Monica Barreto - Familiare Instituto Sistêmico +

Transcrição

Monica Barreto - Familiare Instituto Sistêmico +
A construção do genograma na terapia de casal
2010
MONICA BARRETO
A construção do genograma na terapia de casal
Trabalho
apresentado
ao
Familiare Instituto Sistêmico
como requisito parcial para a
conclusão
do
curso
de
Especialização em Terapia
Relacional Sistêmica.
Orientadora: Profa. Dra. Maria Aparecida Crepaldi
Florianópolis
2010
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RESUMO
O genograma como recurso auxiliar na prática clínica é o foco deste trabalho. Para
ilustrar o uso do instrumento e investigar sua importância, realizou-se o estudo de um
caso clínico de um casal recasado que se encontra em atendimento em uma clínica
escola de Psicologia desde março de 2010. Assim, o objetivo foi caracterizar como o
genograma pode auxiliar o terapeuta no trabalho com casais. O genograma foi utilizado
desde a segunda sessão de terapia por entender ser imprescindível falar sobre as
relações com famílias de origem nesta modalidade terapêutica. Algumas características
observadas no genograma é a família numerosa dele (8 irmãos), histórico de alcoolismo
(pai e irmão), relações conflituosas, enquanto na família da mulher aparecem alianças,
histórico de transtornos mentais (suicídio do avô) e o fato dela ter uma irmã gêmea. O
uso do genograma como recurso técnico na terapia do casal contribuiu com o processo
terapêutico em vários aspectos como proporcionar à terapeuta a visibilidade, por meio
do desenho, de todos os membros das famílias de origem, as relações existentes entre
eles. A visualização do genograma no decorrer das sessões era útil para o entendimento
das posições que cada um ocupa na família de origem e avanços na formulação de
hipóteses sistêmicas. O genograma é o mapa da família, como cada pessoa, família tem
a sua história, suas crenças, seus padrões, o genograma é único e as informações
colhidas também vão se diferenciar em função das particularidades de cada família.
Porém, com uma leitura sistêmica, previamente se buscou as repetições – padrões de
relação, funcionamento, estrutura. E este recurso pode ser utilizado pelos terapeutas
familiares nas diferentes modalidades de atendimento, ou seja, individual, casal, família;
e de diversas formas, desenho realizado junto com os clientes na sessão, feito apenas
pelo terapeuta após o atendimento. Em supervisões de atendimentos clínicos,
especificamente, ter em mãos o genograma auxilia na formulação de hipóteses
sistêmicas e a conhecer a dinâmica familiar.
Palavras-chave: genograma, casal, família de origem.
3
Aos meus pais, meu modelo
primário de casal.
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AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, pelo apoio emocional e financeiro, principalmente no início do
curso, pela imensa compreensão e amor.
Ao Leonardo, meu marido, pelos momentos de conversa, escuta e espera, por
seu amor, incentivo e por ter crescido comigo ao longo desses quatro anos.
Aos queridos professores, Denise Duque, João David e Maria Aparecida,
modelos de terapeutas, pelas experiências e conhecimento compartilhado sempre com
muito carinho e dedicação.
As minhas colegas do Familiare, por tudo que pudemos vivenciar e compartilhar
juntas, em sala de aula, nas equipes terapêuticas, nos intervalos de aula, nos cafés após
os atendimentos.
Ao casal que prontamente permitiu que este trabalho se baseasse em suas
histórias de vida.
A Deus, por me acompanhar e me dar força nesta trajetória.
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“O que visamos ao nos apaixonar constitui um estranho
paradoxo. O paradoxo se baseia no fato de que quando
nos apaixonamos estamos procurando reencontrar todas ou
algumas pessoas a quem estivemos apegadas quando crianças.
Por outro lado, pedimos a pessoa amada para corrigir todas
as injustiças que nossos pais ou irmãos cometeram conosco.
Então, esse amor contem simultaneamente a tentativa de voltar
ao passado e a tentativa de livrar-se dele.” (Woody Allen).
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO...........................................................................................................08
2. OBJETIVOS................................................................................................................10
2.1. Objetivo geral...........................................................................................................10
2.2. Objetivos específicos................................................................................................10
3. METODOLOGIA........................................................................................................10
3.1. Caracterização do estudo..........................................................................................10
3.1.1. Participantes..........................................................................................................11
3.2. Procedimentos..........................................................................................................11
3.2.1. Coleta e análise dos dados.....................................................................................11
3.3. Considerações éticas.................................................................................................11
4. REFERENCIAL TEÓRICO........................................................................................12
4.1. O genograma como recurso terapêutico...................................................................13
4.2. A terapia de casal......................................................................................................17
4.3. Recasamento.............................................................................................................20
5. RESULTADOS...........................................................................................................24
6. DISCUSSÃO...............................................................................................................30
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................................34
8. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA.............................................................................36
ANEXO...........................................................................................................................38
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1. INTRODUÇÃO
O genograma é um instrumento muito utilizado na prática da terapia familiar.
Trata-se de um mapa que revela a estrutura e a dinâmica familiar de forma gráfica e,
portanto, de fácil visualização.
Além desta prática, nos processos terapêuticos sistêmicos, também tem sido
utilizado como instrumento em pesquisas qualitativas (Wendt e Crepaldi, 2007 ) e
pesquisa em psicologia do desenvolvimento familiar (Castoldi, Lopes e Prati, 2005).
Na especialização em terapia relacional sistêmica costuma-se, utilizá-lo como
instrumento para trabalhar o self de cada terapeuta. A partir do relato da história familiar
de cada aluno, procura-se refletir sobre o que na história de cada um pode repercutir em
facilidades e/ou dificuldades na prática psicoterapêutica em função dos padrões de
relacionamento, as repetições, as crenças e mitos familiares.
Neste trabalho o genograma será estudado como recurso auxiliar na prática
clínica, ou seja, como o instrumento pode contribuir no processo psicoterapêutico para o
esclarecimento do problema (motivo da consulta) e da dinâmica familiar. Questão esta
que se apresenta com o intuito de clarificar a importância dessa ferramenta de
investigação clínica tão difundida entre os terapeutas de família.
Para ilustrar o uso do instrumento e verificar sua importância, realizou-se o
estudo de um caso clínico. A terapeuta escolheu para estudo um casal que se encontra
em atendimento na clínica escola onde trabalha, mediante o consentimento livre e
esclarecido do mesmo. A escolha do caso se deu em função da terapeuta querer se
aprofundar na temática da terapia de casal e, pela utilização do instrumento do
genograma desde a segunda sessão de terapia, por entender ser imprescindível
investigar a história das relações nas famílias de origem nesta modalidade terapêutica.
