Fernando Ferrari

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Fernando Ferrari
Fernando Ferrari
© dos autores
1ª edição 2013
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e os jornais pertencem ao Acervo de Imprensa do Museu da Comunicação
Hipólito José da Costa (Porto Alegre, RS).
Fernando Ferrari: ensaios sobre o político das mãos limpas. /
organizado por Fernando Ferrari Filho. – Porto Alegre :
Tomo Editorial, 2013.
272 p.
F375
ISBN 978-85-86225-80-2
1. Ferrari, Fernando – biografia. 2. Política – Rio Grande
do Sul. 3. Trabalhismo – Rio Grande do Sul. I. Ferrari Filho,
Fernando. II. Título.
CDU 929 Ferrari
32 (816.5)
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Fernando Ferrari
ensaios sobre o
político das mãos limpas
ORGANIZADO POR
Fernando Ferrari Filho
Porto Alegre, 2013
Para Elza Ferreira Ferrari,
in memoriam, pelo exemplo de vida
e dedicação aos seus filhos.
“Morto, és ainda a mesma chama que se
cristaliza para consagrar tua obra.”
Fernando Ferrari (Minha campanha, 1961)
Sumário
11Prefácio
15
Apresentação e agradecimentos
ENSAIOS
21
Fragmentos de lembranças
Cláudia Maria Ferrari Barbosa
49
A trajetória e o pensamento político de
Fernando Ferrari no período 1947-1959
Marcelo Ferrari Barbosa
Ricardo Oliveira da Silva
79
Fernando Ferrari e o trabalhismo renovador: os anos de 1959 a 1963
Maura Bombardelli
Ricardo Oliveira da Silva
119 Fernando Ferrari e o capitalismo solidário para o Brasil
Fernando Ferrari Filho
157 Fernando Ferrari: o político exemplar
Emiliano Limberger
191 Conversas sobre Fernando Ferrari
Lívia Ferrari
DEPOIMENTOS
215 Homenagem a Fernando Ferrari
Darcy Walmor Zibetti
219 Fernando Ferrari: um destaque na política
Jauri Gomes de Oliveira
222 Como aderi ao turbilhão da Campanha das Mãos Limpas
José Fraga Fachel
224 Uma brilhante trajetória política cortada ao meio
Pedro Simon
230 Lembranças de Fernando Ferrari
Antonio Carlos Rosa Flores
232 25 de maio de 1963
Cláudio Brito
DISCURSOS E MANIFESTAÇÕES PÚBLICAS DE FERNANDO FERRARI
235 Os motivos da escolha da carreira política
239 Carta-renúncia à liderança do Partido Trabalhista Brasileiro
249 Carta de aceitação à candidatura para
disputar a vice-presidência da república
252 Ferrari ao Brasil
257 Voto contra o parlamentarismo
259 Ao Rio Grande
263 Adeus à Câmara
271 Biografia cronológica
Prefácio
Fernando Ferrari foi um grande político. No melhor sentido da palavra, um
idealista. Este livro, organizado por Fernando Ferrari Filho, é mais do que
uma homenagem a um pai digno de orgulho. É um inventário. Nestes tempos em que só se fala de corrupção no Brasil, o nome do gaúcho Fernando
Ferrari, natural de São Pedro do Sul, agiganta-se como um verdadeiro paladino da ética. Basta dizer que, ainda jovem, empregado em uma instituição pública federal no Rio de Janeiro, denunciou aos jornais irregularidades
no órgão onde trabalhava. Pediu demissão e voltou aos pagos. Essa postura
guiaria toda a sua vida política, começada no Partido Trabalhista Brasileiro
(ptb) desde a sua fundação. Eleito deputado estadual e, depois, por três vezes
deputado federal, nunca se afastou um milímetro dos seus pontos de vista.
Estava na política para servir, não para se servir. Queria ajudar a mudar o
país. Nada mais.
