Evidências

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Evidências
Revista Islâmica
Zul Qa’adah/Zul Hijjah 1429 (A.H.) novembro / dezembro 2008 (A.D.) - Ano 1 / Número 6
R$
14,90
Ramas da religião
Hajj, uma viagem
para a outra vida
Família
Maternidade, uma
profissão sublime
Narrativas do Alcorão
Zulaika e as
filhas de Shuaib
Escrituras
O Alcorão e os
livros celestiais
SEMPRE os melhores produtos digitais, DO MUNDO, PARA VOCÊ.
P-Acessórios P-Baterias P-Bolsas de Transporte P-Cabos de Conexão P-Caixa de Som P-Cameras Digitais
P-Carregador de bateria P Carregadores & Pilhas P-Cartões de Memoria P-Filmadoras P-Fitas, CDS, DVDS P Flash
P-Lentes & Filtros P-Marine & Sport Pack P-Microfones P-MP3 P-MP4 P-MP5 P-Pendrive P-Tripés P-Walkman
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Telefone: (11) 3361-8276
Em nome do Altíssimo
Revista Islâmica
Caro leitor,
“Em Nome de Allah, o
Clemente, o Misericordioso”
“Enviamos os Nossos mensageiros com
as evidências e enviamos, com eles,
o Livro e a balança, para que os
humanos observem a justiça.”
Alcorão Sagrado (57:25)
Revista Islâmica Evidências
é uma publicação da Associação Beneficente Islâmica do Brasil
CNPJ 09.086.788/0001-75
Rua Eliza Witacker, 17 – Brás
São Paulo - SP - CEP 03009-030
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Publicação Bimestral
díl kí;dáh / díl híjjáh 1429 (A.H.)
novembro / dezembro 2008 (A.D.)
Ano 1 / Número 6
Diretor-Presidente:
Assayyed Sharif Sayyed - (Teólogo e
Pesquisador em Pensamento Islâmico)
[email protected]
Vice-presidente:
Abdallah R. Hammoud
MTB: 53199/SP
[email protected]
Tradução:
Samir El Hayek (Matemático e Físico pela UNISA)
Profº Jamil Ibrahim Iskandar (Filósofo, Pós-doutor
em Filosofia pela Universidade Complutense de Madri)
Inicialmente, pedimos desculpas aos nossos fiéis leitores pelo atraso desta edição,
que ocorreu por motivos de ordem técnica. Assumimos o compromisso de nos esforçar
para isso que não volte a ocorrer.
Um dos temas que mais exasperam os pais na atualidade é a proteção aos filhos. Vivemos numa sociedade violenta e quanto o jovem ou a jovem pedem para sair
com os amigos, os corações dos pais e mães se contraem de medo. “Meu filho voltará
são e salvo para casa?”, é a pergunta que se fazem. Drogas, a violência das gangues,
o uso disseminado do álcool e de armas, o trânsito e o estímulo à prática do sexo antes
do casamento deixam o espírito dos pais intranqüilos.
Nesta edição da Revista Islâmica Evidências, tratamos de assuntos que falam
de perto aos pais. Abordamos, por exemplo, a questão da castidade do jovem e
da jovem. Na Religião Islâmica, o sexo não é considerado tabu, mas um assunto
extremamente importante, que deve ser debatido no âmbito da família. Afinal, dele
origina-se a vida e não é possível fechar os olhos para a sua relevância. Contudo,
como qualquer necessidade fisiológica, tem de ser exercido com base em limites,
ditados pela moral.
Outro assunto fundamental para a harmonia das famílias e da sociedade é o
consumo do álcool. A ingestão desta substância é terminantemente proibida pela
Religião Islâmica. Por quê? Basta ler as estatísticas sobre a criminalidade e a
violência no trânsito para reconhecer a justeza do Islã em agir assim. Há três meses
o governo brasileiro emitiu a Lei 11.705, comumente conhecida como Lei Seca,
que baniu o uso da bebida alcoólica no trânsito. E algumas cidades brasileiras vêm
adotando o chamado “toque de recolher”: a partir de determinada hora, os bares são
obrigados a fechar as portas. Em Diadema (SP), onde estes estabelecimentos não
podem funcionar após as 23 horas, os índices de criminalidade caíram 60%.
Enfim, no nosso entendimento, quando Deus, Elevado e Exaltado seja sempre,
institui um mandamento, o faz com o intuito de engrandecer e proteger o ser humano, nunca de prejudicá-lo.
A todos desejamos uma boa leitura!
E que a paz esteja convosco!
O Editor
Jornalista responsável:
Omar Nasser Filho - MTB - 26164
(Jornalista, Economista, Mestre em História
pela Universidade Federal do Paraná)
Projeto gráfico / Diagramação:
Marcos Faccio Ferreira
Marcelo Herculano Ramos
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Fale conosco:
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Revista Islâmica
Os artigos publicados na “Revista Islâmica Evidências” não refletem, necessariamente, a opinião da
revista. NOTA EXPLICATIVA: Ao longo dos textos de “Revista Islâmica Evidências”, o leitor
encontrará algumas siglas e sinais particulares, os quais explicamos a seguir: Após a menção
ao nome do Profeta Muhammad, segue-se uma letra “S” entre parênteses. Esta é a abreviatura da expressão arábe: “Salla allahu aleihi wa álihi wa sallam”, ou, traduzindo: “Deus o
abençoe e lhe dê paz, bem como à sua Família”. Quando é citado o nome de um outro Profeta
ou de um Ma’assum (isto é, pessoa imaculada), segue-se a sigla (A.S.), que significa: “aleihi
salam” (A paz esteja com ele); “aleiha salam” (A paz esteja com ela); ou “aleihem salam” (A
paz esteja com eles). Outra sigla utilizada é (R.A.), que significa “radi’allah an-hu (an-ha)”,
ou “Deus esteja satisfeito com ele (ela)”.
sumário
Nossas crenças
45
Sinais Fundamentais da Mensagem
01 Caro leitor
Islâmica - Parte 3
Cartas
03
Parábolas Inspiratórias
50
A Esperança
04 Editorial
Profética
07 Poesia
52 Sabedoria
O Mensageiro de Deus
o Alcorão
08 Interpretando
Orientação
Exegese do Alcorão Sagrado
54
12
Juventude
A Honra da Jovem
14
Hussein (AS) um suspiro que nunca sessa
16
Nós e a Vida
Sinais de grandeza e organização
19
26
A Arte de Criticar
29
Religiões
32
Jurisprudência
No Âmbito das Leis Islâmicas - Parte 7
As Crenças Cristãs
Narrativas do Alcorão e da Vida - Parte 3
56
A Ética Islâmica
Família
O que fazer para acabarmos com a
violência familiar?
58
Perguntas e Respostas
Porque o Islã proibiu as bebidas
inebriantes?
62
Família
A Maternidade é uma profissão
sublime- Parte 2
65
Turismo
Chapada dos Veadeiros
68
Comportamento
O Sexo na Ótica do Islã
73
Atualidades
O Aborto
36 O Alcorão e os Livros Celestiais
76
Arquitetura
Os Muxárabis
42
78
Palavras Cruzadas
Nossas Crenças
O Significado do ID
A herança da arquitetura islâmica:
Cartas
Envie-nos sua opinião através de carta para: Revista Islâmica Evidências Rua Eliza Witacker, 17 - Brás
São Paulo - SP - CEP 03009-030, ou pelo e-mail [email protected]
Deus, o Altíssimo, diz: “Em suas histórias há um exemplo para os sensatos”
(12:111). Foi dito: “O sensato é quem aproveita a advertência dos outros, quem consulta as pessoas e participa de suas idéias.” Leitor, esta página é dedicada à sua participação: opiniões, pensamentos, críticas e sugestões. Basta enviar sua mensagem
pela internet ou carta, citando sempre o seu nome, número do RG e endereço. Devido
ao espaço disponível, algumas mensagens podem ser editadas. Desde já, agradecemos por sua contribuição.
EVOLUÇÃO
Recebi hoje (04/09) a Revista Islâmica Evidências (5) e posso constatar que a
cada número o periódico se aperfeiçoa em todos os aspectos: gráfico, estilístico,
visual e, sobretudo, quanto à natureza dos conteúdos -- cada vez mais profundos
na abordagem do Islã e dos temas religiosos em geral e cada vez mais cativantes quando abordam assuntos diversos.
Um grande abraço! Muita paz !
Paulo Argolo - Rio de Janeiro, RJ
SURPRESA
Como mulher e brasileira, fiquei muito feliz em encontrar uma revista que fale
sobre uma cultura tão bonita e tão mal-entendida como a islâmica. Ao ler os
textos da Revista Evidências, percebo que esta religião é muito diferente do que
ouvimos falar, porque muitas vezes as pessoa se deixam levar pelo preconceito.
Parabéns pela qualidade dos temas, textos e ilustrações. Tornei-me assinante e
recomendo!
Valquíria Benevides – Belo Horizonte (MG)
SUGESTÃO
Gostei muito da Revista Islâmica Evidências. Eu era assinante
de uma grande revista de circulação nacional, mas me decepcionei com o seu conteúdo preconceituoso contra os muçulmanos.
Então, conheci vossa revista e fiquei impressionado com sua
qualidade editorial. Leio e recomendo. Só faço uma sugestão:
uma sessão com temas atuais de política, por exemplo. Abraço a
todos. Salam aleikom.
Augusto Silveira Reinhardt – Cascavel (PR)
ANSIEDADE
Como muçulmano, fiquei muito feliz em encontrar uma publicação de qualidade que aborde nossa religião com tanta propriedade. Fico ansioso na espera da próxima edição. Peço a Allah que abençoe a todos os que a produzem
e que continuem nesta caminhada. Assalamu aleikum!
Ibrahim Auada – São Paulo (SP)
Editorial
Sayyed Sharif Assayyed
A Peregrinação (Hajj),
Uma Viagem Para a
Outra Vida Antes do Tempo
A
peregrinação é um ritual antigo
e suas influências são eficazes
na educação, purificação e
refinamento da alma para
sobrepujar as infrações, recusar as
proibições, evitar os deslizes dos
desejos, visualizando a vida e suas atribulações de
forma saudável, colocando as questões da religião e
do mundo em seu verdadeiro caminho.
No âmbito da alma, constitui em
arrependimento sincero perante Deus de todos os
pecados e os erros; indulgência, arrependimento,
prece e confissão que derruba toda perpetração. No
que diz respeito ao gasto, deve ser de dinheiro lícito.
No que tange as relações sociais, deve-se fornecer
todos os direitos para os seus donos, quer seja
financeiros ou físicos ou culturais. No âmbito das
relações e condutas, é uma reiteração para pureza
da alma, limpeza dos corações, estreitamento das
relações consangüíneas, encerramento dos pactos
de ruptura e de inimizade. Quando a alma se
transforma convenientemente ela readquire o seu
valor de fé, reúne suas potencialidades materiais
e espirituais, tocada pela assiduidade e firmeza,
como o fio da espada, para com Deus com
conhecimento, para iniciar a sua viagem de fé para
o mundo desconhecido e da Outra Vida. Ela vive
e prova a situação com todas as suas dimensões
locais e temporais. Ela veste o manto da humildade
que a fazem se lembrar da hora da morte, quando
as vestes da alma são arrancadas, é colocada na
sua mortalha e é enviada para o seu Senhor: “Por
que, então, (não intervis), quando (a alma de um
moribundo) alcança a garganta? E ficais, nesse
instante, a olhá-lo. – E Nós, ainda que não Nos
vejais, estamos mais perto dele do que vós – Por
que, então, se pensais que em nada dependeis de
Nós, não lhe devolveis (a alma), se estais certos?”
(56:83-87). “E juntará uma perna à outra. Nesse
dia, será levado ao teu Senhor.” (75:29-30). É um
dia grave em que palpitam os corações das pessoas
mais puras dentre os profetas e os piedosos. No
dia ela encontra o que dissimulará seus erros, o
alcançar o que perdeu de tempo e ações. Naquele
dia remove dela a sequidão do calor e as chamas do
sol através do resfriamento e o condicionamento,
apagando as labaredas íntimas com água potável
abundante. Lá não encontra nada disso antes da
prestação de contas. Por isso, a questão positiva de
mudança com o início da viagem é a o transportarse do habituado para o não acostumado, do frescor
e do luxo da vida para a grossura e a rudeza. Nessa
nova vida, a alma suporta o molestar dos que
convivem com ele na sua variedade de cores, sendo
paciente quanto à suas
dificuldades, suportando
suas
agressões
e
hostilidades,
estando
alegre
e
satisfeita
porque segue as pegadas
dos privilegiados dentre
os profetas e piedosos.
A sua situação não pára
na renúncia, suporte e
reprimenda da cólera,
mas ultrapassa o movimento praticante das boas
ações em todos os sentidos. A sua língua ordena
a prática do bem e coíbe a prática do mal de um
lado. Não fica debilitado pelo atendimento, pela
recordação, pela súplica, pela recitação do Alcorão
do outro. A sua mão está estendida na prática
da benevolência, na solidariedade do que possa
contribuir com dinheiro ou empenho na medida
do possível. O seu coração e o seu espírito estão
ocupados com as majestades de seu Criador, as
maravilhas de seu Feitor e com as extraordinárias
e inumeráveis dádivas. Vivem as mais belas horas
radiantes e felizes na infindável soberania de Deus.
Quando o peregrino muçulmano chega a Meca, e
seus olhos recaem sobre a Caaba, ao redor da qual
inumeráveis servos virtuosos giram, sua língua
entrega-se à prece: “Ó Deus nosso, concede a Sua
Casa maior honra, engrandecimento, nobreza e
respeito, aumenta a honra, a nobreza e a virtude
de quem a visita. Ó Deus nosso, és a Paz e a paz
provém de Ti, faça-nos viver em paz.” As lágrimas
rolam e começa a circungirar a Casa. Quando o
peregrino passa para o sa’i (o percorrer a distância
entre os montes Safa e Marwa), lembra-se da
senhora Agar (AS) que foi o símbolo marcante no
âmbito da obediência, símbolo crente em Deus,
o Criador das causas e os efeitos. Um símbolo,
ciente e confiante no Senhor dos senhores, num
vale sem plantações, perto da Sua Casa Sagrada.
Um símbolo submetido à eternidade dos céus e da
terra não importa quantas dificuldades houver, a
quantas provas é submetida e por mais sombria que
seja a vida. Um símbolo paciente e perseverante na
educação do filho querido e único, na hombridade,
na dignidade, na castidade e na retidão. Até atingir a
juventude, sendo o braço direito do pai, o patriarca
Abraão no estabelecimento dos alicerces da Antiga
Casa: “E quando Abraão e Ismael levantaram
os alicerces da Casa,
exclamaram: Ó Senhor
nosso, aceita-a de nós,
pois Tu és Oniouvinte,
Sapientíssimo.
Ó
Senhor nosso, permite
que nos submetamos
a Ti e que surja da
nossa
descendência
uma nação submissa
à
Tua
vontade.
Ensina-nos os nossos
ritos e absolve-nos, pois Tu és o Remissório, o
Misericordiosíssimo.” (2:127-128).
A maior parte das
pessoas não toma
uma atitude de
reflexão e abertura crítica
No vale de Arafat o peregrino, nessa pequena
assembléia, pressente a Assembléia Maior, no dia
em que as pessoas se erguerão para o Senhor do
Universo: “Sairão dos sepulcros, com os olhos
humilhados, como se fossem uma nuvem de
gafanhotos dispersa, dirigindo-se rapidamente
até ao convocador; os incrédulos dirão: Este é um
dia difícil!” (54:7-8). Deus irá lhes questionar e
eles responderão sem rodeios. Então, os registros
serão são apresentados por sobre as cabeças. Há
que irá tomar o seu registro com a mão direita,
dizendo: “Ei-lo aqui! Lede o meu registro; sempre
soube que prestaria contas! E ele gozará de uma
vida prazenteira.” (69:19-21). Outros receberão
o registro com a mão esquerda, dizendo: “Ai de mim!
Oxalá não me tivesse sido entregue o meu registro,
nem jamais tivesse conhecido o meu cômputo;
oh! Oxalá a minha primeira (morte) tivesse sido a
anulação; de nada me servem os meus bens; a minha
autoridade se desvaneceu…!” (69:25-29).
Em Arafat o servo pensa como se estivesse
à porta do Paraíso, separado dela, com uma
separação entre eles. Ele é assolado por
sentimentos, pensamentos, então é envolvido por
uma inundação de humildade, de rogo, de pedido
de perdão, de súplica... Talvez seja questionado de
forma fácil e obtenha o
seu registro com a mão
direita e retorne aos seus,
satisfeito. Você o vê
distraído das pessoas ao
seu redor, tremendo pelo
desejo, inundado pelas
lágrimas abundantes. Ele
suplica a seu Senhor: “Ó
Deus nosso, Tu ouves as
minhas palavras e vês a
minha situação, conheces o oculto e o manifesto
em mim, nada se esconde de Ti. Sou o destituído
e pobre, o que pede socorro e auxílio, o temeroso
e insignificante, o que está confessando os seus
pecados, peço-Te como necessitado que estou,
imploro como o culpado e o humilde implora,
dirijo a súplica do amedrontado e cego, de
quem submeteu a Ti a sua cabeça, de quem as
lágrimas correm, humilhou para Ti o seu corpo.
Ó Deus, não me torne desgraçado. Sê Indulgente,
Misericordioso, ó Senhor nosso.”
pesará sobre ti, até ao Dia do Juízo!” (38:75:78).
É uma batalha em que o pai, Adão (AS), o pai
arrependido se envolveu. Uma batalha em que
o outro pai, resignado, Abraão (AS), o inimigo
do politeísmo e o símbolo do monoteísmo, se
envolveu. Batalha em que a extraordinária mãe,
Agar (AS), símbolo da fidelidade e da resignação,
envolveu-se. Batalha em que participou o filho,
Ismael, o expiatório, símbolo da obediência e da
sinceridade. O peregrino se lembra dessa primeira
família muçulmana que constituía um grupo
independente no combate ao líder da maldade
e da rebeldia, Satanás, que foi desprovido
de misericórdia e
de indulgência. O
peregrino renova o seu
pacto, sendo fiel à sua
promessa, carregando
o
estandarte
do
monoteísmo por vales
e montanhas, por mais
caro seja o sacrifício,
até
encontrar-se
com Deus e ouvir o
arauto dizer: “Eis o Paraíso que herdastes em
recompensa pelo que fizestes.” (7:43). “E verás
os anjos circundando o Trono Divino, celebrando
os louvores do seu Senhor. E todos serão julgados
com eqüidade, e será dito: Louvado seja Deus,
Senhor do Universo!” (39:75).
O Islã convida para a
meditação e a análise
pessoal, distante das
preocupações materiais
No local do arremesso das pedrinhas o
entusiasmo se acirra contra o Satanás, na promessa
de combatê-lo sempre, apedrejá-lo em todas as
oportunidades. A batalha com esse amaldiçoado
não é nova, mas antiga, no dia em que
seu Senhor lhe disse: “Ó Lúcifer, o que
te impede de te prostrares ante o que
criei com as Minhas Mãos? Acaso, estás
ensoberbecido ou é que te contas entre
os altivos? Respondeu: Sou superior a
ele; a mim me criaste do fogo, e a ele,
do barro. (Deus lhe) disse: Vai-te daqui,
porque és maldito, e a Minha maldição
Após completar o resto dos rituais, de
arremesso, de sacrifício, de corte de cabelos e
de circungirar a Caaba, o peregrino retorna ao
seu país carregando os mais belos sentimentos
e lembranças, as mais nobres promessas, com o
coração e a mente repletos com a mais importante
lição e significados. A recompensa dessa viagem
abençoada de agradecimento é o retornar como
no dia em que foi gerado pela mãe.
Poesia
Mohammad Iqbal*
O Islã
O Islã foi-nos proporcionado como religião,
E todo o mundo como pátria
O monoteísmo para nós é luz
Preparamos a alma para sua morada.
O mundo cessa e não se apagam,
Na vida, as páginas de nossa honra.
Na terra, construímos nossos santuários
E a Primeira Casa é a nossa Caaba.
É a primeira casa que protegemos
Com as nossas vidas, e ela nos protege.
A bandeira do Islã, através dos dias,
É o símbolo da grandeza do nosso credo.
Ó, terra da luz das duas Mesquitas Sagradas
A terra onde a nossa Lei nasceu.
Jardim do Islã e sua árvore frondosa,
Na terra, com nosso sangue regada,
Para o retorno das nossas primeiras caravanas
E o ressuscitar da glória da nossa Nação.
O Alcorão segue representando-a
Para renovar a época da nossa libertação
Ele é a nossa eterna Constituição,
Sobre ele fundamos a nossa Nação.
Amanhã, sua bandeira tremulará
Para restituir o nosso poder precedente.
Mohammad foi o Emir dos cavaleiros
Comandando a vitória do nosso triunfo.
O nome de Mohammad, o Orientador,
Espírito da esperança para o nosso renascimento.
À sombra das espadas fomos educados,
E a glória, para a nossa comunidade, construímos.
* Mohammad Iqbal foi um importante poeta, político e filósofo muçulmano, de origem paquistanesa. Foi um dos responsáveis pela fundação do Paquistão.
Interpretando o Alcorão
Assayyed Sharif Sayyed
Exegese do
Alcorão Sagrado
Parte 7
“Ó humanos, adorai ao vosso Senhor, Que vos criou, bem como
aos vossos antepassados, quiçá assim tornar-vos-íeis virtuosos.
Ele fez-vos da terra um leito, e do céu um teto, e envia do céu a
água, com a qual faz brotar os frutos para o vosso sustento. Não
atribuais rivais a Deus, conscientemente.” (2:22).
O
s versículos acima fazem
menção a três grupos de
pessoas: os tementes, os
incrédulos e os hipócritas. Os
tementes são os cumulados
pela Orientação Divina; os
incrédulos são aqueles cujos corações Deus
selou; os hipócritas são aqueles aos quais Deus
acrescentou a enfermidade, fazendo-os perder o
seu poder pessoal como resultado de seus atos.
Logo após referir-se aos três grupos, a Surata
segue convocando todas as pessoas e ordenando
toda a humanidade para que escolha a senda nobre
da retidão, da pureza e da sinceridade, obreira
e útil, orientada e bem sucedida, construindo a
imagem dos tementes. No Versículo Sagrado
há várias observações relevantes, entre as quais
destacamos as seguintes:
1. A expressão: “Ó humanos” é repetida
no Alcorão vinte
vezes. É um apelo
geral,
abrangente,
que convoca todas
as
pessoas
para
adorarem ao seu
Senhor, Que os criou,
bem como aos seus
antepassados.
Ela
indica que o Alcorão
não pertence a uma
raça, tribo, seita ou a um grupo em particular,
mas dirige o seu apelo a toda a humanidade, para
a adoração a Deus, o Uno e Único, e o combate a
todo tipo de politeísmo e de desvio, por meio do
monoteísmo puro.
prova do conhecimento de Deus e um sinal de
agradecimento pelas dádivas recebidas d’Ele.
3. A expressão: “bem como aos vossos
antepassados” talvez seja uma resposta para
os politeístas, que dedicaram suas adorações
aos ídolos, seguindo as práticas de seus pais.
O versículo sagrado mostra que a adoração
deve ser unicamente a Deus, o Único, Criador
da humanidade e Criador de seus pais. Todo
politeísmo que invade a marcha da humanidade,
no presente e no passado, é desvio da Senda Reta.
4. O resultado dessa adoração é: “quiçá
assim tornar-vos-íeis virtuosos”. A nossa
adoração nada acrescenta à Grandeza e
Magnificência de Deus. A nossa negação a O
adorarmos nada diminui a Sua Magnanimidade.
A nossa adoração constitui uma escola onde é
ensinado o temor e a piedade, estimulando o
sentimento pela responsabilidade e a dinâmica
pessoal do indivíduo. A
adoração a Deus serve de
medida para avaliação
do ser humano, é a
balança para pesar a sua
personalidade.
Tementes são os cumulados
pela Orientação
Divina; os incrédulos
são aqueles cujos
corações Deus selou
2. O Alcorão se concentra no seu apelo
para a adoração a Deus: “Adorai ao vosso
Senhor, Que vos criou”. É um apelo para todas
as pessoas adorarem ao Único Criador. Por
isso, deve ser Deus o Único a ser adorado, pela
dádiva da criação da humanidade. Aqueles que
declinam da adoração a Deus e de se submeter
a Ele descuidam da grandeza existente na Sua
criação e na criação dos seus antecessores.
