1 Turma: Turma B - Abril 2012 - Moodle

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1 Turma: Turma B - Abril 2012 - Moodle
Matriz de tarefa individual*
Módulo: 3
Fórum INOVAR PARA VENCER
Título O Cirque do Soleil navega sozinho pelo oceano azul
Aluno Mara Christine Burr Afetian
Disciplina: Estratégias de Empresas EEEAD
Turma: Turma B - Abril 2012
TO220 O412 EEEAD
Introdução
Histórico
O Cirque do Soleil foi formado em 1984 por um grupo
de artistas de rua do Canadá conhecido como “Le Club des
Talons Hauts” (O clube dos Pernas de Pau). Artista
fundador e atual CEO, Laliberté denominou a sua criação
inicial como “Le Grand Tour do Cirque do Soleil” que foi
apresentada em Quebec, Toronto e Vancouver.
Inicialmente o grupo era formado por 73 profissionais
que apresentavam um show por vez, já no final de 2001,
com um número de integrantes da ordem de 500 artistas
oriundos de diversos países e totalizando 2100
funcionários, os oito espetáculos já eram apresentados em
mais de quatro continentes.
Foto: Disponível em:
<http://acervomkt.blogspot.com.br
/2011/01/cirque-de-soleil.html>.
Acesso em: 29 de abril de 2012.
Em meados de 1990, a empresa tentou descentralizar a administração do
Canadá em três divisões, na America do Norte, Europa e Ásia com o propósito de
melhor auxiliar as viagens e apoiar os shows pelo mundo afora. Este modelo não
deu certo e a administração voltou a ser centralizada na sede de Montreal. Uma
das razões deste modelo não ter funcionado era a confiança que os artistas tinham
no carisma e criatividade de Laliberté e a sensação de que estariam perdendo este
vínculo com esta descentralização. O grande desafio da empresa é, e sempre será,
o gerenciamento de pessoas criativas.
Atualmente seus shows já foram apresentados em mais de 100 cidades em todo
o mundo e apreciadas por quase 50 milhões de espectadores.
Neste trabalho vou apresentar alguns aspectos descritos no livro “A Estratégia
do Oceano Azul - como criar novos mercados e tornar a concorrência irrelevante”
trabalho desenvolvido por W. Chan Kim e Renee Mauborgne em 2005, onde o
Cirque do Soleil é apontado como principal “case de sucesso” e analisar as
estratégias adotadas para promover a inovação dentro do contexto empresarial.
A Estratégia do Oceano Azul
Para W. Chan Kim e Renee Mauborgne as empresas navegam em dois oceanos,
o oceano vermelho onde elas brigam ferozmente pela participação de mercado em
setores de atividades conhecidas cujos limites e regras estão bem definidos; no
oceano azul, em vez de lutar com a concorrência para conquistar clientes criam
nova demanda abrindo novos setores. [...] “O primeiro princípio da estratégia do
oceano azul é reconstruir as fronteiras do mercado para se libertar da concorrência
e criar oceanos azuis”. (KIM, W. Chan; MAUBORGNE, Renne; 2005)
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De acordo com esta teoria, a melhor estratégia para afastar a concorrência não é
competir diretamente com ela, mas parar de competir. Um fator bem interessante
do negócio do Cirque do Soleil é que o rápido crescimento alcançado deu-se em
uma indústria pouco atrativa e com pequeno potencial para crescimento. A
empresa conquistou uma fatia de mercado diferente da circense original onde as
crianças eram os consumidores. Os clientes do Cirque do Soleil são adultos que
apreciam a arte, música e teatro.
Para apresentar a definição do negócio, descrevo abaixo o core business, a
visão, a missão, o produto e modelo básico de negócio.
•
Core Business - Segundo as próprias palavras de Guy Laliberté: “gira em
torno da investigação de novas formas de entrar em contato com o público e
tocá-lo, tendo sempre em vista a sua própria reinvenção”. (PORTO, Roseli
M., p.15)
•
Visão – De acordo com Mário D’Amico, Vice-presidente sênior de Marketing
do Cirque du Soleil,”pouco mais de 20 anos atrás, Guy Laliberté tinha um
sonho que consistia em revigorar a forma artística do circo.”(CALDAS,
Miguel P., 2008, p.13.)
•
Missão - Segundo Guy Liberte “nossa missão é extraordinária, pois
estimulamos a livre circulação da criatividade dentro da organização. Nosso
principal desafio coletivo é fazer com que a criatividade dos funcionários se
expresse, se sobressaia e se reinvente.” (BASSO, Cr.,2008)
•
Produto: Espetáculo universal que agrega teatro, humor, dança, música, em
um único palco seguindo um tema, ambientado em um circo clássico com
muito conforto e elegância.
•
Modelo de negócio: Inovação no modelo de negócio tradicional do circo,
através da diferenciação de seu produto e valorização para o comprador.
Foco total nas competências essenciais.