Com essa postura, apoiou a candidatura do dissidente Loureiro da Silva,
que migrou do ptb para o Partido Democrático Cristão (pdc), à prefeitura
de Porto Alegre. Foi expulso do partido. Fundou o Movimento Trabalhista
Renovador (mtr) e concorreu a vice-presidente do Brasil na eleição de 1960 e
a governador do Rio Grande do Sul em 1962. Nas duas vezes, seus principais
oponentes eram os candidatos do ptb, João Goulart e Egydio Michaelsen, respectivamente. Perdeu para João Goulart na corrida nacional e foi derrotado
por Ildo Meneghetti do Partido Social Democrático (psd). Fernando Ferrari
travou grandes lutas contra Leonel Brizola e João Goulart. Combates de titãs. Ele tinha objetivos claros e essenciais, entre os quais a reforma agrária.
Professava uma filosofia política, o solidarismo, voltada para os interesses dos
desfavorecidos. Numa época de desigualdades colossais, queria modernizar o
Brasil.
No discurso em que renunciou à liderança da sua bancada na Câmara dos
Deputados, em 20 de fevereiro de 1957 – reproduzido no livro Minha campanha (1961) –, com precisão e consciência do seu papel, resumiu a sua visão de
mundo e a importância de atuar politicamente que o levara, um dia, a entrar
no ptb:
“
É que havíamos compreendido, em boa hora, que a política, para ser
exercida em sua mais alta expressão de devotamento à causa pública,
exigia dos homens de bem uma decisão que lhe fortalecesse os quadros. Parecia-nos inconcebível assistir ao espetáculo triste e inglório
das elites – homens probos e responsáveis, muitas vezes – olharem o
processo político com indisfarçável negligência, permitindo, de outra
parte, a seleção inversa de valores no campo mais complexo, mais
difícil e de maior interesse para a coletividade: o dos negócios públicos.1
”
Que grande lição para os poucos republicanos nos dias de hoje: não se
omitir.
Nestes tristes tempos em que só os cargos interessam, soterrando ideologias, vale reproduzir um pouco mais o discurso de Fernando Ferrari:
“
Com efeito, ganhar eleições, apenas, não pode constituir objetivo
de nenhum partido que se devote com sinceridade e honestidade
ao bem público. É, antes, indispensável que a agremiação esteja
preparada técnica e moralmente para desempenhar com dignidade
e proveito coletivo as funções que as urnas lhes outorgaram. Sem
isto a vitória, meramente eleitoral, não passaria de um embuste
lançado à face do povo.
”
Que vergonha para os partidos de hoje que nem almejam ao poder, nem
disputam certas eleições, nem buscam os mais altos postos, satisfeitos em lotear cargos e prebendas!
Fernando Ferrari notabilizou-se pela sua campanha pelas “mãos limpas”.
No seu discurso de aceitação da candidatura à vice-presidência da república
(também publicado em Minha campanha), lançou o seu brado contra os malfeitos da política de então:
“
1
12
Percorrerei o Brasil, por muitos e muitos dias, durante os dezesseis meses que faltam para o 3 de outubro – data em que o povo
poderá redimir-se dos erros que lhe têm sido impostos por uma
ordem política desumana. Conversarei com humildes e poderosos,
Todas as citações e discursos de Fernando Ferrari tiveram a ortografia atualizada.
ouvirei seus dramas e suas queixas, e estou seguro de que, ao final
dessa peregrinação, Deus me iluminará para que eu possa impulsionar, com a ajuda dos homens de bem, as batalhas maiores pela
redenção do nosso País: na busca de uma Pátria Nova. Começo,
agora, a minha campanha das mãos limpas!
”
Não é necessário neste prefácio fazer uma biografia. O prefaciador deve
ser discreto. Cabe-lhe simplesmente dizer algumas palavras. Neste caso, uma
frase seria suficiente: Fernando Ferrari foi grande.
Este livro dirá o quanto. Uma boa leitura.
Juremir Machado da Silva
Historiador e coordenador do Programa de
Pós-Graduação em Comunicação da PUC-RS
13
Na Câmara dos Deputados,
Rio de Janeiro, 1959.
Apresentação e agradecimentos
Escrever um livro “biográfico” é uma tarefa complexa, principalmente quando o(s) autor(es) não é(são) biógrafo(s). A complexidade torna-se ainda maior
quando o organizador e autor é um dos filhos do personagem biografado.
Minhas irmãs e eu nos encontramos nessa situação. Resolvemos organizar e
escrever alguns ensaios do presente livro que visa não somente prestar uma
homenagem a nosso pai, mas, principalmente, resgatar a memória política de
Fernando Ferrari.