Ignoram a Mão que preparou e determinou esse
universo, colocando nele as dádivas minuciosa
e precisamente reveladas no corpo e no espírito
humano. O lembrar-se dessas dádivas é uma
O versículo seguinte
trata de outro grupo
de dádivas divinas que
merecem agradecimento,
citado
primeiro
a
criação da terra: “Ele fez-vos da terra um
leito”. Esse globo terrestre, que caminha numa
velocidade enorme no espaço, foi submetido
ao ser humano, para que ele o ocupasse e nele
se fixasse. A grandiosidade da dádiva que é o
Planeta Terra é revelada de maneira mais clara
quando observamos a questão da gravidade,
que nos garante a estabilidade, que permite a
construção de edifícios, o cultivo da agricultura
e a realização de todas as necessidades da vida.
Se essas particularidades desaparecessem, num
só instante, tudo que há na terra em termos de
seres humanos, animais, vegetais e minerais seria
espalhado pelo espaço.
O emprego do termo “leito” – em árabe
“firash” – descreve, de forma fabulosa, as noções
de estabilidade e repouso. Mostra também o
entendimento de equilíbrio e adequação
da temperatura. Essa verdade é descrita pelo
Imam Ali Ibn Hussein (AS), que explica esse
versículo dizendo: “Deus a tornou (isto é, a terra)
conveniente para a sua natureza, adequada para
o seu corpo. Sua temperatura não é alta, para
queimá-los, nem baixa, para congelá-los. Não
tornou o seu odor muito forte para debilitá-los,
nem
desagradável
para
arruinálos. Não a tornou
inconsistente, como
água, para afogálos, nem muito dura
para impedi-los de
construir suas casas,
seus edifícios e suas
sepulturas... Por isso
ele tornou a terra um
leito para vocês.”
– em árabe “samá” – aparece no Alcorão com
vários significados. Todos eles indicam altura.
O vínculo da palavra “céu” com “teto” – em
árabe “biná” – inspira a existência de um teto
acima das pessoas sob a terra. O Alcorão, com a
palavra “teto”, indica a situação do céu, ao dizer:
“E fizemos o céu como abóbada bem protegida”
(21:32). Isso inspira coesão e força, que vedam
a sua queda, apesar de não
haver colunas fixas na
terra.
Todo politeísmo que
invade a marcha da
humanidade, no presente
e no passado, é desvio
da Senda Reta
Então, o versículo trata das dádivas celestiais,
dizendo: “e do céu um teto”. A palavra céu
Depois
disso,
o
versículo trata da dádiva
da chuva: “e envia do
céu a água” que vivifica
a terra e faz brotar os
frutos. Então, o versículo
cita a dádiva dos frutos,
que brotam com a bênção
da chuva para ser sustento para as pessoas:
“com a qual faz brotar os frutos para o
vosso sustento.” A produção dos frutos merece
o nosso agradecimento pela misericórdia do
Senhor do Universo para com os Seus servos e
o reconhecimento da Onipotência de Deus na
produção de frutos de variadas cores, de água
incolor como sustento para o homem e o animal.
Por isso, Deus acrescenta: “Não atribuais rivais
a Deus, conscientemente.” Tendo consciência
de que Deus os criou e aos seus antepassados.
Vocês sabem que ele tornou a terra um leito, o céu
um teto, faz descer a chuva do céu, que Ele não
possui parceiro algum. Atribuir-Lhe parceiros,
depois desse conhecimento, é ingratidão e,
portanto, um pecado.
Aqui vem o alerta sobre o risco grave da
adoração aos ídolos, muitas vezes, ao longo da
história humana, amados como deveria ser amado
Deus, obedecidos como deveria ser obedecido
Deus. No entanto, eles não nos criaram nem
criaram nossos pais; não criaram o que existe ao
nosso redor em termos de fenômenos universais
e dádivas inumeráveis. São servos como nós,
sem nenhuma diferença entre nós e eles no que
diz respeito à adoração ao Deus Único, sendo
que não há outra divindade além d’Ele, O que
não possui semelhante nenhum. Sim, pois até
mesmo as plantas e os animais louvem ao TodoPoderoso, louvado seja.
Devemos confirmar que o politeísmo não se
restringe a adotar ídolos de pedra ou madeira,
como os idólatras fazem, ou dizer que Deus é
apenas um de uma trindade, como dizem os
cristãos. O politeísmo tem um significado mais
amplo e figuras variadas, mais dissimuladas.
De forma geral, a crença na existência de coisas
que têm as mesmas influências de Deus na vida
é um tipo de politeísmo. Isso é explicado por
Ibn Abbás, quando diz: “Atribuir semelhantes
a Deus é politeísmo, mais dissimulado do que o
caminhar de uma formiga sobre superfície negra
numa noite escura. É alguém dizer a outro: ‘O
que Deus e você quiserem’.” Refere-se Ibn Abbás
a uma tradição, de acordo com a qual um homem
disse ao Mensageiro de Deus (S): “O que Deus
e tu quiserdes.” O Profeta (S) lhe respondeu:
“Estás me fazendo semelhante a Deus?”
Expressões como essas, que exalam o odor do
politeísmo, infelizmente, são correntes, também,
entre os muçulmanos e são inconvenientes para o
verdadeiro monoteísta. Eles dizem: “Confio em
Deus e em você”. Relata-se que o Imam Jaafar
Ibn Mohammad Assádiq (AS), na explicação do
versículo: “E sua maioria não crê em Deus,
sem atribuir-lhe parceiros”, explicou: “(Isso
significa) dizer da pessoa ‘se não fosse fulano eu
estaria perdido’, ‘se não fosse cicrano teria me
acontecido tal e tal coisa’ e ‘se não fosse beltrano
a minha família estaria perdida’”.
Juventude
Más compreensões
Parte 2
E
A Honra da Jovem
ntre as más compreensões conhecidas, que não possuem sustentação
no Alcorão, na Lei e nos valores islâmicos, está a preservação da castidade da menina sem se importar
com a castidade do menino. Ao contrário, esta
noção exclusivista é alheia aos conceitos islâmicos. Isso porque a castidade é uma só: a da menina é igual à do menino; a da jovem igual à do
jovem. Não há distinção entre os homens sobre
as mulheres. Qualquer um que violar a sua castidade, seja homem ou mulher, é culpado e será
julgado por isso. Porém, se a jovem violar a sua
castidade, ficar mal vista e se envolver em atividades ilícitas, estará em pé de igualdade na sua
imoralidade com o jovem que se envolve com a
promiscuidade e a corrupção, que vive nas casas
de diversão e de prostituição.
Por que, então, se concentrar apenas na castidade da menina? Esta é uma visão que guarda
resquícios da época do politeísmo e que continua
enraizada nas mentes de alguns muçulmanos.
Naquela época, os árabes bárbaros costumavam
enterrar as meninas vivas, com receio da desonra
da tribo, quando esta fosse derrotada numa batalha e suas mulheres fossem levadas prisioneiras e
desonradas. Este temor atávico continua vivo nas
mentes de alguns até hoje.
A sociedade tribal considera a desonra de
uma jovem como desonra para toda a tribo.
Por isso, do ponto de vista tribal pré-islâmico,
é necessário lavar a honra com a matança da
moça desonrada. Ou enterrá-la viva, da mesma
forma que faziam os politeístas, com a diferença que o pai, na época pré-islâmica, costumava enterrar a filha ainda criança, sem que esta
nada soubesse da vida. Na sociedade tribal, o
pai, por causa de sua honra, enterrava a filha
viva na flor de sua idade.
É necessário frisar que a única diferença
entre a moça e o rapaz, na questão da honra, é
quanto ao resultado aparente, ou seja, a gravidez. Fora disso, o moço que comete abominação e a moça que corresponde e permite a sua
conclusão estão no mesmo nível quanto a arcar
com as conseqüências de seu ato horrível. Vejamos a igualdade no castigo divino: “Quanto
à adúltera e ao adúltero, castigai-os com cem
chicotadas, cada um” (24:2).
O Alcorão não faz distinção quanto ao castigo entre homem e mulher adúlteros. Ele aplica
pena a ambos que cometeram o ato imoral e responsabiliza
a ambos. Não anula
ou diminui o castigo
de um deles por preferência. A honra do
homem ou do moço
aqui foi maculada,
ruindo e se cobrindo
de lama com o adultério, da mesma forma que ruiu a honra da moça.
sozinha carrega a desonra do que praticou. Seus
familiares não podem ser punidos por isso, a não
ser na proporção de sua colaboração em incentivá-la na prática do ato. Se recorrermos à norma
divina quanto ao adúltero e à adúltera, não encontraremos qualquer indício quanto ao castigo
de uma terceira parte entre os que têm relações
com eles ou seus familiares, quer sejam os pais,
parentes ou tribo. Novamente, dizemos: A idéia
da honra é uma idéia social, mais do que uma
idéia islâmica. Entre os exemplos correntes nas
sociedades orientais, encontra-se a afirmação de
alguns: “A honra da menina é como o palito de
fósforo”, querendo-se dizer com isso que se ela
permitir o uso de seu corpo de forma ilícita, deixará de ser uma pessoa honrada e casta.
A incompreensão de algumas sociedades
chega ao grau de que nem a moça ou a mulher
estuprada será perdoada,
mesmo que ela não tenha
cometido o ato de livre
espontânea vontade. Com
isso, ela sofre de má fama,
de desonra, arcando com
o trauma psicológico e
ficando estigmatizada no
seu relacionamento social. O Alcorão Sagrado
apresenta a preocupação
de Maria (AS) e o seu temor quanto à acusação de seu povo, quando ela
se engravidou de Jesus (AS), mesmo sendo pura,
casta e virgem. Sua fala, registrada no Livro Sagrado, mostra a dimensão de suas preocupações:
“Disse: Oxalá eu tivesse morrido antes disto, ficando completamente esquecida!” (19:23).
A jovem que viola sua
castidade está em pé
de igualdade com o
jovem corrupto
A sociedade machista, porém, que prefere o
homem à mulher, assume uma posição mais grave do que a posição da lei. Ela aplica as chicotadas apenas à mulher e à jovem que comete o
adultério, colocando a culpa e a responsabilidade
sobre a moça e a mulher, isentando o homem.
Quanto à alegação de que a honra da mulher faz
parte da honra da família e da tribo e quando ela
sofre alguma desonra é como se toda a família
ou tribo a sofresse, é uma idéia não islâmica e
que não é reconhecida pelo Alcorão, de nenhuma forma. Deus, o Altíssimo, diz no Alcorão:
“Nenhum pecador arcará com a culpa alheia”
(17:15), ou seja, não é aceito que o inocente pague pelo pecador. Qual é a culpa do pai ou da
mãe se a menina não conserva a sua castidade
e feminilidade, praticando a promiscuidade? Ela
A honra da menina é delicada. A do menino
também é, e será como o palito de fósforo, que
uma vez riscado, pode provocar um incêndio de
grandes proporções. Porém, a freqüência a locais
escusos e a convivência com prostitutas deve ser
considerada pela sociedade do ponto de vista da
honra dele também, não do ponto de vista de machismo. Isso é o que muitas sociedades machistas
esquecem, contemporizando em relação ao comportamento ilícito do homem, mesmo que isso
implique em mancha da sua honra.
Boa Guia
Sayed Abdullah Al Ghuraifi
Imam Hussein (AS), um
C
om o início do mês sagrado de
Muharram¹ nos lembramos do
episódio do martírio do Imam
Hussein (AS), um episódio doloroso, que não terminou nem
terminará enquanto houver luta
entre o verdadeiro e o falso, entre o bem e o mal,
entre a justiça e a injustiça.
Hussein (AS) é uma lágrima que não seca,
um lamento que não cala. Hussein (AS) é a lágrima do lamento e do suspiro. Hussein (AS) é o
sorriso da esperança que aparece na orla da vida.
Hussein (AS) é o reluzir da alvorada que derrama
1 - O primeiro mês do calendário lunar islâmico, composto por 12 meses de 30 dias (NE).
luz sobre o mundo. Hussein (AS) é a voz da verdade que toca toda consciência. Hussein (AS) é o
título da justiça dirigido a toda geração. Hussein
(AS) é o hino da vitória na boca do tempo. Hussein (AS) é a extensão das mensagens. Hussein
(AS) é o herdeiro dos profetas. E o sangue de
Hussein (AS) é a chama da Revolução que faz
tremer os tronos dos tiranos. O sangue de Hussein (AS) é a melodia do Martírio na boca dos
revolucionários. O sangue de Hussein (AS) é o documento de responsabilidade de todo criminoso na terra, de todos os corruptos, de todos os que comercializam as questões do Islã e da comunidade. Karbalá²
Suspiro que Nunca Cessa
é a alvorada da eternidade, Karbalá é a escola do
Jihad, Achurá³ é um dia no mundo da tristeza eterna.
Achurá, o dia das lágrimas e das lições, Achurá é o
dia lamentos e tristezas, Achurá é o dia importante
para os familiares do Rassulullah.
No dia dez de Muharram, no ano 61 da hégira,
lá na terra de Karbalá, estava o neto do Mensageiro
de deus, Hussein Ibn Ali (AS). Postaram-se perante
ele as fileiras do extravio, carregando todo tipo de
vileza e de baixesa, determinadas a matá-lo. O neto
do Mensageiro de Deus, Hussein (AS), ficou olhando aquela aglomeração extraviada. Os seus lábios esboçaram um sorriso, o sorriso de desafio e da altivez.
Seus olhos verteram uma lágrima de misericórdia por
aquele grupo de pessoas que traçou com a própria
mão o seu destino para o Inferno.
- Por Deus, vocês sabem quem sou?
- Sim, você é o neto do Mensageiro de Deus.
- Por Deus, vocês sabem que a minha mãe é
Fátima, filha de Mohammad? Por Deus, vocês sabem que meu pai é Áli Ibn Abi Tálib?
- Por Deus, sabemos.
- Por Deus, vocês sabem que esta que eu
carrego é a espada do Mensageiro de Deus?
- Por Deus, sabemos.
- Por Deus, vocês sabem que este que estou
usando é o turbante do Mensageiro de Deus?
- Por Deus, sabemos.
- Por que, então querem derramar o meu
sangue?
almas sobre os ombros, usaram os corações como armaduras para a luta. Seus corações estavam ansiosos
por encontrar o Paraíso. Caíram mártires pela causa
de Deus e o tempo os recolheu como chamas da
orientação. Assim se abraçaram à terra de Karbalá.
Hussein permaneceu sozinho, com os lábios pronunciando palavras tristes: “Haverá algum salvador?” Só
houve a resposta do lamento das mulheres, o choro
das jovens, os gritos das crianças com sede por uma
gota de água, o lamento do doente que definha de dor.
Os estertores das almas das pessoas dando o seu último
suspiro, o relinchar dos cavalos, o lampejar das espadas
e o filho da Zahrá4 (AS) sozinho, submetido à determinação de Deus, dizendo: “Quem traz o meu cavalo?”
A jovem Zainab (AS) levou o cavalo da morte para o
irmão Hussein (AS) . Ele caminhou para a morte. Depois de uma luta renhida, caiu sobre a terra de Karbalá.
O seu sangue representa a mais extraordinária epopéia
na história do heroísmo e do sacrifício.
- Sabemos de tudo isso, mas não o deixaremos antes que morra de sede!
Hussein (AS) permaneceu firme, com altivez
e determinação, e com ele um pequeno grupo de
crentes, auxliares na crença. Eles empunharam suas
2 - Região do atual Iraque, onde o Imam Hussein ibn Ali (a.s.), seus familiares e companheiros, em número de aproximadamente 70 pessoas, foram martirizados pelo exército
de Yazid ibn Moawyah ibn Abu Sufian, no ao de 61 A.H. (680 A.D.) (NE).
3 - Achurá é o décimo dia da Revolução de Hussein ibn Ali, correspondente a 10 de Muharram, quando ele foi martirizado (NE).
4 - Fátima Azzahrá (AS), filha do Profeta (s.a.a.a.s.) e mãe do Imam Hussein (AS) (NE).
Nós e a Vida
*Organização Al Balagh
Sinais de grandeza
e organização
R
epentinamente, a criança é
transportada do mundo do útero
para o mundo externo, da luz, do
pensamento, da determinação,
da confiança. Quantas coisas os
cientistas descobriram para nós
neste mundo, revelando os segredos da natureza
e dos seres vivos, quer vegetais, quer animais!
Eles abriram para nós as portas do conhecimento
do mundo humano e
o que ele possui em
termos de organizações
extraordinárias
e
complexas, de variados
organismos e atividades
físicas, o poder de
compreensão, da fala
e
do
pensamento.
A compreensão dos
conhecimentos que os
cientistas nos legaram nos faz sentir admiração
por nós mesmos, revelando a magnificência
da criação e dando-nos a certeza de que há um
Organizador para esse mundo. Um dos cientistas
de maior renome em todos os tempos, de nome
A. Kraysi Morrison, escreveu um livro chamado
“A Ciência Convoca Para a Fé”. Nesse livro o
autor fala da organização extraordinária e divina
desse mundo. Ele afirma que cada coisa indica a
onipotência do Criador. Diz ele:
“O globo terrestre
gira ao redor de seu eixo
uma vez cada 24 horas,
ou seja, na proporção
de mil milhas por hora.
Vamos supor que ele
girasse na proporção
de apenas cem milhas
por hora. Por que não?
Nessa situação, o nosso
dia e a nossa noite tornarseiam dez vezes mais longos. Dessa feita, o calor
O conhecimento dos
cientistas nos faz
admirar a nós mesmos
e à Criação
do sol do verão queimaria nossa vegetação e, à
noite, todos os vegetais da terra congelariam”.
Segue o eminente cientista afirmando: “O
sol, a fonte de toda vida, atinge a temperatura
de 1200 graus fahrenheit. O nosso globo
terrestre dista dele o suficiente para que essa alta
temperatura forneça à terra o calor suficiente,
não mais nem menos. Essa distância mantém-se
constante de forma admirável. A sua
variação, durante milhões de anos,
é irrisória, de forma que permitiu a
conservação da vida como sabemos.
Se a temperatura sobre a face da terra
subisse na proporção de cinqüenta
graus num só ano, toda a vegetação
e o homem, também, morreriam
queimados ou congelados”.
Cada um de nós pensa em si quando lê essas
verdades científicas e pergunta como aconteceu
essa precisão e organização e quem fez tudo
isso? O Alcorão Sagrado nos responde, dizendo:
“Tal é a obra de Allah, Que tem aperfeiçoado
todas as coisas” (27:88). “Que criou sete céus
sobrepostos; tu não acharás imperfeição alguma
na criação do Clemente!” (67:3). “E o sol, que
segue o seu curso até um local determinado. Tal
é o decreto do Onisciente, Poderosíssimo. E a
lua, cujo curso assinalamos em fases, até que
se apresente como um ramo seco de tamareira.
Não é dado ao sol alcançar a lua – cada qual
gira em sua órbita – nem à noite, ultrapassar o
dia.” (36:38-40).
E se esse universo natural da terra e do
espaço é fantástico, dirigimo-nos para os mares
e os oceanos e percebemos como esse mundo
também é belo e admirável pela diversidade de
Morrison nos lembra que “O
globo terrestre gira ao redor do
sol na velocidade de 18 milhas por
segundo. Se a velocidade fosse
seis milhas ou quarenta milhas por
segundo, a nossa distância do sol ou
a nossa aproximação dele eliminaria
a nossa vida.”
O grande cientista prossegue,
dizendo: “A lua dista de nós
240.000 milhas. Se ele distasse
50.000 milhas, por exemplo, em vez
da grande distância que realmente dista, a maré
atingiria uma força tal que todas as terras abaixo
do nível da água seriam cobertas duas vezes por
dia com água, com tal força, que derrubaria as
próprias montanhas. O próprio globo terrestre
seria destruído com a agitação...”
animais, peixes, pérolas e corais... As pesquisas e
os estudos dos cientistas e especialistas os levaram
a descobrir verdades assombrosas a respeito da
natureza... verdades que causam admiração e levam
à reflexão sobre o poder dos segredos – muitos deles
extraordinários – existentes nas criaturas aquáticas.
O cientista A. Kraysi relata uma história
interessante sobre o salmão e as cobras d’água. Em
resumo é o seguinte: Os cientistas descobriram
em seus estudos sobre a vida desses peixes um
estranho e assombroso
fenômeno. Eles nascem
no rio, então vivem
alguns anos no mar
e após voltam para o
rio em que nasceram.
Se forem transferidos
daquele rio para outro,
ligado ao primeiro, eles
nadam contra a maré
até retornar para o rio em que nasceram. Eles
conhecem o local de seu nascimento e ficam
vinculados a ele, procurando-o até retornar a ele
para nele viver.
das águas dos lagos e rios em que nasceram
depois de seu pleno crescimento. Elas percorrem
milhares de quilômetros no oceano para alcançar
os abissais, ao sul do Arquipélago das Bermudas,
no Atlântico, e ali
permanecem até morrer.
Quando a fêmea solta
os ovos e deles saem
os filhotes, após um
determinado período de
amadurecimento, eles
começam a migração
contrária, percorrendo
a mesma distância para
alcançar os locais em que suas mães nasceram,
espalhando-se pelos lagos e rios de lá. Dessa
forma, esse animal vive geração após geração.
Realmente, é uma história assombrosa, que
traça perante nós esse enigma desconcertante, a
respeito do qual o Alcorão diz: “Respondeu-lhe:
Nosso Senhor foi Quem deu a cada
coisa sua natureza; logo a seguir,
encaminhou-a
com
retidão!”
(20:50). Ele é Quem as orientou
intimamente e lhes inspirou um
conhecimento inato.
A ciência é um meio de
nos colocar a par da
infinita sabedoria e
generosidade de Deus
Há outro enigma assombroso, a respeito da
vida das cobras aquáticas. Essas cobras migram
Essas verdades nos explicam o
significado das palavras de Deus:
“Os sábios, dentre os servos de Deus,
só a Ele temem, porque sabem que
Deus é Poderoso, Indulgentíssimo.”
(35:28). Realmente, um dos meios de
reconhecimento do Poder de Deus
Altíssimo é a ciência, que o Alcorão
nos incentiva a adquirir, convocandonos a pensar e a utilizar a mente
e as provas para conhecer a Deus
Altíssimo, Suas criaturas e entender
o Seu Livro Sagrado: “Não meditam,
acaso, no Alcorão, ou é que seus
corações são insensíveis?” (47:24).
O véu que nos separa de Deus
e a compreensão de Seu Livro é
a ignorância. Quando adquirimos
conhecimento, abrem-se à nossa frente
horizontes do conhecimento de Deus e
nasce em nós a luz de Seu Livro.
Cotidiano
CRTC
I I AR
A Arte de
A
Necessidade do
Espelho
Se não houvesse espelho no qual
olhássemos os nossos rostos, estaríamos
aptos a conhecer os aspectos da beleza
ou do defeito neles? Conseguiríamos
arrumar e organizar os nossos cabelos?
Esse é aceito ou não aceito. Esse é velho
e esse é novo”. O testemunho do espelho
é aceito porque é veraz e não demonstra
inimizade por alguém se mostra os seus
defeitos, nem amizade, se mostrar as suas
qualidades.
Esse é o papel do espelho correto,
sem defeitos.
Como conseguiríamos nos embelezar?
Alguém pode responder: “Se não
houvesse espelho, talvez pudéssemos
utilizar a superfície da água parada como
espelho, no qual
pudéssemos
ver
os nossos rostos.
Se não fosse a
superfície da água,
poderíamos utilizar
as
superfícies
minerais brilhantes.
Se não fosse isso
nem
aquilo,
os
olhos dos outros são espelhos. Ao ver algo
agradável em nós, aparece o sorriso em
seus rostos, como indício de que somos
agradáveis, no seu ponto de vista”.
Porém, se estiver enferrujado ou com
alguma imperfeição, ele não mostrará o
rosto como realmente é, porque a ferrugem
veda a beleza da face e talvez aumente a
sua feiúra. Ha espelhos, como é sabido,
de todos os tipos e formas. Se o espelho
for côncavo ou convexo, redutor ou
aumentador, ele não apresenta a imagem
correta de quem está na sua frente, mas
deformada, como
se tivesse sofrido
algum
acidente
penoso.
