1
Disjuntor da bomba da eee queimado
EE
1
0
1
Fiação da eee rompida
EE
1
0
1
Motor do soprador travado
OD
0
1
1
Reator aeróbio vazio
OD
0
1
1
Odor de produtos químicos
Ph
0
1
1
Saída de efluente acinzentado
Ph
0
1
1
Descrição
Sensor
Saída de efluente com espuma
Falta de contribuição no sistema
(provável entupimento na rede)
Sistema de desinfecção inoperante
Tanque de desinfecção com carga
orgânica
Os parâmetros definidos para monitoração foram cloro residual, oxigênio dissolvido, ph
e vazão. Com a definição de quais parâmetros a monitorar em estações de tratamento de
esgoto, foi solicitado a empresas de automação industrial orçamentos de implementação do
projeto. Os pedidos de orçamento foram realizados por e-mail. Foi enviado um diagrama para
demonstração do posicionamento dos sensores na ETE (Figura 2) e foi especificado que a
transferência dos dados coletados seria via internet por conexão GPRS. A Tabela 3 mostra o
orçamento de forma resumida da empresa A.
TABELA 3. Orçamento do sistema de telemetria pela empresa A
Item
Sensor de OD
Sensor de vazão
Sensor de Cloro com pH
Datalogger e modem GPRS
Valor (R$)
11.620,51
5.100,00
15.607,00
7.000,00
Instalação
10.480,00
Total
49.816,51
81
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A Figura 3 demonstra o número de ocorrências por setor e por contrato de manutenção.
Através do gráfico, é possível observar a diferença de ocorrências de problemas entre um
cliente com contrato de manutenção e um sem contrato, justificando a necessidade de
monitoramento das ETEs.
FIGURA 3. Demonstrativo quantitativo de ocorrências por setor.
Ocorrências por setor
500
Nº Ocorrências
400
300
200
100
0
Manutenção
Produção
Qualidade
Com contrato
Projeto
Sem contrato
Instalação
Cliente
Total ocorências
Neste estudo foi visto que o custo em manutenção de clientes sem contrato é muito
maior do que os clientes com contrato, isto devido ao descaso com a conservação da ETE;
conforme mostrado nas figuras 4 e 5. Clientes com contratos de manutenção tendem a
solicitar maior assistência junto a Mizumo.
82
FIGURA 4. Número de ocorrências por contrato de manutenção.
Número de ocorrências
20%
Com contrato
Sem contrato
80%
FIGURA 5. Custo total em ocorrências, por contrato de manutenção.
Custo de ocorrências
R$160.000,00
R$140.000,00
R$120.000,00
R$100.000,00
Custo com contrato
R$80.000,00
Custo sem contrato
R$60.000,00
R$40.000,00
R$20.000,00
R$Custo com contrato
Custo sem contrato
Os parâmetros monitorados tem objetivo de cobrir diretamente e indiretamente
ocorrências nos setores de manutenção e cliente. Por exemplo, “Reator aeróbio saturado”.
Não são cobertos pela telemetria, por exemplo, ocorrência de “Lâmpada ultravioleta
danificada”.
83
Através da Tabela 2, foi realizado um estudo de custos envolvidos atualmente para a
manutenção das ocorrências listadas na tabela 4:
TABELA 4. Custo individual por tipo de ocorrência.
Descrição
Custo
Grupo
Sensor
Manutenção
OD
R$ 2.837,10
Projeto
EE
R$ 2.420,60
Manutenção
Cloro
R$ 1.650,00
Cliente
Vazão
R$ 5.364,93
Manutenção
EE
R$ 2.570,70
Cliente
Ph
R$ 1.750,00
Bomba dosadora de cloro desregulada
Instalação
Cloro
R$ 2.677,00
Disjuntor da bomba da EEE desarmado
Cliente
EE
R$ 1.650,00
Registro de aeração desregulado
Cliente
OD
R$ 4.958,40
Efluente final com cor escura
Cliente
Ph
R$ 1.750,00
Saída de efluente com espuma
Cliente
Ph
R$ 1.866,40
Cliente
Vazão
R$ 875,00
Sistema de desinfecção inoperante
Manutenção
Cloro
R$ 875,00
Tanque de desinfecção com carga orgânica
Manutenção
Cloro
R$ 1.650,00
Disjuntor da bomba da EEE queimado
Manutenção
EE
R$ 5.903,54
Fiação da EEE rompida
Manutenção
EE
R$ 2.570,70
Motor do soprador travado
Manutenção
OD
R$ 400,00
Reator aeróbio vazio
Manutenção
OD
R$ 22.000,00
Odor de produtos químicos
Cliente
Ph
R$ 1.866,40
Saída de efluente acinzentado
Cliente
Ph
R$ 959,32
Reator aeróbio saturado
Bomba da EEE com defeito
Falta de cloro na etapa de desinfecção
Excesso de contribuição no sistema
Cabeamento da EEE fechando curto-circuito
Presença de produtos químicos no sistema
Falta de contribuição no sistema (provável
entupimento na rede)
individual
Foram relacionados os problemas encontrados com o sensor correspondente, assim foi
possível analisar quais gastos poderiam ser evitados através do monitoramento. O intervalo de
coleta dos dados na Tabela 4 é o mesmo citado anteriormente. Os investimentos de
equipamentos considerando apenas o orçamento da empresa A é de R$ 49.816,51. Esses
equipamentos instalados na ETE tornam possível seu monitoramento remoto.
84
Foram estudados os gastos em manutenção nos setores de manutenção e cliente em 26
clientes da Mizumo, foram descartadas as ocorrências de caráter preventivas e preditivas, ou
seja, somente foram consideradas as corretivas. Para o cálculo do payback do sistema de
telemetria para um cliente foi utilizado o seguinte método: foi somado o levantamento dos
custos de manutenção de ocorrências nesses clientes dentro de um período de 5 meses, total
de R$ 198.946,48 no período de coleta de dados. Esse resultado total foi dividido por 5 meses,
para se obter o custo por mês dos 26 clientes já que as ocorrências mensais são aleatórias,
resultado de R$ 39.789,30 por mês. Em seguida foi realizada a divisão do resultado
encontrado acima pelo número de clientes amostrados, assim foi obtido o gasto mensal por
cliente de R$ 1.530,36. Logo, o custo total de investimento do sistema de telemetria foi
dividido pelo gasto mensal em ocorrências mensal por cliente, obtendo-se como resultado o
número de meses necessários para o payback do sistema de telemetria, resultando em 36
meses.
Neste estudo existem alguns critérios imponderáveis como benefícios ao meio
ambiente, pois as ações corretivas serão reduzidas. Redução do risco de infringir as leis
ambientais que podem acarretar em multas.
CONCLUSÕES
Por meio dos dados levantados e correlações observou-se que a telemetria aplicada a
estação de tratamento de esgoto pode ser um diferencial em prestação de serviços, com a
análise dos orçamentos e comparativos com as despesas ocasionadas por manutenção nas
ETEs. O período de payback é considerado longo segundo classificação de MOTTA e
CALÔBA (2006), porém pode ser reduzido com solução de menor custo. Ainda assim, o
sistema possui vantagens, redução do número de ocorrências corretivas, aumento eficiência
nos processos de atendimento ao cliente. Porém é necessário realizar novas amostragens de
dados para uma melhor classificação e incluir mais tomadas de preços de sistema.
85
REFERÊNCIAS
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financeira, engenharia econômica, tomada de decisão e estratégia empresarial. 6. ed. São
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L-3 COMMUNICATIONS TELEMETRY & INSTRUMENTATION. Telemetry Tutorial.
Disponível em: <http://www.tw.l-3com.com/tutorial/telemetry_tutorial.pdf>. Acesso em:
20/06/2012.
LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. de A. Metodologia do trabalho científico:
procedimentos básicos, pesquisas bibliográfica, projeto e relatório, publicações e
trabalhos científicos. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2003.
MALHOTRA, N. K. Pesquisa de marketing: uma orientação aplicada. 3. ed. Porto Alegre:
Bookman, 2001.
MANFRINI, C. (1974). Técnicas de cloração. In: AZEVEDO NETTO, J. M. (COORD).
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MARTINS, E.;ASSAF NETO, A. Administração Financeira, As finanças das Empresas
sob Condições Inflacionárias. 1. ed. São Paulo: Atlas, 1989, 559p.
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Projetos Industriais. Editora Atlas, São Paulo, 391p, 2006.
OLIVEIRA, S. L. Tratado de metodologia científica: projetos de pesquisas, TGI, TCC,
monografias, dissertações e teses. 2. ed. São Paulo: Pioneira, 1999.
RADTKE, D.B., Busenberg, E. WILDE, F.D., Kurklin, J.K.; pH in: Techniques of WaterResources Investigations of the United States Geological Survey – Book9, 6-4, Collection
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Water
Data
by
Direct
Measurement.
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2003.
Disponível
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86
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RADTKE, D.B., WHITE, A.F., DAVIS, J.V., WILDE, F.D. Dissoved Oxigen in:
Techniques of Water-Resources Investigations of the United States Geological Survey –
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<http://water.usgs.gov/owq/FieldManual/Chapter6/Archive/Section6.2.pdf>,
Acessao
em:
18/08/2012.
VERAS, L. L. Matemática financeira: uso de calculadoras financeiras, aplicações ao
mercado financeiro, introdução à engenharia econômica, 300 exercícios resolvidos e
propostos com respostas. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2001.
YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2005.
87
DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE NEMATOIDES EM ÁREA DE CULTIVO DE
GRÃOS NA FUNDAÇÃO SHUNJI NISHIMURA DE TECNOLOGIA
Carlos Eduardo M. Otoboni1, Leandro Henrique S. Reis2, Rodrigo Pereira2.
1
Eng. Agrônomo, Doutor, Professor, Fatec Pompéia, Pompéia – SP, E-mail: [email protected]
2
Discente, Fatec Pompéia, Pompéia - SP
RESUMO: O presente trabalho teve como objetivo o estudo da distribuição espacial dos
fitonematoides no campo experimental da Fundação Shunji Nishimura de Tecnologia onde
está localizado o campus da FATEC Pompéia-SP, em área cultivada com milho. No trabalho
foram coletadas as amostras em uma grade regular de 50 x 50 m, processados no laboratório
da própria Fundação e interpolados pelo inverso da distância e por krigagem para o estudo de
sua distribuição espacial. Como se trata da época de pré-plantio da cultura, somente os dados
de solo foram analisados. Os resultados mostraram a ocorrência de membros nos mapas,
mostrando a localização de nematoides na área.
PALAVRAS-CHAVE: Agricultura de Precisão, Manejo, Fitossanidade.
SPATIAL DISTRIBUTION OF NEMATODES IN GRAIN GROWING AREA IN THE
FOUNDATION SHUNJI NISHIMURA TECHNOLOGY
ABSTRACT: The present study aimed to study the spatial distribution of nematodes in the
field of annual crop of Shunji Nishimura Technology Foundation in FATEC Pompeia-SP. In
this area samples were collected in a regular grid of 50 x 50 m, processed in the Nematology
laboratorie and interpolated by kriging to study their spatial distribution. Since this is the
season before planting the crop, only the soil data were analyzed. The results showed the
occurrence of site on the maps showing the location of nematodes in the area.
KEYWORDS: Precision Agriculture, Cultivation, Plant Protection.
88
INTRODUÇÃO
Os nematoides são vermes extremamente pequenos (microscópicos) e translúcidos que
estão entre os mais abundantes animais da Terra e possuem diversos hábitos alimentares e
diferentes papeis ecológicos no solo (YEATES et al., 1993). Causam perdas na produção, que
variam de suaves até a destruição total. O grau de danos depende da susceptibilidade da
cultura, das condições ambientais, da presença de outros patógenos, que podem interagir com
os nematoides, e da densidade populacional desses patógenos (TIHOHOD, 1993, citado por
COSTA et. al., 2001).
No caso dos Pratylenchus os danos causados são lesões na região do parênquima
cortical das raízes daí a origem ao nome de “nematoides das lesões radiculares (“lesion” ou
“meadow”) (LORDELLO, 1988). Essas lesões radiculares evoluem para podridões e necroses
do sistema radicular das plantas hospedeiras e os demais sintomas são causados por outros
organismos patogênicos, como bactérias e fungos que penetram nesses locais lesionados
(ALVES, 2008, citado por ESPÍNDOLA e MINARÉ, 2010). Um exemplo é a soja, que é uma
das principais culturas de hoje no Brasil. Pois existem quatro gêneros de nematoides que
atacam com frequência a cultura da soja, que seriam eles: Pratylenchus spp., Heterodera
glycines, Meloidogyne spp. e Rotylenchulus reniformis (DIAS et al., 2010a).
Meloidogyne enterolobii (sin. M. mayaguensis, Hunt & Handoo, 2009 citado por Dias
et al., 2010b) tornou-se, nos últimos 20 anos, o principal problema fitossanitário da cultura da
goiabeira no Brasil. Devido à ampla lista de hospedeiros e grande potencial de disseminação,
M. enterolobii e M. ethiopica constituem ameaças a várias culturas de interesse econômico no
Brasil. No caso da soja, a ameaça é ainda maior, pois a cultura está distribuída por quase todo
o país (DIAS et al., 2007).
As plantas daninhas assumem grande importância quando atuam como hospedeiras
alternativas de pragas, moléstias e nematoides. No caso de nematoides, as plantas daninhas
praticamente inviabilizam os programas de controle pela rotação com culturas não
susceptíveis. Para ilustrar, apenas para o Meloidogyne javanica, só no Brasil já foram
relatadas 57 espécies de plantas daninhas que atuam como hospedeiras alternativas. Dentre
elas destacam-se espécies de ampla e generalizada ocorrência nos ambientes agrícolas do
Brasil como Brachiaria plantaginea, Digitaria adscendens, Eleusine indica, Bidens pilosa e
outras (PITELLI, 1987).
89
Apesar das plantas invasoras não serem desejadas pelos produtores no pré-plantio, elas
estão sempre presentes nas áreas de cultivo pelo fato da existência de um banco de sementes
presentes no solo. Isso pode causar problemas fitossanitários e um desses problemas fica na
área nematológica.
Essas plantas indesejáveis podem servir como hospedeiras de nematoides, aumentando
sua população e fazendo com que após a emergência das culturas, esses vermes os atacam,
causando lesões nos sistemas radiculares dessas culturas e por consequência a baixa
produtividade no campo ou até a morte das plantas. Por outro lado, embora sejam hospedeiros
estas são mal multiplicadoras dos nematoides (DIAS et al., 2012).
Neste projeto o objetivo foi fazer a investigação de nematoides na área de grãos da
Fundação Shunji Nishimura de tecnologia, no solo, para ser identificados o quanto de
nematoides estão presentes na área e qual é a sua distribuição espacial.
MATERIAIS E MÉTODOS
O estudo foi conduzido no campo experimental da Fundação Shunji Nishimura de
Tecnologia em Pompéia – SP em 2011.
Pontos georreferenciados foram colocados em um mapa da área de estudo com o
datum SAD 69. O mapa foi feito com um aparelho receptor GPS Garmin e-trex vista. Após a
demarcação da área com o receptor, pontos de coleta das amostras foram padronizados em
grid a uma distância de 2.500 m2 uma da outra. As amostras foram coletadas com uma enxada
e rapidamente colocadas em sacos plásticos para que as amostras não fossem prejudicadas
com a morte dos nematoides. Cada amostra possuindo quatro sub amostras a uma
profundidade de aproximadamente 20 cm.
As amostras foram processadas no laboratório de nematologia da própria Fundação
Shunji Nishimura de Tecnologia. Primeiramente foi feita a extração dos nematoides existentes
no solo utilizando a centrifugação com solução de sacarose (JENKINS, 1964). Depois foram
feitas as extrações dos nematoides das raízes das plantas com a trituração e em seguida a
centrifugação também utilizando sacarose (COOLEN & D’HERDE, 1972).
Após as extrações, foram colocadas em uma lâmina para a contagem em um
microscópio dos vermes existentes na área e posteriormente, elaborado um mapa
georreferenciado de infestação em um SIG (Sistema de Informação Geográfica).
90
Segundo Worboys, 1995, o SIG é um sistema de informações baseado em computador
que permite a captura, modelagem, manipulação, recuperação, análise e apresentação de
dados georreferenciados. O software utilizado para a geração dos mapas de infestação e
aplicação foi o Falker Map Plus ®.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Os métodos utilizados hoje para a análise da estrutura espacial de organismos do solo,
geralmente são por médias, não podendo identificar a real situação em cada ponto amostrado.
Porém a análise de um variograma permite determinar se há a correlação entre um ponto e
outro. Se houver correlação espacial, pode ser feito a krigagem para a estimativa de pontos
não amostrados (ROSSI, LAVELLE e TONDOH,1995). Neste trabalho foi feita a análise
geoestatística para o mapeamento da área.
Para saber se as interpolações estão corretas, é necessário conhecer o ambiente em que
se está trabalhando, pois, segundo Ortiz et al., (2007), os nematoides de galhas possuem
correlação com a condutividade elétrica, podendo daí definir zonas de manejo. Esta
correlação tem a ver com a textura do solo, pois, em solos com texturas mais grossas podem
ocorrer o aumento da densidade populacional dos nematoides-de-galhas (ORTIZ et al., 2010).
Para a área de milho trabalhada, foram consideradas nematoides chaves o
Meloidogyne spp. e Pratylenchus spp. encontrados na área. Entre eles outros nematoides
foram encontrados no local e foram calculadas a porcentagem de ocorrência nas amostras de
solo que são eles: 81,8% de Meloidogyne spp., 95.45% de Pratylenchus spp., 47,72% de
Hemicycliophra sp., 79,54% de Trichodorus sp., 61,36% de Mesocriconema sp., 36,36% de
Helicothylenchus sp., 18,18% de Xiphinema sp., 18,18% de Rotylenchulus sp. e 18,18% de
Tylenchorhynchus sp, (Tabela 1).
Como mostra a Tabela 1, as populações de Pratylenchus variou entre 0 e 264 e de
Meloidogyne entre 0 e 236 nas amostras coletadas, porém, para o controle de nematoides
segundo DuPont Pioneer adaptado por Koenning (2007) para o controle de Meloidogyne
abaixo de 150 nematoides em 100 cc de solo é considerado quantidade baixa para o controle
enquanto para o Pratylenchus acima de 50 nematoides já é recomendado o controle dos
vermes.
91
Com os dados coletados e as análises geoestatísticas foi possível gerar o mapa de
manejo de nematoides como mostram as Figuras 1, 2 e 3 com os locais para manejo onde, nas
manchas vermelhas, que ocupa 1,69% da área, deve-se fazer o controle para Meloidogyne e
nas manchas amareladas, que ocupa 30,46%, para o controle para Pratylenchus e nas outras
67,85% da área, não foi recomendado o manejo para os nematoides.
Nota-se nos mapas gerados que a distribuição espacial dos nematoides são de forma
agregadas, pois possuem suas reboleiras localizadas.
TABELA 1. Gêneros de nematoides encontrados nas amostras de solo da área de culturas
anuais da Fundação Shunji Nishimura de Tecnologia.
Amostras
A
B
C
D
E
F
G
H
I
1
8
8
0
20
0
0
0
0
0
2
4
48
24
16
8
0
0
0
8
3
124
112
0
4
4
8
0
20
32
4
12
24
4
8
0
8
0
0
4
5
56
20
4
8
8
4
0
0
0
6
0
76
0
40
0
4
0
0
0
7
0
52
4
72
12
4
12
0
0
8
36
28
36
16
12
0
0
0
0
9
20
80
40
12
12
0
0
0
0
10
16
184
52
16
8
0
0
0
8
11
8
112
100
40
12
0
0
0
0
12
0
264
0
28
32
0
0
0
0
13
8
8
0
40
4
8
0
4
0
14
8
0
0
8
0
12
0
0
0
15
208
24
8
4
4
4
0
48
0
16
52
28
0
12
0
0
0
0
0
92
TABELA 1. Gêneros de nematoides encontrados nas amostras de solo da área de culturas
anuais da Fundação Shunji Nishimura de Tecnologia. Continua...
Amostras
A
B
C
D
E
F
G
H
I
17
116
76
88
8
0
24
0
0
0
18
0
8
0
12
28
0
0
0
236
19
8
84
0
36
4
0
0
0
12
20
64
20
0
24
28
0
0
12
120
21
12
56
0
32
0
0
0
0
0
22
4
8
0
8
0
0
0
0
0
23
8
68
68
20
20
0
0
0
0
24
4
24
0
16
4
0
0
0
0
25
20
16
0
52
0
0
0
0
0
26
84
84
40
88
36
0
0
0
0
27
0
12
0
0
0
4
4
0
0
28
32
16
140
68
4
0
0
0
0
29
64
68
48
0
4
40
0
4
0
30
20
4
0
0
0
4
0
0
0
31
8
12
0
0
0
0
0
0
0
32
236
8
188
4
8
0
0
0
0
33
132
8
132
4
8
0
0
0
0
34
8
40
8
0
0
0
4
0
0
35
8
80
8
0
0
0
4
0
0
36
0
104
0
12
52
0
4
0
0
37
0
0
0
0
0
0
0
0
0
38
4
4
0
0
0
0
0
0
0
39
4
8
0
0
4
0
0
0
0
40
76
8
8
4
20
0
0
0
12
41
0
16
0
4
0
8
0
0
0
42
40
16
8
20
4
12
16
12
0
43
80
8
4
24
4
8
12
8
0
44
92
4
0
28
8
4
8
8
0
%
81,8 95,45 47,72 79,54 61,36 36,36 18,18 18,18 18,18
A = Meloidogyne; B = Pratylenchus; C = Hemicycliophra; D = Trichodorus; E = Mesocriconema; F =
Helicothylenchus; G = Xiphinema; H = Rotylenchulus; I = Tylenchorhynchus.
93
FIGURA 1. Mapa de infestação de Meloidogyne
94
FIGURA 2. Mapa de infestação de Pratylenchus
95
FIGURA 3. Mapa de manejo de Meloidogyne e Pratylenchus
CONCLUSÃO
Com base nos resultados obtidos foi possível a definição de áreas de manejo
localizado dos nematoides Meloidogyne sp. e Pratylenchus spp.
96
REFERÊNCIAS
ALVES, T.C.U. Reação de cultivares de soja ao nematóide das lesões radiculares
Pratylenchus brachyurus. Monografia (Pós-graduação em Agricultura Tropical) Universidade Federal de Mato Grosso - Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária.