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Além disso, o casal tem a peculiaridade de constituir uma família recasada e,
conforme McGoldrick e Gerson (1987), quando da construção do genograma, torna-se
ainda mais visível os triângulos já previsíveis destas famílias - neste caso formado por
pai, madrasta, filho.
Outras características observadas no genograma cruzado é a família numerosa
dele (8 irmãos), histórico de alcoolismo (pai e irmão), relações conflituosas, enquanto
na família da mulher aparecem alianças, histórico de transtornos mentais (suicídio do
avô) e o fato dela ter uma irmã gêmea.
Com o foco na temática do genograma, este trabalho abordará aspectos da teoria
sistêmica, bem como da terapia de casal e do recasamento do caso clínico em questão, a
fim de embasar teoricamente o uso do genograma nesta modalidade terapêutica.
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2. OBJETIVOS
2.1. OBJETIVO GERAL
Caracterizar como o genograma pode auxiliar o terapeuta no trabalho com casais.
2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Identificar em que momento do processo terapêutico é mais indicado a construção do
genograma.
Identificar que aspectos são importantes investigar na construção do genograma junto à
família.
Identificar em que aspectos o genograma pode auxiliar o terapeuta no decorrer do
processo.
3. METODOLOGIA
3.1. Caracterização do estudo
Trata-se de um trabalho que se utiliza do método clínico. Como métodos de
pesquisa em psicologia clínica, Huber (1993, citado por Aguiar 2001), refere
principalmente: o estudo de caso, o estudo correlacional, o estudo normativo, a
experimentação e as estatísticas e planos experimentais.
Neste trabalho optou-se pela utilização do método clínico, pois julgou-se ser o
mais indicado para retratar o acompanhamento psicoterápico dos participantes. Este
método tem como característica principal a concomitância entre o processo terapêutico
e a investigação científica. O terapeuta é ao mesmo tempo um pesquisador. Assim ao
observar o cliente, observa também o sistema terapêutico que o co-envolve, o que foi
denominado por Andolfi (1984) de supra-sistema terapêutico. Assim, acrescentandolhe também a incumbência de pesquisar deverá atuar com atenção concentrada em
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ambas as tarefas, sempre visualizando os resultados terapêuticos e a coleta de
informações para o desenvolvimento do trabalho científico, cuja combinação não é
fácil.
3.1.1. Participantes
Os participantes do estudo são Mirian e André, nomes fictícios utilizados para
preservar o sigilo sobre a identidade de ambos.
3.2. Procedimentos
3.2.1. Coleta e análise dos dados
Os dados foram obtidos a partir dos registros manuais de cada atendimento
psicoterapêutico realizado.
Realizou-se a análise do material registrado tendo-se como enfoque o uso do
genograma durante o processo terapêutico e o referencial teórico da terapia familiar
sistêmica.
3.3. Considerações éticas
Este trabalho respeita a resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde sobre
diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos. A
participação do casal foi voluntária e consentida através da assinatura do termo de
consentimento livre e esclarecido da clínica escola onde o atendimento foi realizado.
Como o referido termo foi assinado no momento da triagem, pois é um procedimento da
clínica escola, e a decisão de se fazer o estudo de caso clínico foi tomada a posteriori, a
terapeuta consultou o casal antes de iniciar o estudo.
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4. REFERENCIAL TEÓRICO
O pensamento sistêmico está fundamentado em três principais pressupostos
epistemológicos: 1) o da complexidade – amplia-se o foco para contextualizar os
fenômenos e entendê-los em relações causais recursivas; 2) o da instabilidade – aborda
a imprevisibilidade e incontrolabilidade dos fenômenos; 3) e o da intersubjetividade –
há múltiplas versões da realidade a depender do observador (Vasconcellos, 2005).
Papp (1992) transpõe para a prática clínica os conceitos sistêmicos e afirma que
no pensamento sistêmico, não há absolutos ou certezas, a realidade e a verdade são
consideradas como tendências, são circulares. Além disso, os eventos são entendidos
dentro de um contexto e é dada especial atenção às conexões e relações. Nenhum evento
causa o outro (causalidade linear), mas sim está ligado de uma maneira circular a outros
eventos e partes de comportamentos que formam ao longo do tempo, padrões constantes
e repetitivos que funcionam para equilibrar a família e permite que ela evolua de um
estágio de desenvolvimento para outro (causalidade recursiva).
O interesse do terapeuta é em como a função do comportamento de um membro
da família está ligada à função de uma parte do comportamento de outro membro da
família a fim de preservar o equilíbrio familiar. Ou seja, as partes (indivíduos) estão
constantemente mudando a fim de manter o sistema (a família) em equilíbrio, e uma
mudança em qualquer uma das partes afeta todas as outras partes (Papp, 1992).
Papp (1992) entende ainda que um contexto de três gerações mostra ao terapeuta
uma gestalt mais ampla, e uma informação crucial quanto a fantasmas da família,
segredos ou mitos que influenciam a sua dinâmica pode aparecer na investigação das
histórias familiares a partir das quais forma uma hipótese e faz intervenções. Uma
hipótese sistêmica é baseada nesses entendimentos conceituais do pensamento
sistêmico.
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4.1. O GENOGRAMA COMO RECURSO TERAPÊUTICO
O genograma, também conhecido por genetograma, é uma representação gráfica
da família, e com ele é possível visualizar informações sobre as pessoas que compõem a
família nuclear, de origem e extensa, entender as relações que se estabelecem entre seus
membros, os triângulos chaves do sistema, os modos de funcionamento e estrutura
familiar que se repetem ao longo das gerações. É um excelente recurso técnico, um
instrumento terapêutico para investigação clínica, que deve ser utilizado de forma
integrada à avaliação familiar como um todo (Vitale, 2004; Burd & Batista, 2004;
McGoldrick & Gerson, 1995; Asen & Tomson, 1997).
Os genogramas tem sido utilizados em diferentes formas por distintos terapeutas.
McGoldrick e Gerson (2005) destacam quatro usos específicos: 1) atrair toda a família –
como forma de comprometer toda a família com o processo, permitindo o acesso a um
material familiar complexo e com carga emocional; 2) destravar o sistema – pode ser
útil para trabalhar em sistemas rígidos, reconhecer informações sobre alguns fatos
(nascimento, casamento, enfermidade, morte) e ajudar aos clientes a entrar em contato
com questões emocionais paralisantes; 3) clarificar padrões familiares – a partir do
genograma constroem-se hipóteses sobre o funcionamento familiar e estas são
apresentadas à família. Clarificar os padrões familiares desempenha uma função
educacional, pois permite a seus membros ver seu comportamento com relação à e
dentro do contexto familiar; 4) Reorganizar problemas familiares – os genogramas são
uma ferramenta útil para rever condutas, relações e conexões de tempo na família, e
normalizar a percepção que a família tem sobre si.
