Borbulhas de Dança

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Borbulhas de Dança
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Borbulhas de Dança.
-Eu sou dança tormentosa
Vibrante borbulhante.
Uma paixão amorosa
Fogo quente ardente,
Oceano, vento, nuvem,
Luzeiro, ilha selvagem,
Flor, perfume, miragem,
Pássaro alado, verão,
Anjo sagrado, inverno,
Pranto, ternura,
Lamento, doçura,
Ora ondulante, ora moinho,
Sempre viajante
Buscando encontro.
-Dedicado aos meus alunos que me incentivaram no caminho da dança
aprofundando meus sentimentos.
Selva Belfior.
-Do caos dionisíaco brotam borbulhas tormentosas e num passe de mágica;
fermentos febris explodem em luz.
Inspiração em Nietzsche e na Luz
Universal.
-A autora Luz de Miel, fala da personagem Selva Belfior, apelidada de
Selvabel ou Selvabê, nascida em Weena Port, capital de Latina, a terra
da cumbia e do calipso.
-Alguns nomes de pessoas e lugares como algumas situações, são fictícios.
Conteúdo do livro da autora Luz de Miel: Borbulhas de Dança.
-Passos de bale clássico e moderno.
-Passos de danças folclóricas dos cinco continentes incluindo danças tribais.
-Passos básicos universais de dança.
-Histórico do bale e de bailarinos.
-Sobre a dança de salão e as danças folclóricas.
-Modalidades de dança e classificação de bailarinos.
-Comentários – conceitos – pensamentos – experiências.
-Principais trabalhos coreográficos de Selva Belfior e ilustrações.
-Leitura para professores e alunos de dança e para todos os públicos.
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Ballet Clássico.
- Exercícios A La Barr.
1ª Pos. Fermê, demi plié, plié, relevé em demi point.
Demi plié et grand plié nas cinco pos.
Battement tendú an dedant, an dehort, an coté.
Battement glissé.
Battement degagée et alongeé.
Ronde jambe et fondie a terre et an l’air.
Petitte battement no coud de piè.
Battement frappé, battement glissé, battement fondú.
Dessous.
-Adágio: cambré na 1a pos. et cambré no demi point, brás an souplesse,
relevé et atittude.
Pivot, pás de bourrée dessous, chassé et bras bas.
Developpment da 5ª pos. demi plié, croisé, pose fermé et ouvert plié.
Developpment croisé, dedant, dehort, coté.
Atittude: da 5a pos. Retiré, relevé, croisé, Atittude em efacé, defacé et
croisé. Grand battement an dedant, an dehort, an coté avec plié, relevé,
demi tour, souflé, cambré.
-Tour, detirée, tour, alongé, tour, relevé atittude.
-Centro.
Port de bras, plié, relevé, na 1ª e na 2ª pos.
Souflé et cambré na 5ª pos.
Glissé, ensemble.
Pas de Chat, pas de bourré.
Arabesque um, dois, três avec balance et valsa.
Piqué, arabesque, piqué, pirouette.
Chassé, galop, polka.
Jeté, grand jeté, jeté altournand.
Tour, devoulé, pas de cheval.
Balloné, tombé, roda estrela, ponte et pose em arabesque atittude.
Sautés, echappés, changements, elevés, relevés, petiné, temp lié.
Pirouette, fogetê, sissone doublé, dessous coupe.
Bateria brisé dessus, entrechat.
Grand card, grand jeté en tournand, congelar ou sustentar.
Correr em círculo, correr de costas, em diagonal e alternar com arret an l’air,
grand jeté, balloné, pirouette, foguetté et pás couru pique et arabesque,
valsa em tournand, tour et atittude.
Tour, emboité em tournand, chainés.
-Chão.
Piques, flex et point.
Alongé, souflé, detirée.
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Meio spagarde, spagarde, souflé et pose.
Cobra, peixe, meio sino, sino, balanço, cambalhota.
-Agradecimento ou compliment ou reverence.
Da 1ª pos. Sai na 2ª et compliment na 4ª an dehort em demiplié.
Balance, valsa, minué, mazurka, arabesque, ou tour et reverence em
battement tendú an dedant.
-Exercícios.
Elevés, relevés.
Alongé, fondú, plié, degagée.
Barr de la barre, souflé, planché, mesinha, beija joelho.
Development, crescendo, suflê, alongé, voltar.
Suplesse; suflê, cambré.
Sandiment, retiré, pasé, relevé.
Echapé, achagment, charnier, chute, pirouette, cabriole.
Chasé, chasé, ensemble. Chasé, jeté, grand jeté. Congelar no ar com bras
em 5a russo ou 3a Royal.
Demi tour, tour.
Pás de bourré, pas de cheval, severiward.
Salto italiano e húngaro.
Glissé, strom, sousous, dessous.
-Descarregar energias. Aspirar e espirar. Despreguiçar, quebrar.
Cruz aberta na 2ª. Esticar se lentamente para cima, enlaçar os dedos.
Puxar energia de acima com mão direita e logo com esquerda.
Atrair a energia da terra. Posição de oração.
Exclamar: “eu sou pura luz, eu sou paz profunda!”.
-Os exercícios avançados são elaborados de semestre em semestre com
repetições, aperfeiçoamento e nomenclatura de acordo à intenção do
professor e exigência do estudo.
Bale Moderno.
-O editor de “Dance Magazine”, atento ao movimento moderno de Mary
Wigman, Doris Humphrey, Charles Weidman, Martha Graham, o então muito
lindo Paul Milton, codifica os passos de balé moderno desde 1952.
Desde então o ballet não é visto somente como decorativo, geométrico,
mecânico (Paul Love), harmônico. O ballet revela o drama humano em
movimentos de desequilíbrio voltando ao equilíbrio e muito descobrimento foi
feito através da expressão corporal. Segundo Isadora Duncan o movimento
natural do corpo não pode se restringir somente nos braços e nas pernas, o
tronco entra em ação e também a respiração.
-Exercícios de Bale Moderno.
Aspirar e espirar.
Contrair, descontrair ou se soltar. Tensão e relaxamento.
Movimento estreito e movimento amplo. Movimento alto e baixo.
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Afastamento, acelerar, retardar.
Altura cônica, vaivém para cima, das pernas á cabeça e girando.
Altura esférica, corpo ondulante girando por todo o espaço do palco.
Balanço do corpo aos lados e movimentos circulares em forma de oito.
Bamboleio ou caída do corpo pela frente ou pelos lados, é uma inclinação
vertical assegurada pelos pés na horizontal, é um desequilíbrio momentâneo
de caída e volta.
Cair e recobrar se, desequilíbrio e equilíbrio.
Cimbréio ou movimento que começa na extremidade inferior do ventre
balançando para os lados e em círculo.
Movimento em espiral. Crescendo e acelerando.
Icosaedro: segundo Rudolf Von Laban, no bale moderno podem ser seguidos
movimentos em todas as direções.
Dinamismo: segundo Dohn Martin, o bale moderno evolui em movimento
contínuo e a sua dinâmica baseia se nos opostos, com movimentos que
contrastam como os ascendentes e descendentes.
Forma aba ou forma repetida de um movimento com energia enfatizada pela
música.
Giro em rotação contínua.
Seqüência contínua de um movimento principal.
Passo, contrapasso, pausa.
Posições dominantes e simbólicas.
Seqüências experimentais infinitas.
-Ballet.
O ballet clássico formou se no século quinze, dezesseis e dezessete, sendo
um método acadêmico de dança com técnica própria. Cria as cinco posições
básicas de onde saem todos os outros passos de dança.
Uma dança elevada ao plano de ballet, não é somente uma coreografia de
acordo a essa modalidade, no início, o bale tomava forma numa composição
de danças expressando uma idéia poética ou um drama, conto, lenda. Chama
se isso de bale de repertório, a expressão se ajuda da pantomima, além dos
passos rigidamente executados, da decoração cênica, do jogo de luzes, da
indumentária e da música.
O ballet clássico é a base acadêmica de um bailarino, dá forma, flexibilidade
e postura corporal, afina a figura, dá elegância aos movimentos e segurança
nos gestos, fluidez na seqüência, passa energia, transmite força e vida.
Para o seu método o ballet clássico valeu se do folclore cigano, do folclore da
Índia, da Arábia, da Grécia, da Itália, da Espanha, da França, da Escócia, da
Rússia, da Hungria, e o neoclássico valeu se de outros caracteres como as
danças tribais.
-No bale romântico da Inglaterra o método, o figurino, a fonte de inspiração,
começam a mudar com ornamentos mais encantadores.
Aparece o bale moderno com mais liberdade de expressão, com ritmo
moderno e exótico, estilo coreográfico novo, novos elementos no cenário
como a pintura, novos gestos e movimentos mais atrevidos sem perder a
estética, surge uma técnica inovadora.
-O bale contemporâneo no final do século vinte agita cada centímetro de
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movimento do corpo e usa o espaço com mais ousadia. A sua dinâmica varia
entre quase estática e progressiva como o jazz, dança de rua, aeróbica,
ginástica olímpica, circense e outras modalidades que alimentam sua
inspiração e técnica transformadora. A sua singularidade está em mostrar se
livre de regras estéticas e usando e abusando de todas as possibilidades de
movimento.
O ballet clássico como o moderno valeu se sempre de uma amalgama de
movimentos que levam a possuir todas as raízes do mundo elevadas ao palco
através da projeção estética. Como diz o músico brasileiro Fernando bicudo:
o folclore de hoje, é o clássico de amanha.
História do ballet.
-O espetáculo do circo romano no século quinze na Itália tinha um desfile de
artistas, poetas, músicos, dançarinos, acrobatas. Aos poucos introduzia se na
dança um argumento teatral com a escolha de um texto a se expressar com
música e dança para divertir melhor à aristocracia. Catarina de Médici era
então a incentivadora de novos artistas.
Em 1661 na França, Luis XIV fundava a Academia Royale de Dance,
interpretando como bailarino, o rei sol. Em 1672 fundava se a Òpera de Paris
tendo por primeiro coreógrafo a Pierre Beachamps que ensinou as cinco
posições voltadas para fora (em dehort) para ampliar os movimentos de
pernas e braços, os Pas de Elevation com saltos, piruetas, cabriolas para
homens que na época dançavam vestidos de mulher, mas logo introduzia se
a mulher como ballerina. Os argumentos continham mitos e contos onde a
heroína era a bailarina num mundo romântico de príncipes e princesas. Com
a dança sur le pointes a aparência da bailarina ficava mística, etérea, divina
como a leve Marie Taghione usando a saia romantique de tule e fazendo
arabesques, e a Fanny Elssler que dançava com expressão funda, atreveu se
a usar o tutu; saia curta de tule. Da Òpera de Paris saíram bales românticos
como As Sílfides. Tendo como modelo o bale russo de Sergei de Diaghilev.
-Em São Petersburgo na Rússia, no início do século XVIII, o coreógrafo
francês Petipa e o músico russo Tshaikowski, criam obras monumentais para
o bale clássico como A Bela Adormecida em 1890, O Quebra-Nozes, O Lago
dos Cisnes em 1895.
-Dali nasceu o grande coreógrafo Mikhail Fokine que fez A Morte do Cisne,
tornando se em 1909, coreógrafo de Os Ballets Russes de Diaghilev, Fokine
veio a Paris do Centro de Belas Artes de São Petersburgo que ele mesmo
fundara e introduz em Paris a pintura em grandes cenários para a dança. Dali
saíram Ana Pavlova, Vaslav Nijinski, Leon Bakst, Alexander Benois. Ate 1929
o empresário de Fokine, Diaghilev, produziu obras inteligentes como a ópera
O Príncipe de Borodin, coreografia de Fokine, Le Fils Prodigue de Balanchine,
Prokofiev, Kochno e Rouault.
O bale russo de Fokine converteu se em bales românticos e estilizados como
Cleópatra, Petruschka, Carnaval.
-Em 1910 o músico russo Igor Stravinski trazia a Paris o poema sinfônico
Fogos de artifício, a pedido de Diaghilev cria mais uma composição musical
para bale: O Pássaro de Fogo, posteriormente Petruschka. A Sagração da
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Primavera, Pulcinella, todas composições anticlássicas com ritmos marcantes
e originalíssimos. No século XVIII, da triunfal formação do ballet clássico na
Rússia, na França, na Itália, surge a Ecole Francaise influenciando Inglaterra,
Áustria, Alemanha, Dinamarca, Itália, Rússia, havendo um forte intercambio
cultural entre eles. A Ecole Francaise passa a ser a síntese de vários estilos
de bale.
-Ana Pawlowna (1881 – 1931), bailarina russa do método clássico para quem
Mikhail Fokine fez A morte do cisne.
-Margot Fonteyn: nascida em Inglaterra em 1919, foi a maior estrela do
Royal Academie of Dances of London, dançou com o russo Rudolf Nurejev,
bales famosos como Romeo e Julieta, difundindo um novo método de bale; o
Romantique.
-Vaslav Nijinski: ficou famoso pela sua figura e caráter enfermiço, no palco
revelava força extraordinária com elevations. Dançou em Sheherazade, O
Espectro da Rosa, Petruschka. Cria sua famosa coreografia Tarde de um
Fauno, com música de Debussy em 1912, dançando com marcante
sensualidade e romantismo. Na sua maravilhosa coreografia: A Sagração da
Primavera, com música de Igor Stravinski, vive duras críticas pelos passos
que contrariavam á elegância do ballet com muitas flexões, além da música
considerada anticlássica. Le Sacre du Printemps foi chamado de: A massacre
da primavera, porém, passou depois a ser o seu maior triunfo, este bale
revolucionário marcou a passagem do clássico para o moderno.
-Da Rússia veio à Paris Leonide Massine para dançar o bale de Fokine: La
Legende de Joseph, começa a ser um marcante inovador com o bale realista
em um ato: Parade, estreada em 1917 com música de Erik Satié, coreografia
de Leonide Massine, remontada por Suzanna della Pietra, telão e figurino de
Pablo Picasso, libreto de Jean Cocteau, causou espanto com seu bale cubista.
Massine apresenta em Montecarlo de 1932 a 1936 obras como Jeux d’Enfans,
Le Bean Danube, Scuola de Ballo, Union Pacific, La Gaité Parisienne,
Capriccio Espanhol, Simphonie Fantastique, Septienne Symphonie. Trabalhou
na França, na Itália, na América onde apresentou o bale sinfônico com
conteúdo dramático, místico e religioso: Nobilíssima Visione, posteriormente
O barbier de Seville. A comédia humana com música do século XIV. Massine
foi outro dos tantos grandes coreógrafos descobertos por Diaghilev,
confiando a ele O chapéu de três bicos que Massine apresentou em 1919 com
música de Manuel de Falla e cenário de Picasso.
-George Balanchine: formou se como bailarino em São Petersburgo na Rússia
ingressando no Ballet Russes de Paris do empresário e artista Sergei
Diaghilev, depois trabalhou na Dinamarca, na Inglaterra e na América. A sua
coreografia Apollon foi sucesso em Paris em 1928, com música de Stravinski,
inspirado num mito grego e apresentado em estilo clássico e contemporâneo.
Fez 425 coreografias, as 45 últimas no New York City Ballet. Um dos seus
tantos sucessos foi Les Fils Prodigue, tema bíblico apresentado em 1929 com
música de Sergei Procofiev em três atos com produção de Boris Kochno.
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-Roland Petit: ingressou aos dez anos na Ecole de Dance de L’opera de Paris,
foi coreógrafo de Proust, Les Forains, Le Rendez-Vous, Le Jeune Home et la
Mort, Carmen, Paradis Perdú, La Rose Malade, Symphonie Fantastique, Le
Fantome de l’opera, Can Can, entre outros. Em Rendez–Vous em 1945, com
música de Joseph Kosma e release de Jacques Prévert onde diz que um
homem lê o seu horóscopo que prevê a sua morte próxima, um personagem
sinistro, larga a navalha que tinha nas mãos num canto escuro, para evitar o
pior, o homem confessa a seu possível agressor, ter um encontro com a
moça mais linda do mundo, imediatamente o vilão fecha a navalha deixando
a escorregar no bolso do homem solitário que depressa parte para o seu
destino onde a morte o degola.
-Isadora Duncan: nasceu em Los Angeles na Califórnia em 1878, nunca
freqüentou uma academia de ballet, era bailarina autodidata que contrariava
as rígidas normas do ballet clássico, foi contra as cinco posições, contra as
linhas retas e horizontais como inexistentes na natureza como as sapatilhas
de ponta antinatural que aprisionam os pés. Difunde a Dança descalça ou a
da Duncan em 1916 e culmina em 1911, é um estilo romântico, natural,
poético, seminu, com túnicas gregas, figuras copiadas de esculturas gregas,
passos imitando movimentos de crianças, de pássaros, de donzelas. Suplanta
os exercícios de ballet por exercícios como respirar, suspirar, sorrir,
caminhar, andar, correr, girar, balançar, pular, cair, levantar se, sem técnica
fixa. A postura não se fixa na coluna e sim no tórax, dali sai tudo tipo de
emoção, evolui com movimentos ascendentes em crescendo, ponto
culminante e relax.
Isadora Duncan fundou escolas em Berlin em 1904, em Paris em 1914, em
Moscou em 1921. Seis bailarinas catalogaram os passos da Duncan, em 1946
se formalizava a Arte Duncan, Dança natural estilizada, Dança neo-helênica.
Deram início à Dança estilo livre e a Dança improvisada. O encanto das
danças da Duncan residia nos movimentos contínuos e harmônicos,
expressões líricas e naturais que não tinham a ver com danças sem sentido
ou com dança abstrata. Em soma ela soube exprimir a poesia da natureza e
da alma com um fluir antes nunca visto. O movimento começa pela
respiração e pelas formas onduladas. Isto serviu de base ao bale moderno
descobrindo mais a flexibilidade e a expressão corporal, evoluindo em formas
mais vibrantes e dinâmicas.
O Ballet Clássico segue a linha acadêmica de passos e posições utilizadas
na dança com argumentos históricos, contos, lendas, mitos, cenas antigas
onde aparecem elementos míticos, místicos, românticos, líricos, dentro de
muita elegância e disciplina acadêmica.
Desde o século XVI aconteceram mudanças ou inovações, não precisamente
revelando outro estilo acadêmico e sim uma nova mentalidade cada vez mais
revolucionária como no século XIX. Grandes obras como a de Fokine
qualificadas como bale moderno, possuem fortes elementos da escola
clássica.
O bale romântico, conseqüência natural do ballet clássico, não difere muito
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na técnica e sim são introduzidos nele novos elementos, expressões,
argumentos de caráter chamados assim os textos inspirados em danças
folclóricas ficando o bale mais atrativo, eloqüente, solto, mais ornamentado,
mais exótico.
No bale moderno a técnica aparece mais diferenciada, mas não desiste do
ballet clássico como escola básica para formar bailarinos com postura e nem
sequer no bale contemporâneo deixa de ser usada boa parte dos exercícios
clássicos como base disciplinar e para maior alcance corporal na carreira do
bailarino. Todas as tendências são acadêmicas porque todas possuem
métodos de ensino e a finalidade é sempre inovar a técnica, este andamento
acontece desde o século XVI ate hoje. O bale moderno floresce ao mesmo
tempo na França, na Alemanha, na América. A precursora deste novo
movimento na dança foi Isadora Duncan, rejeitando o método clássico e
implantando passos mais naturais.
Os movimentos dos braços no bale clássico baseiam se no folclore espanhol
que pela sua vez foi influenciado pelo folclore cigano que passara pela Índia,
pelo Egito, por terras balcânicas ate chegar na Espanha. Os saltos, a meia
ponta, são originários de danças tribais. O giro sendo universal como a roda
ou ciranda. O que Isadora rejeitava não eram as influências de danças do
mundo e sim as posições muito difíceis, dolorosas, incômodas do ballet e
perigosas para a saúde corporal.
Existe, porém, a satisfação anímica que concede o ballet tanto ao praticante
como ao espectador, a sua técnica, em aparência suave e refinada, parece
uma visão encarnada da alma se manifestando em vôos imaginários, uma
forma estética com muitas sutilezas que ultrapassa os sentidos e nos leva
para um mundo com figuras etéreas. Sem dúvida, a beleza do ballet clássico
revela o mistério da alma, seus anseios e fantasia, é profundo, lírico, como
nenhuma outra modalidade.
O folclore nos identifica com o fogo porque esquenta a alma, nos identifica
com a terra e com a natureza toda; ali reside o seu encanto, já o ballet
clássico mexe mais com o ar, com a elevação, com o suspiro, a melancolia,
com o discernimento oculto do ser. Segue-lhe o bale moderno que remexe
com a água, o elemento profundo e primeiro que faz transparecer emoções
inconfessadas valendo se da experiência com o corpo em uma linguagem
surpreendente.
-Isadora Duncan já dançava quando apareceu o bale moderno com nova
teoria e prática. Delsartre, Dalcrose, Antony Tudor, espalhavam suas obras
pela América e pela Europa, surgiam novos coreógrafos e novas modalidades
com rapidez. O grande Vaslav Nijinski tivesse revolucionado mais ainda se
não fosse possuído pela loucura que talvez tenha acontecido precisamente
por ter produzido tantas coreografias de extraordinária beleza em curto
período de tempo, tanta riqueza na sua mente criativa, tanta essência da sua
alma no que faz! Ou talvez tenha se ocultado em busca de sossego ou se
afastado pela ingratidão de muitos com as grandes almas.
O bale moderno usava no início o termo de dança moderna ou dança nova
indicando um novo tempo de mudanças, oposto às normas rígidas tanto do
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ballet clássico como da sociedade e inovando notoriamente nos anos 1920.
Jacques Dalcrose dizia que o artista devia expressar o seu impulso orgânico e
anímico em movimento integrado e perfeito, sem se atinar às formas. O
movimento natural tinha por base o ritmo interno a ser seguido
mecanicamente.
-François Delsarte (1811 – 1871): precursor do modernismo introduzindo
gestos no bale como o franzimento dos lábios, movimento da cabeça, golpe
com os pés, mãos para dentro e fora, cotovelos. Qualifica os movimentos em
expressão intelectual, emocional e física. Sub divide em outras três mais
inexpressivas e outras situações a serem reconhecidas pelo público. Divide o
corpo em três fases expressionistas condicionadas pelos três aspectos da lei
natural: espaço, movimento e tempo. Baseado nisto, descreve nove leis de
gesticulações e ginástica para ficar cada parte corporal mais fluida e
expressiva.
-Mary Wigman: estudou na Alemanha com Dalcrose e Rudolf Von Laban
amadurecendo o seu estilo em 1924. Dançou sem música comunicando
tensão e relaxamento com movimentos expressivos usando todo o espaço
cênico. Elabora para a dança qualidades subjetivas, emocionais e dinâmicas
por via físico muscular. Do seu estudo saíram bailarinos como Hanja Holm,
Yvonne Georgi, Harald Kreuzberg, Kurt Jooss. De 1920 a 1930 a fama de
Mary Wigman na Alemanha e na América aumentou com a sua dança
silenciosa e com inovadora expressão corporal, surgiu um nome para esse
estilo: movimento puro ou absoluto, relação do homem com o seu universo.
-Rudolf Von Laban: mestre húngaro que codificou os movimentos do bale
moderno numa série de balances que acontecem numa forma geométrica
dentro do qual o corpo se desenvolve; o icosaedro. Os balanços são
elaborados em várias escalas de movimento fazendo uso inteligente do
espaço. A linha é contínua formando sempre uma figura de oito que aparece
aumentativo à percepção do público e harmonioso. Laban foi influenciado por
Delsarte e influenciou a sua vez nos seus alunos como Mary Wigman, Kurt
Jooss. Sigurd Leeder. Em 1928 Laban publica o seu Schrifttanz ou escrita da
dança, traduzida em inglês e francês, era um avanço desde o século XV. Ao
contrário de outras escritas com signos e figuras, Laban faz uso de um
pentagrama musical colocado verticalmente na página e sendo lido de abaixo
para cima.
Os signos lidos são um retângulo e suas variações indicando posições, tempo
e movimento. Criou símbolos de todas as partes do corpo maiores e menores
como os ombros, dedos, rosto, joelhos, etc.
O icosaedro possui vinte triângulos eqüiláteros encontrados em doze vértices,
relacionado à esfera e o cúbico.
Martha Graham: é uma das três bailarinas que saíram do Denishawn School
estabelecendo o bale moderno na América como Mary Wigman e Rudolf Von
Laban na Alemanha. Em 1929 Martha Graham segue seu caminho criando
um estilo próprio. Entanto a Mary Wigman elabora as qualidades subjetivas,
emocionais e dinâmicas de um corpo em tensão e relaxamento, Martha
Graham distingue a memória motriz e o movimento de contração e
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descontração, o dinamismo parte do inconsciente e do subconsciente. Ela não
usa o termo da Wigman de tensão que implica um peso sobre a mente e
relaxamento que desvitaliza o corpo.
Todas as tendências modernas foram também chamadas de Expressionismo.
-Hanja Holm: aluna de Mary Wigman na Alemanha, desenvolveu o seu
próprio estilo na América na década de trinta dando importância a analise
dos movimentos como movimento axial, equilíbrio, quebrar retas, quebrar
curvas, movimento central, movimento centrifuga, centrípeto, fechado, se
recolher sobre si mesmo, movimento aberto, periférico, tensão, relax,
movimento reto, escala de passos.
-Doris Humphrey: é uma das três bailarinas formada pela Denishawn Shool
que estabelece o bale moderno na América. Apresenta em 1928 o seu
primeiro recital de dança em New York com Charles Weidman. O seu método
começa com cair e recobrar se, equilíbrio e desequilíbrio, ritmo respiratório,
forma quebrada, forma acumulativa, desenho, movimento kinestésico,
sentindo o ritmo, a música, forma repetitiva, forma seletiva, uníssono, frase
discursiva.
-Charles Weidman: é um dos bailarinos formados no Danishawn School de
bale moderno na América, em 1928 apresenta se pela primeira vez com
Doris Humphrey em New York City. A sua teoria é dedicada à intensidade dos
movimentos e a dinâmica da pantomima.
-Sergê Lifar: foi um dos grandes coreógrafos e teóricos dos anos trinta na
França criando com lirismo clássico e movimentos modernos, cenários
românticos, conteúdos mágicos, conseguindo uma perfeita fusão entre a
harmonia da matéria e o estado anímico. Em Ìcaro apresentou um poema
abstrato tendo por único som o ritmo expressando uma verdade de vida.
Outras obras famosas de Lifar: Enéas, Oriane et le Prince D’amour, Cantique
des Cantiques, David Triunphant, Promethée, Alexandre le Grand, A solidão
do diabo, entre outras.
Cantique des Cantiques segue uma linha inspirada no estilo recitativo
dançante de Diaghilev sendo uma fusão de estilos heterogêneos que
apresentam uma síntese de culturas primitivas, misticismo religioso,
grandiosidade do Oriente Médio. Sergê Lifar não quer que a dança seja uma
plástica ou uma escultura em movimento e sim seja uma plástica rítmica
porque o centro que leva a querer dançar é o ritmo, para ele o ritmo não é
mero acompanhamento e sim o ritmo motiva a expressão através da dança.
Sergè Lifar diz: no princípio era a dança e a dança estava no ritmo. O início
era o ritmo, tudo foi feito por ele e nada foi feito sem ele.
-Martha Graham, Jerome Robbins, Fokine, Massine, Nijinski, Nijinska,
Balanchine, Lifar, Roland Petit, Paul Taylor, Carolyn Carlson, Jiri Kylian,
Tharp, Willian Fosyte e outros tantos passam do bale moderno ao
contemporâneo, este começa mesmo no final do século XIX, sendo marcante
no século XX com astros inesquecíveis de dança como o americano John
Newmeier, coreógrafo do Teatro Municipal de Hamburgo na Alemanha e o
francês Maurice Béjart em Laussane na Suíça, se bem estes, menos
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contemporâneos do que outros coreógrafos mais atuais em cidades alemãs
como Berlin, Frankfurt, Wûpperthal entre outras que influenciaram na França
e na América, e no meio desse tempo, continuam comovendo ao público do
mundo todo, bailarinos clássicos como Rudolf Nurejev, já ido, e Mikail
Barischnikov. Estrelas do Ballet Bolshoi com a glória do estilo clássico russo.
O bale de L’opera de Paris possui no final do século XX, mais de 160
bailarinos, 15 étoiles, nove primeiros bailarinos, 38 solistas, 37 corifeus, 48
quadrilhas, sete estagiários e 8 contratados temporários.
-Maurice Bèjart: filósofo e bailarino, nasceu em Marselha no sul da França
em 1927 onde começou a tomar aulas de ballet, logo foi à Paris na escola de
Roland Petit e dali para Inglaterra e a Suécia, dançou com Brigitte Culberg.
Com Jean Laurent abre o ballet d L’etoile de Paris, torna se coreógrafo com
Symphonie pour homme Seul, em 1955, a convite de Maurice Huisman,
forma o Ballet do século XX e o Ballet Bèjart em Lausanne em 1987.
-Bailarinos de Maurice Bèjart foram entre outros, o argentino Jorge Donn
dançando coreografias de Bèjart como Neuvieme Symphonie, Dibouk, Romeo
et Juliette, Messe pour le Temps Present, Baudelaire, Nijinski, Golestan,
Notre Faust, Les Ilumination, Dionysos, Bolero de Ravel que o consagrou em
1981.
Convidado por Balanchine vai para o New York City Ballet. Em 1976 assume
as funções de diretor do Ballet do Século XX e da Companhia Experimental
Yantra.
-Jania Batista: outra bailarina de Béjart nascida no Pará do Brasil. Iniciou se
na dança com sua mãe em Rio de Janeiro onde teve vários triunfos como
bailarina clássica e flamenga. Viajou à Moscou e ingressou no ballet de Béjart
a quem conheceu em Rio de Janeiro.
-Martin Flemming, inglês, começou como bailarino na Austrália, Bèjart criou
para ele o bale Patrice Cherau.
-Kyra Kharkevitsch, nascida em Kalima, ex Congo belga, fez muitas viagens
com Bèjart.
Outros bailarinos de Bèjart: Gil Roman, Michel Gascard, Cecília Mones da
Argentina, Valerie Cherittwizer, Eiji Mihara do Japão.
Maurice Bèjart diz que o bailarino é mais importante do que o coreógrafo.
Pode existir bailarino sem coreógrafo, mas não o contrário Entre outras
tantas coreografias de Bèjart, destacam se Kabuki, Eros Thanatos que é um
estrato de quinze bales, La Flote Enchantée, Edith Piaf, sobre a vida
tumultuada de uma cantante, símbolo de Paris. Sobre ela diz Maurice Bèjart:
creio que a felicidade se paga com lágrimas.
Bèjart descreve o bale contemporâneo como a expressão típica do nosso
tempo; amante dos istmos e da decadência barroca e refinada. Há soma de
tendências e de modas aplaudindo o supérfluo e ignorando valores como se
fosse isso ser intelectual e sábio. A estética atual é sempre falar e apresentar
a tragédia, morte e destruição. O esporte olímpico, diz mais adiante, se
anexa à beleza dinâmica do movimento jogando com uma soma pretensiosa
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de modernismo.
Ele enfatiza que a arte moderna não deve ter preconceito de raça, de sexo,
costumes. A arte deve unir os seres numa alegria lúcida e dinâmica.
Como Victor Hugo diz: o futuro a Deus pertence, a promessa de futuro radica
na união dos seres.
Diferente de outras tendências; o balé de Maurice Bèjart comunica sempre a
beleza dos sentimentos de indivíduos e de povos em que se inspira, não
tende a criar situações sombrias do nosso tempo, e na sua claridade;
conquista o fascínio em todo público.
Classificação de bailarinos, segundo Rudolf Von Laban.
-Bailarino alto; pelo geral é magro e nele os movimentos são mais aéreos,
leves, suaves e amplos.
-Bailarino baixo; pelo geral é mais robusto e nele os movimentos são
direcionados para a terra marcando peso e força.
-Bailarino médio; de estrutura média e mais adaptável a qualquer estilo e
personagem, talvez não na forma extrema de um bailarino alto ou baixo
porque o bailarino médio costuma ser mais moderado.
Modalidades.
-Ballet clássico: é a dança que resulta da uma técnica codificada para tal,
classificada entre as Belas Artes, dela derivam o Ballet Romântico e o Ballet
Neoclássico.
-Ballet Moderno: baseia se na dinâmica dos passos opostos como contrair e
soltar, cair e voltar, etc. No ballet clássico o movimento é regido pelas
articulações, no ballet moderno o movimento começa no tórax expressando
emoções. Dele derivam os outros termos a seguir.
-Dança natural: usa os movimentos naturais do corpo como girar, caminhar,
se despreguiçar, correr, pular, etc.
-Dança da natureza: Delsarte estudou os gestos pantomímicos das crianças
imitando seres da natureza atravessando um bosque, por exemplo.
-Dança básica: faz uso de movimentos semelhantes em vários tipos de dança
e outras formas em comum que o bailarino desenvolve a partir da
consciência de si e do mundo.
-Dança artística: é o espetáculo de dança que revela criatividade e não
somente entretenimento.
-Dança aplicada: termo de Elizabeth Selden para danças que acompanham
teatro, ópera, etc.
-Dança de concerto: dança moderna sem argumento usando os movimentos
somente para expressar emoções de um grupo.
-Dança dramática: composição de movimentos com o sem música feita para
a ação, culmina numa situação de interesse humano a ser comunicada com
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idéia concreta.
-Dança pantomímica: representação dramática onde os bailarinos assumem
vários personagens, diferente da dança dramática que revela idéias,
símbolos, a dança pantomímica se vale dos movimentos para comunicar uma
trama, sendo assim mais descritiva e gesticulosa.
-Dança absoluta: termo alemão dos anos vinte á trinta, quer dizer somente
dança sem nenhum acompanhamento musical ou falado. O movimento
detalhado chama a atenção sobre a expressão de cada parte do corpo.
-Dança abstrata: ali os movimentos provocam um estado de ânimo,
transmite uma idéia, não precisa de argumento, a psicologia do espectador
lhe basta. Contrária a anterior, pode usar a música, o figurino, para maior
impacto.
-Dança expressionista: é um estilo de bale moderno muito subjetivo,
emocional, expressa os sentimentos do bailarino.
-Dança impressionista: o bailarino se preocupa somente em impressionar,
em surpreender, em levar a pensar no porque dos movimentos exagerados
ou na falta de movimentos e de argumentos vislumbrando apenas o estado
psíquico do bailarino.
-Dança alemã: criada por Mary Wigman e Rudolf Von Laban, movimentos
integrados, perfeitos, revelando todas as capacidades do corpo com
predomínio da expressão sobre a forma. Após a segunda guerra, denominou
se dança nova desenvolvendo mais os movimentos naturais.
-Dança nova: nome dado a partir de 1920 ao anticlássico do bale moderno.
-Dança americana: como a dança alemã, toma por base os movimentos
naturais, a dança alemã sem ser necessariamente oposta ao classicismo e
sim sendo continuidade, somando os impulsos e descobrindo a natureza do
corpo e do espaço. A dança norte americana não fala de músculos e
contrações e sim de expressões e dinamismo. A dança alemã usa mais
argumentos do passado, em tanto a americana vislumbra mais o futuro
usando quebra retas e quebra curva.
Nesse meio tempo na Europa aparecem criações inspiradas em passos e
costumes primitivos.
-Dança mecânica: mostra os movimentos das máquinas, de utensílios de
cozinha, por exemplo. Revela a monotonia do nosso tempo e descarta toda
preocupação estética, mesmo assim tem seu atrativo.
-Dança interpretativa: em 1920 e 1930 desenvolve se no bale moderno a
dança ao serviço da música, do teatro e do canto. O ballet clássico usa
também a dança para acompanhar á música chamando a isso de ballet
sinfônico.
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-Dança temática: termo sugerido por Hellen Tamires para substituir o termo
de dança abstrata porque toda dança já possui uma certa abstração.
-Dança silenciosa: assim como a música pode não ter letras, assim a dança
pode acontecer sem música. Pode ser monótona como também pode ser
muito eloqüente nos movimentos inteligentes e expressivos. A precursora
desta foi Mary Wigman em Alemanha seguida na América por Doris
Humphrey.
-Dança da Duncan: segue os movimentos naturais do corpo e da natureza
com poesia e inspiração em belas expressões orientais e em cenas bucólicas.
-Dança descalça: encantou entre 1906 e 1911 os pés leves, nus, graciosos,
que a Isadora Duncan levou do povo ao palco.
-Dança romântica: é o lirismo e os sentimentos que afloraram no neoclássico
culminando com a Duncan com mais liberdade de expressão.
-Dança livre: termo usado por Elizabeth Selden para denominar toda dança
que não segue as regras clássicas. Mas nada está isento de regras de
aprendizado e todas as modalidades possuem métodos de ensino, a disciplina
consegue a harmonia nos movimentos. A dança livre leva a apresentar
qualquer modalidade sem muita formalidade e com mais possibilidades de
expressão.
-Dança rítmica: Elizabeth Selden chama assim a dança que sobressai pelo
seguimento rítmico.
-Dança grega: é a dança dos gregos do século VII à IV AC que inspirou a
classicistas e modernistas. A Greek Dance Association of Stratford on Avon
em Inglaterra em 1923, codificou os passos de ensino da Grécia clássica.
Isadora Duncan também se encantou com a poesia na expressão grega.
-Dança neo-grega: termo sugerido por Elizabeth Selden em lugar de dança
grega por ser mais uma dança de fantasia grega do que propriamente dança
do povo grego, então pouco conhecida. Os gregos cultuavam a dança para o
deus Dionysos; libertador dos instintos através do efeito relaxante e
prazeroso do vinho que passou a ser bebida sagrada. Em Roma o deus do
vinho chamava se deus Baco. A dança grega ou dança sagrada começava em
círculo, tomados das mãos com movimentos nas laterais, para o centro e
para fora da roda. No início dançavam somente os homens, com a chegada
dos ciganos, começaram a dançar também as mulheres e logo juntaram se
na dança ambos sexos.
-A dança grega começou também como dança teatral com máscara, pintura,
poesia, coral. Além das danças solo e de grupo dos inícios, os jovens
executavam a Dança Pírrica, uma forma de ginástica para guerreiros.
-Emélia: dança grega pantomímica.
-Silínio: dança primitiva teatral com máscaras míticas, vestimenta de couro e
pés de cabras, com poesia e coral, pedindo graças como a colheita, a chuva,
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etc.
-Cordacismo: dança de casais onde a mulher marcava o ritmo com crótulas
ou castanholas antigas, a melodia era tocada com flauta e lira.
-Terpsícore: figura mitológica protetora dos dançarinos, uma das nove musas
da arte, esta figura serviu de inspiração no ballet clássico e neoclássico e
inspirou muito à Isadora Duncan.
-Kalamatiano: dança muito apreciada em toda Grécia, é uma variante de
Syrtos, dançada com mais temperamento.
-Dança terapêutica: tem por objetivo exercitar uma espécie de ginástica
rítmica localizada para despertar áreas dormidas do corpo dando saúde e
vitalidade. Hoje é chamada de Bio dança.
-Dança plástica: todos os elementos do bale moderno que ressalta a
plasticidade do corpo e não somente as qualidades lineais.
