realismo-naturalismo português e brasileiro
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realismo-naturalismo português e brasileiro
“(...) BURGUESIA E ROMANTISMO, POIS, SÃO COMO SINÔNIMOS, O SEGUNDO É A EXPRESSÃO LITERÁRIA DA PLENA DOMINAÇÃO DA PRIMEIRA. (...) O ADVENTO DO ROMANTISMO, POIS, SÓ TEM UMA EXPLICAÇÃO CLARA E PROFUNDA, A EXPLICAÇÃO OBJETIVA, QUANDO SUBORDINADA AO QUADRO HISTÓRICO EM QUE SE PROCESSOU”. (Nélson Werneck Sodré) CONTEXTO HISTÓRICO • 2ª REVOLUÇÃO INDUSTRIAL; • CAPITALISMO X SOCIALISMO (MARX) • MEDICINA EXPERIMENTAL / EVOLUCIONISMO (DARWIN); - O PESSIMISMO HUMANO DE SCHOPENHAUER; - A PSICANÁLISE DE FREUD; - A NEGAÇÃO DE DEUS POR NIETZSCHE; - POSITIVISMO (AUGUSTO COMTE); - DETERMINISMO (HIPÓLITO TAINE). HOMEM: meio / raça / momento histórico. • 2ª REVOLUÇÃO INDUSTRIAL; • CIENTIFICISMO / OBJETIVIDADE / RAZÃO; • PROLETARIADO / COTIDIANO / DENÚNCIA; • AMBIENTE URBANO PESSIMISTA E SIMPLES; • PAISAGEM NEUTRA / SOLIDEZ CONCRETA. • DESTAQUES: PINTURA: GUSTAVE COUBERT/HONORÉ DAUMIER. ALMEIDA JÚNIOR (BRASILEIRO) ESCULTURA: AUGUSTE RODIN. MULHER PENEIRANDO TRIGO (1855) - GUSTAVE COUBERT O ATELIÊ DO ARTISTA (1855) - GUSTAVE COUBERT 1 PASTORA COM SEU REBANHO (1864) – JEAN-FRANÇOIS MILLET O VAGÃO DA TERCEIRA CLASSE (1863) - DAUMIER O PENSADOR (1881) CAIPIRA PICANDO FUMO (1893) AUGUSTE RODIN ALMEIDA JÚNIOR Três vezes o seus músculos de aço, estorcendo-se, inclinarem a haste robusta; e três vezes o seu corpo vergou, cedendo à retração violenta da árvore, que voltava ao lugar que a natureza lhe havia marcado. Luta terrível, espantosa, louca, esvairada: luta da vida contra a matéria; luta do homem contra a terra; luta da força contra a imobilidade. Houve um momento de repouso em que o homem, concentrando todo o seu poder, estorceu-se de novo contra a árvore; o ímpeto foi terrível; e pareceu que o corpo ia despedaçar-se nessa distensão horrível. Ambos, árvore e homem, embalançaram-se no seio das águas: a haste oscilou; as raízes desprenderam-se da terra já minada profundamente pela torrente.” (José de Alencar – O Guarani) “Esse espetáculo de todos os dias, na sua monotonia sinistra, não a impressionava mais, porque se habituara à vizinhança da miséria nas formas mais lúgubres e vis. Vira crianças, a sugarem os seios murchos das mães mortas; cadáveres desses entezinhos abandonados sobre a estrada, devorados por urubus e cães vorazes: criaturas, ainda vivas e exangues, torturadas pelas bicadas de carcarás a lhes arrancarem, aos pedaços, as carnes ulceradas e podres.” (OLÍMPIO, Domingos. Luzia-homem. São Paulo: Martin Claret, 2005. p. 155) 2 "Pus a nu as chagas daqueles que vivem mais abaixo. Minha obra não é obra de partido e de propaganda: é uma obra de verdade.“ (Emile Zola) "... tinha suspirado, tinha beijado o papel devotamente! Era a primeira vez que lhe escreviam aquelas sentimentalidades, e o seu orgulho dilatava-se ao calor amoroso que saía delas, como um corpo ressequido que se estira num banho tépido; sentia um acréscimo de estima por si mesma, e parecia-lhe que entrava enfim numa existência superiormente interessante, onde cada hora tinha o seu encanto diferente, cada passo condizia a um êxtase, e a alma se cobria de um luxo radioso de sensações!” (Eça de Queirós – O Primo Basílio) CARACTERÍSTICAS Racionalismo / Objetividade / Linguagem clássica; Verossimilhança (observação da realidade e do cotidiano); Pessimismo / Ironia / Análise psicológica e social; 