Universidade Estadual Paulista CURVAS DE CALIBRAÇÃO PARA
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Universidade Estadual Paulista CURVAS DE CALIBRAÇÃO PARA
Curvas de Calibração para Análise Quantitativa de Fases de Zircônias Página 1/18 Universidade Estadual Paulista Instituto de Química Campus de Araraquara CURVAS DE CALIBRAÇÃO PARA ANÁLISE QUANTITATIVA DE FASES DE ZIRCÔNIAS Rodrigo Putvinskis [email protected] Carlos de Oliveira Paiva Santos [email protected] Depto. de F ísico-Química Copyright: Laboratório Computacional de Análises Cristalografias e Cristalinas – LabCACC. Araraquara – 2003 Publicação LabCACC #3. Julho de 2003 Curvas de Calibração para Análise Quantitativa de Fases de Zircônias Página 2/18 Nesse trabalho são apresentadas curvas de calibração para análises quantitativa de fases monoclínica, tetragonal e cúbica da zircônia. Abaixo estão os difratogramas dessas três fases, simulados com radiação kα do cobre. Figura 1: Padrão de difração de raios X do ZrO 2 cúbico. Figura 2: Padrão de difração de raios X do ZrO 2 tetragonal. Publicação LabCACC #3. Julho de 2003 Curvas de Calibração para Análise Quantitativa de Fases de Zircônias Página 3/18 Figura 3: Padrão de difraçã o de raios X do ZrO 2 monoclínico. Nas figuras 2 e 3 acima, observa-se picos distintos (sem superposição) somente a ângulos 2θ menores que 80°. Comparando-se os três difratogramas vê-se que no da fase monoclínica há uma maior quantidade de picos em relação aos difratogramas das fases tetragonal e cúbica. Assim, devemos considerar difratogramas abaixo dessa região para uma análise quantitativa de fases, uma vez que precisaremos determinar, sem ambig üidade, a área de cada pico. Curva de Calibração para as Fases Tetragonal e Cúbica do ZrO 2 A seguir (Figura 4) est á representado o difratograma do ZrO 2 para as fases tetragonal e cúbica da zircônia. Publicação LabCACC #3. Julho de 2003 Curvas de Calibração para Análise Quantitativa de Fases de Zircônias Página 4/18 Figura 4: Gráfico de Rietveld do ZrO2 tetragonal/cúbica. Essas duas fases apresentam uma severa superposição de picos, sendo que apenas em algumas regiões observa-se a distinção entre eles. A região entre 62 à 65° (2?) possui uma distinção maior entre os picos de cada fase, por este motivo ela foi utilizada para realizar os cálculos para traçar a curva de calibração. A figura 5 mostra de forma ampliada a n ão superposição de picos nesta região. Publicação LabCACC #3. Julho de 2003 Curvas de Calibração para Análise Quantitativa de Fases de Zircônias Página 5/18 Cúbica 2500 Intensidade relativa 2000 1500 Tetragonal 1000 500 0 -500 62,0 62,5 63,0 63,5 64,0 64,5 65,0 2 θ (graus) Figura 5: Região ampliada da distinção entre os picos das fases tetragonal e c úbica do ZrO2. São mostrados os picos (202) da fase tetragonal e (222) da fase cúbica. Esse difratograma corresponde ao de uma amostra com 78% em massa de fase c úbica e 22% em massa de fase tetragonal. Nas figuras 6,7,8,9,10, temos os difratogramas simulados de amostras com as seguintes proporções em massa das fases tetragonal:cúbica: 10:90, 30:70, 50:50, 70:30, 90:10, respectivamente. Dos difratogramas simulados, foram calculadas as áreas (intensidades integradas) dos dois picos de cada fase. Os valores destas áreas são encontrados na tabela 