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A desaparição forçada de 43 estudantes
mexicanos: a história de um crime de
Estado que mostrou ao mundo a barbárie
existente no México
Andrea Santos Baca*
Ao longo do mês de outubro de 2014, o México foi notícia em âmbito mundial: o motivo é a denúncia nacional e internacional massiva de um crime de
Estado: o assassinato de três estudantes normalistas e a desaparição forçada de
43 deles. Estes fatos de barbárie têm mostrado ao mundo o nível geral de crise
que vive o país há pelo menos duas décadas, e que contrasta radicalmente com a
imagem oficial, promovida internacionalmente, de um México “que se encontra
no caminho do progresso” e que é, segundo esta, um “exemplo do exercício da
democracia na América Latina”.
O que foi que aconteceu?
Mais uma noite de barbárie e repressão no México. Na obscuridade da noite de 26 e da madrugada de 27 de setembro, policiais municipais, fardados e em
traje civil, da cidade de Iguala (Estado de Guerrero), atacaram covardemente a
tiros os estudantes da Normal Rural de Ayotzinapa. Os estudantes normalistas
encontravam-se nesse dia na cidade de Iguala, fazendo uma coleta de recursos
entre a população local para a manutenção da sua escola e para assistir a marcha
nacional contra o esquecimento da matança dos estudantes de 1968, a realizar-se no dia 2 de outubro na cidade do México. Neste ataque foram contabilizados
vinte normalistas feridos e três assassinados, sendo que o corpo de um deles
apareceu mais tarde com marcas de tortura e com os olhos e a pele do rosto arrancados. Mas também foram igualmente assassinadas três pessoas alheias aos
normalistas, resultado do ataque a um ônibus que transportava um time de futebol local e que foram “confundidos” com os normalistas. Mas a absurda atrocidade das forças de segurança não parou por aí – nessa mesma noite, 43 normalistas
foram detidos com vida e sequestrados pela polícia, os mesmos 43 que hoje são
considerados vítimas de desaparecimento forçado. Ao longo dessa noite do dia
26 de setembro, qualquer pessoa que aparentasse ser estudante era considerado
* Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Economia (UFF), com mestrado em Ciências
Sociais, FLACSO – México. [email protected]
Andrea Santos Baca
“inimigo” do Estado mexicano, o que paradoxalmente coincidiu com o mesmo
tipo de arbitrariedades praticadas há quarenta e seis anos, no massacre dos estudantes de 1968 na Cidade do México.
Por que a agressão aos estudantes normalistas?
Esta repressão brutal por parte do Estado mexicano tem sinais de vingança
dos três níveis de poder (Municipal, Estadual e Federal) contra um movimento
que historicamente tem estado do lado dos mais pobres do México. O projeto
educativo das Normales Rurales surge como uma proposta de educação popular
no fim da Revolução Mexicana de 1910 e que, portanto, é portadora, desde então,
de um espírito revolucionário para a transformação do México. O seu objetivo
era, e continua a ser, fornecer educação superior para a formação de professores
bilíngues (espanhol e as línguas indígenas da região) de ensino básico aos filhos
de camponeses e indígenas das regiões mais pobres do país. O projeto das Normales Rurales inclui um sistema de internato, refeitório, bolsa para os alunos,
além de ter pequenas unidades de produção agrícola, oficinas de carpintaria e
ferraria, clubes culturais e desportivos. A formação dos professores rurais não se
reduz apenas às habilidades necessárias para ensinar a ler e a escrever, sendo
dirigida também a ajudar, no possível, a comunidade onde eles chegam, seja no
conhecimento de seus direitos ou até atuando como médicos, pedreiros, agricultores, carpinteiros, ferreiros e tudo o que seja preciso nestas comunidades que se
encontram, na maioria das vezes, imersas na miséria.
