Março / Abril de 2011 - Associação Brasileira de Angus
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Março / Abril de 2011 - Associação Brasileira de Angus
Impresso Março / Abril de 2011 Especial 1 9912270051 – DR/RS Associação Brasileira de Angus CORREIOS MARÇO / ABRIL DE 2011 - ANO 12 - Nº 51 INFORMATIVO OFICIAL DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ANGUS 2 Março / Abril de 2011 Associação Brasileira de Angus Coordenação - gerente da ABA Juliana Brunelli de Moraes [email protected] Jornalistas Responsáveis - editores Eduardo Fehn Teixeira - MTb/RS 4655 e Horst Knak - MTB/RS 4834 Reportagem: Eduardo Fehn Teixeira Edição: Horst Knak Colaboradores: jornalistas Alexandre Gruszynski, Luciana Radicione, Marina Corrêa e colunistas convidados Diagramação: Jorge Macedo Departamento Comercial: Daniela Levandovski 51 3231.6210 // 51 8116.9784 Edição, Diagramação, Arte e Finalização Agência Ciranda - Fone 51 3231.6210 Av. Getúlio Vargas, 908 - conj. 502 CEP 90.150-002 - Porto Alegre - RS www.agenciaciranda.com.br [email protected] Associação Brasileira de Angus Largo Visconde do Cairu, 12 / conj. 901 CEP 90.030-110 - Porto Alegre - RS www.angus.org.br [email protected] Fone: 51 3328.9122 * Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores. Foto de Capa: Luiz Amaral/ABA EDITORIAL Venda de sêmen cresce com foco na eficiência produtiva Os números da comercialização de sêmen bovino de 2010, recentemente anunciados pela Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia), trazem uma agradável e positiva constatação: o pecuarista está, sim, empenhado em melhorar sua base genética, e assim elevar o faturamento de seu negócio, dando sua contribuição para o aumento da oferta de carne bovina de qualidade superior. Essa comprovação transparece especialmente nos números das duas raças bovinas mais utilizadas pelos produtores no País. O Nelore, o maior rebanho brasileiro, segue na liderança, com cerca de 2,9 milhões de doses – cerca de 48% de todo o sêmen (pouco mais de 6 milhões de doses) vendido no ano passado. E na segunda posição, cada vez mais consolidado e confirmando seu crescimento ano a ano, aparece a raça Angus, agora já com 29,75% do total. Brahman, Guzerá, Hereford, Simental, Senepol, Tabapuã e Braford também aparecem bem no levantamento. Sob os olhos do mundo, a preferência dos pecuaristas brasileiros por Nelore e Angus mostra o fortalecimento do cruzamento industrial. O choque sanguíneo entre os machos zebuínos e as fêmeas taurinas é a combinação mais indicada para a produção de animais precoces, com excelente ganho de peso e bom acabamento de carcaça. Em outras palavras, está aí o foco da atividade na busca de melhor carne. O histórico recente da venda de sêmen também depõe a favor do Angus, raça tida como a produtora da melhor carne no mundo. Nos últimos seis anos, a comercialização de genética da raça triplicou, chegando agora à marca de 1,79 milhão de doses em 2010. Outro dado importante no relatório da Asbia passa pelo aumento dos negócios com sêmen de maneira geral. Isso também é positivo e mostra a ampliação do uso de tecnologia na pecuária. To- mando como exemplo as raças bovinas de corte, o total comercializado no ano passado aumentou 15,6% sobre os números do ano anterior. Esse avanço da venda de genética retrata o cenário atual motivador da pecuária nacional. A produtividade aumenta a olhos vistos nas fazendas, com redução da idade das vacas ao primeiro parto, aumento do desfrute (percentual do rebanho abatido por ano) e evolução do peso médio dos bovinos jovens, aos 24 meses de idade. Mais do que sinais, esses sintomas saltam aos olhos não apenas do pecuarista, mas dos frigoríficos, que podem contar com carne de melhor qualidade – e em maior quantidade – para vender no exterior, e dos próprios consumidores, que podem ter ao prato um produto de padrão superior. Os preços na ponta ainda estão elevados, mas é indiscutível que a cadeia produtiva está fazendo a sua parte para elevar o status da atividade. E, afinal, o que é bom, tem seu preço. Sem perder esse foco, é importante entretanto que o pecuarista olhe com um pouco mais de atenção para a genética melhoradora produzida dentro do Brasil, por selecionadores brasileiros. Nos números da raça Angus, por exemplo, apenas 1/3 do total de sêmen saíram da genética produzida pelas fazendas nacionais. E convenhamos que tudo está andando bem, mas este percentual também precisa crescer, porque a genética que é produzida aqui também se adapta e produz melhor aqui em nossos ambientes. Mas nossos criadores de Angus estão se superando, a cada ano. Parabéns a todos e por certo terão muitas outras boas leituras em mais esta edição de nosso jornal, o Angus@ newS, que como a raça Angus, também é completo. Paulo de Castro Marques Presidente da Associação Brasileira de Angus ULTRASSONOGRAFIA HUMOR Diretoria Biênio 2011/2012 Diretoria Executiva Diretor Presidente Paulo de Castro Marques Diretor 1ºVice Presidente José Roberto Pires Weber Diretor Vice Presidente Mariana Franco Tellechea Diretor Vice Presidente Eduardo Macedo Linhares Diretor Vice Presidente Valdomiro Poliselli Junior Diretor Financeiro Reynaldo Titoff Salvador Diretor Administrativo Marco Antônio Gomes da Costa Diretor de Marketing Felipe Moura Diretor de Núcleos Sérgio Colaço da Silva Diretor de Carne Joaquim Francisco Bordagorry de Assumpção Mello Conselho de Administração Membros Eleitos Antônio Maciel Neto Renato Zancanaro Renato Ramirez Antonino de Souza Dornelles Carlos Alberto Martins Bastos Membros Natos – (Ex-Presidentes da ABA) Angelo Bastos Tellechea Antônio Martins Bastos Filho Fernando Bonotto Hermes Pinto José Roberto Pires Weber Reynaldo Titoff Salvador José Paulo Dornelles Cairoli Joaquim Francisco B. de Assumpção Mello Conselho Fiscal Membros Efetivos João Francisco Bade Wolf Ronaldo Zechlinski de Oliveira Fábio Luiz Gomes Membros Suplentes Roberto Soares Beck Frederico Fittipaldi Pons Elio Sacco Conselho Técnico Susana Macedo Salvador – Presidente [email protected] José Fernando Piva Lobato Ricardo Macedo Gregory Rogério Rotta Assis Roberto Vilhena Ângela Linhares Amilton Cardoso Elias - Representante ANC [email protected] NOTÍCIAS Março / Abril de 2011 3 Angus cresce ainda mais e já tem 83,52% do mercado de sêmen europeu Fotos: Divulgação / ABA Touros rústicos da Fazenda Tradição, de Santa Vitória do Palmar, RS A raça Angus vem demonstrando ano a ano um significativo crescimento no mercado brasileiro de sêmen, situação que coloca a raça na liderança deste segmento, mesmo levando em consideração o cômputo geral de vendas de todas as outras raças taurinas. Relatório da Associação Brasileira de Inseminação Artificial, (ASBIA) divulgado em 18 de março, relativo ao ano de 2010, mostra que a raça Angus apresentou no ano passado um crescimento de vendas de 23,38% em relação à comercialização registrada em 2009, alcançando um volume de 1.792.496 de doses negociadas, contra os 1.452.813 obtidos em 2009. O resultado mantém a liderança da Angus entre as demais raças de origem européia, com 83,52% do mercado, atrás somente do Nelore entre as raças de corte. Com estes números a Angus já responde por 29,75% de todo o sêmen das raças de corte comercializado no Brasil, que totalizam 6.025.214 doses. O relatório da ASBIA mostra que das 1.792.496 doses de sêmen Angus vendidas em 2010, um percentual de 49,32% (ou 884.033 doses) foram para o Centro-Oeste. Ainda de acordo com o documento, as estimativas apontam que apenas 9% das fêmeas em idade reprodutiva são inseminadas no Brasil, escancarando um supermercado ainda a desbravar nesta área. Para o presidente da Associação Brasileira de Angus (ABA), Paulo de Castro Marques, nos últimos cinco anos a procura pela genética Angus alcançou o percentual de 292%, triplicando do ano de 2006 para cá. “Os pecuaristas que dirigem sua atenção para as características de fertilidade, precocidade sexual, musculosidade, rápido ganho de peso e terminação preferem Angus”, aponta o dirigente, complementando que atualmente de cada cinco bezerros nascidos de cruzamento industrial no Brasil, quatro são de genética Angus. Por que Angus? A crescente procura por Angus pode ser visualizada comparando-se a evolução da raça com o crescimento do mercado de inseminação artificial como um todo. Segundo o técnico do Programa Carne Angus Certificada e do Melhoramento Angus da ABA, nos últimos 5 anos o volume total de sêmen comercializado no Brasil teve crescimento de 57,52%. No mesmo período a venda nacional de sêmen Angus cresceu 192,22%. Este crescimento mostra fundamentalmente que a experiência dos produtores na utilização da genética Angus tem sido produtiva e positiva. As vantagens de utilizar a genética Angus não se restringem apenas às expressivas valorizações que os novilhos recebem no abate dentro do Programa Carne Angus Certificada (que podem chegar a 10% acima do mercado), como também nos resultados dentro da porteira. A genética Angus resulta em animais produtivos em termos de desempenho, fertilidade e precocidade de terminação, tanto na raça pura como no cruzamento industrial. No momento da comercialização, seja de animais terminados, bezerros, novilhos para terminação, ventres para reprodução, o pecuarista se depara com excelente liquidez e valorização em todos os elos da cadeia. No Rio Grande do Sul, berço da raça no Brasil, por exemplo, cerca de 55% do total das doses de sêmen de gado de corte utilizadas são da genética Angus. No Brasil central, o grande interesse dos pecuaristas é resultado da excelente complementaridade da genética Angus com as raças zebuínas criadas naquela região. Os animais cruzados com Angus apresentam excelentes índices zootécnicos, alcançando acabamento superior precocemente, com ótimos pesos de carcaça, compatíveis com os mais exigentes mercados. Foguetório, comemorações e críticas nas centrais de genética Nas principais centrais de genética que atuam no Brasil, ao fazerem uma análise da performance Angus na comercialização de sêmen em 2010, considerando os números e percentuais recentemente distribuídos ao mercado pela ASBIA, uma unanimidade: todos comemoram o crescimento do uso da genética da raça Aberdeen Angus no País. CRI solta foguetes pela vitória Angus O diretor executivo da CRI Genética, veterinário Sérgio Saud, é dos mais animados com os resultados das vendas de sêmen Angus. Pudera. Ele lembra que a CRI sempre teve a raça Aberdeen Angus como o carro-chefe de seu catálogo corte. “Numa atualização constante, os melhores criadores de Angus, especialmente dos Estados Unidos onde está o melhor em Angus no mundo, são nossos parceiros há muitos anos”, diz o executivo, afirmando que a CRI apresenta ao mercado no Brasil o que há de mais atual em sêmen Angus, tanto para animais de argola (de cabanha), voltados à produção de matrizes e reprodutores, quando para a chamada produção de campo, com destaque aos cruzamentos industriais. Saud destaca toda melhoria mais recente que foi e está sendo absorvida com maior velocidade pela pecuária brasileira, enfatizando a atuação dos grandes grupos frigoríficos, que em sua opinião se transformaram e parceiros dos pecuaristas. “O cruzamento Angus x Nelore é um caminho sem volta”, diz ele, enfatizando também o crescimento da Inseminação Artificial a Tempo Fixo (IATF) e outras tecnologias de sanidade e manejo. Ele também lembra que o povo brasileiro está melhor remunerado e exigindo carne de padrão mais elevado, e calcula que em relação a 2009, em 2010 a comercialização de sêmen Angus na CRI cresceu fantásticos 78@. ABS acompanha e comemora Vasco Beheregaray Neto, gerente corte da ABS lembra que o que ocorre hoje no Brasil é quase óbvio, se revisarmos os fatos que marcaram o crescimento da raça Aberdeen Angus especialmente nos Estados Unidos, onde ela se transformou, há muitos anos, em líder de mercado. Segundo ele, o auge do uso de sêmen Angus nos cruzamentos industriais ocorreu em 2001, com 2,4 milhões de doses. “Tempos depois os cruzamentos entraram em crise, especialmente por problemas de nutrição e de manejo, com o auge deste travamento ocorrendo em 2005, que apresentou venda de sêmen Angus de apenas 920 mil doses”, assinala. De 2005 em diante, aí com mais critérios e maior tecnologia, os cruzamentos decolaram, veio o uso da IATF e outras tecnologias e aliados aos confinamentos e ao apoio das indústrias frigoríficas, tudo se modificou e melhorou no Brasil. “Agora, comparados ao chamado primeiro mundo, ingressamos numa segunda fase de nossa pecuária, muito mais profissional, mas técnica e consciente de nossas potencialidades, e isto se revela através do sêmen vendido, com destaque especial ao Angus”, avalia Vasco. CRV Lagoa questiona pequeno espaço ao sêmen nacional Mas o gerente corte taurinos da CRV Lagoa, veterinário Cristiano Leal, se por um lado comemora, de outro bate forte. “Os números da Asbia promovem a genética Angus. Mas como fica a genética nacional”, questiona ele, alegando que do total vendido, apenas 34% (cerca de 600 mil doses) vinham de touros produzidos no Brasil. “Assim, qual é o ganho dos criadores brasileiros com esta venda de sêmen?”, pergunta, e dá a resposta, alegando que o ganho maior foi de criadores norte-americanos e argentinos, fustiga. Cristiano lembra que a Lagoa é a central que mais investe no fomento do sêmen Angus nacional. Diz por exemplo, que dos 33% do sêmen nacional negociado em 2010, nada menos que 12% vieram de touros avaliados na Central de Performance CRV Lagoa. O técnico faz ainda outra advertência, com base na performance Angus comprovada pelo relatório da ASBIA: “E como fica a área de produção? Será que o sêmen produzido no Brasil não está focado somente nas filas de pista das exposições?”, argumenta, chamando a atenção dos criadores para as provas de touros que vem sendo promovidas pela CP CRV Lagoa. “Nós não estamos apenas comercializando sêmen. Estamos investindo em touros nacionais com vistas à geração de uma genética adaptada às condições brasileiras e capaz de remunerar melhor o criador nacional”, alega Cristiano Leal. 4 Março / Abril de 2011 CONSELHO TÉCNICO CRV Lagoa usará tecnologia Grow Safe na prova para touros deste ano Uma nova tecnologia para medir o desempenho de ganho de peso dos animais em comparação com a quantidade de alimento ingerido poderá ser usada na prova para touros Angus deste ano, que o Centro de Performance CRV Lagoa inicia no dia 26 de abril. Cristiano Leal, gerente de taurinos da central explica que o equipamento importado dos Estados Unidos e muito utilizado na Austrália detecta quais animais convertem mais alimento em peso. “A nossa prova não é de ganho de peso, mas de performance, e com o Grow Safe consegue-se diferenciar o animal que ganha, por exemplo, dois quilos de peso por dia, comendo 20 quilos de ração, de outro que ganha 1.800 gramas/dia comendo 15 quilos de ração ou menos”, esclarece o técnico. Podem participar da prova animais PO e PC O s testes têm o objetivo de avaliar touros jovens em confinamento com duração de 200 dias, num ambiente onde o desempenho dos exemplares é rigorosamente acompanhado. A utilização do equipamento, porém, está condicionada à quantidade de animais em teste. De acordo com Cristiano, são necessários pelo menos 50 touros para que o Grow Safe possa apresentar a acuidade necessária. Até o momento da coleta de informações para esta matéria (segunda quinzena de março), o número de inscrições da raça Angus para este teste ainda não chegava aos 50 animais. As inscrições podem ser realizadas até o dia 17 de abril. Podem participar machos a desmama, PO, nascidos entre 1º de agosto a 31 de outubro de 2010. Os animais serão recebidos no confinamento Nossa Senhora Aparecida (Savegnago), ao lado da CRV Lagoa, em Sertãozinho (SP) entre 19 e 24 de abril. No dia 26 será realizada a pesagem de entrada ou de início da prova e em seguida os animais serão conduzidos para uma adaptação de 42 dias em confinamento. “Não nos interessa qual animal vai ganhar mais peso mas qual animal é mais eficiente e vai produzir mais carne com menos alimento” salienta o gerente. Ele explica que o mercado é comprador para este tipo Fotos: Divulgação Tourada em prova mostra o valor da raça de genética porque é ela que dá o rendimento no frigorífico. O teste avalia 12 características como, peso, ganho médio diário, o perímetro escrotal, características lineares de carcaça, conformação, musculosidade, precocidade, umbigo e temperamento, avaliação por Ultra-sonografia, (AOL) Área de Olho de Lombo e Espessura de Gordura Subcutânea. Nos últimos três anos a CRV Lagoa já comercializou mais de 70 mil doses de sêmen de touros Angus que passaram pelos testes de performance realizados entre 2008 e 2010. A empresa contratou os três melhores reprodutores testados no primeiro e no segundo ano e os dois melhores de 2010 e quer continuar contratando porque a genética Angus é a produtora de carne de qualidade que o mercado quer, salienta Cristiano. Ele finaliza fazendo uma observação: “quem cruza com Angus quer ani- mais de desempenho e performance. Infelizmente, muitas vezes o criador reserva seus melhores animais para as pistas, ao invés de mandá-los para os testes de avaliação, cuja repercussão vai alavancar a imagem da raça”. Mais informações sobre inscrições ao Centro de Performance CRV Lagoa 2011 e sobre a prova de 2010 podem ser obtidas pelo fone 16.2105.2299 ou pelo site www.crvlagoa.com.br. Angus roubou a cena na Prova CRV Lagoa em 2010 colocaram touros na prova, a grande vencedora foi a propriedade gaúcha Cabanha S2, de Taquara, RS, de propriedade da Agropecuária HJ SA. Dos 27 tourinhos Angus avaliados este ano, a Cabanha S2 obteve a primeira e também a segunda colocações, respectivamente com os touros “S2 Rito 3X17-9103 Big Eye” e “S2 Traveler 5853-9090 Retail Product”, ambos Deca 1, pesando 483 e 500 Kg. A raça Angus literalmente roubou a cena na edição 2010 do Centro de Performance CRV Lagoa – prova para touros de várias raças, que já é chamada de “vestibular da pecuária”. A raça fez a melhor média do leilão e teve touros contratados pela importante central. Durante 200 dias no ano passado, conforme explicou zootecnista Cristiano Leal, gerente de taurinos de corte da CRV Lagoa, o Centro de Performance CRV Lagoa avaliou o desempenho para 12 características de interesse econômico de 430 touros jovens pertencentes a oito diferentes raças provenientes de 140 criadores de 13 estados brasileiros, todos reprodutores que ingressaram na prova com média de 8 meses de idade. Dobradinha da Cabanha S2 Entre os criadores de Angus que A mais alta média entre todas as raças E no dia 