íntegra. - Sinditêxtil-SP

Transcrição

íntegra. - Sinditêxtil-SP
em notícia
ed. 32 - maio 2015
Leia também em seu
Tablet e Smartphone
Crise hídrica e energética
afeta o setor
Pesquisa revela aumento de até 80% nas contas
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06/05/2015 11:50:45
Palavra do
Sindicato das Indústrias
de Fiação e Tecelagem
do Estado de São Paulo
Presidente
Presidente (licenciado)
Alfredo Emílio Bonduki
Presidentes Eméritos
Paulo Antonio Skaf
Rafael Cervone Netto
1º Vice-Presidente
(em exercício da presidência)
Francisco José Ferraroli dos Santos
2º Vice-Presidente
Alessandro Pascolato
3º Vice-Presidente
Romeu Antonio Covolan
Vice-Presidentes
Julio Maximiano Scudeler Neto
Lourival Santos Flor
Oswaldo de Oliveira Filho
Pedro Carlos Saltorelli
Reinaldo José Kroger
Rogério da Conceição de Melo
Diretor Secretário
Daniel Eduardo Mehler
Diretor Tesoureiro
Luiz Arthur Pacheco de Castro
1º Tesoureiro
Fernando Tanus Nazar
2º Tesoureiro
Paulo Vieira
Diretores
Adilson Sarkis
Benedito Antonio Yoshimassa Kubagawa
Fabiana Gabriel
Fernando José Kairalla
Laerte Guião Maroni
Laerte Serrano Amadeo
Luiz Gustavo de Mattos Abreu
Marcos Alexandre Dini
Ramiro Sanchez Palma
Rogério Kadayan
São Paulo tem porte e riqueza de país
desenvolvido. Seu PIB é maior do que o
sueco e sua infraestrutura e capacidade profissional superam a média brasileira. O que falta, então, para resgatar
sua competitividade? Sua indústria
paga mais caro pela energia elétrica.
Segundo a FIRJAN: R$ 260,94 por
megawatt/hora, contra R$ 245,46, no
Paraná; R$ 231,87, no Mato Grosso do
Sul; e R$ 222,48, no Ceará. Em 2014,
há, ainda, os custos da crise hídrica,
que afetou mais o Estado, onde paralisou várias unidades fabris.
Além disso, se a indústria brasileira reduz sua participação na renda nacional,
o Estado responsável por 29,8% do PIB
industrial do Brasil sofre mais. Dados
do IBGE, relativos à produção física industrial até novembro/2014, apontam
que no País ela recuou 4,2% e, em São
Paulo, 6%, diante da mesma base.
Estudo da CNI (Perfil da Indústria nos
Estados – 2014) aponta que o PIB industrial paulista é de R$ 288,6 bilhões,
com 137,6 mil indústrias (2013). No
entanto, entre 2002 e 2012, São Paulo
perdeu 7,9 pontos percentuais de participação no PIB industrial nacional.
Com seus 41,9 milhões de habitantes
(2012), dos quais 3,7 milhões empregados na indústria, o Estado paga, em
salários, 20,9% a mais do que a média
da indústria nacional. O setor industrial paulista recolheu R$ 41,2 bilhões
de ICMS em 2013. A indústria mineira,
segunda do ranking, pagou, no mesmo período, R$ 12,16 bilhões. Porém,
ao analisar a arrecadação nominal do
ICMS paulista, chegamos à triste constatação de que o setor têxtil vem reduzindo sua participação, caindo de 3,5%,
em 2000, para 1,42%, em 2014.
Conselheiros Fiscais
Adriano Chohfi Nacif
Fabio Cotait
Mario Roberto Galardo
Suplentes de Conselheiros Fiscais
Jair Antonio Covolan
Luca Pascolato
Ordiwal Wiezel Junior
Delegados Representantes da FIESP
Paulo Antonio Skaf
Alfredo Emílio Bonduki
Rafael Cervone Netto
Alessandro Pascolato
2
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Quanto ao comércio de tecidos, vestuário e calçados, medido pelo IBGE, no
Brasil, até novembro de 2014, frente a igual período de 2013, as vendas
encolheram 0,7%, mas em São Paulo,
caíram 5,3%. Em linha, os dados do
MTE/Caged, que cobrem os empregos
com carteira assinada, revelam que,
no Estado, foram demitidos 41% do total de trabalhadores dispensados pelo
setor no País no período de 12 meses
encerrado em novembro/2014. No Brasil, 20.359 vagas foram fechadas (8.250
em São Paulo). Uma das dificuldades
diz respeito à alíquota do ICMS setorial, de 12%, similar apenas à do Rio
Grande do Sul e muito acima de todos
os demais estados.
O Sinditêxtil e outros sindicatos, inclusive com a participação das representações laborais, já apresentaram
propostas ao Governo de São Paulo.
Medida importante é fazer com que as
empresas do varejo do setor possam ser
creditadas de ICMS de maneira simétrica, como ocorre quando compram de
outras unidades federativas.
São Paulo precisa inovar. Suas universidades, centros tecnológicos, agências
de estímulo à pesquisa e de fomento
têm condições de levar essa missão a
cabo. Contudo, não basta pedir inovação ao empresário e aos pesquisadores
e, ao mesmo tempo, manter-se no papel
conservador de arrecadador de tributos
e mero ordenador de despesas.
À União cabe reequilibrar a economia.
Afinal, para o resgate da competitividade da indústria, é essencial que a estagnação seja revertida. Precisamos das
reformas tributária, previdenciária e
trabalhista, juros menores, menos burocracia e um governo eficiente e que respeite a lei da responsabilidade fiscal. São
Paulo pode liderar a mudança, mas Brasília precisa deixar a locomotiva andar.
