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ISSN 1981-7797
Agosto, 2007
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
Embrapa Uva e Vinho
Ministério da Agricultura, Pecuária e do Abastecimento
Documentos 61
IX Seminário Brasileiro
de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário
de Produção Integrada
27 a 30 de agosto de 2007
Bento Gonçalves, RS
Anais
Editores
Gilmar Ribeiro Nachtigall
Sandra de Souza Sebben
Bento Gonçalves, RS
2007
Exemplares desta publicação podem ser adquiridos na:
Embrapa Uva e Vinho
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Presidente: Lucas da Ressurreição Garrido
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Membros: Gilmar Barcelos Kuhn, Kátia Midori Hiwatashi, Osmar Nickel, Viviane Maria Zanella Bello
Fialho
Normalização bibliográfica: Kátia Midori Hiwatashi
Produção gráfica da capa: Luciana Mendonça Prado
1ª edição
1ª impressão (2007): 500 exemplares
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A reprodução não-autorizada desta publicação, no todo ou em parte, constitui violação dos direitos
autorais (Lei nº 9.610).
CIP. Brasil. Catalogação-na-publicação
Embrapa Uva e Vinho
Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas (9. : 2007 : Bento Gonçalves, RS)
Anais do IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas e do I Seminário sobre Sistema
Agropecuário de Produção Integrada, Bento Gonçalves, RS, 27 a 30 de agosto de 2007 / Editado por
Gilmar Ribeiro Nachtigall e Sandra de Souza Sebben. – Bento Gonçalves : Embrapa Uva e Vinho, 2007.
1 CD-ROM ; 4 1/3 pol. . -- (Documentos / Embrapa Uva e Vinho, ISSN 1981-7797 ; 61).
1. Fruticultura. 2. Produção Integrada de Frutas. 3. Brasil. I. Nachtigall, Gilmar Ribeiro, ed. II. Sebben,
Sandra de Souza, ed. III. Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada (1. : 2007 : Bento
Gonçalves, RS). IV. Título. V. Série.
CDD 634 (21. ed.)
_____________________________________________________________________________________
Embrapa 2007
O conteúdo das palestras e resumos é de inteira responsabilidade dos autores.
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
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Palestrantes
Alexandre Hoffmann
Engenheiro Agrônomo, Pesquisador, Embrapa Uva e Vinho, Rua Livramento, 515,
95700-000 Bento Gonçalves, RS, Brasil. E-mail: [email protected].
André de Kok
Senior Analytical Chemist, Hoogte Kadijk 401, Amsterdam, The Netherlands. E-mail:
[email protected].
Antônio Longo
Cia. Apolo, Bento Gonçalves, RS, Brasil. E-mail: [email protected].
Aristóteles Pires de Matos
Pesquisador, Embrapa Mandioca e Fruticultura, Rua Embrapa, s/nº, 44380-000 Cruz das
Almas, BA, Brasil. E-mail: [email protected].
Celso Zancan
Engenheiro Agrônomo, Rasip, Rodovia BR 116, Km 33, 95200-000 Vacaria, RS, Brasil.
E-mail: [email protected].
Francisco Maschio
Supervisor Técnico, Fundecitrus – Fundo de Defesa da Citricultura, Av. Dr. Adhemar
Pereira de Barros, 201, Vila Melhado, 14807-040 Araraquara, SP, Brasil. E-mail:
[email protected].
José Maurício Cunha Fernandes
Pesquisador, Embrapa Trigo, Rodovia BR 285, Km 294, 99001-970 Passo Fundo, RS,
Brasil. E-mail: [email protected].
José Rozalvo Andrigheto
Pós-doutorando da Embrapa na Universidade de Lerida/Espanha, MAPA, Esplanada dos
Ministérios, Bloco D, Anexo B, Sala 128B, Asa Sul, 70043-900 Brasília, DF, Brasil. Email: [email protected].
Luís Eduardo Pacifici Rangel
Fiscal Federal Agropecuáriol, Coordenadoria Geral de Agrotóxicos e Afins, MAPA,
Esplanada dos Ministérios, Bloco D, Anexo A, Sala 342, 70093-900 Brasília, DF, Brasil.
E-mail: [email protected].
Luiz Carlos Bhering Nasser
Coordenador da Produção Integrada/Cadeia Agrícola, MAPA, Esplanada dos Ministérios,
Bloco D, Anexo B, Sala 128B, Asa Sul, 70043-900 Brasília, DF, Brasil. E-mail:
[email protected].
Maria Laura Turino Mattos
Pesquisadora, Embrapa Clima Temperado, BR 392, Km 78, Caixa Postal 403, 96001-970
Pelotas, RS, Brasil. E-mail: [email protected].
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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
Marília Ieda da Silveira Folegatti
Pesquisadora, Embrapa Meio Ambiente, Rodovia SP 340, Km 127,5, 13820-000
Jaguariúna, RS, Brasil. E-mail: [email protected].
Moacir Saraiva Fernandes
Diretor-Presidente, Ibraf, Av. Ipiranga, 952, 12º Andar, 01040-906 São Paulo. SP, Brasil.
E-mail: [email protected].
Roberta Mara Zuge
TECPAR – Instituto Tecnológico do Paraná/Coordenadora do Projeto de PI Bovinos de
Leite, Rua Algacyr Munhoz Mader, 2775, Cidade Industrial, 81350-010 Curitiba, PR,
Brasil. E-mail: [email protected].
Rosa Maria Valdebenito Sanhueza
Engenheira Agrônoma, Pesquisadora, Embrapa Uva e Vinho, Rua Livramento, 515,
95700-000 Bento Gonçalves, RS, Brasil. E-mail: [email protected].
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
Comissão Organizadora
Rosa Maria Valdebenito (coordenadora) (Embrapa Uva e Vinho)
Luciana Elena Mendonça Prado (Embrapa Uva e Vinho)
Flávia Luzia Basso (Embrapa Uva e Vinho)
Tânia Mari Fronza (Embrapa Uva e Vinho)
Antônio Donatti (Embrapa Uva e Vinho)
Beatriz Rigon (Embrapa Uva e Vinho)
Adriano Mazzarolo (Embrapa Uva e Vinho)
Viviane Maria Zanella Bello Fialho (Embrapa Uva e Vinho)
Léo Carollo (Embrapa Uva e Vinho)
Leodir Carlos Braghini (Embrapa Uva e Vinho)
Comissão Científica
Gilmar Ribeiro Nachtigall (coordenador) (Embrapa Uva e Vinho)
Marcos Botton (Embrapa Uva e Vinho)
Lucimara Rogéria Antoniolli (Embrapa Uva e Vinho)
Luís Eduardo Corrêa Antunes (Embrapa Clima Temperado)
Rufino Fernando Flores Cantillano (Embrapa Clima Temperado)
Sandra de Souza Sebben (Embrapa Uva e Vinho)
Promoção
Embrapa Uva e Vinho
Embrapa Clima Temperado
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
Epagri
Sociedade Brasileira de Fruticultura
UFRGS
Apoio
Agapomi
ABPM
CAPES
CNPq
Sebrae
Inmetro
Fundação Pró-Sementes
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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
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Apresentação
Há dez anos atrás, pesquisadores da Embrapa Uva e Vinho verificaram, após viagens e contatos com
pesquisadores, técnicos e produtores de frutas em outros países, que a inovação de um sistema de produção que
contemplasse qualidade do produto, segurança do alimento, respeito ao ambiente, certificação e rastreabilidade,
poderia também ser introduzida no Brasil. Esta constatação encontrou eco junto a produtores de maçãs cujas
iniciativas de exportação já permitiam vislumbrar a necessidade de uma produção certificada, com credibilidade
internacional, que permitisse o acesso a mercados cada vez mais exigentes, tendo como cenário a globalização e o
aumento das regiões produtoras. Assim, nasceu a Produção Integrada de Frutas (PIF) no Brasil, inicialmente em
caráter experimental com o fundamental apoio de instituições públicas de pesquisa, ensino e extensão e de
empresas privadas, envolvendo a cadeia da maçã. Em breve, o sistema evoluiu como política pública no âmbito do
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), sobretudo amparado nas ações do Programa
PROFRUTA, permitindo a sua oficialização junto ao Governo Brasileiro.
Mas um sistema de produção ecologicamente correto, socialmente justo e economicamente viável não
poderia ficar restrito a uma cadeia produtiva. E isto foi imediatamente concretizado, com a expansão, para um
elenco ainda crescente de produtos agropecuários, viabilizando a consolidação do Sistema Agropecuário de
Produção Integrada (SAPI) junto ao MAPA. Ao completarmos dez anos de trabalho com produção integrada de
frutas, o fazemos com a certeza de estarmos cumprindo adequadamente com nossa missão institucional,
viabilizando soluções tecnológicas para as cadeias com as quais trabalhamos. Não há dúvida de que todo o esforço,
de todos os que trabalhamos com este tema, tem valido a pena e tem repercutido positivamente para a sociedade
brasileira e para o ambiente em que vivemos. A realização deste Evento, que ora retorna a Bento Gonçalves, é um
marco importante na evolução deste processo, que permite a todos os que participamos desta nona edição do
Seminário da PIF e do primeiro seminário do SAPI, avaliarmos a trajetória e, principalmente, os próximos passos
que este sistema tomará, nas suas mais diferentes dimensões de demandas tecnológicas, estratégias de gestão
ambiental, processos de rastreabilidade, marcos legais, ações de marketing, entre outras.
É exatamente nesta certeza de que, muito foi feito, mas ainda muito mais há por fazer, que nos estimula a
nos alegrarmos pelos desafios vencidos e nos empenharmos para fazer frente àqueles entraves que ainda teremos
por superar, com vistas à plena implementação deste sistema que, temos absoluta convicção, traz e trará grandes
benefícios à agropecuária brasileira.
Alexandre Hoffmann
Chefe-Geral
Embrapa Uva e Vinho
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
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Programa
27/08/2007 – Segunda-feira
14h00min
Reunião Coordenadores de Projetos da Produção Integrada
Local: Embrapa Uva e Vinho
Coordenador: Luiz Carlos Bhering Nasser (MAPA)
17h00min
Visitação à Embrapa Uva e Vinho (Coordenadores da PI)
Local: Embrapa Uva e Vinho
Instrutor: Mauro Celso Zanus (Embrapa Uva e Vinho)
15h30min
às
20h00min
Inscrições e Credenciamento
Local: Hotel Dall’Onder
28/08/2007 – Terça-feira
09h00min
Abertura
09h30min
Palestra 1: Tendências para o mercado de frutas nas Comunidade Européia
Palestrante: Moacir Saraiva Fernandes (IBRAF)
10h45min
Palestra 2: Dez anos de Produção Integrada de Frutas e cinco anos de Avaliação da Conformidade
no Brasil – presente e futuro
Palestrante: Rosa Maria Valdebenito Sanhueza (Embrapa Uva e Vinho)
12h00min
Almoço
13h30min
Apresentação de pôsteres
15h00min
Painel 1: Tecnologias para Produção Integrada
Moderador: Marcos Botton (Embrapa Uva e Vinho)
Palestra 1: Monitoramento no manejo fitossanitário na Produção Integrada: o caso dos citrus
Palestrante: Francisco Maschio (Fundecitrus)
Palestra 2: Uso da informática na Produção Integrada
Palestrante: José Maurício Cunha Fernandes (Embrapa Trigo)
Palestra 3: Tecnologias para a gestão ambiental
Palestrante: Marília Yeda da Silveira Folegatti (Embrapa Meio Ambiente)
18h30min
Coquetel de abertura
29/08/2007 – Quarta-feira
08h30min
Painel 2: Experiência de comercialização de frutas da Produção Integrada no mercado interno
Moderador: Raquel Rodem (Sebrae/RS)
Palestra 1: A experiência da Embrapa Uva e Vinho
Palestrante: Alexandre Hoffmann (Embrapa Uva e Vinho)
Palestra 2: A experiência da Rasip
Palestrante: Celso Zancan (Rasip)
Palestra 3: A experiência da Cia. Apolo/Cesa
Palestrante: Antônio Longo (Cia. Apolo)
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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
09h30min
Intervalo
09h45min
Painel 3: Sistema agropecuário de Produção Integrada
Moderadores: Luiz Carlos Bhering Nasser (MAPA) e Luciana Portugal Ribeiro (Inmetro)
Palestra 1: Situação atual da Produção Integrada no Brasil
Palestrante: Luiz Carlos Bhering Nasser (MAPA/Coordenador da Produção Integrada – Cadeia
Agrícola)
Palestra 2: Estudo de caso: a Produção Integrada de Abacaxi
Palestrante: Aristóteles Pires de Matos (Embrapa Mandioca e Fruticultura/Coordenador da PI
Abacaxi)
Palestra 3: Produção Integrada de Bovinocultura de Leite
Palestrante: Roberta Mara Zuge (TECPAR/Coordenadora do Projeto de PI Bovinos de Leite)
Palestra 4: Produção Integrada de Arroz Irrigado
Palestrante: Maria Laura Mattos (Embrapa Clima Temperado/Coordenadora do Projeto da PI Arroz
Irrigado)
Palestra 5: A Produção Integrada na União Européia
Palestrante: José Rozalvo Andrigueto (Pós-doutorando da Embrapa na Universidade de
Lerida/Espanha)
11h45min
Debate
12h00min
Almoço
13h30min
Apresentação de pôsteres
15h00min
Painel 4: Controle de resíduos nos alimentos no Brasil e no exterior
Moderadora: Ionara Regina Pizzutti (Universidade Federal de Santa Maria)
Palestra 1: Controle de resíduos nos alimentos no Brasil
Palestrante: Luís Eduardo Pacifici Rangel (MAPA)
Palestra 2: Controle de resíduos nos alimentos no exterior
Palestrante: André de Kok (Holanda)
30/08/2007 – Quinta-feira
Visita Técnica em Caxias do Sul e Vacaria (opcional)
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
Sumário
Palestras
Dez anos de Produção Integrada de Frutas e cinco anos de Avaliação da Conformidade
no Brasil – presente e futuro
Rosa Maria Valdebenito Sanhueza (Embrapa Uva e Vinho) ..................................................
17
Monitoramento no manejo fitossanitário na Produção Integrada: o caso dos citrus
Pedro Takao Yamamoto e Francisco Maschio (Fundecitrus) .................................................
25
Uso da informática na PI: SisAlert um estudo de caso
José Maurício Cunha Fernandes (Embrapa Trigo), Willingthon Pavan (Universidade
Federal de Passo Fundo) e Rosa Maria Valdebenito Sanhueza (Embrapa Uva e Vihno) ........
31
Comercialização de frutas da Produção Integrada no mercado interno: a experiência da
Embrapa Uva e Vinho
Alexandre Hoffmann e Rosa Maria Valdebenito Sanhueza (Embrapa Uva e Vinho) .............
39
Projeto de estímulo à comercialização de frutas certificadas da Produção Integrada no mercado
brasileiro
Celso Zancan (Rasip) ..............................................................................................................
45
Produção Integrada de Abacaxi no Tocantins
Aristóteles Pires de Mattos, Nilton F. Sanches, Luiz F. da S. Souza (Embrapa Mandioca
e Fruticultura), José Elias Jr. (Secretaria da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do
Tocantins), Fernando A. Teixeira (Cooperativa Agropecuária de Pedro Afonso),
Susana C. Siebeneichler(Universidade Federal do Tocantins/Campus Universitário de
Gurupi) ....................................................................................................................................
51
SAPI leite bovino
Roberta Mara Zuge e Carmen N. M. Cortada (TECPAR) .....................................................
61
Situação atual e perspectivas da Produção Integrada de Arroz no Brasil
Maria Laura Turino Mattos, José Francisco da Silva Martins (Embrapa Clima
Temperado), José Alexandre Barrigossi (Embrapa Arroz e Feijão), José Alberto Noldin
(Epagri) e George Simon (MAPA) .........................................................................................
71
Resumos
Sensibilidade de Venturia inaequalis ao miclobutanil
C. M. Wolff, R. M. Valdebenito Sanhueza ...............................................................................
77
Aplicações foliares de cálcio em pessegueiro aumentam os seus teores na folha e não afetam
os teores no fruto
G. W. Melo, G. Brunetto .........................................................................................................
82
Efeito da interenxertia no controle do vigor de pessegueiro cv. Jubileu na região de Pelotas, RS
Z. F. P. Tomaz, C. S. M. Lima, S. P. Galarça, S. S. Silveira, A. R. Rufato, L. Rufato ............
87
“AGIR”: planejamento estratégico da Associação dos Produtores de Morango de Atibaia e
Jarinu (SP) para a implementação da Produção Integrada
V. S. Hammes, F. F. Calegario, T. A. Silva .............................................................................
92
11
12
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
Certificação participativa e gestão ambiental da Produção Integrada de Morango
C. C. de A. Buschinelli, F. F. Calegario, S. C. S. Bueno, J. S. Lino, B. M. C. Pastrello,
G. S. Rodrigues .......................................................................................................................
97
Diário de campo: ferramenta para desenvolver o hábito de registrar procedimentos na
Produção Integrada de Morango
A. C. de Abreu, F. F. Calegario, P. G. de Oliveira, H. Rosente, A. C. Borges, L. A.
Iwassaki ...................................................................................................................................
102
Estratégia operacional de implementação técnica da Produção Integrada de Morango em
Atibaia e Jarinu
F. F. Calegario, V. S. Hammes, T. A. Silva, N. F. C. Bagdonas .............................................
107
Comparação produtiva entre duas cultivares de amora-preta “Tupi” x “Xavante” região
Centro-Oeste do Paraná
P. R. Borszowskei, M. B. Malgarim ........................................................................................
112
Flutuação populacional das pragas e inimigos naturais na cultura da atemóia visando a
implantação da Produção Integrada de Frutas
M. D. da C. S. Moura, A. N. Moreira, S. A. dos S. Amorim, J. O. Perea, H. T. da Silva,
C. C. dos Santos ......................................................................................................................
117
Atributos químicos dos solos em áreas de produtores vinculados à produção integrada de
banana no projeto Formoso, Bahia
A. L. Borges, L. da S. Souza, Z. J. M. Cordeiro ......................................................................
122
Produção integrada de banana: avanços obtidos no norte de Minas Gerais e Sudoeste da Bahia
Z. J. M. Cordeiro, A. L. Borges, L. da S. Souza, M. Fancelli, J. T. A. da Silva, C. H. S. P.
Ritzinger, M. S. C. Dias, S. L. de Oliveira, C. D. A. Corsato, M. G. V. Rodrigues, M. E. C.
Pereira, M. B. Lima, W. B. Monteiro, A. V. Trindade, E. F. Coelho, M. A. Coelho Filho,
A. M. A. Accioly, A. S. Oliveira, D. M. V. Ferreira ................................................................
127
Diagnóstico de propriedades rurais para adoção da produção integrada de banana no Vale do
São Francisco
A. N. Moreira, M. M. da Silva, J. R. B. Pereira, J. O. Perez ..................................................
131
Avaliação do sistema de produção integrada do melão no Vale do São Francisco
N. D. Costa, J. S. de Assis, J. M. Pinto, J. L. P. Araujo, S. J. S. Almeida, C. A. P. dos
Santos ......................................................................................................................................
136
Compreensão dos atributos de qualidade de valoração do maracujá azedo oriundo da Bahia no
Entreposto Terminal de São Paulo da CEAGESP
M. Hiroi, C. R. Rivelles, A. S. D. Gutierrez ............................................................................
140
Culturas de cobertura na Produção Integrada de Abacaxi
A. P. de Matos, N. F. Sanches, L. F. da S. Souza, J. Elias Jr., F. A. Teixeira, S. C.
Siebeneichler ............................................................................................................................
144
Avaliação de in dicadores de segurança e qualidade em empresas que operam sob as Normas da
PIN-Manga no Pólo Petrolina-PE e Juazeiro-BA
J. S. Assis de, M. S. R. Bastos, P. A. Lima, S. J. S. Almeida ...................................................
149
Produção Integrada de Manga e Uva Fina de Mesa do Vale do São Francisco: perfil do monitor
C. A. P. dos Santos, F. N. P. Haji, P. R. C. Lopes, J. E. M. Oliveira, V. F. C. dos Santos .....
153
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
Produção Integrada de Prunáceas no Paraná safra 2006/07
L. S. Kowata, L. L. May-de-Mio, A. C. V. Motta, L. B. Monteiro, F. L. Cuquel .....................
156
Análise prospectiva de cadeia produtiva para inserção da mangaba no agronegócio
E. G. Ferreira, A. G. Guerra, I. B. Menino, I. A. de Araüjo ...................................................
161
Fruticultura: renda sustentável para a agricultura familiar
M. B. Thiesen, R. S. Lassen ...................................................................................................
165
Diagnóstico preliminar da atual situação, quanto à presença de resíduos de agrotóxicos, das
frutas comercializadas no atacado de São Paulo (SP)
L. R. P. Trevizan, G. C. de Baptista, G. V. B. Almeida ...........................................................
169
Produção de castanhas e caju-de-mesa nos sistemas de Produção Integrada e convencional
V. H. Oliveira, A. P. S. Andrade, E. de O. Silva ......................................................................
174
Qualidade de cajus-de-mesa nos sistemas de Produção Integrada e convencional
A. P. S. Andrade, V. H. Oliveira, R. B. de Lima ......................................................................
180
Período crítico de incidência de cercosporiose e perdas de produção em amendoim
V. M. R. A. Almeida, R. P. de Almeida ...................................................................................
186
Sistema de Produção Integrada de Café: fertilização x controle de doenças
U. P. Lopes, L. Zambolim, E. M. Zambolim, A. F. Souza, D. R. Costa, P. N. S. Neto ...........
191
Monitoramento de agroquímicos em áreas de Produção Integrada de Arroz Irrigado no Rio
Grande do Sul
M. L. Mattos, J. F. da S. Martins, C. D. M. Nunes, W. B. Scivittaro, F. Moura .....................
196
Produção Integrada de Trigo
C. S. Tibola, J. M. C. Fernandes, I. Lorini, P. L. Scheeren ....................................................
200
Níveis de adubação em tomate para processamento sob sistema de plantio direto e preparo
reduzido
N. R. Madeira, R. B. Souza, R. A. de C. e Melo, R. P. Caixeta ...........................................
202
Produção integrada de tomate industrial: validação de unidades piloto
M. Castelo Branco, A. M. Quezado-Duval, G. L. Villas Bôas, H. R. Silva, R. S. Liz .............
207
Proposição de técnicas e parâmetros de irrigação para a Produção Integrada do Tomateiro para
processamento
H. R. Silva, W. A. Marouelli, G. L. Villas Bôas, M. Castelo Branco, R. B. Souza ..................
212
Sistema de produção convencional x Produção Integrada – efeitos sobre os atributos
microbiológicos do solo
J. E. B. de Carvalho, C. L. L. de Azevedo, M. C. da Silva, A. C. Barreto ..............................
217
Índice de risco ambiental para pontos de abastecimento de pulverizadores de agrotóxicos (IRAp),
uma adaptação do Environmental Risk Index (ERI) para a Produção Integrada
L. Gebler ..................................................................................................................................
221
Lista de Autores .................................................................................................................................
227
13
Palestras
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
17
Dez anos de Produção Integrada de Frutas e cinco
anos de Avaliação da Conformidade no Brasil –
presente e futuro
Rosa Maria Valdebenito Sanhueza
A cadeia da maçã é um setor jovem do agronegócio brasileiro que estabeleceu-se com sucesso no
país nos últimos 30 anos, mesmo em condições de ambiente marginal para o cultivo. Já em 1997, tinha
sido responsável pela substituição quase total das importações desta fruta pelo Brasil. Nessa ocasião a
produção nacional era ao redor de 600.000 t de frutas e ocupava 28.000 ha da Região Sul, gerando
100.000 empregos. A qualidade do produto se consolidava com um crescente volume de exportação, fato
que, além de gerar divisas no país, também contribuiu para elevar o patamar de organização e
qualificação do setor e regular o mercado para a fruta.
Essas condições foram impulsionadas pelo desenvolvimento de tecnologia nacional publicadas
pelas Instituições de Pesquisa. Nessas recomendações foi dado ênfase ao controle de pragas e doenças,
considerado o fator mais limitante para a cultura no Brasil. Por outro lado, da mesma forma que os
produtores brasileiros de frutas, os produtores de maçãs em outros países passaram a sofrer pressão dos
consumidores para disponibilizarem frutas com baixo risco à saúde humana e o uso de sistemas de
produção com minimização da aplicação de produtos nocivos ao homem e ao meio ambiente.
O diagnóstico de técnicos europeus sobre a impossibilidade de embasar um sistema sustentável
somente com uso de manejo integrado de pragas foi reforçado na década de 90 e definiu a necessidade de
estabelecer na Europa, o Sistema de Produção Integrada de Frutas, entre as que inclui-se a macieira. Neste
sistema regulamentado pela Seção WPRS da OILB, definiu-se que nele somente serão permitidas práticas
de manejo da cultura, que no seu conjunto contribuam para a redução e racionalização do uso de
agroquímicos.
Nesta situação, técnicos da Embrapa Uva e Vinho perceberam a necessidade brasileira de também
responder aos apelos da sociedade para se obter produtos agrícolas dentro dos critérios de
sustentabilidade, o que fundamentou a decisão de propor um processo para a maçã. Para isto, convidaram
no fim de 1996, instituições públicas e privadas para desenvolver no Brasil este sistema e ofereceram à
Associação Brasileira de Produtores de Maçã (ABPM) e a quatro empresas e uma cooperativa de
pequenos produtores a parceria para implantar, em cada uma delas, a primeira versão de um sistema de
Produção Integrada no Brasil. A proposta de Norma do sistema de produção da maçã foi definida durante
1997, e foi construída pelos técnicos do setor, produtores e pesquisadores. No documento foram
18
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
estabelecidas restrições, obrigações e proibições, tendo como documentos de referência as técnicas em
uso no país e as Normas da PI de Maçã da OILB e de regiões de países europeus.
As principais recomendações deste pacote foram direcionadas ao manejo da copa, visando a
otimização da entrada de luz no seu interior; a adubação de acordo com as análises foliares, o raleio
químico e manual para produção dentro do permitido pela capacidade das plantas, o controle das pragas e
doenças com pesticidas de menor impacto nos organismos benéficos e intervenção sempre associada ao
monitoramento populacional dos organismos; a seleção de herbicidas de menor impacto ambiental; a
colheita e armazenagem de acordo com a recomendação técnica e a determinação de resíduos de
pesticidas nos frutos na colheita.
Com apoio financeiro da Embrapa, da Epagri e dos produtores, este sistema de Produção Integrada
da Maçã foi colocado no campo em 1998, em 100 ha com as duas principais cultivares (Gala e Fuji),
localizadas nas três principais regiões de produção (Vacaria, Fraiburgo e São Joaquim). O conjunto de
pesquisadores, produtores e extensionistas do setor público e privado, acompanharam as áreas
experimentais de produção. Em 1999 esta atividade se organizou em torno do Projeto da Embrapa
“Comparação dos sistemas de produção tradicional e da produção integrada de maçãs no Brasil”, o que,
sob coordenação da Embrapa Uva e Vinho, agrupou técnicos do Instituto Biológico de São Paulo, da
Empresa de Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária de Santa Catarina S.A. (Epagri), da Universidade
Federal de Rio Grande do Sul (UFRGS) e da Associação Brasileira dos Produtores de Maçã (ABPM).
A partir de 1999, foi organizada a 1ª Reunião de Produção Integrada de Frutas, em Bento
Gonçalves, para divulgação das propostas do grupo de técnicos do projeto. Os trabalhos foram
acompanhados por outras cadeias exportadoras e pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (MAPA) e, no âmbito do Programa PROFRUTA, foi iniciada a construção dos marcos
legais do sistema de Produção Integrada de Frutas e, com a parceria do CNPq, foi dado o suporte
financeiro necessário para o andamento dos projetos de maçã e de outras fruteiras. Este programa foi a
grande alavanca para a consolidação do sistema de Produção Integrada da Maçã (PIM), construiu os
Marcos Legais e o sistema de avaliação da conformidade e deu forma à organização nacional do sistema.
Em 2001 foi publicada a 1ª Norma da PIM e em 2003 eram comercializadas as primeiras caixas de maçãs
certificadas. Durante a construção do Sistema, a adesão do Instituto Nacional de Metrologia (Inmetro)
como órgão acreditador dos organismos avaliadores da conformidade (certificadoras), foi essencial para a
credibilidade do Projeto junto aos produtores e consumidores.
Também no ciclo 1998-1999, a ABPM colocou em funcionamento um sistema de qualificação de
seus produtores, conhecidos como Sistema Paralelo da PIM, o que consistia no acompanhamento de áreas
de produção pelos técnicos contratados pela Associação para facilitar a inserção de seus associados no
sistema. Em 1999, pomares que variavam de 5 a 80 ha, todos com um Engenheiro Agrônomo
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
19
responsável, estavam sendo acompanhados em todas as regiões de produção. Este programa foi
posteriormente conduzido também pela Agapomi, que em 2001, iniciou o apoio aos pequenos produtores
do Rio Grande do Sul com um programa paralelo em mais de 17 localidades. Até 2005 a Agapomi tinha
contribuído para a implantação da PIM em 2.860 ha de pomares e a ABPM acompanhou até 8.660,50 ha
de macieira e investiu R$ 160.000,00 na qualificação do setor para a PIM.
A adesão ao sistema foi crescente, principalmente no segmento exportador e nas principais
Cooperativas, e o setor investiu maciçamente com recursos físicos e humanos na construção do sistema.
O formato previsto foi caracterizado como segue:
1. O documento orientador do sistema, construído pelo próprio setor foi a Norma de Produção
Integrada de Maçãs que estabeleceu o que pode ser feito no pomar, o que é proibido e o que se
aceita, mas somente após autorização específica.
2. O produtor e o técnico aderem voluntariamente ao sistema, demonstrando conhecer essa
Norma Técnica da cultura, conduzindo seu pomar com uso dos princípios da PIM, se
comprometem ao cumprimento da Norma e a registrar em um Caderno de Campo todas as
atividades que são conduzidas no pomar durante um ciclo.
3. O produtor aceita a auditoria durante o ciclo a ser certificado para conferir o cumprimento das
Normas. Na colheita novamente é feita auditoria e após análises de resíduos e da
documentação de cada produtor, pode ser concedido o Certificado e o direito para uso da
marca e selo de Produção Integrada.
As vantagens do sistema desenvolvido foram variadas e elas abrangem desde a gestão da
propriedade, o controle da qualidade dos insumos, a implementação da rastreabilidade, a qualificação dos
técnicos e a articulação permanente do setor produtivo com a pesquisa e, especialmente, para a
comercialização do produto, o respaldo do Governo Brasileiro para o sistema.
Os benefícios diretos do sistema para os produtores são :
•
garante a produção e produtividade do pomar e, portanto, a viabilidade da exploração agrícola;
•
racionaliza o uso de agroquímicos (pesticidas e fertilizantes);
•
reduz o impacto ambiental da atividade agrícola, preservando o meio ambiente e a saúde do
homem;
•
coloca no mercado fruta com garantia de qualidade para consumo, visto que o processo exige
Certificação e rastreabilidade.
No presente, grande parte do setor concorda com as vantagens do sistema, reconhece e utiliza a
estrutura criada pela PIM. Neste sentido, é importante destacar o papel importantíssimo que teve e tem a
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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
Comissão técnica da PIM. Este corpo técnico, constituído por técnicos da pesquisa e representantes dos
produtores, com regulamentação e processos construídos para dar transparência e qualidade às obrigações
impostas pelas Normas e processo de Certificação, é, também, um foro permanente para definição de
demandas de pesquisa, treinamentos, demandas aos fornecedores de insumos e aos orgãos oficiais em
benefício do setor.
Tecnologias adaptadas e outras desenvolvidas no Brasil deram suporte à produção de maçãs no
país, no entanto, até a implementação da PIM, não tinham sido avaliadas em conjunto. A definição de um
pacote tecnológico, num esforço multi-institucional, e escolhendo aquelas tecnologias que permitiram
manter ou aumentar a qualidade e produtividade das macieiras, com o uso mínimo de agroquímicos, é a
marca característica da Produção Integrada de Maçãs no Brasil.
O trabalho conjunto de pesquisadores, produtores e extensionistas do setor público e privado,
acompanhando as áreas experimentais de produção resultaram na consolidação de uma alternativa de
produção viável e com características desejáveis para a sustentabilidade deste tipo de exploração agrícola.
Assim, como estabelecido há dez anos, a definição de um Sistema de Produção Integrada de
Maçãs no Brasil, viável técnica e economicamente, significa, no plano tecnológico, equipararmo-nos aos
países com agricultura mais desenvolvida, no plano mercadológico, habilitando-nos para competir tanto
no mercado interno quanto externo e no plano estratégico, podermos projetar a consolidação do setor no
cenário nacional e internacional. Na dimensão ambiental, os benefícios da PIM dizem respeito à
viabilização do cumprimento de exigências legais dos órgãos de vigilância ambiental, bem como podem
ser usados como parte dos Termos de Ajustamento de Conduta, por parte dos produtores, quando de uma
eventual autuação.
Com esta base sólida, no ciclo 2004-2005, ao redor de 16.000 ha estavam certificados na PIM,
mas a adesão a protocolos privados exigidos pelos mercados importadores de maçãs brasileiras também
exigiam processo de certificação. Dados da ABPM informavam que, em 2005, 4.399,7 ha cumpriam
regulamentos da BRC, 11.185,00 ha estavam na Eurepgap e 3.648,50 ha em Nature´s Choice.
Atendendo uma sugestão e solicitação dos produtores e exportadores de frutas, o MAPA e as
Comissões Técnicas de diversas cadeias começaram a discussão da possibilidade de reconhecimento da
PIF pelos protocolos privados, visando facilitar a condução de sistemas de qualidade no campo. Este
processo, mesmo demonstrando a maior qualidade e robustez do sistema PIF, colocou empecilhos
desnecessários para produtores não-exportadores que não estavam interessados ou não tinham capacidade
para fazer investimentos no campo. Paralelamente, é clara a falta de demanda do mercado interno pela
PIF e o mercado externo utiliza as ferramentas da PIF, mas nem sempre a remunera ou dá prioridade.
Nesta situação, no ciclo 2005, a Certificação de áreas diminuiu em 50%, ficando restrita a empresas
exportadoras e Cooperativas com grande preocupação pela marca de qualidade. Assim, em 2006, a
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I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
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Norma da PIM voltou a considerar obrigatórios somente os princípios da PI e os itens de protocolos
privados permaneceram como recomendados para preparar os produtores que em algum momento
optassem pela adesão a eles.
Contudo, a importância e a confirmação da competitividade que o sistema PIF dá à produção
brasileira, no âmbito internacional, ocorreu em 2006, quando comissários vinculados a programas de
seguranças do alimento da Comunidade Européia reconheceram a qualidade do sistema e valoraram em
forma destacada, o respaldo oficial que o sistema tem. Este fato coincidiu com o aumento da adesão do
setor à PIM no ciclo 2007.
Ainda como incentivo aos produtores, o grupo de trabalho da PIM foi novamente pioneiro,
iniciando, com apoio de parceiros, um programa piloto de marketing dos produtos da PI no mercado
interno. Os resultados obtidos mostraram que o consumidor prefere frutas com a garantia de qualidade e
respaldo oficial e o mercado aumenta a comercialização de frutas com esta origem.
Repercussão da PIM
A competividade das culturas é, na atualidade, o único seguro para manter o setor
economicamente ativo. Em 2001, aproximadamente 2.600 produtores dedicavam-se à produção de maçãs.
Eles, por sua vez, empregavam anualmente mais de 27.500 trabalhadores de forma direta e
aproximadamente 5.500 safristas. Estes números enfatizam, claramente, que a cultura contribui
significativamente para a geração de empregos, reduzindo o êxodo rural. Por outro lado, a cultura da
macieira, associada também com a cultura da pereira, só que em menor escala, tem importância
fundamental no desenvolvimento das regiões onde está implantada. Ao nível nacional, a sua expansão
representa aumento nas divisas de mercado que toma importância no aumento do consumo interno e nas
exportações para outros países. Os resultados destas ações de pesquisa e desenvolvimento contribuem
para avaliar e demonstrar ao setor e à sociedade a possibilidade de produzir maçãs com o mínimo uso de
agroquímicos, mantendo a qualidade e rentabilidade dessa atividade agrícola. Frutas comercializadas com
garantia de isenção de resíduos tóxicos de risco à saúde humana e com controles, quanto ao manejo
correto do pomar, contribuirão para o Brasil competir com vantagens tanto no mercado interno como no
externo.
Vantagens específicas deste tipo de manejo da cultura serão a preservação da população de
inimigos naturais das pragas, a racionalização do uso de agroquímicos e, portanto, a proteção dos
trabalhadores rurais, do solo e dos mananciais, a determinação dos resíduos de pesticidas que podem estar
presentes nos dois sistemas de produção, e a obtenção de fruta de alta qualidade.
Durante os anos de trabalho na PIM os técnicos que trabalharam no sistema contribuíram
decisivamente na organização e consolidação da PI no país, geraram documentos para difundir as bases
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I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
técnicas da PI e forneceram inúmeros treinamentos teóricos e práticos, tanto para os técnicos e produtores
de maçãs, como para os de outras cadeias no país.
Futuro e desafios
Adesão dos produtores: Como dito, já no início do projeto organizado para implantação da PIM,
a opção pelo sistema PI será, como ocorre em qualquer sistema de qualidade, dependente da demanda do
mercado, da vontade do produtor por se preparar para mercados mais exigentes e de gerar produtos
diferenciados. Assim, para exportadores e fornecedores de exportadores, a PI assegura características de
diferenciação e oferece ainda o respaldo oficial requerido pelos governos de países importadores, o que
não ocorre com os protocolos definidos pelo setor privado.
No mercado interno, o grande estímulo ao investimento e qualificação dos produtores será a
demanda do mercado e a comercialização diferenciada dos produtos da PI e o desenvolvimento de
políticas públicas que beneficiem de forma especial aqueles que investem no sistema PI. Exemplo disto
será o acesso a fontes de financiamento com melhores condições que os oferecidos aos produtores
convencionais e apoio técnico e financeiro para o início das atividades dos pequenos produtores.
Organização dos produtores: Grande parte do sucesso da PIM deve ser creditado ao elevado
grau de organização dos produtores desta fruta. As organizações existentes agregam produtores de maçãs
que são responsáveis por aproximadamente 75% da produção comercializada no país e 95% da maçã
exportada.
Estas Associações, com elevado profissionalismo, atuam no campo técnico e político e têm
mantido desde sua origem, parceria estreita com a pesquisa, sendo um dos poucos setores que anualmente
investem em projetos de pesquisa de seu interesse. Oportunizar condições semelhantes de organização
será um fator indispensável para viabilizar a adesão de outras cadeias à PI.
Ações que estimulem a organização de produtores e a qualificação das associações existentes será
um dos desafios a vencer. A organização significará viabilizar treinamentos, diminuir os custos de
Certificação e facilitar a obtenção de volume de produção que permita aos grupos de produtores, maior
competitividade tanto no mercado interno como no externo.
Transferência de tecnologias e qualificação dos técnicos e produtores: Nos anos de trabalhos
da PIM se contou com contribuições expressivas e diretas do setor de extensão no Estado de Santa
Catarina e o mesmo se observou no Estado de Paraná. Infelizmente, no Rio Grande do Sul, a participação
deste setor que inicialmente era previsto, ainda não ocorreu. Isto tem significado um desafio para as
instituições de pesquisa e ensino envolvidas neste Projeto, pois as ações deverão ser feitas sem este
importante apoio. A inserção destas entidades, federais, estaduais e municipais nos Projetos de PI será
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
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uma grande contribuição para o fortalecimento do sistema na maçã e na viabilização do sistema em outros
cultivos no país.
PI e Certificação: A introdução na PI de um sistema de avaliação da conformidade,
implementado pela Certificação de organismos credenciados e controlados pelo Inmetro é uma das
características mais marcantes deste sistema. Este processo dá ao produto obtido a garantia do
cumprimento das Normas e, por isto não poderá existir PI sem o cumprimento do processo. É importante
lembrar também que a certificação de “terceira parte” é a característica de maior impacto no processo,
pois fortalece a responsabilidade dos responsáveis técnicos das propriedades e realmente garante a
isenção quando se determina se o produtor está ou não cumprindo o previsto na PI.
Grande destaque deverá ser dado no futuro a esta característica da PI para se obter uma maior
valoração dos produtos obtidos com este sistema pelos consumidores e pelo varejo contando para isto
com a autorização de uso de um selo único para o sistema e não para cada produto.
O setor de Insumos e a PI: Estratégias definidas na OILB, após experiências de quase 30 anos,
recomendadas aos técnicos da PIM, definiram que o setor de insumos e do mercado não seriam partes
integrantes das decisões pertinentes à condução do processo, mas poderiam ser parceiros em atividades
específicas que não significassem compromisso ou dependência do sistema PI. Esta estratégia foi seguida
na PIM e deverá ser a tônica para outras cadeias para fortalecimento da imagem da PI.
Ações como o fornecimento de informações dos produtores de insumos que assegurem uma
recomendação adequada e otimizem o uso dos insumos necessários para a rentabilidade e sustentabilidade
do setor produtivo será vantajoso para as duas partes na PI.
Mercado e a PI: Cadeias de supermercados do exterior e do país têm construído protocolos cuja
certificação é administrada pelo mesmo setor, o que contribui para o aumento dos custos dos produtores.
Muitos destes protocolos somente se restringem à segurança de ausência de resíduos na fruta, a assegurar
qualidade cosmética dos produtos e ainda, alguns deles usam hoje os documentos e estrutura da PIM ou
reconhecem ou preferem os produtos certificados da PIM.
Ações de difusão do sistema PI deverão ser feitas com maior investimento do Governo brasileiro
visando contribuir para que pelo menos alguns destes protocolos reconheçam efetivamente a qualidade do
sistema brasileiro de Produção Integrada e liberem aos produtores da carga burocrática de sistemas que
não contribuem de forma significativa com a segurança do consumidor, do ambiente e da sustentabilidade
do sistema agropecuário brasileiro.
A participação ativa de órgãos públicos importantes na comercialização de produtos agropecuários
como CEASAs e CEAGESP será também indispensável no futuro para canalizar a comercialização
diferenciada dos produtos da PI.
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I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
Conclusões Finais
A implantação inicial contribuiu para dar a conhecer o sistema no país, para concientizar as
equipes de técnicos do país da necessidade de abordar de forma holística o sistema agropecuário como
forma de aperfeiçoar os recursos humanos e financeiros escassos no país e orientar a produção sustentável
no Brasil. Contudo o grupo que trabalhou e trabalha neste grande projeto sabe que sem o apoio oficial
este sistema não terá o formato e a força potencial que deve atingir para benefício do povo brasileiro.
Estamos convictos que grande parte do sucesso de adoção da PI no setor da maçã deve-se à ação
coordenada de todos os segmentos da cadeia e ao fato do setor já se encontrar utilizando grande parte das
Boas Práticas Agrícolas. Esta deverá ser o requisito básico para iniciar novos projetos de implantação da
PI no país.
O crescimento seguro e sério de esforços para uso da PI no país já está ocorrendo e será um
grande caminho a construir. Estamos convencidos que fizemos uma base sólida e que já valeu a pena.
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1998. p. 28-37.
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
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Monitoramento no manejo fitossanitário na
Produção Integrada: o caso dos citrus
Pedro Takao Yamamoto
Francisco Maschio
Introdução
Os citros, principalmente as laranjeiras doces, apresentam uma gama muito grande de pragas e
doenças, muitas delas consideradas de grande importância (pragas/doenças chaves), que causa prejuízos
imensos e demanda aplicação constante de agroquímicos e medidas de manejo para que não provoque
danos e prejuízos aos citricultores.
Além dos insetos que causam danos diretos às diferentes partes da planta, tais como flores, folhas,
ramos e frutos nos seus diferentes estágios de maturação, existem aqueles que são vetores de patógenos,,
principalmente bactérias e vírus
Assim como pragas, ocorre também um grande número de doenças, causadas por fungos,
bactérias, vírus e viróides. Os fungos, em geral, são controlados com fungicidas, e se for bem manejada
pode-se evitar os prejuízos. As bactérias em geral são controladas pela eliminação de plantas doentes,
somente aquelas sintomáticas, como no caso do greening ou huanglongbing (HLB) e clorose variegada
dos citros (CVC), ou pela eliminação de plantas contidas num raio de 30m da planta sintomática, como
no caso do cancro cítrico. Com respeito a vírus, na atualidade, o principal é o da leprose, cujo controle é
realizado pela eliminação do vetor e pela remoção, por meio de poda, dos órgãos da planta atacados.
Tanto para pragas como para doença, para realizar o seu manejo é necessário a
inspeção/monitoramento rotineira para se determinar o momento adequado para controle das pragas e
para localizar os focos e as plantas doentes no pomar. Em praticamente todas as propriedades citrícolas do
Estado de São Paulo, existem equipes de inspeção tanto para pragas (pragueiros) como para doenças, e
em muitos casos são pessoas diferentes que realizam esses trabalhos.
A equipe de pragueiro é responsável pela amostragem de pragas e os inspetores são responsáveis
pelo monitoramento de doenças como CVC, HLB e cancro cítrico, e pragas como ortézia e escama
farinha.
Algumas pragas são monitoradas por meio de armadilhas que utilizam atrativos alimentares
(moscas-das-frutas), feromônio (Bicho-furão, minador-dos-citros e moscas-das-frutas) ou armadilhas de
cores (cigarrinhas e Diaphorina citri).
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I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
Tipos de Monitoramento
Os tipos de monitoramento podem ser por varredura, casualizada ou por meio de armadilhas.
Monitoramento por varredura
O monitoramento por varredura é realizada para doenças e algumas pragas. São realizadas
vistoriando-se todas as plantas do talhão para a tomada de decisão de controle das doenças e pragas
amostradas. O monitoramento por varredura pode ser realizado caminhando-se ao longo da linha de
plantio (Figura 1) ou por meio de plataformas acopladas a trator, mais recentemente utilizadas para
detecção de plantas com sintomas do HLB (Figura 2).
Figura 1. Monitoramento realizado por varredura para detecção de doenças e pragas dos citros.
Figura 2. Monitoramento realizado por meio de plataforma para detecção de doenças dos citros de difícil
visualização.
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I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
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A freqüência varia conforme a doença e praga que se amostra. No caso do HLB, doença
constatada no Estado de São Paulo em 2004, em Minas Gerais em 2005 e no Paraná em 2007,
recomenda-se que faça pelo menos 6 inspeções anuais, devido a severidade, rapidez de disseminação do
patógeno e período de incubação variável. Quando se está realizando o monitoramento para o HLB podese realizar a inspeção para CVC e cancro cítrico concomitantemente, apesar do temor de confusão pelos
inspetores, que podem focar uma doença e esquecer as demais.
Para o cancro cítrico, pelo menos uma inspeção antes da colheita é recomendada, pois esse pode
ser um fator de disseminação da doença ao longo do talhão e entre talhões da propriedade.
A inspeção de plantas com HLB é tão importante que algumas propriedades têm adotado a
plataforma, acoplada a um trator, com 2 a 4 pessoas inspecionando tanto a parte de baixo como os
ponteiros da planta. Essa medida, além de aumentar o rendimento, aumenta também a eficiência da
inspeção, já que é possível alcançar a vista na parte do topo da planta, que no monitoramento realizado no
chão se torna difícil a visualização.
Devido à importância de certas pragas como ortézia e escama farinha, tem-se adotado também a
inspeção por varredura. No caso de ortézia, essa necessidade se faz devido ao melhor efeito do tratamento
químico quando o controle é realizado em baixas infestações e pela distribuição aleatória no pomar.
Como a praga, no início de infestação, encontra-se no interior da planta, há necessidade de adentrar ou
observar o interior da planta. Devido à característica da escama farinha, coloração da escama do macho, a
sua inspeção é mais fácil que a de ortézia. Da mesma forma, as plantas atacadas devem ser marcadas para
realizar o seu controle e evitar os danos às plantas, que é o rachamento do tronco/ramos, que possibilita a
entrada de patógenos. A inspeção nesses dois casos é importante para marcação das reboleiras de ataque,
onde será realizado o controle, possibilitando dessa maneira a economia de inseticidas e possibilita a
preservação dos inimigos naturais das pragas.
Monitoramento casualizado
O monitoramento casualizado ou por amostragem é realizada principalmente para os insetos e
ácaros. As amostragens devem ser realizadas nos talhões da propriedade, que devem ser de 2000 plantas
ou subdividas em caso de talhões maiores. A inspeção é feita em 1% das plantas, sendo que, naqueles
talhões menores que 1000 plantas devem ser amostradas pelos menos 10 plantas. Apesar do erro amostral
grande para certas pragas, a adoção de amostragem em 1% das plantas se deve à praticabilidade.
A unidade para amostra depende da preferência por órgão das plantas pelas pragas. Por exemplo,
o ácaro da leprose Brevipalpus phoenicis prefere atacar o fruto, depois os ramos e por fim as folhas.
Quando se tem frutos, a unidade amostral é frutos, frutos e ramos ou ainda somente ramos quando a
planta ainda não está na fase de produção e na pós-colheita dos frutos.
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I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
Algumas pragas e os inimigos naturais são amostrados na planta, quantificando-se o número
presente na copa ao redor da laranjeira.
Como a maioria das pragas se distribui de forma irregular dentro do talhão, as plantas amostradas
devem ser casualizadas, de forma a abranger todo o talhão, se caminhado em zig-zag e com entradas por
diferentes partes do mesmo nas diferentes datas de amostragem.
Como a população varia durante o ano, podendo haver surtos e explosões repentinas das pragas,
recomenda-se que a amostragem seja realizada a cada 7 a 15 dias, isto é, se retorne ao mesmo talhão
nesse intervalo. As tomadas de decisão devem levar em consideração o nível de ação (nível de controle)
preconizado para as pragas, que pode variar em função da agilidade de compra de agroquímicos,
dimensionamento do maquinário de pulverização e ocorrência de inóculo de doença quando se trata de
vetor.
Para registro e criação de bancos de dados, os resultados das amostragens devem ser anotados em
fichas específicas que devem estar de posse do pragueiro durante a inspeção, com as devidas anotações de
data, propriedade, talhão amostrado, amostrador, etc (Figura 3).
Figura 3. Ficha de amostragem de pragas e inimigos naturais dos citros.
Monitoramento com armadilhas
Algumas pragas, por dificuldade ou para uma complementação de monitoramento, são
monitoradas por meio de armadilhas, que utilizam atrativos alimentares, feromônios ou são de cor.
Armadilhas, utilizando-se atrativos alimentares, são empregadas para o monitoramento de moscasdas-frutas (Ceratitis capitata e Anastrepha spp.). O atrativo utilizado para captura de moscas são a
proteína hidrolisada de milho e o melaço de cana-de-açúcar (Figura 4).
O monitoramento do bicho-furão Gymnandrosama aurantianum, praga de difícil visualização em
citros, é realizada por meio de armadilhas com feromônio (Figura 5). Dessa forma, pode-se estimar a
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I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
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população da praga, realizando o controle antes da ocorrência dos danos, que anteriormente era utilizado
com parâmetro para início do controle. Feromônio sexual também é utilizado para monitoramento da
mosca-das-frutas da espécie C. capitata. Foi descoberto e desenvolvido o feromônio para o minador-doscitros (Phyllocnistis citrella), mas ainda não se encontra disponível para comercialização.
Figura 4. Armadilha tipo McPhail utilizada para monitoramento de moscas-das-frutas, com a utilização
de atrativos alimentares.
Figura 5. Armadilha tipo Delta utilizada para monitoramento de Gymnandrosoma aurantianum, com a
utilização de feromônio sexual.
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I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
Armadilhas de cor são utilizadas para monitoramento de cigarrinhas vetoras de Xylella fastidiosa,
agente causal da CVC, e para Diaphorina citri, vetor das bactérias Candidatus Liberibacter americanus e
asiaticus, agentes causais do HLB (Figura 6). São utilizadas armadilhas adesivas de cor amarela, que são
mais atrativas para esses vetores.
Figura 6. Armadilha adesiva amarela utilizada para monitoramento de Diaphorina citri e cigarrinhas.
O monitoramento é uma importante ferramenta dos citricultores para o auxílio no manejo de
pragas e doenças dos citros. Devido à incidência de doenças como o cancro cítrico, CVC e HLB, cuja
principal estratégia de manejo é a eliminação de plantas apresentando sintomas, a inspeção rotineira se
faz necessário e equipes de inspetores devem ser formadas, treinadas e motivadas para realizar um
trabalho preciso, eficiente e com bons rendimentos.
Da mesma forma, devido à incidência de um grande número de pragas, algumas consideradas
pragas chaves da cultura, que ocorre todos os anos e se medidas de manejo não forem adotadas causa
sérios danos e prejuízos aos citricultores, todas as propriedades devem ter inspetores de pragas,
responsáveis pelo monitoramento de pragas, que é utilizado para a tomada de decisão de controle.
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Uso da informática na PI: SisAlert um estudo de
caso
José Maurício Cunha Fernandes
Willingthon Pavan
Rosa Maria Valdebenito Sanhueza
Resumo
A previsão de doenças tem surgido como um componente bem estabelecido no manejo de
doenças. Atualmente, um grande número de modelos de simulação de epidemias encontra-se disponível,
porém poucos têm sido utilizados realmente como ferramentas de auxílio na tomada de decisões.
Entretanto, os modelos de simulação de epidemias podem ter uma aplicação de forma mais generalizada
se associados à pronta disponibilização de observações meteorológicas, aos prognósticos climáticos, às
técnicas computacionais e aos simuladores orientados aos processos fisiológicos das plantas. Este
trabalho tem como objetivo apresentar um sistema de auxílio à tomada de decisão no controle de doenças
da cultura da maçã. A metodologia proposta foi baseada no design pattern MVC (Modelo-VisãoControle), programação em camadas, linguagem orientada a objetos, entre outras tecnologias, dividida em
servidores específicos para cada atividade, configurando-se como uma plataforma modular e adaptável. O
sistema começou a ser implantado na cultura da maçã, no ano de 2003, na região de Vacaria e vem sendo
aperfeiçoado no decorrer do tempo.
Introdução
O conceito de Produção Integrada (PI) surgiu na Europa, quando, em 1970, no meio científico,
manifestaram-se preocupações quanto ao limitado alcance do manejo integrado de pragas como processo,
para racionalizar e reduzir o uso de pesticidas. Naquele momento, evidenciou-se a necessidade de adequar
todos os componentes do sistema produtivo, para diminuir a utilização de agroquímicos de maior risco
sem afetar a produtividade e a qualidade da produção. Como conseqüência daquela proposta, criaram-se
grupos de trabalhos com especialistas de diferentes países visando a
obter definição, alcance e
organização dos sistemas de produção de frutas primeiro alvo deste estudo. Em 1989, estabeleceu-se o
regulamento aceito e reconhecido pela Organização Internacional para Controle Biológico e Integrado
contra os Animais e Plantas Nocivas (OILB). Essa entidade define Produção Integrada de Frutas (PIF)
como “a produção econômica de frutas de alta qualidade, obtida, prioritariamente, com métodos
ecologicamente mais seguros, minimizando os efeitos colaterais indesejáveis do uso de agroquímicos,
para reduzir riscos ao ambiente e à saúde humana”.
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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
No Brasil a Embrapa Uva e Vinho, a Epagri, a UFRGS o Instituto Biológico de São Paulo e as
Associação Brasileira de Produtores de maçãs foram pioneiros em propor e implementar o sistema de
Produção Integrada e esta experiência foi apoiada pelo Governo Federal através do Ministério de
Agricultura e Pecuária que criou os marcos legais do Sistema e disponibilizou recursos para viabilizar as
ações de P&D indispensáveis para a adequação dele às condições brasileiras tanto na cadeia da maçã
como em outras frutas. Visto que na Produção Integrada de Frutas é exigido o uso racional dos
agroquímicos, o produtor deve justificar técnicamente cada intervenção química. Neste sentido, as
estações de aviso fitossanitário são consideradas uma das ferramentas mais importantes para dar suporte
às decisões de tratamentos para os pomares. Reconhecendo isto, foi proposto no âmbito do Projeto de
Produção Integrada da Maçã uma ação que visava implementar um sistema de aviso em uma rede de
estações meteorológicas automatizadas da região de Vacaria RS, originalmente obtida por uma parceria
entre a Embrapa Uva e Vinho e a Associação Gaúcha de produtores de maçãs.
Para viabilizar esta meta, em 2001 a Embrapa Uva e Vinho a Embrapa Trigo e a Universidade de
Passo Fundo propuseram o projeto SisAlert - maçã visando organizar o conhecimento sobre a cultura da
macieira em sistemas dinâmicos computadorizados. A cultura da macieira foi a primeira no Brasil em
estabelecer um sistema de aviso Fitossanitário o qual no presente está estabelecido na região de São
Joaquim no Estado de Santa Catarina. Neste caso porém, os dados são coletados manualmente e a
informação liberada por correio eletrônico e telefone.
O sistema computacional SisAlert fornece informação sobre o tempo, risco de ocorrência de
doenças com a finalidade de auxiliar na tomada das decisões em programas de manejo de integrado. O
SisAlert usa modelos que estimam o risco de ocorrência de doenças usando as informações sobre o tempo
obtidas de estações automáticas e de prognósticos. Os modelos de avaliação do risco de ocorrência de
doenças interpretam a informação de dados de tempo retornando informação sobre os processos recentes
na relação patógeno-hospedeiro assim como aqueles que deverão ocorrer em um futuro próximo
(PAVAN, 2007).
O SisAlert-Maçã na eminência de riscos de ocorrência de infecções gera avisos de forma
concomitante para o endereço eletrônico e para o telefone celular dos usuários cadastrados. O sistema foi
avaliado durante dois anos em parcelas experimentais e em campo a partir do ciclo 2003 e, durante o
período os usuários foram treinados para o seu uso. Atualmente, aproximadamente 3.000 ha da área com
a cultura da macieira, no estado do Rio Grande do Sul, usam esta tecnologia.