1857 – 1º romance realista “Madame Bovary” Gustave Flaubert Tema: adultério “Thérese Raquin” Émile Zola 1867 / Romance experimental Origem do Naturalismo Materialismo / personagens-tipo / romances de tese; BURGUESIA ROMANTISMO CRÍTICA CLERO www.literapiaui.com.br “-Oh! Ninguém o sabe melhor do que eu, que espécie de amor é esse, que se usa na sociedade e que se compra e vende por uma transação mercantil, chamada casamento!... O outro, aquele que eu sonhei outrora, esse bem sei que não o dá todo o ouro do mundo! Por ele, por um dia, por uma hora dessa bem-aventurança, sacrificaria não só a riqueza, que nada vale, porém minha vida, e creio que minha alma! ”. (...) "[...] uma preta velha, vergada por imenso tabuleiro de madeira, sujo, seboso, cheio de sangue e coberto por uma nuvem de moscas, apregoava em tom arrastado e melancólico: 'Fígado, rins e coração'. Era uma vendedeira de fatos de boi. [...] os cães, estendidos pelas calçadas, tinham uivos que pareciam gemidos humanos, movimentos irascíveis, mordiam o ar, querendo morder os mosquitos." “O quarto respirava todo um ar triste de desmazelo e boemia. Fazia má impressão estar ali: o vômito de Amâncio secava-se no chão, azedando o ambiente; a louça, que servira ao último jantar, ainda coberta de gordura coalhada, aparecia dentro de uma lata abominável, cheia de contusões e roída de ferrugem. Uma banquinha, encostada à parede, dizia com seu frio aspecto desarranjado que alguém estivera aí a trabalhar durante a noite, até que se extinguira a vela, cujas últimas gotas de estearina se derramavam melancolicamente pelas bordas de um frasco vazio de xarope Larose, que lhe fizera as vezes de castiçal”. (Aluísio Azevedo, Casa de pensão) “É uma sala em quadro, toda ela de uma alvura deslumbrante, que realçam o azul celeste do tapete de rico recamado de estrelas e a bela cor de ouro das cortinas e do estofado dos móveis. A um lado, duas estatuetas de bronze dourado representando o amor e a castidade sustentam uma cúpula oval de forma ligeira, donde se desdobram até o pavimento bambolins de casa finíssima. Doutro lado, há uma lareira, não de fogo, que o dispensa nosso ameno clima fluminense, ainda na maior força do inverno. Essa chaminé de mármore cor-derosa é meramente pretexto para o cantinho de conversação” (José de Alencar, Senhora) REALISMO ≠ ● ANÁLISE PSICOLÓGICA ● ANÁLISE INDIVIDUAL NATURALISMO ● ANÁLISE COLETIVA ● CIENTIFICISMO ● DETERMINISMO ● PATOLOGIA SEXUAL ● ZOOMORFISMO “LER É SABER MAIS” 3 EÇA DE QUEIRÓS ERA MODERNA EM PORTUGAL "O Realismo é uma reação contra o Romantismo: o Romantismo era a apoteose do sentimento - o Realismo é a anatomia do caráter. É a crítica do homem. É a arte que nos pinta a nossos próprios olhos para condenar o que houver de mau na nossa sociedade." 2. REALISMO: “A vida como ela é...”. 1. 865 ...................................... 1.890 • PARTICIPOU QUESTÃO COIMBRÃ REALISMO ANTERO DE QUENTAL (COIMBRA) X ROMANTISMO ANTONIO CASTILHO (LISBOA) Prof. Alex Romero A OBRA 1ª FASE: Romântica (1866 – 1875) •“Prosas Bárbaras”; • “Uma Campanha Alegre” (artigos publicados em “As Farpas”); • “O Mistério da Estrada de Sintra” (romance em parceria com Ramalho Ortigão). DAS CONFERÊNCIAS DO CASSINO LISBONENSE (1871); • REALISTA-NATURALISTA; • ANÁLISE SOCIAL E PSICOLÓGICA; • LINGUAGEM CLÁSSICA; IRONIA; • CRÍTICA À BURGUESIA E AO CLERO; • MENTALIDADE REFORMISTA. 