Francisco Ferraroli
Presidente em exercício
do Sinditêxtil-SP
* Artigo publicado no jornal Brasil Econômico e em diversos outros
EXPEDIENTE
Sinditêxtil em Notícia é uma publicação do Sindicato das
Indústrias de Fiação e Tecelagem do Estado de São Paulo
Supervisão: Ligia Santos • Jornalista Responsável: Roberto Lima (MTb 25.712)
Colaboração Sirlene Farias • Design e Diagramação: Leandro Mira
Tiragem: 4.000 exemplares
Rua Marquês de Itu.968 - 01223-000 - São Paulo/SP • Tel: (11) 3823-6100
[email protected] • www.sinditextilsp.org.br
06/05/2015 11:50:47
Notícia
Sinditêxtil-SP
publica estudo do setor têxtil paulista
O número de empresas em atividade, pessoal ocupado, produção, principais polos produtores e uma radiografia específica da região de Americana (que também inclui os municípios de Hortolândia, Nova Odessa, Sumaré e Santa Bárbara
d’Oeste) são os destaques do “Relatório Setorial da Indústria Têxtil e de Confecção que reúne dados do Estado de São
Paulo e Grande São Paulo. Esta 3ª edição do Estudo realizado pelo Sinditêxtil-SP em parceria com o Sindivestuário foi
desenvolvido pelo Instituto de Estudos e Marketing Industrial (IEMI) e apresentado durante coletiva de imprensa no
Senai de Americana, no final do ano passado.
Os dados apontados no levantamento são referentes ao período de 2009 a 2013, quando houve um aumento de 8,9%
das indústrias têxteis e de confecções no Brasil. Enquanto
isso, São Paulo registrou alta de apenas 1,8%.
No estado de SP estão localizadas 27,8% das empresas da
cadeia têxtil brasileira, ou seja, 9.191 empresas dentro do
universo de 33 mil espalhadas pelo território nacional. São
893 indústrias de fios, tecidos e beneficiamento (30% do
total) e 8.298 fabricantes de artigos confeccionados (28%
do total). A maior participação de São Paulo, em quantidade de empresas, está nas tecelagens, com 48,1% do total
nacional. “Somos o principal estado produtor e empregador
do setor têxtil no País”, ressalta o presidente em exercício
do Sinditêxtil-SP, Francisco Ferraroli.
Confira, nas páginas a seguir, um resumo das principais
informações do relatório com destaque para o polo
têxtil de Americana.
São Paulo Têxtil
Cadeia produtiva:
Fios / Linhas de Costura
Manufaturas Têxteis
(604 fábricas)
Beneficiamento
(289 fábricas)
295,4 mil tons¹
149 fábricas
Malhas
Tecidos
487,5 mil tons
268 fábricas
e um recuo de 2,9% no
. Entre 2009 e 2013, houv
strias têxteis no Brasil,
indu
das
ado
ocup
pessoal
e alta de 5,1%;
houv
SP
em
que
anto
enqu
do universo Brasil.
. São Paulo detém 32,3%
1.639,9
1.669,4
1.645,1
Em 1.000 funcionários
1.636,1
1.591,9
-0,7% aa
Beneficiamento
289 fábricas
Vestuário
Confeccionados
(8.298 fábricas)
99,6 mil tons
187 fábricas
is e Confecções
Pessoal Ocupado nos Têxte
1.804 mil peças²
7.276 fábricas
Outros
986 mil peças³
1.022 fábricas
entos contínuos;
(1) – não inclui fios de filam
;
s (plástico, couro, nãotecido)
(2) – inclui outros substrato
s técnicos e industriais.
(3) – inclui Cameba e artigo
488,6
2009
Brasil
503,2
2010
505,8
2011
516,9
2012
513,8
+1,3% aa
2013
São Paulo
Fonte: IEMI
nto e confecções.
gens, malharias, beneficiame
Nota: (1) – inclui fiações, tecela
3
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Têxteis¹
Evolução da Produção de
2.249,2
2.089,1
2.010,8
702,2
648,4
608,6
622,9
Segundo dados do Estudo, o polo têxtil e de confecção da região de Americana conta com 606 empresas em atividade. Em termos de pessoal ocupado
(diretos e indiretos) foram 45 mil em 2013.
-1,3% aa
2014²
2013
2012
2011
1.890,6
-2,0% aa
619,0
647,8
2010
2009
Em mil toneladas
1.947,0
1.923,4
Polo de
na
America
Produção de Têxteis
;
ução nacional recuou 6,8%
. Entre 2009 e 2013 a prod
nacional.
detendo 32% da produção
. São Paulo recuou 3,9%,
em SP.
3%
a de (-)2,9% no BR e (-)2,
. Para 2014 estima-se qued
São Paulo
Brasil
Fonte: IEMI
tecelagens e malharias;
Notas: (1) – inclui fiações,
(2) – Estimativas
Comércio de Têxteis e Co
nfeccionados – SP ¹
, já
es avançaram apenas 6,9%
. Em São Paulo as exportaçõ
s;
veze
2,5
de
ento
aum
am
as importações tiver
têxtil.
24,8% do déficit da cadeia
. São Paulo responde por
a de 9,1% nas
qued
de
são
s
ativa
estim
. Para 2014 as
10,2% nas importações
exportações, porém alta de
Em US$ milhões
Na área têxtil, atualmente as tecelagens ainda
são maioria no Polo (163), seguidas por linha
lar (81), beneficiamento (70), fiação (33) e malharia (21). As empresas de vestuário somam
248 unidades.
1.940
1.761
1.602
Entre essas empresas, os tecidos planos são destaque da produção local, com um volume de 253 mil
toneladas, ou seja, 18,8% da produção nacional e
52% da produção do estado de São Paulo. “Os demais segmentos, apesar de participarem com parcelas menores, também contribuem para formar
um dos mais importantes polos têxteis regionais
do Brasil”, pontua o presidente Ferraroli.
+22,6% a.a.
1.268
923
696
+32,5% a.a.
-568
Exportação
-0,6% a.a.
2014²
2013
2012
2011
2010
2009
-406
282
310
328
378
355
290
-890
Importação
-1.275
-1.451
Saldo
-1.659
e os filamentos.
Fonte: SECEX
Não estão incluídas as fibras
s têxteis e confeccionados.