1. A razão entre cada fase é calculada pela seguinte equação: Razão entre as áreas em relação a fase tetragonal = 100% ⋅ Publicação LabCACC #3. Julho de 2003 A tetra A tetra + A cubica Curvas de Calibração para Análise Quantitativa de Fases de Zircônias Página 6/18 Tetragonal 5000 intensidade relativa 4000 3000 2000 1000 Cúbica 0 62,0 62,5 63,0 63,5 64,0 64,5 65,0 2 θ (graus) Figura 6: Difratograma simulado do ZrO2 tetragonal:cúbica.na proporção 90:10, respectivamente 3500 Tetragonal 3000 Intensidade relativa 2500 2000 1500 Cúbica 1000 500 0 -500 62,0 62,5 63,0 63,5 64,0 64,5 65,0 2θ (graus) Figura 7: Difratograma simulado do ZrO2 tetragonal:cúbica.na proporção 70:30, respectivamente Publicação LabCACC #3. Julho de 2003 Curvas de Calibração para Análise Quantitativa de Fases de Zircônias Página 7/18 Tetragonal 2000 Intensidade Relativa Cúbica 1000 0 62,0 62,5 63,0 63,5 64,0 64,5 65,0 2θ / graus Figura 8: Difratograma simulado do ZrO2 tetragonal/cúbica.na proporção 50:50, respectivamente 2000 Cúbica Intensidade Relativa 1500 Tetragonal 1000 500 0 62,0 62,5 63,0 63,5 64,0 64,5 65,0 2θ / graus Figura 9: Difratograma simulado do ZrO2 tetragonal/cúbica.na proporção 30:70, respectivamente Publicação LabCACC #3. Julho de 2003 Curvas de Calibração para Análise Quantitativa de Fases de Zircônias Página 8/18 7000 Cúbica 6000 Intensidade Relativa 5000 4000 3000 2000 Tetragonal 1000 0 -1000 62,0 62,5 63,0 63,5 64,0 64,5 65,0 2θ / graus Figura 10: Difratograma simulado do ZrO 2 tetragonal/c úbica.na proporçã o 10:90, respectivamente Os difratograma simulados de fases da ZrO 2 tetragonal/cúbica foram realizados no programa GSAS. Variado o fator de escala de cada fase foi possível simular os difratogramas com as proporções de fases desejadas. Tabela 1: Cálculos das áreas e das razões entre intensidades dos picos das fases tetragonal e cúbica da zircônia, nas proporções desejadas. Atetra/ Acubica/ Porcentagem Porcentagem Área Área (A tetra+A cubica) (A tetra+A cubica) da fase da fase do pico do pico Tetragonal (%) Cúbica(%) (202) da fase Tetragonal (222) da fase Cúbica (x100) (x100) 10 90 459,43 3022,14 13,2 86,8 30 70 425,44 789,36 35,1 64,9 50 50 834,78 653,73 56,1 43,9 70 30 1444,57 485,82 74,8 25,2 90 10 2091,45 227,87 92,4 7,6 : Com os dados da Tabela 1 foram plotados dois gráficos (Figura 11 e 12), um Publicação LabCACC #3. Julho de 2003 Curvas de Calibração para Análise Quantitativa de Fases de Zircônias Página 9/18 de razão entra a área relativa para o pico (202) da fase tetragonal versus porcentagem da fase tetragonal e outro de razão entre a área relativa do pico (222) da fase cúbica versus porcentagem da fase cúbica. Esses dois gráficos representam duas curvas de calibração. A necessidade da construção dessas curvas é que durante a análise de uma amostra desconhecida que contenha essas duas fases ZrO2, com dados de DRX pode-se calcular a intensidade relativa de cada pico, e atrav és da curva de calibração determinar a porcentagem relativa dessas fases (tetragonal e/ou cúbica) ZrO 2 presentes na amostra. 