Sintaxe Interna - Portal Santa Teresa

Transcrição

Sintaxe Interna - Portal Santa Teresa
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Cesgranrio 91) CINZAS DA INQUISIÇÃO
1
Até agora fingíamos que a Inquisição era um episódio da história européia, que tendo durado do século XII ao
século XIX, nada tinha a ver com o Brasil. No máximo. se prestássemos muita atenção, íamos ouvir falar de um certo
Antônio José - o Judeu, um português de origem brasileira, que foi queimado porque andou escrevendo umas peças de
teatro.
2
Mas não dá mais para escamotear. Acabou de se realizar um congresso que começou em Lisboa, continuou em São
Paulo e Rio, reavaliando a Inquisição. O ideal seria que esse congresso tivesse se desdobrado por todas as capitais do país,
por todas as cidades, que tivesse merecido mais atenção da televisão e tivesse sacudido a consciência dos brasileiros do
Oiapoque ao Chuí, mostrando àqueles que não podem ler jornais nem freqüentar as discussões universitárias o que foi um
dos períodos mais tenebrosos da história do Ocidente. Mas mostrar isso, não por prazer sadomasoquista, e sim para reforçar
os ideais de dignidade humana e melhorar a debilitada consciência histórica nacional.
.......................................................................................
3
Calar a história da Inquisição, como ainda querem alguns, em nada ajuda a história de instituições e países. Ao
contrário, isto pode ser ainda um resquício inquisitorial. E no caso brasileiro essa reavaliação é inestimável, porque somos
uma cultura que finge viver fora da história.
4
Por outro lado, estamos vivendo um momento privilegiado em termos de reconstrução da consciência histórica. Se
neste ano (l987) foi possível passar a limpo a Inquisição, no ano que vem será necessário refazer a história do negro em
nosso país, a propósito dos cem anos da libertação dos escravos. E no ano seguinte, 1989, deveríamos nos concentrar para
rever a "república" decretada por Deodoro. Os próximos dois anos poderiam se converter em um intenso período de
pesquisas, discussões e mapeamento de nossa silenciosa história. Universidades, fundações de pesquisa e os meios de
comunicação deveriam se preparar para participar desse projeto arqueológico, convocando a todos: "Libertem de novo os
escravos", "proclamem de novo a República".
5
Fazer história é fazer falar o passado e o presente criando ecos para o futuro.
6
História é o anti-silêncio. É o ruído emergente das lutas, angústias, sonhos, frustrações. Para o pesquisador, o
silêncio da história oficial é um¢ silêncio ensurdecedor. Quando penetra nos arquivos da consciência nacional, os dados e os
feitos berram, clamam, gritam, sangram pelas prateleiras. Engana-se, portanto, quem julga que os arquivos são lugares
apenas de poeira e mofo. Ali está pulsando algo. Como num vulcão aparentemente adormecido, ali algo quer emergir. E
emerge. Cedo ou tarde. Não se destrói totalmente qualquer documentação. Sempre vai sobrar um herege que não foi
queimado, um judeu que escapou ao campo de concentração, um dissidente que sobreviveu aos trabalhos forçados na
Sibéria. De nada adiantou aquele imperador chinês ter queimado todos os livros e ter decretado que a história começasse
com ele.
7
A história recomeça com cada um de nós, apesar dos reis e das inquisições.
(Affonso R. de Sant'Anna. A RAIZ QUADRADA DO ABSURDO. Rio de Janeiro, Rocco, 1989, p. 196-198.)
1. Assinale o termo que, no texto, NÃO está exercendo a mesma função sintática que ALGUNS em "como ainda querem
ALGUNS" (3Ž parágrafo):
a) "somos uma cultura QUE finge viver fora da história" (3Ž parágrafo)
b) "Fazer história é fazer falar O PASSADO E O PRESENTE criando ecos para o futuro." (5Ž parágrafo)
c) "o silêncio da história oficial é UM SILÊNCIO ENSURDECEDOR." (6Ž parágrafo)
d) "Ali está pulsando ALGO." (6Ž parágrafo)
e) "Sempre vai sobrar um herege QUE não foi queimado." (6Ž parágrafo)
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES.
(Unirio 2000) Leia os excertos abaixo, tirados da revista Veja; em seguida, responda à questões propostas.
TEXTO I
O controle dos genes envolvidos no processo de envelhecimento será uma das maiores conquistas da história da
sociedade humana. A grande maioria das doenças, entre elas o câncer, o diabetes e os problemas cardíacos, está relacionada
ao envelhecimento e raramente acomete os jovens. Em sua versão final, o controle genético do processo de envelhecimento
resultará em pessoas que se mantêm por muito tempo com saúde física semelhante à de um jovem de 20 anos. Mas o corpo
humano na sua forma atual não é compatível com a imortalidade física. Nem é nosso objetivo criar pessoas imortais. Para
nós, o importante é como se vive durante a velhice. Não se trata de prolongar simplesmente a velhice de forma indefinida,
com velhos vivendo limitadamente, mas de garantir que as condições físicas da juventude sejam mantidas por mais tempo.
TEXTO II
Com a morte da mãe, o lar desmoronou e o menino foi internado, por ordem judicial, em um orfanato da cidade de
Pirajuí, onde ficou até os 17 anos. Quando saiu, voltou para casa, reencontrou o pai e os irmãos, mas nenhuma esperança.
Vivia de biscates, trabalhou num mercado e numa borracharia, depois na lanchonete. Até que um dia atendeu um rapaz forte
e espigado no balcão. "Como você conseguiu ficar assim?", perguntou Claudinei. "Fazendo atletismo", respondeu o outro,
orgulhoso. No dia seguinte começava a tardia carreira de campeão. "A vida transformou o Claudinei num forte", diz Jayme
Netto Júnior, seu treinador no Clube Funilense de Presidente Prudente, interior de São Paulo. "Quanto maior a pressão,
maior é a sua capacidade de superação."
TEXTO III
Do lado de fora dos muros da Febem, a realidade da infância no Brasil é igualmente revoltante. Segundo dados do
IBGE, 40% das crianças brasileiras entre zero e 14 anos vivem em condições miseráveis, ou seja, a renda mensal familiar
não passa de metade do salário mínimo.
O desafio é tão dramático que muita gente acaba dando de ombros, convencida de que se chegou a uma situação da qual não
há retorno. É um erro. Neste momento, milhares de fundações e organizações não governamentais, ONGs, estão
demonstrando como boas idéias, um pouco de dinheiro e muita disposição podem mudar essa realidade para melhor. Se elas
conseguem realizar transformações positivas em universos limitados o bom senso indica que basta copiar o exemplo
apropriado. Estima-se que só as fundações (...) estejam investindo 500 milhões de reais por ano numa infinidade de
programas de cunho educacional, cultural, esportivo, de saúde, lazer e até mesmo de estímulo a iniciativas governamentais
bem-sucedidas. Estão mostrando como é possível, se não resolver o problema de milhões, pelo menos prevenir o de
centenas de milhares e recuperar outros tantos.
2. "ESTÃO MOSTRANDO como é possível, se não resolver o problema de milhões, pelo menos prevenir O de centenas de
milhares e recuperar outros tantos."
No texto III, a locução verbal e o pronome destacados, no processo coesivo textual, referem-se, respectivamente, a:
a) "fundações e organizações não governamentais".
b) "transformações" e "bom senso".
c) "fundações" e "estímulo".
d) "programas" e "desafio".
e) "iniciativas governamentais" e "retorno".
3. "COM A MORTE DA MÃE, o lar desmoronou..."
Assinale a opção em que a expressão destacada se mantém inalterada quanto ao aspecto semântico e à estrutura sintática.
a) Posto que a mãe morresse, o lar desmoronou.
b) Por ter morrido a mãe, o lar desmoronou.
c) Em virtude de a mãe ter morrido, o lar desmoronou.
d) O lar desmoronou, quando a mãe morreu.
e) O lar desmoronou devido à morte da mãe.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Ufrs 98) 1
A deterioração dos centros urbanos tomou conta dos noticiários. A cidade é a demência. A cidade é a
selva. Mas a televisão sempre oferece compensações e, para aliviar o "show" do caos urbano, ela exibe o idílio da vida
campestre. É assim que, na ficção e na publicidade, reina o ¢videobucolismo, esse gênero de fantasia em que a grama não
tem formiga, as cobras não têm veneno e as mulheres não têm vergonha. Chinelos, cigarros, margarinas e cartões de crédito
buscam os cenários de praias vazias, fazendas inocentes e montanhas íngremes para aumentar sua promessa de gozo. E há
também caminhonetes enormes, as tais "off-road", que se anunciam rodando sobre escarpas, pântanos e rochas cortantes. A
felicidade mora longe do asfalto.
2
Mas é curioso: essa mesma fabricação imaginária que santifica a natureza contribui para agravar ainda mais a
selvageria nas cidades. Basta observar. Transeuntes se trajam como quem vai enfrentar o mato, os bichos, o desconhecido.
Relógios de mergulhadores são ostentados por garotos que mal sabem ver as horas; botas de vaqueiro, próprias para pisar
currais, freqüentam cerimônias de casamento; fardas militares de guerrilheiros amazônicos passeiam pelos shoppings. No
trânsito, jipes brucutus viraram a última moda. Com pneus gigantescos e agressivos do lado de fora, e estofamento de couro
do lado de dentro, são uma versão sobre quatro rodas dos condomínios fechados. Em breve, começarão a circular com párachoques de arame farpado.
3
A distância entre um motorista de vidros lacrados e o mendigo que pede esmola no sinal vermelho é maior do que a
distância entre aquele e as trilhas agrestes das novelas e dos comerciais. Nas ruas esburacadas das metrópoles, ele talvez se
sinta escalando falésias. No coração desses dois homens, que se olham sem ver através dessa estranha televisão que é o
vidro de um carro, a cidade embrutecida é a pior de todas as selvas.
(Fonte: BUCCI, Eugênio. CIDADES DEMENTES. VEJA, 2 de julho, 1997, p.17.)
4. Conforme sua função no texto, a palavra que pode substituir uma palavra ou expressão anteriormente explicitada. Este é o
caso de todas as ocorrências, em maiúsculo, de "que", nas seqüências a seguir, À EXCEÇÃO DE
a) É assim QUE, na ficção e na publicidade, reina o videobucolismo, esse gênero de fantasia em que a grama não tem
formiga, as cobras não tem veneno e as mulheres não têm vergonha.
b) E há também caminhonetes enormes, as tais "off-road", QUE se anunciam rodando sobre escarpas, pântanos e rochas
cortantes.
c) Mas é curioso: essa mesma fabricação imaginária QUE santifica a natureza contribui para agravar ainda mais a selvageria
nas cidades.
d) Relógios de mergulhadores são ostentados por garotos QUE mal sabem ver as horas (...).
e) No coração desses dois homens, que se olham sem se ver através dessa estranha televisão QUE é o vidro de um carro, a
cidade embrutecida é a pior de todas as selvas.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Unb 99) Texto I
1
Em torno de um homem que expunha em leque os dentes estragados, a multidão fechava um círculo ansioso.
2
- Meus senhores, se um dos senhores acorda altas horas da noite com uma formidável dor de dentes e põe no rosto
uma nota de conto de réis, nada adianta. Mas se tiver na gaveta do criado-mudo o Bálsamo Africano, em dois, três minutos,
fica curado e dorme outra vez. Vamos fazer uma experiência, meus senhores? Não haverá entre o respeitável público quem
esteja com uma formidável dor de dentes? Que se apresente!
3
Da turba apinhada, um mulato gordo se destacou. Tinha um ar de saúde, mas franzia a cara.
4
- Estou com uma dor de dentes danada!
5
- Pois esfregue isso que cura.
6
O camelô passou-lhe um tubo cor-de-rosa.
7
Comentavam em redor:
8
- É maromba dele!
9
- Gente. Será?
10
- Fica congelado o dente.
11
Enquanto esperavam o efeito do remédio, o homem do ungüento gritou para o céu:
12
- Zepelim! Zepelim!
13
Todos levantaram a cabeça e nada viram senão o azul faiscante. Mas o camelô aproximara-se da caixa, onde uma
cobra preta e amarela parecia dormir, e anunciou:
14
- Dona Filomena vai dançar o tango argentino.
15
A cobra mexeu na caixa. Um mudo que olhava fez grandes sinais para explicar que a cobra não mordia . o mulato
aproximou-se.
16
- Passou a dor?
17
- Passou.
Oswald de Andrade. MARCO ZERO - I: A REVOLUÇÃO MELANCÓLICA, In: TEXTOS ESCOLHIDOS. Agir, 1977, p.
85-6 (com adaptações).
Texto II
Menino, mandavam-me escovar em jejum os dentes, mal saído da cama. Eu fazia e obedecia. Sabe-se - aqui no
planeta por ora tudo se processa com escassa autonomia de raciocínio. Mas, naquela ingrata época, disso eu ainda nem
desconfiava. Faltavam-me o que contra ou pró a geral, obrigada escovação.
Ao menos as duas vezes por dia? À noite, a fim de retirar as partículas de comida, que enquanto o dormir não
azedassem. De manhã...
Até que a luz nasceu do absurdo.
De manhã, razoável não seria primeiro bochechar com água ou algo, para abolir o amargo da boca, o mingau-dasalmas? E escovar, então, só depois do café com pão, renovador de detritos?
Desde aí, passei a efetuar assim o asseio. Durante anos, porém, em vários lugares, venho amiúde perguntando a
outros; e sempre com já embotada surpresa. Respondem-me - mulheres, homens, crianças, médicos, dentistas - que usam o
velho, consagrado, comum modo, o que cedo me impunham. Cumprem o inexplicável.
Donde, enfim, simplesmente referir-se o motivo da escova.
J. Guimarães Rosa. TUTAMÉIA. In: FICÇÃO COMPLETA.
Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1995, p.679.
Texto III
PNEUMOTÓRAX
Febre, hemoptise, dispnéia e suores noturnos.
A vida inteira que podia ter sido e que não foi.
Tosse, tosse, tosse.
Mandou chamar o médico:
- Diga trinta e três.
- Trinta e três... trinta e três... trinta e três...
- Respire.
........................................................................................
- O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado.
- Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax?
- Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.
Manuel Bandeira. LIBERTINAGEM. In: POESIA COMPLETA E PROSA. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1974, p.206.
Texto IV
Torrente de loucos
1
Três dias depois, numa expansão íntima com o boticário Crispim Soares, desvendou o alienista o mistério do seu
coração.
2
- A caridade, Sr. Soares, entra decerto no meu procedimento, mas entra como tempero, como o sal das coisas, que é
assim que intercepto o dito de S. Paulo aos Coríntios: "Se eu conhecer quanto se pode saber, e não tiver caridade, não sou
nada". O principal nesta minha obra da Casa Verde é estudar profundamente a loucura, os seus diversos graus, classificar¢lhes os casos, descobrir enfim a causa do fenômeno e o remédio universal. Este é o mistério do meu coração. Creio que
com isto presto um bom serviço à humanidade.
3
- Um excelente serviço, corrigiu o boticário.
4
- Sem este asilo, continuou o alienista, pouco poderia fazer; ele dá-me, porém, muito maior campo aos meus
estudos.
5
- Muito maior, acrescentou o outro.
6
E tinha razão. De todas as vilas e arraiais vizinhos afluíam loucos à Casa Verde. Eram furiosos, eram mansos, eram
monomaníacos, era toda a família dos deserdados do espírito. Ao cabo de quatro meses, a Casa Verde era uma povoação.
Não bastaram os primeiros cubículos; mandou-se anexar uma galeria de mais trinta e sete. £O Padre Lopes confessou que
não imaginara a existência de tantos doidos no mundo, e menos ainda o inexplicável de alguns casos. Um, por exemplo, um
rapaz bronco e vilão, que todos os dias, depois do almoço, fazia regularmente um discurso acadêmico, ornado de tropos, de
antíteses, de apóstrofes, com seus recamos de grego e latim, e suas borlas de Cícero, Apuleio e Tertuliano. O vigário não
queria acabar de crer. Quê! um rapaz que ele vira, três meses antes, jogando peteca na rua!
7
- Não digo que não, respondia-lhe o alienista; mas a verdade é o que Vossa Reverendíssima está vendo. Isto é todos
os dias.
8
- Quanto a mim, tornou o vigário, só se pode explicar pela confusão das línguas na torre de Babel, segundo nos
conta a Escritura; provavelmente, confundidas antigamente as línguas, é fácil trocá-las agora, desde que a razão não
trabalhe...
9
- Essa pode ser, com efeito, a explicação divina do fenômeno, concordou o alienista, depois de refletir um instante,
mas não é impossível que haja também alguma razão humana, e puramente científica, e disso trato...
Machado de Assis. O ALIENISTA E OUTRAS HISTÓRIAS. Rio de Janeiro: Ediouro, s.d., p.20
Texto V
O pulso ainda pulsa.
O pulso ainda pulsa.
Peste bubônica, câncer, pneumonia,
Raiva, rubéola, tuberculose, anemia,
Rancor, cisticercose, caxumba, difteria,
Encefalite, faringe, gripe, leucemia.
O pulso ainda pulsa.
O pulso ainda pulsa.
Hepatite, escarlatina, estupidez, paralisia,
Toxoplasmose, sarampo, esquizofrenia,
Úlcera, trombose, coqueluche, hipocondria,
Sífilis, ciúme, asma, cleptomania.
O corpo ainda é pouco.
O corpo ainda é pouco.
Reumatismo, raquitismo, cistite, disritmia,
Hérnia, pediculose, tétano, hipocrisia,
Brucelose, febre tifóide, arteriosclerose, miopia,
Catapora, culpa, cárie, câimbra, lepra, afasia.
O pulso ainda pulsa.
O corpo ainda é pouco.
Ainda pulsa.
Ainda é pouco.
Pulso... pulso... pulso... pulso... pulso...
O PULSO. Arnaldo Antunes, Marcelo Fromer e Antônio Belloto (Titãs). Õ BLÉSQ BLOM, 1992.
5. Quanto à estrutura morfossintática do texto III, julgue os itens abaixo.
(1) O tratamento entre as personagens é formal, como comprovam algumas marcas lingüísticas do texto.
(2) No primeiro parágrafo, o verbo transitivo exigiu dois objetos diretos para que seu sentido se completasse.
(3) O pronome oblíquo "lhe" funciona como um pronome possessivo.
(4) O trecho "ele dá-me, porém, muito maior campo aos meus estudos" (par.4), no tempo verbal futuro, admite ser reescrito
assim: ELE DAR-ME-Á, PORÉM, MUITO MAIOR CAMPO AOS MEUS ESTUDOS.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(G1 etfsp 96) Quem são eles
A Funai encontra índios isolados em Rondônia
Foi um encontro emocionante, daquele tipo que faz pensar em tribos perdidas e filmes de Indiana Jones, embora as dúvidas
que levante não tenham nada do romantismo fácil do cinema. Uma expedição liderada pelo sertanista Marcelo Santos, da
Fundação Nacional do Índio, deparou na semana passada, em plena selva de Rondônia, com um casal que talvez pertença a
um grupo indígena desconhecido. Ainda não se sabe se os índios encontrados pela Funai pertencem mesmo a uma nova
etnia ou são apenas um ramo de uma tribo já identificada. "Vamos estudar sua língua e costumes e compará-los com os de
outros grupos para saber quem são", diz Marcelo. O que se sabe sobre eles é que estavam isolados - o que, no jargão
indigenista, indica um grupo sem contato freqüente com os brancos. O casal vive em terras de fazendas particulares perto de
Corumbiara, cidade a cerca de 800 quilômetros da capital, Porto Velho.
Há dez anos Marcelo ouve histórias da existência de índios desconhecidos na região. Na mesma semana em que aconteceu a
chacina dos sem-terra em Corumbiara, chegou a seus ouvidos que índios também teriam sido mortos. O sertanista resolveu
agir rápido e, como não tinha autorização dos fazendeiros para passar por suas terras, entrou na mata por um caminho
alternativo. A expedição de cinco pessoas andou cerca de 10 quilômetros a pé, seguindo sinais deixados pelos índios, até
achá-los, no dia seguinte. Como os índios carregavam arcos e flechas, foram evitados gestos bruscos. Aos poucos acabaram
estabelecendo um tipo de comunicação por meio de sinais e sorrisos, e até trocaram presentes. O casal de índios levou-os a
sua aldeia, que estava deserta, onde ofereceu frutas aos convidados. Em troca, os dois ficaram com o relógio de Marcelo e
uma fita do Senhor do Bonfim. Há indícios de que já tinham visto homens brancos antes. Eles usavam bermudas feitas com
sacos para armazenamento de sementes e colares com enfeites de plástico, de grande efeito visual, especialmente quando
combinados com saiote de palha.
Revista Veja de 13/9/95
6. Em "O casal DE ÍNDIOS levou-OS a sua aldeia, que estava DESERTA, onde ofereceu frutas aos CONVIDADOS", os
termos em maiúsculo são respectivamente:
a) sujeito, objeto direto, adjunto adnominal e objeto indireto;
b) adjunto adnominal, objeto direto, predicativo do sujeito e objeto indireto;
c) adjunto adnominal, objeto direto, adjunto adnominal e objeto indireto;
d) sujeito, objeto indireto, predicativo do sujeito e objeto indireto;
e) adjunto adnominal, objeto indireto, predicativo do sujeito e objeto indireto.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Ufv 99)
ESSAS MÃES MARAVILHOSAS E SUAS MÁQUINAS INFANTIS
1
Flávia logo percebeu que as outras moradoras do prédio, mães dos amiguinhos do seu filho, Paulinho, seis anos,
olhavam-na com um ar de superioridade. Não era para menos. Afinal o garoto até aquela idade - imaginem - se limitava a
brincar e ir à escola. Andava em total descompasso com os outros meninos, que já desenvolveram múltiplas e variadas
atividades desde a mais tenra idade. O recorde, por sinal, pertencia ao garoto Peter, filho de uma brasileira e um canadense,
nascido em Nova Iorque. Peter, tão logo veio ao mundo entrou para um curso de amamentação ("Como tirar o leite da mãe
em 10 lições"). A mãe descobriu numa revista uma pesquisa feita por médicos da Califórnia informando sobre a melhor
técnica de mamar (chamada técnica de Lindstorm, um psicanalista, autor da pesquisa, que para realizar seu trabalho mamou
até os 40 anos). A maneira da criança mamar, afirmam os doutores, vai determinar suas neuroses na idade adulta.
2
Uma tarde, Flávia percebeu duas mães cochichando sobre seu filho: que se pode esperar de um menino que aos seis
anos só brinca e vai à escola? Flávia começou a se sentir a última das mães. Pegou o marido pelo braço dizendo que os dois
precisavam ter uma conversa com o filho.
3
- O que você gostaria de fazer, Paulinho? - perguntou o pai dando uma de liberal que não costuma impor suas
vontades.
4
- Brincar...
5
O pai fez uma expressão grave.
6
- Você não acha que já passou um pouco da idade, filho? A vida não é uma eterna brincadeira. Você precisa
começar a pensar no futuro. Pensar em coisas mais sérias, desenvolver outras atividades. Você não gostaria de praticar
algum esporte?
7
- Compra um time de botão pra mim.
8
- Botão não é esporte, filho.
9
- Arco e flecha!
10
Os pais se entreolharam. Nenhum dos meninos do prédio fazia curso de arco e flecha. Paulinho seria o primeiro. Os
vizinhos certamente iriam julgá-lo uma criança anormal. Flávia deu um calção de presente ao garoto e perguntou por que
ele não fazia natação.
11
- Tenho medo.
12
Se tinha medo, então era para a natação mesmo que ele iria entrar. Os medos devem ser eliminados na infância.
Paulinho ainda quis argumentar. Sugeriu alpinismo. Foi a vez de os pais tremerem. Mas o medo dos pais é outra história.
Paulinho entrou para a natação. Não deu muitas alegrias aos pais. Nas competições chegava sempre em último, e as mães
dos coleguinhas continuavam olhando Flávia com uma expressão superior. As mães, vocês sabem, disputam entre elas um
torneio surdo nas costas dos filhos. Flávia passou a desconfiar de que seu filho era um ser inferior. Resolveu imitar as outras
mães, e além da natação colocou Paulinho na ginástica olímpica, cursinho de artes, inglês, judô, francês, terapeuta,
logopedista. Botou até aparelho nos dentes do filho. Os amiguinhos da rua chamavam Paulinho para brincar depois do
colégio.
13
- Não posso, tenho aula de hipismo.
14
- Depois do hipismo?
15
- Vou pro caratê?
16
- E depois do caratê?
17
- Faço sapateado.
18
- Quando poderemos brincar?
19
- Não sei. Tenho que ver na agenda.
20
Paulinho andava com uma agenda Pombo debaixo do braço. À noitinha chegava em casa mais cansado do que o
pai em dia de plantão. Nunca mais brincou. Tinha todos os brinquedos da moda, mas só para mostrar aos amiguinhos do
prédio. Paulinho dava um duro dos diabos. "Mas no futuro ele saberá nos agradecer", dizia o pai. O garoto estava sendo
preparado para ser um super-homem. E foi ficando adulto antes do tempo, como uma fruta que amadurece de véspera. Um
dia Flávia flagrou o filho com uma gravata à volta do pescoço tentando dar um laço. Quando fez sete anos disse ao pai que a
partir daquele dia queria receber a mesada em dólar. Aos oito anos abriu o berreiro porque seus pais não lhe deram um
cartão de crédito de presente. Com oito anos, entre uma aula de xadrez e de sânscrito, Paulinho saiu de casa muito
compenetrado. Os amiguinhos da rua perguntaram onde ele ia:
21
- Vou ao banco.
22
Caminhou um quarteirão até o banco, sentou-se diante do gerente, pediu sugestões sobre aplicações e pagou a
conta de luz como um homenzinho. A façanha do garoto correu o prédio. A vizinhança começou a achá-lo um gênio. As
mães dos amiguinhos deixaram de olhar Flávia com superioridade. Os pais, enfim, puderam sentir-se orgulhosos. "Estamos
educando o menino no caminho certo", declarou o pai batendo no peito. Na festa de 11 anos, que mais parecia um coquetel
do corpo diplomático, um tio perguntou a Paulinho o que ele queria ser quando crescesse.
23
- Criança!
24
Paulinho cresceu. Cresceu fazendo cursos e mais cursos. Abandonou a infância, entrou na adolescência, tornou-se
um jovem alto, forte, espadaúdo. Virou Paulão. Entrou para a faculdade, formou-se em Economia. Os pais tinham sonhos de
vê-lo na Presidência do Banco Central. Casou com uma jornalista. Paulão respirou aliviado por sair debaixo das asas da
mãe, que até às vésperas do casamento queria colocá-lo num curso de preparação matrimonial. Na lua-de-mel, avisou à
mulher que iria passar os dias em casa dedicando-se à sua tese de mestrado. A mulher ia e vinha do emprego e Paulão
trancado no seu gabinete de estudos. Uma tarde, o marido esqueceu de passar a chave na porta. A mulher chegou, abriu e
deu de cara com Paulão sentado no tapete brincando com um trenzinho.
(NOVAES, Carlos Eduardo. "A cadeira do dentista & outras crônicas." 7. ed. São Paulo: Ática, 1997.
p.15-17.)
Glossário
Caratê - luta corporal em que o indivíduo se serve de meios naturais para atacar ou defender-se.
Espadaúdo - que tem ombros largos.
Hipismo - esporte que compreende equitação, corrida de cavalos, etc.
Logopedista - pessoa que se dedica à ciência de corrigir defeitos de pronúncia.
Sânscrito - antiga língua sagrada e literária da Índia.
Sapateado - dança que se caracteriza por bater os tacões dos sapatos no chão.
Terapeuta - pessoa que se aplica a tratar de doenças.
7. Sabemos que ATÉ tem duas significações: a) indica o termo (no espaço ou no tempo) que não se ultrapassa; b) expressa
inclusão. Nas passagens a seguir, extraídas do texto, há quatro exemplos de uma e um único exemplo da outra. Assinale a
alternativa em que a palavra ATÉ apresenta significado distinto do que possui nas demais:
a) "Afinal o garoto ATÉ aquela idade - imaginem - se limitava a brincar e ir à escola." (par.1)
b) "... um psicanalista, autor da pesquisa, que para realizar seu trabalho mamou ATÉ os 40 anos..." (par.1)
c) "Botou ATÉ aparelho nos dentes do filho." (par.12)
d) "Caminhou um quarteirão ATÉ o banco..." (par.22)
e) "Paulão respirou aliviado por sair debaixo das asas da mãe, que ATÉ às vésperas do casamento queria colocá-lo num
curso de preparação matrimonial." (par.24)
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Faap 97) AS POMBAS
Vai-se a primeira pomba despertada...
Vai-se outra mais... mais outra... enfim dezenas
De pombas vão-se dos pombais, apenas
Raia sangüínea e fresca a madrugada
E à tarde, quando a rígida nortada
Sopra, aos pombais, de novo, elas, serenas
Ruflando as asas, sacudindo as penas,
Voltam todas em bando e em revoada...
Também dos corações onde abotoam,
Os sonhos, um por um, céleres voam
Como voam as pombas dos pombais;
No azul da adolescência as asas soltam,
Fogem... Mas aos pombais as pombas voltam
E eles aos corações não voltam mais...
(Raimundo Correia)
8. Todos os verbos aparecem com o respectivo sujeito em maiúsculo, exceto um deles em que a palavra em maiúsculo é
objeto direto. Identifique:
a) Vai-se A PRIMEIRA POMBA DESPERTADA
b) Apenas raia SANGÜÍNEA E FRESCA A MADRUGADA
c) Ruflando AS ASAS
d) Como voam AS POMBAS dos pombais
e) E ELES aos corações não voltam mais
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Faap 96)
OLHOS DE RESSACA
Enfim, chegou a hora da encomendação e da partida. Sancha quis despedir-se do marido, e o desespero daquele
lance consternou a todos. Muitos homens choravam também, as mulheres todas. Só Capitu, amparando a viúva, parecia
vencer-se a si mesma. Consolava a outra, queria arrancá-la dali. A confusão era geral. No meio dela, Capitu olhou alguns
instantes para o cadáver tão fixa, tão apaixonadamente fixa, que não admira lhe saltassem algumas lágrimas poucas e
caladas...
As minhas cessaram logo. Fiquei a ver as dela; Capitu enxugou-as depressa, olhando a furto para a gente que
estava na sala. Redobrou de carícias para a amiga, e quis levá-la; mas o cadáver parece que a retinha também. Momentos
houve em que os olhos de Capitu fitaram o defunto, quais os da viúva, sem o pranto nem palavras desta, mas grandes e
abertos, como a vaga do mar lá fora, como se quisesse tragar também o nadador da manhã.
(Machado de Assis)
9. Só um destes verbos é transitivo direto, ao lado do qual aparece o objeto direto:
a) chegou a hora da encomendação
b) a confusão era geral
c) lhe saltassem algumas lágrimas
d) Capitu enxugou-as
e) as minhas cessaram logo
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Uece 96) PARA QUEM QUER APRENDER A GOSTAR
01
"Talvez seja tão simples, tolo e natural que você nunca tenha parado para pensar: aprenda a fazer bonito o seu
amor. Ou fazer o seu amor ser ou ficar bonito. Aprenda, apenas, a tão difícil arte de amar bonito. Gostar é tão fácil que
ninguém aceita aprender.
02
Tenho visto muito amor por aí. Amores mesmo, bravios, gigantescos, descomunais, profundos, sinceros, cheios de
entrega, doação e dádiva. Mas esbarram na dificuldade de se tornar bonitos. Apenas isso: bonitos, belos ou embelezados,
tratados com carinho, cuidado e atenção. Amores levados com arte e ternura de mãos jardineiras.
03
Aí esses amores que são verdadeiros, eternos e descomunais de repente se percebem ameaçados apenas e tãosomente porque não sabem ser bonitos: cobram, exigem; rotinizam; descuidam; reclamam; deixam de compreender;
necessitam mais do que oferecem; precisam mais do que atendem; enchem-se de razões. Sim, de razões. Ter razão é o maior
perigo do amor. Quem tem razão sempre se sente no direito (e o tem) de reivindicar, de exigir justiça, eqüidade,
equiparação, sem atinar que o que está sem razão talvez passe por um momento de sua vida no qual não possa ter razão.
Nem queira. Ter razão é um perigo: em geral enfeia o amor, pois é invocado com justiça, mas na hora errada. Amar bonito é
saber a hora de ter razão.
04
Ponha a mão na consciência. Você tem certeza de que está fazendo o seu amor bonito? De que está tirando do
gesto, da ação, da reação, do olhar, da saudade, da alegria do encontro, da dor do desencontro a maior beleza possível?
Talvez não. Cheio ou cheia de razões, você espera do amor apenas aquilo que é exigido por suas partes necessitadas, quando
talvez dele devesse pouco esperar, para valorizar melhor tudo de bom que de vez em quando ele pode trazer. Quem espera
mais do que isso sofre, e sofrendo deixa de amar bonito. Sofrendo, deixa de ser alegre, igual, irmão, criança. E sem soltar a
criança, nenhum amor é bonito.
05
Não tema o romantismo. Derrube as cercas da opinião alheia. Faça coroas de margaridas e enfeite a cabeça de
quem você ama. Saia cantando e olhe alegre. Recomendam-se: encabulamentos, ser pego em flagrante gostando; não se
cansar de olhar, e olhar; não atrapalhar a convivência com teorizações; adiar sempre, se possível com beijos, 'aquela
conversa importante que precisamos ter'; arquivar, se possível, as reclamações pela pouca atenção recebida. Para quem ama,
toda atenção é sempre pouca. Quem ama feio não sabe que pouca atenção pode ser toda a atenção possível. Quem ama
bonito não gasta o tempo dessa atenção cobrando a que deixou de ter.
06
Não teorize sobre o amor (deixe isso para nós, pobres escritores que vemos a vida como a criança de nariz
encostado na vitrina cheia de brinquedos dos nossos sonhos); não teorize sobre o amor; ame. Siga o destino dos sentimentos
aqui e agora.
07
Não tenha medo exatamente de tudo o que você teme, como: a sinceridade; não dar certo; depois vir a sofrer
(sofrerá de qualquer jeito); abrir o coração; contar a verdade do tamanho do amor que sente.
08
Jogue por alto todas as jogadas, estratagemas, golpes, espertezas, atitudes sabidamente eficazes (não é sábio ser
sabido): seja apenas você no auge de sua emoção e carência, exatamente aquele você que a vida impede de ser. Seja você
cantando desafinado, mas todas as manhãs. Falando besteira, mas criando sempre. Gaguejando flores. Sentindo o coração
bater como no tempo do Natal infantil. Revivendo os carinhos que intuiu em criança. Sem medo de dizer eu quero, eu gosto,
eu estou com vontade.
09
Talvez aí você consiga fazer o seu amor bonito, ou fazer bonito o seu amor, ou bonitar fazendo o seu amor, ou
amar fazendo o seu amor bonito (a ordem das frases não altera o produto), sempre que ele seja a mais verdadeira expressão
de tudo o que você é, e nunca: deixaram, conseguiu, soube, pôde, foi possível, ser.
10
Se o amor existe, seu conteúdo já é manifesto. Não se preocupe mais com ele e suas definições. Cuide agora da
forma. Cuide da voz. Cuide da fala. Cuide do cuidado. Cuide do carinho. Cuide de você. Ame-se o suficiente para ser capaz
de gostar do amor e só assim poder começar a tentar fazer o outro feliz."
(TÁVOLA, Arthur da. "Para quem quer aprender a amar". In: COSTA, Dirce Maura Lucchetti et al. "Estudo de texto:
estrutura, mensagem, re-criação". Rio, DIMAC, 1987. P. 25-6)
10. "a maior beleza possível", parágrafo 4, exerce a função sintática de:
a) sujeito
b) predicativo do sujeito
c) objeto direto
d) aposto
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Cesgranrio 93) O POETA COME AMENDOIM - TEXTO I
Noites pesadas de cheiros e calores amontoados...
Foi o sol que por todo o sítio imenso do Brasil
Andou marcando de moreno os brasileiros.
Estou pensando nos tempos de antes de eu nascer...
A noite era pra descansar. As gargalhadas brancas dos mulatos...
Silêncio! O Imperador medita os seus versinhos.
Os Caramurus conspiram à sombra das mangueiras ovais.
Só o murmurejo dos cre'm-deus-padre irmanava os
[ homens de meu país...
Duma feita os canhamboras perceberam que não tinha
[mais escravos,
Por causa disso muita virgem-do-rosáriõ se perdeu...
Porém o desastre verdadeiro foi embonecar esta República temporã.
A gente inda não sabia se governar...
Progredir, progredimos um tiquinho
Que o progresso também é uma fatalidade...
Será o que Nosso Senhor quiser!...
Estou com desejos de desastres...
Com desejos do Amazonas e dos ventos muriçocas
Se encostando na canjerana dos batentes...
Tenho desejos de violas e solidões sem sentido...
Tenho desejos de gemer e de morrer...
Brasil...
Mastigado na gostosura quente do amendoim...
Falado numa língua curumim
De palavras incertas num remeleixo melado melancólico...
Saem lentas frescas trituradas pelos meus dentes bons...
Molham meus beiços que dão beijos alastrados
E depois semitoam sem malícia as rezas bem nascidas...
Brasil amado não porque seja minha pátria,
Pátria é acaso de migrações e do pão-nosso onde Deus der...
Brasil que eu amo porque é o ritmo no meu braço aventuroso,
O gosto dos meus descansos,
O balanço das minhas cantigas amores e danças.
Brasil que eu sou porque é a minha expressão muito engraçada,
Porque é o meu sentimento pachorrento,
Porque é o meu jeito de ganhar dinheiro, de comer e de dormir.
(Mário de Andrade. POESIAS COMPLETAS. S.P.: Martins, 1996. p. 109-110)
TEXTO II
A política é a arte de gerir o Estado, segundo princípios definidos, regras morais, leis escritas, ou tradições
respeitáveis. A politicalha é a indústria de explorar o benefício de interesses pessoais. Constitui a política uma função, ou o
conjunto das funções do organismo nacional: é o exercício normal das forças de uma nação consciente e senhora de si
mesma. A politicalha, pelo contrário, é o envenenamento crônico dos povos negligentes e viciosos pela contaminação de
parasitas inexoráveis. A política é a higiene dos países moralmente sadios. A politicalha, a malária dos povos de moralidade
estragada.
(Rui Barbosa. Texto reproduzido em ROSSIGNOLI, Walter. "Português: teoria e prática". 2. ed. São Paulo: Ática, 1992. p.
19)
11. "Saem LENTAS frescas trituradas pelos meus DENTES bons... / Molham meus beiços QUE dão beijos alastrados"
(Texto I, v. 25-26).
As funções sintáticas dos termos em destaque são, respectivamente:
a) adjunto adverbial de modo - agente da passiva - sujeito.
b) predicativo do sujeito - objeto indireto - objeto direto.
c) predicativo do sujeito - agente da passiva - sujeito.
d) adjunto adnominal - agente da passiva - sujeito.
e) adjunto adnominal - complemento nominal - objeto direto.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Unb 97) Você não sente, não vê
Mas eu não posso deixar de dizer, meu amigo,
Que uma nova mudança em breve vai acontecer:
O que há algum tempo era jovem, novo, hoje é antigo
E precisamos todos rejuvenescer.
Belchior
Na(s) questão(ões) a seguir assinale os itens corretos e os itens errados.
12. Enfocando a estrutura sintática desse fragmento de letra poética, julgue os itens seguintes.
(0) A construção "eu não posso deixar de dizer" (v.2) engloba três orações porque apresenta três verbos relacionados a um
único sujeito.
(1) A expressão "meu amigo" (v.2), que está entre vírgulas, é um vocativo, ou seja, refere-se à pessoa a quem o poeta se
dirige.
(2) A oração "Que uma nova mudança em breve vai acontecer" (v.3) classifica-se como subordinada substantiva objetiva
direta, por exercer a função de objeto direto do verbo "dizer" (v.2).
(3) Aparecem quatro adjuntos adverbiais de tempo no quarto verso: "algum tempo", "jovem", "novo" e "hoje".
13. (Fuvest 92) No texto do capítulo CXXXV, o SE ocorre duas vezes como partícula apassivadora.
a) Construa uma frase em que o verbo REPRESENTAR seja intransitivo.
b) Utilizando o verbo PERDER construa uma frase em que o SE venha a ser índice de indeterminação do sujeito.