O presente trabalho ilustra uma metodologia fortemente apoiada na computação para a
implementação, execução e disponibilização de modelos de riscos de epidemias para cultura da maçã na
região de Vacaria, no estado do Rio Grande do Sul.
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
33
Material e Métodos
Plataforma
O SISALERT foi desenvolvido baseado no design pattern MVC (Model-View-Controller Modelo-Visão-Controle), o qual é um modelo de desenvolvimento de aplicações que utiliza as
características da programação em camadas, sendo dividido em três camadas, ou áreas funcionais:
Modelo, Visão e Controle (VEIT e HERRMANN, 2003). O Modelo representa a ``lógica do negócio'', ou
seja, o estado e o comportamento dos componentes, gerenciando e conduzindo todas transformações; a
Visão disponibiliza os dados produzidos pelo Modelo, gerenciando o que pode ser visto do seu estado,
apresentando-os em forma de imagens, gráficos e dados tabulados, através de páginas Web ou
equipamentos de pequeno porte, como celulares e Palms; e o Controlador determina o fluxo total da
aplicação, gerenciando a interação do usuário/sistema com o Modelo (Figura 1).
Figura 1 – Estrutura de implementação do sistema SISALERT.
Recursos de software
O desenvolvimento do sistema foi baseado principalmente na linguagem de programação Java. A
linguagem de programação Java é uma linguagem de alto nível e orientada a objetos (CORNELL e
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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
HORSTMANN, 1997). O Java está dividido em três plataformas: J2SE, J2ME e J2EE. A plataforma Java
Standard Edition (J2SE) foi usada no desenvolvimento e na distribuição das aplicações Desktops, sendo
usado no desenvolvimento de sistemas embutidos em tempo quase real. Inclui um grande número classes
que suportam o desenvolvimento de aplicações Java e para oferecer serviços Web, sendo o alicerce para a
plataforma Java Enterprise Edition (J2EE). A plataforma J2EE foi usada no desenvolvimento de
aplicações transportáveis, robustas, escaláveis e seguras. Entre as tecnologias que compreendem esta
plataforma encontram-se o JSP (Java Server Pages), EJB (Enterprise JavaBeans), JavaBeans, Servlets,
etc. A Java Micro Edition (J2ME) foi usada para o desenvolvimento de aplicações para dispositivos de
pequeno porte e de capacidades limitadas de processamento, armazenamento etc., como PDAs e telefones
celulares.
Os modelos de simulação foram executados utilizando-se o J2SE (http://java.sun.com). Para a
geração da interface com o usuário, utilizou-se de páginas JSP, Servlets e informações em formato XML
(Extensible Markup Language). Uma base de dados PostgreSQL foi usada para armazenar os dados
(http://www.postgresql.org). No lado do cliente, a visualização foi feita usando HTML (Markup
hypertext Language), Javascript e algumas APIs, como mapas do Google (http://code.google.com/),
JFreeChart (http://www.jfree.org/jfreechart/) e AJAX (Asynchronous Javascript and XML). O sistema
fica em execução permanente e, quando do risco de ocorrência de doenças, os usuários são
automaticamente informados por meio de mensagens enviadas para o telefones celulares (SMS) e correio
eletrônico (PAVAN et al., 2006; SANHUEZA, 2007). A ferramenta utilizada para desenvolver o sistema
foi o Netbeans 5.5.1 (http://www.netbeans.org/).
Resultados
Sarna da macieira: No ciclo 2003, foram incorporadas ao sistema SisAlert-maçã, as Tabelas de
Mills (MACHARDY, 1996), modificadas para o controle da sarna da macieira (Venturia inaequalis) e,
este sistema de alerta foi avaliado em parcelas experimentais comparando-se o sistema com a proteção
permanente e uma testemunha sem tratamento e, em uma área de pomar que teve como testemunha outra
área próxima protegida com o tratamento convencional. Nos resultados obtidos verificou-se que, nas
parcelas experimentais tratadas com o alerta mesmo com 8 pulverizações a menos, foi observada
incidência igual ao padrão (Tabela 1) e igual tendência ocorreu na área do pomar tratada com alerta
quando comparada com a proteção convencional mesmo com a redução de 8 pulverizações (Tabela 2).
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
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Tabela 1. Incidência de sarna da macieira em plantas pulverizadas com diferentes métodos e com e sem
detecção de ascósporos.
Tratamentos
Incidência de
sarna nas folhas
1.Pulverização em condições para infecção leve
1,4 b
2. Pulverização em condições para infecção moderada
1,9 b
3. Pulverização em condições para infecção severa
1,1 b
4.Pulverização em condições para infecção leve
3,5 b
5.Pulverização em condições para infecção moderada
2,6 b
6. Pulverização em condições para infecção severa
2,1 b
7. Pulverização a cada 7 dias
1,6 b
8. Testemunha sem pulverização
7,2 a
Médias seguidas por letras iguais não diferem entre si (Duncan, p<0,05).
Incidência de
sarna na fruta
1,7 c
2,4 c
1,6 c
4,9 b
4,8 b
3,6 bc
1,9 c
9,2 a
Número de
pulverizações
14
14
14
9
9
9
14
-
Tabela 2. Incidência de sarna da macieira em plantas pulverizadas com diferentes fungicidas e com o
uso do sistema de alerta sem monitoramento de ascósporos- 2003.
Tratamentos
1.Pulverização
moderada)
em
condições
para
infecção
(grave
Folhas sadias
Frutas sadias
98,7 abc
93,3 ab
Número de
pulverizações
5
100 a
100 a
99,7 ab
99,8 ab
99,5 ab
99,4 ab
99,2 abc
97,4 bc
95,9 c
35,4 d
99,8 a
99,3 ab
98,5 ab
98,9 ab
98,5 ab
98,5 ab
98,5 ab
98,1 ab
91,4 b
26,1 c
12
12
12
12
12
12
12
12
12
12
ou
2.Fosfito de potássio
3.Kresoxim methil
4. Difenoconazole +Captan (Padrão)
5. Ciproconazole + Captan
6. .Ciproconazole + Captan
7. .Ciproconazole + Captan
8. Ciproconazole + Captan
9. Captan
10. Delan
11. Testemunha sem pulverização
Médias seguidas por letras iguais não diferem entre si (Duncan, p<0,05).
Mancha foliar da Gala (Glomerella cingulata/Colletotrichum gloeosporioides): Em 2003,
incorporaram-se na base de dados das Estações meteorológicas automáticas da Região de Vacaria, os
dados do modelo disponível para esta doença e componentes epidemiológicos adicionais, utilizando o
alerta gerado pelo sistema SisAlert para decidir a proteção de plantas comparando esta estratégia com a
proteção química aplicada conforme às recomendações disponíveis. Os resultados mostraram que o
sistema é viável e permitiu a redução de 7 pulverizações na área com parcelas experimentais e seis na
área de pomar comercial com controle total da doença nas duas áreas.
Podridão branca das maçãs(Botryosphaeria dothidea): O modelo de Parker e Sutton (1993) para a
podridão branca das maçãs, com modificações, está sendo
utilizado em um pomar da Estação
Experimental de fruticultura temperada da Embrapa Uva e Vinho em Vacaria, inserido dentro do
SisAlert. Os resultados finais mostraram a ausência de sintomas nas áreas com e sem Alerta. Enquanto
na área sem alerta foram utilizados 6 pulverizações no Alerta somente um, o que demonstra os
tratamentos desnecessários feitos na área com proteção permanente.
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I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
Podridão “Olho de boi” (Cryptosporiopsis perennans): em 2005 e 2006 foi implementado o alerta
para a podridão “olho de boi” em maçãs Gala, Fuji e Pink Lady o que se inicia a partir de 50 dias antes
da colheita de cada cultivar. Os dados obtidos mostraram a possibilidade de manter níveis baixos de
perdas com uso de 3 pulverizações a menos e com igual incidência das doenças.
Prognóstico de epidemias: A partir de 2005 foi informado risco de epidemias associando-se a
previsão do tempo (chuvas e temperatura) com os modelos já validados.
Discussão
Os modelos interpretam os dados climáticos, fornecendo informações sobre o comportamento
passado ou recente da doença, assim como a predição do nível de risco da epidemia. A capacidade de
predizer o risco de ocorrência das doenças da macieira faz com que as medidas de controle das doenças
através da aplicação de fungicidas seja acionada segundo critérios racionais. Uma decisão de forma mais
racional é aquela caracterizada por processos que incorporam a probabilidade de ocorrência do evento na
tomada de decisão. O procedimento precisa ser de tal modo claro que permita qualquer outro indivíduo,
usando a mesma informação tome uma decisão semelhante. O controle da sarna da macieira sem a
tecnologia do Sisalert-Maçã, por exemplo, é realizado através da aplicação generalizada de fungicidas na
forma preventiva, independente do risco de ocorrência da doença. Espera-se que em algumas situações, o
modelo de simulação do risco de sarna conduza o usuário à tomada de decisão de não usar fungicidas, o
que deverá contribuir para reduzir o custo de produção e o risco de contaminação do homem e do
ambiente.
O uso de dados de prognóstico de tempo tem permitido o alerta preventivo trazendo uma mudança
de estratégias para as doenças de maior impacto - sarna e mancha da Gala, diminuído as perdas e reduzido
custos pela substituição de fungicidas curativos pelos preventivos.
A chave do formato do SisAlert é a modularidade, a qual permite o acoplamento de diferentes
modelos em um mesma plataforma.
Referências Bibliográficas
CORNELL, G.; HORSTMANN, C. S. Core Java. 2. ed. Upper Saddle River: Prentice-Hall, 1997.
CRUSIUS, L.; FORCELINI, C.; VALDEBENITO SANHUEZA, R. M.; FERNANDES, J. M. C.
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PARKER, K. C.; SUTTON, T. B. Susceptibility of apple fruit to Botryosphaeria dothidea and isolate
variation. Plant Disease, v. 77, n. 33, p. 385-389, 1993.
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I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
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MacHARDY, W. E. Apple Scab: biology, epidemiology and management. Saint Paul: APS Press, 1996.
p. 545.
PAVAN, W. et al. Web-based system to true-forecast disease epidemics – sisalert. In: WORLD
CONGRESS CONFERENCE OF COMPUTERS IN AGRICULTURE AND NATURAL RESOURCES,
4., Proceedings... [S.l.]: American Society of Agricultural and Biological Engineers, 2006.
PAVAN, W. Técnicas de engenharia de software aplicadas à modelagem e simulação de doenças de
plantas. 140 p. 2007. Tese (Doutorado) – Universidade de Passo Fundo, Passo Fundo.
VALDEBENITO SANHUEZA, R. M. A produção Integrada da Maçã no Brasil. In: SEMINÁRIO
BRASILEIRO DE PRODUÇÃO INTEGRADA DE FRUTAS, 3., 2007, Fortaleza, CE. Anais...
Fortaleza: Embrapa Agroindústria Tropical, 2007. p. 53.
VEIT, M.; HERRMANN, S. Model-view-controller and object teams: a perfect match of paradigms. In:
INTERNATIONAL CONFERENCE ON ASPECT-ORIENTED SOFTWARE DEVEDLOPMENT, 2.
Proceedings... New York, NY, USA: ACM Press, 2003. p. 140-149. AOSD’03.
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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
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Comercialização de frutas da Produção Integrada
no mercado interno: a experiência da Embrapa
Uva e Vinho
Alexandre Hoffmann
Rosa Maria Valdebenito Sanhueza
O sistema de Produção Integrada de Frutas (PIF) é uma inovação tecnológica e organizacional na
fruticultura brasileira e iniciou no Brasil com a cadeia produtiva da maçã. É resultante de um intenso
esforço de parceria entre instituições públicas e privadas e proporcionou o desenvolvimento de um
sistema que possibilita a produção de frutas com base tecnológica moderna e ambientalmente sustentável,
com registro de atividades sujeitas a auditorias delegadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento ao Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (INMETRO).
Esta instituição pública credencia organismos de avaliação da conformidade (certificadoras) referente a
uma norma técnica que é um documento oficial do governo brasileiro. Os marcos legais da PIF
asseguram a rastreabilidade dos produtos e o controle externo executado por uma instituição sem vínculos
com o produtor (terceira parte). Estas características do sistema de PIF são um importante instrumento de
acesso a mercados cada vez mais exigentes em segurança do alimento e respeito ao homem e ao
ambiente, sobretudo no mercado externo, onde estes requisitos são ainda mais decisivos para o
consumidor. Esta tem sido, sem dúvida, a principal motivação para produtores de diversas cadeias
produtivas exportadoras de frutas, como a maçã, o mamão, a uva, a manga e o melão, em desenvolver,
apoiar e adotar este sistema de produção. Exigências da União Européia divulgadas recentemente quanto
à exigência de um sistema oficial que tenha rastreabilidade e assegure um uso adequado de agrotóxicos
reconheceu a PIF como único sistema com respaldo do governo brasileiro que atende a este requisito.
Este fato abre portas para o mercado das frutas produzidas de acordo com as diretrizes da produção
integrada.
Contudo, sabe-se que o mercado interno é o destino de, no mínimo, 70% da produção de frutas a
um mercado potencial de mais de 180 milhões de consumidores, que devem ter as frutas na composição
de sua dieta. Esta é uma vantagem para a fruticultura brasileira. É exatamente nesta linha que a PIF pode
dar uma importante contribuição: oferecerem-se ao mercado varejista, frutas de qualidade diferenciada,
certificadas, produzidas com as melhores tecnologias, com segurança para consumo garantida pelo
INMETRO, com rastreabilidade e forte apelo comercial no que tange ao alto padrão qualitativo e respeito
ao ambiente e ao trabalhador.
A vivência de pesquisadores da Embrapa Uva e Vinho ao longo de 10 anos de ações vinculadas
com a PIF no Brasil revelou um fato decisivo: apesar destas nítidas vantagens e dos esforços de
40
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
divulgação, de modo geral o consumidor de frutas não conhece a PIF. Considerando a baixa demanda do
mercado e a ausência de um diferencial de preço, o produtor não vislumbra vantagens econômicas para
implementar as mudanças tecnológicas requeridas pela PIF. Esta situação é um prejuízo para o país, pois
propicia a perda de um benefício para a qualificação e organização da produção, bem como para a
preservação ambiental.
Cientes desse fato, a Embrapa Uva e Vinho, Embrapa Clima Temperado, produtores associados à
Associação Gaúcha de Produtores de Maçã e Pêra (Agapomi) e à Associação Brasileira de Produtores de
Maçãs (ABPM), Sebrae-RS e a cadeia Apolo/Cesa de Supermercados (de âmbito regional na Serra
Gaúcha) definiram uma parceria que proporcionou a realização de um Projeto-piloto com o objetivo de
oportunizar à rede varejista a oferta de frutas oriundas da PIF. A hipótese traçada para este trabalho foi de
que, ao disponibilizarem-se frutas de qualidade diferenciada, como as da PIF, com a devida informação e
divulgação, o consumidor tenderia a consumir maior quantidade desta categoria de produto, mesmo que
com um ágio sobre o valor da fruta. Assim, após diversas reuniões, definiram-se elementos básicos para o
Projeto, tais como o tipo de fruta, demanda de remuneração diferenciada, qualidade assegurada para a
fruta, tipo de embalagem e categoria a ser selada. Tornava-se necessário que fosse utilizado um selo
individual de cada produto obtido com a PIF que fosse integrado a uma única marca, visto que a PIF fará
parte de um sistema maior (SAPI), com outros produtos além de frutas. Propôs-se, também, que esta
marca única (nome-fantasia) fosse uma forma de aproximar o consumidor dos conceitos da PIF e servisse
para todos os produtos que integrem o programa de produção integrada – a marca única, portanto, deveria
lembrar: segurança, sabor, saúde e qualidade/estilo de vida (podendo se explorar o conceito da
sustentabilidade – economicamente viável, socialmente justo e ambientalmente responsável - se for
relevante para o consumidor). Assim, após diversas discussões, definiu-se a marca PIN, com selo
genérico para qualquer outro produto oriundo da PIF/SAPI.
Assim, ficou acordado com a rede varejista que alocasse uma ou mais gôndolas específicas para
frutas da PIF, assegurando a aquisição destas frutas junto a produtores que certificavam sua produção
neste sistema e remunerasse o produtor com um ágio de cerca de 10% sobre o preço da época daquela
fruta. Coube à Embrapa acompanhar o processo e identificar fornecedores em potencial. Por sua vez, o
MAPA, o Sebrae-RS e o Inmetro deram o apoio de marketing necessário à divulgação desta fruta. Ao
produtor, coube certificar sua produção, garantindo o fornecimento da fruta da PIF e embalando a mesma
de forma padronizada. A maçã foi estabelecida como âncora desta ação-piloto, pela disponibilidade de
frutas ao longo de todo o ano e pela maior experiência e abundância de frutas certificadas no sistema PIF.
O trabalho no mercado foi conduzido durante dois meses, entre 14 de março e 14 de maio de
2007, utilizando-se maçãs das cultivares Royal Gala, Imperial Gala e Mondial Gala e Fuji Suprema,
provenientes da empresa RASIP Agrosilvopastoril, acondicionadas em meia-caixa (9 kg). As frutas foram
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
41
manejadas conforme orientação dos pesquisadores envolvidos com o Projeto, de modo a assegurar a
cadeia de frio e a qualidade da fruta até a venda ao consumidor. A comercialização ocorreu em 16 lojas
da rede Apolo-Cesa, localizadas nos municípios de Bento Gonçalves, Caxias do Sul, Farroupilha e
Gramado, sendo que, em 4 destas lojas, as frutas foram apresentadas ao consumidor com apoio de
demonstradoras, que possibilitaram ao mesmo degustar e apreciar a qualidade da fruta como subsídio para
tomada de decisão de compra. Alguns cuidados foram tomados: a) capacitação de todos os empregados
envolvidos com o setor de hortifrutigranjeiros, por parte dos pesquisadores envolvidos no Projeto; b)
esclarecimento aos gerentes de área sobre o sistema de produção integrada e seus beneficios; c) fruta
disponibilizada ao consumidor em caixas (embalagem final) que impedem a manipulação no
supermercado, assegurando maior qualidade do produto e ao consumidor; d) uso de frutas de padrão
visual superior, em especial cor e categoria; e) apresentação da fruta proporcionando ampla visibilidade
ao comprador; f) capacitação das demonstradoras sobre a qualidade da fruta apresentada; g) divulgação
local (folders, demonstradoras, banners) e regional (rádio, televisão, jornais), com vistas a estimular a
curiosidade do consumidor pelo produto; h) contratação de uma assessoria de marketing, que orientada
pelos técnicos da Embrapa, MAPA e INMETRO, elaboraram os elementos visuais e a estratégia de
divulgação do produto; i)
retirada periódica de frutas com defeitos ou danos (murchamento,
sobrematuração, danos físicos, etc.). Houve acompanhamento, pelos técnicos da Embrapa, da qualidade
da fruta comercializada, durante todo o período.
Dentre os principais resultados, merecem destaque os seguintes: a) houve incremento significativo
nas vendas durante o período de avaliação, em torno de 40% em relação ao mesmo período do ano
anterior; b) nas lojas em que foi efetuada a comercialização, o consumidor manifestou interesse em
adquirir frutas com certificação; c) o aumento no valor da fruta para custeio do processo de certificação,
repassado ao produtor, não foi um impeditivo para a venda, para o grupo de consumidores atingido pelo
Projeto; d) num universo de 400 consumidores entrevistados, 77% manifestaram não conhecer este
sistema de produção, 63% consumidores estavam dispostos a pagar mais pela garantia de qualidade e de
ausência de agrotóxicos e 62% consideram importante saber de onde veio e como foi produzido o fruto;
e) foi decisivo o aval das instituições envolvidas, pois 98% dos entrevistados têm confiança nas mesmas.
Foi levantado também que os entrevistados consideram importante existir a certificação dos produtos.
Todas as sugestões colhidas indicaram o desejo da identificação e certificação de outras frutas além da
maçã. Dos entrevistados, 12% estavam comprando pela segunda vez; destes, 96% perceberam diferença
no sabor da fruta. Também é relevante observar que os critérios, em ordem de importância, da escolha de
frutas pelo consumidor são: cor, aparência, preço, procedência e sabor. Os resultados aqui obtidos
certamente serão variáveis conforme o produto, a época, a loja (e o seu consumidor típico), o manejo
dado à fruta e o destaque dado à iniciativa. Neste caso, os melhores resultados foram obtidos em lojas
42
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
localizadas em “shopping centers” e supermercados em posição central na cidade, visto que a preferência
por este tipo de produto também está associada a um maior acesso à informação e poder aquisitivo.
Os principais entraves observados consistiram na falta de conhecimento e hábito na manipulação
de frutas de qualidade diferenciada por parte das equipes dos supermercados, a necessidade de
convencimento e estímulo aos gerentes de loja sobre a importância desta atividade e à necessidade de
reposição freqüente de frutas danificadas ou fora do padrão.
A experiência realizada foi altamente positiva e certamente é inovadora ao abordar a dimensão do
consumidor no tocante ao desenvolvimento de uma tecnologia. A esta experiência piloto, está previsto,
com o apoio do MAPA, INMETRO, CEAGESP, Embrapa Clima Temperado e Embrapa Agroindústria
Tropical, a expansão destas iniciativas para São Paulo e Fortaleza, dentre outros mercados. Em princípio,
a maçã será estabelecida como âncora, sendo que outras frutas, conforme a disponibilidade, serão
inseridas nesta ação, como é o caso da uva, mamão, manga, pêssego e melão. É decisivo que o apoio das
instituições oficiais envolvidas na PIF seja mantido e aprimorado, entretanto, considerando-se ser uma
ação com foco no mercado, é fundamental que estas atuem como articuladoras iniciais e monitoradoras
desta ação, permitindo aos produtores e varejistas o estabelecimento da relação comercial mais adequada,
conveniente e duradoura. A avaliação dos parceiros (produtor e varejista), em reuniões de avaliação do
Projeto-piloto, foi altamente positiva, a ponto da iniciativa estar ainda sendo adotada nas lojas até o
momento. É, sobretudo, necessário, que o produtor vislumbre na comercialização a remuneração e
aumento da procura das frutas da PIF e, para o varejista, que isto se traduza em aumento das vendas, tanto
pela procura do produto certificado como de outros produtos. Em adição, a escolha dos parceiros
comerciais é fundamental, bem como a conscientização dos mesmos sobre os potenciais benefícios.
Por outro lado, é essencial que sejam definidas as bases e exigências normativas para uso da
marca ou selo PIN, de modo que, gradativamente, o consumidor passe a exigir produtos com esta marca,
pois associa o selo a uma qualidade intrínseca do produto. Caberá ao MAPA, com apoio do INMETRO e
demais Instituições envolvidas, a definição destas bases. Isto é fundamental para que o selo PIN não seja
mais um selo, mas sim um indicativo respeitado e reconhecido pelo consumidor.
Dos pontos fundamentais definidos pelos parceiros e capazes de assegurar o sucesso desta
iniciativa destacam-se a manutenção da rastreabilidade, da qualidade sensorial da fruta e a identificação
única do sistema (permitindo ao consumidor preferir frutas que tenham este selo, além da respectiva
marca comercial). O objetivo é incrementar o consumo de frutas de alto padrão obtidas na PIF.
Descortina-se, então, uma excelente oportunidade para que todos os atores deste processo tomem
conhecimento e se apropriem das vantagens da PIF, como também amplie-se o mercado interno para
frutas que estimulem o consumidor a extrair delas os benefícios de saúde, prazer e qualidade de vida.
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
43
Figura 1. Logomarca publicitária do Projeto-Piloto PIN. Bento Gonçalves, Embrapa Uva e Vinho, 2007.
Figura 2. Apresentação do ponto de venda do Projeto-Piloto PIN.Bento Gonçalves, Embrapa Uva e
Vinho, 2007.
44
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
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I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
45
Projeto de estímulo à comercialização de frutas
certificadas da Produção Integrada no mercado
brasileiro
Celso Zancan
Projeto Piloto que foi desenvolvido nas redes APOLO e SUPER CESA contendo 08 lojas cada
rede, localizadas nas cidades de Caxias do Sul, Gramado, Vacaria, Farroupilha e Bento Gonçalves. Das
16 lojas no total, foram selecionadas 12 com o público-alvo adequado, melhor logística, e onde as lojas
têm uma estrutura interna de melhor ponto de venda.
O conceito do projeto foi aprimorado ao longo do teste que será complementado por pesquisa de
satisfação e opinião dos consumidores, a ser realizado por promotores nos pontos de vendas.
O principal objetivo é disponibilizar um produto com maior valor agregado para os elos do
projeto, ou seja, produtor (fornecedor), vendedor (varejista) e conseqüentemente um produto de melhor
qualidade ao consumidor, enfatizando a segurança alimentar.
Amostragem
Na rede Comercial Cesa temos o consumo médio de: 5.850 kg mensais.
O Objetivo é obter um adicional de vendas de: 1.755 kg a cada período, porém apenas nas 8 lojas
da rede participante do projeto piloto, ou seja, um incremento aproximado de 30% nas vendas.
Informações Gerais
O evento de lançamento foi realizado no dia 14/03/2007, às 15 horas, no Auditório da Embrapa
Uva e Vinho, em Bento Gonçalves.
Na ocasião palestraram 04 representantes das entidades realizadoras do evento (Sebrae, Inmetro,
Embrapa e MAPA).
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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
Resultados

Primeiro Mês (período de 14/03/2007 à 15/04/2007)
7,964
9,000
8,000
5,850
7,000
6,000
5,000
4,000
3,000
2,000
1,000
-
Fev
Projetado
Realizado
10.017
12.000
10.000
7.020
8.000
6.000
4.000
2.000
-
Fev
Projetado
Realizado
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I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

Segundo Mês (período de 16/04/2007 à 15/05/2007)
9,123
9,000
8,000
5,850
7,000
6,000
5,000
4,000
3,000
2,000
1,000
-
Mar
Projetado
Realizado
10.115
12.000
7.430
10.000
8.000
6.000
4.000
2.000
-
Mar
Projetado
Realizado
47
48
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I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

Resumo Geral (período de 14/03/2007 à 15/05/2007)
20,000
17,087
11,700
15,000
10,000
5,000
Mar
Projetado
Realizado
20.132
25.000
14.781
20.000
15.000
10.000
5.000
-
Mar
Projetado
Realizado
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I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
49
Avaliação Final

Atingimos 46,04% do volume e 36,20% acima do faturamento total estimado nos dois meses
do projeto;

Iniciamos praticando um percentual 0,63% acima do preço médio estimado e finalizamos o
período a 0,33% menor da meta, porém atingimos 0,40% acima da média projetada;

Avaliamos que o Objetivo foi alcançado em incremento de volume e valor de
remuneração acima das expectativas.
Pontos Positivos

Incremento no mix de produtos;

Melhor condição ao produto, logística, transporte e manuseio;

Melhor disponibilidade para atendimento aos pedidos.
Pontos Negativos

Pouco Giro no PDV em relação ao volume;

Menor atenção ao tempo de vida em prateleira;

Condições de armazenagem deficitárias.
50
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I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
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Produção Integrada de Abacaxi no Tocantins
Aristóteles Pires de Matos
Nilton F. Sanches
Luiz F. da S. Souza
José Elias Jr.
Fernando A. Teixeira
Susana C. Seibeneichler
Introdução
A produção integrada de frutos é um sistema de produção baseado na sustentabilidade,
preservação de recursos naturais e regulação de mecanismos para a substituição de insumos poluentes,
utilizando instrumentos adequados de monitoramento dos procedimentos e a rastreabilidade de todo o
processo. Assim sendo, pode ser definida como um sistema de produção de frutos com qualidades
comerciais, priorizando métodos que sejam os mais seguros ao meio ambiente e à saúde humana. Por
essas características, a produção integrada é considerada o sistema de produção do futuro, e o sistema
convencional não será capaz de competir com ela. É um programa dinâmico, baseado na melhoria
contínua do sistema, tendo como objetivo maior a produção ecologicamente correta de alimento seguro.
Nesse contesto, o projeto “Produção Integrada do Abacaxi no Tocantins” teve início em novembro de
2004 tendo como objetivos: 1) Promover ações no sentido de organizar a base produtora; 2) instituir o
comitê gestor voluntário de gerenciamento da produção integrada de abacaxi, para viabilizar a
incorporação de procedimentos de técnicas agrícolas, gerar e implantar as normas técnicas específicas,
grades de agrotóxicos e cadernos de campo e de pós-colheita; 3) Capacitar produtores dentro dos
princípios estabelecidos para a produção integrada do abacaxi; 4) Implantar o sistema de manejo
integrado de pragas e monitorar e controlar a ocorrência de pragas e doenças, as propriedades químicas do
solo e a nutrição do abacaxizeiro, tanto no sistema de produção integrada (PI) quanto no de produção
convencional (PC); 5) Reduzir o impacto ambiental mediante o uso de práticas racionais de manejo do
solo e da planta, manejo de pragas e doenças, manejo em pré- e pós-colheita, e uso racional de
agroquímicos, com coleta seletiva de suas embalagens, de acordo com a lei federal sobre o assunto; 6)
Comparar a produção e a qualidade dos frutos do abacaxizeiro com base no estado nutricional das plantas,
incidência de pragas e doenças em unidades conduzidas nos sistemas PI e PC; e 7) Realizar o
levantamento sócio-econômico da atividade. A seguir são relatadas as ações do projeto “Produção
Integrada de Abacaxi no Tocantins” no período compreendido entre novembro de 2004 e junho de 2007.
52
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
Adesão de produtores
As primeiras atividades do projeto produção integrada do abacaxi no Tocantins consistiram em
promover reuniões onde foram apresentadas e discutidas, com os produtores de abacaxi, as diretrizes
gerais para a produção integrada de frutas. Foram também desenvolvidas ações de motivação e consulta
visando atrair produtores para integrarem o processo de implantação da produção integrada do abacaxi.
No ano agrícola 2004/2005 apenas um abacaxicultor seguiu os preceitos da Produção Integrada do
Abacaxi, em um talhão de 230.000 plantas, na Fazenda Cedro, Município de Miracema do Tocantins,
instalado em dezembro/2004. Visando a divulgação do projeto e adesão de produtores, durante o ano de
2005 foram proferidas 10 (dez) palestras motivacionais em eventos técnicos, feiras agropecuárias,
cooperativas e associações de produtores. Além das palestras motivacionais, entre 2004 e 2006 foram
realizadas 19 (dezenove) visitas técnicas a plantios de abacaxi pertencentes a potenciais integrantes da
PIN-Abacaxi. Esta estratégia de ação possibilitou a adesão de mais onze produtores no ano agrícola
2005/2006 e de quinze em 2006/2007. Assim sendo, o Projeto conta atualmente com a participação de 23
(vinte e três) abacaxicultores distribuídos por 12 (doze) municípios do Estado do Tocantins (Aparecida do
Rio Negro, Bom Jesus, Fortaleza do Tabocão, Guaraí, Miracema do Tocantins, Miranorte, Monte Santo,
Paraíso do Tocantins, Pedro Afonso, Porto Nacional, Rio dos Bois e Tupirama). Em 2007, a área de
cultivo de abacaxi em sistema de produção integrada no Estado do Tocantins é de cerca de 4,3% da área
total plantada com essa cultura naquele Estado.
Diagnóstico participativo (perfil da abacaxicultura tocantinense)
Um diagnóstico participativo foi realizado de maneira a permitir traçar o perfil da abacaxicultura
tocantinense, assim como estabelecer o sistema de produção convencional do abacaxi no Estado. Entre os
problemas identificados destacam-se: a) mudas de baixa qualidade; b) inexistência de produtores de
mudas credenciados; c) ausência de práticas de conservação do solo: d) adubação sem critérios técnicos –
utilização de diversas formulações não apropriadas para o abacaxizeiro; e) irrigação praticada sem
critérios técnicos; f) controle preventivo de pragas e doenças (calendário); g) uso intensivo de herbicidas
pré-emergentes, e em doses elevadas, para controle das plantas infestantes (quatro aplicações por ciclo);
h) capinas manuais associadas a aplicação de herbicidas para controle do mato(seis capinas por ciclo); i)
uso contínuo e abusivo de inseticidas e fungicidas; l) utilização de indutores florais em dosagens três a
quatro vezes mais elevadas que as demais regiões produtoras; k) dificuldades de definição do ponto de
colheita; 1) inexistência de resultados de pesquisa.
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
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Atividades de capacitação
Entre setembro/2004 a julho/2007 foram realizados vinte e quatro (24) cursos abordando os
seguintes temas: 1) Produção Integrada de Frutas; 2) Boas Práticas Agrícolas na produção integrada de
abacaxi; 3) Boas práticas agrícolas na pós-colheita do abacaxi; 4) Manejo Integrado de Pragas e Doenças;
5) Aplicação de defensivos agrícolas; 6) Cultura do Abacaxi com Ênfase em Produção Integrada; 7)
Produção Integrada do Abacaxi; e 8) Produção integrada do abacaxi com ênfase para monitoramento de
pragas e doenças. A realização dos cursos resultou na capacitação de 937 (novecentos e trinta e sete)
profissionais envolvidos no agronegócio tocantinense do abacaxi (abacaxicultores, trabalhadores rurais,
agrônomos, técnicos agrícolas, estudantes, consultores autônomos entre outros).
Durante o período de condução do projeto foram realizados três (03) dias de campo sendo um
sobre “Culturas de cobertura no manejo do mato em pomares de abacaxi conduzidos em sistema de
produção integrada”, Fazenda São João, Pedro Afonso-TO, com 95 participantes; o segundo foi sobre
“Cultura do abacaxi”, Fazenda Cedro, Miracema-TO, 67 participantes; e o terceiro sobre o tema ”Manejo
de plantas infestantes e adubação na cultura do abacaxi em sistema de produção integrada”. Fazenda São
João, Pedro Afonso-TO, que contou com a presença de 143 participantes.
Tabela de adubação
No ano de 2005 os membros da equipe técnica do projeto “Produção Integrada de Abacaxi no
Tocantins” especialistas em fertilidade do solo e nutrição de plantas, elaboraram a Tabela de Adubação
do Abacaxi para o Estado do Tocantins, a primeira do gênero naquele Estado, publicada na forma de
Comunicado Técnico da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento do Estado do Tocantins
(SEAGRO), e que está sendo utilizada para recomendar a adubação do abacaxizeiro no Estado (Tabela 1).
A validação dessa tabela de adubação está sendo realizada mediante condução de cinco experimentos,
delineados pela equipe técnica do projeto/especialista em fertilidade do solo e nutrição de plantas, e
instalados nas regiões produtoras de Miracema do Tocantins, Paraíso do Tocantins, Pedro Afonso e Porto
Nacional, em parceira com os abacaxicultores, Universidade Federal do Tocantins (UFT) Campus de
Gurupi, SEAGRO e Cooperativa Agropecuária de Pedro Afonso (COAPA).
Manejo do mato e conservação do solo
O manejo sustentável do solo e das plantas infestantes está sendo estudado em unidades
experimentais instaladas na Fazenda São João, município de Pedro Afonso, onde estão sendo avaliados os
efeitos de culturas de cobertura (capim pé de galinha, Cynodon dactylon, e o milheto, Pennisetum
americanum,) e do cultivo mínimo sobre o desenvolvimento e produção do abacaxizeiro. Uma outra
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I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
unidade experimental foi instalada na Fazenda Boa Hora, Município de Pedro Afonso, onde está sendo
estudado o efeito do feijão guandu (Cajanus cajan) e do estilozante (Stylosanthes sp.) como culturas de
cobertura no manejo sustentável do solo e das plantas infestantes em plantios de abacaxi conduzidos sob
sistema de produção integrada. Os resultados já obtidos não mostraram efeito de competição do milheto,
capim pé de galinha sobre o desenvolvimento do abacaxizeiro, conforme evidenciado pelo estado
nutricional das plantas determinado pela análise da folha D. Quando da colheita, os percentuais de frutos
acima de 1.500 g foram mais elevados nas quadras com milheto, 84,30%, e capim pé de galinha, 70,78%,
em comparação com o cultivo convencional, 64,39%. Estes resultados mostram o efeito positivo do uso
de culturas de cobertura em plantios de abacaxi conduzidos sob sistema de produção integrada, com
reflexos inclusive no valor da produção.
Tabela 1. Recomendações de adubação para o abacaxizeiro, no Estado do Tocantins, com base em
resultados analíticos do solo.
Nutriente
No plantio
Nitrogênio
Em cobertura – após o plantio
1º ao 2º mês
50
3º ao 4º mês
5º ao 6º mês
N (kg/ha)
60
Antes do TIF
70
80
P2O5 (kg/ha)
Fósforo no solo (Mehlich, mg/dm3)
Até 5
6 a 10
11 a 15
90
60
30
K2O (kg/ha)
Potássio trocável no solo (cmolc/dm3)
Até 0,07*
100
120
140
0,08 a 0,15
90
105
120
0,16 a 0,23
75
90
105
0,24 a 0,31
60
75
90
0,32 a 0,40
50
60
70
TIF – Tratamento de indução floral
*Estas faixas equivale aproximadamente às faixas de: até 30; 31 a 60; 61 a 90; 91 a 120 e 121 a 155 mg dm3 de K
160
140
120
100
80
Informações complementares:
Densidade de plantio – as doses recomendadas pressupõem densidades de plantio em torno de 28 mil plantas/ha.
Adubação fosfatada – se conveniente para o produtor, a adubação fosfatada pode ser feita por ocasião da 1ª adubação em
cobertura, junto com o nitrogênio e o potássio, em lugar da aplicação no plantio.
Aplicação dos adubos em cobertura – em função do manejo dispensado à cultura, inclusive no que se refere ao uso, ou não, da
irrigação, o parcelamento das doses totais dos adubos pode ser reduzido para três vezes, ou ampliado para cinco ou mais vezes.
As adubações devem coincidir com períodos de boa umidade no solo, inclusive na quarta aplicação (início das chuvas do ano
subsequente ao do plantio).
Adubação suplementar – constatando-se plantas pouco vigorosas e/ou com sintomas de deficiências nutricionais, na época
prevista para a indução do florescimento, podem ser feitas adubações suplementares, por via sólida ou por via líquida, de
preferência até 60 dias após a indução.
Fontes de nutrientes – na escolha dos adubos a serem utilizados é importante que pelo menos um deles seja também fonte de
enxofre. Os termosfosfatos magnesianos, usados como fontes de fósforo, são também fontes de magnésio.
Adubação com micronutrientes – por ocasião do plantio, aplicar, por planta, 03 g das fritas BR- 9 ou BR-12, ou de um outro
similar. Os micronutrientes podem também ser fornecidos de forma suplementar, após o estabelecimento da cultura,
preferentemente pela via líquida.
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
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Avaliações visuais na unidade de cultura de cobertura instalada na Fazenda Boa Hora não
mostraram efeito de competição do feijão guandu. Por outro lado, o estilozantes apresentou competição
com o abacaxizeiro causando sintomas visuais de deficiência nutricional provavelmente devido ao
manejo utilizado. Considerando a excelente cobertura do solo proporcionada pelo estilzantes, novos
experimentos foram planejados nos qual o número de roçagens dessa cultura de cobertura foi aumentado
numa tentativa de reduzir o efeito de competição.
Na Fazenda Realeza, município de Porto Nacional, e na Fazenda Conquista, município de
Tupirama, foram instaladas unidades de produção integrada de abacaxi em curvas de nível, como
alternativa para a conservação do solo sob o abacaxizeiro, unidades estas que se encontram em fase de
desenvolvimento vegetativo.
Ainda com referência ao manejo sustentável do mato e do solo, foi desenvolvida uma alternativa
para o controle das plantas infestantes associadas à cultura do abacaxizeiro que consiste na roçagem das
entre linha do plantio mediante utilização de uma roçadeira manual com motor a explosão. Resultados
preliminares mostraram, além de eficiência no manejo das plantas infestantes, vantagens ambientais
econômicas e sociais, portanto em perfeita concordância com os preceitos da Produção Integrada de
Frutas. Algumas dessas vantagens são a seguir relatadas: 1) A parte aérea das plantas infestantes
permanece sobre o solo, constituindo-se em cobertura morta, protegendo-o contra a erosão hídrica, assim
como reduzindo a intensidade de infestação subsequente pelas plantas associadas ao abacaxizeiro; 2) A
eficiência da roçadeira manual no manejo das plantas infestantes do abacaxizal dispensa o controle
químico (aplicação de herbicidas), portanto contribuindo de maneira significativa para a preservação
ambiental, reduzindo problemas de contaminação da água e do solo. 3) O uso da roçadeira manual
substitui também a capina manual e, por conseguinte, seus efeitos negativos ao meio ambiente como, por
exemplo, a exposição excessiva e prolongada do solo descoberto à ação das intempéries; 4) A roçagem,
sendo realizada a cerca de 10 cm da superfície do solo, não provoca alterações em sua estrutura física; 5)
A roçagem das plantas infestantes associadas à cultura do abacaxizeiro é atividade que exige menor
esforço em comparação com a capina manual; 6) Comparada com o controle químico, a roçagem não
apresenta riscos à saúde humana, haja vista que não há exposição do trabalhador aos efeitos negativos dos
herbicidas; 7) Além de requerer menor esforço físico do trabalhador, a roçagem também permite projetar
uma redução acentuada na probabilidade de acidentes de trabalho, tanto em comparação com a capina
manual, quanto ao controle químico; 8) A roçagem de um hectare de abacaxi utilizando a roçadeira
manual pode ser feita com apenas um homem/dia, e um consumo médio de 3 litros de combustível
enquanto para proceder a capina manual em uma área de igual superfície são necessários 10 homens/dia.
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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
Monitoramento de pragas e doenças
O monitoramento da fusariose, doença causada pelo fungo Fusarium subglutinans, da pordidãodo-olho, Phytophthora nicotianae var. parasitica e da murcha associada à cochonilha, “Pineapple
mealybug wilt virus”/Dysmicoccus brvipes estão sendo realizados, com periodicidade mensal, nas quinze
unidades de produção integrada de abacaxi no Tocantins. Os resultados obtidos até o momento nas
unidades de produção integrada de abacaxi têm mostrado que, durante o ciclo vegetativo da cultura, a
incidência da fusariose variou de 0,0 a 16,6%, e da murcha-associada-à-cochonilha, de 0,0 a 6,4%. O
monitoramento da broca do fruto, Strymon megarus, é realizado, com freqüência semanal, no período
correspondente ao aparecimento da inflorescência na roseta foliara até o fechamento das flores.
Racionalização do uso de agrotóxicos
A introdução de tecnologias sustentáveis para o manejo do mato em plantios do abacaxizeiro
conduzidos sob sistema de produção integrada resultou na eliminação do uso de herbicidas em préemergência, com reflexos positivos na preservação ambiental. Adicionalmente procedeu-se a redução de
quatro para duas aplicações de herbicidas unicamente em pós-emergência. Procedeu-se também uma
redução na dosagem de herbicida aplicada de 6 a 10kg/ha para 2 a 3 kg/ha. A avaliação social, econômica
e ambiental da produção integrada do abacaxi no Tocantins mostrou, de acordo com produtores, uma
redução de 47% na freqüência de aplicação de herbicidas. Considerando a redução na quantidade aplicada
do produto e a freqüência de aplicação, estima-se uma redução de 75% deste agrotóxico.
Com a implantação e implementação do monitoramento de pragas e doenças nas unidades de
produção integrada de abacaxi no Tocantins, eliminou-se a prática do controle químico preventivo de
pragas e doenças comumente utilizada pelos abacaxicultores tocantinenses. A implementação de
intervenções de controle com base no monitoramento resultou em redução da ordem de 38% no uso de
inseticidas, e de 23% de fungicidas.
Racionalização no uso de fertilizantes
Quando do diagnóstico participativo da abacaxicultura tocantinense, constatou-se que a adubação
do abacaxizeiro naquele Estado era praticada sem critérios técnicos. Em função disto o projeto “Produção
Integrada de Abacaxi no Tocantins” promoveu, a elaboração da “Tabela de Adubação do Abacaxi para o
Estado do Tocantins”, a primeira do gênero naquele Estado, publicada na forma de Comunicado Técnico
da Secretaria de Agricultura Pecuária e Abastecimento do Estado do Tocantins, resultante da parceria
entre o Projeto, a Secretaria de Agricultura do Tocantins, a Escola de Agronomia da Universidade Federal
do Tocantins e abacaxicultores. A utilização da referida Tabela para recomendação da adubação
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
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possibilitou, nas unidades de produção integrada do abacaxi no Tocantins, reduções significativas no uso
de fertilizantes, mantendo a qualidade do produto final. As taxas de redução na quantidade de fertilizantes
são especificadas a seguir: uréia, 31%; sulfato de amônio, 25%; superfosfato simples, 29%; cloreto de
potássio 43%.
Redução nos custos de produção
O manejo do mato mediante roçagem com roçadeira manual com motor a explosão reduz a mão
de obra de 60 d/h por hectare por ciclo da cultura utilizada na capina manual (sistema convencional), para
10 d/h por hectare por ciclo (sistema integrado), o que corresponde a 83% de redução. No caso da
aplicação de agrotóxicos a redução foi de 42%, equivalente a utilização de 31 d/h por hectare por ciclo da
cultura no sistema convencional para 18 d/h por hectare por ciclo da cultura no sistema integrado.
Considerando-se as duas atividades conjuntamente, a redução na mão de obra foi de 69,2%.
Unidades demonstrativas
Considerando que o cultivo de variedades resistentes é a medida mais eficiente, econômica e
ambientalmente não agressiva para o controle de fitomoléstias, foram instaladas quatro unidades
demonstrativas do abacaxi ‘Imperial’, resistente à fusariose nas regiões produtoras de Aparecida do Rio
Negro (Fazenda Santo Ângelo), Miracema do Tocantins (Fazenda Cedro), Pedro Afonso (Fazenda São
João) e Porto Nacional (Fazenda Realeza). Todas as unidades demonstrativas estão sendo conduzidas de
acordo com os preceitos da produção integrada de abacaxi. Considerando que as maiores incidências da
fusariose no Tocantins são verificadas nas colheitas do mês de maio, o tratamento de indução floral está
previsto para ser realizado em novembro/dezembro de 2007 o que possibilitará a colheita em abril/maio
de 2008, fornecendo aos abacaxicultores a possibilidade de efetuar uma comparação entre comportamento
do abacaxi ‘Imperial’ e do ‘Pérola’, no que diz respeito à incidência da fusariose.
Parcerias
Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Estado do Tocantins (SEAGRO);
Cooperativa Agropecuária de Pedro Afonso (COAPA); Instituto de Desenvolvimento Rural do Tocantins
(RURALTINS); Agência de Defesa Agropecuária do Tocantins (ADAPEC); Universidade Federal do
Tocantins (UFT), Campus de Gurupi; Faculdades Guaraí (FAG); Serviço de Apoio à Pequena e Média
Empresa (SEBRAE); Abacaxicultores; Amazônia Fruit; Realeza Fruit.
58
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
Publicações
MATOS, A. P. de. Manejo integrado da podridão-do-olho do abacaxizeiro. Cruz das Almas: Embrapa
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MATOS, A. P. de. Manejo integrado da podridão-negra do fruto do abacaxizeiro. Cruz das Almas:
Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical, 2005. 2 p. (EMBRAPA-CNPMF. Abacaxi em Foco, 34).
MATOS, A. P. de; CABRAL, J. R. S. Manejo integrado da fusariose do abacaxizeiro. Cruz das
Almas: Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical, 2005. 2 p. (EMBRAPA-CNPMF. Abacaxi em Foco,
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MATOS, A. P. de; SOUZA, L. F. da S.; SANCHES, N. F.; ELIAS JR., J. Produção integrada do abacaxi
no Tocantins: situação, perspectivas e dificuldades na implementação. IN: SEMINÁRIO BRASILEIRO
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Embrapa Agroindústria Tropical, 2005. p. 162. (Embrapa Agroindústria Tropical. Documentos, 99).
MATOS, A. P.; SOUZA, L. F. da S.; SANCHES, N. F.; TEIXEIRA, F. A. Integrated Pineapple
Production in Brazil: An R&D Project. Pineapple News, n. 13, p. 16-17, may 2006.
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Roçadeira com motor a explosão: nova alternativa para manejo das plantas infestantes na cultura do
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Disponível em: <http://www.cnpmf.embrapa.br/informativos/abacaxi/abacaxi_4_1_06.pdf>. Acesso em:
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MATOS, A. P.; TEIXEIRA, F. A.; SANCHES, N. F.; ELIAS JR., J.; SOUZA, L. F. da S.; CORDEIRO,
D. G.. Roçadeira manual com motor a explosão: alternativa para o manejo integrado do mato em
abacaxizais conduzidos em sistema de produção integrada. In: SEMINÁRIO BRASILEIRO DE
PRODUÇÃO INTEGRADA DE FRUTAS, 8., 2006, Vitória, ES. Anais... Vitória: Incaper, 2006. p. 145.
SANCHES, N. F. Manejo integrado da broca-do-fruto do abacaxi. Cruz das Almas: Embrapa
Mandioca e Fruticultura Tropical, 2005. 2 p. (EMBRAPA-CNPMF. Abacaxi em Foco, 36).
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Fruticultura Tropical, 2005. 2 p. (EMBRAPA-CNPMF. Abacaxi em Foco, 35).
SANCHES, N. F.; MATOS, A. P.; TEIXEIRA, F. A.; ELIAS JR., J.; CORDEIRO, D. G. Monitoramento
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SOUZA, L. F. da S.; MATOS, A. P. de; SIEBNEICHLER, S. C.; ELIAS JÚNIOR, J.; CORDEIRO, D. G.
Recomendação de adubação para o abacaxizeiro no Estado do Tocantins, com base na análise do
solo. Tocantins: Secretaria de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento do Tocantins, 2005. 2 p.
(Secretaria de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento do Tocantins. Comunicado Técnico, 04).
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
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Depoimentos de alguns de produtores participantes da PIN-Abacaxi
“No Tocantins, tradicionalmente o abacaxizal é mantido limpo durante todo o seu ciclo produtivo
mediante aplicações de herbicidas pré-emergentes e capinas manuais. A proposta do Projeto Produção
Integrada do Abacaxi de manejar o mato por meio de culturas de cobertura, roçagens com uma
roçadeira manual com motor a explosão, cobertura morta, e eventualmente herbicida pós-emergente me
pareceu bastante atrativa. Hoje planto feijão guandu entre as fileiras duplas do abacaxizal, faço a
roçagem e deixo a cobertura morta.”(Euid Eduardo Moura, Fazenda Boa Hora (8 hectares plantados com
abacaxi), Pedro Afonso, Agosto/2007).
“As principais contribuições que recebi com minha adesão ao Projeto Produção Integrada do
Abacaxi dizem respeito à necessidade de ter um planejamento e uma organização do plantio. Atualmente
tenho um planejamento das atividades, sei o que fazer, quando fazer, e como fazer. Se não sei como
fazer, procuro orientação técnica junto à coordenação do projeto.” (Delson Hansen, Estância Lajedo (15
hectares plantados com abacaxi), Fortaleza do Tabocão-TO, Fazenda Juazeiro (10,5 hectares cultivados
com abacaxi) Guaraí-TO, Novembro/2006).
“Antes de aderir ao Projeto Produção Integrada do Abacaxi meu plantio carecia de organização.
Eu percorria todo o plantio para conseguir colher frutos suficientes para formar a carga de uma
caminhonete. Depois que aderi ao projeto já consegui vender um caminhão fechado.” (Roney
Lopes/Evanis Roberto Lopes, Fazenda São João (6 hectares cultivados com abacaxi), Pedro Afonso-TO,
Novembro/2006).
“Depois que aderi ao Projeto Produção Integrada do Abacaxi melhorei em muito a organização
e o planejamento do meu plantio com reflexos positivos na comercialização dos frutos e aumento da
renda.” (Glauco Giordani, Fazenda Roncador (28 hectares de abacaxi), Aparecida do Rio Negro-TO,
Novembro/2006).
“No meu plantio de abacaxi não entra mais um grama de herbicida; o manejo do mato é feito
apenas por roçagens com a roçaderia manual com motor a explosão.” (Washington Dias, Fazenda São
Bento (60 hectares cultivados com abacaxi), Miracema do Tocantins-TO, Novembro/2006).
“Plantava cerca de 300.000 pé de abacaxi, e estava desistindo da atividade quando tomei
conhecimento do Projeto Produção Integrada. Resolvi experimentar e plantei 620.000 pés (240.000 no
sistema convencional e 380.000 no sistema integrado). No princípio não acreditei que o manejo do mato
por meio de roçagens e somente herbicida pós-emergente daria certo. Os resultados foram tão bons que
já plantei mais 500.000 pés. Minha meta é chegar a 1.500.000 pés de abacaxi até 2008. Estou reduzindo
o rebanho bovino e me dedicando mais à cultura do abacaxi.” (Nelmo Kliemann, Fazenda Santo Ângelo
(25 hectares cultivados com abacaxi), Aparecida do Rio Negro-TO, Março/2007).
60
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
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SAPI leite bovino
Roberta Mara Zuge
Carmen N. M. Cortada
Introdução
O agronegócio brasileiro, em geral, tem superado a expectativa de produção nos últimos anos.
Esta produção sofre diversos tipos de concorrência e os produtores ainda necessitam garantir que
produzem com qualidade, uma exigência dos mercados. Na área de produção de alimentos, os problemas
ligados à qualidade vêm aumentando pelos fatores relacionados à industrialização e crescimento da escala
das empresas, à tendência de suprimento globalizado dos supermercados e das indústrias, à crescente
complexidade das cadeias de produção e distribuição e, mundialmente, à preocupação dos consumidores
com a saúde. Desta maneira, os fornecedores são motivados a evidenciar aos consumidores o que seus
produtos realmente são. Para demonstrar e garantir o que os seus produtos podem oferecer aos
consumidores, os produtores dispõem com recursos como a rastreabilidade, a certificação ou mesmo os
mecanismos reputacionais.
A cada dia, em sintonia com o processo de globalização da informação, esta preocupação com a
qualidade dos produtos agropecuários tem sido mais presente (difundida, tem se tornado cosmopolita),
resultando em demandas semelhantes, tanto no mercado europeu, quanto no mercado americano ou de
outras partes do mundo. De uma maneira geral, o foco da preocupação tem sido a composição final dos
produtos oferecidos que, pelo processo de produção, ou mesmo pela busca intensa de maior
produtividade, apresenta ampla possibilidade de contaminação por elementos químicos, físicos e
biológicos. Na modernização do processo de produção novos elementos têm sido incorporados, cuja
inocuidade ainda não está comprovada. Atualmente, podemos arrolar como as principais preocupações
dos consumidores, as que se referem à presença de resíduos de agroquímicos, contaminação dos produtos
agropecuários por microrganismos e à alteração da composição genética do produto por meio da
introdução de genes de outras espécies. A importância do tema resulta no fato de que estas preocupações
se tornam o elemento motivador preponderante para a criação e implementação de normas técnicas,
regulamentos e padronização dos produtos agropecuários.
Dentre estes problemas, os produtos oriundos de produção animal têm merecido destaque na mídia
por problemas recorrentes em diversos continentes. Assim, o país que quiser se manter competitivo nos
mercados deve evidenciar uma produção segura de alimentos, em especial após as crises alimentares,
como a causada pelo aparecimento da BSE, da contaminação com dioxina e diversas outras intoxicações
alimentares, que ocorreram nos EUA e Comunidade Européia nos últimos anos.
62
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
Os produtores de leite estão no ramo de produção de alimentos e assim, devem garantir que leite
cru que produzem possam satisfazer as exigências dos laticínios e do consumidor final quanto ao sabor, à
qualidade e à segurança.
No passado, a reputação da indústria ou acertos verbais eram suficientes para garantir ao
consumidor que o alimento era seguro; no entanto, hoje em dia os consumidores exigem provas de que o
alimento que está sendo adquirido enquadra-se em requisitos de segurança de alimentos. Os produtores de
leite desempenham um importante papel central no que diz respeito à qualidade do leite cru, que é
fundamental para o desempenho e viabilidade da indústria de laticínios, bem como para a vida de
prateleira do produto.
O estabelecimento de normas e regulamentos para a elaboração de produtos, agropecuários ou
não, contribui para aperfeiçoar o fluxo de informações e o entendimento entre produtores, vendedores,
compradores e os demais agentes envolvidos nas transações comerciais, garantindo tratar-se do mesmo
produto quando enquadrado num padrão específico, pré-estabelecido e conhecido dos interessados. De
modo geral, os padrões são estabelecidos levando em consideração os requisitos e demandas dos
interessados, que podem ser resultado de um acordo entre as partes, ou elaborados por organismo
detentor de capacidade, competência e idoneidade para tanto, nos quais as partes interessadas
reconhecem o processo por meio de adesão.
A Avaliação da Conformidade é um instrumento que promove o desenvolvimento industrial,
coopera para o aumento da competitividade das micro e pequenas empresas contribuindo para a melhoria
da qualidade de produtos e protegendo o consumidor. Também estimula a concorrência, fortalece o
mercado interno e tem impacto positivo na balança comercial, pois promove incremento nas exportações,
por melhorar a competitividade, facilitando o acesso a novos mercados.
A avaliação da conformidade é mera técnica de confrontação dos requisitos estabelecidos por
determinada norma com as condições de elaboração de um bem ou serviço. É a checagem realizada por
agentes de um organismo credenciado para conceder uma certificação (auditoria externa) ou por agentes
da própria empresa para verificar se o conjunto de requisitos especificados em determinada norma são
observados e atendidos pelo produtor (auditoria interna).
Cadeia Produtiva do Leite
A despeito das dificuldades e crises, o agronegócio no Brasil é responsável por aproximadamente
um terço do Produto Interno Bruto, contribuindo com mais de 40% das exportações nacionais nos
últimos três anos. Os principais produtos da pauta de exportação brasileira são a soja, os sucos de frutas
(laranja), as frutas frescas e as carnes. O país ocupa a terceira posição no ranking dos maiores produtores
mundiais de frutas, é o segundo maior produtor e exportador de soja e o maior exportador de carne
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
63
bovina. Numa projeção para os próximos anos, o setor deverá ofertar, entre empregos diretos e indiretos,
aproximadamente 39% do total de postos de trabalho disponíveis no país. Tudo isso é possível pela
elevada e crescente produtividade da agropecuária, que apresenta um imenso rol de produtos advindos do
campo, produzidos com mais rapidez e quantidade do que na maioria dos países do mundo, em razão das
condições climáticas favoráveis, da disponibilidade de água e de investimentos em qualificação de
pessoas e desenvolvimento de técnicas de produção mais adequadas às condições nacionais.
