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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
PROGRAMA DE DOUTORADO INTEGRADO EM ZOOTECNIA
PALMA FORRAGEIRA (Opuntia ficus-indica Mill) NA
ALIMENTAÇÃO DE SUÍNOS EM FASE DE TERMINAÇÃO
GILSON MENDES ARAÚJO
AREIA – PB
FEVEREIRO - 2014
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
PROGRAMA DE DOUTORADO INTEGRADO EM
ZOOTECNIA
PALMA FORRAGEIRA (Opuntia ficus-indica Mill) NA
ALIMENTAÇÃO DE SUÍNOS EM FASE DE TERMINAÇÃO
GILSON MENDES ARAÚJO
Mestre em Zootecnia
AREIA – PB
FEVEREIRO – 2014
ii
GILSON MENDES ARAÚJO
PALMA FORRAGEIRA (Opuntia ficus-indica Mill) NA
ALIMENTAÇÃO DE SUÍNOS EM FASE DE TERMINAÇÃO
Tese apresentada ao Programa de
Doutorado Integrado em Zootecnia,
da Universidade Federal da Paraíba,
Universidade Federal Rural de Pernambuco e Universidade Federal do
Ceará, como requisito parcial para obtenção do título de Doutor em Zootecnia.
Área de concentração: Nutrição e
Produção Animal.
Comitê de Orientação:
Profª. Drª. Patrícia Emilia Naves Givisiez
Profª. Drª. Terezinha Domiciano Dantas Martins
Prof. Dr. Leonardo Augusto Fonseca Pascoal
AREIA - PB
FEVEREIRO – 2014
iii
Ficha Catalográfica Elaborada na Seção de Processos Técnicos da
Biblioteca Setorial do CCA, UFPB, Campus II, Areia – PB.
A659p
Araújo, Gilson Mendes.
Palma forrageira (Opuntia fícus-indica Mill) na alimentação de suínos
em fase de terminação / Gilson Mendes Araújo. - Areia: UFPB/CCA 2014.
132 f.: il.
Tese (Doutorado em Zootecnia) - Centro de Ciências Agrárias. Universidade Federal da Paraíba, Areia, 2014.
Bibliografia.
Orientadora: Patrícia Emília Náves Givisiez.
1.
UFPB/CCA
Palma forrageira – Alimentação alternativa 2. Farelo
de palma – Alimentação de suínos 3. Silagem de palma
– Alimentação de suínos 4. Opuntia fícus-indica I. Costa, Fernando Guilherme Perazzo (Orientador) II. Título.
CDU: 636.085(043.3)
iv
v
BIOGRAFIA DO AUTOR
GILSON MENDES ARAÚJO nasceu em Jaciara – MT, filho de Nilza Mendes Araújo e
Genival Nunes Araújo. Cursou o Ensino Médio e Técnico em Agropecuária na Escola
Municipal Rural Produtiva Ranchão, localizada no município de Nova Mutum – MT,
no período de 1996 a 1999. Obteve o diploma de Técnico em Agropecuária em
Dezembro de 1999. Entre os anos de 2000 a 2002, atuou como Técnico em
Agropecuária na empresa Bunge Alimentos na cidade de Campo Verde – MT, e na
Empresa Matogrossense de Pesquisa e Extensão Rual (EMPAER-MT) no município de
Nova Brasilândia-MT, assumindo a chefia do Escritório local. Em Maio de 2002
ingressou no curso de Bacharel em Zootecnia fazendo parte da primeira turma que
ingressou na Universidade Federal de Mato Grosso, Campus de Rondonópolis – MT.
No período de Graduação participou de vários eventos técnicos, foi fundador do Centro
Acadêmico de Zootecnia e presidiu o Diretório Central dos Estudantes nos anos de 2003
a 2004. Em Junho de 2006 obteve o título de Bacharel em Zootecnia. Em Março de
2007 ingressou no curso de Mestrado em Ciência Animal da Universidade Federal de
Mato Grosso, Campus de Cuiabá – MT, sendo bolsista de pesquisa da Fundação de
Amparo a Pesquisa do Estado de Mato Grosso (FAPEMAT). Em Março de 2009,
defendeu a dissertação intitulada “Variações Aniônicas e Catiônica da Ração sobre as
Características Ósseas de Frangos de Corte” obtendo o título de Mestre em Ciência
Animal. No Período de Maio de 2009 a Fevereiro de 2010 atuou como Zootecnista na
Secretaria Municipal de Agricultura de Rondonópolis – MT, prestando assistência
técnica aos pequenos produtores e elaborando projetos de fomento da agricultura
familiar. No mês de Março de 2010 ingressou no Curso de Doutorado em Zootecnia, do
Programa de Doutorado Integrado em Zootecnia (PDIZ) da Universidade Federal da
Paraíba, Universidade Federal Rural de Pernambuco e Universidade Federal do Ceará,
onde desenvolveu sua pesquisa em Nutrição de Não-Ruminantes. Foi bolsista de
Doutorado CAPES e teve sua pesquisa de tese financiada pelo CNPQ. Em Julho de
2013 ingressou no Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN) como professor
substituto no curso Técnico em Zootecnia, lecionando as disciplinas de Apicultura,
Aquicultura, avicultura/suinocultura e Noções de Melhoramento Genético Animal.
vi
Epígrafe
“O trabalho é a fonte de toda riqueza, afirmam os economistas. Assim
é, com efeito, ao lado da natureza, encarregada de fornecer os
materiais que ele converte em riqueza. O trabalho, porém, é
muitíssimo mais do que isso. É a condição básica e fundamental de
toda vida humana. Em tal grau que, até certo ponto, podemos afirmar
que o trabalho criou o próprio homem” .
(Engels, F. Sobre o Papel do Trabalho na Transformação do Macaco em Homem).
Análise do orgulho - eu fiz isso, diz minha memória. Eu não posso ter feito isso,
diz meu orgulho, que permanece inflexível. Finalmente a memória se submete.
(Friedrich Nietzche)
vii
DEDICO
A minha Mãe Nilza Mendes Araújo e meu Pai Genival Nunes Araújo (in memoriam). A
Maria Luiza, minha amada filha em gestação. Minha companheira nessa jornada e mãe
de minha filha Angélica Soares. Meus irmãos, Genilson, Cleiton, Gislâine, Gisele,
Geisiany, Gilberto e Gedielson. Meus amigos e camaradas Ronivalter de Sousa, Paulo
Divino da Cruz, João Henrique Rosa, Luiz Gustavo.
viii
AGRADECIMENTOS
Ao meu país por possuir uma rede pública de ensino que é sinônimo de qualidade
e mobilização social.
Ao Programa de Doutorado Integrado em Zootecnia por me aceitar como discente, e à coordenação do PDIZ/CCA que sempre esteve à disposição dos discentes.
À Universidade Federal da Paraíba e ao Campus de Ciências Humanas Sociais e
Agrárias, por proporcionar condições de realização dos experimentos.
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico Tecnológico (CNPq) e ao
Instituto Nacional do Semiárido, por financiarem essa pesquisa.
A minha primeira orientadora professora Drª. Terezinha Domiciano Dantas Martins, por aceitar-me em sua orientação e proporcionar todas as condições para realização
dessa pesquisa, sendo também um exemplo de profissional dedicada, sincera e determinada.
A minha segunda orientadora professora Drª. Patrícia Emilia Naves Givisiez, que
também me conduziu nessa reta final de orientação, dando contribuição essencial na
elaboração da Tese, e por ser exemplo de paciência, determinação e sabedoria.
Ao Co-orientador professor Dr. Leonardo Augusto F. Pascoal, pela contribuição
na elaboração das pesquisas.
Ao Dr. José Humberto Vilar da Silva e sua equipe de avicultura por se colocarem
sempre a disposição, contribuindo com as pesquisas do setor de suínos.
Ao Professor Dr. Ricardo Romão Guerra e sua equipe de laboratório por contribuir com a execução dessa pesquisa.
Aos Professores Dr. Pedro Watanabe, Dr. Jorge Ludke, Dr. Edilson Saraiva, Dr.
Ricardo R. Guerra, que participaram da banca de qualificação.
Aos Participantes da banca de defesa Professora Drª. Janete Gouveia, Professores
Dr. Wilson Moreira, Dr. José Jordão Filho, Dr. Ricardo Romão Guerra.
Aos discentes do setor de suíno do CCHSA/Bananeiras – PB, Aparecida Costa
Oliveira, Elton Roger, Rodrigo Silva, Naijany Pacheco, Dayanna Medeiros, Izaque Salviano, Givanildo Jacinto, Valquíria Cardoso, Silvia Helena, Taisa Ferreira, Alex Ferreira, Alex Marques, João Paulo, Walter Francisco, Welinton, Renata Cândida, Edjane
Soares, Albanira Duarte.
Aos funcionários do setor de suíno e do abatedouro CCHSA/Bananeiras, José,
Ivanildo, Bruno, Jair, Alfredo, Rinaldo e Sandra.
ix
Agradeço em especial a Dona Josefa Soares (Tetê) e sua família, Angélica Soares, Angelina Figueiredo e Cleber Moura, Danila Lopes, Danilo Soares, Ana Caroline,
que me receberam em sua família, me apoiaram nos momentos difíceis e me deram uma
família na Região Nordeste.
Aos amigos que fiz nos quatro anos de CCA/UFPB, Rafael Barbosa, Diana Mizael, Danilo Vargas, Aparecida Costa e Thiago José, Elton Roger, Cidinei Trajano, Sarah
Pinheiro, Francisco Helton, Rodrigo Barbosa, Sérgio Morais, Alexandre Pai, Emanuel
Boi.
Ao Instituto Federal do Rio Grande do Norte e seus professores e funcionários,
por apoiar a finalização da Tese.
Aos novos amigos que realizei em Apodi-RN, Cléia Macedo, Galba Falcão,
Ivicson, Renato Alencar, Luanna Alves, Francisco Maia, Faviano Ricelli,
Leila,
Dayana e demais professores, que me apoiaram e incentivaram.
Aos funcionários Graça Medeiros (Secretária), Jacilene (Técnica), Carmen e
Damião (Auxiliar de serviços), pela serventia e amizade.
A TODOS VOCÊS MEUS SINCEROS AGRADECIMENTOS.
x
SUMÁRIO
LISTA DE TABELAS ......................................................................................... xiii
LISTA DE TABELAS ......................................................................................... xiv
LISTA DE TABELAS .......................................................................................... xv
LISTA DE FIGURAS .......................................................................................... xvi
CAPÍTULO I. Referencial Teórico ......................................................................... 2
Alimentos Alternativos ....................................................................................... 2
A Palma Forrageira ............................................................................................ 5
Características Nutricionais da Palma Forrageira .............................................. 9
Aminoácidos Presentes nos Cladódios ..................................................... 10
Vitaminas .................................................................................................. 12
Mucilagem e Pectina ................................................................................. 12
Compostos Fenólicos ................................................................................ 13
Farelo de Palma Forrageira ....................................................................... 14
Silagem de Palma Forrageira .................................................................... 15
Uso da Palma Forrageira na Alimentação de Suínos ....................................... 16
Fibra na Alimentação de Suínos ....................................................................... 18
Efeitos Fisiológicos e Comportamentais do Uso das Fibras Dietéticas ........... 20
Referências bibiográficas .................................................................................. 25
CAPÍTULO II. Farelo de palma forrageira (Opuntia ficus-indica Mill) na
alimentação de suínos em fase de terminação ................................................................ 38
Resumo.............................................................................................................. 39
Abstract ............................................................................................................. 40
Introdução ......................................................................................................... 41
Material e Métodos ........................................................................................... 43
Resultados e Discussão ..................................................................................... 51
Conclusões ........................................................................................................ 64
Referências ........................................................................................................ 65
xi
CAPÍTULO III . Silagem de palma forrageira (Opuntia ficus-indica Mill) na
alimentação de suínos em fase de terminação associada à restrição quantitativa da ração
balanceada ...................................................................................................................... 73
Resumo.............................................................................................................. 74
Abstract ............................................................................................................. 75
Introdução ......................................................................................................... 76
Metodologia ...................................................................................................... 78
Resultados e Discussão ..................................................................................... 88
Conclusões ...................................................................................................... 104
Referências ..................................................................................................... 105
xii
LISTA DE TABELAS
CAPÍTULO I
Tabela 1. Concentração média de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), extrato etéreo
(EE), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA),
carboidratos torais (CHT), carboidratos não fibrosos (CNF), matéria mineral
(MM), cálcio (Ca), potássio (K), fósforo (P), sódio (Na), magnésio (Mg),
ferro (Fe), zinco (Zn) e manganês (Mn) de acordo com a variedade de palma
forrageira ....................................................................................................... 10
Tabela 2. Composição aminoacídica da proteína da palma forrageira Opuntia fícusindica Mill (cv Redonda) de acordo com o estágio de maturação (g/100g de
proteína) ......................................................................................................... 11
Tabela 3. Valores típicos de polissacarídeos e lignina contidos nos alimento para
animais (g/kg de matéria seca) ....................................................................... 20
xiii
LISTA DE TABELAS
CAPÍTULO II
Tabela 1. Composição percentual e níveis nutricionais das rações experimentais
contendo níveis de inclusão de farelo de palma forrageira (FPF).................. 47
Tabela 2 . Valores de nutrientes totais digestíveis e coeficiente de metabolizabilidade do
farelo de palma forrageira com base na matéria seca. ................................... 51
Tabela 3. Efeitos dos níveis de inclusão do farelo da palma forrageira (FPF), sobre o
consumo de ração (CR), ganho de peso (GP), ganho de peso diário (GPD) e
conversão alimentar (CA) .............................................................................. 54
Tabela 4. Efeito dos níveis de inclusão do farelo de palma forrageira (FPF) sobre o peso
final (PF), peso da carcaça quente (PCQ), peso da carcaça fria (PCF), perda
de peso no resfriamento (PRF), rendimento de carcaça (RC), comprimento da
carcaça (CC), espessura de toucinho (ET), rendimento de carne fria (RCF) e
quantidade de carne na carcaça (QCar).......................................................... 56
Tabela 5. Rendimento dos principais cortes cárneos de suínos alimentados com
diferentes níveis de inclusão do farelo de palma forrageira (FPF) ................ 59
Tabela 6. Efeito da inclusão do farelo de palma forrageira sobre o peso do estômago,
intestino delgado (ID), comprimento do intestino delgado (CP ID), cólon,
ceco, fígado, coração, rins, pâncreas e baço .................................................. 60
Tabela 7. Concentração dos ácidos graxos de cadeia curta no conteúdo cecal dos suínos
alimentados com farelo de palma forrageira .................................................. 62
Tabela 8. Peso inicial (kg), peso final (kg), custo de ração (CR1, R$/kg), custo em ração
por quilograma de peso vivo ganho (CR2), índice de eficiência econômica
(IEE) e índice de custo (IC) de suínos alimentados com dietas contendo
diferentes níveis de inclusão de farelo de palma forrageira (FPF) ................ 63
xiv
LISTA DE TABELAS
CAPÍTULO III
Tabela 1. Composição percentual e níveis nutricionais da ração .................................... 82
Tabela 2. Valores de nutrientes totais e digestíveis, coeficiente de metabolizabilidade e
concentração dos ácidos graxos de cadeia curta da silagem de palma
forrageira ........................................................................................................ 89
Tabela 3. Efeito dos níveis de restrição alimentar sobre, consumo de ração (CR, g/dia),
ganho de peso (GP, g/total), ganho de peso diário (GPD, g), conversão
alimentar (CA, g:g) e consumo de silagem total (CSL, g) ............................. 92
Tabela 4. Efeito dos níveis de restrição alimentar + silagem de palma forrageira (SPF),
sobre o peso final (PF), rendimento de carcaça (RC), peso da carcaça quente
(PCQ), peso da carcaça fria (PCF), perda de peso no resfriamento (PRF),
comprimento da carcaça (CPC), rendimentos de cortes (R), espessura de
toucinho (ET), rendimento de carne fria (RCF) e a quantidade de carne na
carcaça (QCar) ................................................................................................ 94
Tabela 5. Efeito dos níveis de restrição alimentar + silagem de palma forrageira (SPF),
sobre o peso do estômago cheio e vazio, intestino delgado (ID), cólon, ceco,
fígado, coração, rins, pâncreas, baço e comprimento do intestino delgado ... 97
Tabela 6. Efeito dos níveis de restrição associado ao fornecimento de silagem de palma
forrageira (SPF) sobre o pH e conteúdo dos ácidos graxo de cadeia curta .... 98
Tabela 7. Efeito da restrição alimentar associado a silagem de palma forrageira (SPF)
sobes os parâmetros bioquímicos de suínos antes e após o jejum .................. 99
Tabela 8. Espessura de mucosa de duodeno e depósito de glicogênio hepático de suínos
recebendo níveis de restrição alimentar + silagem de palma forrageira (SPF)
...................................................................................................................... 101
Tabela 9. Peso inicial, peso final, custo de ração (CR1, R$/kg), custo em ração por
quilograma de peso vivo ganho (CR2), índice de eficiência econômica (IEE)
e índice de custo (IC) de suínos alimentados com dietas com diferentes níveis
de restrição mais silagem de palma forrageira (SPF) ................................... 104
xv
LISTA DE FIGURAS
CAPÍTULO III
Figura 1. Fotomicrografias de duodeno de suínos submetidos a diferentes níveis de
restrição e fornecimento de silagem de palma forrageira. ............................ 103
Figura 2. Fotomicrografia de duodeno de suíno representando dieta com restrição
alimentar de 20 e 30% com inclusão de palma na dieta.. ............................. 103
xvi
Palma forrageira (Opuntia ficus-indica Mill) na alimentação de suínos
em fase de terminação
RESUMO GERAL
Foram realizados quatro experimentos, sendo dois de digestibilidade e dois de
desempenho, objetivando avaliar a utilização da palma forrageira (Opuntia ficus-indica
Mill) processada na forma de farelo e silagem na alimentação de suínos em fase de
terminação. Nos experimentos de digestibilidade, determinaram-se os valores de
energia, bem como os nutrientes totais, digestíveis e os coeficientes de
metabolizabilidade do farelo e silagem de palma forrageira. Na avaliação do farelo de
palma forrageira (FPF), o desempenho foi testado utilizando dietas com níveis
crescentes de inclusão de FPF de: 0, 5, 10 e 15%. Na avaliação da silagem de palma
forrageira (SPF) o desempenho foi avaliado utilizando níveis crescentes de restrição
quantitativa da ração (0, 10, 20 e 30%), mais o fornecimento de SPF de forma ad
libitum. O FPF apresenta EB 3.267,55 kcal/kg, ED 1000,80 kcal/kg, e EMAn 1012,59
kcal/kg. As variáveis de desempenho, características da carcaça, peso e comprimento
dos órgãos, concentração dos ácidos graxos de cadeia curta e a viabilidade econômica
da dieta não foram influenciadas pela inclusão do FPF. A SPF apresenta EB 3.613,81
kcal/kg, ED 2.463,59 kcal/kg e EMAn 2.456,92 kcal/kg. Os níveis de restrição
alimentar associados ao fornecimento da SPF influenciaram negativamente (P<0,05) as
variáveis consumo de ração, ganho de peso e peso final, porém não influenciaram a
conversão alimentar. O consumo da SPF aumentou linearmente (P<0,01) à medida que
se restringiu a ração balanceada. O rendimento de carcaça e cortes, bem como a
quantidade de carne na carcaça não foram influenciados (P>0,05) pelos níveis de
restrição alimentar + SPF. Houve redução da espessura de mucosa do duodeno,
diminuição das glândulas intestinais, acúmulo de tecido adiposo na submucosa,
diminuição do acúmulo de glicogênio hepático e aparecimento de processo inflamatório
na submucosa e mucosa intestinal, com aumento da restrição alimentar. O farelo da
palma forrageira apresenta para suínos na fase de terminação 1/3 da energia
metabolizável do milho e pode ser incluído na dieta de suínos na fase de terminação em
xvii
até 15%. A silagem de palma forrageira não possui boa aceitação pelos animais. A
restrição de até 30% da ração balanceada não prejudica a conversão alimentar,
rendimentos da carcaça e cortes e a viabilidade econômica, contudo, níveis acima de
10% comprometem a saúde intestinal, o que prejudica a absorção intestinal e a
conversão alimentar.
Palavras chave: alimento alternativo, cactos, conservação de alimentos, desempenho
zootécnico, nopal
xviii
Cactus pear (Opuntia ficus-indica Mill) in feed for pigs in phase of
termination
GENERAL ABSTRACT
Four experiments were conducted, two digestibility and two performance experiments
to evaluate the use of forage cactus (Opuntia ficus-indica Mill) processed as meal and
silage on finishing pigs feeding. The energy values, the total and digestible nutrients and
metabolizable coefficients of forage cactus meal and forage cactus silage were
determined in digestibility experiments. In the evaluation of forage cactus meal, the
performance was evaluated using diets with increasing levels of inclusion of forage
cactus meal (0, 5, 10 and 15%). In the evaluation of forage cactus silage, the
performance was evaluated using increasing levels of quantitative restriction of feed (0,
10, 20 and 30%) plus the supply of forage cactus silage in ad libitum manner. The
forage cactus meal contains gross energy (GE) 3,267.55 kcal/kg, digestible energy (DE)
1,000.80 kcal/kg and apparent metabolizable energy (AMEn) 1012.59 kcal/kg.
Performance variables, carcass characteristics, weight and length of the organs, short
chain fatty acids concentration and economic viability of the diet were not influenced by
the inclusion of forage cactus meal. The forage cactus silage contains GE 3,613.81
kcal/kg, DE 2,463.59 kcal/kg and AMEn 2,456.92 kcal/kg. The levels of food
restriction associated to the supply of forage cactus silage, negatively influenced
(P<0.05) on feed intake, weight gain and final body weight, but did not influence feed
conversion. The forage cactus silage intake increased linearly (P<0.01) as the balanced
diet was restricted. The carcass yield and cuts and the amount of meat in the carcass
weren’t affected (P>0.05) by food restriction plus forage cactus silage. When feed
restriction was increased, there was a reduction of the duodenum mucosa thickness, a
decrease of intestinal glands, an accumulation of adipose tissue in the submucosa, a
decrease in the accumulation of hepatic glycogen and the appearance of inflammation in
the intestinal submucosa and mucosa. The forage cactus meal contains, for finishing
pigs, 1/3 of metabolizable energy from corn and can be included in the diet for finishing
pigs by up to 15%. The forage cactus silage doesn’t have good acceptance by animals.
xix
The restriction to 30% of the balanced feed doesn’t affect feed conversion, carcass
yield, cuts and economic viability, however, levels over 10% compromise the intestinal
health, which can bring on a worse intestinal absorption and lower feed conversion.
Key Words: alternative food, cactus, food conservation, animal performance, nopal
xx
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
A criação de suínos para fins de exploração pelo homem é uma atividade que possui destacada importância econômica e social. A carne suína é a proteína mais consumida no mundo, superando as carnes de frango e bovino que ocupam a segunda e terceira
posição no consumo mundial respectivamente. Atualmente o Brasil ocupa a 4º posição
mundial tanto na produção como na exportação de carne suína.
A expansão da produção de suínos no Brasil, entre outros fatores, é influenciada
pela estabilização na oferta dos insumos utilizados na criação dos suínos, quando a oferta de grãos (basicamente milho e farelo de soja) no mercado interno está reduzida, o
setor entra em crise retraindo a sua expansão ou reduzindo a produção.
A suinocultura é uma atividade predominante em pequenas e médias propriedades rurais brasileiras, sendo que 81,7% dos suínos são criados em unidades de até 100
hectares. A atividade encontra-se presente em 46,5% dos 5,8 milhões de propriedades
existentes no país, empregando mão-de-obra familiar, constituindo importante fonte de
renda e se constituindo num dos fatores de estabilidade social no meio rural .
A produção de suínos no Brasil concentra-se nos estados produtores de grãos, a
região Sul do país é a região que possui o maior numero de matrizes alojadas, a região
Sudeste ocupa a segunda posição no ranking. A região Centro-Oeste, devido o deslocamento da produção de grãos para essa região é a que apresenta a maior taxa de crescimento. A participação da região Nordeste na produção de suínos ainda é bem tímida,
observa-se que entres os oitos maiores estados com numero de matrizes alojadas, nenhum é dessa região. Uma vez que a maior parte do território da região nordeste se caracteriza como semiárida, a produção de grãos nessa região é bastante limitada pelos
fatores climáticos, sendo abastecidas por grãos vindos de outras regiões do país.
A suinocultura vem passando ao longo dos anos por sucessivas crises, devido
principalmente aos altos preços dos insumos. O milho e o farelo de soja são os dois ingredientes mais utilizados em rações de suínos, sendo que a ração tem um peso representativo no custo de produção (60 a 70%), com o milho sozinho representando aproximadamente 40% do custo de produção. É grande o interesse no estudo de possíveis
alternativas que viabilizem a substituição total ou parcial do milho e do farelo de soja
em dietas de suínos. Entretanto, faz-se necessária uma avaliação mais abrangente do
xxi
valor nutricional de novos ingredientes, de forma a não comprometer o atendimento das
necessidades nutricionais dos animais e consequentemente a produtividade e os resultados econômicos.