23 de outubro, quando foi realizado o 4º Leilão Virtual do Centro de Performance CRV Lagoa, a raça Angus novamente brilhou, fixando, pela primeira vez, a mais elevada média entre as demais raças integrantes da prova: R$ 15.542,86, enquanto o Nelore e o Nelore Mocho tiveram média de R$ 14,5 mil. O remate, transmitido ao vivo para todo o Brasil pelo Canal do Boi, encerrou a edição 2010 do CP CRV Lagoa. O leilão teve em sua oferta os 64 touros classificados como Top de Índice CP e alcançou faturamento total de R$ 759.933,20. A média de todas as raças foi de R$ 12.457. Nas demais raças, o Senepol cravou média de R$ 15.100, Brahman com R$ 11.466,67, Tabapuã com R$ 10.840, Bonsmara com R$ 7.150 e Canchim obteve média de R$ 5.555,83. Touros Angus já contratados A CRV Lagoa anunciou a contratação de 11 desses touros jovens, que após participarem do Teste de Progênie do PAINT vão integrar a bateria da Central. E entre esses escolhidos, estão dois touros Angus: o “227-19 Campeiro”, apresentado à prova pela empresa gaúcha Basso e Pancotti, e o “3E Vietnã A425”, do presidente do Núcleo de Criadores de Angus de São Paulo, selecionador Renato Ramires, proprietário da 3E Agropecuária, em Catanduva, SP. De acordo com Ricardo Abreu, gerente de produto Corte Zebu da CRV Lagoa e coordenador do CP CRV Lagoa, os 11 touros jovens contratados pela Central obtiveram as melhores valorizações no leilão – foram arrematados por valores acima de R$ 18 mil cada. “O CP alia o know-how técnico nas predições dos valores genéticos, identificando animais jovens Top em várias características, com a disponibilidade comercial dos Deca 1 a 3 irem a leilão. Assim, registramos uma média acima de R$ 12 mil em animais entre 12 e 14 meses de idade, o que consolida esta edição do CP como fonte genética confiável de jovens talentos para repasse da inseminação artificial”, avalia o técnico. Março / Abril de 2011 5 6 Março / Abril de 2011 CONSELHO TÉCNICO Lançado programa de avaliação por Ultrassonografia: Agilidade na seleção de animais superiores Fotos: Divulgação Suzana Macedo Salvador Jaime Tarouco é pioneiro na ultrassonografia, que introduziu no país em 1991 A necessidade de produção de animais com boa qualidade de carcaça - rendimento frigorífico superior e ao mesmo tempo com excelente cobertura de gordura pressiona cada vez mais para o uso de técnicas importantes e inovadoras, capazes de garantir ao criador dados confiáveis sobre o potencial dos indivíduos a campo. Agilidade na seleção e padronização são os requisitos básicos que o mercado exige. Por Luciana Radicione A tenta a esta realidade, a Associação Brasileira de Angus (ABA) está buscando inserir um número maior de produtores associados à ferramenta de avaliação de carcaças de animais vivos por ultrassonografia, considerada essencial para quem busca espaço no mercado da carne de qualidade via produção de animais geneticamente superiores. O primeiro passo foi dado no ano passado, com a formação de parceria com a Associação Argentina de Angus (AAA), com o objetivo de promoção, formação de mão de obra técnica e padronização dos procedimentos de coleta e avaliação das imagens, se- guindo as normas internacionais que regem a metodologia. Até o ano passado, por meio da parceria, as imagens eram analisadas apenas no Centro de Interpretação de Imagens Ecografias (CIIE), na Argentina. Já neste ano, a ABA deu um grande passo no sentido de tornar a ultrassonografia uma realidade nos criatórios de Angus de todo o País, com o lançamento do Programa de Fomento à Ultrassonografia de Carcaças. O Brasil conta com laboratórios credenciados que serão centros de interpretação das imagens, com técnicos habilitados para a função. Os laboratórios cobrem as principais regiões produtores do País: Rio Grande do Sul, São Paulo e Minas Gerais. Outra novidade é a isenção do pagamento da avaliação pelos criadores. “A associação vai bancar a coleta e análise de machos no sobreano que estão inseridos no Promebo”, anuncia Fábio Medeiros, subgerente da ABA - Programa Carne Angus, para quem a iniciativa pretende incentivar e popularizar a técnica ainda incipiente no Brasil, mas já consolidada em países como Argentina e Estados Unidos. “O uso do ultrassom como ferramenta de seleção ainda não atingiu níveis satisfatórios no Rio Grande do Sul e no restante do Brasil, mas com o programa de fomento, queremos chegar a 3 mil animais avaliados neste ano”, afirma Medeiros. O subsídio surge como um incentivo e tanto para o criador, uma vez que isenta o mesmo do pagamento da coleta e avaliação de cada animal. “Com isso, queremos acelerar o emprego dessa tecnologia nas propriedades, sempre com foco no benefício maior que é a produção de carne de qualidade”, explica o técnico. Aperfeiçoamento do sistema de produção As propriedades que participam do Promebo, ao aderirem ao programa, terão condições e conhecer, com os animais ainda vivos - tradicionalmente os dados são observados apenas após o abate – os índices de características importantes para indústria, tais como Área de Olho de Lombo (AOL), Espessura de Gordura Subcutânea (EGS) e percentagem de Gordura Intramuscular/Marmoreio e Espessura de Gordura na Picanha. Essas informações por certo vão mostrar ao produtor os verdadeiros resultados de seu trabalho, permitindo o aperfeiçoamento da criação e produção de animais cada vez mais corretos, no ponto para o abate. Juliana Brunelli, médica veterinária e gerente da ABA, confirma que a proposta é desenvolver a cultura do ultrassom entre os criadores. “Queremos valorizar a técnica do ultrassom em animais vivos, pois esta é uma ferramenta que, junto com as DEPs, agrega valiosas informações ao programa”, destaca. Para a presidente do Conselho técnico da ABA, Susana Salvador, a união de dados avaliados pelo ultrassom com as DEPs também abre a possibilidade da comparação de animais de diferentes rebanhos. “É mais um instrumento de seleção que se utiliza dos mesmos critérios, só que agora com a padronização internacional de interpretação de imagens”, explica a selecionadora e técnica. Para ela, a nova tecnologia vai fazer com que os criadores atinjam seus objetivos de seleção com maior segurança dentro das exigências do mercado. “Queremos que o criador invista em algo que realmente contribua para o programa de carne do Angus, atingindo e beneficiando os três elos da cadeia: criador, indústria e consumidor”, justifica Susana. Jaime Tarouco, zootecnista e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), especialista nesta tecnologia, afirma que através da ultrassonografia é possível que o criador avance bastante na conquista de DEPs mais precisas na comparação com o método tradicional do demorado teste de progênie. Pioneiro no uso da técnica em carcaças bovinas no Brasil, a qual introduziu no País ainda em 1991, o especialista ressalta que uma das grandes vantagens da sua utilização é o ganho de tempo na obtenção dos dados, que no mínimo, chega a 20 meses se for comparado com o teste de progênie tradicional. >>> Março / Abril de 2011 7 8 Março / Abril de 2011 CONSELHO TÉCNICO Fotos: Divulgação “O produtor ganha ao antecipar dados de qualidade e para a venda de reprodutores também, lembrando que ao final do processo, quem investe nesta tecnologia ganha ao obter maior rendimento de carne, a indústria, por sua vez, se beneficia pelo maior rendimento de carcaça”, explica. Para Tarouco, sistemas que focam na qualidade e no rendimento da carne produzida tendem somente a evoluir. “É uma ferramenta imprescindível para a seleção com velocidade e uma exigência atual do mercado de genética e de carne”, diz. Quem utiliza, recomenda! Até o final da primeira quinzena de março, em plena época de inscrição de animais que farão parte do Programa de Fomento à Ultrassonografia de Carcaças, a adesão dos criadores já era considerada satisfatória. Juliana Brunelli, gerente da ABA, informou que número de animais integrantes já Angelo Bastos Tellechea superava a quantidade obtida em todo o ano passado, quando mil exemplares foram avaliados. O perfil de quem está apostando na tecnologia é bastante diversificado, segundo ela. “Tem alguns que estão estreando, há os que fizeram uma vez e agora estão retornando. Mas a idéia é fazer com que esses que agora terão seus animais avaliados, possam multiplicar as informações e os benefícios dessa técnica para os demais”, afirma. Veja quem correu para participar Entre os criadores de Angus que desde cedo manifestaram interesse em avaliar seus animais com a nova ferramenta está por exemplo o conhecido e premiado Ulisses Amaral. Inscrito para participar do programa neste ano, o criador da Cabanha Santa Joana, de Santa Vitória do Palmar/ RS, comemora a iniciativa da ABA de subsidiar as avaliações de machos. “Acredito que este será um dos motivos que levará a uma maior adesão”, prevê ele. No entanto, lembra que a participação em programas com esse foco vai depender muito do interesse particular do criador. “Ele precisa saber que a identificação de características desejáveis vai resultar em melhor rendimento e, consequentemente, mais preço”, lembra o produtor adepto da ultrassonografia desde 2001, o que o torna um dos pioneiros no Estado. Com 70 animais (machos e fêmeas) inscritos nesta temporada, Ulisses considera a técnica mais uma importante ferramenta à disposição dos criadores para o trabalho de melhoramento genético, portanto, essencial para quem busca resultados. Na Cabanha Umbu, de Uruguaiana/RS, o sempre presente e atualizado Angelo Bastos Tellechea está fechando 10 anos de uso ininterrupto da ultrassonografia na seleção de seu rebanho. E o faz em dois momentos importantes do ciclo produtivo: ao desmame e no sobreano. Adepto da pré-seleção, Angelo precisa antecipar os dados na busca da linha de reprodutores que vão lhe proporcionar melhor rendimento de carcaça. “Com os indicativos da análise antecipo dados sobre o desempenho de reprodutores. Tenho diferentes análises dentro de uma mesma geração, o que possibilita confrontá-las com outras avaliações”, diz o pecuarista, salientando que com o diagnóstico das imagens é possível ajustar, corrigir alguma característica do animal ou até mesmo descartá-lo”, explica Tellechea. Outro usuário que ressalta a impor- tância da técnica é Artênio Celestino Alves, da Cabanha Campo Novo. Há três anos o criador de Restinga Seca, RS, vem garantindo bons resultados através do ultrassom. “Ela é imbatível na análise da área de olho de lombo e na avaliação de gordura subcutânea. Além disso, tem a seu favor o fato de poder ser aplicada em animais novos”, ressalta o criador. Com foco na produção de animais superiores, neste ano Celestino vai colocar 100 exemplares na avaliação, sempre com a preocupação de incluir as fêmeas. “Hoje só passam por transferência de embriões animais que foram examinados pela ultrassonografia”, assegura. CARNE Março / Abril de 2011 9 10 Março / Abril de 2011 NOTÍCIAS Terneiro certificado é bezerro valorizado Por Marina Corrêa Temporada de outono chegando e as feiras de terneiros / bezerros prometem preços mais atrativos para o produtor que utiliza genética Angus. Se quem está com o gado magro vai ganhar, quem investiu em qualificar seu plantel deve arrecadar ainda maiores lucros, fruto da valorização estimulada pelo programa Terneiro Angus Certificado, da Associação Brasileira de Angus (ABA). "O objetivo do programa é agregar valor ao terneiro Angus e cruza Angus, fomentar o uso de touros Angus registrados e direcionar estes terneiros ao final da cadeia produtiva, para o programa Carne Angus", salienta a gerente da ABA, Juliana Brunelli. Terneiros Angus Certificados valeram 21% a mais nas feiras de 2010, se comparados aos terneiros não certifi- cados e de outras raças. Em operação desde 2007, o programa objetiva a seleção da terneirada Angus para abate em grandes frigoríficos, casos dos parceiros da ABA Marfrig e Silva, através do Programa Carne Angus Certificada, que é a base da entidade. Esta seleção, conforme explica o subgerente ABA - Programa Carne Angus Certificada, Fábio Medeiros, leva em consideração, entre outros aspectos, a idade do exemplar, peso de carcaça e rastreabilidade. “Um técnico da ABA visita a propriedade e faz a seleção dos animais. Esses exemplares escolhidos são identificados com brincos do programa, transformando-se em terneiros Angus certificados. É a garantia de genética diferenciada que o produtor poderá dar mais adiante ao frigorífico”, aponta Medeiros. O diferencial do exemplar será rentável ao produtor. Uma das vantagens ao produtor de Reunião dos técnicos do Programa Carne Angus Reunindo 16 profissionais atuantes na certificação da carne Angus no Rio Grande do Sul, este ano o encontro dos técnicos do Programa Carne Angus Certificada, da Associação Brasileira de Angus (ABA), foi realizado no dia 26 de março, em Santa Maria, RS. O evento, que teve como objetivo principal a atualização e capacitação dos profissionais que operam no Programa, contou como um dos pontos altos da programação, com a realização de atividade prática de seleção de novilhos para o programa carne Angus, a campo. O grupo também assistiu a palestras e participou de debates sobre temas como Produção Intensiva de Carne de Qualidade, Crescimento da Raça Aberdeen Angus no Brasil e Fatores que Afetam a Produção de Carne de Qualidade. Visita a um produtor A programação do encontro dos técnicos do Programa Carne Angus Certificada teve ainda uma visitação de campo. O grupo se deslocou para São Sepé, onde conheceu o trabalho e o plantel da Agropecuária Pulqueria, de propriedade do produtor Fernando Costa Beber. Na ocasião, Costa Beber mostrou o sistema intensivo de produção de carne de qualidade baseado na raça Aberdeen Angus. Além das visitas no campo, os técnicos assistiram palestra sobre os objetivos da empresa e conheceram o trabalho diferenciado realizado naquela propriedade. Segundo o técnico do Programa Carne Angus Certificada e do Melhoramento Genético da ABA, Fábio Medeiros, “é uma propriedade de ponta, que explora suas vocações para produção de alimentos e terminação intensiva, muito bem administrada e altamente focada em seus objetivos”. Para o técnico, foi uma visita bastante proveitosa aos participantes do evento. terneiros é a padronização do rebanho. "O Terneiro Angus Certificado leva em conta a utilização de sangue angus no rebanho, selecionando animais com padrão racial Angus e cruza Angus", explica. Com lotes nivelados em estado e qualidade, o produtor ganha mais, cobrindo facilmente o investimento na genética e na certificação. Quem ingressou no programa de certificação de terneiros - que para visita do técnico na propriedade para seleção/certificação custa R$ 3,00 por cabeça - não se arrepende. Pelo contrário. Os produtores estão convictos de que vão ter melhor remuneração pela bezerrada. Administradora da fazenda Calafate, em Rio Grande, Ana Carolina Ferreira Kessler comenta que a propriedade está no programa desde 2008. Para esta temporada de outono, a Calafate deve ofertar 300 exemplares certificados. “É uma iniciativa que integra os segmentos da produção de carne de qualidade da ABA. Aumenta a demanda para touros Angus, valoriza o terneiro produzido e bonifica na terminação. É uma ação da ABA que produz sinergia e excelência. Estou mais do que satisfeita”, completa. Para o veterinário e técnico da ABA em São Borja, Josemin de Lima Guerreiro, o programa é impulsionado pela busca da indústria por carne de quali- dade para levar à mesa do consumidor. “A procura pelo animal certificado é cada vez maior, porque ele tem essa garantia de qualidade comprovadamente superior. Os frigoríficos com plantas de abate em São Paulo tem levado muitos de nossos animais certificados, para recria e engorda, porque são realmente diferenciados. E a expectativa para temporada é das mais animadoras”, finaliza o especialista. Fotos: Divulgação Confinar ou não? A palavra é do produtor A Associação Brasileira de Angus (ABA) mais uma vez figura como uma das patrocinadoras do 6º Encontro Confinamento Gestão Técnica e Econômica, no Centro de Convenções em Ribeirão Preto, SP, dias 6 e 7 de abril. Iniciativa da Scot Consultoria e da Coan Consultoria, que programaram uma série de palestras para elucidar o assunto e garantir aos criadores um posicionamento consistente sobre o tema. “Todas as questões referentes ao negócio do confinamento serão abordadas nesse encontro por técnicos que fazem previsões de preço e de clima e simulam os cenários técnicos mais adequados para esta atividade”, diz o diretor da Scot, Alcides Torres Jr. “O confinamento é uma atividade exclusiva. É uma atividade de terminação que vai de 60 a 90 dias, porque além desse prazo não é rentável”, afirma. Ele destaca que em função da restrição de tempo, alguns criadores fazem o confinamento em duas ou três etapas, em grandes lotes. O diretor da Scot lembra que os confinadores tiveram um grande prejuízo em 2009 devido a uma sequência de fatores: o preço do boi não foi bom e compraram boi magro muito caro e o custo de alimentação foi alto. Isto resultou que em 2010 os grandes confinadores que estão ligados a clubes de investimentos e grandes bancos não confinaram. Em 2010 basicamente quem confinou foram os fazendeiros que fazem o ciclo completo. “Ganhou dinhei- ro quem confinou. Os confinadores cujo objetivo era comprar animais magros e confiná-los para engorda, não tiveram vez porque a ração estava muito cara”, lembrou Torres. Ele acredita que este ano, devido aos resultados obtidos em 2010, haverá um significativo crescimento no número de rebanhos confinados. Já para Marco Túlio, encarregado do setor de divulgação da Scot, o 6º Encontro será um marco de decisão para o setor pecuário. “As perspectivas para o confinamento são grandes, o preço do boi está alto e se mantendo e há mais procura do que oferta no mercado”, destaca. A opinião dos executivos da Scot é compartilhada por Rogério Coan, diretor da Coan Consultoria. Para o executivo as perspectivas para o momento na pecuária são positivas mesmo com a atual cotação do boi magro no mercado. “O evento coloca em debate os diferentes elos da cadeia produtiva e o cenário que se prevê para o ano se baseia numa adequação entre a oferta de animais para abate e a reposição”, acredita ele. Rogério também comenta a baixa oferta de boi no mercado. “A escala dos frigoríficos está em dois ou três dias quando o normal é de sete a oito dias e os frigoríficos estão ligando para os pecuaristas em busca de animais para abate. O mercado está num momento positivo”, avalia. Técnicos do Programa Carne Angus Certificada estão no encontro esclarecendo