100 (Atetra/(Atetra+Acubica)) (x100) 80 60 40 20 0 0 20 40 60 80 % da fase tetragonal Figura 11: Curva de calibração referente à fase tetragonal do ZrO2 Publicação LabCACC #3. Julho de 2003 100 Curvas de Calibração para Análise Quantitativa de Fases de Zircônias Página 10/18 100 (Acubica/(Atetra+Acubica)) (x100) 80 60 40 20 0 0 20 40 60 80 100 % da fase cúbica Figura 12: Curva de calibração referente à fase c úbica do ZrO2 Curva de Calibração para as Fases Tetragonal e Monoclínica do ZrO2 A seguir (Figura 13) está representado o difratograma do ZrO2 para as fases (tetragonal e monoclínica). A estratégia utilizada nas simula ções dessas fases do ZrO 2 foram semelhantes ao do caso anterior: entre 20 e 100° (2?), ?2? = 0,05, radia ção de cobre (?ka1 ° ° = 1,5405 A ; ?ka2 = 1,5433 A ; Ik a2 / Ika1 = 0,5), A função de perfil utilizada foi a pseudoVoigt. Publicação LabCACC #3. Julho de 2003 Curvas de Calibração para Análise Quantitativa de Fases de Zircônias Página 11/18 Figura 13: Gráfico de Rietveld do ZrO2 tetragonal/c úbica. Essas duas fases também apresentam grande superposição de picos, sendo que apenas em algumas regiões observam-se as distin ções entre estas duas fases. A região entre 27 à 31,5° (2?) possui uma distinção maior entre os picos de cada fase, por este motivo esta região foi utilizada para construir a curva de calibração. A Figura 14 mostra de forma ampliada como estão dispostos os dois picos nesta região. 20000 Tetragonal Intensidade relativa 15000 10000 Monoclínica 5000 0 27,0 27,5 28,0 28,5 29,0 29,5 2θ / graus Publicação LabCACC #3. Julho de 2003 30,0 30,5 31,0 31,5 Curvas de Calibração para Análise Quantitativa de Fases de Zircônias Página 12/18 Figura 14: Região ampliada da distinção entre os picos da fases tetragonal e cúbica do ZrO2 . São mostrados os picos (101) da fase tetragonal e (11 -1) da fase monoclínica. Esse difratograma corresponde ao de uma amostra com 67% em massa de fase monocl ínica e 33% em massa de fase tetragonal. Nas figuras 15,16,17,18,19, temos os difratogramas simulados de amostras com as seguintes proporções em massa das fases tetragonal:monoclínica: 10:90, 30:70, 50:50, 70:30, 90:10, respectivamente. Dos difratogramas simulados, foram calculadas as áreas (intensidades integradas) dos dois picos de cada fase. Os valores destas áreas são encontrados na tabela 2. A razão entre cada fase é calculada pela seguinte equação: Razão entre as áreas em relação a fase tetragonal = 100% ⋅ 12000 A tetra A tetra + A mono Monoclínica Intensidade relativa 10000 8000 Tetragonal 6000 4000 2000 0 27,0 27,5 28,0 28,5 29,0 29,5 30,0 30,5 31,0 31,5 2θ / graus Figura 15: Difratograma simulado do ZrO 2 tetragonal/monocl ínica.na proporção 10:90, respectivamente Publicação LabCACC #3. Julho de 2003 Curvas de Calibração para Análise Quantitativa de Fases de Zircônias 14000 Página 13/18 Tetragonal 12000 Intensidade relativa 10000 8000 Monoclínica 6000 4000 2000 0 -2000 27,0 27,5 28,0 28,5 29,0 29,5 30,0 30,5 31,0 31,5 2θ / graus Figura 16: Difratograma simulado do ZrO 2 tetragonal/c úbica.na proporçã o 30:70, respectivamente Intensidade relativa 20000 Tetragonal 15000 10000 5000 Monoclínica 0 27,0 27,5 28,0 28,5 29,0 29,5 30,0 30,5 31,0 31,5 2θ (graus) Figura 17: Difratograma simulado do ZrO 2 tetragonal/monocl ínica.na propor ção 50:50 respectivamente Publicação LabCACC #3. Julho de 2003 Curvas de Calibração para Análise Quantitativa de Fases de Zircônias Página 14/18 Tetragonal 35000 30000 Intensidade relativa 25000 20000 15000 10000 5000 Monoclínica 0 -5000 27,0 27,5 