Aves da Fazenda Morim, São José da Coroa Grande
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Aves da Fazenda Morim, São José da Coroa Grande
Glauco Alves Pereira Aves da Fazenda Morim, São José da Coroa Grande, Pernambuco, Brasil RELATÓRIO TÉCNICO 0 Glauco Alves Pereira Aves da Fazenda Morim, São José da Coroa Grande, Pernambuco, Brasil RELATÓRIO TÉCNICO RECIFE -PE NOVEMBRO, 2009 1 CRÉDITOS CONSULTOR Glauco Alves Pereira REVISÃO TÉCNICA Diele Lôbo Sônia Aline Roda ORGANIZAÇÃO Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste - CEPAN FOTOGRAFIAS Créditos nas legendas APOIO Subprograma Projetos Demonstrativos – PDA/MMA Associação para a Proteção da Mata Atlântica do Nordeste - AMANE Conservação Internacional do Brasil Agencia Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos – CPRH Instituto Chico Mendes de Biodiversidade – ICMBio Universidade Federal de Pernambuco – UFPE Esta publicação está licenciada sob uma Licença Creative Commons. Atribuição: Uso Não Comercial-Compartilhamento pela mesma licença 3.0 Brasil. Esta licença permite que outros remixem, adaptem e criem obras derivadas sobre esta publicação com fins não comerciais, contanto que atribuam adequadamente crédito aos autores e licenciem as novas criações sob os mesmos parâmetros. Você pode: Copiar e distribuir os textos desta publicação Criar obras derivadas a partir dos textos desta publicação Sob as seguintes condições: Atribuição: você deve dar crédito aos autores originais, de forma especificada no crédito do texto. Uso não-comercial: você não pode utilizar esta obra com finalidades comerciais. Compartilhamento pela mesma Licença: se você alterar, transformar ou criar obra com base nesta, você somente poderá distribuir a obra resultante sob uma licença idêntica a esta. Para citação bibliográfica: PEREIRA, G. A. Aves da Fazenda Morim, São José da Coroa Grande, Pernambuco, Brasil. Relatório Técnico. Recife: Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste. 2009. 2 SUMÁRIO 1. APRESENTAÇÃO ............................................................................................................ 1 2. MÉTODOS ..................................................................................................................... 1 3. AVIFAUNA ..................................................................................................................... 5 3.1. Espécies ameaçadas de extinção e endêmicas.............................................. 7 3.2. Espécies indicadoras da qualidade ambiental ............................................. 10 3.3. Espécies exóticas e invasoras ...................................................................... 13 4. ESTÁGIO DE CONSERVAÇÃO E REGENERAÇÃO DA MATA DO CRISTOVÃO E DA MATA DO COLARINHO............................................................................................................... 15 5. AMEAÇAS E IMPACTOS À BIODIVERSIDADE ............................................................... 15 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................... 16 Apêndice: Lista das aves registradas na Fazenda Morim, São José da Coroa Grande, Pernambuco. 3 1. APRESENTAÇÃO Este relatório tem como objetivo caracterizar a avifauna da Fazenda Morim – propriedade rural composta por cinco fragmentos florestais de floresta Atlântica Ombrófila Densa, com cerca de 600 ha, localizada no município de São José da Coroa Grande, Pernambuco. A Fazenda Morim é uma das cinco áreas selecionadas pelo Projeto Apoio a Criação de Unidades de Conservação na floresta Atlântica de Pernambuco para serem elaboradas propostas de criação de Unidades de Conservação pública. Portanto, as informações aqui apresentadas também visam contribuir com subsídios para endossar a proposta de criação de uma unidade de conservação para esta área. 2. MÉTODOS Este relatório foi construído a partir de informações disponíveis na literatura (Roda, 2004) e inventário da avifauna realizado entre dias 2 a 4 de junho de 2009 nos fragmentos Mata do Cristóvão ( Figura 1) e a Mata do Colarinho (Figura 2). Estes são os maiores fragmentos de floresta da propriedade com 374,11 ha e 107,12 ha, respectivamente. Para o levantamento das aves da Fazenda Morim foram percorridas trilhas préexistentes e visitados os mais diversos ecossistemas encontrados, como os ambientes florestais, ambientes aquáticos (açudes e brejos) (Figura 3) e áreas abertas (pastos). As observações foram realizadas nos períodos da manhã (das 5 as 9:30h) e no período da tarde (das 15:00 as 18:00h). Incursões à noite também foram realizadas no intuito de se registrar aves de hábitos noturnos, como corujas e bacuraus. 