Apesar de toda a estrutura conceitual para análise dos genogramas ser baseada
na teoria de Murray Bowen (1978) não havia padronização dos traçados básicos do
genograma até a publicação de Gerson e McGoldrick (2005). Nesta obra uniformizou-se
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a utilização de figuras que representam as pessoas, ou seja, símbolos para representação
de gênero (masculino e feminino), datas de nascimento, casamento e falecimento,
gravidez, abortos espontâneos e provocados e linhas que descrevem suas relações
(conflitivas, alianças, distantes, harmônicas) (Krüger & Werlang, 2008).
Abaixo, apresenta-se algumas representações do genograma:
Homem Mulher Morte
Casamento
Divórcio
(marido à esquerda)
Filhos mais velhos a esquerda
Aliança
Relação conflituosa
Gêmeos
Relação harmônica
McGoldrick e Gerson (2005) propõem três níveis para a criação do genograma:
1) estrutura familiar – descrição gráfica de como diferentes membros de uma família
estão biológica e legalmente ligados entre si de uma geração para a outra; 2) registro de
informações sobre a família – inclui informações demográficas (idades, datas de
nascimento e mortes, situações, ocupações e nível educacional), informação sobre o
funcionamento (emocional e de comportamento), sucessos familiares críticos
(mudanças de relacionamento, migrações, fracassos e êxitos) e 3) delineamento das
relações familiares – compreende o traçado das relações entre os membros de uma
família.
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Para a interpretação dos dados do genograma, por sua vez, os autores atentam
para os seguintes aspectos: estrutura familiar, adaptação ao ciclo vital, sucessos da vida
e funcionamento familiar, padrões vinculares e triângulos, equilíbrio e desequilíbrio.
Segundo os padrões de funcionamento vincular as famílias tem sido
caracterizadas como: íntimas, fusionadas, hostis, conflitivas, distantes, emaranhadas
(McGoldrick & Gerson, 2005). É a partir do relato das histórias familiares que o
terapeuta consegue identificar qual é o tipo de relação que se estabelece entre os
membros. Cada um dos padrões de relação é representado no genograma com um
traçado específico, conforme exemplificado acima.
A formação de triângulos (duas pessoas que abarcam uma terceira na relação)
fica muito evidente na construção do genograma, porque os padrões estruturais, a
informação sobre o ciclo vital e os dados específicos sobre as relações de pares fazem
com que sejam óbvias, ou seja, quais são as três pessoas que possivelmente formem o
triângulo (McGoldrick & Gerson, 2005).
Em famílias recasadas, especificamente, há triângulos previsíveis a serem
investigados, pois é a estrutura familiar, ao invés das peculiaridades dos participantes,
que define a situação. Como exemplo, McGoldrick e Gerson (2005), referem-se a uma
família com filhos de um pai biológico e uma madrasta, e os primeiros não se
relacionam bem com esta última. Enquanto para o pai a esposa é a esperança de um
relacionamento que venha a dar certo. Para o(s) filho(s) ela é uma ameaça, pois pode
afastar o pai deles.
O genograma pode ajudar a descobrir os padrões familiares que tem se repetido
através das gerações. Esses padrões repetidos se dão no funcionamento, relações e
estrutura familiar. Reconhecer esses padrões pode ajudar a família a evitar a repetição
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no presente e sua transmissão no futuro (McGoldrick & Gerson, 2005; Burd & Batista,
2004).
Ao identificar idades e datas no genograma da família, podem-se ter indícios
sobre a adaptação da mesma às transições no ciclo vital e os sucessos do ciclo de vida.
Quando se percebe alguma problemática, investiga-se mais a fundo as possíveis
dificuldades no manejo dessa fase do ciclo vital (McGoldrick & Gerson, 2005).
Dessa forma, ao observar tensões em determinada fase do ciclo de vida, impacto
de fatos traumáticos, reações de aniversário, e respostas da família aos sucessos sociais,
econômicos e políticos, percebe-se a importância de avaliar o impacto da mudança na
família e sua vulnerabilidade a mudanças futuras (McGoldrick e Gerson, 2005).
Burd e Batista (2004) acrescentam itens que consideram importantes para
rastrear no genograma: 1) fatores socioeconômicos (ocupação, nível de educação); 2)
fatores físicos-genéticos (doenças, visão, lateralidade); 3) valores religiosos (afiliação a
igrejas, práticas religiosas); 4) fatores ambientais e genéticos (habilidades artísticas,
tendências ligadas ao peso corporal); 5) valores familiares (famílias próximas,
preferências por política); 6) experiência cultural (tradições culturais, país de origem)
(Burd & Batista, 2004).
As sugestões, na literatura, a respeito do que deve ser investigado na construção
do genograma são inúmeras. No entanto, como salienta Krüger e Werlang (2008), a
complexidade das relações familiares e especificidades de cada história, vão fazer com
que terapeuta e família elejam aqueles elementos que são considerados relevantes para a
história de cada um. Tais informações como atividades profissionais, de estudo e outras
datas importantes, bem como características específicas dos indivíduos e de seus
relacionamentos, identificadas pela família, são todos registradas no desenho do
genograma.
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Ceberio (2004) e Burd e Batista (2004), salientam que as informações obtidas
por meio do genograma permitem antecipar potenciais problemas e pensar em formas
de prevenção. O fator prevenção do uso do genograma pode ajudar o profissional
envolvido e as famílias a lidarem com as fases que virão, bem como explorar os
impedimentos para seguir em frente no ciclo de vida. Ele proporciona valiosas pistas
para as dificuldades e problemas envolvidos nas crises ou pontos críticos como: perdas,
doenças, envelhecimento, morte da geração mais velha.
Nesse sentido, o genograma é entendido por Ceberio (2004) como organizador e
clarificador do trabalho terapêutico e um importante meio para formulação de hipóteses
em determinado contexto e tempo para posterior traçado de estratégias e curso do
tratamento.