-Dança estética: refere se a qualquer tipo de dança com projeção estética
para seduzir pela beleza.
-Ballet de repertório: é a composição de danças expressando a poesia e o
lirismo dos contos ou lendas, possui então um argumento dramático e
também alegre que se vale dos passos clássicos do ballet, de figurino,
cenário, luzes e música clássica.
-Ballet romântico: é o método da Royal Ballet of London com passos mais
poéticos e inspirados na dança de caráter.
-Dança de caráter: não vem a ser dança folclórica e sim uma projeção
estética do folclore elevado ao plano do ballet, isto quer dizer tendo um texto
ou trama a ser expressa em dança no palco com luzes, cenário, música,
figurino. Os passos populares se encaixando dentro do estilo e
posicionamento clássico para ganhar elegância. Já no bale contemporâneo, a
dança de caráter pode perder seu encanto original pela transformação num
estilo que não visa muito a harmonia nem a beleza e sim a criatividade.
Estar a caráter é usar figurino típico.
-Dança erótica: a dança desde sempre esquentou os ânimos estimulando os
impulsos naturais. O bailarino sublima seus desejos sexuais, seus conflitos
emocionais, seus movimentos íntimos escondidos, todos seus complexos; na
dança, ali se revela, vibra. A dança erótica mostra os movimentos sensuais.
-Dança de salão: são denominadas assim as danças latinas que foram
codificadas, primeiro na Argentina e logo na Inglaterra. Chamava se no início
de Dança social para os pares dançar nos salões de festas com elegância. A
dança de salão sempre teve muita aceitação popular e com o tempo foi
evoluindo em show com acrobacias e passos mais dinâmicos.
-Danças populares: são diferentes tipos de dança de vários povos que
começam num lugar e se difundem ou popularizam passando de seus limites
regionais alcançando fama em outros lugares, povos ou cidades, pode ser de
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curto prazo virando moda ou gosto passageiro ou também chamado de
descartável, como pode também virar tradição (dança folclórica) ou se
estanhar no tempo virando dança de museu (dança histórica ou de época),
podendo ser também dança nativa como a dos primitivos (dança autóctone).
Há danças que começaram em certo tempo e continuam na parada musical
sempre como a música rock dos anos sessenta, como os tradicionais blues e
country, como as danças latinas que agradam a todas as idades e em toda
parte. Se popularizar quer dizer ganhar fama entre os povos.
-Dança esportiva: na atualidade está no seu apogeu, chamada também de
malhação, destinada a manter a forma, exibir força e músculos, ganhar
condicionamento físico. A dança esportiva baseia se na ginástica usando
música agitada e passos que exigem agilidade, acrobacias, impacto. O
mecanismo pode ser inexpressivo, ainda assim é envolvente usando
fluidicamente gestos combinando os movimentos com dinamismo e o uso
inteligente do ritmo forte. Os exercícios físicos que acontecem nas academias
de malhação com o uso dos mais diversos aparelhos com alta tecnologia para
modelar em curto tempo cada parte do corpo; chamam mais à prática pelo
desejo de conservar a juventude e beleza física, mais do que o prazer na
dança, sendo a forma mais rápida de conseguir o objetivo que visa beleza e
saúde num tempo em que a pressa estressa. A aeróbica foi o ponto
culminante da dança esportiva.
-Jazz: antes do resplendor do jazz, ao mesmo tempo da dança em moda; o
charleston nos anos vinte e trinta surgiu a música negra com o spiritual,
soul, chamada hoje de música gospel e o sensual blues. O jazz causou furor
e foi o precursor da música rock, twist and boogie nos anos sessenta. Do
lado do jazz aperfeiçoa se o sapateado americano, também com ritmo negro
e com influência do sapateio irlandês. O jazz tem tudo a ver com o
movimento insinuante do ritmo negro, é uma das danças afro americanas em
nosso continente. O ritmo africano já fora usado no bale moderno na Europa,
na música de Igor Stravinski que escandalizara por contrariar as regras da
música clássica, da mesma forma em América, o jazz com ritmo negro, era
algo desconhecido que transmitia vivacidade, temperamento, liberdade.
Assim o jazz, o rock and roll, o twist, o boogie, o swing, viraram Pop Music
no mundo todo, a pesar do racismo. O jazz inspirou a novos movimentos
rítmicos e cimbreantes na dança contemporânea, também o jazz moderno é
uma transformação com movimentos inovadores, mais dinâmicos.
-Dança de rua: tem tudo a ver com nosso tempo onde a busca de liberdade e
de aceitação das classes sociais menos privilegiadas afloram mostrando um
temperamento inusitado que atrai à juventude, também ansiosa de espaço
na sociedade. As correntes são várias como o Hip Hop com passos definidos,
muitos passos e gestos devem ser mostrados em curto tempo, assim exige
uma combinação motora e uma memória veloz e exibe acrobacia apropriada
baseada na corrente do Flash Dance. O rap, o swing, são variações da dança
de rua cultuando a sensualidade com picante ousadia.
-Ballet contemporâneo: muito diferente do ballet clássico onde predomina a
harmonia, a execução de passos perfeitos com lirismo e beleza. O bale
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contemporâneo é conseqüente do bale moderno com uma amalgama de
descobrimentos das possibilidades do corpo e da psique. O bale
contemporâneo se caracteriza pelo uso do mecanismo pantomímico,
elementos teatrais, ações repetitivas, situações psicológicas de
impressionismo e expressionismo, uma dinâmica própria, formas exóticas e
primitivas, nostalgia e urbanismo, protesto e neurose.
No bale moderno predomina a expressão, no contemporâneo predomina o
acerto da inteligência no sentido de realizar a composição nos mínimos
detalhes, não visa beleza e harmonia, pode ate ser desastrosa, incoerente,
com mensagem ou não, a finalidade é a inovação ou até a simples descrição
de momentos.
-Dança meditativa: chamada também de dança clássica oriental ou dança
sagrada como o Mudras, dançada na Índia pelos homens, posteriormente
pelas mulheres e crianças. As mãos falam em símbolos como nas danças das
Polinésias, da Indonésia, do Egito.
Entre muitos dos instrumentos antigos que se destacam nos rituais, está a
flauta ou Karatala na Índia, os Sagat ou Snjus no Egito, as colheres de pau
na Turquia, as castanholas da Grécia desenvolvidas na Espanha, as flautas
de terras eslavas e de povos andinos.
Os Derviches eram Sofistas do Oriente Médio que seguiam a corrente
esotérica praticando a dança meditativa que culminava em giros consecutivos
do corpo e da cabeça.
George Gurdjieff foi fundador no ocidente da Escola Esotérica ou do quarto
Caminho, com ensino de danças sagradas da Grécia e dança biológica que
levam ao bem estar geral.
-Danças étnicas: desde a mais remota antiguidade nos ensinam sobre a
dualidade divina: Deus como personalidade masculina e feminina agindo na
criação com o positivo e o negativo na existência, a matéria e o espírito,
unidos possuem o Ying e o Yang. A luta entre os opostos e o pedido de ajuda
ás forças da natureza para restaurar o equilíbrio; fazem se presença nas
danças primitivas do mundo todo utilizando o poder das ervas, dos
elementos da natureza como a fumaça, a água. São danças sagradas em
contato entre o visível e o invisível.
De entre tantas estrelas do ballet, destaquemos a poética bailarina
austríaca Fanny Elssler e a angelical brasileira Ana Botafogo.
De entre tantas estrelas do bale moderno, destaquemos a ninfática leveza de
Isadora Duncan e a fera radical que depois de caída, fica doce e mansa: a
típica versão da tão bonita Mary Wigman.
De entre tantas estrelas do bale contemporâneo, destaquemos o fantástico
precursor Vaslav Nijinski e o seguidor eternamente poético Maurice Bèjart.
De entre tantas estrelas da dança no Brasil, destaquemos a bela bailarina
Eros Volúsia que foi a primeira a levar no palco do teatro, a dança brasileira
estilizada denominada de caráter, pelo qual no seu tempo foi colocada para
trás e ignorada. Escreveu um lindo livro sobre a sua experiência com a
dança, cheia de poesia e de vida que todos deveriam ler, intitulado: Eu e a
Dança.
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Em 1920, antes do Surrealismo, surge na Suíça o Dadaísmo ou arte por
acaso. Não tem a ver com Pop Art que na verdade não é uma arte porque
não tem criatividade, é uma mera cópia porque nem expressão da realidade
é. O Dadaísmo é como o irracional ou o impensado no início, não calculado
nem inspirado, apenas acrescentado com alguns toques do ainda assim
chamado de artista, isto originara a improvisação na dança teatral.
-Aparece logo a Arte Moderna onde todo se interessa pelo mundo original,
por culturas exóticas e pela simplicidade e espontaneidade sendo uma forma
de voltar às origens procurando captar a essência das coisas com uma
expressão mais bucólica e ao mesmo tempo mais solta.
-A Arte Contemporânea surge desde o Surrealismo ao absurdo do Niilismo
em que a arte nada tenta nutrir a não ser uma absoluta espontaneidade no
que se faz, uma expressão pessoal que se identifica consigo mesmo e com o
tempo.
Toda arte nasce do ego expressando o seu gosto e sentir para satisfação
própria em primeiro lugar e o desejo de se comunicar e compartilhar
emoções.
-A diferencia entre Arte Moderna e Arte Contemporânea é que aquela nasce
do desejo de romper a tradição clássica rigorosa e voltar ás origens com
romantismo, ao mesmo tempo explorar os movimentos da natureza externa
e interna. A Arte Contemporânea explora as tradições acadêmicas e
populares transformando e entrando em contradição, os gostos não contam e
sim o que se mistura e se forma com razão ou sem razão. A tentativa não é
sensibilizar e sim buscar identificação com o tempo em decadência, em
desespero pela falta de liberdade, em pessimismo pela falta de paz e bemestar, em angústia pela solidão, em fim a Arte Contemporânea revela as
neuroses que nos aprisionam e na expressão livre aparece muita riqueza de
movimentos, muitas possibilidades, muito absurdo, muita conexão e
desconexão com o mundo.
A Arte Contemporânea está presente na dança, lado a lado com o Estilo Livre
onde aflora a Arte Naiv e a Arte Futurista ou New Age.
A dança na antiguidade: o feiticeiro coloca se no centro do círculo ou roda.
Elementos: pele de animais, máscaras, palhas, plumas, ossos, conchas,
pérolas, flores, corpo colorido de acordo ao estado de espírito a ser
transmitido, penteados, tatuagens personalizadas e de grupo. A dança é
acompanhada de música, muito ritmo, pintura corporal, oferendas, rituais
como uma iniciação teatral, oferendas, relatos que originaram os contos,
mitos, a poesia, a oração, o canto, o coral.
Objetivo: atrair as forças do céu e da terra em ajuda para a guerra, a caça, a
pesca, a chuva, etc.
Dança de exaltação à beleza da lua, ao prodígio do sol, após a colheita, a
vitória, a chuva, a pesca farta.
Bailarinos solistas: sacerdotes e sacerdotisas venerados pelo poder de
comunicação com as forças visíveis e invisíveis.
Totem ou símbolos representados por números, figuras, objetos e
principalmente por escultura de animais.
A dança na antiguidade além de sua base religiosa é uma expressão
comunitária, evolui no encontro a dois e parte do prazer individual
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Forma universal de dança animal, infantil e adulta.
1-Círculo ou ciranda.
2-Giro solo e de grupo: no lugar (tour), e saindo do lugar (devoulé).
3-Balance: para as laterais.
4-Balanço frontal.
5-Quadro.
6-Formação de fila horizontal.
7-Fila vertical.
8-Cruzamento.
9-Arco.
10-Vários arcos com pares.
11-Arco de grupo e solistas.
12-Moinho de grupo e de pares.
13-Saltos no lugar (souté).
14-Saindo do lugar (jeté).
15-Cabriolas e piruetas.
Saudação reverenciando no início e no final, exemplo dos índios: saudação
ao sol, saudação à lua, saudação ao povo presente; tudo isso significa
também reverência ao Criador ou Grande Espírito.
Dança comparada: exibição da força masculina protetora com golpe dos pés,
chasquido dos dedos, acrobacias, saltos altos, gritos, etc.
As mulheres exibem a feminilidade com graça, leveza, sedução, alegria,
mistério, através dos olhos, do sorriso, dos ombros, das mãos, dos quadris,
etc.
Dança de imitação: da natureza, movimentos simbolizando as nuvens, o rio,
o mar, o vento, a colheita, os macacos, as aves, o exorcismo em vibrações,
etc.
O mundo dos símbolos: como todos os povos antigos, a explicação dos
fenômenos da natureza e das origens do mundo, iniciava se com uma
linguagem poética, simbólica, comparativa, conhecida como mundo mítico.
Tenta se decifrar os símbolos da mitologia, da numerologia, da astrologia,
etc.
O homem mítico interpretava e comunicava sua realidade com a linguagem
comparativa da sua imaginação fantástica, artística e muito sensível.
O homem primitivo, temeroso do tabu, vivia influenciado pelas forças ocultas
manifestadas na natureza, ele começa a se inspirar na busca de
interpretação e de um relacionamento respeitoso que o beneficie, cria ritos
que viram tradição e os costumes são raízes que se lapidam com o tempo
afirmando a cultura que em muitos lugares se transformam e em outros
persistem até hoje como na origem.
Cultura vem de rito ou culto que nasce no homem mítico por uma causa
mística. Toda causa e efeito na natureza e toda emoção o homem primitivo
associava às divindades. Nesses rituais nasceram as mais belas inspirações
humanas que originaram a história da arte e das religiões, no início
intimamente ligadas por sentir que todo quanto existe possui uma energia
sagrada. O ritmo, o som, a dança, o canto, o coral, a pintura corporal, a
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maquiagem, os enfeites, a culinária, a cerâmica, a pintura, a escultura,
arquitetura, os símbolos, o casamento, o batismo ou iniciação, o nascimento,
a morte, o aniversário, a colheita, a visita; são valores, são festas, são
alimento físico e anímico, amor à vida que vem do grande Espírito; causa de
toda adoração.
O ser superior divino age como protetor e destruidor, coloca na natureza um
poder controlador, esse motor de Deus reage com a lei de causa e de efeito,
ali agem os deuses como missionários de Deus. Deus marca o ritmo e a vida
na esfera celestial, influi sobre a terra e a água e todos os elementos
materiais e imateriais possuem o seu fluído que torna tudo eterno.
Em 1500 nos salões da Europa, aparecem danças como a Galharda,
Corrente, Canário, Sarabanda, Fandango, Minué, Gavota, Churre,
Contradança, Quadrilha, Lanceiros, Valsa, Polka, Chotis, Mazurca, Havanera.
Em 1950 na América, começam outros ritmos como o Fox Trox que se
difunde rapidamente.
-As danças de salão da Europa chegam a Latino América se transformando
em Mariquita, Gato, Zamacueca, Triunfo, Minué, Cuando, Montonero,
Condición, Sanjuanero, Clavelito, Pericón, Media Caña, Quadrilha, Lanceiros,
Valsa, Polca, Mazurca, Rancheira, Chotis, Havanera, Tango.
-A Contradança dançada em toda América tinha as seguintes figuras:
entrada, giro, arco, rilo, cruz, som nativo, som inglês, rilo de 24, giro e
compliment.
No Haiti descrevem a Contradança em formação de quatro pares em quadro.
As danças européias tomam em Haiti caráter picaresco nascendo assim o
Merengue e o calipso.
-A dança francesa Le Carabinier transforma se na República Dominicana em
Carabiné e passa para Haiti em 1804 ficando parecido com o Cotillón onde os
pares se combinam e evoluem como no Pericón; dança fronteriza do Uruguai,
Argentina, Brasil e Paraguai. O Pericón começa com um Minué levando à
mulher da mão, se soltam, dançam frente a frente em balance de encontro e
retrocesso, se esquivam, se enlaçam, mudam de par até voltar ao lugar
inicial e param para recitar um verso para a mulher chamado: relación.
-Na Venezuela, o povo indígena Mucuchí, tinha dança parecida com a
Contradança: filas paralelas de frente a frente, os pares trocam de lugar,
passeio, encontro de casais no meio, giro tomados de braços, troca de pares,
roda com sapateado que originou o Joropo venezuelano.
No Brasil, a Quadrilha é parecida com Los neguitos de Peru, com figuras da
Contradança e dançada nas festas de São João.
-Nomes europeus como La chaine, chama se na América Latina de rilo. Le
grande Cercle ou círculo, moulinet, balance, promenade ou passeio de pares,
o espelho chamado também de casa, etc.
-O Minué tem variações como o Minué liso, da corte, de quatro, abolerado,
colombiano, afandangado, provinciano, etc. O Minué da corte tem figuras
como passos e compassos de pares avançando, reverência se soltando das
mãos, quatro passos, giram e voltam a se tomar das mãos, balance de
frente, avanço das damas no centro, voltam ao lugar e a vez dos cavaleiros,
moinho de pares em roda, moinho de dois; o cavaleiro ajoelhado, o homem
toma um impulso e se eleva no ar e logo eleva a sua dama.
-No meado do século XVIII surge na França a alegre Gavota, variante da
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Quadrilha que originou entre nós a dança Montonero.
Em 1830 a picaresca Galharda da França e da Itália passa a ser entre nós a
Cueca, Zamacueca e Zamba.
-A Zarabanda chega da Índia para Espanha sendo combatida com torturas e
transformando se na Chacona, ficando parecida com as danças americanas
segundo o folclorista argentino Carlos Vega.
-No século XIX, Espanha trouxe alegria e charme com o Fandango, Bolero, La
Jota.
-A Zarabanda, a Chacona, na Argentina, o Maxixe, o Candomblé, o samba,
no Brasil, foram proibidas pela Igreja católica em nome dos “bons costumes”.
-Os sapateados Chula do Brasil e Malambo da Argentina são parecidos com
os sapateados da Alemanha, da Irlanda, com o sapateado e até com o
figurino do Oriente Médio e da Grécia, lembra também o sapateado dos
negros americanos e o bate pé dos índios.
O sapateado, praticado em todo mundo, possui passos parecidos e também
diferenciado como o da Espanha, do México, da Venezuela, do Paraguai, do
Peru, da Colômbia, da Rússia, da Polônia e outros.
Folclore.
-A palavra folclore deriva do inglês e quer dizer sabedoria popular. Dentro
desse acervo encontra se a dança, a mais eloqüente expressão da alma de
um povo. A formação do folclore remonta se a experiência dos antepassados,
a dança folclórica é uma herança cultural que teve seu berço nas danças
tribais e desenvolveu se no contato com outros povos e cidades.
-Nas danças folclóricas encontra se expressões típicas do corpo humano e da
natureza do lugar, as danças dos que vivem na selva tem tudo a ver com os
seus habitantes, com a chuva, vento, fogo, pássaros, etc. A dança dos que
vivem na beira do mar possuem mais ondulações como o movimento dos
coqueiros e das ondas do mar.
-As festas de sagração à vida estavam no início intimamente ligadas com as
deidades. Foram certas religiões que separaram as festas em sagradas e
profanas, este é um termo ofensivo às tribos porque justamente eles nada
separam do mundo espiritual, pelo contrário; para as tribos o espírito
precede à matéria. Para as tribos do mundo, o universo criado é a forma de
Deus e tudo está ligado ao Grande Espírito, por isso tudo é sagrado, o
primitivo não se permite separar nenhum acontecimento físico do metafísico.
-Na Índia dizem que devem ser reverenciados sempre Deus e a sua
namorada a Natureza. Isto aplica se a nossos índios que reverenciam antes
de dançar a Deus e aos deuses como os nativos da Europa que
reverenciavam à Grande Força ou Mãe Universal e às Forças da Natureza.
-Nas cidades a arte tem caráter de estudo e de observação.
-As danças das aldeias passaram pelo povo e nas cidades européias da época
viraram danças da Corte difundindo se na América com o nome de dança
social e depois denominando se: dança de salão ao alcance de todas as
camadas sociais.
-As danças folclóricas latinas se originaram imitando danças vindas da Corte
européia e foram transformadas com o caráter típico do lugar virando
tradição.
-As refinadas danças de salão foram imitadas e transformadas no seguimento
pop.
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-O Rock originário da América, tão popular no mundo, não é o mesmo Rock
no Brasil, na Turquia, no Japão, na Índia. A valsa vienessa não é a valsa
peruana nem a mexicana.
-O sapateado, a roda, danças que mostram força masculina e sedução
feminina, existe em toda parte.
-As danças, tanto dos animais como dos homens são parecidas no mundo
inteiro. No caso dos homens, as danças passaram por um processo de
transformação das aldeias para as cidades e vice-versa.
Danças Folclóricas.
-No início dançava se as danças primitivas ou autoctonias, o contato dos
povos fez evoluir as danças em folclóricas, de salão e de palco. Assim, a
dança grega antiga chegou a Roma onde perdeu sua característica religiosa
virando espetáculo de puro divertimento, pela mentalidade italiana mais
epicúrea. Assim, aparecem danças como Salios, de salire que significa
brincar; um homem vestido de púrpura e a cabeça ornamentada com plumas
enormes simbolizando o deus Marte, protetor dos guerreiros, levando na
cintura o gládio ou faca de dois gumes.
-As Florais: dança da deusa das flores.
-As Bacanais: dança em homenagem ao deus Baco, do vinho e da alegria,
como o deus Dyonisos da Grécia.
Essas danças foram abolidas pelo cristianismo em 162. Ainda assim praticava
se em recintos escondidos pela nobreza, como ponto culminante de um dia
de Cavalaria, por exemplo.
-Aparece a dança teatral com máscaras, satirizando a vida feudal.
-Na época medieval, a dança era instrumento de propaganda da nobreza e
da igreja, mas logo esta proibiu toda dança por despertar prazer e isto era
considerado pecado ou ofensa a Deus e aos bons costumes. Havia muitos
excessos em Roma, a Igreja recomendava recolhimento, austeridade.
-No Renascimento florescem as artes e o amor pela alegria de viver, então
começam as Academias de dança com quatro anos de duração e provas para
tornar se mestre. Aparece o interesse pelas danças antigas da Grécia.
-Em 1924; a Dança Macaver ou dança macabra ou dos mortos, ganha fama,
a bailarina cadavérica lembra que todo é impotente perante a morte. Em
outras terras a Dança dos Mortos era uma homenagem aos antepassados
que deixaram tanta sabedoria e as máscaras serviam para afugentar os
maus espíritos.
-No século XVI aparece nos salões a Quadrilha, originária da Contradança;
uma dança rural inglesa. O Minueto na França, a Polka vinda da Boemia, a
Mazurka vinda da Mazuria.
-No século XIX impera a Valsa Vienessa, do alemão: Walsen que significa
balanço em roda, dando fama ao compositor austríaco Johann Strauss.
-Assim vemos que as danças primitivas passam para danças camponesas,
danças da Corte, danças de salão, ao mesmo tempo surge o ballet clássico
com passos marcados pelo coreógrafo Jean Pailevé e as cinco posições
ensinadas por Pierre Beachamps, passos e posições originários do folclore de
vários povos.
Condições para uma dança ser folclórica.
1º. Deve ser tradicional, ou seja, virar costume de um lugar através do
tempo.
23
2º. Deve ser regional, ou seja, praticada por um povo como mostra da sua
mentalidade e caráter.
3º. Deve ser vivenciado, ou seja, ganhar incentivo de expressão sempre,
para não cair no olvido e virar dança histórica, indo a parar nos livros, nos
museus ou no teatro como recordação.
-O povo, desejoso de acrescentar beleza, enriquece o seu folclore
descobrindo cada vez mais possibilidades, sem perder o caráter original. O
cultivo do folclore o torna mais popular e enriquece a inspiração artística.
-Sergé Lifar diz: o folclore é a fonte vivificadora da arte através do tempo.
4º. Deve ser anônimo, ou seja, praticada pela comunidade como expressão
típica do lugar.
-As danças dos negros, dos brancos e dos índios influenciaram na formação
das danças latino-americanas, como no Brasil.
-Nada tão universal e nada tão regional como o folclore, diz o folclorista
argentino Carlos Vega.
-São universais os elementos e regionais as combinações.
-No estudo da Dança Comparada, vemos que há analogias, em todo lugar as
danças dos homens revelam força e proteção e a mulher mostra
feminilidade, graça, sedução. Fora dos passos naturais como correr, pular,
bater palmas; há muita acrobacia como na dança russa e africana. È mundial
o bate pé, arrasta pé, o giro, balance, moinho, trenzinho ou passará. Figuras
como o círculo, o quadro, as fileiras.
-Em terras tropicais prevalece o ritmo, o canto em grupo, a sensualidade.
Nas danças folclóricas as cores fortes prevalecem.
Resumindo.
-As Danças Históricas ou de Época da Europa originaram as danças de salão
e as danças folclóricas em Latino-América.
-No Paraguai tomaram nomes como Golondriana, London Carapé, Santa Fé,
Quadrilha e Lanceiros, ritmos como polca, galopa, kyrey, sapateo del arriero,
polca canción, guarania, puche, machaca.
-Na Argentina possuem outros nomes como Cielito, Media caña.
-No Brasil; Fandango, Rancheiras, Quadrilha e outras danças de origem afroindo-europeu que veremos mais na frente.
-No México; polca, corrido, ranchera, Raspa, Bamba, Jarabe, Sapateado,
valseado ou valsado.
-Na Argentina, Chile e Bolívia formaram se danças de origem européia e
indígena como taquirari, carnavalito, jaravi, vidala, cueca, zamacueca,
zamba, pericón, chamamé, malambo, chacarera, milonga, tango, morenada.
-Em terras caribenhas como Cuba, Jamaica, Martinica, Guadalupe, Trinidad,
Tobago, Arruba, Nicarágua, Panamá, Colômbia, Venezuela; as danças afroindo-européias transformaram se numa encantadora amalgama de ritmos
como bolero, mambo, conga, salsa, merengue, merecumbé, cumbia,
cumbión, quebradita, sobaíto, rumba, pachanga, calipso, limbo, joropo,
sanjuanero ou sanjuanera, tamborito, la murga, cha cha cha.
-O folclore é a manifestação artística de um povo apresentando se no interior
ou na cidade, é a alma do local que enriquece a beleza nacional.
-O folclore tem o poder fascinante de unir culturas e emoções.
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Dança popular e Pop Dance.
-Há danças de moda, de gosto passageiro e outras que ganham uma
popularidade sem fim. Pelas discotecas do mundo passaram triunfantemente
a Lambada do Brasil e o Souk do Caribe, mas não ficaram por anos e anos
como a música rock.
-As danças de salão começaram a se implantar nas academias na Argentina e
depois na Inglaterra ganhando novas regras. Ano após ano realizam se
concursos de dança de salão para todas as idades ganhando assim mais
popularidade no mundo o samba, tango, fox-trox, swing, boogie, rock and
roll, passo-doble, valsa, cha cha cha, bolero, rumba, merengue, pachanga,
salsa.
-O popular charleston parecia ter vindo para ficar, mas perdeu força. O
sapateado americano e o jazz viraram tradição e espetáculo ate hoje nos
Musicals da América.
-O passo-doble tradicional da Espanha e a salsa tradicional do Caribe,
ganham na dança de salão muita popularidade.
O rok and roll, boogie, twist, levaram ao delírio nos anos sessenta, a música
pop e o heavi metal invadem as discotecas com arrasadores efeitos
tecnológicos.
-No Brasil ganha popularidade danças da Bahia como a lambada, depois o
afro-reage e o axé com sensualidade marcante.
-Entenda se então que “popular” quer dizer cair no gosto numa terra ou além
das fronteiras. As danças dos salões europeus se popularizaram entre nós, se
modificaram pela peculiaridade de um povo; condição do folclore, virando
muitas delas tradição. Outras danças foram de inspiração popular adquirindo
lugar nas paradas e ficando viva na modalidade de dança de salão cada vez
mais em auge.
-Músicos roqueiros estão sempre nas “paradas” em rádios e discotecas com o
tradicional rock, heavi metal e outros estilos dançantes como o punk, funk,
etc.
-As danças folclóricas são regionais e as danças populares se expandem por
mais lugares.
-Desde os anos sessenta, setenta, a música de discoteca é conhecida como
Pop Dance ou Disc Dance.
Danças famosas.
-Tango: era uma exibição masculina de destreza na dança nos cabarés do
Uruguai e da Argentina, esta dança difundida nas escolas de dança de salão,
virara tradição na Argentina, ganhando imensa popularidade na França e
virando tradição na Turquia nas cerimônias de casamento onde os noivos
dançam o tango ao invés da valsa como em maioria dos paises.
A raiz do tango encontra se na alegre milonga, que lembra o samba gafieira
do Rio de Janeiro. O tango destaca se com texto de protesto social em
Buenos Aires.
-Bolero: o bolero espanhol é diferente do bolero cubano que virou dança
romântica de casais nos salões. O bolero é uma dança com balance em zigzag, é uma dança charmosa que encanta os corações dos namorados, o
texto, pelo geral, é uma queixa de amor. Compositores famosos de bolero
foram Ernesto Lecuona de Cuba, Benito de Jesus, entre outros tantos.
Grupos que levaram a fama o bolero foram Trio Los Panchos de México, Trio
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Cristal do Paraguai e outros tantos cantantes inesquecíveis. O bolero tem
cadência própria e como canção romântica vá tomando outros nomes e
outras tonalidades em outras terras como chansons na França, fado em
Portugal, canzone na Itália, canción, moda, modinha, toada, etc.
O tradicional grupo de bolero compõe se por um trio com violões e cabaça
com sementes para marcar o ritmo. Depois introduziram o bandoneon, o sax
e outros instrumentos de sopro.
-Valsa: no romântico século XVIII adquire fama nos salões europeus a dança
austríaca com o compositor Johann Strauss, teve sua raiz no minué francês,
o seu estilo é elegante, dançada em relevé, balançando e girando. A valsa se
transforma em terras como a Alemanha, México, Peru. A valsa é a dança de
salão por excelência e tradição nos carnavais e em todas as festas de Viena.
Também virou tradição no ocidente nas festas de formatura, quinze anos e
casamento.
-Passo-doble: é um ritmo quente que anima as cruéis touradas da Espanha.
Homens e mulheres se revezam na mostra de sapateados cada vez mais
fortes e complicados. Dançado nas festas populares da Espanha, nos palcos
de dança em vários paises. Na dança de salão adquire uma forma reduzida a
imitação da postura na dança espanhola, mais do que uma riqueza de
passos.
-Flamengo: vem a ser um conjunto de danças do sul da Espanha, na região
de Andaluzia onde imigraram ciganos, mouros, árabes e judeus que
influenciaram no lugar. Destaca se na dança flamenga o uso de castanholas,
o sapateado, a postura e o uso das mãos, dos olhos altivos. O orgulho e a
paixão se manifestam através do corpo esguio, curvado para trás com
imponência e sobriedade facial. O figurino masculino é estreito marcando a
figura e as mulheres usam muitos babados. As danças da Espanha ganharam
fama no mundo e foram as raízes de muitas danças sul-americanas,
acrescentando aqui muita graça e sensualidade, acrescentando o movimento
dos ombros revelando temperamento e o movimento da cintura soma
sensualidade. Esse uso dos ombros, da cintura e do sorriso tanto no homem
como na mulher, nos diferencia da dança espanhola, o nosso estilo é assim
porque além das danças européias, temos influência dos índios e dos
africanos.
-Sapateado americano: os escravos americanos começavam a assobiar,
outros acompanhavam com o ritmo dos dedos e com palmas, ali alguém
começava a sapatear. Ganhou fama nos musicais de Hollywood na década de
trinta virando tradição nos palcos da América.
-Bossa Nova: após Carmen Miranda com Tico tico no fubá, Brasileirinho e
Desafinado, surge o tropicalismo em toda América do sul com música afroamericana feita para dançar como a cumbia, salsa, rumba, mambo, etc.
-No Brasil grupos cariocas como A Jovem Guarda e muitos grupos baianos
ganham fama. Ao mesmo tempo o mestre Tom Jobim cria a Bossa Nova; um
novo ritmo com fino entrevero de samba e jazz e recorreu o mundo com a
voz de João Gilberto e o músico Sergio Mendes.
Brasil.
-Danças folclóricas do Rio Grande do Sul: são danças rurais que formam
pares enlaçados como as danças vindas de Paris tais como chotis, polca,
mazurca ou rancheiras, chotis de duas damas, havaneira, polca de relação,
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meia cana, polca derivadas do cotillon, fandango, pezinho.
-Danças sapateadas: balaio, tatu, anu, tiranas, caranguejo.
-Danças de Rio Grande do Sul e Santa Catarina: pezinho, quero mana,
chimarrita, chimarrita balão, feliz amor, maçanica, ratoeira, sarrabalho, cana
verde.
-Danças de fronteira com terras de origem espanhola: pericón, milonga,
tango, chamamé, polca.
-Danças de origem alemã: Herr Schmidt, kraitz, polka, hacke schottisch,
presseneira, galopa.
-Danças de origem africana: quicumbis, candomblé, bambaquereré, terreiros
do batuque.
-Danças de origem indígena dançada no início em tempo de carnaval pelos
pretos imitando os índios: caiapó; dançada também no litoral paulista e
caboclinhos dançada no Nordeste.
-Terol é uma dança derivada da mazurca.
-Chula: sapateado gaúcho parecido com o malambo argentino.
-Pau de fita: de influência européia.
-Danças de fundo dramático: boizinho, dança dos velhos.
-Outras: rilo, polquinha, rancheira de carreirinha, tirana do lenço.
-No início do século XVII o Rio Grande do Sul era habitado por indígenas em
maioria da tribo Guarani, entre eles os Ibirayaras ou donos e protetores da
floresta, ficavam do lado uruguaio, também os Arachanes, Charruas,
Guenovas, Cochilhas, Minuanos.
-Os padres Jesuítas chagaram nas fronteiras do Brasil com Paraguai,
Argentina e Uruguai organizando a tribo Guarani que passara das aldeias a
construir povoados com praças, escolas, igreja e chácaras. Ao mesmo tempo
os conquistadores se estabeleciam crescendo os imigrantes europeus,
marinheiros, escravos africanos contribuindo todos eles para a formação do
folclore local.
-Os Jesuítas e os Franciscanos ensinaram aos índios, danças dramáticas
incentivando festas de comemoração religiosa com o fim de catequizar índios
e africanos acabando com suas culturas. Os cristãos consideravam tanto aos
índios como aos africanos; seres sem luz, sem alma, sem Deus, pagãos,
ignorantes, cultuantes do satanismo. As mulheres eram afastadas do
convívio social. As famílias assistiam as Cavalhadas da nobreza e as
Marujadas dos plebeus, sempre teatralizando o triunfo dos cristãos sobre os
mouros, todo ser não cristão, o animal, a natureza, eram considerados
inferiores.
Manipulações dos cristãos para atraírem fiéis: trocavam as leves vestimentas
dos índios e dos escravos por pesadas e ornamentadas roupas de bispos,
inserindo um teatro em que os negros tinham um reinado trocando os nomes
deles por nomes de santos da igreja católica. A forma típica cristã para atrair
gente era dizer que Deus tem favoritos e um feroz inimigo; Satanás que
castiga aos desobedientes por toda a eternidade no inferno.
-As marujadas ou chegança, caboclinhos, caiapós, eram dançados por
escravos e marinheiros, já que os índios se negavam a divertir a Corte. Essa
herança fica no folclore; folia dos reis, festa do Divino, do Espírito Santo, da
Nossa Senhora do Rosário, de São Benedito, de São João, de São Pedro, de
São Gonzalo, dos Reis Magos.
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Danças brasileiras de origem européia.
-Bumba meu boi: antigo símbolo de fecundidade e de fartura rejeitado por
Moisés segundo o Antigo Testamento da Bíblia, no entanto a Igreja usa
outros símbolos nas procissões e dentro da igreja para invocar as graças
divinas.
-A festa do boi bumba acontece em todo o litoral brasileiro e no litoral de
outros paises latinos, em Parintins virou atração turística como o carnaval de
Rio de Janeiro.
-As danças de Rio Grande do Sul e de Santa Catarina possuem forte
influência européia.
-Balaio: dançada no sul em pares, possui influência européia, africana e
indígena. Imita a colheita e a batida dos pés dos índios e dos negros.
-Cana verde; dançada em vários estados do Brasil imitando as danças rurais
do sul da Europa com passos de semear e colher.
-Baião ou baiano: dançada em Nordeste, composta de passos europeus e
indígenas como a marcha, marchinha, marcha rancho, também lembra a
África nas umbigadas.
-Dar o nó: dançada com vestido de noiva e muitos véus, lembra a danças da
Índia festejando a cerimônia de união com laços de véus.
-São Gonzalo: as solteiras que já não acreditam em Santo António recorrem
a São Gonzalo para pedir marido, um verso diz: São Gonzalo que dais marido
às velhas, por que não casais as moças? Que mal fizeram elas?
-Dança do peixe: começou na ilha de Catuá-Solinés em 1850, é uma
miscelânea de danças infantis de origem portuguesa e indígena, com canto
em roda e com solista que dirige a dança, com passos evasivos pergunta
cantando: que peixe é? As respostas são criativas com versos e apelidos de
plantas e animais. O magro é chamado de magoari, O perfil de peixe;
jaraqui. O círculo ameaça cobrir a rede, entra no meio aquele que se
descuida no jogo e nas respostas. As canções são singelas e dançam
bebendo por um par de dias.
-Moda: dança de fitas de duas cores que saem de um mastro no centro de
três metros de altura. A roda é composta de 12 ou 36 casais ou mais.
Começa trançando as fitas com verso e canto: dança dança dançador, cada
qual com seu amor, trança e retrança e volta a trançar, que o tipiti vai
começar, lá um passo, pra la li li, um passo pra que dancemos a roda,
tecendo o tipiti, a roda acabou.
-Danças do Pará e do Amazonas: chotis, maracatu, merengue, carimbó, festa
do boi bumba.
-Raisero: levam este nome as mais diversas danças do Brasil incluindo
bailado, artesanato, pintura popular, gincanas. São conhecidas as danças o
raiseiro de Santa Cruz, micareta, coroação do rei dos anjos do Brasil, cana
verde, cururu, quadrilhas juninas, mamulengo, congadas, folia dos reis,
babacues, mutirão, tores, catimbós, novenas, etc. com passos europeus,
africanos e indígenas.
Danças brasileiras de origem africana.
-Candomblé: o Brasil progride com os cortadores de cana e diversas mãos de
obra dos escravos em Rio de Janeiro, Minas Gerais, Goiás. A dança acontecia
com os pés em grilhetas como na cumbia da Colômbia originando danças
com os pés arrastados e juntinhos. O candomblé é um misto de ritos
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africanos invocando os protetores da natureza e dos homens.
A igreja católica, para não perder adeptos, troca os nomes dos Orixás (forças
dos céus e da terra) por nomes de santos. É dançada na Bahia.
-Congada: dança em memória da rainha angolana Gingha. Os escravos
vinham de terras africanas conquistadas pelos portugueses como Angola,
Moçambique, no Caribe foram escravos de terras colonizadas pelos franceses
como o Congo. Contém o maracatu que é como uma procissão, logo a
coroação do rei acompanhado da corte, a investida contra os brancos, a
discussão, a conversão dos negros no cristianismo, festa da vitória.
Esta dança teatral toma outros nomes na Venezuela, na Bolívia. No Brasil é
dançada em Minas e São Paulo.
