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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ PROGRAMA DE DOUTORADO INTEGRADO EM ZOOTECNIA PALMA FORRAGEIRA (Opuntia ficus-indica Mill) NA ALIMENTAÇÃO DE SUÍNOS EM FASE DE TERMINAÇÃO GILSON MENDES ARAÚJO AREIA – PB FEVEREIRO - 2014 UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ PROGRAMA DE DOUTORADO INTEGRADO EM ZOOTECNIA PALMA FORRAGEIRA (Opuntia ficus-indica Mill) NA ALIMENTAÇÃO DE SUÍNOS EM FASE DE TERMINAÇÃO GILSON MENDES ARAÚJO Mestre em Zootecnia AREIA – PB FEVEREIRO – 2014 ii GILSON MENDES ARAÚJO PALMA FORRAGEIRA (Opuntia ficus-indica Mill) NA ALIMENTAÇÃO DE SUÍNOS EM FASE DE TERMINAÇÃO Tese apresentada ao Programa de Doutorado Integrado em Zootecnia, da Universidade Federal da Paraíba, Universidade Federal Rural de Pernambuco e Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do título de Doutor em Zootecnia. Área de concentração: Nutrição e Produção Animal. Comitê de Orientação: Profª. Drª. Patrícia Emilia Naves Givisiez Profª. Drª. Terezinha Domiciano Dantas Martins Prof. Dr. Leonardo Augusto Fonseca Pascoal AREIA - PB FEVEREIRO – 2014 iii Ficha Catalográfica Elaborada na Seção de Processos Técnicos da Biblioteca Setorial do CCA, UFPB, Campus II, Areia – PB. A659p Araújo, Gilson Mendes. Palma forrageira (Opuntia fícus-indica Mill) na alimentação de suínos em fase de terminação / Gilson Mendes Araújo. - Areia: UFPB/CCA 2014. 132 f.: il. Tese (Doutorado em Zootecnia) - Centro de Ciências Agrárias. Universidade Federal da Paraíba, Areia, 2014. Bibliografia. Orientadora: Patrícia Emília Náves Givisiez. 1. UFPB/CCA Palma forrageira – Alimentação alternativa 2. Farelo de palma – Alimentação de suínos 3. Silagem de palma – Alimentação de suínos 4. Opuntia fícus-indica I. Costa, Fernando Guilherme Perazzo (Orientador) II. Título. CDU: 636.085(043.3) iv v BIOGRAFIA DO AUTOR GILSON MENDES ARAÚJO nasceu em Jaciara – MT, filho de Nilza Mendes Araújo e Genival Nunes Araújo. Cursou o Ensino Médio e Técnico em Agropecuária na Escola Municipal Rural Produtiva Ranchão, localizada no município de Nova Mutum – MT, no período de 1996 a 1999. Obteve o diploma de Técnico em Agropecuária em Dezembro de 1999. Entre os anos de 2000 a 2002, atuou como Técnico em Agropecuária na empresa Bunge Alimentos na cidade de Campo Verde – MT, e na Empresa Matogrossense de Pesquisa e Extensão Rual (EMPAER-MT) no município de Nova Brasilândia-MT, assumindo a chefia do Escritório local. Em Maio de 2002 ingressou no curso de Bacharel em Zootecnia fazendo parte da primeira turma que ingressou na Universidade Federal de Mato Grosso, Campus de Rondonópolis – MT. No período de Graduação participou de vários eventos técnicos, foi fundador do Centro Acadêmico de Zootecnia e presidiu o Diretório Central dos Estudantes nos anos de 2003 a 2004. Em Junho de 2006 obteve o título de Bacharel em Zootecnia. Em Março de 2007 ingressou no curso de Mestrado em Ciência Animal da Universidade Federal de Mato Grosso, Campus de Cuiabá – MT, sendo bolsista de pesquisa da Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Mato Grosso (FAPEMAT). Em Março de 2009, defendeu a dissertação intitulada “Variações Aniônicas e Catiônica da Ração sobre as Características Ósseas de Frangos de Corte” obtendo o título de Mestre em Ciência Animal. No Período de Maio de 2009 a Fevereiro de 2010 atuou como Zootecnista na Secretaria Municipal de Agricultura de Rondonópolis – MT, prestando assistência técnica aos pequenos produtores e elaborando projetos de fomento da agricultura familiar. No mês de Março de 2010 ingressou no Curso de Doutorado em Zootecnia, do Programa de Doutorado Integrado em Zootecnia (PDIZ) da Universidade Federal da Paraíba, Universidade Federal Rural de Pernambuco e Universidade Federal do Ceará, onde desenvolveu sua pesquisa em Nutrição de Não-Ruminantes. Foi bolsista de Doutorado CAPES e teve sua pesquisa de tese financiada pelo CNPQ. Em Julho de 2013 ingressou no Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN) como professor substituto no curso Técnico em Zootecnia, lecionando as disciplinas de Apicultura, Aquicultura, avicultura/suinocultura e Noções de Melhoramento Genético Animal. vi Epígrafe “O trabalho é a fonte de toda riqueza, afirmam os economistas. Assim é, com efeito, ao lado da natureza, encarregada de fornecer os materiais que ele converte em riqueza. O trabalho, porém, é muitíssimo mais do que isso. É a condição básica e fundamental de toda vida humana. Em tal grau que, até certo ponto, podemos afirmar que o trabalho criou o próprio homem” . (Engels, F. Sobre o Papel do Trabalho na Transformação do Macaco em Homem). Análise do orgulho - eu fiz isso, diz minha memória. Eu não posso ter feito isso, diz meu orgulho, que permanece inflexível. Finalmente a memória se submete. (Friedrich Nietzche) vii DEDICO A minha Mãe Nilza Mendes Araújo e meu Pai Genival Nunes Araújo (in memoriam). A Maria Luiza, minha amada filha em gestação. Minha companheira nessa jornada e mãe de minha filha Angélica Soares. Meus irmãos, Genilson, Cleiton, Gislâine, Gisele, Geisiany, Gilberto e Gedielson. Meus amigos e camaradas Ronivalter de Sousa, Paulo Divino da Cruz, João Henrique Rosa, Luiz Gustavo. viii AGRADECIMENTOS Ao meu país por possuir uma rede pública de ensino que é sinônimo de qualidade e mobilização social. Ao Programa de Doutorado Integrado em Zootecnia por me aceitar como discente, e à coordenação do PDIZ/CCA que sempre esteve à disposição dos discentes. À Universidade Federal da Paraíba e ao Campus de Ciências Humanas Sociais e Agrárias, por proporcionar condições de realização dos experimentos. Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico Tecnológico (CNPq) e ao Instituto Nacional do Semiárido, por financiarem essa pesquisa. A minha primeira orientadora professora Drª. Terezinha Domiciano Dantas Martins, por aceitar-me em sua orientação e proporcionar todas as condições para realização dessa pesquisa, sendo também um exemplo de profissional dedicada, sincera e determinada. A minha segunda orientadora professora Drª. Patrícia Emilia Naves Givisiez, que também me conduziu nessa reta final de orientação, dando contribuição essencial na elaboração da Tese, e por ser exemplo de paciência, determinação e sabedoria. Ao Co-orientador professor Dr. Leonardo Augusto F. Pascoal, pela contribuição na elaboração das pesquisas. Ao Dr. José Humberto Vilar da Silva e sua equipe de avicultura por se colocarem sempre a disposição, contribuindo com as pesquisas do setor de suínos. Ao Professor Dr. Ricardo Romão Guerra e sua equipe de laboratório por contribuir com a execução dessa pesquisa. Aos Professores Dr. Pedro Watanabe, Dr. Jorge Ludke, Dr. Edilson Saraiva, Dr. Ricardo R. Guerra, que participaram da banca de qualificação. Aos Participantes da banca de defesa Professora Drª. Janete Gouveia, Professores Dr. Wilson Moreira, Dr. José Jordão Filho, Dr. Ricardo Romão Guerra. Aos discentes do setor de suíno do CCHSA/Bananeiras – PB, Aparecida Costa Oliveira, Elton Roger, Rodrigo Silva, Naijany Pacheco, Dayanna Medeiros, Izaque Salviano, Givanildo Jacinto, Valquíria Cardoso, Silvia Helena, Taisa Ferreira, Alex Ferreira, Alex Marques, João Paulo, Walter Francisco, Welinton, Renata Cândida, Edjane Soares, Albanira Duarte. Aos funcionários do setor de suíno e do abatedouro CCHSA/Bananeiras, José, Ivanildo, Bruno, Jair, Alfredo, Rinaldo e Sandra. ix Agradeço em especial a Dona Josefa Soares (Tetê) e sua família, Angélica Soares, Angelina Figueiredo e Cleber Moura, Danila Lopes, Danilo Soares, Ana Caroline, que me receberam em sua família, me apoiaram nos momentos difíceis e me deram uma família na Região Nordeste. Aos amigos que fiz nos quatro anos de CCA/UFPB, Rafael Barbosa, Diana Mizael, Danilo Vargas, Aparecida Costa e Thiago José, Elton Roger, Cidinei Trajano, Sarah Pinheiro, Francisco Helton, Rodrigo Barbosa, Sérgio Morais, Alexandre Pai, Emanuel Boi. Ao Instituto Federal do Rio Grande do Norte e seus professores e funcionários, por apoiar a finalização da Tese. Aos novos amigos que realizei em Apodi-RN, Cléia Macedo, Galba Falcão, Ivicson, Renato Alencar, Luanna Alves, Francisco Maia, Faviano Ricelli, Leila, Dayana e demais professores, que me apoiaram e incentivaram. Aos funcionários Graça Medeiros (Secretária), Jacilene (Técnica), Carmen e Damião (Auxiliar de serviços), pela serventia e amizade. A TODOS VOCÊS MEUS SINCEROS AGRADECIMENTOS. x SUMÁRIO LISTA DE TABELAS ......................................................................................... xiii LISTA DE TABELAS ......................................................................................... xiv LISTA DE TABELAS .......................................................................................... xv LISTA DE FIGURAS .......................................................................................... xvi CAPÍTULO I. Referencial Teórico ......................................................................... 2 Alimentos Alternativos ....................................................................................... 2 A Palma Forrageira ............................................................................................ 5 Características Nutricionais da Palma Forrageira .............................................. 9 Aminoácidos Presentes nos Cladódios ..................................................... 10 Vitaminas .................................................................................................. 12 Mucilagem e Pectina ................................................................................. 12 Compostos Fenólicos ................................................................................ 13 Farelo de Palma Forrageira ....................................................................... 14 Silagem de Palma Forrageira .................................................................... 15 Uso da Palma Forrageira na Alimentação de Suínos ....................................... 16 Fibra na Alimentação de Suínos ....................................................................... 18 Efeitos Fisiológicos e Comportamentais do Uso das Fibras Dietéticas ........... 20 Referências bibiográficas .................................................................................. 25 CAPÍTULO II. Farelo de palma forrageira (Opuntia ficus-indica Mill) na alimentação de suínos em fase de terminação ................................................................ 38 Resumo.............................................................................................................. 39 Abstract ............................................................................................................. 40 Introdução ......................................................................................................... 41 Material e Métodos ........................................................................................... 43 Resultados e Discussão ..................................................................................... 51 Conclusões ........................................................................................................ 64 Referências ........................................................................................................ 65 xi CAPÍTULO III . Silagem de palma forrageira (Opuntia ficus-indica Mill) na alimentação de suínos em fase de terminação associada à restrição quantitativa da ração balanceada ...................................................................................................................... 73 Resumo.............................................................................................................. 74 Abstract ............................................................................................................. 75 Introdução ......................................................................................................... 76 Metodologia ...................................................................................................... 78 Resultados e Discussão ..................................................................................... 88 Conclusões ...................................................................................................... 104 Referências ..................................................................................................... 105 xii LISTA DE TABELAS CAPÍTULO I Tabela 1. Concentração média de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), carboidratos torais (CHT), carboidratos não fibrosos (CNF), matéria mineral (MM), cálcio (Ca), potássio (K), fósforo (P), sódio (Na), magnésio (Mg), ferro (Fe), zinco (Zn) e manganês (Mn) de acordo com a variedade de palma forrageira ....................................................................................................... 10 Tabela 2. Composição aminoacídica da proteína da palma forrageira Opuntia fícusindica Mill (cv Redonda) de acordo com o estágio de maturação (g/100g de proteína) ......................................................................................................... 11 Tabela 3. Valores típicos de polissacarídeos e lignina contidos nos alimento para animais (g/kg de matéria seca) ....................................................................... 20 xiii LISTA DE TABELAS CAPÍTULO II Tabela 1. Composição percentual e níveis nutricionais das rações experimentais contendo níveis de inclusão de farelo de palma forrageira (FPF).................. 47 Tabela 2 . Valores de nutrientes totais digestíveis e coeficiente de metabolizabilidade do farelo de palma forrageira com base na matéria seca. ................................... 51 Tabela 3. Efeitos dos níveis de inclusão do farelo da palma forrageira (FPF), sobre o consumo de ração (CR), ganho de peso (GP), ganho de peso diário (GPD) e conversão alimentar (CA) .............................................................................. 54 Tabela 4. Efeito dos níveis de inclusão do farelo de palma forrageira (FPF) sobre o peso final (PF), peso da carcaça quente (PCQ), peso da carcaça fria (PCF), perda de peso no resfriamento (PRF), rendimento de carcaça (RC), comprimento da carcaça (CC), espessura de toucinho (ET), rendimento de carne fria (RCF) e quantidade de carne na carcaça (QCar).......................................................... 56 Tabela 5. Rendimento dos principais cortes cárneos de suínos alimentados com diferentes níveis de inclusão do farelo de palma forrageira (FPF) ................ 59 Tabela 6. Efeito da inclusão do farelo de palma forrageira sobre o peso do estômago, intestino delgado (ID), comprimento do intestino delgado (CP ID), cólon, ceco, fígado, coração, rins, pâncreas e baço .................................................. 60 Tabela 7. Concentração dos ácidos graxos de cadeia curta no conteúdo cecal dos suínos alimentados com farelo de palma forrageira .................................................. 62 Tabela 8. Peso inicial (kg), peso final (kg), custo de ração (CR1, R$/kg), custo em ração por quilograma de peso vivo ganho (CR2), índice de eficiência econômica (IEE) e índice de custo (IC) de suínos alimentados com dietas contendo diferentes níveis de inclusão de farelo de palma forrageira (FPF) ................ 63 xiv LISTA DE TABELAS CAPÍTULO III Tabela 1. Composição percentual e níveis nutricionais da ração .................................... 82 Tabela 2. Valores de nutrientes totais e digestíveis, coeficiente de metabolizabilidade e concentração dos ácidos graxos de cadeia curta da silagem de palma forrageira ........................................................................................................ 89 Tabela 3. Efeito dos níveis de restrição alimentar sobre, consumo de ração (CR, g/dia), ganho de peso (GP, g/total), ganho de peso diário (GPD, g), conversão alimentar (CA, g:g) e consumo de silagem total (CSL, g) ............................. 92 Tabela 4. Efeito dos níveis de restrição alimentar + silagem de palma forrageira (SPF), sobre o peso final (PF), rendimento de carcaça (RC), peso da carcaça quente (PCQ), peso da carcaça fria (PCF), perda de peso no resfriamento (PRF), comprimento da carcaça (CPC), rendimentos de cortes (R), espessura de toucinho (ET), rendimento de carne fria (RCF) e a quantidade de carne na carcaça (QCar) ................................................................................................ 94 Tabela 5. Efeito dos níveis de restrição alimentar + silagem de palma forrageira (SPF), sobre o peso do estômago cheio e vazio, intestino delgado (ID), cólon, ceco, fígado, coração, rins, pâncreas, baço e comprimento do intestino delgado ... 97 Tabela 6. Efeito dos níveis de restrição associado ao fornecimento de silagem de palma forrageira (SPF) sobre o pH e conteúdo dos ácidos graxo de cadeia curta .... 98 Tabela 7. Efeito da restrição alimentar associado a silagem de palma forrageira (SPF) sobes os parâmetros bioquímicos de suínos antes e após o jejum .................. 99 Tabela 8. Espessura de mucosa de duodeno e depósito de glicogênio hepático de suínos recebendo níveis de restrição alimentar + silagem de palma forrageira (SPF) ...................................................................................................................... 101 Tabela 9. Peso inicial, peso final, custo de ração (CR1, R$/kg), custo em ração por quilograma de peso vivo ganho (CR2), índice de eficiência econômica (IEE) e índice de custo (IC) de suínos alimentados com dietas com diferentes níveis de restrição mais silagem de palma forrageira (SPF) ................................... 104 xv LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO III Figura 1. Fotomicrografias de duodeno de suínos submetidos a diferentes níveis de restrição e fornecimento de silagem de palma forrageira. ............................ 103 Figura 2. Fotomicrografia de duodeno de suíno representando dieta com restrição alimentar de 20 e 30% com inclusão de palma na dieta.. ............................. 103 xvi Palma forrageira (Opuntia ficus-indica Mill) na alimentação de suínos em fase de terminação RESUMO GERAL Foram realizados quatro experimentos, sendo dois de digestibilidade e dois de desempenho, objetivando avaliar a utilização da palma forrageira (Opuntia ficus-indica Mill) processada na forma de farelo e silagem na alimentação de suínos em fase de terminação. Nos experimentos de digestibilidade, determinaram-se os valores de energia, bem como os nutrientes totais, digestíveis e os coeficientes de metabolizabilidade do farelo e silagem de palma forrageira. Na avaliação do farelo de palma forrageira (FPF), o desempenho foi testado utilizando dietas com níveis crescentes de inclusão de FPF de: 0, 5, 10 e 15%. Na avaliação da silagem de palma forrageira (SPF) o desempenho foi avaliado utilizando níveis crescentes de restrição quantitativa da ração (0, 10, 20 e 30%), mais o fornecimento de SPF de forma ad libitum. O FPF apresenta EB 3.267,55 kcal/kg, ED 1000,80 kcal/kg, e EMAn 1012,59 kcal/kg. As variáveis de desempenho, características da carcaça, peso e comprimento dos órgãos, concentração dos ácidos graxos de cadeia curta e a viabilidade econômica da dieta não foram influenciadas pela inclusão do FPF. A SPF apresenta EB 3.613,81 kcal/kg, ED 2.463,59 kcal/kg e EMAn 2.456,92 kcal/kg. Os níveis de restrição alimentar associados ao fornecimento da SPF influenciaram negativamente (P<0,05) as variáveis consumo de ração, ganho de peso e peso final, porém não influenciaram a conversão alimentar. O consumo da SPF aumentou linearmente (P<0,01) à medida que se restringiu a ração balanceada. O rendimento de carcaça e cortes, bem como a quantidade de carne na carcaça não foram influenciados (P>0,05) pelos níveis de restrição alimentar + SPF. Houve redução da espessura de mucosa do duodeno, diminuição das glândulas intestinais, acúmulo de tecido adiposo na submucosa, diminuição do acúmulo de glicogênio hepático e aparecimento de processo inflamatório na submucosa e mucosa intestinal, com aumento da restrição alimentar. O farelo da palma forrageira apresenta para suínos na fase de terminação 1/3 da energia metabolizável do milho e pode ser incluído na dieta de suínos na fase de terminação em xvii até 15%. A silagem de palma forrageira não possui boa aceitação pelos animais. A restrição de até 30% da ração balanceada não prejudica a conversão alimentar, rendimentos da carcaça e cortes e a viabilidade econômica, contudo, níveis acima de 10% comprometem a saúde intestinal, o que prejudica a absorção intestinal e a conversão alimentar. Palavras chave: alimento alternativo, cactos, conservação de alimentos, desempenho zootécnico, nopal xviii Cactus pear (Opuntia ficus-indica Mill) in feed for pigs in phase of termination GENERAL ABSTRACT Four experiments were conducted, two digestibility and two performance experiments to evaluate the use of forage cactus (Opuntia ficus-indica Mill) processed as meal and silage on finishing pigs feeding. The energy values, the total and digestible nutrients and metabolizable coefficients of forage cactus meal and forage cactus silage were determined in digestibility experiments. In the evaluation of forage cactus meal, the performance was evaluated using diets with increasing levels of inclusion of forage cactus meal (0, 5, 10 and 15%). In the evaluation of forage cactus silage, the performance was evaluated using increasing levels of quantitative restriction of feed (0, 10, 20 and 30%) plus the supply of forage cactus silage in ad libitum manner. The forage cactus meal contains gross energy (GE) 3,267.55 kcal/kg, digestible energy (DE) 1,000.80 kcal/kg and apparent metabolizable energy (AMEn) 1012.59 kcal/kg. Performance variables, carcass characteristics, weight and length of the organs, short chain fatty acids concentration and economic viability of the diet were not influenced by the inclusion of forage cactus meal. The forage cactus silage contains GE 3,613.81 kcal/kg, DE 2,463.59 kcal/kg and AMEn 2,456.92 kcal/kg. The levels of food restriction associated to the supply of forage cactus silage, negatively influenced (P<0.05) on feed intake, weight gain and final body weight, but did not influence feed conversion. The forage cactus silage intake increased linearly (P<0.01) as the balanced diet was restricted. The carcass yield and cuts and the amount of meat in the carcass weren’t affected (P>0.05) by food restriction plus forage cactus silage. When feed restriction was increased, there was a reduction of the duodenum mucosa thickness, a decrease of intestinal glands, an accumulation of adipose tissue in the submucosa, a decrease in the accumulation of hepatic glycogen and the appearance of inflammation in the intestinal submucosa and mucosa. The forage cactus meal contains, for finishing pigs, 1/3 of metabolizable energy from corn and can be included in the diet for finishing pigs by up to 15%. The forage cactus silage doesn’t have good acceptance by animals. xix The restriction to 30% of the balanced feed doesn’t affect feed conversion, carcass yield, cuts and economic viability, however, levels over 10% compromise the intestinal health, which can bring on a worse intestinal absorption and lower feed conversion. Key Words: alternative food, cactus, food conservation, animal performance, nopal xx CONSIDERAÇÕES INICIAIS A criação de suínos para fins de exploração pelo homem é uma atividade que possui destacada importância econômica e social. A carne suína é a proteína mais consumida no mundo, superando as carnes de frango