2ª FASE: Realismo-Naturalismo (1875 – 1888) { ► crítica social e análise psicológica da sociedade portuguesa de seu tempo / ironia e sarcasmo. ► ROMANCES: “O Crime do Padre Amaro” “O Primo Basílio” “Os Maias” (CENAS CENAS PORTUGUESAS) PORTUGUESAS “O Mandarim” “A Relíquia” “A Capital” ►CONTOS: cerca de 16 contos: “Singularidades de uma rapariga loura”; “José Matias”, “No Moinho”. 4 3ª FASE: “volta às origens” (1888 – 1900) ► Uma revisão ou reconsideração de valores; ► Pensamento construtivo e esperançoso; ► Crença nos valores lusitanos; ► dá lugar à meditação filosófica / superação do esquematismo cientificista e da ironia cética: universalização. ► Romances: “A Correspondência de Fradique Mendes” / “A ilustre casa de Ramires” / “A Cidade e as Serras” (Conto: “Civilização”) 1. abertura ou janela sobre o telhado. IV 2. demarcação, traçado HORAS MORTAS 3. anteparo que resguardam as vidraças 4. carruagem de dois acentos O teto fundo de oxigênio, de ar, Estende-se ao comprido, ao meio das trapeiras1; Vêm lágrimas de luz dos astros com olheiras, Enleva-me a quimera azul de transmigrar. Por baixo, que portões! Que arruamentos2! Um parafuso cai nas lajes, às escuras: Colocam-se taipais3, rangem as fechaduras, E os olhos dum caleche4 espantam-me, sangrentos. E eu sigo, como as linhas de uma pauta A dupla correnteza augusta das fachadas; Pois sobem, no silêncio, infaustas e trinadas, As notas pastoris de uma longínqua flauta. (...) AUTORES A) MACHADO DE ASSIS: (1839 / † 1908) • Pobre, doente, míope, epilético, estéril, gago, asmático, afrodescendente; • Tornou-se um homem cético, reservado e discreto. • AUTODIDATA / CLÁSSICO / POLÍGRAFO; • FUNDADOR DA A.B.L./ TRADUTOR / GÊNIO; • PUBLICOU SEU 1º TEXTO EM 1855 - UM POEMA ROMÂNTICO INTITULADO ELA E O 1º LIVRO EM 1864 — CRISÁLIDAS (POEMAS). CESÁRIO VERDE (1855-1886) • EXERCEU A ATIVIDADE COMERCIAL; • POETA DA GERAÇÃO DE 70 (Antero de Quental / Teófilo Braga / Gomes Leal / Guerra Junqueiro); • REALISMO LÍRICO, SOCIAL- REFLEXIVO, HUMOR / OBSERVAÇÃO DO COTIDIANO; • POESIA ERÓTICA-AMOROSA / CRÍTICA / COMPROMISSADA / PRÉ-MODERNA; • PRINCIPAL OBRA: O LIVRO DE CESÁRIO VERDE (1887); UM POETA IMPRESSIONISTA • PRINCIPAL POEMA: O SENTIMENTO DUM OCIDENTAL – PUBLICADO NO DIA 10/06/1880 – HOMENAGEM À CAMÕES. ERA NACIONAL 2. REALISMO/NATURALISMO: “A vida como ela é...” 1. 881 ............................1.881.................. 1.922 “MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS” – Machado de Assis “O MULATO” – Aluísio de Azevedo Prof. Alex Romero MARCAS MACHADIANAS • DESMASCARAMENTO DAS RELAÇÕES SOCIAIS: CINISMO, HIPOCRISIA, EGOÍSMO, INTERESSE, ADULTÉRIO... • UNIVERSALISMO: ESSÊNCIA HUMANA / TEMAS FILOSÓFICOS; • NARRATIVA DOCUMENTAL E CRÍTICA À BURGUESIA; • PARASITISMO SOCIAL, ECONÔMICO E POLÍTICO DA ELITE; • DESMISTIFICAÇÃO DAS IDEALIZAÇÕES ROMÂNTICAS; • QUEBRA DA ESTRUTURA TRADICIONAL DA NARRATIVA; • DIÁLOGO COM O LEITOR; • IRONIA / PESSIMISMO / ANÁLISE PSICOLÓGICA. 5 O ROMANCE 1ª FASE: MARCAS ROMÂNTICAS •Ressurreição; •A mão e a Luva; •Helena; •Iaiá Garcia. - ENREDOS LINEARES; - IMAGINAÇÃO > OBSERVAÇÃO; - CAPÍTULO LONGOS; - ESQUEMAS PSICOLÓGICOS. 