A palma forrageira (Opuntia fícus-indica Mill) aparece neste contexto como uma
alternativa de cultivo adaptada ao clima semiárido. É uma cultura com mecanismo fisiológico especial no que se refere à absorção, aproveitamento e perda de água. A palma
forrageira apresenta significativa importância na sustentabilidade da pecuária nas regiões semiáridas. Ela apresenta alta palatabilidade e digestibilidade para diversas espécies
de animais, principalmente ruminantes e pequenos animais silvestre de vida livre. Ela
destaca-se por ser bastante rica em água, muscilagem e minerais, por apresentar alto
coeficiente de digestibilidade da matéria seca, e possuir alta produtividade por área.
Por apresentar baixo teor de matéria seca (MS) (10-15%), alto teor de carboidratos totais (CHT) (55-77%), matéria orgânica (MO) e NDT (65-70%) a palma forrageira
apresenta grande potencial de utilização como alternativa aos alimentos energéticos
empregado na ração de não ruminantes, e alguns estudos monstra promissor a utilização
da palma forrageira processada na forma de farelo na alimentação de aves e suínos.
Nesse sentido, diante do exposto é importante iniciar uma bateria de estudos visando
ampliar a utilização da palma forrageira para as categorias de animais não ruminantes,
buscando tornar mais viáveis à exploração desses animais na região nordeste do país.
As presentes pesquisas foram realizadas com o objetivo de avaliar a utilização da
palma forrageira (Opuntia fícus-indica Mill) processada na forma de farelo e silagem,
na alimentação de suínos em fase de terminação, considerando os aspectos de produtividade animal, alterações fisiológicas e histológicas, características das carcaças e
´órgãos bem como a viabilidade econômica do uso da palma forrageira em dietas de
suínos na fase considerada.
xxii
Capítulo I
Referencial Teórico
______________________________________________________________________
Palma Forrageira (Opuntia ficus-indica Mill) na alimentação de suínos em fase de
terminação
1
REFERENCIAL TEÓRICO
Alimentos Alternativos
O milho e o farelo de soja são os principais constituintes das dietas de suínos e
aves no Brasil e apesar do país apresentar grande produção dessas commodities (aproximadamente de 81 milhões de toneladas, IBGE, 2013), o preço desses grãos estão condicionados aos níveis dos estoques nacionais e internacionais, fenômenos climáticos e
distância entre os polos produtores e consumidores. No ano de 2012, devido aos baixos
estoques internacionais de milho proporcionados por alterações climáticas desfavoráveis
ao seu cultivo, o preço da saca do milho mesmo em época de safra chegou a aumentar
em 100% em relação à safra de 2011 (MARQUES, 2012). Aumentos no preço dessas
commodities refletem diretamente nos custos de produção de suínos, tornando mais cara
a produção e, aliados aos baixos preços pagos pelo kg do suíno vivo, ocasiona crise no
setor suinícola.
No Brasil devido às diferenças nas características de clima e solo existentes nas
regiões do país a produção de grãos destinados à alimentação animal está concentrada
nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do país, o que torna essas regiões mais favoráveis à exploração de animais destinados a produzir produtos para a alimentação humana. De acordo com dados da EMBRAPA (2013), devido à escassez de grãos o custo de
produção de suínos na região Nordeste do Brasil entre os anos de 2009 e 2012 foi 20 a
30% superior a ao custo de produção da região Sul do Brasil que é a maior produtora
nacional de suíno e grande produtora de grãos. Nesse sentido, no Nordeste brasileiro o
aproveitamento de matérias-primas de origem vegetal regionalmente adaptada, se reveste de grande importância como alternativas alimentares para a melhoria da oferta de
alimentos que possam substituir os alimentos convencionais (milho e farelo de soja)
(CARVALHO, 2005).
Os gastos com alimentação dos suínos variam de acordo com a categoria dos animais. De acordo com a EMBRAPA (2010) considerando uma matriz mantida em ciclo
completo, o consumo total de rações por fase produtiva dos suínos durante um ano corresponde a: 11% na gestação, 6% na lactação, 13% pelos leitões na creche e 70% nas
2
fases de crescimento e terminação. Nesse sentido, a fase final de criação corresponde
aos maiores gastos para se produzir um suíno, sendo de extrema importância, pesquisas
que visem à redução dos custos com alimentação nessas fases.
Objetivando reduzir esses custos de produção, várias pesquisas são realizadas para
avaliar a utilização de alimentos alternativos aos alimentos comumente utilizados na
alimentação de suínos (milho e farelo de soja) buscando substituir esses alimentos de
forma total ou parcial, considerando os aspectos nutricionais dos alimentos padrões, as
demandas nutricionais dos animais, a disponibilidade regional do alimento alternativo, a
aceitação pelos animais bem como a viabilidade econômica de adotar um alimento alternativo (DUTRA JÚNIOR et al., 2009; CARVALHO et al., 2011; PERONDI, 2013).
Nesse sentido, a avaliação do uso de subprodutos vegetais e alimentos não utilizados na
alimentação humana vêm ganhando interesse na comunidade científica, uma vez que
além de serem alimentos mais baratos, não competem com alimentação humana, além
de contribuir para o reaproveitamento de subprodutos que seriam destinados ao meio
ambiente.
Os subprodutos da cafeicultura foram avaliados na alimentação de suínos. Carvalho et al.(2011) avaliaram a inclusão de casca de café melosa ensilada para suínos nas
fases de crescimento e terminação (0 a 16%), e observaram que na fase de crescimento a
inclusão da casca de café nas dietas não influenciou as variáveis de desempenho zootécnico já na fase de terminação houve melhora na conversão alimentar com a inclusão
da casca de café, sendo recomendando pelos autores níveis de 16% de inclusão para as
fases de crescimento e terminação.
O resíduo industrial de fecularia da mandioca (RIFM) foi avaliado por Bertol &
De Lima (1999) que pesquisaram a inclusão do resíduo nas dietas de suínos nas fases de
crescimento e terminação, e concluíram que para a fase de crescimento o aumento dos
níveis acima de 6,67% reduz o desempenho, já para a fase de terminação pode-se incluir
até 30% sem redução no desempenho zootécnico. Já Figueiredo et al. (2012) estudaram
a inclusão de feno da rama da mandioca em dietas para suínos na fase de terminação e
constataram que a inclusão até o nível de 20% na dieta não prejudicou o desempenho
3
zootécnico e as características quantitativas da carcaça, contudo a melhor viabilidade
econômica foi obtido com 10% de inclusão de silagem de rama de mandioca.
Farias et al. (2008) avaliaram o fornecimento do farelo do pseudofruto do cajueiro
em dietas de suínos em fase de crescimento no níveis de 0, 5, 10, 15 e 20%, e observaram que a pesar do consumo de ração ter sido aumentado a inclusão de até 20% do farelo do pseudofruto do cajueiro melhora o rendimento financeiro.
O uso da elódea brasileira (Egeria densa) uma macrófita de água doce, foi avaliada na alimentação de fêmeas suínas melhoradas geneticamente nas fases de crescimento
e terminação por Dutra júnior et al. (2009). Os autores observaram piora no desempenho zootécnico, peso e rendimento da carcaça e, redução na espessura de toucinho. No
entanto, economicamente foi estabelecido que a inclusão de até 6,5% de elódea na dieta
é economicamente viável para as fases de crescimento e terminação.
Mello et al. (2011) estudaram a inclusão de farelo de algodão (0 a 20%) em dietas
isonutritivas de suínos nas fases de crescimento e terminação. A inclusão do farelo de
algodão não influenciou o desempenho zootécnico dos suínos em ambas as fases, sendo
recomendados níveis de 20% de farelo de algodão. Contudo a necessidade de acrescentar óleo e aminoácidos nas rações elevou o preço das dietas que continham farelo de
algodão.
Perondi (2013) avaliou o farelo de semente de maracujá (4 a 16%) na alimentação
de suínos nas fases de crescimento e terminação adotando dietas isonutritivas. Em ambas as fases a inclusão do farelo de semente de maracujá não influenciou o desempenho
zootécnico, as características quantitativas da carcaça, a qualidade da carne e os componentes plasmáticos. A viabilidade econômica indicou a possibilidade de uso do farelo de
semente de maracujá em até 16%, nas fases de crescimento e terminação.
No geral o uso desses alimentos alternativos é limitado pelo seu alto teor de fibra,
baixas concentrações de proteína e aminoácidos essenciais, baixo aproveitamento da
energia bruta e consequentemente reduzido valor de energia digestível e metabolizável,
o que tornar as dietas mais caras devido à necessidade de se aumentar as fontes de energia e aminoácidos para poder atender as exigências nutricionais dos animais. A presença
4
de fatores anti-nutricionais presentes em alguns alimentos também pode limitar o uso de
determinados alimentos.
A PALMA FORRAGEIRA
A palma forrageira é uma cactácea que se adapta bem às regiões semiáridas, possui múltiplos usos, servindo como fonte de alimento para humanos e animais, devido
sua composição nutricional e a variedade de produtos e subprodutos que se pode extrair
a partir dela, essa cactácea possui relevada importância social e econômica para essas
regiões (FAO, 2013). A palma forrageira é amplamente cultivada no México, Argentina, Brasil, Tunísia, Itália, Israel e China (FEUGANG et al., 2006).
A família das cactáceas possuem 1800-2000 espécies essas são subdivididas em
três Sub-familias: Pereskioideas, Opuntioideas e Cereoideas; quatro Tribus: Phyllopuntieae, Euopuntieae, Hylocereae e Cereae; nove Sub-tribus, sendo que os cactos existentes no Brasil estão inseridos na sub-tribus Eupuntiineas e 178 Gêneros dos quais dois
estão no Brasil: Opuntia e Nopalea. Sendo assim, os cactos existentes no Brasil pertencem à Família: Cactaceae; Sub-familia: Opuntioideae; Tribus: Eupuntiaeae e os Gêneros: Opuntia e Nopalea (DOMINGUES,1963).
Existem diferenças morfológicas entre os gêneros Opuntia e Nopalea. O Gênero
Opuntia pertence à palma para corte, de raquetes grandes e carnosas, pesando mais de
1 kg, por isso é conhecida como palma graúda, grande ou gigante, tendo-se em vista
também seu elevado porte. É conhecida como sendo o cacto sem espinho (Cactus spineless, em inglês) ao qual foi selecionado pelo americano Luther Burbank. A palma graúda é classificada como Opuntia fícus-indica Mill, é chamada figueira da bárbara, figueira ou figo da índia, devido seu famoso fruto que é apreciado em vários países. A palma
Nopalea ou palma doce possui raquetes pequenas, daí a denominação miúda ou mesmo
“língua de vaca,” segundo Domingues (1963) foi introduzida no Brasil antes mesmo do
gênero Opuntia, para fins de criação de cochonilhas, passando depois para ornamental.
5
A origem biogeográfica e evolutiva da Opuntia fícus-indica Mill está sendo investigada através de análises filogenética e sequência de DNA (GRIFFITH, 2004). Essas
análises dão apoio às seguintes hipóteses: que Opuntia fícus-indica Mill é parente próximo de um grupo arborescente de frutos carnosos e espinhosos que se encontra na região central do Sul do México e, que o conceito taxonômico de Opuntia fícus-indica pode
incluir cones provenientes de múltiplas linhagens e, portanto, ser polifilético
(GRIFFITH, 2004).
A sua introdução no Brasil foi através dos Portugueses, que foram buscar no norte
do continente Africano e a levou também para a Angola e Índia. Sua importância era
proveniente dos frutos, uma baga de apreciado sabor, que servia para consumo in natura
e no preparo de doces, gelatinas, bebidas fermentadas etc. (DOMINGUES, 1963).
Conforme já relato, a palma forrageira é uma cactácea suculenta bem adaptada às
condições de extremos climatológicos e condições edáficas. A alta eficácia da utilização
da água permite suportar severas condições de seca. Os cactos podem crescer em áreas
de 200 mm/ano de chuvas, altas temperaturas e desenvolver onde espécies forrageiras
comuns não podem crescer (BEM SALEM, 2011). A adaptação às diversas condições
de cultivos está relacionada a características peculiares de sua anatomia e fisiologia
(SNYMAN, 2006).
De acordo com Nobel (1998), os cactos possuem um sistema radicular superficial
e extenso, que lhe permitem explorar as escassas águas das chuvas nas regiões áridas.
Por outro lado, chuvas isoladas induz a formação de raízes secundárias denominadas
raízes de chuva, essas raízes são formadas poucas horas após as chuvas e possuem vida
curta em média três dias, sua função é aumentar a superfície de contato com o solo facilitando a absorção de água e nutrientes (SÁENZ, 2013). No período de seca, as raízes
contraem-se radialmente contribuindo para reduzir a perda de água. Suas hastes são
cientificamente conhecidas como cladódios. De acordo com Nobel et al. (1992) os
cladódios são protegidos por uma espessa cutícula coberta com cera e espinhos que contribui para redução da perda de água e, devido a possuir parênquima abundante, eles
podem armazenar grandes quantidades de água permitindo a planta sobreviver por lon6
gos períodos de seca. Os cladódios apresentam alta quantidade de mucilagem, que é um
hidrocolóide com elevada quantidade de água e capacidade de aderência. Os cladódios
possuem também poucos estômatos por unidade de área superficial, esses estômatos
permanecem fechados durante o dia e aberto durante a noite, fato que ajuda a evitar perda de umidade pela transpiração durante o dia e permite que o dióxido de carbono que é
essencial para o processo de fotossíntese possa ser absorvido durante a noite e armazenado temporariamente na forma de ácido málico, para durante o dia ser utilizado no
processo de fotossíntese (NOBEL, 1998).
Além das adaptações anatômicas, o processo fotossintético que ocorre nos cactos,
conhecido como metabolismo do ácido das crassuláceas (MAC) é mais eficiente em uso
da água em comparação com as plantas de metabolismo C3 e C4, de acordo com Fisher
& Turner (1978), a eficiência no uso da água é de 617, 300 e 50 kg de água/kg de MS
produzido, para as plantas que têm o metabolismo C3, C4 e MAC respectivamente.
No Brasil, a faixa territorial considerada como semiárida, abrange uma área de
969.589,4 km2, representando 11,39% do território brasileiro, 60% da região Nordeste
abrangendo 1.133 municípios (MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO, 2005). Esta área é
caracterizada por apresentar solos rasos de média à alta fertilidade, escassez e irregularidade das chuvas, que causam severos danos à economia regional com custos sociais
elevados. Nesse sentido, a palma forrageira (Opuntia fícus-indica Mill), cuja área cultivada no Brasil alcança cerca de 550.000 ha (ARAÚJO et al., 2005a), aparece neste contexto como uma alternativa de cultivo, adaptada ao clima semiárido, visto ser uma cultura com mecanismo fisiológico especial no que se refere à absorção, aproveitamento e
perda de água.
A produtividade de biomassa da palma forrageira depende de vários fatores, incluindo densidade de plantio, as chuvas, textura do solo, fertilização e variedade cultivada
(SANTOS et al., 2006; DUBEUX Jr. et al., 2006; SANTOS et al. 2011). Em geral, os
rendimentos dos cladódios variam entre 18 a 49 t/MS/ha (CUNHA, et al. 2008; SANTOS et al. 2011). Santos et al. (2005) cultivando a variedade Gigante, relataram a produção de 28,88 t de MS/ha de palma forrageira adubando o solo com 20 t de esterco
7
bovino. Com base nesses dados, um hectare ultrapassa em produtividade das forrageiras
comuns de muitas espécies cultivadas em regiões semiáridas.
De acordo com a FAO (2013), todas as partes da planta (raízes, flores, frutos, sementes e cladódios) têm sido utilizadas em diversas aplicações. Os frutos são consumidos frescos, os cladódios jovens são utilizados na alimentação humana e os maduros na
alimentação animal, apresenta grande potencial de uso na indústria alimentícia e farmacêutica (FAO, 2013). Efeitos positivos dos cactos na saúde humana inclui anticâncer
(SREEKANTH et al., 2007), antidiabético tipo II (HASSAN, et al. 2011), antiinflamatórios (PARK et al., 1998), antivirais (AHMAD et al., 1996), na redução do
colesterol ruim (FERNANDEZ et al., 1994; LOUACINI et al., 2012) e efeitos antioxidantes (MARTÍNEZ et al., 2011).
A palma forrageira devido a sua composição também vem sendo estudada como
fonte alternativa de água para animais. No Nordeste do Brasil, Costa et al. (2009) estudando o fornecimento da palma forrageira in natura para cabras em lactação, fornecendo na dieta quatro níveis (7, 14, 21 e 28%), em substituição ao farelo de milho, observaram redução linear no consumo de água diário (de 5,23 kg na dieta basal para 0,42 kg
com 28% de substituição) a medida que aumentaram os níveis de substituição. Os autores não observaram redução na produção de leite, no entanto, o teor de gordura apresentou redução linear em resposta aos níveis de substituição. Contribuindo com os autores,
Tegegne et al. (2006) e Ben Salem et al (2004), também observaram redução no consumo de água de ovelhas quando do fornecimento da palma forrageira in natura. Igualmente, Araújo, et al. (2012a) fornecendo palma in natura para suínos em fase de terminação por um período de 15 dias, observaram redução do consumo de água pelos suínos
alimentados com palma forrageira em proporção de 50% da ração, os mesmos autores
não observaram redução na produção urinária, comprovando a eficiência da palma forrageira em fornecer água para os animais.
8
CARACTERÍSTICAS NUTRICIONAIS DA PALMA FORRAGEIRA
Os valores nutricionais dos cladódios da palma forrageira varia de acordo com a
espécie, idade da planta, cultivar, nível de fertilidade do solo, época do ano, espaçamento de plantio e ordem dos cladódios na planta (BATISTA et al. 2003; SANTOS et al.
2006; COSTA et al. 2010; URBÍOLA et al. 2010). No geral os cladódios possuem alta
concentrações de carboidratos não fibrosos (50 a 70% na matéria seca), amido (7,5%),
matéria mineral (13 a 22%), cálcio (4 a 8%), potássio (1 a 4%), ß-caroteno (0,65
mg/100g de MS) e oxalatos (6 a 12 % na MS) (FERREIRA, 2005; McITEKA, 2008;
AYADI et al., 2009; BEN SALEM & ABIDI, 2009). Os oxalatos estão presentes na
forma insolúveis, assim, não têm efeito direto sobre a saúde animal, mas eles formam
complexos insolúveis com o mineral cálcio tornando indisponível cerca de 50% desse
mineral (PADILLA et al., 2011).
Para animais ruminantes, as concentrações de fibra em detergente neutro (FDN) e
fibra em detergente ácido (FDA) nos cladódios são consideradas baixas (FDN, 17 a
40% e FDA 16 a 22% na MS) e seu uso na alimentação desses animais está condiciona
do ao consorcio com uma fonte de fibra (ALBUQUERQUE et al., 2002; BEN SALEM
& ABIDI, 2009). Contudo, para animais não ruminantes esses valores são considerados
altos.
Em relação aos teores de proteína, os cladódios apresentam baixos valores de proteína bruta (PB, 3 a 7 % na MS) (SANTOS et al., 2005; STINTZING & CARLE, 2005)
e tentativas tem sido feitas para aumentar a concentração de nitrogênio nos cladódios
através de melhoramento genético e fertilização do solo (FELKER & INGLESE, 2003;
ARAÙJO et al., 2005a). Após a colheita dos cladódios o uso de leveduras (Saccharomyces cerevisiae) vem sendo utilizado para aumentar o teor de proteína bruta. Segundo Araújo (2004) o alto teor de carboidratos da palma forrageira pode ser empregado
como fonte principal para o crescimento de leveduras. Na Tabela 1 estão apresentados
os valores da composição bromatológica dos cladódios da palma forrageira in natura.
9
Tabela 1. Concentração média de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), extrato etéreo,
fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), carboidratos torais (CHT), carboidratos não fibrosos (CNF), matéria mineral
(MM), cálcio (Ca), potássio (K), fósforo (P), sódio (Na), magnésio (Mg),
ferro (Fe), zinco (Zn) e manganês (Mn) de acordo com a variedade de palma
forrageira
Nutrientes (%)
Opuntia - (Gigante)1
Opuntia - (Redonda)1
Napólea – (Miúda)1
MS
PB
EE
FDN
E
FDA
CHT
CNF
MM
Ca
K
P
Na
Mg
10,34 ( b, c, d, e, f)
5,52 (b, c, d, e, f)
1,6 ( b)
30,10 (b, c, d, e, f)
20,15 ( b, c, d, e, f)
81,53 (c, d, e)
52,70 (c, d, e)
11,75 (b, c, d, e)
2,30 (f, g)
2,45 (f, g)
0,13 (f, g)
0,67 (g)
11,0 (c, f)
5,57 (c, f, h)
1,6 (f, h)
28,1(f)
22,2 (f)
20,0 (h)
2,78 (f)
2,11(f)
0,14 (f)
0,031(h)
0,93 (h)
12,64 (c, f, g, i)
3,64 (c, f, g, i)
22,25 (c, f, i)
17,23 (c, f, i)
87,77 (c, i)
71,17 (c, i)
12,55 (c, g, i)
3,05 (g, i)
2,52 (g, i)
0,15 (g, i)
0,87 (i)
1–
Concentração média dos nutrientes de acordo com os autores em parênteses.
Autores: b – Costa, et al. (2010); c – Ferreira (2005); d - Magalhães et al. (2002); e – Melo
(2002); f – Santos et al. (2006); g – Germano et al. (1999); h – Urbiola et al. (2010); i – Araújo
(2002).
Aminoácidos presentes nos cladódios
As concentrações dos aminoácidos na palma forrageira variam de acordo com a
variedade da palma forrageira e, dentro da mesma variedade, a idade da planta irá influenciar a concentração dos aminoácidos (STINTZING & CARLE 2005; URBIOLA et
al., 2010). Os cladódios da palma (Opuntia fícus-indica Mill) possuem 18 aminoácidos
sendo nove aminoácidos essenciais e nove não essenciais (BRÜCKNER & WESTHAUSER, 2003), contudo na variedade redonda Urbiola et al. (2010), não determinaram o aminoácido asparagina, totalizando 17 aminoácidos. Na palma redonda, os ami10
noácidos de maior concentração na proteína são o ácido glutâmico, glutamina, fenilalanina e treonina, e os de menor concentração são a metionina, arginina, triptofano e tirosina respectivamente (BRUCNER & WESTHAUSER, 2003; URBIOLA et al., 2010).
Na Tabela 2 estão apresentadas as concentrações de aminoácidos na proteína da palma
forrageira de acordo com a idade da planta (40 a 125 dias de idade).
As concentrações de histidina, lisina, leucina aumentaram com a idade da planta,
enquanto que as concentrações de treonina e isoleucina diminuíram com aumento da
idade, sugerindo que para esses aminoácidos a planta mais jovem é a melhor fonte
(URBIOLA, et al. 2010).
Tabela 2. Composição aminoacídica da proteína da palma forrageira Opuntia fícusindica Mill (cv Redonda) de acordo com o estágio de maturação (g/100g de
proteína)
Idade da palma forrageira (dias)
Aminoácidos
Proteína
Padrão2
40
50
60
80
100
125
Lisina
0,52
0,44
0,48
0,56
0,52
0,67
7,00
Metionina
0,19
0,12
0,15
0,19
0,12
0,13
5,70
Treonina
1,53
1,56
1,31
1,39
1,25
1,21
4,70
Isoleucina
0,70
0,76
0,61
0,64
0,64
0,67
5,40
Leucina
0,85
0,64
0,75
0,61
0,81
0,91
8,60
Fenilalanina
1,69
0,93
1,39
1,36
1,21
1,61
9,30
Triptofano
0,15
0,19
0,17
0,14
0,15
0,17
4,70
Histidina
0,13
0,19
0,11
0,16
0,16
0,17
2,20
Valina
0,50
0,63
0,73
0,54
0,58
0,51
6,60
Arginina
0,15
0,14
0,14
0,16
0,18
0,16
7,54
Ác. Aspártico
0,51
0,56
0,66
0,62
0,66
0,62
Ác. Glutâmico
1,29
1,53
1,81
1,93
1,87
2,22
Glutamina 3
1,73
Serina
0,32
0,47
0,42
0,46
0,56
0,65
Glicina
0,27
0,37
0,31
0,36
0,43
0,44
Alanina
0,49
0,48
0,42
0,53
0,45
0,41
Prolina
0,42
0,54
0,64
0,46
0,31
0,34
Tirosina
0,39
0,17
0,19
0,21
0,16
0,14
1–
Adaptado de Urbiola et al. (2010); 2 - Correspondendo a proteína do ovo; 3 - Adaptado de Brucner &
Westhauser (2003).