Notas: (1) Incluem manufatura
ativas
Estim
(2)
Importação de Máquinas Tê
xteis e de Confecção
m 23,4% no Bras
rtações de máquinas crescera
. Entre 2009 e 2013 as impo
importação nacional.
da
45%
ndo
dete
%,
48,1
. São Paulo cresceu
il;
Em U$ Milhões
Produção têxtil
969
831
736
780
+5,4% aa
596
318
366
279
330
+10,3% aa
223
2009
Brasil
2010
2011
2012
2013
São Paulo
Fonte: SECEX
4
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Vista aérea de Americana
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A publicação ressalta, por exemplo, que entre
2009 e 2013 o polo têxtil e de confecção da região de Americana reduziu 403 postos de trabalho, de 45.501 para 45.098 (-5,3%) e o número
de empresas passou de 663 para 606 (queda de
8,6%). Ainda na região, das empresas que fecharam no setor têxtil, as tecelagens foram maioria
(19,9%), seguidas pelas indústrias de beneficiamento (10,3%), fiação e linhas de costura (8,3%)
e malharias (4,5%). A mão de obra teve queda de
0,9% no Polo Têxtil da região e a produção de têxteis caiu 2,1%. Contudo, apesar da queda geral,
os números apontam alta de 0,9% na produção de
têxteis básicos e 1,9% nos confeccionados.
Para o presidente do Sinditêxtil-SP, Francisco José
Ferraroli, o aumento da produtividade apesar do
fechamento de empresas demonstra que as que
permaneceram no mercado estão mais fortes. “As
empresas fecham por muitas razões, como competitividade por ficarem defasadas ou sucessão. O fato
de a produção na região não ter caído na mesma
proporção mostra que está havendo um movimento
de consolidação”, disse.
em notícia
Grandes números do Polo – 2013
Têxtil nacional
Polo Americana
33,0 mil indústrias
606 indústrias
1,6 milhões empregos¹
45 mil de empregos¹
Americana
1,9 milhões tons / ano²
R$ 47,1 bilhões (têxteis)
278 mil tons / ano²
Santa
Bárbara
D’Oeste
Nova Odessa
9,5 bilhões peças / ano²
R$ 4,6 bilhões (têxteis)
87,4 milhões peças / ano²
Sumaré
R$ 115,4 bilhões (confecciona.)
Hortolândia
R$ 1,7 bilhões (confecciona.)
(1) – pessoal ocupado (diretos + indiretos)
(2) – volume de produção
Evolução do número de empresas
. O setor é composto por 606 empresas, sendo 277 têxteis e 329
confecções.
. Tanto as empresas têxteis como as de confecções estão diminuindo
.
663
676
656
657
606
-2,2% a.a.
327 336
320 336
320
356
307
350
277
329
-4,1% a.a.
-0,5% a.a.
2009
Total
2010
Têxteis
2011
2012
2013
Confeccionados
Pessoal ocupado por segmento – 2013
. A tecelagem emprega 40% da mão de
obra empregada pelo setor na região;
. O segmento do vestuário emprega 23%.
% sobre nº de funcionários
Total: 45.098 empregados
Fiação
11,8%
Tecelagem
Malharia
Beneficiamento
Linha lar
Vestuário
39,9%
1,4%
13,8%
10,0%
23,1%
5
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Capa
Imagens USP
Aumento na conta de energia elétrica e gastos
com a falta de água atingem empresas do setor
Pesquisa mostra os impactos nas indústrias paulistas
As empresas do setor têxtil e de confecção paulista já sentem os reflexos da conta de energia elétrica mais cara, assim como a escassez de água. É o que mostra uma pesquisa
inédita realizada pelo Sinditêxtil-SP em parceria com a
Abit. O questionário, com 25 questões, aborda de que maneira as empresas são atendidas e o quanto esses aumentos
nas tarifas podem impactar nos custos e na produtividade
das indústrias. O “Sinditêxtil-SP em Notícia” teve acesso
aos resultados da pesquisa e, por razões de confidencialidade, manterá o sigilo dos empresários pesquisados.
Dentre o universo pesquisado, cerca de 40% das empresas
estão no segmento de Vestuário e os 60% restantes estão
distribuídos em Fiação, Tecelagem, Malharia, Beneficiamento, Lavanderia/Tinturaria, Nãotecidos, Meias e Acessórios e Linha Lar. As empresas que participaram do estudo têm planta industrial em São Paulo (45,31%), Paraná
(21,88%), Santa Catarina (12,50%), Minas Gerais (7,81%),
Ceará (4,69%), Rio Grande do Sul (4,69%), Rio de Janeiro
(1,56%)e Rio Grande do Norte (1,56%).
De acordo com a sondagem, que foi enviada para a base de
associados das duas entidades, 97,06% dos participantes
afirmaram que já sofreram aumento na tarifa de energia
elétrica nos últimos meses. Para cerca de 40% dos entrevistados, o aumento variou entre 20% e 40%. Mas, para
7,58% deles, a alta foi superior a 80%. Os impactos são
percebidos no bolso dos empresários: para 47,62% dos
entrevistados, a energia elétrica representa até 20%
no custo total de produção e até 10% para outros
30,95% pesquisados.
A possibilidade de um racionamento de energia
também foi abordada no levantamento do Sindicato. Caso esse cenário se confirme, 57,41%
dos empresários dizem que optariam por diminuir os turnos, outros 37,04% buscariam por
substituição de tecnologia e os 12,96% restantes tentariam utilizar fontes renováveis.
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Segmento:
Malharia
Local:
Sorocaba (SP)
Fonte de energia utilizada:
Gás natural e energia elétrica
Regime de abastecimento:
Concessionária local e gerador
próprio
Concessionária:
CPFL Piratininga
A energia elétrica é uma das fontes de energia mais demandadas pela indústria. É o que mostra o Balanço Energético do Estado de São Paulo -2014, conforme tabela abaixo. O material também traz a posição do setor têxtil no consumo
industrial por segmento.
*
“Estamos muitos preocupados
com o futuro com relação a energia elétrica, quanto a falta, racionamento e aos custos elevados”.