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98
INVESTIGAÇÃO DA VARIABILIDADE ESPACIAL DO BANCO DE SEMENTES
DE PLANTAS DANINHAS EM ÁREA COM CULTIVO DE MILHO
Lucas Angioni Novaes¹; Luiz Alberto Franco do Nascimento2; Silvia Kiyomi Sakata²; Elvio
Brasil Pinotti³
¹ Discente, FATEC Pompeia, Pompeia - SP, Fone: (14) 9643-8117, [email protected]
²Discente, FATEC Pompeia, Pompeia - SP
³ Docente, FATEC Pompeia, Pompeia - SP
RESUMO: No processo agrícola é importante identificar áreas infestadas por plantas
daninhas com a finalidade de oferecer informações adequadas ao manejo. Portanto o objetivo
deste trabalho foi descrever a distribuição espacial do banco de sementes de plantas daninhas.
Os dados foram obtidos através da coleta de amostras de solo com dimensões de 400 cm²e 5
cm de profundidade em pontos georreferenciados. As amostras de solo foram acondicionadas
em bandejas plásticas dando-se as condições ideais para a germinação das sementes. No
experimento foram detectadas doze espécies em nove famílias, porém apenas cinco espécies
resultaram em mapas, pois as outras espécies estavam presentes em no máximo 6 das 96
subamostras o que inviabilizou a criação destes mapas, os mapas foram interpolados pelo
inverso do quadrado da distância. Com os resultados observou-se a variabilidade espacial
caracterizada por uma grande intensidade de plantas daninhas em poucos pontos da lavoura.
PALAVRAS-CHAVE: Agricultura de Precisão.Inverso da distância. Aplicação à taxa
variável.
RESEARCH OF SPATIAL VARIABILITY OF SEED BANK OF WEEDS IN AREA
WITH CORN CROP
ABSTRACT: It is important to identify weed density and position in an agriculture field to
give suitable information to the management. Therefore the objective of this research was to
describe the spatial distribution of seed bank of weeds. The samples were composed of soil
samples, and the size of the samples was of 400 cm² and 5 cm deep in georeferenced points.
The samples of soil were conditioned in plastic trays to provide ideal conditions for seed
germination. In the experiment twelve species and nine families were detected, but only five
species resulted in maps, because other species were present in at most 6from 96 subsamples
which prevented the creation of these maps, the maps were interpolated by Inverse Distance
Weight. And in the results has been found espatial variability characterized by an intensive
quantity of weed only in some parts of the field.
KEYWORDS:Precision Agriculture. Inverse Distance Weight.variable rate application.
99
INTRODUÇÃO
A infestação de plantas daninhas em uma área de produção agrícola pode causar sérios
prejuízos aos produtores, e consequentemente às indústrias. Para evitar essas perdas e assim
suprir a demanda por alimentos e energia o uso de agroquímicos na agricultura é uma prática
indispensável. No entanto este método de controle a carreta em alguns malefícios, como os
resíduos que estes produtos deixam no meio ambiente. Além de que a aplicação excessiva ou
insuficiente deste insumo pode resultar em problemas agronômicos, como perda na
produtividade.
Isto ocorre porque os agricultores se utilizam de estratégias de manejo que consideram
homogênea toda a área agrícola, levando em consideração a infestação média destas plantas
SHIRATSUSHI (2001) citado por SARTORI(2009). Porém a distribuição espacial dessas
plantas não é uniforme, portanto um gerenciamento localizado pode diminuir o impacto
ambiental e os gastos com herbicidas.
MIRANDA (1999) citado por STAHELIN et al. (2009), diz que a agricultura de
precisão tem como fundamento a obtenção de um conhecimento espacial preciso da atividade
agrícola, envolvendo processos complexos, frequentemente baseados no uso de dados obtidos
com auxilio de satélites.
Para tanto é necessário à elaboração de mapas que representem a distribuição espacial
destas plantas daninhas dentro da área de produção. Uma das formas de gerar esses mapas é
através do banco de sementes existente nessa área, prevendo assim a potencial infestação
destas plantas nos próximos ciclos produtivos.
De acordo com CARMONA (1992) citado por STAHELIN(2009)o banco de sementes é
uma reserva de sementes viáveis no solo. A variabilidade e a densidade de espécies de um
povoamento de sementes no solo, em um dado momento, são o resultado do balanço entre
entrada de novas sementes e perda por germinação, deteriorização, parasitismo, predação e
transporte.
Este trabalho objetivou investigar a variabilidade espacial através da criação e
levantamento de mapas referentes ao banco de sementes de plantas daninhas no campo
experimental da Fundação Shunji Nishimura de Tecnologia (FATEC) em Pompeia-SP.
100
MATERIAIS E MÉTODOS
O experimento foi conduzido na área experimental da FATEC Shunji Nishimura na
cidade de Pompeia na região centro-oeste do estado de São Paulo.
A área do campo experimental onde foram retiradas as amostras de solo possui um total
de 11,5 hectares e o solo apresenta as seguintes características de acordo com a Tabela 1:
TABELA 1. Fertilidade do solo da área experimental da FATEC Pompeia 2012.
pH (CaCl2)
MO (g/dm³)
P (mg/dm³)
K(mmol/dm³)
CA (mmol/dm³)
Mg (mmol/dm³)
5,2
8
29,5
1,77
13,92
4
No histórico da área o método de manejo utilizado era apenas o mecânico até o ano de
2011, sendo que o último controle fitossanitário antes das amostragens serem realizadas foi
feito no dia 10 de dezembro de 2011, este controle realizou-se vinte dias após a semeadura do
milho, que estava implantado em toda a área, neste controle foram aplicados um herbicida
sistêmico de absorção foliar destinado a combater as infestantes anuais (Roundup), um
herbicida seletivo de ação sistêmica indicado para o controle pós-emergente de plantas
daninhas na cultura do milho (Callisto), Óleo Mineral e um Espalhante Adesivo. O milho foi
colhido em julho e as amostragens se iniciaram neste mesmo período.
As coordenadas do contorno da área foram levantadas com um receptor GPS Garmin
Etrex Vista, e a grade amostral foi gerada com o auxilio do software Falker, resultando em um
total de 46 pontos amostrais, conforme a Figura 1. Em cada ponto foram retiradas duas
subamostras com um espaçamento de 1 metro entre estas, em que as dimensões de cada sub
amostras foram de 400 cm² e 5 cm de profundidade. Todas as 92 duas amostras receberam
uma identificação referente às coordenadas dos pontos amostrais, foram acondicionadas em
bandejas de isopor perfuradas, e então foram colocadas em uma estufa onde receberam
condições ideais para a germinação e doses de irrigação conforme se constatava a
necessidade.
101
FIGURA 1. Contorno e grade amostral da área experimental da FATEC Pompeia 2012.
Conforme iam emergindo, as plantas eram contadas e classificadas com o auxilio de
PLANTAS DANINHAS DO BRASIL (2008) e MANUAL DE IDENTIFICAÇÃO E
CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS (2006), e então retiradas da bandeja. Para a
elaboração dos mapas utilizamos apenas as plantas que apareceram em pelo menos 20% do
total de amostras.
Os resultados obtidos foram analisados retirando-se os dados discrepantes, para enfim
serem interpolados pelo método do Inverso da distância através do software Falker,
objetivando-se conseguir os mapas com os níveis de infestação.
102
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As plantas daninhas identificadas no levantamento fitossociológico do experimento na
Fundação Shunji Nishimura de Tecnologia foram de doze espécies em nove famílias,
conforme apresentado na Tabela2.
TABELA 1. Espécies e família das plantas presentes na área.
Nome Popular
Nome Cientifico
Família
Tirica
Cyperuse sculentus
Cypreaceae
Nabo Forrageiro
Raphanus raphanistrun
Crucífera
Trapoeraba
Commelina erecta
Commelinaceae
Capim Colonião
Panicum maximum
Panicum
Macela
Gnaphalim coarctatum
Asteraceae
Buva
Coyzabona riensis
Asteraceae
Caruru
Amaranthus hybridus
Amaranthaceae
Pé de Galinha
Eleusine indica
Gramineae
Picão Branco
Galinsoga parviflora
Compositae
Poaia
Spermaco celatifolia
Rubeaceae
Capim Colchão
Digitaria sanguinalis
Gramineae
Brachiaria plantaginea
Gramineae
Capim
Marmelada
Porém para composição dos mapas foram utilizadas apenas cinco dessas espécies, que
foram as plantas que demonstraram maior predomínio na área e representam maior
importância na agricultura, e são estas: Tiririca (Cyperus esculentus), Nabo forrageiro
(Raphanus raphanistrun), Trapoeraba (Commelina erecta), Capim Colonião (Panicum
maximum), e a Buva (Coyzabonariensis).
Atiririca destaca-se como uma das plantas daninhas mais importantes, em virtude dos
prejuízos que causa em diversas culturas e por apresentar eficiente sistema de reprodução
vegetativa (ARRUDA, 2005). Analisando a Figura 2 é possível observar que no mapa a
espécie está presente em toda a área, tendo alguns pontos com maior intensidade de
ocorrência. Associando diferentes práticas de manejo às informações disponibilizadas por
103
esse levantamento é possível obter menor custo e maior eficácia no combate a essa planta
daninha.
O Nabo forrageiro é uma planta importante para a rotação de cultura, pois possui uma
raiz profunda com grande capacidade de reciclar nutrientes como fósforo e nitrogênio, além
de produzir bastante palhada favorecendo a prática do plantio direto. Porém por ser uma
espécie com bastante vigor, sua permanência na área através do banco de sementes será
prejudicial à cultura do próximo ciclo, por acarretar em uma disputa por nutrientes com essa
planta. Assim, o mapa da Figura 3 se torna uma ferramenta muito útil na prevenção desta
possível causa de perda na produtividade.
A trapoeraba é uma das mais importantes plantas daninhas no Brasil. Segundo
RONCHI et al. (2002), citado por BATISTA (2010), o controle mecânico é ineficiente devido
a facilidade de propagação vegetativa da espécie, e o controle químico é limitado uma vez que
a maioria dos herbicidas tem se mostrado ineficientes em aplicação única para o controle de
espécies do gênero Commelina na fase adulta, com exceção do 2,4-D. Na Figura 4 se nota a
presença desta planta em toda a área, porem com pouca intensidade, portanto especificamente
neste caso um controle “mais preciso”, ou seja, o emprego da aplicação a taxa variável não é
tão interessante, uma vez que se constata que a presença desta planta é homogênea na área e a
capacidade reprodutiva da mesma é grande.
O Capim colonião é uma planta que tem por característica a formação de touceiras, o
que facilita o manejo por aplicação a taxa variada, sendo assim fica evidente a utilidade desta
ferramenta da Agricultura de Precisão. No entanto, conforme a Figura 5 o mapa não apresenta
significativa variabilidade, dificultando a identificação dessas touceiras, mas isso é explicado
pelo fato de que para a elaboração deste trabalho foi utilizada uma metodologia genérica para
a amostragem e elaboração dos mapas, pois para se obter resultados mais precisos deve-se
elaborar um plano de amostragem e geração do mapa levando em consideração os aspectos
específicos que são diferentes para cada espécie de planta infestante.
Entre as características da Buva a capacidade reprodutiva é uma das principais, pois
uma única planta adulta pode produzir até 200 mil sementes, isso dificulta muito o seu
controle. No auxilio do manejo desta praga o conhecimento do comportamento espacial da
mesma (como na Figura 6) é uma grande ferramenta na mão do produtor, pois possibilita uma
ação preditiva em relação a potencial infestação, e mais eficaz uma vez que se conhecem os
pontos em que há maior concentração e risco de dispersão destas sementes.
104
Importante observar que para a geração dos mapas deste trabalho a metodologia de
amostragem e interpolação adotadas foram as mesmas para todas as espécies, isso explica o
fato de que os resultados obtidos em alguns mapas não foram os melhores possíveis caso
fossem utilizados para uma real aplicação de defensivos, neste caso deve-se levar em conta o
histórico da área deduzindo-se as possíveis espécies presentes nesta área, assim de acordo
com as características destas plantas realizar uma amostragem mais especifica e escolher os
parâmetros de interpolação que sejam mais adequados.
FIGURA 2. Mapa do banco de sementes de Cyperus esculentus na área experimental da
FATEC Pompeia 2012.
Obs: Plantas/m²
105
FIGURA 3. Mapa do banco de sementes do Raphanus raphanistrunna área experimental da
FATEC Pompeia 2012.
Obs: Plantas/m²
FIGURA 4. Mapa do banco de sementes da Commelina erecta na área experimental da
FATEC Pompeia 2012.
Obs: Plantas/m²
106
FIGURA 5. Mapa do banco de sementes do Panicum maximum na área experimental da
FATEC Pompeia 2012.
Obs: Plantas/m²
FIGURA 6- Mapa do banco de sementes da Coyzabona riensis na área experimental da
FATEC Pompeia 2012.
Obs: Plantas/m²
107
CONCLUSÃO
A criação de mapas com o intuito de investigar a variabilidade da ocorrência de
plantas daninhas é uma excelente ferramenta propiciada pela agricultura de precisão, pois
possibilita uma intervenção localizada, sendo assim, um método de manejo bastante eficaz no
controle destas plantas, diminuindo os impactos ambientais e os custos desnecessários ao
produtor.
REFERÊNCIAS
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desenvolvimento do algodoeiro herbáceo. Areia: CCA/UFPB, 2005.
BATISTA, M. A. V.Eficácia de herbicidas no controle da Trapoeraba. Ribeirão
Preto:XXVII Congresso Brasileiro da Ciência das Plantas Daninhas, 2010.
LORENZI, HARRI .Manual de identificação e controle de plantas daninhas: plantio
direto e convencional. 6° Edição. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2006.
LORENZI, HARRI .Plantas daninhas do Brasil: terrestres, aquáticas, parasitas e tóxicas. 4°
Edição. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2008.
SARTORI, L. R.; GALO, M. L. B. T.; IMAI N. N. Mapeamento de plantas daninhas em
cultura do café a partir de imagens multiespectrais de escalas grandes usando redes
neurais artificiais. Presidente Prudente: Revista brasileira de cartografia, 2009. 166 p.
STAHELIN, DIEGO et al. Distribuição espacial do banco de sementes de plantas
daninhas em área de monocultura de feijão. Lages: Biotemas, 2009. 16 p.
108
DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE NEMATOIDES EM ÁREA CULTIVADA COM
MILHO (Zea mays L.) E ANÁLISE DE ESTRATÉGIAS DE CONTROLE COM BASE
EM AGRICULTURA DE PRECISÃO
Carlos E. M. Otoboni1, Cláudia S. Souza2, Rafael A. Silva2
1
Eng. Agrônomo, Professor Doutor da Faculdade de Tecnologia Shunji Nishimura de Pompeia, Fone: (14) 3452 - 1294,
[email protected]
2
Discente do curso Tecnologia em Mecanização em Agricultura de Precisão da Faculdade de Tecnologia Shunji Nishimura
de Pompeia - SP
RESUMO: Os nematoides, principalmente as espécies de Meloidogyne e Pratylenchus, têm
ocasionado sérios prejuízos a culturas como a soja e o milho. Visando analisar a ocorrência
destes nematoides na cultura do milho, foram extraídas 18 amostras georreferenciadas de solo
e raízes, para posterior identificação e contagem dos nematóides presentes e geração de mapas
de ocorrência dos mesmos na área, bem como a variação temporal das populações em duas
épocas diferentes de amostragem. Os seguintes nematóides foram encontrados no solo com as
respectivas porcentagens de ocorrência na primeira e segunda amostragens: Trichodorus sp.
(94,44% e 100%), Pratylenchus spp. (88,88% e 100%), Meloidogyne sp. (72,22% e 88,88%),
Hemicycliophora sp. (83,83% e 61,11%) e Mesocriconema sp. (66,66% e 72,22%). Nas raízes
foram recuperados Pratylenchus spp. em 100% das amostras e Meloidogyne sp. em 72,22%.
Os mapas confeccionados para Meloidogyne e Pratylenchus mostraram reboleiras de
infestação nas áreas passíveis de manejo localizado. Também se observou que houve uma
pequena variação do local de ocorrência das reboleiras, da primeira para a segunda
amostragem.
PALAVRAS-CHAVE: Fitossanidade; Meloidogyne; Pratylenchus.
SPATIAL DISTRIBUTION OF NEMATODES IN CULTIVATED AREA WITH
CORN (Zea mays L.) AND ANALYSIS OF CONTROL STRATEGIES BASED ON
PRECISION AGRICULTURE
ABSTRACT: The nematodes, especially Meloidogyne and Pratylenchus species, have caused
serious damage to crops such as soybeans and corn. To analyze the occurrence of nematodes
in corn, 18 samples were extracted from georeferenced soil and roots for later identification
and counting of nematode and generate maps of their occurrence in the area, as well as the
temporal variation of populations in two seasons different sampling. The following nematodes
were found in the soil with their respective percentages of occurrence in the first and second
sampling: Trichodorus spp. (94.44% and 100%), Pratylenchus spp. (88.88% and 100%),
Meloidogyne sp. (72.22% and 88.88%), Hemicycliophora sp. (83.83% and 61.11%) and
109
Mesocriconema sp. (66.66% and 72.22%). Roots were recovered Pratylenchus spp. 100% of
the samples and Meloidogyne sp. at 72.22%. The maps prepared for Meloidogyne and
Pratylenchus showed foci of infection in areas for localized management. It was also
observed that there was a small change of place of occurrence of the foci, the first to the
second sampling.
KEYWORDS: Plant Protection; Meloidogyne; Pratylenchus.
INTRODUÇÃO
Segundo Ascoli et al. (2008), o plantio das mais diversas culturas é a base do
desenvolvimento brasileiro, sendo reconhecido por outros países como um grande produtor
mundial de alimentos e entre os produtos agrícolas de maior destaque está o milho.
Os nematoides fitoparaitas infectam vários tipos de culturas agrícolas, causando
perdas de aproximadamente 77 bilhões de dólares anualmente (RICH, 2003). Muitas vezes
não se tem consciência das perdas causadas por nematoides, uma vez que são “ocultos” e os
danos causados por eles são encobertos por outras causas. As espécies de nematóides que
mais causam problemas na cultura do milho no Brasil são Pratylenchus zeae e P. brachyurus
(SAWASAKI, 1987).
Diferentemente dos nematoides das galhas e dos reniformes, Pratylenchus brachyurus
é um endoparasita migrador e ocorre principalmente em regiões tropicais com discreta
preferência por solos médio-arenosos (15% a 25% de argila). Na ausência de hospedeiros, P.
brachyurus possui baixa capacidade de sobrevivência (menos de seis meses), porém consegue
sobreviver em restos de raízes de plantas hospedeiras, o que pode explicar sua elevada
ocorrência em áreas sob sistema de plantio direto ou cultivo mínimo. Também é muito
comum e abundante em culturas irrigadas, pois nessa condição sempre existem plantas
hospedeiras (INOMOTO, 2007).
Quanto ao ataque de Meloidogyne, a penetração ocorre na região meristemática da
raiz, após o estágio juvenil migra até a zona de maturação, onde induz a formação de células
gigantes, que consiste no sítio de alimentação do nematóide. Este então se torna sedentário
passando por três ecdises até a fase adulta. O ciclo de vida, de ovo a ovo, dura em média
110
quatro semanas e uma fêmea produz aproximadamente 500 ovos por ciclo (Cordeiro et al.,
2005).
Os nematoides parasitam as plantas cultivadas pelo homem há milhares de anos, mas
as perdas que eles causam ficaram mais evidentes nas décadas de 1940 e 1950, com o
desenvolvimento e a utilização de nematicidas fumigantes de solo, que elevaram a
produtividade em razão de sua eficiência no controle desses patógenos. Em ambientes
naturais e nos sistemas de cultivo orgânicos, as populações de nematóides tendem a se manter
em equilíbrio com a de outros organismos (Freitas et al., 2009 ).
Grandes fazendas utilizam mapas à taxa variável para fertilidade, população de
plantas, etc. Deve ser possível adicionar camadas de informações sobre a incidência e
severidade de várias pragas e doenças, incluindo nematoides, bem como dados agronômicos,
tais como características de solo, drenagem, declividade, entre outros, uma vez que o mapa
básico foi gerado. Estudos realizados por Rich mostraram que a tecnologia de taxa variável é
economicamente viável e pode diminuir a quantidade de químicos (nematicidas) aplicados
para o controle de nematóides com ganhos ambientais.
Assim, o objetivo deste trabalho foi analisar a ocorrência de nematóides em área
cultivada com milho e avaliar a distribuição espacial destes na área em duas épocas de
amostragem.
MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi conduzido na safrinha de milho do ano de 2011 no campo experimental
da Faculdade de Tecnologia de Pompeia, pertencente à Fundação Shunji Nishimura de
Tecnologia.
Numa área de 3,36 ha, dezoito amostras georreferenciadas compostas de solo e raízes
para nematoides foram coletadas em duas épocas diferentes: 1ª) no milho safrinha, na fase de
enchimento de grãos; 2ª) Após três meses e meio, nos mesmos pontos, no pré-plantio de
verão.
Para a coleta das amostras georreferenciadas em ambas as ocasiões foi utilizado um
receptor GPS da marca Garmin® configurado para atuar no sistema UTM e no Datum SAD
69. Cada amostra nematológica foi composta de 5 subamostras coletadas em pontos, num raio
de uma vez a precisão do receptor GPS, que no caso foi de 3 m. Após, as amostras foram
111
encaminhadas para o laboratório de nematologia da Fundação para processamento e
recuperação dos nematoides, utilizando-se as metodologias de Jenkins (1964) para a extração
no solo e de Coolen e D´herde (1972) para a extração dos nematoides das raízes.
Com os resultados das amostras e as coordenadas geográficas, mapas de análise foram
confeccionados utilizando-se o SIG FalkerMap®, com a interpolação dos dados pelo método
do Inverso da Distância ao Quadrado (IDQ). Também, mapas de tratamentos localizados
foram confeccionados a partir dos mapas de infestação da segunda amostragem, ou seja, da
época de pré-plantio de verão, e com base nos níveis de dano propostos por Koenning (2007)
citado por DuPont/Pionner (2012).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os nematoides encontrados na área e suas infestações nas amostras são apresentados
na Tabela 1.
112
TABELA 1. Gêneros de nematoides recuperados das amostras da área cultivada com milho da
FSNT, no ano de 2011, na primeira (1) (solo e raízes) e segunda (2) (solo)
amostragens e suas infestações nas amostras.