4.2. A TERAPIA DE CASAL
No início dos estudos sobre terapia de casal pensava-se no casal composto só por
dois indivíduos. Posteriormente se percebeu que o casal se compõe de três partes: dois
indivíduos e uma relação. A abordagem terapêutica, por sua vez, antes baseada na
patologia e eliminação dos sintomas mudou para uma modalidade que trabalha com o
intuito de colaborar com o crescimento e desenvolvimento do casal (Satir, 1995).
Pincus e Dare (1987) mencionam alguns princípios gerais de maneiras de
encarar um relacionamento que espelham sua forma de trabalho com casais. O primeiro
deles refere-se às motivações inconscientes que levam as pessoas a casar, sustentam sua
relação e lhe dão qualidades particulares.
O segundo princípio aborda os relacionamentos duradouros, nos quais há
geralmente uma reciprocidade e complementaridade das necessidades, anseios e medos
que fazem parte da vida a dois. “Eu tentarei ser algumas das coisas mais importantes
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que você quer de mim (...) desde que você seja para mim algumas das coisas
impossíveis, contraditórias e loucas que eu quero que você seja. (...) ficaremos
zangados, aborrecidos ou deprimidos se não formos fiéis a isso” (p. 40).
Já o terceiro princípio se baseia no entendimento de que as pessoas tendem a
repetir os padrões de relacionamento vivenciados na infância. Os anseios e medos
inconscientes provem daquele período e fazem parte do contrato não escrito do
casamento. E o quarto, por sua vez, está vinculado ao padrão de relacionamento que
vem a tona no trabalho com as famílias, casais e indivíduos, o qual parece ser derivado
do tempo em que a criança dá-se conta da intensidade de seus anseios com relação a
seus pais.
No sentido também das atrações inconscientes, Menghi (1995) refere-se à
escolha do parceiro. Para o autor, os membros do casal são “dois aprendizes de
guerreiro que tiveram a sorte de se encontrar para se transformar um no tirano do outro”
(p. 63). O tirano é aquele que, sem ter a intenção explícita, toca nos pontos mais cruciais
da personalidade do parceiro. Ao mesmo tempo em que de forma dolorosa mexe nos
pontos fracos, também apóia a sua individualidade e desta forma, pode vir a tornar-se
um útil colaborador no projeto evolutivo do outro.
A teoria sistêmica de Bowen elucida a tendência universal de buscar a fusão
como relacionada a incompleta diferenciação da pessoa em relação a sua família de
origem. Os casais buscam completar-se um no outro na medida em que não
conseguiram resolver seus relacionamentos com os pais, o que os teria libertado para
construírem novos relacionamentos baseados na liberdade de cada pessoa de ser ela
própria e de apreciar o outro como ele é. O fracasso em avaliar ou permitir a qualidade
diferente da outra pessoa decorre de jamais ter conseguido tornar-se independentes, em
termos emocionais, dos próprios pais. Quando a diferença não é compreendida nem
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avaliada positivamente, não pode ser tolerada e colabora para o aparecimento de
conflitos (Satir, 1995; McGoldrick, 1995).
Assim, as questões que os parceiros não resolveram com suas próprias famílias
provavelmente serão fatores na escolha conjugal e interferirão no estabelecimento de
um equilíbrio conjugal útil. Como exemplo, um homem pode escolher uma esposa
totalmente inaceitável para seus pais e então deixar que ela lute com eles as batalhas
dele, enquanto ele se torna o inocente espectador (McGoldrick, 1995).
Um fator que estreita os relacionamentos de casal ao longo do tempo é a sua
crescente interdependência e sua tendência a interpretar mais e mais facetas de suas
vidas dentro do casamento. Isso deixa a pessoa na posição de tentar construir a autoestima no casamento e cada um coloca o outro como responsável por sua auto-estima
(McGoldrick, 1995).
Nos relacionamentos conjugais dos pais podem-se encontrar boas pistas sobre o
relacionamento do novo casal, pois são os modelos primários de casamento para eles. O
outro modelo básico para os cônjuges é seu relacionamento com os irmãos, seus
primeiros e mais próximos companheiros. A pesquisa indica que os casais que casam
com parceiros de posições fraternas complementares conseguem a maior estabilidade
conjugal (McGoldrick, 1995).
O casamento é a meta final para a separação dos pais e formação de uma nova
família. Entretanto não se trata de um processo completo de separação, porque cada
parceiro deve conseguir pertencer a nova família sem perder a intimidade com a família
de origem (Whitaker, 1989 citado por Loriedo & Strom, 2002). Haley (1976 citado por
Loriedo & Strom, 2002) afirma que marido e mulher passam os primeiros tempos de
sua relação diferenciando-se dos pais.
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No entanto, entende-se que essa diferenciação não acontece de forma simples
em muitas famílias e os conflitos do casal aparecem com o pedido ao parceiro de que
ele preencha as necessidades que os pais não atenderam. Um dos objetivos terapêuticos,
então, consiste em completar a separação dos pais e construir uma relação
verdadeiramente nova, fundamentada em dois indivíduos que se permitem ter
comportamentos e escolhas diferentes e não baseada nas projeções recíprocas. (Satir,
1995).
4.3. RECASAMENTO
A complexidade de relações que envolvem uma família recasada ou
reconstituída abre espaço para referenciar as especificidades destas famílias que não são
abordadas quando se trata apenas da formação do novo casal.
Em consonância com a premissa básica da teoria sistêmica da família, bem como
da própria terapia de casal, todos carregam para novos relacionamentos a bagagem
emocional de questões não resolvidas de relacionamentos passados importantes. No
entanto, no recasamento há, pelo menos, três conjuntos de bagagem emocional: da
família de origem, do primeiro casamento e do processo de divórcio e do período entre
os casamentos (McGoldrick & Carter, 1995).
Segundo McGoldrick e Carter (1995), as pesquisas mostram que as famílias
recasadas levam no mínimo dois anos para estabilizar-se. Em resumo, os preditores de
dificuldades na transição para o recasamento inclui: negação da perda anterior e/ou um
intervalo curto entre os casamentos; questões de relacionamento não-resolvidas com a
primeira família; negar a existência de diferenças e dificuldades na nova família.
Nas famílias recasadas, com frequência ocorre a passagem simultânea por
diferentes fases do ciclo de vida familiar, como exemplo, uma jovem adulta solteira que
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se torna esposa e madrasta ao mesmo tempo. Nesses casos, o relacionamento
progenitor-filhos antecede o relacionamento de casal, e pode acarretar complicações na
relação dos dois subsistemas (parental e do casal) (McGoldrick & Carter, 1995).