O Brasil passou de importador de leite a exportador, ainda em valores não tão significativos como
outras cadeias do agronegócio, mas com perspectivas bastante promissoras de exportação, com a
produção de derivados com maior valor agregado. Com relação à participação no Comércio Internacional,
os maiores exportadores disponibilizam 30 bilhões de litros ao mercado internacional, sendo os maiores
exportadores a Nova Zelândia com 34%, a União Européia 31% e a Austrália 15%.
As exportações do Brasil que eram de 8,9 milhões de toneladas em 2000, passaram para 68,2
milhões em 2004; um crescimento surpreendente, mas que representa um volume incipiente em relação
aos outros países exportadores.
Queijos e requeijão
Manteiga
Soro de leite
Soro de leite
coalhado
1,82
0,10
0,02
0,03
2005
2000
1,84
1,25
Leite concentrado
Leite não
concentrado
10,99
2,42
61,79
4,77
1,90
0,36
0,00
10,00
20,00
30,00
40,00
50,00
60,00
70,00
Figura 1. Exportações de Lácteos brasileiros.
Importação de lácteos (2000vs2005)
3,3
Queijos e requeijão
Manteiga
0,6
15,7
12,9
31,8
43,1
Soro de leite
Soro de leite coalhado
2000
34,2
Leite concentrado
Leite não concentrado
2005
0,7
0,4
139,0
2,3
0,0
95,9
20,0
40,0
60,0
80,0 100,0 120,0 140,0 160,0
Toneladas
Figura 2. Importações de lácteos.
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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
O sistema agroindustrial do leite no Brasil movimentou R$ 64,78 bilhões em 2004. Do total de
leite produzido, 33,7% foi destinado para a produção de queijos, que movimentou cerca de R$ 5,54
bilhões, 18,7% para leite UHT (longa vida), com o valor de R$ 5,87 bilhões, e leite em pó, que consumiu
18,6% da produção e movimentou mais de R$ 3,54 bilhões em 2004. Outros derivados, como leite A e B,
manteiga e iogurtes consumiram cerca de 2,3 bilhões de litros de leite e movimentaram mais de R$ 4,4
bilhões em 2004. No Brasil, estima-se que em 2007 a pecuária leiteria ofertará 25,1 bilhões de litros, com
um rebanho superior a 22 milhões de animais, com uma produtividade média de 1.145 litros vaca ao ano.
Algumas bacias leiteiras especializadas, caso da região de Campos Gerais no Paraná, destaca-se com uma
produtividade de 7900 kg/305dias/vaca.
Produção Anual de Leite por animal
Volume de leite (x1000L)
vaca por ano
2
1,5
1
0,5
0
Norte
Nordest e
C. Oeste
Sudest e
Sul
Figura 3. Médias de produção de leite anual.
Fonte: IBGE – Pesquisa Mensal do Leite, Pesquisa Pecuária Municipal e Pesquisa Trimestral do Leite. (Valores em milhões de
litros).
Produção diária
Litros de leite
6
5,44
5
4
3,06
3
2
1,64
3,70
2,05
1
0
Nort e
Nordeste
C. Oeste
Sudeste
Sul
Regiões
Figura 4. Médias de produção diária por animal.
Fonte: IBGE – Pesquisa Mensal do Leite, Pesquisa Pecuária Municipal e Pesquisa Trimestral do Leite. (Litros de leite por vaca
por dia nas distintas regiões do país).
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
65
A produção brasileira de leite vem crescendo a uma taxa consistente ao longo dos últimos 25 anos.
De 1995 para 2005, a produção aumentou cerca de 50%, passando de 16,4 bilhões para estimados 25
bilhões. Não só o número é considerável, como também a continuidade do crescimento chama a atenção.
A Argentina, que tem evidenciado bons números nas exportações, teve uma retração de 16% na produção
de leite entre 2001 e 2003, só recuperando a produção no ano passado, para em 2006 atingir 10 bilhões de
litros. De 2001 para 2005, a produção brasileira cresceu 4,5 bilhões de litros, ou seja, metade da
Argentina.
Produção de leite no Brasil
Milhões de litros
25.000
20.000
15.000
10.000
5.000
Brasil
Figura 5. Evolução da produção de leite no Brasil.
Fonte: IBGE – Pesquisa Mensal do Leite, Pesquisa Pecuária Municipal e Pesquisa Trimestral do Leite.
O incremento da produção e da exportação de leite está relacionado à melhoria da qualidade da
matéria-prima, ponto de extrema importância para o futuro da Cadeia Produtiva do Leite no Brasil, em do
aumento do poder aquisitivo da população. Neste cenário, a melhoria da qualidade desencadeia
crescimento, tanto nas exportações, quanto no consumo interno. Por isto, a importância de um novo
conceito de qualidade para o leite produzido.
O conceito qualidade é bastante amplo, pois ele pode ser ampliado quando se incluem na
qualidade o processo de produção e não apenas as características organolépticas e de sanidade, mas
requisitos outros como rastreabilidade, responsabilidade social, bem estar dos trabalhadores e dos animais
e questões ambientais.
Assim, no leite, além de se evidenciar características como porcentagem do gordura, contagem
bacteriana, de células somáticas, entre outras, que podem ser avaliadas em laboratórios específicos, devese evidenciar também que foi produzido em condições adequadas e que a propriedade cumpriu todas as
exigências legais, além de requisitos de boas práticas agropecuárias. Estes requisitos não podem ser
avaliados apenas com ensaios laboratoriais, mas por meio da avaliação da conformidade de terceira parte,
com a emissão de um atestado para o produto e para o processo de produção.
66
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
SAPI Leite Bovino
O processo de criação da norma SAPI Leite Bovino foi iniciada por uma demanda do setor.
Existem diversas iniciativas no sentido de valorização do leite que tenha qualidade. Há décadas os
produtores almejam um sistema que premie o leite de melhor qualidade. Algumas ações já surtiram efeito,
caso do Sindileite-PR, que regula os preços com bonificação do leite que evidenciem as melhores
características. Do mesmo modo, algumas cooperativas gratificam produtores que tenham regularidade de
produção de qualidade, e punem os produtores que entreguem o leite com resíduo ou alta contagem de
células somáticas, como exemplos.
No entanto, estes processos não possuem uma sistematização ou normalização que possa ser
evidenciada, ou mesmo comprovada para o mercado. Assim, uma norma passível de certificação,
atenderia esta demanda do setor.
O projeto conta com o financiamento do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento, por
intermédio do CNPq. Deverá ser finalizado em outubro de 2008, com a consolidação da norma técnica.
Para elaboração dos requisitos da norma SAPI leite foi constituído um comitê gestor, sendo do
Tecpar o coordenador, em parceria com diversas entidades pertinentes, como associações de produtores,
federação da agricultura, organização de cooperativas, secretaria e ministério da agricultura, extensão
rural, universidades e institutos de pesquisa, totalizando 11 organizações. No período de um ano foram
realizadas diversas reuniões com o comitê para elaboração dos requisitos, que no momento estão sendo
implementados em propriedades rurais do Paraná.
Figura 6. Distribuição das propriedades piloto no Paraná.
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
67
No transcorrer do projeto, as entidades que representam os produtores no comitê gestor do projeto
indicaram 20 propriedades para serem avaliadas e selecionadas as que seriam consideradas como
propriedades pilotos. Destas, 8 estão em fase de implementação. As propriedades estão localizadas nas
cidades de Castro, Carambeí e Palmeira.
As propriedades foram pré-selecionadas com o intuito de se obter um grupo que fosse abrangente
em termos de volume e processo de produção e diferentes raças leiteiras. Neste grupo estão representadas
as raças: holandês, jérsei e pardo suíço. Há propriedades com produção em torno de 1000 l de produção
dia, ou menos, e outras acima de 16.000 l. Propriedades com número pequeno de animais em lactação e
outras bem maiores. Assim como estão representados diferentes sistemas de produção: confinado, semiconfinado e a pasto. Do mesmo modo, foi avaliado o interesse do produtor em implementar o processo.
Os dados abaixo das propriedades piloto são da Associação Paranaense de Bovinos da Raça
Holandesa (APCBRH), laboratório de análise do leite do programa de análise de rebanhos leiteiros do
Paraná. A média do estado tem como fonte o IBGE – Pesquisa Mensal do Leite, Pesquisa Pecuária
Municipal e Pesquisa Trimestral do Leite.
Volume de Produção
Produção diária por
vaca
35
34,72
33,60 32,61
31,47
30
29,34
26,13 25,78
25
21,04
20
15
10
5,44
5
0
Propriedade Propriedade Propriedade Propriedade Propriedade Propriedade Propriedade
1
2
3
4
5
6
7
Média do
Média Sul
Grupo
Figura 7. Médias de produção por animal das fazendas pilotos e da região sul do país.
Pode-se perceber, pelo gráfico acima, que algumas propriedades tem um número relativamente
pequeno de animais em lactação (abaixo de 50), o que não impede que tenha uma produção acima de
1000 L de leite por dia.
Alguns requisitos de qualidade do leite estão sendo monitorados, como: a contagem de células
somáticas (CCS), porcentagem de gordura, proteína e sólidos totais. Além dos controles leiteiros,
mensurando quantidade de leite produzido por animal, médias de produção da propriedade entre outros
parâmetros de produção, como controle reprodutivo e sanitário.
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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
Animais em Lactação
Número de animais
400
380
300
308
200
100
124
109
0
1
2
3
55
47
4
5
101
6
Propriedades
S1
7
Figura 8. Número de animais em lactação por propriedade do projeto piloto.
CCS (x 1000/ml)
589
600
500
420
400
341
334
300
286
268
233
228
178
200
100
0
Propriedade 1
Propriedade 2
Propriedade 3
Propriedade 4
Propriedade 5
Propriedade 6
Propriedade 7
Média do Grupo Média do Est ado
Figura 9. Médias de contagem de células somáticas nas propriedades pilotos e do Paraná.
Fonte: APCBRH.
A norma técnica está definida em áreas temáticas, sendo elas:
1. Capacitação
2. Organização de produtores
3. Recursos naturais
4. Requisitos dos animais
5. Manejo sanitário
6. Sistema de rastreabilidade e cadernos de campo
7. Assistência técnica
8. Registros
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
69
9. Instalações, equipamentos e manutenção
10. Gestão de resíduos
11. Manejo alimentar
12. Sistema de produção e manejo
13. Manejo sanitário – sanidade animal
14. Higiene, limpeza e desinfecção
15. Controle de qualidade
16. Legislação pertinente (ambiental, trabalhista, sanitária)
17. Equipamentos de ordenha, resfriadores e manejo de ordenha.
Esta norma está em forma de rascunho, podendo sofrer alterações após os resultados do processo
de implementação nas fazendas pilotos. Os produtores já realizaram treinamentos sobre os requisitos da
Norma e processos de boas práticas agropecuárias e APPCC.
Referências Bibliográficas
ABNT. Sistemas de gestão da análise de perigos e pontos críticos de controle: Segurança de
alimentos. Rio de Janeiro, 2002. 9 p.
BRASIL. Embaixada do Brasil (Estados Unidos da América). Barreiras aos produtos e serviços
brasileiros. Disponível em: <http://www.ruralnet.com.br/utilidades/Downloads/barreiras.pdf>. Acesso
em: 22 jul. 2005.
LAZZAROTTO, N. F. Estudo sobre o mercado de certificações me alimentos no Brasil. In: SEMINÁRIO
INTERNACIONAL PENSA EM AGRIBUSINESS, 9., 1999, Águas de São Pedro, SP. Anais...
OCDE/FAO. Agricultural Outlook 2007-2006. França: OCDE publications, 2007.
ZÜGE, R. M. Certificação no Agronegócio. In: CONGRESSO DE METROLOGIA, Recife, PE, 2003.
70
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
71
Situação atual e perspectivas da Produção
Integrada de Arroz no Brasil
Maria Laura Turino Mattos
José Francisco da Silva Martins
José Alexandre Barrigossi
José Alberto Noldin
George Simon
O sistema de Produção Integrada (PI) foi iniciado no Brasil em 1998, primariamente com frutas
(PIF = produção integrada de frutas), com o principal objetivo de oferecer maior competitividade para o
setor de produção de maçã (SANHUEZA, 2006). O modelo consolidado de PIF foi utilizado como
referência pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) para instalar o Sistema
Agropecuário de Produção Integrada (SAPI) em todo o território nacional (ANDRIGUETO et al., 2004).
Neste contexto, em 2005, foi implantado o sistema de Produção Integrada de Arroz (PIA), instrumento de
apoio ao agronegócio orizícola que está buscando um indicador com identidade visual própria, com
reconhecimento em nível nacional e internacional, que assegure a gestão da propriedade agrícola com
enfoque na qualidade, em franca exigência pela sociedade.
Em sua etapa inicial, a PIA foi implementada em várzeas subtropicais e tropicais nos Estados do
Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Tocantins. No Rio Grande do Sul, este agroecossistema anualmente
recebe elevada carga de insumos químicos, especialmente de fertilizantes, herbicidas, inseticidas, cujos
resíduos, por meio das águas de lançamento, podem contaminar os mananciais hídricos da região. O
modelo conceitual de PIA que será implementado em várzeas tropicais e subtropicais está apresentado na
Figura 1 (MATTOS et al., 2006).
Rotação de
Culturas
Manejo
Integrado do
Solo e da Água
de Irrigação
Semente
de Alta
Qualidade
Monitoramento
Ambiental
Manejo
de Cultivares, da
Cultura e
de Criações
Manejo
Integrado de
Pragas
Produção Integrada
de Arroz Irrigado
Manejo
Integrado de
Nutrientes
Manejo da
Colheita e
Pós-Colheita
Grãos e
Produtos de
Qualidade
Responsabilidade
Social
Segurança
Alimentar e
Ambiental
72
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
Fig. 1. Modelo conceitual da produção integrada de arroz irrigado. Embrapa Clima Temperado, Pelotas, RS.
A PIA é um sistema que ao ser implantado, além de minimizar os impactos ambientais negativos
da lavoura orizícola, irá inserir, direta ou indiretamente, na cadeia produtiva do arroz, boas práticas
agrícolas (BPAs) e vários processos com abordagem alimentar, ambiental e social. constituindo-se em um
sistema de certificação oficial. Na PIA, é fundamental que componentes (cultivares, agrotóxicos,
fertilizantes, equipamentos, etc.), práticas culturais (preparo do solo, semeadura, adubação, irrigação e
drenagem, manejo integrado de pragas (MIP), colheita, beneficiamento, armazenamento, etc.) e recursos
naturais (água, biodiversidade, clima, solo), associados a sistemas de produção de arroz irrigado, sejam
utilizados de modo a permitir a redução do uso de insumos químicos, facilitando o alcance de (1) maior
produtividade e (2) maior qualidade do produto final (segurança alimentar), com (3) segurança ambiental
e responsabilidade social. Na PIA é fundamental o estabelecimento de uma gestão participativa,
envolvendo todos os segmentos da cadeia produtiva do arroz irrigado. Contudo, no decorrer de sua
aplicação, verificam-se alguns desafios e oportunidades para a adoção do processo.
A metodologia empregada para sensibilizar os produtores a aderirem voluntariamente a PIA, foi a
realização de palestras, reuniões, cursos e a confecção de um folder contendo o modelo conceitual da
PIA, onde os orizicultores puderam observar as diferenças entre os sistemas convencional, integrado e
orgânico de cultivo de arroz irrigado. A partir de dezembro de 2005 iniciou-se a aplicação dessa
metodologia em parceria com o MAPA, Instituto Nacional de Metrologia (INMETRO), Conselho
Nacional de Pesquisa (CNPq) e Associação Nacional de Defensivos Agrícolas (ANDEF).
A primeira etapa para implementação da PIA constou da sensibilização da cadeia produtiva do
arroz irrigado. Para tal, foram realizadas reuniões no RS, SC e TO, em dezembro de 2005 e março de
2006, privilegiando o seguinte conteúdo: apresentação do programa de PI, apresentação do projeto PIA e
apresentação da importância da PIA para o aumento do consumo seguro de arroz e competitividade da
cadeia orizícola. O público alvo foi formado por representantes de instituições públicas federais, estaduais
e municipais, e de instituições privadas, todos ligados ao agronegócio do arroz. Para divulgação dessa
etapa, foram utilizados os meios eletrônicos e impressos. Também foram realizadas palestras, publicados
trabalhos em revistas e anais de eventos, visando a multiplicação dos princípios da PIA.
Na segunda etapa, em 2006, foram realizados os cursos básicos de PIA, em Alegrete (RS) e Itajaí
(SC) com o objetivo de capacitar multiplicadores para sua implantação nos segmentos campo e póscolheita (beneficiamento e indústria do arroz). O conteúdo programático dos cursos seguiu o estipulado
pelo MAPA, incluindo: situação atual da PI no Brasil e perspectivas, importância da PIA como um
sistema de melhoria da competitividade do agronegócio, exigências mercadológicas, comercialização:
produto diferenciado e inovações tecnológicas: check tracing e caderneta de campo. Nessa etapa,
surgiram demandas para a realização de cursos em outros estados produtores de arroz irrigado, como foi o
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
73
caso do município de Cabrobó, PE, onde foi realizado um curso com o objetivo de sensibilizar os técnicos
e produtores em relação às vantagens de utilização da PI como forma de agregar valor à sua produção. O
material didático fornecido aos participantes dos cursos tem o apoio do MAPA, do Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Associação Nacional de Defesa Vegetal
(ANDEF).
Nessa etapa, houve a adesão voluntária de produtores ao processo, condição básica para viabilizar
a PIA. Em função disso, foram iniciados o diagnóstico ambiental e o monitoramento de pragas em quatro
áreas piloto nos municípios de Alegrete (RS) e Uruguaiana (RS). O diagnóstico da paisagem, do descarte
de embalagens de agrotóxicos e de resíduos de agrotóxicos e fertilizantes, realizados por técnicos do
projeto em conjunto com os responsáveis técnicos das granjas, seguiram os padrões internacionais
(EATON et al., 2006) de coleta e preservação de amostras de solo, água e grãos e os preceitos
estabelecidos na legislação brasileira. O monitoramento de pragas (principalmente doenças, insetos e
plantas daninhas) foi realizado em conformidade com bases e técnicas de MIP (GOMES; JUNIOR
MAGALHÃES, 2004).
A terceira etapa, em 2007, é composta pela realização de cursos avançados em PIA, enfocando
aspectos da legislação ambiental, do mercado e da certificação, no RS e SC. No RS, em atendimento à
demandas de produtores, estão sendo programados novos cursos básicos de PIA em municípios do litoral
norte e sul do estado. No TO, será realizado o primeiro curso básico de PIA em município orizícola.
Além disso, os documentos da PIA começaram a ser elaborados. Após a elaboração da caderneta de
campo, a caderneta pós-colheita e a grade de agrotóxicos são os próximos documentos. Para isto, é
necessária a formação de um grupo de trabalho interdisciplinar e institucional que deverá reunir
profissionais de elevado conhecimento técnico-científico para discutir e elaborar em conjunto os
documentos. É fundamental nesse processo a busca por informações nas recomendações técnicas oficiais
para a região de cultivo, bem como nas legislações nacionais e internacionais, nas quais o Brasil mantêm
acordos comerciais. Além disso, torna-se imprescindível a realização de treinamentos com responsáveis
pelo preenchimento da caderneta de campo, bem como de funcionários que repassam as informações,
para que haja o uso correto dessa caderneta. Do mesmo modo, deve ocorrer com o uso da caderneta póscolheita, sendo treinados técnicos e funcionários de engenhos e indústrias.
Na safra agrícola 2006/2007, o diagnóstico ambiental e atividades de monitoramento de pragas,
com base nos princípios de Manejo Integrado de Pragas, e de resíduos de agrotóxicos no solo, água e
grãos, foram implementadas. Também foram treinados e sensibilizados técnicos e produtores para fazer
uso da caderneta de campo. Nos treinamentos da PIA foi fundamental a participação de equipes técnicas
interdisciplinares e interinstitucionais com elevado conhecimento sobre o agroecossistema de arroz
irrigado. Os produtores que lideraram a implementação da PIA são aqueles que se sensibilizaram pelos
74
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
pressupostos estabelecidos de acordo com a Organização Internacional para Luta Biológica e Integrada
(OILB) e que buscam uma oportunidade para diferenciação de sua produção no mercado interno e
externo.
Os técnicos que receberam o treinamento especializado avaliaram este processo como uma
oportunidade para qualificação na atividade orizícola incorporando conhecimentos em novas áreas como,
responsabilidade social, certificação e rastreabilidade. Os desafios da PIA são vários mas destacaram-se
como principais: resistência à adoção do monitoramento de pragas que é básico para o uso racional de
agrotóxicos e a dificuldade de adesão por parte de um maior número de produtores e indústrias.
A adoção da PIA é fruto de uma consciência ambiental do produtor e de necessidade de
permanência no mercado. A ampliação dos mercados externos para o arroz, a despeito da manutenção em
mercados como Senegal, Benin e Gâmbia, países do continente africano, como a União Européia, induz a
mudanças de perfil na produção desse cereal, agregando valor com a certificação oficial.
No cenário da PIA novos processos devem ser incorporados, como a gestão adaptativa, onde além
dos modelos de previsão sobre clima, ocorrência de pragas, níveis de produtividade, tendências de
mercado entre outros, tornam-se importantes os monitoramentos dos sistemas de produção, a
interpretação dos dados e análises conforme os princípios da PIA e, a interferência nos sistemas para
adequá-los de forma sustentável.
Referências Bibliográficas
ANDRIGUETO, J. R.; NASSER, L. C. B.; TEIXEIRA, J. M. A. Avanços na produção integrada no
Brasil. In: SEMINÁRIO DE PRODUÇÃO INTEGRADA DE FRUTAS, 8., 2006, Vitória. [Anais...]
Vitória: Incaper, 2006. p. 13-17.
EATON, A. D.; CLESCERI, L. S.; GREENBERG, A. E. Standard Methods for Examination of Water
and Wastewater. 2006. 1000 p.
GOMES, A. da S.; JUNIOR MAGALHÃES, A. M. (Ed.). Arroz irrigado no Sul do Brasil. Brasília, DF:
Embrapa Informação Tecnológica, 2004. 899 p.
MATTOS, M. L. T.; MARTINS, J. F. da S.; NOLDIN, J. A. Modelo conceitual da produção integrada de
arroz. In: CONGRESSO BRASILEIRO DA CADEIA PRODUTIVA DE ARROZ, 2.; REUNIÃO
NACIONAL DE PESQUISA DE ARROZ, 7., 2006, Brasília. Anais... Brasília: Embrapa Arroz e Feijão,
2006. 1 CD-ROM.
VALDEBENITO SANHUEZA, R. M. Desafios da produção integrada de frutas no Brasil. In:
SEMINÁRIO DE PRODUÇÃO INTEGRADA DE FRUTAS, 8., 2006, Vitória. Anais.. Vitória: Incaper,
2006. p. 21-23.
Resumos
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
77
SENSIBILIDADE DE VENTURIA INAEQUALIS AO MICLOBUTANIL
WOLFF, C. M.1; VALDEBENITO SANHUEZA, R. M.2
1
Engª Agrª, CNPUV, CP 1345, 95200-000, Vacaria , RS, [email protected] ; 2 Engª Agrª. Drª., CNPUV.
CP130, 95700-000, [email protected]
Introdução
O sistema de Produção Integrada de Maçã (PIM) limita o uso de pesticidas de alto risco
para selecionar estirpes resistentes estabelecendo limites ao número de pulverizações que o
produtor pode fazer por ciclo para o controle de determinado patógeno. Esta informação consta
nas Normas Técnicas Específicas da PIM e, no caso dos fungicidas inibidores da síntese do
ergosterol (IBE) são permitidas até 6 pulverizações para o controle da sarna da macieira
(Venturia inaequalis), sendo excepcionalmente liberado o uso de tratamentos adicionais. A
ocorrência, caracterização e manejo da resistência de V. inaequalis a este grupo de fungicidas tem
sido relatada no Brasil e em outros paises produtores de maçãs (DELP et al., 1988,
ERRAMPALLI, 2004; GHINI; KIMATI, 2000). O fungicida miclobutanil, do grupo dos IBE, é
utilizado para o controle de Venturia inaequalis na macieira, sendo que a dose inibitória de 50%
do crescimento micelial é de 0,07 ppm para isolados selvagens (ERRAMPALLI, 2004). Quando
usada a dose discriminatória de 0,1 ppm, Koller et al. (1997) consideram que haverá risco de
perda de controle naqueles pomares nos que se constata o tamanho das colônias desenvolvidas
em meio de cultura com fungicida e próxima ao constatado sem fungicida (crescimento relativo
superior a 80%). O objetivo do trabalho foi determinar a sensibilidade ao fungicida miclobutanil
“in vitro” de isolados de Venturia inaequalis coletados em pomares de diferentes regiões
produtoras de maçãs e determinar a produção de conídios e o crescimento de isolados resistentes
em meio de cultura sem fungicida.
Material e Métodos
Foram utilizados 63 isolados de V. inaequalis, coletados no ciclo 2005-2006 e
provenientes de 6 locais: Fraiburgo (SC), Cambará (RS), Vacaria (RS), São Francisco de Paula
(RS), Monte Alegre dos Campos (RS) e São Joaquim (SC). As estirpes foram preservadas em
78
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
placas de Petri com meio BDA-Extrato de Levedura (batata, 74 g; dextrose, 10 g; agar, 34 g e
extrato de levedura, 6 g.L¹‫)־‬.
Para instalação do experimento foi preparado meio de cultura BDA (batata, 200; dextrose,
10; agar, 18 g.L¹‫)־‬sem fungicida e com a dose discriminatória de 0,4 ppm de miclobutanil,
representado pelo Systhane (Dow Agrosciences). Na instalação do experimento foi retirado um
disco do BDA (0,85 cm x 0,85 cm) e substituído por outro de igual tamanho colonizado pelo
fungo. As placas foram incubadas a 20°C e fotoperíodo de 12 h. As avaliações de diâmetro das
colônias ocorreram no 5º, 9º, 13º, 17º e 21º dia de crescimento. Foram utilizadas duas repetições
por isolado e meio de cultura
Para determinação da inibição do desenvolvimento da colônia foi usada a fórmula citada
por Errampalli (2004): Inibição = ([Tamanho no BDA - Tamanho no BDA + Fungicida/Tamanho
no BDA] × 100) e o crescimento relativo (CR) citado por Koller et al. (1997) que consiste no
tamanho da colônia no BDA + Fungicida/Tamanho no BDA × 100. O diâmetro das colônias foi
medido com paquímetro digital, no sentido horizontal e vertical.
Os fatores de competividade de 5 isolados com e sem inibição (colônias que tiveram as
maiores inibições (25 a 50%) e colônias em que a inibição foi menor do que 1%) foram
comparados. Estes fatores foram a taxa de crescimento e a produção de conídios. A contagem de
conídios foi realizada no 25º dia de desenvolvimento da colônia usando hemacitómetro.
Resultados e Discussão
A sensibilidade de isolados de V. inaequalis foi variável dependendo do pomar de origem
não se detectando isolados com inibição do tamanho das colônias superior a 50%, como ocorreria
com isolados selvagens (Tabela 1). No pomar Fraiburgo 1, foi observada alta freqüência (73%)
de isolados com baixa inibição do crescimento das colônias (Fig. 1). Os dados referentes ao
tamanho das colônias de isolados com e sem inibição pelo miclobutanil mostraram que os
isolados mais sensíveis apresentaram colônias maiores em meio de cultura (teste T (p<0,05), mas
a quantidade de conídios nos dois grupos não apresentou diferenças significativas (Tabela 2).
Isolados com alta resistência são aqueles com crescimento relativo de isolados (CR) igual
ou maior a 80% quando avaliados em meio de cultura com 0,1 ppm de miclobutanil. Isolados
com este CR acarretarão perda de controle de 27% (KOLLER et al., 1997). Contudo, os autores
antes citados mostraram que, visto que a resistência aos IBE é de tipo contínuo quando a
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
79
freqüência de isolados com CR>80% é maior de 43%, haverá perda de controle nos pomares
comerciais. Os dados obtidos mesmo que com número pequeno de isolados nos pomares,
sugerem que sinais de ocorrência de resistência são claros no caso dos pomares avaliados, visto
que neste trabalho a freqüência de isolados resistentes (CR>80%) é alta mesmo usando 0,4 ppm
como dose discriminatória (Tabela 1). Assim, poderá haver perda de controle da doença nos
quando as condições sejam propícias á doença nos pomares Fraiburgo 1, Vacaria 1, 2, 3 e 4,
Monte Alegre dos Campos, Cambará e São Francisco de Paula e o risco será somente menos
grave nos outros pomares avaliados.
Os dados obtidos reforçam a validade da exigência da PIM para restringir o uso de
fungicidas IBE à exigência de uso em misturas com fungicidas eficazes e com diferente modo de
ação no patógeno e a limitação do número de pulverizações por ciclo atendendo as
recomendações do Comité de ações para estudo da resistência de patógenos aos fungicidas
(FRAC).
Tabela 1. Frequência de isolados de Venturia inaequalis com sensibilidade variável ao
miclobutanil em meio de cultura com 0,4 ppm do fungicida1.
Locais
Fraiburgo 1
Vacaria 1
Vacaria 2
Vacaria 3
São Joaquim 1
São Joaquim 2
São Joaquim 3
Monte Alegre dos Campos
Cambará
São Francisco de Paula
1
2
N° de
isolados
avaliados
15
5
6
4
6
3
4
6
4
4
Nº de isolados
com inibição
maior a 10%
4
3
5
0
5
3
4
2
1
2
N° de isolados
com inibição
menor a 5%
11
2
1
4
1
0
0
4
3
2
Crescimento
relativo2 dos
isolados de cada
pomar (%)
100,00
100,00
82,90
100,00
79,68
74,53
77,72
100,00
93,94
91,50
Freqüência (%) de
isolados com
crescimento
relativo >80%
93
60
66
100
33
66
75
83
75
75
Média de duas repetições por isolado.
Inibição = ([Tamanho no BDA - Tamanho no BDA + Fungicida/Tamanho no BDA] × 100); Crescimento relativo (CR):
(tamanho da colônia no BDA + Fungicida/Tamanho no BDA) × 100).
80
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
Tabela 2. Características de isolados de Venturia inaequalis sensíveis e resistentes ao
miclobutanil.
Inibição em BDA com
miclobutanil
Isolados
Tamanho das colônias após N° de conídios após 21 dia
21 dia em BDA
em BDA
Resistentes
1. Fraiburgo 7
0
17,8
2. Fraiburgo 8
0
14,59
3. Fraiburgo 9
0
15,09
4. Vacaria 20
0
9,5
5. Vacaria 21
0
14,19
Média
14,23*
Sensíveis
1. São Joaquim 34
33,3
18,49
2. São Joaquim 37
38,2
17,79
3. São Joaquim 42
18,7
17,63
4. Vacaria 53
19,7
16,47
5. Vacaria 54
13,4
19,97
Média
18,07
1
Média de duas repetições por isolado.
* diferença entre o tamanho dos dois grupos conforme teste T (p<0.05).
2,5x105
<105
<105
<105
0,5x 105
1x105
2x105
<105
1x105
<105
Inibição do tamanho das colônias de isolados de
Venturia inaequalis obtidos em pomar de
Fraiburgo em BDA com 0,4 ppm de miclobutanil
25 a 50
N° de isolados
10 a 25
5 a 10
1a5
<1
0
1
2
3
4
5
6
7
Figura 1. Freqüência de isolados sensíveis (inibição > 25%) e resistentes (inibição < 25%) de
Venturia inaequalis obtidos de um pomar de Fraiburgo.
Conclusão
Há alta frequência de isolados de Venturia inaequalis com características de resistência ao
fungicida miclobutanil nas três principais regiões produtoras de maçãs no sul do país.
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
81
Referências Bibliográficas
DELP, C. J.; DELP, B. R; FORT, T. M.; MORTON, H. V.; SMITH, C. M. Fungicide Resistance
in North America. In: FORTH, T. M. (Ed.). Demethylathion Inhibitor (DMI) Fungicides.
Minessota: The American Phytopathological Society, 1988. 77 p.
ERRAMPALLI, D. Distribution of myclobutanil fungicide sensitivities among populations of
Venturia inaequalis, the causal agent of apple scab, in Ontario. Acta Horticulturae, v. 638, p.
157-162, 2004. Trabalho publicado no XXVI INTERNATIONAL HORTICULTURAL
CONGRESS, 2004 intitulado Sustainability of Horticultural Systems in the 21st Century.
GHINI, R; KIMATI, H. Resistência de fungos a fungicidas. Jaguariúna: Embrapa Meio
Ambiente, 2000. 78 p.
KOLLER, W.; WILCOX, W. F. Evaluation of Tactics for Managing Resistance of Venturia
inaequalis to Sterol Demethylation Inhibitors. Plant Disease, New York, v. 83, p. 857-853, 1999.
KOLLER, W.; WILCOX, W. F.; BARNARD, J.; JONES, A. L.; BRAUN, P. G. Detection and
quantification of Venturia inaequalis populations to sterol demethylation inhibitors.
Phytopathology, v. 87, p. 184-190, 1997.
82
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
APLICAÇÕES FOLIARES DE CÁLCIO EM PESSEGUEIRO AUMENTAM OS SEUS
TEORES NA FOLHA E NÃO AFETAM OS TEORES NO FRUTO
MELO, G. W.1; BRUNETTO, G.2
1
Engenheiro Agrônomo, Doutor em Ciência do Solo, Pesquisador da Embrapa Uva e Vinho. Embrapa Uva e Vinho,
Caixa Postal 130, Rua Livramento 515, Cep: 95700-000, Bento Gonçalves, RS, Brasil. E-mail:
[email protected] (Apresentador do trabalho); 2 Engenheiro Agrônomo, Mestre em Ciência do Solo,
Doutorando do PPG em Ciência do Solo da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). UFSM, Centro de
Ciências Rurais (CCR), Dep. de Solos, Caixa Postal 221, Cep: 97105-900, Santa Maria, RS, Brasil. E-mail:
[email protected]
Introdução
O Estado do Rio Grande do Sul, RS, possui a maior área cultivada com pessegueiro do
Brasil e a região da Serra Gaúcha é importante produtora de pêssego para o consumo in natura.
Os pomares se localizam em solos com textura argilosa ou muito argilosa, alto teor de matéria
orgânica, baixa fertilidade e elevada acidez. Por isso, a calagem é indispensável em todos os
sistemas de produção de pêssego, entre eles, a produção integrada, uma vez que, cria um
ambiente favorável ao desenvolvimento das raízes e incrementa a oferta de cálcio para a planta.
Entretanto, como o pessegueiro absorve as maiores quantidades de cálcio do solo, durante um
pequeno período do ano, em taxas relativamente altas, pode ser necessário sua suplementação
com pulverizações dos frutos com sais de cálcio, para garantir melhores características aos frutos.
Alguns trabalhos realizados na região Sul do Brasil indicam que nem sempre a
pulverização de frutos de pêssego com fontes de cálcio melhora as características físicas e
químicas do fruto e aumenta seu período de armazenamento (VISOTTO, 2002). Entretanto, são
escassos os estudos que avaliam o efeito da aplicação de cálcio sobre o seu teor e de outros
nutrientes na folha, que é usada para estimar o estado nutricional da planta, e no fruto, que pode
ser usado como indicativo para definir a ocorrência de distúrbio fisiológico, uma vez que a sua
ocorrência está relacionada ao alto conteúdo de N, Mg e K e suas relações com o cálcio,
fenômeno já conhecido em frutos de macieira (ARGENTA; SUZUKI, 1994; NACHTIGALL;
FREIRE, 1998). O presente trabalho objetivou avaliar o efeito de pulverizações foliares de fontes
de cálcio no seu teor e de outros nutrientes nas folhas e nos frutos.
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
83
Material e Métodos
O trabalho foi composto de dois experimentos realizados em um pomar comercial de
pessegueiro (Prunus persica, L. Batsch), cultivar Chimarrita, porta-enxerto Aldrighi, no
município de Pinto Bandeira, região fisiográfica da Serra Gaúcha do RS, safra agrícola de
2003/2004. Os pessegueiros foram plantados no ano de 1995, espaçamento 4,0 m x 2,5 m e
conduzidos em taça com quatro pernas. O solo do experimento foi um Cambissolo Húmico
(EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA-CNPS, 1999) e apresentava, na
camada de 0-20 cm, os seguintes atributos: argila 270 g kg-1; matéria orgânica 54 g kg-1; pH em
água 6,3; Índice SMP 5,7; Ca trocável 9,30 cmolc dm-3; Mg trocável 4,10 cmolc dm-3; Al trocável
0,0 cmolc dm-3; P disponível 113 mg dm-3 e K disponível 105 mg dm-3.
O experimento 1 compreendeu de uma, duas e três pulverizações foliares de cloreto de
cálcio nas concentrações de 0 (água), 0,5, 1,0 e 2,0%. O experimento 2 consistiu de uma, duas e
três pulverizações foliares de nitrato de cálcio nas concentrações de 0 (água), 0,5, 1,0 e 2,0%.
Nos dois experimentos a aplicação das concentrações de cloreto de cálcio e nitrato de cálcio
iniciou após a plena floração e finalizaram uma semana antes da colheita dos frutos. O
delineamento experimental usado foi de blocos ao acaso, com três repetições, sendo as parcelas
distribuídas ao longo da linha de plantio.
Nas plantas dos dois experimentos foram coletadas folhas completas (limbo + pecíolo) do
terço médio dos ramos do ano, no interior e exterior dos diferentes lados da planta, secas, moídas
e preparadas para a análise de cálcio, nitrogênio, potássio e magnésio (TEDESCO et al., 1995).
Na plena maturação os frutos foram colhidos e numa parte dos frutos foram cortadas duas frações
longitudinais triangulares em cada fruto, cortadas de forma radial, incluindo a epiderme.
Posteriormente, as frações foram trituradas e digeridas a 350°C, usando-se uma mistura de ácido
sulfúrico concentrado e água oxigenada 30 volumes e determinado o cálcio, nitrogênio, potássio e
magnésio (TEDESCO et al., 1995).
Resultados e Discussão
O cloreto de cálcio pulverizado uma, duas e três vezes em concentrações crescentes,
aumentou de forma linear a quantidade de cálcio nas folhas (Tabela 1). Os teores deste nutriente
em todas as concentrações e aplicações realizadas ficaram na faixa de interpretação abaixo do
normal, que varia entre 0,66 a 1,63%, e normal, 1,64 a 2,61% (COMISSÃO DE QUÍMICA E
84
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
FERTILIDADE DO SOLO – RS/SC, 2004). Por outro lado, a quantidade deste nutriente no fruto
não foi afetada (Tabela 1). O cloreto de cálcio pulverizado em nenhuma das aplicações alterou a
porcentagem de nitrogênio, potássio e magnésio nas folhas e nos frutos (Tabela 1). Os teores de
nitrogênio nas folhas em todas as concentrações e aplicações ficaram na faixa de interpretação
abaixo do normal, 1,89 a 3,25%, os de potássio ficaram normal, 1,64 a 2,61% e os de magnésio
abaixo do normal, 0,19 a 0,51% (COMISSÃO DE QUÍMICA E FERTILIDADE DO SOLO –
RS/SC, 2004).
Tabela 1. Cálcio, nitrogênio, potássio e magnésio nas folhas e nos frutos de pêssego submetidos
à aplicação de cloreto de cálcio.
Folha
Fruto
Nitrogênio Potássio Magnésio
Cálcio Nitrogênio Potássio Magnésio
g kg-1
mg kg-1
1 aplicação
0
15,781
24,05ns
14,62ns
5,69ns
41,64ns
481ns
1805ns
83ns
0,5
15,75
22,09
14,41
5,41
41,14
547
1806
84
1,0
16,35
24,10
15,89
4,88
42,29
545
1825
87
2,0
16,75
23,62
16,00
5,01
41,64
525
1805
86
CV, %
1,40
5,07
9,61
10,96
1,75
8,61
3,34
3,37
2 aplicações
0
16,322
23,50ns
15,90ns
6,30ns
41,14ns
520ns
1820ns
78ns
0,5
16,09
23,74
17,61
5,20
38,76
547
1858
79
1,0
17,10
23,20
16,39
5,60
38,76
613
1885
82
2,0
17,46
23,40
17,47
5,91
42,29
612
1889
83
CV, %
3,36
2,50
5,61
11,56
10,82
7,39
2,21
2,48
3 aplicações
0
15,213
24,15ns
14,00ns
6,20ns
39,64ns
515ns
1738ns
79ns
0,5
14,98
23,90
17,47
4,79
35,24
591
1752
84
1,0
16,10
24,72
17,47
4,66
38,76
535
1778
76
2,0
16,44
24,06
16,93
5,97
41,31
569
1740
85
CV, %
4,83
2,85
13,15
15,00
10,80
7,79
4,09
2,91
ns
= não significativo ao nível de 5% de erro;(1) y = 15,28 + 0,351x (R2 = 0,88*); (2) y = 15,63 + 0,443x (R2 = 0,78*); (3) y
= 14,48 + 0,481x (R2 = 0,79*).
Concentração
Cálcio
O nitrato de cálcio pulverizado uma, duas e três vezes em concentrações crescentes
aumentou de forma linear a quantidade de cálcio nas folhas (Tabela 2), sendo que os teores deste
nutriente em todas as concentrações e aplicações ficaram na faixa de interpretação abaixo do
normal, entre 0,66 a 1,63%, e normal, 1,64 a 2,61% (COMISSÃO DE QUÍMICA E
FERTILIDADE DO SOLO – RS/SC, 2004), como encontrado com o uso de cloreto de cálcio. Já
a quantidade deste nutriente nos frutos não foi afetada (Tabela 2), como observado no cloreto de
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
85
cálcio. Por outro lado, a pulverização de nitrato de cálcio em quantidades crescentes não afetou a
quantidade de potássio e magnésio nas folhas e nem tão pouco a quantidade de nitrogênio,
potássio e magnésio no fruto (Tabela 2). O teor de nitrogênio nas folhas em todas as
concentrações e aplicações foram interpretadas como abaixo do normal (1,89 a 3,25%), para
potássio foi normal (1,31 a 2,06%), igual ao encontrado com a aplicação de cloreto de cálcio, e
para magnésio abaixo do normal (0,19 a 0,51%) e normal (0,52 a 0,83%).
As pulverizações foliares de cálcio e a falta de aumento da sua quantidade no fruto esta
associado ao fato que o seu suprimento é limitado aos tecidos onde é depositado. Somado a isso,
a baixa resposta da aplicação foliar de cálcio esta associado aos teores de cálcio no solo, que nos
dois experimentos foi de 9,30 cmolc dm-3, que é considerado alto (COMISSÃO DE QUÍMICA E
FERTILIDADE DO SOLO – RS/SC, 2004).
Tabela 2. Cálcio, nitrogênio, potássio e magnésio nas folhas e nos frutos de pêssego submetidos
à aplicação de nitrato de cálcio.
Folha
Fruto
Nitrogênio Potássio Magnésio
Cálcio Nitrogênio Potássio Magnésio
g kg-1
mg kg-1
1 aplicação
0
16,151
22,50ns
15,05ns
5,55ns
40,14ns
520ns
1650ns
75ns
0,5
16,25
22,31
17,47
5,39
41,15
510
1646
74
1,0
16,55
22,53
16,79
5,36
39,00
517
1805
77
2,0
16,84
22,55
17,20
5,35
41,15
522
1725
76
CV, %
1,71
3,17
12,21
2,01
4,15
2,26
6,98
6,89
2 aplicações
2
3
ns
0
15,80
23,15
15,75
4,90ns
39,50ns
510ns
1830ns
79ns
0,5
15,33
24,25
16,03
4,94
40,64
512
1858
84
1,0
16,22
24,35
15,25
4,96
40,14
522
1859
81
2,0
16,50
24,28
15,57
5,01
40,15
522
1725
79
CV, %
1,27
1,50
1,21
1,91
4,34
2,00
5,88
5,47
3 aplicações
4
5
ns
0
15,90
23,85
16,55
4,88ns
42,29ns
520ns
1713ns
77ns
0,5
16,22
23,63
19,90
4,77
42,14
520
1776
83
1,0
16,81
24,72
17,47
4,96
42,28
522
1772
77
2,0
17,25
26,25
19,63
4,83
42,29
524
1802
74
CV, %
4,62
2,70
10,73
3,08
1,36
2,20
3,08
7,63
ns
= não significativo ao nível de 5% de erro;(1) y = 15,85 + 0,237x (R2 = 0,96*); (2) y = 15,21 + 0,299x (R2 = 0,57*); (3) y
= 23,13 + 0,349x (R2 = 0,62*); (4) y = 15,38 + 0,464x (R2 = 0,98*); (5) y = 22,54 + 0,829x (R2 = 0,81*).
Concentração
Cálcio
86
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
Conclusão
As aplicações foliares de fontes de cálcio em pessegueiro aumentam o seu teor na folha,
mas não afeta o teor de potássio e magnésio, e no fruto, de cálcio, nitrogênio, potássio e
magnésio.
Referências Bibliográficas
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Agrociência, v. 8, p. 31-35, 2002.
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
87
EFEITO DA INTERENXERTIA NO CONTROLE DO VIGOR DE PESSEGUEIRO CV.
JUBILEU NA REGIÃO DE PELOTAS, RS
TOMAZ, Z. F. P.1; LIMA, C. S. M.1; GALARÇA, S. P.1; SILVEIRA, S. S.2; RUFATO, A. R.3;
RUFATO, L.4
1
Eng Agro Mestranda do PPGA de Fruticultura de Clima Temperado FAEM UFPel, [email protected],
[email protected], [email protected], 2Estagiária Dep Fitotecnia FAEM UFPel; 3Eng Agro Dr, FAEM
UFPel Dep Fitotecnia, Cx. Postal 354, [email protected];; 4Eng Agro Dr, CAV UDESC,
[email protected]
Introdução
O Rio Grande do Sul é o principal Estado produtor de pêssegos do Brasil, responsável por
aproximadamente 50% da produção nacional da fruta. Por outro lado, o rendimento médio do
Estado, em torno de 7,0 toneladas.ha-1, situa-se entre os menores do País, denunciando a
existência de limitações no sistema de produção convencional da fruta. Neste sistema, prevalece
o manejo e práticas culturais utilizadas pelo produtor de acordo com sua opção de adoção
(GIOLO et al., 2005).
A produção integrada de frutas (PIF) é definida pela IOBC (Internacional Organization
for Biological and Integrated Control of Noxios Animals and Plants), como “o sistema de
produção que gera alimentos e demais produtos de alta qualidade, mediante a aplicação de
recursos naturais e regulação de mecanismos para a substituição de insumos poluentes e a
garantia da sustentabilidade da produção agrícola; enfatiza o enfoque do sistema holístico,
envolvendo a totalidade ambiental como unidade básica; o papel central do agroecossistema; o
equilíbrio do ciclo de nutrientes; a preservação e o desenvolvimento da fertilidade do solo e a
diversidade ambiental como componentes essenciais; métodos e técnicas biológicas e químicas
cuidadosamente equilibradas, levando-se em conta a proteção ambiental, o retorno econômico e
os requisitos sociais” (FACHINELLO et al., 2005).
As técnicas culturais relacionadas à cultura do pessegueiro têm sido fortemente
modificadas nos últimos anos. Passou-se a empregar densidades de plantio mais elevadas,
maximizando-se o aproveitamento da área e também os tratos culturais. O emprego de alta
densidade de plantas traz consigo a demanda por plantas de menor porte, sem, por sua vez,
88
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
reduzirem sua produtividade. Existem várias técnicas que podem ter efeito no controle do vigor
das plantas, como o emprego de porta-enxertos ananizantes, anelamento do tronco e dos ramos
das plantas, emprego de fitorreguladores de crescimento e a produção das mudas com o uso da
interenxertia (RUFATO et al., 2006).
A interenxertia que, segundo Hartmann et al. (1990), consiste na utilização de um fragmento de caule intermediário ou filtro compatível entre o porta-enxerto e o enxerto, pode influenciar no desenvolvimento da copa e das raízes. Esta é uma técnica que, em regra, tem o objetivo de
diminuir o vigor das plantas, aumentar a eficiência produtiva e melhorar a qualidade das frutas,
conforme já verificado em diversas espécies frutíferas, como cerejeira (LARSEN et al., 1987;
ROZPARA et al., 1990), macieira (KOIKE; TSUKAHARA, 1988), pereira (WESTWOOD et al.,
1989), damasqueiro (OGASANOVIC et al., 1991) e ameixeira (GRZYB et al., 1994).
O objetivo do presente trabalho foi avaliar o efeito de diferentes comprimentos de
interenxertos de Granada no crescimento vegetativo do pessegueiro cultivar Jubileu em dois
ciclos vegetativos.
Material e Métodos
O experimento foi desenvolvido no Centro Agropecuário da Palma da Faculdade de
Agronomia Eliseu Maciel da Universidade Federal de Pelotas, Brasil. Na execução do
experimento, foi utilizado pomar de pessegueiro da cv. Jubileu interenxertada com interenxertos
da cultivar Granada com 5, 10, 15 e 20 cm de comprimento, mais a testemunha (sem
interenxerto). O porta-enxerto Capdeboscq foi obtido a partir da germinação de seus caroços; o
interenxerto e a cultivar copa foram enxertados através da técnica de borbulhia, em janeiro e
julho de 2001, respectivamente. O pomar foi implantado em 2002, num espaçamento de 1,5 x 5
m. As plantas foram conduzidas em “Fusetto”.
Durante o inverno dos anos de 2005 e 2006 foram avaliadas as variáveis: diâmetro do
tronco do porta-enxerto, do interenxerto e da cultivar copa: obtidos através da média das medidas
longitudinal e transversal a linha de plantio do diâmetro do tronco. No caso do diâmetro do
tronco do porta-enxerto, a medida foi realizada 5 cm abaixo do ponto de enxertia do interenxerto;
no caso do interenxerto, a medida foi realizada na metade do comprimento deste e na cultivar
copa a medida foi realizada 5 cm acima do seu ponto de enxertia; volume da copa: obtido pelas
medidas de largura e espessura da copa e a altura a partir do ponto de inserção do primeiro ramo
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
89
no tronco; altura das plantas: obtida pela medida linear da altura das plantas a partir do ponto de
enxertia da cultivar copa e índice de fertilidade de gemas: foram amostrados quatro ramos de
cada planta de pessegueiro, onde realizou-se a contagem do número de gemas floríferas no ramo
e seu respectivo comprimento, determinando o índice de fertilidade através da relação direta entre
o número de pares de gemas floríferas e o comprimento do ramo.
O delineamento experimental utilizado foi de blocos casualizados, com 3 blocos e 5
repetições por tratamento. Os resultados obtidos foram submetidos à análise da variância, e as
médias comparadas pelo Teste Tukey com 5% de probabilidade de erro.
Resultados e Discussão
O índice de fertilidade de gemas no ano de 2005, não diferiu estatisticamente entre os
interenxertos, porém as plantas interenxertadas com interenxerto de 15 cm apresentaram maior
média que os demais tratamentos, confirmando o resultado encontrado por RUFATO et al.
(2006). No ano seguinte (2006) houve diferença significativa estatisticamente, entre os
tratamentos controle e 5 cm de interenxerto e o de 20 cm, observando-se maior índice de
fertilidade de gemas nos dois primeiros tratamentos. Os tratamentos 10 e 15 cm de interenxerto
não diferiram estatisticamente dos demais (Tabela 1).
No ano de 2005, não houve diferença significativa entre as médias das variáves diâmetro
do tronco do porta-enxerto, do interenxerto e da cultivar copa. No caso da primeira variável,
também em 2006, não foram observadas diferenças significativas entre os diferentes
comprimentos de interenxerto. Já em 2006 houve variação significativa entre as médias de
diâmetro do tronco do interenxerto e de diâmetro do tronco da cultivar copa. Para o diâmetro do
tronco do interenxerto, as plantas interenxertadas com interenxerto de 5 cm apresentaram
diâmetro significativamente superior às plantas com interenxerto de 20 cm de comprimento. No
caso do diâmetro do tronco da cultivar copa, a ausência de interenxerto resultou em diâmetro
estatisticamente superior ao tratamento com interenxerto de 20 cm de comprimento (Tabela 1).
O volume da copa não apresentou diferença significativa entre as médias dos tratamentos
nos anos de 2005 e 2006. Sendo que as maiores médias foram verificadas nas plantas sem
interenxerto, contrariando DE ROSSI et al. (2003) que observaram, no caso da macieira, que o
comprimento do interenxerto influenciou o volume de copa.
90
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
O diâmetro do tronco ou área da seção do tronco e volume de copa são variáveis
estreitamente relacionadas. Neste estudo, apesar de ter havido variação significativa entre os
tratamentos, no ano de 2006, para os diâmetros de tronco das três partes da planta, esta variação
não foi observada para o volume da copa.
Tabela 1. Diâmetro do tronco do porta-enxerto, do interenxerto e da copa, volume de copa e
índice de fertilidade de gemas das plantas de pessegueiro ‘Jubileu” interenxertadas com
pessegueiro ‘Granada’, anos 2005 e 2006.
Tratamentos
Índice de
Fertilidade
Diâmetro do PortaDiâmetro do
Diâmetro da Copa Volume da Copa
Enxerto (mm)
Interenxerto (mm)
(mm)
(m3)
Ano
Interenxerto
2005
2006
2005
2006
Sem (controle)
0,42a
0,71a
39.70a
5 cm
0,47a
0,72a
10 cm
0,52a
15 cm
20 cm
2005
2006
2005
2006
2005
2006
34.85a
0
0
33.90a
33.40a
0.85a
2.00a
39.02a
34.78a
42.55a
34.81a
34.02a
32.51ab 0.67a
1.92a
0,70ab
33.41a
32.12a
31.37a
30.55ab
29.12a
29.47ab 0.49a
1.21a
0,50a
0,75ab
43.32a
34.88a
40.31a
33.81a
35.93a
31.99ab 0.82a
1.85a
0,42a
0,62 b
27.95a
30.66a
25.53a
28.95 b
21.48a
21.46 b
1.02a
0.32a
* Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de
probabilidade de erro.
Conclusão
O emprego de interenxerto exerceu influência sobre o diâmetro do tronco tanto do portaenxerto, como do interenxerto e da cultivar copa, principalmente no último ano do estudo, porém
esta influência não foi confirmada no caso do volume da copa das plantas.
Referências Bibliográficas
DE ROSSI, A. et al. Comportamiento vegetativo del manzano ‘Imperial Gala’ con diferentes
longitudes de intermediario de EM9. Información Técnica Económica Agraria. v. 99, p. 140146, 2003.
FACHINELLO, J. C.; TIBOLA, C. S.; PICOLOTTO, L.; DE ROSSI, A.; RUFATO, L.
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Convencional. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v. 27, n. 1, p. 64-67, 2005.
GIOLO, F. P.; GRÜTZMACHER, A. D.; MANZONI, C. G.; FACHINELLO, J. C.;
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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
Integrada
de
Pêssego
a
Trichogramma
(HYMENOPTERA:TRICHOGRAMMATIDAE). Revista
Jaboticabal, v. 27, n. 2, p. 222-225, 2005.
pretiosum
Brasileira
91
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GRZYB, Z. S.; ROZPARA, E.; HARTMANN, W. The influence of different interstems on
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92
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
“AGIR”: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DA ASSOCIAÇÃO DOS PRODUTORES
DE MORANGO DE ATIBAIA E JARINU (SP) PARA A IMPLEMENTAÇÃO DA
PRODUÇÃO INTEGRADA1
HAMMES, V. S.2; CALEGARIO, F. F.3; SILVA, T. A.4
1
Apoio financerio: CNPq (Processo 48.0016/2004-6); 2Engenheira Agrônoma, Embrapa Meio Ambiente, Rod SP
340 - km 127,5, Jaguariúna, SP, [email protected]; 3Engenheira Agrônoma, Embrapa Meio Ambiente,
Rod SP 340 - km 127,5, Jaguariúna, SP, [email protected], 4Bolsista CNPq, Graduação em Engenharia
Ambiental, Unipinhal, Espírito Santo do Pinhal, SP, [email protected].
Introdução
Em abril de 2006, a Embrapa Meio Ambiente em parceria com a Prefeitura da Estância de
Atibaia (convênio nº 21300.04/0003-3) e a Associação dos Produtores de Morangos e
Hortifrutigranjeiros de Atibaia, Jarinu e Região iniciou na região uma seqüência de eventos de
educação e conscientização ambiental da cadeia produtiva visando estimular a implementação da
Produção Integrada de Morangos (PIMo).
Configurou-se um grupo representativo da cadeia produtiva de morango local formado
por produtores, engenheiros agrônomos, técnicos agrícolas, gestores públicos e representantes de
revendas de produtos agropecuários. De acordo com a Macroeducação (HAMMES, 2004), o
processo construtivista e participativo de conscientização ambiental de um grupo proporciona a
re-construção do conhecimento da realidade ambiental local, segundo a práxis socioambiental
“Ver, Julgar e Agir” e subsidia a tomada de decisão de “mudança ou não de atitude”. Neste caso,
orienta a decisão sobre a adoção ou não da PIMo, mais especificamente nas áreas temáticas de
capacitação e organização de produtores conforme o Marco Legal da Produção Integrada de
Frutas do Brasil (ANDRIGUETO; KOSOSKI, 2002). Após o “Ver” da microrregião e das
propriedades rurais e o “Julgar” das vantagens e dificuldades da produção de morangos na região
(CALEGARIO et al., 2006a, 2006b, 2006c, 2006d; HAMMES et al., 2006), realizou-se o “Agir”,
que corresponde à fase de decisão e planejamento do processo de mudança de atitude. Este
trabalho visa descrever esta etapa, que resultou no Planejamento Estratégico da Associação dos
Produtores de Morangos e Hortifrutigranjeiros de Atibaia, Jarinu e Região (SP) para a
implementação da PIMo.