Cinco forças competitivas
O modelo das Cinco Forças de Porter foi concebido por Michael Porter em 1979 e é
destinado à análise da competição entre empresas. Com base neste trabalho,
pudemos concluir que o Cirque do Soleil tem a vantagem competitiva em todas as
cinco forças, e que a empresa é um sucesso a nível global.
O grau de rivalidade entre empresas
O Cirque do Soleil é uma empresa viva que através de seus artistas,
constantemente se renova. Não há como compará-lo a outros circos. Não há rival a
sua altura que possa ser considerado como concorrente direto. A empresa está há
20 anos na frente e já conquistou a sua clientela.
Os circos existentes são inexpressivos, tem apelo regional e não globalizado.
Podemos descrever alguns como o Chang Long International Circus na cidade de
Ghangzhou na China ou o Ringling Brothers and Barnum& Bailey Circus com shows
itinerantes pelos Estados Unidos. Ambos têm um modelo de negócio tradicional,
com animais, diversas apresentações ao mesmo tempo e baixo custo dos ingressos.
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A ameaça dos novos entrantes potenciais
Com o seu alto padrão de qualidade e inovação, O Cirque du Soleil está muito bem
financeiramente e mantêm-se como líder insuperável em seu mercado de
entretenimento. A empresa não possui concorrentes em potencial. É praticamente
impossível algum concorrente superá-lo.
A ameaça dos produtos substitutos
A ameaça de produtos substitutos é outra vantagem competitiva. O circo está a
cada espetáculo reinventando novas apresentações e constantemente inovando
artistas e performances. A própria empresa está constantemente substituindo seus
produtos.
O poder de barganha dos consumidores
No mercado do Circle do Soleil o poder de barganha é praticamente inexistente,
pois como estão constantemente inovando a cada espetáculo, sem concorrência
expressiva, não há outros mercados similares para a escolha dos clientes. Esta é
mais uma das vantagens competitivas da empresa.
Os clientes que frequentam o Cirque do Soleil não são clientes típicos
frequentadores de circo, ou seja, as crianças; são clientes adultos e corporativos
que podem pagar mais caro pelo ingresso.
O poder de barganha dos fornecedores
Podemos definir como fornecedores os artistas que são a alma do negócio. O Cirque
do Soleil busca tratá-los como parceiros e aliados para que através de seu trabalho
artístico, alcancem o encantamento de seus espectadores.
Para manter a equipe sempre renovada, são selecionados mais de 100 artistas por
ano que geralmente ficam no grupo por um período de três anos.
Os salários são altos e o principal desafio da empresa e manter a felicidade e
criatividade dos artistas que são traduzidas em cada apresentação.
O gerenciamento das equipes e a necessidade de comprometimento com o
espetáculo fazem desta força competitiva a mais importante para o negócio do
Cirque do Soleil.
Estratégias competitivas
O Cirque du Soleil é uma empresa única, cuja estratégia de diferenciação consiste
na inovação de um modelo de negócio sem muita expressão, ou seja, os circos
tradicionais.
Seus espetáculos são altamente atrativos e de alta qualidade o que permite que
seja muito lucrativo, sem concorrência.
A competência gerencial eficaz é peça fundamental para garantir o crescimento e o
desempenho da empresa. Podemos apontar como desafio, o gerenciamento de
novos artistas que entram na empresa a cada ano, a importância de manter a
cultura do grupo e a qualidade com linguagem única dos espetáculos.
Outra estratégia importante para manter o crescimento e bloquear os concorrentes
foram as importantes parcerias como, por exemplo, com grupo Disney e com a
MGM Hotels que possibilitou a presença do Cirque Du Soleil em importantes centros
mundiais de entretenimento como em Orlando, FL e em Las Vegas, NV.
Algumas estratégias pontuais adotadas que fizeram a diferença no negócio do
mundo dos circos baseadas na estratégia do oceano azul, são:
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Diferenciação e Inovação de Valor:
• A ambientação teatral do espetáculo;
• Tema único diferenciado por espetáculo com bom gosto artístico que permite
a admiração intelectual;
• O multiculturalismo através de artistas de diversos países;
• A música do show tem sua própria trilha sonora;
Valor
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•
para o comprador:
Sofisticação artística, com ambiente refinado para os espectadores;
Clientela formada por adultos frequentadores de teatro;
Contínua invenção de diferentes temas que propiciam o retorno dos clientes
ao circo;
Linguagem universal. Nos espetáculos não são utilizados idiomas que
limitariam o entendimento dos espectadores;
Custos:
• Economia na extinção de animais, atitude politicamente correta que trouxe
uma economia substancial;
• A criação de um só foco central no show, permitindo a concentração do
espectador em um ponto focal. Os circos tradicionais apresentavam diversos
shows ao mesmo tempo;
Cadeia de Valor
Apresento abaixo um gráfico que demonstra claramente a cadeia de valor do
Cirque du Soleil comparada a de seus concorrentes:
Fonte: GAUSS Consulting Group. Sumarização do Livro a Estratégia do Oceano
Azul, PARTE 1, CAP. 2, p.19. Disponível em:
<http://www.gaussconsulting.com.br/images/a_estratégia_do_oceano_azul.pdf>
.Acesso em 29/04/2012.