-Macumba: dançada principalmente em Rio de Janeiro invocando poderes
ocultos com oferendas de flores, bebidas e até sangue dos animais. Em Rio
Grande do Sul e em São Paulo é mais conhecida como dança do terreiro.
-Tambor de Mina: dançado em Maranhão, Paraíba, Alagoas.
-Bassué: dançada no Pará em homenagem aos mestres e aos Orixás. Os
católicos transformaram a dança em homenagem aos anjos e santos.
-Folia dos reis ou terreiro dos reis: outra dança teatral parecida com a
congada, as partes são diferentes, começa pela saudação ao dono da casa, o
pedido, o agradecimento, a despedida. Conta a história do nascimento de
Jesus, da visita dos Reis Magos e o recebimento de dinheiro para comemorar
a festa.
A origem africana temperamental na dança, exótica, rítmica, sensual, alegre,
colorida, sem pudor, executada com disciplina e partes bem definidas;
encontra se totalmente mudada pelos versos, vestimenta carregada ao gosto
cristão, com passos mais moderados. Que lástima que há os que desprezam
a beleza!
Danças brasileiras de inspiração indígena.
-Caboclinho: dança de carnaval na Paraíba, Pernambuco, Rio grande do
Norte.
-Caboclo: dança da Bahia, mostra o rapto da galinha pelo capitão do mato.
-Caiapó: dança o ataque e a vitória dos índios. Em guarani Caiapó quer dizer
o criador dos seres vivos.
-Catira, cateretê, cururu, xiba; são danças parecidas no sapateado caipira
solo e em grupo. Em guarani catira quer dizer dança pulada para suar.
-Baião ou baiano: dança nordestina difundida através da música de Luis
Gonzaga e Humberto Teixeira entre outros. Usa passos como a umbigada
onde brincam com investidas nas barrigas, nas costas, nos quadris, ora
puxando um solista na roda. Em guarani chama se sarakí.
-Frevo: dança febril do carnaval pernambucano, muito pulado, em ponta,
acrobacias, parecida com a dança dos curandeiros africanos e dos pajés
indígenas, também lembra às danças da Holanda.
-Tipiti: originária dos índios Tarianos e Aimoré, dançada por eles com paus e
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fitas de palha. Há variantes como o tipiti simples, duplo, rede e crochê,
cacetinho cruzado, cacetinho doido, palma ritmada, trança do lenço, pulo de
queda, e outras inspirações.
-Cacetinho é uma dança pulada entre os índios com um pé só, sendo o outro
assegurado na cintura ou no ombro pelo companheiro de roda.
-Queda: em círculo pulam dentro juntos tomados das mãos e caem de costas
de cansaço por durar um par de horas.
-Pety yeroky ou dança da fumaça de tabaco. Mandió yeroky ou dança da
mandioca. Abati yeroky ou dança do milho. Caíjepopó ou dança dos macacos.
Cururu ou dança dos sapos e tantas outras são danças tipicamente
indígenas.
-As danças, a culinária, o conhecimento de cura das ervas, das raízes, das
frutas, o artesanato, o misticismo e naturalismo que os caracteriza, a
organização comunitária equilibrada, são heranças da rica cultura indígena.
Cito aqui o legado dos índios para o mundo como o chocolate, o café, a erva
mate, a batata, o tomate, a pimenta, o amendoim, o milho, a cana de
açúcar, o melado, entre outros tantos.
Samba e Carnaval.
-Precedem o samba; a marchinha, o marcha rancho. Dançados nos antigos
carnavais de Rio de Janeiro, foram adotados nos carnavais de terras vizinhas
por possuírem contagiante ritmo e encanto no canto.
-O samba vem da mesma palavra africana samba, parecida com shemba e
watussi que são ritmos diferenciados dentro da batucada africana.
-O samba é rítmico, alegre, sensual. Ter samba no pé quer dizer ter agilidade
nos pés, ao mesmo tempo muito movimento de quadril, amplos movimentos
de braços e beleza nas mãos. Em dado momento o homem se insinua
abrindo as pernas de frente a ela em posição de umbigada, quase um
cambré na segunda posição (no maxixe a umbigada é mais atrevida, acentua
um movimento de investida com encontro dos umbigos e com movimento
cônico dos quadris dançando colados a tal ponto de se adentrar o joelho do
homem entre as pernas da mulher e descem em demi plié com movimento
cônico na cintura). Em resposta ao homem, a mulher desce em demi plié
quase colado a ele em movimentos curvos do baixo ventre.
-No começo os escravos dançavam o samba no terreiro das senzalas à noite.
Iniciava se o ritmo do batuque seguido por palmas e marchinha ate crescer o
ritmo e a batida nos pés. Após a libertação dos escravos, passou a ser
dançado nas casas e nas ruas com caráter de religiosidade e ao mesmo
tempo com divertimento. Foi se popularizando desde a casa da tia Ciata, da
tia Amélia, da tia Viridiana e outras em Rio de Janeiro daquele tempo. Dessas
casas saíram compositores e sambistas como Sinhô, Donga, João da Baiana,
Heitor dos Prazeres, Pixinguinha, Catulo, João da Mata e outros.
Sambas conhecidas foram: Moqueca, Sinhá, Não deixa tirar, Vem cá, Mulata,
As laranjas de Sabina, As pastorinhas, etc.
-O samba tocado no estilo musical chamado Chorinho; acontecia nas
madrugadas nos bares chamados de botequins e culminavam em serenata
com canções românticas chamadas de Seresta. O samba foi proibido nas
ruas, mas logo esta dança do povo contagiou à elite que dançava no salão
passando a ser ali mais sincopado e dando origem ao Samba Gafieira, surge
também o Samba canção mais saudaciosa, e o samba breque mais
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descontraída.
-De novo os sambistas saem nas ruas dando origem ao carnaval com
instrumentos, disfarces, bonecos e carros alegóricos se popularizando
rapidamente. O samba Marcha Rancho foi substituída pelo Samba Batucada
com ritmo mais acelerado. Aparece outro samba do terreiro chamado então
de Fundo de quintal que deu origem ao Pagode.
-Assim vemos que o samba é o ritmo popular do povo carioca, dos salões de
Rio de Janeiro, na atualidade ao alcance de todas as classes sociais e a
tradição do famoso Carnaval.
-O carnaval originou se em Roma como espetáculo circense num desfile
marchando. A palavra carnaval tem sua origem na palavra canibal. No circo
romano acontecia uma festa orgástica com excessos de vinho, mulheres e o
espetáculo de luta entre feras com gladiadores ou com inimigos como os
cristãos naquele então. O carnaval teve outra característica em Veneza onde
era um desfile de mascarados, ganhou popularidade na Idade Média as
máscaras da morte lembrando que a vida é efêmera.
-Vemos que o carnaval começou como um ritual das Bacanais em
homenagem na Itália ao deus Baco da alegria e do vinho, oferendas ao deus
Dionysos da alegria e do vinho na Grécia ali chamada de Dionisíacas. Em
Roma tornou se um espetáculo sádico como a tourada espanhola que na
atualidade já foi proibida em algumas cidades.
-Como em Veneza, em Basiléia na Suíça o carnaval é até hoje um desfile de
mascarados marchando ao som de instrumentos medievais.
-Em Nice no sul da França e em New Orleans na América, o carnaval é um
desfile de bandas musicais e de carroças com lindas mulheres.
-O desfile de bandas chama se no Brasil de Fanfarra e acontece mais no
estado de São Paulo.
-Em Colônia na Alemanha, o carnaval apresenta se como um desfile de
Fanfarras e culmina com sátiras e um consumo desmedido de cerveja
sentados numa grande mesa e cantando tomados das mãos canções de
tradição alemã como a Polka e a Galop. Dizem os alemães que o carnaval é
um dia liberado entre casais para se divertirem como quiser.
-Em Salvador da Bahia passou a ser um desfile de Trios Elétricos
acompanhado pela população dançante.
-Em Olinda a dança tradicional de carnaval é o Frevo e o desfile de bonecos.
-Em Rio de Janeiro e na maioria das cidades do Brasil, o carnaval é um
desfile de sambistas com uma série de regras de composição. Em Rio de
Janeiro, Lionel Brizola, Darcy Ribeiro e Oscar Niemeyer tiveram a grandiosa
idéia de glorificar o carnaval construindo o Sambódromo e virando assim o
carnaval de Rio de Janeiro; o maior espetáculo do mundo.
-O carnaval compõe se de músicos chamados de Bateria onde além dos mais
diversos instrumentos rítmicos, participa o cavaquinho e a inigualável cuíca
que só o Brasil possui.
-O cantante do samba é chamado de Puxador.
-A Comissão de Frente reverencia o Júri e o público com coreografias e
figurinos surpreendentes.
-A Rainha de Bateria enfeita a presença dos músicos, as Alas ou grupos
desfilam com samba no pé, os passistas são os que exibem a destreza do
samba no pé, com acrobacias próprias do samba e com pandeiros.
-O casal de Porta-bandeira exibe elegância e charme em moinhos e giros
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com figurino barroco.
-A Ala das baianas mostra girando a típica ampla saia de babados e atavios
na cabeça.
-Os Carros alegóricos e os Destaques são luxuosos, criativos, imponentes. A
mulata exibe sua escultural beleza única no mundo.
-O Entrudo é uma forma de carnaval quase extinta e de origem européia,
subsiste em outras terras latinas.
-No Paraguai e na Argentina o carnaval é um desfile de carros alegóricos e
lindas mulheres. No chão dançarinos de marcha rancho, um jogar água um
nos outros com spray, com balões e até com baldes.
-Nos anos trinta os carnavais do litoral e do interior do Brasil, tinham danças
típicas do lugar como Bumba meu Boi, Maria Angu.
-Nos anos sessenta começa a ter fama a Festa do Boi Bumba em Parintins
sendo o carnaval paraense e amazonense. No lugar do samba, dançam a
Toada com passos indígenas estilizados e com ritmo de batucada. O figurino
é o mesmo que os índios vestem nas suas festas e ano após ano os figurinos
e os carros alegóricos progridem em idéias e luxo. Não existem por lá tantas
escolas de samba como em Rio de Janeiro, em Parintins apresentam se
somente dois grupos: o Boi Garantido e o Boi Caprichoso, atraindo turistas
do mundo todo.
Outras festas marcantes do Brasil.
-Festa do Campeiro, colheita da uva; no Rio Grande do Sul.
-Colheita do café, Festa caiçara, Oktober Fest; em Santa Catarina.
-A Pesca com Ubá no litoral paranaense.
-Festa do boiadeiro no interior paulista e no Matogrosso do Sul.
-Festa dos mineiros, Festa dos garimpeiros: em Minas Gerais.
-Festa do cacaueiro na Bahia.
-Festa do vaqueiro, festa do trabalhador, Festa do engenho: em Nordeste,
Sergipe e alagoas.
-Festa do salineiro em Sergipe.
-Festa do gangadeiro em Maranhão.
-Festa da babaçu, festa da palmeira: no Piauí.
-Festa da carnaúba, Festa do castanheiro, Festa Junina dançando a Ciranda.
-Festa do Parintins dançando a Toada, Festa do Carimbó, também muito
bonita: no Pará e no Amazonas.
-O axé da Bahia e o forró do Nordeste são show em todo Brasil pela
contagiante sensualidade.
Festas indígenas mais difundidas na América do Sul: Fiesta del Sol no Peru,
Las Diabladas na Bolívia, Festival de Salta na Argentina, Fiesta del Fuego no
Paraguai, Guarup no Brasil.
Malambo: sapateado gaúcho da Argentina.
-Dois sapateados famosos têm o Brasil; a Chula no Rio Grande do Sul e a
Catira em São Paulo e Minas.
-Na Argentina o malambo é um sapateado solo ou de grupo com uso de
boleadeiras.
-Significado: D= direito.
E= esquerdo.
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-O passo básico do malambo parte da ponta do pé D (pa) com joelho E
esticado – calcanhar D (ti) com joelho E flexionado – ponta D (to) com joelho
E esticado – pam E pam D.
O mesmo começando com o pé esquerdo.
1º. Passo: patito pam pam D– patito pam pam E. Repete.
2º. Patito pam pam D e levanta o pé D e cruza pela frente. O mesmo o E.
3º. Patito pam pam D e levanta o pé D e cruza por trás. O mesmo o E.
4º. Patito pam pam D e dobra o D cruzando e pam E. O mesmo com o E.
5º. O no. Quatro em cruz.
6º. Patito pam pam D e dobra o D em meia volta. O mesmo o E.
7º. Patito pam pam D e dobra o D em volta inteira. O mesmo o E.
8º. Patito pam pam D e dobra os dois pés p/dentro (pernas em O) e pam
pam.
9º. Patito pam pam D e dobra os dois pés p/fora (pernas em X) e pam pam.
10º Levanta o D e cruze no ar p/E e D e pam D. O mesmo com E.
11º. Calcanhares p/fora seguido avançando e pose: planta D e E estica atrás.
-Variações: golpe das mãos nos calcanhares – volta inteira ajoelhado –
ponte, pirueta e outras acrobacias – uso das boleadeiras em pé e ajoelhado.
-Sapateados mais conhecidos são os da Ucrânia, da Hungria, da Rússia, da
Polônia, da Irlanda, da Alemanha, da Holanda, da Escócia, da Grécia, da
Espanha, da Arábia, do México, do Paraguai, do Brasil, da América.
-De entre todos os sapateados; o malambo exerce um singular encanto
sendo espetáculo circense no mundo todo. Na Rússia é conhecido como
Malamba e Molambo em outros lugares.
Século vinte.
-O século vinte tende a eliminar as danças regionais e a expandir o rock e o
pop pelo mundo todo.
-Fox Trox, Blues, Charleston, Rock, Twist, Boogie, Ié-Ié, são legados dos
afro-americanos.
-Cha cha cha, rumba, limbo, conga, calipso, cumbia, salsa, merengue,
samba, são ritmos afros - latinos.
-Passando as danças sagradas dos nativos, as danças folclóricas dos povos, a
dança de salão da aristocracia, os balés; o mundo procura hoje somente o
consumo de danças descartáveis, de impacto. Em todas as modalidades a
acrobacia circense se faz presente para somar atrativo. Com tudo, a dança
de salão é a que mais fama tem no mundo desde sempre, pelo encanto
inconfundível das danças latinas que tanto se popularizaram.
Passos básicos de danças latino-americanas. As posições básicas de
início são as mesmas do bale e valem para todas as danças do mundo,
somente a 5ª pos. é diferente no folclore cruzando o pé D na frente.
A seqüência dos passos aqui citados não é exatamente como aprendi, e
muitos deles são passos da minha inspiração.
-Pycheche (em guarani): é o arrasta pé no lugar, avançando, retrocedendo,
aos lados, cruzando, em roda, girando.
-Ye cutú (em guarani): ou passo cortado; um pé na frente arrastando para
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trás cortando assim o outro pé e se revezando o D e o E.
-Syryry (em guarani): ou arrastão ou rancheira; é um avançar ou retroceder
em zig-zag marcando o quadril.
-Valseado: balance de plié ao relevé aos lados e girando no lugar e em
círculo e balance aos lados cruzando as pernas.
-Popó (em guarani): ou polca; balance de relevé a plié aos lados e girando,
ombros soltos.
-Polka: calcanhar e ponta D e deslizar um, dois, três. Logo com E. Logo
girando em círculo.
-Corrido: um e outro pé se arrastando como a pachanga e o merengue.
-Balance: como a polca, mas o ritmo é diferente e o passo mais elegante;
balance de frente, aos lados, diagonais, em cruz. Em pares é um encontro e
desencontro como no começo de uma dança histórica.
-Passo cruzado ou escocês: com os joelhos esticados. Passo cruzado italiano:
com os joelhos dobrados. Cigano ou passo cruzado de zcardas: cruze por trás
e vibrando os ombros.
-Cueca e zamacueca: parecido com a polca, mas executados com os pés
cruzadinhos, ombros soltos, pelo geral dançado com lenço na mão.
-Espelho: é um cruzadinho ou passo cruzado ou balance onde os pares se
cruzam quase roçando se nos ombros, as costas e voltando frente a frente.
-Passo básico: planta D, ponta E, ponta D, planta E e continua. É um passo
de andamento, é básico também no jazz: avançando, retrocedendo, em
roda. Pode ser feito também em balance.
-Sarandeio e meio sarandeio: rombo e meio rombo, começando pelo D com
pé E e pelo E com pé D.
-Ñe mbo yké: cruzamento com movimento lateral de quadris D, E e plié e
relevé.
-Taquirari: passo básico de todos os índios: um pé na meia ponta e o outro
pé se arrastando; em roda um trás outro ou tomados das mãos, avançando
ou retrocedendo, avançando e retrocedendo frente a frente. Aos lados
tomados das mãos, girando em moinho ou de braços enlaçados.
-Kyrey (em guarani): é uma polca rápida e quase pulada. Entre os índios é
dançada indo de costas pulando e girando.
-Esquivada simples: na roda o homem segue á moça que retrocede 1,2 e gira
ao D e logo ao E.
-Esquivada: a mulher retrocede com passinhos rápidos na ponta dos pés e
girando, o homem avança rápido e por momentos se ajoelha no meio da
roda em cambré.
-Pericón: os pares em roda vão tomados das mãos acima dos ombros ou ela
tomada da cintura ou enlaçada com o lenço; os passos são rancheira,
arrastão, valseado ou valsado. A roda é interrompida para recitar um verso
chamado: relación.
-Fandango, chamamé, polca, havanera; são balances a dois com passos
parecidos e xingados diferentes.
-Samba. Gafieira, baião, maxixe, frevo, lambada, forró, pagode, axé, são as
danças mais difundidas do Brasil já citados acima.
-Cumbia: originária dos escravos colombianos, ganhando popularidade em
toda América Latina. È uma dança solo, de dois, de grupo. Começa com
simples arrasta pé, como o taquirari e como o balance aos lados, mas com
muito movimento de quadris e de ombros tanto dos homens como das
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mulheres, é um, dois p/cá e um, dois p/lá.
-Cumbión é uma cumbia rápida. Quebrada é uma variante da cumbia.
-Mambo: lembra a Bamba mexicana, ao Carnavalito boliviano, ao Saraki
paraguaio: dança quase pulada na meia ponta cruzando as pernas pela
frente ao avançar e por trás ao retroceder.
-Conga: forma se um trenzinho em roda com passinhos avançando e
retrocedendo.
-Calipso: popular no Caribe. Passos: 1- D E em ponta no lugar, p/frente com
os joelhos e braços colados, retrocedendo com calcanhares p/fora e cotovelos
p/fora.
2- DD EE avançando com pontas e retrocedendo com calcanhares.
3-DEE ou violão: avançando, retrocedendo e girando.
-Bolero: na dança de salão os passos desenham no chão um quadrado,
tradicionalmente desenha no chão um zig-zag. É uma dança de casais
colados, saindo pouco do lugar e balançando sinuosamente os quadris, giros
e contragiros, cruze dos pés pela frente e por trás.
-Rumba: como o bolero, com mais sabor, com mais requebro e vibração dos
ombros e quadris.
-Salsa: parecido com a lambada, porém os joelhos permanecem mais
fechados. No lugar um balance de frente, na meia ponta e com quadris
marcando o compasso: frente a frente avançando e retrocedendo, o mesmo
em cruz. Girando em pontas. Tremor de ombros p/frente e cambré. Balance
aos lados; de primeira p/segunda e acentuando os ombros. A mulher faz com
a ponta dos pés um zig-zag no ar e no chão. As cabeças também participam
com giros e cambres. Os homens arrastam se ajoelhados no salão, levantam
as mulheres. Atualmente na salsa aparecem muitas variações e acrobacias.
-Cha cha cha: em sua forma simples, é dançada como a pachanga;
arrastando os pés com joelhos unidos em demi-plié, marcando as pontas
como no calipso ao avançar e com calcanhares ao retroceder. O passo básico
do cha cha cha é: um, dois, cha cha cha. Ou seja, pé D com peso na frente e
logo peso atrás com E e com os quadris para o lado D: DED (três golpes).
Logo o pé E passo atrás e D na frente e para o lado E: /EDE.
-Cruze na frente com pé D, no lugar E e ao lado D: cha cha cha.
Cruze na frente com pé E e no lugar D e ao lado E: cha cha cha.
-Cruze por trás com D, no lugar E e cha cha cha.
Cruze por trás com E, no lugar D e cha cha cha.
-Cruze na frente D, no lugar E e cha cha cha.
Cruze por trás E, no lugar D e cha cha cha.
-Cruze na frente E, no lugar D e cha cha cha.
Cruze por trás D, no lugar E e cha cha cha.
-Giro ao D e cha cha cha.
Giro ao E e cha cha cha.
-Gira a ela com a mão pelo lado D e cha cha cha (ele passo básico no lugar).
Gira a ela pelo E e cha cha cha.
-Sobaíto: afastam-se com palmas nos joelhos, se encontram de costas com
chasquido (estalido dos dedos ou castanhitas).
-Se empurram com pachanga tomados das palmas.
-Giram e retomam o passo básico tomados dançando em cruz.
Até aqui o cha cha cha, agora vem:
-Giro ou la vuelta pelo D e pelo E. (s/esquecer que D é direito e E é
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esquerdo).
-Devoulé: giro saindo do lugar p/lado D ou E ou em círculo.
-Presente: na 3ª. Pos. Trocando e marcando os ombros.
- Passado: na 4ª. Pos. Ou cruze dos pés por trás com cambré
-Coní coní (guarani): ou alegria; tremor dos ombros.
-Aplauso: fazer um oco nas palmas das mãos para o aplauso soar mais
grave. Há variedade na marcação dos golpes.
-Saudação ou reverência ou agradecimento: é variado, o mais comum é na
3ª. Pos. tendú na frente e inclinar a cabeça em demi-plié ou na 4ª. Pos.
Demi-plié ou ficar ajoelhado.
-Lenço: o lenço serve para enlaçar a mulher pelo pescoço ou pela cintura.
Para esticar pelas pontas e dobrar e desdobrar. Para a mulher ocultar o rosto
ficando somente os olhos a vista. Para levantar no alto e movimentar assim:
colocando o lenço no dedo do meio dobrado e abrir a mão p/o céu, p/a terra,
dobrar a mão e seguir o mesmo movimento: céu, terra, dobra. Serve para se
balançar com o lenço no ar acima, abaixo, girar o corpo e tomar o lenço
pelas pontas movimentando na nuca ou na cintura. Para amarrar na cabeça,
nos ombros ou na cintura. Para levantar no ar esticando e correr com ele.
Para fazer com ele o número oito ou: infinito. Para distintas posições nas
poses como: oferenda.
-Chasqueado ou chasquido ou castanhitas: estalar os dedos.
-Movimento de abrir e fechar o abanador.
-Dançar tocando maracás: charmoso instrumento índio para marcar o ritmo.
-Dançar movimentando o chapéu, o chicote, o facão.
-Rebolado: a saia é esticada ficando os braços abertos ao rebolar. Também
pode se rebolar a saia com os braços fechados como na salsa com os joelhos
colados.
-Rebolado do mar: fazendo ondas para dentro e para fora seguido.
-Remolino: rebolado para dentro seguido.
-Remanso: rebolado para fora seguido.
-Sacudida: muito usado na salsa; é chacoalhar a saia de um lado p/outro.
As reboladas podem ser feitas com ambas mãos ou com uma mão só e a
outra em jarra. Executadas no lugar, p/as laterais ou lados, p/as diagonais,
em círculo, em cruz, girando.
-Ornamentos: flores nos cabelos, no pescoço, no pulso, no pé. Chiaras,
brincos, colares, pulseiras, tornozeleiras de guizos, flor ou lenço, véus.
-Roda ou estrela: é um tipo de acrobacia como a cambalhota, a ponte, o
spagarde ou tesoura, o sino, o meio sino, o arret an l’air. A roda ou estrela é
como uma planta bananeira seguida, se diferencia do salto mortal porque a
estrela é executada de lado ou de ombros, já o salto mortal é executado
p/frente e p/trás com a cabeça. Também é uma figura coreográfica assim:
seguir um círculo ou roda com os braços para dentro (da roda) dar dar, e
fora do círculo dar dar p/acima. Logo repetir o dar dar dentro e puxa puxa
fora da roda e repete.
-Roda em cometa: intercalados quatro entram no meio do círculo e outros
quatro saem p/fora com movimento dos braços: no centro dar dar abaixo e
dar dar acima, p/fora puxa puxa e dar dar acima.
-Correr na roda de 1ª. p/2ª.Pos.
-Moinho de grupo e de pares.
-Carrossel: levantar as moças em roda.
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-Movimento dos ombros: intercalando acima e abaixo. Intercalando dentro e
fora. Ombros juntos terra terra (p/abaixo), limbo limbo (p/trás). Fecha e
abre. Alegria: vibração de ombros. Infinito: número oito ou água com um
ombro saindo de atrás p/frente e terra com outro ombro saindo de frente
p/trás.
-Braços e mãos: vem vem, vai vai. Puxa puxa, dar dar (é: empurra
empurra).
-Soldadinho: acima D e desce subindo E e braços aos lados.
-Cotovelos: lado lado, braços: acima acima.
-Ursinho: braços acima e plié na 2ª. – levanta joelho D e apóia nele a mão E
e levanta joelho E e apóia mão D.
-Timo: na 2ª. Pos. e braço D na frente ou ao lado balançando a cabeça D –
E.
-Tina: cotovelos lado lado e curvar os braços e a cabeça.
-Timo e Tina: mãos fora dentro e curva.
-Tom: na 2ª pos. Jarra e movimento redondo com braço e cabeça.
-Tommy: na 4ª pos. Peso na frente e movimento redondo de cabeça.
-Índio: levanta braços e um joelho e desce cabeça, desce braços e repete.
-Índia: o contrário do anterior: começa por levantar cabeça e braço embaixo.
-Tchau tchau com mão D e pé D de 2ª. A 1ª. Logo com E.
-Jarra: posição de uma mão na cintura e Açucareiro: ambas mãos na cintura.
-Movimentos de quadris: DE, DDEE, DEE, de atrás p/frente, de frente
p/atrás, os dois últimos movimentos descendo sensualmente e em cruz (aos
4 lados) com ritmo nos pés, quadril arredondando, quadril terra ou movendo
pela frente cada lado, água movendo as nádegas por trás como as ondas do
mar que avançam de trás p/frente, quadril oito ou água e terra.
-Principais passos ornamentais usados no folclore: suflê, cambré, planché,
entrega, oferenda, ajoelhados, giro sobre o joelho, sino, meio sino, spagarde,
meio spagarde, cambalhota, estrela, salto mortal, jeté grand jeté, arret an
l’air, grand cad, pás de cheval, piruetas, baloné, fouguetté, detiré, can can
girando.
-Passos simbólicos: semear, colher, martelar, roubar, contar dinheiro, sobrou
nada pra mim, nada nada, nadar, nada Crowe, lua, meia lua, ameaçar,
pássaro africano, pássaro misterioso, quero-quero (com palmas), garça, céu
e terra, pombo, cobra, boneco de corda, títere (sobe e se decompõe
embaixo), Ahahá!
-Pombinha com aleteo e cabeça p/ombro D, p/ombro E, aleteo dele e ela
recolhida com mãos cruzadas no peito.
-Galo, galinha, macaco, gorila, sapo, espelho, gato, Daniela, Carla.
-Possuído, consciência, oração, estado de graça, meditação.
-Energia da terra, energia do céu, chuva de dia, chuva de noite, dia, noite,
Gipsy, Watussi, shemba, caderudo, caderudo fugindo, pendurado, carretilha.
-Eu, vou, pensar, falar, dormir, cantar, dançar, pra vocês, vem, vai, vem
nadar comigo, no mar, no rio, na cachoeira, com os peixes, com os pássaros,
borboleta, alegria, tristeza, inocência, chorando, rindo, sorrindo.
-Ilha, cidade, bonita, flores, pétalas, turbilhão, loucura, força, força de leão,
leão, coração, saudação, receber, oferenda, saudação ao sol, a lua, a você, a
Deus, abraço, abraço a todos, sair de dentro, de fora p/dentro, horizonte.
Giro e bedette: wau ié!, comigo e sobe desce em pose de entrega à lua ou ao
sol.
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Passos indígenas.
-Pycheche ou arrasta pé ou bate pé.
-Saraki ou carnavalito: passo pulado cruzando os pés: no lugar com sacudida
em suflê, carnavalito simples e girando, saraki retrocedendo em giro.
-Carnavalito simples ou passo básico: dois passinhos p/frente levantando o
joelho e cambré e dois passinhos p/atrás levantando outro joelho e suflê.
-Guatá mbaé: mãe e filho ou homem e mulher andando com passos curtos
com um pé em ponta e uma mão apoiada no ombro do outro em linha reta,
na virada apóia a mão no ombro do outro em diagonal, acaba a dança com
os homens ajoelhados no centro.
-Taquirari: frente a frente, palmas encontradas e excutam o guatá mbaé ao
D e E mais marcado e às vezes quase pulado, os braços acompanham o
vaivém e um pé em ponta.
-Taquirari dois: o guatá mbaé com duas marcações ponta pé D e D, logo E e
E no ar. Como calipso número dois avançando.
-Coní coní: movimento dos ombros serpenteando.
-Kyrey ou alegria em guarani: é um carnavalito girando e encontro de
palmas ou tratando nos giros de derrubar um ao outro pelos lados ou com as
nádegas.
-Polca kyrey: é um balance pulado ou popó que os índios não executam em
pares como os camponeses.
-Kurekey cunhá: levanta o joelho duas vezes de um lado e duas do outro.
-Syryry: arrastando os pés em zig zag, dois p/cá e dois p/lá.
-Mondajhá ou roubo em guarani: tomar a mão da parceira ocultando a por
trás.
-Apijhá: apontando com o dedo indicador o horizonte.
Os camponeses usam os passos dos índios mais em pares.
-Ñandeguera ou irmandade: tomados dos ombros, movimento de tronco ao
D, meio, E, meio, pulam p/frente com ambos pés na 2ª. E de novo ao D,
meio, E e pulam p/trás.
-Che maiteí ou saudação: reverência antes e depois de cada dança; diagonal
D ao sol levantando o braço, diagonal E /à lua, inclinação na frente esticando
a ponta do pé ao público. Flexão e colocar o peso do corpo na frente e uma
perna esticada p/atrás no ar ou saudação ao Criador. Aló: Hau! Palma da
mão.
-Mundurupeia: costuma ser dançada no Miconos festival da Amazônia,
começa com três gritos: la la aé ágüe! E formam uma ciranda com passo
como o chotis, passos curtos cruzando um pé frente e lado, frente e atrás.
-Balancés da toada amazonense: parecido com afoxé, dos passos p/D e dois
passos p/E levantando o pé e as mãos p/acima e depois mãos p/abaixo.
-Agito: mãos cruzadas acima da cabeça ou punho fechado e movendo ao
grito de hei hei hei!
-Amizade: dedos em V não quer dizer vitória e sim amizade entre os índios.
-Kuarupe: dança em homenagem aos antepassados dançando o payé no
meio do círculo com maracás, acompanham flautistas e os dançarinos
gritando e batendo pé, os ombros sobem e descem e acabam de frente a
uma árvore com calma. Segue a dança da luta; uma mostra de força em que
inclinados p/frente se tomam das pernas e acaba quando um cai. As
mulheres e crianças traem oferendas para as visitas. Acabam com a típica
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saudação ao sol, a lua, ao público e ao Criador.
Acreditam que os mortos vivem numa dimensão mais leve como o pássaro,
como o vento, como a luz, se espalhando em tudo, cuidando da selva e dos
rios e de noite se acercam aos homens ficando dentro do tronco da árvore
Guarup e por isso esta é enfeitada para a festa.
-Pankararú ou paz em tupi guarani: é uma dança com vestimenta branca e
suntuosa, com penas e palhas.
-Caiapó: originalmente chamava se assim a dança indígena imitando passos
da natureza em homenagem a Sibu ou Espírito maior, é a pessoa do
supremo Criador Tupanã que veio a ensinar aos índios a sabedoria da
medicina botânica ou pojhá ñaná. Os brancos passaram a dançar como
imitação da caça dos índios. Caiapó quer dizer criador de macacos ou de
animais, incluindo o homem, refere se ao Criador Tupanã na língua tupi
guarani, Manitu para os Apaches, Hitor para os Astecas.
-Yepopyjhy yeré: é o rilo ou passar se as mãos na roda.
- Catira guarani: é uma compilação de sapateios indígenas estilizados, muito
dançados pelos interioranos de São Paulo, em Mato Grosso do sul e no
Paraguai.
- Aqui os principais sapateados.
1º. Sapateio: DE – DE – DE (planta planta ou golpe golpe)
2º. Calcanhar e planta D, calcanhar e planta E, repete.
3º. Os pés em meia ponta e desce o calcanhar D e repete.
4º. Golpe D, ponta E, ponta D, golpe E, continue.
5º. Calcanhar D em croisé, golpe DED, calcanhar E em croisé, golpe EDE.
6º. Cruze dos pés por trás, mãos acima com sombreiro ou lenço ou chicote.
7º. O 3º. Cruzando o D.
8º. Cruze da ponta dos pés pela frente.
9º. Sair do lugar girando: DDD, meia volta EEE, continua.
10º. Meio ajoelhado ao D e ao E seguido e giro consecutivo sobre um joelho.
11º. 1º sapateio seguido e acaba na 2ª pos. relevé.
12º. No ar ponta D frente, atrás e 2ª. Pos. Logo o E.
Considerações finais.
-O folclore é a manifestação artística de um povo, é a alma regional que
enriquece a beleza nacional.
-O folclore latino é rico, atraente, encantador pela influência européia,
africana e indígena.
-O estudo do folclore nos revela a vida de uma comunidade, a sua essência e
totalidade. Envolve o comportamento social, a mentalidade, o sentir, a
expressão, o costume religioso, festivo, ético e estético. O folclore une,
comunica, diverte. Não vem a ser somente uma herança de gerações, a
prática de uma tradição tende a crescer se renovando, se ornamentando sem
perder as raízes, se recria, se inspira, se pincela com mais belezas e
atrativos.
-A finalidade das escolas de danças é fazer que a prática tradicional não fique
monótona desaparecendo, porque as novas gerações tendem a seguir as
correntes modernas que são passageiras. Uma escola de danças folclóricas é
mais do que a prática tradicional que acontece periodicamente num povo. É
uma escola de inspiração, de projeção estética do folclore levado ao palco
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para incentivar a prática e enaltecer a sua expressão. Provas disso são os
concursos de carnaval, de festa junina, de bumba meu boi, etc levando a
prática tradicional de um lugar ao conhecimento mais além das fronteiras.
-As danças folclóricas possuem o poder sagrado de unir seres diferentes pela
simpatia e a energia da terra. A dança é a expressão mais completa das
emoções e dos sentimentos humanos através do corpo.
-Os índios costumam dizer que a música não precisa de palavras, que a
expressão corporal como a dança, os gritos e algumas sílabas revelam mais o
sentir.
Danças autoctonias.
-O que teria sido da América Latina se além das tradições difundidas,
pesquisa se, preserva se e difundi se mais as danças pré-colombianas?
Seria tão atraente como a África, as ilhas da Polinésia, a Índia, o Tibet,
Alaska, México, Guatemala, Peru, Bolívia, Amazonas do Brasil, mais
conhecidas por difundir mais as tradições étnicas.
-Todas as terras tropicais com palmeiras, água, verde, areia, possuem ritmos
parecidos na natureza e parecidos para dançar.
-Na Ilha Wamuhani do Brasil dança se a Congada, mas essa dança tradicional
não tem a cara da ilha, não possui o temperamento e ritmo febril que
caracteriza os africanos, os maoris, os índios com corpos coloridos, sensuais,
sorridentes, parecidos com a paisagem do lugar, com o ritmo natural sentido
no balanço dos coqueiros, com o movimento corporal que leva em si o
movimento das águas, dos pássaros, etc.
-Hoje em dia a ilha não precisa mais se submeter aos preconceitos da moral,
mas parece que ainda há um círculo de gente que reprime. No recato das
danças tradicionais da ilha sente se a influência do tempo da conquista
cristianizadora.
-Na Argentina acontecem mais mostras de danças latinas, ali sento orgulho
de pertencer a este continente. Na Europa também nos sentimos mais latino
americanos pelo encanto do nosso acervo. Porém falta resgatar as danças
indígenas e se inspirar mais na natureza para se formar um estilo tropical
que faça pulsar as nossas origens.
-As danças tribais enaltecem a natureza e acende o prazer de ser planetário.
Saber e sentir o eu e os outros é o elo universal.
África tribal.
-Quênia: a tribo Watusi do norte da Quênia dança o samburá, é uma dança
de acasalamento entre os animais e nupcial entre os homens.
-A tribo Wakamba celebra a primavera e o outono com a dança da
fertilidade. O salto dos dançarinos simboliza o crescimento das plantas. Os
braços imitam os pássaros.
-Tanzânia: ali dançam o shemba ou samba agilizando os pés na meia ponta,
o pé D marca mais o ritmo que o E. Dança se quase na 5ª. Pos. de bale em
relevé ao redor do fogo exclamando: he he hei! É acompanhado de canto e
estalido dos dedos. O grito chama se Mpingo, como a árvore da qual se
fabrica os melhores violinos do mundo.
-Os africanos usam atabaques, batuques, tambores, maracás, fitas de cores
e marimbas como na ilha da Trindade no Caribe.
-Os acontecimentos do dia a dia na natureza influem no sentir e no desejo de
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integração na totalidade da vida, nada melhor do que celebrar a vida em
união com a dança onde se manifestam tantos elementos de bem e beleza.
-Como em todas as danças tribais do mundo, o ponto culminante acontece
quando o dançarino solta totalmente os seus impulsos no desejo de sentir
liberdade e plenitude. Em rituais como o Vodu de Haiti e o Candomblé do
Brasil, o ritmo envolvente dá força, o organismo solta um fluido que leva ao
êxtase até cair de cansaço.
-Uma dança africana: o solista dança o shemba, entra uma moça dançando
ao redor dele, logo frente a frente com as mãos apoiadas no ventre e
movendo o quadril de trás p/frente. Ao redor dos dois dançam em roda,
giram como pássaros, ombros e músculos marcantes, saltos, vôos,
vibrações, gritos e quedas.
O cristianismo e os primitivos.
-O cristianismo se autodenomina de igreja salvadora de almas. Existem
outras crenças que também acham que a missão deles é espalhar a verdade
que iluminou somente certo lugar num certo tempo.
-Os povos primitivos sabem que as suas crenças servem para o seu lugar e
não negam nem discutem a possibilidade de haver outros lugares com
hábitos diferentes. De uma coisa eles tem certeza: que o Deus supremo é o
mesmo que se manifesta em todo lugar.
-A verdade mais linda dos primeiros tempos é a certeza de que o homem é
apenas mais um entre tantos seres da criação e que deve se comportar com
irmandade. O cristianismo coloca o homem como parte dominante e não
como parte de um todo universal, como único na criação que tem
superioridade e divindade. Para os nativos, toda existência é sagrada porque
em todo existe a força divina do Criador e cada existência, principalmente o
homem: precisa da ajuda e das graças da natureza. Todo está feito para
servir, o céu serve, a terra serve, o animal serve ao homem e este também
serve ao animal, o mesmo com as plantas. O homem deve servir com
humildade, respeito, veneração e adoração porque todo contém a Deus.