A Normal Rural de Ayotzinapa foi fundada em 1926, no estado de Guerrero,
pelo professor Raúl Isidro Burgos, com a ajuda da população local. É importante
aqui destacar que Guerrero é um dos estados do país que se caracteriza pela sua
composição indígena e camponesa, assim como pela pobreza, que, em 2012,
atingia 70% da sua população (a maior porcentagem do país) e onde 58% da população com mais de cinco anos de idade não finalizou o ensino básico e 16.6%
é analfabeta (INEGI, 2014; CONEVAL, 2012). Neste contexto a função da Normal
de Ayotzinapa, ao longo da sua história, é exemplar e heroica, já tendo formado
88 gerações de professores com o compromisso de chegar aos lugares mais marginais, àquelas comunidades esquecidas pelo Estado, para oferecer aos mais pobres o direito fundamental do poder do conhecimento, da palavra e da escrita
(Camacho e Hernández, 2010; Ávila, 2014).
Em suma, as Normales Rurales de México são um dos poucos resquícios
das conquistas do povo mexicano na sua longa história de luta contra a injustiça
e o “mau governo”. Por isso não é de estranhar que precisamente na Normal Rural de Ayotzinapa estudaram dois importantes líderes camponeses da década de
70: Lucio Cabañas e Genaro Vázquez. As normales são a base da organização estudantil mais velha do país: a Federación de Estudiantes Campesinos Socialistas
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de México, fundada em 1935 – sem que isto signifique aceitar a constante acusação desqualificadora do governo, que identifica as Normales Rurales como “semilleros de guerrilleros”(sementeiros de guerrilheiros). O que por um lado é falso,
porque durante décadas, como professores rurais, eles apenas têm empregado
as “armas do conhecimento” provenientes da educação para e pelos filhos dos
camponeses e indígenas pobres. Por outro lado, tenta ocultar as verdadeiras fontes do descontentamento e raiva da população: a condição de miséria, injustiça
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e violência que se reproduz estruturalmente, governo após governo, num México
que acumula tragédias.
No entanto, esta capacidade particular de intervir nas comunidades esquecidas/marginalizadas do México, que é fomentada e cultivada nas Normales Rurales, é precisamente o motivo pelo qual tem sido objeto dos ataques do governo
que, há décadas, tem tentado extingui-las. Assim, o seu número de sedes foi reduzido, muitas vezes violentamente, de 46 às atuais 17 normales ativas, as quais
têm sobrevivido devido ao esforço, dedicação, organização e resistência dos professores e alunos destas instituições. Diante da redução cada vez maior dos recursos públicos destinados às Normales Rurales e das tentativas de extingui-las
de forma direta ou indireta (por exemplo, através da modificação de suas ma­
trícu­las e de seus princípios para serem transformadas em centros de formação
técnica em turismo), professores e estudantes têm realizado diferentes mobilizações ao longo de mais de quatro décadas (Padilla, 2014). Foram já muitas vezes
reprimidos pelas forças do Estado: no ano 2000, na Normal de el Mexe, 350 estudantes foram presos, com a posterior extinção da normal (Camacho, 2005); em
2008, o incêndio provocado na Normal de Tiripetío, no estado de Michoacan,
com o saldo de dois estudantes calcinados (Padilla, 2014); em 2011, na mesma
Normal de Ayotzinapa, dois estudantes foram assassinados pela polícia federal
(Ocampo, 2011); e, em 2012, três normales do estado de Michoacan (Cherán, Arteaga e Tiripetío) tiveram 176 estudantes presos (Goche, 2012). Nenhum responsável foi processado por estes fatos violentos contra os estudantes, o que acaba
por estabelecer a “norma” do pouco ou nulo valor que tem a vida dos estudantes
normalistas rurais para o Estado mexicano.
Por que os atos de 26 de setembro são um crime de Estado?