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
93
Material e Métodos
Este trabalho foi estruturado numa programação de dias de campo, oficinas ou reuniões
técnicas organizados de forma construtivista, cuja participação dos atores sociais foi orientada
por planilhas obtidas pela decomposição do conhecimento sobre a realidade ambiental em “Ver”,
“Julgar” e “Agir”, utilizando técnicas de diagnóstico, avaliação de impacto e gestão ambiental,
respectivamente. O “Agir”, objeto deste trabalho, iniciou-se pela análise das planilhas sobre os
problemas agrupados pelos temas: a) Vizinhança e Planejamento da Cidade; b) Gestão Ambiental
Integrada dos Recursos Naturais; c) Questões de Pré-Colheita na Produção de Morango; e d)
Questões de Pós-colheita na Produção de Morango. Tais planilhas orientaram a priorização de
soluções e os encaminhamentos pelas entidades competentes presentes, a partir da análise da
diferença entre Importância (escala de 5 a 1, variando da mais para a menos importante) e o
Prazo (escala de 0 a 4, variando de emergencial a longo prazo), sendo que este último
considerava tempo, custo e urgência para a correção do problema. As planilhas foram
enriquecidas com as palestras “Fortalecimento da Associação” e “Você está disposto a arriscar?”,
que contribuíram para a estruturação de questionamentos, orientação resolutiva do debate em
torno dos problemas de maior relevância (pontuação 5), e o realinhamento das decisões. Para
caracterizar o “status” da organização associativa do grupo e analisar os benefícios oferecidos
pelas associações, foi realizada uma dinâmica dialógica de questionamentos sobre a infraestrutura, serviços e taxas, assim como a relação de pessoas associadas. Em seguida, foi
apresentado um documento de referência de planejamento estratégico para o processo de
implementação da PIMo, composto por: Apresentação; Introdução; Plano de ação de
implementação da PIMo (visão de futuro, missão, visão, valores, foco da atuação, objetivos
gerais, estratégias de implementação e de continuidade do processo); e a Matriz de
responsabilidades.
Resultados e Discussão
A atividade de educação ambiental relativa ao “Agir” para o aprimoramento da percepção
ambiental na tomada de decisão do grupo para a implementação da PIMo em Atibaia e Jarinu
resultou na estruturação de uma programação de eventos, conforme a Tabela 1:
O tempo de resposta do processo de re-construção do conhecimento sobre a realidade
ambiental em “Ver”, “Julgar” e “Agir” foi de 11 meses, sendo que a etapa “Agir” levou 6 meses.
94
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
Tabela 1. Seqüência de cinco eventos e contribuições de educação ambiental para promover o “Agir”, ou
seja, a percepção da gestão ambiental para a implementação da Produção Integrada de Morangos na região
de Atibaia e Jarinu (SP).
Contribuições e encaminhamentos dos eventos
Evento 1
Alternativas para Tomada de Decisão na PIMo
Natureza
Dia de campo
Data: 19/10/2006
O grupo, auxiliado por especialistas, priorizou os problemas, apontou as ações preventivas, corretivas e mitigadoras, e as instituições
competentes presentes assumiram compromissos de providenciar as medidas preliminares.
Problemas identificados como prioritários e encaminhados a:
ü Agentes Públicos
ü Grupo de Agricultura:
1. a – falta planejamento dos produtores para a adoção de Boas Práticas Agrícolas (BPA);
2. b – degradação do solo; e
3. c – dificuldades para encontrar mudas de qualidade
ü Grupo do Meio Ambiente: degradação dos recursos hídricos
ü Grupo do Planejamento: falta planejamento do uso e ocupação do espaço rural, urbano e industrial
ü Associação de Produtores
ü Necessidade de fortalecimento da Associação para promover a adoção de Boas Práticas Agrícolas (BPAs)
Evento 2
Tomada de decisão rumo à PIMO
Natureza
Reunião técnica
Data: 05/12/2006
As ações foram priorizadas e os representantes das Secretarias Municipais de Planejamento, Agricultura e Meio Ambiente, bem
como da Associação apresentaram os encaminhamentos e o comprometimento, segundo a percepção sobre a viabilidade das ações,
parcerias e o enfrentamento de pontos críticos. As palestras motivaram o debate resolutivo aos questionamentos gerados, cujas
respostas registradas em fichas foram agrupadas por instituição competente e colocadas numa seqüência por ordem de realização.
Além da necessidade óbvia de capacitação técnica, o debate gerou inúmeros questionamentos que em síntese eram: Quem somos? O
que queremos ser? E como conquistar isso? E, por fim: Queremos adotar a PIMo? Isto resultou na percepção do grupo sobre a
dispersão dos produtores em várias associações ou não associados, na necessidade de se organizarem em um único grupo, na decisão
consciente de adotarem a PIMo e a necessidade de se planejarem para isso. Para tanto, foi considerada uma ação emergencial o
fortalecimento da organização associativa do grupo, que ainda estava indefinido. Além de fundamental, o estabelecimento do
processo de implementação da produção integrada e das responsabilidades individuais, pertinentes e integradoras, culminou com a
necessidade de registro desse processo, identificada como a elaboração participativa do Planejamento Estratégico da ação coletiva e
da gestão individual das propriedades rurais.
Evento 3
Planejamento Estratégico do Grupo Piloto de Implementação da PIMo
Natureza
Oficina
Data: 11/01/2007
Na caracterização das associações verificou-se que o grupo de produtores é formado por 4 não associados, 8 da Associação dos
Produtores de Morangos e Hortifrutigranjeiros de Atibaia, Jarinu e Região e 1 da Associação Hortifrutiflores de Jarinu. Os
produtores do grupo se reorganizaram, uns migraram, outros se integraram à Associação dos Produtores de Morangos e
Hortifrutigranjeiros de Atibaia, Jarinu e Região, mais estruturada e focada na produção de morango. Além disso, foi planejado o
processo de implementação da PIMo, do qual resultou no delineamento do calendário agrícola, na busca por um local de
comercialização pública, na criação de uma logomarca que reúne a logomarca da Associação, com a logomarca da PIF e mais as
palavras tradição, confiança e segurança, e na elaboração do Planejamento Estratégico composto por plano de ação e matriz de
responsabilidades e parcerias com coordenador, secretaria executiva, articulador, responsável técnico, organizador de eventos, apoio
comercial, apoio jurídico, normatização e certificação. Segundo as competências, identificaram parcerias, apoios e patrocinadores
potenciais: Embrapa, Prefeitura, Outras associações, Conselho de Desenvolvimento Rural, Sindicato Rural, SAAE, CEAGESP,
Revendas, MAPA, CATI, Universidades, Instituto de Pesquisas e Profissionais Autônomos.
Evento 4
Ação Gerencial da Implementação da PIMo
Natureza
Oficina
Data: 15/02/2007
O grupo de adesão à PIMo se associou conforme combinado. O grupo é formado por 12 produtores de morango, sendo 4 pequenos
(cultivam até 1000 plantas), 7 médios (cultivam de 10.000 a 200.000 plantas) e 1 grande (cultiva 1.200.000 plantas), representando
um total 2.464.500 mudas plantadas, e o compromisso de formação de talhões de 20 mil mudas para serem utilizados na pesquisaação da PIMo. Dentre os parceiros, destaca-se a Secretaria de Agricultura articulando a obtenção de recursos do orçamento
participativo e a contratação de estagiário. Os produtores definiram a logomarca (Figura 1) deste trabalho e se programaram também
para apresentarem sugestões para a proposta de norma e caderno de campo a serem utilizados ao longo da capacitação técnica, cujos
temas foram selecionados.
Evento 5
Consolidação do Planejamento Estratégico e Gerencial da PIMo
Natureza
Reunião
Data: 04/04/2007
Foram feitas as alterações sugeridas no encontro anterior, principalmente na matriz de responsabilidades e parceria. Foi definido o
Planejamento Estratégico Participativo da Implementação da Produção Integrada de Morangos pela Associação de Produtores de
Hortifrutigranjeiros de Atibaia e Jarinu e formado uma Comissão Técnica Local.
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
95
Figura 1. Logomarca do Projeto de Implementação da Produção Integrada da Associação dos
Produtores de Morangos e Hortifrutigranjeiros de Atibaia, Jarinu e Região (SP).
Conclusão
Este trabalho permite concluir que a Macroeducação é uma ferramenta metodológica
aplicável às áreas temáticas de capacitação e organização de produtores indicadas no Marco
Legal da Produção Integrada de Frutas do Brasil. A descrição da etapa “Agir” demonstrou que a
Macroeducação é eficaz na conscientização ambiental e integração dos diversos elos da cadeia
produtiva, contribuindo para a organização associativa ou o seu fortalecimento. A eficiência da
“construção” desse processo decisório foi evidenciada pelo curto tempo de resposta e a
efetividade pelo Planejamento Estratégico Participativo, que se apresenta como um registro
palpável da decisão do grupo em implementar a PIMo.
Referências Bibliográficas
ANDRIGUETO, J. R.; KOSOSKI, A. R. (Org.). Marco legal da produção integrada de frutas
do Brasil. Brasília, DF: MAPA, SARC, 2002. 60 p.
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CALEGARIO, F. F.; HAMMES, V. S.; SILVA, T. A. da; BAGDONAS, N. F. C. Ver 1:
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integrada de morango. In: SIMPÓSIO NACIONAL DO MORANGO, 3.; ENCONTRO SOBRE
PEQUENAS FRUTAS E FRUTAS NATIVAS DO MERCOSUL, 2., 2006, Pelotas. Resumos...
Pelotas: Embrapa Clima Temperado, 2006b. p. 101-106.
96
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
CALEGARIO, F. F.; HAMMES, V. S.; SILVA, T. A. da; BAGDONAS, N. F. C. Ver 2:
Percepção do diagnóstico ambiental das propriedades rurais de Atibaia/Jarinu para adoção da
produção integrada de morango. In: SIMPÓSIO NACIONAL DO MORANGO, 3.; ENCONTRO
SOBRE PEQUENAS FRUTAS E FRUTAS NATIVAS DO MERCOSUL, 2., 2006, Pelotas.
Resumos... Pelotas: Embrapa Clima Temperado, 2006c. p. 135-142.
CALEGARIO, F. F.; HAMMES, V. S.; SILVA, T. A. da; BAGDONAS, N. F. C. Dificuldades e
vantagens da produção de morangos segundo a percepção de produtores de Atibaia e Jarinu. In:
SIMPÓSIO NACIONAL DO MORANGO, 3.; ENCONTRO SOBRE PEQUENAS FRUTAS E
FRUTAS NATIVAS DO MERCOSUL, 2., 2006, Pelotas. Resumos... Pelotas: Embrapa Clima
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HAMMES, V. S. (Ed.). Proposta metodológica de macroeducação. 2. ed. São Paulo: Globo,
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HAMMES, V. S.; CALEGARIO, F. F.; SILVA, T. A. da; BAGDONAS, N. F. C. Diagnóstico do
potencial de propriedades rurais de Atibaia/Jarinu para adoção da produção integrada de
morango. In: SEMINÁRIO BRASILEIRO DE PRODUÇÃO INTEGRADA, 8., 2006, Vitória,
ES. Anais... Vitória: Incaper, 2006. p. 258.
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
97
CERTIFICAÇÃO PARTICIPATIVA E GESTÃO AMBIENTAL DA PRODUÇÃO
INTEGRADA DE MORANGO1
BUSCHINELLI, C. C. de A.2; CALEGARIO, F. F.3; BUENO, S. C. S.4; LINO, J. S.5;
PASTRELLO, B. M. C.6; RODRIGUES, G. S.7
1
Apoio financeiro: CNPq (Processo: 48.0016/2004-6); 2Ecólogo, Embrapa Meio Ambiente, C.P. 69, 13820-000,
Jaguariúna/SP, [email protected]; 2Enga Agra, Embrapa Meio Ambiente, C.P. 69, 13820-000,
Jaguariúna/SP, [email protected]; 3Enga Agra, Coordenadoria de Assistência Técnica Integral, São Bento do
Sapucaí/SP, 12490-000, [email protected]; 4Estudante de Ecologia, Embrapa Meio Ambiente, C.P. 69,
13820-000, Jaguariúna/SP, [email protected]; 5Estudante de Eng. Ambiental, C.P. 69, 13820-000,
Jaguariúna/SP, [email protected]; 6Ecólogo, Embrapa Labex Europe, Agropolis International,
Montpellier CEDEX 5, 34394, França, [email protected].
Introdução
No Brasil, a produção de morangos é de cerca de 100 mil toneladas, em uma área
cultivada de 3.500 hectares. Minas Gerais é o maior produtor nacional, seguido por São Paulo e
Rio Grande do Sul, sendo caracterizada pelo emprego de alta tecnologia e exigência em mão-deobra, principalmente na época da colheita, que é longa e gera em torno de quatro empregos
diretos por hectare (NAPOLEÃO, 2007). Além da questão simplesmente produtiva, a sociedade
começa a diferenciar e valorizar produtores que manejam responsavelmente o ambiente e os
recursos naturais, como forma de compensação e incentivo pela conservação. Iniciativas de
certificação permitem essa compensação do produtor, ao registrar e avaliar a eficácia de
investimentos e dedicação a adequadas práticas de manejo. A certificação de qualidade, que
busca diferenciar capacidades institucionais padronizadas, auditadas por agentes de terceira parte,
é frequentemente de difícil alcance para iniciativas locais e de pequenos produtores familiares
(característica de muitos produtores de morango), podendo ser alternativamente concebidos
sistemas de certificação participativa e inclusiva para preparação de produtores interessados em
ingressar no programa PIF (CAMPANHOLA et al., 2006).
Neste contexto, a Embrapa Meio Ambiente desenvolveu o Sistema de Avaliação
Ponderada de Impacto Ambiental de Atividades do Novo Rural (APOIA-NovoRural), um
instrumento de gestão ambiental participativo da atividade produtiva, aplicável no âmbito do
estabelecimento rural (RODRIGUES; CAMPANHOLA, 2003) e com caráter territorial quando
estes são avaliados coletivamente (RODRIGUES et al., 2007b). Nos últimos quatro anos, o
98
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
sistema vem sendo validado em centenas de estabelecimentos rurais, envolvendo uma variedade
de atividades produtivas, tais como: Unidades familiares, Atividades extrativas e Carcinicultura
(PB), Estabelecimentos dedicados à Horticultura Orgânica e Convencional, ao Agroturismo,
Pesque-pagues e Agricultura Ecológica nas regiões Sudeste e Sul; bem como em
estabelecimentos dedicados à Estrutiocultura, Agricultura de Precisão, Produção de Oleaginosas
para geração de Biocombustível e Produção Integrada de Frutas em todas as regiões do Brasil
(RODRIGUES et al., 2007a, 2007b; RODRIGUES et al., 2006). A estratégia de divulgação inclui
a apresentação em cursos de capacitação em produção integrada de frutas como o promovido
recentemente para pêssego e ameixa (BUSCHINELLI et al., 2007).
O objetivo deste trabalho é apresentar uma estratégia de gestão ambiental participativa e
voluntária dirigida aos produtores rurais, de forma a auxiliar a eco-certificação de suas atividades
produtivas, tendo como exemplo, a preparação de produtores para ingresso na produção integrada
de morango (PIMo).
Material e Métodos
O Sistema APOIA-NovoRural é constituído de cinco dimensões de avaliação
identificadas como Ecologia da Paisagem, Qualidade dos Compartimentos Ambientais
(Atmosfera, Água e Solo), Valores Socioculturais, Valores Econômicos e Gestão e
Administração (RODRIGUES; MOREIRA-VIÑAS, 2007), que comportam um total de 62
indicadores integrados em matrizes escalares de ponderação construídas em plataforma MSExcel®, resultando em Índices de Impacto para cada indicador, para as dimensões de avaliação e
em um Índice Geral de Impacto da atividade.
A estratégia utilizada na avaliação, que partiu do interesse de produtores e extencionistas
locais, envolveu as seguintes etapas: i) curso para produtores, extensionistas, pesquisadores,
envolvendo um componente teórico com detalhamento da metodologia; ii) dia de campo para o
preenchimento das matrizes com vistoria de estabelecimento/coleta de dados junto ao produtor e
de amostras de solo e água para análises de laboratório; iii) reunião final para entrega do
Relatório Técnico de Gestão Ambiental, indicando medidas corretivas para os impactos negativos
diagnosticados e políticas públicas pertinentes.
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
99
Resultados
Como uma atividade do Projeto Produção Integrada de Morango e com apoio da
Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), foram realizados em São Bento do
Sapucaí (SP) nos dias 25 e 26/10/2006 o curso “Eco-Certificação da Produção de Morango" (14
participantes) e o dia de campo “Eco-Certificação da Produção de Morango" (21 participantes).
Na oportunidade foram avaliados dois estabelecimentos representativos da realidade local, um
muito diversificado (Estabelecimento A) e outro especializado na produção de morango (B),
cujos resultados são apresentados na Figura 1.
Figura 1. Níveis de sustentabilidade para estabelecimentos participantes do Programa de
Produção Integrada de Morango (PIMo) em São Bento do Sapucaí (SP), de acordo com o
“Sistema APOIA-NovoRural”. A linha mais destacada do gráfico representa o desempenho
obtido na avaliação e a linha mais clara mais próxima ao centro, a linha de base de conformidade
ambiental; índices de impacto ambiental da atividade nos dois estabelecimentos.
A avaliação da produção de morangos indicou que a atividade apresenta contribuições
importantes para a sustentabilidade dos estabelecimentos rurais. O Índice Geral de Impacto
alcançado (0,79 nos dois estabelecimentos) indica a tendência ao cumprimento com a linha de
base de conformidade ambiental (0,70), podendo ser empregado como um dos instrumentos
documentados para busca de uma certificação da gestão ambiental da atividade. Todas as
Dimensões avaliadas apresentaram valores superiores ou na linha de base de conformidade
100
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
ambiental, indicando contribuições do manejo praticado para a sustentabilidade. O índice médio
de sustentabilidade para Ecologia da Paisagem atingiu 0,72 e 0,75 para os estabelecimentos A e
B, respectivamente, apesar das restrições impostas pelo relevo da região. Um contraste principal
ocorreu no indicador de Diversidade produtiva (índices = 0,47 e 0,69, respectivamente, para os
estabelecimentos A e B), que representa uma medida importante das alternativas para a geração
de renda e segurança econômica das fazendas contra as flutuações de mercado. A qualidade de
água excelente (valores médios = 0,92 e 0,88 para os estabelecimentos A e B, respectivamente) e
as melhorias notáveis na qualidade do solo (0,69 e 0,70) foram associadas à PIMo. Importantes
contribuições foram associadas também com os Valores econômicos e Sócio-cultural. O contraste
principal observado entre os estabelecimentos foi a melhor influência do programa PIMo na
dimensão da gerência e da administração na fazenda diversificada (estabelecimento A), devido às
condições muito melhores de comercialização devido à integração de várias atividades
produtivas.
Conclusões
A Produção Integrada de Frutas pode ser avaliada utilizando-se o Sistema APOIANovoRural, buscando-se retratar os principais pontos favoráveis e aqueles que apresentam
problemas ao desempenho ambiental do estabelecimento, constituindo-se em um instrumento de
suporte à certificação participativa e voluntária.
O Sistema é adequado e aplicável a diferentes setores produtivos rurais, mesmo
considerando seus aspectos peculiares. É válida sua aplicação como um instrumento
documentado para a certificação participativa da atividade, segundo o desempenho ambiental
alcançado. O “Relatório de Gestão Ambiental” entregue aos produtores com análise crítica e
participativa, interpreta os índices de impacto e indica alternativas de formas de manejo e
tecnologias que permitam minimizar os impactos negativos e potencializar os impactos positivos,
contribuindo para o desenvolvimento local sustentável.
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
101
Referências Bibliográficas
BUSCHINELLI, C. C. de A.; CALEGARIO, F. F.; ROGRIGUES, G. S.; BUENO, S. C. S.;
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PÊSSEGOS E AMEIXAS, 2., 2007, Curitiba. Anais... Curitiba: UFPR, 2007. p. 34-48.
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RODRIGUES, G. S.; RODRIGUES, I. A.; BUSCHINELLI, C. C. de A.; LIGO, M. A.; PIRES,
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rurais na APA da Barra do Rio Mamanguape (PB). In: CONGRESSO BRASILEIRO DE
UNIDADES DE CONSERVAÇÃO, 5., 2007, Foz do Iguaçu, PR. Trabalhos técnicos...
Curitiba: Fundação O Boticário, 2007b. p. 51-52.
102
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
DIÁRIO DE CAMPO: FERRAMENTA PARA DESENVOLVER O HÁBITO DE
REGISTRAR PROCEDIMENTOS NA PRODUÇÃO INTEGRADA DE MORANGO1
ABREU, A. C. de2; CALEGARIO, F. F.3; OLIVEIRA, P. G. de4; ROSENTE, H.5; BORGES, A.
C.6; IWASSAKI, L. A.7
1
Apoio financeiro: CNPq (Processo 48.0016/2004-6); 2Engenheiro Agrônomo, R. dos Lírios, 580, Atibaia, SP,
12945-540, [email protected]; 3Engenheira Agrônoma, Pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente, C.P. 69,
Jaguariúna, SP, 13820-000, [email protected]; 3Produtor Rural, coordenador do Grupo da Produção
Integrada de Morango de Atibaia, Jarinu e Região, Sítio Giraldi, Rod. Dom Pedro I, km 75,5, Atibaia, SP (11)73163446; 4Engenheiro Agrônomo, Diretor Técnico da Secretaria de Agropecuária e Abastecimento, Prefeitura da
Estância de Atibaia, Rua José Pires, 514, Atibaia, SP, 12940-650, [email protected]; 6Produtor Rural, R. Padre
Antônio Pascoal, s/nº, Estiva, MG, 37542-000, (35)9957-5660; 7Engenheira Agrônoma, R. dos Japoneses, 148/404,
Guarulhos, SP, 07197-140, [email protected].
Introdução
Segundo as Normas Técnicas Gerais para a Produção Integrada de Frutas (NTGPIF),
descritas no Marco Legal da Produção Integrada de Frutas (PIF) do Brasil, é obrigatório o
registro de dados da cultura necessários à adequada gestão da PIF. A elaboração de cadernos de
campo e de pós-colheita, atualizados e fiéis à realidade, é necessária para garantir a
rastreabilidade (ANDRIGUETO; KOSOSKI, 2002). Assim sendo, rastreabilidade e cadernos de
campo e de pós-colheita são pressupostos também para a adoção da Produção Integrada de
Morango (PIMo) (ANTUNES et al., 2007).
A fim de cumprir com os preceitos da NTGPIF, porém, em função da heterogeneidade de
níveis técnicos entre produtores, bem como da falta de costume em registrar procedimentos
realizados no campo, o grupo da PIMo de Atibaia, Jarinu e Região propôs, de forma participativa,
a elaboração de um sistema simplificado de anotações.
O objetivo deste trabalho é apresentar um sistema simplificado de registros como
alternativa para iniciar a anotação de procedimentos em uma lavoura de morangos onde essa
prática ainda não tenha sido incorporada.
Material e Métodos
Produtores e engenheiros agrônomos de Atibaia, Jarinu e Região, cientes da necessidade
de registrar os procedimentos realizados na lavoura, analisaram uma proposta de caderno de
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
103
campo da PIMo, elaborada em nível nacional, confirmando que se tratava de uma forma muito
complexa para o nível tecnológico dos produtores de morango. Com base em métodos próprios
que já estavam sendo utilizados em Atibaia, Jarinu (SP) e Estiva (MG), este grupo analisou as
formas usuais de se anotar os procedimentos, resgatando calendários, cadernetas de bolso e
realizando uma intensa troca de informações e idéias em busca de propor uma forma mais
simples de anotar os procedimentos na PIMo.
A estratégia utilizada na elaboração, divulgação e avaliação dos diários de campo
envolveu as seguintes etapas: i) reunião entre produtores e técnicos para elaboração de
reprodução dos documentos; ii) dia de campo para entregar os diários de campo a cada produtor
ligado ao Programa PIMo, cadastrar esses produtores e instruir como registrar os procedimentos;
iii) dia de campo para avaliar o andamento do preenchimento do diário de campo através de
questionários aos produtores; iv) visitas técnicas para vistoria das propriedades e diários de
campo, com transferência de dados dos diários para os cadernos de campo.
Resultados e Discussão
O sistema criado consiste em uma encadernação denominada diário de campo, contendo a
logomarca do grupo, as informações cadastrais do produtor e do responsável técnico, uma lista de
procedimentos que devem ser registrados diariamente – lembrete (Figura 1a) e várias páginas
semelhantes a um calendário (Figura 1b).
Figura 1. a) Página inicial do diário, lembrando os itens que o produtor não pode esquecer de
anotar; b) Páginas principais, em forma de calendário, referentes aos dias/meses ao longo da
safra.
104
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
A Embrapa Meio Ambiente em parceria com as Prefeituras da Estância de Atibaia e de
Jarinu e com a Associação de Produtores de Morangos e Hortifrutigranjeiros de Atibaia, Jarinu e
Região realizou eventos e visitas técnicas para divulgar esse sistema de registro. Para distribuir o
diário, instruir como utilizá-lo e coletar informações sobre o grupo que iniciou a implementação
do sistema no campo, foi realizado no dia 26/04/07 o dia de campo “Orientação para
Preenchimento de Diário de Campo da PIMo" (15 participantes). Nessa ocasião, informou-se que
esse diário de campo deveria ser preenchido diariamente, sendo obrigatórias as anotação das
seguintes informações: praga ou doença observada na cultura; adubação (adubo, tipo, marca,
formulação, empresa, horário, quantidade, forma de adubação – cobertura, incorporação, ou
foliar); tratamentos fitossanitários (justificativa para aplicação, nome comercial do produto, dose
do produto, volume de calda, equipamento utilizado, horário de pulverização); irrigações
realizadas (quantidade de água, tempo, sistema adotado); colheita de morangos (tipo de morango
colhido – indústria ou mercado de morango fresco, quantidade de caixas colhidas, massa de
morangos contida em cada caixa, problemas observados); parcela onde estão sendo realizados os
procedimentos. Os produtores que receberam os diários responderam a um questionário, que
serviu para caracterizar o grupo de acordo com a Tabela 1.
Tabela 1. Característica do grupo que recebeu os diários de campo (código do produtor, local de
origem, total de plantas cultivadas nos sistemas convencional (PC) e de produção Integrada
(PIMo), responsáveis pelo registro de procedimentos e pela assistência técnica).
Código do
produtor
1
2
Origem
(Cidade, Estado)
Atibaia, SP
Atibaia, SP
PC + PIMo
(nº de plantas)
600
15.700
PIMo
(n° de plantas)
600
15.700
3
Jarinu, SP
100.000
2.000
0
28.000
1.200.000
14.000
250.000
80.000
88.000
300.000
12.900
150.000
116.000
363.000
2.239.200
2.718.200
0
1.500
10.000
2.000
2.000
2.000
1.500
2.000
12.900
1.500
6.000
363.000
53.700
422.700
4
Jarinu, SP
5
Jarinu, SP
6
Atibaia, SP
7
Atibaia, SP
8
Jarinu, SP
9
Atibaia, SP
10
Jarinu, SP
11
Jarinu, SP
12
Atibaia, SP
13
Jarinu, SP
14
Jundiaí, SP
15
Imbituva, PR
Total Atibaia e Jarinu (SP)
Total Geral
Responsável pelos
registros
A própria
O próprio
Funcionário ou o
próprio
O próprio
O próprio
O próprio
Funcionário
O próprio ou esposa
O próprio
Funcionário
O próprio
Produtor, técnico
-
Responsável pela
assistência técnica
Ninguém
Eng. agrônomo
Revendas
Revendas
Revendas
Revendas
Revendas
Revendas
Ninguém
Revendas
O próprio
Eng. Agrônomo
-
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
105
O grupo que recebeu orientações para preenchimento de diário de campo é formado por
15 produtores que juntos cultivam um total de 2.718.200 plantas (Tabela 1). Além dos produtores
de Atibaia e Jarinu, no grupo existe um produtor de Jundiaí (SP) e um engenheiro agrônomo de
Imbituva (PR) que presta assistência a 50 propriedades no Paraná, onde se almeja adotar a PIMo
em área total. Na maioria dos casos, o próprio produtor assume a responsabilidade de anotar os
dados no diário. A grande maioria recebe assistência técnica das revendas de produtos
agropecuários, fato que merece atenção, assim como os dois produtores que afirmaram não
receber assistência alguma.
Associado ao diário de campo existe um caderno de campo na forma tradicional, que
poderá ser futuramente auditado por certificadoras. O técnico responsável deverá transcrever
periodicamente para o caderno de campo todas as informações anotadas no diário, verificando se
o preenchimento do mesmo está correto. A Prefeitura da Estância de Atibaia está buscando a
contratação de um engenheiro agrônomo para acompanhar as atividades nas propriedades rurais
envolvidas no programa PIMo, inclusive o acompanhamento dos diários. No entanto, a
dificuldade na contratação desse profissional levou profissionais de empresas públicas e privadas
a formar, em caráter emergencial, um Grupo Técnico Local para dar apoio aos produtores. Com o
passar do tempo, a meta é que os produtores aprendam a registrar os procedimentos diretamente
no caderno de campo tradicional.
Decorridos pouco mais de dois meses da distribuição dos diários, visando avaliar a
receptividade aos mesmos, bem como as dificuldades que o grupo estava enfrentado com sua
adoção, foi realizado no dia 04/07/07 o dia de campo "Verificação do Preenchimento de Diários
de Campo da PIMo” (15 participantes). Através de debates e questionários, foi reforçada a
necessidade da contratação de um responsável técnico para acompanhamento das atividades do
grupo (principal deficiência). Alguns produtores afirmaram não encontrar dificuldades em
preencher os diários, sendo que dois produtores já estão registrando diretamente no caderno de
campo tradicional. Dentre as maiores dificuldades citadas pelos produtores estão: falta de
equipamento para medições na propriedade, falta de técnicos treinados, tempo gasto no
preenchimento, dificuldade em relatar alguma doença, dificuldade em saber se a adubação está
correta, depender do funcionário anotar todos os dias. As vistorias estão apenas iniciando.
106
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
Conclusão
O diário de campo é uma ferramenta útil, capaz de desenvolver nos produtores o hábito de
anotar os procedimentos realizados no campo. Este documento de registro, mais simples que o
caderno de campo tradicional, teve boa aceitação por parte dos produtores de morangos, sendo
indicado para emprego em culturas em estágio inicial de implementação da PIMo. Este método é
uma forma de desenvolver no mais simples funcionário ou meeiro, desde que alfabetizado, o
hábito de realizar os registros. No entanto, há necesidade de melhoria do método de transferência
dos dados do diário de campo para o caderno de campo e da garantia de assistência técnica,
visando à obtenção de um documento auditável pelas certificadoras.
Referências Bibliográficas
ANDRIGUETO, J. R.; KOSOSKI, A. R. (Org.). Marco legal da produção integrada de frutas
do Brasil. Brasília, DF: MAPA, SARC, 2002. 60 p.
ANTUNES, L. E. C.; FILHO, J. D.; CALEGARIO, F. F.; COSTA, H.; JÚNIOR, C. R. Produção
integrada de morango (PIMo) no Brasil. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v. 28, n. 236,
p. 34-39, jan./fev. 2007.
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
107
ESTRATÉGIA OPERACIONAL DE IMPLEMENTAÇÃO TÉCNICA DA PRODUÇÃO
INTEGRADA DE MORANGO EM ATIBAIA E JARINU1
CALEGARIO, F. F.2; HAMMES, V. S.2; SILVA, T. A.3; BAGDONAS, N. F. C.4
1
Apoio financeiro: CNPq (Processo 48.0016/2004-6); 2Engenheiras Agrônomas, Pesquisadoras da Embrapa Meio
Ambiente, C.P. 69, Jaguariúna, SP, 13820-000, [email protected] e [email protected];
3
Acadêmico de Engenharia Ambiental, Unipinhal, Espírito Santo do Pinhal, SP, Bolsista CNPq da Embrapa Meio
Ambiente, [email protected]; 4Acadêmica de Engenharia Ambiental, Unesp, Rio Claro, SP, Estagiária do
Departamento de Meio Ambiente da Prefeitura da Estância de Atibaia, [email protected].
Introdução
Em maio de 2006, a Embrapa Meio Ambiente, em parceira com a Prefeitura da Estância
de Atibaia e com a Associação dos Produtores de Morangos e Hotifrutigranjeiros de Atibaia,
Jarinu e Região, iniciou a organização de um grupo de produtores, técnicos agrícolas,
engenheiros agrônomos, gestores públicos e representantes de revendas de produtos
agropecuários com objetivo de promover a adoção da Produção Integrada de Morango (PIMo).
Seguindo uma seqüência de eventos, foi utilizada a Macroeducação (HAMMES, 2004) como
ferramenta orientadora do trabalho de educação ambiental, realizado em três etapas: Ver, Julgar e
Agir. Na etapa Ver, realizaram-se diagnósticos do potencial da microrregião e das propriedades
agrícolas para adoção da PIMo (HAMMES at al., 2006; CALLEGARIO et al., 2006a, 2006b,
2006c). Na etapa Julgar, identificaram-se as vantagens e dificuldades da produção de morango
(CALLEGARIO et al., 2006d). A etapa Agir reuniu os parceiros e instituições competentes para
buscar, de forma participativa, a solução para os problemas levantados. Como um dos resultados
dessa etapa foi elaborado, em janeiro de 2007, um Planejamento Estratégico e Gerencial da
Implementação da PIMo .
Este trabalho tem como objetivo apresentar a estratégia que o grupo de Atibaia e Jarinu
adotou para operacionalizar a implementação técnica e da PIMo na região.
Material e Métodos
A
implementação
técnica
da
PIMo
abordou
três
pontos
desenvolvidos
concomitantemente: a) elaboração de Normas Técnicas Específicas e Documentos de
108
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
Acompanhamento da PIMo; b) capacitação do grupo de produtores e técnicos; c) validação do
sistema no campo. Uma série de eventos foi realizada para desenvolver esses pontos, gerando
resultados que, associados, orientam os atores envolvidos e indicam redirecionamentos. O
Planejamento Estratégico e Gerencial da Implementação da PIMo elaborado pela Associação dos
Produtores de Morangos e Hortifrutigranjeiros de Atibaia, Jarinu e Região foi o documento
orientador para o alcance das metas do grupo. A partir deste Planejamento, o grupo de trabalho
elaborou os detalhes da implementação da parte técnica, buscando estabelecer a sistemática
prática de validação da PIMo no campo.
Resultados e Discussão
A elaboração de Normas Técnicas Específicas da PIMo (NTE-PIMo) foi conduzida
inicialmente em âmbito nacional, com discussão entre representantes das principais regiões
produtoras de morango do Brasil (dias 23/10/06 e 08/11/06) (Tabela 1). Nessas reuniões, uma vez
que a cadeia produtiva do morango não é bem organizada, foi levantada a necessidade de focar
em conceitos básicos, adoção de Boas Práticas Agrícolas (BPA) e elaboração de uma norma
simples, com ênfase na grade e utilização adequada de agroquímicos. As discussões sobre essa
proposta continuaram no ano de 2007 na forma virtual (internet) e em reuniões regionais
(05/04/07) para revisão da norma (Tabela 1).
De forma construtivista e participativa, na Oficina “Ação Gerencial da Implementação da
PIMo” (15/02/07), o grupo elaborou um calendário agrícola regional de uma safra de morango.
Para cada trato cultural, foram associadas BPAs e o grau de dificuldade em implementá-las. As
práticas consideradas difíceis indicaram os temas prioritários para os treinamentos. Um
cronograma de capacitação foi agendado e está sendo realizado de acordo com a conveniência
para os produtores, com previsão de encerramento no pico da safra (Tabela 1).
Concomitante com a capacitação, iniciou-se o processo de validação do sistema no
campo. No dia 13/04/07 foi realizada a reunião técnica “Planejamento da Validação da PIMo”,
gerando resultados para orientar os atores envolvidos (Tabela 1).
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
109
Tabela 1. Seqüência de eventos, locais e datas de realização e principais resultados obtidos.
Evento
Reunião Técnica: Discussão das
NTE-PIMo Semi-Hidropônicos
(Embrapa Uva e Vinho, Bento
Gonçalves, RS)
Reunião Técnica: Elaboração de
NTE-PIMo (âmbito nacional,
Embrapa Clima Temperado, Pelotas,
RS)
Reunião Técnica: Agir - Tomada de
Decisão Rumo à PIMo (Atibaia, SP)
Data
Principal resultado
Discussão da versão original das NTE-PIMo, específica para o
23/10/06 sistema semi-hidropônico de produção de morangos, que evoluiu
para abranger o sistema de plantio em solo.
08/11/06
Esboço das normas para sistema de plantio em solo e indicação da
necessidade de versão simplificada do caderno de campo.
Decisão de reunir todos os produtores interessados em apenas uma
05/12/06 Associação e considerar grupo da PIMo os produtores que estavam
freqüentando os eventos.
Oficina: Planejamento Estratégico do
Definição do grupo de produtores e do Grupo de Apoio Técnico
Grupo de Implementação da PIMo
11/01/07
Local; matriz de gestão de responsabilidades.
(Atibaia, SP)
Elaboração da proposta de implementação técnica da PIMo
(Relação entre Normas, Documentos de Acompanhamento,
Oficina: Ação Gerencial da
Capacitação e Validação); Definição de calendário agrícola / Boas
Implementação da PIMo, (Atibaia,
15/02/07
Práticas Agrícolas (BPA) Associadas / Grau de dificuldade de
SP)
adoção das BPA / Definição de temas prioritários para
capacitação.
Oficina: Consolidação do
Elaboração de versão final do Planejamento Estratégico, com os
Planejamento Estratégico da PIMo,
04/04/07
representantes dos diversos atores e detalhamento da parte técnica.
(Atibaia, SP)
Oficina: Análise da Proposta de
Revisão da proposta nacional de NTE-PIMo pelos produtores e
NTE-PIMo pelos produtores de
05/04/07 técnicos locais; estabelecimento de cronograma de capacitação;
Atibaia e Jarinu, (Atibaia, SP)
apresentação de versão final do Planejamento Estratégico.
Criação e distribuição de diários de campo, detalhamento do
Reunião Técnica: Planejamento da
13/04/07 processo de validação no campo (parcelas, separação PC x PIMo,
Validação da PIMo, (Atibaia, SP)
sinalização das parcelas, documentos de registro, rastreabilidade).
Diários e cadernos de campo distribuídos, com instruções para
Dia de Campo: Orientação para
separação de parcelas e preenchimento dos documentos; entrevista
Preenchimento de Diário de Campo
dos produtores; separação de grupos de acordo com localização da
da PIMo (Atibaia, SP)
lavoura para organizar calendário de visitas técnicas; determinação
dos responsáveis técnicos.
04/07/07 Análise do preenchimento de cadernos e diários de campo;
Dia de Campo: Verificação do
levantamento das principais vantagens e dificuldades detectados
Preenchimento de Diários de Campo
pelos produtores; debate sobre formas de melhorar a
da PIMo (Atibaia, SP)
implementação da PIMo
10/05/07, Capacitação em: manejo de doenças; métodos alternativos de
Cursos, Seminário e Dias de Campo 31/05/07, controle de doenças; calibração de pulverizadores; irrigação; solos
para capacitação nos temas
13/06/07, e nutrição de plantas. Treinamentos previstos: manejo integrado de
prioritários, (Atibaia, SP)
27/06/07, pragas; colheita e pós-colheita. Encerramento em agosto de 2007.
12/07/07
Foi estabelecido que cada produtor separasse um mínimo de 1.500 a 2.000 plantas para
formar uma parcela de PIMo, devendo reservar também uma parcela correspondente conduzida
na forma convencional (PC) para se proceder à comparação. Duas situações foram observadas no
110
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
grupo: 1) produtor que deseja adotar a PIMo na área toda, que em geral são pequenos produtores,
não tradicionais, que não possuem manejo convencional bem estabelecido; 2) produtor que deseja
separar apenas uma parcela mínima de 1.500 a 2.000 plantas para a PIMo. Esta modalidade é
indicada para grandes produtores, como forma de fazer a conversão de forma gradual. No início
os produtores foram orientados a tratar a parcela da PIMo segundo o manejo usualmente
empregado. O diferencial seria a anotação de todos os tratos culturais realizados. A partir dos
cursos de capacitação, os tratos culturais na parcela da PIMo deveriam começar a se diferenciar,
seguindo as instruções recebidas. No entanto, em virtude das lavouras já estarem instaladas no
campo, os produtores encontraram dificuldades em separar adequadamente as parcelas da PIMo
da PC, utilizando bordaduras. Assim, somente a partir do preparo de solo para a safra de 2008
será possível diferenciar adequadamente as parcelas PC e PIMo. Outra sugestão do grupo foi a de
se eleger uma das propriedades como campo demonstrativo para a condução da PIMo, servindo
de referência para o restante. Além dessa dificuldade, a falta de pesquisa em morangueiro para
embasar a elaboração de normas e orientar principalmente o monitoramento de pragas e doenças
tem sido um fator que dificulta a conversão para a PIMo. Por outro lado, algumas soluções
interessantes surgiram em Atibaia, por exemplo a parceria com um laboratório de análises
fitopatológicas, que atende gratuitamente os produtores que aderiram ao programa. Mesmo com
todas as dificuldades apresentadas, o grupo de produtores já mostra sinais de evolução quanto à
adoção dos documentos de registro e intenção em alterar seu manejo após os cursos de
capacitação já realizados. Esses sinais serão mais bem evidenciados na safra de 2008.
Conclusão
Apesar da dificuldade de concomitantemente desenvolver normas técnicas e documentos
de registro, implementar cadernos de campo, capacitar os produtores e validar o sistema no
campo, o grupo mostrou alto grau de comprometimento em todas essas etapas.
A dificuldade em se separar as parcelas da PIMo das parcelas da PC poderá ser amenizada
na próxima safra, aprimorando-se a estratégia de validação do sistema no campo.
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
111
Referências Bibliográficas
CALEGARIO, F. F.; HAMMES, V. S.; SILVA, T. A. da; BAGDONAS, N. F. C. Diagnóstico do
potencial da microrregião de Atibaia/Jarinu para adoção da produção integrada de morango. In:
SEMINÁRIO BRASILEIRO DE PRODUÇÃO INTEGRADA, 8., 2006, Vitória, ES. Anais...
Vitória: Incaper, 2006a. p. 257.
CALEGARIO, F. F.; HAMMES, V. S.; SILVA, T. A. da; BAGDONAS, N. F. C. Ver 1:
Percepção do diagnóstico ambiental da microrregião de Atibaia/Jarinu para adoção da produção
integrada de morango. In: SIMPÓSIO NACIONAL DO MORANGO, 3.; ENCONTRO SOBRE
PEQUENAS FRUTAS E FRUTAS NATIVAS DO MERCOSUL, 2., 2006, Pelotas. Resumos...
Pelotas: Embrapa Clima Temperado, 2006b. p. 101-106.
CALEGARIO, F. F.; HAMMES, V. S.; SILVA, T. A. da; BAGDONAS, N. F. C. Ver 2:
Percepção do diagnóstico ambiental das propriedades rurais de Atibaia/Jarinu para adoção da
produção integrada de morango. In: SIMPÓSIO NACIONAL DO MORANGO, 3.; ENCONTRO
SOBRE PEQUENAS FRUTAS E FRUTAS NATIVAS DO MERCOSUL, 2., 2006, Pelotas.
Resumos... Pelotas: Embrapa Clima Temperado, 2006c. p. 135-142.
CALEGARIO, F. F.; HAMMES, V. S.; SILVA, T. A. da; BAGDONAS, N. F. C. Dificuldades e
vantagens da produção de morangos segundo a percepção de produtores de Atibaia e Jarinu. In:
SIMPÓSIO NACIONAL DO MORANGO, 3; ENCONTRO SOBRE PEQUENAS FRUTAS E
FRUTAS NATIVAS DO MERCOSUL, 2., 2006, Pelotas. Resumos... Pelotas: Embrapa Clima
Temperado, 2006d. p. 193-200.
HAMMES, V. S. (Ed.). Proposta metodológica de macroeducação. 2. ed. São Paulo: Globo,
2004. 280 p. (Educação ambiental para o desenvolvimento sustentável, v. 2.).
HAMMES, V. S.; CALEGARIO, F. F.; SILVA, T. A. da; BAGDONAS, N. F. C. Diagnóstico do
potencial de propriedades rurais de Atibaia/Jarinu para adoção da produção integrada de
morango. In: SEMINÁRIO BRASILEIRO DE PRODUÇÃO INTEGRADA, 8., 2006, Vitória,
ES. Anais... Vitória: Incaper, 2006. p. 258.
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
112
COMPARAÇÃO PRODUTIVA ENTRE DUAS CULTIVARES DE AMORA-PRETA
“TUPI” X “XAVANTE”, REGIÃO CENTRO-SUL DO PARANÁ
BORSZOWSKEI, P. R.1; MALGARIM, M. B.2
1
Engenheiro Agrônomo, Pesquisador, Fundação de Apóio a Pesquisa e desenvolvimento do Agronegócio
(FAPEAGRO) e Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR), Rod. do Café, km 496, Av. Presidente Kennedy, s/nº,
Caixa Postal nº 129 - 84001-970, Ponta Grossa - PR. E-mail: [email protected]; 2Engenheiro
Agrônomo, Dr. Pesquisador na área de Fruticultura, Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR), Rod. do Café, km
496, Av. Presidente Kennedy, s/nº, Caixa Postal nº 129 - 84001-970, Ponta Grossa - PR, E-mail:
[email protected]
Introdução
O cultivo de amora-preta no Brasil tem se destacado nos últimos anos, devido à difusão da
informação sobre características e propriedades dessas espécies e, também devido ao incentivo
dado atualmente para hábitos alimentares saudáveis nos quais se incluem as frutas
(BORSOWSKEI et al., 2006).
A cultura da amora-preta (Rubus spp) é promissora em se tratando de lucratividade,
principalmente para agricultores familiares, em razão do baixo custo de implantação e de
manutenção do pomar. Essa fruta pertence à família Rosaceae, gênero Rubus, sendo conhecidas
mais de trezentas espécies segundo Santos et al. (1997).
Segundo Pargot & Hoffmann (2003), o principal fator limitante para a produção de
amora-preta é a temperatura. A cultura requer uma combinação de horas de frio abaixo de 7
graus, nas estações mais frias, variando de 100 até 1.000 horas, em função da espécie/cultivar e
calor abundante, nas estações mais quentes, para que ocorram adequadas brotação, floração e
produtividade. Por essas razões, a cultura da amora-preta é recomendada, principalmente, para o
Estado do Rio Grande do Sul e para as regiões de microclima de Santa Catarina, Paraná, São
Paulo e Minas Gerais.
Na Região Centro-Sul do Paraná, alguns agricultores cultivam amora-preta como
alternativa de renda e diversificação de culturas. As cultivares inicialmente testadas na região
foram: Brazos, Comanche, Cherokee e Tupi, sob sistema orgânico de cultivo, destacando-se a
última como cultivar mais produtiva e resistente a pragas e doenças da região.
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
113
Com o lançamento da cultivar Xavante, a qual não possui espinhos no seu tronco e
galhos, observou-se que a colheita seria executada com mais rapidez e sem causar ferimentos aos
produtores.
Neste contexto o trabalho teve como objetivo comparar a produção média entre as
cultivares “Tupi” e “Xavante” na Região Centro-Sul do Paraná.
Material e Métodos
O experimento foi realizado no Município de Rio Azul, localizado na microrregião
colonial de Irati-PR e integra o segundo planalto paranaense. O clima é do tipo Cfb (temperado),
temperatura média alta anual de 23,9 graus e média baixa anual de 12,8 graus, precipitação média
anual de 1.700 mm, solo classificado como alissolo (IAPAR, 2007).
O plantio das cultivares de amora-preta foi realizado em sistema de plantio direto na palha
de centeio1. As mudas foram plantadas no mês de outubro de 2004, utilizando espaçamento de
0,7 m entre plantas por 2,5 m entre linhas, sendo, 10 linhas de 100 m de comprimento para cada
cultivar, totalizando uma área de 5.500 m2. Cada linha comportava aproximadamente 140 plantas,
para a ocasião foram avaliadas 70 plantas de cada linha.
O sistema de condução utilizado foi o espaldeira, por adaptar-se bem ao hábito vegetativo
da cultura e por apresentar boa aeração. Realizou-se no inverno de 2005 a poda com o corte dos
ramos principais a altura de 1,2 m e ramos laterais 0,3 m, após a produção, foram eliminados os
ramos que produziram no ano, cortando-os rente ao solo e nova poda de manutenção doa ramos
principais conforme anteriormente descrito.
Aplicou-se após a realização de cada poda, calda bordaleza e calda sufocálcica,
proporcionando ampla ação acaricida, fungicida, inseticida, assim como fontes de cálcio, cobre e
enxofre, também fez-se o uso de cama aviária e fosfato natural, alternativas utilizadas para um
sistema de cultivo orgânico.
Avaliou-se os seguintes parâmetros: Número de frutos por Planta (NFP) expresso por
unidade (unid), Peso Médio dos Frutos (PMF) expresso em gramas (g), Produção Média de
Frutos por Planta (PMFP) expresso em gramas e Produção (P) expressa em quilogramas por
1
Técnica utilizada como fonte de adubação orgânica e cobertura de solo, visto que o solo da região apresenta
deficiência nutricional e alto risco de degradabilidade.
114
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
hectare (kg.ha-1). Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias foram
comparadas pelo teste Tukey 5% (Pr<0,05).
Resultados e Discussão
A cultura da amora-preta foi implantada no município de Rio Azul-PR na década de 1990,
tendo a cultivar "Brazos” como pioneira. Porém, a cultivar não apresentou resultados satisfatórios
aos produtores, estes procuraram auxílio técnico para encontrar uma cultivar adequada ao clima e
solo da região, proporcionando uma produção considerável.
No final da década de 1990 a cultivar “Tupi” foi implantada no município como promessa
de cultivar que se adaptaria ao clima da região e conseqüentemente teria uma boa produção. A
cultivar superou as expectativas, principalmente relacionada à produção, sendo rapidamente
disseminada para o município e posteriormente para a região.
Alguns agricultores, porém, têm dificuldades na colheita dos frutos, visto que a cultivar
apresenta grande número de espinhos no caule e galhos, os quais retardam a colheita e causam
pequenos ferimentos às mãos dos produtores.
A alternativa mais adequada foi à aquisição de mudas da cultivar “Xavante”, a qual não
apresenta espinhos. Para avaliar seu potencial produtivo fez-se necessária a execução de um
experimento comparativo com a cultivar “Tupi”.
Os resultados obtidos pelos parâmetros agronômicos avaliados podem ser observados na
Tabela1.
Tabela 1: Comparação produtiva entre a cultivar de amora–preta “Tupi” e “Xavante”, para as safras
2005/2006 e 2006/2007, Rio Azul-PR, 2007.
Cultivar
Safra 2005/2006
Safra 2006/2007
-1
NFP (uni)
PMF (g)
PMFP (g)
Tupi
256,7 A
5,91 A
1.517 A
8.616 A
259,5 A
Xavante
228,7 B
4,73 B
1.081 B
6.140 B
231,3 B
PMFP (g)
P (kg.ha-1)
6,01 A
1.559 A
8.858 A
4,78 B
1.105 B
6.279 B
P (kg.ha ) NFP (uni) PMF (g)
Médias seguidas de mesma letra, na coluna não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey ao nível de 5%
(Pr<0,05).
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
115
Os frutos da cultivar “Xavante” são menores, conseqüentemente mais leves, observa-se
que para o parâmetro PMF a cultivar “Tupi” obteve uma média entre as duas safras de 5,96 g e
para a cultivar “Xavante” 4,75 g. Esse parâmetro pode ser aplicado para a cultivar “Tupi”,
segundo Santos & Raseira (1988), a cultivar “Tupi” produz frutos grandes (6 gramas) no Rio
Grande do Sul.
A campo foi possível observar que a disposição dos frutos na planta da cultivar “Xavante”
é em forma de pequeno “cachos”. Nesta forma, tem-se a dificuldade da colheita individual do
fruto, implicando ocasionalmente na colheita de frutos ainda impróprios para o consumo.
Observa-se uma diferença de 2.476 kg.ha-1 ou 40,3% a mais na produção da cultivar
“Tupi” para a safra 2005/2006, quando comparada com a cultivar “Xavante” e 2.579 kg.ha-1 ou
41,7% para a safra 2006/2007. Isto pode ter ocorrido pelo fato que a cultivar “Tupi” apresentou
maior rusticidade e melhor adaptabilidade ao clima e solo da região, quando comparada à cultivar
“Xavante”.
Outro fator relevante é que a cultivar “Xavante” requer mais cuidados nos tratos culturais,
devido seu crescimento lento, tem-se a influência direta da supressão por plantas daninhas.
A colheita dos frutos da cultivar “Xavante” é realizada com maior agilidade, devido à
ausência de espinhos, porém, sua produção de 6.279 kg.ha-1, safra 2006/2007 é inferior quando
comparada com a cultivar “Tupi” (8.858 kg.ha-1, safra 2006/2007), refletindo menor retorno
financeiro.
A produção da safra 2004/2005 não foi contabilizada por demonstrar resultados
inexpressivos decorrentes de primeira safra. A produção média a partir da segunda safra para a
cultivar “Tupi” é de 8.100 kg.ha-1, já para a cultivar “Xavante” é de 6.150 kg.ha-1 para a Região
Centro-Sul do Paraná, segundo dados levantados através de coleta de informações de produtores.
Conclusão
A cultivar “Tupi” apresentou melhores resultados nos parâmetros agronômicos avaliados
e a cultivar “Xavante” proporcionou melhores condições de manejo na colheita, porém, baixa
produção.
116
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
Referências Bibliográficas
BORSZOWSKEI, P. R.; MLGARIM, M. B.; AHRENS, D. C.; DEWULF, C. Análise e
Diagnóstico de uma propriedade Familiar com Plantio e Processamento de Amora e Framboesa,
no Município de Rio azul, PR. In: SIMPÓSIO NACIONAL DO MORANGO, 3.; ENCONTRO
SOBRE PEQUENAS FRUTAS E FRUTAS NATIVAS DO MERCOSUL, 2., 2006, Pelotas.
Resumos. Pelotas: Embrapa Clima Temperado, 2006. p. 209-215.
INSTITUTO AGRONÔMICO DO PARANÁ. Monitoramento agroclimático do Paraná.
Disponível em: <http://200.201.27.14/Site/Sma/index.html>. Acesso em: 20 ago. 2007.
PAGOT, E.; HOFFMANN, A. Produção de pequenas frutas no Brasil: Origem e difusão. In:
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SANTOS, A. M. dos; RASEIRA, M. do C. B. Lançamento de cultivares de amoreira-preta.
Pelotas: EMBRAPA-CNPFT, 1988. n. p. (EMBRAPA. Informativo, 23).
SANTOS, A. M.; RASEIRA, M. C. B.; MADAIL, J. C. M. Amora-preta. 2. ed. Brasília:
Embrapa-SPI; Pelotas: Embrapa-CPACT, 1997. 61 p. (Coleção Plantar, 33).
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
117
FLUTUAÇÃO POPULACIONAL DAS PRAGAS E INIMIGOS NATURAIS NA
CULTURA DA ATEMÓIA VISANDO A IMPLANTAÇÃO DA PRODUÇÃO
INTEGRADA DE FRUTAS
MOURA, M. D. da C. S.1; MOREIRA, A. N.2; AMORIM, S. A. dos S.3; PEREZ, J. O.4; SILVA,
H. T. da5; SANTOS, C. C. dos6
1
Estudante do Curso Superior de Tecnologia em Fruticultura Irrigada - CEFET Petrolina, Bolsista FACEPE/CNPq,
Rua Coroacy Nunes 52 Vila São Francisco - Sobradinho - BA, [email protected]; 2Enga Agra, M.Sc.
Entomologia, Professora CEFET Petrolina, E-mail: [email protected]; 3Engo Agro, Esp. Irrigação,
Professor CEFET Petrolina, E-mail: [email protected]; 4Enga Agra, D.Sc. Fitopatologia, Professora CEFET
Petrolina, E-mail: [email protected]; 5Estudante do Curso Técnico em Agricultura, CEFET Petrolina;
6
Estudante do Curso Técnico em Agricultura, CEFET Petrolina, E-mail: [email protected]. Projeto
financiado pelo CEFET Petrolina e FACEPE/CNPq.
Introdução
A atemóia, híbrido interespecífico de Anonna cherimola Mill x Anonna squamosa L., é
cultivada principalmente nas regiões Sul e Sudeste do Brasil. Recentemente, esta fruta foi
introduzida com sucesso no Nordeste, apresentando destaque nos projetos de irrigação do Vale
do São Francisco (SÃO JOSÉ, 1997). Segundo Donadio (1997), a produção de atemóia tende a
crescer no Brasil, devido a sua maior versatilidade e adaptação às condições tropicais e
subtropicais em relação à cherimóia.
Entretanto, apesar dos esforços das instituições públicas e privadas, as tecnologias geradas
e/ou adaptadas para a exploração desta anonácea no país, têm sido insuficientes para uma posição
de destaque no cenário internacional desta fruteira a ponto de estar relegada a poucos dados
estatísticos e a limitadas informações técnico-científicas oriundas de pesquisa e experimentação
de campo, fato que limita os investimentos empresariais, além de propiciar uma exploração
empírica (CARDOSO, 1997).
Um dos fatores que concorrem para a baixa produtividade da atemóia nos pomares
brasileiros são os danos ocasionados por pragas e doenças, que podem interferir na qualidade do
produto, depreciando seu valor para a comercialização. O manejo integrado de pragas (MIP)
preconiza que o controle de pragas deve ser realizado por meio de técnicas eco-compatíveis que
visem manter a população de insetos abaixo do nível de dano econômico (BOTTON, 2001),
sendo um forte aliado à implantação de sistemas de Produção Integrada de Frutas (PIF). Dessa
118
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
forma, o estudo da flutuação populacional dessas pragas pode propiciar a obtenção de dados
referentes às épocas e picos de aparecimento delas, além da possibilidade de se estabelecerem os
níveis de equilíbrio e de dano das mesmas.