e bovino que ocupam a segunda e terceira posição no consumo mundial respectivamente. Atualmente o Brasil ocupa a 4º posição mundial tanto na produção como na exportação de carne suína. A expansão da produção de suínos no Brasil, entre outros fatores, é influenciada pela estabilização na oferta dos insumos utilizados na criação dos suínos, quando a oferta de grãos (basicamente milho e farelo de soja) no mercado interno está reduzida, o setor entra em crise retraindo a sua expansão ou reduzindo a produção. A suinocultura é uma atividade predominante em pequenas e médias propriedades rurais brasileiras, sendo que 81,7% dos suínos são criados em unidades de até 100 hectares. A atividade encontra-se presente em 46,5% dos 5,8 milhões de propriedades existentes no país, empregando mão-de-obra familiar, constituindo importante fonte de renda e se constituindo num dos fatores de estabilidade social no meio rural . A produção de suínos no Brasil concentra-se nos estados produtores de grãos, a região Sul do país é a região que possui o maior numero de matrizes alojadas, a região Sudeste ocupa a segunda posição no ranking. A região Centro-Oeste, devido o deslocamento da produção de grãos para essa região é a que apresenta a maior taxa de crescimento. A participação da região Nordeste na produção de suínos ainda é bem tímida, observa-se que entres os oitos maiores estados com numero de matrizes alojadas, nenhum é dessa região. Uma vez que a maior parte do território da região nordeste se caracteriza como semiárida, a produção de grãos nessa região é bastante limitada pelos fatores climáticos, sendo abastecidas por grãos vindos de outras regiões do país. A suinocultura vem passando ao longo dos anos por sucessivas crises, devido principalmente aos altos preços dos insumos. O milho e o farelo de soja são os dois ingredientes mais utilizados em rações de suínos, sendo que a ração tem um peso representativo no custo de produção (60 a 70%), com o milho sozinho representando aproximadamente 40% do custo de produção. É grande o interesse no estudo de possíveis alternativas que viabilizem a substituição total ou parcial do milho e do farelo de soja em dietas de suínos. Entretanto, faz-se necessária uma avaliação mais abrangente do xxi valor nutricional de novos ingredientes, de forma a não comprometer o atendimento das necessidades nutricionais dos animais e consequentemente a produtividade e os resultados econômicos. A palma forrageira (Opuntia fícus-indica Mill) aparece neste contexto como uma alternativa de cultivo adaptada ao clima semiárido. É uma cultura com mecanismo fisiológico especial no que se refere à absorção, aproveitamento e perda de água. A palma forrageira apresenta significativa importância na sustentabilidade da pecuária nas regiões semiáridas. Ela apresenta alta palatabilidade e digestibilidade para diversas espécies de animais, principalmente ruminantes e pequenos animais silvestre de vida livre. Ela destaca-se por ser bastante rica em água, muscilagem e minerais, por apresentar alto coeficiente de digestibilidade da matéria seca, e possuir alta produtividade por área. Por apresentar baixo teor de matéria seca (MS) (10-15%), alto teor de carboidratos totais (CHT) (55-77%), matéria orgânica (MO) e NDT (65-70%) a palma forrageira apresenta grande potencial de utilização como alternativa aos alimentos energéticos empregado na ração de não ruminantes, e alguns estudos monstra promissor a utilização da palma forrageira processada na forma de farelo na alimentação de aves e suínos. Nesse sentido, diante do exposto é importante iniciar uma bateria de estudos visando ampliar a utilização da palma forrageira para as categorias de animais não ruminantes, buscando tornar mais viáveis à exploração desses animais na região nordeste do país. As presentes pesquisas foram realizadas com o objetivo de avaliar a utilização da palma forrageira (Opuntia fícus-indica Mill) processada na forma de farelo e silagem, na alimentação de suínos em fase de terminação, considerando os aspectos de produtividade animal, alterações fisiológicas e histológicas, características das carcaças e ´órgãos bem como a viabilidade econômica do uso da palma forrageira em dietas de suínos na fase considerada. xxii Capítulo I Referencial Teórico ______________________________________________________________________ Palma Forrageira (Opuntia ficus-indica Mill) na alimentação de suínos em fase de terminação 1 REFERENCIAL TEÓRICO Alimentos Alternativos O milho e o farelo de soja são os principais constituintes das dietas de suínos e aves no Brasil e apesar do país apresentar grande produção dessas commodities (aproximadamente de 81 milhões de toneladas, IBGE, 2013), o preço desses grãos estão condicionados aos níveis dos estoques nacionais e internacionais, fenômenos climáticos e distância entre os polos produtores e consumidores. No ano de 2012, devido aos baixos estoques internacionais de milho proporcionados por alterações climáticas desfavoráveis ao seu cultivo, o preço da saca do milho mesmo em época de safra chegou a aumentar em 100% em relação à safra de 2011 (MARQUES, 2012). Aumentos no preço dessas commodities refletem diretamente nos custos de produção de suínos, tornando mais cara a produção e, aliados aos baixos preços pagos pelo kg do suíno vivo, ocasiona crise no setor suinícola. No Brasil devido às diferenças nas características de clima e solo existentes nas regiões do país a produção de grãos destinados à alimentação animal está concentrada nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do país, o que torna essas regiões mais favoráveis à exploração de animais destinados a produzir produtos para a alimentação humana. De acordo com dados da EMBRAPA (2013), devido à escassez de grãos o custo de produção de suínos na região Nordeste do Brasil entre os anos de 2009 e 2012 foi 20 a 30% superior a ao custo de produção da região Sul do Brasil que é a maior produtora nacional de suíno e grande produtora de grãos. Nesse sentido, no Nordeste brasileiro o aproveitamento de matérias-primas de origem vegetal regionalmente adaptada, se reveste de grande importância como alternativas alimentares para a melhoria da oferta de alimentos que possam substituir os alimentos convencionais (milho e farelo de soja) (CARVALHO, 2005). Os gastos com alimentação dos suínos variam de acordo com a categoria dos animais. De acordo com a EMBRAPA (2010) considerando uma matriz mantida em ciclo completo, o consumo total de rações por fase produtiva dos suínos durante um ano corresponde a: 11% na gestação, 6% na lactação, 13% pelos leitões na creche e 70% nas 2 fases de crescimento e terminação. Nesse sentido, a fase final de criação corresponde aos maiores gastos para se produzir um suíno, sendo de extrema importância, pesquisas que visem à redução dos custos com alimentação nessas fases. Objetivando reduzir esses custos de produção, várias pesquisas são realizadas para avaliar a utilização de alimentos alternativos aos alimentos comumente utilizados na alimentação de suínos (milho e farelo de soja) buscando substituir esses alimentos de forma total ou parcial, considerando os aspectos nutricionais dos alimentos padrões, as demandas nutricionais dos animais, a disponibilidade regional do alimento alternativo, a aceitação pelos animais bem como a viabilidade econômica de adotar um alimento alternativo (DUTRA JÚNIOR et al., 2009; CARVALHO et al., 2011; PERONDI, 2013). Nesse sentido, a avaliação do uso de subprodutos vegetais e alimentos não utilizados na alimentação humana vêm ganhando interesse na comunidade científica, uma vez que além de serem alimentos mais baratos, não competem com alimentação humana, além de contribuir para o reaproveitamento de subprodutos que seriam destinados ao meio ambiente. Os subprodutos da cafeicultura foram avaliados na alimentação de suínos. Carvalho et al.(2011) avaliaram a inclusão de casca de café melosa ensilada para suínos nas fases de crescimento e terminação (0 a 16%), e observaram que na fase de crescimento a inclusão da casca de café nas dietas não influenciou as variáveis de desempenho zootécnico já na fase de terminação houve melhora na conversão alimentar com a inclusão da casca de café, sendo recomendando pelos autores níveis de 16% de inclusão para as fases de crescimento e terminação. O resíduo industrial de fecularia da mandioca (RIFM) foi avaliado por Bertol & De Lima (1999) que pesquisaram a inclusão do resíduo nas dietas de suínos nas fases de crescimento e terminação, e concluíram que para a fase de crescimento o aumento dos níveis acima de 6,67% reduz o desempenho, já para a fase de terminação pode-se incluir até 30% sem redução no desempenho zootécnico. Já Figueiredo et al. (2012) estudaram a inclusão de feno da rama da mandioca em dietas para suínos na fase de terminação e constataram que a inclusão até o nível de 20% na dieta não prejudicou o desempenho 3 zootécnico e as características quantitativas da carcaça, contudo a melhor viabilidade econômica foi obtido com 10% de inclusão de silagem de rama de mandioca. Farias et al. (2008) avaliaram o fornecimento do farelo do pseudofruto do cajueiro em dietas de suínos em fase de crescimento no níveis de 0, 5, 10, 15 e 20%, e observaram que a pesar do consumo de ração ter sido aumentado a inclusão de até 20% do farelo do pseudofruto do cajueiro melhora o rendimento financeiro. O uso da elódea brasileira (Egeria densa) uma macrófita de água doce, foi avaliada na alimentação de fêmeas suínas melhoradas geneticamente nas fases de crescimento e terminação por Dutra júnior et al. (2009). Os autores observaram piora no desempenho zootécnico, peso e rendimento da carcaça e, redução na espessura de toucinho. No entanto, economicamente foi estabelecido que a inclusão de até 6,5% de elódea na dieta é economicamente viável para as fases de crescimento e terminação. Mello et al. (2011) estudaram a inclusão de farelo de algodão (0 a 20%) em dietas isonutritivas de suínos nas fases de crescimento e terminação. A inclusão do farelo de algodão não influenciou o desempenho zootécnico dos suínos em ambas as fases, sendo recomendados níveis de 20% de farelo de algodão. Contudo a necessidade de acrescentar óleo e aminoácidos nas rações elevou o preço das dietas que continham farelo de algodão. Perondi (2013) avaliou o farelo de semente de maracujá (4 a 16%) na alimentação de suínos nas fases de crescimento e terminação adotando dietas isonutritivas. Em ambas as fases a inclusão do farelo de semente de maracujá não influenciou o desempenho zootécnico, as características quantitativas da carcaça, a qualidade da carne e os componentes plasmáticos. A viabilidade econômica indicou a possibilidade de uso do farelo de semente de maracujá em até 16%, nas fases de crescimento e terminação. No geral o uso desses alimentos alternativos é limitado pelo seu alto teor de fibra, baixas concentrações de proteína e aminoácidos essenciais, baixo aproveitamento da energia bruta e consequentemente reduzido valor de energia digestível e metabolizável, o que tornar as dietas mais caras devido à necessidade de se aumentar as fontes de energia e aminoácidos para poder atender as exigências nutricionais dos animais. A presença 4 de fatores anti-nutricionais presentes em alguns alimentos também pode limitar o uso de determinados alimentos. A PALMA FORRAGEIRA A palma forrageira é uma cactácea que se adapta bem às regiões semiáridas, possui múltiplos usos, servindo como fonte de alimento para humanos e animais, devido sua composição nutricional e a variedade de produtos e subprodutos que se pode extrair a partir dela, essa cactácea possui relevada importância social e econômica para essas regiões (FAO, 2013). A palma forrageira é amplamente cultivada no México, Argentina, Brasil, Tunísia, Itália, Israel e China (FEUGANG et al., 2006). A família das cactáceas possuem 1800-2000 espécies essas são subdivididas em três Sub-familias: Pereskioideas, Opuntioideas e Cereoideas; quatro Tribus: Phyllopuntieae, Euopuntieae, Hylocereae e Cereae; nove Sub-tribus, sendo que os cactos existentes no Brasil estão inseridos na sub-tribus Eupuntiineas e 178 Gêneros dos quais dois estão no Brasil: Opuntia e Nopalea. Sendo assim, os cactos existentes no Brasil pertencem à Família: Cactaceae; Sub-familia: Opuntioideae; Tribus: Eupuntiaeae e os Gêneros: Opuntia e Nopalea (DOMINGUES,1963). Existem diferenças morfológicas entre os gêneros Opuntia e Nopalea. O Gênero Opuntia pertence à palma para corte, de raquetes grandes e carnosas, pesando mais de 1 kg, por isso é conhecida como palma graúda, grande ou gigante, tendo-se em vista também seu elevado porte. É conhecida como sendo o cacto sem espinho (Cactus spineless, em inglês) ao qual foi selecionado pelo americano Luther Burbank. A palma graúda é classificada como Opuntia fícus-indica Mill, é chamada figueira da bárbara, figueira ou figo da índia, devido seu famoso fruto que é apreciado em vários países. A palma Nopalea ou palma doce possui raquetes pequenas, daí a denominação miúda ou mesmo “língua de vaca,” segundo Domingues (1963) foi introduzida no Brasil antes mesmo do gênero Opuntia, para fins de criação de cochonilhas, passando depois para ornamental. 5 A origem biogeográfica e evolutiva da Opuntia fícus-indica Mill está sendo investigada através de análises filogenética e sequência de DNA (GRIFFITH, 2004). Essas análises dão apoio às seguintes hipóteses: que Opuntia fícus-indica Mill é parente próximo de um grupo arborescente de frutos carnosos e espinhosos que se encontra na região central do Sul do México e, que o conceito taxonômico de Opuntia fícus-indica pode incluir cones provenientes de múltiplas linhagens e, portanto, ser polifilético (GRIFFITH, 2004). A sua introdução no Brasil foi através dos Portugueses, que foram buscar no norte do continente Africano e a levou também para a Angola e Índia. Sua importância era proveniente dos frutos, uma baga de apreciado sabor, que servia para consumo in natura e no preparo de doces, gelatinas, bebidas fermentadas etc. (DOMINGUES, 1963). Conforme já relato, a palma forrageira é uma cactácea suculenta bem adaptada às condições de extremos climatológicos e condições edáficas. A alta eficácia da utilização da água permite suportar severas condições de seca. Os cactos podem crescer em áreas de 200 mm/ano de chuvas, altas temperaturas e desenvolver onde espécies forrageiras comuns não podem crescer (BEM SALEM, 2011). A adaptação às diversas condições de cultivos está relacionada a características peculiares de sua anatomia e fisiologia (SNYMAN, 2006). De acordo com Nobel (1998), os cactos possuem um sistema radicular superficial e extenso, que lhe permitem explorar as escassas águas das chuvas nas regiões áridas. Por outro lado, chuvas isoladas induz a formação de raízes secundárias denominadas raízes de chuva, essas raízes são formadas poucas horas após as chuvas e possuem vida curta em média três dias, sua função é aumentar a superfície de contato com o solo facilitando a absorção de água e nutrientes (SÁENZ, 2013). No período de seca, as raízes contraem-se radialmente contribuindo para reduzir a perda de água. Suas hastes são cientificamente conhecidas como cladódios. De acordo com Nobel et al. (1992) os cladódios são protegidos por uma espessa cutícula coberta com cera e espinhos que contribui para redução da perda de água e, devido a possuir parênquima abundante, eles podem armazenar grandes quantidades de água permitindo a planta sobreviver por lon6 gos períodos de seca. Os cladódios apresentam alta quantidade de mucilagem, que é um hidrocolóide com elevada quantidade de água e capacidade de aderência. Os cladódios possuem também poucos estômatos por unidade de área superficial, esses estômatos permanecem fechados durante o dia e aberto durante a noite, fato que ajuda a evitar perda de umidade pela transpiração durante o dia e permite que o dióxido de carbono que é essencial para o processo de fotossíntese possa ser absorvido durante a noite e armazenado temporariamente na forma de ácido málico, para durante o dia ser utilizado no processo de fotossíntese (NOBEL, 1998). Além das adaptações anatômicas, o processo fotossintético que ocorre nos cactos, conhecido como metabolismo do ácido das crassuláceas (MAC) é mais eficiente em uso da água em comparação com as plantas de metabolismo C3 e C4, de acordo com Fisher & Turner (1978), a eficiência no uso da água é de 617, 300 e 50 kg de água/kg de MS produzido, para as plantas que têm o metabolismo C3, C4 e MAC respectivamente. No Brasil, a faixa territorial considerada como semiárida, abrange uma área de 969.589,4 km2, representando 11,39% do território brasileiro, 60% da região Nordeste abrangendo 1.133 municípios (MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO, 2005). Esta área é caracterizada por apresentar solos rasos de média à alta fertilidade, escassez e irregularidade das chuvas, que causam severos danos à economia regional com custos sociais elevados. Nesse sentido, a palma forrageira (Opuntia fícus-indica Mill), cuja área cultivada no Brasil alcança cerca de 550.000 ha (ARAÚJO et al., 2005a), aparece neste contexto como uma alternativa de cultivo, adaptada ao clima semiárido, visto ser uma cultura com mecanismo fisiológico especial no que se refere à absorção, aproveitamento e perda de água. A produtividade de biomassa da palma forrageira depende de vários fatores, incluindo densidade de plantio, as chuvas, textura do solo, fertilização e variedade cultivada (SANTOS et al., 2006; DUBEUX Jr. et al., 2006; SANTOS et al. 2011). Em geral, os rendimentos dos cladódios variam entre 18 a 49 t/MS/ha (CUNHA, et al. 2008; SANTOS et al. 2011). Santos et al. (2005) cultivando a variedade Gigante, relataram a produção de 28,88 t de MS/ha de palma forrageira adubando o solo com 20 t de esterco 7 bovino. Com base nesses dados, um hectare ultrapassa em produtividade das forrageiras comuns de muitas espécies cultivadas em regiões semiáridas. De acordo com a FAO (2013), todas as partes da planta (raízes, flores, frutos, sementes e cladódios) têm sido utilizadas em diversas aplicações. Os frutos são consumidos frescos, os cladódios jovens são utilizados na alimentação humana e os maduros na alimentação animal, apresenta grande potencial de uso na indústria alimentícia e farmacêutica (FAO, 2013). Efeitos positivos dos cactos na saúde humana inclui anticâncer (SREEKANTH et al., 2007), antidiabético tipo II (HASSAN, et al. 2011), antiinflamatórios (PARK et al., 1998), antivirais (AHMAD et al., 1996), na redução do colesterol ruim (FERNANDEZ et al., 1994; LOUACINI et al., 2012) e efeitos antioxidantes (MARTÍNEZ et al., 2011). A palma forrageira devido a sua composição também vem sendo estudada como fonte alternativa de água para animais. No Nordeste do Brasil, Costa et al. (2009) estudando o fornecimento da palma forrageira in natura para cabras em lactação, fornecendo na dieta quatro níveis (7, 14, 21 e 28%), em substituição ao farelo de milho, observaram redução linear no consumo de água diário (de 5,23 kg na dieta basal para 0,42 kg com 28% de substituição) a medida que aumentaram os níveis de substituição. Os autores não observaram redução na produção de leite, no entanto, o teor de gordura apresentou redução linear em resposta aos níveis de substituição. Contribuindo com os autores, Tegegne et al. (2006) e Ben Salem et al (2004), também observaram redução no consumo de água de ovelhas quando do fornecimento da palma forrageira in natura. Igualmente, Araújo, et al. (2012a) fornecendo palma in natura para suínos em fase de terminação por um período de 15 dias, observaram redução do consumo de água pelos suínos alimentados com palma forrageira em proporção de 50% da ração, os mesmos autores não observaram redução na produção urinária, comprovando a eficiência da palma forrageira em fornecer água para os animais. 8 CARACTERÍSTICAS NUTRICIONAIS DA PALMA FORRAGEIRA Os valores nutricionais dos cladódios da palma forrageira varia de acordo com a espécie, idade da planta, cultivar, nível de fertilidade do solo, época do ano, espaçamento de plantio e ordem dos cladódios na planta (BATISTA et al. 2003; SANTOS et al. 2006; COSTA et al. 2010; URBÍOLA et al. 2010). No geral os cladódios possuem alta concentrações de carboidratos não fibrosos (50 a 70% na matéria seca), amido (7,5%), matéria mineral (13 a 22%), cálcio (4 a 8%), potássio (1 a 4%), ß-caroteno (0,65 mg/100g de MS) e oxalatos (6 a 12 % na MS) (FERREIRA, 2005; McITEKA, 2008; AYADI et al., 2009; BEN SALEM & ABIDI, 2009). Os oxalatos estão presentes na forma insolúveis, assim, não têm efeito direto sobre a saúde animal, mas eles formam complexos insolúveis com o mineral cálcio tornando indisponível cerca de 50% desse mineral (PADILLA et al., 2011). Para animais ruminantes, as concentrações de fibra em detergente neutro (FDN) e fibra em detergente ácido (FDA) nos cladódios são consideradas baixas (FDN, 17 a 40% e FDA 16 a 22% na MS) e seu uso na alimentação desses animais está condiciona do ao consorcio com uma fonte de fibra (ALBUQUERQUE et al., 2002; BEN SALEM & ABIDI, 2009). Contudo, para animais não ruminantes esses valores são considerados altos. Em relação aos teores de proteína, os cladódios apresentam baixos valores de proteína bruta (PB, 3 a 7 % na MS) (SANTOS et al., 2005; STINTZING & CARLE, 2005) e tentativas tem sido feitas para aumentar a concentração de nitrogênio nos cladódios através de melhoramento genético e fertilização do solo (FELKER & INGLESE, 2003; ARAÙJO et al., 2005a). Após a colheita dos cladódios o uso de leveduras (Saccharomyces cerevisiae) vem sendo utilizado para aumentar o teor de proteína bruta. Segundo Araújo (2004) o alto teor de carboidratos da palma forrageira pode ser empregado como fonte principal para o crescimento de leveduras. Na Tabela 1 estão apresentados os valores da composição bromatológica dos cladódios da palma forrageira in natura. 