Gêneros de nematóide encontrados em 100 cm3 de solo
Am.
Meloidogyne*
Pratylenchus* Mesocriconema Trichodorus Hemicycliophora
1*
2
1*
2
1
2
1
2
1
2
1/C6
16/0
28
24/144
164
20
52
32
12
120
224
2/C6
40/16
120
40/268
48
8
24
20
36
116
72
3/C6
56/48
124
24/844
44
32
16
112
16
132
52
4/C6
0/0
32
24/616
28
20
0
0
8
32
28
5/C6
8/28
252
20/36
40
32
8
32
36
84
24
6/C6
12/44
8
8/264
76
0
4
20
48
72
28
7/C6
0/0
4
8/24
68
0
0
20
0
4
4
8/C6
0/20
4
0/8
128
0
0
8
12
0
0
1/C7
24/8
4
24/736
12
28
16
20
16
84
0
2/C7
24/48
36
4/372
28
8
28
120
4
48
0
3/C7
268/96
296
24/516
120
44
8
24
8
84
16
4/C7
344/12
8
24/176
40
24
28
36
4
196
0
5/C7
580/364
616
40/168
44
12
20
32
4
92
16
6/C7 132/1561
52
20/944
28
8
12
24
16
32
40
7/C7
0/8
4
40/700
12
8
4
104
8
20
0
8/C7
0/0
0
32/400
24
0
12
32
20
48
16
9/C7
4/0
0
40/60
28
0
0
28
12
0
0
10/C7
12/4
12
0/8
20
0
0
28
4
0
0
Am. – identificação da amostra
*
- nematoides recuperados do solo e das raízes, respectivamente, na primeira amostragem
Observa-se pela tabela 1 que nematoides importantes para a cultura do milho foram
detectados na área, com as seguintes porcentagens de ocorrência no solo na primeira (1) e
segunda (2) amostragens, respectivamente: Trichodorus sp. – 94,44% e 100%; Pratylenchus
spp. – 88,88% e 100%; Meloidogyne sp. – 72,22% e 88,88%; Hemicycliophora sp. – 83,33%
e 61,11%; Mesocriconema sp. – 66,66% e 72,22%. Nas raízes, coletadas apenas na primeira
amostragem, foram recuperados Pratylenchus spp. em 100% das amostras e Meloidogyne sp.
113
em 72,22%. Foram considerados nematoides chave para a área Pratylenchus e Meloidogyne.
Os resultados obtidos corroboram com os observados por Carneiro et al. (2002).
Embora estes nematoides tenham apresentado grande porcentagem de ocorrência nas
amostras, as populações de Pratylenchus variaram de 0 a 40 juvenis no solo, na primeira
amostragem e de 12 a 164 juvenis na segunda. Para Meloidogyne no solo também, a variação
foi de 0 a 580 juvenis na primeira amostragem e de 0 a 616 juvenis na segunda. Nas raízes,
para apenas primeira amostragem, Pratylenchus variou de 8 a 944 juvenis e Meloidogyne
variou de 0 a 1.561 juvenis. Isto mostra uma grande diferença nos níveis de infestação das
amostras para ambos os nematoides.
Com estas variações e os dados georreferenciados, foi possível a confecção de mapas
de análise indicando as áreas mais e menos infestadas (Figuras 1 e 2).
Observa-se pelos mapas que as manchas de infestação para Meloidogyne, no solo e nas
raízes, foram parecidas, havendo pouca variação da primeira para a segunda amostragem. Já
para Pratylenchus isto não foi evidente. Tal fato pode ser explicado, pois Pratylenchus é um
nematoide endoparasita migrador e Meloidogyne, endoparasita sedentário (LORDELLO,
1987).
Na primeira amostragem, Meloidogyne apresentou uma baixa infestação em 64,3% da
área, o que equivaleu a 2,16 ha, com menos de 50 juvenis por 100 cm3 de solo. Na segunda
amostragem esta infestação caiu para 53,69%, mostrando que houve uma contribuição da
infestação do solo pela população multiplicada nas raízes. Assim a área de baixa infestação
caiu de 2,16 ha para 1,8 ha, havendo uma maior contribuição desta reinfestação do solo nas
faixas de 50 a 100 e de 100 a 150 Meloidogyne por 100 cm³ de solo. Isto equivaleu a um
aumento na área de 8,63% para 13,61%, na faixa de 50-100 e de 7,94% para 14,40% na faixa
de 100-150, um aumento de 0,17 ha na primeira faixa e de 0,22 ha na segunda. Por outro lado,
em apenas 4% da área este nematoide apresentou uma infestação superior a 300 juvenis por
100 cm3 de solo.
No caso de Pratyelnchus spp. o mapa de infestação da primeira amostragem (Figura
2A) apresentou apenas baixa infestação na área, não sendo portanto detectadas áreas de
reboleiras. Já na segunda amostragem (Figura 2B) estas áreas foram evidenciadas mostrando
uma migração dos nematoides das raízes para o solo em decorrência da morte da planta de
ciclo anual. Vale destacar que, segundo Inomoto (2007), estes ainda podem sobreviver em
raízes mortas no solo, contribuindo para a infestação posterior do solo ao longo do tempo,
como observado no mapa de solo da segunda amostragem (Figura 2B).
114
Na primeira amostragem, 100 % dos Pratylenchus recuperados estavam abaixo de 50
indivíduos. Já na segunda amostragem, mais da metade, ou seja, 63,45% dos nematoides
estavam na mesma classe, o que equivaleu a 2,13 ha. Isto significa que da primeira para a
segunda amostragem, este número de baixa infestação caiu 36,55 %, o que equivaleu a 1,22
ha. Além disso, 29,19% estavam entre 50 e 100 indivíduos, o que equivaleu a pouco menos de
1 ha; 7% estavam entre 100 e 150 e menos de 1% estava entre 150 e 200 indivíduos.
Tratando-se das amostragens de raízes, Meloidogyne se mostrou menor infestação que
Pratylenchus. Neste caso, 53,28% da área abaixo de 50 indivíduos, equivalendo a 1,8 ha e
24,92% entre 50 e 100 indivíduos, equivalendo a 0,83 ha e 13,33% acima de 300 indivíduos
e, totalizando, cerca de 10% entre 100 e 300 indivíduos.
Para Pratylenchus, 60% dos indivíduos se encontravam em uma quantia acima de 300
por 10 g, o que equivaleu a aproximadamente 2 ha, enquanto que 8,40% estavam abaixo de 50
indivíduos, 3,26% entre 100 e 150, 4% entre 150 e 200, 5,28% entre 200 e 250 e 9,73% entre
250 e 300 indivíduos.
Relacionando ambos os gêneros, Pratylenchus houve uma ocorrência de 47,55%
maior que Meloidogyne na classe acima de 300 indivíduos, o que equivaleu a 1,59 ha. Já em
Meloidogyne, culminou na classe abaixo de 50 indivíduos: 53,28% da área, equivalendo a
1,79 ha.
Analisando o controle de nematoides em culturas anuais, a população inicial (Pi) da
área no pré-plantio foi considerada a mais importante para o estabelecimento das áreas de
manejo. Assim, conforme os níveis propostos por Koenning (2007) citado por
DuPont/Pionner (2012), os mapas de tratamentos localizados mostraram que, para
Meloidogyne, apenas 18,3% da área deveria ser manejada e para Pratylenchus, 36,55%,
podendo o manejo ser realizado com estratégias de controle, cultural, genético, físico,
biológico e/ou químico (Figura 2). A soma dos mapas (Figuras 2C e 2D) indicou que 49,37%
da área não precisava ser manejada, para a interpolação pelo IDQ e de 44,62% para a
Krigagem.
115
FIGURA 1. Mapa de Meloidogyne nas 1ª e 2ª amostragens de solo, respectivamente; Mapa de
Pratylenchus nas 1ª e 2ª amostragens de solo; Mapa de Meloidogyne na 1ª
amostragem de raízes; Mapa de Pratylenchus na 1ª amostragem de raízes.
116
FIGURA 2. Mapas de controle para Meloidogyne e Pratylenchus, mapa de tratamento
localizado de Meloidogyne e Pratylenchus pelos métodos Inverso da Distância
ao Quadrado e Krigagem.
Os mapas de tratamento localizado, tanto pelo método de Inverso da Distância ao
Quadrado quanto por Krigagem mostraram que, em média, apenas 4% e 8% da área,
respectivamente, apresentaram altas infestações de ambos os nematoides.
117
CONCLUSÃO
Com os dados obtidos foi possível a confecção de mapas de análise das áreas com
maior e menor infestação de nematoides, bem como mapas de manejo dessas com tratamentos
localizados, possibilitando assim o emprego da precisão em proteção de plantas para o manejo
de nematoides.
AGRADECIMENTOS
À Fatec Pompeia, por ter me possibilitado desenvolver este estudo.
Ao professor orientador Carlos Eduardo de Mendonça Otoboni, pelos valiosos
ensinamentos.
Ao Técnico em Laboratório Rafael de Andrade Silva, pela colaboração na parte prática
do trabalho e nos conhecimentos específicos de laboratório de Nematologia.
À Fundação Shunji Nishimura de Tecnologia, pelo fornecimento de seu campo
experimental e suas instalações para realização deste projeto.
A todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para a realização desta pesquisa.
A Deus.
REFERÊNCIAS
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catarina com ênfase na região oeste catarinense a partir da década de 90. Santa Catarina,
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de Meloidogyne incognita. Campinas, 1987.
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milho a Pratylenchus spp. São Paulo 1987.
119
EFEITOS DE MÉTODOS DE APLICAÇÃO DO INOCULANTE AZOSPIRILLUM
BRASILENSE SOBRE O ACUMULO DE NITROGÊNIO E PRODUTIVIDADE DO
MILHO SAFRINHA.
Luis Eduardo Rissato Zamariolli¹, Mario Antonio Kiratz Galvão²
¹Eng. Agrônomo, Docente, FATEC Shunji Nishimura, Pompéia - SP, Fone: (14) 3452-1294, [email protected]
²Discente do curso de Tecnologia em mecanização em agricultura de precisão, FATEC Shunji Nishimura, Pompéia - SP
RESUMO: Várias tecnologias tem sido testadas no milho com o objetivo de obter maior
economia e maior eficiência na utilização do nitrogênio mineral, sendo que a inoculação com
bactérias do gênero Azospirlilum tem-se mostrado uma técnica bastante promissora. O
inoculante misturado à semente tem como desvantagem o risco de mortalidade das bactérias
pelo contato com fungicidas e inseticidas. Uma alternativa é a aplicação do inoculante
diretamente no sulco de plantio. Em experimento de campo, sob condições de plantio direto
em um Latossolo vermelho, no município de Mamborê- PR, foi avaliado para o milho
safrinha os efeitos da inoculação sobre o acúmulo de nitrogênio na planta e a produtividade.
Os tratamentos consistiram em ausência de inoculação, inoculação na semente e inoculação
no sulco de plantio, com aplicação de adubação nitrogenada variando em 30 e 90 kg ha-1 na
cobertura, num total de 6 tratamentos com 4 repetições em delineamento em blocos
casualisados. A inoculação na semente e no sulco proporcionou aumento no conteúdo de
nitrogênio na planta aos 35 DAE e aos 145 DAE e na produtividade, não ocorrendo aumento
no conteúdo de nitrogênio nos grãos. Não houve diferença significativa entre as formas de
aplicação do inoculante em nenhum parâmetro avaliado.
PALAVRAS-CHAVE: Inoculação no sulco, Inoculação na semente, Zea mays L.
EFFECTS OF METHODS OF APPLICATION OF INOCULANT AZOSPIRILLUM
BRASILENSE NITROGEN ACCUMULATION OVER AND PRODUCTIVITY
WINTER CORN.
ABSTRACT: Several technologies have been tested on corn in order to achieve greater
economy and efficiency in the use of mineral nitrogen, and inoculation with bacteria genus
Azospirlilum has shown a very promising technique. The mixed inoculant to the seed has the
disadvantage mortality risk of bacteria by contact with fungicides and insecticides. An
alternative is to apply the inoculant at directly furrow planting. In a field experiment, under
no-tillage in a clayey red, in the municipality of Mamborê - PR, was evaluated for the effects
of winter maize inoculation on nitrogen accumulation and productivity in the plant. The
treatments in the absence of inoculation, the inoculation and seed inoculation at planting,
applying nitrogen fertilizer ranging in 30 to 90 kg/ha-1 in coverage for a total of 6 treatments
with 4 replications in a randomized block distribution. Inoculation in the seed furrow and
provided an increase in nitrogen content in the plant at 35 DAE and 145 DAE and
120
productivity, not increase occurring in the nitrogen content in grains. There was no significant
difference between the forms of application of inoculant in any parameter assessed.
KEYWORDS: Inoculation in the furrow, the seed inoculation, Zea mays L.
INTRODUÇÃO
O milho (Zea mays L.) é um dos mais importantes cereais cultivados e consumidos no
mundo devido ao seu potencial produtivo e seu valor nutritivo, podendo ser usado tanto na
alimentação humana como animal (FANCELLI, 2011). A área estimada pela CONAB (2011)
para o plantio de milho no Brasil é de aproximadamente 7,8 milhões de hectares para a
primeira safra e 5,7 milhões de hectares na safrinha, concentrando-se principalmente nos
estados do Sul, Sudeste e Centro-oeste, sendo o Paraná o estado com maior produção, seguido
por Mato Grosso, Minas Gerais e São Paulo, expandindo-se também pelos estados da Bahia,
Maranhão e Piauí (CONAB, 2011). Segundo Vitti et al. (2011) a produtividade média do
Brasil (4,4 t.ha-1) está muito abaixo do potencial produtivo atingido por bons produtores, por
volta de 10 a 12 t.ha-1, sendo que um dos principais fatores que contribui para isso é o uso
inadequado de fertilizantes e corretivos.
Entre os nutrientes exigidos pelo milho, o nitrogênio merece destaque especial, já que
sua deficiência pode afetar o rendimento em grãos entre 14 a 80%, além de diminuir o teor de
proteína nos grãos (FANCELLI, 2011). O nitrogênio é o nutriente mais exigido pelo milho,
sendo de fundamental importância a utilização de doses elevadas para obtenção de altas
produtividades, aumentando bastante os custos de produção. Segundo Raiji e Cantarella
(1997) são necessários 16 kg de nitrogênio para produzir uma tonelada de grãos de milho.
Várias tecnologias têm sido testadas com objetivo de obter maior economia ou aumento
na eficiência da utilização de nitrogênio mineral. No Brasil, a inoculação de sementes de soja
com Bradyrhizobium japonicum visando aumentar a eficiência da fixação biológica de
nitrogênio já se tornou uma prática consagrada entre os produtores. Atualmente, nota-se
claramente a possibilidade do uso da fixação biológica de nitrogênio para o milho, se não para
o suprimento total do elemento na cultura, mas ao menos para a redução da dose do
fertilizante. Entre as bactérias estudadas para a fixação biológica de nitrogênio para o milho,
destacam-se as do gênero Azospirillum, que formam um sistema associativo com o milho,
mas sem a complexidade da formação de nódulos. Embora o gênero Azospirillum seja
121
composto por sete espécies, a mais estudada para uso em inoculação é a Azospirillum
brasilense.
A inoculação das sementes de milho com Azospirillum brasilense tem por objetivo
estabelecer uma população vigorosa de bactérias na rizosfera das plantas. Esta associação
entre Azospirillum e milho, além de promover a fixação biológica de nitrogênio, reduzindo
assim o consumo de fertilizante nitrogenado, influencia também o sistema radicular das
plantas. A inoculação com bactérias aumenta o número de radícelas e o diâmetro das raízes
laterais e adventícias, provavelmente devido à produção de hormônios pelas bactérias,
melhorando assim a absorção de água e nutrientes (CAVALLET et al., 2000).
Segundo Didonet et al. (2000), para que a inoculação com bactérias do gênero
Azospirillum seja eficiente, estas deverão ter a capacidade de competir com as bactérias
diazotróficas nativas e com a microflora do solo.
Além da qualidade do inoculante, o
processo de inoculação é de fundamental importância para conseguir um número elevado de
bactérias viáveis. A inoculação pode ser feita usando inoculantes na forma sólida (turfa) ou
líquida, com o produto misturado à semente, no máximo 24 horas antes do plantio, sendo que
todo o processo deve ser feito na sombra, evitando temperaturas elevadas, já que se trata de
organismos vivos. A utilização de fungicidas e inseticidas no tratamento das sementes pode
causar elevada mortalidade das bactérias (ARAÚJO; ARAÚJO, 2006). Um método
alternativo de inoculação que vem sendo usado é a aplicação do inoculante no sulco de
plantio. Já existem equipamentos no mercado próprios para essa aplicação, sendo que a
principal vantagem desse método é a redução dos efeitos tóxicos do tratamento de sementes
com fungicidas e inseticidas sobre a população de bactérias fixadoras.
Objetivou-se com este trabalho fazer uma comparação dos métodos de inoculação
convencional (na qual o inoculante é misturado à semente antes do plantio) com a inoculação
no sulco (o inoculante é aplicado diretamente no sulco de plantio) e os efeitos no acumulo de
nitrogênio e na produtividade do milho safrinha.
122
MATERIAIS E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no período de março a agosto de 2012 (safrinha), na
propriedade agrícola Sitio Betel, localizado no município de Mamborê-PR, nas seguintes
coordenadas geográficas
24º19'08''S e 52º31'48''O, com altitude de 750 m. O solo foi
classificado como Latossolo Vermelho Escuro, cujas características químicas encontram-se na
Tabela 1.
TABELA 1. Características químicas da área do experimento.
pH
MO
CaCl2
g. dm-3
4,6
27
P
mg. dm-3
24
K
Ca
Mg
Al
H+Al
SB
T
--------------------------mmolc.dm-3-----------------------2,1
22
8
3
42
32
74
V
%
44
O delineamento experimental adotado foi o de blocos casualisados, com 6 tratamentos e
4 repetições (Tabela 2), totalizando 24 parcelas. As parcelas foram constituídas de cinco
linhas de milho espaçadas de 0,85m e 20m de comprimento, num total de 85m². Os efeitos da
inoculação da semente de milho com A. brasilense foi fundamentada na determinação do teor
de N na parte aérea e raízes e na produtividade do milho.
TABELA 2. Tratamentos utilizados no experimento.
Tratamentos
1º
2º
Nitrogênio 120kg ha-1 (30 kg ha-1 plantio + 90 kg ha-1 cobertura)
Nitrogênio 120kg ha-1 (30 kg ha-1 plantio + 90 kg ha-1 cobertura) + inoculante liquido no
tratamento da semente
3º
4º
5º
Nitrogênio 120kg ha-1 (30 kg ha-1 plantio + 90 kg ha-1 cobertura) + inoculante liquido no sulco de
plantio
Nitrogênio 60kg ha-1 (30 kg ha-1 plantio + 30 kg ha-1 cobertura)
Nitrogênio 60kg ha-1 (30 kg ha-1 plantio + 30 kg ha-1 cobertura) + inoculante liquido no
tratamento da semente
6º
Nitrogênio 60kg ha-1 (30 kg ha-1 plantio + 30 kg ha-1 cobertura) + inoculante liquido no sulco de
plantio
123
A semeadura foi realizada no dia 05 de março de 2012, no sistema de plantio direto
mecanizado. O hibrido de milho adotado foi o 2B587 da Dow Agrosciences, distribuindo-se
sete sementes por metro linear. Não foi feita calagem, pois o plantio foi feito imediatamente
após a colheita da cultura anterior e dessecação da área. A adubação de plantio foi a mesma
para todos os tratamentos (300 kg ha-1 da formulação 10-25-15, que resultou numa aplicação
de 30 kg de N ha-1). Os tratamentos receberam adubação nitrogenada de cobertura 35 dias
após a emergência, sendo que os tratamentos 1, 2 e 3 receberam a dose de 90kg de N ha-1 e os
tratamentos 4, 5 e 6 30 kg de N ha-1, utilizando-se como fonte de nitrogênio a uréia (45% N).
O inoculante utilizado foi o Masterfix Gramíneas, produto comercial da Stoller, com as
estirpes de Azospirillum brasilense. Os tratamentos com inoculação receberam a dosagem de
100 mL ha-1 conforme a recomendação do produto comercial. Na inoculação convencional, o
inoculante foi misturado à semente na véspera do plantio e na inoculação no sulco o
inoculante foi aplicado utilizando-se um pulverizador H3M KSP 250 litros acoplado a
plantadora.
O controle de plantas daninhas foi realizado com a aplicação de Glifosato aos 20 dias
após o plantio.
O conteúdo de nitrogênio na planta foi determinado aos 30 e 85 dias após a emergência
e na colheita. Foram retiradas amostras de plantas padrões de cada parcela e enviadas ao
laboratório, onde foi determinado o conteúdo de nitrogênio na parte aérea e raiz. Na colheita,
o nitrogênio foi determinado na parte aérea (colmo e folha) e nos grãos. O método usado no
laboratório foi o Kjeldahl (digestão sulfúrica e destilação por arraste de vapor na forma de
amônia (NH3) (MALAVOLTA et al., 1989).
A produtividade foi determinada na colheita, que se deu aos 145 dias após a
emergência. Utilizou-se 6 metros da linha central excluindo falhas e plantas juntas, tomandose o cuidado para que cada parcela tivesse o mesmo número de espigas colhidas. As espigas
colhidas de cada parcela foram debulhadas com uso de uma debulhadora de cereais à gasolina
e pesadas em uma balança digital. Em seguida, foi retirada uma amostra de grãos para
determinação da umidade. O rendimento de grãos foi expresso em kg ha-1 com umidade
corrigida para 13%.
Os dados obtidos foram submetidos à analise de variância e as médias comparadas pelo
teste de Tukey ao nível de 5 % de probabilidade, usando-se o programa estatístico Sisvar.
124
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Nos tratamentos com inoculante houve um aumento significativo no conteúdo de
nitrogênio da raiz e da parte aérea do milho aos 30 DAE, porém não houve diferença
significativa entre a inoculação na semente e no sulco (tabela 3). Reis et al. (2008) em
trabalho realizado com inoculação de milho com Azospirillum amazonense mostraram que a
inoculação proporcionou aumento no conteúdo de nitrogênio das raízes, estando de acordo
com Didonet et al. (1996) que afirmaram que a inoculação proporciona uma melhor absorção
pelas plantas do nitrogênio mineral disponível e um maior desenvolvimento do sistema
radicular.