Segmento:
Malharia
Local:
Santa Isabel (SP)
Fonte de energia:
Gás natural e energia elétrica
Regime de abastecimento:
Concessionária local e gerador
próprio
Concessionária:
Elektro
Aumento da tarifa de energia nos últimos meses: 60%
Energia elétrica no custo de
transformação: 40%
“No mundo inteiro o custo de
energia diminuiu Aqui, onde a
energia já é caríssima, aumenta. Fora a falta. Compramos
um gerador há 15 dias, apesar
do mercado muito deprimido,
por medo do racionamento”.
*
*toe = Ton Oil Equivalent (Tonelada Equivalente de Petróleo)
Segundo apurou o Sistema Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio
de Janeiro), o custo da energia elétrica no Brasil é 316,6 % superior à média do
que é praticado nos Estados Unidos. Dentre os BRICs, é maior que os custos na
China e Rússia e inferior ao custo na Índia. Como mostra o gráfico a seguir, o
Brasil ocupa a 3ª posição mais cara dentre os 27 países selecionados.
Segmento:
Fiação
Local:
Americana (SP)
Fonte de energia:
Biomassa e energia elétrica
Regime de abastecimento:
Concessionária local
Concessionária:
CPFL Paulista
Aumento da tarifa de energia nos últimos meses: 60%
7
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O fornecimento de água também é uma questão que preocupa as indústrias têxteis e de confecção paulistas. Segundo informações da pesquisa realizada pelo Sindicato,
52,94% delas são abastecidas por concessionárias, 26,47%
por captação própria (rios e lagos), 22,06% por poço artesiano e apenas 16,18% por semiartesiano. A água chega a
representar até 8% no custo total da produção de 7,35%
das empresas. No que se refere ao custo de transformação,
a água representa até 12% para 4,41% dos entrevistados.
No entanto, grande parte das empresas afirmaram que
ainda não têm redução de vazão de água e nem interrupção no abastecimento da empresa. Em contrapartida, boa
parte daquelas que são atingidas por esses problemas informam que o fato é registrado diariamente. Cerca de 40%
dos participantes da sondagem alegaram que sofreram aumento no custo de água nos últimos seis meses. Em caso
de crise de abastecimento hídrico, implementar tecnologia para reuso da água seria a alternativa para 48,44%
das empresas que responderam o questionário. Já 42,19%
apostariam em novas tecnologias para redução de consumo
e 50% investiriam na captação de água da chuva.
O levantamento apurou que 88,24% dos entrevistados já
tomaram alguma medida para reduzir o consumo de água.
É o caso da Tintex que, antecipando-se à crise hídrica, a
unidade de tinturaria do grupo Nicoletti pôs em prática
um projeto que permite uma economia de 2,8 milhões de
litros de água por mês. A cidade de Nova Odessa, no interior de São Paulo, onde a empresa está localizada, ainda
não sentiu os efeitos da escassez, mas a iniciativa, segundo
o gerente industrial da Tintex, Laércio Boin, faz parte do
projeto sustentável que busca economia de recursos. “Há
cinco anos promovemos processos de tingimento e fixação
com redução de banhos de lavagem”, diz Boin. Em uma
primeira fase, a empresa passou do uso de 11 litros de água
por fio tingido para 8,5 litros de água por fio tingido.
8
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O projeto mais recente, de acordo com Boin, é a redução de
9 litros de água usados por quilo de fio índigo tingido, para
apenas 3,5 litros. O processo sulfuroso de catio fixação no
índigo, como é chamado, começou com uma cor de fio e está
em testes em outras linhas. “Com isso, prevemos economia
mensal de 2,6 milhões de litros de água por mês”, destaca
Boin. No final do ano passado, devido à menor vazão do
córrego que abastece a empresa, foi necessária uma mudança na tubulação para que o bombeamento da água se
desse de forma mais fácil.
A Canatiba também está empenhada em reduzir o uso de
água e há anos investe em projetos sustentáveis em seu
parque fabril, em Santa Bárbara d’Oeste (SP). Atualmente, mais de 20% da água recebida por ela é reutilizada e,
até o final desse ano, um acordo com a prefeitura do município permitirá que a empresa utilize a água resultante do tratamento dos esgotos da cidade. A fábrica ficará
responsável por uma parte do processo de tratamento da
água descartada em forma de esgoto para sua posterior
utilização na produção de denim.
Além dessas preocupações ambientais em suas unidades
fabris, a Canatiba criou um produto premium, com alta
solidez e intensidade de cor, fixação superior aos outros denins, baixo residual de goma e aplicação de resinas, para
utilização no processo de lavagem a seco. Graças às novas
tecnologias, um novo conceito em lavagem de denim, chamado Air Washed Jeans, consegue reduzir de 80% a 100%
o consumo de água nesse processo - uma economia de até
100 litros de água por peça lavada no processo tradicional.
A linha de denins especiais Preservation ganhou o apoio
de lavandeiras parceiras da empresa. A Canatiba incentiva
clientes de todo o país a se engajarem nesse processo e contribuir com a redução de consumo de água na finalização
do jeans. Para isso, ministra workshops em várias cidades
e capitais brasileiras com o objetivo de explicar o método e
ensinar a técnica.
Canatiba reduz uso de água
no processo de lavanderia
06/05/2015 11:50:56
Saiba mais sobre o aumento das
tarifas de água e energia elétrica
As tarifas de energia elétrica no Brasil ficaram em média
23,4% mais caras a partir de março, segundo a Agência
Nacional de energia Elétrica (Aneel). Os estados de São
Paulo e Paraná, por exemplo, tiveram ajustes superiores à
média, de 32% e 36,8%, respectivamente, de acordo com as
distribuidoras estaduais. O reajuste foi determinado pela
Aneel para todas as distribuidoras.
Isoladamente, o reajuste extraordinário teve impacto de
23,4% sobre o preço da energia.
Junto com ele, a Aneel também elevou o preço das bandeiras tarifárias, elevando o aumento para 32% em meses
mais críticos, de bandeira vermelha. Por meio do sistema
de bandeiras, o governo pode elevar mensalmente as já aumentadas tarifas de energia.