1 Figura 1 – Mata do Cristóvão, maior fragmento da Fazenda Morim. Figura 2 – Mata do Colarinho, segundo maior fragmento da Fazenda Morim. 2 Figura 3 – Ambiente aquático encontrado na Fazenda Morim. Para auxiliar na identificação das espécies, foram utilizados um binóculo Tasco sonoma de aumento 8 x 42 mm, um gravador SONY TCM 5000 – EV e um microfone ultradirecional Sennheiser ME 67 “long shotgun”. Com estes dois últimos equipamentos foi realizado um banco de dados com as vozes das aves gravadas. Para a identificação das espécies florestais, em algumas ocasiões foi realizada a técnica do play back, onde as espécies de comportamentos mais discretos são atraídas pela emissão de sua voz através do gravador. Também foram utilizados guias de campo e livros especializados para auxiliar na identificação das espécies, tais como Ridgely & Tudor (1989, 1994), Sick (1997), Souza (1998), Erize et al. (2006), Sigrist (2006). A nomenclatura científica e classificação taxonômica seguem o Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO, 2008). Para os nomes populares das espécies utilizaram-se os nomes presentes na lista das aves do estado de Pernambuco (Farias et al., 2008). As espécies exóticas invasoras foram consideradas de acordo com a lista das espécies encontradas em Pernambuco (CEPAN, 2009). O status de ocorrência das espécies foi obtido seguindo-se os trabalhos de Sick (1997) e Roda (2003), onde as aves foram classificadas em: 1) residente (espécie que se reproduz na região); 2) Migrante meridional (espécie migrante do hemisfério sul); 3) migrante setentrional (espécie migrante do hemisfério norte); 4) introduzida (espécie 3 trazida de outros locais e solta indevidamente na região); 5) status desconhecido (espécie não enquadrada em nenhuma categoria anteriormente citada); e, 6) extinta (espécie que não existe mais na natureza). Quanto ao uso do habitat, as espécies foram classificadas em a) dependentes espécies associadas ao interior de florestas, podendo em alguns casos, também ocorrer em ambientes de borda; b) semi-dependente - compreende as espécies que ocorrem tanto no interior das florestas e suas bordas como em áreas mais abertas da matriz circundante dos fragmentos; e, c) independente - espécies que habitam áreas abertas, áreas antrópicas, não necessitando de áreas florestais para nenhuma de suas atividades. Essa classificação segue principalmente a proposta por Parker et al (1996), Sick (1997) e Roda (2003). A classificação das espécies quanto ao nível trófico foi baseado em seus itens alimentares: a) Frugívoros, quando sua base alimentar são frutos ou, também artrópodes; b) Granívoros, quando se alimentam de grãos; c) Insetívoros, quando se alimentam de artrópodes; d) Nectarívoros, quando a base da sua alimentação é o néctar das flores (inclui-se nesta categoria, também, uma grande quantidade de artrópodes); e) Onívoros, quando os táxons alimentam-se de artrópodes, frutos, grãos e pequenos vertebrados; f) Predadores, quando se alimentam de pequenos vertebrados e/ou grandes insetos; g) Aquáticos, são as espécies que se alimentam na água, podendo ser de artrópodes e suas larvas, algas, brotos, etc; h) Detritívoros, que se alimentam de matéria em decomposição. Essa classificação baseou-se principalmente em Ridgely & Tudor (1989; 1994), Sick (1997) e Roda (2003). O status de conservação foi obtido através de informações de endemismo e de ameaça dos táxons. Os endemismos da floresta Atlântica estão de acordo com Parker et al. (1996) e Roda (2002). Para as espécies restritas ao Centro Pernambuco, seguiu-se Stattersfield et al. (1998), Roda (2002) e Silveira et al. (2003a). A classificação das espécies ameaçadas e as suas categorias foi baseada no Livro vermelho da fauna brasileira ameaçada de extinção (Machado et al., 2008) e a lista vermelha global da IUCN – União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN, 2009). 