TABELA 3. Conteúdo de nitrogênio em (g kg-1), na raiz e na parte aérea do milho com 30
DAE.
N Raiz ( kg.g-1)
N Parte aérea ( kg.g-1)
Sem inoculante
9.32 b
18.11 b
Inoculante na semente
14.63 a
25.14 a
Inoculante no sulco
14.86 a
27.17 a
Média
12.93
23.47
CV (%)
DMS
24.23
1.04
20.25
4.79
Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo Teste de Tukey a 5% de probabilidade.
Aos 85 DAE houve diferença significativa no acumulo de nitrogênio na raiz entre os
tratamentos com e sem inoculação e entre as doses de nitrogênio aplicadas em cobertura,
sendo que os tratamentos com inoculação e que receberam as maiores doses apresentaram um
maior conteúdo de nitrogênio. Não houve diferença significativa entre as formas de
inoculação (tabela 4). Já no acúmulo de nitrogênio na parte aérea (tabela 5), não houve
diferença significativa entre os tratamentos. Segundo Machado et al. (1998) a adubação
nitrogenada em cobertura, em associação com inoculante, pode até reduzir o teor de
nitrogênio foliar devido
a inibição da atividade da bactéria pelo nitrogênio mineral
presente no que concordaram Lana et al. (2010).
125
TABELA 4. Conteúdo Nitrogênio em (g kg-1) na raiz com 85 DAE.
Adubação 30/30
Adubação 30/90
Média
CV (%)
Sem inoculante
4.10
4.35
4.22 b
4.19
Inoculante na semente
4.80
5.57
5.19 a
10.45
Inoculante no sulco
4.96
6.75
5.86 a
21.68
Média
4.62 B
5.56 A
CV (%)
9.96
21.67
Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo Teste de Tukey a 5% de probabilidade. DMS 1.01
TABELA 5. Conteúdo de nitrogênio em (g kg-1) na parte aérea com 85 DAE
Adubação 30/30
Adubação 30/90
Média
CV (%)
Sem inoculante
Inoculante na semente
14.97
15.12
14.95
16.92
14.96 a
16.02 a
0.12
7.92
Inoculante no sulco
17.13
17.47
17.30 a
1.37
15.74 A
7.65
16.44 A
8.06
Média
CV (%)
Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo Teste de Tukey a 5% de probabilidade. DMS 3.02
Quanto ao conteúdo de nitrogênio na parte aérea (colmo e folhas) por ocasião da
colheita (145 DAE) houve diferença significativa entre os tratamentos, sendo que os
tratamentos com inoculante apresentaram um maior conteúdo de nitrogênio, não havendo,
porém, diferença significativa quanto a forma de inoculação e a dose de nitrogênio aplicada
(tabela 6). Didonet et al. (2000) em trabalho realizado com trigo concluíram que a inoculação,
apesar de não aumentar o rendimento dos grãos proporcionou um melhor aproveitamento do
nitrogênio acumulado na biomassa. Para o acúmulo de nitrogênio nos grãos, não houve
diferença significativa entre os tratamentos (tabela 7), estando de acordo com Dalla Santa et
al. (2004) que mostraram que não houve aumento no teor de nitrogênio nos grãos de trigo,
aveia e cevada nos tratamentos submetidos à inoculação.
126
TABELA 6. Conteúdo de nitrogênio em (g kg-1) nos colmos e folhas com 145 DAE
Adubação 30/30
Adubação 30/90
Média
CV (%)
Sem inoculante
8.74
7.85
8.30 b
7.55
Inoculante na semente
9.62
10.97
10.29 a
9.27
Inoculante no sulco
9.78
10.78
10.28 a
6.89
Média
9.38 A
9.87 A
CV (%)
5.96
17.70
Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo Teste de Tukey a 5% de probabilidade. DMS 1.76
TABELA 7. Conteúdo de nitrogênio em (g kg-1) nos grãos com 145 DAE .
Adubação 30/30
Adubação 30/90
Média
CV (%)
Sem inoculante
16.58
16.42
16.50 a
0.65
Inoculante na semente
16.58
16.48
16.53 a
0.40
Inoculante no sulco
16.78
17.38
17.08 a
2.47
Média
16.64 A
16.76 A
CV (%)
0.71
3.19
Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo Teste de Tukey a 5% de probabilidade. DMS 1.77
Quanto a produtividade, a tabela 8 mostra que houve diferença significativa entre os
tratamentos, tanto na inoculação como nas doses de nitrogênio aplicadas na cobertura, sendo
que os tratamentos com aplicação de inoculante e que receberam doses maiores de nitrogênio
obtiveram as maiores produtividades. Cavallet et al. (2000) trabalharam com milho em
condições de plantio direto e mostraram que a inoculação das sementes com Azospirillum
proporcionou um aumento de 17 % na produtividade, assim como Novakowiski et al. (2011).
Lana et al. (2010) obtiveram aumentos na produtividade de 15,4% para uma safra e 7,4% para
outra, porém, na segunda, a adubação de cobertura em associação com a inoculação reduziu a
produtividade. Já Campos, Theisen e Gnatta (2000) não obtiveram aumento na produtividade
para a cultura do milho com a aplicação de inoculante. Para os métodos de inoculação não
houve diferença significativa entre os tratamentos, apesar de a inoculação no sulco
proporcionar um aumento de 4,5 % na produtividade em relação à inoculação na semente,
estando de acordo com Vieira Neto et al. (2008), que mostraram que não houve diferença
127
significativa na nodulação da soja para o inoculante aplicado na semente ou no sulco de
plantio.
TABELA 8. Produtividade em kg/ha-1 nos diferentes tratamentos
CV
Adubação 30/30
Adubação 30/90
Média
Sem inoculante
6355.86
6455.17
6405.52 b
1.10
Inoculante na semente
6634.02
7340.00
6987.01 a
7.14
Inoculante no sulco
7013.79
7596.33
7305.06 a
5.64
Média
6667.89 B
7130.50 A
CV (%)
4.95
8.40
(%)
Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo Teste de Tukey a 5% de probabilidade. DMS 485.43
CONCLUSÃO
A inoculação da semente de milho com o produto comercial Masterfix Gramíneas, á
base de Azospirillum brasilense causou aumento significativo no conteúdo de nitrogênio na
raiz e parte aérea e na produtividade, porém não houve aumento no conteúdo de nitrogênio
nos grãos.
Não houve diferença significativa entre as formas de aplicação do inoculante, porém a
inoculação no sulco de plantio proporcionou um aumento de 14 % na produtividade em
relação aos tratamentos sem inoculação, 5 % superior aos tratamentos que receberam a
inoculação na semente.
REFERÊNCIAS
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sementes de feijão tratadas com fungicidas. Ciência Rural, Santa Maria, vol.36, n.3, p. 973976, 2006.
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plantas: Princípios e aplicações. Piracicaba, POTAFOS, 1989, 201p.
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REIS JUNIOR, F.B.dos et al . Inoculação de Azospirillum amazonense em dois genótipos de
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Piracicaba: USP/ESALQ/LPV, 2011, p. 147-166.
130
COMPARATIVO ENTRE OS SISTEMAS WAAS/EGNOS ATIVADO E
DESATIVADO NA REGIÃO DE POMPEIA – SP
Augusto R. Graciano¹, Ana Carolina de O. Vale²,Danylo Douglas P. do Carmo²,Julian
Scanavacca²,José V. Salvi³.
¹Discente do 6º termo do curso Tecnologia em Mecanização em Agricultura de Precisão da Faculdade de Tecnologia Shunji
Nishimura de Pompéia - SP, Fone: (14) 9705-9194, [email protected]
²Discentes do 6º termo do curso Tecnologia em Mecanização em Agricultura de Precisão da Faculdade de Tecnologia Shunji
Nishimura de Pompéia – SP
³Eng. Agrônomo, Mestre, Professor Assistente, FATEC Pompéia, Pompéia – SP
RESUMO: O objetivo do estudo foi determinar os efeitos positivos e/ou negativos do uso do
sistema WADGPS WAAS/EGNOS na determinação da posição e altitude em receptores GPS
Garmin eTrex Vista na região de Pompeia-SP. O ensaio foi realizado no marco geodésico da
Fundação Shunji Nishimura de Tecnologia, com dois receptores e taxa de repetição de um
ponto a cada cinco segundos. Os dados coletados foram analisados, comparados e
interpretados. Foi observado que o sistema de correção WADGPS WAAS/EGNOS, apesar de
ter sido criado para o território dos EUA/Europa, neste estudo teve efeitos positivos na
determinação da posição do marco e efeitos negativos na determinação da altitude quando
avaliados na região de Pompeia-SP.
PALAVRAS CHAVE – GPS, Correção diferencial, Índice de Acurácia
COMPARISON BETWEEN SYSTEMS WAAS/EGNOS ACTIVATED AND
DEACTIVATE IN THE REGION OF POMPÉIA - SP
ABSTRACT: The purpose of this study was determine the positive and /or negative effects
of the use of the WADGPS WAAS / EGNOS system on the determination of positioning and
altitude in GPS Garmin eTrex Vista in the Pompeia-SP. The test was performed in geodesic
mark of the Foundation Shunji Nishimura Technology, with two receivers and a repetition
rate of one point on every five seconds. Then, the data collected were analyzed, compared and
interpreted. It was observed that the WAAS correction system WADGPS / EGNOS, despite
having been created for the territory of the USA / Europe, this study had positive effects in
determining the position in Mark and negative effects in determining the altitude when
evaluated in the region of Pompeia-SP.
KEYWORDS: GPS, Differential correction, Accuracy indices
131
INTRODUÇÃO
Com o melhoramento do sistema GNSS várias tecnologias e conceitos foram criados, e
o sistema passou a ser utilizado em diversos setores da economia, o setor agrícola aderiu á
tecnologia e desenvolveu diversas ferramentas que utilizam sistemas de GNSS, o uso de GPS
na agricultura possibilita uma abordagem localizada dos problemas dentro da propriedade
rural, possibilitando a gestão da variabilidade espacial.
Com o aumento dos estudos relacionados aos sistemas GNSS o conceito de
posicionamento sofreu algumas mudanças, uma delas foi a divisão em posicionamento
absoluto e posicionamento relativo. Entende-se por posicionamento absoluto quando as
coordenadas estão associadas diretamente ao geocentro, e relativo, quando as coordenadas são
determinadas com relação a um referencial materializado por um ou mais vértices com
coordenadas conhecidas (MONICO, 2008). No posicionamento absoluto, também
denominado posicionamento por ponto, onde se utiliza efemérides transmitidas, a posição do
ponto é determinada no referencial vinculado ao sistema que está sendo usado. No
posicionamento relativo, a posição de um ponto é determinada com relação à de outro, cujas
coordenadas são conhecidas. A coordenada do ponto conhecido deve ser referenciada ao
WGS84, ou em um sistema compatível com esse (SIRGAS 2000, ITRF 2000, ITRF 2005 ou
IGS 05). Pode se ainda usar, no contexto do posicionamento por satélite, o método
denominado DGPS (Differential GPS), muito empregado em navegação (MONICO, 2008).
O método DGPS foi desenvolvido para que fossem reduzidos os efeitos advindos da
disponibilidade seletiva (AS), implementada nos satélites GPS e desativada em 2000
(MONICO, 2008). O conceito de DGPS envolve o uso de um receptor estático em uma
estação com coordenadas conhecidas, rastreando todos os satélites visíveis. O processamento
dos dados nessa estação permite que se calculem as correções posicionais, bem como as
pseudodistâncias. Estando a estação base localizada nas proximidades da região de interesse,
há forte correlação entre os erros envolvidos na estação base e na móvel. Assim, se o usuário
receber tais correções, ele poderá corrigir suas posições ou as observações coletadas,
dependendo da estratégia adotada.
O sistema DGPS tinha algumas desvantagens e limitações, entre elas, alto custo,
necessidade de visibilidade do receptor que esteja utilizando o sinal de correção do DGPS e
degradação da qualidade do sinal de acordo com a distância, sendo assim foi desenvolvido o
WADGPS “Wide Area DGPS”, que é uma rede de estações base. O WADGPS foi
132
desenvolvido visando reduzir as deficiências inerentes ao DGPS, sem a necessidade de
estabelecer um grande número de estações. Enquanto o DGPS produz uma correção escalar
pra cada uma das pseudodistâncias, um sistema de WADGPS proporciona um vetor de
correções tridimensionais composto dos erros das efemérides e do relógio para cada satélite,
além dos parâmetros inerentes à refração ionosférica e troposférica. Na composição de um
sistema de WADGPS, faz parte pelo menos uma estação monitora, estações de referência e
sistema de comunicação (MONICO, 2000).
Na composição de um sistema de WADGPS, há pelo menos uma estação monitora,
estações de referência e sistema de comunicação. Cada estação de referência é equipada com
oscilador e receptor GNSS (GPS) de alta qualidade (dupla frequência). As medidas coletadas
em cada estação são enviadas para estação monitora, a qual estima e analisa as componentes
do vetor de correções, o vetor de correção é transmitido a um ou mais satélites
geoestacionário, que retransmite esse vetor de correção para toda a área de abrangência do
sistema (MONICO,2008).Vários sistemas WADGPS estão sendo desenvolvidos pelo mundo,
entre eles se destacam o WAAS (Wide Area Augmentation System) e o EGNOS (European
GPS Navigation Overlay System).
Sendo assim, o presente trabalho tem o objetivo de comparar e observar se o sinal
WADGPS referente ao WAAS e EGNOS tem efeitos positivos ou negativos no
posicionamento na região de Pompéia – SP.
MATERIAL E MÉTODOS
Na primeira etapa, o local escolhido para realização do ensaio foi o marco geodésico
localizado no campus da Fundação Shunji Nishimura de Tecnologia em Pompeia-SP, a
mesma consistiu na coleta dos pontos a serem comparados, foram utilizados dois receptores
GPS marca Garmin eTrex Vista HCX posicionados um em frente ao outro em sentido nortesul sobre o marco geodésico de coordenadas (Tabela 1), a taxa de coleta dos pontos foi de um
ponto a cada cinco segundos, sendo que um receptor estava utilizando o sistema WADGPS
WAAS/ EGNOS ativado e o outro desativado (Figura 1).
A coleta de pontos foi realizada em dois dias diferentes, no dia 04/10/11 e 06/10/11 no
período entre 09h15min até 21h00min sem interrupção. Os receptores usados foram os
133
mesmos nos dois dias, ficaram na mesma posição, sendo que o receptor no sentido norte-sul
estava com o sistema WADGPS ativado e será citado como receptor 1 , o receptor no sentido
sul-norte estava com o sistema normal, ou seja, posicionamento absoluto e será citado como
receptor 2.
TABELA 1. Coordenadas do marco geodésico em metros
E (x)
N (y)
582924,801 7554665,183
FIGURA 1. Foto referente ao posicionamento dos receptores GPS no marco geodésico.
Nas variáveis amostradas pelo receptor com sistema WADGPS não é possível
determinar com qual sistema ele esta operando, isto é, se o sinal recebido é proveniente do
sistema WAAS ou sistema EGNOS.
Na segunda fase o trabalho consistiu na análise e avaliação dos dados, de forma que
cada ponto tivesse seu posicionamento deslocado 0,02 metros, sendo os pontos do receptor 1
deslocados para o sul e os pontos do receptor 2 deslocados para o norte, para que o
posicionamento físico do receptor fosse realmente o mesmo do marco geodésico, e
consequentemente a avaliação poder ser feita com as coordenadas reais do marco geodésico
utilizado. Para isso foi utilizado o software de SIG marca GPS TrackMaker para extração dos
pontos do receptor para o computador e o Microsoft Excel que foi utilizado para fazer a
realocação em 0,02 metros de cada ponto e criação de tabelas com informações de desvio
padrão, CEP e gráficos.
134
A metodologia e os equipamentos utilizados possibilitaram a coleta de uma elevada
quantidade de dados, e essa elevada quantidade de dados refletiu em resultados bastante
confiáveis e coerentes. Para se analisar qual aparelho teve o melhor desempenho foi utilizada
a metodologia proposta por Capelli et al. (2004) sendo efetuados cálculos do Índice de
Acurácia (IA) e Índice de Precisão (σc). Além disso, foi realizada uma breve análise
estatística para determinar as médias dos erros e desvio padrão.
Primeiramente foi feito o cálculo de desvio padrão. Logo após foi feito o cálculo do
erro circular padrão, conforme equação 1:
(1)
em que,
σc – Erro circular padrão;
σx – Desvio padrão do valor da coordenada Este;
σy – Desvio padrão do valor da coordenada Norte.
O melhor sistema, absoluto ou WAAS/EGNOS seria determinado a partir de quão perto
os pontos amostrados estavam do marco geodésico, e para determinar esse comportamento o
método primeiramente utilizado foi à determinação da média do desvio padrão das
coordenadas, o desvio padrão é a medida mais comum da dispersão estatística e define-se
como a raiz quadrada da variância. É uma medida da dispersão dos pontos, sendo assim,
quanto menor o resultado do desvio padrão, melhor os resultados. Sendo assim, podemos
calcular o CEP e o índice de acurácia, conforme equação 2 e 3:
(2)
(3)
em que,
= representa o valor médio dos pontos coletados
= representa o valor real do ponto estudado em Leste-Oeste
135
= representa o valor médio dos pontos coletados
= representa o valor real do ponto estudado em Norte - Sul
O segundo método utilizado para a interpretação dos dados foi o CEP, que é o erro
circular provável, o mesmo indica que se um limite com probabilidade de 50% dos pontos
coletados em um determinado período se encontrarem na área circular, que tenha o raio no
valor encontrado pela equação do CEP, sendo assim quanto menor o CEP menor a distância
de 50% dos pontos até o marco geodésico.
Outro método utilizado para determinação da precisão foi o Índice de Acurácia (IA),
onde é talvez a principal ferramenta para determinar qual o melhor receptor, quanto menor o
valor do índice de acurácia mais preciso é o ponto.
O receptor utilizado informa além de coordenadas a altitude, sendo assim a altitude é
mais um parâmetro avaliado. A altitude do marco geodésico é 607, 96 metros e para
determinação do melhor resultado utilizamos como parâmetros de avaliação a média de
altitude amostrada, a máxima altitude amostrada a mínima altitude amostrada (Tabela 3) e a
interpretação visual das figuras, que representa o comportamento dos dados amostrados
(Figuras 4 e 5).
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Observa-se na tabela 2 que, os resultados obtidos pelo receptor que coletava pontos com
correção pelo sistema WAAS/EGNOS mostrou resultados mais preciso, pois foi seu desvio
padrão de 2,24 no dia 04/09 e 2,37 no dia 06/09, mostrando que os pontos estiveram menos
dispersos. O receptor 2 teve um desempenho inferior, isto é, 2,42 no dia 04/09 e 2,58 no dia
06/09.
Nos resultados obtidos dia 04/09 tivemos diferenças no valor do CEP do receptor 1 em
relação ao receptor 2, o receptor 1 teve um CEP de 1,54 metros, enquanto o receptor 2 teve
um CEP de 3,91 metros, os resultados refletindo a superioridade da qualidade dos pontos
coletados pelo receptor 1 foi repetida no dia 06/09, onde, o receptor 1 obteve um CEP de
1,01 e o receptor 2 obteve CEP 4,27.
136
Quanto ao índice de acurácia, os resultados do receptor 1 foi em media 21,5 centímetros
mais próximo da coordenada real, se mostrando assim mais correto e vantajoso, 2,24 metros
e 2,37 metros foram os resultados do índice de acurácia do receptor no dia 04/09 e 06/09
respectivamente, enquanto o receptor 2 teve índices de acurácia no dia 04/09 de 2,42 metros e
no dia 06/09 de 2,58 metros.
TABELA 2. Valores obtidos com os receptores 1 e 2, referentes à coleta dos dia 04 e 06 de
setembro de 2011 na região de Pompeia-SP.
Erros (m)
IA (m)
Σc (m)
CEP (m)
4 de setembro
6 de setembro
Receptor 1
Receptor 2
Receptor 1
Receptor 2
2,24
2,74
1,54
2,42
2,85
3,91
2,37
2,79
1,01
2,58
3,03
4,27
Outra forma de interpretação dos dados é a interpretação do gráfico que retrata o
comportamento da nuvem de pontos dos dois receptores no mesmo dia, hora, e condições. A
observação do gráfico possibilita um entendimento da precisão de cada receptor, no dia
04/10/2011 o gráfico mostra que os pontos coletados pelo receptor 1 estiveram mais próximos
ao posicionamento real, e o resultado se repetindo no dia 06/10/2011, porém com menor
discrepância.
Esses foram os resultados que retratam a qualidade do posicionamento obtido,
mostrando em todos os parâmetros que o receptor 1 apresentou posicionamentos mais
próximos ao real, sendo assim mais preciso, diferentemente de Machado e Molin ,2011, onde
o uso do sistema de correção WADGPS WAAS/EGNOS na região de Piracicaba-SP não
causou melhora na acurácia do posicionamento e ainda causou a degradação por vezes do
posicionamento.
137
FIGURA 2. Valores obtidos dos pontos amostrados com os receptores 1 e 2, referente à coleta
do dia 04 de setembro de 2011 na região de Pompeia-SP.
FIGURA 3. Valores obtidos dos pontos amostrados com os receptores 1 e 2, referente à coleta
do dia 06 de setembro de 2011 na região de Pompeia-SP.
Os resultados obtidos quanto a altitude no primeiro e segundo dias ensaiados foram
bastante semelhantes, apresentando um melhor desempenho do receptor 2.
138
No primeiro dia amostrado o receptor 2 teve como média nas altitudes coletadas o valor
de 615,00 metros se aproximando mais do valor real de 607,96 metros que o receptor 1 que
teve o valor de 615,60, o resultado confirmando o melhor desempenho do receptor 2 se
repetiram no quesito máxima, onde o receptor 2 teve como altitude máxima coletada um valor
de 622,60 metros enquanto o receptor 1 obteve 624,00 metros, sendo assim a altitude máxima
coletada pelo receptor é mais próxima à altitude real do que o valor máximo coletado pelo
receptor 1, a altitude mínima coletada pelos dois receptores foram 606,70 pelo receptor 1 e
605,80 pelo receptor 2, sendo assim o receptor 1 teve melhor desempenho.
No segundo dia os resultados obtidos foram semelhantes, isto é, a altitude média do receptor 2
foi melhor, assim como a altitude máxima do receptor 2 foi melhor e a altitude mínima do
receptor 1 foi melhor.