9 Tabela 1. Concentração média de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), extrato etéreo, fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), carboidratos torais (CHT), carboidratos não fibrosos (CNF), matéria mineral (MM), cálcio (Ca), potássio (K), fósforo (P), sódio (Na), magnésio (Mg), ferro (Fe), zinco (Zn) e manganês (Mn) de acordo com a variedade de palma forrageira Nutrientes (%) Opuntia - (Gigante)1 Opuntia - (Redonda)1 Napólea – (Miúda)1 MS PB EE FDN E FDA CHT CNF MM Ca K P Na Mg 10,34 ( b, c, d, e, f) 5,52 (b, c, d, e, f) 1,6 ( b) 30,10 (b, c, d, e, f) 20,15 ( b, c, d, e, f) 81,53 (c, d, e) 52,70 (c, d, e) 11,75 (b, c, d, e) 2,30 (f, g) 2,45 (f, g) 0,13 (f, g) 0,67 (g) 11,0 (c, f) 5,57 (c, f, h) 1,6 (f, h) 28,1(f) 22,2 (f) 20,0 (h) 2,78 (f) 2,11(f) 0,14 (f) 0,031(h) 0,93 (h) 12,64 (c, f, g, i) 3,64 (c, f, g, i) 22,25 (c, f, i) 17,23 (c, f, i) 87,77 (c, i) 71,17 (c, i) 12,55 (c, g, i) 3,05 (g, i) 2,52 (g, i) 0,15 (g, i) 0,87 (i) 1– Concentração média dos nutrientes de acordo com os autores em parênteses. Autores: b – Costa, et al. (2010); c – Ferreira (2005); d - Magalhães et al. (2002); e – Melo (2002); f – Santos et al. (2006); g – Germano et al. (1999); h – Urbiola et al. (2010); i – Araújo (2002). Aminoácidos presentes nos cladódios As concentrações dos aminoácidos na palma forrageira variam de acordo com a variedade da palma forrageira e, dentro da mesma variedade, a idade da planta irá influenciar a concentração dos aminoácidos (STINTZING & CARLE 2005; URBIOLA et al., 2010). Os cladódios da palma (Opuntia fícus-indica Mill) possuem 18 aminoácidos sendo nove aminoácidos essenciais e nove não essenciais (BRÜCKNER & WESTHAUSER, 2003), contudo na variedade redonda Urbiola et al. (2010), não determinaram o aminoácido asparagina, totalizando 17 aminoácidos. Na palma redonda, os ami10 noácidos de maior concentração na proteína são o ácido glutâmico, glutamina, fenilalanina e treonina, e os de menor concentração são a metionina, arginina, triptofano e tirosina respectivamente (BRUCNER & WESTHAUSER, 2003; URBIOLA et al., 2010). Na Tabela 2 estão apresentadas as concentrações de aminoácidos na proteína da palma forrageira de acordo com a idade da planta (40 a 125 dias de idade). As concentrações de histidina, lisina, leucina aumentaram com a idade da planta, enquanto que as concentrações de treonina e isoleucina diminuíram com aumento da idade, sugerindo que para esses aminoácidos a planta mais jovem é a melhor fonte (URBIOLA, et al. 2010). Tabela 2. Composição aminoacídica da proteína da palma forrageira Opuntia fícusindica Mill (cv Redonda) de acordo com o estágio de maturação (g/100g de proteína) Idade da palma forrageira (dias) Aminoácidos Proteína Padrão2 40 50 60 80 100 125 Lisina 0,52 0,44 0,48 0,56 0,52 0,67 7,00 Metionina 0,19 0,12 0,15 0,19 0,12 0,13 5,70 Treonina 1,53 1,56 1,31 1,39 1,25 1,21 4,70 Isoleucina 0,70 0,76 0,61 0,64 0,64 0,67 5,40 Leucina 0,85 0,64 0,75 0,61 0,81 0,91 8,60 Fenilalanina 1,69 0,93 1,39 1,36 1,21 1,61 9,30 Triptofano 0,15 0,19 0,17 0,14 0,15 0,17 4,70 Histidina 0,13 0,19 0,11 0,16 0,16 0,17 2,20 Valina 0,50 0,63 0,73 0,54 0,58 0,51 6,60 Arginina 0,15 0,14 0,14 0,16 0,18 0,16 7,54 Ác. Aspártico 0,51 0,56 0,66 0,62 0,66 0,62 Ác. Glutâmico 1,29 1,53 1,81 1,93 1,87 2,22 Glutamina 3 1,73 Serina 0,32 0,47 0,42 0,46 0,56 0,65 Glicina 0,27 0,37 0,31 0,36 0,43 0,44 Alanina 0,49 0,48 0,42 0,53 0,45 0,41 Prolina 0,42 0,54 0,64 0,46 0,31 0,34 Tirosina 0,39 0,17 0,19 0,21 0,16 0,14 1– Adaptado de Urbiola et al. (2010); 2 - Correspondendo a proteína do ovo; 3 - Adaptado de Brucner & Westhauser (2003). 11 Vitaminas Das vitaminas presentes na palma forrageira à vitamina C que apresenta maior quantidade. A concentração de vitamina C (ácido ascórbico e ácido dehidroascórbico) varia de 7 a 22 mg/100g de palma in natura, β-caroteno 11,3 a 53,5 µg, tiamina 0,14 mg, riboflavina 0,6 mg e niacina 0,46 mg/100g de palma in natura (STINTZING & CARLE 2005). Mucilagem e pectina A palma forrageira é rica em mucilagem que é distribuída nos cladódios e frutos. A mucilagem é um hidrocolóide complexo que apresenta alta capacidade para absorver água, desempenhando um papel importante na fisiologia das cactáceas, considerando que essas plantas normalmente crescem em condições de déficit hídrico (NOBEL et al. 1992). De acordo com Jani et al. (2009) a mucilagem pode ser definida como uma substância translúcida, amorfa e polimérica, formada por unidades de monossacarídeos. Muitas mucilagens possuem a cadeia monossacarídica combinada com ácidos urônicos. Possui aproximadamente 55 resíduos de açúcar com ou sem o ácido urônico, formada por proporções variadas de moléculas de D-galactose, L-arabinose, D-xilose, e Lramnose. A composição da mucilagem apresenta divergência entre os autores devido a grande diversidade de constituintes presentes na palma, bem como as variedades estudadas (GOYCOOLEA & CÁRDENAS, 2003; SÁENZ et al., 2004). A mucilagem da Opuntia fícus-indica Mill é composta de 24,6 a 42% de arabinose; 21 a 40,1% de galactose; 8 a 12,7% de ácido galacturônico; 7 a 13,1% de ramnose e 22 a 22,2% da xilose (NOBEL et al., 1992; SÁENZ et al., 2004). Entender a composição da mucilagem é importante uma vez que ela pode atuar como fibra dietética no organismo humano (ALLER et al., 2004) e consequentemente para animais não ruminantes. A pectina faz parte dos polissacarídeos não amiláceos juntamente com a celulose, hemicelulose e quitina. Esses polissacarídeos não podem ser degradados pelas enzimas endógenas dos animais, podendo afetar o desempenho dos animais não ruminantes, por 12 modificar a digestibilidade dos nutrientes e o tempo de trânsito dos alimentos no trato digestivo. Quimicamente as pectinas são uma família de complexos heteropolissacarídeos, composto por uma diversidade de resíduos de carboidratos. Como a maioria dos outros polissacarídeos vegetais, pectinas são polidispersas na composição e tamanho molecular, isto é, elas são heterogêneas no que diz respeito tanto à estrutura química e peso molecular (GOYCOOLEA & CÁRDENAS, 2003). Sua composição varia de acordo com a origem e as condições de extração, localização e fatores ambientais (CHANG et al., 1994). Goycoolea & Cárdenas (2003) demonstraram que a concentração de pectina nos cladódios da palma forrageira apresenta ampla variação de entre as variedades da palma (7 a 26%). A variedade Opuntia robusta pode chegar a 26,6% de pectina na matéria seca, valor que se compara a concentração de pectina dos citrus (20 a 30%), enquanto que a concentração na Opuntia fícus-indica Mill variou de 8,39 a 13,84% na matéria seca. Compostos fenólicos Compostos fenólicos também estão presentes nos cladódios e frutos da palma forrageira. Em estudo com variedades de palma obtidas no México, Figueroa et al. (2010) observaram que as variedades domesticadas (comerciais) apresentam menos compostos fenólicos totais que as variedades selvagens. A concentração expressa em mg de equivalente de ácido gálico (GAE/g) foram de 19,9 mgGAE/g e 5,25 a 11,7 mgGAE/g para as espécies selvagens e as variedades comerciais respectivamente. As diferenças nas concentrações podem surgir de acordo com as condições climáticas de cultivo (REYESAGÜERO et al., 2005). Contudo, quando a palma foi processada na forma de farelo, a concentração de compostos fenólicos totais obtida por Figueroa et al. (2010) foi bem menor (1,7 mgGAE/g) que os da palma in natura. Essa redução se deve ao color utilizado no processamento do farelo de palma que volatiliza os compostos fenólicos (HOVE, et al. 2003). 13 Silva et al. (2011) avaliaram a concentração de compostos fenólicos totais e taninos condensados no farelo de palma forrageira (Opuntia fícus-indica Mill) da variedade redonda e foi evidenciado baixos compostos bioativos 0,17%/kg de MS de fenólicos totais e 0,12%/kg de MS de taninos condensados, uma vez que para acarretar problemas de saúde aos animais necessitam de concentração acima de 5% de taninos (CRUZ et al., 2007). Farelo de palma forrageira O farelo de palma é o produto obtido com o processamento da palma utilizando para isso três procedimentos sequenciais: trituração ou fatia das raquetes da palma, desidratação e moagem. Segundo Bade (2004) o farelo da palma forrageira apresenta um grande potencial de uso na alimentação animal. Como vantagens podem citar: a facilidade no armazenamento do alimento concentrado para ser usada na época de escassez de alimento, facilidade no transporte, aumento no consumo da palma por aumentar a sua concentração e facilita no balanceamento da dieta por apresentar um menor teor de água. A composição do farelo de palma está diretamente relacionada com a composição da palma forrageira no estado in natura, que por sua vez, conforme já relatado é influenciado por múltiplos fatores. O tipo de processamento para obtenção do farelo também irá determinar a sua qualidade (BARROSO et al., 2006). O farelo de palma forrageira apresenta baixo teor de proteína, contudo, igualmente a palma in natura, o enriquecimento com levedura eleva seu teor proteico. Araújo et al. (2005b) obtiveram concentração de 11% de PB enriquecendo a palma forrageira com leveduras (Saccharomyces cerevisiae) representando um aumento de 120% na concentração natural da PB da palma forrageira. No entanto, a concentração de proteína obtida com o acréscimo de levedura depende da concentração de levedura utilizada, bem como do tempo de inoculação da levedura (ARAÚJO et al., 2008). O conteúdo de proteína obtido por Araújo et al. (2008) foi maximizado quando se utilizou a concentração de 3% de inócuo de levedura Saccharomyces cerevisiae no período de seis horas (10,4% de 14 PB) e a menor concentração obtida foi de 6,1 % de PB utilizando 1% de concentração de levedura em seis horas. O aproveitamento do farelo da palma forrageira pelos animais irá depender da espécie animal. Animais ruminantes apresentam alta taxa de aproveitamento dos nutrientes contido no farelo de palma (VERAS et al., 2002), por outro lado, devido a quantidade de fibra, seu aproveitamento é limitado para animais não ruminantes (RODRIGUES et al., 2002; SIMÕES et al., 2002; LUDKE et al., 2005). Silagem de palma forrageira A ensilagem é um método de conservação que tem como principio o armazenamento da forragem em condições de anaerobiose, objetivando o desenvolvimento de bactérias produtoras de ácido lático a partir de substratos como açúcares solúveis, ácidos orgânicos e compostos nitrogenados solúveis (SANTOS et al., 2010). Durante o processo ocorre diminuição do pH da massa ensilada e aumento de temperatura e nitrogênio amoniacal. O produto ensilado mantém uma proporção muito maior dos seus nutrientes do que se tivessem sido colhidos secos e armazenados como feno (SANTOS et al., 2010). A silagem passa por processo de fermentação em que a energia é utilizada pelas bactérias fermentativas para a produção de ácidos graxos voláteis (AGV), tais como acetato, propionato, lactato, butirato etc, que preservam a forragem. O resultado é que a silagem tem menos energia do que a forragem original, uma vez que as bactérias fermentativas utilizam alguns carboidratos para a produção de AGV. Assim, o processo de ensilagem de forrageiras preserva, mas não melhora a qualidade ou o valor nutricional (McDONALD et al., 1991). Estudando silagem de palma forrageira para ovinos Mciteka (2008) encontrou grandes variações nas concentrações dos nutrientes em função da variedade de palma e do processo de ensilagem. Os valores obtidos foram de MS: 9 a 27%, PB: 5,67 a 7,54%, EE: 0,92 a 2,4%, FDN: 17 a 24,5%, FDA: 15,43 a 21%, EB: 2.318,0 a 3.291,8 Kcal/kg. Igualmente Çürek & Özen (2004) estudaram a composição da silagem de palma forra15 geira em diferentes meses do ano e obtiveram valores médios totais de MS: 20%, MO: 64%, PB: 2,17%, EE: 7,71% e MM: 36%, os autores também observaram grandes variações nas concentrações dos nutrientes da silagem que variaram de acordo com os meses do ano de corte da palma, a exemplo o mineral Ca++ que variou de 3,33 a 10,44%. As concentrações dos ácidos graxos de cadeia curta na silagem de palma foram determinadas por Çürek & Özen (2004) e McITEKA (2008), os valores obtidos foram para ácido lático 2,59 e 6,93%, acético 1,53 e 23%, propriônico 0,19 e 17,41% e butírico 0,34 e 3,63% respectivamente. De acordo com Çürek & Özen (2004) fatores inerentes à botânica do alimento ensilado (teor de açucares, concentração de MS, poder tamponante etc.), a forma de ensilagem, o uso de inoculantes, bem como o período de ensilagem irá influenciar a produção desses ácidos. USO DA PALMA FORRAGEIRA NA ALIMENTAÇÃO DE SUÍNOS Devido a sua grande participação na alimentação de animais ruminantes nas regiões semiáridas como a Região Nordeste do Brasil, a palma forrageira é uma das culturas existentes nessas regiões que desperta grandes interesses nas instituições de pesquisa. A comunidade cientifica em âmbito internacional está bem respaldada de trabalhos que abordam a utilização da palma forrageira na alimentação de ruminantes, trabalhos que na sua maioria abordam os aspectos nutricionais dessa cultura com ovinos, bovinos e caprinos (WANDERLEY, et al. 2002; ABIDI, et al. 2009; COSTA, et al. 2012; CORDÃO, et al. 2013; PESSOA, et al. 2013). Entretanto, são escassos os trabalhos de pesquisas publicados pela comunidade científica internacional que avalia a palma forrageira para animais domésticos não ruminantes, como suínos, aves e peixes. Existem relatos da utilização dos cladódios da palma na forma in natura e seus frutos em grandes quantidades na alimentação de animais não ruminantes de vida silvestre, a exemplo o caititu (Tayassu tajacu) e o javali (Sus scrofa) (CORN & WAREN, 1984; THEIMER & BATEMAN, 1992; COMIZZOLI, 1997). Todavia, vale ressaltar que os caititus são classificados por alguns autores como pseudo ruminantes, devido alterações anatômicas e fisiológicas no estômago, que faz com esses animais tenha uma 16 elevada produção de ácidos graxos de cadeia curta no estômago em virtude da degradação da fração fibrosa dos alimentos, sendo essa uma característica bem diversa dos não ruminantes convencionais (suínos, aves e peixes) (COMIZZOLI et al., 1997). Santos et al. (2004) determinaram os coeficientes de digestibilidade da MS e MO, bem como os valores de proteína digestível (PD) e energia digestível (ED) da palma in natura para o caititu e obtiveram coeficientes de 68,12 e 65,28% para MS e MO respectivamente, e os valores de 3,74 % de PD e 2.470 kcal/kg de ED. Para suínos são escassas as pesquisas avaliando a utilização de palma forrageira na sua alimentação. Ludke et al. (2006a) realizaram pesquisa pioneira com o farelo de palma forrageira (Opuntia) na alimentação de suínos, os autores avaliaram os efeitos sobre o desempenho, custo de alimentação por kg de ganho de peso e rentabilidade, decorrentes da inclusão de níveis crescentes de farelo de palma forrageira (0, 7, 14 e 21%) em substituição ao milho triturado, em dietas isonutricionais de suínos nas fases de crescimento e terminação (28 a 90 kg). Em ambas as fases de criação os autores observaram redução linear no ganho de peso diário e piora na conversão alimentar. Na fase de crescimento a cada 1% de inclusão do farelo de palma forrageira reduziu em 6,87% o ganho de peso diário e aumentou em 0,017% à conversão alimentar. No período total de criação (crescimento e terminação) a cada 1% de inclusão do farelo de palma forrageira reduziu em 2,92% o ganho de peso diário e aumentou em 0,012% à conversão alimentar. Esses dados indicam que os suínos em fase de crescimento responde mais negativamente a inclusão do farelo de palma na dieta. Todavia, os autores observaram que apesar da redução linear no ganho de peso diário e aumento linear na conversão alimentar foi constatado que ao preço de R$ 0,12 por kg de farelo de palma (equivalente a 25 % do preço do milho) ocorre uma redução linear no custo da alimentação e aumento linear na rentabilidade, concluíram que, ao nível de inclusão de 21 % de farelo de palma forrageira pode ser observada, respectivamente, para o crescimento e período total, uma redução de 5,25 % e 8,1 % no custo de alimentação por kg de ganho de peso. Em Ludke et al. (2006b) foram publicados os resultados da influência do farelo de palma forrageira sobre as características quantitativa da carcaça. Os autores observaram 17 que apesar de haver uma redução do rendimento de carcaça quente e fria, e o aumento do peso dos órgãos (rins, fígado e coração), a inclusão de até 21 % de farelo de palma forrageira em dietas isonutricionais de suínos em crescimento e terminação é possível sob o ponto vista da qualidade de carne e rendimentos de cortes nas carcaças. Fica evidente que os níveis de inclusão do farelo de palma forrageira na dieta são menores para os animais em crescimento em comparação aos animais na fase de terminação. Essa menor tolerância aos animais na fase de crescimento são atribuídas aos altos níveis de fibra contidos na palma forrageira e ou a presença de fatores anti-nutricionais, contudo são necessárias mais pesquisas para melhor elucidar tais questões. FIBRA NA ALIMENTAÇÃO DE SUÍNOS A fibra dietética refere-se às partes comestíveis de plantas ou análogos aos carboidratos que são resistentes à digestão e absorção pelo intestino delgado, com fermentação parcial ou total no intestino grosso de humanos (American Association of Cereal Chemists – AACC Report 2001). Tal definição também é usada para outras espécies de animais não ruminantes. Atualmente a maioria dos pesquisadores adotam duas definições de fibra, uma fisiológica e outra química. Fisiologicamente, Tungland & Meyer (2002) conceituou a fibra alimentar como sendo a fração do alimento não digerível pelas enzimas endógenas dos animais, mas sim pela ação de enzimas da microbiota gastrintestinal. Quimicamente a fibra dietética é uma mistura complexa de polímeros de carboidratos que são associados com um número de outros componentes não carboidratos, sendo predominantemente encontrada na parede celular. São constituídas de polissacarídeos estruturais fibrosos (não amiláceos – PNA’s) junto com lignina, substâncias pécticas, sílica, cutina, ácidos fenólicos, grupo acetil, taninos, proteína, ácidos graxos etc (MERTENS, 1992; McDOUGALL et al., 1996). As fibras podem ser classificadas de acordo com a estrutura e a solubilidade em água. Quanto à sua estrutura, grande parte das fibras pertence ao grupo de polissacarídeos. São definidas de acordo com a estrutura dos alimentos, podendo ser carboidratos 18 estruturais, que incluem os constituintes da parede celular, e/ou não-estruturais, que incluem os carboidratos presentes no conteúdo celular (MORGADO & GALZERANO, 2008). Quanto à solubilidade em água, as fibras podem ser classificadas em solúveis e insolúveis. Dentre as solúveis, têm-se a maior parte das pectinas, gomas, mucilagens e certas hemiceluloses, encontradas principalmente nos legumes, aveia, leguminosas e frutas, particularmente as cítricas e a maçã. As fibras solúveis formam géis em contato com água, aumentando a viscosidade dos alimentos parcialmente digeridos no estômago (MONTAGNE et al., 2012). A variação em relação à hidrossolubilidade, viscosidade, capacidade de reter água e, ligação a minerais e moléculas orgânicas faz com que atualmente, a fibra seja dividida em vários tipos. Assim podem ser distinguidas como hidrossolúveis ou não, e de fermentabilidade alta, moderada ou baixa (BORGES & FERREIRA, 2004). Na Tabela 3 estão apresentados os valores dos polissacarídeos e lignina em alguns alimentos utilizados na alimentação animal. Existe uma grande variação na composição dos vegetais, principalmente nas frações dos polissacarídeos. Para efeito de comparação de resultados experimentais utilizando fontes de fibras pelos animais é necessário considerar além da fonte de fibra, a metodologia utilizada para a sua determinação, que apresenta variações entre os autores (BACH, 2001). 19 Tabela 3. Valores típicos de polissacarídeos e lignina contidos nos alimento para animais (g/kg de matéria seca)1 Amido PNC2 Celulose PNAs3 Lignina FD4 Milho Trigo Centeio Trigo a Trigo b F. aveia c F. aveia d F. trigo e F. soja f F. colza g Ervilhas P. beterraba h 690 651 613 587 645 468 557 222 27 18 454 0 Solúvel 9 25 42 56 50 40 54 29 63 55 52 407 Insolúvel 66 74 94 88 64 110 49 273 92 123 76 177 22 20 16 43 10 82 14 72 62 52 53 195 97 119 152 187 124 232 116 374 217 220 180 779 11 19 21 35 9 66 32 75 16 134 12 35 108 138 174 222 133 298 148 449 233 354 192 814 1 – Adaptado de Bach, et al. (1997); 2 – Polissacarídeos não celulose; 3 – Polissacarídeos; não amiláceos; 4 a b c d – Fibra dietética. – Trigo com casca; – Trigo sem casca; – Farelo de aveia com casca; – Farelo de e f g h aveia sem casca; – Farinha de trigo; – Farelo de soja; – Farelo de colza; – Polpa de beterraba. Efeitos fisiológicos e comportamentais do uso das fibras dietéticas A fibra dietética pode exercer influência na morfologia intestinal e sob a taxa de turnover celular. A fermentação da fibra no intestino grosso aumenta a produção dos ácidos graxos voláteis, que por sua vez, atuam na proliferação celular do epitélio intestinal, aumentando a quantidade de muco protetor, alterando a motilidade intestinal, estimulando a liberação do muco, elevando o fluxo sanguíneo do cólon e consequentemente incrementando a taxa de renovação celular do epitélio (GOMES et al., 2006; NOFRÁRIAS et al., 2007). As fibras fermentáveis parecem ter maior impacto na proliferação epitelial, cujo efeito é mediado através da produção de ácidos graxos de cadeia curta (AGCC). Os efeitos dos AGCC são indiretos, tais como o abaixamento do pH luminal e a estimulação do intestino na liberação de hormônios. Ainda, a viscosidade luminal tem sido sugerida como estimuladora da proliferação celular das criptas, independentemente dos AGCC (HOLLAND et al., 1991; GREEN, 2001). 20 Dos AGCC, o butirato é o que está relacionado com a proliferação celular, de modo que sua a presença estimula a proliferação e inibe a apoptose dos colonócitos normais in vivo, e o seu aumento é considerado benéfico para os hospedeiros (NOFRÁRIAS et al., 2007; ZIEMER et al., 2012). Além disso, o butirato parece ser o mais eficaz dos AGCC, para a modulação da síntese e liberação da mucina (HEDEMANN et al., 2009; MONTAGNE et al., 2012). O efeito da fibra sobre a taxa de passagem frequentemente está associado ao aumento do volume das fezes, contudo, os ácidos graxos produzidos como resultados da fermentação podem estimular a motilidade no cólon (IVARSSON et al., 2012). As propriedades fisico-químicas da digesta são influenciadas pela quantidade e composição dos polissacarídeos da digesta. Ziemer et al., (2012) observaram que o aumento do conteúdo de fibra aumentou a produção fecal. Ivarsson et al. (2012) relataram que a pectina influencia consideravelmente a vicosidade e solubilidade da digesta. O tamanho das partículas também irá influenciar o aspecto das fezes; Ivarsson et al. (2012) mostraram que as partículas finas foram mais degradadas pelos microrganismos do trato gastroinstestinal, enquanto que nas mais grossas, a digesta foi mais fluida. Alguns estudos indicaram que a natureza das fibras na dieta também pode influenciar a composição, metabolismo e a função das células imunes. Nofrárias et al. (2007) estudaram a influência de dietas com teores elevados de amido resistente a hidrólise sobre as propriedades físico-químicas da digesta, fermentação e morfologia intestinal, incluindo a infiltração de linfócitos e atividade de apoptose e proliferação. De modo geral, as principais alterações foram aumento no peso do trato gastrintestinal, todavia, a fermentação do amido, reduziu a população periférica de células T, a reatividade imune e a apoptose no cólon. Tais resultados podem indicar possíveis relação do consumo de amido resistente com benefícios a saúde intestinal. Estudos estão sendo conduzidos com modificações das dietas, cujo propósito refere-se reduzir a fome e a motivação para alimentação de porcas durante a gestação e, consequentemente diminuir os comportamentos estereotipados dessa categoria animal. 