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES.
(Fuvest 92)
LXXII
Uma Reforma Dramática
Nem eu, nem tu, nem qualquer outra pessoa desta história poderia responder mais, tão certo é que o destino, como
todos os dramaturgos, não anuncia as peripécias nem o desfecho. Eles chegam a seu tempo, até que o pano cai, apagam-se
as luzes, e os espectadores vão dormir. Nesse gênero há porventura alguma coisa que reformar, e eu proporia, como ensaio,
que as peças começassem pelo fim. Otelo mataria a si e a Desdêmona no primeiro ato, os três seguintes seriam dados à ação
lenta e decrescente do ciúme, e o último ficaria só com as cenas iniciais da ameaça dos turcos, as explicações de Otelo e
Desdêmona, e o bom conselho do fino Iago: "Mete dinheiro na bolsa." Desta maneira o espectador, por um, acharia no
teatro a charada habitual que os periódicos lhe dão, porque os últimos atos explicariam o desfecho do primeiro, espécie de
conceito, e, por outro lado, ia para a cama com uma boa impressão de ternura e de amor:
CXXXV
Otelo
Jantei fora. De noite fui ao teatro. Representava-se justamente Otelo, que eu não vira nem lera nunca; sabia apenas
o assunto, e estimei a coincidência. Vi as grandes raivas do mouro, por causa de um lenço, - um simples lenço! - e aqui dou
matéria à meditação dos psicólogos deste e de outros continentes, pois não me pude furtar à observação de que um lenço
bastou a acender os ciúmes de Otelo e compor a mais sublime tragédia deste mundo. Os lenços perderam-se, hoje são
precisos os próprios lençóis, alguma vez nem lençóis há, e valem só as camisas. Tais eram as idéias que me iam passando
pela cabeça, vagas e turvas, à medida que o mouro rolava convulso, e Iago destilava a sua calúnia. Nos intervalos não me
levantava da cadeira; não queria expor-me a encontrar algum conhecido. As senhoras ficavam quase todas nos camarotes,
enquanto os homens iam fumar. Então eu perguntava a mim mesmo se alguma daquelas não teria amado alguém que jazesse
agora no cemitério, e vinham outras incoerências, até que o pano subia e continuava a peça. O último ato mostrou-me que
não eu, mas Capitu devia morrer. Ouvi as súplicas de Desdêmona, as suas palavras amorosas e puras, e a fúria do mouro, e a
morte que este lhe deu entre aplausos frenéticos do público.
(Machado de Assis, "Dom Casmurro")
14. No último período do capítulo LXXII "espectador" acaba sendo sujeito de dois verbos.
a) Quais são esses verbos?
b) Em que modo e tempo se encontram os verbos?
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Uerj 99)
TEXTO I
1
Escreverei minhas "Memórias", fato mais freqüentemente do que se pensa observado no mundo industrial,
artístico, científico e sobretudo no mundo político, onde muita gente boa se faz elogiar e aplaudir em brilhantes artigos
biográficos tão espontâneos, ¢como os ramalhetes e as coroas de flores que as atrizes compram para que lhos atirem na cena
os comparsas comissionados.
2
Eu reputo esta prática muito justa e muito natural; porque não compreendo amor e ainda amor apaixonado mais
justificável do que aquele que sentimos pela nossa própria pessoa.
3
O amor do eu é e sempre será a pedra angular da sociedade humana, o regulador dos sentimentos, o móvel das
ações, e o farol do futuro: do amor do eu nasce o amor do lar doméstico, deste o amor do município, deste o amor da
província, deste o amor da nação, anéis de uma cadeia de amores que os tolos julgam que sentem e tomam ao sério, e que
certos maganões envernizam, mistificando a humanidade para simular abnegação e virtudes que não têm no coração e que
eu com a minha exemplar franqueza simplifico, reduzindo todos à sua expressão original e verdadeira, e dizendo, lar,
município, província, nação, têm a flama dos amores que lhes dispenso nos reflexos do amor em que me abraso por mim
mesmo: todos eles são o amor do eu e nada mais. A diferença está em simples nuanças determinadas pela maior ou menor
proporção dos interesses e das conveniências materiais do apaixonado adorador de si mesmo.
(MACEDO, Joaquim Manuel de. "Memórias do sobrinho de meu tio". São Paulo: Companhia das Letras, 1995.)
TEXTO II
Já dois anos se passaram longe da pátria. Dois anos! Diria dois séculos. E durante este tempo tenho contado os dias
e as horas pelas bagas do pranto que tenho chorado. Tenha embora Lisboa os seus mil e um atrativos, ó eu quero a minha
terra; quero respirar o ar natal (...). Nada há que valha a terra natal. ¢Tirai o índio do seu ninho e apresentai-o d'improviso
em Paris: será por um momento fascinado diante dessas ruas, desses templos, desses mármores; mas depois falam-lhe ao
coração as lembranças da pátria, e trocará de bom grado ruas, praças, templos, mármores, pelos campos de sua terra, pela
sua choupana na encosta do monte, pelos murmúrios das florestas, pelo correr dos seus rios. Arrancai a planta dos climas
tropicais e plantai-a na Europa: ela tentará reverdecer, mas cedo pende e murcha, porque lhe falta o ar natal, o ar que lhe dá
vida e vigor. Como o índio, prefiro a Portugal e ao mundo inteiro, o meu Brasil, rico, majestoso, poético, sublime. Como a
planta dos trópicos, os climas da Europa enfezam-me a existência, que sinto fugir no meio dos tormentos da saudade.
(ABREU, Casimiro de."Obras de Casimiro de Abreu". Rio de Janeiro: MEC, 1955.)
TEXTO III
LADAINHA I
Por se tratar de uma ilha deram-lhe o nome
de ilha de Vera Cruz.
Ilha cheia de graça.
Ilha cheia de pássaros.
Ilha cheia de luz.
Ilha verde onde havia
mulheres morenas e nuas
anhangás a sonhar com histórias de luas
e cantos bárbaros de pajés em poracés
[batendo os pés.
Depois mudaram-lhe o nome
pra terra de Santa Cruz.
Terra cheia de graça
Terra cheia de pássaros
Terra cheia de luz.
A grande Terra girassol onde havia
[guerreiros de tanga e onças ruivas
[deitadas à sombra das árvores
[mosqueadas de sol.
Mas como houvesse, em abundância,
certa madeira cor de sangue cor de brasa
e como o fogo da manhã selvagem
fosse um brasido no carvão noturno da
[paisagem,
e como a Terra fosse de árvores vermelhas
e se houvesse mostrado assaz gentil,
deram-lhe o nome de Brasil.
Brasil cheio de graça
Brasil cheio de pássaros
Brasil cheio de luz.
(RICARDO, Cassiano. "Seleta em prosa e verso". Rio de Janeiro: José Olympio, 1975.)
15. "... e como a Terra fosse de árvores vermelhas
e SE houvesse mostrado assaz gentil,
deram-lhe o nome de Brasil."
(texto III - versos 20 a 22)
O valor morfossintático da palavra "SE" na penúltima estrofe está repetido em:
a) "Rosas te brotarão da boca, SE cantares!" (Olavo Bilac)
b) "Vou expor-te um plano; quero saber SE o aprovas." (Artur Azevedo)
c) "Todas as palavras são inúteis, desde que SE olha para o céu." (Cecília Meireles)
d) "Cada um deles SE incumbia de fazer porção de requerimentos." (Mário Palmério)
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Fuvest 95)
- Haveis de entender, começou ele, que a virtude e o saber têm duas existências paralelas, uma no sujeito
que as possui, outra no espírito dos que o ouvem ou contemplam. Se puserdes as mais sublimes virtudes e os mais
profundos conhecimentos em um sujeito solitário, remoto de todo contato com outros homens, é como se eles não
existissem. Os frutos de uma laranjeira, se ninguém os gostar, valem tanto como as urzes e plantas bravias, e, se ninguém os
vir, não valem nada; ou, por outras palavras mais enérgicas, não há espetáculo sem espectador. Um dia, estando a cuidar
nestas coisas, considerei que, para o fim de alumiar um pouco o entendimento, tinha consumido os meus longos anos, e,
aliás, nada chegaria a valer sem a existência de outros homens que me vissem e honrassem; então cogitei se não haveria um
modo de obter o mesmo efeito, poupando tais trabalhos, e esse dia posso agora dizer que foi o da regeneração dos homens,
pois me deu a doutrina salvadora.
(Machado de Assis, O segredo do bonzo)
16. Nos segmentos do texto "o ouvem ou contemplam", "se eles não existissem" e "se ninguém os vir", os pronomes o, eles
e os referem-se, respectivamente, a:
a) espírito, outros homens, frutos de uma laranjeira.
b) sujeito, profundos conhecimentos, outros homens.
c) saber, frutos de uma laranjeira, virtudes e conhecimentos.
d) sujeito, virtudes e conhecimentos, frutos de uma laranjeira.
e) espírito, virtudes e conhecimentos, outros homens.
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 3 QUESTÕES.
(Ita 95) As questões a seguir referem-se ao texto adiante. Analise-as e assinale, para cada uma, a alternativa incorreta.
Litania dos Pobres
Cruz e Souza
01
Os miseráveis, os rotos
São as flores dos esgotos
São espectros implacáveis
Os rotos, os miseráveis.
05
São prantos negros de furnas
Caladas, mudas, soturnas.
São os grandes visionários
Dos abismos tumultuários.
10
As sombras das sombras mortas,
Cegos, a tatear nas portas.
Procurando os céus, aflitos
E varando os céus de gritos.
Inúteis, cansados braços
Mãos inquietas, estendidas.
17. a) 'espectros' (v.3) tem o sentido de 'fantasma', de irrealidade: caberia aqui como sinônimo de 'esquálidos, esqueléticos'.
b) 'flores' (v.2) - o Autor encontra certo encantamento na vida dos pobres.
c) Na estrofe 1 a ordem é direta: primeiro o sujeito, depois o predicado.
d) Na estrofe 2 os adjetivos substantivos, 'rotos' e 'miseráveis', são o sujeito.
e) 'Procurando o céu' (v.11) é uma oração subordinada adverbial, em referência a 'aflitos' (v.11).
18. a) 'de gritos' (v.12) se liga sintaticamente a varando (v.12) e não a céu (v.12).
b) 'de gritos' (v.12) é adjunto adnominal.
c) Os adjetivos do verso 6 concordam com 'furnas' (v.5) mas são qualificativos indiretos de os 'miseráveis' (v.1).
d) 'varando' (v.12) tem a mesma classificação sintática que 'procurando' (v.11)
e) 'As sombras das sombras' (v.9) é um exagero poético, uma hipérbole.
19. a) Na terceira estrofe há elipse do sujeito.
b) A quinta estrofe só se estende como havendo elipse do sujeito e do verbo.
c) 'A tatear' (v.10) tem valor de 'que tateiam', é oração adjetiva.
d) A vírgula após 'cegos' (v.10) é dispensável.
e) 'de' (v.12) indica posse.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Uff 2000) PERO VAZ DE CAMINHA
a descoberta
Seguimos nosso caminho por este mar de longo
Até a oitava da Páscoa
Topamos aves
E houvemos vista de terra
os selvagens
Mostraram-lhes uma galinha
Quase haviam medo dela
E não queriam pôr a mão
E depois a tomaram como espantados
primeiro chá
Depois de dançarem
Diogo Dias
Fez o salto real
as meninas da gare
Eram três ou quatro moças bem moças e bem gentis
Com cabelos mui pretos pelas espáduas
E suas vergonhas tão altas e tão saradinhas
Que de nós as muito olharmos
Não tínhamos nenhuma vergonha
(ANDRADE, Oswald. "Poesias reunidas". Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978, p.80.)
20. Assinale a opção em que o segmento em destaque exerce uma função sintática, que permite a especificação de uma
ação.
a) Seguimos nosso caminho POR ESTE MAR DE LONGO (v.2)
b) E houvemos vista DE TERRA (v.5)
c) Mostraram-LHES uma galinha (v.7)
d) Quase haviam medo DELA (v.8)
e) Que DE NÓS AS MUITO OLHARMOS
Não tínhamos nenhuma vergonha (v. 19-20)
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Unirio 2000)
Sabadoyles
1
Guimarães Rosa deu o título de "Terceiras estórias" a um de seus livros. Não era segredo que havia escrito outro
chamado "Primeiras estórias". Onde estavam as segundas estórias, que nunca saíram? "Afinal, explique a confusão,"
pediram num almoço na editora José Olympio. Rosa, com o garfo na mão, apontou para o advogado da editora, Plínio
Doyle: "Todos sabem que o Doyle não sossega sem um texto nas mãos. Pois ele me pediu os originais das "Segundas
estórias" e até hoje não me devolveu." Pura invenção. Outra vez, Doyle mostrou um original de Castro Alves, documento
que ele julgava da maior importância, aos amigos reunidos em sua casa. Carlos Drummond de Andrade, sentado na
"bancada mineira", o sofá que compartilhava com Alphonsus de Guimaraens e Pedro Nava, falou baixinho, mas
suficientemente alto para que ele ouvisse: "Coitado do Doyle! Castro Alves assinava sem cortar letra 't'. Olha esse papel: o
't' está cortado. É cópia!" Tudo mentira. Era brincadeira do poeta maior.
2
Houve um tempo em que as relações humanas eram mais afáveis. Uma das expressões mais belas dessa
cordilidade eram as reuniões semanais, aos sábados à tarde, na casa de Doyle, hoje com 92 anos, na pacata Barão de
Jaguaribe, em Ipanema. Era ponto de encontro de alguns dos intelectuais de maior envergadura do país neste século. E era
apenas uma reunião entre amigos. Quem batizou foi Raul Bopp. "Sábado do Doyle. Eram três 'do', um desperdício. Ficou o
neologismo sabadoyle. Pegou," conta o anfitrião. Os sabadoyles duraram 34 anos. Foram 1.708 reuniões, até 1998. "Qual é
a explicação para tal façanha, poeta?", alguém perguntou a Drumond. "É milagre do Doyle." O advogado nunca escreveu
uma linha sequer, exceto petições e memorandos. Mas foi parceiro de uma geração inigualável de escritores e poetas
brasileiros, um aglutinador, companhia amistosa e confiável. Uma lição de fraternidade e civilidade. "Esse privilégio eu
tive", diz ele. "Todos já morreram. Fiquei eu. Não sei por quê."
("Isto É" - O BRASILEIRO DO SÉCULO - Especial 4, 1999.)
21. A opção em que se tem um pronome relativo em função de sujeito é:
a) "Não era segredo que havia escrito ..."
b) "Onde estavam as segundas estórias, que nunca saíram?"
c) "Todos sabem que Doyle não sossega ..."
d) "... documento que ele julgava da maior importância,"
e) " o sofá que compartilhava com Alphonsus de Guimaraens..."
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 3 QUESTÕES.
(Uepg 2001)
Delírio de voar
Nos dez primeiros anos deste século havia uma mania pop em Paris - voar. As formas estranhas dos aeroplanos
experimentais invadiam as páginas dos jornais. Cada proeza dos aviadores era narrada em detalhe. Os parisienses
acompanhavam fascinados as audácias dos aviadores, uma elite extravagante de jovens brilhantes, cultos e elegantes,
realçada por vários milionários e pelo interesse das moças. Multidões lotavam o campo de provas de Issy-les-Molincaux. Os
pilotos e os inventores eram reconhecidos nas ruas e homenageados em restaurantes. Todo dia algum biruta apresentava
uma nova máquina, anunciava um plano mirabolante e desafiava a gravidade e a prudência.
Paris virara a capital mundial da aviação desde a fundação do Aéro-Club de France, em 1898. Depois da difusão
dos grandes balões, em 1880, e dos dirigíveis inflados a gás, em 1890 - os chamados "mais leves que o ar", chegara a hora
dos aparelhos voadores práticos, menores e controláveis - os "mais pesados que o ar". Durante muito tempo eles foram
descartados como impossíveis, mas agora as pré-condições haviam mudado. A tecnologia da aerodinâmica, da engenharia
de estruturas, do desenho de motores e da química de combustíveis havia chegado a um estágio de evolução inédito.
Combinadas, permitiam projetar máquinas inimaginadas.
Simultaneamente, por caminhos paralelos, a fotografia dera um salto com a invenção dos filmes flexíveis, em 1889.
Surgiram câmeras modernas, mais sensíveis à luz, mais velozes e fáceis de manejar. Em conseqüência, proliferaram os
fotógrafos profissionais e amadores. Eles não só registraram cada passo da infância da aviação como também
popularizaram-na. Transportados pelos jornais, os feitos dos pioneiros estimularam a vocação de muitos jovens candidatos a
aviador. A mídia glamourizou a ousadia de voar.
.........................................................................................
Inventar aviões era um ofício diletante e nada rendoso - ainda. Exigia recursos financeiros para construir aparelhos,
contratar mecânicos, oficinas e hangares. Dinheiro nunca faltou ao brasileiro Alberto Santos-Dumont, filho de um rico
fazendeiro mineiro, ou ao engenheiro e nobre francês marquês d'Ecquevilley-Montjustin. Voar era um ideal delirante e
dândi. Uma glória para homens extraordinários.
(SUPERINTERESSANTE, junho/99, p.36)
22. Tendo em vista aspectos morfológicos e morfossintáticos, escolha as alternativas corretas.
01) Em "Surgiram câmeras modernas, mais sensíveis à luz, mais velozes e fáceis de manejar", o termo "à luz" é chamado de
complemento nominal pois complementa o sentido do nome "sensíveis".
02) Em "Surgiram câmeras modernas, mais SENSÍVEIS à luz, mais VELOZES e FÁCEIS de manejar", os três vocábulos
destacados são adjetivos.
04) Em "Cada proeza dos aviadores era narrada EM DETALHE", a expressão destacada, formada por preposição e
substantivo, tem valor adverbial.
08) Na frase "As formas estranhas dos aeroplanos experimentais invadiam as páginas dos jornais", o complemento verbal
pode ser substituído pelo pronome oblíquo átono "lhes".
16) As palavras "avião", "aviação" e "aviador" são chamadas cognatas por serem formadas com o mesmo radical.
23. O sujeito oracional foi analisado corretamente em:
01) "As formas estranhas dos aeroplanos experimentais invadiam as páginas dos jornais" - sujeito simples anteposto ao
verbo.
02) "Nos dez primeiros anos deste século havia uma mania pop em Paris" - sujeito simples posposto ao verbo.
04) "Em conseqüência, proliferaram os fotógrafos profissionais e amadores" - sujeito indeterminado.
08) "Os pilotos e os inventores eram reconhecidos nas ruas" - sujeito composto anteposto ao verbo.
16) "Surgiram câmeras modernas, mais sensíveis à luz" - sujeito simples posposto ao verbo.
24. Quanto à sintaxe interna da estrutura "Os parisienses acompanhavam fascinados as audácias dos aviadores", é correto
afirmar que
01) "parisienses" é um substantivo em função de sujeito.
02) o verbo é transitivo direto.
04) o predicado é verbo-nominal pois tem um verbo e um nome como núcleos.
08) "fascinados" funciona como predicativo do sujeito.
16) o sintagma "as audácias dos aviadores" tem função de objeto direto.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Unitau 95)
"A teoria da argumentação é a parte da semiologia comprometida com a explicação das evocações
ideológicas das mensagens. Os novos retóricos aproximam-se, assim, da proposta de Eliseo Verón, que, preocupado com as
condições ideológicas dos processos de transmissão e consumo das significações no seio da comunicação social, chama de
semiologia os estudos preocupados com essa problemática, deixando como objeto da teoria lingüística as questões
tradicionais sobre o conceito, o referente e os componentes estruturais dos signos. Essa demarcação determina que a
semiologia deve ser analisada como uma teoria hermenêutica das formas como se manipulam contextualmente os
discursos".
(ROCHA & CITTADINO, "O Direito e sua Linguagem", p.17, Sérgio Antonio Fabris Editor, Porto Alegre, 1984)
25. Em "A teoria da comunicação é a parte da semiologia compreendida com a explicação das 'evocações' ideológicas das
'mensagens', indique a função das palavras entre aspas:
a) objeto direto - complemento nominal
b) adjunto adnominal - objeto direto
c) objeto indireto - adjunto adnominal
d) adjunto adnominal - adjunto adnominal
e) complemento nominal - complemento nominal
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Vunesp 91)
"Brancas rochas, pelas encostas, alastravam a sólida nudez do seu ventre polido pelo vento e pelo sol;
outras, vestidas de líquen e de silvados floridos, avançavam como proas de galeras enfeitadas; e, de entre as que se
apinhavam nos cimos, algum casebre que para lá galgara, todo amachucado e torto, espreitava pelos postigos negros, sobre
as desgrenhadas farripas de verdura, que o vento lhe semeara nas telhas. Por toda a parte a água sussurrante, a água
fecundante... Espertos regatinhos fugiam, rindo com os seixos, de entre as patas da égua e do burro; grossos ribeiros
açodados saltavam com fragor de pedra em pedra; fios direitos e luzidios como cordas de prata vibravam e faiscavam das
alturas aos barrancos; e muita fonte, posta à beira de veredas, jorrava por uma bica, beneficamente, à espera dos homens e
dos gados... "
26. Na oração "grossos RIBEIROS açodados saltavam com fragor de pedra em pedra", o substantivo destacado ocupa o
núcleo do sujeito (grossos RIBEIROS açodados). Baseando-se neste comentário, analise a frase a seguir e indique as
funções sintáticas que nela exercem os substantivos em destaque:
"Brancas rochas, pelas ENCOSTAS, alastravam a sólida NUDEZ do seu ventre polido pelo vento e pelo sol".
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Fuvest 91)
O ATHENEU
I
"Vaes encontrar o mundo, disse-me meu pae, á porta do Atheneu. Coragem para a lucta."
Bastante experimentei depois a verdade d'este aviso, que me despia, num gesto, das illusões de criança educada
exoticamente na estufa de carinho que é o regimen do amor domestico, differente do que se encontra fóra, tão differente,
que parece o poema dos cuidados maternos um artificio sentimental, com a vantagem única de fazer mais sensível a creatura
á impressão rude do primeiro ensinamento, tempera brusca da vitalidade na influencia de um novo clima rigoroso.
Lembramo-nos, entretanto, com saudade hypocrita, dos felizes tempos; como se a mesma incerteza de hoje, sob outro
aspecto, não nos houvesse perseguido outr'ora e não viesse de longe a enfiada das decepções que nos ultrajam.
Euphemismo, os felizes tempos, euphemismo apenas, igual aos outros que nos alimentam a saudade dos dias que
correram como melhores. Bem considerando, a actualidade é a mesma em todas as datas. Feita a compensação dos desejos
que veriam, das aspirações que se transformam, alentadas perpetuamente do mesmo ardor, sobre a mesma base phantastica
de esperanças, a actualidade é uma. Sob a coloração cambiante das horas, um pouco de ouro mais pela manhã, um pouco
mais de purpura ao crepúsculo - a paysagem é a mesma de cada lado beirando a estrada da vida.
Eu tinha onze annos.
27. No segundo parágrafo existe uma oração subordinada adverbial consecutiva.
a) Identifique-a pelo verbo.
b) Qual o sujeito desse verbo?
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Fei 97) INVESTIMENTO SEM RISCO
"Em julho do ano passado, EXAME encomendou ao jornalista ¢Stephen Hugh-Jones, editor da seção de assuntos
internacionais da centenária revista inglesa The Economist, um £artigo para a edição especial sobre o primeiro ano do Plano
Real. (...) Aqui, chocou-o profundamente a constatação de que quase um quinto da população brasileira com idade superior
a 15 anos não sabia ler nem escrever. Em números absolutos, isso significa quase 20 milhões de pessoas materialmente
incapacitadas, em função da ignorância, para fruir do desenvolvimento ou colaborar com ele. Essa cifra triplica caso sejam
incluídos os chamados analfabetos funcionais, isto é, aquelas pessoas que não completaram a 4ヘ série do primário. (...) Não
se trata, apenas, de uma questão elementar de justiça. O sistema educacional brasileiro simplesmente não faz sentido do
ponto de vista econômico. As dezenas de milhões de brasileiros desprovidos de educação não têm (nem terão) chances reais
de obter renda, não consomem mais do que produtos básicos, não pagam impostos, não produzem bens ou serviços com real
valor econômico, não estão aptos a ser empregados num número crescente de atividades".
(EXAME, 17/07/1996)
28. Observe os termos indicados no texto: "ao jornalista Stephen Hugh-Jones" (ref. 1) e "um artigo" (ref. 2). Em análise
sintática, classificamos os termos destacados. respectivamente como:
a) objeto direto e objeto indireto.
b) complemento nominal e objeto direto.
c) adjunto adverbial e aposto.
d) objeto indireto e objeto direto.
e) objeto indireto e adjunto adverbial.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Ita 2000)
Filme bom é filme antigo? Lógico que não, mas "A Múmia", 1932, põe a frase em xeque.
Sua refilmagem, com Brendan Fraser no elenco, ainda corre nos cinemas brasileiros, repleta de humor e efeitos
visuais.
Na de Karl Freund, há a vantagem de Boris Karloff no papel-título, compondo uma múmia aterrorizadora, fiel ao
terror dos anos 30.
Apesar de alguma precariedade, lança um clima de mistério que a versão 1999 não conseguiu, tal a ênfase dada à
embalagem. Daí "nem sempre cinema bom são efeitos especiais" deveria ser a tal frase. (PSL) (A PRECÁRIA E
MISTERIOSA MÚMIA DE 32, Folha de S. Paulo, Caderno Ilustrada, 4/8/1999.)
29. Em: "TAL a ênfase dada à embalagem" e "deveria ser a TAL frase", os termos em destaque nas duas frases podem ser
substituídos, respectivamente, por:
a) semelhante; aquela.
b) tamanha; essa.
c) tamanha; aquela.
d) semelhante; essa.
e) essa; aquela.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Cesgranrio 95)
Pátria Minha
A minha pátria é como se não fosse, é íntima
Doçura e vontade de chorar; uma criança dormindo
É minha pátria. Por isso, no exílio
Assistindo dormir meu filho
Choro de saudades de minha pátria.
Se me perguntarem o que é a minha pátria, direi:
Não sei. De fato, não sei (...)
Mas sei que a minha pátria é a luz, o sal e a água
Que elaboram e liquefazem a minha mágoa
Em longas lágrimas amargas.
Vontade de beijar os olhos de minha pátria
De niná-la, de passar-lhe a mão pelos cabelos...
Vontade de mudar as cores do vestido
[(auriverde!) tão feias
De minha pátria, de minha pátria sem sapatos
E sem meias, pátria minha
Tão pobrinha!
Porque te amo tanto, pátria minha, eu que não tenho
Pátria, eu semente que nasci do vento
Eu que não vou e não venho, eu que permaneço
Em contacto com a dor do tempo (...)
Ponho no vento o ouvido e escuto a brisa
Que brinca em teus cabelos e te alisa
Pátria minha, e perfuma o teu chão...
Que vontade me vem de adormecer-me
Entre teus doces montes, pátria minha
Atento à fome em tuas estranhas
E ao batuque em teu coração.
Teu nome é pátria amada, é patriazinha
Não rima com mãe gentil
Vives em mim como uma filha, que és
Uma ilha de ternura: a Ilha
Brasil, talvez.
Vinicius de Moraes - Trechos
30. Assinale a opção em que o termo entre aspas apresenta função sintática idêntica ao do exemplo seguinte:
vontade "de chorar" (v.2)
a) choro "de saudades" (v. 5)
b) olhos "de minha pátria" (v. 11)
c) passar-lhe a mão "pelos cabelos" (v. 12)
d) nasci "do vento" (v. 18)
e) em contacto "com a dor" (v. 20)
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Ufpe 96) ERRO DE PORTUGUÊS
Quando o português chegou
Debaixo de uma bruta chuva
Vestiu o índio
Que pena!
Fosse uma manhã de sol
O índio tinha despido
o português.
(Oswald de Andrade)
31. Em:
"Vestiu 'o índio' ..."
" 'O índio' tinha despido ...", os termos entre aspas simples exercem, respectivamente, as funções de OBJETO DIRETO e
SUJEITO AGENTE.
Assinale o par de frases em que, para os destaques, a classificação sintática é, respectivamente, a mesma.
a) "... e perdeu a 'calma'."
"A 'calma' voltou a estabelecer-se."
b) "Do mundo, 'nada' se leva."
" 'Nada' se cria; tudo se recria."
c) "O diretor exibiu 'cenas' do filme."
"As 'cenas' foram exibidas na noite de estréia ..."
d) "Encontraram-se 'vestígios' da ação."
"Dos 'vestígios', nada fora encontrado."
e) "Fundiam-se no 'personagem' sentimentos contraditórios."
"O 'personagem' exibia sentimentos contraditórios."
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Ufsm 2000) TEXTO I
APRENDENDO COM O PRIMATA
Atual e instigante a reportagem "A outra face do macaco" (número 10, ano 12). O comportamento animal contribui
para a compreensão do problema da violência premeditada entre os humanos. E pode também indicar possíveis soluções.
(Édison Miguel - Goiânia, GO)
TEXTO II
O MACACO NÃO ESTÁ CERTO
Fiquei muito impressionada com a violência e a rivalidade que existe entre as tribos de macacos. Sempre tive outra
imagem dos primatas. Para mim eles eram animais pacíficos e inteligentes, mas agora percebo que se parecem mesmo com
os humanos.
(Elaine Gomes - Santa Maria, RS)
TEXTO III
O HOMEM É BEM PIOR
Comparar o instinto violento do chimpanzé com o do homem é algo cômico. Os humanos já nascem com a mente
voltada para as guerras e são infinitamente mais ferozes.
(José Reinaldo Coniutti - Cuiabá, MT)
DEZEMBRO, 1998 - SUPER
32. Classifique a oração introduzida pela palavra destacada em "Fiquei muito impressionada com a violência e a rivalidade
QUE existe entre as tribos de macacos".
Identifique o período em que a palavra sublinhada introduz uma oração de mesma classificação.
a) Vi QUE a violência e a rivalidade existem entre as tribos de macacos.
b) Impressionou-me a informação QUE recebi sobre a violência e a rivalidade entre as tribos de macacos.
c) A violência e a rivalidade são tão grandes entre as tribos de macacos QUE me impressionei.
d) A verdade é QUE a violência e a rivalidade existem entre as tribos de macacos.
e) É impressionante QUE existam violência e rivalidade entre as tribos de macacos.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Ufc 2001)
MEIO-DIA (2)
O sol tomba,
vertical,
dos edifícios.
Ardem os muros perfilados.
Os objetos vomitam cores,
embriagados.
O vermelho dos sinais ri,
em chamas,
para os carros.
Na calçada,
a luz lambe
as coxas da garota,
penetra no blue-jeans
os manequins,
irriga de calor
a angústia dos homens.
(Tudo se queima,
tudo se consome,
tudo arde infinito.)
Ó súbita revelação:
o sol me aponta
o carvão íntimo
das coisas,
negro
coração
batendo na claridade.
(ESPÍNOLA, Adriano. "Beira-Sol". Rio de Janeiro: Topbooks, 1999. p.72-73)
33. No verso "Ardem os muros perfilados." (verso 4), a disposição linear dos termos oracionais:
a) mantém a isometria do poema.
b) conota a onipresença da luz do sol.
c) corresponde ao alinhamento dos muros.
d) assegura a rima de "perfilados" com "embriagados."
e) decorre do vínculo semântico entre substantivo e adjetivo.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Unirio 99)
A partida dos homens
1
Aproximou-se da janela, sentiu frio nos ombros nus, olhou a terra onde as plantas viviam quietas. O globo moviase e ela estava sobre ele de pé. Junto a uma janela, o céu por cima, claro, infinito. Era inútil abrigar-se na dor de cada caso,
revoltar-se contra os acontecimentos, porque os fatos eram apenas um rasgão no vestido, de novo a seta muda indicando o
fundo das coisas, um rio que seca e deixa ver o leito nu.
2
A frescura da tarde arrepiou sua pele, Joana não conseguiu pensar nitidamente - havia alguma coisa no jardim que a
deslocava para fora de seu centro, fazia-a vacilar... Ficou de sobreaviso. Algo tenta mover-se dentro dela, respondendo, e
pelas paredes escuras de seu corpo subiam ondas leves, frescas, antigas. Quase assustada, quis trazer a sensação à
consciência, porém cada vez mais era arrastada para trás numa doce vertigem, por dedos suaves. Como se fosse de manhã.
Perscrutou-se, subitamente atenta como se tivesse avançado demais. De manhã?
3
De manhã. Onde estivera alguma vez, em que terra estranha e milagrosa já pousara para agora sentir-lhe o
perfume? Folhas secas sobre a terra úmida. O coração apertou-se-lhe devagar, abriu-se, ela não respirou um momento
esperando... Era de manhã, sabia que era de manhã... Recuando como pela mão frágil de uma criança, ouviu, abafado como
em sonho, galinhas arranhando a terra. Uma terra quente, seca... o relógio batendo tin-dlen...tin...dlen... o sol chovendo em
pequenas rosas amarelas e vermelhas sobre as casas... Deus, o que era aquilo senão ela mesma? mas quando? não sempre...
4
As ondas cor-de-rosa escureciam, o sonho fugia. Que foi que perdi? que foi que perdi? Não era Otávio, já longe,
não era o amante, o homem infeliz nunca existira. Ocorreu-lhe que este deveria estar preso, afastou o pensamento
impaciente, fugindo, precipitando-se... Como se tudo participasse da mesma loucura, ouviu subitamente um galo próximo
lançar seu grito violento e solitário. Mas não é de madrugada, disse trêmula, alisando a testa fria... O galo não sabia que ia
morrer! O galo não sabia que ia morrer! Sim, sim: papai que é que eu faço? Ah, perdera o compasso de um minueto... Sim...
o relógio batera tin-dlen, ela erguera-se na ponta dos pés e o mundo girava muito mais leve naquele momento. Havia flores
em alguma parte? e uma grande vontade de se dissolver até misturar seus fios com o começo das coisas. Formar uma só
substância, rósea e branda - respirando mansamente como um ventre que se ergue e se abaixa, que se ergue e se abaixa...
(...)
Clarice Lispector - (PERTO DO CORAÇÃO SELVAGEM)
34. "Era inútil abrigar-SE na dor de cada caso," (par.1)
"... que a deslocava para fora de seu centro, fazia-A vacilar..." (par.2)
"... para agora sentir-LHE o perfume?" (par.3)
Assinale a opção que determina correta e respectivamente a função sintática dos pronomes destacados no trechos indicados
anteriormente.
a) Objeto direto - sujeito - adjunto adnominal.
b) Objeto direto - sujeito - objeto indireto.
c) Objeto indireto - objeto indireto - objeto indireto
d) objeto indireto - objeto direto - adjunto adnominal.
e) objeto indireto - adjunto adnominal - adjunto adnominal
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Vunesp 94)
Esparsa - Ao desconcerto do Mundo.
(Luís de Camões)
Os bons vi sempre passar
No Mundo graves tormentos;
E para mais me espantar,
Os maus vi sempre nadar
Em mar de contentamentos.
Cuidando alcançar assim
O bem tão mal ordenado,
Fui mau, mas fui castigado,
Assim que só para mim
Anda o Mundo concertado.
(in REDONDILHAS - OBRAS COMPLETAS. Rio de Janeiro: Aguilar, 1963, pp. 475-6.)
Nós
(Cesário Verde)
Ai daqueles que nascem neste caos,
E, sendo fracos, sejam generosos!
As doenças assaltam os bondosos
E - custa a crer - deixam viver os maus!
(in O LIVRO DE CESÁRIO VERDE. 9ヘ ed. Lisboa: Editorial Minerva, 1952, p. 122.)
35. Vocábulos como Bom e Bem, Mau e Mal, em virtude da variedade de seu uso em nossa língua, não podem ser
classificados senão após se examinar o contexto de cada frase. Isto se verifica nos poemas em pauta. Com base nestas
observações:
a) aponte a classe e a função sintática de Bem, no sétimo verso de Camões;
b) aponte a classe e a função sintática de Mau, no oitavo verso de Camões.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Ufv 99)
Amor ao Saber
1
Que me dêem uma boa razão para que os jovens se apaixonem pela Ciência. Para isto seria necessário que os
cientistas fossem também contadores de estórias, inventores de mitos, presenças mágicas em torno das quais se ajuntassem
crianças e adolescentes, à semelhança do "flautista de Hamelin", feiticeiro que tocava sua flauta encantada e os meninos o
seguiam...
2
Todo início contém um evento mágico, um encontro de amor, um deslumbramento no olhar... É aí que nascem as
grandes paixões, a dedicação às causas, a disciplina que põe asas na imaginação e faz os corpos voarem. Olho para os
nossos estudantes, e não me parece que seja este o seu caso. E eles me dizem que os mitos não puderam ser ouvidos. O
ruído da guerra e o barulho das moedas era forte demais. Quanto à flauta, parece que estava desafinada. O mais provável é
que o flautista se tivesse esquecido da melodia...
3
Não, não se espantem. Mitos e magia não são coisas de mundos defuntos. E os mais lúcidos sabem disto, porque
não se esqueceram de sonhar. Em 1932, Freud escreveu uma carta a Einstein que fazia uma estranha pergunta/afirmação:
"Não será verdade que toda Ciência contém, em seus fundamentos, uma mitologia?" Dirão os senhores que não pode ser
assim. Que mitologia é coisa da fantasia, de falsa consciência, de cabeça desregulada. Já a Ciência é fala de gente séria, pés
no chão, olhos nas coisas, imaginação escrava da observação...
4
Pode ser. Mas muita gente pensa diferente. Primeiro amar, depois conhecer. Conhecer para poder amar. Porque, se
se ama, os olhos e os pensamentos envolvem o objeto, como se fossem mãos, para colhê-lo. Pensamento a serviço do corpo,
Ciência como genitais do desejo, para penetrar no objeto, para se dar ao objeto, para experimentar união, para o gozo.
Lembram-se de Nietzche? Pensamento, pequena razão, instrumento e brinquedo da grande razão, o corpo.
5
Sei que tais pensamentos são insólitos. E me perguntarão onde foi que os aprendi. Direi baixinho, por medo de
anátema, que foi na leitura de minha Bíblia, coisa que ainda faço, hábitos de outrora. E naquele mundo estranho e de cabeça
para baixo, como Pinóquio às avessas ou nas inversões do espelho das aventuras de Alice, conhecimento não é coisa de
cabeça e nem de pensamento. É coisa do corpo inteiro, dos rins, do coração, dos genitais. E diz lá, numa candura que
tomamos por eufemismo, que "Adão conheceu sua mulher. E ela concebeu e pariu um filho". Conhecimento é coisa erótica,
que engravida. Mas é preciso que o desejo faça o corpo se mover para o amor. Caso contrário, permanecem os olhos,
impotentes e inúteis... Para conhecer é preciso primeiro amar.
6
E é esta a pergunta que estou fazendo: que mágico, dentre nós, será capaz de conduzir o fogo do amor pela
Ciência? Que estórias contamos para explicar a nossa dedicação? Que mitos celebramos que mostrem aos jovens o futuro
que desejamos?
7
Ah! É isto. Parece que as utopias se foram. Ciência e cientistas já não sabem mais falar sobre esperanças. Só lhes
resta mergulhar nos detalhes do projeto de pesquisa, financiamentos, organização - porque as visões que despertam o amor e
os símbolos que fazem sonhar desapareceram no ar, como bolhas de sabão. Especialistas que conhecem cada vez mais, de
cada vez menos têm medo de falar sobre mundos que só existem no desejo.
8
Claro que não foi sempre assim. Houve tempo em que o cientista era ser alado, imaginação selvagem, que
explicava às crianças e aos jovens os gestos de suas mãos e os movimentos do seu pensamento, apontando para um novo
mundo que se anunciava no horizonte. Terra sem males, a natureza a serviço dos homens, o fim da dor, a expansão da
compreensão, o domínio da justiça. Claro, o saber iria tornar os homens mais tolerantes. Compreenderiam o absurdo da
violência. Deixariam de lado o instrumento de tortura pela persuasão suave do ensino. Os campos ficariam mais gordos e
perfumados. As máquinas libertariam os corpos para o brinquedo e o amor. E os exércitos progressivamente seriam
desativados, porque mais vale o saber que o poder. As espadas seriam transformadas em arados e as lanças em podadeiras.
Realização do sonho do profeta Isaías, de harmonia entre bichos, coisas e pessoas.