TABELA 3. Valores obtidos da altitude com os receptores 1 e 2 , referentes as coletas dos
dias 04 e 06 de setembro de 2011.
ALTITUDE
MÉDIA (m)
MÁXIMO (m)
MÍNIMO (m)
4 de setembro
6 de setembro
Receptor 1
Receptor 2
Receptor 1
Receptor 2
615,60
624,00
606,70
615,00
622,60
605,80
615,30
624,00
606,70
614,10
621,10
601,40
As figuras abaixo (Figuras 4 e 5), mesmo sem informações precisas como análises de
estatística pode - se dizer que o receptor 2 teve um melhor desempenho em relação à altitude,
mantendo se sempre mais perto da altitude real.
O receptor 1 que contou com a correção WAAS/EGNOS teve um melhor desempenho
em relação ao posicionamento com o receptor 2, porém um pior desempenho em relação à
altitude.
139
FIGURA 4. Valores obtidos da altitude com os 1 e 2 , referente à coleta do dia 04 de setembro
de 2011.
FIGURA 5. Valores obtidos da altitude com os receptores 1 e 2, referentes a coleta do dia 06
de setembro de 2011.
140
CONCLUSÃO
Com base nos resultados apresentados a partir dos ensaios aqui descritos, a conclusão é
de que na região de Pompéia- SP o sistema de correção WADGPS WAAS/EGNOS obteve
melhor posicionamento, pois teve melhor acurácia em relação ao posicionamento absoluto,
porém a correção do sistema causa um efeito negativo na determinação da altitude.
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Revista brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, 2011, v.15, n.9, p.981–988, 2011.
MONICO, J.F.G. Posicionamento pelo GNSS – descrição, fundamentos e aplicações.
Editora UNESP, 2008. 480 p. (Série Engenharia).
MONICO, J.F.G. Posicionamento pelo NAVSTAR-GPS: Descrição, fundamentos e
aplicações. 1. Ed. São Paulo: UNESP, 2000.
141
COMPARATIVO DE DIFERENTES PONTAS DE PULVERIZAÇÃO PARA
APLICAÇÃO EM FAIXA UTILIZANDO MESA DE DISTRIBUIÇÃO
TRANSVERSAL
André Gustavo de Andrade1; Samir Elias Zaidan2; Claudio de Souza Pedra3.
1
Engenheiro Agrônomo, Doutor, Professor Assistente, FATEC "SHUNJI NISHIMURA", Pompéia - SP, Fone (14) 34052355. [email protected]
2
Engenheiro Agrônomo, Mestre, Máquinas Agrícolas Jacto S/A, Pompéia - SP, Fone (14) 3405-2355. [email protected].
3
Discente, FATEC "SHUNJI NISHIMURA", Pompéia - SP, Fone (12) 9727-0539, [email protected]
RESUMO: O objetivo do trabalho foi avaliar comparativamente a uniformidade de
distribuição volumétrica de pontas de pulverização hidráulicas de jato plano, para tal foram
utilizadas as pontas HYPRO HYPRO E80 - 04 – vermelha, como as pontas defletoras
HYPRO HYPRO 30DT - 02 – vermelha e a ponta ALBUZ ALBUZ MVI - 02 – vermelha
com inserto cerâmico. A determinação da uniformidade foi avaliada em função da pressão de
trabalho e da altura da barra porta-bicos em relação a uma mesa de ensaio em ambiente
monitorado de temperatura e umidade. Nesta situação foi determinada a vazão, o perfil de
distribuição individual e o coeficiente de variação (CV%) da distribuição volumétrica
superficial conjunta das pontas. Conclui-se que as pontas de jato plano defletor apresentaram
níveis de uniformidade de distribuição diferentes, e que a vazão nominal das mesmas não
influenciou o seu desempenho. A ponta de jato plano HYPRO HYPRO E80 - 02 - vermelha
apresentou grande variação da uniformidade, devido a isto, seu uso não seria recomendado a
distancia de 0,40 m de altura do alvo, nas pressões de 200, 300 e 400 kPa.
PALAVRAS-CHAVE: Distribuição volumétrica, Ponta de pulverização.
COMPARATIVE OF DIFFERENT SPRAY NOZZLES FOR RANGE APPLICATION
USING A TRANSVERSAL SPRAY PATTERN OF DISTRIBUTION OF SPRAY TIPS
FOR USE IN RANGE.
ABSTRACT: The objective of this study was determine the uniformity distribution of
volumetric hydraulic jet plane spray nozzles, was used for the experiment the cap HYPRO
HYPRO E80 - 04 - red and the cap HYPRO HYPRO 30DT - 02 - red and the cap ALBUZ
ALBUZ MVI - 04 - red ceramic body, the uniformity determination was a function of
pressure and the height of the bar-port nozzles relative to a test bench. On environment
controlled of temperature and humidity, was determined the flow rate, the distribution profile
and variation coefficient. The volumetric distribution profile was affected by pressure and by
target distance. The plane jet deflector tip showed different levels of distribution uniformity.
142
The nominal flow did not affect its performance. The flat jet nozzles HYPRO HYPRO E80 04 - red showed large uniformity variations, and its use is not recommended at distance of
0.40 m from large, due is low distribution uniformity at pressures of 200, 300 and 400 kPa.
KEYWORDS: Volumetric distribution, Spray tip.
INTRODUÇÃO
O conhecimento das características das pontas de pulverização hidráulicas torna
possível a aplicação de insumos agrícolas minimizando suas perdas dos mesmos. De acordo
com (Graham-Bryce, 1977), 80% do produto aplicado alcança o solo e menos de 1% do
produto pulverizado chega até o alvo, justificando o motivo para o estudo das características
do padrão de distribuição das pontas de pulverização hidráulicas.
A uniformidade do jato é um importante atributo para a adequada distribuição do insumo na
área-alvo, aumentando desta forma a sua eficiência. É importante ressaltar que as pontas de
pulverização de jato plano devem ser instaladas de modo que o jato aspergido forme ângulo fixo
de 06 a 10º em relação à barra, para evitar o choque entre jatos de calda adjacentes, o que
comprometeria sua uniformidade de deposição (Ferreira et. al., 2007).
A ponta de pulverização é o componente responsável pela emissão das gotas e, por isso,
considerado a parte mais importante do equipamento pulverizador, é ela que determina
diversos fatores relacionados à qualidade da aplicação, entre eles vazão e a uniformidade de
distribuição do liquido, os quais devem apresentar a menor variação possível ao longo da
barra, (Bauer; Raetano, 2004).
Cunha e Ruas (2006a) relata que na maioria das vezes, durante o controle químico de
pragas, doenças e plantas daninhas, dá se muita importância ao produto fitossanitário e pouca
atenção à técnica de aplicação. A consequência é a perda de eficácia, e até o fracasso total do
tratamento. Superdosagens ou subdosagens levam à perda de rentabilidade dos cultivos e a
danos ao ambiente e à própria saúde humana.
Hoje é possível encontrar no mercado uma enorme variedade de pontas de pulverização
hidráulicas, estas são oferecidas para as mais diversas aplicações, porem deve-se conhecer de
fato suas especificações para definir o seu uso. De modo a propiciar maior eficácia na
aplicação do produto recomenda-se o conhecimento de seu padrão de distribuição
volumétrica. Segundo Ferreira et. al.(2009), o controle químico constitui-se no principal
143
método de controle das plantas daninhas e para que haja sucesso, é preciso atingir o alvo, e
obter cobertura adequada da superfície pelo produto. Para isso, torna-se necessário conhecer
as características de deposição proporcionadas pelo equipamento, produto e forma de
aplicação.
Entre as diferentes técnicas de aplicação de agrotóxicos, as que se baseiam na
pulverização hidráulica são as mais difundidas, graças à sua flexibilidade em diferentes
situações. Nesses equipamentos, as pontas de pulverização são componentes fundamentais,
pois influenciam diretamente na qualidade e na segurança da aplicação. A seleção das pontas
é um dos fatores mais importantes para uma aplicação eficiente e de qualidade, permitindo o
controle preciso da vazão, porcentagem de cobertura e da distribuição da calda sobre o alvo
(Fernandes et. al., 2007).
Uma cobertura homogênea na pulverização pressupõe uma distribuição uniforme de
líquidos, caracterizados por baixos coeficientes de variação da distribuição volumétrica
superficial, tanto no sentido longitudinal, como no transversal. Uma das formas de quantificar
a uniformidade de distribuição da pulverização é por meio da análise de deposição do produto
na área, expressa pelo coeficiente de variação (CV%). Quanto maior o coeficiente de
variação, maior a variação da distribuição e menor será a uniformidade da aplicação. Os
padrões adequados de CV% situam-se entre 10 e 15% (Cunha; Ruas, 2006b), sendo que
valores acima desse limite podem ser indicativos de pontas de pulverização desgastadas,
pontas diferentes na barra, espaçamento variando entre bicos ou má qualidade das pontas.
Na Europa, em ensaio de laboratório, para as pressões e alturas recomendadas pelos
fabricantes, o coeficiente de variação deve ser inferior a 7%, e para as demais pressões e
alturas, o coeficiente de variação não deve exceder 9% (Faqiri; Kishnan, 2001).
O presente trabalho teve por objetivo de avaliar o padrão de distribuição volumétrica de
pontas de pulverização hidráulicas de jato plano para aplicação em faixa.
144
MATERIAL E MÉTODOS
•
Material
O trabalho foi realizado no laboratório de ensaios de pontas de pulverização no centro
de pesquisa e desenvolvimento Dr. Sérgio Sartori, unidade de pesquisa da empresa Maquinas
Agrícolas Jacto S/A, no município de Pompéia, SP. Utilizou para as coletas do liquido
pulverizado uma mesa de canaletas normalizada. Estas canaletas são espaçadas a 0,25 m e
possuem 2,25 m de largura, com 90 provetas de 0,25 L de capacidade. Nesta mesa foram
coletados os dados da relação de pressão e altura das pontas. Utilizadas para determinação da
distribuição volumétrica das pontas de pulverização hidráulicas, assim como para obter os
resultados referentes ao ângulo e simetria do angulo.
O laboratório utilizado apresenta controle de temperatura, umidade relativa do ar e
corrente de deslocamento do ar podem ser controladas, sendo assim o mesmo oferece
condições para que os testes sejam realizados sem interferência do meio ambiente como
preconizado na norma ISO-(International Organization for Standardization)- 5682-1/1996. A
pressão exercida é vinda de uma bomba de pistões JP42 que tem a capacidade de bombear um
volume de água na ordem de 42 L.min-1 tendo em seu circuito uma câmera de compensação
para evitar variações no volume e, consequentemente, na pressão que pode chegar a 4500 kPa.
Figura 01
145
FIGURA 01. Mesa de distribuição de canaletas normalizadas.
Autor: Claudio de Souza Pedra (Pompéia – SP – 2012)
A medição de vazão das pontas foi realizada utilizando-se de uma bancada de coleta
para aferição da vazão nominal das pontas de pulverização hidráulicas e é utilizada também
para aferição da vazão em relação à variação de pressão. Figura 02.
FIGURA 02. Mesa para aferição da vazão nominal.
Autor: Claudio de Souza Pedra (Pompéia – SP – 2012).
146
Uma proveta graduada de plástico com capacidade volumétrica máxima de 2 L e
capacidade volumétrica mínima de 0,170 L com resolução de 0,010 L, esta proveta foi
utilizada para coletar o volume de água de cada ponta no tempo de 60 s, podendo assim ser
mensurado, por densidade, a vazão volumétrica de cada uma das pontas.
Para aferição do tempo de coleta e o respectivo volume foram utilizados um cronometro
digital marca mondaine, com precisão de 0,001 s, e uma balança digital marca Filizola
modelo MF, capacidade máxima de carga de 6 kg e com capacidade mínima de carga de
0,025 kg com precisão de 0,001 kg.
Neste estudo foram testadas três pontas de jato plano utilizadas na pulverização em
faixa, sendo as pontas da Hypro modelos HYPRO E80 - 04 e HYPRO 30DT - 02 e a ponta
Albuz modelo ALBUZ MVI – 04. A identificação da vazão é feita pelo código de cores,
padrão ISO 10625/2007. O modelo utilizado foi o HYPRO E80 - 04 – vermelho com vazão
nominal de 1,60 L.min-1, sendo a pressão de trabalho recomendada pelo fabricante entre 200 a
400 kPa o ângulo de seu jato de aplicação é de 80°. Esta é um modelo recomendado para
utilização na aplicação de herbicidas incorporados ao solo, herbicidas pré-emergente e para
herbicidas pós-emergente, para fungicidas de contato e para fungicida sistêmico e inseticidas
de contato e inseticidas sistêmicos, também pode ser utilizado para aplicação de fertilizantes
líquidos. Estas pontas de pulverização hidráulicas podem ser encontradas nas mais diversas
vazões e uma ampla diversidade de aplicações isto faz que ela possa ser usada para inúmeras
aplicações e com a variedade de vazão que ela é encontrada aumenta a possibilidade de uso
das mesmas.
O quadro 01 mostra as pontas HYPRO E80 – 04, HYPRO 30DT - 02 e a ponta ALBUZ
MVI - 04, podem ser observadas a forma que cada uma das pontas foi construída com um
destaque para a ponta ALBUZ MVI - 04, esta possui o corpo plástico e o inserto central
cerâmica, neste quadro pode ser visto que as pontas HYPRO 30DT - 02 e a ponta ALBUZ
MVI – 04 são pontas defletoras, também as principais características de uso de cada ponta é
ressaltada.
147
QUADRO 01. ponta HYPRO E80 – 04, ponta HYPRO 30DT - 02 e ponta ALBUZ MVI – 04.
Pontas
Características
Pressões
(bar)
Foto
A ponta de pulverização de jato
plano uniforme “E” foi desenvolvida
HYPRO
E80 – 04
para aplicações de herbicidas pré e
pós-emergentes e fungicidas. A
2, 3, 4 e 5
ponta “E” é especialmente adaptada
para a aplicação da maioria dos
produtos em pulverizadores.
A ponta Deflec Tip produz um jato
uniforme de grande ângulo (80º a
145º) tornando-se ideal para
aplicações de herbicidas pré e pósHYPRO
30DT – 02
emergentes. Quando selecionada
1, 1.5, 2,
para produzir gotas médias, a Deflec
2.5, 3 e 4
Tip também é boa para aplicação de
fungicidas em cereais. Podem
também ser usadas em
pulverizadores costais.
Para todo tipo de tratamento,
produtos sistêmicos e de contato,
inclusive fertilizantes líquidos, atinge
ALBUZ
ângulo entre 130º a 160º com gotas
MVI - 04
grossas por ser de indução a ar, tem
distribuição uniforme.
1.5, 2,
2.5, 3,
3.5 e 4
As pontas de pulverização hidráulica Hypro modelo HYPRO E80 - 04 são construídas
em polyacetal durável, com jato plano uniforme e a ponta de pulverização hidráulica HYPRO
30DT - 02 é construídas em polyacetal duro e resistente, com jato uniforme de grande ângulo,
148
segundo catalogo do fabricante. Esta é uma ponta do tipo defletora, que pode ser usada na
aplicação em faixa, a identificação da vazão é feita pelo código de cores, padrão ISO.
Segundo o fabricante esta são pontas de pulverização hidráulica excelente na aplicação de
herbicida para incorporação no solo e para herbicida pré-emergente, não recomendado para
aplicação de herbicida pós-emergente de contato e bom para aplicação de herbicida pósemergente sistêmico, não é recomendado para aplicação de fungicida de contato e é bom para
aplicação de fungicida sistêmico, também pode ser utilizado para aplicação de fertilizantes
líquidos.
Albuz ALBUZ MVI, construído em corpo de plástico e inserto de cerâmica com
indução de ar, identificação da vazão pelo código de cores, padrão ISO. Recomendado para
todo tipo de tratamento com herbicida, fungicida, inseticida e fertilizante líquidos, trabalha
com ângulos elevados de até 160°, às pontas com indução de ar, Venturi, depositam gotas
grandes, porem estas gotas se rompem ao tocar o alvo, isto faz com que haja baixa deriva do
produto aplicado.
•
Métodos.
Para determinar a uniformidade de vazão das pontas, segundo norma ISO5682-1/1996,
de um lote de 100 pontas de pulverização do mesmo modelo e vazão, devem-se retirar de
forma aleatória 20 pontas, estas serão numeradas e submetidas aos testes e o restante
constituirá a contra prova e devem ser guardadas no laboratório para controle. Devem ser
anotados todos os dados técnicos da ponta, além das informações sobre local de amostragem,
número do lote, etc. para o teste deve ser usada água limpa e livre de sólidos em suspensão.
Mede-se em cada amostra, o volume pulverizado na pressão de trabalho de 300 kPa (
aproximadamente 45 psi), sendo o erro de medida de pressão inferior a 1%. A medida do
tempo deve ser efetuada em período igual ou superior a 60 segundos com um relógio com
erro inferior a 1 segundo. A fim de se garantir a aprovação, o CV% entre as 20 amostras deve
ser igual ou inferior a 5%, considerando como reprovados valores acima desse limite. O teste
de variação da vazão de acordo com a pressão é realizado nas pontas cuja vazão seja próxima
a vazão media determinada pelo teste de uniformidade de vazão. Para estes testes foi utilizada
a mesa de coleta para aferição da vazão nominal das pontas hidráulicas de pulverização,
quadro 01. O método de aferição da vazão foi gravimétrico, conforme proposto por Zaidan
(2012), onde o volume de líquido pulverizado em sessenta segundos e posteriormente
submetendo esse volume a pesagem por meio de balança de precisão com erro nominal de
0.001 kg. O método gravimétrico apresenta maior acurácia na determinação da vazão e a
149
transformação dos valores de massa para volume foi efetuado considerando-se o valor da
massa específica da massa da água pura (1 kg L-1) conforme é mostrado na Equação 01.
=
(01)
Onde:
V= Volume
M= massa
Me= Massa específica da água.
Feita esta primeira coleta segue para mesa de aferição de vazão, faz-se a seleção das
pontas que serão usadas para as próximas coletas, seleciona três pontas, estas pontas devem
ser as que mais se aproximaram da sua vazão nominal, de posse das pontas faz-se novas
coletas, estas novas coletas foram feitas alterando as pressões, estas pressões devem ser as
indicadas pelo fabricante e para o nosso estudo foram usadas as pressões de 200, 250, 300 e
400 kPa para as pontas HYPRO E80 e para as pontas HYPRO 30DT as pressões que foram
utilizadas foram, 100, 200, 300 e 400 kPa, e para a ponta ALBUZ MVI foi feita a coletado
volume nas pressões de 100, 300, 1200 e 2500 kPa, pois a mesma permite que seja operada
em uma faixa maior de pressão devido a sua particularidade de ser uma ponta com indução de
ar e também seu material de construção ser cerâmico.
A recomendação do fabricante para aferição da vazão nominal das pontas de
pulverização é que sejam feitas a 300 kPa, porém foram feitas tomadas dos volumes em
outras pressões, 100, 200, 250, 400, 1200 e 2500 kPa, faz-se também o ajuste das novas
vazões em relação a cada uma as pressões e para isso utilizou-se a Equação 02.
=
√
√
(02)
Onde:
q1= Vazão 01.
q2= Vazão 02.
p1= Pressão 01.
p2= Pressão 02.
Sendo assim a posição de cada ponta na barra recebeu um tratamento. Os tratamentos
01, 02 e 03 foram aplicados nas pontas HYPRO 30DT – 02 e ALBUZ MVI – 04 e as posições
das pontas na barra foram nas alturas de 0,40, 0,50 e 0,60 m respectivamente e a pressão de
150
trabalho exercida foi de 100 kPa. Nos tratamentos 04, 05 e 06 foram aplicados nas pontas
HYPRO E80 – 04 e HYPRO 30DT – 02 as posições das pontas na barra foram nas alturas de
0,40, 0,50 e 0,60 m respectivamente e a pressão de trabalho exercida sobre foi de 200 kPa. Os
tratamentos 07, 08 e 09 foram aplicados na ponta HYPRO E80 – 04 e as posições da ponta na
barra foi de 0,40, 0,50 e 0,60 m e a pressão de trabalho exercida sobre ela foi de 250 kPa. Os
tratamentos 10, 11 e 12 foram aplicados nas pontas HYPRO E80 – 04, HYPRO 30DT – 04 e
na ponta ALBUZ MVI – 04, e as posições das pontas na barra foram de 0,40, 0,50 e 0,60 m
respectivamente e a pressão de trabalho exercida sobre elas foi de 300 kPa. Os tratamentos 13,
14 e 15 foram aplicados HYPRO E80 – 04 e HYPRO 30DT – 02, e as posições das pontas na
barra foram de 0,40, 0,50 e 0,60 m respectivamente e a pressão de trabalho exercida sobre
elas foi de 400 kPa. Os tratamentos 16, 17, 18, 19, 20 e 21 foram aplicados na ponta ALBUZ
MVI – 04 e as posições da ponta na barra foram 0,40, 0,50 e 0,60 m e as pressões de trabalho
exercida sobre ela foram de 1200 e 2500 kPa. Observa-se que todas as pontas foram
submetidas a pressão de 300 kPa, pois esta é a pressão recomendada para trabalho segundo a
norma ISO-5682-1/1996 para todas as pontas hidráulicas de pulverização e também nos serve
de parâmetros quando queremos fazer uma comparação entre diferentes pontas porém com
mesma vazão. Termina a coleta quando a primeira proveta atingir pelo menos 90% de sua
capacidade.
A Tabela 01 mostra os tratamentos que foram aplicados nas pontas de pulverização
hidráulicas, refere-se à pressão e as alturas que cada uma destas pontas de pulverização
hidráulicas foi submetida, esta são as pressões e alturas recomendadas para testes em
laboratório.
151
TABELA 01. Tratamentos a serem aplicados nas pontas.
Tratamento
Pressão (kPa)
Altura (m)
01
100
0,40
02
100
0,50
03
100
0,60
04
200
0,40
05
200
0,50
06
200
0,60
07
250
0,40
08
250
0,50
09
250
0,60
10
300
0,40
11
300
0,50
12
300
0,60
13
400
0,40
14
400
0,50
15
400
0,60
16
1200
0,40
17
1200
0,50
18
1200
0,60
19
2500
0,40
20
2500
0,50
21
2500
0,60
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados obtidos na mesa de distribuição volumétrica e processados no programa
computacional Excel®, mostra o comportamento de cada uma das pontas aqui estudadas, e as
condições encontradas nos serve de parâmetro para escolha correta da ponta a ser utilizada
nas mais diversas aplicações, também se pode fazer um estudo mais refinado do ângulo e sua
simetria, sendo assim temos um bom estudo das características de cada uma das pontas em
relação ao CV%, que são mostradas na Tabela 02.