Material e Métodos
O trabalho foi realizado durante o período de agosto de 2006 a junho de 2007 em uma
área experimental de atemóia não pulverizada, na unidade agrícola do CEFET Petrolina, com
espaçamento 3 m x 3 m triangular, topografia plana e declividade de 1%, sendo o solo de textura
arenosa, bem drenado e de baixa fertilidade e sistema de irrigação por alternativa de gotejamento.
O acompanhamento da cadeia produtiva da atemóia foi realizado por meio de caderno de campo
constando nos registros a localização, tamanho da área, adubação, irrigação, tratos culturais,
colheita e pós-colheita, com a finalidade de permitir uma rastreabilidade das práticas na área em
estudo.
As amostragens das pragas, doenças e inimigos naturais foram realizadas em 30 plantas,
observando-se três ramos por planta, avaliando-se todo o ramo e a área foliar de todas as folhas
contidas no ramo, flores e frutos. Os ramos foram marcados e os dados da amostragem foram
registrados em uma planilha de campo, elaborada e adaptada à realidade regional,
especificamente ao Vale do São Francisco. As amostragens foram efetuadas semanalmente, com
o auxílio de uma lupa de bolso de aumento 10X. As pupas, ovos e larvas encontradas foram
coletadas e colocadas em placas de Petri ou tubos de ensaio tampados com tecido de nylon em
condições ideais de laboratório. Após a identificação, os insetos foram montados com alfinetes
entomológicos ou transferidos para frascos contendo álcool 70%.
A flutuação populacional foi analisada com base em análise gráfica e a correlação de
Pearson entre a quantidade de insetos capturados e os parâmetros climáticos (precipitação,
temperatura e umidade relativa do ar) coletados na estação metereológica da Embrapa SemiÁrido.
Resultados e Discussão
Durante o período de amostragem registrou-se a ocorrência das seguintes pragas: brocados-ramos-novos, cochonilhas (parda, algodão, escama farinha e branca), lagartas, cigarrinha
verde, minador, pulgão e soldadinho (Membracidae) (Figura 1), que também são comuns em
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
119
atemóia (TOKUNAGA, 2000) e outras anonáceas, tais como a graviola. Registrou-se também a
presença esporádica dos insetos irapuã, gafanhoto e serra-pau, porém sem causar danos à cultura.
As observações vêm apontando que a broca-dos-ramos-novos é a principal praga desta cultura na
região do Submédio do Vale do São Francisco, com picos populacionais de larvas verificados
nos meses de março, abril, outubro e novembro de 2006 (Figura 1), logo após a brotação dos
ramos e com ocorrência de período chuvoso. Também é importante mencionar a visível
deformação dos frutos em decorrência da ação da broca e dos problemas de floração e
frutificação da cultura que são reflexos da deficiência de polinização. Constatou-se, ainda, um
ataque intenso de pulgões entre meados de setembro e início de outubro, no entanto sem
relevância comercial e um aumento na incidência da cigarrinha nos meses de novembro e
dezembro de 2006 (Figura 1).
560
Número total de insetos
520
480
440
400
360
Broca
Cochonilha
Lagarta
Cigarrinha
Vaquinha
M os ca-branca
Soldadinho
M inador
Pulgão
Pe rce ve jo
Ácaro rajado
Gorgulho
320
280
240
200
160
120
80
40
26
/ 11
12 /05
/ 12
/05
3/1
/0
24 6
/ 1/
0
15 6
/ 2/
06
8/3
/06
27
/ 3/
0
17 6
/ 4/
06
9/5
/06
1/6
/0
20 6
/ 6/
0
12 6
/ 7/
06
1/
8/1 8/06
6/ 2
0
9/5 06
/20
9/2
06
8
10 / 200
/ 16
6
/2
11 006
/6
11 / 200
/ 27
6
/
12 2006
/ 18
/20
1/9 06
/20
2/1 07
/2
2/2 007
2/ 2
3/1 007
4/ 2
0
4/3 07
/20
07
4/2
7/ 2
5/1 007
8/ 2
0
6/8 07
/20
6/2
0
7/ 2 7
00
7
0
Data
Figura 1. Flutuação populacional das principais pragas da atemóia no período de novembro de
2005 até de junho de 2007. Petrolina, PE.
O monitoramento das pragas da atemóia não apresentou correlações significativas entre os
fatores climáticos de temperatura média, umidade relativa e precipitação (Figura 2).
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I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
Pre cipitação (m m )
Te m pe ratura m é dia (oC)
Um idade re lativa (%)
Temperatura média e Umidade
relativa
90
80
160
140
70
120
60
100
50
80
40
60
30
40
20
20
10
m
ar
ab
r
m
ai
ju
n
se
t
ou
t
no
v
de
z
ja
n07
fe
v
ag
o
ju
l
m
ar
ab
r
m
ai
ju
n
fe
v
0
de
z
ja
n06
0
no
v05
Precipitação
120
Data
Figura 2. Dados climáticos no período de novembro de 2005 até de junho de 2007. Petrolina, PE.
Nas avaliações realizadas foram encontrados diversos inimigos naturais tais como,
aranhas de diversas espécies, joaninhas e ácaros predadores e bicho lixeiro (crisopídeo) (Figura
3), entretanto, não apresentaram também correlações significativas com as variáveis climáticas.
Em relação à ocorrência de doenças, até o momento não foi constatada na área experimental a
presença de fitopatogênicos, provavelmente devido às condições climáticas não serem favoráveis
para a desenvolvimento de doenças ou não ter a presença dos patógenos no local.
Conclusão
Os resultados obtidos demonstram que a broca-dos-ramos-novos é a principal praga da
atemóia na região do Submédio do Vale do São Francisco, com ocorrência preferencialmente
após a brotação dos ramos e períodos com ocorrência de precipitação.
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
560
Número total de insetos
520
480
440
400
360
Broca
Cochonilha
Lagarta
Cigarrinha
Vaquinha
M os ca-branca
121
Soldadinho
M inador
Pulgão
Pe rce ve jo
Ácaro rajado
Gorgulho
320
280
240
200
160
120
80
40
26
/ 11
12 /05
/ 12
/05
3/1
/0
24 6
/ 1/
0
15 6
/ 2/
06
8/3
/06
27
/ 3/
0
17 6
/ 4/
06
9/5
/06
1/6
/0
20 6
/ 6/
0
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/ 7/
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6/ 2
0
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/20
9/2
06
8
10 / 200
/ 16
6
/2
11 006
/6
11 / 200
/ 27
6
/
12 2006
/ 18
/20
1/9 06
/20
2/1 07
/2
2/2 007
2/ 2
3/1 007
4/ 2
0
4/3 07
/20
07
4/2
7/ 2
5/1 007
8/ 2
0
6/8 07
/20
6/2
0
7/ 2 7
00
7
0
Data
Figura 3. Flutuação populacional das principais dos inimigos naturais na cultura da atemóia no
período de novembro de 2005 até de junho de 2007, Petrolina, PE.
Referências Bibliográficas
BOTTON, M. Monitoramento e manejo. Cultivar Hortaliças e Frutas, Pelotas, v. 1, n. 6, p. 1820, 2001.
CARDOSO, J. E. Graviola: fitossanidade. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica;
Fortaleza: Embrapa Agroindústria Tropical, 1997. p. 9-10. (Frutas do Brasil, 20).
DONADIO, L. C. Situação atual e perspectivas das anonáceas. In: SÃO JOSÉ, A. R.; SOUZA, I.
V. B., MORAIS, O. M.; REBOUÇAS, T. N. H. (Ed.). Anonáceas: produção e mercado (pinha,
graviola, atemóia e cherimóia). Vitória da Conquista: Universidade Estadual do Sudoeste da
Bahia, 1997. p. 1-4.
SÃO JOSÉ, A. R. Aspectos gerais das anonáceas no Brasil. In: SÃO JOSÉ, A. R., SOUZA, I. V.
B., MORAIS, O. M.; REBOUÇAS, T. N. H. (Ed.). Anonáceas: produção e mercado (pinha,
graviola, atemóia e cherimólia). Vitória da Conquista: Universidade Estadual do Sudoeste da
Bahia, 1997. p. 5-6.
TOKUNAGA, T. A cultura da atemóia. Campinas: CATI, 2000. 80 p. il. (CATI. Boletim
Técnico, 233).
122
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
ATRIBUTOS QUÍMICOS DOS SOLOS EM ÁREAS DE PRODUTORES VINCULADOS
À PRODUÇÃO INTEGRADA DE BANANA NO PROJETO FORMOSO, BAHIA
BORGES, A. L.1; SOUZA, L. da S.1; CORDEIRO, Z. J. M.1
1
Enga (o) Agra (o), Pesquisador (a) da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical, Caixa Postal 007, 44380-000 Cruz
das Almas, BA, [email protected]; [email protected]; [email protected].
Introdução
A Região Nordeste é a maior produtora de banana do Brasil (36%), seguida das Regiões
Sudeste (31%), Norte (14,5%), Sul (15%) e Centro-Oeste (3,5%) (IBGE, 2005) e, embora
apresente excelentes condições de clima e solo para a produção, ainda são necessários ajustes em
alguns fatores que afetam a produtividade e a qualidade final dos frutos. Desta forma, a Produção
Integrada de Banana (PIN Banana) propõe-se a tornar o processo ambientalmente correto,
economicamente viável e socialmente justo, garantindo a certificação da produção de forma a
atender às exigências dos mercados, adotando para tanto as boas práticas agrícolas de campo e
pós-colheita.
No pólo de fruticultura do Projeto Formoso, Município de Bom Jesus da Lapa, Bahia,
irrigado com a água do rio Corrente, afluente do rio São Francisco, a banana é a principal cultura,
com 4.600 ha, empregando 10 mil pessoas. Dessa área, 542 ha estão sendo cultivados com
bananeira do subgrupo Cavendish (Williams e Grande Naine) visando a exportação (MAIA
FILHO, 2007). As variedades do tipo Prata (Prata Anã e Prata Rio) são as mais importantes do
projeto, ocupando mais de 87% da área plantada. O Projeto Formoso, mesmo colocando no
mercado uma banana de qualidade superior à média nacional, necessita implementar outras boas
práticas agrícolas (PIN Banana), para competir com vistas ao mercado internacional.
A bananeira desenvolve-se melhor em solos aluviais profundos, ricos em matéria
orgânica, bem drenados e com boa capacidade de retenção de água; contudo, é cultivada e se
adapta a diferentes tipos de solos. A planta demanda grandes quantidades de nutrientes para seu
desenvolvimento e obtenção de altos rendimentos, sendo o potássio (K) e o nitrogênio (N) os
nutrientes mais absorvidos. Em ordem decrescente a bananeira absorve os seguintes nutrientes:
macronutrientes: K > N > Ca > Mg > S > P; micronutrientes: Cl > Mn > Fe > Zn > B > Cu. Um
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
123
bananal retira, por tonelada de frutos, 1,2-2,4 kg de N; 0,11-0,30 kg de P; 3,1-8,2 kg de K; 0,13 a
0,38 kg de Ca e 0,20 a 0,37 kg de Mg. A exportação de micronutriente pelo cacho representa
28% para o B, 49% para o Cu e 42% para o Zn, em relação ao total absorvido (BORGES, 2004).
O trabalho objetivou avaliar os atributos químicos de alguns solos em áreas de produtores
vinculados à Produção Integrada de Banana no Projeto Formoso, Município de Bom Jesus da
Lapa, Sudoeste do Estado da Bahia, visando definir estratégias para adubação e nutrição dos
bananais.
Material e Métodos
A área de PIN Banana no Projeto Formoso, Sudoeste do Estado da Bahia, conta com
595,72 ha, sendo mais de 90% com banana do subgrupo Cavendish, pois visa a exportação dos
frutos para a Argentina e Europa. Apenas 13% da área plantada com banana no perímetro
participam da PIN e estão cultivadas em solos que variam de argilosos (Argissolo Vermelho) a
muito arenosos (Neossolo Quartzarênico).
Amostras de solo de 24 áreas, total de 245,68 ha, correspondendo a 41% da área da PIN
Banana, foram coletadas na camada de 0-20 cm de profundidade e submetidas a análises
químicas. Determinaram-se o pH em água (acidez ativa – reação do solo); P, K, Na, Fe, Mn, Cu e
Zn pelo extrator de Mehlich 1; Ca, Mg e Al extraído com KCl 1N; acidez potencial (H + Al) com
acetato de cálcio 1N a pH 7; S-SO42- pelo fosfato monobásico de cálcio e o B com água quente. A
matéria orgânica foi quantificada com dicromato de K em meio sulfúrico. Procederam-se os
cálculos da soma de bases (SB = K + Ca + Mg + Na), da CTC a pH 7 (SB + H + Al) e da
saturação por bases (V% = SB/CTC x 100).
Resultados e Discussão
O pH médio do solo variou de acidez média (pH = 5,8) a alcalinidade média (pH = 7,9)
(Tabela 1). Sabe-se que a faixa de pH mais favorável, em razão da disponibilidade de nutrientes,
é de 6,0 a 6,5. Valores de pH acima de 7,0 podem tornar indisponíveis os micronutrientes Fe, Cu,
Mn e Zn. Na faixa observada de pH os teores de Al trocável no solo são normalmente nulos.
O teor médio de P (7,8 mg/dm3), variando de 1 a 18 mg/dm3, é baixo para a bananeira
(Tabela 1), considerando-se que apenas acima de 30 mg/dm3 a adubação fosfatada seria
dispensada (BORGES, 2004).
124
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
O potássio, nutriente mais absorvido pela bananeira, mostrou-se baixo (média de 0,20
cmolc/dm3) com amplitude de 0,05 a 0,29 cmolc/dm3 (Tabela 1). Apenas para teores acima de 0,60
cmolc/dm3 não seria necessária suplementação do nutriente para a cultura.
Os teores de cálcio variaram de 4,1 a 21,0 cmol c/dm3 (Tabela 1). Nos solos mais argilosos
os teores de cálcio foram mais elevados. A relação entre as bases K:Ca:Mg é importante para a
bananeira, sendo recomendada como ideal a relação 0,5:4:1. Observou-se na área 14 a relação de
0,05:19:1, indicando valor de Ca bastante superior (Tabela 1). Posteriormente serão
correlacionados os teores de Ca com a produtividade da bananeira e os teores de argila no solo.
Os valores de Na e a acidez potencial (H + Al) foram considerados baixos. A soma de
bases (SB) classificou-se nas faixas de boa (3,61 a 6,00 cmolc/dm3) a muito boa (> 6,00
cmolc/dm3) (Tabela 1). A CTC variou na faixa de 5,57 a 23,20 cmolc/dm3, com valor médio de
10,20 cmolc/dm3, situado na faixa considerada boa (8,61-15,00 cmolc/dm3). Na área 11 o seu
valor classificou-se em faixa média (4,31-8,60 cmolc/dm3), enquanto nas áreas 13, 14, 15 e 23
classificou-se como muito boa (> 15 cmolc/dm3) (Tabela 1). A saturação por bases (V%) esteve
adequada em todos os solos, pois se recomenda para a bananeira valor de 70% (BORGES, 2004).
Quanto à matéria orgânica, os teores variaram de baixo (7,1-20,0 g/kg) a médio (20,1-40,0
g/kg) (Tabela 1), devendo ser incrementada nos solos mais arenosos para aumentar a retenção de
água e nutrientes.
A média do teor de S-SO42- encontrou-se no limite médio (5-10 mg/dm3) (Tabela 2);
contudo, existiram valores baixos (0-4 mg/dm3) e altos (> 10 mg/dm3).
Dos micronutrientes, B e Zn são, normalmente, os mais limitantes para a bananeira. Os
valores de B apresentaram-se na faixa média (0,21-0,60 mg/dm 3), exceto nas áreas 4 e 14 onde
foram baixos (< 0,20 mg/dm3) e nas áreas 22 e 23 onde foram altos (> 0,60 mg/dm 3). O Zn
mostrou teores muito altos nas áreas 16 a 19 (> 2,2 mg/dm3 é considerado alto). Contudo, teores
médios foram encontrados na maioria das áreas (1,0-1,5 mg/dm3), indicando que o pH elevado do
solo parece não estar interferindo na disponibilidade do nutriente, o mesmo acontecendo com o
Mn (> 12 mg/dm3 é considerado alto), que se apresentou elevado em todas as áreas, com exceção
da 24 (Tabela 2). Já os teores de Cu estiveram baixos (< 0,7 mg/dm 3) em todas as áreas, porém
ele não é considerado um micronutriente muito limitante para a cultura. O Fe variou de alto (> 45
mg/dm3) na área 3 até muito baixo nas áreas 8 e 20 (Tabela 2). Correlações com pH do solo e
produtividade da bananeira deverão ser realizadas para melhor entendimento dos resultados.
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
125
Além disso, para acompanhamento mais preciso da nutrição das plantas, a diagnose foliar é
fundamental.
Tabela 1. Atributos químicos do solo nas áreas de produtores vinculados à Produção Integrada
de Banana, Projeto Formoso. Bom Jesus da Lapa-BA, 2007.
1
Área
pH água
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
Média
7,5
7,4
7,0
6,8
7,1
7,4
7,2
7,9
7,2
7,7
7,5
6,7
6,8
7,9
7,3
6,2
5,8
6,0
6,2
7,1
6,9
6,7
6,9
6,2
7,0
P
mg/dm3
18
8
4
7
9
14
11
10
6
4
9
11
4
1
6
2
8
10
7
8
10
8
7
4
7,8
Amplitude
5,8-7,9
1-18
2
Soma de bases; Matéria orgânica.
K
Ca
Mg
Na
H+Al
SB1
CTC
3
--------------------------- cmolc/dm -----------------------------0,16
5,4
0,6
0,00
0,9
6,16
7,07
0,10
4,9
0,5
0,00
0,9
5,50
6,41
0,22
8,0
1,0
0,00
1,2
9,22
10,42
0,16
5,8
0,7
0,02
1,3
6,68
7,98
0,06
4,5
0,4
0,03
1,0
4,99
6,00
0,15
7,5
0,6
0,04
1,0
8,28
9,29
0,11
5,8
0,6
0,05
1,2
6,55
7,75
0,10
5,5
0,4
0,03
0,0
6,03
6,94
0,22
5,3
0,5
0,03
0,9
6,05
6,96
0,19
5,7
2,1
0,02
1,0
8,01
9,02
0,22
4,1
0,3
0,05
0,9
4,67
5,57
0,08
5,8
0,8
0,00
1,8
6,68
8,48
0,21
12,0
1,2
0,03
1,8
13,4
15,20
0,05
21,0
1,1
0,05
1,0
22,2
23,20
0,20
15,0
1,6
0,02
1,6
16,8
18,40
0,12
8,4
1,0
0,03
1,9
9,52
11,42
0,29
5,9
0,9
0,04
2,4
7,09
9,49
0,25
6,2
1,4
0,05
2,2
7,85
10,05
0,29
6,7
1,1
0,05
1,9
8,09
9,99
0,15
7,5
0,9
0,04
1,2
8,55
9,75
0,16
6,9
0,9
0,04
1,3
7,90
8,26
0,19
13,6
0,8
0,00
0,3
14,59 14,89
0,14
14,2
1,0
0,00
0,3
15,34 15,64
0,13
4,5
0,6
0,02
1,3
5,23
6,53
0,20
7,9
0,9
0,03
1,2
9,00
10,20
0,054,10,004,675,570,3-2,1
0,0-2,4
0,29
21,0
0,05
22,2
23,20
V
-%87
86
88
84
83
89
85
87
87
89
83
79
88
96
91
83
75
78
81
88
86
98
98
80
86
75-98
MO2
g/kg
18,0
13,0
17,0
17,0
18,0
25,0
22,0
18,0
17,0
17,0
13,0
20,0
37,0
36,0
41,0
41,0
36,0
31,0
24,0
29,0
22,0
27,0
36,0
17,0
25,0
13,041,0
126
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
Tabela 2. Enxofre e micronutrientes do solo nas áreas de produtores vinculados à Produção
Integrada de Banana, Projeto Formoso. Bom Jesus da Lapa-BA, 2007.
Área
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
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15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
Média
Amplitude
S
B
Cu
Fe
Mn
Zn
------------------------------------------------ mg/dm3 ----------------------------------------------22
0,21
0,1
14,0
97,2
1,5
14
0,20
0,4
12,0
74,7
1,0
6
0,23
0,4
50,0
92,6
1,0
2
0,18
0,3
23,0
56,1
1,1
4
0,29
0,1
19,0
66,2
1,0
4
0,30
0,1
33,0
124,0
2,4
4
0,27
0,2
20,0
99,0
1,6
6
0,27
0,1
7,0
79,4
2,2
2
0,24
0,6
11,0
55,6
0,1
6
0,23
0,3
37,0
69,3
0,9
6
0,22
0,4
20,0
65,8
1,1
2
0,24
0,4
27,0
65,2
1,2
12
0,30
0,0
22,0
157,0
3,6
6
0,12
0,0
10,0
162,0
1,0
6
0,31
0,0
11,0
194,0
1,3
7
0,20
0,4
11,5
13,5
9,5
11
0,20
0,5
8,0
15,0
19,0
11
0,20
0,5
15,5
15,5
19,0
9
0,30
0,4
8,5
16,0
21,0
4
0,20
0,3
7,5
13,5
4,0
5
0,20
0,4
17,5
14,5
4,0
3
0,80
0,3
18,0
120,2
1,9
2
0,90
0,2
8,0
97,6
2,5
6
0,20
0,3
20,0
8,5
2,5
6,6
0,30
0,3
17,9
73,9
4,4
2-22
0,12-0,90
0,0-0,6
7,0-50,0
8,5-194,0
0,1-21,0
Conclusão
As estratégias de adubação e nutrição dos bananais nos solos avaliados serão diferentes
em conseqüência da variação da reação do solo (acidez média a alcalinidade média) e dos teores
de nutrientes (P e K baixos, Ca alto e CTC e V% adequadas).
Referências Bibliográficas
BORGES, A. L. Calagem e adubação. In: BORGES, A. L.; SOUZA, L. da S. (Ed.). O cultivo da
bananeira. Cruz das Almas: Embrapa Mandioca e Fruticultura, 2004. p. 32-44.
IBGE. Produção agrícola Municipal. Disponível em: <http://www.sidra.ibge.gov.br>. Acesso
em: 11 nov. 2005.
MAIA FILHO, J. P. Banana amplia as perspectivas de exportação. Disponível em:
<http://www.seagriba.gov.br/noticias>. Acesso em: 20 ago. 2007.
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
127
PRODUÇÃO INTEGRADA DE BANANA: AVANÇOS OBTIDOS NO NORTE DE
MINAS GERAIS E SUDOESTE DA BAHIA
CORDEIRO, Z. J. M.1,2; BORGES, A. L.1; SOUZA, L. da S.1; FANCELLI, M.1; SILVA, J. T. A.
da3; RITZINGER, C. H. S. P.1; DIAS, M. S. C.3; OLIVEIRA, S. L. de1; CORSATO, C. D. A.4;
RODRIGUES, M. G. V.3; PEREIRA, M. E. C.1; LIMA, M. B.1; MONTEIRO, W. B.5;
TRINDADE, A. V.1; COELHO, E. F.1; COELHO FILHO, M. A.1; ACCIOLY, A. M. A.1;
OLIVEIRA, A. S.6; FERREIRA, D. M. V.7
Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical, C. P. 007, 44380-000 Cruz das Almas, BA; 2Coordenador do projeto de
produção integrada de banana para o Norte de Minas Gerais, e-mail: [email protected] ; 3Epamig/CTNM,
Rod. MG T122, Km 155, 39527-000 Nova Porteirinha, MG; 4Unimontes, Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas;
Departamento de Ciências Agrárias; Rua Reinaldo Viana, 2630; Bico da Pedra; 39440-000 - Janaúba, MG; 5Técnico
do Instituto Mineiro Agropecuário – IMA, Montes Claros, MG; 6 Técnico da Agência de Defesa Agropecuária da
Bahia – ADAB, Escritório de Bom Jesus da Lapa, BA; 7 Técnico da Agência de Defesa Agropecuária da Bahia –
ADAB, Escritório de Cruz das Almas, BA.
Introdução
O Brasil tem se mantido na segunda posição entre os maiores produtores mundiais de
banana com cerca de 6.700.000 t/ano. Os dados mais recentes apontam para uma redução de área
plantada acompanhada de aumentos na produtividade (cerca de 13 t/ha). Acredita-se que a
melhoria nesse indicador se deva a incrementos no nível tecnológico dos cultivos. Os Estados de
São Paulo, Bahia, Pará, Santa Catarina, Minas Gerais, Pernambuco e Ceará são os mais
importantes, tanto em área colhida quanto em produção. A bananicultura brasileira é formada, em
grande parte, por pequenos produtores, predominando o sistema convencional de produção, com
baixo nível técnico dos cultivos e de qualidade da fruta produzida. Alterações nessa situação
passam, obrigatoriamente, pela melhoria dos padrões tecnológicos de produção e de manejo póscolheita da fruta. Dentro dessa perspectiva, insere-se o sistema de produção integrada, que visa
exatamente o estabelecimento das boas práticas de produção e de pós-colheita, garantindo ao
consumidor alimento seguro e de qualidade. O Norte de Minas Gerais, onde estão implantados
cerca de 9.000 ha e o Sudoeste da Bahia com cerca de 4.600 ha, são importantes pólos de
produção de banana, comercializando a fruta para diversos Estados brasileiros e trabalhando para
inserção no mercado internacional. A implantação do sistema de produção integrada nessas
regiões é a grande expectativa para lograr êxito nos objetivos das duas regiões. Nesse trabalho
128
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
pretende-se mostrar as evoluções conseguidas na implantação do sistema de produção integrada
de banana no Norte de Minas Gerais e Sudoeste da Bahia.
Material e Métodos
A implantação do sistema de produção integrada no Norte de Minas Gerais e Sudoeste da
Bahia teve início em março de 2005, a partir das palestras de sensibilização, realizadas para
produtores e técnicos que atuam tanto no Norte de Minas quanto em Bom Jesus da Lapa. Após as
palestras, levantaram-se os produtores interessados em aderir à produção integrada. As primeiras
seis propriedades foram então selecionadas no Norte de Minas Gerais, com a participação direta
do corpo técnico local. O próximo passo foi a visita às áreas e o georreferenciamento das seis
quadras. Ato contínuo, definiram-se metodologias a serem empregadas no monitoramento de
pragas, aspectos ligados ao solo e à água, dando início ao monitoramento desses fatores nas
quadras demarcadas. Os trabalhos iniciados tomaram como base os documentos gerados em
Santa Catarina e São Paulo, principalmente as Normas Técnicas Específicas. Em visita às
propriedades foram levantados os principais problemas da cultura e a infra-estrutura disponível.
Posteriormente definiu-se um programa anual de treinamentos e, a partir dos anos 2006 e 2007,
foram liberadas novas adesões de produtores ao sistema, dando continuidade ao programa de
treinamentos de forma a atender toda a comunidade de técnicos, produtores e funcionários de
propriedades optantes pelo sistema de produção integrada. Paralelamente, tem-se buscado a
elaboração de publicações e a revisão dos documentos gerados por São Paulo e Santa Catarina.
Resultados e discussão
Os trabalhos de campo na produção integrada de banana iniciaram em seis propriedades,
localizadas no Norte de Minas Gerais, onde foram demarcadas pequenas quadras com área total
de 43,25 ha. Após definições metodológicas ocorridas em reunião técnica específica, iniciaram-se
nessas quadras o monitoramento das pragas mais importantes como Sigatoka-amarela, broca-dorizoma e nematóides; caracterização química do solo e da água de irrigação e avaliação da
eficiência dos sistema de irrigação utilizados nas propriedades. Estas ações foram temas de
treinamentos específicos ministrados nas propriedades e geraram ainda diversas publicações na
forma de resumos nos Anais do Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas (BORGES
et al., 2005; OLIVEIRA et al., 2005; RITZINGER et al., 2005; CORDEIRO et al., 2006) e em
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
129
capítulos de livros que estão sendo editados. Vale destacar que o monitoramento e controle da
Sigatoka-amarela da bananeira representou reduções de até 40% em relação à prática corrente
entre os produtores. A partir dos anos de 2006 e 2007 novas propriedades aderiram ao sistema,
onde o Norte de Minas Gerais participa com onze municípios e vinte propriedades inscritas,
atingindo o total de 1.027 ha. Já no projeto Formoso, Bom Jesus da Lapa, BA, estão inscritas
trinta e quatro propriedades num total de 578,72 ha. Nesse caso específico, existem cerca de 30%
dos produtores com menos de 10 ha plantados, o que indica a necessidade de ações diferenciais
visando a certificação. No conjunto das ações, a produção integrada em Minas Gerais e Bahia
atua em cinqüenta e quatro propriedades num total de 1.605,72 ha. As variedades Prata Anã,
Grande Naine, Williams, Galil e Tropical compõem o elenco de cultivares trabalhadas.
As atividades de treinamentos, previstas no item 1, das Normas Técnicas Específicas, têm
sido a base de implantação do sistema com atendimento a todas as áreas temáticas da produção
integrada de banana. Dessa forma, foram realizados 28 treinamentos e/ou reuniões técnicas,
atendendo a um público de 870 pessoas. Todos os participantes têm recebido o certificado de
participação, atendendo à obrigatoriedade de comprovação da capacitação continuada. Ressaltase a participação de um grupo multidisciplinar nos treinamentos e a colaboração de dez empresas
públicas e/ou privadas, sem as quais não seria possível levar adiante este trabalho.
Entre outras ações em andamento destacam-se: revisão das Normas Técnicas Específicas;
elaboração de cartilha sobre pragas e deficiências nutricionais; elaboração de publicação sobre
metodologias para o monitoramento de pragas e fatores ambientais; elaboração de dois capítulos
sobre produção integrada de banana a serem publicados num livro sobre produção integrada em
Minas Gerais e o outro num livro sobre o sistema PIF/SAPI de produção integrada.
Conclusão
A produção integrada de banana no Norte de Minas Gerais e Sudoeste da Bahia, está em
franca expansão, passando de uma adesão inicial de seis propriedades com área de 43,25 ha, para
cinqüenta e quatro propriedades (54), sendo vinte (20) no Norte de Minas e trinta e quatro (34) no
projeto Formoso, Bom Jesus da Lapa. A área total hoje trabalhada é de 1.605,72 ha, após dois
anos e três meses de início efetivo do projeto. Isso representa um crescimento de 90 vezes no
número de propriedades e de 3.712 vezes na área de produção no sistema PIB. O foco maior na
capacitação continuada, com 28 treinamentos oferecidos e 870 pessoas treinadas, é a principal
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I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
estratégia de ação adotada no trabalho, para o atendimento dos objetivos propostos. Os avanços
são sentidos a partir da clara evolução dos produtores em relação ao entendimento sobre o
sistema proposto e a visão de futuro sobre a necessidade de adesão ao mesmo.
Referências bibliográficas
BORGES, A. L., SILVA, J. T. A. da; SOUZA, L. da S.; CORDEIRO, Z. J. M. Caracterização
química do solo das áreas selecionadas para produção integrada de banana no Norte de Minas
Gerais. In: SEMINÁRIO BRASILEIRO DE PRODUÇÃO INTEGRADA DE FRUTAS, 7.,
2005, Fortaleza. Programa e Resumos. Fortaleza: Embrapa Agroindústria Tropical, 2005. p.
136. (Embrapa Agroindústria Tropical. Documentos, 99).
CORDEIRO, Z. J. M.; DIAS, M. S. C. BORGES, A. L; XAVIER, A. A.; SILVA, J. T. A. da;
OLIVEIRA, S. L. de; FANCELLI, M.; RITZINGER, C. H. S. P.; PEREIRA, M. E. C.; LIMA,
M. B.; RODRIGUES, M. G. V.; COSTA, E. L. Controle da Sigatoka-amarela na produção
integrada de banana (PIB) no Norte de Minas Gerais. In: MARTINS, D, dos S. (Ed.). Seminário
Brasileiro de Produção Integrada de Frutas, 8., 2006, Vitória, ES. Anais. Vitória: Incaper, 2006.
p. 179-180.
OLIVEIRA, S. L. de; EVERLING, P. R.; COELHO, E. F.; COELHO FILHO, M. A. Eficiência
de Irrigação na Produção Integrada de Banana no Norte de Minas Gerais. In: SEMINÁRIO
BRASILEIRO DE PRODUÇÃO INTEGRADA DE FRUTAS, 7., 2005, Fortaleza. Programa e
Resumos. Fortaleza: Embrapa Agroindústria Tropical, 2005. p. 157. (Embrapa Agroindústria
Tropical. Documentos, 99).
RITZINGER, C. H. S. P.; FANCELLI, M.; CORDEIRO, Z. J. M.; CORSATO, C. D. A.;
CALDAS, R. C. Monitoramento de pragas na produção integrada de banana. In: SEMINÁRIO
BRASILEIRO DE PRODUÇÃO INTEGRADA DE FRUTAS, 7., 2005, Fortaleza. Programa e
Resumos. Fortaleza: Embrapa Agroindústria Tropical, 2005. p. 167. (Embrapa Agroindústria
Tropical. Documentos, 99).
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
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DIAGNÓSTICO DE PROPRIEDADES RURAIS PARA ADOÇÃO DA PRODUÇÃO
INTEGRADA DE BANANA NO VALE DO SÃO FRANCISCO
MOREIRA, A. N.1; SILVA, M. M. da2, PEREIRA, J. R. B.3, PEREZ, J. O.4
1
Enga Agra, M.Sc. Entomologia, Professora CEFET Petrolina, E-mail: [email protected]; 2Engo Agro,
D.Sc. Fruticultura, Professor UFRPE, E-mail: [email protected]; 3Engo Agro, D.Sc. Irrigação, Professor
CEFET Petrolina, E-mail: [email protected]; 4Enga Agra, D.Sc. Fitopatologia, Professora CEFET Petrolina, Email: [email protected]. Projeto financiado pelo CNPq, BNB, FACEPE.
Introdução
O Brasil é o terceiro maior produtor de bananas do mundo, produzindo 6,3 milhões de
toneladas numa área de 508 mil hectares (ANUÁRIO BRASILEIRO DE FRUTICULTURA,
2003), constituindo parte importante da renda dos agricultores familiares e da alimentação das
camadas mais carentes da população. O pólo Petrolina/Juazeiro, situado no semi-árido
nordestino, no Submédio do Vale do São Francisco, tem apresentado acelerado crescimento da
produção agrícola irrigada (FRANÇA, 2000), com excelente potencial e condições climáticas
para a bananicultura.
Nas propriedades familiares dessa região, os cultivos são mais diversificados e voltados
para o mercado interno. Esta cultura pode ser considerada um símbolo de transição dos
produtores familiares temporários para a fruticultura perene, sendo cultivada, geralmente, em
áreas de 2 a 5 ha por produtor (EMBRAPA SEMI-ÁRIDO, 2004).
Contudo, as precárias estruturas de produção e comercialização da banana, o manejo do
produto a partir da colheita e a falta de cuidados no manejo pós-colheita, são responsáveis pela
desvalorização dessa cultura no mercado interno e pela perda de oportunidades de exportação da
fruta brasileira. Assim sendo, o objetivo deste trabalho foi diagnosticar o agronegócio da banana
na região de Petrolina-PE e envolver, conscientizar e preparar os produtores para iniciar o
processo de adoção e implantação da produção integrada.
Material e Métodos
O diagnóstico foi realizado por meio da aplicação de um questionário aos participantes de
dois treinamentos sobre “Novas Tecnologias de Manejo para a Cultura da Banana”, com 96
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I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
horas/aula cada, realizados nos períodos de 08 de novembro a 14 de dezembro de 2005 no
CEFET Petrolina e 25 de abril a 01 de junho de 2006 na Associação de Produtores Rurais do
Núcleo 6, no PISNC, totalizando 32 e 40 pessoas, respectivamente. O questionário continha 26
perguntas distribuídas entre avaliação da propriedade agrícola, produção e técnicas aprendidas
nos treinamentos, com opções de aplicabilidade dos novos conceitos. Os participantes foram
auxiliados pelos professores e alunos bolsistas e os resultados avaliados quanto à freqüência
relativa.
Resultados e Discussão
O diagnóstico da cultura da banana foi respondido por 95% dos participantes dos
treinamentos com os lotes agrícolas localizados no Projeto de Irrigação Senador Nilo Coelho e
Maria Tereza. Os resultados foram: a variedade Pacovan está presente em 100% das áreas dos
produtores, seguida da prata-anã (9,09%), grand naine (9,09%), maçã (4,54%) e nanica (4,54%).
As áreas de produção com a cultura da banana variaram de 0,2 a 12,0 ha, sendo a maior
concentração em áreas de 1,0 ha. A idade dos bananais também foi variável, encontrando áreas
recém implantadas e com até 10 anos de idade, entretanto a maioria dos produtores desconhece a
data de plantio. O mesmo se verifica para o espaçamento da cultura, sendo encontrado os mais
variados desde 2 m x 4 m até 6 m x 6 m. Em relação à previsão de colheita, a maioria não planeja
esta atividade. Os agricultores cultivam, também, outras culturas, tais como, manga, goiaba, uva,
acerola e coco, em áreas de até 1,0 ha, diversificando o seu sistema de produção.
A rede de drenagem nos lotes agrícolas foi considerada ineficiente, pois apenas 34,8% dos
lotes apresentam este sistema, 39,1% não possuem e 26,1% não sabem responder. A salinização
também está presente em 34,8% das áreas observadas, entretanto, 39,1% ainda não detectaram
este tipo de problema e 26,1% não sabem. O sistema de irrigação predominante foi aspersão
convencional (78,4%), seguido da microaspersão (17,4%) e irrigação por bacia (4,2%).
Constatou-se que não se controla a aplicação de água fornecida para a planta, aplicando-se
lâminas de água variáveis de 50 mm a 12 m, com freqüência de 10 a 2 dias, ocorrendo um
desperdício e até escassez de água para a planta.
Os problemas fitossanitários constatados nas áreas de produção foram moleque-dabananeira, tripes, lagarta, pulgão, ácaro e cochonilhas. Em relação a doenças temos sigatoka
amarela, nematóide, virose, podridão mole e moko. Apesar dos problemas detectados, 35% dos
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
133
agricultores não utilizam agrotóxicos; 30,4% usam o equipamento costal manual; 17,3% costal
motorizado; 13% trator/pistola e 4,3% trator/turbo pulverizador. Para os equipamentos de
proteção individual, 13% não utilizam qualquer proteção e dos que usam apenas 26,1% está com
o equipamento completo. No preparo da calda, 17,3% não utilizam qualquer equipamento de
medição. Constatou-se, porém, que a maioria dos produtores utiliza os agrotóxicos sob
recomendação de um agrônomo ou técnico agrícola, seguido de recomendações dos vendedores
ou fornecedores ou por iniciativa própria.
Para o manejo da adubação, 21,8% dos produtores utilizam o que se recomenda na análise
de solo, 4,3% não utiliza (manejo orgânico) e 73,9% adubam de acordo com seus conhecimentos,
apresentado dessa forma dosagens, épocas e quantidades de aplicações de fertilizantes variáveis e
muitas vezes inadequadas. Os problemas relacionados no lote agrícola pelos produtores, em
ordem de importância, foram: lençol freático inferior a 1,0 m por ocasião das chuvas (39,1%),
desperdício de água (34,7%), solos arenosos (30,4%) e atuação da pesquisa agropecuária na
região (30,4%). Após a colheita, a grande maioria dos produtores envia sua produção para o
mercado local, seguido das capitais nordestinas e capitais do sul, porém, encontramos produtores
que não sabem responder o destino da sua produção.
Em relação à aceitação das tecnologias apresentadas nos cursos, podemos observar que
para o manejo da bananeira, mais de 60% das técnicas apresentadas foram imediatamente
aplicadas, e que a condução de apenas uma família por cova ainda apresenta resistência por parte
de alguns produtores (10%). Para a amostragem de solo, 83,5% dos produtores pretendem
realizar esta técnica para recomendação da adubação e 75,6% vão utilizar os procedimentos
corretos para a coleta da análise. Entretanto, apenas 25,9% dos produtores confirmaram em
adotar imediatamente a prática de coleta de folhas para análise, provavelmente devido ao custo
adicional para este tipo de análise. A maioria dos produtores (48,9%) preferiu utilizar o manejo
de irrigação baseado em dados de solo, em comparação ao manejo baseado em dados climáticos
(27,3%) e a junção dos dois (29,5%). A maior dificuldade encontrada pelos produtores é mudar o
sistema de irrigação de aspersão convencional para uma irrigação localizada visando uma
otimização do recurso hídrico e evitar o desperdício de água, consequentemente reduzir os custos
de produção.
O manejo de doenças da bananeira não é praticado na região do Vale do São Francisco,
principalmente devido à baixa incidência das doenças e da difícil identificação dos sintomas no
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I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
campo. O levantamento realizado demonstrou que os produtores estão dispostos a implementar
algumas medidas, tais como realização do teste do copo para identificação da bactéria (58,8%),
remoção de restos vegetais nas linhas de plantio (56,2%), monitoramento de insetos
transmissores de viroses (46,1%), aquisição de mudas certificadas (40,2%) e análise de solo para
nematóides (48,1%). Observa-se, também, que 19,5% dos produtores não pretendem utilizar
produtos químicos na sua lavoura. Em relação a manejo de pragas, 72,6% dos produtores
aderiram à técnica do monitoramento, utilizando iscas atrativas (62,5%) ou o uso do feromônio
(34,4%), diminuindo dessa forma o número de pulverizações para o controle do moleque, e
consequentemente, melhorando a qualidade ambiental da sua área e do produto final.
Para a avaliação das técnicas de colheita e pós-colheita, observou-se que o manuseio
cuidadoso da fruta, lavagem, classificação, armazenamento refrigerado não apresentou adesão
pelos produtores (70%), provavelmente devido a esses procedimentos não serem praticados na
região e a banana ser comercializada por atravessadores que não exigem padrões de qualidade da
Produção Integrada de Frutas (PIF). Os produtores ressaltaram a importância desses cuidados,
necessitando de mais investimentos em pesquisa na busca de alternativas mais práticas e
econômicas. O mesmo ocorreu com as normas da PIF, apresentando índices de até 34% de
indecisão. Entretanto, no item caderno de campo, o índice de aceitação imediata pelos produtores
chegou a 43,1%, seguido da utilização de produtos da grade de agrotóxicos (43,7%), adequação
do local de armazenamento e preparo desses produtos (56,6%) e respeitar o período de carência
(70,5%).
O aproveitamento de subprodutos da banana foi vivenciado durante os cursos e bastante
elogiado por ter sido apresentada alternativa ainda não conhecida pelos agricultores. Entretanto,
constatamos que 16,2% dos agricultores não sabem se vão processar a banana e 30% deles
pretendem realizar esta atividade daqui a alguns anos.
A comercialização e logística foi o grande desafio dos produtores no gerenciamento das
unidades produtivas. A procura por informações de mercado (preço de venda) aparece como
prioritária com 76,2% dos participantes aplicando imediatamente esta técnica, seguida de
pesquisa de mercado (72,7%), procura da assistência técnica (69,1%), de alternativas para
agregar valor ao produto (56,0%), de manuais informativos (54,6%) e formação de grupos
(53,0%) foram os mais mencionados.
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I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
135
Conclusão
Para os agricultores o acesso a novos mercados só será possível com a melhoria na
qualidade do produto e com a organização desse sistema de produção. Um dos pontos mais
importantes foi à percepção dos produtores na organização da base produtiva em grupos
associativistas, visando melhorar a comercialização da banana e de implantar um sistema de
qualidade da fruta.
Referências Bibliográficas
ANUÁRIO Brasileiro de Fruticultura. Santa Cruz do Sul: Gazeta Santa Cruz, 2003. 136 p.
EMBRAPA
SEMI-ÁRIDO.
Agricultura
familiar.
<http://www.cpatsa.embrapa.br>. Acesso em: 20 ago. 2007.
2004.
Disponível
em:
FRANÇA, F. M. C. Documento referencial do pólo de desenvolvimento integrado
Petrolina/Juazeiro. Fortaleza: Banco do Nordeste, 2000. 43 p.
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
136
AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE PRODUÇÃO INTEGRADA DO MELÃO NO VALE DO
SÃO FRANCISCO1
COSTA, N. D.2; ASSIS, J. S. de2; PINTO, J. M.2; ARAUJO, J. L. P.2; ALMEIDA, S. J. S3;
SANTOS, C. A. P. dos3
1
Trabalho financiado pelo CNPq; 2Pesquisadores Embrapa Semi-Árido, Br 428, Km 152, CP 23, Zona Rural,
Petrolina-PE, 56302-970; 3Bolsistas Embrapa Semi-Árido/CNPq - Br 428, Km 152, CP 23, Zona Rural, PetrolinaPE, 56302-970
Introdução
O melão (Cucumis melo L.) é uma olerácea muito apreciada e de grande popularidade no
mundo, tendo ocupado em 2005, uma área de 1,24 milhões de hectares, com uma produção de
27,5 milhões de toneladas de frutos e produtividade média de 22,10 t/ha (FAO, 2005). A China é
o maior produtor, com 55% da produção mundial, seguida pela Turquia, Irã, Estados Unidos e
Espanha. O Brasil é, atualmente, um dos maiores produtores de melão da América do Sul, com
17% da produção total. No período de 1970 a 2005, a área cultivada com melão passou de 4.777 ha para
15.981 ha, o que representou um aumento da ordem de 234,5%, enquanto o incremento da produção e
produtividade, no mesmo período, foram de 6.656,2% e 1.924,8%, respectivamente. A Região
Nordeste respondeu em 2005 por 94,6% da produção do País. Dentre os Estados brasileiros, o Rio
Grande do Norte tem a liderança na área e produção, tendo produzido em 2005, 45,4% do total
produzido no país, seguindo em ordem decrescente, pelos Estados do Ceará, Bahia, Pernambuco
e Rio Grande do Sul (IBGE, 2005). O país dispõe de tecnologias e conhecimentos capazes de dar
suporte a um salto quantitativo e qualitativo na produção integrada de melão para abastecer o
mercado interno e aumentar suas exportações para outros países, mediante o cumprimento das
Normas Técnicas e Documentos de Acompanhamento da Produção Integrada de Melão.
A Produção Integrada de Frutas é um sistema de exploração agrária que produz frutas de
alta qualidade, mediante o uso racional de insumos e defensivos, prevendo um maior respeito ao
homem e ao meio ambiente, assegurando uma produção sustentável e competitiva. Surgiu a partir
da demanda no mercado internacional que vem se preocupando cada vez mais com maior
segurança e inocuidade em relação aos produtos importados, havendo uma grande exigência em
se consumir frutas de boa aparência, boa qualidade, livre de contaminantes químicos, físicos e
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
137
biológicos e que seja possível rastrear todo o seu processo produtivo. A partir dos próximos anos,
haverá uma maior restrição quanto à entrada de frutas frescas no mercado externo,
principalmente na União Européia, onde permanecerão no mercado aqueles que estiverem em
conformidade com a Produção Integrada, processo economicamente viável, ambientalmente
correto e socialmente justo.
A grande vantagem de regiões semi-áridas para o cultivo do melão é a pequena ocorrência
de chuvas em períodos distintos, que favorecem a baixa incidência de doenças e a melhor
qualidade dos frutos em função de maior atividade fotossintética que favorece o aumento do teor
de sólidos solúveis. O teor de sólidos solúveis (°brix) é usado também como índice para
classificação de melão. Quando o teor de sólidos solúveis é menor que 9ºbrix o fruto é
considerado como não comercializável, quando o teor de sólidos solúveis situa-se entre de 9 a
12ºbrix, o fruto é classificado como comercializável, e acima de 12ºbrix como melão extra
(ARAUJO, 1999).
Material e Métodos
O trabalho constou de uma Unidade de Demonstração com dois tipos de manejo da
cultura do melão, um, conduzido, em Sistema de Produção Integrada e o outro conduzido em
Sistema Convencional instalado no Campo Experimental da Embrapa, Projeto Mandacaru no
município de Juazeiro-BA. A semeadura do melão em Produção Integrada foi feita em bandejas
de isopor no dia 18 de setembro de 2006 e o transplantio aos 10 dias após a semeadura,
utilizando-se a cultivar Tropical 10/00 (F1), no espaçamento: 2,0 x 0,40 m com irrigação por
gotejamento e fertirrigação. Para o Sistema Convencional utilizou-se a cultivar Tropical 10/00
(F2), no espaçamento 2,0 x 0,40 m, irrigação por sulco e área: 0,2 ha para cada sistema.
Para o sistema de Produção Integrada a adubação constou de 90 kg/ha de N, 160 kg/ha de
P2O5 e 60 kg/ha de K2O que foram aplicados diariamente via água de irrigação até 40 dias para o
Nitrogênio e Fósforo e 55 dias para Potássio. Para o sistema convencional os fertilizantes foram
aplicados diretamente no solo, sendo em fundação 30 kg/ha de Nitrogênio, 120 kg/ha de Fósforo
e 60 kg/ha de Potássio, e em cobertura 90 kg/ha de Nitrogênio e 60 kg/ha de Potássio em duas
coberturas aos 20 e 40 dias após o plantio.
As pulverizações para o sistema de Produção Integrada foram realizadas após amostragem
do número de pragas ou índice de doenças presente na área, sendo utilizado a seguinte
138
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
metodologia de amostragem para pragas, feitas a cada três dias, inicialmente pela linha lateral
percorrendo a área em zigue-zague examinando 20 pontos da mesma de preferência 40% nas
laterais do ensaio e quando o nível de ação chega a dois adultos da Mosca Branca ou dez adultos
da Mosca Minadora faz-se as pulverizações usando os produtos registrados para a cultura.
A amostragem de doenças foi iniciada a partir da primeira fileira à esquerda da parcela no
sentido longitudinal, avaliando todas as plantas da linha de plantio saltando quatro fileiras para
segunda amostragem até a última fileira a ser avaliada e quando o nível de ação atingiu acima de
10% para oídio e 30% para micosferela procedeu-se às pulverizações com produtos registrados,
enquanto que para o sistema convencional, as pulverizações eram feitas preventivas sem nenhum
monitoramento de pragas ou doenças, o que aumentaria o custo de produção e consequentemente
a poluição ambiental.
Resultados e Discussão
Tabela 1. Rendimento, brix e classificação dos frutos obtidos no ensaio de avaliação do Sistema
de Produção Integrada do Melão no Vale do São Francisco Juazeiro-BA, 2006.
SISTEMAS
PIF
Convencional
Rendimento
°BRIX
T/HA
22,7
20
(%)
12,5
11,8
Classificação por tipo (%)
5
21
10
6
41
23
7
25
28
8
2
14
9
9
6
10
2
12
Houve um aumento de 13,5% no rendimento e 0,7% no valor de ºbrix para os frutos de
Sistema de Produção Integrada. Quanto à classificação por tipo de fruto o Sistema de Produção
Integrada apresentou 87% de frutos dos tipos 5-7, os mais preferidos pelo mercado interno,
contra 61% dos frutos obtidos no Sistema Convencional.
Avaliações realizadas no período de armazenamento dos frutos em condições ambiente
(25°C ± 5°C e UR 50% ± 10%), mostraram que os melões da Produção Integrada ultrapassaram
em oito dias a vida útil de armazenamento dos melões do Sistema Convencional.
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
139
Conclusão
O Sistema de Produção Integrada proporcionou aumento de 13,5% no rendimento do
cultivo, 07% no teor de sólidos solúveis e economia de água da ordem de 44,66%, quando
comparado com o Sistema Convencional.
Referências Bibliográficas
ARAUJO, J. L. P. Evaluación de la calidad comercial y posibilidades de mercado de melón
brasileño comercizable en Europa. 1999. 285 p. Tese (Doutorado) – Universidad de Córdoba.
FAO. Agricultural production, primary crops. Disponível em: <http://www.fao.org>. Acesso
em: 10 nov. 2005.
IBGE. Produção agrícola Municipal. Disponível em: <http://www.sidra.ibge.gov.br>. Acesso
em: 11 nov. 2005.
140
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
COMPREENSÃO DOS ATRIBUTOS DE QUALIDADE DE VALORAÇÃO DO
MARACUJÁ AZEDO ORIUNDO DA BAHIA NO ENTREPOSTO TERMINAL DE SÃO
PAULO DA CEAGESP
HIROI, M.1; RIVELLES, C. R.2; GUTIERREZ, A. S. D.3
1
Aluno de Engenharia Agronômica da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” da Universidade de São
Paulo (ESALQ/USP) e estagiário da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (CEAGESP), Av.
Dr. Gastão Vidigal, 1946, Loja 7, São Paulo-SP, 05316-900, [email protected]; 2Aluna de Engenharia
Agronômica da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da UNESP Jaboticabal e estagiária da CEAGESP,
[email protected]; 3Engenheiro Agrônomo Dr., chefe do Centro de Qualidade em Horticultura (SECQH) da
CEAGESP, [email protected].
Introdução
Um dos objetivos proposto pelo projeto Manejo e Logística da Colheita e Pós-Colheita na
Produção Integrada de Frutas no Brasil (banana, caqui, citros, figo, goiaba, maracujá e morango),
Processo CNPq 48.0037/02-7 é a compreensão das características qualitativas responsáveis pela
valoração das frutas de modo que se possa estabelecer requisitos mínimos para as frutas que serão
certificadas como de Produção Integrada. A compreensão do processo de valoração e dos
atributos de qualidade que o determina são imprescindíveis à implantação de programas de
modernização como a Produção Integrada de Maracujá, pois pode fornecer ao produtor subsídio
para a melhoria de renda, conseqüência da melhoria da qualidade e confiabilidade do seu
produto.
A produção brasileira de maracujá azedo totalizou 479.813 toneladas em 2005 que foram
colhidas em 35.856 hectares, sendo esta produção bastante distribuída pelo Brasil. A Bahia é a
maior produtora, colheu 139.910 toneladas (IBGE, 2007).
Segundo GUTIERREZ (2005), de todo produto que chega no ETSP da CEAGESP é
recolhida uma via de toda nota fiscal que é encaminhada ao setor de codificação da Seção de
Economia e Desenvolvimento (SEDES) da empresa, onde os seguintes dados são codificados,
digitados e registrados em seu sistema de informática: o produto, sua cultivar, município e
unidade da federação de origem, embalagem e o atacadista de destino. A base de dados
consolidada destas informações é denominada “Sistema de Informação de Mercado da
CEAGESP” ou SIM CEAGESP.
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
141
De acordo com o SIM CEAGESP (2007) foram comercializadas, no ano de 2006, 32.818
toneladas de maracujá azedo, oriundas de 234 municípios brasileiros, de 10 Estados brasileiros e
comercializados por 207 atacadistas. Acompanhando o panorama brasileiro, a Bahia é a principal
fornecedora do ETSP da CEAGESP, contribuindo com 49% do total. Os principais fornecedores
do maracujá azedo ao ETSP foram os municípios baianos Bom Basílio (19,2%) e Livramento do
Brumado (13,4%) e os capixabas Linhares (6,6%) e Pinheiros (5,3%). Os cinco maiores
atacadistas concentram 36% do total comercializado, ou aproximadamente 12.000 toneladas.
Observa-se no ETSP da CEAGESP grande flutuação de preços do maracujá azedo ao
longo do ano e em cada dia de comercialização: por classes (tamanho) e por qualidade dentro de
cada classe. O maracujá azedo é vendido no mercado atacadista em caixas de papelão ondulado
ou madeira com massa aproximada de treze quilogramas. A classificação por classe separa os
maracujás nos tipos A, AA, AAA, AAAA e Super. Na venda do atacado para o varejo existe
diferenciação de preço por classe e dentro de cada classificação por qualidade.
Folegatti et al. (2006) iniciaram os trabalhos aplicando questionários a 35 atacadistas do
ETSP da CEAGESP para a identificação das características qualitativas mais importantes na
formação do preço ou valor no mercado atacadista de São Paulo. As características positivas
apontadas com maior freqüência pelos comerciantes foram: “maduro e com casca amarela”
(29%), “pesado e com bastante polpa” (25%) e “ausência de doenças e manchas” (16%).
O objetivo deste trabalho foi verificar em frutos oriundos da Bahia, maior fornecedora da
CEAGESP, a relação entre os valores de comercialização e suas características qualitativas.
Material e Métodos
Foram coletadas no ETSP da CEAGESP, em duas datas diferentes e de maneira
inteiramente casualizada, duas caixas (com a média de 50 frutos) de maracujá da classe tipo
AAAA, oriundos da região de Livramento do Brumado na Bahia. Uma caixa de maior valor,
chamada no mercado de “melhor” ou “campeão” e uma de baixo valor denominada “pior” ou
“fraca”. A amostragem de frutos de mesma classe permite aferir a importância da qualidade no
valor do maracujá azedo.
As seguintes análises físico-químicas foram realizadas em laboratório: massa total do
fruto (g), massa da polpa (g), diâmetro equatorial (mm), coloração da polpa (1 = amarelo-claro, 2
142
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I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
= amarelo alaranjado, 3 = laranja-amarelado, 4 = laranja, 5 = laranja escuro), conteúdo de sólidos
solúveis (SS) e acidez titulável (AT). Também foram anotados os defeitos dos frutos.
Resultados e Discussão
Os resultados obtidos em laboratório podem ser observados na tabela abaixo. Os
tratamentos são divididos em: 1 e 2 = frutos melhores, amostrados e analisados respectivamente
em 25/07/06 e 29/08/06. E, 3 e 4 = frutos piores, amostrados e analisados em 25/07/06 e
29/08/06.
Tabela 1. Resultados das análises físico-químicas do maracujá azedo.
Peso do Fruto
Calibre (mm)
(g)
Cor
da Polpa
Peso da Polpa
79,0475 A
2,6625 A
78,8193 A
195,9950 A
80,2865 A
2,800 A
79,1450 A
2,8150 A
212,5425 A
78,5685 A
2,7875 A
94,8175 A
2,8650 A
209,2500 A
54,0500 B
2,4500 A
82,5800 A
Tratamento
SS(ºBrix)
PH
1
9,1250 B
2,8750 A
200,8538 A
2
12,6850 A
2,8050 A
3
9,1250 B
4
9,8300 B
Teste de Tukey (99%).
