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estratégia Futebol pode ser decidido fora das quatro linhas Rafael Guerra Longe do topo da cadeia futebolística nacional, clubes pernambucanos precisam caprichar no planejamento D e 2014 para cá, a expressão “7x1” tornou-se frequente no Brasil para indicar que algo está dando errado, que foi feito sem planejamento, ou para indicar uma derrota do Brasil em qualquer grande aspecto, seja político, econômico ou cultural, além do esportivo. O futebol serviu como uma espécie de metáfora para que o brasileiro atentasse para a necessidade do planejamento de longo prazo. A derrota na semifinal da Copa de 2014 para Alemanha mostrou, entre outras coisas, que o jeitinho brasileiro, a gambiarra, a fé (marcada pelas comemorações com os braços apontando para o céu) não seriam suficientes para enfrentar o planejamento, o estudo, a frieza, o caráter laico do futebol alemão. Se as diferenças de planejamento entre a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e a Deutscher Fussbal-Bund (DFB) são enormes, quando analisamos o nível dos clubes brasileiros, compará-los com os grandes times europeus, o abismo é tão grande quanto. Se focarmos nos três principais clubes pernambucanos, veremos como o planejamento é fundamental para aqueles que não se encontram no topo da cadeia futebolística nacional. Atualmente, eles ocupam as seguintes posições no ranking da CBF: Sport Club do Recife 19º, Clube Náutico Capibaribe 25º e Santa Cruz Futebol Clube 35º. Este ranking mostra que os três times estão numa camada intermediária do futebol nacional, mas também apontam pequenos equívocos. Não há, na realidade, uma diferença tão grande entre o Náutico e o Santa Cruz, este com seis títulos nos últimos seis anos e acessos consecutivos, estando na série A em 2016, enquanto o alvirrubro acumula um jejum de mais de 12 anos sem título e jogará a série B, em 2016, apesar de ter jogado cinco, dos últimos 10 anos, na primeira divisão. O Sport atrás da Ponte Preta, time de São Paulo que, apesar da importância, nunca ganhou um título, também não faz sentido. Mas deixando de lado as falhas do ranking, é possível perceber que os times pernambucanos, apesar da tradição centenária, torcidas apaixonadas, títulos relevantes, continuam às margens das 15 16 Entendo que o mais importante é estar convicto no trabalho desenvolvido e nas pessoas que estão executando o trabalho” André Zanotta, diretor de futebol do Sport Club do Recife çando muito, com altos investimentos em planejamento, monitoramento e técnicas cada vez mais modernas de marketing esportivo. Há cursos de graduação em Gestão Desportiva, na Universidade Federal do Paraná, vários cursos de pós-graduação em Gestão Estratégica de Esportes, Marketing e Direito no Esporte, e Organização Esportiva, além de cursos de extensão em Gestão Aplicada ao Esporte. O presidente do Clube Náutico Capibaribe, Marcos Freitas, está no seu primeiro ano de gestão. O mandatário alvirrubro defende que o planejamento de longo prazo deve ser iniciado, mesmo que ele próprio não vá colher os frutos. Ele acaba de Foto | Douglas Fagner grandes conquistas. No futebol moderno, com campeonatos de pontos corridos e onde o dinheiro tem cada vez mais influência nos resultados, o planejamento é fundamental para que os times consigam evoluir. Planejar, executar, avaliar e replanejar, os passos básicos do ciclo PDCA podem muito bem ser utilizados na gestão do futebol de um time. O diretor de futebol do Sport Club do Recife, André Zanotta, acredita que o planejamento sempre tem que ser encarado com muita seriedade e foco. “É claro que, às vezes, é necessário fazer alguns ajustes para que as coisas voltem a seguir o rumo inicialmente traçado, quando algo começa a sair errado. Ainda mais quando se está lidando com esporte, algo que envolve paixão e fatores imponderáveis, erros irão acontecer. Entendo que o mais importante é estar convicto no trabalho desenvolvido e nas pessoas que estão executando o trabalho”, afirma o diretor do Sport. No ano passado, o Leão da Ilha do Retiro foi o sexto lugar no Campeonato Brasileiro, ou seja, bem à frente do ranking da própria CBF, o que prova o trabalho bem feito da atual gestão. Cada vez mais, os dirigentes usam ferramentas do planejamento estratégico para pensar o futebol e a gestão financeira dos clubes. Uma rápida pesquisa em plataformas de artigos científicos aponta dezenas de trabalho que tentam conectar as técnicas de administração ao planejamento do futebol, com estudos de caso. Os esportes de uma maneira geral vêm avan- contratar uma empresa para desenvolver um planejamento estratégico para o time