4 3. AVIFAUNA Na Fazenda Morim foram registradas 200 espécies de aves distribuídas em 47 famílias, sendo as famílias com maior número de espécies: Tyrannidae (15 %), Famílias Thraupidae (8,5%), Thamnophilidae (7,5 % ) e Trochilidae (5,5 %) (Figura 4). Tyrannidae Thraupidae Thamnophilidae Trochilidae Emberizidae Furnariidae Psittacidae Columbidae Icteridae Rallidae Accipitridae Tityridae Pipridae Dendrocolaptidae Tinamidae Picidae Parulidae Hirundinidae Ramphastidae Caprimulgidae Cuculidae Falconidae Cathartidae Ardeidae Fringillidae Turdidae Polioptilidae Troglodytidae Vireonidae Cotingidae Alcedinidae Strigidae Passeridae Estrildidae Cardinalidae Coerebidae Motacillidae Mimidae Donacobiidae Conopophagidae Bucconidae Galbulidae Momotidae Trogonidae Jacanidae Scolopacidae Charadriidae 30 17 15 11 8 7 7 7 6 6 6 5 5 5 5 4 3 3 3 3 3 3 3 3 3 2 2 2 2 2 2 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0 5 10 15 20 25 30 35 Número de espécies Figura 4 - Representatividade geral das famílias de aves assinaladas para a Fazenda Morim, São José da Coroa Grande, Pernambuco. 5 A maior parte das aves registradas na Fazenda Morim é residente, ou seja, reproduzem-se na região ou apenas realizam pequenas migrações regionais. Duas espécies exóticas invasoras foram registradas – o pardal Passer domesticus e o bicode-lacre Estrilda astrild. O ambiente florestal abriga o maior numero de espécies, 145 ao total, seguido pelas áreas abertas (103 spp.) e áreas alagadas (30 spp.). Além disso, 70% das espécies observadas são dependentes ou semi-dependentes do ambiente florestal, ou seja, necessitam da floresta para manutenção de pelo menos parte de suas atividades biológicas (Figura 5). Os grupos tróficos mais representativos quanto ao número de espécies foram os insetívoros, frugívoros e onívoros, com 79, 52 e 20 espécies, respectivamente (Figura 6). Semidependente, 47 Dependente, 93 Independente, 60 Figura 5 – Uso do hábitat das espécies de aves na Fazenda Morim, São José da Coroa Grande, Pernambuco. 6 90 79 Número de espécies 80 70 60 52 50 40 30 20 20 10 9 11 12 14 GRA PRE NEC AQUA 3 0 DETR ONI FRU INS Categorias Tróficas Figura 6 - Número de espécies por categorias tróficas na Fazenda Morim, São José da Coroa Grande, Pernambuco. INS – Insetívoro; FRU – Frugívoro; ONI – Onívoro; NEC – Nectarívoro; GRA – Granívoro; AQUA – Aquático; PRE – Predador; DETR – Detritívoro. 3.1. ESPÉCIES AMEAÇADAS DE EXTINÇÃO E ENDÊMICAS Ao todo 19 espécies/subespécies ameaçadas de extinção foram observadas na Fazenda Morim, sendo dezessete registradas na lista do Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção (Machado et al., 2008) e cinco na lista global da IUCN (2009). Quanto aos endemismos foram encontradas quinze espécies endêmicas ao Centro Pernambuco (porção litorânea da floresta Atlântica entre os estados de Alagoas e Rio Grande do Norte) e onze à floresta Atlântica brasileira (Tabela 1). Tabela 1 – Espécie e subespécies ameaçadas de extinção e endêmicas da Floresta Atlântica Brasileira ou do Centro Pernambuco. Categorias de ameaça: VU = Vulnerável; EP = Em Perigo; CR = Criticamente Ameaçado. Endemismo: CP = restritas ao Centro Pernambuco; FA = restritas à Floresta Atlântica Brasileira. Espécies Leptodon forbesi Brotogeris tirica Touit surdus Ameaça Lista Nacional - Ameaça Lista Global Endemismo CR EP CP FA FA 7 Aphanthochroa cirrochloris Florisuga fusca Thalurania watertonii Momotus momota marcgraviana Picumnus exilis pernambucensis Thamnophilus caerulescens pernambucensis Thamnophilus aethiops distans Cercomacra laeta sabinoi Pyriglena leuconota pernambucensis Conopophaga melanops nigrifrons Dendrocincla fuliginosa taunayi Xiphorhynchus fuscus atlanticus Automolus lammi Xenops minutus alagoanus Platyrinchus mystaceus niveigularis Schiffornis turdina intermedia