9
Interessante. Estes eram mitos que diziam de amor, harmonia, felicidade, estas coisas que fazem bem à vida e
invocam sorrisos. Quem não se alistaria como sacerdote de tão bela esperança?
10
Foram-se os mitos do amor.
11
Restaram os mitos do poder.
12
As guerras entre os mundos, os holocaustos nucleares, os super-heróis de cara feia, punhos cerrados e poder
imbatível. Ah! Quem poderia pensar num deles jogando bolinha de gude, ou soprando bolhas de sabão, ou fazendo amor?
Certamente que bolas, bolhas e corpos se estraçalhariam ante o impacto do poder. Não é por acidente que isto aconteceu. É
que a Ciência, de realizadora do desejo, se metamorfoseou em aliada da espada e do dinheiro. Os cientistas protestarão, é
claro, lavando suas mãos de sangue ou de lucro. E com razão. Mas, este não é o problema. É que a Ciência é coisa cara
demais e o desejo pobre demais. E, na vida real, as princesas caras não se casam com plebeus sem dinheiro. A Ciência
mudou de lugar. E, com isto, mudaram-se também os mitos.
13
Que estórias contaremos para fazer nossas crianças e nossos jovens amar o futuro que a Ciência lhes oferece?
14
Falaremos sobre o fascínio das usinas nucleares?
15
Quem sabe os levaremos a visitar Cubatão. Protestarão de novo, dizendo que não é Ciência. Como não? Cubatão
não será filha, ainda que bastarda, da Química, da Física, da Tecnologia, em seu casamento com a Política e a Economia?
16
Poderemos fazer um passeio de barco no Tietê. Sei que não foi intenção da Ciência, sei que não foi planejado pelos
cientistas. Mas ele é um sinal, aperitivo, amostra, do mundo do futuro. De fato, o futuro será chocante. Só que não da forma
como Toffler pensa.
17
Parece que só nos resta o recurso ao embuste e à mentira, dos mitos da Terceira Onda. Mas como levar a sério um
mito sorridente que não chora ante a ameaça da guerra? "Se um cego guiar outro cego, cairão ambos na cova..."
18
Que me dêem uma boa razão para que os jovens se apaixonem pela Ciência. Sem isto, a parafernália educacional
permanecerá flácida e impotente. Porque sem uma grande paixão não existe conhecimento.
(ALVES, Rubem. "Estórias de quem gosta de ensinar", o fim dos vestibulares. São Paulo: Ars Poética, 1995. p.9599)
36. "Em 1932, Freud escreveu uma carta a Einstein que fazia uma estranha pergunta/afirmação..." (par.3) Uma maneira de
reconstruirmos essa frase seria antepormos ao pronome relativo a preposição:
a) a.
b) de.
c) para.
d) em.
e) sobre.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Ufpe 96)
"Sobre a história do arquipélago, explicou que fora doado pelo Rei de Portugal, em 1504, a Fernão de
Noronha. O primeiro nome fora ilha de São João. Naqueles tempos era comum batizar os lugares com o nome da festa
religiosa do dia da descoberta. Pode-se dizer, então, que ela foi vista pela primeira vez por olhos de navegantes europeus
num dia 24 de junho, entre 1500 e 1503.
(Abdias Moura, em o SEGREDO DA ILHA)
37. Em qual alternativa a expressão não exerce, no Texto, a função de adjunto adverbial?
a) "... em 1504 ..."
b) "Naqueles tempos ..."
c) "... pela primeira vez ..."
d) "... pelo Rei de Portugal ..."
e) "... num dia 24 de junho ..."
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Ufsm 2000) FOLHA DE S. PAULO
Sábado, 2 de setembro de 1995
PAINEL DO LEITOR
Pede-se que as cartas não ultrapassem 15 linhas e que contenham o nome completo, assinatura, o endereço e se possível
telefone. Para atender mais leitores a FOLHA se reserva o direito de publicar trechos representativos das cartas recebidas.
TEXTO I
TORCIDAS
"Estamos todos assustados com as variadas formas de violência que assolam o país e o mundo. O comportamento
das torcidas organizadas é um pequeno exemplo do que faz o homem dito 'moderno' ou 'civilizado' quando perde o controle
e libera seus instintos animais primitivos. A verdade é que chegamos a este final de milênio, na era da informática,
massacrados por uma brutal competição dentro da própria espécie. Os valores e conceitos estão tão distorcidos que a fina
camada de verniz do comportamento humano se rompe com facilidade, revelando que não somos mais do que bípedes
primitivos da informática."
Flávio Tallarico (Descalvado, SP)
TEXTO II
"Como é fascinante presenciar um estádio repleto de torcedores promovendo uma festa colorida, cantando hinos e gritos de
guerra, criando alegorias diversas. Sem isso, o futebol perde seu brilho e os jogadores perdem a motivação. Quando um cão
tem pulgas, não se mata o cão, eliminam-se as pulgas."
Marcos Moreno (Varginha, MG)
38. Analise o período a seguir:
"A verdade é que chegamos a este final de milênio, na era da informática, massacrados POR UMA BRUTAL
COMPETIÇÃO dentro da própria espécie." (Texto I)
Em que alternativa o período contém um termo com função equivalente à do termo destacado?
a) Eles anseiam por uma torcida realmente organizada.
b) A violência impera por todas os lados.
c) O goleiro foi atacado por um torcedor.
d) Viveu por muitos anos, entre as torcidas.
e) Foi afastado por não se adaptar às normas do clube.
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 3 QUESTÕES.
(Unirio 97) ¢Neste momento, o bordado está pousado em cima do console e o interrompi para escrever, substituindo a
tessitura dos pontos pela das palavras, o que me parece um exercício bem mais difícil.
£Os pontos que vou fazendo exigem de mim uma habilidade e um adestramento que já não tenho. ¤Esforço-me e vou
conseguindo vencer minhas deficiências. ¥As palavras, porém, são mais difíceis de adestrar e vêm carregadas de uma vida
que se foi desenrolando dentro e fora de mim, todos esses anos. ¦São teimosas, ambíguas e ferem. §Minha luta com elas é
uma luta extenuante. ¨Assim, nesse momento, enceto duas lutas: com as linhas e com as palavras, mas tenho a certeza que,
desta vez, estou querendo chegar a um resultado semelhante e descobrir ao fim do bordado e ao fim desse texto, algo de
delicado, recôndito e imperceptível sobre o meu próprio destino e sobre o destino dos seres que me rodeiam. ©Ontem,
quando entrei no armarinho para escolher as linhas, vi-me cercada de pessoas com quem não convivia há muito tempo, ou
convivia muito pouco, de cuja existência tinha esquecido. ªMulheres de meia-idade que compravam lãs para bordar
tapeçarias, selecionando animadamente e com grande competência os novelos, comparando as cores com os riscos trazidos,
contando os pontos na etamine, medindo o tamanho do bastidor. ¢¡Incorporei-me a elas e comecei a escolher, com grande
acuidade, as tonalidades das minhas meadas de linha mercerizada. ¢¢Pareciam pequenas abelhas alegres (...), levando a
sério as suas tarefas. (...) ¢£Naquelas mulheres havia alguma coisa preservada, sua capacidade de bordar dava-lhes uma
dignidade e um aval. ¢¤Não queria que me discriminassem, conversei com elas de igual para igual, mostrando-lhes os
pontos que minha pequena mão infantil executara.
(JARDIM, Rachel. O PENHOAR CHINÊS. 4 ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1990.)
39. A função sintática do QUE está correta em:
a) "... um adestramento QUE já não tenho" - predicativo do objeto direto.
b) "... de uma vida QUE se foi desenrolando" - objeto direto.
c) "... dos seres QUE me rodeiam" - adjunto adverbial.
d) "Mulheres de meia-idade QUE compravam lãs" - aposto.
e) "... os pontos QUE minha pequena mão infantil executara." - objeto direto.
40. O pronome 'me' NÃO exerce função sintática de objeto direto na opção:
a) "... o que ME parece..."
b) "... que ME rodeiam."
c) "... vi-ME cercada..."
d) "Incorporei-ME a elas..."
e) "... ME discriminassem, ..."
41. Indique a opção em que o termo em maiúsculo NÃO é predicativo.
a) "As palavras, porém, são MAIS DIFÍCEIS..."
b) "... e vêm CARREGADAS de uma vida..."
c) "... vi-me CERCADA de pessoas... "
d) "... selecionando animadamente e COM GRANDE COMPETÊNCIA..."
e) "Pareciam PEQUENAS ABELHAS ALEGRES..."
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 3 QUESTÕES.
(Fgv 99)
Meu amigo Marcos
O generoso e divertido companheiro de crônicas
Conheci Marcos Rey há mais de vinte anos, quando sonhava tornar-me escritor. Certa vez confessei esse desejo à
atriz Célia Helena, que deixou sua marca no teatro paulista. Tempos depois, ela me convidou para tentar adaptar um livro
para teatro. Era O RAPTO DO GAROTO DE OURO, de Marcos. Passei noites me torturando sobre as teclas. Célia marcou
um encontro entre mim e ele, pois a montagem dependia da aprovação do autor. Quando adolescente, eu ficara fascinado
com MEMÓRIAS DE UM GIGOLÔ, seu livro mais conhecido. Nunca tinha visto um escritor de perto. Imaginava uma
figura pomposa, em cima de um pedestal. Meu coração quase saiu pela boca quando apertei a campainha. Fui recebido por
Palma, sua mulher. Um homem gordinho e simpático entrou na sala. Na época, já sofria de uma doença que lhe dificultava o
movimento das mãos e dos pés. Cumprimentou-me. Sorriu. Estava tão nervoso que nem consegui dizer "boa-tarde".
Gaguejei. Mas ele me tratou com o respeito que se dedica a um colega. Propôs mudanças no texto. Orientou-me.
Principalmente, acreditou em mim. A peça permaneceu em cartaz dois anos. Muito do que sou hoje devo ao carinho com
que me recebeu naquele dia.
(WALCYR CARRASCO, PÁG. 98 - VEJA SP, 14 DE ABRIL, 1999.)
42. Na época, já SOFRIA de uma doença que lhe dificultava o movimento das mãos e dos pés.
a) Cite o pronome que, no texto, funciona como sujeito de sofria.
b) Explique a quem, no texto, tal pronome se refere. Justifique sua resposta.
43. Fui recebido por Palma, sua mulher.
Sem alterar o sentido da frase, mas fazendo as adaptações necessárias, inicie-a com PALMA.
44. Marcos, apresento-lhe meu amigo. Apresento-lhe meu amigo Marcos.
Existe diferença de SENTIDO entre essas duas frases? Explique.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Faap 97) Barcos de Papel
Quando a chuva cessava e um vento fino
franzia a tarde tímida e lavada,
eu saía a brincar pela calçada,
nos meus tempos felizes de menino.
Fazia de papel toda uma armada
e, estendendo meu braço pequenino,
eu soltava os barquinhos, sem destino,
ao longo das sarjetas, na enxurrada...
Fiquei moço. E hoje sei, pensando neles,
que não são barcos de ouro os meus ideais:
são feitos de papel, tal como aqueles,
perfeitamente, exatamente iguais...
- que os meus barquinhos, lá se foram eles! foram-se embora e não voltaram mais!
Guilherme de Almeida
45. "Fazia de papel toda uma armada / e estendendo meu braço pequenino, / eu soltava os barquinhos, sem destino, / ao
longo das sarjetas, na enxurrada..."
A Língua conhece o objeto direto pleonástico:
a) os barquinhos eu os soltava, sem destino
b) eu, eu mesmo soltava os barquinhos, sem destino
c) eu soltava e soltava os barquinhos, sem destino
d) sem destino, eu soltava os barquinhos
e) soltavam-se os barquinhos, sem destino
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Faap 96)
OS DESASTRES DE SOFIA
Qualquer que tivesse sido o seu trabalho anterior, ele o abandonara, mudara de profissão e passara pesadamente a
ensinar no curso primário: era tudo o que sabíamos dele.
O professor era gordo, grande e silencioso, de ombros contraídos. Em vez de nó na garganta, tinha ombros
contraídos. Usava paletó curto demais, óculos sem aro, com um fio de ouro encimando o nariz grosso e romano. E eu era
atraída por ele. Não amor, mas atraída pelo seu silêncio e pela controlada impaciência que ele tinha em nos ensinar e que,
ofendida, eu adivinhara. Passei a me comportar mal na sala. Falava muito alto, mexia com os colegas, interrompia a lição
com piadinhas, até que ele dizia, vermelho:
- Cale-se ou expulso a senhora da sala.
Ferida, triunfante, eu respondia em desafio: pode me mandar! Ele não mandava, senão estaria me obedecendo. Mas
eu o exasperava tanto que se tornara doloroso para mim ser objeto do ódio daquele homem que de certo modo eu amava.
Não o amava como a mulher que eu seria um dia, amava-o como uma criança que tenta desastradamente proteger um
adulto, com a cólera de quem ainda não foi covarde e vê um homem forte de ombros tão curvos. (...)
Clarice Lispector
46. "... homem QUE de certo modo eu amava".
A palavra QUE exerce no texto a função sintática de:
a) sujeito
b) objeto direto
c) objeto indireto
d) complemento nominal
e) agente da passiva
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Pucsp 2000) Ethos - ética em grego - designa a morada humana. O ser humano separa uma parte do mundo para,
moldando-A ao seu jeito, construir um abrigo protetor e permanente. A ética, como morada humana, não é algo pronto e
construído de uma só vez. O ser humano está sempre tornando habitável a casa que construiu para SI.
Ético significa, portanto, tudo aquilo que ajuda a tornar melhor o ambiente para que seja uma morada saudável:
materialmente sustentável, psicologicamente integrada e espiritualmente fecunda.
Na ética há o permanente e o mutável. O permanente é a necessidade do ser humano de ter uma moradia: uma maloca
indígena, uma casa no campo e um apartamento na cidade. TODOS estão envolvidos com a ética, porque todos buscam uma
morada permanente.
O mutável é o estilo com que cada grupo constrói sua morada. É sempre diferente: rústico, colonial, moderno, de palha, de
pedra... Embora diferente e mutável, o estilo está a serviço do permanente: a necessidade de ter casa. A casa, nos seus mais
diferentes estilos, deverá ser habitável.
(BOFF, Leonardo. In A ÁGUIA E A GALINHA. Petrópolis: Vozes, 1997, pp.90-91.)
47. Os pronomes têm a função de substituir os nomes ou referir-se a eles, evitando repetição de termos. No texto em
questão, observe o papel dos pronomes "a", "si", "todos".
I. O pronome "a" substitui UMA PARTE DO MUNDO que, significativamente, remete a "a morada humana".
II. O pronome "si" substitui, de forma reflexiva, a expressão O SER HUMANO.
III. O pronome "TODOS" substitui, formalmente, UMA MALOCA INDÍGENA, UMA CASA NO CAMPO e UM
APARTAMENTO NA CIDADE, ao repor significativamente "a ética".
IV. O pronome "a" substitui, formalmente, o termo ETHOS.
Assinale a alternativa que contém apenas afirmações corretas:
a) I e III
b) I, III e IV
c) I, II, III e IV
d) I e II
e) II e III
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Ita 2001)
Certos mitos são repetidos tantas e tantas vezes que muitos acabam se convencendo de que eles são de fato
verdadeiros. Um desses casos é o que envolve a palavra "saudade", que seria uma exclusividade mundial da língua
portuguesa. Trata-se de uma grande e pretensiosa balela.
Todas as línguas do mundo exprimem com maior ou menor grau de complexidade todos os sentimentos humanos. E seria
uma grande pretensão acreditar que o sentimento que batizamos de "saudade" seja exclusivo dos povos lusófonos.
Embora línguas que nos são mais familiares como o inglês e o francês tenham de recorrer a mais de uma expressão
(seus equivalentes de "nostalgia" e "falta") para exprimir o que chamamos de saudade em todas as circunstâncias, existem
outros idiomas que o fazem de forma até mais sintética que o português.
Em uma de suas colunas semanais nesta "Folha", o professor Josué Machado lembrou pelo menos dez equivalentes
da palavra "saudade". Os russos têm "tosca"; alemães, "Sehnsucht"; árabes, "shauck" e também "hanim"; armênios, "garod";
sérvios e croatas, "jal "; letões, "ilgas"; japoneses, "natsukashi"; macedônios, "nedôstatok"; e húngaros, "sóvárgás".
Pode-se ainda acrescentar a essa lista o "desiderium" latino, o "páthos" dos antigos gregos e sabe-se lá quantas mais
expressões equivalentes nas cerca de 6 mil línguas atualmente faladas no planeta ou nas 10 mil que já existiram.
Ora, se até os cães demonstram sentir saudades de seus donos quando ficam separados por um motivo qualquer,
seria de um etnocentrismo digno de fazer inveja à Alemanha nazista acreditar que esse sentimento é próprio apenas aos que
falam português.
Desde que o homem é homem, ou talvez mesmo antes, ele sente saudade; desde que aprendeu a falar aprendeu
também, de uma forma ou de outra, a dizê-lo. (Saudade. Folha de S. Paulo, 6/4/1996, adaptado.)
48. No trecho "existem outros idiomas que O fazem de forma até mais sintética que o português" (3Ž parágrafo), o termo
"o", em destaque, substitui
a) uma oração indicativa de finalidade.
b) uma oração indicativa de causa.
c) uma oração indicativa de conseqüência.
d) a oração antecedente.
e) o sujeito da oração antecedente.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Vunesp 2000) A(s) questão(ões) seguintes tomam por base a oitava estrofe do Canto VI de OS LUSÍADAS, de Luís de
Camões (1524?-1580), e o poema A ONDA, de Manuel Bandeira (1886-1968).
OS LUSÍADAS, VI, 8
No mais interno fundo das profundas
Cavernas altas, onde o mar se esconde,
Lá donde as ondas saem furibundas,
Quando às iras do vento o mar responde,
Netuno mora e moram as jucundas
Nereidas e outros Deuses do mar, onde
As águas campo deixam às cidades
Que habitam estas úmidas Deidades.
(in: CAMÕES, Luís de. OS LUSÍADAS. Lisboa: Imprensa Nacional, 1971. p.195.)
A ONDA
a onda anda
aonde anda
a onda?
a onda ainda
ainda onda
ainda anda
aonde?
aonde?
a onda a onda
(in: BANDEIRA, Manuel. ESTRELA DA VIDA INTEIRA. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1966. p.286.)
49. Na Língua Portuguesa, a colocação das palavras e dos termos nas orações apresenta certa flexibilidade, o que permite
aos escritores buscar efeitos estilísticos e expressivos pela alteração da ordem usual, ou também, como no caso dos dois
últimos versos da estrofe de Camões, obter o número de sílabas e o ritmo desejados. Releia esses dois versos e, a seguir,
a) indique a função sintática exercida pelo termo "campo" na oração que constitui o sétimo verso, e qual a função sintática
exercida pelo termo "estas úmidas Deidades", no oitavo verso;
b) reescreva as orações que constituem esses versos, colocando os dois termos acima mencionados em posições aceitáveis
gramaticalmente, mas diferentes das escolhidas pelo poeta.
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES.
(Faap 97)
Os gatos
Deus fez o homem à sua imagem e semelhança, e fez o crítico à semelhança do gato. Ao crítico deu ele, como ao
gato, a graça ondulosa e o assopro, o ronrom e a garra, a língua espinhosa. Fê-lo nervoso e ágil, refletido e preguiçoso;
artista até ao requinte, sarcasta até a tortura, e para os amigos bom rapaz, desconfiado para os indiferentes, e terrível com
agressores e adversários... .
Desde que o nosso tempo englobou os homens em três categorias de brutos, o burro, o cão e o gato - isto é, o
animal de trabalho, o animal de ataque, e o animal de humor e fantasia - por que não escolheremos nós o travesti do último?
É o que se quadra mais ao nosso tipo, e aquele que melhor nos livrará da escravidão do asno, e das dentadas famintas do
cachorro.
Razão por que nos acharás aqui, leitor, miando um pouco, arranhando sempre e não temendo nunca.
Fialho de Almeida
50. "Deus fez o homem à sua imagem e semelhança". A Língua conhece o objeto direto pleonástico e preposicionado:
a) Ao homem fê-lo Deus à sua imagem e semelhança
b) O homem foi feito por Deus à sua imagem e semelhança
c) O homem fez Deus à sua imagem e semelhança
d) O homem Deus fez à sua imagem e semelhança
e) À sua imagem e semelhança fez Deus o homem
51. Desde que o nosso tempo englobou os homens em três categorias de brutos, porque não escolheremos nós o travesti do
último?. A análise que se faz está correta, exceto:
a) tempo (sujeito)
b) os homens (objeto direto)
c) nós (sujeito)
d) travesti (objeto indireto)
e) o (travesti) adnominal
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Ufmg 95)
MORDENDO A ISCA
Para Clarice Lispector, "escrever é o modo de quem tem a palavra como isca: a palavra pescando o que não é
palavra. Quando essa não-palavra morde a isca, alguma coisa se escreveu."
O que seria, então, essa não-palavra, se estamos mergulhados num mundo verbal e repleto de informações que nos
atordoam a todo instante? Se tudo o que lemos e vemos já está devidamente fabricado, mastigado e até digerido, restandonos apenas a contemplação passiva?
Essa não-palavra poderia ser aquela idéia, sensação ou opinião só nossa que ninguém jamais expressou, como: a
vivência de uma paixão, o prazer de caminhar por uma praia deserta, o abrir da janela de manhã, a indignação diante dos
horrores de uma guerra ou da corrupção desenfreada em nosso país ou mesmo nossos sonhos, desejos e utopias. Entrando
em contato com essas emoções, podemos descobrir um lado oculto de nós mesmos ou até deixar aparecer um pouco de
nosso caráter rebelde, herói, vítima, santo e louco. Estar aberto, com o olhar descondicionado para captar essa "não-palavra"
é fundamental para que possamos escrever, não as famigeradas trinta linhas do vestibular mas um texto que revele nossa
singularidade. Por isso, o ato de escrever requer coragem e, principalmente, uma mudança de atitude em relação ao mundo:
precisamos nos tornar sujeitos do nosso discurso e pensar com nossa própria cabeça.
E como isso pode ser difícil! Quantas vezes queremos emitir nosso ponto de vista sobre um assunto e percebemos
que nossa formação religiosa, familiar e escolar nos impede, deixando que o preconceito e a culpa falem mais alto! Quantas
vezes o nó está preso na garganta e não podemos desatá-lo por força das circunstâncias! Ou, pior ainda, quantas vezes nos
mostramos indiferentes diante das maiores atrocidades! A rotina diária deixa nossa visão de mundo bastante opaca. No dizer
de Otto Lara Resende, o hábito "suja os olhos e lhes baixa a voltagem. Só a criança e o poeta têm os olhos atentos para o
espetáculo do mundo." No entanto, a superação dessas barreiras pode ser bastante prazerosa, já que o prazer não é uma
dádiva e sim uma conquista. Conquista essa que podemos obter por meio da escrita, caminho eficaz para esse
desvendamento de nós mesmos e do mundo.
Para escrever, portanto, não necessitamos de inspirações divinas ou de técnicas e receitas mas de um olhar curioso,
esperto e liberto de preconceitos e de padrões preestabelecidos. Só assim morderemos a isca.
MOURA, Chico. AGENDA DO PROFESSOR. São Paulo: Ática, 1994.
52. IDENTIFIQUE a função sintática dos elementos destacados no seguinte período do texto:
PARA ESCREVER, portanto, não necessitamos de inspirações DIVINAS ou de técnicas e receitas, mas de um OLHAR
curioso, esperto e liberto de PRECONCEITOS e de padrões preestabelecidos.
Para escrever:
divinas:
olhar:
preconceitos:
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Ufrj 96) MINHA MUSA
1. Minha musa é a lembrança
Dos sonhos que eu vivi,
É de uns lábios a esperança
E a saudade que eu nutri!
É a crença que alentei,
As luas belas que amei,
E os olhos por quem morri!
2.
Os meus cantos de saudade
São amores que eu chorei:
São lírios da mocidade
Que murcham porque te amei!
As minhas notas ardentes
São as lágrimas dementes
Que em teu seio derramei!
3.
Do meu outono os desfolhos,
Os astros do teu verão,
A languidez de teus olhos
Inspiram minha canção.
Sou poeta porque és bela,
Tenho em teus olhos, donzela,
A musa do coração!
4.
Se na lira voluptuosa
Entre as fibras que estalei
Um dia atei uma rosa
Cujo aroma respirei...
Foi nas noites de ventura,
Quando em tua formosura
Meus lábios embriaguei!
5.
E se tu queres, donzela,
Sentir minh'alma vibrar
Solta essa trança tão bela
Quero nela suspirar!
Descansa-me no teu seio
Ouvirás no devaneio
A minha lira cantar!
(AZEVEDO, Álvares. OBRAS COMPLETAS. Organização Homero Pires. 8Ž ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional,
1942.)
53. Na literatura romântica, o homem coloca-se, com freqüência, numa posição simulada de vassalo, a cortejar e a adorar
passivamente sua senhora, figura em geral idealizada.
Que função sintática revela esse posicionamento da figura masculina, no verso "Descansa-me no teu seio" (última estrofe)?
Justifique sua resposta.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Uerj 98) Pensoroso:
Vê - o mundo é belo. A natureza estende nas noites estreladas o seu véu mágico sobre a terra, e os encantos da
criação falam ao homem de poesia e de Deus. As noites, o sol, o luar, as flores, as nuvens da manhã, o sorriso da infância,
até mesmo a agonia consolada e esperançosa do moribundo ungido que se volta para Deus. (...) Quando tua alma ardente
abria seus vôos para pairar sobre a vida cheia de amor, que vento de morte murchou-te na fronte a coroa das ilusões,
apagou-te no coração o fanal do sentimento, e despiu-te das asas da poesia? Alma de guerreiro, deu-te Deus porventura o
corpo inteiriçado do paralítico?
(...) Oh! Não! Abre teu peito e ama. Tu nunca viste tua ilusão gelar-se na frente da amante morta, teu amor degenerar nos
lábios de uma adúltera. Alma fervorosa, no orgulho de teu ceticismo não te suicides na atonia do desespero. A descrença é
uma doença terrível: destrói com seu bafo corrosivo o aço mais puro. (...) Para os peitos rotos, desenganados nos seus afetos
mais íntimos, onde sepultam-se como cadáveres todas as crenças, para esses aquilo que se dá a todos os sepulcros, uma
lágrima! (...) A esses leva uma torrente profunda: revolvem-se na treva da descrença como satã no infinito da perdição e do
desespero! Mas nós, mas tu e eu que somos moços, que sentimos o futuro nas aspirações ardentes do peito, que temos a fé
na cabeça e a poesia nos lábios, a nós o amor e a esperança: a nós o lago prateado da existência. Embalame-nos nas suas
águas azuis - sonhemos, cantemos e creiamos.
(AZEVEDO, Álvares de. Macário, "Noites na Taverna e Poemas Malditos." Rio de Janeiro, Francisco
Alves 1983, p.138-9.)
VOCABULÁRIO:
fanal = farol, guia
inteiriçado = rijo, imóvel
atonia = fraqueza
54. "Quando tua alma ardente abria seu vôos para pairar sobre a vida cheia de amor, que vento de morte murchou-te na
fronte a coroa das ilusões, apagou-te no coração o fanal do sentimento, e despiu-te das asas da poesia?
a) Transcreva da frase acima o termo que o pronome possessivo "seus" retoma.
Explique, em uma frase completa, a relação sintática entre "seus" e " vôos".
b) Reescreva integralmente apenas a quarta oração colocando-a na ordem direta e substituindo o pronome oblíquo por um
pronome possessivo. Faça somente as alterações necessárias.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Ufba 96) O SINO DE OURO
1
Contaram-me que, no fundo do sertão de Goiás, numa localidade de cujo nome não estou certo, mas acho que é
Porangatu, que fica perto do rio de Ouro e da serra de Santa Luzia, ao sul da serra Azul - mas também pode ser Uruaçu,
junto do rio das Almas e da serra do Passa Três (minha memória é traiçoeira e fraca; eu esqueço os nomes das vilas e a
fisionomia dos irmãos, esqueço os mandamentos e as cartas e até a amada que amei com paixão) -, mas me contaram que
em Goiás, nessa povoação de poucas almas, as casas são pobres e os homens pobres, e muitos são parados e doentes e
indolentes, e mesmo a igreja é pequena, me contaram que ali tem - coisa bela e espantosa - um grande sino de ouro.
2
Lembrança de antigo esplendor, gesto de gratidão, dádiva ao Senhor de um grã-senhor - nem Chartres, nem Colônia,
nem S. Pedro ou Ruão, nenhuma catedral imensa com seus enormes carrilhões tem nada capaz de um som tão lindo e puro
como esse sino de ouro, de ouro catado e fundido na própria terra goiana nos tempos de antigamente.
3
É apenas um sino, mas é de ouro. De tarde seu som vai voando em ondas mansas sobre as matas e os cerrados, e as
veredas de buritis, e a melancolia do chapadão, e chega ao distante e deserto carrascal, e avança em ondas mansas sobre os
campos imensos, o som do sino de ouro. E a cada um daqueles homens pobres ele dá cada dia sua ração de alegria. Eles
sabem que de todos os ruídos e sons que fogem do mundo em procura de Deus - gemidos, gritos, blasfêmias, batuques,
sinos, orações, e o murmúrio temeroso e agônico das grandes cidades que esperam a explosão atômica e no seu próprio
ventre negro parecem conter o germe de todas as explosões - eles sabem que Deus, com especial delícia e alegria, ouve o
som alegre do sino de ouro perdido no fundo do sertão. E então é como se cada homem, o mais pobre, o mais doente e
humilde, o mais mesquinho e triste, tivesse dentro da alma um pequeno sino de ouro.
4
Quando vem o forasteiro de olhar aceso de ambição e propõe negócios, fala em estradas, bancos, dinheiro, obras,
progresso, corrupção - dizem que esses goianos olham o forasteiro com um olhar lento e indefinível sorriso e guardam um
modesto silêncio. O forasteiro de voz alta e fácil não compreende; fica, diante daquele silêncio, sem saber que o goiano está
quieto, ouvindo bater dentro de si, com um som de extrema pureza e alegria, seu particular sino de ouro. E o forasteiro
parte, e a povoação continua pequena, humilde e mansa, mas louvando a Deus com sino de ouro. Ouro que não serve para
perverter, nem o homem nem a mulher, mas para louvar a Deus.
5
E se Deus não existe não faz mal. O ouro do sino de ouro é neste mundo o único ouro de alma pura, o ouro no ar, o
ouro da alegria. Não sei se isso acontece em Porangatu, Uruaçu ou outra cidade do sertão. Mas quem me contou foi um
homem velho que esteve lá; contou dizendo: " eles têm um sino de ouro e acham que vivem disso, não se importam com
mais nada, nem querem mais trabalhar; fazem apenas o essencial para comer e continuar a viver, pois acham maravilhoso
ter um sino de ouro ".
6
O homem velho me contou isso com espanto e desprezo. Mas eu contei a uma criança e nos seus olhos se lia seu
pensamento: que a coisa mais bonita do mundo deve ser ouvir um sino de ouro. Com certeza é esta mesma a opinião de
Deus, pois ainda que Deus não exista ele só pode ter a mesma opinião de uma criança. Pois cada um de nós quando criança
tem dentro da alma seu sino de ouro que depois, por nossa culpa e miséria e pecado e corrupção, vai virando ferro e
chumbo, vai virando pedra e terra, e lama e podridão.
BRAGA, Rubem. A BORBOLETA AMARELA: CRÔNICAS. 3 ed. Rio de Janeiro: Ed. do Autor, 1963. p.64-7.
Na(s) questão(ões) a seguir escreva nos parênteses a soma dos itens corretos.
55. Há uma estrutura frasal constituída de sujeito, predicado, complemento verbal, adjunto adverbial, independentemente da
ordem, em:
(01) "... eu esqueço o nome das vilas e a fisionomia dos irmãos..." (p.1)
(02) "... ali tem - coisa bela e espantosa - um grande sino de ouro." (p.1)
(04) "É apenas um sino, mas é de ouro." (p.3)
(08) "... ele dá cada dia sua ração de alegria." (p.3)
(16) "... esses goianos olham o forasteiro com um olhar lento..." (p.4)
(32) "... e a povoação continua pequena, humilde e mansa..." (p.4)
(64) "0 homem velho me contou isso com espanto e desprezo." (p.6)
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Ufrrj 99) FAVELÁRIO NACIONAL
...........................................................................................
12. Desfavelado
Me tiraram do meu morro
me tiraram do meu cômodo
me tiraram do meu ar
me botaram neste quarto
multiplicado por mil
quartos de casas iguais.
Me fizeram tudo isso
para meu bem. E meu bem
ficou lá no chão queimado
onde eu tinha o sentimento
de viver como queria
no lugar onde queria
não onde querem que eu viva
aporrinhado devendo
prestação mais prestação
da casa que não comprei
mas compraram para mim.
Me firmo, triste e chateado
Desfavelado.
..........................................................................................
15. Indagação
Antes que me urbanizem a régua, compasso,
computador, cogito, pergunto, reclamo:
Por que não urbanizam antes
a cidade?
Era tão bom que houvesse uma cidade
na cidade lá embaixo.
...........................................................................................
(ANDRADE, Carlos Drummond de. "Corpo". Rio de Janeiro, Record, 1985. p.118-119; 120-121.)
56. "Me tiraram do meu morro" (v. 1),
"me botaram neste quarto" (v. 4),
"mas compraram para mim" (v. 17).
Nos três versos destacados, o poeta empregou sujeito indeterminado. O uso dessa estrutura
demonstra, em relação ao eu lírico,
a) sua impotência.
b) sua alienação.
c) sua inquietação.
d) sua insatisfação.
e) seu conformismo.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Ufmg 2001)
Errar é divino
1
Pode um escritor, em nome de sua arte, contrariar as regras da gramática? Essa é uma das principais questões
levantadas pelo poeta português Fernando Pessoa em "A Língua Portuguesa."
2
A língua existe para servir o indivíduo, e não para escravizá-lo, pensa o poeta. Sendo uma aventura intelectual, o
ato de grafar não deveria submeter-se à vontade unificadora do Estado, assim como uma pessoa jamais deveria aceitar a
imposição de uma religião que seu espírito recusasse. Esse tipo de postura gerou um impasse. De um lado, ficam os
gramáticos, impondo normas. De outro, os artistas, clamando por liberdade.
3
A resposta à questão inicial é simples. Os artistas da língua não passam para a posteridade porque rompem com a
norma, mas porque sabem tirar proveito da ruptura. A transgressão, para ser bem-sucedida, deve possuir função estrutural.
Tanto no texto como no comportamento. Ela pode dar impressão de firmeza, de precisão, de ambigüidade, de ironia ou
sugerir diversas coisas ao mesmo tempo. Na maioria dos casos, indica novas propostas para o futuro.
4
Pela perspectiva dos artistas, os gramáticos não passam de meros guardiães de uma inutilidade consagrada pelo
poder constituído. Para eles, dominar a norma culta do idioma não excede, em valor, o conhecimento do código de trânsito,
por natureza convencional e efêmero: num dia, certa rua dá mão; no outro, não dá; e, na próxima semana, pode ser que a
mesma rua não exista. Observa-se o mesmo nas normas da gramática, que variam conforme as convenções gerais de cada
época. Acontece que os artistas pretendem escrever para as gerações futuras.
TEIXEIRA, Ivan. VEJA, São Paulo, p.148-149, 21 abr. 1999 (texto adaptado)
57. Em todas as alternativas, o emprego do termo, ou expressão, destacado está corretamente explicado pela frase entre
parênteses, EXCETO em
a) ... ASSIM COMO como uma pessoa jamais deveria aceitar a imposição de uma religião que seu espírito recusasse.
(par.2) (INTRODUZ UMA COMPARAÇÃO).
b) ELA pode dar impressão de firmeza, [...] de ironia ou sugerir diversas coisas ao mesmo tempo. (par.3) (REFERE-SE À
TRANSGRESSÃO DE FUNÇÃO ESTRUTURAL).
c) PARA ELES, dominar a norma culta do idioma não excede, em valor, o conhecimento do código de trânsito... (par.4)
(REFERE-SE AOS GRAMÁTICOS, GUARDIÃES DA LÍNGUA).
d) Observa-se O MESMO nas normas da gramática, que variam conforme as convenções gerais de cada época. (par.4)
(REMETE À EFEMERIDADE DO CONHECIMENTO DO CÓDIGO DE TRÂNSITO).
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Unb 97) Leia o texto seguinte, que conta a história do início da criação do mundo, conforme a BÍBLIA SAGRADA, e
responda às questões:
1
No começo Deus criou o céu e a terra.
2
Não havia nem vida na terra, que era toda coberta por um mar profundo. A escuridão cobria o mar, e o Espírito de
Deus se movia por cima da água.
3
Então Deus disse:
4
- Que haja luz!
5
E a luz começou a existir. Deus viu que a luz era boa e a separou da escuridão. Deus pôs na luz o nome de "dia" e
na escuridão pôs o nome de "noite". A noite passou, e veio a manhã. Esse foi o primeiro dia.
6
Então Deus disse:
7
- Que haja no meio da água uma divisão para separá-la em duas partes.
8
E assim aconteceu. Deus fez uma divisão que separou a água em duas partes: uma parte ficou do lado de baixo da
divisão, e a outra parte ficou do lado de cima. Nessa divisão Deus pôs o nome de "céu". A noite passou, e veio a manhã.
Esse foi o segundo dia.
9
Aí Deus disse:
10
- Que a água que está debaixo do céu se ajunte num só lugar a fim de que apareça a terra seca.
11
E assim aconteceu. Deus pôs na parte seca o nome de "terra" e nas águas que se haviam ajuntado ele pôs o nome de
"mares". E Deus viu que o que havia feito era bom. Em seguida ele disse:
12
- Que a terra produza todo tipo de vegetais, isto é, plantas que dêem sementes e árvores que dêem frutas.
13
E assim aconteceu. A terra produziu todo tipo de vegetais: plantas que dão sementes e árvores que dão frutas. E
Deus viu que o que havia acontecido era bom. A noite passou, e veio a manhã. Esse foi o terceiro dia.
(Gênesis. 1, 1-13)
(...)
14
Quando o Deus Eterno fez o céu e a terra, não haviam brotado nem capim nem plantas, pois o Eterno ainda não
tinha mandado chuvas, e não havia ninguém para cultivar a terra. Mas da terra saía uma corrente de água que regava o chão.
Então, do pó da terra, o Deus Eterno formou o ser humano. Ele soprou no seu nariz uma respiração de vida, e assim esse ser
se tornou um ser vivo.
15
Depois o Deus Eterno plantou um jardim na região do Éden, no Leste, e ali pôs o homem que ele havia formado. O
Deus Eterno fez que ali crescessem árvores lindas de todos os tipos, que davam frutas boas de se comer. No meio do jardim
ficava a árvore que dá vida e também a árvore que dá o conhecimento do bem e do mal.
(Gênesis. 2, 5-9)
Na(s) questão(ões) a seguir assinale os itens corretos e os itens errados.
58. Considerando a estrutura sintática do texto, julgue os itens a seguir.
(1) As frases iniciadas por travessões podem ser analisadas como introduzidas por uma conjunção subordinativa integrante.
(2) Nos trechos "Deus viu que a luz era boa e A separou da escuridão" e "Que haja no meio da água uma divisão para
separá-LA em duas partes", os pronomes em maiúsculo têm referentes idênticos e exercem a mesma função sintática de
objeto direto.
(3) O sinal de DOIS-PONTOS, no parágrafo 13, indica que os termos seguintes são apostos coordenados da expressão
"todo tipo de vegetais".
(4) O verbo auxiliar, no primeiro período do 14Ž parágrafo, está corretamente empregado no plural, para concordar com o
sujeito posposto.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Ufc 2001) 1
Inquieta, olhou em torno. Os ramos se balançavam, as sombras vacilavam no chão. Um pardal ciscava na
terra. E de repente, com mal-estar, pareceu-lhe ter caído numa emboscada. Fazia-se no Jardim um trabalho secreto do qual
ela começava a se aperceber.
2
Nas árvores as frutas eram pretas, doces como mel. Havia no chão caroços secos cheios de circunvoluções, como
pequenos cérebros apodrecidos. O banco estava manchado de sucos roxos. Com suavidade intensa rumorejavam as águas.