O testemunho do espelho
é aceito porque é
veraz e não demonstra
inimizade por alguém
se mostra os seus defeitos
De todas as formas, a necessidade do
espelho é coletiva e não é limitada apenas
às moças e mulheres. Se elas os utilizam
mais é porque têm mais desejos de serem
mais bonitas aos olhos do outro sexo.
O Que o Espelho Faz?
Além de nos permitir vermos os nossos
aspectos como eles são, sem nenhuma
cortesia ou dissimulação, o espelho possui
uma “língua falante”, que diz: “Esse é
bonito ou feio. Esse está limpo ou sujo.
Concluindo,
de acordo com o
espelho aparece a
imagem. Por isso,
a Nobre Tradição
Profética diz que
“o crente é o espelho do irmão crente”.
Com isso, o Nobre Mensageiro (s.a.a.a.s.)
refere-se ao espelho correto, não ao
defeituoso, o que aumenta ou o que reduz
a imagem. Ou seja, o crente é responsável
por transmitir a imagem como ela é
realmente, sem deformação, acréscimo ou
diminuição. Se vir o que gosta no irmão,
declara isso, sem cortesia ou lisonja.
Ao ver o que o aborrece, não se cala,
guardando aquilo para si.
O espelho, além disso, guarda
segredo se vir algum defeito na pessoa.
Ele não o transmite a quem o utiliza na
sequência, dizendo-lhe que viu no rosto
do outro esse ou aquele defeito. Por isso,
gostamos do espelho, pois ele não aprecia
intrigas.
O mais importante é que o espelho
não tem memória. Ele não registra na
mente a imagem anterior, mas apresenta
sempre a imagem atual. Se antes viu na
pessoa algum defeito e chamou a sua
atenção para aquilo, não o faz lembrar
pela segunda ou terceira vez, para
constrangê-lo. Se olhá-lo novamente após
arrumar o seu defeito, a pessoa terá uma
imagem atual, esquecendo-se da anterior.
Esse é outro aspecto que nos faz gostar do
espelho.
O crente, portanto, é como o espelho.
Não se envergonha perante os outros, não
divulga o que vê de seus defeitos, mas
guarda segredo. Ele é sincero consigo,
mas guarda os outros, como se fosse um
segredo que não
pode ser divulgado,
a não ser para quem
já o conhece.
Nesse ponto, a pessoa deve lamentar
apenas a si mesma.
A nossa discussão sobre o espelho diz
respeito, na verdade, à crítica, conselho e
orientação.
A Autocrítica:
O que se deseja com a autocrítica,
como o próprio termo indica, é criticar a si
mesmo. Quando a pessoa se olha muito no
espelho, está examinando defeitos e faltas
para arrumar o que pode ser arrumado antes
de se apresentar aos demais, evitando que
os defeitos fiquem à mostra, sujeitando-se
às críticas alheias.
Isso significa que o indivíduo é o
primeiro crítico de si mesmo. Quanto mais
preciso e sincero for consigo próprio,
menor se torna o
círculo da crítica
externa. As pessoas
irão criticá-lo se ele
negligenciar a si
mesmo. Mas se ele
for bem educado e
se preocupar em se
esmerar, isso será
objetivo de elogio,
não de crítica.
O mais importante é que o
espelho não tem memória.
Ele não registra na
mente a imagem anterior, mas
apresenta sempre a imagem atual.
Ficou por dizer
que o espelho não
descobre
apenas
as
qualidades
ou os vícios da
imagem do rosto,
do embelezamento, do cabelo, das vestes,
mas mostra a beleza e a feiúra dos nossos
movimentos. Se a pessoa se colocar
adornada na frente do espelho, este não se
coloca contra ela, mas mostra a sua beleza
e solenidade como é. Se a pessoa se colocar
altiva e começar a fazer movimentos
acrobáticos, o espelho não ficará neutro,
mas lhe dirá que a pessoa estará sujeita à
gozação.
O mesmo faz o outro espelho: o
irmão que é sincero consigo quanto à sua
religião. Se o indivíduo quiser desmentir o
espelho e aparecer diante das pessoas sem
estar arrumado, estará sujeito à crítica.
Portanto, a primeira base da crítica
Quem nada comete de errado às ocultas
e se envergonha de fazê-lo às claras,
vive tranqüilo e feliz. A Nobre Tradição
Profética diz: “Vosso primeiro campo sois
vós mesmos. Se conseguirdes dominarvos, conseguirão dominar aos outros. Caso
contrário, não conseguirão dominar aos
outros. Portanto, experimentai educar-se
primeiro.”
é: “Critique a si mesmo.” A autocrítica,
na realidade, é um dos aspectos da autoconquista, considerada o empenho maior.
Por isso, lemos na Nobre Tradição: “Julgai
a vós mesmos antes de ser julgados, avaliai
a si mesmos antes
de ser avaliados,
pois o Crítico é
Vidente”. Ou seja,
de Deus, glorificado
e altíssimo seja,
nada se oculta.
Ele conhece todos
os
segredos:
“Criamos
o
homem e sabemos
o que a sua alma lhe confidencia, porque
estamos mais perto dele do que a (sua)
artéria jugular.” (Alcorão Sagrado,
50:16). Portanto, Deus é Crítico Vidente,
conhece o oculto e o mais secreto. Se o
indivíduo aparecer para as pessoas com
aspecto diferente da realidade, querendo
enganá-las, eles acreditam. Mas, no mesmo
instante em que engana as pessoas, ele fica
totalmente exposto perante o Senhor do
Universo. Isso é o que faz o crente piedoso
e benévolo: observar a “Câmera Oculta”
sempre, porque ele diz, na sua autocrítica:
“se não consigo ver a Deus, exaltado seja,
Ele me vê.” Por isso, envergonha-se tanto
na sua solidão como no meio das pessoas.
Se você quer conhecer o alcance
da sua capacidade de ser bem sucedido,
realizando as maiores vitórias, você tem a
si mesmo à sua disposição. Você consegue
se restringir? Você consegue prestar contas
a si mesmo como faz uma pessoa estranha?
Você consegue ser sincero consigo mesmo
nas entrevistas de exame pessoal, sem
ocultar nada? Caso afirmativo, você será
o ganhador nesse
concurso.
Quanto mais preciso
e sincero o indivíduo
for consigo, menor
se torna o círculo
da crítica externa.
Situações da
Autocrítica:
1- P r e s t a r
contas quanto às
idéias e intenções:
As
mais
importantes e mais
elevadas críticas são desse tipo. A pessoa
critica a si mesma nas primeiras etapas
da ação, ou seja, no seu nascedouro,
formulando perguntas como: “Por que
desejo fazer isso? O que me induz a fazer
isso e deixar de fazer aquilo? Será que
procuro fama e elogio das pessoas ou desejo
satisfazer a Deus? Será que presto serviço
aos meus amigos para satisfazer a Deus,
Que me ordenou a auxiliar os outros na
prática do bem e na piedade, ou o faço para
que digam que sou prestativo?” Com esse
tipo de crítica, consegue-se colocar todas
as ações, sem exceção, sob o microscópio,
para ver se elas nos aproximam de Deus ou
nos fazem lucrar com o mundo e agradar
às pessoas.
Prestar contas quanto às idéias e
intenções é uma operação pessoal imensa.
Ela não está relacionada à crítica das
ações em seu berço apenas, mas a outra
etapa, como se o indivíduo se perguntasse
a respeito de um ato que intenciona
fazer com o objetivo de se aproximar de
Deus. A pessoa percorre algumas de suas
etapas e numa estação do caminho se
pergunta: “Será que continuo com a minha
promessa? Será que a minha intenção
continua como no início ou mudou? Será
que pensei em mudar para outra direção?”
Esse é o aspecto das intenções. Quanto
à questão das idéias, sabemos que Deus
não nos pedirá contas por elas, como
um dos aspectos de Sua generosidade e
misericórdia, por não as termos colocado
em prática. Porém, quando criticamos as
idéias demoníacas e tentadoras de Satanás,
que nos são sussurradas para a prática de
um ato vil, sujo, ruim, fora, portanto, dos
limites da Lei Islâmica, conscientes de
que isso constitui corrupção do que há em
nosso interior, estaremos criticando a nós
mesmos, coibindo-nos de prosseguir com
essas idéias até o fim.
2 – O Atendimento às Paixões e aos
Ímpetos:
Se a pessoa não conseguir perceber os
pontos fracos em sua personalidade, a não
ser tarde, isso significa que o descuido é
temporário. Conforme diz o ditado: “Antes
tarde do que nunca”. Se ela perceber que
vai se envolver com as paixões e afundar
nos ímpetos mas, com coragem, parar para
se autocriticar com veemência, irá descobrir
que o que pretendia fazer é vergonhoso,
o que denotaria uma vontade fraca.
Certamente, o prazer mundano é efêmero.
Por isso, o crente não pode fazer algo que
o humilhe. Assim, estará exercendo uma
real autocrítica: “E juro, pela alma que
reprova a si mesma.” (Alcorão Sagrado,
75:2).
3 – A Ilusão e a Soberba:
Pode ser que o indivíduo, numa
primeira etapa, não perceba que está numa
situação de ilusão e não se apresse em
tratá-la e eliminá-la. Ele se ilude e se faz
de importante. Se alguém lhe disser que
ele está iludido, ele não se importa porque
você não enxerga isso. Talvez considere a
atitude do amigo como inveja, ou crítica
de alguém tendencioso, ou de quem tem
má intenção. Mas, se a crítica se repetir e
vier de mais de uma pessoa, o indivíduo
deve se autoanalisar e indagar numa crítica
objetiva: “Será que todos estão enganados?
Devo acreditar em mim e não neles? Como
a opinião deles coincide se eles estão
desunidos?” A pessoa deve, então, observar
o seu comportamento diário e analisar a sua
situação com cuidado para ver se está de
fato iludida e com soberba, sem sentir. Essa
análise pessoal e a formulação de perguntas
fazem parte de um tipo de crítica superior,
porque tiram a pessoa da situação de dúvida
em que se encontra: “Quando lhe é dito que
tema a Deus, apossa-se dele a soberba,
induzindo-o ao pecado” (2:206) para:
“Quanto aos tementes, quando alguma
tentação satânica os acossa, recordam-se
de Deus; ei-los iluminados.” (7:201).
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nº 0
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nº 1
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nº 2
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Revista Islâmica Evidências - Ano 1 - número 4
Revista Islâmica Evidências - Ano 1 - número 3
Revista Islâmica Evidências - Ano 1 - número 2
Revista Islâmica Evidências - Ano 1 - número 1
Revista Islâmica Evidências - Ano 1 - número 0
Uma nova
visão
do Islamismo
Edições avulsas
nº 3
4
nº 4
Jesus Cristo segundo o Alcorão
Sagrado
Jesus Cristo segundo o Alcorão Sagrado
Sagrado
sC
Jesu
Alcorão
segundo o
Jesus Cristo
Sagra
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o Alc
ndo
segu
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Jesus Cristo segundo o
Alcorão Sagrado
Formato: 16x23, 84 páginas
Primeira Edição: 2007 E.C. 1428 H.
do
Livros
O livro aborda os mais importantes assuntos pertinentes à vida de Jesus (a.s.). esclarecendo a posição de
Jesus no Alcorão Sagrado, mostrando a
opinião dos muçulmanos a seu respeito,
descrevendo a forma do nascimento de
Maria, João e Jesus (a.s.). Discute, por intermédio do Alcorão e os Quatro Evangelhos, a questão da filiação de Jesus, da
Trindade, da Crucificação, o anúncio da vinda do Profeta Mohammad.
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Você conhece a História e a Cultura Islâmica?
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Revista Islâmica Evidências - Ano 1 - número 5
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tão importantes para compreender o mundo em que vivemos.
Afinal, a Religião Islâmica é considerada a que mais cresce
no mundo, contando com 1,5 bilhão de seguidores em todo o
planeta.
5
nº 5
Assine já a Revista Islâmica Evidências
Jurisprudência
No Âmbito das
As mais importantes
S
e desejarmos apresentar as
proibições no Islã e fizermos
um estudo preciso, iremos
encontrar que as causas de
suas regulamentações é a
preservação da humanidade
em relação a condutas más e destruidoras,
protegendo a sua existência dos perigos e
danos.
Por isso, encontramos que as proibições
no Islã abrangem a proteção do pensamento,
da pessoa e do corpo, bem como das relações
humanas e da vida da sociedade em relação
aos perigos da destruição, do desvio e da
queda.
No âmbito do pensamento, por exemplo,
o Islã proibiu a incredulidade, suspeitar de
Leis Islâmicas
Parte 7
proibições no Islã
Deus, descrevê-Lo com o que não Lhe é devido,
imputando-Lhe a injustiça, comparando-O
com as Suas criaturas, dar-Lhe forma, etc.,
glorificado e exaltado seja disso tudo.
O Islã proibiu, também, as superstições, a
paralisação da mente, a imitação cega e tudo
que inutiliza a potência da mente ou freia as
atividades científicas e os atos produtivos.
Assim, procura a
preservação de um
entendimento
são,
uma explicação real da
existência e da vida,
para se conseguir um
entendimento puro do
Monoteísmo e para
o
relacionamento
humano perfeito com
Deus, porque essa
relação é a fonte da conduta e das posições
humanas, o seu motor incansável.
resíduos doentios, dos desvios emocionais
perigosos sobre o ser humano e suas ações.
O Islã proibiu, também, todos os motivos
e atividades que desviam o pensamento ou
poluem o espírito humano. Proibiu, também,
todas as atividades, práticas e atos maléficos
para a saúde, destruindo a força do organismo.
Ele proibiu o consumo dos inebriantes, a
prática do adultério, o
consumo da carne de
cachorro e de porco
e de muitos animais
cujo carne é maléfica
para o ser humano.
Proibiu a carne do
animal estrangulado,
os mortos por queda
ou
espancamento,
os
que
foram
encontrados mortos, o consumo de sangue,
etc., para, dessa forma, proteger a saúde do ser
humano das enfermidades e da fraqueza.
O Islã proíbe tudo
o que polui o íntimo
do ser humano e mata
sua consciência e moral
No âmbito psicológico, o Islã proibiu tudo
o que poderia poluir o íntimo do ser humano,
matar a consciência e a moral que transformam
a sua vida em desgraça e infelicidade; tudo
que transforma a conduta humana em conduta
animalesca, desprovida de particularidades
humanas sublimes. Ele proibiu o ódio, a cólera,
o desespero e a desconfiança. Assim, elevou o
espírito humano a um nível excelente de pureza
e perfeição, protegendo-a e purificando-a dos
Da mesma forma que, com estas interdições,
o Islã se preocupou em proteger a vida do
indivíduo e sua natureza pessoal, ele também se
voltou para a proteção da sociedade quanto aos
crimes e práticas maléficas no âmbito social,
político, econômico, jurídico, educacional, etc.
Ele proibiu a injustiça, a usura, o monopólio,
a fraude, o roubo, a mentira, a calúnia, o falso
testemunho, o insulto, o suborno, o assassinato,
o jogo de azar, o ensinamento e a
divulgação de conhecimentos e entendimentos
destruidores, tais como idéias, fotos, filmes e
preceitos que causam a debilidade e a ruína
moral e cultural.
Assim, o Islã garante a preservação da
sociedade e do indivíduo com a descrição e o
esclarecimento das proibições.
Os sábios detalharam uma série de
proibições graves nos livros de Jurisprudência
e dos denominaram
“pecados capitais”. São
os que mais ameaçam a
existência do indivíduo
e
da
sociedade,
poluindo o espírito e o
âmbito da vida.
ilícito – como a venda de inebriantes, a paga
pela fornicação, pela dança ou pelo suborno, o
excesso, malversar o peso e a medida, a ajuda aos
tiranos, combater os crentes e os divulgadores
muçulmanos, a arrogância, o desperdício, a
calúnia, a detratação, a fraude e a hipocrisia. Faz
parte das proibições também a indiferença do ser
humano quanto aos seus pecados e desvios, não
se importando com o que está fazendo.
Se observarmos essas proibições, veremos que
elas são a sujeira e o perigo maior que ameaçam
a vida do indivíduo
e da sociedade. A
humanidade
não
consegue se proteger
e preservar a sua
existência, a não ser
afastando-se dessas
proibições e negandose a praticá-las. Quem
observar essa lista de
proibições e procurar
descobrir a sabedoria islâmica oculta por trás
delas alcança a grandeza da Lei Islâmica, o seu
poder de construir um indivíduo e uma sociedade
forte e preparada por intermédio da proteção, da
prevenção legal e moral.
Os estudos científicos
comprovam a validade
das proibições
estabelecidas pelo Islã
Quando
estendemos
um
olhar
prescrutador
sobre
elas, ou as examinamos
analiticamente à luz da experiência social
e das pesquisas científicas, verificamos a
extensão de seu perigo e maldade sobre a vida
do indivíduo e da estabilidade social. Assim,
concluímos a extensão da sabedoria do Islã e
a sua preocupação em proteger e preservar os
interesses humanos.
É muito útil, também, apresentar as mais
importantes proibições definidas pelo Islã,
ameaçando com castigos a quem se aproximar
delas, pois sua prática coloca a vida individual
e social em risco.
Essas proibições são: O politeísmo, o
desespero quanto à misericórdia de Deus, o
desonrar os pais, o assassinato, a falsa acusação
de traição à mulher casada, o consumo, de forma
injusta, dos bens dos órfãos, a prática da usura,
a fornicação e o adultério, o homossexualismo,
a magia, o falso juramento, o falso testemunho,
o negar-se a testemunhar para o bem da verdade,
o consumo dos inebriantes, trair a pacto, cortar
os laços consangüíneos, mentir para Deus, para
o Seu Mensageiro, para os Imames e para as
pessoas em geral, roubar, o consumo da carne de
animal encontrado morto, o consumo de sangue,
o consumo da carne suína, o consumo do dinheiro
Os estudos e as pesquisas científicas,
nas últimas décadas, conseguiram revelar
os perigos físicos, psicológicos e sociais
que estes atos, proibidos pelo Islã, causam.
As instituições de pesquisas e estudos nos
apresentam cifras assombrosas a respeito
dos crimes e das enfermidades, das situações
e dos fenômenos prejudiciais às sociedades
humanas, que extinguiram de suas contas o
significado do lícito e do ilícito. Isso confirma
a necessidade de se atuar para salvação da
humanidade, arrebatando-a da queda no
abismo da prática das proibições que ameaçam
a natureza e a sanidade humana, depois do
abandono dos valores da fé e do rendimento ao
comportamento irracional. A salvação só será
conseguida com o regresso para o método e a
lei tolerante de Deus, o Altíssimo, apegando-se
o ser humano às leis que Ele estipulou como
misericórdia, generosidade e cura para o que há
nos corações.
Religiões
As Crenças Cristãs
A
s crenças e as adorações cristãs
giram em torno de vários
temas, à frente dos quais vem
a idéia de Deus e os valores
daí decorrentes. Crêem os
cristãos na interpretação da
essência do Cristianismo com base nesta idéia de
um Criador, o que deveria influenciar as condutas
e os costumes dos seus seguidores.
Reino do Céu ou Reino de Deus?
Essa idéia representa
uma sustentação básica
e uma idéia central
nos Evangelhos. A
convocação para esse
“Reino”, ou a advertência
quanto ao fim do mundo,
implica na percepção da
destruição desse mundo
existente. Esse “Reino”
é apresentado como o bem supremo, o objetivo
principal e a felicidade superior.
Quanto ao Reino de Deus, é um mistério
representado por exemplos: Ele é “aqui” e “nãoaqui”, é celestial, destinado a todas as pessoas,
mas será transferido dos judeus para os outros,
os “gentios”: “Mas eu vos digo que muitos
virão do Oriente e do Ocidente, e se assentarão
à mesa com Abraão e Isaque e Jacó, no Reino
dos Céus; e os filhos do reino serão lançados
nas trevas exteriores; ali haverá pranto e ranger
de dentes.” (Mateus 8:11-12). Esse reino que os
Evangelhos apresentam,
em conjunto com a
idéia do fim do mundo,
é mais parecido com a
idéia aqui apresentada.
O Cristianismo apresenta
o “Reino do Céu” como o
bem supremo, o objetivo
principal e a felicidade
superior
A Ciência Moral
A
moral,
nos
Evangelhos, não é
ciência, mas constitui um mero conjunto
de conselhos e ensinamentos, apelações
sublimes de convocação e orientação. Por
isso, à partir desse princípio fundamental,
a moral não age para
semear o homem na
realidade e na história,
ou neste mundo e as
instituições e relações,
porque esse mundo
não tem nenhum valor.
Ele está repleto de
maldades, de dores
e de pecados. A
preocupação maior não
deve ser com o amanhã ou com a realidade,
mas com o “Reino do Céu”, que constitui,
sozinho, o valor absoluto. A obediência a
Deus, então, é o mais importante, é o eixo
singular, e a Sua vontade é o princípio moral,
ou o motor e a base da sociedade.
A obediência a Ele é a submissão do coração
à vontade divina, com seus mandamentos e
recomendações. O significado da vontade de
Deus é que se viva de acordo com que o Seu
Reino exige e que se
purifique a alma para
que seja apropriada para
aquele Reino. Uma vez
que a obediência a Deus
é a submissão a Ele e o
ingresso no Seu Reino,
disso brota o significado
concedido à autoridade
política e é extraído
o valor que move o
papel do dinheiro, do lucro, do mundo ou das
instituições econômicas e sociais.
A vontade de Deus
é que se viva de acordo com
que o Seu Reino exige e
que se purifique a alma
Por isso, a autoridade não é visada no
Cristianismo, nem há empenho para adquiri-la,
de acordo com a frase: “Dai a César o que é de
Cesar e a Deus o que é de Deus”. O Cristianismo
não incentiva o acúmulo do dinheiro, porque isso
afasta do Reino do Céu e coíbe a confiança. Ele
escraviza o homem e o atrai para o mundo ilícito.
O homem não consegue servir a dois senhores,
ou adorar a dois deuses. (Mateus 6:24; Lucas
16:9-13). É imprescindível, então, a renúncia, a
dedicação, a privação e o ascetismo.
O Amor nos Evangelhos
O amor é um pilar fundamental e um princípio
moral do Cristianismo. Por isso, os ensinamentos
evangélicos ordenam o amor. “Ame a Deus e
ao seu próximo, como ama a si mesmo”, reza
o credo cristão. O amor é considerado como o
principal mandamento, a lei principal do Reino
do Céu, o princípio gerador do mundo. Sem
ele, o homem fica devendo. O amor, realmente,
confirma no homem o Reino do Céu. É o núcleo
dos Evangelhos. O eixo moral ou o motor maior
das relações, a coroa da existência e dos bens.
“Amai uns aos outros” (João, 13:34; 15:12);
“Ama ao próximo com ama a ti mesmo” (Mateus,
19:20). “Amai aos vossos inimigos” (Mateus,
5:44; Lucas, 6:27).
A moral e os costumes, os mandamentos que
os Evangelhos desenham para os atos e a conduta
humana são as bases que governam a sociedade
histórica, na qual aconteceram os atos e os ditos de
Jesus (a.s.). A idéia quanto
ao bem e o mal, o útil e o
inútil, o fraco e o forte, o
benéfico e o obrigatório,
que era corrente na sua
época, continuou aceita e
permaneceu.
coração cometeu adultério com ela. Portanto, se o
teu olho direito te escandalizar, arranca-o e atira-o
para longe de ti.” (Mateus, 5:28-29).
Esse ponto de vista rigoroso está de acordo
com uma idéia mais
grave
ainda,
que
exige que se apegue
ao sentido literal,
solidificando no texto
a compreensão formal
das leis. Jesus (a.s.) era
um exemplo com a sua
moral e uma tradução
efetiva dela. Ele era
inimigo dos sacerdotes e dos escribas. Ele falou
com os pecadores e com as prostitutas. Comeu
e bebeu com os discípulos e os pecadores. Ele
ensinou que a oração, a caridade, o jejum, devem
ser feitos ocultamente e com sinceridade e amor.
Não se deve roubar a viúva na escuridão da noite
e então fazer caridade ou orar publicamente.