dúvidas dos participantes sobre o desempenho do Angus no confinamento, bem como sobre os programas de premiação diferenciada a estes animais nos frigoríficos parceiros. Fábio Medeiros, subgerente da ABA lembra que os animais com genética Angus são desejados pelos confinadores por sua excelente precocidade de acabamento, o que se traduz em maior velocidade de terminação e menos dias na etapa final de produção. Março / Abril de 2011 11 12 CARNE Março / Abril de 2011 Lançada Carne Seara Angus Fotos: Horst Knak / Agência Ciranda Por Eduardo Fehn Teixeira Na primeira semana de março o Grupo Marfrig reuniu em Porto Alegre, em São Paulo e no Rio de Janeiro representantes da imprensa especializada e da cadeia da carne para o lançamento da Carne Seara Angus. Sem dúvida foi uma boa notícia para para os criadores participantes do Programa Carne Certificada Angus ligados ao Frigorífico Marfrig. Trata-se de uma linha completa de cortes de carne com a marca Seara, para comercialização em todo o Brasil. E somente com carne oriunda do programa, que é a base da Associação Brasileira de Angus (ABA). Mais de 200 supermercadistas e proprietários de restaurantes e churrascarias, além de jornalistas, participaram dos eventos. Em Porto Alegre, a apresentação contou com a presença do ex-presidente da ABA, Joaquim Francisco Bordagorry de Assumpção Mello, da gerente da entidade, Juliana Brunelli, da subgerente, Katiulci Santos. A linha Seara Angus é composta por 23 cortes especiais desenvolvidos com base nos menus das melhores churrascarias, parrillas e steakhouses do Brasil e do mundo. Além dos cortes já consagrados como Picanha, Bife Ancho e T-Bone, a linha conta com vários cortes de dianteiro, como Short Ribs, proveniente do Acém, Peixinho, Coração da Paleta e outros. “Nesta linha não existem cortes de segunda. Seja dianteiro ou traseiro, todos são de primeira”, explicou na ocasião Walter Scheufler, gerente de marketing da divisão Bovinos Brasil & Food Service do Grupo Marfrig. Walter Scheufler apresenta plano a empresários e jornalistas Seara Angus e Marfrig: Parceria para vencer a Copa do Mundo da pecuária Em função da parceria com o Programa Carne Angus Certificada, iniciado em 2007 pela Associação Brasileira de Angus (ABA), o Frigorífico Marfrig conseguiu aumentar a disponibilidade de animais para abate nos padrões e volumes que necessários, o que é fundamental para manter a oferta constante dos cortes de carne com a marca Seara Angus. “O Programa de fomento Marfrig Angus, que atua em todo o Brasil, incentiva financeiramente pecuaristas a multiplicar o que há de melhor em termos de genética voltada à produção da carne bovina no Brasil, e oferece suporte técnico a partir de parceria sólida e confiável entre indústria e produtor, garantindo a compra dos animais e a orientação sobre como atingir a carcaça ideal”, ressalta o zootecnista Luciano de Andrade, gerente de Fomento do Marfrig. Segundo ele, todos os animais que geram os cortes Seara Angus são certificados pela ABA, cujos atributos incluem, entre outros, percentual mínimo de sangue Angus, idade precoce e grau de acabamento das carcaças. Luciano de Andrade afirma que o lançamento da carne Seara Angus representa um marco para a genética Angus e um verdadeiro salto para a carne de qualidade no Brasil. O dirigente observa que Angus já uma raça de imagem forte no País, mas que agora passa a contar com uma marca de carne potente e de âmbito nacional. “Seara é uma marca nacional e que tem forte posicionamento internacional. É patrocinadora da Copa do Mundo e da Seleção Brasileira de futebol”, lembra ele. Angus é carne que representa alta qualidade mundo afora. Mas segundo Luciano, para criar as condições para o lançamento de uma marca com base em genética Angus no Brasil foi preciso construir uma superestrutura envolvendo indústria, criadores/produtores e consumidores/varejo. Conforme ele, tudo começou em 2008, quando foram selecionadas as primeiras fêmeas zebu/Nelore para receberem sêmen Angus. “Hoje são 70 mil vacas que estão com embriões no ventre, e estamos trabalhando o gado para a produção dos cortes Luciano Andrade: Programa já envolve 150 a 180 mil vaca no Brasil que estarão no mercado já na ceia de Natal de 2012 e em plena Copa do Mundo”, avisa. E para conquistar a credibilidade do mercado, garantir o lançamento da carne Seara Angus e também para assegurar a permanência do produto, o Programa de Fomento Angus do Marfrig optou por investir forte, ou seja, fechar contratos e adiantar dinheiro e serviços ao produtor até cerca de 1,5 a até dois anos antes de receber os animais produzidos dentro das características exigidas pelo programa Carne Angus Certificada e frigorífico Marfrig. “O Marfrig banca o IATF e faz um adiantamento financeiro para que o produtor não precise mobilizar capital próprio para tocar as técnicas reprodutivas. Esses trabalhos são realizados por técnicos credenciados, que operam dentro de padrões capazes de garantir os resultados exigidos”, explica Luciano Andrade. Assim, com as vacadas inseminadas e com os contratos acertados para a entrega dos terneiros/bezerros, o produtor vai ter todo o acompanhamento técnico para que as fêmeas tenha gestação e partos eficientes. “Para os bezerros são indicados formatos modernos, tais como o creep feeding, além de manejo com uso de boas práticas de bem estar animal, rastreabilidade e ainda todo o acompanhamento dos touros que estão sendo utilizados – tudo isso é planilhado e aí vamos saber quais são os pais quentes”, relata o gerente de Fomento do Marfrig. Uma continha para melhor compreensão: o Marfrig adianta R$ 10 mil ao produtor. Se ele devolver de 36% a 45% de bezerros, ele terá 10% de desconto sobre os R$ 10 mil antecipados – só vai devolver R$ 9 mil, e em animais ... “Esse processo já envolve hoje no Brasil de 150 a 180 mil vacas contratadas com o Marfrig”, revela Luciano, e isso sem contar com aqueles produtores que já estão trabalhando por conta na mesma linha de qualidade, porque já tem a certeza de que o Marfrig irá comprar suas produções. “E é tudo genética Angus”, comemora o técnico e campeiro Luciano Andrade, bom de escritório, de terno e gravata, e melhor ainda girando pelas empoeiradas estradas que levam às fazendas que já conheceu em quase todas as bibocas de imenso Brasil. Março / Abril de 2011 13 14 Março / Abril de 2011 CARNE Frigorífico Silva tem novo sistema de bonificações Fotos: Divulgação Para marcar posição no mercado junto aos fornecedores credenciados à entrega de animais para abate no Programa Carne Angus Certificada da Associação Brasileira de Angus (ABA), o Frigorífico Silva, com base em Santa Maria, na região central do Estado Gaúcho, já trabalha com um novo sistema de bonificações. Com a novidade em operação a partir de 1º de março, o frigorífico parceiro da ABA em seu programa de carne de qualidade, passou a bonificar as carcaças selecionadas em até 6% sobre o preço negociado. Entre as inovações deste sistema estão a valorização de animais super precoces, com peso mínimo de 165 kg de carcaça, e de machos e fêmeas sobre a mesma base de preços e percentuais de premiação. A nteriormente a empresa vinha trabalhando com bônus de 2% a 3%, variando de acordo com a classificação da carcaça, dependendo da dentição do animal, do acabamento e da conformação da carcaça. “São avaliados a dentição, o peso e o acabamento das carcaças. O animal precisa ter no máximo quatro dentes e no mínimo três milímetros de cobertura uniforme de gordura na carcaça”, explica o diretor de compra de gado do Silva, zootecnista Diogo Soccal. Segundo ele, a implantação deste novo sistema resulta da boa aceitação do produto carne Angus no mercado. “Estamos abatendo uma média mensal de 1.500 animais classificados ao progra- Diogo Soccal Frigorífico passou a bonificar as carcaças selecionadas em até 6% nário Fábio Medeiros, este novo sistema é um estímulo e um reconhecimento à qualidade de novilhos e novilhas Angus, que produzem carne de qualidade diferenciada. “Um tipo de carne já consagrada no primeiro mundo, que é cada vez mais buscada e valorizada pelos consumidores mais exigentes”, sintetiza o subgerente da ABA. ma Angus. Mas se este número crescesse em 70%, o mercado absorveria no ato”, revela o técnico. E agora, com este novo incentivo, a projeção é de chegar, em apenas dois meses, ao abate médio de 2.000 animais mensais destinados ao Programa Carne Angus Certificada. Fomentar para crescer e fidelizar De olho arregalado para um mercado que oferece um imenso potencial de crescimento, o Frigorífico Silva investe forte na promoção da produção de animais adequados ao abate no Programa Carne Angus Certificada. Conforme Diogo Soccal, o frigorífico organiza palestras técnicas voltadas aos produtores, faz reuniões para ouvi-los em suas reivindicações, mantém uma programação permanente de visitas às propriedades e procura participar de todas as exposições e feiras de destaque no setor pecuário. “Nossa preocupação é ter cada vez mais produtores, orientá-los na produção do animal adequado ao programa Angus e fidelizá-los, para que os abates possam crescer cada vez mais, mantendo a qualidade exigida para a carne certificada. Para o coordenador técnico do Programa Carne Angus Certificada, veteri- Demanda reprimida Gabriel da Silva Moraes, diretor comercial do Frigorífico Silva, afirma que o posicionamento da empresa sempre foi o de oferecer produtos de qualidade diferenciada para uma clientela formada por consumidores de maior poder de compra. Deste modo, diz, a parceria com o programa Angus só veio agregar valor a esse trabalho. A partir de agora, conforme anuncia o diretor, a meta é incrementar escala para abastecer ao comércio com volumes maiores, capazes de manter os preços em patamares acessíveis também ao consumidor médio desta carne diferenciada. Mensalmente, a quantidade de animais abatidos pela unidade frigorífica dentro do programa Angus tem sido insuficiente para atender a uma demanda crescente pelo produto, principalmente nos mercados das regiões Sul e Sudeste do País. “Hoje o volume de animais Angus abatidos em nossa planta frigorífica representa pouco mais de 10% da capacidade total de processamento. Assim, podemos facilmente triplicar esse volume, considerando o enorme déficit de oferta para atender uma demanda que não para de crescer”, aponta Moraes. A explicação para essa procura, conforme depõe o dirigente do Frigorífico Silva, está mesmo na qualidade verdadeiramente diferenciada do gado Angus abatido segundo as especificações do programa da ABA. “Isto além de ótima conformação frigorífica de carcaça que permita cortes diferenciados e sanidade perfeita”, qualifica Gabriel Moraes. CARNE Março / Abril de 2011 15 16 Março / Abril de 2011 Por que chancelar leilões? Foto: Horst Knak / Agência Ciranda Fábio Gomes, promotor de um dos mais requintados leilões de Angus – na verdade sempre um verdadeiro leilão show - realizado em território nacional, sempre fez questão de chancelar seus eventos, por acreditar que isto representa uma garantia a mais para o leilão, pelo apoio técnico e promocional que o remate recebe e também como criador e ex-dirigente da ABA, de apoio à raça como um todo. Ângelo Tellechea diz que o chancelamento significa que o evento está respaldado por uma unificação promovida pela área técnica da Associação, e a oferta de animais está plenamente de acordo com os requisitos exigidos para suas respectivas classificações. Além disso, conforme destaca o tecnificado dirigente da Umbú, o leilão chancelado assegura a presença do técnico da Associação no local do evento para esclarecimentos sobres os animais em oferta, e considerando que este técnico é isento, isto qualifica suas orientações. Ele ressalta também o amparo promocional na área de Fabiana Gomes e Luis Anselmo Cassol Por Alexandre Gruszinski A no a ano o número de participantes vem aumentando e os resultados comprovando a certeza da opção. O trabalho promocional realizado pela ABA para a divulgação dos leilões chancelados envolve os departamentos de marketing e Comunicação e técnico da entidade. Pecuaristas de porte como Valdomiro Poliseli Jr., da VPJ Pecuária, de Jaguariúna, SP, Edmundo Barbará Ferreira, da Cabanha Santa Clara, de São Borja, RS, Antônio Maciel Neto, da FSL Angus Itu, de Itu, SP, Fábio Gomes, da Cabanha Catanduva, de Cachoeira do Sul, RS, e Ângelo Tellechea, da Cabanha Umbu, de Uruguaiana, RS, além Foto: Luiz Amaral / ABA Antonio Maciel Neto de muitos outros selecionadores de Angus, avalizam o diferencial que os leilões chancelados oferecem. Para Edmundo Ferreira, que há quatro anos realiza seus leilões com a chancela da ABA, a ampla divulgação que estes leilões têm em todo o território nacional é um fator de destaque. “A Associação providencia toda a divulgação e o remate fica com um grande diferencial”, afirma ele. Já Valdomiro Poliseli Jr, que realiza dois leilões anuais, diz que os eventos chancelados seguem as orientações técnicas da ABA em termos de qualidade. “Tanto a qualidade dos produtos à venda, quanto à divulgação do evento, são muito importantes para um bom resultado. Além disso, o criador que realiza um leilão chancelado está dando apoio à associação”, destaca ele. Antônio dos Santos Maciel Neto, que começou a chancelar seus remates em 2009 e já está com a programação para seu terceiro leilão, que irá realizar no 3º sábado do mês de setembro, destaca que este tipo de evento atinge dois públicos: “os que já são criadores há mais tempo conhecem quem está vendendo e conhecem a oferta e a chancela dá uma garantia adicional. Mas para os novos criadores, principalmente aqui em São Paulo e no Centro Oeste, a chancela é uma segurança, porque tem o aval técnico da ABA”, conclui. Foto: Divulgação / ABA Entrando no seu 8º ano de realização, os Leilões Chancelados pela Associação Brasileira de Angus (ABA) já conquistaram definitivamente o interesse dos associados, que autorizam o chancelamento de seus eventos comerciais apostando num resultado que supere as expectativas. Valdomiro Poliseli Jr divulgação do evento que é realizada pela área de comunicação da Associação. Crescimento Os primeiros leilões chancelados pela ABA foram realizados em 2003, com a promoção de apenas dois eventos. Em 2005 o número de leilões já havia saltado para 16, e anualmente novos associados foram se juntando a esta promoção. Em 2009 o total de eventos chancelados foi de 39, e a abrangência já atingia os estados do Rio Grande do Sul, Paraná e São Paulo. No ano passado foram realizados 37 leilões sob a chancela da ABA. Chancelados neste primeiro semestre Para o primeiro semestre deste ano já estão agendados como chancelados os seguintes eventos: > 4° Leilão Conexão Angus – Produtores e Cruzamentos, no dia 14 de abril, no Parque de Exposições da Sociedade Rural do Paraná (SRP), durante ExpoLondrina 2011, promoção de Antonio Francisco Chaves Neto (Toninho). Oferta de 20 touros Angus PO e 500 animais cruza Angus, a partir das 20h, no Recinto de Leilões Abdelkarim Janene. > 32° Leilão de Elite Cabanha Santa Clara e Convidados, de Edmundo Bárbara Ferreira, ofertará 40 touros Angus PO (Puro de Origem) e PC (Puro por Cruza) e mais de 600 novilhas Angus e de outras raças, no dia 15 de abril, a partir das 14h, Recinto de Leilões do Sindicato Rural de São Borja (RS), Parque de Exposições Serafim Dornelles Vargas, com transmissão ao vivo pelo Canal Rural. > 1º Leilão Royal Angus, promoção da Reconquista Agropecuária, de José Paulo Cairoli (Alegrete/ RS), e da Cabanha da Corticeira, de Luis Anselmo Cassol (São Borja/ RS), dia 15 de abril, às 20h, durante a ExpoLondrina 2011. O remate oferece fêmeas Aberdeen Angus PO, prenhezes e sêmen do grande campeão da Expointer 2010, Reconquista Naco. O evento contará com a venda de 25 lotes de fêmeas Angus elite e 15 lotes de fêmeas rústicas. > Leilão Virtual Angus Produção, dia 21 abril às 14h, com Transmissão pelo Canal Rural. Irão à pista 60 lotes ofertando 100 fêmeas PO a campo. Realização da Casa Branca, HR, 3E e Fumaça. > Remate de Elite Raça e Tradição, dia 13 maio, às 18h30min. Promoção do Núcleo Angus Três Fronteiras, no Parque do Sindicato Rural, durante a Expo Outono de Uruguaiana, RS. > Vendas Diretas Cabanha Umbu, dia 15 maio, às 14h30min – Cabanha Umbu – Uruguaiana/RS > IV Leilão Catanduva Red Concert, 27 de maio, às 21 horas, promoção de Fábio Gomes, com transmissão ao vivo pelo Canal Ru- ral. Ao todo, 40 lotes de fêmeas elite/argola, com idade média entre 2 e 3 anos, serão ofertadas no remate, que recebe compradores das regiões Sul e Sudeste, além de investidores dos países vizinhos – Argentina e Uruguai. Algumas vacas doadoras importantes também participarão do leilão, como 533 Catanduva Latina. > Leilão Outono Angus Show, dia 28 maio – 16h – Pista J - Parque de Exposições Assis Brasil – Esteio > Leilão Prime Angus, dia 15 junho – 20h – Tatersal 1- Centro de Exposições Imigrantes - durante a 17º Feicorte – São Paulo/SP Divulgação A ABA providencia a distribuição de press releases com informações completas sobre os leilões a todos os veículos de Comunicação que tem setores voltados a atividade primária no País e no âmbito do Mercosul. A divulgação também é feita no site da ABA, no poderoso jornal Angus@newS e no Anuário Angus. As informações se relacionam a pré-venda e a pós-venda. Um técnico designado pela ABA dá todo o suporte aos compradores no dia do leilão, fornecendo dados sobre a genética dos animais a venda. A Associação também envia os folders eletrônicos recebidos, referentes à divulgação particular do leilão chancelado, e ainda, informa, via newsletter, a todos associados, parceiros e interessados, as informações do evento através do release publicado no site. Outra contrapartida da ABA ocorre através de anúncios publicados em destacados veículos de Imprensa, como revistas e jornais especializados. Foto: Divulgação / ABA José Paulo Cairoli NOTÍCIAS DA ABA Março / Abril de 2011 17 18 Março / Abril de 2011 NOTÍCIAS Hora de coletar dados para o Promebo ExpoLondrina 2011: vem aí mais um show Angus Este é o momento estratégico para os criadores providenciarem as rotinas de avaliações genéticas de seus rebanhos para o Promebo. É hora de remeter ao programa os dados de nascimento da terneirada (bezerrada) da safra de 2010, uma vez que a maior parte destes nascimentos ocorreram na última Primavera. “São os procoletas, como chamamos esse formulário, diz o coordenador técnico do Promebo, Leonardo Talavera Campos. Na desmama, o produtor precisa pesar os animais e fazer as avaliações por escores visuais, a saber: conformação, precocidade, musculatura, caracterização