-A criatividade do homem nasce de rituais. Toda existência na natureza
segue um ritual; o sol, a lua, os pássaros, o rio.
-Os rituais podem ser parecidos, mas o homem pouco enxerga, pouco sente,
pouco entende de outras existências e assim, certas raças, certas nações,
certas crenças, acreditam ser os únicos donos da verdade e os únicos
veneradores de Deus.
-O que mais estranha o nativo é descobrir que os brancos não possuem
sensibilidade, aproximação, respeito, veneração, comunicação com a
natureza e vivem com arrogância se aproveitando e destruindo. A maioria do
cristianismo nada fez para deter a exploração da flora e da fauna por falta de
aprecio, usam o poder da cura dos animais e das plantas, mas perguntados:
dizem não acreditar em outros poderes a não ser no poder de Deus e dos
homens como os mais perfeitos da criação. Não sabem, não deduzem que
Deus age através das suas criaturas. Vem o homem como alma para se
dedicar a Deus sem tomar parte da criação divina porque acham que Deus
criou tudo para servir aos homens. As tribos do mundo, os animais e os
vegetais comportam se como parte integrada no cosmos, toda a criação tem
a inata intuição do sagrado em tudo. A sociedade comunitária das tribos é
exemplo de vida equilibrada porque ali não existe diferença e todos são
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deuses, ou seja, todos possuem poder específico concedido pela Luz
Universal, cada criatura tem uma missão, cada criatura é filho do Criador e o
amor de Deus é imenso para todos. Cada criatura é necessária, é irmã, em
toda a antiguidade sabia se que o ser humano precisa da natureza porque ele
não é perfeito nem melhor, pelo contrário: o orgulhoso Homo Sapiens é o ser
mais predador da terra. Em comunidades tribais não há complicações, entre
eles sente se a presença de Deus.
Home.
-Fragmento do discurso em 1855 de Seatle, cacique da raça Duwami que
vivia de frente ao lago da atual cidade Washington, nos estados Unidos. As
terras foram tomadas do seu povo e por duas vezes deportados a lugares
diferentes. -Hoje um pequeno povoado e um rio levam o nome dessa raça
que já não mais existe.
-O grande chefe branco nos manda um recado querendo comprar nossas
terras junto com desejos de amizade e ventura. Muito amável da parte dele
que nunca se importou com nossa amizade. Sabemos que se negamos,
tomarão a força as nossas terras.
-Como pode se vender o comprar o céu ou a terra? Não são nossos o frescor
do ar nem o brilho das águas. Não entendemos isso.
-O que o cacique Seatle diz pode acreditar o cacique branco, tão certo como
as estações do ano. Cada lugar da terra nos é sagrado; cada árvore, cada
búfalo, cada praia, cada neblina, cada penumbra da floresta, cada inseto é
santo. As seivas das árvores possuem a história dos índios. Os mortos vivem
nas águas.
-Os mortos dos brancos esquecem da terra natal quando viajam para outras
estrelas além do sol. Os nossos mortos não esquecem nunca a maravilhosa
terra por ser a mãe. As flores, os veados; todos somos irmãos.
-O cacique branco pede o impossível de nós, pede para ir morar num outro
lugar onde ele será o nosso pai. Os brancos são fortes construindo cidades e
máquinas, acabarão lotando a terra por sentir se donos de tudo, suas cidades
ferem a vista e fedem, mas eles amam mais isso do que amam a natureza.
Não há silêncio gostoso nas suas cidades.
-Nos amamos a suave brisa do vento que acaricia o campo, a chuva do meio
dia que perfuma a tarde. O ar é um tesouro que compartilha todo ser vivo,
parece que o branco não se importa com o fedor das cidades.
Somos diferentes, as nossas crianças não se divertem da mesma forma.
-Ensinem a suas crianças a dar oferenda a natureza como ela nos oferece
toda alegria e abundância.
-Já vimos milhares de búfalos assassinados desde o trem e alegrando isso
aos brancos, talvez não seja eu o mais ignorante.
-Os índios se afastam dos brancos como a neblina se afasta do sol na colina.
-Amamos até a sombra da montanha e tudo tem vida para nós, para os
brancos somente eles têm direitos à vida. Assim a terra virará um deserto.
-Se vendemos será com a condição de tratar bem os animais e as plantas
que não são inferiores a nós.
-Nem o homem branco está livre de infortúnio, Deus considera tudo, Ele fala
através da natureza, O Grande Espírito mora em tudo e ele faz morar os
deuses e os antepassados também em vários lugares ao mesmo tempo.
-Talvez um dia o branco descubra que o Deus deles é o mesmo para todos.
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-Talvez um dia saibam o que é a irmandade, talvez.
Discurso de povos étnicos.
-É um fato que a raça branca é cruel destruidora no mundo todo.
-Agora devemos estudar para saber o quê fazer no futuro.
-Os brancos agora começam a nos estudar e respeitar porque temos
sabedoria milenar, porque a nossa crença está mais perto de Deus, porque a
nossa cultura é marcante, porque sabemos o que é irmandade na criação e
porque a nossa sociedade deu mais certo do que a sociedade dos brancos.
-Os povos indígenas foram os primeiros a ocupar a terra e merecem
consideração.
-Agora os brancos reconhecem os seus grandes erros com o meio ambiente
que já nós previmos e eles não se importaram.
-A marca do colonialismo pelos paises ricos é a pobreza, antes para nós
desconhecida por sermos todos iguais, comunitários e simples.
-Os brancos são preconceituosos, litigiosos, poluidores, sanguinários porque
suas guerras nunca acabam, são muito complicados em suas crenças e leis.
-Para nós são os brancos os selvagens que segundo eles quer dizer
irracional.
-A terra não é comerciável, ela é sagrada porque a ela devemos a vida.
-Tudo no céu e tudo na terra têm vida. O homem foi o último a ser criado e
toda criatura tem o dever divino de cuidar uns dos outros e só isso Deus
manda.
-É a irmandade com todas as criaturas que une a Deus.
-Deus vive em tudo e por isso tudo é digno de adoração.
-Nos sabíamos desde criança o que seriamos no futuro e não tínhamos
angústias.
-Agora a religião dos brancos toma os nossos antigos conceitos como vindo
deles.
-Os assim chamados de civilizados vivem em eterno conflito social.
-Nos vivíamos pacificamente mudando pouco o curso das coisas e com os
brancos aprendemos que tudo tem começo e fim e isso nos entristece.
-Com eles as doenças são inúmeras, mas sabem que a nossa medicina
natural é sábia e sagrada. Os seus sacerdotes são possessivos, exigentes,
arrogantes.
-Dizem que a Bíblia é a palavra de Deus e não sabem ler a Deus na criação,
o batismo é para eles o passaporte para um lugar distante daqui onde mora
Deus. Os seus rituais não garantem ser uma pessoa de Deus, procuram
poder mais do que espiritualidade, Deus parece mesmo estar longe deles
porque não vem ao Criador na sua obra.
-Em todo quanto vemos e não vemos sentimos a Deus e a celebração da vida
é sempre uma sagração.
Fragmento de uma carta dos índios Guarani aos missioneiros.
-O nosso templo não está dentro de quatro paredes,
-A natureza toda é um altar.
-O Grande Espírito viaja com o vento e se possa num inseto,
-Esconde-se na pedra, brilha no sol, pensa na lua.
-A nossa missa se origina quando comemos uma fruta,
-Quando aspiramos o perfume da floresta,
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-Quando paramos para ouvir o canto dos pássaros,
-Quando bebemos com as mãos da nascente,
-Quando renascemos nas frias e sagradas cascatas,
-Quando olhamos aos macacos dançando,
-Quando contemplamos o mar e o céu,
-Quando pensamos no silêncio da noite,
-Quando cultuamos a lua.
-A nossa missa se oficia em cada reunião festiva.
-Há tudo e tanto em cada espaço seja areia ou pedra.
-Todo é sagrado porque em tudo há energia do Criador.
Os Maoris.
-Nativos das Ilhas da Polinésia, os Maoris eram nômades há dois mil anos
quando a terra tinha ventos favoráveis para a navegação, assim, viajavam
muitas distâncias.
-São excelentes agricultores e construtores de diques, lagos e viveiros
aquáticos.
-Os Maoris, como a maioria dos nativos, possuem um contato íntimo com a
natureza onde tudo lhe é sagrado, respeitosamente pedem permissão aos
espíritos das florestas para se adentrar nas matas, consideram se parte da
natureza desde sempre, como os índios, acreditam que por amor, as almas
voltam um dia para o lugar em que viveram. Muitos deles possuem ainda o
erro de acreditar que os recursos naturais são eternos, se bem que é verdade
que a natureza com o tempo volta a se refazer, mas os homens possuem
uma imensa capacidade de devastar sem compaixão e com a ausência
humana a natureza voltaria a se reerguer com mais facilidade.
-A natureza não precisa do ser humano para sobreviver, já o homem sem a
natureza não sobrevive.
-A natureza está no ar que se respira, na água que se bebe, nos frutos que
se come, na beleza das suas cores, no encanto dos animais, no poder de
cura das plantas, e numa infinidade de benefícios que o homem toma com
indiferença, não como parte de Deus e sim como instrumento para os
humanos exclusivamente.
-No tempo de Makaiki eles não trabalham por ser o tempo de ação de graças,
de descanso para reabastecer as energias, de oferenda com frutos da terra,
de exaltação com música e dança que tanto amam. Porém, não fazem do dia
de descanso uma obrigação, uma lei severa que se não é seguida vira crime
contra Deus, como entre os judeus e cristãos, não são dramáticos nem
fanáticos. As tribos cumprem o trabalho e o descanso com a maior sabedoria
que está entre todos os seres da criação: o descanso serve para repor as
energias.
-Os Maoris gostam de dançar na praia, nos bambuzais, bananais e
coqueirais.
-O chamado da natureza é feito com gritos e exclamações, com sopro de
caracóis em direção a saída do sol significando o futuro ou em direção do por
de sol significando as origens. Na roda aplaudem com palmas intercaladas e
coral misto melodioso.
-A dança de luta, como em todo lugar, expressa a força masculina, começa
na 4ª.Pos. Plié, os punhos crescem p/acima se abrindo numa exclamação
exaltada: Ah!
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-Na ilha de Papua os homens dançam com varas de bambu gritando: há há
hai! E vão ate o oco de um galo de onde bebem água e agradecem falando
com a flor do coqueiro.
-Em Samoa passam tochas de fogo por entre as pernas e lançam os remos
uns aos outros. Os homens levantam as pontas dos pés p/fora movendo os
quadris, parecido com a lambada do Brasil, também dançam um meio
sarandeio acabando com o calcanhar, semelhante com o saraki dos Guaranis,
com o frevo do Brasil e tem algo do compasso do jazz.
-Imitam aos golfinhos amigos que os conduzem p/pescar. Imitam aos
pescadores e as ondas do mar.
-As mulheres dançam com o pulsar da terra na 2ª.Pos.Plié.
-Seus instrumentos são: atabaques, tambores de cabaça, maracás com fitas
coloridas, flautas de bambu, ukelé que é uma espécie de harpa pequena feita
de bambu originária das ilhas Marquesas. A guitarra havaiana: kulelé é
tocada com uma moeda.
-Figurino: homens e mulheres se ornamentam com colares, pulseiras,
tornozeleiras, chiaras feita de flores e saias de palha chamadas timbó
(sacudida em guarani). Com saias de bananeiras ou de samambaias.
-As mulheres usam também coroas de conchas e bustiê de cocuí (coco).
-Com páreo; canga típica e florida usada por ambos sexos.
-Tapa; é um tecido feito de casca de amoreira da qual fazem páreos com
belos desenhos e bordados típicos.
-A cor branca significa elegância e luminosidade, a cor vermelha: poder e
abundância, o marrom claro e o verde: harmonia com a natureza, equilíbrio,
o azul e o amarelo significam alegria. A cor preta é usada p/fazer bordados,
tatuar o corpo e p/maquiar. A cor preta é obtida dos frutos queimados das
palmeiras e servem também p/desenhar sobre coxos e embarcações.
-A dança das ilhas da Polinésia é chamada no Havaí de dança Hula, é
dançada com gestos, quadris e mãos falando da natureza e do amor. As
danças são suavemente onduladas p/as laterais, diagonais, giros.
-Taihiti e outras ilhas dançam com mais ritmo e frenesi.
Algumas das tantas ilhas do Pacífico:
-Ilhas chilenas: Santo Ambrósio, San Felix, Juan Fernandes, Sala e Gomes,
Páscoa. Outras: Motu Nui, Tonga, Henderson (despovoada), Mangareva,
Gâmbia, Tuamotu, Taragua, Cook, Niue, Rarotonga, Suva, Wallis, Vanuatu.
-Archipel de la Societé: Maupiti, Motu, Bellinhausen, Manave, Maupelia, Bora
Bora, Tahiti.
-Archipel de Marquises: pouco povoada, com cavalos selvagens, cachoeiras,
vales e enseadas; Hatuli, Nuku Hiva, Ua Pou, Hiva ao, Tahuata, Mokane, Fatu
Hiva, Hohai, Hakahou, Batire.
-Archipel de Gambier: pouco visitada, Mangaeva, Tapuavai, Azucena, Tenore.
-Archipel de Austrais: Tubuai Mania, Renatara, Rurutu, Bounty, Raivavae,
Rapa Marotiri, Peva.
-Archipel Tuamotu: paraíso dos mergulhadores, preservada peça Unesco pela
pureza da água, rica fauna e flora, pouco povoada; Manihi, Tikehau,
Fakarava.
-Outras: Hawaii considerada em contínuo crescimento, paraíso das flores,
das florestas, dos pássaros, dos peixes, dos surfistas. O surf nasceu no
Havaí, considerado o passatempo dos deuses. Tem flores como malalani (flor
das montanhas),bouganvilles ou primavera, hibiscos, papoulas, bromélias,
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cravos.
-Honolulu: capital de Hawaii tem uma Bahia ligada à praia central Waikiki
com um por cento de havaianos.
-América possui cinqüenta ilhas no Pacífico, grande parte das Polinésias
pertence à França e uma parte a Austrália.
-Hawaii e mais sete ilhas: Nuhau, Kauaí, Oahu, Molokai, Kahoolawe, Maui e
Lanair. Foram descobertas pelo capitão James Cook.
-Lahaína era a capital de todas as ilhas, passou a ser a capital da ilha Mauhi
onde se avistam muitas baleias.
-Haiatea: considerada sagrada, é a ilha dos pássaros como Vatiaroa, Vahuna
iti, Guam, Hawaii, Nova Zelândia. Muita passarada pela ausência de
serpentes.
-Haratonga com a montanha Ikuk. Raiatea com a montanha Tanihani.
-Kauai: a ilha do amor, do desvario, do encantamento.
-Mauari ou Tamaka ohaigui ou ilha paradisíaca, visionária, perto da
Tasmânia.
-Moorea: com a Bahia de Oponulu, cachoeiras, ilhotas, teatro, Fundação
Dolphin Quest. È o lugar mais lindo do mundo segundo a família Schurmann.
-Bora Bora ou Pora Pora: quer dizer linda linda (em guarani, lindo ou linda se
diz: porá), com jardins, cachoeiras, montanhas, em agosto realizam o Heiva
Island Celebration da canção e da dança onde participam ilhas como Havaí,
Taiti, Haratonga, Páscoa, Marquesas, Tonga, Samoa, Nova Zelândia, Taratea,
Tupari, Maipiti, Huahine, Moorea e muitas outras. Segundo Jean Custeau, é a
ilha mais linda do mundo. Em outubro celebra Moorea o carnaval da ilha.
-Ilhas Figi: são pequenas ilhas conhecidas por ter Kulas ou papagaios
vermelhos e pelo Festival de Arte do Pacífico onde participam muitas ilhas.
-Pitschkair: ilha solitária a mil quilômetros de Taiti.
-Tahiti: como Hawaii, é considerada a ilha da dança, da alegria, da
celebração da vida.
Significados:
-Maoris: nativos. Moais: são as quinze esculturas de Tongariki na ilha de
Páscoa. Mahahine ou homens como Ito, Maitanu.
-Moahine ou mulheres como Wahine, Maiti, Tarita, Nita.
-Hina: primeira mulher no mito dos Maoris.
-Tiki: primeiro homem no mito dos Maoris.
-Kalanho pu: rei. Tangata Matu; chefe da tribo (em guarani: cacique ou
Muruvicha). Tavé: Deus Criador (Tupanâ em guarani). Uniu se à mulher de
barro (da terra), (Tupasy ou mãe universal ou iluminada em guarani).
-Tu: supremo pai e protetor (Ru e Tua em guarani).
-Tamahuatenga: vindo de Deus em união com a terra sendo a manifestação
encarnada Dele para ser o justiceiro, pacifista e protetor dos homens.
(Ñandeiara em guarani ou Yvyiara ou dono da terra).
-Tami: deus da natureza com cabelos de fogo.
-Inanna: esposa do Deus da natureza (Tupasy caaguî em guarani).
-Tane ou Deus da floresta que gerou a Hine Titama: a virgem da aurora.
-Tangaroa: Deus do mar de quem todos os seres derivam: primeiro os seres
marinos, depois da terra, do ar e por último os homens. Como o filósofo
grego Thales de Mileto, afirmam que o princípio de tudo foi a umidade. Os
Maoris não acreditam como a teoria da evolução de que o homem é a
perfeição máxima da criação, eles acreditam que os homens derivam de
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outros seres anteriores, afirmam como os índios que todos os seres se
originam da fusão dos elementos que originaram o mundo e que cada coisa é
sagrada por conter a energia divina que lhe concede poderes divinos: todos
somos deuses na criação.
-Fenu: a terra (yvy em guarani). Alloah ahnu: amor pela terra (Nuwatut ou
nossa terra para os índios canadenses, Ñuwa em guarani significando
campo).
-Lakshmi: deusa da beleza e da fortuna.
-Tsunami: tormenta (ara sunu em guarani).
-Hanga roa: povoado (tava ou roga em guarani).
-Lava lava, sarongue, tapa: roupas típicas. Tapas: tecido quase papel feito
de folhas de bananeira. Rapanui: saia de palha.
-Kava: cerimônia de boas vindas. Bili Bili: canoa de carga.
-Iorana! Maeva. Saudação sorridente. Nana: Ate logo (atyama em guarani).
-Maitaroa: tudo bem? (maeicha pa em guarani).
-Aita peã: não há problema. Oé ou coe: você.
-Umu: alimento com carne e Kumara ou batatas. Poe: pudim. Maika:
banana. Pão feito de aipim; tudo isso embrulham em folha de bananeira e
assam num buraco de dois metros de profundidade onde depois de apagar o
fogo incandescente, colocam a comida e a cobrem com terra cozinhando por
três horas. Tambuá: tigela de madeira com perna para preparar bebida
(anguá em guarani para socar milho e coco). Hai tai: bebida de abacaxi
(chicha em guarani). Ukelelé: guitarra havaiana (maracá em guarani).
-Isa hí: a mais bela canção das ilhas Polinésias.
-Ula Hula: dança tribal dos polinésios.
-Bate pé: dança com varas de bambu: bate pé D Hei! Bate E Hei! P/frente e
p/atrás Hu Hu! Acompanhado por aplausos: 123-45. Intercalam-se com
esses passos e depois se unem em pares frente a frente movendo os quadris,
cruze, espelho. Aloa oe quer dizer ate um novo encontro. Usam na dança
outras exclamações como: hai hai hai aloa oe!
-Casamento: é uma festa nupcial de máxima expressão nas Polinésias, os
noivos são trazidos numa canoa enfeitada com flores formando um moinho
sobre as suas cabeças, Descem na praia e passam por uma passarela de
braços e flores, começam a dançar o Ku u i pó que significa: eu amo você
cada dia mais. Os homens formam duas filas verticais, se ajoelham e jogam
os remos uns aos outros com cruze perfeito no ar. Outros balançam entre as
pernas tochas de fogo e como o limbo caribenho; passam debaixo do pau de
fogo em cambré.
-As wahine ou mulheres falam na dança do mar, dos caracóis, dos corais que
existem entre a Nova Guine e a China. Falam das jangadas com vela ou bili
bili que desce nas águas para comprar e vender produtos, falam de todos os
elementos da natureza, dos seres, do amor.
-Cruzam as mãos no peito e se abrem na frente reverenciando.
-Cruzam as mãos abaixo na despedida.
-Meio ajoelhada um braço rodeia a cintura pela frente e outro braço apóia o
cotovelo sobre a mão; outra saudação.
-Oferenda ao céu: as mãos cruzadas se dobram p/abaixo e desdobram
p/acima. Ajoelhadas de frente, sentam de lado, giram sobre si.
-Braços nada cachorrinho, nada borboleta, nada Crowe.
-A dança do quadril ao estilo havaiano é lenta, valsado, já o de Taiti é
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rítmico, dançam no lugar, nos laterais, diagonais, em cruz, girando, sempre
na 2ª. Pos. Demi plié com os pés no chão.
Instrumentos dos Maoris.
-Os instrumentos marcam ritmo e melodia, a cantoria é tradicional, os
atabaques foram trazidos das ilhas Cook no final de 1900. Pu: concha
marina. -Pahu: mais usado nas ilhas Austrais. Tari Parau: origem provável de
Rurutu nas Austrais. To’ere: originário das ilhas Cook. Ta iri ho e Ta iri piti.
Ukelele: do Havaí. To’ere arata’i: orquestra típica.
-Em 1919 os missionários proibiram as danças e a música nativa por achar
lascivo. No século vinte cresce a exibição de danças para atrair turistas com
inovadoras orquestras e danças.
-O’te’a tane são as danças masculinas. O’te’a vahine são as danças
femininas.
-O’te’a amui são as danças com ambos sexos.
-Homens e mulheres usam saias curtas ou longas e coloridas na dança, mas
as saias femininas chamam se Tihere.
-Aparima é o ritmo lento e fala na dança de acontecimentos locais.
-Aparima himene é dançada e cantada com a guitarra havaiana: ukelelé.
-Maro: dança tradicional. Hiranau: dança que fala dos marinheiros.
-Paoa: danças improvisadas e sensuais com um orador, coro e percussão.
-Ra’atira: danças de inspiração folclórica, estilizadas, coreografadas.
-Foram codificados passos e gestos e seus significados por Louise e Kimitete,
Paulina Morgan, Pauline Carrillo, Dexter, Coco Hotahota e muitos outros.
-O encontro de danças das ilhas é chamado de Heiva Festival, acontece em
julho no Taiti e em agosto nas Austrais.
-Em 1956 Madeleine Moua começou mostras de dança com lindas nativas,
com coreografias apresentadas em estabelecimentos sofisticados da época.
-Os grupos de dança mais conhecidos das ilhas da Polinésia são: Feri’a de
teupo’o. Maeva Tahiti de Joel. Porinetia de Julien. Tahiti nui de Paulette
Vienot. Tiare Tahiti de Paulina. Te Maeva de Coco. Tamaru Mahina de Betty.
Te Maeva e Ia ora Tahiti; grupo de Gilles Hollande.
Dança do Ventre.
- Dança do ventre ou dança de Isis ou de Iaset: é a deusa da lua no Egito,
considerada dança sagrada e pela sua sutil sensualidade e beleza ganhou
fama. Os movimentos simbolizam a fertilidade do ventre, a maternidade dos
seios, a entrega do corpo, a alegria dos ombros, tristeza, anseios, pedidos
com o dobramento e desdobramento do tronco, elementos da natureza com
as mãos, comunicação com os pés, emoção com a vibração, expressão
anímica com os véus, grados de consciência com as cores.
-No Egito todo ritual é acompanhado por músicos, dança e canto.
-O som purifica o astral, o canto louva a vida, agradece ou pede graças, a
dança é expressão corporal e anímica dos sentimentos, dos desejos. Todo
esse conjunto atrai a transformação.
-Instrumentos usados no Egito: de corda harpa e alaúde, de sopro a flauta,
de percussão os tambores, pandeiro, sagat.
-Na Arábia usam violino, alaúde, flauta de metal, flauta de bambu, tambores,
sagat.
-Os deuses do Egito: Rã ou Amon Rã é o criador do universo. A sua expansão
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feminina é Raiet ou a deusa mãe da natureza que gera o céu: Nut e a terra:
Geb. O supremo Rã: um e todo, começa a sua criação com o seu espírito
voador Thot que se expande gerando seres celestiais como o sol Osíris e a
lua Isis e através destes a formação de outras criaturas. Todo o que
chamamos de criação e procriação através de vários poderes ou combinações
de forças, participam da vontade inicial do Deus supremo Rã.
-O mito da criação no Egito relata o caos do qual o Criador acaba imergindo
em ação criativa. O caos simbolizado por lutas de forças contrárias. O ser
Criador age na criação com vários nomes de acordo a sua ação. Na Índia
também Deus toma vários nomes pela sua múltipla personalidade atuando
na criação. Na Cabala, na Bíblia, na Grécia e em todos os mitos do mundo a
criação é descrita através de símbolos. “Faça se o mundo, dizem os Helohim
criadores”: fala de um ser superior e a sua personalidade tripla.
-Isis ou Iaset, a deusa da lua, é cultuada pela sua beleza e magia,
feminilidade e fertilidade, simbolizada como um pássaro protetor ou como
mulher mãe e amante fecundada por Osíris gerando a vida.
-Nos templos de Osíris os sacerdotes cantavam e as sacerdotisas dançavam
em homenagem às divindades sendo sagradas e intocáveis.
-A dança egípcia com caráter mítico e místico foi difundida pelos árabes
passando a ter um caráter mais epicúreo. Pela beleza e pelo mistério a dança
do ventre envolve e fascina.
-Movimentos: do sol Osíris ou Asar são movimentos rítmicos, acelerados,
alegres. Da lua Isis ou Iaset com giros e rodas. Lua crescente ou dança
progressiva. Lua minguante ou dança lenta e com um véu. Lua nova com
movimentos ondulantes e circulares.
-Olhos: p/lado D reverencia o sol, p/E à lua, p/acima o céu, p/abaixo a terra.
-O corpo representa o plano físico e a cabeça o plano metafísico. Movendo a
cabeça p/lado D se reverencia o sol e p/lado E à lua. Movendo p/ambos lados
significa o vôo universal de Thot. O movimento circular leva ao êxtase ou p/a
origem divina.
-Retrato ou janela: da pos. Thot ou águia desce as mãos pelas laterais do
rosto e acaba na pos. Horus.
-Pescoço: movendo se p/os lados em busca de conhecimento simboliza a
serpente. Movendo se de trás p/frente em busca de paz simboliza o pombo.
-Tronco: movimentos laterais simbolizando a barca de Rã e significa o
elemento água. Movimento do tronco se curvando e subindo pela frente
simbolizado pela árvore e significa a terra.
A deusa da água Tefnut movimenta o tronco em círculo seguido pelo ventre
em círculo, esse desenho de um oito simboliza o infinito. A água nasce do
ventre da terra significando o fluxo da vida.
A deusa Shu do ar: faz vento com o véu também desenhando o oito, começa
ajoelhada e se levanta para girar e avançar em círculo.
-Ombros: movendo os ombros de frente e subindo p/atrás chama se terra,
de atrás p/frente é água. Desenhando um oito; um ombro água e outro terra
simbolizando o infinito. São movimentos ondulados contínuos.
O movimento vibrante dos ombros e dos seios chama se alegria de viver.
-Seios: movimento circular e movimento desenhando um “e”.
-Ventre: colocada na 2ª.Pos. Demi plié e com respiração profunda
movimenta o baixo ventre, ou seja, do umbigo p/abaixo; desenha uma meia
lua com movimento curvo p/as laterais, com amplitude ajudada pelas pontas
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do pé D e logo E. O movimento terra desenha um círculo começando pela
frente e acabando na frente. O movimento água desenha um círculo que
começa e acaba por trás. O infinito ondula o quadril D pela frente e logo o
quadril E pela frente. As nádegas também desenham a água como ondas
vindo de trás p/frente, uma e outra nádega ajudada pelos calcanhares e logo
E.
-Terra vibrante: o movimento terra ritmando com os pés.
-Água vibrante: o movimento água ritmando com os pés.
-Alegria: são movimentos vibrando os ombros, os seios, o ventre ou o corpo
tudo.
-Os quatro elementos: com a cabeça: terra movimentando pela frente e o
círculo parando na frente. Água movimentando por trás e acaba o círculo
onde começou. Fogo é o movimento serpente do pescoço. Água é o
movimento pombo do pescoço.
-Com os seios: flexionar os joelhos levemente e aquietar o quadril. Terra:
movimentar em círculo pela frente e p/o lado do sol à direita. Água:
movimentar os seios por trás acabando pelo lado E da lua.
-Ar: desenhando um “e”. Fogo ou pulsando que é o mesmo que vibrar ou
alegria.
-Com o ventre: terra ou movimento redondo pela frente. Água ou movimento
redondo por trás. Fogo ou o infinito desenhando o oito com o quadril D e logo
lado E. Ar: movimento contínuo com um quadril só.
-Com os pés: terra: pés no chão. Água dançando na ponta dos pés. Fogo
levantando um pé por trás. Ar: levantando um pé pela frente.
-Posição do sol: 3ª. Ou 5ª.Pos. e as mãos cruzadas cobrindo o nariz.
-Posição da lua: tendú na frente e um braço no alto e outro na lateral.
-Com as mãos: terra: movimento de flores se fechando e abrindo com os
dedos de dentro p/fora ou de fora p/dentro ou combinando.
-Pétalas: unir os pulsos e movimentando os dedos um por um.
-Vaso de flores: no alto da cabeça unir os pulsos por dentro e por fora.
-Água: simboliza o inconsciente, o mergulho interior, a profundeza do ser.
-O mar: desenha um triangulo como mar piscoso. Cachoeira: movimento
ondulado p/abaixo. Rio: ondulação lateral com mãos em vai vai.
Peixes: ondulação lateral com as mãos em forma de mergulho.
As nuvens: movimento acima com as mãos em vai vai.
A chuva: vibrando as mãos acima; chuva de dia, vibrando as mãos abaixo;
chuva de noite.
Ar: busca de conhecimento, de plenitude do ser.
O sopro: com as mãos em vem vem. O vento: um braço indo e outro vindo,
palmas p/abaixo.
Fogo: uma mão subindo e outra descendo em leve cruze.
A chama: mãos sobem e descem com as palmas frente a frente.
A faísca: mãos sobem e descem batendo a mão D no pulso E dois golpes e
vice-versa.
A serpente: palma de uma mão p/terra (p/abaixo), p/céu (p/acima), p/o ar
(dobra a mão) e repete.
-Energia: a antena ou conexão com as graças encontra se na sola dos pés,
na palma das mãos, no peito e no umbigo, sempre que a respiração seja
profunda.
Energia das mãos: céu ou voltadas p/acima. Terra ou voltadas p/abaixo.
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Ar ou voltadas p/os lados. Equilíbrio ou unir cada mão o dedo do meio
(energia positiva) com o dedo polegar (energia negativa).
-Posições das mãos: com as palmas unidas em oração significando saudação
e respeito.
-Pirâmide: as pontas dos dedos se unem em desejo de sabedoria. As graças:
as palmas das mãos p/o céu pedindo luz.
-Oferenda: com inclinação da cabeça as mãos se cruzam no peito e se
esticam p/frente.
-Trindade: As pontas dos polegares e dos dedos indicadores se unem
formando um triangula simbolizando a sagrada família ou o Criador se
manifestando em Osíris, Ísis e Horus: o calor da vida originando a criação, o
conhecimento espiritual através da magia dos astros simbolizada pela lua e a
sabedoria ou o espírito do Criador manifestado no cosmos e na natureza.
-Maat: as mãos imitam a pluma que a deusa Maat leva sobre a cabeça. As
palmas se unem em contraposição significando o desejo de justiça e de
equilíbrio.
-Figuras em pé: Osíris ou Asar ou deus sol significando poder, vida, castigo
com o chicote e a graça com o bastão.
-Ísis ou Iaset ou deusa lua significando a alma, os mistérios do espírito.
-A união de Osíris e Ísis fecunda a vida.
-Horus ou deus falcão ou o filho do céu que reina na terra para vencer as
sombras e encaminhar para a luz.
-A Trindade ou sagrada família Osíris, Ísis e Horus; o corpo, a alma e a
realização espiritual através do conhecimento.
-Rã o Criador: é a luz, o despertar, a vida plena.
-Amon Rã simboliza a grandiosidade de Deus.
-Thot o deus águia é o mestre que traz a sabedoria, o conhecimento.
-A serpente: símbolo da consciência, da busca do saber, da evolução
espiritual, dos poderes ocultos na natureza que nos conecta com o céu, com
a eternidade.
-Geb a deusa terra simbolizada pela árvore curvada ao vento. (no Bhagavad
Gitã e na Cabala a árvore simboliza o universo e o conhecimento através da
ligação cósmica).
-Shu a deusa do ar; sopro de vida e plenitude. Barca de Rã o universo.
-Seth a escuridão que precede a luz. Nefth a irmã de Isis ou sua fase
misteriosa. Gazela: leveza de ser, equilíbrio. Maat a deusa da justiça que
restaura o equilíbrio. Tefnut da água, do fluir da vida.
- Bastet a deusa gato; o mistério feminino.
- Selkis o escorpião a purificação e transcendência.
-O camelo Nut ou céu. O escaravelho Kepri renovando a vida.
-Sacerdotisa a mulher sagrada. O êxtase: encontro com o oculto.
-Bes o anãozinho da alegria. Kã a deusa das graças.
-O hipopótamo Toueris da abundancia.
-Terra infinita e terra vibrante. Água infinita e água vibrante: corpo e alma.
-O infinito (círculo grande ou o número oito).
- A ponte: o contato com o invisível.
- O disco solar movimentando a vida.
-Oferenda a terra com inclinação. Com incenso e movimento de flores.
51
-Oferenda ao céu com elevation. Com movimento dos véus.
- Oferenda à água com vaso e movimento do mar, do rio, da cachoeira.
- Oferenda ao sol pelo lado norte e oferenda à lua pelo lado sul.
-Figuras no chão: Lamentação ou lágrimas de Isis na procura de Osíris
simbolizando o nascimento do rio Nilo.
-Renascimento: volta do Osíris com movimento de fogo.
- A entrega de Isis a Osíris para gerar Horus (processo de conhecimento).
-Tefnut: a deusa da água que fecunda a terra e lava a alma.
-Geb a terra que sustenta a vida.
-Rã o Criador simbolizado pelo fogo, a chama sagrada que gera vida.
-Serpente: a busca de consciência, de poder, de vida eterna.
-Sebek o crocodilo simboliza o inconsciente, o profundo, o oculto.
-A Esfinge simbolizando os antepassados que protegem os vivos.
-Anúbis o deus chacal simboliza coragem no contato com os seres ocultos
para obter graças.
-Sekmeth o leão simbolizando a força, o poder.
-Hator a vaca simbolizando a fertilidade e a generosidade.
-Oferenda: posição final de reverência.
-O véu.
-Dança com um véu da iniciação. Com dois véus: corpo e alma.
-Com três véus a Trindade. Com quatro véus os elementos.
-Com cinco véus a magia. Com seis véus a criação.
-Com sete véus a purificação ou o arco íris unindo todas as cores.
-Com oito véus o infinito. Com nove véus a harmonia.
Os sete véus simbolizam o sete chacras, sete casas ou planetas ou sétimo
céu, o arco íris da purificação e do contato céu e terra, o escorpião da magia.
-Cores.
Véu dourado: Sol da luz da vida.
Véu prateado: Lua da luz da alma.
Véu branco da pureza, da claridade e da elegância.
Véu amarelo da amizade, da comunicação.
Véu cor laranja: Mercúrio da proteção, da cura.
Véu rosa: Vênus do amor.
Véu verde: Terra da generosidade e do equilíbrio.
Véu vermelho: Marte do poder e da paixão.
Véu azul: Júpiter do pensamento.
Véu turquesa: Saturno da perseverança.
Véu celeste: Urano da ternura.
Véu lilás: Netuno da meditação e da espiritualidade.
Véu roxo e véu púrpuro: Plutão dos mistérios.
Véu preto: da sobriedade, da imponência.
Véus com sete cores: Arco Íris a união de todas as cores e transcendência.
Véu marrom ou marrom claro: a delicadeza, o equilíbrio.
-Colocação dos véus.
Nut o camelo ou deus do céu: cobre a cabeça deixando o rosto livre.
Nadja a serpente ou olhos misteriosos: cobre o rosto mostrando somente os
olhos.
Bastet o gato: o véu na lateral oculta o rosto e a frente do corpo.
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Shu do vento cósmico: véu saindo do pescoço e se esticando em cada braço.
Rainha: cobre os ombros.
Princesa: colocando em forma de V na frente cobrindo dos seios até a
cintura.
Templo: os braços levantam para cima o véu que cobre o corpo tudo.
Palácio: o véu cai do diadema sobre as costas.
Deusa: o véu cobre as costas saindo do pescoço e abrindo com os braços.
Thot o pássaro da sabedoria, a sacerdotisa: o véu oculta a cabeça.
Barca de Rã: estica se o véu ao lado como se fosse um barco de vela.
Trança: laço nos cabelos recolhidos e caindo cruzado de um lado no pescoço.
Cavalo: o véu pendurado atrás nos cabelos recolhidos em forma de rabo.
Lágrimas de Isis: dois véus saindo pendurados nos quadris.
Vitória: véu colocado atrás da cintura para abaixo como se fosse saia.
Estrela: véu cruzado estreitando o corpo.
Nuvem: movimentos no ar com os véus.
Infinito: desenho do número oito no ar com o véu.
Osíris sol: 5ª. Pos. Com o véu cruzado no peito.
Isis a lua: imitando o corpo a meia lua com o pé cruzado no ar p/lado E.
O véu cobre como o sari indiano deixando um ombro livre.
Kã o estado de graça: 3ª. Pos. Palmas aos lados do corpo em direção céu, o
véu cobre o corpo por trás.
Nefth o lado oculto da lua: uma mão segura o véu no rosto ou na cintura e a
outra mão estica o véu ao lado.
Véu misterioso: o véu cobre a frente do corpo.
Séqüito: o véu é arrastado no chão por trás.
-A dança dos sete véus ou do Arco íris: dançada com sete véus com todas as
flores simbolizando o processo de purificação e de união de todas as cores,
da comunicação entre a terra e o céu. Os movimentos de dança são solares e
lunares, terra e água, movimentos lentos e acelerados até o êxtase e
acabando numa pose angelical com saia branca e curta.
-Dança dos nove véus ou da harmonia universal com movimentos circulares
e giratórios num desfile de todos os deuses começando pela sombra ou
Khaibit e acabando no estado de graça ou união do corpo astral com a Luz
Universal.
-Dança do rio Nilo: dançada no ano novo comemorando a fartura com
oferendas de vasos e flores, movimentos da terra e das águas reverenciando
a Hapo o espírito das águas e ao Criador Amon Rã.
-Dança do pandeiro com influência cigana usando ampla saia florida e passos
alegres. O pandeiro usa vários golpes nas mãos, nos pés, no quadril.