Jesus (a.s.) era um
exemplo com a sua moral
e uma tradução efetiva
dela; ensinou a oração,
a caridade e o jejum
Esses valores morais
não podem substituir as
bases de conduta e os
sentimentos
religiosos
existentes. O seu apelo para estabelecer a
vontade de Deus não é um apelo para se imitar as
formalidades, mas para orientar cada sentimento,
o menor movimento, sentimento ou idéia. Por
isso, o mandamento social religioso que proíbe a
fornicação, por exemplo, mergulha, para o cristão,
nas profundezas, para julgar e condenar o menor
sentimento ou rejeitá-lo, igualando-o ao crime
repugnante: “Eu, porém, vos digo, que qualquer
que atentar numa mulher para cobiçá-la, já em seu
Ele desejou a misericórdia e não o sacrifício
(Mateus, 12:7), o amor e não a lei.
Narrativas do
Alcorão e daVida
Parte 3
Zulaika e as duas
filhas de Shuaib
A Obscenidade e a Castidade
Cena nº 1: Zulaika – O Convite para a
Indecência
A
cortina é aberta e conta-se
a história a respeito de uma
mulher casada. Em seu palácio
vive um jovem de quem
ela cuidou desde que o seu
marido o comprou. A cada dia
este jovem se tornava mais simpático, belo,
inteligente, carinhoso e com nobre caráter: “E
quando alcançou a puberdade, agraciamo-lo
com poder e sabedoria; assim recompensamos
os benfeitores.” (Alcorão Sagrado, 12:22). Essas
fabulosas características nos rapazes atraem as
mulheres, tanto física como moralmente. Nessa
cena vergonhosa, que exala o odor do desejo
sexual ilícito, vemos a mulher do governador,
chamada Zulaika, tentando seduzir José (AS), o
belo e nobre moço, para cometer a obscenidade
e o ilícito: “A mulher, em cuja casa se alojara,
tentou seduzi-lo; fechou as portas e lhe disse:
Agora vem!” (Alcorão Sagrado, 12:23). Ela
fechou as portas para eliminar todo tipo de fuga,
tentando-o e demonstrando que estava disposta a
praticar a obscenidade com um moço com o qual
não possuía nenhuma ligação legal, sendo casada
e compromissada com outro homem.
José foge da rede de intriga que lhe foi
preparada. Ela o alcança e segurando-o pela
camisa, rasga-a por trás, para puxá-lo novamente
para aquela rede fatídica. Ele, porém, refugiou-se
em Deus e Ele o salvou.
As mulheres que freqüentavam a casa da
esposa do governador, entre vizinhas e amigas, e
que a censuraram pelo que fez com José, foram
convidadas por ela para verem-no de perto. Quando
seus olhares caíram sobre ele, quase cortaram os
dedos, sem perceber,
pela forte atração de
sua beleza: “E quando
o viram, extasiaramse diante da visão dele,
chegando mesmo a
ferir as próprias mãos.
Disseram: Valha-nos
Deus! Este não é um
ser humano. Não é
senão um anjo nobre!”
(Alcorão Sagrado, 12:31). Elas tentaram seduzilo. Porém, ele preferiu o cárcere a atender às suas
tentações e cometer obscenidades.
se tenham retirado, (e temos nós de fazer isso)
porque o nosso pai é demasiado idoso. Assim,
ele deu de beber ao rebanho, e logo, retirando-se
para uma sombra.” (Alcorão Sagrado, 28:23-24).
Nessa cena, o diálogo ocorre com
cordialidade... Moisés (AS) começa, perguntando,
por ser uma pessoa zelosa, se poderia oferecer
seus préstimos às moças castas. Ele, efetivamente,
poderia ajudá-las imediatamente. Vemos que a sua
pergunta não está fora dos limites da educação.
Procura averiguar a
respeito do motivo
de não dar água às
ovelhas. A resposta das
moças não ultrapassou,
também, aquele limite
e revelou uma conduta
casta. O motivo de sua
negativa era o receio
de se misturar com os
homens, ato contrário
às condutas das moças e à sua castidade. Por outro
lado, o que as obrigou a pastorear as ovelhas e
dar-lhes de beber era o fato de seu pai ser homem
idoso, sem forças de cumprir a tarefa de pastoreio
e dar de beber ao rebanho. Portanto, elas exerciam
a tarefa por necessidade. Se o pai fosse capaz
de fazê-lo, ou tivesse um filho que pudesse, não
teriam saído e exercido a função, que é praticada
normalmente por homens, devido ao pudor, ao
senso de proteção e à castidade femininas.
O comportamento da
jovem, muitas vezes,
abre as portas para
situações indesejadas
Segunda Cena: As duas filhas de Shuaib Pudor e Castidade
A cortina é aberta, agora, sobre uma cena
calma, sem o fervor dos instintos, a agitação dos
sentimentos ou o despertar dos desejos. É clima
claro, de serenidade espiritual, um encontro
tranqüilo trocado entre duas partes, com sinais de
respeito e de bom comportamento, cuidando dos
valores de castidade e pudor.
Vê-se Moisés (AS), o moço forte na cidade de
Madian, observando duas moças que pastoreavam
ovelhas, paradas, esperando a vez de darem água
para o rebanho. Ele observou que elas evitavam
se misturar com os homens, aguardando a partida
deles, dando-lhas a oportunidade de utilizar a
aguada. O diálogo entre eles é o seguinte: “E
quando chegou à aguada de Madian, achou
nela um grupo de pessoas que dava de beber (ao
rebanho), e viu duas moças que aguardavam,
afastadas, por seu turno. Perguntou-lhes: Que
vos ocorre? Responderam-lhe: Não podemos dar
de beber (ao nosso rebanho), até que os pastores
Depois que Moisés (AS) deu de beber ao
rebanho, terminou a relação com elas. Não se
envolveu com as moças em conversas laterais
para estreitar a relação, o que alguns jovens
fariam normalmente: “Assim, ele deu de beber
ao rebanho, e logo, retirando-se para uma
sombra” (Alcorão Sagrado, 28:24). Ou seja, ele
não aproveitou o favor que fez a elas para poder
ficar mais próximo. Elas, por sua vez, deixaram o
local, preservando o seu pudor.
Comparação entre os dois casos:
1. Zuleika, no primeiro caso, foi quem
instigou José (AS) e o convidou a atear o fogo
do desejo. Ou seja, ela foi a instigadora, que
procurou induzi-lo à prática da fornicação.
No segundo caso, as filhas de Shuaib não
pediram a Moisés (AS) que desse de beber ao seu
rebanho, o que seria motivo ou introdução para o
mútuo conhecimento e a atração. Como dissemos,
alguns jovens aproveitariam a oportunidade para
outros objetivos. A abordagem de Moisés (AS) foi
respeitosa e não expôs as moças a maldade ou a
injúria.
O comportamento da jovem em relação aos
jovens ou a sua maneira de abordá-los, muitas
vezes, abrem as portas para situações indesejáveis.
O jovem pode abordá-la ou tentar conquistála e seduzi-la. Porém, com a sua capacidade e
determinação, ela pode fechar a porta na cara dele
e não corresponder aos galanteios.
É confirmado que a jovem vestida com pudor
e castidade é menos exposta ao assédio masculino.
Se Deus, exaltado seja,
pediu a ela para se cobrir,
não mostrar as suas partes
atrativas, não tornar a
voz melodiosa, não se
expor como na época
pré-islâmica, é porque
estes comportamentos
constituem motivos para
a instigação e a sedução.
Se ela se negar a fazê-lo
- e do jovem é exigido desviar o olhar - ambas as
partes colaboram para a castidade.
de pudor. Por isso, as palavras: “A mulher, em
cuja casa se alojara, tentou seduzi-lo”, ou seja,
pediu-lhe que praticasse a indecência com ela,
abertamente: “... e lhe disse: Agora vem!”, ou
seja, afirmou que estava pronta para ele.
3. Quanto ao diálogo do segundo caso, não
ultrapassa os limites da educação e ética, ocorrendo
como se fosse entre duas pessoas do mesmo
sexo. A pergunta de Moisés (AS) foi honesta e a
resposta das filhas de Shuaib também foi honesta.
Não havia no diálogo acréscimos que o tirassem
do círculo da castidade e do pudor. Vemos isso
na cena seguinte: “E uma delas se aproximou
dele, caminhando timidamente, e lhe disse: Em
verdade meu pai te convida para recompensarte por teres dado de beber” (Alcorão Sagrado,
28:25). A expressão “caminhando timidamente”
demons-tra que a
formalidade não tinha
sido suspensa entre
a jovem e Moisés
(AS);
continuava,
apesar do primeiro
contato, protegida e
conservada. O diálogo,
da mesma forma que
foi casto no início,
continuou até o fim.
Ela não indicou e não demonstrou qualquer interesse
por ele, mas transmitiu-lhe uma sucinta e informativa
mensagem: que o pai o convidava para recompensar a
atitude dele.
A jovem vestida com
pudor e castidade é menos
exposta ao assédio
masculino
2. O primeiro caso se desenrola em clima
de isolamento, longe dos olhares observadores.
A situação cria um ambiente de desejo e cria a
cobiça naquele em cujo coração há enfermidade.
Se José (AS) não soubesse que Deus o observava,
teria sucumbido.
Quanto à segunda cena, desenrola-se em
ambiente aberto, à vista e ao ouvido das pessoas.
Não tem condições para o desenvolvimento
da intriga. Desenrola-se dentro de ambiente
conhecido e atende ao pressuposto natural do
diálogo informal. Esse é o motivo da advertência
da Nobre Tradição: deve haver um isolamento
respeitoso entre ambos os sexos, para não se dar
margem ao Satanás instigar o homem e a mulher.
2. O diálogo, no primeiro caso, é sincero,
aberto e explícito, o que demonstra o baixo nível
Mesmo quando ela demonstrou a sua vontade, o
fez com inteira educação e pudor, distante da maldade:
“Uma delas disse, então: Ó meu pai, emprega-o,
porque é o melhor dos que poderás empregar, pois é
forte e leal.” (Alcorão Sagrado, 28:26). Ela não citou
a sua formosura, as suas palavras agradáveis, a finura
de seu sorriso, mas citou a sua virilidade e lealdade,
como duas condições básicas exigidas no homem para
o casamento islâmico. Quanto à lealdade, ela carrega
uma expressão clara a respeito da castidade de Moisés
(AS), sua modéstia e respeito à sua posição e à posição
de uma jovem estranha.
Aplicações práticas:
Na nossa realidade, vemos muitas adaptações
de ambos os tipos. Há quem se pareça com
Zulaika, com seu comportamento desenfreado,
com o manto do pudor rasgado, e há quem se
pareça com as filhas de Shuaib, na sua castidade,
modéstia e educação.
A moça que vive em ambiente de perversão
– festas, bares, discotecas, boates, etc. – cria
uma base fértil para a inflamação do desejo
sexual entre os jovens com quem se reúne e
conversa, com quem tem amizade e brinca,
principalmente se estiver usando roupas que a
expõem, enfeites que a tornam atraente. Assim,
ela se parece com Zulaika.
A jovem que sai exposta, com os braços,
as pernas, o peito e os cabelos descobertos,
com a roupa apertada, está convidando os
jovens para se aproximarem dela e abordá-la,
para olharem a sua beleza e atratividade. Ela
não está saindo com este aspecto chamativo
a não ser para atrair os jovens e dizer a eles
o que Zulaika disse a José: “Agora vem!”
Ou ela está preparada para o cometimento da
indecência e do ilícito, ou está se divertindo
ao ver os olhares dos jovens cobiçando-a,
dirigindo-lhe palavras ofensivas a esmo.
A moça que lança sorrisos inspiratórios,
piscadas e faz movimentos instigadores com o
corpo, que só conversa com o seu colega com
voz sedutora, está convidando para a indecência,
mesmo que não o faça diretamente. Seu ato
instiga a intriga, mesmo que não demonstre
claramente suas intenções. Isso induz os jovens
a praticar o ilícito. Ela é irmã de Zulaika, mesmo
que não cometa obscenidades de forma efetiva.
Aqueles que permitem que professores
particulares ministrem aulas a suas filhas por trás
de portas fechadas, freqüentando a casa por uma
ou duas horas diariamente, abrem espaço para
acontecer o que é proibido. Encontros desse tipo
já causaram resultados trágicos.
A freqüência de amigos da família, jovens e
homens, ou o envio do empregado do pai para
a casa de uma moça para buscar algo, tudo isso
ajuda na abertura das portas daquelas casas para
a prática do ilícito, impossível de serem fechadas
posteriormente.
Em comparação a este alerta, encontramos os
exemplos e imagens vivas das duas irmãs, filhas
de Shuaib. Neste caso, temos a moça que se nega
a encontrar-se com estranhos e a ficar sozinha
com eles, que não se encontra com jovens ou
homens a não ser na presença de seus pais ou de
seu irmão, que conserva o pudor, protege a sua
honra e veda as manobras de Satanás do visitante
que é tentado a praticar o mal. Aquela que rejeita
ficar sozinha com o colega na sala de aula, ou
em um canto do jardim da universidade, ou no
lugar de lazer da cidade, ou longe dos olhos num
passeio escolar está protegendo a sua honra e a
honra do rapaz, também.
A jovem que conversa com o outro sexo e não
o faz com suavidade, insinuações e melindres,
mas com educação e respeito, atendo-se ao que
é necessário, quer por telefone, na
sala da internet ou em encontros
diretos, é como a filha de Shuaib,
que se relaciona com pudor.
Aquela que não permite que
o noivo fique perto dela, tocá-la,
beijá-la, flertar com ela - mesmo
que faça isso para testá-la - pois
não é ainda a esposa dele, é
também como a filha de Shuaib,
cuja posição em relação a Moisés
(AS) Deus elogiou. Ela teve
contato com ele com pudor, até
tornar-se sua esposa. Porém, após
o contrato legal de casamento
entre ambos, não há problema.
Nossas Crenças
O Alcorão e os Livros Celestiais
A filosofia da revelação dos Livros Celestiais
N
ós cremos que Deus, exaltado seja,
revelou livros celestiais para orientação
da humanidade. Há os livros de Abraão,
de Noé, a Torá, o Evangelho e o Alcorão
(este mais abrangente que os outros).
Se esses livros não fossem revelados, o
homem teria cometido muitos erros na marcha de sua vida
à procura de conhecer a Deus e adorá-Lo, afastando-se
dos fundamentos da piedade, da moral, da educação e das
regras sociais de que necessita para viver em harmonia.
Esses livros celestiais foram revelados aos corações como
misericórdia e fizeram brotar no ser humano as sementes
da piedade e da moralidade, do conhecimento
de Deus, de ciência e do conhecimento. Porém,
infelizmente, aconteceram alterações de muitos
deles, pelas mãos dos ignorantes e tendenciosos,
que incluíram neles conceitos incorretos e
contraditórios. Porém, o Magnífico Alcorão não
sofreu nenhuma intervenção, por motivos que
iremos citar, permanecendo como sol reluzente,
iluminando os corações em todas as épocas:
“Pelo qual Deus conduzirá aos caminhos
da salvação aqueles que procurarem a Sua
complacência e, por Sua vontade, tirá-los-á das
trevas e os levará para a luz, encaminhando-os
para a senda reta.” (5:16).
Assádiq (AS) o seguinte dito: “Deus, bendito
e exaltado seja, não o revelou¹ para um tempo
sem o outro, para pessoas sem outras. Ele é
novo em todas as épocas e perante todos os
povos até o dia da Ressurreição.”
Se os Livros Celestiais
não fossem revelados,
o homem teria
cometido muitos
erros em sua marcha
O Alcorão, o maior milagre
do Profeta Mohammad (S):
A proteção do Alcorão quanto
Nós cremos que o Alcorão é o mais
importante milagre do Profeta Mohammad (S),
não apenas pela sua eloqüência e evidência,
pela beleza de seu estilo, pela perfeição de
seus significados, mas também por abranger
outros milagres, em suas diferentes dimensões,
que foram citados em várias obras históricas e
de Teologia.
as alterações
Por isso, cremos que não é possível alguém
produzir algo semelhante a ele, ou a um só
capítulo dele. O Alcorão desafiou, em vários
assuntos, a quem o olhava com dúvida e rejeição,
sem que ninguém conseguisse enfrentar esse
desafio: “E se tendes dúvidas a respeito do
que revelamos ao Nosso servo (Mohammad),
componde uma Surata semelhante às dele (o
Alcorão), e apresentai as vossas testemunhas,
independentemente de Deus, se estiverdes
certos.” (2:23). “Dize-lhes: Mesmo que os
humanos e os gênios se tivessem reunido
para produzirem coisa similar a este Alcorão,
jamais teriam feito algo semelhante, ainda
que se ajudassem mutuamente” (17:88).
Cremos, também, que o Alcorão não se
torna obsoleto com o passar dos tempos. Pelo
contrário, os seus milagres se destacam e a sua
magnificência se revela cada vez mais. Temos
na tradição do Imam Jaafar Ibn Mohammad
1- é, o Alcorão Sagrado (NE).
Cremos que o Alcorão utilizado pelos
muçulmanos atualmente é o mesmo que foi
revelado ao Profeta Mohammad (S), sem que
lhe tenha sido acrescentado ou tirado algo.
Desde os primeiros dias de sua revelação,
ele foi registrado por escrito, quando os
muçulmanos eram encarregados de recitar os
versículos revelados durante a noite e o dia,
em suas cinco orações. Por isso, um grande
número de muçulmanos conseguiu decorálo. Aliás, os decoradores e recitadores do
Alcorão conquistaram um local de destaque
nas sociedades islâmicas. Essas questões
e outras colaboraram na preservação
do Alcorão, mantendo-se ele
distante dos desvios e
mudanças,
além de que Deus, glorificado e exaltado
seja, garantiu a preservação do Alcorão para
sempre, não sendo possível que seja tocado
pelas mãos do desvio e mudança, em absoluto:
“Nós revelamos a Mensagem e somos o seu
Preservador” (15:9).
Os pesquisadores e os grandes sábios estão
em consenso de que o Alcorão não sofreu
nenhuma mudança. O exame do desenrolar
da história da compilação do Alcorão, desde a
época do Profeta (S), a preocupação extrema
que os muçulmanos dispensaram a sua escrita,
à decoração e recitação do Alcorão, a existência
de secretários que se ocupavam do registro por
escrito da revelação, desde os primeiros dias,
mostra verdadeiramente que a alteração não
Infelizmente, muitas das
Escrituras Sagradas
foram objetos de
alterações, perdendo
sua fidedignidade
conseguiu se estender terminantemente para o
Alcorão.
O Alcorão e as necessidades
materiais e espirituais da
humanidade
em relação a ele.
Cremos que o
Alcorão Sagrado
evidencia as
bases de
cada necessidade humana, garantindo ao ser
humano a sua vida espiritual e material, pois
instituiu as regras e bases gerais das questões
políticas, da administração governamental, das
relações das sociedades, os fundamentos da
convivência, da guerra e da paz, das questões
jurídicas e econômicas, entre outras. A
aplicação dessas regras e leis preenche a vida
humana de felicidade: “Temos-te revelado,
pois, o Livro, que é uma explanação de tudo,
é orientação, misericórdia e boas-novas para
os muçulmanos.” (16:89).
Por isso, cremos que o Islã não se separa
nunca do governo e da política. Ele convoca os
muçulmanos a se apegarem às rédeas de suas
questões para vivificarem os valores sublimes
islâmicos, para a criação de uma sociedade
islâmica que caminha para o estabelecimento
da justiça e da equidade, aplicando-as tanto
para o inimigo como para o amigo: “Ó crentes,
sede firmes em observardes a justiça, atuando
como testemunhas, por amor a Deus, ainda
que o testemunho seja contra vós mesmos,
contra os vossos pais ou contra os vossos
parentes.” (4:135). “... que o ressentimento
aos demais não vos impulsione a serdes
injustos para com eles. Sede justos, porque
isso está mais próximo da piedade” (5:8)
A recitação, a meditação e a ação
Cremos que a recitação do Alcorão é um
dos mais importantes rituais, sem igual entre
os outros, porque ela ajuda na meditação
alcorânica e o pensar na origem de todo bom
ato. Deus, o Altíssimo, disse, dirigindo-Se ao
Profeta Mohammad (S): “Levanta-te à noite
(para rezar), porém não durante toda a noite;
a metade dela ou pouco menos, ou pouco
mais, e recita fervorosamente o Alcorão.”
(73:2-4).
Deus, o Altíssimo, dirige-Se a toda a
comunidade islâmica, ao dizer: “...Recitai,
pois, o que puderdes do Alcorão!” (73:20).
Porém, como citamos, é necessário que a
recitação seja um meio de se pensar e meditar no
significado dos versículos. A meditação
deve ser uma introdução para a aplicação do
Alcorão: “Não meditam, acaso, no Alcorão, ou
é que seus corações são insensíveis?” (47:24).
“Em verdade, facilitamos o Alcorão, para a
admoestação. Haverá, porventura, algum que
receberá a admoestação?” (54:17). “E este é o
Livro bendito que revelamos (ao Mensageiro);
observai-o, pois, e temei a Deus; quiçá Ele Se
compadeça de vós.” (6:155). Portanto, quem
se satisfaz com a recitação e com a decoração,
sem a meditação e a ação, certamente é um
perdedor, porque aplica um dos pilares e
negligencia os dois mais importantes.
As regras da exegese do Alcorão
Como regra geral, cremos que é necessário
transmitir as palavras do Alcorão no seu sentido
usual e literal, a não ser que haja um contexto
racional ou tradicional, intrínseco ou aparente
nos versículos, que indique outros significados.
É preciso evitar contextos duvidosos, conjecturas
e suposições. Por exemplo: Nós sabemos que a
intenção quanto ao termo “cego” no versículo:
“Porém, quem estiver cego neste mundo estará
cego no Outro.” (17:72), não se refere à cegueira
aparente, expressa em seu sentido literal, pois há
muitas pessoas piedosas e cegas. A intenção aqui
é manifestar o sentido da cegueira do coração. O
contexto racional nos leva a essa explicação.
O Alcorão descreve alguns inimigos do
Islã como surdos, mudos e cegos: “São surdos,
mudos, cegos, porque são insensatos.”
(2:171). É certo que esses adjetivos que o
Alcorão aplica a esse tipo de pessoas são
intrínsecos. Essa explicação se baseia nos
contextos à disposição.
Quando Deus, o Altíssimo, diz: “Qual!
As mãos d’Ele estão abertas!” (4:64); ou diz:
“E constrói a arca sob a Nossa vigilância.”
(11:37), não se entende com isso que Deus,
glorificado seja, possui membros físicos como
mão e olho, porque qualquer corpo formado por
partes e que necessite de tempo, lugar e direção,
está limitado e, naturalmente, perecerá. Deus,
bendito e exaltado seja, é superior à descrição
com esses adjetivos. A intenção com a palavra
“mãos” é expressar a Sua Onipotência, perante
O Alcorão foi preservado
por Deus, mantendo-se
ele distante de
desvios e modificações
a qual todo o Universo se submete. A intenção
quanto ao termo “olho” é manifestar a Sua
Onisciência.
Por isso, basear-se no contexto é um
método seguido por todos os intelectuais e a
interpretação do Alcorão utiliza dele, também:
“Jamais enviamos mensageiro algum, senão
com a língua de seu povo.” (14:4). Esse
contexto, porém, deve ser de clareza absoluta,
como dissemos.
Os erros de usar explicações
seguindo conceito próprio
Nós acreditamos que a explicação
seguindo-se conceitos próprios é uma das
mais perigosas questões que dizem
respeito ao Alcorão Sagrado. As
tradições consideram isso
como pecado capital.
Quem
pratica
isso se afasta
de Deus,
o Altíssimo. Uma tradição do Nobre Profeta
(S) diz:
“Não crê em mim quem explicar seguindo
sua própria opinião.” (Al Wassáil, 18: 28,
Tradição 22).
Isso é patente porque o verdadeiro crente
não explica as palavras de Deus de acordo com
suas tendências e desejos. Outra nobre tradição
do Profeta Mohammad (S), citado por Tirmizi,
Nassá’i e Abu Daoud:
“Quem explicar o Alcorão baseado em sua
própria opinião, ou em algo que desconhece,
que aguarde o seu lugar no Fogo do Inferno.”