racial e pelame. Todas essas avaliações precisam ser realizadas pelos técnicos credenciados pela Associação Brasileira de Angus (ABA). De posse desses dados – explica Leonardo – os técnicos do Promebo vão proceder às avaliações genéticas e gerar os relatórios para a seleção. Os animais que estão com um ano e também os de sobreano (ano e meio), nascidos em 2009 ou no Outono de 2010, também devem ser avaliados e seus dados remetidos ao Promebo. Caso algum produtor ainda não tenha recebido os procoletas, inclusive para fazer o pós desmama, deve fazer contato com a ANC – Herd Book Collares: 53.3222.4576. Conforme Leonardo Campos, nesta segunda fase, além dos dados coletados na desmama, Foto: Horst Knak / Agência Ciranda José Roberto Pires Weber é hora de fazer também a medição do perímetro escrotal dos machos, assim como a contagem de carrapatos. E vem aí as avaliações por ultrassonografia. Os interessados devem fazer contato com a Associação Brasileira de Angus para ter mais informações sobre como proceder para participar desta nova fase, que está sendo implantada pela associação. “Genética é um processo demorado, complicado e difícil e a gente precisa se utilizar de todas as ferramentas disponíveis no mercado para poder progredir e ter sucesso e reconhecimento na seleção de reprodutores”. Quem faz essa afirmação é o tradicional selecionador de Angus e atual vice-presidente da ABA, José Roberto Pires Weber. Ele revela que em sua Estância Santa Thereza, em Dom Pedrito, RS, toca a seleção de seus animais através do Promebo desde 1978. “Entendemos que é mais do que importante fazer isso. É um compromisso para quem pretende produzir e ofertar reprodutores ao mercado”, adverte o rígido Weber. Para ele, o Promebo é um excelente programa de seleção e de melhoramento genético para quem quer efetivamente progredir na atividade pecuária. “Já na primeira seleção, feita através do Promebo, o produtor vai notar os resultados”, afirma o criador, que atualmente é também presidente do Sindicato Rural de Dom Pedrito. Weber revela que, na mangueira, com machos e fêmeas separados, ele atribui notas de 1 a 5 e separa os animais; e dá notas de 6 a10 no restante. Depois, no grupo de 1 a 5, ainda descarta alguns, e no grupo de 6 a 10 dá mais uma revisada prá ver se aproveita um ou mais animais. O descarte é feito ao sobreano. São muitos os criadores que atualmente participam e avaliam seus animais a partir do Promebo. Weber é apenas um dos exemplos da preocupação que esses criadores têm, a cada ano, com a correta coleta dos dados, porque sabem que disso depende o sucesso de seus empreendimentos na chamada pecuária de resultado. Foto: Luiz Amaral / ABA Foto: Horst Knak / Agência Ciranda Fotos: Divulgação / ABA Fábio Medeiros A importante ExpoLondrina 2011 – “O show de quem produz”, este ano em sua 51ª edição, realizase de 07 a 17 de abril, no parque de exposições Governador Ney Braga, em Londrina, PR. Integrante do circuito do Ranking Angus e totalmente coordenada e organizada pela Associação Brasileira de Angus (ABA), a mostra de Angus acontece no chamado Segundo Turno da exposição, que vai de 12 a 17 de abril. A raça Angus apresenta um total de 170 animais, inscritos por 22 criadores oriundos do Rio Grande do Sul, São Paulo, Paraná e de Minas Gerais. Na programação, a entrada dos animais Angus fica para os dias 11 e 12; dia 12, a partir das 8h, no recinto Milton Alcover, a ABA realiza o Seminário sobre Produção Carne de Qualidade; a admissão tem como data base o dia 13; no dia 14 às 9 horas será realizado o Curso de Jurado Jovem; já no mesmo dia às 17h haverá o julgamento dos lotes ao leilão e às 20h o 4º Leilão Conexão Angus (chancelado pela ABA). Os julgamentos de machos será dia 15, às 10h, na pista central do parque. Também no dia 15, às 20h, ocorre o 1º Leilão Royal Angus (chancelado pela ABA) e os julgamentos de fêmeas está marcado para as 10 do dia 16 de abril, também na pista central do parque. A confraternização e entrega de prêmios será a partir das 18h do dia 16 de abril, no Estande Angus. Durante toda a ExpoLondrina 2011, um técnico e uma promotora da Novartis, parceira da ABA, estarão junto ao estande da Angus, no parque de exposições, para assessorar os associados em questões ligadas a sanidade animal. Seminário As tendências na produção de carne de qualidade, a padronização dos animais, a precocidade de aca- Flávio Alves bamento e uma melhor remuneração dos pecuaristas são os temas básicos do Seminário sobre Produção de Carne de Qualidade, que a ABA estará promovendo no dia 12, durante a Expo Londrina. O evento é destinado aos produtores rurais, técnicos e estudantes de ciências agrárias e segundo Fábio Medeiros, subgerente da ABA e coordenador técnico do Programa Carne Angus Certificada, os técnicos da Ultrabeef farão demonstração prática de avaliação de carcaças pela técnica de ultrassonografia em animais vivos, como um dos destaques do evento. Entre os temas que estarão sendo tratados, estão IATF (Inseminação Artificial a Tempo Fixo), um salto no melhoramento genético; Tendências na produção de carne de qualidade; Vantagens da ultrassonografia de carcaça no melhoramento genético e no confinamento; e palestra sobre o Projeto Fomento Marfrig, que tem como base a padronização dos animais a partir da genética diferenciada e a consequente melhor remuneração dos produtores. O seminário, que tem apoio da Ouro Fino Saúde Animal, Ultrabeef, Frigorífico Marfrig, Mamelle Assessoria e Programa Carne Angus Certificada. Curso de jurados O Quarto Curso Jurado Jovem que a ABA promove na Expo Londrina, será realizado no estande da Angus, no parque, no dia 14, 9h. Estará a cargo do Inspetor Técnico da ABA e jurado da Expointer 2010 dr. Flávio Montenegro Alves, da veterinária Juliana Brunelli, Gerente da ABA, e do Subgerente do Programa Carne Angus Certificada e técnico do Melhoramento Genétido da ABA veterinário Dr. Fábio Medeiros. O evento vai abordar questões como o padrão racial, características importantes da raça para observar e premiar nas pistas, introdução ao julgamento e programas da ABA. Março / Abril de 2011 19 20 Março / Abril de 2011 EXPOSIÇÕES Angus decola em Avaré Fotos: Luiz Amaral / ABA Pista de Avaré mostrou que raça está amplamente adaptada às condições tropicais A raça Angus fez bonito na 46ª Emapa (Exposição Municipal Agropecuária de Avaré), no interior de São Paulo, mostrando animais de qualidade e tipo corretos, que pontuaram ao Ranking Nacional da raça Angus. Promoção conjunta da Associação Brasileira de Angus (ABA) e com a impecável organização do Núcleo de Criadores de Angus de São Paulo ( o Núcleo Angus São Paulo), a mostra que se desenvolveu de 11 a 27 de março no Parque de Exposições Fernando Cruz Pimentel, em Avaré, contou com uma representação de 108 animais (36 machos e 72 fêmeas), apresentados por 10 criadores/expositores de São Paulo e também de Minas Gerais. Representou também a estréia da Angus em exposições ranqueadas neste 2011. Por Eduardo Fehn Teixeira Enviado especial a Avaré O presidente da ABA, Paulo de Castro Marques, que participou ativamente de todos os momentos do evento em Avaré, inclusive expondo animais de sua propriedade e torcendo à beira da pista, não tem dúvidas de que a raça Angus precisa mostrar ao Brasil o seu potencial no aumento da produção de carne bovina de qualidade. “É uma carne voltada para mercados exigentes, capazes de remunerar melhor ao produtor. E o que é mais importante: a raça já está plenamente adaptada às condições tropicais”, diz, com seu habitual e contagiante otimismo. Já o dirigente do Núcleo Angus São Paulo, Renato Segura Ramires Júnior, apontou para os ganhos qualitativos que os plantéis de fora do Rio Grande do Sul, e principalmente os de São Paulo, vem apresentando, especialmente nos últimos três anos. “Estamos no caminho e assimilamos com rapidez a produção e a criação do Angus ideal, mas sempre vamos precisar do apoio dos gaúchos, que são os precursores do melhor que há no Brasil em genética Angus”, avalia. Junto com Castro Marques, Renato Ramires compete no item entusiasmo pelas conquistas da raça Angus ... Foi o mais puro otimismo em dose dupla, impulsionando a expansão da raça no centro do País! Road Show A programação da raça Angus contou com inúmeros eventos durante a mostra de Avaré. Foi mesmo uma movimentação para preocupar neloriasta! E, óbvio, a maior parte desses momentos regados com a fantástica Carne Angus, grelhada na hora e distribuída a todos, com seu inigualável sabor e maciez dificilmente encontrada... O subgerente da ABA, Fábio Medeiros, participou ativamente, realizando palestra a um grupo de jornalistas de várias partes do Brasil - que integravam um "Road Show" - sobre o Programa Carne Angus Certificada e sobre as vantagens do uso da genética Angus como incontestável melhoradora do zebu. Fábio também esclareceu dúvidas de produtores sobre detalhes do Programa Carne Angus e acerca das possibilidades de investidores nas aplicações/ investimentos no consagrado produto Angus. “Não é por acaso que Angus é sucesso nos Estados Unidos e em vários países do Primeiro Mundo”, lembrou e justificou o preparado técnico da ABA. Como cuidar de Angus? Os técnicos e selecionadores gaúchos Luiz Felipe Cassol (Cabanha Corticeira, de São Borja, RS) e Átila Dornelles (Cabanha Olhos D’Água, do Alegrete), prenderam a atenção de um bom grupo de tratadores de animais e de cabanheiros, no dia 17 de março, ao ministrarem o 2º Curso de Formação de Cabanheiros. Orientações objetivas Dos dias 16 a 18, os técnicos da ABA Tito Mondadori, Rednilson Goes (o Redão) e Antônio Franscisco Chaves Neto (Toninho) estiveram à disposição de produtores e investidores para com orientações objetivas, esclarecer dúvidas sobre cruzamento industrial, além de demonstrar todas as vantagens dessa técnica extremamente vantajosa para produção de carne macia e saborosa, em menos tempo e com redução sensível de custos. A escolha dos campeões Os julgamentos de classificação da raça Angus estiveram a cargo do objetivo jurado argentino Ariel Macagno, que apontou os campeões machos na tarde do dia 18 e as fêmeas na manhã do dia seguinte. Macagno é tradicional criador de Angus em sua Cabanha Conti Antú, na Pampa argentina. Com a pista rodeada de criadores que vibravam a cada nuance, torcendo por seu animais e brincando com os colegas, Macagno trabalhou com o apoio de Toninho e Rednilson como secretários de pista, da subgerente administrativa da ABA Katiulci Santos, que lançou as premiações dos animais em tempo real, para que, pela primeira vez nas exposições da ABA, pudesse ser divulgado ao final do julgamento o resultado parcial do ranking de expositores e criadores. A novidade agradou aos associados, mostrando a transparência com que a ABA busca atuar nas mostras ranqueadas. O mais que gaúcho Tito Mondadori (chamando a todos de “Che”, como na Fronteira gaúcha) anunciava no sistema de som cada um dos momentos de premiação. Macagno, com seu simpático portunhol, por várias ocasiões explicou suas decisões e fez comentários sobre os animais em pista. Touros para cruzamento Ainda em meio aos julgamentos, à noitinha, no estande da Angus no bem parado parque de Avaré, Paulo Marques, Renato Ramires e staff, receberam três pesquisadores do Instituto de Zootecnia do Estado de São Paulo (IZ), também ligados à universidade de Botucatu (UNESP). As palestras, conversas e debates, com intervenções firmes do comprometido Tito Mondadori (que com sua energia chegou por vezes a assustar), tinham como meta a busca da formatação de um programa de avaliação de progênie de reprodutores Angus no cruzamento industrial. Também apresentou seus trabalhos de pesquisa, buscando novas ferramentas de seleção genética (e aí a polêmica), o pesquisador Newton Tamassia Pegolo, que além de criador de Angus em Avaré, ligado ao Núcleo Angus São Paulo, é integrante da Comissão Técnica de Bovinocultura de Corte da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo. “Precisamos desenvolver estas ferramentas para podermos recomendar nossos touros a partir de avais de instituições técnicas e de pesquisa reconhecidas no meio”, justificou Paulo de Castro Marques. Marfrig e CRV Lagoa direto Outros que se fizeram presentes com vivo interesse durante todos os dias nos quais a raça Aberdeen Angus esteve em destaque na programação de Avaré foram o zootecnista Luciano de Andrade, Gerente de Fomento do atuante Frigorífico Marfrig e Cristiano Leal, também zootecnista e Gerente Corte Taurinos, um dos coordenadores do Teste de Performance da CRV Lagoa. Luciano chegou no início dos trabalhos para “dar uma passadinha”, mas foi ficando e ficou de vez ... Em contato com os técnicos e produtores, ele não se cansou de explicar detalhes sobre o as estratégias da área de fomento do Marfrig e falar sobre a nova marca de carne Seara Angus, citando as vantagens oferecidas pelo frigorífico aos produtores interessados em gerar animais de padrão Angus, resultantes de cruzamentos com zebuínos, para abate nas plantas do Marfrig. Já Cristiano fazia contato com os técnicos da ABA e com os criadores de Angus, destacando a importância da inclusão de touros da raça no próximo Teste de Performance que a cenral está promovendo. “Queremos os melhores touros, para mostrar as enormes qualidades de performance da raça para todo o Brasil”, diz ele, exaustivamente. Núcleo São Paulo A feira de Avaré foi concluída com uma concorrida reunião entre os integrantes do Núcleo Angus São Paulo. Coordenada por Renato Ramires, os criadores aproveitaram a presença de bom número de selecionadores de Aberdeen Angus ligados ao núcleo, para tratar de questões pontuais e planejar novos avanços para a raça Angus naqueles pagos e Brasil afora. Paulo Marques era dos mais entusiasmados no encontro. Renato Ramires e Paulo de Castro Marques >>> LEILÃO NOVA ERA Março / Abril de 2011 21 22 Março / Abril de 2011 EXPOSIÇÕES Curso de Cabanheiro A importância do tratador para o avanço da raça no País Fotos: Luiz Amaral / ABA dado nos fundamentos quando os animais são mostrados ao público e ao jurado. “Independente do nível genético e de competição do criatório envolvido é essencial para o produtor e de responsabilidade das associações, que os animais sejam bem preparados na hora da apresentação nos julgamentos e remates”, justifica Cassol. Luis Felipe Cassol, Átila Dorneles e Renato Ramires Jr, com o tratador Dio O treinamento e profissionalização dos tratadores e cabanheiros que está sendo desenvolvido pela ABA é a chave para a compreensão do correto manejo dos animais e pode acelerar o desenvolvimento da raça Angus no Brasil E ntregar um excelente exemplar Aberdeen Angus para ser apresentado na pista por um amador é mais ou menos como colocar um motorista de ônibus a pilotar um Fórmula 1. E segundo os técnicos e criadores gaúchos Luis Felipe Cassol (leia-se Cabanha da Corticeira, de São Borja, RS) e Átila Dorneles (da Estância Olhos D’Água, do Alegrete), que pela segunda vez ministraram o Curso de Cabanheiro ou Tratador, agora durante a Exposição de Avaré, no interior de São Paulo, saber cuidar e criar animais da raça Angus é a base para todo o desenvolvimento desta genética no Brasil, sejam animais focados nas pistas de julgamentos, no show, sejam exemplares rústicos, destinados à produção de campo. “A meta é a mesma: produzir carne de qualidade, para atender melhor ao mercado e buscar remunerações superiores à toda a cadeia da carne”, enfatizam os experts. Via de regra – diz Átila – fora do Rio Grande do Sul, da Argentina e do Uruguai, os tratadores só tem experiência em cuidar e tratar de zebuínos. Mas é preciso muito mais conhecimento quando se fala em Angus, uma raça que se por um lado é mais sensível, por outro, se corretamente conduzida, proporciona respostas mais rápidas e de muito mais qualidade na carne que produz. Já Luis Felipe argumenta que um excelente animal, quando é mal preparado e apresentado numa pista de julgamento bastante concorrida, pesada, como vem sendo as pistas de Angus, por certo estará arriscando a perder valiosos pontos na competição com os demais exemplares. “E assim é também com o rústicos, porque afinal a raça é uma só, e precisa de todo o know how possível para expressar a sua real potencialidade”, assegura. O início Foi justamente pensando nessas situações que a Associação Brasileira de Angus (ABA), atenta às necessidades de seu segmento Brasil afora, organizou, pela primeira vez durante a Expointer 2010, um Curso de Cabanheiro. “Afinal, o conceito atual alcançado pelo produto Angus estava a exigir esta ação, que nada mais é do que a preparação de uma base sólida para que a raça ganhe cada vez mais espaços, como virtual melhoradora da pecuária e da carne brasileira”, examina o presidente da ABA, Paulo de Castro Marques. “Precisamos estar sempre atentos e constantemente preocupados com os aspectos que contribuem de forma efetiva para o aperfeiçoamento de nossa raça”, sintetizam os especialistas Átila e Luis Felipe. Destinado principalmente aos tratadores das cabanhas de Angus, aos novos criadores e demais interessados nas particularidades da raça, o curso, que será exaustivamente aperfeiçoado e repetido pela ABA, em Avaré novamente registrou enorme sucesso. “Reunimos 15 participantes em Avaré. E a peonada ficou mais do que satisfeita com os ensinamentos transmitidos. Afinal, tudo é fácil, quando se sabe”, lembrou o articulado presidente do Núcleo Angus São Paulo, Renato Ramires. Conforme explica Luis Felipe Cassol, esta é a raça que mais cresce no País e as maiores cabanhas, difusoras de genética de ponta, estão mostrando seu trabalho nas pistas, daí justificar-se o cui- Capacitação O curso quer capacitar os profissionais para um mercado carente de mão de obra qualificada e permitir que os novos criadores e investidores possam competir em igualdade de condições com as cabanhas mais tradicionais. Para Átila Leães Dorneles, além de preparar os profissionais que já atuam nesta área, é necessária a formação de novos e melhores cabanheiros e tratadores, que vão atender a um mercado em ampla expansão. “Exigese hoje total comprometimento dos colaboradores envolvidos no processo de criação e apresentação dos animais em pista”, explica Dorneles, ao reconhecer que a disseminação do conhecimento vai facilitar o caminho deste novo criador. O curso contou com apresentações teóricas e aulas práticas. E a parte prática teve a utilização de animais pré-selecionados. Foram tratados temas desde a postura do cabanheiro, nutrição, identificação, até a orientação quanto ao uso dos melhores equipamentos de preparo dos animais ao ingressar