-Dança da madeira dançada com o bastão em homenagem a terra apoiando
o bastão ao lado e dançando ao redor, apoiando na cintura, no peito,
levantando no ar com movimentos retos e curvos.
-Dança da serpente usando um véu prateado envolvendo o braço e
movimentando as mãos com movimento cobra, cabeça e pescoço de
serpente e passos de fogo, levantando sinuosamente do chão e acabando de
novo no chão.
-Na atualidade costuma se dançar com uma serpente enrolada no corpo, o
que traz desconforto à dançarina e mais ainda à serpente que não está no
seu habitat natural tendo que enfrentar luzes e ar desconhecido. Também
são cruéis os chamados encantadores de cobras onde não há movimento de
53
encantamento e sim a cobra move se sinuosamente pelo medo.
-Dança do bom astral pedindo as graças à deusa Kã com movimento solene
começa um ronde jambe a terre et an l’air acompanhado pelos braços curvos
aos lados e no ar, com os cotovelos levantados avança de 4ª. Em 4ª.
Movimentos de elevation e pose com as palmas das mãos do ar p/o céu.
-Ali também uso movimentos românticos como sentando do lado e chasquido
de dedos ao lado, no horizonte e palmas, meia lua, lua inteira, balanço dos
quadris, balanço da cabeça, suflê e de dentro p/fora e de acima atrair o bom
astral com braços e pose de paz.
-Dança do punhal simbolizando a destruição e dança da espada simbolizando
a justiça. A espada ou o punhal é assegurado sobre a cabeça, no quadril, no
peito. São duas danças com as quais eu não simpatizo muito.
-Dança do candelabro sobre a cabeça, uma dança solene e elegante com
cotovelos levantados em movimento: entre paredes, de 4ª. Em 4ª. Pos.
Ajoelhada girando, levantada girando intercalando com balanços e
movimentos terra vibrante e terra infinita.
-Derbeck: é uma dança acelerada com ritmo de percussão oriental, alegre,
temperamental, vibrante, giros e círculos. Acaba com movimento contínuo de
cabaça e de corpo e acaba no chão em pose de costas ou de lado suflê.
-Usa se nas oferendas: vasos, castiçais, cestos de flores, incenso.
-A saia com bicos representa o fogo, com cortes curvos a água, aberta aos
lados o ar, saia estreita o caminho, saia longa o infinito, saia curta a alma,
saia colorida a terra.
-Divisão do corpo na dança do ventre.
Terra dos pés até o quadril.
Água dos quadris até os ombros.
Ar dos ombros até a cabeça.
Fogo com os pés e as mãos subindo no ar.
Despedida das aulas: a mão direita no peito, no nariz, na testa simbolizando
corpo, alma e mente: Isa al lara Alá há!
-Técnica dos sinos: Snjus ou Sagat. Usados pelos árabes para acompanhar a
dança, tocada solo ou em grupo. Os turcos usam crótulas ou castanholas em
forma de colher de pau. Os gregos usam castanholas que depois se
aperfeiçoaram na Espanha. Em América Latina usam se o estalido dos dedos
ou castanhitas ou chasqueado ou chasquido para acompanhar a dança.
-Os snjus são assegurados pelos dedos do meio e polegar.
1º. ED ED ED ED.
2º. DE DE DE DE.
3º. ED ED DE, ED ED DE.
4º. DDDE DDDE ED, DDDE DDDE ED.
5º. DEDD DEDD DED, DEDD DEDD DED.
6o. DE DDD, DE DDD, DED.
-Algumas divindades do Egito e da Índia.
Índia.
Egito.
Krsna e Rhada
Osíris e Isis.
Shiva e Parvati.
Rã e Raiet.
Rama e Sita.
Geb e Nut.
Lakshmi e Vishnu.
Anúbis e Nait.
Nrshima e Sekmeth
Leão e Leoa.
Garuda e Thot.
Pássaros da alma e do saber.
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Ganesha.
Hathor.
Matsya.
Selkis.
Varuna.
Vayur.
Bastet.
Sebeck
Indra.
Agni.
Elefante.
Vaca.
Peixe.
Escorpião.
Tartaruga.
Shu.
Gato.
Crocodilo.
Chuva.
Fogo.
-Índia: terra dos apaixonados por Deus.
A Índia também é apaixonada pela dança sendo sagrada e fundamental.
-Rasa Lilá ou dança transcendental: Natya Shastra é o código de dança mais
antigo conhecido, um legado do Criador supremo Brahma para o sábio
mestre Bharata. Shiva ou Nataraji fez o mundo dançando a Tandava com
movimentos de criação, destruição e transformação cíclica. Essas forças
contrárias agem em ciclos de sete. Do nada expande se a criação até o
infinito cumprindo ciclos de destruição e restauração em eterno movimento
até atingir a dimensão sétima do Nirvana ou estado de plenitude eterna.
-Deus expandiu se em 16.108 partes, ou seja, em sete; símbolo de um ciclo
completo. 16 é o Criador e o criado: 1+6.
108 vem a ser a natureza de Deus como início harmônico e a sua expansão
poderosa até o infinito: 10+8.
-Mudras: são danças antigas que falam da natureza com gestos e mãos como
a flor de lótus, o passarinho, o crocodilo, etc.
-Khala Khali dançada pelos homens personificando a mulher.
-Khatak: ritmo com os pés girando.
-Manipuri, Chaud, Kueli pudi, Odissi, Chowks, Trihanga, Niritya (dança
expressiva ou dança pura), Alsinaia que conta uma história, Mangala Yara
(oferenda de flores para Shiva ou para Krsna), Asamynta Hasta com gestos
mais simples, Samyuta ou saudações, e outras danças clássicas que
passaram dos homens para os Gurus, para as mulheres e para as crianças.
-Posições principais das mãos: pataca, tripataca, ardapataca, cartari mucaha,
mayura kyó, Ardachandrasta, arala, shucatundakala, muschui, chicará,
capitu, katacá mukahá, suti, chandra cala, padmakucha (flores),
sarpaschirastahá, simgamukahá, cangulachá, alapadmukahá, chaturó,
brhamaracheivá, hansiasó, hansapakchakalá, sandanchó, mukalascheivá,
tandrachudó, trichulakahá.
-Dos desertos vinham mostras de danças folclóricas com os nômades, sem
muitas regras e que ganharam popularidade.
-Movimentos de danças populares: ombros um e outro de trás p/frente. De
acima p/abaixo. Os dois ombros de acima p/abaixo. Os dois ombros de frente
p/trás. Combinando.
-Perna na 2ª. Pos. plié, ir p/lado D e juntar o pé E. Os braços acompanham
lãs laterais. O mesmo p/lado E.
-Braço: abrir de fora p/acima acompanhando o balance anterior p/os lados.
-Cotovelos acima e abaixo aos lados do corpo (entre paredes), avançando de
4ª em 4ª pos.
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-O infinito desenhando um oito assim: mão direita: terra sobe ondulando se
de trás p/frente e de frente subindo e acaba com a palma da mão: céu. Logo
c/E.
-Arrasta pé aos lados quatro vezes. Ambos braços acompanham se
movimentando de acima p/os lados.
-Passo cruzado: avançando e retrocedendo com acompanhamento de cabeça
e de olhos.
-Sovado: o pé D marca o ritmo e o E acompanha se movimentando de frente
p/trás com as mãos terra se cruzando (quase uma tampa tampa: palmas
terra terra de acima p/abaixo.).
-Ensemble: a perna esticada saindo num impulso de trás p/frente. Logo E.
Mãos cruzadas no peito.
-Ajoelhada de frente, sobe um joelho, levanta se em pique arabesque.
-Ajoelhadas movimentar em sentido contrário a cabeça e os braços em
balance. Levantar e pé em flex (ponta do pé p/acima) e outro joelho plié com
cada mão unindo o polegar com o indicador e: ar, terra, céu ou somente
pose com: mão ar.
-Giro no chão, palmas e pose. Giro no lugar em pé com suflê e devoulé em
roda. Despreguiçar se e suspirar. Desamarrando cabelo e acariciando braços,
rosto e desce pelo pescoço e descansa mão no coração.
-Desenrolando o sari e se enrolando de novo.
-Rolando no chão, sino e meio sino.
-Ponte e cobra (de cobra).
-Pirueta alternando com giro de cabeça.
-Pescoço em cobra e pombo.
-Cabeça movendo em círculo e meio círculo. De trás p/frente. De gente
p/trás. Aos lados.
-Olhos: olhando lado lado, acima abaixo, lado lado abaixo acima. Meia lua
por cima, meia lua por baixo. Lua por um lado e logo começar pelo outro.
-Fecha os olhos e roda a cabeça com as mãos sobre o peito em cruz.
Sacode a cabeça e pisca os olhos.
-Mãos: retrato com mãos terra sobre a cabeça, descem pelos lados do rosto
em ar e terra debaixo do queixo ou do nariz.
-Janela: Mão D terra sobre a cabeça e mão E terra debaixo do queixo e
cabeça pombo pombo.
-Dedos: o indicador com o polegar unido em cada mão passando pelos olhos.
-Dedos do meio e indicador unidos passam pelos lábios.
-Sapateado simples: golpe DE DE ED, repetindo.
-Golpe D EDE, E DED, repetindo.
-Sapateio executando no lugar e aos quatro lados girando. Acaba em tendú
flex D. e plié com E. Pose na diagonal ou de frente.
Homens: dançam com passos mais pulados, usam muito o flex de 2ª. Em 2ª.
Aos lados. Sempre o passo básico é o balance de 2ª. A 2ª. Aos lados
acompanhando os braços p/as laterais.
-Os homens dançam ao redor das mulheres, ajoelhados e elas ao redor
deles, ambos girando, enrolando e desenrolando o sari dela.
-Homens e mulheres usam jóias valiosas e pinturas nas mãos e nos pés.
-As mulheres maquiam se muito bem, principalmente os olhos.
-Reverência ao chegar ou na despedida: 1ª. Pos. e mãos e mãos em oração.
-Há muitas maneiras de reverenciar como abrir os braços aos lados, levantar
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e descer com mãos unidas de oração.
-Eu sou epicúrea e panteísta, sou mística e mítica, duas palavras me
fascinam: felicidade e espiritualidade.
-Elaboro a dança de acordo a minha identidade. Gosto de coreografias que
encantem pela doçura e naturalidade sem ultrapassar a natureza de
ninguém.
-A dança, como a música, é oração e exaltação desde o início dos tempos.
-Pode falar do “OM” como o som redondo do universo, dos abismos, mas,
existe um instrumento que esteja mais perto do som da natureza do que a
flauta doce e do som da terra do que a flauta andina, a quena?
-Não entendo como certas religiões proíbem a dança tendo ela sido desde
sempre um ritual em todas as culturas, tendo sido o primeiro contato dos
homens e de todos os reinos da natureza antes mesmo da fala humana.
-Como pode se ignorar que a dança é a melhor expressão corporal e anímica,
mais eloquênte do que todos os idiomas para transmitir emoções e verdades
que o nosso interior descobre? Como o homem pode entender e respeitar
uma árvore, um pássaro, entender os seus próprios impulsos, afugentar a
tristeza e as sombras pesadas que descem sobre nós, acrescentar alegria,
buscar a Deus sem a dança e a música que inspiram amor pela vida? Porque
toda situação, seja um canto de amor perdido, é indiretamente uma canção
dirigida a Deus. Todo o que as criaturas desejam, sofrem e se alegram; estão
sendo avaliados pelo tempo: o relógio de Deus na natureza, a lei universal de
Deus na sua criação inteira de causa e de efeito: tudo isso é divino.
Invocando um protetor ou missionário de Deus para determinada graça, seja
um ser visível ou não: está se invocando a Deus porque o Criador age
através das suas criaturas. Em cada criatura, seja pedra, seja areia, está a
sua lei de servir e ser servido. Deus serve ao criado com proteção amorosa e
assim deve agir cada criatura no mundo; um lugar onde jardim e jardineiro
servem se um aos outros por amor.
-O compêndio de sabedoria milenar mais antigo conhecido: Os Vedas (os
deuses) da Índia nos fala do Criador Shiva agindo como Nataraji ou
dançarino que cria o mundo em eterno movimento representado por seis
mãos e pernas.
-Na natureza todo dança com ritmo inteligente, musical, matemático, com
grados nas cores se decompondo do puro branco da Luz Universal: a
primeira manifestação espiritual e material de Deus. E todo acontece em
movimento sutil, pensado, inspirado e não apenas acaso, é essa ordem
científica e artística e de capacidade infinita que nos leva a acreditar num ser
superior que colocou na sua criação a sua personalidade múltipla
energizando toda existência para esta realizar prodígios, assim vemos que
todos os elementos e todos os reinos, além de parentesco, possuem
qualidades extraordinárias pela vontade do Primeiro Ser.
-O livro Natyashastra copilou 84 posições (o infinito 8 e a natureza 4
formando a maior harmonia: 12), Shiva ensinou a sua esposa Parvati a
dança, ou seja, nesse mito simbolizando o relacionamento amoroso entre o
Criador e o criado, a dança vem a ser o legado do céu para a terra.
-Os mitos possuem uma linguagem poética que as palavras não possuem,
podem se usar todos os idiomas do mundo que os mitos, a música, a dança,
a pintura, os números e outros símbolos como as esculturas, mesmo as
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fotografias, o sorriso, o canto; sempre superam em expressão. A palavra de
Deus está na sua manifestação poética e lógica em toda sua criação.
-Numa parte do relato mítico lê se que Shiva tocou a sua flauta na beira do
rio numa noite de plenilúnio atraindo a presença dos Gopis da mesma forma
que as tribos festejam a mesma lua com canto e dança exaltando o
resplendor da natureza que nos revela a Deus numa roupagem em festa com
eterno movimento e em eterno cenário renovado para a própria satisfação do
Criador e para felicidade de todas suas criaturas que também o acompanham
nesse canto e dança das esferas.
-Na natureza todo fala do coração de Deus, é a sua manifestação de amor e
chamado de correspondência. As festas animam os sentimentos de amor pela
vida, pela irmandade. As festas são qualidades divinas, convite de exaltação
à criação do mesmo Deus que vive sempre em gloriosa festa.
-Rejeitando a alegria de cantar e dançar todo o que a vida nos inspira; a
alma ficará seca, amarga, triste. Vendo Deus a seus filhos com vida austera,
não se sentirá mais amado com isso e sim somente obedecido como se
obedece a um tirano antipático. Deus é esse ser que leva em si as qualidades
de pai e mãe que gostam de ver a seus filhos brincando e fazendo tudo com
bem e prazer. A alegria, não sendo destrutiva ou cruel, não é motivo de
vergonha.
Dança cigana e espanhola.
-As tribos nômades passaram por várias regiões do Oriente como pelo Tibet,
pela Índia, pela Arábia, pelo Egito, pela Rússia, pela Hungria, pela Romênia e
outras terras balcânicas e mediterrâneas. Na Espanha, ciganos e mouros
deixaram também o rico legado da dança.
-A dança cigana é conhecida no norte da Europa pelos nomes de Zcardas e
Gipsy. Os ciganos distinguem se pelo figurino feminino com amplas saias e
blusas coloridas e com bastante babado, jóias e flores. Acompanha à dança
cigana um melódico violino choroso, apaixonado, suplicante e ao final “molto
allegro”. A música cigana é envolvente e explora as emoções mais profundas
da alma tanto na alegria como na melancolia.
-Passos. O passo básico da dança cigana é a troca de calcanhares (flex).
-Pé E planta: um, calcanhar D: dois. – Pé E planta um, planta D: três.
Repete.
Seria então: um dois, um três.
O mesmo começando pelo D. Logo combinando.
-Pé E planta: um, calcanhar D: dois. – Pé E planta: um, ponta D: dois. –
Planta E planta D. Repetindo: um dois, um dois, pam pam.
-Sovado: D planta: e desliza o pé E cruzado na frente. - D planta e volta o pé
E no lugar. Repete. – ritmo: e um, e dois.(DE – DE).
-O mesmo começando pelo pé E. Logo combinando.
-Valsado: cruzando os pés pela frente. Cruzando por trás. Ritmo: um, dois,
três. Um dois, três.(DED – EDE e repete).
-Os braços em posição açucareiro ou em pos. Jarra.
O açucareiro ou duas mãos recolhendo a saia na cintura e cotovelos bem
levantados, na dança cigana e européia colocam se bem na cintura. Já na
danças latino-americanas as mãos colocam se um pouco mais abaixo da
cintura, ou seja no quadril.
A jarra coloca uma mão na cintura e o outro braço estica a saia na lateral.
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-Sovado saindo do lugar, deslizando se no sentido diagonal com a saia
esticando com as mãos juntas na frente e a cabeça em suflê (agachada).
Sovado girando em cambré com uma mão detrás da nuca e outra em jarra.
-Passo cruzado italiano avançando (com joelhos dobrados) e ombros: alegria
(vibração ou coni coni nas danças latinas).
-Piroschka: retrocesso cruzando os pés p/trás (joelhos dobrados). Uma mão
jarra e outra detrás da nuca. Arremate com pam pam pam (planta, planta,
planta).
-Caminhando em círculo ou em outra direção rebolando a saia com ambas
mãos. Manter os braços bem abertos e redondos.
Na América Latina também os braços permanecem abertos esticando bem a
saia até ao rebolar, mas em outras, como na salsa, os braços permanecem
fechados até rebolando a saia.
-Levantar um joelho na frente sacudindo a saia com uma mão e a outra com
braço fecha abre e suflê e levanta cabeça. Mais usado para concluir a dança.
-Levantar a saia por trás: planta D e levantar a saia por trás com calcanhar
E, desce e seguir o mesmo com outro pé.
-Sacada: cruze E, retire, ensemble, pasé. O mesmo com D.
-Passada ou panadero: (parecido com o ñembo yké ou cruzamento de lado
da América do sul, mas não igual) colocando se de lado se cruza com o
parceiro ou parceira em planta D e levanta pé E e anda, anda, anda, meio
giro e volta com o mesmo passo p/o seu lugar começando planta com o E.
-Mimosa: planta D.estica na 2ª.e EDE – planta E. estica na 2ª. e DED.
-Posições dos braços: braços redondos p/acima com dedos afiados e corpo
erguido.
E um: braço D curvado p/trás e volta ao lugar de início, ou seja, acima.
E dois: braço E curvado p/trás e volta ao lugar de início.
E três: braço D descendo na frente e vai atrás e volta p/lugar inicial; acima.
E quatro: braço E desce na frente e vai p/trás subindo ao lugar acima.
Os dois braços p/trás e voltam.
Os dois braços descem pela frente e atrás e voltam.
Um braço (sempre redondo e nunca fechado) na frente e outro atrás e troca.
Dois braços na frente e atrás ou o contrário.
4ª. Pos. (é mais usada na dança espanhola, na dança cigana usam também a
2ª. Pos. Planta e relevé) um braço acima e outro na frente ou atrás.
-Mãos e dedos (debaixo dos braços sempre abertos) movimentando de
dentro p/fora, de fora p/dentro, dentro e fora parecendo aranha.
Palmoteo p/ciganos e palmas p/espanhóis: formam um oco na mão p/ter um
som mais grave e o ritmo das palmas varia.
-Poses: ajoelhadas e cambré ciganos e ciganas ou meio ajoelhado quase um
meio spagarde, mais usado na dança espanhola. Pose em pé na 4ª. Pos. ou
na 3ª. das danças ciganas. As ciganas posam mais em açucareiro. As
espanholas usam mais as posições dos braços nas poses. Os homens
costumam posar na 1ª. Pos. fermé em relevé ou na 5ª. Pos. relevé, ou seja
com os pés fechados ou cruzados em ponta, o corpo esguio ou em cambré. O
cambré é muito usado na dança espanhola e cigana. Os pares espanhóis
posam de várias maneiras, homem ajoelhado e mulher em pé ou vice-versa.
Ambos relevé de costas com os braços em alto como na dança La jota.
Ambos na 4ª. Ou na 2ª. Com um braço redondo e outro esticado na frente.
-As poses dos ciganos e dos espanhóis são elegantes, corpo esguio, olhos
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altivos. Os ciganos sorridentes, já os espanhóis com expressão sóbria,
concentrada, quase sofrida de forte paixão.
-Sapateado espanhol. Os básicos são dez.
1º. DE seguido. 2º. DD EE seguido. 3º. DEE DEE seguido. 4º. DEED EDDE.
5o. DDE EED seguido. 6o. DDE EED – calcanhar D e calcanhar E duas vezes.
7º. DDE EED, Calcanhar D, calcanhar E repetido saindo do lugar girando.
8º. Golpe D tacón, tacón. Golpe E tacón, tacón. Seguido.
9º. Golpe D tacón E, tacón D. Golpe E tacón D, tacón E. Seguido.
10º. Ajoelhando p/D e p/E seguido e giro no chão sobre um joelho.
-Exercícios básicos de castanholas assegurados nos polegares. As mãos
arredondadas colocadas p/dentro, pos. Aranha.
-1º. As duas mãos ao mesmo tempo: dedos 1,2,3,4 parecendo aranha.
2º. 1pa, 2pa, 3pa, 4pa. Os números correspondem aos dedos da mão D e pa
a mão E.
3º. 1,2pa – 3,4pa.
4º. 1,2,3pa – 2,3,4pa.
5º. Carretilha:1,2,3,4 com os dedos de ambas mãos ao mesmo tempo: riá,
riá.
6º. Piá: golpe D: pi, golpe E: a. Seguido.
7º. Carretilha duas vezes e piá: riá, riá, piá.
8º. Arremate: A, riá, chi, ta: golpe mão E: A. Carretilha: riá. Encontro das
castanholas se roçando: chi. Golpe das mãos: tá.
Esse arremate com a figura poderia ser assim: A: golpe pé D – riá: 2ª. Pos.
(separar a perna p/lado D) – Chi: giro p/D. Tá: pose na 4ª. Um braço acima
e outro na frente arredondado: pose ou pos. Final.
-O movimento na dança espanhola concentra se mais no sapateado e na
posição dos braços, o tronco usa se em cambré.
-Picada: movimento da Sevilhana em açucareiro assegurando a saia, a
mulher anda p/lado D: pé D, cruze por trás E e planta D; ali coloquei um leve
acento com os ombros: 1,2,3.
-Na dança espanhola moderna incorporou se mais requebros da dança
cigana: suflês e cambrés e sapateados menos recatados, mais atrevidos nos
golpes quase pulando. O toque das castanholas apresenta um show tocando
inclinada para frente e com sutileza mostra uma leve vibração nos seios.
Também desloca se p/as laterais em sutil jeté, ou glissade, ensemble.
-Na Dança Flamenga ou espanhola são famosos os sapateios, o passo doble,
as sevilhanas, la Jota, Bulerias.
-Sevilhanas: chama se assim a uma composição musical para dança
tradicional do sul da Espanha na região de Andaluzia com a capital: Sevilla. A
música possui quatro partes bem definidas. A dança tem um passo básico de
seis compasses repetidos seis vezes sendo dançada com variações nos
entreveros com passos como panadero, picada e outros.
-Na Jota os passos são mais puladinho com sapatilhas, parecida com as
danças folclóricas do sul da França e algo parecida com as danças
portuguesas. Em la Jota usam muito o cruze italiano em espelho, fazem
também um giro cruzando os pés juntinhos balançados de um lado p/outro.
-Sevilhanas com castanholas: A riá piá seguido e arremate: A riá chi ta.
-Mais sobre técnica de castanholas ver em páginas anexas. Pesquise mais
sobre danças em outros livros e com especialistas.
-Na dança espanhola e cigana vemos que os movimentos se concentram nos
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pés e braços com elegância no cambré e os espanhóis acabam numa
exclamação altiva: Olé!
-Na dança do ventre a elegância está no uso dos véus e a pos. Relevé com a
peculiaridade do movimento dos ombros e do ventre: do umbigo p/abaixo
com a sutileza das mãos.
-A dança indiana usa mais a 2ª. Plié, requebro dos ombros e tronco, pouca
participação do quadril e olhos muito expressivos.
-Os Maoris também usam a 2ª. Pos. plié com muito movimento de quadril e
das mãos.
-Os africanos usam a 2ª. Plié e relevé, nádegas arrebitadas marcando ritmo,
ombros febris, pulos, passos cruzados.
-Os índios usam muito arrasta pé, balance em suflê e cambré, pulos
cruzados.
-As danças latinas (América Central e Sul) usam muito o reboleo de saia,
ambos os sexos com muito movimento de ombros, de quadril, sacudida de
cabelos, acrobacias, muito graça e sorriso, como dizem os colombianos; os
latinos têm: Sabor!
-Em cada região do planeta as danças tradicionais adotam variações para
enriquecer a dança.
-O giro final costuma ser na 4ª. Pos. na 2ª. nas tribais. Na 5ª. na dança do
ventre. Em devoulé ou giro se deslocando do lugar.
-Danças semelhantes.
-A dança com garrafa, com cesto, com vaso de cerâmica sobre a cabeça, é
praticada em algumas nações africanas, do Oriente Médio como em Israel, os
beduínos no deserto, no Oriente como na Índia, no Japão, na América do Sul
como no Paraguai e no Maranhão do Brasil e mais países.
-A garrafa, o cesto ou o cântaro é levado sobre a cabeça sem segurar com as
mãos e com movimentos variados como em círculo quase correndo,
balances, sarandeios, sapateios, giros, ajoelhados.
-No Paraguai dançam até com dez garrafas encaixadas uma sobre a outra
sobre a cabeça. Com a garrafa ou com o cântaro giram deitadas no chão ou
colhem um lenço do chão com a boca erguendo se triunfantes e lançam o
lenço ao público. No Japão dançam balançando sobre a cabeça potes de
cerâmica ao ritmo de tambores, culmina jogando mais potes um sobre outro.
-Numa dança minha as Lavadeiras esfregam um lenço no rio como
antigamente, golpeiam na pedra, afundam na água, torcem, levantam no ar
e se balançam de um lado p/outro, giram, colocam no cesto e de costas vão
se em pique arabesque, girando, saem em círculo e diagonais com passos
frente e atrás e açucareiro. Também fiz uma dança com vaso e flores sobre a
cabeça.
Mestre e bailarino.
-Numa orquestra filarmônica a personalidade do dirigente é muito
importante. Na dança é o solista ou o grupo que se destaca. Destacar se é
ser: talentoso, profissional, brilhante, carismático e ter um “não sei o quê” de
dentro sem explicação. Há quem parece não ter nascido para a dança, há
quem se encaixa numa modalidade, mas não em outra. A psicologia é
importante, explorar o que um aluno pode, incentivar e não rejeitar. É difícil,
requer táctica, paciência e passar autoconfiança. A crítica fere e ajuda, o
elogio ajuda muito mais, não é mentir, porque o elogio produz milagres;
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acredite.
Dança Tropical é uma modalidade que criei. No Estilo Livre usa se passos
de várias modalidades, movimentos próprios sem regras rigorosas e mais
fluídas. No Contemporâneo apresentam todo tipo de música e de movimento,
desde o clássico ao popular, deformes ou até totalmente transformados não
mais se encaixando na composição musical inicial. Muitos coreógrafos de bale
contemporâneo procuram um compositor para seus trabalhos. No
Contemporâneo participa mais a criatividade inteligente do que a inspirada.
-No Estilo Tropical eu coloco todos os passos dos lugares mais exóticos da
terra que conheço e que possuem paisagens, ritmos e passos parecidos.
-Copilo o movimento do fogo, da faísca, do mar, do rio, da cachoeira, da
chuva, do vento, das palmeiras, das árvores, dos pássaros, dos bichos, das
crianças, da juventude, dos nativos, dos interioranos, dos caiçaras, de tipos
urbanos, de bailarinos.
-Misturo passos acadêmicos ou não, esportivos, circenses, passos da minha
imaginação e os que o meu próprio corpo me revela resultando em dança
que não fala de uma só coisa, nem somente de mim e sim que expresse o
órgão vivo no cosmos que a terra é.
-Também elaboro uma conversa entre céu e terra, procuro descrever o
segredo de um amor, o bálsamo, o silêncio e os gritos escondidos na selva, o
mudo abraço da terra com a lua, a dança dos animais e plantas com os
humanos e tudo isso que une em festa e une a terra com os eflúvios do céu.
-Sonhar, ter visões, intuir, pré-sentir, imaginar, se inspirar, sentir, fantasiar,
viajar, voar. Expressar a ternura angelical, a paixão selvagem, sofrer, chorar,
sorrir, êxtase, rastejar, subir, correr, voar, cair, rolar, morrer, renascer.
-Quem diz que terras nevadas não possuem temperamento? A dança dos
Esquimós possui muito ritmo e calor do coração. A dança, o coral, a walalaika
na Rússia e em terras balcânicas expressam a melancolia do longo inverno e
a alegria colorida e esplendorosa do curto verão onde as festas acontecem.
Há danças que nos transportam aos oásis e templos, outras para praias e
selvas, outras nos levam a passear pelo espaço sideral.
-Identifico-me com a modalidade Tropical. Impacto, técnica, perfeição; não
são meu forte e sim o encanto e a expressão.
-A coreografia deve ser bem planejada e coordenada, a dança sem parecer
forçada, deve fluir naturalmente.
-Tenho feito exatamente 260 danças, faltou me oportunidades para fazer
mais coisas que tenho na cabeça, mesmo assim sento me realizada e feliz.
Tenho mestres, alunos, amigos e marido especiais. O meu próximo livro:
Coração moreno será sobre a minha vida. Agora vou para a cidade
maravilhosa Rio de Janeiro que também é fluminense, ou seja, luminosa,
mais do que a cinzenta e melancólica Paris, mais do que a sofisticada Riviera,
mais do que a descontraída São Francisco. Rio é naturalista, culta,
sofisticada, autêntica, de uma beleza completa e sem igual. Ali vou viver
sambando e arrumbiando, cantando e nadando. -Viver viver! Voar voar!
Minha Luz Universal!
-Finalidade da dança. Definindo a dança: é a expressão de sentimentos,
sensações, emoções, inspirações através do movimento e da expressão
corporal.
-Ação da dança: a alma desejosa de se manifestar, usa o corpo que com o
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tempo vai se tornando mais leve e flexível para facilitar a eloqüência,
demonstrando melhor os anseios anímicos num corpo preparado.
-A dança promove uma aproximação maior entre os seres físicos e
metafísicos. Deus e a dança: o mundo foi criado com movimento eterno,
harmonioso,
matemático, musical e colorido.
-A dança é completa quando consegue o seu objetivo final: passar beleza, e
dentro da beleza não está contida somente conceitos estéticos sobre
sentimentos e sensações, contém também conceitos éticos. A dança não é
somente comunicação ou expressão de um estado anímico, por mais trágico
que seja o final como no Hara Kiri do Ballet Kabuqui de Maurice Béjart, além
da beleza coreográfica e da expressão, nos revela uma mensagem de
ascensão, desejo de justiça, de bem, de beleza interior, de doação pelo bem
da vida.
-O estado de ânimo na dança propicia uma vivência cada vez mais íntima
consigo mesmo.
-Além de dar prazer e beleza, a dança dá saúde física e psíquica. Além de
melhorar a aparência, agiliza a memória, aprofunda a respiração, dá força e
coordenação motora, mantêm o peso, dá segurança.
-Hoje em dia mais do que nunca a dança e o esporte são procurados por
todos esses motivos, as academias são consideradas fontes de saúde e
beleza.
-A dança possui na atualidade uma finalidade de consumo e o comércio
incentiva prazeres efêmeros, a competição está cada vez mais acelerada e
deve se estar atento às exigências da mídia.
-Por outro lado, há uma expansão da filosofia oriental e do esoterismo como
nova conduta de vida e de equilíbrio. No entanto, também essas áreas não
escapam da finalidade comercial.
-Seja dançarino, ecológico e ecumênico.
-A dança dá firmeza de caráter, libera as toxinas, aumenta o astral.
-A educação ecológica conscientiza no dever de cidadania, de altruísmo,
aumenta a compreensão e o amor por todos os seres da criação, diminui o
preconceito, simplifica o ser.
-A educação ecumênica não fanatiza por nenhum dogma religioso, usa o
valioso pensamento obtendo assim consciência das próprias possibilidades e
da influência cósmica, ajuda a apreciar e preservar a cultura dos povos,
incentiva a busca do saber e da paz.
-Introdução à dança.
-Antes mesmo de falar, o homem já dançava. Dito popular.
-Toda dança nasce de um coração inspirado aliado à imaginação. Albert
Einstein dizia que a imaginação é mais importante que a ciência. Certamente
o mundo é mais movido pela arte do que pela ciência, a ciência analisa a
experiência, a filosofia pensa sobre o mundo, a arte vive o mundo.
-O início da dança é o ritmo interior que mobiliza a forma, que exterioriza
emoções. Observando uma criança que gira repetidamente, o macaco que
pula, o bater as mãos de alegria, o pássaro que corre em círculo; são
movimentos espontâneos que originam a dança por imitação, inspiração,
associação e conseqüentemente regras.
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-Procuro na dança pureza e autenticidade, isso não é ser ridículo, saiba que a
dança tem o poder de unir os mais diferentes seres. A mente capta o ritmo
interno e a emoção no coração toma forma corporal. Não vale a pena viver
sem dançar, sem ao menos cantar com o ritmo do coração.
O Bale Contemporâneo nasce na Europa dos pesadelos do nosso tempo.
Os inventos se sucedem em tempo vertiginoso causando grande tensão no
mundo, uma intensidade emocional acontece, uma explosão, uma descarga
súbita de forças internas, um termo se faz popular: adrenalina.
-A dança entra no ritmo do nosso tempo cheio de quedas e tropeços, de
gritos e poses antiestéticos, uma ansiedade de se rebelar contra toda
opressão e também uma necessidade de usar os métodos de relaxamento
oriental.
-Não é o suspiro clássico, é o encontro com o nada, com o vazio, não é a
seriedade interior e sim a fria indiferença na expressão facial e no olhar;
expressão que caracteriza a atualidade onde o sentimentalismo não tem
lugar. -A dança contemporânea explora todas as partes do corpo como o bale
moderno, faz uma nomenclatura de passos e de todos os estilos musicais e
nem sempre a combinação música e dança se harmonizam, por exemplo,
passos de danças folclóricas transformam se em passos que parecem paródia
do folclore, o seu objetivo não é a elegância nem o encanto e sim a
capacidade de transformar mesmo. A música, pelo geral é composta para a
coreografia a ser apresentada. Um movimento brusco pode ter um fundo
musical melodioso e essa contradição é própria da linguagem
contemporânea.
-Não se preocupa em passar emoções, nem sequer uma mensagem, o seu
trunfo é a inovação.
O Rock and roll surgiu da manifestação popular jovem simbolizando
liberdade de expressão e a vestimenta liberdade de ser.
O Street Dance surgiu das camadas jovens menos privilegiadas expondo
força como necessidade vital, exibicionismo como auto-afirmação, uma
psique que revela a ansiedade de uma escala social.
Do ritmo dançante do mundo toma tua beleza meu coração, como o barco
toma o seu movimento do vento. Sei que a dança é a mais difícil das artes,
requer na sua mudez uma expressão refinada através de horas e horas de
ensaio onde participa toda parte do corpo.
-Não possui a liberdade do teatro, se assemelha mais ao escondido na
pintura que se revela numa comunicação inexplicável. O seu êxtase é
diferente por ser a prima natura divina.
-A música não é completa se ela ao menos não incita a mover os dedos ou a
cabeça ou então movimentar o nosso ar em suspiros ou fechar os olhos para
fluir o encanto da música em todo nosso ser.
-A dança é a encarnação da música e a poesia silenciosa mais eloqüente.
Todo é pulsação dentro e fora de mim. Dançar é beber a vida.
Desde menina a dança estava enraizada em mim.
Dança! Diziam me e eu orgulhosa pela minha capacidade improvisava para a
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família toda: balanços, cimbreios, elevações, saltos, giros, arabescos,
querendo cada vez mais aspirar, suspirar, flutuar no ar possuindo no meu
peito todo o céu, toda a terra.
-Sou profissional, sou mais ainda: autodidata porque gosto de criar um estilo
próprio, amo todas as danças do mundo e sento a dança das esferas.
-Meu compromisso artístico e vital é com a beleza e o amor, a minha religião
é o amor.
-Não tenho medo de criar ao impulso do meu coração, pouco paro para
pensar em fórmulas, começo a namorar as formas, o preestabelecido me
serve de lição, mas não me adentro nos repertórios clássicos e sim busco
dentro de mim a revelação do sentir. A ousadia na arte não quer dizer
improvisar, um improviso pode revelar talento como também pode levar à
desordem até o absurdo.
-Não pretendo fazer da dança somente uma oficina ou um intercambio
cultural. Pretendo achar talentos a serem refinados e mais valores a serem
cultivados.
-Produzir e curtir belezas dá sentido à vida, mas sem amor, nada alegra
plenamente.
-A identidade de um povo é a sua dança.
-Descubro a minha identidade através da arte e da escrita.
-A criação é uma questão de intuição. Escorpião; o signo dos visionários e
místicos. É a marca de Deus em mim.
-O verdadeiro artista dá mais valor a ser do que a ter.
-É desesperante cortar a liberdade dos pássaros como cortar a expressão de
um artista.
Ser individualista é realizar cada um a sua personalidade e se bastar a si
mesmo. Mas isso não impede de realizar se através de uma ação
comunitária.
Deus é o individuo por excelência, mas está na criação mais como nós do
que como eu.
-Terra amada: como você danço de mãos dadas com o céu.
Giro e me regiro em novas experiências.
Sego e persigo todos os teus ritmos.
Vôo e revôo sobre tuas águas.
-O artista deve ser fiel a si mesmo e não às regras.
-A escola é um templo do saber.
A cultura é um templo da arte
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E a arte transcende a sabedoria.
-Há poesia em cada coisa no mundo seja bom o momento ou não.
Se olhássemos todo através da poesia, haveria mais compreensão.
-Falsa interpretação.
-Cuidado com a interpretação do que está dizendo. Dizendo que fulano está
sendo inconveniente, podem interpretar que você não gosta de fulano e quer
lhe prejudicar. Oferecendo um favor podem pensar que está querendo se
promover ou se aproveitar de alguém.
-Se falar que curte mais silêncio e solidão do que visitas freqüentes podem
interpretar que sua seriedade é sinal de altivez e despreço.
-Dizendo que faz bem a saúde física e psíquica se queixar menos da vida, ser
mais otimista, que o baixo astral pode prejudicar a si e aos outros, podem
pensar que está querendo dizer que possuem uma doença contagiosa.
-Algumas pessoas se alegram muito com um pequeno presente, já outras
quanto mais você dá, mais querem porque pensam que você pode dar mais e
deve dar. Dando um presente lindo para um e para outro não tanto, o outro
vai se ofender. Se num momento de dificuldade você não paga o que deve,
podem dizer que você se aproveita dos outros.
-A mais suave explicação sua pode ser interpretada como você atirando
pedras.
-Quando a pessoa começa a levantar a voz, é melhor se afastar. A ignorância
não deve abalar a sua paz. Não se rebaixe.
-A pessoa que concede muita regalia, costuma ser desobedecida na hora de
mandar. Por melhor intenção de companheirismo que se tenha, a experiência
ensina que quem manda deve manter certa distância para não ser
desrespeitado. Lastimosamente é assim.
-Quem não se envolve não sofre de ingratidão e preserva o astral.