No tronco da árvore pregavam-se as luxuosas patas de uma aranha. A crueza do mundo era tranqüila. O assassinato era
profundo. E a morte não era o que pensávamos.
3
Ao mesmo tempo que imaginário - era um mundo de se comer com os dentes, um mundo de volumosas dálias e
tulipas. Os troncos eram percorridos por parasitas folhudas, o abraço era macio, colado. Como a repulsa que precedesse uma
entrega - era fascinante, a mulher tinha nojo, e era fascinante.
4
As árvores estavam carregadas, o mundo era tão rico que apodrecia. Quando Ana pensou que havia crianças e
homens grandes com fome, a náusea subiu-lhe à garganta, como se ela estivesse grávida e abandonada. A moral do Jardim
era outra. Agora que o cego a guiara até ele, estremecia nos primeiros passos de um mundo faiscante, sombrio, onde
vitórias-régias boiavam monstruosas. As pequenas flores espalhadas na relva não lhe pareciam amarelas ou rosadas, mas cor
de mau ouro e escarlates. A decomposição era profunda, perfumada... Mas todas as pesadas coisas, ela via com a cabeça
rodeada por um enxame de insetos enviados pela vida mais fina do mundo. A brisa se insinuava entre as flores. Ana mais
adivinhava que sentia o seu cheiro adocicado... O Jardim era tão bonito que ela teve medo do Inferno.
5
Era quase noite agora e tudo parecia cheio, pesado, um esquilo voou na sombra. Sob os pés a terra estava fofa, Ana
aspirava-a com delícia. Era fascinante, e ela sentia nojo.
(LISPECTOR, Clarice. "Laços de Família". Rio de Janeiro: Sabiá, 1973, p.24-25)
59. No trecho "Mas TODAS AS PESADAS COISAS, ela via com a cabeça rodeada por um enxame de insetos (...)" (par.4),
o segmento destacado constitui:
a) adjunto anteposto ao sujeito, para reforçar a presença da metáfora.
b) complemento deslocado da forma verbal VIA para chamar a atenção sobre ele.
c) aposto, para explicar o estado psicológico em que se encontrava a personagem.
d) objeto direto fora de sua posição normal, para enfatizar a noção adversativa de "Mas".
e) termo sem relação sintática com o resto do período para indicar pensamentos desordenados.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(G1) A FUGA
Mal colocou o papel na máquina, o menino começou a empurrar um cadeira pela sala, fazendo um barulho infernal.
- Pára com esse barulho, meu filho - falou, sem se voltar.
Com três anos, já sabia reagir como homem ao impacto das grandes injustiças paternas: não estava fazendo
barulho, só estava empurrando uma cadeira.
- Pois então pára de empurrar a cadeira.
- Eu vou embora - foi a resposta.
Distraído, o pai não reparou que ele juntava ação às palavras, no ato de juntar do chão suas coisinhas, enrolando-as
num pedaço de pano, era sua bagagem: um caminhão de plástico com apenas três rodas, um resto de biscoito, uma chave
(onde diabo meteram a chave da despensa? a mãe mais tarde irá saber), metade de uma tesourinha enferrujada, sua única
arma para a grande aventura, um botão amarrado num barbante.
A calma que baixou então na sala era vagamente inquietante. De repente o pai olhou ao redor e não viu o menino.
Deu com a porta da rua aberta, correu até o portão:
- Viu um menino saindo desta casa? - gritou para o operário que descansava diante da obra, do outro lado da rua,
sentado no meio-fio.
- Saiu agora mesmo com uma trouxinha - informou ele.
Correu até a esquina e teve tempo de vê-lo ao longe, caminhando cabisbaixo ao longo do muro.
A trouxa, arrastada no chão, ia deixando pelo caminho alguns de seus pertences: o botão, o pedaço de biscoito e saíra de casa previnido - uma moeda de um cruzeiro. Chamou-o mas ele apertou o passinho e abriu a correr em direção à
avenida, como disposto a atirar-se diante do ônibus que surgia à distância.
- Meu filho, cuidado!
O ônibus deu uma freada brusca, uma guinada para a esquerda, os pneus cantaram no asfalto.
O menino, assustado arrepiou carreira. O pai precipitou-se e o arrebanhou com o braço como um animalzinho:
- Que susto você me passou, meu filho - e apertava-o contra o peito comovido.
- Deixa eu descer, papai. Você está me machucando.
Irresoluto, o pai pensava agora se não seria o caso de lhe dar umas palmadas:
- Machucando, é? Fazer uma coisa dessas com seu pai.
- Me larga. Eu quero ir embora.
Trouxe-o para casa e o largou novamente na sala - tendo antes o cuidado de fechar a porta da rua e retirar a chave,
como ele fizera com a da despensa.
- Fique aí quietinho, está ouvindo? Papai está trabalhando.
- Fico, mas vou empurrar esta cadeira.
E o barulho recomeçou.
FERNANDO SABINO
60. "MEU FILHO, cuidado!" As palavras em destaque correspondem, em análise sintática a:
a) Sujeito.
b) Objeto Direto.
c) Vocativo.
d) Complemento Nominal.
e) Objeto Indireto.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Pucsp 99) O operário moderno carece de individualidade. A classe é mais forte do que o indivíduo e a pessoa se dissolve
no genérico. Porque essa é a primeira e a mais grave mutilação que o homem sofre ao converter-se em assalariado
industrial. O capitalismo despoja-o de sua natureza humana - coisa que não ocorreu com o escravo - já que reduz todo o seu
ser à força de trabalho, transformando-o só por este fato em objeto. E como todos os objetos, em mercadorias, em coisa
susceptível de compra e venda. O operário perde, bruscamente, e em razão mesmo de seu estado social, toda relação
humana e concreta com o mundo: nem são seus os instrumentos que manipula, nem é seu o fruto de seu trabalho. Sequer
chega a vê-lo. Na realidade, não é um operário, já que não produz obras ou não tem consciência de que as produz, perdido
em aspecto determinado da produção. É um trabalhador, nome abstrato, que não designa uma tarefa determinada, mas uma
função. Assim a sua obra não o distingue dos outros homens, tal como acontece com o médico, o engenheiro ou o
carpinteiro. A abstração que o qualifica - o trabalho medido pelo tempo - não separa, mas liga-o a outras abstrações. Daí sua
ausência de mistério, de problematicidade, daí a sua transparência, que não é diversa da de qualquer instrumento.
(Paz, O. SIGNOS EM ROTAÇÃO. São Paulo: Perspectiva, 2ヘ ed., 1976, pág.245.)
61. Observe: "não tem consciência DE QUE AS PRODUZ".
Assinale a alternativa em que a seqüência em destaque tem a mesma função sintática da oração subordinada anterior.
a) transformando-o EM OBJETO
b) converter-se EM ASSALARIADO
c) despoja-se DE SUA NATUREZA HUMANA
d) susceptível DE COMPRA E VENDA
e) liga-o A OUTRAS ABSTRAÇÕES
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Faap 97) Texto I
"Minha terra tem palmeiras
Onde canta o sabiá;
As aves que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Gonçalves Dias
Texto II
Minha terra tem macieiras da Califórnia
onde cantam gaturamos de Veneza.
Os poetas da minha terra
são pretos que vivem em torres de ametista,
os sargentos do exército são monistas, cubistas,
os filósofos são polacos vendendo a prestações.
A gente não pode dormir
com os oradores e os pernilongos.
Os sururus em família têm por testemunha a Gioconda.
Eu morro sufocado
em terra estrangeira.
Nossas flores são mais bonitas
nossas frutas mais gostosas
mas custam cem mil réis a dúzia.
Ai quem me dera chupar uma carambola de verdade
e ouvir um sabiá com certidão de idade!
Murilo Mendes
62. "As aves QUE aqui gorjeiam...". O pronome em maiúsculo é relativo; vem no lugar de aves e exerce a função sintática
de:
a) sujeito
b) objeto direto
c) objeto indireto
d) complemento nominal
e) agente da passiva
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Faap 96) O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha [aldeia]
Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia
Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia.
O Tejo tem grandes navios
E navega nele ainda,
Para aqueles que vêem em tudo o que lá não está,
A memória das naus.
O Tejo desce de Espanha
E o Tejo entra no mar em Portugal.
Toda a gente sabe isso.
Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeia
E donde ele vem.
E por isso, porque pertence a menos gente,
É mais livre e maior o rio da minha aldeia.
Pelo Tejo vai-se para o Mundo.
Para além do Tejo há a América
E a fortuna daqueles que a encontram.
Ninguém nunca pensou no que há para além
Do rio da minha aldeia.
O rio da minha aldeia não faz pensar em nada.
Quem está ao pé dele está só ao pé dele.
(Fernando Pessoa)
63. "O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia".
Rigorosamente o sujeito do verbo correr:
a) Tejo
b) rio
c) que (no lugar de rio)
d) aldeia
e) indeterminado
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Uelondrina 99)
CONSUMIDOR E CIDADÃO
O consumidor brasileiro encontra melhores meios de exercer seus direitos do que o cidadão.
Os amplos recursos do recente Código de Defesa do Consumidor e a relativa agilidade dos Procons, em contraste
com a morosidade da Justiça, impulsionaram um significativo aumento das atividades nessa área durante a década de 90.
A atuação dos Procons e de outras entidades privadas qualificadas para defender interesses coletivos parece ser
também uma forma de responder à inoperância do Estado no que se refere aos direitos do cidadão.
A multiplicação de órgãos como os Procons e, de outra parte, dos centros de atendimento a clientes é um sinal de
evolução do mercado brasileiro e mesmo de parte da sociedade. Mas esse fato mesmo é um indicador do atraso do país, pois
faz pensar no que em geral ocorre quando, em lugar de uma empresa, quem está do outro lado do balcão é o Estado.
Donas-de-casa reunidas para zelar pela qualidade de produtos ou associações de "vítimas de atrasos aéreos", por
exemplo, batem-se por questões que deveriam estar salvaguardadas pelo poder público.
O cidadão que utiliza o serviço público de saúde e é mal atendido não encontra um recurso comparável ao serviço
que os Procons prestam a clientes insatisfeitos de seguros de saúde privados. O brasileiro está muito mais bem atendido
quando se trata de reclamar contra produtos defeituosos, propaganda enganosa ou serviços privados mal prestados do que
quando o problema está na escola pública ou na polícia.
O rápido crescimento das atividades ligadas a direitos do consumidor, entretanto, também exige algumas cautelas,
seja contra uma atuação abusiva desses organismos, seja quanto a sua politização. Mas o que sobressai desse contraste entre
consumidor e cidadão é que o atraso do Brasil em relação aos países mais desenvolvidos não está apenas na economia. A
distância é enorme quando se trata de respeito ao cidadão.
64. Donas-de-casa reunidas para zelar pela qualidade de produtos ou associações de "vítimas de atrasos aéreos", por
exemplo, batem-se por questões QUE deveriam estar salvaguardadas pelo poder público.
O pronome em destaque refere-se a
a) donas-de-casa.
b) qualidade de produtos.
c) associações de vítimas de atrasos aéreos.
d) por exemplo.
e) questões.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Ufmg 94)
O JOGO DAS LETRAS
Nunca podemos recuperar totalmente o que foi esquecido. E talvez seja bom assim. O choque do resgate do
passado seria tão destrutivo que, no exato momento, forçosamente deixaríamos de compreender nossa saudade. Mas é por
isso que a compreendemos, e tanto melhor, quanto mais profundamente jaz em nós o esquecido. Tal como a palavra, que
ainda há pouco se achava em nossos lábios, libertaria a língua para arroubos demostênicos, assim o esquecido nos parece
pesado por causa de toda a vida vivida que nos reserva. Talvez o que o faça tão carregado e prenhe não seja outra coisa que
o vestígio de hábitos perdidos, nos quais já não nos poderíamos encontrar. Talvez seja a mistura com a poeira de nossas
moradas demolidas o segredo que o faz sobreviver. Seja como for - para cada pessoa há coisas que lhe despertam hábitos
mais duradouros que todos os demais. Neles são formadas as aptidões que se tornam decisivas em sua existência. E, porque,
no que me diz respeito, elas foram a leitura e a escrita, de todas as coisas com que me envolvi em meus primeiros anos de
vida, nada desperta em mim mais saudades que o jogo das letras. Continha em pequenas plaquinhas as letras do alfabeto
gótico, no qual pareciam mais joviais e femininas que os caracteres gráficos. Acomodavam-se elegantes no atril inclinado,
cada qual perfeita, e ficavam ligadas umas às outras segundo a regra de sua ordem, ou seja, a palavra da qual faziam parte
como irmãs. Admirava-me como tanta modéstia podia coexistir com tanta magnificência. Era um estado de graça. E minha
mão direita que, obedientemente, se esforçava por obtê-lo, não conseguia. Tinha de permanecer do lado de fora tal como o
porteiro que deve deixar passar os eleitos. Portanto, sua relação com as letras era cheia de renúncia. A saudade que em mim
desperta o jogo das letras prova como foi parte integrante de minha infância. O que busco nele na verdade, é ela mesma: a
infância por inteiro, tal qual a sabia manipular a mão que empurrava as letras no filete, onde se ordenavam como uma
palavra. A mão pode ainda sonhar com essa manipulação, mas nunca mais poderá despertar para realizá-la de fato. Assim,
posso sonhar como no passado aprendi a andar. Mas isso de nada adianta. Hoje sei andar; porém, nunca mais poderei tornar
a aprendê-lo.
BENJAMIN, Walter. RUA DE MÃO ÚNICA. São Paulo: Brasiliense, 1978.
65. Leia atentamente os fragmentos do texto.
- "... para cada pessoa há coisas QUE lhe despertam hábitos mais duradouros..."
- "O choque do resgate do passado seria tão desastroso QUE, no exato momento, forçosamente deixaríamos de compreender
nossa saudade."
- "Tinha de permanecer do lado de fora. Tal como o porteiro QUE deve deixar passar os eleitos."
- "Mas é por isso QUE a compreendemos, e tanto melhor..."
- "Talvez o que o faça tão carregado e prenhe não seja outra coisa QUE o vestígio de hábitos pedidos..."
a) TRANSCREVA os fragmentos nos quais os termos destacados desempenham a mesma função sintática.
b) NOMEIE essa função.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Ufsc 96) Na(s) questão(ões) a seguir escreva nos parênteses a soma dos itens corretos.
66. Com relação à estrutura sintática das frases extraídas da obra VERDE VALE, de Urda Alice Klueger, marque as
proposições CORRETAS e some os valores correspondentes.
01. O período 'Vi-os sentados na balaustrada da varanda balançando os pés' apresenta dois objetos diretos.
02. O período 'Eileen era uma aristocrata que dirigia seu pequeno reino' tem um predicado nominal e um predicado verbal,
sendo composto de duas orações.
04. Na oração 'Por todos os lados a vida regurgitava', o verbo é intransitivo.
08. No período 'Se um estranho chegasse de repente àquelas bandas acreditara ser ela a mais bela das filhas', temos um
sujeito indeterminado e uma oração sem sujeito.
16. Na oração '... ao se referir àquela união', temos um objeto indireto.
32. O adjunto adverbial é uma função sintática normalmente representada por advérbios e locuções adverbiais, como no
seguinte exemplo: '... vou andar pelos sítios aí de baixo.'
Soma (
)
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Ufrs 98) 1
Os processos da história mítica são francamente irracionais. Como se explica que, apesar do seu lúgubre
estalinismo, Che Guevara tenha adquirido uma aura romântica que £ofusca a de qualquer outro herói do século 20,
culminando hoje na sua santificação entre camponeses bolivianos?
2
Essa aura romântica ¤começou a se formar quando, abandonando uma prestigiosa posição no regime cubano, ¥se
internou no Congo para lutar contra uma corrupta e sanguinária ditadura neocolonialista. E ¦tornou-se legendária em
decorrência de sua trágica aventura na Bolívia.
3
Che Guevara morreu antes das duas idéias e, graças a isso, não só §escapou do eclipse histórico, como se
transformou num dos símbolos e ícones da nossa época. Seus métodos eram autoritários, sua base teórica, extremamente
superficial, e seu projeto econômico-social ¨fracassou miseravelmente. Imortalizou-o uma das qualidades mais raras e
admiradas entre os homens - uma nobre e indômita coragem, exatamente o fascinante traço essencial do herói. O Che foi
um herói do nosso tempo - um tempo feito de mesquinho egoísmo e opaca mediocridade. É natural que seja ¢especialmente
venerado por jovens de classe média, da qual também ele provinha: encarna o herói que a maioria desses jovens gostaria de
encarnar, mas não consegue.
(Adaptado de: FREITAS, Décio. O PROFETA DA GUERRILHA. ZERO HORA, 13 de julho, 1997, p.19.)
67. Considere as seguintes formas verbais do texto:
1. ofusca (ref.2)
2. começou (ref.3)
3. se internou (ref.4)
4. tornou-se (ref.5)
5. escapou (ref.6)
6. fracassou (ref.7)
Quais dentre elas têm como sujeito - expresso ou subentendido - "Che Guevara"?
a) Apenas 1 e 3
b) Apenas 2 e 4
c) Apenas 3 e 5
d) Apenas 4 e 6
e) Apenas 5 e 6
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 3 QUESTÕES.
(Puccamp 97)
Tribalização
O continente africano, que tantas vezes e por tanto tempo já foi o espelho sombrio e espoliado dos progressos da
civilização ocidental, infelizmente continua sujeito a um processo que, no limite, resume-se a uma implosão civilizatória.
Se os tempos são de globalização, o espelho de horrores africano coloca-nos diante da antítese mais extrema, a da
tribalização. Chegam-se ao fim do século 20 com o mais velho continente mergulhado em conflitos étnicos, miséria,
endemias e estagnação econômica.
A situação tornou-se agora extremamente grave, e entre Zaire e Ruanda parece inevitável uma guerra aberta. Tudo
sob o olhar distante e pouco interessado das grandes potências ocidentais. A própria ONU admite não ter acesso a 600 mil
refugiados hutus no leste do Zaire e pediu fotos de satélite para identificar onde eles estariam. Segundo a comissária da
União Européia, 1 milhão de pessoas podem morrer. Seria patético, se não fosse absolutamente trágico.
A responsabilidade do Ocidente é inegável. Basta lembrar o antigo nome do Zaire, Congo Belga, para tomar
consciência do passado colonialista que em muitos casos criou divisões geopolíticas e unidades de governo pouco ou nada
coerentes com tradições tribais, étnicas ou mesmo territoriais.
Infelizmente, uma parte relativamente grande da mídia e dos governantes dos países "civilizados" retrata os
conflitos como puramente tribais, como se o genocídio africano não tivesse começado faz alguns séculos, sob o comando de
potências colonialistas.
Mais, parece evidente que a "tribalização", ou seja, a predominância de fatores locais, étnicos e de disputa
territorial, nada mais é que o resultado de uma situação de estagnação e fome epidêmica em que boa parte do continente
continua mergulhada em decorrência de seus sistemas econômicos, totalmente marginalizados da globalização.
Lamentavelmente, a dívida em vidas, riqueza e cultura do Ocidente com a África tende apenas a crescer.
(Adaptado da Folha de São Paulo, 31/10/96, 1-2.)
68. A frase em que estão em maiúsculo, respectivamente, um predicativo do sujeito e um sujeito é:
a) Seria PATÉTICO, se não fosse absolutamente TRÁGICO.
b) O continente africano (...) infelizmente continua sujeito a UM PROCESSO que, no limite, resume-se a UMA
IMPLOSÃO CIVILIZATÓRIA.
c) A situação tornou-se agora extremamente GRAVE, e entre Zaire e Ruanda parece inevitável UMA GUERRA ABERTA.
d) Basta lembrar O ANTIGO NOME DO ZAIRE, CONGO BELGA, para tomar consciência do passado colonialista.
e) Segundo a comissária DA UNIÃO EUROPÉIA, 1 MILHÃO DE PESSOAS podem morrer.
69. O continente africano, que tantas vezes e por tanto tempo JÁ foi o espelho sombrio e espoliado dos progressos da
civilização ocidental, infelizmente continua sujeito a um processo que, no limite, resume-se a uma implosão civilizatória.
O advérbio em maiúsculo exprime idéia de
a) modo.
b) dúvida.
c) intensidade.
d) tempo.
e) afirmação.
70. A própria ONU admite não ter acesso a 600 mil refugiados hutus no leste do Zaire.
Deslocando-se o sujeito, a frase anterior está corretamente pontuada em:
a) Admite, a própria ONU, não ter acesso a 600 mil refugiados hutus, no leste do Zaire.
b) Admite a própria ONU, não ter acesso, a 600 mil refugiados hutus no leste do Zaire.
c) Admite, a própria ONU não ter acesso a 600 mil refugiados hutus, no leste do Zaire.
d) Admite a própria ONU: não ter acesso a 600 mil refugiados, hutus no leste do Zaire.
e) Admite, a própria ONU: não ter acesso a 600 mil refugiados hutus, no leste do Zaire.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Faap 97)
Quando Pedro I lança aos ecos o seu grito histórico e o país desperta esturvinhado à crise de uma mudança
de dono, o caboclo ergue-se, espia e acocora-se, de novo.
Pelo 13 de maio, mal esvoaça o florido decreto da Princesa e o negro exausto larga num uf! o cabo da enxada, o
caboclo olha, coça a cabeça, imagina e deixa que do velho mundo venha quem nele pegue de novo.
A 15 de novembro troca-se um trono vitalício pela cadeira quadrienal. O país bestifica-se ante o inopinado da
mudança. O caboclo não dá pela coisa.
Vem Floriano: estouram as granadas de Custódio; Gumercindo bate às portas de Roma; Incitatus derranca o país. O
caboclo continua de cócoras, a modorrar...
Nada o desperta. Nenhuma ferretoada o põe de pé. Social, como individualmente, em todos os atos da vida, Jeca
antes de agir, acocora-se.
Monteiro Lobato
71. Na oração adiante, o sujeito do verbo VIR (venha) é:
" ...o caboclo deixa que do velho mundo venha quem nele pegue de novo."
a) ele (caboclo)
b) caboclo
c) que
d) velho mundo
e) quem nele pegue de novo
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Uerj 2001)
PALAVRAS
"Veio me dizer que eu desestruturo a linguagem. Eu desestruturo a linguagem? Vejamos: eu estou bem sentado num lugar.
Vem uma palavra e tira o lugar de debaixo de mim. Tira o lugar em que eu estava sentado. Eu não fazia nada para que a
palavra me desalojasse daquele lugar. E eu nem atrapalhava a passagem de ninguém. Ao retirar de debaixo de mim o lugar,
eu desaprumei. Ali só havia um grilo com a sua flauta de couro. O grilo feridava o silêncio. Os moradores do lugar se
queixavam do grilo. Veio uma palavra e retirou o grilo da flauta. Agora eu pergunto: quem desestruturou a linguagem? Fui
eu ou foram as palavras? E o lugar que retiraram de debaixo de mim? Não era para terem retirado a mim do lugar? Foram
as palavras pois que desestruturaram a linguagem. E não eu."
(BARROS, Manoel de. "Ensaios fotográficos". Rio de Janeiro: Record, 2000.)
72. As gramáticas em geral registram duas ocorrências que deixam o sujeito indeterminado: frases como "Falaram mal de
você", em que o verbo aparece na terceira pessoa do plural e não há sujeito reconhecível, e frases como "Precisa-se de
servente", em que o pronome "se" na terceira pessoa do singular, indetermina o sujeito.
O poema de Manoel de Barros, no entanto, cria uma outra ocorrência de sujeito indeterminado, que aparece no seguinte
trecho:
a) "Veio me dizer que eu desestruturo a linguagem"
b) "Vejamos: eu estou bem sentado num lugar"
c) "Ali só havia um grilo com sua flauta de couro"
d) "E o lugar que retiraram de debaixo de mim?"
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES.
(Unitau 95)
"Vivemos numa época de tamanha insegurança externa e interna, e de tamanha carência de objetivos
firmes, que a simples confissão de nossas convicções pode ser importante, mesmo que essas convicções, como todo
julgamento de valor, não possam ser provadas por deduções lógicas.
Surge imediatamente a pergunta: podemos considerar a busca da verdade - ou, para dizer mais modestamente,
nossos esforços para compreender o universo cognoscível através do pensamento lógico construtivo - como um objeto
autônomo de nosso trabalho? Ou nossa busca da verdade deve ser subordinada a algum outro objetivo, de caráter prático,
por exemplo? Essa questão não pode ser resolvida em bases lógicas. A decisão, contudo, terá considerável influência sobre
nosso pensamento e nosso julgamento moral, desde que se origine numa convicção profunda e inabalável Permitam-me
fazer uma confissão: para mim, o esforço no sentido de obter maior percepção e compreensão é um dos objetivos
independentes sem os quais nenhum ser pensante é capaz de adotar uma atitude consciente e positiva ante a vida.
Na própria essência de nosso esforço para compreender o fato de, por um lado, tentar englobar a grande e
complexa variedade das experiências humanas, e de, por outro lado, procurar a simplicidade e a economia nas hipóteses
básicas. A crença de que esses dois objetivos podem existir paralelamente é, devido ao estágio primitivo de nosso
conhecimento científico, uma questão de fé. Sem essa fé eu não poderia ter uma convicção firme e inabalável acerca do
valor independente do conhecimento.
Essa atitude de certo modo religiosa de um homem engajado no trabalho científico tem influência sobre toda sua
personalidade. Além do conhecimento proveniente da experiência acumulada, e além das regras do pensamento lógico, não
existe, em princípio, nenhuma autoridade cujas confissões e declarações possam ser consideradas "Verdade " pelo cientista.
Isso leva a uma situação paradoxal: uma pessoa que devota todo seu esforço a objetivos materiais se tornará, do ponto de
vista social, alguém extremamente individualista, que, a princípio, só tem fé em seu próprio julgamento, e em nada mais. É
possível afirmar que o individualismo intelectual e a sede de conhecimento científico apareceram simultaneamente na
história e permaneceram inseparáveis desde então. "
(Einstein, in: "O Pensamento Vivo de Einstein", p. 13 e 14, 5a. edição, Martin Claret Editores)
73. Na frase "... nenhuma autoridade 'cujas' confissões...", a palavra, entre aspas, no plano morfológico, sintático e
semântico é:
a) pronome indefinido, complemento nominal, deles.
b) pronome relativo, adjunto adnominal, deles.
c) pronome relativo, complemento nominal, delas.
d) pronome indefinido, adjunto adnominal, delas.
e) pronome relativo, complemento nominal, deles.
74. Na frase "Vivemos numa época de tamanha insegurança externa e interna, e de tamanha carência de objetivos firmes..."
o autor usou a vírgula antes da conjunção "e". Isso está:
a) correto conforme a gramática normativa porque é sujeito composto.
b) correto conforme a gramática normativa porque há sujeitos diferentes.
c) errado conforme a gramática normativa porque é sujeito composto.
d) errado conforme a gramática normativa, mas o autor usou esse recurso para realçar o pensamento que se segue.
e) errado conforme a gramática normativa porque há somente um objeto direto.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Ufrrj 99) SEM DATA
1
Há seis ou sete dias que eu não ia ao Flamengo. Agora à tarde lembrou-me lá passar antes de vir para casa. Fui a
pé; achei aberta a porta do jardim, ¦entrei e parei logo.
2
"Lá estão eles", disse comigo.
3
Ao fundo, à entrada do saguão, dei com os dois velhos sentados, olhando um para o outro. Aguiar estava encostado
ao portal direito, com as mãos sobre os joelhos. D. Carmo, à esquerda, tinha os braços cruzados à cinta. §Hesitei entre ir
adiante ¤ou desandar o caminho; continuei parado alguns segundos até que recuei pé ante pé. Ao transpor a porta para a rua,
vi-lhes no rosto e na atitude £uma expressão a que não acho nome certo ou claro: digo o que me pareceu. Queriam ser
risonhos e ¥mal se podiam consolar. ¢Consolava-os a saudade de si mesmos.
(ASSIS. Machado. "Memorial de Aires". in: OBRA COMPLETA. Rio de Janeiro, Aguilar, 1989.)
75. "... digo O QUE ME pareceu ..."
Quanto à função sintática os termos em destaque são, respectivamente:
a) objeto direto - objeto direto - objeto direto
b) objeto direto - sujeito - objeto indireto.
c) sujeito - sujeito - complemento nominal.
d) objeto indireto - sujeito - objeto indireto.
e) adjunto adnominal - objeto indireto - objeto direto.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Cesgranrio 98) Texto: "Os Três Amores"
I
MINH'ALMA é como a fronte sonhadora
Do louco bardo, que Ferrara chora ...
Sou Tasso!... a primavera de teus risos
De minha vida as solidões enflora...
Longe de ti eu bebo os teus perfumes,
Sigo na terra de teu passo os lumes...
- Tu és Eleonora...
II
Meu coração desmaia pensativo,
Cismando em tua rosa predileta.
Sou teu pálido amante vaporoso,
Sou teu Romeu... teu lânguido poeta!
Sonho-te às vezes virgem... seminua
Roubo-te um casto beijo à luz da lua
- E tu és Julieta...
III
Na volúpia das noites andaluzas
O sangue ardente em minhas veias rola...
Sou D. Juan!... Donzelas amorosas,
Vós conheceis-me os trenos na viola!
Sobre o leito do amor teu seio brilha...
Eu morro, se desfaço-te a mantilha...
Tu és - Júlia, a Espanhola!...
Castro Alves
76. As expressões "Sou Tasso!...", "- Tu és Eleonora, "Sou teu Romeu..." e "Sou D. Juan" apresentam os substantivos
próprios na função de:
a) vocativo.
b) predicativo do sujeito.
c) predicativo do objeto.
d) objeto direto.
e) adjunto adnominal.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Ita 96)
OS CÃES
- Lutar. Podes escachá-los ou não; o essencial¢ é que lutes. Vida é luta. Vida SEM LUTA£ é um mar morto no
centro do organismo universal.
DAÍ A POUCO demos COM UMA BRIGA de cães¤; fato que AOS OLHOS DE UM HOMEM VULGAR não
teria valor. Quincas Borba fez-me parar e observar os cães. Eram dois. Notou que ao pé deles¥ estava um osso, MOTIVO
DA GUERRA, e não deixou de chamar a minha atenção para a circunstância de que o osso não tinha carne. Um simples
osso nu. Os cães mordiam-se¢, rosnavam, COM O FUROR NOS OLHOS... Quincas Borba meteu a bengala DEBAIXO
DO¦ BRAÇO, e parecia EM ÊXTASE.
- Que belo que isto é! dizia ele de quando em quando.
Quis arrancá-lo dali, mas não pude; ele estava arraigado AO CHÃO, e só continuou A ANDAR, quando a briga
cessou£ INTEIRAMENTE, e um dos cães, MORDIDO e vencido, foi levar a sua fome A OUTRA PARTE. Notei que ficara
sinceramente ALEGRE, posto§ contivesse a ALEGRIA, segundo convinha a um grande filósofo. Fez-me observar a beleza
do espetáculo, relembrou o objeto da luta, concluiu que os cães tinham fome; mas a privação do alimento era nada para os
efeitos gerais da filosofia. Nem deixou de recordar que em algumas partes do globo o espetáculo é mais grandioso: as
criaturas humanas é que disputam¤ aos cães os ossos e outros manjares menos APETECÍVEIS; luta que se complica muito,
porque entra em ação a inteligência do homem, com todo o acúmulo de sagacidade que lhe deram os séculos etc.
77. Assinale a opção em que todos os termos, em maiúsculo no texto, desempenham a mesma função sintática:
a) Daí a pouco, com furor nos olhos, debaixo do braço.
b) Sem luta, aos olhos de um homem vulgar, motivo da guerra.
c) Em êxtase, a andar, mordido, apetecíveis.
d) Com uma briga, ao chão, a outra parte.
e) Inteiramente, alegre, alegria, apetecíveis.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Ufrrj 99) CORRIDINHO
O amor quer abraçar e não pode.
A multidão em volta,
com seus olhos cediços,
põe caco de vidro no muro
para o amor desistir.
O amor usa correio,
o correio trapaceia,
a carta não chega,
o amor fica sem saber se é ou não é.
O amor pega o cavalo,
desembarca do trem,
chega na porta cansado
de tanto caminhar a pé.
Fala a palavra açucena,
pede água, bebe café,
dorme na sua presença,
chupa bala de hortelã.
Tudo manha, truque, engenho:
É descuidar, o amor te pega,
te come, te molha todo.
Mas água o amor não é.
(PRADO, Adélia. O CORAÇÃO DISPARADO. Rio de Janeiro, Nova Fronteira. 1977.)
78. No verso "o amor fica sem saber se é ou não é", é utilizada a elipse de um termo oracional, o que sugere que a pessoa
a) deixa de amar devido à distância.
b) que ama não sabe se o(a) amado(a) recebeu a carta.
c) amada compreende os sentimentos do amante.
d) que ama não sabe se é ou não amada.
e) amada não procura a pessoa que a ama.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Puc-rio 99) Costureira receberá indenização de ex-noivo
Casamento adiado por 17 anos vale 20 salários para mulher "enganada"
1
Belo Horizonte - ¤Abandonada pelo noivo depois de 17 anos de namoro, a costureira Nair Francisca de Oliveira
está comemorando um ganho inusitado: o Tribunal de Alçada de Minas Gerais condenou o motorista aposentado Otacílio
Garcia dos Reis, de 54 anos, a pagar à ex-noiva uma indenização de 20 salários mínimos por danos morais. Ela receberá
ainda 30% do valor da casa que os dois estavam construindo juntos, em Passos, sudoeste de Minas. "Estou cobrando pelo
tempo que fui enganada", diz ela.
2
Nair não revela a idade, diz apenas que tem mais de 40 anos. Ela lembra que, mais do que o ¢término do namoro, o
que a fez decidir pela ação de danos morais foram as falsas palavras de Otacílio. Ao romper com a noiva, ele disse que,
além de não gostar dela, sabia que não tinha sido o primeiro homem de sua vida. "Me caluniou e humilhou minha família",
lamenta Nair, que não consegue explicar como pôde ficar tantos anos ao lado de uma pessoa que ela diz, agora, não
conhecer.
3
Otacílio foi longe ao explicar o motivo do fim do relacionamento. Disse à ex-noiva que tinha por ela apenas um
"vício carnal" e que nenhum homem seria capaz de resistir aos encantos de seu corpo bem feito. "Ele daria um bom ator",
analisa Nair, lembrando que, a cada ano, a desculpa para não oficializar a união mudava. A costureira confessa que nunca
teve vontade de terminar o namoro, mesmo tendo-o iniciado sem gostar muito de Otacílio. Ele teria insistido no
relacionamento. "Eu dei tempo ao tempo e acabei gostando dele", afirma, frustrada com o tempo perdido, especialmente
pelo fato de não ter tido filhos. "Engraçado, eu nunca evitei. Não sei por que não aconteceu."
4
Papéis - A história de Nair e Otacílio começou em 1975. Após quatro anos de namoro, ficaram noivos e deram
entrada nos papéis para o casamento religioso. Na ocasião, já haviam £ comprado um terreno, onde construíram a casa, que,
segundo Nair, foi erguida com o dinheiro de seu trabalho de costureira, com a ajuda dos pais e também com dinheiro de
Otacílio. Hoje, o que seria o lar dos dois é uma casa alugada. O advogado de Nair, José Cirilo de Oliveira, pretende requerer
uma indenização também pelo tempo de aluguel.
5
"Fiquei satisfeito com a vitória de Nair, não tanto pelo valor da indenização, mas porque houve realmente a má
intenção por parte do ex-noivo", afirma Oliveira. Os juízes da 3ヘ Câmara Cível do Tribunal de Alçada também ficaram
sensibilizados com o caso da noiva abandonada. O relator do processo, juiz Dorival Guimarães Pereira, justificou sua
decisão destacando que "o casamento é o sonho dourado de toda mulher, objetivando com ele, a par da felicidade pessoal de
constituir um lar, também atingir o seu bem-estar social, a subsistência e o seu futuro econômico".
6
A costureira, entretanto, afirma que não estava preocupada com os ganhos financeiros do casamento.
(Roselena Nicolau - JORNAL DO BRASIL, 11/08/1996)
79. Aponte a opção em que a função sintática do termo cujo núcleo está destacado NÃO está correta.
a) "... a pagar à EX-NOIVA uma indenização de 20 salários mínimos..." (par.1) - objeto indireto
b) "... mas porque houve realmente a má intenção por parte do EX-NOIVO..." (par.2) - agente da passiva
c) "Abandonada pelo NOIVO depois de 17 anos de namoro..." (par.1) - agente da passiva
d) "Disse à EX-NOIVA que tinha por ela apenas um vício carnal..." (par.3) - objeto indireto
e) "Após quatro anos de namoro, ficaram NOIVOS..." (par.4) - predicativo do sujeito
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 3 QUESTÕES.
(Faap 96) Hão de chorar por ela os cinamomos,
Murchando as flores ao tombar do dia.
Dos laranjais hão de cair os pomos,
Lembrando-se daquela que os colhia.
As estrelas dirão: - "Ai! nada somos,
Pois ela se morreu, silente e fria..."
E pondo os olhos nela como pomos,
Hão de chorar a irmã que lhes sorria.
A lua, que lhe foi mãe carinhosa,
Que a viu nascer e amar, há de envolvê-la
Entre lírios e pétalas de rosa.
Os meus sonhos de amor serão defuntos...
E os arcanjos dirão no azul ao vê-la,
Pensando em mim: - "Por que não vieram juntos?"
(Alphonsus de Guimaraens)
80. "Lembrando-se daquela que os colhia". Sujeito do verbo COLHER:
a) ela
b) Constança
c) que (no lugar de aquela)
d) indeterminado
e) inexistente
81. "Pois ela SE morreu...". A palavra SE é:
a) pronome reflexivo
b) pronome recíproco
c) índice da indeterminação do sujeito
d) partícula apassivadora
e) partícula de espontaneidade
82. Só um destes verbos é transitivo direto, portanto ao lado dele o objeto direto:
a) Hão de chorar por ela os cinamomos
b) Murchando as flores ao tombar do dia
c) Dos laranjais hão de cair pomos
d) Os meus sonhos de amor serão defuntos
e) Pensando em mim: - Por que não vieram juntos
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Fatec 98)
No dia seguinte, 3 de março, entreguei pela manhã os originais a dona Jeni, datilógrafa. Ao meio-dia uma
parenta me visitou - e este caso insignificante exerceu grande influência na minha vida, talvez haja desviado o curso dela.
Essa pessoa indiscreta deu-me conselhos e aludiu a crimes vários praticados por mim. Agradeci e pedi-lhe que me
denunciasse, caso ainda não tivesse feito. A criatura respondeu-me com quatro pedras na mão e retirou-se. Minha mulher
deu razão a ela e conseguiu arrastar-me a um dos acessos de desespero que ultimamente se amiudavam. Como era possível
trabalhar em semelhante inferno? Nesse ponto surgiu Luccarini. Entrou sem pedir licença, atarantando, cochichou
rapidamente que iam prender-me e era urgente afastar-me de casa, recebeu um abraço e saiu.
Ótimo. Num instante decidi-me. Não me arredaria, esperaria tranqüilo que me viessem buscar. Se quisesse andar
alguns metros, chegaria à praia, esconder-me-ia por detrás de uma duna, lá ficaria em segurança. Se me resolvesse a tomar o
bonde, iria até o fim da linha, saltaria em Bebedouro, passaria o resto do dia a percorrer aqueles lugares que examinei para
escrever o antepenúltimo capítulo do romance. Não valia a pena. Entrei na sala de jantar, abri uma garrafa de aguardente,
sentei-me à mesa, bebi alguns cálices, a monologar, a dar vazão à raiva que me assaltara. Propriamente não era monólogo:
minha mulher replicava com estridência. Escapava-me a significação da réplica, mas a voz aguda me endoidecia, furava-me
os ouvidos. Não conheço pior tortura que ouvir gritos. Devia existir uma razão econômica para esse desconchavo: as minhas
finanças equilibravam-se com dificuldade, evitávamos reuniões, festas, passeios. De fato as privações não me inquietavam.
Minha mulher, porém, sentia-se lesada, o que me fazia perder os estribos. De repente um ciúme insensato. A incongruência
me arrancava a palavra dura:
- Que estupidez!