Iodopleura pipra leucopygia Ramphocelus bresilius Tangara fastuosa Tangara cyanocephala corallina Tangara velia cyanomelaena Curaeus forbesi Euphonia pectoralis VU EP VU VU - FA FA FA CP CP CP EP VU VU VU EP VU EP VU VU EP VU VU VU - EP VU EP - CP CP CP CP CP FA CP CP CP CP CP FA CP FA FA FA FA Entre as espécies ameaçadas de extinção merece destaque o gavião-depescoço-branco Leptodon forbesi (Figura 7), espécie listada como Criticamente Ameaçada pela IUCN (2008). A principal ameaça a este gavião é a fragmentação das florestas, ambiente típico dessa espécie A jutuca Momotus momota marcgraviana (Figura 8) é uma ave que habita o interior das matas, sendo uma das primeiras que desaparecem com a degradação da floresta, pois depende de ambientes mais sombrios, assim como o barranqueiro-deolho-branco Automolus lammi, que tem uma população pouco estudada no nordeste do Brasil. O anumará Curaeus forbesi (Figura 9) foi registrada em bandos, nas bordas das matas e áreas de canaviais próximas às matas. Nas bordas das florestas também foram observados pequenos bandos de pintor-verdadeiro Tangara fastuosa (Figura 10), em algumas vezes junto com outras espécies do gênero. Apesar dessa espécie apresentar registros em diversas localidades do Centro Pernambuco, ela vem sofrendo 8 diminuição em sua população decorrente do desmatamento na região e da captura de indivíduos para suprir o comércio ilegal de aves silvestres (Silveira et al., 2003b). Figura 7 – Gavião-de-pescoço-branco Leptodon forbesi (Foto de Ciro Albano). Figura 8 - Jutuca Momotus momota marcgraviana (Foto de Ciro Albano). 9 Figura 9 - Anumará Curaeus forbesi (Foto de Ciro Albano). Figura 10 - Pintor-verdadeiro Tangara fastuosa (Foto de Ciro Albano). 3.2. ESPÉCIES INDICADORAS DA QUALIDADE AMBIENTAL As aves de rapina são consideradas excelentes indicadoras de qualidade ambiental Essas espécies necessitam de grandes áreas de matas para manter seu ciclo vital (alimentar-se, reproduzir, nidificar), além disso, muitas delas necessitam de extensas áreas para realizar migrações (Ferguson-Lee & Christie, 2001). Na Fazenda Morim esse grupo está representado principalmente pelo maior gavião da região, o 10 gavião-pega-macaco Spyzaetus tyrannus (Figura 11) e pelo gavião-de-pescoço-branco Leptodon forbesi. Outro grupo que também necessita de grandes fragmentos florestais para se alimentar e realizar seus deslocamentos são os grandes frugívoros, representados na Fazenda Morim principalmente pelos tucanos, araçaris e cotingídeos como o anambéde-asa-branca Xipholena atropurpurea (Figura 12). Alguns frugívoros de menor tamanho também desempenham papel importante no ambiente, pois são importantes dispersores de sementes, auxiliando no processo de regeneração natural, a exemplo temos a guriatã Euphonia violacea, a guriatã-preta Euphonia pectoralis e o papinhoamarelo Piprites chloris, esse último foi registrado recentemente no Centro Pernambuco, sendo parte de uma população disjunta da Amazônia e região sul e sudeste do Brasil (Roda & Dantas, 2008). Outro grupo bastante utilizado para avaliar a qualidade ambiental são os insetívoros de sub-bosque, representados principalmente pelas famílias de aves da Ordem Passeriformes. Com a retirada das florestas essas aves são as primeiras a desaparecer. Nesse grupo, se destacam o chororó-didi Cercomacra laeta sabinoi (Figura 13), choca-lisa Thamnophilus aethiops distans e o patinho Platyrinchus mystaceus niveigularis. As espécies escaladoras de tronco são aves que dependem de florestas de formação tardia, com grandes troncos, destacam-se os membros das famílias Picidae e Dendrocolaptidae, representada pelos arapaçus e pica-paus, que forrageiam e nidificam em buracos de árvores ocas. 11 Figura 11 – Gavião-pega-macaco Spyzaetus tyrannus (Foto de Sidnei Dantas). Figura 12 – Anambé-de-asa-branca Xipholena atropurpurea (Foto de Ciro Albano). 12 Figura 13 - Chororó-didi Cercomacra laeta sabinoi (Foto de Ciro Albano). 