21 Robert et al. (1993) e Brouns et al. (1994) observaram redução dos comportamentos citados com o incremento do teor de fibra dietética. A concentração de acetato, glicose e insulina no plasma altera-se de acordo com a fonte fibrosa (VESTERGAARD & DANIELSEN, 1998). Entretanto, as respostas comportamentais e fisiológicas diferenciam-se com a fonte alimentar de PNA’s (HOLT et al., 2006; REESE et al., 2008; SERENA et al., 2009; PELTONIEMI et al., 2010). As mudanças nos perfis sanguíneos hormonais e de metabólitos explicaram as diferenças observadas no consumo de ração e no comportamento de porcas quando o teor de PNA’s das dietas foi aumentado. De acordo com Grieshop et al., (2001) o consumo de ração e o comportamento afeta-se em decorrência do alto consumo de PNA’s, que por sua vez, promoveu maior distensão gástrica e preenchimento intestinal. As dietas contendo volumosos com um alto nível de PNA’s resultaram em porcas mais “satisfeitas” após o consumo de uma refeição contendo somente farelo de milho e soja com (GRIESHOP et al., 2001). Serena et al. (2009) utilizando porcas vazias avaliaram três dietas com diferentes concentrações de fibras: baixa (117g/kg de MS) alta fibra solúvel (429g/kg de MS sendo 111 g de fibra solúvel) e alta fibra insolúvel ( 455g/kg de MS sendo 74 g de fibra solúvel) sobre a absorção e concentração de nutrientes derivados de carboidratos (glicose, AGCC, e lactato) e a produção aparente de insulina pós-alimentação. Verificou-se que a viscosidade da digesta influenciou na absorção da glicose, as dietas com baixo teor de fibra resultou em aumento da concentração de glicose e rápida absorção pósalimentação (0-4h), quando comparado com as dietas de alta fibra solúvel, porém, não diferiu da dieta com alta fibra insolúvel. O estudo mostrou ainda que a alimentação com alta fibra alimentar resultou numa maior e mais uniforme captação AGCC quando comparado com dietas com baixa fibra. Além disso, dietas com alta fibra reduziu a variação diurna da glicose e concentração de insulina no sangue. Serena et al. (2009) descreveram que dietas com alto teor de fibra solúvel e/ou insolúvel influenciaram a sensação de saciedade em função de três fatores: 1) a substituição de amido pelos PNA’s resultou em mudança na natureza da energia absorvida, a 22 partir do glicogênio, para a energia de lenta liberação através dos AGCC; 2) há uma consequência direta da redução da variação diurna em energia e menor flutuação de insulina; e 3) as dietas ricas em fibras resultaram maior conteúdo no estômago e no intestino. Assim, as porcas consumindo dietas com alta fibra foram saciadas por um longo período de tempo, ao qual foi regulado em curto prazo, pela presença física da digesta no intestino. A presença da digesta influenciou os quimiorreceptores no estômago e no duodeno ao longo prazo por meio de metabólitos obtidos por meio da diminuição da variação diurna na captação de energia. As pesquisas mais recentes sobre o uso de fontes fibrosas como forma de melhorar o bem-estar dos suínos demonstraram resultados distintos. Holt et al., (2006) avaliaram uma dieta com alta fibra (40% de casca de soja), e uma de baixa fibra (farelo de milho e soja) para porcas em gestação. O alto teor de fibra não alterou a frequência de alimentação e nem o comportamento estereotipado observado por um período de 24 h, o nível de cortisol salivar também não foi modificado. As alterações nos parâmetros bioquímicos também foram observadas quando as porcas foram alimentadas com altas concentrações de fibra. Yde et al. (2011) ao avaliarem dietas com alto teor de fibra e duas frequência de alimentação, observaram que as concentrações dos ácidos graxos não esterificados (AGNE) estiveram fortemente corelacionadas com os níveis de fibra dietética. O estudo também indicou o aumento das concentrações plasmáticas de proteínas de muito baixa densidade (VLDL) nos animais que receberam dietas com alta fibra em relação ao grupo controle, especialmente nos grupos que alimentaram com polpa de batata. O aumento das concentrações de VLDL decorreu do aumento dos teores de triglicerídeos sintetizados no fígado, resultado da decomposição e absorção dos AGCC e dos AGNE. Outro resultado obtido foi aumento nas concentrações séricas de colesterol e triglicerídeos em animais que receberam dietas com alta fibra. De modo distinto, Weber & Kerr (2012) não encontraram diferenças no colesterol sérico e glicose, e observaram uma tendência de aumento de triglicerídeos em suínos em crescimento alimentados com alto nível de fibra, advindo de polpa de beterraba ou trigo 23 grão. As maiores concentrações plasmáticas de colesterol e triglicerídeos refletiram em mudanças no aporte de energia animal alimentados com alta fibra, devido ao aumento da produção de AGCC. Os AGCC absorvidos em grandes quantidades formam no intestino, o acetato, precursor para a síntese endógena de colesterol (YDE et al., 2011). 24 REFERÊNCIAS BIBIOGRÁFICAS ABIDI, S.; BEN SALEM, H.; VASTA, V.; PRIOLO, A. Supplementation with barley or spineless cactus (Opuntia ficus-indica f. inermis) cladodes on digestion, growth and intramuscular fatty acid composition in sheep and goats receiving oaten hay. Small Ruminant Research, v.87, p.9-16, 2009. AHMAD, A.; DAVIES, J.; RANDALL, S.; SKINNER, GR. Antiviral properties of extract of Opuntia streptacantha. Antiviral Research, v.30, p.75-85, 1996. ALBUQUERQUE, S.S.C.; LIRA, M.A.; SANTOS, M.V.F. et al. 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No experimento de digestibilidade determinaram-se os nutrientes totais, e digestíveis e os coeficientes de metabolizabilidade do farelo da palma forrageira da variedade gigante. No experimento de desempenho avaliou-se a inclusão do farelo de palma forrageira na dieta, nos níveis de 0, 5, 10 e 15%, e seus efeitos sobre as variáveis de desempenho, características da carcaça, peso e comprimento dos órgãos, concentração dos ácidos graxos de cadeia curta no conteúdo cecal e a viabilidade econômica das dietas. Os valores nutricionais com base na matéria seca foram de 3.267,55 kcal/kg EB; 1000,80 kcal/kg ED; 1012,59 kcal/kg EMAn, e coeficientes de metabolizabilidade de 51,14 MS; 48,34 MO; 22,60 MM; 62,74 PB; 31,78 EE; 30,61 FDN e 27,17 FDA. As variáveis de desempenho, características da carcaça, peso e comprimento dos órgãos, concentração dos ácidos graxos de cadeia curta e a viabilidade econômica da dieta não foram influenciadas pela inclusão do farelo da palma forrageira. O farelo da palma forrageira apresenta para suínos na fase determinação 1/3 da energia metabolizável do milho, e pode ser incluído na dieta de suínos na fase de terminação em até 15%. Palavras chave: alimento alternativo, cactos, desempenho zootécnico, sustentabilidade 39 Bran of forage cactus (Opuntia ficus-indica Mill) in feed for pigs in the final phase of creation Abstract The aim of this research was to determine the nutritional value of forage cactus meal (Opuntia ficus-indica Mill) and to establish its best level of including in diet for finishing pigs, considering the performance parameters, carcass characteristics, the development of the digestive system organs and the economic viability. Two experiments were conducted, one of digestibility and the other one of performance. In the digestibility experiment it was determined the total digestible nutrients and the coefficients of metabolizability of forage cactus meal of giant variety . In the performance experiment it was evaluated the inclusion of forage cactus meal in the diet at levels of 0, 5, 10 and 15%, and its effects on the variables of performance, carcass characteristics, weight and length of the organs, short chain fatty acids concentration in cecal contents and the economic viability of the diets. The nutritional values based on dry matter (DM) were 3267.55 kcal/kg gross energy (GE); 1000.80 kcal/kg digestible energy (DE); 1012.59 kcal/kg apparent metabolizable energy (MEAn), and coefficients of metabolizability 51.14 DM; 48.34 organic matter (OM); 22.60 mineral matter (MM); 62.74 crude protein (CP); 31.78 ether extract (EE); 30.61 neutral detergent fiber (NDF) and 27.17 acid detergent fiber (ADF). The performance variables, carcass characteristics, weight and length of the organs, short chain fatty acids concentration and the economic viability of the diet were not influenced by the inclusion of forage cactus meal. The forage cactus meal has for finishing pigs 1/3 of metabolizable energy from corn and can be included in the diet for finishing pigs by up to 15%. Keywords: alternative food, cactus, animal performance, sustainability 40 Introdução Em um sistema de criação intensivo de suínos a alimentação é o fator de maior participação nos custos de produção, representando cercar de 60 a 80% dos gastos totais. Com a finalidade de se reduzir custos com alimentação, várias pesquisas são realizadas para avaliar alimentos alternativos que visem substituir o milho e o farelo de soja nas dietas dos suínos. Contudo, para adotar um alimento alternativo é preciso considerar os aspectos nutricionais do alimento, as demandas nutricionais dos animais, a disponibilidade regional do alimento alternativo, a aceitação pelos animais e a viabilidade econômica (FARIAS et al., 2008; MELLO et al., 2011; CARVALHO et al., 2011). A palma forrageira (Opuntia ficus-indica Mill) é uma cactácea que, por se adaptar bem às condições edafoclimáticas do semiárido brasileiro e possuir consideráveis valores nutricionais, vem se apresentando como alimento alternativo de elevada importância socioeconômica para a região Nordeste do Brasil. Essa cactácea apresenta mecanismo fisiológico especial no que se refere à absorção, aproveitamento e perda de água. É uma planta verde que possui duas características peculiares: especialidade dos cladódios em produzir mucilagem, estruturas complexas com polissacarídeos heterogêneos e grande capacidade de absorver água (GOYCOOLEA & CÁRDENAS, 2003). Sua utilização na alimentação animal pode ser de forma in natura, conservada na forma de silagem ou processada na forma de farelo. A maior utilização da palma forrageira é na forma in natura, sendo utilizada como volumoso na alimentação de pequenos e grandes ruminantes, contribuindo com o aporte energético e o fornecimento de água (COSTA et al. 2012). Para animais não ruminantes devido a sua composição a palma forrageira pode ser utilizada como fonte de energia, fibra ou água para esses animais. Nesse sentido, o uso da palma forrageira para suínos na fase de terminação, do ponto de vista nutricional, se torna uma alternativa uma vez que esses animais são eficientes em utilizar os carboidratos não fibrosos (CNF) e apresentam um bom aproveitamento da fração fibrosa da dieta. Pesquisas têm estabelecido que os ácidos graxos de 41 cadeia curta provenientes da fermentação da fibra no intestino grosso podem suprir cerca de 5 a 28% do requerimento de energia para manutenção de suínos em crescimento, contudo, essa contribuição irá depender da frequência e do tempo de consumo bem como do tipo e concentração da fibra na dieta (JOHNSTON et al., 2003; SERENA et al., 2008). A palma forrageira processada na forma de farelo apresenta potencial de uso na alimentação animal. Como vantagens podem ser citadas: a facilidade no armazenamento e transporte; aumento no consumo da palma por aumentar a sua concentração e facilidade de balanceamento da dieta, por apresentar um menor teor de água que a palma na forma in natura (BARROSO et al., 2006). O farelo vem sendo estudado como substituto ao milho em dietas para animais ruminantes e não ruminantes, objetivando reduzir os custos de alimentação sem prejudicar o desempenho zootécnico dos animais. Para ovinos, Veras et al. (2002), e Veras et al. (2005), estabeleceram substituição de 75 e 100% respectivamente, do milho por farelo de palma considerando os parâmetros de consumo de matéria seca e digestibilidade dos nutrientes. Para frangos de corte de crescimento lento, a substituição de 57% do milho por farelo de palma enriquecido com 2% de levedura (Saccharomyces cerevisiae) não influenciou o desempenho final aos 80 dias de idades (SANTOS & GRANGEIRO, 2012). Todavia, para a categoria de animais não ruminantes são escassos os trabalhos publicados com o uso de farelo de palma forrageira na alimentação. Nesse sentido, considerando o valor nutricional do farelo de palma forrageira bem como a facilidade de se obter esse produto na região Nordeste do Brasil, faz se necessário realizar estudos que visem avaliar a sua utilização na alimentação de suínos. Diante dessas considerações, a presente pesquisa foi desenvolvida com o objetivo de determinar os valores nutricionais do farelo de palma forrageira (Opuntia ficusindica Mill) da variedade gigante, bem como estabelecer o melhor nível de inclusão na dieta de suínos na fase de terminação, considerando os parâmetros de desempenho, características da carcaça, desenvolvimento dos órgãos do sistema digestório e viabilidade econômica. 42 Material e Métodos Foram realizados dois experimentos, sendo um de digestibilidade e outro desempenho. Os experimentos foram realizados no Setor de Suinocultura do Centro de Ciências Humanas, Sociais e Agrárias (CCHSA), Campus III da Universidade Federal da Paraíba, situado no município de Bananeiras – PB. No experimento de digestibilidade os animais foram alojados individualmente em gaiolas de metabolismo semelhante às descritas por Pekas (1968) contendo comedouro, bebedouro e funil coletor de urina. No experimento de desempenho, os animais foram alojados na Unidade Experimental para Suínos, em baias com piso compacto, medindo 2,30 x 1,70 m, equipadas com comedouros de alvenaria e bebedouros do tipo chupeta. Aquisição da palma forrageira e processamento do farelo A palma forrageira foi adquirida de produtores que cultivam a palma sem adotar práticas agronômicas de cultivo (tratos culturais, adubação e irrigação). Foi escolhida a variedade Opuntia ficus-indica Mill (variedade gigante) por apresentar maior disponibilidade na região. Para obtenção do farelo de palma forrageira (FPF), os cladódios foram coletos a campo, fatiados a faca em pedaços de 3 a 5 cm e expostos ao ar livre por um período máximo de cinco dias objetivando a sua desidratação, sendo que a noite o material foi coberto com lona plástica para evitar umidade. Posteriormente, os pedaços foram triturados em triturador convencional e obtidos o farelo de palma forrageira. Uma amostra do produto foi encaminhada ao laboratório para avaliar sua composição bromatológica, sendo determinadas os níveis de Ca, Na, K, PB, EE, EB, FB, MO e MM, seguindo a metodologia de Silva & Queiroz (2002) e os teores de FDN e FDA de acordo com Van Soest et al. (1991). Os teores de carboidratos totais (CHO) foram calculados segundo as equações indicadas por Sniffen et al. (1992) em que CHO = 100 - (%Proteína Bruta + %Extrato Etéreo + %Cinzas) e os teores de carboidratos não fibro- 43 sos (CNF) pela fórmula CNF = CHO – FDN. As concentrações dos minerais Ca, Na e K, foram determinadas utilizando um espectrofotômetro de chama. Ensaio de Digestibilidade Foram utilizados 12 suínos machos castrados da linhagem Agroceres®, com peso médio inicial variando entre 65 + 4 kg, distribuídos de forma homogênea em dois tratamentos com cinco repetições, adotando cada animal como uma unidade experimental totalizando 10 parcelas. Foi utilizado o delineamento interamente casualizado. Os tratamentos experimentais consistiram de uma dieta referência a base de milho e farelo de soja, formulada para atender às exigências nutricionais sugeridas por Rostagno et al. (2011), para suínos machos castrados, com o peso vivo na faixa de 70 a100 kg; e uma dieta teste, onde o farelo de palma forrageira substituiu em 30% a dieta referência. O período experimental teve a duração de 15 dias, sendo os dez primeiros dias para adaptação dos animais às gaiolas e rações experimentais, e os cincos últimos dias para a coleta de fezes e urina. Foi adotado o método de coleta total descrito por Sibbald & Slinger (1963). As médias registradas para temperatura máxima e mínima foram de 26 + 3°C e 22,8 + 2°C respectivamente e umidade relativa do ar de 72 + 10%. Durante os dez dias iniciais foram determinados o consumo médio de dieta dos animais, em dois arraçoamentos diários, realizados às 7h:30min e às 17h:30min. A quantidade de dieta a ser consumida era pesada individualmente. Após 30 minutos do início do fornecimento, as sobras eram recolhidas e então pesadas, determinando assim a quantidade ingerida. O cálculo da quantidade de dieta fornecida para cada animal nos cinco dias de coleta foi estabelecido de acordo com o menor consumo por peso metabólico (kg0,75) observado na fase de adaptação dos animais para cada unidade experimental (SAKOMURA & ROSTAGNO, 2007). Para determinar o inicio e final do período de coleta foi adicionado 2% de óxido férrico (Fe3O2) na dieta como marcador fecal. A água de bebida era fornecida à vontade durante todo o período experimental. 44 As fezes foram coletadas e pesadas duas vezes ao dia na parte da manhã e a tarde, sendo posteriormente acondicionadas em sacos plásticos e congeladas. A urina foi coletada diariamente em baldes de plástico, filtrada, e o volume produzido mensurado, recolhendo-se uma alíquota de 20% e mantendo-a congelada. Em cada recipiente utilizado para coleta de urina foram adicionados 20 mL de solução 1:1 de ácido clorídrico (12N) e água destilada, para evitar proliferação microbiana e volatilização do nitrogênio. Ao final do período de coleta, as fezes e as urinas de cada animal foram descongeladas, homogeneizadas e retirada uma amostra. Aproximadamente 200g de fezes de uma amostra composta foram submetidas à pré-secagem em estufa com circulação forçada a 55ºC durante 72 horas, sendo posteriormente moídas em moinho do tipo “facas” dotado de peneira com crivos de um mm. As amostras de urina foram secas em placas de Petri®, em estufa com circulação forçada a 55ºC por 72 horas, sendo que a cada 24 horas o volume das placas era completado. As amostras de dieta foram moídas, seguindo os mesmos procedimentos descritos para as amostras de fezes. Nas amostras processadas de fezes e dieta, foram realizadas análises de MS; MM; PB; EE; FDN; FDA e EB conforme relatado anteriormente (Processamento do farelo de palma). Nas amostras de urina, foram determinadas as densidades e posteriormente efetuadas análises de EB e PB. Após as análises laboratoriais foram calculados os coeficientes de metabolizabilidade da MS, MO, MM, PB, EE, FDN, FDA e EB, assim como a energia digestível (ED) e metabolizável aparente corrigida por nitrogênio (EMAn) e os respectivos nutrientes digestíveis, utilizando equações de Matterson et al. (1965) Experimento de Desempenho No experimento de desempenho foram utilizados 20 suínos machos, castrados, da linhagem comercial Agroceres®, com peso médio inicial e final de 77 + 1 e 113 + 1 kg, respectivamente. Os tratamentos consistiram de quatro dietas experimentais com níveis crescentes de inclusão (0, 5, 10 e 15%) de farelo de palma forrageira em substituição ao farelo de milho. Foram utilizados cinco repetições por tratamento, totalizando 20 unidades experimentais. Cada unidade experimental foi composta por um animal. As dietas 45 experimentais, todas isonutritivas, foram formuladas para atender as exigências nutricionais de animais de alto potencial genético, de acordo com as recomendações de Rostagno et al. (2011) conforme a Tabela1. As dietas foram formuladas depois de obtidos os coeficientes de metabolizabilidade do farelo de palma forrageira e o valor de energia metabolizável, PB, FDN, FDA, Ca, Na, K obtidos foram considerados na formulação das dietas. A composição aminoacídica do farelo de palma forrageira adotada na formulação das dietas, foi obtida com base no percentual de cada aminoácidos contido na PB descrito por Teles et al., (1997). Os animais receberam dieta e água à vontade, sendo que a dieta foi ofertada na frequência de cinco vezes diárias. As sobras de rações eram recolhidas, pesadas e descontadas do fornecido para se calcular o consumo diário. O peso individual dos animais foi registrado no início e a cada dez dias de experimento. Com base nesses dados foi determinado o consumo de ração (CR, g/dia), o ganho de peso (GP, kg), ganho de peso diário (GPD, g/dia) e a conversão alimentar (CA, g/g) dos animais durante o período experimental. As temperaturas médias registradas máximas e mínimas foram de 24 + 3ºC e 18 + 2°C respectivamente, e umidade relativa do ar máxima e mínima de 88 + 6% e 54 + 2% respectivamente, durante o período de avaliação do desempenho. Abate Depois que os animais atingiram o peso médio estabelecido para o abate (peso 113 kg) foram submetidos a um período de jejum de 12 horas. O abate aconteceu em dois dias consecutivos realizando-se sorteio de dois ou três animais por tratamento, totalizando dez animais abatidos a cada dia. O abate foi realizado no abatedouro escola do CCHSA-Bananeiras-PB. Os animais foram caminhando até o abatedouro o qual está localizado a 250 m do setor de suínos e, após descanso, cada animal individualmente foi atordoado com corrente elétrica, sangrado, depilado e eviscerado. 46 Tabela 1. Composição alimentar e níveis nutricionais das rações contendo níveis de inclusão de farelo de palma forrageira (FPF) Níveis de inclusão Ingredientes 0% FPF 5% FPF 10% FPF 15% FPF Milho 80,35 75,68 68,00 60,62 Farelo de soja 14,36 14,63 15,47 16,25 Farelo de palma 00 5,00 10,00 15,00 Óleo de soja 1,00 2,00 4,00 5,90 Fosfato bicálcico 0,75 0,77 0,79 0,81 Calcário 0,57 0,32 0,07 000 Sal comum 0,32 0,32 0,31 0,31 Carbonato de potássio 0,47 0,24 0,00 000 Inerte1 1,21 0,05 0,34 0,06 BHT1 0,02 0,02 0,02 0,02 Premix min.vita3 0,50 0,50 0,50 0,50 L-Lisina HCL 0,32 0,33 0,32 0,32 L-Treonina 0,09 0,10 0,10 0,11 DL-Metionina 0,03 0,04 0,06 0,07 L-Triptofano 0,02 0,02 0,01 0,01 L-Valina ------------0,01 0,02 Total 100,00 100,00 100,00 100,00 Energia Met. (Mcal/kg) Proteína bruta % Cálcio % Fósforo disponível % Lisina Dig % Arginina Dig % Treonina Dig % Met+ cist Dig % Metionina Dig % Triptofano Dig % Valina Dig % Potássio % Sódio % FDN % BE4 mEq/kg Composição calculada 3,23 3,23 3,23 13,83 13,83 13,83 0,47 0,47 0,47 0,23 0,23 0,23 0,76 0,76 0,76 0,75 0,74 0,74 0,51 0,51 0,51 0,46 0,46 0,46 0,24 0,25 0,25 0,14 0,14 0,14 0,54 0,53 0,53 0,77 0,78 0,78 0,16 0,16 0,16 11,20 12,80 14,13 201 203 205 3,23 13,83 0,47 0,23 0,76 0,73 0,51 0,46 0,26 0,14 0,53 0,79 0,16 15,49 210 1 Areia lavada; 2 Antioxidante BHT; 3 premix mineral e vitamínico, níveis de garantia por kg do produto: Vitamina A: 532.000 UI; Vitamina B: 112.000 UI; Vitamina E: 2.100 UI; Vitamina B1(Tiamina): 138 mg; Riboflavina (B2): 490 mg; Pirodoxina (B6): 97 mg; Vitamina B12: 1680 mcg; Vitamina K: 280 mg; Niacina: 2.800 mg; Biotina: 10 mg; Pantotenato de Ca: 1.680 mg; Ác. Fólico: 70 mg; Colina: 15 g; Cobre: 21 g; Cobalto: 100 mg; Ferro: 12g; Manganês: 6200 mg; Zinco: 24g; Iodo: 200mg; Selênio: 42 mg; Bacitracina de Zinco: 1.1000 mg. 4 BE- Balanço Eletrolítico da Dieta. 47 Os órgãos coração, rins, baço, fígado, pâncreas, estômago cheio e vazio, intestino delgado cheio e vazio, ceco cheio e vazio, cólon cheio e vazio, foram pesados. Após esvaziamento e lavagem prévia mediu-se o comprimento do intestino conforme metodologia descrita por Le Gall et al. (2007). Características quantitativas das carcaças e pH As carcaças foram pesadas ao término do abate para obtenção do peso da carcaça quente (PCQ) e, 24h após o resfriamento em câmara fria a 2ºC, para obtenção do peso da carcaça fria (PCF). O rendimento de carcaça (%) foi calculado pelo peso da carcaça quente dividido pelo peso vivo do animal em jejum ao término do experimento e, o resultado multiplicado por 100. Com base no peso da carcaça fria e peso da carcaça quente foi calculada a perda de peso da carcaça no resfriamento adotando a metodologia descrita por Bridi & Silva (2007). O comprimento da carcaça foi obtido utilizando-se uma trena metálica graduada, sendo feita desde a primeira costela ate a sínfise ísquio-pubiana, seguindo-se o método brasileiro de avaliação de carcaças (ABCS, 1973). Para avaliação da espessura de toucinho foram feitas medidas de espessura de toucinho na altura da primeira costela (ET1), última costela (ET2) e última lombar (ET3) com o auxilio de um paquímetro digital, posteriormente obtido a média dos valores obtidos entre os pontos, seguindo a metodologia descrita por Bridi & Silva (2007). Para a análise da profundidade do músculo Longissimus dorsi adotou-se a metodologia descrita por Bridi & Silva (2007) e os rendimento de carne e a quantidade de carne na carcaça seguindo as equações propostas por Guidoni (2000). Para obtenção dos cortes da carne suína, após 24 horas de resfriamento em câmara fria a 2ºC foram feitas a separação e a pesagem dos principais cortes: pernil, paleta, costela, lombo, filé, pescoço e barriga. Para estimar o rendimento dos cortes (%), foi utilizada a relação entre o peso do corte, dividido pelo peso da meia carcaça resfriada e o resultado multiplicado por 100, segundo Bridi & Silva (2007). 