Os maiores reajustes serão para as distribuidoras AES
Sul (39,5%), Bragantina (38,5%), Uhenpal (36,8%) e Copel
(36,4%). Os mais baixos serão aplicados para Celpe (2,2%)
e Cosern (2,8%).
A ideia é repassar de imediato os gastos maiores com compra de energia em tempos de crise, como os atuais, em que
a seca prejudica a geração hidrelétrica.
Segundo a Aneel, a revisão leva em consideração diversos
fatores, como o orçamento da Conta de Desenvolvimento
Energético (CDE) deste ano, o aumento dos custos com a
compra de energia da Usina de Itaipu (causado pela falta
de chuvas), o resultado do último leilão de ajuste (que levou as distribuidoras a buscar energia no mercado livre e
de curto prazo).
Os impactos da revisão tarifária extraordinária são diferentes
conforme a região onde a distribuidora atua. Para as concessionárias que atuam nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste,
o impacto médio, ponderado pela receita das distribuidoras,
será de 28,7% e, para as distribuidoras que atuam nas regiões Norte e Nordeste, o impacto médio será de 5,5%.
A AES Eletropaulo informa que a correção em São Paulo
inclui a revisão extraordinária e bandeiras tarifárias decorrentes da utilização de energia originada por usinas
termoelétricas, que geram custos adicionais no preço da
energia para suprir a demanda do país. “Esse cenário é resultado da escassez de chuvas que comprometeu a recomposição dos reservatórios das usinas hidrelétricas, principal fonte de geração de energia do Brasil. Houve impacto
no custo, também, devido ao reajuste da tarifa de Itaipu,
em 46%, em dólar. Dos 31,9% de índice médio do reajuste
extraordinário, 8,17% referem-se ao custo de geração”, informa a AES Eletropaulo.
Neste ano, excepcionalmente, o governo Dilma Rousseff
permitiu que fossem feitas duas correções das tarifas de
energia. Além do reajuste ordinário, também foi feito um extraordinário. O aumento atípico repassou para a tarifa dos
consumidores o gasto integral do setor em 2015, que inclui
os pagamentos dos programas sociais (como Luz para Todos
e as tarifas especiais para baixa renda), além dos gastos com
indenização de concessões e compra de combustíveis para
as usinas térmicas. Como esses gastos são muito elevados
--R$ 25,2 bilhões, sendo R$ 18,9 bilhões pagos pelos
consumidores--, as distribuidoras solicitaram
repasse imediato para as tarifas.
A bandeira vermelha, que está em vigor, subiu de R$ 3 a
cada 100 kWh consumidos para R$ 5,50 (alta de 83%). Para
algumas empresas, como a AES Sul (que atende parte do
interior gaúcho), a tarifa chega a 48% antes da aprovação
do reajuste ordinário. Para a Eletropaulo -que serve a cidade de São Paulo-, o aumento está em 40,4%, incluindo a
bandeira vermelha.
Em meio à crise hídrica em São Paulo, com reservatórios
operando abaixo de suas capacidades, a água também ficou mais cara: a Sabesp reajustou o valor dos serviços em
6,49%, em dezembro de 2014. Bem antes disso, em fevereiro, foi implantado uma espécie de bônus para quem economiza em relação à média mensal de consumo de 2013.
A redução do valor da conta varia entre 10% e 30%. Em
contrapartida, quem gastar mais será punido. Foi autorizada em janeiro de 2015 pela Justiça, a sobretaxa que
prevê acréscimo de 40% na conta caso o consumo tenha
aumentado em pelo menos 20%. Se aumentou mais que
isso, o acréscimo é de 100%.
A Sanasa (Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento), empresa responsável pelo abastecimento de água
em Campinas, anunciou em janeiro deste ano, um reajuste
de 11,98% nas contas a partir do mês seguinte. Em 2014, a
cidade enfrentou a pior seca em mais de 80 anos. Na época,
a água do rio Atibaia, que abastece 95% do município, estava com vazão muito baixa e chegava à captação em péssima qualidade, o que levou a empresa a interromper
alternadamente o abastecimento em alguns bairros.
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Setor têxtil reduz em 90% o
uso da água na produção
Segundo levantamento da Abit, desde os anos 2000 o setor têxtil reduziu em 90% o uso da água na produção, ou
seja, dos 100 litros que eram usados para produzir 1 kg de
tecido beneficiado, agora são necessários apenas 10 litros
de água. Além dessa redução, a água é reutilizada pela fábrica em outras áreas e, após modernos tratamentos de
efluentes, devolvida ao meio ambiente até mais limpa.
“Na indústria têxtil e de confecção, os custos com água e
energia elétrica são muito relevantes. Logo, tivemos que
nos adaptar a uma realidade mundial, com aterações no
processo produtivo, questões econômicas e ambientais”,
comenta o presidente do Sinditêxtil-SP em exercício, Francisco Ferraroli.
Confira algumas das tecnologias disponíveis:
Dye Clean: Referência no mercado mundial de química
têxtil, o processo consiste no tingimento de fibras celulósicas
com corantes reativos, que reaproveita a água dos banhos e
diminui a quantidade de sal e insumos químicos nesse processo, sem interferir na qualidade final do produto têxtil.
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Tratamento de efluentes: Pesquisas constataram
que era possível aproveitar o CO2 proveniente da combustão nas caldeiras, além de se reduzir o material particulado proveniente da queima de óleo no processo. Outro
processo usado é o de membranas de ultra filtração, com
objetivo de possibilitar aumento na capacidade de reuso de
água e eficiência no tratamento dos efluentes líquidos, com
redução significativa da turbidez.
Tratamentos de afluentes: Um sistema de tratamento de afluentes pioneiro no setor é o da osmose reversa.