3.3. ESPÉCIES EXÓTICAS E INVASORAS Duas espécies exóticas invasoras foram encontradas na Fazenda Morim. O pardal Passer domesticus (Figura 14) e o bico-de-lacre Estrilda astrild (Figura 15). O pardal, originário da Eurásia, foi introduzido no Brasil no início do século 20, estando atualmente presente em todas as grandes cidades do país em quase todas as pequenas cidades interioranas, onde competem diretamente com outras que nidificam em cavidades, como o canário-da-terra Sicalis flaveola (Sick, 1997). Na Fazenda Morim pequenos grupos dessa espécie foram observados próximos às residências, forrageando no solo e nidificando entre as aberturas dos telhados. O bicode-lacre, pássaro originário do continente africano, foi trazido para o Brasil durante o período da escravidão. Atualmente bandos dessa espécie podem ser observados em quase todas as grandes cidades brasileiras, e até no interior. Na Fazenda Morim bandos de mais de 30 indivíduos foram vistos nos capinzais, se alimentando das sementes maduras de algumas espécies exóticas de capins. Até o momento não existe estudo e observações sobre o comportamento competitivo dessa espécie com as nativas, mas ao que parece o bico-de-lacre não compete com as espécies de aves brasileiras. 13 Figura 14 - Pardal Passer domesticus (Foto de Glauco Pereira). Figura 15 - Bico-de-lacre Estrilda astrild (Foto de Ferran Pestaña). 14 4. ESTÁGIO DE CONSERVAÇÃO E REGENERAÇÃO DA MATA DO CRISTOVÃO E DA MATA DO COLARINHO Os dois fragmentos florestais estudados na Fazenda Morim apresentam tamanhos, formatos e estágios de regeneração totalmente diferenciados. A Mata do Cristóvão, que se localiza próxima à sede da Fazenda Morim, apresenta uma área nuclear mais regular, onde foram observadas árvores de grande porte, formando um dossel mais uniforme. O sub-bosque nessa área é bem desenvolvido, com muitas lianas, porém, na área mais próxima ao açude a vegetação se apresenta mais alterada, com árvores de menor porte e vestígios de corte seletivo de madeira. Nessa área, a vegetação se conecta a uma várzea, onde está o açude. Antigos vestígios de caçadores foram observados em apenas um ponto da Mata do Cristóvão, aparentemente não há caça regular devido à vigilância das matas. A Mata do Colarinho, de menor tamanho que a Mata do Cristóvão, apresenta um estágio de regeneração recente, apresenta poucas árvores altas em seu interior, o que propicia um sub-bosque iluminado, e com poucas espécies vegetais. Esse fragmento é ladeado por pastos, e tem em seu interior uma área aberta, de capinzal. Em ambos os fragmentos não existem boas trilhas, devido a pouca movimentação no interior dos fragmentos. Essa inatividade de pessoas no interior dos fragmentos auxilia na conservação dos mesmos. Os ecossistemas anexos, principalmente os açudes, as várzeas e as áreas de pastos representam boa parte da área total da Fazenda Morim. O açude, adjacente à Mata do Cristóvão é utilizado de refúgio para diversas aves aquáticas. 5. AMEAÇAS E IMPACTOS À BIODIVERSIDADE A maior parte dos fragmentos da Fazenda Morim encontra-se bem conservados, apresentando poucas ameaças à biodiversidade. A seguir segue alguns pontos observados: A criação de búfalos na Fazenda Morim não afeta negativamente os fragmentos, pois existem cercas que não permitem o acesso desses animais para o interior das matas; A grande quantidade de assentamentos e vilarejos próximos a Fazenda Morim pode se constituir numa ameaça aos recursos naturais, dado que as condições 15 de vida dessas populações são bastante precárias, muitas vezes tendo que recorrer aos recursos que a floresta oferece como caça e madeira para lenha. Possivelmente os fragmentos mais afetados são os mais distantes da sede, próximos às comunidades. 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CEPAN. 2009. Contextualização sobre Espécies Exóticas invasoras – Dossiê Pernambuco. Recife: Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste, 2009. CBRO (Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos). Lista das aves do Brasil. Versão 05/10/2008. Disponível em http://www.cbro.org.br, 2008. ERIZE, F.; MATA, R. R. M.; RUMBOLL, M. Birds of South América. Non Passeriformes: Rheas to Woodpeckers. Princenton, Princenton University Press, 2006. FARIAS, G. B.; PEREIRA, G. A.; SILVA, W. A. G. Lista das Aves de Pernambuco. Recife: Observadores de Aves de Pernambuco, 2008. FERGUSON-LEES, J. & CHRISTIE, D. A. Raptors of the World. Boston-New York: Houghton Miffling Company, 2001. FIBGE (Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Rio de Janeiro: Manual Técnico da Vegetação Brasileira. Série Manuais Ténicos em Geociências, 1/FIBGE, 1992. IUCN. Red List of Threatened <http://www.iucnredlist.org>. Species. 