11
Vitaminas
Das vitaminas presentes na palma forrageira à vitamina C que apresenta maior
quantidade. A concentração de vitamina C (ácido ascórbico e ácido dehidroascórbico)
varia de 7 a 22 mg/100g de palma in natura, β-caroteno 11,3 a 53,5 µg, tiamina 0,14
mg, riboflavina 0,6 mg e niacina 0,46 mg/100g de palma in natura (STINTZING &
CARLE 2005).
Mucilagem e pectina
A palma forrageira é rica em mucilagem que é distribuída nos cladódios e frutos.
A mucilagem é um hidrocolóide complexo que apresenta alta capacidade para absorver
água, desempenhando um papel importante na fisiologia das cactáceas, considerando
que essas plantas normalmente crescem em condições de déficit hídrico (NOBEL et al.
1992). De acordo com Jani et al. (2009) a mucilagem pode ser definida como uma
substância translúcida, amorfa e polimérica, formada por unidades de monossacarídeos.
Muitas mucilagens possuem a cadeia monossacarídica combinada com ácidos urônicos.
Possui aproximadamente 55 resíduos de açúcar com ou sem o ácido urônico, formada
por proporções variadas de moléculas de D-galactose, L-arabinose, D-xilose, e Lramnose. A composição da mucilagem apresenta divergência entre os autores devido a
grande diversidade de constituintes presentes na palma, bem como as variedades estudadas (GOYCOOLEA & CÁRDENAS, 2003; SÁENZ et al., 2004). A mucilagem da
Opuntia fícus-indica Mill é composta de 24,6 a 42% de arabinose; 21 a 40,1% de galactose; 8 a 12,7% de ácido galacturônico; 7 a 13,1% de ramnose e 22 a 22,2% da xilose
(NOBEL et al., 1992; SÁENZ et al., 2004). Entender a composição da mucilagem é
importante uma vez que ela pode atuar como fibra dietética no organismo humano
(ALLER et al., 2004) e consequentemente para animais não ruminantes.
A pectina faz parte dos polissacarídeos não amiláceos juntamente com a celulose,
hemicelulose e quitina. Esses polissacarídeos não podem ser degradados pelas enzimas
endógenas dos animais, podendo afetar o desempenho dos animais não ruminantes, por
12
modificar a digestibilidade dos nutrientes e o tempo de trânsito dos alimentos no trato
digestivo.
Quimicamente as pectinas são uma família de complexos heteropolissacarídeos,
composto por uma diversidade de resíduos de carboidratos. Como a maioria dos outros
polissacarídeos vegetais, pectinas são polidispersas na composição e tamanho molecular, isto é, elas são heterogêneas no que diz respeito tanto à estrutura química e peso
molecular (GOYCOOLEA & CÁRDENAS, 2003). Sua composição varia de acordo
com a origem e as condições de extração, localização e fatores ambientais (CHANG et
al., 1994). Goycoolea & Cárdenas (2003) demonstraram que a concentração de pectina
nos cladódios da palma forrageira apresenta ampla variação de entre as variedades da
palma (7 a 26%). A variedade Opuntia robusta pode chegar a 26,6% de pectina na matéria seca, valor que se compara a concentração de pectina dos citrus (20 a 30%), enquanto que a concentração na Opuntia fícus-indica Mill variou de 8,39 a 13,84% na
matéria seca.
Compostos fenólicos
Compostos fenólicos também estão presentes nos cladódios e frutos da palma forrageira. Em estudo com variedades de palma obtidas no México, Figueroa et al. (2010)
observaram que as variedades domesticadas (comerciais) apresentam menos compostos
fenólicos totais que as variedades selvagens. A concentração expressa em mg de equivalente de ácido gálico (GAE/g) foram de 19,9 mgGAE/g e 5,25 a 11,7 mgGAE/g para as
espécies selvagens e as variedades comerciais respectivamente. As diferenças nas concentrações podem surgir de acordo com as condições climáticas de cultivo (REYESAGÜERO et al., 2005). Contudo, quando a palma foi processada na forma de farelo, a
concentração de compostos fenólicos totais obtida por Figueroa et al. (2010) foi bem
menor (1,7 mgGAE/g) que os da palma in natura. Essa redução se deve ao color utilizado no processamento do farelo de palma que volatiliza os compostos fenólicos (HOVE, et al. 2003).
13
Silva et al. (2011) avaliaram a concentração de compostos fenólicos totais e taninos condensados no farelo de palma forrageira (Opuntia fícus-indica Mill) da variedade
redonda e foi evidenciado baixos compostos bioativos 0,17%/kg de MS de fenólicos
totais e 0,12%/kg de MS de taninos condensados, uma vez que para acarretar problemas
de saúde aos animais necessitam de concentração acima de 5% de taninos (CRUZ et al.,
2007).
Farelo de palma forrageira
O farelo de palma é o produto obtido com o processamento da palma utilizando
para isso três procedimentos sequenciais: trituração ou fatia das raquetes da palma, desidratação e moagem. Segundo Bade (2004) o farelo da palma forrageira apresenta um
grande potencial de uso na alimentação animal. Como vantagens podem citar: a facilidade no armazenamento do alimento concentrado para ser usada na época de escassez
de alimento, facilidade no transporte, aumento no consumo da palma por aumentar a sua
concentração e facilita no balanceamento da dieta por apresentar um menor teor de
água.
A composição do farelo de palma está diretamente relacionada com a composição
da palma forrageira no estado in natura, que por sua vez, conforme já relatado é influenciado por múltiplos fatores. O tipo de processamento para obtenção do farelo também
irá determinar a sua qualidade (BARROSO et al., 2006).
O farelo de palma forrageira apresenta baixo teor de proteína, contudo, igualmente
a palma in natura, o enriquecimento com levedura eleva seu teor proteico. Araújo et al.
(2005b) obtiveram concentração de 11% de PB enriquecendo a palma forrageira com
leveduras (Saccharomyces cerevisiae) representando um aumento de 120% na concentração natural da PB da palma forrageira. No entanto, a concentração de proteína obtida
com o acréscimo de levedura depende da concentração de levedura utilizada, bem como
do tempo de inoculação da levedura (ARAÚJO et al., 2008). O conteúdo de proteína
obtido por Araújo et al. (2008) foi maximizado quando se utilizou a concentração de
3% de inócuo de levedura Saccharomyces cerevisiae no período de seis horas (10,4% de
14
PB) e a menor concentração obtida foi de 6,1 % de PB utilizando 1% de concentração
de levedura em seis horas.
O aproveitamento do farelo da palma forrageira pelos animais irá depender da espécie animal. Animais ruminantes apresentam alta taxa de aproveitamento dos nutrientes contido no farelo de palma (VERAS et al., 2002), por outro lado, devido a quantidade de fibra, seu aproveitamento é limitado para animais não ruminantes (RODRIGUES
et al., 2002; SIMÕES et al., 2002; LUDKE et al., 2005).
Silagem de palma forrageira
A ensilagem é um método de conservação que tem como principio o armazenamento da forragem em condições de anaerobiose, objetivando o desenvolvimento de
bactérias produtoras de ácido lático a partir de substratos como açúcares solúveis, ácidos orgânicos e compostos nitrogenados solúveis (SANTOS et al., 2010). Durante o
processo ocorre diminuição do pH da massa ensilada e aumento de temperatura e nitrogênio amoniacal.
O produto ensilado mantém uma proporção muito maior dos seus nutrientes do
que se tivessem sido colhidos secos e armazenados como feno (SANTOS et al., 2010).
A silagem passa por processo de fermentação em que a energia é utilizada pelas bactérias fermentativas para a produção de ácidos graxos voláteis (AGV), tais como acetato,
propionato, lactato, butirato etc, que preservam a forragem. O resultado é que a silagem
tem menos energia do que a forragem original, uma vez que as bactérias fermentativas
utilizam alguns carboidratos para a produção de AGV. Assim, o processo de ensilagem
de forrageiras preserva, mas não melhora a qualidade ou o valor nutricional
(McDONALD et al., 1991).
Estudando silagem de palma forrageira para ovinos Mciteka (2008) encontrou
grandes variações nas concentrações dos nutrientes em função da variedade de palma e
do processo de ensilagem. Os valores obtidos foram de MS: 9 a 27%, PB: 5,67 a 7,54%,
EE: 0,92 a 2,4%, FDN: 17 a 24,5%, FDA: 15,43 a 21%, EB: 2.318,0 a 3.291,8 Kcal/kg.
Igualmente Çürek & Özen (2004) estudaram a composição da silagem de palma forra15
geira em diferentes meses do ano e obtiveram valores médios totais de MS: 20%, MO:
64%, PB: 2,17%, EE: 7,71% e MM: 36%, os autores também observaram grandes variações nas concentrações dos nutrientes da silagem que variaram de acordo com os meses do ano de corte da palma, a exemplo o mineral Ca++ que variou de 3,33 a 10,44%.
As concentrações dos ácidos graxos de cadeia curta na silagem de palma foram
determinadas por Çürek & Özen (2004) e McITEKA (2008), os valores obtidos foram
para ácido lático 2,59 e 6,93%, acético 1,53 e 23%, propriônico 0,19 e 17,41% e butírico 0,34 e 3,63% respectivamente. De acordo com Çürek & Özen (2004) fatores inerentes à botânica do alimento ensilado (teor de açucares, concentração de MS, poder tamponante etc.), a forma de ensilagem, o uso de inoculantes, bem como o período de ensilagem irá influenciar a produção desses ácidos.
USO DA PALMA FORRAGEIRA NA ALIMENTAÇÃO DE SUÍNOS
Devido a sua grande participação na alimentação de animais ruminantes nas regiões semiáridas como a Região Nordeste do Brasil, a palma forrageira é uma das culturas
existentes nessas regiões que desperta grandes interesses nas instituições de pesquisa. A
comunidade cientifica em âmbito internacional está bem respaldada de trabalhos que
abordam a utilização da palma forrageira na alimentação de ruminantes, trabalhos que
na sua maioria abordam os aspectos nutricionais dessa cultura com ovinos, bovinos e
caprinos (WANDERLEY, et al. 2002; ABIDI, et al. 2009; COSTA, et al. 2012; CORDÃO, et al. 2013; PESSOA, et al. 2013). Entretanto, são escassos os trabalhos de pesquisas publicados pela comunidade científica internacional que avalia a palma forrageira para animais domésticos não ruminantes, como suínos, aves e peixes.
Existem relatos da utilização dos cladódios da palma na forma in natura e seus
frutos em grandes quantidades na alimentação de animais não ruminantes de vida silvestre, a exemplo o caititu (Tayassu tajacu) e o javali (Sus scrofa) (CORN & WAREN,
1984; THEIMER & BATEMAN, 1992; COMIZZOLI, 1997). Todavia, vale ressaltar
que os caititus são classificados por alguns autores como pseudo ruminantes, devido
alterações anatômicas e fisiológicas no estômago, que faz com esses animais tenha uma
16
elevada produção de ácidos graxos de cadeia curta no estômago em virtude da degradação da fração fibrosa dos alimentos, sendo essa uma característica bem diversa dos não
ruminantes convencionais (suínos, aves e peixes) (COMIZZOLI et al., 1997).
Santos et al. (2004) determinaram os coeficientes de digestibilidade da MS e MO, bem
como os valores de proteína digestível (PD) e energia digestível (ED) da palma in natura para o caititu e obtiveram coeficientes de 68,12 e 65,28% para MS e MO respectivamente, e os valores de 3,74 % de PD e 2.470 kcal/kg de ED.
Para suínos são escassas as pesquisas avaliando a utilização de palma forrageira
na sua alimentação. Ludke et al. (2006a) realizaram pesquisa pioneira com o farelo de
palma forrageira (Opuntia) na alimentação de suínos, os autores avaliaram os efeitos
sobre o desempenho, custo de alimentação por kg de ganho de peso e rentabilidade,
decorrentes da inclusão de níveis crescentes de farelo de palma forrageira (0, 7, 14 e
21%) em substituição ao milho triturado, em dietas isonutricionais de suínos nas fases
de crescimento e terminação (28 a 90 kg). Em ambas as fases de criação os autores observaram redução linear no ganho de peso diário e piora na conversão alimentar. Na
fase de crescimento a cada 1% de inclusão do farelo de palma forrageira reduziu em
6,87% o ganho de peso diário e aumentou em 0,017% à conversão alimentar. No período total de criação (crescimento e terminação) a cada 1% de inclusão do farelo de palma
forrageira reduziu em 2,92% o ganho de peso diário e aumentou em 0,012% à conversão alimentar. Esses dados indicam que os suínos em fase de crescimento responde mais
negativamente a inclusão do farelo de palma na dieta. Todavia, os autores observaram
que apesar da redução linear no ganho de peso diário e aumento linear na conversão
alimentar foi constatado que ao preço de R$ 0,12 por kg de farelo de palma (equivalente
a 25 % do preço do milho) ocorre uma redução linear no custo da alimentação e aumento linear na rentabilidade, concluíram que, ao nível de inclusão de 21 % de farelo de
palma forrageira pode ser observada, respectivamente, para o crescimento e período
total, uma redução de 5,25 % e 8,1 % no custo de alimentação por kg de ganho de peso.
Em Ludke et al. (2006b) foram publicados os resultados da influência do farelo de
palma forrageira sobre as características quantitativa da carcaça. Os autores observaram
17
que apesar de haver uma redução do rendimento de carcaça quente e fria, e o aumento
do peso dos órgãos (rins, fígado e coração), a inclusão de até 21 % de farelo de palma
forrageira em dietas isonutricionais de suínos em crescimento e terminação é possível
sob o ponto vista da qualidade de carne e rendimentos de cortes nas carcaças.
Fica evidente que os níveis de inclusão do farelo de palma forrageira na dieta são
menores para os animais em crescimento em comparação aos animais na fase de terminação. Essa menor tolerância aos animais na fase de crescimento são atribuídas aos altos
níveis de fibra contidos na palma forrageira e ou a presença de fatores anti-nutricionais,
contudo são necessárias mais pesquisas para melhor elucidar tais questões.
FIBRA NA ALIMENTAÇÃO DE SUÍNOS
A fibra dietética refere-se às partes comestíveis de plantas ou análogos aos carboidratos que são resistentes à digestão e absorção pelo intestino delgado, com fermentação parcial ou total no intestino grosso de humanos (American Association of Cereal
Chemists – AACC Report 2001). Tal definição também é usada para outras espécies de
animais não ruminantes. Atualmente a maioria dos pesquisadores adotam duas definições de fibra, uma fisiológica e outra química. Fisiologicamente, Tungland & Meyer
(2002) conceituou a fibra alimentar como sendo a fração do alimento não digerível pelas enzimas endógenas dos animais, mas sim pela ação de enzimas da microbiota gastrintestinal. Quimicamente a fibra dietética é uma mistura complexa de polímeros de
carboidratos que são associados com um número de outros componentes não carboidratos, sendo predominantemente encontrada na parede celular. São constituídas de polissacarídeos estruturais fibrosos (não amiláceos – PNA’s) junto com lignina, substâncias
pécticas, sílica, cutina, ácidos fenólicos, grupo acetil, taninos, proteína, ácidos graxos
etc (MERTENS, 1992; McDOUGALL et al., 1996).
As fibras podem ser classificadas de acordo com a estrutura e a solubilidade em
água. Quanto à sua estrutura, grande parte das fibras pertence ao grupo de polissacarídeos. São definidas de acordo com a estrutura dos alimentos, podendo ser carboidratos
18
estruturais, que incluem os constituintes da parede celular, e/ou não-estruturais, que
incluem os carboidratos presentes no conteúdo celular (MORGADO & GALZERANO,
2008).
Quanto à solubilidade em água, as fibras podem ser classificadas em solúveis e insolúveis. Dentre as solúveis, têm-se a maior parte das pectinas, gomas, mucilagens e
certas hemiceluloses, encontradas principalmente nos legumes, aveia, leguminosas e
frutas, particularmente as cítricas e a maçã. As fibras solúveis formam géis em contato
com água, aumentando a viscosidade dos alimentos parcialmente digeridos no estômago
(MONTAGNE et al., 2012).
A variação em relação à hidrossolubilidade, viscosidade, capacidade de reter água
e, ligação a minerais e moléculas orgânicas faz com que atualmente, a fibra seja dividida em vários tipos. Assim podem ser distinguidas como hidrossolúveis ou não, e de
fermentabilidade alta, moderada ou baixa (BORGES & FERREIRA, 2004).
Na Tabela 3 estão apresentados os valores dos polissacarídeos e lignina em alguns
alimentos utilizados na alimentação animal. Existe uma grande variação na composição
dos vegetais, principalmente nas frações dos polissacarídeos. Para efeito de comparação
de resultados experimentais utilizando fontes de fibras pelos animais é necessário considerar além da fonte de fibra, a metodologia utilizada para a sua determinação, que
apresenta variações entre os autores (BACH, 2001).
19
Tabela 3. Valores típicos de polissacarídeos e lignina contidos nos alimento para animais (g/kg de matéria seca)1
Amido
PNC2
Celulose PNAs3
Lignina FD4
Milho
Trigo
Centeio
Trigo a
Trigo b
F. aveia c
F. aveia d
F. trigo e
F. soja f
F. colza g
Ervilhas
P. beterraba h
690
651
613
587
645
468
557
222
27
18
454
0
Solúvel
9
25
42
56
50
40
54
29
63
55
52
407
Insolúvel
66
74
94
88
64
110
49
273
92
123
76
177
22
20
16
43
10
82
14
72
62
52
53
195
97
119
152
187
124
232
116
374
217
220
180
779
11
19
21
35
9
66
32
75
16
134
12
35
108
138
174
222
133
298
148
449
233
354
192
814
1
– Adaptado de Bach, et al. (1997); 2 – Polissacarídeos não celulose; 3 – Polissacarídeos; não amiláceos; 4
a
b
c
d
– Fibra dietética. – Trigo com casca; – Trigo sem casca; – Farelo de aveia com casca; – Farelo de
e
f
g
h
aveia sem casca; – Farinha de trigo; – Farelo de soja; – Farelo de colza; – Polpa de beterraba.
Efeitos fisiológicos e comportamentais do uso das fibras dietéticas
A fibra dietética pode exercer influência na morfologia intestinal e sob a taxa de
turnover celular. A fermentação da fibra no intestino grosso aumenta a produção dos
ácidos graxos voláteis, que por sua vez, atuam na proliferação celular do epitélio intestinal, aumentando a quantidade de muco protetor, alterando a motilidade intestinal, estimulando a liberação do muco, elevando o fluxo sanguíneo do cólon e consequentemente incrementando a taxa de renovação celular do epitélio (GOMES et al., 2006;
NOFRÁRIAS et al., 2007).
As fibras fermentáveis parecem ter maior impacto na proliferação epitelial, cujo
efeito é mediado através da produção de ácidos graxos de cadeia curta (AGCC). Os
efeitos dos AGCC são indiretos, tais como o abaixamento do pH luminal e a estimulação do intestino na liberação de hormônios. Ainda, a viscosidade luminal tem sido sugerida como estimuladora da proliferação celular das criptas, independentemente dos
AGCC (HOLLAND et al., 1991; GREEN, 2001).
20
Dos AGCC, o butirato é o que está relacionado com a proliferação celular, de modo que sua a presença estimula a proliferação e inibe a apoptose dos colonócitos normais in vivo, e o seu aumento é considerado benéfico para os hospedeiros (NOFRÁRIAS et al., 2007; ZIEMER et al., 2012). Além disso, o butirato parece ser o mais eficaz dos AGCC, para a modulação da síntese e liberação da mucina (HEDEMANN et
al., 2009; MONTAGNE et al., 2012).
O efeito da fibra sobre a taxa de passagem frequentemente está associado ao aumento do volume das fezes, contudo, os ácidos graxos produzidos como resultados da
fermentação podem estimular a motilidade no cólon (IVARSSON et al., 2012).
As propriedades fisico-químicas da digesta são influenciadas pela quantidade e
composição dos polissacarídeos da digesta. Ziemer et al., (2012) observaram que o aumento do conteúdo de fibra aumentou a produção fecal. Ivarsson et al. (2012) relataram
que a pectina influencia consideravelmente a vicosidade e solubilidade da digesta. O
tamanho das partículas também irá influenciar o aspecto das fezes; Ivarsson et al.
(2012) mostraram que as partículas finas foram mais degradadas pelos microrganismos
do trato gastroinstestinal, enquanto que nas mais grossas, a digesta foi mais fluida.
Alguns estudos indicaram que a natureza das fibras na dieta também pode influenciar a composição, metabolismo e a função das células imunes. Nofrárias et al. (2007)
estudaram a influência de dietas com teores elevados de amido resistente a hidrólise
sobre as propriedades físico-químicas da digesta, fermentação e morfologia intestinal,
incluindo a infiltração de linfócitos e atividade de apoptose e proliferação. De modo
geral, as principais alterações foram aumento no peso do trato gastrintestinal, todavia, a
fermentação do amido, reduziu a população periférica de células T, a reatividade imune
e a apoptose no cólon. Tais resultados podem indicar possíveis relação do consumo de
amido resistente com benefícios a saúde intestinal.
Estudos estão sendo conduzidos com modificações das dietas, cujo propósito refere-se reduzir a fome e a motivação para alimentação de porcas durante a gestação e,
consequentemente diminuir os comportamentos estereotipados dessa categoria animal.
21
Robert et al. (1993) e Brouns et al. (1994) observaram redução dos comportamentos
citados com o incremento do teor de fibra dietética.
A concentração de acetato, glicose e insulina no plasma altera-se de acordo com a
fonte fibrosa (VESTERGAARD & DANIELSEN, 1998). Entretanto, as respostas comportamentais e fisiológicas diferenciam-se com a fonte alimentar de PNA’s (HOLT et
al., 2006; REESE et al., 2008; SERENA et al., 2009; PELTONIEMI et al., 2010).
As mudanças nos perfis sanguíneos hormonais e de metabólitos explicaram as diferenças observadas no consumo de ração e no comportamento de porcas quando o teor
de PNA’s das dietas foi aumentado. De acordo com Grieshop et al., (2001) o consumo
de ração e o comportamento afeta-se em decorrência do alto consumo de PNA’s, que
por sua vez, promoveu maior distensão gástrica e preenchimento intestinal. As dietas
contendo volumosos com um alto nível de PNA’s resultaram em porcas mais “satisfeitas” após o consumo de uma refeição contendo somente farelo de milho e soja com
(GRIESHOP et al., 2001).
Serena et al. (2009) utilizando porcas vazias avaliaram três dietas com diferentes
concentrações de fibras: baixa (117g/kg de MS) alta fibra solúvel (429g/kg de MS sendo 111 g de fibra solúvel) e alta fibra insolúvel ( 455g/kg de MS sendo 74 g de fibra
solúvel) sobre a absorção e concentração de nutrientes derivados de carboidratos (glicose, AGCC, e lactato) e a produção aparente de insulina pós-alimentação. Verificou-se
que a viscosidade da digesta influenciou na absorção da glicose, as dietas com baixo
teor de fibra resultou em aumento da concentração de glicose e rápida absorção pósalimentação (0-4h), quando comparado com as dietas de alta fibra solúvel, porém, não
diferiu da dieta com alta fibra insolúvel. O estudo mostrou ainda que a alimentação com
alta fibra alimentar resultou numa maior e mais uniforme captação AGCC quando comparado com dietas com baixa fibra. Além disso, dietas com alta fibra reduziu a variação
diurna da glicose e concentração de insulina no sangue.
Serena et al. (2009) descreveram que dietas com alto teor de fibra solúvel e/ou insolúvel influenciaram a sensação de saciedade em função de três fatores: 1) a substituição de amido pelos PNA’s resultou em mudança na natureza da energia absorvida, a
22
partir do glicogênio, para a energia de lenta liberação através dos AGCC; 2) há uma
consequência direta da redução da variação diurna em energia e menor flutuação de
insulina; e 3) as dietas ricas em fibras resultaram maior conteúdo no estômago e no intestino. Assim, as porcas consumindo dietas com alta fibra foram saciadas por um longo
período de tempo, ao qual foi regulado em curto prazo, pela presença física da digesta
no intestino. A presença da digesta influenciou os quimiorreceptores no estômago e no
duodeno ao longo prazo por meio de metabólitos obtidos por meio da diminuição da
variação diurna na captação de energia.
As pesquisas mais recentes sobre o uso de fontes fibrosas como forma de melhorar o bem-estar dos suínos demonstraram resultados distintos. Holt et al., (2006) avaliaram uma dieta com alta fibra (40% de casca de soja), e uma de baixa fibra (farelo de
milho e soja) para porcas em gestação. O alto teor de fibra não alterou a frequência de
alimentação e nem o comportamento estereotipado observado por um período de 24 h, o
nível de cortisol salivar também não foi modificado.