Explicar segundo a própria opinião é fazêlo segundo os próprios desejos, ou de acordo
com a própria seita, sem que haja à disposição
do exegeta qualquer texto ou testemunha. Essa
pessoa, na realidade, não segue o Alcorão, mas
deseja que o Alcorão o siga. Ele não faria isso
se o seu coração tivesse uma crença completa
no Alcorão.
Sem dúvida que o Alcorão Sagrado perderia
seu valor se fosse aberta a possibilidade de
explicação segundo a opinião pessoal, porque
cada indivíduo o explicaria de acordo com seus
desejos e aplicaria as normas nele contidas com
base em qualquer crença falsa. A explicação
segundo a opinião pessoal do indivíduo
significa contrariar os equilíbrios da
ciência da linguagem, da ética
árabe e do conhecimento
literário, assentando-se
sobre concepções
As interpretações do
Texto Sagrado segundo
conceitos particulares é
um dos maiores riscos
para o Alcorão Sagrado
falsas, desejos pessoais ou interesses sectários,
o que geraria alterações significativas do Texto
Sagrado.
A explicação segundo opinião pessoal
leva a riscos de várias naturezas. Entre eles
o tratamento seletivo dos versículos do
Alcorão. Neste sentido, o exegeta pesquisaria,
em qualquer tema, os versículos que não
contrariassem seu ponto de vista, deixando de
lado os que não se coadunassem com os seus
pensamentos.
Em resumo, tanto a falta de preocupação
com o texto original quanto a explicação
segundo opinião própria são desvios.
Ambos causam o afastamento dos sublimes
ensinamentos do Alcorão e dos valores desse
Livro Celestial.
A Sunna inspirada do Livro de Deus
Cremos que é impossível alguém dizer: “O
Livro de Deus é-nos suficiente”, ignorando as
tradições e as práticas proféticas que explicam
as realidades do Alcorão, mostrando o abrogado e o ab-rogador, o geral e o particular.
Elas esclarecem os fundamentos da religião e
os seus ramos.
Os próprios versículos do Alcorão
consideram as práticas e a biografia do Profeta
(S) argumentos disponíveis aos muçulmanos,
tornando-os fonte básica para a compreensão
da religião e o descobrimento das leis:
“Aceitai, pois, o que vos der o Mensageiro, e
abstende-vos de tudo quanto ele vos proíba”
(59:7) “Não é dado ao crente, nem à crente,
agir conforme seu arbítrio, quando é Deus
e Seu Mensageiro
sábios
xiitas
e
que
decidem
o
sunitas.
Tirmizi,
por
Tanto a Sunna do Profeta
assunto. Sabei que
exemplo, narra que o
quem
desobedecer
(S) quanto a dos seus famil- Mensageiro de Deus
a Deus e ao Seu
disse: “Ó gente,
iares (AS) deve ser seguida, (S)
Mensageiro desviardeixo-vos algo que, se
se-á evidentemente.”
os seguirdes, não ireis
porque o Mensageiro(S)
(33:36). Quem rejeita
vos desviar nunca: o
assim determinou
a prática profética
Livro de Deus e os
rejeita o Alcorão. O
meus Familiares.” 4
Imam Ali (AS) disse
2) Os Imames da Casa Profética (AS), por
num dos seus sermões: “Dizeres falsos lhe
sua relação íntima com o Mensageiro de Deus
foram atribuídos, tanto que ele foi levado a
(S), transmitiram as tradições baseados no que
afirmar, durante o seu sermão: ‘Quem quer que
falou o Profeta (S) em pessoa. Eles mesmos
seja que me atribua falsidades, construirá a sua
confirmaram que tudo o que pronunciaram
morada no Inferno’.”² Outra tradição com o
lhes foi transmitido por seus pais, que se
mesmo sentido foi compilada por Bukhari ³.
basearam no Mensageiro (S). O Profeta
A Sunna dos familiares do Profeta (AS)
(S) tinha conhecimento do futuro de sua
deve também ser obedecida, como a do
comunidade e dos problemas que iria enfrentar.
Mensageiro de Deus (S), porque:
Por isso, instruiu-os quanto ao caminho que
deveriam trilhar para resolver seus problemas
1) Assim foi estabelecido na tradição
e orientar a comunidade islâmica, vinculando
conhecida, compilada pela maioria dos
os muçulmanos ao seguimento do
Alcorão e dos seus Familiares (AS).
Podemos, acaso, ignorar esse tipo
importante e fidedigno de tradição
com solene arrogância e passarmos
por ele sem dar-lhe importância?
Cremos que se fosse dada a esse
problema a relevância que merece,
os muçulmanos não enfrentariam
alguns dos problemas que enfrentam
hoje em dia nas questões da
Crença, da Exegese e da
Jurisprudência.
2 - Nahjul Balágha – O Método de Eloqüência – Sermão 210.
3 - Sahih Bukhari, 38:1, Capítulo: Quem Narra Falsidades Sobre o Profeta (S)
4 - Sahih At-Tirmizi, 5:662 – Capítulo: Os Méritos dos Familiares do Profeta – Tradição 3786.
falta selo
O Significado do Id¹
A
Pelo Jurisconsulto Sua Eminência
Mohammad Hussein Fadlallah
s festividades islâmicas e cristãs partem de um só significado, por intermédio do qual
o ‘Id representa, no conceito
da mensagem religiosa, uma
abertura para todas as pessoas,
cumprindo-se a responsabilidade em relação
a elas e em relação à
vida. Por isso, a alegria
durante as festividades
significa a alegria de
comemorar o fato de se
assumir essa responsabilidade, fazendo prevalecer a segurança e a paz
social, política e econômica.
As comemorações islâmicas e cristãs, respaldadas por suas respectivas mensagens, não
se dão por acaso. O que vivemos nesses dias em
que são celebrados, por exemplo, o nascimento
de Cristo (AS), o início do ano novo cristão ou os
Festejos de Sacrifício²
é a projeção de valores
espirituais, que revelam
uma correlação entre o
Islamismo e o Cristianismo.
As comemorações
islâmicas e cristãs,
respaldadas por suas
respectivas mensagens,
não se dão por acaso
As
festividades
representam a alegria,
materializada nas repre-
1 - ‘Id é o termo árabe para “festividade” (NE).
2 - Em árabe, ‘Id Al-Adha, ritual que marca o fim da Peregrinação do Hajj, quando animais são oferecidos a Deus pelo cumprimento da jornada do peregrino e em lembrança
do sacrifício de Ismael por seu pai, o Profeta Abraão (AS) (NE).
sentações dos participantes e na expectativa dos
que guardam suas horas. O Islamismo, porém,
deseja para as festividades o que o Cristianismo
também deseja: que sejam oportunidades de assumir a responsabilidade do crente, para que
haja um desprendimento na avaliação, em nível de lucros e perdas, do
resultado da matemática
da vida. Assim, o âmbito material da comemoração perde valor em
favor da comemoração
espiritual, por meio da
qual o ser humano sente
tranqüilidade. O jejum
durante o mês de Ramadã é um exemplo: representa, no nível temporal, um instrumento para
formação da determinação, para o embelezamento das atitudes humanas com a paciência;
ele cria um sentimento de solidariedade em relação às dores dos outros. Da mesma forma, o ‘Id
Al-Adha, a Festa do Sacrifício, representa a eternização do significado do sacrifício, lembrando
a disposição de Abraão (AS) de sacrificar o seu
filho, Ismael (AS), se Deus quisesse, realmente,
isso... É o que nos apresenta a dimensão espiritual e moral do ‘Id.
de como conservar a independência da pátria,
como proteger a sua unidade e conservar a sua
paz interna.
Infelizmente, contudo, distorções ocorrem.
As comemorações, que
representam o valor que
as pessoas dão a marcos importantes da vida
humana, transformamse, em muitas ocasiões,
em oportunidades para
a diversão, o jogo e o
colapso diante de atitudes frívolas, dando, às
vezes, vazão a instintos
incompatíveis com a seriedade e solenidade do momento.
O significado da
comemoração do
Ano Novo cristão ou
da Hégira é fazer um
exame do ano anterior
Da mesma forma, o nascimento de Cristo
(AS) nos apresenta todos esses significados. A
sua preocupação não foi desfrutar o lado material
da vida, às custas de sua mensagem. Ele visava à
paz, em todas as suas dimensões espirituais, inserindo-a no movimento da vida, para estimular a
justiça e os valores espirituais que vinculam o ser
humano ao seu irmão.
O mesmo acontece com as comemorações
cívicas, que não devemos considerar meras
apresentações.
Que sejam uma
oportunidade de
avaliação e
de análise
3 - Em árabe Hijrah, a emigração do Profeta
Muhammad (S.) e dos primeiros muçulmanos
de Meca para Medina, fato que marca o início
do calendário islâmico (NE).
O significado da comemoração do Ano
Novo cristão ou da Hégira³ é agirmos no sentido
de a comunidade fazer um exame do ano anterior, em todos os sentidos, visando o planejamento
para o futuro, agindo de forma consciente, evitando atitudes negativas e realizando o que for
possível em termos de atitudes positivas. Dessa
forma, o país se torna pioneiro entre os outros
países e a comunidade pioneira entre as comunidades.
Não podemos negar às pessoas a alegria
material que manifestam pelo ‘Id ou por
qualquer oportunidade que seja uma iniciativa
para se planejar o futuro. Mas, é necessário que a
comemoração material seja acrescida da alegria
espiritual, no sentido da responsabilidade humana e
patriótica,
para que esta oportunidade seja uma estação para
a elevação do espírito. Para que o relacionamento mútuo, nas felicitações e nas visitas, seja um
movimento que leve à confiança social e política, almejando um futuro
promissor para o país,
em que todos comemorarão a extinção das crises e planos preparados
pelos poderes arrogantes
do mundo.
fios e nos torna prisioneiros da realidade interna,
sempre ardente e explosiva em nossos países,
principalmente no Iraque, que os Estados Unidos
desejam tornar modelo da violência sanguinária,
que gera a intriga em
toda a realidade árabe e
islâmica.
As comemorações
devem ser oportunidades
para conquistarmos
a unidade e a
paz interna
A arrogância mundial, que representa o inimigo verdadeiro, é contrária às comemorações
das pessoas pelas pessoas ou à comemoração das
pessoas pela vida; é contra a abertura do ser humano para o seu irmão. Por isso, vemos como os
arrogantes se empenham para tornar as comemorações períodos para fomentar as tristezas, criando intrigas partidárias e religiosas. É o que a
América faz com seus novos jogos na região do
Oriente Médio. Assim, permaneceremos em crise
interna, que nos veda pensar nos grandes desa-
4 - Refere-se, Sua Eminência, à ocupação sionista da Palestina, que dura 60 anos (NE).
Nós
queremos
que as comemorações
sejam oportunidades
em que as seitas se encontrem, as religiões
se aproximem, para
conquistarmos a nossa
unidade e, assim, enfrentarmos a ocupação americana e israelense4 .
Assim, conquistaremos a nossa paz interna, de
acordo com o sentido do amor que Jesus (AS)
representa e o sentido de misericórdia que o Profeta Mohammad (S) representa. Devemos vislumbrar, por intermédio desses dois símbolos, a
paz mundial com a salvação de toda a humanidade, numa relação de irmandade e solidariedade
entre todos os povos.
Nossas Crenças
Sinais
Fundamentaisda
MensagemIslâmi
c
a
Parte 3
O Homem é a Mais Nobre Criatura Sobre a Terra
O
Islã, em sua avaliação e relacionamento com o ser humano, parte de um princípio
fundamental: a crença de que o ser humano é a mais elevada, nobre e valiosa criatura
sobre a terra. Que tudo que há na terra está submetido a ele e existe para o seu bem.
Deus, exaltado seja, diz: “Ele foi Quem vos criou tudo quanto existe na terra;
então, dirigiu Sua vontade até ao firmamento do qual fez, ordenadamente, sete
céus, porque é Onisciente” (Alcorão Sagrado, 2:29). E diz: “E vos submeteu tudo
quanto existe nos céus e na terra, pois tudo
d’Ele emana. Em verdade, nisto há sinais para
os que meditam” (Alcorão Sagrado, 45:13). E
diz, ainda: “Enobrecemos os filhos de Adão e os
conduzimos pela terra e pelo mar; agraciamo-los
com todo o bem, e os preferimos enormemente
sobre a maior parte de tudo quanto criamos”
(Alcorão Sagrado, 17:70).
Portanto, a riqueza, a terra, o sol, a lua, as
estrelas, os animais, as propriedades, as coisas
boas, tudo nesta vida existe para servir ao ser
humano. A sua condição humana, que o distingue
do resto das criaturas, é a mais elevada realidade
sobre a terra, devido ao que possui de raciocínio,
vontade e conhecimento.
O ser humano,
depois
de
lhe
serem
concedidas
essas distinções e
capacidades,
tornase, na ótica do Islã,
responsável
pela
manutenção
dessas
elevadas particularidades
humanas,
encarregado de formar um ambiente cultural e
ético sobre a terra, tornando-se uma expressão
iluminadora no grande Livro do Universo.
Somente em harmonia com o espírito desse belo
mundo o homem será o fiduciário do que lhe foi
confiado e merecedor do que lhe foi concedido de
valor e nobreza: “Por certo que apresentamos a
custódia ao firmamento, à terra e às montanhas,
que se negaram e temeram recebê-la; porém, o
homem se encarregou disso, mas provou ser
injusto e insipiente” (Alcorão Sagrado, 33:72).
As abordagens materialistas, tão comuns em
nossa sociedade, transformaram o ser humano
em elemento de produção, um meio de execução,
tratando-o como um aparelho mecânico, distante dos
valores, dos conceitos e dos sentimentos realmente
humanos. Para que o homem não se esqueça dessa
verdade e não ignore o seu valor, o Alcorão passou a
estimular nele o espírito humanístico, semeando no
seu interior o significado da nobreza. Estabeleceu
nele a posição natural entre ele e o mundo inanimado,
reformulando o equilíbrio da relação entre objetivo
e meio. Fê-lo recordar que tudo nesta vida é um
meio para servi-lo e motivo para lhe proporcionar
o seu bem e a sua felicidade, para que não seja
enganado pela cobiça material nem seja escravizado
pelos sedutores. Deus,
exaltado seja, diz:
“Enobrecemos
os
filhos de Adão e os
conduzimos pela terra
e pelo mar; agraciamolos com todo o bem,
e
os
preferimos
enormemente
sobre
a maior parte de tudo
quanto
criamos”
(Alcorão Sagrado, 17:70). Com base nisso, o
Islã edificou sua visão sobre o homem e sobre o
que o cerca, distinguindo as coisas e meios úteis
e prazerosos existentes no mundo natural. Ele
conformou todas as regras e todos os valores para
concretizar essa verdade e concedê-la ao homem,
tornando sua vida repleta de movimento e satisfação
As riquezas minerais, os
animais e as plantas existem para servir ao ser humano, com discernimento
Portanto, quando o ser humano se
conscientizar de seu valor e posição sobre a
terra e souber de sua grande responsabilidade,
deve se empenhar na realização da sua condição,
seguindo o caminho de superação, de acordo
com o sistema de vida traçado pelo empenho
e pela sabedoria de Deus. Essa trajetória deve
ser seguida com precisão e cuidado, para que a
pessoa não perca a sua condição humana, o seu
valor e sua honra, transformando-se em elemento
meramente material, negligenciado nas contas da
insensatez.
4.O Equilíbrio e a Moderação
O ponto de vista do Islã e a sua compreensão
quanto às atividades e posições humanas, a
relação do homem com as coisas e os assuntos
de ordem material diferem da compreensão,
avaliação e os pontos de vista dos diferentes
sistemas ideológico-sociais, como o comunismo,
o capitalismo, o socialismo, etc.. Também
difere seu ponto de vista das filosofias e teorias
morais, psicológicas e sociais representadas por
tendências e escolas diversas, que conduziram
o indivíduo e a sociedade a uma situação de
instabilidade, de desequilíbrio psicológico e
ético.
A ênfase no hedonismo e na supervalorização
da liberdade – que degenerou, em muitos
casos, em libertinagem – se reflete na situação
política, econômica e social contemporânea,
tanto individual quanto coletivamente. A
ética foi abandonada, tornando-se o exagero,
a negligência, o desperdício e o abuso um
fenômeno cultural destruidor, mas muitas vezes
aceito, abusando da saúde física e psicológica
do homem. Esta extrema licenciosidade moral
solapa as riquezas, a organização da sociedade e a
estabilidade da vida. Nenhuma coisa, na conduta
desse ser humano materialista, se submete a uma
avaliação ou é colocada numa balança de valores
e de ética.
Depois de transformar o prazer a qualquer
custo em objetivo final da existência, a anarquia
torna-se fundamento, generalizando-se para
o
comportamento
humano. Para atingir
o prazer máximo e
constante, perderamse todos os valores,
juntamente com os
critérios estabelecidos
para a conduta humana,
desequilibrando-se
as equações da vida,
com
a
sociedade
sendo dominada por uma espécie de desordem,
negligenciando o comportamento humano e seus
instintos.
desaparecerem de seu mundo os controles morais
e os valores espirituais.
Para salvar o ser humano dessa corrente
material inquietante e destrutiva, o Islã submeteu
o comportamento, os instintos, as tendências
psicológicas e as relações sociais humanas ao
controle da Organização Cósmica. O Islã inclui
todo comportamento humano e suas relações em
equações equilibradas, baseadas numa estrutura
sólida de caráter psicológico e moral. Os
versículos do Alcorão, as análises dos juristas e os
vários textos islâmicos confirmam esse princípio,
modelando um código e uma base para a vida:
“A base do controle, equilíbrio e moderação”.
A norma mais precisa que surgiu nesse sentido
é a Mensagem Divina dirigida ao Profeta da
humanidade, Mohammad (S), como segue: “Sê
firme, pois, tal qual te foi ordenado, juntamente
com os arrependidos,
e não vos extravieis,
porque
Ele
bem
vê
tudo
quanto
fazeis”
(Alcorão
Sagrado,
11:112).
Em outros textos do
Alcorão vemos uma
definição exata e uma
especificação
clara
desse princípio básico
das leis e dos valores, consubstanciados na Sharia.
Vamos citar, como exemplo, as palavra de Deus,
exaltado seja, falando do comportamento pessoal
do muçulmano e do método de relacionamento
com as riquezas e as coisas, quanto a gastar e
consumir. Deus, exaltado seja, diz: “São aqueles
que, quando gastam, não se excedem nem
mesquinham, colocando-se no meio-termo”
(Alcorão Sagrado, 25:67). “Não cerres a tua mão
excessivamente, nem a abras completamente,
porque te verás censurado, arruinado”
(Alcorão Sagrado, 17:29). “Ó filhos de Adão,
revesti-vos de vosso melhor atavio quando
fordes às mesquitas; comei e bebei; porém, não
vos excedais, porque Ele não aprecia os que se
excedem” (Alcorão Sagrado, 7:31).
O ser humano é em si
mesmo uma expressão
iluminadora no
grande Livro do Universo
Essa civilização materialista gerou um
ser humano confuso, desequilibrado, com
personalidade concupiscente e inquieta, de tal
forma que permite ao pesquisador e historiador
denominarem
a
civilização
materialista
contemporânea como “civilização da insensatez
e da perdição”. O homem, nessa civilização,
distanciou-se das bases da moderação e da
retidão. Ações como ingerir comida e líquido,
as relações sexuais, o acúmulo de riquezas e o
uso da autoridade, tudo é feito com exagero e
desperdício. A demonstração de seus sentimentos,
como o amor, o ódio, a satisfação, a ira e a aversão
também é feita sem comedimento. O homem se
transformou em um ser insensato, desequilibrado,
pois morreu no seu íntimo o domínio da retidão,
As orientações do Alcorão não se restringem
à moderação e ao se livrar do excesso e da
insensatez. Abrangem, igualmente, as situações
psicológicas do homem, organizando e
controlando o equilíbrio da sua reação diante
das situações da vida. Deus, exaltado seja, diz:
“Quando os castigardes, fazei-o do mesmo
modo como fostes castigados; porém, se fordes
pacientes será preferível para os que forem
pacientes” (Alcorão Sagrado, 16:126). “Para
que vos não desespereis, pelos (prazeres) que
vos foram omitidos, nem vos exulteis por aquilo
com que vos agraciou, porque Deus não aprecia
arrogante e vaidoso algum” (Alcorão Sagrado,
57:23). “Não mateis o ser que Deus vedou
matar, senão legitimamente; mas, se matardes
alguém injustamente, facultamos ao parente do
morto a represália; porém, que (o parente) não
se exceda na vingança, pois ele está auxiliado
(pela lei)” (Alcorão Sagrado, 17:33).
Os exemplos de
apelo à moderação
e
ao
equilíbrio,
tanto no Alcorão
quanto na Sunna,
nos
compêndios
de estudos morais,
éticos e legislativos
que os muçulmanos
elaboraram
ao
longo da história são muitos. Os fenômenos
da moderação e equilíbrio aparecem em todas
as legislações e entendimentos no Islã: na
comparação entre as questões da vida terrena e
da Outra Vida, como é dito nas palavras de Deus,
exaltado seja: “Mas procura com aquilo com
que Deus te tem agraciado a morada do Outro
Mundo; não te esqueças da tua porção neste
mundo, e seja amável, como Deus tem sido para
contigo” (Alcorão Sagrado, 28:77); aparecem
na comparação entre o instinto individual e a
ação coletiva, para efetivar o equilíbrio entre
os interesses do indivíduo e da sociedade,
eliminando o egoísmo, de um lado, e protegendo
a liberdade e a vontade individual, do outro;
aparecem na comparação entre os direitos e os
deveres do indivíduo, da nação e da sociedade;
aparecem na comparação entre os sexos, etc..
Todo mundo conhece a influência da moderação e
do equilíbrio no estabelecimento da organização
da vida e da orientação da capacidade humana,
para o proveito e o bem da própria humanidade.
5.
Consideração da Vida Terrena Como
Uma Etapa na Existência do Ser Humano
O mais importante princípio básico que
influencia o sistema de vida islâmico é o da
crença na Outra Vida, ou seja, na extensão eterna
da vida humana após a morte, o que contradiz
a idéia materialista de desaparecimento do ser
humano. A concepção da interrupção definitiva
da vida humana e o seu encerramento no mundo
terreno, restringindo-a ao tempo de sobrevivência
neste plano, é uma idéia materialista e insensata,
pois nega os princípios da Ressurreição,
Julgamento, responsa-bilidade, castigo e
recompensa após a morte. A idéia que o homem
insensato e o pensamento materialista continuam
repetindo ao longo dos
séculos é: “Não há
mais vida do que esta,
terrena!
Morremos
e vivemos e jamais
seremos ressuscitados!”
(Alcorão
Sagrado,
23:37).
A ênfase no hedonismo
se reflete na situação
política, econômica e
social caótica em
que vivem muitas sociedades
Nas
contas
do
homem insensato e
materialista, não entra o conceito da Outra Vida.
Ele não age como quem crê no Julgamento, na
responsabilidade e na eternidade, restringindo
toda a sua preocupação a esta vida e só trabalhando
para ela. Parece-se com o peixe: não sente a vida,
a não ser debaixo da água, limitando a extensão
do movimento à sua constante natação. Sob o
domínio desse pensamento materialista, não
deixa de adquirir o que lhe proporciona prazer,
mesmo que isso cause prejuízos aos outros,
destruindo o sistema de vida e eliminando a
felicidade humana. Quem crê nisso não está
preparado para praticar o bem por si, mas o faz
para auferir lucros pessoais e egoísticos nesta
vida. Assim, não consegue deixar de causar
desequilíbrio no sistema de vida ou se afastar de
prática de vários tipos de contravenções, negando
a sua responsabilidade perante o seu Criador e
negando o castigo após a vida terrena.
O materialista age de maneira contrária
ao muçulmano. Este edifica todo o seu
comportamento e suas relações, suas
atividades e suas compreensões da vida sobre
a consciência de que a vida terrena é uma
etapa curta na existência do ser humano, uma
introdução para o Mundo Eterno. Diante desta
realidade transcendente, a vida se debilita e as
tentações se tornam insignificantes, a ponto de
a realidade mundana parecer algo insípido e
frugal. O muçulmano não se impressiona com
as preocupações humanas e elas não consomem
sua existência. Por isso, ele age de acordo com
o sentimento de responsabilidade e a crença na
recompensa da Outra Vida, depreciando tudo
o que há nesta, sem se apegar a ela ou lutar
desbragadamente por ela.