152
Também pode ser visto as diferenças encontradas nos CV%, em cada uma das pontas
foi observado um comportamento diferente do CV%, mais um motivo que se justifica o
estudo detalhado do comportamento dos valores encontrados na mesa de distribuição este
parâmetro reforça o estudo, o comportamento de cada ponta é único e deve ser avaliado como
tal.
Observou-se neste estudo a influência direta que as variações na altura e na pressão
exercem sobre o comportamento da distribuição em cada ponta. Estas variações podem ser
benéficas ou não para distribuição que se espera das pontas no campo quando usadas para
aplicação de caldas, onde a melhor distribuição pode depositar melhor o produto ativo que se
está usando alcançando uma melhor eficácia do produto quando o mesmo atinge o alvo, sendo
este a planta, no caso dos produtos sistêmicos ou a própria praga ali existente, fungos, bactéria
ou insetos. A Tabela 02 a relação de altura e pressão sendo apresentada a influência direta da
mesma no comportamento da distribuição em cada uma das pontas de pulverização hidráulica
deve se ter maior atenção para a faixa de pressão compreendida em 300 kPa onde todas as
pontas puderam ser avaliadas.
TABELA 02. Relação da pressão com a altura e seus respectivos CV%.
Pressão
Altura
HYPRO E80 -
HYPRO 30DT
ALBUZ MVI -
(kPa)
(m)
04 (CV%)
- 02 (CV%)
01
100
0,40
-
8,9
9,6
02
100
0,50
-
4,2
7,0
03
100
0,60
-
3,0
9,8
04
200
0,40
19,4
7,2
-
05
200
0,50
9,0
5,0
-
06
200
0,60
5,1
4,7
-
07
250
0,40
24,7
-
-
08
250
0,50
7,6
-
-
09
250
0,60
5,1
-
-
10
300
0,40
16,4
7,7
13,5
11
300
0,50
9,7
5,7
10,4
Tratamento
04
(CV%)
153
TABELA 02. Relação da pressão com a altura e seus respectivos CV%. Continua...
Pressão
Altura
HYPRO E80 -
HYPRO 30DT
ALBUZ MVI -
(kPa)
(m)
04 (CV%)
- 02 (CV%)
12
300
0,60
7,7
5,1
6,4
13
400
0,40
16,4
8,6
-
14
400
0,50
9,1
4,7
-
15
400
0,60
9,2
4,5
-
16
1200
0,40
-
-
14,2
17
1200
0,50
-
-
8,6
18
1200
0,60
-
-
6,5
19
2500
0,40
-
-
14,7
20
2500
0,50
-
-
9,4
21
2500
0,60
-
-
7,4
Tratamento
04
(CV%)
Na Tabela 02, pode ser visto que o CV% sofre alteração em função da relação entre
variação de altura e pressão e que esta variação é mais explicita na altura de 0,40 m, sendo
que para a ponta HYPRO E80 - 04 a esta altura todas as medidas ficaram com os valores de
CV acima de 10%.
No Figura 03, pode ser observado o coeficiente de variação a pressão a 200, 250, 300 e
400 kPa variando a altura em 0,40, 0,50, e 0,60 m, pode ser visto que na altura de 0,40 m o
CV está acima de 10%.
154
FIGURA 03. Coeficiente de variação da ponta hidráulica HYPRO E80 - 04 a pressão de 200,
250, 300 e 400 kPa.
30
Coeficiênte de Variação (%)
25
20
200 kPa
15
250 kPa
300 kPa
10
400 kPa
5
0
0,4
0,5
0,6
Altura (m)
Na Figura 04, vemos a distribuição volumétrica desta ponta e por ser usada na aplicação
em faixa esta distribuição na altura de 0,50 m e com a pressão em 300 kPa, que é a pressão
recomendada para a aferição da vazão volumétrica das pontas, o CV ficou abaixo de 10%.
FIGURA 04. Padrão de distribuição da ponta HYPRO E80 - 04 a 0,50 m de altura e a 300 kPa
de pressão.
300
Volume (mL)
250
200
150
100
50
0
32 33 34 3536 37 38 39 4041 42 43 44 4546 47 48 4950 51 52 53 5455 56 57 58 5960 61 62 6364 65
Número da Proveta
155
Na Figura 05, pode ser observado o coeficiente de variação com a variação de pressão e
altura, nota-se que o CV ficou abaixo de 10%.
FIGURA 05. Coeficiente de variação da ponta hidráulica HYPRO 30DT - 02 a pressão de
100, 200, 300 e 400 kPa.
10
Coeficiênte de Variação (%)
9
8
7
6
100 kPa
5
200 kPa
4
3
300 kPa
2
400 kPa
1
0
0,4
0,5
0,6
Altura (m)
Na Figura 06, temos o perfil da distribuição desta ponta, esta é uma ponta usada
também para aplicação em área total.
FIGURA 06. Padrão de distribuição da ponta HYPRO 30DT - 02 a 0,50 m de altura e a 300
kPa de pressão.
300
Volume (mL)
250
200
150
100
50
0
18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 42 44 46 48 50 52 54 56 58 60 62 64 66 68 70 72 74 76 78 80
Número da Proveta
156
Na Figura 07, o coeficiente de variação da ponta hidráulica ALBUZ MVI - 04 nas
alturas de 0.40, 0.50 e 0.60 m e nas pressões de 100, 300, 1200 e 2500 kPa, pode ser
observado que o CV ficou abaixo de 10% a 100 kPa indiferente da altura.
FIGURA 07. Coeficiente de variação da ponta ALBUZ MVI - 04 nas pressões de 100, 300,
1200 e 2500 kPa.
Coeficiênte de Variação (%)
16
14
12
10
100 kPa
8
300 kPa
6
1200 kPa
4
2500 kPa
2
0
0,4
0,5
0,6
Altura (m)
A Figura 08 mostra o padrão de distribuição da ponta de pulverização hidráulica
ALBUZ MVI - 04 a 0,50 m de altura e a 300 kPa de pressão.
FIGURA 08. Padrão de distribuição da ponta ALBUZ MVI - 04 a 0,50 m de altura na pressão
de 300 kPa.
250
Volume (mL)
200
150
100
50
0
26 28 30 32 34 36 38 40 42 44 46 48 50 52 54 56 58 60 62 64 66 68 70 72 74
Número da Proveta
157
CONCLUSÃO
Conclui-se que todas as pontas sofrem influencia direta da variação de altura e pressão,
sendo que a ponta de pulverização hidráulica HYPRO 30DT - 02 teve um desempenho
melhor que as demais, a ponta de pulverização hidráulica HYPRO E80 – 04, sofreu maior
influencia quando avaliada a altura de 0,40 m não sendo recomendada para uso nesta altura e
a ponta de pulverização hidráulica ALBUZ MVI – 04 mostrou que sendo utilizada a pressão
de 100 kPa pode ser utilizada m todas as altura estudadas.
REFERÊNCIAS
BAUER, F. C.; RAETANO, C. G. Distribuição volumétrica de calda produzidas pelas
pontas de pulverização XR, TP e TJ sob diferentes condições operacionais. Plantas
Daninhas, Viçosa-MG, v.22, n.2, p.275-284, 2004
CUNHA, J. P. A. R.; RUAS, R. A. A. Uniformidade de distribuição volumétrica de pontas
de pulverização de jato plano duplo com indução de ar. Pesquisa Agropecuária Tropical,
36(1): p. 61-66, 2006
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pattern displacement of RF5 and 110-5R nozzles. St. Joseph. ASAE. p.13, 2001
FERNANDES, A. P.; PARREIRA, R. S.; FERREIRA, M. C.; ROMANI, G. N.
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Engenharia Agrícola, Jaboticabal, v.27, n.2, p.471-478, Maio/Ago. 2007.
FERREIRA, M. C.; OLIVEIRA, J. R. G. DI ; DAL PIETRO, I. R. P. S. Distribuição da
calda herbicida por pontas de pulverização de pulverização agrícola utilizadas em áreas
158
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Abr/Jun. 2009.
GRAHAM-BRICE, I. J. Crop-protection: a consideration of effectiveness and
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ISO. International Organition for Standardization. 2005. Agricultural and Forest MachinesEquipament for crop protection- Sprayer nozzles- Colour coding for identification.
ISO. International Organization for Standardization. 1996. Equipment for crop protection Spraying equipment - Part 2: test methods for agricultural sprayers. ISO, Geneva. 5 p.
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ZAIDAN, S. E. Influencia de diferentes pontas de pulverização nas aplicações terrestres
em alta velocidade na cultura da soja (Glycine max). Dissertação (Mestrado) Escola
Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz", 2012.
159
ESTUDO COMPARATIVO EM MESA DE DISTRIBUIÇÃO DE PONTAS DE
PULVERIZAÇÃO PARA APLICAÇÃO EM ÁREA TOTAL
Alexandre de Moura Guimarães¹; Samir Elias Zaidan²; Hiago Antonio de Paula Ribeiro³;
Fabrício Maranho³
¹Eng. Agrônomo, Doutor, Professor, FATEC Pompéia, Pompéia – SP, Fone: (14) 3452-1294,
[email protected]
²Eng. Agrônomo, Mestre, Máquinas Agrícolas Jacto S/A, Pompéia – SP, Fone: (14) 3405-3500, Ramal: 6184,
[email protected]
³Discente, FATEC Pompeia, Pompeia – SP
RESUMO: O padrão de uniformidade de vazão é um parâmetro muito importante para a
seleção da ponta de pulverização adequada para cada aplicação de agrotóxico. Desta forma, o
presente trabalho teve como objetivo avaliar a uniformidade de vazão de três pontas de
pulverização hidráulicas de jato plano, com ângulo nominal de abertura de 110º com indução
de ar, da marca HYPRO, modelos GA110 - 02, LD110 - 02 e VP110 - 02 com as mesmas
vazões nominais, sob diferentes pressões de trabalho e altura em uma mesa de distribuição
transversal com canaletas normalizada. O coeficiente de variação foi influenciado pela
pressão de trabalho e altura da barra.
PALAVRAS–CHAVE: Vazão. Coeficiente de pulverização. Tecnologia de aplicação.
COMPARATIVE STUDY IN TABLE DISTRIBUTION OF SPRAY NOZZLES FOR
SPRAYING THE ENTIRE AREA
ABSTRACT: The standard uniform flow is an important parameter for the selection of the
appropriate spray tip for each application of pesticide. Thus, the present study aimed to
evaluate the uniformity of flow of three hydraulic spray nozzles jet plane, with nominal angle
of opening 110 of air induction, the brand HYPRO, models GA110 - 02, LD110 - 02 and
VP110 - 02 with the same nominal flows under different pressures and height in a table of
distribution channels with normalized cross. The coefficient of variation was influenced by
pressure and boom height.
KEYWORDS: Flow. Coefficient spray. Application technology.
160
INTRODUÇÃO
A grande parte das aplicações de agrotóxicos é feitas por meio de pulverização, ou seja,
pela geração e emissão de partículas líquidas. Por controlar pragas e ajudando positivamente o
aumento da produtividade das lavouras, os agrotóxicos fazem parte diretamente da produção
agrícola mundial (THEBALDI et al., 2009). Segundo OSIPE et al. (2010), para que o uso de
agrotóxicos ocorra de maneira segura, é preciso utilizá-los obedecendo às recomendações,
preservando o solo a água, a saúde humana e animal e combatendo as doenças, pragas e
plantas daninhas que prejudicam a produção agrícola sem prejudicar a qualidade do alimento
produzido. A eficiência da aplicação de agrotóxicos está diretamente associada à
uniformidade de aplicação da calda proporcionada pelas pontas de pulverização evitando
assim superdosagens ou subdosagens na aplicação (FERREIRA et al., 2009).
Qualquer que seja o pulverizador a ser utilizado, independente de ser antigo ou
moderno, simples ou sofisticado, acionado manualmente e transportado por animais, trator ou
aeronaves, a ponta de pulverização é a parte mais importante e, em contrapartida, a mais
negligenciada, sendo poucas vezes corretamente avaliada em relação à quantidade de calda
aplicada, por área (volume) ou por minuto (vazão), e a distribuição homogênea e adequada
das gotas produzidas sobre o alvo desejado (SANTOS, 2007).
A divisão do líquido em pequenas gotas ocorre nos bicos de pulverização. Estes podem
ser considerados os componentes mais importantes dos pulverizadores hidráulicos, pois,
determinam as características do jato emitido (CUNHA et al., 2007). Segundo SIDAHMED
(1998), os bicos têm como funções: fragmentar o líquido em pequenas gotas, distribuir as
gotas em pequena área e controlar a saída do líquido por unidade de área. Atualmente, existe
no mercado uma diversidade de bicos hidráulicos de pulverização, para desintegração do
líquido em gotas, com diferentes características técnicas operacionais. O ângulo de abertura
do jato de pulverização e o espaçamento entre os bicos determinam a altura de condução da
barra em relação ao alvo a ser atingido pelas gotas. A observação destes dois aspectos é
fundamental para a obtenção de uma cobertura uniforme do alvo e para evitar falhas ao longo
da área tratada (BOLLER, 2007).
Os bicos de pulverização representam um dos principais componentes nos vários tipos
de pulverizadores hidráulicos existentes, pois influenciam diretamente na qualidade e na
segurança da aplicação. Denomina-se bico ao conjunto de peças colocado no final do circuito
hidráulico, por meio do qual a calda é fragmentada em gotas. O bico consiste de várias partes,
161
sendo a ponta de pulverização a mais importante. (CHRISTOFOLETTI, 1999; CUNHA et al.,
2007).
De acordo com JOHNSON e SWETNAM (1996), a seleção correta da ponta de
pulverização é imprescindível na aplicação de agrotóxicos, e determina quanto é aplicado por
área, a uniformidade da aplicação, da cobertura e do risco potencial de deriva.
Uma das formas de qualificar a uniformidade de distribuição numa pulverização é por
meio da análise do coeficiente de variação (CV%) obtido da análise de distribuição
volumétrica transversal da ponta de pulverização em bancada de teste (VOOL et al., 2004;
BAUER & RAETANO, 2004b), de modo que quanto menor esse valor, mais uniforme é a
distribuição (HUYGHEBAERT et al., 2001). Geralmente, o coeficiente de variação é
calculado a partir da curva de distribuição volumétrica de pontas individuais, simulando-se a
sobreposição dessas curvas. Segundo LANGENAKENS (1999), um coeficiente de variação
da distribuição volumétrica transversal abaixo de 10% indica uniformidade satisfatória.
Desta forma, o presente trabalho tem como objetivo avaliar a uniformidade de
distribuição volumétrica de pontas de pulverização hidráulicas de aplicação em área total de
jato plano com indução de ar sobe as diferentes pressões de trabalho, altura da barra e portabico.
MATERIAL E MÉTODOS
Os ensaios foram realizados no Laboratório Mecânico do Centro Pesquisa e
Desenvolvimento, “Dr. Sergio Sartori”, da empresa Máquinas Agrícolas Jacto S/A, situada na
cidade de Pompéia – SP. Foram avaliados três diferentes modelos de pontas de pulverização
hidráulicas de jato plano, com ângulo nominal de abertura de 110º com indução de ar da
marca HYPRO, modelos GA110 - 02, LD110 - 02 e VP110 - 02, como mostra a Figura 01, e
de acordo com o fabricante, as pontas de poliecetal, são indicadas para aplicação em área total
na faixa de pressão de 200 kPa a 400 kPa. Para realizar os ensaios das pontas de pulverização
hidráulicas em laboratório mediante a aplicação de ensaios específicos em acordo com os
procedimentos descritos na norma ISO5682-1:1996. Todos os ensaios foram realizados em
condições laboratoriais livres de vento, em temperatura do entre 10 e 25ºC e umidade relativa
do ar superior a 50%.
162
FIGURA 01. Pontas de pulverização de jato plano simples utilizadas: (A) GA110 - 02, (B)
LD110 - 02 e (C) VP110 - 02. Autor: Hiago Antonio de Paula Ribeiro.
Para a realização do teste de uniformidade de vazão das pontas GA110 - 02 LD110 - 02
e VP110 - 02 foram utilizados lotes de cem pontas do mesmo modelo e vazão, retirados
destes lotes duas amostras de vintes pontas cada, de modo que a primeira será submetida aos
testes e a segunda constituirá a contraprova, que foi guardada no Laboratório Mecânico para
controle. Os ensaios foram realizados com água limpa livre de sólidos em suspensão, a
mensuração da uniformidade de vazão das pontas foi realizada da seguinte forma: coletou-se
o volume pulverizado na pressão de trabalho de 300 kPa (aproximadamente 45 psi ou 3 bar),
com uma balança com a precisão de 1 grama, sendo o erro de pressão inferior a 1% e a
medida do tempo foi efetuada em um período igual ou superior a 60 segundos com um relógio
com erro inferior a 1 segundo.
Com os resultados do ensaio de uniformidade de vazão das vinte amostras, foram
selecionadas as três pontas que obtiveram os resultados das vazões mais próximas da vazão
nominal indicada pelo fabricante e assim foram efetuados os testes das mesmas, em uma mesa
de distribuição transversal de canaletas normalizada, como mostra a Figura 02, estas canaletas
estão espaçadas a 0,25 m e que possui um total de 2,25 m de largura, nesta mesa foram
coletados os dados da relação de pressão e altura das pontas são eles que nos deram a
163
distribuição volumétrica das pontas de pulverização hidráulicas. Para a realização do ensaio
de distribuição volumétrica das pontas, as mesmas foram posicionadas verticalmente acima da
mesa de distribuição com as respectivas alturas: 0,40 m, 0,50 m e 0,60 m de modo a
direcionar o jato de pulverização às calhas de coleta, as pressões utilizadas foram de: 200 kPa,
250 kPa, 300kPa e 400 kPa.
FIGURA 02. Mesa de canaletas horizontal normatizada para determinação da uniformidade
de distribuição transversal das pontas de pulverização. Autor: Hiago Antonio
de Paula Ribeiro.
Os dados coletados foram inseridos em uma planilha do Programa Microsoft Office
Excel e por fim calculado o coeficiente de variação (CV%) em todas as condições acima
apresentadas.
164
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Tomando por base os resultados da deposição das pontas de pulverização, algumas
comparações foram feitas, estabelecendo-se como critério de análise, o valor do coeficiente de
variação
da
distribuição
final
simulada
através
de
uma
planilha
eletrônica
(CHRISTOFOLETTI, 1997 citado por BAUER e RAETANO, 2004a).
O coeficiente de variação (CV%), da uniformidade de distribuição da pulverização das
pontas GA110 - 02, LD110 - 02 e VP110 - 02 de jato plano em área total, na faixa de pressão
de 200 kPa a 400 kPa e altura da barra de 0,40 m a 0,60 m em relação ao alvo de aplicação
estão representados na Tabela 01. A ponta GA110 02 obteve um coeficiente de variação
médio de 17,8 %, conforme descreve a norma ISO5682-1:1996 esta uniformidade é
insatisfatória, pois ultrapassa os 10% tolerados. Porém as pontas LD110 - 02 e VP110 - 02
obtiveram resultados satisfatórios atendendo a mesma norma, ficando as duas com o
coeficiente de variação (CV) menor que 10%.
TABELA 01. Coeficiente de variação médio (CV%) das pontas GA110 - 02, LD110 - 02 e
VP110 - 02 na faixa de pressão de 200 kPa a 400 kPa e com a faixa de altura
de 0,40 m a 0,60 m.
Tratamento
Pressão
Altura
GA110 02
LD110 02
VP110 02
(kPa)
(m)
(CV%)
(CV%)
(CV%)
01
200
0,40
31,6
11,4
9,5
02
200
0,50
27,9
7,3
4,0
03
200
0,60
22,5
8,2
3,0
04
300
0,40
19,1
6,9
8,5
05
300
0,50
12,6
8,8
6,3
06
300
0,60
8,9
9,4
9,2
07
400
0,40
17,4
5,2
8,1
08
400
0,50
11,4
8,3
8,5
09
400
0,60
8,7
7,5
10,6
Média
-
-
17,8
8,1
7,5
Em geral, as pontas de jato plano apresentaram perfis de distribuição triangular,
simétrico e sem grandes depressões na zona central, o que permite, mediante uma correta
165
sobreposição dos jatos de pulverização, boa uniformidade de distribuição conjunta. As
Figuras 03, 04 e 05 comprovam tais afirmações.
As pontas VP110 – 02 e LD110 – 02 de jato plano apresentaram uniformidade de
distribuição satisfatória em, praticamente, todas as condições avaliadas. A ponta GA110 - 02
proporcionou baixa uniformidade de distribuição, em todas as condições avaliadas, com
coeficiente de variação acima de 10%.
FIGURA 03. Perfis de distribuição volumétrica (volume versus posição) do bico hidráulico de
jato plano VP110 - 02, trabalhando isoladamente, sob diferentes pressões e
alturas em relação ao alvo.
166
FIGURA 04. Perfis de distribuição volumétrica (volume versus posição) do bico hidráulico de
jato plano LD110 -02, trabalhando isoladamente, sob diferentes pressões e
alturas em relação ao alvo.
167
FIGURA 05. Perfis de distribuição volumétrica (volume versus posição) do bico hidráulico de
jato plano GA110 - 02, trabalhando isoladamente, sob diferentes pressões e
alturas em relação ao alvo.
CONCLUSÃO
Dentre os modelos de pontas avaliados, as pontas LD110 02 e VP110 02 apresentaram
um desempenho satisfatório, pois obtiveram o coeficiente de variação médio abaixo de 10%
preconizado pela norma seguida.
168
REFERÊNCIAS
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XR, TP e TJ sob diferentes condições operacionais. Planta Daninha, Viçosa-MG v.22, n.2,
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BAUER, F; RAETANO, C, G, - Perfis de distribuição volumétrica de pontas XR11003 e
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BOLLER, W. Resposta da tecnologia de aplicação de defensivos em relação à concepção
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CHRISTOFOLETTI, J.C. Considerações sobre tecnologia de aplicação de defensivos
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CUNHA, J.P.A.R.; TEIXEIRA, M.M.; FERNANDES, H.C. Avaliação do espectro de gotas
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FERREIRA, L. R.; FERREIRA, F. A.; MACHADO, A. F. L. Tecnologia de Aplicação de
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Técnicas Agropecuarias, Vol. 18, No. 2, 2009.