48 Para a determinação do pH, utilizou-se pHmetro portátil digital (marca Homis, mod. 801). Os valores de pH foram determinados após 45 minutos do abate (pH inicial) e 24 horas post mortem nas carcaças resfriadas (pH final). Esses valores foram determinados na porção central do músculo Longissimus dorsi, entre a 12 e 13ª costelas da meia carcaça direita (ROSA et al., 2001). Antes da quantificação do pH, o pHmetro foi calibrado e os eletrodos foram lavados com água destilada e secos com papel toalha. Ácidos graxos de cadeia curta No conteúdo do ceco foram determinadas as concentrações dos ácidos graxos de cadeia curta (acético, propiônico e butírico). Uma amostra de 10 g do conteúdo do ceco foi coletada e acidificada em 30 ml de ácido fórmico a 16% para inativar os processos fermentativos. Posteriormente, as amostras foram refrigeradas por 72h e homogeneizadas duas vezes por dia. Após esse período as amostras foram centrifugadas a 5000 rpm a 15ºC por 15 minutos e posteriormente foi coletado o sobrenadante e congelado para determinar as concentrações dos ácidos graxos. A identificação e quantificação dos ácidos graxos foram feitas utilizando um HPLC (Cromatografia Líquida de Alto Desempenho) da marca SHIMADZU, modelo SPD-10A VP acoplado ao detector ultravioleta (UV) utilizando-se um comprimento de ondas de 210 nm. Análise econômica Para avaliar a viabilidade econômica da utilização do farelo de palma forrageira foi considerado o custo de produção do farelo juntamente com os preços das demais matérias primas no mercado e calculado o custo da dieta por quilograma de peso vivo ganho, segundo equação proposta por Bellaver et al. (1985): Yi (R$/kg) = Qi X Pi/Gi, em que: Yi = custo da dieta por kg de peso vivo ganho no i-enésimo tratamento; Qi = quantidade de dieta consumida no i-enésimo tratamento; Pi = preço por kg da dieta utilizada no i-enésimo tratamento; Gi = ganho de peso do i-enésimo tratamento. Foi calculado também o Índice de Eficiência Econômica (IEE) e o Índice de Custo (IC), segundo metodologia proposta por Gomes et al. (1991): IEE (%) = MCe/CTei X 49 100 e IC (%) = CTei/MCe X 100 em que: MCe = menor custo da dieta por kg ganho observado entre os tratamentos; CTei = custo do tratamento i considerado. Foram utilizados os preços dos insumos da região de Bananeiras-PB para calcular os custos das rações experimentais, conforme segue: milho grão R$ 0,75/kg, farelo de soja R$ 1,70/kg, farelo de palma forrageira R$ 0,42/kg, óleo de soja R$ 3,30/kg, fosfato bicálcico R$ 1,80/kg, L-lisina R$ 6,0/kg, DL-metionina R$ 10,76/kg, L-Treonina R$ 6,0/kg, L-triptofano R$ 64/kg, L-valina R$ 40,75/kg, sal R$ 0,30/kg, calcário R$ 0,25/kg, premix mineral e vitamínico R$ 9,0/kg, BHT R$ 12,89/kg, carbonato de potássio R$ 5,0/kg. Delineamento experimental e análises estatísticas Foi utilizado um delineamento em blocos casualizados para controlar as diferenças inicias de peso. Os dados de desempenho, e as características quantitativas da carcaça e órgãos foram analisados quanto à homogeneidade de variância (teste de Levene a 5% de probabilidade) e quanto à distribuição dos erros (teste de Cramer VanMisses a 5%) segundo Everitt (1998). Atendendo às pressuposições estatísticas, esses dados foram submetidos a análise de variância ao nível de 5% de probabilidade e posterior teste de regressão linear múltipla até o terceiro grau. Na viabilidade econômica, foi aplicado o teste Dunnett (ao nível de 5% de probabilidade) comparando-se as demais dietas com a dieta controle. As análises estatísticas foram realizadas utilizando-se do procedimento “General Linear Models” (GLM) do software estatístico “Statistical Analysis System” (SAS, 9.2). O modelo matemático utilizado foi: Yijk = + Ni + Bj + Eijk, em que: Yijk = parâmetro observado na unidade experimental k, no bloco j, recebendo o nível de inclusão do farelo de palma i; = média geral observada; Ni = Efeito dos níveis de inclusão do farelo i; i = 0, 5, 10, 15%; Bj = efeito do bloco j; Eijk = erro aleatório associado a cada observação. 50 Resultados e Discussão Em sua composição bromatológica, o farelo de palma forrageira apresenta alta concentração de MS, MO, FDN, CHO e MM, e baixa concentração de PB, EE e CNF (Tabela 2). Tabela 2 . Valores de nutrientes totais digestíveis e coeficiente de metabolizabilidade do farelo de palma forrageira com base na matéria seca. Nutrientes Total Digestível Coeficientes de (%) (%) Metabolizabilidade EB - kcal/kg 3267,55 1000,80 30,63 EMA1- kcal/kg 1000,80 2 EMAn - Kcal/kg 1012,59 Matéria seca 86,16 44,06 51,14 Matéria orgânica 83,40 40,51 48,34 Matéria mineral 16,60 3,75 22,60 Proteína bruta 5,23 3,28 62,74 Extrato etéreo 1,07 0,34 31,78 Fibra em detergente neutro 50,61 15,49 30,61 Fibra em detergente ácido 25,69 6,98 27,17 Carboidratos totais 78,80 Carboidratos não fibrosos 28,19 Cálcio 4,86 Sódio 0,32 Potássio 1,43 .1 EMA – Energia metabolizável aparente, nitrogênio. 2 EMAn - Energia metabolizável aparente corrigida por Existem poucas variações nas concentrações de MS, MO, PB e EE entre os trabalhos publicados. Véras et al. (2002), Araújo et al. (2009) e Ferreira et al. (2009) obtiveram, respectivamente, valores de MS (90, 91 e 92,6%), MO (99, 84 e 80%), PB (6,95, 4,0 e 3,63%) e EE (1,69, 2,42 e 1,21%). Por outro lado, as concentrações de FDN, FDA, CNF, MM e os minerais Ca++, K+ e Na+ apresentam maiores variações em suas concentrações (ARAÚJO et al., 2009; FERREIRA et al., 2009). A concentração de FDN e FDA foi superior a determinada por Véras et al. (2005) (FDN 29,95%, FDA 15%), Silva et al. (2011) (FDN 28,55%, FDA 22,02), Ferreira et al. (2009) (FDN 29,56%, FDA 18,75%). Contudo, se assemelha às de Araújo et al. (2009) (FDN 46,5%, 51 FDA 36,53%). O alto valor de FDN refletiu no baixo valor de CNF (28,19%). Araújo et al. (2009) e Silva et al. (2011), obtiveram concentrações superiores de CNF (49,7% e 53,21%, respectivamente). A composição do farelo de palma está diretamente relacionada com a composição da palma forrageira no estado in natura, que por sua vez varia de acordo com a idade da planta, tipo e fertilidade do solo, técnicas de plantio, práticas culturais e ordem dos cladódios na planta (SANTOS et al., 2006); o tipo de processamento para obtenção do farelo também irá determinar a sua qualidade (BARROSO et al., 2006). Os valores superiores de FDN e FDA determinados na presente pesquisa podem ser atribuídos à idade da palma utilizada, que, na ocasião, estava com 24 meses de idade. Comparando-se os coeficientes de metabolizabilidade de todos os nutrientes do farelo de palma com os nutrientes do milho grão e do sorgo com baixo tanino, que são os principais alimentos energéticos para animais não ruminantes na região Nordeste do Brasil, o aproveitamento dos nutrientes do farelo de palma pelos suínos na fase final de terminação foi inferior aos nutrientes desses alimentos. Fazendo-se comparação com os coeficientes de metabolizabilidade dos nutrientes do milho para suínos proposto por Rostagno et al. (2011) os valores são de MO (90 vs 48,34%), PB (85 vs 62,24%), EE (90 vs 31,78%), FDN (66,40 vs 30,61%), FDA (68 vs 27,17%) para milho e farelo de palma, respectivamente. Comparando-se com o sorgo forrageiro, esses valores são de MO (86,5 vs 48,34%), PB (85 vs 62,24%), EE (80 vs 31,78%), FDN (73,21 vs 30,61%), FDA (85,4 vs 27,17%) para o sorgo e farelo de palma, respectivamente. A baixa concentração de extrato etéreo e a alta concentração de FDN e FDA, bem como o baixo aproveitamento desses nutrientes pelos suínos, fazem com que a concentração de energia metabolizável no farelo de palma seja baixa, ficando o seu uso na dependência de associação com outra fonte de energia para elevar aporte energético. Por outro lado, considerando o farelo de palma como um alimento fibroso para animais não ruminantes, o percentual de aproveitamento da fração fibrosa pelos suínos na fase de terminação está dentro da faixa padrão para outros alimentos fibrosos como, por exemplo, a casca de soja, casca de girassol e farelo de colza. De modo geral, o coeficiente de digestibili52 dade da fração fibrosa de alimentos com alto teor de fibra é inferior a 50% para suínos na fase de terminação (NOBLET & MILGEM, 2004). Apesar do alto valor de energia bruta contida no farelo de palma, os suínos na fase de terminação conseguiram aproveitar no máximo um terço dessa energia como energia metabolizável. Deve-se, portanto, considerar a menor contribuição de energia e proteína do farelo de palma em relação ao milho ao formular dietas para suínos. O milho com 7,8% de PB apresenta valor de EMA de 3.340 kcal/kg (ROSTAGNO et al., 2011), nesse sentido, o farelo de palma apresenta cerca da metade da PB digestível do milho (6,70%) e um terço da energia metabolizável. Contudo, se compararmos o farelo de palma forrageira com o farelo do pseudofruto do cajueiro, que é um subproduto da indústria de suco e que tem boa disponibilidade na região nordeste do Brasil, os níveis nutricionais se aproximam. Farias et al. (2008) determinaram os valores dos coeficientes de metabolizabilidade da proteína e da energia do pseudofruto do cajueiro para suínos na fase de terminação em 11,38% e 21,9%, respectivamente, e valores de energia digestível e metabolizável de 1.293,00 kcal/kg e 1.140 kcal/kg, respectivamente. O teor de proteína do farelo de palma é superior ao do resíduo da indústria de fecularia da mandioca (1,32%) e, o de energia, inferior (2.621,00 kcal/kg) para suínos na fase de terminação (BERTOL & DE LIMA, 1999). Um dos fatores limitantes ao uso de alimentos alternativos é a alta concentração de fibra dietética, que tem digestibilidade inferior aos nutrientes como amido, açúcares, proteínas e lipídios. O aumento da concentração de fibra reduz a concentração de energia da dieta, uma vez que a fibra além de apresentar menor coeficiente de digestibilidade, irá também reduzir a digestibilidade aparente fecal dos outros nutrientes dietéticos como proteína e gordura resultando em menor valor de energia metabolizável (Le GOFF & NOBLET, 2001; URRIOLA & STEIN, 2012). Variações no aproveitamento da fibra estão relacionadas com sua origem botânica e, consequentemente, dependendo dos ingredientes utilizados na dieta, observam-se efeitos variáveis na digestibilidade da energia dietética. Contudo, a digestibilidade da energia em alimentos fibrosos pode ser ligeiramente modificada pela adição de enzimas exógenas e tratamento 53 tecnológico como, por exemplo, a granulação que aumenta a digestibilidade da energia dos alimentos (PARTRIDGE, 2001; NOBLET & MILGEM, 2004). As variáveis de desempenho não foram influenciadas (P>0,05) pela inclusão do farelo de palma forrageira na dieta (Tabela 3). Em experimentos com dietas isonutritivas para suínos, a redução no desempenho dos animais está relacionada à interação negativa de atributos do alimento alternativo no metabolismo dos nutrientes, como, por exemplo, a interação da fração fibrosa com o metabolismo de proteína e lipídios (URRIOLA & STEIN, 2012). Na presente pesquisa, houve aumento da concentração de FDN na dieta com a inclusão do farelo de palma forrageira, passando de 11,20% na dieta basal, para 15,49% no nível máximo de inclusão. Todavia, o nível máximo de FDN (15,49%) na dieta, com 15% de inclusão de farelo de palma forrageira, é inferior à recomendação de FDN para suínos na fase de terminação estabelecida pelas normas FEDNA (2006) e, dessa forma, não prejudicou o desempenho dos suínos. Deve-se considerar que respostas comportamentais, fisiológicas e de desempenho, apresentam diferença de acordo com a fonte alimentar e nível de inclusão da fibra (REESE et al., 2008; SERENA et al., 2009; PELTONIEMI et al., 2010). A idade é outro fator que influencia o aproveitamento da fração fibrosa dos alimentos. Suínos mais velhos, com o trato gastrintestinal mais desenvolvido e morfofisiologicamente maduro, aproveitam e toleram melhor dietas contendo maiores níveis de fibra (NOBLET & MILGEM, 2004). Tabela 3. Efeitos dos níveis de inclusão do farelo da palma forrageira (FPF), sobre o consumo de ração (CR), ganho de peso (GP), ganho de peso diário (GPD) e conversão alimentar (CA) Níveis de inclusão de FPF % Variáveis 0 5 10 15 Efeito CV2 % CR (g/dia) 3.750 4.040 3.930 3.730 NS1 7,47 GP (g) 35.120 37.070 36.650 36.860 NS 13,66 GPD (g/dia) 1.050 1.110 1.100 1.100 NS 13,53 CA (g/g) 3.600 3.680 3.600 3.480 NS 8,17 1 NS – efeito não significativo a 5% de probabilidade pelo teste f (P>0,05). 2 CV - Coeficiente de variação. 54 Ao compararmos os resultados da presente pesquisa com trabalhos que avaliaram alimentos alternativos adotando dietas isonutritivas para suínos, fica evidente que nesta condição experimental não ocorreu diferença no desempenho entre os animais que receberam dieta com alimento alternativo e os que receberam somente dieta basal. Sendo assim, os resultados da presente pesquisa estão de acordo com os de Costa et al. (2005), que avaliaram a inclusão de torta de girassol (0, 5, 10 e 15%) para suínos nas fases de crescimento e terminação; Farias et al. (2008), incluindo pseudofruto do cajueiro (0, 5, 10, 15 e 20%) para suínos na fase de crescimento; Mello et al. (2011), incluindo farelo de algodão (0, 10 e 20%) para suínos nas fases de crescimento e terminação. Em todos estes trabalhos, as dietas eram isonutritivas e não ocorreu alteração nas variáveis de desempenho, o que é um fator positivo, uma vez que os animais alimentados com dietas contendo alimentos alternativos alcançaram os mesmos níveis de desempenho dos animais alimentados com dietas contendo somente alimentos convencionais (milho e farelo de soja). Todavia, Brandão (2011) avaliou a inclusão de farelo de palma forrageira (0, 5, 10 e 15%) em dietas isonutritivas para codornas europeias e observou redução no desempenho e características quantitativas da carcaça à medida que aumentava a concentração de farelo de palma na dieta. A redução no desempenho e piora nas características da carcaça foram atribuídas ao aumento da concentração de FDN na dieta com a inclusão do farelo de palma forrageira indicando que as codornas são mais sensíveis que os suínos ao aumento da concentração de fibra na dieta. Para que as dietas fossem isonutritivas, foi necessário compensar a baixa concentração de energia do farelo de palma forrageira com a adição de óleo de soja nas dietas experimentais de forma crescente (Tabela 1). A adição de óleo de soja nas dietas experimentais pode ter contribuído para que os níveis de inclusão do farelo de palma apresentassem semelhanças, uma vez que o aumento dos níveis de óleo de soja melhora a palatabilidade da dieta e a digestibilidade da energia bruta e, consequentemente, aumenta o consumo de ração e a disponibilidade de energia para os animais (DONZELE et al.,1998; NOBLET & MILGEM, 2004). Bioquimicamente, o aumento de lipídios reduz o incremento calórico da dieta, em virtude da molécula do triacilglicerol ser de digestão 55 e metabolismo mais simples que os carboidratos e as proteínas, requerendo um sistema enzimático menos complexo. Além disso, os ácidos graxos são passivamente absorvidos, e a betaoxidação na mitocôndria é um processo muito mais simples que a glicólise na oxidação de carboidratos e da estrutura carbonada dos aminoácidos (LEHNINGER, 2011). A inclusão do farelo de palma forrageira também não influenciou as características quantitativas da carcaça bem como os valores de pH inicial e final (Tabela 4). Tabela 4. Efeito dos níveis de inclusão do farelo de palma forrageira (FPF) sobre o peso final (PF), peso da carcaça quente (PCQ), peso da carcaça fria (PCF), perda de peso no resfriamento (PRF), rendimento de carcaça (RC), comprimento da carcaça (CC), espessura de toucinho (ET), pH inicial e final (pH) rendimento de carne fria (RCF) e quantidade de carne na carcaça (QCar) Níveis de inclusão do FPF % Variáveis 0 5 10 15 Efeito1 CV2 % PF (kg) PCQ (kg) PCF (kg) PRF (%) RC (%) CC (cm) ETa (mm) pH0b pH24c RCF (%) QCar (kg) 112,08 44,84 43,56 2,50 80,18 99,40 27,58 5,76 5,53 17,95 60,57 114,16 45,48 43,84 3,38 79,10 102,50 26,67 5,90 5,33 18,80 57,69 113,82 45,08 44,20 2,38 80,07 100,30 29,84 5,96 5,31 16,92 57,64 113,76 44,64 43,36 4,21 77,86 102,60 25,58 5,74 5,27 18,96 59,42 NS NS NS NS NS NS NS NS NS NS NS 4,5 5,95 4,30 18,5 2,84 3,89 16,65 7,79 6,03 25,29 18,00 1 NS – Não significativo ao nível de 5% de probabilidade pelo teste F (P>0,05). 2 CV - Coeficiente de a, variação. = Espessura de toucinho, média dos pontos P1, P2 e P3. b= pH inicial; c = pH final (24 horas). Uma vez que as dietas foram formuladas de forma isonutritivas considerando não apenas as concentrações de energia e proteína, más também as concentrações dos aminoácidos essenciais, minerais e o balanço eletrolítico da dieta, os resultados de desempenho não surpreendem, tendo em vista as características quantitativas das carcaças estão diretamente relacionadas ao peso do animal. Quando o ganho de peso dos animais não apresentar diferença e mesmo assim, ocorrer alterações nas carcaças, por exemplo, 56 redução no teor de lipídios, essas alterações podem ser atribuídas aos componentes da dieta que exercem funções metabólicas específicas no organismo animal, como, por exemplo, a concentração de FDN e o nível de lipídeos. A concentração de FDN na dieta pode influenciar as características quantitativas da carcaça. A espessura de toucinho é uma variável que pode ser modificada com a manipulação da quantidade de FDN na dieta, o aumento da fibra na dieta reduz a quantidade de energia metabolizável proporcionando uma restrição qualitativa e, dependendo do grau de restrição energética, reduz a espessura de toucinho nas carcaças (FRAGA et al., 2008). Nesse sentido, os resultados do presente trabalho divergem dos obtidos por Quadros et al. (2008), que avaliaram a inclusão de cascas de soja (0 a 16%), com nível de FDN variando de 14,29 a 22%, e observaram redução no rendimento de carcaça e espessura de toucinho. Igualmente, Dutra Júnior et al. (2009) avaliaram a inclusão de alódea (0 a 15%) em dieta isonutritivas que apresentaram aumento na concentração de fibra bruta (2,80 a 7,68%) e observaram redução no desempenho e nas características da carcaça. Carvalho et al. (2011) avaliaram a inclusão de casca de café melosa ensilada (0 a 16%) para suínos nas fases de crescimento e terminação, com concentração de FDN variando de 12,4 a 13,85%, e relataram efeitos sobre a espessura de toucinho. Em ambas as pesquisas, alterações nas carcaças foram atribuídas ao aumento da concentração de FDN na dieta com a inclusão dos alimentos alternativos. Contudo, conforme já relatado, considerar somente a concentração de FDN na dieta limita uma avaliação precisa de sua influência sobre as características de desempenho e carcaça, pois é preciso considerar o perfil da fração fibrosa presentes nos ingredientes utilizados como alimento alternativo, bem como as características dos animais utilizados em cada experimento. Sobre o nível de lipídios nas dietas, sabe-se que a concentração deste nutriente pode alterar a fração lipídica da carcaça, tanto em termos qualitativos como quantitativo. Qualitativamente, seu aumento nas dietas inibe a síntese de novo dos ácidos graxos e, dessa forma, os ácidos graxos alimentares são depositados no tecido adiposo sem alterações em sua configuração química, indicando a possibilidade de manipular a composição da gordura na carcaça com modificações de fonte de lipídios e ingredientes ali57 mentares (CHILLIARD, 1993). Quantitativamente, para suínos nas fases de crescimento e terminação, a suplementação de lipídios na dieta aumenta a espessura de gordura nos animais (PETTIGREW & MOSER, 1991; BENZ et al., 2011) contudo, o valor nutricional dos lipídios como fonte de energia para suínos e, consequentemente, sua influência no desempenho e características da carcaça, são influenciados pela digestibilidade do lipídio da dieta, pela quantidade de EM consumida, pela relação energia lisina na dieta e pela temperatura ambiental (NRC, 2012). Nesse sentido, os resultados da presente pesquisa estão de acordo com os obtidos por Perondi (2013) que avaliaram a utilização de farelo da semente de maracujá na alimentação de suínos e não observaram aumento na espessura de toucinho com aumento dos níveis de óleo de soja nas dietas experimentais. Apesar de não investigado na presente pesquisa, fatores inerentes à própria característica do farelo de palma como a concentração de pectina, vitamina E, flavonoides etc, podem ter contribuído para o não aumento da espessura de toucinho, pois, a palma forrageira de forma in natura mostrou ser eficaz para reduzir as concentrações de colesterol LDL em porquinhos da índia (FERNANDEZ et al., 1994). Ademais, cápsulas de palma desidratadas vêm sendo recomendadas para humanos para redução da obesidade (GODARD et al., 2010). Sendo assim, os resultados da presente pesquisa abrem novas possibilidades de investigações de uso do farelo de palma forrageira. A inclusão na dieta do farelo de palma forrageira também não influenciou a perda por resfriamento e os valores de pH inicial e final. Os valores de pH estão diretamente relacionados a qualidade da carne. O pH está associado às características físicoquímicas da carne, contribuindo significativamente para sua qualidade; explica cerca de 60% da variação total sofrida pela carne após o abate (BARBOSA et al., 2006), indicando a ocorrência de carnes PSE e DFD. Segundo o National Pork Producers Council (1998) a carne suína é de qualidade quando apresenta pH inicial maior que 5,8 e final menor que 5,9. Verificou-se que os diferentes níveis de inclusão do farelo de palma forrageira não influenciou (P>0,05) o rendimento dos principais cortes dos suínos (Tabela 5), o que pode ser justificado pela padronização do peso ao abate e das características de carcaça, 58 independente do tratamento. Tanto os resultados de desempenho como os das características quantitativas da carcaça e rendimentos dos principais cortes cárneos, estão dentro dos padrões para suínos de mesma genética e mesmo peso de abate, obtidos por outros pesquisadores (OLIVEIRA et al., 2003; ROSA et al., 2008; OLIVEIRA, 2011; BENZ et al., 2011), evidenciando que os animais tiveram condições adequadas de manejo, nutrição e ambiente para expressar seu potencial genético Tabela 5. Rendimento dos principais cortes cárneos de suínos alimentados com diferentes níveis de inclusão do farelo de palma forrageira (FPF) Níveis de inclusão do FPF (%) Variáveis 0 5 10 15 Efeito1 CV2 % Pernil (%) 28,58 26,88 28,45 28,13 NS 5,32 Lombo* (%) 7,47 8,07 7,85 7,70 NS 7,19 Filé (%) 1,02 1,01 1,07 1,07 NS 6,66 Costela (%) 13,19 12,25 11,17 12,88 NS 8,64 Paleta (%) 18,72 21,73 20,79 20,43 NS 10,42 Barriga (%) 10,50 10,75 11,77 11,59 NS 8,88 Pescoço (%) 6,60 6,51 6,16 6,14 NS 40,41 1 NS – Não significativo ao nível de 5% de probabilidade pelo teste F (P>0,05). variação. * Lombo sem osso. 2 CV - Coeficiente de A inclusão do farelo de palma não influenciou estatisticamente (P>0,05) o peso cheio e vazio do estômago, intestino delgado e cólon, bem como o peso do fígado, coração, rins e comprimento do intestino delgado (Tabela 6). Segundo Anugwa (1989) o peso dos órgãos está positivamente correlacionado (r>0,98) com a produção de calor metabólico nos animais e, em suínos selecionados para alta produção de carne magra, o aumento no peso dos órgãos exerce papel importante, pois o consumo de energia pelos tecidos metabolicamente ativos como intestino, fígado e rins é muito maior que os gastos de energia associados à carcaça, sendo responsável por mais de 50% dos gastos total de energia pelos animais. 