Nesta condição islâmica, é muito natural
que o homem viva num despertar de consciência
e auto-observação, fundamentando seu
comportamento na prática do amor e do bem
pelo bem, afastando-se da luta e do sacrifício
pelo lucro da vida efêmera. Ele direciona a sua
preocupação e empenho por um mundo mais
sublime e um “lucro” melhor e mais duradouro:
a eternidade. Ele percebe que vive neste mundo
apenas para incluir a sua existência no mundo
da felicidade eterna.
A idéia de religião nada mais é, depois
da crença em Deus, do que a confirmação
desse princípio. Vemos o Alcorão Sagrado
e a Sunna Profética, em cada oportunidade,
falando ao homem sobre o mundo vindouro,
aprofundando a sua compreensão e sentimento
da verdade da vida e o valor da Outra Vida.
O Alcorão diz ao homem: “Tudo quanto vos
foi concedido (até agora) é o efêmero gozo da
vida terrena; no entanto, o que está junto a
Deus é preferível e mais perdurável, para os
crentes que confiam em seu Senhor” (Alcorão
Sagrado, 42:36). “Os crentes, que migrarem
e sacrificarem seus bens e suas pessoas pela
causa de Deus, obterão maior dignidade ante
Deus e serão os ganhadores. O seu Senhor
lhes anuncia a Sua misericórdia, a Sua
complacência, e lhes proporcionará jardins,
onde gozarão de eterno prazer” (Alcorão
Sagrado, 9:20-21). “Os crentes, que praticam
o bem, serão os diletos do Paraíso, onde
morarão eternamente” (Alcorão Sagrado,
2:82). “Dize: Contentai-vos com a graça e a
misericórdia de Deus! Isso é preferível a tudo
quanto entesourarem” (Alcorão Sagrado,
10:59). “Ó humanos, a promessa de Deus é
verdadeira! Que a vida terrena não vos iluda,
nem vos engane o sedutor, com respeito a
Deus” (Alcorão Sagrado, 35:5).
Esses são os mais importantes princípios
básicos que o Islã adotou na edificação
do pensamento, do comportamento e do
sistema de vida humanos. Ele se preocupou,
em cada situação, que esses princípios e
crenças não fossem meros dogmas em que
o muçulmano deva acreditar, ou conselhos e
orientações que nascem, vivem e morrem no
círculo do pensamento teórico. O Islã agiu
para transformá-los em bases científicas que
fundamentam todos os aspectos da vida, todas
as atividades e os comportamentos do ser
humano, no seu quotidiano e na sua relação
com o além.
Parábolas Inspiratórias
C
onta-se que um comandante foi derrotado em uma de suas batalhas. O desespero tomou conta dele e a sua esperança desapareceu. Ele abandonou seus soldados e foi para um local isolado no
deserto. Sentou-se ao lado de uma enorme rocha e, então, viu uma
pequena formiga carregando um grão de trigo, tentando levá-lo
para o seu formigueiro, na parte superior da rocha. No caminho o
grão caiu. A formiga voltou a carregar o grão e tentou subir novamente. Cada vez
que tentava, o grão caia e a formiga, novamente, voltava para carregá-lo e tentar
subir novamente.
O comandante ficou observando o inseto
com muita atenção, acompanhando suas tentativas de levar o grão várias vezes até que, finalmente, conseguir subir com o alimento para
o formigueiro. O comandante derrotado ficou
admirado com a cena interessante que presenciou. Então, levantou-se, cheio de esperança e
entusiasmo, juntou seus soldados e devolveulhes o espírito de otimismo e iniciativa, preparando-os para uma nova batalha. O resultado
foi a vitória sobre seus inimigos. A arma principal do comandante foi a esperança, que ele
aprendeu com aquela minúscula formiga.
O Mensageiro de
Deus (S) narrou aos
seus companheiros a
seguinte história: “Há
muito tempo, houve
um homem que tinha
assassinado noventa
e nove pessoas. Esse
homem buscou o mais
sábio entre os habitantes da terra e lhe indicaram um monge. Ao
encontrar-se com este último, relatou-lhe
que havia matado noventa e nove almas,
e lhe perguntou se podia arrependerse. O monge lhe respondeu que não. O
homem então o matou, elevando para cem o
número das suas vítimas. Outra vez procurou
o mais sábio entre os habitantes da terra, e lho
indicaram; ao encontrar-se com aquele sábio,
relatou-lhe que havia matado cem pessoas, e
lhe perguntou se poderia arrepender-se. O sábio respondeu: ‘Sim; e quem será aquele que
irá impedir o teu arrependimento? Dirige-te
para tal e tal terra, onde há gente que adora
a Deus, o Altíssimo, e adora tu a Deus como
eles, e não voltes à tua terra, porque é a terra
do mal.’”
“O homem se dirigiu ao local indicado,
mas, na metade do
caminho, sobreveiolhe a morte. Os anjos
da misericórdia e os
do tormento disputaram o seu caso. Os
anjos da misericórdia
alegaram: ‘Ele vinha
arrependido e com o
coração dirigido para
Deus, o Altíssimo.’ Mas os anjos do tormento
disseram: ‘Nunca fez uma boa obra.’ Foi então
que se acercou deles um outro anjo com a imagem de um ser humano, a quem elegeram como
árbitro entre as duas partes. Este disse: ‘Medi
a distância entre as duas terras; a que estiver
mais perto de onde se encontrava este homem
será a dele.’ Uma vez medida a distância, constataram que se encontrava mais perto da terra
que buscava. Assim, ele foi levado pelos anjos
da misericórdia.” Assim, Deus aceitou o seu
arrependimento porque ele havia almejado a
Misericórdia Divina e desejava
o arrependimento e o perdão.
Deus aceita o
arrependimeno de quem
busca a Misericórdia
Divina
Sabedoria Profética
O Mensageiro de Deus(S)
O
Conversa Conosco
Mensageiro de Deus (S) disse:
“Duas virtudes são insuperáveis: A crença em Deus e o
benefício aos servos de Deus.
E há dois vícios que nenhum
mal supera: o politeísmo e o
prejuízo aos servos de Deus.” Um homem, então,
pediu: “Aconselha-me com algo que Deus irá me
beneficiar.” O Profeta (S) respondeu: “Lembrate sempre da morte; assim deixarás de pensar no
mundo, e agradece (pelas dádivas recebidas), pois
isso aumenta a graça. Faz muitas preces, porque
tu não sabes quando será atendido. Cuidado com
o ultraje, pois ‘Deus socorrerá quem for ultrajado’. (Versículo 60 da Surata ‘Al-Hajj’). Cuidado com a conspiração, pois Deus determinou
que ‘a conspiração para o mal somente assedia
os seus autores.’ (35:43)”.
Foi perguntado ao Santo Mensageiro (S):
“Quem é a pior pessoa?” Ele (S) respondeu: “O
sábio, quando se corrompe.” E completou: “Meu
Senhor me aconselhou nove coisas: a sinceridade, pública ou ocultamente; a justiça na satisfação e na insatisfação; a resolução na pobreza
e na riqueza; perdoar quem for injusto comigo;
dar a quem me privou; ter relações com quem as
cortou comigo; que meu silêncio seja pensando
em Deus; que minha fala seja sobre a recordação
de Deus; que meu olhar seja um aviso.”
O Profeta (S) também disse: “Quando o
corrupto tornar-se líder de seu povo, quando o
seu chefe for o mais vil, quando o corrupto for
honrado, aguardai a desgraça.” E afirmou, ainda:
“Nós, os profetas, fomos ordenados a conversar
com as pessoas de acordo com as suas capacidades.” Disse mais: “Amaldiçoado quem encarrega os outros de seu sustento.” Exortou, ainda: “A
adoração constitui-se de sete partes e a preferível
entre elas é a procura do lícito.”
Quando seu filho Ibrahim estava agonizando, com os olhos cheios de lágrimas, disse o Nobre Mensageiro de Deus (S): “Os olhos choram
e o coração se entristece; porém, não dizemos
senão o que é da complacência de nosso Senhor! Certamente nos sentimos mui penalizados,
ó Ibrahim, por nos teres abandonado!”
fé débil e poucos bons atos, terá sua aflição diminuída.”
Em outra ocasião, ele (S) também disse:
“O mundo é instável. O que te é destinado tu obterás, mesmo na debilidade. O que for contra ti,
não serás capaz de evitá-lo, mesmo tendo poder.
Quem perder a esperança pelo que passou, seu
corpo descansará. Quem se satisfazer com o que
Deus lhe destinou, terá sossego.”
Outro dito célebre do Profeta (S) diz: “A
nossa qualidade, como membros da casa profética, é perdoarmos quem é injusto conosco e
darmos a quem nos priva.” Disse, também: “O
crente é igual à espiga: ora se deita, ora se firma.
Já o descrente é igual ao cedro: continua inabalável, sem sentimento.”
O Santo Profeta (S) disse, ainda: “Por
Deus, eu vos adverti quanto a tudo que afasta do
Inferno e aproxima do Paraíso. O Espírito Fiel
inspirou-me dizendo que nenhuma alma perecerá
até obter o que lhe foi destinado. Portanto, pedi
o que quiserdes. Que a demora na obtenção das
coisas não vos leve a obtê-las ilicitamente, pois
só se obterá o que há com Deus com a obediência
a Ele.” E disse, mais ainda: “A Deus aborrecem
dois tipos de sons: o choro alto na desgraça e os
alaridos emitidos por pessoas ou máquinas em
tempo de bonança.”
Foi perguntado ao Nobre Profeta (S):
“Quem são os mais aflitos no mundo?” Respondeu ele (S): “Os profetas. O crente é afligido do
tamanho de sua crença e os benefícios de suas
obras. Quem tiver uma fé correta e atos benéficos terá suas aflições acrescidas. Quem tiver uma
Em outra oportunidade, o Nobre Mensageiro (S) afirmou: “Os sinais da satisfação de Deus
em Suas criaturas são os preços baixos e a justiça
de seu governante; e os sinais de insatisfação de
Deus com Suas criaturas é a opressão de seu governante e a alta dos preços.”
Orientação
Aéticaislâmica
Introdução
N
a ética islâmica, faz-se uma
distinção
entre
o
termo
“educação” e o termo “ensino”.
Por isso, temos que os teólogos
e os sábios olham a educação
como missão que supera, na sua
importância, o ensino.
Encontramos no Sagrado Alcorão, na Sunna
do Nobre Profeta (S) e nas lições dos Imames da
Casa Profética¹ (AS) a confirmação da importância
da educação e da purificação. Observamos,
ainda, que o ensino, sem educação, não será uma
lâmpada luminosa, mas se tornará um empecilho,
que atrapalhará o homem no seu movimento em
direção à perfeição.
Daí decorre o fato de a “educação religiosa”
e a “educação pessoal” serem dois pilares básicos
dos programas educacionais,
pois a sua negligência
acarreta resultados de má
conseqüência na vida social.
Por sua vez, os termos
“ética” e “moral” se colo-
cam um ao lado do outro para designarem, em
muitas situações, o mesmo significado. Em outras
ocasiões, eles se tornam independentes, com
definições diferentes um do outro.
Ao explorarmos os significados da Ética
Islâmica, que nos conduz, em muitos aspectos,
ao bom comportamento, à excelência de conduta
e ao cultivo de características nobres, iremos nos
deparar, no final, com um termo de significado
mais amplo, que é a “cultura”. Porque a cultura
é mais extensa do que os ensinos religiosos, pois
abrange os costumes e as tradições que concedem
à sociedade a sua identidade e estabelecem os
aspectos de sua personalidade.
O Islã, com a sua mensagem mundial, convoca
as sociedades para uma ética que se coaduna com
a natureza humana. Ele não anula os costumes
sociais e as tradições existentes em uma sociedade
determinada, a não ser que sejam contrários à
essência divina do Islã. Por isso, vemos o nosso
Profeta Mohammad (S), depois de seu nobre
comissionamento, aceitando muitos costumes
sociais daquela época. Ele explicou que a sua
missão era aperfeiçoar a excelência de conduta. A
1 - Estes são os Guias dos muçulmanos, por sua inspiração divina e erudição. Constituem a progênie do Profeta Muhammad (S), desde o Imam Ali ibn Abi
Tálib (a.s.) até o Esperado Imam Al-Mahdi (que Deus apresse o seu desvelamento) (NE).
cultura, em seu significado geral, desempenha um
papel social parecido com o do sangue na vida do
ser humano. O sangue percorre todas as partes do
corpo, do cérebro, aos vários membros e órgãos. O
mesmo acontece com a cultura, que percorre todas
as partes da sociedade, do grupo de pensadores às
mãos trabalhadoras, das instituições grandes às
pequenas. A cultura se estende, no seu significado
geral, para desenvolver a vida na sociedade.
Quando a mensagem do Islã surgiu,
dominando com a sua luz e seu calor a Península
Arábica, formou-se uma nova sociedade, com
o prevalecimento de um novo espírito entre
seus membros: o espírito de solidariedade e de
amor. Deus, o Altíssimo, disse: “Mohammad é
o Mensageiro de Deus, e aqueles que estão com
ele são severos para com os incrédulos, porém
compassivos entre si.” (48:29).
“Mohammad é o Mensageiro de Deus, e aqueles que
estão com ele são severos para com os incrédulos,
porém compassivos entre si.” (48:29).
E afirmou também: “E foi Quem conciliou os
seus corações. E ainda que tivesses despendido tudo
quanto há na terra, não terias conseguido conciliar
entre os seus corações; porém, Deus o conseguiu,
porque é Poderoso, Prudentíssimo.” (8:63).
Quando as pessoas acreditaram na mensagem
do Profeta (S) e ingressaram em grupos na Religião
de Deus, o Profeta (S) começou a fundar a nova
cultura do Islã, combatendo, ao mesmo tempo, os
costumes e as tradições que não se coadunavam
com a natureza das pessoas. Ele (S) convocou
para a Oração de Sexta-Feira em congregação;
ordenou a prática do bem e coibiu a prática do
mal; incentivou o aprofundamento do sentimento
de fraternidade e de amor entre as pessoas;
ordenou sermos indulgentes com os nossos pais,
estreitarmos as boas relações entre os parentes,
respeitarmos os direitos do vizinho. Ele convocou,
também, para se ter uma boa conduta, modéstia e
lealdade, tolerância e perdão, indulgência e justiça.
Ele convocou para se ter espírito de amizade e
conciliação entre as pessoas, recomendou a adoção
dos órfãos, a visitação ao doente, a participação
com os outros nas suas alegrias e tristezas, a
hospitalidade e também impôs regras, como a
pronta restituição dos depósitos aos seus donos.
Ao lado dessas orientações, o Islã instituiu,
por meio dos ensinamentos do Profeta (S) e de
seus Familiares Puros (AS), um novo método
no combate aos costumes e comportamentos
negativos, como a calúnia, a difamação, a inveja,
a mofa dos outros e a mentira. Combateu a todos
os aspectos que não se coadunavam com a posição
elevada e a honra do ser humano.
O Islã, quando apresentou a sua ética e cultura,
não o fez apenas com conselhos morais, mas agiu
colocando-as em prática, instilando seus valores no
íntimo da pessoa e da sociedade. Encontramos em
seu programa cultural o significado da recompensa
e do castigo, tanto neste mundo como no Outro.
Ele se concentrou na continuidade da vida do ser
humano após a morte, lembrando continuamente
que este mundo é uma plantação para a Outra Vida:
o ser humano colherá amanhã o que plantou hoje;
o Islã também destacou o papel da lei na orientação
da vida social.
Aqui, cabe fazer uma distinção na cultura e ética
islâmicas: muitas vezes, o que o indivíduo faz para si
mesmo acaba tendo repercussão nos meios sociais.
Quando o muçulmano, por exemplo, adota um órfão,
ele visa obter a satisfação de Deus, exaltado seja, e
a recompensa do Paraíso. Com isso, proporciona à
criança uma vida tranqüila e nobre e à sociedade um
bem, com a educação de um membro que será útil e
que servirá a sua sociedade e o seu país.
Daí, a cultura e a ética islâmica desenharem
tanto para o indivíduo como para a sociedade um
equilíbrio moral, obtendo, por seu intermédio,
os objetivos sublimes da segurança, felicidade e
prosperidade.
Depois dessa introdução, iniciaremos, nos
próximos números, se Deus quiser, a apresentação
das mais importantes
éticas islâmicas. Até lá,
vamos deixá-los com
Deus.
Que a Sua paz e
misericórdia estejam
com todos!
Família
Dra. Maissam Salman
O Que Fazer Para Acabarmos
com a
Violência Familiar?
1. Durante a discussão, que haja regras,
como uma tentativa de se evitar arroubos
violentos e agressão.
outro para que evite ações das quais pode se
arrepender, quando do surgimento de atos de
excitação.
2. Se houver excitamento, devemos
evitar tomar uma atitude agressiva, seja pela
elevação de voz, o uso das mãos ou da língua
de maneira ofensiva.
5. O casal deve aprender a buscar o
diálogo e a compreensão, ou ao menos,
encontrar um meio de se retirar em paz da
discussão, para não piorar a situação.
3. No caso da utilização das mãos que Deus nos livre disso - o casal deve,
principalmente a vítima, segurar a mão do
ofensor e advertí-lo, sem excitação, para que
não repita o seu gesto.
6. A vítima, na maioria das vezes
é a esposa. Quando há continuidade da
agressão, ela deve recorrer a uma pessoa
justa, entre os membros de sua família, para
resolver a questão. Ela não deve se resignar
- principalmente se a violência for exagerada
4. É dever do casal lembrar um ao
O casal deve aprender
a buscar o diálogo e a
compreensão mútua
-, porque a mão que agride com violência,
sem cessar, não irá sossegar no futuro, a não
ser no corpo da vítima conformada com esta
situação degradante.
7. A esposa não deve consultar o marido
se ela souber que ele utiliza de violência. Se
o fizer, não deve condenar, a não ser a si
mesma. Ela deve evitar o desentendimento,
utilizando as melhores palavras nos
melhores momentos, para apresentar o seu
ponto de vista. Não deve questioná-lo, como
se estivesse num tribunal militar.
8. É dever do casal, ao discutir os seus
grandes problemas, evitar a presença dos
filhos, porque a influência da discussão irá
se transferir para eles, influenciando sua
ação quando crescerem e formarem suas
famílias.
9. É dever da esposa aproveitar o
tempo de calma, depois do ato de violência,
no que eu chamo de “lua de mel”, ou nos
dias de reconciliação, e estabelecer as suas
condições, combinando com o marido os
limites do relacionamento e o método de
resolverem as desavenças familiares.
10. O casal deve saber que a violência é
rejeitada tanto humana como religiosamente.
Se ela ocorrer - que Deus evite que isso
aconteça - deve um satisfazer ao outro, de
forma a evitar que ela se repita.
Revista Islâmica Evidências - 57
Perguntas e Respostas
Por Que o
Islã
Proibiu
as
Bebidas
Inebriantes?
D
eus, exaltado seja, informou
ao homem no Alcorão
Sagrado o que é benéfico e o
que é maléfico. Ele proibiu
o consumo dos inebriantes
porque o seu malefício é maior
do que o seu benefício. Nós lemos na Escritura:
“Interrogam-te a respeito da bebida inebriante
e do jogo de azar; dize-lhes: Em ambos há
benefícios e malefícios para o homem; porém,
os seus malefícios são maiores do que os seus
benefícios.” (2:219). Deus proibiu estes atos
paulatinamente, de acordo com os versículos
vinculados a eles, que foram revelados quatro
vezes. Na primeira delas, afirmou: “Meu
Senhor vedou as obscenidades, manifestas ou
íntimas; o delito; a agressão injusta.” (7:33).
Neste versículo, foram claramente proibidas as
obscenidades, sem, contudo, esclarecer quais
seriam elas. As pessoas não estavam cientes do
que incluía de ilicitude até a revelação seguinte:
“Ó crentes, não vos deis à oração quando vos
achardes ébrios.” (4:43). Este versículo avança
um pouco mais, proibindo as pessoas de orar em
estado de embriaguez.
Então, foi revelado o seguinte versículo:
“Interrogam-te a respeito da bebida inebriante
e do jogo de azar; dize-lhes: Em ambos há
benefícios e malefícios para o homem; porém,
os seus malefícios são maiores do que os
seus benefícios.” (2:219). Se a obscenidade é
proibida, como vemos no versículo acima, e
como nas bebidas inebriantes há cometimento de
obscenidade, então o resultado é que as bebidas
inebriantes são proibidas.
Esse versículo tem a função de diligência
para os companheiros do Profeta (S). Alguns
deles abandonaram as bebidas inebriantes após
islamizar-se e outros continuaram a consumilas, como se tivessem deduzido que poderiam se
beneficiar delas, evitando os seus malefícios. Isso
foi uma introdução para a proibição final. Então,
Deus, o Altíssimo, revelou: “Ó crentes, as bebidas
inebriantes, os jogos de azar, (a cultuação aos)
altares de pedra, e as adivinhações com setas, são
manobras abomináveis de Satanás. Evitai-as,
pois, para que prospereis. Satanás só ambiciona
infundir-vos a inimizade e o rancor, mediante
as bebidas inebriantes
e os jogos de azar,
bem como afastarvos da recordação
de Deus e da oração.
Não desistireis, diante
disto?”
(4:90-91).
Essas palavras mostram
que os muçulmanos
não
tinham
sido
proibidos
totalmente
de consumir as bebidas inebriantes após a
revelação do versículo da 2ª Surata, até que foi
revelado esse versículo, perguntando: “Não
desistireis diante disto?” Foram estes, portanto,
os versículos definitivos quanto à proibição do
consumo das bebidas inebriantes. Isso é indicado
pelo uso do pronome “as” – em “Evitai-as”
– e pela denominação delas como “manobras
abomináveis de Satanás”; no mesmo versículo
foi dada a ordem direta sobre o afastamento
delas, o que acarreta prosperidade, evidenciando
os malefícios causados pelo seu consumo.
Finalmente, a interrogação para a desistência e a
ordem de se obedecer a Deus e ao Seu Mensageiro,
advertindo quanto à não obediência e ao fato de
Deus prescindir deles, se desobedecerem.
Respondeu-lhe o Imam: “Foram proibidas
porque constituem obscenidades, causam todo
mal. Chegará uma hora para o usuário em que lhe
será roubada a razão, não conhecerá o seu Senhor
e não deixará uma desobediência sem praticá-la.”
A Proibição das Bebidas Inebriantes
na Bíblia Sagrada
Como citamos antes, Deus, o Altíssimo,
conhece mais do que nós a respeito dos
benefícios das bebidas inebriantes e não proibiu
o seu consumo de uma só vez. Ele mostrou os
seus malefícios, na Bíblia Sagrada também, em
muitas oportunidades. As mais destacadas são:
1. Faz o corpo e a estrutura definharem. Em
Provérbios, Ele coibiu o consumo das substâncias
inebriantes
pela
seguinte
razão:
“Não esteja entre os
beberrões de vinho,
nem entre os comilões
de carne. Porque o
beberrão e o comilão
cairão em pobreza; e
a sonolência faz trazer
os vestidos rotos.”
(23:20-21).
Deus, exaltado seja,
informou ao homem no
Alcorão Sagrado
o que é benéfico
e o que é maléfico.
O servo do Imam Assádiq (AS) perguntoulhe: “Por que as bebidas inebriantes foram
proibidas, se são as coisas mais saborosas?”
2. As bebidas inebriantes desviam o ser
humano, fazem-no praticar o adultério, cometer
os pecados, sem saber nem ter consciência:
“Para quem são os ais? Para quem os pesares?
Para quem as pelejas? Para quem as queixas?
Para quem as feridas sem causa? E para quem os
olhos vermelhos? Para os que se demoram perto
do vinho, para os que andam buscando vinho
misturado. Não olhes para o vinho quando se
mostra vermelho, quando resplandece no copo
e se escoa suavemente. No fim, picará como a
cobra, e como o basilisco morderá. Os teus olhos
olharão para mulheres estranhas e o teu coração
falará perversidades.” (Provérbios, 23:29-34).
3. A bebida inebriante faz o usuário perder o
juízo e não raciocinar. Salomão, o sábio (AS), diz
em Provérbios: “E dirás: Espancaram-me e não
me doeu; bateram-me e nem senti; quando
despertarei?” (Provérbios: 23:35).