VOOL, C.E,; CASTRO, J.A.V; GADANHA JR, C.D. Uniformidade de distribuição
volumétrica do bico de pulverização hidráulico de jato plano XR11003 sob diferentes
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APLICAÇÃO DE AGROQUÍMICOS, 3., Botucatu. Resumos... São Paulo: FEPAF, 2004. P.
256-259.
170
AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DE UMA DISTRIBUIDORA A LANÇO
CENTRÍFUGA ACIONADA PELO SISTEMA HIDRÁULICO INDEPENDENTE E
CONTROLADOR ELETRÔNICO
Mateus Pelegrino Manji¹; Elvio Brasil Pinoti²; José Vitor Salvi²
¹ Eng. Agrônomo, Discente em Mecanização em Agricultura de Precisão na FATEC Pompeia “Shunji Nishimura”, PompeiaSP, Fone: (14) 9708-0600, [email protected]
² Docentes do curso Mecanização em Agricultura de Precisão, FATEC Pompeia, Pompeia-SP.
RESUMO: As distribuidoras centrífugas a lanço, pioneiras na aplicação de agricultura de
precisão, são dotadas de esteiras de borracha e acionadas hidraulicamente por um controlador
eletrônico, possuem fácil calibração. Sua importância no mercado agrícola vem crescendo
cada vez mais e para isso há a necessidade de realizações de testes para avaliar seu
desempenho e a funcionalidade. O presente trabalho teve como objetivo avaliar o desempenho
da distribuidora centrífuga, modelo Precisa 6 m³, fabricada pela JUMIL, com acionamento
por controle eletrônico VCom 5.6, antena GPS NOVATEL e sistema hidráulico independente,
na deposição de um adubo granulado, com diferentes doses de 250; 500 e; 750 Kg.ha-¹ e
velocidades de 1,39; 2,78 e; 4,17 m.s-¹. Com a utilização do programa Adulanço 3.0, foram
realizadas simulações com o CV 15%, com os dados coletados nas bandejas de deposição . A
alteração da velocidade não alterou a dose proposta, porém o perfil se torna mais uniforme
conforme aumenta a velocidade de deslocamento, alterando a largura de aplicação do produto.
O sistema avaliado apresentou regularidade para todas as variáveis.
PALAVRA-CHAVE: Agricultura de precisão, aplicação a lanço e distribuição.
PERFORMANCE ASSESSMENT OF A CENTRIFUGAL BROADCAST
DISTRIBUTOR DRIVEN BY AN INDEPENDENT HYDRAULIC SYSTEM AND
ELECTRONIC CONTROLLER
SUMMARY: The broadcast centrifugal distributors, pioneers in the application of precision
agriculture, are endowed with rubber mats and hydraulically actuated by an electronic
controller, providing easy calibration. It is importance in the agricultural market is growing
more and for that there is the need for achievement tests to evaluate their performance and
functionality. This study aimed to evaluate the performance of the centrifugal distributor
PRECISA 6 m³ model, manufactured by JUMIL, actuated by electronic control VCom 5.6,
GPS NOVATEL antenna and independent hydraulic system, the deposition of a granular
fertilizer with different doses of 250 , 500 and, 750 kg ha-¹ and speeds of 1.39, 2.78 and, 4.17
ms-¹. Using the program Adulanço 3.0, simulations were performed with CV 15%, with the
data collected in trays deposition. The speed change did not alter the proposed dose, but the
171
profile becomes more uniform with increasing speed, changing the width of the product
application. The system presented regularly assessed for all variables.
KEYWORDS: Broadcast application, distribution and precision agriculture.
INTRODUÇÃO
Segundo Carvalho Filho (2011) a utilização de máquinas e equipamentos com
tecnologia eletrônica embarcada é uma realidade para a agricultura brasileira e a demanda é
cada vez maior, sendo estas tecnologias essenciais para a crescente produção de alimento. O
celeiro do mundo, vem se modernizando na agricultura, principalmente no uso racional do
solo e insumos, alterando seus conceitos de aplicação, e na adubação de pré-plantio
(HACHUY, 2008).
As máquinas para adubação a lanço, podem ser utilizadas antes da semeadura ou em
cobertura, sendo ela capaz de distribuir em campo o insumo existente em um reservatório,
com capacidade variável, conforme modelo, pelo transporte de uma esteira, em sua base, até
os discos giratórios, com aletas distribuidoras (SILVEIRA, 2001). A forma de aplicação de
fertilizantes e corretivos sólidos são os aplicadores a lanço, centrífugo ou pendular sua forma
de distribuição, ou o distribuidor de queda livre (MOLIN, 2011). Teixeira et. al (2009)
classifica em dosadores volumétricos centrífugos, a máquina responsável por transportar
continuamente o adubo, retirando do reservatório e depositado em cima do distribuidor.
Silveira (2001) classifica como equipamentos que trabalham em uma faixa efetiva
maiores que a própria largura do implemento. A largura efetiva desta, sempre gera incertezas
pois, esta é determinada pela sobreposição de aplicação (HACHUY, 2008). Para a aplicação
com discos centrífugos, Teixeira et. al (2009) recomenda determinar a velocidade angular dos
discos, da granulometria do adubo e da velocidade do vento.
Segundo Teixeira et. al (2009) as distribuidoras a lanço requer a regulagem da
uniformidade de distribuição, através de ensaio prévio pode se obter a melhor calibração, com
o intuito de minimizar os problemas de sobreposição. As fabricantes fazem ensaios para
garantirem a funcionalidade do sistema e que distribua regularmente a dosagem desejada,
estes ensaios determinam a vazão correta, caracterização da faixa transversal e longitudinal da
aplicação (PORTELLA e BATISTA, 2012; MOLIN e RUIZ, 1999). Segundo Primo (2007) e
172
Molin e Ruiz (1999), os agricultores dificilmente fazem as regulagens para distribuição,
devido à falta de equipamento para a realização dos testes.
Segunda Portella e Batista (2012), no Brasil os ensaios são feitos da forma
convencional, onde utiliza-se bandejas para coletar o produto e posteriormente depositadas
em um recipiente para a pesagem em balança eletrônica. A largura de distribuição é sempre
menor que a largura efetiva de aplicação, considerando esta como a distancia das caixas que
tiverem recolhido a metade da dose recomendada (TEIXEIRA et. al, 2009). Conforme
Hachuy (2008), a largura efetiva baseia-se no coeficiente de variação (CV) relacionado ao
produto depositado dentro das bandejas coletoras, transversal a máquina.
Muitos dos testes realizados são considerados inadequados, devido à falta de
conhecimento da relação da máquina distribuidora com a topografia, a variação na velocidade
de deslocamento e as condições climáticas (LAWRENCE e YULE, 2007). Para evitar as
condições adversas do ensaio, a umidade relativa não pode estar acima de 80% e a velocidade
do vento não deverá exceder a 2 m.s-¹, evitando a deriva do produto (PORTELLA e
BATISTA, 2012).
A norma ASAE S341.2 (ASAE, 1996) refere em 2,22 m.s-¹ a velocidade do vento, com
a declividade do terreno em até 2%. Os coletores são padronizados pela ISO 5690/1
(ISO,1985), com 0,5 x 0,5 m e profundidade de no mínimo 0,15m. Ambas as normas referem
à utilização de algum dispositivo para evitar o ricochete, Molin e Mazzotti (2000) comprovam
que a utilização destes dispositivos é essencial em produtos em formas de grânulos.
Conforme Molin (2008) as distribuidoras a lanço são implementos pioneiros na
agricultura de precisão. A solução para controle dos insumos aplicados a lanço adotados é o
controle da velocidade da esteira dosadora, por meio de um motor hidráulico e um comando
eletrônico para controlar a vazão do óleo, através de uma válvula com solenoide (MOLIN,
2011). Este tipo de aplicação pode ser através da leitura de um mapa de aplicação ou sensores
em tempo real (MOLIN, 2008).
O objetivo deste trabalho é avaliar o desempenho de uma distribuidora centrífuga, com
acionamento por controle eletrônico e sistema hidráulico, na deposição de um adubo
granulado, com diferentes doses e velocidades.
173
MATERIAL E MÉTODOS
O ensaio foi realizado na Fundação Shunji Nishimura de Tecnologia, localizado na
cidade de Pompeia, estado de São Paulo, durante o mês de setembro de 2012.
A área utilizada para o experimento se encontrava nas coordenas 22º 06´ 32´´ S e 50º
11´ 46´´O, com elevação de 620 metros. A superfície de deslocamento da máquina foi
nivelada, e a declividade transversal possui desnível de 2%.
Utilizou-se, um trator Valtra BM 125 com uma distribuidora de arrasto (modelo Precisa
6m³, fabricada pela Jumil), acionada por meio de um controle eletrônico, sistema hidráulico
independente, acionado pela tomada de potência (TDP) do trator, esteira de borracha e
capacidade volumétrica de 6 m³, os discos distribuidores foram os com 2 aletas, conforme
recomendação do fabricante para adubos granulados, sendo estas abertas no máximo. Para
realização do ensaio a comporta permaneceu aberta na mesma posição, conforme
recomendação do fabricante. O controlador eletrônico é o Vcom 5.6 com antena GPS da
NOVATEL com sinal autônomo, onde envia sinal para uma válvula com solenoide, que
aumentará ou diminuirá a vazão, responsável pela rotação do motor hidráulico que aciona a
esteira de borracha, este monitorada por um sensor de rotação.
O adubo formulado utilizado possui 0,2% dos grânulos maiores que a peneira de 4,72
mm, 3,1% retida na peneira de 3,3 mm, 53% retida na peneira de 2 mm e 43,7% de grânulos
menores que 2 mm. Sua composição é de 4% de nitrogênio (N), 14% de P2O5 e 8% de K2O,
com densidade de 1,2 g.ml-¹ e índice de umidade de 3,42%, sendo necessária a utilização de 3
toneladas deste, para realização do ensaio. Conforme ASAE S281, citada em ASAE S341.2
(ASAE, 1996), o reservatório deve conter de 40 a 50% da sua capacidade.
O teste de calibração da máquina segue conforme metodologia ASAE EP371.2 (ASAE,
2006), onde se pesa a quantidade de adubo conforme a regulagem e tempo de acionamento.
Foram realizadas três repetições da calibração eletrônica antes da realização dos ensaios, com
o trator na rotação de 1800 RPM e a TDP com 540 RPM, seguindo as ordens especificadas
pelo monitor Vcom 5.6, com 50 voltas no motor hidráulico (conforme manual), responsável
pelo acionamento da esteira, distribuindo em dois baldes de 20 litros o adubo depositado
(Figura 1), sendo quantificada sua massa e retirada à média geral, o valor foi inserido na
unidade de comando eletrônica para o calculo do novo fator de calibração. Após esta, realizou
se o teste de volume, com o mesmo número de repetição, desta vez com a dosagem estipulada
de 4 quilogramas. A validação da calibração foi feita em velocidades simuladas.
174
FIGURA 1. Parte traseira da distribuidora a lanço com dispositivo de direcionamento de
adubo e baldes de coleta, para realização da calibração, Pompeia-SP (2012).
As bandejas utilizadas e a forma de distribuição seguem conforme as normas ASAE
S341.2 e ISO 5690/1. Para realização do ensaio foram utilizadas bandejas de 0,5 x 0,5m,
sendo 49 distribuídas longitudinalmente no centro de distribuição do adubo e, 23 na
transversal, perpendicular ao percurso. Suas distribuições na longitudinal foram a cada um
metro, sendo a ultima bandeja espaçada dois metros, em um total de 50 metros. Na
transversal, estas foram distanciadas a cada metro, deixando espaço para a passagem do
rodado de 1 metro de cada lado, com um total de 23,5 metros (Figura 2).
175
FIGURA 2. Distribuição das bandejas coletoras, longitudinal e transversal, no campo de
testes, Pompeia-SP (2012).
Foram realizados ensaios com três doses de adubo, com três velocidades (V1, V2 e V3)
conforme Tabela 1, sem repetições. Todas as passadas foram registradas a velocidade do
vento por um anemômetro digital. As aplicações de cada passada começaram com uma
distância de 30 metros da primeira bandeja, necessária para a estabilização e, acabaram com
30 metros da última bandeja. A velocidade de deslocamento da máquina foi monitorada pelo
monitor eletrônico, permanecendo o trator com rotação próxima dos 1800 RPM, para que a
TDP esteja com 540 RPM. Não houve alteração da largura efetiva em nenhuma das passadas.
176
TABELA 1. Descrição dos tratamentos utilizados com diferentes doses de adubo e diferentes
velocidades de deslocamento.
Tratamentos
Dose (Kg.ha-¹)
Velocidade (m.s-¹)
1
250
1,39 (V1)
2
250
2,78 (V2)
3
250
4,17 (V3)
4
500
1,39 (V1)
5
500
2,78 (V2)
6
500
4,17 (V3)
7
750
1,39 (V1)
8
750
2,78 (V2)
9
750
4,17 (V3)
As amostras foram armazenadas em sacolas plásticas, devidamente identificadas e
posteriormente analisadas em balança de precisão de 0,0001g, utilizando um Becker de 50ml.
O cálculo da Largura Efetiva da distribuição transversal do material foi feito utilizando o
programa Adulanço 3.0 (MOLIN et al., 2009a), baseando na simulação do programa,
utilizando dados próximos de 15% de coeficiente de variação (CV), considerada boa por
Weiss (1986). Molin e Menegatti (2003) analisado o desempenho de distribuição com uréia,
obtiveram melhor resultado a CV de 15%.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A Tabela 2 demonstra os dados obtidos na calibração da distribuidora de precisão,
apresentando que esta depositando mais adubo no lado esquerdo. Neste caso, descartou a
possibilidade da bandeja direcionadora estar descentralizada, pois a mesma tendência foi
constatada nas distribuições em campo com a bandeja específica a aplicação.
177
TABELA 2. Dados de calibração da Distribuidora a lanço, referente a 50 voltas do motor
hidráulico, em Quilogramas (ASAE, 2006).
Repetições
Esquerdo
Direito
Total
1
3,217
2,300
5,517
2
3,180
2,289
5,469
3
3,161
2,301
5,462
Média
3,186
2,297
5,483
O valor médio de 5,483 quilogramas foi inserido no controlador eletrônico como fator
de calibração. Nos testes de volume (Tabela 3), as condições de vazão continuaram
assimétricas, com vazão maior no lado esquerdo, mostrando que a máquina apresenta alguma
anomalia em sua estrutura.
TABELA 3. Dados referentes ao teste de volume realizado após a calibração, regulada com a
vazão de 4 Kg.
Repetições
Esquerdo
Direito
Total
1
2,383
1,735
4,118
2
2,416
1,768
4,184
3
2,450
1,794
4,244
Média
2,416
1,766
4,182
Supõe-se que o vedador lateral esquerdo do reservatório, a qual foi encontrada uma
fresta onde escoava o adubo (Figura 3), seja o responsável pela anomalia. Primo (2007)
observou a maior concentração de produto no lado direito no distribuidor Sembra 1300-P AH,
e relacionou a abertura do prato dosador ser maior. A assimetria de distribuição pode ser
corrigida através da determinação da largura de distribuição e seu sistema de deslocamento.
178
FIGURA 3. Vazamento de adubo do reservatório.
A validação da calibração nas velocidades dos ensaios, foi comprovada pela simulação,
onde não se apresentou nenhum alerta no controlador.
Os ensaios foram realizados a partir das 14:00 horas, momento em que a velocidade do
vento esta com intensidade menor. Durante os ensaios dinâmicos realizados a temperatura
variou de 24 a 28ºC, com umidade do ar abaixo de 40% e velocidade de vento de 0,28 a 1,39
m.s-¹ (PORTELLA e BATISTA, 2012; ASAE, 1996).
179
FIGURA 4. Gráfico de distribuição transversal na regulagem de 250 kg.ha-¹, com a
quantidade de adubo coletado, nas diferentes velocidades de deslocamento.
Peso dos coletores (g)
4,5
4,0
3,5
3,0
2,5
V1
2,0
V2
1,5
V3
1,0
0,5
0,0
-12 -11 -10 -9 -8 -7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Distribuição transversal (m)
Na Figura 4, com a dose regulada de 250 kg.ha-¹, as distribuições apresentaram
regularidade nas laterais e no centro uma pequena desuniformidade, comprovada através do
perfil de distribuição longitudinal (Figura 5), a amplitude é menor com o aumento da
velocidade. Hachuy (2008) e Farret (2005) obtiveram o mesmo resultado de desuniformidade
de deposição, onde obteve elevada concentração no centro da deposição com outros tipos de
produtos.
FIGURA 5. Gráfico de distribuição longitudinal na regulagem de 250 kg.ha-¹, com a
Peso dos coletores (g)
quantidade de adubo coletado, nas diferentes velocidades de deslocamento.
5,5
5,0
4,5
4,0
3,5
3,0
2,5
2,0
1,5
1,0
0,5
0,0
1
3
5
7
9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49
Distribuição longitudinal (m)
V1
V2
V3
Quando se aumenta a velocidade de deslocamento à esteira tende a movimentar mais
rápida, aumentando sua vazão para distribuir a mesma dose, com isso o perfil apresentou mais
uniforme e simétrico na maior velocidade, nos três tipos de percurso (Figuras 6, 7 e 8),
permitindo uma maior capacidade de campo, já que o mesmo aumenta a largura de aplicação
180
(Tabela 4). Farret (2005) evidencia que a aplicação de produtos formulados é desuniforme
quando considerados a densidade e o tamanho dos grãos de cada nutriente. Luz et. al (2010)
obteve resultados expressivos sobre os teores do formulado 22-00-22, onde os grânulos de
uréia sendo mais leves, se concentraram em maior quantidade no centro de aplicação, e os
grânulos de cloreto de potássio, por apresentarem maior densidade, foram distribuídos em
maior quantidade nas extremidades.
TABELA 4. Larguras de aplicação conforme sistema de percurso, com CV de 15%.
Dose (Kg.ha-¹)
Velocidade (m.s-¹)
250
Largura de aplicação (m)
Alternado direito
Alternado esquerdo
Contínuo
1,39
13
15,5
10,5
250
2,78
15,5
20
15,5
250
4,17
16
22
19
500
1,39
15
21
16
500
2,78
19
23
21
500
4,17
21
23,5
22
750
1,39
16
21
18
750
2,78
18
22
19
750
4,17
16
23
19
FIGURA 6. Simulação de distribuição da dose de 250 kg.ha-¹, na V1, obtidos pelo software
Adulanço 3.0.
DISTRIBUIÇÃO SIMULADA PARA O SISTEMA ALTERNADO
DISTRIBUIÇÃO SIMULADA PARA O SISTEMA CONTÍNUO
PERFIL DE DISTRIBUIÇÃO NO SOLO
PERFIL DE DISTRIBUIÇÃO NO SOLO
181
FIGURA 7. Simulação de distribuição da dose de 250 kg.ha-¹, na V2, obtidos pelo software
Adulanço 3.0.
DISTRIBUIÇÃO SIMULADA PARA O SISTEMA ALTERNADO
DISTRIBUIÇÃO SIMULADA PARA O SISTEMA CONTÍNUO
PERFIL DE DISTRIBUIÇÃO NO SOLO
PERFIL DE DISTRIBUIÇÃO NO SOLO
FIGURA 8. Simulação de distribuição da dose de 250 kg.ha-¹, na V3, obtidos pelo software
Adulanço 3.0.
DISTRIBUIÇÃO SIMULADA PARA O SISTEMA ALTERNADO
DISTRIBUIÇÃO SIMULADA PARA O SISTEMA CONTÍNUO
PERFIL DE DISTRIBUIÇÃO NO SOLO
PERFIL DE DISTRIBUIÇÃO NO SOLO
A Figura 9 representa o adubo coletado nas passadas onde a distribuidora a lanço, se
encontrava regulado para a dose de 500 kg.ha-¹, apresentando a mesma característica de
distribuição, onde quando se aumenta a velocidade à uniformidade melhora, porém na faixa
longitudinal central (Figura 10) a quantidade de adubo depositado diminui. A assimetria,
tendente à esquerda, continua evidente porém, com o Adulanço 3.0 (MOLIN et al., 2009a), a
simulação do perfil transversal de distribuição, a 15% de CV, demonstra visivelmente os
resultados e, consegue determinar a melhor forma de curso a tomar. Neste caso, fica evidente
que para as três velocidades, nesta dose, não há preferencia de trajeto, entretanto para a
velocidade V1, os sistemas alternados apresentam uma largura de aplicação maior que a
contínua. Pode se observar na Tabela 4 que a largura de aplicação aumenta conforme aumenta
182
à velocidade, esse fato pode ser tomado em consideração quando se deseja ter melhor
rendimento operacional.
FIGURA 9. Gráfico de distribuição transversal na regulagem de 500 kg.ha-¹, com a
Peso coletado (g)
quantidade de adubo coletado, nas diferentes velocidades de deslocamento.
4,5
4,0
3,5
3,0
2,5
2,0
1,5
1,0
0,5
0,0
V1
V2
V3
-12 -11 -10 -9 -8 -7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5
Distribuição transversal (m)
6
7
8
9 10 11 12
FIGURA 10. Gráfico de distribuição longitudinal na regulagem de 500 kg.ha-¹, com a
Peso coletado (g)
quantidade de adubo coletado, nas diferentes velocidades de deslocamento.
5,5
5,0
4,5
4,0
3,5
3,0
2,5
2,0
1,5
1,0
0,5
0,0
1
3
5
7
9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49
Distribuição longitudinal (m)
V1
V2
V3
O aumento da velocidade, com a dose de 500 Kg.ha-¹, proporciona uma melhor
uniformidade e um aumento da largura de distribuição, diminuindo a amplitude, quando
analisado o perfil transversal das três velocidades, conforme Figura 9. Na análise dos dados
longitudinal (Figura 10) observa-se que é inversamente proporcional o aumento da velocidade
com a quantidade de adubo, isso se deve ao aumento da quantidade de adubo que cai em cima
dos pratos giratórios, a qual exerce maior inércia ao produto.
183
FIGURA 11. Simulação de distribuição da dose de 500 kg.ha-¹, na V1, obtidos pelo software
Adulanço 3.0.