2008. Conteúdo disponível em MACHADO, A. B. M.; DRUMMOND, G. M.; PAGLIA, A. P. (Eds.). Livro vermelho da fauna brasileira ameaçada de extinção. 1. ed. Brasília: MMA; Belo Horizonte:Fundação Biodiversitas, 2008. PARKER, T. A.; STOTZ, D. F.; FITZPATRICK, J. W. Ecological and distributional databases, p.113-436. In: STOTZ, D. F.; FITZPATRICK, J. W.; PARKER, T. A.; MOSKOTIS, D. K. (Eds.). Neotropical birds: ecology and conservation. Chicago, University of Chicago Press, 1996. PEREIRA, G. A.; DANTAS, S. M.; PERIQUITO, M. C. Possível registro de Leptodon forbesi no estado de Pernambuco, Brasil. Revista Brasileira de Ornitologia 14 (4): 441-444, 2006. RIDGELY, R. S.; TUDOR, G. The birds of South America: the oscines passerines. V. 1. Princenton: Princenton University Press, 1989. RIDGELY, R. S.; TUDOR, G. The birds of South America: the suboscines passerines. V. 2. Princenton, Princenton University Press, 1994. RODA, S. A. Aves endêmicas e ameaçadas de extinção no estado de Pernambuco. In: Diagnóstico da biodiversidade de Pernambuco, p.537-556. In: TABARELLI, M. & SILVA, 16 J. M. C. (Orgs.). Diagnóstico da biodiversidade de Pernambuco. Recife, Secretaria da Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente, Editora Massangana, 2002. RODA, S. A. Aves do Centro de Endemismo Pernambuco: composição, biogeografia e conservação. Belém, Tese de Doutorado, 2003. RODA, S. A. Aves da Fazenda Morim, São José da Coroa Grande, Pernambuco. Recife: Série Relatórios da Avifauna 01/ Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste, 2004. RODA, S. A.; DANTAS, S. M. The first two records of Wing-barred Piprites, Piprites chloris, in the Pernambuco center of endemismo. Revista Brasileira de Ornitologia 16 (3): 271-273, 2008. SICK, H. Ornitologia Brasileira. Rio de Janeiro, Editora Nova Fronteira, 1997. SIGRIST, T. Aves do Brasil. São Paulo, Avis Brasilis, 2006. 672p. SILVEIRA, L. F.; OLMOS, F.; LONG, A. J. Birds in Atlantic Forest fragments in north-east Brazil. Cotinga 20: 32-46, 2003a. SILVEIRA, L. F.; OLMOS, F.; RODA, S. A.; LONG, A. Notes on the Seven-coloured Tanager Tangara fastuosa in North-east Brazil Cotinga 20: 82-88, 2003b. SOUZA, D. Todas as aves do Brasil: guia de campo para identificação. Feira de Santana, Editora Dall, 1998. 17 APÊNDICE Lista das aves registradas na Fazenda Morim, São José da Coroa Grande, Pernambuco. Status: RES (Residente), INT (Introduzido). Uso do Hábitat: DEP (Dependente), SDE (Semi-dependente); IND (Independente). Grupo Trófico: INS (Insetívoro), FRU (Frugívoro), GRA (Granívoro), NEC (Nectarívoro), DETR (Detritívoro), PRE (Predador), AQUA (Aquático). Ambientes: FL (Floresta), AB (Áreas abertas), AL (Áreas alagadas). Fragmentos: CRIS (Mata do Cristóvão) e COL (Mata do Colarinho). Espécie Família Tinamidae Crypturellus soui Crypturellus parvirostris Crypturellus tataupa Rhynchotus rufescens Nothura maculosa Família Ardeidae Tigrisoma lineatum Butorides striata Ardea alba Família Cathartidae Cathartes aura Cathartes burrovianus Coragyps atratus Família Accipitridae Leptodon forbesi Elanus leucurus Rupornis magnirostris Buteo nitidus Buteo albonotatus Spizaetus tyrannus Família Falconidae Caracara plancus Milvago chimachima Herpetotheres cachinnans Família Rallidae Aramides cajanea Laterallus viridis Laterallus exilis Porzana albicollis Gallinula chloropus Porphyrio martinica Família Charadriidae Vanellus chilensis Família Scolopacidae Gallinago paraguaiae Família Jacanidae Jacana jacana Nome Popular Status Uso do Habitat Grupo Trófico FL Ambientes AB AL lambu-mata-cachorro lambu-espanta-boiada lambu-de-pé-roxo perdigueiro codorna-comum RES RES RES RES RES DEP IND SDE IND IND FRU FRU FRU FRU FRU socó-boi