Através deste gráfico pode-se perceber a diferenciação quase que completa da
cadeia de valor do Cirque do Soleil em relação a seus concorrentes, somente os
itens diversão e humor e vibração e perigo encontram-se na mesma faixa.
Por esta estratégia diferenciada das demais, a empresa navega sozinha no
oceano azul.
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Cadeia de valor do Cirque Du Soleil
•
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•
•
•
•
•
Preço: a empresa navega livre, sem concorrência o que permite a cobrança
de ingressos a preços altos que são justificados pelo produto e serviço
diferenciado;
Astros circenses: ginastas, acrobatas, palhaços e artistas teatrais
diferenciados, bem pagos e comprometidos;
Espetáculos com animais: Não há a utilização de animais no espetáculo,
elimina gastos com manutenção dos animais e agrada a sociedade com a
atitude politicamente correta;
Espetáculos em vários picadeiros: Picadeiro único. Economia de custos com
espetáculo com foco central, não desvia a atenção da audiência para
atrações menores simultâneas;
Tema: Tema único e entendimento universal;
Ambiente refinado para os espectadores: Valor para o consumidor;
Várias produções: Estratégia fundamental para manter a continuidade do
negócio ao se reinventar constantemente e manter a motivação de seus
artistas;
Músicas e danças artísticas: As músicas e danças são exclusivas de cada
espetáculo;
As atividades que não são diretamente ligadas ao show são terceirizadas, desta
forma, o trabalho é focado no espetáculo e criatividade, mantendo a cadeia de valor
eficiente.
Conclusão
Apesar de todo o glamour e sucesso empresarial do Cirque du Soleil, gostaria de
elencar um dos Fatores Críticos de Sucesso que são os artistas. Para garantir a
eficiência e diferenciação, a empresa precisa constantemente reinventar o
espetáculo de forma a manter a audiência, mas também o entusiasmo dos artistas
que são a alma do negócio.
“Apesar de sua origem artística, o segredo do sucesso parece estar na sua
capacidade de manter um tenso equilíbrio entre arte e negócio” (PORTO, Roseli
M.,2006, p.15).
Achei interessante a estratégia do oceano azul, pois a maior parte das empresas
foca na luta constante de mercado, navegando no oceano vermelho, quando
poderiam tentar buscar uma nova trajetória com uma estratégia diferente no
oceano azul.
Referências bibliográficas
BASSO, Cr. Consultoria e treinamento. Simplicidade: a marca do Cirque
du Soleil em Gestão de Pessoas, 11/09/2008. Disponível em:
<http://www.crbasso.com.br/index.asp?link=96&new=74> Acesso em:
29/04/2012.
CALDAS, Miguel P.. Por Dentro do Cirque. GV-executivo, vol. 7, n.2,Seção:
Entrevista, p.8-p.13 mar-abr, 2008.
DELONG, Thomas J.; VIJAYARAGHAVAN, V. Cirque Du Soleil. Boston: Harvard
Business School ,2002. Brochura.
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GAUSS Consulting Group. Sumarização do Livro a Estratégia do Oceano Azul.
Disponível em:
<http://www.gaussconsulting.com.br/images/a_estratégia_do_oceano_azul.pdf>
Acesso em : 29/04/2012.Sumarização do Livro a Estratégia do Oceano Azul, PARTE
1, CAP. 2, p.19).
GUEDES, Ronaldo. Estratégia e Inovação no Cirque du Soleil. Disponível
em:<http://www.admronaldoguedes.com/2009/06/estrategia-e-inovacao-nocirque-du.html>. Acesso em: 29 de abril de 2012.
JANDER,Daniel.Cirque du Soleil. Disponível em:
<http://acervomkt.blogspot.com.br/2011/01/cirque-de-soleil.html>. Acesso em:
29 de abril de 2012.
KIM, W. Chan; MAUBORGNE, Renne. A estratégia do oceano azul – como criar
novos mercados e tornar a concorrência irrelevante, 10ª edição, Rio de Janeiro,
Elsevier, 2005.
LOBATO, David M.. Estratégia de empresas. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2008.
Apostila
PORTO, Roseli M. Cirque du Soleil. GV-executivo,vol5, n.4,Coluna: Marketing, p.15
set-out 2006.
Ringling Brothers and Barnum& Bailey. Disponível
em:<http://www.ringling.com/>Acesso em 30/04/2012.
Trip Advisor. Chang Long International Circus. Disponível em:
<http://www.tripadvisor.com.br/ShowUserReviews-g298555-d1371639r127366386-Chang_Long_International_Circus-Guangzhou_Guangdong.html>
Acesso em 30/04/2012.
*Esta matriz serve para a apresentação de trabalhos a serem desenvolvidos segundo ambas as linhas de
raciocínio: lógico-argumentativa ou lógico-matemática.
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