4. Causa enfermidade, elimina as forças,
destrói os órgãos internos, principalmente
o fígado. Lemos no capítulo de Eclesiastes:
“Busquei no meu coração como estimular com
vinho a minha carne.” (Eclesiastes, 2:3).
5. Faz a pessoa só pensar em si. Ela abandona
a família, os seus interesses, seguindo o que lhe
faz mal e a destrói. Ela ignora o que é benéfico;
perde, na maioria das vezes, a sua honra, torna-se
voraz, mesmo rico, desprovido da misericórdia
de Deus. Em Isaias, lemos: “Busquei no meu
coração como estimular com vinho a minha carne.
E harpas e alaúdes, tamborins e gaitas e vinho há
nos seus banquetes; e não olham para a obra do
Senhor, nem consideram as obras das suas mãos.
Portanto o meu povo será levado cativo, por falta
de entendimento; e os seus nobres terão fome,
e a sua multidão se secará de sede. Portanto, o
inferno grandemente se alargou e se abriu a sua
boca desmesuradamente; e para lá descerão o seu
esplendor e a sua multidão e a sua pompa e os
que entre eles se alegram.” (Isaías, 5:11-14).
Há, acaso, motivo maior do que este para se
proibir o vinho?
Há quem pergunte: “Como, então, explicar
que o Cristo bebeu vinho, se na verdade era
proibido?”
Respondemos que, infelizmente, a versão
atual da Bíblia Sagrada foi vítima de inclusões,
extirpações e alterações. Mãos que servem a
Satanás a alteraram, tornando muitos assuntos
nela discordantes. Entre esses está a proibição e
a liberação do vinho, informando que o Cristo
(AS) o consumiu. Em Lucas, lemos: “Porque
será grande diante do Senhor, e não beberá
vinho, nem bebida forte, e será cheio do Espírito
Santo, já desde o ventre de sua mãe. E converterá
muitos dos filhos de Israel ao Senhor seu Deus.”
(Lucas, 1:15-16). A contrariedade é clara, ao
compararmos com: “Porque veio João o Batista,
que não comia pão nem bebia vinho, e dizeis:
Tem demônio. Veio o Filho do homem, que
come e bebe, e dizeis: Eis aí um homem comilão
e bebedor de vinho, amigo dos publicanos e
pecadores. Mas a sabedoria é justificada por
todos os seus filhos.” (Lucas, 7:33-35).
Por isso, não é permitido atribuirmos a prática
de concupiscências e atos ilícitos ao Cristo (AS).
Citamos como exemplo a Epístola I de Pedro:
“Purificando as vossas almas pelo Espírito na
obediência à verdade, para o amor fraternal, não
fingido; amai-vos ardentemente uns aos outros
com um coração puro;” (Epístola I Pedro, 1:22).
6. Torna seus usuários preparados para
vender sua honra, sua mulher, seus filhos, como
vemos em Joel: “E lançaram sortes sobre o meu
povo e deram um menino por uma meretriz e
venderam uma menina por vinho, para beberem.”
(Joel, 3:3). Que realidade é pior do que esta?
Os resultados inapropriados e destruidores de
seus malefícios aparecem na tradução da Bíblia
Sagrada ao ponto de venderem a filha para
conseguirem um pouco de vinho!
Fica claro à nossa frente, portanto, irmão
leitor, que o vinho é proibido pelo que possui de
perigo e malefícios. Deus, o Altíssimo conhece o
que é melhor para o ser humano. Não é estranho
que Ele proíba as bebidas inebriantes em todos os
Livros Sagrados, e não apenas no Alcorão, e que
nos oriente para o que é benéfico e proporciona a
felicidade nesta vida e na Outra.
Vejamos o apelo dos cientistas de hoje no
combate às bebidas alcoólicas. O jornal Daily
Mail de 18 de abril deste ano publica um artigo
onde descreve a dimensão da catástrofe que
atinge os jovens ocidentais por causa do consumo
das bebidas inebriantes. Apelando para o freio no
seu consumo, o artigo mostra os perigos delas,
aconselhando-os a rejeitá-las. Atenderam a este
apelo alguns líderes mundiais, que declararam
uma guerra contra as bebidas alcoólicas, que
destroem a vida de milhões de pessoas, homens,
mulheres e crianças. Eles se concentram nos
grandes malefícios que se refletem na sociedade,
principalmente nos mais jovens. As estatísticas
afirmam que 40% dos casos de violência
são causados pelo
consumo do álcool,
assim como mais de
40% das mortes. Na
Comunidade Européia
são
assassinadas,
anualmente, dez mil
pessoas em acidentes
de trânsito causados
pelo
consumo
de
bebidas alcoólicas. Na
Inglaterra, cerca de um milhão de crianças são
atingidas, com violência, pelos consumidores
de bebidas alcoólicas. Por isso, os cientistas
sugerem a proibição da propaganda de bebidas
alcoólicas, elevando os impostos que incidem
sobre elas, aumentando os seus preços.
Atualmente, milhares de jovens, homens e
mulheres morrem por causa da cerveja. Vemos
as enfermidades de fígado e a disfunção renal
se espalharem vertiginosamente entre os jovens
e os adolescentes que bebem álcool. Estudos
recentes revelam que o consumo do álcool causa
aflição e frustração,
ao contrário do que
imagina o consumidor
das bebidas alcoólicas,
que usualmente associa
o seu uso à felicidade.
A bebida alcoólica
é proibida porque o seu
consumo leva o homem
a cometer obscenidades
comercializa e transporta.
Por
isso,
os
cientistas
procuram
declarar guerra ao
álcool, tanto a quem
o fabrica a quem o
Enquanto isso, o Islã combate o álcool
há 14 séculos. Por que? Além da proibição
divina, o Mensageiro de Deus (S) amaldiçoou
o consumidor do álcool, o seu fabricante, o seu
vendedor e o seu transportador? Ele fez uma
advertência veemente no tempo em que ninguém,
na face da terra, conhecia os malefícios das
bebidas alcoólicas. O Mensageiro de Deus (S)
disse: “Deus amaldiçoa as bebidas inebriantes, o
seu consumidor, quem a serve, quem as vende,
compra, fabrica, trabalha na sua fabricação,
transporta e para quem são transportadas.”
Não é isso que as estatísticas ocidentais
confirmam hoje em dia? Que as bebidas alcoólicas
são a base de muitos assassinatos, muitos crimes,
muitos seqüestros e muita violência?
Falamos para todo ímpio arrogante: Eis
o Profeta da Misericórdia (S). Eis os seus
ensinamentos. Eis o que ele pregava. Lê a seu
respeito antes de zombarem dele. Deus, o
Altíssimo, a respeito de pessoas como essas,
afirma em seu Livro Lúcido: “Mas Deus
zombará deles e os abandonará, vacilantes,
em suas transgressões. São os que trocaram a
orientação pelo extravio; mas tal troca não lhes
trouxe proveito, nem foram iluminados.” (2:1516).
Família
Xeique Hassan Assafar
A Maternidade é
Uma Profissão Sublime
Parte 2
As Mães das Grandes Personalidades
O
estudo da biografia dos grandes
personagens da história e a
observação das circunstâncias de
sua educação familiar revelam, na
maioria das vezes, o papel das mães
na formação da sua conduta e moral.
O Sagrado Alcorão fala sobre o Profeta de Deus,
Moisés (a.s.), as circunstâncias de seu nascimento e o
seu crescimento. Em muitos versículos, percebemos a
presença efetiva da mãe, sem qualquer menção ou sinal
de seu pai, Imran. Não há, até hoje, a confirmação, com
base em fontes históricas, da sua presença durante o
nascimento de Moisés (a.s.). Relata-se, apenas, que sua
idade, naquela época, era de setenta anos, como lemos
na obra do sábio Tabari e no livro “Kámil”, de Ibn Assir.
Quanto ao profeta de Deus, Jesus, filho de Maria
(a.s.), ele não possuía pai e a sua mãe foi única na
sua educação. Ela foi citada com engrandecimento,
recebendo a devida homenagem no Alcorão Sagrado.
Uma das Suratas (capítulos) do Livro Sagrado,
inclusive, leva o seu nome: a Surata de Mariam (Maria).
Conta-se que Napoleão Bonaparte, que fundou um
grandioso império e abrangeu vários países europeus,
disse: “O que consegui alcançar hoje foi graças à
minha mãe”. O poeta inglês George Herbert afirmou
que “A mãe virtuosa consegue desempenhar o papel
de cem professores.” Isto é confirmado pela história.
George Washington, o primeiro presidente
dos Estados Unidos da América, perdeu o pai
aos onze anos de idade. Ele não cresceria com
firmeza de caráter e força pessoal se não tivesse
uma mãe ao seu lado, dotada de grande sabedoria e
potencialidade. Ela assumiu a sua educação
sozinha após o falecimento de seu marido.
Fatos como estes são confirmados por um
sem-número de intelectuais, cientistas e poetas
ao longo da história. Citamos também como
exemplo a vida de Goethe, Green, Schiller e
Bacon. Se não fosse a educação que receberam
de suas mães, não teriam assumido posição entre
os mais destacados sábios de todos os tempos.
Cada mãe que deseja o bem de seu filho e almeja
que ele seja líder e destacado deve saber que isso
depende se sua boa educação, do capricho nos
seus cuidados, da sua preocupação em orientálo e orientá-lo quando ao seu comportamento.
a mãe, principalmente nos primeiros anos, é
mais estreita e forte do que a sua relação com
o pai, devido à natureza do papel da mãe. Por
isso, ela tem mais influência sobre a criança
e o poder de formar a sua personalidade.
A Função mais digna
Onde está o Papel do Pai?
A importância de qualquer função é medida
de várias formas, as mais destacadas são:
1. A importância do resultado obtido pela
função.
2. A extensão do empenho e da aptidão para
o seu exercício.
3. A proporção de opções e escolhas para o
seu exercício.
Não se pode negar o papel do pai nem ignorar a
sua influência na educação dos filhos. Abordamos,
aqui, o papel da mãe porque ela está mais ligada a
eles, principalmente na primeira fase de sua vida,
à qual a Psicologia e a Pedagogia denominam de
“anos básicos” para a formação da personalidade
do
ser
humano.
Por
isso
tudo,
vemos
os
textos
religiosos confirmando
a importância da mãe
e o seu grande favor
ao ser humano. O seu
trabalho, o sacrifício
pela criança durante
a gestação, o parto a
infância, adolescência e
até mesmo vida adulta não podem ser comparados
com outro empenho, mesmo do pai. Hisham
Ibn Salim relatou que o Imam Assádiq (a.s.)
disse: Um homem foi ter com o Profeta (S) e
perguntou: “Ó Mensageiro de Deus, quem é a
melhor pessoa a quem devo oferecer a minha
benevolência?” Ele respondeu: “Tua mãe”.
O homem perguntou novamente: “E a quem
mais?” Ele respondeu: “Tua mãe”. “E depois
dela?”, ele perguntou. O Profeta (S) respondeu:
“Tua mãe”. “E depois dela?”, ele perguntou,
novamente. O Profeta (S), então, respondeu: “Teu
pai”. Annas relatou que o Mensageiro de Deus
(S) disse: “O Paraíso está sob os pés das mães.”
Está claro que a relação entre a criança e
Toda vez que o resultado é mais importante, o
empenho é maior, a aptidão exigida é mais elevada,
as opções são menores e a função torna-se mais
importante e mais digna. De acordo com essas
medidas, pode-se considerar que a maternidade
é a mais elevada função na sociedade humana.
Ela está vinculada à
produção do próprio ser
humano, à formação
de sua personalidade.
Esse é um exercício
inigualável.
Quanto
ao empenho exigido,
a função de mãe – que
engloba a gravidez, o
parto, a amamentação e
o cuidado – tem um grau
extremo de gravidade, fadiga e dificuldade. O
Alcorão Sagrado interpreta isso com as palavras
de Deus: “Com dores, sua mãe o carrega durante
a sua gestação e, posteriormente, sofre as dores
do seu parto” (41:15). Em outro versículo, diz:
“Sua mãe o suporta, entre dores e dores” (31:14).
Por outro lado, as qualificações do papel da mãe
são características psicológicas inatas impossíveis de
serem adquiridas a qualquer preço. São elas o amor
verdadeiro, o carinho sincero, o suporte da fadiga,
com toda vontade e alegria. Quanto à existência de
opções e escolhas, está claro, conscientemente e por
experiência, que ninguém consegue ocupar o papel
da mãe; ninguém consegue desempenhar o seu papel
distinto. A maternidade é a função mais digna e
Um dos capítulos do
Alcorão tem o nome de
Maria, a mãe de Jesus (a.s.)
não se pode avaliar o preço do papel da mãe que
consegue desempenhar corretamente essa função,
nem se pode determinar a sua remuneração.
Todas as pessoas são
devedoras a ela. Por mais
que façam e ofereçam
à mãe, não conseguem
pagá-la. Um homem
disse ao Mensageiro
de Deus (S): “A minha
mãe já está idosa e mora
comigo. Eu a carrego nas
costas, alimento-a de meu
salário, limpo-a com as
minhas mãos, com o rosto
desviado para não envergonhá-la e em respeito a
ela. Será que consigo pagar o favor que lhe devo?”
Respondeu-lhe: “Não, porque a barriga dela foi
sua vasilha de comer, o peito era fonte de beber,
o seu pé era calçado para você andar, a mão era
para a sua proteção e o seu colo para acolhimento.
Ela fazia isso, desejando que você vivesse.
Hoje, você faz isso, desejando que ela morra.”
É muito doloroso que a maioria das
sociedades viva, hoje em dia, preocupada em
elevar o valor das coisas materiais e sensuais
em lugar das inclinações humanas mais nobres.
Algumas correntes de pensamento e ideologias
são divulgadas procurando diminuir e desprezar
o papel da mãe, elevando em demasia o valor de
outras funções que teoricamente poderiam ser
desempenhadas pela mulher. Algumas passam,
então, a sentir-se marginalizadas, atrasadas e
envergonhadas por dedicar-se exclusivamente
à função de mãe. Enquanto vender sua força
de trabalho no mercado é motivo de orgulho e
glória. Ninguém é contra o trabalho da mulher
em qualquer atividade
da vida. Porém, isso
não pode ocorrer em
detrimento do papel
da
maternidade.
Não se pode, de
nenhuma
forma,
desprezar esta nobre
função. Os sistemas
governamentais
e
legais devem impor leis
e regras que permitam que a mulher trabalhadora
exerça a função sagrada da maternidade de
forma correta. O enfraquecimento no exercício
da função de maternidade reflete negativamente
na personalidade e mentalidade das gerações
futuras. É preciso um amplo debate e um
profundo esclarecimento das pessoas, que
recoloquem essa função no centro de prioridades
das preocupações da mulher de hoje em dia.
O trabalho da mulher
não pode ocorrer em
detrimento do seu papel
sublime de mãe
A Educação Correta
Ao lado da abundância de carinho e
desprendimento, enfim, de todos os cuidados
necessários à criança, é preciso se preocupar em
plantar as sementes de retidão e da bondade no
seu filho. A mãe deve se empenhar em prepará-lo
para progredir nos graus da perfeição. Por meio
do seu comportamento e seu modo de vida ela
consegue ser um modelo para os
filhos. A sua preocupação com o
conhecimento, a conduta correta
e o cumprimento das obrigações
religiosas geram no íntimo
de seus filhos essas mesmas
orientações e os incentiva a
segui-las. O diálogo da mãe
com os filhos, aconselhandoos e orientando-os, explicando
as realidades da vida e o seu
equilíbrio em uma linguagem
clara e afável, conta muito na
formação de sua personalidade
de forma consciente e madura.
Chapada dos Veadeiros
Um paraíso no Brasil Central
N
a região central do Brasil existe uma área de beleza inigualável: a Chapada dos
Veadeiros. Localizada no estado de Goiás, atrai, anualmente, uma quantidade
muito grande de turistas. Gente que procura as belezas naturais do local,
aliadas a uma infra-estrutura completa de atendimento, com pousadas, hotéis e
restaurantes.
A Chapada dos Veadeiros apresenta peculiaridades tanto no período de seca como no de
chuvas, atraindo as pessoas pelo misticismo e ecoturismo. A região é famosa pela energia
que a envolve, além de diversas cachoeiras, trilhas e paisagens inesquecíveis. A preservação
do meio ambiente e a natureza intocada são atrações à parte, graças ao esforço do IBAMA,
entidades ambientalistas, população e da administração pública local.
PARQUE
Localizado no Estado de Goiás, a 250 Km de Brasília e 500 Km de Goiânia, o Parque
Nacional da Chapada dos Veadeiros é uma das mais belas maravilhas encontradas no coração
do Brasil. Ocupando área de 65.515 hectares, apresenta um clima tropical quente semiúmido, com temperatura média anual de 25 graus centígrados, variando entre o mínimo
de 4 a 8 graus e o máximo entre 40 e 42 graus centígrados. Com altitudes de 600 a 1650
metros, corresponde ao pedi-plano mais alto do Brasil Central. No ponto mais alto do Parque
encontra-se a Serra de Santana.
O principal rio que corta o Parque Nacional dos Veadeiros é o Preto, afluente do Tocantins.
Ao longo do seu percurso, podemos encontrar várias cachoeiras, entre elas o Salto do Rio
Preto, com 120 metros de altura, e as Cariocas. Igualmente de grande beleza despontam os
canyons, paredões de até 40 metros de altura e vãos de até 300 metros.
Cristais de rocha afloram do solo entre a bela e variada flora do cerrado, composta por
matas ciliares, campos cerrados, cerrados abertos típicos, como também por florestas de
galeria. Ali podem ser encontradas mais de 25 espécies de orquídeas, além de outras espécies
vegetais, como o Pau d’Arco
Roxo, a Copaíba, a Aroeira, a
Tamanqueira, o Jerivá, os Buritis e
o Babaçu.
A rica fauna da região abriga
espécies ameaçadas de extinção,
como o Veado Campeiro, o Cervo do
Pantanal, a Onça Pintada e o Lobo
Guará. Também são encontrados
a Ema, a Seriema, o Tapeti, o Tatu
Canastra, o Tamanduá Bandeira, a
Capivara, a Anta, o Tucano de Bico
Verde, o Urubu Rei e o Urubu Preto.
O Parque Nacional dos
Veadeiros dispõe de um centro
de visitantes, além de alojamento
para pesquisadores. A visitação
é feita com acompanhamento de
guias, que podem ser encontrados
na comunidade de Alto Paraíso de
Goiás ou no povoado de São Jorge,
vizinho ao Parque.
ALTO PARAÍSO
Alto Paraíso de Goiás encontrase no entroncamento rodoviário da
GO-118 e GO-327, no coração da
Chapada dos Veadeiros, sendo seu
principal Município. É considerado
santuário goiano do misticismo,
esoterismo e espiritualismo. A
localidade é atravessada pelo
Paralelo 14, que passa também sobre
Machu Pichu, no Peru.
Além do esoterismo, a cidade
é propícia ao ecoturismo. Sua
população tem uma consciência
ecológica
muito
desenvolvida
e a natureza local é exuberante,
com centenas de atrações, entre
cachoeiras, vales, serras e fazendas.
O acesso a esses locais é de
automóvel, até um certo ponto.
Depois, podem-se fazer caminhadas,
que podem variar de 300 metros a
66 - Revista Islâmica Evidências
10 quilômetros. Todos os caminhos, porém, são
inesquecíveis por sua beleza e magia.
Alto Paraíso conta com uma infra-estrutura
voltada para o turismo, oferecendo pousadas,
hotéis, hotéis-fazenda, restaurantes, bares,
pizzaria, comércio de artesanato e um Centro de
Atendimento a Turistas, onde são encontrados
guias cadastrados que conduzirão os turistas
aos passeios. Um dos destaques é o aeroporto
próximo à cidade, que oferece inesquecível visão
do mais belo pôr do sol da região.
SÃO JORGE
Distante cerca de 40 quilômetros a Oeste de
Alto Paraíso, pela GO 327, no sopé do Morro
das Tábuas, está a localidade de São Jorge,
considerada a capital do ecoturismo da Chapada.
É parada obrigatória e porta de entrada do Parque
Nacional. Nela encontram-se bons hotéis e
pousadas, conforto combinado com rusticidade.
Uma boa estrutura para atendimento a turistas,
restaurantes, lanchonetes, pizzaria e lojas de
artesanato.
Em São Jorge também existe uma
Associação de Guias, Centro de Atendimento a
Turistas, Casa de Cultura Cavaleiro de São Jorge
e o Centro de Visitantes do Parque Nacional
da Chapada dos Veadeiros. A alimentação é
excelente, existindo opções para todos os gostos,
desde os apreciadores de carne, vegetarianos,
pizzas, passando pela culinária regional.
Fonte: www.chapada.com/portugues/parquenacional.htm
Edição: Revista Islâmica Evidências
Comportamento
O Sexo na
O
68 - Revista Islâmica Evidências
ser humano tem instintos, desejos e cobiças
ilimitados. Se ele fosse deixado prisioneiro de seus
desejos e instintos, entraria em choque e seria incapaz
de alcançar qualquer objetivo nobre e sublime.
O desejo do ser humano pela fortuna, pelo
conhecimento, pela constituição da família, o gosto
Ótica do Islã
por sexo, por beleza e por outras tendências naturais são necessários
para a sua perfeição e sua felicidade. Essas tendências não acontecem
por acaso, mas para se complementarem perante a consciência, a
percepção e o conhecimento. Não deve haver duelo entre eles, cada
um possuindo medida e limites específicos. Se for dada a cada um
deles a sua justa medida, acontecerá o equilíbrio e a estabilidade e
isso é suficiente para a perfeição e a felicidade humanas.
Revista Islâmica Evidências - 69
O conflito começa quando se dá a um
deles uma parte maior do que às outras.
A justiça não consiste em igualar
as pessoas e satisfazer totalmente suas
necessidades e inclinações, mas dar a
cada pessoa a sua parte legal e racional,
promovendo a sua perfeição e felicidade. O
Sagrado Legislador estabeleceu os limites
legais e justos para cada ser e inclinação.
O Imam Ali (AS) disse: “Quem agir
sem conhecimento, prejudica mais do que
beneficia.” As leis e os conhecimentos
religiosos possuem limites para satisfazer
essas tendências e instintos. Por isso, as
leis islâmicas foram denominadas de
“limites de Deus”: “Tais são os limites
de Deus; não os
u l t r a p a s s e i s .”
(2:229). É preciso
se apegar a esses
limites,
sem
aumentar
nem
reduzir.
Quem toma bebidas inebriantes e os que
praticam jogos de azar talvez bebam ou
joguem de forma que não prejudiquem aos
outros, mas prejudicam a si mesmos. O
Profeta (S) disse: “Não se deve prejudicar
aos outros nem à própria pessoa, no Islã.”
Deus, o Altíssimo, diz: “E não vos impôs
dificuldade alguma quanto à religião”
(22:78), o que significa que o Islã não
estabelece uma lei que permita causar
prejuízo ou dificuldade à própria pessoa
ou aos outros.
Para a proteção do indivíduo e da
sociedade, Deus dotou o ser humano de
instintos e inclinações inatas. A existência
destes dois aspectos é importante
para
uma
vida
equilibrada e feliz,
com a condição
de
moderação
no seu uso. A
vida feliz e bem
sucedida depende
da moderação dos
instintos.
O ser humano tem
instintos, desejos e
cobiças ilimitados,
mas não se deve
deixar escravisar por eles
Dentre
as
distinções do Islã
está o fato de que ele reconheceu as leis
de todos os instintos humanos. Não há
monasticismo no Islã: “Seguem a vida
monástica, que inventaram” (57:27),
nem instinto animal: “Não são mais do que
o gado; ou são mais irracionais ainda!”
(25:44). Há limites para a satisfação dos
instintos. Quanto ao desejo sexual, Ele o
limitou com o casamento; quanto ao desejo
pela fortuna, o limite foi estabelecido com
o comércio legal.
De acordo com o
Islã, a felicidade não se
mede com o deixar de
prejudicar aos outros
apenas, mas deixar de
se prejudicar também.
Nós sabemos
que os instintos e os desejos naturais são
de dois tipos:
Os instintos espontâneos: como
comer e beber. Quer o ser humano queira
ou não, ele deseja a comida e a bebida
naturalmente. Caso não atenda estas duas
necessidades básicas, perecerá.