socó-mochila RES RES RES IND IND IND AQUA AQUA AQUA urubu-da-cabeçavermelha urubu-de-cabeça-amarela urubu-da-cabeça-preta RES IND DETR x x RES RES IND IND DETR DETR x x x gavião-de-pescoço-branco peneira gavião-pega-pinto gavião-pedrez gavião-de-rabo-barrado gavião-pega-macaco RES RES RES RES RES RES DEP IND IND IND DEP DEP PRE PRE PRE PRE PRE PRE x x x x x x carcará gavião-carrapateiro acauã RES RES RES IND IND SDE PRE PRE PRE x três-coco cambonje cambonje sanã-carijó galinha-d'água galo-d'água RES RES RES RES RES RES SDE SDE IND IND IND IND AQUA AQUA AQUA AQUA AQUA AQUA tetéu RES IND AQUA x agachadeira RES IND AQUA x jaçanã RES IND AQUA Fragmentos CRIS COL x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x 18 x x x x x x x Espécie Família Columbidae Columbina passerina Columbina talpacoti Columbina squammata Patagioenas speciosa Leptotila verreauxi Leptotila rufaxilla Geotrygon montana Família Psittacidae Diopsittaca nobilis Aratinga jandaya Forpus xanthopterygius Brotogeris tirica Touit surdus Pionnus reichenowi Família Cuculidae Piaya cayana Crotophaga ani Guira guira Tapera naevia Família Strigidae Megascops choliba Pulsatrix perspicillata Família Caprimulgidae Lurocalis semitorquatus Nyctidromus albicollis Hydropsalis torquata Família Trochilidae Glaucis hisurtus Phaethornis ruber Eupetomena macroura Aphanthochroa cirrochloris Florisuga fusca Anthracothorax nigricollis Chrysolampis mosquitus Chlorostilbon notatus Thalurania watertonii Hylocharis cyanus Amazilia fimbriata Família Trogonidae Trogon curucui Família Alcedinidae Megaceryle torquata Chloroceryle amazona Família Momotidae Momotus momota marcgraviana Família Galbulidae Nome Popular Status Uso do Habitat Grupo Trófico FL rolinha-cascavel rolinha-caldo-de-feijão fogo-pagô trocá juriti juruti parari RES RES RES RES RES RES RES IND IND IND DEP SDE DEP DEP GRA GRA FRU FRU FRU FRU FRU ararinha jandaia periquito periquito-rico apuim-de-cauda-amarela sôia RES RES RES RES RES RES SDE SDE IND DEP DEP DEP FRU FRU FRU FRU FRU FRU alma-de-gato anu anu-branco peitica RES RES RES RES SDE IND IND IND INS INS INS INS x x coruja-de-frio coruja-bode RES RES SDE DEP PRE PRE x x tuju bacurau bacurau-tesoura RES RES RES DEP SDE SDE INS INS INS x x x balança-rabo-de-bicotorto beija-flor-carrapato tesourão beija-flor-cinza RES DEP NEC x RES RES RES DEP IND SDE NEC NEC NEC x x x beija-flor-desenhado bizunga beija-flor-vermelho beija-flor-de-garganta-azul beija-flor-de-costasvioletas beija-flor-roxo beija-flor-de-gargantaverde RES RES RES RES RES DEP SDE SDE DEP DEP NEC NEC NEC NEC NEC x x x x x RES RES DEP SDE NEC NEC x x surucuá-de-barrigavermelha RES DEP FRU x flexa-peixe flexa-peixe RES RES IND SDE AQUA AQUA udu-de-coroa-azul RES DEP INS x Ambientes AB AL x x x x x x x x x x x Fragmentos CRIS COL x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x 19 x Espécie Galbula ruficauda Família Bucconidae Nystalus maculatus Família Ramphatidae Ramphastos vitellinus Pteroglossus inscriptus Pteroglossus aracari Família Picidae Picumnus exilis pernambucensis Veniliornis affinis Veniliornis passerinus Dryocopus lineatus Família Thamnophilidae Taraba major Thamnophilus capistratus Thamnophilus torquatus Thamnophilus palliatus Thamnophilus pelzelni Thamnophilus caerulescens pernambucensis Thamnophilus aethiops distans Dysithamnus mentalis Thamnomanes caesius Myrmotherula axillaris Herpsilochmus atricapillus Herpsilochmus rufimarginatus Formicivora grisea Cercomacra laeta sabinoi Pyriglena leuconota pernambucensis Família Conopophagidae Conopophaga melanops nigrifrons Família Dendrocolaptidae Dendrocincla fuliginosa taunayi Sittasomus griseicapillus Dendroplex picus Xiphorhynchus fuscus atlanticus Xiphorhynchus guttatus Família Furnariidae Furnarius figulus Synallaxis frontalis Nome Popular Status bico-de-agulha RES Uso do Habitat DEP Grupo Trófico INS FL x dorminhoco RES IND INS x tucano araçari araçari RES RES RES DEP DEP DEP FRU FRU FRU x x x pinica-pau RES DEP INS x picapauzinhoavermelhado picapauzinho-anão pica-pau-do-grande RES DEP INS x RES RES SDE SDE INS INS x x chorró-olho-de-fogo choca-barrada-donordeste