A partir das análises laboratoriais pode-se concluir que o tratamento 2 teve um teor de
sólidos solúveis totais maior do que os outros tratamentos, atribuindo-se um sabor mais doce. Já
o tratamento 4 diferenciou-se perante os outros pelo calibre, sendo de tamanho menor que os
outros, conferindo-lhe menor valor de mercado.
O fruto de maracujá azedo “melhor” ou TOP apresenta os atributos mais valorizados,
como maior tamanho em diâmetro, polpa mais colorida, menor ocorrência de defeitos na casca,
maior rendimento de polpa, maior conteúdo de sólidos solúveis.
Conclusões
O processo de valoração do maracujá no mercado atacadista de São Paulo considera
atributos de qualidade externa e interna. A caracterização dos atributos de valoração permite ao
produtor a escolha do caminho para a obtenção de um melhor valor para o seu produto e uma
maior rentabilidade do negócio de produção de maracujá azedo para o mercado in natura.
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
143
Referências Bibliográficas
CEAGESP: Sistema de Informação de Mercado da Companhia de Entrepostos e Armazéns
Gerais de São Paulo (CEAGESP). São Paulo, 2007. Não publicado.
FOLEGATTI, M. I. S; CALEGARIO, F. F.; MATSUURA, F. A. U.; ALMEIDA, G. V. B.;
GUTIERREZ, A. S. D. Análise da valoração do maracujá no mercado atacadista de São Paulo:
contribuição à padronização da qualidade na PIF In: SEMINÁRIO BRASILEIRO DE
PRODUÇÃO INTEGRADA DE FRUTAS, 8., 2006, Vitória, ES. Anais... Vitória: Incaper, 2006.
GUTIERREZ, A. S. D. Danos mecânicos pós-colheita em pêssego fresco. 2005. 124 f. Tese
(Doutorado em Produção Vegetal) - Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”,
Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2005.
IBGE.
Produção
agrícola
Municipal.
Disponível
em:
<http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/acervo/acervo2.asp?e=v&p=PA&z=t&o=10>. Acesso em: 19
jul. 2007.
144
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
CULTURAS DE COBERTURA NA PRODUÇÃO INTEGRADA DE ABACAXI
MATOS, A. P. de1; SANCHES, N. F.2; SOUZA, L. F. da S.3; ELIAS JR., J.4; TEIXEIRA, F. A.5;
SIEBENEICHLER, S. C6
1
Fitopatologista, PhD, Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical, CP 07, 44380-000, Cruz das Almas, BA,
[email protected]; 2Entomologista, MSc, Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical, CP 07, 44380-000,
Cruz das Almas, BA, [email protected]; 3Fertilidade do solo, MSc, Embrapa Mandioca e Fruticultura
Tropical, CP 07, 44380-000, Cruz das Almas, BA, [email protected]; 4Eng. Agr. Secretaria da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento do Tocantins, CP 104, 77003-020, Palmas, TO; 5Eng. Agr. Cooperativa Agropecuária de
Pedro Afonso, Rodovia TO-235, km 01, Pedro Afonso, TO (63) 77710-000; 6Nutrição de Plantas, DSc, Universidade
Federal do Tocantins, Campus Universitário de Gurupi, CP 66, 77404-970, Gurupi, TO, [email protected]
Introdução
O controle das plantas infestantes em plantios de abacaxi no Brasil e no mundo é
praticado de maneira intensiva, mantendo quase sempre a área completamente limpa, no
pressuposto de que o abacaxizeiro não suporta competição com o mato (REINHARDT; CUNHA,
1999). No Tocantins o controle das plantas infestantes em plantios convencionais de abacaxi é
realizado mediante capinas com enxada e aplicação de herbicidas. O total de capinas e de
pulverizações com herbicidas ao longo do ciclo depende da região produtora e da comunidade de
plantas infestantes. Em geral são realizadas seis capinas manuais e quatro pulverizações com
herbicidas em pré-emergência, que oneram o custo de produção e têm efeitos negativos à
preservação ambiental. Neste contexto, culturas de cobertura constituem excelente alternativa
para o manejo do mato e conservação do solo sob cultivo do abacaxizeiro. Além dos aspectos
ambientais, a cultura de cobertura apresenta uma série de vantagens, entre as quais se destacam a
melhoria na estrutura do solo, controle de erosão eólica e hídrica, ciclagem de nutrientes, redução
na lixiviação de nutrientes, controle das plantas infestantes, aumento na população de inimigos
naturais e conservação da umidade do solo (ROOS, 2007). A despeito de sua importância, a
cultura de cobertura, especialmente na abacaxicultura, é uma prática relativamente desconhecida
e não existem resultados de pesquisa que subsidiem seu uso. Assim, conduziu-se este trabalho
com o objetivo de avaliar o efeito de culturas de cobertura em plantios de abacaxi conduzidos sob
sistema de produção integrada na Fazenda São João, Município de Pedro Afonso, no Estado do
Tocantins.
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
145
Material e Métodos
O trabalho foi conduzido em quadras contendo 6.000 plantas, espaçamento 1,20 x 0,50 x
0,40 m, cultivar Pérola, usando-se no plantio mudas do tipo filhote de tamanho grande (cerca de
50 cm de comprimento). As culturas de cobertura avaliadas foram o capim pé de galinha,
Cynodon dactylon, e o milheto, Pennisetum americanum, as quais foram semeadas, a lanço,
imediatamente após o plantio do abacaxi e repetido após a dissecação/roçagem. Na testemunha o
controle das plantas infestantes foi praticado de maneira convencional, mediante capinas manuais
e aplicação de herbicidas. A correção e adubação foram realizadas de acordo com os resultados
analíticos do solo, parcelando-se os adubos em quatro aplicações (SOUZA et al., 2005). O
manejo do capim pé de galinha e do milheto consistiu na dessecação com herbicida pósemergente, antes da formação das sementes e na roçagem com a roçadeira manual com motor a
explosão, mantendo-se a cobertura morta (MATOS et al., 2006). Durante o desenvolvimento
vegetativo das quadras com cultura de cobertura procedeu-se ao monitoramento da fusariose,
Fusarium subglutinans (MATOS; CABRAL, 2005), da podridão do olho, Phytophthora
nicotiana var. parasitica (MATOS, 2005), da murcha associada à cochonilha, “pineapple
mealybug wilt virus”/Dysmicoccus brevipes (SANCHES, 2005a) e da broca do fruto, Strymon
megarus (SANCHES, 2005b). Doze meses após o plantio foram colhidas folhas “D” para
determinação do estado nutricional das plantas e em seguida efetuou-se o tratamento de indução
floral mediante pulverização com etefon. Quando da colheita estabeleceu-se o percentual de
frutos com peso inferior a 1.200 g, de 1,201 a 1.500 g; de 1.501 a 1.800 g; e acima de 1.800 g.
Durante o ciclo da cultura foram feitos dois plantios das culturas de cobertura, as quais foram
manejadas mediante uma aplicação de herbicida pós-emergente e uma roçagem com roçadeira
manual com motor a explosão.
Resultados e Discussão
Na quadra conduzida sob sistema de produção convencional foram feitas seis capinas
manuais e duas químicas para o controle das plantas infestantes. Por outro lado nas quadras onde
o capim pé de galinha e o milheto foram utilizados como cultura de cobertura não se praticou o
controle das plantas infestantes. O uso da roçadeira no manejo das culturas de cobertura, uma das
tecnologias do projeto PIN-Abacaxi no Tocantins (MATOS et al., 2006), apresenta diversas
vantagens ambientais, sociais e econômicas em relação à capina manual, destacando-se: proteção
146
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
do solo contra a ação das intempéries mediante a manutenção da cobertura morta; menor esforço
do trabalhador na execução da atividade; redução acentuada na probabilidade de ocorrência de
acidentes de trabalho; e redução nos custos do controle das plantas infestantes de seis h/d na
capina manual para apenas um h/d para roçagem. O monitoramento não apontou a necessidade de
controle da podridão do olho, murcha associada à cochonilha nem da broca do fruto, resultando
em redução de custos referentes à aquisição e aplicação de agrotóxicos, assim como contribuindo
para a redução dos riscos de contaminação do trabalhador e do meio ambiente. Por outro lado
houve a necessidade de controle da fusariose realizado por meio de pulverizações das
inflorescências em desenvolvimento com fungicidas registrados para este fim (MATOS;
CABRAL, 2005), resultando em total controle da doença. Conforme consta da Tabela 1, a
avaliação do estado nutricional das plantas do abacaxizeiro com base na análise foliar mostrou
que as culturas de cobertura não apresentaram efeito de competição por nutrientes com o
abacaxizeiro em comparação com as mantidas sob condições convencionais de cultivo. Observase ainda na Tabela 1 que as plantas da quadra onde se usou o milheto como cultura de cobertura
apresentaram teores mais elevados dos nutrientes, sugerindo maior disponibilidade de macro e
micronutrientes ao abacaxizeiro, provavelmente em decorrência da ciclagem de nutrientes pelo
milheto como acontece com outras culturas de coberturas (ROOS, 2007).
Tabela 1. Avaliação nutricional de abacaxizeiros cultivados com milheto, capim pé de galinha ou
sob sistema convencional.
Tratamento
Milheto
Capim pé de galinha
Convencional
N
P
12,7
10,1
10,7
1,4
0,6
0,7
K
g/kg
26,6
18,7
19,1
Ca
Nutrientes
Mg
S
Bo
4,0
3,4
3,5
3,1
2,3
2,3
16
14
14
1,1
0,9
1,0
Zn
Fe
mg/kg
10
48
9
41
8
36
Mn
Cu
102
87
120
9
5
8
Os resultados das colheitas realizadas nas quadras onde se utilizou o capim pé de galinha
ou o milheto como cultura de cobertura assim como na conduzida no sistema de cultivo
convencional são apresentados na Tabela 2 onde se observa que a colheita na quadra com milheto
apresentou o maior percentual de frutos com mais de 1.800 g (37,73%) seguida do cultivo
convencional com 25,54% e do capim pé de galinha, 22,24%. A colheita na quadra onde se usou
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
147
o milheto como cultura de cobertura rendeu 46,57% de frutos com peso entre 1.501 e 1.800 g
(46,57%) enquanto na quadra conduzida com o capim pé de galinha como cultura de cobertura
constatou-se o percentual mais elevado (48,54%), com o cultivo convencional mostrando o
menor percentual (38,85%). Com referência aos frutos com peso entre 1.201 e 1.500 g o menor
percentual, 15,70%, foi obtido na quadra com milheto e o maior naquela com o capim pé de
galinha, 29,22%, com o cultivo convencional apresentando percentual intermediário, 20,08%.
Nenhum fruto com peso inferior a 1.200 g foi produzido nas quadras mantidas com milheto ou
capim pé de galinha como cultura de cobertura, por outro lado, na quadra conduzida sob sistema
de cultivo convencional 15,53% dos frutos colhidos apresentou peso abaixo de 1.200 g. Além de
não produzirem frutos com peso inferior a 1.200 g, os percentuais de frutos acima de 1.500 g
foram mais elevados nas quadras com milheto, 84,30%, e capim pé de galinha, 70,78% em
comparação com o cultivo convencional, 64,39%. Estes resultados mostram o efeito positivo do
uso de culturas de cobertura em plantios de abacaxi conduzidos sob sistema de produção
integrada, com reflexos inclusive no valor da produção.
Tabela 2. Percentuais de frutos de abacaxi colhidos, por classes, nas quadras com milheto, capim
pé de galinha ou sob sistema convencional.
Tratamento
Milheto
Capim pé de galinha
Convencional
menos de1.200
g
0,00%
0,00%
15,53%
Classes de frutos por peso
1.201-1.500 g
1.501-1.800 g
mais de 1.800 g
15,70%
29,22%
20,08%
46,57%
48,54%
38,85%
37,73%
22,24%
25,54%
Total
100%
100%
100%
Conclusões
O uso do capim pé de galinha ou do milheto como cultura de cobertura em plantios de
abacaxi conduzidos sob sistema de produção integrada no Estado do Tocantins não mostrou
efeito de competição por nutrientes com a cultura principal.
A utilização do milheto como cultura de cobertura possibilitou o maior percentual de
frutos com peso acima de 1.800 g, de maior valor comercial, em comparação com o capim pé de
galinha como cultura de cobertura e com o cultivo convencional.
148
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I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
Referências Bibliográficas
MATOS, A. P. de. Manejo integrado da podridão-do-olho do abacaxizeiro. Cruz das Almas:
Embrapa-CNPMF, 2005, 2 p. (Embrapa-CNPMF. Abacaxi em Foco, 33).
MATOS, A. P. de; CABRAL, J. R. S. Manejo integrado da fusariose do abacaxizeiro. Cruz das
Almas: Embrapa-CNPMF, 2005, 2 p. (Embrapa-CNPMF. Abacaxi em Foco, 32).
MATOS, A. P. de; TEIXEIRA, F. A.; SANCHES, N. F.; CORDEIRO, D. G.; SOUZA, L. F. da
S. Roçadeira com motor a explosão: nova alternativa para manejo das plantas infestantes na
cultura do abacaxizeiro. Cruz das Almas: Embrapa-CNPMF, 2006 (Abacaxi, v. 4). Disponível
em: <http://www.cnpmf.embrapa.br/informativos/abacaxi/abacaxi_4_1_06.pdf>. Acesso em: 21
maio 2006.
REINHARDT, D. H.; CUNHA, G. A. P. da. Plantas daninhas e seu controle. In: CUNHA, G. A.
P. da; CABRAL, J. R. S.; SOUZA, L. F. da. (Org.). O abacaxizeiro: cultivo, agoindústria e
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ROOS, D. Cover crops: benefits and challenges. 2006. Disponível em:
<http://www.ces.ncsu.edu/chatham/ag/SustAg/covcropindex.html>. Acesso em: 09 jun. 2007.
SANCHES, N. F. Manejo integrado da broca-do-fruto do abacaxi. Cruz das Almas: EmbrapaCNPMF, 2005a, 2 p. (Embrapa-CNPMF. Abacaxi em Foco, 36).
SANCHES, N. F. Manejo integrado da cochonilha do abacaxi. Cruz das Almas: EmbrapaCNPMF, 2005b, 2 p. (Embrapa-CNPMF. Abacaxi em Foco, 35).
SOUZA, L. F. da S.; MATOS, A. P. de; SIEBNEICHLER, S. C.; ELIAS JR., J. CORDEIRO, D.
G. Recomendação de adubação para o abacaxizeiro no Estado do Tocantins, com base na
análise do solo. [S.L.]: SEAGRO: 2005. 2 p. (SEAGRO. Comunicado Técnico, 4).
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
149
AVALIAÇÃO DE INDICADORES DE SEGURANÇA E QUALIDADE EM EMPRESAS
QUE OPERAM SOB AS NORMAS DA PIN-MANGA NO POLO PETROLINA-PE E
JUAZEIRO-BA
ASSIS, J. S. de1; BASTOS, M. do S. R.2; LIMA, P. A.3; ALMEIDA, S. J. S.4
1
Dr., Pesquisador, Embrapa Semi-Árido, BR 428, Km 152, Caixa Postal 23, 56.302-970, Petrolina-PE. E-mail:
[email protected]; 2Dr. Pesquisadora, Embrapa Agroindústria Tropical - Rua Dra Sara Mesquita, 2270 Planalto do Pici, CEP 60511-110 – Fortaleza-CE. Email: sbastos@cnpat embrapa br; 3Msc., Bolsista
CNPq/Desenvolvimento Tecnológico Industrial; E-mail: [email protected]; 4Engenheiro Agrônomo,
Bolsista CNPq/Desenvolvimento Tecnológico Industrial; E-mail: [email protected]
Introdução
A demanda por manga tem apresentado crescimento significativo no mercado
internacional. No Brasil, a utilização de técnicas de indução floral e pós-colheita têm permitido
explorar brechas de mercado, no momento em que se reduz a oferta dos países concorrentes
Sousa et al. 2002).
Embora a manga ocupe lugar de destaque entre as frutas mais exportadas pelo Brasil,
ainda existem muitas barreiras e/ou exigências à sua exportação impostas pelos Estados Unidos e
União Européia, que compram quase toda a manga exportada pelo país Pedrosa e Pierre (2002).
A maior barreira de exigência do mercado exportador para frutas é a fitossanitária e não a
tarifária. O que pode solucionar estas exigências são as Boas Práticas Agrícolas (BPAs),
representadas por um conjunto de normas empregadas no campo, pós-colheita, produtos,
processos e serviços. A sua implantação tem a finalidade de melhorar a qualidade, a segurança do
alimento e o poder competitivo dos produtos Pimentel (2000).
O objetivo do trabalho foi avaliar, se os indicadores e parâmetros técnicos de qualidade do
Sistema de Produção Integrada de Manga estão, atendendo aos requisitos exigidos pelos
mercados internacionais.
Material e Métodos
Foi aplicado em março de 2007, uma lista de verificação constituído de cento e sete
questões relativas ao manejo em campo e na empacotadora, baseadas em documentos do Food
and Drug Administration e Codex Alimentarius Comission e nas Normas Específicas da
150
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
Produção Integrada de Manga, em uma amostra de 4 empresas, sorteadas entre as maiores
empresas exportadoras de manga, localizadas nos municípios de Juazeiro-BA e Petrolina-PE, no
Vale do São Francisco e cadastradas no Ministério da Agricultura como empresas que aderiram
ao Sistema de Produção Integrada de Manga. No questionário foram abordados aspectos do
sistema operacional da produção de manga para exportação, relativos a: conforto, saúde e higiene
dos trabalhadores, qualidade da água utilizada em pré e pós-colheita, infra-estrutura e limpeza da
empacotadora, conservação e manejo do solo, uso de esterco e resíduos orgânicos, instalações
sanitárias, manejo integrado de pragas, transporte e armazenamento, controle de qualidade do
produto e rastreabilidade.
Resultados e Discussão
Manejo Integrado de Pragas - Todas as empresas visitadas fazem o monitoramento de
pragas e doenças semanalmente para embasar a decisão sobre aplicação dos agroquímicos.
Obedecem ao critério de aplicação de produtos registrados para cada cultivo de acordo com os
critérios e normas do Ministério da Agricultura. Neste item em particular, todos os técnicos das
fazendas visitadas, reclamaram da pequena quantidade de produtos da grade de agroquímicos o
que não permite a alternância de produtos para uma mesma praga ou doença.
Água - A água utilizada na irrigação, captada diretamente do Rio São Francisco ou
fornecida pelo Distrito de Irrigação é considerada de boa qualidade e não recebe nenhum tipo de
tratamento, entretanto, todas as empresas informaram e comprovaram a realização semestral de
análises químicas, físico-químicas e biológicas da água, que fazem em amostras coletadas nas
áreas de cultivo. Quanto à água utilizada nas empacotadoras, as análises de potabilidade são
realizadas diariamente e, de acordo com os resultados encontrados, podem ser efetuadas
aplicações de produtos para correção tanto na água de lavagem dos frutos quanto na água dos
reservatórios.
Infraestrutura e limpeza da empacotadora – Em todas as empresas visitadas, a localização
das empacotadoras era adequada do ponto de vista de acesso, limpeza nos seus arredores e
possibilidade de acesso de animais. Embora seja grande o número de trabalhadores nas
empacotadoras, estas são construídas e montadas de modo a permitir perfeita separação entre as
diferentes atividades e equipamentos utilizados no fluxo do processo, o que torna muito mais
difícil a ocorrência de contaminação cruzada dos produtos. Observou-se que os produtos
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
151
utilizados para limpeza e sanificação das máquinas estavam armazenados adequadamente. Não
foi encontrado nenhum objeto em desuso ou com uso indevido no interior das empacotadoras.
Esterco e resíduos orgânicos - o esterco utilizado em algumas empresas não era
previamente curtido nem havia passado por nenhum tratamento de desinfecção, em outra, o
esterco era lavado e posto para secar antes da aplicação, porém nenhuma das empresas avaliadas
informou que realizava análises microbiológicas do esterco. A justificativa apresentada era de
que o esterco é aplicado em covas sob a copa das árvores, logo após a poda, o que ocorre pelo
menos seis meses antes da floração. Os cuidados tomados em todas as empresas são de localizar
o esterco fora da área de cultivo e em posição adequada em relação à direção do vento. Em todas
as empresas os responsáveis alegaram que o tempo de permanência do esterco nas áreas era
muito curto, não havendo então possibilidade de contaminação dos frutos. Quanto ao descarte de
resíduos orgânicos as empresas apresentaram destinos diferentes, podendo ser enterrado,
utilizado em compostagem ou simplesmente destinado ao lixo comum.
Saúde e Higiene - Todas as empresas informaram que no início de cada safra promovem a
realização de treinamentos para as equipes tanto de produção quanto de processamento, no que
diz respeito à higiene pessoal e manipulação das frutas. Na empacotadora, todos os funcionários
trabalham uniformizados e com equipamentos adequados para garantir sua segurança. Com
relação à saúde do trabalhador as fazendas contratam enfermeiros que trabalham 8 horas diárias.
Em uma das empresas existe também a equipe de socorro e independente disto todas elas
recebem a visita quinzenal de um médico. Existe ainda um plantão médico na cidade mais
próxima para atendimento de casos de urgência. Os refeitórios coletivos e os locais específicos
para descanso seguem todas regras do Ministério do Trabalho.
Instalações sanitárias - os banheiros e/ou vestiários são em número suficiente e suas
distâncias estão de acordo com as normas do Ministério do Trabalho. A limpeza destas
instalações é feita diariamente e algumas empresas mantêm funcionários só para fazerem a
limpeza dos banheiros na época de safra. Nas empacotadoras existem lavatórios e placas de
sinalização e orientação quanto aos perigos e os cuidados com a higiene.
Armazenamento e transporte - as empacotadoras possuem programas de adequação e
manutenção de câmaras de armazenamento e dos veículos de transporte, controlados com
planilhas de registros dos dados do sistema de refrigeração e da higienização de câmaras frias e
contêineres. Elaboram fichas de controle do programa de limpeza dos equipamentos, utensílios e
152
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
caixas de campo. Em algumas empresas visitadas a higienização dos contentores não era
eficiente.
Rastreabilidade - Os sistemas de rastreabilidade de todas as empresas permitiu recuperar
todas as informações necessárias, inclusive das frutas produzidas por terceiros, pois nos rótulos
das caixas foram registradas todas as informações pertinentes.
Qualidade do produto - Verificou-se que o risco de ocorrência de danos e da
contaminação cruzada nos frutos é praticamente nulo; Todas as etapas do processamento das
frutas são devidamente registradas. Na recepção sempre são coletadas amostras para a realização
das análises dos parâmetros de qualidade e amostras nos produtos embalados, para análise de
resíduos químicos e de contaminação microbiológicas.
Conclusões
A aplicação da lista de verificação demonstrou que embora tenham sido detectadas
algumas diferenças na forma de elaborar e implementar os protocolos de procedimentos
operacionais, as quatro empresas visitadas operavam rigorosamente de acordo com as Normas
Específicas do Sistema de Produção Integrada de manga.
Os parâmetros e indicadores de qualidade utilizados para a colheita e processamento da
manga atendem às exigências do mercado internacional.
Referências bibliográficas
SOUSA, J. P.; PRAÇA, E. F.; ALVES, R. E.; BEZERRA NETO, F.; DANTAS, F. F. Influência
do armazenamento refrigerado em associação com atmosfera modificada por filmes plásticos na
qualidade de mangas ‘Tommy Atkins’. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v. 24, n.
3, p. 665-668, 2002.
PEDROSA, J. M. Y.; PIERRE, F. C. Técnicas de pós-colheita e expansão da cultura da manga no
estado de São Paulo. Revista Brasileira Fruticultura, Jaboticabal, v. 24, n. 2, p. 381-384, 2002.
PIMENTEL, C. R. M. Oportunidades e Barreiras à Expansão do Comércio Internacional para a
Manga Nordestina. Revista Econômica do Nordeste, Fortaleza, v. 31, n. 2 , p. 166-176, 2000.
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
153
PRODUÇÃO INTEGRADA DE MANGA E UVA FINA DE MESA NO VALE DO SÃO
FRANCISCO: PERFIL DO MONITOR1
SANTOS, C. A. P. dos2; HAJI, F. N. P.3; LOPES, P. R. C.4; OLIVEIRA, J. E. M.4; SANTOS, V.
F. C. dos2
1
Projeto financiado pelo CNPq; 2Bolsistas Embrapa Semi-Árido/CNPq - Br 428, Km 152, CP 23, Zona Rural,
Petrolina-PE, 56302-970 [email protected]; 3Consultora Embrapa Semi-Árido Br 428, Km 152, CP 23,
Zona Rural, Petrolina-PE, 56302-970 [email protected]; 4Pesquisadores Embrapa Semi-Árido, Br 428,
Km 152, CP 23, Zona Rural, Petrolina-PE, 56302-970 [email protected] / [email protected].
Introdução
A região do Vale do São Francisco possui uma área cultivada com uvas finas de mesa de
9.600 ha, e manga com 22.000 ha, desse total, 4.103 ha, correspondentes a 42% e 33% da área
são monitorados através do Sistema de Produção Integrada de Uvas Finas de Mesa (PI-UVA) e
7.299 ha no Sistema de Produção Integrada de Manga (PI-Manga). Esse monitoramento é feito
em 1.941 parcelas e 1.414 para uva e para manga, respectivamente, das empresas que fazem parte
do programa. Os monitoramentos são realizados por meio de inspeções semanais, onde o monitor
observa a presença da praga bem como sua injúria, além da sintomatologia do patógeno anotando
essas informações na planilha/ficha de campo. Já existem cerca de 2.695 e 2.490, técnicos
treinados e capacitados para realizarem esse monitoramento em PI-Uva e PI-Manga,
respectivamente. Os monitores são capacitados após freqüentar os cursos de capacitação, onde o
mesmo conhece a cultura a ser monitorada, e ficam habilitados em diagnose de pragas e doenças,
além dos inimigos naturais. Cursos de capacitação são realizados mensalmente pela Embrapa
Semi-Árido por meio de palestras teóricas e práticas. O processo produtivo visa a mínima
utilização de agrotóxicos, através do monitoramento de pragas e doenças por meio de Manejo
Integrado de Pragas (MIP), de forma a contribuir com os índices de degradação ambiental. Esta
prática inovadora de acompanhamento racional das pragas trouxe uma maior segurança para o
agrônomo, técnico ou produtor na tomada de decisão no controle de uma determinada população
da praga. Dessa forma, após 50 cursos elaborou-se o perfil dos monitores baseado nas seguintes
informações: grau de conhecimento do sistema PIF; tempo no programa; conhecimento das
normas e capacidade de parcelas a serem monitoradas diariamente.
154
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
Material e Métodos
O trabalho consistiu na elaboração de um questionário que foi aplicado em 20 empresas
participantes do programa Produção Integrada de Frutas – PIF. Nesse questionário, abordou-se
questões como a formação e o acesso que os monitores tinham às normas específicas da cultura
monitorada, além do tempo que disponibilizava diariamente para o monitoramento em cada fase.
Manuais de monitoramento de pragas e doenças foram elaborados para orientar os
produtores na identificação dos danos e sintomas das pragas e doenças no campo, assim como os
níveis de ação para intervenção química. O monitoramento das principais pragas e doenças, bem
como a ocorrência de inimigos naturais foi realizado por amostragens semanais, envolvendo o
conhecimento sobre a fenologia da cultura, esquema experimental, número de plantas amostradas
por área (unidade produtiva), freqüência, partes amostradas da planta (tronco, brotações, gemas,
folhas, ramos, inflorescências e frutos), níveis de ação, conhecimento da praga e epidemiologia
da doença, além das condições climáticas. A metodologia de amostragens das pragas, doenças e
inimigos naturais, bem como as planilhas a serem utilizadas foram desenvolvidas pela Embrapa
Semi-Árido (BARBOSA et all, 2000, 2001; HAJI et al., 2000; TAVARES et al., 2001).
Resultados
Na região do São Francisco, a maioria desses monitores possui o 2º grau completo, sendo
alguns deles técnicos agrícolas. Observou-se que os mesmos têm acesso às normas da PIF, sendo
que a maioria com tempo de permanência de mais de um ano no programa, monitorando entre
quatro e oito parcelas por dia de até 1 ha. Muitos ainda têm outras funções na empresa, inclusive
para o preenchimento do Caderno de Campo – Seção 2, onde passam os resultados dos níveis de
ação obtidos em cada parcela monitorada (Tabela 1).
Conclusões
Conclui-se que, no Vale do São Francisco, os monitores após os treinamentos e com nível
de conhecimento adquirido estão devidamente capacitados para realizarem o monitoramento de
pragas e doenças na cultura da manga e uva.
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
155
Tabela 1. Demonstrativo do perfil dos monitores.
PERFIL DO MONITOR
Manga
Uva
Sem
Fundamental Médio 2º grau
Fundamental Médio 2º grau
resposta
01
05
13
01
01
02
15
4 anos
1 ano
Sim
Sim
Nível de formação
Tempo no programa
Acesso as Normas
Diagnose pragas
doenças
Inimigos naturais
Outras funções
Parcelas monitoradas
e
Sem
resposta
02
Sim
Sim
Sim
05 responderam que possuem outras
funções
Entre 4 a 6 parcelas por dia
Sim
07 responderam que possuem outras
funções
Entre 4 a 8 parcelas por dia
Referências Bibliográficas
BARBOSA, F. R.; MOREIRA, A. N.; ALENCAR, J. A. de; HAJI, F. N. P.; MEDINA, V. D.
Monitoramento de pragas na cultura da mangueira. Petrolina: Embrapa Semi-Árido, 2001. 22
p. il. (Embrapa Semi-Árido. Documentos, 159).
BARBOSA, F. R.; HAJI, F. N. P.; ALENCAR, J. A. de; MOREIRA, A. N.; TAVARES, S. C. C.
H.; LIMA, M. F.; MOREIRA, W. A. Monitoramento de pragas e doenças na cultura da
mangueira. Petrolina: Embrapa Semi-Árido, 2000b. 33 p. il. (Embrapa Semi-Árido.
Documentos, 150).
HAJI, F. N. P.; ALENCAR, J. A. de; BARBOSA, F. R.; MOREIRA, A. N.; LIMA, M. F.;
MOREIRA, W. A.; TAVARES, S. C. C. H. Monitoramento de pragas e doenças na cultura
da videira. Petrolina: Embrapa Semi-Árido, 2000. 40 p. il. (Embrapa Semi-Árido. Documentos,
151).
TAVARES, S. C. C. de H.; COSTA, V. S. de O.; SANTOS, C. A. P.; MOREIRA, W. A.; LIMA,
M. F. Monitoramento de doenças na cultura da manga. Petrolina: Embrapa Semi-Árido, 2001.
21 p. il. (Embrapa Semi-Árido. Documentos, 158).
156
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
PRODUÇÃO INTEGRADA DE PRUNÁCEAS NO PARANÁ SAFRA 2006/07
KOWATA, L. S.1; MAY-DE MIO, L. L.2; MOTTA, A. C. V.3; MONTEIRO, L. B.4;
CUQUEL, F. L.5
1
Engenheira agrônoma, Universidade Federal do Paraná-UFPR. E-mail: [email protected]; 2Engenheira
agrônoma, Doutora em Agronomia, Prof. do Dep. de Fitotecnia e Fitossanitarismo (DFF) da UFPR, Rua dos
Funcionários, 1540, 80035-050, Curitiba - PR. E-mail: [email protected]; 3Eng. agrônomo, Dr. em Agronomia,
Prof. do Dept.de Solos e Eng. Agrícola da UFPR. E-mail: mottaacv.ufpr.br; 4Eng. agrônomo, Dr em Agronomia,
Prof. do DFF da UFPR. [email protected]; 5Eng. agrônoma, Dra. em Agronomia, Prof. do DFF da UFPR, Email: [email protected]
Introdução
Produção Integrada de Frutas (PIF) visa obter produtos com qualidade, passíveis de
rastreabilidade, ambientalmente corretos e que ofereçam segurança alimentar (TIBOLA et al.,
2005). Para assegurar a transparência do processo produtivo, a PIF atua através do controle e
registro das atividades desenvolvidas durante a produção, integração das áreas agronômicas com
visão multidisciplinar, otimizando as condições de trabalho e redução dos impactos ambientais
(SANSAVINI, 2002).
A PIF surgiu nos anos 70 para reduzir o uso de agrotóxicos e preservar o ambiente
(FACHINELLO; HERTER, 2000). Sendo atualmente empregada em vários países com
resultados positivos, inclusive no Brasil. Este novo preceito iniciou-se no Brasil com a produção
de maçã e em 1999 envolveu o pêssego no Rio Grande do Sul (FACHINELLO et al., 2003b).
Sendo fundamental para a continuidade do processo, a ampliação da Produção Integrada de
Pêssego (PIP) para o Estado do Paraná, o qual vem destacando-se ao longo do tempo pelo
volume produzido e época de oferta da safra.
Para o processo de implantação da PIP, após a adequação técnica são necessários
determinados procedimentos como o preenchimento do caderno de campo. Este trabalho teve
como objetivo relatar a situação da PIP no Paraná, safra 2006/07, em pequenas propriedades em
fase inicial de implantação, realizando-se um acompanhamento mensal para fiscalizar e orientar o
preenchimento do caderno de campo. Além disso, a equipe buscou identificar os principais
pontos de estrangulamento para o avanço da PI para o pequeno produtor.
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
157
Material e Métodos
O acompanhamento técnico, safra 2006/07, foi realizado em 20 propriedades rurais,
distribuídas nos municípios de Campo Largo (cinco), Araucária (quatro), Lapa (oito), Campo do
Tenente (uma); Quitandinha (uma) e Mandirituba (uma), região centro sul do Paraná. As
propriedades foram subdivididas em unidades homogêneas denominadas parcelas, caracterizadas
por possuírem o mesmo cultivar, ano de plantio, condução e localizadas na mesma região. Para o
monitoramento de doenças, pragas e produtividade em cada parcela foram marcadas 10 plantas
por hectare para a coleta de amostras (FACHINELLO et al., 2003a). Os locais foram georeferenciados e os dados anotados no caderno de campo. Os cadernos da safra 2005/2006 foram
recolhidos para análise do conteúdo (entre os dias 11 a 29/05/2006) e os novos cadernos
devolvidos entre o período de 05 a 14/06/2006.
Os produtores foram orientados para o preenchimento do caderno de campo, assim como
proceder aos monitoramentos de pragas e doenças durante as 66 visitas realizadas na safra
2006/07. Também foram entregues pluviômetros e termômetros de máxima e mínima
temperatura para a coleta dos dados climáticos. O projeto PIP-PR custeou 37,5% do valor da
compra. Os produtores já tinham as armadilhas delta (grafolita) e Mcphail (mosca-das-frutas)
para realizar o monitoramento.
Resultados e Discussão
As áreas das propriedades estudadas variavam de 0,01 a 1 ha contendo diferentes espécies
de prunáceas (pessegueiro, ameixeira e nectarineira) e também com diversas cultivares por
espécie (Tabela 1).
Em relação ao caderno de campo, de modo geral, o preenchimento foi satisfatório,
principalmente na caracterização das parcelas e aplicação de agroquímicos, o que demonstra o
entendimento do produtor em dividir o pomar em áreas homogêneas e referir cuidados especiais
para cada parcela. As maiores dificuldades estavam na quantificação da colheita e o
monitoramento da mosca-das-frutas (Anastrepha fraterculus) e da mariposa-oriental (Grapholita
molesta) (Fig. 1), devido à queda da produção decorrente da geada. O que induziu com que
muitos produtores abandonassem os pomares, porém independente da quantidade produzida em
cada ano, o monitoramento deve ser constante, para não prejudicar a próxima safra.
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
158
Tabela 1. Produtores assistidos pelo projeto de Produção Integrada de Pêssegos e descrição das parcelas
de Pessegueiro (P), Nectarineira (N) e Ameixeira (A), safra 2006/07.
Produtor
Gilberto Olchel*
Augusto Brongel*
Eloir Lenartoviczs*
Constante Lech*
Antonio Knapik*
João Stabach*
Município
Araucária
Araucária
Araucária
Araucária
Lapa
Lapa
Tadeu Stabach*
Lapa
Casemiro Woicik*
Lino Martinez*
Lapa
Lapa
Edir Buske**
Amauri Costa*
Casemiro Krupa*
Lapa
Lapa
Lapa
Campo do
Tenente
Quitandinha
Mário Kaiss*
Eduardo Santos *
Parcelas Espécies (cultivares)
8
P (Chimarrita) N (Bruna) A (Letícia, Reubennel, Polli Rosa)
4
P (Rio Grande, Coral, Chimarrita e Charme)
8
P (Chimarrita, Charme, Ouro e BR-1) N (Bruna) A (Reubennel e Irati)
4
P (São Pedro, Chimarrita e Coral)
7
P (Chimarrita, Premier e BR-1) N (Bruna) A (Reubennel e Irati)
5
P (Chimarrita, Ouro e Delanona) N (Bruna)
P (Chimarrita, Premier e BR-1) N (Bruna, Sun Red e Sun Gold) A (Irati
10
e Reubennel)
P (Chimarrita, Delanona e Eragil) N (Bruna, Sun Red e Sun Gold) A
14
(Irati e Reubennel)
6
P (Chimarrita e Texano) N (Bruna) A (HP e Reubennel)
Pessegueiro (Chatar, BR-1, Coral II, Chimarrita, Charme, São Pedro e
Texano) N (Bruna e Sun Gold) A (Irati, Amarelinha, Letícia e
21
Reubennel)
6
P (Chimarrita e Eragil) N (Bruna e Sun Gold) A (Irati e Reubennel)
6
P (Delanona, Charme e Eragil) N (Bruna) ; A (Ameixeira)
8
3
P (Coral e Marli) A (Irati e Reubennel)
P (Chimarrita, Planalto e BR-1)
P (Ouro, Eldorado, Fla-9, Chiripa e Barbosa) N (Sun Ripe e Bruna) A
Clóvis Hoffmann** Mandirituba 25
(Santa Rosa, Irati, Reubennel e Letícia)
Miguel F. Santos* Campo Largo 1
A (Irati)
Luis Gogola *
Campo Largo 6
P (Chimarrita e Chiripá) A (HP e Polli Rosa)
Valdir Gogola*
Campo Largo 2
P (Granada) A (Polli Rosa)
Carlos Gogola *
Campo Largo 2
P (Charme e Eldorado)
Luiz Passos*
Campo Largo 1
P (Delanona)
* Nível tecnológico: Boas Práticas Agrícolas, ** Nível tecnológico: Produção Integrada.
1. Identificação do produtor e técnico
Panorama Geral dos itens preenchidos
2. Identificação da propriedade
3. Identificação das parcelas
4. Histórico de aplicações químicas
100
5. Histórico de adubação
6. Histórico de manejo do solos e plantas invasoras
% de preenchimento
80
7. Histórico de tratos culturais
8. Histórico de colheita
60
9. Monitoramento de grapholita
10. Monitoramento de mosca-das-frutas
40
11. Monitoramento de pragas
12. Monitoramento de crespeira, antracnose,
chumbinho e ferrugem
13. Monitoramento de podridão-parda, gomose,
queima-de-ramos
e bacteriose).
20
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10 11 1 2 13 14 15
14. Histórico de maquinário
15. Monitoramento climático
Figura 1. Porcentagem de preenchimento do caderno de campo em 20 propriedades dos municípios de
Campo Largo, Araucária, Mandirituba, Quitandinha, Campo do Tenente e Lapa (PR), safra 2006/07.
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
159
O ítem “caracterização da propriedade” não foi adequadamente preenchido devido à falta
de um técnico fixo. Lembrando que neste caso, por tratar-se de um exercício de preenchimento
não foi solicitado que o responsável fosse credenciado pela PIP. Outro aspecto crítico foi o
monitoramento climático, a anotação diária de temperatura foi considerada dificultosa pelos
fruticultores, no entanto o registro contínuo é fundamental para correlação entre clima e doença,
bem como para o acompanhamento histórico da ocorrência de geada relacionando com as fases
de desenvolvimento das plantas nas diferentes parcelas. O relato climático na propriedade
(detalhado e contínuo) pode servir de subsídio para um programa futuro de previsão de
epidemias.
Diferente do monitoramento da grapholita e mosca-das-frutas, as planilhas de
monitoramento de doença e demais pragas foram preenchidas de modo adequado, pois os
integrantes do PIP-PR realizaram este procedimento para que os dados coletados auxiliem a
pesquisa de distribuição temporal e espacial de doenças na região.
Para melhorar o preenchimento de caderno são necessários o acompanhamento
profissional interado nas normas da PIP e a conscientização da importância de formar um
histórico da área por parte do produtor. A grande parte das propriedades apresentadas está na fase
inicial de implantação de Produção Integrada e apresenta certas dificuldades devido à área
reduzida de pomar e pouco capital para benfeitorias. No entanto, outras propriedades não
mencionadas neste trabalho estão em estágio avançado na implementação da PI, podendo obter a
certificação.
Conclusão
Apesar das dificuldades encontradas para a implantação, a Produção Integrada de
prunáceas no Paraná apresenta avanços, principalmente porque todos produtores já entenderam
sobre a necessidade do uso de armadilhas para monitoramento de pragas e da importância do
preenchimento do caderno de campo para uma produção mais segura e ambientalmente correta.
Apesar de viável, algumas correções e modificações em determinados pontos ainda são
importantes para a concretização do uso da Produção Integrada por pequenos produtores no
Estado do Paraná tais como: responsável técnico credenciado em PI fixo na propriedade,
adequação de instalações, maior critério para preenchimento do caderno de campo mesmo em
anos de quebra de produção.
160
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
Referências Bibliográficas
FACHINELLO, J. C.; COUTINHO, E. F.; MARONDIN, G. A. B.; BOTTON, M.; MIO, D.; L.
M. Normas técnicas e documentos de acompanhamento da produção integrada de pêssego.
Pelotas: Universidade Federal de Pelotas, Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, 2003a. 95 p.
FACHINELLO, J. C.; HERTER, F. G. Diretrizes para produção integrada de frutas de
caroço. Pelotas: Embrapa Clima Temperado, 2000. 46 p. (Embrapa Clima Temperado. Circular
Técnica, 19).
FACHINELLO, J. C.; TIBOLA, C. S.; VICENZI, M.; PARISOTTO, E.; PICOLOTTO, L.;
MATTOS, M. L. T. Produção Integrada de pêssegos: três anos de experiência na região de
Pelotas-RS. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v. 25, n. 2, p. 256-258, 2003b.
SANSAVINI, S. La rintracciabilità delle produzioni ortofrutticole. Rivista di Frutticoltura,
Bologna, n. 1, p. 5-7, 2002.
TIBOLA, C. S.; FACHINELLO, J. C.; GRUTMACHER, A. D. Handling of pests and diseases in
integrated and conventional production of peach. Revista Brasileira de Fruticultura,
Jaboticabal, v. 27, n. 2, p. 215-218, 2005.
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
161
ANÁLISE PROSPECTIVA DE CADEIA PRODUTIVA PARA INSERÇÃO DA
MANGABA NO AGRONEGÓCIO
FERREIRA, E. G.1; GUERRA, A. G.2; MENINO, I. B.1; ARAÜJO, I. A. de1
1
Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária da Paraíba S/A – EMEPA-PB [email protected]; 2Empresa
Estadual de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte S/A – EMPARN [email protected].
Introdução
A mangabeira (Hancornia speciosa, Gomes), planta da família das apocináceas, é
encontrada vegetando espontaneamente em áreas da região tropical da América do Sul: Brasil,
Paraguai, Venezuela, Colômbia, Peru e Bolívia. No Brasil, é encontrada com freqüência nas
regiões Centro-Oeste, Sudeste, Norte, e com maior abundância nas áreas de tabuleiros e baixadas
litorâneas do Nordeste, onde se concentra a quase totalidade da produção comercial de frutos
(ESPÍNDOLA; FERREIRA, 2003).
No Nordeste brasileiro, é uma planta que vegeta abundantemente na faixa litorânea,
ambiente de solos pobres, de textura arenosa e de fácil drenagem. Na Paraíba, é facilmente
encontrada, na região do litoral, com grandes pomares nativos em terras devolutas, em reservas
indígenas, e em pomares cultivados.
Atualmente, o interesse pela cultura da mangaba no Brasil, e mais particularmente nas
Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, tem crescido substancialmente, quer seja pelos agentes
diretamente envolvidos nos diferentes segmentos da sua cadeia produtiva, quer seja pelos setores
responsáveis pelo desenvolvimento e difusão de novas tecnologias agrícolas e de processamento
da polpa. Apesar desse crescente interesse, a mangaba continua a ser uma cultura essencialmente
extrativista, embora que, já existem pomares organizados ou implantados com a finalidade de
exploração racional para a produção de frutos.
A mangabeira produz frutos para o consumo in natura e para industrialização nas formas
de polpa, principalmente de sucos, batidas, coquetéis, doces, geléias, sorvetes, licores, vinhos e
xaropes. Ainda, pode-se extrair o látex para borracha, e também tem sua aplicação na
farmacologia, o que mostra um grande potencial de aproveitamento.
162
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
A exploração desta fruteira é feita de duas formas: 1) sob a forma de extrativismo, em
pomares nativos, que ocupam mão-de-obra não qualificada, caracterizando a sua importância do
ponto de vista sócio-econômico para as populações da zona rural, que têm como fonte de renda
essa frutífera, sem investimento prévio, considerando-se que se encontra em estado silvestre; 2)
pomares cultivados, que utilizam recomendações geradas pela pesquisa, e, por ser uma cultura
que está despontando no cenário da fruticultura pelas suas qualidades e aplicações, apontam uma
forte demanda.
Metodologia
O estudo da cadeia produtiva da mangaba baseou-se no método do diagnóstico, de Castro
et al. (1995). Este trabalho objetivou a uma descrição dinâmica da produção e dos circuitos de
comercialização, identificando os agentes, os fluxos e seus pontos de estrangulamento. Esta
identificação e descrição foram baseadas em levantamento de dados, entrevistas com os
principais agentes envolvidos, do produtor até o consumidor, visitas de campo e às feiras livres e
da produção; identificação de pessoas chaves e dos principais segmentos da cadeia; tabulação de
dados;
apresentação,
confirmação
e
ampliação
das
informações
e
das
entrevistas
complementares; verificação das informações e estudo da dinâmica da cadeia produtiva da
mangaba.
O diagnóstico visou uma descrição dinâmica, da produção e dos circuitos de
comercialização, descrevendo através de fluxograma os agentes, os fluxos e seus pontos de
estrangulamento, desde insumos, produção de frutas, indústria, distribuição e consumo.
O principal objetivo do estudo foi: analisar, diagnosticar e estabelecer um fluxograma da
cadeia produtiva da cultura da mangaba nos Estados da Paraíba e Rio Grande do Norte, visando à
organização da base produtiva.
Resultados e Discussão
Esse enfoque enfatiza a questão da dependência intersetorial ao longo da cadeia produtiva
(CASTRO et al., 1995; ZYLBERSZTAJN, 2000). Esses autores destacam, para o ano de 2000, o
valor total das operações ligadas ao complexo agroindustrial brasileiro seguiu as seguintes
proporções: 9% “antes da porteira”, 19% para a “produção propriamente dita” e 72% “depois da
porteira”, mostrando a importância do enfoque sistêmico no estudo.
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
163
O processo de coordenação na cadeia produtiva da mangaba, nos Estados do Rio Grande
do Norte e Paraíba se assemelham, e, variam de acordo com o sistema de cultivo. O sistema de
produção extrativista tem sua comercialização basicamente na forma de mercado livre, no qual,
os exploradores comercializam sua produção com intermediários que a repassam para varejistas,
ou entregam às indústrias de processamento de frutas. Os frutos advindos de plantios tecnificados
e de produtores que são receptivos à tecnologia gerada pela pesquisa, recebem melhores tratos
pós-colheita.
Dependendo da oscilação de preços na época, estes frutos também poderão ser entregues
nas agroindústrias de processamento, que, em determinadas fases do ano, pagam preços
semelhantes aos praticados em outros segmentos da cadeia produtiva e não levam em
consideração alguns atributos de qualidade dos frutos.
O processo de comercialização dos frutos processados nas agroindústrias nas formas de
sucos e polpas, é feito de forma convencional, ou seja, obedecendo às leis de mercado, da procura
e oferta. As redes de supermercados, lanchonetes e restaurantes absorvem toda produção.
Estruturas de Coordenação
Mercado, Programas e Políticas públicas.
Cooperativas, Associações e firmas
individuais.
Insumos
Produtor /
Extrativista
Indust.de
Processamento
Infra-estrutura e Serviços
Trabalho, crédito, transporte, energia,
embalagem, tecnologia, propaganda,
armazenagem e logística.
Comércio
Atacadista e
Varejista
Consumidor
Instituições
Figura 1: Representação da Cadeia Produtiva da Mangaba na Paraíba e Rio Grande do Norte.
Fonte: Guerra e Ferreira (2007).
164
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
Conclusões
•
A cultura da mangabeira está se consolidando pelo seu potencial de produção;
•
a domesticação e difusão da cultura concorrem significativamente para sua expansão;
•
a base produtiva está se conscientizando da sua importância social e econômica;
•
os programas de governo que envolve a cultura melhoram o marketing da cultura.
Bibliografia
CASTRO, A. M. G. de; COBBE, R. V., GOEDERT, W. J. Prospecção de demandas
tecnológicas: Manual metodológico para o SNPA. Brasília, DF: Embrapa-DPD, 1995. 82 p.
ESPÍNDOLA, A. C. de M., FERREIRA, E. G. Aspectos Nutricionais e adubação da mangabeira.
In: SIMPÓSIO BRASILEIRO SOBRE A CULTURA DA MANGABA, 1., 2003, Aracajú, SE.
Anais... Aracajú: Embrapa-CPATC, 2003. 1 CD-ROM.
ZYLVERSZTAJN, D. Conceitos gerais, evolução e apresentação do sistema agroindustrial. In:
ZYLBERSZTAJN, D.; NEVES, M. F. Economia e gestão dos negócios agroalimentares. São
Paulo: Pioneira, 2000.
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
165
FRUTICULTURA: RENDA SUSTENTÁVEL PARA A AGRICULTURA FAMILIAR
THIESEN, M. B.1; LASSEN, R. S.2
1
Bacharel em Desenvolvimento Rural e Gestão Agroindustrial pela Universidade Estadual do Rio Grande do Sul.
Endereço: Avenida Central, 403 - Bairro Glória - Santo Augusto. E-mail: [email protected]; 2Bacharel
em Desenvolvimento Rural e Gestão Agroindustrial pela Universidade Estadual do Rio Grande do Sul. Endereço:
Estrada Mangueirão, 400 – Bela Vista – Três Passos. E-mail: [email protected].
Introdução
A agricultura familiar vem resgatar a cidadania tornando-se a principal produtora de
alimentos abastecendo os mercados e as demandas crescentes por produtos cada vez mais
naturais e que garantam qualidade de vida.
Partindo-se desse ponto buscaremos apresentar a produção frutífera do município de Três
Pasos, no Rio Grande do Sul visando esta como uma alternativa de diversificação produtiva, bem
como agroindustrialização como forma de agregar valor aos produtos oriundos da produção
familiar. Para tanto faremos uso de pesquisa bibliográfica, pesquisa de campo com conversa
informal junto a uma propriedade rural produtora de frutas e à Agroindústria Frutipassos.
Podemos averiguar que a produção frutífera no município de Três Passos expandiu-se
com a implantação do Programa da Fruticultura oriundo do Plano Estratégico de
Desenvolvimento Municipal, os agricultores têm a alternativa de diversificação das culturas e
agregação de renda à propriedade familiar, além disso a criação da Frutipassos, objetivando unir
os agricultores do município, visa o desenvolvimento técnico e a busca de mercado e
industrialização para os produtos.
Diagnosticamos que a Região Celeiro conta com um clima subtropical favorável à
produção de frutas e além disso a elevada demanda pelo consumo de frutas in natura, compotas,
schimmier, frutas cristalizadas, geléias e sucos naturais entre outros que favorecem a expansão da
produção dentro do município.
166
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
Material e Métodos
O trabalho de estudo da fruticultura no município de Três Passos baseou-se em pesquisa
bibliográfica, pesquisa a campo com entrevista informal junto a uma propriedade e à
Agroindústria Frutipassos.
Resultados e Discussão
O município de Três Passos localiza-se na região Noroeste do Estado do Rio Grande do
Sul, sua área superficial é de 438,07 km2 e altitude de 501,8 m acima do nível do mar. O
município conta com uma população de 24.645 habitantes e clima subtropical. Suas principais
atividades agrícolas são: bovinocultura leiteira, suinocultura, fruticultura, fumicultura, entre
outras.
O programa de fruticultura na agricultura familiar apresenta-se como uma alternativa de
inovação nas propriedades familiares, uma vez que surge com o intuito de diversificar as
atividades produtivas das mesmas. Conforme a Secretaria de Agricultura do Estado do Rio
Grande do Sul (1982), as instalações de um pomar devem levar em consideração alguns pontos
preliminares como o consumo em elevação de frutas, o que demanda da implantação de novos
pomares.
Produção de Frutas na Propriedade
No distrito de Padre Gonzales encontramos um produtor de frutas que possui 3,8 hectares
com pomares, assim distribuídos: 1,8 hectares de figo, comportando 2.000 pés da fruta, 1 hectare
de pêssego com 700 pés e 1 hectare de uva com 1.000 pés da fruta. Além dessas frutíferas que
estão em plena produção o produtor está aumentando sua área e implantado em sua propriedade
novas variedades como banana, caqui, maçã, pêra, nectarina, bergamota, ameixa e laranja.
A produção de figo resultou em 2006 numa produção de 8 toneladas de frutos maduros e
5 toneladas de frutos verdes; já a produção de uva, no ano passado, resultou em 1.600 kg e a
produção de pêssego irá dar frutos pela primeira vez em 2007.
Os principais tratamentos realizados nos pomares a fim de manter a produtividade são: a
aplicação de calda sulfocálcica para controlar as doenças, podas, tratamento com fungicidas, isso
de iscas naturais para controle de insetos e adubação verde e química. A colheita dos frutos é
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
167
realizada manualmente em cestos ou caixotes e a venda ocorre diretamente ao consumidor e os
excedentes são destinados à agroindustrialização.
A Agroindustrialização das Frutas
A Cooperativa de Fruticultores de Três Passos (Frutipassos) é constituída por fruticultores
do município e por técnicos ligados a atividades de fruticultura. A cooperativa tem como
finalidade fazer reuniões para discutir e desenvolver projeções para o melhoramento da produção
frutífera, além de incentivar estudos, pesquisa e exposições em feiras, seminários e cursos. Outra
finalidade é a vistoria periódica nos pomares.
A organização da comercialização das frutas, tanto na forma verde quanto madura,
incunbindo-se de breves estudos de mercado e fiscalização fitossanitária.
A Frutipassos é constituída por um número ilimitado de cooperados, e estes são escritos
pelos seguintes categorias:
1°- Fundadores – Aqueles que ajudam a criar a cooperativa;
2°- Efetivos – Os que ingressam na cooperativa após o fim das inscrições dos sócios
fundadores;
3°- Beneméritos – Aqueles que prestam relevantes serviços à cooperativa;
4°- Remidos – Aqueles que pagaram antecipado igual ou superiores a 20 anos de
cooperação.
A Frutipassos tem como missão a geração de renda extra na agricultura familiar através
de implantação de fruticultura como uma atividade extra. Além disso busca também a
diferenciação dos produtos a fim de manter qualidade produtiva. O principal objetivo da
agroindústria é o auxilio aos produtores na venda do produto in natura e o processo de
excedentes com logística de venda realizada pela própria cooperativa. Entre as principais
estratégias da agroindústria estão:
•
a padronização;
•
a rotulação;
•
a divulgação em feiras;
•
o aumento da produção;
168
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
•
a implantação de novas variedades produtivas;
•
a redução de custo.
Conclusão
Analisamos que o Programa de fruticultura do município de Três Passos resultou nos
seguintes pontos:
1)
Uniu e incentivou os pequenos produtores familiares que antes estavam
assolados a simples produtores de comodittis a tornarem-se potenciais
produtores de frutas, o que propiciou aos mesmos a diversificação de suas
propriedades e agregação de valor em seus produtos;
2)
Outro ponto que impulsionou esse programa é o clima presente no município
que favorece a produção frutífera como o figo, pêssego, uva, caqui, ameixa,
abacaxi, banana, etc.;
3)
A criação da Agroindústria Frutipassos permitiu que os agricultores reunidos
em forma de cooperativa se organizassem na comercialização de seus produtos,
tanto verdes como maduros, e que seus excedentes fosse beneficiados
agregando mais valor ao produto final.
Em suma, a produção frutífera, além de diversificar as pequenas propriedades familiares
permite que os produtores criem seus próprios mecanismos de produção, beneficiamento,
divulgação e comercialização de seus produtos.
Referências Bibliográficas
GRAFFITTI, L. G. Três Passos: Imigração e Colonização. Ijuí: [s.n.], 2004.
SECRETARIA DA AGRICULTURA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL. Cartilha do
Agricultor: as lavouras e as plantas. 2. ed. Porto Alegre, 1982. v. 2.
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
169
DIAGNÓSTICO PRELIMINAR DA ATUAL SITUAÇÃO, QUANTO A PRESENÇA DE
RESÍDUOS DE AGROTÓXICOS, DAS FRUTAS COMERCIALIZADAS NO ATACADO
DE SÃO PAULO (SP)
TREVIZAN, L. R P.1; BAPTISTA, G. C. de2; ALMEIDA, G. V. B.3
1
Engenheiro agrônomo Dr., AgroSafety Monitoramento Agrícola, Incubadora Tecnológica ESALQTEC, Av.