Há anos a ideia de elaborarmos um livro sobre Ferrari vinha sendo amadurecida. Motivos, obviamente, não faltavam: Ferrari, apesar de ter sido um
dos principais políticos do Partido Trabalhista Brasileiro (ptb), entre 1946 e
1959, e ter participado de momentos cruciais da vida política brasileira, não é
lembrado na galeria dos trabalhistas históricos, como Getúlio Vargas, Alberto
Pasqualini, João Goulart e Leonel Brizola; existem vários trabalhos – artigos,
capítulos de livros e dissertações de mestrado – sobre Ferrari, porém não há
um livro-biográfico sobre ele; passadas cinco décadas de seu falecimento prematuro – aos 41 anos, ele sofreu um acidente aéreo fatal próximo a Torres,
Rio Grande do Sul –, a memória de Ferrari ainda hoje é reverenciada, principalmente pelos gaúchos; o acervo pessoal dele, constituído por discursos
originais, anotações, correspondências etc., catalogado por nossa mãe, Elza
Ferreira Ferrari, falecida em agosto de 2009, é valioso e merecedor de divulgação; e, por fim, em maio de 2013, faz 50 anos que Ferrari faleceu e publicar
um livro sobre ele é também prestar uma homenagem póstuma à Elza, que se
dedicou como ninguém ao marido.
Coube a mim, talvez por ter a prática de escrever e organizar livros de
Economia, organizar Fernando Ferrari: ensaios sobre o político das mãos limpas.
A satisfação e o aprendizado foram imensuráveis.
Em relação à satisfação, organizar o livro, lendo cada capítulo escrito e
envolvendo-me com as diversas pessoas que contribuíram para a elaboração
da obra, mostrou-me o quanto Fernando Ferrari ainda está presente no imaginário gaúcho e, por que não dizer, nacional. Nesse particular, lembro-me
que, desde pequeno, nos tempos de colégio no Rio de Janeiro, quando meu
nome era chamado pelos professores para responder a presença, estes interrompiam a chamada e passavam alguns minutos falando sobre meu pai; si-
tuações também repetidas nos tempos do Curso de Ciências Econômicas, na
Universidade do Estado do Rio de Janeiro, e Mestrado em Economia, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Ao mudar-me para Porto Alegre, em
1981, constatei o quanto Fernando Ferrari continua presente na memória dos
sul-rio-grandenses: há nomes de ruas em várias cidades gaúchas; anualmente, em 25 de maio, dia de seu falecimento, são celebradas missas na região; e,
frequentemente, são publicadas matérias nos meios de comunicação locais
resgatando suas ideias e conduta política nos tempos em que militou no ptb
e no Movimento Trabalhista Renovador (mtr), quando de suas campanhas
à vice-presidência da república, em 1960, denominada Campanha das Mãos
Limpas, e ao governo do Rio Grande do Sul, em 1962.
Para mim, a percepção do que representa Fernando Ferrari para os gaúchos veio logo que me transferi do Rio de Janeiro para Porto Alegre, em fevereiro de 1981, quando, dirigindo pela br-101, passei, após Torres, pela Vila Fernando Ferrari, localizada no Morro do Chimarrão, onde ocorreu o desastre
aéreo. Surpreso pelo fato de ter visto a placa na estrada sinalizando o vilarejo,
estacionei o carro em um “acostamento” por mim improvisado e tirei algumas
fotos. Devido ao estacionamento irregular, uma viatura da polícia rodoviária que passava no local parou. O policial, um senhor de aproximadamente
50 anos de idade, pediu meus documentos, com o objetivo, certamente, de
aplicar-me uma multa pela infração. Porém, quando percebeu quem eu era e
que a documentação estava em ordem, não apenas perdoou a provável multa,
como fez questão de tirar uma foto comigo, ao lado da placa Vila Fernando
Ferrari. Esse inusitado e emblemático episódio foi uma amostra feliz do que
o carioca Fernando Ferrari Filho vivenciaria ao longo de sua vida em Porto
Alegre.