Em relação aos filhos, tanto o pai como a nova mulher podem pensar que as
crianças precisam de compensação para superar a separação dos pais. Um pai movido
por fortes sentimentos de culpa pode induzir a mulher a entrar em competição com os
filhos pela atenção do marido. Já o casal, por mais que tenham namorado e depois
casado com a idéia de construir família, são rapidamente submersos pelos problemas
com os filhos, a ponto de submeter a riscos o senso de identidade do casal (Carter,
1995; McGoldrick & Carter, 1995).
A presença dos filhos no momento em que o casal vivencia todas as adaptações
e mudanças que acontecem no estágio da formação do casal impede o estabelecimento
de um relacionamento cônjuge para cônjuge que seja exclusivo. O marido terá de
reatravessar com ela várias fases que já atravessou: lua de mel, o novo casamento com
sua ênfase no romance e nas atividades sociais e o nascimento e criação dos filhos deles
(McGoldrick & Carter, 1995).
Entretanto, se o marido colocar a relação do casal em segundo plano e esperar
que sua nova esposa assuma imediatamente um papel maior na vida dos filhos dele, ou
que ela gentilmente ceda sempre que seus interesses e preferências chocarem com os
dos filhos, podem advir sérios problemas no casamento. Por sua vez, se a nova esposa
tenta romper ou afrouxar o laço entre o pai e os filhos, ou se ela insiste em estar sempre
em primeiro lugar, e obriga o marido a uma escolha entre eles, também acarretará
problemas. Aliás, a competição pela primazia em relação ao cônjuge é bastante comum.
O fato do vínculo progenitor-filho anteceder o vínculo conjugal faz com que
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padrasto/madrasta atuem como se os relacionamentos fossem no mesmo nível
(McGoldrick & Carter, 1995).
As autoras acrescentam ainda que quando os enteados são pequenos e
permanecem sob custódia da ex-mulher do marido, a madrasta se sente menos ligada as
crianças em termos emocionais, e precisa lidar com a convivência com a ex-mulher do
marido, com o fato deles serem os parceiros na co-paternidade e educação da criança.
Tudo isto pode ir de encontro com suas suposições a respeito de casamento, de família e
de seu papel no sistema (McGoldrick & Carter, 1995).
Independentemente de quem está com a custódia dos filhos, entende-se que as
responsabilidades de cuidar dos filhos devem estar distribuídas de maneira que não
exclua ou combata a influência dos pais biológicos. Os padrastos/madrastas e enteados
podem desenvolver um relacionamento que se assemelhe ao relacionamento dos pais
(ou padrinhos) com os filhos, tio, amigos, ou qualquer modelo de relacionamento
amigável que desejarem (McGoldrick & Carter, 1995).
Nesse sentido, o papel da esposa e madrasta, ao invés de perpassar por batalhas
já perdidas contra os filhos do marido, pode vir a ajudá-lo a ser pai dos próprios filhos e
incentiva-lo a participar da gestão da família. É papel do pai estabelecer as regras da
vida em comum com seu filho e cabe a ele dar lugar a mulher, sem que esta tenha que
lutar para entrar no sistema familiar já constituído (Carter, 1995).
Outra fonte de dificuldade nas famílias recasadas são os conflitos de lealdade.
Os filhos são voluntariamente leais aos pais biológicos, mas muitas vezes essa lealdade
é exigida pelos pais e deixam a criança em uma situação ambivalente, pois sentem que
se amarem um dos pais e/ou madrasta/padrasto irão de alguma forma magoar o outro
(McGoldrick & Carter, 1995).
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No trabalho terapêutico com famílias recasadas, o genograma é considerado um
instrumento básico para explorar a estrutura e conhecer os processos relacionais em
todas as famílias e, como essenciais no trabalho com famílias recasadas, em virtude da
complexidade estrutural e da existência de triângulos previsíveis. (McGoldrick &
Carter, 1995).
Para as autoras, o triângulo “marido, segunda melhor e os filhos do marido”, é o
mais problemático, em virtude do papel central que a madrasta deve desempenhar na
vida dos enteados quando estes moram com ela. Caso o triângulo “marido, segunda
mulher e ex-mulher” seja apresentado como a dificuldade principal é provável que os
ex-cônjuges não tenham realizado o divórcio emocional e a terapia precisará focar a
conclusão do divórcio emocional (McGoldrick & Carter, 1995).
Com este embasamento, presume-se que as famílias dispostas a trabalhar os
relacionamentos com suas famílias de origem se saem melhor do que aquelas que não
estão dispostas a isso. McGoldrick e Carter (1995) salientam que os objetivos gerais na
terapia com famílias recasadas visam estabelecer um sistema aberto com fronteiras
funcionais, o que inclui: um bom relacionamento de co-parentalidade entre os excônjuges; além de haver o divórcio emocional entre os mesmos.
Carter (1995) acrescenta ainda como pontos essenciais a serem trabalhados com
as famílias recasadas: aceitação e apoio às responsabilidades e sentimentos do novo
cônjuge em relação aos filhos da primeira união; revisão dos papéis sexuais tradicionais
que implica cada um dos cônjuges ser responsável pela criação e educação de seus
próprios filhos biológicos, se possível com a ajuda do ex-cônjuge. A intenção é
incentivar o progenitor biológico a tomar as decisões mais importantes, estabelecer
regras gerais, ao invés de delegar essas funções essenciais ao cônjuge recém-chegado.
23
5. RESULTADOS
Mirian (33 anos) e André (41 anos) entraram em contato com a clínica escola de
Psicologia em março de 2010 e solicitaram ser atendidos juntos. Assim, o primeiro
contato da terapeuta com o casal foi na entrevista de triagem - momento em que se
investigou a queixa.
Na entrevista de triagem Mirian mencionou sentir-se deprimida e angustiada,
sem identificar a “causa” desses sentimentos. Enquanto André ressente-se por ver a
esposa triste e menciona que gostaria de poder resgatar a mulher alegre que conheceu.
Mirian revela ter mágoas do passado, referentes ao marido, que não consegue esquecer.
As diferenças entre eles como: o relacionamento que cada um tem com sua família de
origem, o fato dele não se interessar em fazer um curso superior enquanto ela deseja
fazer uma segunda pós-graduação, são motivos de descontentamento com a relação,
principalmente para Mirian. Também comentaram os problemas advindos do
relacionamento com o filho (Bernardo, 6 anos) de André e sua ex-mulher.
Devido a essas questões abordadas na triagem e a percepção de que ambos
poderiam se beneficiar da terapia de casal fez-se o contrato desta modalidade
terapêutica. O primeiro atendimento ocorreu quinze dias após a triagem.