2ª FASE: SALTO QUALITATIVO / REALISMO; METALINGUAGEM / LOUCURA / HUMOR FINO. •Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881); •Quincas Borba (1891); •Dom Casmurro (1899 e 1900); •Esaú e Jacó (1904) ; •Memorial de Aires (1908). B) ALUÍSIO DE AZEVEDO: naturalista / cientificista / romance de tese / um começo romântico por necessidade. “O MULATO” – marcas românticas / descritivismo / preconceito racial / crítica ao provincianismo de São Luís. “CASA DE PENSÃO” – romance de tese / determinismo. “O CORTIÇO” – romance de espaço: o grande personagem é o próprio cortiço; denúncia social / enfoque das classes marginais / domínio do coletivo sobre o individual / Determinismo / patologia sexual / zoomorfismo / Cientificismo. ela era a cobra verde e traiçoeira, a lagarta viscosa, a muriçoca doida, que esvoaçava havia muito tempo em torno da idade da terra, piscando-lhe as artérias, para lhe cuspir dentro do sangue uma centelha daquele amor setentrional, uma nota daquela música feita de gemidos de prazer, uma larva daquela nuvem de cantáridas que zumbiam em torno da Rita Baiana e espalhavam-se pelo ar numa fosforescência afrodisíaca." TEORIA DO HUMANITISMO -Não há morte. O encontro de duas expansões, ou a expansão de duas formas, pode determinar a supressão de uma delas; mas, rigorosamente, não há morte, há vida, porque a supressão de uma é princípio universal e comum. Daí o caráter conservador e benéfico da guerra. Supõe tu um campo de batatas e duas tribos famintas. (..) A paz nesse caso, é a destruição; a guerra é a conservação. (...) Ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas. "Naquela mulata estava o grande mistério e a síntese das impressões que ele recebera chegando aqui: ela era a luz ardente do meio-dia; ela era o calor vermelho das sestas da fazenda; era o aroma quente dos trevos e das baunilhas, que o atordoara nas matas brasileiras; era a palmeira virginal e esquiva que não se torce a nenhuma outra planta; era o veneno e era açúcar gostoso; era o sapoti mais doce que o mel e era a castanha do caju, que abre feridas com seu azeite de fogo; C) RAUL POMPÉIA: abolicionista / realista-naturalista. O ATENEU: “Crônica de saudades” • Romance de classificação problemática; • Autobiográfico / análise psicológica e social. • Personagens: Sérgio, Aristarco, Ema. • Corrupção do ambiente dominado pelo sexo, dinheiro e ânsia do poder; • Crítica ao sistema de ensino; • Destruição moral e psicológica do menino Sérgio; • Domínio da impressão sobre a análise. www.literapiaui.com.br 6 “Vais encontrar o mundo, disse-me meu pai, à porta do Ateneu. Coragem para a luta.” Bastante experimentei depois a verdade deste aviso, que me despia, num gesto, das ilusões de criança educada exoticamente na estufa de carinho que é o regime do amor doméstico; diferente do que se encontra fora, tão diferente, que parece o poema dos cuidados maternos um artifício sentimental, com a vantagem única de fazer mais sensível a criatura à impressão rude do primeiro ensinamento, têmpera brusca da vitalidade na influência de um novo clima rigoroso. Lembramo-nos, entretanto, com saudade hipócrita, dos felizes tempos; como se a mesma incerteza de hoje, sob outro aspecto, não nos houvesse perseguido outrora, e não viesse de longe a enfiada das decepções que nos ultrajam. d) Júlio Ribeiro – A carne: romance sobre a sexualidade humana / temas: divórcio, mulher e amor. e) Inglês de Sousa – O missionário – romance de tese: celibato x instinto sexual f) Adolfo Caminha - A normalista - determinismo - O bom crioulo – patologia sexual g) Domingos Olímpio – Luzia-homem (1903) – momentos românticos com detalhes realistas num contexto da seca e suas mazelas sociais. Regionalismo naturalista h) Manuel de Oliveira Paiva – Dona Guidinha do Poço www.literapiaui.com.br 7