-Quando há um encontro de dança, costumo observar. Ali onde há jovens
com pescoços elegantes, posturas disciplinadas, sérias e concentradas: com
certeza praticam ballet.
-Vejo a um grupo alegre, corado, equilibrado; pratica danças folclóricas.
-Os que praticam Jazz são mais vaidosos, sempre mostrando passinhos em
público e são tudo zwing no andar.
-Onde há um grupo exaltado e com os ombros mais relaxados, praticam o
contagiante acrobático e envolvente Street Dance.
-O amor do artista ecoa pelo mundo. Deus daí me oportunidade de dar o
melhor de mim.
-Quem dança ao impulso do seu coração é feliz. Quem dança para competir
assusta e intranqüiliza a si e aos outros.
-Uma professora de Educação Física perguntou me se eu estava
improvisando, falei que não e ela dize que era muito fácil. Então a convidei
para entrar e fazer. Ali atrapalhou se muito. Em você parece tão fácil – me
diz – A dança tem que parecer fácil para passar poesia, mas na atualidade as
danças são mais mostras de força e dificuldades.
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-Eu posso ter muitos defeitos como professora de dança; sou exigente,
apressada, preocupada, mas também tenho virtudes; não permito fofocas,
elogio o esforço e a dedicação, incentivo a união e o equilíbrio.
-Procuro seriedade e concentração, mas também sabemos rir de nossos
defeitos. As críticas sobre uma apresentação devem acontecer na sala de
aulas e no possível cada um falar sobre os seus erros, se as críticas são de
fora, com ou sem razão doem sempre, procuro que todos tomem com calma
e saibam que faz parte da vida errar para procurar ser melhor.
-A cultura é a salvação da humanidade, ela precede a espiritualização e esta
se define através da cultura.
-A arte tem por finalidade a magia e a beleza. A magia transforma a
realidade com as forças da natureza e com a força interior. A beleza é
acender a luz interior sobre a luz existente na natureza.
-O Naiv é a visão bucólica da natureza.
-El arte Naiv es la visión ensoñada de la naturaleza.
-As coisas boas da vida estão para serem vividas. A alegria nos acerca a
Deus, deixar de viver a alegria não nos fará mais dignos aos olhos de Deus.
Todo foi feito para ser feliz porque um ser amoroso como o Criador gosta de
ver aos seus filhos sempre contentes.
-Acredito que tanto lamento e tanta lembrança de coisas tão monstruosas
como o assassinato de Jesus ou como as mortes que acontecem no dia a dia
e os gritos pavorosos nos templos; devem afugentar a Deus, a Jesus e a
todos os seres da sua comitiva.
-Como gosta o mundo de falar só de coisas negativas e catastróficas e chorar
pelo passado! O passado ruim deve ser esquecido, tocar a vida para frente,
os seres idos já estão em outra dimensão melhor. Se vamos a enumerar
quantos morreram crucificados no mundo e quantos torturados há no dia a
dia; melhor não viver.
-No mundo há muitos acontecimentos maravilhosos, muita gente boa todos
os dias e com certeza Jesus prefere que se lembrem dele como um grande
pregador sobre Deus.
-E quê dizer dos jornalistas que cospem notícias ruins, preconceitos e
ofensas sem medir conseqüências em nome do povo dizendo que este tem
direito à verdade e que o mal é notícia porque o mal acontece.
-As notícias ruins dão ibope e as boas não, essa é a verdade e verdade
também é que o povo se vicia com as tragédias diárias e assim a realidade é
só o mal, vive se com medo, alimentado pela insegurança que estressa.
-Mas há canais de cultura onde se descobrem dia a dia ações maravilhosas
que causam prazer, que semeiam otimismo e confiança, que não estressam,
que louvam a vida. Os jornalistas dali possuem outro astral e são
semeadores de bem e de verdade também.
-Eu me nego a escutar diariamente a mesma coisa que já sei da história da
humanidade, que escuto desde criança: catástrofes, homicídios, mortes,
guerras, corrupções, diário dos famosos, acidentes, fanatismo, pobreza,
perdição, abuso de mulheres, crianças, animais e plantas: sempre houve!
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-Quem não sonha não sabe criar. Deus é o maior sonhador. A pintura do
Criador tem luzes e sombras que incita ao amor. A luz é o início de tudo e o
ponto culminante da vida. Todo sai da luz e volta para luz.
-Sem o caminho de sombras todo é estático, é a sombra que nos move em
direção da luz. As cores da vida nos levam a sonhar e a sentir o sabor da
eternidade.
-Os homens iluminados foram estudiosos e meditativos, mas é o estado
contemplativo como o da natureza, que conduz diretamente ao conhecimento
de Deus.
-Não se harmonizam pessoas que acham a arte necessária para o
crescimento espiritual e para o equilíbrio e pessoas que acham a arte inútil e
perda de tempo e dinheiro.
A felicidade é um estado de imperturbabilidade, de graça, de quietude.
-Do nada Deus criou o mundo.
Do nada se fizeram importantes muitas pessoas simples.
Do trigo se fez o pão. Da terra se fez o trigo.
Do pó se fez a terra, o pó veio do infinito empurrado pela luz.
E a luz pela ação e a ação do seu próprio impulso.
O impulso do repouso do transfundo.
O transfundo do vazio e o vazio do nada.
-O outro lado da prática esportiva.
Muito se fala dos benefícios do esporte e pouco dos seus malefícios. No meu
caso praticando bale desde menina, sofria de cansaço dos pés e pernas. Eu
via colegas tendo vertigens, dor nas juntas, alunos com água no joelho,
professores se queixando de dor nas costas, professoras andando com a
perna arrastada. Uma excelente bailarina ficou aleijada na cadeira de rodas.
O sofrimento maior era o uso das sapatilhas de ponta, há as que sangram
nos pés a vida toda mesmo as famosas e há as que nada sentem e saem no
primeiro dia de aulas de ponta dançando como se nada.
-As articulações e o sistema nervoso são os que mais sofrem a pesar dos
métodos cuidadosos no ensino. Ultrapassar os limites, praticar com o ballet
outras modalidades com muito impacto, podem ser perigosos.
-De todas formas tanto no esporte como no ballet é uma minoria que passa
por isto, a maioria das vezes também as doenças se manifestam já na
madures, por isso não se recomenda a prática de algumas modalidades
passando uma certa idade.
-O quê espera uma comunidade de um Centro Cultural.
-Mais que nada a revelação de novos talentos que prestigiem o nome da
cidade. Para isso o ensino não deve se restringir unicamente à prática
cultural. O ensino deve avançar e incentivar a criatividade de professores e
alunos.
-Os Festivais de Dança incentivam, mas, a maioria das vezes são
competitivos, e assim júris, dirigentes e professores, inclusive os alunos
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preferem uma apresentação que sega mais a corrente para ter mais chance
de premiações e em tempo curto para mostrar mais modalidades. Como as
aulas são trimestrais e em cada trimestre aparecem novos alunos que terão
que ser colocados com os outros por falta de horários ou de espaço, ficam as
apresentações parecidas.
-Também a mudança de prefeito a cada quatro anos propicia a demissão dos
antigos professores e a admissão de novos que aceitem o baixo salário e
consigam o maior número de alunos. A Comissão Setorial de Dança
conseguiu consolidar os Centros de Cultura formado em maioria por pais de
alunos, estão ali para fazer com que as normas internas se cumpram. Os
professores dificilmente serão favorecidos em suas reivindicações, o máximo
que conseguem os professores emergentes é não ficar por trás de outros que
recebem mais convites para apresentações, reportagens em rádio, jornais e
TV. A Comissão acha que isso é democrático e justo e assim todos devem
ficar iguais sem dar um passo para melhor realização de seus projetos,
praticamente cortam as asas aos que se atrevem a ser diferentes. “Não
estamos interessados em formar artistas e sim em praticar cultura” Isso me
disseram assim; palavra por palavra.
-O bom dos centros é isto: fazer da arte uma terapia ocupacional e salvar o
maior número possível de crianças das ruas e das drogas. Mesmo com várias
precariedades, há professores heróis que conseguem mostrar alunos
talentosos. As apresentações se reduzem a encontros de dança.
-Com esse costume, raramente o público assiste um concerto de música ou
uma obra completa de ballet. Nos Festivais o máximo que se vê é parte de
um repertório musical conhecido ou parte de um ballet de repertório
adaptado.
-O professor apresenta parte do trabalho de um coreógrafo famoso para
levar o trunfo, não por criatividade e sim por imitação.
-A minha oração preferida é a de São Francisco de Assisi. Transmite paz e
irmandade, compreensão e compaixão, desprendimento. Sobretudo o seu
amor pelos animais me comove e pessoas que amam os animais, são
pessoas melhores dos que endeusam os humanos.
-Querer impor a sua pessoa danificando a outros, é um golpe baixo. A
consciência lhe serva.
-Sou daquelas que procuram ver em todos; bondade. Ignoro a implicância.
Afasto-me para não sofrer e confronto não é comigo, a minha felicidade não
deve ficar perturbada porque estou de bem comigo mesma.
-Definitivamente tenho a receita para ser feliz: não cultuo saudade do
passado a não ser lembranças felizes de outros seres, lugares e momentos.
-Quando sento saudades de seres idos e me aperta o sofrimento dos seus
últimos momentos, ali digo: agora vocês estão numa dimensão melhor e
nunca mais sofrerão, já passou, voem com toda felicidade que só o sutil
corpo astral consegue!
-Sei que voltarei a me encontrar com meus seres queridos idos porque o céu
premia de acordo aos nossos méritos e desejos.
-Cada dia ao acordar, penso: ontem não existe mais.
-Cada dia eu volto a nascer.
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-A arte que aspira um grado singular de realização chama se criatividade.
Para os críticos maldosos ou para os invejosos, chama se vaidade.
-A raiz da dança está no coração. Eu elaboro a dança de acordo com a minha
identidade.
-A dança é como o amor, um explosivo prazer, um fogo passional, logo vai
sendo uma agradável brisa matinal e cada vez mais mergulha no oceano de
sentimentos inexplicáveis e o inexplicável não precisa ser desvendado.
-Deixe os segredos de Deus e viva todas as artes que nasceram por amor a
Ele. O universo é um coral, Deus canta e uma alma responde seja pássaro ou
chuva, seja homem ou árvore, seja orvalho, onda do mar, toda essa
correspondência amorosa sustenta a vida.
-Serviços comunitários.
A individualidade é a marca dos artistas. Para criar é preciso do dentro de
cada um e o dentro de cada um de nós ninguém compreende mais do que
nós mesmos, por isso o artista é um solitário.
-Criar é levar a tona o nosso sentimento com plena liberdade de expressão.
-O artista não mede sacrifício para semear alegria e beleza.
-Há os não artistas que também semeiam bondade, como as crianças que
visitam um asilo de anciãos onde acontece uma troca de carinho.
-Na Alemanha os homens fazem serviço voluntário por um ano como
bombeiros e as crianças se orgulham de dizer: eu fiz esta torta, eu fiz essa
vela, eu pintei essa porta para outros. Há tanto para servir gratuitamente
como no asilo de animais, de alienados, nas prisões. Servir aumenta a autoestima e não há dinheiro que pague o sorriso de gratidão que se recebe.
-Se um pianista pratica quase o dia inteiro, imaginem então um bailarino que
precisa dominar todo o corpo. Na minha Escola de Bailado tinha aulas todos
os dias com teoria e prática. Os solistas colocavam se num canto para
ensaiarem sozinhos. Quando tínhamos que viajar no exterior para
competição, os ensaios iam noite adentro. Demorei em ter curvas porque
vivia esquelética, eu não tinha que passar os quarenta e oito quilos e eu
conservava o peso mesmo comendo muita macarronada.
-Tínhamos em teoria: história da dança, história da música, folclore, didática,
cenografia, iluminação cênica, psicologia de arte, estética e relações
humanas. Também aulas de dicção, canto e mímica.
-Aulas de ballet clássico, moderno, danças latinas. Na Alemanha aprendi
mais bale clássico e moderno, jazz, sapateado americano, rock and roll,
dança russa, húngara, cigana, espanhola, africana do Congo, dança do
ventre e nas férias viajava para aprender mais danças de terras exóticas.
-Em São Paulo pratica se ballet dez horas por dia. Os alunos pagam para se
apresentar, a bailarina paga ao bailarino para dançar com ele. Houve vez que
ensaiamos seis horas sem parar nem para tomar água.
-Na Alemanha praticávamos dez horas por semana e nas pausas tínhamos
que correr ao toalete, tomar água e comer um misto frio ou uma maçã. Pelo
geral eu tomava o dia inteiro só água, não tinha fome, mas ao chegar a casa
sim tomava um chocolate com torta de ruibarbo ou de amoras, chá com leite
70
e pão com geléia de amoras também, ou um copo de leite com batata doce.
-Na Alemanha ensinei em nove escolas municipais e privadas e deixei nove
meninas no meu lugar ensinando, depois eu vim para ensinar no Brasil.
Enfrentei a burocracia e as autoridades dos centros de cultura e isso não é
para mim, não sei lidar com pessoas autoritárias, não sei bajular, não sei
brigar. Mas descobri logo que nesses centros havia também anjos para mim.
-A dança é coisa do demo, diz alguém. Mas a dança é coisa muito íntima de
Deus, Ele criou o mundo dançando e todos na criação dançam a vida de uma
ou de outra forma. Mas há os que vêm a Deus como um ser sem graça,
egoísta, autoritário, que amedronta, que castiga mais do que premia, que
sendo pai e mãe de toda a criação, faz diferença no seu amor e de toda essa
imensidão no universo dizem que Ele tem uma nação como favorita e tem
também um inimigo. Tudo isso só pode ser machismo e totalitarismo.
-Se Deus colocou uma cabeça sobre o meu pescoço é para eu usar essa
cabeça e pensar que um ser superior inteligente e grandioso na criação,
criando tudo com música, ritmo, cores e movimento, que deu aos animais o
dom de dançar, e nós também somos animais; tenha que ser mesquinho,
não pode haver mal numa coisa divina, a criação toda é a presença, a
imagem, a identidade de Deus. O taoísmo diz: como se pode amar o céu e
desprezar a terra, a terra é um corpo celeste e como pode se saber sobre o
que é justo se não se conhece a injustiça? Os mestres, os livros, a
experiência, a contemplação levam ao conhecimento de Deus, o caminho que
trilhamos com acertos e tropeços tem por fim o crescimento espiritual. Não
há porque temer a Deus nem a nada, porque absolutamente todos somos
filhos amados por Deus, todos somos eternos e destinados a ser bons e
felizes.
-A diretora de uma famosa companhia de danças em São Paulo diz que a
dança é fundamental para o equilíbrio humano, que já se nasce dançando,
que a arte e a educação devem ser integradas e não separadas.
-Diz também que hoje em dia se abrem Centros Culturais com propaganda
de cem alunos, logo duzentos e assim vai. No desejo de contentar a mídia a
quantidade torna se mais importante que a qualidade.
-Assustadoramente -diz – hoje em dia crescem supermercados de cultura,
consumos de alegrias baratas sem incentivo para a criatividade artística e o
progresso de valores. Foi perguntada se num projeto ela fala se sobre como
melhorar a arte da dança e em outro apresenta se proposta de atividades de
dança como solução a problemas sociais, qual seria aprovado? Certamente a
segunda proposta, respondeu de imediato.
-Um povo instruído é um povo educado. Mas o encanto do passageiro atrai à
mídia sendo uma ilusão só.
-Ela não participa em Festivais porque a competitividade leva a tomar como
modelo o grupo premiado como sendo este o que todos querem ver e assim
o preparo para a próxima competição expande aquele primeiro andamento
impedindo a inspiração e o crescimento pessoal.
-Diz também que no lixo jogam os projetos e trabalhos sem olhar sequer,
ignoram o esforço, fecham caminhos, podam o artista.
-Viajando pelo Amazonas num intercambio cultural com os índios, estes lhes
ensinaram a arte de maquiar o corpo e os símbolos e diz que foram os índios
71
e não eles que levaram uma lição, que as raízes proporcionam a arte uma
riqueza de inspirações.
-Gente vem, gente vai.
-Eu tive que sair da minha Escola de Bailado para procurar novos rumos
deixando para trás professores que investiram muito em mim, devo a eles
muita fineza. Nos centros culturais constantemente vejo alunos e colegas se
despedindo e sempre foi isso triste. Quando chegou a minha vez de ser
abandonada por um grupo meu, fiquei sabendo que era uma vingança dos
pais por a instituição não ter feito caso de suas reivindicações. Na verdade
isso afeta nada ao Centro aonde sempre alunos vai e vem, mas quem sai
perdendo é o professor que tinha se esforçado pelo grupo e eu sempre me
destaquei entre os professores por viver pedindo mais atenção com meus
alunos e com todos nos centros de ensino.
-Como havia mães que não podiam comprar nem uma flor que eu pedia, eu
investia metade do meu parco salário em cenário e figurino. Procurava
patrocínio, vale transporte, merenda, uniforme, fazia as gravações musicais e
não queria que nenhuma das meninas ficasse sem apresentação ou fazendo
feio por falta de figurino, elas eram encantadoras estrelas que mereciam
brilhar.
-Quando o meu grupo começou a receber muitos convites, alguns pais se
prevaleceram e pediram um incentivo em dinheiro por cada apresentação
para as alunas de então. Isso me era desconhecido, quando menina eu
também aprendi a dançar numa instituição municipal gratuitamente e as
nossas mães tinham que pagar o figurino.
-Os pais reivindicam direitos para seus filhos, mas não para o professor e
este não deve se queixar de um aluno porque o professor tem que satisfazer
a vontade dos seus filhos. Diferente do relacionamento com os professores
de escola que podem chamar a atenção dos alunos, se queixar com os pais e
são obedecidos.
-Muitas vezes o grupo também se dispersa por questões familiares, porque
os pais não investem tanto o futuro dos seus filhos na dança, como acontece
nas academias das grandes cidades.
-Há os que saem porque devem cuidar do irmãozinho menor ou porque
devem estudar informática ou para tomar outros rumos.
-Eu aprendi na minha escola de bailado a ser disciplinada. Nas cidades de Rio
e São Paulo as academias também são rígidas, o professor é escutado e
respeitado.
-Numa instituição pública onde os professores são muito podados e devem
agradar a todos, não pode haver sentimentalismo. Aprendi que se quer
manter o ganha pão; o melhor é ficar de bico calado. Como diz o poeta
paraguaio Alejandro Guanes: é duro para o pobre o pão que lhe rouba os
seus poemas.
-Os meus grupos sempre foram cobiçados pelos meus colegas, houve um
que foi na minha presença e sem permissão nenhuma começou a pedir a
meus alunos para se integrar no seu grupo. Eu não ia me opor, eu mesma
sempre gostei de aprender mais modalidades, mas respeito é sinal de
educação e por falar em respeito, havia grupos que de propósito faziam
barulho em minha apresentação, houve até uma dirigente do centro que
ficou de costas quando eu falei e riu grosseiramente na minha frente, mas eu
72
nunca me prestei a jogos sujos, todos sabem que eu gosto de ficar na minha.
-Fiquei sabendo por algumas alunas que certos colegas queriam um pas de
deux para apresentar, levaram as minhas alunas para uma apresentação
com minhas coreografias. Alunas fiéis me contaram, eu nada fiz por isso e
era só pedir que eu não ia me negar, sempre quis unir forças com meus
colegas, sempre convidei a outros, quase nunca viajei sozinha, mesmo tendo
sido o convite só para mim. As más línguas falaram para eles que eu fiquei
com raiva deles, nada disso! Quê me importa, nem sequer falei às meninas
por isso.
-Quando o mandato se renova, há admissão de novas pessoas e demissão da
maioria, isso era costumeiro. Eu nunca tinha sido demitida, mas senti que
isso estava por acontecer, havia evasivas, diziam que espere por uma sala
nova, recebi um envelope sem remetente contendo bom dinheiro, então
entendi e sem saber a quem me dirigir falei na secretaria: si querem me
demitir, porquê não me dizem logo? Alguém me diz em voz baixa: você é
uma das fundadoras dos dois centros e estando há muito tempo aqui; pode
reclamar seus direitos.
-Eu não ia reclamar nada, já vi antes a todos os fundadores sendo
despedidos de repente e houve ate bate bocas publicamente, mas eu sou
muito vergonhosa para armar escândalo e eu ficaria doente com isso.
-Então alguém de cargo maior me diz meigamente que entenda a política do
centro, que eu soube produzir muito e que espere, que o mundo é redondo e
gira sempre. Entendi a mensagem, mas eu já tinha lugar numa academia de
São Paulo e mais duas outras chances em Rio de Janeiro e em Manaus.
-Houve pais, alunos e colegas, ate pessoas da secretaria querendo tomar
providências para eu voltar. Agradeci muito, calma e decidida falei que eu
não aceitaria ficar num clima ruim e não tinha a menor vontade de confronto,
que há muitos professores mais talentosos do que eu esperando
oportunidade.
-Senti pena de terem saído colegas esforçados e de bom coração, ficando os
mais submissos. Uma colega ficou dias esperando sem saber o quê estava
acontecendo e sem explicações foi despedida. Penso que foi por ela ter
namorado um inimigo do centro. Na secretaria alguém me contou que havia
uma trama para me despedir vindo da própria diretoria e que seria dizer que
eu estraguei o som da sala de aulas. Isso era uma calúnia, todos sabiam que
eu levava o meu próprio som porque o som do centro sempre funcionava
mal. -Quando a nova diretora sentiu que uma das suas secretárias falou
comigo; cuspiu raiva sobre ela e ordenou que a obedecesse e que não fale
mais comigo se não queria ser despedida. Quem mais sofreu com essa
reação foi ela mesma, parecia doente, histérica. A consciência lhe pesava.
-Quando saí do centro, os professores se destacaram com os que foram
meus alunos que modéstia aparte; aprenderam a dançar e a brilhar comigo,
e continuaram brilhando mais do que muitos e eu me orgulho disso.
-Ajuda me meu Deus a ser boa e gentil e a ver sempre o lado bom de todos.
-Ajudai nos a cuidar do nosso lindo planeta que construístes com todo amor.
-Seria uma pena acabar com tanta beleza, sei que vos vais restaurar tudo,
que após a destruição vem transformação e um começo melhor.
-Assim comigo, sempre após um grupo ido aparece outro e tudo recomeça e
sempre vi que foi para melhor, por isso confio na vida meu Deus.
73
-Ossos do ofício.
-Há professores de dança que desde que foram alunos já lutavam por si
mesmos e pelo sustento familiar. Há os que ficam nervosos ou depressivos.
Eu acho que fico mais serena porque tive boa educação artística em minha
escola de bailado, ter boa instrução, além de saber dançar, dá mais
segurança. O professor tem que passar segurança, ser equilibrado e ficar por
cima de muitas coisas. Prestar ouvido surdo a negatividades, saber resolver
seus problemas na medida do possível sem depender de ninguém.
-Falta mais sentido de cidadania entre nós, é mais costume reclamar de
tudo, as instituições, as autoridades, o estado sempre levam a culpa e
ninguém pensa que entre todos eles também há gente que trabalha com
honestidade pelo bem comum. Os cidadãos devem fazer mais as suas partes,
isso facilitaria muito a vida de todos. Não sejamos tão difíceis na convivência,
a simpatia e a colaboração resolvem muitas coisas.
-Mas há os que nunca tiveram nada a ver com a arte e recebem um cargo
para dirigir artistas, ali certas pessoas acham que os artistas são folgados,
que há muitas faxineiras que trabalham mais e recebem menos. É verdade,
mas a faxineira faz o seu trabalho rotineiro sem precisar criar nem se
exercitar.
-Os esportistas também são diferentes dos artistas, não é só a técnica que
resolve a criação artística, a arte exige uma dedicação de corpo e alma de
onde deve sair atos mágicos.
-Quando alguém de quem nem se espera se manifesta como inimigo raivoso,
pare e pense, pode ser que essa pessoa tenha por costume ser assim
desagradável e encrenqueira, por complexo de inferioridade, por sentir se
descontente consigo mesmo, por querer medir força, por sentir se ofendida.
-Se a culpa é sua, lhe serva de experiência para que no futuro seja mais
suave no trato. Se a culpa não é sua e se sente injustiçado, não se ofenda.
Pense o quão importante você é para essa pessoa viver de olho em você.
Não provoque inveja e se há inveja; ignore, tome como admiração, ao final a
inveja é a falta de capacidade de fazer igual. Se não desiste de lhe perseguir;
afaste se.
-Há duas maneiras de desarmar a pessoas agressivas: com amabilidade e
generosidade que reconcilia ou com indiferença.
-Todos somos bons e também todos somos irritantes, procure ser mais
virtuoso e amável. Abra a sua mente e veja que é o seu brilho que está
molestando a alguém.
-A mídia e as más línguas são implacáveis com pessoas que possuem um
brilho interior, mesmo estas procurando passar desapercebidas.
-Os invejosos consolam se dizendo: não é tudo isso não! Ou então falam
como se soubessem da vida de alguém mais do que esse alguém sabe sobre
si mesmo, e ficam querendo aparecer com críticas como os sabe-tudo.
-O filósofo Nietzsche dizia: Vão te odiar, nunca te perdoarão o teu
atrevimento de ter voado mais alto do que eles e virado: luz.
-O melhor mesmo é brilhar menos.
-Vida mística é ter contato direto, sem cerimônias com os mistérios.
Vida espiritual é ser mais alma do que corpo levando uma vida contemplativa
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que concede sabedoria e quem é sábio opta pelo silêncio.
-O pior inimigo do homem depois do vírus, é o próprio homem.
-É o bicho mais predador até da sua própria espécie.
-A natureza sem o homem se recuperaria com mais rapidez, já o homem
sem a natureza viraria como nos filmes de ficção: um robô metálico frio num
ambiente desolador.
-A maioria não sabe impor sua existência sem viver brigando e destruindo,
faz campeonato disso, uma foto do lado da árvore que derrubou, brinda após
uma matança esportiva. O ser humano querendo tanto ser independente,
auto-suficiente e progressista; perdeu o paraíso e desde então vive
procurando seu lugar debaixo do sol. Bom mesmo é descansar na sombra, o
sol pode ser de todos, mas a sombra é de poucos.
-Nem no silêncio vale a pena se intrometer na vida dos outros porque isso
não conduz a nada e espalha um mal astral. Importem se em fazer o bem
que isso atrai as graças.
-Admirar não quer dizer invejar, não existe inveja boa porque a inveja é um
sentimento baixo, destrutivo. A maioria é escassa em elogios, mas rápida em
pré-julgamentos. Certa vez eu estava admirando a beleza e simpatia da
modelo Cicarelli quando alguém me diz: é tão linda que dá até raiva!
-Porquê não admirar e idolatrar tantas coisas boas na vida? Admirar o
médico, o gari, o pintor, o ator, mesmo que eu não tenha as qualidades que
eles tem. Admirar as mansões dos bem sucedidos mesmo que eu não tenha
igual.
-Já imaginou se tudo mundo fosse pobre? Seria muito triste ver isso. Já
imaginou se todos fossem como você? É muito bom que outros nos
complementem com suas qualidades, cada um de nós temos o nosso valor.
-Todos somos iguais e também cada um é único e isso é lindo.
-Morbidez.
-Há os que possuem algo de mórbido, algum prazer exorbitante, repugnante
e até cruel. Os psicólogos debatem a morbidez como o estupro, o desejo de
destruir, de matar, de judiar.
-Dizem me: você parece tão sensual e ao mesmo tempo tão certinha. Qual é
o seu lado mórbido?
-Não sei muito bem o que é ser mórbido. Será que isto é algo mórbido? Eu
sento uma queda, um calorzinho, quando vejo um homem peludo nas mãos,
nos braços, no peito. Também gosto de mulher levemente aveludada. Não
gosto de pernas raspadas a não ser na região pélvica e debaixo dos braços.
-Tudo isso gosto, não me excita; entenda se bem, eu pareço sexi, mas não
sou.
-Não vale a pena ser uma pessoa polêmica, como diz a cantante Roberta
Miranda: olhe a vida como é linda, arranje um pouco de paz para o seu
coração.
-Ou como diz o Mestre Buda: não veja, não ouça, não fale, não pense, não
senta, não faça maldade.
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-A liberdade é o bem mais precioso, mas perde sentido se ela não vem
acompanhada de paz, amor, saúde, bem estar.
-A falta de sucesso na vida gera um ser descontente e até viciado.
-É o que um amigo meu diz: pessoa neurótica, esquizofrênica, psicótica,
maníaca, depressiva.
-Todos somos iguais e todos somos diferentes, isso nos comprovam as
palmas das mãos que decifram a personalidade de cada um.
-O ódio, a raiva, são conseqüências de um desejo insatisfeito.
-Tentar corrigir muitas vezes piora a situação. Mantenha a calma e procure
ajudar dando a essa pessoa oportunidade de crescer.
-Uma vez contente, ficará tranqüila porque as pessoas felizes são de paz e
amizade.
-A serenidade é fruto da confiança em si mesmo.
-Agradeça a Deus com meiga entrega, agradeça por todos e a todos os que
colaboram para que as graças aconteçam.
-Não fique se queixando tanto, o que tenha a pedir seja para si e para todos,
logo esqueça o pedido e simplesmente confie que tudo acontece na hora
certa.
-Não perca tempo com pessoas que maquinam maldade e querem impor
uma força que não possuem. Deixe lhes falando sozinhas.
-Desde menina queria ser perfeita e primeira em tudo, hoje sei que isso leva
a sofrimento. Eu queria logo crescer e realizar sonhos, cedo já trazei o meu
destino de viver viajando, filosofando, dançando.
-Destaquei me pela minha inteligência, disciplina, criatividade, compaixão,
generosidade, desejo de liderança, amor pelos animais e pelas plantas,
destaquei me pelo meu jeito místico que me valera o apelido de espírito, e
exótico usando os cabelos soltos, rebeldes e com flores, usando cangas e
roupas indianas que tem tudo a ver comigo. As freiras me diziam: não seja
tão extravagante. Amo as flores, não arranco flores para não ofender as
plantas, colibris e borboletas. Uso flores de pano.
-Meus professores, colegas e alunos também eram de destaque, sempre tive
a sorte de estar entre pessoas especiais. Conhecia filósofos, bailarinos e
músicos por acaso e espontaneamente nascia uma linda amizade, assim
quando assisti a um concerto de piano e ali conheci a um gênio musical;
Martha Argerich, uma linda argentina, um amor de pessoa.
-No conservatório de música e na faculdade não vivi as dificuldades das
escolas de dança, os músicos e os universitários possuem outra mentalidade.
-A dança traz alegrias e quebranto, a filosofia e a música me trouxeram
somente alegria.
-Praticar cultura é uma coisa e desenvolver talentos outra.
-Falta mais ética e estética profissional e falta mais silêncio para o ego gerar
76
arte.
-O artista é um individuo com princípios próprios e para produzir não precisa
ser um adaptado social.
-O artista desde o fundo produz amor sem fazer muitas perguntas nem
mesmo a si próprio.
-O artista tem a imperiosa necessidade de criar, do contrário ele sufoca como
um pássaro que vive engaiolado e vive na paranóia desesperadamente.
-Os medíocres no poder são os mais perigosos inimigos dos artistas e dos
anjos.
-Ponto culminante.
-Onde há música e canto acontece um ponto culminante com a dança porque
a música e o canto mexem com o ritmo interior.
-A dança é a encarnação da música.
-O teatro, a poesia e toda expressão artística mobilizam o ritmo interior.
-Todo ato de amor pela beleza merece respeito.
-As pessoas se lavam as mãos e se trocam de roupa para ir à mesa porque a
comida é uma festa por amor à vida.
-A mulher veste uma linda camisola e o homem escova os dentes para ir a
cama porque o aposento é um ninho de amor e o amor é sagrado.
-O ato de dormir é um ritual de encontro consigo mesmo e com o invisível
recebendo as graças da saúde e da beleza.
-Todo o que se faz, comprar, trabalhar, descansar, sorrir, chorar, cantar; são
atos de amor pela vida e a vida vem de Deus.
-Todo ato negativo como ferir, matar, odiar é só falta de amor; isto nos diz o
poeta nicaragüense Ernesto Cardenal no seu Livro do amor.
-O Bhagavad Gitã traduz a Deus: todos os rituais de exaltação aos deuses
estão dirigidas indiretamente a mim porque eu sou a raiz de todo acontecer,
eu sou a ação de toda ação, eu concedo o poder, a vitória e o fracasso.
-Deus concede o poder da cura às plantas, aos animais, às pedras, aos
minerais, aos homens. Cada existência visível ou não tem um dom divino,
uma missão. Todos somos deuses. Deus age através de suas criaturas.
-A magia da dança transforma a imaginação e o sentir em realidade.
-O idioma dos Anjos. A música leva à meditação e ao conhecimento. Sem
precisar de palavras une os corações e vive a Deus. Disso nos fala Pitágoras,
os árabes e os indianos. -Os místicos árabes combinam a respiração
profunda com giros consecutivos para sentir a catarsi ou êxtase de Deus, os
gregos e todas as tribos do mundo dançam sentindo a música para sentir a
Deus. Na Índia os Mantras (mente livre) não são as palavras e sim as
vibrações que conduzem a estágios mais elevados de consciência (Alfa) ate
sentir a união cósmica.
- A primeira experiência humana é o som e o movimento dentro do seio
materno e isto possibilita a comunicação.
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-O silêncio nos descobre a música em todo nos falando e a música em nosso
interior que nos leva a uma profunda compreensão das coisas, a uma paz
inefável de abraço universal.
-A pedagogia é uma receita para a educação.
A sociologia é uma receita para o relacionamento.
O esporte é uma receita para a disposição.
A arte é uma receita para a beleza.
A matemática é uma receita para a harmonia.
A ciência é uma receita para o conhecimento.
A filosofia é uma receita para a vida.
A religião é uma receita para o sentido.
-O meu primeiro discurso às minhas alunas de dança.
-Na dança, como em qualquer outro aprendizado, é fundamental a
pontualidade, a disciplina, a dedicação. As aulas de dança culminam em
festa, e festa não é fazer bagunça, extrapolar, delirar. A festa é uma
celebração com beleza, brilho e harmonia. O produto das aulas será
conseguir mostrar talento e criatividade.
-Quero que as pessoas vejam uma mudança em vocês: fiquem mais
atrativas, elegantes, simpáticas, sorridentes, perfumadas. Os exercícios de
ballet lhes darão melhor figura, mais saúde, uma expressão diferente, mais
íntima. Com a dança vocês conhecerão as possibilidades do corpo e aflorarão
emoções e novos sentimentos.
-Sejam educadas respeitando a todos, eduquem o seu corpo para não estar
sentindo vontade de ir ao banheiro ou de comer fora de hora, deixem o
banheiro limpo.
-Não joguem nunca lixo fora da lixeira, nem um papelzinho, nenhuma casca
de amendoim, é uma falta de respeito à nossa mãe terra, é uma humilhação
para o faxineiro nem que ganhe dinheiro por isso. Na lanchonete levem os
seus copos da mesa para a cantina, tenham sempre um espírito de
colaboração.
-Tenham sempre uma sacola para lixo e se não houver lixeira onde estão;
coloquem a sacola nas suas mochilas e levem para casa. Não é de bom tom
comer no ônibus ou na rua.
-Não consumam nada em demasia, escolha produtos naturais, acostumem se
a comer carne e leite de soja, ração humana, saladas, não gostam de
saladas? Experimentem com maçã ou com banana ou com passas de uva e
jogurte.
-A melhor bebida após a água é o suco de frutas, o Brasil possui tantas frutas
saborosas. Evitem refrigerantes e nunca consumam drogas, não se viciem
em nada que o vício não liberta e sim aprisiona, escraviza.
-Antes de comer ou comendo; agradeçam a Deus e a todas as pessoas que
possibilitaram os alimentos como os pais, o agricultor, o caminhoneiro.
-Agradeçam à árvore pelas frutas colhidas, falem com as plantas. Falem com
os seus cachorros que eles entendem a vibração das palavras, eles nos
entendem mais do que nós entendemos a eles, eles dão carinho e confiança,
78
eles cuidam da casa. As plantas e os animais também são nossa família.
-Não admitam animais em cativeiro, isso é crime contra Deus e a natureza.
Deus os fez livres lhes dando o lindo céu por teto e por casa as florestas. Os
pássaros das gaiolas cantam de tristeza, vivem resignados e se buscam a
companhia humana, saibam que não será a mesma coisa que a companhia
de um ser da sua própria espécie. Vocês têm que dar a um cachorro a
companhia de outro cachorro, vocês também não querem brincar sempre só
com cachorros e sim também com outras crianças, sejam mais sensíveis para
serem pessoas melhores.
-Alimentem os pássaros em suas casas e em curto tempo eles se juntarão
em bando alegrando seus pátios e suas janelas e vocês sentirão a alegria que
dá ver pássaros em liberdade. Alguém diz que se a borboleta cantasse já
estaria na gaiola.
-Não me presenteiem com flores, não arranquem as flores que são a
expressão anímica das plantas. Uma flor é mais do que um órgão sexual da
planta como se aprende na botânica, é o sorriso, a cara lavada da planta. A
flor dá vida aos colibris e às borboletas e vive-versa. Melhor me darem um
presente no final de ano e no palco porque é gostosa a manifestação de
carinho em público, eu me sento privilegiada com isso como vocês se sentem
felizes da vida quando lhes fazem uma festa de aniversário diante de todos.
Os pais também merecem uma mostra de afeto no final de ano. Não precisa
ser um presente caro, eu, por exemplo, gosto de cartinhas de amor, de
poemas e desenhos de galinhas e de outros bichinhos.
-Cultuem o silêncio e adquirirão sabedoria. O silêncio é a voz de Deus em
nossos ouvidos. Falem claro e escolham poucas e boas palavras.
-Sejam discretas, não façam muitas perguntas, não sejam tão curiosas sobre
a vida dos outros e afastem se de pessoas entremetidas.
-Se vai viver se importando com o que outros falam sobre vocês; vão viver
sofrendo sempre. Vivam cada dia com alegria.
-A arte da medicina revelada pelos médicos ayurvédicos há milênios, falam
que não é preciso do homem para a mulher conceber, precisa só de uma
energia especial. Os Iogues explicam a energia universal contida em cada
existência.
-Ioeb descobriu a Patogênese onde explica que um agente físico-químico
pode substituir o órgão masculino e por isso a fêmea basta para a
reprodução.
-A natureza não está para ser dominada e sim descoberta, pois ela é a dona
de todos os segredos que busca a arte, a ciência e a religião.
Raymond
Becker.
-A função, a maravilha da arte é ter o dom de tocar às pessoas.
Ter por missão, por ideal descobrir e formar valores.
Aflorar a espiritualidade através da dança.
A dança como filosofia, a escola como veículo, os alunos como potencial.
Ballet Paula Castro de São Paulo.
-Eles falam da minha realização na arte, acerco me a ela com muito esforço.
Continuo tendo íntimo contato com a natureza por ela ser base da criação
artística, a beleza vêm dessa realidade, da arte primeira, da arte de Deus.
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Fragmento da carta de Cézanne a Louis Aurenche.
-E de novo ondeia em mim o profundo da minha vida!
Com toda força se encaminhando para outras praias.