choca-de-asa-vermelha choca-listrada choca-do-planalto espanta-raposa RES RES SDE SDE INS INS x x RES RES RES RES SDE SDE DEP DEP INS INS INS INS x x x choca-lisa RES DEP INS choquinha-lisa ipecuá choquinha-de-flancobranco chorozinho-de-chapéupreto chorozinho-de-asavermelha papa-formiga-pardo chororó-didi papa-taioca RES RES RES DEP DEP DEP RES Ambientes AB AL Fragmentos CRIS COL x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x INS INS INS x x x x x x x DEP INS x x x RES DEP INS x x x RES RES RES SDE DEP DEP INS INS INS x x x x x x x x x cuspidor-de-máscarapreta RES DEP INS x x x arapaçu-pardo RES DEP INS x x x arapaçu-verde arapaçu-de-bico-branco arapaçu-rajado RES RES RES DEP SDE DEP INS INS INS x x x x x x x x arapaçu-de-gargantaamarela RES DEP INS x x x joão-de-barro tio-antônio RES RES SDE SDE INS INS x x x x x x x 20 x Espécie Certhiaxis cinnamomeus Phacellodomus rufifrons Automolus lammi Xenops minutus alagoanus Xenops rutilans Família Tyrannidae Mionectes oleagineus Leptopogon amaurocephalus Hemitriccus griseipectus Todirostrum cinereum Myiopagis gaimardii Elaenia flavogaster Camptostoma obsoletum Capsiempis flaveola Zimmerius gracilipes Rhynchocyclus olivaceus Tolmomyias poliocephalus Tolmomyias flaviventris Platyrinchus mystaceus niveigularis Myiophobus fasciatus Myiobius barbatus Lathrotriccus euleri Fluvicola nengeta Arundinicola leucocephala Machetornis rixosa Legatus leucophaius Myiozetetes similis Pitangus sulphuratus Megarynchus pitangua Tyrannus albogularis Tyrannus melancholicus Rhytipterna simplex Myiarchus tuberculifer Myiarchus ferox Myiarchus tyrannulus Attila spadiceus Família Cotingidae Lipaugus vociferans Xipholena atropurpurea Família Pipridae Neopelma pallescens Piprites chloris Manacus manacus Chiroxophia pareola Pipra rubrocapilla Família 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Família Turdidae Turdus rufiventris Turdus leucomelas Família Mimidae Mimus saturninus Família Motacillidae Anthus lutescens Família Coerebidae Coereba flaveola Família Thraupidae Cissops leverianus Nemosia pileata Thlypopsis sordida Tachyphonus cristatus Tachyphonus rufus Ramphocelus bresilius Thraupis sayaca Thraupis palmarum Tangara fastuosa Tangara cyanocephala corallina Tangara cayana Tangara velia cyanomelaena Tersina viridis Dacnis cayana Cyanerpes cyaneus Chlorophanes spiza Hemithraupis guira Família Emberizidae Nome Popular Status anambezinho RES Uso do Habitat DEP Grupo Trófico FRU FL x Ambientes AB AL anambé-branco-de-rabopreto caneleiro-verde caneleiro-preto RES DEP ONI x RES RES DEP DEP INS INS x pitiguari chorão-da-mata RES RES DEP DEP INS INS x x andorinha-serradora andorinha-do-campo andorinha-de-papobranco RES RES RES IND IND IND INS INS INS rixinó xeleléu RES RES IND DEP INS ONI xuá RES IND INS bico-assovelado gatinha RES RES DEP SDE INS INS x x sabiá-gongá 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maximus Família Parulidae Parula pitiayumi Basileuterus culicivorus Basileuterus flaveolus Família Icteridae Procacicus solitarius Icterus cayanensis Curaeus forbesi Chrysomus ruficapillus Molothrus bonariensis Sturnella superciliaris Família Fringillidae Euphonia chlorotica Euphonia violacea Euphonia pectoralis Família Estrildidae Estrilda astrild Família Passeridae Passer domesticus Nome Popular Status canário-da-terra rabo-mole nego-tiziu cabeça-preta chorão caboculinho salta-caminho-da-mata galo-de-campina RES RES RES RES RES RES RES RES Uso do Habitat IND IND IND IND IND IND DEP IND Grupo Trófico GRA GRA GRA GRA GRA GRA ONI ONI Ambientes AB AL x x x x x x x x x x x x papa-pimenta RES DEP ONI x mariquita pula-pula canário-do-mato RES RES RES DEP DEP DEP INS INS INS x x x xexéu-bico-de-osso xexéu-de-bananeira anumará acorda-negro papa-arroz sangue-de-boi RES RES RES RES RES RES SDE SDE SDE IND IND IND ONI ONI ONI ONI ONI ONI x x x vem-vem guriatã-de-bananeira guriatã-preta RES RES RES SDE DEP DEP FRU FRU FRU x x x bico-de-lata INT IND GRA x pardal INT IND ONI x Fragmentos CRIS COL FL x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x 23
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