alvirrubro. “Nós estamos iniciando justamente um trabalho de elaboração de projetos para a captação de dotações orçamentárias junto ao Ministério dos Esportes. É um trabalho que, certamente durante a nossa gestão, nós não vamos obter os recursos. Mas vamos fazê-lo, independentemente de os recursos aparecerem em 2016 e 2017, porque é um projeto destinado aos próximos dirigentes do Clube”, explica. Marcos diz que o tempo de maturação normal de um projeto deste é de três anos. “Se ninguém fizer, jamais vai sair o projeto. Dificilmente quem inicia vai colher os frutos. Há um ditado árabe que diz ‘quem planta Tâmaras, não colhe Tâmaras’. O pé de Tâmara só começa a frutificar depois de 100 anos. Esta é a ideia. Alguém precisa plantar as Tâmaras”. Este tipo de projeto é mais voltado para ações estruturais do clube como um todo, não apenas para o futebol. “Por exemplo, nós precisamos trocar as luzes nas quadras de basquete e de vôlei por luz de led. Se eu der entrada hoje, é possível que o recurso só saia em 2018, mas alguém vai receber. SubstiTécnico Oswaldo Oliveira observa treino do Sport; foco no Brasileirão Foto | Douglas Fagner Alexandre gallo, treinador do Náutico, busca time perfeito para sair da Série B tuir toda a rede elétrica do clube seria outro exemplo”, detalha o presidente alvirrubro. André Zanotta destaca que, apesar da cultura do imediatismo que impera no futebol brasileiro, o Sport tem trabalhado em alguns projetos que vão começar a render frutos para o clube a médio e longo prazos. “Por exemplo, algo que ainda não podemos divulgar com mais detalhes, mas estamos em fase de finalização de um Centro de Inteligência para o Departamento de Futebol. Este Centro irá, entre muitos outros aspectos, buscar novas tecnologias para alto desempenho, estabelecer relações internacionais, monitorar atletas em todas as partes do mundo e manter atualizados os dados estatísticos de nossos atletas, desde o início da categoria de base até o profissional. Com base na minha experiência de três anos no Santos, clube mundialmente reconhecido pela formação de atletas, quero também otimizar a formação e desenvolvimento de talentos, para que o Sport seja referência de formação no Brasil. É evidente que isso leva tempo. Mas não tenho dúvida que o Sport apresenta totais condições de atingir esse nível de excelência”, explica. Entre os três pernambucanos, o Sport se encontra alguns degraus à frente no que diz respeito à modernização e ao planejamento. Desde os anos 1980, consolidou-se como a principal Nossa situação atual é de afogadilho. Temos que resolver as coisas correndo, em cima da hora. Por conta disso, constituímos uma equipe, que está tratando desta parte do planejamento” Marcos Freitas, presidente do Clube Náutico Capibaribe força do Estado, não conhece longos períodos de crise e, há oito anos, não se escuta falar que o clube atrase salários, o que é um grande feito no Brasil. O Santa Cruz, após ter chegado ao fundo do poço, quando jogou pela série D do Campeonato Brasileiro, se reergueu e vive, nesta década, um dos momentos mais gloriosos na sua história, com um trabalho bem feito, pensando no médio e longo prazos, mantendo dirigentes e elenco durante períodos longos. Já o Náutico, é o que menos demonstra capacidade para fazer a transição de um período de quase amadorismo na gestão, para uma era de profissionalização. As disputas do Campeonato Brasileiro das séries A e B já começaram. O Santa Cruz voltou à primeira divisão em estado de graça, goleando o Vitória, da Bahia, e segue seu processo de reerguimento com títulos, apoio da torcida e confiança. É apontado por especialistas como a possível zebra do Brasileirão. Vale lembrar que o tricolor pernambucano, no fechamento da edição desta Revista, já estava na terceira fase da Copa do Brasil e com vaga garantida na Copa Sulamericana. O Sport e o Náutico estrearam mal, fora de casa, com derrotas simples, sendo que o alvirrubro na Série B. Os maus resultados aumentam a desconfiança da torcida com os times, mas, em um campeonato como este, longo, de pontos corridos, os mandatários alvirrubros e leoninos podem colocar em prática as ideias de planejamento e ajudar suas equipes a darem a volta por cima. 17 A Revista Gestão Pública PE conversou com dirigentes do Náutico e do Sport para saber como as atuais gestões pensam o planejamento estratégico dos clubes. André Zanotta | diretor de futebol Em 2015, o Sport fez um grande Campeonato Brasileiro. Neste ano, foi para a final do Pernambucano, aparentemente desistiu da Copa do Brasil para privilegiar o Campeonato Sulamericano, e terá mais uma vez o longo e difícil Brasileirão. Qual a meta e