Naquele momento a idéia da prisão dava-me quase prazer: via ali um princípio de liberdade. Eximira-me do
parecer, do ofício, da estampilha, dos horríveis cumprimentos ao deputado e ao senador; iria escapar a outras maçadas,
gotas espessas, amargas, corrosivas. Na verdade suponho que me revelei covarde e egoísta: várias crianças exigiam
sustento, a minha obrigação era permanecer junto a elas, arranjar-lhes por qualquer meio o indispensável. Desculpava-me
afirmando que isto se havia tornado impossível. Que diabo ia fazer, perseguido, a rolar de um canto para outro, em sustos,
mudando o nome, a barba longa, a reduzir-me, a endividar-me? Se a vida comum era ruim, essa que Luccarini me oferecera
num sussurro, a tremura e a humilhação constante, dava engulhos. Além disso eu estava curioso de saber a argüição que
armariam contra mim. Bebendo aguardente, imaginava a cara de um juiz, entretinha-me num longo diálogo, e saía-me
perfeitamente, como sucede em todas as conversas interiores que arquiteto. Uma compensação: nas exteriores sempre me
dou mal. Com franqueza, desejei que na acusação houvesse algum fundamento. E não vejam nisso bazófia ou mentiras: na
situação em que me achava justifica-se a insensatez. A cadeia era o único lugar que me proporcionaria o mínimo de
tranqüilidade necessária para corrigir o livro. O meu protagonista se enleara nesta obsessão: escrever um romance além das
grades úmidas pretas. Convenci-me de que isto seria fácil: enquanto os homens de roupa zebrada compusessem botões de
punho e caixinhas de tartaruga, eu ficaria longas horas em silêncio, a consultar dicionários, riscando linhas, metendo
entrelinhas nos papéis datilografados por dona Jeni. Deixar-me-iam ficar até concluir a minha tarefa? Afinal a minha
pretensão não era tão absurda como parece. Indivíduos tímidos, preguiçosos, inquietos, de vontade fraca habituam-se ao
cárcere. Eu, que não gosto de andar, nunca vejo a paisagem, passo horas fabricando miudezas, embrenhando-me em
caraminholas, por que não haveria de acostumar-me também?
(Graciliano Ramos, MEMÓRIAS DO CÁRCERE)
83. Analise as afirmações a seguir, referentes ao período:
AGRADECI E PEDI-LHE QUE ME DENUNCIASSE, CASO AINDA NÃO O TIVESSE FEITO.
I. A oração CASO AINDA NÃO O TIVESSE FEITO pode ser substituída, sem prejuízo de sentido, por A MENOS QUE
JÁ O TIVESSE FEITO.
II. AGRADECI E PEDI-LHE: esse trecho apresenta coordenação por adição entre as orações, sendo sua forma negativa
expressa por NÃO AGRADECI NEM LHE PEDI.
III. A oração QUE ME DENUNCIASSE é objeto direto de PEDI.
IV. O valor sintático e de sentido da oração CASO AINDA NÃO O TIVESSE FEITO é de condição.
Quanto a essas afirmações, devemos concluir que
a) estão corretas apenas a I e a IV.
b) estão corretas somente a II e a IV.
c) apenas a I e a II estão corretas.
d) somente a I, a II e a III estão corretas.
e) todas estão corretas.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Fuvest-gv 91)
O ESTRUME
Súbito deu-me a consciência um repelão, acusou-me de ter feito capitular a probidade de D. Plácida, obrigando-a a um
papel torpe, depois de uma longa vida de trabalho e privações. Medianeira não era melhor que concubina, e eu tinha-a
baixado a esse ofício, à custa de obséquios e dinheiros. Foi o que me disse a consciência; fiquei uns dez minutos sem saber
que lhe replicasse. Ela acrescentou que eu me aproveitara da fascinação exercida por Virgília sobre a ex-costureira, da
gratidão desta, enfim da necessidade. Notou a resistência de D. Plácida, as lágrimas dos primeiros dias, as caras feias, os
silêncios, os olhos baixos, e a minha arte em suportar tudo isso, até vencê-la. E repuxou-me outra vez de um modo irritado e
nervoso.
Concordei que assim era, mas aleguei que a velhice de D. Plácida estava agora ao abrigo da mendicidade: era uma
compensação. Se não fossem os meus amores, provavelmente D. Plácida acabaria como tantas outras criaturas humanas;
donde se poderia deduzir que o vício é muitas vezes o estrume da virtude. O que não impede que a virtude seja uma flor
cheirosa e sã. A consciência concordou, e eu fui abrir a porta à Virgília.
84. "Súbito deu-me a consciência um repelão..."
a) Substitua o termo "súbito" por outra palavra ou expressão que conserve o mesmo sentido.
b) Dê a classe gramatical da palavra súbito no contexto transcrito.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Vunesp 98) As questões seguintes tomam por base um soneto do poeta neoclássico português Bocage (Manuel Maria
Barbosa du Bocage, 1765-1805) e diálogos de uma seqüência do filme Bye Bye Brasil (1979), escrito e dirigido pelo
cineasta brasileiro Carlos Diegues.
CONVITE A MARÍLIA
Já se afastou de nós o Inverno agreste
Envolto nos seus úmidos vapores;
A fértil primavera, a mãe das flores
O prado ameno de boninas veste:
Varrendo os ares o sutil nordeste
Os torna azuis; as aves de mil cores
Adejam entre Zéfiros e Amores,
E toma o fresco Tejo a cor celeste:
Vem, ó Marília, vem lograr comigo
Destes alegres campos a beleza,
Destas copadas árvores o abrigo:
Deixa louvar da corte a vã grandeza:
Quanto me agrada mais estar contigo
Notando as perfeições da Natureza!
(BOCAGE. Obras de Bocage. Porto: Lello & Irmão, 1968, p. 142.)
BYE BYE BRASIL
Mulher Nordestina:
- Meu santo, minha família foi embora, meu santo. Filho, nora, neto..., fiquei só com o meu velho que morreu na semana
passada. Agora, quero ver o meu povo. Meu santo, me diga, onde é que eles foram, meu santo?
Lord Cigano:
- E eu sei lá? Como é que eu vô saber? Quer dizer.. eu sei... eu... Eu tô vendo. Eu estou vendo a sua família, eles estão a
muitas léguas daqui.
Mulher Nordestina:
- Vivos?
Lord Cigano:
- É, vivos, se acostumando ao lugar novo.
Mulher Nordestina:
- A gente se acostuma com tudo... Onde é que eles estão agora, meu santo?
Lord Cigano:
- Ah, pera aí, deixa eu ver! Eu tô vendo: eles estão num vale muito verde onde chove muito, as árvores são muito compridas
e os rios são grandes feito o mar. Tem tanta riqueza lá, Que.. ninguém precisa trabalhar. Os velhos não morrem nunca e os
jovens não perdem sua força. É uma terra tão verde... Altamira!
(in: filme BYE BYE BRASIL (1979). Produzido por Lucy Barreto. Escrito e dirigido por Carlos Diegues.)
85. A primeira fala da Mulher Nordestina, em Bye Bye Brasil, caracteriza-se pelas interpelações em primeira pessoa,
repetições de palavras e a retomada insistente dos mesmos conteúdos. Releia com atenção o referido discurso direto e, em
seguida,
a) indique uma frase em que ocorre repetição do elemento vocativo;
b) explique o valor semântico que o vocábulo povo representa na elocução emotiva da personagem.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Vunesp 89) O BICHO
Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.
(BANDEIRA, Manuel. "O Bicho". In: MANUEL BANDEIRA. POESIA E PROSA. Rio de Janeiro, Aguillar, 1958 vol. I,
p.356)
86. "Vi ontem UM BICHO
Na imundície do pátio
Catando COMIDA entre os detritos"
Faça o que é pedido:
a) Reescreva a estrofe acima, substituindo os termos em maiúsculo pelo pronome pessoal correspondente e elimine as
expressões adverbiais.
b) Classifique os verbos do período reescrito, quanto à predicação.
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES.
(Cesgranrio 93)
O IMPÉRIO DA LEI
1
O desfecho da crise política deu uma satisfação a um anseio fundamental dos brasileiros: o de que a lei seja
respeitada por todos. Estamos, agora, diante da imperiosa necessidade de dar prosseguimento ao processo de regeneração
dos costumes políticos e da restauração dos princípios éticos na vida pública, que nada mais é do que se conseguir em novas
bases um consenso em torno da obediência civil.
2
Existem reformas pendentes nas áreas política e econômica, lacunas constitucionais a serem preenchidas,
regulamentações não realizadas, aprimoramentos da Carta que deverão ocorrer em datas já definidas. Mas estas tarefas não
esgotam a pauta de urgências da cidadania. É indispensável inculcar no cidadão comum o respeito à lei.
3
Esta aspiração é antiga no Brasil. Capistrano de Abreu já sonhava com uma Constituição com dois únicos artigos:
1- A partir, desta data, todo brasileiro passa a ter vergonha na cara; 2- Revogam-se as disposições em contrário. Num país
que combina o furor legiferante à tradição de impunidade, o historiador compreendeu que o problema era menos a ausência
de leis do que a generalizada e permanente tendência em desobedecê-las. Simplificar e cumprir foram suas palavras de
ordem.
4
O sociólogo americano Phillip Schmitter se confessou abismado pela naturalidade com que os brasileiros
transgridem as leis em vigor. É de se duvidar se uma Constituição como a de Capistrano "pegaria" no Brasil. Uma vez
adotado o "cumpra-se a lei", as normas vigentes não seriam suficientes? Caso não fossem que mecanismos garantiriam o
imediato cumprimento da nova lei? Mais: a desobediência à nova lei não aprofundaria ainda mais a desconfiança nas
instituições? São questões que surgem espontaneamente num país cuja cidadania ainda não internalizou a lei.
Jornal do Brasil, 01/10/92, p.10
87. Aponte a ÚNICA opção em que o termo em maiúsculo NÃO é complemento nominal:
a) restauração DOS PRINCÍPIOS ÉTICOS (1Ž parágrafo)
b) aprimoramentos DA CARTA (2Ž parágrafo)
c) respeito À LEI (2Ž parágrafo)
d) palavras DE ORDEM (3Ž parágrafo)
e) cumprimento DA NOVA LEI (4Ž parágrafo)
88. Aponte a opção que apresenta uma oração com sujeito indeterminado:
a) "(...) do que se conseguir em novas bases um consenso (...)" (1Ž parágrafo)
b) "... inculcar no cidadão comum o respeito à lei." (2Ž parágrafo)
c) "Revogam-se as disposições em contrário."
(3Ž parágrafo)
d) "(...) que surgem espontaneamente num país (...)" (4Ž parágrafo)
e) "(...) caso não fossem, (...)" (4Ž parágrafo)
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Uff 2001) 1
Acompanho com assombro o que andam dizendo sobre os primeiros 500 anos do brasileiro. Concordo
com todas as opiniões emitidas e com as minhas em primeiríssimo lugar. Tenho para mim que há dois referenciais literários
para nos definir. De um lado, o produto daquilo que Gilberto Freyre chamou de casa-grande e senzala, o homem
miscigenado, potente e tendendo a ser feliz. De outro, o Macunaíma, herói sem nenhuma definição, ou sem nenhum caráter
- como queria o próprio Mário de Andrade.
2
Fomos e seremos assim, em nossa essência, embora as circunstâncias mudem e nós mudemos com elas.
Retomando a imagem literária, citemos a Capitu menina - e teremos como sempre a intervenção soberana de Machado de
Assis.
3
Um rapaz da platéia me perguntou onde ficaria o homem de Guimarães Rosa - outra coordenada que nos ajuda a
definir o brasileiro. Evidente que o universo de Rosa é sobretudo verbal, mas o homem é causa e efeito do verbo. Por isso
mesmo, o personagem rosiano tem a ver com o homem de Gilberto Freyre e de Mário de Andrade. É um refugo consciente
da casa-grande e da senzala, o opositor de uma e de outra, criando a sua própria vereda mas sem esquecer o ressentimento
social do qual se afastou e contra o qual procura lutar.
4
É também macunaímico, pois sem definição catalogada na escala de valores culturais oriundos de sua formação
racial. Nem por acaso um dos personagens mais importantes do mundo de Rosa é uma mulher que se faz passar por
jagunço. Ou seja, um herói - ou heroína - sem nenhum caráter.
5
Tomando Gilberto Freyre como a linha vertical e Mário de Andrade como a linha horizontal de um ângulo reto,
teríamos Guimarães Rosa como a hipotenusa fechando o triângulo. A imagem geométrica pode ser forçada, mas foi a que
me veio na hora - e acho que fui entendido.
CONY, Carlos Heitor. "Folha Ilustrada", 5Ž Caderno, São Paulo, 21/04/2000, p.12.
89. Os diversos tipos de relação sintática entre orações podem ser estabelecidos sem conectivo explícito, através das formas
de infinitivo, gerúndio ou particípio, como vemos no seguinte exemplo:
"TOMANDO Gilberto Freyre como a linha vertical e Mário de Andrade como a linha horizontal de um ângulo
reto, teríamos Guimarães Rosa como a hipotenusa fechando o triângulo." (par.5)
Reconheça o tipo de relação sintática expressa pelo gerúndio destacado no período acima.
a) conclusão
b) temporalidade
c) condicionalidade
d) mediação
e) conformidade
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Ufrj 2001)
Camelôs
Manuel Bandeira
Abençoado seja o camelô dos brinquedos de tostão:
O que vende balõezinhos de cor
O macaquinho que trepa no coqueiro
O cachorrinho que bate com o rabo
Os homenzinhos que jogam boxe
A perereca verde que de repente dá um pulo que engraçado
E as canetinhas-tinteiro que jamais escreverão coisa [alguma]
Alegria das calçadas.
Uns falam pelos cotovelos:
- "O cavalheiro chega em casa e diz: 'Meu filho, vai buscar [um pedaço de banana para eu acender o charuto.' Naturalmente
o menino pensará: 'Papai está malu..."]
Outros, coitados, têm a língua atada.
Todos, porém, sabem mexer nos cordéis com o tino [ingênuo de demiurgos de inutilidades.]
E ensinam no tumulto das ruas os mitos heróicos da meninice...
E dão aos homens que passam preocupados ou tristes uma lição de infância.
p.131).
(ln: "Libertinagem. Seleta em prosa e verso." (Org. Emanuel de Momes), Rio de Janeiro: José Olympio, 1971,
Desabrigo (fragmento)
Antônio Fraga
Foi aí que um camelô aproveitando o ajuntamento começou a dizer
- Os senhores vendo eu aqui me exibir pensarão que sou um mágico arruinado que não podendo trabalhar no palco
vem aqui fazer uns truques pra depois correr o chapéu pedindo uns níqueis Mas não sou nada disso Sou um representante da
afamada fábrica de perfumes mercúrio que não manda distribuir prospectos não bota anúncio no rádio nem nos jornais nem
mesmo anúncios luminosos Esta casa meus senhores prefere contratar técnico propagandista que saia por aí distribuindo
gratuitamente os seus produtos. Entre os maravilhosos preparados da fábrica de perfumes mercúrio encontra-se esta loção a afamada loção mercúrio que elimina a caspa e a calvície mas não dá cabo da cabeça do freguês. Se os senhores fossem
adquirir este produto nas farmácias ou drogarias lhes cobrariam dez ou quinze mil réis Eu estou autorizado a distribuí-lo
gratuitamente às pessoas que adquirirem o reputado sabonete minerva pelo qual cobro apenas dois mil réis para cobrir as
despesas da publicidade...
Um aqui para o cavalheiro... outro para a
senhorita...
("Desabrigo". Rio de Janeiro: Secretaria Municipal de Cultura, Turismo e Esportes -DGDIC, 1990, pp. 28-29)
90. Identifique dois recursos predominantes na caracterização dos núcleos do complemento do verbo VENDER, que se
encontra no segundo verso do poema de Bandeira: um de natureza morfológica e um de natureza sintática. Diga quais são
esses recursos.
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES.
(Ufba 96)
RESTOS DO CARNAVAL
1
NÃO, não deste último carnaval. Mas não sei por que este me transportou para a minha infância e para as quartasfeiras de cinzas nas ruas mortas onde esvoaçavam despojos de serpentina e confete. Uma ou outra beata com um véu
cobrindo a cabeça ia à igreja, atravessando a rua tão extremamente vazia que se segue ao carnaval. Até que viesse o outro
ano. E quando a festa ia se aproximando, como explicar a agitação íntima que me tomava? Como se enfim o mundo se
abrisse de botão que era em grande rosa escarlate. Como se as ruas e praças do Recife enfim explicassem para que tinham
sido feitas. Como se vozes humanas enfim cantassem a capacidade de prazer que era secreta em mim. Carnaval era meu,
meu.
2
No entanto, na realidade, eu dele pouco participava. Nunca tinha ido a um baile infantil, nunca me haviam
fantasiado. Em compensação deixavam-me ficar até umas 11 horas da noite à porta do pé da escada do sobrado onde
morávamos, olhando ¢ávida os outros se divertirem. Duas coisas preciosas eu ganhava então e economizava-as com
¤avareza para durarem os três dias: um lança-perfume e um saco de confete. Ah, está se tornando difícil escrever. Porque
sinto como ficarei de ¥coração escuro ao constatar que, mesmo me agregando tão pouco à alegria, eu era de tal modo
sedenta que um quase nada já me tornava uma menina feliz.
3
E as máscaras? Eu tinha medo, mas era um medo vital e necessário porque vinha de encontro à minha mais
profunda suspeita de que o rosto humano também fosse uma espécie de máscara. À porta do meu pé de escada, se um
mascarado falava comigo, eu de súbito entrava no contato indispensável com o meu mundo interior, que não era feito só de
duendes e príncipes encantados, mas de pessoas com o seu mistério. Até meu susto com os mascarados, pois, era essencial
para mim.
4
Não me fantasiavam: no meio das preocupações com minha mãe doente, ninguém em casa tinha cabeça para
carnaval de criança. Mas eu pedia a uma de minhas irmãs para enrolar aqueles meus cabelos lisos que me causavam tanto
desgosto e tinha então a vaidade de possuir cabelos frisados pelo menos durante três dias por ano. Nesses três dias, ainda,
minha irmã acedia ao meu sonho intenso de ser uma moça - eu mal podia esperar pela saída de uma infância vulnerável - e
pintava minha boca de batom bem forte, passando também ruge nas minhas faces. Então eu me sentia bonita e feminina, eu
escapava da meninice.
5
Mas houve um carnaval diferente dos outros. Tão milagroso que eu não conseguia acreditar que tanto me fosse
dado, eu, que já aprendera a pedir pouco. É que a mãe de uma amiga minha resolvera fantasiar a filha e o nome da fantasia
era no figurino Rosa. Para isso comprara folhas e folhas de papel crepom cor-de-rosa, com as quais, suponho, pretendia
imitar as pétalas de uma flor. Boquiaberta, eu assistia pouco a pouco à fantasia tomando forma e se criando. Embora de
pétalas o papel crepom nem de longe lembrasse, eu pensava seriamente que era uma das fantasias mais belas que jamais
vira.
6
Foi quando aconteceu, por simples acaso, o inesperado: sobrou papel crepom, e muito. E a mãe de minha amiga talvez atendendo a meu apelo mudo, ao meu mudo desespero de inveja, ou talvez por pura bondade, já que sobrara papel resolveu fazer para mim também uma fantasia de rosa com o que restara de material. Naquele carnaval, pois, pela primeira
vez na vida eu teria o que sempre quisera: ia ser ¦outra que não eu mesma.
7
Até os preparativos já me deixavam tonta de felicidade. Nunca me sentira tão ocupada: minuciosamente, minha
amiga e eu calculávamos tudo, embaixo da fantasia usaríamos combinação, pois se chovesse e a fantasia se derretesse pelo
menos estaríamos de algum modo vestidas - à idéia de uma chuva que de repente nos deixasse, nos nossos ¨pudores
femininos de oito anos, de combinação na rua, morríamos previamente de vergonha - mas ah! Deus nos ajudaria! não
choveria! Quanto ao fato de minha fantasia só existir por causa das sobras de outra, engoli com alguma dor meu orgulho
que sempre fora feroz, e aceitei humilde o que o destino me dava de esmola.
8
Mas por que exatamente aquele carnaval, o único de fantasia, teve que ser tão melancólico? De manhã cedo no
domingo eu já estava de cabelos enrolados para que até de tarde o frisado pegasse bem. Mas os minutos não passavam, de
tanta ansiedade. Enfim, enfim! chegaram três horas da tarde: com cuidado para não rasgar o papel, eu me vesti de rosa.
9
Muitas coisas que me aconteceram tão piores que estas, eu já perdoei. No entanto essa não posso sequer entender
agora: o jogo de dados de um destino é irracional? É impiedoso. Quando eu estava vestida de papel crepom todo armado,
ainda com os cabelos enrolados e ainda sem batom e ruge - minha mãe de súbito piorou muito de saúde, um alvoroço
repentino se criou em casa e mandaram-me comprar depressa um remédio na farmácia. Fui correndo vestida de rosa - mas o
rosto ainda nu não tinha a ©máscara de moça que cobriria minha tão ªexposta vida infantil - , fui correndo, correndo,
perplexa, atônita, entre serpentinas, confetes e gritos de carnaval. A alegria dos outros me espantava.
10
Quando horas depois a atmosfera em casa acalmou-se, minha irmã me penteou e pintou-me. Mas alguma coisa
tinha morrido em mim. E, como nas histórias que eu havia lido sobre fadas que encantavam e desencantavam pessoas, eu
fora desencantada; não era mais uma rosa, era de novo uma ¢¡simples menina. Desci até a rua e ali de pé eu não era uma
flor, era um palhaço pensativo de lábios encarnados. Na minha £fome de sentir êxtase, às vezes começava a ficar alegre mas
com remorso lembrava-me do estado grave de minha mãe e de novo eu morria.
11
Só horas depois é que veio a salvação. E se depressa agarrei-me a ela é porque tanto precisava me salvar. Um
menino de uns 12 anos, o que para mim significava um rapaz, ¢£esse menino muito bonito parou diante de mim e, numa
mistura de carinho, grossura, brincadeira e sensualidade, cobriu meus cabelos, já lisos, de confete: por um instante ficamos
nos defrontando, sorrindo, sem falar. E eu então, §mulherzinha de 8 anos, considerei pelo resto da noite que enfim alguém
me havia reconhecido: eu era, sim, uma rosa.
(LISPECTOR, Clarice. FELICIDADE CLANDESTINA: CONTOS. 7 ed. Rio de Janeiro: Francisco
Alves, 1991. p.31-5.)
Na(s) questão(ões) a seguir escreva nos parênteses a soma dos itens corretos.
91. A expressão em maiúsculo está indicando circunstância, em:
(01) "NO ENTANTO, na realidade, eu dele pouco participava." (parágrafo 2)
(02) " ... olhando ÁVIDA os outros se divertirem." (parágrafo 2)
(04) "... eu DE SÚBITO entrava no contato indispensável com o meu mundo interior ..." (parágrafo 3)
(08) "... ou talvez por pura bondade, JÁ QUE SOBRARA PAPEL ..." (parágrafo 6)
(16) "Enfim, enfim! chegaram TRÊS HORAS DA TARDE..." (parágrafo 8)
(32) "... fui correndo, correndo, PERPLEXA, ATÔNITA ..." (parágrafo 9)
(64) "Um menino DE UNS 12 ANOS... parou diante de mim..." (parágrafo 11)
Soma (
)
92. O núcleo do sujeito está corretamente destacado em:
(01) "... ruas mortas onde esvoaçavam despojos de SERPENTINA E CONFETE." (parágrafo 1)
(02) "Até que viesse o outro ANO." (parágrafo 1)
(04) "Mas houve um CARNAVAL diferente dos outros." (parágrafo 5)
(08) "... a mãe de uma AMIGA minha resolvera fantasiar a filha..." (parágrafo 5)
(16) "Embora de pétalas o PAPEL crepom nem de longe lembrasse..." (parágrafo 5)
(32) "Quando horas depois a atmosfera em CASA acalmou-se..." (parágrafo 10)
(64) "Só horas depois é QUE veio a salvação." (parágrafo 11)
Soma (
)
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Fgv 2001) Leia atentamente o texto seguinte.
1
Religiosamente, pela manhã, ele dava milho na mão para a galinha cega. As bicadas tontas, de violentas, faziam
doer a palma da mão calosa. E ele sorria. Depois a conduzia ao poço, onde ela bebia com os pés dentro da água. A sensação
direta da água nos pés lhe anunciava que era hora de matar a sede; curvava o pescoço rapidamente, mas nem sempre apenas
o bico atingia a água: muita vez, no furor da sede longamente guardada, toda a cabeça mergulhava no líquido, e ela a
sacudia, assim molhada, no ar. Gotas inúmeras se espargiam nas mãos e no rosto do carroceiro agachado junto do poço.
Aquela água era como uma bênção para ele. Como água benta, com que um Deus misericordioso e acessível aspergisse
todas as dores animais. Bênção, água benta, ou coisa parecida: uma impressão de doloroso triunfo, de sofredora vitória
sobre a desgraça inexplicável, injustificável, na carícia dos pingos de água, que não enxugava e lhe secavam lentamente na
pele. Impressão, aliás, algo confusa, sem requintes psicológicos e sem literatura.
2
Depois de satisfeita a sede, ele a colocava no pequeno cercado de tela separado do terreiro (as outras galinhas
martirizavam muito a branquinha) que construíra especialmente para ela. De tardinha dava-lhe outra vez milho e água e
deixava a pobre cega num poleiro solitário, dentro do cercado.
3
Porque o bico e as unhas não mais catassem e ciscassem, puseram-se a crescer. A galinha ia adquirindo um aspecto
irrisório de rapace, ironia do destino, o bico recurvo, as unhas aduncas. E tal crescimento já lhe atrapalhava os passos, lhe
impedia de comer e beber. Ele notou essa miséria e, de vez em quando, com a tesoura, aparava o excesso de substância
córnea no serzinho desgraçado e querido.
4
Entretanto, a galinha já se sentia de novo quase feliz. Tinha delidas lembranças da claridade sumida. No terreiro
plano ela podia ir e vir à vontade até topar a tela de arame, e abrigar-se do sol debaixo do seu poleiro solitário. Ainda tinha
liberdade - o pouco de liberdade necessário à sua cegueira. E milho. Não compreendia nem procurava compreender aquilo.
Tinham soprado a lâmpada e acabou-se. Quem tinha soprado não era da conta dela. Mas o que lhe doía fundamente era já
não poder ver o galo de plumas bonitas. E não sentir mais o galo perturbá-la com o seu có-có-có malicioso. O ingrato.
(João Alphonsus - Galinha Cega. Em MORICONI, Italo, "Os Cem Melhores Contos Brasileiros do Século". São
Paulo: Objetiva, 2000.)
93. Na frase "A sensação direta da água nos pés lhe anunciava que era hora de matar a sede...", (par.1) ocorre o pronome
LHE. É possível alterar a posição desse pronome, transformando o período em "A sensação direta da água nos pés
anunciava que era hora de matar-lhe a sede...". Feita a transformação, pergunta-se: que implicação ela traz à frase?
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES.
(Faap 97)
"Queria dizer aqui o fim do Quincas Borba, que adoeceu também, ganiu infinitamente, fugiu desvairado
em busca do dono, e amanheceu morto na rua, três dias depois. Mas, vendo a morte do cão narrada em capítulo especial, é
provável que me perguntes se ele, se o seu defunto homônimo é que dá o título ao livro, e por que antes um que outro, questão prenhe de questões, que nos levariam longe... Eia! chora os dous recentes mortos, se tens lágrimas. Se só tens riso,
ri-te! É a mesma cousa. O Cruzeiro, que a linda Sofia não quis fitar, como lhe pedia Rubião, está assaz alto para não
discernir os risos e as lágrimas dos homens."
Machado de Assis
94. "... é provável que me perguntes...". Sujeito do verbo ser:
a) ele
b) provável
c) que
d) que me perguntes
e) indeterminado
95. "Se tens riso, ri-TE.". A Língua chama o pronome em maiúsculo de:
a) sujeito
b) objeto direto
c) objeto indireto
d) complemento nominal
e) partícula expletiva ou de realce
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Uff 2001) 1
Working women in Japan are more likely to be married than not these days, a sharp reversal of the
traditional pattern. But for most of them, continuing to work after the wedding is an easier choice than having children.
2
Despite some tentative attempts by government and business to make the working world and parenthood
compatible, mothers say Japan's business culture remains unfriendly to them. Business meetings often begin at 6 p.m. or
later, long hours of unpaid overtime are expected, and companies routinely transfer employees to different cities for years.
3
As a result, many women are choosing work over babies, causing the Japanese birthrate to fall to a record low in
1999 - an average 1.34 babies per woman - an added woe for this aging nation.
"THE WASHINGTON POST NATIONAL WEEKLY EDITION", August 21, 2000
96. "Duas ou três fariam crer NELA aos outros, mas a língua que falam obriga muita vez a consultar os dicionários, e tal
freqüência é cansativa." (par.1 e 2)
O termo destacado (contração da preposição EM com o pronome reto ELA) retoma um outro de mesma função sintática.
Identifique-o:
a) certidão (par.1)
b) mocidade (par.1)
c) mim (par.1)
d) lacuna (par.1)
e) pintura (par.1)
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Cesgranrio 94) MEU POVO, MEU POEMA
Meu povo e meu poema crescem juntos
como cresce no fruto
a árvore nova
No povo meu poema vai nascendo
como no canavial
nasce verde o açúcar
No povo meu poema está maduro
como o sol
na garganta do futuro
Meu povo em meu poema
se reflete
como a espiga se funde em terra fértil
Ao povo seu poema aqui devolvo
menos como quem canta
do que planta
(Ferreira Gullar)
97. Os termos "No povo" (v.7) e "Ao povo" (v.1 3), exercem, respectivamente, as funções sintáticas de:
a) objeto indireto - adjunto adverbial
b) objeto indireto - complemento nominal
c) complemento nominal - objeto indireto
d) adjunto adverbial - adjunto adverbial
e) adjunto adverbial - objeto indireto
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Unb 99)
O poder dos alimentos
1
Como foi o seu último jantar? Muita verdura e fruta ou carne carregada de molhos gordurosos? Se foi mais
parecido com a segunda opção, é bom ficar atento. A importância dos alimentos na saúde é conhecida, mas agora o que se
coloca no prato começa a ganhar de fato "status" de remédio. O responsável por essa revolução é uma nova ciência batizada de NUTRACÊUTICA -, que finalmente se propõe a esquadrinhar o que se come e quais são os efeitos desses
alimentos no organismo. E os resultados que estão sendo obtidos não poderiam ser mais animadores. A fantástica oferta de
verduras, legumes e frutas, principalmente, à disposição do ser humano pode realmente ajudá-lo a tratar doenças que vão de
uma simples gripe ao câncer.
2
Os mais céticos podem torcer o nariz para tanto entusiasmo. Será possível que um simples brócolis interfira no
metabolismo do corpo a tal ponto que consiga beneficiá-lo de alguma forma? Como um prato de salada pode contribuir para
dar um final feliz a uma história de câncer que caminhava para um desfecho trágico? E é aí que as respostas da
NUTRACÊUTICA estão sendo fundamentais. Essa ciência descobriu que os alimentos funcionam porque contêm, entre
outros elementos, o que está sendo chamado de composto bioativo. São substâncias de nomes esquisitos, como licopeno e
flavonóides, que são excelentes auxiliares na prevenção e no tratamento de doenças cardiovasculares, câncer e diabetes,
entre outros males.
Thiago Lotufo. ISTOÉ, nŽ1540, 7/4/99, p.98 (com adaptações)
98. Com base na organização sintática do texto, julgue os itens abaixo.
(1) A oração "Se foi mais parecido com a segunda opção" (par.1) reporta-se sintaticamente à expressão interrogativa que
inicia o texto.
(2) O sujeito do verbo SER (ref.2) está subentendido; por isso, pode ser recuperado na frase anterior.
(3) O verbo "esquadrinhar" (ref.3) tem dois objetos diretos desenvolvidos em forma de orações.
(4) A oração adjetiva "que caminhava para um desfecho trágico" (par.2) tem caráter restritivo, isto é, não pode ser separada
por vírgula e, portanto, ser tratada como aposto, sob pena de a frase sofrer alteração de sentido.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Uff 2000) TEXTO I
Rio de Janeiro
Fios nervos riscos faíscas.
As cores nascem e morrem
Com impudor violento
Onde meu vermelho? Virou cinza.
Passou a boa! Peço a palavra!
Meus amigos todos estão satisfeitos
Com a vida dos outros.
Fútil nas sorveterias.
Pedante nas livrarias
Nas praias nu nu nu nu nu nu.
Tu tu tu tu tu no meu coração.
Mas tantos assassinatos, meu Deus.
E tantos adultérios também.
E tantos tantíssinos contos-de-vigário ...
(Este povo quer me passar a perna.)
Meu coração vai molemente dentro do táxi.
(ANDRADE, Carlos Drummond de. "Poesia e prosa". Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1988, p.11.)
TEXTO II
Uma cidade é uma cidade é uma cidade. Ela é feita à imagem e semelhança de nosso sangue mais secreto. Uma
cidade não é um diamante transparente. Ela espelha, palmo a palmo, o mundo dos homens, suas contradições, abusões,
virtudes e desterros. Milímetro por milímetro. A mão do homem em toda parte. No asfalto. No basalto domado. Na pedreira.
Nos calçadões. Na rua, onde os veículos veiculam nosso exaspero e desespero. Uma cidade nos revela. Nos denuncia
naquilo que escondemos. Grande construção, empreitada de porte enorme, regougo de martelos e martírios¢. Construímos
nossa cidade. Somos construídos por ela. Os elos e cordames nos enlaçam, nos sufocam. Boiamos e nadamos dia e noite,
levados numa escuma onde borbulhas se abrem, como furúnculos maduros. Onde está a saída, ou a entrada?
(PELLEGRINO, Hélio. "A burrice do demônio". Rio de Janeiro: Rocco, 1988, p.82)
Vocabulário:
1 - "abusão": engano, ilusão, erro; superstição, crendice.
2 - "basalto": rocha vulcânica.
3 - "regougo": voz da raposa ou qualquer som que a imite; ronco.
TEXTO III
Qual será o futuro das cidades?
1
As megacidades vão mudar de endereço no próximo milênio.
2
Na periferia da globalização, as metrópoles subdesenvolvidas concentrarão não apenas população, mas também
miséria. Crescendo um ritmo veloz, dificilmente conseguirão dar a tantas pessoas habitação, transportes e saneamento
básico adequados. Mas não serão as únicas a enfrentar esses problemas. Mesmo metrópoles do topo da hierarquia global,
como Nova York, já sofrem com congestionamentos, poluição e violência.
3
Independentemente de tamanho ou localização, as cidades vão enfrentar ao menos um desafio comum: o aumento
da tensão urbana provocado pela crescente desigualdade entre seus moradores. Não há mágica tecnológica à vista capaz de
resolver as dificuldades. Os urbanistas apontam o planejamento como antídoto para o caos. Os governos precisam apostar
em parcerias com a iniciativa privada e a sociedade civil. ¢Será necessário coordenar ações locais e iniciativas conjuntas
entre cidades de uma mesma região.
("Caderno Especial, FOLHA DE S. PAULO", p.1, 02/5/1999.)
99. Reescreva o seguinte fragmento do texto III, transformando a oração reduzida em outra iniciada por conectivo,
conservando o mesmo valor sintático da oração e fazendo apenas as alterações necessárias:
Será necessário coordenar ações locais e iniciativas conjuntas entre as cidades de uma mesma região. (ref.1 - par.3)
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Uerj 2000) (...) publicou-se há dias o recenseamento do Império, do qual se colige que 70% da nossa população não sabem
ler.
1
Gosto dos algarismos, porque não são de meias medidas nem de metáforas. Eles dizem as coisas pelo seu nome, às
vezes um nome feio, mas não havendo outro, não o escolhem. São sinceros, francos, ingênuos. As letras fizeram-se para
frases; o algarismo não tem frases, nem retórica.
2
Assim, por exemplo, um homem, o leitor ou eu, querendo falar do nosso país, dirá:
3
- Quando uma Constituição livre pôs nas mãos de um povo o seu destino, força é que este povo caminhe para o
futuro com as bandeiras do progresso desfraldadas. A soberania nacional reside nas Câmaras; as Câmaras são a
representação nacional. A opinião pública deste país é o magistrado último, o supremo tribunal dos homens e das coisas.
Peço à nação que decida entre mim e o Sr. Fidélis Teles de Meireles Queles; ela possui nas mãos o direito a todos superior a
todos os direitos.
4
A isto responderá o algarismo com a maior simplicidade:
5
- A nação não sabe ler. Há só 30% dos indivíduos residentes neste país que podem ler; desses uns 9% não lêem
letra de mão. 70% jazem em profunda ignorância. Não saber ler é ignorar o Sr. Meireles Queles; é não saber o que ele vale,
o que ele pensa, o que ele quer; nem se realmente pode querer ou pensar. 70% dos cidadãos votam do mesmo modo que
respiram: sem saber porque nem o quê. Votam como vão à festa da Penha, - por divertimento. A Constituição é para eles
uma coisa inteiramente desconhecida. Estão prontos para tudo: uma revolução ou um golpe de Estado.
6
Replico eu:
7
- Mas, Sr. Algarismo, creio que as instituições...
8
-As instituições existem, mas por e para 30% dos cidadãos. Proponho uma reforma no estilo político. Não se deve
dizer: "consultar a nação, representantes da nação, os poderes da nação"; mas - "consultar os 30%, representantes dos 30%,
poderes dos 30%". A opinião pública é uma metáfora sem base; há só a opinião dos 30%. Um deputado que disser na
Câmara: "Sr. Presidente, falo deste modo porque os 30% nos ouvem..." dirá uma coisa extremamente sensata.
9
E eu não sei que se possa dizer ao algarismo, se ele falar desse modo, porque nós não temos base segura para os
nossos discursos, e ele tem o recenseamento.
(ASSIS, Machado de. "Obra Completa". Rio de Janeiro: Nova Aquilar, vol. 111, 1969.)
100. "As letras fizeram-SE para frases" (par. 1)
A única alternativa em que a palavra "se" tem o mesmo valor morfossintático que no trecho acima é:
a) "Seja como for, sempre SE morre, muitas vezes um minuto depois de dizer: Vou ali e volto já." (Millôr Fernandes)
b) "Enquanto houver escrita e memória as coisas que SE foram voltarão sempre." (Affonso Romano de Sant'Anna)
c) "Certamente os leitores conhecem o texto da Constituição Federal em que SE permite a livre manifestação do
pensamento pela imprensa." (Graça Aranha)
d) "Uma das pragas nas relações humanas é a cobrança que todos se sentem no direito de fazer sobre aqueles que preferem
pensar com a própria cabeça.' (Carlos Heitor Cony)
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Ufrs 97)
¢Quando tratavam de maneiras ........ mesa, os manuais de civilidade medievais - ou talvez devamos dizer
"manuais de cortesia", tendo em vista a época - condenavam as manifestações de gula, a agitação, a sujeira, a falta de
consideração pelos outros convivas. £Tudo isso persiste nos séculos XVII e XVIII, porém novas prescrições se acrescentam
........ antigas. ¤Em geral, elas desenvolvem ........ idéia de limpeza - já presente na Idade Média -, ordenando que se usem os
novos utensílios de mesa: pratos, copos, facas, colheres e garfos individuais. ¥O emprego dos dedos é cada vez mais
proscrito, bem como a transferência dos alimentos diretamente da travessa comum para a boca.
¦Isso evidencia não só uma obsessão pela limpeza, como ainda um progresso do individualismo: o prato, o copo, a
faca, a colher e o garfo individuais na verdade erguem paredes invisíveis entre os comensais. §Na Idade Média, levava-se a
mão ao prato comum, duas ou três pessoas tomavam a sopa numa só escudela, todos comiam a carne na mesma travessa e
bebiam de uma única taça que circulava pela mesa; facas e colheres, ainda inadequadas, passavam de um conviva a outro; e
cada qual mergulhava seu pedaço de pão ou de carne em saleiros e molheiras comuns. ¨Nos séculos XVII e XVIII, ao
contrário, cada comensal é dono de um prato, um copo, uma faca, uma colher, um garfo, um guardanapo e um pedaço de
pão. ©Tudo que é retirado das travessas, molheiras e saleiros comuns deve ser pego com os utensílios adequados e
depositado no prato antes de ser tocado com os próprios talheres e levado ........ boca. ªCada conviva é encerrado numa
espécie de gaiola imaterial. ¢¡Por que tais precauções, dois séculos antes de Pasteur descobrir a existência dos micróbios?