Cada vez mais conhecidas me parecem as coisas e todo quanto vejo torna se
mais íntimo. E às coisas sem nome, sem importância para o mundo, sento
me compreensivo e estranhamente ligado.
Do Livro de Liras de Reiner
Rilke.
-No romance, na poesia, na pintura, o cérebro parece perfeitamente capaz
de trabalhar sobre um material que qualquer computador rejeitaria.
Norbert Wiener.
-A união do amor divino se expressa através da música, da dança e da
poesia.
Pronto a aceitar qualquer sacrifício pela sua visão, o místico se considera o
ser mais livre e mais apto para transformar o mundo.
Ibn Arabi: O
Sofismo.
-Louvado seja Deus, fonte de vida, com pandeiro e dança.
Davi.
Rei
-A alegria atemporal dos amantes; respirar um presente perfeito.
Cantar no coro das esferas, dançar na ciranda do mundo.
Rir com o eterno riso de Deus, sublimar todo acontecer como o artista.
Ter o brilho e ser brilho eterno.
Hermann Hesse.
-A bailarina como frágil lamparina, como pequeno colar, faz sua casa do ar,
sua estrada de água polvilhada.
Entre uma estrela e outra a bailarina descansa, ali onde os humanos não
podem ir, só os loucos e os que sabem que com um desejo se constrói um
planeta.
Roseana Murray.
-Noé dançou após o dilúvio diante da arca expressando assim a sua alegria
de viver e ter salvado outras vidas.
A Bíblia.
-O arquiteto do mundo fez todo em forma geométrica e movimentada pela
harmoniosa dança dos números.
Pitágoras.
-Dançando eu sei dizer os símbolos das coisas mais sublimes.
Zaratustra.
-Todos os índios devem amar o céu e a terra dançando sem parar.
A primavera virá com o Grande Espírito. Voltarão os animais e os índios a
viver um novo tempo.
Wovoka, o Messias dos índios Painté.
-Dançar sendo uma mensagem de carne radiosa, comunicação com o céu e a
terra de onde o ritmo divino procede. Meu corpo afinou se no esforço
contínuo de ser minha alma através da dança. Quando danço toda beleza me
pertence, por isso vivo a dançar. A dança nos liberta de todas as
mesquinharias, nos transporta à natureza, à infância, à primavera do mundo.
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-De frente ao espelho animada pelos exercícios, sentia que os meus olhos
bebiam da minha imagem um elixir de energia vencedora de todas as
provações.
-Que dancem todos os brasileiros e todos os povos do mundo. Só com essa
alegria de viver poderão os povos trabalhar pela paz mundial.
-Através da dança conhecemos a cultura dos povos e o produto das
civilizações.
-Todo na criação dança, há dança na flor que desabrocha, no balanço das
árvores, nas ondas do mar, nos astros, no firmamento, nas nuvens, no
vento, dança a idéia na imaginação e dança o coração no peito.
Eros
Volúsia.
-Amo esta definição da maravilhosa Isadora Duncan: A dança é um
movimento de elevação da alma com a cabeça para trás e os joelhos
dobrados para frente.
-Todo o que é belo morre no homem, mas não na arte.
Leonardo da Vinci.
-O trabalho artístico superior procede de um princípio espiritual oculto.
Thomas Merton.
-É da natureza do ser humano mudar sempre.
Maurice Béjart.
-O caminho do triunfo é a persistência passando por cima das humilhações e
inveja.
-Não existe fim do mundo. Do caos há de nascer sempre novas estrelas.
-A bailarina é metade boxeador e metade freira.
Charles Chaplin.
-Eu acredito somente num Deus que soubesse dançar.
-Um anseio de amor insaciável há em mim. Quero erguer a voz, a própria
linguagem do amor.
-Ô! Como não estaria ansioso pela Eternidade, ansioso pelo elo dos elos. O
elo do futuro e do retorno. Jamais! Encontrei a mulher da qual desejaria ter
filhos à não ser esta mulher a quem amo, pois eu te amo ô Eternidade!
Poema dos Sete Selos ou do Canto Alfa Omega de Friedrich Nietzsche.
-Dentro de mim mora um anjo que me sufoca de amor.
Do livro: Beijo na Boca de Carcase.
-Dançar além dos passos e a seqüência conhecida. Simplesmente dançar
esquecendo tudo, girando como o místico Rumi por trinta e seis horas. Ele
criou: Os Dervixes gigantes e: Os Sufis.
Bhagwan.
-É por meio da arte que a dor se transforma em luz e se acha o divino.
Eloíza Seixas.
-O quê aconteceria se em vez de construir nossas vidas nos entregássemos à
loucura de dançar?
Roger Garandy.
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-Não tenha medo de ser chamado de louco, o seu comportamento fora do
normal pode lhe abrir as portas para uma grande aventura espiritual.
Paulo Coelho.
-A música é a manifestação mais convincente do que toda sabedoria.
Beethoven.
-As pessoas pequenas gostam de ver nas grandes aquilo que possa lhes
deixar também pequenas.
Hermann Hesse.
-Em lugar nenhum encontra se um mundo como dentro de nós.
-Em todas as dores aprendi que o fim é saber que o céu é eterno quanto a
terra, que todo amor sobrevive e que o amor a Deus faz esquecer todo e faz
lhe procurar sempre.
Erich
Heller.
-Somos pedras brutas lapidadas por Deus. Devemos amar também a pedra
bruta.
Jim Morrison.
-Não basta a educação para garantir uma conduta não desviada.
-A cultura ajuda a compreender mais a vida, mas também não garante a
moral. A religião não basta porque fanatiza negando a ver outras verdades e
o mundo inteiro está repleto de verdades maravilhosas.
-O que mais deve ser ensinado nas famílias, nas escolas e em todas as
instituições, a matéria prima deve ser sobre o amor, antes de falar de moral,
de sociologia ou de filosofia; falar de amor.
-Quem aprende a amar todas as coisas sem medida, sem medo, sem
vergonha, sem preconceito, sem pensar no que é superior ou inferior, sem
pensar quem merece mais amor ou não, amar tudo sem medida, falar com
cada grão de areia, de rocio, com cada trovão, com o sol, com as estrelas,
com todos os extraterrestres, com o recôndito da terra e com a imensidão do
espaço sideral, encontrar se a si mesmo em cada próximo e até com o
desconhecido que se intui; isso leva à santidade. A alma santa tem
compaixão, ativa sua vida para a doação, é feliz e otimista dando amor.
-O amor realizado em todas as criaturas concede maturidade, paz, saúde,
equilíbrio. É amando com liberdade, sem barreiras, valorizando tudo; é assim
amando que se ama como Deus ama e essa reciprocidade nunca será em
vão.
-Nunca deixe de amar, cantar, dançar, ser feliz, descansar, dormir, sonhar,
viajar, nadar, mergulhar, voar: tudo isso é divino.
-Existe algo mais divino do que voar?
Regras de um caminhante para ter uma personalidade definida.
1º. Seja uma pessoa de ética e estética, de civismo e ecumenismo.
2º. Cumpra o seu trabalho com disciplina e distinção.
3º. Não se meta no trabalho nem na vida dos outros.
4º. Seja amável com todos e ajude sempre que puder.
5º. Não julgue a ninguém e fique na sua.
6º. Não dê ouvido ao mundo que sempre luta em contra.
7º. Veja beleza e bondade nas grandes e pequenas coisas para ser feliz.
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8º. As contrariedades são lições de vida que se voltam em bem e ajudam a
crescer espiritualmente.
9º. Todos temos um lado amoroso e outro lado ruim, somos todos irmãos e
os irmãos se toleram.
10º. Não minta, não maquine maldade, não sega a corrente. Sega o seu
íntimo, seja parecido com você mesmo. Isto é ser original, ser autêntico.
12º. Ame com paixão céu e terra e dedique todo a Deus.
-O meu mau humor.
-Nunca fui muito engraçada nem agitada, mas na minha mansidão sou alegre
e bem humorada. Tenho meus momentos de mau humor e dou aviso prévio
ao meu marido dizendo que me agüente assim como eu agüento quando ele
volta mal humorado do trabalho e não me responde ao falar. Aviso também
aos meus alunos dizendo que na hora que precede às apresentações não me
venham com perguntas e inseguranças porque não vou responder. Assim
elas ficavam silenciosas e atentas consigo.
-Falei que assim como em suas casas recebem bronca de vez em quando e
não por isso tomam a mochila e vão saindo logo de casa, assim também não
devem ir saindo já logo das aulas por algum desentendimento, que somos
uma família.
-Houve vez em que me exaltei e diz: me deixe em paz! E outra vez falei: si
voltam a sumir do grupo não voltem mais a me ver. Esses momentos me
deixaram totalmente consumida e ficava chorando sozinha a noite inteira.
-Sou muito sensível e costumo resolver os problemas com carinho. As
minhas alunas também sabem me apaziguar com carinho.
-O que é um artista: é uma palavra mágica que faz sonhar a muitos.
-O artista é um ser diferente e tem que haver o direito de ser diferente.
-Um artista é na sua área um técnico, imitador, criador, doutor, talento,
gênio.
-Um artista se faz por amor e não pela fama.
-Um artista é um religioso cultuando a beleza.
-Um artista é um místico cultuando a Deus.
-Um artista vive semeando alegria, paz e irmandade expandindo a sua alma
até o infinito. Quer ser artista? Então se inspire profundamente estampando
a sua personalidade na sua obra e não ande no meio dos que presumem ser
artista buscando prestígio e semeando discórdia entre os autênticos.
-Acreditamos que o Grande Artista do universo criou pela necessidade
imperiosa de curtir a sua capacidade impregnando em todo a sua energia
plena de amor e beleza.
-A origem da música está no som da natureza.
O som ecoa no nosso profundo.
O ritmo da chuva se repete no pandeiro.
O fluir da água clara se distingue na harpa.
Na voz dos pássaros a melodia da flauta.
A quena expressa a voz da terra e o lamento índio.
O som do vento e do abismo nos instrumentos de sopro.
No silêncio da noite ecoa o som do universo.
Com a música da paz nos envolve a montanha.
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O homem forma a música de improviso,
Por repetição, associação, inspiração.
A natureza fala esse idioma universal.
O homem capta o som e ritmo
E o encanto se converte em canto.
-A chance de um artista do terceiro mundo chegar a ter fama internacional é
sempre menor. Na Amazônia existem muitos artistas talentosos que dão dez
a um em artistas do primeiro mundo. Chegou um cantante internacional
entre os índios e compus uma canção que ganhou o Oscar por falar da
Amazônia. Na atualidade então onde a inspiração romântica escasseia nas
cidades famosas, está no auge apresentar uma obra de arte inspirado na
cultura dos povos dos trópicos ou então voltar à nostalgia do sinistro tempo
medieval ou se inspirar num futuro cinzento e desolado onde o único que
comove são as luzes do céu e os anjos do apocalipse.
-A arte teve sua origem no mundo mítico e místico.
O ritmo e o coral originaram a música.
A dança nasceu no ritual para atrair ou afugentar as forças da natureza.
A poesia nasceu da exaltação aos deuses.
A escultura com as máscaras e os símbolos.
A pintura com a prática da medicina mágica.
A alquimia, a astrologia, a numerologia, a arquitetura, a matemática, a
culinária e todas as ciências naturais, foram no início inspirações que
nasceram do desejo de contato entre o mundo visível e invisível para atrair
as graças e gradativamente a curiosidade e os experimentos poliram o
conhecimento.
Todas as artes nasceram por amor à criação e no conceito primitivo o
metafísico não está separado do físico.
O mundo civilizado sempre inspirou se na natureza e por mais refinada que a
arte clássica seja, nunca no conceito do artista superou a natureza.
-O maior espetáculo do mundo é o circo. Foi o primeiro espetáculo
envolvendo toda forma de arte e habilidade que se conhece e sempre
encantando, transportando ao público a um mundo de fantasia.
Hoje em dia o circo infiltrou se em quase todos os espetáculos conhecidos.
O nosso tempo exige mais do que nunca a habilidade de ultrapassar os
limites.
O mal está em usar os animais nos espetáculos, por melhor que o trato seja
com os cavalos, com os cachorros, por exemplo, nada substitui a alegria de
ver os animais em liberdade. Basta dos homens ter que trilhar a vida
estudando tantos ensinamentos. Deixem os animais em paz, eles possuem
seus encantos sem precisar das dificuldades que só os homens tanto amam.
-O alicerce do ballet clássico é o Baby Class; difícil de formar, mas sempre
menos do que o acabamento perfeito que o bale avançado exige.
-Era uma vez um ermitão que, às vezes descia da montanha para pedir algo
de comer e um dia alguém deu lhe uma moeda e não um pão que o fez ficar
muito doente. Eu também sento que o dinheiro é nocivo, fico doente quando
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tenho que ir ao banco, também me adoece o contato com o astral de certas
pessoas, Outra coisa que me faz mal é a burocracia, detesto papelada que ao
invés de facilitar complica a vida, reuniões com autoridades também me
amedrontam e festas com gente fútil me afugentam. Se tenho que marcar
presença; tomo litros de chá antes de ir e quando volto para casa tomo
banho me raspando a pele com pedra pomas. Para manter me equilibrada eu
preciso de muita solidão e pouco contato social.
-Há bale mais bonito com adágio, allegro e stacatto ou dança nativa melhor
do que a dança das garças dos pântanos do Japão e da Indonésia? Dançam
todos esticados um frente ao outro, arredondam as cabeças, balançam os
pescoços, desenham vários anéis nas águas e andam flutuantes. Já citei
também os cisnes e patos, a araponga em círculos consecutivos, a reverência
dos pombos, o giro do galo ao redor da sua dama, os balanços dos canários
com giro final, o pulo intercalado e esguio como na dança africana, a ave do
paraíso com a troca de plumagem e a limpeza do terreiro para logo dançar
um solo esticando uma saia preta e o grupo acompanha nas árvores com
várias posições de assas, acaba com picotadas no rosto da fêmea: são
beijos. Copilo movimentos dos pássaros, dos peixes, das folhas, das flores,
das cobras e outros bichos.
-A missão humana é a beleza, ela nos inspira, por ela criamos, por ela
sofremos, por ela aspiramos à eternidade.
-O artista bem sucedido costuma viver duas realidades sociais; por um lado é
idolatrado e por outro lado é detestado. Muitos artistas sentem se sozinhos,
incompreendidos na multidão e afogam suas incertezas no vício. Os que
possuem forte auto-estima sabem ficar por cima das dificuldades.
-Não digam que o Brasil não valoriza seus artistas porque o público brasileiro
é caloroso. Isto sim; O Brasil investe pouco em cultura e sem cultura a
educação não se desenvolve e disso muitos brasileiros são culpados.
Culpados são aqueles que qualquer investimento em cultura, lazer e turismo;
rejeitam porque acreditam que esse dinheiro do povo deve ser investido na
construção de casas populares, de hospitais e escolas. Pode se fazer isso, e
depois; como vão se sustentar? Se um cidadão compra um terreno e derruba
árvores para plantar feijão e milho, como vai sustentar a terra depois? O
terreno ficará empobrecido por falta de água, de bom ar e de terra fértil. Ter
só para comer é básico, mas não leva adiante na vida.
- Há políticos que gostam de dizer que o ser humano está em primeiro lugar,
que os animais e as plantas são problemas secundários. Só quem ama seus
animais e a natureza possui consciência de que os animais e as plantas são
como nós: seres vivos com as mesmas necessidades básicas. Entendem que
ninguém debaixo deste céu é mais do que ninguém. Se há alguém não
necessário para a sustentabilidade do planeta; é a humanidade, a natureza
sem a presença humana se recupera e sustenta melhor.
-O Homo Sapiens usa e abusa dos animais e das plantas como se fossem
escravos a servir aos humanos, estes são escassos em pensamento, em
raciocínio, em consciência. Guiam se mais pelos seus instintos canibais e
predadores e até acham que o Criador aprova isso porque o homem é o deus
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da terra. Não só o homem é deus, todas as criaturas visíveis e invisíveis são
deuses, ser deus não quer dizer ser todo-poderoso e sim cumprir a missão
divina posta em nós. A força de Deus se manifesta através de todos, o ser
humano usa muito pouco seus poderes ou talentos para o bem.
-A humanidade diverte se com a cultura e todo tipo de lazer até com o ilícito
sem raciocinar, sem usar a cabeça e o coração. Depois quando escasseia o
entretenimento; ali faz show até da vulgaridade, ignora a arte e combate aos
que mais valem. O homem quer ser feliz e não tem vocação para isso.
-Em todo lugar o artista local é menos valorizado. Desde os inícios foi difícil
convencer aos homens do valor dos outros.
-Na história da arte sofreram muitos grandes artistas como Vaslav Nijinski,
Stravinsky, Pizarro, Picasso, Monet, Manet; viveram vaias, desprezo,
abandono de espetáculo, insultos, críticas impiedosas e os jornalistas e
críticos de arte que em maioria são mais fofoqueiros e desrespeitosos;
acham-se nesse direito. Na cara de pessoas esforçadas procuram defeitos e
se não acham inventam e falam como donos da verdade e merecedores de
aplausos porque falar mal lhes é sinônimo de saber e falar bem lhes é
sinônimo de ignorância e fraqueza.
-O músico e compositor Amadeus Mozart estando doente à beira da morte,
recebeu a notícia do triunfo de um dos seus trabalhos, mas ele já não estava
mais em contato com a realidade. Morreu e o envolveram numa sacola e seu
único cortejo foi o seu cachorro até a tumba. Hoje a sua cidade natal
Salzburg na Áustria, é ponto de encontro dos grandes músicos.
-Há povos que souberam reconhecer e levantar muitos artistas do anonimato
como a Itália. O povo brasileiro também levanta do anonimato a muitos, mas
a mídia persegue em primeiro lugar o dinheiro e o prestígio.
-A maioria gosta de dificuldades, sofrimento e crueldade para si e para
outros, diverte se assim, vive falando que a vida é cruz e desgraça, dedica se
a fazer sofrer e odeia a pessoas bem sucedidas. É uma minoria que usa o
coração e a cabeça e essa minoria é a que faz a humanidade valer a pena.
-Existe chorinho mais charmoso do que Desafinado? Parecido com o
Brasileirinho, porém sai de mais fundo.
-Numa discussão de pedagogos é costume falar de alunos, mas ouvi ao
educador francês Baumann falar da condição do professor e entre outras
coisas dizia: Nada mais humilhante para um professor do que cortar as asas
do seu projeto, não ouvir a sua proposta, lhe negar a oportunidade de
realizar o seu desejo porque as instituições que empregam impõem regras
que os favorecem e se o professor tem algo a dizer o fazem esperar ou lhes
dá a parecer que está incomodando e quanto mais se sobressai mais o
ignoram e sentem se até ofendidos como os invejosos que não suportam ver
qualidades.
-Há professores que então acabam se submetendo à mediocridade, os
bajuladores se acham queridos, mas são usados.
-A individualidade que gera originalidade é a que muda o pensamento e um
aluno nunca esquece de um professor que o impulsionou para pensar
diferente, mesmo que o professor se exalte perante tanta falta de
autenticidade em nosso tempo. A capacidade interna de um professor, a sua
riqueza anímica não conta. Um bom professor passa o que aprendeu, é
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autodidata, quer descobrir novas formas de aprendizado e incentiva a
criatividade e a auto-estima, em soma se preocupa em formar a
personalidade do aluno para ser uma pessoa de bem e não somente para
obter boas notas.
-Terminou dizendo: é uma pena esse calvário, é impossível aceitar isso em
silêncio, é asfixiante e revoltante.
-Milagres.
-Pelo geral as coisas boas em nossas vidas são resultado de muito sacrifício e
dedicação e de ter havido pessoas que ajudaram, que incentivaram.
-As pessoas que ajudaram e ficaram para trás costumam ser esquecidas
porque a maioria se envaidece com o conseguido como se fosse somente
mérito pessoal.
-Também as maravilhas do dia a dia tendem a ser quase nunca comentado
por ser rotineiro como a alvorada, o plenilúnio, a presença da família, de uma
ave cantando sua liberdade sobre uma árvore.
-Milagres são acontecimentos incomuns e que carecem de explicação lógica.
Milagre em minha vida foi quando a minha mãe uma vez deu me um cheque
para depositar no banco e pelo caminho eu perdi o cheque que levava dentro
de um caderno, quando me dei conta disso fiquei apavorada e sem
esperança olhei pelo caminho que já tinha sido barrido pelo gari, sem saber
porquê abri a tampa da lixeira e não é que o cheque estava encima bem
esticado para eu ver? Isso eu nunca contei a minha mãe. Outra vez tínhamos
que pagar uma multa altíssima à polícia federal por ter passado o tempo
permitido de permanência no país. Sem ter onde arranjar dinheiro no prazo
de dois dias, meu marido e eu estávamos em casa sem saber o quê fazer
quando de repente, assim do nada, aparece alguém nos perguntando se
queríamos vender um terreno e isso foi outro milagre.
-Milagre é ver que eu uma ínfima criatura no universo, estou olhando no
telescópio nitidamente o tão distante planeta Saturno com seus maravilhosos
anéis, incrível, fiquei toda arrepiada.
-Milagre é ter amigos que coincidem comigo em signo zodiacal e números.
-Milagre é achar uma ajuda num momento de desespero.
-Milagre é o privilégio de ter a amizade de pessoas importantes para nós.
-A vida está cheia de maravilhas e milagres, o mundo desde a mais remota
antiguidade tem inúmeros relatos de curas milagrosas, de ressurreições, de
visões, de contato com o invisível ou com seres estranhos em todo lugar do
planeta e até na estratosfera. Sejamos mais jornalistas do bem do que de
notícias negativas a diário que deprimem e estressam. Há mais bem do que
mal no mundo, acreditem.
-Houve alguém que queria muito fosse nosso amigo e ele sempre adiava a
visita até que um dia veio com o seu parceiro que desde o início estava se
sentindo incômodo. Os dois falavam baixinho nos achando esquisitos. Um dia
eu fiquei sabendo a opinião deles sobre nós falando como se nos
conhecessem muito bem e soubessem da minha pessoa mais do que eu sei
sobre mim. Conclusão: eram pessoas que achavam que conhecer a outros é
ouvir especialistas em fofocas. Tinham me pedido para procurar por um
professor de bale clássico e eu recomendei a esse bailarino por lhe achar
inteligente, fino e educado, mas fiquei surpresa quando levantou a voz a um
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bailarino paulista na beira do palco: eu vou te processar! –dizia-. As pessoas
polêmicas gostam de ameaçar assim. Houve mães me contando que ele falou
que eu ia apresentar cena de estupro e cena de beijo no palco. Isso eu não
esperava de ninguém, porque as minhas coreografias foram sempre o meu
forte e por mais selvagem que sejam minhas danças, sempre exprimi nelas
toda a alma romântica da natureza. Certos passos e figuras parecem
estranhos, mas nunca deixei na rudeza, meu lema é: coração e beleza.
Animais, instrumentos cortantes abomino na dança, quanto mais o estupro, e
o beijo na dança eu prefiro seja insinuação que ação, a linguagem da dança
não é como no teatro ou no cinema. Por que ele fez isso comigo? O meu
marido e eu tínhamos até pensado em dar herança a ele, eu que tinha lhe
dado de bandeja as minhas melhores alunas de bale, as melhores do centro
naquele então. Ainda que eu não seja a melhor em bale clássico, eu trouxe a
ele para melhorar sem mesquinharia e minhas meninas destacavam se pelo
fôlego, pelo bom relevé na meia ponta, pela abertura e pelos passos
acrobáticos que gostávamos de fazer. A coordenadora de dança me
perguntou por que desisti do projeto de bale que eu queria criar junto com
ele, eu falei qualquer coisa, menos a ofensa que ele me fez. Talvez esse
bailarino tenha mudado de caráter pela companhia de um parceiro bom como
ele, mas inseguro e por isso sempre desconfiado e problemático. Quando me
sento ferida me afasto, então somos somente Deus e eu, mas a confiança me
faz sempre recuperar o equilíbrio, sou de paz.
-Era um bailarino forte e destacado, muito convencido de si e tinha razão de
ser, só que por isso brigava muito com todo mundo.
-Eu o admirava como bailarino e entendia que tinha razão de sentir orgulho
de si mesmo e pessoas assim costumam ser atacadas. O melhor dele era o
seu espírito de aventura, amava a natureza e parecia estar ali nos seus
elementos.
-O pior era que ele desprezava a todo mundo, até aos amigos e eu me incluo
nisso. O quê você vê nele? –me dizia-O mesmo perguntava sobre mim a essa
outra pessoa. Um dia alguém comparou o seu trabalho com o meu e lhe diz
que gostava mais das minhas coreografias. Claro! Eu sou muito louco. Diz
ele, mas a pessoa esclareceu: não, ela é mais louca que você.
-Dali em diante ele prestou mais atenção em minhas aulas e em minhas
coreografias e após uma viajem no exterior me diz que eu tinha razão, que
as nossas raízes deveriam ser mais valorizadas e levadas ao bale, que
achava bonito o ballet por mim apresentado e que as meninas que dançaram
recebendo aos turistas com flores, estavam tão exóticas como as havaianas.
Desculpou se até por não ter prestado atenção em mim antes e isso me
surpreendeu.
-Comparando os artistas, há muito parecido entre eles porque há razão de se
orgulhar do que se faz e os mais reconhecidos voltam se mais simples
porque ao final acabam vendo que outros o ajudaram e, sobretudo que a
natureza os ajudou.
-Tanta crítica eu recebi e somente um elogio por ter vendido algumas
coreografias minhas. Porquê não? Acaso os pintores não vendem as suas
pinturas? Tenho pedidos de várias companhias sólidas do exterior que
valorizam o que faço mais que aqui.
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-A felicidade é um estado anímico e a alegria é uma manifestação anímica.
-A natureza da dança.
-A dança é uma ação onde os pés escrevem e as mãos falam.
-O corpo se modela, os movimentos se plastificam, o sangue pulsa e a
respiração volta se suspiro. Objetivamente o corpo revela formas dinâmicas e
subjetivamente revela emoções.
-Não constitui uma mera técnica, tem por mensagem uma vivência interior
que se exterioriza na dança.
-A dança é a palavra da música, é a expressão de Deus em todo o universo
em festa, é a expressão das almas. É a ponte, o arco íris, o sorriso de Deus.
-É o profundo das águas, é a chama do fogo, é a terra florida, é o cheiro dos
atos da vida.
-A dança é como a flor, passa o vento, muda o tempo e brota de novo.
-Assim eu broto sempre de novo com a música e a dança.
-Danço porque todo é movimento; o que amo, o que penso, o que faço, o
que sento em fim. A dança é sempre uma procura e um encontro.
-Giro e me regiro em novas experiências, vibrando me ilumino como terra
ensolarada, me elevando vôo até o céu onde viro um luzeiro.
-Considero-me feliz, realizada, bem sucedida, vencedora, Zen.
-Nem famosa nem desconhecida, nem rica nem pobre.
-Vivo as maravilhas de cada dia e de cada noite.
-Faço por enquanto o que tanto tempo queria; fazer nada.
-O meu amor, os meus amigos, as viagens, a dança, a música, a natureza e
a Luz Universal são a minha vida.
-A minha vocação é ser feliz.
-A doutora Lígia Kogos diz que pode se amar por uma hora, por um dia, por
um mês, por um ano, pela vida inteira. Pode se amar uma pessoa que daqui
a pouco não veremos mais, pode se amar a um ser humano ou a um
bichinho que não nos pertence, mas que fica dentro na saudade dando
tristeza e alegria ao mesmo tempo, mas que o importante mesmo é dar
amor, isso quer dizer viver feliz se doando e procurando ver o bem e a
beleza em tudo.
-Heitor Villalobos contrariava os princípios musicais da época, hoje
percebem sua brasilidade grandiosa, como diz o músico Arturo da Távola: ele
é o rio Amazonas.
- A Isadora Duncan e a Eros Volúsia também eram criticadas por não
seguirem as normas do ballet, mas foram reconhecidas pela originalidade e
pela autenticidade de ser.
-É bom acreditar mais na poesia do que no pensamento porque aquela é a
que fala mais do íntimo de um ser e expressa com mais autenticidade a
essência das coisas. A poesia pode ser produto do pensamento, mas a
verdadeira poesia é a que brota diretamente do sentir. A primeira explicação
sobre a vida foi feita através da poética e simbólica linguagem mítica.
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-A perfeição de um bailarino requer professores rígidos. Não tenha medo dos
seus limites, descubra na arte o seu lado ilimitado que é divino.
-O perdão.
-Se não perdoamos as ofensas e se não somos perdoados não seremos
felizes e o que mais importa é ser feliz. É difícil perdoar no momento quando
se está muito magoado, mas o tempo todo cura.
-A vingança talvez alivie, mas não apaga as ofensas, o perdão sim porque a
nobreza de perdoar concede auto-estima. A melhor vingança é passar a mão
a quem nos ofende porque isso desarma o inimigo, porque quem ofende um
dia não vai se lembrar com ódio e sim vai se lembrar bem da pessoa a quem
ofendeu. A melhor vingança é ser feliz e indiferente, imune às ofensas.
-Deus colocou em toda a criação a lei de causa e de efeito, todo o que se faz
se paga cedo ou tarde, por isso não há que se preocupar. E assim como Deus
perdoa porque conhece as fraquezas humanas, assim também devemos
perdoar porque todos cometemos erros e chegado uma ocasião seremos até
capazes de matar. A madures ensina que tudo passa e que se aprendemos a
subir após os tombos e triunfar em nossos objetivos; para quê lembrar do
passado que já passou?
-Tive alunas de dança com pais alcoólatras que achavam em mim a
possibilidade de receber carinho e consolo. Quando eu dava um abraço e um
beijo a uma menina tão briguenta na rua dando se aos socos com meninos
impertinentes, vivendo num meio agressivo, sentia se tão surpresa pelo meu
gesto que respondia com outro abraço bem apertado e me enchia de beijos.
-Quando não conseguia disciplina eu dizia que se querem tanto brigar que
vão brigar na rua. E não é que iam mesmo fora para brigar? Eu procurava
apaziguar os ânimos dizendo: se vocês se comportam mal aqui, eu vou lhes
dar um soco. As meninas riam então porque sabiam que eu estava
brincando, mas uma colega metida em tudo, não sei como ficou sabendo e já
fez disso um elefante.
-Quando eu chamei a atenção de certas meninas que eram chamadas pelos
pipoqueiros na rua de: bandidinhas, elas se sentiram ofendidas como se eu
fosse a culpada, tentei lhes dar explicação com carinho, mas de nada
adiantou, parece ser que elas queriam que eu brigasse na rua por causa
delas.
-Não é fácil, digo sempre; há que ter muita psicologia, paciência, carinho e
táctica, mas com amor realmente consegue se muito.
-No meu caminho da dança. Hoje sou mais experiente como professora.
Queridos colegas e ex-alunos que sem eu perceber sentiram se ofendidos
pela minha causa, saibam que refleti sobre os meus erros e que nunca tive a
intenção de ofender nem a uma mosca. Hoje sei que os homossexuais e as
pessoas de pele escura são muito sensíveis pelo preconceito que sofrem.
-Certa vez uma mãe me diz se havia perigo de sua filha ensaiar sozinha um
pas de deux com um bailarino e eu expliquei que não, que ele era muito
competente, mas ela estava insistindo e captei o que queria saber e lhe diz
que não se preocupe, que ele não ia namorar sua filha por ser homossexual,
ela suspirando me diz: isso queria ouvir, então minha filha irá ensaiar com
ele. Ele ficou sabendo dessa conversa e sentiu se ofendido comigo e eu não
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entendi porquê ele não assumia o que todos já sabiam dele porque o seu
jeito de ser o delatava. Agora eu sei porquê; porque o preconceito além de
ofender, fecha muitos caminhos na vida e há pessoas que vivem lhes
humilhando por serem diferentes e tem que haver o direito de ser diferente.
-Outra vez eu falei para uma menina que colocasse mais corretivo no seu
rosto por causa das luzes coloridas em cena e ela me diz: não vou me
maquiar mais porque eu tenho orgulho da minha cor.
-Ouvi alguém dizer: não é somente gente escura que comete crime.
-Quando eu consegui o patrocínio de um hotel de primeira e as levei ali para
tomar o café da manhã, alguém olhou a longa mesa farta e diz: eu não estou
para toda essa frescura não. Outra quis comer nada, nem um pão com queijo
porque diz que só come em casa. Era isso uma trava interna no contato com
a sofisticação a que não estavam acostumadas.
-Outra vez um professor de Hip Hop reservou um lugar para mim numa
viagem, eu me neguei a ir e ele sentiu se muito ofendido, aconteceu que eu
de repente fiquei com tanta cólica e tive vergonha de contar a verdade. Quis
lhe ajudar a entrar no centro como professor e coloquei no seu currículo que
ele estava aprendendo bale comigo, ele ficou muito orgulhoso disso e de
entre todos os alunos de teatro que faziam bale comigo, ele foi o mais
aplicado, tanto que ficou dançando um pás de deux com uma colega e o levei
a dançar também em São Paulo num festival internacional.
-Outra coisa que aprendi: as pessoas humildes não gostam de serem
comandadas, qualquer ordem lhes fere o orgulho e sentem se humilhadas.
Mas as pessoas humildes sabem corresponder mais o carinho que recebem e
isso vira uma alegria recíproca.
-Nas academias a conduta é diferente; ali os homossexuais não estão nem aí
para o que dizem deles, os alunos obedecem porque possuem mais
consciência de que o ballet precisa de muita disciplina para adiantar se.
-Por sorte que essas dificuldades acontecem em minoria, porque a maioria de
pais, alunos, colegas e dirigentes das instituições; são amáveis, respeitosos,
carinhosos e até anjos de bem. É uma minoria que dificulta a vida e essa
minoria pesa mais do que a maioria boa, mas todas as dificuldades podem
ser superadas com tato e amor. Aprendi a diplomacia: não fale a uma mãe e
aluna sobre erros, fale sobre as virtudes; isso não é mentir, é incentivar, isso
produz milagres; acredite.
-Educação, segurança, saúde, não são mais primordiais do que a cultura e o
lazer. Às vezes é até preferível comer menos para conseguir o que se almeja.
Como a atriz Elke Maravilha diz: o alimento anímico é mais importante.
-O principal mesmo é a espiritualidade.
-Nas Olimpíadas nem sempre vence o melhor e se vence o melhor, há outros
que também merecem ser premiados pelo esforço, dedicação e perfeição que
possuem e que ali não deu certo.
-Eu deixei de aceitar convites para integrar um jurado porque sempre saía
com a consciência pesada pensando ter injustiçado alguém. É por isso que
não gosto de competições. No meu entender todos deviam levar algum
prêmio por alguma coisa para levantar os ânimos e não deprimir causando
desistência. Muitas perdas deixam a muitos competidores estressados e
descontentes, requer muita força de vontade e sensatez aceitar os revezes.
91
-Dizem que o que vale é a medalha de ouro, se é assim; porquê há prêmios
com medalhas de prata e de bronze? Também os esforçados técnicos deviam
ser ovacionados e premiados, se bem que o triunfo do grupo já é um grande
prêmio para o treinador.
-Mais sobre a dança contemporânea.
-Há dança contemporânea que transborda perfeição, inteligência,
criatividade, ousadia, mas é pobre em poesia, quase nunca passa emoção e
magia como o bale clássico ou como as danças folclóricas.
-A dança contemporânea não seduz, mas atrai pelo impacto e pela
pluralidade de elementos mais do que pela harmonia e pelo sentir.
-O silêncio preserva de problemas e aumenta a visão psicológica e filosófica.
-Muitas vezes é preferível calar do que reclamar por justiça porque a justiça
quase sempre falha. É difícil ser justo e obter justiça.
-O importante é manter a simpatia, a generosidade, o equilíbrio e a
imunidade perante as ofensas. Mantenha um calendário de vida íntima
coroada em festa só no plenilúnio.
-A moral não teria valor sem o prêmio e o castigo. Não acredita em Deus? A
lei Dele está na natureza: a lei de causa e de efeito. A lei de nada se perde,
todo se transforma. Pensa que por haver reencarnação pode pecar sem
remorso? Saiba que todo se paga setenta vezes sete: os erros pagam se com
duro sofrimento, com muito martírio. O mal não compensa nunca, o bem
sim.
-Perguntas filosóficas.
-Conversava muito com os meus alunos sobre nutrição e ecologia, como é
importante adotar uma filosofia de vida chamada Bio-sustentabilidade. Ali
surgia a pergunta: o quê é filosofia? A clássica resposta é decifrar a palavra:
filo do grego amigo e sofia do grego sabedoria. Logo optei por explicar sobre
o nascimento da filosofia: começou gradativamente com vários
questionamentos sobre Deus e sobre a vida, porquê sobre Deus? Porque o
primitivo estava desde o início muito ligado aos fenômenos da natureza e o
pré-sentir juntamente com um inato saber e com a experiência no contato
com as forças ocultas, na contemplação do mundo e com isso o uso do
pensamento: quem seria o ser superior inteligente e ordenador? Depois as
perguntas sobre a condição humana: quem sou eu? De onde vim e para onde
eu vou? Por quê eu existo? Por quê a vida humana é sofrida? Etc.
-A filosofia apareceu no início com questionamentos fundamentais sobre a
origem divina na Teologia natural ou Teodicea e Teosofia e sobre a origem do
mundo como a Filosofia natural ou Cosmogonia. As Ciências Naturais
desenvolvesse com o interesse pelo Ocultismo.
-Por mais esforço em simplificar as coisas, eu não consegui chamar a
atenção, então lembrei que quando eu era pequena já me fazia todas essas
perguntas e ia com elas até o meu avô materno que era artista plástico
esculpindo em madeiras, era um poeta de estilo clássico e filósofo. E a cada
resposta, ele despertava mais perguntas em mim, me fascinava porque
falava como se eu fosse adulta e por isso quis crescer rápido, com sete anos
já tracei o meu destino: me formar em filosofia e danças e viver viajando
sempre.
92
-Tentei então começar pela sociologia perguntando se a chamada ética ou
teoria sobre a moral, que fora escrita pelos homens são justas? A filosofia
questiona: as leis dos homens em nome de Deus e da democracia sempre
foram justas? As leis devem ser sempre obedecidas cegamente e até
fanaticamente como acontecem em muitos credos?
-O desejo de saber mais sobre a justiça acendeu nelas a curiosidade de
saber. Depois, aos poucos, as alunas começaram a dialogar com os pais e
estes vinham a falar comigo sobre vários temas, depois pessoas da
secretaria e colegas. Eram momentos, pelo geral, fora de aula. O fascínio que
exerce a filosofia é a luz prometedora de construção de um mundo mais
consciente.
-Toda base do bem está no despertar do pensamento e não em obedecer
cegamente às leis que foram todas escritas pelos homens, homens brilhantes
querendo abrir a mente das pessoas como abrir o templo interior, ou homens
que ameaçam, amedrontam, inventam um futuro de opostos e sentenças
drásticas: o prêmio ou o castigo eterno para manter a ordem com um
sistema totalitarista. De acordo a história, grandes sábios também cometiam
grandes erros porque todo ser humano é falível.
-Há leis básicas que servem em todo tempo e em todo lugar e há leis que, de
acordo a mentalidade, a explosão demográfica e as mudanças do tempo;
devem ser revistadas, do contrário o ser humano não evolui.