O processo consiste na captação de água dos rios e seu tratamento preliminar, realizado na Estação de Tratamento
de Afluentes (ETA) das empresas. Após o tratamento, água
é encaminhada para a planta de osmose, que tem capacidade de purificar 30 m3 por hora, resultando em uma
água desmineralizada, totalmente pura, utilizada, principalmente, na cozinha industrial, no ar condicionado da
tecelagem e na geração de vapor.
em notícia
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A crise hídrica e energética
no Estado de SP
Em tempos de crise, não faltam profissionais falando que avisaram o que
aconteceria. As previsões não devem ser vistas com descrédito, mas é necessário esquecer o passado e pensar no que é possível fazer agora para enfrentar a crise. O estado de São Paulo enfrenta uma das piores crises hídricas e
energéticas da história e a solução óbvia a ser adotada é parar de desperdiçar
energia e água.
A previsão para 2015 é que a energia elétrica tenha um aumento de mais de
100% no preço para o consumidor final. O segmento industrial é o que mais
está sendo afetado pois vem, sistematicamente, subsidiando o segmento residencial. Isto ocorre por vários motivos, entre eles, o funcionamento ininterrupto das termoelétricas. Só que com os reservatórios das hidrelétricas com
baixa armazenagem, o cenário não é de melhoria de preços, mas sim de maior
pressão sobre eles. A solução para reduzir o impacto destes aumentos é consumir menos energia e a implantação de projetos de eficiência energética é
fundamental para esse fim.
Rodrigo Aguiar é presidente da Associação
Brasileira das Empresas de Serviços de
Conservação de Energia (ABESCO)
É notório que o parque industrial brasileiro possui muitas máquinas, equipamentos e sistemas consumidores de energia obsoletos e que já ultrapassaram
e muito sua vida útil. A troca destes equipamentos por modelos modernos
garante uma economia de 30% a 50% no consumo de energia e reduz drasticamente os custos com manutenção. Além disso, garantem um produto final
melhor, com maior qualidade, e maior produtividade.
A vantagem da eficiência energética é que a própria economia de energia pode
pagar todos estes investimentos. Existem ESCOS (Empresas de Serviços de
Energia) que além de realizar toda implantação, também podem fazer todo
o investimento e parcelar o pagamento com base na economia de energia. A
indústria moderniza seu parque fabril e é a economia que paga a conta.
Já no caso da água, se cada consumidor mudar os hábitos, realizar pequenos
investimentos e trocar os sistemas/terminais consumidores é possível reduzir
de 30% a 60% do consumo de água sem alterar ou mudar a qualidade do trabalho. E tudo isto pode ser feito também por uma ESCO.
Os custos estão altos, a pressão no orçamento é grande, a competição é forte
(tanto no mercado interno quanto no externo) e o empresário tem uma solução nas mãos. Basta apenas colocar em prática. Eficiência energética é fazer
mais e melhor gastando menos!
em notícia
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Sinditêxtil-SP
colabora com Norma que limita
uso de químicos danosos no setor
O Brasil é um dos poucos países que ainda não possui uma
Norma que regulamente o uso de produtos químicos danosos
nos produtos têxteis. Com o objetivo de mudar esta situação,
o Sinditêxtil-SP tem participado de um Grupo de Estudo de
Produtos Danosos coordenado pela Associação Brasileira de
Normas Técnicas (ABNT), com o apoio da Abit e da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim). O objetivo
é constituir uma Norma sobre o uso de produtos químicos
tóxicos em artigos têxteis e confeccionados. Ela é voluntária
e não pretende banir nenhuma substância, apenas estipular
limites para o seu uso na indústria têxtil e de confecção. Já
existem dois comitês (CB–10/química e CB-17/têxteis) que
trabalham com este assunto.
provement Act (CPSIA) – 2008, que fiscaliza dentre outros
aspectos a aparência após a lavagem, solidez à fricção, flamabilidade, PH, pontas afiadas e partes pequenas das roupas que podem se soltar.
Já na Europa, existe o REACH – 2008 (Evaluation, Authorisation and Restriction of Chemical substances), que tem
como objetivo garantir uma elevação do nível de proteção
da saúde humana e do ambiente. Para isso, introduz a obrigação de realizar um registro de todas as substâncias químicas comercializadas dentro do território da União Europeia.
Dentre a lista de 10 substâncias danosas ao meio ambiente
e à saúde, que serão monitoradas estão: Polifluorcarbonos
8C(PFC’S) PFOS e PFOAS, Aminas aromáticas/corantes azo
Listados, Alquil Fenóis e Nonil Fenol, Corantes disperses alergênicos, Metais Pesados (chumbo, cádmio, mercúrio, cromo e
níquel), Ftalatos, Formaldeído, Pesticidas, Compostos organo
estanosos e Fenóis (Pentaclorofenol e Tetraclorofenol).
Caso a Norma seja implantada nos próximos anos por órgãos
reguladores, a produção interna e os produtos importados terão um prazo para se adequar aos limites das substâncias
químicas citadas. Muitas empresas - principalmente os grandes varejistas - já estão adaptadas às especificações internacionais, em especial, ao ZDHC (Zero Discharge of Hazardous
Chemicals), que é um programa internacional que visa banir
algumas substâncias consideradas nocivas ao meio ambiente.
Segundo Lourival Flor, diretor de Sustentabilidade do Sinditêxtil-SP, muitos países já têm regras e leis em relação à
toxicidade em produtos têxteis. “As importações na União
Européia, por exemplo, são muito controladas e certificados
são exigidos dos exportadores. Quando a Norma for aprovada e colocada em prática no Brasil, o principal beneficiado
será o consumidor brasileiro”, explica.
Estados Unidos, Japão e Europa já controlam a utilização
de substâncias nocivas em têxteis. Nos EUA, por exemplo,
é adotada a CPSIA (The Consumer Product Safety Im-
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Da esq. para a dir.: Humberto Sabin
(Coordenador do Grupo), Maria Adelina Pereira
(ABNT) e Raphael Berganini (Senai-Cetiqt)
A indústria química brasileira está bem avançada no desenvolvimento de substitutos para essas substâncias, lembrando que
elas não serão banidas, apenas sua utilização será restrita. O
Grupo de Estudo de Produtos Danosos também pesquisa quais
seriam esses substitutos e a viabilidade econômica da substituição de algumas substâncias. A intenção é estar de acordo
com as legislações praticadas na Europa, EUA e outros países.