A resposta do governo federal veio apenas após oito dias do desaparecimen­
to dos 43 estudantes, o que tem sido denunciado como uma resposta tardia, pois
segundo as recomendações internacionais, perante o desaparecimento forçado,
as primeiras 48 horas são cruciais para encontrar com vida as vítimas. A linha de
investigação que segue o governo federal, através da procuradoria geral de justiça, é que o governo da cidade de Iguala, assim como os membros da polícia,
eram também membros do grupo de crime organizado denominado “Guerreros
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Unidos”1. É que a ordem de repressão aos estudantes veio do prefeito da cidade,
que não queria “ser incomodado” em uma festa oferecida pelo departamento de
assistência social do governo local, encabeçada pela sua esposa. Os resultados
das ações do governo federal através da Procuradoria General da República (PGR)
são: 74 pessoas confinadas, entre elas elementos da polícia de Iguala, presumíveis membros do crime organizado “Guerreros Unidos”, e o prefeito da cidade de
Iguala assim como a sua esposa (José Luis Abarca e María de los Angeles Pineda);
a localização de 11 valas comuns (onde até agora tem se reportado 38 corpos
identificados como não sendo dos estudantes) e a localização de restos humanos
calcinados, sendo impossível ainda saber o número de corpos, em um aterro sanitário em uma localidade nos arredores de Iguala. As informações oficiais apontam para que os estudantes tenham sido assassinados e calcinados neste aterro
sanitário e seus restos jogados num rio próximo (PGR, 2014).
Esta resposta do governo federal e as conseguintes ações têm tido sempre
o sentido de isolar o acontecido em Iguala, tomado como mais uma atrocidade
do crime organizado, a que terrivelmente se têm acostumado os mexicanos desde que se deu o começo da absurda guerra contra o narcotráfico em 2006. Guerra
essa que em 2014 apresenta um saldo estimado de 120 mil mortos e 22.322 pessoas não localizadas , ou seja, desaparecidas (UNAM-FCPyS, 2014).
Contudo, e ao contrário da versão que está promovendo o governo mexicano, o que aconteceu na cidade de Iguala é um crime de Estado. Primeiro, porque
é evidente o envolvimento das três ordens de poder e de diferentes órgãos do
Poder Judicial: o governo da cidade, composto pelo casal José Luis Abarca e María de los Angeles Pineda, que ordenou a repressão; a polícia local, que atirou e
privou da sua liberdade os estudantes; o governador do Estado, Ángel Aguirre
Rivero, que teve conhecimento oportuno da repressão e ignorou-a e que nos seguintes dias ao ataque ofereceu para os familiares dos estudantes assassinados
ou desaparecidos 100 mil pesos mexicanos em troca do seu silencio (Muñoz e
Camacho, 2014); o presidente da república Enrique Peña Nieto e o procurador
geral da república, Murillo Karam, porque também eles tiveram conhecimento
das arbitrariedades (assassinatos presumivelmente ordenados por José Luis
Abarca) e do vínculo do governo de Iguala com o crime organizado, há já pelo
menos dois anos e nada fizeram (La jornada, 30/10/2014); e o exército, que esteve presente no local do ataque aos estudantes e que, em vez de ajudar, humilhou
e agrediu estudantes que solicitavam ajuda e que se encontravam feridos procu-
1
Guerreros Unidos , é um pequeno grupo criminoso surgido a raiz do enfraquecimento e fratura
dos grandes carteis da droga da região resultado da guerra contra o crime organizado empreendida
pelo Governo Federal desde 2006. Dedica-se ao tráfico de drogas, principalmente da maconha e a
amapola para os Estados Unidos, mas também aos sequestros e as extorsões. Conforma-se por
sicários entre 16 e 25 anos e a suas atividades abrangem os Estados de Guerrero, Morelos e parte do
Estado de México (Cortez/AFP, 2014).
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rando assistência médica (Turati, 2014). Sendo que existem informações, dadas
a conhecer pelos meios de comunicação alternativos e as organizações sociais
que acompanham e apoiam os familiares das vítimas , que apontam que foi o
exército quem desapareceu aos estudantes, considerando a sua presença no lugar e a seu histórico de táticas repressivas, incluído o desaparecimento, contras
as guerrilhas e movimentos sociais na região desde a década setenta (Aristegui
Noticias, 2014; Matías, 2014).