¢¢O que vem a ser essa sujeira que tanto se teme? ¢£Não será principalmente o medo do contato com o outro?
(Adaptado de FLANDRIN, Jean-Louis. A DISTINÇÃO PELO GOSTO. In: CHARTIER, Roger (Org.)
HISTÓRIA DA VIDA PRIVADA 3: Da Renascença ao Século das Luzes. São Paulo: Companhia das Letras, 1991. p. 2678)
101. Assinale a alternativa que identifica corretamente os núcleos dos sujeitos de, respectivamente, CONDENAVAM (1Ž
período), SE ACRESCENTAM (2Ž período), SE USEM (3Ž período)
a) maneiras (1Ž período) - isso (1Ž período) - utensílios (3Ž período)
b) maneiras (1Ž período) - prescrições (2Ž período) - novos (3Ž período)
c) manuais (1Ž período) - antigas (2Ž período) - utensílios (3Ž período)
d) manuais (1Ž período) - isso (1Ž período) - novos (3Ž período)
e) manuais (1Ž período) - prescrições (2Ž período) - utensílios (3Ž período)
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 3 QUESTÕES.
(Faap 96) SONETO DE SEPARAÇÃO
De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.
De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente
Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.
(Vinícius de Morais)
102. "E das bocas unidas fez-se a espuma". Sujeito do verbo fazer:
a) bocas
b) bocas unidas
c) se
d) espuma
e) indeterminado
103. "E das bocas unidas fez-se a espuma". A partícula "se" é o:
a) sujeito
b) índice da indeterminação do sujeito
c) objeto direto
d) objeto indireto
e) pronome apassivador
104. "De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama"
Sujeito do verbo desfazer (desfez):
a) calma
b) vento
c) que (no lugar de vento)
d) olhos
e) chama
105. (Unirio 98) Marque a opção INCORRETA quanto à função sintática do termo em maiúsculo.
a) "...QUE a lua não recolheu na sua pressa noturna..." (texto I - I.2) - objeto direto
b) "...o brilho DE UM OLHAR..." (texto I - I.7) - adjunto adnominal
c) "...o corpo núbil dela deu-LHE estátuas..." (texto I - I.9) - objeto indireto
d) "...que de repente NOS olhasse do fundo de um espelho?" (texto II - par.4) - objeto direto
e) "...LÁ deve ter suas razões o misterioso cenarista dos sonhos..." (texto II - par.5) - adjunto adverbial de lugar
106. (Unirio 98) Marque, dentre as orações a seguir, a que apresenta a classificação sintática diferente das demais.
a) "... - que a lua não recolheu na sua pressa noturna..." (texto I - I.2)
b) "... que reflete. " (texto I - I.4)
c) "... que perdeu a sombra." (texto II - par.2)
d) "... - que seríamos incapazes..." (texto II - par.7)
e) "... que de repente nos olhasse do fundo de um espelho?" (texto II - par.4)
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 3 QUESTÕES.
(Unirio 98) TEXTO I
O Espelho
É um retângulo de luar aquecido no quarto
- que a lua não recolheu na sua pressa noturna
Imitador como um plagiário
decalva servilmente a imagem que reflete.
Não tem memórias. Não guarda
na sua glacial retina indiferente
o brilho de um olhar e a flor de um gesto.
Entretanto
o corpo núbil dela deu-lhe estátuas
miraculosamente lindas !
(Menotti del Picchia)
TEXTO II
INTERROGAÇÕES
1
"Certa vez estranhei a ausência de espelhos nos sonhos.
2
Talvez porque neles não nos podemos ver, como no velho conto do homem que perdeu a sombra.
3
Pelo contrário, seremos tão nós mesmos a ponto de dispensar o testemunho dos reflexos?
4
Ou será tão outra a nossa verdadeira imagem - e aqui começa um arrepio de medo - que seríamos incapazes de a
reconhecer naquilo que de repente nos olhasse do fundo de um espelho?
5
Em todo caso, lá deve ter suas razões o misterioso cenarista dos sonhos..."
(Mario Quintana)
107. Assinale a opção em que NÃO há correspondência entre o trecho destacado e o recurso estilístico indicado.
a) "É um retângulo de luar..." (texto I - I.1) - metáfora
b) "Imitador como um plagiário..." (texto I - I.3) - símile
c) "Não tem memórias." (texto I - I.5) - elipse
d) "Ou será tão outra a nossa verdadeira imagem..." (texto II - par.4) - objeto direto
e) "... deve ter suas razões o misterioso cenarista dos sonhos..." (texto II - par.5) - adjunto adverbial de lugar
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES.
(Faap 97)
Durante este período de depressão contemplativa uma coisa apenas magoava-me: não tinha o ar angélico
do Ribas, não cantava tão bem como ele. Que faria se morresse, entre os anjos, sem saber cantar?
Ribas, quinze anos, era feio, magro, linfático. Boca sem lábios, de velha carpideira, desenhada em angústia - a
súplica feita boca, a prece perene rasgada em beiços sobre dentes; o queixo fugia-lhe pelo rosto, infinitamente, como uma
gota de cera pelo fuste de um círio...
Mas, quando, na capela, mãos postas ao peito, de joelhos, voltava os olhos para o medalhão azul do teto, que
sentimento! que doloroso encanto! que piedade! um olhar penetrante, adorador, de enlevo, que subia, que furava o céu como
a extrema agulha de um templo gótico!
E depois cantava as orações com a doçura feminina de uma virgem aos pés de Maria, alto, trêmulo, aéreo, como
aquele prodígio celeste de garganteio da freira Virgínia em um romance do conselheiro Bastos.
Oh! não ser eu angélico como o Ribas! Lembro-me bem de o ver ao banho: tinha as omoplatas magras para fora,
como duas asas!
O ATENEU. Raul Pompéia
108. "Durante este período de depressão contemplativa uma coisa apenas magoava-me: NÃO TINHA O AR ANGÉLICO
DE RIBAS, não cantava tão bem como ele.". A oração destacada, em relação ao substantivo coisa, funciona como:
a) sujeito
b) objeto direto
c) objeto indireto
d) complemento nominal
e) aposto
109. "Eu não tinha o ar angélico de Ribas". A Língua conhece o objeto direto pleonástico:
a) Eu o ar angélico de Ribas não tinha
b) Eu, só eu, não tinha o ar angélico de Ribas
c) O ar angélico de Ribas não o tinha eu
d) Eu não tinha, não tinha o ar angélico de Ribas
e) O ar angélico de Ribas não era tido por mim
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Cesgranrio 99)
A MORTE DA PORTA-ESTANDARTE
1
Que adianta ao negro ficar olhando para as bandas do Mangue ou para os lados da Central?
2
Madureira é longe e a amada só pela madrugada entrará na praça, à frente do seu cordão.
3
Todos percebem que ele está desassossegado, que uma paixão o está queimando por dentro.
4
Sua agonia vem da certeza de que é impossível que alguém possa olhar para Rosinha sem se apaixonar. E nem de
longe admite que ela queira repartir o amor.
5
A praça transbordava. (...) Só depois que Rosinha chegasse começaria o Carnaval.(...)
6
A praça inteira está cantando, tremendo. O corpo de Rosinha não tardaria a boiar sobre ela como uma pétala.(...)
7
Acima das vagas humanas os estandartes palpitam como velas.(...)
8
Dezenas de estandartes pareciam falar, transmitiam mensagens ardentes, sacudiam-se, giravam, paravam,
desfalecendo, reclinavam-se para beijar, fugiam...(...)
9
Se quiser agora sair daquele lugar, já não poderá mais, se sente pregado ali. O gemido cavernoso de uma cuíca
próxima ressoa-lhe fundo no coração. - Cuíca de meu agouro, vai roncar no inferno...(...)
10
E está sofrendo o preto. Os felizes estão-se divertindo. Era preferível ser como os outros, qualquer dos outros a
quem a morena poderá pertencer ainda, do que ser alguém como ele, de quem ela pode escapar. Uma rapariga como
Rosinha, a felicidade de tê-la, por maior que seja, não é tão grande como o medo de perdê-la.(...)
11
O negro está hesitante. As horas caminham e o bloco de Madureira é capaz de não vir mais. Os turistas ingleses
contemplam o espetáculo à distância, e combinam o medo com a curiosidade.(...)
12
No fundo da praça uma correria e começo de pânico. Ouvem-se apitos. As portas de aço descem com fragor. As
canções das Escolas de samba prosseguem mais vivas, sinfonizando o espaço poeirento. A inglesa velha está afobada, puxa
a família, entra por uma porta semicerrada.
13
- Mataram uma moça!(...)
14
O crime do negro abriu uma clareira silenciosa no meio do povo. Ficaram todos estarrecidos de espanto vendo
Rosinha fechar os olhos. O preto ajoelhado bebia-lhe mudamente o último sorriso, e inclinava a cabeça de um lado para
outro como se estivesse contemplando uma criança. (...)
(Aníbal M. Machado)
110. Sua agonia vem da certeza de que é impossível QUE ALGUÉM POSSA OLHAR PARA ROSINHA..." (par.4)
Assinale a opção em que o termo em maiúsculo exerce a mesma função sintática que a oração em destaque no exemplo.
a) "... que uma paixão O está queimando por dentro." (par.3)
b) "Acima das vagas humanas OS ESTANDARTES palpitam como velas." (par.7)
c) "... a QUEM a morena poderá pertencer ainda," (par.10)
d) "As portas de aço descem COM FRAGOR." (par12)
e) "O preto ajoelhado bebia-LHE mudamente o último sorriso," (par.14)
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Uelondrina 98) Assinale, a letra correspondente à alternativa que preenche corretamente as lacunas da frase apresentada.
111. Exerce a função de........o termo maiúsculo na frase "Ninguém ficou SATISFEITO com aquela medida".
a) complemento verbal
b) adjunto adverbial
c) predicativo do sujeito
d) sujeito
e) complemento nominal
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Ufrj 99)
SÃO COSME E SÃO DAMIÃO
Escrevo no dia dos meninos. Se eu fosse escolher santos, escolheria sem dúvida nenhuma São Cosme e São
Damião, que morreram decapitados já homens feitos, mas sempre são representados como dois meninos, dois gêmeos de ar
bobinho, na cerâmica ingênua dos santeiros do povo.
São Cosme e São Damião passaram o dia de hoje visitando os meninos que estão com febre e dor no corpo e na
cabeça por causa da asiática, e deram muitos doces e balas aos meninos sãos. E diante deles sentimos vontade de ser bons
meninos e também de ser meninos bons. E rezar uma oração.
"São Cosme e São Damião, protegei os meninos do Brasil, todos os meninos e meninas do Brasil.
Protegei os meninos ricos, pois toda a riqueza não impede que eles possam ficar doentes ou tristes, ou viver coisas
tristes, ou ouvir ou ver coisas ruins.
Protegei os meninos dos casais que se separam e sofrem com isso, e protegei os meninos dos casais que não se
separam e se dizem coisas amargas e fazem coisas que os meninos vêem, ouvem, sentem.
Protegei os filhos dos homens bêbados e estúpidos, e também os meninos das mães histéricas e ruins.
Protegei o menino mimado a quem os mimos podem fazer mal e protegei os órfãos, os filhos sem pai, e os
enjeitados.
Protegei o menino que estuda e o menino que trabalha, e protegei o menino que é apenas moleque de rua e só sabe
pedir esmolas e furtar.
Protegei, ó São Cosme e São Damião! - protegei os meninos protegidos pelos asilos e orfanatos, e que aprendem a
rezar e obedecer e andar na fila e ser humildes, e os meninos protegidos pelo SAM*, ah! São Cosme e São Damião, protegei
muito os pobres meninos protegidos!
E protegei sobretudo os meninos pobres dos morros e dos mocambos, os tristes meninos da cidade e os meninos
amarelos e barrigudinhos da roça, protegei suas canelinhas finas, suas cabecinhas sujas, seus pés que podem pisar em cobra
e seus olhos que podem pegar tracoma - e afastai de todo perigo e de toda maldade os meninos do Brasil, os louros e os
escurinhos, todos os milhões de meninos deste grande e pobre e abandonado meninão triste que é o nosso Brasil, ó Glorioso
São Cosme, Glorioso São Damião!"
Setembro, 1957
(BRAGA, Rubem. 200 CRÔNICAS ESCOLHIDAS. 10ヘ ed.. Rio de Janeiro: Record, 1996. p. 212.)
* SAM - Serviço de Assistência ao Menor - equivalente à FUNABEM
112.
"Protegei os meninos RICOS, pois toda a riqueza não impede que eles possam ficar doentes ou tristes"
"Protegei os filhos dos homens bêbados e estúpidos, e também os meninos DAS MÃES HISTÉRICAS e ruins."
"Protegei o menino QUE ESTUDA e o menino que trabalha, e protegei o menino que é apenas moleque de rua"
No texto, é utilizada repetidamente a função sintática presente nos termos destacados anteriormente.
a) Indique que função sintática é essa.
b) Explique qual a finalidade do emprego tão freqüente dessa função sintática no texto.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Vunesp 95)
ALTÉIA
Cláudio Manuel da Costa
Aquele pastor amante,
Que nas úmidas ribeiras
Deste cristalino rio
Guiava as brancas ovelhas;
Aquele, que muitas vezes
Afinando a doce avena,
Parou as ligeiras águas,
Moveu as bárbaras penhas;
Sobre uma rocha sentado
Caladamente se queixa:
Que para formar as vozes,
Teme, que o ar as perceba.
(in POEMAS de Cláudio Manuel da Costa. São Paulo: Cultrix, 1966, p. 156.)
113. Levando em conta que as três estrofes citadas constituem num período completo:
a) Aponte a função sintática de "Aquele pastor amante".
b) Classifique a oração integrada pelos versos: "Aquele pastor amante,", "Sobre uma rocha sentado" e "Caladamente se
queixa."
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Puccamp 95)
A questão da descriminalização das drogas se presta a freqüentes simplificações de caráter maniqueísta,
que acabam por estreitar um problema extremamente complexo, permanecendo a discussão quase sempre em torno da droga
que está mais em evidência.
Vários aspectos relacionados ao problema (abuso das chamadas drogas lícitas, como medicamentos, inalação de
solventes, etc.) ou não são discutidos, ou não merecem a devida atenção. A sociedade parece ser pouco sensível, por
exemplo, aos problemas do alcoolismo, que representa a primeira causa de internação da população adulta masculina em
hospitais psiquiátricos. Recente estudo epidemiológico realizado em São Paulo apontou que 8% a 10% da população adulta
apresentavam problemas de abuso ou dependência de álcool. Por outro lado, a comunidade mostra-se extremamente
sensível ao uso e abuso de drogas ilícitas, como maconha, cocaína, heroína, etc.
Dois grupos mantêm acalorada discussão. O primeiro acredita que somente penalizando traficantes e usuários
pode-se controlar o problema, atitude essa centrada, evidentemente, em aspectos repressivos.
Essa corrente atingiu o seu maior momento logo após o movimento militar de 1964. Seus representantes acreditam,
por exemplo, que "no fim da linha" usuários fazem sempre um pequeno comércio, o que, no fundo, os igualaria aos
traficantes, dificultando o papel da Justiça. Como solução, apontam, com freqüência, para os reconhecidamente muito
dependentes, programas extensos a serem desenvolvidos em fazendas de recuperação, transformando o tratamento em um
programa agrário.
Na outra ponta, um grupo "neoliberal" busca uma solução nas regras do mercado. Seus integrantes acreditam que,
liberando e taxando essas drogas através de impostos, poderiam neutralizar seu comércio, seu uso e seu abuso. As
experiências dessa natureza em curso em outros países não apresentam resultados animadores.
Como uma terceira opção, pode-se olhar a questão considerando diversos ângulos. O usuário eventual não
necessita de tratamento, deve ser apenas alertado para os riscos. O dependente deve ser tratado, e, para isso, a
descriminalização do usuário é fundamental, pois facilitaria muito seu pedido de ajuda. O traficante e o produtor devem ser
penalizados. Quanto ao argumento de que usuários vendem parte do produto: é fruto de desconhecimento de como se dão as
relações e as trocas entre eles.
Duplamente penalizados, pela doença (dependência) e pela lei, os usuários aguardam melhores projetos, que
cuidem não só dos aspectos legais, mas também dos aspectos de saúde que são inerentes ao problema.
(Adaptado de Marcos P. T. Ferraz, Folha de São Paulo)
114. Como solução, apontam, com freqüência, para os reconhecidamente muito dependentes, programas extensos.
Sobre a frase anterior é INCORRETO afirmar-se que:
a) o sujeito é inexistente.
b) "com freqüência" é um adjunto adverbial.
c) "os reconhecidamente muito dependentes" é o objeto indireto.
d) "programas extensos" é o objeto direto.
e) "extensos" é adjunto adnominal.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Cesgranrio 91) A S. PAULO
1
Terra da liberdade!
2 Pátria de heróis e berço de guerreiros,
3 Tu és o louro mais brilhante e puro,
4 O mais belo florão dos Brasileiros!
5
6
7
8
Foi no teu solo, em borbotões de sangue
Que a fronte ergueram destemidos bravos,
Gritando altivos ao quebrar dos ferros:
Antes a morte que um viver de escravos!
9 Foi nos teus campos de mimosas flores,
10 À voz das aves, ao soprar do norte,
11 Que um rei potente às multidões curvadas
12 Bradou soberbo - Independência ou morte!
13 Foi de teu seio que surgiu, sublime,
14 Trindade eterna de heroísmo e glória,
15 Cujas estátuas, - cada vez mais belas,
16 Dormem nos templos da Brasília história!
17 Eu te saúdo, ó majestosa plaga,
18 Filha dileta, - estrela da nação,
19 Que em brios santos carregaste os cílios
20 À voz cruenta de feroz Bretão!
21 Pejaste os ares de sagrados cantos,
22 Ergueste os braços e sorriste à guerra,
23 Mostrando ousada ao murmurar das turbas
24 Bandeira imensa da Cabrália terra!
25 Eia! - Caminha o Partenon da glória
26 Te guarda o louro que premia os bravos!
27 Voa ao combate repetindo a lenda:
28 - Morrer mil vezes que viver escravos!
(Fagundes Varela, O ESTANDARTE AURIVERDE. ln:___. POESIAS COMPLETAS. São Paulo, Edição Saraiva, 1956, p.
85-86.)
115. Assinale a opção em que o vocábulo TE exerce a mesma função sintática que nos versos a seguir:
"... o Partenon da glória
TE guarda o louro que premia os bravos!" (versos 25-26)
a) Ele TE encontrou na recepção ao presidente.
b) Ele TE viu quando chegou ao escritório.
c) Ele TE trouxe os livros que encomendamos.
d) Ele TE avisou do perigo que corríamos.
e) Ele TE aconselhou a esperar que a chuva parasse.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Fuvest 89)
Sou um ignorante, um pobre homem de cidade. Mas eu tinha razão. Ele cresceu, está com dois metros,
lança as suas folhas além do muro - e é um esplêndido pé de milho. Já viu o leitor um pé de milho? Eu nunca tinha visto.
Tinha visto centenas de milharais - mas é diferente. Um pé de milho sozinho, em um canteiro, espremido, junto do portão,
numa esquina de rua - não é um número numa lavoura, é um ser vivo e independente. Suas raízes roxas se agarram no chão
e suas folhas longas e verdes nunca estão imóveis. Detesto comparações surrealistas - mas na glória de seu crescimento, tal
como o vi em uma noite de luar, o pé de milho parecia um cavalo empinado, as crinas ao vento - e em outra madrugada
parecia um galo cantando.
Anteontem aconteceu o que era inevitável, mas que nos encantou como se fosse inesperado: meu pé de milho
pendoou. Há muitas flores belas no mundo, e a flor de milho não será a mais linda. Mas aquele pendão firme, vertical,
beijado pelo vento do mar, veio enriquecer nosso canteirinho vulgar com uma força e uma alegria que fazem bem. É alguma
coisa de vivo que se afirma com ímpeto e certeza. Meu pé de milho é um belo gesto da terra. E eu não sou mais um
medíocre homem que vive atrás de uma chata máquina de escrever: sou um rico lavrador da Rua Júlio de Castilhos.
Dezembro, 1945. (Rubem Braga)
116. "... como o vi em uma noite de luar..."
a) Reescreva, na voz passiva, a oração transcrita, sem desprezar nenhum dos componentes sintáticos que lhe dão forma.
b) Indique a função sintática do pronome de 3ヘ
pessoa na frase original e na transformada.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Faap 97) BAILADO RUSSO
Guilherme de Almeida
A mão firme e ligeira
puxou com força a fieira:
e o pião
fez uma elipse tonta
no ar e fincou a ponta
no chão.
É o pião com sete listas
de cores imprevistas.
Porém,
nas suas voltas doudas,
não mostra as cores todas
que tem:
- fica todo cinzento,
no ardente movimento...
E até
parece estar parado,
teso, paralisado,
de pé.
Mas gira. Até que, aos poucos,
em torvelins tão loucos
assim,
já tonto, bamboleia,
e bambo, cambaleia...
Enfim,
tomba. E, como uma cobra,
corre mole e desdobra
então,
em hipérboles lentas,
sete cores violentas
no chão.
117. "O pião fez uma elipse tonta". A Língua conhece o objeto direto pleonástico:
a) O pião - ele mesmo - fez uma elipse tonta
b) Uma elipse tonta foi feita pelo pião
c) Uma elipse tonta fez o pião
d) Uma elipse tonta fê-la o pião
e) Fez o pião uma elipse tonta
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Ufmg 98)
Já que não basta ficarem mexendo toda hora no valor e no nome do dinheiro? Nos juros, no crédito, nas
alíquotas de importação, no câmbio, na Ufir e nas regras do imposto de renda? Já não basta mudarem as formas da Lua, as
marés, a direção dos ventos e o mapa da Europa? E as regras das campanhas eleitorais, o ministério, o comprimento das
saias, a largura das gravatas? Não basta os deputados mudarem de partido, homens virarem mulher, mulheres virarem
homem e os economistas virarem lobisomem, quando saem do Banco Central e ingressam na banca privada?
Já não basta os prefeitos, como imperadores romanos, tentarem mudar o nome de avenidas cruciais, como a Vieira
Souto, no Rio de Janeiro, ou se lançarem à aventura maluca de destruir largos pedaços da cidade para rasgar avenidas, como
em São Paulo? Já não basta mudarem toda hora as teorias sobre o que engorda e o que emagrece? Não basta mudarem a
capital federal, o número de estados, o número de municípios e até o nome do país, que já foi Estados Unidos do Brasil e
depois virou República Federativa do Brasil?
Não, não basta. Lá vêm eles de novo, querendo mudar as regras de escrever o idioma. "Minha pátria é a língua
portuguesa", escreveu Fernando Pessoa pela pena de um de seus heterônimos, Bernardo Soares, autor do "Livro do
Desassossego". Desassossegados estamos. Querem mexer na pátria. Quando mexem no modo de escrever o idioma, põem a
mão num espaço íntimo e sagrado como a terra de onde se vem, o clima a que se acostumou, o pão que se come.
Aprovou-se recentemente no Senado mais uma reforma ortográfica da Língua Portuguesa. É a terceira nos últimos
52 anos, depois das de 1943 e 1971 - muita reforma, para pouco tempo. Uma pessoa hoje com 60 anos aprendeu a escrever
"idéa", depois, em 1943, mudou para "idéia", ficou feliz em 1971 porque "idéia" passou incólume, mas agora vai escrever
"ideia", sem acento.
Reformas ortográficas são quase sempre um exercício vão, por dois motivos. Primeiro, porque tentam banhar de
lógica o que, por natureza, possui extensas zonas infensas à lógica, como é o caso de um idioma. Escreve-se "Egito", e não
"Egipto", mas "egípcio", e não "egício", e daí? Escreve-se "muito", mas em geral se fala "muinto". Segundo, porque,
quando as reformas se regem pela obsessão de fazer coincidir a fala com a escrita, como é o caso das reformas da Língua
Portuguesa, estão correndo atrás do inalcançável. A pronúncia muda no tempo e no espaço. A flor que já foi "azálea" está
virando "azaléa" e não se pode dizer que esteja errado o que todo o povo vem consagrando. "Poder" se pronuncia "poder"
no Sul do Brasil e "puder" no Brasil do Nordeste. Querer que a grafia coincida sempre com a pronúncia é como correr atrás
do arco-íris, e a comparação não é fortuita, pois uma língua é uma coisa bela, mutável e misteriosa como um arco-íris.
Acresce que a atual reforma, além de vã, é frívola. Sua justificativa é unificar as grafias do Português do Brasil e de
Portugal. Ora, no meio do caminho percebeu-se que seria uma violência fazer um português escrever "fato" quando fala
"facto", ou "recepção" quando fala "receção", da mesma forma como seria cruel fazer um brasileiro escrever "facto" ou
"receção" (que ele só conhece, e bem, com dois ss, no sentido de inferno astral da economia). Deixou-se, então, que cada
um continuasse a escrever como está acostumado, no que se fez bem, mas, se a reforma era para unificar e não unifica, para
que então fazê-la? Unifica um pouco, responderão os defensores da reforma. Mas, se é só um pouco, o que adianta? Aliás,
para que unificar? O último argumento dos propugnadores da reforma é que, afinal, ela é pequena - mexe com a grafia de
600, entre as cerca de 110.000 palavras da Língua Portuguesa, ou apenas 0,54% do total. Se é tão pequena, volta a pergunta:
para que fazê-la?
Fala-se que a reforma simplifica o idioma e, assim, torna mais fácil seu ensino. Engano. A representação escrita da
língua é um bem que percorre as gerações, passando de uma à outra, e será tão mais bem transmitida quanto mais estável
for, ou, pelo menos, quanto menos interferências arbitrárias sofrer. Não se mexa assim na língua. O preço disso é banalizála como já fizeram com a moeda, no Brasil.
(Roberto Pompeu de Toledo - VEJA, 24.05.95. Texto adaptado pela equipe de Língua Portuguesa da COPEVE/UFMG.)
118. Todas as alternativas contêm trechos que, no texto, apresentam imprecisão do agente da ação verbal, EXCETO
a) Já não basta os prefeitos, como imperadores, tentarem mudar o nome de avenidas cruciais(...)?
b) Já não basta mudarem toda hora as teorias sobre o que engorda e o que emagrece?
c) Lá vêm eles de novo, querendo mudar as regras de escrever o idioma.
d) Já não basta ficarem mexendo toda hora no valor e no nome do dinheiro?
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 4 QUESTÕES.
(Unirio 95) POESIA AINDA VIAJA PELAS ÁGUAS DO MUNDO
1
Acordei pensando em rios - que dão sempre um toque feminino a qualquer cidade - e me dizendo que o único
possível defeito do Rio de Janeiro é não ter um rio. Pior ainda, é de ter sufocado o seu rio, exatamente o rio chamado
Carioca, do vale das Laranjeiras.
2
Esse rio, hoje secreto, que corre como um malfeitor debaixo de ruas, ninguém, nenhum poeta o cantou melhor e
mais ternamente do que Alceu Amoroso Lima.
3
Nascido à beira do Carioca quando o Carioca ainda se fazia ver e ouvir na maior parte do seu breve curso, Alceu
parece ter guardado a vida inteira o rumor do rio no ouvido. Ele nasceu ali, na Chácara da Casa Azul.
4
Quando o Rio completou 400 anos, em 1965, Alceu escreveu para "Aparência do Rio de Janeiro", de Gastão Cruls,
então reeditado pela José Olympio, um artigo que é um verdadeiro poema em prosa, chamado "O Nosso Carioca".
5
Começa assim: "Muito antes de existir o Rio de Janeiro, hoje quatrocentão, existia o rio Carioca. Aquele ficou
sendo rio por engano. O Carioca, esse já o era, havia séculos. Talvez por isso a contradança das coisas humanas fez do que
não era rio um Rio para sempre, e do que o era de fato, ao nascer o outro, uma reles galeria de águas pluviais, quando o
falso rio completa o seu quarto centenário. 'Das Caboclas' era também seu nome".
6
" 'Carioca', que nos dizem significar casa de branco, e outros, com mais probabilidade, casa de pedra, foi o nome
dado em virtude do depósito de pipas de água fresca (...) para a aguada das caravelas e dos bergantins. 'Das Caboclas' por
outros motivos, menos aquáticos que afrodíticos. O rio acompanhava, descoberto, o vale das Laranjeiras, desde a encosta do
Corcovado até o Flamengo".
7
No meio de sua deliciosa evocação, em que diz que cada casa do vale, como a sua, tinha sua ponte sobre o rio, e
que cada ponte parecia estar sempre sendo atravessada por meninas em flor, Alceu, numa breve e certeira observação do
grande crítico literário que era, põe o humilde Carioca a fluir entre os grandes rios clássicos e eternos.
8
Pessoalmente, só vi o Carioca à luz do sol uma vez, por ocasião das terríveis chuvaradas do ano de 1967.
9
A tromba d'água que descia do Corcovado foi tão persistente e se infiltrou pelo solo tão caudalosa que começou de
repente a fraturar o próprio leito da rua das Laranjeiras, que afinal se rachou em duas partes. Acho que foi esta a única vez
que o rejeitado Carioca teve fúria de grande rio.
10
Eu não conheço o assunto mas arriscaria o palpite de que nenhum país do mundo contém mais água doce do que o
Brasil. Temos rios descomunais. Só que em geral vadios, desocupados.
11
Ao contrário do que fizeram a Europa, os Estados Unidos, a antiga União Soviética, que comunicaram e
intercomunicaram seus rios, montando um tapete rolante de gente e de riquezas, aqui deixamos os rios na vagabundagem.
12
Em termos de literatura, quem quiser sentir o que a operosidade dos europeus tem feito para pôr os rios a trabalhar
para os homens, basta ler Simenon. Os canais, diques e eclusas estão tão presentes em seus livros quanto os desesperados e
os criminosos. São romances em que a humanidade sofre e envereda pelos caminhos errados, mas as barcaças e navios não
se enganam nunca.
13
Os rios têm leito, rumo, juízo. Os homens que continuem cometendo seus desvarios que eles, ainda que subindo e
descendo de nível quando necessário, deslizam no maior sossego pelas águas ensinadas.
14
Enquanto isso nós, no Brasil, olhamos com tédio as correias de transmissão de poderosos rios a rolarem vazias
entre estradas esburacadas e arquejantes de caminhões.
15
Só no Brasil o transporte mais caro, o de caminhões, é muito maior que o de vias férreas e fluviais. Com exceção
do rio Tietê, que é praticamente do tamanho do Reno e que pelo jeito acaba ficando tão navegável e próspero quanto o
Reno. Obcecado com o interior de São Paulo, o Tietê corre de costas para o mar, para percorrer todo o Estado e acabar no
Paraná, na bacia do rio da Prata.
16
O Paraná e o Tietê já estão quase prontos para entrar num romance de Simenon, com seus canais artificiais e suas
eclusas, e os navios abarrotados de calcário, de soja, de milho, álcool de cana.
17
De qualquer forma ainda estamos, no Brasil, longe dos meus sonhos, que são ¢de um país ativíssimo mas
silencioso. Desde que li, já faz muito tempo, uma monografia sobre hidrovias e a interligação de nossas bacias
hidrográficas, fiquei escravo da miragem.
18
A idéia da monografia, escrita por gente do ramo, do Departamento Nacional de Portos e Vias Navegáveis, era
nada mais nada menos que a ligação pelas águas de Belém do Pará a Buenos Aires. Um mapa todo aquoso mostrava uma
grande hidrovia artificial na altura de Cáceres, em Mato Grosso, no rio Paraguai, e mais umas barragens e eclusas nas bacias
do Prata e do Amazonas.
19
Pronto! Estava completa a ligação de Belém com Buenos Aires, à bagatela de uns nove mil quilômetros de
imponderável mas indestrutível estrada. Se o Brasil, do tempo em que eu li a monografia para cá, tivesse gasto menos
dinheiro em quarteladas, Transamazônicas e Angras, teríamos atado para sempre esse nó de águas amazônicas e platinas.
20
Para um romance nesse cenário, Simenon não dava mais. Seria preciso convocar o Rosa.
Antonio Callado - in FOLHA DE SÃO PAULO. 09/04/1994.
119. A opção que contém, pela ordem, as expressões do terceiro parágrafo relativas a espaço e tempo é:
a) breve curso / vida inteira.
b) vida inteira / à beira do Carioca.
c) ali / breve curso.
d) maior parte / na Chácara da Casa Azul.
e) na Chácara da Casa Azul / breve curso.
120. A opção que indica o referente do demonstrativo AQUELE em "AQUELE FICOU SENDO O RIO POR ENGANO"
(parágrago 5Ž) é:
a) o Carioca
b) o rio Carioca
c) rio
d) um Rio
e) o Rio de Janeiro
121. Analisando o sétimo parágrafo do texto em seus aspectos morfossintáticos, só NÃO encontramos:
a) QUE (pronome relativo), com função de adjunto adverbial.
b) QUE (conjunção subordinativa integrante) iniciando oração subordinada substantiva objetiva direta.
c) QUE (pronome relativo) com função de predicativo do sujeito.
d) POR MENINAS EM FLOR, com função de agente da passiva.
e) COMO (advérbio de modo), com função de adjunto adverbial.
122. "CARIOCA (...) FOI O NOME DADO EM VIRTUDE DO DEPÓSITO DE PIPAS DE ÁGUA FRESCA." (parágrafo
6Ž)
A opção correta, quanto à sintaxe da oração acima, é:
a) o predicado é nominal.
b) o predicado é verbal.
c) o verbo, na oração, é transitivo direto.
d) EM VIRTUDE DO DEPÓSITO ... FRESCA é adjunto adverbial de conseqüência.
e) DE ÁGUA FRESCA é complemento nominal.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Uerj 97)
O LIVRO E A AMÉRICA
Talhado para as grandezas,
P'ra crescer, criar, subir,
O Novo Mundo nos músculos
Sente a seiva do porvir
- Estatuário de colossos Cansado doutros esboços
Disse um dia Jeová:
"Vai, Colombo, abre a cortina
Da minha eterna oficina
Tira a América de lá"
...............................................
Filhos do sec'lo das luzes!
Filhos da Grande nação!
Quando ante Deus vos mostrardes,
Tereis um livro na mão:
O livro - esse audaz guerreiro
Que conquista o mundo inteiro
Sem nunca ter Waterloo ...
Eólo de pensamentos
Que abrira a gruta dos ventos
Donde a Igualdade voou! ...
...............................................
Por isso na impaciência
Desta sede de saber,
Como as aves do deserto As almas buscam beber ...
Oh! Bendito o que semeia
Livros ... livros à mão cheia ...
E manda o povo pensar!
O livro caindo n'alma
É germe - que faz a palma,
É chuva - que faz o mar.
(ALVES, Castro. "Obra Completa". Rio de Janeiro, Nova Aguilar, 1986. p. 76-78.)
VOCABULÁRIO:
Estatuário (verso 5) = escultor, aquele que faz estátuas.
Eólo (verso 18) = vento forte
123.
"Quando ante Deus vos mostrardes,
Tereis um livro na mão:
O livro - esse audaz guerreiro
QUE CONQUISTA O MUNDO INTEIRO
Sem nunca ter Waterloo ..." (versos 13/17)
No trecho anterior, o termo que apresenta o mesmo valor sintático da oração em maiúsculo é:
a) na mão
b) guerreiro
c) Waterloo
d) ante Deus
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Ufmt 96) Na(s) questão(ões) a seguir julgue os itens e escreva nos parênteses (V) se for verdadeiro ou (F) se for falso.
124. A partir do texto a seguir, julgue os itens.
Meu professor de análise sintática era do tipo do sujeito inexistente.
Um pleonasmo, o principal predicado de sua vida, regular como um paradigma da 1ヘ conjugação.
Entre uma oração subordinada e um adjunto adverbial, ele não tinha dúvidas: sempre achava um jeito assindético de nos
torturar com um aposto.
Casou com uma regência.
Foi infeliz.
Era possessivo como um pronome.
E ela era bitransitiva.
Tentou ir para os EUA.
Não deu.
Acharam um artigo indefinido em sua bagagem.
A interjeição do bigode declinava partículas expletivas, conectivos e agentes da passiva, o tempo todo.
Um dia matei-o com um objeto direto na cabeça.
(Paulo Leminski)
(
(
(
(
(
(
) Há no texto, predominância de emprego de linguagem conotativa.
) Em "era possessivo como um pronome" (linha 11) há presença de metáfora.
) Em "ela era bitransitiva" o poeta usa um jogo duplo de sentido.
) Na linha 7 o uso do pronome "nos" é uma forma de envolver o leitor no texto.
) O pronome 'o' de matei-o refere-se ao termo anterior "artigo indefinido" (linha 19)
) O uso de dois-pontos (linha 6) se justifica por introduzir uma explicação do que foi dito anteriormente.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Cesgranrio 98) Texto: "As Sem -Razões do Amor"
Eu te amo porque te amo.
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.
Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.
Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.
Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.
Carlos Drummond de Andrade
125. Em "... e nem sempre sabes sê-LO" (v.3), a palavra em destaque representa o significado textual de:
a) semeado no vento.
b) estado de graça.
c) primo da morte.
d) instante de amor.
e) ser amante.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Fuvest 93) Soneto de Fernando Pessoa / Álvaro de Campos
Quando olho para mim não me percebo.
Tenho tanto a mania de sentir
Que me extravio às vezes ao sair
Das próprias sensações que eu recebo.
O ar que respiro, este licor que bebo,
Pertencem ao meu modo de existir,
E eu nunca sei como hei de concluir
As sensações que a meu pesar concebo.
Nem nunca, propriamente reparei,
Se na verdade sinto o que sinto. Eu
Serei tal qual pareço em mim? Serei
Tal qual me julgo verdadeiramente?
Mesmo ante as sensações sou um pouco ateu,
Nem sei bem se sou eu quem em mim sente.
(Fernando Pessoa, Obra poética, Rio de Janeiro, Cia. J. Aguilar Ed., 1974, p. 301)
126. "O ar que respiro, este licor que bebo, pertencem ao meu modo de existir."
É composto o sujeito do verbo PERTENCEM.
a) Qual é esse sujeito composto?
b) Qual a classificação das orações que acompanham cada membro desse sujeito?
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Unitau 95)
"Certas instituições encontram sua autoridade na palavra divina. Acreditemos ou não nos dogmas, é
preciso reconhecer que seus dirigentes são obedecidos porque um Deus fala através de sua boca. Suas qualidades pessoais
importam pouco. Quando prevaricam, eles são punidos no inferno, como aconteceu, na opinião de muita gente boa, com o
Papa Bonifácio VIII, simoníaco reconhecido. Mas o carisma é da própria Igreja, não de seus ministros. A prova de que ela é
divina, dizia um erudito, é que os homens ainda não a destruíram.
Outras associações humanas, como a universidade, retiram do saber o respeito pelos seus atos e palavras. Sem a
ciência rigorosa e objetiva, ela pode atingir situações privilegiadas de mando, como ocorreu com a Sorbonne. Nesse caso,
ela é mais temida do que estimada pelos cientistas, filósofos, pesquisadores. Jaques Le Goff mostra o quanto a universidade
se degradou quando se tornou uma polícia do intelecto a serviço do Estado e da Igreja.
As instituições políticas não possuem nem Deus nem a ciência como fonte de autoridade. Sua justificativa é
impedir que os homens se destruam mutuamente e vivam em segurança anímica e corporal. Se um Estado não garante esses
itens, ele não pode aspirar à legítima obediência civil ou armada. Sem a confiança pública, desmorona a soberania justa. Só
resta a força bruta ou a propaganda mentirosa para amparar uma potência política falida.
O Estado deve ser visto com respeito pelos cidadãos. Há um espécie de aura a ser mantida, através do essencial
decoro. Em todas as suas falas e atos, os poderosos precisam apresentar-se ao povo como pessoas confiáveis e sérias. No
Executivo, no Parlamento e, sobretudo, no Judiciário, esta é a raiz do poder legítimo.
Com a fé pública, os dirigentes podem governar em sentido estrito, administrando as atividades sociais,
econômicas, religiosas, etc. Sem ela, os governantes são reféns das oligarquias instaladas no próprio âmbito do Estado.
Essas últimas, sugando para si o excedente econômico, enfraquecem o Estado, tornando-o uma instituição inane."