Quanto ao aprendizado, reler as obras de meu pai, consultar parte de
seu acervo, analisar seu pensamento econômico e, principalmente, revisar
os ensaios que compõem este livro foi fundamental para entender e contextualizar a ação política, econômica e social de Fernando Ferrari. Além disso,
com a leitura do ensaio Fragmentos de lembranças, escrito por minha irmã,
passei a conhecer um pouco mais a vida pessoal e familiar de Ferrari. Nesse
particular, lembrei-me de alguns episódios do breve convívio com meu pai,
uma vez que, em face da morte dele, fui privado de sua companhia aos cinco
anos de idade.
Fernando Ferrari nasceu em 14 de junho de 1921, em São Pedro, na época
distrito de Santa Maria, Rio Grande do Sul, tornando-se, em 1926, município
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de São Pedro do Sul. Neto de imigrantes italianos e filho de uma família numerosa (eram 11 irmãos), estudou Contabilidade, Economia e Direito. Trabalhou na agricultura, foi bancário, jornalista e funcionário público.
Na política, elegeu-se, em 1946, aos 24 anos, com cerca de sete mil votos,
deputado estadual pela legenda do ptb – partido do qual foi um dos ideólogos
e fundadores – à Assembleia Constituinte gaúcha, tendo sido o relator da Ordem Econômica e Social da Constituição do Rio Grande do Sul. Devido à sua
vigorosa atuação política, foi eleito deputado federal no pleito de 3 de outubro
de 1950, obtendo cerca de 22 mil votos. Era, então, um dos mais jovens representantes do ptb na Câmara dos Deputados. Em 1954 foi reeleito, com cerca
de 40 mil votos. Em 1958 foi reconduzido para a Câmara dos Deputados com
a mais expressiva votação de todo o Brasil: ao redor de 148 mil votos. Na ocasião, essa votação representou cerca de 12,2% do colégio eleitoral gaúcho, então ao redor de 1.215.000 eleitores. Várias vezes foi líder tanto de sua bancada
na Câmara dos Deputados quanto do bloco da minoria. Ao longo de seus anos
de Câmara, foi, reconhecidamente, o parlamentar de maior atividade e com a
maior carga de trabalho no Legislativo Federal.
Em 26 de maio de 1959 um manifesto de estudantes e trabalhadores de
Santa Maria lançou o nome de Ferrari à vice-presidência da república, o que
causou a dissidência do ptb, surgindo, então, a Campanha das Mãos Limpas.
Com energia, capacidade de mobilização e o dom de orador invejável, Ferrari
percorreu o Brasil de norte a sul. Não logrou êxito. Todavia, como político
novo e sem apoio de uma poderosa organização partidária, conseguiu expressiva votação, triunfando no Rio Grande do Sul. Uma das consequências da
referida campanha foi a fundação do mtr, visando divulgar os ideais do trabalhismo renovador. Em 1962 concorreu ao governo de seu estado, não obtendo,
porém, vitória eleitoral.
Em 1963 a rápida e brilhante trajetória de Ferrari era interrompida. A data
de seu falecimento passou a simbolizar o “dia do trabalhador rural”, em homenagem ao homem que dedicou sua vida política em buscar uma solução
adequada para as lutas em favor do homem do campo. Um homem que em
doze anos ininterruptos como deputado federal apresentou mais de cem projetos de lei e entregou à nação mais de trinta leis de sua iniciativa, que vieram
atender aos reclamos das mais variadas categorias profissionais do Brasil, em
especial a dos trabalhadores rurais.
Reconhecido como o maior defensor que o homem do campo encontrou,
Ferrari morreu alguns meses depois de ver sancionado, pelo presidente da
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república, o Projeto de Lei nº 4.214/63 que dispõe sobre o Estatuto do Trabalhador Rural (etr). Dois importantes legados foram deixados por ele: o etr e
as Mãos Limpas de homem político, profundamente honesto e idealista. Para
Ferrari, os homens que não tinham ideais eram reféns de um mundo negativista e de erros. Como afirma em Escravos da terra, publicado em 1963, “[o]
essencial (...) é a pregação de uma ideia. Ninguém derrota o ideal, ninguém é
capaz de derrotar as mensagens espirituais de crença e de esperança que os
líderes conduzem”.