DISTRIBUIÇÃO SIMULADA PARA O SISTEMA CONTÍNUO
DISTRIBUIÇÃO SIMULADA PARA O SISTEMA ALTERNADO
PERFIL DE DISTRIBUIÇÃO NO SOLO
PERFIL DE DISTRIBUIÇÃO NO SOLO
FIGURA 12. Simulação de distribuição da dose de 500 kg.ha-¹, na V2, obtidos pelo software
Adulanço 3.0.
DISTRIBUIÇÃO SIMULADA PARA O SISTEMA CONTÍNUO
DISTRIBUIÇÃO SIMULADA PARA O SISTEMA ALTERNADO
PERFIL DE DISTRIBUIÇÃO NO SOLO
PERFIL DE DISTRIBUIÇÃO NO SOLO
184
FIGURA 13. Simulação de distribuição da dose de 500 kg.ha-¹, na V3, obtidos pelo software
Adulanço 3.0.
DISTRIBUIÇÃO SIMULADA PARA O SISTEMA CONTÍNUO
DISTRIBUIÇÃO SIMULADA PARA O SISTEMA ALTERNADO
PERFIL DE DISTRIBUIÇÃO NO SOLO
PERFIL DE DISTRIBUIÇÃO NO SOLO
A simulação da dose de 500 Kg.ha-¹ (Figuras 11, 12 e 13), nas três velocidades
apresentam pontos em que a distribuição é menor, porém a variação corresponde entorno dos
15% de CV. Comparando com a dose de 250 Kg.ha-¹ nas mesmas velocidades de
deslocamento, observadas na Tabela 4, a largura de distribuição aumentou nos três sistemas
de distribuição. Aumentando a velocidade a largura de distribuição também se tende a
aumentar conforme o CV analisado, com 22 metros de largura efetiva no sistema contínuo, 21
metros no sistema alternado direito e 23,5 metros no sistema alternado esquerdo.
FIGURA 14. Gráfico de distribuição transversal na regulagem de 750 kg.ha-¹, com a
quantidade de adubo coletado, nas diferentes velocidades de deslocamento.
4,5
Peso coletado (g)
4,0
3,5
3,0
2,5
V1
2,0
V2
1,5
V3
1,0
0,5
0,0
-12 -11 -10 -9 -8 -7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4
Distribuição transversal (m)
5
6
7
8
9 10 11 12
185
Na configuração para aplicação da dosagem fixa de 750 Kg.ha-¹, o perfil transversal
para as três velocidades (Figura 14) não variam significamente, a V1 apresenta maior
concentração na região central de distribuição. Consecutivamente a distribuição longitudinal,
conforme a Figura 15, as doses se assimilam nas diferentes velocidades.
FIGURA 15. Gráfico de distribuição longitudinal na regulagem de 750 kg.ha-¹, com a
Peso coletado (g)
quantidade de adubo coletado, nas diferentes velocidades de deslocamento.
5,5
5,0
4,5
4,0
3,5
3,0
2,5
2,0
1,5
1,0
0,5
0,0
1
3
5
7
9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49
Distribuição longitudinal (m)
V1
V2
V3
As Figuras 16, 17 e 18 referentes aos dados da Tabela 4, não apresentaram diferenças
conforme a largura de aplicação de cada sistema, sendo seus perfis de distribuição similares,
com pouca diferença de amplitude.
FIGURA 16. Simulação de distribuição da dose de 750 kg.ha-¹, na V1, obtidos pelo software
Adulanço 3.0.
DISTRIBUIÇÃO SIMULADA PARA O SISTEMA CONTÍNUO
DISTRIBUIÇÃO SIMULADA PARA O SISTEMA ALTERNADO
PERFIL DE DISTRIBUIÇÃO NO SOLO
PERFIL DE DISTRIBUIÇÃO NO SOLO
186
FIGURA 17. Simulação de distribuição da dose de 750 kg.ha-¹, na V2, obtidos pelo software
Adulanço 3.0.
DISTRIBUIÇÃO SIMULADA PARA O SISTEMA CONTÍNUO
DISTRIBUIÇÃO SIMULADA PARA O SISTEMA ALTERNADO
PERFIL DE DISTRIBUIÇÃO NO SOLO
PERFIL DE DISTRIBUIÇÃO NO SOLO
FIGURA 18. Simulação de distribuição da dose de 750 kg.ha-¹, na V3, obtidos pelo software
Adulanço 3.0.
DISTRIBUIÇÃO SIMULADA PARA O SISTEMA CONTÍNUO
DISTRIBUIÇÃO SIMULADA PARA O SISTEMA ALTERNADO
PERFIL DE DISTRIBUIÇÃO NO SOLO
PERFIL DE DISTRIBUIÇÃO NO SOLO
O objetivo deste trabalho não foi quantificar os nutrientes depositados na área, pois para
adubos formulados o efeito da segregação altera a deposição de cada nutriente, devido seu
tamanho e densidade. Luz et. al (2010) e Molin et. al (2009b) mostram que a aplicação a
lanço via distribuidor centrífugo, para formulados, compromete a acurácia dos nutrientes
devido à segregação das partículas, o que não seria efeito da máquina, não sendo considerável
a utilização em taxa variada.
As larguras de trabalho estabelecidas pelo CV de 15% considera boa por Weiss (1986),
identifica somente a uniformidade de aplicação, porém a dose depositada no solo precisa ser
calculada considerando os valores de sobreposição.
187
Farret (2005) obteve resultados com o mesmo perfil de distribuição do calcário em
vazões diferentes, porém com sementes de aveia, a qual possui tamanhos diferentes, o perfil
foi desuniforme. A aplicação de produto em forma de grânulos deve ser considerada a
homogeneidade de tamanho e densidade deste, pois a alteração da velocidade ou da vazão,
interfere no seu perfil transversal de deposição.
Segundo Baio et. al (2012) quando aplicado adubo sólidos a lanço, deve ser observar a
altura da cultura, sendo esta, fator responsável na variação da largura de distribuição.
O controlador eletrônico, recebendo os dados de deslocamento pelo sinal de GPS,
consegue correlacionar a velocidade com a vazão de distribuição, alterando a velocidade da
esteira para suprir a necessidade volumétrica. Porém, quando se aumenta a velocidade, a
deposição do produto granulado tende a alterar o perfil de distribuição, alterando a dose
depositada e a largura de aplicação, sendo necessária a cada velocidade trabalhada ser
realizada a regulagem das aletas para determinação da largura efetiva com base na
sobreposição e quantidade real aplicada. Molin e Ruiz (1999) aplicando adubo formulado, 414-8, nas velocidades de 2,20 e 3,75 m.s-¹, obtiveram resultados de aumento da largura de
aplicação proporcional ao aumento de velocidade para a metodologia ISO 5690/1 (ISO,1985).
CONCLUSÃO
Com base dos dados obtidos com velocidades distintas, conclui se que o controlador
eletrônico e o comando hidráulico, responde a essas alterações aplicando a mesma dose,
porém a dose calibrada e programada não deve servir de argumento para o estabelecimento da
largura efetiva.
Alterando a velocidade de deslocamento, altera o perfil transversal, sendo que o
controlador eletrônico possui apenas dados de vazão e não de deposição, portanto para adubos
granulados de tamanhos desuniformes não é aconselhável à alteração desta.
188
AGRADECIMENTOS
À Fundação Shunji Nishimura, FATEC Pompeia “Shunji Nishimura”, à JUMIL Justino de Morais, Irmãos S/A. e o professor Doutor Ulisses Antuniassi, da FCA da UNESP
Botucatu.
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190
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191
INTENSIDADE DA PRESSÃO SONORA EM MÁQUINAS AGRÍCOLAS
AUTOPROPELIDAS
Tanaka, E. M.1, Brene A. A.2, Duarte , D. S.3
1
Eng. Agrônomo, Doutor, Professor Assistente da FATEC POMPEIA do curso de Mecanização em Agricultura de Precisão
da Disciplina de Maquinas III. FONE: (14) 3452-1294 e-mail: [email protected];
2
Discente, FATEC POMPEIA do curso de Mecanização em Agricultura de Precisão; Telefone: (14) 9633-3992; e-mail:
[email protected];
3
Discente, FATEC POMPEIA do curso de Mecanização em Agricultura de Precisão;
RESUMO: O presente trabalho teve o objetivo de avaliar a intensidade de pressão sonora em
máquinas agrícolas autopropelidas, utilizando um aparelho decibelímetro, marca ICEL Manaus, modelo DL - 4050. Foram avaliadas 6 máquinas de diferentes modelos e marcas: um
pulverizador (CASE)* Patriot 350, uma adubadora Uniport (JACTO)* 3000 NPK, e quatro
colhedoras, sendo duas da marca (JOHN DEERE)* modelo 9750 STS e 9970 na cultura do
milho e algodão, uma da marca (NEW HOLLAND)* TC 5070, cultura da soja e uma da
marca (JACTO)* K3 Millennium, cultura do café. Os resultados indicaram que os níveis de
ruídos produzidos pelas máquinas se mantiveram dentro do limite permitido, que é de 85 dB,
para uma exposição máxima de 8 horas diárias, conforme a Norma Regulamentadora NR-15,
sem que haja necessidade de utilização de Equipamento de Proteção Individual (E.P.I.) para
proteção auricular, garantindo conforto auditivo e estabilidade para o operador durante a
jornada de trabalho.
PALAVRAS-CHAVES: Ergonomia, Segurança do trabalho, Mecanização.
INTENSITY OF SOUND PRESSURE IN AGRICULTURAL MACHINERY
PROPELLED
ABSTRACT: This study aimed to evaluate the intensity of sound pressure in self-propelled
agricultural machines, using a decibel meter, brand ICEL - Manaus, model DL - 4050. In
which we evaluated 6 machines of different models and brands, such as a sprayer (CASE) *
Patriot 350, Uniport fertilizer (JACTO) * 3000 NPK, and four harvesters, two brand (JOHN
DEERE) * model 9750 STS and 9970 in corn and cotton, a brand (NEW HOLLAND) * TC
5070, soybean crop and a brand (JACTO) * K3 Millennium, coffee culture. The results
indicated that the levels of noise produced by machines remained within the allowable limit,
which is 85 dB, for a maximum exposure of 8 hours per day, according to Norm NR-15,
without the necessity of use of Personal Protective Equipment (E.P.I) for hearing protection,
hearing ensuring comfort and stability for the operator during the workday.
KEYWORDS: Ergonomics, Safety, Mechanization.
192
INTRODUÇÃO
O som é a variação da pressão do ambiente de trabalho detectável ao sistema auditivo e
ruído é um som sem harmonia, em geral de conotação negativa, ou seja, que na maioria das
vezes pode ser classificado como um som indesejável (BISTAFA, 2006). Segundo,
KROEMER e GRANDJEAN (2005), o decibel é a unidade física da pressão sonora e é
medido em micropascal (µPa). Sendo assim, o som mais baixo que um ouvido humano
saudável pode detectar está em torno de 20 µPa, podendo detectar, também, sons até um
milhão de vezes mais altos, o que fez com que fosse criada uma escala logarítmica para tornar
a sua leitura e o seu entendimento mais fáceis, surgindo assim o decibel (dB).
Diante disto, o ruído como um fator indesejável nas nossas vidas vem recebendo muita
atenção. A ênfase crescente sobre a poluição do ar, poluição de água e a qualidade do meio
ambiente em geral, criou a necessidade de se examinar o ambiente acústico do homem,
principalmente no ambiente de trabalho. Os benefícios de baixar os níveis de ruídos em
maquinas agrícolas são: menor risco de deterioração da acuidade auditiva dos operadores,
menor fadiga e irritação do operador ao final de longo dia de trabalho; menor incomodo no
meio ambiente.
Entre os fatores ergonômicos que prejudicam os operadores das máquinas, o ruído pode
ser considerado um dos principais, com um agravante de existirem poucos trabalhos
desenvolvidos para a avaliação deste parâmetro e suas implicações na saúde ocupacional
(CUNHA & TEODORO, 2006).
Segundo SILVEIRA et al. (2008), o ruído produzido nas operações agrícolas pode
prejudicar a sensibilidade da audição não só do operador, mas também de pessoas que estejam
ao alcance do ruído. No entanto, HILBERT (1998) afirma que, para a diminuição do nível de
ruído com a consequente melhora do ambiente de trabalho, é necessário entender os
princípios básicos de sua geração, transmissão e recepção. O reconhecimento do som é feito
no ouvido pela mudança de pressão do ar ambiente.
De acordo com a Norma Regulamentadora NR-15 (2010), no seu anexo n° 01 (Limites
de tolerância para ruído contínuo ou intermitente), os níveis de ruído contínuo ou intermitente
devem ser medidos em decibéis (dB) com instrumento de nível de pressão sonora operando
no circuito de compensação "A" e circuito de resposta lenta (SLOW), sendo que as leituras
devem ser feitas próximas ao ouvido do trabalhador. A intensidade mínima e máxima da
salubridade para pessoas trabalhando diariamente são respectivamente, 8 horas com nível de
193
85 dB (A) e 115 dB (A) para 7 minutos, sendo que não é permitida exposição a níveis de
ruído acima deste limite para indivíduos que não estejam adequadamente protegidos, pois
pode oferecer risco grave ou iminente aos mesmos.
SILVA (2004) realizou a avaliação de três colhedoras de grãos, sendo determinado o
nível de ruído na cabine do operador. O delineamento adotado foi o inteiramente casualizado,
com 12 tratamentos e três repetições. Os resultados obtidos evidenciam que todas as
colhedoras estudadas apresentaram ruído acima do nível máximo estabelecido pelas normas
técnicas.
DAMASCENO et al. (2008) avaliaram os níveis de ruído médio produzidos por cinco
caminhões de entrega de ração para frangos de corte no momento da descarga, visando à
melhoria da saúde, do bem-estar e da segurança do operador. Os dados foram coletados
através de medições dos níveis de ruído por meio de um decibelímetro, de forma pontual e em
pontos pré-determinados em torno aos caminhões. Os resultados indicaram que os níveis de
ruídos produzidos pelos caminhões apresentaram acima do limite mínimo permitido pela
norma pertinente no país, porém o tempo de exposição do operador no momento da descarga
é inferior ao tempo limite permitido.
O objetivo deste trabalho foi avaliar os níveis de pressão sonora em cabines sob o qual
operadores estão expostos diariamente em máquinas agrícolas, onde foram feitas medições
em máquinas agrícolas autopropelidas avaliando a intensidade de pressão sonora estava de
acordo com as normas permitidas, para garantir segurança, conforto e estabilidade ao
operador.
MATERIAIS E MÉTODOS
Os ensaios foram realizados nos municípios de Pompeia - SP e Nova Mutum – MT
como apresenta a Tabela 1, no período de Junho a Agosto de 2012.
194
TABELA 1. Localização da área de estudo.
Propriedades
Área (ha)
Município
Fazenda Experimental FSNT*
50**
Pompeia-SP
Fazenda Ribeiro do Céu
300***
Nova Mutum-MT
Fazenda Simental
280***
Nova Mutum-MT
*Fundação Shunji Nishimura de Tecnologia. **Área Total. ***Área do Talhão.
Para as medições de ruído, utilizou-se o aparelho decibelímetro, marca ICEL - Manaus,
modelo DL-4050, com escalas de baixa e alta intensidade de 35 a 100 e 65 a 130 dB,
respectivamente. Portanto, os valores medidos em dB (A) representam o número de pressão
sonora equalizado de acordo com a curva “A” do aparelho, padronizada internacionalmente Normas IEC 651 e EB 386, citadas pela NBR-9999- ABNT, (1987). Figura 1.
FIGURA 2. Aparelho decibelímetro, marca ICEL - Manaus, modelo DL-4050.
O aparelho decibelímetro foi posicionado aproximadamente a 0,2 m à esquerda e á
direita do eixo central da cabeça do operador alinhado com o ouvido (Figura 2), de acordo
com a norma NBR9405- ABNT, (1985). As máquinas avaliadas estavam com cabines
originais e ar-condicionado ligado durante a medição.
195
FIGURA 3. Posicionamento do decibelímetro durante as avaliações.
Realizou-se 6 tratamentos e 3 repetições, com duração de 10 segundos , com intervalos
aleatórios. As máquinas autopropelidas utilizadas nos ensaios foram: um pulverizador CASE
Patriot 350, uma adubadora JACTO Uniport 3000 NPK, e quatro colhedoras, sendo duas da
marca JOHN DEERE modelo 9750 STS e 9970 na cultura do milho e algodão, uma da marca
NEW HOLLAND modelo TC 5070, cultura da soja e uma da marca JACTO modelo K3
Millennium, cultura do café.
FIGURA 19. M1-Pulverizador CASE Patriot FIGURA 5. M2-Colhedora JOHN DEERE
350.
9750 STS.
196
FIGURA 6. M3-Colhedora JOHN DEERE FIGURA
9970.
7.
M4
-
Colhedora
NEW
HOLLAND TC 5070.
FIGURA 8. M5 Adubadora Uniport JACTO FIGURA 9. M6-Colhedora JACTO K3
Millenium.
3000 NPK.
197
RESULTADOS E DISCUSSÃO
TABELA 2. Especificações Técnicas das Máquinas Autopropelidas avaliadas.
Características
Máquinas
M1
M2
M3
M4
M5
M6
CASE
JD
JD
NH
JACTO
JACTO
Patriot
9750
TC
Uniport
K3
350
STS
9970
5070
3000 NPK
Millennium
Potência (c.v.)
200
325
253
180
337
110
Rotação (rpm)
1900
2330
2350
1900
1900
1800
30
5
4,3
4,9
25
0,85
Marca
Modelo
Velocidade (Km/h)
TABELA 3. Valores médios da intensidade de pressão sonora em máquinas autopropelidas,
medidas no lado direito e esquerdo do ouvido.
Máquinas Avaliadas
Ouvidos
Média do nível de
Direito (dB)
Esquerdo (dB)
ruído (dB)
M1
72,7
69,3
71,0
M2
77,1
75,8
76,5
M3
78,4
80,1
79,3
M4
74,2
74,2
74,2
M5
77,1
76,4
76,8
M6
78,7
79,8
79,3
Observando a Tabela 3, nota-se que as máquinas - M1, M2 e M5 apresentaram valores
acima no lado direito do ouvido, do que os valores medidos do lado esquerdo. Esses valores
podem ser devido à presença de equipamentos localizados dentro da cabine, em que durante
as operações ocorreram apitos de alertas para determinados comandos, causando assim
alteração nos níveis de ruídos no lado direito do operador.
A máquina – M3 colhedora de algodão também possuía equipamentos no lado direito da
cabine, apresentou nível elevado no lado oposto, ou seja, no lado esquerdo do ouvido, esse
198
valor pode ser devido à localização da porta da máquina, que não estavam em condições
favoráveis, devido ao desgaste das borrachas vedadoras como apresenta a Figura 7.
FIGURA 10. Borracha vedadora desgastada.
Borracha desgastada
Já a máquina - M6, colhedora de café, também apresentou maior nível no lado esquerdo
do que o lado direito, valores obtidos pelo fato da bica de descarga estar localizada no lado
esquerdo do operador, Figura 8.
FIGURA 11. Posicionamento da bica de descarga.
No entanto, a única máquina que não apresentou alteração no nível de pressão sonora
em ambos os lados, ou seja, lado direito e esquerdo do ouvido do operador foi à máquina –
M4 colhedora de soja.
199
TABELA 4. Limites máximos de tolerância do ser humano para níveis de ruído contínuo ou
intermitente sem proteção auricular conforme norma NR-15 (2010).
Ruído [dB (A)]
Máxima exposição diária permissível (horas)
85
8
86
7
87
6
88
5
89
4,3
90
4
91
3,3
92
3
93
2,4
94
2,15
95
2
96
1,45
98
1,15
100
1
102
0,45
104
0,35
105
0,3
106
0,25
108
0,2
110
0,15
112
0,1
114
0,8
115
0,7
200
TABELA 5. Comparação entre a Rotação do motor (rpm) e Velocidade de Trabalho em (Km/h) com
os valores médios da intensidade de pressão sonora (dB) nas máquinas autopropelidas.
Máquinas
Rotação do
Velocidade de
Média do nível
motor (rpm)
Trabalho (Km/h)
de ruído (dB)
M1 - CASE Patriot 350
1900
30
71
M2 - JD 9750 STS
2330
5
76,5
M3 - JD 9970
2350
4,3
79,3
M4 - NH TC 5070
1900
4,9
74,2
M5 - JACTO Uniport 3000 NPK
1900
25
76,8
M6 - K3 Millennium
1800
0,85
79,3
Conforme pode ser observado nos valores da Tabela 5, a máquina - M3, (JD 9970)
colhedora de Algodão, estava com uma rotação maior de 2350 rpm, onde resultou em valor
elevado de ruído 79,3 dB. Já na máquina - M6, (K3 Millennium) embora a rotação estivesse
com o menor valor de rotação, ou seja, 1800 rpm, obteve o mesmo índice de ruído 79,3 dB
que a M3. Esse resultado pode estar relacionado ao posicionamento das varetas vibratórias
que estão logo abaixo da cabine do operador como mostra a Figura 9.
FIGURA 12. Posicionamento das varetas vibratórias.
201
TABELA 6. Tempo de máxima exposição diária permissível, considerando-se os limites de
tolerância estabelecidos pela NR -15 ,(2010).
Ruído
Tempo de Máxima Exposição Diária
[dB(A)]
Permissível
M1
71
8 horas
M2
76,5
8 horas
M3
79,3
8 horas
M4
74,2
8 horas
M5
76,8
8 horas
M6
79,3
8 horas
Máquinas
De acordo com a Tabela 6, os resultados de intensidade de pressão sonora estão todos
abaixo de 85 dB, o que indica que o tempo máximo de exposição diária permissível deve ser
de 8 horas, conforme citado na Tabela 4.
Portanto, os níveis médios de intensidade de pressões sonoras medidos dentro das
cabines, estão dentro do limite permitido pela legislação em vigor no país (NR - 15, 2010).
CONCLUSÃO
Os resultados obtidos durante a execução do trabalho permitiram as seguintes
conclusões:
Todas as máquinas agrícolas autopropelidas avaliadas não excederam os limites
máximos de 85 dB (A) permitidos pela legislação brasileira para jornadas de trabalho de 8
horas, conforme a NR-15.
As máquinas que estavam com rotação elevada em relação às outras no momento da
operação, não interferiram significativamente nos resultados de níveis de ruídos, o que
mostrou que as cabines originais das máquinas estavam em perfeitos estados.
E que, a audição do operador nessas condições não será afetada, o que permite a não
utilização de aparelhos auditivos, garantindo assim maior conforto e atenção perante a
execução das operações.
202
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203

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