(Roberto Romano, excerto do texto "Salários de Senadores e legitimidade do Estado", publicado na Folha
de São Paulo, 17/10/1994, 1Ž caderno, página 3)
127. Em:
"A prova de que ela é 'divina', dizia um 'erudito', é que os homens ainda não 'a' destruíram ", as palavras, entre aspas, são, no
plano morfológico e sintático, respectivamente,
a) substantivo e complemento nominal, advérbio e objeto direto, artigo e locução adverbial.
b) adjetivo e predicativo, substantivo e sujeito, pronome e objeto direto.
c) substantivo e predicativo, adjetivo e objeto direto, pronome e objeto indireto.
d) adjetivo e complemento nominal, advérbio e aposto, artigo e objeto direto.
e) substantivo e predicativo, adjetivo e sujeito, artigo e objeto direto.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Uff 2000) Trechos da carta de Pero Vaz de Caminha
1
Muitos deles ou quase a maior parte dos que andavam ali traziam aqueles bicos de osso nos beiços. E alguns, que
andavam sem eles, tinham os beiços furados e nos buracos uns espelhos de pau, que pareciam espelhos de borracha; outros
traziam três daqueles bicos, a saber, um no meio e os dois nos cabos. Aí andavam outros, quartejados de cores, a saber,
metade deles da sua própria cor , e metade de tintura preta, a modos de azulada; e outros quartejados de escaques. Ali
andavam entre eles três ou quatro moças, bem moças e bem gentis, com cabelos muito pretos, compridos pelas espáduas, e
suas vergonhas tão altas, tão cerradinhas e tão limpas das cabeleiras que, de as muito bem olharmos, não tínhamos nenhuma
vergonha.
2
Esta terra, Senhor, me parece que da ponta que mais contra o sul vimos até a outra ponta que contra o norte vem, de
que nós deste porto houvemos vista, será tamanha que haverá nela bem vinte ou vinte e cinco léguas por costa. Tem, ao
longo do mar, nalgumas partes, grandes barreiras, delas vermelhas, delas brancas; e a terra por cima toda chã e muito cheia
de grandes arvoredos. De ponta a ponta, é toda praia parma, muito chã e muito formosa.
3
Pelo sertão nos pareceu, vista do mar, muito grande, porque, a estender olhos, não podíamos ver senão terra com
arvoredos, que nos parecia muito longa. Nela, até agora, não pudemos saber que haja ouro, nem prata, nem coisa alguma de
metal ou ferro; nem lho vimos. Porém a terra em si é de muito bons ares, assim frios e temperados, como os de Entre Douro
e Minho, porque neste tempo de agora os achávamos como os de lá.
4
Águas são muitas: infindas. E em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por bem
das águas que tem.
(Carta de Pero Vaz de Caminha in: PEREIRA, Paulo Roberto (org.) "Os três únicos testemunhos do descobrimento
do Brasil". Rio de Janeiro: Lacerda, 1999, p.39-40.)
Vocabulário:
1- "espelhos de pau, que pareciam espelhos de borracha": associação de imagem, com a tampa de um vasilhame de couro,
para transportar água ou vinho, que recebia o nome de "espelho" por ser feita de madeira polida.
2- "tintura preta, a modos de azulada": é uma tintura feita com o sumo do fruto jenipapo.
3- "escaques": quadrados de cores alternadas como os do tabuleiro de xadrez.
4- "parma": lisa como a palma da mão.
5- "chã": terreno plano, planície.
128. "Adjunto adnominal é o termo de valor adjetivo que serve para especificar ou delimitar o significado de um
substantivo, qualquer que seja a função deste."
(CUNHA, Celso & Cintra, Lindley. "Nova gramática do português contemporâneo". Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 1985, p.145)
Assinale a alternativa que o tempo destacado NÃO exerce a função de adjunto adnominal
a) "Muitos deles ou quase a maior parte dos QUE ANDAVAM POR ALI trazem aqueles bicos de osso nos beiços." (par.1)
b) "E alguns, QUE ANDAVAM SEM ELES, tinham os beiços furados e nos buracos uns espelhos de pau, que pareciam
espelhos de borracha;" (par.1)
c) "Pelo sertão nos pareceu, vista de mar, muito grande, porque, a estender olhos não podíamos ver senão terra com
arvoredo, QUE NOS PARECIA MUITO LONGA." (par.3)
d) "Nela até agora, não pudemos saber QUE HAJA OURO, NEM PRATA, NEM COISA ALGUMA DE METAL OU
FERRO; nem lho vimos." (par.3)
e) "E em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo por bem das águas QUE TEM." (par.4)
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Ufpe 96) "Três semanas atrás, escrevendo aqui sobre a arrogância no jornalismo, eu dizia que muita gente hoje tem mais
medo de ser condenada pela imprensa do que pela justiça, já que esta tem regras fixas e instâncias de apelação. O poder da
imprensa é arbitrário e seus danos irreparáveis. "O desmentido nunca tem a força do mentido". Na justiça, há pelo menos
um código para dizer o que é crime; na imprensa 'não há um código' - não há norma nem para estabelecer o que é notícia,
quanto mais ética. 'Mas' a grande diferença é que, no julgamento da imprensa, as pessoas são culpadas até prova ao
contrário."
(Zuenir Ventura / JB - 26/05/95)
Na(s) questão(ões) a seguir escreva nos parêntesses (V) se a afirmação for verdadeira ou (F) se for falsa.
129. Quanto ao aspecto sintático do texto:
( ) A oração em maiúsculo no texto é independente e completa.
( ) TRÊS SEMANAS ATRÁS é adjunto adverbial de tempo, deslocado para dar ênfase.
( ) NA JUSTIÇA é sujeito de HÁ.
( ) No último período, SÃO CULPADAS é predicado nominal e o sujeito é PESSOAS.
( ) A expressão "REGRAS FIXAS E INSTÂNCIAS DE APELAÇÃO" atua como objeto direto do verbo ter, enquanto o
demonstrativo ESTA atua como sujeito, referindo-se ao termo JUSTIÇA, expresso anteriormente.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Faap 96) Ó tu que vens de longe, ó tu que vens cansada,
entra, e sob este teto encontrarás carinho:
Eu nunca fui amado, e vivo tão sozinho.
Vives sozinha sempre e nunca foste amada.
A neve anda a branquear lividamente a estrada,
e a minha alcova tem a tepidez de um ninho.
Entra, ao menos até que as curvas do caminho
se banhem no esplendor nascente da alvorada.
E amanhã quando a luz do sol dourar radiosa
essa estrada sem fim, deserta, horrenda e nua,
podes partir de novo, ó nômade formosa!
Já não serei tão só, nem irás tão sozinha:
Há de ficar comigo uma saudade tua...
Hás de levar contigo uma saudade minha...
(Alceu Wamosy)
130. "podes partir de novo, Ó NÔMADE FORMOSA".
A expressão em destaque exerce a função sintática de:
a) vocativo
b) aposto
c) sujeito
d) predicativo
e) objeto direto
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES.
(Ufsc 2000)
A CARTA DE PÊRO VAZ DE CAMINHA
Num dos trechos de sua carta a D. Manuel, Pêro Vaz de Caminha descreve como foi o contato entre os portugueses
e os tupiniquins, que aconteceu em 24 de abril de 1500: "O Capitão quando eles vieram, estava sentado em uma cadeira, aos
pés de uma alcatifa por estrado; e bem vestido, com um colar de ouro, muito grande, ao pescoço (...) Acenderam-se tochas.
E eles entraram. Mas nem sinal de cortesia fizeram, nem de falar ao Capitão; nem a ninguém. Todavia um deles fitou o
colar do Capitão, e começou a fazer acenos com a mão em direção à terra, e depois para o colar, como se quisesse dizer-nos
que havia ouro da terra. E também olhou para um castiçal de prata, e assim mesmo acenava para a terra, e novamente para o
castiçal, como se lá também houvesse prata! (...) Viu um deles umas contas de rosário, brancas; fez sinal que lhas dessem,
folgou muito com elas, e lançou-as ao pescoço, e depois tirou-as e meteu-as em volta do braço, e acenava para a terra e
novamente para as contas e para o colar do Capitão, como se davam ouro por aquilo. Isto tomávamos nós nesse sentido, por
assim o desejarmos! Mas se ele queria dizer que levaria as contas e mais o colar, isto não queríamos nós entender, por que
não lho havíamos de dar! E depois tornou as contas a quem lhas dera. E então estiraram-se de costas na alcatifa, a dormir
sem procurarem maneiras de esconder suas vergonhas, as quais não eram fanadas; e as cabeleiras delas estavam raspadas e
feitas. O Capitão mandou pôr por de baixo de cada um seu coxim; e o da cabeleira esforçava-se por não a estragar. E
deitaram um manto por cima deles; e, consentindo, aconchegaram-se e adormeceram".
(COLEÇÃO BRASIL 500 ANOS, Fasc. I, Abril, SP, 1999.)
VOCABULÁRIO:
Alcatifa - tapete, carpete
Fanadas - murchas.
Coxim - almofada que serve de assento.
131. Assinale a(s) proposição(ões) VERDADEIRA(S).
01. Na oração "... isto não queríamos nós entender...", o pronome demonstrativo exerce a função sintática de objeto direto e
o pronome pessoal reto, a de sujeito simples.
02. Em "Para realizar o que queria, havia um entrave", a palavra ENTRAVE pode ser substituída por obstáculo sem perder
o sentido; logo, ENTRAVE é sinônimo de OBSTÁCULO.
04. Na oração "Num dos trechos de sua carta a D. Manuel, Pêro Vaz de Caminha descreve como foi o contato...", a vírgula
foi empregada corretamente, porque o adjunto adverbial está deslocado.
08. Em "E depois TORNOU as contas a quem lhas dera", a palavra destacada pode ser substituída por DEVOLVEU.
16. Em "E eles entraram", o verbo ENTRAR está conjugado no pretérito imperfeito do Modo Indicativo.
32. Nos exemplos a seguir, as expressões eqüivalem aos adjetivos:
EXPRESSÃO
Notícia NÃO VERDADEIRA
ADJETIVO
inverídica
EXPRESSÃO
Água DO MAR
ADJETIVO
marinha
EXPRESSÃO
Azul DO CÉU
ADJETIVO
celeste
EXPRESSÃO
Escrita EM FORMA DE CUNHA
ADJETIVO
cuneiforme
132. Com relação ao fragmento "Num dos trechos de sua carta a D. Manuel, Pêro de Vaz de Caminha descreve como foi o
contato entre os portugueses e tupiniquins, que aconteceu em 24 de abril de 1500", é CORRETO afirmar que:
01. O sujeito da oração principal classifica-se como simples: Pêro Vaz de Caminha.
02. A expressão "em 24 de abril de 1500" tem a função sintática de adjunto adverbial de lugar.
04. Em "... o contato ENTRE os portugueses e os tupiniquins", a palavra em destaque é uma conjunção.
08. O pronome relativo QUE exerce a função sintática de sujeito.
16. Em "O contato entre os portugueses e os tupiniquins foi descrito por Pêro Vaz de Caminha", a oração está na voz
passiva.
133. (Unicamp 91) Em matemática, o conceito de dízima periódica faz referência à representação decimal de um número no
qual um conjunto de um ou mais algarismos se repete indefinidamente.
No trecho a seguir, o autor compara determinada estrutura lingüística a uma dízima periódica:
"...acabaremos prisioneiros do rapto político sutilíssimo que permite, com toda a força do poder legítimo, o regime
do plebiscito eletrônico. Ou seja, a do povo que quer o que quer o príncipe que quer o que quer o povo. Nosso risco
histórico é que esta sentença se pode repetir ao infinito, como dízima periódica. E não como a conta certa da democracia
que merecemos, afinal, sem retórica, nem os deslumbramentos com que nos sature o Príncipe Valente."
(CÂNDIDO MENDES DE ALMEIDA, "O príncipe, o espelho e o povo". Em: Folha de São Paulo, 22.10.90)
a) Transcreva o trecho que pode ser expandido como uma dízima periódica.
b) Imagine que o autor quisesse demonstrar a possibilidade dessa repetição infinita. Nesse caso, deveria expandir o trecho
em questão. Faça essa expansão, avançando o equivalente a três algarismos de uma dízima.
c) Identifique, no trecho, a palavra (operador lingüístico) que torna possível a existência, na língua, de construções sintáticas
repetitivas semelhantes a dízimas periódicas.
134. (Unicamp 95)
MALA PRONTA
O ex-prefeito de Sonora, J. C. C., apenas aguarda os primeiros pronunciamentos da Justiça e do Tribunal de Contas
para decidir se responde ao processo por desvio de Cr$130 milhões em carne e osso ou desaparece, seguindo exemplo de
um colega de corrupção.
J. C. C. corre dois riscos: ter que devolver o dinheiro e ainda ir para a cadeia. São motivos suficientes para pensar
em pegar a estrada.
(Bastidores, DIÁRIO DA SERRA, Campo Grande, 26-27/09/93)
Segundo a nota acima, o ex-prefeito de Sonora deveria tomar uma decisão: apresentar-se à justiça ou fugir. Para formular a
primeira alternativa, o autor do texto usa a expressão idiomática (frase feita) "em carne e osso".
a) O que significa a expressão idiomática "em carne e osso"?
b) Se a seqüência "em carne e osso" não for lida como expressão idiomática, e as palavras "carne" e "osso" forem tomadas
em sentido literal, é possível fazer uma outra interpretação da nota acima. Qual é essa interpretação?
c) Para obter cada uma das duas interpretações, a seqüência "em carne e osso" deve ser relacionada a diferentes palavras do
texto. Identifique essas palavras, vinculando-as a cada uma das interpretações.
135. (Unicamp 95) A maneira como certos textos são escritos pode produzir efeitos de incoerência, como no exemplo:
"Zélia Cardoso de Mello decidiu amanhã oficializar sua união com Chico Anysio" (A TARDE, Salvador, 16.09.94). É o que
ocorre no trecho a seguir*:
As Forças Armadas brasileiras já estão treinando 3 mil soldados para atuar no Haiti depois da retirada das tropas
americanas. A Organização das Nações Unidas (ONU) solicitou o envio de tropas ao Brasil e a mais quatro países, disse
ontem o presidente da Guatemala, Ramiro de León.
("O Estado de S. Paulo", 24.09.94)
a) qual o efeito de incoerência presente nesse texto?
b) do ponto de vista sintático, o que provoca esse efeito?
c) reescreva o trecho, introduzindo apenas as modificações necessárias para resolver o problema
* a não ser que, da canção de Caetano e Gil, se conclua que o Haiti é mesmo aqui...
136. (Ufpe 2001) Assinale a alternativa em que se faz uma afirmação inaceitável em relação aos recursos gramaticais
destacados no texto.
a) Na expressão 'OUTRO esporte', a palavra destacada constitui um recurso de coesão que relaciona o núcleo da expressão a
'futebol', referido anteriormente.
b) Nesse trecho, o pronome de 1ヘ pessoa do plural, 'nós', tem como referente os brasileiros em geral.
c) Em "Seria um caso incurável de carência de colonizador", o verbo ser, no futuro do pretérito, indica que o autor preferiu
não ser taxativo em sua apreciação.
d) O verbo 'chamar' encontra-se no modo subjuntivo, indicando que o autor não tem certeza de que a ação possa realizar-se.
e) Na última oração do texto, 'mesmo' foi aí inserido para reforçar a avaliação do autor.
137. (Ufv 96) Dizem algumas gramáticas que o sujeito não pode ser regido de preposição. Assinale a alternativa em que
aparece exemplo ilustrativo de obediência a essa proscrição:
a) "A proteção dele não precisa ser parruda..."
b) "... quem não se chateia com o fato de o seu bem ser paquerado."
c) "... quando se chega ao lado dele a gente treme..."
d) "... quem nunca sentiu o gosto de ser lembrado..."
e) "... quem não fala sozinho, não ri de si mesmo..."
138. (Ufv 96) Dependendo do contexto, um verbo normalmente intransitivo pode tornar-se transitivo. Assinale a alternativa
em que ocorre um exemplo:
a) "Ponha intenções de quermesse em seus olhos..."
b) "...sorria lírios para quem passe debaixo da janela."
c) " beba licor de contos de fadas..."
d) "Ande como se o chão estivesse repleto de sons..."
e) "... e do céu descesse uma névoa de borboletas..."
139. (Ufv 96) Dependendo da frase, um verbo normalmente empregado como transitivo direto pode tornar-se verbo de
ligação. Assinale a alternativa em que aparece um exemplo:
a) "Não tem namorado..."
b) "... quem transa sem carinho...'
c) "... quem acaricia sem vontade..."
d) "... de virar sorvete ou lagartixa..."
e) "... e quem ama sem alegria."
140. (Mackenzie 96) Ai, palavras, ai, palavras,
que estranha potência a vossa!
Todo o sentido da vida
principia à vossa porta;
o mel do amor cristaliza
seu perfume em vossa rosa;
sois o sonho e sois a audácia,
calúnia, fúria, derrota...
(Cecília Meireles)
Aponte a alternativa correta sobre as relações de significado que esse trecho apresenta.
a) A reiteração do vocativo do verso 1 enfatiza o tom de reflexão, isenta de emoção.
b) O adjunto adverbial de lugar do verso 4, expresso por uma metáfora, aponta para a intangibilidade das palavras.
c) Os versos 7 e 8 apresentam predicativos do sujeito, que se organizam num paradoxo.
d) Há um objeto direto no verso 3 que define, numa verdade atemporal, o alcance ilimitado do poder das palavras.
e) Os adjetivos possessivos do verso 6 referem-se "ao sentido da vida" e às "palavras", recuperando tais termos, para
enfatizá-los.
141. (Mackenzie 96) "Em todos, nos corpos emagrecidos e nas vestes em pedaços, liam-se as provações sofridas."
(Euclides da Cunha)
Aponte a alternativa correta sobre a frase acima
a) O sujeito 'provações sofridas' confirma a idéia de sofrimento contida nos adjuntos adverbiais.
b) O objeto direto 'provações sofridas' ratifica a idéia de sofrimento dos adjuntos adverbiais.
c) A indeterminação do sujeito em 'liam-se', aponta para um observador que não assume a própria palavra
d) O sujeito 'nos corpos emagrecidos' completa-se, no horror da descrição, por meio de outro sujeito, 'nas vestes em
pedaços'.
e) A ordem direta da frase expressa um raciocínio retilíneo, sem meandros de expressão.
142. (Mackenzie 96) "Sete anos de pastor Jacó servia
Labão, pai de Raquel, serrana bela."
Assinale a alternativa em que aparece uma função sintática que se repete no texto.
a) objeto direto
b) complemento nominal
c) sujeito
d) aposto
e) predicativo do sujeito
143. (Mackenzie 96) "Há uma gota de sangue em cada poema."
Assinale a alternativa que contém uma observação correta sobre a sintaxe dessa frase.
a) sujeito: uma gota de sangue
b) verbo intransitivo
c) adjuntos adverbiais: uma e de sangue
d) complemento nominal: em cada poema
e) predicado verbal: toda a oração
144. (Mackenzie 96) "Não NOS eram favoráveis tantas dúvidas, que NOS jogavam para campos opostos e causavam-nos
angústia."
O termos em destaque apresentam, respectivamente, a função sintática de:
a) objeto indireto, objeto direto e objeto indireto.
b) complemento nominal, objeto direto e objeto indireto.
c) objeto direto, objeto indireto e objeto direto.
d) complemento nominal, objeto indireto e objeto direto.
e) objeto indireto, complemento nominal e objeto direto.
145. (Mackenzie 96) "Não morrerá sem poetas nem soldados
A língua em que cantaste rudemente
As armas e os barões assinalados."
Assinale a alternativa correta.
a) O sujeito da oração principal está no primeiro verso.
b) O primeiro verso apresenta três adjuntos adnominais.
c) O segundo verso introduz uma oração subordinada substantiva subjetiva.
d) A estrofe apresenta um período composto por três orações.
e) O terceiro verso funciona como objeto direto de cantaste.
146. (Pucsp 97) Observe os fragmentos:
I. "... custou - lhe a história uma forte sarabanda..."
II. "... o amor e o ciúme lhe ocupavam a alma..."
O "lhe", pronome pessoal do caso oblíquo átono, pode exercer diferentes funções sintáticas.
Depois de analisar os trechos acima, assinale a alternativa que indica a função exercida por esse pronome em cada um dos
fragmentos, respectivamente:
a) objeto indireto - objeto indireto
b) complemento nominal - adjunto adnominal
c) adjunto adnominal - adjunto adnominal
d) objeto indireto - adjunto adnominal
e) objeto indireto - complemento nominal
147. (Udesc 96) Indique a alternativa INCORRETA quanto à função sintática da palavra QUE ou SE em frases do texto,
escritas em maiúsculas,
a) "Ser rico - quer dizer ter em mãos as possibilidades de poder e os privilégios QUE o dinheiro dá..." - objeto direto;
b) "Pois QUE ele só nos vale até certo ponto..." - conjunção subordinativa condicional;
c) "E entretanto é bom notar QUE isso tem um limite bastante rígido." - conjunção subordinativa integrante;
d) "...porque a natureza não SE vende." - pronome apassivador;
e) "...inveje o simples abastado QUE pode satisfazer as suas necessidades..." - sujeito.
148. (Uelondrina 95) Na frase "Nomeá-los nossos REPRESENTANTES é revesti-los do direito AO MANDATO por três
anos", as palavras em destaque são, respectivamente,
a) predicativo do sujeito - adjunto adnominal.
b) objeto direto - objeto indireto.
c) predicativo do objeto - complemento nominal.
d) objeto direto - adjunto adnominal.
e) predicativo do objeto - objeto indireto.
149. (Fuvest 95) Para a gramática normativa, a única frase correta é:
a) Para quem gosta de cinema, é necessário presença de filmes nacionais.
b) As homenagens se sucediam não: parava de chegar ramalhetes e ramalhetes.
c) Ele acredita que os laudos assinados em branco tratam-se de recurso para trocar de turno.
d) São neles que você se mede, se reflete, se encontra.
e) Em teoria, alguns dos livros a ser traduzidos já têm suas edições críticas.
150. (Fuvest 92) Nos enunciados a seguir, há adjuntos adnominais e apenas um complemento nominal. Assinale a
alternativa que contém o complemento nominal:
a) faturamento das empresas;
b) ciclo de graves crises;
c) energia desta nação;
d) história do mundo;
e) distribuição de poderes e renda.
151. (Fuvest 93) Assinalar a oração que começa com um adjunto adverbial de tempo:
a) Com certeza havia um erro no papel do branco.
b) No dia seguinte Fabiano voltou à cidade.
c) Na porta, (...) enganchou as rosetas das esporas...
d) Não deviam tratá-lo assim.
e) O que havia era safadeza.
152. (Cesgranrio 95) Assinale a opção que traz corretas classificações do sujeito e da predicação verbal.
a) "Houve... uma considerável quantidade" - sujeito inexistente; verbo transitivo direto.
b) "que jamais hão-de ver país como este" - sujeito indeterminado; verbo transitivo indireto.
c) "mas reflete a pulsação da inenarrável história de cada um" - sujeito simples; verbo transitivo direto e indireto.
d) "que se recebe em herança" - sujeito indeterminado; verbo transitivo indireto.
e) "a quem tutela" - sujeito simples; verbo intransitivo.
153. (Fuvest 96) No final da Guerra Civil americana, o ex-coronel ianque (...) sai à caça do soldado desertor que realizou
assalto a trem com confederados.
["O Estado de S. Paulo", 15/09/95]
O uso da preposição 'com' permite diferentes interpretações da frase anterior.
a) Reescreva-a de duas maneiras diversas, de modo que haja um sentido diferente em cada uma.
b) Indique, para cada uma das redações, a noção expressa pela preposição 'com'.
154. (Cesgranrio 94) Entre as frases a seguir somente UMA apresenta sujeito indeterminado. Assinale-a.
a) Há a marca da vida nas pessoas.
b) Não se necessita de lavadeira.
c) Vai um sujeito pela rua.
d) Não se engomou seu paletó.
e) Pede-se um pouco de paciência.
155. (Fatec 95) Assinale a alternativa que completa corretamente as três frases que se seguem.
O século ___________ vivemos tem trazido grandes transformações ao planeta.
O ministro reafirma a informação ________ o presidente se referiu em seu último pronunciamento.
Todos lamentavam a morte do editor________ publicou obras importantes do Modernismo.
a) onde - a que - que
b) onde - a que - cujo
c) em que - que - o cujo
d) em que - a que - que
e) em que - de que - o qual
156. (Fei 95) Assinalar a alternativa que indica a função sintática exercida pelas orações entre aspas, nos seguintes períodos:
I. Insistiu "em que permanecesse no clube".
II. Não há dúvida "de que disse a verdade".
III. É preciso "que aprendas a ser independente".
IV. A verdade é "que não saberia viver sem ela".
a) sujeito - objeto direto - complemento nominal - predicativo do sujeito
b) predicativo do sujeito - complemento nominal - objeto direto - sujeito
c) sujeito - predicativo do sujeito - objeto indireto - complemento nominal
d) objeto indireto - complemento nominal - sujeito - predicativo do sujeito
e) complemento nominal - sujeito - predicativo do sujeito - objeto indireto
157. (Uelondrina 94) Relativamente A ESSE ASSUNTO, tenho muito que dizer.
A expressão em destaque na frase anterior classifica-se, sintaticamente, como
a) objeto indireto.
b) adjunto adverbial.
c) adjunto adnominal.
d) objeto direto preposicionado.
e) complemento nominal.
158. (Uelondrina 96) Foi impossível A VENDA DO TERRENO (a), mas eles deixaram OS DOCUMENTOS (b) lá porque
precisavam de UMA CÓPIA AUTENTICADA (c), que seria feita por UM FUNCIONÁRIO (d), assim que eles fechassem
O EXPEDIENTE (e).
É sujeito de uma oração o segmento assinalado com a letra
a) (a).
b) (b).
c) (c).
d) (d).
e) (e).
159. (G1) Localize o predicativo e classifique-o:
(1) predicativo do sujeito
(2) predicativo do objeto
a) Sua fisionomia parecia contraída.
b) Eugênio recebeu triste a morte de Olívia.
c) O relato terminou comprometido.
d) Julgaram Eugênio incompetente.
160. (G1) Identifique o termo ENTRE ASPAS em:
(1) complemento nominal
(2) objeto indireto
(3) adjunto adnominal
a) (
b) (
c) (
d) (
e) (
f) (
) Ulisses sempre conservava o orgulho 'pela Pátria'.
) Ele se orgulhava da 'filha'.
) O orgulho dos pais faz mal 'às crianças'.
) As noites 'do mar' eram perigosas.
) Ulisses necessitava de 'apoio'.
) Ele crê em 'milagres'.
161. (G1) Analise sintaticamente o termo em destaque:
a) A balsa foi comandada POR ULISSES.
b) Eugênio, na cidade, nunca saía COM OS AMIGOS.
c) DEUS, tire-me daqui.
d) A fisionomia TRISTE de Eugênio incomodou Eunice.
e) Deus, SENHOR ONIPOTENTE, teve piedade de Olívia.
162. (G1) Quando o Predicado pode ser classificado como predicado verbo-nominal?
163. (G1) Identifique o tipo de predicativo (do sujeito ou do objeto) nas frases a seguir:
a) O filho considerava o pai morto.
b) Penélope sonhava feliz.
c) Os marinheiros eram muito ambiciosos.
d) Pai, filho e a esposa receberam Ulisses ansiosos.
e) A Senhora levantou-se ofendida.
f) Penélope recebeu Ulisses satisfeita.
g) Telêmaco considerava sua decisão importante.
h) O cachorro latia satisfeito.
i) Telêmaco cresceu muito educado.
164. (G1) Dê a função SINTÁTICA do termo em destaque, escrevendo no local correspondente:
a) Atena, DEUSA DO OLIMPO, ajudou Ulisses.
b) Todos os tripulantes estavam FELIZES.
c) A paz voltou A ÍTACA.
d) Ulisses entregou O SEGREDO ao filho.
e) Olharam-NO admirados.
f) O saco foi aberto PELA TRIPULAÇÃO.
g) SENHORA, quer uma prova?
h) A tripulação ABRIU o saco.
i) Só vamos levar roupas SUJAS.
j) Ulisses PARTIU emocionado.
165. (G1) Identifique o termo em destaque em:
- adjunto adnominal
- objeto indireto
- complemento agente da passiva
a) Numa manhã, Circe ofereceu flores A ULISSES.
b) O templo DE ATENA ficava no Olimpo.
c) Ulisses era amado POR PENELÓPE.
d) Os povos levavam PARA A DEUSA, oferendas.
e) Os marinheiros foram tomados PELA GANÂNCIA.
166. (G1) Indetermine o sujeito da oração a seguir:
"Um gavião atacou a pombinha sozinha."
167. (G1) Nas orações a seguir, separe o sujeito do predicado, grife o sujeito, circule o núcleo e o classifique em simples,
composto ou oculto:
a) As andorinhas e as gaivotas voavam juntas.
b) Ficou humilhada a noiva branca.
c) O pombo marcou um encontro mas chegou atrasado.
d) Concordou com alegria e pudor a pomba.
e) Gritavam esganadas as gaivotas do mar.
f) O pombo chegou e explicou o atraso.
168. (G1) Grife o sujeito, circule o núcleo e classifique o sujeito em: simples, composto, oculto e indeterminado:
a) A descoberta do fogo trouxe outras invenções.
b) Deixaram um bilhete para você.
c) Pedrinho ficou pensativo e depois respondeu.
d) Narizinho e Emília eram inseparáveis.
169. (G1) Identifique sintaticamente o termo em destaque e acentue o "a" se necessário:
a) Este fenômeno ocorre, ÀS VEZES, nesta região.
b) Todos assistiram À PEÇA, em silêncio.
c) O náufrago olhou AS PESSOAS presentes com carinho.
d) Ele referiu-se A ESSE NAUFRÁGIO.
e) Velasco não tinha direito A RECLAMAÇÕES.
f) APÓS A TARDE, os tubarões apareciam.
g) A dedicação A ELE era emocionante.
h) Ele caminhava PASSO A PASSO.
i) Prefiro isto ÀQUILO.
j) O governador caminhava A PASSO FIRME.
l) Ele era insensível A PROPAGANDA.
m) Não pôde ir À CASA dos nativos.
n) Velasco retornou cedo A CASA.
o) Os tripulantes desceram A TERRA.
p) Os tripulantes desceram À TERRA DOS NATIVOS.
q) Há muitos dias não ia À COLÔMBIA.
170. (G1) Destaque com letra maiúscula o predicado e classifique-o (PV - PN - PVN)
a) A família de Alexandre recebeu a notícia alegre.
b) Alexandre parecia cansado.
c) Seu relato terminou.
d) Velasco nomeou os tubarões pontuais.
e) Rufino morreu afogado.
171. (G1) Localize grifando o predicativo e classifique-o em: predicativo do sujeito e predicativo do objeto.
a) Sua fisionomia parecia contraída.
b) Rufino morreu afogado.
c) Alexandre nomeou os tubarões pontuais.
d) Julgaram Alexandre herói.
e) Velasco chegou triste.
172. (G1) Identifique o termo em maiúsculo: complemento nominal, objeto indireto e adjunto adnominal
a) Alexandre necessitava DE CUIDADOS.
b) As noites DO MAR eram perigosas.
c) Ele crê EM MILAGRES.
d) A crença EM MILAGRES favorece a igreja.
e) Ele se orgulha DOS AMIGOS.
173. (G1) Analise sintaticamente os termos em maiúsculo.
a) A balsa foi consertada POR ALEXANDRE.
b) Alexandre, EM MOBILE, sempre saía com a namorada.
c) Tire-me daqui, MEU DEUS!
d) Alexandre, O NÁUFRAGO, conseguiu sobreviver.
e) Ele assustou A MULHER do vilarejo.
174. (G1) Qual a diferença entre Predicado nominal e Predicado verbal?
175. (G1) Informe a função sintática dos termos em destaque:
a) A maioria da população é favorável à REFORMA AGRÁRIA.
b) Perdoei-lhe A DÍVIDA.
c) A Constituição foi elaborada PELOS SENADORES E DEPUTADOS FEDERAIS.
d) Necessitamos DE REFORMAS SOCIAIS.
e) O trabalhador merece SALÁRIOS JUSTOS.
176. (G1) Informe a função sintática dos termos em destaque:
a) Esse é o presente que EU pedi.
b) O PACIENTE chamou-a.
c) Reagiu O POVO contra a poluição da praia.
d) Sobram-LHE atitudes desonestas e maldosas.
177. (G1) Informe a função sintática dos termos em destaque:
a) A comida pareceu-lhe AZEDA.
b) Quando cozinha, ela O faz com amor.
c) Eles NOS admiram.
d) As plantações foram destruídas PELOS INSETOS.
178. (G1) Informe a função sintática dos termos em destaque:
a) A alegria da criançada contaminou OS ADULTOS mais sérios.
b) Revi a balconista POR QUEM fui maltratada.
c) Telefonaram PARA VOCÊ.
d) A qual deles iria presentear O PATRÃO?
179. (G1) Classifique o termo em destaque em adjunto adnominal ou complemento nominal:
a) A mercearia DO SEU JOÃO foi fechada pelos fiscais.
b) Nos dias de eleição é proibida a venda de BEBIDAS ALCOÓLICAS.
c) Caiu a produção DE LEITE.
d) A produção DO OPERÁRIO aumentou este mês.
e) O encontro DOS AMIGOS foi emocionante.
f) A preocupação COM A A JUSTIÇA deve ser um dever DE TODOS.
180. (G1) Informe se o termo em destaque é vocativo ou aposto:
a) "Paranapiacaba, UMA VILA FERROVIÁRIA CONSTRUÍDA PELOS INGLESES, transporta para as matas atlânticas
um pouco da Inglaterra do tempo da rainha Vitória." (Folha de S. Paulo)
b) TURISTA, escolha uma excursão e conheça o Brasil de norte a sul.
c) OI GENTE, está na hora de sairmos.
d) ALÔ BRASIL, a partir de agora transmitiremos o jogo inicial do Campeonato Mundial de Basquete Feminino.
181. (G1) Informe se o termo em destaque é vocativo ou aposto:
a) Ó DE casa! Tem gente aí?
b) Os que chegam a São Paulo já podem contar com o guia de compras, UM NOVO TIPO DE PROFISSIONAL, que
auxilia as pessoas na sua ida às lojas.
c) "PAI, afasta de mim esse cálice (Chico Buarque)
d) "Já me sinto esgotado
E cansado de pensar, MEU DEUS." (Fr. Santana)
182. (G1) Destaque o aposto:
a) Lygia Fagundes Telles, grande escritora brasileira, reside em São Paulo.
b) Admiradora de Rita Lee, Elis Regina não se conteve e escreveu-lhe uma carta, começando assim uma grande amizade
entre as duas já então famosas cantoras.
c) O ministro do Trabalho, político famoso pela sua moderação, sentou-se com os patrões e empregados para negociar o fim
da greve.
d) Carlos Drummond de Andrade nasceu em ltabira, cidade de Minas Gerais, e morreu no Rio de Janeiro.
e) Os primeiros escritores indianistas do Brasil, isto é, José de Alencar e Gonçalves Dias, viam o nosso índio como um
herói. Hoje, outros escritores, como Antônio Callado e Márcio Souza, mostram-nos o índio destruído lentamente pelos
brancos.
f) Os dois filhos doutores, isto é, advogado e biólogo, orgulham-se da origem simples dos pais.
183. (G1) Analise sintaticamente os termos em destaque das seguintes orações.
a) Ele tem plena confiança EM VOCÊ.
b) Eles não confiavam EM SEUS PRÓPIOS FILHOS.
c) Alguns alunos consideraram a prova FÁCIL.
d) Antes de nos retirarmos, a porta foi fechada POR MAURO.
e) Cumprimentei-O pelo aniversário.
184. (G1) Analise sintaticamente os termos em destaque das seguintes orações.
a) O PRESIDENTE está atualmente na China.
b) Prezo muito a amizade DE MEU PAI.
c) A bebida ALCOÓLICA é prejudicial à saúde.
d) Os vinhos da Alemanha são DELICIOSOS.
e) Não gostamos DE PESSOAS PREGUIÇOSAS.
185. (G1) Analise sintaticamente os termos em destaque das seguintes orações.
a) Dei-LHE o recibo.
b) Elegeram-no PRESIDENTE.
c) O homem teve medo DA MULTIDÃO.
d) Ele estava CONSCIENTE do perigo.
e) Nada podemos fazer relativamente AO PROBLEMA.
186. (G1) Analise sintaticamente os termos em destaque das seguintes orações.
a) Ele necessitava DE AJUDA.
b) Ele tem necessidade DE AJUDA.
c) Saímos numa noite DE CHUVA.
d) A plantação tem necessidade DE CHUVA.
e) Ela tem orgulho DO FILHO.
187. (G1) Analise sintaticamente os termos em destaque das seguintes orações.
a) O homem teve receio DA VIOLÊNCIA.
b) Ele não tinha confiança EM NINGUÉM.
c) Ele não confiava EM NINGUÉM.
d) A esperança no futuro anima MUITAS PESSOAS.
e) Ele era responsável PELA SEGURANÇA.
188. (G1) Analise sintaticamente os termos em destaque das seguintes orações.
a) Algumas pessoas reclamaram DA SEGURANÇA.
b) Todos estavam CONFIANTES na vitória.
c) Sua riqueza não era útil À SOCIEDADE.
d) Todos olharam PARA O HOMEM DE TERNO.
e) Chegamos ao sítio NUMA MANHÃ DE SOL.
189. (G1) Analise sintaticamente os termos em destaque das seguintes orações.
a) Ela não tem GOSTO POR MÚSICA.
b) O prazer DA LEITURA atrai muita gente.
c) NO MUSEU, vimos uma bonita exposição de arte.
d) A paisagem DO CAMPO surpreendeu os viajantes
e) Ele tem muito interesse POR ESPORTES.
f) Seu gesto de carinho emocionou A TODOS.
190. (G1) Lembrando-se de que objetivo indireto é complemento de um verbo transitivo indireto e complemento nominal
são palavras que completam o sentido de um nome (substantivo, adjetivo, advérbio), identifique, a seguir, os objetos
indiretos e os complementos nominais:
a) Cuide de seus interesses que eu cuido dos meus.
b) Temos confiança em nossos jogadores.
c) Já organizamos a resistência a qualquer ataque inimigo.
d) A assistência às aulas tem sido normal.
e) Naquela situação difícil recorremos ao diretor.
f) Gostamos de pessoas sinceras.
191. (G1) Lembrando-se de que objetivo indireto é complemento de um verbo transitivo indireto e complemento nominal
são palavras que completam o sentido de um nome (substantivo, adjetivo, advérbio), identifique, a seguir, os objetos
indiretos e os complementos nominais:
a) Lembre-se, pelo menos, dos amigos.
b) Fez grandes investimentos em terras.
c) A notícia agradou a todos.
d) O orador fez alusão ao fato.
e) O gosto pela música vem desde criança.
f) Absteve-se de bebidas alcoólicas durante o carnaval.
192. (G1) Identifique a seguir os complementos nominais, os objetos indiretos e os adjuntos adnominais:
a) Um jornal de Salvador noticiou o fato.
b) Gostamos de Salvador.
c) Gente do Sul sabe da existência de Lampião.
d) Eu sou do interior do Brasil.
193. (G1) Explique os diferentes significados das palavras polissêmicas:
a) Ele gosta de hamburger assim: com maionese e sem picles.
b) Assim que ele chegou em casa tirou os sapatos.
c) Ele gosta de churrasco mal passado.
d) Ele passou mal de tanto comer.
e) Ela só comprou um sorvete.
194. (G1) Analisar sintaticamente os termos em letra maiúscula do período simples:
a) Ele invadiu TODA EUROPA.
b) Acenou-LHE com o braço erguido.
c) Seu pai, DIEGO, era membro da nobreza de Castela.
d) As lembranças do passado fortaleceram o SEU ânimo.
e) Ela permaneceu NA CABECEIRA de Rodrigo.
f) Jimena encarou-o CURIOSA.
g) Nomearam Rodrigo o CAMPEIRO DO REINO.
h) As lembranças DO PASSADO fortaleceram o seu ânimo.
i) As tropas de Almer foram avistadas POR RODRIGO.
j) Seu pai era MEMBRO DA NOBREZA.