As alterações nos parâmetros bioquímicos também foram observadas quando as
porcas foram alimentadas com altas concentrações de fibra. Yde et al. (2011) ao avaliarem dietas com alto teor de fibra e duas frequência de alimentação, observaram que as
concentrações dos ácidos graxos não esterificados (AGNE) estiveram fortemente corelacionadas com os níveis de fibra dietética. O estudo também indicou o aumento das
concentrações plasmáticas de proteínas de muito baixa densidade (VLDL) nos animais
que receberam dietas com alta fibra em relação ao grupo controle, especialmente nos
grupos que alimentaram com polpa de batata. O aumento das concentrações de VLDL
decorreu do aumento dos teores de triglicerídeos sintetizados no fígado, resultado da
decomposição e absorção dos AGCC e dos AGNE. Outro resultado obtido foi aumento
nas concentrações séricas de colesterol e triglicerídeos em animais que receberam dietas
com alta fibra.
De modo distinto, Weber & Kerr (2012) não encontraram diferenças no colesterol
sérico e glicose, e observaram uma tendência de aumento de triglicerídeos em suínos em
crescimento alimentados com alto nível de fibra, advindo de polpa de beterraba ou trigo
23
grão. As maiores concentrações plasmáticas de colesterol e triglicerídeos refletiram em
mudanças no aporte de energia animal alimentados com alta fibra, devido ao aumento
da produção de AGCC. Os AGCC absorvidos em grandes quantidades formam no intestino, o acetato, precursor para a síntese endógena de colesterol (YDE et al., 2011).
24
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37
Capítulo II
______________________________________________________________________
Farelo de palma forrageira (Opuntia ficus-indica Mill) na alimentação de suínos
em fase de terminação
38
Farelo de palma forrageira (Opuntia ficus-indica Mill) na alimentação de suínos
em fase de terminação
Resumo
objetivou-se determinar os valores nutricionais do farelo de palma forrageira (Opuntia
ficus-indica Mill), bem como estabelecer o seu melhor nível de inclusão na dieta de
suínos em fase de terminação, considerando os parâmetros de desempenho, características da carcaça, desenvolvimento dos órgãos do sistema digestório e viabilidade econômica. Foram realizados dois experimentos, sendo um de digestibilidade e outro de desempenho. No experimento de digestibilidade determinaram-se os nutrientes totais, e
digestíveis e os coeficientes de metabolizabilidade do farelo da palma forrageira da variedade gigante. No experimento de desempenho avaliou-se a inclusão do farelo de
palma forrageira na dieta, nos níveis de 0, 5, 10 e 15%, e seus efeitos sobre as variáveis
de desempenho, características da carcaça, peso e comprimento dos órgãos, concentração dos ácidos graxos de cadeia curta no conteúdo cecal e a viabilidade econômica das
dietas. Os valores nutricionais com base na matéria seca foram de 3.267,55 kcal/kg EB;
1000,80 kcal/kg ED; 1012,59 kcal/kg EMAn, e coeficientes de metabolizabilidade de
51,14 MS; 48,34 MO; 22,60 MM; 62,74 PB; 31,78 EE; 30,61 FDN e 27,17 FDA. As
variáveis de desempenho, características da carcaça, peso e comprimento dos órgãos,
concentração dos ácidos graxos de cadeia curta e a viabilidade econômica da dieta não
foram influenciadas pela inclusão do farelo da palma forrageira. O farelo da palma forrageira apresenta para suínos na fase determinação 1/3 da energia metabolizável do milho, e pode ser incluído na dieta de suínos na fase de terminação em até 15%.
Palavras chave: alimento alternativo, cactos, desempenho zootécnico, sustentabilidade
39
Bran of forage cactus (Opuntia ficus-indica Mill) in feed for pigs in the final phase
of creation
Abstract
The aim of this research was to determine the nutritional value of forage cactus meal
(Opuntia ficus-indica Mill) and to establish its best level of including in diet for finishing pigs, considering the performance parameters, carcass characteristics, the development of the digestive system organs and the economic viability. Two experiments were
conducted, one of digestibility and the other one of performance. In the digestibility
experiment it was determined the total digestible nutrients and the coefficients of metabolizability of forage cactus meal of giant variety . In the performance experiment it
was evaluated the inclusion of forage cactus meal in the diet at levels of 0, 5, 10 and
15%, and its effects on the variables of performance, carcass characteristics, weight and
length of the organs, short chain fatty acids concentration in cecal contents and the economic viability of the diets. The nutritional values based on dry matter (DM) were
3267.55 kcal/kg gross energy (GE); 1000.80 kcal/kg digestible energy (DE); 1012.59
kcal/kg apparent metabolizable energy (MEAn), and coefficients of metabolizability
51.14 DM; 48.34 organic matter (OM); 22.60 mineral matter (MM); 62.74 crude protein
(CP); 31.78 ether extract (EE); 30.61 neutral detergent fiber (NDF) and 27.17 acid detergent fiber (ADF). The performance variables, carcass characteristics, weight and
length of the organs, short chain fatty acids concentration and the economic viability of
the diet were not influenced by the inclusion of forage cactus meal. The forage cactus
meal has for finishing pigs 1/3 of metabolizable energy from corn and can be included
in the diet for finishing pigs by up to 15%.
Keywords: alternative food, cactus, animal performance, sustainability
40
Introdução
Em um sistema de criação intensivo de suínos a alimentação é o fator de maior
participação nos custos de produção, representando cercar de 60 a 80% dos gastos totais. Com a finalidade de se reduzir custos com alimentação, várias pesquisas são realizadas para avaliar alimentos alternativos que visem substituir o milho e o farelo de soja
nas dietas dos suínos. Contudo, para adotar um alimento alternativo é preciso considerar
os aspectos nutricionais do alimento, as demandas nutricionais dos animais, a disponibilidade regional do alimento alternativo, a aceitação pelos animais e a viabilidade econômica (FARIAS et al., 2008; MELLO et al., 2011; CARVALHO et al., 2011).
A palma forrageira (Opuntia ficus-indica Mill) é uma cactácea que, por se adaptar
bem às condições edafoclimáticas do semiárido brasileiro e possuir consideráveis valores nutricionais, vem se apresentando como alimento alternativo de elevada importância
socioeconômica para a região Nordeste do Brasil. Essa cactácea apresenta mecanismo
fisiológico especial no que se refere à absorção, aproveitamento e perda de água. É uma
planta verde que possui duas características peculiares: especialidade dos cladódios em
produzir mucilagem, estruturas complexas com polissacarídeos heterogêneos e grande
capacidade de absorver água (GOYCOOLEA & CÁRDENAS, 2003). Sua utilização na
alimentação animal pode ser de forma in natura, conservada na forma de silagem ou
processada na forma de farelo.
A maior utilização da palma forrageira é na forma in natura, sendo utilizada como
volumoso na alimentação de pequenos e grandes ruminantes, contribuindo com o aporte
energético e o fornecimento de água (COSTA et al. 2012). Para animais não ruminantes
devido a sua composição a palma forrageira pode ser utilizada como fonte de energia,
fibra ou água para esses animais.
Nesse sentido, o uso da palma forrageira para suínos na fase de terminação, do
ponto de vista nutricional, se torna uma alternativa uma vez que esses animais são eficientes em utilizar os carboidratos não fibrosos (CNF) e apresentam um bom aproveitamento da fração fibrosa da dieta. Pesquisas têm estabelecido que os ácidos graxos de
41
cadeia curta provenientes da fermentação da fibra no intestino grosso podem suprir cerca de 5 a 28% do requerimento de energia para manutenção de suínos em crescimento,
contudo, essa contribuição irá depender da frequência e do tempo de consumo bem como do tipo e concentração da fibra na dieta (JOHNSTON et al., 2003; SERENA et al.,
2008).
A palma forrageira processada na forma de farelo apresenta potencial de uso na
alimentação animal. Como vantagens podem ser citadas: a facilidade no armazenamento e transporte; aumento no consumo da palma por aumentar a sua concentração e
facilidade de balanceamento da dieta, por apresentar um menor teor de água que a palma na forma in natura (BARROSO et al., 2006). O farelo vem sendo estudado como
substituto ao milho em dietas para animais ruminantes e não ruminantes, objetivando
reduzir os custos de alimentação sem prejudicar o desempenho zootécnico dos animais.
Para ovinos, Veras et al. (2002), e Veras et al. (2005), estabeleceram substituição de 75
e 100% respectivamente, do milho por farelo de palma considerando os parâmetros de
consumo de matéria seca e digestibilidade dos nutrientes. Para frangos de corte de crescimento lento, a substituição de 57% do milho por farelo de palma enriquecido com 2%
de levedura (Saccharomyces cerevisiae) não influenciou o desempenho final aos 80 dias
de idades (SANTOS & GRANGEIRO, 2012). Todavia, para a categoria de animais não
ruminantes são escassos os trabalhos publicados com o uso de farelo de palma forrageira na alimentação. Nesse sentido, considerando o valor nutricional do farelo de palma
forrageira bem como a facilidade de se obter esse produto na região Nordeste do Brasil,
faz se necessário realizar estudos que visem avaliar a sua utilização na alimentação de
suínos.
Diante dessas considerações, a presente pesquisa foi desenvolvida com o objetivo
de determinar os valores nutricionais do farelo de palma forrageira (Opuntia ficusindica Mill) da variedade gigante, bem como estabelecer o melhor nível de inclusão na
dieta de suínos na fase de terminação, considerando os parâmetros de desempenho, características da carcaça, desenvolvimento dos órgãos do sistema digestório e viabilidade
econômica.
42
Material e Métodos
Foram realizados dois experimentos, sendo um de digestibilidade e outro desempenho. Os experimentos foram realizados no Setor de Suinocultura do Centro de Ciências Humanas, Sociais e Agrárias (CCHSA), Campus III da Universidade Federal da
Paraíba, situado no município de Bananeiras – PB.
No experimento de digestibilidade os animais foram alojados individualmente em
gaiolas de metabolismo semelhante às descritas por Pekas (1968) contendo comedouro,
bebedouro e funil coletor de urina. No experimento de desempenho, os animais foram
alojados na Unidade Experimental para Suínos, em baias com piso compacto, medindo
2,30 x 1,70 m, equipadas com comedouros de alvenaria e bebedouros do tipo chupeta.
Aquisição da palma forrageira e processamento do farelo
A palma forrageira foi adquirida de produtores que cultivam a palma sem adotar
práticas agronômicas de cultivo (tratos culturais, adubação e irrigação). Foi escolhida a
variedade Opuntia ficus-indica Mill (variedade gigante) por apresentar maior disponibilidade na região. Para obtenção do farelo de palma forrageira (FPF), os cladódios foram
coletos a campo, fatiados a faca em pedaços de 3 a 5 cm e expostos ao ar livre por um
período máximo de cinco dias objetivando a sua desidratação, sendo que a noite o material foi coberto com lona plástica para evitar umidade. Posteriormente, os pedaços foram
triturados em triturador convencional e obtidos o farelo de palma forrageira.
Uma amostra do produto foi encaminhada ao laboratório para avaliar sua composição bromatológica, sendo determinadas os níveis de Ca, Na, K, PB, EE, EB, FB, MO
e MM, seguindo a metodologia de Silva & Queiroz (2002) e os teores de FDN e FDA
de acordo com Van Soest et al. (1991). Os teores de carboidratos totais (CHO) foram
calculados segundo as equações indicadas por Sniffen et al. (1992) em que CHO = 100
- (%Proteína Bruta + %Extrato Etéreo + %Cinzas) e os teores de carboidratos não fibro-
43
sos (CNF) pela fórmula CNF = CHO – FDN. As concentrações dos minerais Ca, Na e
K, foram determinadas utilizando um espectrofotômetro de chama.
Ensaio de Digestibilidade
Foram utilizados 12 suínos machos castrados da linhagem Agroceres®, com peso
médio inicial variando entre 65 + 4 kg, distribuídos de forma homogênea em dois tratamentos com cinco repetições, adotando cada animal como uma unidade experimental
totalizando 10 parcelas. Foi utilizado o delineamento interamente casualizado.
Os tratamentos experimentais consistiram de uma dieta referência a base de milho
e farelo de soja, formulada para atender às exigências nutricionais sugeridas por
Rostagno et al. (2011), para suínos machos castrados, com o peso vivo na faixa de
70 a100 kg; e uma dieta teste, onde o farelo de palma forrageira substituiu em 30% a
dieta referência.
O período experimental teve a duração de 15 dias, sendo os dez primeiros dias para adaptação dos animais às gaiolas e rações experimentais, e os cincos últimos dias
para a coleta de fezes e urina. Foi adotado o método de coleta total descrito por Sibbald
& Slinger (1963). As médias registradas para temperatura máxima e mínima foram de
26 + 3°C e 22,8 + 2°C respectivamente e umidade relativa do ar de 72 + 10%.
Durante os dez dias iniciais foram determinados o consumo médio de dieta dos
animais, em dois arraçoamentos diários, realizados às 7h:30min e às 17h:30min. A
quantidade de dieta a ser consumida era pesada individualmente. Após 30 minutos do
início do fornecimento, as sobras eram recolhidas e então pesadas, determinando assim
a quantidade ingerida.
O cálculo da quantidade de dieta fornecida para cada animal nos cinco dias de coleta foi estabelecido de acordo com o menor consumo por peso metabólico (kg0,75) observado na fase de adaptação dos animais para cada unidade experimental (SAKOMURA & ROSTAGNO, 2007). Para determinar o inicio e final do período de coleta foi
adicionado 2% de óxido férrico (Fe3O2) na dieta como marcador fecal. A água de bebida era fornecida à vontade durante todo o período experimental.
44
As fezes foram coletadas e pesadas duas vezes ao dia na parte da manhã e a tarde,
sendo posteriormente acondicionadas em sacos plásticos e congeladas. A urina foi coletada diariamente em baldes de plástico, filtrada, e o volume produzido mensurado, recolhendo-se uma alíquota de 20% e mantendo-a congelada. Em cada recipiente utilizado
para coleta de urina foram adicionados 20 mL de solução 1:1 de ácido clorídrico (12N)
e água destilada, para evitar proliferação microbiana e volatilização do nitrogênio.
Ao final do período de coleta, as fezes e as urinas de cada animal foram descongeladas, homogeneizadas e retirada uma amostra. Aproximadamente 200g de fezes de
uma amostra composta foram submetidas à pré-secagem em estufa com circulação forçada a 55ºC durante 72 horas, sendo posteriormente moídas em moinho do tipo “facas”
dotado de peneira com crivos de um mm. As amostras de urina foram secas em placas
de Petri®, em estufa com circulação forçada a 55ºC por 72 horas, sendo que a cada 24
horas o volume das placas era completado. As amostras de dieta foram moídas, seguindo os mesmos procedimentos descritos para as amostras de fezes.
Nas amostras processadas de fezes e dieta, foram realizadas análises de MS; MM;
PB; EE; FDN; FDA e EB conforme relatado anteriormente (Processamento do farelo de
palma). Nas amostras de urina, foram determinadas as densidades e posteriormente efetuadas análises de EB e PB. Após as análises laboratoriais foram calculados os coeficientes de metabolizabilidade da MS, MO, MM, PB, EE, FDN, FDA e EB, assim como a
energia digestível (ED) e metabolizável aparente corrigida por nitrogênio (EMAn) e os
respectivos nutrientes digestíveis, utilizando equações de Matterson et al. (1965)
Experimento de Desempenho
No experimento de desempenho foram utilizados 20 suínos machos, castrados, da
linhagem comercial Agroceres®, com peso médio inicial e final de 77 + 1 e 113 + 1 kg,
respectivamente. Os tratamentos consistiram de quatro dietas experimentais com níveis
crescentes de inclusão (0, 5, 10 e 15%) de farelo de palma forrageira em substituição ao
farelo de milho. Foram utilizados cinco repetições por tratamento, totalizando 20 unidades experimentais. Cada unidade experimental foi composta por um animal. As dietas
45
experimentais, todas isonutritivas, foram formuladas para atender as exigências nutricionais de animais de alto potencial genético, de acordo com as recomendações de
Rostagno et al. (2011) conforme a Tabela1. As dietas foram formuladas depois de obtidos os coeficientes de metabolizabilidade do farelo de palma forrageira e o valor de
energia metabolizável, PB, FDN, FDA, Ca, Na, K obtidos foram considerados na formulação das dietas. A composição aminoacídica do farelo de palma forrageira adotada
na formulação das dietas, foi obtida com base no percentual de cada aminoácidos contido na PB descrito por Teles et al., (1997).
Os animais receberam dieta e água à vontade, sendo que a dieta foi ofertada na
frequência de cinco vezes diárias. As sobras de rações eram recolhidas, pesadas e descontadas do fornecido para se calcular o consumo diário. O peso individual dos animais
foi registrado no início e a cada dez dias de experimento. Com base nesses dados foi
determinado o consumo de ração (CR, g/dia), o ganho de peso (GP, kg), ganho de peso
diário (GPD, g/dia) e a conversão alimentar (CA, g/g) dos animais durante o período
experimental. As temperaturas médias registradas máximas e mínimas foram de 24 +
3ºC e 18 + 2°C respectivamente, e umidade relativa do ar máxima e mínima de 88 + 6%
e 54 + 2% respectivamente, durante o período de avaliação do desempenho.
Abate
Depois que os animais atingiram o peso médio estabelecido para o abate (peso
113 kg) foram submetidos a um período de jejum de 12 horas. O abate aconteceu em
dois dias consecutivos realizando-se sorteio de dois ou três animais por tratamento, totalizando dez animais abatidos a cada dia. O abate foi realizado no abatedouro escola do
CCHSA-Bananeiras-PB. Os animais foram caminhando até o abatedouro o qual está
localizado a 250 m do setor de suínos e, após descanso, cada animal individualmente foi
atordoado com corrente elétrica, sangrado, depilado e eviscerado.
46
Tabela 1. Composição alimentar e níveis nutricionais das rações contendo níveis de
inclusão de farelo de palma forrageira (FPF)
Níveis de inclusão
Ingredientes
0% FPF
5% FPF
10% FPF
15% FPF
Milho
80,35
75,68
68,00
60,62
Farelo de soja
14,36
14,63
15,47
16,25
Farelo de palma
00
5,00
10,00
15,00
Óleo de soja
1,00
2,00
4,00
5,90
Fosfato bicálcico
0,75
0,77
0,79
0,81
Calcário
0,57
0,32
0,07
000
Sal comum
0,32
0,32
0,31
0,31
Carbonato de potássio
0,47
0,24
0,00
000
Inerte1
1,21
0,05
0,34
0,06
BHT1
0,02
0,02
0,02
0,02
Premix min.vita3
0,50
0,50
0,50
0,50
L-Lisina HCL
0,32
0,33
0,32
0,32
L-Treonina
0,09
0,10
0,10
0,11
DL-Metionina
0,03
0,04
0,06
0,07
L-Triptofano
0,02
0,02
0,01
0,01
L-Valina
------------0,01
0,02
Total
100,00
100,00
100,00
100,00
Energia Met. (Mcal/kg)
Proteína bruta %
Cálcio %
Fósforo disponível %
Lisina Dig %
Arginina Dig %
Treonina Dig %
Met+ cist Dig %
Metionina Dig %
Triptofano Dig %
Valina Dig %
Potássio %
Sódio %
FDN %
BE4 mEq/kg
Composição calculada
3,23
3,23
3,23
13,83
13,83
13,83
0,47
0,47
0,47
0,23
0,23
0,23
0,76
0,76
0,76
0,75
0,74
0,74
0,51
0,51
0,51
0,46
0,46
0,46
0,24
0,25
0,25
0,14
0,14
0,14
0,54
0,53
0,53
0,77
0,78
0,78
0,16
0,16
0,16
11,20
12,80
14,13
201
203
205
3,23
13,83
0,47
0,23
0,76
0,73
0,51
0,46
0,26
0,14
0,53
0,79
0,16
15,49
210
1
Areia lavada; 2 Antioxidante BHT; 3 premix mineral e vitamínico, níveis de garantia por kg do produto:
Vitamina A: 532.000 UI; Vitamina B: 112.000 UI; Vitamina E: 2.100 UI; Vitamina B1(Tiamina): 138 mg; Riboflavina (B2): 490 mg; Pirodoxina (B6): 97 mg; Vitamina B12: 1680 mcg; Vitamina K: 280 mg; Niacina: 2.800 mg; Biotina: 10 mg; Pantotenato de Ca: 1.680 mg; Ác. Fólico: 70 mg; Colina: 15 g; Cobre: 21 g; Cobalto: 100 mg; Ferro:
12g; Manganês: 6200 mg; Zinco: 24g; Iodo: 200mg; Selênio: 42 mg; Bacitracina de Zinco: 1.1000 mg. 4
BE- Balanço Eletrolítico da Dieta.
47
Os órgãos coração, rins, baço, fígado, pâncreas, estômago cheio e vazio, intestino
delgado cheio e vazio, ceco cheio e vazio, cólon cheio e vazio, foram pesados. Após
esvaziamento e lavagem prévia mediu-se o comprimento do intestino conforme metodologia descrita por Le Gall et al. (2007).
Características quantitativas das carcaças e pH
As carcaças foram pesadas ao término do abate para obtenção do peso da carcaça
quente (PCQ) e, 24h após o resfriamento em câmara fria a 2ºC, para obtenção do peso
da carcaça fria (PCF). O rendimento de carcaça (%) foi calculado pelo peso da carcaça
quente dividido pelo peso vivo do animal em jejum ao término do experimento e, o resultado multiplicado por 100. Com base no peso da carcaça fria e peso da carcaça quente foi calculada a perda de peso da carcaça no resfriamento adotando a metodologia descrita por Bridi & Silva (2007).
O comprimento da carcaça foi obtido utilizando-se uma trena metálica graduada,
sendo feita desde a primeira costela ate a sínfise ísquio-pubiana, seguindo-se o método
brasileiro de avaliação de carcaças (ABCS, 1973). Para avaliação da espessura de toucinho foram feitas medidas de espessura de toucinho na altura da primeira costela (ET1),
última costela (ET2) e última lombar (ET3) com o auxilio de um paquímetro digital,
posteriormente obtido a média dos valores obtidos entre os pontos, seguindo a metodologia descrita por Bridi & Silva (2007).
Para a análise da profundidade do músculo Longissimus dorsi adotou-se a
metodologia descrita por Bridi & Silva (2007) e os rendimento de carne e a quantidade
de carne na carcaça seguindo as equações propostas por Guidoni (2000).
Para obtenção dos cortes da carne suína, após 24 horas de resfriamento em câmara
fria a 2ºC foram feitas a separação e a pesagem dos principais cortes: pernil, paleta, costela, lombo, filé, pescoço e barriga. Para estimar o rendimento dos cortes (%), foi utilizada a relação entre o peso do corte, dividido pelo peso da meia carcaça resfriada e o
resultado multiplicado por 100, segundo Bridi & Silva (2007).
48
Para a determinação do pH, utilizou-se pHmetro portátil digital (marca Homis,
mod. 801). Os valores de pH foram determinados após 45 minutos do abate (pH inicial)
e 24 horas post mortem nas carcaças resfriadas (pH final). Esses valores foram determinados na porção central do músculo Longissimus dorsi, entre a 12 e 13ª costelas da meia
carcaça direita (ROSA et al., 2001). Antes da quantificação do pH, o pHmetro foi calibrado e os eletrodos foram lavados com água destilada e secos com papel toalha.
Ácidos graxos de cadeia curta
No conteúdo do ceco foram determinadas as concentrações dos ácidos graxos de
cadeia curta (acético, propiônico e butírico). Uma amostra de 10 g do conteúdo do ceco
foi coletada e acidificada em 30 ml de ácido fórmico a 16% para inativar os processos
fermentativos. Posteriormente, as amostras foram refrigeradas por 72h e homogeneizadas duas vezes por dia. Após esse período as amostras foram centrifugadas a 5000 rpm
a 15ºC por 15 minutos e posteriormente foi coletado o sobrenadante e congelado para
determinar as concentrações dos ácidos graxos. A identificação e quantificação dos ácidos graxos foram feitas utilizando um HPLC (Cromatografia Líquida de Alto Desempenho) da marca SHIMADZU, modelo SPD-10A VP acoplado ao detector ultravioleta
(UV) utilizando-se um comprimento de ondas de 210 nm.
Análise econômica
Para avaliar a viabilidade econômica da utilização do farelo de palma forrageira
foi considerado o custo de produção do farelo juntamente com os preços das demais
matérias primas no mercado e calculado o custo da dieta por quilograma de peso vivo
ganho, segundo equação proposta por Bellaver et al. (1985): Yi (R$/kg) = Qi X Pi/Gi,
em que: Yi = custo da dieta por kg de peso vivo ganho no i-enésimo tratamento; Qi =
quantidade de dieta consumida no i-enésimo tratamento; Pi = preço por kg da dieta utilizada no i-enésimo tratamento; Gi = ganho de peso do i-enésimo tratamento.
Foi calculado também o Índice de Eficiência Econômica (IEE) e o Índice de Custo
(IC), segundo metodologia proposta por Gomes et al. (1991): IEE (%) = MCe/CTei X
49
100 e IC (%) = CTei/MCe X 100 em que: MCe = menor custo da dieta por kg ganho
observado entre os tratamentos; CTei = custo do tratamento i considerado.