os objetivos do Sport Club do Recife para 2016? Para trabalhar em um clube como o Sport temos sempre que pensar grande. No planejamento que foi iniciado no ano passado, para o primeiro semestre, tínhamos como objetivo os títulos da Copa do Nordeste e do Pernambucano. Infelizmente o primeiro não foi possível, mas estamos firmes na busca do segundo (o Sport perdeu a final do Pernambucano para o Santa Cruz). Na outra metade do ano, almejamos disputar o título da Copa Sulamericana e repetir o bom desempenho no Campeonato Brasileiro do ano passado. Sabemos que o caminho é muito difícil, mas confiamos nos atletas e no trabalho que está sendo executado. Qual a importância dada pelo Sport ao planejamento estratégico no futebol? A importância dada é enorme. Não poderia ser diferente. O futebol é o que move o Sport e é o que mais desperta interesse da opinião pública. Portanto, tudo tem que ser muito discutido e cuidadosamente trabalhado para minimizar os erros durante o ano. Esta consolidada no Sport a filosofia de implantar trabalhos duradouros no Clube? Essa é a intenção dessa gestão. Claro que não planejamos trocar o comando técnico do time principal esse ano. No Foto | Williams Aguiar/Sport Club do Recife 3 perguntas entanto, tivemos que fazer essa mudança, uma vez que percebemos que o trabalho não estava caminhando para o rumo que esperávamos. É o que mencionei anteriormente: sempre tem que se manter o acompanhamento do planejamento muito próximo para que se possa fazer eventuais ajustes no que havia sido traçado. O que não podemos é nos omitir de tomar essas decisões difíceis, apesar de priorizarmos a filosofia de trabalhos duradouros. Quais eram, no início do ano, as metas do Náutico para 2016? Permanecer o ano todo com um time competitivo. Em termos de futebol, conquistar o campeonato pernambucano e o acesso à Série A. Em termos de esportes amadores, manter o maior contingente possível de práticas esportivas, desde que estejam no padrão superavitário. Do lado administrativo, proporcionar um ambiente aos sócios, aos funcionários, saudável e de manutenção das obrigações em todos os sentidos. Aumentar o quadro de sócios. 18 Já quase dobramos, desde o início da nossa gestão, e a ideia é permanecer nesta linha de aumento. Acredito que se lograrmos sucesso, chegaremos ao fim de 2016 com cerca de oito mil sócios, o que seria um número muito bom. Qual o espaço dado ao planejamento estratégico no Náutico? Particularmente, eu não tenho devotado o número de horas que eu gostaria, porque a nossa situação atual é de afogadilho. Temos que resolver as coisas correndo, em cima da hora. Por Foto | Léo Lemos/Náutico Marcos Freitas | presidente conta disso, constituímos uma equipe, um grupo de colegas nosso que está tratando desta parte do planejamento. Infelizmente, sabedor de todas as dificuldades econômicas e financeiras que o País atravessa, a gente sabe que as pessoas passam a ter seus horários limitados, todos colaboradores. Mas, mesmo lentamente, este processo tem evoluído na nossa gestão. Esta consolidada, no Náutico, a filosofia de implantar trabalhos duradouros no Clube? Sim. A gente procurou a manutenção. Essa coisa de que o profissional veio de outra gestão e por isso não fiaria na nossa, descarto totalmente, não vejo problema. O Náutico tem, dentro de casa, profissionais, já há alguns anos, com indiscutível participação e de grande envolvimento do dia a dia do clube, tipo Levi e Kuki (ex-jogadores do Náutico e que fazem parte da comissão técnica). Temos que manter estes profissionais, que são de confiança da instituição. Ter um preparador de goleiros do clube, e não que veio com a comissão técnica. Esta manutenção, nós estamos fazendo. Passamos as divisões de base para o comando do Levi. Ou seja, dando uma ideia de continuidade. Ele tem mais de 20 anos no Náutico. Isto dá uma ideia de consistência e espero que no futuro isso seja preservado. No futebol a manutenção de Dal Pozzo, um rapaz que fez um bom trabalho, foi uma intenção nossa e espero que ele possa ficar por duas, três, quatro gestões (logo depois da entrevista, com o mau desempenho do Náutico no Campeonato Pernambucano e na Copa do Brasil, Dal Pozzo foi demitido e Alexandre Gallo assumiu o comando do Clube). Seria muito interessante. É um técnico no perfil de remuneração que a gente pode praticar. Às vezes, ocorrem os convites de fora. Se o técnico está logrando sucesso acontece os convites, surgem as oportunidades. É preciso ter a devida paciência, para, nas horas que o insucesso ocorre, a gente saber preservar, este insucesso às vezes é uma coisa temporária, não é decorrência de falta de trabalho. São fatores, perda