Limeira s/n, Sala 01, 13414-018, Piracicaba-SP, [email protected] (Apresentador do trabalho);
2
Engenheiro agrônomo Dr., Laboratório de Resíduos de Pesticidas e Análises Cromatográficas (LARP-USP),
ESALQ/USP, Av. Pádua Dias, 11, CP09, 13418-900, Piracicaba-SP, [email protected]; 3 Engenheiro agrônomo
Msc., Centro de Qualidade em Horticultura (SECQH) da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São
Paulo (CEAGESP), Av. Dr. Gastão Vidigal, 1946, 05316-900, São Paulo-SP, [email protected]
Introdução
Para um diagnóstico preliminar do nível atual de segurança oferecido aos consumidores
das frutas abrangidas pelo escopo do projeto Manejo e Logística da Colheita e Pós-Colheita na
Produção Integrada de Frutas no Brasil (banana, caqui, citros, figo, goiaba, maracujá e
morango), Processo CNPq 48.0037/02-7, se montou uma parceria entre o Centro de Qualidade
em Horticultura (SECQH) da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo
(CEAGESP) Laboratório de Resíduos de Pesticidas e Análises Cromatográficas (LARP-USP) da
Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (ESALQ).
O Entreposto Terminal de São Paulo (ETSP) é o local perfeito para um monitoramento
deste tipo, nele passam diariamente altas porcentagens da produção nacional de frutas, quase
sempre o ETSP é responsável, para cada fruta, pela comercialização de mais de 10% do total
produzido no país. Do maracujá, como exemplo, 11% do total da produção nacional passa
anualmente pelo entreposto (GUTIERREZ, 2007). O volume diário de comercialização supera a
dez mil toneladas (SIM CEAGESP, 2007).
Como um dos principais objetivos da Produção Integrada é oferecer ao consumidor e ao
mercado um produto seguro é de grande importância sabermos quais fruteiras apresentam os
maiores problemas, tanto os de resíduos acima do limite, como as que sofrem com a falta de
produtos registrados. Desta maneira podem-se oferecer os comitês técnicos dos projetos
específicos das fruteiras, subsídios na decisão de quais são os pontos prioritários para serem
atacados.
170
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
Material e Métodos
As amostras foram recolhidas, sempre nas manhãs das segundas-feiras e de maneira
inteiramente casualizada, entre os principais atacadistas do produto eleito para o dia. A
localização dos atacadistas foi feita através da análise das notas fiscais recolhidas pelo pessoal de
portaria da CEAGESP e que, posteriormente, são encaminhadas à Seção de Economia e
Desenvolvimento (SEDES) da empresa. De cada atacadista era recolhida uma amostra de massa
aproximada de um quilograma e no período da tarde as amostras eram encaminhadas para serem
analisadas no LARP-USP. No total foram analisadas 117 amostras com a seguinte distribuição
entre os produtos: 3 de banana, 5 de figo, 5 de goiaba, 8 de caqui, 8 de lima ácida Tahiti, 15 de
laranja, 16 de maracujá azedo, 24 de tangerinas e 33 de morango. A cronologia das análises está
descrita na Tabela 1.
Tabela 1. Cronologia do recolhimento de amostras no Entreposto Terminal da CEAGESP
(ETSP).
Cultura
Maracujá
Figo
Goiaba
Caqui
Laranja
Limão
Tangerina
Tangerina
Laranja
Maracujá
Morango
Tangerina
Tangerina
Morango
Morango
Morango
Morango
Morango
Morango
Morango
Data da Coleta
25/10/2005
24/11/2005
29/11/2005
21/03/2006
28/03/2006
04/04/2006
23/05/2006
31/05/2006
06/06/2006
14/06/2006
21/06/2006
29/06/2006
29/06/2006
08/08/2006
17/08/2006
22/08/2006
30/08/2006
05/09/2006
27/09/2006
17/11/2006
Número de amostras
8
5
5
8
7
8
8
8
8
8
3
5
3
6
5
6
3
6
5
2
As análises de resíduos foram realizadas no LARP-USP. Foram utilizados dois métodos
de análise, adaptados a partir de Holanda (1996) e Andersson e Palsheden (1998), um para se monitorar 102 princípios ativos através de cromatografia gasosa e outro específico para analisar ditiocarbamatos.
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
171
No primeiro, os resíduos são extraídos da amostra com acetato de etila; o extrato é
concentrado por evaporação; após ressuspensão em mistura de ciclohexano + acetato de etila (1 +
1), procede-se a limpeza do extrato por cromatografia de permeação em gel, sendo a eluição
procedida com a mesma mistura de ciclohexano + acetato de etila. A determinação quantitativa é
feita por técnica de cromatografia em fase gasosa, usando-se cromatógrafo equipado com
detector seletivo de massas.
Os ditiocarbamatos foram analisados por técnica de “head space”. A amostra é aquecida
em solução de cloreto estanhoso e ácido clorídrico, para que os resíduos de ditiocarbamatos
originem o gás bissulfeto de carbono (CS2). A determinação quantitativa é feita por técnica de
cromatografia em fase gasosa, usando-se cromatógrafo equipado com detector fotométrico de
chama (FPD).
Resultados e Discussão
Os resultados das análises foram condensados na Tabela 2. Das 117 amostras, em 51
foram detectados algum nível de resíduo, destas apenas 23 apresentaram algum tipo de infração,
21 com produtos não autorizados para a cultura e 10, todas de morango, com resíduos acima do
LMR permitido pela legislação. Amostras de morango apresentaram, ao mesmo tempo, os dois
problemas. É importante salientar a problemática de metabólitos, como no caso do carbosulfam
que se metaboliza em carbofuram, o primeiro possui registro para isso na cultura de citros
enquanto o segundo não.
Conclusão
Os resultados indicam que, a exceção do morango, o maior problema para as outras
culturas é a carência de produtos autorizados para o uso. O morango apresenta uma situação mais
problemática, das 33 amostras levadas à analise, 10 apresentaram níveis de resíduos de produtos
registrados para a cultura com resíduos acima do LMR permitido pela legislação.
Agradecimentos
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pelo apoio
dados através dos projetos Manejo e Logística da Colheita e Pós-Colheita na Produção Integrada
de Frutas no Brasil (processo 48.0037/02-7)
172
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
Aos técnicos Bertoldo Borges Filho e Eduardo Ortiz Doniani, respectivamente da
SECQH/CEAGESP e LARP/ESALQ, pelo valioso trabalho de coleta e transporte das amostras.
Tabela 2. Resultados de análises de resíduos por cultura, número de amostras com resíduos e
infrações provenientes de uso de agrotóxicos não autorizados para a cultura (NA) ou por infringir
o Limite Máximo de Resíduos (LMR).
Cultura/agrotóxico
Figo/ditiocarbamatos
Goiaba/metidationa
Laranja/carbofurano
Laranja/dimetoato
Laranja/ditiocarbamatos
Laranja/metidationa
Laranja/procloraz
Maracujá/carbofurano
Maracujá/ditiocarbamatos
Maracujá/profenofós
Morango/azoxistrobina
Morango/captana
Morango/carbaril
Morango/cipermetrina
Morango/clorotalonil
Morango/dimetoato
Morango/ditiocarbamatos
Morango/endossulfam
Morango/fenitrotiona
Morango/fenpropatrina
Morango/fentiona
Morango/fluazinam
Morango/folpete
Morango/iprodiona
Morango/lambda-cialotrina
Morango/metalaxil
Morango/procimidona
Morango/profenofós
Morango/propargito
Morango/tebuconazol
Morango/tetradifona
Morango/tebuconazol
Tangerina/bromopropilato
Tangerina/ditiocarbamatos
Tangerina/etiona
Tangerina/permetrina
Tangerina/permetrina
Amostras com
Resíduos
5
1
1
1
1
1
2
1
1
1
5
2
1
1
2
1
6
1
1
8
1
4
3
5
4
1
22
2
1
4
6
4
1
5
3
1
1
Amplitude dos
Resíduos (mg.kg-1)
0,2-06
0,02
0,03
0,2
0,3
0,03
0,4-1,1
0,09
0,2
0,03
0,02-0,2
0,3-2,1
0,9
0,05
1,2-3,1
0,06
0,2-14,8
0,03
0,2
0,07-1,2
0,2
0,05-1,2
0,02-0,09
0,05-1,8
0,03-0,2
0,08
0,05-4,3
0,03-0,2
0,05
0,2
0,04-0,7
0,2
0,03
0,1-0,2
0,06-0,2
0,1
0,1
LMR (mg.kg-1)
Infrações
2
NA
NA
2
2
2
NA
NA
NA
NA
5
NA
NA
NA
NA
NA
NA
NA
NA
2
NA
2
NA
2
0,5
NA
3
NA
7
0,1
NA
0,1
3
2
2
NA
NA
0
1
NA
0
0
0
2
1
1
1
0
2
1
1
2
1
5
1
1
0
1
0
3
0
0
1
1
2
0
4
6
4
0
0
0
1
1
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
173
Referências Bibliográficas
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174
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
PRODUÇÃO DE CASTANHAS E CAJU-DE-MESA NOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO
INTEGRADA E CONVENCIONAL1
OLIVEIRA, V. H.2; ANDRADE, A. P. S.3, SILVA, E. de O.4
1
Trabalho financiado pelo CNPq/Embrapa/MAPA; 2Engo Agro DSc., Embrapa Agroindústria Tropical, R. Sara
Mesquita, 2270 Pici Fortaleza-CE, E-mail: [email protected]; 3Enga Agra MSc., R. Sabino Borges, 169
Aerolandia Fortaleza-CE, E-mail: [email protected]; 4Engº Agrº DSc., Embrapa Agroindústria Tropical,
E-mail: [email protected]
Introdução
O cajueiro possui relevante importância socioeconômica para o Nordeste brasileiro, em
função da mobilização de 300 mil pessoas no campo e por proporcionar uma produção anual de
147.129 toneladas de castanha (IBGE, 2006) e 1.650.000 toneladas de pedúnculo (FAO, 2006). A
matéria-prima castanha supre fábricas e mini-fábricas, responsáveis pela obtenção da amêndoa de
castanha de caju – ACC e do líquido da casca da castanha – LCC (OLIVEIRA; ANDRADE,
2004).
Apesar desse potencial, a participação brasileira nas exportações mundiais de ACC tem
declinado e, atualmente, o país ocupa a terceira posição, antecedido pela Índia e Vietnã (FAO,
2006; PESSOA et al., 2000). Adendo a isso, os mercados mundiais exigem a qualidade dos
produtos para realizarem suas importações (FACHINELLO et al., 2000). A utilização de novas
tecnologias, através do sistema de Produção Integrada de Frutas (PIF), poderá contribuir para a
reversão deste quadro. Este trabalho teve o objetivo de comparar os sistemas de Produção
Integrada e Convencional para cajueiro-anão precoce, quanto à produção de castanha e de cajude-mesa, em Beberibe (CE).
Material e Métodos
O trabalho foi realizado em plantas com quatro anos de idade, variedade CCP-09,
espaçadas de 7 x 7 m, numa área de um hectare, onde foram desenvolvidos os sistemas de
Produção Integrada (PI) e Convencional (PC). Cada um ocupou uma área de 0,5 ha, separados
entre si por uma bordadura composta de cinco fileiras de plantas.
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
175
Na área sob PI aplicaram-se as práticas contidas nas Normas Técnicas e Documentos de
Acompanhamento da Produção Integrada de Caju (OLIVEIRA, 2003), que consistiram da
manutenção de uma cobertura vegetal viva nas entrelinhas e limpeza das linhas de plantio, e
adubação conforme a análise do solo. Efetuou-se uma poda de limpeza, uma de manutenção e
outra para o levantamento da copa. O controle fitossanitário foi realizado através de amostragem,
segundo Mesquita et al. (2002) e Cardoso e Freire (2002). Na PC as práticas consistiram na
limpeza das linhas e entrelinhas, com a adubação do solo similar à empregada na PI. Realizou-se
uma poda de limpeza e os tratos fitossanitários foram feitos no início da produção e após cada
fluxo produtivo.
Foram escolhidas 12 plantas ao acaso para se proceder as avaliações. A colheita foi
realizada semanalmente durante seis meses. Os cajus foram classificados em “caju-de-mesa”
(consumo in natura) e “caju indústria” (produção de doces, sucos, etc.). Após a classificação os
cajus e as castanhas foram contados e pesados. Os “cajus indústria” foram descastanhados e as
castanhas remanescentes foram computadas juntamente com as colhidas no solo (Fig. 1).
Figura 1. Fluxograma da operação de seleção realizada no experimento.
Foram analisadas: produção de castanhas comerciais (kg planta-1), número de castanhas
comerciais (contagem de castanhas oriundas do caju indústria e das colhidas no solo), peso médio
de castanhas (g) e número total de castanhas (soma do número de cajus-de-mesa e do número de
castanhas comerciais). Para o caju-de-mesa foram avaliados: produção (kg planta-1), número por
planta e peso médio (g), sendo considerados todos os cajus de cada planta. Para as variáveis
176
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
foram estimadas médias a partir de amostras obtidas nos dois tratamentos, que foram comparadas
pelo teste t (P≤0,05).
Resultados e Discussão
Observou-se diferença significativa para a produção de castanhas comerciais entre os
tratamentos PI e PC, com a média do primeiro superior a do segundo (Fig. 2). Esta diferença
ocorreu, provavelmente, devido ao manejo do solo, que na PC foi realizado utilizando-se a grade
para o controle de plantas daninhas. Isto pode ter causado prejuízos às raízes do cajueiro devido
às lesões provocadas durante a operação, diminuindo a área de absorção das raízes, causando um
estresse na planta. Conforme Wahid et al. (1989), 72% das raízes absorventes do cajueiro
8
-1
(kg planta)
Produção de castanhas
comerciais
encontram-se a uma distância radial de 2,0 m da planta.
6,03
6
4,88
4
2
0
PI
PC
Sistemas
Figura 2. Médias de produção de castanhas comerciais (kg planta-1) nos sistemas PI e PC.
Beberibe-CE, 2006.
Os resultados obtidos diferem dos encontrados por Marangoni (1999) e Sansavini (1995),
em pessegueiro, segundo os quais os resultados iniciais obtidos geralmente não apresentam
diferenças consideráveis entre PI e PC. As plantas de cajueiro sob PI produziram um número de
castanhas comerciais significativamente superior às da PC (Fig. 3). O manejo mais intensivo da
parte aérea na PI pode ter contribuído para esta diferença, pois o cajueiro apresenta um elevado
índice de brotações após a poda, com a emissão de ramos produtivos.
Apesar de alguns autores relatarem que os resultados iniciais normalmente não
apresentam diferenças consideráveis entre PI e PC (MARANGONI, 1999; SANSAVINI, 1995),
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
177
Farias (2002) e Nunes et al. (2004), comparando os sistemas PI e PC em pessegueiro, no
primeiro ano de condução, observaram valores significativos para o número de frutos, em
consonância com os resultados encontrados neste trabalho.
-1
comerciais planta
Número de castanhas
1000
800
816,96
647,04
600
400
200
0
PI
PC
Sistemas
Figura 3. Número de castanhas comerciais produzidas por planta, nos sistemas PI e PC.
Beberibe-CE, 2006.
A média do número total de castanhas obtida na PI foi significativamente superior ao da
PC (Fig. 4), com um incremento de cerca de 20% no número de castanhas produzidas na PI em
relação à PC. Esta diferença, à semelhança do que ocorreu com o número de castanhas
comerciais, provavelmente deveu-se ao manejo do solo realizado na PI, considerado menos
-1
1200
1000
800
planta
No total de castanhas
agressivo, que interfere menos na estrutura do solo e mantém as raízes absorventes.
1006,07
838,87
600
400
200
0
PI
PC
S istemas
Figura 4. Número total de castanhas produzidas por planta, nos sistemas PI e PC. Beberibe-CE,
2006.
178
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
Conclusão
A produção e o número de castanhas foram influenciados pelos sistemas de produção.
Referências Bibliográficas
CARDOSO, J. E.; FREIRE, F. C. O. Identificação e manejo das principais doenças. In: MELO,
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Grande do Sul, Porto Alegre, 2002.
IBGE.
Banco
de
dados
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pragas na cultura do cajueiro. Fortaleza: Embrapa Agroindústria Tropical, 2002. 36 p.
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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
179
PESSOA, P. F. A.; OLIVEIRA, V. H.; SANTOS, F. J. S.; SEMRAU, L. A. S. Análise da
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Nordeste, Fortaleza, v. 31, n. 2, p. 178-187, abr./jun. 2000.
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17, n. 2, p. 85-89, 1989.
180
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
QUALIDADE DE CAJUS-DE-MESA NOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO INTEGRADA E
CONVENCIONAL1
ANDRADE, A. P. S.2; OLIVEIRA, V. H.3, LIMA, R. B. de4
1
Projeto financiado pelo CNPq/Embrapa/MAPA; 2Enga Agra MSc., R. Sabino Borges, 169 Aerolandia Fortaleza-CE,
E-mail: [email protected]; 3Engo Agro DSc., Embrapa Agroindústria Tropical, R. Dra. Sara Mesquita,
2270 Pici Fortaleza-CE, E-mail: [email protected]; 4Estudante de Agronomia, Universidade Federal do CearáUFC, Rua 922, Casa 55, 4ª Etapa Conjunto, Fortaleza-CE, E-mail: [email protected].
Introdução
O cajueiro (Anacardium occidentale L.) é uma planta de grande importância sócioeconômica devido ao seu fruto e pedúnculo originarem produtos variados e também pela
exploração de aproximadamente 690.131 mil hectares de cajueiros, que mobilizam no campo 300
mil pessoas e proporcionam uma produção anual de 147.129 t de castanha (IBGE, 2006) e
1.650.000 t de pedúnculo (FAO, 2006).
Apesar dessa pujança, o agronegócio caju atravessa uma crise agrícola e econômica, com
implicações na produção e na geração de emprego e renda. Com isto, a cadeia produtiva do caju
brasileiro vem apresentando sinais evidentes de perda de competitividade (OLIVEIRA;
ANDRADE, 2004). A conversão de pomares tradicionais para o sistema de Produção Integrada
de Frutas (PIF) poderá contribuir para a reversão deste quadro. Este trabalho teve o objetivo de
comparar os sistemas de Produção Integrada e Convencional para cajueiro-anão precoce, quanto
à qualidade do pedúnculo, na safra de 2005/2006, em Beberibe (CE).
Material e Métodos
O trabalho foi realizado em plantas com quatro anos de idade, conduzidas em
espaçamento 7 x 7 m, utilizando-se mudas do tipo anão precoce. O experimento foi instalado
numa área de 1 ha, onde foram desenvolvidos os sistemas de Produção Integrada (PI) e
Convencional (PC). Cada um ocupou uma área de 0,5 ha, separados entre si por uma bordadura
composta de cinco fileiras de plantas.
No PI aplicaram-se as práticas recomendadas pelas Normas Técnicas e Documentos de
Acompanhamento da Produção Integrada de Caju, segundo Oliveira (2003), que consistiram da
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
181
manutenção de cobertura vegetal viva nas entrelinhas e limpeza das linhas de plantio, e adubação
conforme análise do solo. Efetuou-se uma poda de limpeza, uma de manutenção e uma para
levantamento da copa. O controle fitossanitário foi realizado através de amostragem, segundo
Mesquita et al. (2002) e Cardoso e Freire (2002). A colheita foi feita manualmente e em horários
com temperaturas amenas. Posteriormente, os cajus foram acondicionados em caixas plásticas,
com capacidade de 15 kg, numa única camada, contendo uma esponja de 1 cm de espessura no
fundo.
Na PC as práticas consistiram de limpeza das linhas e entrelinhas de plantio, com a
adubação do solo similar à empregada na PI. Realizou-se uma poda de limpeza, com os
tratamentos fitossanitários aplicados no início do período de produção e após cada fluxo
produtivo. Os cajus colhidos foram acondicionados em mais de uma camada e em caixas
similares às da PI, mas sem camada de esponja no fundo. Do total de cajus colhidos nas 12
plantas escolhidas ao acaso, em cada sistema, retirou-se uma amostra de 50 cajus para análise da
qualidade.
Em ambos os sistemas os cajus foram colhidos quando se desprendiam facilmente da
panícula, transportados para o laboratório, caracterizados quanto à cor da película e firmeza de
polpa, congelados em freezer doméstico e descastanhados. Em seguida foram processados, e
então, analisaram-se as variáveis: acidez titulável (AT) (%); sólidos solúveis totais (SST) (°Brix);
vitamina C (mg100g-1) e pH. Estimaram-se médias a partir de amostras dos tratamentos, que
foram comparadas utilizando-se o teste t (P≤0,05).
Resultados e Discussão
Não se observaram diferenças significativas para firmeza de polpa, sólidos solúveis totais
e cor, em ambos os sistemas. Quanto à variável AT, verificou-se diferença significativa nos
valores obtidos, com a média da PI superior a da PC, provavelmente devido às diferentes técnicas
pós-colheita empregadas, já que a técnica utilizada na PC influencia no teor de vitamina C;
resultando num menor valor de AT, em relação à PI. Na PC a AT foi similar à encontrada por
Figueiredo (2000) (0,29%), mas superior ao obtido por Silva Júnior e Paiva (1994) com 0,23% de
AT no CCP 09. As diferenças podem ser devidas às condições edafoclimáticas dos locais dos
experimentos (Fig. 1).
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
AT (%)
182
0,4
0,35
0,3
0,25
0,2
0,15
0,1
0,05
0
0,37
PI
0,28
PC
Sistemas
FIGURA 1. Acidez total titulável em pedúnculos de cajueiro-anão precoce, nos sistemas PI e PC.
Beberibe-CE, 2006.
A média de pH da PI foi estatisticamente inferior a da PC (Fig. 2). Este resultado não é
comumente encontrado na literatura, mas pode ter ocorrido devido à significativa diferença
encontrada entre as médias do teor de AT nos sistemas. De acordo com Kays (1991), o pH é
influenciado diretamente pela concentração de ácidos orgânicos, que é representada pela AT. Os
resultados encontrados para esta característica foram superiores aos observados por Silva Júnior e
Paiva (1994) e Paiva et al. (1998), que obtiveram valores médios de, respectivamente, 4,31 e 4,1.
Contudo, Moura (2004) relata que a variação do pH nesta espécie é de 4,10 a 4,64. Embora a
diferença tenha sido significativa, é considerada pequena e dentro da faixa de variação acima
pH
definida.
5
4
3
2
1
0
4,4
4 ,6
PI
PC
Sistemas
FIGURA 2. Médias de pH em pedúnculos de cajueiro-anão precoce, nos sistemas PI e PC.
Beberibe-CE, 2006.
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
183
O valor obtido para o teor de vitamina C no sistema PI diferiu estatisticamente e foi
superior ao obtido no sistema PC (Fig. 3). Essa diferença pode ter ocorrido devido às melhores
práticas pós-colheita na PI, quando comparadas às práticas na PC, já que a vitamina C apresenta
alta sensibilidade aos fatores do meio e outros intrínsecos ao processo de senescência (KLEIN,
1987; FAVELL, 1998). Em conjunto, esses fatores podem ter contribuído para a diferença entre
as médias dos teores de vitamina C. O teor de vitamina C obtido no sistema PC foi inferior aos
relatados por Silva Júnior e Paiva (1994) e Paiva et al. (1998), que avaliando as características
dos pedúnculos do clone CCP 09, em área de produção convencional obtiveram, respectivamente,
170,00 e 160,34 mg 100g-1 de vitamina C. Também foi inferior aos valores obtidos por Souza
Filho (1987), que realizando o mesmo estudo, nos clones CCP 76, 1001 e 06, obteve,
respectivamente, 158,26, 157,60 e 153,20 mg 100g-1 de vitamina C. As diferenças entre os teores
encontrados por estes autores e os obtidos neste experimento podem ser atribuídas à localização
dos plantios, diferentes tratos culturais e tipos de solo.
Vitamina C
(mg100g-1 )
120
11 1,7
100
89 ,41
80
60
40
20
0
PI
Sistemas
PC
FIGURA 3. Teor de vitamina C em pedúnculos de cajueiro-anão precoce, nos sistemas PI e
PC. Beberibe-CE, 2006.
Conclusão
Os cajus produzidos no sistema de produção integrada apresentaram melhor qualidade.
184
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
Referências Bibliográficas
CARDOSO, J. E.; FREIRE, F. C. O. Identificação e manejo das principais doenças. In: MELO,
Q. M. S. (Org.). Caju: fitossanidade. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica, 2002. p.
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FIGUEIREDO, R. W. Desenvolvimento, maturação e armazenamento de pedúnculos de
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Ciência dos Alimentos) - Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Universidade de São Paulo, São
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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
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186
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
PERÍODO CRÍTICO DE INCIDÊNCIA DE CERCOSPORIOSE
E PERDAS DE PRODUÇÃO EM AMENDOIM
ALMEIDA, V. M. R. A.1; ALMEIDA, R. P. de2
1
Unidade Técnica Regional Agropecuária-UTRA-CGE, Rua Coronel Salvino Figueiredo, 354, Centro, 58100-650,
Campina Grande, PB, [email protected]; 2Unidade de Bioecologia e Taxonomia / Laboratório de
Entomologia / Embrapa Algodão, Cx. Postal 174, 58107-720, Campina Grande, PB, [email protected]
Introdução
As Cercosporioses, mancha castanha (Cercospora arachidicola Hori) e pinta preta
(Cercosporidium personatum (Berk & Curtis) Deighton), são provavelmente as mais sérias
doenças do amendoim em todo o mundo. As perdas econômicas são estimadas de 15% a 50% da
produção em muitas áreas produtoras do mundo (JACKSON; BELL, 1969). Destacam-se pela
disseminação na lavoura e pelos danos causados. Sua maior conseqüência é a intensa desfolha,
diminuindo a área de fotossíntese e o rendimento de grãos (FREZZI, 1960).
O método mais econômico e efetivo para o controle das cercosporioses é o uso de
variedades resistentes agronomicamente aceitáveis. Entretanto, tais variedades não são
disponíveis para a maioria das áreas de cultivo. Em função disto, o controle químico apresenta-se
como principal método por sua disponibilidade. Seu uso dependerá do nível econômico do
agricultor, da extensão e severidade da doença e da fase de desenvolvimento da cultura na época
de surgimento da doença. Neste sentido, este trabalho teve por objetivo determinar os efeitos da
época de incidência de cercosporiose sobre a produção de amendoim, para que medidas de
controle possam ser utilizadas de forma eficiente.
Material e Métodos
Este trabalho foi conduzido em propriedade particular no município de Itabaiana-PB. Para
realização do experimento utilizou-se a cultivar CNPA BR-1, plantada no espaçamento de 0,50 x
0,20 m, deixando-se duas plantas por cova.
Foi utilizado o delineamento estatístico em blocos ao acaso com 8 tratamentos e 4
repetições. As épocas de proteção da cultura (tratamentos) foram as seguintes: 1) após os 40
primeiros dias da emergência das plantas até 95 dias após a germinação (dag); 2) após os 55
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
187
primeiros dias até 95 dag; 3) entre os 40 e 55 dag e entre os 70 e 95 dag; 4) entre os 40 e 70 dag e
entre os 85 e 95 dag; 5) entre os 40 e 85 dag; 6) entre 70 e 95 dag; 7) entre 85 e 95 dag; e 8) sem
proteção da cultura (Testemunha). A unidade experimental foi de 64 m2, sendo a área
experimental total de 2.048 m2. A distância entre bloco foi de 2 m e entre tratamentos de 3 m.
Para proteção da cultura contra cercosporiose, utilizou-se benomil (280 g.i.a/ha), com
aplicações semanais. Para o controle de insetos-praga foram utilizados monocrotofós (750
g.i.a/ha) e malathiom (1500 g.i.a/ha), aplicados semanalmente durante todo o ciclo da cultura.
A incidência de cercosporiose foi avaliada através do Índice de Doença (I%) (ALMEIDA
et al., 1992). Também foram avaliados: a produção de grãos/planta (g), as perdas de produção
segundo Bertels (1950) e o percentual de desfolha. Para análise da qualidade fisiológica das
sementes, foram determinados o percentual de germinação, vigor e peso de 100 sementes (g).
Resultados e Discussão
Através da Tabela 1 pode-se observar que aos 65 dag os tratamentos (1, 3, 4 e 5), com
menor números de lesões de mancha castanha/folíolos, foram aqueles em que houve proteção da
cultura do amendoim com fungicida incluindo a fase do ciclo fenológico entre 40 e 55 dias.
Entretanto só houve diferença estatística significativa entre esses trantamentos e o tratamento 6,
com proteção entre 70 e 95 dag. Para a pinta preta estas mesmas observações foram detectadas,
observando-se porém que os tratamentos 1, 3, 4 e 5 foram estatisticamente diferentes dos demais.
Tabela 1. Comparação de médias1 para número de lesões de mancha castanha e de pinta
preta/folíolo aos 65 e 93 dias após emergência das plântulas. Itabaiana-PB.
Mancha Castanha
Tratamento
_____________________________________
Pinta Preta
____________________________________
65 dag
93 dag
65 dag
1 - Proteção após 40 até 95 dag
1,542 b
1,492 a
2,212 b
2 - Proteção após 55 até 95 dag
1,81 ab
2,06 a
4,58 a
3 - Proteção entre 40 e 55 e 70 e 95 dag
1,71 b
1,55 a
2,26 b
4 - Proteção entre 40 e 70 e 85 e 95 dag
1,61 b
1,41 a
2,18 b
5 - Proteção entre 40 e 85 dag
1,66 b
1,48 a
2,16 b
6 - Proteção entre 70 e 95 dag
2,18 a
1,77 a
4,85 a
7 - Proteção entre 85 e 95 dag
1,86 ab
1,98 a
4,72 a
8 - Sem proteção (Testemunha)
1,81 ab
2,08 a
4,51 a
C.V.(%)
9,68
21,48
12,74
1
Médias seguidas da mesma letra não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey (P≤0,05)
2
Dados transformados em √ x+1
93 dag
2,242 bc
3,61 ab
2,46 bc
2,21 c
2,02 c
4,56 a
4,19 a
4,41 a
18,06
188
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
Aos 93 dag (Tabela 1) não se verificou direrença estatística entre os tratamentos para o
número de lesões de mancha castanha/folíolo. Para pinta preta houve comportamento semelhante
ao observado aos 65 dag, verificando-se os menores números de lesões nos tratamentos 1, 3, 4 e
5, havendo somente diferença estatística entre os tratameantos 4 e 5 e os tratamentos 2, 6, 7 e 8.
À semelhança das observações de Jackson e Bell (1969) e Subrahmaniam et al. (1992), os
sintomas em ataques severos são também seguidos por união de lesões, e por amarelecimento,
seca, senescência e queda prematura de folíolos. Lesões ovais a alongadas semelhantes às vistas
na mancha precoce são formados também nos caules, pecíolos, estípulas e ginóforos.
Na Tabela 2 é apresentado o Índice de Doença (I%) das cercosporiose aos 65 e 93 dag.
Pode-se observar que para mancha castanha não se verificou diferença estatística e para pinta
preta só houve diferença entre os tratamentos 6 (maior I%) e o 4 que apresentou menor I%. Aos
93 dag o I% também não apresentou diferença estatística para a mancha castanha, confirmandose para pinta preta o maior I% para o tratamento 6, diferindo estatisticamente dos tratamentos 1,
2, 3, 4 e 5. Observando-se ainda a Tabela 2, verifica-se que, de modo geral, a pinta preta ocorreu
com maior intensidade na cultura do amendoim que a mancha castanha.
Tabela 2. Comparação de médias1 para índice de doença de mancha castanha e de pinta
preta/folíolo aos 65 e 93 dias após emergência das plântulas. Itabaiana-PB.
Mancha Castanha
Tratamento
____________________________________
Pinta Preta
_____________________________________
65 dag
93 dag
65 dag
2
2
1 - Proteção após 40 até 95 dag
0,17 a
0,16 a
0,182 ab
2 - Proteção após 55 até 95 dag
0,21 a
0,21 a
0,23 ab
3 - Proteção entre 40 e 55 e 70 e 95 dag
0,21 a
0,18 a
0,20 ab
4 - Proteção entre 40 e 70 e 85 e 95 dag
0,18 a
0,18 a
0,16 b
5 - Proteção entre 40 e 85 dag
0,22 a
0,15 a
0,19 ab
6 - Proteção entre 70 e 95 dag
0,24 a
0,22 a
0,26 a
7 - Proteção entre 85 e 95 dag
0,17 a
0,21 a
0,23 ab
8 - Sem proteção (Testemunha)
0,18 a
0,22 a
0,25 ab
C.V.(%)
19,37
21,77
18,01
1
Médias seguidas da mesma letra não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey (P≤0,05)
2
Dados transformados em √ x+1
93 dag
0,182 cd
0,25 bcd
0,29 bcd
0,19 bcd
0,15
d
0,39 a
0,30 ab
0,29 abc
20,39
Pela Tabela 3 pode-se observar que não houve diferença estatística para producão de
grão/planta, havendo entretanto perdas de produção. As maiores perdas foram para os
tratamentos sem proteção de fungicida (17,90%), com proteção entre 70 e 95 dag (24,49%) e com
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
189
proteção entre 85 e 95 dag (24,79%). Shokes e Culbreath (1997) e Almeida et al. (1992) relatam
redução de produção de até 50%. Neste estudo, as maiores desfolhas ocasionadas em função da
incidência das cercosporioses, que variou de 61,92 a 70,27%.
Tabela 3. Comparação de médias1 para produção de grãos de amendoim/planta e valores de
percentual de perdas de produção e de desfolha ocasionadas por cercosporiose. Itabaiana-PB.
Tratamento
Prod. de grãos/planta (g)
Perdas (%)
Desfolha (%)
1 - Proteção após 40 até 95 dag
12,29 a
7,94
37,67
2 - Proteção após 55 até 95 dag
11,83 a
11,39
55,34
3 - Proteção entre 40 e 55 e 70 e 95 dag
12,37 a
7,34
41,45
4 - Proteção entre 40 e 70 e 85 e 95 dag
13,35 a
0,00
38,13
5 - Proteção entre 40 e 85 dag
11,90 a
10,86
34,67
6 - Proteção entre 70 e 95 dag
10,08 a
24,49
70,27
7 - Proteção entre 85 e 95 dag
10,04 a
24,79
63,63
8 - Sem proteção (Testemunha)
10,96 a
17,90
61,92
C.V.(%)
21,82
1
Médias seguidas da mesma letra não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey (P≤0,05)
Quanto à análise da qualidade fisiológica da semente, não foram observadas diferenças
estatísticas significativas para as variáveis estudadas, com exceção para o peso de 100 sementes
em que o tratamento 3 foi superior ao tratamento 7 (Tabela 4).
Tabela 4. Comparação de médias1 para as qualidades fisiológicas das sementes. Itabaiana-PB.
Tratamento
% de Germinação
Vigor (cm)
Peso 100 sementes (g)
1 - Proteção após 40 até 95 dag
93,50 a
10,37 a
40,63 ab
2 - Proteção após 55 até 95 dag
97,00 a
12,14 a
41,56 ab
3 - Proteção entre 40 e 55 e 70 e 95 dag
94,50 a
9,54 a
43,85 a
4 - Proteção entre 40 e 70 e 85 e 95 dag
94,50 a
11,15 a
41,50 ab
5 - Proteção entre 40 e 85 dag
95,00 a
10,99 a
42,30 ab
6 - Proteção entre 70 e 95 dag
96,00 a
11,79 a
40,33 ab
7 - Proteção entre 85 e 95 dag
97,50 a
10,35 a
39,08 b
8 - Sem proteção (Testemunha)
92,50 a
12,18 a
40,18 ab
C.V.(%)
4,37
17,95
4,73
1
Médias dos valores originais seguidas da mesma letra não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey (P≤0,05)
Conclusão
O período chave para o controle de cercosporiose é dos 40 aos 70 dag da cultura.
190
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
Referências Bibliográficas
ALMEIDA, V. M. R. A.; CARVALHO, J. M. C. F.; ALMEIDA, R. P. de; SANTOS, R. C. dos.
Dimensionamento da amostra para o cálculo do índice de doença para a cercosporiose do
amendoim. In: EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa do Algodão. Relatório Técnico Anual:
1990-1991. Campina Grande, 1992. p.435-436.
ALMEIDA, V. M. R. A.; CARVALHO, J. M. C. F.; SANTOS, R. C. dos; ALMEIDA, R. P. de.
Avaliação de populações de amendoim quanto à resistência à cercosporiose. In: EMBRAPA.
Centro Nacional de Pesquisa do Algodão. Relatório Técnico Anual: 1990-1991. Campina
Grande, 1992. p. 418-420.
BERTELS, A. Coeficiente de prejuízo causado pelas pragas. Agros, v. 3, p. 255-256, 1950.
FREZZI, J. M. Enfermedades del mani en la provincia de Córdoba (Argentina). Revista de
Investigações Agrícolas, n. 2, p. 113-155, 1960.
JACKSON, C. R.; BELL, D. K. Diseases of peanut (Groundnut) caused by fungi. [S.l.: s.n.],
1969. 137 p. (Research Bulletin, v. 56).
SHOKES, F. M.; CULBREATH, A. K. Early and late leaf spots. In: KOKALISBURELLE, N.;
PORTER, D. M.; RODRÍGUES-KÁBANA, R.; SMITH, D. H.; SUBRAHMANYAM, P. (Ed.).
Compendium of peanut diseases. 2. ed. Saint Paul: The American Phytopathological Society,
1997. p. 17-20.
SUBRAHMANYAM, P.; WONGKAEW, S.; REDDY, D. V. R.; DEMSKI, J. W.; McDONALD,
D.; SHARMA, S. B.; SMITH, D. H. Field diagnosis of groundnut diseases. ICRISAT
Information Bulletin, n. 36, 1992. 78 p.
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
191
SISTEMA DE PRODUÇÃO INTEGRADA DE CAFÉ: FERTILIZAÇÃO x CONTROLE
DE DOENÇAS
LOPES, U. P.(1*); ZAMBOLIM, L.(2*); ZAMBOLIM, E. M.(3*); SOUZA, A. F.(4*); COSTA, D.
R.(5*); NETO, P. N. S(6*)
*Departamento de Fitopatologia, UFV, Viçosa-MG-365700-000. [email protected](1), [email protected](2),
[email protected](3), [email protected](4), [email protected](5), [email protected](6). Projeto
financiado pelo(CNPq/MAPA).
Introdução
O café é um dos principais produtos comercializado no mundo, tendo grande destaque na
economia brasileira. O mercado torna-se cada vez mais exigente principalmente no que diz
respeito ao setor alimentício, aumentando a procura dos consumidores por produtos de qualidade,
produzidos com respeito ao meio ambiente. Para atender esta demanda do mercado, é necessário
a criação de um sistema de produção que produza alimentos e outros produtos de qualidade,
mediante a exploração sustentável do uso de recursos naturais e de mecanismos reguladores que
visam minimizar o uso de insumos e contaminantes ambientais, assegurando dessa forma, uma
produção sustentável (ZAMBOLIM; ZAMBOLIM, 2006).
O presente trabalho teve como objetivos a condução de áreas de cafeeiro utilizando-se
boas práticas agrícolas: nutrição equilibrada, manejo adequado de pragas, doenças e plantas
daninhas que são a base da produção integrada do café (PIC) e a obtenção de informações para
compor o conjunto de normas da PIC.
Material e Métodos
Foram instalados em dezembro de 2005 três campos experimentais da Produção Integrada
(PI), manejados seguindo as boas práticas agrícolas e comparado a três campos sob manejo dos
produtores das áreas onde foram instalados os campos da produção integrada (CPI).
O Campo experimental 1 (CPI-1) foi conduzido na Fazenda São João, de propriedade de
Oswaldir Martins (P-1) na Zona Rural de Coimbra-MG, possuindo uma área de 0,19 ha. O
cafezal está com cinco anos de idade e foi plantado no espaçamento de 2,5 x 0,8 m.
192
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
O Campo experimental 2 (CPI-2) foi conduzido no Sítio Boa Vista, de propriedade de
Carmo Rosa Loures (P-2), Zona Rural de Coimbra-MG, possuindo uma área de 0,11 ha. O
cafezal está com sete anos de idade e foi cultivado no espaçamento de 2,5 x 0,8 m. O Campo
experimental 3 (CPI-3) foi conduzido na Fazenda Vista Alegre, de propriedade da Vista Alegre
Agropecuária S.A. (P-3), Zona Rural de Jaboticatubas-MG, possuindo uma área de 0,45 ha. O
cafezal está com sete anos de idade e foi cultivado no espaçamento de 3,5 x 0,5 m, sendo este
campo irrigado por gotejamento. A variedade utilizada em todos os campos da Produção
Integrada foi o Catuaí IAC 44.
A quantificação das doenças foram feitas, mensalmente em amostras de folhas coletadas
(Ferrugem e Mancha-de-olho pardo causadas pelos fungos Hemileia vastatrix e Cercospora
coffeicola, respectivamente) nos campos de PI e nas áreas dos produtores. As amostras para
avaliação foram retiradas tomando ao acaso, cinco folhas de cada lado da planta, entre o terço
médio e o inferior para a avaliação da Ferrugem, e entre o terço médio e o superior para avaliação
de Mancha-de-olho pardo, no 3º ou 4º par de folhas completamente desenvolvidas totalizando 20
folhas/planta e 20 plantas em cada campo de Produção Integrada totalizando 200 folhas por área.
As avaliações da incidência da Ferrugem e da Mancha-de-olho pardo foram realizadas
determinando-se a percentagem de folhas com pústulas esporuladas (Ferrugem) e folhas com
manchas (Mancha-de-olho pardo) nas 200 folhas coletadas.
A fertilização dos campos foi feita de acordo com os resultados da análise química do
solo, feita anualmente no mês de setembro. As pulverizações de fungicidas foram realizadas com
base nas amostragens de folhas e determinação da incidência da ferrugem. O controle foi
realizado com calda viçosa (Sulfato de cobre + ácido bórico + Sulfato de magnésio + sulfato de
zinco + cal hidratada) quando a incidência da ferrugem estava abaixo de 5% e com aplicação de
fungicida sistêmico (epoxiconazole + piraclostrobina) quando a incidência da doença ultrapassou
5%; a primeira aplicação foi feita na dose 1,5 L/ha e, quando foi necessário, uma segunda
aplicação na dose de 1,0 L/ha. O controle da Mancha-de-olho pardo foi realizado com uma
fertilização equilibrada, aplicação de calda viçosa e do fungicida sistêmico (epoxiconazole +
piraclostrobina).
No CPI-1 foram realizadas aplicações do fungicida sistêmico em março e abril de 2006 e
2007 e uma aplicação de calda viçosa em agosto de 2006. A fertilização foi realizada com 350
g/planta do formulado NPK 20-05-20 em março de 2006 e 175 g/planta em dezembro de 2006 e
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
193
85 g/planta de calcário em outubro de 2006. No CPI-2 foram realizadas duas aplicações com o
fungicida sistêmico uma em fevereiro de 2006 e outra em março de 2007 e uma com calda viçosa
em março de 2006. Foi realizada a aplicação de 6 kg de cama de aviário e 150 g/planta do
formulado NPK 20-05-20 em fevereiro e 100 g/planta do mesmo formulado e 6 kg de cama de
aviário em dezembro de 2006. No CPI-3 foram realizadas duas aplicações de fungicida sistêmico
em janeiro e março de 2006 e janeiro e março de 2007 sendo que a de 2007 foi em mistura com
calda viçosa. As fertilizações com macro e micronutrientes foram realizadas normalmente, de
acordo com o calendário da fazenda, via fertirrigação e o complemento feito com 75 g/planta de
superfosfato simples e 150 g/planta sulfato de amônio em novembro de 2007.
Os tratos culturais exigidos pela cultura como controle de plantas daninhas, arruação,
colheita e varrições de café do chão foram realizados de acordo com a necessidade da cultura.
Para avaliação da produtividade foi colhida e quantificada a produção de 500 plantas em
cada campo de PI e na área do produtor, quando estas apresentavam mais de 80% dos frutos no
estágio de cereja.
Resultado e discussão
A incidência da Ferrugem nos CPI-1 e CPI-2 foram menor que a do P-1 e P-2,
respectivamente, devido ao controle realizado com calda viçosa e fungicida sistêmico, evitando o
aumento da incidência da doença que ocorreu em junho/julho de 2006 e 2007 no P-1 e em julho
de 2006 no P-2 (Figura 1-A e B). No CPI-3 em 2006 foi feito o controle das doenças com
aplicação de fungicida sistêmico em janeiro e março de 2006. Em 2007 foi realizado o controle
com fungicida sistêmico em mistura com calda viçosa que se mostrou eficiente (Figura 1-C). A
incidência da Ferrugem no P-1 foi mais elevada que o P-2 e P-3 (Figura 1-A-B-C) pelo fato de P1 não utilizado fungicida sistêmico no controle das doenças. Quanto à incidência da Mancha-deolho pardo os campos CPI-1 e CPI-2 apresentaram pouca diferença em relação ao P-1 e P-2,
mesmo com a aplicação de fungicida sistêmico e calda viçosa nos campos da PI (Figura 2-B e C).
Apenas no CPI-3 observou-se uma menor incidência da Mancha-de-olho pardo em relação ao P-3
(Figura 2-C).
A incidência da Ferrugem na colheita foi mais elevada nos P-1 e P-3 em 2006 e 2007. A
alta incidência da Ferrugem em 2006 causou desfolha das plantas que interferiu na produtividade
do ano seguinte, como pode ser observado principalmente no CPI-1 comparativamente com P-1
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
194
(Figura 3-A, Figura 4). A incidência da Mancha-de-olho pardo na colheita foi menor no CPI-3 no
ano de 2006 e 2007 e no CPI-2, apenas no ano de 2006, o que não foi problema porque a
Mancha-de-olho pardo só causa prejuízos quando sua incidência ultrapassa 20% na colheita.
Houve um aumento da produção em todos os Campos de PI em 2007 mostrando que o manejo no
sistema PI se mostrou eficiente quando se analisa o fator produtividade (Figura 4).
80
A
Incidência (%)
B
C
CPI-2
P-2
CPI-1
P-1
60
CPI-3
P-3
40
20
0
F A J A O D F A J
F A J A O D F A J
F A J A O D F A J
Figura 1:Incidência da Ferrugem nos campos (CPI-1, CPI-2 e CPI-3) e nos produtores (P-1,P-2 e P-3) no período de fevereiro
de 2006 a junho de 2007
30
A
B
Incidência (%)
25
20
C
CPI-1
P-1
15
CPI-2
P-2
CPI-3
P-3
10
5
F A J A O D F A J
F A J A O D F A
J
F A J A O D F A J
Figura 2 :Incidência da Mancha-de-olho pardo nos campos (CPI-1,CPI-2 e CPI-3) e nos produtores(P-1, P-2 e P-3) no período
de fevereiro de 2006 a junho de 2007.
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
30
A
2006
2007
25
Incidência (%)
Incidência (%)
0
B
2006
2007
20
15
10
5
0
P-1 CPI-1 P-2 CPI-2 P-3
P-1 CPI-1 P-2 CPI-2 P-3 CPI-3
Figura 3:Incidência da Ferrugem e Mancha-de-olho pardo na época da colheita no ano de 2006 e
2007 nos campos de PI (CPI-1, CPI-2 e CPI-3) e respectivos produtores (P-1, P-2 e P-3).
CPI-3
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
195
Café cereja (kg /ha)
25000
CPI
P
20000
15000
10000
5000
0
3
3
1
2
2
2006
2007
Figura 4: Produção em kg/hectare de café cereja no ano de 2006 e2007 nos campos de
PI (CPI-1,CPI-2 e CPI-3) e produtores (P-1, P-2 e P-3).
1
Conclusão
O manejo seguindo as boas práticas agrícolas foi eficiente no controle das doenças e
resultou em maior produtividade nos campos da produção integrada.
Referência Bibliográfica
ZAMBOLIM, L.; ZAMBOLIM, M. E. Subsídios pra a Produção Integrada de Café. Certificação
de Café. In: ZAMBOLIM, L. (Ed.). In: ENCONTRO SOBRE PRODU7ÇÃO DE CAFÉ COM
QUALIDADE, 8., 2006, Viçosa. Certificação e Boas Práticas Agrícolas. Viçosa: UFV, 2006.
p. 25-97.
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
196
MONITORAMENTO DE AGROQUÍMICOS EM ÁREAS DE PRODUÇÃO
INTEGRADA DE ARROZ IRRIGADO NO RIO GRANDE DO SUL
MATTOS, M. L. T.1; MARTINS, J. F. da S.1; NUNES, C. D. M.1; SCIVITTARO, W. B.1;
MOURA, F.2
1
Engo. Agro., Pesquisador, Embrapa Clima Temperado, BR 392 km 78, C.P. 403, 96001-970, Pelotas, RS,
[email protected],.br; 2Engo. Agro., Embrapa Arroz e Feijão, C.P. 179, 75.357-000, Goiânia, GO,
[email protected]
Introdução
O maior desafio da orizicultura irrigada no Rio Grande do Sul é o aumento de
rentabilidade, com base na redução de custos de produção, aumento de produtividade e da
qualidade do produto, bem como a minimização de riscos de impactos ambientais negativos,
visando maior competitividade para inserção em novos mercados, como a Europa, África e
Oriente Médio. A Produção Integrada de Arroz Irrigado (PIA) surge nesse cenário como uma
alternativa para agregação de valor e diferenciação do produto que é obtido conservando os
recursos naturais, portanto, disponibilizando um alimento seguro ao consumidor e respeitando à
saúde do trabalhador rural.
Na PIA, a inserção de métodos biorracionais de manejo integrado de pragas (MIP),
visando reduzir a grande quantidade usada de agrotóxicos, associada ao uso racional da água e de
fertilizantes, pode diminuir os riscos de contaminação dos recursos naturais.
A estratégia da PIA pode, ainda, viabilizar a produção de arroz irrigado por submersão do
solo com qualidade alimentar e ambiental, servindo de base à certificação, possibilitando o
alcance de mercados exigentes no cumprimento de normas fitossanitárias, de segurança alimentar
e ambiental. A introdução do sistema PIA, reduzirá as aplicações de insumos agrícolas, passando
o cultivo do arroz a ser conduzido segundo normas que visam à produção do cereal com
sustentabilidade ambiental. Para tal, tornam-se necessários diagnósticos e monitoramentos
ambientais de agroquímicos.
O conhecimento sobre os sistemas químicos, biológicos e físicos do ambiente, bem como
sobre os vários processos que influenciam o comportamento dos agroquímicos, está baseado na
coleta e análise de dados. Para alcançar esse tipo de conhecimento, torna-se necessária a
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
197
realização do monitoramento ambiental. Entre os principais componentes do monitoramento,
inclui-se o desenvolvimento de planos de amostragem e métodos de coleta de amostras de solo e
água (Artiola et al., 1996, citados por PEPPER et al., 1996).
O monitoramento das águas superficiais e subterrâneas, enfocando resíduos de
agrotóxicos, formas de nitrogênio (N) e fósforo (P), merece destaque nas regiões orizícolas do
Rio Grande do Sul. O Estado possui grande riqueza em mananciais de água doce que, além de
suprirem à demanda de irrigação dos arrozais, abastecem a população. Além disso, possui áreas
de recarga do Aqüífero Guarani, onde é praticada a atividade orizícola, como no município de
Alegrete. Nesse contexto, este trabalho objetivou monitorar a presença de agroquímicos em
amostras de solo e de água, coletadas em áreas piloto (AP) da PIA, nos municípios de Alegrete e
Uruguaiana, de modo a avaliar o impacto do uso de agroquímicos sobre os recursos edáficos e
hídricos.
Material e Métodos
O monitoramento foi realizado na safra de 2006/2007, na área de quatro empresas
orizícolas (EP), nos municípios de Alegrete e Uruguaiana. Coletaram-se amostras compostas de
solo, nos arrozais, amostras de água superficial, em fontes de captação, da lâmina d’água, no
interior dos arrozais e em canais de irrigação e drenagem, em diferentes datas, no período de
novembro a fevereiro. Imediatamente após a coleta, no campo, as amostras foram acondicionadas
em caixas de isopor com gelo e em seguida armazenadas em freezers. Em data posterior, as
amostras congeladas foram encaminhadas, em caixas de isopor, com gelo seco, a laboratórios,
para análise. As análises de resíduos de agrotóxicos e de nutrientes (nitrato e fósforo total) foram
realizadas no Laboratório Bioensaios Análises e Consultoria Ambiental Ltda., em Porto Alegre,
RS, acreditado no Inmetro pela Cgere/Inmetro de acordo com a NBR ISO/IEC 17025, sob o
número CRL-0227, na REBLAS (ANALI-017), na Rede Metrológica RS (Parecer Técnico
189/2004) e MAPA (Portarias 36 e 37 de 04/06/2003). As análises quantitativas foram realizadas
em um cromatógrafo líquido de alta eficiência (CLAE) acoplado a um espectrômetro
massa/massa (LC/MS/MS), modelo Applied Biosystems 3200 Qtrap, e em um cromatógrafo
gasoso acoplado a um espectrômetro de massa (GC/MS), modelo Shimadzu QP5050. Os
ingredientes ativos analisados foram: 3 hidroxi-carbofurano, 2,4-D, azoxistrobina, bentazona,
beta-ciflutrina, captana, carbosulfano, carboxina, carpropramida, ciflutrina, cipermetrina,
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clorotalonil, etoxisulfurom, ciclosulfamurom, difenoconazol, ditiocarbamatos (CS2), edifenfós,
fenitrotiona, fentina acetato, fentina hidróxido, fipronil, glifosato, imazapic, imazetapir,
metsulfuron-metilico, molinato, oxadiazon, oxifluorfen, propanil, pirazosulfuron-etil, quinclorac,
quintozeno, tebuconazol, tetraconazol, tiabendazol, tiametoxano, tiobencarb, tiram tricicazol,
triclopir, trifloxistrobina. O limite de quantificação (LQ) foi de 0,0001 mg kg-1 para todos os
ingredientes ativos, com exceção para os ditiocarbamatos que foi de 0,07 mg kg-1.
Resultados e Discussão
A água de irrigação da lavoura de arroz é enquadrada, conforme a resolução nº 357, de 17
de março de 2005, do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), como água doce
“Classe 2”. Nesta classe, o padrão de qualidade de água para o fósforo total é de 0,050 mg L-1 e
para o nitrato de 10,0 mg L-1. Observam-se valores de fósforo total superiores a 0,050 mg L -1 e de
nitrato inferiores a 10 mg L-1, em diferentes pontos amostrais das empresas orizícolas, na safra de
2006/2007. Esses resultados evidenciaram a necessidade de uma avaliação da qualidade dos
corpos hídricos que fornecem a água para irrigação aos arrozais amostrados e da água de
drenagem dos mesmos para os corpos receptores, considerando os valores de fósforo acima do
máximo permitido. Neste particular, cabe ressaltar que teores elevados de P na lâmina d’água de
lavouras de arroz são esperados em razão do aumento da disponibilidade do nutriente decorrente
do alagamento do solo. Ao mesmo tempo, demonstraram que, nos referidos arrozais, fertilizantes
nitrogenados estão sendo usados com base em princípios técnicos, visto não haver evidência de
aplicação excessiva de nitrogênio.
Resíduo do herbicida 2,4-D foi detectado em uma amostra de solo de uma AP, na
concentração de 0,001 mg kg-1. A adsorção do 2,4-D é mais forte em solos argilosos e ricos em
matéria orgânica (RODRIGUES; ALMEIDA, 1995), característica do solo da AP onde a amostra
foi coletada. Os resultados evidenciam a necessidade de uma reavaliação sobre resíduos de 2,4-D,
na referida AP, porém, envolvendo um maior número de amostras. Nos demais pontos amostrais
das AP, bem como nos pontos de captação de água (levante do rio Ibirapuitã e barragens) e nos
canais de irrigação e drenagem, não houve detecção de resíduos de qualquer um dos demais
ingredientes ativos antes relacionados.
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199
Conclusão
A detecção de resíduos de um nutriente (fósforo), em água, e de um herbicida (2,4-D), no
solo, demonstra a aplicabilidade dos monitoramentos na indicação da qualidade dos recursos
naturais de um determinado agroecossistema onde a Produção Integrada de Arroz está sendo
praticada, podendo viabilizar sua certificação.
Referências Bibliográficas
EATON, A. D.; CLESCERI, L. S.; GREENBERG, A. E. Standard methods for examination of
water and wastewater. Washington, D.C.: American Public Health association, 2006. 1000 p.
MATTOS, M. L. T.; MARTINS, J; F; da S.; NOLDIN, J. A. Modelo conceitual da produção
integrada de arroz. In: CONGRESSO BRASILEIRO DA CADEIA PRODUTIVA DE ARROZ,
2.; REUNIÃO NACIONAL DE PESQUISA DE ARROZ, 7., 2006, Brasília, DF. Anais...
Brasília, DF: Embrapa Arroz e Feijão, 2006. 1 CD ROM.
PEPPER, I. L.; GERBA, C. P.; BRUSSEAU, M. L. Pollution science. London: Academic Press,
1996, 397 p.
RODRIGUES, B. N.; ALMEIDA, F. S. Guia de herbicidas. 3. ed. Londrina, [s.n.], 1995. 675 p.
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PRODUÇÃO INTEGRADA DE TRIGO
TIBOLA, C. S.1; FERNANDES, J. M. C.; LORINI, I.; SCHEEREN, P. L.