Foram utilizados os preços dos insumos da região de Bananeiras-PB para calcular
os custos das rações experimentais, conforme segue: milho grão R$ 0,75/kg, farelo de
soja R$ 1,70/kg, farelo de palma forrageira R$ 0,42/kg, óleo de soja R$ 3,30/kg, fosfato
bicálcico R$ 1,80/kg, L-lisina R$ 6,0/kg, DL-metionina R$ 10,76/kg, L-Treonina R$
6,0/kg, L-triptofano R$ 64/kg, L-valina R$ 40,75/kg, sal R$ 0,30/kg, calcário R$
0,25/kg, premix mineral e vitamínico R$ 9,0/kg, BHT R$ 12,89/kg, carbonato de
potássio R$ 5,0/kg.
Delineamento experimental e análises estatísticas
Foi utilizado um delineamento em blocos casualizados para controlar as
diferenças inicias de peso. Os dados de desempenho, e as características quantitativas da
carcaça e órgãos foram analisados quanto à homogeneidade de variância (teste de Levene a 5% de probabilidade) e quanto à distribuição dos erros (teste de Cramer VanMisses a 5%) segundo Everitt (1998). Atendendo às pressuposições estatísticas, esses
dados foram submetidos a análise de variância ao nível de 5% de probabilidade e posterior teste de regressão linear múltipla até o terceiro grau. Na viabilidade econômica, foi
aplicado o teste Dunnett (ao nível de 5% de probabilidade) comparando-se as demais
dietas com a dieta controle. As análises estatísticas foram realizadas utilizando-se do
procedimento “General Linear Models” (GLM) do software estatístico “Statistical
Analysis System” (SAS, 9.2). O modelo matemático utilizado foi:
Yijk =  + Ni + Bj + Eijk, em que:
Yijk = parâmetro observado na unidade experimental k, no bloco j, recebendo o nível de
inclusão do farelo de palma i;  = média geral observada; Ni = Efeito dos níveis de inclusão do farelo i; i = 0, 5, 10, 15%; Bj = efeito do bloco j; Eijk = erro aleatório associado a cada observação.
50
Resultados e Discussão
Em sua composição bromatológica, o farelo de palma forrageira apresenta alta
concentração de MS, MO, FDN, CHO e MM, e baixa concentração de PB, EE e CNF
(Tabela 2).
Tabela 2 . Valores de nutrientes totais digestíveis e coeficiente de metabolizabilidade do
farelo de palma forrageira com base na matéria seca.
Nutrientes
Total
Digestível
Coeficientes de
(%)
(%)
Metabolizabilidade
EB - kcal/kg
3267,55
1000,80
30,63
EMA1- kcal/kg
1000,80
2
EMAn - Kcal/kg
1012,59
Matéria seca
86,16
44,06
51,14
Matéria orgânica
83,40
40,51
48,34
Matéria mineral
16,60
3,75
22,60
Proteína bruta
5,23
3,28
62,74
Extrato etéreo
1,07
0,34
31,78
Fibra em detergente neutro
50,61
15,49
30,61
Fibra em detergente ácido
25,69
6,98
27,17
Carboidratos totais
78,80
Carboidratos não fibrosos
28,19
Cálcio
4,86
Sódio
0,32
Potássio
1,43
.1 EMA – Energia metabolizável aparente,
nitrogênio.
2
EMAn - Energia metabolizável aparente corrigida por
Existem poucas variações nas concentrações de MS, MO, PB e EE entre os trabalhos publicados. Véras et al. (2002), Araújo et al. (2009) e Ferreira et al. (2009) obtiveram, respectivamente, valores de MS (90, 91 e 92,6%), MO (99, 84 e 80%), PB (6,95,
4,0 e 3,63%) e EE (1,69, 2,42 e 1,21%). Por outro lado, as concentrações de FDN, FDA,
CNF, MM e os minerais Ca++, K+ e Na+ apresentam maiores variações em suas concentrações (ARAÚJO et al., 2009; FERREIRA et al., 2009). A concentração de FDN e
FDA foi superior a determinada por Véras et al. (2005) (FDN 29,95%, FDA
15%), Silva et al. (2011) (FDN 28,55%, FDA 22,02), Ferreira et al. (2009) (FDN
29,56%, FDA 18,75%). Contudo, se assemelha às de Araújo et al. (2009) (FDN 46,5%,
51
FDA 36,53%). O alto valor de FDN refletiu no baixo valor de CNF (28,19%). Araújo et
al. (2009) e Silva et al. (2011), obtiveram concentrações superiores de CNF (49,7% e
53,21%, respectivamente). A composição do farelo de palma está diretamente relacionada com a composição da palma forrageira no estado in natura, que por sua vez varia
de acordo com a idade da planta, tipo e fertilidade do solo, técnicas de plantio, práticas
culturais e ordem dos cladódios na planta (SANTOS et al., 2006); o tipo de processamento para obtenção do farelo também irá determinar a sua qualidade (BARROSO et
al., 2006). Os valores superiores de FDN e FDA determinados na presente pesquisa
podem ser atribuídos à idade da palma utilizada, que, na ocasião, estava com 24 meses
de idade.
Comparando-se os coeficientes de metabolizabilidade de todos os nutrientes do
farelo de palma com os nutrientes do milho grão e do sorgo com baixo tanino, que são
os principais alimentos energéticos para animais não ruminantes na região Nordeste do
Brasil, o aproveitamento dos nutrientes do farelo de palma pelos suínos na fase final de
terminação foi inferior aos nutrientes desses alimentos. Fazendo-se comparação com os
coeficientes de metabolizabilidade dos nutrientes do milho para suínos proposto por
Rostagno et al. (2011) os valores são de MO (90 vs 48,34%), PB (85 vs 62,24%), EE
(90 vs 31,78%), FDN (66,40 vs 30,61%), FDA (68 vs 27,17%) para milho e farelo de
palma, respectivamente. Comparando-se com o sorgo forrageiro, esses valores são de
MO (86,5 vs 48,34%), PB (85 vs 62,24%), EE (80 vs 31,78%), FDN (73,21 vs 30,61%),
FDA (85,4 vs 27,17%) para o sorgo e farelo de palma, respectivamente. A baixa concentração de extrato etéreo e a alta concentração de FDN e FDA, bem como o baixo
aproveitamento desses nutrientes pelos suínos, fazem com que a concentração de energia metabolizável no farelo de palma seja baixa, ficando o seu uso na dependência de
associação com outra fonte de energia para elevar aporte energético. Por outro lado,
considerando o farelo de palma como um alimento fibroso para animais não ruminantes,
o percentual de aproveitamento da fração fibrosa pelos suínos na fase de terminação
está dentro da faixa padrão para outros alimentos fibrosos como, por exemplo, a casca
de soja, casca de girassol e farelo de colza. De modo geral, o coeficiente de digestibili52
dade da fração fibrosa de alimentos com alto teor de fibra é inferior a 50% para suínos
na fase de terminação (NOBLET & MILGEM, 2004).
Apesar do alto valor de energia bruta contida no farelo de palma, os suínos na fase
de terminação conseguiram aproveitar no máximo um terço dessa energia como energia
metabolizável. Deve-se, portanto, considerar a menor contribuição de energia e proteína
do farelo de palma em relação ao milho ao formular dietas para suínos. O milho com
7,8% de PB apresenta valor de EMA de 3.340 kcal/kg (ROSTAGNO et al., 2011), nesse
sentido, o farelo de palma apresenta cerca da metade da PB digestível do milho (6,70%)
e um terço da energia metabolizável. Contudo, se compararmos o farelo de palma forrageira com o farelo do pseudofruto do cajueiro, que é um subproduto da indústria de suco e que tem boa disponibilidade na região nordeste do Brasil, os níveis nutricionais se
aproximam. Farias et al. (2008) determinaram os valores dos coeficientes de metabolizabilidade da proteína e da energia do pseudofruto do cajueiro para suínos na fase de
terminação em 11,38% e 21,9%, respectivamente, e valores de energia digestível e metabolizável de 1.293,00 kcal/kg e 1.140 kcal/kg, respectivamente. O teor de proteína do
farelo de palma é superior ao do resíduo da indústria de fecularia da mandioca (1,32%)
e, o de energia, inferior (2.621,00 kcal/kg) para suínos na fase de terminação (BERTOL
& DE LIMA, 1999).
Um dos fatores limitantes ao uso de alimentos alternativos é a alta concentração
de fibra dietética, que tem digestibilidade inferior aos nutrientes como amido, açúcares,
proteínas e lipídios. O aumento da concentração de fibra reduz a concentração de energia da dieta, uma vez que a fibra além de apresentar menor coeficiente de digestibilidade, irá também reduzir a digestibilidade aparente fecal dos outros nutrientes dietéticos
como proteína e gordura resultando em menor valor de energia metabolizável
(Le GOFF & NOBLET, 2001; URRIOLA & STEIN, 2012). Variações no aproveitamento da fibra estão relacionadas com sua origem botânica e, consequentemente, dependendo dos ingredientes utilizados na dieta, observam-se efeitos variáveis na digestibilidade da energia dietética. Contudo, a digestibilidade da energia em alimentos fibrosos pode ser ligeiramente modificada pela adição de enzimas exógenas e tratamento
53
tecnológico como, por exemplo, a granulação que aumenta a digestibilidade da energia
dos alimentos (PARTRIDGE, 2001; NOBLET & MILGEM, 2004).
As variáveis de desempenho não foram influenciadas (P>0,05) pela inclusão do
farelo de palma forrageira na dieta (Tabela 3). Em experimentos com dietas isonutritivas para suínos, a redução no desempenho dos animais está relacionada à interação negativa de atributos do alimento alternativo no metabolismo dos nutrientes, como, por
exemplo, a interação da fração fibrosa com o metabolismo de proteína e lipídios
(URRIOLA & STEIN, 2012). Na presente pesquisa, houve aumento da concentração de
FDN na dieta com a inclusão do farelo de palma forrageira, passando de 11,20% na
dieta basal, para 15,49% no nível máximo de inclusão. Todavia, o nível máximo de
FDN (15,49%) na dieta, com 15% de inclusão de farelo de palma forrageira, é inferior à
recomendação de FDN para suínos na fase de terminação estabelecida pelas normas
FEDNA (2006) e, dessa forma, não prejudicou o desempenho dos suínos. Deve-se considerar que respostas comportamentais, fisiológicas e de desempenho, apresentam diferença de acordo com a fonte alimentar e nível de inclusão da fibra (REESE et al., 2008;
SERENA et al., 2009; PELTONIEMI et al., 2010). A idade é outro fator que influencia
o aproveitamento da fração fibrosa dos alimentos. Suínos mais velhos, com o trato gastrintestinal mais desenvolvido e morfofisiologicamente maduro, aproveitam e toleram
melhor dietas contendo maiores níveis de fibra (NOBLET & MILGEM, 2004).
Tabela 3. Efeitos dos níveis de inclusão do farelo da palma forrageira (FPF), sobre o
consumo de ração (CR), ganho de peso (GP), ganho de peso diário (GPD) e
conversão alimentar (CA)
Níveis de inclusão de FPF %
Variáveis
0
5
10
15
Efeito CV2 %
CR (g/dia)
3.750
4.040
3.930
3.730
NS1
7,47
GP (g)
35.120
37.070
36.650
36.860
NS
13,66
GPD (g/dia)
1.050
1.110
1.100
1.100
NS
13,53
CA (g/g)
3.600
3.680
3.600
3.480
NS
8,17
1
NS – efeito não significativo a 5% de probabilidade pelo teste f (P>0,05). 2 CV - Coeficiente de variação.
54
Ao compararmos os resultados da presente pesquisa com trabalhos que avaliaram
alimentos alternativos adotando dietas isonutritivas para suínos, fica evidente que nesta
condição experimental não ocorreu diferença no desempenho entre os animais que receberam dieta com alimento alternativo e os que receberam somente dieta basal. Sendo
assim, os resultados da presente pesquisa estão de acordo com os de Costa et al. (2005),
que avaliaram a inclusão de torta de girassol (0, 5, 10 e 15%) para suínos nas fases de
crescimento e terminação; Farias et al. (2008), incluindo pseudofruto do cajueiro (0, 5,
10, 15 e 20%) para suínos na fase de crescimento; Mello et al. (2011), incluindo farelo
de algodão (0, 10 e 20%) para suínos nas fases de crescimento e terminação. Em todos
estes trabalhos, as dietas eram isonutritivas e não ocorreu alteração nas variáveis de desempenho, o que é um fator positivo, uma vez que os animais alimentados com dietas
contendo alimentos alternativos alcançaram os mesmos níveis de desempenho dos animais alimentados com dietas contendo somente alimentos convencionais (milho e farelo
de soja). Todavia, Brandão (2011) avaliou a inclusão de farelo de palma forrageira (0, 5,
10 e 15%) em dietas isonutritivas para codornas europeias e observou redução no desempenho e características quantitativas da carcaça à medida que aumentava a concentração de farelo de palma na dieta. A redução no desempenho e piora nas características
da carcaça foram atribuídas ao aumento da concentração de FDN na dieta com a inclusão do farelo de palma forrageira indicando que as codornas são mais sensíveis que os
suínos ao aumento da concentração de fibra na dieta.
Para que as dietas fossem isonutritivas, foi necessário compensar a baixa concentração de energia do farelo de palma forrageira com a adição de óleo de soja nas dietas
experimentais de forma crescente (Tabela 1). A adição de óleo de soja nas dietas experimentais pode ter contribuído para que os níveis de inclusão do farelo de palma apresentassem semelhanças, uma vez que o aumento dos níveis de óleo de soja melhora a
palatabilidade da dieta e a digestibilidade da energia bruta e, consequentemente, aumenta o consumo de ração e a disponibilidade de energia para os animais (DONZELE et
al.,1998; NOBLET & MILGEM, 2004). Bioquimicamente, o aumento de lipídios reduz
o incremento calórico da dieta, em virtude da molécula do triacilglicerol ser de digestão
55
e metabolismo mais simples que os carboidratos e as proteínas, requerendo um sistema
enzimático menos complexo. Além disso, os ácidos graxos são passivamente absorvidos, e a betaoxidação na mitocôndria é um processo muito mais simples que a glicólise
na oxidação de carboidratos e da estrutura carbonada dos aminoácidos (LEHNINGER,
2011).
A inclusão do farelo de palma forrageira também não influenciou as características quantitativas da carcaça bem como os valores de pH inicial e final (Tabela 4).
Tabela 4. Efeito dos níveis de inclusão do farelo de palma forrageira (FPF) sobre o peso
final (PF), peso da carcaça quente (PCQ), peso da carcaça fria (PCF), perda
de peso no resfriamento (PRF), rendimento de carcaça (RC), comprimento da
carcaça (CC), espessura de toucinho (ET), pH inicial e final (pH) rendimento
de carne fria (RCF) e quantidade de carne na carcaça (QCar)
Níveis de inclusão do FPF %
Variáveis
0
5
10
15
Efeito1
CV2 %
PF (kg)
PCQ (kg)
PCF (kg)
PRF (%)
RC (%)
CC (cm)
ETa (mm)
pH0b
pH24c
RCF (%)
QCar (kg)
112,08
44,84
43,56
2,50
80,18
99,40
27,58
5,76
5,53
17,95
60,57
114,16
45,48
43,84
3,38
79,10
102,50
26,67
5,90
5,33
18,80
57,69
113,82
45,08
44,20
2,38
80,07
100,30
29,84
5,96
5,31
16,92
57,64
113,76
44,64
43,36
4,21
77,86
102,60
25,58
5,74
5,27
18,96
59,42
NS
NS
NS
NS
NS
NS
NS
NS
NS
NS
NS
4,5
5,95
4,30
18,5
2,84
3,89
16,65
7,79
6,03
25,29
18,00
1
NS – Não significativo ao nível de 5% de probabilidade pelo teste F (P>0,05). 2 CV - Coeficiente de
a,
variação. = Espessura de toucinho, média dos pontos P1, P2 e P3. b= pH inicial; c = pH final (24 horas).
Uma vez que as dietas foram formuladas de forma isonutritivas considerando não
apenas as concentrações de energia e proteína, más também as concentrações dos aminoácidos essenciais, minerais e o balanço eletrolítico da dieta, os resultados de desempenho não surpreendem, tendo em vista as características quantitativas das carcaças
estão diretamente relacionadas ao peso do animal. Quando o ganho de peso dos animais
não apresentar diferença e mesmo assim, ocorrer alterações nas carcaças, por exemplo,
56
redução no teor de lipídios, essas alterações podem ser atribuídas aos componentes da
dieta que exercem funções metabólicas específicas no organismo animal, como, por
exemplo, a concentração de FDN e o nível de lipídeos.
A concentração de FDN na dieta pode influenciar as características quantitativas
da carcaça. A espessura de toucinho é uma variável que pode ser modificada com a manipulação da quantidade de FDN na dieta, o aumento da fibra na dieta reduz a quantidade de energia metabolizável proporcionando uma restrição qualitativa e, dependendo do
grau de restrição energética, reduz a espessura de toucinho nas carcaças (FRAGA et al.,
2008). Nesse sentido, os resultados do presente trabalho divergem dos obtidos por Quadros et al. (2008), que avaliaram a inclusão de cascas de soja (0 a 16%), com nível de
FDN variando de 14,29 a 22%, e observaram redução no rendimento de carcaça e espessura de toucinho. Igualmente, Dutra Júnior et al. (2009) avaliaram a inclusão de alódea (0 a 15%) em dieta isonutritivas que apresentaram aumento na concentração de fibra bruta (2,80 a 7,68%) e observaram redução no desempenho e nas características da
carcaça. Carvalho et al. (2011) avaliaram a inclusão de casca de café melosa ensilada (0
a 16%) para suínos nas fases de crescimento e terminação, com concentração de FDN
variando de 12,4 a 13,85%, e relataram efeitos sobre a espessura de toucinho. Em ambas
as pesquisas, alterações nas carcaças foram atribuídas ao aumento da concentração de
FDN na dieta com a inclusão dos alimentos alternativos. Contudo, conforme já relatado,
considerar somente a concentração de FDN na dieta limita uma avaliação precisa de sua
influência sobre as características de desempenho e carcaça, pois é preciso considerar o
perfil da fração fibrosa presentes nos ingredientes utilizados como alimento alternativo,
bem como as características dos animais utilizados em cada experimento.
Sobre o nível de lipídios nas dietas, sabe-se que a concentração deste nutriente
pode alterar a fração lipídica da carcaça, tanto em termos qualitativos como quantitativo. Qualitativamente, seu aumento nas dietas inibe a síntese de novo dos ácidos graxos
e, dessa forma, os ácidos graxos alimentares são depositados no tecido adiposo sem
alterações em sua configuração química, indicando a possibilidade de manipular a composição da gordura na carcaça com modificações de fonte de lipídios e ingredientes ali57
mentares (CHILLIARD, 1993). Quantitativamente, para suínos nas fases de crescimento e terminação, a suplementação de lipídios na dieta aumenta a espessura de gordura
nos animais (PETTIGREW & MOSER, 1991; BENZ et al., 2011) contudo, o valor nutricional dos lipídios como fonte de energia para suínos e, consequentemente, sua influência no desempenho e características da carcaça, são influenciados pela digestibilidade do lipídio da dieta, pela quantidade de EM consumida, pela relação energia lisina
na dieta e pela temperatura ambiental (NRC, 2012). Nesse sentido, os resultados da presente pesquisa estão de acordo com os obtidos por Perondi (2013) que avaliaram a utilização de farelo da semente de maracujá na alimentação de suínos e não observaram
aumento na espessura de toucinho com aumento dos níveis de óleo de soja nas dietas
experimentais. Apesar de não investigado na presente pesquisa, fatores inerentes à própria característica do farelo de palma como a concentração de pectina, vitamina E, flavonoides etc, podem ter contribuído para o não aumento da espessura de toucinho, pois,
a palma forrageira de forma in natura mostrou ser eficaz para reduzir as concentrações
de colesterol LDL em porquinhos da índia (FERNANDEZ et al., 1994). Ademais, cápsulas de palma desidratadas vêm sendo recomendadas para humanos para redução da
obesidade (GODARD et al., 2010). Sendo assim, os resultados da presente pesquisa
abrem novas possibilidades de investigações de uso do farelo de palma forrageira.
A inclusão na dieta do farelo de palma forrageira também não influenciou a perda
por resfriamento e os valores de pH inicial e final. Os valores de pH estão diretamente
relacionados a qualidade da carne. O pH está associado às características físicoquímicas da carne, contribuindo significativamente para sua qualidade; explica cerca de
60% da variação total sofrida pela carne após o abate (BARBOSA et al., 2006), indicando a ocorrência de carnes PSE e DFD. Segundo o National Pork Producers Council
(1998) a carne suína é de qualidade quando apresenta pH inicial maior que 5,8 e final
menor que 5,9.
Verificou-se que os diferentes níveis de inclusão do farelo de palma forrageira não
influenciou (P>0,05) o rendimento dos principais cortes dos suínos (Tabela 5), o que
pode ser justificado pela padronização do peso ao abate e das características de carcaça,
58
independente do tratamento. Tanto os resultados de desempenho como os das características quantitativas da carcaça e rendimentos dos principais cortes cárneos, estão dentro
dos padrões para suínos de mesma genética e mesmo peso de abate, obtidos por outros
pesquisadores (OLIVEIRA et al., 2003; ROSA et al., 2008; OLIVEIRA, 2011; BENZ
et al., 2011), evidenciando que os animais tiveram condições adequadas de manejo,
nutrição e ambiente para expressar seu potencial genético
Tabela 5. Rendimento dos principais cortes cárneos de suínos alimentados com diferentes níveis de inclusão do farelo de palma forrageira (FPF)
Níveis de inclusão do FPF (%)
Variáveis
0
5
10
15
Efeito1
CV2 %
Pernil (%)
28,58
26,88
28,45
28,13
NS
5,32
Lombo* (%)
7,47
8,07
7,85
7,70
NS
7,19
Filé (%)
1,02
1,01
1,07
1,07
NS
6,66
Costela (%)
13,19
12,25
11,17
12,88
NS
8,64
Paleta (%)
18,72
21,73
20,79
20,43
NS
10,42
Barriga (%)
10,50
10,75
11,77
11,59
NS
8,88
Pescoço (%)
6,60
6,51
6,16
6,14
NS
40,41
1
NS – Não significativo ao nível de 5% de probabilidade pelo teste F (P>0,05).
variação. * Lombo sem osso.
2
CV - Coeficiente de
A inclusão do farelo de palma não influenciou estatisticamente (P>0,05) o peso
cheio e vazio do estômago, intestino delgado e cólon, bem como o peso do fígado, coração, rins e comprimento do intestino delgado (Tabela 6). Segundo Anugwa (1989) o
peso dos órgãos está positivamente correlacionado (r>0,98) com a produção de calor
metabólico nos animais e, em suínos selecionados para alta produção de carne magra, o
aumento no peso dos órgãos exerce papel importante, pois o consumo de energia pelos
tecidos metabolicamente ativos como intestino, fígado e rins é muito maior que os gastos de energia associados à carcaça, sendo responsável por mais de 50% dos gastos total
de energia pelos animais.
59
Tabela 6. Efeito da inclusão do farelo de palma forrageira sobre o peso do estômago,
intestino delgado (ID), comprimento do intestino delgado (CP ID), cólon,
ceco, fígado, coração, rins, pâncreas e baço
Níveis de inclusão %
Variáveis
0
5
10
15
Efeito1
CV2 %
782
887
957
899
Estômago cheio (g)
NS
14,36
597
572
568
633
Estômago vazio (g)
NS
13,67
2671
2468
2697
2526
ID cheio (g)
NS
19,01
1840
1715
1715
1602
ID vazio (g)
NS
19,80
17,21
17,37
17,42
15,42
CP ID (m)
NS
8,55
1456
1383
1439
1330
Cólon cheio (g)
NS
28,27
760
705
769
Cólon vazio (g)
689
NS
25,24
427
527
Ceco cheio (g)
381
375
NS
41,27
153
163
Ceco vazio (g)
154
151
NS
19,58
1542
1590
Fígado (g)
1516
1638
NS
9,0
455
479
Coração (g)
498
455
NS
15,16
330
335
Rins (g)
395
333
NS
25,34
427
318
Pâncreas (g)
418
443
NS
17,57
205
189
Baço (g)
202
194
NS
24,95
1
NS- Não significativo ao nível de 5% pelo teste F (P>0,05); 2 CV – Coeficiente de variação.