59 Tabela 6. Efeito da inclusão do farelo de palma forrageira sobre o peso do estômago, intestino delgado (ID), comprimento do intestino delgado (CP ID), cólon, ceco, fígado, coração, rins, pâncreas e baço Níveis de inclusão % Variáveis 0 5 10 15 Efeito1 CV2 % 782 887 957 899 Estômago cheio (g) NS 14,36 597 572 568 633 Estômago vazio (g) NS 13,67 2671 2468 2697 2526 ID cheio (g) NS 19,01 1840 1715 1715 1602 ID vazio (g) NS 19,80 17,21 17,37 17,42 15,42 CP ID (m) NS 8,55 1456 1383 1439 1330 Cólon cheio (g) NS 28,27 760 705 769 Cólon vazio (g) 689 NS 25,24 427 527 Ceco cheio (g) 381 375 NS 41,27 153 163 Ceco vazio (g) 154 151 NS 19,58 1542 1590 Fígado (g) 1516 1638 NS 9,0 455 479 Coração (g) 498 455 NS 15,16 330 335 Rins (g) 395 333 NS 25,34 427 318 Pâncreas (g) 418 443 NS 17,57 205 189 Baço (g) 202 194 NS 24,95 1 NS- Não significativo ao nível de 5% pelo teste F (P>0,05); 2 CV – Coeficiente de variação. Alguns trabalhos evidenciam que o aumento da concentração de fibra na dieta de suínos pode aumentar o peso dos órgãos (POND et al., 1988; JORGENSEN et al., 1996). De acordo com Schneeman (1999), a fibra aumenta o volume da digesta que promove a distensão das paredes do trato gastrintestinal (TGI) e consequente aumento de alguns órgãos digestivos, no entanto, os resultados encontrados na literatura são bastante abrangentes. Na presente pesquisa o aumento do teor de FDN não foi suficiente para alterar o peso e comprimento dos órgãos. Gomes et al. (2006) avaliando o efeito de dois níveis de FDN na dieta (0 e 8%) para suínos nas fase de creche e crescimentoterminação não encontraram alterações no peso do estômago cheio, colón, intestino grosso, fígado, rins e pulmões, contudo, observaram maior peso do TGI e estômago vazio, e sugeriam uma adaptação orgânica dos animais aos componentes da fibra dietética. Jin et al. (1994) relataram que dietas contendo fibra são responsáveis pela alteração na morfologia intestinal de não ruminantes. Jorgensen et al. (1996) relataram aumento do peso do estômago, colón, ceco em suínos em crescimento consumindo dietas com alto teor de fibra (26,9%) comparado com baixo teor de fibra (5,9%). Concordando com 60 nossos resultados, Hale et al. (1986) não observaram efeito significativo de dietas com alto teor de fibra (26% de FDN) sobre o peso dos órgãos e mais recentemente, Dutra Júnior et al. (2009) também não observaram efeito significativo do aumento do teor de fibra sobre o peso e comprimento dos órgãos. De maneira geral, os resultados na literatura não são conclusivos, pois além da concentração da fibra na dieta, outros fatores como a idade dos animais, grupo genético e perfil da fibra estão envolvidos nas repostas dos órgãos ao consumo de fibra pelos animais (NOFRÁRIAS et al., 2007; HEIMENDAHL et al., 2010). Igualmente às outras variáveis a inclusão de farelo de palma forrageira na dieta não influenciou (P>0,05) as concentrações dos ácidos graxos de cadeia curta (AGCC): acético, propiônico e butírico (Tabela 7). O ácido acético apresentou maior concentração em todas as dietas, seguidas do ácido propiônico e em menor concentração o ácido butírico essa relação está de acordo com os relatos de Montagne et al.(2012). As concentrações dos AGCC estão diretamente ligadas à população de microrganismos que colonizam o intestino grosso, bem como o substrato que eles utilizam para a produção de energia. Esperava-se, que com o aumento da concentração de fibra nas dietas pela inclusão do farelo de palma, houvesse alterações nas concentrações dos AGCC, uma vez que o aumento da fibra na dieta proporciona maior quantidade de substrato no ceco, que serão utilizados para crescimento dos microrganismos. Provavelmente houve uma adaptação dos microrganismos as dietas durante os 35 dias de experimento, uma vez que os microrganismos do intestino podem se adaptar a dieta com alta concentração de fibra dentro de 14 dias (VAREL & YEN, 1997). Contudo, a concentração e tipo de fibra na dieta, a idade dos animais, a categoria e raça animal bem como as condições sanitárias em que os animais foram criados irão influenciar a produção dos AGCC (MONTAGNE et al., 2012; ZIEMER et al., 2012). Maior produção dos AGCC pode melhorar o desempenho dos animais, uma vez que para suínos em fase de crescimento e terminação os AGCC podem contribuir com cerca de 15 a 24% da energia de mantença do organismo animal e, dessa forma, economizando energia do alimento para a produção animal (MCBURNEY & SAUER, 1993). 61 Tabela 7. Concentração dos ácidos graxos de cadeia curta no conteúdo cecal dos suínos alimentados com farelo de palma forrageira Níveis de inclusão % Ácidos graxos (ppm) 0 5 10 15 Efeito1 CV2 % Acético 12.745,17 13.072,96 12.820,18 14.500,75 NS 14,13 Propiônico 512,23 586,62 375,15 693,72 NS 30,08 Butírico 35,98 46,27 34,35 38,00 NS 15,54 1 NS- Efeito não significativo ao nível de 5% de probabilidade pelo teste F. 2 CV - Coeficiente de varia- ção. Não foi observado efeito significativo (P>0,05) da inclusão do farelo de palma forrageira sobre o custo de ração por quilograma de peso vivo ganho, índice de eficiência econômica e índice de custo de suínos na fase de terminação (Tabela 8). Numericamente houve aumento do preço da ração com a inclusão do farelo de palma forrageira. Esse aumento se deve principalmente à necessidade de aumentar a quantidade de farelo e óleo de soja para atender as necessidades nutricionais dos animais. Vale ressaltar que a região Nordeste do Brasil, entre os anos de 2012 e 2013, passou por um período prolongado de seca, resultando na perda de forragem e aumento no preço do milho, farelo de soja, e, principalmente, de uma supervalorização da palma forrageira. O aumento no preço da palma forrageira in natura reflete diretamente no preço final do farelo de palma. A tonelada da palma forrageira era adquirida ao preço de R$ 22,00 a R$ 25,00 no ano de 2011 na região de Bananeira-PB e, no ano de 2012, devido à baixa oferta, estava sendo vendida no valor de R$ 80 a R$ 100. No presente estudo, o valor do preço final do farelo de palma foi de R$ 0,42/kg, considerando-se somente o preço pago pela tonelada da palma forrageira e o frete gasto no transporte. Considerando que o farelo de palma forrageira apresenta somente 1/3 da quantidade de energia metabolizável do milho, seu preço de aquisição deve no máximo apresentar essa mesma proporcionalidade para se tornar viável sua compra. Na atual pesquisa, sendo o valor pago pelo milho de R$ 0,75/kg, o preço máximo do farelo de palma deveria ser R$ 0,25/kg. Contudo, o farelo de palma se torna um atrativo ao produtor de suínos que realiza o cultivo da palma forrageira pois, de acordo com Santos et al. (2006), o custo da tonelada de massa verde 62 de palma forrageira já cortada varia entre R$ 16,32 a R$ 22,22, dependendo da técnica de cultivo. Tabela 8. Peso inicial (kg), peso final (kg), custo de ração (CR1, R$/kg), custo em ração por quilograma de peso vivo ganho (CR2), índice de eficiência econômica (IEE) e índice de custo (IC) de suínos alimentados com dietas contendo diferentes níveis de inclusão de farelo de palma forrageira (FPF) Níveis de inclusão de FPF Efeito1 Variáveis CV3 % 2 0% 5% 10% 15% Regressão Dunnett Peso inicial (kg) 76,96 77,09 77,17 76,9 3332 Peso final (kg) 112,08 114,16 113,82 113,76 CR1, R$/kg 1,004 1,018 1,054 1,102 CR, R$/kg PV 3,597 3,72 3,789 3,733 NS NS 8,32 IEE (%) 100,00 96,69 94,94 96,35 NS NS 9,09 IC (%) 100,00 103,43 105,33 103,79 NS NS 8,32 1 NS- Efeito não significativo a 5% de probabilidade pelo teste F (P>0,05); 2 Teste de médias Dunnett a 5% de probabilidade; 3 CV – Coeficiente de variação. Na nutrição de suínos modernos, as dietas devem ser formuladas para atender as exigências de nutrientes e energia em suas respectivas fases de produção. Para inclusão de um alimento alternativo ao milho e farelo de soja, há de se fazer um balanço dos nutrientes oferecidos, além do custo de produção da dieta. Outros fatores também devem ser observados na escolha de um alimento alternativo, como disponibilidade comercial, quantidade e qualidade dos nutrientes e valor energético. Lindemann et al. (2004) relataram que na avaliação de ingredientes alternativos na alimentação de suínos, muitas vezes a intenção não é necessariamente determinar se há vantagens nutricional, mas sim, determinar se o ingrediente suporta resultados compatível com os alimentos convencionais. Nesse sentido, uma vez que não houve alteração no custo das dietas experimentais bem como piora nas variáveis de desempenho e características quantitativas da carcaça, o farelo de palma possui grande potencial de uso, por garantir níveis adequados de nutrientes quando combinados com fontes energéticas e por haver boa disponibilidade de palma na região Nordeste do Brasil. 63 Conclusões O farelo de palma forrageira pode ser incluído em dietas de suínos na fase de terminação em até 15% desde que os níveis nutricionais sejam corrigidos e o preço de obtenção do farelo não ultrapasse 30% do preço do milho. 64 Referências ABCS. Associação Brasileira de Criadores de Suínos. Método Brasileiro de Classificação de Carcaças. Estrela: ABCS. 17p, 1973. (Publicação Técnica nº2). ANUGWA, F.O.I.; VAREL, V.H.; DOCKSON, J.S. et al. Effects of Dietary Fiber and Protein Concentration on Growth, Feed Efficiency, Visceral Organ Weights and Large Intestine Microbial Populations of Swine. 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No experimento de desempenho foram avaliados os níveis de restrição quantitativa da ração (0, 10, 20 e 30%) associados ao fornecimento de silagem de palma forrageira. A silagem de palma forrageira apresentou satisfatórias quantidades de energia metabolizável e coeficientes de metabolizabilidade. Os níveis de restrição alimentar associados ao fornecimento da silagem de palma forrageira influenciaram negativamente (P<0,05) as variáveis consumo de ração, ganho de peso e peso final, porém não influenciaram a conversão alimentar. O consumo de silagem total aumentou linearmente (P<0,01) à medida que se restringiu a ração balanceada, contudo, não foi suficiente para aumentar o ganho de peso dos animais ao nível do grupo controle. Os pesos absolutos das carcaças foram influenciados negativamente (P<0,05), contudo, o rendimento de carcaça e cortes, bem como a quantidade de carne na carcaça não foram influenciados (P>0,05). Com o aumento da restrição alimentar, houve redução da espessura da mucosa do duodeno, diminuição das glândulas intestinais, acúmulo de tecido adiposo na submucosa, diminuição do acúmulo de glicogênio hepático e aparecimento de processo inflamatório na submucosa e mucosa intestinal. A silagem de palma forrageira não possui boa aceitação pelos animais. A restrição de até 30% da ração balanceada não prejudica a conversão alimentar, rendimentos da carcaça e cortes e a viabilidade econômica, contudo, níveis acima de 10% comprometem a saúde intestinal. Palavras chave: Alimento alternativo, conservação de alimentos, duodeno, saúde intestinal 74 Silage of forage cactus (Opuntia ficus-indica Mill) in feed for pigs in the final phase of creation associated with the quantitative restriction of balanced ration Abstract The aim of this research was to evaluate the use of forage cactus silage (Opuntia ficusindica Mill) in feed for pigs at finishing stage. Two experiments were conducted, one of digestibility and the other one of performance. In the digestibility experiment it was determined the total digestible nutrients and the coefficients of metabolizability of forage cactus silage. In the performance experiment, the levels of quantitative restriction of the diet (0, 10, 20 and 30%) were evaluated associated with the supply of forage cactus silage. The forage cactus silage showed satisfactory amounts of metabolizable energy and metabolizability coefficients. The levels of feed restriction associated to the supply of forage cactus silage, negatively influenced (P <0.05) the feed intake, weight gain and final body weight, but the levels didn’t influence the feed conversion. The total silage intake increased linearly (P <0.01) as it was restricted the balanced feed, however, it wasn’t sufficient to increase the weight gain of the animals to the level of the control group. The absolute carcass weights were negatively influenced (P <0.05), however, carcass yield, cuts and the amount of meat in the carcass were not affected (P> 0.05). When feed restriction was increased, there was a reduction of the duodenum mucosa thickness, a decrease of intestinal glands, an accumulation of adipose tissue in the submucosa, a decrease in the accumulation of hepatic glycogen and the appearance of inflammation in the intestinal mucosa and submucosa. The forage cactus silage doesn’t have good acceptance by animals. The restriction to 30% of the balanced feed doesn’t affect feed conversion, carcass yield, cuts and economic viability, however, levels over 10% compromise the intestinal health, which can bring on a worse intestinal absorption and lower feed conversion. Key Words: alternative food, food preservation, duodenum, intestinal health 75 Introdução A palma forrageira é uma planta que se adapta bem às regiões semiáridas e possui múltiplos usos, servindo como fonte de alimento para humanos e animais. Devido a sua composição nutricional e à variedade de produtos e subprodutos que se pode extrair a partir dela, essa cactácea possui relevada importância social e econômica para essas regiões (FAO, 2013). A palma forrageira apresenta alta palatabilidade e digestibilidade para diversas espécies de animais, principalmente ruminantes e pequenos animais silvestres de vida livre (LIRA et al., 2006). Considerando os aspectos nutricionais, a palma apresenta baixo teor de matéria seca (MS) (10-15%), alto teor de carboidratos totais (CHT) (5577%) e matéria orgânica (MO) e NDT (65-70%). Nesse sentido, devido sua composição e a facilidade de se obter a palma forrageira na região Nordeste do Brasil, torna-se importante avaliarmos sua utilização para animais não ruminante, principalmente processada na forma de farelo e silagem. A ensilagem é um método de conservação que tem como princípio o armazenamento do alimento em condições de anaerobiose, ocorrendo então um processo de fermentação que preserva a forragem. Nesse processo, diversos substratos energéticos, incluindo açúcares solúveis, ácidos orgânicos e compostos nitrogenados solúveis, são utilizados pelas bactérias fermentativas para a produção de ácidos graxos voláteis (AGV), tais como lactato, acetato, propionato e, butirato (SANTOS et al., 2010). O produto ensilado mantém uma proporção muito maior dos seus nutrientes do que se tivesse sido colhido seco e armazenado como feno (McDONALD et al., 1991). A conservação da palma forrageira na forma de silagem pré-desidratada reduz em cerca de 20% a mão-de-obra com relação ao farelo de palma, uma vez que o tempo de desidratação é menor e, obviamente, não oferece riscos de perdas por fungos e insetos no momento do processamento. Além do mais, a utilização da mão de obra familiar no cultivo e processamento da silagem contribui para aumenta sua viabilidade (COSTA et al., 2008). 76 A restrição alimentar é uma prática que pode ser utilizada para reduzir custos de produção, melhorar a eficiência alimentar e reduzir a deposição de gordura nas carcaças e, consequentemente, aumentar da proporção de carne em relação à gordura. A restrição pode ser de forma qualitativa ou quantitativa. A restrição qualitativa é realizada incluindo-se, na dieta, alimentos com baixa digestibilidade. Já a restrição quantitativa é feita restringindo-se a quantidade de ração oferecida diariamente aos animais. Contudo, a eficiência dos programas de restrição alimentar depende da idade dos animais ao início da restrição, bem como do nível e tempo de restrição adotado, haja vista que, se for estabelecida de forma rigorosa, pode comprometer a saúde e a produção animal (DAZA et al., 2003; LOVATTO et al., 2006; CANTARELLI et al., 2009; SERRANO et al., 2009; PUGLIESE et al., 2013). Reduzir quantitativamente a ração balanceada e, simultaneamente oferecer aos suínos um alimento alternativo que possui bons níveis nutricionais e baixo custo, como a silagem de palma forrageira, pode reduzir os custos de alimentação, sem, no entanto, prejudicar as variáveis de desempenho. Outra vantagem da utilização da silagem em conjunto com a restrição quantitativa é que a digesta permanecerá mais tempo no trato gastrintestinal, evitando estresse por esvaziamento do trato. Uma vez que não há publicações sobre o uso da silagem de palma forrageira para animais não ruminantes. O presente estudo foi realizado com o objetivo de avaliar a composição da silagem de palma forrageira (Opuntia ficus-indica Mill) da variedade gigante e testar sua utilização na alimentação de suínos na fase de terminação associada à restrição alimentar da ração balanceada, avaliando-se as características de desempenho, características quantitativas da carcaça, desenvolvimento dos órgãos do sistema digestório, níveis de glicogênio hepático, parâmetros bioquímicos do sangue, histologia do duodeno e viabilidade econômica. 77 Material e Método Animais e instalações O estudo foi realizado no laboratório de Suinocultura do Centro de Ciências Humanas, Sociais e Agrárias (CCHSA), Campus III da Universidade Federal da Paraíba, localizado no Município de Bananeiras - PB. Foram realizados dois experimentos, sendo um de digestibilidade e outro de desempenho. No experimento de digestibilidade foi avaliada a silagem da palma forrageira in natura. No experimento de desempenho avaliou-se o uso de restrição alimentar associado com o fornecimento de silagem da palma forrageira. No experimento de digestibilidade, os animais foram alojados individualmente em gaiolas de metabolismo semelhante às descritas por Pekas (1968) contendo comedouro, bebedouro e funil coletor de urina. No experimento de desempenho, os animais foram alojados na unidade experimental para suínos, em baias com piso compacto, medindo 2,30 x 1,70 m, equipadas com comedouros de alvenaria e bebedouros do tipo chupeta. As baias foram previamente lavadas e desinfetadas antes do alojamento dos animais experimentais. Aquisição e processamento da palma forrageira A palma forrageira Opuntia ficus-indica Mill da cultivar gigante foi adquirida de produtores das cidades circunvizinhas ao município de Bananeiras-PB, que cultivam a palma sem adotar práticas agronômicas de cultivo (tratos culturais, adubação e irrigação). Para obtenção da silagem, todos os cladódios foram coletos a campo, fatiados em pedaços de 2 a 3 cm e expostos ao ar livre por um período máximo de cinco dias objetivando a sua desidratação e perda de 60% do peso inicial. Posteriormente, depois de obtido o nível de desidratação adequado, o material foi ensilado em tambores de 50 e 180 L, compactado com os pés e vedado. O material ficou ensilado por um período mínimo de 60 dias e máximo de 150 dias e, para liberação do excesso de gases, as tampas dos tambores foram adaptadas com uma torneira. 78 Após obtenção da silagem, uma amostra foi encaminhada ao laboratório para avaliar a sua composição bromatológica, sendo determinados os níveis de Ca++, Na+, K+, PB, EE, EB, FB, MO e MM seguindo a metodologia de Silva & Queiroz (2002), e os teores de FDN e FDA de acordo com Van Soest et al. (1991). Os teores de carboidratos totais (CHO) foram calculados segundo as equações indicadas por Sniffen et al. (1992), em que CHO = 100 - (%Proteína Bruta + %Extrato Etéreo + %Cinzas) e os teores de carboidratos não fibrosos (CNF) pela fórmula CNF = CHO – FDN. As concentrações dos minerais, Ca,++ Na+ e K,+ foram determinadas utilizando um espectrofotômetro de chama. Amostras de silagem foram retiradas da porção mediana dos silos, aos 60, 120 e 150 dias de fermentação, embalada e congelada para posterior determinação das concentrações dos ácidos graxos de cadeia curta: lático, acético, propiônico e butírico, de acordo com a metodologia de Sheperd et al. (1995). Após processamento das amostras, as concentrações dos ácidos foram determinadas por Cromatografia Líquida de Alto desempenho (HPLC SHIMADZU, modelo SPD-10A VP) acoplado ao Detector Ultra Violeta (UV) utilizando-se um comprimento de onda de 210 nm. Ensaio de digestibilidade Foram utilizados 10 suínos machos, castrados, da linhagem Agroceres®, com peso médio inicial variando entre 66,0 + 5,0 kg de PV, distribuídos em blocos casualizados de acordo com a faixa de peso, em dois tratamentos com cinco repetições, adotando cada animal como sendo uma unidade experimental. Os tratamentos experimentais consistiram de uma dieta referência à base de milho e farelo de soja, formulada para atender às exigências nutricionais sugeridas por Rostagno et al. (2011), para suínos machos castrados, com o peso vivo na faixa de 70 a100 kg; e uma dieta teste onde o farelo de palma forrageira substituiu em 30% a dieta referência. O período experimental teve a duração de 15 dias, sendo os dez primeiros dias para adaptação dos animais às gaiolas e rações experimentais, e os cincos últimos dias 79 para a coleta de fezes e urina. Foi adotado o método de coleta total descrito por Sibbald & Slinger (1963). As médias registradas para temperatura e umidade máxima e mínima foram de 31 + 3°C, 93+ 2% e 22 + 1°C, 51+ 3%, respectivamente, Durante o período experimental para o fornecimento de ração, coleta de fezes e urina utilizou-se os procedimentos metodológicos descritos por Sakomura & Rostagno, (2007). Durante os dez dias iniciais foram determinados o consumo médio de dieta dos animais em dois arraçoamentos diários, realizados às 7h:30min e às 17h:30min. A quantidade de dieta a ser consumida era pesada individualmente. Após 30 minutos do início do fornecimento, as sobras eram recolhidas e então pesadas, determinando assim a quantidade ingerida. O cálculo da quantidade de dieta fornecida para cada animal nos cinco dias de coleta foi estabelecido de acordo com o menor consumo por peso metabólico (kg0,75) observado na fase de adaptação dos animais para cada unidade experimental (SAKOMURA & ROSTAGNO, 2007). Para determinar o inicio e final do período de coleta foi adicionado 2% de óxido férrico (Fe3O2) na dieta como marcador fecal. A água de bebida era fornecida à vontade durante todo o período experimental. As fezes foram coletadas e pesadas duas vezes ao dia na parte da manhã e a tarde, sendo posteriormente acondicionadas em sacos plásticos e congeladas. A urina foi coletada diariamente em baldes de plástico, filtrada, e o volume produzido mensurado, recolhendo-se uma alíquota de 20% e mantendo-a congelada. Em cada recipiente utilizado para coleta de urina foram adicionados 20 mL de solução 1:1 de ácido clorídrico (12N) e água destilada, para evitar proliferação microbiana e volatilização do nitrogênio. Ao final do período de coleta, as fezes e as urinas de cada animal foram descongeladas, homogeneizadas e retirada uma amostra. Aproximadamente 200g de fezes de uma amostra composta foram submetidas à pré-secagem em estufa com circulação forçada a 55ºC durante 72 horas, sendo posteriormente moídas em moinho do tipo “facas” dotado de peneira com crivos de um mm. As amostras de urina foram secas em placas de Petri®, em estufa com circulação forçada a 55ºC por 72 horas, sendo que a cada 24 80 horas o volume das placas era completado. As amostras de dieta foram moídas, seguindo os mesmos procedimentos descritos para as amostras de fezes. Nas amostras processadas de fezes e dieta, foram realizadas análises de MS; MM; PB; EE; FDN; FDA e EB conforme relatado anteriormente (Processamento do farelo de palma). Nas amostras de urina, foram determinadas as densidades e posteriormente efetuadas análises de EB e PB. Após as análises laboratoriais foram calculados os coeficientes de metabolizabilidade da MS, MO, MM, PB, EE, FDN, FDA e EB, assim como a energia digestível (ED) e metabolizável aparente corrigida por nitrogênio (EMAn) e os respectivos nutrientes digestíveis, utilizando equações de Matterson et al. (1965). Experimento de desempenho No experimento de desempenho foram utilizados 20 suínos machos, castrados, da linhagem Agroceres®, com peso médio inicial de 64 + 8 kg. Os tratamentos consistiram de uma dieta basal e três níveis de restrição quantitativa dessa dieta (0; 10; 20 e 30%), mais fornecimento de silagem de palma forrageira ad libitum para os animais que receberam os níveis de restrição. Os animais do grupo controle (0%) não receberam silagem. Adotou-se cada animal como sendo uma unidade experimental e cinco repetições, totalizando 20 unidades experimentais. A ração experimental foi formulada para atender às exigências nutricionais de animais de alto potencial genético, de acordo com as recomendações de Rostagno et al. (2011) (Tabela1). 