As reuniões de discussão da Norma são realizadas mensalmente na sede do Sindicato e abertas ao público. Os interessados em participar devem entrar em contato com Mariana
Correa: 11 3823 6127 ou [email protected].
em notícia
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Curtas
Parceria I
O Sinditêxtil-SP acaba de assinar um termo de cooperação técnica com a Associação Brasileira de Automação (GS1 Brasil). O
convênio tem a finalidade de promover e apoiar a utilização dos
padrões GS1 de identificação/codificação e troca eletrônica de dados (EDI) na cadeia têxtil e de confecção brasileira, promover palestras de identificação com código de barras, comercio eletrônico
e NFe, EPC ( Eletronic Product Code) e a, ainda, identificação
por radiofrequência e rastreabilidade. Para saber mais sobre a
parceria entre em contato com [email protected].
Parceria II
Recentemente, o Sindicato também realizou parceria com a Associação Brasileira das Empresas de
Serviços de Conservação de Energia (Abesco) por
meio do BNDES. A ideia é oferecer aos associados
uma linha de financiamento de projetos para combater o desperdício de água e energia. Informações
adicionais: [email protected] ou 11 3549 4525.
Atividades
O Sinditêxtil-SP lançou o Relatório de Atividades 2014. Em
62 páginas, o documento aborda, de maneira sucinta, as
principais ações desenvolvidas pelo Sindicato no ano passado. Entre elas, os pleitos do setor que a entidade defendeu
junto ao governo estadual – muitas delas em parceria com
a Frente Parlamentar Têxtil Paulista -, o lançamento, juntamente com o IEMI, do novo Estudo Setorial da Cadeia
Têxtil e de Confecção de São Paulo (leia mais na pág.03) e os
desdobramentos do projeto de reciclagem Retalho Fashion,
entre outros assuntos. O material completo já está disponível para download no site do Sindicato.
Resíduos
O Sinditêxtil-SP e a Prefeitura de São Paulo decidiram que o
bairro do Bom Retiro, em São Paulo, sediará o projeto Retalho
Fashion. As empresas paulistas Ober e JF Fibras serão financiadoras do trabalho. O projeto tem como objetivo promover
a retirada de resíduos têxteis (retalhos) da região central de
São Paulo. Lançado em 2012, O Retalho Fashion pretende organizar o descarte e a coleta deste tipo de resíduo para que o
material possa ser vendidos a indústrias recicladoras.
RTCC
O Sinditêxtil-SP apoia a iniciativa da Abit de propor ao governo a
redução da carga tributária federal das confecções a 5% sobre a receita bruta, deduzindo exportações, devoluções, vendas canceladas e
descontos incondicionais com um regime de recolhimento único a ser
pago mensalmente. Esse tratamento tributário, cuja adesão será voluntária, deve ser estendido a empresas cujo código nacional de atividade econômica (CNAE) se enquadre na categoria 14. Esta definição
de atividade econômica libertará o setor da “síndrome de Peter Pan”
(as empresas não podem ultrapassar certos níveis de faturamento,
pois a incidência de maior carga tributária, somada à uma série de
obrigações acessórias que a acompanha, inviabiliza sua capacidade de
competir no mercado). Assim, a empresa poderá atender pedidos de
maior porte do grande varejo, com ganhos de escala e de produtividade que possibilitarão também o retorno às vendas externas.
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Desembolsos para o setor têxtil chega a quase
R$ 40 milhões em cinco anos
A Desenvolve SP – Agência de Desenvolvimento Paulista financiou R$ 39 milhões para
a expansão e modernização do setor têxtil, nos últimos cinco anos. Em 2014 o valor
financiado foi R$ 1,3 milhão e de R$ 5,2 milhões no ano anterior. No acumulado do
período, os desembolsos por região administrativa foram assim distribuídos: São Paulo
(R$ 16,1 milhões), Campinas (R$ 14 milhões), São José do Rio Preto (R$ 4,4 milhões),
Sorocaba (R$ 4,3 milhões), Santos (R$ 94 mil) e São José dos Campos (33 mil).
De acordo com o levantamento da instituição, os negócios de médio porte foram responsáveis por demandar 97% dos recursos ao longo do período, seguidos das empresas de
pequeno porte, com 3%. Entre os principais segmentos atendidos estão as empresas de
tecelagem de fibras artificiais e sintéticas, de preparação e fiação de fibras de algodão,
estamparia e texturização e de confecção de peças de vestuário e de roupas íntimas. As
linhas de crédito mais buscadas foram Financiamento ao Investimento Paulista (FIP)
para expansão e modernização; Máquinas e equipamentos, para compra isolada de
maquinário, e Capital de Giro, para necessidades do dia a dia.
Em termos gerais, a Desenvolve SP bateu recorde de
desembolsos em 2014 e financiou R$ 500 milhões
para pequenas e médias empresas do Estado. Ainda
de acordo com o balanço, o valor mais alto registrado até então foi em 2012, quando o acumulado de
12 meses atingiu R$ 403,1 milhões. De acordo com
o levantamento, o aumento das liberações de crédito se deve ao setor de serviços, principal tomador
de recursos no período.
em notícia
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indicadores
Economia
Os dados do primeiro trimestre mostram que houve desaceleração no desempenho da indústria têxtil, da confecção e,
até mesmo, do varejo.
Primeiro trimestre de 2015
Brasil
Ind. Transf.
São Paulo
Têxtil
Confecção
Ind. Transf.
Têxtil
Confecção
Varejo*
-9,30%
-1,20%
-8,20%
-17,10%
-3,80%
-7,00%
-0,50%
-7,80%
-18,80%
-1,60%
Emprego
(saldo = adm- dem)
15.119
4.012
-2.182
-1.196
Inflação - IPCA - Vestuário
-
Produção*
Fonte: IBGE e CAGED
-
-0,75%
-
-
-1,51%
Nota: * dados até fevereiro
Pesquisa de Conjuntura realizada pela Abit/Sinditêxtil-SP/Texbrasil revela as impressões de empresários do setor têxtil e de
confecção sobre a conjuntura atual. Dos pesquisados, 69% têm como atividade principal a área de tecelagem.