No primeiro encontro com o casal, teve-se como objetivo a formação do vínculo,
ouvir melhor a queixa, fazer o contrato terapêutico e definir a frequência dos
atendimentos. A terapeuta também questionou como eles se conheceram e o que os une
a ponto de estarem juntos. No atendimento seguinte, Mirian trouxe seu
descontentamento pelo fato de André ter uma relação distante e conflituosa com sua
família de origem, muito diferente da relação que ela tem com a sua. Para entender
melhor “quem” é a família de origem de André e “que” relações são essas, a terapeuta
desenhou o genograma da família dele na segunda sessão. Em função do tempo, o
24
genograma da família de origem de Mirian foi desenhado apenas no atendimento
seguinte, porém abaixo, segue o genetograma do casal.
25
Ao construir o genograma a terapeuta constatou que André é o caçula de oito
irmãos. Todos residem na mesma cidade, bem como sua mãe aos 85 anos. Seu pai
faleceu em 1987, devido a um acidente vascular cerebral (AVC), e era alcoolista. Seu
irmão mais velho, também alcoolista faleceu em 1988 de embolia cerebral.
Os irmãos com quem tem conflito são justamente os que mantêm um
relacionamento próximo com Laura, sua ex-mulher e não aceitaram sua separação. A
relação conflituosa com o irmão (Cláudio) acima dele é o que mais o incomoda, pois
eram muito amigos até André se separar. A desavença entre os dois se deu, segundo
André, por Cláudio ter acreditado nas versões de Laura a respeito do término do
casamento, em função de sua mulher ser amiga de Laura.
André também tem conflitos com suas duas irmãs, as quais são mais próximas a
Cláudio e se percebe distante de um dos irmãos que é muito amigo deste último. Ao
conversar sobre essas relações, e também sobre o fato da mãe sempre ter insistido para
ele “voltar para a esposa” ficou evidente a crença na família que, haja o que houver,
“casamento é para sempre”.
Inicialmente, André mencionou descontentamento com todos os irmãos, pois
nenhum deles o visita, nem sua mãe. Como se com o término do casamento ele tivesse
rompido também com sua família de origem, ou melhor, ao ser “desleal” para com a
crença da mesma, não faz mais parte dela.
Entretanto, depois de ter desenhado todos os irmãos no genograma a terapeuta se
deu conta de que um dos irmãos também é divorciado e vive um recasamento,
questionou então se o mesmo não seria seu aliado. André entende que o irmão não se
envolve muito com a família, vive muito a própria vida e tem outras formas de lidar
com os conflitos. Mas, admitiu existir uma proximidade maior entre eles. Na seqüência,
citou os outros dois irmãos como aqueles com os quais mantém uma relação de
26
amizade, confiança, e falou do mais velho como alguém que sempre o acolheu e lhe deu
força para que se separasse já que não estava feliz.
Para completar o seu genograma, falou-se também sobre o casamento com Laura
que durou 8 anos. Atualmente evita ao máximo o contato com a ex-mulher, conversam
apenas quando diz respeito ao filho. Define a relação que tiveram como “traumática” e
refere-se a ela como ciumenta, possessiva, sentia-se preso, controlado. Quando decidiu
sair de casa e separar-se, tanto ela como sua família, não aceitaram, principalmente,
pelo fato de terem um filho pequeno.
Na terceira sessão Mirian mencionou como já se sentiu e, às vezes ainda se
sente, “deixada de lado” quando Bernardo está com eles. André fica com o filho a cada
quinze dias e algumas vezes na semana o busca na escola. Mirian percebe que o marido
superprotegia o filho e não colocava limite. Há pouco tempo tem visto algumas
mudanças, mas ainda se sente excluída em algumas situações. Todavia, quando Mirian
está sozinha com Bernardo brincam juntos, conversam.
André relata que após a separação ouviu muitos comentários de que ele se
afastaria do filho, que o mesmo não iria vê-lo como pai, e isto o fez sentir-se culpado e
realmente não conseguia/sabia como colocar limites no filho. Achava que se o fizesse
podia perdê-lo e Mirian irritava-se com situações em que André era muito permissivo.
Porém, aos poucos, e com a ajuda de Mirian começou a colocar limites no filho e
perceber que ele “não ia deixar de amá-lo por dizer não”.
Mirian comenta como os pais davam limites a ela e suas irmãs e com o intuito de
entender melhor as relações na família de origem dela, desenhou-se o genograma da
mesma. Sua família de origem é do sul de Santa Catarina, cidade onde nasceu e morou
até sua vinda para Florianópolis para cursar Farmácia. Mirian tem uma irmã mais velha
27
e uma irmã gêmea, ambas casadas e residindo no mesmo município dos pais, e um
irmão mais novo (18 anos), adotivo, que faz faculdade em Florianópolis.
Mirian relata que na família o seu estereotipo é ser “a forte”, que dava conta de
tudo, enquanto a irmã sempre foi “a doentinha” que precisava de cuidado. Com essas
informações a terapeuta questionou se quando era criança Mirian também se sentia
“deixada de lado” e ela afirmou que pelo pai e/ou pela mãe em função de sua irmã ficar
doente com freqüência e necessitar de cuidado.
Com esta reflexão ficou claro para a terapeuta e visível no genograma a
repetição das relações e o sentimento que advém com a situação. Na infância, uma
situação criada pela dinâmica familiar colocou as filhas em funções rigidamente
marcadas, ou seja, uma filha fraca, doente, que precisava de cuidados, e ela “a filha
forte”, que deveria cuidar da irmã. Esta situação a fazia se sentir de lado, preterida.
Agora na idade adulta, ela se coloca na mesma posição – de uma pessoa que tem que
cuidar e agora do filho do marido. Igualmente se sente colocada “de lado”.
Com a construção do genograma também se teve conhecimento do histórico de
transtornos mentais na família. Seu avô materno, aos 56 anos, cometeu suicídio por
enforcamento. Nesta época Mirian tinha 2 anos, porém, apenas aos 12 anos soube o
motivo da morte dele. Conta que alguns familiares tem transtorno bipolar e considera
sua mãe depressiva. Acredita que ela, como irmã mais velha de 7 irmãos e muito
próxima ao pai nunca aceitou o que ele fez. Não tem foto dele em casa e nunca fala a
respeito. Os avós paternos, por sua vez, sempre são lembrados e comentados.