28,0 28,5 29,0 29,5 30,0 30,5 31,0 31,5 2θ / graus Figura 18: Difratograma simulado do ZrO 2 tetragonal/monocl ínica.na proporção 70:30, respectivamente 60000 Tetragonal Intensidade relativa 50000 40000 30000 20000 10000 Monoclínica 0 27,0 27,5 28,0 28,5 29,0 29,5 30,0 30,5 31,0 31,5 2θ / graus Figura 19: Difratograma simulado do ZrO 2 tetragonal/monocl ínica.na proporção 90:10, respectivamente Os difratograma simulados de fases da ZrO 2 tetragonal/monoclínica foram realizados no programa GSAS, na qual com a varia ção do fator de escala de cada fase Publicação LabCACC #3. Julho de 2003 Curvas de Calibração para Análise Quantitativa de Fases de Zircônias Página 15/18 obtiveram -se as proporções entre as fases desejadas. Tabela 2: Cálculos das áreas e das razões entre intensidades dos picos das fases tetragonal e cúbica da zircônia, nas proporções desejadas. Atetra/ Amono / Porcentagem Porcentagem Área Área da fase da fase do pico do pico (11- (A tetra+A mono ) (A tetra+A mono ) Tetragonal (%) Monoclínica (%) (101) da fase Tetragonal 1) da fase monoclínica (x100) (x100) 10 90 7757,48 2985,94 72,2 27,8 30 70 5673,91 1877,79 79,1 20,9 50 50 8064,28 1190,71 87,1 12,9 70 30 14920,42 966,375 93,9 6,1 90 10 23087,77 336,00 99,5 0,5 Com os dados da Tabela 2 foram plotados dois gráficos (Figura 20 e 21), um de razão entra a área relativa para o pico (101) da fase tetragonal versus porcentagem da fase tetragonal e outro de razão entre a área relativa do pico (11-1) da fase monoclínica versus porcentagem da fase monoclínica. Esses dois gráficos representam duas curvas de calibração. A necessidade da construção dessas curvas é que durante a análise de uma amostra desconhecida que contenha essas duas fases ZrO2 , com dados de DRX pode-se calcular a intensidade relativa de cada pico, e através da curva de calibração determinar a porcentagem relativa dessas fases (tetragonal e/ou monoclínica) ZrO2 presentes na amostra. . Publicação LabCACC #3. Julho de 2003 Curvas de Calibração para Análise Quantitativa de Fases de Zircônias Página 16/18 100 (Atetra/(Atetra+Amono)) x100 95 90 85 80 75 70 0 20 40 60 80 100 % de fase tetragonal Figura 20: Curva de calibração referente à fase tetragonal do ZrO2 30 (Amono/(Atetra+Amono)) x100 25 20 15 10 5 0 -5 0 20 40 60 % de fase monoclínica Publicação LabCACC #3. Julho de 2003 80 100 Curvas de Calibração para Análise Quantitativa de Fases de Zircônias Página 17/18 Figura 21: Curva de calibração referente à fase monocl ínica do ZrO2 V. – Conclusão As curvas de calibração plotadas através das regiões dos difratogramas onde não ocorria superposição das fases tetragonal/cúbica e tetragonal/monoclínica do ZrO 2 possuem uma certa linearidade, isto comprova que a intensidade relativa indicada no difratograma pela presente fase é proporcional à porcentagem desta mesma fase na amostra. Referências Bibliográficas: 1. CHARNET, Reinaldo; FREIRE Clarice A. L.; CHARNET, Eugênia M. R.; BONVINO, Heloisa. Análise de Modelos de Regressão Linear com aplicações. Campinas-SP: Editora da Unicamp, 1999. 2. HOWARD, C.J., HILL, R.J., and REICHERT, B.E., Structures of the ZrO2 Polymorphs at Room Temperature by High -Resolution Neutron Powder Diffraction, Acta Crystallogr., B44, 116 -20 (1988). 3. 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