81 Tabela 1. Composição alimentar e níveis nutricionais da ração Ingredientes Quantidade (kg) Milho 81,80 Farelo de soja 14,08 Óleo de soja 0,52 Fosfato bicálcico 0,74 Calcário 0,57 Sal comum 0,32 1 Inerte 1,00 BHT2 0,01 3 Premix mineral e vitamínico 0,50 L-Lisina HCL 0,33 L-Treonina 0,09 DL-Metionina 0,03 L-Triptofano 0,02 Total 100,00 Composição calculada Energia Metabolizável (Mcal/kg) 3,23 Proteína bruta (%) 13,83 Cálcio (%) 0,472 Fósforo disponível (%) 0,23 Lisina Digestível (%) 0,76 Arginina Digestível (%) 0,74 Met+ cist. Digestível (%) 0,46 Metionina Digestível (%) 0,24 Treonina Digestível (%) 0,51 Triptofano Digestível (%) 0,14 Valina Digestível (%) 0,54 Potássio (%) 0,50 Sódio (%) 0,16 FDN (%) 11,32 4 BE (mEq/kg) 133,13 1 Areia lavada; 2 Antioxidante BHT; 3 níveis de garantia por kg do produto: Vitamina A: 532.000 UI; Vitamina B: 112.000 UI; Vitamina E: 2.100 UI; Tiamina (Vitamina B1): 138 mg; Riboflavina (B2): 490 mg; Pirodoxina (B6): 97 mg; Vitamina B12: 1.680 mcg; Vitamina K: 280 mg; Niacina: 2.800 mg; Biotina: 10 mg; Pantotenato de Cálcio: 1.680 mg; Ácido Fólico: 70 mg; Colina: 15 g; Cobre: 21 g; Cobalto: 100 mg; Ferro: 12 g; Manganês: 6.200 mg; Zinco: 24 g; Iodo: 200 mg; Selênio: 42 mg; Bacitracina de Zinco: 11.000 mg.4 BE – Balanço eletrolítico da dieta. 82 O fornecimento de ração balanceada foi feito pela manhã e à tarde; a ração e a silagem foram fornecidas em comedouros separados. Para o cálculo da quantidade de ração balanceada fornecida diariamente aos animais restritos, os animais do grupo controle em cada bloco receberam ração a vontade até um valor máximo de 4 kg/dia e as sobras de ração balanceada e silagem eram coletadas e pesadas pela manhã e utilizadas para calcular o consumo individual de cada animal dentro de cada bloco. Assim, o consumo dos animais que receberam restrição era calculado em função do consumo do animal do tratamento do grupo controle no dia anterior. A água foi fornecida ad libitum para todos os animais. Registrou-se, no período, a temperatura média máxima de 31 + 3°C e mínima de 22 + 1ºC e umidade relativa do ar máxima e mínima de 93 + 2% e 44 + 4%, respectivamente. Com base nestes dados, foi determinado o consumo de ração (CR, g/dia), ganho de peso diário (GPD, g/dia), consumo de silagem total (CST, kg/período experimental), peso final (kg) e conversão alimentar (CA, g/g). Após atingir o peso médio de 110 kg, os animais foram abatidos em blocos durante cinco dias. Componentes plasmáticos No final do experimento, foram realizadas duas coletas de sangue em tubo Vacutainer (aproximadamente 10 mL), sem anticoagulante. A primeira coleta foi realizada pela manhã antes de iniciar o jejum alimentar dos animais, através de punção da veia jugular. Na segunda coleta, o sangue foi retirado no momento da sangria dos animais no abatedouro, após jejum de 12h. O sangue colhido foi imediatamente centrifugado a 3500 rpm durante 15min para obtenção do plasma sanguíneo, o qual foi imediatamente congelado. Os componentes plasmáticos determinados foram: uréia (mg/dL), proteínas totais (g/dL), albumina (g/dL), creatinina (mg/dL), triglicerídeos (mg/dL), colesterol (mg/dL) e glicose (mg/dL), utilizando-se os kits laboratoriais comerciais da linha veterinária da LABTEST® em aparelho Mindray-Chemistry Analyzer (Modelo, BS-120). 83 Abate Depois que os animais atingiram o peso médio de abate (110), foram submetidos a um período de jejum de 12h e, em seguida, todos os animais foram abatidos. O abate aconteceu em cinco dias consecutivos devido a limitação da câmara fria. Desta forma foram abatidos quatro animas por dia (um bloco por dia), sendo realizado no abatedouro escola do CCHSA-Bananeiras-PB. Os animais foram caminhando até o abatedouro, ao qual está localizado a 250 m do laboratório de suinocultura e, após descanso, cada animal individualmente foi atordoado com corrente elétrica, sangrado, depilado e eviscerado. pH cecal, peso e comprimento dos órgãos As vísceras foram expostas por uma incisão mediana e as secções do trato gastrintestinal sendo isoladas com dupla ligadura. Em seguida, foram retiradas amostras do conteúdo do ceco e colocadas em recipientes plásticos para mensuração do pH através do aparelho TECNAL pH METER TEC-2 de acordo com a metodologia do Instituto Adolf Lutz (1985). Os órgãos coração, rins, baço, fígado, pâncreas, estômago cheio e vazio, intestino delgado cheio e vazio, ceco cheio e vazio, cólon cheio e vazio, foram pesados. Após esvaziamento e lavagem prévia mediu-se o comprimento do intestino conforme metodologia descrita por Le Gall et al. (2007). Ácidos graxos de cadeia curta Os ácidos graxos de cadeia curta (acético, propiônico e butírico) foram avaliados no conteúdo do ceco. Uma amostra de aproximadamente 10 g do conteúdo do ceco foi retirada, pesada e acidificada em 30 mL de ácido fórmico a 16% para inativar os processos fermentativos. Posteriormente as amostras foram refrigeradas por 72h e homogeneizada duas vezes por dia. Após esse período as amostras foram centrifugadas a 5000 rpm a 15ºC por 15min e posteriormente foi coletado o sobrenadante e congelado 84 para realização das concentrações dos ácidos graxos. Foi realizada a identificação e quantificação dos ácidos por HPLC, conforme realizado no ensaio de digestibilidade. Características quantitativas das carcaças e pH As carcaças foram pesadas ao término do abate para obtenção do peso da carcaça quente (PCQ) e, 24h após o resfriamento em câmara fria a 2ºC, para obtenção do peso da carcaça fria (PCF). O rendimento de carcaça (%) foi calculado pelo peso da carcaça quente dividido pelo peso vivo do animal em jejum ao término do experimento e, o resultado multiplicado por 100. Com base no peso da carcaça fria e peso da carcaça quente foi calculada a perda de peso da carcaça no resfriamento adotando a metodologia descrita por Bridi & Silva (2007). O comprimento da carcaça foi obtido utilizando-se uma trena metálica graduada, sendo feita desde a primeira costela ate a sínfise ísquio-pubiana, seguindo-se o método brasileiro de avaliação de carcaças (ABCS, 1973). Para avaliação da espessura de toucinho foram feitas medidas de espessura de toucinho na altura da primeira costela (ET1), última costela (ET2) e última lombar (ET3) com o auxilio de um paquímetro digital, posteriormente obtido a média dos valores obtidos entre os pontos, seguindo a metodologia descrita por Bridi & Silva (2007). Para a análise da profundidade do músculo Longissimus dorsi adotou-se a metodologia descrita por Bridi & Silva (2007) e os rendimento de carne e a quantidade de carne na carcaça seguindo as equações propostas por Guidoni (2000). Para obtenção dos cortes da carne suína, após 24 horas de resfriamento em câmara fria a 2ºC foram feitas a separação e a pesagem dos principais cortes: pernil, paleta, costela, lombo, filé, pescoço e barriga. Para estimar o rendimento dos cortes (%), foi utilizada a relação entre o peso do corte e o peso da meia carcaça resfriada e o resultado multiplicado por 100, segundo Bridi & Silva (2007). Para a determinação do pH, utilizou-se pHmetro portátil digital (marca Homis, mod. 801). Os valores de pH foram determinados após 45 minutos do abate (pH inicial) e 24 horas post mortem nas carcaças resfriadas (pH final). Esses valores foram determi85 nados na porção central do músculo Longissimus dorsi, entre a 12 e 13ª costelas da meia carcaça direita (ROSA et al., 2001). Antes da quantificação do pH, o pHmetro foi calibrado e os eletrodos foram lavados com água destilada e secos com papel toalha. Estudos Histopatológicos O processamento histológico foi realizado no Laboratório de Histologia do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal da UFPB/CCA. As amostras biológicas de intestino e fígado foram coletadas, identificadas e fixadas em Metacarn (HELENO et al., 2011) por 12h e incluídas em parafina. Os cortes foram realizados com 5 µm de espessura. Utilizou-se coloração de hematoxilina-eosina e ácido periódico de Schiff e a captura de imagens digitalizadas foi realizada em microscópio Olympus BX-60 e câmera Zeiss AxioCam acoplada com programa de captura de imagens digitais Motic Image Plus 2.0. Morfometria Intestinal e Estoque de glicogênio Hepático Para as análises morfométricas da espessura de mucosa intestinal foram utilizados cinco animais de cada tratamento (dieta). Para cada animal foram digitalizadas seis fotomicrografias com objetiva de 5x. Em cada uma das fotomicrografias foi realizada mensuração, perfazendo um “n” amostral de 30 mensurações por tratamento. Para as análises de estoque de glicogênio hepático foi utilizada a coloração de periodic acid Schiff (PAS) que cora glicoproteínas, dentre elas o glicogênio hepático. As fotomicrografias, 6 para cada animal, perfazendo um “n” de 30 por tratamento foram analisadas à microscopia óptica pelo mesmo histologista, sem o prévio conhecimento deste sobre o grupo pertencente de cada suíno. As mesmas foram classificadas de acordo com o grau de depósito de glicogênio em virtude da positividade à coloração de PAS: Grau +: pouco depósito de glicogênio hepático. Grau ++: moderado depósito de glicogênio hepático. Grau +++: bastante depósito de glicogênio hepático. 86 Para análise do depósito de glicogênio hepático, as cruzes foram transformadas em números correspondentes (+ = 1, ++ = 2, +++ = 3). Análise econômica Para avaliar a viabilidade econômica da ração e da silagem de palma forrageira, foi considerado o custo de produção da silagem juntamente com os preços das demais matérias primas no mercado e calculado o custo da dieta por quilograma de peso vivo ganho, segundo equação proposta por Bellaver et al. (1985): Yi (R$/kg) = Qi X Pi/Gi, em que: Yi = custo da dieta por kg de peso vivo ganho no i-enésimo tratamento; Qi = quantidade de dieta consumida no i-enésimo tratamento; Pi = preço por kg da dieta utilizada no i-enésimo tratamento; Gi = ganho de peso do ienésimo tratamento. Foi calculado também o Índice de Eficiência Econômica (IEE) e o Índice de Custo (IC), segundo metodologia proposta por Gomes et al. (1991): IEE (%) = MCe/CTei X 100 e IC (%) = CTei/MCe X 100, em que: MCe = menor custo da dieta por kg ganho observado entre os tratamentos; CTei = custo do tratamento i considerado. Foram utilizados os preços dos insumos da região de Bananeiras-PB para calcular o custo da ração experimental e da silagem de palma forrageira, a saber: milho grão, R$ 0,75/kg; farelo de soja R$ 1,70/kg; silagem de palma forrageira R$ 0,27/kg; óleo de soja R$ 3,30/kg; fosfato bicálcico R$ 1,80/kg; L-lisina R$ 6,0/kg; DL-metionina R$ 10,76/kg; L-Treonina R$ 6,00/kg; L-triptofano R$ 64,00/kg; L-valina R$ 40,75/kg; sal R$ 0,30/kg; calcário R$ 0,25/kg; premix mineral e vitamínico R$ 9,0/kg; BHT R$ 12,89/kg; carbonato de potássio R$ 5,0/kg. Delineamento experimental e análise estatística Os dados de desempenho e características quantitativas da carcaça e órgãos foram analisados quanto à homogeneidade de variância (teste de Levene a 5%) e quanto à distribuição dos erros (teste de Cramer Van-Misses a 5%) segundo Everitt (1998). 87 Estes, atendendo as pressuposições estatísticas, foram submetidos à análise de variância ao nível de 5% de probabilidade e posterior teste de regressão linear múltipla até o terceiro grau. Na viabilidade econômica, foi aplicado o teste Dunnett (a 5%), comparando-se as demais dietas com a dieta controle. As análises estatísticas foram realizadas através do procedimento “General Linear Models” (GLM) do software estatístico “Statistical Analysis System” (SAS, 9.2). Para os dados de morfometria intestinal e depósito de glicogênio hepático foi realizada ANOVA seguida de Teste de Tukey a 5% de probabilidade no Programa Graph Pad Prism 5.0. O modelo matemático utilizado nas análises estatística foi: Yijk = + Ni + Bj + Eijk, em que: Yijk = parâmetro observado na unidade experimental k, no bloco j, recebendo o nível de inclusão do farelo de palma i; = média geral observada; Ni = Efeito dos níveis de restrição i, i = 0, 10, 20, 30%; Bj = efeito do bloco j; Eijk = erro aleatório associado a cada observação. Resultados e Discussão A silagem de palma forrageira apresenta baixa concentração de MS, PB, EE, CNF e alta concentração de FDN, CHO, FDA, MM e dos minerais Ca++, Na+ e K+ (Tabela 2). Trabalhos avaliando a composição nutricional da silagem de palma forrageira são escassos na literatura, contudo, a sua composição varia de acordo com a variedade de palma utilizada, teor de água do material ensilado, idade das plantas, ordem dos cladódios utilizados, época do ano, tipo de inoculante utilizado e concentração de matéria seca (ÇÜREK & ÖZEN, 2004, Mciteka 2008). Mciteka (2008) encontrou variações nos valores de MS (9 a 27%), PB (5,67 a 7,54%), EE (0,92 a 2,4%), FDN (17 a 24,5%), FDA (15,43 a 21%) e EB (2.318,0 a 3.291,8 kcal/kg). Dessa forma, os resultados da presente pesquisa são semelhantes para as variáveis MS, PB, EE, FDA e EB e divergem para a concentração de FDN, encontrados por Mciteka (2008). Comparando com a composição bromatológica obtida por Çürek & Özen (2004) que 88 obtiveram valores totais de MS de 20%, MO de 64%, PB de 2,17%, EE de 7,71% e MM de 36% os valores obtidos na presente pesquisa são divergentes. As grandes variações obtidas por Çürek & Özen (2004) do elemento Ca++ (3,33 a 10,44%), que variaram conforme a época do ano, exemplificam a importância de considerarmos os múltiplos fatores que irão influenciar a composição final da silagem de palma forrageira. Haja vista que nenhum dos autores pesquisou o uso da silagem para animais não ruminantes, os coeficientes de metabolizabilidade não puderam ser comparados. Comparando-se os coeficientes de metabolizabilidade da silagem de palma forrageira com os do farelo de palma relatado no capítulo anterior, a silagem de palma apresenta maiores coeficientes para EB, MO, MM, FDN e FDA. Tabela 2. Valores de nutrientes totais e digestíveis, coeficiente de metabolizabilidade e concentração dos ácidos graxos de cadeia curta da silagem de palma forrageira Nutrientes Total Digestível Coeficientes de (%) (%) Metabolizabilidade EB*(kcal/kg) 2.463,59 68,17 3.613,81 1 EMAn (kcal/kg) 2.456,92 Matéria seca 25,00 8,43 33,71 Matéria orgânica 82,79 68,71 82,78 Matéria mineral 17,00 5,45 32,07 Proteína bruta 6,97 4,14 59,40 Extrato etéreo 1,74 0,43 24,64 Fibra em detergente neutro 40,00 18,09 45,23 Fibra em detergente ácido 19,55 7,27 37,21 Carboidratos totais 74,29 Carboidratos não fibrosos 34,29 Cálcio 3,56 Potássio 2,25 Sódio 0,37 Dias de ensilagem Ácidos graxos de cadeia curta (ppm) 60 120 150 Lático 6.692,05 6.669,90 6.827,10 Acético 3.165,42 3.597,10 2.891,27 Propriônico 480,59 601,47 178,34 Butírico 39,28 43,32 31,59 * Para a energia Bruta - EB, os valores são de energia metabolizável aparente e coeficiente de metabolismo. 89 O melhor aproveitamento dos nutrientes da silagem de palma em relação ao farelo de palma (capítulo anterior) refletiu em maior EMAn (2.456,92 kcal/kg vs 1.012,59 kcal/kg). Conforme relatado, a idade da palma e época do ano de corte, entre outros fatores, influenciam a composição da palma forrageira e, consequentemente, a composição dos produtos obtidos a partir dela (SANTOS et al., 2006). A palma do presente estudo era mais nova (12 meses do último corte) e, consequentemente, apresentou menores concentrações da fração fibrosa (FDN e FDA), enquanto a utilizada para obtenção do farelo de palma era mais velha (24 meses do último corte) com maiores concentrações das frações fibrosas. O aumento da concentração de fibra reduz a concentração de energia da dieta, uma vez que a fibra, além de apresentar menor coeficiente de digestibilidade de sua fração, irá também reduzir a digestibilidade aparente fecal dos outros nutrientes dietéticos, como proteína e gordura, resultando em menor valor de energia metabolizável (URRIOLA & STEIN, 2012). Em termos nutricionais, a silagem de palma mostrou apresentar satisfatória concentração de energia metabolizável, apresentando em torno de 60% da quantidade de energia metabolizável da silagem de milho de grão úmido (3.918 kcal/kg) que, apresenta maior coeficiente de metabolismo (82 a 88%) (LOHMANN et al., 2010). A concentração média dos ácidos graxos de cadeia curta (AGCC) lático, acético, propiônico e butírico, nos três períodos de ensilagem, em valores percentuais foram, respectivamente, 2,69%; 1,35%; 0,19% e 0,02%. Çürek & Özen (2004) obtiveram resultados semelhantes para o ácido lático (2,59%), acético (1,53%), e diferente para o butírico (0,34%). Os resultados divergem dos de McIteka (2008), que obteve os seguintes valores: lático 6,93%, acético 23%, propiônico 17,41% e butírico 3,63%, com base na MS. Fatores inerentes à botânica do alimento ensilado (teor de açúcares, concentração de MS e poder tamponante), a forma de ensilagem, o uso de inoculantes, bem como o período de ensilagem irá influenciar a produção desses ácidos (ÇÜREK & ÖZEN, 2004). Numericamente, houve variações nas concentrações dos AGCC com o aumento do tempo de ensilagem (60 a 150 dias). O ácido lático, que é o principal ácido envolvido na queda do pH e conservação da silagem, apresentou aumento de 2% em sua 90 concentração aos 150 dias de ensilagem em comparação ao 60 dias, enquanto as concentrações dos demais ácidos reduziram em 9%, 62% e 20% para o ácido acético, propiônico e butírico, respectivamente. Os níveis de restrição da ração balanceada influenciaram as variáveis, CRD (P<0,01), GPD (P<0,05) e CST (P<0,01). Contudo, a conversão alimentar não foi influenciada (P>0,05) (Tabela 3). A variável CRD apresentou comportamento padrão à metodologia, reduzindo-se conforme aumentava o nível de restrição da ração balanceada. A variável GPD seguiu o comportamento do consumo de ração reduzindose linearmente à medida que aumentava a restrição da ração balanceada, sendo que a cada 1% de restrição alimentar reduziu em 3,42% o GP e 0,09% o GPD. O consumo de silagem aumentou linearmente à medida que restringiu-se a ração balanceada e a cada 1% de restrição alimentar aumentou em 4,42% o CST. Contudo, o consumo de silagem foi abaixo do necessário para atender as exigências nutricionais dos animais. Diferente do observado no ensaio de metabolismo, no qual os animais que receberam a dieta teste que continha 30% de silagem de palma apresentaram numericamente maiores consumos de ração do que os animais da dieta referência (dados não apresentados), no experimento de desempenho, a silagem não foi bem aceita pela maioria dos animais. O consumo médio diário de silagem foi somente 245g, 220g e 461g para os níveis de 10, 20 e 30% de restrição, respectivamente. No ensaio de desempenho, diferentemente do ensaio de metabolismo, os animais tiveram opção de escolha do alimento a ser consumido, pois foram fornecidos separadamente e, mesmo em condições de restrição, os animais apresentaram comportamento seletivo dando preferência ao consumo da ração balanceada. Nesse sentido, o comportamento apresentado nas variáveis está relacionado ao efeito da restrição alimentar. A redução no GPD observada na presente pesquisa está de acordo com trabalhos publicados anteriormente, isso porque a restrição alimentar reduz a disponibilidade de nutrientes para a produção e modifica o metabolismo de utilização da energia (LEBRET et al., 2001; DAZA et al., 2003; LOVATTO et al., 2006; SERRANO et al., 2009). Durante a restrição alimentar, a maior parte da energia metabolizável será utilizada para 91 manutenção do animal. Ao mesmo tempo, a maior fração de energia retida será mantida como proteína, esses dois mecanismos opostos estão relacionados com o ganho de peso dos animais em restrição (LOVATTO et al., 2006). Animais como os da presente pesquisa, que foram selecionados geneticamente para maior precocidade e alta taxa de deposição de tecido muscular, apresentam alta demanda de aminoácidos e energia, consequentemente, são mais sensíveis ao efeito da restrição alimentar (CHIBA et al., 2002). Diferente da variável ganho de peso, a conversão alimentar é menos sensível à restrição alimentar. Restrição moderada (até 30%) tem pouco ou nenhum efeito sobre esta variável, por outro lado, restrição severa (acima de 45%) influencia negativamente a conversão alimentar (DAZA et al., 2003), sendo assim, o resultado da presente pesquisa está de acordo com os dados publicados por Lebret et al. (2001), Daza et al. (2003), Serrano et al. (2009) e Lovatto et al. (2006) que restringiram a ração em 25%, 25%, 28% e 40% respectivamente. Tabela 3. Efeito dos níveis de restrição alimentar sobre, consumo de ração (CR, g/dia), ganho de peso (GP, g/total), ganho de peso diário (GPD, g), conversão alimentar (CA, g:g) e consumo de silagem total (CSL, g) Variáveis Níveis de restrição % 0 10 20 30 Efeito CV(%) CR 3.150,00 2.835,00 2.520,00 2.210,00 L** 11,77 GPD 1.340,00 1.170,00 1.150,00 1.050,00 L* 9,96 CA 2.350,00 2.423,00 2.200,00 2.110,00 NS 11,14 CSL 0 9.070,00 8.160,00 17.080,00 L** 17,34 * Significativo a 5% de probabilidade pelo teste F (P<0,05), **Significativo a 1% de probabilidade pelo teste F (P<0,01%). NS - Efeito não significativo (P>0,05) pelo teste F. Equações: CRD - Ŷ=3,3576000-0,285600x, r2 = 0,73; GPD - Ŷ=1,406600-0,091500x, r2 = 0,64; CSL - Ŷ=2,8686000+4,4244x, r2 = 0,89. Os níveis de restrição associados ao fornecimento de palma forrageira não influenciaram (P>0,05) o rendimento da carcaça e o rendimento dos cortes pernil, costela, paleta, barriga, pescoço, lombo, filé; o comprimento da carcaça e a espessura de toucinho. Contudo, houve redução linear no peso final do animal, peso da carcaça 92 quente, peso da carcaça fria e perda de peso no resfriamento e aumento linear no rendimento de carne fria (P<0,05) (Tabela 4). A cada 1% de restrição alimentar reduziu em 1,95 e 1,60% os pesos das carcaças quentes e fria respectivamente, por outro lado aumentou em 1,4% o rendimento de carne na carcaça. A redução do peso absoluto da carcaça quente e fria está relacionada com a redução do peso dos animais que receberam restrição da ração, uma vez que o rendimento de carcaça não foi alterado. As pesquisas têm evidenciado que o rendimento de carcaça somente é influenciado quando os animais são submetidos à restrição alimentar severa (acima de 45%). Nessas condições, ocorre uma redução do peso dos órgãos, devido à perda de gordura visceral e água, levando a aumento no rendimento da carcaça (LOVATTO et al., 2006). Sendo assim, a não alteração no rendimento de carcaça está de acordo com os trabalhos publicados por Bertol et al. (2001), Daza et al. (2003), Serrano et al. (2009) e Cantarelli et al. (2009). A quantidade de carne na carcaça não foi alterada, entretanto, o rendimento de carne resfriada na carcaça aumentou linearmente com aumento dos os níveis de restrição e consumo de silagem, proporcionando uma carcaça mais magra. Trabalhos com raças melhoradas geneticamente têm demonstrado que suínos alimentados em restrição alimentar, em comparação com os alimentados de forma ad libitum, tanto na fase de crescimento como terminação reduzem a taxa de crescimento e, consequentemente resulta em carcaça mais magra, isso porque, durante a restrição alimentar, a maior fração de retenção de energia é na forma de proteína em vez de lipídios (LEBRET et al., 2001; DAZA et al., 2003; LOVATTO et al., 2006; PUGLIESE et al., 2013). Como relatado, a espessura de toucinho subcutânea não foi influenciada pelos níveis de restrição e consumo de silagem, resultados que estão de acordo com os de Daza et al. (2003). Contudo, a restrição alimentar irá reduzir consideravelmente a gordura visceral (WARPECHOWSKI et al., 1999), intramuscular e perirrenal (LEBRET et al., 2001), dessa forma aumentando a relação carne/gordura na carcaça. Vale ressaltar que, em restrição alimentar, os suínos reduzem tanto a taxa de deposição 93 proteica como a de deposição lipídica, contudo, a taxa de deposição lipídica reduz em maior proporção e, apesar da taxa de deposição proteica ser maior, em condições de restrição os suínos aumentam a eficiência energética em vez de diminuir. A explicação para esse fato se deve à redução no turnover proteico e, consequentemente, a redução do gasto de energia (SERRANO et al., 2009). Tabela 4. Efeito dos níveis de restrição alimentar + silagem de palma forrageira (SPF), sobre o peso final (PF), rendimento de carcaça (RC), peso da carcaça quente (PCQ), peso da carcaça fria (PCF), perda de peso no resfriamento (PRF), comprimento da carcaça (CPC), rendimentos de cortes (R), espessura de toucinho (ET), rendimento de carne fria (RCF) e a quantidade de carne na carcaça (QCar) Níveis de restrição + SPF Variáveis 0 10 20 30 Efeito CV% ** PF (kg) 116,68 109,60 108,68 104,62 L 4,0 RC (%) 81,53 81,60 80,79 79,87 NS 3,52 PCQ (kg) 47,9 44,18 43,62 41,60 L** 4,69 PCF (kg) 45,56 42,98 41,72 40,66 L** 3,81 PRF (%) 5,59 2,73 3,56 2,36 L* 3,81 CPC (cm) 97,60 97,20 98,80 96,40 NS 3,61 26,97 R pernil 26,36 26,97 27,97 NS 3,58 R costela 17,75 16,42 17,35 17,15 NS 7,05 R paleta 19,45 19,61 20,49 19,61 NS 7,00 R barriga 7,95 7,03 6,93 7,13 NS 13,77 R pescoço 4,29 4,12 4,31 3,98 NS 17,00 a R lombo 7,13 7,67 7,71 7,66 NS 8,11 R filé 1,71 1,57 1,78 1,60 NS 6,90 b ET1 (mm) 2,84 2,34 2,34 1,91 NS 28,10 c pH0 6,02 5,95 6,10 6,03 NS 2,09 pH24d 5,83 5,74 5,82 5,85 NS 4,97 RCF (%) 57,29 58,94 60,45 61,33 L* 3.01 QCar. (kg) 26,86 26,03 26,79 26,43 NS 4,37 a = Lombo sem osso; b = Espessura de toucinho, média dos pontos P1, P2 e P3; c= pH inicial (0 hora); d = pH final (24 horas); espessura de toucinho nos pontos p1, p2 e p3; NS – Não significativo ao nível de 5% pelo teste F. Equações: PF: Ŷ=119,1700-3,71x, r2 = 0,71; PQ: Ŷ = 49,19-1,94600x, r2 = 0,55; PCF: Ŷ = 46,7200-1,59600x, r2 = 0,73; PRF: Ŷ = 5,5205800811-0,730815675x, r2 = 0,73; RCF: Ŷ = 55,988560+1,425306x, r2 = 0,68. 