-Todo é questão de ativar o pensamento, há pessoas que se negam
rotundamente a pensar. Ouvi dizer a muitos: “É fanatismo insistir que o
rodeio é cruel e humilhante para os animais, amo o rodeio, é minha vida,
jamais deixarei de montar os animais. Melhor é pensar na família do que nos
animais, isso é um exagero”. “Não sei se o animal sofre e se sofre não acho
que Deus vai se importar com isso porque eu sou humana”. “Eu gosto de
comer carne e ponto final”. “Está na jaula, mas é bem tratado e bem
alimentado”.
-Se o homem não fosse tão irracional e retrógrado; colocar-se-ia no lugar do
animal ou da planta e sentiria a crueldade, a frieza, a ignorância humana em
relação com outros reinos da natureza. Os animais e as plantas vivem a
sabedoria do seu mundo, o Homo Sapiens tem que aprender e si alguém é
sábio por natureza; será queimado de alguma forma porque o ser humano é
o único bicho que se diverte sendo sádico-masoquista.
-Eu me solto na dança, talvez seja isso o que o Tantra cita de sublimar o ato
sexual numa energia mais rejuvenescedora como a dança.
-Todo o contrário do que muitos pensam ao ver me eu não sou muito sexi, a
minha sensualidade aflora na dança. Até hoje prefiro o ritual do amor na
penumbra, até hoje acho que a mulher deve manter certo mistério que
alimenta a beleza como os véus das árabes ou os saris das indianas. Os
tecidos leves e transparentes realçam a figura feminina. Os homens árabes e
os africanos ficam mais deuses vestindo túnicas.
-Sempre gostei de homens com beleza feminina e Jesuína que expressem
mais recato e timidez do que exibicionismo de músculos pelados e
exagerados. Que gostem do exotismo como Jesus que vestia sobre a túnica
branca um manto bem vermelho que escandalizava naquele tempo, ele era o
hippie dessa época; simples e pacífico. Gosto de homens com cabelos
93
compridos como Jesus, como os ciganos, como os índios e como os europeus
do tempo rococó. Gosto de homens com brincos e colares.
-Nunca usei shorts, a canga na minha cintura eu solto na beira do mar para
mergulhar. Nunca desfilei de biquíni por timidez, no entanto no palco não
sento vergonha, mas a nudez crua eu não curto, a não ser com pintura
corporal. Gosto de tomar banho nu na cachoeira de frente a minha casa,
tomo banho de lua sozinha e jamais tive a coragem de fazer isso na presença
de estranhos. Tenho um par de amigos que nos acompanharam numa praia
de nudismo, vi que ali a mentalidade era outra. Como crianças; ninguém se
importava com a figura de ninguém, foi bom, não nego, mas não serve para
mim que curto mais ver me vestida, mesmo tendo boa figura. Prefiro um
desfile com vestidos elegantes a um desfile de maiô.
-Há diferença em ser líder e em ser competente. Muitas pessoas
competentes não conseguem liderar e há líderes que não são competentes.
-Quando passamos por um teatro em que estão exercitando a voz tanto
alunos de teatro como de canto; parece que estamos passando por um
manicômio.
-Os nórdicos europeus são corretos e finos no trato, mas parecem não ter
coração, parecem robotizados, assim as pessoas mais efusivas como as do
terceiro mundo; ficam sofrendo entre eles. Uma senhora alemã me diz:
perante as dificuldades da vida devemos ser duros, do contrário se perece, e
explodir de vez em quando é normal porque não somos santos nem de ferro,
nem mesmo Jesus foi sempre manso, ele afugentou a chicotadas aos
camelôs que estavam fazendo comércio nos templos que são casas de oração
e de meditação. Hoje há religiões que viraram empresas competitivas.
-Quando criança, eu perguntei uma vez a um militar por quê falava sempre a
gritos como se estivesse sempre dando bronca, que com palavras carinhosas
conseguiria muito mais. Ele me diz que ia pensar sobre isso. Até hoje em
terras latinas os patrões costumam gritar com os empregados e estão
sempre de mau humor. Os empregados dariam muito melhor de si se
mantivessem de vez em quando uma conversa com o patrão e este
explicasse o valor da disciplina e com sorriso dizer que confia na boa vontade
e colaboração dos seus súbditos.
-Há lugares em que a seriedade e a sobriedade são normas, e há lugares em
que o sorriso e a amabilidade devem ser a marca registrada da casa.
-Engraçado! Em vários lugares me diziam que se eu gosto de escutar Pink
Floyd, Jimmy Hendrich, Bob Marley, etc. e as minhas coreografias contém
movimentos tão loucos; por quê e que não consumo drogas?
-Há os que acham que eu consumo sim ao ver as minhas grandes olheiras,
acham que o meu marido, que é tatuado e cabeludo, me mantêm drogada.
-Uma só vez eu provei a maconha para saber o quê tinha de tão encantador
e vim que o seu efeito pode realmente viciar e eu não gosto de viver fora da
lei e também não é do meu feitio ser amoral.
-Não fumo, não bebo e tenho raiva de quem é idiota se viciando. Achando
que é livre, voa direitinho para um mundo sinistro, decadente, onde fica
escravizado.
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-A natureza, a dança e a música me embriagam desde que me sento por
gente, não preciso de nenhum artifício para eu ser transportada a um mundo
de fantasia. O meu corpo produz o seu próprio desvario, eu já nasci
enmaconhada.
-Eles e elas na dança. 1º. Dizem que ela bateu a porta do banheiro com
força e saiu sem lavar as mãos. A porta não tinha trinco e nem batendo forte
conseguiu fechar, então optou por ir ao vestiário para se trocar e ali lavou se.
Vejam como é fácil achar maldade.
2º. Ele recebe ameaças de travestis: vou te ferrar! Vou te fazer encostos!
Ao dia seguinte ele pediu permissão a um pai para levar a sua filha a dançar,
o homem o recebeu com revólver na mão. O bailarino nunca teve tão boa
performance: subiu pelas paredes como um bale contemporâneo e fez um
grand jeté sobre o muro e foi depois alvo de risadas.
3º. Cortaram a apresentação dela justamente no luxuoso hotel onde recebia
patrocínio, deram a todo mundo premiações, menos a ela. Quando ao dia
seguinte houve uma reunião, a colega que fez isso falou orondamente que
nada aconteceu. Mas a coordenadora de dança não acobertou essa má
intenção e falou que isso nunca tinha acontecido antes e que nunca mais se
repita. Então essa colega teve que se desculpar contra vontade.
4º. Dizem que ele não pode dançar nem viajar com o grupo porque rouba a
cena. Mas outro professor foi a se apresentar e esse sim que era o astro e o
solista sempre no seu grupo, envaidecido vivia dizendo: falam mal de mim,
não importa, o importante é que falem e gosto quando dizem que estou
ficando rico por ter um carro e uma moto.
5º. Um colega roubou do bolso dela um cheque e uma carta, transformando
a carta com segundas intenções e entregou na secretaria. Jogo sujo.
6º. Ela quer ser a coordenadora e vive dizendo: imaginem se eu vou me
submeter a outros, muito menos a ela, eu que mereço dançar no Bolshoi.
Mas foram essas pessoas e essa pessoa que a levaram a ter chance de
dançar e de ensinar e naquele então ela tinha gostado muito.
7º. Ele encabeça a comissão de dança e diz explicitamente que vai se vingar
daqueles que se acham melhores.
8º. Ameaçam a ela que vão dar o seu discurso à outra colega se não vai
vestida como todos, também lhe roubaram as sapatilhas para não entrar em
cena.
9º. A grande chefa fez assinar um recibo falso a um professor e o demitiu
depois dizendo: para que não me denuncie amanhã. Para se prevenir ela
contratou secretárias de fora da cidade e mandou grampear o telefone para
ouvir as conversas de todos.
10º. Ele casou se com uma atriz conhecida, se fez amante de alguém lá
acima, e falou para os colegas que fez isso só para manter as aparências por
ser ele homossexual.
11º. Ela implorava ao bailarino que não a deixe, que sem ele não agüentaria
viver e ele ficou impassível. Ela suicidou se e ninguém importou se com isso.
12º. Quando foram a passear no lago tiraram tanto sarro do bailarino por
parecer uma mulher com biquíni. Na noite ele suicidou se e ali os colegas que
tinham rido dele começaram a chorar.
Fragmentos do livro: Eles e elas na dança. De Amadeo Luna.
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-A música é meditação, conhecimento e sentimento; dizem os árabes
combinando a respiração com giros contínuos em movimento rítmico
crescente para aumentar a percepção, envolvendo se num manto de
comunhão mística.
-Em grupo experimentam a catarsi; a emoção subindo e culminando no
êxtase.
-Na Índia, nos Mantras (mente livre), não são as palavras que possuem mais
vibração e sim o som que leva a novos estágios de consciência (estágio Alfa)
até culminar na união cósmica.
-O som é a primeira experiência humana, a criança percebe o ritmo do
coração da mãe estando no ventre.
-O silêncio nos descobre a música do nosso interior e nos leva a
compreensão profunda de tudo sem precisar das palavras porque estas não
traduzem totalmente a nada. A música, a pintura, a dança, a escultura, são
mais expressivas do que as palavras.
-Se o homem observa se mais com amor materno aos animais e as plantas;
deduziria de uma série de movimentos o quê esses seres estão dizendo. As
orelhas, o rabo, o andar, o grito, o pulo revelam seus estados anímicos.
-A minha cachorrinha me diz com os olhos que eu tinha deixado cair arroz no
chão, também seus olhos me revelam alegria ou cansaço ou algo que não
está gostando, move a cabeça me perguntando algo, move as orelhas para
dizer que está sentindo dor, com suas narizes minha cachorrinha procurou
saber se os meus narizes estavam respirando ou se eu já tinha morrido; isso
aconteceu quando eu estava muito doente. Uma série de expressões há em
todos os seres da criação e a mais rica e poderosa linguagem que está em
todos e em tudo: é a música.
-E Deus soprou nele dando lhe ar, dando lhe vida.
Rei Davi.
-Eu respiro o ar que reanima. Eu respiro energia espiritual.
Eu aspiro pura luz no corpo, levo dentro o espaço sideral.
Capto com minhas antenas a Luz Universal.
Eu sou pura luz, eu sou paz profunda.
Yogananda.
-Prece às Sete direções galácticas.
-Desde a casa leste da Luz, que a sabedoria se abra em aurora sobre nós
para que vejamos as coisas com claridade.
-Desde a casa norte da noite, que a sabedoria amadureça entre nós para que
conheçamos tudo desde dentro.
-Desde a casa oeste da transformação, que a sabedoria se transforme em
ação correta para que façamos o que tenha que ser feito.
-Desde a casa sul do sol eterno, que a ação correta nos dê a colheita para
que desfrutemos do fruto de ser planetário.
-Desde a casa superior do Paraíso onde habitam os antepassados e outros
seres superiores, que as suas benções cheguem até nós agora.
-Desde a casa profunda da Terra, que o pulsar do coração de cristal do
planeta nos abençoe com sua harmonia para que acabemos com as guerras.
-Desde a fonte central da Galáxia que está em todas partes ao mesmo
tempo, que tudo se reconheça como Luz de amor mútuo. José Arguelles.
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-Oração da manhã de um caminhante.
-Meu Deus; no silêncio deste dia que amanhece, peço te paz, sabedoria e
força. Quero olhar o mundo com olhos de amor. Ser paciente, compreensiva,
mansa, prudente. Ver além das aparências teus filhos como tu os vês.
-Livrai me de toda calúnia e de todo mal. Que só de benções se alimente a
minha alma. Quero ser alegria para o céu e para a terra como o céu e a terra
são minha alegria. Quero transmitir a tua paz, semear a tua beleza, e sentir
com todas as tuas criaturas a tua presença sempre.
-Meu Deus, você sabe melhor do que eu o que me convêm porque me
conheces melhor do que eu me conheço; por isso entrego tudo nas tuas
mãos, meu Deus Amado Todo-poderoso. Assim seja.
-O pensamento de um caminhante.
-As vibrações do meu pensamento são forças de Deus em mim, é o meu eu
superior que é Deus em mim.
-Que este lugar seja um templo de beleza onde se expresse o bem que há
em todos os seres. Que sejamos conscientes da sagrada missão de ser arco
íris irradiando em todo o universo todo bem e alegria.
-De um caminhante.
-Consagramos a vos nossa Mãe Natureza toda nossa vida só para te amar e
servir como vos nós servis através de todas tuas criaturas.
-Que a ação amorosa seja recíproca porque somos todos irmãos.
-Sabemos que não há maior felicidade na vida do que contemplar a Deus
através da tua beleza por ser você Mãe Natureza o coração de Deus.
-De um caminhante.
Eu quis companhia e me deram a mamadeira.
Eu quis pais e me deram brinquedos.
Eu quis falar e me deram livros.
Eu quis aprender e recebi diplomas.
Eu quis pensar e recebi professores.
Eu quis o geral e recebi o especial.
Eu quis liberdade e recebi disciplina.
Eu quis amor e recebi moral.
Eu quis uma profissão e recebi um bico.
Eu quis a felicidade e recebi dinheiro.
Eu quis ser livre e recebi um carro.
Eu quis um sentido de vida e recebi uma carreira.
Eu quis uma esperança e me deram medo.
Eu quis trocar o mundo e recebi compaixão.
Eu quis viver a vida.
-De várias caminhantes.
Sapatilhas de raso, sapatilhas de ponta.
Sapatilhas que parecem flores e borboletas.
Efêmeras como a luz do palco.
Uma pirueta, uma volta, um arabesco.
Em busca de aplausos e de sorrisos.
Após horas e horas de severa disciplina.
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Sacrifícios, renúncias a outros sentidos da juventude.
Críticas, invejas, caminhos que se fecham.
Exercícios de barra, cansaço, solidão.
Sapatilhas mágicas de irresistível encanto.
Que aprisionam por anos e anos.
Sonhos de liberdade, desejos de companhia.
O descanso achar um dia aos pés descalços de Deus.
-O que pensam sobre Selva Belfior.
-Dessa exótica e simpática mulher flui águas de vida e gotas de sorriso.
Nunca vi uma mulher tão feminina assim. Na sua dança há cores da ilha da
fantasia e um misto de culturas.
-Ela é muito boa, pensa que todo mundo é bom como ela é.
-Não sei como ela consegue dançar descalça no nosso chão tão frio e passar
a nossas jovens o temperamento latino. Pude ver que tanto as jovens como
os jovens alunos de dança adoram a ela.
-Ela quer voltar para o Brasil. Talvez um dia a Cecyl e eu nos encontremos
com ela em Rio de Janeiro para juntos tomar um café.
Dr. Michael Muhr – dramaturgo austríaco -.
-Quem tem mais fôlego para dançar? Perguntei. Selva, ela Selva!
Responderam ao uníssono.
René Sagara. Campeão suíço de Rock and
Roll.
-Oficina de Bale e folclore: saúde, cultura, espiritualização.
- “A dança é harmonia do corpo e para tanto várias outras atividades se
juntam neste processo”. “Reduzam o consumo de doces”. É assim que a
professora Selva Belfior inicia as aulas cativando alunas de várias faixas
etárias e níveis sociais. Cerca de sessenta alunas por mim entrevistadas
atribuem a ela os benefícios corporais, mentais e espirituais, resultado de um
trabalho feito com dedicação e amor. “Além de passar a técnica nos
exercícios, tento conquistar a simpatia de cada uma para que me admirem e
me tenham como modelo”.
-Diretora e coreógrafa em nossa cidade há um par de anos, já teve vários
convites, apresentações e um campeonato ganho. Os pais das alunas estão
muito satisfeitos com os resultados e enobrecem o trabalho da professora.
- “Minha filha era fechada e solitária, hoje tem amigos, é mais alegre e
comunicativa”, relata o senhor Luciano, pai da Luz, a mascote da turma.
-A Coordenadora de dança Fanny, acredita nos milagres da aula: “Minha filha
tinha dificuldades com a coordenação motora e hoje tem postura, ela já
esteve em outras aulas de bale e nunca vi nela tanta mudança, inclusive
melhorou suas notas na escola”.
-A opinião das alunas é unânime: dançar trás conforto, disposição, calma.
- “Já fiz bale antes e nunca aprendi tanto como agora”, diz a aluna Carla.
-De uma forma holística Selvabel aborda em suas aulas: expressão corporal,
educação artística, ecológica, ecumênica e social.
-As alunas confessam: antes a gente não pensava na preservação do meio
ambiente, em ter boa postura, saber conversar e saber silenciar.
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-Outra peculiaridade é que além do bale, também aprendem danças de
várias nações, maquiagem teatral, vestimenta típica, símbolos e costumes
dos povos.
-Um tropicalismo local é um dos objetivos e para isso Selva Belfior procura o
resgate das danças pré-colombianas.
Jornalista Adriana Soler.
-A arte em suas múltiplas formas é a manifestação da força suprema de
Deus. Parabéns à professora Selva Belfior pelo carinho que dedica às crianças
e jovens.
Diretora
Lílian.
-Ela é simpática e muito culta.
Bruna.
Caroline e
-A natureza invoca sua beleza com tanta certeza e nobreza. Não há vivência
com grandeza sem a natureza. A professora Selvabel nos trata com carinho e
ensina como ninguém. Sempre alegre, responsável, objetiva e tem pressa
em progredir. Empurra como o vento ao grupo para expressar emoções.
Sento orgulho de estar já dançando no bale tropical.
Jaqueline.
-É incrível como ela é educada, doce, paciente, zen.
Edileine.
-Meus hobbys e meus sonhos são o misticismo, o esoterismo, a dança e a
música. Principalmente amo a dança do ventre e a dança cigana. Gosto da
música árabe e da musica húngara por serem envolventes e misteriosas.
-A dança é a minha paixão e a minha religião, me aproxima do Criador.
-Com a dança, as palavras perdem o sentido. A dança relaxa o corpo e a
alma e renova a mente e o coração.
-Selvabel é o alicerce do nosso grupo, sem ela não estaríamos unidas.
-Ela é direta dando conselhos claros sobre a vida, nos fala como se já
fossemos adultas, nos incentiva a crescer e a ter opiniões próprias.
-Ótima professora, rigorosa, insistente, quer ver logo resultados, não dá o
braço a torcer, não se entrega nas dificuldades que são muitas.
-Bem humorada, colorida, luminosa, mesmo doente. Amiga se preciso,
exemplo de vida e de esforço, uma estrela sem dúvida, experiente e muito
autêntica. Ela é pura.
-Tomara que o Brasil se importe com a cultura como se importa com o
futebol.
-O grupo promete futuro pelo constante incentivo dela, sem ela o grupo
acaba.
-Deus é para mim aquele que me faz sofrer e me faz feliz, que me faz viver e
não há explicação sobre Deus, Ele é um sentimento íntimo de amor imenso.
-A natureza é a menina dos olhos de Deus, é a sua identidade, é a coisa mais
perfeita da criação, portanto é a que mais se assemelha com o Criador.
-Agradeço a esse Ser Supremo por ter uma professora tão exemplar.
-Agradeço a Selvabel por ser professora e amiga.
- Agradeço ao diretor pela oportunidade de ela ensinar em nossa cidade.
Janaína.
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-Sou integrante da dança e da Banda Municipal, gosto de aprender várias
modalidades de dança. Fui candidata à rainha, musa, Miss, em vários
concursos em São Paulo e Rio de Janeiro ganhando muitas vezes.
-Pertenço a uma família de artistas e na minha experiência desde menina,
nunca passei por aulas iguais. Selvabel é linda e louca, exigente e ao mesmo
tempo um fino doce. Nos faz soltar um eu que vêm do nosso fundo.
-Somente ela no bale dá aulas teóricas, ela nos incentiva a levar uma vida
saudável e de amor por tudo, ela ama a paz e a irmandade, nisso é uma
santa.
-A pesar dos recursos precários, ela faz o possível e o impossível para
apresentar as danças com muito carisma. Meus convidados de Miami
disseram que ela é muito profissional. Em minha casa ela é considerada uma
amiga, mãe e mestra.
Virginia.
-Selvabê tem um método diferente de ensino. É uma pessoa séria.
Bárbara.
-Em minha cidade pratico jazz e ginástica olímpica, quando vi uma
apresentação aqui da Selvabê, fiquei encantada e comecei a me dividir
tomando aulas em ambas cidades. Adoramos a ela porque nos ensina a
conhecer e amar muitas coisas.
Kátia.
-Sou professora de Educação Física e pratico contemporâneo em Rio de
Janeiro. Fui recomendada por um professor para tomar aulas com a Selvabel.
O estilo diferente com que ela aborda as aulas me completa.
Liliana.
-Eu adoro a minha professora, às mães a as amigas. Já dancei em outras
cidades jazz e dança africana, mas ninguém fez me sentir estrela como
Selvabê. Ela sabe organizar tudo sozinha e sempre estamos nos
apresentando em outros lugares.
Beatriz.
-Eu não acredito que já estou dançando há tanto tempo e menos ainda que
as minhas fotos saem nos jornais. Agradeço a professora pelo lindo figurino e
por fazer me sentir uma fada ao dançar.
Claudia.
-Eu pratico canto em outra cidade e bale aqui, viajo tanta distância porque
gosto das coreografias de Selva e porque sempre estamos viajando.
Susi.
-Somos integrantes do coral e da dança. Adoramos a Selvabel porque com
muito esforço ela conseguiu que nós duas dançássemos e por nos ensinar a
ser vegetariana.
Paula e
Claudia.
100
-A professora Selvabê não perdoa erros e como eu erro muito, ela me dá
dança solo, mas ali sim eu dou o melhor de mim. Ela nos veste e coloca um
jardim sobre nossas cabeças, nos leva até sua casa e faz nos dançar na
cachoeira. Ela é demais!
Tatiele.
-Eu não tenho palavras para agradecer, a minha mãe e eu a amamos.
Suelen.
-O sonho do meu marido era dançar em nosso grupo e conseguiu.
Elizabeth.
-A minha mãe é Coordenadora de dança e já foi professora de bale, fez
várias apresentações, entre elas Branca de Neve. Já passei por outras aulas
de bale, mas é com Selvabel que consegui dançar com todo meu coração.
Carolina.
-Já dancei em Rio de Janeiro e já tinha praticado bale com sapatilha de
ponta. Com a professora Selvabê comecei tudo de novo e os meus parentes
que moram em Paris assistiram a nossa apresentação e disseram que se
fossemos para França nos daríamos bem. A nossa professora também já
tomou aulas numa academia de Neully em Paris.
Carol.
-Pena que as autoridades assistem nossas apresentações poucas vezes, mas
agradeço à diretoria por ter contratado uma professora como a nossa que
ganhou popularidade porque ela é uma deusa. Estou apaixonada pelo
neoclássico que estou dançando.
Romilda.
-A professora Selvabê diz que o meu prato favorito: macarrão com carne
moída envenenam corpo e alma, que se deixe o macarrão para os domingos.
Ela nos ensina boas maneiras.
Simone.
-Disseram-me que a professora Selva Belfior é exigente. Assisti duas
apresentações dela e vi meninas muito talentosas, as coreografias muito
criativas precisam ser mais polidas. Convidou-me para assistir a sua aula e
achei muito interessante o entusiasmo do grupo, a combinação dos passos
nos exercícios e o final meditativo onde me parecia estar num templo com
movimentos sagrados. Concluiu com as palavras: “Om Mani Padmi Um! Eu
sou pura luz, eu sou paz profunda”.
Admirei também a ajuda do seu marido montando cenário, sendo motorista
do grupo e o melhor: a atenção que prestavam Selva e suas alunas quando
ele falava sobre os erros do grupo.
Professora de bale Mabel
Wagner.
-No início éramos vários brutamontes tentando dançar o contemporâneo com
a professora Selva Belfior. Começou nos dando exercícios de bale explicando
sutilmente que isso era necessário para conseguir mais flexibilidade, leveza e
postura. Nós não queríamos seguir, mas ela nos apressava somando mais e
mais passos até que ficamos cansados e doloridos. Porém, de repente,
101
estávamos dançando com gosto passos estranhos. Ali aparece uma
professorinha de bale metida a besta e diz grossamente à nossa professora
que nós éramos palhaços, ridículos e que nunca conseguiríamos dançar.
-A professora continuou sendo tranqüila, mas nas aulas apressava os passos:
continuem assim que já está saindo! Dizia e nós acreditávamos que
estávamos nos saindo muito bem, quando ela nos mostrou um DVD com
bailarinos famosos e logo nos levou a dançar de frente ao espelho, ali
constatamos que estávamos errando muito. No final de ano nos
apresentamos dançando com toda naturalidade como se fossemos índios e o
espírito dos índios estava em nós. Éramos o único grupo misto local e
arrasamos. Fomos filmados pela TV e um pai de aluna diz à professora Selva:
você consegue fazer dançar até aos que nunca deram um passo de dança!
Esse senhor referia se a sua filha, mas o comentário valia também para nós.
-Aquela professorinha também queria dançar o que nós estávamos
dançando, ela tem boa abertura de bale, mas o seu deslocamento de lugar
não tinha a fluidez natural que se aprende com a Selva, ela nos remonta
num mundo de primitivos, de animais, de cheiro de selva, os passos são ora
ferozes, ora mansidão. O nosso professor de teatro fez a parte solo e diz à
Selva que ela teria lido muito o Kama Sutra, ela respondeu que queria ler
esse livro indiano. Nossa professora é formada e também é autodidata, ela
passa todo o que sente, suas danças têm a cara dela.
-Recebi convite para ir a dançar com outro grupo e como não fui e fiquei com
a professora Selva, me chamaram de louco.
André
Luis.
-Selvabel, você é um anjo e fez de mim uma borboleta pequenina.
Priscila.
-Eu sou o loiro louco da turma que entrei no grupo só para poder estar perto
de belas meninas. Nunca imaginei que um dia tomaria aulas de bale e até
dançaria um pas de deux levantando uma menina deusa pelos ares. Nossa
mestra parecia não ter notado meus erros e nada me diz quando saí do
palco, pelo contrário, ela estava me sorrindo meigamente. A minha parceira
me diz: vai ver só! Ela não quer que nada se comente fora de aula.
-Eu tinha errado o pas de cheval e outros passos que ainda não decorei os
nomes. Imaginem! Ela perguntou aos meus colegas sobre os meus erros e
fui bombardeado pela turma, mas não me senti ofendido, demos até risada,
mas prometi melhorar e fiquei pelo fato de ela nos permitir colocar na dança
passos que cada um escolhe para si por sentir se melhor, por saber fazer
melhor. Assim ela consegue nos fazer pensar que somos importantes, ela é
muito eficiente e inteligente, sabe que cada um quer se destacar e fazer
aquilo que gosta.
-Obrigada professora por nos fazer acreditar que somos capazes e criativos.
-Beijos de toda a turma masculina com todo respeito.
Genaro e amigos.
-Selva Belfior a quem chamamos carinhosamente de Selvabel ou Selvabê, é
a nossa professora, mãe e amiga linda, simpática, diferente, atrai olhares em
todo lugar.
Maria, Ivanice, Fernanda, Laura, Soraia, Tomy.
-Selvabel transmite paz, é sábia e hippie.
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Rosana, Atumi e Mara.
-Ela fala com as flores, com o vento, com os pombos, escuta a Deus dentro
de uma concha do mar.
Tatiana.
-A todas as pessoas que colaboraram comigo, aos que me incentivaram no
sacrifício e me sorriram no êxito; recebam a minha sincera gratidão e a
satisfação de ter conseguido alcançar o objetivo de semear alegria, beleza e
autoconsciência.
-Aos meus alunos: Passem quanto puder a quem queira que seja. Se os
alunos conseguem erguer árvores das sementes que vocês lhes deram,
orgulhem se. A superação dos alunos é o que faz valer a pena no ensino.
-Acerto. Lastimavelmente também erro. Então lembro do filósofo e sociólogo
Rousseau que dizia: Não há mais que um passo entre o saber e a ignorância.
E o mestre Bhagwan: é melhor fracassar diante de tanta beleza do que não
tentar de maneira alguma.
Selva Belfior.
-Você vê, eu vivo.
Você vê, eu estou com o céu em íntimo contato.
Você vê, eu estou com a terra em íntimo contato.
Você vê, eu estou contigo em íntimo contato.
Você vê, eu estou com toda beleza em íntimo contato.
Você vê, eu vivo, eu vivo!
Canção dos índios
Navajhó.
Principais trabalhos de Dança de Selva Belfior.
-Sinfonia Sideral. Estilo Livre. -Música: Equinoccie de Jean Michell Charré.
“Sentir a Luz Universal. Viajar o vôo eterno do Cosmos”.
Primeira parte: A Criação.
Segunda parte: As Estações.
Personagens: 1º. Na escuridão o fogo sagrado e a sua pequena semente
explodindo em luz. – Os seres etéreos. – Os elementos formando as estrelas,
dali os planetas, na terra os seres da água, dali os seres terrestres.
2º. Explode o verão, segue a primavera, o outono e o inverno.
-Bolero. Estilo Livre. Música de Ravel. É um desfile de povos dos cinco
continentes. “Dançar a gloriosa ciranda das criaturas de Deus em toda a
terra”.
-Personagens: figuras místicas, nativas, clássicas, folclóricas, urbanas,
hippies.
-Esmeralda. Ballet Neoclássico. Música: Brahms, Schubert, Dvorak, Grieg.
“As minhas danças e o exotismo do meu povo cigano atraem admiração e
desprezo da Corte e do Clero. Gringore o poeta e seresteiro me namora,
também Fhoebus o capitão dos exércitos e o alquimista Frolho me
perseguem.
O deforme Quasimodo me rapta sendo açoitado por isso em praça pública,
ninguém o socorre, só eu. Desde então ele vira o meu escravo. Nessa
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rivalidade Frolho manda assassinar Fhoebus e colocam a culpa em mim e sou
condenada à morte. O povo, a corte e até o rei se mobilizam a meu favor
causando a ira do Clero, uma flecha me fere de morte e o fiel Quasimodo vai
morrer aos meus pés”.
-Personagens: Esmeralda – Gringore – Fhoebus – Frolho – Quasimodo – O
Clero – E Rei – O Arqueiro – A Corte – Os Ciganos.
-Natal e Missa Crioula. Bale Folclórico. Música: Los Fronterizos.
-Desde o passado de opressão política e social a Igreja luta por um novo
amanhecer. Vemos em Kyrie a saudação aos antepassados.
-E Glória a exaltação ao Criador.
-Em Credo a afirmação da fé no Criador e em todo o seu séqüito divino nos
céus e na terra.
-Em Sanctus a trajetória purificadora da vida.
-Em Agnus Dei a promessa de um amanhã de paz e irmandade.
“Existe o Grande Espírito Tupanã e a sua mãe de coração a senhora Natureza
Tupasy. Existe o deus encarnado ou dono da terra Nhandeyara, que veio
para ensinar a essência divina Nhandejhara. Existe o Yvypora ou a força da
terra e o anhã ou a força negativa para ensinarem a crescer no caminho do
Yvaga ou paraíso”. Credo Guarani.
-Partes: Natal.
-A Anunciação: o anjo Gabriel – A virgem Maria – São José.
-A Procissão: o burrinho - o anjo – Maria – José – índios – camponeses.
-O Presépio: o menino Jesus e o anjo – José e Maria – Índios e camponeses –
os Reis Magos.
-Missa: Kyrie: a procissão do Céu – Veleiras e anjinhos – as garças – as
borboletas – os sapos – as banhistas na cachoeira.
O poder: o conquistador – o sacerdote cobrindo a inocente nudez dos nativos
– o militar – o capital. – O mendigo camponês José com Maria e o menino
Jesus.
-Glória: o anjo dançando com as crianças dos índios – dança dos camponeses
– Dançam Jesus com os apostoles gaúchos e as prendas.
-Sanctus: dança das almas dos antepassados.
-Agnus Dei: o Céu – o arco íris – a criação em festa da irmandade.
-A Freira e o Pescador. Bale Folclórico. Música: Dorival Caimmi e Caiçara.
-A freira chegou na praia, conheceu um homem do mar, nem Iemanjá nem a
Sereia, esse amor abençoaram. A onda do mar os separou, o tempo a
encontrou, de joelhos com fé esperando, e a promessa foi um anjo, que a
converteu em flores.
“É o conto dos mares, acontece na praia de todos os lares, onde o pescador
mora e a saudade chora, a amada que espera e se desespera, se o retorno é
longo, se a noite é longa. Afogando acaba o mar ao amado, da morena que
teve a sina da espera”. “Desde que o homem foi peixe, nasceu o meu
desencanto, sabendo do quebranto, que o pescador e a morena, enfrentar
um dia iriam”.
-Personagens: a freira – o pescador – Iemanjá e sereia – ondas do mar –
remador – gaivotas – musicantes – sambistas – lavadeiras – ciranda e
carimbó – anjinho.
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-Feitiço ao Luar. Bale Tropical. Música: Sacred Spirits.
-Em noites de plenilúnio os índios exaltam à natureza despertando a magia
do amor.
“A lua, a montanha, a floresta, os grilos, a chuva, tudo! Possui vida através
do Grande Espírito. Talvez um dia o branco descubra que falamos do mesmo
Deus”. Cacique Seatle da raça Duwami.
-Personagens: Feiticeiro – nativos – casal de nativos – filhas do casal –
remadores – nativas – namorada da lua.
-Congadas do Congo. Dança africana. Música de autor desconhecido.
-Simboliza a luta diária pela vida do campo para a cidade.
Voltam os trabalhadores para os elementos da natureza.
Escolhem finalmente a exaltação, a meditação, a consciência, a
espiritualidade.
“Semear dança é semear beleza e a beleza é um sentir divino” Eros Volúsia.
-Personagens: ciranda da vida – semeando e colhendo – martelando e
roubando – contando dinheiro e ameaçando – pássaros africanos e pássaros
misteriosos – garças – céu e terra – invocação e exaltação – conscientização
e meditação.
-Rapsódia da Selva: Bale Tropical. Música dos Índios Mexicanos.
-Oração Caribe.
“Hei de fazer que a voz volte a fluir pelos ossos, e farei que volte a se
reencarnar o ser. Depois que se perca este tempo e uma nova aurora
amanheça”
Fragmento do Hino dos Mortos da Tribo Guarani.
“Acreditamos que como a música, a dança fica imensa quando nasce do
misto de muitos sonhos”.
Raízes Caboclas do Amazonas.
-Personagens: peixes, flores e árvores, pássaros, nativos.
-Flores da Vida. Neoclássico. Música: Asunción Flores, Lorenna Mc Kennitt.
“Levo no meu mundo em flor, todos os mundos que fracassaram”.
Rabindranath Tagore.
-Sem fronteiras. Danças de cinco continentes e Ballet com música de
Johann Strauss.
“Através da dança conhecemos a cultura dos povos e o produto das
civilizações”. Eros Volúsia.
-Salsa Blue. Danças Caribenhas, Afro Jazz, Rock-Twist-Boogie.
-Música: Tabou Combo de Haiti, Bésame mucho: Los Paraguayos, Fleetwood
Mac Blues, Billy Halley, Colômbia.
“O erotismo na dança sublima todos os desejos”
-Dezembro de Sol. Misto de danças natalinas da América Latina.
“A dança é vida e magia através da plástica dos movimentos”.
-Ameríndia. Danças da América do Sul.
“O fascínio que exerce o nosso folclore no mundo deve se ao encanto da
influência latina em fusão com o misticismo indígena e o contagiante ritmo
afro”
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-Missa Pan. Estilo livre. Música: Colômbia, Nicarágua, Cuba, Martinica.
-Fantasia caribenha com nativos e rastafaris.
“Turulu lulu pasa la já la baile pasa”. Canção nicaragüense.
-Horus Orient. Danças do Oriente Médio.
“Louve a Deus com canto, dança e pandeiro”.
Rei Davi.
-La Singla. Dança cigana e espanhola. Música: Coração Cigano, La Rueda.
“A dança é a encarnação da música e a poesia mais eloqüente”.
-Penumbra. Bale Romântico. Música medieval: Henry Purcell.
-Num lugar da vida a três; a meia luz, o conflito.
“O amor proibido transborda doçura, mas o seu fundo é amargura”.
-Personagens: duas amantes – a intrusa – as aparições (dança com leques e
dança da flautista) – acaba com a crucificação da intrusa.
-Adágio da Luz. Contemporâneo. Música: New Age e Ennya.
-É a primeira e longa sina pela busca do equilíbrio.
“Era uma luz cegando vinda num carro de fogo”. Passagem da Bíblia.
-Personagens: O ser de Luz – Adão e Eva – a natureza.
-Brasil Mix. Danças brasileiras. Música: Batucada Fantástica.
-É um desfile de povos colonizadores.
“Pássaros de todas as terras, de todos os mares, dançam no meu Brasil
Tropical”.
-Povos: índios e africanos (caboclinha, maculelé, umbigada) – Portugal e
Espanha – Alemanha e Holanda – Itália e França – Inglaterra, Líbano e Japão
– baianas, cariocas e caiçaras (orixás, pandeiro, cangas) – Ciranda, frevo e
Maracatu.
-Desvario. Contemporâneo. Música: Hermínio Giménez.
-No mundo da psique.
“Dizem que morreu de frio, eu sei que morreu de amor”.
Poeta cubano José Martí.
-Personagens: a menina da ilusão – o namorado fugaz e os amigos –
fantasmas.
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*Proibida a venda total ou parcial deste livro.
Todos os direitos são exclusivos da autora.
Escreva para a Edit.Tagore – Caixa Postal 65113
Rio de Janeiro – RJ – 20070 – 970.
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Luz de Miel escreve sobre a espiritualidade
e sobre a irmandade universal. Profundo
sentir pelos animais, pela natureza e por
Deus.
» Borbulhas de Dança: não se trata somente de uma leitura histórica
e pedagógica. Contém visão filosófica sobre a dança e psicológica
sobre o bailarino e seu ambiente. É um livro ecológico e ecumênico.
Leitura amena, de bom astral. Enfoca a dança como ato sagrado do
Criador criando todo com ritmo e movimento.
» Filosofia e Arte – Introdução – Mais dois trabalhos de Faculdade
sobre A Náusea de Jean Paul Sartre e sobre O complexo de Édipo de
Sigmund Freud. Mais Coração Moreno onde a vida, contos, cartas e
poemas são de conteúdo não somente literário, aborda desde a
infância sobre a ética, a religião, a sociedade, o amor, sempre dando
mensagem de irmandade cósmica.
» Filosofia e Religião: especula sobre a formação das religiões, por
que e para que, pensadores e religiosos ao longo do tempo. Como nos
livros anteriores a autora esclarece sempre o seu parecer sobre a
atitude humana perante Deus e o mundo e a sua mensagem de
fraternidade universal.
» Luzes do silêncio, Brilhos na Sombra, Flores da Alma: de
maneira holística e otimista aborda o amor e a espiritualidade.
» Planeta das Flores: anexo O estranho nos Estrangeiros e A
famosa taverna: relato sobre experiência ecológica, viagens e sobre
os efeitos do álcool.
» Escorpiana: fala sobre o signo da autora. De brinde Seleções:
compilação de Pearl Angeli de piadas picantes ouvidas.
» Brotar e Fluir e Lágrimas: neste último livro a autora Luz de Miel
se apresenta em fotos.
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