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Mais ainda, e em segundo lugar, é um crime de Estado e não apenas um
crime do governo atual, porque acontecimentos como estes apenas podem ser
realmente explicados cabalmente pelo contexto de impunidade e desvios do poder político e econômico criado, reproduzido e ampliado ao longo de todos os
governos neoliberais desde 1980 e mais fortemente a partir de 1994. Como vem
denunciando o Tribunal Permanente de los Pueblos (TPP) – capítulo México2, as
políticas de livre comércio e os contínuos desvios do poder, dirigidos a canalizar
e concentrar em poucas mãos os benefícios da privatização e estrangeirização da
riqueza nacional, são as causas da violência estrutural, da impunidade e o terrorismo de Estado no México. O desvio do poder consiste na atitude distorcida do
Estado, o qual emprega suas atribuições e seus poderes para beneficiar inte­resses
privados que são contrários e prejudiciais ao interesse geral, quando sua função
deveria ser zelar por estes. No México, estes desvios do poder são uma constante
estrutural, expressa na realização, por parte de Estado, de atos ilegais, corrupção,
distorção e destruição de direitos e instituições, assim como o fomento e criação
de privilégios através de leis, normas e instituições, novamente com o objetivo de
beneficiar poderosos interesses particulares e impedir o acesso à justiça do povo
mexicano (TPP-México, 2012).
Violência estrutural que, em conjunto com o simulacro de democracia (com
processos eleitorais cheios de irregularidades), tenta manter uma situação, em
princípio, insustentável: de sistemática corrupção e apropriação privada dos re-
2
O Tribunal Permanente de los Pueblos é um tribunal ético criado por Lelio Basso em 1979, advogado italiano, pela necessidade de um espaço onde o direito e a justiça não sejam exclusivos do
Estado, precisamente para aquelas situações nas que a opressão procede do mesmo Estado, mas
também por parte das empresas, os bancos e as instituições financeiras. O TTP inspira-se na breve
porem exitosa experiência do Tribunal Russel, que evidenciou os crimes do Estado Norte-americano em Vietnam e examinou a repressão exercida pelas ditaduras militares na América Latina. Assim, o TTP examina as causas da violação flagrante e sistemática dos direitos fundamentais dos
povos, minorias e indivíduos e denuncia diante a opinião pública internacional os autores de ditas
violações. Conforma-se por personalidades de reconhecida autoridade moral provenientes de diferentes países, disciplinas e horizontes ideológicos. Para mas informação sobre o Tribunal visitar
o site <http://www.internazionaleleliobasso.it/?lang=en>. O Capítulo México foi convocado, em
2011, por um conjunto de organizações da sociedade civil mexicana. Em 2012, o Tribunal instalou-se formalmente por dois anos no país, com o objetivo de analisar as diferentes violações aos direitos fundamentais dos povos de México orquestradas pelo Estado Mexicano a través do livre comercio e o desvio de poder no período 1982-2014 (TTP-México, 2012). Ao longo destes dois anos
realizaram-se dez audiências com mais de 500 casos documentados de violações a direitos fundamentais. A audiência final foi realizada em novembro 2014.
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cursos públicos, sobre-exploração laboral e desemprego, marginalização, violação dos direitos humanos, perseguição política, criminalização dos protestos
sociais, desaparições forçadas, feminicídios, assassinatos extrajudiciais, colusão
do crime organizado com os poderes e partidos políticos, e de privatização, poluição e destruição dos recursos naturais. Tudo isso tem como resultado uma
economia dominada pela informalidade, pelas atividades criminais e pela migração, assim como uma falta de credibilidade geral com respeito a todas as instâncias de poder político e de justiça do país perante a acumulação de crimes
que não são punidos – crimes em que, na maioria dos casos, alguma instância do
poder constituído está envolvida, por ação ou omissão. Situação de barbárie geral no México, que explica que diante do crime cometido contra os estudantes
normalistas, milhares de pessoas no país e no estrangeiro tenham saído à rua ao
longo de semanas para mostrar a sua solidariedade, a sua dor, a sua raiva, e que
faz ecoar no mundo seu grito:
¡FUE EL ESTADO!
¡VIVOS LOS SECUESTRARON, VIVOS LOS QUEREMOS!
¡QUE SE VAYAN TODOS LOS RESPONSABLES DE
LA BARBARIE EN MÉXICO!
Referências
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Recebido em novembro de 2014
Aprovado em dezembro de 2014
Marx e o Marxismo v.2, n.3, ago/dez 2014

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