94 Como relatado, a espessura de toucinho subcutânea não foi influenciada pelos níveis de restrição e consumo de silagem, resultados que estão de acordo com os de Daza et al. (2003). Contudo, a restrição alimentar irá reduzir consideravelmente a gordura visceral (WARPECHOWSKI et al., 1999), intramuscular e perirrenal (LEBRET et al., 2001), dessa forma aumentando a relação carne/gordura na carcaça. Vale ressaltar que, em restrição alimentar, os suínos reduzem tanto a taxa de deposição proteica como a de deposição lipídica, contudo, a taxa de deposição lipídica reduz em maior proporção e, apesar da taxa de deposição proteica ser maior, em condições de restrição os suínos aumentam a eficiência energética em vez de diminuir. A explicação para esse fato se deve à redução no turnover proteico e, consequentemente, a redução do gasto de energia (SERRANO et al., 2009). Resultado do percentual de perda por resfriamento contraria o esperado, tendo em vista que não houve influência dos tratamentos nos valores de pH inicial e final (0h e 24h) e, na espessura de gordura subcutânea. Os valores de pH estão diretamente relacionados a qualidade da carne. O pH está associado às características físicoquímicas da carne, contribuindo significativamente para sua qualidade; explica cerca de 60% da variação total sofrida pela carne após o abate (BARBOSA et al., 2006), indicando a ocorrência de carnes PSE e DFD. Os valores de pH obtidos estão dentro da faixa que se classifica como normal, uma vez que segundo o National Pork Producers Council (1998) a carne suína é de qualidade quando apresenta pH inicial maior que 5,8 e final menor que 5,9. Em relação a espessura de gordura subcutânea, sabe-se que a camada de gordura é um obstáculo que evita a perda de água (VIEIRA et al., 2010). A explicação para a redução da perda de peso no resfriamento nas carcaças dos animais que receberam restrição alimentar pode ser através de dois fatores: O primeiro e mais simples, é que carcaças mais pesadas apresentam maiores quantidades de tecido muscular, que apresentam maior proporção de água em sua composição, resultando quantitativamente em mais perdas (LEBRET et al., 2001). Segundo, uma vez que as carcaças foram refrigeradas na mesma câmara fria, ou seja, em iguais condições de temperatura e umidade relativa do ar, a perda de peso no resfriamento pode também 95 estar ligada à velocidade de estabelecimento do rigor mortis. Segundo Huff-Lonergan et al. (1998), os processos bioquímicos que acontecem no músculo após o abate, envolvem principalmente a degradação e ressíntese de ATP. Após o abate, o ATP, fosfato de creatina e glicogênio são as fontes de energia para o músculo, sendo o glicogênio a principal. Após o consumo das reservas de glicogênio, ocorre uma rápida redução da concentração de ATP, com paralização do relaxamento das fibras musculares e estabelecimento do rigor mortis. A quantidade de glicogênio e fosfato de creatina irá influenciar o início do rigor mortis; quanto maior a quantidade dessas reservas no momento do abate, mais irá demorar a estabelecer o rigor mortis (HUFF-LONERGAN et al., 1998). Sendo assim, carcaças mais pesadas, que possuam mais reservas de glicogênio, apresentam por mais tempo o relaxamento das fibras musculares, podendo haver mais perda no momento do resfriamento. Apesar de não avaliarmos a concentração de glicogênio muscular, a avaliação da quantidade de glicogênio hepático apresentou redução linear, à medida que se restringia a ração (P<0,05) (Tabela 8), observou-se também aumento da concentração de creatinina no plasma dos animais que passaram por restrição alimentar (Tabela 7), indicando baixa reserva energética dos animais que receberam a ração restrita e consequentemente mais cedo estabeleceram o rigor mortis. Os níveis de restrição associados ao consumo da silagem da palma forrageira não influenciaram o peso absoluto do estômago, intestino delgado, cólon, ceco, pâncreas, coração e baço, bem como o comprimento do intestino delgado (P>0,05). Contudo, reduziu linearmente o peso absoluto do fígado e rins (P<0,05) (Tabela 5). Alterações no peso absoluto dos órgãos variam de acordo com o nível de restrição, sexo, idade dos animais, nível de proteína e aminoácidos na ração (POND & MERSMANN, 1990). A redução do peso absoluto do fígado corrobora a redução de glicogênio hepático (Tabela 8) à medida que se aumenta a restrição alimentar. Dessa forma, a diminuição da disponibilidade de nutrientes, devido à restrição alimentar, faz com que diminua a reserva energética hepática (glicogênio), principalmente nos níveis de restrição de 20 e 30%, deixando o fígado mais leve. Todavia, o peso relativo de todos os órgãos não foi 96 influenciado pelos níveis de restrição e fornecimento da silagem (P>0,05, dados não demonstrados), evidenciando que o aumento do peso absoluto do fígado e rins também pode ter sidos alterados em função do peso corporal dos animais, isto é, animais mais pesados apresentaram maiores pesos desses órgãos. Em concordância, Lovatto et al. (2006), restringindo 40% da ração dos suínos na fase final de crescimento, também não observaram redução nos pesos relativos e atividade metabólica dos órgãos. Tabela 5. Efeito dos níveis de restrição alimentar + silagem de palma forrageira (SPF), sobre o peso do estômago cheio e vazio, intestino delgado (ID), cólon, ceco, fígado, coração, rins, pâncreas, baço e comprimento do intestino delgado Níveis de restrição + SPF Variáveis (g) 0 10 20 30 Efeito CV(%) 849 959 808 914 Estômago cheio NS 21,61 Estômago vazio 645 648 568 658 NS 12,43 ID cheio 2347 2408 2388 2223 NS 13,66 ID vazio 1679 1757 1646 1629 NS 13,75 Cólon cheio 1787 1988 2082 1738 NS 26,77 Cólon vazio 942 875 817 837 NS 22,23 Ceco cheio 437 586 430 420 NS 38,65 Ceco vazio 176 215 151 160 NS 26,10 Fígado 1594 1433 1399 1315 L* 9,06 Pâncreas 479 412 399 419 NS 14,94 Coração 11,76 419 363 371 392 NS Rins 317 318 303 269 L* 7,18 Baço 165 172 168 148 NS 17,60 Comprimento ID 18,52 18,44 18,05 18,29 NS 6,00 NS - Não significativo ao nível de 5% pelo teste f (P>0,05). * Efeito linear (P<0,05). Equações: Fígado: Ŷ=1653,0-87,1X , r2: 0,56; Rins Ŷ=345,50–15,90X; r2: 0,61. Os níveis de restrição associado ao consumo de silagem não influenciaram as concentrações dos ácidos acético, propiônico e butírico no conteúdo cecal e o valor de pH (P>0,05) (Tabela 6). Esperava-se que, com o consumo da silagem de palma, houvesse alterações nas concentrações dos ácidos graxos de cadeia curta, acompanhando a mesma relação dos ácidos acéticos, propiônico e butírico presentes na silagem. Contudo, de acordo com Varel & Yen (1997), a população bactéria se adapta à 97 dieta com alta fibra dentro de 14 dias. Além do mais, a produção dos ácidos graxos de cadeia curta, no intestino grosso dos suínos é influenciada pelo tipo e nível de fibra da dieta, idade e categoria animal, nível de inclusão e raça (SERENA et al., 2008; URRIOLA & STAIN, 2012). Tabela 6. Efeito dos níveis de restrição associado ao fornecimento de silagem de palma forrageira (SPF) sobre o pH e conteúdo dos ácidos graxo de cadeia curta Ácidos graxos Níveis de restrição + SPF (ppm) Efeito CV% 0 10 20 30 Acético 11.451,05 10.712,12 9.953,88 10.161,69 NS 10,21 Propiônico 774,76 866,24 778,56 669,20 NS 22,50 Butírico 40,43 43,50 36,98 42,13 NS 7,85 pH 5,54 5,43 5,69 5,62 NS 4,32 NS - Efeito não significativo pelo teste F (P>0,5). Na avaliação dos parâmetros bioquímicos do plasma sanguíneo foi observado que antes do jejum os níveis de restrição + SPF não influenciaram (P>0,05) a concentração plasmática de proteína total, glicose, triglicerídeos, colesterol e albumina, no entanto, a concentração de creatinina aumentou linearmente (P<0,05) à medida que se restringia a ração balanceada (Tabela 7). Após o jejum, nenhum parâmetro bioquímico foi influenciado (P>0,05) e, os valores de creatinina numericamente aumentaram em todos os tratamentos. Os parâmetros bioquímicos são utilizados como ferramenta para avaliar o status nutricional dos animais. A creatinina e a uréia participam do metabolismo energético e proteico; e também podem ser utilizados como indicadores da saúde renal (KANEKO, 1997; OELKE et al., 2008). De acordo com Deguchi (1998), a quantidade de creatinina excretada pelo corpo é proporcional ao peso dos animais. Pesquisas têm relacionada maior concentração de creatinina circulante ao maior catabolismo muscular (OELKE et al., 2008). Na presente pesquisa, a concentração de creatinina antes e após o jejum está dentro da faixa indicada como normal para suínos saudáveis (1,0 a 2,7 mg/dL) (KANEKO, 1997), contudo, observa-se que a concentração, antes do jejum, estava abaixo nos animais do grupo que receberam ração ad libitum comparando-se ao grupo 98 que recebeu ração restrita e, após o jejum, a concentração aumentou. Esses resultados indicam que os animais que receberam a alimentação restrita estavam em catabolismo muscular, mesmo consumindo a silagem de palma forrageira. Tabela 7. Efeito da restrição alimentar associado a silagem de palma forrageira (SPF) sobes os parâmetros bioquímicos de suínos antes e após o jejum Variáveis Níveis de restrição + SPF mg/dL 0 10 20 30 Efeito CV (%) Antes do jejum 7,68 7,68 7,96 7,92 Proteína total NS 4,15 1,82 1,93 2,10 2,14 Creatinina L** 6,48 110,54 97,98 101,72 97,44 Glicose NS 14,73 Triglicerídeos 37,98 39,66 36,70 41,22 NS 18,94 73,44 75,22 75,52 87,92 Colesterol NS 12,23 3,74 3,60 3,55 3,55 Albumina NS 6,24 Uréia 22,36 18,10 21,68 20,72 NS 32,12 Após jejum 7,96 7,82 7,90 7,64 Proteína total NS 8,04 Creatinina 2,09 2,13 2,25 2,30 NS 8,29 Glicose 98,74 98,24 87,94 90,00 NS 9,56 Triglicerídeos 38,44 33,32 33,52 33,96 NS 26,95 Colesterol 76,42 79,90 78,70 87,76 NS 9,02 Albumina 3,98 3,78 3,66 3,56 NS 8,21 Uréia 26,30 20,58 23,30 22,34 NS 28,53 NS - Efeito não significativo (P>0,05), **L - Efeito linear (P<0,01). Equação: Ŷ = 1,714+0,1142X , r2 = 0,65. A espessura da mucosa intestinal dos animais submetidos à restrição alimentar e consumo de silagem diminuiu conforme o aumento dos níveis de restrição alimentar (Tabela 8). Todos os tratamentos com restrição alimentar tiveram uma espessura de mucosa menor em relação ao tratamento controle (Figura 1). À medida que se restringiu a ração, houve alterações morfológicas no intestino que se acentuaram com o aumento da porcentagem de restrição. Além da diminuição da espessura da mucosa, houve diminuição da quantidade de dobras intestinais, inclusive com ausências delas no maior nível de restrição. Essas alterações morfológicas levam a diminuição da área de contato da 99 mucosa intestinal com o alimento, diminuindo a absorção alimentar (APTEKMANN et al., 2001; GOMIDE-JUNIOR et al., 2004). O aumento da restrição alimentar também levou a diminuição da quantidade de glândulas na camada submucosa (glândulas de Brunner), bem como o desaparecimento por completo dessas glândulas em muitas regiões intestinais dos animais que foram submetidos aos maiores níveis de restrição (20 e 30%) (Figura 1). Em 42,10% das fotomicrografias analisadas dos animais com nível de restrição de 20%, e em 70,59% das fotomicrografias analisadas dos animais com 30% de restrição não havia glândulas na submucosa. Nessas regiões pode-se notar a substituição dessas glândulas por tecido adiposo. Também se verificou menor quantidade de células caliciformes no epitélio intestinal, para os animais que receberam 30% de restrição. A diminuição na quantidade de glândulas, sejam elas do epitélio intestinal ou da submucosa, pode afetar a saúde animal uma vez que as mesmas tem importância no fluxo regular do bolo alimentar pelo intestino, evitando constipações e protegendo a mucosa intestinal de lesões causadas por agentes patógenos (GOMIDE-JUNIOR et al., 2004). Outra característica histopatológica intestinal encontrada foi à presença de áreas com processos inflamatórios na submucosa, que em alguns casos se infiltrava até a lâmina própria da mucosa. Esses achados foram mais observados nos níveis de 20 e 30% de restrição (Figura 2). Se os animais tivessem consumido a silagem de palma em maiores quantidades, ao ponto de evitar a perda de peso, poderíamos atribuir essas alterações na mucosa intestinal ao aumento do consumo de fibra, pois diversos trabalhos relacionam o aumento da viscosidade da digesta, que é proporcionado pela fibra dietética, com perdas de células das vilosidades, levando a atrofia das vilosidades, aumento da profundidade das criptas e redução da espessura da mucosa intestinal (MONTAGNE et al., 2003; DONG & PLUSKE, 2007). Nesse caso, pode-se atribuir essas alterações aos efeitos da restrição alimentar. 100 Tabela 8. Espessura de mucosa de duodeno e depósito de glicogênio hepático de suínos recebendo níveis de restrição alimentar + silagem de palma forrageira (SPF) Níveis de restrição alimentar + SPF Variáveis (mm) 0% 10% 20% 30% Espessura duodeno 1736 ± 84ª 1216 ± 87b 1032 ± 69 c, d 1064 ± 247d Glicogênio hepático 2,21±0,41ª 2,07 ± 0,26a 1,41 ± 0,50b 1,07 ± 0,20b Médias seguidas de letras diferentes na linha apresentam diferença estatística, ao nível de 5% de probabilidade, pelo teste Tukey (P<0,05). Dessa forma, observa-se que a redução da quantidade de energia e nutrientes oferecidos aos animais influenciou negativamente o desenvolvimento do intestino delgado, reduzindo sua espessura e consequentemente a superfície de absorção dos nutrientes. Pluske et al. (1997) demonstraram que a altura das vilosidades correlacionase positivamente com o ganho de peso corporal e consumo de nutrientes. Igualmente, Dong & Pluske (2007) relataram que o desenvolvimento intestinal está diretamente relacionado ao consumo de alimento; animais que têm alimentação restrita apresentam menor desenvolvimento do intestino e, consequentemente, menor aproveitamento dos alimentos. Este fato ocorre porque o trato gastrintestinal apresenta uma alta demanda de energia e nutrientes requerida para a proliferação celular (MONTAGNE et al., 2003; LOVATTO et al., 2006). Apesar de não medirmos diretamente a quantidade de muco, a redução das células caliciformes e das glândulas de Brünner observados, que são produtoras de muco, indicam menor produção de muco com a redução do consumo de ração. A proteção intestinal contra infecção bacteriana exige uma camada de muco intacto na superfície, e a eficiência da proteção depende tanto da quantidade de muco (espessura) como da qualidade (MONTAGNE et al., 2003; FORTUN-LAMONTHE & BOULLIER, 2007). O aparecimento de processos inflamatórios deve estar relacionado à redução na quantidade de muco e, consequentemente, menor proteção do epitélio intestinal, haja vista que o muco forma um revestimento protetor sobre a superfície do enterócito, reduzindo a ligação de agentes patogênicos aos enterócitos (FORTUN-LAMONTHE & 101 BOULLIER, 2007) ou mesmo pela redução das células de Paneth, que secretam para o lúmem várias substâncias, tais como lactoferrina, lactoperoxidase e lisozima, as quais apresentam atividade bacteriolítica ou bacteriostática, entre outras (SCHRODER, 1999). Contudo, o simples fato da menor disponibilidade de nutrientes pode reduzir a capacidade de defesa do organismo, pois estes têm papel importante na formação da imunidade, atuando como substratos para enzimas, multiplicação de células durante a resposta imune e síntese eficaz de moléculas (anticorpos, óxido nítrico, lisozima) ou moléculas informantes como a citocinas (FORTUN-LAMONTHE & BOULLIER, 2007). Em relação ao acúmulo de tecido adiposo na submucosa do intestino dos animais que receberam maiores níveis de restrição, pouco se conhece sobre esse fato, no entanto, algumas hipóteses podem ser elencadas. Primeiramente, segundo Douglass et al. (2012), o acúmulo de lipídios nos enterócitos e intestino é concomitante com disfunção metabólica, como por exemplo, mediante um processo inflamatório. Nesse caso, o processo inflamatório instalado pode ter alterado o metabolismo dos lipídios. Segundo, a redução da taxa de secreção lipídica intestinal contribui para maior capacidade de armazenamento de gordura da dieta no enterócito, resultando em maior acúmulo de lipídio no intestino (DOUGLASS et al., 2012). Por fim, em estudo com ratos, Covasa & Ritter (2000) demonstraram que o esvaziamento gástrico por longo tempo leva a diminuição dos níveis de colescistocinina (CCK), hormônio que está diretamente relacionado no metabolismo de lipídios, podendo dessa forma haver um acúmulo de lipídios na mucosa intestinal. Não foi observado efeito significativo (P>0,05) dos níveis de restrição alimentar associados ao fornecimento de silagem de palma forrageira sobre o custo em ração por quilograma de peso vivo, índice de eficiência econômica e índice de custo de suínos na fase de terminação (Tabela 9). Esses resultados demonstram que do ponto de vista econômico o produtor pode optar por produzir animais mais leves, e carcaças com maior proporção de carne e menor gordura, sem, no entanto, ter prejuízos econômicos. 102 Figura 1. Fotomicrografias de duodeno de suínos submetidos a diferentes níveis de restrição e fornecimento de silagem de palma forrageira (A: controle, B: 10% de restrição alimentar, C: 20% e D: 30%). A) controle, nota-se a presença de mucosa espessa com glândulas mistas na submucosa e camada muscular. B) 10% de restrição alimentar, nota-se mucosa com menor espessura, e infiltrado adiposo na submucosa, entretanto glândulas ainda estão presentes em tal camada. C) 20% de restrição alimentar, nota-se mucosa menos espessa, menor quantidade de glândulas na submucosa e aumento de tecido adiposo na submucosa. D) 30% de restrição alimentar, nota-se mucosa menos espessa, ausência de glândulas e grande quantidade de tecido adiposo na submucosa. Mucosa (1), submucosa (2), muscular (3), glândulas da submucosa (setas), tecido adiposo (asterisco). Coloração de hematoxilina-eosina. Barra: 1000µm. Figura 2. Fotomicrografia de duodeno de suíno representando dieta com restrição alimentar de 20 e 30% com inclusão de palma na dieta. Observa-se submucosa sem glândulas mistas e com grandes áreas de processos inflamatórios (pontas de seta), inclusive com infiltração na lâmina própria da mucosa (seta branca). Observa-se também grande quantidade de tecido adiposo na submucosa (asterisco). Coloração de hematoxilina-eosina. Barra: 1000µm. 103 Tabela 9. Peso inicial, peso final, custo de ração (CR1, R$/kg), custo da silagem (CS, R$/kg), custo em ração por quilograma de peso vivo ganho (CR2), índice de eficiência econômica (IEE) e índice de custo (IC) de suínos alimentados com dietas com diferentes níveis de restrição mais silagem de palma forrageira (SPF) Níveis de restrição + SPF Efeito1 Variáveis CV2 % 0% 10% 20% 30% Regressão Dunnett Peso inicial (kg) 64,34 63,78 64,04 63,94 Peso final (kg) 116,68 109,6 108,68 104,62 CS, R$/kg 00 0,27 0,27 0,27 CR1, R$/kg 0,97 0,97 0,97 0,97 CR2, R$/kg/PV 2,28 2,34 2,24 2,21 NS NS 7,78 IEE (%) 95,28 90,70 96,87 100 NS NS 7,20 IC (%) 105,33 110,79 103,44 100 NS NS 7,76 NS- Efeito não significativo a 5% de probabilidade pelo teste Tukey (P>0,05). análise de regressão; teste de médias Dunnett. 2 CV – Coeficiente de variação. 1 Regressão – Conclusões Para suínos na fase de terminação a silagem de palma forrageira apresenta satisfatória concentração de energia metabolizável, representando 60% do valor de energia contida no milho. Entretanto, devido ao baixo consumo, a silagem de palma forrageira não é recomendada para utilização na alimentação de suínos. Considerando as variáveis conversão alimentar e os rendimentos de carcaça e cortes, pode-se restringir quantitativamente a ração balanceada em até 30% do consumo diário desses animais sem piorar essas variáveis. A restrição de até 30% da ração balanceada não influencia a viabilidade econômica, contudo, níveis acima de 10% comprometem a saúde intestinal, por reduzir a produção de muco intestinal, a espessura da mucosa, ocasionar processos inflamatórios e levar ao acúmulo de lipídios na submucosa intestinal. 104 Referências bibliográficas ABCS. Associação Brasileira de Criadores de Suínos. Método Brasileiro de Classificação de Carcaças. Estrela: ABCS. 17p, 1973. (Publicação Técnica nº2). 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