Em outro momento da terapia, Mirian desabafou que apesar de se mostrar forte,
nem sempre se sente dessa forma. Considera que teve depressão duas vezes. A primeira
vez ainda morava na cidade dos pais, a segunda vez foi depois de formada. O fato dela
não estar bem impulsionou a compra de uma farmácia, pelo seu pai, para que ela
28
gerenciasse, pois este era o seu sonho. Porém, a farmácia faliu e eles ainda pagam uma
dívida ao banco em função disso. Menciona que desde essa época sente uma angústia
muito grande, por achar que decepcionou, por sentir que “não deu certo”.
Segundo Mirian, esta dívida com o pai não é apenas material, menciona ser
muito ligada a sua família de origem e que eles sempre recorrem a ela quando acontece
algum problema. Como exemplo descreve situações que acontecem com o irmão em
que ela toma providências ou se responsabiliza por conversar com ele.
A partir dos relatos entende-se e evidencia-se no genograma a aliança de Mirian
com os pais, bem como o fato de não estar separada de sua família de origem. Tanto é
que, mesmo trazendo seu sofrimento em relação a sua família de origem, considera que
são aspectos do próprio relacionamento do casal os motivos para os conflitos, enquanto
que para André são as situações externas que mais atrapalham o casamento.
Em algumas sessões o tema principal do encontro foram, justamente, as
diferenças entre eles e suas famílias de origem. André demonstrava não se incomodar
com estas diferenças, no entanto, para Mirian, faziam parte de suas queixas, bem como
ficou evidente a cobrança de Mirian para que André mudasse, tivesse comportamentos
que ela almejava. Em dado momento da terapia, em conversa a respeito do papel de
André na família, apareceu a cobrança e as expectativas que os irmãos colocavam nele e
o quanto Mirian reproduz isto.
O genograma era levado pela terapeuta em todas as sessões para embasar os
questionamentos, as hipóteses e também complementar informações que eram trazidas
pelo casal e consideradas importantes para o entendimento do funcionamento do casal e
a relação dos mesmos com as famílias de origem.
29
6. DISCUSSÃO
O uso do genograma como recurso técnico na terapia do casal contribuiu com o
processo terapêutico em vários aspectos. Um primeiro aspecto, que perpassa os demais,
foi o de proporcionar à terapeuta a visibilidade, por meio do desenho, de todos os
membros das famílias de origem, as relações existentes entre eles. Principalmente pelo
fato da família de André ser numerosa e apresentar relacionamentos distintos entre os
membros, bem como se diferenciar da de Mirian, a visualização do genograma no
decorrer das sessões era útil para o entendimento das posições que cada um ocupa na
família de origem e avanços na formulação de hipóteses sistêmicas.
O genograma como representação gráfica que possibilita visualizar informações
sobre as pessoas que compõem a família nuclear, de origem, é apontado por diversos
autores que estudaram o seu uso no atendimento familiar como Vitale (2004); Burd &
Batista (2004); McGoldrick & Gerson (1995); Asen & Tomson (1997).
Um outro aspecto seria o de ser um facilitador na investigação das histórias e das
crenças familiares que podem estar travando o sistema. Como exemplo, a crença do
“casamento para vida toda” na família de André; a dívida de Mirian com seu pai; a
angústia de Mirian pela “perda”da farmácia e as perdas vividas na infância como o
suicídio do avô. Em consonância com McGoldrick e Gerson (2005), o reconhecimento
de alguns fatos pode ajudar a família a entrar em contato com questões emocionais
paralisantes e ressignificá-las.
O terceiro aspecto também vai ao encontro do que foi referido por McGoldrick e
Gerson (2005) e diz respeito à clarificação dos padrões repetitivos no funcionamento,
relações e estrutura familiar. Na terapia do casal em questão, evidenciou-se a repetição
da relação triangular vivida na infância de Mirian no relacionamento com André e o
filho dele, bem como o fato de André reviver com Mirian as cobranças que existiam por
30
parte dos seus irmãos. O reconhecimento desses padrões pode ajudar a família a evitar a
repetição no presente e sua transmissão no futuro (McGoldrick & Gerson, 2005; Burd &
Batista, 2004).
O fato da construção do genograma facilitar a criação de hipóteses sistêmicas
seria o quarto aspecto a colaborar com o entendimento da função que cada um ocupa em
sua família de origem e como os conflitos não resolvidos, com os mesmos, interferem
nas relações do casal. Nesse sentido, Ceberio (2004) define o genograma como
organizador e clarificador do trabalho terapêutico e determinante no traçado de
estratégias e curso do tratamento.
Em consonância com o já exposto, a respeito do genograma como instrumento
para investigação das histórias familiares, padrões de relação, justifica-se o seu emprego
na modalidade terapêutica de casal especificamente, por entender que ele pode auxiliar
na compreensão dos padrões e das questões emocionais não resolvidas com as próprias
famílias. Conforme McGoldrick (1995), Pincus e Dare (1987), essas questões não
resolvidas provavelmente serão fatores na escolha conjugal e interferirão no
estabelecimento do equilíbrio conjugal.
Assim, com o desenho do genograma já na segunda sessão, em função do casal
mencionar a família de origem, foi possível verificar como é/era o relacionamento
conjugal dos pais o que, segundo McGoldrick (1995) pode configurar-se em boas pistas
sobre o relacionamento do novo casal. Porém, na história de Mirian e André, fica mais
evidente o outro modelo básico de relacionamento dos cônjuges, o relacionamento com
os irmãos (McGoldrick, 1995). Isso tanto para André, que muitas vezes recebe de
Mirian a mesma cobrança que os irmãos faziam a ele, quanto para Mirian na “disputa
com a irmã/enteado pelo amor” na infância dos pais e agora do marido.
31
Com os mesmos exemplos, pode-se entender a alegação de Pincus e Dare (1987)
de que as pessoas tendem a repetir os padrões de relacionamento vivenciados na
infância e que estes fazem parte do contrato não escrito do casamento.
Na terapia do casal, observou-se também a dificuldade, principalmente de
Mirian em lidar com as diferenças entre eles. Aspecto este que pode ser analisado com a
visualização, no genograma, da aliança entre ela e os pais e a afirmação de Satir (1995)
e McGoldrick (1995) de que, para ter relacionamentos baseados na liberdade e poder
apreciar o outro como ele é, é necessário ter resolvido as relações com as figuras
parentais. O fracasso em permitir a qualidade diferente da outra pessoa decorre de
jamais ter conseguido tornar-se independentes, em termos emocionais, dos próprios
pais.