na pista, entre outros itens. “O Curso teve uma aceitação fantástica, vagas lotadas e com toda a certeza o seu objetivo foi alcançado, que era realizar essa troca de experiência e conhecimento entre seus participantes, promovendo a integração entre cabanheiros mais experientes, tratadores, e novos criadores da raça, para que possam futuramente representar o seu criatório e a raça Angus da maneira mais qualificada possível”, avaliou a Gerente da ABA, veterinária Juliana Brunelli. Achei que era mais trabalho, mas o curso me encantou Foi o que disse, de pronto, depois de participar do curso, o tratador Jociel Santos de Oliveira – o Dio, como é conhecido entre seus colegas, tratadores de Angus de São Paulo. Ele trabalha há cinco anos na HR Agropecuária, em Pontalinda, SP. “o patrão, Luiz Henrique Campana Rodrigues, me inscreveu no curso. Aí achei que era mais trabalho para mim em Avaré. Mas fazendo o curso, descobri e aprendi tantas coisas que fiquei realmente encantado”, declarou Dio. Como grande novidade, ele citou os métodos de preparação e de desenvolvimento dos animais, para a apresentação na pista, aos olhos do jurado. “Nos ensinaram como e onde fazer a tosa, como tornar os animais mais dóceis para serem cabresteados e até alguns macetes de posturas e com o uso da picana, para que o animal mostre todo o seu potencial frente ao jurado”, vibrou o cabanheiro. Dio observou que o curso foi unânime entre seus colegas. “Todos gostaram e querem mais”, exclamou. >>> Equipe da ABA que trabalhou em Avaré RANKING Março / Abril de 2011 23 24 EXPOSIÇÕES Março / Abril de 2011 Os campeões e a palavra do jurado Fotos: Luiz Amaral / ABA Jurado Ariel Macagno considerou os animais muito bem apresentados e fez recomendações aos expositores Em suas eleições na pista de Avaré, nas fêmeas o jurado Ariel Macagno apontou o exemplar 3E Jóia A 298, da 3E Agropecuária, propriedade do selecionador Renato Ramires Jr, de Catanduva, SP, como a Grande Campeã Angus, e como Reservada de Grande Campeã da raça elegeu a fêmea FSLH Dourada TE 605, apresentada pela HR Agropecuária, do expositor Luis Henrique Campana Rodrigues, de Pontalinda, SP. O prê- mio de Terceira Melhor Fêmea ficou para FSLI Mafalda 901, da FSL Angus Itu, propriedade do selecionador Antonio Maciel Neto, de Itu, SP. Já nos machos, o Grande Campeão da raça foi o animal Garupá 7880 Dateline, levado à pista pelo expositor Eloy Tuf fi, da Fazenda MC, de Espírito Santo do Pinhal, SP. O Reservado de Grande Campeão foi o touro Cassol R900 Rabino, da Angus Lago Dourado, de Celso Camargo Guazzo, de Pirajú, SP e o Terceiro Melhor Macho ficou para o animal Kandir da Fumaça TE, da Agropecuária Fumaça, de Elio Sacco, em Paranapanema, SP. Observações no bastidor Começando pelas fêmeas, Macagno disse ter encontrado um nível bem superior ao que viu nos machos (considerando que é bem mais difícil fazer um bom macho que uma boa fêmea). Achou os exemplares muito bem apresentados, musculosos e sem perder a feminilidade, com boa profundidade e bons úberes. Nos machos, o jurado destacou quatro ou cinco animais como exemplares de ponta. “Vi touros muito funcionais, com boas costelas, musculosos e de correta figura em termos de caracterização racial. Com sua experiência, ele reco- mendou aos criadores que manejem um pouco mais os animais, de forma a se apresentarem melhor numa pista de julgamentos - mais obedientes e mais calmos. Recomendou também não superalimentar os animais e prestar mais atenção na correção das cabeças. Viu um tipo muito bom, muita qualidade e caracterização racial e um frame de acordo com que se está buscando na raça e de acordo com as exigências do mercado. >>> Grande Campeão Reservado de Grande Campeão 3º Melhor Macho Grande Campeã Reservada de Grande Campeã 3ª Melhor Fêmea EXPOSIÇÕES Março / Abril de 2011 25 26 Março / Abril de 2011 EXPOSIÇÕES Núcleo São Paulo quer parceria de gaúchos Fotos: Luiz Amaral / ABA Numa conversa à beira da pista de julgamentos de Angus, na mostra de Avaré, o articulado presidente do Núcleo de Criadores de Angus de São Paulo (o Núcleo Angus São Paulo, como ficou conhecido), Renato Ramires, titular da 3E Agropecuária, abriu seu coração para o Angus@newS, e também mostrou que é literalmente apaixonado pela raça que cria. R amires contou que o primeiro desafio que teve na direção do grupo de criadores paulistas que compõem o Núcleo foi a desagregação. “Não é novidade que a união faz a força”, observou, alegando que além dos esforços de seus antecessores, ele levou quase um ano para fazer os criadores compreenderem que todos precisavam estar juntos e tratar de seus desafios e objetivos de forma coesa e pontual. “Antes, todos se encontravam nas exposições, se cumprimentavam, disputavam os prêmios na pista e depois iam embora. E, vendo isso acontecer, eu pensava: assim não dá, assim não é possível ...”, lembra o dirigente, que como a maioria dos criadores de Angus de São Paulo, também é um “empresário de outros ramos de negócios”. Hoje, conforme relata, orgulhoso, o presidente do Núcleo Angus São Paulo, são feitas reuniões mensais, onde são analisadas as barreiras que estão sendo percebidas pelos criadores e criados os planejamentos estratégicos das ações que vão encaminhar à solução dos entraves e ao crescimento da raça naquela importante região do Brasil. “Esses nossos encontros são mensalmente pautados e realizados em São Paulo/capital. E não lembro de alguém ter faltado”, conta Ramires, alegando que ainda são poucos para o potencial representado pela raça eram 12 criadores no núcleo, até a mostra de Avaré, onde entretanto se Renato Ramires Jr festejou o sucesso da mostra de Avaré percebia contados de novos investidores... Um apelo aos gaúchos E neste ponto, ao observar que São Paulo funciona como a mais eficaz vitrine de formação de imagem e de vendas do País para qualquer produto - e por certo para a raça Angus - Ramires fez um apelo regado a franca emoção e direcionado aos criadores gaúchos. “Em nossas exposições, leilões e promoções envolvendo animais, precisamos muito da presença dos gaúchos, dos criadores de Angus do Sul e de seus fantásticos animais”, proclamou ele. Ramires aponta que os gaúchos são os pioneiros na raça. Sabem sobre ela muito mais do que se possa imaginar. São mesmo autênticos criadores, e seus animais formam o que há de melhor em Angus no Brasil, e porque não dizer na Argentina, no Uruguai e no mundo. “Afinal, na vitrine sempre deve estar o que há de melhor”, argumenta o dirigente do Núcleo Angus São Paulo. “Esses nossos encontros são mensalmente pautados e realizados em São Paulo/capital. E não lembro de alguém ter faltado”, conta Ramires, alegando que ainda são poucos para o potencial representado pela raça - eram 12 criadores no núcleo, até a mostra de Avaré, onde se percebiam contatos de novos investidores ... Em Avaré, a vibração dos novos criadores “Eles inscrevem dois ou três animais, comparecem na exposição trazendo toda a família, acompanham os julgamentos com vivo interesse e vibram muito, mesmo se um de seus exemplares receber apenas uma menção honrosa”, ilustra, falando sobre os novos criadores de Angus, o técnico credenciado pela Associação Brasileira de Angus (ABA) baseado em Arapongas, PR, Antonio Francisco Chaves Neto – o Toninho, que durante os julgamentos em Avaré atuou como secretário do jurado argentino Ariel Macagno. Queremos ser referência em Angus Guilherme Geraldi, médico veterinário que trabalha junto com o Tio, Israel Geraldi, da Cabanha da Prata, de Itatiba, SP, cria Angus desde 2005. “Vi na mídia o circuito e detalhes sobre a raça, me informei sobre sua performance e diferenciais em termos de produção e me interessei. Aí fui num leilão da Fazenda MC, de Eloy Tuffi, e comprei quatro animais, e no ano seguinte adquiri mais cinco. Também comprei Angus da VPJ Pecuária, do Valdomiro Poliseli Jr e mais animais do criador Antonio Maciel Neto, da FSL Angus Itu”, relatou Guilherme. Ele inclusive, com orgulho, contou ter registrado um recorde quando comprou um touro de campo por R$ 10,8 mil na Expovel 2010. Hoje a Cabanha da Prata já tem produção própria de Angus, com um plantel formado por cerca de 40 animais selecionados. “Nossas metas são audaciosas”, informou Guilherme Geraldi, observando que pretendem se tornar referência como cabanha de elite na criação de Angus e na geração de reprodutores ao mercado,e também almejam lotear campos maiores para implantar a produção de animais meio sangue, para entrega ao abate no Programa Carne Angus Certificada, da ABA. Angus é lucrativo e é a melhor terapia Com oito fêmeas Angus adquiridas da FSL Angus Itu em 2009, o médico (neurocirurgião) Erik Donatto transformou o sítio de laser da família na hoje Cabanha Santa Helena, em Santa Adélia, SP. “Sempre gostei de gado e desde jovem alimentei o sonho de um dia ter condições de investir em pecuária. E quando pude, procurei uma raça de Erik Donatto Rogerio Stein comprovado resultado, chegando ao gado Angus”, declarou o Dr. Erik, que compareceu em Avaré com a esposa e filho pequeno – “quero que ele já tome gosto e conheça bem o gado”, disse. Erik comentou ter começado com pecuária dois anos antes – em 2007 – com os sintéticos Brangus, por achar que teriam melhor adaptação às condições do ambiente onde fica sua cabanha. “Mas depois percebi que o Angus também se dá muito bem por aqui, e como sou apaixonado por um bom churrasco, passei a investir também em Angus, que são meus preferidos”. Agora a Cabanha Santa Helena tem plantéis de Brangus e de Angus. São agora cerca de 200 animais Angus. Erik está de olho na genética, quer fazer touros para alavancar o mercado em São Paulo. Investe em tecnologia e já está trabalhando com cerca de 350 receptoras, de olho num futuro rápido e de alta qualidade. “Angus é lucrativo e é também a melhor terapia”, conclui o Dr. Erik, conhecido como um workaholic em sua profissão. Stein descobriu o Angus como melhorador de carcaças Outro que observava atentamente o trabalho do jurado Ariel Macagno, em Avaré, era o criador Rogério Francisco Stein, das Fazendas Stein, em Cascavel, PR. “A gente está sempre aprendendo”, comentou ele, sem tirar os olhos da pista. Começou a investir em Angus há cerca de três anos. Trabalha com gado de corte, na realização de cruzamentos. “Já usei Simental e Nelore, mas buscando melhorar ainda mais o acabamento das carcaças, descobri o Angus, que é um gado fantástico”, descreveu. Foi aí que Stein verificou que havia espaço no mercado de sua região para touros, para reprodutores Angus. “Temos um clima de baixas temperaturas e bons pastos e isto levou à implantação de uma cabanha de Angus, hoje com um plantel de 60 animais criteriosamente selecionados”. Rogério viajou até Avaré porque sabe que participar do circuito Angus é importante, tanto para agregar mais conhecimento como para conhecer o mercado. “Quero produzir touros e fêmeas de alta qualidade e faturar ainda mais com um produto que é bom para todo o mercado”, disse ele, referindo-se ao gado Angus. >>> Março / Abril de 2011 27 28 EXPOSIÇÕES Março / Abril de 2011 Carcaça abatida: A alavanca da genética Angus no Centro do Brasil Fotos: Luiz Amaral / ABA Tito Mondadori Rednilson Moreli Góis veterinário Tito Mondadori é um gaúcho da Fronteria radicado no Brasil Central há alguns anos. Com eficiência indiscutível, há anos ele trabalha na área de fomento do Núcleo de Criadores de Angus de São Paulo. Muito franco e com largo conhecimento de produção pecuária e especialmente de Angus, ele recordou que há cerca de meia dúzia de anos foi quando tudo realmente começou com a raça Angus em São Paulo e no centro do País. “No início foi lamentável. Os investidores paulistas não conheciam o gado Angus e adquiriram, até por preços acima do mercado, animais não adaptados, que deixavam a desejar em performance”, diz o Dr. Tito, quase entristecido ao lembrar desses fatos. “Vi em São Paulo e no Paraná vacadas que eram lamentáveis, uma verdadeira refugagem, adquirida sem os mínimos critérios de avaliação”, conta o veterinário, que passou a chamar a atenção dos investidores paulistas para a necessidade de assistência técnica nesses negócios. Aí surgiu outro momento, no qual alguns criadores paulistas, descontentes com suas compras na base da raça no Brasil, imaginaram ter descoberto o O grande segredo do sucesso na formação de plantéis Angus. “Eles foram para os Estados Unidos, visitaram as fazendas mais famosas em Angus de lá, trouxeram fêmeas, embriões e sêmen, mas deram com os burros n’água, porque desconsideraram algo de suma importância: o meio”, avaliou Mondadori. Mas segundo ele, hoje tudo já está equilibrado. Especialmente os criadores paulistas e paranaenses de Angus já fazem seus roteiros de visitas às principais cabanhas gaúchas, e, alguns acompanhados de seus assistentes técnicos, já sabem muito bem o que é bom, o que querem em termos de animais. “Esse ciclo de aprendizado, de idas e vindas até que foi rápido. Levou pouco mais de cinco anos. E agora o que está impulsionando a genética Angus no Centro do País é o Programa Carne Angus Certificada. É a carcaça abatida que vem funcionando como a mais forte alavanca para a raça por esses pagos paulistanos”, afirma Tito Mondadori. Tratadores: o gargalo para o crescimento da raça no País Isso mesmo. O tratador é neste momento a grande barreira para que haja rapidamente um maior desenvolvimento da raça Angus, certamente do Paraná para cima – São Paulo e Brasil Central. Quem faz essa observação é o veterinário e técnico credenciado da Associação Brasileira de Angus (ABA), Rednilson Moreli Góis – o Redão, como é conhecido no meio por criadores, técnicos e tratadores de animais. Segundo ele, esses tratadores estão acostumados a cuidar de gados zebus, especialmente Nelore, que são mais rústicos e não exigem maiores conhecimentos. “Na verdade, só é preciso suplementar na área de alimentação, banhar no caso da apresentação em pista numa exposição e ver que não falte água”, diz Rednilson, observando que é com esse tipo de gado que os tratadores do centro do Brasil estão acostumados a trabalhar. “Aí, quando se trata de Angus, que requer muito mais preparo, mais profissionalismo, eles travam. É a resistência natural ao “novo”. Ninguém ensina a eles como cuidar de Angus na área de manejo, e como eles não sabem, costumam não recomendar aos patrões que façam investimentos em Angus, ou quando o dono da fazenda compra Angus, o gado pode não ser bem adaptado e deixar uma imagem errada”, explica Redão. Ele chega a brincar, dizendo que falar em “terneira” e não numa “bezerra” para o tratador do Brasil Central é gerar a sua total incompreensão. “Se mandar ele buscar a terneira, é bem capaz dele voltar com uma torneira”, resume Rednilson. Para o técnico, uma das melhores iniciativas da ABA, com fortes reflexos na criação de Angus no centro do Brasil e em outras regiões mais ao norte está sendo a realização do Curso de Cabanheiro, que pela primeira vez aconteceu em Avaré. “Os tratadores e até alguns proprietários de Angus ficaram mais do que satisfeitos com as dicas e os aprendizados que foram disseminados e ensinados nesse curso, que a ABA deveria repetir Brasil afora”, recomenda o entusiasmado Redão. “Eu mesmo, quando comecei a ter contato com a raça Angus, passava por apertos, por desconhecimento. E quem me ensinou muito foi meu colega e amigo Pedro Adair Fagundes dos Santos, um dos primeiros técnicos gaúchos a desbravar o interior de São Paulo e a fomentar a criação de Angus fora do Rio Grande do Sul”, recorda Rednilson Góis, acentuando que a adaptação do Angus no Brasil Central hoje é uma realidade indiscutível. DADOS DOS ANIMAIS CAMPEÕES DE AVARÉ GRANDE CAMPEÃO GARUPÁ 7880 DATELINE TAT.: 7880 Nascimento: 12/06/2008 Idade: 1007 dias Pai: VERMILION DATELINE 7078 Mãe: AZUL 6169 7TROUXAS RELÂMPAGO PESO: 1142 CE: 44,00 Expositor: ELOY TUFFI, FAZENDA MC, ESPÍRITO SANTO DO PINHAL/SP Criador: JOÃO VIEIRA DE MACEDO NETO RESERVADO GRANDE CAMPEÃO CASSOL R900 RABINO TAT.: R900 Nascimento: 15/11/2008 Idade: 851 dias Pai: TRÊS MARIAS 6241 PAYADOR TE Mãe: LAS MISSIONES DA CORTICEIRA L512 PESO: 965 CE: 36,00 Expositor: ANGUS LAGO DOURADO, PIRAJU/SP Criador: LUIS ANSELMO CASSOL 3º MELHOR MACHO KANDIR DA FUMAÇA TE TAT.: TE676 Nascimento: 28/01/2010 Idade: 412 dias Pai: TRÊS MARIAS 6301 ZORZAL TE Mãe: DORIS DA FUMAÇA TE 163 PESO: 563 CE: 36,00 AOL: 79,61 EGS: 5,42 P8: 9,53 Expositor: AGROPECUÁRIA FUMAÇA LTDA, PARANAPANEMA/SP Criador: AGROPECUÁRIA FUMAÇA LTDA GRANDE CAMPEÃ 3E JÓIA A298 TAT.: TEA298 Nascimento: 19/03/2009 Idade: 727 dias Pai: TRÊS MARIAS 6301 ZORZAL TE Mãe: BECKTON EOLA K824 CH PESO: 678 AOL: 96,46 EGS: 15,23 P8: 26,22 Expositor: 3E AGROPECUÁRIA LTDA, JOSÉ BONIFÁCIO/RS Criador: 3E AGROPECUÁRIA LTDA RESERVADA GRANDE CAMPEÃ FSL H DOURADA TE605 TAT.: TEH605 Nascimento: 23/11/2008 Idade: 843 dias Pai: TRÊS MARIAS 6301 ZORZAL TE Mãe: FSL E NARCISA TE89 PESO: 736 ER: C/ CRIA AO PÉ Expositor: LUIZ HENRIQUE CAMPANA RODRIGUES, FAZENDA TABAPUÃ, PONTALINDA/SP Criador: ANTÔNIO MACIEL NETO 3ª MELHOR FÊMEA FSL I MAFALDA 901 TAT.: I901 Nascimento: 25/01/2010 Idade: 415 dias Pai: PASTORIZA 565 BRIGADIER TE Mãe: FSL G CAPITU 88 TE PESO: 450 AOL: 79,16 EGS: 6,55 P8: 13,11 Expositor: FSL ANGUS ITU, ITÚ/SP Criador: ANTÔNIO MACIEL NETO RELATÓRIO ANUAL Março / Abril de 2011 29 30 Março / Abril de 2011 PARCEIROS Março / Abril de 2011 31 A capacitação da mão de obra reflete na sanidade do rebanho Por Octaviano Alves Pereira Neto A té a década de 50 o Brasil era um país de economia eminentemente agrária, baseada na agricultura e na pecuária. Desde então, muitos avanços foram alcançados pela indústria nacional em várias áreas, porém, como nunca, somos o principal país com condições de atender as demandas mundiais de alimentos, especialmente de origem animal. O Brasil é o país do presente e tem um futuro muito positivo. Este cenário promissor, entretanto, esbarra em diversos problemas estruturais, tais como, problemas na malha viária para escoamento da produção, necessidade de organizar os elos da cadeia produtiva e baixos níveis de escolaridade da mão de obra. A indústria farmacêutica busca incrementar a eficiência e a Foto: Divulgação segurança de uso de seus medicamentos veterinários. Novas moléculas, novas vacinas, novos métodos de tratamento vêm sendo criados visando à melhoria da produtividade das diferentes espécies animais. Entretanto, uma dose errada, uma diluição mal feita, o momento incorreto de uso ou falhas no processo de aplicação comprometem os resultados esperados. As novas tecnologias demandam de uma melhor capacitação dos produtores e seus funcionários para obter o