Confira, abaixo, alguns destaques do levantamento:
• 62% indicam que a produção de fevereiro/15 ficou abaixo;
• 54% têm expectativa de vendas mais
baixas em março e abril de 2015;
• 69% afirmam que as vendas de fevereiro/15 foram menores;
• 48% projetam produção abaixo no bimestre março e abril de 2015;
• 57% responderam que o emprego em fevereiro/15 foi inferior;
• 55% estima recuo no nível de emprego
nos meses de março e abril de 2015;
• 62% registraram investimentos abaixo em
fevereiro/15;
• 59% esperam recuo também nos investimentos, bem como na inadimplência, em
março e abril de 2015;
• 40% disseram que a produtividade caiu
em fevereiro/15;
• Em relação aos estoques, 35% apontaram que eles estão abaixo e outros 36%
que eles estão acima, o que denota um
equilíbrio entre os respondentes;
• 50% alagaram que a inadimplência está
acima, em fevereiro/15;
Como se vê, há certo pessimismo, em relação ao momento atual, bem como diante do curto prazo. Excetuada a perspectiva de exportação – certamente influenciada pela taxa de câmbio que está por volta de R$
3,15 por dólar (R$ 2,35 foi a média de 2014) – todas as
outras variáveis pesquisadas indicam que o empresário
está receoso com o momento pelo qual o Brasil e sua
economia passam.
• De outro lado, a expectativa sobre a importação é de melhora para 45% dos entrevistados;
• Para as empresas que ainda não exportam, 67% delas pretendem exportar, /entre
curto, médio e longo prazo.
Em linha com essa análise estão alguns comentários feitos na própria pesquisa. Existem também outros elementos que minam perspectivas mais otimistas. Foram sinalizadas questões como o exagerado aumento do custo
de energia elétrica; a redução do poder aquisitivo da
população (e seus reflexos imediatos nas vendas do varejo); o crescimento contínuo dos salários, muito acima
da produtividade; e, tão ou mais importante, a ampliação do grau de incerteza.
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indicadores
Comércio
Exterior
Setor Têxtil e de Confecção
Estado de São Paulo
(exceto fibra de algodão)
• São Paulo manteve-se como o principal estado exportador brasileiro, responsável por 29% das exportações
(em valor);
• No período de janeiro a março de 2015, o Estado de
São Paulo apresentou um déficit de US$ 501 milhões em
sua balança comercial de produtos têxteis e confeccionados (exceto fibra de algodão);
• As importações, que atingiram US$ 574,8 milhões nos
três primeiros meses de 2015, apresentaram queda de
3% quando comparado com o mesmo período de 2014;
• Nesse mesmo período, as exportações somaram US$
73,6 milhões o que representou uma queda de 21% no
valor exportado em relação à janeiro-março de 2014.
Essa diminuição no valor das exportações também ocorreu em grande parte dos demais principais estados brasileiros exportadores, devido, principalmente, à queda
das vendas para a Argentina, principal destino externo
nossos produtos. No caso de São Paulo, a queda para
este mercado foi de 35% sendo que no período de janeiro a março de 2014 ele representava 37% das exportações paulistas e passou para 31% em 2015;
• Em relação aos principais estados importadores, São
Paulo foi o 2º maior importador com 29% do total do País
(em valor);
• Seguem abaixo as exportações e importações de São
Paulo por segmento de produto:
jan-fev 2015
Descrição
US$ 1000 FOB
Ton
US$ 1000 FOB
Ton
Total geral
73.652
8.525
574.862
62.763
1. Fibras Têxteis (exceto fibra de algodão)
7.764
1.265
19.098
8.334
157
11
7.185
1.762
3. Filamentos
11.495
1.763
40.013
10.398
4. Tecidos
2. Fios
17.359
1.640
38.648
6.490
5. Linhas de Costura
2.375
184
664
78
6. Confecções
11.219
479
375.599
18.394
8.605
178
352.843
15.311
6.2. Roupas de cama, mesa e banho
579
83
12.577
1.552
6.3. Cortinas
93
4
2.441
300
1.941
214
7.739
1.231
23.284
3.184
93.655
17.305
6.1. Vestuário
6.4. Outros Artigos Confeccionados
7. Outras Manufaturas
Câmbio
• A desvalorização do real deverá provocar efeitos sobre o comércio exterior de produtos têxteis e confeccionados ao longo do ano, caso se estabilize nesse patamar atual;
• No caso das importações, os efeitos devem ser sentidos nos próximos meses, pois as encomendas que foram realizadas neste início de ano já levaram em conta
o novo patamar de câmbio, além da perspectiva de
mercado não demandante afetada pelo fraco desempenho econômico brasileiro;
• No caso das exportações, os efeitos tendem a ser mais
lentos, já que os produtores terão que (re)construir relacionamento com cliente, disputar mercado, reposicionar produto, entre outros;
• A taxa de câmbio também impacta a diretamente os
custos de produção das empresas, tendo em vista que
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Importações
Fonte: MDIC - Sistema ALICEWEB
Elaboração: Área Internacional / ABIT
Exportações
muitas matérias primas usadas no setor são dolarizadas
como é o caso do poliéster e do algodão;
• O cenário ainda não permite uma estimativa de exportações e importações com elevado grau de confiança, mas as circunstâncias atuais de demanda (interna e
externa), a situação econômica e política do nosso principal destino de vendas (Argentina), a taxa de câmbio
e os preços das matérias primas apontam para o fechamento de 2015 com ligeira queda, tanto das exportações quanto das importações, mantendo, portanto, um
déficit comercial tão elevado quanto o de 2014 (-US$ 5,9
bilhões no Brasil e US$ - 1,7 bilhão em São Paulo);
• De qualquer forma a desvalorização do real tem repercutido em um maior interesse dos empresários do
setor têxtil e de confecção em relação à exportação –
a pesquisa de conjuntura da Abit aponta que em janeiro de 2015, 57,5% pretendiam exportar e em abril essa
fatia já subiu para 73,3%. Esse fator também é influenciado pelo fraco desempenho do mercado interno.
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