No caso de André, os relacionamentos conflituosos visualizados no genograma,
parecem favorecer um distanciamento de sua família de origem e, conforme aponta
McGoldrick (1995), colaboram para que mais facetas da vida do cônjuge sejam
interpretadas dentro do casamento e nessa relação se construa a auto-estima. Tal
situação é verificada quando ele relata que “são os fatos externos que mais interferem
no casamento”, bem como ao afirmar “ser feliz se a esposa está feliz”.
Teoricamente segundo Whitaker (1989) citado por Loriedo & Strom (2002), o
casamento é a meta final para a separação dos pais e formação de uma nova família. É
um processo complexo, pois envolve conseguir pertencer à nova família sem perder a
intimidade com a família de origem. No entanto, Mirian propriamente relata seu
envolvimento emocional e também financeiro, com sua família de origem, em função da
dívida, e não se sente ainda pertencer à família que forma com André e Bernardo. Por
outro lado, mesmo que André afirme o pertencimento a essa nova família ele parece
32
ainda estar bastante ligado as expectativas/cobranças dos irmãos consigo, sem conseguir
se desprender disso.
Nesse sentido e conforme apontado por Satir (1995), um dos objetivos
terapêuticos com o casal tem sido completar a separação dos cônjuges de seus pais e
construir uma relação verdadeiramente nova, fundamentada em dois indivíduos que se
permitem ter comportamentos e escolhas diferentes e não baseada nas projeções
recíprocas.
Por se tratar também de uma família recasada, é interessante apontar a
peculiaridade do genograma no trabalho com essas famílias. Segundo McGoldrick e
Carter (1995), o genograma é essencial no trabalho com famílias recasadas, em virtude
da complexidade estrutural e da existência de triângulos previsíveis. Isto porque é a
estrutura familiar, ao invés das peculiaridades dos participantes que define a situação
faz com que sejam óbvias quais as três pessoas que formam o triângulo (McGoldrick &
Gerson, 2005).
No caso clínico em questão o triângulo é composto pelo “marido, segunda
mulher e o filho do marido”, o qual, conforme McGoldrick e Carter (1995) é o mais
problemático devido ao papel da madrasta quando os filhos moram com ela e o pai não
assume seu papel de estabelecer as regras. Mirian considerava atribuição de André
colocar limites no filho, porém os conflitos apareciam quando ele não o fazia.
Outro entendimento, baseado nas idéias de Carter (1995) e McGoldrick & Carter
(1995), da relação entre André, Mirian e Bernardo é que movido por sentimentos de
culpa ou lealdade às crenças familiares, o pai pode induzir a mulher a entrar em
competição com o filho pela atenção do marido.
Com este embasamento, presume-se segundo McGoldrick e Carter (1995) que
as famílias dispostas a trabalhar os relacionamentos com suas famílias de origem se
33
saem melhor do que aquelas que não estão dispostas a isso. Carter (1995) aponta
também como fundamental na terapia de famílias recasadas que se estabeleça um
sistema aberto com fronteiras funcionais, aceitação e apoio às responsabilidades e
sentimentos do novo cônjuge em relação aos filhos da primeira união;
a
responsabilização conjunta dos ex-cônjuges na educação de seus filhos biológicos. Com
isso, salienta-se a possibilidade do uso do genograma para ajudar atingir esses objetivos,
bem como se reforça a sua importância como instrumento auxiliar nas diversas
modalidades terapêuticas (individual, casal e família) com entendimento sistêmico.
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O genograma é o mapa da família, como cada pessoa, família tem a sua história,
suas crenças, seus padrões, o genograma é único e as informações colhidas também vão
se diferenciar em função das particularidades de cada família. Porém, com uma leitura
sistêmica, previamente se buscará as repetições – padrões de relação, funcionamento,
estrutura.
E este recurso pode ser utilizado pelos terapeutas familiares nas diferentes
modalidades de atendimento, ou seja, individual, casal, família; em diversos contextos:
clínico/ambulatorial, hospitalar; e de diversas formas: desenhado junto com os clientes
na sessão, feito apenas pelo terapeuta após o atendimento. Porém, esta última limita as
conexões que o terapeuta pode fazer junto com a família/casal/indivíduo e deixa de
propiciar aos mesmos os insights que podem trazer a investigação da história familiar
através do genograma.
Na terapia de casal, o emprego do genograma aparece como instrumento auxiliar
na investigação das relações dos cônjuges com suas famílias de origem e propicia a
34
formulação de hipóteses sistêmicas que ajudam a pensar os conflitos do casal como
reflexo de questões familiares antecedentes.
Em famílias recasadas, por sua vez, o genograma pode ajudar a clarear a
complexidade de relações que envolvem essa configuração familiar. Além das histórias
e relações com as famílias de origem, há toda a situação do casamento anterior e
relacionamento com ex-cônjuge e filho(a).
A sistematização das contribuições que o genograma trouxe para o caso clínico
retratado neste trabalho auxiliou a terapeuta a repensar questões do próprio atendimento,
bem como refletir mais sobre o uso do genograma em outros atendimentos e em
supervisões de atendimentos clínicos. Em supervisões, especificamente, ter em mãos o
genograma auxilia e muito a pensar em potenciais problemas na família e formulação de
hipóteses sistêmicas.
Em função do pouco material bibliográfico encontrado sobre a temática do
genograma e da compreensão da sua importância para os terapeutas sistêmicos, percebese a grande possibilidade de estudos que tratem a respeito deste tema.
35
8. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
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ANEXO 1
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Eu, __________________________________, RG ou CPF______________________,
número na clínica escola __________________, ao me tornar usuário(a) do serviço, fui
informado(a) que este se caracteriza como um Serviço-Escola, público e gratuito, cujos
objetivos são voltados para o ensino, pesquisa e extensão e, de livre e espontânea
vontade, autorizo a utilização de técnicas de registro (filmagens e gravações) e eventual
observação dos atendimentos através do espelho para estes objetivos declarados.
Autorizo a utilização dos dados constantes no meu prontuário de atendimento
psicológico em supervisões acadêmicas e em pesquisas que poderão ser apresentadas
em aulas, eventos científicos e publicadas em revistas especializadas, desde que minha
identidade seja mantida em absoluto sigilo, bem como qualquer dado que
possibilite minha identificação.
Sim, concordo com os termos acima descritos.
Posso não concordar ou retirar, a qualquer momento, este consentimento, caso julgue
necessário, sem haver quaisquer prejuízos ao meu atendimento ou à minha pessoa.
Não, não concordo com os termos acima descritos.
__/__/____
_____________________________
Assinatura do usuário
___________________________________________
Coordenador da clínica escola (carimbo e assinatura)
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