195. (G1 etfsp 93) Assinalar a alternativa que classifique correta e respectivamente os termos em maiúsculo das orações a
seguir:
1. "Não me refiro ÀS TORTURADAS MÃES DE FAMÍLIA".
2. "Ai do guarda que vier com essa história de multa, SÍMBOLO DO ODIOSO REINADO MASCULINO!".
3. "... a não oferecer lugar para as mulheres nos ônibus, para não humilhá-LAS..."
4. "Falo de um estilo oriundo DAS BATALHAS FEMINISTAS".
a) objeto direto; aposto; objeto indireto; objeto indireto;
b) objeto indireto; vocativo; objeto direto; complemento nominal;
c) objeto indireto; aposto; objeto direto; adjunto adnominal;
d) adjunto adverbial; vocativo; objeto indireto; adjunto adnominal;
e) objeto indireto; aposto; objeto direto; complemento nominal.
196. (G1 etfsp 93) Assinalar a alternativa que indica a função da expressão "dona Maria" na frase "- Ô, dona Maria, vá
pilotar fogão."
a) vocativo;
b) sujeito;
c) aposto;
d) objeto direto;
e) adjunto adnominal.
197. (G1 etfsp 93) Assinalar a alternativa em que ocorre sujeito indeterminado:
a) Estudamos com muita determinação!
b) Na clareira distante, estava o avião destroçado.
c) Julgaram-no envolvido na trama.
d) Existem pessoas muito delicadas.
e) Soube-se que o acidente ocorreu à noite.
198. (G1 etfsp 93) O pronome relativo exerce função de objeto direto em três das frases a seguir. Assinalar a alternativa que
indica essas frases.
I. Descobriu-se o ladrão que assaltou o banco.
II. A casa que comprei fica perto daqui.
III. Os alunos que o diretor suspendeu perderam a prova.
IV. Aquele que julga o outro precisa ser inocente.
V. Os amigos que ela convidou vieram prontamente.
a) I, II, IV
b) I, III, IV
c) III, IV, V
d) II, III, V
e) I, II, V
199. (G1 etfsp 92) No trecho:
"O reciclamento desse lixo limpo, que É constituído de metal, vidro, plástico e papel, se não representa uma solução
definitiva para o problema do lixo urbano É, no entanto, o melhor caminho para uma mudança de comportamento da
população,"
O sujeito dos verbos de ligação em maiúsculo são, respectivamente:
a) pronome relativo QUE - solução definitiva;
b) o reciclamento desse lixo limpo - mudança de comportamento;
c) a conjunção integrante QUE - solução definitiva;
d) o pronome relativo QUE - o reciclamento desse lixo limpo;
e) o lixo limpo - o melhor caminho.
200. (G1 etfsp 96) Na oração "Contam-se casos curiosos sobre os índios.", o SE é:
a) pronome pessoal oblíquo;
b) índice de indeterminação do sujeito;
c) pronome apassivador;
d) pronome reflexivo;
e) pronome possessivo.
201. (G1) Analise sintaticamente o termo em destaque:
a) O navio foi comandado PELO CAPITÃO.
b) Luís, na fazenda, nunca saía da CASA GRANDE.
c) DEUS, tire-me daqui.
d) A fisionomia ABORRECIDA de Maria Eugênio incomodou Pedro.
e) Santa Maria, MÃE DE DEUS, tenha piedade de minha avó doente.
202. (G1) Indetermine o sujeito da oração a seguir:
"Uma águia atacou a andorinha"
203. (G1) A alternativa que classifica incorretamente o predicado é:
a) Os meninos pequenos brincavam no quintal. (predicado verbal)
b) Os pássaros são aves frágeis. (predicado nominal)
c) Os pássaros saíram apressados da gaiola. (predicado verbal)
d) Cedo, os meninos já queriam as bicicletas. (predicado verbal)
e) O ladrão fugiu apavorado. (predicado verbo-nominal)
204. (G1) Assinale o item em que o sujeito foi incorretamente analisado:
a) Decorreram alguns minutos de estranho silêncio. (determinado simples)
b) Só me restam poucas economias. (indeterminado)
c) Meus amigos e eu viemos auxiliá-lo. (determinado composto)
d) Ainda está fazendo muito frio. (oração sem sujeito)
e) Volte cedo! (elíptico)
205. (Mackenzie 97) I - Na oração
Eu considerava aquele homem meu amigo,
o predicado é verbo-nominal com predicativo do objeto.
II - No período
O jovem anseia que os mais velhos confiem nele, a oração subordinada é substantiva objetiva indireta, mas está faltando a
preposição regida pelo verbo ansiar.
III - No período
A ser muito sincero, não sei como isto aconteceu, a oração subordinada é adverbial final reduzida de infinitivo.
Quanto às afirmações anteriores, assinale:
a) se apenas I está correta.
b) se apenas II está correta.
c) se apenas III está correta.
d) se todas estão corretas.
e) se todas estão incorretas.
206. (Fei 97) Observe com atenção as seguintes frases e depois assinale a alternativa correta:
I. Meu irmão pediu para mim ficar em silêncio.
II. Meu irmão pediu para eu ficar em silêncio.
a) Somente a frase 2 está correta, pois o sujeito de FICAR deve ser um pronome do caso reto.
b) Somente a frase 2 está correta, pois a preposição PARA exige o pronome do caso reto.
c) Somente a frase 1 está correta, pois a preposição PARA exige o pronome do caso oblíquo.
d) Uma vez que a preposição PARA aceita tanto o pronome do caso oblíquo quanto o pronome do caso reto, as duas frases
estão corretas.
e) Somente a frase 1 está correta, pois o pronome oblíquo faz parte do complemento nominal.
207. (Fuvest 98) "É preciso agir, e RÁPIDO", disse ontem o ex-presidente nacional do partido.
A frase em que a palavra em maiúsculo NÃO exerce função idêntica à de RÁPIDO é:
a) Como estava exaltado, o homem gesticulava e falava ALTO.
b) Mademoiselle ergueu SÚBITO a cabeça, voltou-a pro lado, esperando, olhos baixos.
c) Estavam acostumados a falar BAIXO.
d) Conversamos por alguns minutos, mas tão ABAFADO que nem as paredes ouviram.
e) Sim, havíamos de ter um oratório bonito; ALTO, de jacarandá.
208. (Pucmg 97) Leia a definição de sujeito apresentada por Cegalla, em sua NOVÍSSIMA GRAMÁTICA DA LÍNGUA
PORTUGUESA, 22. Ed.:
"Sujeito é o ser de quem se diz alguma coisa."
I. 'Dor de cabeça' eu curo com uma boa noite de sono.
II. Cabe 'pouca roupa' no meu armário.
III. Não se constroem 'edifícios de qualidade neste' país.
IV. Sempre falta 'água' no prédio ao lado.
V. Não há 'mulheres' como antigamente.
Os itens cujos termos destacados acima estão de acordo com a definição proposta para sujeito, embora não exerçam tal
função na sentença, são:
a) I e II.
b) I e V.
c) II e IV.
d) III e IV.
e) IV e V.
209. (Uelondrina 97) Assinale a alternativa em que a função sintática do termo em maiúsculo está INCORRETA.
Faltariam ALGUMAS RESPOSTAS (a) para que o trabalho ficasse COMPLETO (b) e os meninos se dispuseram A
OUTRAS TAREFAS (c) MAIS ADAPTADAS (d) A SEU NÍVEL (e).
a) objeto direto
b) predicativo do sujeito
c) objeto indireto
d) adjunto adnominal
e) complemento nominal
210. (Mackenzie 97) No vôo do instante, ele sentiu uma coisinha caindo em seu coração, e advinhou que era tarde, que nada
mais adiantava.
(Guimarães Rosa)
Assinale a alternativa correta quanto ao texto anterior.
a) O adjunto adverbial anteposto apresenta uma metáfora que expressa a fugacidade do tempo.
b) A oração subordinada adjetiva reduzida de gerúndio reforça, pela escolha lexical do verbo, a idéia de leveza, trazida pelo
nome vôo.
c) As duas orações subordinadas à oração /e adivinhou/ apontam para a reversibilidade dos fatos.
d) Na primeira oração, o sujeito COISINHA mostra o agente da ação de voar.
e) A quinta oração justapõe-se à quarta, na idéia decrescente da perda.
211. (Mackenzie 97) Na frase de Otto Lara Resende, "Mineiro só é SOLIDÁRIO NO CÂNCER", a expressão em destaque
é:
a) predicativo do sujeito.
b) aposto.
c) objeto direto.
d) adjunto adverbial de modo.
e) adjunto adnominal de MINEIRO.
212. (Mackenzie 98)
Hoje se reconhece cada vez mais a importância do tato durante toda a vida do homem. Os
animais de estimação permitem às pessoas que precisam desse estímulo sensorial exercitarem-no. O simples fato de tocar
um animal reduz a ansiedade e a tensão. Acariciá-los é não só um modo de expressar afeto, como também exerce um efeito
benéfico sobre o sistema cardiovascular do dono.
(Erika Friedmann)
Observe as afirmações seguintes.
I - O sujeito da primeira oração é indeterminado, uma vez que qualquer pessoa pode fazer o reconhecimento citado.
II - Na terceira oração, a palavra QUE é, morfologicamente, um pronome relativo, cujo antecedente é PESSOAS e,
sintaticamente, exerce a função de sujeito do verbo PRECISAR.
III - A última oração classifica-se como coordenada sindética aditiva.
Assinale:
a) se II e III estão corretas.
b) se todas estão corretas,
c) se apenas I está correta.
d) se todas estão incorretas.
e) se apenas II está correta.
213. (Uelondrina 98) Ela sempre fez tudo POR MIM.
Na oração anterior, POR MIM exerce a mesma função sintática que o termo em destaque na frase:
a) Não concordo COM VOCÊ.
b) Chegou A MINHA VEZ.
c) Não fiquei nada SATISFEITO.
d) Eram ONZE HORAS quando ela chegou.
e) Ela irá à festa COMIGO.
214. (Ufv 99) Leia atentamente o texto a seguir:
"Sujeito composto, segundo a definição de Alfredo Gomes, é o que representa mais de um ser. Ex.: Senhora em
estado interessante." (FRADIQUE, Mendes. "Grammatica portugueza pelo methodo confuso". 4. ed. facsimilada. Rio de
Janeiro: Rocco, 1985. p. 79)
A intenção humorística de Mendes Fradique foi satisfeita, porquanto "Senhora em estado interessante" = "Senhora grávida".
Mas dada a frase:
"Duas pessoas acudiram a Senhora em estado interessante."
Mostre duas coisas:
a) a falha da conceituação de Alfredo Gomes;
b) a inadequação do exemplo descontextualizado.
215. (Ufv 99) Bechara afirma:
(1) "Os complementos dos verbos transitivos diretos recebem o nome de objeto direto (isto é, complemento não encabeçado
por preposição necessária)."
(2) "Os complementos dos verbos transitivos indiretos recebem o nome de objeto indireto (isto é, complemento encabeçado
por preposição necessária)."
p.254)
(BECHARA, Evanildo. "Moderna gramática portuguesa." 9. ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1964.
Entendendo "necessária" como "requerida pela intenção comunicativa do emissor" e dadas as frases
(1) "Comi do bolo de aniversário" e "Comi o bolo de aniversário"
(2) "Obedeço a meus superiores" e "Obedeço meus superiores"
Analise os complementos em (1) e (2) e mostre em que os exemplos contradizem Bechara nas suas explicações entre
parênteses.
216. (Uelondrina 99) O período em que há uma oração sem sujeito é:
a) Embarcaríamos, ainda que a ventania aumentasse.
b) Caso ocorram ventos fortes, suspenderemos o embarque.
c) Se ventar, não teremos como embarcar.
d) Chegam do sul, com a chuva, os ventos que impedem o embarque.
e) A ventania ameaçava o nosso embarque, mas, enfim, moderou.
217. (Ufes 99) A mudança de posição dos termos em destaque, proposta na versão à direita, PREJUDICA o sentido
pretendido no texto original APENAS em
a) TEXTO ORIGINAL:
"Itamar disse que espera mudanças nas regras dos debates a serem promovidos em Minas. 'É impossível falar sobre
a desorganização administrativa que se instalou no Estado EM APENAS UM MINUTO', justificou,..."
(ESTADO DE MINAS - 1/8/98)
ALTERAÇÃO PROPOSTA:
Itamar disse que espera mudanças nas regras dos debates a serem promovidos em Minas. "É impossível, EM APENAS UM
MINUTO, falar sobre a desorganização administrativa que se instalou no Estado", justificou,...
b) TEXTO ORIGINAL:
"A informação da polícia é de que alguns dos aparelhos teriam chegado até os presos ESCONDIDOS DENTRO
DE GALINHAS ASSADAS."
(A GAZETA - 12/8/98)
ALTERAÇÃO PROPOSTA:
A informação da polícia é de que alguns dos aparelhos teriam chegado, ESCONDIDOS DENTRO DE GALINHAS
ASSADAS, até os presos.
c) TEXTO ORIGINAL:
"Apesar de os atiradores estarem sem capacete, ninguém conseguiu ver seus rostos, QUE ESTAVAM EM UMA
MOTO HONDA XL250."
(A GAZETA - 12/8/98)
ALTERAÇÃO PROPOSTA:
Apesar de os atiradores, QUE ESTAVAM EM UMA MOTO HONDA XL250, estarem sem capacete, ninguém conseguiu
ver seus rostos.
d) TEXTO ORIGINAL:
"Victor dá posse amanhã a Rômulo Penina, PARA A CASA CIVIL, que acumulará os dois cargos."
(A GAZETA - 1/4/98)
ALTERAÇÃO PROPOSTA:
Victor dá posse amanhã, PARA A CASA CIVIL, a Rômulo Penina, que acumulará os dois cargos.
e) TEXTO ORIGINAL:
"Com essa aquisição, a Saraiva, QUE OCUPAVA O QUARTO LUGAR NO RANKING DAS EDITORAS DE
LIVROS DIDÁTICOS, deu um passo largo para dominar o mercado."
(A GAZETA - 27/8/98)
ALTERAÇÃO PROPOSTA:
Com essa aquisição, a Saraiva deu um passo largo para dominar o mercado, QUE OCUPAVA O QUARTO LUGAR NO
RANKING DAS EDITORAS DE LIVROS DIDÁTICOS.
218. (Ufsc 99) Assinale, nas proposições a seguir, apenas a(s) VERDADEIRA(S) na correspondência entre o(s) termo(s)
destacado(s) e aquele(s) que está(ão) entre parênteses:
01. A nova Lei de Trânsito impõe AOS MOTORISTAS novas regras. (objeto indireto)
02. O processo foi-LHE favorável. (complemento nominal)
04. A prova terminou MUITO cedo. (adjunto adverbial de intensidade)
08. Estou certo DE QUE ELA PASSARÁ NOS EXAMES. (oração subordinada substantiva completiva nominal)
16. Loja com nome estrangeiro paga mais IMPOSTO. (objeto direto)
32. Dorme, CIDADE MALDITA, teu sono de escravidão. (aposto)
219. (Ufu 99) Assinale a ÚNICA alternativa em que o pronome em destaque NÃO exerce a função de complemento verbal.
a) "Jamais tivera outro ofício conhecido, as mulheres e os tolos, davam-LHE o suficiente para viver." (J. Amado)
b) "Perguntou-LHE pelas prometidas ervas, ele sorria sem responder." (J. Amado)
c) "Mandaram o santeiro entrar, ofereceram-LHE uma cadeira na sala." (J. Amado)
d) "Também ela, Vanda, esquecera de recomendar-LHES, de pedir uma fisionomia mais a caráter..." (J. Amado)
e) "Aquele sogro amargurara-LHE a vida,..." (J. Amado)
220. (Fuvest 2000) O caso triste, e digno da memória
Que do sepulcro os homens desenterra,
Aconteceu da mísera e mesquinha
Que depois de ser morta foi rainha.
Para o correto entendimento destes versos de Camões, é necessário saber que o sujeito do verbo DESENTERRA é
a) OS HOMENS (por licença poética).
b) ele (oculto).
c) o primeiro QUE.
d) o CASO TRISTE.
e) SEPULCRO.
221. (Fuvest 2001) A frase em que os vocábulos em destaque pertencem à mesma classe gramatical, exercem a mesma
função sintática e têm significado diferente é:
a) CURTA o CURTA: aproveite o feriado para assistir ao festival de curta-metragem.
b) O NOVO NOVO: será que tudo já não foi feito antes?
c) O carro POPULAR a 12.000 reais está longe de ser POPULAR.
d) É TRÁGICO verificar que, na televisão brasileira só o TRÁGICO é que faz sucesso.
e) O Brasil será um GRANDE parceiro e não apenas um parceiro GRANDE.
222. (G1) Informe a função sintática das orações subordinadas:
(1) Sujeito
(2) Objeto direto
a) (
b) (
c) (
d) (
e) (
) Mamãe pediu QUE EU VOLTASSE CEDO.
) É possível QUE ELE FALE A VERDADE.
) Mandou QUE ELES SE CALASSEM.
) O porteiro exigiu QUE APRESENTÁSSEMOS A CARTEIRINHA.
) Era evidente QUE A MENINA LEVARIA A CULPA.
223. (Mackenzie 98) A porta do barraco era sem trinco
E a lua furando nosso zinco
Salpicava de estrelas nosso chão
E tu, tu pisavas nos astros distraída
Sem saber que a ventura dessa vida
É a cabrocha, o luar e o violão.
(Sílvio Caldas / Orestes Barbosa)
Assinale a alternativa correta.
a) No verso 2, a prosopopéia encontra-se com a metonímia para construir a ação poética de um sujeito sobre um barraco.
b) No verso 4, o predicativo do objeto, DISTRAÍDA, aponta para o modo despojado de ser da mulher.
c) A oração subordinada substantiva objetiva indireta, que está nos versos 5 e 6, designa o objeto desejável do saber,
segundo o poeta.
d) O complemento nominal, DE ESTRELAS, junto com o verbo SALPICAR, constrói uma metáfora para o espaço astral.
e) O complemento nominal, NOS ASTROS, poetiza, pela conotação, a ação cotidiana de PISAR.
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES.
(Fei 97) CONSIDERAÇÃO DO POEMA
(Fragmento)
Não rimarei a palavra sono
com a incorrespondente palavra outono.
Rimarei com a palavra carne
ou qualquer outra, que TODAS ME convêm.
As palavras não nascem amarradas,
ELAS saltam, se beijam, se dissolvem,
no céu livre por vezes um desenho,
são PURAS, largas, autênticas, indevassáveis.
224. Observe as palavras indicadas no texto: "todas" (verso 4); "me" (verso 4); "elas" (verso 6) e "puras" (verso 8). Assinale
a alternativa em que a função sintática destes termos esteja corretamente analisada:
a) sujeito - predicativo do sujeito - objeto - sujeito
b) predicativo do sujeito - objeto - sujeito - objeto
c) objeto - sujeito - objeto - predicativo do sujeito
d) objeto - predicativo do sujeito - sujeito - objeto
e) sujeito - objeto - sujeito - predicativo do sujeito
225. Observe o verso:
"As palavras não nascem amarradas"
Assinale a alternativa em que o sujeito e o predicado da oração estejam corretamente analisados:
a) sujeito composto e predicado nominal
b) sujeito simples e predicado verbo-nominal
c) sujeito composto e predicado verbal
d) sujeito simples e predicado nominal
e) sujeito simples e predicado verbal.
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 3 QUESTÕES.
(Vunesp 91) LÍNGUA PORTUGUESA
Olavo Bilac
Última flor do Lácio, inculta e bela
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...
Amo-te assim desconhecida e obscura,
Tuba de alto clangor, lira singela,
que tens o trom e o silvo da procela
E o arrolo da saudade e da ternura!
Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,
Em que da voz materna ouvi: "meu filho!"
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!
em TARDE (1919)
LÍNGUA
Caetano Veloso (a Violeta Gervaiseau)
Gosto de sentir a minha língua roçar
A língua de Luís de Camões.
Gosto de ser e de estar
E quero me dedicar
A criar confusões de prosódia
E uma profusão de paródias
Que encurtem dores
E furtem cores como camaleões.
Gosto do Pessoa na pessoa
Da rosa no Rosa,
E sei que a poesia está para a prosa
Assim como o amor está para a amizade.
E quem há de negar que esta lhe é superior?
E deixa os portugais morrerem à míngua,
"Minha pátria é minha língua"
- Fala Mangueira!
Flor do Lácio Sambódromo
Lusamérica latim em pó
O que quer
O que pode
Esta língua?
em VELÔ (1984)
226. A expressão "esplendor e sepultura" do poema de Bilac pode ser analisada nos planos sintático e expressivo. Examine
a primeira estrofe sob estes dois aspectos e a seguir indique:
a) a função sintática exercida por "esplendor e sepultura" na oração em que se encontra;
b) a figura (recurso expressivo) realizada pela aproximação desses dois vocábulos.
227. Segundo o gramático Celso Cunha, vocativo é o termo que serve "apenas para invocar, chamar ou nomear, com ênfase
maior ou menor, uma pessoa ou coisa personificada". Tendo em mente esta definição do ilustre filólogo, cite um exemplo
de vocativo no texto de Bilac e outro no de Caetano Veloso.
228. Releia a segunda estrofe do poema de Olavo Bilac e responda:
a) Que há de comum, do ponto de vista sintático, entre os vocábulos trom, silvo e arrolo?
b) Que há de comum entre estes mesmos vocábulos do ponto de vista do significado?
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Vunesp 95)
O texto a seguir foi escrito e interpretado pelo ator e dramaturgo Plínio Marcos. Trata-se de transcrição de
um vídeo exibido na Casa de Detenção, em São Paulo.
Aqui é bandido: Plínio Marcos! Atenção, malandrage! Eu num vô te pedir nada, vô te dá um alô! Te liga aí: Aids é
uma praga que rói até os mais fortes, e rói devagarinho. Deixa o corpo sem defesa contra a doença. Quem pegá essa praga
está ralado de verde e amarelo, de primeiro ao quinto, e sem vaselina. Num tem dotô que dê jeito, nem reza brava, nem
choro, nem vela, nem ai, Jesus. Pegou Aids, foi pro brejo! Agora sente o aroma da perpétua; Aids passa pelo esperma e pelo
sangue, entendeu?, pelo esperma e pelo sangue! (pausa)
Eu num tô te dando esse alô pra te assombrá, então se toca! Não é porque tu tá na tranca que virou anjo. Muito pelo
contrário, cana dura deixa o cara ruim! Mas é preciso que cada um se cuide, ninguém pode valê pra ninguém nesse negócio
de Aids! Então já viu: transá só de acordo com o parceiro, e de camisinha! (pausa)
Agora, tu aí que é metido a esculachá os outros, metido a ganhá o companheiro na força bruta, na congesta! Pára
com isso, tu vai acabá empesteado! Aids num toma conhecimento de macheza, pega pra lá e pega pra cá, pega em home,
pega em bicha, pega em mulhé, pega em roçadeira! Pra essa peste num tem bom! Quem bobeia fica premiado. E fica um
tempão sem sabê. Daí, o mais malandro, no dia da visita, recebe mamão com açúcar da família e manda pra casa o Aids! E
num é isto que tu qué, né, vago mestre? Então te cuida! Sexo, só com camisinha. (pausa)
Quem descobre que pegô a doença se sente no prejuízo e que ir à forra, passando pros outros. (pausa) Sexo, só com
camisinha! Num tem escolha, transá, só com camisinha.
Quanto a tu, mais chegado ao pico, eu tô sabendo que ninguém corta o vício só por ordem da chefia. Mas escuta
bem, vago mestre, a seringa é o canal pro Aids. No desespero, tu não se toca, num vê, num qué nem sabê que, às vezes, a
seringa vem até com um pingo de sangue, e tu mete ela direta em ti. Às vezes, ela parece que vem limpona, e vem com a
praga! E tu, na afobação, mete ela direto na veia. Aí tu dança. Tu, que se diz mais tu, mas que diz que num pode agüentá a
tranca sem pico, se cuida. Quem gosta de tu é tu mesmo. (pausa) E a farinha que tu cheira, e a erva que tu barrufa
enfraquece o corpo e deixa tu chué da cabeça e dos peitos. E aí tu fica moleza pro Aids! Mas o pico é o canal direto pra essa
praga que está aí. Então, malandro, se cobre! Quem gosta de tu é tu mesmo. A saúde é como a liberdade. Agente só dá valor
pra ela quando ela já era!
(Vídeo exibido na Casa de Detenção, São Paulo)
Créditos: / Agência: Adag (1988).
Realização: TV Cultura / São Paulo. Duração: 2minutos e 48 segundos.
229. O texto que lhe apresentamos não se realiza de acordo com a chamada "norma culta da Língua Portuguesa". No
entanto, sua eficácia se dá pela relação de identidade que mantém com grande parcela das pessoas a que se destina.
Mediante estas observações:
a) Cite três ocorrências gramaticais que caracterizam esse desvio da normal culta. Exemplifique-as.
b) Que função exercem no texto as expressões "atenção, malandrage" (1Ž parágrafo), "vago mestre" (3Ž e 5Ž parágrafos) e
"malandro" (5Ž parágrafo)?
GABARITO
1. [C]
2. [A]
3. [E]
4. [A]
5. V F V V
6. [B]
7. [C]
8. [C]
9. [D]
10. [C]
11. [C]
12. Itens corretos: 1 e 2
Itens errados: 0 e 3
13. a) O elenco representou muito bem hoje!
b) "Perde-se ou ganha-se, não há empates na vida."
14. a) Achar e ir.
b) Acharia: futuro do pretérito do indicativo
Ia: pretérito imperfeito do indicativo (mas tem valor de futuro do pretérito: iria)
15. [D]
16. [D]
17. [B]
18. [B]
19. [E]
20. [A]
21. [B]
22. 23
23. 25
24. 31
25. [E]
26. Encostas: núcleo do adjunto adverbial
Nudez: núcleo de objeto direto.
27. a) "...que parece o poema dos cuidados maternos um artifício sentimental..."
b) "o poema dos cuidados maternos"
28. [D]
29. [C]
30. [E]
31. [A]
32. [B]
33. [C]
34. [A]
35. a) Substantivo e objeto direto.
b) Adjetivo e predicativo do sujeito.
36. [D]
37. [D]
38. [C]
39. [E]
40. [A]
41. [D]
42. a) O pronome que funciona como sujeito de SOFRIA é ELE (sujeito elíptico).
b) O pronome refere-se a Marcos Rey, "um homem gordinho e simpático".
43. Palma, sua mulher, recebeu-me.
44. Na primeira oração, Marcos é vocativo. O emissor chama Marcos para apresentar um amigo.
Na segunda oração, o emissor apresenta a alguém o amigo que se chama Marcos (aposto especificativo).
45. [A]
46. [B]
47. [D]
48. [A]
49. a)
- campo: objeto direto
- estas úmidas Deidades: sujeito
b) As águas deixam campo às cidades, Que estas úmidas Deidades habitam.
50. [A]
51. [D]
52. Para escrever: Adjunto Adverbial
divinas: Adjunto Adnominal
olhar: Núcleo do Objeto Indireto
preconceitos: Complemento Nominal
53. O eu lírico revela sua passividade ao colocar-se sintaticamente como objeto direto de descansar, sofrendo o efeito da
ação desencadeada por sua amada.
54. a) "tua alma ardente".
"Seus" é adjunto adnominal ou determinante de "vôos".
b) Apagou o teu fanal do sentimento no coração.
Apagou o fanal do sentimento no teu coração.
Apagou o fanal do teu sentimento no coração.
55. 08 + 16 + 64 = 88
56. [A]
57. [C]
58. Itens corretos: 1, 3 e 4
Item errado: 2
59. [B]
60. [C]
61. [D]
62. [A]
63. [C]
64. [E]
65. a) "...para cada pessoa há coisas que lhe despertam hábitos mais duradouros..."
"Tinha de permanecer do lado de fora. Tal como o porteiro QUE deve deixar passar os eleitos."
b) sujeito.
66. 01 + 02 + 04 + 16 + 32 = 55
67. [C]
68. [C]
69. [D]
70. [A]
71. [E]
72. [A]
73. [C]
74. [D]
75. [B]
76. [B]
77. [A]
78. [D]
79. [B]
80. [C]
81. [A]
82. [B]
83. [E]
84. a) De repente deu-me a consciência um repelão..."
b) Súbito - funciona como advérbio.
85. a) Trata-se do vocativo "Meu santo" empregado com repetição em: "MEU SANTO, minha família foi embora, MEU
SANTO"; "MEU SANTO, me diga, onde é que eles foram, MEU SANTO".
b) O vocábulo "povo" tem o valor semântico de "família".
86. a) Vi-o catando-a.
b) Ver e catar: transitivos diretos.
87. [D]
88. [B]
89. [C]
90. O recurso de natureza morfológica consiste no uso do sufixo indicador de diminutivo. O de natureza sintática, refere-se
ao uso de orações adjetivas para modificar os núcleos do complemento (objeto direto).
91. 04 + 08 = 12
92. 02 + 16 = 18
93. Na frase original, o "lhe" está relacionado a "anunciava", como destinatário da ação. Feita a transformação, o "lhe" passa
a se relacionar a "matar", como seu destinatário (objeto indireto). No primeiro caso, não está claro o destinatário de "matar a
sede"; no segundo, o de "anunciava".
94. [D]
95. [E]
96. [B]
97. [E]
98. V F V V
99. Será necessário que se coordenem ações locais e iniciativas conjuntas entre as cidades de uma mesma região.
Será necessário que sejam coordenadas ações locais e iniciativas conjuntas entre as cidades de uma mesma região.
Será necessário que coordenem ações locais e iniciativas conjuntas entre cidades de uma mesma região.
100. [C]
101. [E]
102. [D]
103. [E]
104. [C]
105. [E]
106. [D]
107. [D]
108. [E]
109. [C]
110. [B]
111. [C]
112. a) adjunto adnominal
b) A finalidade é caracterizar detalhadamente os diversos tipos de meninos que representam a infância brasileira.
113. a) Sujeito do verbo queixar-se, da última estrofe.
b) Oração principal.
114. [A]
115. [C]
116. a) ...como ele foi visto por mim em uma noite de luar...
b) o: objeto direto
ele: sujeito
117. [D]
118. [A]
119. [A]
120. [E]
121. [E]
122. [E]
123. [B]
124. V F V F F F
125. [E]
126. a) "ar" e "licor" são os núcleos do sujeito composto.
b) "que respiro" e "que bebo" são orações subordinadas adjetivas restritivas.
127. [B]
128. [D]
129. V V F V V
130. [A]
131. V V V V F V
132. V F F V V
133. a) "do povo que quer o que quer o príncipe que quer o que quer o povo."
b) Do povo que quer o que quer o príncipe (1) que quer que quer o povo (2) que quer o que quer o príncipe (3).
c) O pronome relativo QUE.
134. a) Pessoalmente.
b) Ele desviou carne e osso no valor de Cr$130 milhões.
c) Responder em carne e osso: responder pessoalmente. Desvio de carne e osso.
135. a) Há ambigüidade: a ONU solicitou ao Brasil o envio de tropas ou solicitou o envio de tropas ao Brasil?
b) O fato de o objeto indireto "ao Brasil" poder ser entendido como complemento nominal de "envio".
c) ... solicitou ao Brasil e a mais quatro países o envio de tropas ...
136. [D]
137. [E]
138. [B]
139. [D]
140. [C]
141. [A]
142. [D]
143. [E]
144. [B]
145. [E]
146. [D]
147. [B]
148. [C]
149. [A]
150. [E]
151. [B]
152. [A]
153. a) ... sai à caça do soldado desertor que, com confederados, realizou assalto a trem.
... sai à caça do soldado desertor que realizou assalto a trem com confederados em seu interior.
b) No primeiro caso há noção de companhia; no segundo, de conteúdo.
154. [B]
155. [D]
156. [D]
157. [E]
158. [A]
159. a) contraída: predicativo do sujeito
b) triste: predicativo do sujeito.
c) comprometido: predicativo do sujeito.
d) incompetente: predicativo do objeto.
160. a) ( 1 ) Ulisses sempre conservava o orgulho 'pela Pátria'.
b) ( 2 ) Ele se orgulhava da 'filha'.
c) ( 2 ) O orgulho dos pais faz mal 'às crianças'.
d) ( 3 ) As noites 'do mar' eram perigosas.
e) ( 2 ) Ulisses necessitava de 'apoio'.
f) ( 2 ) Ele crê em 'milagres'.
161. a) agente da passiva
b) adjunto adverbial
c) vocativo
d) adjunto adnominal
e) aposto
162. Quando possui dois núcleos: um verbo e um nome.
163. a) morto: do objeto
b) feliz: do sujeito
c) muito ambiciosos: do sujeito
d) ansiosos: do sujeito
e) ofendido: do sujeito
f) satisfeita: do sujeito
g) importante: do objeto
h) satisfeito: do sujeito
i) muito educado: do sujeito
164. a) Aposto
b) Predicativo do sujeito
c) Objeto indireto
d) Objeto direto
e) Objeto direto
f) Agente da passiva
g) Vocativo
h) Verbo transitivo direto
i) Adjunto adnominal
j) Verbo intransitivo
165. a) Objeto indireto
b) Adjunto adnominal
c) Agente da passiva
d) Objeto indireto
e) Agente da passiva
166. Atacaram a pombinha sozinha.
167. a) composto
b) simples
c) simples, oculto
d) simples
e) simples
f) simples, oculto
168. a) simples
b) indeterminado
c) simples e oculto
d) composto
169. a) adjunto adverbial
b) objeto indireto
c) objeto indireto
d) objeto indireto
e) complemento nominal
f) adjunto adverbial
g) complemento nominal
h) adjunto adverbial
i) objeto indireto
j) adjunto adverbial
l) complemento nominal
m) objeto indireto
n) objeto indireto
o) objeto indireto
p) objeto indireto
q) objeto indireto
170. a) A família de Alexandre RECEBEU A NOTÍCIA ALEGRE.
b) Alexandre PARECIA CANSADO.
c) Seu relato TERMINOU.
d) Velasco NOMEOU OS TUBARÕES PONTUAIS.
e) Rufino MORREU AFOGADO.
a) PV
b) PN
c) PV
d) PVN
e) PVN
171. a) contraída: predicativo do sujeito
b) afogado: predicativo do sujeito
c) pontuais: predicativo do objeto
d) herói: predicativo do objeto
e) triste: predicativo do sujeito
172. a) Objeto indireto
b) Adjunto adnominal
c) Objeto indireto
d) Complemento nominal
e) Objeto indireto
173. a) agente da passiva
b) adjunto adverbial
c) vocativo
d) aposto
e) objeto direto
174. O núcleo do predicado nominal é um nome. Já o núcleo do predicado verbal é um verbo.
175. a) complemento nominal
b) objeto direto
c) agente da passiva
d) objeto indireto
e) objeto direto
176. a) sujeito
b) sujeito
c) sujeito
d) objeto indireto
177. a) predicativo do sujeito
b) objeto direto
c) objeto direto
d) agente da passiva
178. a) objeto direto
b) agente da passiva
c) objeto indireto
d) sujeito
179. a) adjunto adnominal
b) complemento nominal
c) complemento nominal
d) adjunto adnominal
e) adjunto adnominal
f) complemento nominal; adjunto adnominal
180. a) aposto
b) vocativo
c) vocativo
d) vocativo
181. a) vocativo
b) aposto
c) vocativo
d) vocativo
182. a) Lygia Fagundes Telles, GRANDE ESCRITORA BRASILEIRA, reside em São Paulo.
b) ADMIRADORA DE RITA LEE, Elis Regina não se conteve e escreveu-lhe uma carta, começando assim uma grande
amizade entre as duas já então famosas cantoras.
c) O ministro do Trabalho, POLÍTICO FAMOSO PELA SUA MODERAÇÃO, sentou-se com os patrões e empregados
para negociar o fim da greve.
d) Carlos Drummond de Andrade nasceu em ltabira, CIDADE DE MINAS GERAIS, e morreu no Rio de Janeiro.
e) Os primeiros escritores indianistas do Brasil, isto é, JOSÉ DE ALENCAR E GONÇALVES DIAS, viam o nosso índio
como um herói. Hoje, outros escritores, COMO ANTÔNIO CALLADO E MÁRCIO SOUZA, mostram-nos o índio
destruído lentamente pelos brancos.
f) Os dois filhos doutores, isto é, ADVOGADO E BIÓLOGO, orgulham-se da origem simples dos pais.
183. a) complemento nominal
b) objeto indireto
c) predicativo do objeto
d) agente da passiva
e) objeto direto
184. a) sujeito
b) adjunto adnominal
c) adjunto adnominal
d) predicativo do sujeito
e) objeto indireto
185. a) objeto indireto
b) predicativo do objeto
c) complemento nominal
d) predicativo do sujeito
e) complemento nominal
186. a) objeto indireto
b) complemento nominal
c) adjunto adnominal
d) complemento nominal
e) complemento nominal
187. a) complemento nominal
b) complemento nominal
c) objeto indireto
d) objeto direto
e) complemento nominal
188. a) objeto indireto
b) predicativo do sujeito
c) complemento nominal
d) objeto indireto
e) adjunto adverbial
189. a) objeto direto
b) adjunto adnominal
c) adjunto adverbial
d) adjunto adnominal
e) complemento nominal
f) objeto direto preposicionado
190. a) Cuide DE SEUS INTERESSES que eu cuido dos meus.
b) Temos confiança EM NOSSOS JOGADORES.
c) Já organizamos a resistência A QUALQUER ATAQUE INIMIGO.
d) A assistência ÀS AULAS tem sido normal.
e) Naquela situação difícil recorremos AO DIRETOR.
f) Gostamos DE PESSOAS SINCERAS.
a) objeto indireto
b) complemento nominal
c) complemento nominal
d) complemento nominal
e) objeto indireto
f) objeto indireto
191. a) Lembre-se, pelo menos, DOS AMIGOS.
b) Fez grandes investimentos EM TERRAS.
c) A notícia agradou A TODOS.
d) O orador fez alusão AO FATO.
e) O gosto PELA MÚSICA vem desde criança.
f) Absteve-se DE BEBIDAS ALCOÓLICAS durante o carnaval.
a) objeto indireto
b) complemento nominal
c) objeto indireto
d) complemento nominal
e) complemento nominal
f) objeto indireto
192. a) de Salvador: adjunto adnominal
b) de Salvador: objeto indireto
c) do Sul: adjunto adnominal; da existência: objeto indireto
d) do Brasil: adjunto adnominal
193. a) Assim = deste modo, desta maneira.
b) Assim = logo que
c) Mal passado = semi cozido, quase crú.
d) Passou mal = adoeceu
e) Só = apenas
194. a) objeto direto
b) objeto indireto
c) aposto
d) adjunto adnominal
e) adjunto adverbial
f) predicativo do sujeito
g) predicativo do objeto
h) complemento nominal
i) agente da passiva
j) predicativo do sujeito
195. [E]
196. [A]
197. [C]
198. [D]
199. [D]
200. [C]
201. a) Agente da passiva.
b) Adjunto adverbial.
c) Vocativo.
d) Adjunto adnominal.
e) Aposto.
202. Atacaram a andorinha.
203. [C] Predicado verbo-nominal
204. [B] Sujeito Simples
205. [D]
206. [A]
207. [E]
208. [B]
209. [A]
210. [A]
211. [A]
212. [A]
213. [A]
214. a) Pelo conceito, "representa mais de um ser". No caso, há um só núcleo: PESSOAS
b) O fato de o numeral DUAS aparecer, apenas está como caracterizador de PESSOAS. O exemplo é de sujeito simples e
não composto.
215. Em 1: Comi DO BOLO, o termo em destaque é objeto direto preposicionado. O verbo continua VTD (verbo transitivo
direto). A preposição DE indica uma "parte de".
O mesmo processo ocorre em 2.
216. [C]
217. [E]
218. V V V V V F
219. [E]
220. [C]
221. [E]
222. a) 2
b) 1
c) 2
d) 2
e) 1
223. [A]
224. [E]
225. [B]
226. a) Predicativo do sujeito oculto "tu".
b) Antítese.
227. Olavo Bilac:
Em que da voz materna ouvi: "meu filho!"
Caetano Veloso:
- Fala Mangueira!
228. a) Núcleos do objeto direto.
b) Referência a sons.
229. a) Escrita não ortográfica: "malandrage", "vô".
Falta de concordância: "tu tá na tranca".
Uso de gírias: "te liga aí", "na congesta".
b) Vocativo
RESUMO
Número das questões:
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