máximo desempenho em produtividade e as oporA capacitação leva ao uso correto dos tunidades estão á disposição, produtos e ao sucesso do tratamento depende do interesse entre as partes envolvidas. Não é raro vermos um patrimônio investe em técnicas de última geração, de milhares de reais administrado por como a FIV ou inseminação com sêfuncionários com baixíssima escola- men sexado, mas e seus funcionários, ridade e falta de capacitação. É bem eles conseguem ler e entender as bula verdade que este quadro vem mudan- dos medicamentos, usando-os corredo, principalmente na agricultura, tamente? O uso de Equipamentos de porém e na pecuária, qual a situação? Proteção Individual (EPI), que visam O funcionário que trata aquele touro proteger a integridade física do trabacampeão ou uma doadora de alto lhador e você de futuros transtornos valor genético (e econômico) está trabalhistas, é uma realidade ou ainda plenamente habilitado a fazê-lo? Você são considerados supérfluos por am- bas as partes? Constata-se que as empresas que têm buscado capacitar melhor sua força de trabalho, são as mesmas que, consequentemente, apresentam resultados diferenciados na produtividade. Isso não é mero fruto do acaso, mas de uma opção pelo aperfeiçoamento. A correria do cotidiano dificulta atender plenamente todas as necessidades do negócio. Esta é uma realidade de empresas urbanas e rurais, portanto as palavras chave para atingir o sucesso são: capacitação e delegação. A delegação de tarefas por um gestor, ou seja, a possibilidade de confiar à outra pessoa tarefas, as quais “devem ser feitas na hora e de forma correta”, não é algo fácil, pois dependerá diretamente de quão capacitada esta a pessoa designada para realizar as funções pretendidas e do seu nível de maturidade para desempenhar estas funções. Já vi produtores dizerem que caso capacitem seus funcionários eles poderão ir embora. Então é melhor mantê-los inabilitados em sua fazenda do que correr este “risco”? Na minha visão, é preferível que eles saiam por ruins e não por bons. Há evidências que a capacitação é uma das formas de preservar os melhores funcionários e qualificar aqueles que ainda não estejam no nível de desempenho desejado. Pesquisas evidenciam que o investimento em capacitação melhora não só o desempenho, mas também o comprometimento dos colaboradores. Em contrapartida, a empresa rural deverá reconhecer esta melhoria de maneira adequada, criando um ciclo virtuoso de progresso. O produtor é peça chave neste processo. Nós da indústria estamos aqui para apoiá-los nessa tarefa que tem um papel transformador e poderá trazer resultados fantásticos em toda a cadeia produtiva. Méd. Vet., Mestre em Zootecnia Gerente Técnico – Bovinos Novartis Saúde Animal Ltda. ® Marca Registrada Novartis, AG, Basiléia, Suíça. Trabalhos citados no texto estão à disposição dos interessados. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo desta publicação sem a autorização da Novartis Saúde Animal NOTÍCIAS Teste de Avaliação de Touros Angus da Embrapa na etapa final O 1º Teste de Avaliação de Touros Angus realizado pela Embrapa CPP Sul (Centro de Avaliação Pecuária Sul), de Bagé, RS será encerrado neste mês de abril. Os dados foram coletados a cada 28 dias, durante os 12 meses do teste, informa o pesquisador de gado de corte da entidade, Joal Brazzale Leal. Os 23 animais integrantes foram pesados e tomadas suas medidas de perímetro escrotal, avaliação de olho de lombo, gordura subcutânea e outras” destaca. No final do teste um trio de técnicos escolhidos pela Associação Brasileira de Angus fará a avaliação fenotípica dos animais e utilizará uma fórmula para concluir a avaliação final dos touros. Nesta etapa final também “ será incluída a ultrassonografia. De acordo com o Joal Brazzale Leal, as avaliações obtidas durante o teste são muito importantes para a raça Angus - especialmente "porque mostram características positivas no melhoramento genético, num ambiente específico, como os campos do Sul". Segundo ele, "os que se destacam terão seu sêmen congelado e transmitirão suas características melhoradoras para seus filhos, que serão animais superiores em relação a média”. Dentro de 60 a 90 dias a Embrapa Pecuária Sul dará início a outro teste de avaliação. A médica-veterinária e gerente da Associação Brasileira de Angus (ABA), Juliana Brunelli, destaca a importância destes testes de avaliação a campo, realizados em conjunto com a Embrapa. “Existe a constante preocupação em se coletar um número cada maior de informações confiáveis referentes ao desempenho produtivo da raça em diferentes ambientes e situações. Com isso formarmos uma base sólida que, em conjunto com as outras informações e ferramentas que já possuímos, nos proporcionam um crescimento ainda maior da produtividade e da qualidade da carne Angus”. Juliana Brunelli salienta também a chancela da Embrapa, uma instituição pública de pesquisa com grande reconhecimento e credibilidade nacional e internacional, que leva o nome da raça Angus aos quatro cantos, contribuindo com o fomento da raça e com o trabalho da Angus na produção de carne de qualidade. Vem aí a Expo de Uruguaiana A Associação Brasileira de Angus informa a realização da 9ª Exposição de Outono de Uruguaiana, que será realizada De 10 a 15 de maio será realizada a 9ª Exposição de Outono de Uruguaiana, no parque de exposições daquela cidade da Fronteira gaúcha. A destacada mostra, que integra o Ranking Angus 2011, está sendo organizada e coordenada pelo Núcleo Angus Três Fronteiras, com o apoio da Associação Brasileira de Angus (ABA). Confira a programação: 11/05 - Entrada dos animais 12/05 - Admissão dos animais – 8h 13/05 - Remate de Elite Raça e Tradição – 18h30min 14/05 - Julgamento de Fêmeas Argola – 9h Mais informações podem ser obtidas na ABA – 51.3328.9122 ou diretamente no núcleo: 55 3411.5601. Embrapa Pecuária Sul tem novo chefe O novo chefe-geral da Embrapa Pecuária Sul (Bagé/RS), Alexandre Varella, tomou posse oficialmente dia 22 de março. Varella, de 40 anos, é engenheiro agrônomo. Pesquisador da Embrapa desde 2005, atua na área de forrageiras. Foi chefe-adjunto de Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação da Embrapa Pecuária Sul entre 2006 e 2009. Varella sucede a Roberto Collares, que esteve no cargo entre setembro de 2006 e dezembro de 2010. Na oportunidade, foi reinaugurado o auditório da Unidade, que recebeu o nome de Auditório Dr. José Mendes Barcellos, homenagem póstuma ao exchefe da então Fazenda Experimental de Criação (FEC) Cinco Cruzes (atual Embrapa Pecuária Sul). Durante sua gestão (1954-1967), Barcellos organizou a FEC para as primeiras atividades de pesquisa no local. A Embrapa Pecuária Sul atua em Bovinocultura de Corte e de Leite, Ovinocultura, Forrageiras e Integração Lavoura-Pecuária, Sanidade Animal, Desenvolvimento Territorial e Transferência de Tecnologia e Comunicação. 32 REPORTAGEM Março / Abril de 2011 Carrapato Inimigo minúsculo, Fotos: Divulgação Um inimigo minúsculo que habita as pastagens e se hospeda no boi está à espreita, Brasil afora. É o carrapato, esta praga quase invisível que causa prejuízos maiúsculos à pecuária de corte e leite no mundo, estimados mais de US$ 2 bilhões ao ano no país e mais de US$ 7 bilhões no mundo. Detentor do maior rebanho bovino comercial do mundo – com pouco menos de 200 milhões de cabeças, o Brasil parece esperar o pior para iniciar um combate eficiente ao carrapato. Segundo a defesa sanitária animal, 95% da infestação está nas pastagens, ou seja, decorre do manejo inadequado do gado e na divisão e uso dos piquetes de pasto. Por Horst Knak P ara quem cria gado europeu, o carrapato pode ser um verdadeiro flagelo, já que o animal precisa ser exposto periodicamente, para manter sua imunidade contra as doenças transmitidas pelo carrapato. “Como regra, o criador do Brasil central não deveria trazer vacas prenhas de regiões onde não existe carrapato. O risco de perda é muito grande”, fulmina o técnico da Associação Brasileira de Angus, Antônio Chaves Neto, que atua no norte do Paraná e São Paulo. Se os animais vierem de uma propriedade que não tem carrapato, o produtor precisa seguir com rigor uma série de procedimentos: acompanhamento diário, verificando se o animal está se alimentando normalmente, controle diário da temperatura corporal nos primeiros 60 dias. É fundamental também medir a infestação, fazendo a contagem de teleóginas na parte de trás do animal. Se houver mais de 10 visíveis a olho nu, o animal deve ser banhado. Se o carrapato é o vilão, o criador não deveria acabar com ele, mas sim monitorar a sua presença em níveis toleráveis. “De nada adianta usar um coquetel de produtos quando a infestação atinge o nível de risco”, explica Toninho. Se não for diagnosticada a tempo, pela falta de orientação e treinamento, a alta infestação acaba dando muito trabalho a peões, campeiros e capatazes, a ponto de comprometer o quadro de pessoal do estabelecimento. Por isso, o técnico da ABA destaca a importância do treinamento da mão-de-obra nas regiões promissoras da raça – Sudeste e Centro-Oeste. Cursos de controle, de identificação das fases, o controle estratégico, tudo isso deveria ser transferido para o pessoal que lida no dia-a-dia com os animais no campo. Afinal, como os zebuínos são pouco afetados pelo carrapato – já que são naturalmente resistentes a ele – a maioria dos estabelecimentos do centro do País não possuem banheiros específicos. Entretanto, os banhos podem ser realizados nos mesmos banheiros utilizados para combater a mosca do chifre, que ataca os zebuínos. “Carrapatograma”, ainda um palavrão carrapato só é realizado no final da estação quente e úmida, quando a infestação está no pico. Geralmente, o produtor fica apavorado no outono, após permitir a infestação, que cresce durante toda a primavera e verão. As alterações climáticas, porém, estão derrubando por terra alguns conceitos tradicionais de controle do parasita. Após o inverno, grande parte das larvas podem ter morrido em decorrência do frio (Região Sul) ou da estiagem (estação seca no CentroOeste e Sudeste). Mas na primavera, há um recrudescimento da infestação, que cresce à medida que avança a primavera, surge o verão e finaliza no outono. Em média, cada fêmea de carrapato que chega à fase adulta deposita de 1.500 a 3.000 ovos, que se tornam larvas que vão infestar a pastagem. Dando pouca atenção a esta seqüência, a infestação vai crescendo exponencialmente, explica o gerente técnico de bovinos da Novartis Saúde Animal, méd. vet. Octaviano Alves Pereira Neto. Mesmo na indústria de medicamentos, há consenso de que é impossível e insustentável controlar os carrapatos única e exclusivamente por meio de produtos carrapaticidas. Exigem-se técnicas de controle integrado e manejo, combinados com a aplicação dos produtos, o que garante uma redução no número de tratamentos ao longo do ano, baixando o custo final do criador. O maior erro do criador é iniciar o combate ao carrapato quando a infestação é muito grande, ou seja, no final do verão. O correto é acompanhar a infestação a partir de setembro, pulverizando nas primeiras infestações, de forma a manter o número de carrapaControle estratégico tos sob controle. Para os que possuem e o banho bem dado animais europeus puros é recomendável, segundo Antônio Chaves Neto, O controle estratégico de carrapafazer um carrapatograma, capaz de tos dos bovinos é a concentração de definir quais os melhores princípios banhos ou tratamentos dos bovinos ativos que funcionam na propriedade. com carrapaticidas em períodos Já que os resultados da análise podem desfavoráveis ao desenvolvimento levar até 30 dias, é recomendável fazer do carrapato na pastagem. Como o carrapatograessas condições ma no início do variam de região ciclo. para região no Da mesma país, o controle forma que as estratégico deve pessoas só recorser regionalizado. rem ao médico Basicamente, é quando estão ou durante a fase em se sentem doenque o carrapates, o produtor to se encontra rural costuma no campo que combater o carse deve atuar esrapato quando trategicamente, a infestação já já que durante a se configurou. fase parasitária, O combate ao as condições de Antonio Chaves Neto vida do carrapato são constantes e adequadas ao seu desenvolvimento. As duas variáveis climáticas que mais influenciam o desenvolvimento e a sobrevivência das fases do carrapato no ambiente são a temperatura e a umidade. Dependendo da altitude da região, a variação de um ou outro desses fatores causa prejuízos biológicos, diminuindo a quantidade de larvas na pastagem, sendo o momento propício para a atuação estratégica. O que se deve buscar então é atuar “estrategicamente” sobre uma geração de desenvolvimento rápido e de menor população, para, reduzindo-a ainda mais, gerar cada vez menos descendentes nas gerações subseqüentes. Além da atuação na época adequada, os outros dois pilares do controle estratégico referem-se à utilização do produto comprovadamente eficaz para a população a ser controlada (determinação por meio de testes específicos) e da utilização deste da forma mais correta possível, o popular “banho bem dado”. Envolvido desde os anos 70 na pesquisa do carrapato, o ex-professor João Carlos Gonzáles, ligado Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) identificou uma grande modificação na histórica infestação de carrapatos na sua área de atuação. Doutor em Parasitologia e Doenças Parasitárias e autor de uma verdadeira bíblia do setor: O Carrapato do Boi, publicado em 1973, Gonzáles diz que em áreas próximas há propriedades com e sem carrapatos. Isto porque houve a introdução de lavouras de soja, arroz, pastagens cultivadas, pomares comerciais e grandes reflorestamentos, que estão ganhando ainda mais corpo com a chegada das grandes indústrias de celulose ao Rio Grande do Sul. Banheiros de imersão devem ser substituídos por aspersores Segundo Gonzáles, a falta de novos produtos de combate, banheiros inadequados, dosagens incorretas provocadas por diagnósticos errados, falta de rotação de piquetes, entre outros erros, estão criando maior resistência no carrapato. Segundo ele, metade dos 9.500 banheiros de imersão tradicionais foi aterrada e substituídos pelos de aspersão, que permitem um combate mais preciso >>> REPORTAGEM Março / Abril de 2011 33 PREJUÍZO MAIÚSCULO Fotos: Divulgação ao parasita. Para ele, as técnicas de manejo, associadas ao uso de carrapaticidas, ainda oferecem os melhores resultados. Porém, o desenvolvimento de linhagens resistentes a diversas gerações de acaricidas, a permanência de resíduos químicos nos produtos de origem animal e a poluição ambiental estão estimulando estudos para uma vacina contra o carrapato, que utiliza proteínas estratégicas – a Bm86, extraída dos intestinos do carrapato. Mas esta vacina ainda é um produto longe de pronto para ser usado massivamente no mercado pecuário. O especialista alerta que “os banhos costumam ser feitos de maneira inadequada, com alta freqüência e baixo volume de calda por todo o ano”. A maior parte dos produtores não percebe as desvantagens que podem ser atribuídas aos banhos carrapaticidas, principalmente as econômicas. O combate quími- co ainda é visto como parte uma obrigação e não como parte de um programa preventivo. Isto mostra que há forte deficiência na transferência de tecnologia para o setor pecuário, favorecendo o estabelecimento da resistência aos carrapaticidas. carrapato bovino de forma controlada, de preferência na primavera, quando a população de carrapato no campo costuma ser menor. Assim se promove uma imunização natural, regulada pelos animais e sua integração no meio. O B. microplus é o principal vetor do Anaplasma marginale, Babesia bovis e B. bigemina responsáveis por mortes de bezerros ou de animais adultos que não tenham sido expostos ao carrapato. Essas doenças formam um complexo conhecido como tristeza parasitária dos bovinos (TPB). Em busca de meios mais eficientes de controle da TPB, a exemplo do que ocorreu na Austrália, Argentina e Uruguai, cepas de B. bovis e B. bigemina foram atenuadas nos Laboratórios da Embrapa, UFPel (Federal de Pelotas, RS), UFV (Federal de Viçosa, MG) e no Instituto de Pesquisas Veterinárias Desidério Finamor (IPVDF), no RS, visando à produção de uma vacina contra Vacinas ainda não produzem resultados Uma das doenças transmitidas pelo carrapato, a tristeza parasitária bovina (TPB) pode não estar entre as doenças mais famosas que volta e meia estampam as manchetes dos jornais, a exemplo do estardalhaço quando do surgimento de um foco de febre aftosa. Entretanto, é uma das enfermidades que mais pode causar prejuízos aos pecuaristas, caso não sejam tomadas medidas de prevenção. A principal medida a ser usada como prevenção dessa doença é a exposição dos animais à infestação natural pelo Mario Piccoli estas doenças. Juntamente com uma cepa Sul Africana de A. centrale ou A. marginale não atenuada (UFV) foram incorporadas em vacinas que atualmente estão em uso a campo principalmente no Sul e Sudeste do País. As vacinas vivas atenuadas surgiram nas décadas de 80 e 90, como uma boa alternativa ao método clássico de premunição, e mesmo sofrendo aperfeiçoamentos, ainda estão longe do ideal. O mesmo se diz de vacinas que utilizam proteínas recombinantes como antígenos, que surgiram no mercado mundial nos últimos anos. Apesar dos avanços, os resultados estão longe de controlar este parasita e as doenças por ele transmitidas. DEP pode informar resistência ao carrapato Com o objetivo de reduzir a infestação de carrapatos no rebanho e o possível contágio por TPB está na seleção genética de animais mais resistentes à presença dos vetores. Esse trabalho vem sendo desenvolvido pela GenSys e já obteve bons resultados. “Realizamos a contagem dos carrapatos para identificar quais os touros mais resistentes”, explica o médico-veterinário Mario Luiz Piccoli. A partir desse trabalho, as informações serão publicadas no sumário de touros, dando a possibilidade de os compradores contarem com a vantagem de adquirir animais mais resistentes ao carrapato. “A raça Angus tem passado por um processo de adaptação no Centro-Oeste, por isso precisamos garantir maior resistência à tristeza, com animais de pelos mais curtos e mais grossos”, observa. O contagem dos carrapatos, diz Piccoli, deve ser feita no período pós-desmame, preferencialmente em conjunto com a pesagem e as medida de perímetro escrotal, de ultrassom e as avaliações de conformação, precocidade, musculatura e tamanho. Assim, a formação dos grupos contemporâneos fica mais fácil. Se a contagem for realizada em outra época, é necessário coletar a data da contagem e o grupo de manejo no qual o animal permaneceu os últimos 60 a 90 dias. “É importante não permitir uma infestação excessiva, o que leva a um tempo maior para a realização da contagem por animal. Para realizar a contagem os animais devem apresentar um número mínimo de 20 fêmeas de carrapatos em ingurgitamento em todo o corpo”, explica Piccoli. Os resultados, porém, só se tornarão expressivos quando um maior número de criadores iniciar a contagem visual, porque surgirão parâmetros que envolverão maior número de rebanhos e, especialmente, reprodutores. Atualmente, há rebanhos no Paraguai que já possuem índices (DEP - Diferença Esperada na Progênie) para carrapato. No Brasil, alguns empreendimentos agropecuários como o Programa Natura já oferecem Deps para carrapato. “Este índice é muito positivo, já que sua herdabilidade é alta, de 0.4”, explica Piccoli. Na esfera da pesquisa, a Embrapa está mapeando o genoma de reprodutores para identificar quais possuem genes que os tornam mais resistentes ao carrapato. 