1
Embrapa Trigo. Rodovia BR285, KM 294, Passo Fundo/RS. Caixa Postal 451. CEP: 99001-970,
[email protected]
Resumo
O setor de grãos, tradicionalmente caracterizado por commodities, está sofrendo uma
forte tendência no sentido de diferenciação de produtos. Considerando a ampla variabilidade nas
características que definem a aptidão tecnológica e a qualidade, a triticultura é um setor no qual, a
comercialização de produtos segregados favorece a qualificação e sua comercialização. A
produção integrada, adequando e racionalizando o manejo integrado de pragas, o manejo dos
recursos do solo, a preservação ambiental, a qualificação da mão-de-obra, o planejamento da
recepção, da conservação e do armazenamento, contribui para a certificação da qualidade de
trigo. A Embrapa Trigo está propondo a implementação da Produção Integrada de Trigo (PIT),
nas diferentes regiões produtoras de trigo do Brasil, visando a obtenção de um produto rastreado
com qualidade certificada. Os documentos previstos na PIT são: as normas para a produção, a
relação de agroquímicos, o caderno de campo, o caderno de pós-colheita e as listas de
verificação. As normas estão sendo elaboradas a partir do conhecimento e tecnologias disponíveis
nas diferentes etapas da produção de trigo, desde a lavoura até o armazenamento. As informações
relevantes serão registradas permitindo a rastreabilidade e a obtenção do histórico que caracteriza
e identifica o produto. Na lavoura, as informações deverão ser anotadas no caderno de campo, de
forma manual ou através de equipamentos móveis, que possibilitam a transmissão automática
para o banco de dados. O caderno de pós-colheita deverá ser específico por lote, ou seja, por silo,
informatizado e conter os procedimentos técnico-operacionais realizados na unidade
armazenadora. Após a padronização dos grãos, os lotes deverão ser segregados conforme as
características de interesse, vinculados às informações contidas no caderno de campo e de póscolheita. Atualmente, o projeto PIT está sendo implementado de forma experimental em
cooperativas de produtores, sendo que, na safra 2007 está prevista a produção de oito toneladas
de trigo nesse sistema. O aumento da demanda por qualidade certificada no mercado de
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alimentos, exige a qualificação em todas as cadeias produtivas. A segregação e a agregação de
valor ao trigo, favorecem a minimização das perdas, devido ao melhor planejamento da
produção, desde a escolha da cultivar até a definição de lotes no armazenamento.
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NÍVEIS DE ADUBAÇÃO EM TOMATE PARA PROCESSAMENTO SOB SISTEMAS
DE PLANTIO DIRETO E PREPARO REDUZIDO
MADEIRA, N. R.1; SOUZA, R. B.1; MELO, R. A. de C. e 1; CAIXETA, R. P.1
1
Embrapa Hortaliças, Cx. Postal 218, 70359-970, Brasília, DF
Introdução
A produção integrada de tomate industrial (PITI) está em fase de implantação, na fase de
estabelecimento de normas técnicas. Estão sendo realizados ensaios de campo para subsidiar
estas normas. Com relação ao sistema de plantio, não é prática obrigatória, mas recomendada a
adoção de cultivo mínimo ou plantio direto com o objetivo de manter ou aumentar os teores de
matéria orgânica do solo, evitar processos erosivos e promover a melhoria das características
físicas, químicas e biológicas do solo, no intuito de desenvolver um sistema mais sustentável,
princípio básico da produção integrada. Como alternativa ao plantio convencional (PC),
apresenta-se o plantio direto (PD) como um sistema preservacionista que visa obter o máximo do
potencial produtivo das culturas, baseado em três princípios básicos: o revolvimento mínimo,
restrito ao sulco de plantio, a cobertura do solo e a rotação de culturas (FREITAS, 2002). Já o
plantio com preparo reduzido (PPR) refere-se a sistemas com objetivos semelhantes ao PD, mas
que não atendem a um dos três princípios básicos.
De forma geral, o que se observa é a demanda por elevadas produtividades associadas à
estabilidade da produção. Neste sentido, alguns produtores começaram a adotar o PD,
principalmente pela drástica redução no uso de máquinas e minimização dos processos erosivos,
problema importante em especial nos plantios mais precoces. Hoje, o PD é utilizado em cerca de
40-50% da área total (informação pessoal de Sebastião Hernandez, Gustavo Gondim e Weber
Moreira, profissionais da Unilever Bestfoods, parceiros neste trabalho). Entretanto, não existe
uma preocupação com o pleno estabelecimento do sistema PD, sem sua manutenção no tempo,
incorporando-se os restos culturais de tomate após sua colheita. Ainda, mesmo em cultivos sob
PD, é comum a passada superficial de grade niveladora, o que facilita o transplante sobre a
palhada. Entretanto, neste caso, não se trata de PD, mas de PPR.
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
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203
Com relação à adubação de base, independente do sistema de produção e do solo, o que se
observa na prática de forma generalizada é a utilização de 1.500 kg ha-1 da fórmula NPK 04-3016 como adubação de base.
Este trabalho teve por objetivo avaliar os sistemas preservacionistas PD e PPR associado
a diferentes níveis de adubação de plantio.
Material e Métodos
Foi instalado um experimento em parceria com a Unilever Bestfoods, em sua Fazenda
Experimental, localizada em Goiânia, GO, de fevereiro a outubro de 2006. Este experimento está
sendo repetido em 2007, de modo a dar maior validade aos resultados obtidos. Utilizou-se
palhada de milheto, semeado a lanço em fevereiro de 2006, na densidade de 100 kg ha-1 de
sementes com incorporação superficial por meio de uma ligeira gradagem niveladora.
O experimento foi instalado no delineamento em blocos casualizados, em subparcelas,
dispondo-se os sistemas de plantio (PC, PD e PPR) nas parcelas e os diferentes níveis de
adubação de plantio nas subparcelas, com três repetições. A parcela foi constituída por três linhas
com dez plantas em cada linha.
Partindo da recomendação básica da empresa parceira junto aos cooperados, 1.500 kg ha-1
de NPK 04-30-16, avaliaram-se os níveis de adubação de base de 1.146, 1.293, 1.493 e 2.000 kg
ha-1 de NPK 04-30-16, valores determinados em função da regulagem da máquina.
Como preparo da área, foi feita a trituração e dessecação da palhada de milheto em 02 de
junho de 2006 nas áreas sob PD e PPR e subsolagem e passada de rotocultivador por duas vezes
na área sob PC. Na área sob PPR, foi passada previamente ao plantio a grade niveladora,
parcialmente fechada. O sulcamento e adubação foram realizados com uma plantadeira, modelo
Exacta JM 2900 PD, efetuando-se três linhas espaçadas de 1,5 m entre si. O transplante foi
manual, no dia 09 de junho de 2006, no espaçamento de 22 cm entre plantas, perfazendo um
estande de 30.303 plantas por hectare. A cultivar utilizada foi a Heinz 9992, a mais utilizada
atualmente, representando algo em torno de 40% da área de plantio.
A adubação de cobertura foi feita em uma única aplicação 30 dias após o transplante,
utilizando-se a recomendação básica de 300 kg ha-1 de NPK 18-00-27. O controle das plantas
espontâneas e das pragas e doenças foi o rotineiramente empregado, ficando por conta do
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I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
parceiro, não se observando nenhum problema fitossanitário ou de infestação por mato que
pudesse interferir nos resultados.
Foram coletadas análises de solo antes e depois da instalação do experimento. A colheita
foi realizada em 30 de setembro. A parcela útil foi de cinco plantas na linha central. Foram
pesados os frutos maduros, coloridos, verdes e podres e coletadas amostras para avaliação do
grau brix. Os dados foram submetidos a análises de variância e, quando verificadas diferenças
significativas, foram aplicados testes de média para o caso de sistemas de produção e feitas
análises de regressão para níveis de adubação de base.
Resultados e Discussão
Não foram observadas interações significativas entre sistema de plantio e adubação de
plantio para as características avaliadas.
A produção comercial por planta foi estatisticamente superior no sistema PD (Tabela 1), o
que é justificável pelo menor estande final, considerando que o tomate rasteiro tem uma boa
capacidade compensatória.
Corrigindo-se as perdas no estande nos diferentes sistemas de produção, a produtividade
foi superior no PC e no PPR, não diferindo estatisticamente entre si (Tabela 1). No PD, mesmo
com a maior produção por planta, a ligeira capacidade compensatória observada não foi
suficiente para compensar as falhas no estande, em média de 25% no PD (Tabela 1). Com relação
à adubação de base, no intervalo estudado observou-se ligeiro aumento da produtividade à
medida que se elevam os níveis de adubação, segundo a equação y = 72.268,82 + 7,6055 x, com
R2 = 68,91%.
A porcentagem de frutos podres foi maior no PC (Tabela 1), em concordância com
Giordano et al. (2000) e Revista Plantio Direto (2007). No PD e no PPR, os frutos desenvolvemse sobre a palhada e não em contato direto com o solo, reduzindo a ocorrência de podridões. A
porcentagem de frutos verdes foi semelhante, apesar de uma tendência de superioridade no PC,
em relação ao PD e ao PPR (Tabela 1). Quanto à adubação, à medida que se aumentaram os
níveis de adubação de base, observou-se ligeiro crescimento na ocorrência de frutos verdes,
segundo a equação y = 582,67 + 0,6209 x, com R2 = 57,53%.
O teor de sólidos solúveis totais foi superior no PC, resultado esperado em função do
mesmo manejo de água nos três sistemas. O PPR e, especialmente, o PD apresentam maior
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205
capacidade de retenção de água no solo. Nestes sistemas, utilizando um manejo de água
adequado, muito provavelmente esta diferença não será observada. Segundo Marouelli et al.
(2006), verifica-se no PD uma maior eficiência no uso da água e a conseqüente economia de até
11% no volume de água de irrigação durante o ciclo da cultura.
Por se tratar do primeiro ano de cultivo, a análise de solo revelou algumas tendências que
deverão ser confirmadas à medida que se avance no tempo nos diferentes sistemas.
Tabela 1: Produção comercial, produção de frutos verdes e podres, grau brix e produtividade em
função do sistema de plantio. Goiânia, 2006.
Prod. Comercial
Prod. Frutos
Prod. Frutos
Produtividade
Brix
kg planta-1)
Verdes (kg ha-1) Podres (kg ha-1)
(kg ha-1)
PC
3,263 b
11.418 b
6.619 b
5,002 a
89.896 a
PPR
3,440 b
6.541 a
3.863 a
4,754 b
83.442 a
PD
3,766 a
8.722 a b
3.034 a
4,604 b
75.981 b
Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si pelo Teste Tukey a 5% de probabilidade.
Sistema de Plantio
Na camada superficial, de 0 a 5 cm de profundidade, foram observados teores de matéria
orgânica de 25,55, 29,61 e 32,19 g dm -3 nos solos sob PC, PD e PPR, respectivamente. O maior
valor observado no PPR provavelmente decorre da leve incorporação pela gradagem. No sistema
PD, o tempo de mineralização e a disponibilização da matéria orgânica para o solo é mais lenta, o
que se pôde perceber por ocasião da colheita, quando ainda havia resíduos da palhada de milheto
na superfície do solo. Na camada sub-superficial, de 5 a 20 cm de profundidade, foi observada a
mesma tendência. Os teores de matéria orgânica dos solos submetidos a PC, PD e PPR foram de
25,55, 27,48 e 29,81 g dm-3, respectivamente. O mesmo teor de matéria orgânica nas duas
profundidades (0-5 e 5-20 cm) no solo sob PC é resultado do revolvimento do solo neste sistema
de plantio. Por outro lado, nos sistemas PD e PPR, observa-se o início de acúmulo de matéria
orgânica na camada superficial, cerca de 8% maior na camada de 0 a 5 cm em relação à camada
de 5 a 20 cm.
A capacidade de troca catiônica (CTC) dos solos seguiu o mesmo padrão de variação da
matéria orgânica. Os valores de CTC da camada de 0 a 5 cm de profundidade foram de 8,59, 8,75
e 9,53 cmolc/dm3 dos solos sob PC, PD e PPR. A camada de 5 a 20 cm de profundidade
apresentou valores de 8,02, 8,62 e 9,16 cmolc/dm3 de CTC nos solos manejados sob PC, PD e
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PPR, respectivamente. Maior tempo de cultivo sob PD ou PPR evidenciará os benefícios destes
sistemas nos teores de nutrientes e na fertilidade do solo como um todo.
O sistema de Plantio com Preparo Reduzido (PPR) apresentou produtividade semelhante
ao Plantio Convencional (PC). Entretanto, os reconhecidos benefícios da adoção de sistemas
conservacionistas como a melhoria das características do solo, a minimização dos processos
erosivos, a economia de água e mecanização e a redução de ocorrência de frutos podres e verdes
são base para a escolha deste sistema.
Referências Bibliográficas
FREITAS, P. L. de. Sustentabilidade: harmonia com a natureza. Agroanalysis, v. 22, n. 2, p. 1217, fev. 2002.
GIORDANO, L. de B.; SILVA, J. B. C. de; BARBOSA, V. Escolha de cultivares de plantio. In:
SILVA, J. B. C. de; GIORDANO, L. de B. (Org.). Tomate para processamento industrial.
Brasília, DF: Embrapa Comunicação: Embrapa Hortaliças, 2000. p. 36-57.
MADEIRA, N. R. Plantio direto de hortaliças. Direto no Cerrado, v. 8, n. 34, p. 09, fev. 2004.
MAROUELLI, W. A.; SILVA, H. R.; MADEIRA, N. R. Uso de água e produção de tomateiro
para processamento em sistema de plantio direto com palhada. Pesquisa Agropecuária
Brasileira, Brasília, v. 41, n. 9, p. 1399-1404, 2006.
REVISTA PLANTIO DIRETO. Plantio Direto de Tomate em Rio Verde. Disponível em:
<http://www.plantiodireto.com.br/?body=cont_int&id=106>. Acesso em: 19 jun. 2007.
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207
PRODUÇÃO INTEGRADA DE TOMATE INDUSTRIAL: VALIDAÇÃO DE UNIDADES
PILOTO
CASTELO BRANCO, M.1; QUEZADO-DUVAL, A. M.; VILLAS BÔAS, G. L.; SILVA, H. R.,
LIZ, R. S.
1
Embrapa Hortaliças. Caixa Postal 218. 70.359-970. Brasília-DF. e-mail: [email protected]
Introdução
O Estado de Goiás é o maior produtor de tomate industrial do Brasil. Ainda que as
indústrias ofereçam produtos de boa qualidade, as exigências do mercado consumidor quanto à
rastreabilidade, garantia de ausência de resíduos de agrotóxicos e mínimo impacto ambiental da
produção não são atualmente plenamente atendidas. A adoção de um sistema de Produção
Integrada pode responder a estas exigências. Por isso, em 2005, foi iniciado o projeto de
Produção Integrada de Tomate Industrial que tem como unidade coordenadora a Embrapa
Hortaliças e como parceiros o Ministério da Agricultura, o CNPq, a DFA-GO, a UFG, a
Agrodefesa-GO, a AgênciaRural-GO e a maioria das indústrias processadoras de tomate. Nos
anos 2005/2006 foram elaboradas as Normas Técnicas para o programa e o Caderno de Campo a
ser preenchido pelos produtores (VILLAS BÔAS et al., 2007). A partir de maio de 2007 foram
instaladas cinco unidades piloto, em quatro municípios de Goiás (Itaberaí, Goianésia, Morrinhos
e Silvânia) em áreas de produtores ligados às empresas parceiras (Goialli, Produtos Dez e
Unilever) a fim de validar as normas e o Caderno de Campo. Assim, o objetivo deste trabalho é
descrever e avaliar os resultados obtidos nessas unidades piloto até o momento.
Material e Métodos
As mudas utilizadas nas unidades pilotos foram produzidas em viveiros comerciais
terceirizados estabelecidos em Goiás, e as sementes, de variedades híbridas importadas, foram
fornecidas pelas empresas processadoras.
Em Itaberaí foram instaladas duas unidades piloto. A primeira está situada em área de 19
ha, com irrigação por gotejamento, onde as mudas do híbrido Heinz 7155 N2 foram
transplantadas de 21 a 24/03. A segunda está em uma área de 16,5 ha onde o híbrido ‘Heinz
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9992’ é irrigado por pivô-central. Esta unidade foi transplantada transplantada de 9 a 12/04. Em
Silvânia a unidade é composta de uma área de 55 ha de ‘Hypeel 108’ e ‘Heinz 7155 N2’, com
irrigação por gotejamento e as plantas foram transplantada de 16 a 20/04. Em Goianésia a
unidade foi instalada no período de 13 a 23/05, é de 55,5 ha do híbrido Heinz 7155 N2 e irrigada
por gotejamento. A unidade de Morrinhos possui 47,7 ha com os híbridos ‘Hypeel 108’ e ‘Sun
6352’. O transplante foi feito de 21 a 25/05 e a área é irrigada por pivô-central.
Nas unidades de Itaberaí e Silvânia o manejo da irrigação é realizado pelo Sistema
Irriga®, enquanto na unidade de Goianésia, o manejo segue o balanço de água no solo com o uso
do tanque classe A e uso de tensiômetros. Por outro lado, a unidade de Morrinhos irriga
empiricamente com base na experiência, respeitando os diferentes estádios de desenvolvimento
da cultura.
Para a validação das Normas e avaliação do preenchimento do Caderno de Campo, as
unidades piloto foram visitadas em intervalos que variaram de 21 a 28 dias. Durante as visitas foi
verificada a condição da lavoura, o manejo empregado e as anotações realizadas no Caderno de
Campo.
Resultados e Discussão
a) Manejo das lavouras
No que se refere à adubação de plantio, foi observado que quatro unidades realizaram
análise de solo, mas não levaram em consideração o resultado destas para o emprego de
fertilizantes. Pelo contrário, empregaram a adubação padrão recomendada para a região (1,5 t ha-1
da fórmula 4-30-16). Em uma unidade o produtor levou em consideração a análise de solo e
reduziu em 50% a quantidade da fórmula empregada. Este resultado mostrou a necessidade de
treinar produtores e técnicos a fim de que eles compreendam a importância de realizar as
adubações com base nos resultados da análise de solo. Isto significará não só uma redução nos
custos de produção, mas também uma redução dos custos ambientais associados ao uso excessivo
de adubos, já que estes produtos podem poluir águas subterrâneas e superficiais (DEFRA, 2007).
No que se refere aos problemas fitossanitários, a mosca-branca (Bemisia argentifolli),
com conseqüente disseminação de geminiviroses, e a mancha-bacteriana (Xanthomonas spp.)
foram os principais. A mosca-branca ocorreu nas unidades piloto de Itaberaí, Morrinhos e
Sivânia. Plantios de tomate de diferentes idades, em uma mesma região, com o objetivo de
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
209
atender às necessidades de processamento das diferentes indústrias favoreceram o aumento da
população do inseto. Em Itaberaí, apesar da redução da população de mosca-branca em
decorrência das pulverizações com inseticidas, ao final do ciclo da cultura a incidência de
geminiviroses foi superior a 50%, o que levou a perdas significativas na produtividade. Estes
resultados indicaram que a mosca branca é um problema importante e o melhor zoneamento das
lavouras parece ser fundamental para tentar resolver os problemas da praga.
A mancha-bacteriana foi observada em Itaberaí e é comumente encontrada na região. A
doença pode estar associada à sua perpetuação na área por meio de plantas voluntárias
contaminadas em ciclos anteriores, disseminação a partir de lavouras próximas de idade mais
avançada e/ou mudas aparentemente sadias, porém infectadas em baixa incidência (JONES et al.,
1986). Outras doenças relevantes observadas foram a requeima e a septoriose. O equipamento
Colpan® foi empregado para o manejo da requeima em apenas duas unidades (gotejamento em
Itaberaí e Silvânia). Para o controle dos diferentes problemas fitossanitários foram empregados
diferentes agrotóxicos em intervalos que variaram de três a sete dias.
No que se refere à irrigação, duas unidades empregavam o sistema Irriga®, que é um
serviço disponível ao produtor para o monitoramento e o manejo da irrigação com base na
interatividade das relações água-solo-clima-planta. Foi verificado que o sistema Irriga® apresenta
problemas de recomendação de água, normalmente em exceso, em razão principalmente de
necessidade de ajustes no coeficiente de cultura aos diferentes estádios de desenvolvimento do
tomateiro. O principal problema da aplicação de água em excesso é a maior incidência de
doenças. Outros problemas constatados foram com o equipamento de irrigação, principalmente
entupimento de gotejadores e manejo da fertirrigação, manejo inadequado do tensiômetro,
critérios empíricos para ajustes na lâmina de irrigação recomendada, entre outros. Todos esses
fatores negativos contribuem para o aumento no custo de produção e redução na produtividade
com conseqüente impacto ambiental na conservação de água e energia.
b) Preenchimento dos Cadernos de Campo
Três unidades piloto encontraram dificuldades para cumprir a exigência das Normas para
o monitoramento de pragas e doenças. Isto ocorreu pela falta de mão-de-obra especializada, com
experiência no reconhecimento de sintomas e sinais de doenças e pragas (o chamado “pragueiro”)
e pelo tempo demandado para a atividade, que foi considerado elevado (três a quatro horas). Para
210
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
uma unidade piloto um “pragueiro” foi contratado pela empresa parceira para realizar as
anotações nas planilhas de monitoramento e, deste modo, testar o sistema em relação à utilização
das informações na tomada de decisão sobre a aplicação dos agrotóxicos. Apesar de ter havido
redução no número de pulverizações, o tempo demandado para a atividade também foi
considerado elevado. Este resultado demonstra a necessidade de reavaliar o sistema de
monitoramento proposto para adequá-lo às necessidades dos produtores. Além disso, ficou claro
que, para a viabilização do sistema de produção integrada, há a necessidade de
contratação/disponibilização, por parte da empresa processadora ou pelo próprio produtor, de
profissionais especializados no monitoramento de pragas e doenças do tomateiro.
A falta de monitoramento de pragas descrita anteriormente fez com que muitos produtores
adotassem a prática de pulverizações preventivas para o controle de insetos e de doenças, baseado
no histórico de ocorrência de pragas na área e/ou no estádio da cultura, embora isso não seja
recomendado pelas Normas de Produção Integrada. Algumas pragas e doenças foram
identificadas incorretamente devido ao desconhecimento de produtores e técnicos. Este resultado
indica que há também necessidade de treinamento dos envolvidos no monitoramento e tomadas
de decisão, a fim de que a identificação dos problemas fitossanitários seja feita de forma correta.
No que se refere à irrigação, a anotação dos parâmetros de manejo não era realizada nas
unidades atendidas pelo Sistema Irrigas®, tendo em vista que este fornece relatório completo da
recomendação de irrigação. Nas outras unidades foram feitas anotações incompletas das
condições climáticas e nenhuma anotação do manejo realizado. De maneira geral, pode-se ter
dificuldades para a compreensão dos critérios para o manejo racional da irrigação.
Conclusão
Foi observado que existem problemas no manejo das lavouras no que se refere à
adubação, irrigação e controle de pragas e doenças. O melhor manejo destes aspectos deve
contribuir não só para reduzir os custos de produção, mas também para reduzir os custos
ambientais por meio da redução da demanda de um recurso escasso (água) e por meio da redução
do potencial de poluição de adubos e agrotóxicos.
Para a viabilização do preenchimento do Caderno de Campo, de modo a atender às
exigências das Norma da Produção Integrada, há necessidade de treinamento e disponibilização
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
211
de mão-de-obra para a correta identificação de pragas e doenças e para a realização do
monitoramento destas.
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212
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
PROPOSIÇÃO DE TÉCNICAS E PARÂMETROS DE IRRIGAÇÃO PARA A
PRODUÇÃO INTEGRADA DO TOMATEIRO PARA PROCESSAMENTO
SILVA, H. R.1; MAROUELLI, W. A.2; VILLAS BÔAS, G. L3; CASTELO BRANCO, M.4;
SOUZA, R. B.5
1
Eng.Agr., Ph.D., Embrapa Hortaliças, Caixa Postal 218, CEP 70359-970, Brasília-DF, e-mail:
[email protected] (Apresentador do trabalho); 2Eng.Agric., Ph.D., Embrapa Hortaliças, Caixa Postal 218,
CEP 70359-970, Brasília-DF, e-mail: [email protected]; 3Eng.Agr., D.Sc., Embrapa Hortaliças, Caixa Postal
218, CEP 70359-970, Brasília-DF, e-mail: [email protected]; 4Eng.Agr., Ph.D., Embrapa Hortaliças, Caixa
Postal 218, CEP 70359-970, Brasília-DF, e-mail: [email protected]; 5Eng.Agr., D.Sc., Embrapa Hortaliças,
Caixa Postal 218, CEP 70359-970, Brasília-DF, e-mail: [email protected]
Introdução
O Brasil é um grande produtor de tomate para processamento, com produção anual de 1,4
milhões de toneladas, numa área de 19,5 mil hectares. Os Estados de Goiás (GO) e Minas Gerais
(MG) produzem mais de 75% da produção nacional.
A análise da base ecoenergética da agricultura convencional e o esgotamento dos recursos
naturais sinalizam para a necessidade de desenvolvimento sustentável que considere a integração
dos fatores econômicos, sociais e ecológicos (FREITAS, 2003). Diante disso, surgiu no país nos
anos 70 a produção integrada de frutas (PIF), com o objetivo de produção de alimentos de alta
qualidade, utilizando-se técnicas que minimizem os impactos negativos da produção sobre o
ambiente e qualidade dos produtos.
Em 2004, teve início na Embrapa Hortaliças projeto de produção integrada de tomate
indústria (PITI), para as regiões produtoras de GO e MG. A conservação de água e energia é um
dos aspectos da produção a serem controlados na PITI já que o cultivo ocorre durante a estação
seca, com o uso de irrigação.
A irrigação por aspersão com pivô central é o sistema mais empregado; cerca de 5% é
irrigado por gotejamento. A irrigação tem efeito direto sobre a incidência de pragas e,
principalmente, de doenças. Irrigações em excesso, especialmente por aspersão, favorecem
doenças fúngicas e bacterianas. Independente do sistema de irrigação utilizado há necessidade de
adoção de estratégias para o manejo adequado de água, de forma a racionalizar seu uso,
minimizar o gasto de energia, a incidência de doenças e os impactos ambientais.
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
213
Outro aspecto importante a ser considerado na produção integrada é a qualidade da água.
Águas de baixa qualidade podem causar problemas de entupimento de gotejadores, transmissão
de doenças às plantas e ao homem.
O objetivo deste trabalho foi propor técnicas e parâmetros de irrigação direcionados para
a PITI, a serem validados em unidades piloto localizadas nas principais regiões produtoras,
incluindo aspectos de manejo de água de irrigação e de qualidade da produção.
Material e Métodos
As normas para a PITI foram aprovadas pelo Comitê Gestor da PITI no final de 2006. No
que se refere à irrigação, normas obrigatórias incluem aspectos sobre sistemas e manejo de irrigação
e qualidade da água (Tabela 1) que deverão ser seguidas nas unidades piloto.
Tabela 1. Normas de irrigação e drenagem e qualidade da água propostas para a PITI.
Norma
Obrigatórias
Recomendadas
Utilizar sistemas de irrigação
eficientes, que minimizem o uso
da água e de energia, realizando a
manutenção periódica.
Utilizar critério que permita
Sistema e
minimizar a aplicação de excesso
Manejo
de água às plantas.
da
Irrigação Realizar manutenção preventiva e,
a cada 2 anos, avaliar a
uniformidade de distribuição de
água.
Utilizar práticas de cultivo que
conservem ou melhorem a
drenagem natural do solo.
Utilizar água com qualidade igual
ou superior às exigidas pela
Resolução CONAMA nº 357, de
17 de março de 2005 ou legislação
Análise
estadual pertinente.
da
qualidade Fazer análise anual das
da água
características físicas, químicas e
biológicas da água, anualmente no
caso de água corrente ou a cada
dois anos no caso de represas,
açudes e poços.
Proibidas
Irrigação em
excesso.
Permitidas com
restrições
Utilizar dados
históricos de
evapotranspiração
para manejo da
água
Utilizar método racional para o
manejo da água de irrigação,
como o do balanço ou da
tensão de água no solo.
Avaliar anualmente a
compactação do solo.
Utilizar água
para irrigação
que não
atenda aos
padrões
Uso de águas
estabelecidos residuárias sem
na Resolução tratamento.
CONAMA nº
357, de 17 de
março de
2005.
214
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
Para o manejo da cultura no campo, é necessário estabelecer cartilhas de acompanhamento
contendo as técnicas e os parâmetros de irrigação a serem validados. As técnicas e parâmetros de
manejo da irrigação foram estabelecidos com base em trabalhos de pesquisa realizados pela
Embrapa Hortaliças nos últimos 15 anos. Assim, podem ser utilizados os métodos do turno de rega
simplificado, conforme descrito por Marouelli (2001); que é um método simples, não requer o uso
de equipamentos e utiliza dados históricos de evapotranspiração ou, para um manejo mais preciso de
irrigação, os métodos do balanço ou da tensão de água no solo. Deve-se considerar ainda, no manejo
de água, a data da última irrigação pela sua importância na qualidade da produção, viz., o teor de
sólidos solúveis (Tabela 2). Nas unidades piloto implantadas em 2007, estão sendo usados uma
combinação dos métodos do balanço e da tensão de água no solo.
Tabela 2. Recomendação de parâmetros para o manejo da irrigação em sistemas por gotejamento
e aspersão (valores entre parêntesis).
Estádio de desenvolvimento (ciclo médio de 115 dias)
Inicial
Vegetativo
Frutificação
Maturação
Duração fase (dias)
7
25
55
28
Turno rega (dias)
1-2 (1-3)
4-6 (5-10)
1-2 (5-8)
3-4 (7-10)
Tensão crítica (kPa)
--50-100 (100-200)
10-15 (30-50)
40-50 (100-200)
Coeficiente de cultura
0,45-0,55 (0,60-0,70) 0,40-0,50 (0,50-0,60)
0,95-1,05 (0,95-1,05)
0,75-0,85 (0,60-0,70)
Paralisar as irrigações com 30-50% de frutos maduros para aspersão e 60-70% para gotejamento.
Parâmetros
Fonte: Marouelli et al. (1991, 2004, 2006) e Marouelli e Silva (2005).
Relativo à qualidade da água, não existem trabalhos específicos para tomate, tendo sido
considerada a Resolução nº 357 do CONAMA, que dispõe sobre a classificação e uso dos corpos
d’água (CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE – CONAMA, 2005). No que se
refere à periodicidade de análises, no caso de água corrente, esta deve ser anual e no caso de
represas, açudes e poços a cada dois anos. Neste caso, poderia ser utilizado o critério proposto
por Gilbert e Ford (1986).
Resultados e Discussão
As normas indicam obrigatoriedade de uso de sistemas de irrigação eficientes, que
minimizem o uso de água e energia, que seja realizada manutenção preventiva periódica e que a
cada dois anos seja avaliada a uniformidade de distribuição de água. Como regulamentação, os
sistemas devem apresentar coeficiente de uniformidade de distribuição acima de 80%.
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
215
Muito embora a norma não recomende um sistema de irrigação específico, tem-se que o
gotejamento, comparativamente ao pivô central, minimiza em até 50% o requerimento de fungicidas
e em até 30% o uso de água e energia, além de possibilitar incrementos de produtividade de até 30%
(MAROUELLI; SILVA, 2000).
Pela norma, é obrigatório o uso de critério de manejo de irrigação que minimize a aplicação
de excesso de água. Assim, tanto o método simplificado quanto os métodos do balanço ou da tensão
de água no solo podem ser utilizados. A norma prevê ainda, a utilização de práticas de cultivo que
conservem ou melhorem a drenagem natural do solo, pois o excesso de água favorece doenças de
solo. Isto pode ser obtido minimizando o trafego de máquinas na área e realizando rotação de
culturas, práticas de cultivo mínimo e subsolagem.
A fim de adequar a qualidade da água às normas da PITI, deve-se realizar análise de água
em conformidade com a Resolução nº 357 do CONAMA. Em caso de não conformidade da
qualidade para fins de uso na irrigação, realizar o tratamento para adequar as características físicas,
químicas e biológicas da água para fins de irrigação.
Conclusão
No que se refere à irrigação, o produtor deverá seguir as normas obrigatórias da PITI de
usar sistemas de irrigação mais eficientes, algum método de manejo, água de boa qualidade e
práticas poupadoras e conservadoras de água.
Referências Bibliográficas
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216
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
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efficiency of processing tomato as affected by the final irrigation timing. Horticultura
Brasileira, Brasília, v. 22, n. 2, p. 225-230, 2004.
MAROUELLI, W. A.; SILVA, W. L. C.; SANT’ANA, R. R.; SILVA, H. R.; HERNANDEZ, S.;
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Goiânia, GO. Anais.... Goiânia: ABID, 2006. 1 CD-ROM.
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CD-ROM.
MAROUELLI, W. A.; SILVA, W. L. C.; SILVA, H. R. Irrigação por aspersão em hortaliças:
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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
217
SISTEMA DE PRODUÇÃO CONVENCIONAL X PRODUÇÃO INTEGRADA – EFEITO
SOBRE OS ATRIBUTOS MICROBIOLÓGICOS DO SOLO
CARVALHO, J. E. B. de1; AZEVEDO, C. L. L. de2; SILVA, M. C. da 3; BARRETO, A. C.4
1
Engo Agro D.Sc. Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical, Rua Embrapa, s/n. Cx.P. 007 – CEP: 44.380-00, Cruz
das Almas, BA. E-mail: [email protected]; 2Engo Agro M.Sc. Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical,
Rua Embrapa, s/n. Cx.P. 007 – CEP: 44.380-00, Cruz das Almas, BA. E-mail: clá[email protected];
3
Discente de Agronomia da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Cruz das Almas, BA, CEP: 44.380-000;
4
Engenheira Agrônoma, M.Sc. Ciência do Solo, Convênio ADAB/CNPMF, Cruz das Almas, BA, CEP: 44.380-000.
Introdução
Os solos dos Tabuleiros Costeiros apresentam como fatores limitantes à produtividade
agrícola baixa capacidade de retenção de água, baixa disponibilidade de nutrientes e impedimento
ao crescimento radicular decorrente da existência de uma camada coesa entre os horizontes AB e
BA. O manejo mecânico adotado pelos produtores no controle do mato e o trânsito exagerado de
máquinas no pomar têm contribuído para aumentar a compactação do solo, redução da produção
e da longevidade dos pomares de citros. Nesta linha de trabalho Rezende (2000), relata que uma
das alternativas para contornar o problema seria o uso de subsolagem, com destaque para suas
vantagens: aumento da macroporosidade, diminuição da resistência à penetração e aumento da
taxa de infiltração de água no solo. A capacidade produtiva de um solo não depende unicamente
da fertilidade química, mas também de interações de fatores bióticos e abióticos. Neste sentido, o
uso de atributos microbianos aliados ao teor de carbono orgânico do solo, tem sido utilizado para
avaliar o grau de sustentabilidade de um sistema agrícola.
Buscou-se avaliar o impacto do sistema de Produção Integrada em comparação ao sistema
de produção convencional dos produtores sobre os atributos microbiológicos de um solo coeso
dos Tabuleiros Costeiros.
Material e métodos
O trabalho foi conduzido em um pomar de lima ácida ‘Tahiti’ sob Citrumelo Swingle,
instalado no Município de Cruz das Almas-BA, na área experimental do Centro Nacional de
Pesquisa de Mandioca e Fruticultura Tropical da Embrapa, com uma área total aproximada para
os dois manejos de 3.600 m2, utilizando-se o espaçamento de 5 m entre as linhas e 4 m entre
218
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
plantas na linha. O trabalho foi constituído por dois tratamentos: 1. Sistema convencional,
adotado pela maioria dos produtores, envolvendo aração, gradagem, abertura de covas e plantio
das mudas cítricas e o controle mecânico do mato com três a quatro capinas nas linhas e mesmo
número de gradagens nas ruas; 2. Sistema em Produção Integrada, com subsolagem cruzada a
uma profundidade média de 0,55 m, plantio direto de feijão-de-porco (Canavalia ensiformis)
como cultura de espera e melhoradora do solo. Nesse sistema, o controle integrado das plantas
infestantes foi realizado dessecando-se o mato nas linhas com glifosato e nas entrelinhas a
substitição das gradagens pelo uso de uma cobertura verde permanente proporcionada pelo
amendoim forrageiro (Arachis pintoi).
Para avaliar o carbono da biomassa microbiana do solo (BMS-C) e a respiração basal do
solo foram retiradas amostras nas profundidades 0-10 e 10-30 cm na linha e ruas da cultura, no
mês de fevereiro (período de verão). Com auxílio de um trado, foram coletadas seis sub-amostras
em pontos eqüidistantes e representativos da parcela, sendo estas homogeneizadas, formando
uma amostra composta para cada parcela. As amostras de solo foram colocadas em sacos
plásticos e mantidas em câmara fria (5°C) até o momento das análises em laboratório.
A estimativa do carbono da biomassa microbiana foi feita segundo o método de
fumigação – extração, que tem como princípio a análise da biomassa microbiana extraível em
solução aquosa de sulfato de potássio K2SO4 a 0,5 M (VANCE et al., 1987). A respiração do solo
foi avaliada pela evolução do CO2 em potes fechados (NANNIPIERI et al., 1990). O dióxido de
carbono é adsorvido em uma solução de NaOH, e titulado com HCL. A avaliação do quociente
metabólico foi realizada de acordo com o procedimento descrito por Anderson e Domsch (1986),
obtida pela razão entre o C respirado por unidade de C microbiano. Foi realizado análise de
variância e as médias dos tratamentos foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de
probabilidade.
Resultados e Discussão
Os valores médios observados para capacidade máxima de retenção de água variaram de
45,27 a 57,93% para sistema convencional, e 51,24 a 61,11% para o sistema que envolveu a
subsolagem e o manejo de coberturas vegetais nas entrelinhas. Independente do sistema adotado,
a capacidade máxima de retenção de água na entrelinha foi maior na profundidade de 10-30 cm,
mas a umidade do solo no momento da coleta não foi influenciada pelos fatores estudados
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
219
(Tabela 1). A biomassa microbiana também apresentou, nos dois sistemas de produção testados,
maiores valores na profundidade de 10-30 cm, tanto na linha como na entrelinha. D´Andréa et al.
(2002) concluíram, em trabalhos avaliando alterações nos atributos biológicos em solo de cerrado
nativo, que a instalação de pastagens e sistemas de manejo agrícola reduziu os teores de carbono
da biomassa microbiana na camada superficial do solo. Silva et al. (2002) não observaram
diferenças significativas no carbono da biomassa microbiana em diferentes sistemas de preparo
do solo no Cerrado.
Tabela 1. Valores médios de biomassa microbiana (µgC.g-1), capacidade máxima de retenção de
água, respiração basal (µgC-CO2.g-1), umidade (%) e quociente metabólico (µgC-CO2.g-1/µgC.g1
), na linha e entrelinha, nas profundidades de 0-10 cm e 10-30 cm, nos sistemas de produção
convencional e de subsolagem.
Entrelinha
Média
0 a 10 cm
10 a 30 cm
Média
-1
Biomassa microbiana (µgC. g )
Produtor
837,75 aA
1128,05 aA
982,90 a
832,97 aA
1008,20 aA
920,59 a
Produção ntegrada
954,42 aA
1049,87 aA 1002,15 a 825,05 aA
1207,32 Aa
1016,19 a
Média
896,09 B
1088,96 A
829,01 B
1107,76 A
Capacidade máxima de retenção de água
Produtor
49,43 aA
55,49 aA
52,46 a
45,27 bB
57,93 aA
51,60 b
Produção ntegrada
51,24 aA
55,93 aA
53,59 a
53,92 aB
61,11 aA
57,5 a
Média
50,34 A
55,71 A
49,60 B
59,52 A
Respiração basal (µgC- CO2. g-1)
Produtor
1,28 aA
0,92 aA
1,10 a
1,71 aA
0,90 aA
1,30 a
Produção ntegrada
1,58 aA
0,98 aB
1,28 a
1,20 aA
0,92 aA
1,06 a
Média
1,43 A
0,95 A
1,46 A
0,9 A
Umidade (%)
Produtor
9,71 aA
10,21 aA
9,96 a
7,59 aA
11,20 aA
9,40 a
Produção ntegrada
8,07 aA
11,95 aA
10,01 a
18,94 aA
12,32 aA
15,63 a
Média
8,89 A
11,08 A
13,27A
11,76 A
Quociente metabólico (µgC- CO2. g-1/ µgC. g-1)
Produtor
1,51 aA
0,96 aA
1,23 a
2,02 aA
0,92 aB
1,47 a
Produção ntegrada
1,65 aA
1,12 aA
1,39 a
1,46 aA
0,79 aA
1,13 a
Média
1,58 A
1,04 A
1,74 A
0,85 B
Médias seguidas pela mesma letra minúscula nas colunas e maiúsculas nas linhas para cada posição (linha e
entrelinha) não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
0 a 10 cm
Linha
10 a 30 cm
Na linha de plantio o tratamento em Produção Integrada, a taxa de respiração basal na
camada de 0-10 cm foi estatisticamente superior a da camada de 10-30 cm. Em trabalho
desenvolvido por Balota et al. (1998) avaliando as alterações na atividade microbiana em um
Latossolo Roxo em Londrina-PR sob diferentes sistemas de preparo e sucessão de culturas, foi
220
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
concluído que a biomassa microbiana mostrou-se boa indicadora das alterações microbianas
ocorridas no solo, conforme o manejo.
Observou-se para o quociente metabólico maiores valores na camada inicial (0-10 cm)
sendo este efeito estatisticamente significativo no sistema do produtor. Os maiores valores de
qCO2 observados, indicam que a população microbiana está consumindo mais carbono oxidável
para sua manutenção.
Conclusão
O sistema de Produção Integrada não contribuiu para melhoria dos atributos
microbiológicos do solo quando comparado ao sistema convencional do produtor. Apenas a
biomassa microbiana foi mais elevada na camada mais profunda, independente do sistema de
produção adotado.
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Salvador: SEAGRI-SPA, 2000. 117 p. il. (SEAGRI-SPA. Séries Estudos Agrícolas, 1).
SILVA, A. C. B. et al. Biomassa microbiana em diferentes sistemas de preparo do solo no
Cerrado. In: REUNIÃO BRASILEIRA SOBRE MICORRIZAS, 9.; SIMPÓSIO BRASILEIRO
DE MICROBIOLOGIA DO SOLO, 9.; REUNIÃO BRASILEIRA DE BIOLOGIA DO SOLO,
4., 2002, Rio de Janeiro, RJ. Anais… Rio de Janeiro: SBCS, 2002. 1 CD-ROM.
VANCE, E. D.; BROOKES, P. C.; JENKINSON, D. S. An extraction method for measuring soil
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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
221
ÍNDICE DE RISCO AMBIENTAL PARA PONTOS DE ABASTECIMENTO DE
PULVERIZADORES DE AGROTÓXICOS (IRAp), UMA ADAPTAÇÃO DO
ENVIRONMENTAL RISK INDEX (ERI) PARA A PRODUÇÃO INTEGRADA
GEBLER, L.1
1
Engenheiro Agrônomo, MSc. Engenharia Ambiental, Pesquisador da Embrapa Uva e Vinho rodovia BR-285, Km
115, Caixa Postal 1513, CEP 95200-000 Vacaria, RS, e-mail: [email protected]
Introdução
O significado de risco pode ser descrito como o produto entre Perigo X Exposição, que
implica na possibilidade de que algo adverso possa ocorrer para alguém ou alguma coisa
(ALISTER; KOOGAN, 2006). O processo de se avaliar riscos deve ser claramente ordenado,
representando diferentes graus de refinamento, sempre buscando a melhor representação possível
da realidade (SUTTER, 1996; U. S. ENVIROMENTAL PROTECTION AGENCY –EPA, 1998).
Com a expansão e o barateamento da informatização vista nos dias atuais, computadores com
processadores de alta performance se tornaram comuns, nas propriedades agrícolas brasileiras,
viabilizando o trabalho com softwares de gestão, permitindo a introdução de indicadores de
análise de risco ambiental como ferramentas de apoio.
Indicadores servem como orientadores de respostas a eventos, sem preocupação com a
quantificação física do processo analisado, pois perdem em eficiência e precisão para modelos
matemáticos numéricos (BILYARD et al., 1997). Mesmo com esta limitação, os indicadores
demonstram ser um sistema eficaz e valioso, tanto pelo seu baixo custo operacional e razoável
significância do resultado, classificando-os como ferramentas de avaliação preliminar de risco.
Para sistemas certificados, como a Produção Integrada, onde falta um pacote tecnológico
que atenda a todos os casos em que serão avaliados os impactos ambientais, concorda-se que o
uso de agrotóxicos está entre as atividades que apresentam grandes riscos envolvidos durante seu
manejo, sendo o foco da análise do indicador ambiental descrito neste resumo.
O Índice de Risco Ambiental pontual (IRAp) é um indicador teórico baseado em um
sistema similar, produzido por Alister e Kogan (Environmental Risk Index – ERI) (2006), e nos
critérios ambientais exigidos liberação comercial de agrotóxicos no Brasil (IBAMA), e propõe
reduzir a condição de incerteza sobre o grau de risco destes produtos em um local de alta
222
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
probabilidade de impacto ambiental, os pontos (rampas) de abastecimento de pulverizadores de
agrotóxicos. Nestes locais se trabalha com grande variedade de produtos comerciais
concentrados, algumas vezes, repetidamente durante uma sessão de aplicação, podendo afetar em
diferentes graus os processos locais de atenuação natural ambiental e os seres humanos
envolvidos. Este indicador permite uma idéia do nível de risco existente neste local, auxiliando
na tomada de decisão sobre métodos de prevenção ou necessidade de mitigação.
Material e Métodos
No IRAp são adotados dados que refletem o pior cenário (maior lixiviação, menor KOC,
maior persistência, dentre outros), considerando este procedimento como margem de segurança, e
por isto, mesmo existindo um limite com certo grau de impermeabilidade (piso), será considerado
como solo sem impedimento. O índice original (ERI), previa a distribuição e análise dos
parâmetros físico-químicos e ecotoxicológicos de agrotóxicos numa equação linear simples, a fim
de avaliar qual dos produtos poderia apresentar maior risco ambiental em relação a outro onde, à
medida que o resultado numérico final aumentasse, maior seria o risco.
ERI = ( P + L + V + TP ) D
P = Persistência no solo (meia vida); L = Lixiviação (LIX [5]); V = Volatilização (Pressão de
vapor); D = Dose (quantidade aplicada de ingrediente ativo por ha); TP = Perfil toxicológico do
agrotóxico (propriedades químicas e testes de campo), dado por:
TP = K OW + Rfd + CL50 + AT
KOW = Coeficiente de partição octanol-água do agrotóxico; Rfd = Dose de referência; CL 50 =
Dose letal dermal humana para 50% da população; AT = Parâmetros toxicológicos para animais
de referência.
Os dados para a execução do modelo podem ser obtidos de publicações científicas ou
banco de dados específicos (WAUCHOPE et al., 1991; GEBLER, 2007).
O IRAp foi criado para analisar a contaminação pontual, no momento do carregamento do
pulverizador, e não a contaminação difusa, como o ERI. Além disso, Alister e Kogan (2006)
efetuaram os cálculos baseados somente em herbicidas, não atendendo à variabilidade exigida
pela PIM. No mesmo artigo foi demonstrado que o ERI pode sofrer adaptações (ERI loading), sendo
a equação no IRAp alterada nos seguintes pontos: a) o parâmetro AT foi eliminado ao se assumir
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
223
que a contaminação pontual será infinitamente maior que a difusa (a exemplo do ERI loading); b) os
limites do LIX para lixiviação foram recalculados estatisticamente, para o grupo dos produtos
listados na grade de agrotóxicos da Produção Integrada de Maçãs (PIM), entre fungicidas,
inseticidas, herbicidas e outras classes, numa variabilidade química esperada em um ponto de
abastecimento de pulverizadores; c) o parâmetro D foi modificado para Índice de Dose Pontual
(iDp), agregando-se ao parâmetro D, já normalizado, dois novos fatores (NC – número de cargas
e CT – classe toxicológica). Isto permite ao modelo, acrescentar o potencial de risco de derrames,
proporcionado pela repetibilidade da operação de carregamento do pulverizador sempre no
mesmo local, potencializado pelo incremento de riscos resultantes da classe toxicológica do
produto comercial concentrado sendo preparado. Isto resulta em:
iDp = D + ( NCxe − CT )
Mantendo a equação na forma linear, estabeleceu-se a nova conformação:
IRAp = ( P + L + V + TP )iDp e TP = K OW + Rfd + CL50
Os fatores para cada agrotóxico são classificados como potencial baixo (1), médio (2),
alto (3) ou muito alto (4), gerando no final da equação um número inteiro entre 4 e 64, que
representa o nível de risco estimado, conforme a Tabela 1.
Tabela 1. Tabela de classificação de parâmetros humanos, físico-químico e ecotoxicológicos,
para aplicação no Índice de risco Ambiental pontual – IRAp.
Tipo
Nível de
risco
1 = Baixo
2 = Médio
3 = Alto
4 = Muito
alto
<1,33x10-3
Rfd
mg/kg
p.v.
> 0,1
KOW
(adimensional)
<1
1,33x10-3 a
<1,33x10-2
1,33x10-2 a
1,33x10-1
>1,33x10-1
0,1 a >
0,01
0,01 a
0,001
< 0,001
1a<2
P
(dias)
L
(LIX)
V
(Pascal)
< 30
0
30 a
<60
60 a
<90
>90
>0a
0,025
> 0,025
a 0,135
> 0,135
2a<3
>3
< 1,001
CL50
(mg/kg
p.v.)
> 4000
< 1,001
4a8
1,001 a
2
2,001 a
2,999
> 2,999
4000 a > > 3 a 1,001 a
400
6
2
400 a 40 > 6 a 2,001 a
9
2,999
< 40
> 9 > 2,999
9 a 24
D
kg
TP
iDp
3
IRAp
25 a
48
> 48
A seguir, numa planilha de Excel, com banco de dados auxiliar, foi obtido o índice para
cada agrotóxico, variando condições (mesmo produto, mesma dose, número de cargas diferentes;
produto, dose e número de cargas iguais, classe toxicológicas diferentes, dentre outros).
224
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
Resultados e Discussão
O ERI e o IRAp foram comparados ao serem aplicados sobre os produtos listados na
grade de agrotóxicos da PIM, que apresentavam o conjunto de dados necessário para a geração
do índice. Individualmente, utilizando-se a mesma dose e número de cargas, o IRAp obteve
níveis mais críticos em relação ao ERI quando os produtos apresentavam classe toxicológica de
maior risco (1 ou 2), chegando a resultar em 2 níveis de diferença entre os resultados (sempre
mais baixos no ERI). Isto era esperado, pois o novo índice reforça a noção do risco de manuseio
nos pontos de carga, não só pela questão de possíveis casos de intoxicação ao operador, mas pela
introdução de um indicador ligado à probabilidade da ocorrência de derrames acidentais de
produtos comerciais concentrados numa área muito pequena, comparada ao risco representado
pelo produto diluído, em concentração de campo. Com estes índices, o produtor pode decidir
antecipadamente se aplica métodos de prevenção (barreiras físicas, químicas, redução da
toxicidade dos produtos, redução do número de cargas, treinamento, dentre outros), ou tem a
indicação do possível grau de mitigação posterior (se necessária). Além disto, foi avaliado a
facilidade de uso e compreensão do modelo, e o seu uso em planilhas de cálculo (Excel®) e
linguagens facilmente disponíveis (Visual Basic®), implementado no sistema beta do modelo.
Conclusão
O índice de Risco Ambiental pontual reproduziu os resultados esperados durante as
simulações. Apresenta fácil manuseio em planilhas e clareza de resultado, através do índice
numérico direto. É um modelo que pode ser adotado em situações em que não se exige elevado
grau de precisão, servindo como ferramenta de screening para indicação de risco, suporte a
treinamento de operadores e apoio à tomada de decisão por parte do gestor ambiental. Sugere-se
que venha a ser utilizado como ferramenta de apoio ao sistema de gestão ambiental na Produção
Integrada, devendo ser validada para cada sistema previamente.
Referências Bibliográficas
ALISTER, C.; KOOGAN, M. ERI: Environmental Risk Index. A simple proposal to select
agrochemicals for agriculture use. Crop Protection, v. 25, p. 202-211, 2006.
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
225
BILYARD, G. R.; BECKERT, H.; BASCIETTO, J. J.; ABRAHAMS, C. W.; DYER, S. A.;
HASELOW, L. A. Using the data quality objectives process during the design and conduct
of ecological risk assessment. Washington, D. C.: U. S. Department of Energy, 1997. 124 p.
GEBLER, L. Banco de Informações Ambientais e Toxicológicas dos agrotóxicos utilizados
até a safra 2002/2003 na produção integrada de Maçãs no Brasil. Disponível em:
<http://www.cnpuv.embrapa.br/publica/circular/circt48.pdf>. Acesso em: 20 ago. 2007.
SPADOTTO, C. A. Screening Method for Assessing Pesticide Leaching Potential. Pesticidas,
Curitiba, v. 12, p. 69-78, 2002.
SUTTER, G. W. II. Guide for developing conceptual models for ecological risk assessment.
Oak Ridge: Oak Ridge National Laboratory, 1996. 14 p.
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assessment. Washington, D.C.: U.S. Environmental Protection Agency, 1998. 173 p.
WAUCHOPE, R. D.; BUTTLER, T. M.; HORNSBY, A. G.; AUGUSTIJN-BECKERS, P. W.
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226
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
227
Lista de Autores
Abreu, A. C. de ...................
102
Accioly, A. M. A. .................
127
Almeida, G. V. B. ................
169
Almeida, R. P. de ................
186
Almeida, S. J. S. ..................
136,149
Almeida, V. M. R. A. ...........
186
Amorim, S. A. dos S. ...........
117
Andrade, A. P. S. .................
174,180
Araüjo, I. A. de ....................
161
Araujo, J. L. P. .....................
136
Assis, J. S. de .......................
136,149
Azevedo, C. L. L. de ...........
217
Baptista, G. C. de ................
169
Bagdonas, N. F. C. ...............
107
Barreto, A. C. .......................
217
Barrigossi, J. A. ....................
71
Bastos, M. do S. R. ...............
149
Borges, A. C. .......................
102
Borges, A. L. ........................
122,127
Borszowskei, P. R. ...............
112
Brunetto, G. .........................
82
Bueno, S. C. S. ....................
97
Buschinelli, C. C. de A. .......
97
Caixeta, R. P. .......................
202
Calegario, F. F. ................... 92,97,102,107
Carvalho, J. E. B. de .............
217
Castelo Branco, M. ...............
207,212
Coelho, E. F. .........................
127
Coelho Filho, M. A. .............
127
Cordeiro, Z. J. M. .................
122,127
Corsato, C. D. A. ..................
127
Cortada, C. N. M. .................
61
Costa, D. R. ..........................
191
Costa, N. D. .........................
136
Cuquel, F. L. ........................
156
Dias, M. S. C. .......................
127
Elias Jr., J. ............................
51,144
Fancelli, M. ..........................
127
Fernandes, J. M. C. ..............
31,200
Ferreira, D. M. V. .................
127
Ferreira, E. G. .......................
161
Galarça, S. P. .......................
87
Gebler, L. ..............................
Guerra, A. G. ........................
Gutierrez, A. S. D. ................
Haji, F. N. P. .........................
Hammes, V. S. .....................
Hiroi, M. ...............................
Hoffmann, A. ........................
Iwassaki, L. A. .....................
Kowata, L. S. .......................
Lassen, R. S. ........................
Lima, C. S. M. ......................
Lima, M. B. ..........................
Lima, P. A. ...........................
Lima, R. B. de ......................
Lino, J. S. .............................
Liz, R. S. ..............................
Lopes, P. R. C. .....................
Lopes, U. P. .........................
Lorini, I. ................................
Madeira, N. R. ......................
Malgarim, M. B. ...................
Marouelli, W. A. ...................
Martins, J. F. da S. ...............
Maschio, F. ...........................
Matos, A. P. de ....................
Mattos, M. L. T. ....................
May-de-Mio, L. L. ...............
Melo, G. W. .........................
Melo, R. A. de C. e ..............
Menino, I. B. ........................
Monteiro, L. B. .....................
Monteiro, W. B. ...................
Moreira, A. N. .......................
Motta, A. C. V. .....................
Moura, F. ..............................
Moura, M. D. da C. S. ..........
Neto, P. N. S. ........................
Noldin, J. A. ..........................
Nunes, C. D. M. ...................
Oliveira, A. S. .......................
Oliveira, J. E. M. ...................
Oliveira, P. G. de .................
221
161
140
153
92,107
140
39
102
156
165
87
127
149
180
97
207
153
191
200
202
112
212
71,196
25
51,144
71,196
156
82
202
161
156
127
117,131
156
196
117
191
71
196
127
153
102
228
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
Oliveira, S. L. de ..................
Oliveira, V. H. ......................
Pastrello, B. M. C. ................
Pavan, W. .............................
Pereira, J. R. B. ....................
Pereira, M. E. C. ...................
Perez, J. O. ...........................
Pinto, J. M. ............................
Quezado-Duval, A. M. ..........
Ritzinger, C. H. S. P. ............
Rivelles, C. R. ......................
Rodrigues, G. S. ...................
Rodrigues, M. G. V. .............
Rosente, H. ...........................
Rufato, A. R. ........................
Rufato, L. .............................
Sanches, N. F. .......................
Santos, C. A. P. dos .............
Santos, C. C. dos ..................
Santos, V. F. C. dos .............
Scheeren, P. L. ......................
Scivittaro, W. B. ...................
Siebeneichler, S. C. ..............
Silva, E. de O. ......................
Silva, H. R. ...........................
127
174,180
97
31
131
127
117,131
136
207
127
140
97
127
102
87
87
51,144
136,153
117
153
200
196
51,144
174
207,212
Silva, H. T. da ......................
Silva, J. T. A. da ...................
Silva, M. C. da .....................
Silva, M. M. da ....................
Silva, T. A. ...........................
Silveira, S. S. ........................
Simon, G. ..............................
Souza, A. F. ..........................
Souza, L. da S. ......................
Souza, L. F. da S. .................
Souza, R. B. ..........................
Teixeira, F. A. ......................
Thiesen, M. B. ......................
Tibola, C. S. ..........................
Tomaz, Z. F. P. .....................
Trevizan, L. R. P. ..................
Trindade, A. V. .....................
Valdebenito Sanhueza, R. M.
Villas Bôas, G. L. .................
Wolff, C. M. ........................
Zancan, C. ............................
Zambolim, E. M. ..................
Zambolim, L. .......................
Zuge, R. M. ..........................
Yamamoto, P. T. ..................
117
127
217
131
92,107
87
71
191
122,127
51,144
202,212
51,144
165
200
87
169
127
17,31,39,77
207,212
77
45
191
191
61
25

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