Alguns trabalhos evidenciam que o aumento da concentração de fibra na dieta de
suínos pode aumentar o peso dos órgãos (POND et al., 1988; JORGENSEN et al.,
1996). De acordo com Schneeman (1999), a fibra aumenta o volume da digesta que
promove a distensão das paredes do trato gastrintestinal (TGI) e consequente aumento
de alguns órgãos digestivos, no entanto, os resultados encontrados na literatura são bastante abrangentes. Na presente pesquisa o aumento do teor de FDN não foi suficiente
para alterar o peso e comprimento dos órgãos. Gomes et al. (2006) avaliando o efeito de
dois níveis de FDN na dieta (0 e 8%) para suínos nas fase de creche e crescimentoterminação não encontraram alterações no peso do estômago cheio, colón, intestino
grosso, fígado, rins e pulmões, contudo, observaram maior peso do TGI e estômago
vazio, e sugeriam uma adaptação orgânica dos animais aos componentes da fibra dietética. Jin et al. (1994) relataram que dietas contendo fibra são responsáveis pela alteração
na morfologia intestinal de não ruminantes. Jorgensen et al. (1996) relataram aumento
do peso do estômago, colón, ceco em suínos em crescimento consumindo dietas com
alto teor de fibra (26,9%) comparado com baixo teor de fibra (5,9%). Concordando com
60
nossos resultados, Hale et al. (1986) não observaram efeito significativo de dietas com
alto teor de fibra (26% de FDN) sobre o peso dos órgãos e mais recentemente, Dutra
Júnior et al. (2009) também não observaram efeito significativo do aumento do teor de
fibra sobre o peso e comprimento dos órgãos. De maneira geral, os resultados na literatura não são conclusivos, pois além da concentração da fibra na dieta, outros fatores
como a idade dos animais, grupo genético e perfil da fibra estão envolvidos nas repostas
dos órgãos ao consumo de fibra pelos animais (NOFRÁRIAS et al., 2007; HEIMENDAHL et al., 2010).
Igualmente às outras variáveis a inclusão de farelo de palma forrageira na dieta
não influenciou (P>0,05) as concentrações dos ácidos graxos de cadeia curta (AGCC):
acético, propiônico e butírico (Tabela 7). O ácido acético apresentou maior concentração em todas as dietas, seguidas do ácido propiônico e em menor concentração o ácido
butírico essa relação está de acordo com os relatos de Montagne et al.(2012). As concentrações dos AGCC estão diretamente ligadas à população de microrganismos que
colonizam o intestino grosso, bem como o substrato que eles utilizam para a produção
de energia. Esperava-se, que com o aumento da concentração de fibra nas dietas pela
inclusão do farelo de palma, houvesse alterações nas concentrações dos AGCC, uma
vez que o aumento da fibra na dieta proporciona maior quantidade de substrato no ceco,
que serão utilizados para crescimento dos microrganismos. Provavelmente houve uma
adaptação dos microrganismos as dietas durante os 35 dias de experimento, uma vez
que os microrganismos do intestino podem se adaptar a dieta com alta concentração de
fibra dentro de 14 dias (VAREL & YEN, 1997). Contudo, a concentração e tipo de fibra
na dieta, a idade dos animais, a categoria e raça animal bem como as condições sanitárias em que os animais foram criados irão influenciar a produção dos AGCC (MONTAGNE et al., 2012; ZIEMER et al., 2012). Maior produção dos AGCC pode melhorar
o desempenho dos animais, uma vez que para suínos em fase de crescimento e terminação os AGCC podem contribuir com cerca de 15 a 24% da energia de mantença do organismo animal e, dessa forma, economizando energia do alimento para a produção
animal (MCBURNEY & SAUER, 1993).
61
Tabela 7. Concentração dos ácidos graxos de cadeia curta no conteúdo cecal dos suínos
alimentados com farelo de palma forrageira
Níveis de inclusão %
Ácidos graxos
(ppm)
0
5
10
15
Efeito1 CV2 %
Acético
12.745,17 13.072,96
12.820,18 14.500,75
NS
14,13
Propiônico
512,23
586,62
375,15
693,72
NS
30,08
Butírico
35,98
46,27
34,35
38,00
NS
15,54
1
NS- Efeito não significativo ao nível de 5% de probabilidade pelo teste F. 2 CV - Coeficiente de varia-
ção.
Não foi observado efeito significativo (P>0,05) da inclusão do farelo de palma
forrageira sobre o custo de ração por quilograma de peso vivo ganho, índice de eficiência econômica e índice de custo de suínos na fase de terminação (Tabela 8). Numericamente houve aumento do preço da ração com a inclusão do farelo de palma forrageira.
Esse aumento se deve principalmente à necessidade de aumentar a quantidade de farelo
e óleo de soja para atender as necessidades nutricionais dos animais. Vale ressaltar que
a região Nordeste do Brasil, entre os anos de 2012 e 2013, passou por um período prolongado de seca, resultando na perda de forragem e aumento no preço do milho, farelo
de soja, e, principalmente, de uma supervalorização da palma forrageira. O aumento no
preço da palma forrageira in natura reflete diretamente no preço final do farelo de palma. A tonelada da palma forrageira era adquirida ao preço de R$ 22,00 a R$ 25,00 no
ano de 2011 na região de Bananeira-PB e, no ano de 2012, devido à baixa oferta, estava
sendo vendida no valor de R$ 80 a R$ 100. No presente estudo, o valor do preço final
do farelo de palma foi de R$ 0,42/kg, considerando-se somente o preço pago pela tonelada da palma forrageira e o frete gasto no transporte. Considerando que o farelo de
palma forrageira apresenta somente 1/3 da quantidade de energia metabolizável do milho, seu preço de aquisição deve no máximo apresentar essa mesma proporcionalidade
para se tornar viável sua compra. Na atual pesquisa, sendo o valor pago pelo milho de
R$ 0,75/kg, o preço máximo do farelo de palma deveria ser R$ 0,25/kg. Contudo, o farelo de palma se torna um atrativo ao produtor de suínos que realiza o cultivo da palma
forrageira pois, de acordo com Santos et al. (2006), o custo da tonelada de massa verde
62
de palma forrageira já cortada varia entre R$ 16,32 a R$ 22,22, dependendo da técnica
de cultivo.
Tabela 8. Peso inicial (kg), peso final (kg), custo de ração (CR1, R$/kg), custo em ração
por quilograma de peso vivo ganho (CR2), índice de eficiência econômica
(IEE) e índice de custo (IC) de suínos alimentados com dietas contendo diferentes níveis de inclusão de farelo de palma forrageira (FPF)
Níveis de inclusão de FPF
Efeito1
Variáveis
CV3 %
2
0%
5%
10%
15%
Regressão Dunnett
Peso inicial (kg)
76,96 77,09 77,17 76,9
3332
Peso final (kg)
112,08 114,16 113,82 113,76
CR1, R$/kg
1,004 1,018 1,054 1,102
CR, R$/kg PV
3,597
3,72 3,789 3,733
NS
NS
8,32
IEE (%)
100,00 96,69 94,94 96,35
NS
NS
9,09
IC (%)
100,00 103,43 105,33 103,79
NS
NS
8,32
1
NS- Efeito não significativo a 5% de probabilidade pelo teste F (P>0,05); 2 Teste de médias Dunnett a
5% de probabilidade; 3 CV – Coeficiente de variação.
Na nutrição de suínos modernos, as dietas devem ser formuladas para atender as
exigências de nutrientes e energia em suas respectivas fases de produção. Para inclusão
de um alimento alternativo ao milho e farelo de soja, há de se fazer um balanço dos nutrientes oferecidos, além do custo de produção da dieta. Outros fatores também devem
ser observados na escolha de um alimento alternativo, como disponibilidade comercial,
quantidade e qualidade dos nutrientes e valor energético. Lindemann et al. (2004) relataram que na avaliação de ingredientes alternativos na alimentação de suínos, muitas
vezes a intenção não é necessariamente determinar se há vantagens nutricional, mas
sim, determinar se o ingrediente suporta resultados compatível com os alimentos convencionais. Nesse sentido, uma vez que não houve alteração no custo das dietas experimentais bem como piora nas variáveis de desempenho e características quantitativas da
carcaça, o farelo de palma possui grande potencial de uso, por garantir níveis adequados
de nutrientes quando combinados com fontes energéticas e por haver boa disponibilidade de palma na região Nordeste do Brasil.
63
Conclusões
O farelo de palma forrageira pode ser incluído em dietas de suínos na fase de terminação em até 15% desde que os níveis nutricionais sejam corrigidos e o preço de obtenção do farelo não ultrapasse 30% do preço do milho.
64
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72
Capítulo III
______________________________________________________________________
Silagem de palma forrageira (Opuntia ficus-indica Mill) na alimentação de suínos
em fase de terminação associada à restrição quantitativa da ração balanceada
73
Silagem de palma forrageira (Opuntia ficus-indica Mill) na alimentação de suínos
em fase de terminação associada à restrição quantitativa da ração balanceada
Resumo
Objetivou-se avaliar a utilização da silagem de palma forrageira (Opuntia ficus-indica
Mill) na alimentação de suínos na fase de terminação. Foram realizados dois
experimentos, sendo um de digestibilidade e outro de desempenho. No experimento de
digestibilidade determinaram-se os nutrientes totais e digestíveis e os coeficientes de
metabolizabilidade da silagem de palma forrageira. No experimento de desempenho
foram avaliados os níveis de restrição quantitativa da ração (0, 10, 20 e 30%) associados
ao fornecimento de silagem de palma forrageira. A silagem de palma forrageira
apresentou satisfatórias quantidades de energia metabolizável e coeficientes de
metabolizabilidade. Os níveis de restrição alimentar associados ao fornecimento da
silagem de palma forrageira influenciaram negativamente (P<0,05) as variáveis
consumo de ração, ganho de peso e peso final, porém não influenciaram a conversão
alimentar. O consumo de silagem total aumentou linearmente (P<0,01) à medida que se
restringiu a ração balanceada, contudo, não foi suficiente para aumentar o ganho de
peso dos animais ao nível do grupo controle. Os pesos absolutos das carcaças foram
influenciados negativamente (P<0,05), contudo, o rendimento de carcaça e cortes, bem
como a quantidade de carne na carcaça não foram influenciados (P>0,05). Com o
aumento da restrição alimentar, houve redução da espessura da mucosa do duodeno,
diminuição das glândulas intestinais, acúmulo de tecido adiposo na submucosa,
diminuição do acúmulo de glicogênio hepático e aparecimento de processo inflamatório
na submucosa e mucosa intestinal. A silagem de palma forrageira não possui boa
aceitação pelos animais. A restrição de até 30% da ração balanceada não prejudica a
conversão alimentar, rendimentos da carcaça e cortes e a viabilidade econômica,
contudo, níveis acima de 10% comprometem a saúde intestinal.
Palavras chave: Alimento alternativo, conservação de alimentos, duodeno, saúde
intestinal
74
Silage of forage cactus (Opuntia ficus-indica Mill) in feed for pigs in the final phase
of creation associated with the quantitative restriction of balanced ration
Abstract
The aim of this research was to evaluate the use of forage cactus silage (Opuntia ficusindica Mill) in feed for pigs at finishing stage. Two experiments were conducted, one of
digestibility and the other one of performance. In the digestibility experiment it was
determined the total digestible nutrients and the coefficients of metabolizability of forage cactus silage. In the performance experiment, the levels of quantitative restriction of
the diet (0, 10, 20 and 30%) were evaluated associated with the supply of forage cactus
silage. The forage cactus silage showed satisfactory amounts of metabolizable energy
and metabolizability coefficients. The levels of feed restriction associated to the supply
of forage cactus silage, negatively influenced (P <0.05) the feed intake, weight gain and
final body weight, but the levels didn’t influence the feed conversion. The total silage
intake increased linearly (P <0.01) as it was restricted the balanced feed, however, it
wasn’t sufficient to increase the weight gain of the animals to the level of the control
group. The absolute carcass weights were negatively influenced (P <0.05), however,
carcass yield, cuts and the amount of meat in the carcass were not affected (P> 0.05).
When feed restriction was increased, there was a reduction of the duodenum mucosa
thickness, a decrease of intestinal glands, an accumulation of adipose tissue in the submucosa, a decrease in the accumulation of hepatic glycogen and the appearance of inflammation in the intestinal mucosa and submucosa. The forage cactus silage doesn’t
have good acceptance by animals. The restriction to 30% of the balanced feed doesn’t
affect feed conversion, carcass yield, cuts and economic viability, however, levels over
10% compromise the intestinal health, which can bring on a worse intestinal absorption
and lower feed conversion.
Key Words: alternative food, food preservation, duodenum, intestinal health
75
Introdução
A palma forrageira é uma planta que se adapta bem às regiões semiáridas e possui
múltiplos usos, servindo como fonte de alimento para humanos e animais. Devido a sua
composição nutricional e à variedade de produtos e subprodutos que se pode extrair a
partir dela, essa cactácea possui relevada importância social e econômica para essas
regiões (FAO, 2013).
A palma forrageira apresenta alta palatabilidade e digestibilidade para diversas
espécies de animais, principalmente ruminantes e pequenos animais silvestres de vida
livre (LIRA et al., 2006). Considerando os aspectos nutricionais, a palma apresenta
baixo teor de matéria seca (MS) (10-15%), alto teor de carboidratos totais (CHT) (5577%) e matéria orgânica (MO) e NDT (65-70%). Nesse sentido, devido sua composição
e a facilidade de se obter a palma forrageira na região Nordeste do Brasil, torna-se
importante avaliarmos sua utilização para animais não ruminante, principalmente
processada na forma de farelo e silagem.
A ensilagem é um método de conservação que tem como princípio o armazenamento do alimento em condições de anaerobiose, ocorrendo então um processo de fermentação que preserva a forragem. Nesse processo, diversos substratos energéticos,
incluindo açúcares solúveis, ácidos orgânicos e compostos nitrogenados solúveis, são
utilizados pelas bactérias fermentativas para a produção de ácidos graxos voláteis
(AGV), tais como lactato, acetato, propionato e, butirato (SANTOS et al., 2010). O
produto ensilado mantém uma proporção muito maior dos seus nutrientes do que se
tivesse sido colhido seco e armazenado como feno (McDONALD et al., 1991).
A conservação da palma forrageira na forma de silagem pré-desidratada reduz em
cerca de 20% a mão-de-obra com relação ao farelo de palma, uma vez que o tempo de
desidratação é menor e, obviamente, não oferece riscos de perdas por fungos e insetos
no momento do processamento. Além do mais, a utilização da mão de obra familiar no
cultivo e processamento da silagem contribui para aumenta sua viabilidade (COSTA et
al., 2008).
76
A restrição alimentar é uma prática que pode ser utilizada para reduzir custos de
produção, melhorar a eficiência alimentar e reduzir a deposição de gordura nas carcaças
e, consequentemente, aumentar da proporção de carne em relação à gordura. A restrição
pode ser de forma qualitativa ou quantitativa. A restrição qualitativa é realizada
incluindo-se, na dieta, alimentos com baixa digestibilidade. Já a restrição quantitativa é
feita restringindo-se a quantidade de ração oferecida diariamente aos animais. Contudo,
a eficiência dos programas de restrição alimentar depende da idade dos animais ao
início da restrição, bem como do nível e tempo de restrição adotado, haja vista que, se
for estabelecida de forma rigorosa, pode comprometer a saúde e a produção animal
(DAZA et al., 2003; LOVATTO et al., 2006; CANTARELLI et al., 2009; SERRANO
et al., 2009; PUGLIESE et al., 2013). Reduzir quantitativamente a ração balanceada e,
simultaneamente oferecer aos suínos um alimento alternativo que possui bons níveis
nutricionais e baixo custo, como a silagem de palma forrageira, pode reduzir os custos
de alimentação, sem, no entanto, prejudicar as variáveis de desempenho. Outra
vantagem da utilização da silagem em conjunto com a restrição quantitativa é que a
digesta permanecerá mais tempo no trato gastrintestinal, evitando estresse por
esvaziamento do trato.
Uma vez que não há publicações sobre o uso da silagem de palma forrageira para
animais não ruminantes. O presente estudo foi realizado com o objetivo de avaliar a
composição da silagem de palma forrageira (Opuntia ficus-indica Mill) da variedade
gigante e testar sua utilização na alimentação de suínos na fase de terminação associada
à restrição alimentar da ração balanceada, avaliando-se as características de
desempenho, características quantitativas da carcaça, desenvolvimento dos órgãos do
sistema digestório, níveis de glicogênio hepático, parâmetros bioquímicos do sangue,
histologia do duodeno e viabilidade econômica.
77
Material e Método
Animais e instalações
O estudo foi realizado no laboratório de Suinocultura do Centro de Ciências
Humanas, Sociais e Agrárias (CCHSA), Campus III da Universidade Federal da
Paraíba, localizado no Município de Bananeiras - PB. Foram realizados dois
experimentos, sendo um de digestibilidade e outro de desempenho. No experimento de
digestibilidade foi avaliada a silagem da palma forrageira in natura. No experimento de
desempenho avaliou-se o uso de restrição alimentar associado com o fornecimento de
silagem da palma forrageira.
No experimento de digestibilidade, os animais foram alojados individualmente em
gaiolas de metabolismo semelhante às descritas por Pekas (1968) contendo comedouro,
bebedouro e funil coletor de urina. No experimento de desempenho, os animais foram
alojados na unidade experimental para suínos, em baias com piso compacto, medindo
2,30 x 1,70 m, equipadas com comedouros de alvenaria e bebedouros do tipo chupeta.
As baias foram previamente lavadas e desinfetadas antes do alojamento dos animais
experimentais.
Aquisição e processamento da palma forrageira
A palma forrageira Opuntia ficus-indica Mill da cultivar gigante foi adquirida de
produtores das cidades circunvizinhas ao município de Bananeiras-PB, que cultivam a
palma sem adotar práticas agronômicas de cultivo (tratos culturais, adubação e
irrigação). Para obtenção da silagem, todos os cladódios foram coletos a campo,
fatiados em pedaços de 2 a 3 cm e expostos ao ar livre por um período máximo de cinco
dias objetivando a sua desidratação e perda de 60% do peso inicial. Posteriormente,
depois de obtido o nível de desidratação adequado, o material foi ensilado em tambores
de 50 e 180 L, compactado com os pés e vedado. O material ficou ensilado por um
período mínimo de 60 dias e máximo de 150 dias e, para liberação do excesso de gases,
as tampas dos tambores foram adaptadas com uma torneira.
78
Após obtenção da silagem, uma amostra foi encaminhada ao laboratório para
avaliar a sua composição bromatológica, sendo determinados os níveis de Ca++, Na+,
K+, PB, EE, EB, FB, MO e MM seguindo a metodologia de Silva & Queiroz (2002), e
os teores de FDN e FDA de acordo com Van Soest et al. (1991). Os teores de
carboidratos totais (CHO) foram calculados segundo as equações indicadas por Sniffen
et al. (1992), em que CHO = 100 - (%Proteína Bruta + %Extrato Etéreo + %Cinzas) e
os teores de carboidratos não fibrosos (CNF) pela fórmula CNF = CHO – FDN. As
concentrações dos minerais, Ca,++ Na+ e K,+ foram determinadas utilizando um
espectrofotômetro de chama.
Amostras de silagem foram retiradas da porção mediana dos silos, aos 60, 120 e
150 dias de fermentação, embalada e congelada para posterior determinação das
concentrações dos ácidos graxos de cadeia curta: lático, acético, propiônico e butírico,
de acordo com a metodologia de Sheperd et al. (1995). Após processamento das
amostras, as concentrações dos ácidos foram determinadas por Cromatografia Líquida
de Alto desempenho (HPLC SHIMADZU, modelo SPD-10A VP) acoplado ao Detector
Ultra Violeta (UV) utilizando-se um comprimento de onda de 210 nm.
Ensaio de digestibilidade
Foram utilizados 10 suínos machos, castrados, da linhagem Agroceres®, com
peso médio inicial variando entre 66,0 + 5,0 kg de PV, distribuídos em blocos
casualizados de acordo com a faixa de peso, em dois tratamentos com cinco repetições,
adotando cada animal como sendo uma unidade experimental.
Os tratamentos experimentais consistiram de uma dieta referência à base de milho
e farelo de soja, formulada para atender às exigências nutricionais sugeridas por
Rostagno et al. (2011), para suínos machos castrados, com o peso vivo na faixa de
70 a100 kg; e uma dieta teste onde o farelo de palma forrageira substituiu em 30% a
dieta referência.
O período experimental teve a duração de 15 dias, sendo os dez primeiros dias para adaptação dos animais às gaiolas e rações experimentais, e os cincos últimos dias
79
para a coleta de fezes e urina. Foi adotado o método de coleta total descrito por Sibbald
& Slinger (1963). As médias registradas para temperatura e umidade máxima e mínima
foram de 31 + 3°C, 93+ 2% e 22 + 1°C, 51+ 3%, respectivamente, Durante o período
experimental para o fornecimento de ração, coleta de fezes e urina utilizou-se os procedimentos metodológicos descritos por Sakomura & Rostagno, (2007).
Durante os dez dias iniciais foram determinados o consumo médio de dieta dos
animais em dois arraçoamentos diários, realizados às 7h:30min e às 17h:30min. A quantidade de dieta a ser consumida era pesada individualmente. Após 30 minutos do início
do fornecimento, as sobras eram recolhidas e então pesadas, determinando assim a
quantidade ingerida.
O cálculo da quantidade de dieta fornecida para cada animal nos cinco dias de coleta foi estabelecido de acordo com o menor consumo por peso metabólico (kg0,75) observado na fase de adaptação dos animais para cada unidade experimental (SAKOMURA & ROSTAGNO, 2007). Para determinar o inicio e final do período de coleta foi
adicionado 2% de óxido férrico (Fe3O2) na dieta como marcador fecal. A água de bebida era fornecida à vontade durante todo o período experimental.
As fezes foram coletadas e pesadas duas vezes ao dia na parte da manhã e a tarde,
sendo posteriormente acondicionadas em sacos plásticos e congeladas. A urina foi coletada diariamente em baldes de plástico, filtrada, e o volume produzido mensurado, recolhendo-se uma alíquota de 20% e mantendo-a congelada. Em cada recipiente utilizado
para coleta de urina foram adicionados 20 mL de solução 1:1 de ácido clorídrico (12N)
e água destilada, para evitar proliferação microbiana e volatilização do nitrogênio.
Ao final do período de coleta, as fezes e as urinas de cada animal foram descongeladas, homogeneizadas e retirada uma amostra. Aproximadamente 200g de fezes de
uma amostra composta foram submetidas à pré-secagem em estufa com circulação forçada a 55ºC durante 72 horas, sendo posteriormente moídas em moinho do tipo “facas”
dotado de peneira com crivos de um mm. As amostras de urina foram secas em placas
de Petri®, em estufa com circulação forçada a 55ºC por 72 horas, sendo que a cada 24
80
horas o volume das placas era completado. As amostras de dieta foram moídas, seguindo os mesmos procedimentos descritos para as amostras de fezes.
Nas amostras processadas de fezes e dieta, foram realizadas análises de MS; MM;
PB; EE; FDN; FDA e EB conforme relatado anteriormente (Processamento do farelo de
palma). Nas amostras de urina, foram determinadas as densidades e posteriormente efetuadas análises de EB e PB. Após as análises laboratoriais foram calculados os coeficientes de metabolizabilidade da MS, MO, MM, PB, EE, FDN, FDA e EB, assim como a
energia digestível (ED) e metabolizável aparente corrigida por nitrogênio (EMAn) e os
respectivos nutrientes digestíveis, utilizando equações de Matterson et al. (1965).
Experimento de desempenho
No experimento de desempenho foram utilizados 20 suínos machos, castrados, da
linhagem Agroceres®, com peso médio inicial de 64 + 8 kg. Os tratamentos consistiram
de uma dieta basal e três níveis de restrição quantitativa dessa dieta (0; 10; 20 e 30%),
mais fornecimento de silagem de palma forrageira ad libitum para os animais que
receberam os níveis de restrição. Os animais do grupo controle (0%) não receberam
silagem. Adotou-se cada animal como sendo uma unidade experimental e cinco
repetições, totalizando 20 unidades experimentais.
A ração experimental foi formulada para atender às exigências nutricionais de
animais de alto potencial genético, de acordo com as recomendações de Rostagno et al.
(2011) (Tabela1).