34 INTERNACIONAL Março / Abril de 2011 Denver 2011: ainda mais grandiosa Fotos: Divulgação A National Western Stock Show, em Denver (Colorado, Estados Unidos), é tradicionalmente gigante em número de raças bovinas e exemplares expostos. O Angus, por sua vez, também é tradicionalmente a raça com maior número de animais presentes. Mas, o que poucos esperavam era o número de animais participantes e leilões realizados em 2011: foram 983 produtos Angus expostos e 6 remates. Além disso, criadores da Rússia, da Turquia e do Canadá fizeram aquisições. Grande Campeão Aberdeen Angus R ealizada na primeira quinzena de Janeiro, essa foi 105ª edição da exposição de Denver. Localizada na mile-high city, expressão para a cidade de Denver em vista dela estar localizada a 1 milha (1.610 metros) acima do nível do mar, as suas instalações possibilitam ver as belíssimas Montanhas Rochosas e não forçam nem o público e nem os animais de argola a se molhar em chuva e afundar em pistas de julgamento cheias de barro. Na National Western, animais e público ficam em ambientes climatizados e acarpetados. Há, pelo menos, 5 décadas é assim. Aliás, foi este padrão de exposição que inspirou a organização da Feicorte, no Brasil. Dos 983 exemplares Angus presentes para julgamento, 644 eram PO de pelagem preta e 243 eram PO de pelagem Vermelha. Além disso, houve também um julgamento de carcaças que envolveu mais 96 touros jovens pretos. Conforme a American Angus Association (AAA), os 644 Aberdeen Angus estiveram divididos em 434 fêmeas e 210 touros. Desses números, 326 animais eram de argola, 182 participaram no julgamento dos juniors e 136 eram touros rústicos. No Aberdeen Angus, os grandes campeões de argola e seus reservados foram os seguintes: Grande Campeão: DAJS Shockwave 612. Nascido em Maio de 2009 e com menos de dois anos em Denver, ele é filho de Gambles Hot Rod e pertence à parceria formada por Jennifer e Matthew Ewing (de Rushville, Illinois) com Katy Satree (de Montague, Texas). Reservado de Grande Campeão: Lazy JB Top Shelf 9000. Ele é de propriedade da parceira formada pela Cherry Knoll Farm Inc. (de Grande Campeã Aberdeen Angus West Grove, Pensilvânia) e Britney Creamer (de Montrose, Colorado). Nascido em Março de 2009, este reprodutor é filho de WK Uptown. Grande Campeã: Malsons Savannah 27W. Mark e Carla Malson (de Parma, Idaho) e Wooden Shoe Farms (de Blackfoot, Idaho) são os proprietários desta fêmea filha de LCB Powerball 3106R nascida em Março de 2009. Reservada de Grande Campeã: Top Line Lady 9111. De Morgan Kramer (de Farina, Illinois), ela nasceu em Setembro de 2009 e é filha de SAV Bismarck 5682. Da variedade vermelha, a Red Angus Association of America (RAAA) informa que participaram 207 animais de argola e 36 touros rústicos, o que totaliza 243 produtos. No julgamento de argola do Red Angus, os títulos máximos foram obtidos pelos seguintes animais: Grande Campeão: Red Northline Fat Tony 605U. Da parceria formada por Wendy e Howard Schneider (de Ardrossan, Alberta, Canadá) e Darlene e Glen Glessman (de Barrhead, Alberta, Canadá), o reprodutor nasceu em Abril de 2008 e é filho do touro Red SVR Gangster 14S. Reservado de Grande Campeão: WEBR TC Card Shark 1015. De Fe- vereiro de 2010 e com menos de um ano de idade em Denver, ele é filho de WEBR Doc Holiday 2N e pertence à Weber Land & Cattle Company (de Lake Benton, Minesota) e a Ty Bayer (de Ringle, Wisconsin). Grande Campeã: Meado-West TC Jackie. Fruto da seleção da Meado-West Farms (de Menomonie, Wisconsin) e de propriedade de Ty Bayer (de Ringle, Wisconsin), essa fêmea nasceu no final de Março de 2010, estava com pouco mais de 9 meses em Denver e é filha de HXC Jackhammer 8800U. Reservada de Grande Campeã: Red Spittalburn Bayberry 1X. Filha do touro Red Towaw Indeed 104H, ela nasceu em Janeiro de 2010 e pertence ao Wildcat Creek Ranch (de Newton, Kansas). Em termos de comercialização, foram realizados 6 leilões oficiais. Equanto cinco ofertaram produtos Aberdeen Angus e foram organizados pela AAA e Colorado State Angus Association, um ofertou produtos Red Angus e foi capitaneado pela RAAA. Abertos a todos os expositores, esses leilões ratificam uma das receitas do sucesso da raça Angus nos Estados Unidos: quanto maiores forem as possibilidades comerciais para os criadores numa exposição, Grande Campeão Red Angus maior será o número de animais da raça, expositores e público presentes. Assim se consolida exposições, se fomenta uma raça e se reafirma a força comercial dela. As médias gerais do Aberdeen Angus nos leilões de Denver 2011 foram: Touros: US$ 6.916,00 Novilhas: US$ 6.412,00 Prenhezes: US$ 6.000,00 Doses de sêmen: US$ 1.332,00 Embriões: US$ 569,00 Vacas adultas não costumam ser ofertadas lá e não foram colocadas à venda. O preço Top da raça foi pago pelo lote 3 do famoso leilão Bases Loaded. Uma parceria formada por 7 criadores pagou US$ 150 mil por 2/3 do touro HF Kodiak 5R e 500 doses de sêmen do reprodutor. Da Wilbar Farms (de Dundurn, Saskatchewan, Canadá), ele tem TC Advantage (filho de Krugerrand of Donamere 490 e mesma genética de QLC Krugerrand B459E) na linha alta e Vermilion Yellowstone (filho de Vermilion Dateline 7078) na linha baixa. O segundo preço mais alto foi pago pelo atual Grande Campeão da North American International Livestock Exposition (NAILE), de Louisville (Kentucky). Uma parceria de 15 criadores desembolsou US$ 102 mil por 1/3 do reprodutor EXAR Wanted 9732B, da Express Angus Ranches (de Yukon, Oklahoma). Na linha alta, ele tem a genética de EXAR Lutton 1831 (um filho de Northern Improvement 4480GF) e, na linha baixa, tem o sangue de Twin Valley Precision E161. No leilão Red Angus Mile High Classic, da RAAA, as médias do Red Angus foram: Touros: US$ 6.909,00 Novilhas: US$ 4.338,00 Fêmeas prenhas: US$ 6.528,00 Prenhezes: US$ 10.750,00 Flushings: US$ 1.875,00 Embriões: US$ 414,00 Sêmen: US$ 154,00 O preço Top do leilão foi pago pelo touro Red Diamond T Hips Stout 107U. Do Brylor Ranch e SSS Red Angus (ambos da província de Alberta, Canadá), ele tem genética totalmente aberta (Red Lazy MC Stout 30S na linha alta e Red Towaw Monique 2K na linha baixa) e saiu de pista por US$ 39 mil. O segundo preço mais alto foi pago pela fêmea JKC Berry Advance 36W, da Whitney St. Clair/3 Fires Cattle e JK Cattle Company (ambas do Estado do Kansas). Com Red Fine Line Mulberry 26P na linha alta e Perks Advancer 9088 na linha baixa, ela era a única fêmea do leilão com prenhez de Stout 107U e foi vendida por US$ 23 mil. Todos os leilões de Aberdeen e Red Angus movimentaram um total de cerca de US$ 3,4 milhões. Além da qualidade dos animais e o sucesso nas vendas, a programação do Angus reuniu pessoas de 5 continentes. Os compradores da Rússia, da Turquia e do Canadá compraram touros, novilhas e embriões Aberdeen. Informações: American Angus Association e Red Angus Association of America Tradução: Stefan Staiger Schneider Grande Campeã Red Angus INTERNACIONAL Touros Angus Top 10 em registros nos Estados Unidos em 2010 Fotos: Divulgação %L Norseman King 2291, líder entre os vermelhos Março / Abril de 2011 35 Gira de Outono 2011 no Uruguai Mytty in Focus, lider entre os pretos Como em todos os anos, a American Angus Association (AAA), a Associação Americana de Angus, e a Red Angus Association of America (RAAA), a Associação de Red Angus dos Estados Unidos, divulgaram os seus respectivos rankings de touros pais líderes em registros de animais Puros de Origem (PO). Portanto, conheça os touros Angus Top 10 de 2010: Posição: Nome do Touro Aberdeen Angus (pelagem preta): Número de Filhos Registrados na AAA: 1. MYTTY IN FOCUS 8.785 2. SS OBJECTIVE T510 0T26 8.402 3. GAR PREDESTINED 7.707 4. SAV FINAL ANSWER 0035 6.141 5. SAV NET WORTH 4200 5.025 6. TC TOTAL 410 3.528 7. SAV BISMARCK 5682 3.430 8. HARB PENDLETON 765 J H 2.651 9. SAV 8180 TRAVELER 004 2.545 10. GAR NEW DESIGN 5050 2.465 Posição: Nome do Touro Red Angus (pelagem vermelha): Número de Filhos Registrados na RAAA: 1. 5L NORSEMAN KING 2291 701 2. LJC MISSION STATEMENT P27 641 3. RED FINE LINE MULBERRY 26P 546 4. RED SIX MILE SAKIC 832S 497 5. BROWN COMMITMENT S7206 449 6. FEDDES BIG SKY R9 368 7. MESSMER PACKER S008 298 8. GMRA LARAMIE 5110 237 9. LCC MAJOR LEAGUE A502M 234 10. 5L SUMMIT 1145-6327 208 Os números se baseiam nos anos fiscais da AAA e RAAA. Com relação a 2010, eles começaram em 1o de Outubro de 2009 e terminaram em 30 de Setembro de 2010. Informações: American Angus Association e Red Angus Association of America Tradução: Stefan Staiger Schneider A Sociedade de Criadores de Angus do Uruguai promove nos dias 8 e 9 de abril a Gira de Outono 2011, que tem o objetivo de congregar os criadores da raça, que conhecerão sistemas de criação a campo, rebanhos gerais, sistemas extensivos e intensivos, além de participarem de palestras e apresentações. O evento será realizado com a visitação de propriedades nos departamentos de Soriano e Rio Negro. No dia 8 de abril, sexta-feira, os participantes conhecerão o estabelecimento Santa Emilia de Sierra Madera S.A. e El Cerro de Rio Frontera S.A. No final da tarde, às 17 horas, conhecerão a unidade de engorda intensiva do Marfrig/Taquarembó, em Rio Negro. No início da noite, na Associação Rural de Soriano, palestra promovida pelo Laboratório Santa Elena S.A., sobre o controle das doenças reprodutivas, como ferramentas para otimizar a produção bovina, a cargo do Dr. Gonzalo Leániz. O primeiro dia será encerrado com jantar na mesma associação rural. O segundo dia da Gira de Outono, dia 9 de abril, inicia com visita à estância La Colorada, de Germán Morixe, às 9 horas. Em seguida, haverá visitação à Curupy Del Salvador, de Jorge Mailhos e outros, onde será servido o almoço. À tarde, os participantes visitam as demais instalações do estabelecimento, encerrando-se a gira às 17 horas. Em 2010, a gira foi realizada nos dias 4 e 5 de junho, quando os participantes perceberam o bom desempenho do Angus diante do difícil período de estiagem enfrentado pela agropecuária uruguaia no ano passado. A Sociedade Uruguaia conclama à participação de seus associados e convidados, de forma a repetir o total êxito obtido em 2010. Remate Gala Angus valoriza a raça no Uruguai A edição 2011 do Remate Gala Angus, ocorrida em 18 de fevereiro de 2011, movimentou o mercado de genética na badalada praia de Punta del Este no Uruguai. O palco do grandioso evento foi nada menos que o Conrad Punta del Este Resort & Casino, ponto alto dos grandes acontecimentos da temporada. O já reconhecido remate de verão, promovido pela Sociedade de Criadores de Aberdeen Angus do Uruguai contou com 33 lotes de animais de elite da raça Aberdeen Angus entre fêmeas jovens e doadoras. Veja os resultados dos negócios, que superaram em mais 50% os valores de 2010: Fêmeas jovens, 25 lotes, média de US$ 8.104,00; Doadoras, 8 lotes, média de US$ 4.200,00. Média Geral; 33 lotes, US$ 7.157,00. O grande destaque do remate e animal mais valorizado foi o Lote 3 - Conce 313 Credito T.E, da Sociedad Ganadera San Luis y La Concepcion (Soriano), nascida em 23/07/2008. Este exemplar foi a Campeã Vaquilhona Maior na Expo-Prado 2010 e vendida 50% por US$ 24.000,00. Conce 313 é uma filha de Stratum 1333 Credito Discovery em vaca Rito 3X25 OF 5H11. Produto uruguaio com genética americana. Segundo o Méd. Vet. Fernando F. Velloso, técnico da ABA que esteve presente na edição 2010, o Gala Angus é um grande encontro de confraternização dos criadores de Angus do Uruguai. Aproveita-se o momento de descanso das famílias em Punta e realiza-se uma bela festa com grande impacto em divulgação no país como um todo. 36 Março / Abril de 2011 PERFIL Porque não criar Angus? Diz Rogério Assis, à frente de uma genética feita em casa ... Fotos: Divulgação Rogério Assis: paixão, tecnologia e parceria com a família Quando o trabalho do dia junto aos animais termina e os raios de sol vão dando adeus no céu, Rogério Rotta Assis, 39 anos, se acomoda na larga varanda de paredes alvas da Estância Tradição, em Santa Vitória do Palmar. Iluminada pelo tom róseo do entardecer, a tourada Angus desfila em frente a Rotta, fazendo com que o produtor analise e planeje o manejo de seus exemplares, seus reprodutores de seleção, sua safra. É um momento de reflexão. Com mate amargo de um lado e papel e caneta do outro, ele tece os planos da propriedade. Por Marina Corrêa A organização e a persistência foram dádivas herdadas do avô, Nico Rotta, grande incentivador do gosto pelas lides do campo e precursor na criação de Angus na família. Foi esse planejamento o fio condutor do sucesso da propriedade, que conseguiu com os seus exemplares o bicampeonato do Ranking Nacional da raça nos exemplares rústicos, o foco da produção da Estância Tradição. A criação de Angus pode ter sido iniciada com o vô Nico, mas foi renovada por Rotta e seu irmão mais velho. Há sete anos, a família investe em melhoramento genético. Rotta aparta os melhores animais e planeja os cruzamentos. Mestre em produção animal, o produtor ajuda a formar campeões. Desde 2002, a fazenda começou a levar animais para exposições e o resultado foram dezenas de prêmios. Um trabalho meticuloso, de conhecer cada matriz e acompanhar de perto cada nascimento, separando para cuidar, dia a dia, as melhores promessas entre a bezerrada. “É preciso olhar, daqui e dali, e fazer caminhar, todos os dias...”, observa, com o olhar de sabedoria, o criador. Já na primeira exposição, em Santa Vitória do Palmar, RS, um animal do trio de rústicos levado por Rotta recebeu o prêmio de melhor do evento. Os bons resultados foram um dos incentivos para seguir em frente. “Mas não foi só isso. Na fazenda, após o falecimento do meu avô, encontrei umas folhas escritas à mão por ele. É como um diário, ali ele conta tudo. Desde como foi a vinda da Itália para cá, detalhes de parentes. São palavras de muito otimismo, que fazem a gente ver que mesmo em meio à dificuldade, o importante é seguir em frente. De tanto que eu li, já decorei as folhas. São sagradas para mim”, relata. Otimismo, perseverança e planejamento são palavras de ordem na Tradição. Rotta acreditou no trabalho desenvolvido e apostou numa produção própria, com pouca interferência de genética de fora das porteiras do criatório. “Cerca de 80% do nosso rebanho foi feito em casa. No início, buscamos genética de fora, ano passado importamos 14 matrizes da De terra sem lei, a campos produtivos Santa Vitória do Palmar, no extremo Sul do Brasil, no Rio Grande do Sul, tem contada em sua história dos antigamentes que em 1777, portugueses e espanhóis celebraram o tratado de Santo Ildefonso, onde estes trocavam a Colônia do Sacramento pelas Missões. Pois entre estes dois territórios ficou uma faixa de terra “sem dono”. Essa zona (da Estação Ecológica do Taim ao município do Chuí) é onde, hoje, se encontra Santa Vitória do Palmar, que naquela época era chamada de Campos Neutrais, fazendo analogia a campos neutros, ou seja, não pertencentes nem a espanhóis e nem a portugueses. Por esse motivo e pela extrema proximidade com o Uruguai, ficou também conhecida, na época, como “terra sem lei”. Mais tarde, as terras passaram a ter dono de acordo com o Tratado de Tordesilhas: os portugueses. Se bem que a Estância Tradição se formou na mão de imigrantes italianos. Argentina, mas o que apresentamos nas feiras é coisa nossa”, orgulha-se. Ainda que Rotta seja fã de genética show, os rústicos são sua grande paixão e não há pretensão momentânea de produzir animais de argola. Criado a campo, o plantel Angus da Tradição se alimenta de pastagem cultivada e suplemento a cocho. “Os animais têm que mostrar por si só seu desempenho. E o Angus é perfeito para isso. Me perguntam por que criamos Angus, ao que eu respondo: por que não criar Angus? Não há resposta”, comenta. Por serem reconhecidos pelas performances em exposições, o remate “Só Angus”, em parceria com mais quatro cabanhas, realizado tradicionalmente em outubro, é sempre mui- to concorrido. “A produção caseira da Tradição rendeu visita de produtores escoceses no ano passado”, conta, com orgulho, o criador. Distante 40 km do centro de Santa Vitória do Palmar, Rotta conta que a rigidez da organização com que conduz a estância perdura só durante a semana. Nos sábados e domingos, a Tradição é palco de grandes reuniões familiares. O produtor confessa ser o momento em que enxerga que todo seu trabalho faz sentido. “Quando meu filho de cinco anos está aqui, me emociono de ver como ele vive a estância, adora. Vai para mangueira, tem seu cavalo, seus arreios e fica muito brabo quando não o trago. Tudo indica que nosso trabalho terá continuidade”, conclui. ARTIGO Março / Abril de 2011 37 Fatos históricos condicionam às atuais demandas – GLOBALG.A.P. e BPA O decréscimo no consumo de carne bovina, nos últimos anos, é fato: segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), dentre os dez principais países consumidores de carne bovina per capita, metade diminuiu o consumo em até 13,51%, entre 2006 e 2010. A explicação para tal acontecimento está condicionada a fatos históricos, que relacionam a evolução da sociedade e a produção de alimentos. Ademais, esta associação colabora para o aparecimento de novas exigências feitas pelos consumidores. Maria Eugênia Andrighetto Canozzi1, Luciana Fagundes Christofari2, Júlio Otávio Jardim Barcellos3 O rebanho bovino é um importante componente da sociedade e por centenas de anos ajudou a espécie humana, não somente no fornecimento de alimento, mas também para o trabalho, para a confecção têxtil e para o lazer. Com o passar dos anos, a produção