Os instintos e os desejos nãoespontâneos: como o desejo sexual. Este
difere do desejo por alimento, sujeitandose o indivíduo a um estímulo externo. São
necessários elementos que proporcionem
o seu aparecimento, o seu aumento ou
a sua diminuição. Se a satisfação deste
desejo estiver isento de corrupção, o ser
humano consegue dominá-lo e orientá-lo
corretamente.
A Religião Islâmica, sem dúvida,
não diminui a importância do sexo nem
a nega. Pelo contrário, concede-lhe um
significado elevado, dignifica-o com uma
visão absolutamente positiva, removendo
da natureza do ato sexual o peso do pecado
ou do erro. De acordo com essa visão, o Islã
permite ao instinto aparecer com alegria
e sinceridade. Assim, a vida se torna
completa, empenhando-se o indivíduo em
agradar a Deus, de um lado, e praticar o
sexo de acordo com
uma
moral
elevada.
Isso significa
que a vida
cotidiana do
muçulmano abrange, em sua essência,
um diálogo permanente com Deus e
um diálogo entre o sexo masculino e o
feminino. O objetivo é tornar a vida uma
tentativa perseverante e constante de
agregar a religião ao sexo, através do qual
há a perpetuação da espécie humana.
Deus, o Altíssimo, diz: “Ó humanos,
temei a vosso Senhor, que vos criou de um
só ser, do qual criou a sua companheira
e, de ambos, fez descender inúmeros
homens e mulheres.” (4:1). Em outro
local, no Livro Sagrado, diz: “Elas são
vossas vestimentas e vós o sois delas.
Deus sabe o que vós fazíeis secretamente;
porém, absolve-vos e vos perdoa.
Acercai-vos agora delas e desfrutai
do que Deus vos prescreveu.”
(2:187). Portanto, a Lei Islâmica
estabelece as relações sexuais
em dois lados conjuntos: A
complementação e o prazer.
Quando
analisadas
sob este aspecto, as
necessidades físicas,
portanto, tornam-se
um dos grandes sinais
de Deus e indício de
Sua Onipotência.
E n t ã o ,
a
religião
circunscreve
a
profundeza desse
relacionamento
amoroso a um
Revista Islâmica Evidências - 71
ambiente sexual moral e legal, advertindo
veementemente sobre os riscos do desvio.
O Islã rejeita com veemência
a satisfação dos desejos sexuais por
meios ilícitos (prostituição, adultério,
homossexualismo,
masturbação,
pornografia e bestialidade), porque
estas
práticas
agem
no
sentido
contrário à afeição entre os dois sexos.
O Islã as considera contrárias ao método
e à natureza da vida, levando a pessoa à
clausura da ambigüidade e da obscuridade
para, no fim, causar a destruição de toda
a organização universal. A maldição cerca
aqueles que praticam estas perversões,
porque são métodos desviados da Lei
Divina e que significam, na sua essência,
a negação da condição elevada do ser
humano perante a criação.
Por isso, o Islã incentiva o casamento,
inclusive em idade precoce, para que o
jovem assuma sua responsabilidade e
não caia nos desvios e escorregões dos
instintos sexuais.
Tentaremos, nos próximos números,
falar em detalhes sobre o assunto, trazendo
ao nobre leitor a flexibilidade do Islã no
que diz respeito às relações matrimoniais
e à prática do sexo.
Atualidades
Preceitos Legais em Assuntos Contemporâneos
O
O Aborto
aborto é uma questão que suscita
discussões acirradas entre os
jurisconsultos. De acordo com
eles, tal ato é proibido em alguns
casos e possível em outras
situações. Para desfazer eventuais equívocos e
na tentativa de se “colocar os pingos nos is”,
como se diz comumente, vamos mostrar o aborto
do ponto de vista islâmico, as situações em que
há controvérsia jurídica e os casos em que ele
é permitido, em que é proibido, de acordo com
a opinião de Sua Eminência o Jurisconsulto
Sayyed Mohammad Hussein Fadlallah.
O Aborto do Ponto de Vista Islâmico
O aborto, do ponto de vista islâmico, é proibido
a partir da etapa em que o óvulo fertilizado pelo
sêmen se apega à parede do útero, iniciando ele a
etapa da vida. Quando afirmamos que a vida deve
ser respeitada desde o seu início, queremos dizer
com isso a vida em suas circunstâncias naturais
existentes dentro do corpo da mãe.
Discussão legal a respeito do aborto:
No que diz respeito ao aborto, há duas
situações passíveis de discussão legal:
Primeira: O abordo é permitido se o feto
prejudica a mãe de forma extrema, ou seja, se ele
representa um perigo patente, não permitindo à mãe
suportar os riscos inerentes à gestação. Defendem
este ponto de vista alguns dos nossos jurisconsultos,
entre eles o professor Sayyed Abul Kassem AlKhaui – e nós concordamos com ele, por diligência
no assunto. Sua base jurídica encontra-se no
Alcorão: “E não vos impôs dificuldade alguma na
religião.” (22:78), porque a permanência do feto
causa dificuldade, fadiga e esforço extraordinários
da mulher. Deus não estabeleceu, em Sua lei, um
preceito prejudicial constrangedor.
Segunda: O feto se transforma em risco de
morte para a mãe. Nesse caso, alguns dos
73 - Revista Islâmica Evidências
jurisconsultos permitem o aborto, entre eles
o Sayyed Al-Khaui. A mãe, assim, é beneficiada
por uma espécie de “sistema de auto-defesa”. Nós
concordamos com ele, porque a questão, aqui,
não é uma forma de morte prematura, mas de
defesa própria. Alguns dão o seguinte exemplo:
Suponhamos que uma pessoa esteja dormindo
e um outro, sem discernimento, joga o seu peso
sobre ela, o que representa um perigo para a
sua vida. Caso a pessoa não consiga se livrar,
a não ser de uma forma que represente a perda
da vida do segundo indivíduo, é permitido fazêlo, em defesa própria. Há alguns jurisconsultos,
contudo, que dizem
aguardar orientação de
Deus em relação a isso,
sem dar opinião.
Porém, se a questão
for de escolha entre
a vida da mãe ou do
feto, a sentença, como
diz Sua Eminência, é
a que segue: “Fica a
cargo da mãe. Ela tem o
direito de se defender, com o aborto. Ninguém
mais tem esse direito, quer seja médico ou outro
responsável pela criança, ou até mesmo o juiz,
a não ser por meio de um parecer jurídico que
assegure a legalidade do ato. É permitido ao
médico efetuar o aborto, se a vida da mãe estiver
correndo perigo efetivo”.
Se a mulher ficar grávida devido a um
relacionamento ilícito, ou por intermédio de um
casamento secreto, se sentir constrangimento ou
perigo por parte da comunidade em que ela vive,
“é permitido o aborto, se a gestação representar
perigo para a sua vida ou causar uma grande
desonra, um constrangimento insuportável, mas
com a condição de que o feto não esteja na etapa
do ‘sopro do espírito’. Caso contrário, o ato passa
a ser considerado ilegal, a não ser que represente
perigo efetivo de vida.”
Quanto à criança gerada devido a um
adultério, Sua Eminência não considera isso
“motivo para o aborto,
nem se justifica este
ato, legalmente, nessas
condições. Há uma única
condição que o permite:
perigo para a vida dela,
caso continue grávida,
sujeita a ser morta pelos
seus familiares.”
Sua
Eminência,
porém, não descarta a
existência de outras condições quanto ao aborto.
Ele disse: “No caso de uma mulher ser estuprada
e isso representar uma condição psicológica
negativa para ela, apenas, não é permitido o aborto.
Em outra condição, a gravidez pode representar
uma desonra insuportável, dependendo das
condições sociais. Nessa situação, é permitido
É permitido ao médico
efetuar o aborto, se a vida
da mãe estiver correndo
perigo efetivo
o aborto, antes da etapa do sopro do espírito”.
Pode haver outras condições: “Se a mulher é
estuprada, enganada, ou coisa similar e fica
grávida, correndo perigo de morte se a gravidez
persistir, é permitido que aborte para salvar a
vida.”
Quanto à posição do homem na questão do
aborto, Sua Eminência opina que “o homem
nada tem a ver com esse assunto, quer seja
prejudicado ou não. A gestação é problema da
mulher. O perigo, quem corre, é a mulher. Por
isso, a questão da permissão e da vedação está
relacionada com ela, não com ele.”
A Deformação do Feto
não Justifica o Aborto
Outro caso que se coloca é a eliminação do
feto deformado. Sua Eminência. diz: “Muitos
podem ser afligidos pela deformação do feto. De
acordo com o ponto de vista geral islâmico, não
é permitido o aborto nesse caso. Por que, afinal
de contas, construímos hospitais e sanatórios
para os deficientes, se o princípio é o mesmo?
Se é permitido matar o deficiente quando ainda
feto, por que não é permitido após nascer?
Ambos representam um problema, do ponto de
vista das outras pessoas. Por outro lado, por
que não devemos pensar que a medicina vai se
desenvolver e irá, de uma forma ou de outra,
tratar essa deformação?”
Quanto ao aborto por exposição à radiação,
com receio de deformação, Sua Eminência não
permite isso. Ele diz: “O prejuízo que justifica
o aborto é o causado na mulher grávida e não a
deformação do feto.”
Quanto à opinião de que a medicina
consegue fazer exames precisos e descobrir
deformações naturais que levarão o recém
nascido a uma morte rápida com o bebê acéfalo,
Sua Eminência. Diz: “Esse problema está ligado
ao aspecto natural e é uma questão da vida. Se a
vida da criatura é comum e sujeita a elementos
materiais, se há uma criatura que irá nascer e
com a qual terei trabalho, devo matá-la? Esse
é um ponto. O outro ponto: creio que algumas
situações não são impossíveis. A medicina,
porém, está se desenvolvendo nesses setores.
Menina Indiana, nascida com 6 pernas
Portanto, porque não lhe damos a oportunidade
de viver? Como dissemos, se supormos que o
problema é que um ser assim nos dará trabalho,
porque cuidamos dos idosos e dos deficientes?
Mesmo as pessoas que sofrem de doenças
incuráveis, por que vivem e sofrem nessa
situação? É uma questão de princípios.”
Por outro lado, Sua Eminência diz:
“Não há exame cem por cento correto. Pode
ser que o aparelho esteja com defeito, que
o exame esteja incorreto. Portanto, não é
a nossa formação jurídica que irá emitir
uma sentença final pelo assassinato de toda
pessoa considerada deformada. Há pessoas
que tiveram um diagnóstico incorreto, de
que apresentariam problemas e descobrimos,
depois, que o diagnóstico estava errado. Tenho
uma experiência pessoal quanto a isso. A minha
esposa estava grávida e tinha uma doença.
Os médicos disseram que a criança nasceria
deformada, com certeza. No fim, tornou-se o
mais belo dos meus filhos.
Finalmente, as leis gerais não podem ser
abrangentes, mesmo as regras médicas. Mesmo
que haja setenta ou oitenta por cento de chances
(de defeito), há os outros trinta ou vinte por
cento. Se quisermos especificar, em muitos casos
os trinta por cento passam para setenta por cento.
Por isso, devemos aceitar os fatos negativos
na nossa vida, para aplicarmos a lei geral que
protege os seus aspectos positivos.”
A Herança da Arquitetura
Islâmica – Os Muxarabis
Foto: Amira
Por entre as treliças de madeira pode-se ver a rua,
mas não a beleza da mulher islâmica, preservada por
trás dos muxarabis. È por meio deles, que a cultura
islâmica encontrou uma solução que permite a ventilação e iluminação, mantendo a privacidade e valorizando os seus bens culturais. Essa herança moura
conquistou mais do que o mundo árabe, estendendose a outras culturas. Com o mesmo uso ou às vezes
utilizado como elemento decorativo, os muxarabis
espalharam-se pelo mundo. Exemplos dessa disseminação da arquitetura árabe podemos ver aqui mesmo
no Brasil. A arquitetura colonial brasileira usou e abusou dos muxarabis, não somente como balcões (guarda-corpos), mas também nas janelas privilegiando a
idéia de ver sem ser visto. No entanto, não é somente
a arquitetura colonial que se beneficiou desse artifício
interessante de iluminação. Na arquitetura de Lina Bo
Bardi (arquiteta italiana que viveu e trabalhou muito
tempo no Brasil), podemos ver o uso desse elemento.
O SESC Pompéia, em São Paulo, por exemplo, possui em suas janelas amorfas, muxarabis vermelhos
de correr, que permitem esse trabalho da luz quando
desejado. Já na arquitetura de Márcio Kogan, arquiteto paulista, vemos a idéia de muxarabi utilizado com
uma estética um pouco diferenciada pelo material escolhido, trabalhando a transparência e integração do
ambiente interno e externo, mas mantendo ainda a
privacidade que uma residência exige.
Foto:Crimson
Lilian de Oliveira*
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Foto: Nelson Kon
Foto: Ihva
Foto: Ugo Cei
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Muxarabi
Uma moça na janela
Olha tudo que passa por ela
Passa a noite passa o dia
Passa o sopro de maresia
Daqui de dentro de mim
Quero te ver passar por mim
Pela janela em mim
E no meu jardim
Sorrir pra mim
Fogo de estrelas
Treliças em mim
Vejo ele não me vê
Do meu muxarabi
Destrançar os cabelos
Mergulhar no vento em ti em mim
A carambola e o sapoti
Muxarabi
Sombra e água fresca
Muxarabi
Dormir enfim
Eleonora Falcone
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Foto: The New York
Times
Foto: Stefan Zefi
Muitos elementos ou idéias são, na arquitetura,
adaptados ao clima, função, cultura ou é feita uma releitura adequando às novas tecnologias. Esse é o caso
do Instituto do Mundo Árabe, em Paris. Na obra em
questão, projetada pelo arquiteto francês Jean Nouvel, a releitura do muxarabi foi essencial devido a
diferença drástica entre o clima francês e o dos países do mundo árabe. Para isso, a nova leitura e interpretação do muxarabi são feitas de modo a filtrar a
iluminação através de diafragmas de diversas formas
e tamanhos, controlados por células fotossensíveis,
apresentando a típica iluminação que se costuma ver
na arquitetura islâmica. Ao mesmo tempo, adequou a
técnica árabe à nova tecnologia trazendo esse ar contemporâneo e integrando e mesclando a cultura árabe
com a cultura européia.
Foto: Google Earth
Foto: www.marciokogan.com.br
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Com a imigração de árabes para diversas partes do mundo, não é só na arquitetura que elementos
arquitetônicos árabes se refletem. A cantora Eleonora Falcone, brasileira, até compôs uma canção que
menciona o muxarabi, relatando a participação e a
vivência dele no seu dia a dia, incorporando dessa
forma, mais uma vez, parte da cultura islâmica que se
prolifera a cada dia mais na nossa cultura, seja com
elementos arquitetônicos, especiarias que complementam nossa culinária, ou qualquer outro artifício
que juntos enriquecem com muito orgulho a cultura
brasileira, mostrando que essa globalização, que permite um intercâmbio entre hábitos e experiências diferentes entre nações, é muito preciosa.
Imagens:
1 e 2 - Al-Hambra, Granada, Espanha; 3 – Medersa Ben
Youssef; 4 – Olinda; 5 –Sesc Pompéia, Lina Bo Bardi,
SP; 6 – Casa du Plessis, Márcio Kogan, SP; 7,8 e 9 –
Instituto do Mundo Árabe, Jean Nouvel, Paris.
* A autora é arquiteta
Revista Islâmica Evidências - 77
Palavras Cruzadas
por Chadia Kobeissi
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HORIZONTAL
4. Os livros anteriores ao Alcorão Sagrado, como o Evangelho,
citaram o nome do Profeta que viria após Jesus. No Evangelho,
o nome de Muhammad (S) apareceu como...
7. A primeira obra coletada que continha os ditos, cartas e sermões do Imam Ali (A.S.) foi o Nahjul Balaghah, ou seja “O
Método da ...”
8. Os muçulmanos sempre devem buscar o diálogo entre si e com
os membros de outras religiões. Este diálogo deve ter...
15.Como os árabes eram considerados e vistos antes do Islamismo?
18.Poeta famoso por seu elogio a Ahlul Bait (A.S.).
19.O versículo do Alcorão Sagrado “Oh, Apóstolo! Proclama o
que tem sido revelado a ti por teu Senhor. Se tu não o fizeres,
não terás cumprido e proclamado a Sua Missão. E Allah te protegerá das pessoas” (5: 67). Esse versículo foi referente a qual
fato?
20.Como era chamado o oásis “Al-Madinat Arrasul” ou “Al-Madina Al-Munauwara”, antes da chegada do Profeta (S)?
21.O Mensageiro de DEUS(S) resolveu permitir a um número de
seus seguidores emigrarem para a Abissínia, garantindo-lhes
proteção e livrando-os da perseguição dos politeístas. A Abissinia, atualmente, é conhecida como...
23.Os árabes e os muçulmanos contribuíram em várias áreas para
a humanidade. Na matemática, ciência, filosofia e...?
25.Dito do Imam Ali (A.S.). Se você conhece, complete: “A paciência se define em duas formas: a paciência sobre aquilo que
detestas e a paciência frente aquilo que ...”
VERTICAL
1. A Jurisprudência Islâmica.
2. Qual dos Imames falou esse dito, referindo-se ao adultério:
“Aquele que pensar em adultério é como quem ateia fogo em
casa decorada. A fumaça corrompe a decoração, mesmo que a
casa não pegue fogo”.
3. Criação de algo que não tem fundamento na religião...
4. Nome do irmão do Imam Hussein(a.s), que teve as mãos cortadas e os olhos atingidos na batalha de Karbalá.
5. É considerado um presente que o homem se comprometerá a dar
à mulher que se casa com ele.
6. No Islã, como no Judaísmo, existe uma obrigação especial para o
homem. Cientificamente, é comprovado que esta obrigação confere maior higiene a ele. Como é o nome de essa obrigação?
9. O fator mais importante, contribuinte para união das tribos árabes...
10. O Islã não declara ilegal, sendo algo permitido. No entanto, deve
ser evitado ao máximo. Ao que nos referimos?
11. Quem representava a segunda forçaa depois dos muçulmanos, no
inicio da Hégira?
12. Atualmente, nós, muçulmanos, precisamos de mais...
13. Livro que contém tudo que as pessoas necessitam em termos de
jurisprudências e regulamentos. Tal obra foi o ponto de atenção
do Imam Assadeq (A.S.) da seguinte forma: “Não há algo que ela
não contenha”.
14. De acordo com os sábios, os atos humanos se dividem em cinco:
1-Permitidos, 2-Desejáveis, 3-Desaconselháveis, 4- Ilícitos e ...
Qual é o quinto?
16. Montanha do lado da Caaba, em Meca, na qual é realizado um
dos rituais da Peregrinação.
17. O que representa atualmente a antiga Mesopotâmia?
22. Continuação do profetismo e da religião...
24. Comunidade muçulmana...
Palavras Cruzadas
Respostas das cruzadas edição número 5
HORIZONTAL
2. MOUROS--Povo árabe-berbere que conquistou a Peninsula Ibérica.
3. EVIDÊNCIAS--Nome da nova revista do Islã.
5. AHLULBAIT--O Profeta Mohammad (S.), sua filha Fátima Azzahrá, seu marido, Imam Ali, seus filhos Hassan e Hussein e logo os nove Imames e sucessores da linhagem de Hussein (A.S).
9. KABA--A Casa Sagrada de Deus, que foi reconstruída pelo profeta Abraão
(A.S.) e ao redor da qual é realizado o ritual do Tauaf, na cidade sagrada de
Meca.
13. ALMAHDI--Imam cujo retorno todos esperam, mantendo-se ele ainda oculto.
14. AS--Abreviação das primeiras letras de um pedido de paz para um Profeta ,
Imam ou demais membros de Ahlul Bait. O significado literal é: “Que a paz
esteja com ele”. “Alaihe Assalam”.
15. RAMADAN--O nono mês do ano islâmico, sendo obrigatório o Jejum em
todos os seus dias.
18. MECA--Cidade onde nasceu nosso querido profeta Muhammad (S).
20. JUÍZOFINAL--Dia do acerto de contas.
23. KHADIJA--Esposa do profeta Muhammad (S), defensora da Doutrina de
Deus, vivendo com o Mensageiro (S) aproximadamente entre 25 e 28, sempre
colaborando com ele na divulgação e difusão da Mensagem Divina, própria
da Religião Islâmica.
27. FÈ--O ser humano deve ter ......... em DEUS.
28. JESUS--Profeta e Mensageiro de Deus, que pelo poder d’Ele curava os doentes.
31. ABÁSSIDA--Terceira dinastia de califas árabes, que reinou de 750 a 1258
tendo Bagdá, no Iraque, como sua capital.
32. MISERICORDIOSO--Um dos atributos de Deus, presente no início das suratas (capítulos) do Alcorão Sagrado.
33. COÁGULO--Primeira surata revelada do Alcorão Sagrado ao Profeta
Muhammad (s.a.a.s), enquanto orava na gruta de Hira. Diz uma parte da surata: “Lê, em nome do teu Senhor Que criou; Criou o homem de algo que se
agarra. Lê, que o teu Senhor é Generosíssimo, Que ensinou através do cálamo,
Ensinou ao homem o que este não sabia.” (96: 1-5)
VERTICAL
1. ISLAMISMO--A religião que mais cresce atualmente no mundo.
4. CONHECIMENTO--Deve ser buscado por todo muçulmano e muçulmana.
6. UNICO-- Incomparável, Deus e.
7. ATTAUHID--Um dos nomes da Surata Al-Ikhlass.
8. ZAKAT--Donativo imposto por Deus conforme Sua revelação: “E observai a oração e cumpri com o donativo e obedecei ao Mensageiro, para
que sejais compadecidos (por Deus)”. Alcorão Sagrado (C. 24 - V 56).
10. GABRIEL--Nome do anjo que desceu com a revelação para o Profeta
Muhammad (s.a.a.s).
11. FENÍCIA--Um antigo reino cujo centro se situava na planície costeira do que é hoje o Líbano, no Mediterrâneo oriental. Esta civilização
desenvolveu-se entre os séculos X e V a.C.
12. HAJJ—Nome, em árabe, para a peregrinação a Meca.
16. ALI--Única pessoa a nascer dentro da Kaaba.
17. MONOTEÍSMO--Algo em comum nas três religiões: Judaísmo, Cristianismo, e Islamismo.
19. ALKHOMS--”E sabei que, de tudo quanto despojardes, a quinta parte
pertence a Deus, ao Mensageiro e seus parentes...”.
21. AVICENA--O seu texto filosófico mais importante é o “Kitab al-Shifa”, A cura da ignorância, onde aborda temas como Física, Matemática,
Geometria, Aritmética, Música e Astronomia. Quem é esse pensador?
22. ZAMZAM--A fonte de água localizada em frente a Kaaba, que nasceu debaixo dos pés de Ismael (A.S.), o filho recém nascido do profeta
Abraão (A.S.).
24. HUSSEIN--Nome do Imam Martirizado em Karbalá juntamente com
muitos companheiros e familiares, pelas tropas de Yazid Ibn Moauiya.
25. DUA—Súplica, em árabe.
26. FÁTIMA--“Azzahrá”, filha de Mohammad Ben Abdullah, Mensageiro de Deus (S) e também a “Senhora de todas as Mulheres do Mundo”.
29. MEDINA--Cidade onde morreu e está enterrado nosso querido Profeta
Muhammad (s.a.a.s).
30. ETERNO--Um dos atributos de DEUS.
1
A partir de agora, você poderá ter acesso a estes
temas, tão importantes para compreender o mundo em que
vivemos.
Afinal, a Religião Islâmica é considerada a que mais
cresce no mundo, contando com 1,5 bilhão de seguidores
em todo o planeta.
A Revista Islâmica Evidências traz a você o conhecimento sobre o Alcorão Sagrado, a vida do Profeta Muhammad (S), práticas e costumes dos muçulmanos.
Revista Islâmica Evidências - Ano 1 - número 4
0
Revista Islâmica Evidências - Ano 1 - número 3
Você conhece a História e a Cultura Islâmica?
Sabe quem são os muçulmanos e no que acreditam?
Revista Islâmica Evidências - Ano 1 - número 2
Revista Islâmica Evidências - Ano 1 - número 1
Revista Islâmica Evidências - Ano 1 - número 0
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