81
Tabela 1. Composição alimentar e níveis nutricionais da ração
Ingredientes
Quantidade (kg)
Milho
81,80
Farelo de soja
14,08
Óleo de soja
0,52
Fosfato bicálcico
0,74
Calcário
0,57
Sal comum
0,32
1
Inerte
1,00
BHT2
0,01
3
Premix mineral e vitamínico
0,50
L-Lisina HCL
0,33
L-Treonina
0,09
DL-Metionina
0,03
L-Triptofano
0,02
Total
100,00
Composição calculada
Energia Metabolizável (Mcal/kg)
3,23
Proteína bruta (%)
13,83
Cálcio (%)
0,472
Fósforo disponível (%)
0,23
Lisina Digestível (%)
0,76
Arginina Digestível (%)
0,74
Met+ cist. Digestível (%)
0,46
Metionina Digestível (%)
0,24
Treonina Digestível (%)
0,51
Triptofano Digestível (%)
0,14
Valina Digestível (%)
0,54
Potássio (%)
0,50
Sódio (%)
0,16
FDN (%)
11,32
4
BE (mEq/kg)
133,13
1
Areia lavada; 2 Antioxidante BHT; 3 níveis de garantia por kg do produto: Vitamina A: 532.000 UI;
Vitamina B: 112.000 UI; Vitamina E: 2.100 UI; Tiamina (Vitamina B1): 138 mg; Riboflavina (B2): 490
mg; Pirodoxina (B6): 97 mg; Vitamina B12: 1.680 mcg; Vitamina K: 280 mg; Niacina: 2.800 mg;
Biotina: 10 mg; Pantotenato de Cálcio: 1.680 mg; Ácido Fólico: 70 mg; Colina: 15 g; Cobre: 21 g;
Cobalto: 100 mg; Ferro: 12 g; Manganês: 6.200 mg; Zinco: 24 g; Iodo: 200 mg; Selênio: 42 mg;
Bacitracina de Zinco: 11.000 mg.4 BE – Balanço eletrolítico da dieta.
82
O fornecimento de ração balanceada foi feito pela manhã e à tarde; a ração e a
silagem foram fornecidas em comedouros separados. Para o cálculo da quantidade de
ração balanceada fornecida diariamente aos animais restritos, os animais do grupo
controle em cada bloco receberam ração a vontade até um valor máximo de 4 kg/dia e
as sobras de ração balanceada e silagem eram coletadas e pesadas pela manhã e
utilizadas para calcular o consumo individual de cada animal dentro de cada bloco.
Assim, o consumo dos animais que receberam restrição era calculado em função do
consumo do animal do tratamento do grupo controle no dia anterior. A água foi
fornecida ad libitum para todos os animais. Registrou-se, no período, a temperatura
média máxima de 31 + 3°C e mínima de 22 + 1ºC e umidade relativa do ar máxima e
mínima de 93 + 2% e 44 + 4%, respectivamente.
Com base nestes dados, foi determinado o consumo de ração (CR, g/dia), ganho
de peso diário (GPD, g/dia), consumo de silagem total (CST, kg/período experimental),
peso final (kg) e conversão alimentar (CA, g/g). Após atingir o peso médio de 110 kg,
os animais foram abatidos em blocos durante cinco dias.
Componentes plasmáticos
No final do experimento, foram realizadas duas coletas de sangue em tubo
Vacutainer (aproximadamente 10 mL), sem anticoagulante. A primeira coleta foi
realizada pela manhã antes de iniciar o jejum alimentar dos animais, através de punção
da veia jugular. Na segunda coleta, o sangue foi retirado no momento da sangria dos
animais no abatedouro, após jejum de 12h. O sangue colhido foi imediatamente
centrifugado a 3500 rpm durante 15min para obtenção do plasma sanguíneo, o qual foi
imediatamente congelado. Os componentes plasmáticos determinados foram: uréia
(mg/dL), proteínas totais (g/dL), albumina (g/dL), creatinina (mg/dL), triglicerídeos
(mg/dL), colesterol (mg/dL) e glicose (mg/dL), utilizando-se os kits laboratoriais
comerciais da linha veterinária da LABTEST® em aparelho Mindray-Chemistry
Analyzer (Modelo, BS-120).
83
Abate
Depois que os animais atingiram o peso médio de abate (110), foram submetidos a
um período de jejum de 12h e, em seguida, todos os animais foram abatidos. O abate
aconteceu em cinco dias consecutivos devido a limitação da câmara fria. Desta forma
foram abatidos quatro animas por dia (um bloco por dia), sendo realizado no abatedouro
escola do CCHSA-Bananeiras-PB. Os animais foram caminhando até o abatedouro, ao
qual está localizado a 250 m do laboratório de suinocultura e, após descanso, cada
animal individualmente foi atordoado com corrente elétrica, sangrado, depilado e
eviscerado.
pH cecal, peso e comprimento dos órgãos
As vísceras foram expostas por uma incisão mediana e as secções do trato
gastrintestinal sendo isoladas com dupla ligadura. Em seguida, foram retiradas amostras
do conteúdo do ceco e colocadas em recipientes plásticos para mensuração do pH
através do aparelho TECNAL pH METER TEC-2 de acordo com a metodologia do
Instituto Adolf Lutz (1985).
Os órgãos coração, rins, baço, fígado, pâncreas, estômago cheio e vazio, intestino
delgado cheio e vazio, ceco cheio e vazio, cólon cheio e vazio, foram pesados. Após
esvaziamento e lavagem prévia mediu-se o comprimento do intestino conforme metodologia descrita por Le Gall et al. (2007).
Ácidos graxos de cadeia curta
Os ácidos graxos de cadeia curta (acético, propiônico e butírico) foram avaliados
no conteúdo do ceco. Uma amostra de aproximadamente 10 g do conteúdo do ceco foi
retirada, pesada e acidificada em 30 mL de ácido fórmico a 16% para inativar os
processos fermentativos. Posteriormente as amostras foram refrigeradas por 72h e
homogeneizada duas vezes por dia. Após esse período as amostras foram centrifugadas
a 5000 rpm a 15ºC por 15min e posteriormente foi coletado o sobrenadante e congelado
84
para realização das concentrações dos ácidos graxos. Foi realizada a identificação e
quantificação dos ácidos por HPLC, conforme realizado no ensaio de digestibilidade.
Características quantitativas das carcaças e pH
As carcaças foram pesadas ao término do abate para obtenção do peso da carcaça
quente (PCQ) e, 24h após o resfriamento em câmara fria a 2ºC, para obtenção do peso
da carcaça fria (PCF). O rendimento de carcaça (%) foi calculado pelo peso da carcaça
quente dividido pelo peso vivo do animal em jejum ao término do experimento e, o resultado multiplicado por 100. Com base no peso da carcaça fria e peso da carcaça quente foi calculada a perda de peso da carcaça no resfriamento adotando a metodologia descrita por Bridi & Silva (2007).
O comprimento da carcaça foi obtido utilizando-se uma trena metálica graduada,
sendo feita desde a primeira costela ate a sínfise ísquio-pubiana, seguindo-se o método
brasileiro de avaliação de carcaças (ABCS, 1973). Para avaliação da espessura de toucinho foram feitas medidas de espessura de toucinho na altura da primeira costela (ET1),
última costela (ET2) e última lombar (ET3) com o auxilio de um paquímetro digital,
posteriormente obtido a média dos valores obtidos entre os pontos, seguindo a metodologia descrita por Bridi & Silva (2007).
Para a análise da profundidade do músculo Longissimus dorsi adotou-se a
metodologia descrita por Bridi & Silva (2007) e os rendimento de carne e a quantidade
de carne na carcaça seguindo as equações propostas por Guidoni (2000).
Para obtenção dos cortes da carne suína, após 24 horas de resfriamento em câmara
fria a 2ºC foram feitas a separação e a pesagem dos principais cortes: pernil, paleta, costela, lombo, filé, pescoço e barriga. Para estimar o rendimento dos cortes (%), foi utilizada a relação entre o peso do corte e o peso da meia carcaça resfriada e o resultado
multiplicado por 100, segundo Bridi & Silva (2007).
Para a determinação do pH, utilizou-se pHmetro portátil digital (marca Homis,
mod. 801). Os valores de pH foram determinados após 45 minutos do abate (pH inicial)
e 24 horas post mortem nas carcaças resfriadas (pH final). Esses valores foram determi85
nados na porção central do músculo Longissimus dorsi, entre a 12 e 13ª costelas da meia
carcaça direita (ROSA et al., 2001). Antes da quantificação do pH, o pHmetro foi calibrado e os eletrodos foram lavados com água destilada e secos com papel toalha.
Estudos Histopatológicos
O processamento histológico foi realizado no Laboratório de Histologia do
Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal da UFPB/CCA. As amostras
biológicas de intestino e fígado foram coletadas, identificadas e fixadas em Metacarn
(HELENO et al., 2011) por 12h e incluídas em parafina. Os cortes foram realizados
com 5 µm de espessura. Utilizou-se coloração de hematoxilina-eosina e ácido periódico
de Schiff e a captura de imagens digitalizadas foi realizada em microscópio Olympus
BX-60 e câmera Zeiss AxioCam acoplada com programa de captura de imagens digitais
Motic Image Plus 2.0.
Morfometria Intestinal e Estoque de glicogênio Hepático
Para as análises morfométricas da espessura de mucosa intestinal foram utilizados
cinco animais de cada tratamento (dieta). Para cada animal foram digitalizadas seis
fotomicrografias com objetiva de 5x. Em cada uma das fotomicrografias foi realizada
mensuração, perfazendo um “n” amostral de 30 mensurações por tratamento.
Para as análises de estoque de glicogênio hepático foi utilizada a coloração de
periodic acid Schiff (PAS) que cora glicoproteínas, dentre elas o glicogênio hepático.
As fotomicrografias, 6 para cada animal, perfazendo um “n” de 30 por tratamento foram
analisadas à microscopia óptica pelo mesmo histologista, sem o prévio conhecimento
deste sobre o grupo pertencente de cada suíno. As mesmas foram classificadas de
acordo com o grau de depósito de glicogênio em virtude da positividade à coloração de
PAS:
Grau +: pouco depósito de glicogênio hepático.
Grau ++: moderado depósito de glicogênio hepático.
Grau +++: bastante depósito de glicogênio hepático.
86
Para análise do depósito de glicogênio hepático, as cruzes foram transformadas
em números correspondentes (+ = 1, ++ = 2, +++ = 3).
Análise econômica
Para avaliar a viabilidade econômica da ração e da silagem de palma forrageira,
foi considerado o custo de produção da silagem juntamente com os preços das demais
matérias primas no mercado e calculado o custo da dieta por quilograma de peso vivo
ganho, segundo equação proposta por Bellaver et al. (1985):
Yi (R$/kg) = Qi X Pi/Gi, em que: Yi = custo da dieta por kg de peso vivo ganho
no i-enésimo tratamento; Qi = quantidade de dieta consumida no i-enésimo tratamento;
Pi = preço por kg da dieta utilizada no i-enésimo tratamento; Gi = ganho de peso do ienésimo tratamento.
Foi calculado também o Índice de Eficiência Econômica (IEE) e o Índice de Custo
(IC), segundo metodologia proposta por Gomes et al. (1991):
IEE (%) = MCe/CTei X 100 e IC (%) = CTei/MCe X 100, em que: MCe = menor
custo da dieta por kg ganho observado entre os tratamentos; CTei = custo do tratamento
i considerado.
Foram utilizados os preços dos insumos da região de Bananeiras-PB para calcular
o custo da ração experimental e da silagem de palma forrageira, a saber: milho grão,
R$ 0,75/kg; farelo de soja R$ 1,70/kg; silagem de palma forrageira R$ 0,27/kg; óleo de
soja R$ 3,30/kg; fosfato bicálcico R$ 1,80/kg; L-lisina R$ 6,0/kg; DL-metionina
R$ 10,76/kg; L-Treonina R$ 6,00/kg; L-triptofano R$ 64,00/kg; L-valina R$ 40,75/kg;
sal R$ 0,30/kg; calcário R$ 0,25/kg; premix mineral e vitamínico R$ 9,0/kg; BHT
R$ 12,89/kg; carbonato de potássio R$ 5,0/kg.
Delineamento experimental e análise estatística
Os dados de desempenho e características quantitativas da carcaça e órgãos foram
analisados quanto à homogeneidade de variância (teste de Levene a 5%) e quanto à
distribuição dos erros (teste de Cramer Van-Misses a 5%) segundo Everitt (1998).
87
Estes, atendendo as pressuposições estatísticas, foram submetidos à análise de variância
ao nível de 5% de probabilidade e posterior teste de regressão linear múltipla até o
terceiro grau. Na viabilidade econômica, foi aplicado o teste Dunnett (a 5%),
comparando-se as demais dietas com a dieta controle. As análises estatísticas foram
realizadas através do procedimento “General Linear Models” (GLM) do software
estatístico “Statistical Analysis System” (SAS, 9.2).
Para os dados de morfometria intestinal e depósito de glicogênio hepático foi
realizada ANOVA seguida de Teste de Tukey a 5% de probabilidade no Programa
Graph Pad Prism 5.0.
O modelo matemático utilizado nas análises estatística foi:
Yijk =  + Ni + Bj + Eijk, em que:
Yijk = parâmetro observado na unidade experimental k, no bloco j, recebendo o nível de
inclusão do farelo de palma i;  = média geral observada; Ni = Efeito dos níveis de
restrição i, i = 0, 10, 20, 30%; Bj = efeito do bloco j; Eijk = erro aleatório associado a
cada observação.
Resultados e Discussão
A silagem de palma forrageira apresenta baixa concentração de MS, PB, EE, CNF
e alta concentração de FDN, CHO, FDA, MM e dos minerais Ca++, Na+ e K+ (Tabela 2).
Trabalhos avaliando a composição nutricional da silagem de palma forrageira são
escassos na literatura, contudo, a sua composição varia de acordo com a variedade de
palma utilizada, teor de água do material ensilado, idade das plantas, ordem dos
cladódios utilizados, época do ano, tipo de inoculante utilizado e concentração de
matéria seca (ÇÜREK & ÖZEN, 2004, Mciteka 2008). Mciteka (2008) encontrou
variações nos valores de MS (9 a 27%), PB (5,67 a 7,54%), EE (0,92 a 2,4%), FDN (17
a 24,5%), FDA (15,43 a 21%) e EB (2.318,0 a 3.291,8 kcal/kg). Dessa forma, os
resultados da presente pesquisa são semelhantes para as variáveis MS, PB, EE, FDA e
EB e divergem para a concentração de FDN, encontrados por Mciteka (2008).
Comparando com a composição bromatológica obtida por Çürek & Özen (2004) que
88
obtiveram valores totais de MS de 20%, MO de 64%, PB de 2,17%, EE de 7,71% e MM
de 36% os valores obtidos na presente pesquisa são divergentes. As grandes variações
obtidas por Çürek & Özen (2004) do elemento Ca++ (3,33 a 10,44%), que variaram
conforme a época do ano, exemplificam a importância de considerarmos os múltiplos
fatores que irão influenciar a composição final da silagem de palma forrageira. Haja
vista que nenhum dos autores pesquisou o uso da silagem para animais não ruminantes,
os coeficientes de metabolizabilidade não puderam ser comparados.
Comparando-se os coeficientes de metabolizabilidade da silagem de palma
forrageira com os do farelo de palma relatado no capítulo anterior, a silagem de palma
apresenta maiores coeficientes para EB, MO, MM, FDN e FDA.
Tabela 2. Valores de nutrientes totais e digestíveis, coeficiente de metabolizabilidade e
concentração dos ácidos graxos de cadeia curta da silagem de palma forrageira
Nutrientes
Total
Digestível
Coeficientes de
(%)
(%)
Metabolizabilidade
EB*(kcal/kg)
2.463,59
68,17
3.613,81
1
EMAn (kcal/kg)
2.456,92
Matéria seca
25,00
8,43
33,71
Matéria orgânica
82,79
68,71
82,78
Matéria mineral
17,00
5,45
32,07
Proteína bruta
6,97
4,14
59,40
Extrato etéreo
1,74
0,43
24,64
Fibra em detergente neutro
40,00
18,09
45,23
Fibra em detergente ácido
19,55
7,27
37,21
Carboidratos totais
74,29
Carboidratos não fibrosos
34,29
Cálcio
3,56
Potássio
2,25
Sódio
0,37
Dias de ensilagem
Ácidos graxos de cadeia curta
(ppm)
60
120
150
Lático
6.692,05
6.669,90
6.827,10
Acético
3.165,42
3.597,10
2.891,27
Propriônico
480,59
601,47
178,34
Butírico
39,28
43,32
31,59
*
Para a energia Bruta - EB, os valores são de energia metabolizável aparente e coeficiente
de metabolismo.
89
O melhor aproveitamento dos nutrientes da silagem de palma em relação ao farelo
de palma (capítulo anterior) refletiu em maior EMAn (2.456,92 kcal/kg vs 1.012,59
kcal/kg). Conforme relatado, a idade da palma e época do ano de corte, entre outros
fatores, influenciam a composição da palma forrageira e, consequentemente, a
composição dos produtos obtidos a partir dela (SANTOS et al., 2006). A palma do
presente estudo era mais nova (12 meses do último corte) e, consequentemente,
apresentou menores concentrações da fração fibrosa (FDN e FDA), enquanto a utilizada
para obtenção do farelo de palma era mais velha (24 meses do último corte) com
maiores concentrações das frações fibrosas. O aumento da concentração de fibra reduz a
concentração de energia da dieta, uma vez que a fibra, além de apresentar menor
coeficiente de digestibilidade de sua fração, irá também reduzir a digestibilidade
aparente fecal dos outros nutrientes dietéticos, como proteína e gordura, resultando em
menor valor de energia metabolizável (URRIOLA & STEIN, 2012). Em termos
nutricionais, a silagem de palma mostrou apresentar satisfatória concentração de energia
metabolizável, apresentando em torno de 60% da quantidade de energia metabolizável
da silagem de milho de grão úmido (3.918 kcal/kg) que, apresenta maior coeficiente de
metabolismo (82 a 88%) (LOHMANN et al., 2010).
A concentração média dos ácidos graxos de cadeia curta (AGCC) lático, acético,
propiônico e butírico, nos três períodos de ensilagem, em valores percentuais foram,
respectivamente, 2,69%; 1,35%; 0,19% e 0,02%. Çürek & Özen (2004) obtiveram
resultados semelhantes para o ácido lático (2,59%), acético (1,53%), e diferente para o
butírico (0,34%). Os resultados divergem dos de McIteka (2008), que obteve os
seguintes valores: lático 6,93%, acético 23%, propiônico 17,41% e butírico 3,63%, com
base na MS. Fatores inerentes à botânica do alimento ensilado (teor de açúcares,
concentração de MS e poder tamponante), a forma de ensilagem, o uso de inoculantes,
bem como o período de ensilagem irá influenciar a produção desses ácidos (ÇÜREK &
ÖZEN, 2004). Numericamente, houve variações nas concentrações dos AGCC com o
aumento do tempo de ensilagem (60 a 150 dias). O ácido lático, que é o principal ácido
envolvido na queda do pH e conservação da silagem, apresentou aumento de 2% em sua
90
concentração aos 150 dias de ensilagem em comparação ao 60 dias, enquanto as
concentrações dos demais ácidos reduziram em 9%, 62% e 20% para o ácido acético,
propiônico e butírico, respectivamente.
Os níveis de restrição da ração balanceada influenciaram as variáveis, CRD
(P<0,01), GPD (P<0,05) e CST (P<0,01). Contudo, a conversão alimentar não foi
influenciada (P>0,05) (Tabela 3). A variável CRD apresentou comportamento padrão à
metodologia, reduzindo-se conforme aumentava o nível de restrição da ração
balanceada. A variável GPD seguiu o comportamento do consumo de ração reduzindose linearmente à medida que aumentava a restrição da ração balanceada, sendo que a
cada 1% de restrição alimentar reduziu em 3,42% o GP e 0,09% o GPD.
O consumo de silagem aumentou linearmente à medida que restringiu-se a ração
balanceada e a cada 1% de restrição alimentar aumentou em 4,42% o CST. Contudo, o
consumo de silagem foi abaixo do necessário para atender as exigências nutricionais dos
animais. Diferente do observado no ensaio de metabolismo, no qual os animais que
receberam a dieta teste que continha 30% de silagem de palma apresentaram numericamente maiores consumos de ração do que os animais da dieta referência (dados não
apresentados), no experimento de desempenho, a silagem não foi bem aceita pela
maioria dos animais. O consumo médio diário de silagem foi somente 245g, 220g e
461g para os níveis de 10, 20 e 30% de restrição, respectivamente. No ensaio de
desempenho, diferentemente do ensaio de metabolismo, os animais tiveram opção de
escolha do alimento a ser consumido, pois foram fornecidos separadamente e, mesmo
em condições de restrição, os animais apresentaram comportamento seletivo dando
preferência ao consumo da ração balanceada. Nesse sentido, o comportamento
apresentado nas variáveis está relacionado ao efeito da restrição alimentar.
A redução no GPD observada na presente pesquisa está de acordo com trabalhos
publicados anteriormente, isso porque a restrição alimentar reduz a disponibilidade de
nutrientes para a produção e modifica o metabolismo de utilização da energia (LEBRET
et al., 2001; DAZA et al., 2003; LOVATTO et al., 2006; SERRANO et al., 2009).
Durante a restrição alimentar, a maior parte da energia metabolizável será utilizada para
91
manutenção do animal. Ao mesmo tempo, a maior fração de energia retida será mantida
como proteína, esses dois mecanismos opostos estão relacionados com o ganho de peso
dos animais em restrição (LOVATTO et al., 2006). Animais como os da presente
pesquisa, que foram selecionados geneticamente para maior precocidade e alta taxa de
deposição de tecido muscular, apresentam alta demanda de aminoácidos e energia,
consequentemente, são mais sensíveis ao efeito da restrição alimentar (CHIBA et al.,
2002). Diferente da variável ganho de peso, a conversão alimentar é menos sensível à
restrição alimentar. Restrição moderada (até 30%) tem pouco ou nenhum efeito sobre
esta variável, por outro lado, restrição severa (acima de 45%) influencia negativamente
a conversão alimentar (DAZA et al., 2003), sendo assim, o resultado da presente
pesquisa está de acordo com os dados publicados por Lebret et al. (2001), Daza et al.
(2003), Serrano et al. (2009) e Lovatto et al. (2006) que restringiram a ração em 25%,
25%, 28% e 40% respectivamente.
Tabela 3. Efeito dos níveis de restrição alimentar sobre, consumo de ração (CR, g/dia),
ganho de peso (GP, g/total), ganho de peso diário (GPD, g), conversão
alimentar (CA, g:g) e consumo de silagem total (CSL, g)
Variáveis
Níveis de restrição %
0
10
20
30
Efeito
CV(%)
CR
3.150,00
2.835,00
2.520,00
2.210,00
L**
11,77
GPD
1.340,00
1.170,00
1.150,00
1.050,00
L*
9,96
CA
2.350,00
2.423,00
2.200,00
2.110,00
NS
11,14
CSL
0
9.070,00
8.160,00
17.080,00
L**
17,34
*
Significativo a 5% de probabilidade pelo teste F (P<0,05), **Significativo a 1% de probabilidade
pelo teste F (P<0,01%). NS - Efeito não significativo (P>0,05) pelo teste F.
Equações: CRD - Ŷ=3,3576000-0,285600x, r2 = 0,73;
GPD - Ŷ=1,406600-0,091500x, r2 = 0,64;
CSL - Ŷ=2,8686000+4,4244x, r2 = 0,89.
Os níveis de restrição associados ao fornecimento de palma forrageira não
influenciaram (P>0,05) o rendimento da carcaça e o rendimento dos cortes pernil,
costela, paleta, barriga, pescoço, lombo, filé; o comprimento da carcaça e a espessura de
toucinho. Contudo, houve redução linear no peso final do animal, peso da carcaça
92
quente, peso da carcaça fria e perda de peso no resfriamento e aumento linear no
rendimento de carne fria (P<0,05) (Tabela 4).
A cada 1% de restrição alimentar reduziu em 1,95 e 1,60% os pesos das carcaças
quentes e fria respectivamente, por outro lado aumentou em 1,4% o rendimento de
carne na carcaça. A redução do peso absoluto da carcaça quente e fria está relacionada
com a redução do peso dos animais que receberam restrição da ração, uma vez que o
rendimento de carcaça não foi alterado. As pesquisas têm evidenciado que o rendimento
de carcaça somente é influenciado quando os animais são submetidos à restrição
alimentar severa (acima de 45%). Nessas condições, ocorre uma redução do peso dos
órgãos, devido à perda de gordura visceral e água, levando a aumento no rendimento da
carcaça (LOVATTO et al., 2006). Sendo assim, a não alteração no rendimento de
carcaça está de acordo com os trabalhos publicados por Bertol et al. (2001), Daza et al.
(2003), Serrano et al. (2009) e Cantarelli et al. (2009).
A quantidade de carne na carcaça não foi alterada, entretanto, o rendimento de
carne resfriada na carcaça aumentou linearmente com aumento dos os níveis de
restrição e consumo de silagem, proporcionando uma carcaça mais magra. Trabalhos
com raças melhoradas geneticamente têm demonstrado que suínos alimentados em
restrição alimentar, em comparação com os alimentados de forma ad libitum, tanto na
fase de crescimento como terminação reduzem a taxa de crescimento e,
consequentemente resulta em carcaça mais magra, isso porque, durante a restrição
alimentar, a maior fração de retenção de energia é na forma de proteína em vez de
lipídios (LEBRET et al., 2001; DAZA et al., 2003; LOVATTO et al., 2006; PUGLIESE
et al., 2013).