animal foi buscando maximizar seu desempenho. Na segunda metade do século passado, produção foi substituída por produtividade e, mais recentemente, pela eficiência de produção. A ocorrência da Revolução Verde, a partir dos anos de 1960 e 1970, provocou a disseminação de novas sementes e práticas agrícolas, as quais permitiram um grande aumento na produção. O modelo baseava-se na intensiva utilização de sementes modificadas, insumos industriais, mecanização e diminuição de custos do manejo. Em contrapartida, causou inúmeros impactos ambientais e uma grande desestruturação social. Já a década de 90 foi caracterizada pela abertura do comércio internacional, por crises alimentares e pela associação de alimentos de origem animal com enfermidades em humanos. Como exemplo, pode ser mencionada a correlação da Encefalopatia Espongiforme Bovina (Bovine Spongiform Encephalopaty - BSE) com a Variant Cruetzfeldt-Jacob Disease (vCJD) em Fotos: Divulgação / ABA humanos, em 1996, na Inglaterra. Os consumidores estão cientes destes acontecimentos, já que a disseminação das informações é imediata. A preocupação com a qualidade do alimento a ser consumido, desde então, passa a ser crescente. A carne comercializada na forma de commodity não perde a sua importância, porém o processo de comercialização de um produto diferenciado por todos os segmentos aparece como uma alternativa para a valorização do produto e inserção do Brasil em novos mercados. O processo de certificação surge como uma forma de validação de processos de produção diferentes e dois importantes mecanismos – GLOBALG.A.P. e BPA – buscam integrar uma produção economicamente viável, socialmente justa, ambientalmente correta, além de propiciar bem-estar animal. GLOBALG.A.P. é uma certificação originária do varejo inglês, no ano de 1997. Inicialmente chamada de EUREPGAP, por estar restrita ao continente europeu, hoje é reconhecida por mais de 80 países, existindo mais de 35.000 produtores certificados e mais de 60 países cobertos pela certificação. A norma foi elaborada, principalmente, para reafirmar perante os consumidores que a produção alimentar nas unidades de produção agrícolas é realizada através da minimização dos impactos negativos de operações agrícolas no meioambiente, redução do uso de insumos químicos e garantia de uma abordagem responsável dos assuntos de saúde e segurança dos empregados e saúde animal. No que tange o mercado nacional, somente em 2005 foi lançado, oficialmente, o “Programa de Boas Práticas Agropecuárias Bovinos de Corte”. Os pressupostos para adesão a esta certificação encontram-se definidos em uma proposta formulada pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA). No Rio Grande do Sul, o Programa BPA é coordenado pela Embrapa Pecuária Sul, sendo a Associação dos Produtores dos Campos de Cima da Serra (APROCCIMA) o elo gaúcho dos produtores que aderiram ao Programa (14 em 2010). Parece ser simples a adesão a um destes protocolos de certificação, mas na realidade não é isto que acontece. Para atender aos inúmeros requisitos (veja na Figura 1), dedicação e organização são as palavras-chaves para o sucesso. Cada fundamento tem um princípio, mas o objetivo final é sempre o mesmo: produção de carne com diferencial de qualidade. A função social trata do atendimento a critérios e exigências estabelecidas em lei na área social e do ambiental rural. A gestão dos recursos humanos considera como base da relação produtor rural – trabalhador a ética, e como parceiros, a cultura e os valores morais. O ambiente e as pastagens devem ser manejados de maneira correta, para manter a conservação do solo, da biodiversidade, dos recursos hídricos e da paisagem. As instalações devem ser adequadas, de modo a não causar danos ao couro e a carcaça bovina e garantir a segurança do pessoal responsável pelo manejo dos animais. O conhecimento do comportamento animal e a aplicação de estra- tégias de manejo, considerando as necessidades fisiológicas, permitem ganhos diretos e indiretos na produção de carne e couro de qualidade. A suplementação alimentar considera a qualidade dos insumos e aditivos utilizados na alimentação animal. A identificação individual e o registro de ocorrências contribuem na avaliação do desempenho individual e do rebanho e no rastreamento das informações. O manejo sanitário assegura a produção de um alimento saudável e, finalmente, o reprodutivo visa otimizar o desempenho do rebanho de cria, de forma racional, econômica e sem promover a degradação ambiental. A história serve como fonte de explicação para as atuais demandas de carne bovina. Aspectos relacionados ao ambiente, ao social e ao animal tornam-se relevantes em sistemas de produção que buscam ‘ser diferentes’. Os protocolo GLOBALG.A.P. e BPA, por valorizarem um conjunto de fatores determinantes da produção, são certificações promissoras em uma realidade, um tanto quanto, conturbada para a cadeia da carne bovina. Méd. Vet., Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia, Faculdade de Agronomia – Ufrgs/Nespro. E-mail: mecanozzi@ yahoo.com.br 2 D.Sc. Professora do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Santa Maria/ Cesnors/Palmeira das Missões/RS 3 D.Sc. Professor de Departamento de Zootecnia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – Ufrgs/Nespro 1 38 Março / Abril de 2011 ARTIGO Obtenha ganhos genéticos em seu rebanho através do Promebo®! Todos os técnicos credenciados da ABA estão aptos a realizar as avaliações, bem como técnicos da área e os criadores que se credenciaram junto a ABA-ANC/Promebo. São realizados anualmente cursos de credenciamento e reciclagem para avaliação da raça Angus. Por Leonardo T. Campos & Gabriel S. Campos* A Associação Nacional de Criadores e a Associação Brasileira de Angus, com o objetivo de promover o progresso genético dos rebanhos Angus do Brasil, vem trabalhando através do Promebo® para ampliar o número de criadores usuários deste Programa de Avaliação Genética. Atribuições da ABA => Orientação do Corpo Técnico; => Divulgação do programa (site, jornal, assessoria de imprensa, etc); => Organização e promoção de treinamentos e reciclagens; => Suporte aos criadores participantes Atribuições específicas da ANC/Promebo => Manter o banco de dados componente do Arquivo Zootécnico Nacional dos rebanhos registrados e/ ou controlados pela Entidade. => Realizar as avaliações genéticas, contando com a assessoria do Gensys. Quem pode participar? Todos os produtores que possuem rebanhos PO, PC, Cruzamentos ou Gado Comercial (associados ou não da ANC ou ABA). Pré-requisito para participar Rebanho Controlado: animais identificados, com controle de nascimentos, pais conhecidos (ou RM) e avaliações em momentos estratégicos (desmame e pós-desmame). Balança apropriada (com bom nível de precisão). Quem pode realizar a avaliação dos animais ? Características importantes Todos os animais do rebanho em controle participam (Não há pré-seleção); Os animais são criados e avaliados nas condições normais de cada estabelecimento; Para serem avaliados os produtos devem pertencer a um grupo contemporâneo (mesmo sexo e regime alimentar), ou seja, receber oportunidades iguais (Manejo e alimentação uniformes); O programa é bastante Simples para o criador, podendo, em rebanhos com uma única estação de produção (primavera), envolver somente um manejo de mangueira por ano. Lembre-se: quanto maior o grupo contemporâneo melhor a qualidade da informação. Momentos de avaliação Os animais devem ser avaliados na desmama (aprox. 5-8 meses de idade) e ao sobreano (aproximadamente 16 – 20 meses de idade). Características avaliadas Principais Peso ao Nascer Peso ao Desmame (ajustado aos 205 dias e à idade da mãe) Peso ajustado ao ano (12 meses) ou Sobreano (18 meses). Perímetro escrotal Escores Visuais, para estimar a composição do ganho de peso dos animais, onde: C = Conformação P = Precocidade M = Musculatura T = Tamanho Complementares Escores para pelame (relacionado à adaptação e resistência ao calor) Resistência ao carrapato (relacionado ao nível de infestação) Medidas de carcaça por Ultra-som: - Área de olho de lombo - Espessura de gordura sub-cutânea - Marmoreio Resultados práticos = permite selecionar: a) Candidatos a touro; b) Animais dupla marca (decas superiores, conforme a raça). c) Melhores novilhas para a reposição através da performance da mãe e da sua própria performance; d) Melhores touros pais em utilização, através da performance de suas progênies; e) Vacas de melhor eficiência reprodutiva e maior capacidade em desmamar terneiros pesados. f) Melhores touros pais em utilização, que estão incluídos no Sumário de Touros da ANC ANGUS2010. Como realizar a inscrição e iniciar as avaliações genéticas? Entre em contato com o Assessor Técnico da ABA (té[email protected]. br, fone 51 3328 9122) ou com o Promebo na ANC para obter maiores informações sobre o programa ([email protected], 53 – 3222 4576 ou 3228 7735). * Informações produzidas pelo Comitê de Melhoramento da Raça Angus Objetivos e recomendações práticas para os produtores de carne bovina quanto ao controle da performance Mudanças de Manejo ou de Objetivos Prática Descrição da Prática 1- Nenhuma mudança Compra de touros Testados pela performance com DEPs próprias ou dos touros pais apropriadas Efeito Possível: aumento da performance dos filhos na característica selecionada. 2- Nenhuma mudança Descarte de vacas Baseando-se na sanidade física e com bezerro ao pé Efeito Possível: eliminar vacas com performance reprodutiva inferior e problemas físicos; aumento na produção de bezerros e peso à desmama. 3- Numeração Identificação individual Brinco, tatuagem, marca a fogo Efeito Possível: coleta de registros de performance individuais; permite uma seleção e descarte mais precisos. 4- Coleta de dados de pesagens Pesagem individual dos animais; coletar dados de nascimento Registro da data de nascimento dos bezerros; Pesos a desmama e ao sobreano reais e ajustados; computação de dados reprodutivos Efeito Possível: aumento do peso à desmama e peso ao sobreano; evidencia vacas que não estão parindo a cada 365 dias; identifica vacas que parem tarde na estação; identifica vacas inferiores em produção. 5- Redução no número de vacas falhadas Diagnóstico de gestação Eliminação de vacas falhadas Efeito Possível: aumento na fertilidade; diminuição nos custos de criação dos bezerros. 6- Menor duração da estação de parição Diagnóstico de gestação, redução da estação de monta Eliminar acasalamentos no tarde, remover os touros após uma estação reprodutiva limitada Efeito Possível: aumento no peso real médio; aumento na taxa reprodutivas. 7- Obter vantagens do vigor híbrido e variabilidade genética Cruzamentos Acasalamento de vacas de uma raça com touros de outra; uso de vacas cruzadas Efeito Possível: ganho em peso à desmama; aumento na % de bezerros produzidos; ganho no peso ao ano ou sobreano; aumento na variação da progênie; uso específico de novilhas de reposição. 8- Aumentar a eficiência do processo de seleção Seleção das novilhas de reposição Seleção para reposição das novilhas de mais idade e maiores no grupo contemporâneo Efeito Possível: novilhas selecionadas seriam de vacas que: 1) parem no cedo; 2) são de boa produção de leite; 3) transmitem um impulso de crescimento adequado; são novilhas de desenvolvimento mais fácil até atingir peso de acasalamento. 9- Dados de performance Novilhas de reposição individualmente identificadas Repetibilidade: descartar vacas com base na produção média da 1ª e 2ª cria. * Adaptado a partir de BIF Guidelines [email protected] Manter registros de performance para vaquilhonas de 1ª e 2ª cria; descarte de fêmeas com base na 1ª e 2ª crias OPINIÃO 39 Março / Abril de 2011 Rastrear ou não rastrear, eis a questão! A rastreabilidade, além de ser uma exigência de alguns mercados, deve se tornar no longo prazo uma prática comum, já que garante a rastreabilidade total do animal abatido, contribuindo com a qualidade do produto final Por Por Alex Lopes da Silva O futuro da pecuária nacional, com tendência de aplicação crescente de tecnologia e melhoria da qualidade de produção e processos, passa necessariamente pela identificação dos animais, tanto para atender mercados exigentes, como medida de controle do rebanho. Dessa forma, o Brasil implantou em 2002 um sistema de rastreabilidade bovina, regido pela Instrução Normativa 17 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), que após algumas modificações passou a ser denominado, a partir de 2006, Sistema de Identificação e Certificação de Bovinos e Bubalinos (SISBOV). Atualmente existem duas categorias de monitoramento para as propriedades que fazem parte do SISBOV: Fazendas ERAS e Fazendas TRACE. As fazendas ERAS são propriedades que cumprem todas as exigências do Sisbov, porém ainda não estão aptas a exportar para o mercado europeu. Quando liberadas para exportação através de auditorias, passam a ser denominadas fazendas Trace, ou pertencentes à Lista Trace, e produzem o chamado “boi Europa”. Esses animais são produzidos dentro de diversas exigências, e sendo assim, na venda, normalmente existe pagamento de ágios sobre o valor da arroba. Cada frigorífico define sua bonificação. Em 2008 o ágio para a arroba do “boi Europa” chegou aos 10% sobre o valor de mercado físico. As exportações para o bloco europeu estavam em crescimento. Atualmente paga-se, em média, R$2,00 a mais pela arroba do “boi Europa” em relação ao “boi comum”, em todo o Brasil. Porém, nem sempre há ágio. A partir do segundo semestre do ano, entressafra, cresce a oferta de boiadas de confinamento, principalmente entre outubro e novembro. Essas propriedades confinadoras, na grande maioria das vezes, são caracterizadas por alto nível tecnológico, com a rastreabilidade fazendo parte do sistema. Dessa forma, o aumento na oferta de animais lista Trace leva a uma redução do ágio, sendo que em muitas vezes, como ocorreu em 2010, os frigoríficos deixam de pagar preços diferenciados por esses animais. Mas afinal, qual o custo para implantação da rastreabilidade no rebanho? Custo de implantação da rastreabilidade Existem alguns tipos de identificadores no mercado e o preço de cada um desses insumos influencia de diretamente nos custos de implantação do sistema. Considerando os identificadores, o produtor pode escolher entre as seguintes opções permitidas pelo SISBOV: A - Um brinco e um botton padrão. (método 1) B - Um brinco ou um botton padrão e um dispositivo eletrônico. (método 2) C - Um brinco padrão em uma orelha e uma tatuagem na outra. (Método 3) D - Um brinco padrão e o número de manejo do SISBOV marcado a fogo. (método 4) E - Um dispositivo único com identificação visual e eletrônica. (Método 5) F - Somente um brinco padrão. Apesar de possível a utilização de somente um marcador, a associação dos tipos de identificação é a mais indicada e a mais utilizada já que minimiza a perda da numeração e consequente rastreabilidade do animal. Para estimar os custos envolvidos na identificação dos bovinos, considerou-se uma propriedade de referência com um rebanho estável de 1.325 cabeças, em sistema de ciclo completo (de cria, recria e engorda), composto por matrizes, novilhas, bezerros e bezerras, garrotes para a engorda e touros. Além dos gastos com insumos – brinco, botton, tinta, unguento, etc -, estão incluídos no custo final, despesas com mão de obra, com a empresa certificadora e a depreciação dos equipamentos. As formas de identificação apresentadas nesta análise serão o brinco e o botton (brbo), brinco e marcação a fogo (brmf) e brinco e tatuagem (brta), por serem as mais utilizadas. Veja na tabela 1 os resultados no primeiro ano, com a implantação do sistema. Considerando, no rebanho em questão, um desfrute de 25%, ou seja, um abate de 332 cabeças, e diluindo os custos do primeiro ano na boiada que irá para o abate, considerando 18@ de média, o preço da associação brinco e botton será de R$1,46/@. Tabela 2. Considerando a remuneração média do “boi Europa”, R$2,00 a mais por arroba, o pecuarista terá um ganho de R$0,54/@ para o brinco mais botton, R$0,61/@ para a marcação a fogo mais brinco e R$0,47/@ para a associação do brinco e da marca a fogo. Abatendo 332 cabeças, com média de 18@, o ganho com a rastreabilidade pode variar de R$2,8mil a R$3,6mil por ano. No entanto, no segundo ano, com a rastreabilidade já estabelecida, os custos diminuem. Considerando nesse rebanho 400 matrizes, com uma taxa de natalidade de 60%, nascerão 240 animais por ano. Supondo a brincagem em todos e o mesmo desfrute médio do rebanho, os resultados são melhores. Nesse ano o ganho advindo da rastreabilidade pode chegar a R$8,8mil por ano, utilizando os mesmos parâmetros de peso dos animais e número de cabeças abatidas. É importante lembrar que em um rebanho maior os custos com deslocamento do técnico serão diluídos, assim como os custos fixos, levando a melhores resultados. Final A rastreabilidade, além de ser uma exigência de alguns mercados, deve se tornar no longo prazo uma prática comum, já que garante a rastreabilidade total do animal abatido, contribuindo com a qualidade do produto final. Porém, a adoção ou não do sistema será sempre uma decisão individual, que deve considerar todos os aspectos que envolvem a atividade, como a sistema adotado na fazenda, estratégias de mercado, política dos compradores e a análise dos custos envolvidos. Zootecnista Scot Consultoria Tabela 1. Custo para implantação da rastreabilidade, em R$/ano Materiais Custos fixos Aplicador de brincos Conjunto de números de marca a fogo Conjunto de números para tatuador Flambador Tatuador Custos fixos Custos variáveis Botton Brinco Certificadora Deslocamento do técnico Gás Mão-de-obra para manejo dos animais Remuneração do técnico Tinta Unguento Custos variáveis Custo total Custo por cabeça brbo brmf brta 58,50 - 58,50 11,70 58,50 - 58,50 22,50 92,70 18,00 288,00 364,50 861,25 1.325,00 2.782,50 1.200,00 662,50 1.325,00 2.782,50 1.200,00 120,00 662,50 1.325,00 2.782,50 1.200,00 662,50 1.800,00 8.631,25 8.689,75 6,56 1.800,00 298,13 8.188,13 8.280,83 6,25 1.800,00 975,00 8.745,00 9.109,50 6,88 Tabela 2. Custos da rastreabilidade no primeiro ano. Custos Custo total rebanho (R$/ano) Custo por cabeça abatida (R$/cab/ano) Custo por arroba (R$/@/ano) brbo 8.689,80 26,23 1,46 brmf 8.280,83 25,00 1,39 brta 9.109,50 27,50 1,53 Tabela 3. Custos da rastreabilidade a partir do segundo ano Custos Custo total rebanho (R$/ano) Custo por cabeça abatida (R$/cab/ano) Custo por arroba (R$/@/ano) brbo 3.078,50 2,32 0,52 brmf 3.130,70 2,36 0,53 brta 3.453,50 2,61 0,58 40 Março / Abril de 2011