Este livro, dividido em ensaios, depoimentos e discursos e manifestações
públicas do próprio Ferrari, objetiva analisar sua ação política, como um dos
protagonistas da história do trabalhismo e da política brasileira, e seus pensamentos econômico-sociais, além de resgatar alguns aspectos da vida pessoal
e familiar.
No ensaio inicial, Cláudia Maria Ferrari Barbosa descreve fatos da vida de
Ferrari, desde a infância em São Pedro do Sul e em Santa Maria, até a vida adulta no Rio de Janeiro e em Brasília, com sua esposa e filhos. Nessa trajetória, são
apresentadas também breves considerações sobre sua atuação política.
No ensaio seguinte, Marcelo Ferrari Barbosa e Ricardo Oliveira da Silva
analisam a trajetória política de Ferrari entre 1946 e 1959, período no qual, por
um lado, sua atuação parlamentar na Assembleia Legislativa do Rio Grande
do Sul e, principalmente, na Câmara dos Deputados adquiriu notoriedade na
defesa do nacionalismo, dos direitos trabalhistas e da reforma agrária; e, por
outro, seu idealismo o levou ao acirramento público e à rejeição da política
pragmática de seu próprio ptb, levando-o a romper com esse partido e a criar
o mtr.
Em Fernando Ferrari e o trabalhismo renovador: os anos de 1959 a 1963, Maura Bombardelli e Ricardo Oliveira da Silva abordam o período compreendido
entre a cisão com o ptb, em maio de 1959, e a candidatura a governador do Rio
Grande do Sul pelo seu novo partido, o mtr.
Em seguida, Fernando Ferrari Filho analisa o pensamento e as proposições econômicas de Ferrari, objetivando contextualizá-los no debate socioeconômico do período 1945-1963. A ideia é mostrar que Ferrari, por um lado,
contribui para a construção do projeto nacional-desenvolvimentista e, por
outro, seu ideal trabalhista renovador, dentro de um espírito solidário, cooperativo e de harmonização das classes sociais, buscou apresentar um projeto
político-econômico alternativo tanto ao capitalismo liberal quanto ao planejamento da economia por parte única e exclusiva do Estado.
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Emiliano Limberger apresenta os principais legados políticos de Ferrari,
tais como o etr e os ideais cooperativistas, entre outros, bem como resgata
algumas reminiscências do cidadão Ferrari. Ademais, descreve e analisa fatos
das campanhas majoritárias travadas por ele.
Por fim, Lívia Ferrari entrevista alguns personagens da história política
e jornalística brasileira que conviveram com Ferrari no final dos anos 1950 e
início da década de 1960.
Em relação aos depoimentos, as contribuições são de Antonio Carlos Rosa
Flores, Cláudio Brito, Darcy Walmor Zibetti, Jauri Gomes de Oliveira, José
Fraga Fachel e Pedro Simon.
O livro reproduz, ainda, sete discursos e manifestações públicas de Fernando Ferrari que não somente tiveram repercussões no contexto político da
época, mas, principalmente, mostram a coerência e a consistência das convicções político-ideológicas dele.
Antes de concluir esta apresentação, é necessário expressar meus agradecimentos aos autores, aos entrevistados e aos depoentes. O trabalho de editoração da Tomo Editorial, em especial a atenção de seu sócio e editor, João
Carneiro, foi essencial para viabilizar a elaboração deste livro no prazo estipulado. Agradeço à Débora Dornsbach Soares, coordenadora do Memorial
da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, pela disponibilização de algumas fotos de Fernando Ferrari que fazem parte do acervo desse Memorial,
bem como aos funcionários do setor de imprensa do Museu da Comunicação
Hipólito José da Costa por terem permitido que eu acessasse e fotografasse
alguns jornais dos anos 1950 e 1960. Por fim, sou grato a vários amigos e correligionários de Ferrari, que, desde minha vinda para Porto Alegre, me ajudaram
a conhecer e ter um orgulho maior por meu pai. Nesse particular, expresso
meus profundos agradecimentos e apreço, in memoriam, a Evaldo Quadrado,
Fernando Ferrandis, Fernando Rolas, Ingona Limberger e Vanda Franco.
Porto Alegre, maio de 2013
Fernando Ferrari Filho
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Última foto familiar,
Rio de Janeiro,
janeiro de 1963.

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