Como relatado, a espessura de toucinho subcutânea não foi influenciada pelos
níveis de restrição e consumo de silagem, resultados que estão de acordo com os de
Daza et al. (2003). Contudo, a restrição alimentar irá reduzir consideravelmente a
gordura visceral (WARPECHOWSKI et al., 1999), intramuscular e perirrenal
(LEBRET et al., 2001), dessa forma aumentando a relação carne/gordura na carcaça.
Vale ressaltar que, em restrição alimentar, os suínos reduzem tanto a taxa de deposição
93
proteica como a de deposição lipídica, contudo, a taxa de deposição lipídica reduz em
maior proporção e, apesar da taxa de deposição proteica ser maior, em condições de
restrição os suínos aumentam a eficiência energética em vez de diminuir. A explicação
para esse fato se deve à redução no turnover proteico e, consequentemente, a redução do
gasto de energia (SERRANO et al., 2009).
Tabela 4. Efeito dos níveis de restrição alimentar + silagem de palma forrageira (SPF),
sobre o peso final (PF), rendimento de carcaça (RC), peso da carcaça quente
(PCQ), peso da carcaça fria (PCF), perda de peso no resfriamento (PRF),
comprimento da carcaça (CPC), rendimentos de cortes (R), espessura de
toucinho (ET), rendimento de carne fria (RCF) e a quantidade de carne na
carcaça (QCar)
Níveis de restrição + SPF
Variáveis
0
10
20
30
Efeito
CV%
**
PF (kg)
116,68
109,60
108,68
104,62
L
4,0
RC (%)
81,53
81,60
80,79
79,87
NS
3,52
PCQ (kg)
47,9
44,18
43,62
41,60
L**
4,69
PCF (kg)
45,56
42,98
41,72
40,66
L**
3,81
PRF (%)
5,59
2,73
3,56
2,36
L*
3,81
CPC (cm)
97,60
97,20
98,80
96,40
NS
3,61
26,97
R pernil
26,36
26,97
27,97
NS
3,58
R costela
17,75
16,42
17,35
17,15
NS
7,05
R paleta
19,45
19,61
20,49
19,61
NS
7,00
R barriga
7,95
7,03
6,93
7,13
NS
13,77
R pescoço
4,29
4,12
4,31
3,98
NS
17,00
a
R lombo
7,13
7,67
7,71
7,66
NS
8,11
R filé
1,71
1,57
1,78
1,60
NS
6,90
b
ET1 (mm)
2,84
2,34
2,34
1,91
NS
28,10
c
pH0
6,02
5,95
6,10
6,03
NS
2,09
pH24d
5,83
5,74
5,82
5,85
NS
4,97
RCF (%)
57,29
58,94
60,45
61,33
L*
3.01
QCar. (kg)
26,86
26,03
26,79
26,43
NS
4,37
a
= Lombo sem osso; b = Espessura de toucinho, média dos pontos P1, P2 e P3; c= pH inicial (0 hora); d
= pH final (24 horas); espessura de toucinho nos pontos p1, p2 e p3; NS – Não significativo ao nível de
5% pelo teste F.
Equações: PF: Ŷ=119,1700-3,71x, r2 = 0,71;
PQ: Ŷ = 49,19-1,94600x, r2 = 0,55;
PCF: Ŷ = 46,7200-1,59600x, r2 = 0,73;
PRF: Ŷ = 5,5205800811-0,730815675x, r2 = 0,73;
RCF: Ŷ = 55,988560+1,425306x, r2 = 0,68.
94
Como relatado, a espessura de toucinho subcutânea não foi influenciada pelos
níveis de restrição e consumo de silagem, resultados que estão de acordo com os de
Daza et al. (2003). Contudo, a restrição alimentar irá reduzir consideravelmente a
gordura visceral (WARPECHOWSKI et al., 1999), intramuscular e perirrenal
(LEBRET et al., 2001), dessa forma aumentando a relação carne/gordura na carcaça.
Vale ressaltar que, em restrição alimentar, os suínos reduzem tanto a taxa de deposição
proteica como a de deposição lipídica, contudo, a taxa de deposição lipídica reduz em
maior proporção e, apesar da taxa de deposição proteica ser maior, em condições de
restrição os suínos aumentam a eficiência energética em vez de diminuir. A explicação
para esse fato se deve à redução no turnover proteico e, consequentemente, a redução do
gasto de energia (SERRANO et al., 2009).
Resultado do percentual de perda por resfriamento contraria o esperado, tendo em
vista que não houve influência dos tratamentos nos valores de pH inicial e final (0h e
24h) e, na espessura de gordura subcutânea. Os valores de pH estão diretamente
relacionados a qualidade da carne. O pH está associado às características físicoquímicas da carne, contribuindo significativamente para sua qualidade; explica cerca de
60% da variação total sofrida pela carne após o abate (BARBOSA et al., 2006),
indicando a ocorrência de carnes PSE e DFD. Os valores de pH obtidos estão dentro da
faixa que se classifica como normal, uma vez que segundo o National Pork Producers
Council (1998) a carne suína é de qualidade quando apresenta pH inicial maior que 5,8
e final menor que 5,9. Em relação a espessura de gordura subcutânea, sabe-se que a
camada de gordura é um obstáculo que evita a perda de água (VIEIRA et al., 2010).
A explicação para a redução da perda de peso no resfriamento nas carcaças dos
animais que receberam restrição alimentar pode ser através de dois fatores: O primeiro e
mais simples, é que carcaças mais pesadas apresentam maiores quantidades de tecido
muscular, que apresentam maior proporção de água em sua composição, resultando
quantitativamente em mais perdas (LEBRET et al., 2001). Segundo, uma vez que as
carcaças foram refrigeradas na mesma câmara fria, ou seja, em iguais condições de
temperatura e umidade relativa do ar, a perda de peso no resfriamento pode também
95
estar ligada à velocidade de estabelecimento do rigor mortis. Segundo Huff-Lonergan et
al. (1998), os processos bioquímicos que acontecem no músculo após o abate, envolvem
principalmente a degradação e ressíntese de ATP. Após o abate, o ATP, fosfato de
creatina e glicogênio são as fontes de energia para o músculo, sendo o glicogênio a
principal. Após o consumo das reservas de glicogênio, ocorre uma rápida redução da
concentração de ATP, com paralização do relaxamento das fibras musculares e
estabelecimento do rigor mortis. A quantidade de glicogênio e fosfato de creatina irá
influenciar o início do rigor mortis; quanto maior a quantidade dessas reservas no
momento do abate, mais irá demorar a estabelecer o rigor mortis (HUFF-LONERGAN
et al., 1998). Sendo assim, carcaças mais pesadas, que possuam mais reservas de
glicogênio, apresentam por mais tempo o relaxamento das fibras musculares, podendo
haver mais perda no momento do resfriamento. Apesar de não avaliarmos a
concentração de glicogênio muscular, a avaliação da quantidade de glicogênio hepático
apresentou redução linear, à medida que se restringia a ração (P<0,05) (Tabela 8),
observou-se também aumento da concentração de creatinina no plasma dos animais que
passaram por restrição alimentar (Tabela 7), indicando baixa reserva energética dos
animais que receberam a ração restrita e consequentemente mais cedo estabeleceram o
rigor mortis.
Os níveis de restrição associados ao consumo da silagem da palma forrageira não
influenciaram o peso absoluto do estômago, intestino delgado, cólon, ceco, pâncreas,
coração e baço, bem como o comprimento do intestino delgado (P>0,05). Contudo,
reduziu linearmente o peso absoluto do fígado e rins (P<0,05) (Tabela 5). Alterações no
peso absoluto dos órgãos variam de acordo com o nível de restrição, sexo, idade dos
animais, nível de proteína e aminoácidos na ração (POND & MERSMANN, 1990). A
redução do peso absoluto do fígado corrobora a redução de glicogênio hepático (Tabela
8) à medida que se aumenta a restrição alimentar. Dessa forma, a diminuição da
disponibilidade de nutrientes, devido à restrição alimentar, faz com que diminua a
reserva energética hepática (glicogênio), principalmente nos níveis de restrição de 20 e
30%, deixando o fígado mais leve. Todavia, o peso relativo de todos os órgãos não foi
96
influenciado pelos níveis de restrição e fornecimento da silagem (P>0,05, dados não
demonstrados), evidenciando que o aumento do peso absoluto do fígado e rins também
pode ter sidos alterados em função do peso corporal dos animais, isto é, animais mais
pesados apresentaram maiores pesos desses órgãos. Em concordância, Lovatto et al.
(2006), restringindo 40% da ração dos suínos na fase final de crescimento, também não
observaram redução nos pesos relativos e atividade metabólica dos órgãos.
Tabela 5. Efeito dos níveis de restrição alimentar + silagem de palma forrageira (SPF),
sobre o peso do estômago cheio e vazio, intestino delgado (ID), cólon, ceco,
fígado, coração, rins, pâncreas, baço e comprimento do intestino delgado
Níveis de restrição + SPF
Variáveis (g)
0
10
20
30
Efeito
CV(%)
849
959
808
914
Estômago cheio
NS
21,61
Estômago vazio
645
648
568
658
NS
12,43
ID cheio
2347
2408
2388
2223
NS
13,66
ID vazio
1679
1757
1646
1629
NS
13,75
Cólon cheio
1787
1988
2082
1738
NS
26,77
Cólon vazio
942
875
817
837
NS
22,23
Ceco cheio
437
586
430
420
NS
38,65
Ceco vazio
176
215
151
160
NS
26,10
Fígado
1594
1433
1399
1315
L*
9,06
Pâncreas
479
412
399
419
NS
14,94
Coração
11,76
419
363
371
392
NS
Rins
317
318
303
269
L*
7,18
Baço
165
172
168
148
NS
17,60
Comprimento ID
18,52
18,44
18,05
18,29
NS
6,00
NS - Não significativo ao nível de 5% pelo teste f (P>0,05). * Efeito linear (P<0,05). Equações: Fígado:
Ŷ=1653,0-87,1X , r2: 0,56; Rins Ŷ=345,50–15,90X; r2: 0,61.
Os níveis de restrição associado ao consumo de silagem não influenciaram as
concentrações dos ácidos acético, propiônico e butírico no conteúdo cecal e o valor de
pH (P>0,05) (Tabela 6). Esperava-se que, com o consumo da silagem de palma,
houvesse alterações nas concentrações dos ácidos graxos de cadeia curta,
acompanhando a mesma relação dos ácidos acéticos, propiônico e butírico presentes na
silagem. Contudo, de acordo com Varel & Yen (1997), a população bactéria se adapta à
97
dieta com alta fibra dentro de 14 dias. Além do mais, a produção dos ácidos graxos de
cadeia curta, no intestino grosso dos suínos é influenciada pelo tipo e nível de fibra da
dieta, idade e categoria animal, nível de inclusão e raça (SERENA et al., 2008;
URRIOLA & STAIN, 2012).
Tabela 6. Efeito dos níveis de restrição associado ao fornecimento de silagem de palma
forrageira (SPF) sobre o pH e conteúdo dos ácidos graxo de cadeia curta
Ácidos graxos
Níveis de restrição + SPF
(ppm)
Efeito CV%
0
10
20
30
Acético
11.451,05
10.712,12
9.953,88
10.161,69
NS
10,21
Propiônico
774,76
866,24
778,56
669,20
NS
22,50
Butírico
40,43
43,50
36,98
42,13
NS
7,85
pH
5,54
5,43
5,69
5,62
NS
4,32
NS - Efeito não significativo pelo teste F (P>0,5).
Na avaliação dos parâmetros bioquímicos do plasma sanguíneo foi observado que
antes do jejum os níveis de restrição + SPF não influenciaram (P>0,05) a concentração
plasmática de proteína total, glicose, triglicerídeos, colesterol e albumina, no entanto, a
concentração de creatinina aumentou linearmente (P<0,05) à medida que se restringia a
ração balanceada (Tabela 7). Após o jejum, nenhum parâmetro bioquímico foi
influenciado (P>0,05) e, os valores de creatinina numericamente aumentaram em todos
os tratamentos.
Os parâmetros bioquímicos são utilizados como ferramenta para avaliar o status
nutricional dos animais. A creatinina e a uréia participam do metabolismo energético e
proteico; e também podem ser utilizados como indicadores da saúde renal (KANEKO,
1997; OELKE et al., 2008). De acordo com Deguchi (1998), a quantidade de creatinina
excretada pelo corpo é proporcional ao peso dos animais. Pesquisas têm relacionada
maior concentração de creatinina circulante ao maior catabolismo muscular (OELKE et
al., 2008). Na presente pesquisa, a concentração de creatinina antes e após o jejum está
dentro da faixa indicada como normal para suínos saudáveis (1,0 a 2,7 mg/dL)
(KANEKO, 1997), contudo, observa-se que a concentração, antes do jejum, estava
abaixo nos animais do grupo que receberam ração ad libitum comparando-se ao grupo
98
que recebeu ração restrita e, após o jejum, a concentração aumentou. Esses resultados
indicam que os animais que receberam a alimentação restrita estavam em catabolismo
muscular, mesmo consumindo a silagem de palma forrageira.
Tabela 7. Efeito da restrição alimentar associado a silagem de palma forrageira (SPF)
sobes os parâmetros bioquímicos de suínos antes e após o jejum
Variáveis
Níveis de restrição + SPF
mg/dL
0
10
20
30
Efeito
CV (%)
Antes do jejum
7,68
7,68
7,96
7,92
Proteína total
NS
4,15
1,82
1,93
2,10
2,14
Creatinina
L**
6,48
110,54
97,98
101,72
97,44
Glicose
NS
14,73
Triglicerídeos
37,98
39,66
36,70
41,22
NS
18,94
73,44
75,22
75,52
87,92
Colesterol
NS
12,23
3,74
3,60
3,55
3,55
Albumina
NS
6,24
Uréia
22,36
18,10
21,68
20,72
NS
32,12
Após jejum
7,96
7,82
7,90
7,64
Proteína total
NS
8,04
Creatinina
2,09
2,13
2,25
2,30
NS
8,29
Glicose
98,74
98,24
87,94
90,00
NS
9,56
Triglicerídeos
38,44
33,32
33,52
33,96
NS
26,95
Colesterol
76,42
79,90
78,70
87,76
NS
9,02
Albumina
3,98
3,78
3,66
3,56
NS
8,21
Uréia
26,30
20,58
23,30
22,34
NS
28,53
NS - Efeito não significativo (P>0,05), **L - Efeito linear (P<0,01).
Equação: Ŷ = 1,714+0,1142X , r2 = 0,65.
A espessura da mucosa intestinal dos animais submetidos à restrição alimentar e
consumo de silagem diminuiu conforme o aumento dos níveis de restrição alimentar
(Tabela 8). Todos os tratamentos com restrição alimentar tiveram uma espessura de
mucosa menor em relação ao tratamento controle (Figura 1). À medida que se restringiu
a ração, houve alterações morfológicas no intestino que se acentuaram com o aumento
da porcentagem de restrição. Além da diminuição da espessura da mucosa, houve diminuição da quantidade de dobras intestinais, inclusive com ausências delas no maior nível de restrição. Essas alterações morfológicas levam a diminuição da área de contato da
99
mucosa intestinal com o alimento, diminuindo a absorção alimentar (APTEKMANN et
al., 2001; GOMIDE-JUNIOR et al., 2004). O aumento da restrição alimentar também
levou a diminuição da quantidade de glândulas na camada submucosa (glândulas de
Brunner), bem como o desaparecimento por completo dessas glândulas em muitas regiões intestinais dos animais que foram submetidos aos maiores níveis de restrição (20 e
30%) (Figura 1). Em 42,10% das fotomicrografias analisadas dos animais com nível de
restrição de 20%, e em 70,59% das fotomicrografias analisadas dos animais com 30%
de restrição não havia glândulas na submucosa. Nessas regiões pode-se notar a substituição dessas glândulas por tecido adiposo. Também se verificou menor quantidade de
células caliciformes no epitélio intestinal, para os animais que receberam 30% de restrição. A diminuição na quantidade de glândulas, sejam elas do epitélio intestinal ou da
submucosa, pode afetar a saúde animal uma vez que as mesmas tem importância no
fluxo regular do bolo alimentar pelo intestino, evitando constipações e protegendo a
mucosa intestinal de lesões causadas por agentes patógenos (GOMIDE-JUNIOR et al.,
2004).
Outra característica histopatológica intestinal encontrada foi à presença de áreas
com processos inflamatórios na submucosa, que em alguns casos se infiltrava até a
lâmina própria da mucosa. Esses achados foram mais observados nos níveis de 20 e
30% de restrição (Figura 2).
Se os animais tivessem consumido a silagem de palma em maiores quantidades,
ao ponto de evitar a perda de peso, poderíamos atribuir essas alterações na mucosa
intestinal ao aumento do consumo de fibra, pois diversos trabalhos relacionam o
aumento da viscosidade da digesta, que é proporcionado pela fibra dietética, com perdas
de células das vilosidades, levando a atrofia das vilosidades, aumento da profundidade
das criptas e redução da espessura da mucosa intestinal (MONTAGNE et al., 2003;
DONG & PLUSKE, 2007). Nesse caso, pode-se atribuir essas alterações aos efeitos da
restrição alimentar.
100
Tabela 8. Espessura de mucosa de duodeno e depósito de glicogênio hepático de suínos
recebendo níveis de restrição alimentar + silagem de palma forrageira (SPF)
Níveis de restrição alimentar + SPF
Variáveis (mm)
0%
10%
20%
30%
Espessura duodeno
1736 ± 84ª
1216 ± 87b
1032 ± 69 c, d
1064 ± 247d
Glicogênio hepático
2,21±0,41ª
2,07 ± 0,26a
1,41 ± 0,50b
1,07 ± 0,20b
Médias seguidas de letras diferentes na linha apresentam diferença estatística, ao nível de 5% de
probabilidade, pelo teste Tukey (P<0,05).
Dessa forma, observa-se que a redução da quantidade de energia e nutrientes
oferecidos aos animais influenciou negativamente o desenvolvimento do intestino
delgado, reduzindo sua espessura e consequentemente a superfície de absorção dos
nutrientes. Pluske et al. (1997) demonstraram que a altura das vilosidades correlacionase positivamente com o ganho de peso corporal e consumo de nutrientes. Igualmente,
Dong & Pluske (2007) relataram que o desenvolvimento intestinal está diretamente
relacionado ao consumo de alimento; animais que têm alimentação restrita apresentam
menor desenvolvimento do intestino e, consequentemente, menor aproveitamento dos
alimentos. Este fato ocorre porque o trato gastrintestinal apresenta uma alta demanda de
energia e nutrientes requerida para a proliferação celular (MONTAGNE et al., 2003;
LOVATTO et al., 2006). Apesar de não medirmos diretamente a quantidade de muco, a
redução das células caliciformes e das glândulas de Brünner observados, que são
produtoras de muco, indicam menor produção de muco com a redução do consumo de
ração. A proteção intestinal contra infecção bacteriana exige uma camada de muco
intacto na superfície, e a eficiência da proteção depende tanto da quantidade de muco
(espessura) como da qualidade (MONTAGNE et al., 2003; FORTUN-LAMONTHE &
BOULLIER, 2007).
O aparecimento de processos inflamatórios deve estar relacionado à redução na
quantidade de muco e, consequentemente, menor proteção do epitélio intestinal, haja
vista que o muco forma um revestimento protetor sobre a superfície do enterócito,
reduzindo a ligação de agentes patogênicos aos enterócitos (FORTUN-LAMONTHE &
101
BOULLIER, 2007) ou mesmo pela redução das células de Paneth, que secretam para o
lúmem várias substâncias, tais como lactoferrina, lactoperoxidase e lisozima, as quais
apresentam atividade bacteriolítica ou bacteriostática, entre outras (SCHRODER, 1999).
Contudo, o simples fato da menor disponibilidade de nutrientes pode reduzir a
capacidade de defesa do organismo, pois estes têm papel importante na formação da
imunidade, atuando como substratos para enzimas, multiplicação de células durante a
resposta imune e síntese eficaz de moléculas (anticorpos, óxido nítrico, lisozima) ou
moléculas informantes como a citocinas (FORTUN-LAMONTHE & BOULLIER,
2007).
Em relação ao acúmulo de tecido adiposo na submucosa do intestino dos animais
que receberam maiores níveis de restrição, pouco se conhece sobre esse fato, no entanto,
algumas hipóteses podem ser elencadas. Primeiramente, segundo Douglass et al.
(2012), o acúmulo de lipídios nos enterócitos e intestino é concomitante com disfunção
metabólica, como por exemplo, mediante um processo inflamatório. Nesse caso, o
processo inflamatório instalado pode ter alterado o metabolismo dos lipídios. Segundo,
a redução da taxa de secreção lipídica intestinal contribui para maior capacidade de
armazenamento de gordura da dieta no enterócito, resultando em maior acúmulo de
lipídio no intestino (DOUGLASS et al., 2012). Por fim, em estudo com ratos, Covasa &
Ritter (2000) demonstraram que o esvaziamento gástrico por longo tempo leva a
diminuição dos níveis de colescistocinina (CCK), hormônio que está diretamente
relacionado no metabolismo de lipídios, podendo dessa forma haver um acúmulo de
lipídios na mucosa intestinal.
Não foi observado efeito significativo (P>0,05) dos níveis de restrição alimentar
associados ao fornecimento de silagem de palma forrageira sobre o custo em ração por
quilograma de peso vivo, índice de eficiência econômica e índice de custo de suínos na
fase de terminação (Tabela 9). Esses resultados demonstram que do ponto de vista
econômico o produtor pode optar por produzir animais mais leves, e carcaças com
maior proporção de carne e menor gordura, sem, no entanto, ter prejuízos econômicos.
102
Figura 1. Fotomicrografias de duodeno de suínos submetidos a diferentes níveis de restrição e
fornecimento de silagem de palma forrageira (A: controle, B: 10% de restrição
alimentar, C: 20% e D: 30%). A) controle, nota-se a presença de mucosa espessa
com glândulas mistas na submucosa e camada muscular. B) 10% de restrição
alimentar, nota-se mucosa com menor espessura, e infiltrado adiposo na submucosa,
entretanto glândulas ainda estão presentes em tal camada. C) 20% de restrição
alimentar, nota-se mucosa menos espessa, menor quantidade de glândulas na
submucosa e aumento de tecido adiposo na submucosa. D) 30% de restrição
alimentar, nota-se mucosa menos espessa, ausência de glândulas e grande
quantidade de tecido adiposo na submucosa. Mucosa (1), submucosa (2), muscular
(3), glândulas da submucosa (setas), tecido adiposo (asterisco). Coloração de
hematoxilina-eosina. Barra: 1000µm.
Figura 2. Fotomicrografia de duodeno de suíno representando dieta com restrição alimentar de 20 e 30%
com inclusão de palma na dieta. Observa-se submucosa sem glândulas mistas e com grandes
áreas de processos inflamatórios (pontas de seta), inclusive com infiltração na lâmina própria
da mucosa (seta branca). Observa-se também grande quantidade de tecido adiposo na
submucosa (asterisco). Coloração de hematoxilina-eosina. Barra: 1000µm.
103
Tabela 9. Peso inicial, peso final, custo de ração (CR1, R$/kg), custo da silagem (CS,
R$/kg), custo em ração por quilograma de peso vivo ganho (CR2), índice de
eficiência econômica (IEE) e índice de custo (IC) de suínos alimentados
com dietas com diferentes níveis de restrição mais silagem de palma
forrageira (SPF)
Níveis de restrição + SPF
Efeito1
Variáveis
CV2 %
0%
10%
20%
30% Regressão Dunnett
Peso inicial (kg)
64,34
63,78 64,04
63,94
Peso final (kg)
116,68
109,6 108,68 104,62
CS, R$/kg
00
0,27
0,27
0,27
CR1, R$/kg
0,97
0,97
0,97
0,97
CR2, R$/kg/PV
2,28
2,34
2,24
2,21
NS
NS
7,78
IEE (%)
95,28
90,70 96,87
100
NS
NS
7,20
IC (%)
105,33 110,79 103,44
100
NS
NS
7,76
NS- Efeito não significativo a 5% de probabilidade pelo teste Tukey (P>0,05).
análise de regressão; teste de médias Dunnett. 2 CV – Coeficiente de variação.
1
Regressão –
Conclusões
Para suínos na fase de terminação a silagem de palma forrageira apresenta
satisfatória concentração de energia metabolizável, representando 60% do valor de
energia contida no milho. Entretanto, devido ao baixo consumo, a silagem de palma
forrageira não é recomendada para utilização na alimentação de suínos.
Considerando as variáveis conversão alimentar e os rendimentos de carcaça e
cortes, pode-se restringir quantitativamente a ração balanceada em até 30% do consumo
diário desses animais sem piorar essas variáveis. A restrição de até 30% da ração
balanceada não influencia a viabilidade econômica, contudo, níveis acima de 10%
comprometem a saúde intestinal, por reduzir a produção de muco intestinal, a espessura
da mucosa, ocasionar processos inflamatórios e levar ao acúmulo de lipídios na
submucosa intestinal.
104
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