entrevista | Rodrigo Belloube

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entrevista | Rodrigo Belloube
entrevista | Rodrigo Belloube
maior robustez no subsídio ao prêmio de
seguro em apoio ao agricultor. Além de
ser uma política social com benefícios
diretos a um setor fundamental para a
pauta exportadora do País, protegeria
os recebíveis dos próprios bancos financiadores.
APÓLICE: Comparado ao resto do
mundo, o Brasil é lucrativo?
Rodrigo Belloube: O Brasil tem
performance inferior à média mundial
no âmbito do resseguro. No mercado
primário, tem boa rentabilidade, principalmente nos segmentos vinculados às
camadas sociais em ascensão. O que nos
APÓLICE: Qual é atualmente o maior faz acreditar no País é o enorme potencial
risco global?
Rodrigo Belloube: Para o
mercado global, penso eu que o
principal desafio hoje talvez esteja
no comportamento das taxas de juro,
baixas em decorrência da estagnação econômica e sem viés de alta
principalmente na Europa e EUA,
com a consequente pressão sobre o
resultado técnico. Capitais alternativos, como fundos de pensão, vêm
buscando remuneração compatível
com suas obrigações futuras e, com
o cenário descrito e como medida alternativa, aumentando suas posições
em contratos catastróficos. Com
isso, há um excesso de oferta em
mercados específicos, notadamente
o americano. Para os jogadores de
menor peso, com reduzido ou nenhum valor agregado e cujo modelo
depende excessivamente de uma
estrutura leve para viabilizar competitividade em preços, os mares à
frente poderiam ser turbulentos.
APÓLICE: O Brasil ainda é um mercado
que desperta interesse internacional?
Rodrigo Belloube: Sim, mas com
uma dose maior de realismo. Houve
muitas empresas que desembarcaram no
País, ou fundos nacionais que investiram
em resseguro, pela primeira vez após a
quebra do monopólio de resseguro – algo
naturalmente legítimo -, mas com planos
de negócio bastante ambiciosos que, no
agregado, se mostraram inatingíveis.
Há também alguma preocupação com o
viés exageradamente litigante em alguns
nichos, bem como uma ou outra corrente
que busca promover reformulações no
ordenamento jurídico com nuances quase
exóticas. Precisamos manter o mercado
nos trilhos e isso significa pensar sempre
em qual a melhor solução para o País, e
não para atores específicos.
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latente que ainda não despertou, atendida
a condicionante de que o foco saia de uma
abordagem meramente unidimensional
centrada em preço, para outra em que
a inovação e agregados sejam a mola
propulsora de desenvolvimento.
APÓLICE: As recentes “estremecidas”
na economia, com alteração na taxa de
juros e alta da inflação, contribuem para
piorar a imagem externa do país?
Rodrigo Belloube: O cenário macroeconômico sempre fez parte da equação quando se analisam as perspectivas
de um mercado ou setor, como todos
sabemos. E os números dos últimos anos,
2014 em particular, não foram os melhores
desde a reforma econômica de 1994, que
trouxe a inflação a níveis mais digeríveis.
Entretanto, o desempenho do mercado de
seguros vem significativamente superando o crescimento econômico, com baixa
correlação entre os dois, pois existe uma
demanda não atendida de proporções consideráveis. No resseguro, o descolamento
é um pouco menor. O Brasil continua a
ser analisado sob uma lógica de longo
prazo e a questão macroeconômica tende
a ganhar importância à medida que, e caso,
aumente a correlação dela com o
comportamento dos mercados de
seguro e resseguro, o que ainda não
é o caso. Para atores cujas carteiras
sejam mais dependentes dos níveis
de investimento, como por exemplo
as de riscos de engenharia e garantias, o cenário econômico tem outra
dimensão.
APÓLICE: Quais carteiras vocês
apostam que serão mais promissoras no Brasil?
Rodrigo Belloube: Nós apostamos em nos posicionar como parceiro estratégico de nossos clientes,
ajudando a quatro mãos em projetos
e iniciativas relacionadas à inovação,
à sofisticação da oferta ao mercado, à
agregação de valor e serviços a produtos de forma a atender demandas
cada vez mais complexas e específicas. Em outras palavras, queremos
ajudar nossos clientes, no papel de
parceiros, a atingir seus objetivos
estratégicos e operacionais. Também
apostamos em nos tornar um veículo de
otimização no uso do capital de nossos
clientes, de forma a maximizar taxas de
retorno. O resseguro é um instrumento
fantástico e versátil, que pode ser utilizado
na forma mais convencional, para soluções
de riscos específicos ou portfólios, como
também como elemento de financiamento, de compartilhamento de riscos e
resultados. Recentemente, ajudamos uma
seguradora brasileira a automatizar seu
processo de venda numa linha específica,
investindo recursos num sistema lógico
avançado que simplifica a interação com
clientes potenciais e reduz drasticamente o
tempo de venda. Celebramos um contrato
cota-parte de longo prazo como forma
de selar a parceria. É nessa direção que
vemos nossa operação e posicionamento
se desenvolvendo.

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