de atletas, entre outros, que podem atrapalhar. OPINIÃO Brasil e o Futebol. Acaso x planejamento Rafael Guerra O futebol é, entre todos os esportes, o que o acaso e o imponderável estão mais sujeitos a aparecer. É a única disputa onde o mais fraco pode vencer, onde as estatísticas não refletem, necessariamente, o resultado do jogo. Em pleno 2016, temos o exemplo do Leicester, modesto time inglês que se tornou campeão da Premier League. Os Foxes, como são conhecidos, nunca tinham ganho o Campeonato Inglês, um dos mais antigos do mundo. No último ano, escapou do rebaixamento nas últimas rodadas, o elenco é apenas o 17º mais valioso, entre os 20 times da primeira divisão, e, até o presidente do clube, o tailandês Vichai Srivaddhanaprabha, não acreditava que o time pudesse chegar tão longe. Ofereceu um prêmio milionário aos jogadores se o clube ficasse em 12º nesta temporada. O Leicester é um dos muitos casos onde as regras lógicas se invertem no futebol. Talvez esse seja o elemento que faz o esporte bretão ser o mais popular do mundo. No entanto, apesar destas inclinações para o acidente ou eventualidades, o planejamento é, como em todos os esportes e em todas as áreas, fundamental para alcançar resultados positivos sólidos e duradouros. Só para citar a mesma Inglaterra do Leicester, nos últimos 20 anos, o troféu da Premier League havia ficado nas mãos de apenas quatro times, os Manchesters, United e City, o Chelsea e o Arsenal. Não por acaso, os mais ricos e bem planejados do país. Até mesmo o Brasil, no qual a bagunça do futebol se tornou evidente com os 7x1 e os constantes escândalos da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), tem exemplos muito bem-sucedidos de planejamento e não é de hoje. Vejamos o caso de Paulo Machado de Carvalho, o Marechal da Vitória. Em 1956, o jovem e promissor João Havelange assumiu a Confederação Brasileira de Desportos, antiga CBF, com Até mesmo o Brasil, no qual a bagunça do futebol se tornou evidente com os 7x1 e os constantes escândalos da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), tem exemplos muito bem-sucedidos de planejamento e não é de hoje. 19 Foto | Douglas Fagner a missão de deixar para trás a trágica derrota na Copa de 1950. Em 1954, numa fase de transição de gerações, a seleção brasileira não passou das quartas de final, perdendo para a Hungria, de Puskas, por 4 x 2 , em um jogo violentíssimo conhecido como a Batalha de Berna. Paulo Machado de Carvalho, na época dirigente do São Paulo Futebol Clube, foi convocado, ainda em 1957, para ser o chefe da delegação brasileira e traçar um plano vitorioso visando a Copa da Suécia. O planejamento tratou dos mínimos detalhes, a preparação começou no Brasil e seguiu na Suécia, onde a seleção chegou com certa antecedência. O profissionalismo com que foi tratada a preparação para a Copa foi um dos grandes trunfos do Brasil, aliados, é claro, com o surgimento de Pelé e dos craques Garrincha, Didi, Vavá, Nilton Santos, Gilmar, entre outros. 20 Em 1962, a receita se repetiu. O mesmo chefe da delegação e praticamente o mesmo elenco. Na Copa do Chile, o trabalho sólido do bom planejamento foi ainda mais importante que em 1958. O já melhor jogador do mundo, Pelé, se machucou na segunda partida do Campeonato. A genialidade de Garrincha e a solidez do trabalho fez com que o Brasil mantivesse o equilíbrio técnico e emocional. Logo depois, veio o golpe militar de 1964, que, assim como em vários outros aspectos da vida brasileira, interrompeu um ciclo virtuoso de desenvolvimento do futebol. Não era apenas nas quatro linhas que o País se destacava. O Brasil era bicampeão mundial de basquete, campeão mundial de boxe, com Eder Jofre, de tênis, com Maria Esther Bueno, a arquitetura no Brasil era a mais comentada do mundo, havíamos ganho a Palma de Ouro em Cannes, com o Paga- dor de Promessas, havia Glauber e o Cinema Novo, a Bossa Nova. O Brasil era realmente o País do Futuro. Mas o leitor poder se perguntar, e a Copa do México em 1970? Na ocasião, o Brasil viajou sob desconfiança da torcida. O governo militar interferia na autonomia da comissão técnica, indicando jogadores para serem convocados. O técnico foi trocado em cima da hora, João Saldanha por Zagallo. Mas aí entra o acaso, o imponderável, o ‘Sobrenatural de Almeida’, famoso personagem criado por Nelson Rodrigues. Com Pelé, Gerson, Tostão, Rivelino e Jairzinho, todos camisas 10 em seus clubes, o Brasil não tinha como perder aquela Copa. E assim seguiu o futebol Brasileiro, desorganizado e dependendo sempre do desempenho individual de craques, como foi em 1994, com Romário e Bebeto, e 2002, com Rivaldo, Romário e Ronaldo.